SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ... · 3.4 A LINHA E SEUS TRAÇOS A PARTIR DA...
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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA Fátima Regina Negrão UNIDADE DIDÁTICA
SENTIR, GRAVAR, PRODUZIR:A GRAVURA NO ENSINO DE ARTE.
Material Didático apresentado ao
Programa de Desenvolvimento
Educacional - PDE da Secretaria de
Educação do Paraná – SEED sob
orientação do Professor Doutor Cláudio
Luiz Garcia em cumprimento às
atividades pertinentes ao professor
PDE.
LONDRINA 2012
PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA TURMA - PDE/2012
Título: Sentir, gravar, produzir: a gravura no ensino de Arte.
Autor FÁTIMA REGINA NEGRÃO
Disciplina/Área ARTE
Escola de Implementação
do Projeto e sua localização
Colégio Estadual “Huberto Teixeira Ribeiro” Ensino
Fundamental e Médio.
Município da escola BANDEIRANTES
Núcleo Regional de
Educação
CORNÉLIO PROCÓPIO
Professor Orientador CLÁUDIO LUIZ GARCIA
Instituição de Ensino
Superior
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA
Relação Interdisciplinar História e Língua Portuguesa
Resumo A disciplina de Arte, estruturada a partir das
Diretrizes Curriculares, enfoca a educação como criação de conhecimento que contribui para a formação do senso crítico e afetivo do indivíduo. Esta formação inserida no contexto cultural precisa ser valorizada por meio do ensino de Arte. Portanto, o conhecimento artístico criado a partir das escolhas de cada professor, contribui para as transformações socioculturais. Ensinar é também uma escolha e exige um comprometimento sério e definitivo por parte do professor de Arte que não depende somente da História da Arte oficial, mas sobretudo, do dia a dia na escola. Nesta, encontramos o lugar das experiências artísticas sobre as quais a Unidade Didática propõe atividades com monotipias – uma prática formada a partir da gravura.
Palavras-chave Arte. Gravura. Monotipia.
Formato do Material
Didático
UNIDADE DIDÁTICA
Público Alvo Alunos do 8º ano do ensino fundamental
INTRODUÇÃO
O lugar da intervenção - Colégio Estadual “Huberto Teixeira Ribeiro” -
situado na periferia do município de Bandeirantes - PR, é caracterizado por
situações sócio culturais de diversas naturezas. Alguns estudantes, criados
nesses ambientes - com poucos recursos materiais - apresentam as seguintes
características psicológicas: desânimo, apatia, baixoestima etc., muitas vezes
essas referências afloram nas relações em salas de aulas provocando um
desinteresse relativo ao assunto estudado. Quando o indivíduo tem imagem
negativa de si mesmo, a escola com todo o seu aparato, não consegue
transformar essa situação, sem trabalhar os aspectos negativos da psique. É
possível, através de uma atividade voltada à arte - a prática da gravura, por
exemplo - colaborar com o estudante que apresenta esses aspectos acima
elucidados?
Tendo como base estas informações, percebemos a necessidade de
reverter essa situação a partir da aproximação entre o professor e o estudante
para compreender suas dificuldades. Pretende-se trabalhar a gravura a partir
de temas e imagens sugeridas pelos próprios estudantes, para que o seu
"mundo" seja o foco das atividades propostas. Com isso, espera-se alcançar
um melhor envolvimento desses estudantes na escola.
Foram selecionadas para a Unidade Didática as obras dos seguintes
artistas gravadores: Gilvan Samico, Osvaldo Goeldi, Renina Katz.
1 MAPA DO PERCURSO DE TRABALHO
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 LEITURA DE IMAGEM
O homem sempre se interessou pela Arte, a civilização e a obsessão da
imagem, promoveram o triunfo atual, pois ela a Arte, fala aos olhos. Os
museus, as exposições convidam à admiração, as reproduções a cores, as
ilustrações de livros ou de revistas, as propagandas nos mais diversos veículos
de comunicação.
A Arte utiliza o mesmo meio fundamental – a imagem – agindo,
providencialmente com liberdade.
