SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE ESTADUAL DE ... · orientadores da Universidade...
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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE
O PROCESSO DE PRODUÇÃO DE TEXTOS FRENTE ÀS NOVAS
TECNOLOGIAS NO ENSINO DE HISTÓRIA
SERTANÓPLIS-2009
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JANETE DANCINI
O PROCESSO DE PRODUÇÃO DE TEXTOS FRENTE ÀS NOVAS
TECNOLOGIAS NO ENSINO DE HISTÓRIA
Artigo desenvolvido através do Programa de
Desenvolvimento Educacional – PDE, na área de
História, com o tema de estudo da intervenção: A
globalização e seus desafios na produção de textos.
Orientador: Prof. Dr. Hérnan Ramiro Ramirez
SERTANÓPOLIS
2009
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ENSINANDO HISTÓRIA A PARTIR DE PRODUÇÃO DE TEXTOS FRENTE ÀS NOVAS TECNOLOGIAS: UMA EXPERIÊNCIA COM ALUNOS DO 3º ANO DO ENSINO MÉDIO, NO MUNICÍPIO DE SERTANÓPOLIS-PR. Janete Dancini1
Hérnan Ramiro Ramirez2
Resumo
O presente artigo aborda uma experiência didática realizada nas aulas de História,
com os alunos do 3º anos do Ensino Médio do Colégio Estadual Machado de Assis
de Sertanópolis, estado do Paraná, tendo como foco principal o tema “Globalização
e seus desafios na produção de textos”.
As mudanças mais recentes, ocorridas nas propostas curriculares de história
buscam resgatar diferentes projetos históricos, diversos agentes e múltiplas vozes
representativas de uma época.
Procuram romper radicalmente com a forma tradicional de ensinar história, tentando
introduzir, novas fontes, novas questões sobre os esquemas existentes. Nestes
aspectos propõem-se o ensino através de eixos temáticos.
A experiência foi trabalhar globalização. A palavra globalização, nos últimos anos,
passou a ser uma palavra de moda, utilizada em todos os contextos. Podendo
suscitar de certa forma uma cidadania virtual, desterritorializada. São milhões de
pessoas que consomem, geram, disseminam informações, produtos e serviços. A
preocupação em digerir esses “novos valores” pela sociedade seja ela local ou
nacional está em fazer entender que a globalização em si dever ser compartilhada,
mas não sobreposta.
Palavras-chave: Reestruturação capitalista. Neoliberalismo. Identidade e cidadania.
Tecnologia. Trocas desiguais. Diversidades.
1 Professora PDE da Rede Pública de Ensino do Estado do Paraná –
[email protected] 2 Artigo orientado e revisado pelo Prof. Dr. Hérnan Ramiro Ramirez do Departamento de
História da Universidade Estadual de Londrina.
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Abstract
This article discusses a teaching experiment conducted in History classes, with
students from “3º anos do Ensino Médio do Colégio Estadual Machado de Assis de
Sertanópolis, Paraná state”, which main focus the theme "Globalization and its
challenges in the production of texts”. The most recent changes occurring in the
History Curriculum proposals seek to rescue different historical projects, several
agents and multiple voices representing a time. Seek a radical break with the
traditional way of teaching History, trying to introduce new sources, new questions
about existing schemes. These aspects are proposed teaching through themes. The
experience was working globalization. The word globalization in recent years has
become a fashionable word, used in all contexts. Being able to raise something of a
cyber citizenship, deterritorialized. There are millions of people who use, produce,
disseminate information, products and services. The concern in digesting these "new
values" by the society be it local or national is to understand that globalization itself is
to be shared, but not overlapping.
Keywords: Capitalist Restructuring. Neoliberalism. Identity and citizenship.
Technology. Unequal Exchange. Diversity.
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Introdução
Este artigo resulta das ações do programa de Formação Continuada intitulado
Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) – 2008/2009 que teve como
objetivo oportunizar aos professores da rede pública de ensino um estudo
diferenciado junto às instituições de Ensino Superior (IES) do Estado do Paraná,
resultando numa investigação e reflexão teórica sobre suas práticas pedagógicas.
