SAÚDE ITINERANTE NA ESCOLA

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MANUAL DO PROFESSOR

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MANUAL DO PROFESSOR

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Caro Professor:

Este manual contém informações importantes sobre saúde auditiva e visual dos alunos e também orientações para ga-rantir a saúde vocal dos professores.

As informações e sugestões aqui apresentadas vão auxiliar no processo de identificação e cuidados que se deve ter e que muitas vezes passam despercebidos dentro da escola.Esperamos contribuir, através dos conteúdos aqui aborda-dos, para melhorar a saúde de todos.

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PARTE I

ENTENDENDO A SURDEZSaúde auditiva.....................................................Cuidados e prevenção.........................................

PARTE IISaúde visual.........................................................

PARTE IIISaúde e comportamento vocal do ProfessorComo a voz é produzida?....................................Principais sinais de alterações na voz..................Principais alterações vocais entre professores...Profissionais envolvidos......................................Saúde vocal..........................................................Exemplo de mau uso e/ou abuso vocal ..............Conclusão.............................................................

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SUMÁRIO

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PARTE I - SAÚDE AUDITIVA

Surdez é o nome mais comum dado á impossibilidade ou deficiência em ouvir. Os problemas auditivos não são raros e pode acontecer com pessoas de qualquer idade, raça ou classe social. Estima-se que quase 10% da população mundial e 1,5% da população brasileira (2,25 milhões de habitantes), possuem alguma deficiência auditiva.

As características da surdez de-pendem do tipo e da gravidade do pro-blema que a causou. A surdez pode ser

de grau leve, moderado, acentuado, severo e profundo. No grau leve as pessoas nem se dão contam que ouvem menos e tendem a aumentar progressivamente a intensidade da voz.

Quando a surdez passa de moderada para severa, a dificulda-de do deficiente aumenta. As palavras se tornam “abafadas” e mais difíceis de entender, principalmente em salas com ruídos ou eco. Fica difícil ouvir até uma campainha ou o telefone tocar.

Quem tem surdez profunda deve ser tratado desde o nasci-mento para receber vários sons ambientes. Com o tempo, é possí-vel que aprenda a reconhecer sons da palavra falada. Esse é o obje-tivo da estimulação auditiva.

CUIDADOS E PREVENÇÃO

A prevenção é uma forte aliada contra a surdez. Muitos casos de surdez são resultados de fatores transmitidos dos pais para os filhos.

Também há necessidade de imunização da rubéola e meningi-te através das campanhas de vacinação existentes.

A surdez pode acontecer antes, durante ou depois do nasci-mento da criança. Alguns casos podem ser evitados desde que se

Simbolo Internacional da Surdez

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tomem alguns cuidados.Cuidar da criança desde os primeiros anos de vida é muito

importante. Não se deve descuidar da prevenção, por isso é funda-mental que toda criança seja vacinada contra doenças que possam comprometer o desenvolvimento da fala e a aprendizagem escolar.

Ambientes com barulhos alto e ruídos constantes também prejudicam a audição. É importante evitar o uso de aparelhos sono-ros com volume exagerado. Cuidado com o uso de fone de ouvido e com exposição a ruídos por muito tempo.

A perda da audição causada pela exposição a ruídos acima do limite tolerável pode tornar-se uma surdez definitiva. Assim como há o envelhecimento da visão e a pessoa passa a enxergar menos, com a idade ela também pode passar a ouvir menos. As principais alterações do ouvido, nesta fase são devidas à otosclerose.

PARTE II – SAÚDE VISUAL

A visão é o mais importante sentido para a vida de um indivi-duo. Olhando, ela pode observar as pessoas, suas ações, atitudes, gestos e imita-los; conhecer os objetos de sua casa, entender o uso de cada um e aprender a manejá-los.

A criança deve usar a visão em todas as oportunidades e da melhor forma possível, pois quando mais ele olha, principalmente de perto, mais ela vai perceber os objetos do ambiente. Precisa-mos chamar sua atenção para tudo que está á sua volta, para que

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ela possa ver,perceber e compreender o que está acontecendo, se-guindo com os olhos os objetos que se movimentam, perceber suas cores e seus detalhes.

A visão é importante para o desenvolvimento cognitivo e so-cial de toda pessoa.

