SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED · ainda com função de proteção óssea da frágil...

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Resumo

A observação diária da postura corporal dos alunos no ambiente escolar, com base nos estudos científicos, constatou-se que a maioria dos adolescentes da 8ª série do ensino fundamental não apresentava hábitos posturais considerados saudáveis. Este estudo teve o objetivo de avaliar, identificar os desvios posturais e saber como estava a saúde da coluna vertebral dos 30 educandos avaliados da 8ª série B (nono ano) do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Prof. Silvio Tavares, na cidade de Cambará-PR. E para tanto verificar a postura adotada dos mesmos frente ao mobiliário escolar e nas diversas atividades diárias. O trabalho foi desenvolvido através de uma avaliação postural diagnóstica, por um profissional competente da área, utilizando fichas avaliativas individuais. A partir dos resultados obtidos constatou-se que as alterações posturais estão presentes na maioria dos alunos avaliados ou por cifose, ou lordose, ou escoliose como desvios significativos na coluna vertebral. Verificou-se acentuada ocorrência de escoliose, em ambos os sexos. Conclui-se que é de fundamental importância a intervenção da escola e do profissional da Educação Física, atuando positivamente de forma que venha a prevenir futuros problemas de saúde, orientando-os com eficiência, a fim de combater o aparecimento de alterações posturais músculo-esqueléticas e mudanças de comportamento relacionadas aos hábitos inadequados de postura, frente ao mobiliário escolar e às tarefas cotidianas.

Palavras chave: Adolescência. Desvios posturais. Avaliação comportamental.

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Abstract

Watching continuously students’ corporal behavior, based on scientific studies, help us to see that the major of adolescents of 8th grade B (ninth year) of elementary school has been developing postural habits considered unhealthy for them. This study has intended to assess, classify postural disarrangements and makes clear the health in the vertebral column of thirty students researched in the Prof. Silvio Tavares public school, in Cambará-PR. This work also intends to check the posture adopted by students concerning to school furniture and their different daily physical activities. It was carried out through a diagnostic postural assessment, by an expertise in the subject, using assessing individual records. From the collected results, one observed that the postural disarrangements are present in the greater number of students researched either for cifosis, or for lordosis, or for scoliosis as meaningful disarrangements in the vertebral column. A strong occurrence of scoliosis was observed in both sexes. This way one concludes the importance of the physical education teacher and of the school intervention acting positively in order to prevent future health disarrangements, advising students efficiently, meant to avoid the appearing of muscular skeletal postural disarrangements and changes of behavior related to unhealthy postural habits concerned to school furniture and to diary physical activities, too.

Key words: Adolescence. Postural disarrangements. Behavioral assessment.

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Introdução

A coluna vertebral é porção de um todo complexo e funcionalmente

significativo do corpo humano. Proporciona a ligação entre as extremidades

superiores e inferiores, tornando possível o movimento em todos os três planos e

ainda com função de proteção óssea da frágil medula espinhal (HALL, 2005).

As curvaturas cervical e torácica sofrem poucas alterações durante os anos

de crescimento, porém a curvatura lombar aumenta entre os 7 e 17 anos de idade,

cerca de 10%. A postura sofre modificações por hereditariedade, condições

patológicas, estado emocional do indivíduo, má postura, obesidade, sobrecarga que

a coluna é acometida habitualmente e outras. Do ponto de vista mecânico, as

curvaturas permitem que a coluna absorva mais impactos sem sofrer lesão, do que

se ela fosse reta (HALL, 2005).

Schimitt et al. (2009) afirmam que os problemas de postura começam quando

a criança inicia o aprendizado e a escrita, sendo que o problema postural pode

avançar na adolescência e na fase adulta. Considera-se que nesse período o corpo

está se desenvolvendo e poderá sofrer alterações patológicas graves, por qualquer

fator externo.

