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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ - SEED

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

COORDENAÇÃO ESTADUAL DO PDE

O CONTO POLICIAL COMO OBJETO

DE ENSINO-APRENDIZAGEM EM LÍNGUA PORTUGUESA

Autora:Soraia Adriana Patene¹

Orientadora: Profª Drª Elvira Lopes Nascimento²

RESUMO

A narrativa encontra-se associada ao próprio constituir-se humano. Além de ser uma

necessidade social, possui um efeito cativante que será transportada para a

realidade educacional como instrumento pedagógico. O ficcional no conto policial é

favorecido por seu efeito desafiador, provocante que vai de encontro ao imaginário

adolescente propenso à quebra de barreiras e ao desafio do perigo. Para reverter o

quadro de apatia e falta de perspectivas que imperam nas salas de aulas propus

este projeto, com o intuito de me valer dessa atração do adolescente pelo perigo

como um “motor” para a aprendizagem da leitura e da escrita, despertando o

interesse dos alunos e contribuindo para a protagonização do seu processo de

ensino-aprendizagem. Trata-se de uma pesquisa resultante da elaboração de um

Modelo Didático do gênero conto policial que embasou a elaboração de uma

Sequência Didática. As atividades desenvolvidas contribuíram para o meu

desenvolvimento profissional, uma vez que me permitiram posicionar-me como

agente do processo educacional, conferindo-me status de pesquisadora com

autonomia para elaborar materiais didáticos da minha autoria, propiciando

capacidades docentes para gerenciar projetos e sequências didáticas nas aulas de

língua portuguesa .

Palavras-chaves: conto, gênero textual, sequência didática

____________________________________

¹ Pós-graduação, Graduação, Escola Estadual Profª Kazuco Ohara - EF ² Doutorado, Mestrado, Pós-graduação, Graduação, UEL

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1 INTRODUÇÃO

A educação brasileira passa por profundas mudanças motivadas,

principalmente, pela grande propulsão de analfabetos funcionais oriundos das mais

diferentes classes sociais, independentemente se pertencentes a rede pública ou

particular.

Com o objetivo de reverter esta situação caótica, não é de hoje que a

perspectiva do ensino de Língua Portuguesa vem sendo questionada e discutida

entre profissionais de educação. A noção de gênero tem sido amplamente debatida

a partir da contribuição bakhtiniana que, inclusive, respaldou os PCN no final da

década de 90.

Primei por uma pedagogia do ensino de gênero textual alicerçado no

Interacionismo sociodiscursivo proposto pelos pesquisadores da Universidade de

Genebra (BRONCKART, SCHNEUWLY, DOLZ) e adaptada para o ensino de língua

portuguesa no contexto brasileiro (NASCIMENTO, 2009), quadro teórico e

metodológico que vê a linguagem como o coração do desenvolvimento humano, o

que implica o foco nas atividades discursivas materializadas nos gêneros textuais.

O foco da minha pesquisa recai sobre a atividade linguageira de narrar as

experiências de vida, tanto próprias como de outro(s). Narrar encontra-se

intrinsecamente ligado à vida em comunidade como uma necessidade de falar,

de comunicarmos ao outro o que estamos sentindo, pensando, descobrindo,

desejando e assim por diante.

Para justificar o meu objeto de pesquisa, recorro a ARRIGUCI (2011) ao

afirmar que:

“Porque todo mundo gosta de história e de poesia. Não há sociedade sem narrativa. O homem é um animal narrativo. Homo narrador. Todo mundo quer ouvir histórias. Contamos histórias desde o amanhecer até a hora de dormir. Senta num táxi, história; entra em um ônibus, história; vai para a escola, história; dá uma topada, história; briga com o namorado, história. Todas as situações da vida propiciam acontecimentos narráveis e vivemos desse entrelaçamento de narrativas.”

E é justamente essa necessidade humana que pretendi transportar para a

realidade educacional como instrumento pedagógico – essencialmente relevante

tanto na educação fundamental quanto no ensino médio – como uma proposta

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inovadora que favoreça o multiletramento. Para isso, delimitei contos com o intuito

de conquistar leitores adolescentes com as narrativas curtas, envolventes que

pudessem mediar o processo de ensino-aprendizagem da leitura, da escrita e da

análise linguística. Por se tratar de um contexto escolar para 9º ano, o enfoque

recaiu sobre o “conto policial ou de suspense”, principalmente por seu efeito

desafiador, provocante, gerando no imaginário adolescente uma condição favorável

para explorar o ficcional.

Nessa faixa etária, há uma grande propensão à quebra de barreiras, desafiar

o perigo, adentrar ao desconhecido. E esse gênero exerce uma forte atração por

propiciar aventura sem sair da sua “zona de conforto”, através de um enredo

instigante, fatos desafiadores e ambientes marcados pelo inesperado gerados pelos

“conto de suspense”, sem jamais correr riscos reais.

Para reverter o quadro de apatia, desinteresse e falta de envolvimento nas

atividades tradicionais que imperam nas salas de aulas propus este projeto, com o

intuito de me valer dessa atração pelo perigo como um “motor” para a aprendizagem

da leitura e da escrita. Com essa pesquisa visei apresentar um projeto de

comunicação para despertar o interesse dos alunos e contribuir para que eles se

sintam protagonistas do seu processo de ensino-aprendizagem.

Com o objetivo geral já delineado, a pesquisa foi efetivada tendo em vista dois

s objetivos específicos: 1. Elaborar um Modelo Didático do Conto Policial, a partir

da análise e descrição de um corpus de contos policiais dos quais foram

apreendidos suas características contextuais e a sua infraestrutura (o tipo de

discurso predominante) , os mecanismos de textualização (coesão) e enunciação

(vozes). 2. Elaborar uma Sequência Didática (doravante SD), para a transposição

didática do conto policial.

A sequência didática planejada para os meus alunos, foi implementada

durante o segundo semestre de 2011 na Escola Estadual Professora Kazuco Ohara -

Ensino Fundamental, situada à Rua Serra da Mantiqueira, 895 no bairro Jardim

Bandeirantes - Zona Oeste da cidade de Londrina. A seguir, apresento uma síntese

do referencial teórico que deu base ao trabalho.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Da noção de gênero textual ao Gênero Conto Policial

Segundo Hila (2009), a formação de leitores na rede de ensino público

precisa passar por uma ressignificação, tendo em vista que apesar de há mais de

uma década estar contemplado pelos PCNs conceitos como texto, contexto,

estratégias e fases de leitura, ainda não foram completamente assimilados pelos

professores – principalmente nas séries iniciais. Ainda predomina um

desconhecimento acerca do que vem a ser gêneros textuais, e o texto acaba sendo

pretexto para o ensino de gramática.

