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SAÚDE - PÁGINAS 6 e 7 E mais: Semana da Língua Alemã aborda aspectos histórico-culturais; Conferência apresenta detalhes da vida e da obra do psicanalista Otto Gross; II Encontro de Pós-Graduação reúne discussões a respeito da Antiguidade e Medievo; Alunos de escola municipal visitam a Biblioteca durante projeto que incentiva o hábito da leitura; Imprensa e Revista no Brasil são tema de evento da Pós-Graduação em História; Docentes escrevem sobre o uso de memes para fins pedagógicos e interação e aprendizagem nas exposições; No espaço discente, um artigo de opinião sobre a inclusão social da comunidade surda no Brasil. Estudo mapeia efeitos de substâncias naturais associadas a fármacos sintéticos Informativo da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp de Assis Ano XI ed. 39 [abril de 2018]

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SAÚDE - PÁGINAS 6 e 7

E mais: Semana da Língua Alemã aborda aspectos histórico-culturais; Conferência apresenta detalhes da vida e da obra do psicanalista Otto Gross; II Encontro de Pós-Graduação reúne discussões a respeito da Antiguidade e Medievo; Alunos de escola

municipal visitam a Biblioteca durante projeto que incentiva o hábito da leitura; Imprensa e Revista no Brasil são tema de evento da Pós-Graduação em História; Docentes escrevem sobre o uso de memes para fins pedagógicos e interação e aprendizagem

nas exposições; No espaço discente, um artigo de opinião sobre a inclusão social da comunidade surda no Brasil.

Estudo mapeia efeitos de substâncias naturais

associadas a fármacos sintéticos

Informativo da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp de AssisAno XI ed. 39 [abril de 2018]

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Jornal Nosso Câmpus - Ficha TécnicaReitor: Sandro Roberto ValentiniVice-reitor: Sergio Roberto NobreDiretora da FCL - Assis: Andrea Lucia Dorini de Oliveira Carvalho RossiVice-Diretora da FCL - Assis: Catia Inês Negrão Berlini de AndradeCoordenação JNC: Cláudia Valéria Penavel BinatoTextos e Fotos: João Pedro FerreiraDiagramação: Mayara Crispim MarinoColaboração Técnica: Lucas Lutti; Seção Técnica de Informática

Esta é uma publicação da Faculdade de Ciências e Letras de Assis, Núcleo Integrado de Comunica-ção. Comentários, dúvidas ou sugestões, entre em contato pelo e-mail: [email protected].

ESPAÇO DOCENTE

Desvendando características da linguagem on-line a partir do gênero discursivo “Meme”Dentre as muitas características do nos-

so tempo contemporâneo, podemos des-tacar a difusão dos sites de redes sociais, entre os quais o Facebook como espaço público, como uma semiesfera, que possi-bilita diversas práticas discursivas capazes de difundir e legitimar discursos: “Sites de Rede Social são frequentemente aponta-dos como novas esferas públicas na acep-ção de Habermas (1989), principalmente pela criação do espaço comum e pela aber-tura cada vez mais ampla à participação” (RECUERO, 2016, p. 18).

Estamos diante da hipertextualidade e da multimodalidade como características do contexto contemporâneo, que permitem lei-turas e interação multilineares do e no mun-do. Multimodalidade, termo que traz consi-go a noção de hipertexto, são informações textuais, acompanhadas de imagens (fixas ou animadas) e sons organizados para pro-mover uma leitura (ou navegação) não-li-near, baseada em associações de ideias e conceitos, na forma de “links”, que atuam comao portas virtuais que abrem caminhos para outras informações.

Neste contexto, temos os memes, textos multimodais compostos por imagens e/ou vídeos relacionados ao humor, artefatos culturais, elaborados por usuários que res-significam assuntos cotidianos, conteúdos midiáticos e discursos sociopolíticos, uma evolução das brincadeiras tradicionais, pia-das e bordões que permeiam o imaginário popular e, por isso, se constituem como uma espécie de folclore pós-moderno (INO-CENCIO E LOPES, 2015).

Ilustraremos as nossas discussões com al-guns memes da página do Bode Gaiato do Fa-cebook, que foi criada em 3 de janeiro de 2013 e, atualmente, conta com cerca de 8.439.690 seguidores. A página apresenta memes ela-borados a partir de uma mistura de imagens e palavras que são articuladas para representar situações cômicas em geral e, principalmente, traços da cultura nordestina.

Uma das características dos memes é utilizar, em sua composição, linguagens de diferentes meios como, por exemplo, da televisão. Nesse sentido, podemos pensar no processo de produção como o resultado da transmutação dos gêneros discursivos. Araújo (2016) esclarece que a transmuta-ção dos textos, no ambiente virtual, aconte-ce a partir das práticas de remix e mashup.

O remix está relacionado à retomada de um elemento, e sua apresentação se dá de uma forma diferenciada, conforme é possí-vel observar nas imagens 3 e 4, em que o primeiro e o segundo quadro têm como pla-no de fundo um universo, já, a última cena tem, como cenário, a tela de congelamento muito comum na telenovela Avenida Brasil: alguns personagens tinham sua imagem paralisada no final de cada capítulo, sob fundo musical de suspense, a qual definia uma cena de suspense a ser concluída no capítulo seguinte.

Existe, nesse caso, a mixagem da imagem televisiva para compor uma parte do texto multimodal apresentado na internet, conforme pode ser observado no terceiro quadro

(1) Acima, tela padrão para as cenas de congelamento da Telenovela Avenida Brasil; (2) Tela de congelamento com a personagem Carminha, da Telenovela Avenida Brasil

das imagens 3 e 4.O outro recurso é a prática do mashup, caracterizada por Araújo (2016) como remixes de

natureza híbrida mais acentuada que combinam elementos de várias matrizes, através das colagens, o que também pode ser observado nos memes do Bode Gaiato. Neles, além dos vários planos de fundo, os programas de edição de imagem próprios do ambiente virtual possibilitam serem os personagens compostos de corpo humano com cabeça de bode.

De acordo com suas especificidades de produção, os memes do Bode Gaiato po-dem ser classificados como resultado de um processo de transmutação criadora:

Quando a intervenção dos atores assume graus mais acentuados, os remixes parecem borrar as fronteiras dos gêneros preexistentes e a técnica das misturas das linguagens tende a gerar produzir um movi-mento de reelaboração criadora de inclinação mais emergente, geran-do um grande capital social na rede (ARAÚJO, 2016, p. 63).

