Saúde na Mídia: análise das matérias de saúde em um jornal impresso brasiliense

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Saúde na Mídia: análise das matérias de saúde em um jornal impresso brasiliense. Enfermeira Iedda Carolina Profa. Dra. Ana Valéria M. Mendonça

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Enfermeira Iedda Carolina

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Saúde na Mídia: análise das matérias de saúde em um jornal impresso

brasiliense.

Enfermeira Iedda CarolinaProfa. Dra. Ana Valéria M. Mendonça

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Estudo da Literatura• Os veículos de comunicação em massa, como o jornal

impresso, consistem em importantes meios de divulgação de informações de saúde para parcelas significativas da população (CARLINI, 2012).

• Em contrapartida, ao analisar a atuação da mídia, percebe-se também sua capacidade de formar representações sociais permeadas de subjetividades a partir de informações truncadas, incompletas e alarmistas, favorecendo a construção de estereótipos e comportamentos aversivos no inconsciente humano e social.

• Tendência de matérias que prendam a atenção dos leitores, compondo textos noticiosos que tendem a focar os problemas, generalizações sobre o contexto de saúde existente.

(SODRÉ, 1977; BARTLETT et al., 2002; MORONI & OLIVEIRA FILHA, 2008; PONTES, et AL., 2001).

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Metodologia• A pesquisa consistiu em uma análise retrospectiva das

reportagens relacionadas à saúde em um período de 3 meses (junho, julho e agosto de 2012) publicadas diariamente no jornal impresso de maior circulação no DF - Correio Braziliense.

• Foram selecionadas as matérias do caderno “Saúde” e das retrancas intituladas “Saúde” presentes nos demais cadernos.

Fonte: www.dasein.com.br

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Metodologia• As matérias selecionadas foram categorizadas segundo:

- Caderno em que estavam inseridas;

- Tema da saúde ao qual faziam referência;

- Enfoque de Prevenção ou Curativo;

- Referência à Pesquisa Científica, sendo esta Nacional ou Internacional;

- Manchetes de capa

- Caráter do Título, o qual foi classificado em otimista, pessimista ou neutro.

Exemplificando: “Pronto-socorro sem socorro” trata-se de uma divulgação com conotação pessimista; “Técnica cura lesão na medula espinhal” possui uma conotação positiva; “Origem genética das pernas inquietas” é um título neutro, pois não transmite conotação positiva ou negativa.

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Metodologia

• Os dados obtidos com a coleta foram analisados estatisticamente, descritos e relacionados entre si de forma a delinear a representação que a saúde assume nesta mídia impressa brasiliense.

• Para isso, foram utilizadas as seguintes técnicas de análise: estatística descritiva, análise de conteúdo e nuvem de palavras

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Resultados e Discussão• O Correio Braziliense é um periódico diário composto por

cadernos organizados em ordem decrescente de relevância, onde o caderno de “Saúde” normalmente ocupa a 7° posição dentro do jornal, ficando posterior a cadernos como “Política”, “Brasil” e “Economia”, e anterior aos cadernos “Cidade”, “Diversão e Arte” e “Classificados”.

• Correio divulgou 180 matérias relacionadas à saúde, com uma faixa de 1 a 4 matérias publicadas por dia.

• Os cadernos com maior número de matérias de saúde foram: “Caderno Saúde” (60%), “Caderno Cidade” (27,2%) e “Caderno Brasil” (11,6%).

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Resultados e Discussão

• Formação de uma concepção restrita no imaginário dos leitores do jornal sobre o conceito e a dimensão da saúde, construindo rótulos e fortalecendo estereótipos, visto que relaciona o termo “saúde” à ideia de precariedade, sofrimento, doença, hospital, remédio, ineficiência.

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Resultados e Discussão

• Predominância dos assuntos como doenças contagiosas, problemáticas do SUS, câncer, os quais possuem um caráter de tendência alarmista e impactante, com maior incidência sobre a vida da sociedade e maior grau de consequências possíveis quando comparados a assuntos que se referem a hábitos de higiene e alimentação saudável, por exemplo, assuntos estes que tiveram uma representação midiática insignificante.

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Resultados e Discussão• Predominância de matérias com foco

intervencionista/curativo (53,3%) em relação às de abordagem preventiva (23,3%).

• Possivelmente seja reflexo do modelo de assistência médico, medicamentoso e curativo vigente que tem no hospital o lócus de solução de todo e qualquer problema de saúde, em detrimento do modelo de assistência à saúde multi e interprofissional, centrado na prevenção de doenças e promoção da saúde da família e da comunidade (COTTA et al., 2002).