O gênero textual apresenta-se como articulador indispensável das práticas de

leitura em sala de aula na formação de leitores críticos,

“No caso da prática de leitura, o que se tem ressaltando é que a escola precisa formar leitores críticos que consigam construir significados para além da superfície do texto, observando as funções sociais da leitura e da escrita nos mais variados contextos, a fim de levá-los a participar plena e criticamente de prática sociais que envolvem o uso da escrita e da oralidade. A noção, portanto, de prática social, convoca um dos primeiros argumentos em defesa do uso dos gêneros em sala de aula.” (HILLA, op. cit)

Entendo como práticas sociais as formas que organizam uma sociedade,

suas atividades e ações desenvolvidas por pessoa dentro do grupo a que pertence e

que expressam os papéis que desempenham, bem como, em que posições que se

encontram frente aos seus pares.

As atividades coletivas da humanidade ocorrem dentro de um contexto social

as quais configuram as práticas sociais dentro de uma esfera cultural. Ou seja, as

práticas coletivas constituem um conjunto do saber/agir disponível às atividades de

um indivíduo singular que as materializam gêneros textuais.

De acordo com Dolz, Noverraz e Scheneuwly (2004) “Gêneros textuais são as

características semelhantes, regularidades presentes nos textos (orais ou escritos)

apesar de sua diversidade.”

Sendo assim, os estudos bakhtinianos servem como âncora da abordagem ao

termo gênero, originário - a priore - da retórica e da literatura, como sendo

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“tipos relativamente estáveis de enunciados elaborados em cada esfera de troca (lugar social dos interlocutores), os quais são caracterizados pelo conteúdo temático, estilo e construção composicional, e escolhidos em função de uma situação definida por alguns parâmetros (finalidade,

destinatários, conteúdo).(BAKHTIN, 1997).

Este posicionamento se justifica porque os gêneros do discurso resultam de

estruturas sóciohistoricamente cristalizadas oriundas das necessidades humanas

construídas em diferentes lugares sociais da comunicação.

Neste enfoque os elementos contextuais ou “situação social mais imediata”

(BAKHTIN), onde o texto é fortemente marcado pelo não-verbal presente na

situação em que os elementos linguísticos integram a composição textual. Esse

mesmo autor, também define como enunciado concreto “o emprego da língua

efetua-se em forma de enunciados (orais ou escritos) concretos e únicos, proferidos

pelos integrantes desse ou daquele campo da atividade humana”. Nessa

abordagem, a presença de parceiros (locutor/interlocutor) e a noção de

compreensão responsiva ativa é denominada de dialogismo.

De uma forma mais elucidativa, Hila (2009) expõe que “cada esfera da

atividade humana produz seus tipos específicos de enunciados, o que faz com que

cada enunciado, cada gênero textual, traga marcas da esfera na qual está inserido.”

Tais esferas, tanto do cotidiano como dos sistemas ideológicos (a Arte, a

Política, a Ciência, a Religião, entre outras) estão intimamente relacionadas à

produção de sentido – fundamento considerado como alicerce do letramento.

E, em se tratando do processo ensino/aprendizagem, Dolz & Schneuwly

(1996), delimitaram cinco agrupamentos de gêneros alicerçados em três critérios:

domínio social da comunicação a que pertencem; capacidades de linguagem

envolvidas na produção e compreensão desses gêneros e sua tipologia geral. Foram

assim nomeados: agrupamento da ordem do relatar, agrupamento da ordem do

argumentar, agrupamento da ordem do expor, agrupamento da ordem do descrever

ações e agrupamento da ordem do narrar.

Este último abarca gêneros de domínio da cultura literária ficcional assinalado

pela manifestação estética e tendo como característica a mimesis da ação por meio

da criação, da intriga no domínio do verossímil. Dentre os diversos exemplos de

gêneros orais e escritos que compõem a Cultura Literária ficcional encontra-se o

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conto.

Esse gênero possui característica central de condensar conflito, tempo,

espaço e reduzir o número de personagens.

“O termo conto deriva do latim comentum, in. (invenção, ficção, plano, projecto), ligado ao v. contueor, eris (olhar atentamente para, contemplar, ver, divisar). Narração oral ou escrita (verdadeira ou fabulosa); obra literária de ficção, narração sintética e monocrónica de um fato da vida”. (COELHO, acesso maio/2011)

O conto policial ou de suspense constitui um terreno ficcional propício para

envolver e cativar um alunado cada vez mais carente de letramento. Dentre os

diversos estilos de contos, desejei atrair uma faixa etária que se sente desafiada

pelo inesperado, por um desfecho que prima pelo inusitado que surpreende. E,

ainda, permite ao leitor se sentir superior, imune ao ambiente conflitivo e ameaçador

em que o universo ficcional está descortinando aos seus personagens. Um pseudo-

controle sobre um mundo permeado pela incerteza, pela ansiedade e pela

proximidade de fatos, posicionamentos, decisões, revelações tidos como de suma

importância.

O efeito de suspense é provocado no conto por diversos fatores

estrategicamente combinados, tais como a tipificação das personagens, suas ações,

o ritmo empregado no enredo, levando ao desenlace da trama que provoca uma

reação psíquica em níveis diferentes nos leitores, cujos principais objetivos são

despertar e prender a atenção do leitor até a última palavra.

Para esta análise, tomei como base os dois níveis de análise da ação da

linguagem proposto por Bronckart (2003), os quais serão expostos no quadro a

seguir, contemplando o segmento da ordem do narrar.

NÍVEL I

CONTEXTO DE PRODUÇÃO

Contexto físico:

Características da situação de produção:

quem é o emissor, em que papel social se encontra, a

quem se dirige.

quem é o receptor e em que papel se encontra.

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Contexto sócio-

subjetivo:

local em que é produzido, em qual instituição social se

produz.

momento da produção.

suporte em que o texto está veiculado, com que objetivo,

tipo de linguagem utilizada, atividade não verbal a que se

relaciona, qual o valor social que lhe é atribuído etc.

NÍVEL II

FOLHADO TEXTUAL

Infra-estrutura geral

do texto

Plano geral/global do texto:

refere-se aos conteúdos que aparecem no texto, como se

fosse um resumo do texto.

tipos de discurso:

referem-se aos mundos discursivos construídos no texto.

No segmento do narrar (disjunção), pode ser implicado ou

autônomo (apresentar ou não implicação em relação ao

ato de produção por meio de dêiticos espaciais,

temporais e de pessoa).

Sequências:

dividem-se em: narrativa, descritiva, argumentativa,

explicativa, injuntiva e dialogal. Uma sequência narrativa

é composta de intriga e tensão (script).

Mecanismos

de textualização

Conexão:trata-se das relações entre os níveis de

organização de um texto e é explicitada pelos

organizadores textuais. (conexão entre as macro ideias

do texto).