Esses desequilíbrios posturais estão relacionados à postura corporal da

criança e do adolescente na escola para estudar, relacionados também à ergonomia

das carteiras, em casa em frente à televisão, ao computador, ao videogame e até

mesmo para executar os deveres de casa e os estudos para as provas. Os hábitos

posturais são, então, considerados vícios estéticos da adolescência, alterando a

estática e a dinâmica do corpo (TRIBASTONE, 2001).

Neste contexto, a importância das aulas de Educação Física, no sentido do

educando ter conhecimento sobre o seu corpo, o que chamamos de cultura corporal

e processo de autonomia, e que todas as disciplinas da matriz curricular têm que ter

esse mesmo objetivo, dentro das suas áreas de atuação, fazendo parte também do

projeto político pedagógico da Escola. Portanto, faz-se necessário, ter conhecimento

sobre anatomia, biologia, biomecânica e fisiologia, conhecimento este, expandido no

Ensino Médio.

Construir o conhecimento resulta de um planejamento bem estruturado e que

a consulta as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná dão o norte para construí-

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lo e, é neste sentido que o educando junto a sua prática no Ensino Fundamental,

tem que fundamentar o seu conhecimento; forma gradativa e sequencial, para

entender e conhecer sobre o que é uma cifose, escoliose e lordose e os outros

conhecimentos ligados aos esportes, jogos, lutas, dança e brincadeiras.

Para constatar esses desvios posturais é necessário que se compreenda o

que é uma postura correta. A boa postura na infância e na adolescência, ou a

correção precoce de alterações posturais nessa fase da vida, permitem na vida

adulta padrões posturais corretos, pois esse período é fundamental para o

desenvolvimento musculoesquelético do indivíduo. Por outro lado, quando atingida a

maturidade os problemas tornam-se irreversíveis e sem tratamento específico. A

idade escolar compreende a fase ideal para recuperar disfunções da coluna de

maneira eficaz, após esse período, o prognóstico torna-se mais difícil e o tratamento

mais prolongado (DETSCH, 2007).

Para tanto, faz-se necessário à apropriação dos conhecimentos que a área

da Educação Física, assim como as outras disciplinas e as suas especificidades

trazem dentro do seu contexto, esta apropriação tem que fazer parte dentro do

universo prático e teórico, deixando as aulas mais prazerosas e atingindo o seu

objetivo emancipatório, adquirindo um conhecimento dentro da postura e outros

mais, que têm significado relevante dentro do nosso cotidiano.

Segundo Deliberato (2002), a postura é um hábito que cada indivíduo adota a

fim de melhor ajustarem-se às situações do cotidiano. Uma boa postura pede a ação

constante da musculatura contra a gravidade, todavia com menor gasto energético.

A má postura é um desalinhamento das vértebras causando aumento da

tensão sobre as estruturas de suporte, e na qual existe um equilíbrio menos eficaz

do corpo sobre sua base de sustentação. Verderi (2002) vem de encontro às

considerações acima e afirma que a melhor postura que deve ser escolhida por um

indivíduo é aquela que satisfaz plenamente todas as necessidades do seu corpo e

também que permita ao indivíduo sustentar uma posição ereta com o menor esforço

muscular. Uma postura que o auxilie a opor-se contra as forças externas, que

proporcione realizar movimentos contra a ação da gravidade.

Conforme as Diretrizes Curriculares da Educação Básica da Educação Física

(2008, p.56) “os cuidados com a saúde não devem ser atribuídos tão somente a uma

responsabilidade do sujeito, mas, sim, entendidos no contexto das relações sociais,

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por meio de práticas e análises críticas dos discursos a ela relativos”. Com base

nessas afirmações constata-se que a escola é o local ideal para o profissional de

Educação Física atuar não só para jogos, esportes, danças e recreação, mas

também influenciar na educação postural dos alunos prevenindo e orientando-os

sobre desvios posturais.

Verderi (2003) menciona ainda que, afinal, é na escola que se concentra

grande número de crianças reunidas, disponibilizando recursos necessários para

aplicar na formação, informando pais e alunos da importância de melhores posturas,

precaver desequilíbrios, diagnosticar antecipadamente, e orientar eficientemente, a

fim de lutar contra o surgimento e desenvolvimento de deformidades posturais.

