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SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE IRATI PROPOSTA CURRICULAR DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE IRATI Séries iniciais do Ensino Fundamental Educação Especial Educação de Jovens e Adultos IRATI, 2009.

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SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE IRATI

PROPOSTA CURRICULAR DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE IRATI

Séries iniciais do Ensino Fundamental Educação Especial

Educação de Jovens e Adultos

IRATI, 2009.

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SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE IRATI

PROPOSTA CURRICULAR DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE IRATI

Proposta Curricular elaborada coletivamente pelos professores da Rede Municipal de Ensino, sob a coordenação da Secretaria Municipal de Educação de Irati e com a assessoria da Professora Ms. Michelle Fernandes Lima.

IRATI, 2009.

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Prefeito do Município de Irati

Sergio Luiz Stoklos

Vice-Prefeita do Município de Irati

Marisa Massa Lucas

Secretária Municipal de Educação

Zenilda Alice Stroparo

Assessoria Pedagógica para a elaboração da Proposta Curricular

Profª. Ms. Michelle Fernandes Lima ( Unicentro)

Coordenação Geral da elaboração da Proposta Curricular

Gabriele Sandy Bitencourt de Sá

Equipe Pedagógica

Adriana GrocholskiAngela PaulukCláudia Ruppel JatzekDelci Carraro SchmidtEdna Aparecida PereiraEloisa Budel VilczekFrancine Dorotéa Martins de Paula Santos LimaLúcia Maria BudelMargarete Klossowski ZanlorençoOlga Ana Hallu RiosRoseli Malach MarochiSueli Hopatha Gavlak

Todos os professores da Rede Municipal de Ensino participaram direta ou

indiretamente do processo de elaboração da Proposta Curricular, por meio de

leituras, reflexões, cursos, palestras que foram realizadas durante os meses de

fevereiro a novembro de 2008.

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APRESENTAÇÃO

Partimos do pressuposto que o papel da escola é possibilitar o acesso ao

conhecimento historicamente elaborado pelos homens, esse acesso se dá

formalmente no espaço escolar. A apropriação desse conhecimento pela

criança, é concebida nessa proposta como um processo marcado pela

interação do educando com a realidade que o cerca. Ou seja, a aprendizagem

promove o desenvolvimento, mediante o contato com os conteúdos escolares

via mediação do professor.

Nessa perspectiva, os fundamentos teóricos e metodológicos apresentados

nessa Proposta Curricular, estão pautados na concepção histórico critica.

Nessa concepção alguns aspectos são fundamentais, são eles: a

contextualização e problematização dos conteúdos, currículo organizado por

áreas do conhecimento, planejamento caracterizado pela pesquisa e o estudo

das diferentes dimensões que envolvem a temática a ser apresentada para os

educandos.

Os textos da Proposta Curricular constituem o resultado do trabalho coletivo

realizado pelos professores-autores, durante o ano de 2008, sob a

coordenação da equipe pedagógica da Secretaria de Educação. Os

professores participaram durante todo o ano de estudos e produções coletivas

que resultaram nesse documento, que não se apresenta na sua versão final,

mas em processo de constante avaliação e elaboração coletiva.

Entendemos que essa proposta é o ponto de partida, para o tão buscado

alinhamento conceitual no processo pedagógico. Para a verdadeira

concretização dessa proposta é fundamental o compromisso e o engajamento

de todos os professores da rede, no sentido de realizar uma prática pedagogia

coerente com os fundamentos defendidos nessa Proposta.

Profª. Ms. Michelle Fernandes Lima (Unicentro)

Assessora Pedagógica da Proposta Curricular.

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SUMÁRIO

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................. 111.1. Reflexões iniciais sobre a sociedade e a educação escolar................ 121.2. Especificidade da Educação Escolar................................................... 191.3. O Processo de Aprendizagem na Perspectiva Histórico Cultural........ 231.4. A Prática Pedagógica na Concepção Histórica Crítica........................ 331.4.1. Considerações iniciais sobre as Tendências Pedagógicas............... 331.4.2. Pedagogia Histórico-Crítica............................................................... 351.5. Planejamento e Avaliação.................................................................... 371.5.1 Prática Social Inicial........................................................................... 381.5.2. Problematização................................................................................ 391.5.3. Instrumentalização............................................................................ 401.5.4.Catarse............................................................................................... 411.5.5. Prática Social Final............................................................................ 422. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL................................................................................................... 462.1 Sobre o Município de Irati e a Educação Especial................................ 472.2 Aspectos Históricos do Atendimento Educacional aos Indivíduos com

Deficiência: Olhando para o passado, situando o presente........................ 492.3 Deficiência Auditiva............................................................................... 592.3.1 Ações Pedagógicas referentes a Área da Deficiência Auditiva.......... 632.4 Deficiência Visual.................................................................................. 662.4.1 Recomendações Úteis para auxiliar o aluno com baixa visão........... 692.5 Deficiência Mental / Intelectual.............................................................. 712.6 Deficiência Física.................................................................................. 792.7 Deficiência Motora................................................................................. 812.8 Transtorno Global do Desenvolvimento................................................ 832.9 Distúrbios de Aprendizagem................................................................. 1012.9.1 Área da Leitura................................................................................... 1042.9.2 Áreas da Expressão Escrita............................................................... 1043. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS DO ENSINO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS – EJA......................................... 1133.1 A Educação de Jovens e Adultos no município de Irati: A realidade atual............................................................................................................. 1134. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS DA LÍNGUA PORTUGUESA........................................................................................... 1154.1 Conceito e Histórico da Língua Portuguesa.......................................... 1154.2 Função Social da Linguagem Oral e escrita.......................................... 1174.2.1 Oralidade............................................................................................ 1184.2.2 Leitura................................................................................................. 1194.2.3 Escrita................................................................................................. 1204.3 Alfabetização e Letramento................................................................... 1214.4 O trabalho com texto............................................................................. 1244.5 Avaliação............................................................................................... 1284.6. Conteúdos de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental de 9

Anos............................................................................................................ 130

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5. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS DO ENSINO DE MATEMÁTICA........................................................................................... 1385.1 Como organizar e planejar o ensino da matemática nas séries

iniciais.......................................................................................................... 1415.2 O Processo Avaliativo no Ensino de Matemática.................................. 1485.3 Conteúdos............................................................................................. 1526. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS DO ENSINO DE HISTÓRIA................................................................................................... 1606.1 Objetivos de História............................................................................. 1656.2 Metodologia........................................................................................... 1666.3 Para Que Ensinar História?................................................................... 1696.4 Avaliação............................................................................................... 1706.5 Conteúdos de História........................................................................... 1727. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS DO ENSINO DE GEOGRAFIA............................................................................................... 1777.1 Avaliação............................................................................................... 1847.2 Estratégias e Recursos Didáticos.......................................................... 1857.3 Conteúdos de Geografia....................................................................... 1898. PRESSUPOSTOS TEORICOS E PRÁTICOS DO ENSINO DE CIÊNCIAS................................................................................................... 1958.1 Objetivos................................................................................................ 2018.2 Encaminhamento Metodológico............................................................ 2038.3 Avaliação............................................................................................... 2058.4 Conteúdos............................................................................................ 2069. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS DO ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA.................................................................................. 2129.1 Objetivos................................................................................................ 2169.2 Metodologia........................................................................................... 2179.3 Sugestões aos Professores................................................................... 2219.4 Conteúdos............................................................................................. 2239.5 Avaliação............................................................................................... 23410. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS DO ENSINO DE ARTES........................................................................................................ 23910.1Um breve histórico sobre a arte na humanidade.................................. 24110.2 A Arte no Brasil: um olhar histórico..................................................... 24610.3 Por que ensinar arte?.......................................................................... 24810.4 Objetivos do Ensino de Artes.............................................................. 24910.5 O Que e Como Ensinar Arte nas Séries Iniciais?................................ 25110.6 O Brincar como um modo de Ser e Estar no Mundo........................... 25510.7 Metodologia......................................................................................... 25810.8 Avaliação............................................................................................. 26110.9 Conteúdos........................................................................................... 262

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METOLÓGICOS DA PROPOSTA

CURRICULAR

CONCEPÇÃO DE HOMEM, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO.

COLABORADORES

Augusta VozniakCélia GrocholskiCleide Munhoz

Cristiane M. M. TechDelzira LarocaDione AntunesElisangela BelloGilmara Lisboa

Isabel RodachinskiLucia Aparecida Pantaleão

Márcia AlvesMarilda Moro

Marilene de OliveiraSueli Hryczyk

Vanderléia GolinskiVilma Rossa Bartiechen

COORDENAÇÃO

Delci Carraro SchmidtGabriele Sandy Bitencourt de Sá

Zenilda Alice Stroparo

ESPECIFICIDADE DA EDUCAÇÃO ESCOLAR.

COLABORADORES

Alice GelinskiAna Maria Dlugosz Alves

Ana Marli NeumannArlete Kichel

Avani ValiguraAvani ZanlorenziEdna de Mello

Isabel Cecatto RuvaJosiane Valenga de SouzaJucinei das Graças Martins

Kátia Maria KschevyLuci Wagner

Lurdes Czekalski

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Maria Aparecida KouttumMaria Jussara Chemim

Nádia T. KendierskiRoseli Maneira

Tânia Surek

COORDENAÇÃOEdna Aparecida Pereira

Sueli Hopata Gavlak

O PROCESSO DE APRENDIZAGEM NA PERSPECTIVA HISTÓRICO - CULTURAL

COLABORADORES

Ana Ilda CarraraAna Maria Lemos

Cleidi A. R. CordeiroDenise Mucha Fiori

Elisabete CiusEva Cordeiro

Lislaine GerigkLuciane MarquesMaielle P. de Lima

Márcia FreitasMárcia Valenga

Marlene Rudniak PiresNanci Marcos

Regina KobylaczReni Rossa

Rosane AndrechovskiSilmara Oliveira

Silvana Aparecida MolendaSonia P. Zanlorensi

COORDENAÇÃOFrancine Dorotea de Paula dos Santos Lima

Gabriele Sandy Bitencourt de SáLúcia Maria Budel

A PRÁTICA PEDAGÓGICA NA CONCEPÇÃO HISTÓRICO-CRÍTICA.

COLABORADORES

Clarice P. da LuzDoraci M. CardosoFabiula M. Uliana

Gisele Opata ZorekIracema Santos

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Jandira G. KonopkaJosiele Golinski

Luci Longato GonçalvesMabel B. L. Havresko

Nelci R. WolskiNeuza M. RozyskiSandra I. Gualdezi

Sandra R. Pereira de SouzaSilmara Passos

Sirlei JoffeTatiane Kasprik

COORDENAÇÃO

Angela PaulukCláudia Ruppel Jatzek

Edna Aparecida PereiraMargarete Zanlorenço

PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO

COLABORADORES

Ana Rosa ReisCélia Sobutka

Eliane GiliczynskiHelena Machado

Ilda de SouzaJosiane Santos

Maria Eliane LetchakoskiMaria Joana Waurika

Mariana BertonMarlicéia Roik

Matilde B. PereiraNeli N. Rossa

Rosangela Ferreira dos SantosRosangela K. Stroparo

Rosimeri Regina ByczkovskiSilvia Kosak

Sirlei B. Nedopetalski

COORDENAÇÃO

Adriana GrocholskiEloisa Budel Vilczek

Margarete K. Zanlorenço

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METOLÓGICOS DA PROPOSTA CURRICULAR

Pensar sobre os fundamentos que sustentam a nossa prática pedagógica é

questão fundamental para começarmos nossas reflexões sobre a Proposta

Curricular. Estas reflexões nos permitem olhar a realidade escolar para além

das questões internas e organizativas da escola.

A clareza sobre os aspectos filosóficos, psicológicos e pedagógicos que

fundamentam a proposta pedagógica de uma instituição escolar é de extrema

importância para a qualidade do ensino. Quando conhecemos os pressupostos

e os objetivos das nossas ações pedagógicas nos aproximamos cada vez mais

de uma prática significativa, tanto para o aluno, quanto para o professor.

Estas afirmações iniciais nos indicam questões fundamentais que podem

resultar na clareza teórica a respeito da prática pedagógica, objetivo central

deste texto. Entre essas várias questões que são tratadas neste texto,

podemos priorizar algumas, tais como: Que tipo de homem queremos formar?

Como o ser humano aprende? Como se dá a relação sujeito-objeto no

processo de aprendizagem? Qual a finalidade maior da educação enquanto

ação sistemática e organizada? Que princípios teóricos subsidiam a nossa

prática pedagógica? Que caminho trilhar no processo de organização do

trabalho pedagógico?

As possíveis respostas para essas questões só podem ser encontradas

quando partimos do pressuposto de que teoria e prática não se separam. Ou

seja, compreender que as diferentes teorias educacionais que orientam a

nossa prática pedagógica foram elaboradas ao longo da história e as

influenciam de forma direta e, muitas vezes, de forma inconsciente influenciam

os profissionais da educação. Inconsciente no sentido de que mesmo o

profissional tendo conhecimento a respeito de algumas delas, não realizam,

concretizam esse saber em sala de aula.

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O desafio maior destas reflexões iniciais é possibilitar o esclarecimento sobre

os fundamentos teóricos e metodológicos da nossa Proposta Curricular, neste

sentido convidamos todos os profissionais da educação que atuam na Rede

Municipal de Ensino para repensarem suas práticas a luz das considerações

apresentadas neste documento.

1.1. REFLEXÕES INICIAIS SOBRE A SOCIEDADE E A EDUCAÇÃO ESCOLAR

Refletir sobre as concepções que fundamentam e orientam a nossa prática, é o

intuito deste texto, pois somente a partir da clareza destas concepções que

poderemos responder os questionamentos que muitas vezes não os

consideramos no momento da organização do trabalho pedagógico, os quais

são: que homem queremos formar? E como deve ser a educação deste

homem?

Convidamos todos os professores a pensar sobre estas questões, bem como

partir da compreensão dos aspectos que caracterizam a sociedade capitalista,

entendo o homem como sujeito capaz de conhecer e interferir nesta realidade e

a educação como um caminho para a compreensão da sociedade. O nosso

pressuposto inicial é o entendimento da escola como um espaço determinado

socialmente, pois nos diferentes momentos históricos a educação escolar toma

formas diferentes, no que concerne seu conteúdo e organização.

A educação é colocada como questão fundamental para os homens neste novo

século, mas por outro lado percebe-se que a presença deste tema é

contraditória, pois cada vez mais a tendência à privatização e a escassez de

recursos se mostram nos meios educacionais. Estas questões não estão

exclusivamente presentes na escola, fazem parte de um contexto mais amplo,

marcado por grandes contradições que se configuram nas relações sociais.

Uma delas está presente na produção de riqueza nas mãos de poucos em

detrimento a miséria de muitos.

As desigualdades existem em decorrência de um determinante do capitalismo

que é propriedade privada, e estas desigualdades se refletem diretamente na

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população no que diz respeito ao acesso à produção material. De um lado

ampliam-se as perspectivas de aumento da produção e de outro o volume de

mercadorias impulsiona a queda da taxa de lucros e de estagnação do

mercado, por conseqüência aumenta-se o desemprego. A educação, neste

contexto, assume uma função “salvifica” que não lhe cabe, pois esta instituição

não tem o poder de abarcar os problemas da sociedade atual.

A questão da concretização dos direitos previstos pelas leis nacionais1

perpassa todos os âmbitos da sociedade, inclusive a escola. A constituição

prevê a igualdade de condições, a liberdade de aprender, a gratuidade de

ensino, garantia do padrão de qualidade e ainda a valorização dos profissionais

da educação. Porém, o que estamos assistindo no campo educacional é o

inverso do previsto pela lei.

Constatamos que na realidade ocorre um distanciamento entre o ideal e o real,

no que diz respeito ao currículo e ao que a escola muitas vezes compactua

com a formação de um homem consumidor, que honra suas dividas, em virtude

de que faz parte de uma sociedade capitalista a qual acumula riquezas através

do capital financeiro.

Dentro deste contexto compreendemos que em cada momento histórico o

conteúdo escolar se apresenta de forma a atender as necessidades de

produção. Acreditamos que a educação expressa as necessidades de uma

dada época e nós profissionais da educação precisamos estar preocupados em

compreender estas necessidades, assumir o compromisso de formar a

consciência dos alunos desde a mais tenra idade, a fim de compreender e

interferir na realidade por meio do conhecimento sistematizado adquirido na

escola.

Desta maneira concebemos que a escola é um espaço privilegiado para a

formação da consciência humana, que de acordo com Wihby et al (2007) vem

se perdendo na sociedade capitalista, da qual fazemos parte. A partir desse

entendimento podemos refletir sobre a influência da sociedade capitalista que

1 LDB 9394/96 – Constituição da Republica Federativa do Brasil - 1988

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ao privilegiar o ter e não o ser acaba por massificar a mão de obra, explora o

proletariado, cria desigualdades sociais, gera violência, incentiva o

consumismo e com isso o homem acaba apresentando comportamentos de

alienação.

Analisando o contexto atual, podemos verificar que a escola de hoje, sem

perceber, acaba perpetuando a ideologia repassada pela sociedade capitalista,

agregando á ela funções que não lhe são pertinentes, e desvirtuando seu real

objetivo. Na medida em que a escola se perde em sua função e em seus

objetivos, acaba tirando oportunidades da classe operária a uma ascensão

social, haja vista que a escola exerce sua real função fornece embasamento

para que o indivíduo emita opiniões consistentes, faça uma análise da dinâmica

social e tenha condições para fazer escolhas que sejam benéficas não

somente a ele, mas a sociedade como um todo.

Diante deste contexto, encontramos nos comentários de Gasparin (2002) que a

primeira vista, parece que os professores perderam suas funções de

transmissores e construtores de conhecimentos, pois as profundas mudanças

que estão se processando na sociedade dão a impressão de que eles são

dispensáveis e podem ser substituídos por computadores e outros

equipamentos tecnológicos, através dos quais o educando adquire

conhecimento. Todavia, o autor explica que, quando se buscam mudanças

efetivas na sala de aula e na sociedade, de imediato, se pensa no mestre tanto

do ponto de vista didático-pedagógico quanto político. “Não se dispensam às

tecnologias, pelo contrário, exige-se, cada vez mais, sua presença na escola,

mas como meios auxiliares e não como substitutos dos professores”

(GASPARIN, 2002, p. 02).

Vale ressaltar que neste momento devemos fazer uma reflexão sobre a

formação dos professores e sua relação com o mundo produtivo, lembrando

que o aligeiramento dos cursos de formação de professores, tem contribuído

para o esvaziamento dos conteúdos na educação formal, uma vez que no meio

educativo da atualidade se dá muita importância à “formação continuada e

rápida” em detrimento da formação inicial. Acabando por copiar o modelo das

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empresas, no qual o objetivo principal é o de que é mais importante para o

professor o “saber fazer” (receitas prontas para se dar aulas), transmitindo

informações sem reflexões, deixando de ter tanta importância o “saber pensar” (formação da consciência), enfim o trabalho com o conhecimento

científico produzido pela humanidade.

A escola, em cada momento histórico, constitui uma expressão e uma resposta

à sociedade na qual está inserida. Neste sentido, Gasparin (2002) esclarece

que ela nunca é neutra, mas sempre ideológica e politicamente comprometida.

Por isso, cumpre uma função específica. O autor ainda relata que a escola,

hoje, deve ser questionada, criticada e modificada para enfrentar os novos

desafios, questionando sobre: “Qual a finalidade social dos conteúdos

escolares”?

A resposta a este questionamento para Gasparin (2002) refere-se à questão de

que os conteúdos devem ser integrados e aplicados teórica e praticamente no

dia-a-dia do educando, enfatizando que a responsabilidade do professor

aumentou, assim como a do aluno, visto que ambos são co-autores do

processo ensino-aprendizagem e juntos devem descobrir a que servem os

conteúdos científico-culturais propostos pela escola. Nessa perspectiva,

podemos perceber que o novo indicador da aprendizagem escolar consistirá na

demonstração do domínio teórico do conteúdo e no seu uso pelo aluno, em

função das necessidades sociais a que deve responder.

Esse procedimento, segundo Gasparin (2002), implica em um novo

posicionamento, uma nova atitude do professor e dos alunos em relação ao

conteúdo e à sociedade: “o conhecimento escolar passa ser teórico-prático,

apropriado teoricamente como um elemento fundamental na compreensão e na

transformação da sociedade” (p. 03).

Desta forma, podemos concluir que os professores precisam ter uma visão do

significado social e político que seu trabalho exerce, sendo capaz de organizar,

transmitir, mediar, intervir e avaliar os conhecimentos epistemológicos,

buscando atender as necessidades de informação e formação dos alunos de

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hoje, que são provenientes de uma sociedade capitalista com tantas

dificuldades e exclusões sociais.

Acreditamos que é possível exercer uma prática pedagógica crítica, mas para

isso é imprescindível que o processo educacional exerça sua função que deve

superar a mera reprodução de valores e crenças estabelecidas, contribuindo

assim, para a real apropriação dos conhecimentos elaborados pelos homens

ao longo da história.

Para Gasparin (2002) essa nova postura implica trabalhar os conteúdos de

forma contextualizada em todas as áreas do conhecimento humano.

Possibilitando condições dos alunos perceberem e compreenderem que os

conteúdos são sempre produções históricas de como os homens conduzem

sua vida nas relações sociais de trabalho em cada modo de produção. O autor

explica que os conteúdos reúnem dimensões conceituais, científicas, históricas,

econômicas, ideológicas, políticas, culturais, e educacionais que devem ser

explicitadas e apreendidas no processo ensino-aprendizagem.

Ainda de acordo Gasparin (2002), esse fazer pedagógico permite aos alunos

compreenderem os conhecimentos em suas múltiplas faces dentro do todo

social, visto que cada conteúdo é percebido não de forma linear, mas em suas

contradições, em suas ligações com outros conteúdos da mesma disciplina ou

de outras disciplinas. Somente desta forma que cada parte, cada fragmento do

conhecimento só adquire seu sentido pleno à medida que se insere no todo

maior de forma adequada.

Os conteúdos não seriam mais apropriados como um produto fragmentado, neutro, aistórico, mas como uma expressão complexa da vida material, intelectual, espiritual dos homens de um determinado período da história. Os conhecimentos científicos necessitam, hoje, ser reconstruídos em suas plurideterminações, dentro das novas condições de produção da vida humana, respondendo, quer de forma teórica, quer de forma prática, aos novos desafios propostos. (GASPARIN, 2002 p. 03)

Podemos afirmar que o conhecimento e o modo de compreender a realidade,

mudam de acordo com cada época ou período histórico. Vemos que todo

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conhecimento coloca em dúvida o conceito de verdade estabelecido, pois

quando conhecemos algo, sempre nos perguntamos se o enunciado

corresponde ou não à realidade. Assim, a verdade é uma atividade histórica na

qual o homem foi dando fundamento de acordo com sua vivência,

conhecimentos e crenças. Percebemos então, que a escola não pode limitar-se

somente a oferecer aos alunos algumas noções dos diversos ramos do saber,

mas sim contribuir com a formação da consciência deste educando, sendo de

responsabilidade da instituição escolar o trabalho com o conhecimento

cientifico e cultural. Pois antes de qualquer profissionalização, a escola deve

visar à formação do ser humano consciente e crítico a partir da apropriação dos

saberes produzidos pela humanidade, não se tratando apenas dos saberes

científicos, mas também dos filosóficos, artísticos, culturais , religiosos entre

outros.

Para desenvolvimento dessa proposta pedagógica, devemos tomar como

marco referencial epistemológico à teoria dialética do conhecimento, tanto para

fundamentar a concepção metodológica e o planejamento do ensino-

aprendizagem, como ação docente e discente.

Sendo assim, o conhecimento se origina na prática social dos homens e nos processos de transformações da natureza por eles forjados. (...) Agindo sobre a realidade os homens a modificam, mas numa relação dialética esta prática produz efeito sobre os homens mudando tanto seu pensamento, como sua prática. (CORAZZA, 1991, apud GASPARIN, 2002, p. 04).

Podemos analisar então, que as organizações culturais, artísticas, políticas,

econômicas, religiosas, jurídicas etc. também são expressões sociais que

cumprem essa função. Portanto, é a existência social dos homens que gera o

conhecimento, especificidades próprias relativas à época, ao lugar, à história

em que foi produzido, por intenções e necessidades humanas. Gasparin (2002)

esclarece que o conhecimento, segundo essa teoria epistemológica, resulta do

trabalho humano no processo histórico de transformação do mundo e da

sociedade, através da reflexão sobre este processo, portanto, como fato

histórico e social supõe sempre continuidades, rupturas, reelaborações,

reincorporações, permanências e avanços.

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De acordo com Gasparin (2002), a nova metodologia de ensino-aprendizagem

expressa a totalidade do processo pedagógico, dando-lhe centro e direção na

construção e reconstrução do conhecimento. Saviani, citado por Gasparin

(2002, p. 05), correlaciona a teoria dialética do conhecimento com a

correspondente metodologia de ensino-aprendizagem, dizendo que:

O movimento que vai da síncrese (“a visão caótica do todo”) à síntese (“uma rica totalidade de determinações e de relações numerosas”), pela mediação da análise (“as abstrações e determinações mais simples”) constitui uma orientação segura tanto para o processo de descoberta de novos conhecimentos (o método cientifico) como para o processo de transmissão-assimilação de conhecimentos o método de ensino (SAVIANI, 1999, apud GASPARIN, 2002, p.05).

Portanto constatamos que a proposta pedagógica derivada desta teoria

dialética do conhecimento, tem como primeiro passo ver a prática social dos

sujeitos da educação, como uma expressão da prática social geral, da qual o

grupo faz parte. Desta forma, Gasparin (2002) explica que esse processo faz

com que haja compreensão de que, se a totalidade social é histórica e

contraditória, tanto em seus componentes objetivos quanto subjetivos, o

mesmo se dá com os fatos, ações e situações específicas da realidade

imediata dos alunos na educação escolar.

Gasparin (2002) ainda comenta que o conhecimento sistematizado, neste

processo de unidade e luta, nega, incorpora e supera o conhecimento

existente, gerando um todo novo de nível superior. Depois de passar pela

teoria, isto é, pelo abstrato, o educando pode se posicionar de maneira

diferente em relação à prática, pois modificou sua maneira de entendê-la. O

conhecimento teórico adquirido pelo educando retorna à prática social de onde

partiu, visando agir sobre ela com entendimento mais crítico, elaborado e

consistente, intervindo em sua transformação.

Portanto, diante deste contexto apresentado, concluímos que a escola é o

espaço privilegiado para formação da consciência do ser humano, porém para

isso é necessário que esta instituição realize sua tarefa oferecendo um ensino

de qualidade, resistindo ao modismo, fundamentando-se em teorias que vão

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além da preparação do trabalho, para que realmente seus objetivos

possibilitem o desenvolvimento da consciência humana e uma concepção de

mundo e sociedade mais elaborada, visando uma atuação deste indivíduo de

forma mais racional e consciente.

Para tal situação, precisamos compreender qual é a real especificidade da

educação escolar, portando precisamos ler o item a seguir, que contemplará

em seu texto o foco principal deste estudo que se relaciona a especificidade da

educação escolar e a necessidade da promoção do conhecimento científico no

âmbito educacional.

1.2. ESPECIFICIDADE DA EDUCAÇÃO ESCOLAR

Estudos realizados pela Secretaria Municipal de Educação, no processo de

elaboração deste documento, possibilitaram aos profissionais envolvidos uma

reflexão sobre os fundamentos teóricos que direcionam o trabalho pedagógico

nas escolas. Percebemos o ecletismo tanto nos projetos das escolas, como

também nas dúvidas apresentadas pelos professores nos momentos de

estudo. Dúvidas essas sobre as concepções filosóficas, psicológicas e

pedagógicas que fundamentam a prática educativa, o que gera uma

contradição entre teoria e a prática.

Outro ponto observado foi referente à função da escola nos dias atuais, pois a

clareza desta função influencia diretamente no ambiente escolar. Esta

problemática deixa a escola confusa em relação a sua função e muitas vezes

geram um desvirtuamento de sua função.

A partir da necessidade de um alinhamento conceitual e da clareza da função

da escola na formação do aluno é que esta proposta se justifica. O objetivo

deste texto é refletir sobre a especificidade da educação escolar numa

sociedade marcada pela contradição e pela exploração da classe operária.

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O nosso ponto de partida para esta reflexão é a idéia de que a escola tem

como desafio proporcionar uma educação de melhor qualidade promovendo a

formação da consciência humana, por meio da defesa da apropriação do

conhecimento sistematizado por parte dos educandos.

Bueno (apud Wihby et al, 2007) consciência significa “lucidez, senso de

responsabilidade; sentimento ou percepção do que se passa em nós; voz

interior aprovando ou reprovando nossas ações.” É no espaço escolar que se

dá o processo de aprendizagem formal do indivíduo e a escola deve ter clareza

nos seus objetivos buscando na história todo o conhecimento adquirido pela

humanidade e tornando mais significativa suas práticas pedagógicas.

Muitas indagações sobre a especificidade da educação escolar são

necessárias para o reordenamento do trabalho pedagógico, objetivo central

desta proposta. Questões como: Como o ser humano aprende? Que tipo de

homem queremos formar? Qual a finalidade maior da educação enquanto ação

sistemática e organizada? Que princípios teóricos subsidiam a prática

pedagógica? Que caminho trilhar para cumprir a função essencial da educação

em uma ampla dimensão?

Vemos que depois de esclarecidas estas questões, a escola estará pronta para

retomar seu objetivo principal que é formar uma consciência, em que a teoria e

a prática não se separam no processo de organização do trabalho pedagógico.

Então, nesta perspectiva, a escola deve buscar fundamentar suas práticas

numa teoria que defenda a real apropriação do conhecimento e não a

preparação para o mundo do trabalho, marcado nos dias atuais pelo

subemprego e desemprego. Possibilitando assim o real desenvolvimento da

consciência humana.

