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6 | Novembro/Dezembro climatização Q uando o SCE avançou, em 2006, as expectativas viraram-se para a sua implementação e funcio- namento no mercado da climatização. A Adene – Agência para a Energia e Gestora do Sistema foi formando Pe- ritos Qualificados (PQ´s) e os profissio- nais e empresas foram ajustando a sua actividade de forma a dar resposta a um novo desafio que em muito veio alterar a dinâmica tradicional do mer- cado. A busca de soluções eficientes e a obrigatoriedade das energias re- nováveis, com destaque para o solar térmico, criam novas empresas na área da consultadoria e do projecto e os principais “players” na área da distri- buição começam a apresentar novas soluções e novos equipamentos. Ainda sem tempo para respirar vemo- nos hoje num patamar de urgência e rumo que nos empurra aceleradamente para novas respostas. Se a transpo- sição da Directiva para Portugal foi um primeiro passo, segue-se agora um maior nível de exigência imposto por Bruxelas. É que o plano energético traçado pela Comissão Europeia (CE) não é atingido se não se actuar já, e fortemente, na área dos edifícios. De facto, está em cima da mesa a revisão de vários pontos da actual Directiva Europeia que esteve na origem da nossa mais recente regulamentação térmica. Recorde-se que Portugal é dos países mais bem colocados e que, por iniciativa própria, incluiu alguns procedimentos que Bruxelas agora quer impor a todos os Estados Membros. Se- gundo Eduardo Maldonado, que acom- panhou a transposição da Directiva no nosso país, a CE pretende estender a certificação periódica aos edifícios de serviços com menos de 1.000m2. “Um ajuste que deverá depois ser feito tam- bém ao nível do SCE”, refere. Destaque ainda para a questão da viabilidade económica. Segundo este responsável, “irá existir uma maior exigência nos requisitos mínimos fixados por cada país. Bruxelas irá impor novos critérios a este nível”, o que obrigará a uma revisão, já esperada, para os nossos regulamentos, que ainda apresentam requisitos abaixo do que já hoje seria economicamente justificável. Do lado das inspecções a caldeiras, sistemas de aquecimento e equipamentos de ar condicionado, dar-se-á certamente um outro passo no sentido da efectiva fiscalização. Cada país tem optado pelas suas próprias metodologias, por vezes menos eficazes e “Bruxelas vai aceitar algumas versões mas vai que- rer garantias de que funcionem. Vai querer ver resultados e ter a certeza TEMADECAPA por | RITA ASCENSO SCE Estamos preparados para a 3ª fase? Ao mesmo tempo que Bruxelas impõe regras mais apertadas, o Sistema de certificação Energética e Qualidade do Ar Interior (ScE) deverá ser estendido a todos os edifícios existentes já em Janeiro numa fase de algumas incertezas. Ao contrário do que vem no ScE, prevê-se que na emissão de certificados de edifícios de habitação existentes não venha a ser necessária a verificação das inspecções a caldeiras e instalações de aquecimento… Fala-se numa entrada faseada nesta 3ª etapa com base na limitação de áreas ao nível das Auditorias Periódicas. Quanto à Qualidade do Ar Interior, ainda sem a Portaria cá fora, a decisão está tomada e as Auditorias começam por ser aplicadas em 2009 aos edifícios com mais de 5.000m 2 . que os processos não são um ´faz de conta´”. Mais, Bruxelas quer ainda ga- rantias de que os certificados emitidos têm qualidade e vai impor regras com essa finalidade. “A Adene já tem esses procedimentos a funcionar na base das amostragens, pelo que não deveremos ser afectados neste aspecto”, esclarece Eduardo Maldonado. Recorde-se que os regulamentos deverão ser revistos de 5 em 5 anos, o que significa que temos que começar a trabalhar rapidamente numa revisão a implementar em 2011. Por outro lado, Portugal precisa de 800 PQ’s até ao fim do ano, uma meta que se espera atingida de forma a não pro- vocar atrasos no sistema. A juntar a esta dinâmica, a opinião pública, as preocupações ambientais, a urgência na redução dos consumos energéticos… despoletam novos sa- beres e tecnologias a uma velocidade até agora impensável. Cientistas, in- vestigadores e empresas caminham aceleradamente ao encontro de solu- ções cada vez menos consumidoras de energia. A conferência bianual (Eurosun) da International Energy Society que este ano se realizou em Lisboa foi um óptimo exemplo destas movimenta- ções. Destaque para o “Net Zero Energy Buildings” e o arrefecimento solar (ver pág.12). Uma nova fase para o ScE José Perdigoto, Director Geral de Energia e Geologia deu a conhecer em Outubro numa conferência realizada no INETI (ver pág. 52) que todos os edifícios do Estado até 2005 vão ser classe não inferior a B-. Um exemplo imprescindível para dar um empurrão a um sistema que não se espera fácil nesta 3ª fase que se avizinha (ver entrevista pág. 18). A partir de Janeiro de 2009 todos os edifícios existentes, independentemente da sua área vão passar a estar enquadrados no SCE. Segundo Paulo Santos, da Adene, “o sistema está preparado e as condições essenciais estão criadas para se avançar para o universo dos edifícios existen- tes”. Mas segundo conseguimos apurar, fala-se numa possível entrada faseada desta 3ª fase com base na limitação de áreas ao nível das Auditorias Periódicas. Ou seja, embora não confirmado pela Adene este eventual faseamento será iniciado com os edifícios de maior di- mensão. “Vão naturalmente existir os desafios próprios inerentes ao arranque de um sistema com as características e com abrangência do SCE, mas aos quais daremos a necessária resposta em contexto de melhoria e evolução do sistema”, esclarece Paulo Santos. Um desafio para a Adene, porque basta pen- sar no nosso parque construído e na climatização Setembro/Outubro | 7 “No lado operacional, a capacidade de resposta dos PQ’s e o ajuste e assimilação dos custos de certificação pelo mercado são aspectos impor- tantes. Nas questões técnicas, o facto de irmos agora lidar com um universo caracterizado por uma grande diversidade de situações vai aumentar a exigência por soluções e métodos de análise, alguns que, se calhar, até agora nem tinham sido pensados. Mas, reforço, para qualquer destes desafios existirão respostas”, sublinha Paulo Santos

