SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ · Lei 9493/96, Art.59, assegurando aos portadores de...
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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
SOROBAN: uma proposta pedagógica para inclusão dos deficientes visuais no
ensino da matemática
PONTA GROSSA - PR
2012
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CHRISTIANE MARIA RIBAS VOLACO DORNELLES
SOROBAN: uma proposta pedagógica para inclusão dos deficientes visuais no
ensino da matemática
Produção do Artigo Científico, apresentado à
Coordenação do Programa de
Desenvolvimento Educacional – PDE, da
Secretaria Estadual da Educação do Paraná,
sob a responsabilidade da Universidade
Estadual de Ponta Grossa – UEPG, tendo
como orientadora a Profª. Dra. Luciane
Grossi Bombacini
PONTA GROSSA – PR
2012
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SOROBAN: uma proposta pedagógica para inclusão dos deficientes visuais no
ensino da matemática
Christiane Maria Ribas Volaco Dornelles1
Luciane Grossi Bombacini 2
Resumo
Este artigo trata do desfecho e conclusão de um projeto de Implementação
pedagógica do PDE, realizado no Colégio Estadual “Presidente Costa e Silva”,
localizado em Sengés, interior do Paraná. O projeto teve como objetivo geral
capacitar os professores de Matemática na utilização do Soroban como recurso
pedagógico para atendimento diferenciado, ao mesmo tempo inclusivo, dos alunos
com deficiência visual. A metodologia utilizada para a Implementação foi a
elaboração de uma unidade didática contendo desde a construção até a
manipulação do material. Além disso, promoveu-se um ciclo de palestras com
especialista da Secretaria da Educação do Paraná, do Núcleo Regional da
Educação e com profissionais do centro especializado em deficientes visuais
APADEVI (Associação dos pais e amigos dos deficientes visuais). Outra parte
importante do projeto contou com a realização de oficinas de construção e manuseio
do Soroban, finalizando com a visita dos professores participantes das atividades a
APADEVI.
Palavras-Chave: Deficientes Visuais; Soroban; Matemática.
1 Professora da Rede Pública Estadual, graduada em Licenciatura em Matemática, atua no Colégio
Estadual “ Presidente Costa e Silva”. E.F.M.
2 Professor Adjunto do Departamento de Matemática e Estatística-UEPG
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1 Introdução
O processo de inclusão de alunos (as) deficientes visuais é uma realidade
nos dias atuais no âmbito escolar, contudo, a vasta maioria das escolas não está
preparada para receber tais alunos (as) para instruí-los, ou seja, transmitir
conhecimento de forma eficiente.
Muitos professores apresentam insegurança ao acolher um portador de
deficiência visual, pois não estão habituados a conviver com essa realidade no seu
cotidiano, não foram capacitados profissionalmente, e, principalmente, não
possuem conhecimento sobre como trabalhar em sala de aula um determinado
conteúdo utilizando materiais pedagógicos específicos para este público, como por
exemplo, o soroban. Além disso, muitos educadores se deparam com o desafio de
ensinar alunos (as) sem nenhum (a) deficiência aparente, ditos “normais” que são a
grande maioria numa sala de aula e adaptar o mesmo ensino para um(a) portador
de deficiência visual.
Sempre ao iniciar um ano letivo, os professores (as) ficam na expectativa de
como poderão realizar um trabalho bem sucedido em relação a tais alunos (as), pois
embora isso já seja uma realidade no Brasil, inúmeras dúvidas, insegurança e até
mesmo medo, permeiam o trabalho do docente, em especial, na sala de aula de
uma escola pública.
Assim, diante do exposto acima, optou-se em realizar uma pesquisa que
buscasse obter metodologias e materiais pedagógicos que fossem facilitar o ensino
da matemática, em especial na escola pública.
A problematização deste trabalho consiste em descobrir metodologias e
recursos pedagógicos que sendo utilizados pelos educadores de Matemática
pudessem de fato promover a inclusão dos portadores de deficiência visual na sala
de aula.
