SATISFAÇÃO ORGANIZACIONAL, IDENTIFICAÇÃO...
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UNIVERSIDADE DE LISBOA
FACULDADE DE PSICOLOGIA
SATISFAO ORGANIZACIONAL, IDENTIFICAO
ORGANIZACIONAL E INTENO DE TURNOVER:
ESTUDO COMPARATIVO COM UMA AMOSTRA DE
TRABALHADORES DO SECTOR FARMACUTICO
Joo Andr Sequeira
MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA
(Seco de Psicologia dos Recursos Humanos, do Trabalho
e das Organizaes)
2016
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UNIVERSIDADE DE LISBOA
FACULDADE DE PSICOLOGIA
SATISFAO ORGANIZACIONAL, IDENTIFICAO
ORGANIZACIONAL E INTENO DE TURNOVER:
ESTUDO COMPARATIVO COM UMA AMOSTRA DE
TRABALHADORES DO SECTOR FARMACUTICO
Joo Andr Sequeira
Dissertao orientada pela Professora Doutora Rosrio Lima
MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA
(Seco de Psicologia dos Recursos Humanos, do Trabalho
e das Organizaes)
2016
SOCaixa de texto
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AGRADECIMENTOS
Professora Rosrio Lima, por toda a disponibilidade, pela constante orientao
e preocupao, pelo apoio, e por constituir um exemplo de rigor e de profissionalismo.
professora Ana Sousa Ferreira, pela coorientao, por toda a ajuda prestada na
anlise e na interpretao estatstica dos dados obtidos, e por todo o conhecimento
estatstico transmitido.
A todos os docentes da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, que
contriburam para a minha formao e para o meu desenvolvimento, enquanto pessoa e
profissional.
organizao onde foi realizado o presente estudo, pela abertura e pelo
interesse demonstrado, e a todos os participantes, que atravs das suas respostas
voluntrias, tornaram este projeto possvel.
Aos meus pais e irmos, e a toda minha famlia, pelo apoio permanente e
incondicional, por toda a dedicao, e por estarem sempre presentes, tanto nos
momentos bons como nos momentos menos bons.
A todos os meus amigos, por toda a solidariedade, por toda a pacincia, e por
estarem sempre presentes e disponveis.
A todas as pessoas que acompanharam, de alguma forma, o meu percurso e o
meu crescimento ao longo dos anos, por terem contribudo para a minha formao, e por
me ajudarem a ser uma pessoa melhor.
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ii
NDICE GERAL
Resumo iv
Abstract v
1. Introduo 1
2. Enquadramento Terico 2
2.1 Prticas de Gesto de Recursos Humanos 2
2.2 Satisfao Organizacional 4
2.3 Identificao Organizacional 6
2.4 Inteno de Turnover 8
2.5 Relao entre Satisfao Organizacional, Identificao Organizacional,
Inteno de Turnover e Prticas de Gesto de Recursos Humanos 10
3. Mtodo 12
3.1 Participantes 12
3.2 Instrumentos de Medida 13
3.2.1 Escala de Satisfao Organizacional 13
3.2.2 Escala de Identificao Organizacional 14
3.2.3 Escala de Inteno de Turnover 15
3.3 Procedimento 16
4. Resultados 17
5. Discusso 22
Referncias Bibliogrficas 27
Anexos CD-ROM
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NDICE DE QUADROS
Quadro 1 Mdias, Desvios-padro e ndices de Preciso 18
Quadro 2 Matriz de Correlaes de Pearson 19
Quadro 3 Regresso Linear Simples 20
Quadro 4 Resultados do Teste de Igualdade de valores mdios para amostras
independentes
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iv
RESUMO
Para fazer face crise financeira que o pas atravessa e ao aumento da
concorrncia e da exigncia dos clientes, cada vez mais as organizaes reconhecem
que so os seus colaboradores que podem fazer a diferena. Neste cenrio, torna-se
importante investir no estudo de variveis psicolgicas, que permitam ampliar o
conhecimento sobre o comportamento do indivduo em contexto organizacional. O
presente estudo tem como principal objetivo estudar a satisfao organizacional, a
identificao organizacional e a inteno de turnover em trabalhadores do setor
farmacutico, bem como as relaes entre estas variveis. Pretende-se, ainda, comparar
os nveis das variveis referidas, em funo da implementao ou no de prticas de
recursos humanos.
Para a recolha de dados, foram aplicados trs instrumentos de medida a uma
amostra de 123 colaboradores, os quais foram distribudos por dois grupos: um, em que
todas as prticas de recursos humanos foram implementadas, e outro, em que nem todas
estas prticas foram implementadas. Os resultados evidenciam a existncia de uma
relao direta e significativa entre Satisfao Organizacional e Identificao
Organizacional, de uma relao inversa e significativa entre Satisfao Organizacional e
Inteno de Turnover, e entre Identificao Organizacional e Inteno de Turnover, e do
papel mediador da Satisfao Organizacional na relao entre Identificao
Organizacional e Inteno de Turnover. Verifica-se tambm que, a implementao de
prticas de recursos humanos no tem influncia significativa na satisfao e
identificao organizacionais e na inteno de turnover.
No final, so discutidos os principais contributos do estudo e apresentadas
algumas limitaes e sugestes de investigao.
Palavras-chave: identificao organizacional, inteno de turnover, prticas de
recursos humanos, satisfao organizacional.
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v
ABSTRACT
To deal with the financial crisis the country is currently facing and increasing
competition and clients demands, organizations are more and more acknowledging
their employees as the ones that can make a difference. In this scenario, it becomes
important to invest in studying psychological variables that allow us to expand our
knowledge on how individuals behave in organizational contexts. The aim of this
research is studying organizational satisfaction, organizational identification and
turnover intention in pharmaceutical sector workers, as well as the interactions between
those variables. It also intends to compare the levels of the referred variables, based on
whether human resources practices were implemented.
Regarding the data collection, three measuring instruments were applied to a
sample of 123 employees that were separated into two groups: in one of them all the
human resources practices were implemented, whilst in the other not all practices were
implemented. The results point out a direct significant correlation between
Organizational Satisfaction and Organizational Identification, an inverse significant
correlation between Organizational Satisfaction and Turnover Intention and also
between Organizational Identification and Turnover Intention, in which Organization
Satisfaction seems to have a mediating role. The implementation of human resources
practices doesnt have a significant influence in organizational satisfaction and
identification and turnover intention.
At the end we discuss the main contributions of this study and present some
limitations and suggestions for future investigations.
Keywords: organizational identification, turnover intention, human resources practices,
organizational satisfaction.
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1. INTRODUO
A dinmica competitiva dos mercados, o aumento da concorrncia e a contante
presso resultante da mudana do panorama econmico, da globalizao (Bae &
Lawler, 1999) e do desenvolvimento tecnolgico (Stefano, Zampier & Maaneiro,
2006) tm pressionado as organizaes a desenvolverem prticas e estratgias que lhes
permitam marcar a diferena no mundo organizacional. A chave para obter vantagem
competitiva, e atingir o sucesso em meios cada vez mais concorrentes, est na inovao,
na capacidade de adaptao e na flexibilidade, atributos que se podem encontrar ao
nvel dos recursos humanos (Pfeffer, 1998; Savaneviciene & Stankeviciute, 2011).
Perante este cenrio, as organizaes procuram adotar modelos de gesto que valorizem
mais a vertente humana (Klein, 1998 citado por Cordeiro, 2008), visto que o capital
humano tornou-se no principal fator diferenciador (Fridman, Hatch & Walker, 2000).
Alm disso, nas organizaes em que existe uma gesto eficiente do capital humano,
verifica-se um aumento do valor de mercado da empresa (Huselid, 1995), dos nveis de
desempenho (Mahoney & Pandian, 1992; Fox, Byrne & Rouault, 1999), da
probabilidade de sobrevivncia (Welbourne & Andrews, 1995) e das percees de
suporte organizacional (Agarwala, 2003).
Neste contexto, a gesto dos recursos humanos tem vindo a assumir um papel
cada vez mais importante no desenvolvimento estratgico, motivo pelo qual as
organizaes procuram implementar prticas de gesto de recursos humanos que
permitam atrair, desenvolver e reter os seus colaboradores mais talentosos, e mold-los
sua viso, valores, objetivos e estratgias. Vrios estudos demonstram que a
implementao de prticas de recursos humanos tem um impacto positivo no
desenvolvimento de atitudes e de comportamentos de trabalho (Chambel & Santos,
2009). A existncia de uma rede de prticas de recursos humanos eficaz faz com que a
organizao seja considerada nica, inimitvel e distinta (Becker & Gerhart, 1996),
estando tambm associada ao aumento da satisfao, da motivao, do bem-estar e do
desempenho dos trabalhadores, da sua identificao com a organizao e diminuio
dos ndices de turnover (Esteves, 2008).