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Q uando o SCE avançou, em 2006, as expectativas viraram-se para a sua implementação e funcio-

namento no mercado da climatização. A Adene – Agência para a Energia e Gestora do Sistema foi formando Pe-ritos Qualificados (PQ´s) e os profissio-nais e empresas foram ajustando a sua actividade de forma a dar resposta a um novo desafio que em muito veio alterar a dinâmica tradicional do mer-cado. A busca de soluções eficientes e a obrigatoriedade das energias re-nováveis, com destaque para o solar térmico, criam novas empresas na área da consultadoria e do projecto e os principais “players” na área da distri-buição começam a apresentar novas soluções e novos equipamentos. Ainda sem tempo para respirar vemo-nos hoje num patamar de urgência e rumo que nos empurra aceleradamente para novas respostas. Se a transpo-sição da Directiva para Portugal foi um primeiro passo, segue-se agora um maior nível de exigência imposto por Bruxelas. É que o plano energético traçado pela Comissão Europeia (CE) não é atingido se não se actuar já, e fortemente, na área dos edifícios. De facto, está em cima da mesa a revisão de vários pontos da actual Directiva Europeia que esteve na origem da

nossa mais recente regulamentação térmica. Recorde-se que Portugal é dos países mais bem colocados e que, por iniciativa própria, incluiu alguns procedimentos que Bruxelas agora quer impor a todos os Estados Membros. Se-gundo Eduardo Maldonado, que acom-panhou a transposição da Directiva no nosso país, a CE pretende estender a certificação periódica aos edifícios de serviços com menos de 1.000m2. “Um ajuste que deverá depois ser feito tam-bém ao nível do SCE”, refere. Destaque ainda para a questão da viabilidade económica. Segundo este responsável, “irá existir uma maior exigência nos requisitos mínimos fixados por cada país. Bruxelas irá impor novos critérios a este nível”, o que obrigará a uma revisão, já esperada, para os nossos regulamentos, que ainda apresentam requisitos abaixo do que já hoje seria economicamente justificável. Do lado das inspecções a caldeiras, sistemas de aquecimento e equipamentos de ar condicionado, dar-se-á certamente um outro passo no sentido da efectiva fiscalização. Cada país tem optado pelas suas próprias metodologias, por vezes menos eficazes e “Bruxelas vai aceitar algumas versões mas vai que-rer garantias de que funcionem. Vai querer ver resultados e ter a certeza

TEMADECAPApor | RITA ASCENSO

SCEEstamos preparados

para a 3ª fase?Ao mesmo tempo que Bruxelas impõe regras mais apertadas, o Sistema de

certificação Energética e Qualidade do Ar Interior (ScE) deverá ser estendido a todos os edifícios existentes já em Janeiro numa fase de algumas incertezas. Ao

contrário do que vem no ScE, prevê-se que na emissão de certificados de edifícios de habitação existentes não venha a ser necessária a verificação das inspecções a caldeiras e instalações de aquecimento… Fala-se numa entrada faseada nesta

3ª etapa com base na limitação de áreas ao nível das Auditorias Periódicas. Quanto à Qualidade do Ar Interior, ainda sem a Portaria cá fora, a decisão está tomada e as Auditorias começam por ser aplicadas em 2009 aos edifícios com mais de 5.000m2.

que os processos não são um ´faz de conta´”. Mais, Bruxelas quer ainda ga-rantias de que os certificados emitidos têm qualidade e vai impor regras com essa finalidade. “A Adene já tem esses procedimentos a funcionar na base das amostragens, pelo que não deveremos ser afectados neste aspecto”, esclarece Eduardo Maldonado. Recorde-se que os regulamentos deverão ser revistos de 5 em 5 anos, o que significa que temos que começar a trabalhar rapidamente numa revisão a implementar em 2011. Por outro lado, Portugal precisa de 800 PQ’s até ao fim do ano, uma meta que se espera atingida de forma a não pro-vocar atrasos no sistema.A juntar a esta dinâmica, a opinião pública, as preocupações ambientais, a urgência na redução dos consumos energéticos… despoletam novos sa-beres e tecnologias a uma velocidade até agora impensável. Cientistas, in-vestigadores e empresas caminham aceleradamente ao encontro de solu-ções cada vez menos consumidoras de energia. A conferência bianual (Eurosun) da International Energy Society que este ano se realizou em Lisboa foi um óptimo exemplo destas movimenta-ções. Destaque para o “Net Zero Energy Buildings” e o arrefecimento solar (ver pág.12).