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Desvendando características da linguagem on-line a partir do gênero discursivo “Meme”

(3) À esq.: Meme do Bode Gaiato representando uma situação cômica no

ambiente escolar; (4) à dir.: Meme representando uma situação ocorrida durante uma entrevista de emprego

Tal processo é protagonizado pelos usuários da internet que têm ao seu alcance mecanis-mos digitais capazes de mesclar elementos para elaborar um novo gênero discursivo a par-tir daqueles já consolidados, caso dos memes da fanpage em questão, que ganham diver-sas curtidas, comentários e compartilhamentos para outras plataformas além do Facebook.

Referências:

ARAÚJO, J. Reelaborações de gêneros em redes sociais. In: ARAÚJO, J e LEFFA, V. Redes sociais e ensino de línguas: o que temos de aprender? São Paulo: Parábola Editorial, 2016, p. 49- 64.

HABERMAS, Jurgen. Consciência Moral e Agir Comunicativo. Trad. Guido de Almei-da. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1989.

INOCENCIO, L. E LOPES, C. P. ‘Brace yourselves, the zuera is coming’1: memes, interação e reapropriação criativa dos fãs na página Game of Thrones da Depressão. In: Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Natal - RN – 02 a 04/07/2015. Pp.01-15.

RECUERO, R. Discurso mediado por computador nas redes sociais. In: ARAÚJO, J.; LEFFA, V. Redes sociais e ensino de línguas: o que temos de aprender? São Paulo: Parábola, 2016.

Fábio Marques de Souza é professor no Programa de Pós-Graduação em Forma-

ção de Professores da Universidade Esta-dual da Paraíba (UEPB).

USO PEDAGÓGICO DOS MEMES É TEMA DE PALESTRA

No dia 12 de março, o professor Fábio Marques de Souza ministrou a palestra “As redes sociais e a linguagem on-line: algu-mas contribuições dos memes para o en-sino de línguas”, atividade promovida pelo Centro de Línguas e Desenvolvimento de Professores, com o apoio do Departamen-to de Educação, Departamento de Letras Modernas e do Grupo de Estudos Bakhti-nianos (GEB). Fábio Marques de Souza de-senvolve e orienta pesquisas dedicadas à compreensão e potencialização do com-

plexo processo de ensino/aprendizagem de línguas adicionais pelo viés da Linguística Aplicada (In)disciplinar. É professor permanente no Programa de Pós-graduação em Formação de Professores - PPGFP (UEPB), no Programa de Pós-graduação em Linguagem e Ensino - POSLE (UFCG) e no Programa de Pós-graduação em Educação Contemporânea - PPGEduC (UFPE). Acaba de publicar, em parceria com Geyza de Freitas Santos, pela Editora Oficina da Leitura, do Rio de Janeiro-RJ, o livro “Velhas práticas em novos suportes?”, que discute crenças e reflexões a respeito das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação como mediadoras do complexo processo de ensino/aprendi-zagem de línguas. Professor efetivo do curso de Letras, na UEPB, desde 2011. Cursou estágio de Pós-doutorado no PPGEduC, da UFPE (bolsista PNPD-CA-PES-MEC). Mestre e Doutor em Educação, respectivamente, pela UNESP/Ma-rília e pela USP. Licenciado em Letras: Português-Espanhol (UNESP/Assis) e em Pedagogia (UNINOVE).

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ESPAÇO DOCENTE

Exposições: o fazer e o dizerO componente lúdico é essencial na reali-

zação de exposições. Na ausência do lúdico, o jogo de emoções que as exposições em museus podem evocar não entra em mo-vimento, não se realiza. Este jogo de emo-ções é acionado a partir da composição de elencos de objetos, imagens, testemunhos e documentos, de lembranças e de sensa-ções. A identificação, seleção, e a apresenta-ção de tais elencos mobiliza a imaginação e a criatividade na elaboração de exposições em museus e demais espaços de cultura. Requer o conhecimento de acervos, de co-leções e de objetos que poderão compor um enredo discursivo. O enredo dará susten-tação às narrativas das exposições, sejam elas de caráter histórico, artístico, biográfico, técnico-científico, ficcional, entre outras pos-sibilidades. A intenção e o gesto, a ideia e a ação, alertam e preparam a mente, o corpo e o espírito, constituem o fazer da exposição e propõem espaços físicos e visuais para a visitação pública.

A narrativa nas exposições é também complexa em sua estrutura pois estará sem-pre amparada em pesquisas, ideias, valores, interpretações e análises. E em muitas in-formações. Informações de origem textual, imagética, sensoriais, materiais e abstratas. O material expositivo disponível, acessível e selecionado é parte fundamental na con-cepção e na montagem de exposições. A ti-pologia dos acervos e das coleções oferece, de antemão, o leque de oportunidades para a criação de enredos e de narrativas. A com-binação, articulação, comparação e contra-pontos, conferem identidade e acabam por distinguir as exposições, as equipes gesto-ras, técnicas e pedagógicas dos museus e as próprias instituições culturais. A comu-nicação simbólica e a experiência sensorial cutucam a mente, o corpo e o espírito, cons-tituem o dizer da exposição museológica e propõem espaços mentais e sensoriais para a visitação pública.

Mário Chagas, além da política dos mu-seus, costuma fazer menção à poética dos museus. A obra poética de João Cabral de Melo Neto (1920-1999) nos possibilita uma reflexão sobre a proposição daquele muse-ólogo e professor. Partimos do livro Museu de tudo, publicado em 1975. Os poemas ali reunidos definem-se por duas variáveis: de um lado, parecem escapar à funcionalidade do rigor e do esforço da poética cabralina e, de outro, oferecem temática e variação lúdi-cas. Daí o título, museu, de tudo. Um livro so-bre a liberdade poética e sobre a liberdade da linguagem poética do próprio autor. Um livro no qual pontuam a variedade e a casu-alidade, “sem risca ou risco”, no trabalho re-alizado. Um livro não sobre a realidade mas sobre a linguagem poética. Ao tomar a pró-pria linguagem como realidade, o poeta nos leva a pensar no trabalho que se realiza na linguagem dos museus e nas exposições.