Todo o investimento aplicado neste processo leva a que seja fundamental
compreender as atitudes e as necessidades dos trabalhadores, de modo a tirar o maior
proveito das suas capacidades e competncias, e a evitar a sada dos trabalhadores mais
talentosos, para no perder o investimento realizado. Assim, torna-se imperativo investir
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no estudo de variveis psicolgicas que permitam s organizaes ampliar o seu
conhecimento sobre as atitudes dos seus colaboradores, entre as quais se encontram, a
satisfao organizacional, a identificao organizacional e a inteno de turnover
(Chiavenato, 1999).
Na presente investigao tem-se como principal objetivo estudar a satisfao
organizacional, a identificao organizacional e a inteno de turnover em trabalhadores
do setor farmacutico, bem como as relaes entre as variveis referidas. Pretende-se,
ainda, comparar os nveis de satisfao e de identificao organizacionais, e de inteno
de turnover, entre trabalhadores, em funo da implementao ou no de prticas de
recursos humanos, e perceber o impacto destas no seu comportamento.
O presente estudo encontra-se dividido em quatro seces, sendo a primeira o
Enquadramento Terico, na qual apresentada uma breve reviso de literatura sobre as
variveis em estudo. De seguida, na seco do Mtodo, procede-se caracterizao da
amostra e dos instrumentos de medida utilizados, e descrio do procedimento
adotado para a recolha dos dados. Por fim, as seces dos Resultados e da Discusso
visam a apresentao, anlise e interpretao dos resultados obtidos, a inferncia de
concluses gerais sobre o estudo, a identificao das suas limitaes e dos seus
contributos cientficos e a referncia de sugestes para futuras investigaes.
2. ENQUADRAMENTO TERICO
2.1 Prticas de Gesto de Recursos Humanos
A gesto de recursos humanos consiste num conjunto interrelacionado e distinto
de atividades e processos que procuram promover a eficincia organizacional e o
desenvolvimento e manuteno dos recursos humanos de uma organizao (Kaya, Koc
& Topcu, 2010). Para estes autores, a gesto de recursos humanos constituda por
prticas de aquisio (por exemplo, o recrutamento e seleo), prticas de reteno,
prticas de formao e desenvolvimento, e prticas de motivao (por exemplo, as
recompensas). Por sua vez, as prticas de gesto de recursos humanos so aes
especficas utilizadas pelas organizaes para promover o desenvolvimento de atitudes e
de comportamentos positivos por parte dos trabalhadores (Neves, 2002) e devem ser
definidas em funo das polticas, dos objetivos e das estratgias da organizao (Way &
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Johnson, 2005 citado por Veloso, 2007). As prticas de recursos humanos mais
frequentes so o recrutamento e seleo, a formao, a avaliao de desempenho, as
oportunidades de progresso de carreira, a comunicao interna, o acolhimento e a
integrao, os sistemas de renumerao e benefcios, as oportunidades de participao
na vida da organizao e a anlise e qualificao de funes (Tavares, 2001; Neves, 2002).
O recrutamento e seleo tem como principal funo dar organizao os
recursos humanos necessrios para esta atingir os seus objetivos (Ribeiro, 2000),
fazendo parte deste processo a divulgao junto de potenciais candidatos (Barber,
1998). A formao um processo de aquisio de conhecimentos e de desenvolvimento
de atitudes e comportamentos, relevantes para o desempenho do trabalhador na sua
funo e no seu trabalho (Cunha, Gomes, Rego, Campos e Cunha, Cabral-Cardoso &
Marques, 2010). A avaliao de desempenho um processo contnuo, que tem como
principal objetivo a avaliao da prestao dos trabalhadores na execuo de uma dada
funo (Cunha et al., 2010), ou seja, se conseguiram ou no atingir os objetivos
propostos. As oportunidades de progresso de carreira esto relacionadas com o sistema
de promoes da organizao, e so importantes para estimular a realizao pessoal e
profissional do trabalhador e o seu compromisso com a organizao (Cunha et al.,
2010). J a comunicao interna, a base da estratgia organizacional, uma vez que a
transmisso dos valores, objetivos e estratgias da organizao essencial para motivar
e alinhar os trabalhadores com a organizao. O acolhimento e a integrao so
responsveis por transmitir aos indivduos contratados os valores, os objetivos, a misso
e o modo de atuao da organizao, bem como as caractersticas e as exigncias da sua
funo (Trice & Beyer, 1993). Por sua vez, os sistemas de recompensa e benefcios
referem-se ao conjunto de bens materiais e imateriais que os trabalhadores recebem, em
virtude do servio prestado. As oportunidades de participao na vida organizacional
esto relacionadas com o envolvimento e participao ativa dos trabalhadores nas
decises da organizao (Herrenkohl, Judson & Heffner, 1999). Por fim, a anlise de
funes um processo sistemtico, cujos objetivos so identificar as tarefas e as
responsabilidades de uma certa funo (Bilhim, 2006), e as competncias necessrias
para a desempenhar.
Na literatura, existe um consenso generalizado sobre o impacto positivo da
implementao de prticas de recursos humanos nos resultados organizacionais
(Jackson & Shuler, 1995; Rafael & Lima, 2012), e no desenvolvimento de atitudes e de
comportamentos de trabalho positivos, que conduzem ao aumento da produtividade
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(Gurbuz, 2009), do empenho, do bem-estar, da motivao, da satisfao e da vontade do
trabalhador em permanecer na organizao (Allen, Shore & Griffeth, 2003). Grzywacz
(2002) salienta tambm, a influncia positiva das prticas de recursos humanos no
contexto familiar, na medida em que o trabalho d ao indivduo recursos sociais (por
exemplo, o estatuto), recursos econmicos (por exemplo, o salrio) e recursos
psicolgicos (por exemplo, o desejo de pertena a um grupo). No caso concreto deste
estudo, importa destacar o impacto positivo das prticas de gesto de recursos humanos
na satisfao organizacional, na identificao organizacional e na reduo dos ndices
de turnover (Esteves, 2008).
2.2 Satisfao Organizacional
Dada a importncia cada vez maior que atribuda gesto do capital humano e
satisfao das necessidades, dos desejos e das expectativas dos trabalhadores, a
satisfao um dos conceitos mais estudados no contexto organizacional (Van Dick,
Christ, Stellmacher, Wagner, Ahlswede, Grubba & Tissington, 2004; Hampton, 1992
citado por Ferreira & Siqueira, 2005). A satisfao organizacional um indicador de
desenvolvimento (Ramos, Lpez & Corona, 2007), que pode ser entendido como um
estado emocional que desencadeia uma resposta afetiva em relao a um conjunto de
aspetos relacionados com o contexto de trabalho do indivduo (D Amorim, 1995), e
que se desenvolve atravs das suas necessidades, expectativas e percees de justia
(Wood, 1976; Brief, 1998). Brief e Weiss (2002) definem satisfao como um
julgamento avaliativo (positivo ou negativo), por parte do indivduo, sobre a sua funo
ou sobre uma situao especfica inerente ao seu trabalho.
Apesar de existirem algumas divergncias na literatura sobre a definio deste
conceito, a ideia generalizada de que a satisfao organizacional tem uma forte
componente afetiva (Tamayo, 1998; Ferreira & Siqueira, 2005), e mede o grau em que
os trabalhadores se sentem satisfeitos com o seu trabalho e com vrios aspetos a ele
associados, tendo um impacto significativo nos seus comportamentos. Existem vrios
modelos e teorias que se debruam sobre este conceito, contudo importa destacar o
Modelo de Locke (1976) por ser a base dos estudos de satisfao organizacional.
O Modelo de Locke (1976) d-nos uma viso holstica do contexto
organizacional e permite-nos relacionar a satisfao com os diversos fatores associados
ao trabalho. Para Locke, a satisfao no trabalho um estado emocional, que resulta da
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diferena entre aquilo que o indivduo espera do seu trabalho e aquilo que sente que est
a obter. Locke considera ainda que, a satisfao no trabalho um valor global que
resulta da soma da satisfao do indivduo com vrios aspetos do seu trabalho, os quais
podem ser agrupados em nove categorias: a satisfao com o trabalho (caractersticas,
contedo e variedade das tarefas, sobrecarga de trabalho, oportunidades de
aprendizagem); a satisfao com o salrio (valor, distribuio, equidade); a satisfao
com as oportunidades de progresso na carreira; a satisfao com o reconhecimento
(elogios e crticas recebidas); a satisfao com benefcios (frias, seguros,
compensaes); a satisfao com as condies de trabalho (condies fsicas, horrio); a
satisfao com a superviso; a satisfao com os colegas (ambiente de trabalho, apoio
social); e, por fim, a satisfao com a organizao e com as suas polticas.