Uma nova fase para o ScE José Perdigoto, Director Geral de Energia e Geologia deu a conhecer em Outubro numa conferência realizada no INETI (ver pág. 52) que todos os edifícios do Estado até 2005 vão ser classe não inferior a B-. Um exemplo imprescindível para dar um empurrão a um sistema que não se espera fácil nesta 3ª fase que se avizinha (ver entrevista pág. 18). A partir de Janeiro de 2009 todos os edifícios existentes, independentemente da sua área vão passar a estar enquadrados no SCE. Segundo Paulo Santos, da Adene, “o sistema está preparado e as condições essenciais estão criadas para se avançar para o universo dos edifícios existen-tes”. Mas segundo conseguimos apurar, fala-se numa possível entrada faseada desta 3ª fase com base na limitação de áreas ao nível das Auditorias Periódicas. Ou seja, embora não confirmado pela Adene este eventual faseamento será iniciado com os edifícios de maior di-mensão. “Vão naturalmente existir os desafios próprios inerentes ao arranque de um sistema com as características e com abrangência do SCE, mas aos quais daremos a necessária resposta em contexto de melhoria e evolução do sistema”, esclarece Paulo Santos. Um desafio para a Adene, porque basta pen-sar no nosso parque construído e na

climatização Setembro/Outubro | 7

“No lado operacional, acapacidade de resposta dos PQ’s e o ajuste e assimilação dos custos de certificação pelo mercado são aspectos impor-tantes. Nas questões técnicas, o facto de irmos agora lidar com um universo caracterizado por uma grande diversidade de situações vai aumentar a exigência por soluções e métodos de análise, alguns que, se calhar, até agora nem tinham sido pensados. Mas, reforço, para qualquer destes desafios existirão respostas”,sublinha Paulo Santos

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genérica falta de qualidade térmica da nossa construção. A partir de Janeiro, quem quiser vender ou arrendar um imóvel, essa fracção ou edifício terá de possuir um certificado energético, uma classificação energética. Para o efeito, o respectivo proprietário terá que contratar um PQ para fazer um levantamento da realidade energética e implementar correcções, se for o caso de querer obter uma classificação supe-rior e assim juntar outro “argumento” de qualidade à sua avaliação. “Existem desafios de natureza operacional e de natureza técnica. No lado operacional, a capacidade de resposta dos PQ’s e o ajuste e assimilação dos custos de certificação pelo mercado são aspec-tos importantes. Nas questões técnicas, o facto de irmos agora lidar com um universo caracterizado por uma grande diversidade de situações vai aumentar a exigência por soluções e métodos de análise, alguns que, se calhar, até agora nem tinham sido pensados. Mas, reforço,

para qualquer destes desafios existirão respostas”, sublinha Paulo Santos. De fac-to, o processo que conduz à certificação de um imóvel já existente, é porventura bastante diferente do processo de um edifício novo. Os regulamentos térmicos existentes são muito exigentes nesta matéria e as principais críticas apontam para a pouca flexibilidade quanto à es-pecificidade de cada caso. Por estas razões, também por pressão ou não do mercado imobiliário e com o objectivo ou não de baixar os custos destes processos, foi criada uma Comis-são com vista a simplificar os métodos de cálculo para os edifícios existentes. “Foi formado um grupo de trabalho para definir uma metodologia para certifica-ção de edifícios existentes no âmbito do RCCTE, o qual produziu uma Nota Técnica com as regras a serem utilizadas para esse efeito. Essa metodologia assenta na simplificação do cálculo previsto no D.L. 80/2006, de forma compatível com as li-mitações de informação de projecto que

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A DIRECTIVA 2002/91/CE DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO de 16 de De-zembro de 2002 relativa ao desempenho energético dos edifícios impõe-nos:

caldeiras e sistemas de aquecimentoNo que se refere à redução do consumo de energia e à limitação das emissões de dióxido de carbono, os Estados-Membros devem: a) Estabelecer as medidas necessárias para uma inspec- ção regular das caldeiras alimentadas por combustíveis líquidos ou sólidos não renováveis de potência nominal útil de 20 a 100 kW. Essa inspecção pode também ser aplicada a caldeiras que utilizem outros combustí veis. As caldeiras com uma potência nominal útil superior a 100 kW devem ser inspeccionadas pelo menos de dois em dois anos. Para as caldeiras a gás, este período pode ser aumentado para quatro anos. Relativamente às instalações de aquecimento com caldeiras cuja potência nominal útil seja superior a 20 kW e com mais de 15 anos, os Estados-Membros de- vem estabelecer as medidas necessárias para ser efectuada uma inspecção única de toda a instalação de aquecimento. Com base nesta inspecção, que inclui uma avaliação do rendimento da caldeira e da ade- quação da sua capacidade em função dos requisitos de aquecimento do edifício, os PQ´s devem fornecer aos utilizadores recomendações sobre a substituição das caldeiras, outras alterações ao sistema de aque- cimento e sobre soluções alternativas;

ou b) Tomar medidas para assegurar que sejam fornecidas recomendações aos utilizadores sobre a substituição das caldeiras, outras alterações ao sistema de aque- cimento e sobre soluções alternativas que podem incluir inspecções para avaliar a eficiência e a potência adequada da caldeira. O impacto geral desta abordagem deve ser aproxi- madamente equivalente ao que resulta do disposto na alínea a). Os Estados-Membros que adoptem esta op- ção devem apresentar à Comissão, de dois em dois anos, um relatório sobre a equivalência da sua abor- dagem.