A cultura visual propõe que as atividades ligadas à arte, não sejam só no
campo de pinturas, colagens, esculturas, mas que incluam também objetos de
uso cotidiano, publicidade, arquitetura, e tantas outras representações visuais
que o homem utiliza.
Com essa alfabetização visual o aluno poderá conhecer melhor a
sociedade em que está inserido, contextualizando a sua cultura com a de
outros povos. “O professor tem de despertar o olhar curioso, para o aluno
desvendar, interrogar e produzir alternativas frente às representações do
universo visual”, afirma Fernando Hernández, professor da Faculdade de Belas
Artes de Barcelona,na Espanha.
Por todos os lados que nos deparamos estamos imersos em imagens e
precisamos aprender a lê-las para compreender e significar o mundo em que
vivemos. Na escola o ensino de arte ganha uma perspectiva mais profunda, de
conhecedor de artistas e estilos, o aluno instigado pelo professor, passa a ser
leitor, com um olhar crítico das imagens que os cercam. Para um melhor
aproveitamento dessas imagens, será necessário que o aluno faça uma
descrição do objeto a ser estudado, e elabore um “inventário”. A análise de
cada detalhe, tem por objetivo maior o estímulo ao olhar com atenção nas
linguagens visuais, interpretando assim significativamentecada imagem que ele
observou. Dessa forma o aluno irá sentir-se estimulado a produzir suas ideias
de forma criativa e contextualizada.
Uma das funções do professor de Arte é a alfabetização visual, não
somente uma leitura formal: ponto, linha, cores, texturas, volume, luz e sombra,
mas no âmbito global, sistematizando o conhecimento e seus significados.
A partir das imagens dos artistas Gilvan Samico, Osvaldo Goeldi e
Renina Katz os alunos farão as suas produções que seguirão os passos
sugeridos por Anamélia Bueno Buoro (2002) fazendo sempre a relação com a
realidade do aluno:
Descrição criteriosa da imagem;
Percursos visuais sobre a estrutura da composição;
Observação das relações entre a obra em foco e a produção anterior e posterior do artista;
Pesquisar na história da arte, no contexto histórico respostas para as questões sugeridas com a leitura;
Diálogo da obra tanto com a produção artística na linha do tempo como nas produções daquele momento específico;
Construção de um texto verbal com o registro do percurso e sua significação.
2.2 Processo de criação
O processo de criação é a parte mais valiosa, pois é nele que se dá as
inquietações, erros ou acertos, dúvidas e certezas. A maior inquietação no
processo de criação é: O que eu quero dizer com essa obra?
É no processo de criação que o autor/artista estabelece uma vivência
com a obra que esta sendo produzida, pois ao acabá-la quem a vivencia é o
contemplador/espectador.
O processo de criação dar –se- à por meio das atividades propostas. As
pesquisas, as observações de cada imagem, o entendimento e a reflexão
sobre a técnica escolhida, a seleção dos materiais, o registro gravado e escrito
sobre cada atividade desenvolvida.
Esta unidade Didática propõe a prática de um diário registro de imagens
partindo da vivência de cada um.
3 PROPOSTAS PEDAGÓGICAS.
3.1 GRAVURA:
É a impressão de uma matriz onde se grava com linhas, manchas, formas, as
imagens desenhadas. Gravar é marcar ou assinalar as imagens.
OBJETIVOS: Conhecer as técnicas de gravação e impressão de gravuras em diversos meios, tais como: monotipias, calcogravura exilogravura
Palavras-chave: Monotipias. Impressão. Gravura
Tempo estimado: 4 horas-aula.
CURIOSIDADE: Chamamos de matriz o material (pedra, madeira, metal etc.) onde fica registrada a imagem original que vamos reproduzir.
Você já deve ter visto por aí, em suas andanças, nomes ou iniciais gravados em troncos de árvores, eles foram feitos por pessoas muitas vezes enamoradas, ou por um simples registro ocasional. Um artista grava sua obra em suportes variados, vamos conhecer algumas técnicas de gravura?