A satisfao um conceito subjetivo, visto que cada pessoa tem as suas prprias
necessidades, motivaes e desejos (Stefano, Zampier & Maaneiro, 2006). No entanto,
existem fatores comuns que influenciam os nveis de satisfao de qualquer indivduo,
os quais podem ser divididos em factores individuais e situacionais (Spector, 1997). Os
fatores individuais dizem respeito personalidade, s crenas, aos valores e s
caractersticas demogrficas de cada um. As caractersticas de personalidade, apontadas
na literatura, com maior impacto na satisfao so o locus de controlo (Chan, Lai, Ko &
Boey, 2000), o comportamento do tipo A (Chan et al., 2000) e as estratgias de coping
(Harris, 1989). Por sua vez, os fatores situacionais so a renumerao, as oportunidades
de formao e de progresso na carreira, o contedo, as condies e as caractersticas do
trabalho, o ambiente de trabalho, o estilo de liderana, as relaes com os colegas e o
equilbrio entre a vida pessoal e profissional (Spector 1997; Tamayo, 1998).
A identificao e a monitorizao destes factores uma ferramenta essencial
para as organizaes, uma vez que contribui para a preveno e evitamento de
comportamentos indesejveis, como por exemplo, o turnover (Cranny, Smith & Stone,
1992). Para alm dessas razes, a satisfao dos seus colaboradores deve ser uma das
preocupaes centrais das organizaes, visto que influencia a sade fsica e psicolgica
dos trabalhadores (Fraser, 1983), e consequentemente, as suas atitudes e
comportamentos no trabalho (Martinez, Paraguay & Latorre, 2004). A existncia de
elevados nveis de satisfao organizacional est relacionada com o aumento da
produtividade (Locke, 1976), do empenhamento organizacional (Meyer & Allen, 1997),
do bem-estar fsico e psicolgico (Newsham, Brand, Donnelly, Veitch, Aries & Charles,
2009), da satisfao com a vida em geral (Rice, Near & Hunt, 1980), da identificao
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organizacional (Van Dick et al., 2004), e com a diminuio do absentismo (Cohen &
Golan, 2007), do turnover (Egan, Yang & Bartlett, 2004), dos problemas de sade
(Rocha, 1996) e das greves (Henne & Locke, 1985).
Em suma, importa destacar a importncia do estudo deste constructo para as
organizaes, dada a sua forte relao com as atitudes manifestadas pelos trabalhadores,
entre as quais se encontram, a identificao organizacional e a inteno de turnover.
2.3 Identificao Organizacional
Nos ltimos anos, a identificao organizacional tem-se assumido cada vez mais
como uma varivel a considerar no estudo do comportamento organizacional (Kreiner
& Asforth, 2004), dado o seu papel fundamental na compreenso da identidade do
indivduo e na explicao das suas atitudes e comportamentos no trabalho (Tavares,
2001; Riketta, 2005; Tavares, Caetano & Silva, 2007). Apesar de muitas vezes ser
confundida com o conceito de empenhamento organizacional, por tambm se referir ao
vnculo psicolgico que existe entre o indivduo e a organizao, ambos os conceitos
so distintos. As principais diferenas assentam no facto do empenhamento
organizacional se basear na existncia de uma relao de troca entre o indivduo e a
organizao, e no considerar o sentido de pertena do indivduo organizao, mas
sim a sua atitude face a esta. J a identificao organizacional, foca-se nos valores
partilhados entre o indivduo e a organizao. Para alm disso, a identificao
organizacional um constructo flexvel, que varia de acordo com o contexto, enquanto
o empenhamento organizacional um constructo estvel no tempo (Van Dick, 2004).
A identificao organizacional pode ser definida como um vnculo psicolgico,
que se estabelece quando os membros de uma organizao se autodefinem, em termos
do seu papel enquanto elementos pertencentes mesma, e integram as crenas, as
normas e os valores da organizao na sua prpria identidade (Dutton, Dukerich &
Harquail, 1994; Hogg & Terry, 2000; Scott & Lane, 2000). Para Ashforth e Mael
(1989), a identificao organizacional uma perceo de unidade entre o indivduo e a
organizao, a qual faz com que este tenda a atribuir a si prprio as caractersticas que a
definem (Dutton et al, 1994). O processo de identificao organizacional pode ocorrer
por afinidade, quando o indivduo se identifica com uma organizao, geralmente na
fase de recrutamento, por acreditar nas suas crenas e nos seus valores, ou por imitao,
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quando o indivduo incorpora conscientemente as crenas e os valores da organizao
na sua identidade, modificando a sua viso do eu (Pratt, 1998).
A crescente importncia dada s relaes laborais, e forma como o indivduo
se define no contexto organizacional, levou Ashforth e Mael (1989) a aplicarem a
Teoria da Identidade Social (Tajfel & Turner, 1979) s organizaes, defendendo que a
identificao organizacional uma forma especfica de identificao social, na qual o
indivduo tem o desejo de pertencer a uma organizao. Apesar de possurem algumas
semelhanas, os conceitos de identidade e de identificao so distintos, na medida em
que a identidade se refere s crenas do indivduo sobre si prprio e a identificao diz
respeito quilo que o indivduo relativamente aos outros (Pratt, 1998).
A Teoria da Identidade Social (Tajfel & Turner, 1979) afirma que a identificao
de um indivduo com um grupo social pressupe a incorporao no seu autoconceito das
normas e dos valores do grupo, de modo a poder ser identificado como um membro do
mesmo. O autoconceito de um indivduo formado pela sua identidade pessoal
(caractersticas, interesses e competncias) e pela sua identidade social (normas e
valores dos grupos a que pertence) (Tajfel & Turner, 1985 citado por Mael & Ashforth,
1992). Deste modo, considerando as organizaes entidades sociais, quando um
indivduo se identifica com um grupo social vincula-se psicologicamente a ele, integra
as caractersticas e os valores distintivos do grupo no seu self (Turner, Hogg, Oakes,
Reicher & Wetherell, 1987) e passa a partilhar os sucessos e os fracassos do grupo
como se fossem seus (Marra, Fonseca & Marques, 2014).
Relativamente aos preditores da identificao organizacional, os mais referidos
na literatura so a perceo do indivduo sobre a atratividade da imagem externa e da
cultura da organizao, o prestgio e a reputao da organizao, as semelhanas entre
as crenas e os valores do indivduo e as polticas da organizao, e as oportunidades de
participao e de progresso na carreira (Mael & Asforth, 1992; Kreiner & Asforth,
2004; Boros, Curseu, & Miclea, 2011).
A identificao organizacional acarreta implicaes a nvel individual, grupal e
organizacional (Kreiner & Ashforth, 2004), podendo ter consequncias ao nvel das
atitudes e dos comportamentos dos trabalhadores (Riketta, 2005). Vrios autores
demonstraram que os indivduos que se identificam com a organizao onde trabalham,
exibem mais comportamentos alinhados com as suas crenas, normas e valores
(Ashforth & Mael, 1989), esto mais satisfeitos com o trabalho em geral (Tinoco,
2008), mais motivados, envolvidos e comprometidos com a organizao (Van Dick et
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al., 2004), exibem mais comportamentos de cidadania organizacional (Mael &
Ashforth, 1992; Dutton et al., 1994; Riketta, 2005) e apresentam menos intenes de
turnover (Van Dick, 2004; Tavares et al., 2007). Contudo, apesar da maior parte dos
estudos se focarem apenas nas consequncias positivas, alguns autores defendem que
nveis demasiado elevados de identificao organizacional podem ter efeitos negativos,
tais como, o aumento do conformismo e da complacncia do indivduo, a diminuio da
inovao, da criatividade, da iniciativa, da responsabilidade individual e da capacidade
de adaptao mudana (Dukerich, Kramer & Parks, 1998).
Em suma, a identificao organizacional refere-se ao grau de identificao do
indivduo com a organizao em que trabalha, e poder ter um impacto determinante
nos seus comportamentos e atitudes, tais como, a satisfao organizacional e a inteno
de turnover, pelo que deve ser alvo de ateno permanente por parte das organizaes.