Equipamentos de ar condicionadoOs Estados-Membros devem ainda estabelecer as medidas necessárias para uma inspecção regular dos sistemas de ar condicionado com potência nominal útil superior a 12 kW.Essa inspecção inclui uma avaliação do desempenho do sistema de ar condicionado e a adequação da sua potên-cia em função dos requisitos de climatização do edifício. Devem ser fornecidas aos utilizadores recomendações sobre a eventual melhoria ou substituição do sistema de ar condicionado e soluções alternativas.

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normalmente existem nos edifícios mais antigos e com a necessária agilização do processo de certificação. Na medida do aplicável, os conceitos e orientações de-finidos na Nota Técnica podem também ser utilizados na certificação de edifícios no âmbito do RSECE, particularmente nos pequenos edifícios de serviços. Os trabalhos neste âmbito estão concluídos e a Adene já disponibilizou a informação sobre essa metodologia simplificada desde Julho, estando agora a decorrer um conjunto de acções de formação complementar sobre o tema, gratuitas e destinadas exclusivamente aos PQ’s de RCCTE e de RSECE-Energia”, explica este responsável. A juntar a estas incertezas, surge aqui mais uma vez um outro problema que tem agitado o mercado do aquecimen-to. Ao contrário do que vem estipulado no SCE, prevê-se que na emissão de certificados de edifícios de habitação

existentes não venha a ser necessária a verificação das inspecções a caldeiras e instalações de aquecimento (ver caixa). Para Paulo Santos, “as inspecções a cal-deiras e equipamentos de ar condiciona-do previstas no RSECE fazem particular sentido nos edifícios de serviços, pois as potências a partir dos quais se aplica essa exigência só acontecem geralmente nessa tipologia. A pequena franja de situações que eventualmente surja no âmbito dos edifícios de habitação será oportunamente tratada em contexto de evolução do próprio sistema e da for-mação técnica dos PQ´s com intervenção nesta área. O importante, para já, é asse-gurar a aplicação do sistema ao grande universo dos edifícios existentes, para continuarmos a ser um dos “melhores alunos” da União Europeia na transposi-ção da Directiva Comunitária”. Seja como for, estas inspecções são obrigatórias no âmbito do SCE para todos os edifícios

incluindo os edifícios de habitação e o seu não cumprimento, poderá originar sanções para Portugal.Também nesta 3ª fase, todo o sistema assenta na actividade dos PQ’s. Os cur-sos até agora ministrados nas várias componentes serão suficientes para dar resposta a este novo desafio, as inspec-ções? De acordo com a Adene, Paulo Santos esclarece que “os cursos para PQ’s RSECE-Energia incluem formação base sobre esta matéria, a qual serve de complemento e reforço à experiência que estes profissionais já devem ter na área para obtenção do reconhecimento como PQ’s. No entanto, julgo que esta é uma das áreas que seria importante estender a formação aos PQ’s RCCTE e RSECE-QAI, pelo menos aqueles com conhecimentos de base adequados, e, porque não, a outros técnicos que, mesmo não sendo peritos, possam ser formalmente habilitados para a reali-zação de inspecções, sendo depois o seu trabalho considerado pelos PQ’s aquando da verificação de requisitos

no processo de certificação?”. Um mo-delo que aguarda uma definição e que provavelmente sairá daquilo a que as anteriores fases nos habituaram… Seja como for, a formação é um factor deter-minante para o sucesso do SCE. “Creio que a oferta de formação complementar neste e em outros aspectos específicos inerentes à verificação regulamentar em contexto do SCE será uma consequên-cia natural do alargamento do sistema aos edifícios existentes e a Adene será certamente um dos agentes dinamiza-dores dessa formação. Como já está a ser na formação complementar de um dia dada aos PQ’s sobre a metodologia simplificada para certificação de edifícios existentes no âmbito do RCCTE”, conclui Paulo Santos.

