SCHWARZ, Roberto - Cultura e política, 1964-1969 In O pai de família e outros estudos.pdf

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CrÁssrcos

atrNIo-AurrucANos

Roberto Scbwa.rz

O

PAT

DE

FE.MÍLIA

E OUTROS ESTUDOS

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CULTURA E

POLITICA. I9ó4-I969

ALGUNS ESQU

MAS

Nota.1978.

As

páginas

ue

seguem

oram

escritas ntre

1969

70.

No

principal,

omo o leitor

acilmente otará,

scu

prognóstìco

estava

rÍado,

quc

nâoas ccomenda.

o

resto, credito

atésegun-

da ordem

que

alguma

oisa eaproveita.

tentaçâo

e reescrevãr

s

passâgensue

a realidade

os

anosdesmentiram

aturalmente

xistc.

Mas paraque

substituir

s equivocos

aquela

poca

elas

piniões e

ho.1e,

uc

podem

nâo

cstarmenos

quivocadas?

las

por

clas,o equi-

voco dos contemporâncossempremais vivo_Sobrctudo orquea

análise

ocialno caso

inha mçnos ntcnção

e

ciênçia

ue de reterc

explicar

maexpcriência

eita,

entre

pessoal

de

gcraçâo,

o momen-

to histórico.Era

antes

tcntativa e assumir

iterariamçnte.

a medi-

da de

minhas orças,

atualidade

e f.ntão.

ssim,

quando

ediz

ago-

.d

,

sãoobservações,

rros

e altcrnativas aqueles

nos

que

êm

a

pa-

lavra.

O

leitor veráquc

o tempo

passou

não

passou.

Em

1964

nstalou-se

o Brasil oregimemilitar, aÍìmdegaran-

tir o capitale o continentecontra o socialismo.O goveÍno populìsta

de

Goulart, apesarda

vasta

mobilizaçãoesquerdizante

que pÍoce-

dera,

emia a lutâ d€ classes recuou diante da

possivel uerra

civil.

Em

conseqüência

vitória

da direita

pôde

tomar â coslumeira for-

ma

de

acerto entÍe

generais.

O

povo,

na

ocasião,mobilizado mas

sem

armas c oÍganizâção

própria,

assistiu

passivsmente

troca de

6l

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governos.

Em seguida

sofrcu as

conseqüências:ntervençãoe teÍror

nos

sindicatos, error

na zona

rural, rebaixamenro

eral

de salários,

expurgo

especialmente

os

escalõcs

aixos das

ForçasArmadas, n.

quérito

militar na

Unrversidade. nvasâo de igrejas,dissolução

das

organizações

studantis,

ensura,suspensão e habeas orpus, etc.

-

EntÍetanto, para surpresa

dc todos. a

pÍesença

ulturâl da

esquer-

da

não foi l iquidada naquela data, e mais, de lá

para

cá não

parou

de crescer.

A sua

produção é de

qualidade

notávelnalguns campos,

e é dominante. Apesar da

ditodura da direitq

há relativa hegemonia

culturaldo esquerda o

país.

Podeser

vista

nas ivrarias de São Pau-

lo e Rio,

cheias de

marxismo, nas

estréias ealrais,

ncrivelmente

iestivase febris, às vezesameaçadas e invasão policial, na movi.

mentaçâo

estudantii ou

nas proclamações

do clero avançado.Em

suma,

nos

santuáriosda cultura burguesa esquerda á o tom. Esta

anomalia

-

que

agora

periclita,

quando

a ditadura decretou

penas

pesadíssimas ara

a

propaganda

do socialismo é

o

traço mais

visí-

vel do

panorama

cultural brasileirocntre ó4 e ó9.

Assinala,

além

de

luta, um

compromrsso.

Ant€s

de apresentá-la m scus resultados,é

preciso

ocalizar

esta hegemonia

e

qualiÍìcá-la.

O seu domínio,

salvo

engano, con-

centra-senos

grupos

diretamente igados à

produção

ideológica,

tais como

estudantes,

artistas,

oÍnalistas,

parte

dos sociólogose

economistas.

parte

raciocinante o

clero. arquitetosctc. . mas

daí não sai, nem

pode

sair,

por

razõespoliciais.

Os

intelcctuais

ão

de

esquerda, as

matérias

que preparam

de um lado

para

as comis-

sõesdo

governo

ou do

grande

capital, e

do outro

para

as rádios, e-

Ievisões

os

ornais

do

pais,

não

são. É de esquerda omente

a

ma -

têÍia que o grupo - numeroso a ponto de formar um bom mercado

-

produz para

consumo

próprio.

Esta situaçãocÍistalizou-se m

ó4 ,

quando

grosso

modo a intelectualidade

ocialista,

á

pronta

para

prisào,

desemprego exílio. foi

poupada.

TortuÍados e

longamente

presos

orarn somente

aqueles

que

haviam organizado o contato

com operários,camponeses,marinheiros e

soldados.

Cortadas na-

quela

ocasiãoas

pontes

entrc

o movimento cultural e as massas,

governo

CasteloBranco não impediu

a circulação eórica ou artísti-

ca do ideário

esquerdista,

ue

embora em árca r€stÍita floresceu

x-

traordinariamente.

Com altos e baixos

esta

solução de habilidade

durou até óE,

quando

nova

massahavia surgido,capazde

dar

força

nratcrial

à ideologia:os

estudantes, rganizados m

semi-clandesti-

nidade. Durante estcsanos, enquanto

lamentava

abundantemente

62

o seu

confinamcnto e a sua impotência,

a intclcctualidade

de

es-

querda

oi estudando, nsinando,

ditando, ilmando, alando

tc.,

e sem

perccber

contribuira

para

a criaçâo, no interior

da

pequena

burguesia,

c uma

geração

maciçamente

nti-capitalista.

impor-

tância ocial a

disposição c uta dcsta aixa

adical a

população

revclam-se gora,

cntre outÍas formas, na

prática

dos

grupos que

dcram nício à

propaganda

armadada rcvolução.

O

rcgime

espon-

dcu, em

dezcmbro de 68, com o cndurccimcnto. Se

cm ó4 fora

possível

dircita

prescrvar"

a

produção

ultural,

pois

bastara i-

quidar

o seuconlato com a massa perária

camponcsa, m ó8,

quando

estudante

o

público

dosmclhoresilmes,

o melhoÍ ea-

tro, da melhormúsica dosmelhoresivros á constituimassa oli-

ticamentc

perigosa,

eránecessário

rocar

ou

censuraros

professo-

res,

os encenadores,

s escritores,

s músicos, s Iivros,

os

editores,

-

nouras palavras,

erá

necessário

iquidar

a

própria

cultura

viva

do momento.O

governo

á

deu

vários

passos

este entido,

nâose

sabe

quantos

maisdará.

Em matéria

e destroçâr niversidades,

seuacervo

á

é considerável:rasília, . Pauloe Rio, as ês

maiores

do

pais.

Para

ompreender

conteúdo, i mplantaçâo asambigüida-

desdesta egemonia,

preciso oltar

às origens. ntesde ó4,

o

so -

cialismo

ue

sedifundiano Brasil ra orteem

anti-impeÍialismo

fracona

propaganda organizaçãoa uta declâss€s.

razão

ste-

ve

€m

parte

ao

menos a estratégia

o

PartidoComunista,

uepre-

gava

aliança o m a

burguesia acional. ormou"se m conseqüên-

cia

uma

espécie esdentada

paÍlamentar

emarxismo

atriótico,

um complexodeológico o mesmoempocombativo de concilia-

ção

de

classes,

acilmente ombinável om o

populismo

acionalis-

ta entãodominante,

uja deologia

riginal,

o trabalhismo,a ce-

dendo

erreno.O

aspecto onciliatório

revalecia

a esfera o mo-

vimento

operário, nde

o

P.C.

aziavaler

a sua

nfluência

indicai,

a fim de manter luta dentrodos imites a

reivindicação

conômì-

ca. E o aspecto

ombativo

ra eservado luta contrao capitales -

trangeiro,

política

externã

à rcforma

agrária.O conjuntoestava

sobmedida

ara

a burguesia

opulista,

ueprecisava

a erminolo-

gia

social

para ntimidara direita atifundiária,

precisava

o na-

cionalismo, utenticado

ela

esquerda,

ara

infundir

bons senti-

mentos os rabalhadores.

ão

se

pensc,

claro,

que

o

populismo

seja riação o P.C.:

o

populismo que

consolidara

este

ma en-

dência, ujosucesso

rático

muito

grande

oÍnavao Partido, omo

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vcrcmos

diantc,

nvulnÊrávcl

csqucrda,

Ía, umavcz

consumada

€staaliança

ornou-sc

iflcil a scparação

osbcns.

Hojc

tudo

sto

parecc

laro.Não

obstantc,

stc

omplcxo

ctcvç

primazia

córica

no

pals,

cja

m facq

das corias

sico-sociológicas

o

..carátcr

na-

cional",

á

anacrônicas

ntão,seja

em facc

do nacionalismo

im-

ples

damodcrnização,

noccntc

Ê

ontradiçõce,cja

m acc

ossl-

mulacros

Ìistãos

o manismo,

uc

raduziam

mpcrialismo

capi-

tal

cm tcrmos

dc autonomia

hctcronomia

a

pcssoa

umana,

scja inalmcntc

iantc

os

narxismos

ivais,

uc

batiam

ncansavcl-

ment€

a

ccla

do

cninismo

lÁssico,

dc hâbito cbastavam

om

a

rccusa bstrata o compromissoopulista. ponto oÍt€d€sta o-

sição,

uc

chcgou

pcnctrar

sma$as,aprofundando

clac

o sçn-

tido

polÍtico

do

patriotismo,

stava a

dcmonstraçãoc

quc

a do-

minação mpcrialista

a rcação ntcrna

cstilo

igadas,

uc

não rc

mudauma

scmmudar

a outra.

Aliadaao

momento

olítico,

rc-

peÍcusseo

csta csc oi

muito

grandc.

litcÍatura

nti-impcrialista

foi traduzida

rn

grandc

scala osjornais crvilhavam

ccomcntá-

rios.

Foi

a época eBrasilino, ma

pcÍsonagcm

uc

ao ongo

dc um

livrinho

ntciro

nãoconscguia

ovcÍum

dcdoscm opar no

mpc.

rialismo.

Scaccndia luz,

pcla

manhã,

forçacra

da Light

&

po-

wcr.

ndo

ao rabalho,

onsumia

asolina

a Esso, umônibus

a

Gcncral

Motors.As salsichas

o almoçovinham

da Svift

& Ar-

mouÌ,

ctc.Os Cademos

o Poya,

suavcz,v€ndidos

or

um cru-

zeiro,

divulgavam mplamcntc

s

manobras

m orno

do

pctrólco,

relaçõcs

ntrc atifúndio

docnça ndêmica,

u€stõcs

c rcfoÍma

agrária,

dircutiam

qucm

ossc povo"

no

Brasil,ctc.

O

país

vibrava

c as suaopçõcs iantc da históriamundialcrampãodiário parao

lcitor

dos

principais

ornais.

Ncstc

pcrlodo

aclimatizou-sc

a fala

cotidiâna,

uc

scdcsprovincianizava,

vocabulário

também

ra-

ciocínio

olíticô

da

csqucrda. aí

umaccrtaabstração

vclocidade

cspccííica

o novocinçma

catÍo,cm

quc

asopçõcs

mundiais

pa-

rcccm

dc

dcz

cm dcz inhas

c

â

propósito

dc

tudo, às vczcs

ds ma-

ncira

dcaastrada, svczcs

muito

engraçadas,

asecmprc

rgucndo

as

qucstõ€s

sua

conscqoência

istórica, u

s umacaricstura

cla.

Quando

numa

poçâ

catralum namorado

iz à namorada,

nrufi-

sicntcmcntc

arrista iant€

ascomplicaçõcramiliarcs:

gcncrali

za,

pêrl

são

cstesanos

dc Áulklaerung

popular

quc

têm

a

pala-

vra.

Mal voltcmog.

c

o

P.C. cvc

o

grandc

mêritodc

difundira i-

l.

Anirrrolia,

dc G. GurmicÍi.

g

gsção

cntrc

mpcÌislkmo c Ìcaçâo otcrna, a suamancira

de cspcci-

ÍictíJa

foi scu

ponto

fraco, I

razlo do

dca$tÍc

futuro

dc ó4. Muito

mais nti-impcrialfutr

uc

anti-cspitalista,

P.C.

distinguia

o ntè

rior dar

classcs ominantcc m sctor agÍârio, ctÍógrado

prô

amcricsno, um

sctor ndwtrial,

nacional

progÍcssista,

('

qual

3c

aliava

contra o

primciro,

OÍai

cstaoposiçlo cxistia,mas3cms

pÍ(}

fundidrde

quc

hc atÍibuiem, G

nunca

pcraria

maisdo

quc

a oposi-

Co

cntrc a

clarsca

ÍoptictáÍias,

cÍn bloco,

e

o

pcriSo

do comunirc-

mo. O P.C. cntrctsnto

tÍanEfotmou

m

valto

movimcnto

dcológi-

co c

toórico asEuas

liançsr,

c

acreditounclrs, cnquantoa burguc-

sia nlo rcrsditaysnclc.Em conscqüênciahcgou Êsprêpsrado

bcira da

gucrra

civil.

Ellc

cntano

est.v.

,D

ccnlro

ú

vlda

culrunl

bnsilcim dc

95O

pm

dó,c tinha s

tcnacidadc c scusuccsro

ráü-

co.

Ectr

a

dificuldrdc. A cÌltica dc aqucÍda

não cons€guia crfazâ

lo,

poir

todor

os diasantcriorccao último davarn-lhc

szão. Como

prcvirto,

GoulaÉ

apoiava-rc

ais mair no P.C., uja

nfluència

cuforiacram

cÌ6ocntc8. ó o

quc

nlo houvcmêios c

prcvcniÍ,

ns

prática,

ú

quc

as

prccauç&s

ncstc crrÊno

pcrturbariam

a disposF

ção

"favorávcl" do

prcsidcntc,

oi o final militsr.

