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Sazonalidade e Alimentação Influência da Sazonalidade nos Hábitos Alimentares Discente: Ana Isabel Neves Ferreira André Orientador: Sara Simões Pereira Rodrigues Professora Auxiliar Faculdade de Ciências da Nutrição da Universidade do Porto Co-orientador: Bruno Miguel Paz Mendes Oliveira Professor Auxiliar Faculdade de Ciências da Nutrição da Universidade do Porto Porto, Outubro de 2013

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Sazonalidade e Alimentação

Influência da Sazonalidade nos Hábitos Alimentares

Discente: Ana Isabel Neves Ferreira André

Orientador: Sara Simões Pereira Rodrigues

Professora Auxiliar

Faculdade de Ciências da Nutrição da Universidade do Porto

Co-orientador: Bruno Miguel Paz Mendes Oliveira

Professor Auxiliar

Faculdade de Ciências da Nutrição da Universidade do Porto

Porto, Outubro de 2013

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AGRADECIMENTOS

À minha orientadora, pela aceitação da orientação da minha dissertação, e principalmente

pela disponibilidade e prontidão constantes, sabedoria nas sugestões dadas, e possibilidade

de concretização de mais uma etapa da minha aprendizagem profissional.

Ao meu co-orientador, pela sua preciosa colaboração no tratamento estatístico e paciência,

fundamentais para a concretização deste trabalho.

À Manuela Lopes, pela colaboração na redacção e revisão dos textos em língua inglesa.

A todos os outros que me acompanharam, apoiaram e ajudaram de alguma forma.

E aos meus pais, que continuam a ser “pais” da forma que todos queremos ter.

A todos,

BEM-HAJAM!

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ÍNDICE

LISTA DE FIGURAS vii

LISTA DE TABELAS ix

LISTA DE ABREVIATURAS xi

RESUMO 1

ABSTRACT 5

INTRODUÇÃO 9

1. Sazonalidade na produção, na disponibilidade, no consumo e no estado

nutricional 9

2. Sazonalidade, sustentabilidade ambiental e alimentação saudável 11

3. Outros fatores que influenciam a aquisição e disponibilidade de alimentos 14

CAPÍTULO 1

“Seasonality and human diet: from production to nutritional status”

21

CAPÍTULO 2

“Variação sazonal da disponibilidade familiar de alimentos e bebidas –

Portugal 2005/2006”

69

CONCLUSÕES 109

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 111

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LISTA DE FIGURAS

INTRODUÇÃO

Figura 1 – Esquema conceptual dos determinantes do processo de escolha de alimentos

15

CAPÍTULO 2

Figura 1 – Variação sazonal (em % da média anual) na disponibilidade por grupos de alimentos – IDEF 2005/2006, Portugal

82

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LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 2

Tabela 1 – Correspondência entre o trimestre de participação e a estação do ano – IDEF 2005/2006, Portugal

78

Tabela 2 – Critérios para análise quantitativa do tamanho do efeito segundo Cohen

80

Tabela 3 – Disponibilidade de alimentos por estação do ano – IDEF 2005/2006, Portugal

81

Tabela 4 – Efeito das variáveis sociodemográficas na variação sazonal da disponibilidade de alimentos

84

Tabela 5 – Disponibilidade de “laticínios” por estação do ano – IDEF 2005/2006, Portugal

85

Tabela 6 – Disponibilidade de “gorduras e óleos” por estação do ano – IDEF 2005/2006, Portugal

85

Tabela 7 – Disponibilidade de “bebidas alcoólicas” por estação do ano – IDEF 2005/2006, Portugal

86

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LISTA DE ABREVIATURAS

CAPÍTULO 1

BMI – Body Mass Index

CVD – Cardiovascular Disease

DDS – Dietary Diversity Score

DHA – Docosahexaenoic Acid

EPA – Eicosapentaenoic Acid

FFQ – Food Frequency Questionnaire

LDL – Low Density Lipoprotein

MeSH – Medical Subject Heading

MUFA – Monounsaturated Fatty Acids

NHS – National Household Survey

PUFA – Polyunsaturated Fatty Acids

UK – United Kingdom

USA – United States of America

CAPÍTULO 2

ANOVA – Análise da Variância

COICOP – Classification of Individual Consumption According to Purpose

DAFNE – Data Food Networking

GLM – General Linear Model

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IDEF – Inquérito às Despesas das Famílias

INE – Instituto Nacional de Estatística

MANOVA – Análise da Variância Multivariada

NUTS II – Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos nível II

UNIANOVA – Análise da Variância Univariada

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RESUMO

Introdução:

As estações do ano correspondem a períodos de divisão do ano, caracterizadas por

condições climatéricas capazes de condicionar a produção agrícola e disponibilidade de

alimentos para venda, apenas atenuadas pelo desenvolvimento tecnológico actual e

estratégias adotadas pelos retalhistas de venda ao público de alimentos. Contudo, também

é reconhecido que outros fatores contribuem para diferenças no consumo de alimentos ao

longo do ano, sendo os hábitos culturais um dos mais referidos, especialmente quando

associados a determinadas festividades.

Embora podendo ter diferente impacto na população, famílias e/ou indivíduos, entre países

ricos e mais desenvolvidos e países pobres e menos desenvolvidos, são esperadas

variações no consumo de alimentos ao longo do ano, que podem refletir-se com maior ou

menor gravidade no estado nutricional.

O conhecimento das implicações da sazonalidade na disponibilidade e consumo de

alimentos e estado nutricional dos indivíduos e da comunidade é fundamental quando se

pretende promover a saúde individual e comunitária através da implementação de políticas

de saúde ecológicas, que contemplem as diferenças encontradas nos hábitos alimentares

dos indivíduos e comunidades ao longo do ano.

Objetivos:

Este trabalho surge com a finalidade de investigar a influência da sazonalidade na

alimentação, nomeadamente:

1 – efetuar uma revisão sistemática dos artigos que avaliam a variação sazonal no consumo

de alimentos e/ou ingestão energética e nutricional e consequências dessas variações no

estado nutricional;

2 – avaliar a variação sazonal na disponibilidade familiar de alimentos em Portugal.

Métodos:

Para responder aos objetivos propostos recorreu-se à pesquisa bibliográfica pelas palavras-

chave “season*”, “food supply”, “food access”, “food availability” e “food consumption” na

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PubMed, ISI-Web of Sciense, Scopus e Agricola, completada pela estratégia de pesquisa

“em bola de neve”, e pesquisa em sites oficiais. A pesquisa decorreu até outubro de 2013 e

inclui estudos relevantes para o tema em investigação publicados em língua inglesa e

portuguesa nos últimos 30 anos.

Para investigar a variação sazonal da disponibilidade de alimentos e bebidas foram

avaliados os dados de 10403 famílias no IDEF 2005/2006 distribuídas de forma

representativa pelas 4 estações do ano, recolhidos durante 2 semanas onde constou o

registo de todos os alimentos e bebidas adquiridos pelas famílias no período. Os alimentos e

bebidas foram agrupados e uniformizados de acordo com a metodologia DAFNE, resultando

uma divisão com 14 grupos principais.

Algumas variáveis sociodemográficas contempladas no IDEF foram também consideradas

na análise, como a região do país, grau de urbanização do local da residência, sexo, nível

de escolaridade completado e ocupação do responsável pelo agregado, nº de crianças, nº

de adultos e nº de idosos no agregado, rendimento per capita, rácio entre despesas com

alimentação e despesas totais e rácio entre despesas com alimentação fora de casa e

despesas com alimentação.

Recorreu-se à ANOVA para avaliar a variação sazonal nos grupos de alimentos, à MANOVA

para avaliar os efeitos simultâneos dos fatores sociodemográficos na variação sazonal dos

grupos de alimentos e à UNIANOVA para avaliar os efeitos simultâneos dos fatores

sociodemográficos na variação sazonal na disponibilidade familiar em cada um dos

subgrupos de alimentos. A análise considerou testes bilaterais e nível de significância de

0,05.

Resultados:

Artigo 1

Não foram encontrados muitos artigos sobre o tema em investigação, mas os estudos

encontrados permitem verificar diferenças sazonais no consumo de alimentos ao longo do

ano, quer em quantidade, quer em qualidade, que se reflectem em variação sazonal na

ingestão de energia e de nutrientes, e em particular de micronutrientes. Estas variações

reflectem-se habitualmente no estado nutricional, em função da maior ou menor gravidade

destas.

Estas variações ocorrem tanto em países ricos e mais desenvolvidos, como em países

pobres e menos desenvolvidos, apesar de serem nestes últimos que se encontrem maiores

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diferenças ao longo do ano e repercussões habitualmente mais marcadas, e são

influenciadas por várias características sociodemográficas da população em estudo.

Artigo 2

Encontraram-se importantes diferenças na disponibilidade de alimentos nas famílias na

maioria dos grupos de alimentos considerados; somente os lacticínios, gorduras e óleos, e

bebidas alcoólicas não apresentaram variação sazonal, mas foi possível verificar que na

avaliação da sazonalidade dos subgrupos dos grupos referidos, já existiam diferenças

sazonais em muitos deles.

O outuno foi a estação do ano onde se verificou maior disponibilidade para a maioria dos

grupos de alimentos, enquanto a primavera foi a estação do ano onde a maioria dos grupos

de alimentos apresentou a menor disponibilidade.

Em muitos dos grupos e subgrupos de alimentos encontrou-se uma variação entre os meses

mais quentes da primavera-verão e mais frios do outono-inverno: leguminosas, batatas,

cereais e produtos cerealíferos, ovos, manteiga, margarina de culinária e vinho

apresentaram maior disponibilidade no outono-inverno, enquanto frutas, bebidas não

alcoólicas, hortícolas e produtos láteos (que não o leite e queijo) e cerveja apresentaram

maior disponibilidade na primavera-verão.

A magnitude do efeito global da estação do ano nas diferenças encontradas é pequena

(ɳ2=0.024), assim como a magnitude do efeito da estação do ano na variação sazonal em

cada grupo e subgrupo de alimentos, exceto no grupo dos frutos secos e oleaginosos que

evidenciou uma magnitude de efeito mediana (ɳ2=0.036).

As variáveis sociodemográficas foram responsáveis por variação sazonal nos grupos de

alimentos com magnitude de efeito variável, e as interacções das variáveis com a estação

do ano foram responsáveis por variações sazonais, exceto a região do país, embora com

efeitos pequenos, que diminuiram a magnitude do efeito isolado.

Conclusões:

Não há muitos estudos publicados sobre o tema em investigação, mas pode-se concluir que

há sazonalidade nos hábitos alimentares e que estes são influenciados por características

sociodemográficas da população, mesmo em países desenvolvidos, podendo-se repercutir

no estado nutricional.

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Na ausência de inquéritos de consumo individual representativos da população portuguesa,

verificou-se que também há sazonalidade na disponibilidade familiar de alimentos na análise

dos dados obtidos no inquérito às despesas das famílias, e que esta é influenciada por

variáveis sociodemográficas, embora o efeito das estações do ano na variação seja de

forma geral pequeno.

Apesar de ainda haver muito a investigar, espera-se ter contribuído para melhor conhecer a

realidade portuguesa e possibilitar o delineamento de recomendações mais adequadas a

grupos específicos da população.

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ABSTRACT

Introduction:

The seasons correspond to periods of division of the year, characterized by climatic

conditions that are capable of constraining agricultural production and availability of food for

sale, only mitigated by technological progress and strategies adopted by retailers. However,

it is also recognized that other factors contribute to differences in food consumption over the

year, being cultural habits frequently referred, especially when associated with certain

festivities.

Although with possible different impact on the population, families and/ or individuals

between poor and less developed countries and rich and more developed countries, there

were expected variations in food consumption throughout the year, which could be reflected

to a greater or lesser severity in nutritional status.

The knowledge of the implications of seasonality in the availability and consumption of food

and in the nutritional status of individuals and communities is essential when promoting

individual and community health, through the implementation of ecological health policies

which address the differences in eating habits throughout the year.

Aims:

This paper appears in order to investigate the influence of seasonality in food habits,

namelly:

1 – to systematically review papers that evaluate the seasonal variation in food consumption

and/ or energy and nutrients intake and consequences of these changes in nutritional status;

2 – to evaluate the seasonal variation in the household food availability in Portugal .

Methods:

To address the proposed objectives, literature search by keywords "season”, "food supply",

"food access", "food availability" and "food consumption" in PubMed, ISI-Web of Sciense,

Scopus and Agricola databases was used, completed by "snowball" research strategy, and

search in official websites.

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The research took place until October 2013 and includes studies relevant to the topic

published in English and Portuguese for the past 30 years.

To investigate the seasonal variation in food and beverages availability were evaluated data

from 10,403 families in IDEF 2005/2006 distributed in a representative manner for 4

seasons, collected during two weeks, consisting of the record of all food and beverages

purchased by households in the period. Food and beverages were grouped and

standardized according to the DAFNE methodology, resulting in 14 major groups.

Some sociodemographic variables included in IDEF were considered in the analysis, such as

country´s region, degree of urbanization of the place of residence, gender, completed level of

education and occupation of the head of household, number of children, number of adults

and number of elderly in the household, income per capita, ratio between food expenditures

and total expenditure and ratio between expenditure on food away from home and food

expenses.

ANOVA was used to evaluate the seasonal variation in the food groups, MANOVA was used

to evaluate the simultaneous effects of sociodemographic factors on the seasonal variation

of food groups and UNIANOVA was used to evaluate the simultaneous effects of

sociodemographic factors on the seasonal variation on the seasonal variation in the

subgroup of food. The analysis included two-tailed tests and a significance level of 0.05.

Results:

Paper 1

Only a few papers were found on the topic under investigation, but these studies allowed

checking seasonal variation in food consumption throughout the year, either in quantity or in

quality, which was reflected in seasonal variation in energy and nutrient intakes, and in

particularly, in micronutrient intake. These variations were also reflected with greater or

lesser gravity in the nutritional status.

These variations occur in both rich and more developed countries, as in poor and less

developed countries, although these latter had major differences throughout the year with

usually worse effects, and these variations were dependent of socio-demographic

characteristics of the population.

Paper 2

There were found important differences in household food availability in most food groups

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considered; only dairy products, fats and oils, and alcoholic beverages didn´t show seasonal

variation, but it was possible to verify that the evaluation of the seasonality of the subgroups

of these groups, seasonal differences existed for many.

Autumn was the season where there was greater availability for most food groups, while

spring was the season where most food groups had the lowest availability.

In many of the food groups and subgroups was found a variation between the spring-summer

months and autumn-winter months: pulses, potatoes, cereals and cereal products, eggs,

butter, cooking margarine and wine showed greater availability in autumn-winter, while fruits,

vegetables, non-alcoholic beverages, dairy products (other than milk and cheese) and beer

had higher availability in spring-summer.

The magnitude of the overall effect of season on the founded differences was small

(ɳ2=0.024), as also the magnitude of the effect of season in each food group ans subgroup,

except for nuts that showed a medium effect size (ɳ2=0.036).

The sociodemographic variables were responsible for seasonal variation in the food groups

with variable magnitude effect, and interactions of variables with the season were

responsible for seasonal variations, except the country´s region, despite the small effects,

which decreased the magnitude of the isolated effect.

Conclusions:

There are few published studies on the topic under investigation, but it can be concluded that

there is seasonality in eating habits and that these are influenced by socio-demographic

characteristics of the population, even in developed countries, which are able to affect the

nutritional status.

In the absence of representative individual consumption surveys of the Portuguese

population, it was also found seasonality in the household food and beverages availability in

the analysis of data obtained in the “inquérito às despesas das famílias”, and that this is

influenced by sociodemographic variables, although the effect of the seasons in the variation

is generally small.

While there is still much to investigate, it is expected to have contributed to better know the

Portuguese reality and enable the design of more appropriate recommendations to specific

groups of the population.

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INTRODUÇÃO

As estações do ano correspondem a períodos de divisão do ano, geralmente feitas a

partir de fenómenos astronómicos e meteorológicos que ocorrem com regularidade, cujas

causas principais são o movimento de translação da Terra em volta do Sol e a inclinação do

plano da sua órbita em relação ao plano equatorial, denominando-se esta sucessão de

períodos de “ciclo sazonal”. (1)

O ciclo sazonal tem consequências em diversos fatores mesológicos como a

luminosidade, temperatura e humidade, apresentando diferentes expressões nas regiões

não equatoriais, onde a duração do dia e da noite e as condições climatéricas diferem ao

longo do ano e influenciam a regulação da biologia temporal da vida na Terra, dominando a

vida da maioria das espécies, (1) incluindo a humana. (2)

Apesar da influência do ritmo circadiano na fisiologia e comportamento humano se

encontrar relativamente bem documentada, a influência do ciclo anual das estações do ano

é menos óbvia, mas encontram-se alterações sazonais nos padrões de nascimento, morte,

suicídio e doença, mesmo nos países mais ricos e desenvolvidos, onde as diferenças são

mais atenuadas em relação aos países mais pobres. (2)

As alterações na temperatura e duração da luminosidade do dia que se verificam na

sucessão das diferentes estações do ano, condicionam a disponibilidade de alimentos que

domina a vida da maior parte das espécies não equatoriais, incluindo o Homem, conferindo

um caráter sazonal à sua alimentação. (2)

1. Sazonalidade na produção, na disponibilidade, no consumo e no estado

nutricional

As condições climatéricas associadas às diferentes estações do ano são

responsáveis por diferentes produções agrícolas em cada estação, com maior notoriedade

nas espécies de origem vegetal (como os hortícolas, frutas e ervas aromáticas) e

cogumelos, mas também influenciando o ciclo reprodutivo de animais e os alimentos deles

obtidos (como ovos, leite e carne de animais juvenis). (3-6)

Só recentemente, com a agroindustrialização verificada nestes países, se conseguiu

ultrapassar com algum sucesso as limitações impostas pelas estações do ano na produção

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e disponibilidade de alimentos para consumo, recorrendo ao comércio em larga escala de

alimentos produzidos no hemisfério oposto – “produção em contracorrente”, a estufas

(normalmente para antecipar o início da época de colheita) e ao armazenamento em

condições de temperatura e humidade controladas (para prolongar a vida útil e a ilusão de

frescura), ou ainda à produção seletiva de subespécies ou espécies geneticamente

modificadas. (5-7)

Seja qual for a modalidade para disponibilizar alimentos “fora da época”, verifica-se

quase sempre um acréscimo no preço de venda ao público devido aos maiores custos de

produção e/ou comercialização, existindo diferenças marcadas entre as estações do ano, no

que diz respeito ao preço, critérios de qualidade, ou mesmo disponibilidade para

comercialização, (8-11) o que, obviamente, pode afetar a sua aquisição pelos consumidores.

O distanciamento entre a produção e a comercialização de alimentos facilita o

consumo intemporal da maior parte dos alimentos, criando incongruências entre a produção

– que na generalidade mantém marcada produção sazonal – e as expectativas das

sociedades urbanas em dispor dos alimentos frescos ao longo de todo o ano, que na

generalidade desconhecem as implicações que isso possa ter na segurança e

disponibilidade alimentar (7,11) e na sustentabilidade ambiental. (11,12)

Mas apesar dos avanços, a comercialização de alimentos continua a ser fortemente

condicionada pela sua produção, reconhecendo-se que a sazonalidade na produção e

consequente sazonalidade na comercialização de alimentos é um dos fatores que influencia

a alimentação ao longo do ano. (10,13-15)

Contudo, há outros determinantes da escolha e consumo de alimentos que

influenciam o comportamento alimentar ao longo do ano conferindo-lhe por vezes um

caráter sazonal independente da produção e comercialização, como é o caso dos hábitos

culturais. (10,14-22) Por exemplo, verifica-se maior aquisição e consumo de frutos secos e

frutos secos oleaginosos no inverno, principalmente na época natalícia e festejos de ano

novo, apesar de estarem disponíveis durante todo o ano, podendo-se considerar estes

alimentos de consumo sazonal, por outro lado, alimentos como tomate, cenoura, cebola ou

alhos, têm evidente produção sazonal mas são adquiridos e consumidos durante todo o ano,

não sendo por isso considerados alimentos de consumo sazonal, pelo menos pela maioria

dos consumidores. (10,17,23)

A influência da cultura na escolha e consumo de alimentos está pois bem

documentada ao nível individual e, embora não se encontrem referências à disponibilidade

sazonal de alimentos nas superfícies comerciais em função dos hábitos culturais

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massificados associados a determinadas épocas e festividades do ano, facilmente é

constatado tal facto.

2. Sazonalidade, sustentabilidade ambiental e alimentação saudável

Embora os consumidores das grandes áreas urbanas possam ter perdido a noção do

que é cultivado e colhido em cada época e estação do ano, (7,11,24) não há dúvida de que

a sazonalidade dos alimentos é mais notória quando há maior proximidade entre os

consumidores e os produtores. (11,13,23)

Nesta assunção, os alimentos produzidos “localmente” – no sentido de localização

mais próxima ou de produção nacional, revelariam a maior sazonalidade da produção

agrícola própria de cada espécie junto dos consumidores, proporcionando naturalmente

flutuações ao longo do ano na aquisição e consumo de alimentos. (11,23,25)

Embora não estejam definidos claramente os conceitos de “alimentos sazonais” e

“alimentos locais”, nem seja consensual a sua utilização entre profissionais e consumidores,

(23,26) sendo estes dois conceitos frequentemente conotados como sinónimos. (23,26,27)

Vários estudos mostram que os consumidores consideram os alimentos produzidos

localmente como “mais saborosos”, “mais frescos”, “mais seguros toxicologicamente” e

“mais baratos”, (11,25,28) características frequentemente atribuídas também aos alimentos

adquiridos e consumidos “na época” de colheita. (23,24,26,27)

Alheio a esta “fusão” de conceitos, tem vindo a crescer a valorização do consumo de

produtos da época, quer pelos profissionais de saúde, (9,29) quer pelos grandes chefs de

cozinha, (7,30) uma vez que proporcionam maior variedade na alimentação do dia-a-dia, a

par das vantagens para os consumidores que lhes são imputadas.

Na realidade, não são muitos os estudos que demonstrem as vantagens do consumo

de alimentos de produção sazonal em função da sua produção e disponibilidade para venda,

mas parece ser consensual, quer no meio académico quer na comunidade, que os

alimentos produzidos e colhidos “na época” são mais vantajosos do que os alimentos

produzidos e colhidos “fora da época”, sendo geralmente referidos os seguintes argumentos:

- Preço mais baixo

Os produtos produzidos na época apresentam-se em maior quantidade para venda

nos diversos mercados, o que baixa necessariamente o seu preço de venda, tornando os

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produtos da época mais económicos face aos produzidos fora da época, (3,24) que além da

eventual menor oferta, têm custos acrescidos devido à implementação de técnicas agrícolas

mais sofisticadas e/ou comércio intercontinental. (3,31)

- Melhores características organoléticas (frescura, sabor, etc.)