Coesão:

nominal (retomadas nominais e pronominais; anáforas e

catáforas).

verbal (tempos e modos verbais).

Modalizações:

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Mecanismos

enunciativos

responsáveis pelas diversas avaliações do enunciador

sobre um ou outro aspecto do conteúdo temático e que

podem ser divididas em lógicas, deônticas, pragmáticas e

apreciativas.

Vozes presentes no texto.

a voz do autor empírico.

vozes sociais (pessoas ou instituições humanas que não

participam do conteúdo temático do texto).

as vozes das personagens (pessoas ou instituições que

participam do conteúdo temático do texto).

2.2 Construção um Modelo do Gênero Conto Policial

Em primeira instância foi necessário uma investigação sobre o que se

constituía gênero. Para tanto se respaldou na teoria interacionista sociodiscursiva do

gênero da ordem do narrar mencionada anteriormente.

O passo seguinte foi a delimitação dos textos que constituiriam o corpus a ser

analisado. A seguir, realizou-se uma investigação sobre o gênero do conto policial e

tudo o que já se conhecia sobre o mesmo compondo assim o seu Modelo de

Gênero. Idealizado pelo grupo de Genebra, como uma proposta do interacionismo

sociodiscursivo, constitui um instrumento para didatizar o trabalho pedagógico com

gênero textual. Nascimento, Gonçalves & Saito (2009) definem como “uma síntese

prática que guia as ações do professor-pesquisador e, por outro lado, torna evidente

aquilo que pode ser “ensinável” por meio de uma SD”.

O modelo didático constitui uma pesquisa aprofundada sobre um gênero

textual específico que abarca o máximo de informações possíveis sobre o ponto de

vista histórico, arquitetônico e finalidade do mesmo, consolidando-se como ponto de

partida para o trabalho didático-pedagógico com gêneros, norteando assim, uma SD.

Entendido como centro do processo de ensino-aprendizagem, possui caráter

normativo e revela-se como um espaço de reflexões e práticas pedagógicas –

segundo Pietro & Schneuwly (2003).

Nascimento (2004; 2009), defende que a elaboração do modelo didático de

um gênero textual é o trabalho prévio crucial para o planejamento de uma SD.

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Levando em consideração o que postula a autora, busca-se conhecer as dimensões

ensináveis do conto policial que sejam adequadas e pertinentes para alunos da

educação básica. Examinei um corpus constituído por três textos do gênero que

constituíram um Modelo Didático que tornou evidente aquilo que pode ser

ensinado, subsidiando o meu trabalho para a transposição didática. A seguir,

apresento dados das diferentes etapas de elaboração do Modelo Didático de

Gênero Textual.

a) Conto

Costa, Borges e Corrêa (2000) conceituam conto como gênero narrativo em

prosa caracterizado por uma extensão reduzida, poucas personagens e

concentração espaço-temporal. A ação é linear, circunscrevendo-se a um conflito, a

um episódio ou a um acontecimento insólito, por vezes, insignificante.

Os dicionários são sucintos ao abordarem o verbete conto. No Aurélio(1975)

expõe que se trata de uma “narração falada ou escrita; narrativa pouco extensa,

concisa e que contem unidade dramática, concentrando-se a ação num único ponto

de interesse.” Luft (1998) apenas afirma que é uma “narração ficcional breve, falada

ou escrita.” Enquanto Houaiss(2001) completa que se trata de uma “história curta

em prosa com um só conflito e ação e poucos personagens.”

Coelho em seu dicionário terminológico esclarece detalhadamente “O termo

conto deriva do latim comentum, in. (invenção, ficção, plano, projeto) ligado ao v.

Conteor, eris (olhar atentamente para, contemplar, ver, divisar). Narração oral ou

escrita (verdadeira ou fabulosa); obra literária de ficção, narração sintética e

monocrônica de um fato da vida.”

Paz e Moniz(1997) expõem detalhadamente que conto origina-se do latim

computu- que significa cálculo, conto. E acrescentam “da área da aritmética o

vocábulo passou à literatura para designar o relato breve, oral ou escrito, de uma

história de ficção na qual participa reduzido número de personagens, numa

concentração espaço-temporal. Pela sua brevidade e concisão, bem como pela

sobriedade de recursos que utiliza, o conto é uma narrativa mais eficaz de

comunicação, detectando-se facilmente a intenção nuclear do seu autor”

Massaud Moisés(1997) acrescenta a palavra conto “latim computu(m) cálculo,

conta, ou conto(m); grego kóntos, extremidade da lança; ou commentu(m), invenção,

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ficção; ou deverbal de computare, calcular, contar. Francês conte, Espanhol cuento,

Inglês short-stoty ou tale, Alemão novelle, erzählung ou märchen, Italiano novelle ou

racconto”.

b) Literatura de massa

D'Onofrio(1995) esclarece que “Um gênero literário, individualizado pelo

agrupamento de obras que possuem formas estéticas e conteúdos ideológicos

semelhantes, como qualquer elemento vivo, tem seu surgimento, seu período de

apogeu, sua fase de estandardização, em que se formam estereótipos que levam ao

seu declínio e à sua transformação num novo gênero.”

Paz e Moniz (1997), na obra Dicionário Breve de Termos Literários expõem

que o vocábulo paraliteratura deriva do grego pará que significa proximidade. E

ainda, acrescentam “termo que designa, em conjunto com outros (subliteratura,

literatura kitsch ou “pimba”), uma série de textos que são considerados não literário,

embora possam reconhecer-se neles alguns elementos de valor literário: novela cor-

de-rosa ou sentimental, policial, faroeste, de terror, de ficção científica, fotonovela.”

De acordo com Carpeaux (1968), trata-se de “uma receita segura: lança a

suspeita contra inocentes e revela, enfim, que o mais insuspeito é o criminoso. É um

jogo monótono. Mas justamente essa permanência do quadro garante o sucesso.”

c) Conto policial

Nos dicionários de língua portuguesa não apresentam tal verbete, apenas

alguns se referem a romance policial. No que tange ao termo policial, afirmam que:

no Aurélio(1975) “relativo ou próprio da polícia ou que serve aos seus fins; assuntos

policiais; inquérito policial”, no Houaiss(2001) “relativo ou pertencente a polícia; que

envolve ou trata de crimes (romance)” e Cegalla (2005) “romance ou filme policial;

que serve aos objetivos da polícia; de recorrência criminosa e do desvendamento de

crimes: romance policial”

Pires afirma que: “em linhas gerais, o romance policial é um tipo de narrativa

que expõe uma investigação fictícia, ou seja, a superação metódica de um enigma

ou a identificação de um fato ou pessoa misteriosa. Toda a narrativa policial

apresenta um crime e alguém disposto a desvendá-lo, porém nem toda a narrativa

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em que esses elementos estão presentes pode ser considerada policial. Isto porque

além da necessidade de um crime, é preciso também uma forma de articular a

narrativa, de estabelecer a relação do detetive com o crime e com a narração.”