No decorrer da pesquisa bibliográfica concomitantemente a visitas à centros
especializados para deficientes visuais, pode-se verificar que o Soroban tem sido
usado como um material de apoio importantíssimo para o ensino da Matemática.
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Entretanto, o recurso é utilizado por profissionais destes centros que atuam
no contra turno auxiliando nas atividades de sala de aula, pois muitos dos
professores que lecionam nas escolas não conhecem o Soroban.
O Soroban é um instrumento vindo do Japão que é utilizado para fazer contas
em escolas, trabalhos em casas de família japonesas, e posteriormente adaptado
aqui no Brasil pelo professor Joaquim Lima Moraes, portador de miopia progressiva
e apaixonado por matemática, para ser utilizado no ensino de matemática com os
deficientes visuais.
FIGURA 1: Descrição do Soroban. FONTE: Pesquisa própria, 2011.
Grande parte do conhecimento que se adquire vem por meio da visão e as
pessoas com deficiência visual não possuem esses canais, então o conhecimento
que se terá de mundo exterior será por outros canais sensoriais como o tato, a
audição, o paladar, o olfato e a gustação. Para quem enxerga é impossível imaginar
a vida sem qualquer forma visual, cor, tamanho, distância; pois tudo isto faz parte do
cotidiano e o pensamento dos seres humanos ditos “normais”.
A perda ou alguma irregularidade na estrutura do sistema visual pode
provocar nas pessoas um atraso no desenvolvimento normal, acarretando limitações
em determinadas atividades, como: alfabetização, interação social, dentre outras.
Sendo assim, os deficientes visuais necessitam de profissionais especializados,
currículos e materiais adaptados de acordo com suas necessidades.
Existem dois tipos de deficiência visual: a cegueira congênita (perda total da
visão) e a subnormal (baixa visão) – incapacidade de enxergar com nitidez, apenas
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distinguem vultos, claridade e objetos que estão a curta distância. Em outras
palavras, o individuo tem o conhecimento restrito do que o rodeia.
A família, ao perceber que a criança apresenta uma deficiência, total ou
subnormal, deve o mais rápido possível proporcionar meios para adaptá-la ao
ambiente, não deixando de acreditar na capacidade do deficiente de estudar,
trabalhar e praticar esportes, mas sempre entendendo e respeitando os seus limites.
As escolas de ensino regular vêm recebendo alunos (as) com diversas
necessidades especiais, e em 2001, o Ministério da Educação, implantou as
Diretrizes Nacionais para Educação Especial na Educação Básica, no intuito de
reorganizar as normas no contexto da educação inclusiva colocando em prática a
Lei 9493/96, Art.59, assegurando aos portadores de necessidades especiais “[...]
currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organizações específicas para
atender suas necessidades”.
A instituição ao receber esse alunado deve ter um conhecimento de cada
caso para poder adequar o plano educacional de acordo com as necessidades de
cada um. Como a proposta da inclusão já está sendo discutida e implementada
desde 1996, muitos professores já deveriam estar capacitados na escrita em Braille,
eficientes no uso do Soroban e em outros recursos concretos que pudessem orientá-
los para atuarem afetivamente e com tranquilidade nesse processo, pois o uso de
materiais manipulativos são fundamentais para aprendizagem e desenvolvimento de
autonomia nos deficientes visuais e também aos ditos “normais”.
De acordo com Ferronato (2002, p. 59 apud CEOLIN; MACHADO;
NEHRING, 2009, p. 1):
[...] o ensino da matemática é facilitado com o uso do material, independente de o aluno enxergar ou não, uma vez que pode observar concretamente os “fenômenos” matemáticos e, por conseguinte, tem a possibilidade de realmente aprender, entendendo todo o processo e não simplesmente decorando regras isoladas e aparentemente inexplicáveis.
No contexto atual, muitos docentes de matemática ao receberem esses
alunos, ficam totalmente inseguros sobre como ensinar, qual recurso utilizar e,
muitas vezes, esta insegurança ao invés de incluir, exclui totalmente esses alunos,
fazendo com que os mesmos se desmotivem totalmente e talvez até mesmo deixem
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de ir à escola. Com isso, o (a) próprio (a) professor (a) percebendo que não
consegue trabalhar também se frustra e desmotivando-se e atrapalhando sua
própria atuação em sala de aula.