• A divulgação majoritária de matérias com foco intervencionista pode reforçar a predominância do modelo curativo no imaginário popular, pouco colaborando para concretização do modelo preventivo tão defendido pelas políticas da Atenção Básica.

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Resultados e Discussão

• No que se refere à pesquisa científica, apenas 52.8% das matérias do Correio faziam referência a estudos científicos.

• 73,6% destas matérias citavam pesquisas internacionais e 26,3% citavam em pesquisas nacionais. Estes dados apontam para uma baixa divulgação e valorização das pesquisas realizadas no Brasil.

• O caráter negativo dos títulos das notícias de saúde analisadas foi predominante, com 44% de títulos pessimistas, 36% otimistas e 20% neutros.

• Apenas 45 matérias estamparam a capa do jornal, sendo que 55% destas matérias de capa transmitiam conotação negativa com predominância das problemáticas do SUS.

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• Reforça o argumento de que as matérias relacionadas à saúde publicadas pelo Correio se restringem à publicação de textos noticiosos referentes à doenças, principalmente as infecto-contagiosas; à ações intervencionistas/medicamentosas e às problemáticas do SUS.

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Conclusão• Os resultados obtidos reforçam o argumento de que a mídia

impressa analisada colabora para a construção de um estereótipo negativo no pensamento coletivo, onde a concepção de saúde veiculada é reduzida e limitada, sendo constantemente associada à doença e tratamento.

• A imagem predominante sobre o SUS é de um serviço precário e pouco efetivo, havendo uma reduzida divulgação dos benefícios que o SUS promove à população e as metas já alcançadas ao longo de sua existência.

• Este rótulo simplista e inadequado pode impactar negativamente a utilização dos serviços de saúde (SUS) pela população, o trabalho dos profissionais de saúde e as decisões políticas governamentais, gerando resistências comportamentais e antipatias na busca pelo serviço de saúde.

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Conclusão• A comunicação em saúde deve ser repensada para que

haja uma comunicação ética e transparente preocupada, acima dos lucros e do sensacionalismo, em propor e colaborar com mudanças positivas no sistema brasileiro de saúde para que a população possa utilizar o serviço não apenas para curar suas doenças, mas também para promover saúde e prevenir agravos.

• Devido a importância da mídia enquanto veículo de conscientização, formação de opinião e comportamento social, espera-se que:

- Este trabalho incite a produção de outros estudos sobre representações midiáticas da saúde.

- Possa contribuir para a criação de estratégias que favoreçam uma comunicação em saúde cada vez mais elaborada e consciente.

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ReferênciasBARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2002.BARTLETT, C. et al. What’s newsworthy? Longitudinal study of the reporting of medical research in two

British medical newspapers. BMJ 2002; 325:81-4.BAZERMAN, C. Gêneros Textuais, Tipificação e Interação. São Paulo: Cortez, 2005.CARLINI, M. Análise das notícias sobre ciência em saúde dos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo.

Revista do EDICC (Encontro de Divulgação de Ciência e Cultura), v. 1, out/2012.COTTA, R. M. M.; MORALES, M. S. V.; COTTA FILHO, J. S.; GONZÁLES, A.L.; RICOS, J. A. D. Obstáculos e desafios

da saúde pública no Brasil. Rev Hospital Clínicas Porto Alegre 2002; 22(1): 25-32. FILHO, J. F. Mídia, estereótipo e representação das minorias. ECO-PÓS – v.7, n.2, agosto-setembro 2004, pp.45-71LOPES, F.; RUÃO, T.; MARINHO, S.; ARAÚJO, R. Jornalismo de saúde e fontes de informação, uma análise dos

jornais portugueses entre 2008 e 2010. Derecho a Comunicar | Número 2 | Mayo – Agosto 2011 ISSN: 2007-137X.

MALHOTRA, N. K. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. Porto Alegre: Bookman, 2006.MAMEDE-NEVES, M. A. C., SANTIAGO, I. E. & BERTON, J. O Jornal na Ótica de Jovens Universitários. Vertentes,

São João Del Rei: FUNREI, 2004MORONI, A. O; OLIVEIRA FILHA, E. A. Estereótipos no telejornalismo brasileiro: identificação e reforço. Intercom

– Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. XXXI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação– Natal, RN – 2 a 6 de setembro de 2008.