Segundo Duarte (2003), o trabalho educativo possibilitará ao indivíduo ir além

dos conceitos cotidianos, superá-los, os quais serão incorporados pelos

conceitos científicos. É na escola que o indivíduo terá esta oportunidade de

aprender. Isto acontecerá pela mediação das abstrações da realidade da qual

ele é parte. A educação escolar é de extrema importância e necessita da

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transmissão e apropriação do saber objetivo pelos seus educandos através do

trabalho educativo. O trabalho da escola é proporcionar ao indivíduo a

superação dos conhecimentos cotidianos para um conhecimento científico. O

trabalho do professor é extremamente importante, pois é ele quem vai fazer a

mediação dos conhecimentos abstratos para os concretos e reais.

Segundo Saviani (1989), a escola tem como responsabilidade a transmissão-

assimilação do saber sistematizado e para isso é preciso preocupar-se com a

organização do conjunto das atividades nucleares distribuídas no espaço e no

tempo escolares, ou seja, como está dividida, qual a ordem que se trabalham

os conteúdos, tendo em vista a preocupação de saber se a criança está

acompanhando e se apropriando dos mesmos.

(...) para existir a escola não basta a existência do saber sistematizado. É necessário viabilizar condições de sua transmissão e assimilação. Isso implica dosá-lo e seqüênciá-lo de modo que a criança passe gradativamente do seu não-domínio ao seu domínio. Ora, o saber dosado e seqüenciado para efeitos de sua transmissão-assimilação no espaço escolar, ao longo de um tempo determinado, é o que nós convencionamos chamar de “saber escolar”. (Saviani, 2003, p.18)

Diante de tais concepções é necessário estabelecer linhas norteadoras da

prática pedagógica apoiada no Materialismo Histórico, na psicologia Histórico

Cultural e numa pedagogia histórica e também critica. Acreditamos que

seguindo esta linha de pensamento é possível a escola organizar um processo

de apropriação do saber, o qual venha a atender as necessidades dos

educandos, contribuindo para a formação da consciência humana, aspecto tão

desejado nesta proposta curricular.

A pedagogia histórico-crítica defende a importância da interação dos indivíduos

entre si e a relação dele com o processo da aquisição dos conhecimentos

científicos. O papel da escola nesta perspectiva é proporcionar o acesso ao

conhecimento elaborado, no qual o sujeito aprende por meio de atividades

significativas, que partem da prática social dos alunos para num momento

posterior ocorrer a sistematização do conhecimento.

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A partir dos estudos realizados para a elaboração da proposta, propomos que a

escola possibilite o real acesso à cultura erudita especialmente no que se

refere às músicas e datas lembradas no cotidiano escolar. Observando a

realidade atual verifica-se que estes conteúdos estão sendo trabalhados de

forma aleatória com atividades imitativas, ou seja, um processo puramente

mecânico de cópia e repetição.

Um dos fatores que contribui para esta prática é o grande acesso de

informações sem reflexões, a influência da mídia que contribui para o

consumismo, levando a miséria de valores tão necessária para a formação da

consciência humana.

As datas comemorativas hoje são trabalhadas de forma superficial enfatizando

a data em si e não trabalhando seu significado real e sua história. A arte

também vem sendo trabalhada como formas de reproduções prontas e

acabadas sem explorar a criatividade, a criticidade e as habilidades dos alunos.

Quanto à música ela está sendo reproduzida na escola conforme se apresenta

na mídia, sendo utilizada apenas como forma de movimentos e imitações sem

uma prévia seleção, comparação e sem a intenção de articular essas

informações de compará-las, de analisá-las e de estabelecer um julgamento e

síntese própria. Não levando a apropriação do conhecimento.

Sabe-se que não há fora da escola a intencionalidade de selecionar, de

articular essas informações, de compará-las, de analisá-las e de estabelecer

um julgamento e síntese própria sobre essas questões.

Diante destas situações, acima citadas, propomos neste documento que a

escola assuma sua função de espaço de apropriação do saber. Precisa

proporcionar aos alunos instrumentos que lhes permitam a leitura da realidade,

do mundo e da sua cultura. Orientando o educando para um olhar, um ver e um

sentir, de maneira sensível e crítica partindo da vivência cultural dos alunos, ou

seja, da sua própria prática social e após a realização do planejamento

possibilitar um olhar novo marcado pelo conhecimento cientifico.

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Em relação às datas comemorativas a escola deverá organizar o seu currículo

de forma que venha atender às necessidades reais dos alunos. Dentro de um

contexto histórico-crítico, o qual possibilite a compreensão dos fatos reais

historicamente construídos pela humanidade. Não ficando apenas em

memorização de nomes e datas.

Neste contexto que entra a função da escola que deve proporcionar a todos os

educandos a leitura da realidade e o discurso do sujeito sobre si mesmo.

Desvelando assim emoções, sentimentos, vivência e conhecimentos através

das diferentes linguagens.

A escola possui hoje uma condição de produtora de sentido, ao mediar que

cada indivíduo reconstrua conscientemente seu pensamento e ação por meio

de um processo coletivo, descentralizando e refletindo sobre a própria

experiência e a dos demais. Proporcionando assim autonomia intelectual para

que possam analisar criticamente os processos e os conteúdos socializados,

recebidos e articulados em um âmbito totalizador. Nesta perspectiva, que se

define a organização do processo de aprendizagem na perspectiva histórico-

cultural.

O processo ensino-aprendizagem precisa ser entendido por todos na escola,

na questão da organização dos conteúdos, no planejamento e na sua

metodologia. O espaço da escola deve ser visto como um lugar feito para

ensinar e aprender. Não podemos mais se ocultar com concepções que só

levam ao empobrecimento do ensino básico, nas quais ficam expostas teorias

que não condizem com a prática.

Outro objetivo será de ver o educando como um ser social que tem sua história

de vida e precisa da experiência de um professor comprometido que atue como

mediador para promover a elevação como homem dando-lhe uma identidade

social e cultural.

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A apropriação do conhecimento é um processo longo e requer estudos mais

aprofundados dentro do processo de aprendizagem na perspectiva histórico

cultural, aspecto que iremos contemplar no item a seguir.

1.3. O PROCESSO DE APRENDIZAGEM NA PERSPECTIVA HISTÓRICO CULTURAL

Podemos perceber por meio das leituras realizadas, que o processo de

apropriação do conhecimento pelo homem pode ser dividida em quatro grupos

de conhecimentos: empírico (popular); filosófico, religioso e científico. Para

Vasconcelos (2002) o conhecimento empírico é aquele que se pode perceber

no dia-a-dia, sendo assistemático visto que não segue uma sistematização de

idéias e também é inexato, pois não tem dia e hora certa para acontecer. A

autora segue definindo ainda, que o conhecimento filosófico é aquele que leva

a reflexão, já o conhecimento religioso é o conhecimento não verificável, pois

suas evidências estão implícitas em uma atitude de fé, ou seja, a fé em “algo

maior”. Ainda a autora define o conhecimento científico como aquele que é

verificável e comprovado pela ciência.

Podemos afirmar que o conhecimento científico tomou corpo através da história

da humanidade, e que a organização da sociedade humana é sinalizada por

um processo contínuo de criação e recriação. Devemos levar ainda em

consideração que os fatores econômicos, sociais, culturais e históricos,

contribuíram para que o ser humano pudesse construir sua identidade nas

relações que estabelece consigo mesmo e com outros seres. Ao mesmo tempo

em que transforma a sociedade, por ela é transformado. Notamos também, que

no século XX, o binômio ciência/educação estabeleceu os parâmetros do

crescimento econômico das nações, assim com também estruturou o domínio

quase que definitivo do homem sobre o meio natural, fazendo com que esta se

adaptasse ao atendimento das necessidades e das exigências sociais.

Neste cenário, verificamos que a Escola, enquanto instituição de educação,

deve preocupar-se com o ensino do conhecimento científico, mas para tal, os

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profissionais nela envolvidos devem compreender como se processa a

aprendizagem do ser humano, para que possam realmente saber ensiná-los de

forma sistemática e qualitativa.

É importante dizer que existem diferentes estudos na área da psicologia que

buscam explicar como a consciência humana se desenvolve. De acordo com

Rego (1998) dentre estas pesquisas as mais conhecidas, e, portanto,

possuidoras de maior credibilidade, estão o inatismo, o ambientalismo, o

construtivismo e a teoria histórico-cultural, sendo que esta última será foco da

nossa análise, bem como será o eixo norteador da nossa Proposta Curricular.

De acordo com Wihby et al (2007) a resposta aos questionamentos que

surgem decorrentes às teorias de aprendizagem, para se saber qual é a que

melhor explica o desenvolvimento da consciência humana se apresenta como

uma tarefa árdua, visto que exige a compreensão de cada uma destas teorias.

Portanto, de acordo com a autora devemos ter em mente o que cada uma

destas linhas teóricas apresentam como resposta a aprendizagem do ser

humano, para posteriormente, melhor compreendermos o por quê da teoria

histórico-cultural fundamentar o nosso trabalho, enquanto docentes nesta

proposta.

De acordo com Aranha (apud WIHBY et al 2007), a teoria do inatismo ancora-

se no racionalismo de Descartes, que entende que as idéias estão

originalmente no espírito humano, são inatas, têm sua origem na razão

humana. No inatismo, o sujeito nasce pronto e acabado, embora o sujeito

tenha o conhecimento inato são as condições materiais em que vive que vão

determinar o desenvolvimento do seu aprendizado. Ainda no inatismo, o sujeito

é acomodado, sendo que depende muito de si mesmo para o seu sucesso.

Segundo Wihby et al (2007) no inatismo a aprendizagem é fruto da capacidade

interna do aluno - ele é, ou não, “inteligente” porque já nasceu com a

capacidade, ou não, de aprender. Sua aprendizagem também estará

relacionada à maturação biológica, só podendo aprender determinados

conteúdos quando tiver a prontidão necessária para isso.

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A partir dos estudos de Marchesi et al (2004) podemos considerar que o ser

humano é dotado de dons divinamente justificáveis, assim entendido, este não

tem possibilidade de mudança, não age efetivamente e nem recebe

interferências significativas do social. Nada depois do nascimento é importante,

visto que o homem já nasce pronto, incluindo a personalidade, os valores, os

hábitos, as crenças, o pensamento, a emoção e a conduta social. O ser

humano, concebido como biologicamente determinado, remete a uma

sociedade harmônica, hierarquizada, que impossibilita a mobilidade social,

embora o discurso liberal a afirme. Ainda de acordo com os autores nessa

perspectiva podemos verificar uma sociedade capitalista que valoriza o

individual em detrimento do social, gerando competitividade, acirrando as

diferenças de classe, gênero e etnia. O entendimento do desenvolvimento,

segundo o autor é baseado no pressuposto de que, ao aprender, o ser humano

aprimora aquilo que já é inato avançando no seu desenvolvimento. Há uma

expectativa de que o ser humano deixe desabrochar suas potencialidades e

aptidões, considerando que a aprendizagem depende do desenvolvimento.

Rego (1998) ressalta que nesta teoria a educação o papel do professor é o de

facilitar que a essência se manifeste, entendendo-se que quanto menor a

interferência, maior será a espontaneidade e criatividade do aluno. Essa

concepção de homem tem fundamentado pedagogias espontaneístas que

subestimam a capacidade intelectual do ser humano, na medida em que o

sucesso ou fracasso é atribuído, único e exclusivamente, ao aluno, ao seu

desempenho, aptidão, dom ou maturidade Para a autora a aplicação dessa

concepção na educação gera imobilismo e resignação, pois se considera que

as diferenças não são superadas, uma vez que o meio não interfere no

desenvolvimento da criança.

Marchesi et al (2004) relata que a teoria ambientalista busca sua inspiração na

filosofia empirista (a experiência como fonte de conhecimento) e positivista

(objetividade e neutralidade no conhecimento da realidade humana; o ser

humano é entendido como objeto e os fatos sociais como coisas, ou seja,

objeto de um interesse meramente prático). A teoria ambientalista, também

chamada behaviorista ou comportamentalista, atribui exclusivamente ao

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ambiente a constituição das características humanas, privilegiando a

experiência como fonte de conhecimento e de formação de hábitos de

comportamento.

Preocupa-se em explicar os comportamentos observáveis do educando,

desprezando a análise de outros aspectos da conduta humana tais como: o

raciocínio, o desejo, a imaginação, os sentimentos e a fantasia, entre outros;

defende a necessidade de medir, comparar, testar, experimentar e controlar o

comportamento e desenvolvimento do educando e sua aprendizagem,

objetivando com isso, controlar o comportamento do educando.

Wihby et al (2007) em seu artigo comenta ainda que na teoria ambientalista, o

sujeito é moldado pelo meio, sendo visto como uma folha em branco. Segundo

Davis e Oliveira (apud WIHBY et al 2007, p. 08) “O homem é concebido como

um ser extremamente plástico, que desenvolve suas características em função

das condições presentes no meio em que se encontra”. A autora enfatiza que

no ambientalismo, a influência do meio em que o sujeito está inserido irá

influenciar fortemente na sua formação. O ambientalismo está ancorado nas

idéias de John Locke (1632 – 1704), o qual afirmava não haver nada na

inteligência que não tenha passado antes pelos sentidos. Nesta teoria se

valoriza os sentidos que o sujeito irá utilizar para a sua aprendizagem, sendo

que aquilo que já aprendeu antes da entrada na escola não é valorizado; o

sujeito só irá aprender pelas experiências. Podemos notar a influencia da teoria

ambientalista nas tendências pedagógicas voltadas ao ensino Tradicional.

A teoria construtivista refere-se a uma teoria que procura descrever os

diferentes estágios por que passam os indivíduos no processo de aquisição

dos conhecimentos, de como se desenvolve a inteligência humana e de como

o indivíduo se torna autônomo. Portanto, podemos dizer com certeza, que

essa teoria não nasceu da preocupação em melhorar a qualidade do ensino e

nem com a intenção de se tornar um método para ser aplicado por professores

nas escolas. Na teoria construtivista, Piaget concebe a criança como um ser

ativo, atento e que constantemente cria hipóteses sobre o seu ambiente.

Assim, acredita que, de acordo com o estágio de desenvolvimento em que a

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mesma se encontra, elabora os conhecimentos de forma espontânea. A

criança tem uma visão particular sobre o mundo e à medida que se

desenvolve, em sua interação com o adulto, aproxima-se de suas concepções

tornando-se socializada. No entanto, o papel da interação, nesta teoria, fica

minimizado em virtude de que, para Piaget, a aprendizagem subordina-se ao

desenvolvimento.

A teoria construtivista tem como eixos as seguintes idéias com relação ao

processo de desenvolvimento da criança: privilegia a maturação biológica

(modelo biológico de adaptação do organismo ao meio); fatores internos

preponderam sobre os externos: é pelo interior do organismo que ocorre a

articulação entre as estruturas do sujeito e as da realidade externa.

Marchesi et al (2004) explica que para Piaget, o desenvolvimento é um

processo sucessivo de equilibrações. Embora essas equilibrações ocorram nas

diversas etapas do desenvolvimento, certas estruturas vão definir um momento

deste desenvolvimento. O alicerce da teoria piagetiana é a noção de equilíbrio.

Para Piaget todo o organismo vivo procura manter um estado de equilíbrio ou

de adaptação ao se meio. “O processo dinâmico e constante do organismo

buscar um novo e superior estado de equilíbrio é denominado processo de

equilibração majorante". (DAVIS & OLIVEIRA, 1993, p. 38). Assim, conforme a

autora, a teoria de Piaget, a passagem de uma etapa mental de

desenvolvimento para outra perpassa através de quatro fatores essenciais: a

maturidade do sistema nervoso; a interação social; a experiência física com os

objetos e, principalmente a equilibração, ou seja a necessidade que a estrutura

cognitiva tem de se desenvolver para enfrentar as demandas ambientais - o de

menor peso é a interação social.

Wibhy (2007) comenta que a teoria construtivista, admite que o conhecimento

seja fruto da relação do sujeito com o objeto. Destaca o aspecto cognitivo –

interação e a maturação, no qual o aluno é um elemento ativo que age e

constrói sua aprendizagem, e está só ocorre mediante a consolidação das

estruturas de pensamento. Portanto a aprendizagem sempre se dá após a

consolidação do esquema que a suporta, da mesma forma que a passagem de

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um estádio a outro estaria dependente da consolidação e superação do

anterior. Nesta teoria, cabe ao professor instigar o sujeito, desafiando,

mobilizando, questionando e utilizando os “erros” de forma construtiva,

garantindo assim uma reelaboração das hipóteses levantadas, favorecendo a

construção do conhecimento.

Duarte (2001) salienta que a teoria construtivista revigora o modelo de

educação centrado no lema “aprender a aprender”, o qual tem em seus

fundamentos os princípios da Escola Nova, que acabam resultando no

esvaziamento da real função da escola, que é a de transmitir os conhecimentos

historicamente produzidos pela humanidade. Outro aspecto a ser considerado,

de acordo com o autor, é a aquisição de competências e habilidades para obter

o sucesso no trabalho exigido pela sociedade capitalista. Para ele, a assim

chamada pedagogia das competências é integrante de uma ampla corrente

educacional.

A partir dos escritos de Duarte (2001) no qual apresenta quatro

posicionamentos valorativos presentes no lema “aprender a aprender”. O

primeiro: é mais desejável as aprendizagens que o aluno aprende por si

mesmo do que pela transmissão de outras pessoas. O segundo: é mais

importante o aluno desenvolver o método de aquisição do que o conhecimento

produzido socialmente. Terceiro: a atividade do aluno para ser

verdadeiramente educativa deve ser impulsionada e dirigida pelos interesses

da própria criança. E finalmente, no quarto posicionamento: preparar os

indivíduos para acompanhar a sociedade em processo acelerado de mudança.

Duarte (2001) ao abordar essas questões sobre as pedagogias, afirma: “trata-

se de um lema que sintetiza uma concepção educacional voltada para a

formação, nos indivíduos, da disposição para uma constante e infatigável

adaptação à sociedade regida pelo capital” (ibid, p. 16). Verificamos a

influência da teoria construtivista nas tendências pedagógicas relativas à

Escola Nova, por meio dos projetos isolados, dos lemas aprende a aprender e

nas competências e habilidades, que foram amplamente debatidas no meio

educacional nas últimas décadas e que levaram muitos de nós educadores a

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conceber idéias equivocadas a respeito de tal teoria, fazendo com que muitos

dos Projetos Políticos Pedagógicos de nossas escolas descrevessem idéias e

concepções errôneas e muitas vezes “misturadas em outras teorias”.

Wibhy et al (2007) esclarece que na teoria histórico-cultural o

desenvolvimento cognitivo é concebido como apropriação pelo indivíduo das

atividades humanas realizadas no mundo da cultura (Foulin, Mouchon, apud

WIHBY et al, 2007, p. 11). A autora menciona que a aquisição dos

conhecimentos adquiridos são externos ao indivíduo e se materializam nas

obras humanas, como na literatura, arte e linguagem. Enfatiza também que a

linguagem é um instrumento fundamental para a construção da consciência

humana e apreensão da realidade vivida. A linguagem, nesta teoria, seria

então o motor do pensamento, contrariando assim a concepção

desenvolvimentista que considera o desenvolvimento a base para a aquisição

da linguagem. De acordo com a autora, Vygotsky defende que os processos de

desenvolvimento não coincidem com os processos de aprendizagem, uma vez

que o desenvolvimento progride de forma mais lenta, indo atrás do processo de

aprendizagem que ocorre de forma seqüencial.

Para Vygotsky são as atividades realizadas sob a tutela do adulto que

promovem aprendizagens. O indivíduo progride pela mediação do outro, de um

portador de cultura, de alguém mais experiente. É valorizado o conhecimento

que o sujeito já traz a fim de conduzi-lo para o conhecimento científico.

(WIHBYet al, 2007).

Na concepção de Vygotsky, o desenvolvimento da personalidade se dá por

meio do conhecimento mais profundo da realidade objetiva. O autor evidencia a

importância da educação escolar, da transmissão do saber objetivo pelo

trabalho educativo na escola. Ao conseguir que o indivíduo se aproprie desse

saber, convertendo em órgão de sua individualidade, o trabalho educativo

possibilitará ao indivíduo ir além dos conceitos cotidianos, superá-los, os quais

serão incorporados pelos conceitos científicos. Dessa forma o indivíduo poderá

conhecer de forma mais concreta pela mediação das abstrações, a realidade

da qual ele é parte. (Duarte, 2008, p. 82).

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Vygotsky nasceu em 1896, na Rússia, época em que o capitalismo estava em

crise. Deparou-se com duas tendências: o inatismo e o ambientalismo.

Resgatou o que estava relegado ao segundo plano, que é a subjetividade

humana no campo da psicologia. Estudou Filosofia e Direito, sua matriz

filosófica é Karl Marx. A teoria histórico-cultural de Vygotsky tem, portanto,

base na filosofia materialista e dialética de Marx.

O contexto em que viveu Vygotsky ajuda a explicar o rumo que seu trabalho iria

tomar. Suas idéias foram desenvolvidas na União Soviética saída da

Revolução Comunista de 1917 e refletem o desejo de reescrever a psicologia,

com base no materialismo marxista, e construir uma teoria da educação

adequada ao mundo novo que emergia dos escombros da revolução.

Nessa época a sociedade soviética assimilava a Nova Política Econômica, destinada a superar as conseqüências do comunismo de guerra (não só na esfera da produção econômica, mas nos variadíssimos aspectos da vida social) e encarava as perspectivas de um desenvolvimento democrático não tradicional (SHUARE, 1990, apud, TULESKI, 2002 p. 12).

Para Marx, conteúdos e formas são unidades e Vygotsky acredita que ao

passar conteúdos (conhecimento historicamente elaborado), passa-se formas

de pensamento (capacidades superiores do pensamento: memória, atenção e

raciocínio). “O desejo de Vygotsky era abordar o estudo da mente utilizando-se

do método de Marx” (TULESKI, 2002, p.16).

Vale ressaltar ainda que o autor não elaborou sozinho está teoria, estiveram

presentes Alex Leontiev e Alexander Romanovich Luria. Os estudiosos

brasileiros basearam-se nas traduções americanas, as quais sintetizam os

escritos de Vygotsky, acreditando que havia muitas repetições e pela própria

questão política da época. Porém, Tuleski (2002) baseou seus estudos em

traduções espanholas, consideradas as mais fidedignas a obra de Vygotsky. A

preocupação em não “distorcer a história” é relegada em nome da “clareza” dos

conceitos, principalmente quando se leva em consideração a importância que o

próprio Vygotsky deu, em seus trabalhos, ao significado das palavras em

relação ao seu contexto.

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No Brasil, a maioria dos pesquisadores teve como suporte as traduções

americanas, as quais segundo Seve “se apresentam assépticas, limpas do que

parece ser considerada a “ideologia comunista” (SEVE apud DUARTE, 1996).

A “limpeza” operadas em relação às reflexões marxistas presentes em sua obra, retira o significado marxista de sociedade, social, interação e relações sociais existente em sua teoria, permitindo que estes conceitos assumam significados distintos daqueles diretamente vinculados às lutas pela transformação da sociedade russa. (TULESKi, 2002, p. 19).

Conseqüentemente, tais traduções causaram discussões em relação a

questões de Vygotsky ser ou não marxista e o que ocasional também o

surgimento de várias terminologias para denominar sua teoria, tais como:

sócio-interacionista, sócio-histórica, entre outras.

Como se pode observar no texto de Rego (1994, p. 92), em que afirma que o

pensamento de Vygotsky foi chamado de sócio-interacionismo. Vygostky

considera que organismo e meio exercem influência recíproca, portanto o

biológico e o social não estão dissociados nesta perspectiva, a premissa é de

que o homem constitui-se como tal através de suas interações sociais,

portanto, é visto como alguém que transforma e é transformado nas relações

produzidas em uma determinada cultura. É por isso que seu pensamento

costuma ser chamado de sócio-interacionismo.

Para Tuleski (2002), essa indicação que Vygotsky era interacionista, não é

correta, pois o próprio autor “nunca se intitulou interacionista ou sócio

interacionista” (2002, p. 26). Outro ponto relevante, é que as relações sociais

entendidas são relações interpessoais ou grupais e não a relação social no

sentido marxista usado por Vygotsky.

Assim, o significado de relações sociais é “esvaziado e transformado em

simples interações entre indivíduos, o que torna possível a classificação da

teoria de Vygotsky como interacionista, organicista, entre outras” (TULESKY,

2002, p. 29). Ou ainda em Duarte (1996):

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Com isso estamos defendendo que a Psicologia Histórico-Cultural não é uma variante do interacionismo construtivista. Não basta colocar o adjetivo social. A questão é a que a especificidade dessa escola da psicologia perante outras não pode ser abarcada pela categoria de interacionismo nem pela de construtivismo. (DUARTE, 1996, p. 84-85):

A teoria de Vygotsky é histórico-cultural, visto que o objetivo principal desse

autor era compreender as especificidades da relação sujeito-objeto, na qual

esta especificidade e a relação são históricas. Onde,

[...] somente uma psicologia marxista poderia abordar de forma plenamente historicizadora o psiquismo humano. E não se trata apenas de uma das possíveis formas de se conceber o psiquismo, mas sim de que ele não pode ser plenamente compreendido se não for abordado enquanto um objeto essencialmente histórico. (DUARTE, 1996, p. 84-85)

Para Tuleski (2002), o que Vygotsky enfatiza, é a forma como este social é

considerado e conceituado em cada uma delas. “O social de Vygotsky está

sendo transformado pela ação coletiva dos homens, os quais, abandonando o

modo capitalista de produzir a vida, desejavam construir uma sociedade

comunista”. (TULESKY, 2002, p. 34)

Portanto, o método utilizado por Vygotsky não busca uma teoria universal e sim

estudar a criança dentro do seu contexto histórico. Um processo de construção

de conhecimento por meio de práticas que tem como ponto de partida e de

chegada o uso da linguagem e a participação nas diversas práticas sociais de

escrita. Dessa forma fornece acesso aos conhecimentos historicamente

acumulados por uma participação organizada, autônoma e crítica no meio

social.

Para Vygotsky o conteúdo seria o conhecimento a ser apropriado e

reelaborado por cada novo membro da nossa espécie. Ao se passar conteúdo,

passa-se formas de pensamento (memória, percepção, raciocínio e outros).

Para ele a aprendizagem precede o desenvolvimento, pois o desenvolvimento

das formas de pensamento que se dá pela aprendizagem.

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Grande maioria dos conhecimentos e habilidades do homem se forma por meio da assimilação da experiência de toda a humanidade, acumulada no processo da história social e transmissível no processo de aprendizagem (...) A grande maioria dos conhecimentos, habilidades e procedimentos do comportamento de que dispõe o homem não são o resultado de sua experiência própria, mas adquiridos pela assimilação da experiência histórico-social de gerações. (Luria apud Duarte, 1996, p. 91).

Nessa teoria do ensino é extremamente importante, pois preconiza que

conteúdos e formas não se separam, tendo em vista que ao se passar

conteúdos também se passam formas de pensamento. Ainda a teoria esclarece

que a interação social é o fator primordial para o processo do fator

conhecimento. Nesta perspectiva, o ensino se apresenta com grande

responsabilidade, visando à integração e a superação e não a adaptação da

sociedade em que vive. Neste sentido abordaremos no item a seguir como se

dá a prática pedagógica na concepção Histórica Crítica.

1.4. A PRÁTICA PEDAGÓGICA NA CONCEPÇÃO HISTÓRICA CRÍTICA

O objetivo desse item é expor as principais características das tendências

pedagógicas, dando ênfase à Pedagogia Histórico-Crítica, que fundamenta

essa proposta curricular. Para desenvolver essa análise, apresentaremos as

características, representantes e formas de encaminhamento de cada

tendência.

1.4.1. Considerações iniciais sobre as Tendências Pedagógicas

Saviani, na obra Escola e Democracia (1989) caracteriza e analisa as

tendências pedagógicas. As tendências Tradicional, Nova e Tecnicista são

classificadas como não críticas, “... já que encaram a educação como

autônoma e buscam compreendê-la a partir dela mesma.” (SAVIANI, 1989,

p.17)

As principais características da tendência Tradicional estão centradas na

transmissão de conteúdos, onde o professor detém a autoridade e é o centro

do saber e o aluno é o que assume a posição de receptor da imposição do

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professor e o assimilador dos conteúdos, os quais não são vinculados à

realidade do aluno.

O aluno é considerado uma “folha em branco”, uma “tabula rasa”, cabendo ao

professor transmitir os conteúdos, não importando o conhecimento prévio do da

criança, considerada um ser passivo, não crítico. A aprendizagem acontece de

forma mecânica e receptiva, os conteúdos são transmitidos de forma

quantitativa, desvinculado a realidade em que o aluno está inserido.

Saviani caracteriza a Escola Nova como uma pedagogia sustentada pela

biologia e pela psicologia. É função da escola atender diferentemente cada

aluno, de acordo com as diferenças individuais, para que possa se tornar um

sujeito adaptado. O importante é aprender a aprender, e o professor cumpre

um papel de estimulador e facilitador da aprendizagem. O autor entende que

esta pedagogia trouxe o esvaziamento do conteúdo e o afrouxamento da

disciplina.

A Escola Tecnicista é caracterizada pelos princípios de racionalidade,

eficiência e produtividade. O trabalhador deve ser ajustado ao ambiente de

trabalho, por isso o eixo central do ensino é aprender fazendo. Essa tendência

é marcada por um excessivo controle burocrático de processos e produtos.

O autor também apresenta as teorias Critico Reprodutivistas e as classifica

como Teoria do sistema de ensino como violência simbólica, Teoria da escola

como aparelho ideológico do Estado e a Teoria da escola dualista.

A primeira delas defende que a escola legitima e naturaliza o poder. Acredita-

se que, pela reprodução cultural, há a reprodução das desigualdades sociais.