Seja qual for a modalidade para comercializar alimentos “fora da época”, estes são

habitualmente colhidos num estado precoce de maturação com a finalidade de aumentar o

período de comercialização, mesmo que isso se reflita negativamente nas características

organoléticas como a cor, textura e sabor (7); por outro lado, os alimentos “na época”

tendem a ser colhidos no momento em que atingiram o seu potencial de crescimento e

maturação, conferindo-lhes um sabor mais acentuado e as características espectáveis pelo

consumidor. (31)

- Valor nutricional otimizado

Praticamente todos os estudos encontrados evidenciaram maior conteúdo de

vitaminas, minerais e outros constituintes essenciais e benéficos, nos alimentos “da época”:

num estudo efetuado no Japão verificou-se que o conteúdo de vitamina C de espinafres

estava reduzido em 1/5 a 1/8 quando eram produzidos fora de época, e o de tomates e

brócolos estava reduzido até ½; o conteúdo de carotenos também era reduzido em ¼ em

brócolos e em mais de metade em cenouras produzidas fora da época (24); no mesmo

estudo, o conteúdo de vitamina C e carotenos era relativamente estável em qualquer época

de produção em alguns frutos e produtos hortícolas, como kiwi, pimentão e aipo. (24) Por

outro lado, alimentos importados de locais distantes têm de viajar e ser armazenados

durante mais tempo, o que aumenta as perdas de nutrientes, principalmente de vitaminas.

(31)

As escolhas alimentares são influenciadas por numerosos fatores e, a par dos

fatores já bem aceites, cresce a importância de outros fatores no redireccionamento dos

hábitos alimentares, como as preocupações ecológicas e sociais que os hábitos alimentares

possam ter na cadeia produtiva e de comercialização dos alimentos. (12,32,33)

É importante que ao assegurar-se o suprimento adequado e seguro de alimentos no

futuro, se incorporem as considerações ecológicas na promoção de hábitos alimentares

mais saudáveis, pois é impossível separar a maioria das recomendações alimentares e

nutricionais dos recursos naturais que suportam o sistema alimentar actual. (12,27,32-34)

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Por outro lado, a promoção de uma maior proximidade dos produtores aos

consumidores, através da comercialização dos alimentos em feiras, mercados e praças

municipais, é um exemplo de sucesso em parcerias público-privadas no setor de produção

agrícola e comercialização verificado em muitos países em que esta prática tem vindo a

aumentar, como nos Estados Unidos da América (35,36) e em países europeus como o

Reino Unido (25) e a Suécia, (11) beneficiando os produtores, que vêm aumentados os

rendimentos provenientes das colheitas (por escoamento total e/ou menos perdas e

ausência de intermediários comerciais), e os consumidores (produto fresco - colhido no dia

ou véspera, de maior valor nutricional e organolético, e ao melhor preço), e ao mesmo

tempo, com menores pressões de produção, respeitando o calendário agrícola típico das

espécies e utilização de técnicas agrícolas menos agressivas para o ambiente. (12,27,35)

Pouco se sabe das atitudes dos consumidores face aos alimentos disponíveis nas

superfícies comerciais com base sazonal, mas num estudo efetuado há já alguns anos nos

Estados Unidos, Wilkins verificou que os membros filiados numa cooperativa alimentar

mostravam uma forte preferência por alimentos produzidos na época e na proximidade, em

relação aos não membros / comunidade em geral, evidenciando também menos dúvidas em

relação à adequação nutricional, mas ambos os grupos evidenciaram maior

comprometimento em comprar estes alimentos, como forma de preservar os recursos

naturais. (12)

Aparentemente cresce a procura por alimentos orgânicos (36-38) e por alimentos

produzidos localmente (36,37) - que evidenciam maior sazonalidade na sua disponibilidade,

por parte dos consumidores urbanos com maior nível educacional e poder económico, (36)

aparentemente devido às maiores preocupações de saúde e ambientais deste grupo

populacional, (36,38) pelo que é de aproveitar estas crenças e desejos nas políticas de

desenvolvimento económico local.

Por outro lado, apostar nos mercados locais é potenciar as oportunidades de

aprendizagem informais sobre alimentação, que ao mesmo tempo concorrem para a

promoção da alimentação saudável:

- os consumidores ficam mais atentos à sazonalidade própria dos alimentos que adquirem,

sendo este conhecimento um pré-requisito para a adoção de uma dieta com adaptação

sazonal (“dieta sazonal”), que é favorável do ponto de vista ecológico, uma vez que está

associada a menores custos de produção e transporte (11,12,27,39);

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14

- a diversidade dos produtos disponíveis nos mercados contribui para a melhoria dos

conhecimentos dos consumidores e assegura a diversidade de produção ao nível das

explorações agrícolas (11,12,27,39);

- encoraja os consumidores a consumirem mais frutas e produtos hortícolas, (11,39)

podendo mesmo reduzir ou redirecionar o consumo de carne e produtos cárneos, o que

também diminui a utilização de recursos naturais (11,33);

- a troca de informações entre produtores e consumidores contribui para que não se percam

os conhecimentos e técnicas necessárias à preparação e confeção de alimentos em casa,

com as vantagens económicas e ecológicas associadas, uma vez que há menor desperdício

e perdas alimentares e melhoria do valor nutricional das refeições. (11,39)

As recomendações alimentares e nutricionais não só devem promover a saúde, mas

ao mesmo tempo devem assegurar a conservação e regeneração dos recursos naturais,

(34,40) sendo a preferência pelo consumo dos alimentos na época de produção e

produzidos mais próximos do local de comercialização uma das estratégias a considerar.

(12,26,27,32,39) É possível que através do conhecimento e educação alimentar, os

consumidores prefiram alimentos com base na origem de produção e sazonalidade

intrínseca, mas não se pode esquecer que o comportamento na compra destes alimentos

depende da disponibilidade dos produtos nas superfícies comerciais a preços competitivos e

de qualidade aceitável. (7,12,37,39)

3. Outros fatores que influenciam a disponibilidade e aquisição de alimentos

O consumo de alimentos resulta das escolhas efectuadas pelos consumidores no

ambiente que os rodeia, onde para além da sazonalidade, outros fatores individuais, como

as preferências, experiências e conhecimentos de nutrição, interagem com o “ambiente

nutricional na comunidade”, (8,18,21,41-50) merecendo este último especial reconhecimento

nos últimos anos.

Glanz e colaboradores definem “ambiente nutricional na comunidade” como o

número, tipologia, localização geográfica e acessibilidade às superfícies comerciais que

vendem alimentos. (8)

Nos países desenvolvidos são numerosos os estudos efetuados nos últimos anos

que averiguam a influência do acesso aos locais de venda de alimentos na aquisição de

alimentos, sob diferentes perspetivas, como a proximidade e tipologia, preço dos alimentos

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15

e características intrínsecas da superfície comercial, sendo que a disponibilidade (8,51-58) e

o preço dos alimentos (8,52-54) são diferentes nas diversas tipologias comerciais, que por

sua vez, têm diferente implantação em zonas mais ou menos densamente povoadas ou de

diferente grau de urbanização (54-60) e em zonas com população de maior ou menor poder

económico ou outras características socioculturais, (8,51-53,58,60-65) podendo a sua

presença ou ausência afetar diretamente o consumo de alimentos, por alterar o preço, a

variedade e disponibilidade destes para venda. (8,42,51,61-63)

Contudo, alguns estudos mostraram resultados contrários ou inconclusivos para

algumas das variáveis referidas. (53,59,65-67)

Numa outra perspetiva, vários são também os estudos que averiguam a proximidade

e tipologia das superfícies comerciais onde as famílias se abastecem de alimentos com o

consumo de alimentos, (44,68-74) adequação da dieta, (75) ingestão de energia e

nutrientes, (44,69,70) ou ainda com o estado nutricional e de saúde dos residentes.

(44,49,76) Tais estudos procuram relacionar a quantidade e variedade de alimentos

disponibilizados para venda, (53,56,71,72) a sua qualidade, (53,77) o espaço que lhes é

reservado nas prateleiras, (53, 71) ou mesmo o preço dos alimentos, (53,56,78) com a

aquisição e consumo de alimentos.

Independentemente da perspetiva de investigação, o pressuposto é o de que o

ambiente influencia a aquisição de alimentos (figura 1).

Figura 1: Esquema conceptual dos determinantes do processo de escolha de alimentos

Adaptado de: Rose D, Bodor JN, Hutchinson PL, Swalm CM. The Importance of a Multi-Dimensional Approach for Studying

the Links between Food Access and Consumption. J Nutr. 2010;140(6):1170-4. (49)

Posse de carro

Promoções

Aceitação social

Idade Raça/ etnia

Escolaridade

Custos de deslocação

Localização

Preço de venda

Características: - variedade - espaço na prateleira - localização

Ace

ss

o a

os

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Custo dos alimentos

Preferências

Rendimento

Aquisição de alimentos

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16

Os alimentos promotores de uma alimentação saudável (como lacticínios menos

gordos, carnes magras, peixe, frutas e produtos hortícolas) são dos mais estudados na

influência do “ambiente nutricional na comunidade”. A sua disponibilidade nas superfícies

comerciais é tanto maior, quanto maior for a dimensão destas, (42,54,79) mas verificam-se

diferenças em bairros onde predominam as minorias étnicas, onde a disponibilidade em

locais de venda de idêntica dimensão é menor. (53,62) Por outro lado, também se verifica

grande variabilidade regional na disponibilidade destes alimentos, independentemente da

dimensão das superfícies comerciais. (79)

Em zonas de maior poder económico, o acesso a alimentos promotores de uma

alimentação saudável é tanto maior quanto o acesso dos consumidores ao supermercado,

(42,62,71) enquanto nas zonas de menor poder económico, onde predominam as pequenas

superfícies comerciais independentes, o acesso a estes alimentos é inferior e está

condicionado pela facilidade de transporte. (42,61,65)

Considerando em particular o grupo das frutas e produtos hortícolas frescos, há

alguns resultados inconsistentes entre a tipologia e acessibilidade às superfícies comerciais

na disponibilidade destes alimentos, mas verificam-se importantes tendências quer na

tipologia quer no acesso, por exemplo, a variedade destes alimentos é maior nas superfícies

comerciais de maior dimensão (55,58) e o consumo de produtos hortícolas e fruta

aumentava com a presença de um supermercado na proximidade, (68,80) especialmente na

população de raça negra, (68) e espaço disponível para venda. (81)

Num outro estudo efetuado numa comunidade de idosos com baixos recursos

económicos, contemplando a venda ambulante de frutas e produtos hortícolas, verificou-se

aumento do consumo de produtos hortícolas quando estes eram disponibilizados a preços

mais acessíveis e próximo da residência. (82) Ainda noutro estudo verificou-se que a

proximidade da residência a pequenas superfícies comerciais está associada ao maior

consumo de produtos hortícolas e, em menor extensão, a maior consumo de fruta, e que o

consumo de produtos hortícolas é maior, quando o espaço dedicado à venda nesses locais

é também maior, não se verificando diferenças entre poder económico e outras

características socioculturais das famílias. (71)

Independentemente da tipologia da superfície comercial e do poder económico da

zona residencial em países desenvolvidos, os estudos que relacionam a opção ou

substituição por alimentos mais saudáveis, são consistentes com o aumento do custo

associado, devido ao maior preço destes alimentos, (42,53,54,83,84) verificando-se a

mesma tendência nos países em desenvolvimento, quer em zonas urbanas, quer em zonas

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17

rurais, (56,57) tornando-se incomportável em famílias com rendimentos inferiores, onde a

proporção no orçamento familiar dedicado à alimentação é já elevado. (42,56,57,84-86)

O preço é um dos principais determinantes na aquisição destes alimentos, sendo

superado apenas pelo sabor, (18,41) e nem mesmo o conhecimento do valor nutricional dos

alimentos parece tão determinante para a sua aquisição. (18)

Os consumidores, especialmente os mais desfavorecidos, tendem a escolher

alimentos com base no sabor e no preço, protelando o valor nutricional dos mesmos,

(18,41,84,86,87) traduzindo-se num aumento do consumo de alimentos densamente

calóricos, mas de baixo valor nutricional, como gorduras, açúcar, cereais refinados e

derivados cárneos, em detrimento de frutas, produtos hortícolas e derivados cerealíferos

menos refinados, (84,86,87) cuja aquisição nos mercados pelos consumidores só aumenta

quando há redução nos preços. (88-90)

Por outro lado, o preço dos alimentos tende a não diferir significativamente em

superfícies comerciais da mesma tipologia, (8) especialmente se estão próximos uns dos

outros, independentemente de diferentes características sociodemográficas e culturais da

população (raça, poder económico e escolaridade), (53,63,65) mas as superfícies

comerciais de maior dimensão tendem a vender os alimentos mais saudáveis a preços mais

favoráveis. (53,54)

A localização regional das superfícies comerciais (rural vs urbana) tem maior

influência nos preços, disponibilidade e variedade de alimentos, uma vez que nas regiões

mais rurais predominam as superfícies comerciais independentes e pequenas cadeias de

supermercados, onde os preços são mais elevados e há menor variedade e disponibilidade

de alimentos (54,56,57) verificando-se o mesmo quando se consideram zonas onde

predomina a raça negra e emigrantes. (8,51,62,64)

A disponibilidade, preço e qualidade dos alimentos frescos é habitualmente diferente

ao longo do ano, porém, na mesma estação do ano a disponibilidade, a qualidade e o preço

dos alimentos frescos tende a ser constante dentro da mesma tipologia comercial, apesar

das diferenças que possam existir entre diferentes tipologias comerciais, (91) o que pode

favorecer a aquisição de “alimentos da época”, uma vez que estes atributos se encontram

mais favorecidos.

Também os alimentos obtidos por produção própria, ou os que são comprados aos

agricultores nas quintas, stands de rua, feiras ou praças municipais, aumentam a

disponibilidade de alimentos para consumo familiar, principalmente de “alimentos da época”

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18

como diversas frutas e hortícolas. (36,45,60,92,93) No entanto, o contributo destas

modalidades de obtenção de alimentos é pequena e mais vulgar nos meios mais rurais, (94)

pelo que os alimentos disponíveis para consumo, quer em casa, quer fora de casa, são

habitualmente condicionados pelas cadeias da grande distribuição e estratégias de venda a

retalho adotadas pelas cadeias de supermercados presentes na comunidade. (7,49)

Em resumo, fatores ambientais, como a sazonalidade, o acesso e a disponibilidade

nas superfícies comerciais, a qualidade e o preço dos produtos, influenciam a aquisição de

alimentos por si só, modificando a atratividade por parte dos consumidores, sendo o preço

dos alimentos um dos principais determinantes das escolhas alimentares, interagindo quer a

nível individual e familiar, através do poder de compra, quer a nível ambiental, através do

preço de venda aos consumidores. (49,84,88)

Perante o exposto, para que as recomendações alimentares e nutricionais emanadas

pelas entidades oficiais sejam adequadas a toda a população e assegurem o consumo

suficiente de alimentos no tempo e no espaço, devem considerar a existência de diferenças

no comportamento alimentar ao longo do ano e as diferenças que estas apresentam nos

vários grupos da população.

Na avaliação do consumo de alimentos pelos indivíduos é fundamental distinguir três

conceitos hierárquicos e interdependentes que definem a “segurança alimentar”: na base

está o suprimento nacional de alimentos disponíveis para consumo humano (“food supply”),

ao qual se segue a facilidade das famílias em aceder aos alimentos disponíveis (“food

access”), e no topo encontra-se a utilização dos alimentos propriamente dita (“food

utilization”), condicionada pela disponibilidade familiar e utilização individual dos alimentos

para consumo, podendo-se verificar alterações sazonais em qualquer um dos níveis. (95-97)

Os estudos individuais de consumo de alimentos, estado nutricional e/ou de saúde

permitem, sempre que referida ou controlada a estação do ano, averiguar diferenças

sazonais no comportamento alimentar mas, em muitos países, entre os quais Portugal, não

se promovem com regularidade estudos epidemiológicos representativos da população que

pretendam avaliar o consumo de alimentos e/ou ingestão de energia e nutrientes, devido à

elevada necessidade de recursos económicos e morosidade envolvida.

Torna-se necessário recorrer a outros instrumentos que permitam detetar prováveis

alterações sazonais no consumo de alimentos, elucidando para a possibilidade destes

comportamentos continuados se traduzirem em alterações no estado nutricional e de saúde.

Page 31: Sazonalidade e Alimentação - Repositório Aberto · 1. Sazonalidade na produção, na disponibilidade, no consumo e no estado nutricional 9 2. Sazonalidade, sustentabilidade ambiental

19

A investigação da sazonalidade no suprimento nacional de alimentos é impossível de

avaliar, uma vez que a divisão temporal não faz parte da metodologia utilizada na

elaboração das Balanças Alimentares. (98,99)

A meio caminho entre os dados globais das Balanças Alimentares e os estudos de

consumo individual, os Inquéritos às Despesas das Famílias permitem avaliar a

disponibilidade de alimentos ao longo do ano, por incluírem um espaço temporal de

investigação distribuído de forma representativa. Sendo considerados uma importante fonte

de informação alimentar e nutricional (100,101) eles são, no caso de Portugal, o melhor

instrumento disponível para avaliar a nível nacional a influência da sazonalidade na

alimentação.

Só depois de conhecer a variação sazonal no comportamento alimentar é possível

fundamentar e promover recomendações alimentares específicas numa política nutricional e

de saúde e, por tal motivo, com maior possibilidade de serem implementadas e duradouras

por serem identificadas como necessidades suas pelos destinatários, mas ao mesmo tempo,

sem comprometer os recursos económicos das famílias e os recursos naturais de todos.

(102)

Este trabalho surge então com a finalidade de investigar a influência da sazonalidade

na alimentação, tendo como objectivos principais:

- efetuar uma revisão sistemática dos artigos que avaliam a sazonalidade na alimentação

(na disponibilidade e consumo de alimentos, e na ingestão de energia e nutrientes) e

consequências dessas variações no estado nutricional;

- e avaliar a variação sazonal na disponibilidade familiar de alimentos em Portugal com

recurso ao Inquérito às Despesas das Famílias, mais especificamente, descrever a variação

sazonal, identificando os grupos de alimentos onde esta é mais relevante, e avaliar o efeito

das variáveis sociodemográficas na disponibilidade de alimentos e sua interacção com as

variações sazonais.

Das pesquisas preliminares efectuadas para esta investigação estabeleceram-se as

seguintes hipóteses:

- a disponibilidade de alimentos para consumo pode sofrer variação sazonal motivada pelas

características de produção e facilidade de armazenamento dos alimentos, tradição de

consumo em determinadas épocas do ano e diversos fatores ambientais;

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- as diferenças encontradas na variação sazonal de alimentos estão relacionadas, pelo

menos em parte, com características sociodemográficas da população;

- a sazonalidade na alimentação tem repercussão no estado nutricional;

A pesquisa e investigação efectuadas com vista à concretização dos objectivos

resultaram na elaboração de dois artigos, apresentados separadamente nos capítulos 1 e 2

deste trabalho:

- no capítulo 1 é apresentado o artigo de revisão sobre o impacto da sazonalidade nos

hábitos alimentares, destacando-se as diferenças e as semelhanças entre países mais ricos

e desenvolvidos e países mais pobres e pouco desenvolvidos no que respeita à influência

da sazonalidade na aquisição e disponibilidade de alimentos para consumo, variação

sazonal no consumo de alimentos e ingestão de energia e nutrientes, e ainda no impacto

que estas variações sazonais podem ter no estado nutricional;

- no capítulo 2 é apresentado o artigo de investigação sobre a influência da sazonalidade na

disponibilidade familiar de alimentos e bebidas em Portugal que, sendo este o primeiro

trabalho com essa finalidade, tem carácter predominantemente descritivo e será um ponto

de partida para futuras investigações.

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CAPÍTULO 1

“Seasonality and human diet: from production to nutritional status”

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23

ABSTRACT

Background: The influence of seasonality begins in the food production, since the vast

majority of plant species and many species of animals used for human consumption are

subject to an "agricultural calendar" imposed by the succession of the seasons, modifying

the availability for sale, acquisition or, ultimately, food consumption and its consequences on

nutritional status.

Aims: The aim of the present study is to identify the relevant literature that collect

information on the seasonality of diet (in food availability, food consumption and energy and

nutrient intakes), and its impact on nutritional status.

Methods: A systematic literature review, using the search terms “season”, “food supply”,

“food access”, “food availability” and “food consumption” was performed in the PubMed, ISI-

WEB of Science, Scopus and Agricola databases, subsequently completed with snowball

strategy. Papers published in English or Portuguese in the last 30 years until October 2013

were conditions.

Results: The searching criteria result in 33 papers to review, with the oldest paper published

in 1985. The results showed that most of the fresh food produced, sold and purchased by

households in any country is still subject to seasonal changes. Although scarce, there are

studies that showed a clear seasonal influence on purchase of foods such as fruits and

vegetables, even in urban areas and less developed countries. Much more studies have

showed marked seasonality in food consumption, which may be different depending on the

social group, economic status and culture, and this is higher in less developed countries,

where most families depend on the production of food for home consumption. Seasonal

variation in energy and nutrients intake was lower when compared to the consumption of

food, and the variation in macronutrients´ intake tends to be smaller than the variation in

micronutrients´ intake. These seasonal changes, if significant, tend to be reflected with

greater or lesser severity in the nutritional status, leading to health consequences, according

to the country or group studied.

Conclusions: Research found there are differences on the influence of seasonality in the

regions of a country and between countries, being poor and less developed countries more

affected, resulting in worse health consequences. Future research should focus on how

seasons influence household food habits. As there are few studies on this area, it is also

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24

needed to implement research with focus in the relation between seasonal consumption and

nutritional status.

