SBAC no Laboratório 2ª Edição

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1 SBAC NO LABORATÓRIO NO LABORATÓRIO Publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas Nº 002 Abril 2016 Ensino de Qualidade A reformulação na estrutura curricular dos cursos de Farmácia, com aumento dos cursos de pós-graduação, poderá beneficiar o setor da saúde Zika Vírus O desafio da prevenção e do diagnóstico Pág.10 Gestão Veja como o marketing pode ajudar sua empresa Pág.12

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1SBAC no laboratório

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Publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Análises ClínicasNº 002 • Abril 2016

Ensino de QualidadeA reformulação na estrutura curricular dos cursos de Farmácia, com aumento dos cursos de pós-graduação, poderá beneficiar o setor da saúde

Zika Vírus O desafio da prevenção e do diagnóstico Pág.10

Gestão Veja como o marketing pode ajudar sua empresa Pág.12

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2 3Sociedade Brasileira de Análises Clínicas SBAC no lABorAtório

apresentação ÍndiceAtualidades, artigos exclusivos e muita informação: é com grande prazer que entregamos a você, leitor, a segunda edição da revista SBAC no Laboratório. Nosso objetivo com essa publicação é oferecer mais um canal de difusão de conhecimentos e opiniões a

todos os associados da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas.

Por meio de uma leitura leve e agradável trazemos assuntos que dizem respeito a temas científicos e também outros tópicos de extrema importância para quem trabalha nesse mercado.

Entre os destaques deste número está a entrevista com a professora Dulcineia Saes Parra Abdalla, que comenta as propostas em discussão para a mudança da estrutura curricular dos cursos de Farmácia. Ela também ressalta a importância e o desenvolvimento no Brasil de cursos de pós-graduação de qualidade.Essa análise reflete o quanto é fundamental em nosso setor o processo de educação continuada. Afinal, o profissional não termina sua formação quando finaliza a graduação. O aprendizado e o aperfeiçoamento devem ser constantes, seja por meio de pós-graduação ou outros cursos de extensão.

Nesta edição você vai saber também sobre o que há de novo em relação às pesquisas sobre o vírus Zika, atualidades para o controle glicêmico e padronização para a liberação dos laudos de hematoscopia. Poderá ler o primeiro artigo de uma série sobre neuroparasitoses e terá acesso aos conceitos atuais de marketing para laboratórios clínicos. Boa leitura!

Abraços,

amadEo SáEZ-alQuEZar Editor chefe da SBAC no Laboratório

dirEtoria EXECutiVa SbaC Presidente: Jerolino Lopes Aquino Vice-Presidente: Maria Elizabeth Menezes Secretário Geral: Jairo Epaminondas Breder Rocha Secretário: Luiz Roberto dos Santos Carvalho Tesoureiro: Estevão José Colnago Tesoureiro Adjunto: Marcos Kneip Fleury Diretor Executivo: Luiz Fernando Barcelos

SbaC no laboratório Editor chefe: Amadeo Sáez-Alquezar Conselho Editorial: Ana Paula Faria - Antonio Walter Ferreira Caio Maurício Mendes de Cordova - Jerolino Lopes Aquino José Abol Corrêa - Lea Costa - Lenilza Mattos Lima Marcos Kneip Fleury - Mauren Isfer Anghebem Maria Elizabeth Menezes - Pedro Dazevedo Jornalistas responsáveis: Adriana Carvalho / Ivolethe Duarte Projeto gráfico e editorial: Smart Design Revisão: Tânia Cotrim Impressão: Input Bureau Comunicação Gráfica Tiragem: 7.000 exemplares Periodicidade: Trimestral

FALE CONOSCO Rua Vicente Licínio, 99 - Tijuca Rio de Janeiro - RJ - Brasil CEP: 20270-902 (21) 2187-0800 | (21) 2187-0805 [email protected]

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SBACorg Esta é uma publicação da

Todos os direitos reservados

• Hematoscopia: padronização na liberação dos resultados

• Eles podem mexer com sua cabeça

SbaCINFORMA

• Desafios do diagnóstico e combate à ZikaSbaCEMDESTAquE

• Dulcineia Saes Parra AbdallaSbaCENTREVISTA

• Marcador 1,5 AG amplia arsenal de exames para controle glicêmico

• Cursos

SbaCATuALIZA

SbaCACONTECE

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• É o momento de se reinventarSbaCgESTãO . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

a versão digital da revista está disponível no site www.sbac.org.br e na fanpage no www.facebook.com/SbaCorg

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4 5Sociedade Brasileira de Análises Clínicas SBAC no lABorAtório

SbaCATuALIZA

marcador 1,5 aG amplia arsenal de exames para controle glicêmico

O Diabetes mellitus (DM) é um problema de saúde pública global crescente e está associado ao envelhecimento populacional, estilo de vida, obesidade e fatores genéticos. A prevenção das complicações do DM – tais como cegueira, problemas vasculares, doença renal, infarto agudo do miocárdio – por meio do controle glicêmico é a principal arma contra o risco de morte prematura e outras morbidades decorrentes desta síndrome.

O laboratório clínico dispõe de marcadores para avaliar o controle glicêmico em um paciente com DM. O método mais utilizado é a dosagem da glicemia em jejum que, mesmo apresentando baixa sensibilidade, reflete o estado glicêmico no momento da coleta. A glicemia pós-prandial e a glicemia 2 horas pós-sobrecarga, indicam os picos glicêmicos em resposta à ingesta de glicose. A hemoglobina glicada (HbA1c), no presente o melhor parâmetro, monitora a glicemia

Diabetes

SEMANAS ANTES DA DOSAGEM

10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0

HbA1CFrutosamina

Glicose em jejum

1,5AG

Figura 1: Sensibilidade dos biomarcadores para identificar variações no controle glicêmico: a glicemia de jejum responde a variações dentro de minutos, o 1,5 AG captura picos glicêmicos em 24 a 72 horas antes da dosagem, a frutosamina, em 1 a 3 semanas, e a HbA1c, em 4 a 8 semanas. Fonte: adaptado de http://www.glycomark.com/

Tabela 1: Relação entre as concentrações de 1,5 AG e média aproximada de glicemia plasmática após refeição

Tabela 2: Relação entre concentrações de 1,5 AG e HbA1c com o controle glicêmico

e reflete o estado glicêmico médio dos 2 a 4 meses anteriores à coleta do sangue (2).