MODALIDADES DE IMPRESSÃO
De acordo com Orlando Fleitas (1977) destacam-se:
a) Monotipia: é uma técnica de impressão em que obtemos uma única reprodução.
b) Xilogravura: é a técnica de gravura na qual se utiliza madeira como matriz e possibilita a reprodução da imagem gravada sobre papel ou outro suporte adequado.
c) Água Forte: é uma modalidade de gravura que é feita em uma base de liga metálica, habitualmente de ferro e zinco.
d) Água tinta: gênero da calcografia no qual o processo de produção das matrizes é químico, como o da água-forte, e se dá através da utilização de alguns líquidos corrosivos. A placa utilizada pelo gravador é pulverizada ou pintada com algum tipo de resina ou por uma mistura de resina e outro componente e aquecida, de forma que a mistura se funda na placa, exercendo a mesma função protetora do verniz. Assim, quando a placa entra em contacto com o ácido, produzem uma textura que é responsável pelas várias tonalidades da obra. Oferecendo, como resultado, um desenho composto de áreas tonais e não linhas, como a gravação a entalhe.
e) Serigrafia ou silk-screen: o processo consiste em fazer passar a tinta por uma tela (de seda, náilon etc.) para a superfície a ser impressa. A tela é preparada de maneira a só deixar atravessa a tinta nos lugares que devem ser impressos.
PROCEDIMENTOS
Debater com os alunos a diferença entre as modalidades de impressão; apresentar imagens das diferentes técnicas de gravuras.
3.2 MONOTIPIA A INVERSÃO DA IMAGEM
OBJETIVOS:
Desenhar (sobre uma matriz) uma imagem,a partir de um tema determinado pelos
alunos.
Imprimir a monotipia em papel.
Palavra-chave: Monotipia
Tempo estimado: 4 horas-aula.
A monotipia é um processo no qual são usadas as tintas e ferramentas das artes gráficas. Não é considerada gravura e nem pintura, mas tem características dessas duas linguagens. O artista estica sobre uma placa de vidro ou metal uma tinta mais grossa, colocando sobre ela o papel onde ele fará o seu desenho. Sem dúvida, a monotipia (como qualquer outra técnica) estimula pesquisas em relação
à consistência da tinta; da pressão da prensa (ou impressão manual), os tipos de
papéis, os suportes, etc. O preparo destes elementos torna-se fundamental para
orientar projetos de monotipias, aproveitando as qualidades da mesma, intercalando
em tempos diferentes a impressão de gestos, traços e pinceladas (Luise Weiss, 2003).
Poderão ser trabalhadas linhas manchas, de acordo com o desenho. A cópia,prova única, sairá do outro lado do papel. Outra maneira é desenhar na própria placa e colocar o papel sobre ela, imprimindo o desenho no verso do papel. A técnica da monotipia é um ótimo exercício pra você entender algumas características da gravura, nela o desenho sairá invertido. PROCEDIMENTOS: Para esta proposta utilizar a tinta guache bem espessa e um rolinho de espuma, trata-se de uma primeira experimentação. 3.3 ALGUNS GRAVURISTAS BRASILEIROS
OBJETIVOS
Conhecer a vida e obra dos gravuristas descritos abaixo;
Reconhecer as principais características das técnicas estudadas;
Situar obras dentro do contexto do período no qual foram produzidas.
Palavras-chave:Goeldi. Samico. Renina Katz.
Tempo estimado: 4 horas-aula.
De acordo com o site
(http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0808200016.htm) foram destaque
em Londres, os trabalhos dos mestres da gravura brasileira: Lasar Segall, Livio
Abramo e Oswaldo Goeldi.
Apresentar cada gravurista (vida) e algumas de suas obras.
Para Gilvan Samico consultar:
http://www.google.com.br/search?q=Samico+%2B+gravura&hl=pt-
BR&tbo=d&biw=784&bih=471&tbm=isch&tbs=simg:CAQSEgnTaiHbJLHf
eiGP-HcMyYcp5w&dur=43.
Para Renina Katz consultar:www.gravura.art.br/reninakatz.asp.