Estrvs na lógica

dascoirar

quc

o P.C.

chcga*c

À rolcira da Ícvolu$o confiando

no

dispocitivomilitar da

Prçridência a Rcpública,Em uma, tÍatava-

sc dc um cnganobcm

fundado nagapadncia3.Scur crmor

c lcu

movirncnto oram a matéria

prima

da crÍtioa

ê da

apologética

o

pcrlodo,

Sumariamcnto

rs o

scguintc.

O

aliado

principal

dp

im-

pcrialismo,.cpoÍtrnto

o inimigo

principel

da

crqucrda,

oÍi.m

os

1'ff,f,';or

atalcu

da

rociedadc rasilcire,bacicsmcntc

latifúndio,

conra o qualdcvcriscrgu€r-lcopoüo, ompo o por todot squclcs

intcrcssados o

progrcsso

o

pals.

Rcsultouno

plrno

oconômico-

polÍtico

uma

problanôtica

rplosiva

masburguqn

úc modemiza-

ção

a d.mocrsttzação:

mair

prccisamentc,

tatavs-3c

da ampliaçlo

do mcrcado

ntcrno atÍsvé8da

ÍrformÀ

agrária,

noe

qusdÍos

dc

uma

polltic.

crtcrns

indcpcndentc.No

plsno

idcológico rcsult.va

urna noçlo

dc

"povo"

apologêtice

$ntimcntslizávcl,

quo

bÍrçr-

vr

indirtintemcntc

as ma$ar trabalhsdotsr,

o lumpcnzinato, in-

tclligcntzia,

s magnat&t

acionais o cxército.O címbolodcsta

salada stÁ

nas

grandcs

cstas c €ntão, cgistrqdas

Glaubct

Rocha

cm

Tcrm cm Tnwc,

onúc fr8tcÍnizayamas

mulhcÍcado

grandc

capit

L

o rcmbs, o

grrndè

capitrl clc mcrmo,a

diplomacia

dor

pahcr

rocialirtar,

o0 militaÍrs

pÌogÍc.sittu,

católicos

PrdÍc.

dc

ccqucrde,

ntclçctuair

do

PaÍtido,

poctar

toÍr€nciait,

prtÍiot

r

65

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cm

gcral,

uns cm

tÍsjc dc rigoÍ, outros cm bluc

eans.

Noutras

pala-

vÍss, posts

dc àdo

a uts declass€s a expÍopri8çâo

do

capital, cs-

tava

do

msrrismo

uma

tintuÍa

rôsea iue aprovcitavaao interessc

dc sctorcs

burgucsia

ndustrial?

burocÍâõia

csratal?) Âsclasses o-

minantes.

E dc

fato, nesta

orma,

oi

partc

cm

grau

maiot ou

menor

do

arscnal dcológico dc

Yargas,

Kubitschck,

Quadros

e Goulart

Assim, no Brasil, a dcformação

populista

do marxismo esteve n-

trclaçada

com

o

podcÍ

(paÍticularmcnte

durante o

govcrno

Gou-

lart,

quando

chegoua ser

dcologiaconfessa c figuras

mportantes

na administração),multiplicandoos

qui-pro-quós

implantando-se

profundamcntc,

a

ponto

d€

omar-se

â

própria

atmosfcra deológi-

ca do país.Dc maneiravária,sociologia,cologia,historiografia, i-

ncma, têatro, música

popular,

arquitctura

etc.,

Ícfletiram

os

seus

problcmas.

Aliás, esta mplantação

eve

âmbémo

seu asp€cto o-

mercial

-

importante,do

ponto

dc

vista

da

ultcrior

sobrcvivência

pois

a

produção

de esqucrda

eio

a

scÍ um

grande

negócio,e alte-

rou a fisionomia editorial e artistica do Brasil

em

poucos

anos.

EntÍetanto,s€ ncsta asc a deologiasocialista erviaà rcsolução

de

problemas

do capitalistmo,a

cada mpassc nvertia-se diÍeção da

corrente.Agitavam-sc

s massas, fim de

prcssionar

faixa atifun-

diária do Congrcsso,

uc

assustada

provariamcdidasde moderni-

zaçãoburgucsa, m

particulaÍ

a rcforma agrária.

Mas, o Congresso

não correspondia;

a dircita

por

sua

vez,

contÍaÍiamente

à esqu€r-

da

populista,quc

cra modcradissima,

romovia

uidosamente

fantasma a socialização.onsolidava-se

ntão, quic ali,

poÍ

cau-

sa

mesmo da amplitude das campanhas

opulares

oficiais, e

por

causade seu racasso, convicção

de

que

as reformasnecessárias

ao paisnãoseriampossívcisos imitesdo capitalismo portanto

do

populismo.

sta onclusão,mbora

spaÍsa,inha

o

mesmo

as-

to raio da

pÍopaganda overnamental.

oi adotada

or

quadros

e

governo,

uadros

écnicos, studantes

vanguardas

perárìas,

ue

emseguida, iantcdo

golpc

militar

de

64,não

puseram

m dúvida

o

marxismo,masa aplicação

ue

o P.C.

izera ele.Este squemâ

x-

plica

aliás

alguma

coisado

caráter do lugar social

de

parte

do

marxismo

rasileiro. um

pais

dependente

asdesenvolvimentis-

ta,

de capitalização

racae

governo

empreendedor,

oda

niciativa

mais ousada e

az em contatocom o

Estado.

Esta

mediação á

perspectivâ

acional

e

paternalista) vanguarda

os

vários

seto-

rcs da iniciativa,

ujos eóricos

Íiam encontraros seus

mpasses

fundamentais

á

naesfera o Estado, ob

ormade imite mposto

ele

pelapressão

mperialista em seguida

elo

marcodo capitalis-

66

mo. lsto

valc

para

o

conjunto

da atividadccultural

(incluindo

o cn-

sino)

quc prccisc

dc mcios,

valc para

a administração

ública,

para

setorcs

de

pontâ

nâ âdministÍação

privada,

c cspccificando-sc m

pouco

valcu

mcsmo

paÍa

isolados apitalistas

acionais

para

ofi-

ciais do cxército.

Em conscqüência tônica dc suacÍítica scráo

na-

cionalismoanti-impcrialista,

anti-capitalistanum scgundo

momcn-

to,

scm

quc

a isto

corrcsponda

um

contato

natuÍal

com os

problc-

mas

da massa.

m

marxismo

specializado

a nviabilidadc o

ca -

pitalismo,

c não nos

caminhosda rcvolução.

Ora,

como os

ntclcc-

tuais não dctêmos scusmciosdc

produção,

cssa coria não

sc Íans-

pôs para

a sua atividadc

proíissional,

cmbora

faça

autoridadc

c

oÍientc a suaconsciência rítica. Rcsultaram cqucnasmultidõcsdc

prohssionais

mprcscindíveis insatisfcitos,

igados

profi

ssional-

menteao

capital

ou

govcrno,

mas scnsívcis

oliticamcntc

ao

hoÍi-

zontc da rcvolução, c isto

por

razõcs

écnicas, c

dificuldadc

no

crcscimentodas forças

produtiyas,

razõcs cuja

tÍadução

política

não

é mediata, u

poÍ

outÍa,é alealória

dcpcndc c scÍ

câptada.

Em suma, ormara-sc ma nova iga

nacionalista

c

tudo

quc

é

1o-

vem. ativo e moderno excluídos gora magnatas

generais

quc

seria

público

dos

primciros

nos

da ditadura

o soloem

quc

dcitaria fruto a crítica aoscompromissos

a fascantcrior. Era

tâo

viva a

presença

estâ orÍente,

ue

não faltou

quem

cclamasse

apcsar os anqucs a ditadura

olando

pcriodicamentc

clas

ua s

-

contÍa o t€rroÍismoculturalda

esquerda.'

at ' l

Este,

esquematicamcntc,

mecanismo

travcs

do

qual

um dú-

bio tcmário socialista

onquistouâ cena. EntÍctanto, csultados

culturais horizontcs c uma deologia,já orquc lanunca stá ó,

não sâo dênticoscm

tudo

à sua

unção. Do contato com

as

novas

tendênciasntcrnacionais

com a

Íadicalização

o

populismo,

qual

afinal

desembocava

m mcses e

pré-rcvolução,

asciam

ers-

pcctivas

formulaçõcsrrcdutíveis o

movimento deológico o

princípio,

ncompatlvcisomele.Dadaa análise

ue

izernos,st c

é

mcsmo m critério

dc valor:

só na

medida

m

quc

nalgum

ponto

rompcsse

om

o sistcma

de conciliações ntão engrenado,

uc

nâo

obstante

he davao impulso,a

produção

e esqucrda scapava c

L

Prrr

um

apânhado

islórico

asorigcns

a

cÍisc

c 64,

vcr

R. M.

MaÍini,

Con-

d içòesnoBr:rs i fcontcmporánco. inR?el i toTeoÌ iaePrát ica,S-Paulo, |96t.n, l

Prr.r as imiraç&s da burgucsia

acionalc

paÍa

a cst.utuÍâ

do

podcÍ populista

vcr

respeclivrmenles rabalhos c F.H.Cardoso

F.C.Wcffort.n

LesTemps

Modet-

,"r ourubrodË 1967

6j

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ser

pura

deologia.sto dava-sc

c muitasmaneiras.

or

cxcmplo.

asdemagógicas

moçõcs a "política

€xteÍnandependente"

Janio

Quadros

ondecorando

uevara)

u dascampanhas

e

Goulartcs -

trmulavam, as

Faculdades,

€studo

e

MaÍx

e do imperialismo

F-mconscqüência

ieram

de

ptofessor€s

dcstas ongínquas

arta-

rugas

as

primeiras

cxposiçôcsmais

convinccntes complctas

da

inviabilidade

do reformismo

e dc seucarátcr

mistificador.Outro

rc-

Jultado blíquo:

aradoxalmcnle,

cstudo

cadêmicoevolvia

os

tcxros dc Marx

c Lenin a

vitalidadc quc

o monopól io do

P.C. hcs

havia omado; aindo

a aula.os militantcs

cfcndiam

rigor

mar.

xista ontraos

compromissosc seus

irigentes. m

suma, omoos

gruposdc I I c as igascamponcsasscàpavam máquinapopulis-

tâ,

quc

cntÌetanto eÍa a sua atmosfera,

cultura

dispcrsava

or ve-

zcs,em obras isoladas

ou

mcsmo

em cxperimentos

oletivos,

a fu-

mâceira eórica

do

P.C..

que

cntrclanto eÍa

tambémo clima

que

hc

gaÍantia

audiência importância

mcdiata.

Finalmcntc,

ara

um

cxcmplo mais complcxo desta

disparidade

ntre

a

prática

cformis-

ta c

scus csultados ulturais, vcja-sc

o Movimento

dc Cultura Po-

pular

cm Pernambuco

uma

bcla

evocação ncontra-sc o

romancc

dc Antonio

Callado.

Quarup,

dc l9ó7).

O

Movimcnto

comcçou

cm

59,

quando

Miguçl

AÍra€s €ra

prcfcito

c sc candidatâva

gov€rna-

dor. A sua finalidadc mcdiatâ

eÍa

clcitoral, dc alfabctizaÍ

as mas-

sâs,

quc

oertamçnte otariam

nclc sc

pudcsscm no

Brasil o analfa.

bcto,

íPZ

da

população,

não vota).

Hâvia nt€nção

ambém

de

esti.

mular

loda sortc de organização

do

povo,

cm torno

dc

intcÍcsscs

rcais. dc

cidadc.dc bairro, c mcsmo olclóricos,

aÍìm

dc contraba-

lançar

a indigênciac o marginalismo

da maosa;

cria um modo

dc

fortaleoê-lapaÍâ o contato dcvastadoÍcom a dcmagogia€lcitoral. O

pÍogÍama

cra

dc

inspiração

cristâ c rcformista,

c a sua €oria

ccn-

tÍava

na "pÌomoção do

homcm". Entrctanto,

cm

scus

fcitossobrc

â

cultuÍa

c

suas ormas

cstabal€cidas,

profundidade

do M.C.P.

cÍa maior. A comcçaÍ

p€lo

método Paulo

Frcirc,

dc alfabctização

dc adultos,

quc

foi dcscnvolvido

ncsta

oportunidadc.Estc

método,

muito bcm succdido

na

prática,

não

conccbca lcitura

como

uma

técnica

ndifercntc,mal

como força no

jogo

da dominação

social.

Em conscq0ência

rocurâ

ÂcoplaÍ

o accsso

o

camponês

palavra

cscritacom a

consciência

Ê

sua situação

polltica.

Os

pÍofcssorcs,

quc

cram cstudant€s,am

às comunidadçs urais,

e a

partir

da cxpc-

riência

viva

dos

moradorcsalinhavam

assuntos

palavras-chavc

"palavrasgcradoras",

na tcrminologia

dc P. Frcirc

-

guc

scrviriam

simullencamcntc para

discursão c âlfab€tização.

Em

lugar dc

ó8

sprcndcrhumilhado,

aos Íinta

aÍo6

dc dadc,

quc

o

vovô vê a

uva,

o trabalhadoÍ

uralcntÌav8,

c um

mcsmo

a$or

no

mundo

d88 è

tr.a Ê

no dos

3indicatG, da comütüção,

da rcforrna

sgÍáÍia' 3m

sumados

rcus ntcÍGrscs

istóricos.

