“SAÚDE E CONSCIENTIZAÇÃO: ATITUDES QUE … · < ... GOMEZ, Carlos Minayo. O sofrimento e seus...
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SeminSemináário Municipal de Sario Municipal de Saúúde do Servidorde do Servidor
Departamento de Saúde do Servidor
“SAÚDE E CONSCIENTIZAÇÃO:ATITUDES QUE PROMOVEM A MUDANÇA”
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Rua Borges Lagoa, 1209Rua Borges Lagoa, 1209
Vila Clementino / SPVila Clementino / SP
11 e 12 de Novembro de 2009
Secretaria Municipal de ModernizaSecretaria Municipal de Modernizaçção, Gestão e Desburocratizaão, Gestão e Desburocratizaçção ão –– SMGSMG
Coordenadoria de Gestão de Pessoas Coordenadoria de Gestão de Pessoas –– CPGCPG
Departamento de SaDepartamento de Saúúde do Servidor de do Servidor –– DSSDSS
PMSP - SMG - DSS
Seminário Municipal de Saúde do Servidor 2009
“Saúde e Conscientização – Atitudes que promovem a mudança”
Departamento de Saúde do Servidor (DSS)
“Violência e seus impactos sobre a
saúde dos servidores municipais”
LENIRA POLITANO DA SILVEIRA - Psicóloga
Grupo de Orientação Terapêutica em Saúde Mental – DSS
Novembro 2009
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“Suas formas mais atrozes e mais condenáveis geralmente ocultam outras situações menos escandalosas, por se encontrarem prolongadas no tempo e protegidas por ideologias ou instituições de aparência respeitável.
A violência de indivíduos e grupos tem que ser correlacionada com a do Estado.
A dos conflitos, com a da ordem.”
(Domenach, 1981, p. 40)
VIOLÊNCIAS
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“Desde tempos imemoriais existe uma
preocupação do ser humano em entender a
essência do fenômeno da violência, sua natureza,
suas origens e meios apropriados, a fim de
atenuá-la, preveni-la e eliminá-la da convivência
social.
O nível de conhecimento atingido, seja no âmbito filosófico, seja no
âmbito das Ciências Humanas, permite inferir, (...) alguns elementos
consensuais sobre o tema e, ao mesmo tempo, compreender o
quanto este é controverso, em quase todos os seus aspectos.”
Minayo, M.C., 1994
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Violência:
� Fenômeno de múltiplos significados. Múltiplas
causas/determinações.
� Não é uma fatalidade. Não existe um “instinto” de
violência. Não tem raízes biológicas;
� Construído sócio-historicamente - seu espaço de
criação e desenvolvimento é a vida em sociedade.
� Articula-se com processos sociais que se assentam em
uma estrutura social injusta.
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�Apesar de freqüentemente naturalizado, é um contraponto à tolerância, ao diálogo, ao reconhecimento do outro, e à civilização.
�É fenômeno da ordem do vivido e cujas manifestações provocam ou são provocados por uma forte carga emocional de quem a comete, de quem a sofre e de
quem a presencia.
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�Fenômeno dinâmico: “designa
épocas, locais,circunstâncias e
realidades bastante diferentes”.(Minayo, 2003).
�Há violências toleradas, invisíveis e há violências
condenadas. Os eventos violentos sempre passam
pelo julgamento moral da sociedade
�O reconhecimento das várias formas de
violência pode ser considerado um passo
muito positivo da humanidade.
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“É a partir do momento em que cada pessoa se
considera e é considerada cidadã que a sociedade
reconhece seu direito à liberdade e à felicidade e que a
violência passa a ser um fenômeno relacionado ao
emprego ilegítimo da força física, moral ou política
contra a vontade do outro.”
Ex: violência contra crianças e adolescentes, idosos, mulheres combate ao racismo e homofobia.
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Conceituação violência
“Entendemos por violência uma realização determinada das relações de
força, tanto em termos de classes sociais quanto em termos
interpessoais.(...)
Como conversão de uma diferença (...) numa relação hierárquica de
desigualdade com fins de dominação, de exploração e de opressão, isto
é, a conversão dos diferentes em desiguais e a desigualdade em relação
entre superior e inferior.
Como uma ação que trata um ser humano não como sujeito, mas
como coisa. Esta se caracteriza pela inércia, pela passividade e pelo
silêncio, de modo que, quando a atividade e a fala de outrem são
impedidas ou anuladas, há violência"
(M. Chauí “Participando do debate sobre Mulher e Violência, in Perspectivas Antropológicas da Mulher, Rio, Zahar, 1985)
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Violência e Saúde
“a violência representa
um risco para a realização do processo
vital humano: ameaça a vida, altera a
saúde, produz enfermidade e provoca a
morte como realidade ou como
possibilidade
próxima”
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VIOLÊNCIA X SAÚDE
• De forma mais direta, a violência atinge saúde através de todas
as formas de traumatismos, lesões, mortes,etc...
• Alguns atos violentos nem sempre são reconhecidos como tal
pela vítima ou pelo seu grupo social. (Assédio, violência
doméstica, discriminação).
• Nestes casos, a vítima não compreende origem da sua dor, não
conseguindo atribuir-lhe um significado adequado, e assim lidar
adequadamente com o conflito. (“a dor que não tem nome”).
• Neste processo solitário - ADOECER pode significar sua única ou
melhor forma de expressão.
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Na sociedade contemporânea, o individuo é submetido a diferentes formas de
violências, de forma sucessivas, simultâneas - que se entrecruzam, reforçam,
reatualizam, promovendo o agravamento do sofrimento físico e mental.
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• Produção de dados epidemiológicos através da notificação dos
casos, tantos aqueles que envolvem mortalidades, como na
identificação das morbidades.