A Matemática é vista por muitos como uma ciência difícil de ser entendida e
ensinada em todos os sentidos e graus de ensino. Este conceito é ainda mais
evidente para os que não enxergam, pois se tal ciência não for trabalhada
diferencialmente, em um ambiente agradável, com professores capacitados e
seguros, além do investimento em materiais adaptados, esses alunos deficientes
visuais não acompanharão o aprendizado e, consequentemente, serão mais uma
vez excluídos no processo de ensino.
Para que um aluno realmente seja incluso efetivamente no ensino regular, é
fundamental que todos os membros da escola estejam unidos para tal missão. É
necessário professores de matemática sensibilizados e capacitados (tanto em nível
psicológico quanto intelectual) para poder mudar suas metodologias de ensino e
adaptar materiais pedagógicos de acordo com as necessidades dos deficientes
visuais. Noções do Braille e Soroban são fundamentais para que o processo de
ensino e aprendizagem realmente se efetive aos deficientes visuais, pois a
manipulação destes objetos tornarão as aulas de matemáticas mais dinâmicas e
concretas.
Desta forma, este trabalho tem como principal objetivo auxiliar os
professores de matemática na elaboração de metodologia diferenciada, explorando
o recurso pedagógico que o Soroban propicia para promover melhorias no ensino de
aluno com deficiência visual, tornando-o sujeito produtivo, participante do processo
“Ensino-Aprendizagem”.
2 Desenvolvimento
O projeto de Implementação pedagógica do PDE foi desenvolvido no
Colégio Estadual “Presidente Costa e Silva”, localizado em Sengés, interior do
Paraná, tendo por objetivo capacitar os professores de Matemática na utilização do
Soroban como recurso pedagógico para atendimento dos alunos com deficiência
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visual. Para um melhor entendimento das fases ocorridas no decorrer da
implementação do projeto, foram divididas em 8 principais etapas.
1ª Etapa: Elaboração da Unidade Didática
Esta etapa consistiu na elaboração de uma unidade didática, igualando-se
um manual, contendo a história do Soroban, aplicabilidade, adaptações, manuseio e
sua construção com materiais acessíveis a todos os professores. Além da
apresentação dos tipos de deficiências visuais, os desafios enfrentados pelos
deficientes visuais, o papel da família no desenvolvimento dos portadores de
deficiência visual e os caminhos da Educação especial no mundo e no Brasil e a
relação entre a escola, professor e o Deficiente Visual (DV). Para que isto se
efetivasse foram realizadas pesquisas em diversas fontes bibliográficas e visitas a
locais especializados como a APADEVI, a APAE (Associação de pais e amigos dos
Excepcionais) e o CAEDV (Centro de Atendimento Especializado de Deficiência
Visual) de Sengés. Todas as informações coletadas foram subsídios para
elaboração deste material.
2ª Etapa: Grupo de Trabalho em Rede (GTR)
O GTR (Grupo de Trabalho em Rede) é um programa de formação
continuada aos docentes de toda região do estado do Paraná. Ele aconteceu em
ambiente virtual e tem como principal objetivo a troca de experiências e dificuldades
encontradas, com respeito às questões levantadas, que foram devidamente
providencias. No grupo criado com o assunto “Soroban”, inscreveram-se 15
professores da área de Matemática e profissionais com especialização em
Educação Especial, que atuam como docentes do CADEV. Como ponto de partida,
foi postado na plataforma moodle/ e-escola, a descrição do projeto, que ficou à
disposição para apreciação e verificação da importância da proposta no atual quadro
da educação inclusiva.
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Na sequência das atividades realizadas foram feitos alguns
questionamentos, orientações e esclarecimentos sobre o projeto, que está
direcionado à necessidade de aprender trabalhar com o Soroban, visualizando-o
como um meio de apoio para auxiliar os deficientes visuais. Após algumas
manifestações o grupo chegou à conclusão que a temática tratada surgiu em boa
hora, uma vez que faltam preparação e recursos diante dessa situação, e, por isso,
deveria ser levada a diante.