Ncm o

profcsoor,

ncsta3itu8'

ção,

é.

um

pÍoífusional

urguês

uc

cnsina

simplcsmcntc

quc

ap̀ndcu,

oma situra

é um

proccdimcnto

quc

qurliliquc

sirnplcs"

mcnte

para

uma nova

proÍir3ão,

nem

as

palsvÍar

c muito mcnot os

alun6 são simplcsmcntc

quc

3ão.Cada um

d6t€s clomcnto

é

ttansformado

no

intcÍioÍ do método,

cm

quc

dc fato

pulsa

um

momcnto a rÊvoluçeo

ontcmporânca:

noção c

quÊ

mi éri8e

scu cimcnto.

o analfabcúsmo,

ão são acidcntGr

u rcsídüo,

mas

paÍtc intcgFadao movimento otinciÍo da dominação ocapital.

Assim conquista

olítics

ds

c8cÍita ompis

os

quadros

cstinados

ao cstudo,à tÍansmirsão

do sabcrc

à

conrolidação

a ordcrn

vigcn-

tc. Anslogamcntc

ara

o tcatÍo.

CcÍta

fcita o

Sovcrno

AÍÍaca

pro-

cuÍou

cstcnder cÍédito

agrlcola,

quc

cm dois

mcscs

ersou

a bene

ficiar

,O.üD

pcqucnos

gÍicultoÍrs cm

lugar dc

lOd)

aponar.

Gru-

po3

tcatrair

procuÍrvrm

então

os camponcscs,

nformgvam'rc

c

ultav8m

&amúizaÍ

cÍr| saguida s

prcblcmgs

s ino\/aeão.

um ca'

so

d.ú8,

qtgn

sia

o rutor?

Qtgn acnde?

A

bd.za

afudaadomt

ascl8sscs ominantos?

,t€ondc

vcm cla?

Com

o

público

mudavam

oi tcmas,

os matcrisis,

as

possibilidadca s

própÍia

6trutuÍa da

produçlo

cultuÍal.

Durantc srtc bÍcvc

pÊÍlodo,

cm

quc pollcia

c

justiça

não cstivcram

implasmsntc

scrviçoda

propÍicdadc

nota'

vclriicntc

cm

hrnambuoo),

8r

qucttõGs

o ums oultura

vcÍdadÊits'

mcntcdcmocrátisa

ÍotaÍ8m

por

todo

canto,na

maisalcgÍGncom-

patibilidadÊ

om

rr fotmar c

o

prcrtigio

da cultuÍ8

burgu6s.

Aliâs,

é difçil dar-rccontg,crncuavGrdgdsiÍ8 rtcnrão,d& cumplicidrdG

complcxa,

da complcmcntaridadc

uc

muit8s

Yczcs

xirte cntÍc

es

formac

accitas, rtlrticas

ou culturaís,

c 8 Íçprcrslo

policial'

Forem

trínp6

dc rlurta irrclcr,&rcia.

No Rio dc Jancirooo C.P.C.

Ccotro

Pojular de Cultura)

mpÍovisavam

catro

polÍtico

cm

portar

dc

fóbrica,sindicotor,

grêmior

crtudanú

c na favcls,comcçavam

fa'

zcr cincma

c lançrt

diloos, O

vGnto

ÍúrÊvolucionáÍio

ddcompaÌ-

timêntrvs

a consciência

acional

c

cnchia or

jornair

de

rsfonna

agfáÌia,

rgiteção

camponcts,

movimcnto

opcróÍio,

nacionglizrqio

dc omprcrar

emcrican$

ctc.

O

pals

6trva

irrcconhccivclmcntc

ntè

ligentc.

O

jornalirmo polltico

dtve

um cxtrsoÍdinúÌio

srlto na

gÍandcr

cidad6,

bcm

como

o humorirmo.

Mcamo

algum dcputr-

dos fizcram dircurror

com ntÊÍçslc'

Em

pcqucno,

cra a

produçlo

intclcctual

quc

comGçlvr

r€oricntsr

s tua

relseâo

qtm

l

ma ra .

6)

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EnÚetanto

obreveio

golpe,

com

elea repressãoo silêncio

as

primeiras

emanas.

s

gcnerais,

m

&rte, ramadeptos e uma i-

nha

mais tradicional.

Em

Sâo Paulo,

por

exemplo,

crdade

ue

mais

arde,o comandante

o Segundo xército famoso ela

ex -

clamação e

que

almoçaria

esquerda ntes

que

ela

o

jantasse

promovia

omentado

aráu

itcrário,

em

quc

recitou onêtos

a la-

vÍa pateÍna,

no final,

nstado ela

sociedade

resente,

ambém

l-

guns

de

sua

própriapluma.

No Recife

M.C.p.

foi fechado

m se-

guida,

e

suasede ransformada,

omo

€ra ncvitável,

m

secretaria

da assistênciaocial.

A fase

mais

nteÍessante

alcsrs

da

história

brasilcíra

ecente avia-se

ornado

maiériapara

reflexão.

Agora,no rastro

da rcpressão

e

64,eÍa

outra

camada

eológi-

ca do

país

uem

inha

a

palavra.

Corações

ntigos,

scâninhosa

hinterlândia,

uem

vos

conhccc?"

á no

pré-golpe,

edianie orte

aplicâção ecapitais

ciência ublicitária,

direitaconseguirati -

var politicamente

s sentimentos

rcaicos

a

pequena

urguesia.

Tesouros

e besticc

ural

c urbana sairam

à rua, na forma dâs

"Marchas da famili a,

om Deus

pela

Liberdade",movimentavam

petições

ontra

divórcio, cforma

agráriae comunização

o

clero,

ou ficavam

m casa

mesmo, czando

"Terço

em

Familia",

espécie

de rosáriobélico

para

encorajar s

generais.

eusnão deixaria e

atendeÍ

tâmanho

lamor, úblico

e caseiro, de atocaiuemcima

dos comunistas.

o

pós-golpc,

correnleda

opinião

vitoriosa

e

avolumou,

enquanto

repressão

alavao movimento peÍáÍioe

camponês.

uriosidadcs

ntigas ieram

à luz,estimuladas

clo

n-

quéÍitopolicial-militar

uc

csquadrinhava subversão.

O

profes-

sor de ilosofia credita m Dcus? O senhor abenteiraa letrado

Hino Nacional?

Mas

as meninas, a

Faculdade,ão

virgens?

E

se

oÍem

prâticantes

o

amor

ivre?

Será

que

o meunomeestava

na listados

que

riam para

o

paredão?

udo

se esumia as

pala-

vras

de aÍdente

x-libeÍal: Há

um

grandioso

rabalho

à

frente

da

ComissãoGeral dc

Investigações".a

provincia,

onde

houvesse

ensino

superior,o Íesscntimento

ocâl misturava-se

e interêsse:

professores

o secundário advogados

a eÍÍa

cobiçavam

s

pos-

tose oÍdenados o

ensino niversitário,ue

via

de

egra

ramde i-

cenciados a capital.

Em Sâo Paulo,

speakers e rádio

e televisão

faziam

errorismo

olíticopor

conta

própria.

O Governador

o Es-

tado,umaencarnação

e Ubu. nvocava

eguidamenteVirgem

s€mpre o microfone

a

quem

chamava adorávelcÍiatuÍa".

O

Ministro

da Educação ra a

mesma igura

que

poucos

nos

ex -

'to

purgara

biblioteca a

Universidade o Paraná, €

que

entãoera

Reitor;

naquela casião

mandara

rrancaÍ

as

páginas

morais

do s

romances e Eçade

Queiroz.

Na

Faculdade

eMcdicina,

m

grupo

inteiro

de

professoresoi expulso

por

outÍo,

menoscompetente,

que

aproveitava

marola

policialpara ajuste e ancores ntigos.

Em menos

alavras: o conjunto

eseus Íeitos

ecundários,

gol-

pe

apresentou-seomo uma

gigantesca

olta do

que

a moderniza-

ção

havia elegado; revanche a

provincia,

os

pequenos

roprie.

tários, os

âtosde missa, as

pudibundas,

os

bacharéis

m eietc.

Paraconceber tamânho

esta egÍessão,embre-se

ue

no tempo

de Goularto debate úblico stivera enlrado m reforma grária,

imperialismo,

aláriominimo

ou voto

do analfabcto,

mal ou bem

resumira, ão a experiência

édia

do

cidadão,masa experiência

organizada

ossindicatos,perários

rurais, as

associações

atro-

nais

ou estudantis,

a

pequena

urguesia obili zada tc.

Por con-

fuso e tuÍvado

que

fosse, eferia-se

questões

eaise fazia-se

os

termos

qu€

o

proccsso acional ugeria, e momentoa momento,

aos

principais ontendores. epois eó4 o

quadro

é outro.Ressur-

gem

as

velhas

órmulas

ituais,

nteriores

o

populismo,

m

que

os

setoÍes

arginalizadosmais

antiquados

a burguesia scondem

sua alta de contato om o

que

se

passa

o mundo:a

celula

a na-

çâo

é

a

família,

Brasil

é

altivo,nossasradiçõesristãs,rases

ue

não mais refletem realidade

alguma,

embora sirvam

de

passe-

pariout para

a afetividade de cauçâo

olicial-ideológicaquem

fala. À sua maneira,

contÍa-revoluçãoepetia

que

havia eito

boa

parte

da

mais eputada

oesia

rasileira este éculo;

cssusci-

tou o cortejodospreteridos o capital.PobÍes spoetas, ueviam

seus ecantados

aiorEs

m

procissão,

randindo

acetes suando

obscurantismo

ntretanto, pesar e

vitoriosa,

sta igados

venci-

dos nâo

pode

se mpor,

s€ndo

osta

de adoem seguida

elos

em-

pos

e

pela

politica ecnocráticao novo

governo.Fez

contudo

or -

tuna artistica inda

uma vez,

em

forma de assunto. eu aciocínio

está

mortalizado nos

rês volumesdo Febeapá sigla

para

Festiva.

de

Besteira

ue

Assola Pais antologia ompilada

or

Sianislaw

Ponte-Preta.

de maneira

ndireta,

o cspetáculoe

anacronismo

social,de cotidiana

ântasmagoria

ue

deu,

preparou

a

matéria

para

o

movimento ropicalista

,

uma

vaÍiante

rasileira comple-

xa do Pop, na

qual

se econhece m núrnero crescentc e

músicos,

escritorcs,ineastas,nccnadores

pintores

c

vanguaÍda.

diante

tentarei presentá-la.)

suascgunda hance, sta

iga veio a tê-la

I

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agora

€m ó9,

associada o esforço

policiale

tloutrinário dos milita-

rcs,

quc

tentam construir uma ideologia

para

opor à

guerra

evolu-

cionária nasccnte.

Porém voltemos

a

ó4.

O Governo

que

saia do

golpe,

contrariamcnte

pequena

urguesia

â

burguesia ural,

que

clc mobilizara mas

não

ia representar,

ão era atrazado.

Era

pró-

amcricanoe anti-popular,

mas moderno.

Levavaa cabo a int€gra-

ção

econômica militarcom

os E.E.U.U.,a

conc€ntraçâoa racio-

nalização

o capital. Neste

sentidoo relógio não

andara

para

rás,e

os cxpoentes

da

propriedade

privada

rural e suburbana

não esta-

vam

no

poder.

Que

interesse

odc

t€r um tecnocrata,

omospolita

por

definição, ossentimentosuc azem hinterlândiamarchar?

Muito

mais nteressantc

ver o

que

vêm

os seus

colegas m Lon-

dres,Nova

York e Paris,

Hair, Marat-Sade,

Albee

e

mesmo

Brecht.

Da mesma orma,

quando

marchavam

pelas

uas

contra o comu-

nismo,em saia,blusa

e salto baixo, as damasda sociedade ão

pre-

tendiam renunciar

às

suas

ualetesmais

elaboradas.A

burguesia

€ntregouaos militares

a

Presidência

laRepúblicae lucrativos

pos-

tos na administÍação,mas

guardavapadrões

nternacionais

e

gos-

to. Orâ, nestemomento a

vanguarda

ultural do

Ocident€ rata de

um só assunto, apodrecimento ocialdo capitâlismo.Por sua

vez,

os militares

quase

não traziam

a

público

o

seuesforço deológico

o

qual

será

ecisivo

â

etapa

ue

se niciaagora

pois

dispondo a

força dispensavam sustentação

opular.

Neste

vácuo,

oi natural

queprevalecessem

mercado a liderança

osentendidos,

ue

de-

volvcram

a iniciativa

quem

a tiverano

governo

anterior.

A

vida

culturâl

entrava€m movimento,com asmesmas

essoas

e scmpre

e uma posiqão lteradana vida nacional.Atravésde campanhas

contra

orturâ,

apina

americana,nqueritomilitar

€ estupidez os

censores, inteligência o

país

unia-se triunfavamoral e intelec-

tualmente

sobreo

governo,

com

grande

efeito de

propaganda.

So-

mcntcem fins

de ó8 a situação

olta

a semodificar,

uando

é ofi-

cialmcnteeconhecida

cxistênciae

guerra

evolucionáriao Bra-

sil. Paraevitar

que

elase

popularize,

policialismo

orna-se

erda-

dciramcnt€

csado,

om delação stimulada

protegida,

toÍtuÍa

assumindo

roporções

avorosas,

a

imprensa

c

boca cchada.

Crescc m

decorrência

pesoda

esferadeológica,

que

se radu-

ziu

em

profusâo

e bandeiras acionais,olhetos

e

propaganda,

na

instituição e cursos e

ginástica

civismo

ara

universitários.

Subitamenteenascida,

m

toda

parte

seencontra fraseologia o

patÍiotismo

rdeiro.