Carpeaux (1968) garante que o sucesso do conto policial deve-se ao fato de bajular

a inteligência do leitor ao convidá-lo a embrenhar-se em atividades mentais

consideradas de alto grau de dificuldade.

d) Textos que compõem o corpus

Os três textos que serviram de base analítica para este projeto foram:

A. O mistério do sobrinho perfumado de Hélio de Soveral;

B. Se eu fosse Sherlock Holmes de Medeiros de Albuquerque;

C. O último cuba-libre de Marcos Rey.

O conto de Hélio de Soveral foi retirado do livro didático “Português: Ideias e

Linguagens” da 8ª série das Profª Maria da Conceição Castro e Dileta Antonieta

Delmanto F. De Matos - publicado pela Editora Saraiva. Os demais contos, que

constituem o corpus em análise, compõem a obra Para Gostar de Ler (v. 12):

História de Detetives da Editora Ática e integram o acervo de muitas bibliotecas das

escolas públicas estaduais do Paraná.

d) Especificidades do Conto Policial

Assim, o que se pode depreender deste gênero é que se apresenta na

modalidade escrita, pertencente à esfera literária (paraliteratura, subliteratura ou

literatura de massa) e se caracteriza por ser uma narrativa curta ficcional verossímil

constituída de personagens “tipo” com ambiente recorrente dentro do tempo e do

espaço, em que é indispensável a presença da personagem que norteia a trama: o

detetive.

Produzido por autor enunciador contista - que tem como objetivo produzir

contos que despertem fruição, prazer com a finalidade comercial - embasado no

pensamento lógico maniqueísta, ou seja, a luta do bem contra o mal. Possui como

público-alvo leitores juvenis e adultos que compram, emprestam coletâneas e/ou

acessam via internet esse gênero. Destinatários oriundos das mais diversas classes

sociais, constituídos por um perfil social subjetivo baseados na lógica e que

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apreciem uma narrativa curta, marcada por uma estrutura previamente conhecida e

um conteúdo recorrente – por se tratar de uma literatura de massa – em que

considera que quanto mais fiel ao padrão, tanto melhor será.

A relação entre o produtor e o destinatário se efetua de forma assimétrica, já

que o leitor é apenas um ser passivo do deslumbre do raciocínio do autor que se

vale do narrador para enunciá-lo no texto.

A valoração social deste gênero em primeira instância é o entretenimento,

seguido do pedagógico moralizante.

Os suportes mais comuns são livros, coletâneas, antologias, livros didáticos e

em sites na internet. Os seus meios de circulação são basicamente internet,

bibliotecas e salas de aula.

Este gênero pertence ao discurso do narrar ficcional pautado no verossímil,

cuja estrutura textual é composta de:

título: com todas as letras em maiúsculo e pouco frequente a presença

de verbos;

corpo textual: geralmente iniciado pela primeira letra maiúscula em

destaque em relação às demais, formado por parágrafos que podem

ou não apresentarem discurso direto (marcado de acordo com o estilo

pessoal de seu produtor por aspas ou travessão) e/ou discurso indireto

e até mesmo direto livre.

autor: apresentado ou no final to texto ou como marcas

extralinguísticas como cabeçalho na parte superior a partir da segunda

página textual - junto com a numeração da mesma.

ocasionalmente tradutor entre parênteses.

Dependendo do estilo do produtor, alterna a pessoa verbal na narrativa (ora

1ª, ora 3ª pessoa do discurso). Porém sempre permeado de fragmentos sequências

descritivas que compõem o quadro físico, social e psicológico do crime investigado

revelando o ponto de vista da personagem detetive ao leitor, bem como, de

sequências dialogais. Possui como temática recorrente: crime, morte, investigação,

punição.

De acordo com D'Onofrio (1995), a narrativa policial clássica é formada por

duas sequências narrativas encadeadas: a história do crime em que a vítima é a

personagem principal e na história do inquérito tem como protagonistas o detetive e

o criminoso.

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Em relação à história do crime, geralmente o leitor é apresentado a um

mistério cujas circunstâncias inclusas a situação não são reveladas – portanto, serão

necessário uma explicação racional e lógica para os fatos constituindo um desafio à

mente humana. Neste momento entra em cena o detetive dotado de observação

aguçada e raciocínio que excedem a normalidade dos demais seres humanos. O

suspense encontra-se no modo como que os fatos vão sendo elucidados

cientificamente, em detrimento a uma possível explicação sobrenatural, fantasiosa

que uma mente despreparada pudesse fazer uso.

Em relação à história do inquérito, ainda podem ser subdivididos em: inquérito

da polícia, inquérito do detetive, reconstrução do crime e o fim da história.

No Inquérito da polícia compreendem os depoimentos das testemunhas e um

possível suspeito que geralmente funcionará como bode expiatório para mascarar a

incompetência do sistema em resolver o caso.

No inquérito do detetive, que surge para desfazer uma injustiça e localizar o

verdadeiro culpado. Essa personagem, que funciona como o maestro e pivô central,

costura a trama entrelaçando vitima – assassino fazendo uso basicamente da

investigação da cena do crime, da observação minuciosa cujos detalhes que

escaparam a primeira vista e de reflexão dos depoimentos sob a ótica da razão.

Desta maneira solucionando o mistério do qual narra seu raciocínio

reconstruindo os fatos ordenadamente que revelam como o crime foi cometido, em

que circunstâncias e principalmente quem foi o autor do mesmo.

Após o entendimento de quem, como e por que motivaram o crime o final da

história (narrativa do inquérito) ainda é necessário que o verdadeiro criminoso seja

punido e – quando há - o possível inocente liberto (finalizando a narrativa do crime).

Onde o bem vence o mal proporcionando um final feliz e que nenhum elemento

textual fique em aberto, não sendo preciso imaginar como terminaria. Composto por

começo/meio/fim bem claros e que a justiça seja restabelecida com a punição do

vilão que não colocará mais a sociedade em perigo - típico em literaturas de massa.

Uma marca da literatura de massa é a incidência da mesma estrutura textual,

mesmo ambiente, mesmo tipologia de personagens – pois, principalmente, o

detetive é uma personagem tipo. O leitor busca um padrão que lhe gera uma 'zona

de conforto” com a recorrência dos elementos constitutivos deste gênero textual que

no policial clássico é o suspense. Pois de acordo com D'Onofrio (1995) “o

consumidor de literatura de massa não quer saber de mudanças: gosta de encontrar,

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no livro ou na tela do cinema ou da televisão, figuras conhecidas, que ele mesmo

possa imediatamente identificar.” E como ainda ele afirma “a fixidez da história

corresponde a fixidez caracterológica do protagonista” onde o constitui um gênero

previamente estabelecido e classificado, onde a redundância predomina em que sua

fidelidade aos padrões o destacam e o elevam em relação aos demais, em

detrimento a originalidade dos outros gêneros literários.