Keywords: season, food supply, food access, food availability, food consumption, review,

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25

INTRODUCTION

The influence of circadian rhythms in physiology and human behavior is now well

accepted, with numerous studies documenting that, whereas the influence of the annual

cycle of the seasons is less obvious and less well explored by researchers. However, there

are evidence of seasonal changes in the patterns of birth, death, suicide and disease, even

in the most developed and richest countries. (1)

One of the most obvious seasonal influences for humanity is the change in eating

habits throughout the year, which since antiquity were conditioned by the availability of food

provided by the rhythm of the seasons and associated weather changes, allowing the

consumption of fresh food only in harvest times. (2) Using the traditional methods of food

preservation, preserved food was consumed when fresh food was not available or in the

presence of reduced availability of other foods. (2)

Increasing industrialization and technological development in agriculture and the

appearance of more sophisticated food preservation techniques contributed to apparent

timeless marketing of most fresh foods in the developed countries, and the use of food by

consumers is more dependent on the cost and convenience than on the seasons and

weather conditions per se. (2)

Despite such advances, the marketing of food continues to be strongly influenced by

its production, recognizing that the seasonality is one of the factors that influence food supply

and availability throughout the year, (3-8) but one should not forget that there are other

determinants of food consumption that influence eating behavior, giving it a seasonal

character independent of production and marketing, being cultural habits identified as one of

the main responsible for these differences. (6-15)

Changes in food availability throughout the year are responsible for changes in food

consumption, which in turn are associated with changes in the energy and nutrient intakes

that, if achieving physiologically significant differences, may be sufficient cause to trigger the

onset of a nutritional deficiency or excess, and induce metabolic disorders with unintended

effects on nutritional and health status. (8,9,13,16,17)

It is therefore important to investigate the seasonal food behavior and to determine

the effect of this seasonality on nutritional status of individuals and the community. In

epidemiological studies that are intended to assess the adequacy of food consumption or

energy and nutrient intakes made by individuals and compare them with the dietary

reference intakes and recommendations, it is necessary to know the differences that may

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exist throughout the year, to control this important variation factor and the confounding in the

conclusions, (4,5,7,18-20) as well as to redefine dietary and nutritional recommendations.

(4,9)

On the other hand, it is also important to determine the magnitude of differences in

food consumption found throughout the year and its relationship to disease risk, (6,7,9,13,16)

because it is thought that some of the inconsistencies in results of different studies are due to

seasonal variation in data collection, which is then reflected in food consumption and nutrient

intake and consequent change in plasma levels of the nutrients in research. (9)

The knowledge of the implications of seasonality in food consumption and nutritional

status of individuals and the community is essential when seeking to promote individual and

community health through the implementation of comprehensive health policies that also

focus differences found in eating habits of individuals and communities throughout the year.

(4,9)

Being seasonality identified as one of the determinants of dietary habits which may

result in changes in nutritional and health status of individuals and communities during the

year, and not knowing a review of published literature related to this topic, this paper aims to

fulfill this lack. Thus, its objective is to identify the relevant literature that collect information

on the seasonality of diet (in food availability, food consumption and energy and nutrient

intakes), and its impact on nutritional status.

METHODS

In preparing this review paper the following search strategy was applied: the use of

the keywords (Medical Subject Headings – MeSH) “season” combined with “food supply”,

and combined with the keywords “food access”, “food availability” and “food consumption” in

the PubMed, ISI-WEB of Science, Scopus and Agricola. Subsequently the same keywords

were used in “natural language” in the mentioned databases in order not to miss potentially

relevant papers.

Whenever possible, imposed conditions were applied: the studies had been

performed in humans and the papers published in English or Portuguese in the last 30 years

until October 2013, not limiting the search to any other conditions.

Page 39: Sazonalidade e Alimentação - Repositório Aberto · 1. Sazonalidade na produção, na disponibilidade, no consumo e no estado nutricional 9 2. Sazonalidade, sustentabilidade ambiental

27

It was also used the “snowball” search strategy, which included other papers with

interest to this study identified from references of the relevant papers which met the same

criteria and had not been previously included.

Finally, the national and international official websites relevant to the ongoing

research were also used, such as the sites of producers and traders associations, consumer

protection, ministries of agriculture and health, among others.

Several papers were found by these search criteria. After read the titles and the

abstracts some were eliminated, being obtained 38 published papers from studies conducted

in different countries or communities, with the oldest paper published in 1985. However 3

papers were removed because the complete paper had not been obtained, resulting in 35

papers to review, listed and summarized in annex 1.

This literature review included all papers related to the subject, besides the country,

social and demographic characteristics of the community, type and sample’ size, methods

used to collect and process data or even study objectives.

Given the diversity in the origin of the studies which resulted in the publication of

papers, but at the same time the shortage of papers published in order to evaluate the

seasonality in the availability or consumption of food, in the energy and nutrient intakes and

in the nutritional status, it was not possible to standardize criteria for a systematic review.

Therefore, this literature review included all papers related to the subject, besides the

country, social and demographic characteristics of the community, type and sample’ size,

methods used to collect and process data or even study objectives.

RESULTS

It is important to distinguish between the effects of seasonality in food production and

availability for sale, and the effect of seasonality on the acquisition and availability of food for

human consumption. (20) For example, in western society there is more purchasing and

consumption of dried fruits and nuts in winter, especially in Christmas and New Year

celebrations, despite being available in the markets during the whole year, and so they can

be considered seasonal foods; on the other hand, there are foods, like potatoes, tomatoes,

garlic or cauliflower, which despite strong seasonal production, are purchased and

consumed throughout the year, not being considered seasonal foods by most of the

consumers. (8,10,21)

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28

I) Seasonality in the availability and acquisition of food for consumption

There are few studies that seek to evaluate the seasonal purchase and availability of

food by families. The published papers referring the seasonal purchase or availability of food

rarely had the aim to evaluate these differences throughout the year, but when considering

the seasons in the control variables’ they frequently found seasonal differences.

One of the few studies conducted in developed countries where it was evaluated the

seasonality on household food availability was performed in the US; this study aimed to

assess the household availability of foods purchased by non-commercial routes or alternative

routes to traditional marketing. (5) This was the only study that included the marketing of

seasonal fruit and vegetable production by street vendors, direct sales by farmers and fairs,

but there was no major change in the availability of food for purchase by consumers, even in

winter, because of the small contribution of this way of marketing foods, even in more rural

communities. (5)

In another study - a pilot study performed in New Zealand, from the analysis of

electronically sales data from supermarket and other places where participants effectuated

purchases, seasonal changes were found in the purchase of fruit and vegetables, being

higher in the summer and lower during the winter. (22)

Also in Benin it was found that fruits, vegetables and staple foods were purchased by

the households with the same seasonal variation that were available on the market, (23) and

another study conducted in South Africa also found that fruits and vegetables rich in β-

carotene were available for family consumption (particularly by children) with the same

variation that they were available after the crops and in the markets. (24)

In Mozambique, in a study aiming to assess seasonality in household food availability

using the “National Household Survey” (NHS), it was found that in rural areas the availability

of maize and other cereals was higher in the months of January to August, coinciding with

the harvest and post-harvest periods, and the availability of cassava and other roots and

tubers was exactly the opposite, being more available in the months of September to

December; in urban areas, where there is a greater importance and availability of bread and

other wheat-based products, the seasonal availability of maize and other cereals, cassava

and other roots and tubers was the opposite to the rural areas. (25)

In the same study, other food groups revealed seasonal availability, which was

different in rural areas – where only the availability of fish and sea animals was not different

Page 41: Sazonalidade e Alimentação - Repositório Aberto · 1. Sazonalidade na produção, na disponibilidade, no consumo e no estado nutricional 9 2. Sazonalidade, sustentabilidade ambiental

29

throughout the year, and in urban areas – where were the vegetables that did not shown a

seasonal availability. (25)

In urban and industrialized societies of the richest countries there are minor

fluctuations in the availability and in market food price, since they are less dependent of the

national production or home production for self-consumption, that is, there is greater stability

in supply and prices in the food marketing by traditional ways when compared with the

poorest and less developed countries, more subject to inflation and volatility of food prices,

(26,27) which could change the pattern of choices and food purchasing by households in

these countries.

Therefore, it will be expected that in poor and less developed countries, seasonal

availability of food is also reflected in great differences in food consumption throughout the

year, but even in developed countries it is possible to find out seasonal changes in food

consumption in close relation with the pattern of acquisition and availability of food. (5,9)

The relationship between availability / acquisition and consumption may differ

between urban and rural communities, and within the latter, between farmers and non-farm

workers, as was shown in a study conducted in a rural community in the US, in which it was

evaluated the influence of seasonal availability in the consumption of fruit and vegetables -

one of the most studied food groups that has shown greater seasonality in consumption

associated with its production and availability in the market for sale and purchase by families.

(5) It was also showed that there was greater availability in the market and consumption of

fruits and vegetables during the harvest, and this variation was higher among farmers. (5)

Similar trends were seen in vegetable consumption in a community gardening project with

Hispanic farmworker families in US. (28)

Though the main place for purchasing fruits and vegetables throughout the year were

the small markets in the community, during the harvest season increased the proportion of

other local places (such as street fairs and stands), the attainment of home production for

self-consumption and yet for farmers and rural workers, the workplace. (5)

Although the purchased and available foods for the family may be consumed by any

one of its members it is known that certain food preferences are different depending on the

age and sex of the family members. For example, in a study performed in Austria it was

verified that women consumed more fruit than men, and the fruit consumption increased with

increasing age, but differences were not significant between seasons and geographic

location. Similar results were obtained regarding the consumption of vegetables, except in

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30

relation to the seasons, where there was lower consumption in winter compared to summer.

(29)

It seems that home food availability increases the consumption by family members,

as demonstrated in the same study, where the availability of fruit and vegetables was

associated with higher consumption of these, especially for men. (29)

Despite a study where it was not found a clear relation between home availability and

consumption of fruit and vegetables, (30) the relationship between household food

availability and increased consumption has also been well documented in a study review,

(31) and it is possible that something similar occur with the other foods, as has been shown

in studies comparing family food availability and individual food consumption. (32-34)

II) Seasonality in food consumption and nutrient intake

To estimate food consumption or energy and nutrients intake, the analyzed studies

used food frequency questionnaires, (8-10,13,16,18-20, 35) food diaries, (7,23,36-44) 24-

hours dietary recalls, (4,17,45-48) or even combinations of two collecting methods,

(24,29,49) designed to include different seasons during the period of data collection,

including or not the same individuals in evaluating the different seasons.

A) Rich and developed countries

As mentioned previously, and with the exception of just a reference, (5) studies in

developed countries that directly evaluate the contribution of non-marketed food in

household food availability, such as those obtained in home production for self-consumption

or food offerings, were not found. In this way, the household food availability and

consumption reflect essentially the food purchasing by commercial routes.

Although the limited number of studies related to the seasonal food consumption,

seasonal differences in the consumption of foods such as vegetables and/or fruits were

reported: Schätzer and colleagues found that the frequency of vegetables consumption in

Austria was significantly lower in winter, although the frequency of fruit consumption was

stable throughout the year, attributing the observation to the fact that the availability and

variability of fresh vegetables in markets is higher in spring and summer, while the availability

and variability of fruit was similar over the year. (29)

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31

Also in the UK, Cox and colleagues found that the consumption of salads was less

frequent in the winter than in summer, but the fresh fruit consumption was more often

referred as being consumed in an identical manner during the year. (9)

Locke and colleagues found a higher consumption of fruits and vegetables during the

agricultural harvest calendar in rural agricultural community in the US, which was particularly

high in the fall. (5)

In an earlier study conducted in Japan, only in women some differences were found

in the frequency of consumption of fruits and pickled vegetables (higher in winter), and

consumption of fresh vegetables and green tea (higher in winter and spring). (35)

Although a seasonal consumption was often attributed to vegetables and fruit,

expected from equally seasonal agricultural production and availability in markets, it was also

found seasonal differences in other foods consumption, as observed in the study conducted

by Joachim in Canada, where the consumption of hot cereal and roasted chicken were

higher in winter than summer, and the consumption of eggs, cantaloupe and fresh spinach

were higher in summer than winter; on the other hand, the ice-cream consumption did not

show differences, while the consumption of potatoes, rice and chocolate showed small

differences between the two seasons. (20)

In a slightly larger number of studies, seasonal variations in food consumption and

consequent variation in energy and nutrient intake were found.

In a study conducted in pregnant Finnish women, Prasad and colleagues found large

seasonal fluctuations in consumption of vegetables, fruits and berries and cereals, and even

in specific foods such as rice, pasta, sauces, processed meat products, ice-cream, tea,

juices and soft drinks (8): the global consumption of vegetables was higher in summer and

lower in winter, but differences were noticed in subgroups of vegetables; the consumption of

fruit and berries was lower in the summer, but the isolated consumption of berries was higher

in summer and autumn, as a high consumption of imported citrus in winter was noticed; tea

consumption was higher in autumn and winter, while the consumption of juices and soft

drinks, sauces and specially ice-cream, was higher in summer. (8)

In the same study, as a result of obvious seasonal differences in food consumption,

there were significant seasonal fluctuations in nutrient intake: a higher proportion of energy

proceeding from total fat, particularly monounsaturated fatty acids, in the summer, while the

lower consumption of dietary fiber happened in this season (8); seasonal consumption of

food has also translated into fluctuations in vitamins and minerals intakes: vitamin E intake

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32

was higher in summer, while folate intake was higher in winter and lower in summer, and

vitamin D intake was lower in autumn; iron intake was also significantly different in the spring,

summer and autumn, while the differences in vitamin A and vitamin C were not significant.

(8)

Capita and Alonso-Calleja also found large variations during the year in the

consumption of fruits, vegetables and dairy products by Spanish young adults of both sexes

(36): foods like oranges, bananas, green beans and dried fruits were consumed more in

winter, while foods like melons, tomatoes, lettuce and ice-creams were consumed more in

summer. In this study, men eat more food in winter, and considering food groups individually,

eat more food of almost all groups in winter, just eating more vegetables in summer; in

women there were no significant differences in the total amount of food consumed

throughout the year, although there were some differences in the amount consumed from

different food groups over the year. (36)

These differences in food consumption were reflected in the intake of many of the

investigated micronutrients, lying variations throughout the year that have reached different

magnitudes in both sexes, but while the differences in men were mainly due to the amount of

food consumed, in women the differences were mainly due to variation in nutritional density

of the consumed foods. (36)

In China, Fowke noted that Chinese women consumed more meat (particularly pork),

fish, wax gourd, soybean and vegetables, and less fruit in the winter, but higher consumption

of seafood and certain vegetables in the summer, as well as other changes in food

consumption in the fall and spring, and that the rice consumption was not significantly

affected during the year (19); also the effects on energy and nutrients intake showed to be

different along the year, there was a higher intake of energy, fat and protein by women who

participated in the study in winter, and lower intake of carbohydrates in the same season.

(19)

In another study, Shahar and colleagues found that Israeli men consumed

significantly higher amounts of boiled eggs and meat (especially lunch meat and shishlik), as

well as higher consumption of dairy products in winter; these changes were reflected in a

higher intake of total fat, saturated fat, polyunsaturated fat, cholesterol and some

micronutrients such as sodium, zinc, magnesium, thiamin, vitamin D and vitamin E and,

though not being significant, also a higher energy intake in winter. (13,16)

Subar and colleagues also found differences in the consumption of several foods

throughout the year in the US: the ratio of consumers of chocolate, peanuts, oranges, wine

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33

and liquors was higher in winter and, in men, also the consumption of liver and grapes; in

women, the ratio of liver and grapes consumers was higher in spring, as well as the

consumption of ice-creams (this last one was more consumed in spring and summer for

men); in general the ratio of consumers of these foods was lower in autumn and, in spite of

other variations in the ratio of ingested food, the results for other foods were inconsistent in

both sexes. (18) In this study the different food consumption over the year was not

expressed in significant differences in median intake of energy and nutrients. (18)

In the study done by Bingham and colleagues in the UK it was verified a trend for

lower intake of nutrients in spring and summer, but significant differences were only found in

the intake of carbohydrates, starch, calcium and retinol, which were lower in the summer.

(50) These differences had no apparent relation with the significant lower consumption of

soups and sauces also identified in the summer, since other foods did not show significant

differences. (50)

In a study conducted in the US by Ziegler and colleagues, it was found that the serum

carotenoids was straightly related to the recent consumption of rich carotenoids fruit and

vegetables, and the intake of carotenoids in autumn-winter was about 2/3 of the intake in the

spring-summer and the consumption of rich carotenoids fruits and vegetables had the same

proportion in these periods; found even higher seasonal consumption of fruits compared to

vegetables, representing the consumption of fruit in autumn-winter 1/3 of what was

consumed in spring-summer. (10)

On the other hand, in the same study, the list of foods that made up the survey

frequency questionnaire, watermelon, cantaloupe, peach, nectarine and tomato were more

consumed "in season", while the courgette was consumed throughout the year; cabbages,

carrots, peas, broccoli, winter squash, yam-pumpkin and canned peaches were more

consumed in autumn-winter, while the tomato, lettuce and green beans were consumed

more in the spring-summer. (10)

Moreover, a study conducted in Japan by Fahey and colleagues showed a higher

intake of carotenes and vitamin C in autumn and winter, being attributed to a higher

consumption of specific fruit and vegetables with great cultural preference, available at these

seasons. (7)

However, a study by Giles and colleagues in the UK showed a higher vitamin C and

folate intake in summer and lowest in winter, probably due to greater consumption of fruit

and salads in the summer, while there were no significant fluctuations on energy and

macronutrients intake. (37)

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34

Equally important seems to be the seasonal variation of the consumption of traditional

foods in nutrient intake, especially in the groups that depend on other food sources which are

not common in the market, as it is often found in indigenous Canadian, where the intake of

micronutrients is higher in the seasons in which these foods were consumed more. (47)

There are still some studies in which seasonal variations were found in energy and/or

nutrients intake, however they don´t make reference to the variation in food consumption that

underlies it, as presented below.

In Brazil, in the metropolitan area of Porto Alegre (southern region), Rossato and

colleagues found a higher intake of carbohydrates in the Summer and lower intake of total fat

in the same season in all groups. (4) However the gender modified the effect of the season in

the intake of energy, carbohydrates, total fat and, in less extension, calcium; also the age

modified the effect of the season in the intake of energy, protein, carbohydrates, total fat and

calcium, even though not all were significant. (4)

Yannakoulina and colleagues verified in a sample of Greek children and adolescents

that energy intake in the spring-summer was significantly higher than in the autumn-winter

and that, despite the intake of carbohydrates is significantly higher in the spring-summer, the

relative contribution of macronutrients to the energy intake in the two periods was not

substantial, the same happened for the intake of vitamin C and calcium. (45)

On the other hand, in Japan, differences were found in vitamin C intake, which was

higher in the fall in both sexes, and salt consumption was higher in the spring and summer in

both sexes as well; moreover, the protein intake was higher in women only in spring, but the

variation in energy and other nutrients intake was not significant. (38)

Also in another study conducted with Japanese women, Tokudoeme and colleagues

found significant seasonal differences in vitamin C and carotene intake, being about 20%

higher in autumn compared to summer; whereas the intake of dietary fiber, zinc and copper

were higher in winter and lower in the spring-summer. The intake of energy, protein, total fat

and various fat fractions, and many of the micronutrients analyzed were significantly higher in

autumn and lower in summer. (40)

In the US, Ma and colleagues found differences in the intake of energy and nutrients,

but only the relative contribution of energy proceeding from total fat and saturated fat had

been significantly higher in the fall, when the energy intake was also higher; the relative

contribution of energy proceeding from carbohydrates was higher in the spring but without

being significant, while the energy proceeding from protein was relatively stable along the

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35

year. (17) This study also demonstrated that the seasonal effect on energy and nutrients

intake was influenced by gender, age, race/ ethnicity or even by education level. (17)

In pregnant New Zealander women there were significant seasonal differences in

macronutrient intake, including total fat, saturated fatty acids and dietary fiber, and in the

spring higher intakes of these nutrients were found; despite being omitted in relation to the

amount of food consumed and total energy intake by pregnant women in different seasons,

the intake of most of the analyzed nutrients was lower in the summer. (39)

In general, studies about the intake of energy and nutrients in developed countries

have shown inconsistent results regarding seasonal variation: while in some there were no

significant differences in energy intake over the year, (4,8,13,16,37,38,50) in others it was

found a significantly higher intake in winter (17,19,36,40) or, on the contrary, a significantly

higher intake in summer. (18,45,47)

Sometimes the variations in energy intake during the year were different in both

sexes: in a study men showed greater seasonal influence, while it was not significant for

women (17,36) or, as seen in another study, the highest values in the energy intake were

different in both sexes. (4,18) Also the age, (4,17) race/ ethnicity (17) and education level (4,

17) influenced the seasonality in energy intake: in a study the higher energy intake was in

summer for the older (age between 60 and 70 years old), in the fall for the middle-aged

(between 50 and 60 years old) and in winter for young people (between 40 and 50 years

old). The same study also found that the higher energy intake for Caucasians was in winter,

while for individuals of other races and ethnicities was in the fall, and that the variation on

energy intake during the year was higher in individuals with lower educational level. (17)

Regardless of changes in energy intake, the variation in nutrient intake is common,

and while the intake of nutrients tend to be smaller than the variation in the micronutrients

intake, (6,15) there are several studies that show seasonality in the intake of macronutrients

as total fat, (4,8,13,16,17,19,36,39,40) saturated fat, (13,16,17,36,39,40), monounsaturated

fat, (8,36,40) polyunsaturated fat, (13,16,36,40) proteins, (19,36,38,40) carbohydrates

(4,8,17,19,36,45,50) and starch, (39,50) as also alcohol, (36) dietary fiber (8,19,36,39,40)

and cholesterol. (13,16,36) But there are studies where no significant differences in these

macronutrients intake were found. (37)

However, vitamin C (7,8,18,36-40,50) and calcium (4,8,13,16,19,36,37,39,40,45,50)

are further analyzed nutrients and have shown to have greater seasonal variation, but even

so, with differences on the season in which they have higher intakes: while there are studies

in which the intake of vitamin C was higher in summer, (7,37) in other studies was lower in

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36

summer. (8,38-40) In some studies, calcium intake was higher in the spring (37,39), but in

others was higher in winter, (19,36) or in the fall. (40,50) Sometimes there were no

differences in vitamin C intake (4,45,50) and calcium intake, (4,8,13,16,45) or there were

differences between genders in the season when the nutrient intake was higher, as in the

case of vitamin C. (18,36)

B) Poor and developing countries

In less developed countries, the influence of seasonality in food consumption is very

large, since most of the population depends on food production for self-consumption, with

several studies showing the importance of these foods in home food availability. (24,41,51-

53) The contribution of this mode of obtaining food is strongly influenced by weather

conditions associated to the seasons, (25,41,52) which together with the availability of food

in the market and the purchasing power of the family, determine the home food availability

and family food consumption. (24,25,41,42,54,55)

In these countries, the rainy season or the season where there is extreme drought

more families are subject to food insecurity, i.e., with lower food availability, being the

poorest households living in rural areas more vulnerable to these fluctuations,

(23,41,48,52,56,57) but following the same trend in the poorest households in urban areas.