Desta forma, todo esse conhecimento tem que estar atrelado dentro de uma

continuidade, que começa no Ensino Fundamental e termina no Ensino Médio,

desconstruindo uma Educação Física centrada na prática pela prática, esquecendo-

se que o conhecimento não se faz necessariamente dentro das práticas da

Educação Física, mas a teoria tem que caminhar junto.

Todo conhecimento adquirido pelo educando é de suma importância para sua

vida e dentro do seu contexto social, pois, essas informações podem e devem ser

socializadas, para tanto, a prática e a teoria tem que sempre caminhar juntas dando

significado à aprendizagem, dentro de um processo complexo como é, de ter-se uma

postura adequada e, o conhecimento sobre determinados grupos musculares que

fazem parte ou auxiliam o esqueleto a flexionar.

Diante dessas considerações, faz-se necessário realizar, nas escolas, uma

avaliação postural (devido o seu caráter preventivo), viabilizando detectar os desvios

posturais a fim de haver intervenção a tempo, evitando assim deformidades futuras

indesejáveis, através de atividades e exercícios direcionados aos problemas

específicos para que não venha acentuar e prejudicar a saúde postural dos

educandos.

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Objetivo

Avaliar a postura de escolares adolescentes, na faixa etária de 14 a 15 anos

da 8ª série (9º ano) do ensino fundamental, especificamente identificar a incidência

de alterações musculoesqueléticas de desvios posturais: cifose, lordose e escoliose,

conscientizando-os e orientando-os da importância da boa postura como meio de

prevenção de possíveis complicações ósseas.

Indivíduos e Métodos

Foram avaliados 30 alunos da 8ª série (9º ano) do período matutino do

Colégio Estadual Professor Sílvio Tavares, da cidade de Cambará-PR, no mês de

agosto de 2011, durante as aulas de Educação Física, para orientá-los e preveni-los

das alterações causadas pela má postura. Com a proposta metodológica dentro de

uma perspectiva de pesquisa qualiquantitativa, buscar a fonte e a razão dos

fenômenos ou problemas que acometem os adolescentes envolvidos neste estudo,

não só de conscientizar da importância de ter uma boa postura, mas que pratiquem

os bons hábitos posturais naturalmente em seu cotidiano.

Os alunos foram submetidos a uma avaliação postural realizada por um

Fisioterapeuta experiente neste tipo de avaliação. Os alunos estavam com roupas

flexíveis e que facilitaram a visualização da postura dos escolares. Dos 30 avaliados

pela vista anterior, de ambos os sexos, na faixa etária de 14 a 15 anos de idade, 24

apresentaram problemas posturais, ou seja, 80% e somente 6 alunos em um total de

20% não apresentaram nenhuma alteração visível da coluna vertebral.

Após realizada a avaliação postural e classificada as alterações de cada

educando, abordando com especial atenção os desvios mais comuns: (cifose,

lordose, escoliose), os resultados foram registrados em fichas avaliativas individuais.

A confirmação de que 80% do total dos educandos apresentaram um ou mais tipos

de desvios posturais associados atribui fundamental importância para o início de

ações preventivas.

Para concretizar os conhecimentos sobre alterações posturais, foram

realizadas visitas à clínica e consultório de fisioterapia da cidade, devidamente

autorizados pelos pais e responsáveis através de um termo de consentimento para a

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saída do estabelecimento, não só para esta visita bem como de atividade prática de

alongamento realizada posteriormente no Parque Alambari, (local utilizado pela

comunidade para a realização de atividades físicas diárias).

Foi realizada uma palestra para pais, alunos e professores, por um

fisioterapeuta posturólogo, sobre postura corporal, conceitos básicos de anatomia e

biomecânica da coluna vertebral e dicas de como manter a postura adequadamente

alinhada, a fim de preservar a coluna vertebral. Os conteúdos foram abordados

através de 4 aulas expositivas:

Aula 1: A Postura Corporal

Com o objetivo de reconhecer as posturas corretas e incorretas e identificar os

fatores internos e externos que interferem na postura corporal, foi discutido pela

professora PDE e alunos o tema Postura Corporal, suas causas e consequências.

