SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO … · dos séculos caracterizou-se pela fusão de três...

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO-SUED DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS

EDUCACIONAIS-DPPE PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL- PDE

Ficha para Catálogo PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Título A Manifestação Cultural da Capoeira em São Jorge do Patrocínio: Elementos para Ensinar a Cultura Afro-Brasileira.

Autor Cleusa Ortiz Ferreira.

Escola de Atuação Colégio Estadual Ministro Petrônio Portela – EFM

Município da Escola São Jorge do Patrocínio

Núcleo Regional de Educação

Umuarama

Orientador Ms. Altair Bonini

Instituição de Ensino Superior

Universidade Estadual do Paraná- Campus Paranavaí

Disciplina/Área(entrada no PDE)

História

Produção Didática Pedagógica

Material Multimídia/Filme Etnográfico

Relação Interdisciplinar Arte, L. Portuguesa, Geografia e Ed. Física.

Público Alvo Professores de História da Rede Pública Estadual

Localização Colégio Estadual Ministro Petrônio Portela – EFM, Rua Osório Monteiro nº 91, São J. do Patrocínio - PR

Apresentação

O presente objetiva conhecer as representações e identidades estabelecidas em torno da capoeira como elemento de manifestação da cultura afro-brasileira e como se apresenta no município de S. Jorge do Patrocínio/Pr, proporcionando elementos para o ensino da temática. Metodológicamente, optamos pela produção de filme etnográfico e sua exibição em sala de aula. Este genêro se preocupa com os temas sociais e culturais, a fim de revelar uma sociedade a outra, tendo como "atores sociais" principais os sujeitos e suas experiências. O filme esta dividido em quatro momentos: na primeira parte como é praticada a capoeira na cidade em seguida da história da capoeira no Brasil, na terceira parte as características da capoeira e finalmente figura elementos da história dos povos banto e visita a terra quilombola de Manoel Ciriáco dos santos em Guaíra/Pr. Palavras chaves: Filme Etnográfico; Capoeira; Cultura; Identidade;

MATERIAL DIDÁTICO PEDAGÓGICO/FILME ETNOGRÁFICO

Manual para trabalhar o Filme Etnográfico

Área PDE: História

Professora PDE: CLEUSA ORTIZ FERREIRA

Professor Orientador da IES: Ms. ALTAIR BONINI

PARANAVAÍ /2011

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ...................................................................................................... .........04

INTRODUÇÃO.... ....................................................................................................... .........06

PARTE 01- A prática da capoeira em São Jorge do Patrocínio ............................. .........10

PARTE 02- Origem da Capoeira através da História .............................................. .........18

PARTE 03- Características da Capoeira ................................................................. .........25

PARTE 04- Povos Banto, História de Luzia Inácio Caetano, Família Santos e a Comunidade

Quilombola de Manoel Ciríaco dos Santos de Guairá-PR ..................................... .........37

REFERÊNCIAS .................. ....................................................................................... .........50

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Cleusa Ortiz Ferreira1

APRESENTAÇÃO

O objetivo deste é conhecer de forma geral as representações e identidades

estabelecidas em torno da capoeira como elemento de manifestação da cultura afro-

brasileira, e como ela se apresenta no município de São Jorge do Patrocínio.

Justifica-se a princípio pela obrigatoriedade da inserção dos conteúdos de História e

Cultura Afro-brasileira nos currículos escolares, conforme Lei nº 10.639/03. Nesse

sentido, foi elaborado como material didático um Material Multimídia, a saber, um

filme etnográfico. Propomos realizar um estudo sobre a origem da capoeira como

elemento formador da identidade cultural e de resistência dos povos de origem

banto trazidos para o Brasil, de forma que os alunos percebam que esta

manifestação que foi utilizada como defesa pessoal, também expressa valores de

um povo. Com o estudo da capoeira pretende-se estabelecer um parâmetro de ação

na busca da valorização histórica da cultura afro-brasileira e africana, para que o

conhecimento do grande legado cultural da Capoeira e dos povos banto sejam

compreendidos dentro do processo de formação do povo brasileiro, e assim

ressaltar aspectos de expressão que a capoeira traduz na vida do negro,

caracterizando sua identidade e levando o aluno em particular, a refletir que tais

aspectos constituem-se uma prática genuinamente brasileira, pela criatividade dos

movimentos e pela dinâmica de ataque e defesa dentro do contexto social desta

atividade. As obras de Luiz Silva Santos, e dos mestres de capoeira como o mestre

Sergipe, Bimba e Pastinha, que deixaram registrados em livros e anotações

importantes sobre a História da capoeira, são fundamentais para que possamos

fazer um resgate histórico desta manifestação cultural.

1 * Professora PDE da rede pública do estado do Paraná. E-mail: [email protected]

**Professor/Pesquisador da Universidade Estadual do Paraná( UNESPAR—Campus FAFIPA) História -FAFIPA -Orientador do PDE. E-mail: [email protected]

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Assim, este trabalho, visa contribuir para a compreensão da cultura de raiz

africana, bem como, conhecer de modo reflexivo, suas principais características,

dando ênfase à manifestação da capoeira ao longo da história e trajetória dos

escravizados no Brasil. Portanto, o filme etnográfico é fruto das atividades

desenvolvidas pelo Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE/2010, como

material didático por meio de entrevistas com mestre de capoeira, com professores

de história e com quilombolas da Comunidade de Manoel Ciriáco dos Santos de

Guaíra. Também, foram utilizados documentos históricos e iconográficos referentes

a essa cultura e ao povo banto em específico.

O material foi elaborado com o objetivo de mostrar que a capoeira, representa

a luta contra a escravidão e a identidade de um povo, muitas vezes negada,

perseguida, mas que atualmente vem sendo valorizada, com status de esporte

regulamentado e Patrimônio Imaterial. Contudo, o que chama atenção é a questão

do reconhecimento dessa prática como sendo parte da cultura brasileira, isto remete

a pensar sobre a presença da capoeira e seu significado no município de São Jorge

do Patrocínio, bem como, pensar em sua origem. A utilização desse material

didático-pedagógico, e do filme etnográfico para alunos podendo serem adaptados

tanto os textos quantos as atividades, dependendo do nível de cada turma. Este

material foi pensado para ser utilizado juntamente com o filme, ele contempla as

partes em que o filme esta dividido, ou seja, quatro partes temáticas em que

optamos por editar o referido material multimídia. Assim, este texto, também, está

didaticamente dividido em quatro partes: a prática da capoeira em São Jorge do

Patrocínio; a origem da Capoeira através da História; as características da Capoeira

e por fim os povos Bantos, Família Santos, Luzia Inácio Caetano e Comunidade

Quilombola de Manoel Ciríaco dos Santos. Fica a critério do professor quanto a

utilização deste material nesta ordem, bem como, a leitura dos textos e a realização

das atividades sugeridas.

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Cleusa Ortiz Ferreira *

Altair Bonini**

INTRODUÇÃO

O Brasil é um país cuja formação étnica é bem diversa e seu pluralismo

cultural é rico e variado. Tendo em vista que seu processo de ocupação ao longo

dos séculos caracterizou-se pela fusão de três matrizes culturais importantes, a

saber, a matriz de origem indígena, européia e africana, e, justamente este encontro

de culturas, tão diferentes, que enriquece culturalmente a sociedade brasileira e a

tem feito tão singular e admirada mundialmente.

Imagem 01: Capoeira no Município de São Jorge do Patrocínio- preto e branco

Entretanto, referindo-se aos conhecimentos e ensinamentos escolares, esta

diversidade étnica e cultural, nem sempre foi ensinada, valorizada ou reconhecida

de forma homogênea. Em muitos momentos da história educacional brasileira, foi

valorizado e ensinado como sendo os únicos conhecimentos, cultura e valores os

elementos da matriz européia. “Assim, as culturas indígenas e africanas, por

exemplo, foram tidas como menores” e muitas vezes colocados na invisibilidade ou

estereotipados. Com a Lei n.°10.639/03, passou-se a pensar e a oferecer uma

educação onde todos possam conhecer e valorizar o negro como sujeito importante,

conhecer sua história e sua cultura. Sabe-se que esta a lei alterou a Lei n.° 9.394, de

20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da 1436 educação

nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da

temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Com a lei fica

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clara a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na

Educação Básica em todo o país. E de acordo com ela, todos os professores

principalmente de História, Literatura e Artes, sejam negros ou brancos, devem

conhecer e buscar cursos de aperfeiçoamento e materiais que tratam a respeito do

assunto, pois essa Lei não é só para os negros, e sim para toda a população que

compõem o Brasil.

Partindo desse contexto histórico, não é uma tarefa fácil, cumprir a Lei

10.639, pois só não dependerá apenas dos professores, mas também da aceitação

da sociedade. Que os afro-descendentes sintam-se e assumam-se como cidadãos

genuinamente brasileiros e aceitos como pessoas autônomas, críticas e

participativas

Contribuindo para a implementação da Lei nº 10639/03, resolveu-se fazer um

estudo histórico para conhecer como a Manifestação Cultural da Capoeira ocorreu

no Município de São Jorge do Patrocínio e como esta prática está sendo

desenvolvida nesse município, sabe-se que para entender e respeitar as

manifestações culturas diferentes, é necessário conhecê-las. Para isso

metodologicamente, optou-se pela produção de filme etnográfico e sua exibição em

sala de aula. Este gênero de filme se preocupa com os temas sociais e culturais, a

fim de revelar uma sociedade a outra, tendo como "atores sociais" principais os

sujeitos e suas experiências. O filme está dividido em quatro momentos:

Parte 01- A prática da capoeira no Município de São Jorge do Patrocínio.

Parte 02- Origem da Capoeira através da História: País de Multicultura

(historiadora Ana Lúcia Dudek). A História da Capoeira segundo Mestre Osvaldo

Galdino.

Parte 03- Capoeira e suas características: Angola e Regional e o Berimbau

Instrumento pai da Capoeira por: Ney Poeta, Mestre Osvaldo e Mestre Leonardo.

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Parte 04- Povos Banto: História de Luzia Inácio Caetano,Família Santos e a Comunidade Quilombola de Manoel Ciriáco dos Santos de Guaíra-PR.

Ficou evidente que o trabalho da escola é de suma importância, afinal nos

ambientes escolares devem acontecer os estudos sobre a cultura afro e afro-

brasileira e a capoeira é uma delas, cultura que perpassou o tempo, de geração em

geração sobreviveu, apesar de reprimida, perseguida, ultrajada, hoje é reconhecida

como patrimônio cultural Imaterial,como uma forma de expressão cultural

genuinamente brasileira.