(54,55)

Generally, in poor countries the diet is characterized by monotonous foods, where in

addition to cereal and/ or tuber staple foods, the diet is complemented with very few other

foods (23,58). Even so, food diversity shows marked seasonality, generally being higher

when food availability is also higher, (48,55,56,59) which contributes to the intake of more

micronutrients, (24,55,60) especially in rural families where food production for self-

consumption is higher. (53)

Given the seasonal scarcity of foods often found in less developed countries, families

tend to distribute foods differently within their members, being women and children more

vulnerable to this changes, (44,61-64) although not all studies conducted in less developed

countries were consistent with this observation. (43,44,52,65,66) It is likely that these

inconsistent results are due to cultural and religious habits or beliefs regarding the status in

society, (63,65) but also to the different methods applied in the studies.

Various strategies are used to compensate the decreased household food availability

prior to harvesting and improve food diversity, changing the food behavior, using strategies

to minimize the reduction of food available in the most unfavorable seasons, as decreasing

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portions, make fewer meals throughout the day (which are replaced by frequent snacks with

low calorie foods to alleviate the feeling of hunger), or use of prophylactic plants and

practices to minimize the superstition associated with the consumption of taboo foods usually

not consumed in periods of greater abundance of food, being these behaviors more

prominent in women and children. (52,57,66) On the other hand, younger children eat more

caloric snacks, which contribute significantly to the energy intake outside the main meals.

(42,65)

The greater or lesser success of these strategies explain, at least in part, the reason

why sometimes they weren´t significant changes in energy and nutrients intake, regardless of

seasonality in food consumption.

In these societies, social cohesion is usually high and social support has also been

shown important when the household food availability is low. (26,57)

Mitchikpe and colleagues found seasonal variations in food consumption by Benise

rural children related to the agricultural availability of food, but where only fat and vitamin C

intake showed seasonal variation, attributed to higher consumption of shea butter and fruit

and vegetables in the pre-harvest season. (23)

In another study conducted in Kenya, Kigutha and colleagues found that the intake of

calories, protein, fat, iron, niacin and vitamin C showed no significant seasonal variations

between the pre-harvest season and harvest season, being only significant variations in

calcium, vitamin A, thiamine and riboflavin intake, attributing to the higher vegetables and

beans consumption in the pre-harvest season the attenuation of the reduction of many of the

nutrients; on the other hand, in young children from the poorest rural families, differences in

caloric intake between the pre-harvest and harvest seasons were also found. (67)

Anyway, in studies intended to evaluate the seasonal food consumption, it has been

shown that the variety and quantity are higher in the harvest and post-harvest seasons.

Becquey and colleagues found in Burkina Faso that during the lean season, staple

dishes were often bought ready to eat and less prepared at home with fresh ingredients by

urban households. (55) The lean season was associated with lower food security compared

to the post-harvest season and, with the exception for vitamin B12, nutrient adequacy ratios

were also lower in the lean season. (55)

In the same country, Savy and colleagues found that rural women consumed more

legumes, cow's milk and vegetables, and consumed less purchased food as meat, oils and

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fats in September (post-harvest season), maintaining a good dietary diversity compared with

the month of April that preceded the harvest season. (48)

Graham found that families of a village in Peru consumed more locally produced food

in harvest and post-harvest seasons, most notably in the poorest families; she also found

that women from poorer families ate fewer calories in the pre-harvest season than women

from families with better resources. (41)

The same author also found that younger children showed the greatest decrease in

calorie intake after the harvest season, increasing somewhat during the pre-season, being

this observation associated with the inability to assess the consumption of food away from

home, but in general, a decrease in energy intake at the pre-harvest season was noted. (42)

Tetens and colleagues found that energy intake increased about 20% from the pre-

harvest season (October-November) to harvest season (February-March) in the inhabitants

of a village in Bangladesh, and the greater energy intake in the harvest season came mostly

from rice consumption. (43)

In the same country, in another study, it was found that in adults the intake of calories

in the first months of the year was significantly higher, coinciding with the harvest season, but

in older children this difference did not happened; in younger children similar changes were

observed but only for boys, because in the girls a higher intake of calories in the pre-harvest

season was found. Protein intake was also higher in the first months of the year in all age

groups and both sexes. (44)

A study conducted in South Africa found that children ate more β-carotene at the time

when fruits and vegetables rich in this nutrient were more available for consumption

(November), and associated with the consumption of these foods, presenting simultaneously

higher iron and calcium intake and to a lesser extent, magnesium, vitamin C and riboflavin.

(24)

In summary, despite the exceptions found in some studies on energy, (23,67)

proteins, (23,67) carbohydrates (23) and fats (67) intake, there are seasonal fluctuations

more or less marked in the energy and nutrients intake associated with fluctuations in food

consumption, being energy intake higher in the harvest and post-harvest seasons, (41-

44,46,54,55) and the same trend is observed in the intake of macronutrients like proteins (44,

46) and total fat, (23) but also in micronutrients such as vitamin C, (23,24,55) β-carotene,

(24) vitamin A, (55,67) calcium, thiamine and riboflavin, (24,55,67) among others. (24,55)

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39

III) Seasonal variation in nutritional and health status

It was expected that the seasonal change in energy and nutrients intake will result in

changes in anthropometric and analytical parameters, with equivalent seasonal impact on

the nutritional and health status, but also here the results found in various studies are

somewhat inconsistent.

Few published studies address the seasonal changes in nutritional or health status in

developed countries, and even fewer relate changes in nutrition or health status with the

seasonal intake of energy and nutrients.

In a study conducted in the US, Ma and colleagues found fluctuations in weight of

overweight individuals and in energy intake throughout the year: in both genders there was

an increase in weight in the winter, especially in the age group between 40 and 50, which

was associated with greater energy intake in general and fat in particular, in the immediately

preceding period (fall) and decreased physical activity in winter. (17)

In the same country, Cook and colleagues also found an increase in body weight

during the winter holiday quarter, attributable to excessive food consumption in this period.

(68)

Also in other study conducted with Chinese women, Fowke and colleagues found that

in winter the women weighed more and had higher body mass index (BMI), but they also had

higher energy intake, and fat intake in particular, than in summer. (19)

In another study conducted in Israeli men, Shahar and colleagues found differences

in Body Mass Index (BMI), blood pressure and serum total and LDL cholesterol between

summer and winter, reaching higher values in winter, which were related to higher fat and

cholesterol intake verified in that season. (13,16)

The seasonal food consumption and consequent intake of certain nutrients during

pregnancy can influence anthropometric measurements of infants born at certain seasons of

the year, particularly at the cellular level, even if the overall effect of the seasons is not

significant in gestational age, birth weight and head circumference, as was observed in the

study by Watson and McDonald in New Zealand. (39)

Directed toward the consequences on health status, in a study done by Cox and

colleagues, who sought to relate the seasonal consumption of raw salads and fresh fruit with

the development of cardiovascular disease (CVD) and cancer, (9) it was found that in men,

regular consumption of salads in winter had greater protective effect on the development of

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CVD and cancer than the regular consumption of these in the summer, although the

consumption of fruits did not show significant protection in any of the seasons. In women,

regular consumption of salads in any season had a protective effect on the development of

CVD, but not in the development of cancer, while consumption of fruit showed less significant

protective effect on the development of CVD and just regular consumption of fruit in winter

showed a protective effect in cancer development. (9)

In the poorest countries the consequences of the seasonal energy and nutrients

intake on nutritional and health status tend to be more expressive. Considering the studies

conducted in different poor Asian, African and American countries, there were some

similarities - an increase in weight and BMI in the seasons in which there is greater energy

intake. (43,46,48,52,54,56,67,69-71)

In India, the BMI of pregnant women was higher after the winter (which coincides with

the time of post-harvest) in relation to BMI of pregnant women with the same gestation time

in the previous season, and weight and length at birth of their babies when they were born

were higher in the summer, being these differences attributed to greater energy intake in the

harvest season (winter). (46)

Another study of pregnant women from a rural area of Nepal also showed higher

prevalence of anemia and multiple micronutrient deficiencies in the rainy season, associated

with less variety and quantity in food consumption in that season. (69)

The BMI of women in villages of Burkina Faso is also higher after the harvest season,

both in the poorest and in the most advantaged classes, being related to higher energy

intake and higher rates of food diversification. (48) In the same country, a different study

demonstrated that the adult BMI increased in the harvest season associated with 1 kg

increase in adult´s weight, although the results of other anthropometric measures, as the

perimeter of the arm, were not evident; in children, changes in anthropometric measures

were contrary to expectations, being these differences unclear. (56)

In the Democratic Republic of Congo, it was also found that women were subject to

greater fluctuations in weight compared to men, losing more weight in the pre-harvest

seasons and gaining more weight in the harvest seasons. (52)

In Bangladesh, many years ago, there was a higher prevalence of malnutrition or

poor growth in children and adolescents of both sexes in the rainy season. (54,70) In this

same country it was found that the rural population, highly dependent on own crops,

presented fluctuations in energy intake throughout the year in both genders and at different

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ages, but children and adolescents were better adapted to these fluctuations because the

prevalence of undernutrition was similar throughout the year. (43)

In Kenya, the growth of children from poor families proved to be influenced by

seasonal fluctuations in household food availability, showing significant improvements in

harvest season, especially in children of larger families. (67)

In Gambia, even children who lived in urban areas, where the seasonality in food

availability was not determinative for energy and macronutrients intake and getting food was

not dependent on own families production, there have been significant fluctuations in the

growth of children between the rainy and dry seasons. (71)

In these countries it is common to see in the individuals subject to higher food

deprivation physiological adaptations such as a decrease in basal metabolism (associated

with loss of weight, fat and muscle mass), and possibly the option for lighter work and / or

longer periods of rest during times of greatest need. (43,52)

DISCUSSION

The determinants of food choices are wide and varied, (72,73) but the "environment"

where individuals are is often neglected in detriment of genetic, physiological, sensory,

economic or even cultural aspects. One of the most obvious environmental determinants is

the seasonality, which despite influencing the availability of food, especially by its influence in

production and availability of food within families, has received little attention.

It is well accepted that several days are needed for a correct individual nutritional

assessment, (7,13 38,40) but studies have shown that there is a marked seasonal variation

in the intake of some nutrients that are due to the consumption of different foods, either in

quantity or quality, often of seasonal production. (7,8,13,23,36,54)

The effect of the seasons is therefore an important source of variation in individual´s

food consumption and nutrients intake, both in rich and developed countries as in poorest

and less developed countries, but may have different effects depending on the social group

(ethnicity, gender or age) (4,23,29,36,41,42,45,47,57) or socioeconomic status considered,

(19,41) regardless of climatic changes between seasons that influence the production,

availability and price of food for sale. (4,8,42,54,74)

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42

Many of these observations can be subject to methodological bias or other, (18) but it

is possible that many of them are real and related not only with food availability, but also with

cultural influences, (4,7,8,47,58,63,65) specially noted in festivities and holidays, (68) or even

the much longer duration of the day in relation to night in some seasons. (47)

In a social perspective, and being eating habits in families not exclusively affected by

seasonal availability of food production, it appears that cultural influences on food behavior

also show cycles over the year, giving a seasonal character to eating habits. Thus, and

without misrepresent cultural practices that define the identity of a country or region, but at

the same time not neglecting the potential problems for the nutritional status deriving from it,

it is a priority to perform holistic interventions. (75)

Access to and availability of food are possible to handle and can get great health

benefits, even with small changes in household food availability. (31) It is therefore important

to implement simultaneously broader and ecological programs in incentive and regulation of

production and marketing foods, that should favorably modify the accessibility and the

community "food environment" on which consumers are subject and thus eliminate barriers

faced in adopting healthy eating habits. (3,11,76-86)

On the other hand, the establishment of partnerships between producers and

cooperatives with social agencies allow the disposal of surplus peak production, which

instead of receiving subsidies for crop destruction could be allocated as donations to poor

families or institutions, supporting them as a partial replacement of the financial assistance

they receive from the Government. (11,76)

However, economic intervention is time consuming, as it requires a jointed work

between various public and private entities, and cannot bring effects as fast as desirable to

avoid unintended consequences on nutritional status of individuals, families or societies

expected by increasing food insecurity caused by rising food prices worldwide. (85,87-93)

The decrease of economic power of families, even in developed countries, (91-96) and in

particular, Portugal, (97-99) makes essential that the healthy food model should be available

and accessible to everyone.

Moreover, the global concern with food production and ecological and socio-

economic sustainability is growing quickly. Evidence is given to the educational role of

promoting the consumption of locally produced products, or on a larger scale, nationally

produced, at the expense of internationally marketed food. (80,100-104)

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43

Despite the constraints on the availability to purchase food produced in season, which

will be more notable when food is produced closer to the local of consumption, (104,105)

organoleptic characteristics (and in particular the flavor) and the lower price, together with

the optimization of their nutritional value, make them more appreciated by consumers.

(100,104,106)

Enhance the concept of a true "food diversification" by choosing foods in season is

essential in promoting healthy and sustainable eating habits, which was absent from

conventional recommendations for nutrition education for a long time, (103) but now is

beginning to be included in official recommendations of some countries, (107-110) or even in

activity sectors such as catering, by celebrity chefs. (2,111)

So, it is necessary to invest in consumers´ education with regard to healthier food

choices in a perspective of sustainable family economics, (78,83,96,112) focusing, for

example, in the promotion of seasonal food consumption that are cheaper, fresher, tastier

and promoters of more variety, and often in line with the expectations and cultural habits of

consumers, (78,113) instead of "cheaper calories" found in processed foods often preserved

by high amounts of salt or sugar and high saturated fat content. (93)

Governments have the responsibility to ensure a supply of safe, nutritious and varied

foods to its population, allowing them to choose a diet that promotes health. (61) Ignoring the

external political and economic factors of access to and acquisition of food by families, the

food education programs for individual or communities are conditioned to failure, not by

lacking of knowledge or interest of consumers, but by the barriers they face in their adoption.

(76,82,84)

Strengths and weaknesses:

Results from this literature review have to be interpreted in regard of some limitations.

First, most of these studies are of ecological or cross-sectional nature, and had not intended

to assess the seasonality in household food availability, food consumption or energy and

nutrients intake, despite the methodology used in questionnaires for collecting data and

dietary habits allowed detecting differences in food consumption and / or energy and

nutrients intake throughout the year.

Differences in characteristics of the study population in several studies were

accentuated: different age groups (children only, only the elderly, etc.), exclusion or

dominance of one sex (men only, women only, etc.) or physiological condition (exp.:

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44

pregnant), or local of data collection (workplace, hospital, etc.), but also the urbanization

degree of place of residence (rural, urban, etc.).

Besides differences in the population studied, sample selection was also quite

different across studies: different sample sizes, sampling methods (random or convenience

sampling), or representativeness of the study population. The collection and processing of

the data also showed important differences, since the use of very different techniques of data

collection between studies were not always easy to compare (food frequency questionnaires,

food diaries, 24-hours dietary recall, etc.), use of means or medians in results, and the level

of significance or confidence intervals were not always mentioned.

These studies limitations contributed to narrowed comparisons between studies,

whose results cannot be generalized, because the cultural differences within and between

countries are notorious and the quality of the studies is variable.

Despite of some weaknesses, this review has the strength of being the first one

attempting to highlight the relationship between variation in food consumption throughout the

year and the resulting variation in energy and nutrients intake, as well as the impact of these

changes in nutritional status.

In addition, the thorough search of published papers that somehow present relevant

results to the intended purpose and the broadening inclusion criteria for published papers

(publication date, study design, study population, etc.) made possible to distinguish

similarities and differences between regions and countries and between population groups,

with regard to eating habits throughout the year.

Implications and future work:

It is necessary for health professionals to understand the seasonality in food choices

and their relationship to health. In fulfilling one of the requirements of a health promoting diet

- the variety, without compromising the ecological and economic sustainability of the

agricultural system, health professionals have the key role to show the ability to integrate the

seasonality in food production with food consumption in food education programs and health

promotion. (75,114,115)

To achieve this, it is necessary to know what is happening throughout the year in food

habits and nutritional health status. Getting to known the presence or absence of differences

in dietary habits through the year within and between countries, will allow identifying food

habits to maintain and promote and food habits to correct or demote, while respecting the

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cultural identity of the regions of each country and across countries. So that the results are

comparable and that the recommendations are based on arguments put forward, it is

necessary to conduct studies that explore this topic objectively, and it is also necessary to

standardize research methods, including the sample selection and data collection.

CONCLUSION

The network of trade tends to be different depending on the level of the countries´

development and richness, as a result of technological change at the primary production,

processing and marketing of food, as well as the social and cultural needs, reflected in the

availability of food for consumption throughout the year.

In rich and developed countries, as in poor and less developed countries, there are

few and not directly comparable studies that seek to evaluate the seasonality in food

consumption and energy and nutrient intakes. Despite scarce, when it is possible to assess

food consumption over the year it was found there are differences in the regions of a country

and between countries, and that some foods, often fruits and vegetables, showed seasonal

variation in consumption. These differences are often attributed to the household food

availability due to the seasonality of agricultural production and consequent relations

between producers, marketers and consumers, but also to cultural food habits.

However, seasonal intake of energy and nutrients showed more inconsistent results.

In rich and developed countries, seasonal variation in the intake of energy and nutrients was

lower when compared to the consumption of food, and the variation in macronutrients´ intake

tends to be smaller than the variation in micronutrients´ intake, regardless of variation in

energy intake. In poor and less developed countries energy intake was higher in the harvest

and post-harvest seasons, reflecting the same trend in the intake of nutrients.

When significant, these seasonal changes in food consumption and, in particular,

seasonal changes in energy and nutrients intake, tend to be reflected with greater or lesser

severity in the nutritional status leading, in turn, to health consequences.

Despite of the great improvements in food production and transport, the influence of

the seasons in food consumption is still noticeable, so the cyclic variation of energy and

nutrient intakes may represent an important public health problem. It is therefore essential to

consider seasonal variations not only in the assessment of food consumption or energy and

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nutrient intakes and their relationship to the disease, but also in making regional and national

recommendations on nutrition policy and public health.

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Annex 1 - Seasonal variation on food availability, food consumption and energy and nutrient intakes

I) In developed countries

Author(s) Subjects and

Sample Design Results * Strengths * Weaknesses *

Rossato et al 2010 Brazil (4)

162 (114 women), aged 20 to 69 years old, free of medical conditions that could interfere with dietary habits.

24-hour dietary recall on six interviews per person through the year, using a photographic food album to facilitate the identification of the foods ingested and their different portion sizes.

Only carbohydrate and total fat showed differences after adjustment for potential confounders: the carbohydrate intake was higher in summer while total fat intake was lowest. The effect of seasons on energy and nutrient intake depends of gender and age: men´s intake of total fat was higher in autumn and spring and intake of carbohydrate was higher in summer; subjects aged from 20 to 39 years old had higher carbohydrate intake in summer and higher total fat intake in autumn and winter.

Careful was given to the training of the researchers and for minimizing methodological errors in the dietary recall.

Study aims to evaluate energy and nutrient intake instead of foods, so differences may be attributable to differences in food eaten. Reduced number of days per person for dietary recall in each season. Non-probabilistic sample, characterized by a high level of education.

Yannakoulia et al. 2010 Greece (45)

623 children and adolescents randomly selected from a representative sample of Greek children and adolescents of 3 – 18 years old.

Telephone interviews were used to collect information on dietary intake. Dietary assessment was based on two 24-h recalls made with 6 month intervals: the first during the spring/ summer season and the second during the autumn/ winter season.

Daily energy intake in spring/ summer season was 82±31 Kcal higher compared to the one in autumn/ winter season, after adjusting for potential confounders (p=0,008). The contribution of the macronutrients to the total energy intake was not statistically different between the seasons, as also for vitamin C and calcium.

Errors from cognitive reasons or from dietary under-reporting were minimized by carefully interviewing either the parent, instead of the child or adolescent, and quantifying dietary intake using a food probe list containing common household or other measures.

The recall technique is not satisfactory enough to estimate actual intake on an individual basis.

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Prasad et al. 2010 Finland (8)

4880 pregnant Finnish women, of “Type 1 Diabetes Prediction and Prevention Nutrition Study Cohort”.

Transversal study. Validated 181-item Food Frequency Questionnaire applied retrospectively after delivery.

The overall vegetable intake was highest in the summer and lowest in the winter; however there were differences within the vegetable subgroups: cabbages and roots and tubers (except potato) were most consumed in autumn, while leafy vegetables and vegetable fruits were most consumed in the summer. The consumption of fruits and berries was lowest during the summer, but berry consumption alone was highest during the summer and autumn while imported citrus fruits consumption was higher in the winter. Sausages, ice cream and soft drinks were most consumed in the summer and tea consumption was highest in the autumn and winter. There were no significant differences in consumption of fish, meat, milk and dairy, and fat and oils between the seasons and only slight difference in cereal consumption which was highest during the autumn. Seasonal differences in food consumption were accompanied by corresponding variations on nutrient intake, despite no difference on energy intake: the proportion of energy from total fat and mono-unsatured fatty acids (MUFA) were higher in the summer The intake of dietary fiber was lowest during summer as also the proportion of energy from total carbohydrate (but not from sucrose). Intake of vitamin E and iron was higher in summer while the intake of vitamin C was lowest in the same season; the intake of vitamin A was higher in autumn and winter and the intake of vitamin D was higher in spring, while folate was higher intake in winter. There were no significant differences on protein intake and on some other vitamins and minerals (β-carotene, vitamin B6, vitamin B12, thiamin, riboflavin and calcium).

Large population-based cohort representing the overall population of pregnant Finnish women. Use of a validated Food Frequency Questionnaire

Potential for information bias caused by current diet: mothers filled the FFQ retrospectively and seasonal reporting was also possible. More participation of women with higher education and smaller number of children in the study, which are likely to be more health conscious.

Schätzer et al. 2009 Austria (29)

Four independent sub-samples (one for each season) of a total of 2704 Austrian adults aged 19-64 years old.

Cross-sectional study. Nationwide postal self-administered questionnaire, completed with a Food Frequency Questionnaire for qualitative assessment, and a 24-hour recall questionnaire with household measures, for quantitative assessment.