Através de vídeo e gravuras sobre posturas corretas e incorretas, apresentados na

TV multimídia, os alunos puderam reconhecer os perigos dos vícios posturais e

identificar a postura correta. Novos conceitos foram formados sobre a importância de

ter bons hábitos posturais, frente ao mobiliário escolar e durante as atividades

diárias. Após, a turma foi dividida em dois grupos iguais e solicitada uma questão

para cada grupo:

1º grupo - Porque é importante mantermos uma boa postura? No cotidiano

escolar, quais posturas usamos com frequência e de que forma devemos usá-las?

2º grupo - É possível a postura interferir em nossa concentração? Quais

fatores podem influenciar na postura corporal?

As perguntas foram anotadas para serem respondidas na aula seguinte no

laboratório de informática. Os alunos foram avaliados pela participação nas

atividades propostas, análise das respostas dadas por cada um sobre a discussão

do tema em estudo e pela formação de novos conceitos.

Aula 2: A Postura e a Concentração

Os alunos, reunidos na sala de informática, realizaram pesquisas em sites

específicos, com o objetivo de verificarem as causas e consequências da má postura

no cotidiano e no ambiente escolar. Responderam as questões propostas na aula

anterior, em que o primeiro grupo pesquisou posturas corretas e incorretas, no

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cotidiano e no ambiente escolar. O segundo grupo investigou sobre a relação

postural com a concentração, exemplos e dicas para uma melhor postura corporal.

As respostas foram registradas em seus cadernos e posteriormente arquivadas em

pastas. A discussão sobre o resultado das pesquisas aconteceu na aula seguinte.

Os alunos foram avaliados pelo material elaborado e pesquisado no laboratório de

informática.

Sugestões de sites para a pesquisa:

Programa de educação postural. Disponível em:

www.programapostural.com.br/cuidardacoluna.

Educação Postural e qualidade de vida. Disponível em:

www.efdeportes.com Revista Digital-Buenos Aires – Ano 8-51.

Centro de Reabilitação Postural. Dicas Posturais. Disponível em:

wwwc.entroposture.com.br/site/índex.php?option=com

cont&vie=article&id=71&Itemid=79

Aula 3: Hábitos Posturais

Com o objetivo de informar e conscientizar para aquisição de hábitos

saudáveis, que preservem a coluna vertebral, os alunos foram organizados em um

semicírculo, na sala de aula, e discutidos os resultados da pesquisa realizada. Cada

grupo apresentou os resultados de sua pesquisa, mostrando fotos, dados e dicas

sugeridas sobre a boa postura e sua relação com a concentração na aprendizagem.

Cada educando observou se a sua postura frente ao mobiliário escolar estava

correta, comparando-a com os dados da pesquisa. Os alunos foram avaliados pelo

material elaborado e pesquisado no laboratório de informática e pelo interesse na

participação das atividades.

Aula 4: Cuidando do Corpo e da Postura

Para ilustrar o estudo, informar a clientela escolar dos perigos de uma má

postura e possíveis desvios acometidos por ela nessa fase da vida, cartazes foram

confeccionados pelos dois grupos de educandos. Cada grupo escolheu o lugar mais

visível pela clientela escolar, para a fixação dos seus cartazes. Os alunos foram

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avaliados pelos cartazes confeccionados e pela relação das figuras dos cartazes

com o aprendizado em sala de aula.

Motivados através das aulas expositivas em sala de aula e com novos

conceitos formados sobre a importância da boa postura, os alunos participaram

ativamente na quadra esportiva de aulas direcionadas para a prática de atividades

relacionadas com o tema em estudo.

Através de 4 aulas práticas foram explanados os conteúdos: exercícios de

alongamento respiratório e postural, exercícios para a coluna (cervical, torácica e

lombar), onde os educandos vivenciaram a prática como meio de prevenção a

futuros problemas posturais.