Para a segunda teoria, a escola é um aparelho ideológico do Estado, pois se

acredita que por meio da aprendizagem se reproduz à relação capitalista de

produção. A Teoria da escola dualista, por sua vez, caracteriza-se pelo

entendimento da dualidade de ensino, uma escola para a burguesia e outra

para o proletariado. A escola, nesse caso, cumpriria a função de formação da

força de trabalho e a imposição da ideologia da classe dominante para impedir

o desenvolvimento da luta de classes.

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Em critica a todas as tendências apresentadas na visão de Saviani, ele propõe

uma teoria Critica para a educação. Um ensino pautado no acesso ao

conhecimento sistematizado pelos homens, ao longo da história de forma

problematizadora, este ensino não visa a adaptação do sujeito, mas sim a

possibilidade de olhar e analisar as relações sociais de maneira critica.

1.4.2. Pedagogia Histórico-Crítica

Esta teoria está fundamentada na teoria filosófica Marxista que enfoca as

problemáticas sociais e políticas em uma sociedade. Tem grande relação com

a psicologia histórico-cultural desenvolvida por Vygotsky. As concepções

pedagógicas dessa tendência são defendidas por Saviani.

A Pedagogia Histórico-Crítica tem como centro do processo didático, a prática

social historicamente situada. O processo ocorre da síncrese à síntese, ou

seja, do saber assistemático, desarticulado, para o sistemático, articulado e sua

metodologia não está pautada na escola, nem na sala de aula, mas numa

realidade social mais ampla. Traz para a escola um grande desafio de

transmitir os conteúdos historicamente produzidos pela humanidade,

superando assim o esvaziamento da consciência humana.

Superando e resistindo a ideologia dominante e assegurando aos indivíduos a

apropriação dos conhecimentos sistematizados, bem como o desenvolvimento

de uma concepção mais elaborada de mundo para que o indivíduo possa atuar

na sua transformação e, conseqüentemente, na transformação social.

O papel da escola, dentro da Pedagogia Histórico-Crítica é possibilitar o acesso

aos conhecimentos historicamente acumulados, para uma participação

organizada, autônoma e crítica no meio social, sendo que o primeiro fator que

deve estar presente para acontecer a aprendizagem é a interação. A tendência

Histórico-Crítica organiza seu currículo em áreas do conhecimento, sendo que

a prática pedagógica dentro de uma perspectiva crítica deve oferecer:

atividades contextualizadas, diversidade de recursos, problematização dos

conteúdos, formação constante do professor, ênfase na aprendizagem dos

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alunos e reconhecendo o conhecimento cientifico com eixo norteador das

atividades pedagógicas.

De acordo com GASPARIN (2002, p. 27), “o professor e o aluno são

mediadores fundamentais entre aprendizagem escolar e o desenvolvimento

intelectual do aluno”. Assim sendo, a aprendizagem se dá por meio da

interação social pela qual a criança entrará em contato com elementos

mediadores e também fará uso deles, e com isso surgem os processos

mentais. Logo, dentro da Teoria Histórico-Crítica, a prática social se põe como

ponto de partida e ponto de chegada da prática educativa, quando professor e

aluno são co-autores do processo ensino/aprendizagem, partindo do

conhecimento empírico à problematização, levando o indivíduo a se apropriar

do conhecimento científico sistematizado.

Daí decorre um método pedagógico que parte da prática social onde professor e aluno se encontram igualmente inserido, ocupando, porém, posições distintas, condição para que travem uma relação fecunda na compreensão e encaminhamento da solução de problemas postos pela prática social. (Saviani, 1989, p.36)

O conteúdo inicialmente apresentado (prática social inicial) é reapropriado e

reelaborado pelo aluno através do processo pedagógico-didático e retorno

depois, de maneira nova e compromissada, para o cotidiano social para ser um

instrumento de transformação da realidade (prática social inicial).

A escola é parte integrante do todo social, partindo da experiência do aluno

confrontada com o saber sistematizado. O professor é autoridade competente

que direciona o processo ensino/aprendizagem, sendo o mediador entre os

conteúdos e alunos. Os conteúdos de ensino devem ser culturais, sempre re-

avaliados de acordo com as realidades sociais, buscando significado.

De acordo com Gasparin (2002, p.10), este novo método de

ensino/aprendizagem apresenta três características desafiadoras:

→Nova maneira de planejar as atividades docente-discentes;

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→Novo processo de estudo por parte do professor, pois todo conteúdo a ser

trabalhado deve ser visto de uma perspectiva totalmente diferente da

tradicional;

→Novo método de trabalho docente-discente, que tem como base o processo

dialético: prática-teoria-prática.

Nessa proposta pedagógica existe um encaminhamento didático a ser

proposto: prática social inicial, problematização, instrumentalização, catarse e

prática social final, que será o foco de análise do último item que compõe essa

fundamentação teórico-metodológica.

1.5. PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO

De acordo com Gasparin (2002, p. 03) os conhecimentos científicos

necessitam, hoje, ser reconstruídos em suas plurideterminações, dentro das

novas condições de produção da vida humana, respondendo quer de forma

teórica, quer de forma prática, aos novos desafios propostos.

Como será essa nova forma pedagógica? O que será valorizado? E qual será o

ponto de partida para esse trabalho? Teremos que buscar a realidade do aluno

através de questionamentos como um todo, buscando planejar nossas ações

de acordo com conhecimentos estabelecidos em cada disciplina. Esta nova

forma de trabalhar levará a construção do conhecimento dentro de uma ação

triádica: aluno –professor-conteúdo.

Gasparin (2002) ressalta que o professor possui papel fundamental como

mediador do conhecimento empírico e o conhecimento científico. Para que a

ação triádica aconteça deve se levar em conta a teoria histórico-cultural que

enfatiza a importância da interação dos indivíduos entre si enquanto sujeitos

sociais.

Dentro desta metodologia existem características específicas de ensino-

aprendizagem que são: nova maneira de planejar, perspectiva do professor na

busca do estudo dos conteúdos e o processo dialético envolvendo prática-

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teoria-prática. O planejamento histórico-crítico é pautado nos seguintes passos:

prática social inicial, problematização, instrumentalização, catarse, prática

social final.

Cada um dos itens do planejamento na metodologia Pedagogia Histórico

Crítica em que divide a nova didática, tem como objetivo envolver o educando

na aprendizagem significativa dos conteúdos. Desta forma, os conteúdos e os

procedimentos didáticos são estudados na interligação que mantém com a

prática social dos alunos.

De acordo com Gasparin (2002, p. 157), a primeira tarefa, portanto, nesse

processo de planejamento consiste em listar os conteúdos das unidades a

serem trabalhadas a definir os objetivos que se pretende alcançar. Cumprem-

se em seguida as demais fases do planejamento com base na pedagogia

histórico-crítica.

Cada unidade é um miniprojeto de trabalho que, junto aos de outras unidades,

constituem o plano integrado da disciplina. Com base no conteúdo escolar,

será possível identificar sua forma concreta de existir na vivência cotidiana dos

educandos e da sociedade; interrogá-lo; definir as dimensões sob as quais será

tratado; buscar formas adequadas de trabalhá-lo, prevendo-se a síntese

possível que o aluno fará ao término do processo e como aplicará o novo

conhecimento em sua vida.

1.5.1 Prática Social Inicial

Saviani (1989: 79-80) ao explicitar a primeira fase do seu método pedagógico

afirma que ela é o ponto de partida de todo o trabalho docente.

Este passo consiste no primeiro contato que o aluno mantém com o conteúdo

que será trabalhado pelo professor. É a percepção que o educando possui

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sobre o tema de estudo, é uma visão de senso comum empírica, uma tanto

confusa sincrética onde tudo de certa forma aparece ao natural.

Para construir o conhecimento escolar, é necessário criar um clima favorável à

aprendizagem, desfiando, mobilizando e sensibilizando o aluno para que ele

estabeleça relação entre conteúdo e o seu cotidiano, e assim apropriam-se de

um conhecimento significativo para suas vidas.

Muitas vezes os conteúdos não interessam, a princípio, para os alunos, é

necessário relacioná-los com sua opinião, ou seja, relaciona inicialmente os

saberes dos alunos para mais tarde contextualizar os conteúdos

programáticos.

O levantamento sobre a prática social do conteúdo é sempre feito a partir do

referencial dos alunos. Esta forma de encaminhamento mostra aos alunos que

eles já conhecem na prática o conteúdo que a escola pretende lhe ensinar.

Essa é uma tarefa que cada professor, em sua disciplina, deve aos poucos

descobrir a fim de criar um clima favorável para a construção do conhecimento.

A prática social é sempre uma contextualização dos conteúdos, um momento

de conscientização do que ocorre na sociedade em relação ao conteúdo

desenvolvido, evidenciando que todo conteúdo está presente na prática social.

Dentro da pedagogia histórico-critica há duas formas de encaminhamento:

a) Anúncio de conteúdos; lista todos os tópicos a serem trabalhados e seus

objetivos de aprendizagem. Esse procedimento auxilia os educandos a

assumirem o encaminhamento do processo pedagógico.

b) Vivência cotidiana dos conteúdos; explicita o que os alunos já sabem e o

que gostariam de saber. Este é o momento que coletivamente os alunos

são desafiados a mostrar o conhecimento que já possuem do item em

questão, assegurando aos alunos e professores a mostrarem a curiosidade

e indagações desafiando a vida cotidiana em relação ao assunto estudado,

sendo um convite a ultrapassar o imediato, o aparente.

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1.5.2. Problematização

Entende-se que problematização tem como função o encaminhamento de todo

o processo professor-aluno. Percebe-se que é ela que centraliza a prática e a

teoria com o conteúdo sistematizado, sendo assim o caminho para ocorrer à

aprendizagem elaborada e significativa, levando o aluno a agir e estimular seu

raciocínio crítico.

A problematização são os questionamentos que o professor organiza a partir

dos objetivos previstos para o planejamento, são questões simples e

adequadas à turma que se está trabalhando. As questões possibilitam verificar

os conhecimentos prévios dos alunos e instigam a curiosidade para aprender

novos conteúdos. A problematização é apresentada no inicio e no término do

planejamento, no inicio para levantar o que alunos sabem sobre o assunto e no

final para se realmente os conteúdos foram apreendidos.

Nesta fase os educandos passam a analisar as múltiplas dimensões do

conhecimento, o professor deve elaborar questionamentos a partir da prática

social. É neste momento que a prática social se torna desafiadora, ligando-se e

complementando-se aos conteúdos formais.

[...] a problematização tem como finalidade selecionar as principais interrogações levantadas na prática social a respeito de determinado conteúdo. Essas questões em consonância com os objetivos de ensino, orientam todo o trabalho a ser desenvolvido pelo professor e pelos aluno ( Gasparin, 2002,p37).

1.5.3. Instrumentalização

O processo de formação de conceitos ou de significado das palavras não é

espontâneo, exigem funções como: atenção voluntária, a memória lógica, a

abstração, a comparação e a diferenciação. Os conceitos não se transmitem

mecânica e direta ao aluno, mas desde o primeiro contato da criança com o

novo conceito até o momento em que a palavra se torna propriedade sua.

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De acordo com Vygotsky, Gasparin expõe que este grau define-se com o

auxílio dos problemas que a criança possui. Isso é possível quando se analisa

de que forma passa a resolver suas dificuldades, se com autonomia (zona de

desenvolvimento social) ou com uma atividade orientada (zona de

desenvolvimento imediato) em colaboração com alguém mais experiente.

Esta nova postura de trabalhar os conteúdos de forma contextualizada em

todas as áreas do conhecimento humano, possibilita aos alunos a evidência

que os conteúdos são sempre uma produção histórica e como os homens

conduzem sua vida nas relações sociais de trabalhar em cada modo de

produção.

Saviani, baseado em Vygostky, ressalta a importância na mediação do

professor através de suas intervenções no processo, pois a postura da escola,

do aluno, nunca é neutra, eles são co-autores do processo ensino-

aprendizagem. Evidencia também a necessidade dos conteúdos serem

repensados, pois o conhecimento resulta de um trabalho humano no processo

histórico de transformação do mundo e da sociedade, através da reflexão sobre

o mesmo, este processo triádico, aluno, professor e conteúdo faz com que o

aluno aprenda e se desenvolva.

A instrumentalização é o momento que o professor teoriza a sua prática,

descrevendo todo o caminho que vai percorrer para alcançar seus objetivos.

Ela deve ser descritiva, bem como, apontar as ações do professor e do aluno

no processo de realização do planejamento.

1.5.4.Catarse

Segundo o autor catarse é a síntese entre o saber cotidiano e científico

demonstrando a nova postura mental do educando. Para chegarmos a este

processo temos que observar algumas orientações: Vygotsky (1999, p 66)

“salienta que é importante entender dois elementos: - saber unir e separar até o

ponto que as duas se integram e se combinam; a síntese combina com a

análise”.

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O conhecimento é a construção de uma nova postura mental do aluno. É

através da instrumentalização que o conteúdo sistematizado é colocado à

disposição do aluno para que haja representação mental.

Para se chegar à Catarse, o aluno deve confrontar sua prática social com o

conhecimento sistematizado, apropriando-se criticamente da realidade.

Conforme Wachowicz (1989, p 107) citado por Gasparin (2002, p 129) Catarse

“é a verdadeira apropriação do saber por parte dos alunos”.

A criança dentro desse processo entra na consciência restrita de que tudo o

que vive é modo natural, no entanto, na medida em que vai adquirindo os

conteúdos, logo percebe-se dentro de um contexto histórico-social, político e

econômico, situando-se como um sujeito da sua própria história que pensa,

interage e transforma. A partir do momento que o aluno sistematiza o

conhecimento empírico, este se torna concreto segundo Wachowicz citada por

Gasparim (2002, p. 103 – 104) o ponto mais importante do processo de ensino.

No processo da catarse, deve haver a retomada dos objetivos propostos na

prática inicial, verificando se foram atingidos pelos educandos. Esta retomada

possui dois momentos:

_ Elaboração teórica da nova síntese: nesta postura se evidencia que o aluno

se modificou intelectualmente, sendo capaz de traduzir oralmente ou por

escrito a compreensão que teve de todo o processo de trabalho.

_ Expressão prática da nova síntese: momento de avaliar se o aluno

reconstruiu seu processo mostrando sua capacidade de expressar o conteúdo

aprendido na prática social, reconhecendo-se como parte integrante da

realidade social.

Dentro da síntese teórica e prática, a avaliação informal ocorre quando os

alunos manifestam o conhecimento incorporado de forma espontânea e na

avaliação formal os alunos demonstram o que aprenderam através de critérios

elaborados pelo professor previamente definidos.

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1.5.5. Prática Social Final

O que concretiza o processo pedagógico da perspectiva histórico-critica é o

retorno à prática social. Conforme Saviani (1991, p 82), a prática social inicial e

final é a mesma, embora não o seja. É a mesma enquanto se constitui “o

suporte e o contexto, o pressuposto e o alvo, o fundamento e a finalidade da

prática pedagógica. E não é a mesma, se considerarmos que o modo de nos

situarmos em seu interior se alterou qualitativamente pela mediação da ação

pedagógica”.

Tendo em vista que a prática social final do conteúdo ultrapassa o âmbito

escolar e atinge o âmbito escolar e atinge o âmbito da vida social, pois se tem

a necessidade, conforme afirma Veiga, citado por Gasparin (2002, p.145) que a

prática pedagógica deva ser reflexiva, crítica, criativa e transformadora, sendo

que a teoria e a prática pedagógica devem ser indissolúveis.

Sendo assim, a prática social final é o momento da ação consciente do

educando na realidade em que vive e o passo final desta proposta didático-

pedagógica consiste basicamente em dois pontos:

a) Nova postura mental do aluno frente à realidade estudada. É a nova

maneira de compreender o conteúdo estudado situando-o de maneira

histórico-concreta na totalidade.

b) Proposta concreta de ação por ter aprendido um determinado conteúdo. É o

compromisso concreto do aluno. É o que ele fará na vida prática, em seu

cotidiano, tanto individualmente como coletivamente. Essa proposta de

trabalho pode referir-se tanto a ações intelectuais quanto a trabalhos

manuais e físicos.

Os professores ao elaborarem seus planejamentos numa Pedagogia Histórico-

crítica, estabelecem relação entre educação e sociedade, criando um vínculo

na elaboração dos conceitos científicos na escola. Os conteúdos programáticos

devem ser contextualizados em todas as áreas do conhecimento evidenciando

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sempre a produção histórica. Esses conteúdos são reapropriados e

reelaborados pelo aluno através do processo pedagógico e retornam de

maneira nova e compromissada, para o cotidiano social a fim de ser ele um

instrumento a mais na transformação da realidade.

Considerados os limites escolares, convoca-se a pensar em mudanças.

Conforme consta no dicionário “mudança” significa: modificação ou alteração

de sentimentos e atitudes, diferença na maneira de pensar; substituição.

Essas mudanças asseguram aos docentes e discentes a apropriação dos

conhecimentos sistematizados, propiciando o desenvolvimento escolar e social

para uma atuação humana consciente dentro da sociedade atual.

REFERÊNCIAS:

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm. Acesso em 25 de maio de 2008.

DAVIS, C.; OLIVEIRA, Z. Psicologia na Educação. São Paulo. Cortez, 1993.

DUARTE, N. Sociedade do conhecimento ou sociedade das ilusões?: quatro ensaios crítico-dialéticos em filosofia da educação. Campinas, S.P. Autores Associados, 2003.

GASPARIN, J.L. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. Campinas, S.P.: Autores Associados, 2002.

MARCHESI, A.; PALACIOS, J.; COLL, C. Psicologia Evolutiva: Desenvolvimento psicológico e educação. 1. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2004.

REGO, M. Vygotsky. Uma perspectiva histórico-cultural da educação. Petrópolis: Vozes, 1998.

SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia: teorias da educação, curvatura da vara, onze teses sobre educação e política. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1989.

___________ Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 8ª ed. Campinas: Autores Associados, 2003. TULESKY, S.C. Vygotsky: a construção de uma psicologia marxista. Maringá: Eduem, 2002.

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VASCONCELOS, M.J.E. Pensamento sistêmico: o novo paradigma da ciência. Campinas, S.P.: Papirus, 2002.

WIHBY, A; LIMA, M.F.; FAVARO, N.A.L. Escola e os limites e possibilidades para a formação da consciência humana. Anais do II Congresso Internacional de Psicologia e IX semana de Psicologia – 18 a 21 de setembro de 2007.

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PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL

COLABORADORES

Ana Maria LemosArlete Kichel

Cleide MunhozDoraci M. Cardoso

Maria Joana WaurikaMarilda Moro

Neide M. T. Guerreiro

COORDENAÇÃOFrancine Dorotea Martins de Paula Santos Lima

Gabriele Sandy Bitencourt de Sá

Lúcia Maria Budel

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2. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL

Apresentamos o resultado de um trabalho coletivo, produto de diversas

reuniões e encontros de estudo e de discussões entre professores, diretoras,

coordenadoras pedagógicas e Equipe do Departamento de Educação Especial,

sobre as discussões suscitadas entre os educadores de Irati – Pr, que de

alguma maneira encontram-se envolvidos com a Educação Especial. Esta

proposta não é vista como uma simples leitura da proposta governamental ou

apenas como uma obrigação municipal. É vista, entretanto, como uma maneira

de expressar o nosso dia-a-dia e principalmente como um movimento de

retomada do que almejamos e elaboramos para a nossa Educação Especial.

Neste documento, o leitor irá perceber que o processo de elaboração foi um

exercício longo de construção de uma prática.

Com esse entendimento, analisamos as práticas educacionais no campo de

ação da Educação Especial, tendo como norte à pedagogia histórico-crítica e a

teoria histórico-cultural. Realizar este estudo com os professores e poder

discutir sobre a nossa prática é de fundamental importância para a organização

desta proposta. A elaboração coletiva foi muito significativa para todos os

envolvidos, pois cada professor refletindo sobre o seu dia-a-dia, buscou

alternativas diferentes para problemas conhecidos, organizando as dúvidas de

forma a encontrar as possíveis respostas. Podemos dizer “possíveis”, amigos

leitores, pois para nós estas são as nossas soluções e que aqui queremos

compartilhá-las.

Sob essa compreensão, enfatizamos que a Educação Especial é uma das

modalidades de ensino que tem exigido dos professores constante estudo e

aperfeiçoamento. Na sala de aula as variantes educacionais são muitas, e as

transformações são constantes, a final o mundo todo se modifica e os

professores precisam acompanhar, principalmente na área das necessidades

educacionais especiais onde os alunos estão cada dia mais sendo inclusos e

necessitam de um trabalho mais diversificado.

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Aqui o leitor irá perceber que nosso objetivo é demonstrar as questões

primordiais que tem norteado a educação do município de Irati, em relação à

Educação Especial. Assim abordaremos em linhas gerais cada área da

Educação Especial, com o intuito de elaborar um caminho para que o professor

envolvido ou não nesta modalidade de ensino possa encontrar um meio de

estudo sobre a área da Educação Especial. Em contrapartida, queremos alertar

que para concretizarmos a educação que estamos propondo, as questões do

conteúdo curricular seguirão a proposta do município, atribuída à Educação

Infantil e ao Ensino Fundamental.

2.1 SOBRE O MUNICÍPIO DE IRATI E A EDUCAÇÃO ESPECIAL

Com o relato até o presente momento assinalamos que a Educação Especial

não pode ser vista como estanque e muito menos afastada das questões

políticas e sociais. Entretanto é necessário localizar a história da Educação

Especial no município de Irati. Portanto, o nosso objetivo é apresentar ao leitor

os atendimentos desta modalidade de ensino desde o princípio da sua

constituição neste município.

Irati é um município situado na região centro-sul do Paraná, com

aproximadamente 54.000 habitantes. Possui estabelecimentos de ensino com

uma clientela abaixo demonstrada:

Nível/Modalidade

de Ensino

Municipal Estadual Particular Total

Educação Infantil 1569 --- 155 1724E. Fundamental 1ª.

A 4ª. 5.957 --- 287 6244E. Fundamental

5ª. A 8ª. --- 4294 163 4457Ensino Médio --- 3011 126 31373º. Grau --- 1951 D N 1951Escola Especial --- 146 --- 146Classe Especial 31 --- --- 31Sala de Recursos 72 DN --- 72Classe Especial de

Condutas Típicas 02 --- --- 02CAEDA e CAEDV 40 --- --- 40TOTAL 7671 9402 731 17804

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Obs: D N = dado não confirmado --- = não possui no município

Os alunos são atendidos conforme a legislação em vigor, tanto de ordem

federal como municipal, mas o trabalho educacional está pautado na proposta

municipal. A proposta redigida pelos professores da rede municipal vem

demonstrar a prática da educação especial de Irati.

Em 2008, Irati conta com o atendimento em 12 escolas municipais nas áreas

de deficiência auditiva, visual e intelectual, assim como de condutas típicas.

Mas a implantação da Educação Especial na rede municipal se deu de modo

gradativo. A primeira sala de Educação Especial foi criada no ano de 1981, sob

a Resolução nº. 2724/81, que previa o atendimento na área da deficiência

auditiva na Escola Municipal Pequeno Duque. Com o início desse atendimento

especializado, a Educação Especial do município foi se estruturando e se

expandindo. Em 1995, o Departamento de Educação foi implantado na

Secretaria Municipal de Educação, contava na época com uma pedagoga e

uma psicóloga.

Nas Classes Especiais (DM) temos 31 alunos e nos Centros de Atendimentos

Especializados temos 40 alunos regularmente matriculados. Temos em nosso

município uma escola especial, a APAE, que conta com 149 alunos. A Nossa

Escola (APAE), é uma das parceiras que nos auxilia com atendimentos

especializados nas áreas de fonoaudiologia, psicologia e fisioterapia. As

clínicas de fonoaudiologia e psicologia da UNICENTRO também nos ajudam

nesses atendimentos e em algumas avaliações mais específicas. Temos 11

Salas de Recursos com 72 alunos matriculados.

Esses atendimentos que vêm sendo ofertados estão de acordo com a

Deliberação 02/2003 – Pr, que afirma no Art. 14: “Os serviços especializados

serão assegurados pelo Estado, que também firmará parcerias ou convênios

com as áreas de educação, saúde, assistência social, trabalho, transporte,

esporte, lazer e outros, incluindo apoio e orientação à família, à comunidade e

à escola” (PARANÁ, DELIBERAÇÃO 02/03).

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Ainda na Secretaria Municipal de Educação temos o Departamento de

Educação Especial, sua função primordial são as avaliações psicopedagógicas

no contexto escolar. Avaliações são realizadas por uma equipe técnica e

especializada, contando com duas Pedagogas, Lucia Maria Budel e Roseli

Malach Marochi, duas Psicólogas Francine D. Martins de Paula Santos Lima e

Olga Ana Hallu Rios e também uma Assistente Social, Maria do Rocio de

Souza Santos.

2.2 ASPECTOS HISTÓRICOS DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL AOS INDIVÍDUOS COM DEFICIÊNCIA: OLHANDO PARA O PASSADO, SITUANDO O PRESENTE

A educação para crianças com necessidades educacionais especiais não é

mais somente um tema a ser discutido, é sim uma realidade que deve ser

trabalhada, bem como a inclusão desses alunos no ensino regular. A atenção

educacional aos alunos com necessidades educacionais especiais tem

passado por modificações ao longo da história mundial e brasileira, tendo

diferentes visões a esse respeito.

No início da vida humana neste planeta, os povos primitivos deixavam para trás

as pessoas com alguma deficiência que os impedisse de andar ou sobreviver

sem ajuda do outro. Segundo Guimarães e Ross (2003, p. 12 e 13), “muitos

foram eliminados por serem incapazes de deslocar-se com vistas a obter

alimentos em outro espaço geográfico sob outras condições climáticas”.

E assim com o desenvolvimento do homem ao longo dos tempos, muitos

destas atitudes iniciais repetiram-se, por exemplo, na Grécia antiga,

principalmente em Esparta onde o homem nascia para ser guerreiro, as

pessoas que nasciam com alguma deficiência eram abandonadas ou

eliminadas.

Ainda em Guimarães e Ross (2003, p. 14) vemos essa afirmativa ser

comprovada “Em Esparta, onde o ideal atlético de corpo era fundamental para

a formação, o guerreiro, tinha-se, ao nascimento, a eliminação instantânea

daqueles que não atendessem aos padrões desejados”.

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De acordo com Guimarães e Ross (2003), na idade média com o surgimento

do cristianismo, o deficiente começava a ser considerado como um ser

humano, mas ainda é tratado como muito diferente dos ditos normais. A

doutrina cristã estabelece uma certa tolerância aos deficientes e uma aceitação

pela caridade, as pessoas com deficiência recebem atendimentos como

moradia e alimentação, mas continuam segregados.

Segundo Facion (2005, p. 94), o cristianismo marca como “caridade-castigo” a

atitude de proteger o deficiente em asilos, mas também como motivo para

escondê-los e isolá-los, castigá-los e salvar assim suas almas. Demonstrando

uma ambigüidade no comportamento social da época, ora os deficientes sendo

tratados com torturas para se redimirem de seus pecados, ora sendo acolhidos

pela caridade.

Com a Renascença, principalmente após o Iluminismo, muitos estudiosos

propuseram uma valorização do ser humano, iniciaram então pesquisa dando

ênfase ao conhecimento científico. As pesquisas eram fundadas em buscar as

possíveis causas e tratamentos médicos, assim os estudos tinham como base

a análise da hereditariedade, anatomia, a biotipologia entre outras, sendo os

deficientes, principalmente a deficiência mental, considerados como doentes e

tratados como tal.

Tais idéias determinaram a caracterização das primeiras práticas sociais formais de atenção à pessoa com deficiência, quais sejam, as de segregá-las em instituições fosse para cuidado e proteção, fosse para tratamento médico. A esse conjunto de idéias e práticas sociais denominou-se Paradigma da Institucionalização, o qual vigorou, aproximadamente por oito séculos. (MEC/SEE, 2004, p. 11)

Surgiram estudos importantes como: as neuropatias e paralisias com Paracelso

(1493-1541); o médico italiano Geralamo Cardano (1501 – 1576) que concluiu

que a surdez não prejudicava a aprendizagem; Valentin Haüy (1745 – 1822) e

seu trabalho educacional adaptado para cegos. Um dos pioneiros no

tratamento de doentes mentais, Philippe Pinel (1745 – 1826), que tomou

medidas humanitárias em benefício dos doentes, livrando-os das correntes a

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que estavam presos e tratou-os como doentes comuns. Bem como Dominique

Esquirol (1772 – 1840), que ajudou a preparar a Lei de 30 de Junho de 1838

onde ficou estabelecido a obrigatoriedade da criação de estabelecimentos

públicos para os considerados insanos, os asilos. Então começaram a surgir os

primeiros hospitais psiquiátricos, entretanto os deficientes não eram internados

nestas instituições para tratamento, mas para confinar aqueles que fossem

considerados doentes e que, portanto indesejados pela sociedade.

Para Aranha (1995, p. 63), neste período ocorreram diversas revoluções

sociais, como a burguesa, francesa e a industrial, e também a ascensão do

capitalismo. “a produtividade passa a ser muito valorizada e quem não produz

não tem importância, e como o deficiente não produz, necessita ser “internado”

em uma instituição, onde fica segregado.

Segundo Pessotti (1984, p. 69) no “final do século XVIII, os médicos Esquirol e

Pinel denominam as pessoas com deficiência mental como idiotas, cretinas e

imbecis, trazendo a marca do irreversível, incurável e inapelável”.

Nesse enfoque médico a deficiência mental, por exemplo, foi definida como

oligofrenia, isto é, pouca mente. Para Facion (2005, p. 94) representava um

conjunto de sintomas heterogêneos de anomalias e “as pessoas com

deficiência mental eram classificadas pelo grau de comprometimento de seus

déficits na atividade mental, sendo consideradas irrecuperáveis e sua

deficiência irreversível.” Portanto, seu lugar seriam os asilos e os hospícios.