No significant difference in the intake frequency and on average serving sizes of fruits between the different seasons. Participants consumed vegetables less frequently in winter than in the summer (p<0,001), but the average serving sizes were similar.

Representative Austrian adult sample. Efficient implementation and a high response rate in the study.

More participation of women, which are likely to be more health conscious. Estimation of portion sizes using household measures instead of picture examples in the 24-hour recall.

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Locke et al. 2009 USA (5)

101 farm worker Hispanic families and 100 non-farm worker Hispanic families.

Self-administered questionnaire to collect information on consumption of locally grown fruits and vegetables and sources for obtaining them. Data were collected longitudinally coinciding with three agricultural seasons: thinning (summer), harvest (fall) and nonspray (winter).

Fruit and vegetable consumption was highest in the harvest season: apples, pears, plums, peaches and apricots in the fall, and cherries in the summer; asparagus in the summer, peppers, corn and cucumbers in the fall, carrots and pumpkins in the winter, and squash in the fall and winter. Consumption of green beans, tomatoes and onions were similar across the seasons.

Longitudinal cohort study. Well trained research staff.

Convenience sample and small sample size. More women´s participation in the sample and families with a child aged 2 to 6 years old. Potential for information bias due to memory. No collection data on the number of servings of fruits and vegetables consumed.

Giles et al. 2008 UK (37)

357 post-menopausal women, aged 58-65 years old.

Food records based on EPIC food diary, applied with a 3-monthly intervals over a year.

Vitamin C and folate intakes were significantly higher in the summer and in the spring (p<0,001), possible due to higher consumption of salads and fruit; vitamin E, vitamin D, iron and magnesium were also higher in the summer, but calcium intake was higher in the spring.

Longitudinal study

Study design aims evaluate energy and relevant nutrient intakes for studying osteoporosis outcomes.

Ishiwaki et al. 2007 Japan (38)

208 men and 251 women, aged 50-69 years old.

1 day semi-weighed diet record (with “approximate proportion”), applied on three non-consecutive days, four times each season of the year.

The intake of vitamin C was highest in autumn in both men and women.

Subjects were recruited from a wide area of Japan.

Convenience sample.

Watson and McDonald 2007 New Zealand (39)

214 healthy pregnant women, entering the second trimester of pregnancy.

Prospective cohort study. 8 days records of weighed diets in both the fourth and seventh month.

The intake of fiber, phosphor, calcium, selenium, thiamine, vitamin B6, biotin and vitamin C was higher in spring and lower in summer. The intake of total fat, saturated fatty acids and folate was also higher in spring but lower in winter and the intake of sucrose and vitamin D was higher in spring and lower in autumn. Only the intake of sulfur, chloride, sodium, potassium and zinc was higher in winter and lower in summer and β-carotene intake was higher in autumn and lower in spring.

16 days of accurate weighed diet records (8 days in the beginning of the second trimester and 8 days at the beginning of the third trimester).

Possible selection bias due to the heavy compliance burden on the respondents (leading to a cohort slightly wealthier and more homogeneous than the general population, less affected by seasonal variation in price of some fresh produce).

Mhurchu et al. 2007 New Zealand (22)

97 costumers of a supermarket

12-week, single-blind, pilot study performed in summer and winter. Food purchases were measured using individualized electronic shopping data.

Strong seasonal variation in fruit and vegetable purchases, with greater quantities being purchased in summer than in winter.

The majority of food purchased in developed countries occurs in supermarkets.

Measure of food purchases, instead of food consumption. Small sample size.

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Ma et al. 2006 USA (17)

593 participants aged 20-70 years old, mostly recruited from a health maintenance organization.

Longitudinal observational study (cohort study). Three 24-h dietary recall (2 weekdays and 1 weekend day) applied in the beginning of the study and quarterly during the year to each participant by trained registered dietitians

Daily caloric intake had an average difference of 86 Kcal higher in the fall compared to the spring. Carbohydrate percentage of calories was highest in the spring, while total fat and saturated fat percentages were highest in the fall. Percentage of calories from proteins remained stable during the year. The timing of the peak of caloric and nutrient intakes and magnitude of seasonal variation showed differences by demographic factors: males were more affected as also the age group between 40-50 years old, nonwhite and less educated.

Two season approaches were used in the analyses. More accurate data and less recall bias from the 24-hour diet recall than food frequency questionnaires. Heterogeneous group.

Information on diet was obtained from self-report. Participants were recruited from a generally healthy and high motivated population. Seasonal variations do not appear great enough to take in account in longitudinal and cross-sectional studies.

Capita and Alonso-Calleja 2005 Spain (36)

303 participants (142 men and 161 women) aged 19-40 years old from northwest Spain.

7 non-consecutive-day dietary records applied throughout 7 consecutive weeks both in winter and summer. The dietary record included a list with different portions of common foods

Male showed a higher intake in the winter for most food groups, and only legumes, fruits, milk products and water were more consumed in the summer; female showed a wide pattern with cereals, milk products, oils and fats, vegetables, fruits, alcoholic beverages, sauces and water being more consumed in the summer. Generally, oranges, bananas, green beans and dried fruits were more consumed in winter, while melons, tomatoes, lettuce and ice cream were more consumed in summer. Total daily food (excluding water) amount in winter was higher than in summer in males (p<0,001), but not for females. Higher average absolute intakes for energy in men and most nutrients in both sexes were found in winter - variations of nutrient intakes throughout the course of the year mainly depend on food/ energy amount variations in males (quantitative diet changes), while densities of nutrients are mainly responsible for dietary variations in female (qualitative diet changes).

Data included both food and beverages consumed at home and outside home.

The participants came from only a region of the country.

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Fowke et al. 2004 China (19)

74958 women aged 40-70 years old, from Shanghai Women´s Health Study.

Prospective etiologic cohort study. Food Frequency Questionnaire covering 90% of commonly eaten foods in urban Shanghai, referring the approximate amount of consumption, was applied in the beginning of recruitment.

Women completing an FFQ in the winter reported greater energy intake compared to women completing an FFQ in the summer. Winter subjects reported the highest fat and protein intakes and vegetable and meat consumption, and lower carbohydrates intake and fruit consumption. Summer subjects reported lower fat and protein intakes, and vegetable, meat and soy consumption. Fall subjects reported higher fruit and soy consumption, while spring subjects reported lower fish and fruit consumption and similar summer subjects´ soy consumption. There was little variation in rice consumption across the seasons. Winter subjects reported higher consumption of several foods, with the largest differences in pork, fish, soybeans, wax gourd and Chinese greens; summer subjects reported the highest consumption of several fruits, and moderately higher consumption of several vegetables and shellfish; and fall subjects reported the greatest watermelon consumption.

High number of participants. Only urban female participants.

Fahey et al. 2003 Japan (7)

127 married couples in four regions of the Japan Public Health Center Cohort Study.

Cohort Study. Weighed daily food records completed by women for both family members, on 7 consecutive days, over consecutive seasons.

Vitamin C intake was greatest in summer and autumn, and was related to fruit and some vegetable consumption. Carotene intake was greater in winter than in the other seasons and intake was related to similar pattern in some vegetable consumption. Thiamin and retinol intake was less seasonal but they were greatest in winter and autumn. The effects were less seasonal among energy and 10 other nutrients.

Careful was taken to record correctly all food and beverages consumed.

Participation of more health conscious families.

Tokudome et al. 2002 Japan (40)

80 Japanese female dietitians, aged 32-66 years old.

Four season self-administered consecutive 7 day weighed records.

Most nutrients and energy were significantly different by season, showed in autumn the biggest intake (except carbohydrates, phosphorus, vitamin D, oleic acid, α-linolenic acid and cholesterol) and remarkable differences were observed for carotenes, vitamin A, vitamin C, iron, zinc, arachidonic acid, n-3 PUFA, EPA, DHA and dietary fiber, where daily intakes of carotenes and vitamin C in autumn were 20% larger than in summer.

Evaluation of energy and 30 nutrients.

Convenience sample, with high nutrition knowledge.

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Shahar et al. 2001 Shahar et al. 1999 Israel (13,16)

94 male industrial employees (mean age 42.5±11.9 years).

Semi-quantitative food frequency questionnaire, covering seasonal consumption, applied twice a year (in summer and winter) by personal interview.

The total energy and nutrients intakes (except for carbohydrates, vitamin A and magnesium) were higher in winter compared to summer, with significant increases in total fat, saturated fat, polyunsaturated fat, cholesterol, sodium, zinc, thiamin, vitamin D and vitamin E, after adjustment for caloric intake by season. The differences were in part explained by higher consumption of meats, specially shishlik and lunch meat, and hard boiled eggs in winter (p<0.05).

Use of different versions of the food frequency questionnaires in the different seasons. Highly selected population and sample, and consequently low reproducibility in other developed countries.

Cox et al. 2000 UK (9)

1489 men and 1900 women, aged 35-75 years old, from the British Health and Lifestyle Survey.

Face-to-face interviews, including a Food Frequency Questionnaire.

Most subjects ate salad vegetables less frequently in winter than in summer; in contrast, most subjects ate fresh fruit with the same frequency in both seasons. Almost no respondents reported consuming salad vegetables and fresh fruit more frequently in winter than in summer.

Only salad vegetables and fresh fruit consumption were evaluated. There were no quantitative measures for salad vegetables and fresh fruit consumption.

Joachim G. 1997 Canada (20)

43 healthy subjects, aged 25-50 years old, who were not on a special diet.

Pilot study. 117 item Food Frequency Questionnaire measured in usual serving units, applied in summer (16 subjects) and in winter (another 27 subjects).

Hot cereal was consumed three times higher in winter than in summer; roast chicken and rice were also more consumed in winter than in summer. Strawberries, fresh peaches, pears, apricots, plums, melons, cherries and fresh green beans were much more consumed in summer, and chocolate was also more consumed in summer. 2% milk, muffins, salty snacks, spaghetti, milk and sugar with coffee or tea, dark bread, canned corn, potatoes, butter, orange juice and ice cream showed little difference or no change between summer and winter consumption.

Small sample size. Different subjects in the two seasons.

Inoue et al. 1997 Japan (35)

12243 outpatient subjects without cancer aged 18-91 years.

Selected food frequency questionnaire, where dietary items were individually dichotomized by habitual practice or intake frequency.

Proportional frequency of each food category was generally stable throughout the year in males, but in females, there were seasonal variations in some categories: green tea and green vegetables were referred with a higher proportional frequency in winter and spring, and fruits and pickled vegetables in winter.

Large sample size, with similar subject’s representativeness in each season.

Possible information bias due to potential cooperativeness of outpatients subjects than general population. Dichotomization of the food frequency questionnaire. Limited food items included in the study.

Kuhnlein et al. 1996 Canada (47)

366 residents from the Inuit community.

Quantitative 24-h dietary recall interviews using calibrated portion models, with 2-month intervals.

The greatest energy intake from market food and the lowest energy intake from traditional food were in November; the inverse was seen in September. Mean energy intake was lower in January and higher in July, due to the greatest traditional food intake in summer.

Inclusion of members of all strata of the community. Many members contributed dietary recalls over several seasons.

Sample underrepresentation of fishermen and hunters.

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Subar et al. 1994 USA (18)

20143 adults from the National Health Interview Survey.

Transversal study. 59-item Food Frequency Questionnaire, indicating the approximate portion size.

Oranges were more consumed in winter compared with summer and fall, with similar result for grapefruit. Chocolate candy was also more consumed in winter than in summer and wine was more consumed in winter than in fall Tomatoes were more consumed in summer, as also ice cream. The lowest intakes for cooked cereal were reported in spring and summer. Despite differences in food consumption reported through the year, no nutritional meaningful differences were found in the estimated nutrient intakes by season.

Big sample size. Representativeness of the US households.

Inclusion of limited varieties of fruits and vegetables in the list of the FFQ.

Bingham et al. 1994 UK (50)

160 women, aged 50 – 65 years old, from two general practices in Cambridge.

16 days weighed record through the year (4 days period in each season, including week and weekend days)

There was a trend towards lower nutrient ingestion in spring and summer, but only carbohydrate, starch, calcium and retinol were significant lower in summer. Food consumption in each season showed significant differences only for soups and sauces, which were more consumed in autumn than in summer.

Small sample size.

Ziegler et al. 1987 USA (10)

888 predominantly white men, aged 26-90 years old, from six lung cancer high-risk areas of New Jersey.

Case-control study. 44-items Food Frequency Questionnaire, with relevance for the major sources of preformed retinol and carotenoids.

Cantaloupe, watermelon, peaches, nectarines and tomatoes were referred to be more consumed in season rather all-year around, and pink grape fruit, apricots and canned peaches were referred to be consumed all-year around. Except summer squash, all other vegetables were referred to be more consumed all-year around. Green cabbage, carrots, green peas, broccoli, winter squash, yam-pumpkin, canned peaches and pink grapefruit were eaten more often in winter-fall than in summer-spring; all other fruits and vegetables were more consumed in summer-spring. Carotenoid intake and total vegetables and fruits consumption in winter-fall was estimated to be about two-thirds than in summer-spring and fruit intake alone was about one-third than in summer-spring.

The FFQ-list only included fruits and vegetables rich in carotenoids. No quantification of carotenoid rich fruits and vegetables, which may lead to overestimation. Only men were included in the study.

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II) In less developed countries or developing countries

Author(s) Subjects and

Sample Design Results * Strengths * Weaknesses *

Becquey et al. 2011 Burkina Faso (55)

1056 urban households.

Longitudinal study. 24-h dietary recall at household level applied on two non-consecutive days in the lean and rainy season by face-to-face interviews.

During the lean season, staple dishes were more often bought ready-to-eat and contained fewer raw ingredients prepared at home than in the post-harvest season. Energy requirements coverage at home was higher in the post-harvest season and, except for vitamin B12, micronutrient adequacy was also higher in this season. Diet quality was much lower during the lean season, except for households of the highest level of food expenditure, who showed a more stable diet quality.

Longitudinal study. Representative sample.

Exclusion of food eaten outside the home and consumed on individual level inside home.

Rao et al. 2009 India (46)

633 pregnant rural women with mean age of 21.4 years old, of Pune Maternal Nutrition Study.

24-h dietary recall (with record of the average weight of servings) at 18

th

week and 28th week of

gestation and Food Frequency Questionnaire.

At 18th week of gestation, average energy and

protein intakes were highest during January – in winter or harvest season: 1920 Kcal/day and 50,4 g/day, respectively, diminished during the summer or dry season, and were lowest during June – in the monsoon or rainy season: 1609 Kcal/day and 42,2 g/day, respectively. At 28

th week of gestation the seasonal variability

was similar, but less prominent.

Only pregnant women who lived in rural villages participated in the study.

Hillbruner and Egan 2008 Bangladesh (54)

482 low-income urban households.

Household assessment including a 22 modules instrument covering a series of topics as household demographics, expenditure, savings and debt, employment, urban agriculture and health.

The proportion of households classified as food insecure was roughly 6.5% points higher during the monsoon / rainy season. Variation in caloric availability followed a similar pattern, although the results were not always significant. The odds of being a food insecure household were 60% lower during the dry season.

Exclusion of households that did not participate in all three rounds of the study biased the sample to healthier households. Analysis of secondary data, which collection was implemented by an external survey research firm.

Mitchikpe et al. 2008 Benin (23)

80 children (45 boys and 35 girls) aged 6-8 years old.

Longitudinal study. Three consecutive days observed weighed records, applied at the end of the harvest season and six months later in the end of the pre-harvest season.

Consumption of millet, sorghum, cassava and vegetables in the post-harvest season was significantly lower than in the pre-harvest season, but yam consumption was significantly higher in the post-harvest season. Maize consumption was similar on both seasons. Animal products consumption in the post-harvest season was higher, but the difference was not significant. Daily intakes of energy, protein, carbohydrate,

Longitudinal study.

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fiber, calcium, iron and zinc in the post-harvest season were not different from those in the pre-harvest season. Median intakes of fat and vitamin C in the post-harvest season were lower than in the pre-harvest season (p<0.5). For both post- and pre-harvest season, boys showed higher intakes of energy, protein, fiber, iron and zinc, than girls (p<0.5).

Faber and Laubscher 2008 South Africa (24)

187 rural children, aged 2-5 years old.

Repeated cross-sectional dietary study. Unquantified Food Frequency Questionnaire (for qualitative assessment of β-carotene rich vegetables and fruits) + 24-h dietary recall repeated on 5 consecutive days (one on weekend and 4 on week days), using fresh or plastic food models, household utensils and three-dimensional sponge models to quantify the food eaten, performed every trimester during one year.

There were seasonal variation in β-carotene-rich vegetables and fruit consumption by children: butternut squash, pumpkin and orange-fleshed sweet potato were consumed mostly during the first half of the year, while carrots were consumed mostly during the second half of the year; spinach and paw-paw were consumed mostly during the second half of the year and imifino, mango and yellow peach at the beginning and at the end of the year. Inadequate dietary vitamin A intake ranged from 6% in November to 21% in February and August. November also showed the best intake for almost other micronutrients studied.

The 24-h dietary recall was carried out only in one place of the study and only the caregivers/ children who were able to complete the 5 consecutive day’s 24-h dietary recall were included.

Handa and Mlay 2006 Mozambique (25)

8250 households from “Inquérito Nacional aos Agregados Familiares”.

Cross-sectional study. Seasonal household food and household total expenditure data from “Inquérito Nacional aos Agregados Familiares” coinciding similarly with the four trimesters of the year, with the lean season in September-December and peak season in May-August.

In households from rural areas, the cereal (and particularly maize) and vegetables food budget share is highest in the first two trimesters and lowest in the last trimester, while for roots and tubers (mainly cassava) and for legumes was observed the opposite effect in food budget share; meats, fruit and “other foods” also showed seasonality effects on budget shares, but not fish and seafood. In urban areas, households revealed the same general picture of substitution between cereals and roots and tubers, but despite the much higher share of cereals and lower share of roots and tubers compared to rural households, the highest share of cereal and the lowest share of roots and tubers were observed in the last trimester of the year; the legume share was lowest at the beginning of the year, and there was relatively small fluctuation in vegetables share through the year; fruits, meats and fish and seafood also showed seasonal variation on budget shares.

Nationally representativeness. Seasonal representativeness in rural areas.

Seasonal bias in household´s interview in urban areas. Measure of food availability, instead of food consumption.

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Savy et al. 2006 Burkina Faso (48)

550 rural women, with a child less than 5 years old.

Longitudinal survey. Qualitative recall of all foods consumed inside and outside home during the previous 24-h period, performed in April (beginning of the cereal-shortage season) and September (end of the cereal-shortage season), used to calculate a dietary diversity score for each season.

In September more women consumed legumes (peanuts, beans and bambara groundnuts), cow´s milk and vegetables (mainly okra); although tomatoes, cabbage and onions were less consumed. There were no differences in the frequency of consumption of cereals and vitamin A-rich vegetables between the seasons, but there were differences in the type of cereals and leafy vegetables consumed: maize was consumed only in September and white sorghum and rice were more consumed in April; baobab and mango were more consumed in April. Meat, poultry and fish were more consumed in April, but fresh fish was more consumed in September. Fats and oils (especially peanut/ cotton oil) were more consumed in April. Dietary diversity scores (DDS) was highest in September and there were differences in DDS between socio-economic categories, which were also less marked in September.

Longitudinal study.

Neither the frequency of consumption nor the amount of food consumed was taken into consideration. Only women were included in the study.

Graham 2004 Peru (41)

15 adult women (31.13±6.27 years) from 15 households from a rural community, with at least one child between 6 months and less than 5 years.

Weighed Food Record: each ingredient was weighed before cooking, and individual´s portions of cooked food were also weighed (with plate waste and leftovers weighed and subtracted to the served portions) by the observer. Food intake was measured during three time periods: in the pre-harvest season (November to January), in the harvest season (February to early May) and in the post-harvest season (late May to August).

During the pre-harvest season (November to January), poorer women consumed significantly fewer calories than women in the wealthier group (1269 Kcal/day versus 1785 Kcal/day), but during the harvest season (February to early May) and post-harvest season (late May to August) this difference didn´t continue. Poorer households obtain their energy mostly from local food in the harvest season, but needed to purchase foods in the other season, especially in the pre-harvest season. Wealthier households experience less dramatic seasonal changes in food resources over the year.

Observational study with very small sample size. Different number of people observed at the three different points of the agricultural cycle. Foods eaten outside home and foods eaten when the observer was not at home were not included.

Graham 2003 Peru (42)

12 toddlers (with average age of 2.25 years) and 14 preschool children (with average age of 4.93 years) from 15 households from a rural community, with at least one child between 6 months and less than 5 years.

Weighed Food Record: each ingredient was weighed before cooking, and individual´s portions of cooked food were also weighed (with plate waste and leftovers weighed and subtracted to the served portions) by the observer. Food intake was measured

Caloric intakes were lowest during the post-harvest season in all age groups, but among children, and particularly among toddlers, were most dramatic, where energy intakes in this season fell below the predicted requirements, especially among toddlers.

Observational study with very small sample size. Foods eaten outside home and foods eaten when the observer was not at home were not included, with no control of food eaten by children between regular meals.

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during three time periods: in the pre-harvest season (November to January), in the harvest season (February to early May) and in the post-harvest season (late May to August).

Tetens et al 2003 Bangladesh (43)

1361 participants in lean season and 1281 participants in the peak season (1030 participants in both seasons) from 304 rural households.

24-h weighed food record: each ingredient was weighed before cooking, and individual´s portions of cooked food were also weighed (with leftovers weighed and subtracted to the served portions) by the supervisor. Food intake was measured in two seasons: in the lean season (October to November) and in the peak season (February to March).

Seasonal fluctuations in energy intake varied considerably in all age groups, with 20% higher intake in the peak season – rice post-harvest season, but the proportion of energy from rice was similar in both seasons (about 80%). In both seasons, energy intake was consistently lower in females than in males.

All households’ members were included in the study.

Kigutha et al. 1995 Kenya (49)

41 preschool children (22 girls and 19 boys) aged 18-36 months.

24-h dietary record collected monthly, and 3-day weighed food record collected during the peak of each season: June-July in the lean season (May-October) and January-February in the post-harvest season (November-April). In the weighed food record, each ingredient was weighed before cooking, the whole dish was weighed before the food was served and child´s portion was also weighed (with leftovers weighed and subtracted to the served portions); snacks and other foods consumed outside the main dish were also weighed, and foods consumed outside home or in the absence of the assistant were determined by recalls.