A obra de João Cabral de Melo Neto pode

nos auxiliar na orientação de tarefas e na concepção de exposições museológicas. A sua poesia distingui-se tanto pela dimensão artística, propriamente dita, do seu fazer po-ético, quanto pela dimensão social, de aber-tura para a percepção do mundo, de rigor e de conhecimento, presentes no dizer do po-eta. O fazer e o dizer de sua poesia combi-nam-se, e de tal maneira, que o seu trabalho poético nos inspira em outro “aprendizado com a linguagem”, aquela dos museus, e estimula a experimentação e a criatividade em exposições museológicas. São os senti-dos de educação e de aprendizado, de ensi-namentos e de lições, técnico e existencial. Sentidos apreendidos pelo empenho no exercício e no esforço, contínuos e sistemát-cos, distintivos da obra do poeta pernambu-cano, que a tornam oportuna e de interesse para o trabalho em museus.

Em essência, sugere o professor João Ale-xandre Barbosa, nosso guia no universo ca-bralino, o trabalho poético de João Cabral de Melo Neto, consiste em árduo e persistente aprendizado de compreensão e de expres-são por parte do poeta, daquele que faz e diz, que compõem e escreve versos e poemas. O domínio da linguagem poética requer, en-tão, o desenvolvimento de habilidades téc-nicas no fazer e no dizer. Esta é a trilha que se abre na aquisição de habilidades para a concepção de exposições museológicas, a busca desta articulação no conhecimento, na comunicação e na experimentação dire-ta com objetos e sensações. A arte do ofício que, a partir do trabalho poético, se ilumi-na e realiza o trabalho das exposições, em particular, e o museológico, em geral. Uma educação pela pedra transmutada em uma educação pelos objetos.

Uma museologia e uma expografia, ca-bralinas, ambas, poderiam ser enunciadas aqui? E seriam elas atraentes, e viáveis? Entendo que práticas museológicas e a con-cepção de exposições inspiradas na obra poética de João Cabral são possíveis e pas-síveis de experimentação, de serem postas em prática. Possibilidades e desafios que se fazem acompanhar, umas dos outros, em interação, seja complementar, seja em contraponto. Compõe-se aqui uma fecun-da atividade de geração, de aquisição e de comunicação de conhecimentos na realiza-ção de exposições em museus, de fora para dentro dos objetos. Opera-se uma interação dinâmica na percepção intelectual, na expe-riência sensorial e existencial na visitação às exposições em museus, de dentro para fora dos objetos. E transita-se da realidade ma-terial e simbólica dos objetos para a realida-de da linguagem museológica e, logo, desta para a realidade existencial dos profisionais e dos visitantes de museus.

Esta “operação cabralina” promove uma redução do real, concreto ou imaginário, tan-gível ou intangível, à linguagem, seja ela po-ética ou museológica. A extração desta rea-

lidade essencial e a sua expressão, no seio da própria linguagem, devolve ao leitor-vi-sitante, o significado essencial – lembrança, informação, emoção, conhecimento, senti-do, indagação, inspiração, diversão – guar-dado nos objetos, uma vez que lhe permite extrai-lo, de dentro para fora, do objeto para o indivíduo, do museu para as instituições e grupos sociais – a escola e os estudantes, a excursão e os turistas, a cidade e os mora-dores etc. – da cultura para a sociedade, do espaço visual, interativo e circunscrito, para o tempo histórico e da experiência do mun-do. Ao poeta coube extrair a essência da palavra: da faca, da lâmina, o corte. Ao pro-fissional e ao visitante de museu compete extrair a essência do objeto, conhecendo-o, e dado a conhecer, na exposição.

O ensaísta Mikhail Bakhtin observou que a poesia não se reduz à elaboração da pa-lavra e que sobre qualquer material pode haver poesia. Ao aceitar essa proposição do crítico russo, pensamos por analogia o traba-lho com a linguagem museológica. A palavra poética compõe o verso tanto quanto o obje-to no museu compõe a exposição. Em socie-dades como a brasileira em que há escassez de fontes históricas escritas sobre a popula-ção pobre e oprimida, sobre povos indígenas e outros grupos sociais, como profissões que desapareceram e a infância, por exemplo, distintos testemunhos e registros da vida so-cial podem ser mobilizados em exposições. A tradição oral, a memória coletiva, artefatos variados, temáticas, simbolismos, represen-tações, técnicas de criação nas artes e no trabalho, formas de pensamento, compõem conjuntos de oportunidades para a interação e a aprendizagem entre diferentes gerações que se realizam em museus e exposições.

O patrimônio e a herança cultural são su-cessivamente reinventados e recriados pe-las novas gerações em busca da expressão de sentidos, de sentimentos e de comporta-mentos individuais e coletivos. Significados metafóricos e simbólicos são confecciona-dos juntamente com os artefatos e a estéti-ca que lhes dão origem e conferem lugar na vida social. A construção de sentidos sociais que transitam entre o ambiente habitado, a tecnologia e a imaginação inventiva pode ser observada com nitidez em sociedades e culturas milenares e são inspiradoras para melhor compreensão de traços distintivos na cultura ocidental. A exposição possibili-ta a passagem da compreensão dos fatos sociais, testemunhos e objetos exibidos em museus, para a compreensão de seus signi-ficados culturais e políticos. Exposições são experiências práticas, individuais e coleti-vas, de construção de conhecimentos e de momentos lúdicos, de lazer, diversão e en-tretenimento.

Paulo Henrique Martinez é professor no Departamento de História, UNESP/Assis

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EVENTOS

Semana da Língua Alemã propõe reflexão sobre eventos históricos e culturais a partir da série “Dark”

A Semana da Língua Alemã é uma mobilização nacional que visa difundir a cultura dos países germanófonos

De 9 a 13 de abril, ocorreu a primeira edição da Semana da Língua Alemã da FCL Assis/UNESP, evento aberto a toda a comunidade, organizado pelos alunos do curso de Letras--Alemão, que reuniu exposições sobre países falantes da língua alemã, mostra de filmes contemporâneos, músicas contemporâneas apresentadas todos os dias no restauran-te universitário (R.U.), e a palestra “Viagem a três tempos: aspectos histórico-culturais da Alemanha a partir da série Dark”. A Semana da Língua Alemã é um movimento nacional promovido pelas embaixadas da Alemanha, Áustria, Bélgica, Luxemburgo e Suíça, anual-mente. Seu objetivo é difundir a cultura dos países falantes de língua alemã.