2.4 Inteno de Turnover
Na literatura existem diversas definies de turnover, no entanto, consensual
que o turnover consiste na sada de trabalhadores da organizao como resultado de um
processo de afastamento fsico e/ou psicolgico entre ambos (Rosse & Hulin, 1985). O
turnover refere-se cessao voluntria ou involuntria do contrato psicolgico e de
trabalho entre o individuo e a organizao (Tett & Meyer, 1993). Existem diferentes
tipos de turnover: o turnover involuntrio e o turnover voluntrio. O turnover
involuntrio ocorre quando os trabalhadores saem por deciso da organizao (Price,
2001 citado por Perez, 2011), enquanto que o turnover voluntrio ocorre quando os
trabalhadores saem por vontade prpria (Shaw, Delery, Jenkins & Gupta, 1998),
aumentando o risco para a organizao de perda de potenciais talentos.
importante fazer a distino entre turnover e inteno de turnover. Segundo
Mowday, Porter e Steers (1982), a inteno de turnover consiste numa estimativa
subjetiva da probabilidade de um indivduo sair da sua organizao, num curto espao
de tempo. Por sua vez, o turnover um conceito objetivo, que se refere sada do
trabalhador da organizao, e no a uma vontade. A inteno de turnover pode ainda ser
definida como uma atitude comportamental, que reflete a vontade e o desejo deliberado
e consciente de um indivduo abandonar a sua organizao, num futuro prximo
(Aydogdu & Asikgil, 2011). Apesar de serem conceitos diferentes, vrios autores
consideram que a inteno de turnover o preditor mais forte e mais preciso do
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turnover real (Steers & Mowday, 1981; Tett & Mayer, 1993), e um bom substituto ao
nvel da investigao (Steel & Ovalle, 1984). Ajzen (1991), na teoria do comportamento
planeado, considera tambm que a inteno de turnover um excelente indicador do
comportamento de abandono voluntrio da organizao. Por estas razes, a maior parte
dos estudos no se focam no turnover, mas sim na inteno de turnover (Dalton, Cairns,
Canavan, Downey & Fowler, 1995 citado por Perez, 2011).
Os ndices de turnover so indicadores precisos da qualidade do sistema de
recursos humanos implementado. Vrios autores reconhecem o impacto significativo do
turnover nas organizaes, dados os elevados custos tangveis e no tangveis que
acarreta (Mobley, 1982). Para as organizaes, alm dos custos tangveis associados ao
recrutamento, integrao e formao de novos colaboradores, perda de
produtividade, quebra do fluxo de trabalho durante o processo de substituio e de
assimilao dos novos mtodos (Staw, 1980), e consequente diminuio dos lucros e
da eficcia (Argote, Insko, Yovetich & Romero, 1995; Huang, Lawer & Lei, 2007),
existem tambm custos no tangveis associados diminuio das atitudes e dos
comportamentos positivos por parte dos restantes trabalhadores (Staw, 1980). O
turnover pode mesmo levar diminuio da satisfao e do envolvimento dos restantes
trabalhadores, da coeso das equipas de trabalho e da eficcia dos sistemas de
comunicao (Mobley, 1982). No entanto, apesar da maior parte dos estudos associarem
o turnover a um acontecimento negativo, Dalton, Krackhardt e Porter (1981 citado por
Perez, 2011) propuseram um novo conceito de turnover funcional, segundo o qual a
sada de trabalhadores da organizao pode comportar aspetos positivos. Para estes
autores, o turnover pode funcionar como uma oportunidade para substituir os
trabalhadores menos produtivos e aumentar os nveis de produtividade, para reorganizar
a estrutura organizacional e os postos de trabalho existentes, para resolver eventuais
conflitos existentes no grupo, para reciclar o leque de competncias e de conhecimentos
dos trabalhadores atravs da entrada de novos colegas, para promover os trabalhadores
mais talentosos que permaneceram na organizao, e para fazer uma renovao
organizacional (Fink & Fink, 1952; Staw, 1980). Para os trabalhadores que saram, o
turnover pode constituir uma oportunidade para encontrar um trabalho mais desafiante,
menos stressante e com uma melhor renumerao (Rehman Safdar, 2012).
Para as organizaes gerirem com eficcia o nvel de turnover, extremamente
importante que estejam atentas aos seus preditores. Alm da inteno de turnover, os
principais preditores do turnover so a satisfao organizacional (Van Dick et al, 2004),
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o empenhamento organizacional (Duarte & Neves, 2010), a identificao organizacional
(Abrams & Moura, 2001), as condies de trabalho (horrio, carga de trabalho,
renumerao, equilbrio entre a vida pessoal e profissional), as caractersticas da funo,
o tipo de liderana, o ambiente de trabalho e as percees de justia (Ferreira &
Siqueira, 2005; Huang, Lawler & Lei, 2007), a motivao dos trabalhadores (Maertz,
2001), a discrepncia entre as expectativas iniciais e a realidade (Porter & Steers, 1973;
Rehman Safdar, 2012), e a existncia de melhores alternativas de trabalho (Mobley,
Griffeth, Hand & Meglino, 1979). Vrios estudos apontam tambm para a existncia de
uma relao negativa entre a idade e a inteno de turnover, ou seja, os trabalhadores
mais velhos apresentam menos intenes de sada, por serem menos atrativos para o
mercado e por possurem uma ligao emocional mais forte com a organizao
(Parasuraman & Futrell, 1983; Cotton & Tuttle, 1986). J no que diz respeito varivel
sexo, e sua relao com a inteno de turnover, no h consenso, havendo autores que
defendem que as mulheres tendem a deixar a carreira para segundo plano e apresentam,
por isso, menos intenes de sada (Iverson & Deery, 1997), outros que defendem que
so os homens (Cotton & Tuttle, 1986), e outros que o sexo no tem qualquer relao
com a inteno de turnover (Ovadje, 2009).
Em suma, dado o impacto determinante do turnover nos resultados
organizacionais (Bancaleiro, 2007), e o papel preditor de variveis como a satisfao e a
identificao organizacionais, de toda relevncia investir no estudo das atitudes dos
trabalhadores, a fim de gerir as taxas de turnover e maximizar a eficcia organizacional.
2.5 Relao entre Satisfao Organizacional, Identificao Organizacional,
Inteno de Turnover e Prticas de Gesto de Recursos Humanos
Tal como referido anteriormente, a satisfao e a identificao organizacionais
tm uma forte influncia nas atitudes e nos comportamentos dos trabalhadores, na
medida em que a existncia de elevados nveis de satisfao e de identificao
organizacionais est relacionada com o aumento da produtividade, da motivao, do
bem-estar, do empenhamento organizacional, e com a diminuio dos ndices de
turnover e de absentismo (e.g. Van Dick, 2004; Riketta, 2005; Van Knippenberg &
Sleebos, 2006; Tavares et al., 2007; Esteves, 2008). Vrios autores defendem tambm
que, existe uma relao positiva entre Satisfao Organizacional e Identificao
Organizacional, visto que quando os trabalhadores esto satisfeitos com o seu trabalho e
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com a sua organizao, sentem-se mais identificados com a mesma (Zeithalm & Bitner,
2000; Van Dick et al., 2004; Tinoco, 2008).
Para alm disso, no h dvidas que tanto a satisfao organizacional como a
identificao organizacional, so fortes preditores da inteno de turnover. No entanto,
necessrio perceber de que forma que estas duas variveis contribuem, em conjunto,
para reduzir as intenes de turnover (Van Dick et al., 2004; Randsley de Moura et al.,
2009), tornando-se imperativo estudar a sua relao. Para certos autores (Randsley de
Moura et al., 2009), a identificao organizacional o principal preditor da inteno de
turnover, sendo a satisfao organizacional um preditor distal e um antecedente da
identificao organizacional. Esta perspetiva est de acordo com a teoria da identidade
social, na medida em que defende que deixar a organizao implica deixar um grupo, ao
qual a pertena importante para o autoconceito do indivduo. Por outro lado, Van Dick
et al. (2004) defendem que a satisfao organizacional o preditor mais determinante
da inteno de turnover, sendo a relao entre Identificao Organizacional e Inteno
de Turnover mediada pela Satisfao Organizacional. A satisfao vista como a
varivel, que influencia de forma mais direta as atitudes do indivduo no trabalho, como
por exemplo, a inteno de abandonar a organizao. Por sua vez, a identificao
organizacional apenas um dos fatores que influencia a satisfao do indivduo.