Com Eduard Seguin (1812-1880) o modelo médico começa a não ser o único

método a ser visto como importante para a deficiência mental. Seguin concluiu

que o idiotismo não era resultado de uma má-formação do sistema nervoso,

mas um problema causado pelo desenvolvimento mental, concentrando assim

seus esforços na educação dessas crianças e na formação de professores.

Eduard Seguin, médico, estudioso de didática denuncia em 1846, a hegemonia da medicina sobre a deficiência mental que marca todos os diferentes comportamentos com uma mesma matriz, não procurando relações causais de uma teoria de desenvolvimento, a qual nega a educacionalidade das crianças com deficiência mental.

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Seguin desenvolve e implanta a educação especial dentro do Asilo de Bicêtre, e lança as bases da compreensão psicogenética da aprendizagem na deficiência mental. (GUIMARÃES E ROSS, 2003, p. 49)

A abordagem pedagógica toma mais força com a médica Maria Montessori

(1870 -1953) que em 1898, propõe uma educação moral para os deficientes

mentais. Essa abordagem segundo Guimarães e Ross (2003, p. 50) “visa ao

alcance da pessoa do educando, sua auto-estima, sua auto-afirmação, seus

níveis de aspiração e sua autoconsciência. Abrindo ainda mais a noção de

educabilidade da pessoa com deficiência mental”.

Entretanto, com Alfred Binnet (1857 – 1911), que desenvolveu testes de

avaliação da inteligência e habilidades do indivíduo, onde de foi desenvolvido o

conceito de Idade Mental e o Quociente de Inteligência (QI), o rendimento

educacional passa a ser o critério para a educabilidade.

Para Pessotti (1984, p. 176), com Binnet a deficiência mental passa a ser da

área da psicologia, “significa tirar a deficiência mental dos asilos e hospícios e

dar passagem à escola, especial ou comum”.

Entretanto, o desejo de controle sobre os alunos em instituições segregadas é

ainda, particularmente forte em épocas de mudanças violetas. Nos Estados

Unidos, durante o século XIX e início do XX, a base da economia estava

passando do modelo agrícola para o industrial e as escolas eram fundamentais

para a criação de uma força de trabalho alfabetizada e disciplinada.

Para Karagiannis (1992, apud STAINBACK & STAINBACK, 1999, p. 28), os

alunos com deficiência eram considerados obstáculos para o funcionamento

das escolas e conseqüentemente das salas de aulas, pois estes alunos não

tinham as habilidades para seguir as exigências acadêmicas e disciplinares.

Achava-se que sua presença prejudicaria a aprendizagem dos outros alunos ou que até mesmo teria uma influência moral subversiva. Escolas e instituições especiais foram estabelecidas para atender às necessidades de aprendizagem dos alunos com deficiência e para garantir que essas influências subversivas fossem contidas. A estrutura e a organização destes ambientes segregados foram baseadas no controle. Durante o século XX, as instituições

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consolidaram-se em número e seu principal resultado foi controle e não a assistência. A visão de que as pessoas com deficiência tinham pouco potencial econômico para atender às exigências da sociedade contribuiu para que se chegasse a esse resultado (KARAGIANNIS, 1992 apud STAINBACK & STAINBACK, 1999, p. 28).

No século XX, com as experiências pedagógicas já realizadas por Pestalozzi

(1746 – 1827), Seguin, Maria Montessori e Binnet iniciam-se o resgate da

educação especial do domínio exclusivamente médico. Surgindo então

programas educativos para os alunos com necessidades especiais, mas ainda

considerados fora da educação geral.

Segundo Fonseca (2004, p. 81), é a partir dos estudos de Binet e Simon, os

quais criaram o conceito da idade mental e de Freud, com o nascimento da

psicanálise como técnica terapêutica que se contribuiu com a compreensão e a

educação da criança deficiente.

Também começam a surgir nessa época, questionamentos sobre os rótulos e

tipos de deficiência mental, sobre os testes de inteligência e sobre os sobre os

tipos de encaminhamentos realizados com todas essas informações obtidas do

aluno com necessidades especiais. Portanto, a educação especial viveu

intensas transformações durante o século XX.

Impulsionada pelos movimentos sociais que reivindicavam mais igualdade entre todos os cidadãos e a superação de qualquer tipo de discriminação, incorporou-se, aos poucos, ao sistema educacional regular e buscou fórmulas que facilitassem a integração dos alunos com alguma deficiência. Ao mesmo tempo, produziu-se uma profunda reflexão no campo educativo fazendo com que os problemas desses alunos fossem encarados a partir de um enfoque mais interativo, no qual a própria escola devia assumir sua responsabilidade diante dos problemas de aprendizagem que eles manifestavam (MARCHESI, 2004, p. 15).

No Brasil, esse período de acordo com Facion (2005, p. 96), pode-se afirmar

que também esteve sobre os domínios médico-pedagógicas, ainda sobre o viés

médico. “Os atendimentos as pessoas deficientes eram feitos em instituições,

sob a influência médico-pedagógicas e totalmente subordinados ao aspecto

médico tanto na avaliação quanto nos encaminhamentos pedagógicos”.

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No Brasil a primeira escola especial foi criada em 1854, o Imperial Instituto de

Meninos Cegos, no Rio de Janeiro e em 1857, o Instituto Imperial de Educação

de Surdos, também no Rio de Janeiro.

Em meados do século XX surgem às associações de pais e de pessoas com

deficiência física e mental na Europa e Estado Unidos. No Brasil, são criadas a

Pestalozzi e as APAES, que tinham programas de reabilitação e educação

especial.

Em decorrência do avanço científico, as causas e origem das deficiências foram investigadas e esclarecidas na segunda metade do século XX, rompendo assim com a visão mítica e maniqueísta entre o bem e o mal. Embora esses avanços tenham colaborado para a compreensão da deficiência como condição humana e expressão da diversidade entre os homens e natureza, os preconceitos continuam fortes – eles oscilam entre a patologização ora inerente ao indivíduo, ora ao ambiente. Assim, a idade contemporânea é marcada pelo paradigma da cientificidade, do psicologismo, da valorização dos testes quantitativos, do treinamento sensorial e motor. (MEC/ SEESP, 2004, p. 10)

A visão dessa época estava pautada no inatismo, em que as pessoas com

deficientes eram por causas orgânicas, “que se produziam no início do

desenvolvimento e cuja modificação posterior era difícil” (MARCHESI, 2004, p.

15). Foram então realizados muitos trabalhos tentando categorizar os possíveis

transtornos e diferentes denominações das diversas deficiências.

Na primeira metade do século XX, Lúria (1981, p. 36) revê o conceito de

“localização” das funções psíquicas em áreas limitadas e isoladas do cérebro e

também o conceito de “funções psíquicas”. Para este estudioso, o cérebro

humano é produto de uma grande evolução, sendo um sistema complexo

construído por hierarquia, formando assim um sistema. “O cérebro trabalha

como um todo único, mesmo sendo altamente diferenciado; a perturbação no

funcionamento de cada uma de suas partes reflete e afeta seu trabalho”

(LURIA, 1981, p. 41).

Vygotsky em 1920, segundo Padilha (2007, p. 43) falava sobre a questão da

clínica “não dar conta de explicar a natureza do atraso mental, e,

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conseqüentemente, as práticas desta mesma clínica não eram suficientes,

selecionando os grupos com base nos aspectos negativos”.

Mas somente após a Segunda Guerra Mundial, com o grande número de

mutilados, a sociedade tem a necessidade de integrá-los, surgindo, assim,

políticas de integração que, ao final do século XX resultarão numa nova visão

de Políticas Públicas sob o princípio da inclusão. A educação do deficiente

passou a ser então, a de reabilitação.

Em 1948, surgiu um momento de grande importância histórica com a

elaboração da Declaração Universal dos Direitos Humanos, realizada na ONU,

documento norteador de definições de políticas públicas na maioria dos países

pertencentes a essa organização.

As idéias dessa declaração e o movimento mundial de integração de pessoas

com deficiência, “defendiam oportunidades educacionais e sociais iguais para

todos, contribuindo fortemente para a criação dos serviços de educação

especial e classes especiais em escolas públicas no Brasil”. (MEC/ SEESP,

2004, p. 10)

Ainda segundo informação do MEC/SEESP (2004, p. 10) surge uma política

nacional de educação, “ancorada na Lei Nº. 4.024/61 (Lei de Diretrizes e Bases

da Educação Nacional – LDB), com a recomendação de integrar, no sistema

geral de ensino, a educação de excepcionais, como eram chamadas na época

as pessoas com deficiências”.

Na década de 60 e 70 ocorreu uma explosão de escolas privadas e

filantrópicas, especializadas em atender pessoas com deficiência. Então, a

partir desta década, ocorreram mudanças profundas no campo da educação

especial, “impulsionado por âmbitos sociais muito diversos” (MARCHESI, 2004,

p. 17). Para este autor, alguns principais fatores favoreceram essas mudanças:

1. Uma nova concepção dos transtornos do desenvolvimento e da deficiência;

2. Uma perspectiva distinta dos processos de aprendizagem e das diferenças

individuais;

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3. A revisão da avaliação psicométrica;

4. A presença de um maior número de professores competentes;

5. A extensão da educação obrigatória;

6. O abandono escolar;

7. A avaliação das escolas de educação especial;

8. As experiências positivas de integração;

9. A existência de uma corrente normalizadora no enfoque dos serviços

sociais;

10. Os movimentos sociais a favor da igualdade.

Esses fatores mencionados por Marchesi ocasionadores de mudanças,

também contribuíram para um novo modo de entender as deficiências, sendo

um entendimento do ponto de vista educacional. Portanto, este enfoque

modificou o conceito de deficiência e de seu desenvolvimento, antes uma

questão inata onde as pessoas com alguma deficiência seriam apenas alunos

com poucos progressos, e agora baseada na análise das necessidades

educacionais especiais dos alunos, este alcança maiores desenvolvimentos em

todos os aspectos. “No plano da prática educativa, que impulsiona, ao mesmo

tempo, mudanças na concepção do currículo, na organização das escolas, na

formação dos professores e no processo de ensino na sala de aula”

(MARCHESI, 2004, p.19). Ou ainda:

De um conceito equivocado sobre a educabilidade dessas crianças, com o predomínio de categorias clínicas, decorrentes da influência hegemônica secular da área médica na educação especial, passamos a assistir a um processo crescente de ressignificação de conceitos fundamentais. Primeiramente, na dimensão individual. A criança com necessidades especiais não é uma criança ontologicamente deficiente, porém uma criança como todas as demais, com particularidades definidas na sua aprendizagem. (BEYER, 2006, p. 9)

Assim, o mundo transforma-se para abarcar os novos conceitos sobre direitos

iguais a todos. As leis e decretos no Brasil também incluem esses novos

conceitos. Em 1984, o estado de São Paulo cria o Conselho Estadual para

Assuntos da Pessoa Portadora de Deficiência (CEAPPD), assessorando o

governo em assuntos sobre a inclusão social.

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Em 1986, o Decreto nº. 9.3841/86, institui a Coordenadoria Nacional para

Integração da Pessoa Deficiente (CORDE), responsável pela gestão de

políticas públicas voltadas a integração, defendendo as pessoas com

deficiência nas esferas do Ministério Público Federal e Estadual.

A política educacional brasileira na década de 80 teve como meta a democratização mediante a expansão do ensino com oportunidade de acesso das minorias à escola pública. A educação de crianças com deficiências na escola comum ganhou força com o movimento nacional de defesa dos direitos das pessoas com deficiências, que pregava a passagem do modelo de defesa segregado para a integração de pessoas com deficiência na escola, no trabalho, tendo em vista a igualdade e justiça social. (MEC/SEESP, 2004, p. 10)

Todas essas mudanças e avanços na educação especial até o momento foram

pano de fundo para a chegada da inclusão, que teve seu início na Declaração

de Salamanca em 1994, elaborada na Conferência Mundial sobre

Necessidades Educacionais Especiais: Acesso e Qualidade, contendo

princípios, políticas e práticas das necessidades educativas especiais. Onde

preconizou a educação inclusiva para todas as pessoas tendo ou não alguma

deficiência.

A partir dessa declaração, muito se tem realizado sobre a inclusão no Brasil

com definições de políticas públicas e criação de instrumentos legais que

garantam esses direitos. “Os sistemas educacionais têm se transformado para

garantir o acesso universal à escolarização e também à satisfação das

necessidades de aprendizagem para todos os cidadãos.” (MEC/SEESP, 2004,

p. 13)

Entretanto, muito ainda há que se fazer e modificar. Muitas barreiras

arquitetônicas ou não ainda necessitam ser quebradas e reconstruídas, ao até

mesmo construídas. A inclusão em muitos casos é vista com receio e algumas

pessoas ainda não sabem o que a palavra inclusão realmente significa.

A inclusão é um desafio que, ao ser devidamente enfrentado pela escola

comum, provoca a melhoria da qualidade da educação básica e superior, pois

para que os alunos com e sem deficiência possam exercer o direito à educação

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em sua plenitude, é indispensável que a escola aprimore suas práticas, a fim

de atender às diferenças.

Segundo Mantoan (2007, p. 45), “a transformação da escola não é, portanto,

uma mera exigência da inclusão escolar de pessoas com deficiência e/ou

dificuldades de aprendizado. Ela deve ser encarada como um compromisso

inadiável das escolas, que terá a inclusão como conseqüência”.

Atualmente as escolas estão caminhando para esse processo de inclusão, mas

ainda existe instituições de ensino que continuam atender os alunos com

deficiência, principalmente a deficiência intelectual em espaços escolares semi

ou totalmente segregados que são as classes especiais e escolas especiais.

No Paraná, ainda estamos nesse processo, os alunos estão sendo atendidos

em escolas especiais e gradativamente alguns alunos estão sendo

encaminhados para a educação especial do município ou mesmo para o ensino

regular. Os alunos das Classes Especiais estão sendo cada vez mais

encaminhados para as Salas de Recursos, que são também para crianças com

Deficiência Intelectual, além do Distúrbio de Aprendizagem. A tendência a nível

estadual é com o passar do tempo se extinguir as Classes Especiais, pois os

encaminhamentos estão sendo mais raros na grande maioria dos municípios,

pois estes alunos deverão ser atendidos nas Salas de Recursos.

Para que esse processo se concretize, fica evidenciada a necessidade de se

redefinir e de se colocar em ação novas alternativas pedagógicas, que

favoreçam a todos os alunos, o que implica na atualização e desenvolvimento

de conceitos e em práticas escolares compatíveis com esse desafio.

Os dados da Organização Mundial da Saúde indicam que cerca 10% da

população de países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, possuem

algum tipo de deficiência ou necessidade educacional especial. De acordo com

o levantamento da Secretaria de Educação Especial, do Ministério da

Educação MEC, os dados da Educação Especial no Brasil podem ser

identificados conforme os seguintes dados:

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População total: 169.872.856

População com deficiência: 24.600.256

População de 0 a 17 anos com deficiência: 2.850.604

0 a 4 anos: 370.530

5 a 9 anos: 707.763

10 a 14 anos: 1.083.039

15 a 17 anos: 689.272

18 a 24 anos: 1.682.760

Fonte: Censo Demográfico (IBGE/2000)

A matrícula em escolas regular com inclusão também vem aumentando no

período de 1998 a 2006, como pode ser visto a baixo: Deficiência Mental: Total de 291.130 matrículas sendo 197.087 (67,7%) em escolas e classes

especiais e 94.043 (32,3%) em escolas regulares/classes comuns. Deficiência Múltipla: Total de 74.605 matrículas sendo 59.208 (79,3%) em escolas e

classes especiais e 15.397 (20,7%) em escolas regulares/classes comuns.

Deficiência Física: Total de 43.405 matrículas sendo 13.839 (31,8%) em

escolas e classes especiais e 29.566 (68,2%) em escolas regulares/classes

comuns. Altas Habilidades/Superdotação: Total de 2.769 matrículas sendo

que todas estão em escolas regulares/classes comuns. Condutas Típicas: Total de 95.860 matrículas sendo 22.080 (23%) em escolas e classes especiais

e 73.780 (77%) em escolas regulares/classes comuns. Autismo: Total de

11.215 matrículas sendo 7.513 (67%) em escolas e classes especiais e 3.702

(33%) em escolas regulares/classes comuns. Síndrome de Down: Total de

39.664 matrículas sendo 29.342 (74%) em escolas e classes especiais e

10.322 (26%) em escolas regulares/classes comuns. Fonte: Censo Escolar

(MEC/INEP)

Ainda segundo o censo do IBGE de 2000, a população total do Paraná

9.564.643, sendo que a população com deficiência era de 1.297.877.Pelos

dados referidos, percebemos que as escolas constituíram-se em um espaço

privilegiado caracterizado como uma nova forma de entender a deficiência sob

o enfoque educacional. Assim, como no passado às pessoas com deficiência

eram denominados de “excepcionais”, hoje essa expressão modificou e

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passamos a chamá-los como pessoas com necessidades educativas ou

educacionais especiais. Focalizando as necessidades de cada pessoa sem

esquecer das suas possibilidades e facilidades. Esta terminologia surgiu na

década de 70 no Relatório Warnock.

A Educação Especial é um atendimento formal para essas pessoas com

necessidades educacionais especiais, que em algum momento de sua

aprendizagem e desenvolvimento precisem dessa especialização. “É um

processo que visa a promover o desenvolvimento das potencialidades de

pessoas portadoras de deficiências, condutas típicas e altas habilidades e que

abrange os diferentes níveis de ensino” (MEC, 2004, p. 13).

Observamos, entretanto, que muito ainda tem que ser efetivado para que o

atendimento educacional aconteça de maneira realmente global. Portanto, aqui

no município de Irati pretendemos juntar esforços para a concretização de uma

prática inclusiva e na melhoria dos serviços da Educação Especial.

2.3 DEFICIÊNCIA AUDITIVA

No Brasil temos visto recentemente com mais constância a presença de

intérpretes da Língua Brasileira de Sinais nas televisões e em eventos públicos.

Isso nos revela uma necessidade sempre posta, mas nem sempre reconhecida

de que os surdos têm o direito de participar das atividades sociais

cotidianamente, como os demais sujeitos da sociedade. Evidentemente, isso é

apenas parte da história de uma longa batalha que se mistura à do

atendimento educacional.

Segundo a recomendação do item 19 da Declaração de Salamanca destaca

que:

A importância da linguagem de signos como meio de comunicação entre surdos, deveria ser reconhecida e provisão deveria ser feita no sentido de garantir que todas as pessoas surdas tenham acesso à educação em sua língua nacional de signos .Devido às necessidades particulares de comunicação dos surdos e das pessoas surdas/cegas, a educação deles pode ser mais

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adequadamente provida em escolas especiais e unidades em escolas regulares.

Nos dias atuais, a linguagem por meio de sinais está oficializada no Brasil sob

o nome de LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais. Em diferentes documentos do

governo federal a língua de sinais é reconhecida, senão cobrado. Através do

Decreto 5.626 de 22/12/2005 regulamenta a Lei 10.436/2002 e o artigo 18 da

Lei 10.098/2000. Não tem sido tarefa fácil levar os ouvintes que não tenham

familiares surdos a se sensibilizarem para o aprendizado dessa nova

linguagem. É posta aos professores que atuam em salas de aula com alunos

surdos inclusos a importância e a necessidade de que os mesmos conheçam a

LIBRAS, porém nem sempre isso é possível devido a quantidade de atribuições

que lhe é imposta, seja pela falta de tempo ou de recursos financeiros. Sem

medo de errarmos, ainda é no interior das escolas um espaço importante a se

conquistar.

A inclusão da criança com deficiência auditiva/ surdez na sala regular, requer

uma boa preparação tanto do aluno quanto da escola, para que ambos se

sintam capacitados de participar dessa inclusão. Somente colocar o aluno

surdo na escola regular não garante a sua inclusão. O trabalho é muito grande,

constante e é necessária a ajuda se todos os que participam desse processo:

gestão da unidade escolar, família, professores, outras crianças e o aluno com

surdez.

O primeiro sentimento para a maioria dos professores que recebem um aluno

com surdez em sua sala de aula é a insegurança expressada em falas do tipo:

“Não sei lidar com ele”, “Como vou fazer para me comunicar?”, “Não estou

preparado para isso”, “Não sou especialista em surdez”. É preciso se acalmar e

acreditar no potencial do outro e no nosso próprio, solicitando sempre que

necessário a ajuda dos profissionais especializados. Quando um professor

recebe um aluno surdo, primeiramente é necessário conhecer as reais

necessidades da criança através da sua história de vida.

A surdez na perspectiva pedagógica e social é vista como uma experiência

visual que traz aos surdos a possibilidade de constituir sua subjetividade por

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meio de experiências cognitivo-linguísticas diversas, mediadas por formas

alternativas de comunicação simbólica, que encontram na língua de sinais, seu

principal meio de concretização. Entre os termos utilizados para identificar uma

pessoa com surdez, destacam-se: SURDO: Expressão aceita pela maioria dos

surdos que estão atuando politicamente nos seus direitos, cidadania e língua

respeitados, tendo identidade surda. SURDO-MUDO: Expressão antiga, já

extinta. DEFICIENTE AUDITIVO: Expressão dada pelos ouvintes aos surdos.

Essa expressão não foi escolhida pelos surdos para se dominarem. Mostra

pelo que ele não tem, pois a surdez não é aparente. PORTADOR DE NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS (PNEE): Termo politicamente

correto.

A surdez apresenta diversas causas que podem ser congênitas ou adquiridas.

São congênitas quando o individuo já nasceu surdo e neste caso a surdez é

considerada pré-lingual, ou seja, antes da aquisição da linguagem. A surdez é

adquirida quando o individuo nasce ouvindo e perde sua audição no decorrer

da idade, neste caso a surdez é pré-lingual ou pós-lingual, dependendo da sua

ocorrência antes ou depois da aquisição da linguagem.

As causas para o surgimento da deficiência auditiva podem ser pré-natais, peri-

natais ou pós-natais. Nas causas pré-natais (antes do nascimento), a surdez é

provocada por fatores genéticos (casamentos consangüíneos) e

hereditariedade; por doenças adquiridas pela mãe na gestação (rubéola,

toxoplasmose, citomegalovírus) e exposição da mãe a drogas ototóxicas

(alguns antibióticos álcool, monóxido de carbono, etc), que fazem mal para o

órgão da audição. Nas causas peri-natais (durante o nascimento), a surdez

pode ser provocada por um parto prematuro, por anóxia (falta de oxigênio no

cérebro logo após o nascimento) e por trauma de parto (uso indevido de

fórceps, parto rápido ou demorado demais). Nas causas pós-natais (após o

nascimento e durante a vida) temos: meningite, caxumba, sarampo, uso de

medicamentos ototóxicos, idade avançada, traumas, acidentes, infecções de

ouvido (otites) e ruídos de repetição.

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A unidade usada para medir a perda auditiva é o decibel (dB).Segundo o

foniatra francês LAFON, a surdez pode ser assim classificada: Surdez Leve: de

20 à 40 dB; Surdez Moderada: de 41 à 70 dB; Surdez Severa: de 71 à 90 Db.

Surdez Profunda: acima de 91 dB. Sendo a surdez uma privação sensorial que

interfere diretamente na comunicação, alterando a qualidade da relação que o

indivíduo estabelece com o meio, ela pode ter sérias implicações para o

desenvolvimento de uma criança, conforme o grau da perda auditiva que as

mesmas apresentem: Surdez leve: a criança é capaz de perceber os sons da

fala; adquire e desenvolve a linguagem oral espontaneamente; o problema

geralmente é tardiamente descoberto; dificilmente se coloca o aparelho de

amplificação porque a audição é muito próxima do normal.

Surdez moderada: a criança pode demorar um pouco para desenvolver a fala

e a linguagem; apresenta alterações articulatórias (trocas na fala) por não

perceber todos os sons com clareza; tem dificuldade em perceber a fala em

ambientes ruidosos; são crianças desatentas e com dificuldade no aprendizado

da leitura e escrita. Surdez severa: a criança terá dificuldades em adquirir a

fala e linguagem espontaneamente; poderá adquirir vocabulário do contexto

familiar; existe a necessidade do uso de aparelho de amplificação, apoio de

leitura orofacial para compreender mensagens faladas e acompanhamento

especializado. Surdez profunda: a criança dificilmente desenvolverá a

linguagem oral espontaneamente; só compreende auditivamente sons muito

intensos como: bombas, trovão, motor de carro e avião, batida de martelo;

freqüentemente utiliza leitura orofacial; necessita fazer uso de aparelho de

amplificação e/ou implante coclear; utiliza a língua de sinais e se adapta melhor

com esse tipo de linguagem; necessita de acompanhamento especializado.

A maioria dos surdos profundos utiliza a língua de sinais para se comunicar. O

ingresso na escola regular é indicado, embora possa haver previsão de

escolaridade prolongada, porque a ausência de uma boa comunicação oral,

gera muitos transtornos e déficits na aprendizagem. Neste caso há

necessidade de intérprete em sala de aula para que o surdo possa desenvolver

sua escolaridade.

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Os professores do ensino regular devem estar atentos ainda a alguns sinais

indicativos de problemas de audição e encaminhar se necessário para

atendimento especializado: o aluno parece alheio, desatento, sem se envolver

com as atividades solicitadas; fala mais alto que o comum dos alunos;

infecções e dores de ouvido; apresenta muitos erros no ditado, que não

presentes em cópias; precisa virar-se para compreender a fala do interlocutor,

olhando para os seus lábios, ou aproximando um dos ouvidos; histórico de vida

e familiar que justifiquem a preocupação com o desenvolvimento físico do

aluno; comunicação do aluno por gestos ou quase sem comunicação. Em

casos de suspeitas de dificuldades nessa área, a equipe pedagógica deve ser

comunicada, para os devidos encaminhamentos.

2.3.1 AÇÕES PEDAGÓGICAS REFERENTES À ÁREA DA DEFICIÊNCIA

AUDITIVA

É importante destacar alguns aspectos ou ações que julgamos deverem ser

observadas no cotidiano escolar, se almejamos um ensino de qualidade para

eles e os demais. Na verdade, essas ações acabam requisitando o

envolvimento conjunto de autoridades, direção das escolas, equipe

pedagógica, professores, pais e demais alunos. Se não há soluções rápidas,

para mudanças imediatas, há desafios que precisam ser enfrentados. Expomos

a seguir aspectos que em si já se revelam propostas ou ações, ou, então, que

são objetivos a serem alcançados por ações e programas específicos.

Incentivamos a participação reflexiva, crítica e responsável do educando na

escola (ensino especializado e regular) e fora da escola, para que ele se

perceba como sujeito aprendiz, de forma motivadora, consciente e planejada,

considerando-se aspectos importantes do seu desenvolvimento e suas

características pessoais, visto que os surdos não são iguais. Esforço para que

se dê a extrapolação do conhecimento do aluno surdo, adquirindo nas

atividades escolares, para as atividades cotidianas, valorizando o

conhecimento sistematizado como recurso para ele compreender o mundo, a si

mesmo e aos outros. Investimento na superação de rótulos e preconceitos

advindos dos estigmas próprios à surdez (como: alunos agitados, inquietos,

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desatentos, nervosos) e, concomitantemente, na formação de bons hábitos e

de atitudes importantes para a convivência social.

No CAEDA, a metodologia a ser utilizada visará possibilitar o desenvolvimento

da escrita da Língua de Sinais em momentos distintos de interação, inspirados

no método da exploração crítica das situações experimentais, objetivando

incorporar os conhecimentos dos surdos nas atividades de aquisição do

sistema Sign-Writing.

Trabalhar o conteúdo curricular de modo criativo, promovendo a integração

entre os aspectos físicos, emocionais, cognitivos e sociais do aluno, visto que

uma importante via de entrada das informações é obstruída, mas as demais

permanecem com acessibilidade. Viabilizar condições seguras de

aprofundamento e consolidação dos conhecimentos adquiridos pelos alunos

nos anos iniciais da escolarização, possibilitando sempre o prosseguimento

dos estudos. Preparo dos jovens para a vida adulta de modo protegido, porém

sem criar barreiras sociais, secundárias, decorrentes da organização social e

não da surdez, principalmente no que se refere aos aspectos emocionais e

profissionais.

Trabalho com familiares de alunos com deficiência auditiva com o intuito de

agregar os interesses escola/família, por meio de reuniões para orientações,

planejamentos de atividades, encontros e eventos, etc., considerando-se

metodologias e estratégias diferenciadas; estimulando a consolidação de

grupos de apoio a eles. Utilização de materiais diversificados para o ensino do

conteúdo curricular e recursos visuais de comunicação que sirvam de apoio à

informação transmitida oralmente como:cartazes, livros, vídeo, cd’s, dvd’s,

computador, etc. Valorização de trabalho com elementos e procedimentos da

natureza, processos culturais variados, recursos e técnicas de artes, enquanto

instrumentos de mediação e de intervenção para o conhecimento enriquecendo

a ação educacional.

Buscar a manifestação e o desenvolvimento das potencialidades do aluno

surdo, por meio de estímulos, elogios, posicionamentos e referências

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essenciais, demonstrando vias colaterais que compensem a ausência de

audição. Promoção de cursos de LIBRAS (língua brasileira de sinais) para

professores, alunos surdos, familiares e comunidade. Realização de encontros,

simpósios e seminários para estudos sobre a surdez, incidindo em melhor

formação de professores e técnicos. Sistematização de metodologias e ações

que estiverem sendo eficazes na prática escolar cotidiana. Incentivo à

divulgação de trabalhos com surdos que se revelarem originais e importantes

para a área. Currículo adaptado, quando necessário, com avaliação adaptada,

contínua e constante, através de conversação, debates, perguntas e respostas

das questões, do interesse dos alunos, em LIBRAS.

Avaliar o conhecimento do aluno em todas as áreas, levando em consideração

as características da interferência da língua de sinais em suas produções

escritas. Mostra de filmes, de literatura, de bibliografias, etc., em que a

condição de surdez esteja presente, com discussões e orientações a respeito,

desmistificando-a e demonstrando a distância ou proximidade entre o

apresentado e o vivenciado no cotidiano do município de Irati, em busca de

maior consciência, para uma prática social com as transformações almejadas.

