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SECRETARIA ESTADUAL DE EDUCAÇÃOPROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDENÚCLEO REGIONAL DE EDUCAÇÃO DE MARINGÁ
A REPRESSÃO NO ESTADO DO PARANA DURANTEO REGIME MILITAR: O MOVIMENTO ESTUDANTIL E A OPERAÇÃO MARUMBI
AMILTON COSTA PROF. PDE TITULADO
Dr. ANGELO APARECIDO PRIORI ORIENTADOR – DHI/UEM
MARINGÁ ABRIL – 2008
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A REPRESSÃO NO ESTADO DO PARANÁ DURANTE O REGIME MILITAR; O MOVIMENTO ESTUDANTIL E A OPERAÇÃO MARUMBI
Amilton Costa Mestre em Fundamentos da
Educação-UEM Professor da Rede Estadual/
PDE/UEM Amilton-
[email protected] Orientador: Dr Ângelo Aparecido Priori
DHI/UEM
Este artigo procura discutir as relações estabelecidas entre os agentes militares presentes no Estado do Paraná, que eram defensores do modelo de governo instituído nacionalmente a partir de 31 de março de 1.964 e dois grupos que fizeram uma intensa oposição ao regime militar em nosso Estado e, por causa disso foram violentamente reprimidos, em diversos momentos da década de 1.960 e 1.970. Num primeiro momento observar-se-á o movimento estudantil e a sua luta travada especialmente na capital paranaense em defesa da liberdade e da democracia. Já, em um segundo momento, abordar-se-á a Operação Marumbi e a repressão desencadeada contra os membros do Partido Comunista Brasileiro, que era um partido clandestino durante o regime militar e pretendia se rearticular politicamente a partir das eleições de 1.974. O objetivo desse trabalho é poder oferecer subsídios para que o tema relacionado a repressão durante o regime militar, no Estado do Paraná, seja levado e discutido nas salas de aulas , pelos professores e alunos do Ensino Fundamental e Médio na Rede Estadual de Educação.
Palavras-chave; repressão, movimento estudantil, Operação Marumbi, ditadura militar.
ABSTRACT:
THE REPRESSION IN THE STATE OF PARANA DURING THE MILITARY REGIME;THE STUDENT MOVEMENT AND THE OPERATION MARUMBI
This article seeks discuss the relations established among the military agents presents into the state of Paraná , which they were used to be defensive of the model of government instituted nationally as of this date march 31st of 1964 and two groups that they did an intense opposition to the military regime in our state and, because of this they have been violently repressed em diverse moments from decade of 1960 and 1970.On a first moment, it will observe the student movement and its fought fight especially on capital of Parana in defense of freedom and of democracy. On a second moment , this article will broach the operation Marumbi and the repression was unchained against the members of the Brazilian Communist Departed, that was a clandestine sect during the military regime and it pretended rearticular itself politically from the elections of 1974. The goal of this work is may to offer subsidies to this related theme: the repression during the military regime, in the state of Parana, can be and discussed in the classrooms by teachers and pupils of Elementary and High School of Public System of Education.
Key- words: repression, student movement, operation marumbi, military dictatorship.
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A EPRESSÃO NO ESTADO DO PARANÁ DURANTE O REGIME MILITAR: O MOVIMENTO ESTUDANTIL E A OPERAÇÃO MARUMBI
Amilton Costa
Mestre em Fundamentos da Educação-UEM
Professor da Rede Estadual/PDE/UEM
Orientador: Dr Ângelo Aparecido Priori
DHI/UEM
Com a implantação da Lei 13.381 de 18 de dezembro de 2.002, tornou-
se obrigatório a introdução dos conteúdos de História do Paraná no Ensino
Fundamental e Ensino Médio da Rede Estadual de Ensino. Entretanto, isto
não quer dizer que, antes da referida Lei, esses temas não fossem tratados
nas escolas paranaenses. O que vinha acontecendo, na verdade, era que
esses conteúdos estavam restritos majoritariamente a quarta série do Ensino
Fundamental e aos cursos profissionalizantes de magistério. que ainda
sobreviviam nos poucos colégios estaduais que conseguiram evitar a
reestruturação do Ensino Médio, a partir de 1.997, que passou a eliminar
gradativamente os cursos profissionalizantes no Estado do Paraná, durante
a administração do governador Jaime Lerner .