Em relação ao conteúdo ideológico está calcado na recorrência isotópica, ou

seja, sempre o mesmo sentido, mesma ideologia em que há uma manutenção de

um conjunto de valores sociais que, segundo esta sociedade, garantem a felicidade

humana e qualquer indivíduo ou até um grupo que os coloquem em risco deve ser

considerado um 'perigo público'.

“O herói da literatura de massa, pouco importa se agindo dentro, à margem ou fora do sistema policial, representa o símbolo do desejo de salvaguardar os valores sociais, lutando contra os elementos perturbadores da ordem, inimigos do Estado e dos cidadãos integrados na sociedade.” D'Onofrio

(1995)

Desta maneira, o detetive, que simboliza o bem lutando contra o mal, apesar

de um possível sofrimento inicial ou mesmo no meio da narrativa, tem vitória

garantida. O elemento maléfico é incluso apenas para ser subjugado pelas forças do

bem que restituem a harmonia, a justiça, a ordem – revelando assim sua

característica didático-moralizante em que alerta aos marginais sociais, que se

ousarem praticarem o mal, serão inegavelmente punidos.

Conforme esboça Bronckart (2003), a situação inicial da sequência narrativa

apresenta-se com a apresentação das personagens e do ambiente em que será

inserido o enigma a ser elucidado. Neste momento tem início a complicação – o

raciocínio lógico e a observação detalhista do detetive sendo postos a prova.

Durante a fase de ações ocorre a investigação das pistas e falsas pistas que

culminam com a fase da resolução onde o crime é desvendado.

Na última fase, da situação final, ocorre a punição do malfeitor e o

reconhecimento ao herói que livrou a sociedade de um ser que prejudicou e

possivelmente prejudicaria ainda mais seus semelhantes.

“O desfecho é a explicação final da narrativa e dos fatos que coordenaram

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agradavelmente na descoberta do mistério. Tudo nesse desfecho se encaminha para um único ponto: apagam-se as discordâncias, os erros, os desvios, as falsas pistas. Com o leitor, o autor recapitula os fatos seguindo a sua ordem lógica. É como a contra-prova do acontecimento” D’ÁVILA (1967)

Dentro do conto policial a personagem do detetive revela-se o eixo norteador

de toda a trama textual. Além dele, estão presentes: a vítima, o criminoso, poder

público (polícia) e demais personagens para constituir o cenário humano textual.

Conforme D'Onofrio (1995), o que é indispensável no perfil de um bom detetive são

sua faculdade analítica e uma observação detalhista e o compara com um intuitivo

jogador de damas onde a sagacidade, a avaliação e entendimento do funcionamento

das estruturas determinam seu sucesso. Ainda o iguala a um jogador de cartas

consegue descobrir quais cartas cada integrante da mesa possui por suas

expressões faciais e/ou corporais, análise de cada jogada proveniente de um

profundo exame dos detalhes.

Mas para torná-lo um detetive brilhante faz necessário acrescentar um

profundo conhecimento geral de mundo, bem como, um entendimento das regras de

seu funcionamento. Em um contexto capitalista, essa intelectualidade geralmente é

enfatizada em detrimento ao desapego material onde a reclusão introspectiva

meditativa o torna um excêntrico.

Essa clausura não é maior pela presença do seu amigo/ajudante que compõe

a dupla detetive-amigo confidente (geralmente seu assistente) como, por exemplo,

Sherlock-Watson preconizada pela tradição anglo-saxônica tradicional.

Sequência narrativa, descritiva e dialogal. (FRASES)

A coesão textual nominal é estabelecida por preposições, conjunções e

advérbios (e suas respectivas locuções) e por pronomes e retomadas. Desta forma,

são acionadas diversas estratégias de retomadas textuais como pronomes, nomes,

substituições por sinônimos, termos genéricos/específicos, nominalizações,

repetições.

A coesão verbal é realizada considerando a escolha verbal, observa-se a

predominância do modo indicativo com o que é padrão no texto narrativo o início

com pretérito imperfeito, seguido pelo início da complicação com pretérito perfeito –

apesar de se constatar o mais-que-perfeito incluso, em alguns textos. O presente do

indicativo é empregado prioritariamente durante o discurso direto.

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A organização textual emprega tanto aspectos: lógicos (por meio de

conjunções e locuções conjuntivas), como temporais e espaciais (advérbios e

locuções adverbiais).

Considerando relação as vozes presentes no conto policial pode-se observar

que a voz do enunciador (geralmente através da personagem do detetive)

representa a verdade científica e objetiva. Encontram-se presentes personagem que

simulam os possíveis questionamentos do destinatário que são imediatamente

sanadas pelo enunciador principalmente no descortinar do enigma.

A variedade linguística pertencente à norma culta, com presença de

informalidade/coloquial principalmente no discurso direto.

No que diz respeito à escolha lexical constata-se o predomínio de

substantivos concretos, verbos indicando ação para narrar fatos e implicar o ritmo

dinâmico ao texto. Percebe-se de forma enfática a presença de adjetivos objetivos,

afetivos, físicos, superlativos comparativos, bem como, locuções adjetivas. Há

também palavras com sentido conotativo e palavras e/ou expressões com sentido

irônico.

O tom do enunciador caracteriza-se por ser detalhista, rico em informações e

impressões que visam minuciar com a maior precisão o espaço em que se desenrola

a trama, os fatos, as personagens, etc.

Os sinais de pontuação são bem variados dentre eles ponto final, de

exclamação, interrogação, reticências, dois pontos, travessão.

O discurso direto está presente em quase todos os contos marcados

principalmente por dois pontos e travessão, enquanto que o discurso indireto

aparece com pouca frequência.

2.3 Didatização do Gênero por meio da Sequência Didática

Dolz, Noverraz & Schneuwly (2004) definem Sequência Didática (SD) como

“um conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno

de um gênero textual oral ou escrito” - fruto do estudo sobre o gênero realizado no

Modelo didático. Desta forma,

“a elaboração de uma SD desencadeia inúmeras atividades de escrita, orientadas tanto pela pesquisa como pela prática: a elaboração do modelo didático, que por sua vez inclui a pesquisa sobre um gênero em específico,

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a organização das oficinas, a elaboração dos exercícios de cada oficina, o planejamento da transposição didática de cada oficina” (Hila & Nascimento, 2010)

Portanto, a SD tem por intuito auxiliar o aprendizado do discente em relação a

um gênero de texto específico e lhe proporcionando letramento, em que não apenas

tome posse de todas as condições necessárias para produzi-lo (oral ou escrito), mas

também, faça uso numa dada situação de comunicação.