Acredita-se ser necessária e fundamental uma capacitação para os

educadores, ou seja, formação continuada para trabalhar com conteúdos pertinentes

à educação das relações étnicas-raciais. O educador deve motivar seus educandos

de forma que eles realmente se interessem em conhecer a cultura dos povos que

muito contribuíram na formação cultural e na economia da sociedade brasileira,

portanto aprendendo sua história, sua cultura e seus costumes. Assim, conhecer

melhor a história da capoeira e dos povos banto, entrando nessa roda genuinamente

brasileira, dançar, jogar ,cantar, aprender a ginga e lutar para assim entender essa

manifestação cultural que é a capoeira. Mas antes é preciso percorrer por uma

viagem histórica! Mãos a obra!

Depois de percorrer muitos caminhos, após muitas perguntas e respostas é

possível que os educando se interessem mais facilmente pela cultura afro-brasileira,

mostrando toda sua riqueza de expressão, falando de sua contribuição para o povo

brasileiro, usos, costumes e linguajar. Após esta prosa você poderá indagar se eles

conhecem na cidade uma manifestação da cultura afro que é muito valorizada, mas

deixe eles pensarem e tirarem conclusões, quando falarem da capoeira , você dirá

que esta é a manifestação que será estudada.

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Objetivos: Levantar os conhecimentos que os alunos já possuem sobre a capoeira Sugerimos as seguintes questões:

Atividade 1:

• De onde vem a capoeira? Como ela surgiu? Quais eram as pessoas que a

praticavam no passado? E hoje, quem pratica capoeira?

• O que vocês gostariam de estudar sobre a capoeira? Registre as hipóteses

levantadas e proponha a realização de um estudo para aprofundamento da

história da capoeira.

Professor (a): comece dizendo que a Capoeira hoje, faz parte Patrimônio Cultural

Imaterial, explique o que significa isto. Explique que um patrimônio material e

imaterial ocorre a partir do tombamento, isto é, o registro ou relação de coisas ou

fatos referentes a uma especialidade ou a uma região, cujos valores históricos,

artísticos ou paisagísticos o Poder Público reputa merecedor de particular

proteção, e que por força desse ato passa a ser regido por legislação especial. É

o caso da capoeira.

• Após tudo isto, fale do filme feito sobre a capoeira no Município

de São Jorge do Patrocínio.

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Imagem 01: Capoeira no Município de São Jorge do Patrocínio-colorida

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Imagem 02:Organograma Pedagógico

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No Município de São Jorge do Patrocínio estão presentes diferentes manifestações

culturais e a Capoeira também é contemplada enquanto elemento da cultura afro-

brasileira, sempre ressaltada por mestres que fizeram dessa manifestação cultural

um trabalho voltado para a comunidade local, muitas vezes realizada por intermédio

da ação municipal. São esses sujeitos que fazem, vivem, valorizam e divulgam a

prática da capoeira e mantém viva a tradição, história, valores, práticas culturais de

origem africana nessa região. Assim, dentre os muitos elementos da cultura afro-

brasileira, tais como a música, a religiosidade, as festas, a alimentação, entre outros

a capoeira está fortemente presente como manifestação de identidade e cultura afro-

brasileira. Vamos ver como é a prática da capoeira no município.

Documento 1 O Mestre Leonardo está fazendo um trabalho com a capoeira ligado à Secretaria municipal de Educação que ajuda muito no comportamento das crianças, elevando a auto-estima dos alunos, ajudando no processo de assimilação, na questão do cognitivo, no comportamento e relacionamento com outros alunos e professores. Foi feito um levantamento se realmente a capoeira tem essa influência, percebeu-se que a prática da mesma ajuda muito as crianças que vêm tensas para a escola, a capoeira é uma forma de ajudar aliviar essa tensão, além de ajudar na expressão corporal, no ajustamento corporal, como postura, ajuda também no desenvolvimento do crescimento da criança, outro aspecto é quanto ao índice de reprova que diminuiu, este é um fator muito importante que a capoeira contribui, entre outros, além de todos esses benefícios, há a questão do resgate histórico cultural que a cultura afro –brasileira apresenta no ambiente escolar. (Cleonice Aparecida Natário Palozi, Professora e Dirigente da Secretaria Municipal de Educação).

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Imagem 03: Mestre Leonardo

Mestre Leonardo Ferreira de Lima, desde seus 10 anos pratica a arte da capoeira, hoje como mestre, dá aulas neste município fazendo um trabalho muito importante, através do GRUPO DE CAPOEIRA CHORA MENINO, seu trabalho é com crianças, adolescentes, jovens e adultos, trabalha no município através de um programa com a Secretaria municipal de Educação. No documento 2 abaixo você verá o relato do Mestre de capoeira obtido para o filme etnográfico, no documento 3 seu depoimento pessoal.

DOCUMENTO 2 A capoeira iniciou no município de São Jorge do Patrocínio no ano de 1983 pelo Mestre Pereira,mas pouco tem depois as atividades foram interrompidas, só voltando ser praticada no ano de 1990 através do mestre Bimbola da cidade de Umuarama, através dele que pratiquei a arte até me tornar mestre. De um total de 50 alunos, só restou eu, que realmente levei a sério a capoeira, para isto tive que buscar fora do município muito do conhecimento adquirido hoje. Assim fiz muitos amigos, adquiri muita experiência antes de ser um mestre. A capoeira para mim é uma família, onde passamos seus ensinamentos, eu sou o pai e os alunos são meus filhos, é assim que passo os ensinamentos, com muito amor e carinho pela arte, passo para cada aluno o que aprendi, apesar de no início não ter tido apoio, mas mesmo assim fui passando a teoria e prática, fui passando os ensinamentos que o afro e afro-brasileiros criaram para poderem se defender, foi assim até conquistar meu espaço. Nós temos que correr atrás de nossos objetivos e cada dia mais esperar poder valorizar, reconhecer a arte da capoeira, que hoje já está enraizada por todo o Brasil. A capoeira é uma manifestação cultural que os brasileiros precisam valorizar dentro das salas de aulas, pois é um resgate muito importante para que a criança saiba sobre a verdadeira vida da colonização da África negra, sobre a vinda deles como escravos aqui no Brasil. Saber quando surgiu a capoeira? O que era e ainda é para os negros a capoeira? O que é um negro angoleiro ( banto) do qual a capoeira descende? Para mim acho que tem muita gente que não conhece sobre o assunto e nós professores e mestres precisamos ensinar nossos alunos, mostrar a eles que somos todos irmãos ,filhos de Deus, portanto sangue do mesmo sangue, tem que ensinar o povo a aprender a respeitar uns aos outros.( Mestre Leonardo Ferreira de Lima)

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Imagem 04: Mapa de São Jorge do Patrocínio

Imagem 05: Roda de Capoeira

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Documento 3 Mestre Leonardo Ferreira de Lima

1- Para você o que significa ser professor de capoeira? É muito importante, porque a gente passa a ter contato sociocultural com as pessoas, passa a ser respeitado, ainda mais que agora a capoeira foi reconhecida como Patrimônio Cultural Brasileiro. A gente se interage com as famílias das pessoas, que se entende em todos os lugares que se encontram, as pessoas se respeitam entre si em prol do esporte. Assim que eu, como professor de capoeira, passo meu conhecimento e sabedoria para as pessoas que treinam no domínio de sua mente numa metodologia educacional e vice e versa. O movimento da capoeira é muita malícia para quem não conhece e para quem passa a conhecer, nos estudos ou na prática, a capoeira passa a ser vista de uma maneira diferente, ou seja, a capoeira é jinga, samba, dança, frevo de Pernambuco, carnaval, dança afro-brasileira, cultura, música, poesia, arte,etc. 2- Quais os benefícios que a capoeira trás para o seu corpo? Prepara a mente, faz dormir bem, deixa a gente ágil e fisicamente tem postura, é bom para saúde, dá tranquilidade ao espírito e flexibilidade do corpo. 3- Qual a atividade que você desenvolve aqui no município? E qual o seu público? Trabalho em casa, eu tenho uma funilaria no fundo do meu quintal para revidar as minhas economias. Dou aula de capoeira para adulto na academia e para criança que tem dificuldade de se comunicar e as que são obesas na creche, ensino elas a se respeitarem entre si, vivendo em um grupo, sem briga, ensino vencer com sabedoria, cultura e paz, trabalho com adolescentes também. Separo esses públicos por que cada um tem o seu nível de energia diferente para gastar quando estão se expondo no esporte, jogar capoeira com criança é de um jeito e adolescente, jovem e os da melhor idade é de outro jeito, mas de vez em quando misturo os públicos ensinando eles a se respeitarem dentro da roda de capoeira, cuidando para que não aja um choque de cultura etária. 4- Você encontra dificuldade para dar suas aulas? Qual a resistência? A resistência é que procuro dar vida à capoeira sem deixar o samba morrer, procurando passar de geração em geração a nossa cultura viva, tentando cativar pela beleza e dedicação, ou seja, mesmo sem dinheiro para continuar lutando, passo para os alunos que gosto de mim mesmo, fazendo o esporte que gosto , fazendo aquilo que quero, gosto de lutar pelas boas causas do próximo e se Zumbi dos Palmares resistiu na consciência negra, por que a capoeira de São Jorge do Patrocínio não pode? Pode sim. 5-Como conheceu a capoeira? E porque decidiu ser professor? Em 1980, era um moleque que saía muito, e passando por uma rua, ouvi um som diferente que eu nunca tinha ouvido então me aproximei e vi aquelas pessoas fazendo movimento ao som de instrumentos, uma espécie de luta misturada com música, daí fiquei com vontade de participar, mas não podia fazer o esporte por que eu era pequeno. Mas sendo assim, não desisti, persisti, insisti e venci , acabei conseguindo treinar escondido dos meus pais e quando eles souberam, ficaram muito bravos, mas o meu professor na época explicou para os meus pais a originalidade da capoeira, o que ela trazia de herança dos negros, o que ela trazia da África, que a capoeira era uma luta símbolo da resistência negra, que era uma arte marcial brasileira, em homenagem aos escravos martirizados, foi assim que meus pais aceitaram. Fiquei aprofundando nas aulas, aprendendo os movimentos, aprendendo a respeitar os outros, a respeitar os capoeiras no treino, a respeitar os alunos, a respeitar os mestres velhos de experiência na capoeira, respeitando as origens, o erudito e o caráter, meu professor me falou: “ Você vai ser um professor de capoeira um dia” e eu não acreditei no que ele estava falando, então dei o meu máximo sem muito acreditar, mas no fundo acreditando, pois o meu mestre sempre repetia a frase que eu tinha talento, destaque e que saía bem no esporte, que eu poderia se quisesse seguir uma carreira de atleta na capoeira. Dia 08/04/1994 me formei a professor, não acreditei no que estava acontecendo! A capoeira para mim é tudo na minha vida, para mim, a capoeira foi minha primeira família afro-brasileira.