Para Ana Maria Monteiro (2007, p.33); Professores de história são muitos,
centenas, alguns milhões de profissionais que trabalham, militam no cotidiano,
anônimos, juntamente com outros tantos professores, de tantos outros saberes,
portadores de sonhos, crenças, descrenças, desilusões, esperanças, mas que,
postos diante de crianças e jovens inquietos, curiosos, agressivos, carentes,
carinhosos, se veem desafiados a recomeçar, a iniciar as conversas, as trocas, os
ensinamentos, a desvelar os segredos desde o mundo tão complexo, tão intrigante,
tão chocante, tão surpreendente.
O processo de conhecimento é a grande aventura e o grande desafio que o
educador enfrenta quando prepara as suas aulas e quando as desenvolve com os
seus alunos. (RUIZ, 2005).
Desse modo, os estudos teórico-metodológicos expostos e discutidos através
de encontros, palestras, debates, oficinas com os professores do PDE e os
orientadores da Universidade Estadual de Londrina, contribuiu significadamente no
pensar e elaborar uma metodologia diferenciada frente às diversidades conflituosas
pelo qual passa a educação do nosso país, relacionados principalmente a
indisciplina dos nossos docentes, que não veem na escola um ambiente capaz de
proporcionar prazeres ainda não vividos.
Neste sentido, embora muito longe de alcançar situações mágicas de efeitos
imediatos, buscou-se uma metodologia que proporcionasse elementos mais
próximos ao cotidiano dos alunos despertando maior interesse, condições reais de
sucesso e principalmente maior participação no trabalho realizado.
Para melhorar o desempenho dos alunos do Ensino Médio no processo de
elaboração de texto escrito era necessário percorrer novos caminhos. A utilização
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das novas ferramentas tecnológicas como: multimídia, internet, filmes, imagens
entre outros, estrategicamente auxiliariam no processo da produção de seus textos.
O tema globalização e seus desafios focando a realidade local oportunizariam ao
aluno perceber as diversidades deste fenômeno.
Como estratégia pedagógica, as atividades com a história local ajudam o
aluno na análise dos diferentes níveis da realidade: econômico, político, social e
cultural (SCHIMDT e CAINELLI, 2005, p.113). E, como a preocupação maior gira
em torno da educação ela deve caminhar paralelamente ao desenvolvimento das
tecnologias utilizando-se das mesmas para aplicar de maneira mais rápida e precisa
o conhecimento científico e aplicado, buscando solucionar os problemas de
aprendizagem humana (Apud IANNI, 1996).
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A globalização e seus desafios na produção de textos
Sabemos que o professor tem como função dentro do processo ensino-
aprendizagem de guiar o aluno ao conhecimento. Entretanto, frente às diversas
situações em que se encontra ligada principalmente as longas e exaustiva jornada
de trabalho, torna-se impossível repensar e analisar o dia a dia de sua prática
pedagógica.
O Programa de Desenvolvimento (PDE) lançado pelo governo Federal e
oportunizado pelo governo do Estado do Paraná junto a Secretaria de Educação-
Seed veio ofertar, por meio de uma seleção, aos professores da rede pública
paranaense um programa de formação continuada. Nos países que contam com os
melhores sistemas educacionais a valorização da profissão docente é a chave para
garantir a qualidade do Ensino. A qualidade do professor é a característica que mais
influencia a aprendizagem.
Com base na estrutura e cronograma do Plano Integrado de formação
continuada juntamente com a Instituição de Ensino Superior (IES), iniciou-se a
segunda turma referente aos anos de 2008/2009. Para o professor foram novas
expectativas em voltar a estudar, ter contato com professores especializados
subsidiando novos trabalhos para serem aplicados e acompanhados com alunos do
Ensino Fundamental e Médio. Afastados de suas atividades em sala de aula
podendo sim agora aperfeiçoar-se através de novas leituras, mesmo porque havia
algumas variáveis na historiografia que eram necessárias entendê-las.