Esses são alguns pontos que se destacam como essenciais para o C.A.E.D.A

– Centro de Atendimento Especializado ao Deficiente Auditivo e para as

escolas regulares que os atendam. Os professores do ensino regular devem

estar atentos ainda a alguns sinais indicativos de problemas de audição e

encaminhar se necessário para atendimento especializado: o aluno parece

alheio, desatento, sem se envolver com as atividades solicitadas; fala mais alto

que o comum dos alunos; infecções e dores de ouvido; apresenta muitos erros

no ditado, que não presentes em cópias; precisa virar-se para compreender a

fala do interlocutor, olhando para os seus lábios, ou aproximando um dos

ouvidos; histórico de vida e familiar que justifiquem a preocupação com o

desenvolvimento físico do aluno. Em casos de suspeitas de dificuldades nessa

área, a equipe pedagógica deve ser comunicada, para os devidos

encaminhamentos.

2.4 DEFICIÊNCIA VISUAL

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De acordo com Gasparetto (2005) a criança que enxerga estabelece uma

comunicação visual com o mundo exterior desde os primeiros meses de vida

porque é estimulada a olhar para tudo o que está à sua volta, sendo possível

acompanhar o movimento das pessoas e dos objetos sem sair do lugar. A

visão reina soberana na hierarquia dos sentidos e ocupa uma posição

proeminente no que se refere à percepção e integração de formas, contornos,

tamanhos, cores e imagens que estruturam a composição de uma paisagem ou

de um ambiente. É o elo de ligação que integra os outros sentidos, permite

associar som e imagem, imitar um gesto ou um comportamento e exercer uma

atividade exploratória circunscrita a um espaço delimitado.

Por isso, Bruno (1993) salienta que o deficiente visual necessita de um

ambiente estimulador, de mediadores e condições favoráveis à exploração do

seu referencial perceptivo particular. No mais, não são diferentes de seus

colegas que enxergam no que diz respeito ao desejo de aprender, aos

interesses, à curiosidade, às motivações, às necessidades gerais de cuidados,

proteção, afeto, brincadeiras, limites, convívio e recreação dentre outros

aspectos relacionados à formação da identidade e aos processos de

desenvolvimento e aprendizagem. Devem ser tratados como qualquer

educando no que se refere aos direitos, deveres, normas, regulamentos,

combinados, disciplina e demais aspectos da vida escolar.

A função do sistema visual, de acordo com Gil (2000) é converter energia

luminosa em atividade neural que tenha significado para nós. A visão é nossa

principal experiência sensorial. O cérebro humano é muito mais usado para a

visão do que qualquer outro sentido. É através da visão que adquirimos mais

da metade dos conhecimentos a respeito do mundo que nos cerca. Estudos

revelam que enxergar não é uma habilidade inata, ou seja, quando nascemos

ainda não sabemos enxergar: é preciso aprender e uma das formas como isso

acontece, inconscientemente, é quando vamos chamando a atenção do bebê

ao dizermos: “olha a bola do Pedro”. Ou “chama o gatinho”.

A criança que enxerga estabelece uma comunicação visual com o mundo

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exterior desde os primeiros meses de vida porque é estimulado a olhar tudo o

que está a sua volta, sendo possível acompanhar o movimento das pessoas

dos objetos sem sair do lugar.

A BAIXA VISÃO, segundo Sá e Silva (2007) refere-se à alteração da

capacidade funcional da visão. Decorre de inúmeros fatores isolados ou

associados, tais como: baixa acuidade visual significativa reduçã0 importante

do campo visual, alterações corticais e ou de sensibilidade aos contrastes que

interferem ou limitam o desempenho visual do indivíduo. A perda da função

visual pode ser influenciada também por fatores ambientais inadequados. São

consideradas pessoas com baixa visão aquelas que apresentam “desde

condições de indicar projeção de luz até o grau em que a redução da acuidade

visual interfere ou limita seu desempenho”. (p.22) Seu processo educativo se

desenvolverá, principalmente, por meios visuais, ainda que com utilização de

recursos específicos.

Gil (2000) comenta que, após discutirem o atendimento às crianças com baixa

visão no mundo a organização mundial de saúde (OMS) juntamente com o

conselho internacional de educação de deficientes visuais, em 1992, em

bangkok-tailândia, elaboraram uma nova definição clínico-funcional, tendo em

vista que o desempenho visual é mais um processo funcional do que simples

expressão numérica da acuidade visual.

De acordo com o CID (Código Internacional de doenças), a baixa visão passou

a ser compreendida como o comprometimento do funcionamento visual em

ambos os olhos, mesmo após tratamento e ou correção de erros refracionais

comuns. Acuidade visual inferior a 0,3 até a percepção de luz; campo visual

inferior a 10 graus do seu ponto de fixação; capacidade potencial de utilização

da visão para o planejamento e execução de tarefas.

Essa definição baseia-se na classificação internacional de doenças (CID);

portanto não devem ser utilizados como critérios para elegibilidade de

educação ou reabilitação sem incluir dados de avaliação de outras funções

igualmente importantes, como: sensibilidade aos contrastes; adaptação à

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iluminação.

Na escola, os professores costumam confundir ou interpretar erroneamente

algumas atitudes e condutas de alunos com baixa visão que oscilam entre o

ver e o não ver. Esses alunos manifestam algumas dificuldades de percepção

em determinadas circunstâncias tais como: objetos situados em ambientes mal

iluminados, ambiente muito claro ou ensolarado, objetos ou materiais que não

proporcionam contraste, objetos e seres em movimento, visão de profundidade,

percepção de formas complexas, representação de objetos tridimensionais, e

tipos impressos ou figuras não condizentes com o potencial da visão.

De acordo com Sá e Silva (2007), o trabalho com alunos de baixa visão baseia-

se no princípio de estimular a utilização plena do potencial de visão e dos

sentidos remanescentes, bem como na superação de dificuldades e conflitos

emocionais. Para isso, é necessário conhecer e identificar, por meio da

observação contínua, alguns sinais ou sintomas físicos característicos e

condutas freqüentes tais como: tentar remover manchas, esfregar

excessivamente os olhos, balançar a cabeça ou movê-la para frente ao olhar

para um objeto próximo ou distante, levantar para ler o que está escrito no

quadro negro, em cartazes ou mapas, copiar do quadro negro faltando letras,

tendência de trocar palavras e mesclar sílabas, dificuldade na leitura ou em

outro trabalho que exija o uso concentrado dos olhos, piscar mais do que o

habitual, chorar com freqüência ou irritar-se com a execução de tarefas,

tropeçar ou cambalear diante de pequenos objetos, aproximar livros ou objetos

miúdos para bem perto dos olhos, desconforto ou intolerância à claridade.

Esses alunos costumam trocar a posição do livro e perder a seqüência das

linhas em uma página ou mesclar letras semelhantes. Eles demonstram falta

de interesse ou dificuldade em participar de jogos que exijam visão de

distância.

Segundo Sá e Silva (2007), para que o aluno com baixa visão desenvolva a

capacidade de enxergar, o professor deve despertar o seu interesse em utilizar

a visão potencial, desenvolver a eficiência visual, estabelecer o conceito de

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permanência do objeto, e facilitar a exploração dirigida e organizada. As

atividades realizadas devem proporcionar prazer e motivação, o que leva à

intencionalidade e esta desenvolve a iniciativa e a autonomia, que são

objetivos primordiais da estimulação visual.

A baixa visão pode ocasionar conflitos emocionais, psicológicos e sociais, que

influenciam o desempenho visual, a conduta do aluno, e refletem na

aprendizagem. Um ambiente de calma, encorajamento e confiança contribuirá

positivamente para a eficiência na melhor utilização da visão potencial que

deve ser explorada e estimulada no ambiente educacional, pois o desempenho

visual está relacionado com a aprendizagem. É recomendável, portanto,

provocar a conduta de utilizar a visão para executar todo tipo de tarefas, pois a

visão não se gasta com o uso. Além disso, o professor deve proporcionar ao

aluno condições para uma boa higiene ocular de acordo com recomendações

médicas.

2.4.1 RECOMENDAÇÕES ÚTEIS PARA AUXILIAR O ALUNO COM BAIXA VISÃO:

Sentar o aluno a uma distância de aproximadamente um metro do quadro

negro na parte central da sala,

Evitar a incidência de claridade diretamente nos olhos da criança;

Estimular o uso constante dos óculos, caso seja esta a indicação médica;

Colocar a carteira em local onde não haja reflexo de iluminação no quadro

negro;

Posicionar a carteira de maneira que o aluno não escreva na própria

sombra;

Adaptar o trabalho de acordo com a condição visual do aluno;

Em certos casos conceder maior tempo para o término das atividades

propostas, principalmente quando houver indicação de telescópio.

Ter clareza de que o aluno enxerga as palavras e ilustrações mostradas;

Sentar o aluno em lugar sombrio se ele tiver fotofobia (dificuldade de ver

bem em ambiente com muita luz);

Evitar iluminação excessiva em sala de aula;

Observar a qualidade e nitidez do material utilizado pelo aluno: letras,

números, traços, figuras, margens, desenhos com bom contraste

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figura/fundo;

Observar o espaçamento adequado entre letras, palavras e linhas;

Utilizar papel fosco, para não refletir a claridade;

Explicar, com palavras, as tarefas a serem realizadas.

A CEGUEIRA, de acordo com Sá e Silva (2007), significa a perda total da visão

até a ausência de projeção de luz. Educacionalmente evita-se o termo cegueira

legal (acuidade visual igual ou menor a 20/200 ou campo inferior a 20 graus no

menor olho), pois não revela o potencial útil a execução de tarefas. Pessoas

cegas apresentam “desde ausência total da visão até perda da projeção da

luz”. O processo de aprendizagem se fará através dos sentidos remanescentes

(tato, audição, olfato, paladar) utilizando o sistema braille como principal meio

de comunicação escrita. Podemos dizer também que a cegueira é uma

alteração grave ou total de uma ou mais das funções elementares da visão que

afeta de modo irremediável a capacidade de perceber cor, tamanho, distância,

forma, posição ou movimento em um campo mais ou menos abrangente. As

causas mais freqüentes que levam a deficiência visual podem ser de origem

congênita ou adquirida:

AS CAUSAS CONGÊNITAS ocorrem desde o nascimento e as mais comuns

ou freqüentes são: retinopatia da prematuridade (problemas de retina em

virtude de parto prematuro ou por excesso de oxigênio na incubadora);

corioretinite por toxoplasmose na gestação; catarata congênita (rubéola,

infecções na gestação ou hereditariedade); glaucoma congênito hereditário ou

por infecções; atrofia óptica por problemas de parto (pós parto) degenerações

retinianas (doenças hereditárias ou diabetes) há também , um grande índice d

problemas visuais congênitos por fatores como: gestação precoce, desnutrição

da gestante, drogas em geral, álcool, infecções durante a gravidez (rubéola,

sífilis, toxoplasmose, aids e citomegalovirus).

AS CAUSAS ADQUIRIDAS OU CEGUEIRA ADVENTÍCIA envolvem traumas

oculares, catarata, descolamento de retina, diabetes, degeneração senil,

glaucoma,e alterações retinianas relacionadas a hipertensão arterial ou

diabetes e também ocasionada por acidentes.em alguns casos, a cegueira

pode associar-se à perda da audição(surdo-cegueira) ou a outras deficiências.

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Muitas vezes, a perda da visão ocasiona a extirpação do globo ocular e a

conseqüente necessidade de uso de próteses oculares em um dos olhos ou em

ambos. Se a falta de visão afetar apenas um dos olhos (visão monocular), ou

outro assumirá as funções visuais sem causar transtornos significativos no que

diz respeito ao uso satisfatório e eficiente da visão.

De acordo com Gil (2000), os sentidos têm a mesmas características e

potencialidades para todas as pessoas. As informações tátil, auditiva,

sinestésica e olfativa são mais desenvolvidas pelas pessoas cegas porque elas

recorrem a esses sentidos com mais freqüência para decodificar e guardar na

memória as informações. Sem a visão, os outros sentidos passam a receber

informação de forma intermitente, fugidia e fragmentária. O desenvolvimento

aguçado da audição, do tato, do olfato e do paladar é resultante da ativação

contínua desses sentidos por força da necessidade. Portanto, não é um

fenômeno extraordinário ou um efeito compensatório. Os sentidos

remanescentes funcionam de forma complementar e não isolada.

Gil (2000) comenta que uma demonstração surpreendente da capacidade de

coleta e do processamento de informações pela via do tato é o tadoma,

mecanismo de comunicação utilizado por pessoas surdocegas. Trata-se de

uma comunicação eminentemente tátil que permite entender a fala de uma

pessoa, ao perceber as vibrações e os movimentos articulatórios dos lábios e

maxilares com a mão sobre a face do interlocutor. É importante também

marcarmos alguns fatores de risco: o histórico familiar e de origem genética

que levam à retinite pigmentosa, ao glaucoma e à catarata congênita; histórico

pessoal de diabetes, hipertensão arterial e outras doenças sistêmicas podem

levar também a um comprometimento visual.

Pelo exposto, percebemos que a prevenção e o diagnóstico são fatores

importantíssimos para que se evite problemas visuais e que requerem do

professor e familiares a observação de sinais e sintomas referentes ao

acometimento visual. Deve-se enfatizar que quando perceberem algo de

diferente devem fazer o encaminhamento da criança para o oftalmologista: e

este, detectando a deficiência visual ( parcial ou total), prescreverá, por meio

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de laudo os procedimentos que deverão ser realizados, baseados na patologia

e na acuidade visual. Se necessário, prescreverá auxílios ópticos e

encaminhará para o atendimento em instituição especializada, onde receberá o

atendimento adequado.

2.5 DEFICIÊNCIA MENTAL / INTELECTUAL

Dentre as diferentes áreas das deficiências, a deficiência mental é a mais

freqüente em qualquer sociedade. Muitos conceitos e terminologias são

utilizados na tentativa de melhor defini-la. De acordo com Carvalho (2000),

existe atualmente uma tendência mundial de se substituir o termo deficiência

mental por deficiência intelectual, uma vez que o termo intelectual refere-se ao

funcionamento do intelecto especificamente e não ao funcionamento da pessoa

como um todo. As limitações na área intelectual sejam elas, conceitual, prática

ou social interfere de maneira substancial na aprendizagem e na execução de

determinadas habilidades da vida autônoma, no contexto familiar, escolar e

social, e quanto mais precoce for detectado o quadro da deficiência intelectual,

maior serão as possibilidades de a pessoa receber as ajudas e apoios

necessários para a sua adaptação global.

Segundo Mantoan (2006), na palestra “Desenvolvimento da Inteligência e

Deficiência Mental”, proferida no II Congresso Brasileiro sobre Síndrome de

Down:

As pessoas com deficiência intelectual demonstram muito pouca habilidade no que concerne a generalização das aprendizagens, as pessoas com deficiência mental revelam um subfuncionamento da memória. As estratégias mnemônicas dependem da capacidade de retenção e esta é estimulada pela repetição, imagem mental, categorizações e outras. A memória é uma habilidade intelectual que pode ser melhorada nas pessoas com deficiência, mas não deve ser exercitada mecanicamente.

O desenvolvimento do sujeito em situação de deficiência intelectual processa

de maneira diferente no que se refere à apropriação dos conceitos mais

elaborados, quando comparado ao desenvolvimento dos sujeitos que não

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evidenciam tais condições. Aqueles respondem, estruturalmente, da mesma

maneira às influencias do seu contexto social, como também, a evolução

destas estruturas obedece à mesma seqüência dos sujeitos considerados

normais, porém num tempo diferente.

Embora apresentando essas características, isto não significa que eles sejam

menos capazes de aprender. Faz-se necessário, compreender como se

processa esse tempo, de como se dá o amadurecimento das estruturas

cognitivas e de como elas poderão ser trabalhadas.

A princípio, é importante ressaltar a existência de dificuldades na apreensão de

conceitos abstratos, bem como pra generalizar a transferir os comportamentos

e saberes adquiridos para novas situações. Este aluno requer do professor um

olhar diferenciado, no que tange ao atendimento as suas necessidades

educacionais especiais, ou seja, as orientações quanto às atividades a serem

realizadas, devem acontecer de forma clara e objetiva, para que este organize

seu pensamento e aja cada vez mais espontaneamente e com autonomia.

Segundo Pinheiro (2006) p. 17.Alguns alunos com deficiência intelectual são capazes de assimilar os conteúdos curriculares referentes ao ensino fundamental, reúnem condições suficientes para adaptar-se socialmente através da atuação independente na comunidade e estão aptos a adquirir formação profissional que lhes garanta o sustento, total ou parcial, na vida adulta. Outros apresentam condições de desenvolver o domínio das habilidades lingüísticas básicas, são competentes para obter sucesso no processo de aquisição de leitura e escrita, e outros ainda, são capazes de cuidar de si próprios e para protegerem-se de perigos comuns e possuem condições para ajustarem-se e serem úteis, social e economicamente, no lar e na comunidade, auxiliando em tarefas caseiras, trabalhando em ambientes especiais ou mesmo realizando atividades rotineiras, sob supervisão.

Vygotsky (1989) apresenta contribuições teóricas importantes para a

superação das concepções de base biológicas para o desenvolvimento

humano, evidenciando seu caráter social. O entendimento da pessoa

deficiente, para esse autor, passa pelo conceito da compensação social,

atribuindo assim, um novo redimensionamento para a educação dessas

pessoas. As condições dos pressupostos da teoria Vygotskyana apontam para

a possibilidade de a pessoa deficiente superar suas dificuldades pelo processo

de compensação social. Tal processo consiste em criar condições e

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estabelecer interações sociais de troca que possibilitem aos sujeitos

considerados deficientes se apropriar da cultura, ter acesso ao conhecimento

científico e se tornarem pessoas emancipadas.

A escola (especial e comum) ao desenvolver o Atendimento Educacional

Especializado deve oferecer todas as oportunidades possíveis para que nos

espaços educacionais em que ele acontece, o aluno seja incentivado a se

expressar, pesquisar, inventar hipóteses e reinventar o conhecimento

livremente.

Assim, ele pode trazer para os atendimentos os conteúdos advindos da sua

própria experiência, segundo seus desejos, necessidades e capacidades. O

exercício da atividade cognitiva ocorrerá a partir desses conteúdos. Devem ser

oferecidas situações, envolvendo ações em que o próprio aluno teve

participação ativa na sua execução e/ou façam parte da experiência de vida

dele. Essa prática difere de todo modelo de atuação privilegiado até então pela

Educação Especial. Trabalhar a ampliação da capacidade de abstração não

significa apenas desenvolver a memória, a atenção, as noções de espaço,

tempo, causalidade, raciocínio lógico em si mesmas. Nem tão pouco tem a ver

com a desvalorização da ação direta sobre os objetos de conhecimento, pois a

ação é o primeiro nível de toda a construção mental.

O objetivo do Atendimento Educacional especializado é propiciar condições e

liberdade para que o aluno com deficiência mental possa construir a sua

inteligência, dentro do quadro de recursos intelectuais que lhe é disponível,

tornando-se agente capaz de produzir significado/conhecimento. O contato

direto com os objetos a serem conhecidos, ou seja, com a sua “concretude”

não pode ser descartada, mas o importante é intervir no sentido de fazer com

que esses alunos percebam a capacidade que tem de pensar, de realizar

ações em pensamento, de tomar consciência de que são capazes de usar a

inteligência de que dispõe e de ampliá-la, pelo seu esforço de compreensão, ao

resolver uma situação problema qualquer. Mas sempre agindo com autonomia

para escolher o caminho da solução e a sua maneira de atuar inteligentemente.

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O aluno com deficiência mental, como qualquer outro aluno, precisa

desenvolver a sua criatividade de conhecer o mundo e a si mesmo, não apenas

superficialmente ou por meio do que o outro pensa. O nosso maior engano é

generalizar a dotação mental das pessoas com deficiência mental em um nível

sempre muito baixo, carregado de preconceitos sobre a capacidade de, como

alunos, progredirem na escola, acompanhando os demais colegas. Desse

engano derivam todas as ações educativas que desconsideram o fato de que

cada pessoa é uma pessoa, que tem antecedentes diferentes de formação,

experiências de vida e que sempre é capaz de aprender e de exprimir um

conhecimento.

Algumas características físicas podem estar presentes em maior ou menor

incidência: configuração e tamanho da cabeça, que podem indicar quadros de

microcefalia, hidrocefalia, síndrome de Down; características faciais não

justificadas pela questão racial e familiar; cor e textura da pele e cabelo;

compleição física do tronco e extremidades, que podem apresentar aspectos

diferenciados.

Outros aspectos podem ser observados na criança portadora de deficiência

intelectual, tais como: atraso no desenvolvimento psicomotor, na utilização do

corpo para atividades próprias de cada faixa etária que possibilitem a

exploração do ambiente, ou seja, dificuldade para firmar a cabeça e o corpo, ao

sentar, engatinhar, ficar em pé, andar, correr, fazer movimentos que exijam

mais equilíbrio e desenvolvimento das habilidades finas. Pode ocorrer também

dificuldade com relação aos aspectos sensoriais, isto é, à recepção,

memorização e reação aos estímulos visuais, auditivos e táteis.

No que se refere à aquisição da linguagem, ela se revela diferenciadas das

outras pessoas, ocorrendo um atraso, o que não é justificado por dificuldades

especificamente anatômico-fisiológicas. No entanto, indivíduos com deficiência

intelectual podem ter problemas de articulação de fala. Há necessidade de se

acompanhar com mais cuidado o modo como o ajustamento social se dá, uma

vez que os indivíduos portadores de deficiência intelectual podem ter

dificuldade para integrar-se ao meio, e nem sempre compreendem as regras e

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normas de condutas próprias do grupo/comunidade. Em alguns casos

necessitam de supervisão nas atividades de vida diária que envolve o

autocuidado, como: higiene pessoal, controle dos esfíncteres, alimentação,

somo, locomoção.

Quando Vygotsky (1989) fala dos graus de deficiência intelectual, refere-se que

o grupo, na sua composição, possui certa complexidade devido às causas e á

natureza do retardo mental. Para o autor, as causas orgânicas podem deixar

seqüelas em diferentes graus de deficiência para as crianças acometidas. Esse

agravamento pode variar entre os mais comprometidos, os mediamente

comprometidos e os de comprometimento leve. A caracterização dessas

últimas crianças, segundo Vygotsky, refere-se à capacidade de lidar com os

conteúdos acadêmicos, mas em ritmo diferenciado das demais crianças.

Considera que o trabalho pedagógico desse grupo deve observar a variação

qualitativa do próprio conteúdo das atividades pedagógicas.

Vygotsky (1989) mostra, por meio de seus estudos, que as crianças

deficientes, necessitam apenas de peculiaridades metodológicas para

chegarem ao pensamento abstrato. A escola, para o autor, deve partir do

princípio de que os alunos deficientes não são uma espécie peculiar de

pessoas e sim pessoas com peculiaridades de desenvolvimento que

expressam semelhanças ao desenvolvimento normal das outras crianças.

Dessa forma, a escola deve trabalhar para alcançar o objetivo comum de

ensinar todos os alunos, utilizando-se de meios específicos e adequados para

atender às necessidades de cada um.

É importante destacar as causas da deficiência intelectual, já que pode ser

prevenida por diferentes modos. As causas podem ser muito variadas, de

caráter genético, infeccioso, mecânico, físico, tóxico, nutricional, provocados

por doenças ou condições não contagiosas. Tais causas podem ser

relacionadas aos períodos: pré-natal, Peri-natal e pós-natal. Como causas mais

comum, podemos destacar: Pré-natal: anomalias cromossômicas, anomalias

enzimáticas, incompatibilidade sanguínea (Rh), doenças infecciosas (rubéola,

sífilis, toxoplasmose...), utilização de substâncias químicas. Peri-natal: anóxia,

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traumatismo craniano, prematuridade, uso de fórceps. Pós-natal: desnutrição,

doenças infecciosas (meningite, encefalite, sarampo...), acidentes.

Há algumas recomendações em nível de prevenção que são importantes:

Antes da gestação: evitar casamento consangüíneo; evitar engravidar antes

dos 18 anos e após os 35 anos; tomar vacinas contra rubéola e tétano pelo

menos seis meses antes de engravidar; fazer exames de sangue para

identificar fator Rh, existência de doenças, quadro geral da saúde; evitar

contato com portadores de doenças infecciosas e sexualmente transmissíveis.

Durante a gestação: realizar acompanhamento médico pré-natal; evitar fumo e

bebidas alcoólicas; evitar a ingestão de remédios, a não ser com orientação

médica; não se expor a vírus e a radiações; cuidar com quedas. Durante o nascimento: realizar o parto em maternidade, com acompanhamento médico;

requerer a presença do obstetra e pediatra (portaria nº31, de 15/12/93

Ministério da Saúde). Após o nascimento: realizar o teste do pezinho

(fenilcetonúria), ter acompanhamento médico periódico, manter em dia a

vacinação contra doenças infantis, oferecer alimentação adequada, dando

preferência ao aleitamento materno nos seis primeiros meses de vida.

Para o êxito acadêmico, é essencial elaborar estratégias educacionais que

atendam de fato a maneira de processar e construir suas estruturas cognitivas,

como por exemplo, utilização constante de materiais concretos, jogos,

favorecimento de situações lúdicas, criação de desafiantes, incentivo à

participação em atividades e eventos sociais, em parceria com a família e a

comunidade. É fundamental que o professor acompanhe e reconheça o

processo desenvolvido por seu aluno, identificando em que ponto ou nível ele

se encontra ao elaborar determinado conceito e, a partir destas observações,

oferecer ou criar condições para que ele possa agir com êxito, refletir e

finalmente criar novas hipóteses.

Para que o aluno seja identificado e receba atendimento pedagógico na busca

de remoção das barreiras que possam estar interferindo na construção do

conhecimento, é imprescindível que haja uma ampla e profunda compreensão

de suas potencialidades e dificuldades. Para tanto, a avaliação, no contexto

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escolar, deverá envolver todos os profissionais da escola, que direta ou

indiretamente atuam com o aluno, tendo como objetivo o estabelecimento de

uma proposta pedagógica e implementação de atividades a serem

desenvolvidas, durante o processo de ensino e aprendizagem que esteja em

consonância com as necessidades educacionais especiais do sujeito.

Deslocando-se o foco da avaliação, da pessoa, propriamente dita, para as

influências que o meio exerce sobre a mesma, verifica-se a existência e a

qualidade dos apoios de que necessita para o desenvolvimento de suas

habilidades adaptativas. Nesse enfoque, não se nega as características

individuais do sujeito com deficiência intelectual, mas de como estas se

manifestam no âmbito social.

Nessa proposta, o processo de avaliação envolve as habilidades intelectivas,

adaptativas, afetivo-emocionais, físicas e de saúde e as condições ambientais,

visando determinar o nível e a intensidade dos apoios que se fizerem

necessários para os alunos prosseguirem, com êxito, no processo educativo,

de desenvolvimento e de aprendizagem. Essa avaliação deve estar a serviço

da implementação dos apoios necessários ao progresso de todos os alunos,

bem como para a melhoria das respostas educativas oferecidas no contexto

educacional escolar e social.

Para atender uma proposta de avaliação, onde se considere o sujeito e seu

ambiente, faz-se necessário considerar os seguintes objetivos: Conhecer para

intervir, de modo preventivo, sobre as variáveis identificadas como barreiras

para a aprendizagem e para a participação; Conhecer os procedimentos e

instrumentos de avaliação, como subsídios à prática pedagógica; Contribuir

para o desenvolvimento global do aluno e para o aprimoramento das

instituições de ensino. Identificar potencialidades e necessidades educacionais

dos alunos e das condições da escola e da família; Identificar os elementos que

intervêm no processo de ensino e aprendizagem e, quando necessário, rever

as práticas pedagógicas.

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Alguns procedimentos são imprescindíveis para realização da referida

avaliação: Observações: pode-se considerar como o mais recomendado para a

coleta de informação e de análise dos dados do contexto educacional escolar.

As observações sistemáticas devem envolver outros espaços de

aprendizagem, além da sala de aula: o recreio, a merenda, a chegada e saída

da escola e devem ser seguidas de registros, recomendando-se que sejam

feitos fora do contexto de observação, mas, imediatamente após; Entrevistas:

devem ocorrer em clima de reciprocidade, sob a forma de relações dialógicos

entre avaliador, avaliados e profissionais da escola;

Análise da produção escolar dos alunos: usando-se como fontes seus

cadernos, folhas de exercício, desenhos e outros trabalhos que realiza em sala

de aula, sem perder de vista a necessidade de contextualizá-los; Análise do

Projeto político Pedagógico: permite conhecer a orientação filosófica, a base

teórica e operacional sobre as quais a escola se organiza administrativa e

pedagogicamente; Utilização de instrumentos: permitem oferecer subsídios à

prática pedagógica, podendo ser formais e/ou informais, como jogos, testes

pedagógicos, cognitivos, acadêmicos, psicomotores e motores, entre outros.

Cabe ressaltar, que o aluno com deficiência intelectual, independente das

características individuais, apresenta uma maneira singular de responder às

informações adquiridas e isto coloca o professor sob o liame de uma constante

busca quanto ao aprimoramento das estratégias avaliativas, de modo que

estas estejam sempre em consonância com as necessidades educacionais

especiais, visando à superação das barreiras para uma aprendizagem eficaz e

seu acesso ao currículo.

De acordo com Pinheiro (2006), para atendimento educacional a este grupo de

alunos, a escola precisa por em pratica a flexibilização curricular (de objetivos,

conteúdos, avaliação, temporalidade...). Esta metodologia possibilita ao

professor construir estratégias que visem o desenvolvimento cognitivo, pessoal

e social do aluno. Nesta concepção, entende-se que o desenvolvimento

humano é um processo sócio-histórico, construído nas inter-relações

estabelecidas entre o sujeito e o seu contexto e que, a construção do

conhecimento se dá pela mediação de outro sujeitos. O “outro social” pode

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apresentar-se por meio de objetos, da organização do ambiente, do professor

cultural e do mundo cultural que se rodeia a aluno.