Com base nos diversos estudos acima referidos (e.g. Mobley, 1977; Van Dick et
al., 2004; Tavares et al., 2007; Randsley de Moura et al., 2009), espera-se que tanto a
satisfao organizacional como a identificao organizacional, apresentem uma relao
significativa com a inteno de turnover, uma vez que ambas so apontadas como fortes
preditores da mesma. Alm dos resultados obtidos pelos estudos, o facto destas duas
variveis contriburem para a reduo dos nveis de turnover torna tambm expectvel a
existncia de correlaes positivas entre ambas. Posto isto, formulam-se as seguintes
hipteses de investigao:
H1: Existe uma relao direta e significativa entre Satisfao Organizacional e
Identificao Organizacional
H2: Existe uma relao inversa e significativa entre Satisfao Organizacional e
Inteno de Turnover
H3: Existe uma relao inversa e significativa entre Identificao
Organizacional e Inteno de Turnover
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Dada a importncia, cada vez maior, que atribuda conciliao da satisfao
das necessidades do indivduo e da organizao para a eficcia organizacional, e tendo
por base o modelo proposto por Van Dick et al. (2004), espera-se que a Satisfao
Organizacional seja uma varivel mediadora da relao entre Identificao
Organizacional e Inteno de Turnover. Deste modo, quanto maior for a satisfao de
um indivduo para com a sua organizao, mais ele se identifica com ela, e
consequentemente, menos intenes de sada apresenta (Van Dick et al., 2004). Nesta
sequncia, formula-se a seguinte hiptese de investigao:
H4: A relao entre a Identificao Organizacional e Inteno de Turnover
mediada pela Satisfao Organizacional.
As prticas e as polticas que a organizao implementa e a forma como gere os
seus recursos humanos determinante para a satisfao e para o desempenho dos seus
trabalhadores (Rogelberg, Allen, Shanock, Scott & Shuffler, 2010). Vrios estudos
demonstraram que a implementao de prticas de recursos humanos influencia o
desenvolvimento de atitudes e de comportamentos positivos face organizao
(Chambel & Santos, 2009), entre as quais se encontram, a satisfao organizacional, a
identificao organizacional e a inteno de turnover. A implementao de prticas de
gesto de recursos humanos cada vez mais frequente nos mais diversos setores de
atividade, sendo portanto outro dos objetivos da presente investigao, determinar o
impacto das prticas de gesto de recursos humanos sobre as variveis em estudo. Nesta
sequncia, formula-se a seguinte hiptese de investigao
H5: A implementao de prticas de gesto de recursos humanos influencia
favoravelmente os nveis de satisfao, de identificao organizacional e de inteno de
turnover dos colaboradores, verificando-se diferenas significativas entre os dois grupos
testados.
3. MTODO
3.1 Participantes
A amostra do presente estudo constituda por um total de 123 colaboradores
(98 do sexo feminino, e 25 do sexo masculino) de um dos principais grupos
farmacuticos a nvel nacional, com idades compreendidas entre os 22 e os 61 anos de
idade (M= 33.20; DP= 9.80). Para a anlise e tratamento de dados, optou-se por
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13
distribuir os participantes por dois grupos, de acordo com o critrio definido pela
Direo de Recursos Humanos, no que se refere implementao de prticas de gesto
de recursos humanos nas farmcias, a saber: do primeiro grupo, fazem parte apenas
trabalhadores de farmcias cujas prticas de gesto de recursos humanos foram todas
implementadas, enquanto o segundo grupo composto por trabalhadores de farmcias
em que todas estas prticas no foram implementadas.
Relativamente ao primeiro grupo, foram inquiridos 56 participantes, sendo que
48 so do sexo feminino (85.7%) e 8 do sexo masculino (14.3%), com idades
compreendidas entre os 22 e os 58 anos de idade (M= 28.8; DP= 7.3). De referir ainda,
que 35 dos participantes so farmacuticos (62.5%) e 21 tcnicos de farmcia (37.5%),
motivo pelo qual possuem habilitaes literrias diferentes: 33 tm mestrado (58.9%),
22 tm licenciatura (39.3%) e 1 tem apenas o 12 ano de escolaridade (1,8%). Alm
disso, a maior parte dos colaboradores inquiridos trabalha h mais de 1 ano e menos de
2 na atual funo (32.1%), na atual organizao (39.3%) e na atual farmcia (37.5%).
J no que diz respeito ao segundo grupo, este composto por 67 participantes,
sendo que 50 so do sexo feminino (74.6%) e 17 do sexo masculino (25.4%), com
idades compreendidas entre os 23 e os 61 anos de idade (M= 36.9; DP= 10.2).
Relativamente categoria profissional, 48 dos participantes inquiridos so
farmacuticos (71.6%), 15 so tcnicos de farmcia (22.4%) e 4 so tcnicos auxiliares
de farmcia (6%). Quanto s habilitaes literrias, 32 participantes tm a licenciatura
(47.8%), 26 tm o mestrado (38.8%), 3 tm curso profissional (4.5%), 3 tm o 12 ano
de escolaridade (4.5%), 2 tm o 9 ano de escolaridade (3%) e 1 tem frequncia
universitria (1.5%). A maior parte dos colaboradores inquiridos trabalha h mais de 10
anos na atual funo (37.3%) e na atual farmcia (32.8%), e h mais de 5 anos e menos
de 10 na atual organizao (35.8%).
3.2 Instrumentos de Medida
3.2.1 Escala de Satisfao Organizacional
Para estudar a satisfao no trabalho foi aplicada a Escala de Satisfao
Organizacional desenvolvida por Lima, Vala e Monteiro (1994), cujo objetivo avaliar
em que medida os participantes se sentem satisfeitos com o seu trabalho e com diversos
aspetos a ele associados, atravs da indicao do seu nvel de concordncia, numa
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escala de Likert de 7 pontos, sendo que 1 corresponde a extremamente insatisfeito e 7 a
extremamente satisfeito.
Dos oito itens originais da escala foram utilizados apenas sete, uma vez que foi
retirado o item que se destinava exclusivamente a posies de chefia (Em relao
competncia e funcionamento dos seus subordinados, diria que est) por no se
enquadrar nos objetivos do estudo e nas caractersticas da amostra. Sendo assim, dos
sete itens utilizados, os seis primeiros (Em relao s suas perspetivas de promoo,
diria que est; Em relao organizao e funcionamento do departamento onde
trabalha, diria que est; Em relao colaborao e clima de relao com os seus
colegas de trabalho, diria que est; Em relao renumerao que recebe, diria que
est; Em relao competncia e funcionamento do seu superior imediato, diria que
est; Em relao ao trabalho que realiza, diria que est) medem a satisfao do
indivduo em relao a aspetos especficos do seu trabalho, e o ltimo (Tudo somado, e
considerando todos os aspetos do seu trabalho e da sua vida nesta empresa, diria que
est) mede a satisfao organizacional de uma forma geral.
Relativamente aos ndices de preciso, apesar de no ter sido possvel ter acesso
aos ndices obtidos pelos autores da escala, os estudos conduzidos por Borges (2012) e
por Mendes (2014), que utilizaram os mesmos sete itens da presente investigao,
obtiveram bons ndices de consistncia interna, sendo os alfa de Cronbach,
respetivamente, de .80 e .89.
3.2.2 Escala de Identificao Organizacional
A identificao organizacional foi medida atravs da Escala de Identificao
Organizacional (Mael & Ashforth, 1992), cujo objetivo avaliar o grau em que os
participantes se identificam com a organizao em que trabalham. A escala composta
por seis itens, sendo os mesmos: Quando algum critica a organizao, sinto isso como
um insulto pessoal; Eu estou verdadeiramente interessado no que os outros pensam
acerca desta organizao; Quando falo desta organizao, digo mais vezes ns do que
eles; O sucesso desta organizao o meu sucesso; Quando algum elogia a
organizao, sinto isso como um elogio pessoal; Se uma histria na comunicao social
criticasse a organizao sentir-me-ia embaraado. Para cada uma das afirmaes
apresentadas, os participantes devem assinalar as suas respostas, numa escala de Likert
de 1 (Discordo Totalmente) a 5 (Concordo Totalmente), consoante o seu grau de
concordncia com as mesmas.
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Segundo os autores da escala original (Mael & Ashforth, 1992), os ndices de
preciso variam entre .81 (para amostras de trabalhadores da rea de negcios e de alunos
de psicologia) e .83 (para amostras de gestores de diferentes organizaes). Apesar de no
ter sido possvel ter acesso ao processo de traduo e de adaptao da escala original
populao portuguesa, a aplicao desta mesma escala por outros autores obteve bons
coeficientes de consistncia interna, mais concretamente, um Alfa de Cronbach de .85
(Tavares et al., 2007), .87 (Tinoco, 2008), .91 (Noronha, 2013), .82 (Mendes, 2014) e
.85 (Cruz, 2014).