Que

chanceem o

govcrno

e orjaruma deo-

11

logia

nacional

cfctiva?Sc

precisa

dela, é som€nte

para

enfÍcntaÍ

a

subversão. outro caso,

preferia

dispcnsá-la,

ois

é

no

ess€ncial

m

governo

associado o impcrialismo,de dcsmobilização

opular e

soluções écnicas, o

q'ual

odo compromisso deológico

verificável

parecerá

empre

um entrave.Além disso há também a

penetração

instituÍda

e maciçada cultura dos

E.U.A.,

que

não

casa

bem com

Deus,

pátria

c família, ao menosem suaacepçâoatino-americana.

Po{tanto, a

resistência difusão

de uma ideologia

d€

tipo

fascista

está na força

das coisas.

Por

outÍo

lado, dificilmentc ela estará

na

consciência

iberal,

que

teve

s€us

momentosde

vigor depoisde ó4,

masagoraparcccquase€xtinta. Em ó7,por ocasião egrandesmo-

vimentações

studantis,

oi

trazida a São

Pauloa

polícia

das docas.

A suabrutalidade inistÍa, otineiramcnte plicada os rabâlhado-

res,voltava-se or

um mom€ntocontra os

Íilhos da burguesia, au-

sando€spanto revolta.Aquela

violência

era desconhecida

a cida-

de

e ninguém supusera

que

a defesado

regimeneccssitassee tais

espccialistas.

ssim também hoje. Contrafeita,

a burguesia ceita

a

programação

ultural

que

he

preparam

s militares.

Sistcmatizando

m

pouco,

o

quc

sc rcpctc

n€stas

das e

vindas

é

a

combinação,

em momontosde crise,

do modcrno e

do antigo:

mais

pÍecisament€,

as

manifestaçõ€s ais avançadasa

integra-

ção

mperialista

ntcrnacional da

dcologia urgucsa aisantiga

e obsoleta

centrada o indivíduo,na unidade amiliare em suas

tradições.Superficialmente,

sta combinação ndica apenas

a

coe-

xistência e

manifestaçõesigadas diferentes

ascs o mesmo rste-

ma.

Não

interessa

qui,

para

o

nosso Ígumcnto, famosa

arìc-

dade

cultural do

país,

em

que

dc fato

sc

cncontÍam cligiõesafÍica-

nas, ríbus ndígenas,

rabalhadores casionalmente

€ndidos

al

como

escravostrabalho

meias complexos

ndustÍiais). impor-

tante

é

o carátcr

ist€mático

esta oexistência,seusentido,

ue

podevariar.

Enquanto

a ascGoulart

a modernização

assaria

e-

las elações

c

propriedade

podcr,

e

pela

deologia,

ue

deveriam

ceder

pressão

as

massas

das

neccssidades

o desenvolvimento

nacional,

golpe

de64 um dos

momentos ruciais a

gucrra

ria

firmou-se

ela

derrotadeste

movimento,

través a mobilizaçâo

confirmação,

ntÌe

outras,das

ormas radicionais localistas c

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poder.

Assim

a ntcgraçãompcrialista,

ue

em scguida

modcrnizou

para

osseus

Íopósitos

cconomia

o

país,

cvive

tonifica

pârtc

do

arcaismo

deológico político

c

que

nccessita

aÍa

a

suacstabi-

lidade.

De obstáculo

resíduo,

arcaísmo assa

instÍumcnto

nten-

cional

da

oprcssãomaismodcÍna,

omo aliás

a

modcrnização,

e

libertadora

nacional

assa

forma

de

submissão.

€stas

ondi-

ções,

m

ó4 o

p€nsamcnto

asciro

lçou-sc

eminência

istórica

Espetáculo

cabrunhador

spccialmenteara

os ntelectuais,uejá

se

tinham

desacostumado.

sta

experiência,

om

sua ôgica

pró-

pria,

deua matéria rima

a

um cstilo

artísticomportante,

o

ropi-

calismo,

qve

refletevaÍiadamcnte

a scu respeito, xplorando c de-marcando manova

ituaçãontelectual,

rtística

declasse.

cnto

em segutda

m

esquema,

em

quaÌquer

crteza, e

suas inhas

rin-

crpais.

rriscando

mpouco.

alvez c

possa

izerquc

o efeito-bási-

co

do lropicalismo

está

ustamente

na

submissão

e anacronismos

desse

ipo,

grotescos

primeira

vista,

nevitáveis

scgunda, luz

branca

o ultra-modcrno,

ransformando-se

resultado

m

alego-

ria

do Brasil.

A reserva

c imagcns

emoçòcs róprias

o

paispa -

triarcal,

ural€

urbano,

exposta

forma

ou técnica

mais

avançada

ou na

modamundial

música

letrônica,

ontagem

isensteiniana,

côres

montagem

o

pop,

prosa

de Finnegans

Wake,

ena o

mes-

mo

tempocrua

e alcgórica,

tacando

isicamente

platéia.

É

nesta

diferença

nternaque

estáo brilho peculiar.

."r.ã

d. registro

a

imagem

ropicalista.r

O resultado

da combinação

estridente

com_o

m

segredoamiliar

razido

à rua,

comouma

Íaição

declas-

se.

E literalmente m

disparate

c

cstaa

primeira

mpressão

em

cujodesaccrtoorém stá ìgurado m abismo istóricoeal,acon-

jugação

de

etapasdiferentes

o desenvolvimento

apitalista.

ão

muitas

s

ambigüidadcs

cnsões esta

onstrução.

veículo

mo-

derno

e

o

conteúdo

arcaico,

maso

passado

nobre

eo

presente

com€rcial; or

outro

ado,o

passado

níquoe

o

presente

autônti_

co; etc.

Combinaram-sc politica

e uma

espécie oletiva

e

exibi-

cionismo

ocial: força

artística

he vem

de citar

sem

conivência

como

se

viessem

e MaÍte,

o civismo

a moral

que

sairamà

rua

-

mas

om nt imidade,ois

Marte ica

á

emcasa

e

vem

ambem e

uma

espécie

e delaçâo

morosa,

ue

Íaz aos

olhos

profanos

e

um

público

mcnos

cstrito os arcanos amiliares

e dc classe.

Noivas

Datéricas,

semblântes

scnâtoÍiâis,

frascs dc

implacável

digni-

dade,

paixões dc tango,

-

sem a

Proteçâo

da distância

social

e

do

prestigio

de seu contcxto, c

gravadasnalguma matéria

plástico-

metálico-fosforesccnte

€lctrônica,

cstas i8uÍas

refulgemestranha-

mentc,e

fica

incerto sc cstâo

dcsamparadas u são

maliSnas,

pron-

tas

para

um fascismo

qualquer.

Aliás, cste

undo de

imagens

radr-

cionais c

muitas

vezes

cprcscntadoalravés

dc

seusdscalqucs

em

rádio-novela,

opereta,casino

e conSêncÍcs,

que

um dos

melho-

res efeitos

do tropicalismo:

o

antigo

e

autêntico

era ele

mesmo

ão

faminto de efeitoquanto o debochecomercialde nossos ias,

com

a

diferença

de cstar

ora dc moda; é como

sc a um

cavalheiro

de

caÍ-

tola,

que

insistisse m sua

sup€rioridade

moral,

Íespondess€m

ue

hoje ninguém

usa mais chapéu.

Sistematizando:

crista

da onda,

quc

é,

quanto

à forma,

ondc os tropicalistas

cstão,

ora alinha

pelo

esforço

crítico, ora

pclo

succsso

o

que

se1a

mâis recente

nas

gran-

descapitais.

Esta ndifercnça,

este

valor absoluto

do novo,

faz

que

a

distincia

históricaentre

técnica tema,

ixada

na imagem-tipo

do

tropicalismo,

possa

anto

cxpÍimir

ataqueà reação,

quanto o triun-

fo dos netos

citadinos sobrc

os avós

ntcrioranos,o

mérito

irrefutà-

vel de ter

nascido depois

e ler revistasestrangeiras.

obre

o fundo

ambíguo da

modcrnização,

é incerta

a linha

entre sensibilidade

oportunismo,

entÍe crítica

c integraçâo.Uma

ambigüidade

análoga

aparecc

na conjugação

de crítica social

violenta

e comercialismo

atirado,

cujos resultados

podem

facilmcnte

ser confoÍmistas,

ma s

podcm

também,

quando ironizam o seu

aspecto

duvidoso,

rcter a

figura mais ntima e dura dascontÍadiçõesda produção intelectual

presente.Aliás, a

ulgaÍ

pela ndignaçãoda

direita

(o quc

não e tu-

do), o lado

irreverente, scandaloso

comercial

parece

er

lido' en-

tre

nós, mais

peso político

que o Ìado

politico delibcrado.

Qual

o

lugar socialdo

tropicalismo?

Para

apreciá-loé

necessária

amiliari-

dade

mais rara

para

algumas

ormas de

aÍte e menos

Para

outras -

com

a moda

inteÍnacional.

Esta

amiliaridade.scm a

qual

sc

perde-

ria a

distância,

a noção

de impropriedade

diantc da

heÍança

pa -

triarcal.

é

monopólio

de universitários

e

afins,

que por

meio dela

podem

alar

uma inguagem

xclusiva.

Como

á

vimos,

o tropicalis-

mo

submete

um sistema

de

noções eservadas

prestigiosas uma

linguagem e

outro circuito

e

outra data,

operaçâode

que

derivao

seu

alento

desmistificador

e

esquerdista.

Ora, tambem

a segunda

linguagem

é reservada,

mbora

a outro

grupo.

Não

se

passa

o

par-

I

Nos

cã\os

cm

quc

o c jcmcnlo

..ant iquado..

é reccnlrsstmo

rnternactonal

oq hábt_

ros

nco-tosscts

a soctcdadc

di lâ dc cr

mcnte

com lbrmas

do

pop.

oDsumo

o troplcal jsmo

coiDcid€

imples-

-t4

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ticularao univeÍsal,

as

dc uma

csfcra

outra,

vcrdade

uepoliti-

camcntc

muito mais

avançada,

uc

cncontra

í uma orma

dc den-

tificação.

Mais ou menos,

abcmos

ssim

a

quem

ala

este stilo;

masnão

sabemos

inda

o

quc

clediz. Diantc

dc umâ

magem

ÍopF

calista,

diante do

disparate

paÍcntemcnte

urrcalista ue

resulta

da

combinação uc

descrevemos,

cspectador

intonizado

ançará

mão

das rases

a moda,quc

seaplicam:

irâ

que

o

Brasil ncríve-,

é

a

fossa,

é

o fim, o Brasil

é

dcmais.Por

meio

d€stas xpressões,

m

quc

simpatia

e

dcsgosto

stão ndiscerníveis,

ilia-se

o

grupo

do s

que

êm

o

"scnso"

do

carátcr

nacional.

outÌo

ado,este

lima,

esta

essênciampondcrável

do

Brasil

é dc construção

implcs,

ácil

de rcconheceru produzir. rata-se e um Lruque e inguagem,e

uma

órmula

para

visão

sofisticada,

o alcance

e muitos.

eual

o

conteúdo

este nobismo

e

massas?

ual

o

sentimento

m

que

se

reconhecc

distingüe

sensibilidade

ropicalisra?

ntreparêntesis,

scndo

imples ma

órmula

nâoé necessariamente

uim.

Como

ve -

remos

adiante, efeito

ropicalistaem

um fundamento

istórico

profundo

e interessante;

mas é

também ndicativo

de uma posição

dc classc,

omo

veremos

gora.

Voltândo:

por

exemplo,

no

rnétodo

Paulo

Frcire

estão

pÍcscntes

o arcaísmo

a consciência

ural

e a re-

flcxão

cslrccializada e

um alfabetizador;

cntÍetanto,

a dcspeito

dcsta conjunção,

nada

menos Íopicalista

do

quc

o

Método.

por

que?

Porque

a oposição

entÍc

os s€us cÍmos não

é insolúvel:podc

havcr alfabctização.Para

a imagcm

Íopicalista, pelo

contrário,

é

cssencial

ue

a

ustaposição

c antigo

c novo

seja ntre

onteúdo

e técnica,

scjano intcrior

do contcúdo

componha

um

absurdo,

es-

tcja

em

forma dc aberração, que

sc

referem

a melancolia

e o hu-

moÍ dcstccatilo. Noutras palavras,para obtcr o seu€feitoartístico

c

crítico

o

tropicalismo

rabalha

com a conjunção

esdrúxulade ar-

câico c modcrno

qu€

a

contra-Ícvolução

cristalizou,

ou

por

outÍa

ainda, com

o

resutrado

s.

aíle.Íior cntativa

racassada

e moderni-

zaçãonacional.

Houvc um

momcnto,

pouco

antcs

c

pouco

depois

do

golpc,

cm

quc

ao mcnos

para

o cincmavalia

uma

palavra

de

or-

dcm cgnhada

por

Glaubcr

Rocha

(quc

parccc

cvoluir

para

longc

dcla): "por

umâ estética

da fomc". A

cla ligam-scalguns

dos mc-

lhorcs

ilmes brasilciros,

Vidas

Secas,Deus o Diobo

e Os Fuzis

m

particrr;4Í.

Rcduzindoao

cxtÍcmo,

pod€-sc

izcr

quc

o

impulso

dcs-

ta

cstéticâé rcvolucionário.

O artista buscaria

a sua orça

e moder-

nidadc

na Êtapa

prcscnte

da vida nacional,

e

guardaria

quanta

nde-

pcndência

ossc

possívcl

cm facc

do aparclho

ccnológico

e econô-

76

mico. em últ ima anál ise cmprcorientado

pelo

inimigo. A direçà<.t

tronical ista inversa:

cglstra.

(,

ponto

de

vista

da

vanguarda

du

moda rnternacionars.om seus

rcssuposlos

conômrcos. omo

coi-

sa aberrant€,o

atrazo

do

pais.

No

primeiro

caso,

a

técnicaé

politi-

camcntedimensionada.No scgundo,

o seuestágio nternacional

é o

oarâmctro

aceito dâ

rnfelicidadenacional: nós, os

atualizados.os

articuladoscom

o circurto

do

capital,

falhada a tenlativa de

modeÍ-

nização

social

fcita de cima.

reconhecemos

u€

o

absurdo é

a alma

do

pais

e a nossa.