Vivemos na escola certas situações ainda provenientes do século XIX frente
às novas transformações tecnológicas no mundo atual em termos de informações. O
desafio contemporâneo é construir um novo olhar, onde os alunos possam ser
capazes de transformar estas informações em conhecimento. Foi pensando desta
maneira que surgiu a idéia de trabalhar um tema que fosse muito discutido e usado
atualmente. Por outro lado, também que este estivesse de acordo com as Diretrizes
Curriculares de História.
O tema proposto foi “globalização e seus desafios na produção de texto”. A
palavra Globalização, nos últimos anos, passou a ser uma palavra de moda,
utilizada em todos os contextos. Podendo suscitar de certa forma uma cidadania
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virtual, desterritorializada. São milhões de pessoas que consomem, geram,
disseminam informações, produtos e serviços, que muitas vezes ficam relegados
desse processo, ou seja, excluídos. A preocupação em digerir esses “novos valores”
pela sociedade seja ela local ou nacional está em fazer entender que a globalização
em si deve ser compartilhada, mas não suprimir as culturas locais.
A globalização e a universalização de alguns valores e de determinadas
políticas culturais têm gerado, curiosamente por um lado, uma padronização num
determinado nível e, por outro lado, estimulam a que se reafirmem identidades às
vezes adormecidas, como contraponto a uma cultura global.
O aluno não se sente parte integrante da História, por isto não se estimula. Os
manuais utilizados, na maioria das vezes, relatam situações que não atraem a
curiosidade do aluno. Cabe ao professor garantir o estímulo para então obter o
sucesso em qualquer atividade que seja desenvolvida.
É intrigante perceber que tudo isto é resultado de todo um sistema em que
estamos inseridos, de um contexto capitalista e globalizante. A globalização
econômica é um processo que ocorre em ondas, com avanços e retrocessos
separados por intervalos que podem durar séculos. O atual processo globalizante
tornou-se muito mais rápido, mais intensamente acelerado, com a revolução nas
comunicações e mesmo com o maior avanço dos meios de transportes em geral.
Também tornou-se mais abrangente, envolvendo não só comércio, produção e
capitais, mas também serviços, arte, educação, etc. Esse processo tem causado
muita apreensão.
O contexto atual, no Brasil - e no mundo - é marcado pela abertura política e
principalmente econômica. Essas transformações incidem tanto sobre a cultura
como sobre a educação.
Na medida em que o mundo torna-se um grande mercado, as relações
pautam-se pelos critérios do lucro e do consumo individualista. Como educar-se, de
acordo com essa lógica, a própria educação passa a ser uma mera mercadoria
oferecida de modo semelhante a qualquer objeto de consumo, no mercado global?
Apesar de todos os esforços, o ideal de uma educação crítica e emancipadora
continua sendo o grande desafio. A escola ainda está desafiada a enfrentar outras
forças que também contribuem com a educação como a internet, a televisão, o
rádio, os jornais e revistas.
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Nunca se produziu tanto e, ao mesmo tempo, nunca houve tanta gente
faminta, desempregada, sem um lugar para morar. A tendência é a progressiva
seletividade e elitização do conhecimento. As conseqüências disso são trágicas para
a grande maioria da sociedade: a exclusão, o analfabetismo, o desemprego, a
miséria e a violência; as possibilidades de reverter esse quadro passam pelo desafio
de uma redistribuição da renda, de uma eqüidade tanto nos direitos e deveres,
quanto nas oportunidades. Sem a efetivação de um projeto político que contemple
as reais necessidades da maioria excluída, também é pouco provável que a situação
atual mude; a educação não deve ficar de fora do contexto sociopolítico, mas
também não pode ser determinada por ele, devemos antes de tudo, interagir com a
própria realidade, transformando-a; o papel da escola não caberia ser o de
reprodução da sociedade classista, mas antes o lugar da produção, apropriação e
socialização do saber.
A justificativa é bem clara e precisa quando trata das novas ferramentas
tecnológicas disponíveis; do rompimento com a forma tradicional de ensinar a
História, introduzindo estes novos materiais, fontes e questões; e de modo a
“suscitar de certa forma uma cidadania virtual”.