• Reorganizar sua intervenção e práticas frente ao fenômeno,
melhorando sua capacidade de identificação, acolhimento,
encaminhamento e tratamento, devolvendo à vítima sua condição
de sujeito. (para além da patologização/medicalização).
• Emissão da CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho).
Papel do Setor Saúde frente ao enfrentamento à violência:
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“O trabalho, na sua acepção
original, está intimamente
relacionado ao sofrimento, à
tortura. Etimologicamente, o
termo vem do latim tripallium ,
que representa um instrumento
de tortura.”
Violência e Trabalho
Esta idéia foi se modificando ao longo da História....
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O trabalho é fonte de sentido da vida, institui rotinas, dignifica o sujeito, garante
direitos de cidadania, provê status, satisfação, realização e saúde.
“É nele que se afirmam as competências e é por meio dele que se realizam os projetos de
vida ou a concretização dos sonhos“
(Hirigoyen, 2005)
.O trabalho tem um papel central na estruturação da identidade
É justamente nesta contradição que reside o conflito dos
indivíduos ou grupos quando submetidos a situações de
violência no trabalho Sofrimento
.
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Apesar do trabalho, em algumas situações,
ser causa de sofrimento, adoecimento e
morte, não se devem considerar essas
características inerentes a ele!
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O que favorece a violência no trabalho é o
ambiente no qual não existem regras
internas claras;
O poder é ilimitado e os comportamentos
perversos passam a ocorrer ao longo de
toda a escala hierárquica.
Dor para o humilhado e medo para o coletivo!!!
Quando a violência é mascarada ou naturalizada, o
agredido acaba arcando com a culpa, aumentando
ainda mais seu sofrimento.
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“Entre os problemas de saúde relacionados ao trabalho deve ser
ressaltado o aumento das agressões e episódios de violência
contra o trabalhador no seu local de trabalho, traduzida pelos
acidentes e doenças do trabalho; violência decorrente de
relações de trabalho deterioradas, como no trabalho escravo e
envolvendo crianças; a violência ligada às relações de gênero e o
assédio moral, caracterizada pelas agressões entre pares, chefias
e subordinados.”
Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador
Brasília. Nov, 2004
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Algumas consequências da violência no trabalho para a
saúde dos indivíduos:
Danos Físicos:
• alterações do sono;
• dores no corpo; fibromialgia;
• dor de cabeça e enxaqueca;
• distúrbios respiratórios;
• distúrbios digestivos, alterações do apetite;
• cansaço;
• distúrbios circulatórios, alterações na pressão arterial;
• diabetes; alterações de colesterol;
• suicídio.
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Sociais:
• insensibilidade em relação aos colegas;
• desconfiança; isolamento;
• dificuldades nas relações fora do trabalho;
• conflitos nas relações familiares;
• agressividade com os outros;
• dificuldade com os amigos;
• dificuldade no desempenho das tarefas ;
• despesas com tratamento de saúde e assistência jurídica.
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• Depressão; ideação suicida.
• Ansiedade. Síndrome de Pânico.
• Sentimento de culpa; sentimento de humilhação.
• Dúvida sobre a própria capacidade laboral.
• Solidão, tristeza, medo; vergonha.
• Falta de motivação.
• Alterações na memória e dificuldades de concentração.
• Abuso de álcool e outras drogas.
• Baixa auto-estima.
• Sentimentos de raiva e rancor.
• Sintomas psicossomáticos.
• Transtornos psiquiátricos com traços delirantes.
• Surgimento de traços paranóicos.
Psicológicos:
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Os serviços/profissionais de saúde tem um papel fundamental
no processo de recuperação das vítimas de violência,
devolvendo-lhe a cidadania e a condição de sujeito, reduzindo
assim o sofrimento do indivíduo e os demais custos sociais:
• Identificação e acolhimento cuidadoso e não
preconceituoso.
• Orientação, tratamento e encaminhamentos adequados.
• Notificação
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OBRIGADA !OBRIGADA !
Nós vos pedimos com insistêncianão digam nunca:
isso é natural!diante dos acontecimentos de cada dianuma época em que reina a confusão
em que corre o sangueem que o arbítrio tem força de lei
em que a humanidade se desumanizanão digam nunca:
isso é natural!para que nada possa ser imutável!
Bertolt Brecht
Para finalizar...
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OLIVEIRA, Roberval Passos de; NUNES, Mônica de Oliveira. Violência relacionada ao trabalho: uma proposta conceitual.Saude sociedade., São Paulo, v. 17, n. 4, Dec. 2008 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12902008000400004&lng=en&nrm=iso>.
MINAYO, M. C. de S. e SOUZA, E. R. de: 'Violência e saúde como um campo interdisciplinar e de ação coletiva'. História,
Ciências, Saúde— Manguinhos, IV(3): 513-531, nov. 1997-fev. 1998.
Cartilha: Violência no trabalho: Reflexões , conceitos e orientações. Câmara Legislativa do Distrito Federal. Núcleo de Estudos e Ações sobre Violência no Trabalho. Brasília, CLDF, 2008. 38p
Bibliografia:
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Impacto da violência na saúde dos brasileiros / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. – Brasília : Ministério da Saúde, 2005.340 p.
BRANT, Luiz Carlos; GOMEZ, Carlos Minayo. O sofrimento e seus destinos na gestão do trabalho. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 10, n. 4, Dec. 2005 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?
MINAYO, Maria Cecília de S.. Violência social sob a perspectiva da saúde pública. Cad. Saúde Pública [online]. 1994, vol.10, suppl.1 [cited 2009-11-10], pp. S7-S18 . Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X1994000500002&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0102-311X.