Múltiplos estudos demonstraram que a severidade e a precocidade das complicações no DM estão fortemente associadas às excursões glicêmicas (picos e vales), às quais refletem um aumento da glicemia pós-prandial. Estas excursões, por serem eventos de curta duração, não são detectadas pela dosagem de HbA1c (3-5). Atualmente está disponível um novo marcador que detecta as excursões glicêmicas ou hiperglicemia pós-prandial, especialmente em pacientes diabéticos com bom controle glicêmico identificado por concentrações de HbA1c entre 6 e 8%. O 1,5 anidroglucitol (1,5 AG), permite caracterizar hiperglicemia de curto prazo, sendo mais precoce que a frutosamina, e a HbA1c, conforme representado na Fig.1 (6, 7).

O 1,5 AG é um poliol de origem natural adquirido pelo consumo de cereais, dentre eles a soja, e das carnes bovina e suína, cuja estrutura química é muito semelhante à da glicose. O 1,5 AG é filtrado nos rins e quase 100% reabsorvido nos túbulos proximais. Em condições fisiológicas e normoglicêmicas sua concentração plasmática se mantém constante. quando as concentrações plasmáticas de glicose ultrapassam o limiar renal (~180 mg/dL), a reabsorção tubular de 1,5 AG é inibida de forma competitiva pela glicose em excesso. Logo, quanto maior a glicemia do paciente, menor é a reabsorção do 1,5 AG (maior excreção urinária) e, consequentemente, menor é a sua concentração plasmática (7).

A quantificação laboratorial do 1,5 AG pode ser feita por espectrometria de massa, cromatografia ou métodos enzimáticos colorimétricos. O reagente comercial disponível mais popular para dosagem de 1,5 AG é da glycoMarkTM (Glycomark; Tomen America, New York, NY). Este ensaio enzimático colorimétrico é rápido (~10 minutos) e pode ser automatizado facilmente. A interpretação dos resultados sugerida pelo fabricante e substanciada em trabalhos científicos já publicados está apresentada nas tabelas 1 e 2 e pode revelar hiperglicemia pós-prandial em pacientes diabéticos considerados moderadamente controlados (HbA1c entre 6 e 8%).

1,5 AG (μg/mL Glicemia pós-prandial (mg/dl)> 12 < 180

10 1858 1906 2004 225

<2 > 290

1,5 AG (μg/mL) Hba1c (%)Controle Glicêmico

> 10 4 – 6 Bom

5 – 10 6 – 8 Moderado

2 – 5 8 – 10 Ruim

<2 > 10 Muito ruim

Fontes: Shaw JE, Sicree RA, Zimmet PZ. Global estimates of the prevalence of diabetes for 2010 and 2030. Diabetes Res Clin Pract. 2010;87(1):4-14. Epub 2009/11/10.

ADA. Standards of Medical Care in Diabetes-2016 Abridged for Primary Care Providers. Clinical diabetes : a publication of the American Diabetes Association. 2016;34(1):3-21. Epub 2016/01/26.

Bonora E, Corrao G, Bagnardi V, Ceriello A, Comaschi M, Montanari P, et al. Prevalence and correlates of post-prandial hyperglycaemia in a large sample of patients with type 2 diabetes mellitus. Diabetologia. 2006;49(5):846-54. Epub 2006/03/15.

Erlinger TP, Brancati FL. Postchallenge hyperglycemia in a national sample of U.S. adults with type 2 diabetes. Diabetes Care. 2001;24(10):1734-8. Epub 2001/09/28.

Monnier L, Lapinski H, Colette C. Contributions of fasting and postprandial plasma glucose increments to the overall diurnal hyperglycemia of type 2 diabetic patients: variations with increasing levels of HbA(1c). Diabetes Care. 2003;26(3):881-5. Epub 2003/03/01.

Yamanouchi T, Akanuma Y. Serum 1,5-anhydroglucitol (1,5 AG): new clinical marker for glycemic control. Diabetes Res Clin Pract. 1994;24 Suppl:S261-8. Epub 1994/10/01.

Dungan KM. 1,5-anhydroglucitol (GlycoMark) as a marker of short-term glycemic control and glycemic excursions. Expert review of molecular diagnostics. 2008;8(1):9-19. Epub 2007/12/20.

Mauren Isfer Anghebem-Oliveira - Farmacêutica-bioquímica; mestre e doutora em Ciências Farmacêuticas (UFPR) e professora adjunta de Bioquímica Clínica da Pontifícia universidade Católica do Paraná, em Curitiba.

Fabiane Gomes de Moraes Rego - Farmacêutica-bioquímica; mestre e doutora em Bioquímica (UFPR), pós-doutora (Imperial College of London) e professora de Bioquímica Clínica da universidade Federal do Paraná, em Curitiba.

Geraldo Picheth - Farmacêutico-bioquímico; doutor em Bioquímica (UFPR) e professor de Bioquímica Clínica da universidade Federal do Paraná, em Curitiba.

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dulcineia Saes Parra abdallaCatorze anos depois da última grande reformulação, as diretrizes da estrutura curricular dos cursos de Farmácia será novamente modificada. Professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo, Dulcineia avalia que se os conteúdos propostos forem de fato aplicados, deverão resultar em uma formação bastante ampla dos alunos e contemplarão a área de Análises Clínicas.

Quais são as principais mudanças sugeridas no currículo de Farmácia? A reformulação da estrutura curricular dos cursos de Farmácia acontece periodicamente. A última grande reformulação que tivemos aconteceu há 14 anos. Durante trinta anos o currículo de Farmácia foi estruturado em três modalidades. Após cursar um ciclo básico o aluno optava por uma delas: análises clínicas e toxicológicas, alimentos ou a modalidade de fármacos e medicamentos. A partir de 2002 isso mudou e decidiu-se que a formação deveria ser mais

SbaCENTREVISTA

generalista e abrangente. Ou seja, o farmacêutico deveria ter uma formação mais transversal, podendo complementar o seu currículo com disciplinas específicas após um ciclo básico e intermediário.