A noçâo

de uma

"pobreza

brasileira".

que vitima

igualmentea

pobrc

e ricos -

própria

do tropicalismo

-

rcsulta

de

uma

generalização

emelhantc.Uns

índios

num descampadomtse-

rável. i lmados em tccnicolor humoristico, uma cristaleirano meio

da auto-estradaasfaltada,

uma

fcsta

grã-fina,

afinal

de contas

pro-

vinciana.

em tudo estaria

a mesma

miséria.Esta noção de

pobreza

não é

evidentemente

dos

pobres,para quem

falta de comida e

de

estilo não

podem

seÍ

vexames

equivalentes.

Passemos ntretanto

à

outra

qucstão: qual

o fundamento histôrico

da

alegoria ropicalis-

ta Respondendo, staríamos

xplicando

ambém o

interèsse

erda'

deiramente

notável

quc

cstas magens êm.

que

rcssalta

de

modo

ainda

mais surpreendente

se ocoÍre serem

parte

de uma obra

mediocre. A coexistência

do antiSo

e

do

novo é um ÍaÌo

Scral

(c

sempre sugestivo)

de todas as

sociedades apitalistas

e

de

muitas

outras

tâmbém. Entretanto,

para

os

países

colonizados e dcpots

subdcsenvolvidos,

la

écentralc

tcm força de emblema. sto

porque

cstes

países

oram

incorporados ao

mercado mundial - ao

mundo

moderno

-

na

qualidadc de econômica

e socialmenteatrazados.

de

fornecedores e

matéria

prima

e trabalho

barato. A

sua

ligaçâo ao

novo se faz atravlJ, estruturalmenteatravés de seu atrazo social,

que

se eproduz em

lugar dc sc

extingüir.

Na

composiçâo

nsolúvel

mas funcional dos dois

têÍmos,

portanto,

es á

igurado um destino

nacional,

que

dura dcsdc

os nícios.Aliás,

cultivando a

"latinoame'

ricanidad"

-

cm

quc

lcnuemcntc

cssoa

o ca Íáter contincntal da

rc '

volução

o

quc

no Brasil

dc fala

portuguesa

é raríssimo,os tropica-

listas

mostÍam

quc

têm

consciência

o alcancede scu cstilo.

De fa'

to,

uma

vez

assimilado

cste

scu

modo de

ver,

o conjunto da

Améri-

ca

Latina é tropicalista.

Por

outro

lado, a

generalidade

este

csquc-

L

Para ma

xposiçãompls

cstas

oç&s,

cÌGundcr

Frank, ?divelopp.mcnt

u

sous-dévcloppcment,

a Capilalisma

.t tous'dáveloppem.nt

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ma

é tal,

que

âbraça odosos

países

o

continente

m odâs s

suas

etapas

istóÍicas,

o

quepoderia

areceÌ

m defeito.

O

que

dirá do

Brasil

de ó4 uma

fórmula gualmente

plicável, or

exemplo,

o

século

XIX

argcntino?

Contudo,

porque

o tropicalismo

ê alegórict

a falta

de especificação

ão

he é fatal

seria,

um estilo imbólico).

Se no

símbolo,

squematicamente,

orma e conteúdo

ão ndisso-

ciáveis,

eo símbolo

"aparição

ensível"

por

assim

izernatura.

da déia,

na alegoria

relação

ntre

a

déia

e as magens ue

devem

suscitá-la

externa

do

domínioda convenção.

ignificando ma

idéiaabstÍata

om

que

nada

êm

a

ver,

os elementos

e

umaaleso-

ria

nãosão

ransfigurados

rtisticamente:ersistem

asuamater]a-

lidadedocumcntal, ãocomoqueescolhos ahistória eal,queé a

sua

profundidade.

Assim.

é

ustamente

o

esforço

e

encontrar

matéria

ugestiva

datada

coma

qual

alegorizam

..idéia"

intem-

poral

de

Brasil

que

os

tÍopicalistas

êm o

seumelhor

esultado.

DaÍ

o caráter

e nventário

ue

êm ilmes,

eças

cançõesropica-

lrstas,

ue

apresentam

uanta

matéria

ossam,

ara que

esta

ofra

o

pÍocesso

e ativação

lcgórica.

roduzido

anacronismo

com

seuefcito

onvencionalizado,

e

qu€

sto

sejaBrasil

os eadyma-

desdo

mundopatriarcal

do

consumombecil õem-se

significar

por

contaprópria,

emestado

ndecoroso,

ão estetizado,

ugerindo

infinitamente

ssuas

istórias

bafadas,

rustradas,

ue

não

chegâ-

remos

a conhecer.

imagem

ropicalista

ncerra

passado

a

or -

ma

de males

tivos

u ressucitáveis,

sugere

ue

sãonosso estino,

razão

pela

qual

não

cansamos

e olhá-la.

Creio

que

esleesquema

vrgora

mesmo

uando

imagem

cômica

pr imeira

is ta. ,

*t ,

Comcntando lgumas

asas

ostcriores

ó4, construídas or

arquitetos vançados,

m crítico

observou

ue

eram

uins

de morar

porque

a sua

matéria,

principalmente

concreto

aparente,

ra

muito bÍuta, e

porque

o

espaço stava xccssivamcntcctalhado

racionalizado,em

proporção

omas inalidades

c

uma

casa

ârti-

cular. Nesta

dcsproporção, ntretanto, stariaa sua

honcstidade

cultural.o scu estcmunho

istórico.Duranteos anos

dcscnvolvr-

mentistas,

igada Brasilia àsesperançaso socialismo, aviama-

turado a consciênciao sentido oletivista a

produção

rquitetô-

nica.Ora,

para qucm

pcnsara

a construçãoacional barata, m

grande

scala, o interior

dc

um movimento edemocratizaçãoa-

cional,

araquempensara o

abirintodas mplicaçõcsconômico-

políticas

ntrc ecnologia

imperialismo, projetopâra

uma casa

burguesa inevitavelmente

m

anti-climax.

Cortada

a

perspectiva

políticada arquitetura, cstava ntretanto formação ntelectual

que

ela

deraaosarquitetos,

ue

riam orturaro espaço, obrecarre-

gar

de ìntenções experimentos

s

casinhas

ue

os amigos ecém-

casados,om algum dinhciro,

às

vezcs

hes

encomendavam.

ora

de seu ontexto d equado,

ealizando-se

m esfera estrita na or

ma

de mercadoria,

racionalismo Íquitetônico

ransforma-scm

ostentação

e bom-gosto

incompatível om a sua

direção

rofun-

da

-

ou em símbolo

moralista nconfortável a revolução

ue

não

houve.

Esteesquema,

liás, om mil

variações

mbora,

ode-se

e-

neralizar

ara

o

periodo.

O

proccsso

ultural,

que vinha

extrava-

zandoas ronteiras eclasse o critériomercantil,oi reprezado m

64. As soluçõesormais,

rustrado

o contatocom os explorados,

para

o

qual

se orientavam,

oram

usadas m situaçâo

para

um

público

a

que

não se

destinâvam, udandode

sentido.

De revolu-

cionárias

assaram

símbolo

endável

a revolução. oram riun-

falmente colhidas

elos

studantes

pelo

públicoartistico

m

ge -

ral. As formaspolíticas, suaatitudemaisgrossa, ngraçada di-

dática,cheias o óbvio materialista

ue

antes

ora de máu-tom,

transformavam-sem

símbolo

morql da

política,

e era

este

o seu

conteúdoorte.O

gesto

idático,

pesar e

muitas

ezes

implório

nãoensinandoada lém o evidente

sua

platéia

ul ta

que

exis-

ta imperiafismo,

ue

a

ustiça

é de classe

vibrava

comoexemplo,

valorizava que

à culturaconÍinada âoera

permitido:

contato

politico

com

o

povo.

Formava-sessim m comércio mbiguo,

ue

de um lado

vendia ndulgên cias fetivo-politicas classemédia,

  ldé ia e

vocabulário

são eÍnpÍestados

qui ao esludo de WalteÍ

Benjamin sobÍe o

dramâ barroco

alcmão. cm

que

sc teoriza a repeito dâ â legoria.

2. Alduns representantes

csta inhasão,

paraa

músjca.GilbertoGjl

eCaetanoVc-

foso;

para

o tealro

José Celso Martinez Correia. com

O Rei da

Vela

e

Roda

yita.

no cinema

há efementos de tÍopicalìsrno

em

Ma.unaíma

de

Joaquim PedÍo. Or

Herdciror ó. Catlos Diegtres, Rrcsil

ano

2000

de

Walter

Lima

Jí., ?.€rta etn Tron-te

e Ántonio das Morrer dc

ClaubeÍ Rocha.

78

Ì.

Sc.Srio

erro

Pereira,

Arquit€túÍâ

Novâ" n Â"vÀr, Teo a?Prólìrut' l ,S.PÀu'

lo,

196'l

79

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mas

do outro

consolidavâ atmosfcra

deolôgica

c

quc

alamos o

início.

A infinita

repetição

c argumentos,

onhccidos

e

todos

nada mais

rcdundante,

primcira

vista, quc

o tcatro

logo cm segui-

da ao

golpc

-

não eÍa redundantc:

cnsinava

quc

as

pessoas

onti-

nuavam

á c não haviam

mudado

de opinião,

quc

com

cito

se

podc-

ria

dizcr muita coisa,

que

cra

possívcl

orer um risco. Nestes

spe-

táculos, a

quc

não

comparcciaa

sombra de um

operário, a inteli-

gencia

dcntificava-se

om os

opÍimidosc reaíìrmava-sc

m dívida

com elcs,

m

qu€m

via

a sua

cspcrança. avam-sc

ombatesmagi-

nários vibrantcs

desigualdadc,

ditaduÍa

e aosE.U.A. Firmava-

se a convicçãode

quc

vivo

c

poético,

hoje,

é o

combateao capital

e

ao imperialismo.Daí a importânciadosgêneros úblicos,dc teatro,afichcs,

música

popular,

cincma e

ornalismo,

que

transformavam

est€clima

em

comício

e fcsta,

cnquanto

a

litcratura

propriamente

saiado

primçiro

plano.

Os

próprios

poetas

entiam ssim. um

de-

bate

público

r€c€nte,um

acusava utro

de

não

ter um veÍso

capaz

de levá-lo

à cadeia.

Esta

procúração

evolucionária ue

a cultura

passava

si mcsmae sust€ntou

por

algum

tempo

não ia natuÍal-

mcnt€

scm

contradiçõca.Algumas

podem

ser

vistas

na evolução

teatral do

pcríodo.

A

primcira

rcsposta

o

tcatro ao

golpe

oi musical,o

qucjá

cra

um

achado.No Rio dc Janciro, Augusto

Boal

-

diÍetoÍ

do

Teatro

de Ar€na dc S. Paulo,o

grupo

quc

maism€tódicae

prontamcnte

se

rcformulou

-

montava o show Opinião.Os cantores, ois de origem

humildc

e uma €studante c Copacabana, ntremeavam

história

de sua

vida

com

cançõcp

uc

calhasçm

bcm. N€stG

nÍcdo,

a músF

ca rcsultava

principalmentc

como rcsumo,autêntico,dc uma expc-

riência social, como a opinífu quetado cidadão tcm o dircito de for-

mar

cantsr, mcsmo

quc

a ditadura não

qucira.

dcntiÍicavam-sc

assim

paÍa

cfcito

idcológicoa música

popular

-

quc

é com o futebol

a manifcstação hcgadaao

coração

brasilciro

-

c a dcmocracia,o

povo

c a autcnticidad€,

ontÍa o rcgimc dos militarcs.

O

succssooi

rctumbantc. Dc mancira mcnos nv€ntiva o mcsmo

csqucma

ibc-

ral, dc rcsistência ditadura, 8€Íviaa

outro

grandc

suc€sso,iàer-

dade,Libcrdade,

no

qual

cra

apÍcscntada

uma antologia ocidcntal

dc tcxtos lib€rtários, dc

Yl

a.C. a XX A.D. Apesar do tom

quasc

cíyico

d6tcs dois

cspctâculos,

c conclamaçãoe

encorajamcnto,

era ncvitávcl um ccrto mal-cstarBtético c

político

diant€

do total

acordo

quc

sc

produzia

cntrc

palco

c

platéia.

A

ccna não

cstava

adiantc

do

público.

Ncnhum

clcmcnto

da crítica

ao

populismo

ora

absorvido.A confirmação ccíproca o cntusiasmo

odiam

scr

m-

80

portantes

e oportunosentão,cntretânto cra

vcrdade

ambém

que

a

esqucÍdavinha dc

uma dcrrota,

o

que

dava um tÍaço

indevido de

complacência o delírio do aplauso.Se

o

povo

é corajoso

c

inteli-

gente,por que

saiu batido?E sc

oi

batido,

poÍ quc

tantâ congÍatu-

lação?

Como

vcremos,

falta dc rcsposta

politica

a G6tâ

uestão

i-

Íia

a tÍansfoÍmaÍ-sc

em limit€ cstéticodo T€atro dc Arena.

Rcdun-

dante ncstc

poírto,

Opiniãoera novo

noutros

aspcctos.Scu

público

era muito mais

estudantil

ue

o costumeiÍo,

alvcz

poÍ

causa a

música,

portanto

mais

politizado

nteligent€,

cm diantc,

ra -

ças

ambém ao contato organizado

com

os

grêmios

cscolarcs,

sta

passou

s€r

a composição ormal da

platéia

do tcatro dc

vanguar-

da. Em conscqüênciâ umentouo fundo comum dc cultura entre

palco

e

espcctadores,

que pcrmitia

alusividadce agilidade,

princi-

palmcntc

cm

política,

antes

dcsconhccidas.

ccm

mcio à suja irada

de

um

vilão repontavam

as

Íasesdo

último

discurso

presidencial,

teatÍo

vinha

abaixode

prazcr.