Assim sendo, o professor faz parte deste processo de ensinar e aprender.

Segundo Vygotsky (1998) é papel do docente promover o desenvolvimento e

mediar o conhecimento dos alunos através de sua interferência na “zona

proximal”. Esta aprendizagem acadêmica difere das situações informais, nas

quais o aluno aprende por pertencer e compartilhar um ambiente cultural.

2.6 DEFICIÊNCIA FÍSICA

De acordo com Carvalho (2000), entende-se por deficiência física uma

variedade bastante ampla de condições orgânicas que, de alguma forma,

alteram o funcionamento normal do aparelho locomotor, comprometendo assim

a movimentação e a deambulação do indivíduo. Devemos considerar que as

alterações podem ocorrer em vários níveis: ósseo, articular, muscular e

nervoso. O papel primário do Sistema Nervoso (SN) é coordenar e controlar a

maior parte das funções de nosso corpo. Para fazer isso, o Sistema Nervoso

recebe milhares de informações dos diferentes órgãos sensoriais e, a seguir,

integra todas elas, para depois determinar a resposta a ser executada pelo

corpo. Essa resposta será expressa pelo comportamento motor, atividade

mental, fala, sono, busca por alimento, regulação do equilíbrio interno do corpo,

entre outros.

Carvalho (2000) menciona que é grande a variabilidade de patologias e

agravos que alteram a motricidade. Dentre elas procuramos enfocar as

condições mais comuns que podem ocorrer em crianças na idade escolar.

Principais características: lesão cerebral (paralisia cerebral, hemiplegias);

Lesão medular (tetraplegias, paraplegias); Miopatias (distrofias musculares);

Patologias degenerativas do sistema nervoso central (esclerose, esclerose

múltipla); Lesões nervosas periféricas; Amputações; Seqüelas de poli-

traumatismos; Malformações congênitas; Distúrbios posturais de coluna;

Seqüelas de patologias da coluna; Distúrbios dolorosos da coluna vertebral e

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das articulações dos membros; Reumatismo inflamatório da coluna e das

articulações; Doenças osteo-musculares (DORT); Seqüelas de queimaduras.

Sintomas e sinais mais Comuns: Atraso no desenvolvimento

neuropsicomotor do bebê (não firmar a cabeça, não sentar, não falar no tempo

esperado). Perda ou alterações dos movimentos, da força muscular ou da

sensibilidade em membros superiores ou inferiores. Erros inatos do

metabolismo. Doenças infecto-contagiosas e crônico-degenerativas. Gestação

de alto risco

Dentre os problemas comumente encontrados na escola, Souza e Ferraretto

(1998) comentam que se encontra a paralisia cerebral, definida como conjunto

de distúrbios motores decorrentes de lesão no cérebro (uma forma de

Encefalopatia Crônica não-evolutiva) durante os primeiros estágios de

desenvolvimento. Pode ocorrer alteração mental, visual, auditiva, da linguagem

e do comportamento. A lesão é estática: não muda e não se agrava. O quadro

não é progressivo. A deficiência motora se expressa em padrões normais de

postura e movimentos, associados com um tônus postural anormal. No entanto,

algumas características podem mudar com o tempo. A lesão atinge o cérebro

quando ainda é imaturo e interfere no desenvolvimento motor normal da

criança. Os distúrbios mais relevantes são os motores, sem, necessariamente,

implicar na existência de uma deficiência mental associada.

De acordo com Souza e Ferraretto (1998), as causas mais freqüentes podem

ocorrer nos períodos: Pré-natal (durante a gestação): infecções como rubéola,

sífilis, listeriose (1), citomegalovirose (2), toxoplasmose e AIDS; uso de drogas,

tabagismo, álcool; desnutrição materna; alterações cardiocirculatórias

maternas, pois todos os nutrientes, inclusive o oxigênio da criança, vem da

mãe. Peri natal (no momento em que ocorre o nascimento): anóxia (falta de

oxigênio no cérebro), hemorragias intracranianas (trauma obstétrico). Pós-natal (após o nascimento): traumas na cabeça, convulsões, desnutrição, falta

de estimulação, hidrocefalia.

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Andrade (2005) comenta que, dependendo das partes afetadas, quanto ao

tônus muscular (grau de tensão) a pessoa com seqüela de paralisia cerebral

pode apresentar as seguintes alterações no comportamento motor: Espástico:

apresenta rigidez de movimento e incapacidade de relaxar os músculos. É o

tipo mais comum. Atetósico: apresenta constantes movimentos involuntários de

contorção das extremidades e da língua. É a falta de fixação do tônus (tanto

em repouso quanto em movimento). Atáxico: apresenta dificuldade de equilíbrio

corporal e seus movimentos são sem ritmo (apresenta tremores ao realizar os

movimentos) e sem direção. Na realidade, não é um tipo de tônus. O que

caracteriza são os movimentos descoordenados.

2.7 DEFICIÊNCIA MOTORA

Segundo Mazzotta (1996) o tema deficiência motora está inserido no campo da

Educação Especial e Inclusiva e envolve o universo dos indivíduos que, por

variadas causas e acometimentos possui limitações, tanto na apropriação das

estimulações oferecidas pelo mundo quanto nas possibilidades de explorar as

suas motivações e centros de interesse. A deficiência motora é um campo

amplo, com varias patologias: musculares, articulares, ósseas e neurológicas.

Na Educação Especial inclusiva brasileira, as tendências atuais apresentam a

busca de uma integração e inter-relação entre os profissionais das áreas da

educação e da saúde, tendo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996,

como aparato legal para a inserção de serviços de apoio especializado na

escola regular atendendo as peculiaridades da clientela de educação especial.

Dentre as compreensões sobre a evolução humana, e desta sobre a

deficiência, o foco na categoria corpo permite que possamos compreender a

evolução motora e a deficiência. Torna-se importante lembrar etapas ou

estágios de maturação e desenvolvimento, os quais são regidos por alguns

princípios ou leis: Lei céfalo-caudal – o desenvolvimento é ordenado e

previsível, onde as primeiras aquisições iniciam-se na região da cabeça e

evoluem em direção aos pés. Em outras palavras, os primeiros movimentos

ordenados são os da região da boca, dos olhos e finalmente a cabeça. Depois

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seguem os movimentos ordenados de braços, do tronco e por último, das

pernas e dos pés. Lei próximo-distal – o movimento se dá partindo da região

central, do eixo para as extremidades, ou seja, o controle dos movimentos

processa-se do tronco para os braços, mãos e dedos. Desenvolvimento geral

para específico – haverá controle da musculatura grossa, antes da musculatura

fina, refletindo em movimentos mais generalizados e simples para os

movimentos mais refinados e complexos em seguida. Ao observar uma criança

de 11 meses, no andar, primeiro desloca-se lateralmente e com apoio dos sois

braços na parede quando na vertical, demonstrando que seu desenvolvimento

ainda depende primeiro dos membros superiores (Lei céfalo-caudal) e em

movimento arrastado (desenvolvimento geral) para, posteriormente, conseguir

deslocar-se de um ponto a outro, quando então é capaz de dissociar os

membros superiores dos inferiores e efetuar o movimento de báscula de

quadril, necessário para a marcha (desenvolvimento específico).

Carvalho (2000) comenta que o controle da função motora tem a sua maior

parte determinada pelo sistema nervoso central. A ação motora inclui desde a

contração muscular e tônica para o posicionamento de um membro ou parte do

corpo até a estabilização da postura ereta. Envolvem ainda os movimentos

finos realizados de forma lenta, os movimentos rápidos ou balísticos e a sua

falta de controle que gera inúmeros distúrbios, até a deficiência motora. Para

compreender um aluno que tem dificuldades nos movimentos, é preciso

compreender que essa dificuldade pode se apresentar em diversos graus e

níveis, do distúrbio a deficiência motora.

Segundo Carvalho (2000, p. 18), a imaturidade funcional refere-se a “níveis de

dificuldades que afetam a estrutura cerebral com potencial mais limitado de

melhora após tratamento”. Nesses casos, na imaturidade, a criança adquire um

ritmo normal ou quase normal de aprendizagem em alguns meses de trabalho.

Quando se refere a uma disfunção cerebral, suas dificuldades ocorrem em

áreas especificas do cérebro, que não apresentam respostas adequadas,

estando o restante do cérebro intacto.

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A lesão refere-se à perda da função naquela área cerebral especifica,

ocasionando a falta de resposta a determinados estímulos. O que diferencia a

lesão da disfunção é que na primeira, ocorre a perda daquela função, com

morte dos neurônios responsáveis por aquela ação, não havendo possibilidade

de recuperação daqueles neurônios. Contudo, com a evolução dos estudos

científicos nessa área e pela plasticidade cerebral que o cérebro possui alguns

neurônios vizinhos muitas vezes assumem a função dos lesionados, podendo

assim recuperar de suas funções perdidas. A deficiência ocorre quando se

envolve mais de uma lesão, ou seja, há uma associação de lesões que, neste

caso, são motoras.

A deficiência motora, segundo Carvalho (2000) é definida como uma

desvantagem, resultante de um comprometimento ou de uma incapacidade,

que limita ou impede o desempenho motor de determinada pessoa. Refere-se,

então, ao acometimento da atividade motora, parcial ou completa, e que gera

alterações nas atividades motoras. Na neurologia, referem-se à deficiência

motora também como distúrbios na mobilidade. Já a deficiência física é o

prejuízo completo ou parcial de um ou mais segmentos do corpo e que

comprometem a parte física.

Todos os indivíduos com deficiência física apresentam comprometimento da

capacidade motora, nos padrões considerados normais para a espécie

humana, e, portanto, tem deficiência motora. Mazzotta (1996, p.53) comenta

que “a deficiência física implica em falha das funções motoras. Na maioria das

vezes, a inteligência fica preservada, com exceção dos casos em que células

da área de inteligência são atingidas no cérebro”.

2.8 TRANSTORNO GLOBAL DO DESENVOLVIMENTO

Considera-se um indivíduo como sendo portador de condutas típicas, àquele

que apresenta síndromes e quadros psicológicos, neurológicos e psiquiátricos

que ocasionam atrasos no desenvolvimento e prejuízos no relacionamento

social, em grau que requeira atendimento educacional especializado. Este

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conjunto de características, de acordo com Guimarães e Ross (2003) é comum

a diferentes quadros patológicos, sendo que elas podem aparecer separadas

ou combinadas.

De acordo com a SEESP2 (2002), a expressão “aluno com condutas Típicas”

surgiu para substituir a terminologia anterior “portador de problemas de

conduta” e que tanto prejuízo trouxe, seja pelo preconceito que a expressão

sugere, seja porque qualquer reação do aluno considerada como inadequada

pelo professor, acarretava um rótulo e o encaminhamento à Educação

Especial. Porém nem todos os alunos com problemas de conduta em sala de

aula, necessariamente apresentam dificuldades de aprendizagem, ou possuem

quadros neurológicos e psiquiátricos.

Muitos destes alunos com problemas de adaptação escolar e conduta

inadequada em sala de aula, apresentam quadros psicológicos reativos,

necessitando somente da atenção especial do seu professor, adaptação de

metodologias e adequação do ambiente escolar e em alguns casos de

intervenções psicodegógicas junto às famílias, sem com isso caracterizarem-se

como alunos de Classes de Condutas típicas.

Ainda a SEESP (2002) ressalta que quanto aos alunos com condutas típicas

em face à complexidade da temática que envolve estas crianças e

adolescentes, o trabalho com estes alunos continua sendo obscuro em muitos

aspectos, necessitando reflexões tanto para a formulação do diagnóstico,

quanto para a orientação das práticas educativas mais adequadas.

É preciso compreender que estes alunos necessitam atenção de natureza

clínica, educacional e social e que os professores que atuam junto a estes

alunos também precisam de orientações específicas para viabilizar o êxito do

processo de ensino aprendizagem.

Os alunos que apresentam necessidades educacionais especiais, são aqueles

que de acordo com a SEESP (2002), durante o processo educacional

2 SEESP – Secretaria de Educação Especial – Brasília: MEC - 2002

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demonstraram e/ou demonstram dificuldades acentuadas de aprendizagem e

limitações no processo de desenvolvimento que dificultam o acompanhamento

das atividades curriculares. Estes alunos apresentam dificuldades causadas

por comportamentos que tendem a prejudicar e por vezes inviabilizar as

relações com professores e demais colegas da escola, bem como o processo

de ensino e aprendizagem.

Ainda a SEESP (2002), comunica que tais comportamentos se manifestam

num continuo, desde a simples inquietação natural em crianças, até

comportamentos muito bizarros característicos de quadros graves. A idéia do

espectro aplica-se também à variação da complexidade da manifestação

comportamental em si mesma. Por exemplo, um comportamento inquieto pode

variar sua intensidade dependendo de suas causas, das condições emocionais

da criança e de como as pessoas reagem e ela, ou seja, essas características

não só diz respeito à variação entre os quadros, bem como à variação

intrínseca a cada quadro.

O termo “Condutas Típicas” se refere a uma variedade muito grande de

comportamentos, o que tem dificultado o alcance de consenso em torno de

uma só definição. Muitas vezes, os professores aceitam a presença de tais

crianças apesar do conflito que geram sem estarem necessariamente

preocupados com a sua aprendizagem. Alguns professores particularmente

interessados no comportamento da criança chegam a conseguir condutas

socialmente mais aceitas, Porém a grande maioria prefere afastar-se desse

aluno, até porque não dispõe de um sistema de informações e de orientações,

de como lidar com as situações criadas por tais crianças. Embora as

manifestações de conduta típica formem um grande e complexo universo, é

fundamental que tanto professores, quanto os demais profissionais da área da

educação compreendam este contexto, para que possam atuar de forma a

contemplar o desenvolvimento biopsicossocial destes alunos.

Aranha (2002) esclarece que os indivíduos que apresentam comportamentos

voltados para o ambiente exterior, demonstram atitudes tais como: agredir,

roubar, faltar com a verdade, gritar, falar ininterruptamente, locomover-se o

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tempo todo, etc. E os indivíduos que apresentam padrões comportamentais

voltados para si próprias, demonstram atitudes relacionadas à: fobias,

automutilação, alheamento do contexto externo, timidez, recusa em verbalizar,

recusa em manter contato visual, etc. O grau de severidade desses

comportamentos, de acordo com a autora, vai depender de variáveis, como:

sua freqüência, sua intensidade e sua duração.

Para evitar constrangimentos as palavras “Condutas Típicas” foram

empregadas com o propósito de se evitar rótulos, anteriormente utilizados, que

carregavam, em seu significado, uma carga de julgamento e de desqualificação

da pessoa a quem eles eram atribuídos. Podem-se citar, dentre estes:

Transtorno de conduta, distúrbios emocionais, distúrbios de comportamento,

comportamentos disruptivos, desajuste social, etc. De acordo com o MEC-

SEESP (2002, p. 12), o termo “condutas típicas” refere-se a:

Manifestações comportamentais típicas de portadores de síndromes e quadros psicológicos, neurológicos ou psiquiátricos que ocasionam atrasos no desenvolvimento e prejuízos no relacionamento social, em grau que requeira atendimento educacional especializado.

A classificação correta para os tipos de comportamentos problemáticos,

possivelmente decorrentes de transtornos de personalidade são: transtornos

comportamentais disruptivos. Os desvios comportamentais com predileção

para agressividade, irritabilidade e oscilação de humor. Entre esses

transtornos comportamentais disruptivos estão os transtornos desafiadores e

de oposição, o transtorno de conduta e o transtorno de personalidade anti-

social. Todos eles chamados de comportamentos Anti-Sociais.

TRANSTORNO DESAFIADOR: Não aceita regra nenhuma, tem prazer com

o sofrimento do outro. Segundo Aranha (2002), todos esses termos têm

procurado etiquetar pessoas que apresentam problemas de natureza

emocional, social ou comportamental. Para a autora:

(...) estas, geralmente, não apresentam comprometimento, ou atraso intelectual, mas vivenciam enorme dificuldade em se adaptar ao

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contexto familiar, escolar e comunitário. No que se refere ao desempenho acadêmico, por outro lado, suas aquisições e desenvolvimento parecem se correlacionar com a intensidade e a freqüência do problema que apresentam. (ARANHA, 2002, p.10)

Stainback & Stainback (1980, apud ARANHA, 2002, p.12) descrevem quadros

de condutas típicas mais comumente descritas na literatura e facilmente

encontradas nas salas de aula. Dentre estes comportamentos apresentam-se:

DISTÚRBIOS DA ATENÇÃO: Há alunos que apresentam dificuldade em

atender a estímulos relevantes de uma situação, geralmente são crianças que

movimentam a cabeça o tempo todo, voltando-se e respondendo a qualquer

dos estímulos que estejam concorrendo com o estímulo relevante. Outras,

embora atendam a estímulos relevantes, não conseguem manter a atenção a

eles pelo tempo requerido pela atividade. São alunos que apresentam

dificuldade em se concentrar na execução de qualquer atividade. E, outros que

selecionam e respondem somente a aspectos limitados da realidade.

HIPERATIVIDADE: A criança hiperativa apresenta fundamentalmente uma

instabilidade para controlar seu comportamento motor de acordo com as

exigências nas diversas situações. Assim apresenta uma constante mobilidade

e agitação motora, o que também se torna grande empecilho para seu

envolvimento com uma determinada ação, ou tarefa. IMPULSIVIDADE: a

criança impulsiva apresenta respostas praticamente instantâneas perante uma

situação estímulo, não parando para pensar, refletir, analisar a situação, para

tomar uma decisão e então se manifestar, por meio de uma ação motora ou

verbal. Geralmente, a hiperatividade e a impulsividade encontram-se, um

mesmo padrão comportamental. ALHEAMENTO: Há crianças que se

esquivam, ou mesmo se recusam terminantemente a manter contato com

outras pessoas, ou com qualquer outro aspecto do ambiente sócio-cultural no

qual se encontram inseridas. Em sua manifestação leve, encontram-se

crianças que não iniciam contato verbal, não respondem quando solicitadas,

não brincam com outras crianças, ou mesmo que mostram falta de interesse

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pelos estímulos ou acontecimentos do ambiente. Por outro lado, em sua

manifestação mais severa, encontram-se crianças que não fazem contato com

a realidade, parecendo desenvolver e viver em um mundo só seu, à parte da

realidade.

AGRESSIVIDADE FÍSICA E/OU VERBAL: A agressividade física e/ou verbal

se constitui de ações destrutivas dirigidas a si próprio, a outras pessoas ou a

objetos do ambiente. Ela inclui gritar, xingar, usar linguagem abusiva, ameaçar,

fazer declarações auto-destrutivas, bem como bater, beliscar, puxar os

cabelos, restringir fisicamente, esmurrar, dentre outros comportamentos.

Todas as pessoas podem, em algum momento ou fase de sua vida, apresentar comportamentos de natureza agressiva, seja em sua verbalização, seja fisicamente. Entretanto, esses comportamentos são esporádicos, focais e não constituem um padrão que se estende no decorrer de um período mais longo de tempo. A agressividade passa a ser considerada conduta típica quando sua intensidade, freqüência e duração ultrapassam o esporádico, focal e passageiro. Ela pode variar desde manifestações negativistas, mal humoradas, até atos de violência, brutalidade, destruição, causando danos físicos a si próprio e/ou a outras pessoas. (ARANHA, 2002, p.15)

Devido a este contexto é que se faz necessário uma análise criteriosa a

respeito de encaminhamentos de alunos considerados com condutas típicas,

terem base apenas os relatórios fornecidos pela escola, o que não garante uma

avaliação precisa do quadro. É fundamental que haja uma investigação das

causas que estão gerando o comportamento atípico, a freqüência e a

intensidade deste, para que não se rotule uma criança, ou um adolescente,

visto a necessidade de atendimento médico, psicológico e pedagógico, que

envolve o quadro de alunos com condutas típicas.

De acordo com os autores consultados, não existe um padrão único de

comportamento denominado conduta típica. A variedade de comportamentos

que englobam esse rótulo é muito extensa, seus determinantes são variados e

os indicadores que facilitam sua identificação e a avaliação do grau de

severidade são o distanciamento dos padrões de comportamento esperados de

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uma pessoa daquele sexo, faixa etária, naquele contexto; freqüência muito

menor ou mais do que o esperado; intensidade maior ou menor do que o

esperado, duração prolongada no tempo. Seus efeitos, caso o problema não

seja abordado, geralmente são destrutivos para o desenvolvimento e

aprendizagem do aluno, bem como para seu desenvolvimento e integração

social.

Guimarães e Ross (2003) salientam que uma pessoa ao relacionar-se com um

portador de condutas típicas é fundamental que aja com naturalidade,

mantendo-se calmo e tranqüilo ajudando-o a integrar-se ao grupo. Também se

faz necessário enaltecer-lhes as qualidades sem exigir mais do que ele

consegue e sem ceder às suas chantagens emocionais ou acessos de raiva. É

preciso ser sempre direto e não crítico com a criança ou adolescente portador

de condutas típicas, dando apoio e demonstrando confiança e amizade,

oferecendo opções para resolver os problemas que apresentar.

A SEESP (2002) enfatiza que a escola é a instituição social responsável pela

educação sistemática das crianças, jovens e adultos, tendo como finalidade

organizar situações que propiciem o aprimoramento dos processos e da própria

capacidade de aprender. Portanto, os professores não podem negligenciar o

fato de que um aluno com condutas típicas necessita de atendimento tanto

educacional como psicológico e/ou médico, para que possa apropriar-se do

conhecimento científico de acordo com a suas potencialidades. Para isso faz-

se fundamental compreender os quadros que compõem o cenário dos alunos

com condutas típicas, sem deixar de observ ar as perspectivas de

atendimentos educacionais para cada caso em particular.

NeurosesDe acordo com Ajuriaguerra (1980, p.600)3 o conceito de neurose infantil

passou por várias fases, dentro da história da psiquiatria, indo do total

desconhecimento à demasiada importância dada à questão, com tendência a

3 AJURIAGUERRA, J. de. Manual de Psiquiatria infantil. Rio de Janeiro: Masson-Atheneu, 1980.

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classificar todos os problemas de conduta das crianças como neurose. A

Psicanálise, uma das escolas teóricas que estuda o psiquismo humano, afirma

que a neurose revela um tipo particular de organização da personalidade, que

resulta de causas constitucionais somadas a causas acidentais. Pode-se ter a

seguinte definição:

Neuroses são distúrbios emocionais, caracterizados por respostas inadequadas, excessivas e anormais às situações da vida cotidiana. Entre as reações neuróticas estão os fenômenos como: a ansiedade, a irritabilidade, as fobias, a depressão e a insegurança. A pessoa tem plena consciência da realidade. (SIMON, 1989, p.30).

Nestas condições verifica-se que as neuroses não causam distorções rústicas,

nem interpretações enganosas ou desorganizações da realidade na pessoa, já

que não perde o contato com a realidade em nenhum momento. O que ocorre

é que a pessoa nega um aspecto desagradável de sua vida, que mais tarde

ressurge, mas na forma de sintoma.

Ajuriaguerra (1980) relata que quando se trata de uma criança, o diagnóstico e

o prognóstico dos sintomas da neurose devem ser feitos conforme a fase

evolutiva da mesma, de sua história de vida, e dos exemplos provindos de seus

pais.

Biaggi (2002)4 esclarece que as crianças neuróticas conseguem conviver nas

escolas comuns de forma produtiva, sem tantas dificuldades, mesmo porque a

sociedade atual também se comporta de modo sintomático. Elas não

apresentam ou sugerem perigos a si mesmos ou aos outros; todavia, embora

estejam dentro da expectativa do comportamento normal, passam por algumas

situações difíceis, principalmente quando se deparam com tipos de pessoas

muito diferentes delas, como é o caso de psicóticos. Tal convivência deve ser

assistida por suporte técnico.

Portanto, como ocorre com os demais alunos, é importante que convivam com

educadores equilibrados, porque estão em uma idade em que suas

elaborações ainda estão se formando, desenvolvendo, e o outro serve como 4 BIAGGI, D. Condutas Típicas e inclusão: o atendimento educacional em Maringá e região. Maringá: UEM, Monografia do curso de Especialização em Educação Especial, 2002, 107p.

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“modelo” para a constituição de suas personalidades/identidades. Como

envolve a manifestação de estados emotivos, a SEESP (2002) ressalta que, os

comportamentos devem ser compreendidos à luz de uma dada orientação

teórica, evitando-se o risco de se julgar moralmente os comportamentos dos

alunos com neurose.

Já expusemos acerca da necessidade e da importância de que o educador

que, atende a essa modalidade seja bem-formado, incluindo compreensão

acerca da constituição do psiquismo. É requisitado, assim, do educador e da

instituição um posicionamento profissional pautado na ética e no sigilo. A

orientação de manejo do trabalho deve ser uma constante, posto que implica

diretamente o comportamento do educador, e não raro esse pode sentir-se

julgado, ameaçado, irritado com uma situação que não consegue controlar. Daí

a necessidade de um projeto institucional e de um trabalho interdisciplinar e de

alternativas de trabalho pedagógico, como no caso da psicomotricidade, que

veremos em item específico ao tema.

Psicoses

Em geral os manuais de psiquiatria indicam o quanto os indivíduos com

psicose possuem comprometimentos para a compreensão da realidade,

apontando que os distúrbios psicóticos tendem a aparecer particularmente

entre os 5 e 12 anos. Após um período pré-mórbido, podem se apresentar de

forma aguda ou progressiva, através da incidência variável dos seguintes

sintomas: distúrbios das relações, de conduta, de raciocínio, do humor, da fala,

psicomotores, e sentimentos e idéias delirantes. Indicam que a sua origem

pode ter causas hereditárias, orgânicas e/ou na patogenia dos pais.

Conforme D'Andrea (1990), no estado psicótico ocorre uma indiscriminação

entre realidade e fantasia, pela dificuldade do sujeito em lidar com a frustração,

o que faz com que o psicótico seja capaz de alterar a realidade de acordo com

o que sente internamente. Outro ponto que merece ser mencionado é o fato de

o psicótico ser considerado alguém inteligente, pois o comprometimento mental

não é parte constituinte das características que envolvem a psicose.

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Ajuriaguerra (1980) descreve que os manuais de psiquiatria trazem a descrição

de vários tipos de psicoses. Porém, para se efetuar o diagnóstico das psicoses

é preciso contar com a participação de psicólogos e psiquiatras, não bastando

apenas deter-se a descrição dos indícios que levam a crer que uma pessoa,

seja, ou não psicótica.

Para Coll, Pallacios e Marchesi (1995), no caso da criança psicótica, não lhe

basta atendimentos psicológicos (em suas diferentes formas e modalidades),

médico, ambulatorial e p tratamento medicamentoso. É preciso também o

atendimento educacional, devido a problemas na simbolização, posto que tem

dificuldades de aprendizado, apesar de se muito inteligente.

De acordo com Jerusalinsky (1997) o aluno com psicose pode estabelecer uma

relação objetiva, sem dúvidas, sem curiosidades ou questionamentos, comuns

a sua idade, porque o que se apresenta a sua frente é "aquilo mesmo e

pronto". Pode não ter vontade de aprender; tudo pode ficar simplificado e

pobre, e isso faz com que não haja conhecimento em seu sentido mais

profundo, por isso existe a dificuldade de se constituir um conhecimento.

Jerusalinsky (1997) defende que, para essas crianças, os conteúdos devem ser

repassados de forma específica e em um período breve, procurando-se

promover nem que seja um resquício de curiosidade. Diante do exposto, pode

se reconhecer que é difícil, para um aluno com psicose, aprender em uma

escola comum (seja em classe regular ou especial), mas isso não significa que

deva ser segregada e ficar à margem da escolarização. Tudo vai depender do

grau de comprometimento em que se encontra e da possibilidade que terá de

atribuir significados às coisas.

O autor ainda relata que crianças com psicose, quando freqüentam escolas

regulares, enturmando-se com as demais crianças podem ser beneficiados

pela: socialização, pela necessidade de relacionar-se com outros com base em

regras e normas instituídas, pelo conteúdo curricular, que precipitará novos

interesses, etc. Porém, também pode ser motivo de grande transtorno para

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todos, se não houver o devido preparo do professor, da escola e dos demais

envolvidos.

Por isso, acerca da questão da inclusão da criança psicótica na escola regular,

é preciso destacar o fato de que, no interior de qualquer tipo de escola em que

esteja inserida, seja ela, regular ou especial, é preciso que existam

profissionais capazes de interpretar a fragmentação referente à simbolização, e

procurar auxiliá-la na construção de repertórios diferentes daquele ao qual está

habituado. Biaggi (2002) enfatiza que quando as crianças psicóticas recebem

intervenções clínicas precoces, possuem mais chances de conviverem

socialmente, participando a contento do processo educacional.

TDAT – Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade.

O Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade é tipicamente um

transtorno da infância. Até há pouco tempo acreditava-se que lentamente a

criança melhorava dos sintomas que iam desaparecendo na idade adulta,

entretanto, através das pesquisas realizadas por especialistas, sabe-se que

esse transtorno persiste nos adultos em aproximadamente 50% dos casos.

Segundo Goldstein e Goldstein (2001), as crianças apresentam dificuldade em

prestar atenção, em controlar as suas emoções, dirigir a atividade psíquica e

pensar anteriormente no que será feito, pode apresentar um quadro de TDAH.

O TDAH5 era anteriormente conhecido como distúrbio de déficit de atenção ou

disfunção cerebral mínima. Outros termos já foram cunhados para descrever

essa síndrome, como: distúrbio hipercinético, disfunção cerebral menor,

síndrome psicorgânica de crianças. A etiologia dessa síndrome é desconhecida

e não há teste diagnóstico específico. O diagnóstico correto requer uma

investigação médica, neuropsicológica, educacional e social. As características

comumente relatadas incluem: histórico de déficit de atenção, distractibilidade,

labilidade emocional, impulsividade, hiperatividade de moderada a grave, sinais

neurológicos menores e eletroencéfalograma anormal.