A formação do farmacêutico na maior parte do mundo segue uma tendência que é muito mais voltada para o medicamento e a assistência farmacêutica. Esse é um termo amplo que inclui todo o ciclo do medicamento, mas também engloba a parte biológica e social da Farmácia. Essa formação, portanto, estará mais próxima àquela que predomina nas escolas da Europa e Estados unidos.

A proposta da reforma da estrutura curricular atualmente discutida readequa o modelo generalista e enfatiza a formação sólida e ampla, mas com foco maior na assistência farmacêutica. Essas novas diretrizes ainda estão sendo discutidas em vários fóruns e indicam que a formação deverá ser baseada em três eixos estruturantes: Cuidados na Saúde, gestão em Saúde e Tecnologia e Inovação.

Como são feitas as mudanças no currículo? O Conselho Federal de Farmácia, junto com os conselhos regionais, realiza uma discussão ampla e conjunta com as instituições de ensino (universidades

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e faculdades) que oferecem cursos de graduação em Farmácia. Periodicamente existem fóruns de ensino em Farmácia e ali se discutem propostas de mudanças curriculares. As propostas aprovadas nesses fóruns são encaminhadas pelo Conselho Federal para avaliação/aprovação do Ministério da Educação.

Qual a importância das análises Clínicas na formação dos farmacêuticos e como seu ensino deverá estar inserido no novo currículo? As Análises Clínicas estão inseridas nos três eixos estruturantes atualmente propostos. No primeiro, Cuidados na Saúde, elas são primordiais porque sem diagnóstico não há tratamento. Mesmo que o farmacêutico vá trabalhar na área de atenção à saúde, ele não vai poder acompanhar adequadamente o tratamento dos pacientes se não entender a doença ou não souber interpretar os resultados dos exames laboratoriais cruciais para o diagnóstico e acompanhamento terapêutico. Na eixo de gestão, as Análises Clínicas também estão envolvidas. Essa área representa um grande desafio para as universidades, pois engloba não só os serviços, mas inclui políticas públicas. A formação do farmacêutico deveria se aprimorar mais nessa área, o que implica em haver uma maior participação dos farmacêuticos na definição dessas políticas públicas. No terceiro eixo as Análises também contribuem muito para o desenvolvimento de novas tecnologias, enfatizando-se um ponto forte dos cursos de Farmácia nas universidades de ensino e pesquisa, ou seja, já temos uma cultura de sólida formação em tecnologia e, mais recentemente, em inovação, e não podemos perder esse foco nas novas diretrizes curriculares.

Esse terceiro eixo inclui pesquisa e desenvolvimento de fármacos e medicamentos, cosméticos, produtos biotecnológicos e hemoderivados, entre outros. Abrange ainda produzir, avaliar e fazer o controle de qualidade de produtos farmacêuticos e reagentes para diagnóstico, bem como gerenciar a qualidade de processos e serviços. Assegurar a sustentabilidade é outra meta, sobre a qual não se falava muito no passado. Por exemplo, é preciso se preocupar com o descarte de medicamentos, de reagentes e material biológico porque essas atividades têm consequências para o meio ambiente. Se há uma situação de contaminação de um rio ou reservatório, isso demanda o trabalho de um toxicologista para avaliar a qualidade da água e os indivíduos expostos,

o que está associado à formação de Análises Clínicas e Toxicológicas. Essas diretrizes todas, a meu ver, ampliam e detalham atividades que antes não eram tão explicitadas no currículo.

Se as mudanças que estão sendo propostas forem aprovadas, acredita que atenderão as necessidades do mercado? Acredito que se os conteúdos propostos forem de fato desenvolvidos vão proporcionar uma formação bastante ampla e que atenderá ao que o mercado necessita. Mas é importante ressaltar que a formação do profissional farmacêutico requer uma infraestrutura muito sólida que deverá ser disponibilizada nas instituições de ensino. São necessários desde laboratórios didáticos bem equipados para a realização de aulas práticas, até espaços adequados para o treinamento dos estudantes durante os estágios curriculares. Isso demanda investimento por parte das instituições para a instalação de bons laboratórios. O treinamento dos estudantes nos serviços públicos de saúde (unidades básicas de saúde, hospitais e farmácias de dispensação), nos laboratórios de análises clínicas e toxicológicas e/ou indústria farmacêutica ou de biotecnologia é importante para a formação do profissional. Nesse cenário, entende-se que exercitar a assistência farmacêutica demanda uma ampla integração de saberes, em um contexto que não está dissociado das análises clínicas e toxicológicas. Isso porque essa troca de conhecimento e informações entre a área do diagnóstico e da terapêutica é fundamental para o cuidado e atenção à saúde. Não pode haver uma fragmentação dos saberes na formação do profissional farmacêutico.

Como vê a infraestrutura das universidades e faculdades atualmente? Hoje em dia observamos uma grande diversidade. Existem instituições muito bem capacitadas e com excelente infraestrura e outras nem tanto. O importante é procurar garantir que todas as universidades tenham uma boa infraestrutura e isso é função do Ministério da Educação e das Secretarias Estaduais de Educação, responsáveis pelo processo de avaliação das instituições de ensino.

Qual sua opinião sobre os cursos de pós-graduação à distância em Farmácia? Dentro do contexto da especialização, ou lato sensu, existem vários cursos à distância. Acho que se não é

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SbaCENTREVISTA

possível fazer o curso de forma presencial, ele deveria ser ministrado de forma mista. Ou seja, com atividades à distância, que sejam muito bem planejadas e monitoradas e também contemplando alguns encontros presenciais para discussões mais aprofundadas dos temas abordados no curso. Sem esse contato com os professores acredito que o aproveitamento do curso pelos alunos é menos efetivo. Existe uma iniciativa muito interessante que é da universidade Aberta do SUS (Una-Sus) que são os cursos de assistência farmacêutica. São cursos feitos com atividades à distância e presenciais e que têm sido bem sucedidos. Existem também outras iniciativas igualmente positivas de alguns programas de pós-graduação com foco na formação de professores do ensino básico.

E com relação à evolução dos cursos stricto sensu? No caso da pós-graduação stricto sensu, houve uma grande expansão do sistema nos últimos anos. Na área da Farmácia havia cerca de 30 programas em 2008 e hoje já temos 85. E isso aconteceu principalmente pelo aumento de doutores e mestres que nuclearam novos polos de pesquisa pelo Brasil.