Significant differences in intake of calcium, vitamin A, thiamin and riboflavin were observed between the lean season and the post-harvest season. There were not significant differences for energy, protein, fat, iron, niacin and vitamin C between seasons.

Small sample size. Limited accuracy of the methods used by estimation of portion sizes and nutritive value. Unavailability of appropriate food composition data.

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Abdullah and Wheeler 1985 Bangladesh (44)

53 rural households, with at least one child less than 5 years.

Weighed food record: each ingredient was weighed before cooking, and individual´s portions of cooked food were also weighed (with leftovers weighed and subtracted to the served portions). Food intake of each member was measured for 3 consecutive days in 4 dietary rounds: March-April (post-harvest season), June (beginning of the monsoon season), September (main rice pre-harvest season) and December (main rice post-harvest season).

In adults, energy and protein intake in the first part of the year is significantly greater than in the latter part. The women consistently consumed about 83% of the men´s energy intake, regardless of seasonal fluctuations. Girls consumed less food than boys, but their share of food was significantly improved in the main rice pre-harvest season.

Intakes of snack foods were elicited by daily questionnaire. Breast milk intake of infants was not estimated.

* Only included the results, strengths and weaknesses relevant to the topic under investigation.

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CAPÍTULO 2

“Variação sazonal da disponibilidade familiar de alimentos e bebidas –

Portugal 2005/2006”

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RESUMO

Introdução: São vários os estudos que têm encontrado em países desenvolvidos

importantes variações sazonais na disponibilidade e consumo de alimentos que por vezes

se refletem em variações sazonais no estado nutricional, mas em Portugal desconhece-se

qualquer estudo com esta finalidade. Na ausência de estudos de consumo individual

representativos da população portuguesa, a informação proveniente dos Inquéritos às

Despesas das Famílias (IDEF) é fonte alternativa e fidedigna, possibilitando a monitorização

de padrões alimentares e a identificação de variações sazonais na disponibilidade familiar

de alimentos.

Objetivos: Este artigo surge com o objetivo de investigar a disponibilidade familiar de

alimentos ao longo das quatro estações do ano (sazonalidade), nomeadamente: descrever a

variação sazonal e identificar os grupos de alimentos onde esta é mais relevante, e avaliar o

efeito das variáveis sociodemográficas na disponibilidade de alimentos e sua interacção com

as variações sazonais.

Métodos: Com recurso aos dados do IDEF 2005/2006 avaliaram-se 10403 famílias

distribuídas de forma representativa pelas 4 estações do ano. A recolha de dados junto de

cada família durou 2 semanas e constou do registo de todos os alimentos e bebidas

adquiridos no período. Os alimentos e bebidas foram agrupados e uniformizados de acordo

com a metodologia DAFNE, resultando uma divisão com 14 grupos principais. A

disponibilidade foi estimada a partir da divisão da disponibilidade diária de alimentos na

família pelo número de indivíduos no agregado. Algumas variáveis sociodemográficas

contempladas no IDEF foram também consideradas na análise (região do país, grau de

urbanização do local da residência, sexo, nível de escolaridade completado e ocupação do

responsável pelo agregado, nº de crianças, nº de adultos e nº de idosos no agregado,

rendimento per capita, rácio entre despesas com alimentação e despesas totais e rácio

entre despesas com alimentação fora de casa e despesas com alimentação). Recorreu-se à

ANOVA para avaliar a variação sazonal nos grupos de alimentos, à MANOVA para avaliar

os efeitos simultâneos dos fatores sociodemográficos na variação sazonal dos grupos de

alimentos e à UNIANOVA para avaliar os efeitos simultâneos dos fatores sociodemográficos

na variação sazonal na disponibilidade familiar em cada um dos subgrupos de alimentos. A

análise considerou testes bilaterais e nível de significância de 0,05.

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Resultados: Apenas os laticínios, gorduras e óleos, e bebidas alcoólicas não evidenciaram

diferenças significativas ao longo do ano. O outono destaca-se como a estação do ano em

que se encontraram mais grupos de alimentos com maior disponibilidade e a primavera

como a estação do ano em que se encontraram mais grupos de alimentos com a menor

disponibilidade, distinguindo-se uma clara variação na disponibilidade outono-inverno vs

primavera-verão: leguminosas, batatas, cereais e produtos cerealíferos e ovos

apresentaram maior disponibilidade no outono-inverno, enquanto frutas, bebidas não

alcoólicas e hortícolas apresentaram maior disponibilidade na primavera-verão. A magnitude

do efeito global da estação do ano nas diferenças encontradas é pequena (ɳ2=0.024) e só o

grupo dos frutos secos e oleaginosos evidenciou uma magnitude de efeito mediana

(ɳ2=0.036). Também se verificou variação sazonal nos subgrupos que compunham os

grupos de alimentos que não apresentaram variações sazonais significativas, notando-se

também variação na disponibilidade outono-inverno vs primavera-verão: manteiga,

margarina de culinária e vinho apresentaram maior disponibilidade no outono-inverno,

enquanto produtos láteos (que não o leite e queijo) e cerveja apresentaram maior

disponibilidade na primavera-verão, mas a magnitude do efeito da estação foi igualmente

pequena. As variáveis sociodemográficas foram responsáveis por variação sazonal nos

grupos de alimentos com magnitude de efeito variável, e as interacções das variáveis com a

estação do ano foram responsáveis por variações sazonais, exceto a região do país,

embora com efeitos pequenos, diminuindo a magnitude do efeito isolado.

Conclusões: Encontrou-se variação sazonal na disponibilidade da maioria dos grupos de

alimentos nas famílias portuguesas em 2005/2006. Verificou-se um gradiente de

disponibilidade primavera-verão vs outono-inverno em muitos dos grupos e subgrupos de

alimentos. Contudo, a magnitude das variações sazonais foi pequena, excepto nos frutos

secos e oleaginosos e verificaram-se interacções das estações do ano com as variáveis

sociodemográficas, exceto para a região do país, mas de magnitude pequena.

Palavras-chave: Portugal, IDEF, estações do ano, disponibilidade de alimentos,

disponibilidade de bebidas, determinantes sociodemográficos.

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ABSTRACT

Background: Several studies have found that in developed countries the availability and

consumption of foods show significant seasonal variations, often reflected in seasonal

variations in nutritional status, but in Portugal it is unknown any study for this purpose. In the

absence of studies on individual consumption representative of the Portuguese population,

the information from the Household Expenditure Surveys (IDEF) is an alternative and reliable

source, enabling the monitoring of dietary patterns and to identify seasonal variations in the

household food availability.

Aims: This paper aims the investigation of the Portuguese household food availability

throughout the four seasons of the year (seasonality), namely: describe the seasonal

variation and identify the food groups where it is most relevant, and evaluate the effect of

sociodemographic variables on household food availability and its interaction with seasonal

variations.

Methods: Using data from the IDEF 2005/2006 were evaluated 10 403 families distributed in

a representative manner for 4 seasons. The collection of data from each family lasted two

weeks and consisted of registering all food and beverages purchased in the period. Food

and beverages were grouped and standardized according to the DAFNE methodology,

resulting in 14 major groups. The individual availability was estimated by dividing the daily

household availability by the number of individuals in the household. Some

sociodemographic variables included in IDEF were considered in the analysis (country´s

region, degree of urbanization of the place of residence, gender, completed level of

education and occupation of the head of household, number of children, number of adults

and number of elderly in the household, income per capita, ratio between food expenditures

and total expenditure and ratio between expenditure on food away from home and food

expenses). ANOVA was used to evaluate the seasonal variation in the food groups,

MANOVA was used to evaluate the simultaneous effects of sociodemographic factors on the

seasonal variation of food groups and UNIANOVA was used to evaluate the simultaneous

effects of sociodemographic factors on the seasonal variation on the seasonal variation in

the subgroup of food. The analysis included two-tailed tests and a significance level of 0.05.

Results: Only dairy products, fats and oils, and alcoholic beverages did not show significant

differences throughout the year. Autumn was the season with more food groups with greater

availability, and spring was the season with more food groups with the lowest availability,

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making possible distinguish a clear variation in the availability autumn-winter vs. spring-

summer: pulses, potatoes, cereals and cereal products and eggs showed greater availability

in autumn-winter, while fruits, vegetables and non-alcoholic beverages had higher availability

in spring-summer. The magnitude of the overall effect of season on the founded differences

was small (ɳ2 = 0.024) and only the nuts showed a medium effect size (ɳ2 = 0.036). It was

also found seasonal variation in subgroups that comprised the food groups that did not show

initial significant variations, also noting variation in the autumn-winter vs. spring-summer

availability: butter, cooking margarine, and wine had higher autumn-winter availability, while

dairy products (other than milk and cheese) and beer had higher spring-summer availability,

but the magnitude of the effect of season was also small. The sociodemographic variables

were responsible for seasonal variation in the food groups with variable magnitude effect,

and interactions of variables with the season were responsible for seasonal variations,

except the country´s region, albeit with small effects, decreasing the magnitude of the

isolated effect.

Conclusions: It was found seasonal variation in the Portuguese household food availability

of almost food groups in 2005/2006. A spring-summer vs. autumn-winter availability was

found in most food groups and subgroups. However, the magnitude of the seasonal variation

is small, except for nuts, and there were interactions of the seasons with sociodemographic

variables, with the exception of the country´s region, but of small magnitude.

Keywords: Portugal, IDEF, seasons, food availability, beverages availability, socio-

demographic determinants.

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INTRODUÇÃO

Se há alimentos facilmente identificados como sendo produzidos ou estando mais

disponíveis para consumo de forma sazonal, (1,2) como as frutas e legumes, que estão

disponíveis em maior quantidade e a preços mais acessíveis em determinadas épocas do

ano, há outros alimentos que estão disponíveis e são adquiridos para consumo de forma

diferente ao longo do ano, mas aos quais não é atribuído o carácter de consumo sazonal.

(1-3)

A sazonalidade da produção agrícola é então diferente da sazonalidade no consumo,

por exemplo, as batatas têm uma produção sazonal evidente, mas são consumidas de

forma idêntica ao longo do ano (3,4); por outro lado, a produção de flocos de cereais de

pequeno-almoço é semelhante ao longo do ano, mas é adquirida e consumida de forma

sazonal, (2) ou ainda a produção e o consumo apresentam picos sazonais diferentes, como

é o caso dos frutos secos. (2,3)

Mas, nos últimos anos, tem crescido a recomendação para preferir “alimentos da

época” nas sociedades dos países mais desenvolvidos, não só nos meios de divulgação

como revistas, programas de televisão ou internet, onde esta recomendação é frequente, (5-

10) mas também tem sido veiculada por entidades profissionais e oficiais ligadas à saúde,

(11-14) ou à produção primária. (15)

O impacto que estas recomendações possam ter no consumo de alimentos e estado

nutricional, a par de outros factores que concorram para as diferenças no consumo

alimentar ao longo do ano, é desconhecido, pelo que é necessária informação concreta e

mais detalhada sobre a sazonalidade dos hábitos alimentares quando se pretende avaliar

com rigor a exposição e risco associados ao consumo de alimentos pelos indivíduos, não só

relativamente aos contaminantes e tóxicos, (16-18) mas também em relação ao contributo

da ingestão de energia e nutrientes na prevenção da doença. (18,19)

São vários os estudos que têm encontrado em países desenvolvidos importantes

variações sazonais no consumo de alimentos, (2,4,19-32) que por vezes se refletem em

variações sazonais no estado nutricional. (19-23) Estas diferenças foram frequentemente

atribuídas à disponibilidade de alimentos proporcionada pelo calendário de produção

agrícola e disponibilidade nos retalhistas que vendem alimentos, mas também a outros

factores, destacando-se os hábitos culturais como um dos mais importantes. (4,33-35)

Contudo, só alguns destes estudos tinham como objectivo avaliar diferenças

sazonais no consumo de alimentos, (2 4,19-27) e menos ainda os que destes tinham como

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objectivo encontrar diferenças na variação sazonal em função de características

sociodemográficas, (4,22-27) mas os seus resultados realçam a necessidade de conhecer a

variação que se pode encontrar no consumo de alimentos ao longo do ano, dada a

importância que estas diferenças possam ter nos estudos epidemiológicos.

Na realidade, um padrão sazonal de aquisição e disponibilidade de alimentos pode

alterar avaliações e inferências sobre o consumo alimentar e consequente ingestão calórica

e nutricional, ou de tóxicos e outros produtos químicos perigosos, se não for devidamente

considerada e controlada nos estudos sobre o consumo alimentar e disponibilidade de

alimentos. (17)

Hoje em dia é aceite que nos países desenvolvidos os alimentos disponíveis em

casa resultam principalmente do comportamento de aquisição nos retalhistas que vendem

alimentos. (36-44) Obviamente, os recursos financeiros das famílias mais pobres limitam a

aquisição de alimentos, (40-45) que por vezes têm de priorizar o tipo de alimentos que vão

adquirir, (44-48) ou mesmo priorizar outras necessidades básicas como as despesas com a

habitação ou aquecimento sobre a alimentação, (49,50) mas outros determinantes

sociodemográficos, como o grau de urbanização, (40) a educação/ escolaridade, (39-42) o

tamanho e composição da família, (41) ou mesmo a raça/ etnia, (39) parecem estar também

implicados.

Não se conhecendo qualquer estudo que avalie o efeito da sazonalidade na

alimentação dos portugueses, recorrer-se-á aos dados alimentares dos Inquéritos às

Despesas das Famílias (IDEF) para uma primeira análise deste assunto.

Apesar dos IDEF serem idealizados para fins económicos, a informação deles

proveniente, através da análise das aquisições de alimentos e bebidas efectuadas pelas

famílias, é tida como fonte alternativa e fidedigna que permite a monitorização de padrões

alimentares. A informação obtida é relativa à disponibilidade de alimentos no domicílio,

posicionando-se num nível intermédio entre a informação global das balanças alimentares e

os dados oriundos dos inquéritos alimentares de base individual. (51-53)

Mesmo com o crescente número de refeições efetuadas fora de casa, (54,55) ainda

é em casa que os membros da família dispõem da maior parte dos alimentos e bebidas

disponíveis para seu consumo, e são vários os estudos que demonstram que a

disponibilidade de alimentos em casa se relaciona relativamente bem com o consumo

individual. (56,57)

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Com a finalidade de recolher, harmonizar e desenvolver a forma mais eficaz de

analisar os dados sociodemográficos e alimentares extraídos dos IDEF, surgiu no continente

europeu a iniciativa “Data Food Networking” (DAFNE). (51,52,58)

Os IDEF são feitos pela maioria dos países desenvolvidos e em desenvolvimento,

utilizam amostras de representatividade nacional e metodologias semelhantes, o que

permite fazer comparações entre países. (51,52,58,59) Mesmo não levando em

consideração o consumo de alimentos fora de casa e os alimentos não consumidos (ofertas,

alimentação de animais e desperdícios), as comparações efetuadas entre a informação

recolhida e a informação dos estudos de consumo alimentar são razoavelmente

semelhantes e mais próximas da realidade do que as obtidas através das balanças

alimentares, (3 52,53,60-67) permitindo fazer estimativas de ingestão calórica e nutricional

bastante aproximada para a maioria dos nutrientes. (68)

Ao longo dos anos, os IDEF têm sido reconhecidos como um instrumento de

monitorização das tendências dos hábitos alimentares dentro e entre países, (58,67-80)

permitindo a identificação dos subgrupos com hábitos alimentares de risco e das escolhas

alimentares que devem ser sujeitas a intervenções preventivas. (40,51 58,70-72,80-83)

Têm também o potencial de identificar alimentos e grupos de alimentos candidatos a

intervenções ao nível de programas de fortificação nutricional e sua monitorização, (84)

assim como o de avaliar a exposição a substâncias químicas indesejáveis nos alimentos e

identificação de grupos de risco, (16,58,85) ou mesmo relacionar a disponibilidade de

alimentos e o estado nutricional e de saúde. (61,86-89)

A disponibilidade de alimentos no seio familiar é assim usada como um proxy do

consumo alimentar.

Este artigo surge com o objetivo de investigar a disponibilidade familiar de alimentos

ao longo das quatro estações do ano (sazonalidade), recorrendo aos dados recolhidos no

IDEF realizado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) em 2005-2006 (dados mais

recentes disponíveis para o objectivo em estudo), nomeadamente:

1 – descrever a variação sazonal, identificando os grupos de alimentos onde esta é

mais relevante;

2 – avaliar o efeito das variáveis sociodemográficas na disponibilidade de alimentos e

sua interacção com as variações sazonais.

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MÉTODOS

Sujeitos – população e amostra

O Universo do IDEF 2005/2006 corresponde à população residente em território

nacional (tanto considerada individualmente, como organizada em agregados domésticos

privados), excluindo os indivíduos residentes em alojamentos colectivos. (90)

A Amostra do IDEF 2005/2006 foi selecionada de forma a representar a população

portuguesa, num total de 16700 famílias, recolhendo informação sobre todos os indivíduos

da família. O número de entrevistas completas foi de 10403 famílias, o que corresponde a

uma taxa de resposta de 62%. (90)

A representatividade sazonal da amostra é condição essencial para avaliar a

disponibilidade familiar de alimentos que exibem padrões de aquisição e disponibilidade

diferentes ao longo das estações do ano, tendo sido distribuída da seguinte forma: 2593

(24,9%) famílias na primavera, 2366 (22,7%) famílias no verão, 2733 (26,3%) famílias no

outono e 2711 (26,1%) famílias no inverno.

Fonte e obtenção de dados

No IDEF 2005/2006, os dados foram recolhidos entre Outubro de 2005 e Outubro de

2006, sendo cada família sujeita a observação direta durante uma quinzena, e distribuídas

de forma uniforme pelas 26 quinzenas do período de inquirição. (90)

Os períodos de observação organizados em 4 trimestres correspondem com grande

aproximação às 4 estações do ano referidas, mas dada a metodologia usada no desenho do

IDEF 2005/2006, não é possível que esta divisão tenha correspondência exata com o início

e fim de cada estação do ano (90) – tabela 1.

TABELA 1: Correspondência entre o trimestre de participação e a estação do ano –

IDEF 2005/2006, Portugal

Trimestre Estação do ano

10/10/2005 a 01/01/2006 Outono

02/01/2006 a 09/04/2006 Inverno

10/04/2006 a 02/07/2006 Primavera

03/07/2006 a 08/10/2006 Verão

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A técnica de recolha de dados é baseada num diário preenchido pelos membros da

família, onde são registados todos os rendimentos e gastos da família. Os alimentos

disponíveis para consumo familiar (onde estão incluídos os alimentos comprados, obtidos

por auto-produção e as ofertas) foram registados em despesa e quantidade durante as 2

semanas de investigação. Alimentos desperdiçados ou estragados, destinados a animais ou

para oferta, ou ainda adquiridos e consumidos fora de casa, não foram contabilizados. (90)

A partir da estrutura da despesa dos agregados familiares portugueses em bens e

serviços (de acordo com a classificação COICOP – “Classification Of Individual

Consumption According to Purpose”), (91) os alimentos e bebidas foram agrupados e

uniformizados de acordo com a metodologia DAFNE, resultando uma divisão com 14 grupos

principais. (51,92) Foi feita uma pequena alteração na classificação DAFNE original: os

sumos de fruta e hortícolas foram incluídos como subgrupo das bebidas não alcoólicas, em

vez de constituírem um grupo independente. (62,73)

A disponibilidade média de alimentos por pessoa por dia (abreviada por

“disponibilidade”) foi estimada a partir da divisão da disponibilidade diária de alimentos na

família pelo número de indivíduos no agregado, assumindo distribuição idêntica pelos

membros da família, tendo este método de estimação já sido utilizado por outros autores.

(51,62,72,73,88)

A inclusão de características sociodemográficas das famílias no IDEF permite

analisar os dados recolhidos em função da região do país (Nomenclatura das Unidades

Territoriais para Fins Estatísticos nível II – NUTS II), grau de urbanização do local da

residência (rural, semi-urbano e urbano), sexo (feminino e masculino), nível de escolaridade

completado (iletrado/ nenhum, básico – 4, 6 ou 9 anos, secundário e superior) e ocupação

(empregado, reformado, desempregado e outros) do responsável pelo agregado, nº de

crianças, nº de adultos e nº de idosos no agregado, rendimento per capita, rácio entre

despesas com alimentação e despesas totais e rácio entre despesas com alimentação fora

de casa e despesas com alimentação. (90)

Informações e esclarecimentos adicionais relativos à metodologia do IDEF

2005/2006 poderão ser encontrados noutro documento. (90)

Análise dos dados

Neste estudo foi utilizado o programa IBM© SPSS© Statistics versão 21 para

Windows©.

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Foi realizada uma análise descritiva da variação sazonal na disponibilidade familiar

de alimentos: inicialmente avaliou-se a variação sazonal nos 14 grupos de alimentos

contemplados e, posteriormente avaliou-se a variação sazonal dos subgrupos de alimentos

nos grupos onde não se encontrarem variações sazonais significativas. A análise considerou

testes bilaterais e nível de significância de 0,05.

Os dados foram comparados em quantidade absoluta (gramas ou mililitros), excepto

nos ovos, que foram comparados em unidade, apresentando-se a média da disponibilidade

familiar em cada estação do ano e respectivos intervalos de confiança a 95% (IC 95%).

Inicialmente, recorreu-se à análise da variância (ANOVA) para avaliar a variação

sazonal de cada um dos grupos de alimentos sem ajustar as variáveis sociodemográficas.

A análise da variância multivariada (MANOVA), com recurso ao modelo linear geral

(GLM – “general linear model”), foi aplicada para avaliar os efeitos simultâneos dos fatores

sociodemográficos na variação sazonal na disponibilidade familiar dos 14 grupos de

alimentos, através da análise da “significância” (p) ajustada e não ajustada para as variáveis

sociodemográficas, e do “eta quadrado parcial” (ɳ2), quer do efeito isolado ajustado e não

ajustado para as variáveis sociodemográficas, quer do efeito das interacções destas

variáveis com a estação do ano.

A análise da variância univariada (UNIANOVA) foi aplicada para avaliar os efeitos

simultâneos dos fatores sociodemográficos na variação sazonal na disponibilidade familiar

em cada subgrupo de alimentos, pertencentes aos grupos que não apresentaram diferenças

sazonais significativas na análise multivariada. A análise da “significância” (p) e do “eta

quadrado parcial” (ɳ2) foi feita de modo semelhante ao da análise dos grupos de alimentos.