Aula 1: Alongando o Corpo

Com o objetivo de alongar para prevenir dores da coluna e do corpo; atingir o

alongamento e a contração muscular máxima e melhorar esquema corporal, os

alunos executaram exercícios de alongamento postural, na quadra esportiva, para

fortalecimento muscular (alongamento do peito e do tríceps, dos músculos costais,

abdominais e laterais do tronco) e exercícios para alongar e soltar a coluna.

Aula 2: Ginástica para a Coluna

Os alunos realizaram na quadra esportiva, atividades de alongamento e

ginástica para a coluna (cervical, lombar e torácica), relaxamento e correção

postural.

Aula 3: Orientações Quanto a Postura Correta

Os escolares foram orientados quanto ao modo correto de andar, deitar-se,

abaixar-se, sentar-se, observando a importância dos cuidados com a postura ao

apanhar e carregar objetos ou mochilas escolares preservando a coluna vertebral.

Aula 4: Para conscientizar os escolares adolescentes, da importância de

atividades físicas regulares para a saúde e manutenção da boa postura, os alunos

foram levados ao parque Alambari (local para a prática de atividade física) e

participaram de uma aula de alongamento postural, ministrada por um profissional de

Educação Física.

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Assim, constatou-se que dos 30 escolares avaliados, somente 1 deles

apresentou todas as deformidades (lordose, escoliose e cifose), perfazendo um total

de 3% dos 30 alunos avaliados. Os pais foram devidamente orientados a procurar

um profissional da área de saúde para fazer um diagnóstico mais preciso e as

correções necessárias a tempo.

Resultados e Discussão

A partir dos dados coletados com os 30 alunos da 8ª série, (9º ano) do Ensino

Fundamental do Colégio Estadual Professor Sílvio Tavares, da cidade de Cambará,

no ano de 2011, com a intenção de saber a situação da coluna vertebral dos

educandos, auxiliado por um Fisioterapeuta nas avaliações posturais, constatou-se

que 24 alunos apresentaram algum tipo de desvio postural que, em geral está

associado a um ou mais desvios e 6 não apresentaram nenhum tipo de alteração

postural visível.

No gráfico 1 observamos as informações referentes aos 30 alunos que

sofreram as avaliações, dos quais 24 apresentaram alterações posturais, ou seja,

80% e somente 6 alunos em um total de 20%, não apresentaram nenhuma alteração

na coluna vertebral.

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Estudo realizado em uma escola pública do Estado de São Paulo, em

crianças de 9 a 12 anos, no ano de 1996, constatou resultados semelhantes ao

deste estudo, em que das 100 crianças avaliadas, 80% apresentaram alterações

posturais, sendo que a escoliose foi o maior índice encontrado. A escoliose foi

encontrada em 30% dos resultados (2% escoliose estrutural- desse resultado, 52%

convexa à direita, 22% à esquerda e 26% escoliose mista), 19% apresentavam

hiperlordose associada à escoliose, 22% hipercifose associada à escoliose. A

hiperlordose encontrou em 16%, a hipercifose em 10%. Se a avaliação for de acordo

o sexo, percebemos que os meninos apresentam 4% de incidência de desvios a

mais que as meninas (VERDERI, 2003). O índice de escoliose deste estudo foi de

26% para os dois sexos. Esses dados têm relação com estudo realizado por Verderi,

em que 80% das 100 crianças avaliadas apresentaram desvios, destacando a

escoliose com alto índice.

Quando analisamos o gráfico 2 observamos que dois alunos aparecem com

lordose, ou seja, 7% dos educandos, problemas esses possivelmente acometidos

talvez pelo fator de levantar pesos, assentar-se, dormir, caminhar e abaixar-se.