Qualidade do Ar InteriorComo é sabido, Portugal foi o único país da EU a incluir a Qualidade do Ar Interior (QAI) na sua regulamentação térmica aquando da transposição da Directiva. Um passo gigante que exigiu um em-

penho acrescido e o desenvolvimento de formação específica. Embora obri-gatória desde Julho de 2006 no âmbito do RSECE, há muito que se aguarda a saída, por Portaria, das metodologias para as auditorias à QAI. Para o efeito foi criada uma Comissão com várias en-tidades que, com alguma dificuldade, vão progredindo com os trabalhos. “Foi formado um grupo, designado de GTAI, Grupo de Trabalho Ar Interior, para tra-balhar esta questão da metodologia e auditorias QAI, um pouco à semelhança do que foi feito para os edifícios exis-tentes no RCCTE. Neste caso, o trabalho está a beneficiar de toda a experiência adquirida na discussão deste tema no seio da SC6 dinamizada o seio do ONS APIRAC, bem como de documentação elaborada neste âmbito pelo Laboratório de Referência do Ambiente da APA. Os trabalhos estão em curso a bom ritmo e até ao final do ano deverá ser emitida uma nota técnica, eventualmente ante-cipada pela publicação de uma Portaria de enquadramento, que irá criar bases

“as inspecções a caldeiras e equipamentos de ar condi-

cionado previstas no RSEcE fazem particular sentido nos edifícios de serviços, pois as potências a partir dos quais se aplica essa exigência só

acontecem geralmente nessa tipologia. A pequena franja de situações que eventualmente

surja no âmbito dos edifícios de habitação será oportunamente

tratada em contexto de evo-lução do próprio sistema e da

formação técnica dos PQ´s com intervenção nesta área...”

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ScE em balanço-Paulo Santosn “Após um ano de aplicação apenas aos edifícios novos com mais 1000 m2, a passagem para todos os edifícios novos, independentemente da área, foi bastante tran- quila, sem obstáculos ou dificuldades de maior. Isso é também o reflexo de todo o esforço que temos feito, juntamente com as outras entidades e técnicos envolvi- dos no processo, para levar à prática este grande desafio que é o SCE.

n Desde Julho deste ano que se tem notado um aumento significativo do número de declarações de conformidade regulamentar emitidas. Em Outubro atingimos um nível de praticamente 1000 registos por semana, quando há um ano atrás apenas eram registadas poucas centenas por mês. Trata-se, no entanto, de uma evolução natural, dado o normal desenvolvimento dos processos de licen- ciamento dos edifícios e o facto de agora estarmos a lidar com um universo bem maior de projectos abrangidos.

n Todo o sistema já foi concebido de raiz para emitir certificados nas três fases definidas para implementação do SCE.

n Formar PQ´s com qualidade e em número suficiente para responder às necessidades do mercado é um dos principais desafios nesta fase inicial de operacionalização do sistema: Já ultrapassámos os 400 PQ´s nas diferentes vertentes e temos algumas centenas em fase final de formação. O que fizemos foi aumentar a oferta forma- tiva do módulo de Certificação ministrado pela Adene de forma a disponibilizar, em 2008, cerca de 1000 vagas de formação, bem como agilizamos o processo de avaliação para dar resposta mais rápida aos formandos.

n No início de Outubro ultrapassámos as 8000 DCR’s registadas no sistema, cerca de 10% das quais dizem respeito a edifícios de serviços”.

Classe de Eficiência Energética das DCRs registadas até 30 de Setembro de 2008

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Mais do que um evento para especialistas, o Eurosun reuniu no Centro de Congressos de Lisboa 497 partici-pantes oriundos de 52 países de todo o mundo, 400

apresentações científicas e quatro jornadas intensivas sobre o estado da arte da energia solar aplicada a edifícios. O Eurosun 2008 mobilizou em Lisboa cientistas, engenheiros, arquitectos e representantes da indústria e empresas de todo o mundo. Pretendeu-se com esta iniciativa, a partilha de conhecimentos bem como uma oportunidade de novos negócios.O Eurosun é uma sequência de conferências promovidas pela ISES – Europa e representa uma instituição criada há mais de 50 anos nos EUA para a promoção da energia solar e que começou, no seu início, por envolver empresários. No entanto, o muito baixo preço do petróleo não favorecendo a promoção da energia solar – um dos aspectos fortemente negativos da cultura do petróleo – impediu que os avanços no conhecimento pudessem ser expressos em termos de outras formas de energia. Assim, a ISES assumiu-se como uma ‘society’ dominada por investigadores e profissionais. Estendida a mais de 80 países - entre os quais Portugal que dispõe de uma secção (SPES – criada em 1980) - tem sede em Freiburg na Alemanha e conta com varias ditas ‘secções regionais’ das quais a ISES - Europa é uma delas. Eduardo de Oliveira Fernandes foi vice-presidente da ISES Internacional de 1991 a 1995 e presidente de 1995 a 1997. Para este es-pecialista, Presidente da Comissão Organizadora do Eurosun 2008, “no início da vida da ISES, e por muitos anos, ela cobria o largo espectro das energias renováveis mas, à medida que, ou por razões científicas (fotovoltaica associada aos materiais) ou por razões tecnológicas-económicas (eólica), como que autonomizando-se nas suas associações, a ISES ficou cada vez mais genuinamente solar”.O investimento no solar é hoje apontado como o caminho para a poupança energética nos edifícios e a sustentabilidade. As metas de Bruxelas são claras, as directrizes europeias conver-gem para esta solução e investigadores e empresas avançam a um ritmo acelerado na procura de novas e mais eficientes respostas. No Eurosun 2008, pudemos assistir às mais variadas movimentações e perceber a evolução de conhecimentos que