3.2.3 Escala de Inteno de Turnover
Para avaliar a inteno de turnover foi utilizado um instrumento de medida
desenvolvido por Lima e Mendes (2014), a Escala de Inteno de Turnover, a qual
composta por oito itens, tendo sido 4 dos itens (1,3,5 e 7) formulados no sentido de
traduzirem uma concordncia, enquanto que os restantes itens (2,4,6 e 8) foram
formulados no sentido inverso. Os itens 1, 4 e 6 (Se pudesse escolher novamente,
escolheria trabalhar na organizao onde atualmente trabalho; Penso com frequncia
deixar a organizao onde atualmente trabalho; bastante provvel que procure um
novo emprego no prximo ano) foram obtidos a partir da Escala de Inteno de
Turnover desenvolvida por Camman, Fichman, Jenkins e Klesh (1979 citado por
Mendes, 2014) e foram traduzidos e adaptados por Yan (2008 citado por Mendes,
2014). J os itens 2 e 8 (Tenho feito contactos para sair desta organizao; Penso em
sair desta organizao logo que tenha oportunidade para isso) foram obtidos a partir da
escala desenvolvida por Nunes, Monteiro, Oliveira e Silva (1992 citado por Mendes,
2014), cujo objetivo era a medio dos comportamentos de abandono. Por sua vez, os
itens 3 e 5 (Tenciono manter-me na organizao onde trabalho at reforma; Penso
prosseguir a minha carreira na organizao onde trabalho;) foram obtidos a partir da
Escala de Inteno de Turnover desenvolvida por Huang et al., (2007 citado por
Mendes, 2014), e foram traduzidos e adaptados por Rafael e Lima (2007 citado por
Mendes, 2014). Contudo, o item Tenciono manter-me na organizao onde trabalho at
reforma foi alterado para Tenciono manter-me na organizao onde trabalho, visto
que segundo Oliveira (2009 citado por Mendes, 2014) coloca em causa o atual conceito
de desenvolvimento de carreira, e contribui para a diminuio da consistncia interna da
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escala. Por fim, o item 7 (No estou ativamente procura de outro emprego noutra
organizao) foi elaborado, na totalidade, por Lima e Mendes (2014).
O objetivo da aplicao desta escala passa por determinar o grau em que os
participantes tencionam abandonar a organizao, onde atualmente trabalham. Assim,
para cada uma das afirmaes apresentadas, os participantes tm de assinalar as suas
respostas numa escala de Likert de 1 (Discordo Totalmente) a 5 (Concordo Totalmente),
consoante o seu nvel de concordncia com as mesmas. Quanto aos ndices de preciso,
a verso experimental desta Escala foi aplicada por Lima e Mendes (2014), num estudo
piloto, a uma amostra de 51 indivduos, tendo obtido um coeficiente de consistncia
interna de .85. O estudo principal da referida investigao obteve tambm um bom
ndice de preciso, mais especificamente, um Alfa de Cronbach de .92.
3.3 Procedimento
A presente investigao foi desenvolvida num dos principais grupos
farmacuticos a nvel nacional, que possui uma extensa rede de farmcias distribudas
por todo o pas. O contacto foi estabelecido com a Diretora de Recursos Humanos da
empresa em questo, a qual demonstrou interesse na realizao do estudo, reconhecendo
a sua utilidade interna e disponibilizando-se para qualquer ajuda necessria.
Aps a aprovao, por parte da organizao, do estudo a levar a cabo e dos
instrumentos de medida a aplicar, procedeu-se introduo e converso das respetivas
escalas em formato drive. A escolha deste mtodo deveu-se ao facto desta ser a
principal plataforma de comunicao interna utilizada pela organizao, o que facilita a
obteno das respostas necessrias e permite dar aos participantes maior liberdade e
maior flexibilidade de horrio para responderem s provas. Posteriormente, foi enviado
para os e-mails corporativos de todas as farmcias associadas ao grupo, um link que
permite ter acesso aos instrumentos de medida, tendo sido definido um prazo de trs
semanas para os participantes responderem aos mesmos. Importa tambm referir que,
foi includa no estudo uma clusula de consentimento informado, de modo a assegurar
aos participantes a confidencialidade e o anonimato da sua participao, e a utilizao
dos dados recolhidos somente para efeitos de investigao.
Antes da apresentao das escalas de medida, foram dadas aos participantes
informaes relativas ao enquadramento, aos objetivos e durao da investigao em
curso (cerca de 30 minutos), bem como informaes sobre as instrues das escalas de
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medida utilizadas. De seguida, estas foram aplicadas pela seguinte ordem: Escala de
Satisfao Organizacional; Escala de Identificao Organizacional; Escala de Inteno
de Turnover. Por fim, foi pedido aos participantes que preenchessem uma ficha de
dados sociodemogrficos, cujo objetivo consistia na recolha de dados pessoais
relevantes para o estudo (sexo, idade, habilitaes literrias, categoria profissional,
tempo de trabalho na atual funo, tempo de trabalho na atual organizao e tempo de
trabalho na atual farmcia). Foi-lhes tambm perguntado se na farmcia em que
atualmente trabalham foram implementadas prticas de recursos humanos, sendo que,
caso a resposta fosse positiva, era-lhes pedido que selecionassem, de uma lista de vrias
opes, quais as prticas de recursos humanos que foram implementadas na sua
farmcia. exceo do campo da idade, que permitia uma resposta livre, a maior parte
dos campos de resposta requeriam a seleo de uma entre vrias opes, com o objetivo
de aumentar a preciso e de diminuir a probabilidade de erro.
Aps o prazo estabelecido expirar, o balano de respostas obtidas era positivo,
visto que das 150 respostas previstas foram obtidas 123, ficando a faltar apenas 27.
4. RESULTADOS
Nesta seo, apresentam-se os principais resultados obtidos na presente
investigao, sendo o primeiro passo constitudo pela anlise descritiva (medidas de
tendncia central e de disperso) e pelo estudo da consistncia interna dos instrumentos
de medida utilizados. De seguida, apresentado o estudo das relaes entre as variveis
Satisfao Organizacional, Identificao Organizacional e Inteno de Turnover, atravs
de anlises correlacionais e de regresses lineares, cujo objetivo analisar as hipteses
de investigao formuladas inicialmente. Por fim, apresentada uma anlise
comparativa entre os nveis de satisfao e identificao organizacionais e de inteno
de turnover, obtidos nos dois grupos testados, em funo da implementao ou no de
prticas de recursos humanos. De referir ainda que, para efetuar o tratamento estatstico
dos dados recolhidos foi utilizado o software IBM SPSS Statistics 23.
No Quadro 1 apresentada a anlise descritiva e de consistncia interna de cada
um dos instrumentos de medida utilizados, mais especificamente, as mdias, os desvio-
padro e os ndices de preciso referentes s Escalas de Satisfao Organizacional, de
Identificao Organizacional e de Inteno de Turnover.
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Quadro 1 Mdias, Desvios-padro e ndices de Preciso
A anlise dos valores referidos no Quadro 1 permite constatar que as mdias
das Escalas de Satisfao Organizacional e de Identificao Organizacional so
moderadamente elevadas, sendo de 4.87, numa escala de 1 a 7, para a Satisfao
Organizacional, e de 4.01, numa escala de 1 a 5, para a Identificao Organizacional.
Para as mesmas escalas, os desvios-padro so, respetivamente, 1.12 e .71. Apesar de
no terem sido obtidos valores muito elevados, pode considerar-se que, de um modo
geral, os colaboradores esto satisfeitos com a organizao e com os diferentes aspetos
associados ao seu trabalho, e identificam-se com esta. J no que diz respeito Inteno
de Turnover, o valor mdio obtido de 2.34 e o desvio-padro de 1.13, o que indica
que, em geral, a maior parte dos colaboradores no pensa abandonar voluntariamente a
organizao, num curto espao de tempo.