5 Extraído da bula do medicamento Ritalina, fabricado pelo laboratório Novartis

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Nas palavras de Rohde e Benczik (1999, p. 37), o TDAH “(...) é um problema

de saúde mental, que tem um grande impacto na vida da criança ou do

adolescente e das pessoas com as quais esta convive. Pode levar a dificuldade

emocionais, de relacionamento familiar e social, bem como a um baixo

desempenho escolar.” Por isso que se verifica a necessidade de compreender

os fatores que fazem parte do contexto de uma criança ou adolescente com

TDAH inserido no contexto das condutas típicas, para que não haja

incompreensões e confusões acerca do transtorna e o caso de alunos com

problemas de indisciplina, os quais podem ou não, ter vínculos com a

hipertividade e a impulsividade.

Nessas condições, percebe-se que compreender o trabalho pedagógico com

alunos de condutas típicas, exige muito mais do que apenas um preparo

profissional para lecionar. É fundamental que haja o entendimento das

patologias que circundam o quadro de condutas típicas, para que o professor

possa trabalhar consciente de seu papel pedagógico e procure a parceria dos

profissionais da área médica e psicológica, para que possam contribuir com a

formação e desenvolvimento destes alunos.

Segundo os autores consultados, o diagnóstico para TDAH é eminentemente

clínico, baseando-se em critérios operacionais clínicos, claros e bem definidos,

proveniente de sistemas classificatórios confiáveis, executados por equipe

multidisciplinar (médicos, psicólogos, pedagogos, fonoaudiólogos, psiquiatras,

neurologistas etc.). O TDAH é uma condição crônica para a qual não existe

cura conhecida e muitas crianças carregam seus sintomas para a adolescência

e idade adulta. Portanto, um tratamento eficaz requer um plano de intervenção

em longo prazo. O objetivo desse plano é minimizar o impacto negativo dos

sintomas do transtorno sobre o desenvolvimento da criança.

De acordo com Facion (2007) o TDAH continua sendo um problema clínico

significativo com que se defrontam famílias, médicos, professores, pedagogos,

psicólogos e educadores. Apesar do empenho dos pesquisadores ao longo das

ultimas décadas, os métodos básicos de diagnóstico e tratamento mudaram

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pouco. Para o autor, houve apenas alguns aperfeiçoamentos nos

procedimentos de atenção clínica e pedagógica, mas ainda depende-se muito

da habilidade clínica do neurologista para diagnosticá-lo.

Para Facion (2007) as principais características para o reconhecimento do

TDAH são: a hiperatividade, o distúrbio de atenção (ou concentração), a

impulsividade e a agitação. Como conseqüência desses sintomas, pode surgir

muitas vezes, outros graves problemas, como distúrbios emocionais e

dissociais de aprendizagem e de aproveitamento. O autor relata que a criança

com TDAH pode ser desatenta, imperativa, impulsiva ou ainda apresentar

todas essas características.

Alguns autores, como Rohde e Benczik, Goldstein e Goldstein, entre outros,

organizaram um apanhado de características, baseados nos dados

apresentados pelo DSM-IV, que ajuda na identificação desse transtorno,

classificando-o em três tipos clínicos: predominantemente desatento

predominantemente hiperativo/impulsivo e o tipo misto. Os estudos mostram

uma alta correlação do transtorno de déficit de atenção com os transtornos de

conduta e oposicional desafiante, sendo que aproximadamente 30 a 50% das

crianças com déficit de atenção com hiperatividade apresentam também esses

outros diagnósticos.

Autismo

Neste item procurar-se-á apontar as características da Síndrome do Autismo e

das suas conseqüências no cotidiano do seu portador, bem como das demais

pessoas que o cercam, e assinalar algumas possibilidades de atendimento no

âmbito educacional.

Existe uma discussão entre alguns autores sobre se o autismo seria ou não

uma psicose. Araújo (2000) define-o como distúrbio do desenvolvimento, que

se manifesta sob uma síndrome comportamental, representante de disfunções

da maturação neurobiológica e do funcionamento do sistema nervoso central,

cuja etiologia geralmente é indeterminada. Acrescenta que o critério para

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definição do autismo é a tríade de prejuízos no desenvolvimento social, na

comunicação e na capacidade imaginativa, que se manifesta de forma diversa

em cada criança. Também, [...] o autismo é considerado uma síndrome que se caracteriza por respostas anormais a estimulas auditivos ou visuais e por problemas graves quanto à compreensão da linguagem falada. A fala custa a aparecer. Ocorre com freqüência a ecolalia (repetição imediata ou posterior do que ouve). A pessoa faz uso inadequado dos pronomes, dificilmente usando o "eu". Apresenta problemas graves no relacionamento social. A inteligência varia até acima da média (Organização Mundial de Saúde, 1984, apud BOLETIM, p. 31).

Para Rivière (1995), o comportamento da criança autista é percebido porque

ela que esta é muito passiva, mostra-se alheia, indiferente e insensível a tudo e

a todos. Conforme Biaggi (2002), com base nessa característica, os pais,

geralmente, em um primeiro momento, acreditam que a criança seja

temperamental ou surda. A criança autista não apresenta outros

comportamentos esperados, como o de adquirir regras de antecipação

(próprias ao segundo semestre do primeiro ano de vida), formas de

reconhecimento social e apego, próprios a essa faixa etária. Ficam, devido a

isso, mais limitadas e inflexíveis. A partir dos onze ou doze meses apresentam

condutas de comunicação intencional bem alterada, ou até mesmo não as

apresentam.

A criança autista possui características que são próprias de sua síndrome, ou

seja, apresenta um comportamento, uma postura inacessível: fica fechada em

um mundo próprio, com alcance difícil. Cada criança manifesta um tipo de

comportamento. Enquanto umas sacodem as mãos e as fitam como se só elas

existissem no mundo, outras se balançam sem motivo para que realizem essa

ação, outras correm de um lado para outro sem qualquer finalidade, e tudo

ocorre em meio a um silêncio perturbador.

O autismo, conforme o DSM-IV (apud GOLL, PALLACIOS e MARCHESI,

1995), pode se manifestar após um desenvolvimento normal, nos primeiros

trinta meses, ou seja, a síndrome não é necessariamente inata. Essa

compreensão considera que o distúrbio é crônico e incapacitante e que os

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sintomas não se apresentam por igual, nem mesmo têm o mesmo sentido, no

decorrer das diferentes fases da vida da pessoa autista.

Há outras características referentes às competências e à motivação para a

comunicação social, uma vez que podem ser expressos alguns desejos,

comentários factuais, com presença até de linguagem mais elaborada, mas

sem uma autêntica interlocução. Há também características referentes às

deficiências das competências de imaginação e compreensão social, tal como

verbalizar, mas sem a devida compreensão da ação ou das suas

conseqüências.

De acordo com Rivière (apud COLL, PALLACIOS E MARCHESI, 1995)

ocorrem, ainda, as características referentes às formas repetitivas de atividade,

que envolvem condutas estereotipadas (balanço, abano das mãos, fascinação

por estímulos sensoriais simples, etc.); movimentos repetitivos mais complexos

de caráter ritual ou rituais sensoriais mais complexos, vinculação intensa e

inexplicável a certos objetos (revistas, objetos de plástico, etc.);

estabelecimento de rotinas em forma de seqüências de ações; representação

em forma de desenho ou construção de certos conteúdos e objetos;

preocupação obsessiva por certos fatos ou conteúdos intelectuais.

Esses aspectos foram apontados, para que se possa entender um pouco mais

sobre como se desenvolve a síndrome do autismo, pois para isso é preciso que

se faça uma cuidadosa descrição e análise de seus sintomas no decorrer da

vida de seu portador. No que se refere aos aspectos como QI, nível lingüístico

e simbólico, temperamento e gravidade dos sintomas, há diferenças relevantes

de indivíduo para indivíduo. Frente ao exposto, é necessário que, em primeiro

lugar, o professor envolvido busque compreender da melhor forma possível

esse quadro, cujas características principais são apontadas por Rosemberg

(1997): [...] resistência a métodos normais de ensino; risos e gargalhadas inadequadas; ausência de medos de perigos reais; aparente insensibilidade à dor; - não se anima; - forma de brincar estranha e intermitente; - não mantém contato visual; conduta distante; apego inadequado a objetos; - ecolalia; age como se fosse surdo; - crise de

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choro e extrema angústia por razões não discerníveis; - gira objetos; - dificuldade em se misturar com outras crianças; - resiste à mudança de rotina; habilidade motora fina/grossa desnivelada; - hiperatividade física marcante ou extrema passividade (ROSENBERG, 1997, p.02).

Para Biaggi (2001), há alguns tipos de autismo que precisam ser identificados,

devido à influência que podem causar na vida de seu portador, devido a suas

características específicas, idade cronológica em que se apresentam e

conseqüências que podem causar, tanto em nível individual quanto no que se

refere à interação social em seus diferentes aspectos. De acordo com

Gauderer (1993) há o chamado autismo infantil e a Síndrome de Asperger, a

qual apresenta características peculiares.

De acordo com Rivière (1995), no setor da educação, quando uma criança

autista está sendo trabalhada, ocorre uma forte corrente de sentimentos

naqueles que estão em contato com sua realidade, no decorrer do processo

educacional; sentimentos que vão desde comoção, insegurança, inquietação,

frustração, incompetência até o sentimento de força, o qual leva o profissional a

abraçar a causa de forma ferrenha e responsável, no intuito de colaborar, da

forma mais eficaz possível, para o melhor desenvolvimento da criança autista.

A experiência de lidar com um autista muitas vezes modifica as pessoas

envolvidas direta ou indiretamente com a questão, pois elas têm de transformar

idéias, conceitos, modo de agir e questionar as coisas que vivenciam. É preciso

compreender o processo, no que consiste, o que abrange, porque o portador

desse distúrbio se distancia muito do que entendemos por "normalidade", e,

através disso tudo, buscar formas alternativas que possam aproximá-lo da

realidade.

Rivière (1995) propõe que a educação seja o tratamento mais eficaz para as

pessoas autistas, pois tem como objetivos primordiais: "desenvolver ao máximo

suas possibilidades e competências, favorecer um equilíbrio pessoal o mais

harmonioso possível, fomentar o bem-estar emocional e aproximar as crianças

autistas do mundo humano de relações significativas". (ibidem, p. 286)

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Para que haja um trabalho coerente e possivelmente produtivo, é preciso,

antes de tudo, que o professor conheça realmente os processos que o autismo

envolve, e a partir disso estruture e adquira recursos e desenvolva atividades

de acordo com as necessidades de seu aluno. É preciso também que o

ambiente educacional seja muito bem estruturado, ou seja, o ambiente deve

ser o mais simples possível, trabalho com grupos pequenos de crianças para

um melhor aproveitamento, um trabalho visando às necessidades e aos

aspectos individuais. O ambiente educacional deve proporcionar a facilitação

da percepção e da compreensão da criança, e o professor deve ter postura de

orientador, colocando de forma explícita, clara, seus objetivos, procedimentos,

métodos de registro, etc.

Gauderer (1993) defende que, para um maior aproveitamento do aluno autista

dentro do sistema escolar, seria necessário considerar maneiras mais

adequadas quanto à definição de objetivos, pensando sempre no que ensinar,

nos procedimentos, ou seja, em formas de como ensinar. É preciso

operacionalizar um contexto evolutivo que torne possível o desenvolvimento

verdadeiro da criança autista, sem descuidar de estimulá-la a experimentar e

relacionar os conteúdos com o ambiente em que se encontra. Tudo isso visa a

uma evolução significativa da criança e não apenas a uma aprendizagem

superficial, sem sentido algum para ela.

Síndrome de Asperger

A síndrome de Asperger foi descrita primeiramente por um médico alemão,

Hans Asperger, em 1944 (um ano depois do primeiro trabalho de Leo Kanner

em autismo). O Dr. Asperger discutiu em seu trabalho indivíduos que exibiam

muitas idiossincrasias e estranhos comportamentos. De acordo com o DSM-IV,

as características essências da Síndrome de Asperger consistem num

comprometimento grave e persistente na interação social, e no

desenvolvimento de padrões restritos e repetitivos de comportamento,

interesses e atividade.

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Facion (2007) relata que a síndrome de Asperger é o quadro mais leve dos

Transtornos Invasivos do Desenvolvimento, visto que essa síndrome

caracteriza-se por altas funções comportamentais, principalmente na área da

interação social e na área da comunicação. “A linguagem desenvolve-se de

forma normal, o que permite diferenciar esse transtorno dos demais, nos quais

há atrasos e até mesmo a perda da fala”. (ibidem, p. 65).

Facion (2007) relata que as características da Síndrome de Asperger podem

ser observadas em idades iniciais, mas apenas se apresentam como

psicopatológicas quando o indivíduo começa a freqüentar escolas, quando

chega à fase da adolescência ou até mesmo quando adulto jovem, momentos

em que passa a apresentar algum distúrbio psiquiátrico ou problemas de

relacionamento.

De acordo com o autor as crianças com Asperger podem apresentar uma

idiossincrasia, ou seja, interesse repetitivo e acentuado por um determinado

objeto, ou situações, como por exemplo: saber horários, nomes e números de

listas telefônicas, nomes de times de futebol etc. Em conseqüência dessas

habilidades, Facion (2007) esclarece que muitas vezes essas crianças podem

ser confundidas inicialmente como superdotadas.

Quanto ao tratamento para a síndrome de Asperger, Facion (2007) ressalta

que se deve partir do diagnóstico, focando-se no aperfeiçoamento das

capacidades, pois os comprometimentos são de natureza biológica. O autor

comenta que se faz necessário à realização de testes de memória, cognição,

atenção, planejamento, execução, para verificarem-se as possíveis dificuldades

escolares, ou problemas de interação social e de comunicação. Enfatiza-se

também que deve ocorrer a atenção da família, principalmente voltada para as

dificuldades que a pessoa com síndrome de asperger pode encontrar nas

situações vivenciadas cotidianamente. A partir destes aspectos elencados e

das respostas encontradas, Facion (2007) comenta que é preciso fazer um

planejamento de trabalho e estipular as metas e os objetivos que devem ser

alcançados.

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Pelo exposto até aqui, verifica-se que é por meio das relações sociais, que

provocam as interações humanas, que as referências de condutas sociais, bem

como os conteúdos curriculares são internalizados e assimilados, sejam eles

de caráter cognitivo, emocional, cultural, etc. Nesse sentido, numa época de

celebração da inclusão educacional, aponta-se a necessidade de se buscar

possibilidades de ação educativa junto aos sujeitos com condutas típicas.

Antes, acreditava-se que somente profissionais da saúde poderiam contribuir

com o portador de condutas típicas. Atualmente considera-se que essa

contribuição seja importante, mas também se salienta a participação do

professor e demais profissionais da escola, os quais convivem com ele boa

parte do dia. Esse convívio deve ser construído de modo deliberado, estudado,

sendo que a pesquisa a observação sistemática, o levantamento de dados e o

registro do trabalho em desenvolvimento devem ser uma constante para tal

construção.

Também se destaca que os professores que atendem na área de Condutas

Típicas não podem ficar à margem da escola, ou seja, isolados do trabalho de

elaboração do Projeto Político Pedagógico, ou discutindo como a escola pode

lidar com a diversidade, destacando que esse trabalho deve favorecer um

desenvolvimento amplo dos potenciais de todos os educandos da instituição.

Carvalho (2002) recomenda três aspectos que precisam ser contemplados

quando se pensa a adequação curricular às necessidades educativas

especiais; que se considere a individualidade tomando como prioridade tudo

que possa contribuir para reduzir as diferenças e excluir as atividades que

possam representar perigo; que se garanta a apropriação de conhecimentos,

tomando como prioridade conteúdos que tenham significados práticos e

instrumentais para os alunos, quais sejam: ler, escrever e operar com números,

que se adaptem os programas às necessidades dos alunos oferecendo opções

curriculares condizentes com capacidades e interesses diferentes.

Sabe-se que isto não se constitui em uma tarefa fácil, visto que os padrões de

vida contemporâneos encaminham para uma educação menos comprometida,

levando às escolas a um esvaziamento dos conteúdos. Porém é fundamental

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que sejam resgatados os conhecimentos científicos produzidos pela

humanidade e os vínculos relacionais entre os sujeitos. É preciso uma

constante relação entre o que ocorre no meio escolar com aquilo que se passa

fora dele, sob pena do professor avaliar mal o que apresenta diante dele. É

preciso que os professores avancem na prática social e nas práticas educativas

no interior das escolas para que, de fato, se possa atender de forma

educacional àqueles que respondem ao mundo de forma diferenciada, fora das

convenções.

2.9 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM

A aprendizagem ocorre quando através de uma experiência, nós mudamos

nosso conhecimento anterior sobre uma idéia, comportamento ou conceito. É

importante entender que, para a aprendizagem ocorrer, é necessário que haja

uma interação ou troca de experiências do indivíduo com o seu meio ambiente.

Segundo a perspectiva Vygotskyana, o individuo se desenvolve a partir da

interação com o outro e em diferentes espaços e sob diversos modos.

Neste contexto pode-se dizer que uma criança ao entrar na escola, sendo esta

uma fase muito significativa para a criança e a todos que a cercam, vem imersa

em expectativas de pais e professores. ”Imaginem-se, por exemplo, a surpresa

da família quando, ainda no primeiro semestre, é chamada à escola e

informada de que o filho apresenta problemas de aprendizagem, que ele não

está conseguindo acompanhar a turma.” (Sarandi. p.114). Então há um conflito

de suposições, de quais as causas que geraram e/ou levaram aquela criança a

apresentar insucesso escolar, se a sociedade, a família, a escola. Isso tudo

causa um grande constrangimento tanto nos pais, quanto na escola.

A conclusão de que o filho não acompanha o desenvolvimento dos demais

alunos, causa insegurança aos pais, pois estes se sentem culpados em relação

à educação dada aos filhos, como também, causam dúvidas quanto ao futuro

da criança. Todavia o sucesso e o insucesso das crianças dependem também

de relacionarmos muitos aspectos, referentes às políticas educacionais

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públicas, às questões curriculares, visto que não se deve considerar somente o

aspecto familiar e individual de cada criança.

Determinadas crianças apresentam características de dificuldades de

aprendizagem de certos conteúdos decorrentes da falta de desenvolvimento de

habilidades especiais. Outras apresentam falta de atenção e lentidão na

aprendizagem, também de conteúdos específicos. Essas diferenças devem ser

percebidas pelos professores e tratadas de modo diferenciado, pois são

características distintas e individuais.

Sendo assim, o currículo deve se flexível para que possa atender a todas as

necessidades apresentadas pelos alunos, por meio de adaptações graduais e

progressivas, centradas no nível de desenvolvimento proximal ou imediato. Á

escola, juntamente com a equipe pedagógica, cabe o papel de identificar,

intervir e superar dificuldades que possam vir a provocar o insucesso escolar,

dando ênfase nas potencialidades de aprendizagem e do desenvolvimento dos

seus alunos, utilizando-se de recursos educacionais necessários para tanto. A

constatação obtida por meio de procedimentos e de ações diagnósticas

compreende a avaliação cuidadosa e consciente, não somente dos alunos

como também da transmissão do saber sistematizado.

Estamos vivendo numa sociedade na qual as informações chegam em grande

quantidade e velocidade, sendo denominada, sociedade do conhecimento,

transferindo para o indivíduo desenvolver, a capacidade de aprender e adquirir

habilidades para sua sobrevivência em sociedade, afastando-se do

desemprego e exclusão social. Contudo o indivíduo necessita da mediação

entre conhecimento comum, empírico, e conhecimento científico, o qual à

escola, o professor, cabe criar condições para que o aluno se aproprie

criticamente.

Todavia esse conhecimento não está limitado em absorver mecanicamente

informações, muitas vezes dissociadas de sua vivência, assim a escola não

atinge a todos os alunos, produzindo já a exclusão. Segundo dados do

DIEESE, (11/2003), citado na Proposta Curricular do município de Sarandi

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(p.116), “apenas 26% das pessoas entre 16 e 24 anos conseguem

compreender o que lêem”. Estes dados nos fazem refletir que nem a absorção

mecânica vem se concretizando.

Sendo assim, vários fatores alimentam essa estatística como: distúrbios ou

transtornos de aprendizagem, ou seja, como alguns autores denominam

dificuldades de aprendizagem. Os transtornos de aprendizagem são

diagnosticados quando os resultados do indivíduo em testes padronizados e

individuais estão abaixo do esperado para sua idade, escolarização e nível de

inteligência.

De acordo com Fonseca (1995), citado na Proposta Curricular do município de

Sarandi (p.116), “há autores que concebem as dificuldades de aprendizagem

como equivalentes a distúrbios ou transtornos de aprendizagem, e não

referentes somente aos problemas de escolarização, que por nós são

considerados como decorrentes de fatores exógenos”. Contudo, alunos

considerados com transtorno de aprendizagem necessitam de adaptações

curriculares, visto que não conseguem aprender da mesma forma que os

outros, porém possuem inteligência normal, não deixando de ser criativa e

capaz comparada as demais.

Para se diagnosticar um transtorno de aprendizagem deve-se desconsiderar

vários fatores momentâneos que interferem de forma negativa na

aprendizagem, tais como: separação familiar, troca de professores ou

situações que causam ansiedade, angústia, falta de concentração, falta de

motivação, etc. A escola geralmente encaminha à médico neurologista, visto

que este vai diagnosticar o problema e receitar medicamentos, todavia algumas

causas da não aprendizagem são de ordem sócio-emocional ou de intervenção

pedagógica e estes, exames não detectam.

Sendo assim, muitas são as causas da não-aprendizagem e a medicalização

por si só não terá o resultado esperado. São vários os fatores que interferem

na aprendizagem que merecem serem melhor analisadas, todavia não

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procurando “culpados” mas sim procurando soluções, que exigem políticas

educacionais e devem ser enfrentadas por ações educacionais eficazes.

A escola precisa abolir a rotulação de alunos e/ou “adequações” ineficaz entre

a idade cronológica e a série escolar, visto que tudo isso contribui com a

exclusão do educando. Imprescindível é o papel da escola nesse contexto, pois

é indispensável uma avaliação e intervenção eficazes com discernimento e

responsabilidade, assim serão entendidos os transtornos na aprendizagem, em

suas diferentes formas de manifestações.

2.9.1 ÁREA DA LEITURA

DISLEXIA (Transtorno da Leitura): “Em indivíduos disléxicos a leitura oral

caracteriza-se por distorções, substituições ou omissões; tanto a leitura em voz

alta quanto a silenciosa caracterizam-se por lentidão e erros de compreensão.”

(DSM – IV, 2003, p. 82). Manifestações mais comuns:

⇒ Dificuldades para organizar-se no tempo, reconhecer as horas, dias da

semana e meses do ano.

⇒ Dificuldades em distinguir os conceitos de direita e esquerda.

⇒ Dificuldades para organizar seqüências espaciais e temporais, seqüências

de fatos.

⇒ Dificuldades em memorizar fatos recentes.

⇒ Pronúncia com arritmia, silabada.

⇒ Entonação inadequada.

⇒ Palavras mal agrupadas, cortes e hesitações.

⇒ Sem pontuação

⇒ Dificuldade de interpretação de texto, análise e síntese, reconto e/ou

resumos.

⇒ Vocabulário restrito

⇒ Grande desempenho em avaliações orais.

2.9.2 ÁREAS DA EXPRESSÃO ESCRITA

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DISGRAFIA: é uma inabilidade ou atraso no desenvolvimento da Linguagem

Escrita, especialmente da escrita cursiva. Escrever com letra caixa alta ou com

o computador pode ser muito mais fácil para o disgráfico. Na escrita manual, as

letras podem ser mal grafadas, borradas ou incompletas, com tendência à

escrita em letra de forma. Os erros ortográficos, inversões de letras, sílabas e

números e a falta ou troca de letras e números ficam caracterizados com muita

freqüência. As características podem ser agrupadas em três assim:

⇒ Má organização da página: orientação espacial, margens mal feitas,

espaço entre as palavras e entre linhas irregulares.

⇒ Má organização das letras: incapacidade da criança em submeter-se às

regras caligráficas. Traçado é ruim, hastes das letras são deformadas,

anéis irregulares.

⇒ Erros de formas e proporções: tamanho das letras e a sua distribuição no

papel, podendo ser uma escrita comprimida ou expandida.

DISORTOGRAFIA é a dificuldade de escrever sem erros e partilhar idéias

através da escrita. Manifestações mais comuns:

⇒ frases mal estruturadas, inacabadas, com falta ou repetição de elementos,

vocabulário restrito, por isso, a linguagem é empobrecida, erros de

pontuação e de concordância, expressão das idéias em estilo telegráfico e

articulação incorreta das mesmas.

⇒ sílaba e palavra: inversão da ordem das letras na sílaba, inversão de

sílabas na palavra ou repetição, omissão de letras ou repetição, ou adição

ou substituição, finais incompletas ou falta da primeira letra da palavra.

ÁREA DA MATEMÁTICA / ARITMÉTICA: inversão de números; Confusão nos

símbolos operacionais, sobretudo o + e o x; Dificuldade em compreender a

proposição dos problemas

DISCALCULIA - As dificuldades com a Linguagem Matemática são muito

variadas em seus diferentes níveis e complexas em sua origem. Podem

evidenciar-se já no aprendizado aritmético básico como, mais tarde, na

elaboração do pensamento matemático mais avançado. Embora essas

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dificuldades possam manifestar-se sem nenhuma inabilidade em leitura, há

outras que são decorrentes do processamento lógico-matemático da linguagem

lida ou ouvida. Também existem dificuldades advindas da imprecisa percepção

de tempo e espaço, como na apreensão e no processamento de fatos

matemáticos, em sua devida ordem;

Medidas pedagógicas urgentes necessitam serem revistas, tendo em vista o

ensino de qualidade. A capacitação de profissionais da educação é

fundamental para subsidiar uma ação pedagógica eficaz, bem como ações

efetivas desde a relação professor/aluno, até a proposta curricular, sob a

perspectiva de identificação dos problemas de escolarização, diferenciando

problemas de aprendizagem de distúrbio de aprendizagem assim os

encaminhamentos escolares possíveis referentes aos mesmos terão melhores

resultados.

Não podemos esquecer das adaptações ou flexibilizações curriculares, onde a

escola tem a possibilidade de trabalhar em seu currículo as inúmeras

diversidades culturais, cognitivas, sociais, orgânicas e emocionais. Segundo as

Diretrizes Educacionais para a Educação Especial na Educação Básica,

podemos através da alteração dos conteúdos, atividades, metodologias e

avaliações do currículo regular atender as diferenças individuais dos alunos.

Poderíamos entender que abrangem toda a organização de estratégias

educativas que ajudem, facilitem e promovam a aprendizagem do aluno,

através da flexibilização do currículo, independente da dimensão.

Podemos definir adaptações curriculares como modificações que são necessárias realizar em diversos elementos do currículo básico para adequar as diferentes situações, grupos e pessoas para as quais se aplica....De fato, um currículo inclusivo deve contar com as adaptações para atender a diversidade em sala de aula (MEC;SEESP, 2001, p. 50).

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Então quanto ao aluno devemos definir: O que o aluno deve aprender; Como e

quando aprender; Que formas de organização de ensino são mais eficientes

para o processo de aprendizagem desse aluno. O bom trabalho escolar vale

lembrar, não dispensa o atendimento em outras áreas, visto que a troca de

experiência e o bom relacionamento nos procedimentos profissionais e

familiares devem ser buscados.

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PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS DO ENSINO DA EDUCAÇÃO

DE JOVENS E ADULTOS – EJA

COLABORADORES

Gabriele Sandy Bitencourt de SáMichelle Fernandes de Lima

COORDENAÇÃO

Claúdia Ruppel Jatzek

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3. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS DO ENSINO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS – EJA

A proposta pedagógica para a Educação de Jovens e Adultos está pautada nos

mesmos pressupostos teóricos e metodológicos apresentados anteriormente

para as séries iniciais do Ensino Fundamental. No entanto, há uma

especificidade que precisa ser considerada, propõe-se que as unidades

temáticas a serem desenvolvidas, com jovens e adultos partam de questões

próximas a seu cotidiano, isso quer dizer que essas questões serão ponto de

partida e não de chegada no processo de apropriação do conhecimento.

3.1 A Educação de Jovens e Adultos no município de Irati: A realidade atual

O sistema educacional brasileiro está organizado em dois grandes níveis: a

Educação Básica e o Ensino Superior. A Educação Básica é subdividida em

Educação Infantil, Ensino Fundamental e o Ensino Médio. A organização da

Educação Básica é flexível para atender aos jovens e adultos e os portadores

de necessidades educativas especiais. Já a educação profissional é opcional e

complementar à Educação Básica, podendo ser cursada concomitantemente

ou posteriormente à mesma.

De acordo com informações do Departamento de Educação de Jovens e

Adultos, a partir do ano de 2005 a EJA (Educação de Jovens e Adultos),

passou a ser de responsabilidade do município de Irati. Hoje, no ano de 2008 a

EJA, oferece turmas no período da noite e a tarde. O programa atende

aproximadamente 100 alunos com idades que variam de 18 a 70 anos,

As escolas que oferecem turmas de EJA são: Escola Municipal Padre

Wenceslau, Escola Municipal Antonina Fillus Panka, Escola Municipal de

Guamirim, Escola Municipal Pequeno Duque, sendo que neste estabelecimento

de ensino ofertam-se vagas para o período vespertino e noturno, também há

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uma extensão na Escola Municipal Mercedes Braga. Os professores

desenvolvem os trabalhos com ênfase na aprendizagem dos alunos, visando a

aquisição do conhecimento científico e sistematizado.

