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BoletimEpidemiológicoSecretaria de Vigilância em Saúde − Ministério da Saúde
Volume 44N° 7 - 2013
Atualmente, a vigilância da influenza no país é feita por meio do monitoramento de vigilância da Síndrome Gripal (SG) e da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Os dados são coletados através de formulários padronizados e inseridos nos seguintes sistemas de informação: SIVEP-Gripe e Sinan.
Resumo da Semana
Contexto InternacionalAté 8 de maio de 2013 foi observada a seguinte
circulação do vírus influenza nas Américas:• No Canadá e nos Estados Unidos houve
predomínio de circulação do vírus influenza B, e no México de influenza A (H3N2).
• Em Cuba, República Dominicana e Nicarágua o vírus influenza A (H1N1)pdm09 foi o vírus prevalente. Com relação aos outros vírus respiratórios, o parainfluenza (República Dominicana, Honduras e Panamá) e VRS (Costa Rica) também estão circulando.
• Nos países andinos, o VRS foi o predominante, com cocirculação de influenza A (H3N2) no Equador, influenza A (H1N1)pdm09 na Colômbia e influenza B na Bolívia. No Cone Sul, houve prevalência de VRS.Na China, até 08/05/2013, 131 casos de
Influenza A (H7N9) foram confirmados por critério laboratorial, incluindo 32 óbitos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), não há recomendação de restrições de viagens ou comércio.
Contexto Nacional• O percentual de atendimento por SG nas
unidades sentinelas no Brasil ficou abaixo do limite superior do diagrama de controle em todas as regiões geográficas.
• Foram coletadas 3.116 amostras de casos de SG até a semana epidemiológica 19. Nas regiões
Influenza 2013: Monitoramento da Semana Epidemiológica 19
Norte, Nordeste e Sudeste houve predomínio de circulação do VRS, seguindo-se influenza A nas regiões Norte e Sudeste, e de adenovírus na região Nordeste. Nas regiões Sul e Centro-Oeste, o vírus influenza A foi o prevalente.
• Foram notificados 4.713 casos de SRAG até a SE 19. Destes, 11,7% (553/4.713) foram classificados por influenza. A mediana de idade dos casos foi de 14 (0-97) anos.
• Foram registrados 391 óbitos por SRAG até a SE 19, com uma mediana de idade de 40 (0-89) e uma taxa de mortalidade por SRAG de 0,20/100 mil habitantes.
Perfil epidemiológico da Síndrome Gripal (SG)A proporção de atendimentos por SG entre o
total de atendimentos em 84 unidades sentinelas no Brasil se manteve abaixo do limite superior do digrama de controle para o país e todas as regiões geográficas (Figura 1). Para os cálculos da média, limites superior e inferior do diagrama de controle foram incluídos os anos de 2004 a 2012, e excluídos os anos pandêmicos de 2009 e 2010.
Foram coletadas 3.116 amostras de casos de SG até a semana epidemiológica 19. Desses, 14,0% (437/3.116) tiveram resultado positivo para influenza ou outros vírus respiratórios. Houve predomínio de circulação do VRS nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste, seguido de influenza A nas regiões Norte e Sudeste e de adenovírus na região Nordeste.
Nas regiões Sul e Centro-Oeste, o vírus prevalente foi o influenza A (Figura 2).
A faixa etária com a maior proporção de amostras positivas foi a de crianças com idade inferior a dois anos. Nesse grupo etário foram coletadas 690 amostras, das quais 28,1% foram positivas para algum vírus respiratório. O VRS apresentou maior percentual de positividade nessa faixa etária, com 75,8% (147/194) das amostras positivas. Entre os indivíduos de 20 a 59 anos predominou o influenza A; neste grupo, 51,4% (55/1.314) das amostras foram positivas para o vírus.
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© 1969. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial.
Comitê EditorialJarbas Barbosa da Silva Jr (editor geral), Sônia M. F. Brito, Marcus Quito, Cláudio Maierovitch P. Henriques, Deborah C. Malta, Dirceu B. Greco, Guilherme Franco Netto, Elisete Duarte, Eunice de Lima, Marta Roberta Santana Coelho e Carlos Estênio Freire Brasilino.