Para Osvaldo Goeldi:
www.centrovirtualgoeldi.com/paginas.aspx?Menu=agravura
PROCEDIMENTOS: Para esta proposta apresentar cada obra isoladamente, destacando os elementos visuais nas respectivas obras. O que lhe chama mais a atenção nessas obras?
Elas diferem de um desenho e de uma pintura? Por quê?
Procure saber a partir de qual técnica elas foram produzidas.
. 3.4 A LINHA E SEUS TRAÇOS A PARTIR DA EMOÇÃO DE CADA UM
OBJETIVOS:
Conceituar, identificar, reconhecer, empregar e criar elementos a partir da linha em
monotipia.
“A linha libertou-se do contorno das coisas e, feliz, pode sonhar novas
possibilidades” .Paul Klee.
Palavras-chave: Linhas. Emoções.
Tempo estimado: 4 horas-aula
A linha nas Artes Visuais tem energia e natureza própria. Não é estática, é um
elemento da linguagem visual.
PROCEDIMENTOS Depois de entendidas as características da Monotipia, os alunos deverão escolher um tema e aplicar os diferentes tipos de linha, utilizando a música para propiciar um relaxamento ou interagir no processo de criação. Vamos acessar o link http://www.youtube.com/watch?v=igDfK2KPIk4. 3.5 AS CORES E O RESULTADO INESPERADO- ATÉ ONDE VAMOS COM
TANTA COR?
OBJETIVOS:
Reconhecer, conceituar, aplicar cores na composição.
“Em arte o que pode se dito por palavras não conta” Henri Matisse
Palavra-chave: Cor.
Tempo estimado: 4 horas-aula.
Segundo Israel Pedrosa (2003, p.34),“em nenhuma época a cor foi tão empregada como em nosso século”. Em tudo, o que comemos, o que vestimos, os cartazes, os luminosos, as imagens tudo está demasiadamente inundado por cores. Hoje nosso mundo é cada vez mais bombardeado por imagens e cores. E você o que acha disso tudo? Você já se imaginou em um mundo sem cor? PROCEDIMENTOS
Questionar o que seria de uma obra se ela não apresentasse uma variada gama de cores; conversar sobre a importância do artista que, ao aplicarcores em uma obra, passa muito mais que um retrato de paisagem, mas sim um sentimento para quem a observa (utilizar as imagens dos gravuristas acima citados); propor aos alunos que utilizem cores na placa de vidro para impressão da monotipia. Vamos acessar o link http://www.youtube.com/watch?v=aWl-cV-fPpw.
3.6 O CONTRASTE DE CADA UM
OBJETIVOS
Classificar os grupos de cores complementares; experimentar e descobrir a relação entre as cores em seus trabalhos.
Palavras-chave: Cores complementares.
Tempo estimado: 4 horas-aula.
Há uma teoria segundo a qual existem na nossa retina pontos sensíveis
às cores - magenta, azul-ciano e amarela que são as cores pigmento primárias.
Quando olhamos para um objeto da cor azul-ciano , as outras cores que estão
em nossa retina se misturam, resultando disso uma segunda cor. No círculo
cromático, é fácil visualizá-las: elas estão em posições opostas e são
classificadas como cores complementares (PEDROSA, 2003).
PROCEDIMENTOS
Depois de apresentadas às cores complementares, propor aos alunos que as utilizem em suas composições de monotipia, enfatizando que cada contraste traz consigo sua história. Vamos acessar o link http://www.youtube.com/watch?v=CRIXprZqRd4&feature=fvwrel 3.7 A TEXTURA CRIADA A PARTIR DA INTENSIDADE DOS ELEMENTOS
VISUAIS:
OBJETIVOS:
Conceituar textura;
Aplicar textura tátil,gráfica e visual nas produções artísticas(monotipia).
Palavra-chave: Textura.
Tempo estimado: 4 horas-aula.
Ao empregar as linhas nas mais variadas formas, dimensões, as cores e seus
contrastes, repetindo-se esses elementos cria-se a textura visual.