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Documento 4- João Carlos Vicente- capoeirista Eu frequento a capoeira faz um ano, e não pretendo largar, mesmo saindo daqui de São Jorge um dia quero sempre continuar na capoeira, pois ela contribui muito, me ajudou a levar meus estudos mais a sério, ela ajuda muitos jovens a sair das ruas, deixar de fazer coisas erradas. Percebi que a capoeira também é um compromisso porque depois que você entra, não tem só uma família mais, você passa a ter duas, a da sua casa e a do seu grupo. O mestre Leonardo ajuda muito a gente me orgulho de falar dele, após entrar na capoeira com ajuda dele e dos outros alunos, a gente se sente mais seguro, fica com a mente mais firme nos estudos. Nas aulas de capoeira a gente utiliza sempre o berimbau, o pandeiro e também o rádio para ele nos ensinar. Só não temos o atabaque, mas logo vamos comprar. As aulas são interessantes, lá aprendemos também um pouco do passado, a história do nosso povo, sobre os tipos de capoeira quem inventou a capoeira regional. Eu comecei a praticar a capoeira porque acho que estava no meu sangue, era a única coisa que eu gostava desde criança, meus tios e irmãos praticavam ai eu comecei a praticar, mas tinha um propósito, o de ser igual ao meu mestre Leonardo.

Imagem 06: João Carlos Vicente, Salto mortal

Leia o Documento abaixo do aluno João Carlos Vicente, estudante do Ensino Fundamental, que hoje estuda na EJA, ( Educação de Jovens e Adulto ). Sua dedicação é grande, apenas com um ano de estudo já pratica o salto mortal,foto a seguir.

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Imagem 07: turma do Mestre Leonardo no Espaço criança Imagem 08 - Artesanatos.

Imagem 09 : Aula do Mestre Leonardo no Bairro Santo Agostinho

De início trabalhe apenas a primeira parte do filme, ou seja, “A manifestação

cultural da capoeira no Município de São Jorge do Patrocínio”, após ver a

primeira parte, peça para os alunos opinarem sobre o mesmo. Perguntar se

acharam importante a atuação da capoeira no município? Usar os depoimentos

que foram transformados em textos, tais como: Texto 01 Secretária de Educação;

Texto 02 e 03 Mestre Leonardo; Texto 04 do aluno João Carlos. Depois de

discutir os textos, os alunos poderão produzir um texto sobre como é a manifestação

da capoeira na cidade. Pergunte a eles: Vocês acham que com a capoeira podemos

conhecer mais sobre a cultura afro-brasileira?

Preparando atividades

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A capoeira, historicamente, é o resultado da busca por liberdade e igualdade

entre os negros aqui escravizados e os “donos” da terra colonizada. Sua expressão

foi codificada no corpo do homem, suas palavras através de cantos e ladainhas, seu

ritual mistura vontades, conceitos e devoção religiosa. Daí veio o seu fundamento.

Na busca incessante de uma maior organização, a capoeira se fez valer em suas

rodas e lições: “O capoeirista lança mão de inúmeros artifícios para enganar e

distrair o adversário: finge que se retira e volta rapidamente; pula para um lado e

para o outro; deita-se e levanta-se; avança e recua; gira para todos os lados e se

contorce numa ginga maliciosa e desconcertante.” (Mestre Pastinha, 1988).

O historiador José Carlos Reis, afirma: “A capoeira é uma manifestação

cultural brasileira nascida em circunstâncias de luta por liberdade, nos tempos da

escravidão”. Embora africanos de origem banta tivessem sido levados para diversos

outros países, na mesma época. REIS, (1997a, p. 19) A história da capoeira começa no

século XVI, na época em que o Brasil era colônia de Portugal. Documentos históricos

brasileiros são insistentes em mostrar a capoeira como fenômeno urbano da cultura

escrava. As indicações documentais mais antigas remontam ao século XVII, quando

da gênese urbana na colônia. Então podemos afirmar ainda hipoteticamente que o

nascimento da capoeira como a conhecemos hoje em dia se deu nas primeiras

grandes cidades do país, Salvador e Rio de Janeiro, ambiente propício, a partir de

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1700. Sobre o início da prática da capoeira, no século XVI e início do século XVII,

cuja origem mais remota, na África Ocidental, é Angola, região dos povos banto,

primeiros negros trazidos para o Brasil na condição de escravos, que segundo a

história destes povos, o termo definia inicialmente os moradores de capoeiras

(antigas roças e terrenos semidesérticos considerados refúgio de arruaceiros e

malandros). Onde a concepção de capoeira para muitos, surge vinculada a

vadiagem, desordem e marginalidade, visto que “[...] essa prática se dava de

maneira clandestina, pois, uma vez que ela era utilizada como arma de luta, os

senhores de engenho passavam a coibi-la veemente, submetendo as terríveis

torturas todos àqueles que a praticassem” (MELLO, 2002)

.

Documento 5

Ao chegarem ao Brasil, devido ao trabalho forçado os africanos perceberam a necessidade de se rebelarem e fugirem para lugares seguros onde encontravam com outros fugitivos , para formarem comunidades que surgiam como forma de resistencia às condiçoes de trabalho escravo (REIS, 1996).

Fugir era o recurso mais radical que os escravizados tinham para escapar e conquistar sua liberdade, eram muitos os que fugiam, se embrenhando nos matos, ou para os arredores das cidades, se escondendo em lugares de difícil acesso. Fugiam juntos ou sozinhos, seguindo um plano ou aproveitando uma oportunidade inesperada (SOUZA, 2008, p.97).

Aqueles que conseguiam escapar da captura, se refugiavam em

agrupamentos chamados de quilombos, nestes locais era comum também a prática

da capoeira. Podemos dizer que a capoeira nasceu da necessidade da resistência

dos escravizados no Brasil, em forma de combate, para assimilar a luta como

Os negros escravizados encontraram meios de usar o corpo como

uma arma contra a opressão e castigos, mesmo como resistência diante

dos senhores. Sobre isso analise o que os autores dizem abaixo.

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defesa do direito a vida. Os senhores de engenho passaram a proibir os escravos de

praticar qualquer tipo de luta, logo, utilizaram o ritmo e os movimentos das danças

africanas, adaptando a um tipo de luta, surgia assim a capoeira, uma arte marcial

disfarçada de dança.

A capoeira sofreu muita repressão, os senhores de engenho perseguiam os

escravos praticantes, por achar que a atividade dava ao praticante um sentido de

nacionalidade, individualidade e autoconfiança, formando grupos coesos e jogadores

ágeis e perigosos ou porque, às vezes, no jogo, os escravos se machucavam, o que

era economicamente indesejável. Mesmo após a extinção da escravidão no Brasil,

em 1888, e com a Proclamação da República em 1889, o capoeirista continuou

sendo considerado, um marginal, um delinqüente por parte da sociedade, Confira

abaixo:

Documento 6 Proclamada a República, inicia-se uma nova fase de perseguição, o Decreto 487 do Código Penal Brasileiro, de 11 de outubro de 1890 estabelecia no capítulo XIII, que trata dos "Vadios e Capoeiras": Proibida a prática da capoeiragem sob penas de prisão Celular. Por volta de 1932, no Engenho Velho de brotas, um homem nascido em Salvador em 23/11/1900, e falecido em Goiânia em 05/02/74, foi o grande pioneiro da oficialização, pelo governo, da primeira academia de capoeira. Em 1935 a capoeira deixou de constar como arte proibida com a queda do Decreto de 11 de outubro de 1890. Posteriormente, em l937, a então Secretaria da Educação conseguia um registro oficial que qualificava seu curso de capoeira como Curso de Educação Física. Trata-se de Manoel dos Reis Machado, mais conhecido como Mestre Bimba. Em 26 de dezembro de 1972, a capoeira foi homologada pelo Ministério da Educação e Cultura como modalidade desportiva.

(Mestre Suíno - Goiás - 1997). (http://www.capoeiramartins.com.br/

Assim durante as primeiras décadas do século XX a capoeira continuou

sendo marginalizada e perseguida, vista como uma ação que não condiziam com os

cidadãos da época, onde os capoeiras eram chamados de vadios, e sua prática

poderia levá-los à prisão, tanto que com ordem ministerial foi queimado grande parte

de documentações com o intuito de apagar a história negra, fato que dificulta até

hoje o conhecimento real da origem da mesma. Somente após várias décadas em

1935 com a intervenção de Mestre Pastinha ela foi liberada, estas concepções foram

se revertendo, contando com avanços e recuos. Observe o que diz Mestre Sergipe

e Mestre Osvaldo nos documentos abaixo sobre a visão dos capoeiristas naquela

época.

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Documento 7 Mestre Sergipe “Além de a capoeira ser linda aos olhos de quem vê, ajuda a desenvolver o poder da vontade, patrocina a moderação da linguagem e coopera na formação e afirmação do caráter. Na intimidade, cultivam os que praticam uma marcante sinceridade e uma estima recíproca. Geralmente o capoeirista em seus olhares demonstra a beleza que trazem no coração e a confiança que tem em si mesmo”. SERGIPE (2006, p.11 ) Documento 8 Mestre Osvaldo Galdino A capoeira começou no século XVI, pelos escravos, ela é a única luta brasileira de verdade. Os escravos começaram a lutar capoeira para se defender, começaram dançando, jogando capoeira como uma ginga, ficavam gingando para fazer suas defesas, nisso quando chegavam os capitães do mato querendo saber o que era aquilo, eles diziam que era uma dança, que estavam dançando, devido a esta história que muita gente ainda diz hoje, que a capoeira é uma dança, mas não é dança, ela é um jogo. Assim, eles continuaram dançando e os capitães do mato iam embora, mas um dia desconfiaram que aquilo não era dança, e sim uma luta, perceberam que estavam praticando uma luta para se defender, ai começa então a perseguição. Para jogar a capoeira os escravos tinham então que colocar um capoeira no morro olhando se vinha os capitães do mato, quando avistavam os capitães os capoeira tocavam com o berimbau um toque chamado de cavalaria, a partir deste toque os capoeiras sabiam que o perigo chegava, assim eles corriam pelo morro, e se fossem pegos eram amarrados, surrados e presos nas senzalas. ( Mestre Osvaldo Galdino Figueiredo -Tapejara –PR

. Imagem 10 : . Capitão-do-mato,

Descrição do pintor alemão Johann Moritz Rugendas, que realizou diversos registros dos costumes da população do Brasil, incluindo, também, a descrição de um capitão-do-mato. Segundo ele Capitães-do-mato, eram negros livres que gozavam de um ordenado fixo e eram encarregados de percorrer os distritos de vez em quando, com a ordem de prender os negros evadidos e conduzí-los a seus senhores ou, não os conhecendo, à prisão mais próxima. A captura era sempre em seguida anunciada por um cartaz afixado à porta da igreja, e os proprietários, desse modo, logo encontrava. Muitas vezes, esses capitães-do-mato empregam, nas suas buscas grandes cães ensinados.