Para estudar a consistncia interna dos instrumentos de medida utilizados no
presente estudo, procedeu-se anlise do coeficiente de preciso, que expressa o grau
de fiabilidade das escalas utilizadas. Com base na anlise dos valores apresentados no
Quadro 1, pode verificar-se que os trs instrumentos utilizados obtiveram ndices de
preciso elevados, visto que todos os Alfas de Cronbach so superiores ao valor mnimo
exigido de .70 (Nunnally & Bernstein, 1994). Assim, o Alfa de Cronbach foi de .88 para
a Escala de Satisfao Organizacional, .83 para a Escala de Identificao
Organizacional e .95 para a Escala de Inteno de Turnover. De destacar, ainda, o facto
deste ltimo valor poder ser considerado muito bom (Pestana & Gageiro, 2005), estando
de acordo com o ndice de .92 obtido por Mendes (2014).
Em termos do estudo da consistncia interna, realizou-se ainda uma anlise por
excluso de itens (alpha if item deleted), a qual demonstrou que os ndices de
consistncia interna dos trs instrumentos no seriam significativamente superiores,
caso algum dos itens fosse excludo. No entanto, destaca-se o item 1 da Escala de
Identificao Organizacional (Quando algum critica a organizao, sinto isso como
um insulto pessoal), sem o qual o Alfa de Cronbach passaria de .83 para .84.
Escalas N Itens Mdia D.P Alfa de Cronbach
Satisfao Organizacional 7 4.87 1.12 .88
Identificao Organizacional 6 4.01 .71 .83
Inteno de Turnover 8 2.34 1.13 .95
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19
Antes de efetuar a anlise correlacional, para a escolha do coeficiente de
correlao procedeu-se ao estudo da distribuio das variveis em estudo, tendo como
objetivo verificar ou no a existncia da normalidade da distribuio. Atravs da
aplicao de quatro critrios (coeficiente de assimetria, coeficiente de curtose, teste de
ajustamento de Kolmogorov-Smirnov e grficos Q-Q plots), concluiu-se que possvel
considerar que as distribuies das trs variveis (Satisfao Organizacional,
Identificao Organizacional e Inteno de Turnover) so aproximadamente normais.
Desta forma, para testar as hipteses de investigao formuladas inicialmente recorreu-
se ao coeficiente de Pearson, e ao respetivo teste de significncia, para calcular as
correlaes entre as variveis, as quais so apresentadas no Quadro 2.
Quadro 2 Matriz de Correlaes de Pearson
Satisfao
Organizacional
Identificao
Organizacional
Inteno de
Turnover
Satisfao Organizacional 1
Identificao Organizacional .454** 1
Inteno de Turnover -.693** -.574** 1
**. p
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20
de Turnover, e Existe uma relao inversa e significativa entre Identificao
Organizacional e Inteno de Turnover).
Visto que a quarta hiptese de investigao se trata de um efeito mediador (A
relao entre a Identificao Organizacional e Inteno de Turnover mediada pela
Satisfao Organizacional), de acordo com Baron e Kenny (1986 citado por Mendes,
2014) necessrio que sejam cumpridos trs critrios para que este se possa verificar. O
primeiro critrio passa pela existncia de uma relao significativa entre a varivel
independente e a varivel mediadora, neste caso, entre a Identificao Organizacional e
a Satisfao Organizacional. O segundo critrio diz respeito existncia de um efeito
significativo da varivel mediadora sobre a varivel dependente, ou seja, da Satisfao
Organizacional sobre a Inteno de Turnover. Por fim, o terceiro critrio pressupe que
a relao entre a varivel independente e a varivel dependente se torne mais fraca com
a introduo da varivel mediadora. Por outras palavras, a relao entre Identificao
Organizacional e Inteno de Turnover deve tornar-se mais fraca com a introduo da
Satisfao Organizacional no modelo. Assim, para estudar o efeito de mediao foi
utilizado um modelo de regresso linear, no qual a varivel independente a
Identificao Organizacional, a varivel dependente a Inteno de Turnover e a
varivel mediadora a Satisfao Organizacional. O Quadro 3 representa a metodologia
de regresso linear utilizada, sendo que o modelo 1 diz respeito regresso linear entre
Inteno de Turnover e Identificao Organizacional, e o modelo 2 adio da varivel
Satisfao Organizacional, enquanto varivel mediadora.
Quadro 3 Regresso Linear Simples
r2
ajustado b t Sig.
Modelo 1 (constante)
.324 5.996 12.448 .00
Identificao Organizacional -.913 -7.712 .00
Modelo 2
(constante)
.558
7.095 17.186 .00
Identificao Organizacional -.520 -4.842 .00
Satisfao Organizacional -.549 -8.057 .00
Varivel Dependente: Inteno de Turnover
A partir da anlise dos resultados obtidos no Quadro 3, mais especificamente no
modelo 1, pode constatar-se a existncia de uma relao significativa entre Inteno de
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21
Turnover e Identificao Organizacional, dado o valor do coeficiente de regresso -.913
e da estatstica de teste (t= -7.712, p
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22
Quadro 4 Resultados do Teste de Igualdade de valores mdios para amostras
independentes
O teste de Igualdade de Valores Mdios para amostras independentes (Estatstica
de teste t com n1+n2-2 graus de liberdade) tem como principal objetivo comparar o valor
mdio de duas populaes, em grupos independentes. Assim, atravs da anlise do
Quadro 4, pode-se verificar que as mdias obtidas pelos dois grupos nas trs escalas so
praticamente iguais, no se observando uma diferena significativa entre a satisfao
organizacional mdia nos dois grupos, bem como para a identificao organizacional e
para a inteno de turnover. Como o valor-p superior a .05 nos trs casos analisados,
considera-se que no existe diferena estatstica significativa entre os resultados mdios
obtidos. Deste modo, com base nos resultados do teste-t, possvel afirmar que a
implementao de prticas de recursos humanos no teve qualquer influncia nos nveis
de satisfao organizacional, de identificao organizacional e de inteno de turnover
dos colaboradores inquiridos. Assim, rejeita-se a quinta hiptese de investigao (A
implementao de prticas de gesto de recursos humanos influencia favoravelmente os
nveis de satisfao, de identificao organizacional e de inteno de turnover dos
colaboradores, verificando-se diferenas significativas entre os dois grupos testados).
5. DISCUSSO
Apresentados os resultados obtidos, possvel concluir que, no geral, os
objetivos do estudo foram atingidos, e afirmar que a maior parte dos participantes se
encontram moderadamente satisfeitos e identificados com a sua organizao. Foi
tambm encontrada uma relao direta, moderada e significativa entre Satisfao
Organizacional e Identificao Organizacional, na medida em que quanto maior for o
grau de satisfao dos trabalhadores para com a sua organizao, maior ser o seu grau
de identificao para com a mesma. Estes resultados esto de acordo com a ideia
Grupo N Mdia D.P Estatstica
t
Sig.
(bilateral)
Satisfao
Organizacional
1 56 4.75 1.24 -1.087 .279
2 67 4.97 1.01
Identificao
Organizacional
1 56 3.95 .79 -.820 .414 2 67 4.05 .63
Inteno de
Turnover
1 56 2.51 1.23 1.574 .118 2 67 2.19 1.02
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23
generalizada aceite na literatura (e.g. Zeithalm & Bitner, 2000; Van Dick et al., 2004;
Tinoco, 2008), e confirmam a primeira hiptese de investigao. No que diz respeito
inteno de turnover, a anlise do valor mdio obtido demonstra que a maioria dos
colaboradores no tem inteno de abandonar a organizao, num futuro prximo. Visto
que a inteno de turnover considerada, por vrios autores, como um dos preditores
mais eficientes e precisos do turnover real (Steers & Mowday, 1981; Ajzen, 1991; Tett
& Mayer, 1993; Perez, 2011), pode-se considerar que, em geral, os colaboradores
apresentam uma probabilidade baixa de manifestar, num futuro prximo, o
comportamento real de sada da organizao.
Alm disso, verificou-se tambm a existncia de uma relao inversa, moderada
e significativa entre Satisfao Organizacional e Inteno de Turnover, e entre
Identificao Organizacional e Inteno de Turnover. Neste sentido, quanto maior for a
satisfao dos colaboradores para com a sua organizao, menores sero as suas
intenes de turnover. O mesmo se verifica na relao entre Identificao
Organizacional e Inteno de Turnover. Estes resultados reforam o papel preditor,
tanto da satisfao organizacional como da identificao organizacional, relativamente
inteno de turnover (e.g. Mobley, 1977; Van Dick et al., 2004; Tavares et al., 2007;
Randsley de Moura et al., 2009), e permitem corroborar a segunda e a terceira hipteses
apresentadas.