Esta evolução na área de Farmácia permitiu a oferta de cursos de pós-graduação em diversas regiões do país, além de contribuir com a interiorização devido à

criação do novos campi das universidades federais, apoiadas pelas políticas públicas de expansão do ensino superior. O Brasil hoje, no contexto de produção científica, é a 13ª nação mais importante do mundo em termos de quantidade de artigos publicados. Em qualidade também evoluímos muito. Ainda temos desafios importantes na área de inovação e propriedade intelectual do conhecimento (patentes) que devem ser resolvidos. Importante notar que no contexto da pesquisa, os intercâmbios são essenciais.

O governo federal tem uma política de intercâmbio para formação de recursos humanos, que é o programa Ciência sem Fronteiras, apoiado pela CAPES e o CNPq. As fundações de amparo à pesquisa dos Estados, enfatizando-se a FAPESP dentre outras, também contribuem para a internacionalização da ciência brasileira apoiando projetos conjuntos com instituições estrangeiras e bolsas de estudo para o intercâmbio de estudantes e pesquisadores. um programa de pós-graduação de excelência tem obrigatoriamente atividades de intercâmbio internacional. Não se faz pesquisa isoladamente.

CarrEira dEdiCada à FarmáCia Graduada em Farmácia-Bioquímica pela Universidade de São Paulo em 1978, Dulcineia concluiu mestrado em Farmácia-Análises Clínicas em 1981 e o doutorado em Ciências Biológicas (Bioquímica) pela Universidade de São Paulo em 1988. Atualmente é professora Titular da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo, instituição da qual foi Vice-Diretora entre 2008 e 2012. Foi coordenadora da Área de Farmácia na CAPES entre 2008 e 2014 e atualmente é membro da Comissão da área de Saúde 3 na FAPESP. Foi membro do CA-FR no CNPq entre 2005 e 2007 e Coordenadora (de 2003 a 2008) do Programa de Pós-Graduação em Farmácia-Análises Clínicas da FCFUSP, além de Chefe do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da FCFUSP de 2002 a 2008. É líder do Grupo de Pesquisa Biomarcadores da Aterosclerose e Doenças Cardiovasculares: Aplicações no Diagnóstico e Terapêutica e Vice-Coordenadora do Instituto Nacional para Inovação Farmacêutica (INCT_if).

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Com 5 anos, nossos planos são como sonhos de criança: cada vez mais altos.

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Desafios do diagnóstico e combate à Zika

quantas pessoas o Zika vírus já contaminou no Brasil? É impossível saber isso porque é uma doença na qual, em 80% dos casos, não há sintomatologia. E mais: o fato de não haver quantidade e qualidade suficiente de testes sorológicos (IgM e IgG) para atender a população faz com que a identificação do vírus por isolamento ou PCR (Reação de Cadeia de Polimerase) no quadro agudo da doença seja também dificultada, conforme atesta o Protocolo de Vigilância e Resposta à Ocorrência de Microcefalia Relacionada à Infecção pelo Vírus Zika publicado pelo Ministério da Saúde.

Em geral, a doença provocada pelo Zika é benigna e os sintomas, quando há, costumam desaparecer de forma espontânea em até sete dias. Formas graves e atípicas são consideradas raras. Da mesma forma, dificilmente é registrado óbito em decorrência da Zika. O grande problema de saúde pública causado pelo vírus é microcefalia, complicação que atinge os bebês quando a gestante é infectada. Segundo os dados mais recentes, o Ministério da Saúde investiga atualmente mais de quatro mil casos suspeitos de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso,

sugestivas de infecção congênita. Até agora, 944 ocorrências foram confirmadas. Desde que a doença começou a ser investigada, em outubro do ano passado, 130 casos tiveram resultado positivo para o Zika. O Ministério da Saúde, porém, avalia que esse dado não representa a totalidade do número de casos relacionados ao vírus e considera que houve infecção pelo Zika na maior parte das mães que tiveram bebês com diagnóstico final de microcefalia.

O principal modo de transmissão do vírus é pela picada do mosquito Aedes aegypti. Ainda não há estudos científicos que comprovem outras possíveis formas de transmissão como por meio do leite materno, urina, saliva e sêmen.

No final de março, o ministro da Saúde, Marcelo Castro, anunciou o lançamento de um edital de pesquisas contra o Aedes aegypti e as doenças transmitidas pelo mosquito. Ao todo serão disponibilizados R$ 20 milhões para estudos na área do controle do vetor, diagnóstico, prevenção e tratamento.

Como orientar gestantes a se proteger Serviços e profissionais de saúde têm um papel importante no que diz respeito a disseminar informações de prevenção do Zika não só para gestantes, mas para todas as mulheres em idade fértil. De acordo com o Protocolo do Ministério da Saúde elas devem ser orientadas a proteger-se das picadas de insetos evitando horários e lugares com presença de mosquitos e utilizando roupas que diminuam as partes expostas do corpo. Importante que consultem o médico sobre o uso de repelentes e verifiquem no rótulo as orientações quanto à concentração e frequência de uso recomendada para gestantes. Também devem repousar sob mosquiteiros impregnados ou não com inseticida e usar telas protetoras nas portas e janelas. Além disso, caso observem o aparecimento de manchas vermelhas na pele ou tenham sintomas como olhos avermelhados ou febre, devem procurar o serviço de saúde para atendimento.

investigação laboratorial O Protocolo do Ministério da Saúde considera que o diagnóstico laboratorial específico do vírus Zika é

baseado principalmente na detecção de RNA viral a partir de espécimes clínicos. “O período virêmico ainda não está completamente estabelecido, mas acredita-se que seja de curta duração. Desta forma, seria possível a detecção direta do vírus em um período de 4 a 7 dias após do início dos sintomas. Entretanto, recomenda-se que o exame do material seja realizado, idealmente, até o 5º dia do aparecimento dos sintomas”, orienta o Protocolo. No Brasil, o exame preconizado para confirmação do vírus Zika é a reação em cadeia da polimerase via transcriptase reversa (RT-PCR), realizada em laboratórios de referência da rede do Sistema Único de Saúde (SUS). Até o momento, não existem ensaios sorológicos comerciais disponíveis para a detecção de anticorpos específicos para o vírus Zika. O Ministério da Saúde reconhece, entretanto, que há um esforço coletivo dos laboratórios de referência para o desenvolvimento de plataformas para realização de provas sorológicas específicas. Informações detalhadas sobre procedimentos de coleta, armazenamento, conservação e transporte estão disponíveis no portal do Ministério da Saúde (http://bit.ly/1REOZ2w).