22

Imagem 11: Negros no Tronco de Rugendas

Documento 9 - Relato de Ana Lúcia Dudek O Brasil um país de multiculturas, ficou muitos anos estudando nas escolas que a única manifestação de cultura nossa era a européia. Só depois de muitos anos, compreendemos que a cultura afro e indígena tiveram grande influência na nossa cultura. Vou contar história da capoeira, uma dança guerreira, usada como uma luta propriamente dita, não é bem definido, luta ou dança, mas como uma forma de expressão dos povos afro que vinham para as fazendas, onde eram oprimidos, vindos de suas terras, obrigados, nos navios, geralmente presos nos porões, até chegar no Brasil, onde eram vendidos, para os senhores de engenhos, que oprimiam os escravos, porque queriam que eles trabalhassem sem receber, era um trabalho basicamente gratuito, obrigados a trabalhar dia e noite, tinham muita saudades da pátria, tanto que a saudade da pátria originou uma doença que era chamada de banzo nestes afro e para eles extravasarem essa saudade que eles sentiam e a opressão sofrida pelos senhores, eles começaram a manifestar as suas danças da sua terra, de suas regiões de onde vinham, surgiu dai a capoeira, ela então apesar de ser um divertimento para eles, era também uma forma de descansar, de relaxamento era também uma forma de resistências, eles extravasavam a amargura que sentiam, a saudades da pátria, além do rancor e da mágoa dos senhores de engenhos que judiavam e maltratavam esses oprimidos. Nessa dança eles extravasavam todo esse sentimento, eles se preparavam também pensando num futuro conflito com os senhores de engenhos, uma forma deles extravasarem com essa dança não aceita pelos senhores de engenhos que várias vezes tentaram acabar com ela, porque tinham receio que essa dança essa luta guerreira, essa arte que podemos chamar de dança ou luta eles poderiam atacar, ou seja, aprender lutar contra os senhores. Por isso não admitiam que fosse feita, mas mesmo assim eles lutaram e conseguiram em todas as senzalas onde eles habitavam essa forma de expressão. E depois de muito tempo a capoeira foi reconhecida na nossa cultura com a Lei Federal 10639/03 que abriu um precedente sem igual. Foram adotando o capoerismo e foi modificando-a, existe mais de uma forma de capoeira, mas elas se resumem na capoeira mestre que é a luta guerreira, que hoje faz parte da Cultura Brasileira. Assim os afro descendentes e os indígenas tiveram juntamente com os europeus a hora e a vez dentro da nossa cultura, a capoeira foi levada para as escolas como forma de conhecimento, forma de expressão, fazendo parte da cultura e da cultura esportiva, foi introduzida na área de esporte como um cultura genuinamente brasileira, foi muito importante para nós todo esse reconhecimento dessa cultura afro, dessas descendências que nós brasileiros temos que é: africana, indígena e européia. (Professora de História Ana Lúcia Dudek)

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Imagem12: Rota de escravos para América e Brasil.

. Imagem 13 ROTA MIGRAÇÃO DOS ESCRAVOS PARA O BRASIL

Discutam as questões abaixo:

• De que regiões da África vieram os povos que foram escravizados para

trabalhar no Brasil? Para qual atividade era direcionada a maior parte dessa

mão-de-obra?

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• Onde aconteciam as rodas de capoeira? Por que a luta recebeu esse nome?

• Por que os senhores de engenho proibiam qualquer forma de luta?

• Que estratégia os escravos usaram para praticarem a capoeira e poderem se

defender?

• De acordo com o texto, a capoeira praticada no Brasil tem influência de que

povo? Os povos afros aceitaram viver como escravos?

Após a discussão das questões acima, leve os ao laboratório de informática

para pesquisar mais na internet sobre a história da capoeira, sobre a proibição da

capoeira no Brasil, porque foi proibida? E por quanto tempo ocorreu esta proibição?

E por quem ela foi liberada? Como? Aprender mais sobre Mestre Pastinha e Mestre

Bimba. Por que a capoeira chegou a Patrimônio Cultural Imaterial?

Sugestões de Sites:

http://pt.scribd.com/doc/8716112/A-Capoeira-Na-Historia http://www.revistadehistoria.com.br/secao/reportagem/o-misterio-da-capoeira,voce .

http://portalcapoeira.com/Pesquisar?searchphrase=exact&searchword=tempo

http://www.youtube.com/watch?v=NsXpnD460Us

Sugestão de filme: BESOURO. Ele apresenta um lado da história do Brasil que ninguém nunca conta, a

luta dos negros por dignidade. Um menino que ao se identificar com o inseto que ao

voar desafia as leis da física, desafia ele mesmo as leis do preconceito e da

opressão. Besouro é um filme de aventura, paixão, misticismo e coragem. Uma

história imortalizada por gerações, que chega aos cinemas com ação e poesia no

cenário deslumbrante do Recôncavo Baiano. A produção tem a possibilidade de

uma indicação para a categoria de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar. Mas seu

maior mérito é tirar das sombras do esquecimento este fantástico personagem

histórico, interpretado por Ailton Carmo. Besouro está de volta na atualidade,

comprovando sua imortalidade como símbolo da cultura negra brasileira. Este mito

foi resgatado pelo cineasta João Daniel Tikhomiroff, que por sua vez se inspirou

na obra Feijoada no Paraíso, de Marco Carvalho. Ele procura resgatar esta história

não como um filme documental, mas sim como uma mistura de ficção e fantasia.

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A capoeira hoje em dia é dividida em três estilos: 1-Capoeira de Angola

(tradição, Mestre Pastinha), caracteriza por uma luta lenta e baixa; 2- Capoeira

Regional (tradição, Mestre Bimba) caracteriza por uma movimentação mais rápida;

3- capoeira Estilizada criada por Carlos Sena, o qual aborda as questões mais

atuais que a capoeira passa hoje, mantendo golpes básicos, procurou criar uma

ética como tem no judô, mas os fundamentos vêm do estilo de Angola ou da

Regional.

1- Capoeira de Angola:

Denominada assim devido terem sido os angolanos do estado da Bahia que

mais destacaram sua prática, caso de Mestre Bimba. No entanto após mais de

quatrocentos anos de perseguição e proibições, o jogo resistiu e permanece aos

nossos dias tornando-se conhecida como capoeira mãe e praticada em todo o

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mundo, como uma expressão cultural que inclui luta, dança, ancestralidade, música,

arte, espiritualidade, brincadeira e jogo. Preservando os valores tradicionais dos

povos africanos e afro-brasileiros. A malícia é uma importante característica do jogo

de Angola ela é seu fundamento, este é o segredo da capoeira angola.

Quanto a sua origem ela se diverge devido à falta de documentação, o que

restou como fontes de pesquisas foram as tradições orais e poucos registros, porém

o que fica comprovado é sua origem, sabe-se que foram os africanos escravizados,

aqui no Brasil que a criaram. Portanto tudo iniciou lá na mãe África, continente

originário dos primeiros homens que se espalharam pelo mundo, gerando todos os

povos, e que por muitos foram submissos devido a cor de sua pele.

Segundo várias leituras e pesquisas chega-se a conclusão que possivelmente

a Capoeira seja a mistura de danças guerreiras e rituais africanos, criada pelos

africanos, adaptadas como luta de libertação, de resistência ao sistema de

escravidão, a qual hoje é ainda na maioria desenvolvida pelos seus descendentes,

no entanto praticada por todas as camadas sociais.

Acredita-se também que palavra Capoeira não é de origem africana, e sim um

termo tupi-guarani que dentre tantos significados, quer dizer mato que cresce em

cima da vegetação que foi cortada, ou seja, roçada. Também pode significar cestos

de vime, um material utilizado desde tempos primitivos, oriundo de varas moles com

flexibilidade para trançar, possuindo muitas utilidades, principalmente para

fabricação de cestos que na época eram muito utilizados pelos escravos para

carregar mantimentos ou aves.

Numa roda de capoeira de Angola, com habilidade um capoeira deve

surpreender o adversário, distrair seu rival, brincar com ele, enganando-o,

mostrando-se desprotegido, para ser atacado justamente onde deseja e, assim,

lançar seu contra-ataque com mais eficácia. Um capoeirista não deve entrar em

choque direto com seu parceiro, porque assim a harmonia do jogo será rompida. A

harmonia desenvolve o próprio jogo. Seus movimentos são com jogo baixo, por isso

grande parte requerem que ambas as mãos estejam apoiadas no chão, as pernadas

são em geral, de pouca altura sendo que as pernas fiquem flexionadas e o tronco e

a cintura a baixa altura. A Capoeira Angola se realiza com ritmo lento, com domínio

do corpo e da mente.

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2- A Capoeira Regional.

Ao contrário da de Angola é identificada pelos golpes bem definidos, pernas

esticadas, movimentos amplos, jogo alto e objetivo, ela é uma manifestação da

cultura baiana, criada em 1928 por mestre Bimba que utilizou os conhecimentos da

Capoeira Angola e do Batuques para criar este novo estilo de capoeira. Manoel dos

Reis Machado, conhecido como Mestre Bimba usou de malicia e fugiu das pistas

que lembravam a origem marginalizada da capoeira, então para isto teve que mudar

alguns movimentos.

Mestre Bimba implantou o Batizado, que segundo mestre Leonardo é um

momento de grande significado para o aluno, pois demonstra que o aluno se

encontra apto para jogar pela primeira vez na roda amimada pelo berimbau. Para

isto é escolhido um mestre formado ou um aluno mais velho da Academia, que como

padrinho incentiva seu afilhado a jogar e após o jogo o Mestre no centro da roda

levantava a mão do aluno e então era dado um apelido (nome) com o qual será

conhecido na capoeira. As músicas na capoeira regional se dividem em duas partes

uma referente aos toques de Berimbau, ou seja: São Bento Grande, Santa Maria,

Banguela, Amazonas, Cavalaria, Idalina e Lúna, onde cada toque tem um significado

e representa um estilo de jogo. E a outra chamada de quadra e corrido. Quadras são

pequenas ladainhas com estrofes compostas de 4 a 6 versos. E os corridos são

cantigas com frases curtas repetidas pelo coro.