Desenhando e gravando também podemos criar texturas.
PROCEDIMENTOS Solicitar que cada aluno observe em suas criações a repetição de alguns elementos visuais, e se os mesmos criaram padrões de texturas visuais, desta forma a superfície torna-se mais expressiva.
3.8 A AÇÃO DA MONOTIPIA E A ESCRITA
OBJETIVOS:
Construir um conceito pessoal sobre a função da Arte em sua própria vida;
Conhecer as qualidades plásticas de diversos materiais e elementos visuais aplicado
na monotipia.
Palavras-chave: A monotipia do eu.
Tempo estimado: 4 horas-aula.
Quando o aluno expressa seus sentimentos através de desenhos,
pinturas, colagens, gravuras, muitas vezes ele está colocando ali suas
emoções mais puras, aliar tais sentimentos à escrita pode ser um ponto de
partida para podermos ajudar o mesmo a entender seu universo.
PROCEDIMENTOS: A junção de todas as composições, aliando a escrita em forma de relatos de experiências de vida, transformando em um diário: “A MONOTIPIA DO EU”.
Vamos acessar o link http://www.youtube.com/watch?v=3Hj6H0w7uFM&feature=related. AVALIAÇÃO DOS CONCEITOS:
a) Entendo a relação entre gravura e monotipia?
b) Percebo os elementos visuais nas composições por mim realizadas?
c) Consegui realizar todos os trabalhos propostos?
d) Através dos trabalhos artísticos que fiz, posso explicar o que aprendi?
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Celso. Arte e Didática- Coleção como Bem Ensinar. Editora Vozes.
2010.
BUORO, Anamélia Bueno. Olhos que pintam. São Paulo: Editora PUC, 2002,
252 p.
FLEITAS, Orlando. Comunicação pela Arte: Educação Artística. São Paulo:
FTD, 1977.
GRAVURISTAS BRASILEIROS. Disponível em:
(http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0808200016.htm). Acessado em
12/11/2012.
HUIGHE, Renê. O poder da imagem. São Paulo: Difel, 1998.
KLEE, P. Sobre a arte moderna. Texto por ocasião de uma exposição no
Jena Kunstverein, 26.01.1924.In: KLEE, Paul., p. 61.
MARTINS, Carlos. Introdução ao Conhecimento em Gravura em Metal- Museu
nacional de Belas Artes. PUC-FUNARTE. 1981.
PEDROSA, Israel. O universo da cor. São Paulo: Senac, 2003, 160 p.
ROSSI, Maria Helena Wagner. Imagens que falam. Editora Mediação, 2009.
140p.
WEISS, Luise. Monotipias: algumas considerações. Disponível em:
http://www.iar.unicamp.br/cpgravura/cadernosdegravura/downloads/p2_GRAV
URA_2_nov_2003.pdf. Acessado em 12/11/2012.
ANEXOS:
LEITURA COMPLEMENTAR.
UM MUNDO DE IMAGENS PARA LER.
Ao desvendar o universo visual de seu cotidiano, o aluno vai conhecer
melhor a si mesmo, compreender sua cultura e ampliá-la com a de outros
tempos e lugares.
Experimente contar quantas imagens você diariamente. São
construções em diversos estilos, carros de vários modelos, pessoas vestidas
cada uma a seu gosto. Há ainda a poluição visual das cidades, com
propagandas e pichações, a televisão, a internet, as fotos de jornais e
revistas...Alunos e alunas usam adereços nos cabelos e enfeitam cadernos
com ilustrações de todo tipo. Muitas vezes isso passa despercebido e parece
não ter sentido. Ledo engano. Esses elementos visuais estão carregados de
informações sobre nossa cultura e o mundo em que vivemos. Portanto, têm
muito a ensinar.
A cultura visual – nome desse novo campo de estudo – propõe que as
atividades ligadas à Arte passem a ir além de pinturas e esculturas,
incorporando publicidade, objetos de uso cotidiano, moda, arquitetura,
videoclipes e tantas representações visuais quantas o homem é capaz de
produzir. Trata-se de levar o cotidiano para a sala de aula, explorando a
experiência dos estudantes e sua realidade.