Ao problematizar a forma de utilização de novas ferramentas tecnológicas no
ensino de História e na produção de textos históricos, a questão vem de encontro
com as preocupações diárias do professor, considerando que este deve saber
aproveitar as novas tecnologias a fim de não deixar a educação tornar-se obsoleta.
Outra questão que também “cansa” o professor é o fator “cópia e cola” da internet,
muito utilizado pelos alunos na elaboração de trabalhos escritos. Temos um papel
fundamental na hora de ajudar os alunos a usar as novas tecnologias, pois nem tudo
que está disponível na internet é verdadeiro e nem o melhor. Como afirma Emília
Ferreiro:
“A confiabilidade é mesmo o aspecto crucial”. “A grande vantagem é que a máquina nos permite experimentar infinitamente. Podemos voltar, refazer, trocar tudo. E isso não causa nenhum problema ao trabalho, pois ele é 100% reversível. No entanto, precisamos ensinar a interpretar. Pois só assim vamos ajudar os alunos a construir o conhecimento de fato.” (FERREIRO, 2001)
Buscar informações na internet é altamente complexo, é uma prática social de
leitura e, portanto, requer o auxílio constante do professor. Segundo pesquisas
realizadas indicam que a aprendizagem não é o resultado de mera relação entre o
professor e aluno individualmente, mas realiza-se em um coletivo que possui suas
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necessidades e vivências culturais peculiares. Nesse espaço segundo Sacristan e
Gomes (1998, p. 64-65) afirmam:
A função do professor será facilitar o surgimento do contexto de compreensão comum e trazer instrumentos procedentes da ciência, do pensamento e das artes para enriquecer esse espaço de conhecimento compartilhado, mas nunca substituir o processo de construção dialética desse espaço, impondo suas próprias representações ou cerceando as possibilidades de negociação aberta de todos e de cada um dos elementos que compõem o contexto de compreensão comum. Facilitar a participação de todos e cada um no fórum de trocas simbólicas em que a aula deve se transformar, oferecer instrumentos culturais de maior potencialidade explicativa (que enriqueçam o debate) e provocar a reflexão sobre as próprias trocas e suas conseqüências para o conhecimento e para a ação.
De acordo com Freitas Neto, a fragmentação dos conteúdos, dos horários e
da estrutura burocrática das escolas dificultou o aspecto investigativo e explorador
da realidade que cerca o estudante e o professor. Para o aluno que tem acesso às
novas tecnologias, como a rede de computadores, explorar significa “navegar”, ir
atrás, pegar links, constituir atalhos e chegar a determinado lugar. Para aquele que é
excluído desse processo, dadas as condições socioeconômicas, investigar a
realidade pode supor a busca da sobrevivência num mundo marcado por violência e
violação de dignidade e direitos. Para um e outro, a realidade é mais dinâmica e
mais urgente do que a exposição de uma aula. (FREITAS NETO, 2005, p. 57-58).
A opção em trabalhar a produção de textos utilizando novas ferramentas
tecnológicas como: internet, poesias, imagens, pesquisa de campo, entre outros foi
de melhorar o desempenho dos alunos. Para que isto ocorresse era necessário uma
nova linguagem, uma nova dinâmica que interagissem de maneira coletiva e
individual na sua aprendizagem. Entendemos que a mediação do professor é um
dos fatores fundamentais para que o educando obtenha sucesso em seu processo
de aquisição e desenvolvimento da escrita. “
O início do projeto deu-se com a atividade de mapa conceitual, trabalhando o
conceito de Globalização. Antes de preenchê-lo, foram orientados a utilizar as
informações e conhecimentos a respeito do tema em questão. Em seguida todos
fizeram socialização em sala. Ao final montaram um novo mapa comum a todos.
Conseguiram relacionar bem as palavras com o tema proposto.