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É momento de se reinventar Daniela Camarinha

Atualmente temos acompanhado um crescimento acelerado de startups na área da saúde. Chama atenção a velocidade de criação de soluções que podem, em curto espaço de tempo, ampliar a oferta de serviços de alto valor agregado para pacientes e empresas do setor. Esse movimento, atrelado à situação política e econômica do país, reforça ainda mais a necessidade de mantermos um olhar atento às tendências para reinventar nossos modelos de negócio. Há dez anos nosso resultado era razoável e bastava atender bem o cliente para crescer. Hoje estamos sendo desafiados a cada dia pelo sistema, pelo nosso cliente e pelas referências externas. Temos que avançar nos esforços de transformação.

Hoje há novos players, principalmente da área de tecnologia, trazendo inovação. Por outro lado, o universo da saúde nunca foi tão interessante. Há cada vez mais possibilidades e ferramentas para acompanhar a evolução do comportamento do paciente e do médico. Precisamos sair da zona de conforto. No mercado de táxis, os aplicativos chegam e nem nos acostumamos com ele e vem o uber e desconstrói tudo de novo. A desruptura existe em todos os negócios. E essas grandes mudanças impactam os

laboratórios que precisam investir muito na capacidade de inovar e de mensurar todos esses movimentos.

A nova geração já vem preparada para a era digital, mais conectada à realidade e aos novos meios de se comunicar e engajar as pessoas. Precisamos nos integrar e acreditar nela. Cabe a nós transformar a proposta de valor da nossa empresa e a forma com a qual ela é entregue ao cliente.

Proposta de valor e o papel do marketing A proposta de valor de uma empresa tem um papel fundamental não apenas por facilitar a escolha dos diferentes públicos por determinada marca, como também aproximar aqueles que possuem características mais semelhantes. É por meio dela que as empresas conseguem demonstrar o porquê de serem únicas (o propósito de sua existência). De maneira breve, a proposta de valor de uma empresa deve responder as seguintes perguntas: O que a empresa significa? O que a empresa faz? Como faz? Por que faz? Por que devo me importar com ela?

O marketing vem evoluindo muito nos últimos anos e hoje podemos dizer que é muito mais holístico do que departamental, ou seja, junto com outras áreas críticas

nas empresas, está preocupado em gerar novas ideias, compreender melhor os clientes para fidelizá-los e fomentar melhores resultados financeiros por meio de um desempenho superior da marca e da escolha correta de ações possíveis tendo como aliada a tecnologia no que tange aos sistemas e fontes de informação e comunicação com os clientes e o mercado.

Provavelmente será muito difícil sobreviver sem um direcionamento de marketing atuante. E isso vale para grandes, médias e pequenas empresas. Será necessário realizar mudanças importantes relacionadas ao direcionamento no dia a dia dessa área. Não

basta dizer o quanto será investido de verba para o marketing, mas o quanto se espera de retorno com esse investimento.

Por muitos anos os profissionais de marketing foram vistos como gestores de brindes, organizadores de eventos e desenvolvedores de malas diretas. Felizmente o cenário do mercado fez ressurgir uma área crítica, aliada aos resultados e fundamental para a sobrevivência das empresas. Provavelmente aos poucos todos os profissionais terão que ser dotados de características e habilidades mínimas para que o marketing esteja presente nas organizações.

HabilidadES Em markEtinG Boa parte da formação técnica de um profissional de marketing é proveniente de uma boa escola. Entretanto, a prática supervisionada no dia a dia de trabalho, aliada a bons indicadores de monitoramento, torna essa tarefa mais tangível. Conheça um pouco sobre as habilidades mínimas desses profissionais:

1. Dominar a arte de se relacionar, ou seja, ter uma comunicação interpessoal diferenciada e conhecer profundamente a gestão de relacionamento com clientes por meio de técnicas e ferramentas de CRM (Customer Relationship Management);

2. Habilidade em formar alianças com parceiros estratégicos para garantir a entrega de serviços e produtos excelentes;

3. Conhecer aspectos básicos e fundamentais relacionados a database marketing, data mining e bigdata envolvendo e disponibilizando relatórios de desempenho em tempo real;

4. Ser responsável ou corresponsável pela gestão dos serviços entregues aos clientes por meio de um envolvimento direto no contact center ou telemarketing;

5. Conhecer e se apropriar das particularidades e qualidades de um profissional “relações públicas”, aproveitando as oportunidades de falar sobre a marca, participar de eventos e patrocínios específicos;

6. Dominar a gestão de construção de marca e ativo de marca, lembrando que ela tem muito valor e se ainda acham que os produtos e serviços da marca são caros é porque, provavelmente, não perceberam valor neles;

7. Utilizar conceitos do marketing de experiência para tornar os serviços únicos e envolver pessoas;

8. Saber que a comunicação vai muito além da propaganda, tendo como premissa o negócio, o público e as possibilidades de se integrar às diferentes ferramentas para obter um melhor resultado;

9. Avaliar constantemente a lucratividade dos produtos e serviços, dos segmentos, dos clientes e dos diferentes canais;

10. Trabalhar atrelado à gestão da qualidade oferecendo inputs necessários para a promoção ética da empresa e dos serviços.

Daniela Camarinha - Administradora de Empresas com ênfase em Marketing, com pós-graduação em gestão Empresarial, MBA em Marketing de Serviços e Comunicação e mestrado em gestão Estratégia. Forte atuação na área da saúde com mais de 20 anos de experiência no segmento de medicina laboratorial, planos de saúde e indústria de diagnóstico. É sócia proprietária da You Care tendo participação ativa em projetos de marketing e acesso no segmento da saúde; professora de marketing no MBA da FGV, palestrante e membro do Sindhosp (comitê de clínicas e laboratórios) e colunista da revista Laes & Haes, SBAC, SBPC, Saude Business, Jornal LaborNews.