A unidade didática foi apresentada ensinando de modo geral a história, a
construção e o mais importante: A utilização do Soroban. O resto da interação foi por
meio de Diários e Fóruns, onde os cursistas davam sugestões como: trabalhar o
Soroban com todos os alunos do ensino regular, capacitar professores desde o
Ensino Fundamental I, criar um grupo de estudos aos sábados para discutir sobre a
inclusão, realizar palestras para pais e comunidade mostrando a importância da
inclusão social, etc.
Essa etapa do trabalho foi desenvolvida no decorrer de um mês, um período
pequeno, porém importantíssimo para dar continuidade ao projeto e comprovar que
os professores precisam ser capacitados para conseguir com segurança olhar de
forma que não encare mais a Deficiência Visual como um problema. Além da troca
de experiências de professores que já trabalhavam com alunos deficientes visuais
teve-se a oportunidade de ter o domínio de um material que venha auxiliar o
processo de “Ensino-aprendizagem”.
3ª Etapa: implementação do projeto na escola
Inicialmente, a proposta da implementação do projeto era apenas para os
professores de Matemática do Colégio Estadual “Presidente Costa e Silva” – Sengés
– PR. Devido ao pequeno número de interessados a participar do projeto na referida
escola, o convite foi estendido aos professores de outras escolas estaduais do
município, que mesmo assim, mostraram-se minoria. Desta forma, optou-se em
fazer uma mudança no público alvo, buscando convidar educadores que realmente
tivessem interesse e preocupação com a qualidade de ensino para os deficientes
visuais.
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As inscrições foram feitas por supervisores, diretores, professores de outras
disciplinas e alunos do último período do curso Licenciatura em Matemática, da
cidade de Itararé-SP. Alcançado o número ideal, o desenvolvimento iniciou em
parceria com a PROEX (Pró Reitoria de Extensão & Assuntos Culturais) da UEPG –
Universidade Estadual de Ponta Grossa – que ao final do projeto emitirá os
certificados dos envolvidos na implementação. A mesma foi integralmente realizada
em 32 horas, com palestras integradas no assunto, oficinas de construção e
manipulação, visita a um local que trabalha com deficientes visuais, e por final, a
avaliação dos próprios cursistas em relação aos conhecimentos obtidos no decorrer
do curso.
4ª Etapa: mobilização a inclusão
Realizou-se a primeira parte da mobilização, na qual contou com a presença
das escolas municipais e estaduais de Sengés. O palestrante, Ricardo José de
Lima, coordenador na Secretaria de Estado da Educação (SEED) dos Centros de
Apoio Pedagógico e Atendimento às Pessoas Deficientes visuais (CAP), é portador
da deficiência visual. Ele relatou sua experiência pessoal, exemplificando as
dificuldades que enfrentou em sua fase escolar, onde, professores não sabiam
trabalhar com essa deficiência, não tinham material de apoio adequado e muitas
vezes foi deixado de lado. Mostrou também, as formas de manuseio do objeto de
estudo, o “Soroban”, que pode ser utilizado como suporte para cálculos
matemáticos. O palestrante enfatizou sobre o apoio que a Secretaria da Educação
(SEED) pode oferecer às escolas e os materiais que podem ser enviados para elas
quando for necessário ou solicitado.
O segundo momento da mobilização, contou com a presença da
coordenadora da Educação Especial Profª: Julimare Alves Teixeira e da técnica
Pedagógica da Educação Especial Profª: Renata Aparecida Quani do NRE (Núcleo
Regional Estadual) de Wenceslau Braz, que discursaram sobre a inclusão social na
educação, e o apoio que pode ser oferecido por parte do NRE aos professores e
escolas que se deparam com portadores de deficiência visual.