A escolha de filmes e músicas atuais, bem como a série Dark, teve o intuito de quebrar pré-conceitos sobre produções alemãs e le-var a refletir acerca de estereótipos, ou seja, mostrar que o imaginário do povo alemão não é constituído apenas de guerra; não se deixam de lado, porém, aspectos histórico--culturais nacionais e mundiais.

A série de ficção científica Dark, criada por Baran bo Odar e Jantje Friese e lançada em dezembro de 2017, foi a primeira de língua alemã a ser produzida pela Netflix, vindo a tornar-se, rapidamente, uma das séries de língua não-inglesa de maior sucesso no ser-viço de streaming — particularmente no Bra-sil, onde teve a terceira maior audiência, atrás apenas de Alemanha e Estados Unidos.

A trama de Dark se passa na fictícia cidade de Winden, com uma atmosfera inspirada na Schwarzwald (floresta negra), fonte de inspira-ção também para os irmãos Grimm, cujos per-sonagens tentam alterar o passado e o futuro através de viagens no tempo, graças a um por-tal aberto após o acidente provocado por um vazamento na usina nuclear do vilarejo. Por explorar três períodos distintos (1953, 1986 e 2019), Dark possibilita abordar aspectos histó-rico-culturais da Alemanha — desde o período da reconstrução econômica após a Segunda Guerra, passando pelo clima de tensão viven-ciado pelos alemães após o acidente de Cher-nobyl, até as questões do presente, como a po-lítica referente ao uso de drogas e o programa de desligamento das usinas nucleares.

A série foi gravada em Berlim e seus arre-dores, mas sua fotografia tem o intuito de re-presentar, de modo geral, vilarejos alemães e suas configurações. Ainda sobre a direção de arte da série, a chuva aparece de forma ad-versa às condições reais do país, não como um retrato meteorológico, antes como um personagem que lembra ao espectador o medo real da toxidade, depois de Chernobyl,

e reforça a ação do destino, a incapacidade do homem diante das intempéries.

Sobre a questão nuclear, ao apresentar o período da construção da usina nuclear de Winden (1953), a série mostrou como o uso da potência nuclear para fins pacíficos, por exemplo, produção de eletricidade, foi um subproduto do desenvolvimento dos reato-res nucleares com fins militares durante e após a Segunda Guerra Mundial. Algumas cenas mostram o entusiasmo da população e a propaganda dessa forma de energia.

A obra retrata o acidente que deu origem à fenda temporal em 1986, logo após o aci-dente nuclear de Chernobyl, que chocou, também em 1986, o mundo, e como se insta-lou o medo, até mesmo da chuva, como dito anteriormente. Medo real que deu origem a um gradual abandono da ideia de energia nuclear, como fonte limpa e segura, e a mo-vimentos contrários ao seu uso, reforçados pelo acidente de Fukushima em 2011.

Foram expostas matérias jornalísticas re-centes acerca das consequências do aciden-

te de Chernobyl, como a descoberta de que, mais de três décadas após a explosão nuclear, ainda há, por exemplo, nas florestas da Bavie-ra e de Baden-Württemberg, contaminação de um em cada três javalis, com altos níveis de césio 137, transportado pelos ventos e chuvas.

Alguns aspectos como o militarismo, que aparece em Dark, principalmente em 1953, o uso de drogas e as políticas antidrogas tam-bém foram discutidos e guiaram um debate bastante produtivo acerca de tais problemas não só na Alemanha, mas no mundo como um todo. A série apresenta uma reflexão ini-cial que diz respeito à concepção de que o tempo é cíclico e a palestra, bem como a se-mana de língua alemã em geral, instigou a reflexão de que a história também é cíclica, que, por vezes, se repetem acidentes, guer-ras, desastres econômicos e políticos, e que, portanto, devemos nos mobilizar para que erros do passado não se repitam, como o fa-zem os personagens da ficção; nada é mais atual, diante das configurações do mundo, do que o sugerido por essa série.

Por explorar períodos distintos, Dark aborda aspectos histórico-culturais da Alemanha

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Ariane Cristina Andrade Silva / Jacob Marissa Junior

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Medicina natural: desinformação pode colocar sua saúde em riscoOs antropólogos dizem que o uso de plantas

para fins medicinais data do Paleolítico, um dos três períodos da idade da pedra. Assim, são en-contrados indícios de tal uso em todas as partes do globo terrestre, do Japão ao continente euro-peu passando pelo Peru.

A prática da cura por plantas medicinais alia-da à forte crença no místico e espiritual é deno-minada de Medicina Primitiva, e é a partir dela que temos a farmacologia como a conhecemos hoje, com os seus diferentes tipos de medica-mento sintéticos, muitas vezes oriundos de pes-quisas e desenvolvimento feitos em substân-cias vindas de plantas medicinais.

Mais especificamente no Brasil, em razão da grande diversidade biológica e cultural que pos-suímos em nosso território, é possível constatar uma carga considerável de conhecimento e tec-nologias tradicionais, em especial o manejo e o uso de plantas medicinais. Assim, em nosso país o conhecimento cultural passado de geração em geração faz com que muitos brasileiros recorram a esse tipo de tratamento alternativo.

Também, no Brasil outros fatores como as questões econômicas, o difícil acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS), o alto preço de medica-mentos e a dificuldade de locomoção das popu-lações rurais estimulam ainda mais a tendência de utilização de recursos naturais, ao invés dos medicamentos sintéticos.

Uso racional e adequado da farmacologia natural vem sendo pesquisado por professores e alunos do curso de Engenharia Biotecnológica

ESPECIAL

Assim, partindo do princípio de que grande par-te da população, principalmente de países em de-senvolvimento, como o Brasil, se utiliza de plantas medicinais para fins terapêuticos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou que sejam feitas investigações experimentais nas plantas medicinais utilizadas, a fim de descobrir seus prin-cípios ativos e garantir sua eficácia e segurança.

Afim de atender a essa determinação da OMS em 2006, o Ministério da Saúde aprovou o De-creto nº 5.813 que estabelece a Política Nacio-nal de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Esta permite que sejam constituídas linhas prioritá-rias de desenvolvimento e estudos por diversos parceiros para garantir aos brasileiros um aces-so seguro e racional às plantas medicinais e aos fitoterápicos. Entretanto, apesar do Ministério da Saúde ter apoiado inúmeros projetos de pesqui-sa que priorizavam a biodiversidade brasileira, onde estão contempladas plantas medicinais e fitoterápicos, não mais que 1% das espécies nati-vas brasileiras foi objeto de pesquisas quanto ao seu uso terapêutico e bioeconômico.