Para muitos pesquisadores, o processo de construção de um mapa
conceitual envolve o desenvolvimento do senso crítico e da criatividade, uma
reflexão e tomada de consciência sobre o que realmente se sabe ou se
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compreendeu, e a busca de uma maneira sintetizada de expressar esse
conhecimento. (MARRIOTT e TORRES, 2007, p. 155)
Em cumprimento as atividades delegadas aos professores PDE-2008/2009
paralelamente à aplicação do projeto, eram tutores de rede (GTR-Grupo de Trabalho
em Rede), onde foi postado o Projeto de Intervenção e implementação na Escola
para a análise, discussão e sugestões dos cursistas. E, aproveitando uma das
sugestões feita pela professora Paula Estela Caritó, foi realizado um levantamento
junto aos alunos de 3ºano o uso e acesso às tecnologias. Não foi surpresa que no
total de 65 (sessenta e cinco) alunos pesquisados, apenas um (um) não possuía
telefone celular, mesmo alguns vivendo em situações precárias. Com relação aos
demais instrumentos tecnológicos como: TV, rádio, jornais entre outros a
acessibilidade pode-se dizer que é mediana. Cerca de 98% possui aparelhos de
rádio, televisão, antena parabólica em casa. Já o acesso a computadores e internet,
23% dos estudantes pesquisados tinham em casa e os 77% restantes tinham
acesso na escola e principalmente nas Lanhouse.
Nesta era da informação e da comunicação, que se quer também a era do
conhecimento, a escola não detém o monopólio do saber. O professor não é o único
transmissor do saber e tem de aceitar situar-se nas suas novas circunstâncias que,
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por sinal, são bem mais exigentes. O aluno também já não é mais receptáculo a
deixar-se rechear de conteúdos. Seu papel impõe-lhe exigências acrescidas. Ele
tem de aprender a gerir e a relacionar informações para transformá-las no seu
conhecimento e no seu saber. Também a escola, como organização, tem de ser um
sistema aberto, pensante e flexível. Sistema aberto sobre si mesmo, aberto à
comunidade em que se insere. (ALARCÃO, 2007, p.15).
Para desenvolver a complexidade de ideias era necessário que os alunos
adquirissem habilidades de pesquisa, desenvolvessem novos olhares e novas
interpretações. Muitas atividades com textos como: poemas, frases, artigos de
revistas e jornais, internet e imagens foram trabalhadas. Entretanto faltava algo mais
prazeroso e que fosse próximo a eles. A pesquisa de campo.
O trabalho com a história local poder ser instrumento idôneo para uma construção de uma história mais plural, menos homogênea, que não silencie a multiplicidade de vozes dos diferentes sujeitos da história.
O estudo da localidade ou da história regional contribui para uma compreensão múltipla da história, pelo menos em dois sentidos: na possibilidade de ver mais de um eixo histórico na história local e na possibilidade da análise de micro-histórias, pertencentes a alguma outra história que englobe e, ao mesmo tempo, reconheça suas particularidades. (SCHIMIDT e CAINELLI, 2005 p.113)
A pesquisa de campo tinha como objetivo buscar a relação que os alunos
estabelecem entre a cultura local e global e suas interferências; por outro lado,
identificar o efeito da globalização em sua região como também na sua vida
cotidiana.
Em primeiro plano houve a leitura e discussão do texto, “Nova onda capitalista
ou a globalização”, identificando palavras chaves do texto e seus conceitos. Em
grupo de três colegas elaboraram uma lista dos efeitos positivos e negativos da
“globalização” para a cidade, observou-se à carência e o descaso da atual
administração em relação aos conjuntos habitacionais do município destinados a
população mais pobre.
Nos últimos anos acelera-se e aprofunda-se o processo de globalização, não
só em termos econômicos, mas, sobretudo de comunicação, resultante da revolução
tecnológica nos meios de informação, que veio permitir intercâmbios em termos
mundiais e de forma instantânea e diária. Tudo isso acarreta mudanças nas formas
de pensar, informar, produzir, consumir, gerir, fazer política, levando a uma
sociedade cada vez mais organizada em torno da produção, distribuição e
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manipulação de símbolos, e a cultura construída em torno do audiovisual, com a
crescente digitalização das mensagens (BORJA & CASTELLS, 1996).