A incidência de 7% de adolescentes com hiperlordose lombar neste estudo,

pode ser considerada baixa, se comparada ao resultado de 58% de casos

identificados por Penha et al. (2005), citado por Santos et al (2009); porém Folle et

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al. (2008), em seu estudo sobre incidências de desvios posturais em escolares,

constataram índice baixo de hiperlordose lombar em sua mostragem. Segundo

Destch e Candotti (2001), até nove anos a presença de hiperlordose é normal no

desenvolvimento infantil, uma vez que não há estabilidade postural, buscando pela

necessidade de equilíbrio corporal por protusão abdominal e aumento de inclinação

pélvica anterior.

Para Darido (2004), o prazer sobre o conhecimento e a prática da atividade

física teriam um valor bastante limitado se os alunos não vivenciassem ou

aprendessem os aspectos vinculados ao corpo/movimento. Por isso, a importância

da Educação Física na escola é também garantir a aprendizagem das atividades

corporais produzidas pela cultura.

Portanto, trazer os conhecimentos produzidos pelo meio em que está inserido

é de grande importância, para isso a escola tem um grande papel de dar

conhecimento dentro do contexto teórico e prático para dar significância a sua prática

docente.

Analisando o gráfico 3, 2 alunos apresentam o problema de cifose, ou seja,

7% acometimento parecido ao gráfico 2 e, firmando que os mesmos problemas que

acometem as deformidades podem ser sugeridos também em relação a cifose.

Detsch et al. (2001) apresentam os índices de hipercifose com porcentagem

de 47,40%, (n=73) mas eles analisaram as meninas em diversos tipos de

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hipercifose (protusão, rotação ou retração). A razão a qual a autora cita esse desvio

é que as escolares nessa fase da adolescência tendem a esconder os seios (SILVA;

SOUZA; CUBAS, 2009).

Sabe-se que muitos fatores influenciam na má postura, como tensão

emocional, o físico, atividade tediosa prolongada e até mesmo a hereditariedade.

Quanto mais cedo descobrir as causas é possível que a correção seja bem sucedida,

principalmente em crianças e adolescentes, que é a faixa etária em que está a

maioria dos nossos alunos.

Em observação ao gráfico 4, dos 19 alunos que apresentaram alterações

diagnosticadas como escoliose direita e esquerda ou seja, 63% apresentam essas

deformidades, 7 alunos apresentam problemas de escoliose a direita, perfazendo um

total de 23% e 12 alunos num total de 40% apresentam problemas de escoliose

esquerda.

A escola tem fundamental importância para o desenvolvimento pleno do

educando, dentro de um processo de construção do conhecimento e autonomia,

para isso, a importância do esclarecimento e do conteúdo passado de forma

pensada e dentro de uma perspectiva crítica é uma das soluções para a educação

autônoma.

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Segundo Contri et al. (2009), o diagnóstico precoce da gibosidade é

importantíssimo para o conhecimento da história natural dessa alteração; também

como fator socioeconômico, porque quanto mais cedo detectado o problema, os

indivíduos portadores dessas anomalias poderão usufruir de tratamentos específicos

a um custo inferior.

De acordo com Politano (2006), encontraram maior prevalência de escoliose

no sexo feminino. Contudo, nos estudos de Ferriani et al. (2002) e Ferst (2003),

citados por Politano et al. (2006), foram observados mais casos no sexo masculino.

Ferriani et al. realizaram na rede pública da cidade de Ribeirão Preto-SP, um

levantamento epidemiológico dos escolares portadores de escoliose. Após as

avaliações, foi evidenciado que dos 378 escolares examinados durante a pesquisa

269 (72,2%) não apresentavam desvios posturais e 109 (28,8) eram casos suspeitos

de escoliose, mensurados pelo teste de Adams.

Santos et al. (2009) observaram que os desvios da coluna vertebral foram os

principais achados em uma amostra com 166 crianças e adolescentes entre 11 e 16

anos. A presença de hipercifose torácica foi de 34,9%, seguida de escoliose (27,7%)

e hiperlordose lombar (17,5%).