Essâ umplicidadecm,

é certo,um

lado fácil e tautológico; mascria o espaço €atral

-

quc

no BÍasil o

teatro comercial

não havia

conhecido

para

o aÍgumcnto

ativo, li-

vrc

dc

litcraticc. Dc modo

gcral

aliás, o contcúdo

pÍincipal

dcstc

movim€nto eÍá sido uma transformação

dc

forma, a

alteraçãodo

lugar socialdo

palco.

Em

continuidade

com

o tcâtro dc agitaçãoda

fase

Goulart,

a cenae com cla

a

língua e a cultura foram despidas

de

sua

clcvação

esscncial",

ujo aspccto deológico, c oÍnamcnto

das

classcs ominantes, stava

a

nú. Subitamcntc, bom tcâtro

que

duÍantc

anosdiscutira €m

portuguê

de

escola

o

adultério, a

liber-

dâdc, a sngústia,

parecia

ecuadodc uma era. Estava

cita

uma €s-

pecic

de rcvoluçãobrechtiana,a

quc

os ativistasda diÍcita, no

intui-

to d€ rcstauÍaÍ a dignidadc das aÍtes, respondcramarrcbcntando

cenârios

c cquipam€ntos, spancando trizcsc atorcs.Scm

espaço

ritual, mascom maginação

e também

scm

grandc

radição

de mé-

tier e sematores

v€lhos

o tcatro estava

próximo

dos

cstudantcs;

não havia abismo de idadc, modo

de viver

ou formação. Por sua

vcz,

o movimcnto estudantil

vivia

o seu momento áurco, dc

van-

8uâÍda

política

do

pais.

Esta combinação ntÍc a ccna

"rebaixada"

e

um

público

ativista deu momcntos eatraiscxtraordinários,

c

rc-

punha

na ordcm

do dia as

qucstõcs

o didatismo. Em.lugar

de ofc-

ÍêceÍ

aoscEtudantcs

profundidadc

nsondávcl

c um tcxto belo ou

dc um

gÍandc

ator, o tcatro ofercciaJhcs

ma

colc.ção e argumcn-

tos

€ compoÍtamcntos

bcm

pcnsados, ara

mitaçâo, crítica ou rc-

ieição,

A distância

ntreo especialista

o

leigodiminuira

muito.

8l

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8/18/2019 SCHWARZ, Roberto - Cultura e política, 1964-1969 In O pai de família e outros estudos.pdf

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Digredindo, é

um c xcmplo dc

quc

â dcmocratização,

m

arte,

nã o

passa por

barateamcnto algum,

nem

pcla

inscrição das massas

numa

cscola de artc dÍam ática;

passapoÍ

transformações ociais

e

de

critério,

que não dcixam intocados

os

têrmos

niciais do

proble-

ma.

Voltando:

nalguma

paÍtc

Brccht recomendaaos atoÍes

que

re -

colham e analisem

os

mclhores

gestosque puderem

observar,

para

aperfeiçoar

e devolvê-los

ao

povo,

de ondc

vieram.

A

prcmissa

des-

te

argumento,

em

que arte

e

vida

estão

conciliadas,

é-

que

o

gesto

cxista no

palco

assrm como

fora

dele,

que

a razão de

seu

acerto não

esteja omente

na

foÍma t€atÍal

que

o sustenta.O

que

é

bom

na

vida

aviva

o

palco,

e

vice-versa.

Ora, se a form a artística deixa de ser

o

nervo exclusivodo conjunto, é quc ela accita os efeitosda estrutura

social

(ou

de um movimçnto)

-

a

que

não mais

se opõe no essencial

-

como e4uivalentes

os seus.Em conseqüência

á distensão or-

mal, c a obra

entra em acordo com o seu

público;

poderia

divertí-lo

e edu cá-lo, em

lugar de desmcnti lo todo o tempo. Estas

especula-

ções,

que

derivam

do idi l io

que

Brccht imaginara

para

o

teatro

so -

cialista

na

R.D.A., dão uma idéia do

que

se

passava

no

Teatro de

Arena,

-

onde

a conci l iaçâo era

viabilizada pelo

movimento

estu-

dantil ascendentc.

pesquisa

do

que

seja

atraente,vigoroso

e di-

vcrtido,

ou desprezível

para

uso da nova

geração

fez a

simpatia

extraordináÍ ia dos espctáculos o

Arena desta ase.Zumbí, um m -

sical em

que

se nârÍa uma fu ga e

rebel ião

de

escravos, um bom

exemplo. Não sendo cantores nem

dançarinos, os

atores

tiveram

que

desenvolver ma dançae um canto ao alcance

prático

do leigo.

que

entretanto ivessem

graça

e inteÍesse.Ao mesmo

empo impe-

dia-se

que

as

soluções ncontÍadasaderissem o

amálgamasingular

de ator e personagcm:

ada

personagem

ra feita

por

muitos atores,

cada ator fazia muitas

personagcns,

além do que

a

personagem

principal

era

o coletivo.

Assim,

para

que

se

pudessem

etomaÍ,

para

que

o ator

pudesse

ra ser

protagonis ta,

ra

massa,

s

caracter iza-

ções

eÍam

inteiÍamente objet ivadas,

sto é,

socializadas,

mitóyeis.

Os

gestospoderiam

ser

postos

e tiÍados,

como

um

chapéu,e

por-

tanto adquiridos. O espetác ulo

era

verdadeira

pesquisa

oferenda

das

maneirasmais sedutorasde rolar

e

embolar

no chão, de erguer

um braço, de

levantar

depressa,

de chamar, de mostrar

decisão,

mas ambém das maneirasmais ordinárias

que

têm as classes omi-

nantes

de

ment i r ,

de mandar em seus mpregados u de ass inalar ,

mediante um mov imento

peculiar

da bunda,

a

sua mportância so-

cial. Entret anto, no

centro de sua relaçãocom o

público

- o

que

R'

lhe acrescentou sucesso Zumbi repetiaa tautologiade Opinião:a

esqucrda

derÍotada

riunfava semcrítica, numa sala repleta,como

sea dcÍrota

não fosseum defeito.

Opiniõo

produzira

a unanimidade

da

platéia

través â

aliança

imbólica

ntremúsica

povo,

contra

o

rcgime.Zumbi tinha esquema nálogo,emboramaiscomplexo.

À

oposição

entre escravos

scnhorcs

poÍtugueses,

xpostaem cena,

corrcspondia

utra,constantementeludida,

ntreo

povo

bÍasilei-

ro €

a ditadura

pró-imperialista. ste ruqueexpositivo,

ue

em

a

sua

graça rópria,

poispcrmite alarem

público

do

que

é

proibido,

combinava

m antaSonismo

ue

hoje é

apenas

motal

-

a

questão

escrava a um

antaSonismo

olítico,

capitalizava

ara

o segundo

o cntusiasmo escontraídoue resultado primeiro.Mais precisa-

mente,

o movimento

a nos

dois

sentidos,

ue

êm

valor desigual

Uma

vez,a revolta scrava ra eferida ditadura;

eoutra,a

dita-

dura era eencontrada

a

rcpressão quela.Num casoo enrêdo

é ar-

tificio

para

tratar de

nosso

empo.

A linguagem

ecessaÍiamente

oblíqua cm o

valor de

suaastúcia,

ue

é

política.

Sua

nadequação

é

a forma

de uma

esposta dcquâda realidade

olicial.

E

a evian-

dadecom

que

é tratado

o mateÍialhistórico

osanacronismos

u-

lulam é uma

virtude

estéticâ,

ois

assinala legrementeprocedi-

mento

usado o assunto

ealem cena.

No

segundo

aso, luta en-

tre escravos senhores

ortugueses

ena,

á,

a

luta,

do

povo

contra

o imperialism o. m conseqüênciapagâm-se

s

distinções

istóri-

cas as

quais

não

tinham mpoÍtância eo escÍavo

artifício,ma s

têm agora, e

elcé origem

e

valoriza-se

inevitável analidade o

lugar-comum:

direitodosoprimidos,

crueldade os

opressores,

depoisde 64, como ao tcmpo de Zumbi (sec.Xvll), busca-seo

Brasil

a liberdade.

ra,

o

vago

de tâl

perspectivaesa obre lin-

guagem, ênica

verbal,

que

resulta

emnervo

politico,

orientada

pela

eação

mediata

humanitária

não-política

ortanto)

iante

ào

sofrimento.

Onde

Boal brinca

de esconde-escondc,

á

poljlica;

onde

az

política,há

exortação.

Íesultado rtístico

o

primeiro

movimento

bom,

do segundo

ruim.Sua

expressão

ormalacaba-

da,esta

dualidade

ai encontÍá-la

o

trabalho eguinle

o

Arenq'o

Tiradenles.

eorizando

Íespeito,

oalobservava

ue

o

teâtrohoje

tanto

deve riticar

omo

entusiasmaÍ.

m

conseqüência,

pera om

o distanciamento

a

identificação'

om

BÍecht

e Stanislavski

A

oposição

ntÍe

os dois,

que na

polêmica

rechtiana

iverâ

ignifica-

dã histórico

e maÍcava

linhâentre

deologia

teatro

válido,é

re -

E3

I

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duzida

uma

qucsüio

coportunidadc

os

cstilos. De ato,cm

radentes

,

gawaagcm

principal

o

mártir

da

ndcpcndência rasi-

lcira, homcm

dc origcm humildc é aprcscntada travéE

c

umacs-

pécic

c

gigantismo

aturalista, ma

cncarnação

íticado

dcscjo

dc ibcrtação

acional.

m contrastc s

demais

crsonagcns,

snto

seus ompanhciros

c conspiraçâo,

omcns c boasituâção

pou.

co dccididos,

uanto

os nimigos, ão

aprcscntados

om

distansia-

m€ntohumorístico,

mancira c

Brccht,A intcnção dc

produzir

uma

magcm rítica

das

classcs

ominant€s, outra,cssa

mpol-

gantc,

o homcm

uc

dásua

vida

pcla

causa. rcsultado ntrctan-

to

é

duvidoso:

s abastados

alculam

oliticamentc,

êmnoçãode

scusntcÍ6scs

mâtcriais,

uacapacidadc

pigramática

ormidável

e suaprcscnçam ccna bom cstro;á o mârtircorredcsvairada-

mcntc m

pós

a ibcrdadc, desintcrcssado,mvcrdadcirodcalista

cansativo,

om rcndimcntocatral

mcnor.O métodobrcchtiano.

cm

que

a intcligência

cm

um

papclgrandc,

aplicado os nimigos

do rcvolucionário;

€stcvÂi

cabcro métodomenosnt€ligente,

do cntusiasmo.Politicamcntc,

stc

mpassc ormal mc

parccc

cor-

rcspondcr

um momcnto

inda

ncomplcto

a crítica

ao

populis-

mo.

Quâl

a

composição

ocial

dc

ntcrcsscs

o

movimcnto

opu-

lar?Esta

é

a

pcrgunta

quc

o

populismo

cspondcmal. Porquc

composição

asmassas

ãoé homogênca,

arccc-lhc uc

mais

vale

uní-las

clo

cntusiasmo

uc

scparáìas

cla

anâlisc

ÍÍticadc

scus

intcrcsscs.

Entretanto,somcntcatravésdcsta crÍtica surgiriam os

vcrdadsiros

emas o tcatro

polltico:

asalianças os

problcÍnas

e

organização,

uc

dcslocam oçõcs omosinccridadc cntusiasmo

para

ora do campo

o

univcrsalismo

urguês. oÍ outro ado,

sto

não

qucr

dizcr

quc

chcgando catcs ssuntos tcatro

mclhorar.

Talveznclnscjapossívcl nccná-lo.É vcrdadc ambémqucos mc-

lhorcs momcntos

o

,{rrra

cstivcram igadosà sua imitação dco-

lógica, simpatiancondicional

clo

scu

público

ovcm,

cujo

scnso

dc

ustiça,

cuja

mpaciência,

ue

êmccrtam€ntÊ

aloÍ

polltico,

Íize-

ram ndcvldamcntc

s

vczcc

dc ntrrcssc cvolucionário

puro

c sim-

plcs.

Em im dc

contas, um dcscncontroomum mmatéria

rtís-

tica: a cxpcriência

social cmpurra o aÍtista

para

as formulações

l. Pt Ílcio I nmd.ntcs.ApcerédçG.cu|r cri c A.8ql, Prn umr diruIo dê

lllhfdi

d.|tr tcoÍir

vçÍ A.

RoacÍ|íGld,

H.Íóir

coodntrt"

,

qi

Tcorb c Prótt@,

nr 2.

84

meis

radicais e

justas,

que

se bmam

por

assim dizer

obrigarírias,.

cm

que

daí hes

venhe,como â honÌr

ão mérito, a

primazia qualitativa.'Mas

nÃo

procuráìas conduzÀ banalização.

Tambem

À esquerda,mas

nc antíPodâs

o,lrena, e ambíguo

elé I

niz

do cabelo,desenvolvia.*

o Teatm

@cina,

dirigido

por

Icé

Celso

Martinez

Con€a, S

e o Arcna hetdara

ds. aseGoulan o impulso

formal, o

intcresse

pela

uta de

classes,

la

tevolução,

e uma ceÌta

imitâção

po-

pullsta,

o Aficina

ergueu-se

paÍir da experiêncianterior

da desagrege-

ção

burguesaem 64.

Ern seu

palco

esta

desâgrcgaçãocpete-se

ihul-

mente, em

fonna de ofensa.