A realidade que se passou a ter com a implantação da referida lei foi
que muitos professores ao assumirem a disciplina de História do Paraná ou,
tentarem fazer a introdução desses conteúdos em séries específicas do
Ensino Fundamental e Ensino Médio depararam-se com uma triste
realidade; as dificuldades de encontrarem textos e materiais didáticos que
fossem adequados as séries que deveriam desenvolver a sua prática
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docente em sala-de-aula. Na maioria das vezes os textos estavam muito
acima do nível intelectual dos alunos de quinta a oitava séries do Ensino
Fundamental e Médio por serem substancialmente acadêmicos ou, em
outras vezes, estavam voltados para os alunos das séries iniciais do Ensino
Fundamental e, portanto, não haveria boas condições para o seu
aproveitamento nas séries finais do referido nível de ensino.
Assim, diante dessa conjuntura que passou a ser vivenciada por uma
grande parcela dos professores da referida disciplina, torna-se necessário
ampliar o leque de discussões que possam contribuir para o entendimento e
aprofundamento das questões referentes a História do Paraná e as
possibilidades de fazer estas questões chegarem de uma forma crítica e
aprofundada até o Ensino Fundamental e Médio das escolas do nosso Estado.
Partindo dessa conjuntura, delimitou-se o objetivo deste trabalho que
é procurar analisar a realidade paranaense durante o regime militar, dando-
se uma ênfase especial as resistências e as repressões ocorridas em nosso
Estado, especialmente ao longo das décadas de 1.960 e 1.970. Espera-se
assim, com o referido trabalho poder contribuir para que estas questões
referente ao tema sejam melhor exploradas em salas de aulas, nas quais os
professores de História ministram esses conteúdos no Ensino Fundamental e
Médio.
Assim, quando nos debruçamos para estudar as décadas de 1.960 e
1.970, na História do Brasil observamos que, no processo que levou a queda
do presidente João Goulart e consequentemente a posse dos militares no
poder, através do marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, ocorreram
as mobilizações de amplos setores da sociedade civil brasileira que se
posicionaram de formas antagônicas frente ao novo governo. A favor dessa
nova realidade política, criada pelos militares, estavam as classes médias, os
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grandes empresários ligados ao capital nacional e internacional, a ala
conservadora da Igreja Católica, entre outros que esperavam conseguir
vantagens políticas e econômicas com a queda do governo do presidente
João Goulart. No lado, oposto aos militares encontravam-se os amplos
setores das classes trabalhadoras brasileiras que eram ligados aos
diversos tipos de sindicatos. Esses grupos sentiam uma forte simpatia pelas
propostas de reformas sociais prometidas por João
Goulart e pretendiam ultrapassar os limites das Reformas de Bases. Ainda
neste grupo que estava contrário aos militares, encontravam-se o
movimento estudantil que passou a organizar inúmeras mobilizações em
diversa partes do território brasileiro, organizando e protestando
abertamente contra as medidas anti-democráticas que estavam sendo
implementadas pelos representantes das Forças Armadas que passaram a
ocupar o Poder Executivo, a partir daquele fato histórico ocorrido em de 31
de março de 1.964
O movimento estudantil brasileiro, através de suas inúmeras
manifestações ocorridas especialmente nas principais cidades de nosso país,
constituiu-se no grande segmento da sociedade civil que veio a travar uma
luta aberta e grandiosa em favor de uma democracia ampla e ilimitada,
posicionando-se, desta forma, contrários às medidas adotadas por muitos
representantes do regime militar que ocupavam importantes cargos
administrativos do poder constituído, a partir do golpe militar de 1.964
Assim, nos grandes centros urbanos brasileiros, tais como o Rio de
janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Curitiba, e entre outros,
passaram-se a ocorrer grandes mobilizações estudantis, especialmente na
segunda metade da década de 1.960, pois, nessas cidades e especialmente
nas maiores capitais a UNE (União Nacional dos Estudantes) estava
promovendo reuniões clandestinas desde o golpe militar de 1.964 e que
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serviam de estímulo para fermentar a ação da juventude que estavam
ligados as instituições de ensino, especialmente no nível superior
Antes das grandes manifestações de 1.968 que atingiram as principais
cidades do mundo e chegaram até os grandes centros urbanos brasileiros, o
Paraná já era citado e havia ganhado destaque no cenário estudantil
nacional, devido a ocorrência do II Seminário Nacional de Reforma
Universitária, realizado em Curitiba, entre os dias 17 e 24 de março de
1.962. Foi neste encontro que ocorreu a elaboração da Carta do Paraná,
documento este que defendia “uma universidade crítica, anti-dogmática e
imune as discriminações de ordem econômica, ideológica, política e social”.
(FÁVERO, 1.996, p. 40).