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5ª Etapa: oficina de aplicabilidade do Soroban
Essa fase do projeto aconteceu em um único dia, perfazendo o total de oito
horas e contou com a participação de 22 professores. Os palestrantes foram os
professores Willian Lobo e Rafael Bruno Ligenski da APADEVI de Ponta Grossa-
PR, que atuam como professores de Matemática e Física e dão apoio pedagógico
as crianças deficientes visuais no contra turno.
Os convidados iniciaram sua oficina falando sobre a Instituição de Ensino,
em que trabalham com os deficientes visuais, a APADEVI, explicando como
funciona, quem são seus integrantes e seus professores. Logo em seguida,
explicaram sobre o monitoramento e o processo de ensino da pessoa cega e com
baixa visão, desde a infância até a idade adulta. Foram relatadas as adaptações que
são feitas para conseguirem montar materiais e aproveitar recursos existentes como
máquina de escrever em Braille, reglete, pulsão, lupa e Soroban, sem ter
dificuldades e sem desviar a atenção dos alunos.
FIGURA 2: Máquina de Braille FONTE: Pesquisa própria, 2011.
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FIGURA 3: Máquina de Braille FONTE: Pesquisa própria, 2011.
Na sequência, os palestrantes disponibilizaram para cada cursista um
Soroban utilizado pelos alunos da APADEVI. Como a maioria nunca havia visto o
material, nem o manipulado, os professores explicaram sobre as contas que formam
a estrutura do Soroban e o valor de cada uma, qual eram as partes inferior e
superior, e também sobre as hastes e a separação de classes. Em seguida,
iniciaram a representação dos algarismos unidades, dezenas, centenas, milhares e
assim sucessivamente. Após vários exemplos, fizeram as operações fundamentais:
Adição, subtração, multiplicação e divisão de números naturais.
No primeiro contato com o Soroban, os integrantes do curso demonstraram
muitas dificuldades. Mas após oito horas de interação, os participantes já estavam
seguros na manipulação e realização de atividades que envolviam as quatro
operações.
6ª Etapa: Construção do Soroban
A oficina da construção do Soroban ocorreu no período de oito horas e foi
realizada com materiais acessíveis a todos os professores e alunos do ensino
regular. Essa fase, além do objetivo de obter o Soroban de maneira fácil e sem
gastos, apresentou de forma integrada à construção do instrumento. Destinou-se
uma parte do curso para o manuseio do Soroban, a fim de facilitar o entendimento
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dos processos de classes, ordens numéricas e para posteriormente trabalhar com as
operações matemáticas. Um exemplo dessa facilitação foi observado que quando os
cursistas inseriam as contas em cada haste, eles puderam perceber com certa
agilidade o valor posicional que elas ocupavam.
FIGURA 4: Construção do Soroban. FONTE: Pesquisa própria, 2011.
FIGURA 5: Construção do Soroban. FONTE: Pesquisa própria, 2011.
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FIGURA 6: Construção do Soroban. FONTE: Pesquisa própria, 2011.
FIGURA 7: Construção do Soroban. FONTE: Pesquisa própria, 2011.
Inicialmente, cada participante recebeu uma apostila da unidade didática,
que continha passo a passo os procedimentos de construção do Soroban e os
materiais necessários, tais como: arame, emborrachado de EVA, miçangas, pasta
de arquivo polionda, papelão, agulha, linha, fita crepe, tesoura e estilete.
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FIGURA 8: Construção do Soroban. FONTE: Pesquisa própria, 2011.
Cada participante fez o seu Soroban, alguns tiveram muitas dificuldades na
coordenação motora, acabando até mesmo por fazer medições erradas. Mas o
grupo foi unido e um ajudou o outro.
FIGURA 9: Construção do Soroban. FONTE: Pesquisa própria, 2011.
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FIGURA 10: Construção do Soroban. FONTE: Pesquisa própria, 2011.
7ª Etapa: visita a APADEVI – Ponta Grossa
A visita à APADEVI teve como intuito mostrar a realidade dos alunos
deficientes visuais, quais são os procedimentos de aprendizagem, como escrevem e
como adaptam seu mundo para ter uma vida normal. As pessoas que ali trabalham
não mediram esforços para mostrar as salas aos visitantes, explicando onde ficam
os computadores, as máquinas de Braile, a academia, os matérias pedagógicos que
utilizam na disciplina de matemática como: geoplano, cubarítimo, material dourado,
soroban, ábaco, sólidos geométricos dentre outros.