Os seus espcúculc

fizeram histótia,

escândalo

enonne suc€sso

m São Paulo c Rio,

onde foram

os mris

marcantes

os últimos

ânc. Ligavam-se

ao

público

pela

btutalização,

e

não coÍno o Arcna, pla, simpatia;e seu recl[so pdncipal é o choque

profanador,

não o

didatìsmo.A

opGição no interior

do leâtro engajado

nÃo

podia

ser mais

completa.Sumariamente,

osé Celso

ergumentada a

foma

seguinte: e

em 64 a

pequena

urguesia

liúou

com a direita

ou não esisúu,

nquanto

grande

sealiava

ao mperialismo,

odoconsenti-

mento

entre

pslco e

plaéia

é um

erro ideológico e

estético.' E

preciso

l.

Ète aBumênlo

é

(hscnvotüdo

poÍ

Adorno, cm sat| ã|s.lo sobrc

6 cÍiÉlioc

dâ misice

nova,

qÌr'ndo

confrqlts Schõôb€r8

Wcbem, n tr at&/i8ltr.

t, Sìthkrnp

vcÍ'lt8

2. NumÂ

cnrGvista

râduzids cm Paíisars

n

o

47

(Prrls,

Mdspêto),

6é Cclso crPlic.:

'Fi.fim,

é umr relaçãodc lutr,

üma üta enllt 6 itoírs

ê o

púbüco. ..')

A

pc,çe

e8.idc

intelccturlmentc,

oÍmalmentq

sexualmenl,e,

olltioÍtrGnrô.

QueÌ

dizer

que

al.

quslifica

o Gspoctrdor

ê cÍEtino, rcprimirlo

c reaciodrio E nó6 mcsmo

anrbém€'rtrm6

nastc

banho"

(pg

75). "sc tomamoc

este

público

cm sat cúJunto.

r única

pcttbüidedc

dc

$bmcltlo

. umr .çÂo

politicâ

efi(rz Í€sidc rú dcatntiçõo

dc scl|s mêcanisno6

dc t È

fcss.

dc rodãs s su&t

Jugficsçõ.s

m.niqucúslrsGhidoticist s

Crcluso

qomdo chs sc

rÉi.m cm GÍeÍnscl,

t)kács c otm6).

Trrts-sc dê

Êlo

cir

san u8eÍ, dc .cduzi_lo

zcm, O

piblico

tcprscaia uÍnÂ

elc msis

q|

|tran6

privil€tldrs

dcí

Pds,

r .b

quc

b€nefici&

afuúa

quc

mediocí€mcoi€,

c

todr r faltr dc históÍiô

e dê toda r csL8nação

dcse

Siga.rta

donnccido

quc

é o BrGiL

O tcâtÍo ,cmnccassldsdc

oj€ de dasmiíilicar,

dc colocar

cstc

público

cÍtr scü

€stedo oriSlnNl,

frÊntc r fEntc com

. su&

trandc

miséúa,

a misé.la do

pe4uenoprivilégio.obtido cm túcâ dê tantas

conccssões,onlos

oponunismosr

anlrs castÍaçôcs, antc

recrlqucs, cm aroca

de loda s miúÍia

dc üm

povo.

O

que

imporrs é deirú

esie

pìiblico

cÍn cstsdo

dc nudez olel, sêm

defêss, c

tncití-lo

ò iniclôlivâ,

à cÍisgão de um

câmiúo novo, néilto, fom

dc lodos 6

oporlu_

nismos csilbclccidG

(que

scjam

qr

não

b6tiz.d6 da úarrislas)'

A clidcia

pollticr

quc

sc

podc cspcrar do tcatro Íro

quc

diz rcspclao rstc Éto.

(pcqü.nr

buEpcsis)

podc

aí.r

nr c.Fcìdsdc dc ajudsÌ

rs

P€ssoas

conpÍc.nd.r

r ncc6sidtdc

dr iÍricla-

tivô iídividurl,

r inici.aiv.

quc

lcv.r{ 6d.

qu.t

rjotar r sur

própri.

Pcdti

con_

85

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massacÍa-la.

la,

por

outro

lado,gosta

de scr nrassacrada

u

vc r

massacrar,

assegura o

Olìcina

o mais

notávelêxlto

comercial.

É

o

problcma

dcste €atro.

Para compreendê-lo.

onvém

embrar que

nesscmcsmo

cmpose

discutiu

muito

a

peÍspectiva

o

movrmento

estudantil:

seria

determinada por

sua origem

social,

pequeno-

burguêsa,

ou rep̀senta

uma função

social

peculiar

-

em crisc

-

com

intcrcsses

mais radicais?

O

,lrezo

adota

estascgunda

eiposta,

em

que

funda

a sua claçãopolítica

e

positiva

com a

platéia;

em dc-

corÍência

os seus

problemas

são novos,

ant€cipando obre

o teatro

numa

sociedadc evolucionária;

mas

têm

também um traço

de

voto-pio, pois

o suporte

eal desta

expcriência

ãoos

consumidores

que estão na sala,pagandoe rindo, em plenaditadura.O Ofcina,

que

adotou na

prática

a

primeira

csposta,

õe

sinal

negativo

diante

da

platéia

cm

bloco,

sem

distinções.

PaÍadoxalmente,

seu êxito

entr€

os estudantes,

m esp€cial

ntre aquclcs

que

o resíduopopu-

lísta do

Árena rritava,

foi muito grandc;

estes ão

se dentificavam

com a

platéia,

mas

com

o

agressor.

De fato,

a hostilidade

do Of;cí

na cÍa

uma r€sposta

adical,

mais

radical

que

a outra,

à derrota de

64;

mas

não

era uma

resposta olítica.

Em conseqüência,

pesar

a

agrcssividadc,

scu

palco

eprescnta

m

passo

atrás:

é moral e nte-

rior à burgucsia, eatou

com

a tradição pré-brcchtiana,

ujo espaço

dramâtico

é

a consciênciamoral

das

classes

ominantes.Dentro

do

recuo,

cntrctanto,houve

cvolução,

mesmo

porque

historicamente

rcpetiçâo

nâo existe:

a crise

burguesa,

cpois

do

banho de marxis-

mo

que

a intelcctualidade

omara,

perdeu

odo crédito,

e é repetida

como

uma espécie e ritual

abjeto,

destinado

tirar ao

público

o

gosto

dc vivet.

Cristalizou-se

sentido

moral

que

eria,

para

a faixa

de classcmédia ocadapelosocialismo, reconvèÍsão o horizonte

burguês.

ntre

parêntesis,

sta

Íise em

á

suaestabilidade,

alber-

ga

uma

população

onsidcrável

e instalados. oltando,porém.

com violência

desconhecida

mas autorizadapela

moda cênica

n-

ternacional, clo prestígio

da chamada

dcsagregâção

a cultura

eu-

ropéia,

o

que

excmplifica

as

contÍadiçõ€sdo imperialismo

neste

campo

o OJìcinaatacavaas

déias

e

imagens

usuais

da classe

mé-

dia, os seus nstintos

e sua

pessoa

ïsica.

O espcctador

a

primeira

tÍa

o rbsurdo

baasilciro"

,'.

"Em

rclação

a cstc

públiqo,gz?

lio di se

manilestal

enquanto

lasse,

eficàcia

olitica

dc urna

pcça

mcdc.scmcnospcla

usieza

áe

um

cÍitério

ociológrco

ado

quc

pclo

scu

nivèldc agrcssividadc.

ntrá

nós. ada

e

laz

com lrbcÍdade.

a aulpano

caso

nâo é só

da censura

r.

fila era

aganado sacudido

elos

tores,

ue

nsistem

araque

ele

"compre ". No corrcdordo

teatro,a

poucos

entímetÍos

o nariz

do

público,

as atrizcs isputam,

straçalham comemum

pedaço

de

ígado

rú,

quc

simboliza coração e um cântoÍ

milionárioda

TV,

que

acabade

morÍcr. A

pura

noiva do cantoÍ, depoisde

pÍosti-

tuiÍ-sc, é coroada raínha do

rádio

e

da televisão;a

sua

figura, de

manto e coroa, ê a da

Virgem.

Etc. Auxiliado

pelos

efeitosde

uz,

o

clima

destas

cnasé dc

rcvelação,

o

silèncio na sala é

absoluto.

Por outro lado, é claro também

o

elaborado

máu-gosto,

vidente-

mcnte

intencional, de

pasquim,

destas construções terríveis".

Terríveis u "teÍÍíveis"? ndignaçãomorâl ou imitaçãomalignai

lmitação ndignação,evadas

o extrêmo,ransformam-sema

na

outra,uma

guinada

e

grande

feito

eatral, m

que

seencerra ex.

põ€

com orçaartística ma

posição olítica. platéia, or

sua

vez,

choca-se

Íês,

quatro,

inco

v€zes

oma operação, cm scguida

ic a

deslumbrada,

ois

neo

espeÍava

anto

virtuosismo

ndc

supuscra

uma

crise.

Este

ogo,

em

que

a última

palavra

é

sempre

o

pâlco,

cstâ oÍÍida no interiorde

um círculode

posições

nsustcntávcis.

tafveza cxperiência

rincipal proporcionadapelo

Olìcina.

)e mz-

neira variada,ela se repetee deveser

analisada.Nos

cxemplos

quc

dei,

combinam-se

ois elementos

e alcance lógica artistica

difc-

rentes. emâticamenteão magens

e um

natuÍalismo

e choquc,

caricato moÍalista:

inheiro, exo, nadamais.Estão igadas

on -

tudo a umaaçãodireta

sobre

público.

Este egundo lemento

ão

seesgota a ntenção xplícita

om

que

oi usado, e omper cara-

paça

da

platéia, araque

a crítica

possa

tingirefetivamcnte.

eL

alcance ulturalé muito mâior.edificil de medirpoÍ enquanto. o-

candoo espectador,satores

ão

d€sÍesp€itam

omentc inhaen-

tÍe

palco

e platéia,

como

também a distância isica

que

é

de rcgra

entrecstÍanhos, sem

a

qual

não subsiste nossa oçãode

ndivi-

dualidade. A colossal

excitação

e

o maFestar

que

se apossam

da

sala vêm, aqui, do risco de

generalização:

e

todos se

tocassem?

Também

os

outrosdoisexemplos

iolam-se

abus.

Porsua ógica,

a

qual vem

sendodesenvolvida

o

que pareccpe.lo

iving Theqret,

estesexperimentosseÍiaÍn ibertá os,

e fazem

parte

de um

movi-

mentonovo,

em

que

maginação

prática,

niciativa

rtistica

rea-

ção

do

público

estão onsteladas

emaneira ambém

ova.

No Ol-

cinr, contudo, são

usados omo niulÍr. O espectador tocado

para

que

mostre seumedo,nãoseudesejo.

fixadaa sua raqueza,

não o seu mnulso.Seacaso

ão

icar

ntimidado

tocar

umaatriz

87

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por

sua

vcz,

causadesarranjona cena.

quc

não

cstá

pÍcpaÍada

paÍa

isto.

Ao

quc pudc

obscrvar.

passa-sc

s€guintc:

paÍtc

da

platéia

idcntifica-sc

ao agÍessor.

às cxpensas o agredido.

Sc alguém,dc-

pois

dc agarrado,

sai da sala,

a satisfação

os

quc

ficam é enormc.

A dcssolidarizacão

iantcdo massacrc. deslcaldadc

riadano n-

tcrior da platéia

sâo absolutas,

repetcmo movimcnto niciado

pclo palco.

Origina-sc ma

cspécic

e compctição,

ma cspiral

de

durcza em

facc

dos choques

scmprc rcnovados.

€m

quc

a

própria

intcnçâo

olítica

libcrtária uc

um choque

ossa

cÍ sc

perde

sc

invcrtc.

As situações

âo

vâlcm por

si, mascomo

partc

dc uma

pÍo-

va

gcral

dc força, cujo idcal

cstá na capacidadc ndcíinida

dc c de-

sidcntificarc de id€ntiíìcâÍ-scao agÍcssorcolctivo. É disto quc sc

rata,

mais

talvcz

quc

da supcraçãodc

prcconccitos.

Por seu

con-

teúdo, stemovimcnto dcsmoralizantc

o cxtremo:mascomo

cs -

tamosno

tcatro, lcé também magcm. onde

a sua orça rítica.O

que

nclc

se ìgura, ritica

cxcrcita o cinismo

a cuhura

burguêsa

diantcde si mcsma.

Suabasc

ormal,

aqui, é a

sistcmatizaçãoo

choque.

qual

de recurso

assou princípio

constÍutivo.

OÍa, a

dcspcito

e

por

causa c sua ntcnção

pÍcdatóÍia,

o choqu€sistcmati-

zado

cm compromisso

sscncial om a oÍdem

cstabclccida a cabc-

ça

dc

scu

público,

o

quc

é

ustamente

o scu

paradoxo

como forma

aÍtística. Não tem linguagcmpÍópria,

tcm

quc

cmprcstáJascmprc

dc

sua

vítima,

cuja

cstupidczé a carga de explosivo

com

quc

clc

opera.

Como

orma,

no caso, choque

cspondc dcscspeÍadae-

cessidadc e agir, dc

agir diÍctament€

sobrc o

público;

é uma

espé-

cic

dc

tiro

cultuÍal. Em

conscqüência s scus

problcmas

são do

domínioda manipulação sicológica,a cficácia a comunicação

procurada,

como

na

publicidadc.

pcla

titilaçâo

dc

molas

sccretas

problcmas

que

não

são artÍsticosno essencial.

ucm

qucr

chocar

não ala

ao

vento,

a

qucm

cntrctanto

odo artista ala

um

pouco.