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Realizou-se no passado mês de Outubro o Eurosun, o mais

importante evento internacional dedicado à energia solar organi-zado pela Sociedade Portugue-sa de Energia Solar (SPES). Um

evento de uma qualidade e oportunidade ímpares para

informar e sensibilizar as pessoas para a urgência desta

solução…. Destaque para os edifícios auto sustentáveis

e o arrefecimento solar.

metodológicas comuns ao trabalho dos PQ´s neste âmbito. Até lá, as auditorias QAI realizadas no âmbito do SCE poderão ser feitas pelos PQ´s recorrendo às boas práticas nesta área, justificando sempre as estratégias e opções adoptadas”. Um trabalho com alguma subjectividade que se espera devidamente enquadrado com a maior brevidade possível. Outra questão que se coloca é se irá existir faseamento na implementação das auditorias ou se, pelo contrário, esta fiscalização irá já ser aplicada a todos os edifícios de serviços com sistemas de cli-matização com potência térmica superior a 25 kW. Pelo que conseguimos apurar, a decisão está tomada. As auditorias pe-riódicas à QAI serão aplicadas, em 2009, aos grandes edifícios com mais de 5000 m2 e em 2010 e 2011, respectivamente, aos outros grandes edifícios e aos peque-nos edifícios de serviços. Paulo Santos refere que “nesta matéria, como em algumas outras que já referimos, importa sempre ter em conta que as decisões e estratégias adoptadas na implementa-ção do SCE têm ser compatíveis com a realidade nacional e com a capacidade de resposta do nosso mercado. É minha opinião pessoal que o mais importante nesta etapa de implementação do SCE é garantir um sistema operacional, sobre o qual vamos progredindo, tanto em abrangência como em detalhe, tendo por base a experiência adquirida”. Seja como for, os mais críticos quanto aos valores de referência eventualmente exagerados que constam do RSECE, não vão ainda ver nenhuma alteração aos conteúdos legislativos, “mas obviamente que estaremos atentos aos resultados das auditorias, os quais poderão ser le-vados em conta em contexto de revisão regulamentar”.

Fiscalização O alerta de Bruxelas poderá vir dar uma ajuda mas a Adene já tem definida uma metodologia de fiscalização desde o arranque do SCE. Através de um es-quema de amostragem, todos os PQ´s vão ser fiscalizados pelo menos uma vez de 5 em 5 anos. Para os PQ´s que assumam em simultâneo a concepção do respectivo projecto, existe uma taxa de verificação acrescida. Segundo Pau-lo Santos, a Agência para a Energia “já desencadeou mais de uma centena de

análises ao trabalho de outros tantos PQ´s. A ideia inicial foi que todos os PQ´s com trabalho realizado no sistema sejam objecto de uma acção deste tipo. Isto sempre numa perspectiva construtiva e com o objectivo de identificar falhas e dificuldades, tendo em vista eventuais “correcções de trajectória” e afinação de métodos de trabalho. A Adene está ago-ra a contactar os PQ´s, transmitindo-lhes os principais resultados das verificações efectuadas”. Para a aplicação deste tra-balho de fiscalização, a Adene recorre a empresas exteriores, cuja actividade também tem que ser verificada. “Já fo-ram feitas acções de auditoria detalhada ao trabalho das entidades contratadas e os resultados foram muito satisfatórios. Importa notar que a avaliação do traba-lho destas entidades é sempre feita em todas as fiscalizações pela nossa equipa de técnicos da área de Fiscalização & Auditoria, embora necessariamente de uma forma menos detalhada, pois são esses técnicos que fazem o tratamento da informação recebida das entidades contratadas e interagem depois com os PQ’s”, esclarece. Neste momento já existe um considerá-vel número de Declarações de Confor-midade Regulamentar (DCR´s) emitidas e a curva da procura continua a subir. “Em Outubro atingimos um nível de pra-ticamente 1.000 registos por semana… (ver caixa)”, informa Paulo Santos mas uma grande parte dos certificados emi-tidos são de classe A e B… Facilitismo ou rigor? O tempo o dirá mas são muitas as vozes que defendem que para um edifício obter uma boa classificação, A+, é fácil, “basta adicionar uns splits do tipo bomba de calor”. Paulo Santos confirma que “existe, para já, uma predominância das classe A e B. Apenas cerca de 15% são classe A+”. Comentando a afirmação, “acho que a situação não é tão linear assim mas compreendo a referência à forma como estão definidos no RCCTE os valores por defeito para a eficiên-cia energética desse tipo de sistemas. Será algo certamente a ter em atenção numa revisão regulamentar. No entanto, será interessante verificar como esta situação evolui quando forem emitidos os certificados energéticos no final da obra, onde o perito qualificado já tem de levar em conta o COP dos equipamentos realmente instalados”.

Pelo que conseguimos apu-rar, a decisão está tomada.

As auditorias periódicas à QAI serão aplicadas, em 2009, aos grandes edifícios com mais de

5000 m2 e em 2010 e 2011, respectivamente, aos outros

grandes edifícios e aos peque-nos edifícios de serviços.