E assim entre Angola e regional, muitas pessoas pensam que a capoeira de

Angola é uma luta africana, ou se assemelha a uma, ou outra dança africana, na

verdade a palavra Angola é uma homenagem aos escravos e descendentes

africanos que tinham as suas raízes no continente africano e que viviam no Brasil,

assim como os brasileiros, os angolanos também foram colonizados pelos

portugueses. A capoeira de Angola recebeu esta denominação, depois do

surgimento da capoeira regional, pois antes disso não era necessária à distinção. A

capoeira de Angola é um jogo original e tradicional conhecida anteriormente como

Capoeira Mãe.

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ACOMPANHAMENTO MUSICAL DA CAPOEIRA

Sobre a sonoridade da capoeira e os instrumentos utilizados, o

acompanhamento musical da capoeira desde os primórdios até nossos dias, já foi

feito pelo berimbau, pandeiro, adufe, atabaque, ganzá ou reco-reco. Portanto a

capoeira é uma arte praticada ao som de instrumentos, teve sua origem em solo

brasileiro, usada como defesa pessoal constitui-se de forma física completa, que dá

ao corpo humano suavidade, agilidade e resistência. A roda de capoeira é um local

de encontro entre os capoeiristas, tem origem na maneira como os escravos faziam

seus rituais religiosos, mantendo atualmente como espaço em que o capoeirista

mostra seus conhecimentos. Vejamos o documento nº10

Documento 10.

BERIMBAU - Atualmente o principal instrumento musical da capoeira é o berimbau, o qual numa

roda de jogo da capoeira pode funcionar sozinho sem os demais instrumentos. O berimbau não

existiu somente em função da capoeira, era usado pelos afro-brasileiros em suas festas, sobretudo

no samba de roda, como até hoje ainda se vê.

PANDEIRO - No Brasil, o pandeiro entrou por via portuguesa e utilizado na primeira procissão que

se realizou no Brasil, que foi a de Corpus Christi, na Bahia, a 13 de junho de 1549, virando hábito no

Brasil o uso deste instrumento ao lado de outros.

ADUFE - É um pequeno pandeiro de formato quadrado e de proveniência mourisca, o termo é de

origem árabe.

ATABAQUE - O termo atabaque é de origem árabe. O atabaque é um instrumento oriental muito

antigo entre os persas e os árabes, porém divulgado na África. Embora os africanos já conhecessem

o atabaque e até tenham vindo da África algumas espécies, ao chegarem ao Brasil já encontraram

alguns trazidos por mãos portuguesas para serem usados em festas e procissões religiosas em

circunstâncias idênticas ao pandeiro e ao adufe.

GANZÁ OU RECO-RECO - O ganzá ou reco-reco conhecido na Bahia é feito de gomo de bambu. O

ganzá ou reco-reco é bastante difundido no nordeste a ponto de ser freqüentemente cantado e

recantado pelos trovadores. WALDELOIR REGO, (1968).

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Segundo Mestre Osvaldo Galdino o berimbau é de origem desconhecida,

ninguém sabe de onde veio, mas sabe-se que bem antes de começar a capoeira ele

existia, era usado pelos vendedores ambulantes, aqueles que vendiam panelas,

mangueiras, roupas e mantimentos nas ruas, eles tocavam o berimbau para atrair os

fregueses. E dentro da capoeira há três instrumentos fundamentais que são: o

berimbau conhecido como o pai da capoeira, o atabaque e o pandeiro.

Geralmente as cantigas são poemas transformados em músicas de forma

prazerosa e tradicional,na roda de capoeira sempre o corpo se interage com a

linguagem oral, pois na roda o capoeira canta, toca os instrumentos e joga.Um

exemplo de música e de poesia composta por Ney Poeta,foto abaixo.

Ney Poeta: Fonte - Cleusa Ortiz Ferreira

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Música: O SOM DO BERIMBAU

lêeee lêreleoo lere leleo lêre leo lere leo relê releo leo leo tiri titim tom dom tiri titim tom dom

abre a Hora do Brasil na notícia principal todo mundo já ouviu em cadeia nacional muitas vezes perguntei a mim mesmo no espelho o que o som desse instrumento tem com as notícias do Governo das notícias do Senado do poder judiciário do poder executivo da Câmara dos deputados o poder legislativo lêeee lêreleoo lere leleo lêre leo lere leo relê releo leo leo tiri titim tom dom tiri titim tom dom é que nosso berimbau interage na cultura e tocar lá no jornal é um gesto de desculpa o seu som contagiante na abertura cultural para os homens importantes começar nosso jornal sete horas lá da noite a notícia é oficial desde da massa até a elite ouça o som do berimbau

Ney Souza Lima

POESIA : O CAPOEIRA

ele veio em navio negreiro é dos povos angoleiros ele veio foi de Angola viva os povos angolanos saldo então a pai da mata pega o capitão do mato manda o mato consumir ele veio foi com Zumbi besouro de mangagá noite inteira não dormi eu sou filho de um besouro tô sabendo até voar o Zumbi cordão de ouro é o pai dos povos Bantos salve a consciência negra e o poeta Castro Alves que o poeta dos escravos foi também acorrentado ancorado na maré tornozelo decepado vai curar no candomblé Ney Souza Lima

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Veja a opinião do poeta e capoeirista Ney de Souza Lima no texto nº 13

Texto 13 - Meu nome é Ney de Souza Lima, mais conhecido como Ney Poeta, escolhi este esporte, esta dança, esta arte, esta luta, este jogo, esta manifestação cultural que é a capoeira porque ela se identifica com a poesia, a capoeira tem poesia tem música tem instrumentos, até no jogo da capoeira tem molejo de poesia, ela é uma dança uma luta, mas é uma luta de paz! Que liberta! A capoeira acalma. E o cordão que uso hoje, é de instrutor, ainda esta longe para eu ser um mestre, este é o meu objetivo. Cada grupo de capoeira tem sua graduação definida, por exemplo: o Grupo Chora Menino que é o nosso,segue as cores da bandeira. E a capoeira não é só a disciplina de fazer exercícios, a capoeira trás educação, educação para o corpo, a educação física, ela é o esporte do qual me identifiquei. A capoeira envolve tudo, ela é o frevo de Pernambuco, ela é a política é a Cultura Nacional. Bem antes da capoeira ser Patrimônio Imaterial Nacional que o Presiedente Lula declarou nesta década, muito bem antes disto, a Rádio Nacional que faz a hora do Brasil às dezenove horas,começa com o toque do berimbau,toque da capoeira. Então ela veio englobando, enraizando e entrando em choque de cultura e falando em choque de cultura,quando os povos bantos chegaram aqui no Brasil,eles trouxeram no sangue a raiz da capoeira, vieram em navios negreiros, chegando aqui encontraram os índios e começaram então as colônias, os índios também eram escravizados foi ai que houve o choque de cultura! Surgiu daí o Macule uma dança feita com facão e às vezes usa-se pau no lugar do facão, eles dançam em roda, usam calça dobrada até no joelho sem camisa e as mulheres uma saia como se fosse de índio, e dançando em roda lembra índio, lembra também negro daquelas tribos da África. Mas ela foi desenvolvida aqui no Brasil, a partir dai então que percebo um choque de cultura indígena e africano, que é essa cultura afro-brasileira. Por exemplo: o mestre Bimba que levantou a capoeira para Regional, aquele jogo mais ligeiro, mas só que antes a capoeira era de Angola, um jogo baixo, uma característica dos africanos que aqui vieram ser escravos, era um jogo mais baixo que eles já tinham o de Angola, e daí Mestre Bimba fez o que? Ele levantou a capoeira, fez a Regional, ela foi criada aqui no Brasil. Então ficou aquela indecisão, Mestre Pastinha fala que a capoeira é africana e Mestre Bimba diz que ela é brasileira, mas eu tenho o meu conceito, se Angola é africana, Regional é brasileira, então ela é afro-brasileira e se ela é afro-brasileira logo ela é brasileira, ela é a Mãe do Samba!

(Ney de Souza Lima, Poeta e Capoeirista

Percebe-se que a sistematização e a elitização da capoeira ocorreram com a

criação da Capoeira Regional no contexto sócio-cultural do país, tornando-se assim,

um importante elemento na discussão das ressignificações da capoeira, pois acaba

por surgir diferentes formas de praticar a capoeira, o que favorece para o

enriquecimento cultural desta prática como o compromisso de manter-se viva para

que as futuras gerações possam usufruir desta manifestação cultural.

.

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Capoeira Angola Representante: MESTRE PASTINHA Capoeira mãe, ou seja, manifestação cultural que continua viva por seus seguidores através de capoeiras nas rodas nas cantigas, na arte, na luta, no jogo, mantendo sua tradição. Seus princípios: *Original e tradicional *Jogo baixo e lento *Recreativa e maliciosa *Envolvendo religiosidade e o misticismo. *Praticada pelas camadas marginalizadas.

CAPOEIRA REGIONAL Representante: MESTRE BIMBA Criada por Mestre Bimba em 1928, em 1932 ele conseguiu sua liberação, e junto veio à liberdade de todas as outras formas de manifestações da cultura afro-brasileira. Bimba entrou para a história sendo homenageado pelo presidente Getúlio Vargas. O estilo regional é um batuque misturado com a capoeira angola, contendo mais golpes, uma manifestação em forma de luta, dança, jogo, e arte, boa para o físico e para a mente. Seus princípios: *Moderna e Descaracterizada *Jogo alto e rápido,Agressiva e sem malicia *A religião deixa de ser um aspecto cultural agregado, se torna isenta de símbolos religiosos. *Praticada por todas as camadas sociais.

A sugestão de trabalho com os alunos sobre a Biografia do Mestre Pastinha,

ou Mestre Bimba, pois são duas figuras importantes na história da capoeira. Pode-se

explorar bem os textos sobre a capoeira de Angola e Regional e suas

características. Aproveitando para explicar sobre Biografia de pessoas que fizeram

coisas importantes para sociedade, nesse texto, contando os acontecimentos mais

significativos da vida da pessoa, escreve-se onde e quando a pessoa nasceu, quem

foi o que fez. Os alunos podem pesquisar outras biografias e construir um texto

biográfico.