Com a intensificação das relações que se estabelecem no âmbito mundial,
passamos a pensar e agir, cada vez mais, a partir das articulações que se
estabelecem entre as diferentes escalas, orientando o pensar e agir do mundo
contemporâneo.
Enquanto um conjunto de atores políticos e econômicos pretende decidir e
atuar de forma global e hegemônica, a vida se realiza localmente, orientada por esta
ordem distante e, ao meso tempo, resistindo a ela, em função de interesses, valores
e práticas que se instituem nas escalas nacional, regional e local.
O pensar e elaborar uma metodologia diferenciada frente às diversidades
encontradas hoje em sala de aula constitui-se num fator preocupante por parte dos
educadores em geral. Neste sentido buscou-se trabalhar atividades que induzissem
o aumento da interatividade dos alunos entre si a fim de superar as dificuldades
encontradas por eles na produção de textos históricos. Trabalhar com situações que
envolvessem o cotidiano e a pesquisa de campo trouxe maior entusiasmo em suas
produções. Isso vem comprovar que a escola pode funcionar como centro de
pesquisa, onde o aluno é reconhecido como sujeito ativo que é capaz de construir e
organizar seu próprio conhecimento.
É pela educação que o ser humano desenvolve a capacidade de comunicar
bem, tem acesso à informação, expressa e defende pontos de vista, partilha,
constrói cultura e ideologias.
As transformações da sociedade contemporânea bem como as novas
perspectivas historiográficas, as relações entre história e memória têm estimulado o
debate sobre a necessidade de novos conteúdos e métodos de ensino de História.
(SCHIMDT e CAINELLI, 2005, p.24).
Com a pesquisa realizada, os alunos apresentaram o seminário. Produziram
vídeos criativos focalizando os problemas locais, e os que não haviam apresentado
nada além do trabalho escrito, diante dos colegas, solicitaram uma nova
oportunidade para melhorarem seus trabalhos. Entre os vídeos produzidos várias
frases foram retiradas de textos e do poema, “Eu, etiqueta” do poeta Carlos
Drumond de Andrade, apresentados no caderno temático.
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Para surpresa, em geral, os alunos mal conheciam a sua própria cidade,
muitos desconheciam o número de conjuntos existentes e as precariedades dos
mesmos. Além dos aspectos sociais, políticos e econômicos da região, alguns
verificaram a importância de preservar a cultura regional brasileira nas
comemorações da escola, questionaram muito a comemoração do halloween que
atualmente vem acontecendo tanto nas escolas públicas e particulares do Brasil.
Para Demo, a pesquisa é uma maneira própria de aprender. Nessa nova
maneira de aprender, o aluno passa do objeto do ensino para parceiro de trabalho,
assumindo-se sujeito do processo de aprender. (DEMO, 1997)
Foi discutido e analisado a frase do professor Braz Almeida, sobre
“Globalização”. Num processo de busca, de investigação em grupo de três ou
quatro alunos, entrevistaram colegas de escola, do bairro, parentes, conhecidos
procurando descobrir: Como se vestem; que aparelhos eletrônicos utilizam; as
marcas e a procedência de suas roupas e seus aparelhos eletrônicos; verificando se
a TV, o rádio ou a mídia, em geral, influem quanto ao vestuário, gosto, lazer, etc. Ao
final foi feito uma conclusão e apresentada aos colegas de sala.
O poema “Eu, Etiqueta” de Carlos Drumonnd de Andrade trouxe uma análise
reflexiva sobre o “Por que” da maioria dos jovens hoje dar tanta importância à marca
de um produto? - Discutiu-se também se isto ocorre entre as crianças e os adultos.
Muitos chegaram a um consenso e atribuiu às propagandas como à grande
responsável do consumismo em massa, uma lógica do sistema capitalista vigente.
No nosso mundo, arte e informação também são consideradas mercadorias
produzidas pela indústria cultural, que as pessoas correm o risco de consumir como
se fossem autômatos.