Como resultado dessa situação, muitos dos usos populares não são comprovados cientifi-camente, e a maioria das pessoas ainda utiliza as plantas medicinais e fitoterápicos de forma errônea. Além disso, pelo fato dos tratamentos com plantas serem considerados naturais, existe a ideia errada, entre a população, de que esses produtos são inofensivos ao organismo humano, ao contrário dos medicamentos sintéticos. Mas, a verdade é que as plantas e seus princípios ati-vos podem ser tão perigosos quanto os medica-mentos vendidos nas farmácias. Como o uso de plantas medicinais pode interferir nos processos de absorção e excreção dos fármacos, pode tam-

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PLANTA É REMÉDIO! Pelo fato dos tratamentos com plantas e fitoterápicos serem considerados

naturais, existe a ideia errada, entre a população, de que esses produtos são inofensivos ao organismo humano.

VOCÊ SABIA QUE...

As plantas medicinais e seus princípios ativos

podem ser tão perigosos quanto os medicamentos vendidos nas farmácias, se não forem utilizados

de forma correta?

As plantas medicinais podem interferir nos

processos de absorção e excreção dos fármacos, modificar os seus efeitos

e colocar em risco a saúde do usuário?

Preste atenção nessas interações, pois todas essas plantas, quando associadas a anticoagulantes, AAS e outros anti-inflamatórios podem provocar hemorragias!!!

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Medicina natural: desinformação pode colocar sua saúde em riscoUso racional e adequado da farmacologia natural vem sendo pesquisado por professores e alunos do curso de Engenharia Biotecnológica

ESPECIAL

bém modificar os seus efeitos e colocar em risco a saúde do usuário.

Efeitos negativos podem ocorrer quando se usa simultaneamente, por exemplo, alho, camo-mila e goji berry com fármacos. Determinados medicamentos sintéticos precisam ser proces-sados no fígado por um sistema chamado cito-cromo P-450 para terem seus efeitos negativos inativados. Também as plantas precisam passar por esse processo. Então, se se faz uso, ao mesmo tempo, de ambos, fármacos e plantas, pode haver interferência do princípio ativo das plantas sobre o dos fármacos, sendo essa interferência capaz de potencializar a ação daqueles medicamentos, cujos princípios nocivos são inativados no fígado, quanto anular os seus efeitos benéficos.

Uma pesquisa recente, realizada por um grupo de pesquisadores liderados pela professora Dra. Lucinéia dos Santos e sua orientanda, Carolina Correia Fuzaro, da Faculdade de Ciências e Letras – Assis, para verificar o uso de plantas medicinais e fitoterápicos pela população, mostrou que a maioria dos respondentes não toma o devido cui-dado ao fazer uso desse tipo de tratamento. Pois, além de não conhecerem o verdadeiro potencial terapêutico das plantas medicinais utilizadas, os entrevistados desconhecem os efeitos das intera-ções das plantas com os medicamentos sintéticos.

Apesar do Decreto ter proporcionado um au-mento significativo das pesquisas, ainda existem inúmeras plantas brasileiras que são usadas pela população sem a comprovação de seus benefí-cios por pesquisas científicas ou, se comprovados, a população os desconhece. Existe também inú-meras plantas cuja interação com fármacos é to-talmente desconhecida.

Considerando-se que o Brasil possui uma ex-

pressiva biodiversidade vegetal e uma variedade enorme de plantas que podem ser usadas no trata-mento de enfermidades é necessário que o gover-no brasileiro divulgue, por meio de medidas educa-cionais, os conhecimentos científicos comprovados pelas pesquisas e que incentive estudos etnobo-tânicos e etnofarmacológicos, que valorizem o co-

nhecimento popular e comprovem as ações farma-cológicas e toxicológicas das plantas brasileiras.

A divulgação das pesquisas, certamente, irá valorizar e incentivar o uso terapêutico das espé-cies vegetais brasileiras e poderá ajudar na ma-nutenção e recuperação dos biomas e na melho-ria de qualidade de vida da população.

Pelo fato dos tratamentos com plantas serem considerados naturais,

existe a ideia errada, entre a população, de que esses produtos são

inofensivos. Mas, a verdade é que as plantas e seus princípios ativos podem

ser tão perigosos quanto os medicamentos vendidos

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Marcelo Checchia (à esq.) foi um dos organizadores da obra que reúne textos de Otto Gross.

Pesquisador revela detalhes sobre a vida e a obra do psicanalista austríaco Otto Gross

O Departamento de Psicologia Clínica, em conjunto com o Centro de Pesquisa e Psicologia Aplicada “Drª Betti Katzenstein” (CPPA), propor-cionou a graduandos e pós-graduandos a opor-tunidade de ouvir a conferência “Psicanálise e política: Vida e Obra de Otto Gross (1877-1919)”. Tal evento foi idealizado e coordenado pelo pro-fessor Gustavo Henrique Dionísio.

O tema foi exposto durante a tarde do dia 6 de abril por Marcelo Checchia, pós-doutorando pela Universidade de São Paulo (USP) e finalis-ta do Prêmio Jabuti por duas vezes, uma delas em 2017 com o livro “Combate à vontade de po-tência”, livro inspirado no projeto de Otto Gross com participação de Franz Kafka.

O pesquisador foi organizador também do livro “Por uma psicanálise revolucionária”, obra que uniu textos de Gross, psicanalista austríaco do início do século XX.

Checchia conversou com o Jornal Nosso Câmpus e deu mais detalhes sobre sua pesqui-sa e visita recente à Faculdade.

Jornal Nosso Câmpus - Como surgiu o convi-te e a ideia para o evento? Você já tinha partici-pado de algum outro na UNESP/Assis?

Marcelo Checchia: Ainda não havia participa-do de evento na UNESP/Assis. O convite foi feito pelo Prof. Gustavo Henrique Dionísio, que é um parceiro meu de conversas sobre psicanálise.

O Prof. Gustavo vinha acompanhando minha produção e já havia participado de um livro que organizei cujo título é “Combate à vontade de potência”, a respeito do resgate de um projeto de revista que seria organizado por Otto Gross em parceria com Franz Kafka.

ENTREVISTA

Agora, lançado o livro com os textos de Otto Gross (“Por uma psicanálise revolucionária”), pensamos que seria interessante divulgar um pouco de sua vida e de suas principais ideias.