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CONHECENDO MAIS SOBRE O ASSUNTO: ARTE, POESIA E CANTIGA DE RODA DE CAPOEIRA. Objetivos desta atividade: Explorar a Leitura de imagens, conhecer e relacionar os

conhecimentos referentes a obras de arte com o tema capoeira.

Para melhor entender o estudo da história da capoeira, é importante explorar

a leitura das imagens abaixo. A proposta é que:

1-Explique aos alunos o modo de produção dessas pinturas. Elas foram feitas por

artistas europeus, que vieram ao Brasil, e representaram o que era para eles, a

capoeira, através de sua arte. Para orientar a discussão pergunte:

• O que essas imagens estão representando? Quando foram feitas as pinturas?

• Quem são as pessoas das imagens? O que elas fazem? Que instrumentos

usam?

• São pessoas de que cor? Elas demonstram alegria?

• Qual era a condição dessas pessoas? Escravas ou livres?

• Por que vocês acham que elas praticavam a capoeira?

A partir desse diálogo registre as perguntas que ainda não puderam ser

respondidas pelos alunos a partir do estudo das imagens abaixo relacionadas.

Essas questões deverão ser debatidas nas próximas aulas com a leitura dos textos

que surgirão.

Imagem 14 Capoeira RUGENDAS- 1834

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Imagem 15 : Capoeira Rugendas 1835

. Parte da história dos negros no Brasil foi contada através de poesias, pinturas, desenhos e retratos da vida cotidiana dos negros, por alguns artistas que vieram da Europa para o Brasil e por alguns brasileiros também, entre eles destacam-se Johan Moritz Rugendas, pintor alemão de cenas brasileiras e Antonio de Castro Alves, um dos mais famosos poetas da Bahia. As obras de Rugendas e de Castro Alves, nos mostram a influência da cultura africana e a dificuldade que tiveram que suportar para sobreviver em nosso país. Os dois retratam isto em Navios Negreiros. Rugendas mostra o sofrimento dos negros no porão de um navio, através de suas pinturas e Castro Alves relata-as em seu poema.

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2- Observar a relação existente entre as pinturas de Rugendas e o poema de Castro

Alves. Como são descritos? Que relação é essa? Peça para os alunos pesquisarem

sobre Rugendas, e após esta pesquisa, leve-os imaginar como Rugendas

representaria hoje esse tema através da pintura, com relação a condição do negro

na atual sociedade brasileira. O que será que mais retrataria na atualidade?

Imagem 16: Rugendas, Navio Negreiro

3 - Discutir com os alunos sobre a sonoridade da capoeira e os instrumentos

utilizados, após a leitura do texto nº10. Poderá ser solicitado que os alunos

confeccionem ou desenhem estes instrumentos, se tiver alunos no colégio que

praticam a capoeira, peça para trazerem na sala e fazer uma apresentação.

Explique sobre o samba, com o disse o Ney Poeta: “A capoeira é a mãe do samba”

pois ele surgiu da mistura de estilos musicais de origem africana e brasileira,(figura

abaixo) o samba é tocado por instrumentos de percussão e acompanhado por violão

e cavaquinho.

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Imagem17: Rugendas Batuque

4 - Ao interpretar a poesia e a música do Capoeirista e poeta Ney Souza Lima,

indague que mensagem ela nos passa? De que fala sua música? Porque ele cita

que tocar no jornal é um gesto de desculpa? Como o berimbau interage na cultura?

Quais elementos da cultura afro-brasileira são citados na poesia?

Imagem 18: O tocador de Berimbau

5 - Sobre a divisão da capoeira, faça a interpretação dos textos com os alunos,

explore bem o quadro das características. Peça para os alunos pesquisarem mais

sobre a capoeira Estilizada criada por Carlos Sena.

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Imagem 19: –Roda de Capoeira na comunidade Quilombolas de Manoel Ciríaco dos Santos em Guaíra.

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Os escravos também se rebelavam, sempre que podiam tentavam sua

liberdade, procuravam reagir de diversas formas, com vinganças revoltas e fugas. A

forma mais conhecida, e que entrou para a história, foram as fugas para os

quilombos, como por exemplo, o Quilombo de Palmares, hoje pertencente ao

município de União dos Palmares no Estado de Alagoas. União dos Palmares é um

dos municípios brasileiros mais conhecidos e tradicionais do Estado de Alagoas,

situado a 80 Km da capital do Estado, Maceió, na Serra da Barriga, o Quilombo está

localizado no interior do parque Nacional do Zumbi .Ele chegou a ter milhares e

milhares de negros foragidos e caçados pelos capitães - do –mato. Antes os

quilombolas tinham que se esconder para não serem identificados, já hoje é

diferente, é necessário que se mostrem, contem sua história para serem

reconhecidos, como foi o caso de Luzia Inácio Caetano e, da família Santos aqui

neste município de São Jorge do Patrocínio, também o caso da comunidade

quilombola de Manoel Ciríaco dos Santos.

É importante lembrar que hoje não se reconhece mais um quilombola pelas

suas vestes, pelo seu andar, ou ainda pela diferenciação da língua. Mas eles são

muito simples, como um homem do campo, solidários, alegres no seu modo simples

de viver e festivos, eles preservam o respeito à sabedoria dos mais velhos.

Os diferentes grupos que ainda vivem no Brasil com certeza se diferenciam

em alguns aspectos inclusive na crença. São todos ligados ao cultivo da terra, mas

apesar de conservar sua tradição também visam o futuro.

No Brasil existem muitas comunidades quilombolas, no Paraná há 36 delas

certificadas pela Fundação Cultural Palmares. Uma fonte muito rica de pesquisa por

meio da FUNPAR e a UFPR junto com o Grupo de Trabalho Clóvis Moura, e uma

ótima indicação é a leitura do livro PARANÁ NEGRO, são 104 páginas. Também há

outras formas, como dona Luzia moradora aqui em São Jorge do Patrocínio, apesar

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de ser ainda pequena quando morava na Bahia,conta sobre a história dos avós e

pais que sofreram muito não se lembra bem, as vezes fala dos cangaceiros, como

se fosse o capitão do mato, mas com certeza fugiam para os quilombos, relato

contido no filme. Leia o depoimento dela. Texto abaixo:

Sou Luzia Inácio Caetano filha de Mariano Caetano Rosa e neta de Belizária Caetano Rosa, eles foram escravos lá no Estado da Bahia, sofreram muito maus tratos, me lembro que fugimos de um lugar, eu e meus irmãos fomos dentro dos balaio, tinha que ficar quietinha, não podia dar um pio, meu pai falava, fica quieto, bem quietinho, quando chegamos num lugar, era muita gente morava todos juntos, lá tinha luta de capoeira, era bonito de ver, só que eles usavam uns chapezinho diferente de agora, as calças era amarradas nas pernas, me lembro que eles lutavam no meios dos matos, e nas ruas na cidade também, quando avistava gente diferente corriam todos, eu não entendia porque, eu era pequena tinha uns 8 anos naquela época, mas me lembro de muita coisa. (Luzia Inácio Caetano, moradora em São Jorge do Patrocínio PR.)

Imagem 20: Alessandro Santos na Roda de Capoeira na comunidade Quilombolas de Manoel Ciríaco dos Santos.

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Imagem 21 :Mestre Leonardo Roda de Capoeira Quilombo Manoel Ciríaco dos Santos, Guaíra –PR

Lendo sobre vida dos quilombolas, e também o depoimento de Dona Luzia, ouvindo

sua fala no filme, percebemos que através da história oral, dona Luzia na época com

apenas 08 anos expressa hoje a memória de sua comunidade guardada em suas

lembranças. Pois a memória é tudo aquilo do que uma pessoa se lembra, é o

processo de aprender, armazenar e recordar uma informação, é o que registramos

em nossa mente. Já a História é a narrativa que montamos a partir de nossa

memória, a construção do que lembramos. Assim a memória oral é a verbalização ,

ou seja, é o processo da lembrança e da oralidade de nossas recordações. Enfim é

a forma de registo mais primordial que possuímos. Quanto á História oral é a

metodologia de pesquisa utilizada para o resgate de histórias de vida. Professor (a)

comente isso com seus alunos. Aproveite e explore a imagem do mocambo abaixo

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Imagem22: Habitação de negros

Mocambo são denominações dadas a moradias construídas artesanalmente, muitas vezes de frágil constituição. Apresenta diferenças no Brasil mais de natureza regional, conforme o material empregado na sua construção - folha de buriti palha de coqueiro, palha de cana, capim, sapé, lata velha, pedaços de flandres ou de madeira e cipó. Numas regiões mais africano, noutras mais indígena

Imagem 23 : Família Santos , Remanescentes do Quilombo de Manoel Ciriáco dos Santos

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A Família de seu Geraldo dos Santos e dona Antonia Dominga da Silva

residente neste município de são Jorge do Patrocínio, cerca de 21 anos, segundo

relato de Nair e de Doraci, filhas do casal, eles trabalharam muito em Minas Gerais

para fazendeiros, foram para São Paulo na região de Presidente Prudente, e na

década de1960 vieram para o Paraná, fixando residência no Patrimônio do Maracaju

dos Gaúchos, na região do município Guaíra. Com a entrada da mecanização da

terra para o plantio de soja e trigo, muitos dos membros da comunidade buscaram

outros espaços para viver, foi o caso de Seu Geraldo e dona Antonia Dominga que

venderam sua terra e compraram o sítio no municipio de São Jorge do Patrocínio,

vieram com a família composta por 12 membros, hoje restam apenas 05, o casal

faleceu no ano de 2010, outros filhos constituiram família e foram embora de São

Jorge do Patrocínio. Leia o relato da assistente social do município sobre a família.

Fazem mais de nove anos que acompanho a família Santos aqui no município de São Jorge do Patrocínio, e só agora com o trabalho da professora Cleusa, que foi descoberto que a família é remanescente de quilombolas da Comunidade Manoel Ciríaco dos Santos da região de Guaíra-PR. Em meu trabalho como assistente social, ao longo desses anos, percebo que procuram preservar suas raízes históricas, visto que possuem hábitos e costumes frutos de uma cultura rica, cultivada por eles. Percebe-se que eles se esforçam para preservar a cultura de seus antepassados e desenvolver a economia de suas comunidades, em especial a agricultura.

(Assistente Social do Município de São Jorge do Patrocínio, Maria Alice Mazei).