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• Mercado das análises cínicas: forças disruptivas e quebra do paradigma vigente

• Como avaliar não conformidades em Sistema de Gestão Laboratorial

• Gestão de marketing digital em laboratórios de análises clínicas

• O desafio de implantar um programa de fidelização e captação de clientes (pacientes, colaboradores e médicos)

• Implementação de T&D no laboratório de análises clínicas

• Experiência de modelo inferencial para planejamento estratégico emlaboratórios clínicos

• Universalização dos exames laboratoriais - SUS

• Lucros baixos? Como rentabilizar laboratórios nos tempos atuais

• Marketing de guerrilha para os dias atuais: das redes sociais

• Como os processos de acreditação podem gerar engajamento e comprometimento do cliente e da equipe?

• Lei nº 13.003/14 - Resoluções normativas da ANS

• O Associativismo como forma de sustentabilidade dos pequenos e médios laboratórios

• RDC 302 - Proposta de revisão; Coleta de exames toxicológicos para motoristas e assinatura digital de laudos.

• Gestão laboratorial: Desafios e soluções

• Análise do momento certo para terceirização

• O lema é planejamento: financeiro, estratégico e de marketing

• Gerenciamento de mudanças Palestrante: Max Gehringer (SP)

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• Desequilíbrio econômico-financeiro dos laboratórios na prestação de serviços públicos e privados

• Exame de urina - Cultura: as causas mais comuns de equívocos no laboratório de análises clínicas

• Manejo do Líquor e de líquidos cavitários no dia a dia laboratorial

• Atualização epidemiológica global de Streptococcus pneumoniae

• Atualização em urinálise

• Casos clínicos em Microbiologia

• Enterobactérias produtoras de NDM: da descoberta aos dias de hoje

• Resultados improváveis em Microbiologia: o que eu posso soltar. O que devo esperar. O que eu preciso consuitar um especialista

• Simplificando identificações fenotípicas complicadas na rotina laboratorial: Como eu faço

• Abordagem clínico-laboratorial sobre o PSA e suas implicações

• Aplicabilidade dos marcadores emergentes de doençarenal aguda e crônica

• Biomarcadores de doenças cardiovasculares

• Exames laboratoriais em unidades de terapia intensiva:otimização das rotinas

• Biomarcadores do metabolismo glicêmico: da glicose ao 1,5 anidroglucitol

• Gasometria e eletrólitos: Como interpretar ?

• Imagens em Urinálise

• Casos clínicos em Bioquímica

FÓRUM

CONFERÊNCIASMAGNAS

CONFERÊNCIAS

MESAS REDONDAS

SESSÕES INTERATIVAS

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• Infecção pelo Zika Vírus

• A assinatura digital no Brasil

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• Fator V de Leiden – Trombose venosa profunda

• Resolução sorológica e molecular de subgrupos do Sistema ABO

• ICSH - Recomendações para o Hemograma

• Problemas nos exames de coagulação na rotina laboratorial

• Casos clínicos em Hematologia

• Tipagem sanguínea RHD: como evitar erros e resolver discrepânciasutilizando técnicas sorológicas e molecularesH

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• Diagnóstico laboratorial das micoses profundas e subcutâneas

• Diagnóstico molecular das infecções fúngicas

• Diagnóstico laboratorial de micoses oportunistas

• Diagnostico laboratorial das micoses superficiais

• Situação das Candidiases no Brasil Uso de antifúngicos no Brasil

• Paracoccidioidomicose : impacto laboratorial e clínico à luz das espécies: P. brasiliensis e P. lutzii

• Diagnóstico laboratorial de Candidiase e antifungigrama

• Diagnostico laboratorial da Criptococose

IM

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• Hepatites virais: Diagnóstico laboratorial e acompanhamento

• Teste rápido (HIV)

• Novas tecnologias para o diagnóstico em Parasitologia

• Desafios diagnósticos nos programas de eliminação da malária

• Controle de qualidade: o impacto nos exames parasitológicos

• Avanços e limitações das técnicas diagnósticas usadas em banco de sangue para o rastreamento de doenças infecciosas

• Interpretação dos exames sorológicos em Parasitologia: Doença de Chagas, Toxoplasmose, Esquistosomose e Leishmaniose visceral

• Atual perfil das parasitoses e o impacto nos exames parasitológicos e sorológicos na prática do diagnóstico laboratorial: soluções e novas tendências

• O impacto no avanço do diagnóstico clínico e laboratorial de doenças parasitárias causadoras de infecções cerebrais: angiostrongilíase, amebas de vida livre e neurocisticercose

CIÊ

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• Exame do líquor

• Farmácia Clínica

• Aspectos legais para a abertura de laboratórios clínicos veterinários

• Perfil do ferro: nas anemias e nas sobrecargas de ferro

• Detecção de drogas de abuso em matrizes biológicas

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• Farmacogenética: estado da arte e implementação de serviço

• O papel do DNA na identificação de vítimas de desastres de massa

• Responsabilidade civil do laboratório: Ciência Forense

• Manual técnico para o diagnóstico da infecção pelo HIV Interpretaçãodos fluxogramas

• Doenças autoimunes: correlação clínico-laboratorial

• Diagnóstico imunológico de doenças infecciosas na gestante e no recém nascido

• Acompanhamento farmacoterapêutico: RDC 585/2013 e o laboratório clínico

• Espermograma: o que há de novo

Veja a programação não incluídana taxa de inscrição

www.cbac.org.br

27 - 06 • Aspectos laboratoriais e clínicos doexame de cadeias leves livres séricasno tratamento de pacientes comgamopatias monoclonais.

diagnóstico e acompanhamentode leucemias e linfomas

• Citometria de fluxo no LAC

Patrocinador Ouro: Apoio: Copromotor:

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16 17Sociedade Brasileira de Análises Clínicas SBAC no lABorAtório

SbaCINFORMA

Hematoscopia: padronização na liberação dos resultados Marcos Fleury

A realização de um hemograma de qualidade depende de três requisitos básicos: os resultados das contagens devem ser obtidos de equipamentos automatizados em dia com os procedimentos de calibração e controle de qualidade; a lâmina hematológica deve ser confeccionada de maneira correta e corada adequadamente; o exame da lâmina deve ser realizado por profissional habilitado e treinado.