No que se refere à educação de crianças com baixa visão se faz necessário um trabalho educativo desenvolvido por equipes multidisciplinar para ajudar no diagnostico precoce.

Assim, professores, pais, família são responsáveis neste pro-cesso.

A Criança com déficit de atenção, baixo rendimento escolar podem apresentar algum problema oftalmológico. Um diagnóstico correto e precoce pode fazer muita diferença no desenvolvimento desta criança.

Neste sentido, os profissionais de educação devem está aten-tos a situações que possam suspeitar alguma dificuldade visual na criança:

• Crianças que vivem franzindo a testa quando tenta reconhe-cer alguma coisa ou alguém. • Crianças que apresentam lentidão em ler textos, se perdem muito, e as palavras parecem não ter sentidos. • Criança considerada destraída. Está sempre derrubando coi-sas, tropeçando e caindo, mas conseguem ver objetos bem pequenos na sua frente. • Criança que relata enxergar pouco, troca os objetos, tem dificuldade em reconhecer as pessoas e a noite não enxerga nada. • Crianças que gostam de brincar em ambientes iluminados. Nos dias ensolarados, prefere ficar em casa, porque a luz o incomoda bastante. Seus pais são morenos e ele nasceu com a pele clara. Desta forma campanhas educativas e ações preventivas e

curativas precisam ser intensificadas dentro dos espaços escolares objetivando minimizar os índices de repetência e evasão escolar oriundos de problemas oftalmológicos.

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PARTE III - SAÚDE E COMPORTAMENTO VOCAL DO PROFESSOR

COMO A VOZ É PRODUZIDA?

A voz é produzida com a participação de uma série de estru-turas que compõem o chamado trato vocal, que começa na laringe e termina na cavidade da boca e/ou na cavidade do nariz.

“A laringe tem duas funções primordiais: respiração e prote-ção dos pulmões. Na laringe, encontram-se as pregas vocais, que se fecham e vibram quando falamos; que se fecham, com esforço, quando fazemos força ou levantamos pesos; ou ficam abertas quan-do respiramos ou estamos em silêncio.”

O som de nossa voz é produzido pela passagem do ar que sai dos pulmões durante a expiração e passa pelas pregas vocais fazen-do com que elas se aproximem e vibrem. Posteriormente, esse som sofrerá modificações ao passar pelo trato vocal (faringe, cavidade oral e cavidade nasal) projetando-se para o ambiente.

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VOZ DISFÔNICA

A disfonia consiste na “dificuldade na emissão da voz com as suas características naturais.” Não é a alteração vocal, e sim um dos sintomas dessa alteração.

As principais características de uma voz disfônica são: rouqui-dão (som alterado, ruidoso, com chiados, com abafamento), sopro-sidade (com ar), aspereza (com características de atrito, como se as pregas vocais estivessem raspando uma na outra), emissão com-primida (com muita força), ou outras alterações que modifiquem a emissão natural da voz.

PRINCIPAIS SINAIS DE ALTERAÇÕES NA VOZ

A voz pode nos dar sinais auditivos de que está sofrendo al-guma alteração, que exigirá cuidado e atenção, como por exemplo:

• Falhas na voz durante as conversações do dia-a-dia.• Voz rouca por vários dias.• Voz mais rouca na sexta-feira e de boa qualidade após o des-canso no fim de semana.• Muito cansaço (fadiga) vocal.• Diminuição do volume da voz e esforço para conseguir falar um pouco mais alto ou gritar.• Voz mais grave (grossa) do que no início da profissão.• Dificuldade em cantar.• Pigarro constante (necessidade de raspar a garganta).• Dor ou desconforto na área do pescoço.• Tosse seca persistente.• Ardência na garganta.• Sensação de corpo estranho (“bolo”) na garganta.

PRINCIPAIS ALTERAÇÕES VOCAIS ENTRE PROFESSORES

As alterações vocais podem ser causadas pelo uso inadequa-do da voz, ou não, lesões podem se desenvolver independentemen-

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te desse fator. As mais comuns entre os professores são: nódulos, pólipos, edemas de Reinke e o câncer de laringe.

PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS

Otorrinolaringologista: é o médico especialista responsável por diagnóstico, realização de exames e tratamentos clínico e cirúr-gico de todos os problemas relacionados a ouvido, nariz e garganta.