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Imagem 24: foto quilombolas

HISTÓRIA DA COMUNIDADE QUILOMBOLA MANOEL CIRIÁCO DOS SANTOS DE GUAIRÁ - PR

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Meu nome é Adir Rodrigues Domingos dos Santos, sou Presidente da comunidade. Minha mãe, meu pais e avós dos dois lados, me lembro, eles contavam que nossos bisavós foram pegos no laço no mato. Certas passagens da história de nossa família que a gente emociona bastante tem muita coisa que a gente passa por cima, é difícil de mexer, toca bastante em nós. Como eles, hoje nós vivemos a vida aqui sempre juntos, desde os costumes, a religião, eram antes quase 100 pessoas, quando as pessoas tiveram que sair foi muito duro pra gente. Foi o caso da Família Santos, saíram daqui não por livre vontade, as pessoas judiavam bastante deles, devido o pedaço de terra que tinham junto com as nossas, pessoas fizeram pressão em cima deles para comprar as terás,com isso ele foi se aborrecendo, se desgostando do lugar, acabou vendendo e indo embora para São Jorge do Patrocínio. Para nós foi muito difícil a saída deles. De primeiro as pessoas roçavam as matas e ficavam tocando por vários anos ali. A partir de 1990 começa entrar a tecnologia, a tocar as lavouras com as máquinas, não tinha mais espaços para ninguém, portanto muitos tiveram que sair, pois não dava para viver só naquele pedaço pequeno de terra. Quanto a história de Minas Gerais era bastante sofrida, nossos pais e avós nos contavam que na época moravam lá em locas de pedras, trabalhavam com farinha de mandioca, café, engenho de cana-de-açúcar, café e garimpando ouro. Nossos pais chegaram a trabalhar com esses costumes, nessas fazendas que existiam engenhos, café e nos garimpos. Eles nos contavam de várias pedras que tiraram. (O irmão Joaquim lembra Adir da morte de um primo no garimpo) Adir relata que contavam que esse primo morreu prensado em uma pedra muito grande, ninguém conseguiu tirá-lo debaixo da mesma, ele foi morrendo aos poucos, bebia só leite, ao morrer foi sepultado ali mesmo. Geraldo dos Santos, e nosso pai eram primos, sempre trabalharam juntos, até para vir para o Paraná quem fez a frente foram os dois. Quanto à capoeira, nos emociona bastante ver sua trajetória e saber que nós temos a raiz do passado em nosso sangue, daquilo que passaram, do sofrimento dos nossos antepassados, então a capoeira é um resgate da história que a gente quer manter viva, não mais pra luta, nem pra briga, como um cultura rica, o qual teve um grande apoio do Governo Lula, que mostrou uma grande força, com isso hoje a capoeira passou a ser uma maravilha que a gente não quer deixar morrer nunca, passar de geração em geração, nós já levamos nossa capoeira pra Curitiba. Aqui a gente conversa muito, passamos para as crianças toda a história dos mais velhos para que eles continuem mais tarde, pra que elas possam dar continuidade, pois o futuro de amanha vai depender deles. A capoeira toca muito na gente, na hora do toque do berimbau, do atabaque, toca bastante, a gente sente, toca no intimo. A capoeira é um resgate de memória, trás uma alegria muito grande, um respeito, um resgate de memória viva que vem dos nossos antepassados, desde a época da escravidão, uma luta que eles tinham para se defenderem, sua defesa era com os golpes da capoeira. Por isso nós queremos manter viva aqui em nossa comunidade, pois nossa luta não vem de agora, já vem de muitos anos atrás, só agora que estamos tendo oportunidades com a abertura do governo, por ter aberto as portas para podermos mostrar nossa cultura, a capoeira faz parte dela. Hoje nós temos voz para gritar e dizer que somos negros com orgulho, dizer que nossa luta vai continuar independente se amanhã nós não estiver-mos mais aqui, mas com certeza estarão nossas crianças, eles terão que aprender a lutar em memória dos mais velhos, os que já se foram, porque hoje não temos mais nossos pais, avós, nossos ancestrais que derramaram o sangue neste solo brasileiro e ajudaram a construir este país que é o Brasil. Pena que muitos hoje não tem ainda oportunidades, pois o ser humano é um só, com a diferença da cor da pele. Então é pra isto nossa luta hoje, não só para garantir nós negros, mas mostrar que nós também podemos viver na sociedade juntos com todos. (Adir Rodrigues dos Santos e Joaquim Rodrigues dos Santos, membros da Comunidade Manoel Ciríaco dos Santos)

Relato dos irmãos Adir e Joaquim Rodrigues

dos Santos.

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Percebe-se que devagar essa comunidade conquista seu espaço, nos últimos

anos, depois que foram reconhecidos como quilombolas em 2007, recebem Bolsa

família, possuem um Tele centro com internet, com satélite direto de Brasília, dentro

da comunidade funciona uma sala de alfabetização e recebem visitas

frequentemente de professores e de universitários. Percebe- se que a Família

Santos os parentes habitantes da Comunidade de Manoel Ciriáco têm o objetivo de

preservar sua cultura e identidade, são bem abertos ao diálogo.

Após explorar bem os textos desta quarta unidade, apresente aos seus

alunos o mapa abaixo, quantas comunidades eles poderão pesquisar no Estado do

Paraná.

MAPA COM AS COMUNIDADES REMANECENTES DE QUILOMBOS E COMUNIDADES NEGRAS TRADICIONAIS

Imagem 25: Fonte: - PARANÁ NEGRO P, 23

As atividades abaixo propostas são sugestões que deverão ser adaptadas a

realidade escolar.

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VOCÊS SABEM QUEM SÃO OS QUILOMBOLAS? Você pode começar a

pesquisá-la junto com os alunos, pode construir mapas e, quem sabe, começar a

manter contato com algumas. Hoje há muitas possibilidades diálogo que é uma

forma de produzir conhecimento. Muitas comunidades possuem acesso a internet, é

o caso da Comunidade de Manoel Ceriáco dos Santos, onde poderá enviar email

para [email protected]

1)Acessando: http://www.palmares.gov.br/ Você poderá levar seu aluno na

Fundação Cultural Palmares criada em 1988, ela é uma instituição pública

vinculada ao Ministério da Cultura que tem a finalidade de promover e preservar a

cultura afro-brasileira. Preocupada com a igualdade racial e com a valorização das

manifestações de matriz africana, formula e implanta políticas públicas que

potencializam a participação da população negra brasileira nos processos de

desenvolvimento do país. Ao entrar na fundação você deverá:

a) Clicar Comunidades Quilombola, lá encontrará um mapa que levará seus

alunos por todos os estados brasileiros em que se encontram as comunidades, terão

a definição de Quilombolas como descendentes de africanos escravizados que

mantêm tradições culturais, de subsistência e religiosas ao longo dos séculos.

E uma das funções da Fundação Cultural Palmares, é formalizar a

existência dessas comunidades, assessorá-las juridicamente e desenvolver projetos,

programas e políticas públicas de acesso à cidadania. Poderá levar seus alunos

para visitarem mais de 1.500 comunidades espalhadas pelo território nacional que

são certificadas pela Palmares. E para localizá-las basta clicar no mapa para

selecionar o estado ou utilizar os campos de busca abaixo do mapa, filtrando a

pesquisa por estado, município e comunidade. Mãos a obra boa visita e boa

pesquisa !

b) Clicando em serviço, você encontrará o Calendário internacional da cultura negra.

No espaço, você encontrará informações sobre datas que marcaram a história do

negro no Brasil e no mundo; história herdada e continuada por várias gerações. São

Inúmeras datas que merecem ser lembradas. É um calendário virtual inacabado e

estará em contínua construção, nele você e seus alunos poderão contribuir para o

enriquecimento da seção, enviando sugestões por meio do FALE CONOSCO.

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c) Para ampliar os conhecimentos acerca do Continente Africano, professor de

História e Geografia acesse o link:

http://revistaescola.abril.com.br/swf/animacoes/exibi-

animacao.shtml?187_africa_info.swf

Poderão ler o infográfico intitulado “África: berço da humanidade e do

conhecimento”, clicando nas áreas coloridas para saber mais sobre a cultura e

as tecnologias dos povos africanos que habitavam o continente quando

iniciou o período colonial.

D) Para aulas de Arte e História, acessando o site

http://www.museuafrobrasil.org.br/ podem ser vistos os três vídeos abaixo

relacionados, eles são produzidos pela revista Nova Escola sobre o Museu Afro

Brasil:

1- O vídeo África, Diversidade e Permanência, uma riqueza de máscaras,

estatuetas, ou seja uma variedade de estilo e técnicas utilizadas, pelos artistas

negros.

2- O vídeo Artes Plásticas, mostra o Barroco a Arte Acadêmica e Moderna do Século

XX;

3- O vídeo Trabalho e Escravidão, mostrará as tecnologias trazidas para o Brasil

pelos africanos;

E) Proponha à direção da escola, comemoração do Dia Nacional da Consciência

Negra como culminância deste projeto sobre a Capoeira, isto após assistir todas as

partes do filme em sala de aula. A comemoração deste dia implicará em criar

espaços de expressão da cultura afro-brasileira tais como: danças - capoeira, hip

hop, samba, jogos e brincadeiras, contos, histórias e lendas africanas, instrumentos

musicais, dentre outros, você poderá ir criando e despertando com a ajuda dos

outros professores o interesse pelo estudo da cultura em questão. Os alunos

poderão ser distribuídos em grupos, sendo cada grupo responsável pela criação e

organização de um destes espaços. E para enriquecer e obter mais informações

sobre aspectos da expressão da cultura afro-brasileira convide os alunos para

acessarem os links abaixo

Maré capoeira http://www.youtube.com/watch?v=NsXpnD460Us Curta Metragem

realizado em 2005, participou de mais de 20 Festivais Internacionais, em países

como Alemanha, Inglaterra, Estados Unidos, Maputo, Tailândia, Japão, Peru,

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Espanha, Canadá e Polônia, entre outros. Terceiro filme da trilogia infantil iniciada

com "O Sumiço do Amigo Invisível".

TV LUIZÃO: http://www.youtube.com/watch?v=5pzt4ISiE8A, Documentário que

conta a história da Capoeira no Brasil de forma simples e clara. Procurando

despertar atenção das pessoas para os momentos históricos significantes de nossa

história, momentos como: A escravidão, a diáspora do povo africano, os povos afro-

brasileiro durante o Império do Brasil e a República. O surgimento da capoeira nas

senzalas e sua evolução até as academias.