PONTES, B. S.; NAUJORKS, M. I.; SHERER, A. Mídia impressa, discurso e representação social: a constituição do sujeito deficiente. INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação - XXIV Congresso Brasileiro da Comunicação – Campo Grande /MS – setembro 2001.

SAMPIERI, R. H.; COLLADO, C. H.; LUCIO, P. B. Metodologia de pesquisa. 3. ed. São Paulo: MacGraw-Hill, 2006.SODRÉ, M. O monopólio da fala; função e linguagem da televisão no Br. Petrópolis: Vozes,1977.

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Saúde na Mídia

Programa Mais Médicos  

Folha de São Paulo  

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Prof . Dra. Ana Valéria M. Mendonça

Pesquisadores :

Dábyla Alkmim

Indyara Morais

Jéssica Lopes

Mariane Sanches

Weverton Vieira

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Introdução  O Programa Mais Médicos foi lançado  no dia 07

de Julho de 2013 no congresso do CONASEMS e as inscrições já  iniciaram no dia seguinte com uma medida provisória assinada pela presidente Dilma Roussef.

Ele consiste em levar médicos para as regiões que estão em carência  destes profissionais como no interior dos estados e as periferias das grandes cidades.

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Objetivos • Analisar notícias relacionadas ao Programa Mais

Médicos e temas associados a este, no período de três meses (Julho, Agosto e Setembro) de 2013;

• Avaliar a repercussão do Programa Mais Médicos na mídia nacional. 

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Metodologia A pesquisa está sendo realizada de forma descritiva

com métodos qualitativos e quantitativos.

Esta é uma análise retrospectiva do jornal Folha de São Paulo em mídia digital dos meses de julho a setembro de 2013.

A busca no jornal se deu a partir das palavras-chave: Programa Mais Médicos, Mais Médicos, Médicos Estrangeiros ou Médicos.

As matérias foram categorizadas em planilha do programa da Microsoft Excel da seguinte forma:

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Data de publicação

Caderno e retranca utilizada

Página

Tipo de publicação

Categoria

Caráter da notícia

Caráter do título

O jornalista

Se possui valor notícia

Se é matéria de capa ou destaque

É o título da notícia

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As datas foram separadas pelos membros do grupo de pesquisa para análise dos cadernos: Poder, Opinião, Mundo, Cotidiano e Ilustrada.

Estamos na fase de revisão destas quanto à categoria e o valor notícia.

Outro programa de análise a ser utilizado chama-se N VIVO 10 da empresa QSR internacional. Trata-se de um programa de análises de conteúdo qualitativo, bastante utilizado por pesquisadores para agrupar, categorizar, produzir tabelas e nuvens de palavras sobre os dados pesquisados.

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Resultados Parciais 250 notícias ao total que envolvem a temática Mais Médicos no Jornal Folha de São Paulo.

Demonstramos os resultados referentes ao mês de julho a setembro de 2013 e o caráter destas notícias.

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23%

26%

51%

Distribuição do caráter das notícias en-volvendo o programa Mais Médicos na

Folha de São Paulo, de julho a setembro de 2013

NeutraOtimistaPessimista

Neutra; 58Otimista;64Pessimista; 128

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37%

30%

33%

Distribuição segundo mês de publicação das notícias

envolvendo o pro-grama Mais Médicos na Folha de São Paulo, de

julho a setembro de 2013

JulhoAgostoSetembro

Julho Agosto Setembro

Total 92 76 82

5152535455565758595

Quantitativo de publicação das notícias envolvendo o programa Mais Médicos na Folha de São Paulo, de julho a setembro de

2013

Qu

an

tid

ad

e

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Neutra Otimista Pessimista0

10

20

30

40

50

60

25

17

50

15

24

37

1823

41

Distribuição da quantidade das notícias envolvendo o programa Mais Médicos na

Folha de São Paulo no meses de julho, agosto e setembro de 2013 .

JulhoAgostoSetembro

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Neutra Otimista Pessimista0

10

20

30

40

50

60

Distribuição do caráter das notícias envol-vendo o programa Mais Médicos na Folha de São Paulo por mês de publicação, de julho a

setembro de 2013

JulhoAgostoSetembro

Qu

an

tid

ad

e

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Próximos Passos  A metodologia utilizada;

Quantidade de notícias encontradas em três meses;

Mudança sobre o caráter da notícia;

Comparação com o Correio Braziliense.

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Obrigada!