Outro resultado significativo de alterações posturais encontrado na literatura

relacionado com a escoliose foi o mensurado por Martelli et al. (2006), apud Silva,

Souza e Cubas (2009) que avaliaram esse desvio e seus diversos tipos. A mesma

autora indica que a predominância mundial de escoliose em adolescentes está em

torno de 1% a 21%, variações que podem estar associadas ao sexo, e em especial o

sexo feminino; peso corporal e estatura e ambos estão relacionados ao nível de

maturação e ergonomia das carteiras escolares. O gráfico 5 nos mostra que 5 alunos

apresentam cifose e escoliose, em um total de 17%, dos educandos.

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Marteli et al. (2006) encontraram resultados semelhantes ao desse estudo, em

que os escolares apresentaram desvios concomitantes de 22% hipercifose

associada à escoliose em uma escola pública do Estado de São Paulo - em crianças

de 9 a 12 anos, no ano de 1996. Quando a avaliação foi realizada em relação ao

sexo, os meninos apresentaram 4% de incidência nos desequilíbrios a mais que as

meninas.

Também em seu estudo, Politano (2006) constatou em relação aos hábitos

posturais na Escola Cora Coralina, Cacoal-RO, 2006, alterações em cifoescoliose,

sendo masculino = 02 (1,6%) feminino = 03 (2,3%) e num total de 05 (3,9%) dos 129

alunos avaliados.

Tribastoni (2001) relata que a idade do aparecimento da hipercifose torácica é

difícil calcular com exatidão, porque as alterações radiológicas típicas das patologias

são dificilmente demonstráveis antes dos 11 anos, mas que a idade particularmente

atingida é a do crescimento, dos 12 aos 16 anos para as meninas e dos 13 aos 17

para os meninos.

A Educação Física também tem agora o seu conceito revisado pelo Manifesto

Mundial de Educação Física - FIEP 2000. No novo conceito, ela deixa a sua

delimitação para a infância e adolescência, e passa a construir-se como um

processo de Educação ao longo da vida das pessoas, isto é, passa a ser uma

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Educação Física para crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos. A Educação

Física passou a objetivar o desenvolvimento nas pessoas, a partir dos seus direitos à

Educação Física, para um Estilo de Vida Ativo. Neste processo, a Educação para a

Saúde e Lazer passam a ser prioritários. A Educação Física nesta nova interpretação

passa a ser um ensino para a criação de habilidades motora, atitudes e

conhecimentos (TUBINO, 2000).

O gráfico 6 nos mostra ainda que 1 aluno, ou seja, 3% apresenta os três

desvios: escoliose, cifose e lordose, evidenciando ainda mais essa patologia

estudada na 8ª série (9º ano) do ensino fundamental, e 97% não apresentam essas

alterações concomitantemente.

As atitudes que tomamos mediante ao nosso corpo são determinadas pelo

nosso conhecimento, ou seja, se aprendemos sobre os problemas relacionados à má

postura e temos consciência do que devemos fazer para que estes problemas não

evoluam ou nem tampouco se agravem, é sinal que o conhecimento foi passado e,

que nosso conhecimento sofreu transformações, esse é um dos verdadeiros

significados da Escola.

No gráfico 7 dos 30 alunos avaliados 5 apresentam lordose e escoliose

perfazendo um total de 14% e 86% não são acometidos por esses problemas.

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Marteli et al. (2006) encontraram resultados semelhantes ao observar nesse

estudo em que os escolares apresentaram desvios concomitantes de 16,6% de

lordose associada à escoliose em uma escola pública do Estado de São Paulo - em

crianças de 9 a 12 anos, no ano de 1996.

A construção de uma educação de qualidade se justifica quando todos os

componentes que compõen um planejamento adequado e dentro da realidade de

cada série são passados e aprendidos pelos educandos, mostrando assim, uma total

ressonância entre a teoria e a prática.

Segundo Marques (2005) citado por Politano (2006), dentre os desvios

posturais apresentados pelas crianças e adolescentes podemos destacar os três

mais importantes que estão relacionados com a coluna vertebral: hipercifose,

hiperlordose e escoliose. São vários os fatores que predispõem o surgimento dessas

alterações, entre eles os vícios posturais, a obesidade, o estirão de crescimento e

outros. A incidência de cifose e lordose presente neste estudo foi de 6,6%

apresentadas para ambas alterações, considerada baixa em relação a outros autores

citados: Penha et al. (2005), Destch e Candotti (2001), citados por Folle et al. (2008).