No II Seminário Nacional da Reforma Universitária cada Estado
brasileiro teve a oportunidade de credenciar seis delegados, além de poder
trazer dezenas de observadores que estavam representando mais de 100
mil estudantes universitários de todos os cantos do Brasil. Foi durante este
encontro que decidiu-se criar um programa, chamado de UNE-VOLANTE. Ele
tinha por função percorrer todos os Estados brasileiros discutindo as
aspirações sociais do movimento estudantil e quais seriam as suas pautas de
reivindicações.
O movimento estudantil organizado pela UNE estava preocupado com
questões que tinham um grau de abrangência que ultrapassava os limites
dos muros escolares, pois, “ naquela época os estudantes se rebelavam
contra a política recessiva do Fundo Monetário Internacional” (HELLER,
1.988,p..291)
Além da crítica a influência do Fundo Monetário Internacional sobre as
medidas econômicas adotadas pelos ministros militares, os estudantes
protestavam contra os acordos que estavam sendo feitos pelos
representantes do governo militar. Assim, “os estudantes também se
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opunham ao acordo MEC-USAID, entendendo que era uma forma de
penetração imperialista através do ensino e da cultura em nosso país.”
(HELLER, 1.988, p.305).
O Estado do Paraná voltou a ganhar projeção nacional novamente
quando o presidente Castelo Branco convidou o reitor da Universidade
Federal do Paraná e membro do Conselho Federal da educação, Sr Flávio
Suplicy de Lacerda para ser o novo Ministro da Educação. Ele acabou sendo
o responsável pela criação da Lei 4.464 de 09 de novembro de 1.964 que,
afirmava ser “vedado aos órgãos de representação estudantil qualquer
manifestação ou propaganda de caráter político-partidário, bem como
indicar, promover e apoiar ausência coletiva dos trabalhos escolares, isto é,
greves”.(FÁVERO, 1.996, p. 60).
A Lei Suplicy era uma tentativa de intimidar o movimento estudantil
que não queria calar-se diante das restrições que os militares estavam
impondo. Qualquer ato em defesa da liberdade era encarado como
insubordinação. Qualquer mobilização dos estudantes era declarado ilícita e
abriria espaço para os detentores do poder contra-atacar os seus opositores.
Com a famigerada Lei Suplicy todas as organizações estudantis, tanto
a nível nacional como a nível estadual sofreram um intenso processo de
extinção e repressão. Entre essas organizações estavam a UNE (União
Nacional dos Estudantes), a UBES (União Brasileira dos Estudantes
Secundários) e outras representações que atuavam nas áreas estaduais e
municipais.
Em lugar das organizações estudantis tradicionais que tinham um
posicionamento crítico sobre a realidade nacional, foram criadas os DAs
(diretórios acadêmicos), DCEs (diretórios centrais dos estudantes) e “a UNE
foi substituída pelo Diretório Nacional dos Estudantes e as Uniões Estaduais
pelos diretórios estaduais(DEEs)”(FÁVERO, 1.996, p.60). Sabe-se que, o que
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estava sendo pretendido com essas organizações impostas pelos militares
era, na verdade, a criação de órgão sem nenhum tipo de teor político ou
crítico. Desejavam organizações subservientes ao policiamento do Estado e
as limitações ideológicas impostas pelos mesmos.
Para os estudantes do Paraná a Lei Suplicy tinha um gosto amargo.
Isto ocorria porque o mesmo era uma personalidade importante na vida
educacional paranaense e que, a serviço do Governo Federal, estava
ajudando a impor um modelo educacional autoritário e extremamente
detestado pela ala estudantil, inclusive do próprio Estado do qual o ministro
era oriundo.
A Lei Suplicy era uma grande tentativa de transformar os centros
acadêmicos das universidades brasileiras em diretórios tutelados pelas
reitorias. Em nosso Estado os estudantes da Universidade Federal do Paraná
resistiram através de diversos mecanismos. Um das mais notáveis “começou
no Centro Acadêmico Hugo Simas , o único que tinha sede própria e
condições de resistir com autonomia, sendo por isso considerado território
livre, de resistência democrática”(HELLER, 1.988, p. 300).
Entretanto, deve-se destacar que esse movimento estudantil, em
desenvolvimento na Universidade Federal do Paraná, pós-64 não era
totalmente uniforme. Através dos depoimentos de pessoas envolvidas no
bojo das discussões e mobilizações que permeavam as grandes
manifestações na capital do Estado, tinha-se a consciência de que, “no
movimento estudantil havia um grande número de informantes, estudantes
que denunciavam colegas”. (HELLER, 1988, p.299).