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em todo o mundo estão a ganhar terreno. Muito para além do que hoje conhecemos em termos de aproveitamento da energia solar térmica, novos conceitos afiguram-se como metas a curto prazo. Destaque para o “Net Zero Energy Buildings”, os ditos edifícios auto sustentáveis no sentido em que produzem a energia que precisam no seu funcionamento, com uma contribuição de CO

2 nula para a atmosfera. Aparentemente

idealista, estes conceitos são hoje apresentados e confirma-dos como objectivos a implementar rapidamente. Do lado da tecnologia, destaque ainda para o “arrefecimento solar”, uma tendência que tem ocupado os departamentos de I&D de muitas empresas a nível mundial.

Outras iniciativasO nosso país tem dado um forte contributo ao desenvolvi-mento do solar. Destaque para o desenvolvimento de várias investigações a este nível que decorrem no INETI. Manuel Collares Pereira é um nome conhecido e reconhecido nestas andanças. Foi presidente do comité científico do Eurosun, é fundador da Ao Sol, uma empresa portuguesa que fabrica colectores solares e professor docente da Universidade Téc-nica de Lisboa. São muitos os trabalhos de investigação e cargos foi acumulando ao longo do tempo. Uma dedicação que lhe valeu durante o evento, a atribuição do IEA / SHC SOLAR AWARD no âmbito do Programa de Aquecimento e Arrefecimento Solar da Agência Internacional de Energia. O prestigiante prémio internacional de carreira dado a perso-nalidades e entidades responsáveis por feitos extraordinários no campo da energia solar.Para os mais novos, foram apresentados as novas iniciativas e projectos da SPES, nomeadamente o School Solar Challen-ge 2009 e o Concurso para Construção do “Pirelióforo”, para estudantes universitários, que terá a duração de dois anos. A organização promoveu ainda, no Museu da Electricidade, algumas actividades ligadas à Energia Solar.

Eduardo de Oliveira FernandesPresidente da comissão Or-ganizadora do Eurosun 2008

“É extraordinário que se tenha conseguido reunir mais de 500 cientistas e profissionais em Portugal sobre a Energia Solar, com uma dominante da Energia Solar no aquecimento e no arrefecimento. Sabe-se que a energia solar também é usada para produzir Energia eléctrica directamente (fotovoltaica) ou por via térmica (centrais solares térmicas). Mas, o futuro está na compatibilização da procura de Energia par o conforto nas

famílias e do que o Sol pode dar para esse fim específico.Interessante que estes temas não suscitem o interesse dos portugueses! Mesmo alguns órgãos de informação, ditos de referência ocupam-se com formas gadgéticas e alienantes da energia, como é o caso do hidrogénio, que nos próximos vinte anos não tem condições tecnológicas de uma difusão massiva e não dão uma palavra a este tema que reflecte a sabedora do homem ao longo da história, agora, não apenas com a sabedoria mas com conhecimento dos fenómenos, com instrumentos de modelização e simulação, para o melhor benefício das populações segundo o paradigma da energia descentralizada, dispersa e de proximidade que corresponde ao modelo do futuro.Assim, o Eurosun foi uma lufada de ar ‘quente’ neste marasmo energético nacional, em que todos se revêem nos campeões mas ninguém faz ginástica … Até chegamos a interessar-nos pela sorte do fornecedor mas esquecemos aquilo que podemos e devemos fazer na nossa casa, na nossa cidade. Pois a mensagem do Eurosun parece que quase não passou. Certamente por erro dos organizadores mas também por impreparação do tecido nacional sempre dominado pela oferta energética. Mas a semente por pequena que seja ficou. Também em 1980 na Póvoa de Varzim esse realizou um Congresso sobre Gestão de Energia nos Edifícios com 350 participantes de 27 países. Esse como este, que teve mais de 500 de 52 países dife-rentes, foi como um avião que cruza os céus do nosso país a grande altitude deixando, por vezes, um subtil rasto no céu. Um e outro estiveram em Portugal mas o país não pode embarcar…Assim como o Congresso da Póvoa deu origem a um processo de regulamentação que, ao longo de 25 anos deu origem aos regulamentos da térmica (RCCTE e RSECE, agora com os DLs 80 e 79/2006) assim, este Eurosun 2008, irá germinar e irá, estamos certos dar bons frutos para Portugal”.

Hélder GonçalvesInvestigador Principal do Departamento de Energias Renováveis do INETI

“O Eurosun 2008, foi em primeiro lugar local de encontro de pessoas que partilham o SOLAR como profissão, modo de vida, paixão, curiosidade etc. Aí se encontraram profissionais vindos de te todos os cantos do mundo, académicos, cientistas, profissionais, alunos e até curiosos e finalmente foi local de encontro de amigos de longa data. Do meu ponto de vista pessoal, o que foi mais importante

Page 6: SCE Estamos preparados para a 3ª fase? - … · Quando o SCE avançou, em 2006, ... da consultadoria e do projecto e os ... óptimo exemplo destas movimenta-ções.