O critério para a revisão manual de lâminas no laboratório de hematologia depende das características do equipamento e, principalmente, do tipo de população atendida. De modo geral, a presença de alarmes qualitativos e/ou alterações quantitativas anormais, indica a necessidade de uma revisão da lâmina hematológica e a realização da contagem diferencial.

Há muitas maneiras de avaliar a morfologia sanguínea utilizando as recomendações da literatura e publicações regionais de uma série de sociedades científicas, como o Colégio Americano de Patologistas (CAP), o Serviço Nacional de Controle de Qualidade do Reino Unido (UK NEQAS), a Sociedade Japonesa de Hematologia Laboratorial e o Programa de Controle de qualidade do Real Colégio de Patologistas da Australásia (RCPA QAP).

Essa diversidade de protocolos de avaliação, aliada à falta de evidências de que uma das formas de relatar as características morfológicas seja superior às outras, tornaram evidente a necessidade do desenvolvimento de um manual de consenso.

Por estes motivos foi criado o Comitê de Padronização da Nomenclatura da Morfologia das Células Sanguíneas - órgão do Conselho Internacional de Padronização em Hematologia (ICSH) - com o objetivo de organizar um conjunto de recomendações sobre a nomenclatura e como relatar as anormalidades de hemácias, leucócitos e plaquetas.

uma das recomendações do documento é encorajar a quantificação de algumas das alterações morfológicas utilizando os parâmetros gerados pelos analisadores. A utilização dos parâmetros automatizados proporciona uma avaliação mais precisa do que a obtida por meio da microscopia óptica como, por exemplo, as alterações de tamanho das hemácias. A avaliação eletrônica do Volume Globular Médio (VGM) é muito mais precisa do que a obtida por microscopia. Entretanto, é importante que cada laboratório estabeleça um conjunto de procedimentos para a revisão das lâminas, sempre fundamentado na capacidade do equipamento utilizado e no tipo de população examinada.

A descrição e quantificação das características morfológicas proporcionam ao médico clínico informações valiosas a respeito de anormalidades observadas no sangue periférico. Isto significa que é responsabilidade do Laboratório fornecer informações sobre a morfologia que sejam úteis para o diagnóstico diferencial e não apresentar uma série de características sem importância clínica. É muito importante que se relate as alterações da morfologia celular que os equipamentos não são capazes de identificar. Cada laboratório deve desenvolver políticas de informação e treinamento para garantir a aplicação de forma consistente do critério de quantificação estabelecido.

Os equipamentos automatizados realizam a contagem de hemácias, determinam os índices hematimétricos e avaliam a população de hemácias em relação ao

tamanho e ao conteúdo de hemoglobina de forma muito precisa. Anormalidades em um ou mais desses parâmetros geram alarmes que devem ser confirmados pela microscopia.

Os laboratórios que não possuem equipamentos mais avançados devem estabelecer seus próprios critérios para o relato das alterações morfológicas. A revisão manual das lâminas com o objetivo de identificar anormalidades no tamanho, forma, coloração e presença de inclusões permanece como um procedimento fundamental ao processo diagnóstico. De acordo com a tabela de Rümke, pelo menos 1000 hemácias devem ser avaliadas para que a percentagem precisa de células anormais seja estabelecida.

Atualmente existe uma grande variedade na denominação das alterações da série vermelha. O documento do ICSH indica a nomenclatura recomendada assim como a sinonímia mais utilizada, associando as alterações morfológicas às doenças.

Aspectos importantes que devem ser observados na série vermelha incluem a distribuição irregular na lâmina (aglutinação de rouleaux), alterações no tamanho (anisocitose), na forma (poiquilocitose), na coloração (hipocromia e policromatofilia) e a presença de inclusões eritrocitárias (Ponteado Basófilo, Anel de Cabot e Corpúsculo de Howell-Jolly).

As alterações morfológicas são relatadas de muitas formas diferentes: uma simples descrição da alteração; o uso dos termos presente ou ausente; uma determinação semiquantitativa: discreta (+), moderada (++) ou intensa (+++); uma avaliação percentual das anormalidades morfológicas: normal (< 5%), discreta (5 – 25%), moderada (25 – 50%) e intensa (>50%). É importante ressaltar que certas anormalidades morfológicas, a presença de esquizócitos, por exemplo, têm maior significado do que outras como a hipocromia. A presença de uma única hemácia em foice é muito mais representativa do que 5 ou 6 ovalócitos.

De modo geral, os analisadores hematológicos modernos apresentam contagens globais de leucócitos e diferencial bastante precisas. Esta última pode ser suprimida ou imprecisa quando populações de leucócitos anormais estiverem presentes causando os alarmes ou “flags”. Os equipamentos automatizados não são capazes de classificar

populações de leucócitos anormais ou de reconhecer algumas das alterações morfológicas clinicamente significativas nestas populações. Apesar da moderna instrumentalização dos laboratórios, especialmente na hematologia, a revisão microscópica das lâminas hematológicas permanece como uma ferramenta fundamental e indispensável para o diagnóstico. A Organização Mundial de Saúde publicou, em 2008, um documento indicando a avaliação microscópica de 200 leucócitos nos casos de neoplasias hematológicas e de 100 células nos casos de rotina.

É incontestável a utilidade dos novos parâmetros hematológicos caracterizando, de forma precisa, alterações em hemácias, leucócitos e plaquetas. Estes parâmetros são cada vez mais utilizados para o diagnóstico e o acompanhamento de várias enfermidades. O PNCq disponibiliza uma versão em português do texto do ICSH no site do Qualinews. https://www.pncq.org.br/Qualinews/BR/Index/2054

Fontes: Palmer L, Briggs C, McFadden S, Zini G, Burthem J, Rozenberg G, Proytcheva M, Machin SJ. ICSH recommendations for the standardization of nomenclature and grading of peripheral blood cell morphological features. Int. Jnl. Lab. Hem. 2015 jun; 37(3):287-303.

Constantino BT. Reporting and grading of abnormal red blood cell morphology. Int. Jnl. Lab. Hem. 2015 jun; 37:1-7.