Foram utilizadas as designações propostas por Cohen (93) na avaliação da

magnitude do efeito apresentadas na tabela 2.

TABELA 2: Critérios na análise quantitativa do tamanho do efeito segundo Cohen. (93)

NOTA: Foram usados como pontos de corte os valores de 0,035 e 0,100 para dividir as classificações de ɳ2 em pequeno, médio e grande.

Tamanho do efeito

Valores correspondentes

Teste de Cohen f

Valores de eta quadrado parcial

ɳ2

Pequeno 0,10 0,009

Médio 0,25 0,058

Grande 0,40 0,137

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RESULTADOS

Variação sazonal na disponibilidade de alimentos

A média da disponibilidade para cada grupo de alimentos em cada estação do ano

está representada na tabela 3. Na análise da variância das médias da disponibilidade dos 14

grupos de alimentos em cada estação do ano verificou-se que apenas os “laticínios”,

“gorduras e óleos”, e “bebidas alcoólicas” não evidenciaram diferenças significativas ao

longo do ano – tabela 3.

TABELA 3: Disponibilidade de alimentos por estação do ano – IDEF 2005/2006,

Portugal

* p<0,05

** ɳ2>0,035

a) Valor não ajustado (ANOVA)

b) Valor ajustado (GLM multivariado) para as variáveis região (NUTS II), localidade, sexo, ocupação e nível de escolaridade do responsável pelo

agregado, nº de crianças, nº de adultos e nº de idosos no agregado, rendimento per capita, rácio entre despesas com alimentação, despesas totais e rácio entre despesas com alimentação fora de casa e despesas com alimentação e disponibilidade dos restantes grupos de alimentos.

Nos grupos de alimentos com variações sazonais significativas, o outono destaca-se

como a estação do ano em que se encontraram mais grupos de alimentos com maior

disponibilidade; já a primavera foi a estação do ano em que apenas os hortícolas

Estação do ano

Anual Primavera Verão Outono Inverno

p a)

p b)

ɳ2 b)

Média (IC 95%)

Efeito global <0,001* 0,024

Cereais e p. cerealíferos (g) 210

(208 – 213) 203

(198 – 208) 200

(195 – 205) 227

(221 – 233) 211

(205 – 216) <0,001* <0,001* 0,012

Carne e p. cárneos (g) 144

(141 – 147) 137

(132 – 141) 142

(137 – 148) 154

(147 – 161) 143

(137 – 149) <0,001* <0,001* 0,004

Peixe e marisco (g) 75,1

(73,4 – 76,8) 75,7

(72,3 – 79,1) 77,6

(74,3 – 81,0) 77,0

(73,5 – 80,4) 70,1

(67,0 – 73,2) 0,007* 0,005* 0,001

Ovos (em peça) 0,17

(0,16 – 0,17) 0,16

(0,15 – 0,17) 0,15

(0,14 – 0,16) 0,19

(0,18 – 0,20) 0,17

(0,16 – 0,18) <0,001* <0,001* 0,005

Laticínios (g) 274

(270 – 279) 276

(266 – 286) 274

(265 – 283) 275

(266 – 285) 272

(262 – 282) 0,940 0,548 <0,001

Gorduras e óleos (g) 41,4

(40,1 – 42,7) 40,6

(38,2 – 43,0) 40,3

(38,0 – 42,6) 43,5

(40,7 – 46,3) 41,2

(38,5 – 43,8) 0,294 0,005* 0,001

Batatas (g) 128

(123 – 132) 117

(110 – 124) 128

(118 – 139) 130

(122 – 137) 135

(127 – 144) 0,034* <0,001* 0,002

Leguminosas (g) 5,72

(5,35 – 6,09) 4,96

(4,33 – 5,58) 5,14

(4,37 – 5,91) 6,29

(5,54 – 7,03) 6,48

(5,69 – 7,27) 0,005* <0,001* 0,002

Frutos secos oleaginosos (g) 2,79

(2,48 – 3,09) 0,91

(0,72 – 1,10) 1,29

(0,91 – 1,67) 7,78

(6,7 – 8,87) 1,00

(0,82 – 1,17) <0,001* <0,001* 0,036**

Hortícolas (g) 142

(139 – 145) 147

(141 – 153) 146

(139 – 152) 134

(129 – 139) 141

(135 – 146) 0,006* 0,254 <0,001

Frutas (g) 177

(173 – 180) 185

(178 – 192) 201

(193 – 210) 153

(147 – 159) 169

(162 – 175) <0,001* <0,001* 0,009

Açúcar e p. açucarados (g) 24,2

(23,3 – 25,1) 22,1

(20,7 – 23,5) 21,6

(19,9 – 23.2) 29,9

(27,3 – 32,4) 23,1

(21,7 – 24,5) <0,001* <0,001* 0,006

Bebidas não alcoólicas (ml) 245

(239 – 252) 257

(243 – 271) 276

(262 – 291) 232

(220 – 244) 218

(206 – 229) <0,001* <0,001* 0,004

Bebidas alcoólicas (ml) 88,6

(84,7 – 92,5) 84,9

(77,5 – 92,2) 89,3

(83,0 – 95,6) 92,3

(84,6 – 100,1) 87,8

(78,4 – 97,3) 0,604 0,212 <0,001

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apresentaram maior disponibilidade e foi também a estação do ano onde mais grupos de

alimentos apresentam a menor disponibilidade.

Dos grupos de alimentos que evidenciaram variação sazonal significativa, o grupo

dos “frutos secos e oleaginosos” apresentou uma disponibilidade muito superior no outono

comparativamente às restantes estações do ano; esta discrepância de valores, quer em

relação à variação relativa nas outras estações do ano, quer em relação à variação relativa

de outros grupos de alimentos, teve como consequência a necessidade de retirar este grupo

de alimentos, quando se pretendeu avaliar a magnitude relativa entre a disponibilidade dos

grupos de alimentos nas famílias em cada estação do ano – figura 1.

Negrito: média anual (100%)

FIGURA 1: Variação sazonal (em % da média anual) na disponibilidade por grupos de

alimentos – IDEF 2005/2006, Portugal

Independentemente de se verificar maior disponibilidade de um grupo de alimentos

apenas numa das estações do ano, foi possível verificar a existência de uma clara variação

primavera-verão vs outono-inverno em alguns dos grupos de alimentos (figura 1), como nas

“frutas” e “bebidas não alcoólicas” – que apresentaram maior disponibilidade na primavera-

verão, e nas “leguminosas” – que apresentaram maior disponibilidade no outono-inverno.

Esta variação foi igualmente perceptível noutros grupos de alimentos, como nos “hortícolas”,

que apresentaram maior disponibilidade na primavera-verão, e nos grupos das “batatas”,

“cereais e produtos cerealíferos” e “ovos”, que apresentaram maior disponibilidade no

outono-inverno.

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Efeito das variáveis sociodemográficas na variação sazonal da disponibilidade de

alimentos

Ao investigar o efeito das estações do ano depois de ajustar para as variáveis

sociodemográficas, o grupo das “gorduras e óleos” passou a evidenciar variação sazonal,

enquanto o grupo dos “hortícolas” deixou de evidenciar variação sazonal, mantendo-se a

variação sazonal nos restantes grupos – tabela 3.

Globalmente, a magnitude do efeito da estação do ano nas diferenças encontradas é

pequena (ɳ2=0.024); só o grupo dos “frutos secos e oleaginosos” evidenciou uma magnitude

de efeito mediana da estação do ano nas diferenças sazonais encontradas (ɳ2=0.036), pois

nos restantes grupos de alimentos, o efeito da estação do ano foi pequeno – tabela 3.

Quando se considerou também o efeito das interações das variáveis

sociodemográficas com a estação do ano na disponibilidade de alimentos, verificou-se que

apesar de existirem variações sazonais significativas em todas as variáveis analisadas, há

interacções entre estas e as estações do ano, diminuindo consequentemente a magnitude

do efeito isolado da estação do ano na disponibilidade – tabela 4.

Já a magnitude do efeito isolado das variáveis sociodemográficas na disponibilidade

de alimentos foi distinto, apresentando-se pequena para a região (NUTS II), localidade, sexo

e escolaridade do responsável pelo agregado, e nº de adultos e de idosos no agregado, ou

seja, estas características sociodemográficas contribuem pouco para as diferenças

encontradas na disponibilidade de alimentos. O nº de crianças no agregado e rendimento

per capita apresentaram um efeito médio, indicativos de um maior contributo destas

variáveis na disponibilidade de alimentos nas estações do ano, enquanto as variáveis rácio

despesas com alimentação / despesas totais do agregado e rácio despesas com

alimentação fora de casa / despesas com alimentação do agregado apresentaram um efeito

elevado, sendo por isso as que mais contribuem isoladamente para as diferenças

encontradas na disponibilidade familiar de alimentos – tabela 4.

Por outro lado, e exceptuando a interacção da estação do ano com a região (NUTS

II), também as interacções das estações do ano com as restantes variáveis

sociodemográficas se apresentam significativas, ou seja, há diferenças na variação sazonal

na disponibilidade de alimentos entre as categorias consideradas em cada variável

sociodemográfica, enquanto qualquer que seja a região (NUTS II) considerada, a variação

sazonal na disponibilidade de alimentos nas famílias é semelhante. No entanto, todas as

interacções das variáveis sociodemográficas com a estação do ano apresentam magnitude

de variação pequena – tabela 4.

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TABELA 4: Efeito das variáveis sociodemográficas na variação sazonal da

disponibilidade de alimentos – IDEF 2005/2006, Portugal

* p < 0,005

** ɳ2>0,035

*** ɳ2>0,100

a) Valor ajustado (GLM multivariado) para as variáveis região (NUTS II), localidade, sexo, ocupação e nível de escolaridade do responsável pelo

agregado, nº de crianças, nº de adultos e nº de idosos no agregado, rendimento per capita, rácio entre despesas com alimentação, despesas totais e rácio entre despesas com alimentação fora de casa e despesas com alimentação e disponibilidade dos restantes grupos de alimentos.

Variação sazonal nos subgrupos de alimentos

Na investigação da variação sazonal dos subgrupos que compunham os grupos de

alimentos que não apresentaram variações sazonais significativas, verificou-se que também

existiam diferenças sazonais na disponibilidade de alguns destes.

Na disponibilidade dos diferentes alimentos láteos – tabela 5, foi possível verificar

que só o “leite” manteve uma disponibilidade semelhante ao longo do ano. O “queijo” e os

“outros produtos lácteos”, onde estão incluídos os iogurtes e gelados, apresentaram

variação sazonal significativa, destacando-se a maior disponibilidade de “queijo” no inverno

em relação às restantes estações do ano, e a clara distinção entre maior disponibilidade nas

famílias na primavera-verão dos “outros produtos láteos”, em relação ao outono-inverno. No

entanto, a magnitude da variação sazonal foi pequena – tabela 5.

Efeito isolado a)

Efeito da interacção com a estação do

ano a)

p ɳ2 p ɳ

2

Estação do ano <0,001* 0,003

Região (NUTS II) <0,001* 0,009

0,090 0,002

Localidade <0,001* 0,020

<0,001* 0,003

Sexo <0,001* 0,011

0,001* 0,003

Escolaridade <0,001* 0,01

<0,001* 0,004

Ocupação <0,001* 0,005

<0,001* 0,003

Nº crianças no agregado <0,001* 0,073**

<0,001* 0,004

Nº de adultos no agregado <0,001* 0,019

0,002* 0,003

Nº de idosos no agregado <0,001* 0,017

<0,001* 0,003

Rendimento per capita <0,001* 0,090**

<0,001* 0,009

Rácio despesas com alimentação / despesas totais do agregado

<0,001* 0,203***

<0,001* 0,005

Rácio despesas com alimentação fora casa / despesas com alimentação do agregado

<0,001* 0,275***

<0,001* 0,005

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TABELA 5: Disponibilidade de “lacticínios” por estação do ano – IDEF 2005/2006,

Portugal

* p<0,05

a) Valor não ajustado (ANOVA)

b) Valor ajustado (GLM univariado) para as variáveis região (NUTS II), localidade, sexo, ocupação e nível de escolaridade do responsável pelo

agregado, nº de crianças, nº de adultos e nº de idosos no agregado, rendimento per capita, rácio entre despesas com alimentação, despesas totais e rácio entre despesas com alimentação fora de casa e despesas com alimentação e disponibilidade dos restantes grupos de alimentos.

Na análise da disponibilidade das diferentes gorduras e óleos – tabela 6, destaca-se

a ausência de variação sazonal no “azeite”. Também os “cremes vegetais para barrar” e as

“outras gorduras animais” (que não a manteiga) não evidenciaram variação sazonal na

disponibilidade, embora os valores de disponibilidade fossem baixos ao longo do ano.

TABELA 6: Disponibilidade de “gorduras e óleos” por estação do ano – IDEF

2005/2006, Portugal

* p<0,05

a) Valor não ajustado (ANOVA)

b) Valor ajustado (GLM univariado) para as variáveis região (NUTS II), localidade, sexo, ocupação e nível de escolaridade do responsável pelo

agregado, nº de crianças, nº de adultos e nº de idosos no agregado, rendimento per capita, rácio entre despesas com alimentação, despesas totais e rácio entre despesas com alimentação fora de casa e despesas com alimentação e disponibilidade dos restantes grupos de alimentos.

Por outro lado, a disponibilidade de “outros óleos” (que não o azeite) apresentou

variação sazonal, encontrando-se a maior disponibilidade no outono. Já a “manteiga” e a

“margarina de culinária” apresentaram variação sazonal, com uma clara variação primavera-

Estação do ano

Anual Primavera Verão Outono Inverno

p a)

p b)

ɳ2 b)

Média (IC 95%)

Leite (g) 217

(212 – 221) 218

(208 – 227) 210

(202 – 218) 222

(214 – 232) 216

(207 – 225) <0,277 0,102 0,001

Queijo (g) 16,9

(16,5 – 17,3) 16,6

(15,7 – 17,4) 16,7

(15,9 – 17,5) 16,3

(15,5– 17,1) 18,0

(17,1 – 18,9) 0,030* <0,001* 0,002

Outros produtos láteos (g) 40,9

(40,0 – 41,9) 42,2

(40,2 – 44,2) 47,4

(45,3 – 49,4) 36,5

(34,7 – 38,3) 37,8

(36,1 – 39,6) <0,001* <0,001* 0,013

Estação do ano

Anual Primavera Verão Outono Inverno

p a)

p b)

ɳ2 b)

Média (IC 95%)

Manteiga (g) 2,54

(2,44 – 2,64) 2,35

(2,16 – 2,54) 2,31

(2,12– 2,49) 2,70

(2,50 – 2,91) 2,78

(2,57 – 3,00) 0,001* <0,001* 0,002

Outras gorduras animais (g) 0,17

(0,13 – 0,21) 0,14

(0,06 – 0,23) 0,16

(0,11 – 0,22) 0,24

(0,13 – 0,34) 0,13

(0,08 – 0,18) 0,236 0,181 <0,001

Margarina de culinária (g) 1,68

(1,57 – 1,79) 1,32

(1,12 – 1,51) 1,63

(1,40 – 1,87) 1,89

(1,66 – 2,12) 1,87

(1,63 – 2,12) 0,001* 0,002* 0,002

Cremes vegetais p/ barrar (g) 1,93

(1,83 – 2,04) 1,95

(1,74 – 2,17) 2,04

(1,81 – 2,26) 1,71

(1,52 – 1,91) 2,04

(1,83 – 2,24) 0,101 0,038* 0,001

Azeite (g) 17,0

(16,0 – 18,1) 18,1

(16,2 – 20,0) 15,3

(13,8 – 16,8) 17,3

(15,0 – 19,6) 17,4

(15,0 – 19,8) 0,268 0,023* 0,001

Outros óleos (g) 21,9

(21,1 – 22,7) 20,6

(19,0 – 22,2) 22,6

(21,0 – 24,2) 23,7

(22,0 – 25,4) 20,8

(19,3 – 22,2) 0,014* 0,035* 0,001

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verão em relação ao outono-inverno, sendo a disponibilidade nas famílias maior nestas

últimas; no entanto, a disponibilidade destas gorduras foi baixa ao longo de todo o ano.

Na investigação do efeito das estações do ano depois de ajustar para as variáveis

sociodemográficas, o “azeite” e os “cremes vegetais de barrar” passaram a evidenciar

variação sazonal. Também neste subgrupo, a magnitude da variação sazonal foi pequena –

tabela 6.

No grupo das “bebidas alcoólicas”, onde inicialmente não se tinha verificado variação

sazonal, encontraram-se variações sazonais em todos os subgrupos – tabela 7.

TABELA 7: Disponibilidade de “bebidas alcoólicas” por estação do ano – IDEF

2005/2006, Portugal

* p<0,05

a) Valor não ajustado (ANOVA)

b) Valor ajustado (GLM univariado) para as variáveis região (NUTS II), localidade, sexo, ocupação e nível de escolaridade do responsável pelo

agregado, nº de crianças, nº de adultos e nº de idosos no agregado, rendimento per capita, rácio entre despesas com alimentação, despesas totais e rácio entre despesas com alimentação fora de casa e despesas com alimentação e disponibilidade dos restantes grupos de alimentos.

Com excepção das “bebidas espirituosas”, cuja disponibilidade foi muito superior no

outono em relação às demais estações do ano, nas restantes bebidas alcoólicas notou-se

uma clara distinção entre disponibilidade na primavera-verão vs outono-inverno: a

disponibilidade de “cerveja” foi maior na primavera-verão, enquanto a disponibilidade de

“vinho” foi maior no outono-inverno. Mais uma vez, a magnitude da variação sazonal foi

pequena – tabela 7.

DISCUSSÃO

O recurso aos IDEF é já prática comum em vários países como instrumento de

recolha de informação para avaliar a disponibilidade de alimentos nas famílias. (59,69-71,

73,74) Uma vez que incluem recolha de dados com a mesma representatividade da

Estação do ano

Anual Primavera Verão Outono Inverno

p a)

p b)

ɳ2 b)

Média (IC 95%)

Vinho (ml) 61,6

(58,2 – 65,0) 54,3

(48,5 – 60,0) 57,0

(51,9 – 62,1) 66,6

(59,7 – 73,4) 68,2

(59,3 – 77,2) 0,008* <0,001* 0,002

Cerveja (ml) 23,4

(21,8 – 25,0) 27,9

(23,6 – 32,1) 29,7

(26,4 – 32,9) 18,6

(16,0 – 21,3) 17,6

(15,1 – 20,1) <0,001* <0,001* 0,005

Bebidas espirituosas (ml) 3,65

(3,33 – 3,98) 2,73

(2,20 – 3,26) 2,60

(2,10 – 3,11) 7,14

(6,19 – 8,10) 2,02

(1,63 – 2,41) <0,001* <0,001* 0,013

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87

população em todas as estações do ano (51,94) permitem investigar alterações na

disponibilidade de alimentos pelas famílias ao longo do ano.

No entanto, desconhecem-se estudos publicados com referência a alterações

sazonais na disponibilidade de alimentos nas famílias em países desenvolvidos, e apenas

se conhece um artigo publicado com o objectivo de avaliar a sazonalidade na

disponibilidade de alimentos com recurso ao IDEF, (95) mas como a avaliação foi feita em

Moçambique - um país pobre e pouco desenvolvido, verificam-se marcadas diferenças nos

hábitos alimentares, relações comerciais, dependência agrícola e características

sociodemográficas em relação aos países mais desenvolvidos, (95) sendo os resultados

obtidos de difícil comparação.

Como este estudo objetivou a análise da variação sazonal na disponibilidade de

alimentos para consumo familiar em Portugal no ano de 2005/2006, e não existindo estudos

realizados em países desenvolvidos com recurso aos IDEF, os resultados desta análise

foram comparados com os resultados publicados de estudos que recorreram a outras fontes

de informação, nomeadamente aos inquéritos individuais de avaliação do consumo

alimentar.

Neste estudo, e dado o número elevado de famílias na amostra, foi possível detetar

diferenças significativas na disponibilidade ao longo do ano na maioria dos grupos de

alimentos considerados, onde apenas os grupos dos “lacticínios”, “gorduras e óleos” e

“bebidas alcoólicas” não evidenciaram variação sazonal significativa. No entanto,

decompostos estes grupos de alimentos, foi possível encontrar variações sazonais em

alguns dos seus subgrupos.

Prasad e colaboradores também não encontraram variação sazonal no consumo de

laticínios (e ovos) e gorduras e óleos, em grávidas finlandesas, onde o consumo de bebidas

alcoólicas não foi avaliado (4); Capita e Alonso-Calleja também não encontraram em adultos

espanhóis grandes variações no consumo de laticínios entre o verão e inverno, mas já

encontraram variações sazonais no consumo de óleos e gorduras e de bebidas alcoólicas,

embora com diferenças em ambos os sexos quanto à estação em que foram mais ou menos

consumidos. (26)

Nos grupos de alimentos em que foi detetada variação sazonal encontrou-se clara

distinção no gradiente de disponibilidade de alimentos nas famílias entre a primavera-verão

vs outono-inverno em muitos deles: enquanto os grupos das “frutas”, “hortícolas” e “bebidas

não alcoólicas” evidenciaram uma maior disponibilidade na primavera-verão, os grupos das

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“leguminosas”, “batatas”, “cereais e produtos cerealíferos” e “ovos”, mostraram uma maior

disponibilidade no outono-inverno.