Capoeira //capítulo 01 e 02

http://www.youtube.com/watch?v=JvTpCzjJC8Y&feature=related Relata uma riqueza

que é capoeira, luta, dança, música, arte e religião. Um panorama sobre a arte

trazida pelos escravos africanos em Salvador/Bahia. Muito bom!

www.portacurtas.com.br Aruanda de Linduarte Noronha (PB, 20 min, 1960) Relata

que a escravidão gerou revolta e levando muitos escravos a fugir, para o interior do

país, onde vieram a fundar os quilombos o qual significou um símbolo da resistência

á opressão, essas comunidades uma vez formadas se isolaram e caracterizaram-se

por sua simplicidade e pobreza. Aruanda nos mostra como foi a vida nos quilombos!

Ele relata a história de Talhado, no sertão do Brasil, Estado de Pernambuco, uma

comunidade quilombola filmada no início dos anos 1960. Onde sofrem com a seca,

as mulheres produzem vasilhames de argila para vender na feira onde o dinheiro do

mesmo serve para comprar alimento e roupas. O filme objetiva mostrar aos alunos a

realidade dos quilombos, comunidades de resistência a escravidão, onde os negros

fugitivos se reuniam, em regiões afastadas e passando a viver uma vida simples,

humilde, mas de liberdade e de muita luta, os opressores desapareceram, mas

surgiram em seu lugar, a seca, a fome, o analfabetismo e o isolamento. Professor!

Vale a pena trabalhar com os educando este curta.

Atividade final Objetivo: Elaborar entrevista, com um mestre de capoeira ou com capoeiristas, de

preferência, da comunidade. A sugestão é que o professor converse com um grupo

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de capoeira e o convide para participar de uma aula. Pois a realização de uma

entrevista com um capoeirista vai ajudar os alunos conhecerem um pouco mais

sobre essa prática cultural. Você pode orientar a discussão por meio das seguintes

questões:

• O que vocês aprenderam sobre a capoeira? O que vocês gostariam de saber

mais sobre ela?

• Que tal chamar um capoeirista da comunidade para ser entrevistado por nós?

O que vocês gostariam de perguntar a ele? Como elaboramos uma

entrevista?

Divida a sala em grupos e peça que cada um elabore uma pergunta para ser

feita na entrevista com o capoeirista, as questões deverão ser relacionadas com

algo de sua história que ainda queiram saber, aos instrumentos e músicas usadas

na capoeira ou sobre o interesse por essa prática.

Ao final do trabalho, a proposta de avaliação final é a elaboração de um texto

coletivo ou individual. Eles deverão relatar o que foi estudado durante o filme e as

atividades e o que aprenderam sobre a capoeira, além de fixar no mural da escola.

ÚLTIMAS PALAVRAS:

O filme e esse material que elaboramos é um filme real, realizado por uma

professora da rede pública, com a ajuda de vários amigos, talvez o filme ideal possa

vir com as futuras experiências.

Para encerrar essa Unidade Didática, sugere-se a reflexão sobre as três

frases escritas nas faixas da Comunidade Quilombola de Manoel Ciriáco dos Santos

de Guaíra, de Martin Luther King, um pastor protestante e também líder do ativismo

pelos direitos civis para pessoas negras:

1- Não fiz o melhor, mas fiz tudo para que o melhor fosse feito. Não sou o que

deveria ser, mas não sou o que era antes.

2- Temos um sonho “Que um dia os negros vivam em uma nação onde não sejam

julgados pela cor da sua pele, mas pelo seu caráter.”

3- Temos aprendido a voar como os pássaros, a nadar como os peixes, mas ainda

não aprendemos a possível arte de vivermos como irmãos! (Martin Luther King)

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96. Brasilia, MEC, 1996. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília, 2004. Cadernos temáticos: inserção dos conteúdos de história e cultura afro-brasileira e africana nos currículos escolares/ Paraná. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. Departamento de Ensino Fundamental. – Curitiba: SEED-PR, 2005. CRUZ, J.L.O. Capoeira Angola do iniciante ao mestre. Salvador: EDUFBA e Pallas, 2006. GOMES jr.;Jackson;SILVA, GeraldoLuiz da, COSTA, Paulo Afonso Bracarense Costa; Paraná Negro. Curitiba: UFPR/PROEC, 2008.104p. História e Cultura afo-brasileira e africana: educando para as relações étnico-raciais/ Paraná. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Departamento de Ensino. PARANÁ. Secretaria de Estado da educação. Cadernos Temáticos: inserção dos conteúdos de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana nos currículos escolares. Curitiba: SEED-PR, 2005. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Cadernos temáticos: História e Cultura Afro-brasileira e Africana: educando para as relações étnico-raciais. Curitiba: SEED-PR, 2006. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da História para a Educação Básica. Curitiba: SEED, 2006. REGO, Waldeloir. Capoeira Angola Ensino Sócio-Etnográfico. Bahia, 1968. REIS, J.J e GOMES, F. dos S. Liberdade por um fio: Historia dos quilombos do Brasil. São Paulo: Companhia das letras, 1996. RIBEIRO & BARBIERI et al. Capoeira nos JEBs. Programa Nacional de Capoeira. Brasília, DF. 1994. SANTOS, Luiz Silva. Capoeira, Uma Expressão Antropológica da Cultura Brasileira. Maringá-PR. Programa de Pós-Graduação em Geografia- UEM, 2002.

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________, Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Diretoria de Políticas e Programas Educacionais. Coordenação de Desafios Educacionais Contemporâneos. Educando para as Relações Étnico-Raciais II. Curitiba: SEED – PR2008. - 208 p. - (Cadernos temáticos). SERGIPE, MESTRE. O Poder da Capoeira. Imprensa Oficial do Paraná. Curitiba, 2006. SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil Africano. São Paulo. Ed. Ática, 2008. 176p. : il; SITES: Casa das Áfricas www.casadasafricas.org.br Espaço cultural e de estudos sobre sociedades africanas, exposições virtuais, consulta a biblioteca especializada. Fundação Cultural Palmares www.palmares.gov.br Página oficial da fundação ligada ao Governo Federal. Políticas públicas e dados sobre a população afro-descendente, comunidades quilombolas, artigos e notícias. Mundo Negro www.mundonegro.com.br Portal da comunidade afro-descendente, traz notícias, agenda cultural e educativa, artigos e debates.

(http://www.capoeiramartins.com.br/

http://www.museuafrobrasil.org.br/

http://revistaescola.abril.com.br/swf/animacoes/exibi- animacao.shtml?187_africa_info.swf

IMAGENS

Imagem 01:Capoeira no Município de São Jorge do Patrocínio. Wellington Alcarria.

Imagem 02:Organograma Pedagógico. Fonte Cleusa Ortiz Ferreira

imagem 03: Mestre Leonardo. Fonte Cleusa Ortiz Ferreira

Imagem 04: Mapa de São Jorge do Patrocínio. Fonte- Cleusa Ortiz Ferreira

Imagem 05: Roda de Capoeira. Fonte- Cleusa Ortiz Ferreira Imagem 06: João Carlos Vicente, Salto mortal. Fonte- Cleusa Ortiz Ferreira Imagem 07 : turma do Mestre Leonardo no Espaço criança. Fonte- Cleusa Ortiz Ferreira Imagem 08 - Artesanatos. Fonte - Cleusa Ortiz Ferreira

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Imagem 09 : Aula do Mestre Leonardo no Bairro Santo Agostinho- Cleusa Ortiz Ferreira Imagem 10: RUGENDAS, Johann Moritz. Capitão-do-mato, 1823 Disponível em: http://search.creativecommons.org/?q=capoeira+rugendas&derivatives=on&format=Image Acesso em: 26 de julho 2011

Imagem 11: Negros no Tronco de Rugendas.Disponível em: http://search.creativecommons.org/?q=IMAGENS+RUGENDAS&derivatives=on&format=Image Acesso em 29de julho de 2011

Imagem 12: Rota de escravos para América e Brasil .Disponível em: http://search.creativecommons.org/?q=rota+de+escravos&derivatives=on&format=Image Acesso em 29 de julho de 2011.

Imagem 13 Rota da Migração dos Escravos para o Brasil. Disponível em:

http://search.creativecommons.org/?q=rota+de+escravos&derivatives=on&format=Image Acesso

em 29 de julho de 2011.

Imagem14 :Capoeira Rugendas 1834. Disponível em: http://search.creativecommons.org/?q=capoeira+rugendas&derivatives=on&format=Image Acesso em26 de julho 2011

Imagem15 :Capoeira Rugendas 1835. Disponível em: http://search.creativecommons.org/?q=capoeira+rugendas&derivatives=on&format=Image Acesso em26 de julho 2011 Imagem 16: Rugendas, Navio Negreiro. Disponível em: http://search.creativecommons.org/?q=capoeira+rugendas&derivatives=on&format=Image Acesso em26 de julho 2011 Imagem17 : Rugendas Batuque. Disponível em: http://search.creativecommons.org/?q=capoeira+rugendas&derivatives=on&format=Image Acesso em: 26 de julho de 2011 Imagem 18: O tocador de Berimbau> Disponível em: http://4.bp.blogspot.com/_FxRyTOJ2wNw/STAATEf9dXI/AAAAAAAAALo/a1ahGRLQ7Gg/s1600-h/tocador+de+berimbau,+por+jean+Baptiste+Debret,+1826 Acesso em: 26 de julho de 2011 Imagem 19: –Roda de Capoeira na comunidade Quilombolas de Manoel Ciríaco dos Santos em Guaíra. Fonte- Cleusa Ortiz Ferreira Imagem 20: Alessandro Santos na Roda de Capoeira na comunidade Quilombolas de Manoel Ciríaco dos Santos. Fonte- Cleusa Ortiz Ferreira Imagem 21 Fonte Mestre Leonardo na Roda de Capoeira na comunidade Quilombolas de Manoel Ciríaco dos Santos em Guaíra –PR. Fonte- Cleusa Ortiz Ferreira

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Imagem 22: Rugendas Habitação de Negros.Disponível em : http://search.creativecommons.org/?q=habita%E7%E3o+de+negros+rugendas&derivatives=on&format=Image Acesso em: 26 de julho de 2011 Imagem 23 : Família Santos, Remanescentes da comunidade Quilombolas de Manoel Ciriáco dos Santos. Fonte- Cleusa Ortiz Ferreira Imagem 24: quilombolas da Comunidade Manoel Ciriáco dos Santos de Guairá. Fonte- Cleusa Ortiz Ferreira Imagem 25: Fonte: - PARANÁ NEGRO P, 23 FUNPAR /grupo de trabalho Intersecretarial -Governo do Paraná-

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