Vardiman JW, Thiele J, Arber DA, Brunning RD, Borowitz MJ, Porwit A, Harris NL, Le Beau MM, Hellstrom-Lindberg E, Tefferi A, Bloomfield CD. The 2008 revision of the World Health Organization (WHO) classification of myeloid neoplasms and acute leukemia: rationale and important changes. Blood 2009; 114:937–51.

Marcos Fleury - Professor Associado, PhD, Hematologia, Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas (Faculdade de Farmácia - UFRJ).

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18 19Sociedade Brasileira de Análises Clínicas SBAC no lABorAtório

SbaCINFORMA SbaCACONTECE

Eles podem mexer com sua cabeça

Mauren Isfer Anghebem-Oliveira

SBAC no Laboratório publica a partir desta edição uma série de artigos sobre parasitoses que afetam o Sistema Nervoso Central. Confira abaixo o primeiro capítulo.

Alguns parasitas são capazes de evadir o sistema imunológico do homem e causar complicações no Sistema Nervoso Central (SNC). As infecções do SNC por parasitas são raras, mas quando instaladas podem causar manifestações clínicas graves ou fatais. A neurocisticercose, causada pela Taenia solium, é uma das neuroparasitoses mais comuns, mas alguns parasitas emergentes no Brasil, como as amebas de vida livre, podem potencialmente afetar o SNC. Entre elas estão: Baylisascaris procyonis, Entamoeba histolytica, Gnathostoma spinigerum, Lagochilarscaris minor, Naegleria fowleri, Paragonimus westermani, Plasmodium falciparum, Plasmodium vivax, Plasmodium ovale, Schistosoma mansoni, Strongyloides stercoralis, Toxocara canis, Toxoplasma gondii, Trichinella spiralis.

Dentre os protozoários causadores de infecções no SNC, as amebas de vida livre Acanthamoeba sp., Balamuthia mandrillaris e Naegleria fowlery têm emergido como parasitas acidentais que podem causar encefalites fatais no homem, principalmente em imunocomprometidos.

A N. fowleri é uma ameba que pode ser encontrada em água doce fresca e morna. quando invade acidentalmente o SNC do homem, causa uma doença conhecida como Meningoencefalite Amebiana Primária (MAP), que mata dentro de 10 dias se não for corretamente diagnosticada e tratada. O tratamento é feito com anfotericina B, ou com a associação deste fármaco com a rifampicina e o fluconazol.

A Acanthamoeba sp. tem ampla distribuição na natureza (solo, ar e água), mas sua identificação em amostras biológicas humanas é difícil e envolve testes comportamentais e moleculares. Da mesma forma, o diagnóstico da B. mandrillaris e da N. fowleri é difícil e baseado na suspeita clínica, uma vez que os testes diagnósticos definitivos são atualmente limitados e os sintomas não são específicos. O exame histopatológico do tecido cerebral continua sendo o padrão ouro para diagnóstico de lesões cerebrais.

Não há tratamento específico para as encefalites causadas por Acanthamoeba sp. e Balamuthia mandrilaris. usualmente, os pacientes são tratados com uma associação de antimicrobianos como fluconazol, pentamidina, anfotericina B, sulfadiazina, claritromicina e albendazol.

Fontes: 1) Finsterer J, Auer H. Parasitoses of the human central nervous system. Journal of helminthology. 2013;87(3):257-70. 2) Montemor Netto MR, Gasparetto EL, Faoro LN, et al. [Neurocysticercosis: a clinical and pathological study of 27 necropsied cases]. Arquivos de neuro-psiquiatria. 2000;58(3B):883-9. 3) Ross AG, McManus DP, Farrar J, et al. Neuroschistosomiasis. Journal of neurology. 2012;259(1):22-32. 4) Sarica FB, Tufan K, Cekinmez M, et al. A rare but fatal case of granulomatous amebic encephalitis with brain abscess: the first case reported from Turkey. Turkish neurosurgery. 2009;19(3):256-9. 5) Dokmeci O, Forshay B, Scholand SJ. Worms on the brain: fatal meningoencephalitis from disseminated strongyloides infection. Connecticut medicine. 2013;77(1):31-3. 6) Figueiredo Junior I, Vericimo MA, Cardoso LR, et al. Cross-sectional study of serum reactivity to Anisakis simplex in healthy adults in Niteroi, Brazil. Acta parasitologica / Witold Stefanski Institute of Parasitology, Warszawa, Poland. 2013;58(3):399-404. 7) Pravettoni V, Primavesi L, Piantanida M. Anisakis simplex: current knowledge. European annals of allergy and clinical immunology. 2012;44(4):150-6. 8) Leder K, Torresi J, Brownstein JS, et al. Travel-associated illness trends and clusters, 2000-2010. Emerging infectious diseases. 2013;19(7):1049-73. 9)Espirito-Santo MC, Pinto PL, Mota DJ, et al. The first case of Angiostrongylus cantonensis eosinophilic meningitis diagnosed in the city of Sao Paulo, Brazil. Revista do Instituto de Medicina Tropical de Sao Paulo. 2013;55(2):129-32. 10) Cowie RH. Biology, systematics, life cycle, and distribution of Angiostrongylus cantonensis, the cause of rat lungworm disease. Hawai’i journal of medicine & public health : a journal of Asia Pacific Medicine & Public Health. 2013;72(6 Suppl 2):6-9. 11) Diao Z, Yin C, Qi H, et al. International symposium on Angiostrongylus and Angiostrongyliasis, 2010. Emerging infectious diseases. 2011;17(7):e1. 12) Cabrera R. Anisakiasis outbreak by Anisakis simplex larvae associated to Peruvian food in Spain. Revista espanola de enfermedades digestivas : organo oficial de la Sociedad Espanola de Patologia Digestiva. 2010;102(10):610-1.

Mauren Isfer Anghebem-Oliveira - farmacêutica-bioquímica e professora adjunta de Bioquímica Clínica da Pontifícia universidade Católica do Paraná, em Curitiba.

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Page 11: SBAC no Laboratório 2ª Edição

20 Sociedade Brasileira de Análises Clínicas

28 DE JUNHO às 16h30

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GERENCIAMENTO DE MUDANÇAS com MAX GEHRINGER.

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28 de Junho às 16h30Auditório Elis Regina - Anhembi

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O evento é gratuito para congressistas, mas as vagas são limitadas.