Essas mobilizações estudantis que começaram a ocorrer no Estado do
Paraná no pós-64 tinha uma série de objetivos. Eles protestavam
intensamente contra a Lei Suplicy, solicitavam o cancelamento dos Acordos
MEC-USAID assinados em 1.965, exigiam a revogação das propostas de
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cobranças de anuidades, o fim das punições contra os líderes estudantis e
sensíveis melhorias nas condições de ensino dos discentes paranaenses.
É necessário destacar que a intensa oposição dos estudantes aos
Acordos MEC-USAID estavam sendo justificados pelo movimento estudantil
paranaense, como sendo uma grande oportunidade para o povo brasileiro
combater a penetração imperialista norte-americana que procurava se
manifestar no ensino e na cultura do nosso país.
Observando a política internacional dos Estados Unidos, desde a
Doutrina Monroe, constatava-se que, ela somente visava um objetivo: atrelar
a produção da América Latina aos interesses do capital norte-americano.
Já na década de 1.960, desde a preparação da “Aliança Para o
Progresso” havia uma política de incentivo e estímulo para que o
Continente Americano se consolidasse através de um modelo agrícola
exportador. Esse modelo incentivaria a produção de colheitas para a
exportação, ao mesmo tempo, provocaria uma significativa redução nas
colheitas de gêneros de subsistência, voltados ao consumo da população
local Um grande exemplo dessa realidade estava se manifestando no Estado
do Paraná durante os anos sessenta e setenta, quando começou a ser
introduzido a transição da cultura do café para o bimônio soja-trigo. O fim
da lavouras cafeeiras significava a redução das áreas destinadas aos cultivos
dos produtos voltados as subsistências, especialmente das populações com
menos poder aquisitivo.
As razões para que os estudantes curitibanos rejeitassem as
interferências norte-americanas na política educacional e econômica
brasileira eram imensas e ajudavam a fermentar os desejos deles irem as
ruas e externarem publicamente as suas revoltas e insatisfações contra o
sistema que estava sendo consolidado. Assim, podemos afirmar que “a
rebeldia dos estudantes não pode ser visto apenas como uma manifestação
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própria da idade.” (HELLER, 1.988, p.305) mas sim, era uma necessidade de
se fazer algo que pudesse reverter a conjuntura na qual o país estava sendo
inserido.
Assim, na medida em que os estudantes brasileiros se mobilizavam
em diversas regiões , as forças repressivas não deixavam por menos e
entravam em ação , procurando impedir de todas as maneiras ,
qualquer ação organizada. Um desses exemplos de manifestações
antidemocráticas aconteceu em nosso Estado. Ela ocorreu durante a
eleição de Stênio Sales Jacob à presidência da UPE, na qual a “Polícia
Federal invadiu a sede, levando máquinas de escrever, uma estação de
radioamador, objetos pessoais dos estudantes, material didático e muitos
livros”(HELLER, 1.988, p. 299).
Entretanto, apesar da invasão realizada na sede da UPE pela
Polícia Federal, isso não significou a sua retirada da cena política. Ela
continuou funcionando ativamente na capital do Estado e “só foi fechada
no final de 1.968, após o AI-5 (Ato Institucional número cinco), quando toda a
liderança estudantil estava recolhida no Ahú, pela participação no
Congresso da UNE, no Sítio do Alemão”(HELLER, 1.988, p.300).
Outro fato que veio a demonstrar uma grande força de mobilização dos
estudantes na capital paranaense ocorreu quando o reitor da
Universidade Federal do Paraná, Sr Flávio Suplicy de Lacerda resolveu
introduzir um processo de pagamento de anuidades para os calouros que
ingressariam na instituição a partir de 1.968. Os estudantes veteranos
continuariam não pagando nenhum tipo de taxa. Este sistema de
cobranças seria introduzido gradativamente com o ingresso de novos
estudantes, e aos poucos todos os acadêmicos da instituição estariam
pagando as criticadas anuidades
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Essa determinação da reitoria da Universidade Federal do Paraná
criando as anuidades era uma orientação dos técnicos americanos que
davam acessória ao Ministério da Educação para a realização da Reforma
Universitária Brasileira. A introdução dessas medidas serviram para
desencadear uma intensa agitação entre os estudantes universitários
curitibanos que passaram a alegar que a referida taxa seria uma maneira de
impedir o acesso da grande maioria dos pretendentes a uma vaga na
instituição, visto que, a maioria deles eram oriundos das camadas populares
da sociedade e não possuíam condições econômicas para arcar com mais
estas despesas, que já vinham a somar-se as próprias dificuldade que
possuíam para garantir sua a subsistência
A UPE preparou um esquema para que os estudantes requeressem a
isenção da anuidade e conseguissem se livrar desse encargo Entretanto, a
situação de descontentamento veio a tornar-se mais latente quando o
reitor da UFPr resolveu introduzir dois novos cursos na instituição durante
o período noturno. Um seria o curso de Engenharia e o outro o curso de
Direito. Eles teriam taxas mais elevadas que os outros cursos, apesar da
reitoria estar afirmando categoricamente que esses novos cursos eram
para “atender os estudantes pobres, que trabalhavam durante o dia”
(HELLER, 1.988, p.294)..