JNC - Qual a principal importância de contar a história de Otto Gross para os estudantes? O material ainda é muito escasso?

MC: É importante tornar conhecida a história de Otto Gross por diversos motivos. Em primeiro lugar, porque Otto Gross foi pioneiro na articula-ção da psicanálise e da política com suas ideias, que, além de brilhantes, permanecem atuais. Ele nos apresenta, por exemplo, uma tese sobre o conflito interno, basal, que nos ajuda a com-preender como se forma um eu autoritário.

Mostra-nos também, e de maneira bem fun-damentada, os efeitos deletérios no psiquismo de relações pautadas por violências, arbitrarie-dades e sugestões, que revelam, ao mesmo tempo, como a organização social baseada no patriarcado incita tais tipos de relações.

Otto Gross nos faz pensar, ainda, como a psi-

canálise pode combater essas relações violen-tas por meio da experiência clínica e da educa-ção. Esses dois meios podem ajudar cada um a descobrir em si mesmo como e quando repro-duz o princípio de autoridade, que faz tão mal às relações humanas.

A história de vida de Otto Gross também tem relevância. Ele foi o primeiro psicanalista a ser segregado da comunidade psicanalítica. Ele sofreu nessa comunidade justamente o tipo de violência que ele vinha combatendo.

Sim, ele tinha problemas sérios com drogas, como cocaína e ópio. Mas, seu estilo de vida foi coerente com seu posicionamento político - além de psicanalista, Gross era anarquista – que o levou a ser rotulado como psicótico por Jung e apagado dos registros da Associação Psicanalí-tica Internacional a pedido de Freud.

Esse tipo de violência acontece até hoje nas instituições psicanalíticas e acadêmicas e os atu-ais estudantes precisam ser advertidos disso.

JNC - Você pode indicar algum material refe-rente a Gross para quem quer conhecer melhor a história deste psicanalista?

MC: O material completo da obra grossiana pode ser encontrada na internet em alemão. Em português, acabou de ser lançada a coletânea mais completa dos escritos psicanalíticos e polí-ticos de Gross sob o título “Por uma psicanálise revolucionária”. Nesse livro há também uma bio-grafia resumida de Gross escrita por mim e intitu-lada Otto Gross: um psicanalista anarquista.

Para mais detalhes da vida de Gross e da influência de suas ideias em outros psicanalis-tas, anarquistas e artistas, indico o livro “Freud’s ‘outstanding’ colleague/Jung’s ‘twin brother’ - the suppressed psychoanalytic and political significance of Otto Gross”, de Gottfried Heuer, que foi quem redescobriu Otto Gross na Europa na década de 1990.

A conferência foi viabilizada pelo Depto. de Psicologia Clínica em conjunto com o CPPA

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João Pedro Ferreira

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Evento da Pós-graduação em História discute pesquisas sobre Imprensa e Revista no Brasil

EVENTOS

O Programa de Pós-Graduação em História, em conjunto com o Grupo de Es-tudos “Imprensa e Circulação de Ideias”, realizou no dia 25 de abril o evento “Im-prensa. Imagem e Acervo de Revistas: de-safios e possibilidades interpretativas”.

Durante os períodos da manhã e da tarde, os pesquisadores presentes no Minianfiteatro do Cedap (Centro de Do-cumentação e Apoio à Pesquisa) discu-tiram as perspectivas e a conjuntura das pesquisas sobre imprensa de revistas no Brasil.

A professora Dr.ª Tânia Regina de Luca (Unesp/Assis) abriu a programação com a apresentação do Grupo de Estudos, suas linhas de pesquisa e problemas investi-gados em comum em que o grupo busca contribuir para a historiografia, com aten-ção especial aos séculos XIX e XX.

O tema da segunda conferência foi “Re-vistas Ilustradas em Curitiba: ares da mo-dernização no início do século XX”. A pa-lestrante convidada foi a professora Dr.ª Rosane Kaminski, da Universidade Fede-ral do Paraná (UFPR). Ela apresentou o site Revistas Curitibanas, banco de dados onde estão reunidos imagens, artigos e in-formações sobre a imprensa regional en-tre os anos de 1900 e 1920 em Curitiba.

Já, durante a tarde, quem abriu os tra-balhos foi a professora Dr.ª Letícia Pedru-zzi, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Pedruzzi integra o Labora-tório de Design - História & Tipografia (La-dHT), iniciado como um núcleo em 2009 e oficialmente fundado em 2012.

As linhas de pesquisa do LadHT são a Identidade Gráfica Capixaba e a Tecno-logia Gráfica Capixaba, feitas em conjun-to com alunos de iniciação científica da graduação da UFES. A docente explicou a metodologia utilizada para a pesquisa em História do Design a partir de acervos de materiais impressos.

Os levantamentos encontraram publica-ções que retratavam a realidade política lo-cal, costumes, transformações, influências e outros aspectos gerais. Foi observado como o grafismo representa importantes significados. Alguns dos periódicos apre-sentados foram Vida Capichaba (1923-1959), Bonde Circular (1933-1934), Chana-an (1936-1939) e Posição (1976-1979).

A última etapa do evento ficou sob a responsabilidade de Matheus Cardoso da Silva, pós-doutorando do Departamento de História na Unesp/Assis. Ele estuda a The Left News, revista mensal do Left Book Club publicada em 128 números entre 1935 e 1947. O processo de circula-ção internacional de ideias e o papel das

revistas institucionais, baseado na Left News, foi o foco das falas.

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Proposta de Sustentabilidade da Reitoria é rejeitada pela Congregação da FCL-Assis

ADMINISTRAÇÃO

A Congregação da Faculdade de Ciências e Letras de Assis se reuniu no dia 21 de mar-ço para discutir os documentos “Proposta de Sustentabilidade Orçamentária e Financeira da Unesp: Novos Esclarecimentos” e “Minu-ta da Resolução com as alterações sugeridas durante os debates realizados no CADE e no Conselho Universitário”.

A manifestação deliberada foi a posição contrária e de repúdio aos dois documentos. Participaram da discussão os representantes docentes e servidores técnico-administrativos, assim como os Conselhos Estudantis e dis-centes dos cursos da FCL-Assis.

A Congregação considerou problemática a proposta da Reitoria de manter as despesas salariais em 85% da cota-parte do ICMS, indi-cando que os problemas orçamentários da Uni-versidade viessem das folhas de pagamento.