Fonoaudiólogo: é o profissional que realizará a avaliação da qualidade vocal e, em alguns casos, de reabilitação vocal. Pode atu-ar de forma preventiva ou reabilitadora, iniciando com orientações e conscientização sobre uso adequado da voz e os devidos cuidados com ela, além do tratamento quando a alteração já estiver instala-da.

SAÚDE VOCAL

Preocupar e cuidar da saúde de sua voz são atitudes responsáveis e corretas, que garantem resultados positivos em sua saúde como um todo e também em sua profissão.

Alguns cuidados impor-tantes que você, professor, deve ter com a sua voz para conser-var a qualidade dela, protegê-la do uso inadequado freqüente e evitar doenças.

Algumas estratégias importantes:• Hidratação: é essencial para se ter uma boa saúde vocal, uma vez que evita ou reduz a quantidade de muco viscoso e a sensação de garganta seca. Especialmente para quem uti-liza a voz profissionalmente, aconselha-se beber de 08 a 10

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copos de água por dia, em pequenos goles, em temperatura ambiente, Principalmente durante a regência.• Cigarros: a fumaça do cigarro atinge as pregas vocais, nas quais parte da nicotina se deposita. Com o tempo, podem surgir lesões malignas ou, de uma forma menos grave, lesões benignas, como edemas ou leucoplasias. • Bebidas alcoólicas: provocam a sensação de relaxamento, porém podem causar irritação da mucosa do aparelho fona-dor, sobretudo as bebidas destiladas (pinga uísque, vodca). Associadas ao fumo, aumentam o fator de risco para o surgi-mento de lesões preocupantes da laringe, como o câncer.• Alimentação: deve ser adequada, com predomínio de grãos, frutas e verduras, sem abusos de gorduras ou consumo de um só tipo de alimento. Para o aparelho fonador, deve-se evitar comer alimentos de difícil digestão, especialmente à noite. Alimentos derivados do leite produzem maior quantidade de muco, gerando muito pigarro. Os alimentos diuréticos, como sucos de limão e laranja, ressecam a mucosa e devem ser evi-tados entre as pessoas com queixas de garganta seca. Uma fruta especial que deve fazer parte da alimentação é a maçã, que além de nutritiva, tem a propriedade de ser adstringente, limpando parte do trato vocal responsável pela ressonância. O processo de sua mastigação proporciona ainda relaxamen-to da musculatura envolvida e melhora a articulação para a fala.• Balas, pas tilhas e spray orais: tendem a mascarar algumas sensações que são sinais de alterações vocais. Possuem, mui-tas vezes, um efeito anestésico, fazendo com que abusos não sejam percebidos. Devem ser utilizados apenas com indicação médica.• Antibióticos, spray nasais, diuréticos, hormônios, tranqüi-lizantes: Quando Administrados incorretamente provocam efeitos e reações colaterais que podem comprometer a voz. • Mudanças de temperatura: os choques térmicos devem ser evitados. Ingerir alimento ou bebida muito quente e respirar

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o ar muito frio, ou vice-versa, ocasiona uma mudança vascu-lar que pode levar momentaneamente a uma baixa na imuni-dade, causando edemas nas mucosas, aumento de secreção de muco ou até processos inflamatórios.• Exercícios Físicos: são benéficos ao condicionamento físico, reduzem o estresse às tensões e favorece maior relaxamento geral do corpo, o que contribui de forma direta com a fona-ção. • Vestuário: recomenda-se utilizar roupas confortáveis que permitam movimentos livres para escrever no quadro, falar com os alunos e andar pela classe; evitar as roupas aperta-das na cintura (para não comprimirem o diafragma) e as golas muito firmes ao redor do pescoço (para não tencionar a larin-ge) e utilizar calçados com saltos baixos ou médios pra melhor equilíbrio postural.• Postura corporal: deve-se procurar uma postura de equilí-brio, livre de tensões desnecessárias que interfiram no livre movimento da região cervical e no pleno da musculatura la-ríngea; • Respiração: deve estar coordenada com a fala, evitando ten-sões musculares na laringe. A respiração oral e o ronco são prejudiciais à saúde vocal. Você deverá procurar um médico, caso seja um respirador oral ou esteja roncando.• Durante o período pré-menstrual e gravidez: durante os pri-meiros dias da menstruação e na gestação: distúrbios vocais são observados. Por isso, as mulheres devem evitar o abuso vocal nessas ocasiões.