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neste congresso foi a percepção de que o solar fotovoltaico e a sua integração em edifícios é uma realidade crescente em todo o mundo, apesar do seu elevado custo inicial. Foram apresentados imensos projectos elucidativos, quer à escala rural quer urbana, em pequena e grande escala, sendo que muito dos projectos ultrapassaram a intervenção institucional, do género de projectos suportados por alguma instituição pública ou privada, somente para efeitos demonstrativos. Hoje assistimos a intervenções à escala de mercado e foi muito curioso uma apresentação sobre a integração do solar nos arranha-céus de New York como exemplo de que o solar não tem limites de intervenção. Outro aspecto muito interessante de assinalar é sobre o futuro, que linhas de investigação estão em curso que podem ter um impacto significativo no futuro de todos nós? O congresso neste aspecto foi importante na discussão do tema dos Edifícios Sustentáveis e na especificidade dos “Net Zero Energy Buildin-gs” ou seja edifícios que consomem aquilo que produzem e o outro tema que quero realçar é o do “arrefecimento solar”. No primeiro caso estamos perante a síntese global do edifício em termos energéticos, por um lado racionalizar consumos, o que exige um projecto de arquitectura onde os aspectos passivos tenham um papel importante e depois a integração de sistemas energéticos. No caso do arrefecimento solar foi importante ver a quantidade de fabricantes que em breve colocarão no mercado equipamento para o pequeno utilizador. Devo enfatizar que para os países quentes do sul da Europa este aspecto é crucial pois resolve o problema sobre o que fazer à energia solar térmica em excesso no verão, que assim é utilizada para fazer frio.Finalmente devo referir a lindíssima apresentação do Arqui-tecto Alexandro Tombazis sobre a nova Catedral de Fátima, muito emocionante”.

Rafael RibasVice-presidente da Apisolar – Associação Portuguesa da Indústria Solar

“Este congresso com o tema de base “Towards a large Solar Energy Footprint” esteve realmente ao mais alto nível do que se poderia esperar. Para além da excelente e experiente organização, os constituintes dos vários corpos técnico-científicos eram de facto as entidades mais representativas do melhor que se faz internacionalmente nestas matérias. Pode dizer-se sem rodeios que tivemos a “fina flor” inter-nacional dos vários tópicos neste Eurosun. Como ponto de partida pudemos “beber” nas várias Keynotes um condensado representativo do estado actual de cada

tema. Um dos pontos a realçar e que define a trajectória dos consumos energéticos dos edifícios (actualmente 40% da energia global consumida na EU) é que em 2030 estes sejam autónomos energeticamente e que tenham uma contribuição de CO

2 nula. Algo que pode parecer utópico

mas que constitui um objectivo da “European Solar Thermal Technology Platform” (projecto no âmbito da Comissão Eu-ropeia) e que vários governos da União Europeia já aceitam como meta a atingir. Para tal estão em curso uma série de projectos de I&D e grupos de trabalho que incidem em sistemas solares térmicos (desenvolvimento dos sistemas em si, colectores e muito particularmente sistemas de acumulação), fotovoltaicos, elementos construtivos, estudos de mercado e de divulgação, regulamentos, etc. Foi com agrado que vimos o conceito do Label “Passive-Haus” ser aplicado e adaptado a Portugal entre outros países do sul da Europa (Projecto Passive-on) constituindo um vector decisivo de desenvolvimento e estruturação da arquitectura bioclimática ou solar passiva.O tema do arrefecimento solar foi muito concorrido e nele pôde ver-se as várias linhas de desenvolvimento mais actuais. Há já técnicas maduras e outras ainda em desenvolvimen-to. Das primeiras, de um modo geral e particularmente à dimensão da vivenda e pequenas instalações comerciais, pode dizer-se que ainda se está aquém da rentabilidade económica. É necessário caminhar para instalações de gran-de dimensão e sofisticação (por exemplo a sede da CGD em Lisboa) para se inverter aquela tendência. Mas não há razão para perdermos a esperança pois está em curso uma autêntica corrida ao frio solar, tanto pelo lado dos fabricantes como pelos projectos de investigação cujo esforço se espera produzir sistemas mais rentáveis. No tema dos sistemas solares de aquecimento viram-se vários projectos de referência (Combisol, Solar Combi+) a explorar os chamados Combi Systems, dentro dos quais alguns integrados com bomba de calor e outros com frio solar. No tema da Energia Solar na Industria também se assistiu a uma grande dinâmica, já que se consomem neste sector 28% do consumo de energia primária da EU. Note-se ainda que 30% da energia térmica industrial é utilizada a temperaturas inferiores a 100% - domínio das tecnologias mais divulgadas do solar térmico. Na Acumulação de Energia Térmica viu-se igualmente muito trabalho, particularmente projectos de I&D sobre materiais especiais de acumulação com o objectivo de reduzir o volume de acumulação de um factor de 8 a 10 e acumulação sazonal aliada ou não a “district heating”. Todo este esforço concorre conscientemente para o tal objectivo de autonomia energética dos edifícios em 2030. No tema “Sustainable Electricity Generation” os trabalhos sobre sistemas PVT (sistemas híbridos fotovoltaicos com aproveitamento de energia térmica) foram os mais con-corridos. Os restantes temas também demonstraram grande nível e estamos certos que o formato do Eurosun 2008 representou um congresso verdadeiramente representativo e útil no centro das preocupações energéticas e ambientais Internacionais. Não percamos de vista o próximo!”