Como as mobilizações promovidas pela UPE eram intensas, os
estudantes resolveram tomar conta do Centro Politécnico e impedir a
realização das provas para os novos cursos noturnos de Engenharia e
Direito. Os veteranos procuravam convencer os vestibulandos de que era
necessário resolver a questão da anuidade para depois ocorrer o vestibular.
Na verdade, a reitoria da Universidade Federal do Paraná não
aceitava as reivindicações que os estudantes faziam e resolveu marcar o
vestibular. Entretanto os choques entre os dois lados acabou ganhando
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proporções maiores quando da realização do novo vestibular que deveria
ocorrer no dia das mães. Porém, neste dia quando os estudantes chegaram
ao Centro Politécnico com objetivos de impedir a realização das provas,
encontraram um grande aparato policial. Segundo depoimentos de
manifestantes estudantis daquele dia “estava lá a cavalaria, policiais com
sabres e nos com estilingues, bolinhas de vidro e rolhas , o que dificultava a
movimentação dos cavalos. “( HELLER, 1.988, p. 295).
Era o ano de 1.968 e havia a ocorrência de grandes enfrentamentos
entre os policiais que representavam o poder constituído, e os estudantes
que queriam mudanças na sociedade. Essas manifestações estudantis foram
responsáveis pela prisão de muitos jovens em diversas partes do
planeta. Em Curitiba a situação não foi diferente. A polícia estava
posicionada e “cerca de setenta estudantes foram detidos – alguns
bastantes machucados – e levados para o quartel da Polícia Militar” (HELLER,
1.988, p.295).
Entretanto, após serem fichados, no início da noite, os estudantes
foram liberados. Isto aconteceu porque havia uma grande concentração de
jovens diante do quartel da Polícia Militar e provavelmente esse grande
contingente de pessoas e estudantes acabou servindo para apressar as
autoridades a garantia a liberdade urgente para os jovens que estavam
presos.
No dia seguinte em que seria dado continuidade as provas do
vestibular, os estudantes estavam sendo esperados no Centro Politécnico
por um grande aparato policial. Foi diante dessa nova realidade, que os
estudantes resolveram trocar de tática. e decidiram ocupar o prédio da
Reitoria da Universidade Federal do Paraná. Desta maneira evitariam o
confronto aberto onde provavelmente levariam a pior, mas continuariam
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externando o seu descontentamento contra o que estava acontecendo na
referida instituição.
Assim, para garantir o domínio sobre a reitoria e evitar que o local
fosse ocupado por uma ação organizada dos policiais, os estudantes
resolveram preparar “barricadas com carros oficiais que iam passando.
Invadiram uma construção ao lado, armaram-se de pés-de-cabra e barras
de ferro, arrancaram paralelepípedos e prepararam-se para a guerra”.
(HELLER, 1.988, p.296).
Entretanto, a notícia do que estava acontecendo na Reitoria da UFPr se
espalhou rapidamente pela cidade e, diante dessa realidade conflituosa que
se organizava, diversas autoridades se mobilizaram e, rapidamente
procuraram evitar um conflito aberto entre os estudantes e os policiais.
Depois de muitas negociações a reitoria acabou sendo desocupada
pacificamente pelos jovens. Isto aconteceu após a retirada dos policiais em
frente ao prédio e aos poucos as barricadas foram sendo desfeitas.
Foi diante de toda essa conjuntura de embate entre os estudantes e
a Reitoria e das possibilidades de novos conflitos que, em uma reunião, três
dias depois, o Conselho Universitário resolveu suspender o pagamento de
anuidades na Universidade Federal do Paraná e nunca mais isso foi colocado
em discussão. Estava assim assegurado o direito de gratuidade de ensino,
que se constituía em uma das principais bandeiras levantadas pelo
movimento estudantil paranaense naquele conturbado ano de 1.968.