EXEMPLO DE MAU USO E /OU ABUSO VOCAL

• Competição sonora: evite falar competindo com ruídos am-bientais ou querendo se sobrepor à fala alta do(s) interlocutor (es). Sugere-se ao professor que providencie o fechamento de janelas ou portas, peça silêncio, articule melhor as palavras e reduza a velocidade de fala, em vez de competir com o ruído.

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• Pigarrear: esse ato de raspar a garganta, útil em situações em que temos muito muco grudado nela, pode se tornar um hábito empregado de modo desnecessário e lesivo, uma vez que as pregas vocais se tencionam de forma exagerada.• Gritar: ato que machuca as pregas vocais pela tensão e atri-to exagerados. Deve-se procurar falar mais pausadamente e se aproximar do interlocutor.• Atividades extras: atividades vocais exageradas, sociais ou religiosas podem ser consideradas abuso vocal. Nos momen-tos fora da sala de aula, procure ficar de repouso vocal ou utilizar a voz de forma reduzida.

ALGUMAS ORIENTAÇÕES PARA SALA DE AULA

• Beba água, em pequenos goles, em temperatura ambiente, durante todo o período em que estiver dando aula.• Evite fumar ou ficar perto de fumantes no intervalo das au-las.• Sugere-se não fazer a chamada em voz alta. Peça ajuda aos próprios alunos: cada um fala seu nome ou número, ou a faça em silêncio. • Disponha de outros mecanismos didáticos para tornar a aula mais dinâmica, poupando a voz (recursos audiovisuais, por exemplo).• Evite falar na presença de ruídos externos não controláveis (sirenes de ambulâncias, aceleração de caminhões, obras nas proximidades da escola, etc.). • Evite gritar! Procure aproximar-se dos alunos para dar or-dens, chamar atenção ou fazer solicitações. • O megafone é um bom recurso para se falar em ambientes abertos; caso não possua um, use as mãos em torno da boca, simulando um megafone, especialmente se você for professor de educação física. • Quando estiver escrevendo no quadro, evite falar olhando para a classe, para que a laringe não fique mal posicionada.

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• Articule com precisão as palavras, sem exageros, para que a mensagem seja mais bem compreendida e haja redução do esforço das pregas vocais, e por conseqüência, da voz.• Procure utilizar-se dos intervalos entre as aulas para repou-sar a voz, evitando cometer abusos vocais em conversas rui-dosas na sala de professores ou com os alunos.• Cuidado com os abusos vocais nos ensaios das comemora-ções (festas dos pais, mães, crianças, juninas, etc.). Quando possível, use o microfone.• Os professores de educação física devem executar as ordens dos exercícios separadamente, para não terem tensão muscu-lar durante a fonação.• Fale em intensidade moderada e num tom confortável para não provocar irritação nos alunos e não forçar as pregas vo-cais. • Os relaxamentos com o pescoço são sempre indicados para diminuir a tensão nessa região.• Quando tomar banho, deixe a água quente cair na região posterior do pescoço, respirando lentamente, procurando re-laxar. • Evite dormir com tensões na região do pescoço. Para isso não use travesseiro muito alto ou muito baixo. Ele deve adap-tar-se à curvatura do seu pescoço, deixando-lhe com uma sensação agradável. • Procure manter o corpo ereto, ou seja, o pescoço alinhado à coluna vertebral.• Evite as roupas apertadas na região do pescoço e abdômen, e evite calçado de salto alto.• Procure coordenar a fala com a respiração. • Após o período de aula, procure ficar alguns minutos em si-lêncio, em repouso vocal.• As “receitas caseiras” possuem ainda uma ação desconheci-da para as pregas vocais; portanto, não devem ser utilizadas.

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CONCLUSÃO

Considerando a informação como essencial para orientar ao professor como fazer um bom uso da sua voz na vida profissional e pessoal, acreditamos que, a partir do que foi divulgada nesta carti-lha, a possibilidade de você adquirir uma patologia vocal torna-se pequena. Lembre-se, sempre que perceber alguma modificação em sua qualidade vocal ou em qualquer região do aparelho fonador, não hesite em procurar ajuda médica ou fonoaudiológica.