Na deliberação, aponta-se a necessidade de que sejam apresentadas outras formas de contenção de despesas da máquina adminis-trativa, buscando-se o aumento de receitas e a eficiência no uso dos recursos.

Foi requisitada também a abertura, bem como o detalhamento das contas da Institui-ção independentemente de solicitações, com base na Lei da Transparência e na Constitui-ção Federal.

Os membros da Congregação expressaram outrossim sua preocupação com o compro-metimento dos projetos de pesquisa e exten-são e com a melhoria dos serviços de ensino e permanência estudantil.

A partir dessas considerações, três suges-tões foram dadas. A primeira é a formação de uma comissão integrada por especialistas da área econômica, financeira e administrativa

Membros da comunidade local pediram modificações das futuras ações de administração financeira da Unesp

da Unesp, com participação dos três segmen-tos e que se informe com rigor e periodicidade a situação orçamentária da Unesp.

A segunda é que haja uma planilha de des-pesas e receitas conjugada com um plano de contenção que não prejudique a remuneração e reposição salarial. Houve também um pedi-do de suspensão de qualquer política expan-sionista que não tenha contrapartida efetiva de recursos.

A terceira propôs que a Unesp reivindique junto ao Governo do estado de São Pau-lo a ampliação do percentual da cota-parte do ICMS, compromisso descumprido após a ampliação dos cursos e dos câmpus, o que prejudica a implantação de políticas de permanência após a adesão ao Sistema de Reservas de Vagas para a educação básica pública (SRVEBP).

NEAM realiza II Encontro de Pós-GraduaçãoEVENTOS

Durante os dias 25 e 26 de abril, o Núcleo de Estudos Antigos e Medievais (NEAM) das Unesp de Assis e Franca realizou, em parceria com o Departamento de História e com o Pro-grama de Pós-Graduação em História, o II En-contro de Pós-Graduação do grupo. O objetivo dos trabalhos foi reunir a comunidade científi-ca nacional em torno da temática “Novos olha-res sobre a Antiguidade e o Medievo”.

Além de conferências com a presença de Dr. Nelson Paiva Bondioli (UFES) e Dra. Terezinha Oliveira (Universidade Estadual de Maringá), o evento teve também me-sas-redondas com convidados de outras unidades da Unesp e da USP.

A primeira mesa do evento abordou o tema “O Traduzir na Compreensão Histó-rica e Intelectual da Antiguidade e do Me-dievo” e contou com as participações dos professores Dr. Alessandro Jocelito Beccari (UNESP Assis), Dr. Brunno Vinícius Gonçal-ves Vieira (UNESP Araraquara) e Dr. Claudio Aquati (UNESP São José do Rio Preto); na sequência, o tema tratado foi “Tecnologias aplicadas aos estudos arqueológicos, patri-moniais e educacionais”, com as participa-ções dos professores Dr. Márcio Teixeira--Bastos (USP MAE São Paulo), Dr. Vagner Carvalheiro Porto (USP MAE São Paulo) e Dra. Márcia de Almeida Rizzuto (IF-USP São Paulo). A última conferência, sobre o tema “Reflexões sobre a Antiguidade e a Antiguidade Tardia” foi ministrada pelos professores Dr. Germano Miguel Favaro Es-teves (UNESP Assis), Dr. Milton Carlos Costa

(UNESP Assis) e Me. Benedito Inácio Ribei-ro Júnior (Doutorando UNESP Assis).

Os alunos de iniciação científica e do cur-so de pós-graduação também puderam expor seus trabalhos em Simpósios Temá-ticos, como informa um dos organizadores do Encontro, Dr. Germano Miguel Favaro Es-teves (Unesp/Assis). “O Encontro foi o ponto de partida para o NEAM iniciar, nas próximas semanas, o Ciclo de Palestras do núcleo”, completa Germano, que explica ainda o ob-jetivo das palestras em entrevista ao JNC .

Evento marca início de novo Ciclo de Palestras e teve como tema “Novos olhares sobre a Antiguidade e o Medievo”

DE VOLTA À UNESP - A Dra. Terezinha Oliveira foi a responsável por realizar a con-ferência de encerramento. Ela apresentou seu trabalho na área do medievo que pre-tende publicar como livro. Terezinha fez sua graduação e doutorado em História pela Faculdade de Ciências e Letras - Assis. O JNC conversou com a docente sobre como é estar de volta ao Câmpus e ao NEAM. O áudio das entrevistas, bem como as demais fotos do evento estão disponíveis em www.nossocampus.wordpress.com).

Convidados de outras unidades da UNESP, da USP e da UEM participaram do Encontro

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Projeto “Conta de Novo” recebe 70 crianças de escola municipal de Assis

ESPAÇO DA BIBLIOTECA

Durante duas semanas do mês de abril, a Biblioteca da FCL contou com vi-sitas que deixaram seus corredores com muito espaço para imaginação e histórias

dos contos de fadas.O projeto “Conta de Novo” recebeu

aproximadamente 70 crianças do tercei-ro e do quarto ano da Escola Municipal

de Ensino Infantil e Ensino Fundamen-tal “João Leão de Carvalho”. Os pequenos conheceram as instalações da Biblioteca, o espaço infantil, e fizeram um tour pela FCLAssis.

Ana Paula da Silva, Maria Luiza Carpi Semeghini e Regina Gaino Bittencourt Brando, que compõem a equipe da Bi-blioteca, se vestiram como personagens clássicas das histórias e realizaram ati-vidades lúdicas com as meninas e meni-nos sobre a importância da leitura e das bibliotecas.

Elas contam que foram horas se prepa-rando, estudando e ensaiando as apre-sentações e que a visita é um momento que contagia todos os grupos.

Em nota conjunta, elas falam da impor-tância do projeto: “é de grande importân-cia receber também crianças dessa faixa etária em nossa Biblioteca, mesmo não sendo nosso público-alvo. O incentivo à leitura precisa ser constante; é funda-mental proporcionar momentos de prazer às crianças, por meio da leitura. Somos to-dos responsáveis, não só pelo seu desen-volvimento intelectual, mas também por estimular, desde já, os pequenos leitores para o mundo da imaginação”.