FIGURA 11: APADEVI FONTE: http://www.portalcomunitario.jor.br,2012.
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Em outro momento desta visita, foi reservado um espaço para que os
cursistas tivessem contato com os alunos deficientes visuais, que recebem apoio no
contra turno. Foi possível verificar a dedicação e o amor com que aqueles
profissionais trabalham e a gratidão expressa pelos seus educandos.
Após a apresentação da escola, os cursistas pediram que pudessem
conversar mais de perto com cada aluno deficiente que ali estava. O relato que os
participantes presenciaram foi de fato o ponto crucial do trabalho, pois ouviram de
quem vive a situação concreta da inclusão, as dificuldades que encontram nas
escolas e a confirmação do despreparo dos professores que tem um aluno deficiente
visual em sala, que acabam demonstrando a insegurança e a indiferença com que
transmitem os conteúdos. Os alunos contaram que entre essa indiferença do
professor se dá a não utilização do material de apoio, a explicação integral no
quadro negro, esquecendo que entre sua plateia encontram-se alunos cegos.
Afirmaram que aqueles que conseguem aprender e acompanham os conteúdos em
escola regular, só alcançaram tal resultado, que, é superado dia a dia, graças à
dedicação dos professores da APADEVI.
Depois de conversar com os alunos, os cursistas receberam a explicação
rápida sobre o alfabeto em Braille, foram mostrados livros didáticos em Braille e
máquina de escrever, pois a maioria dos que ali estavam nunca tiveram acesso a
esses materiais.
Para encerrar a visita, os professores da APADEVI, mostraram a importância
de saber utilizar o Soroban e junto com os alunos deficientes visuais, foi realizada
uma demonstração básica de exercícios, assim podendo perceber a habilidade,
concentração e a rapidez com que os alunos desenvolvem as quatro operações.
Mais um momento merecedor de destaque, pois comprova que o Soroban é um
material de apoio importantíssimo para o aprendizado destes alunos, porém, como
disse um dos professores, deve ser introduzido desde o Fundamental I, para que se
obtenha o resultado esperado. A visita na APADEVI motivou muito mais os vinte e
dois professores que se propuseram a fazer o curso, com certeza, estes, serão os
primeiros a buscar mais informações e se capacitar para dar um ensino de qualidade
aos alunos cegos e com baixa visão.
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FIGURA 12: APADEVI DE PONTA GROSSA FONTE: Pesquisa própria, 2011.
8ª Etapa: avaliação do Curso
Na última reunião do grupo, com todos os cursistas presentes, foram
levantados questionamentos de maneira geral para saber a opinião sobre o curso e
se seria viável sua extensão a outros profissionais. A avaliação feita por todos, foi
que o Soroban é um material tão rico para ensinamento da matemática, que não
precisaria ser utilizado apenas na educação de alunos cegos e com baixa visão,
deveria ser aplicado em todas as escolas e para todos os alunos “ditos normais”.
Aumentaria entre eles, a concentração, a capacidade de resolver situações e
problemas e o raciocínio ágil.
Outro consenso, é que a inclusão é necessária e irreversível, desde que o
Brasil concordou com a Declaração da Salamanca, respaldado pela LDB (Lei de
Diretrizes e Bases). Portanto, em algum momento os professores vão se deparar
com uma situação em que será necessário buscar materiais diferenciados para obter
sucesso na educação regular e seguindo essa linha de pensamento, já deveriam
existir capacitações como essa realizada, visando evitar problemas futuros na
inclusão dos alunos deficientes visuais no ensino regular.
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Os professores que mais deveriam correr atrás desse recurso, licenciados
em Matemática, foram os que menos tiveram interesse, em participar do curso, tanto
devido a dificuldade que encontrariam, como pelo fato de ainda não ter nenhum
cego estudando na turma em que atuam. No Colégio Estadual Presidente Costa e
Silva, apenas uma sala porta um aluno com baixa visão, que ainda usa materiais
ampliados e lupa. Desta forma, os professores do mesmo não se depararam com a
situação que precisasse de uma desenvoltura mais sofisticada, como o aprendizado
do Soroban.