Na análise das compras em supermercados recolhidas num estudo-piloto efectuado

por Mhurchu e colaboradores na Nova Zelândia, verificou-se maior aquisição de hortícolas e

frutas no verão em relação ao inverno. (96)

Já na análise do consumo de alimentos, o consumo mais elevado de hortícolas no

verão em relação ao inverno também foi encontrado por Prasad e colaboradores em

grávidas finlandesas; por outro lado, o consumo de frutas mostrou um consumo inferior no

verão, apesar das diferenças encontradas na variedade de fruta considerada. (4) Giles e

colaboradores também atribuíram ao maior consumo de hortícolas em saladas e frutas no

verão, algumas das variações sazonais que encontraram na ingestão de vitaminas e

minerais. (31)

Num outro estudo, Schätzer e colaboradores verificaram que adultos austríacos

consumiam menos frequentemente hortícolas no inverno em relação ao verão, mas o

mesmo já não se verificou na frequência do consumo de frutas entre as duas estações. (24)

A frequência do consumo de fruta também foi referida pela maioria dos indivíduos como

sendo semelhante no verão e inverno num estudo feito por Cox e colaboradores no Reino

Unido, embora neste estudo a maioria dos indivíduos também referisse menor frequência de

consumo de saladas no inverno. (22)

Em Espanha, Capita e Allonso-Calleja verificaram que o consumo de frutas por

adultos também foi maior no verão em relação ao inverno em ambos os sexos mas,

enquanto se verificou também maior consumo de hortícolas no verão nas mulheres, nos

homens verificou-se maior consumo de hortícolas no inverno. (26)

Resultados um pouco diferentes foram encontrados no Japão: Fahey e

colaboradores encontraram menor ingestão de carotenos e vitamina C no inverno, atribuída

ao menor consumo de hortícolas e frutas ricas nestes nutrientes nesta estação (30); já Inoue

e colaboradores verificaram que a proporção de consumo de frutas e hortícolas também foi

maior no inverno em pacientes livres de cancro após alta hospitalar, mas apenas em

mulheres. (28)

Outros autores também encontraram diferenças no consumo de hortícolas e frutas,

mas como foi investigado o consumo específico e muito limitado de alimentos não é viável a

comparação da variação do consumo destes com a variação do consumo enquanto grupo

de alimentos, pois a heterogeneidade enquanto grupo é elevada. (2,23,27) Mesmo assim,

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Fowke e colaboradores verificaram maior consumo de hortícolas e menor consumo de frutas

no inverno, comparativamente ao consumo destes no verão, em mulheres adultas, (19)

enquanto Ziegler e colaboradores verificaram que o consumo de hortícolas e frutas ricas em

carotenos era inferior no outono-inverno, em relação ao consumo na primavera-verão, em

homens adultos. (23)

As razões são várias, mas a maior e mais variada disponibilidade de hortícolas e

frutas, habitualmente em estreita relação com a maior disponibilidade agrícola e/ou

necessidades de importação, poderão ser uma das explicações encontradas para estas

diferenças. (2,4,25)

Relativamente ao maior consumo de alimentos no outono-inverno por comparação

com a maior disponibilidade dos grupos de alimentos encontrados neste estudo, apenas um

estudo publicado incluiu o consumo sazonal de leguminosas, onde se verificou um maior

consumo de leguminosas no inverno apenas em mulheres espanholas, pois o consumo de

leguminosas por homens espanhóis foi maior no verão. (26)

Também a referência ao consumo de batatas foi escasso, mas quando incluído,

encontrou-se uma tendência de maior consumo no verão em adultos canadianos (2) ou não

se encontrou variação sazonal no consumo de batatas, embora o consumo de raízes e

tubérculos tenha sido maior no outono-inverno, como constatado em grávidas finlandesas.

(4)

Relativamente ao consumo de cereais, Prasad e colaboradores encontraram um

ligeiro aumento no outono, em grávidas finlandesas, (4) enquanto Capita e Alonso-Calleja

encontraram maior consumo de cereais no inverno, mas apenas em homens espanhóis.

(26)

O consumo de ovos também foi abordado em poucos estudos e, apesar de Joachim

ter encontrado um maior consumo de ovos no verão em adultos canadianos, (2) Shahar e

colaboradores encontraram maior consumo de ovos no inverno, especialmente de ovos

cozidos, em trabalhadores industriais israelitas do sexo masculino, (20,21) assim como

Capita e Alonso-Calleja em Espanha, mas em adultos de ambos os sexos. (26)

No presente estudo, outros grupos de alimentos mostraram variação sazonal

essencialmente devido à maior disponibilidade numa das estações, em relação à

disponibilidade média ao longo do ano e/ou nas restantes estações do ano, sendo o caso

dos “frutos secos oleaginosos” e “açúcar e produtos açucarados”, que mostraram maior

disponibilidade no outono.

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Não se encontraram quaisquer referências à variação sazonal no consumo dos frutos

secos oleaginosos, embora a maior disponibilidade destes alimentos nas famílias

portuguesas no outono se deva essencialmente à maior aquisição anterior às festividades

do Natal e Ano Novo, onde o consumo destes alimentos está culturalmente enraizado nos

hábitos alimentares.

A maior disponibilidade de “açúcar e produtos açucarados” no outono também

poderá estar associada à comemoração das festividades do Natal e Ano Novo, pois

juntamente com os ovos e óleos (que também apresentaram maior disponibilidade nesta

estação) são ingredientes comuns na doçaria tradicional portuguesa para esta época do

ano, assim como os frutos secos oleaginosos. O maior consumo de açúcar nas estações

mais frias também foi encontrado por Capita e Alonso-Calleja em adultos espanhóis, (26)

enquanto Prasad e colaboradores verificaram um consumo de produtos açucarados

semelhante ao longo do ano nas grávidas finlandesas. (4)

Outros dois grupos de alimentos mostraram variação sazonal – a disponibilidade de

“carne e produtos cárneos”, e a disponibilidade de “peixe e marisco”. A disponibilidade de

carne foi maior no outono e inferior na primavera, não sendo claros os motivos de tal

variação na população portuguesa. Ao contrário destes resultados, o consumo de carne não

apresentou variações sazonais em grávidas finlandesas, (4) ou foi mais elevado no inverno

em mulheres adultas chinesas (19) ou homens trabalhadores industriais israelitas, (20,21)

ou mais elevado no verão em adultos espanhóis. (26)

A disponibilidade de “peixe e marisco” foi inferior no inverno, apesar da relativa

ausência de variações sazonais nas restantes estações do ano. A elevada preferência da

população portuguesa por peixe fresco e as condições de pesca adversas que se encontram

no inverno poderão ser a explicação para a menor disponibilidade familiar destes alimentos,

pois a disponibilidade nos retalhistas que vendem alimentos também é inferior e os preços

tendencialmente mais elevados. (97,98) Já na Finlândia, o consumo de peixe por grávidas

não mostrou variação sazonal (4) ou, pelo contrário, foi menos consumido na primavera-

verão, como encontrado em adultos espanhóis (26) ou mulheres adultas chinesas. (19)

Curiosamente, a estação do ano onde mais frequentemente se verificou a maior

disponibilidade nos diferentes grupos de alimentos foi no outono, coincidindo com maiores

reservas resultantes da produção agrícola em Portugal, e a primavera foi a estação do ano

onde mais frequentemente se verificou a menor disponibilidade nos diferentes grupos de

alimentos, coincidindo com o principal período das sementeiras na produção agrícola.

(99,100)

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A ausência de variação sazonal na disponibilidade de alimentos que foi encontrada

neste estudo nem sempre reflectia a real ausência de variação sazonal, pois nos 3 grupos

de alimentos onde a variação sazonal não foi significativa, encontraram-se importantes

variações sazonais nos seus subgrupos.

No grupo dos “lacticínios”, apenas a disponibilidade de “leite” foi semelhante ao longo

do ano, enquanto a maior disponibilidade de “queijo” encontrada no inverno poderá reflectir,

de certo modo, a maior produção deste nesta época do ano. Este resultado está em

concordância com o maior consumo de queijo no inverno encontrado em homens

trabalhadores israelitas por Shahar e colaboradores, embora a diferença não tenha atingido

a significância desejada. (20,21)

Por outro lado, e considerando que nos “outros produtos láteos” estão incluídos os

iogurtes e gelados, a maior disponibilidade destes alimentos na primavera-verão pode estar

relacionada com o fato de serem alimentos consumidos frios, e por isso mais apetecíveis

nos meses mais quentes. Embora não haja referência ao consumo de iogurtes, o consumo

de gelados é apresentado em alguns estudos, e apenas não se verificou variação sazonal

em adultos canadianos, (2) pois verificou-se maior consumo no verão quer em grávidas

filandesas, (4) quer em adultos americanos. (27)

No grupo das “gorduras e óleos” a disponibilidade de “margarina de culinária” e de

“manteiga” mostraram variação sazonal, enquanto as “outras gorduras animais” que não

manteiga (como a banha) e os “cremes vegetais para barrar” não, mas a disponibilidade

destes alimentos mostrou-se muito baixa por comparação com os óleos vegetais, carecendo

de importância na ausência de sazonalidade verificada no grupo. Apenas os “outros óleos”

que não o azeite apresentou variação sazonal com importância relativamente à quantidade

disponível nas famílias, mas não foi suficiente para contribuir para diferenças no grupo ao

longo do ano, pois não se verificaram variações sazonais na disponibilidade de “azeite”, o

que poderá estar relacionado com a importância que este alimento tem na alimentação dos

portugueses, permanecendo como uma característica comum à dieta mediterrânica.

(101,102)

Por fim, e apesar da ausência de variação sazonal enquanto grupo heterogéneo que

inclui todas as “bebidas alcoólicas”, verificou-se variação sazonal na disponibilidade dos

principais tipos de bebidas alcoólicas, destacando-se a maior disponibilidade de “vinho” no

outono-inverno em relação à primavera-verão, e exactamente o oposto na disponibilidade da

cerveja, que sendo uma bebida mais refrescante, apresenta maior disponibilidade na

primavera-verão. Também Subar e colaboradores verificaram maior proporção de adultos

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americanos consumidores de vinho no inverno, (27) mas não se encontraram mais

referências ao consumo de outras bebidas alcoólicas.

As “bebidas espirituosas” também apresentaram variação sazonal, mas nestas

bebidas a disponibilidade foi muito superior no outono em relação à disponibilidade média

no ano ou nas restantes estações. Mais uma vez, é plausível que a maior disponibilidade

destas bebidas nas famílias portuguesas se deva à maior aquisição anterior às festividades

do Natal e Ano Novo, onde o consumo está culturalmente presente nos hábitos alimentares

desta época (como o vinho do Porto ou vinho espumante), assim como no hábito de

presentear com este tipo de bebidas.

Num estudo publicado recentemente que recorreu aos IDEF, ficou demonstrado que

várias variáveis sociodemográficas explicavam diferenças na qualidade da dieta, como o

rendimento, sexo, nível de escolaridade, idade, região, tipologia da composição da família,

situação profissional ou trimestre de participação. (81) Neste estudo a sazonalidade não se

mostrou significativa para a qualidade da dieta, excepto na Finlândia, onde a qualidade da

dieta foi inferior no 4º trimestre (coincidindo aproximadamente ao outono). (81)

No presente estudo verificou-se que todas as características sociodemográficas

consideradas mostraram influenciar as variações sazonais na disponibilidade familiar de

alimentos. Esta observação foi também comum nos estudos de consumo alimentar onde

variáveis sociodemográficas foram controladas ou investigadas, embora nem todas as

variáveis aqui consideradas tivessem sido investigadas. Por exemplo, a localização da

habitação familiar (rural ou urbana), (25,95) e o sexo (22,26-28) foram responsáveis por

alterações na variação sazonal do consumo de alimentos.

Algumas destas variáveis também foram responsáveis por variações sazonais ao

nível da ingestão energética e de nutrientes, decorrente das alterações no consumo de

alimentos ao longo do ano e, mais uma vez, o sexo foi responsável por diferentes variações

sazonais, (103-105) mas também a idade, (103,104) a etnia (104) ou a escolaridade. (104)

A compra de alimentos nas vias comerciais tradicionais é o modo de obtenção de

alimentos predominante nos países desenvolvidos, sendo que antecede a disponibilidade e

o consumo de alimentos nas famílias, (39) e são vários os estudos que demonstram que a

aquisição de alimentos é sensível às características sociodemográficas das famílias.

(40,41,106,107)

A aquisição de alimentos tipo “ingredientes” é maior nos grupos etários mais

elevados e menor nos mais jovens, apresentando os mais velhos maior sensibilidade à

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variação sazonal; pelo contrário, a despesa com refeições efetuadas fora de casa é maior

nos mais jovens e menor nos mais velhos. (67) De certo modo, a diminuição do poder de

compra está relacionado com a aquisição de alimentos tipo “ingredientes” para preparar em

casa, e o aumento do poder de compra com a realização de refeições fora de casa,

aquisição de refeições pré-preparadas ou prontas a consumir. (67,108)

Neste estudo, a existência de diferenças sazonais significativas no grupo das

“gorduras e óleos”, quando controladas as variáveis sociodemográficas, indicia que as

diferenças sociodemográficas mascaram a disponibilidade de “gorduras e óleos” nas

estações do ano, isto é, nas famílias que reúnem características sociodemográficas

semelhantes existem variações sazonais na disponibilidade de “gorduras e óleos”, pelo que

a disponibilidade destes alimentos nas famílias é influenciada pela estação do ano. Na

avaliação da sazonalidade dos subgrupos de alimentos, não se verificaram variações

significativas na disponibilidade do azeite e dos cremes vegetais para barrar, mas ao serem

controladas as variáveis sociodemográficas, já se encontraram diferenças sazonais

significativas, reflectindo diferente disponibilidade ao longo do ano nas famílias que reúnem

características semelhantes.

Por outro lado, a perda da variação sazonal no grupo dos “hortícolas” depois de

controladas as variáveis sociodemográficas, indicia que, apesar de existirem diferenças na

disponibilidade de hortícolas nas diferentes estações do ano nas famílias em geral, não há

diferenças sazonais na disponibilidade de “hortícolas” nas famílias que reúnem

características sociodemográficas semelhantes, levando a crer que a disponibilidade de

“hortícolas” é também influenciada por outras variáveis que não a estação do ano.

A sazonalidade na alimentação fica a dever-se a condições associadas à natureza

dos alimentos, em estreita relação com a produção agrícola e importação, que condicionam

a sua disponibilidade para venda. Por sua vez, condições comerciais determinadas

principalmente pelo preço, mas também marketing promocional ou capacidade logística dos

retalhistas podem modular a preferência dos consumidores por determinados alimentos em

diferentes épocas do ano. As variações são esperadas para alimentos como frutas e

hortícolas, e prendem-se com o mais baixo preço e maior disponibilidade nos mercados

para venda dos alimentos produzidos na época.

Mas os consumidores, através das suas preferências, conhecimentos, expectativas e

hábitos culturais, podem dispor dos alimentos de forma diferente ao longo do ano, o que

também se vai traduzir em variações sazonais na disponibilidade e consumo de alimentos,

de forma independente da sua produção.

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Utilidade e implicações

Identificar alimentos de consumo sazonal na população e fatores sociodemográficos

responsáveis pelas diferenças encontradas é de principal importância nos estudos de

consumo de alimentos, para que se consiga uma metodologia correta de avaliação:

alimentos regularmente consumidos têm a propriedade de adquirir um significado de

consumo habitual ao longo do ano, e em qualquer período do ano em que ocorra a

investigação os resultados serão semelhantes; já alimentos que são consumidos de forma

mais sazonal, requerem múltiplas avaliações ao longo o ano para que se consigam bons

resultados. (26)

Considerar a estação do ano em que ocorre a investigação irá melhorar a exactidão

dos resultados em investigações dietéticas e assegurar a acuidade dos estudos que

associam a dieta à doença. (22,25,26,30,109) Por outro lado, alerta-se ainda para a

necessidade de ter em atenção o período em que decorreu a investigação, quando se fazem

comparações entre estudos no mesmo país ou entre países, pois a inclusão de todo o ano

ou apenas parte do ano no período de investigação pode modificar os dados de consumo

alimentar e/ou ingestão recolhidos.

Na falta de estudos relativos ao consumo de alimentos, como é o caso de Portugal,

os resultados obtidos indiretamente pelos Inquéritos às Despesas da Famílias podem

auxiliar os nutricionistas e demais profissionais de saúde, no conhecimento dos

comportamentos alimentares e proporcionando uma boa estimativa do consumo alimentar e

ingestão dietética efetuadas pelos membros das famílias ao longo do ano.

Este conhecimento, aliado à identificação dos grupos de população mais suscetíveis

ao consumo sazonal de determinados alimentos, é importante para o desenvolvimento de

programas de promoção da saúde, como por exemplo, os programas de fortificação (84) e

revisão das recomendações e mensagens dirigidas ao público em geral e a grupos-alvo

específicos, (103) bem como para contemplar a sazonalidade alimentar na definição da

política nutricional do país.

Limitações e pontos fortes

Esta investigação tem importantes limitações, próprias da utilização dos IDEF na

avaliação da disponibilidade de alimentos nas famílias e consequente inferência do

consumo de alimentos pelos seus membros. Nomeadamente, a falta de informação em

relação às refeições efectuadas fora de casa (restaurantes, cantinas, etc.), que está

relacionada com a diminuição da necessidade de adquirir alimentos para casa e, portanto,

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não se conseguir avaliar a composição e respectiva sazonalidade na disponibilidade dos

ingredientes utilizados nessas refeições; e o desconhecimento da distribuição dos alimentos

pelo agregado (preferência dos homens, mulheres ou crianças), desperdício e alimentos

para animais, ofertas e presença de convidados na família. (51,52,68,84)

Apesar disto, a boa correlação entre os resultados da disponibilidade familiar de

alimentos e os resultados provenientes do consumo de alimentos pelos indivíduos, como

encontrado em estudos efetuados em Portugal (62) e noutros países, (63-66) têm permitido

tirar conclusões bastante aproximadas do consumo de alimentos.

Há ainda a limitação da definição das estações do ano, pois o período quinzenal de

avaliação dos inquéritos não coincide exatamente com a estação do ano: 4 quinzenas de

avaliação incluem o fim de uma estação e o início da estação seguinte. Esta definição é

responsável, em parte, pelos resultados obtidos na disponibilidade de alguns alimentos no

outono, que seriam de esperar no inverno devido à comemoração das festividades do Natal

e Ano Novo.

Outra limitação importante prende-se com o fato de os alimentos disponíveis na

família no período em investigação não serem consumidos no mesmo período pois, de

modo geral, os alimentos adquiridos nem sempre são imediatamente consumidos. É ainda

possível que os alimentos adquiridos e disponíveis numa estação do ano só sejam

consumidos nos meses seguintes, como acontece com os alimentos pouco perecíveis

adquiridos em épocas de menor preço e/ou maior produção (exp: batatas) (3) ou em acções

promocionais efectuadas pelos retalhistas (mercearia, óleos, bebidas, etc). A não

consideração da disponibilidade inicial e final de alimentos no período de investigação

também pode alterar a disponibilidade de alimentos nas famílias. No entanto, como as

unidades de estudo incluem uma amostra representativa de agregados familiares, as

variações no armazenamento e seu impacto na disponibilidade familiar tendem a anular-se.

(71)

Esta investigação tem como principais pontos fortes o tamanho elevado da amostra,

a representatividade da população portuguesa e o controlo estatístico de diversos atributos

sociodemográficos que poderiam atuar como fator confundidor. A recolha de informação

detalhada sobre a aquisição de alimentos e bebidas, através de um protocolo

estandardizado e aplicado num período de tempo relativamente longo, possibilita a posterior

comparação ao longo do tempo e entre países.

Por outro lado, há uma lacuna na investigação deste assunto, sendo o único artigo

conhecido a centrar-se no assunto em Portugal.

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96

Futuras investigações

As tendências temporais na disponibilidade sazonal de alimentos nas famílias

portuguesas e a comparação com a disponibilidade sazonal de alimentos nas famílias em

outros países, são assuntos que merecem investigação futura, pois é importante o

conhecimento de como o desenvolvimento económico e outras alterações

sociodemográficas contribuem para alterações mais ou menos benéficas na disponibilidade

de alimentos.

A avaliação das variações sazonais ao nível da ingestão de energia, macronutrientes

e outros componentes alimentares poderia também ser de utilidade na monitorização da

adequação nutricional ao longo do ano.

CONCLUSÕES

Na maioria dos grupos de alimentos houve variação sazonal na disponibilidade

média de alimentos das famílias portuguesas em 2005/2006. Somente os lacticínios,

gorduras e óleos, e bebidas alcoólicas não apresentaram variações significativas enquanto

grupo, mas também houve variação sazonal nos alimentos e bebidas neles incluídos,

excepto leite e outros óleos vegetais que não o azeite.

Em alguns grupos de alimentos encontrou-se clara distinção entre a disponibilidade

na primavera-verão vs outono-inverno: maior disponibilidade de frutas, hortícolas, bebidas

não alcoólicas, outros produtos láteos (que não o leite e o queijo) e cerveja na primavera-

verão, e maior disponibilidade de leguminosas, batatas, cereais e produtos cerealíferos,

ovos e vinho no outono-inverno.

A magnitude das variações sazonais foi pequena, excepto no grupo dos frutos secos

e oleaginosos, e verificaram-se interacções das estações do ano com as variáveis

sociodemográficas, exceto para a região do país, mas também de magnitude pequena.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao Instituto Nacional de Estatística – a entidade portuguesa

responsável pela preparação e execução do Inquérito às Despesas da Família 2005/2006,

por permitir a utilização das suas bases de dados.

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CONCLUSÕES

Apesar dos artigos publicados que tinham como objectivo a avaliação do consumo

sazonal de alimentos serem escassos e os resultados nem sempre serem comparáveis

entre países e entre si, é possível concluir que se verifica maior variação sazonal no

consumo de alimentos do que na ingestão de energia e nutrientes, mas que a variação

cíclica da ingestão de energia e nutrientes ao longo do ano pode representar um importante

problema de saúde pública, quando se traduz em modificações no estado nutricional e de

saúde individual e da comunidade.

Com este trabalho também ficou demonstrado que em Portugal há variação sazonal

na disponibilidade familiar na maioria dos grupos de alimentos, e somente os laticínios,

gorduras e óleos e bebidas alcoólicas não apresentaram variação sazonal, embora a

maioria dos subgrupos de alimentos destes grupos apresentem também variação sazonal.

Embora, com excepção dos frutos secos oleaginosos, o tamanho das variações

encontradas seja pequeno, estas variações traduzem-se frequentemente em gradientes de

maior e menor disponibilidade na primavera-verão vs outono-inverno: frutas, hortícolas,

bebidas não alcoólicas, outros produtos láteos (que não o leite e o queijo) e cerveja mais

disponíveis na primavera-verão, e maior disponibilidade de leguminosas, batatas, cereais e

produtos cerealíferos, ovos e vinho no outono-inverno.

Conhecer as variações sazonais, na disponibilidade e consumo de alimentos e na

ingestão de energia e nutrientes, que ocorrem numa população é fundamental para o

controlo desta variável na interpretação de resultados nos estudos epidemiológicos. Ao

identificarem-se também os factores sociodemográficos responsáveis pela diferenciação

nesta variação ao longo do ano e as consequências da sazonalidade dos hábitos

alimentares no estado nutricional e de saúde, é possível delinear recomendações

específicas, aplicáveis e sustentáveis, de segurança e adequação nutricionais na

elaboração das políticas de nutrição e saúde pública.

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