Porém, as ações estudantis não haviam terminados, pois, uma outra de
grandes proporções ainda veio a acontecer em dezembro de 1.968, quando
os estudantes tentaram organizar um mini-congresso da UNE, em Curitiba,
Este congresso veio a ocorrer após a prisão dos principais líderes estudantis
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nacionais e vários representantes paranaenses no Congresso de Ibiúna, que
estava sendo realizado em 12 de outubro de 1.968.
Durante o mini-congresso da UNE ocorrido em dezembro de 1.968 os
agentes da repressão , os policiais ocuparam o local conhecido como o Sítio
do Alemão e desencadearam a prisão dos estudantes que participavam do
ato estudantil. Eles foram enquadrados na lei de Segurança Nacional,
acusados de estimular a guerra revolucionária, tentativa de desestabilizar o
governo e porte de armas. Segundo a professora Judith Trindade foram
encontrados no Sítio do alemão “duas facas de churrasco e dois foguetes de
São João. Além de documentos considerados subversivos, as teses que
seriam discutidas lá e as tendências que disputavam a presidência da UNE”
(HELLER, 1.988, p. 311)
Assim, vários estudantes passaram a responder inquéritos policiais
militares. Outros caíram na prisão e sentiram na própria carne as dores
causadas pelas torturas físicas e psicológicas, desencadeadas pelos agentes
do regime militar que utilizavam a violência para garantira a ordem a
qualquer preço.
Além de Curitiba, no interior do Estado também aconteceram fatos que
mostravam a mobilização dos estudantes. Um deles ocorreu em Maringá,
no ano de 1.968 e que, segundo Laércio Souto Maior, levaram cinco mil
estudantes maringaenses a tentar adentrar ao comício do governador Paulo
Pimentel e depois, a estudantada foi atrás da comitiva do governador e
cercou o Hotel Bandeirantes, onde as autoridades estavam. Foi preciso que o
prefeito da cidade, Luiz de Carvalho, interferisse para evitar o choque entre
os estudantes e a polícia Militar. Aparentemente este fato parece ter
acontecido de forma isolada, mas é um sinal de que, mesmo nas menores
cidades do Estado havia o clima de fermentação estudantil que estimulava
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os grandes centros nacionais e que também encontravam-se presentes nas
menores cidades do interior do Brasil.
Assim, observando esses fatos notamos que, os enfrentamentos entre
os estudantes paranaenses e a polícia foram representativos dentro do
contexto do movimento estudantil nacional. Na capital do Estado os
estudantes não eram os únicos grupos que representavam os movimentos
populares que estavam nas ruas. Entretanto eram eles que tinham
confrontos com a polícia, e estavam lutando por objetivos claros e definidos:
democracia, liberdade. Justiça social entre outros.
Verificamos que a repressão ao movimento estudantil foi intensa, tanto
a nível nacional como no estado do Paraná. Podemos afirmar que a
juventude universitária paranaense também desencadeou uma luta ousada
contra a ditadura militar e, “alguns caiam nas malhas da repressão, sendo
torturados, processados e condenados, sendo imediatamente substituídos
por novas lideranças, que continuaram sustentando as mesmas bandeiras,
com redobrado vigor” ( HELLER, 1.988, p. 345).
Porém, devemos ter a consciência de que, não foram somente os
estudantes que sofreram as violências físicas e psicológicas cometidas pela
repressão militar no Estado do Paraná. Os políticos da oposição também
eram vigiados intensamente e a qualquer sinal de subversão ou
incomodação política a ala governista eram obrigados a responderem a
processos que os enquadravam sumariamente na Lei de Segurança
Nacional. Essas medidas repressivas criaram inclusive as possibilidades de
perdas de mandatos políticos. Muitos deputados paranaenses responderam
processos , mas “todos os deputados cassados foram absolvidos, o que
demonstra que as cassações foram injustas e precipitadas: Aníbal Khury,
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Miran Pirih, Leon Naves Barcelos, Luis Alberto Dalcanale, Jorge Nassar,
Miguel Dinizele e outros. (HELLER, 1.988. p.67)
Na década de 1.970, na medida em que o “milagre econômico
brasileiro” estava apresentando os seus primeiros sinais de decadência,
uma grande parte da população passou a apresentar sinais evidentes de
insatisfação com o regime militar e a sua política econômica. As grandes
obras dos governos militares, como a Transamazônica, a ponte Rio-Niteroi,
rodovia Cuiabá-Porto Velho e até a Usina de Itaipu, levadas a todos os
cantos do Brasil por uma intensa propaganda oficial não eram suficientes
para seduzir e acalmar a maior parte da população. Assim, dentro desse
quadro de grande insatisfação surgiram as primeiras grandes oportunidades
para o crescimento político do partido de oposição consentida, no caso o
MDB (Movimento Democrático Brasileiro).