De acordo com Dolz, Noverraz e Schneuwly (2040), uma SD é composta

basicamente de quatro etapas básicas que serão discorridas e expressa no quadro a

seguir:

ESQUEMA DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA:

A primeira, denominada apresentação inicial, compreende a exposição

minuciosa aos alunos - oral ou escrita - do que se espera que eles desempenhem.

Nesta fase, (considerada a da conquista ou sedução) é necessário que fique bem

claro o projeto coletivo de gênero - seja ele oral ou escrito - que será requerido da

turma, bem como, seu conteúdo. Enfim, muni-los de todas as informações

necessárias para que obtenham sucesso.

Os alunos, bem motivados, adentram da segunda etapa: a produção inicial.

Será a resposta ao que foi proposto que poderá se apresentar de forma satisfatória

ou não. Entretanto, não possui um caráter valorativo e sim diagnóstico que

proporcionará detectar as informações que eles já dominam e os problemas que

deverão ser abordados no próximo momento.

A seguir, inicia-se o momento de suma importância que visa a superação das

dificuldades constatadas na produção inicial por meio de módulos. Trata-se de

oficinas voltadas a sanar as deficiências elencadas nos diferentes níveis como da

situação de comunicação, elaboração dos conteúdos, planejamento e realização do

Apresentaçã

o da situação

PRODUÇÃO

INICIAL

Módulo

1

Módulo

2

Módulo

n

PRODUÇÃO

FINAL

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texto. Desta forma, precisam ser atividades e exercícios diversificados que

contemplem os problemas levantados, propiciando a aquisição gradual e

progressiva do conhecimento e favorecendo uma ação linguística reflexiva.

Finalmente, após ter sido posto em prática todos os instrumentos e noções

previamente estabelecidos, culmina com a produção final, que pode tanto ser feita

por meio de uma nova produção ou como a reestruturação da produção inicial.

Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004) afirmam que o estudo lento e crescente

do gênero por meio de SD possibilita uma avaliação formativa e amplia as

oportunidades discentes de aprendizado em função da diversidade de atividades

propostas. E ainda, contribui para uma maior consciência de seu comportamento

linguístico, o qual é adaptado às situações reais de comunicação de forma voluntária

a dominar a sua língua e suas capacidades de escrever e falar.

E ainda, as oficinas desta SD foi constituída empregando os descritores

(ANEXO 1) preconizados pelo Sistema de avaliação da Educação Básica por meio

da Prova Brasil que afirma que

“Estruturalmente, a Matriz de Língua Portuguesa se divide em duas

dimensões: uma denominada Objeto do Conhecimento, em que são listados os seis tópicos; e outra denominada Competência, com descritores que indicam habilidades a serem avaliadas em cada tópico. Para a 4ª série/5º ano EF, são contemplados 15 descritores; e para a 8ª série/ 9º ano do EF e a 3ª série do EM, são acrescentados mais 6, totalizando 21 descritores. Os descritores aparecem, dentro de cada tópico, em ordem crescente de aprofundamento e/ou ampliação de conteúdos ou das habilidades exigidas.” PROVA BRASIL, 2011)

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3 METODOLOGIA

3.1 Dados da pesquisa

Como já fora dito, a pesquisa foi implementada com o 9º ano A composta por

32 alunos muito comunicativos e ativos da Escola Estadual Professora Kazuco

Ohara localizada na periferia de Londrina.

3.2 O projeto de comunicação apresentado aos alunos

Expus o projeto com o gênero conto policial, visando despertar nos alunos o

desejo de embrenhar-se nesta aventura didático-pedagógica. Explanei oralmente o

projeto a ser desenvolvido, bem como, o que se esperava de cada um deles.

Anunciei que iríamos fazer uma visita à Biblioteca Municipal e que no término do

nosso projeto realizaríamos um Sarau com o lançamento do nosso livro de contos –

incluindo noite de autógrafos e coquetel para os familiares. E que na ocasião

também seriam premiados os melhores contos desenvolvidos durante o projeto que

pretendíamos apresentar em forma de leitura para os convidados.

3.3 Desenvolvimento

a) Produção inicial

Fiz uma leitura dramatizada do conto “O último cuba-livre” de Marcos Rei e

solicitei que eles – com base no conhecimento que possuíam – brincassem de ser

escritores e compusessem um conto policial empregando muita criatividade. Em

seguida, fiz uma análise diagnóstica da produção inicial que norteou a construção de

oficinas. Essas oficinas visavam sanar as dificuldades apresentadas pelos alunos

que permitiam a assimilação do gênero conto policial. Como pode ser vista a seguir:

SÍNTESE DAS PRINCIPAIS DIFICULDADES DOS ALUNOS: PRODUÇÃO INICIAL

1) Planejamento textual: título (localização e letras - maiúsculas, minúsculas); onde

registrar o nome do autor; e estruturação e/ou ausência de diálogos;

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2) Tipos de discurso: dificuldade da exposição do discurso do narrar e ausência do

discurso do descrever;

3) Foco narrativo: confusão e mescla de 1ª e 3ª pessoa do discurso e de narrador

observador e personagem;

4) Personagens: ausência da personagem principal (detetive), bem como, de

personagens suspeitas para despistar o vilão;

5) Sequência narrativa: desconhecimento das etapas (situação inicial, complicação,

ações, resolução, situação final) e o que se espera de cada uma delas;

6) Sequência descritiva: inexistente ou paupérrima;

7) Conexão: estruturas soltas e/ou repetição do mesmo elemento conectivo;

8) Coesão nominal: pouco recorrente o emprego de substituição por sinônimos,

termos genéricos, nominalizações e alta repetição dos mesmos pronomes;

9) Coesão verbal: confusão nos tempos verbais e ausência de advérbios;

10) Posicionamentos enunciativos e vozes: desconhecimento do expressividade

maniqueísta.

Após o diagnóstico da produção inicial dos alunos, fomos para a atividade no

laboratório de informática da escola realizamos uma pesquisa na internet sobre a

vida e a obra de Domingos Pellegrini. Escritor londrinense renomado, filho de

barbeiro e dona de pensão transpôs narrativas orais em forma de contos, romances

e poesias. Ganhador do importante Prêmio Jabuti em 1977 e com diversas

publicações como Terra Vermelha, O Caso da Chácara Chão, O Homem Vermelho,

A árvore que dava dinheiro entre outros.