3 Conclusão
A realização desse projeto foi de suma importância tanto para a carreira
acadêmica educacional e realização pessoal dos participantes ao vivenciar as
dificuldades dos deficientes visuais no meio em que estão presentes. Houve vários
desafios no decorrer da implementação, mas foram superados, chegando à criação
de outras ideias que melhor se encaixassem, direcionando de maneira mais clara e
fácil o aprendizado e uso do Soroban.
O grupo de professores que participou do curso era bastante heterogêneo,
mas todos tinham em mente a mesma finalidade, estavam preocupados em
aprender metodologias diferenciadas e conhecer como os alunos portadores de
deficiência visual pensam, agem e percebem o meio em que vivem, para propiciar,
dessa forma, a integração e socialização dos alunos deficientes visuais no contexto
escolar.
O uso do Soroban é uma ferramenta importante não apenas para obter
sucesso no ensino dos alunos deficientes visuais, mas sim, na educação de todos
os educandos da sala de aula, pois sua utilização torna a aula mais interessante e
significativa, de forma que todos consigam melhorar sua concentração. As
possibilidades que ele oferece também podem tornar-se adaptações no currículo
regular, atendendo, realmente, a todos os educandos.É direito de todo ser humano
ter uma educação de qualidade, independente das diferenças individuais.
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[...] todas as crianças, de ambos os sexos, tem direito fundamental a educação e que a ela deva ser dada a oportunidade de obter e manter nível aceitável de conhecimento, [...] as crianças com necessidades educacionais especiais devem receber todo o apoio adicional necessário para garantir uma educação eficaz (SEED, 2001).
Após a implementação pedagógica do projeto em questão e o conhecimento
do mesmo pelo NRE, surgiu a oportunidade de repassar o projeto num curso de
formação e Ação no Núcleo Regional da Educação de Wenceslau Braz – PR,
através da Secretaria da Educação. Para este fim, foi utilizado o material da própria
secretaria e em outro momento foi ministrada uma oficina sobre o Soroban no qual
foram utilizados os matérias desenvolvidos no decorrer deste projeto. Os
profissionais interessados foram professores licenciados em Matemática e em
Pedagogia, nos quais puderam assistir de perto ideias tão ricas que vão além de
teorias, e que hoje, estão disponíveis a todos os profissionais de ensino que
estiverem dispostos a fazer diferente.
A inclusão é um processo constante que precisa ser continuamente revisto.
Portanto, é importante que o professor procure se adequar às diversas formas de
ensino para diferentes alunos, portadores de necessidades especiais ou não,
levando o conhecimento e aprendizado para a vida de todos. Sem dúvida, se houver
participação e interação em projetos como este se haverá tanto realização
profissional como pessoal.
4 Referências BRASIL,Ministério da educação.Diretrizes nacionais para educação especial na educação básica/Secretaria de Educação Especial-MEC;SEESP,2001.Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/diretrizes.pdf>. Acesso em: 02 maio 2012. BRASIL.Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9394/96. Brasília, 1996. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/leis/lein9394.pdfhttp>. Acesso em: 02 maio 2012.
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CEOLIN, Taíse; MACHADO, Aniara Ribeiro; NEHRING, Cátia Maria. O ensino de matemática e a educação inclusiva – uma possibilidade de trabalho com alunos deficientes visuais. X Encontro Gaúcho de Educação Matemática Comunicação Científica 02 a 05 de junho de 2009, Ijuí/RS. Anais eletrônicos... Disponível em: <http://www.projetos.unijui.edu.br/matematica/cd_egem/fscommand/CC/CC_48.pdf. Acesso em: 08 maio 2012. FERNANDES, Cleonice Terezinha. et al. A construção do conceito de número e do pré – soroban. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial,2006. Disponível em:<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/pre_soroban.pdf>. Acesso em: 10 maio 2012.