Este crescimento político da oposição veio a se manifestar
concretamente, nas eleições de 1.974. No caso do Estado do Paraná,
Francisco Leite Chaves conseguiu ser eleito para o Senado Federal
tranquilamente, derrotando o candidato da situação, no caso o
representante da Arena(Aliança Renovadora Nacional) , João Mansur. O
mesmo fato veio a repetir-se com muitos candidatos oposicionistas aos
cargos de deputados federais e estaduais, no qual, os políticos da oposição
conseguiram apresentar significativas votações e acabaram ocupando as
maiorias das referidas cadeiras na Câmara Federal e nas Assembléias
Legislativas Estaduais.
Com o crescimento político da oposição e consequentemente as suas
vitórias nas urnas das eleições de 1.974, os agentes da polícia política
passaram a atuar fortemente no Estado do Paraná, procurando desenvolver
um programa de vigilância e fiscalização sobre todos os indivíduos que
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possuíam idéias contrárias aquelas defendidas pela Doutrina de Segurança
Nacional, que norteavam os militares que ocupavam o poder político
brasileiro desde 1.964
Foi dentro deste contexto político que acabou ocorrendo o
desencadeamento, nos primeiros dias de setembro de 1.975, da Operação
Marumbi. Ela “foi arquitetada pela Delegacia da Ordem Política e Social
(DOPS) e pelo Centro de Operações de Defesa Interna – Destacamento de
Operações Internas(CODI-DOI)” (BRUNELO, 2.006, p.13).
A finalidade dessa Operação Marumbi era apurar supostas atividades
do Partido Comunista Brasileiro (PCB) , no Estado do Paraná que, naquele
momento, apresentava sinais evidentes de reorganização política e ainda
fortes indícios de ligações com o partido de oposição, no caso o MDB. Essas
ligações foram intermediadas pelo candidato a senador Francisco Leite
Chaves e os candidatos a deputados Alencar Furtado, Enéas Farias,
Sebastião Rodrigues, Osvaldo Macedo entre outros.
Segundo BRUNELO que analisou exaustivamente a Operação
Marumbi, os contatos entre os dois grupos políticos começaram a ocorrer
quando os membros do Partido Comunista Brasileiro no Estado do Paraná
resolveram apoiar os candidato do Movimento Democrático Brasileiro nas
eleições de 1.974. Em troca, depois de eleitos, se assim o fossem, os
políticos do MDB se comprometeram a apresentar e defender projetos que
atendessem as aspirações do PCB, tais como: a anistia aos presos políticos,
eleições diretas para governadores, presidentes e prefeitos das capitais e
das cidades enquadradas como área de segurança nacional, o fim do AI-5, a
abolição da censura na imprensa, a convocação da assembléia constituinte,
entre outras medidas.
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Assim, depois de uma ampla investigação, os agentes do DOPS
descobriram as ramificações do PCB no Estado do Paraná. Uma vez
identificadas as principais lideranças, os militares resolveram desencadear
uma série de prisões em várias cidades paranaenses.
Os presos políticos detidos pela Operação Marumbi eram provenientes,
em sua maioria de cidades do Norte Paraná, especialmente nas localidades
em que o MDB havia obtido uma expressiva votação nas eleições de 1.974.
Esses presos políticos foram conduzidos para o Quinto Batalhão de
Infantaria de Apucarana. Uma vez detidos os presos foram vítimas de
diversos tipos de torturas físicas e psicológicas cometidas pelo capitão Ismar
Moura Romariz e seus subordinados e depois foram levados para as prisões
de Curitiba, recebendo os mesmos tipos de tratamentos cruéis que incluía:
“choques elétricos nos órgãos genitais, golpes de caratê, ameaça
de ser torturado na “cadeira do dragão”, de uso do famoso cilindro de
ferro que os torturados introduziam no ânus dos presos que assim eram
arrebentados por dentro, de ser colocado na geladeira e de ser
obrigado a tomar purgantes” (HELLER, 1.988, p.382)
Depois de um período de interrogatórios e torturas, os presos foram
enquadrados em um gigantesco processo, “o IPM 745 ou se preferir, BNM
551, possui 5.883 páginas divididas em 20 volumes” (BRUNELO, 2.006, p.82)
Assim, no final do processo tinha-se “65 pessoas presas pela Operação
Marumbi e acusadas de rearticularem o PCB no Paraná. Dessa forma, todas
elas se enquadravam no artigo 43 da Lei de Segurança Nacional” (BRUNELO,
2.006, p.84).