É importante destacar, também, que o tema em questão, Globalização,
favoreceu o uso de uma diversidade de ferramentas, utilizadas para a
aprendizagem, isto se deve em virtude de se tratar de um assunto muito explorado
atualmente e que, muitas vezes, pouco se discute de maneira aprofundada em sala
de aula.
Outro fator que contribuiu significadamente para facilitar na produção dos
textos foi iniciarmos primeiramente uma produção em dupla proporcionando um
maior estímulo para a produção final e individual. Era um constante refazer mediante
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as dificuldades encontradas, alguns alunos despertaram para a importância da
língua portuguesa.
Outra observação interessante recaiu sobre um aluno em especial que havia
se ausentado no período de aproximadamente quase 60 (sessenta) dias por estar
trabalhando na safra da colheita da soja. Em fase bem adiantada da aplicação do
presente projeto teve dificuldades na produção de seu texto. Como agir diante do
fato? – A solução encontrada foi dissertar como a globalização afetou o campo e o
seu cotidiano. A produção foi surpreendente, mesmo com todas as dificuldades
ortográficas, em seu relatado destacou a mecanização, o desemprego, o descaso
por parte do governo para com agricultor e a polêmica dos transgênicos.
Assim como as ações e relações humanas se transformam ao longo do
tempo, a abordagem teórico-metodológica dos conteúdos de ensino é reelaborada
de acordo com o contexto histórico em que vivem os sujeitos. ( PARANÁ, 2007,
p.22)
Segundo Freitas Neto, o ato de educar é um desafio constante. Desde os
fundamentos filosóficos acerca do modo de conhecer até os procedimentos
contínuos em sala de aula é comum supor que educadores e educandos se
confrontem e questionem sobre as ações e conteúdos trabalhados e apreendidos
pelos estudantes. O mundo em contínua transformação, as constantes alterações
das diretrizes e orientações legais, o controle burocrático cada vez mais eficiente, e
alunos pouco dispostos a aceitar o universo escolar como algo útil e aplicável ao seu
cotidiano provoca no educador a necessidade contínua de discussão e alteração
para que a escola, em sua tarefa de educar, não se esvazie, e, com ela, sua própria
profissão. (FREITAS NETO, 2005, p.57)
Diante das diversificações de atividades explorando ao máximo sobre o
assunto a ser trabalhado, enfim, foi possível constatar o desenvolvimento
considerável de apreensão e conhecimento a partir dos relatos retirados dos textos
por eles produzidos.
O ser humano se torna um escravo do capitalismo, se torna uma peça
consumidora do jogo de xadrez que é o mundo globalizado... A história se divide em
grandes partes, desde a manufatura até o micro-chips criados no Japão.
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Desde o início de tudo, nossa realidade é a mais dependente de todas, as
crianças de hoje são criadas para serem alienadas, consumidoras, anencéfalos,
sendo preenchida por televisão, internet e pela moda. Os gigantes multipolarizados
e ricos controlam os fracos e indefesos países emergentes. Quem sairá vivo dessa
guerra pelo dinheiro e poder? Serão criadas alianças ou tudo terminará em uma
chacina social? (GUILHERME, ALUNO 3º ANO B, MATUTINO)
As desvantagens da globalização da economia são claras em nossa
sociedade, a principal dela é o desemprego relacionado à substituição da mão-de-
obra por máquinas. O crescimento da desigualdade entre ricos e pobres. Por outro
lado, a ganância leva ao desmatamento e a poluição causando o efeito estufa. A
fome é uma evidência clara da exclusão social e a proliferação de doenças. Muitos
não possuem o necessário para sobreviver e estudar. (AMANDA, ALUNA, 3º ANO B,
MATUTINO)
Pode-se dizer que a Globalização inicia-se com a necessidade do ser
humano de tentar facilitar as coisas, e com isso o homem aderiu às novas
tecnologias. (JONATHAN E GEOVANI, ALUNOS 3º ANO, VESPERTINO)
Com a industrialização e a mecanização do campo, muitos lavradores
deixaram o campo e foram para as cidades vivendo em pequenas moradias
denominadas de favelas, mesmo assim muito ficaram sem lar onde se formou os
grupos dos sem-terras o MST que temos hoje. (MIQUÉIAS, ALUNO 3º A,
MATUTINO)
Somos todos outdoors. (TATIANE, ALUNA 3º A, MATUTINO)
Ou por outro lado frases ilustrativas como a do aluno do terceiro ano noturno.