Essa alfabetização visual dará ao aluno condições de conhecer melhor
a sociedade em que vive, interpretar a cultura de sua época e tomar contato
com a de outros povos. Mais ele vai descobrir as próprias concepções e
emoções ao apreciar uma imagem.
TEORIA
O arte educador e pesquisador norte-americano Elliot Eisner escreveu
que o ensino se torna mais abrangente quando utiliza representações visuais,
pois elas permitem a aprendizagem de tudo o que os textos escritos não
conseguem revelar. Com base nisso, um grupo de pesquisadores norte-
americanos passou, nos anos 1990, a estudar a ligação da Arte com a
Antropologia. Ganhou o nome de cultura visual e hoje envolve também
Arquitetura, Sociologia, Psicologia, Filosofia, Estética, Semiótica, Religião e
História. Fernando Hernández é hoje um dos principais pesquisadores do
assunto. Ele destaca que estamos imersos numa avalanche de imagens e que
é preciso aprender a lê-las e interpretá-las para compreender e dar sentido ao
mundo em que vivemos. Assim, crianças e adolescentes serão capazes de
analisar os significados da imagem, os motivos que levaram à sua realização,
como ela se insere na cultura da época, como é consumida pela sociedade e
as técnicas utilizadas pelo autor. Na escola, isso significa que o ensino de Arte
ganha uma perspectiva mais profunda. De conhecedor de artistas e estilos, o
aluno passa a ser leitor, intérprete e crítico de todas as imagens presentes em
seu cotidiano.
OBSERVAR, PRODUZIR, AVALIAR.
O ponto de partida para quem quer trabalhar a cultura visual é ficar
atento no mundo à sua volta. Conhecer os objetos que fazem parte da
realidade dos alunos e perceber quais são importantes para eles. E, claro,
planejar as atividades conforme o projeto pedagógico da escola. Ao escolher
os temas de estudo, dê preferência às imagens que façam sentido para os
estudantes. O espanhol Fernando Hernández propõe alguns critérios. As
representações devem ser inquietantes, estar relacionadas com várias
interpretações, ter sentido para a vida das pessoas, expressar valores
estéticos, fazer com que o espectador pense, não apenas ser a expressão do
narcisismo do artista, olhar para o futuro e não estar obcecadas pela ideia de
novidade.
“Antes de apresentar determinada imagem à turma, observe-a
atentamente e pergunte a si mesmo quais as possibilidades de ensino que ela
oferece”, ressalta Teresinha Franz, professora de Arte e Design da
Universidade do Estado de Santa Catarina e da Fundação Catarinense de
Cultura. Na sala de aula, abra o leque de opções. Levante questões para toda
a classe. É provável que surjam outras abordagens, igualmente ricas para o
aprendizado.
Se preferir estudar um objeto, ressalte que aquela peça contém várias
informações, pode revelar novas culturas e estabelecer relações entre povos,
lugares e tempos. Mirian Celeste Martins, professora do curso de Pós-
graduação em Educação, Arte e História da Cultura Da Universidade
Presbiteriana Mackenzie, sugere criar uma expectativa na turma lançando
questões provocativas ou apresentando representações diversas do tema que
será trabalhado. Uma página de publicidade de revista pode levar a um passeio
pelos quatro cantos do planeta.
Um bom jeito de trabalhar é pedir que cada aluno monte uma pasta,
tipo portfólio, para registrar os passos do projeto-as impressões sobre cada
tarefa são essenciais. No início todos podem descrever uma redação ou um
relatório contando o que já sabem sobre o tema. Ao longo das aulas,
comentários devem acompanhar a produção diária (que podem ser desenhos,
textos, esculturas...). No final os alunos podem comparar o que sabiam no
início do trabalho com o que aprenderam. Você também vai ter uma visão geral
do aprendizado na hora de avaliar.
Disponível em: Plano de Atividades de Arte, Bom Jesus, 2006, 6ª série Ensino
Fundamental. 3º Trimestre,p 61.