A prevalência de casos suspeitos de escoliose neste estudo foi de 63%

apresentaram alterações de escoliose direita e esquerda, onde 7 alunos com

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escoliose à direita perfazendo 23%, 12 alunos num total de 40% apresentaram

desvios de escoliose esquerda para ambos os sexos. Observa-se que em

comparação com outros estudos os resultados aqui obtidos têm semelhança com

resultados encontrados na literatura, citados por Martelli et al. (2006), Campos et al.

(2002), Ferriani et al. (2000), Ferst (2003), citados por Contri et al. (2009).

Considerações Finais

Posturas inadequadas assumidas na infância e na adolescência, durante o

período escolar podem se tornar permanentes na fase adulta, caso não ocorra a

intervenção em tempo hábil, durante a fase de crescimento onde os ossos estão se

estruturando. Dentro das avaliações que foram submetidos os educandos, observou-

se um alto índice de alterações na coluna cervical, mesmo esses problemas não

sendo de grau acentuado, tanto como nos desvios como nas curvaturas, mostra que

dentro da 8ª série B (9º ano), seria de certa forma uma epidemia, e que este estudo

seria extremamente interessante se estendesse para toda a Escola, para termos

uma real porcentagem de como anda a saúde da coluna cervical de nossos alunos,

haja visto que 24, ou seja 80% dos 30 escolares avaliados apresentaram um ou

várias desvios.

Cumpre ressaltar que a predominância da posição sentada, em suas tarefas

diárias, somada ao tempo em que os escolares se encontram apresentando postura

incorreta frente ao mobiliário escolar, contribui para desencadear nos educandos os

desvios posturais. Por isso é importantíssimo as avaliações posturais nos escolares,

e quando identificadas alterações significativas e incapacitantes, como as escolioses

com evidências estruturais, necessitam de encaminhamento ao sistema de saúde.

Assim com exames complementares a equipe de saúde poderá traçar diagnóstico

clínico apurado para fazer as correções dessas alterações. Neste estudo apenas 3%

apresentaram todos os desvios concomitantemente, onde não só o educando, mas

também os pais foram devidamente orientados a procurar um especialista da área

para se fazer as devidas correções a tempo.

Também pode ser observado neste estudo que dos 30 alunos avaliados, 11

alunos apresentaram múltiplos desvios, ou seja, 5 apresentaram cifose e escoliose,

em um total de 14%, e 5 dos escolares apresentaram lordose e escoliose,

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perfazendo um total de 14% dos educandos avaliados. Apenas 6 alunos em um total

de 20% não apresentaram nenhuma alteração visível na coluna vertebral

A Educação é um dos caminhos que levam o educando a se emancipar,

construir o seu próprio conhecimento e aprender a socializar dentro do seu contexto

social, junto com a família. Para tanto a necessidade de investimento nesse

processo é contínua, em detrimento de que o conhecimento está sempre em

transformação.

É no conteúdo bem planejado e atrelado dentro das respectivas séries, que

temos que traçar nossos objetivos, o conhecimento está dentro de uma perspectiva

prática e teórica e essa junção que devemos enfatizar dentro das aulas de Educação

Física, sem essa prática a transformação para um ser autônomo fica muito distante e

o conhecimento vai continuar a ser fragmentado.

As atitudes que tomamos mediante ao nosso corpo são determinadas pelo

nosso conhecimento, ou seja, se aprendemos sobre os desvios posturais

relacionados à má postura e temos consciência do que devemos fazer para que

esses problemas não evoluam ou nem tampouco se agravem é sinal que o

conhecimento foi passado e que nosso conhecimento sofreu transformações, esse é

um dos verdadeiros significados da Escola.

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Referências Bibliográficas

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