A globalização não é um fato atual, mas é um fato muito real que faz parte do ser
humano em toda parte do mundo. E diante da situação atual, a globalização é um
mal, uma doença sem o antídoto. (RENAN, ALUNO 3º A, NOTURNO)
As limitações e dificuldades apresentadas durante o processo implementação
e aplicação do projeto como: dificuldades de interpretação de textos, poemas,
análises de imagens, charges entre outros foram e continuam sendo superadas à
medida que há um comprometimento com a pesquisa e o preparo de suas aulas,
bem como na aplicação de metodologias e na motivação dos alunos. Vale ressaltar
mais uma vez a necessidade do professor ter consciência de que seu papel no
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processo de ensino/aprendizagem é conduzir os processos mentais dos alunos,
fornecendo informações que lhes permitam construir o conhecimento científico.
No entanto, o desempenho eficaz de cada professor também depende de
uma política educacional que realmente lhe dê condições para contribuir e melhorar
a qualidade de ensino, no caso o Programa de Desenvolvimento Educacional já é
um caminho para novas mudanças e transformações na Educação do país. Fica
claro que, para um ensino de qualidade é necessário a capacitação permanente do
professor bem como a disponibilidade de tempo hábil para a realização de sua
pesquisa na elaboração de novas metodologias que realmente apresentem
resultados.
Portanto, não basta apenas ter o domínio de metodologias e conteúdos, faz-
se necessário ir além, encarar o ensino como uma prática social que conduza o
professor ao desenvolvimento do trabalho intelectual para que ele tenha clareza e
profundidade do entendimento da sociedade historicamente vivenciada, assumindo
diante dela uma postura crítica, propiciando assim, um ensino motivador.
A melhor maneira para que o professor alcance qualidade intelectual de se
desenvolver e as suas atividades, essa é a pesquisa. “Não é ato isolado,
intermitente, especial, mas atitude processual de investigação diante do
desconhecido e dos limites que a natureza e sociedade nos impõem" (DEMO, 1977).
A pesquisa deve ser entendida como meio de se obter uma capacidade de
elaboração própria, que deve estar presente na atitude diária do professor e a
pesquisa possa ser entendida como sendo um diálogo inteligente com a realidade,
vendo-a como um comportamento e ferramenta cotidianos do professor.
Conclusão
Ao produzir um texto, o aluno precisa coordenar uma série de informações
que na maoria das vezes ele não faz sozinho. Cabe, portanto ao professor pensar
em uma série de atividades seqüenciadas que reduzem parte da complexidade
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desta tarefa. Por meio desta prática é possível resgatar o gosto pela leitura e o
prazer de escrever.
Consumidores, leitores, ouvintes. Fazemos parte de uma revolução que tem
tudo haver com o dia-a-dia da escola e pode ser resumida em uma palavra:
informação.
Com ou sem auxílio da tecnologia o papel do professor é transformar toda
informação em conhecimento. Só há um caminho para isso: pensar, refletir, elaborar
conclusões. Em seguida, ensinar os alunos a fazer o mesmo percurso. Jornais,
revistas, livros, charges, etc, servem para interpretar textos e imagens. Viajar pelas
páginas, sentir emoções que o autor quis transmitir, descobrir novos universos. É
isso que a leitura nos oferece. Mas, na maioria das vezes, as escolas privilegiam a
linguagem dos textos didáticos. Da mesma forma, muitos colegas esquecem que
outdoors, obras de arte, fotografias precisam ser “lidas” corretamente para ser
compreendidas.
Computador, rádio, jornal, revista, televisão. Todas as mídias são excelentes
ferramentas didáticas desde que, façamos uma análise crítica e construtiva para a
produção do conhecimento, o que este trabalho, em particular, pode contribuir.
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BIBLIOGRAFIA:
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