Equipe EditorialCoordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviço/SVS/MS: Ricardo Pio Marins (editor científico), Gilmara Lima Nascimento (editora assistente) e Alisson Leandro Aragão Meneses (secretário executivo).
ColaboradoresAna Claudia Medeiros de Souza (DEVIT/SVS), Daiana Araujo da Silva (DEVIT/SVS), Érica Tatiane da Silva (DEVIT/SVS), Fabiano Rosa (DEVIT/SVS), Líbia Roberta de Oliveira Souza (DEVIT/SVS), Thayssa Fonseca (DEVIT/SVS), Walquiria Aparecida Ferreira de Almeida (DEVIT/SVS).
Distribuição impressa e eletrônicaNúcleo de Comunicação/SVS
Revisão de textoMaria Irene Lima Mariano (CGDEP/SVS)
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2 | Volume 44 − 2013 |
Figura 1 – Proporção de atendimentos por síndrome gripal nas unidades sentinelas, segundo região geográfica e semana epidemiológica de início dos sintomas. Brasil, 2013 (até a SE 19)
Fonte: SIVEP-Gripe. Dados atualizados em 12/05/2013, sujeitos a alteração.
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Figura 2 – Distribuição dos vírus respiratórios identificados nas unidades sentinelas de SG, segundo região geográfica e semana epidemiológica de início dos sintomas. Brasil, 2013 (até a SE 19)
Fonte: SIVEP-Gripe. Dados atualizados em 12/05/2013, sujeitos a alteração.
Perfil epidemiológico da Síndrome Respiratória Aguda Grave
A Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) caracteriza-se por casos de síndrome gripal que evoluem com comprometimento da função respiratória, sem outra causa específica. Podem ser causadas por vírus respiratórios, dentre os quais predomina a influenza; ou por bactérias, fungos e outros agentes.
A SRAG por Influenza engloba os casos de síndrome gripal causados por vírus de influenza A ou B – sem outra causa específica – que evoluem com comprometimento da função respiratória, .
Foram notificados 4.713 casos de SRAG até a SE 19, referente ao período de início dos sintomas de 30/12/2012 a 11/05/2013. Destes, 11,7% (553/4.713) foram classificados como SRAG por influenza. Nas semanas 15, 16 e 17 houve
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Figura 3 – Distribuição de casos de SRAG hospitalizados, segundo agente etiológico e semana epidemiológica do início dos sintomas. Brasil, 2013 (até a SE 19)
Fonte: SINAN. Dados atualizados em 12/05/2013, sujeitos a alteração.
uma maior identificação de vírus influenza em comparação com as semanas anteriores (Figura 3).
Entre os casos de SRAG por vírus respiratório, houve predomínio de vírus influenza, com 66,1% (504/763) das amostras positivas para vírus influenza A e 6,2% (47/763) para influenza B (Figura 5). Entre os casos classificados como influenza A, 388 foram de influenza A (H1N1)pdm09, 65 de influenza A (H3), e 51 casos de influenza A não realizaram subtipagem.
No que concerne à comparação de casos de SRAG entre os anos de 2012 e 2013, para a mesma semana epidemiológica, nota-se na Figura 4 (na qual linha pontilhada representa o número total de SRAG notificados em 2012 e o histograma é referente a 2013) que houve aumento no número de casos notificados a partir da SE 12 em 2013. A análise individual por regiões mostrou que a região Sudeste apresentou aumento de 97% (2.665/1.353) em relação a 2012. Verificou-se que 70% (1.863/2.665) destes casos eram notificações do estado de São Paulo, que apresentou um aumento importante de notificações (1.863/402) em comparação a 2012.
Observou-se aumento discreto de óbitos por SRAG nas regiões Norte e Centro-Oeste, e um aumento importante na região Sudeste. Os percentuais de aumento nessas três regiões foram de 21% (23/19), 23% (32/26) e 87% (241/129), respectivamente. Dos óbitos da região Sudeste, 76% (183/241) eram de São Paulo. Até a SE 19 de 2013, este estado notificou 183 óbitos por SRAG, dos quais 55 foram confirmados para influenza A (H1N1) pdm09. No mesmo período de 2012, São Paulo havia notificado 69 óbitos por SRAG, dos quais sete pelo vírus influenza A (H1N1) pdm09.