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Deve-se destacar ainda que a Operação Marumbi foi um
prolongamento de uma ação conjunta, desencadeada em outros estados
brasileiros. Em São Paulo por exemplo, que deu origem a esse conjunto de
ações, era chamada de OBAN (Operação Bandeirante) e em Santa Catarina
ela foi denominada de Operação Barriga verde.
A Operação Marumbi chegou ao seu fim no Estado do Paraná com um
conjunto de julgamentos organizados pelo Conselho Permanente de justiça
Militar, ocorridos entre os dias 3 e 6 de outubro de 1.977. Vale destacar que
nestes julgamentos os próprios torturadores acabaram servindo de
testemunhas de acusação para justificar os seus próprios atos de violência e
repressão. No final sabia-se que estava “de um lado o governo militar e de
outro lado, com valores completamente divergentes, os militantes de
esquerda os comunistas” (BRUNELO, 2.006, p.83)
Analisando a atuação dos órgãos de repressão durante a Operação
Marumbi, Brunelo colocou que era a única forma de mostrarem que “eles
estavam na ativa e que a subversão ainda se encontrava presente em vários
âmbitos da sociedade. Por isso, deveriam continuar atuando e,
principalmente recebendo as gratificações vindas do governo e de
determinados setores empresariais.”(BRUNELO, 2006, p. 156).
Entre as maiores vítimas das torturas cometidas pelos agentes que
comandavam a Operação Marumbi estava Ildeu Manso Vieira. Em seu livro
“Memórias torturadas ( e alegres) de um preso político”, ele afirmava que “
das centenas de seqüestrados no Paraná pelo DOI-COGI, através da
Operação Marumby, apenas 64 políticos foram processados” (VIEIRA, 1.998.
p.272). Isto aconteceu porque o estivador João Teixeira conseguiu escapar e
ficou desaparecido até a fase final do julgamento.
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Para se ter uma noção aproximada da abrangência da repressão
militar no Estado do Paraná, vale a pena destacar os seguintes dados: “um
levantamento do Comitê Londrinense pela Anistia e Direitos Humanos
registrou que de 1.964 a março de 1.969 ocorreram 2.726 detenções no
Paraná de pessoas suspeitas de contestação do regime militar.”(HELLER,
1.988, p.370)
Assim, diante do quadro exposto até aqui podemos concluir que os
mesmos mecanismos desenvolvidos pelos militares para garantir a
manutenção no poder, em diversas partes do Brasil, foram praticamente as
mesmas desenvolvidas pelos seus representantes no Estado do Paraná.
Entretanto, guardados as devidas proporções e especificidades, os presos
políticos paranaenses tiveram que enfrentar não somente as forças dos
soldados, mas também a falta de solidariedade de sua própria classe social,
onde elementos de seu próprio nível social estarem infiltrados em diversos
movimentos populares, inclusive no movimento estudantil, e servirem para
delatar as principais lideranças ou pessoas que demonstrassem serem
simpatizantes da resistência a ditadura militar.
Na sociedade civil brasileira da década de 1.960 e 1.970 e,
especialmente na sociedade paranaense, foi desenvolvido um sistema de
terror , no qual indivíduos diretamente ligados as práticas oposicionistas ou
mesmo por serem simples suspeitos, estavam em um constante estado de
alerta, visto que, as notícias de abusos cometidos pelos agentes militares
eram comuns em diversas partes do Estado, como nos maiores centros
urbanos do país.
Sabe-se que a qualidade de ensino precisa ser melhorada em todas as
regiões brasileiras. Espera-se que esse trabalho de conclusão do PDE
(Programa de Desenvolvimento Educacional) tenha a oportunidade de
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oferecer alguns subsídios e contribuições para que o tema da repressão no
Estado do Paraná durante o regime militar possa ser melhor abordado e
discutido pelos alunos e professores nas suas atividades de ensino e
aprendizagem.
Sendo assim, este trabalho não pretende de maneira nenhuma
esgotar as discussões referentes a temática, mas sim, objetiva oferecer
uma contribuição para o entendimento do tema e quem sabe levar o mesmo
a ser abordado de uma forma mais crítica e aprofundada dentro das salas de
aula do ensino Fundamental e Médio.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS
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1.964–1.969. Dissertação. (Mestrado em Fundamentos da Educação) ,
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