Logo após dei início as oficinas:

b) Oficina 1: Contexto de produção

Reconhecimento do gênero conto policial, identificando o plano textual global

e inferência a cerca do contexto de produção. Visita na Biblioteca Municipal de

Londrina. Lá, eles andaram entre as prateleiras enquanto foram apresentados à sua

estrutura e funcionamento. Mostrei desde como se faz uma carteirinha para

empréstimo de livros, até os critérios que os livros são separados e suas respectivas

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sessões. O letramento ocorre quando o aluno entra em contato desde a atmosfera

da criação literária – esfera literária (onde é pautada no não real, no imaginável que

poderia ser realizado); com os artefatos culturais: suporte (livro); até sua estrutura:

capa/contra lombada, lombada, miolo, corte, folhas de guarda, folha de anterrosto,

folha de rosto, sobrecapa, abas ou orelhas .

Com um livro na mão, manuseei e nominei cada uma de suas partes

constituintes. Também por meio de questionamentos refletimos: Quem produz um

conto? Qual o seu grau de instrução? É homem ou mulher? Criança, jovem, adulto

ou idoso? No que trabalha? Ou apenas escreve? Com que objetivo escreve?

Alguém sabe o que é fruição? Para quem escreve? O que é literatura de massa? Em

que outros suportes o conto policial pode ser encontrado?

Esteve presente o contista Domingos Pellegrini que dividiu suas experiências

e curiosidades literárias com os alunos, leu um fragmento de sua obra e pode ser

entrevistado por eles.

Como atividade de casa trouxeram informações sobre: Hélio de Soveral,

Medeiros de Albuquerque e Marcos Rey. Todas as informações foram apresentadas

em um grande círculo.

c) Oficina 2: Planejamento textual

Organizei a classe em grupos e distribui um conto policial diferente para cada

equipe e em seu suporte. Em seguida, levantei várias questões registrando as

respostas na lousa: Como aparece o título? Letras maiúsculas? Minúsculas? Tem

verbos? São curtos ou longos? Onde aparece o nome do autor? No começo? No

final? Ou não aparece? Como se apresenta o corpo textual: A primeira letra é

diferente das demais que compõem o texto? Possui parágrafos? Possui diálogos?

Como são marcados – aspas, dois pontos e travessão? Possui tradutor?

d) Oficina 3: Tipo de discurso predominante

Com auxílio de dicionários, foram registrados nos cadernos a significação das

seguintes palavras: relatar, narrar, expor, argumentar, descrever. Para cada

significação mencionada acima, citar tipos de gêneros que eles conheciam que

possuíam essas características e registrar na lousa como exemplos. Em seguida,

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retroprojetei fragmentos de contos tais como Se eu fosse Sherlock Holmes de

Medeiros de Albuquerque e O último cuba-livre de Marcos Rey – onde eles foram

conduzidos a refletir, se esse gênero tinha por finalidade principal: Relatar?

Argumentar? Expor? Descrever? Narrar?

e) Oficina 4: Foco narrativo

Dividi a classe em 6 grupos e distribui um conto diferente para cada um.

Solicitei que cada aluno fosse uma personagem e que um fosse o narrador. Após um

tempo determinado, foi apresentado ao grande grupo uma leitura dramatizada seu

conto. Depois inquiri: Quem contou (narrou) os fatos? Era uma personagem? Caso

fosse personagem: era principal ou secundária? Conhecia os pensamentos,

sentimentos e intenções no íntimo das demais personagens? Ou apenas fazia

suposições? Ou alguém que não constava na história? Estando de fora da narrativa:

apenas se limitava a contar o que via (como observador)? Ou sabia o que se

passava no interior das personagens: seus pensamentos, sentimentos e intenções?

Qual a marca textual que revela se era personagem ou alguém de fora da narrativa?

Sistematizei as informações dos alunos na lousa de forma a agruparem em:

Narrador personagem: 1ª pessoa do discurso (principal ou secundária). Narrador

observador: 3ª pessoa do discurso (observador ou onisciente)

f) Oficina 5: Personagem

Projeção do filme “Sherlock Holmes” lançado em 2009, sob a direção de Guy

Ritchie e tendo como atores Robert Dawney Jr, Jude Law, Rachel McAdams, Mark

Strong, entre outros. Interpretamos o filme, houve comentários e curiosidades e

comparamos oralmente o gênero conto policial e o gênero filme: Qual a esfera de

cada um? Qual o suporte? Qual o contexto de produção? Qual o discurso

predominante? Qual o foco narrativo? Quais são as personagens principais e

secundárias de cada gênero? Como a personagem do detetive é apresentado no

filme? Quem são os detetives dos contos Se eu fosse Sherlock Holmes, O último

cuba-libre e O mistério do sobrinho perfumado? Também apresentei em TV pendrive

os detetives mais importantes da história da narrativa policial, seus autores e

algumas curiosidades. A seguir, separei os em 10 grupos (cada um com um detetive

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famoso no universo ficcional) e solicitei que, consultando a internet, trouxessem

acréscimos que foram expostos na próxima aula.

g) Oficina 6: Sequências narrativa, descritiva e dialogal/Análise

linguística

Separei os alunos em grupo, e solicitei que colassem em cartolina, a xérox do

conto Se eu fosse Sherlock Holmes de forma a construir uma coluna. Solicitei que (a

lápis) traçassem 5 divisões no enredo que representavam 5 fases distintas e

justificassem aos demais grupos o porquê da delimitação que fizeram. Expus o

seguinte quadro na TV pendrive: Situação inicial: apresentação das personagens e

do ambiente em que será inserido o enigma a ser elucidado. Complicação: constata-

se o crime; Ações: através do raciocínio lógico e da observação detalhista do

detetive ocorre à investigação das pistas verdadeiras e falsas. Resolução: onde o

crime é desvendado. Situação final: ocorre a punição do malfeitor e o

reconhecimento ao herói que livrou a sociedade de um ser que prejudicou e

possivelmente prejudicaria ainda mais seus semelhantes.

Pedi que revissem as divisões feitas anteriormente e justificassem com

embasamento seus posicionamentos diante dos demais grupos – comparando

convergências e divergências onde chegaram a um denominador comum.

Expliquei que a sequência descritiva encontra-se misturada à narrativa para

compor o quadro físico, social e psicológico do crime investigado. Tem como

finalidade apresentar personagens e um cenário de investigação científica, pistas,

detetives, crimes a serem solucionados, assassinos desmascarados e punidos -

empregando a lógica dedutiva, por meio da intuição associada aos aparatos

tecnológicos. Desafiei-os a bancar os detetives! Questionei os alunos, nos contos

policiais que lemos, e registrei na lousa: Qual a variedade linguística? Existe

diferença entre os trechos narrados e o discurso direto? Predominam: a) Os

substantivos concretos ou abstratos? b) Os verbos indicam ação, estado ou

fenômeno da natureza? Quais os sinais de pontuação que podemos verificar nos

contos policiais?