As regiões geográficas Sudeste e Sul acumularam o maior número de casos de SRAG no período, com 56,5% (2.665/4.713) e 26,0% (1.227/4.4713), respectivamente (Tabela 1).
Entre os casos de SRAG, a mediana de idade foi de 14 (0-97) anos. Os casos de SRAG positivos para influenza estavam distribuídos em todas as faixas etárias, sendo que a faixa composta de pessoas de 25 a 59 anos apresentou o maior percentual de casos de SRAG por influenza, com 20,1% (286/1.425).
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Figura 4 – Distribuição dos casos de SRAG hospitalizados, segundo vírus identificado e semana epidemiológica do início dos sintomas, SE 19 2012 e 2013
Fonte: SINAN. Dados atualizados em 12/05/2013, sujeitos a alteração.
Figura 5 – Distribuição dos casos de SRAG hospitalizados, segundo vírus identificado e semana epidemiológica do início dos sintomas. Brasil, 2013 (até a SE 19)
Fonte: SINAN. Dados atualizados em 12/05/2013, sujeitos a alteração.
Perfil Epidemiológico dos Óbitos por SRAGForam registrados 391 óbitos por SRAG até a
semana epidemiológica 19, referente ao período de início dos sintomas de 30/12/2012 a 11/05/2013. Em 2013, o maior número de óbitos por SRAG foi
observado na semana 16 e, a partir da semana 12, observa-se aumento de identificação de óbitos por vírus influenza, em comparação com as semanas anteriores (Figura 6).
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Figura 6 – Distribuição dos óbitos por SRAG*, segundo agente etiológico e semana epidemiológica do início dos sintomas. Brasil, 2013 (até a SE 19)
Fonte: SINAN. Dados atualizados em 12/05/2013, sujeitos a alteração.
As regiões Sudeste e Sul foram as que acumularam o maior número de óbitos registrados no período, com 61,6% (241/391) e 19,4% (76/391), respectivamente (Tabela 1). No país, até a semana epidemiológica 19/2013, o coeficiente de mortalidade por SRAG foi de 0,20/100 mil habitantes. Oitenta e dois óbitos foram classificados como influenza, sendo dois classificados como influenza sem identificação de subtipo, 61 como influenza A(H1N1)pdm09, cinco como influenza A(H3) sazonal, oito casos de influenza A não realizaram subtipagem, e seis foram classificados como influenza B.
Entre os óbitos por SRAG, a mediana de idade foi de 40 (0-89) anos. A faixa etária com o maior percentual de óbitos por influenza foi a de 25 a 59 anos de idade, com 25,3% (47/186).
De acordo com os dados registrados no SINAN, do total de óbitos por SRAG, 55,% (215/391) possuíam pelo menos uma comorbidade e 46,5% (182/391) eram do sexo feminino. Entre as mulheres, 42,3% (77/182) estavam em idade fértil, das quais 14,3% (11/77) estavam em período gestacional.
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Considerações finaisO aumento do número de casos notificados
nas últimas três semanas indica que neste ano, em algumas regiões, a sazonalidade já começou no Brasil. A região Sudeste foi a que apresentou a maior circulação viral e de óbitos, concentrando-se os casos no estado de São Paulo. A região Norte apresentou também maior circulação de influenza, especialmente no Pará, fato demonstrado pelo aumento do número de casos de SRAG e de óbitos no mesmo período na região Sudeste.
É fundamental que os serviços de saúde estejam preparados para o atendimento dos casos de SG e SRAG e para a divulgação do Protocolo de Tratamento de Influenza, atualizado em 2013 (Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/arquivos/pdf/2013/Mai/16/protocolo_manejo_influenza_miolo_final3.pdf), e os fluxos de distribuição do Fosfato de Oseltamivir organizados.