Tal como sugerido por Mendes (2014), e com o objetivo de contribuir para a
compreenso do modo como a satisfao e a identificao organizacionais influenciam
os nveis de inteno de turnover, foi formulada uma hiptese de investigao, que
postula que a satisfao organizacional atua como uma varivel mediadora na relao
entre Identificao Organizacional e Inteno de Turnover. Atravs da utilizao de
uma metodologia de regresso linear, foram obtidos resultados que confirmam o papel
mediador da satisfao organizacional, e que replicam o modelo de Van Dick et al.
(2004). Estes resultados demonstram que, quanto maior for a satisfao dos
colaboradores para com a organizao, maior o seu grau de identificao, e menores
so as suas intenes de abandonar a organizao (Van Dick et al., 2004). De referir,
ainda, que a relao entre Identificao Organizacional e Inteno de Turnover perde
fora quando introduzida no modelo a satisfao organizacional, embora continue a
apresentar valores moderados. Entre as possveis explicaes encontradas, esto o facto
de tanto a satisfao como a identificao organizacional serem excelentes preditores da
inteno de turnover (Tavares et al., 2007), e da identificao organizacional tambm
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poder atuar como varivel mediadora, na relao entre Satisfao Organizacional e
Inteno de Turnover (Randsley de Moura et al., 2009).
Outro dos objetivos da presente investigao passava por averiguar a influncia
da implementao de prticas de recursos humanos nos comportamentos e nas atitudes
dos trabalhadores, mais especificamente, na satisfao organizacional, na identificao
organizacional e na inteno de turnover. Para tal, procedeu-se criao de dois grupos
de trabalhadores, um pertencente a farmcias onde foram implementadas todas as
prticas de recursos humanos, e outro, pertencente a farmcias onde essas prticas no
foram todas implementadas. Com base na comparao das mdias obtidas por cada
grupo, nas trs escalas de medida utilizadas, e na anlise dos resultados do teste-t,
constata-se que os resultados apontam para o facto da implementao de prticas de
recursos humanos no ter influncia significativa nos nveis de satisfao
organizacional, de identificao organizacional e de inteno de turnover, levando
rejeio da hiptese de investigao proposta. Foram registados nveis muito
semelhantes de satisfao e de identificao organizacionais e de inteno de turnover
nos dois grupos testados, resultados que contrariam a ideia de que a implementao de
prticas de recursos humanos influencia de forma positiva os comportamentos do
indivduo em relao organizao, conduzindo ao aumento da sua satisfao, do seu
empenho, da sua identificao com a organizao, do seu bem-estar e diminuio das
suas intenes de sada (e.g. Jackson & Shuler, 1995; Chambel & Santos, 2009;
Rogelberg et al., 2010; Rafael & Lima, 2012).
Entre as principais implicaes tericas e prticas do presente estudo, encontra-
se a contribuio para a investigao da influncia das variveis psicolgicas no
comportamento do indivduo em contexto organizacional, atravs da anlise e
compreenso das relaes entre trs variveis fundamentais (Satisfao Organizacional;
Identificao Organizacional e Inteno de Turnover). Dada a necessidade, identificada
por Van Dick et al. (2004) e por Randsley de Moura et al. (2009), de compreender o
modo como a satisfao e a identificao organizacionais contribuem, em conjunto,
para reduzir a inteno de turnover, o presente estudo replica o modelo proposto por
Van Dick et al. (2004), deixando claro o papel determinante da satisfao
organizacional na diminuio da inteno de turnover, e o facto desta poder ser
considerada uma varivel mediadora na relao entre Identificao Organizacional e
Inteno de Turnover.
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Outro dos contributos deste estudo foi a anlise da influncia da implementao
de prticas de recursos humanos na satisfao organizacional, na identificao
organizacional e na inteno de turnover. Apesar dos resultados obtidos indicarem que
no existe uma influncia significativa da implementao de prticas de recursos
humanos sobre os nveis das variveis em estudo, estes podem dever-se a algumas
limitaes do estudo. Em primeiro lugar, a dimenso da amostra utilizada foi pequena,
no sendo representativa da populao em questo. Ou seja, aumentando o nmero de
participantes de cada grupo, em princpio, a probabilidade de se obterem diferenas
entre os nveis apresentados pelos dois grupos, dever ser maior. Por outro lado, o
critrio utilizado para a diviso dos grupos pode ser considerado ambguo, visto que se
partiu do pressuposto de que um dos grupos teria todas as prticas de recursos humanos
implementadas (oito prticas) e que o outro no teria todas, mas poderia ter quase todas.
O prprio critrio no suficientemente restritivo, permitindo o aparecimento, no
segundo grupo, de farmcias com seis ou sete prticas de recursos humanos, algo que se
verificou neste estudo. Para alm disto, registaram-se vrias contradies entre o critrio
definido pela DRH da organizao em causa e as respostas dadas pela maioria dos
participantes, no que se refere implementao de prticas de recursos humanos na sua
farmcia. O facto da maior parte dos participantes do primeiro grupo indicarem que
foram implementadas menos de oito prticas, e de vrios participantes do segundo
grupo indicarem que foram implementadas todas as oito prticas na sua farmcia, pode
explicar, em parte, os resultados obtidos. Todas estas situaes, juntamente, com o facto
da maior parte dos participantes do segundo grupo terem considerado que foram
implementadas, na sua farmcia, mais do que trs prticas de recursos humanos, podem
ter tornado os dois grupos demasiado homogneos, ao ponto de no se verificarem
diferenas significativas nos nveis apresentados pelos mesmos.
Para futuras investigaes, sugere-se a replicao deste estudo, embora com a
utilizao de um critrio de diviso de grupos mais restrito, que poderia passar pela
criao de dois grupos, um com todas as prticas de recursos humanos implementadas, e
outro, sem quaisquer prticas de recursos humanos implementadas. Desta forma, seria
minimizado o risco de aparecerem farmcias com valores intermdios de prticas de
recursos humanos, assegurando-se a heterogeneidade dos dois grupos. Seria tambm
importante operacionalizar o significado das diferentes prticas de recursos humanos
contempladas, tanto ao nvel da investigao como ao nvel do questionrio utilizado,
de modo a tornar as respostas dos participantes menos ambguas. Poderia tambm ser
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estudado o impacto diferencial de cada uma das prticas nos nveis de satisfao
organizacional, de identificao organizacional e de inteno de turnover, determinando
quais as prticas que apresentam correlaes mais fortes com estas trs variveis.
No que diz respeito relao entre Satisfao Organizacional, Identificao
Organizacional e Inteno de Turnover, seria interessante determinar qual das duas
variveis, Satisfao Organizacional ou Identificao Organizacional, um melhor
preditor da Inteno de Turnover. Enquanto que o modelo proposto por Van Dick et al.
(2004) defende que a satisfao organizacional o maior determinante da inteno de
turnover, o modelo defendido por Randsley de Moura et al. (2009) considera que a
identificao organizacional que o principal preditor da inteno de turnover. Assim,
torna-se pertinente perceber, de facto, qual destas duas variveis tem maior influncia
sobre a inteno de turnover, e qual psicologicamente mais prxima da mesma.
Por fim, sugere-se ainda o estudo de outra varivel psicolgica muito importante
para a compreenso do comportamento do indivduo nas organizaes (Chambel &
Santos, 2009), o empenhamento organizacional afetivo. Autores como Tavares et al.
(2007) defendem que, quando os nveis de empenhamento organizacional afetivo so
mais elevados, os trabalhadores apresentam atitudes e comportamentos positivos face
organizao e, consequentemente, menos intenes de turnover. Tavares (2001) defende
ainda que, a implementao de prticas de recursos humanos estimula o
desenvolvimento do empenhamento organizacional afetivo entre os novos membros e a
organizao. Deste modo, sugere-se a anlise da relao entre Empenhamento
Organizacional Afetivo e Inteno de Turnover, podendo ainda ser determinada a
influncia da implementao de prticas de recursos humanos sobre esta varivel.
Em suma, o presente estudo deve ser visto mais como uma confirmao de que,
a satisfao organizacional, a identificao organizacional e a inteno de turnover
desempenham um papel importante na compreenso do modo de atuao do indivduo
no contexto organizacional. Dada a importncia crescente de reter os trabalhadores mais
talentosos, e o papel determinante que a satisfao e a identificao organizacionais
desempenham na reduo dos ndices de inteno de turnover, torna-se importante que
estas variveis sejam alvo de ateno constante por parte das organizaes. Deve assim,
haver um investimento na investigao destas variveis, e do modo como so
influenciadas pela implementao de prticas de recursos humanos, de forma a
desenvolver estratgias que permitam satisfazer as necessidades dos trabalhadores e
aumentar o seu desempenho, e consequentemente, a eficcia da organizao.
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