Levei-os a constatarem, através de questionamento, que A Sequência dialogal

delimita os turnos de fala das personagens inseridos no discurso narrativo -

principalmente composto por discurso direto - marcados fundamentalmente por dois

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pontos e travessão. Perguntei: Existe diálogo no conto? Como são marcados? Que

sinais de pontuação determinam quando uma personagem está falando? Como

registra quando outra personagem vai falar? Em que parte do texto (começo, meio

ou final) aparecem diálogos? Qual a importância do diálogo dentro da narrativa?

Como é a linguagem das personagens dentro do conto?

h) Oficina 7: Conexão

Para que um texto forme uma unidade são empregadas palavras que

estabelecem conexão entre as partes textuais que garantem a progressão temática.

Xeroquei os três contos que foram trabalhados, retroprojetei para que todos juntos

compreendessem o efeito que essas estruturas representavam na conectividade e

fossem circuladas com uma caneta para retroprojetor: a) conjunções ou locuções

conjuntivas; b) advérbios ou locuções adverbiais; c) preposições.

i) Oficina 8: Coesão nominal e verbal

Levei a classe a refletir de que forma os nomes dentro da estrutura textual

foram retomados evitando repetições. No conto Se eu fosse Sherlock Holmes, que

palavras foram usadas para se referir à personagem Madame Guimarães? Listei

todas as palavras na lousa, depois as agrupei, classifiquei em: pronomes (pessoais,

relativos, demonstrativos e possessivos); substituições por sinônimos; termos

genéricos/específicos; nominalizações; repetições.

Dividi a classe em grupos e cada grupo ficou com um fragmento do conto Se

eu fosse Sherlock Holmes. Solicitei que fizessem levantamento sobre os verbos e

advérbios. Os pequenos grupos apresentaram aos demais o que constataram em

suas investigações que foram registrados na lousa por mim.

Levantei questionamentos sobre a coesão verbal, por meio de perguntas (cuja

síntese foi registrada na lousa) tais como: Como o tempo é marcado na narrativa? O

que determina a ordem dos acontecimentos do conto? Como as ações são

registradas? Qual o tempo verbal que mais aparece? Pertence a qual modo verbal?

O mesmo tempo verbal aparece no começo, no meio e no final da narrativa? Ou

ocorre alguma mudança? Nos diálogos, o tempo verbal altera ou permanece igual

ao empregado pelo narrador? Qual a função dos advérbios no texto? Que tipo de

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advérbio aparece com destaque? Ou não tem um que se sobressai?

j) Oficina 9 : Posicionamento enunciativos e vozes

Em pequenos grupos, identifiquei as vozes presentes no conto Se eu fosse

Sherlock Holmes. Considerando o conceito maniqueísta (luta do bem contra o mal),

qual(ais) voz(es) podem ser considerada(s) do bem e qual(ais) representa(m) o(s)

vilão(ões). Expliquei aos alunos que: além das vozes das personagens, há as vozes

sociais, ou melhor, pessoas ou instituições humanas alheias a temática do texto.

k) Produção final

Os alunos foram motivados a se esforçarem ao máximo na produção de seus

contos. Desta forma, considerando tudo o que foi aprendido nas oficinas, propus aos

alunos a composição de um conto policial em que constassem pistas falsas e

inocentes sendo acusados injustamente. Entretanto o assassino sendo

desmascarado, assim como seus sórdidos motivos que o levaram a cometer tal

crime, por um detetive astuto que o entrega às autoridades para ser punido.

Perguntei aos alunos: Quem é a vítima? Quem foi acusado? Ou nem havia

suspeitos? Quem a encontrou? Qual é a cena do crime? Como o detetive tomou

conhecimento do fato a ser desvendado? O que ele viu que os demais não haviam

notado na cena do crime? Que pistas foram postas propositalmente para enganar

as investigações? Quem era o culpado? Como se chegou a essa conclusão?

Como foi punido Como termina o texto para cada personagem envolvida?

l) Reestruturação textual: Avaliação

Alguns textos foram xerocados em transparências e reestruturados com o

auxílio de todos os demais alunos, na tentativa de sanar as lacunas ainda

apresentadas no texto final.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho realizado foi gratificante, uma vez que pude perceber o interesse

dos alunos. Consegui fugir da padronização do livro didático e utilizar uma nova

ferramenta atraente aos olhos de toda comunidade escolar foi uma alternativa muito

apropriada.

Tal instrumento didático-pedagógico, denominado SEQUÊNCIA DIDÁTICA

revelou-se um meio interessante e eficaz no desenvolvimento e apropriação dos

conhecimentos que foram assimilados. Justamente pela novidade houve adesão

impressionante por parte dos alunos, garantindo que leitura, escuta, produção oral e

escrita, análise linguística fossem exploradas de forma satisfatória.

A concatenação estrutural da SD (produção inicial – oficinas – produção final)

permitiu um encadeamento motivador aos discentes que instigava a descoberta dos

detalhes do gênero estudado. Sendo assim, revelou-se um instrumento eficiente e

recomendável na organização progressiva dos conteúdos em língua portuguesa –

tendo em vista que garante todos os eixos de ensino-aprendizagem ( leitura/ escuta/

produção oral/produção escrita e análise linguística).

Porém, foram necessárias adaptações do que eu havia planejado em sua

aplicação. Isso ocorreu devido à rotina escolar em que o projeto transcorria. Este

ano foi um ano atípico em que aconteceram consulta para direção – sendo

necessário interrupções de aula para que comissão eleitoral e candidatos se

dirigissem aos alunos. Além disso, situações como Semana Cultural, preparação

para Prova Brasil (e sua aplicação), reuniões pedagógicas e feriados interromperam

o desenvolvimento do projeto. Some-se a isso, o “ritmo natural de fim de ano” e

aquele gostinho de formatura por parte dos alunos de nono ano (envolvidos no

projeto).

Fatores esses que inviabilizaram o fecho do projeto. Após a refacção da

produção final, estava programada a digitalização dos contos que comporiam um

livro o qual seria apresentado a comunidade escolar em um sarau com noite de

autógrafos. Nessa ocasião, em meio a um coquetel, seria realizada a leitura de

alguns contos por seus próprios autores. Infelizmente, esta etapa não foi possível se

realizar! Contudo, o mais importante foi garantido: a apropriação e letramento do

gênero conto policial.

Concluo afirmando que, apesar dos contratempos enfrentados na

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implementação, ainda assim, a SD apresenta-se, em sua essência, como um valioso

recurso de transformação educacional recomendável aos professores de língua

portuguesa.

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