O projeto é realizado por membros da equipe da biblioteca e visa estimular a leitura

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ESPAÇO DISCENTE

Libras, Inclusão ou Exclusão?Neste breve artigo de fácil leitura refe-

rente à inclusão dos surdos, cuja compre-ensão é acessível a todos, resumo minha pesquisa de revisão literária pela UNESP, intitulada “LIBRAS, um percurso teórico possível’’ relatando as dificuldades para atender o decreto 5.626, de 22 de dezem-bro de 2005 - publicado após o reconhe-cimento das LIBRAS como línguas oficiais do país, através da Lei 10.436 , de 24 de abril de 2002 - que fala da obrigatorieda-de da disciplina de LIBRAS.

O debate sobre inclusão e que inclui questões econômicas, psicossociais, ét-nicas, de gênero e sociais, resultante de experiências em um mundo globalizado, deve permear os espaços públicos e priva-dos. Nesse contexto, a comunidade surda procura desenvolver ações tanto para in-cluir os surdos na vida social como fazer que a sociedade entenda e respeite a si-tuação de quem não tem a capacidade de ouvir, bem como reconheça políticamen-te as diferenças existentes na sociedade: que se cumpram as leis, que haja mais convênios com estabelecimentos para o aumento de vagas de trabalho e que se atenda à exigência de intérpretes nos es-paços públicos e privados.

Estudei com afinco o Estatuto Brasileiro de Libras, li sobre artigos acadêmicos rela-cionados à teoria das Libras, com a seguin-te temática: estatuto linguístico das línguas de sinais, surdez- percurso histórico, educa-ção de surdos, bases teóricas e filosóficas da educação de surdos, surdo e sua identi-dade e cultura, diversidade, convívio com as diferenças, inclusão, língua em mudança, variação linguística com análise documen-tal em pesquisa qualitativa.

Os maiores problemas são transcrever do português para Libras e encontrar um mediador ou um curso gratuito de práticas de LIBRAS, visto que o governo estadual e o federal promulgam leis mas não dispo-nibilizam educação básica/mínima para o avanço nos estudos científicos, com base teórica e prática de Libras referentes às funções gramaticais e ao estatuto linguís-tico dos sinais e com formação continuada para professores, agentes de saúde, fun-cionários públicos etc.

Os surdos não recebem informação a respeito das possibilidades de acesso à rede de ensino público e particular. Há fal-ta de pessoas capacitadas nas escolas e em locais públicos. Funcionários públicos e de ambientes privados não recebem ca-pacitação e, por consequência não há es-paço para que os surdos sejam incluídos nos meios sociais. Não se fazem muitas pesquisas sob essa temática por falta de investimento do Estado. Por essa razão, insisto afirmando que há enorme falta de

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intérpretes em todos os meios em que a lei impõe a obrigatoriedade.

Sendo assim, posso afirmar que a in-clusão e os meios de acessibilidade cons-tituem-se um processo de adequação da sociedade às necessidades dos que pre-cisam ser incluídos para que possam de-senvolver-se e exercer plenamente sua cidadania. Devemos compreender que a inclusão precisa se dar em todos os âmbi-tos da sociedade: na educação, no esporte, no lazer, na religião, na família, indepen-dente da condição física, intelectual, cultu-ral, sensorial ou econômica do indivíduo. É necessário que a sociedade, os profes-sores, os docentes em formação cobrem mais dos órgãos públicos estaduais o ri-goroso cumprimento da lei e mais investi-mentos na educação.

O Decreto determina: “Art. 3o - A LIBRAS deve ser inserida como disciplina curricu-lar obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Esta-dos, do Distrito Federal e dos Municípios.

§ 1o Todos os cursos de licenciatura, nas diferentes áreas do conhecimento, o cur-so normal de nível médio, o curso normal superior, o curso de Pedagogia e o curso de Educação Especial são considerados cursos de formação de professores e pro-fissionais da educação para o exercício do magistério.

§ 2o A LIBRAS constituir-se-á em disci-plina curricular optativa nos demais cursos de educação superior e na educação pro-fissional, a partir de um ano da publicação deste Decreto. (BRASIL, 2005)”.

Quanto à formação e contratação de especialistas para a educação superior, dizem os autores: Strobel (2008, p. 102): “são raros os professores habilitados para trabalhar com os alunos surdos em sala de aula. Na maioria dos cursos de Pedagogia nas universidades não tinham estas espe-cializações para esta área somente agora salvo pelo decreto n. 5626, de 22 de de-zembro de 2005 que dá obrigatoriedade das aberturas de cursos de Libras nestes cursos, as coisas podem melhorar”.

Tavares e Carvalho (2010, p. 3-4): “(...) percebe-se que em nosso país, entre os documentos que compõem o conjunto de leis denominado Políticas Públicas e sua implementação, há um grande fosso. Com as políticas públicas educacionais na área de educação de surdos, não é diferente. Há lei para acessibilidade que garante in-térprete de Língua de Sinais/Língua Por-tuguesa durante as aulas, flexibilidade na correção das provas escritas, materiais de

informação aos professores sobre as es-pecificidades do aluno surdo etc. Mas, na prática, o que se percebe, é o aluno surdo mais excluído do que incluído nas salas de aula regulares, enfrentando dificuldades, que, muitas vezes os seus familiares é que tentam minimizar, buscando soluções nem sempre eficientes para ajudá-los. Por outro lado, professores, em sua maioria, sem conhecimento mínimo da Libras e, algumas vezes, subsumido por uma car-ga horária de trabalho exaustiva, não têm tempo para buscar uma formação conti-nuada na área”.

Emiliana Faria, citada por Rosa (2012): ”Sendo assim, a língua de sinais não deve ser vista apenas como uma disciplina obri-gatória em um curso de graduação; ela deve ser vista como parte da formação do futuro professor e como uma língua pre-sente e participante na escola”. Rosa é professora de LIBRAS da Universidade Fe-deral do Pampa - UNIPAMPA. Mestre em Educação, doutoranda em linguística pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. [email protected] http://www.junipampa.net/2012/11/por-que--aprender-libras.html.

QUEM SOU EU:

Gabriel Pereira do Amaral é ourinhen-se, estudante de Letras (Português,com habilitação em Inglês) pela UNESP de Assis, psicopedagogo clínico e institu-cional pela Faculdade Metropolitana e especializado pelo curso de Formação de Tradutor e Intérprete de Libras pela Faculdade Metropolitana. A íntegra des-te artigo, com as referências das cita-ções utilizadas pode ser acessada em www.nossocampus.wordpress.com.

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