E

qucm

faz

política,

não

qucr

chocar.-.Em

suma, a distância

cntÍc

palco

c

platéia

está fÍanqucada,

mâs

numa

só direção.Esta

dcsi-

gualdadc, ue

é

uma

dcslealdade

ais

ou

mcnos

onscntida, ão

mais

corrcspondc

qualqucr rcstígio

bsoluto

c catroc cultura,

ncm

por

outro lado a uma

rclação

propÍiamentepolítica.

nstalan-

do-seno

dcscampado

uc

é hojc a idcologia

burguêsa, OJìcina n-

venta

c cxplorâ

ogos

apropriadosao

tcÍrcno, torna

habitável,nau-

scabundoc divcrtido

o 6paço

do

nihilismo

dc

após:-ó4. omo en-

tão afirmar

que

cstc catro

conta

à csqucrda?

conhccidoo

"pessi-

mismo dc olé" da Rcpública

dc

Wcimat,

o Juchcepessimismus,

úe

88

ao cnterrar o

libcÍalismo €ria

prcnunciado

e favorecido

o

fascismo

Hoje,dadoo

panoÍama

mundial. situação

alvcz stcja

nvcrtida.

Ao mcnosentÍc

intel€ctuais, m tcrra

de libcralismo

calcinado

pa-

rcc€

que

nascrou

nadaou

v€gctação c esqucrda.

O O/cino

foi ccr

tamentc

paÍtc

ncsta

campanha

pela

tcrra aftazada.

at 1

Em seu

conjunto,o movimento ultural

destes nos

é uma

espécie

e loração ardia,

o fruto dc doisdecênios

edcmocratiza-

ção,

que

vcio

amadutecer

gora. m

plcna

ditâduta,

uando

ssuas

condições ociais

á

nãoexistcm, ontcmporâncoos

primciros

n-

saios e

luta

aÍmada

no

país.

A diÍeitacumpre

tarefa nglóriade

lhe coÍtar

a cabcça: s scusmelhores

ântoÍcs

músicos stivcram

prcsos estão o cxílio,

os

cineastas

rasileiros

ilmamem

Europa

África,

professores

cientistas

ão

embora,

uândo

não

vãopara

a

cadeia.

Mas,

ambém

csqucÍda

suasituação complicada,

ois

se é

pÍóprio

do movimento ultural

contcstar

poder,

não tem

como omá-lo.

Dc

quc

serve heg€monia

deológica,e

não s€ ra-

duzcm

força ïsica mcdiata?

indamaisagora,

uando violcntís-

sima a rcprcssão

ombando sobrc os

militantes.Seacrescentarmos

a enormc difusão

da

idcologia

guerreira

e

voluntarista.começada

com a

gu€rÍilha

boliviana,comprecndc-sc

uc

s€ja

baixo o

prestígio

da cscrivaninha. ressionada

ela

diÍcitac

pcla

esqueÍda,

ntclcc-

tualidade ntraem

crise guda.O tema

dos omances

filmes

Polí-

ticosdo

p€ríodo

,

ustamentc,

convcÍsão o

ntclcctual mililân-

cia.

Sc

a suaatividadc,

al

como

historicamcnteedefiniu

no país,

nãoé maispossível, que hc rcsta enão assar lutadirctamcnte

política?

os mcses

uc

sc

passaram

ntreas

primeiras

inhas cste

panorama

c a sua conclusão,o

cxpurSounivcrsitário

pÍosscguiu,

foi criadaa ccnsura

révia

de ivros,afim

de

obstarà

pornograÍìa.

A

primeirapublicaçâo

nquadrada

oi a última

cm que ainda se

|. Pessach, lravettio,

omanccdc CsÍlos

HaitoÍ Cony

(Ed.

Civihzaçào

BÍaiilcir'):

Qturup,

roííaítcaóc Antonio

Callado

E C.B

l.

Tz,ro am

Tmnse'

línc

dc Chub'Í

R*hà;

O Desalìo, ilmê dc

Psulo

CcsaÌ

Serraceni.

É intcÍGssantc

olâr

quc

o cn'

rêdo

dá convcriÀo csulta

mais

politico c

artisticamcntc

impo

sco

scl'

ccntÍo

nào

é o irltclcctual,

mas o soldado o

camponês'

omo cm

or

FL,ri,

dc Rüi Cucrre

Deus

o Diobo,dc Claut€Í

Rocha

ou

/rdzs

Sccas,

c

Nclson

P'rcl'a

dos sentos

Ncstcs asoa.

dcspropoÍção antasmal a3cÍilas

moÍ8is

ica objctivada

ou

dcsa-

paaccc,

mpcdindo

a trrma dc

amaranhaÍ-sc

o

incsscncial.

89

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manifestava,

muito s€letiva dubiamente,o espírito

cÍítico

no

país;

o

semanário

Pasquim'. Noutras

palavras,

a

impregnação

olítica

e

nacionâl a

cultura,que

é uma parte

grande

da

sua

mportância,

dcvciáceder

passo

outras

orientações.

m

conseqüênciauve-

sedizer

que

a

Univcrsidadecabou.

inema teatro dem,

dcmissão

coletivade

professores

tc. Estas

xpressõcs,

ue

atestam

a

coerên-

cia

pessoal

e

qucm

as utiliza,

contêm um erro de Íâto: as ditâs ns-

tituições ontinuam,

mboramuito controladas.

mais,

é pouco

provável ue

poÍ

agorao

governo

onsigaransformá-lasubstan-

cialmente.

quc

a

cadadcsaperto

olicial

e

viu,

em escala

acio-

nal,de

ó4

até agora,

oi

a maré antástica

a insatisfação

opulal,

caladoa força,o paÍsestá gual,ondeGoulart o deixara, gitável

comonuncâ.

A mcsma

ermanência

alvez alha

para

a cultura, u-

jas

molas

profundas

são dificeis

dc tÍocar.

De fato,

a

curto

prazo

a

opressão

olicial

nada

podc

alémdc

paralizar,

ois

nãose abrica

um

passado

ovode

um dia

para

o outro.

Que

chanceêmosmilita-

res de

tornar

ideologicamente

tivas as suasposições?

s

pró-

ameÍicanos,

ue

esteo o

poder,

enhuma; subordinação

ão

ns -

piÍa

o canto, mesmo econseguemar uma

soluçâo e momento

à

economia, ao

preço

de não transfoÍmarem

país

socialm€nte,

nestas ondições,emiséria umerosa visível,

deologia o con-

sumo erá empre m

escárnio.

incógnita

staria om

os

militares

nacionâlistas,

ue parâ

fazerem rente

aosEstados

nidos

eriam

que

evara cabo

alguma

eforma,que

lhesdesse

pôio

populaÍ,

como no Peru.É onde

apostao P.C. PoÍ outro lado,

os

militarcs

peruanos aÍcccm

não apreciar movimento

e

mâssas... xiste

contudouma presença ultural

maissimples, e

eÍeito

deológico

imediato, uee a presençaísica. um fatosocial alvez mportante

que

os militares

stejam ntrando m massa

ara

a

vida

civil,ocu-

pando

argos a administração

ública privada.

Na

província

o-

meçam entrar ambém

ara

o ensino niversitário,

m disciplinas

técnicâs. sta

presença

ifusados

epÍesentantes

a ordemaltera

clima cotidiano a reflexão.

ndeant€Íiormente intelectual on-

versava

pensava

uÍanteanos, cm

sofrcÍ

o confronto

da autori-

dade,

qual

só de

raro

em

raro

o tornava esponsável

or

sua

opi-

| . O Pasquitn

ão oi lichado. Fica o

crro scÍncorrigir. cm

homcnâgcm os numcro-

sos irlsos

larmes

ue

atormcntlvam cotidiano â época,

90

nião, c só a

partir

dc scus fcitos,

hojc é

provávelquc

um

de

seus o-

lcgasseja

militar. A

longo

prazo

€stasituação cva os

problemas

a

vida

civil

para

dcÍrtrodas Forças

Armadas.De imcdiato,

porém,

tÍaz a autoridade estas

aÍâ

dentrodo dia a dia. Nestas

ircuns-

tâncias,

ma ração

da ntelectualidâd€ontÍáÍiaà ditadurâ,

o m -

pcrialismoe

ao capital

vai

dedicar-se rcvoluçâo, a

parte

cstant€,

semmudar de opinião, fccha

a boca, rabalha,

uta

cm €sÍera

cstÍt-

ta e €spcÍa

por

temposmelhorcs.Naturalmcntehá

defccções,

omo

em

abril

de ó4,

quando

o cmpuxe córico

do golpe

cvou

um

bata-

lhão de marxistas cadêmi cos

convcÍterem-seo €strutuÍalismo.

Um

caso nteressantee adesão rtística ditadura

é o

de

Nelson

Rodrigues, m dramaturgo c grande eputação. csdemeados e

óE esteescritoÍ cscreve

diariamente

uma crônica em

dois

grandes

jornais

de

SãoPauloe Rio, em

que

ataca cleroavançado,

movi-

mcnto

estudantil

a

intelectualidade

e esqucrda.

alea

pena

men-

cioná-lo,

ois

endo ecuÍsositerários uma certaaudáciamoral,

paga

ntegral explicitâmentc

em abjeção o

prcçoque

hoje

o

ca -

pital

cobra de seus acaios iterários.

Quando

começou

série,

fato

que produzia

uspensea

cidade:

ual

a

canalhice

ue Nelson

Rodrigueseria nventado

ara

esta ardc?

Seu

ecurso

rincipal

a

estilizaçãoa calúnia.Porexemplo,

ai

à meia-noite um tcrÍeno

baldio,ao

encontro

de uma cabra

e de um

padrc

de

esquerda,

qual

nesta portunidadehe cvela s

azões

erdadciras

nconfes-

sáveis

c

sua

participação

olítica;

conta-lheambém

uc D. Hel-

der suporta

mal

o

inalcançável

rcstígio

c Cristo.

NoutÍâ cÍônaca,

afirma de um conhecido dvcrsário atólicoda ditâdurâ.

ue

nã o

pode

irar o sapalo.Por

que?

Porquc

apareceria

seu

de cabra.

Etc.A finalidade

afagestea

fabulação ão

é escondida,

elocon-

trário,

é nela

que

está

a comicidade

o

recurso.Entretânlo, e é

transformada m métodoe

voltada

sempre ontraos mesmos d-

v€rsários

contÍaos

quais

a

polícia

ambém nveste a maginaçâo

abertamcnte

cntirosa mal-intencionada

eixade ser uma

bla-

gue,

e operaa liquidação, suicídio a literatura: omo ninguém

acredita as azões a dircita,mesmo stando

om

ela,é desneces-

sárioargumentar

convencer.

á uma certa

adequação

ormal,

verdade

ociológica

estamalversaçâo

c recursositcrários: la e-

gistra.

om

vivacidade, vale-tudo

m

quc

cntroua oÍdcmburgue-

sa

no Brasil. Falamos

ongamcntc

a cultura brasilcira.Entretan-

to, com regularidade amplitude, lanão

atingiÍá

50.000

essoas.

num

país

de 90 milhões. certo

que

não hecabea culpado

impe-

ol

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8/18/2019 SCHWARZ, Roberto - Cultura e política, 1964-1969 In O pai de família e outros estudos.pdf

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Íialismoe da socicdadee classes.

ontudo.

endo ma inguagem

exclusiva. cerlo ambém

ue.

sobeste spccto o menos, ontribui

para

a consolidaçãoo

privilégio.

Por

razões

istóricas, e

que

en-

tamosum esbôço, la chegoua reflctira situaçâo os quecla ex-

clue.e tomou o seuDarlido.Tornou-se m

abcesso o interior

das

classesominantes. claro

que

na base e suaaudácia stava sua

impunidade.

ão

obstante. ouveaudácia.

qual

convergindoom

a movimentação

opulista

um momcnto.

e

com

a

resistência

o.

pular

à ditaduÍanoutro,

produziu

a

cristalizaçãoe uma

novacon-

cepção

o

pais.

Agora,

quando

o Estado urguês

que

nemo anar-

fabetismo

onseguiu

eduzir,

que

não organizou scolas

assáveis,

quenãogcneralizou acesso cultura,que mpediu contatoentre

os

vários

etores a

população

canccla s

própria

iberdadesivis,

que

sãoo elemento

ital

de suacultuia.

esta

nas orças

ue

en-

tam derrubá-lo suaespcÍança. m decorrência,

produção

ultu-

ral

submete-seo infra-vermelho a luta de classes,ujo

resultado

nãoé l isonjeiro.

cultura

al iâda atural

a

revoluçâo, asesta

nâo

scrá

eita

para

ela

e

muito

menos

paÍa

os intcleciuais. feita,

primariamente,fim deexpropriar s mciosdeproduçâo garantir

trabalho

e sobrcvivência

igna

aos

milhôcse milhões

e homens

que

vivem na miséria.

Quc

interessccrá a revolução

os

ntelec-

tuaisde esquerda,

ue

eram muito maisanti-capitalistaslitários

que

propriamente

ocialistas?everão ransformar-se,eformular

as suas azões,

ue

€ntretanto aviam eito deles

aliados

dela.A

Histór ia ão

é uma

velhinha

enigna. ma

igura

radic ionala i -

teratura

brasileira

estc éculo o

"fazendeiro

o ar"': o homem

quevemda propricdadcural paraa cidade, nde ecorda, nalisa

e crilica.em

prosa

e verso,o

contatocom

a terÍa,

com a

família,

com a tradiçâo com

o

povo,que

o latìfúndio he

possibilitara.

a

litcrrtura

da decadênciaural.

Em

Quarup,

romance

deologica-

nrentemais eprescntativo

ara

a intelectualidade

e esquerdae-

ccntc,

.rtinerário o oposto: m nielectual, o casoum

padrc,

ia-

ja

geogrúficu

socialmente

país,

espe-see sua

profissão

posr-

çìo

social.

procura

do

povo,

em cuja uta rá se ntegrar

comsâ-

bcdoriu iterária num capítuloposteriorao último do livro.

L

Título dc um

tivÍo dc

pocmas

c CarlosDrummonddc AndÌadç.

92