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PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS DO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

COLABORADORES

Ana Ilda CarraraAna Marli Neumann

Célia SobutkaClarice P. da LuzDione Antunes

Isabel RodachinskiLislaine Gerigk

Lurdes CzekalskiMárcia Alves

Márcia ValengaMariana Berton

Marilene de OliveiraMarlene Rudniak Pires

Neuza M. RozyskiSonia P. Zanlorensi

COORDENAÇÃO

Edna Aparecida Pereira

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4. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS DO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

A discussão sobre o ensino da Língua Portuguesa na escola vem tomando

grande dimensão, pois o índice brasileiro de repetência nas séries iniciais vem

aumentando cada ano. Comentários, reportagens nos mostram diariamente

que alunos que conseguem chegar a Universidade apresentam dificuldades em

compreender os textos propostos para leitura e interpretação. Estes fatos nos

revelam a dificuldade que a escola enfrenta no ensino e aprendizagem da

leitura e escrita. Esses indicadores nos orientam para a necessidade da

organização do ensino de Língua Portuguesa, de forma a garantir de fato a

aprendizagem da leitura e da escrita, visando o uso social da Língua. Isto é,

tornar-se apto a utilizá-la com eficiência na produção e interpretação dos textos

que circulam em nossa vida social.

Para tanto, os eixos norteadores desta proposta estão estruturados na

oralidade, leitura e escrita. O pressuposto central do ensino e aprendizagem da

Língua Portuguesa é a necessidade do trabalho com a linguagem escrita, a

partir de sua função social.

A presente proposta visa suscitar novos olhares para a língua portuguesa, com

a intenção de apresentar aspectos teóricos e práticos essenciais na prática

pedagógica do professor, ou seja, possibilitar que o ensino de Língua

Portuguesa tenha mais sentido na vida do aluno, tornando-o capaz de fazer

uso do seu aprendizado escolar nas situações do cotidiano.

Para melhor organização desta reflexão, o texto está organizado em quatro

momentos, são eles: Conceito e Histórico da Língua Portuguesa, Função

Social, Alfabetização e Letramento e o Trabalho com Texto.

4.1 CONCEITO E HISTÓRICO DA LÍNGUA PORTUGUESA

A língua portuguesa é uma língua neolatina, formada da mistura de latim vulgar

e mais a influência árabe e das tribos indígenas. Sua origem está altamente

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conectada a outra língua (o galego), mas o português é uma língua própria e

independente6.

Historicamente, o processo de ensino de Língua Portuguesa no Brasil iniciou-

se com a educação jesuítica. Essa educação era instrumento fundamental na

formação da elite colonial ao mesmo tempo em que se propunha a “alfabetizar”

e “catequizar” os indígenas (MOLL, 2006, p. 13). A concepção de educação e o

trabalho de escolarização dos indígenas estavam vinculados ao entendimento

de que a linguagem reproduzia o modo de pensar.

Neste sistema objetivava a formação de elites subordinadas à metrópole,

“favorecendo o modelo de sociedade escravocrata e de produção colonial

destinada aos interesses do país colonizador” (LUZ-FREITAS, 2007 s/p).

A fim de reverter esse quadro, em 1758, um decreto do Marquês de Pombal

tornou a Língua Portuguesa idioma oficial do Brasil, proibindo o uso da língua

geral. No ano seguinte, os jesuítas, que haviam catequizado índios e produzida

literatura em língua indígena, foram expulsos do Brasil.

Somente nas últimas décadas do século XIX, a disciplina de Língua Português

passou a integrar os currículos escolares brasileiros. Até 1869, entretanto, o

currículo privilegiava as disciplinas clássicas, sobretudo o latim, restando ao

Português um espaço sem relevância (LUZ-FREITAS, 2004).

O conteúdo gramatical ganhou a denominação de Português em 1871, data em

que foi gerado, no Brasil, por decreto imperial, o cargo de Professor de

Português. “[...] a mudança de denominação não significou mudança no

objetivo dos estudos da língua: a disciplina de Português manteve, até os anos

40 do século XX, a tradição da gramática, da retórica e da poética” (SOARES,

2001, s/p.). Essa realização tripartite do ensino de Língua Portuguesa manteve-

se até o final do século XIX

[...] de um lado essa persistência se explica por fatores externos às próprias disciplinas: manteve-se essa tradição (da gramática, da

6 Pesquisa realizada no site: eduquenet

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retórica e da poética) porque fundamentalmente continuaram a ser os mesmos aqueles a que escola servia: os grupos sociais e economicamente privilegiados, únicos a ter acesso à escola, pertencentes a contextos culturais letrados, chegavam às aulas de português já com um razoável domínio do dialeto de prestígio (a chamada “norma padrão culta”), que a escola usava e queria ver usado, e já com práticas sociais de leitura e escrita freqüentes em seu meio social. A função do ensino de português era, assim, fundamentalmente, levar ao conhecimento talvez mesmo apenas o reconhecimento das normas e regras de funcionamento desse dialeto de prestígio: ensino da gramática, isto é, ensino a respeito da língua, e análise de textos literários, para estudos de retórica e poética. (SOARES, 2001, s/p.)

O ensino de Língua Portuguesa manteve a sua característica elitista até

meados do século XX, quando se iniciou, no Brasil, a partir da década 1960,

um processo de expansão do ensino primário público, que incluiu, entre outras

ações, a ampliação de vagas e eliminação dos chamados exames de admissão

(FREDERICO E OSAKABE, 2004)

Com a Lei n° 5692/71, a disciplina de Português passou a denominar-se, no

primeiro grau, Comunicação e Expressão (nas quatro primeiras séries) e

Comunicação em Língua Portuguesa (nas quatro últimas séries), baseando-se,

principalmente, nos estudos de Jakobson, referentes à teoria da comunicação.

Deve-se aos estudos de Bakhtin7 , o avanço dos estudos em torno da natureza

sociológica da linguagem, pois criticava a reflexão lingüística de caráter formal-

sistemático por considerar tal concepção incompatível com uma abordagem

histórica e viva da língua, uma vez que “a língua constitui um processo de

evolução ininterrupto, que se realiza através da interação verbal social dos

locutores” (BAKHTIN/VOLOCHINOV, 1999, p.127).

A Disciplina de Língua Portuguesa na educação básica brasileira teve todo este

percurso e percebe-se a grande dificuldade de leitura compreensiva e

produção de textos apresentada, hoje, pelos alunos da educação básica.

Propõem-se a mudança de paradigmas e com isto buscar uma escola que

7 Mikhail Mikhailovich Bakhtin (1895 - 1975) foi um lingüista russo. Seu trabalho considerada uma "trans-lingüística" porque ela ultrapassa a visão de língua como sistema.é considerado influente na área de teoria literária, crítica literária, sociolingüística,

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propicie uma aprendizagem significativa para os educando dentro da disciplina

de Língua Portuguesa. É necessário pensar sobre o trabalho com a Língua

para que não fique apenas para decorar regras, e sim , fazer uso da língua no

seu sentido social. Essa proposta vem direcionar as práticas de ensino por

meio de discussões, crítica dessas práticas, com o envolvimento direto dos

professores na construção de alternativas que venham fazer sentido no

processo ensino aprendizagem dos educandos.

4.2 FUNÇÃO SOCIAL DA LINGUAGEM ORAL E ESCRITA

O ensino de Língua Portuguesa tem por objetivo fundamental possibilitar que

os alunos adquiram conhecimento necessário para transitar pelo mundo da

escrita, da leitura e da oralidade. Isto significa que a escola deve ensinar o

aluno a reconhecer os diversos textos orais e escritos, que circulam

socialmente, e fazer uso adequado deles em diferentes situações sociais. Se a

escola deve ensinar o aluno a ser capaz de reconhecer e de usar

adequadamente os diversos textos orais e escritos, que circulam socialmente,

o objeto de estudo da disciplina Língua Portuguesa não pode ser outro a não

ser os próprios textos orais e escritos, do modo como circulam na sociedade.

A pretensão desse ensino é, então, chegar aos usos sociais da língua, na

forma como ela acontece no dia-a-dia. Sempre entre pessoas, com alguma

finalidade comunicativa, num contexto específico e sob a forma de um texto, de

um ou de outro gênero. O ensino da Língua Portuguesa deve possibilitar a

ampliação da competência lingüística do aluno em relação à fala, à escuta, à

leitura e à escrita. São elementos que precisam ser coerentes e estarem

interligados para garantirem a aprendizagem do aluno sempre com o objetivo

de mostrar, analisar a realidade e aproximá-lo da forma padrão da Língua

Portuguesa em diferentes contextos.

4.2.1 Oralidade

A prática da oralidade é fundamental em sala de aula tanto quanto a escrita.

Não tem como trabalhar separadamente, pois vimos que a Língua Portuguesa,

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em seu conceito traz o uso da linguagem como a base do processo de

apropriação da língua escrita. Vemos nos adultos de hoje a dificuldade de se

expressarem adequadamente ou que evitam falar em público porque não foram

trabalhadas quando crianças.

Dentro dessa proposta se faz necessário oferecer situações que levem os

alunos a conseguirem se expressar expondo suas idéias, saber defender seus

pontos de vista, participar de debates dando sua opinião, participar de peças

de teatros, interpretar textos lidos ou ouvidos, contar fatos com seqüência

lógica, enfim toda a atividade voltada á oralidade para que no futuro os alunos

possam e saibam se expressar com clareza e objetividade em qualquer

situação social.

O professor deverá elaborar atividades por meio de:

Apresentação temas variados: histórias de família, da comunidade, um

filme,um livro etc.

Depoimento sobre situações significativas vivenciadas pelo aluno ou por

pessoas do seu convívio;

Debates, seminário, júris-simulados e outras atividades que possibilitem o

desenvolvimento da argumentação;

Transmissão de informações;

Troca de opiniões;

Contação de histórias;

Declamações de poemas, quadrinhas, parlendas, trava-línguas;

Representação teatral;

Relatos de experiências;

Confronto e comparação entre a fala e a escrita, de modo a constatar suas

similaridades e diferenças;

Além disso, pode-se analisar a linguagem em uso:

Em programas de televisão como jornal, novelas, propagandas;

• Em programas radiofônicos;

No uso público

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A prática da oralidade no ensino deve oferecer condições ao aluno de falar

com fluência em situações formais, adequada a linguagem conforme as

circunstancias (interlocutor, assunto, intenções).

4.2.2 Leitura

O aluno precisa saber que o domínio da leitura no mundo contemporâneo é

essencial para a sua efetiva participação na sociedade, para viver com

autonomia, com plena consciência de si próprio e dos outros, para poder tomar

decisões face à complexidade do mundo atual. É determinante no

desenvolvimento cognitivo, na formação cultural, no acesso à informação e ao

conhecimento.

Na nossa realidade, Iratiense, constatou-se que muitos trabalhos são

realizados para desenvolver a leitura e a escrita, mas poucos de ensino

intencional da leitura. Após alfabetização inicial, é preciso continuar oferecendo

condições para o desenvolvimento cada vez mais intenso e extenso das

habilidades de leitura. O ensino da leitura, em muitos casos, se confunde com

despertar o gosto e hábito da leitura. Estimular a leitura de obras literárias é um

bom procedimento de incentivo à leitura literária, mas não é suficiente para

fazer do aluno um leitor de diferentes gêneros textuais.

Para ensinar a ler é preciso ir além. Ensinar a ler e a fazer uso da leitura, como

ela ocorre nas práticas sociais de leitura, exige seleção de objetivos e

conteúdos, planejamento de atividades e avaliação. Outra visão que precisa

ser ampliada é a de que ler se relaciona apenas com ludicidade, prazer e

naturalidade. Ler não é uma atividade natural, pelo contrário, é uma atividade

cognitiva complexa e que se aprende. É importante que ela seja vista assim

para que as escolhas didáticas feitas pelo professor sejam eficientes na

formação de um leitor.

Aprender a ler não envolve nenhuma atividade que as crianças já não tenham

exercitado para entender a linguagem falada em casa ou para encontrar

sentido no mundo do visual que as cercam. Na verdade, aprender a ler deveria

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ser algo muito mais simples, dada a complexidade das aquisições visual e da

linguagem anteriores. (SMITH, 1999.p.13).

O autor nos ajuda a compreender que só acontecerá a apropriação da leitura

se o aluno encontrar sentido no que estiver fazendo. E para isto é preciso que

o professor disponibilize material interessante que faça sentido para o aluno e

saiba fazer as intervenções e a seleção dos mesmos, tornando a

aprendizagem da leitura possível na escola de forma mais simples prazerosa

partindo da realidade que ela está inserida.

4.2.3 Escrita

O ensino da linguagem escrita para que o aluno aprenda a escrever é preciso

que o professor planeje o ensino mostrando que a escrita tem diversas funções

na sociedade. Dentre elas podemos citar a comunicação ou registro no espaço

e no tempo, localização, identificação, orientação, informação, lazer, etc. Por

isso, se faz necessário o trabalho com essa forma de representação desde o

início da alfabetização e a compreensão por que e para que utilizamos a

escrita.

O trabalho com a diversidade de textos tem como função promover o

desenvolvimento na escrita dos alunos utilizando diferentes linguagens que

possibilitem a comunicação, interpretação e a produção de mensagens orais e

escritas e que atendam as diferentes intenções das diversas situações de

comunicação.

Só solicitar que o aluno escreva, sem lhe dizer a situação de produção, não

leva à aprendizagem da linguagem escrita. Nas situações reais de produção

textual, toda pessoa que quer produzir um texto eficaz precisa ter clareza da

finalidade do que vai escrever; saber quem será seu leitor e em que âmbito o

texto será publicado. Assim, é importante que as condições de produção

estejam muito claras para o aluno a cada proposta de trabalho apresentada

pelo professor.

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Então, para escrever seus textos, o aluno precisa saber: qual é a finalidade da

escrita entreter, sensibilizar; explicar algum tema; ensinar algum procedimento;

convencer de alguma coisa etc. Quem será o leitor do seu texto - professor e

colegas da turma; outros professores e colegas de outras turmas; comunidade

escolar de uma forma geral; família; leitores de um determinado jornal ou

revista aonde o texto venha a ser publicado etc. Em qual gênero o texto se

materializará. Saber o gênero textual determinará o suporte em que circulará;

jornal, revista, cartaz, folheto, livro etc., a forma e a estrutura lingüística;

seqüências textuais, variedade lingüística, estruturas gramaticais e seleção

vocabular específicas.

4.3 Alfabetização e Letramento

A Constituição Federal, no artigo 208, garante para todos os brasileiros,

independentemente da idade, o direito á educação. Mais do que um direito

social, a educação escolar tem sido, dentre outros, reconhecida como direito

humano fundamental. Entende-se que umas dessas condições para o exercício

desse direito é o acesso à efetivação do processo da Alfabetização.

Na presente proposta à alfabetização está embasada nas teorias de Vygotsky

que compreende a aquisição da língua fundamentada na concepção Histórico

Cultural, a qual toma o aluno como um ser social e pela apropriação do

conhecimento, podendo assim, compreender a realidade em que vive. É

importante esclarecer que o processo de aquisição da língua escrita não se

inicia na escola, que antes mesmo desse ingresso, a criança já utiliza as

diferentes formas de representação.

O símbolo é o elemento fundamental de operação do cérebro e a escrita é um

sistema de representação. Logo é necessário que se trabalhe com a idéia de

representação e com a compreensão dos símbolos desde o inicio do processo

de alfabetização. É no trabalho, com diferentes formas de representação, que o

aluno compreende que no símbolo está contida uma idéia que nele também

está instituída uma convenção social estabelecida pelos que fazem uso desses

códigos.

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O trabalho com idéias de representação possibilita ao aluno o entendimento de

que a escrita também é uma representação. Nesse sentido o professor deve

levar o aluno a perceber que diferentemente do desenho, que representa o

objeto, a escrita é a representação dos sons da fala. Todas as atividades que

envolvem a escrita devem ser trabalhadas com função, e em situações reais.

Nesse sentido a alfabetização não pode ter como elemento norteador, a letra, a

sílaba ou palavras e frases isoladas descontextualizadas. Consiste na

apreensão da língua em sua dimensão histórica, uma vez que a Linguagem a

ser apropriada pelo aluno é produto de interação entre os homens. Segundo

Magda Soares:

Dissociar alfabetização e letramento é um equívoco porque, no quadro das atuais concepções psicológicas, lingüísticas e psicolingüísticas de leitura e escrita, a entrada da criança (e também do adulto analfabeto) no mundo da escrita se dá simultaneamente por esses dois processos: pela aquisição do sistema convencional de escrita – a alfabetização, e pelo desenvolvimento de habilidades de uso desse sistema em atividades de leitura e escrita, nas práticas sociais que envolvem a língua escrita – o letramento. Não são processos independentes, mas interdependentes, e indissociáveis: a alfabetização se desenvolve no contexto de e por meio de práticas sociais de leitura e de escrita, isto é, através de atividades de letramento, e este, por sua vez, só pode desenvolver-se no contexto da e por meio da aprendizagem das relações fonema-grafema, isto é, em dependência da alfabetização. ( SOARES, 2003)

Letramento para Soares (2003) é mais que alfabetizar é ensinar a ler e

escrever dentro um contexto em que a escrita e a leitura tenham sentido e

façam parte da vida do aluno. Um ponto importante para letrar, segundo a

autora, é saber que há distinção entre alfabetização e letramento, entre

aprender o código e ter a habilidade de usá-lo. Ao mesmo tempo em que é

fundamental entender que eles são indissociáveis e têm as suas

especificidades, sem hierarquia ou cronologia: pode-se letrar antes de

alfabetizar ou o contrário.

Para a autora, essa compreensão é o grande problema das salas de aula e

explica o fracasso do sistema de alfabetização na progressão continuada. As

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crianças chegam ao segundo ciclo sem saber ler e escrever. “Nós perdemos a

especificidade do processo”, diz a educadora e reafirma que a criança precisa

ser alfabetizada convivendo com material escrito de qualidade. “Assim, ela se

alfabetiza sendo ao mesmo tempo letrada”. É possível alfabetizar letrando por

meio da prática da leitura. Para tanto autora orienta a utilização do uso de

jornal, revistas, livros. É necessária a prática social da leitura que pode ser feita

com o jornal que é o portador real de texto, que circula informações, ou com a

revista ou, até mesmo, com o livro infantil.

Essa postura teórica implica a tomada de decisões metodológicas que sejam

diferentes das práticas tradicionais, pois conceber a linguagem em sua

dimensão histórica-social significa compreendê-la como produto do trabalho

coletivo e histórico realizado pelo homem.

Nessa abordagem, o professor deve expor a criança a um material escrito

abundante e diversificado. As atividades mecânicas passam a ser substituída

por outras que tornem possível a criança vivenciar a leitura e a escrita.

Sugere-se a letra maiúscula (caixa-alta) no início da alfabetização, por se

entender que esta é de fácil discriminação visual e redução na escrita, por ser

constituída em linhas retas. Justifica-se, também, esse tipo de letra porque as

primeiras experiências de leitura da criança seriam em “outdoor”, em placas

etc, meios que predominaria a chamada caixa-alta.

A letra de imprensa minúscula e a letra cursiva devem ser introduzidas mais

tarde. O elemento norteador do processo passa a ser o texto enquanto unidade

de sentido da língua. Portanto, deixar o aluno em contato com material escrito

para que ele o assimile não é suficiente. O alfabetizador conhecedor do

processo da linguagem é quem deve auxiliar a ampliar seu universo de

inserção em práticas sociais de escrita. Assim, a figura do professor deve ser a

de um mediador, parceiro dos trabalhos escolares.

O aluno, um ser que também tem uma história, é visto como participante do

processo de aquisição de uma linguagem significativa. Nesse processo ainda

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existe a diversidade socioeconômica onde o professor necessita realizar

atividades em que ocorra situações de uso da escrita cotidiana, e conscientizar

seus alunos dos valores e uso social da mesma. O material escrito deverá ser

diversificado: como; rótulos, revistas, jornais placas, poesias, histórias, notícias,

bilhetes, recatos, convites, etc. Trabalhando assim a leitura e a escrita de forma

variada.

A sala de aula deverá conter todo tipo de alfabeto para manuseio e

observação. Com esse tipo de trabalho o professor poderá desenvolver

situações concretas do uso da escrita enfocando as áreas motoras e

descriminação visual que levam ao domínio de traçados mais perfeitos sem

fazer uso dos tradicionais exercícios repetitivos sem nenhum significado

concreto.

4.4 O TRABALHO COM TEXTO

O Trabalho com o texto deverá ser o núcleo do trabalho com a língua escrita

tendo uma função social de uso real, vivo e funcional da língua e que o aluno

compreenda que as palavras não são soltas fazem farte de um contexto que

passará uma mensagem que deverá ser lida e interpretada.

O nome das crianças deverá ser o primeiro passo juntamente com a sua

história. A confecção dos crachás deverá ser escrita junto com a criança para

que ela perceba a relação da sonorização com a escrita (escrita da esquerda

para a direita, de cima para baixo). Com o crachá o professor poderá

desenvolver varias atividades; comparações (tamanhos e sons); contagem

(letras e sílabas); relação de nomes (inicial e final); conjuntos (mesma letra);

brincadeiras (bingos, dominó,etc.). Partindo desse ponto poderá trabalhar

outros nomes como; animais, flores, etc., sendo um trabalho contextualizado

com a sua realidade.

Os textos das crianças a partir de desenhos e outras formas de representação

devem deixar ser visto somente com atividade lúdica, pois têm uma função

importante para representar fatos, histórias (ouvidas e vividas).

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O desenho é forma concreta pela qual a criança representa suas idéias, o qual

o professor serve de escriba, assim o aluno terá a interação da sonorização

das palavras com a escrita. Além do desenho outras formas de representação

podem ser trabalhadas a: modelagem, recortes, maquetes, etc.

O professor pode utilizar formas variadas de registros; quadro, cartazes,

pequenos livros mimeografados para uso coletivo. As legendas para ilustrações

de histórias o ponto de partida é oralidade e depois o desenho, no qual a

criança poderá criar legendas.

O trabalho com textos criados pela criança (oralmente); histórias em

quadrinhos sem legenda; gravuras seqüenciais; histórias lidas pelo professor e

também histórias narrados pelos alunos que poderá ser mimeografado ou

copiado, transformando em livro.

Para que o trabalho com texto se torne ainda mais significativo propomos um

trabalho com texto seguindo os seguintes passos:

Justificativa8

Apresentar as razões que motivaram a encolha do texto a ser trabalhado.

Objetivos

Comentar com as crianças qual o objetivo do trabalho com texto.

Ex: O que se espera com o estudo do texto e que vocês:

⇒ sejam capazes de identificar as idéias principais;

⇒ enriqueçam as idéias sobre os assuntos;

⇒ dramatizem o texto;

⇒ identifiquem pormenores, relacionando-os com a idéia principal ;

⇒ outro, conforme necessidades da turma.

MotivaçãoMomento em que o professor utiliza um recurso para despertar o interesse para

o assunto a ser estudado. Para isso, o professor pode partir de questionários,

8 Material elaborado pela Secretaria de Educação de Maringá em 1990.

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conversas, observações e comentários, etc., que estejam relacionados com o

assunto. Por exemplo:

⇒ Reflexões sobre a própria vida, relacionadas com o texto;

⇒ Levantar problemas, dúvidas, conflitos, relacionados com o texto;

⇒ Lançar questionamentos que gerem inquietação, interesse, curiosidade,

preocupações ou necessidades de conhecimento sobre o assunto.

Leitura primaria ( silenciosa, não duplicada)

Obs.: Só agora, o professor entrega o texto ao aluno.

⇒ Deixar a criança ler silenciosamente sem pedir nenhuma tarefa a ela.

Objetivo é que ela tome conhecimento do assunto.

Coleta de Impressões

⇒ Deixar que as crianças falem sobre as impressões que tiveram e registra-

las no quadro.

Discussão sobre as impressões registradasNesse momento é importante comentar cada impressão, ajudando a reflexão

sobre a própria vida. Tem como finalidade:

⇒ Desenvolver sensibilidades e raciocínio;

⇒ Alimentar a mente com novos conhecimento e sensações;

⇒ Descobrir um mundo rico, atraente e estimulador;

⇒ Ampliar o universo cultural;

⇒ Estimular a observação e a pesquisa.

Localização do texto

⇒ Ver se o texto é independente ou parte de alguma obra literária, ou outra.

⇒ Caso o texto seja parte um outro, localizá-lo dentro do conjunto a que

pertence,

⇒ Salientando o lugar em que ela ocupa na obra.

Gênero do texto

⇒ Identificar com os alunos se é de ficção, fantasia, cientifico, romance,

aventura, poesia, teatro,real.

⇒ Observar os tipos de personagens, suas atitudes.

⇒ Analisar o tema, observando se é referente a mistério, religião, aventura,

cômico, etc.

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⇒ Observar que exemplos traz: justiça, injustiça, lealdade, coragem,

cooperação, companheirismo.

⇒ Lembrar outros textos ou fatos parecidos.

Situar Historicamente o Autor da Obra

⇒ Conhecer um pouco sobre o autor, situando-o historicamente.

Título

⇒ Discutir sobre o título. O que sugere. A relação com o conteúdo.

Interpretação Oral e Escrita Esta etapa envolve concentração e raciocínio. O professor deve orientar os

alunos na solução das questões. Deve indicar o caminho e deixar que cada um

encontre sua resposta. Às vezes é necessário forçar os alunos a juntar

elementos e chegar a conclusões. O objetivo é fazer com que o aluno entenda

o texto em toda a sua significação para que tenha condições de; reproduzi-lo,

resumi-lo, ilustrá-lo, escrever outras historias a partir dele. Para a interpretação,

além do responder as costumeiras questões, pode-se lançar mão: Da

dramatização, de desenhos, da montagem de painel.

Confronto Com o Texto Estudado Com a Realidade AtualNesta etapa é importante questionar as crianças sobre as relações do texto

com a realidade atual. Os comentários devem ser abertos e francos,

esclarecendo alguns problemas e despertando varias perguntas. Deve

contribuir para analisar os valores positivos e negativos da nossa época. Deve

favorecer também os exames dos diferentes aspectos de questões de

interesse dos alunos (TV, futebol, brinquedo, trabalho, problemas familiares,

economia, etc).

Obs. Quando a conversa se tornar abstrata sugerir a concretização através de

encenações e dramatizações.

Estudo do VocabulárioPara esta etapa, o professor deve lançar mão do uso dicionários, comentários

e pesquisas. As palavras deverão ser trabalhadas no próprio texto e não de

forma isolada.

Leitura Oral

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A leitura oral poderá ser total ou parcial. Quando trabalhada em partes o

professor solicitar às crianças que leiam as partes que lhe atraíram, que lhe

impressionaram, que lhe chamaram a atenção que mais gostaram etc.

Produção de Texto Agora os alunos estão em condições de produzirem novos textos aplicando as

idéias adquiridas com o desenvolvimento das tarefas anteriores. O texto

poderá ser elaborado coletivamente ou individualmente.

Observação: Este roteiro deve ser utilizado na exploração de gravuras,

desenhos murais, do próprio meio.

Reestruturação Conduzindo o trabalho desta maneira, futuramente os alunos produzirão de

forma autônoma seus textos.

RESTRUTURAÇÃO DE TEXTO

No início do processo de alfabetização o aluno precisa ter liberdade para

escrever e falar com fluência e mais tarde é que vem a preocupação em

escrever bem. Neste primeiro momento os erros ortográficos, pontuação e

paragrafação não são vistos como critérios de avaliação e sim a coerência e

coesão, unidade temática, pois os erros ortográficos fazem parte do seu

processo de aprendizagem.

Outro ponto importante e desmistificar a idéia que não se deve corrigir o aluno.

Os erros ortográficos devem ser trabalhados gradativamente através do

contato do aluno com material escrito. O uso do dicionário como fonte de

pesquisa é o caminho indicado.

Para que a reestruturação aconteça de forma mais adequada sugerimos

segundo prof. Geraldi como o professor poderá trabalhar a reestruturação:

Lendo os textos produzidos pelos alunos. Selecionando, dentre eles, um texto

para se trabalhar a reestruturação. Colocando o texto original no quadro (de

forma ortográfica correta, uma vez que o objetivo, no caso, é trabalho

especifico de reestruturação e não de correção ortográfica).

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Propondo á classe questões que visem: Complementação das informações do

texto( O que? Onde? Quando?) eliminação da redundância (que palavras ,

expressões se repetem? Fazem falta? Podemos substituí-las? Como?);

pontuação adequada(que ponto se coloca aqui?por que?); Discuta com os

alunos a importância das informações obtidas para a clareza e compreensão

do texto.Depois que o texto esteja reestruturado deve-se ser lido e copiado

pelos alunos. Neste sentido a cópia é uma atividade significativa.

4.5 Avaliação

Nesta perspectiva a avaliação terá caráter cumulativo e diagnóstico, verificando

não só o aproveitamento do aluno bem como, a eficácia do trabalho

pedagógico aplicado. Na avaliação o professor deverá levar em consideração o

aluno em todo o seu processo de aprendizagem, ou seja, todo o seu progresso

na aquisição do conhecimento.

A questão vigente é a finalidade social dos conteúdos escolares. A responsabilidade do professor e a do aluno aumenta porque ambos são co-autores do processo de ensino-aprendizagem. O conteúdo escolar passa a ser teórico-prático. Implica que seja apropriado teoricamente como um elemento fundamental na compreensão e na transformação da sociedade. (GASPARIM, 2002, p.02)

O ponto de partida será a realidade social trabalhada de forma contextualizada

em todas as áreas do conhecimento humano sendo um meio para que o aluno

se aproprie dos conhecimentos consiga interagir dentro do todo social.

Dentro desta proposta o texto é a unidade base, portanto não será coerente

fazer avaliações fragmentadas de conteúdos gramaticais de maneira mecânica

que não contribuem para a compreensão da função social da escrita e leitura.

Na leitura a entonação, postura são importantes, mas não deve ficar só nisso.

O aluno precisa saber interpretar o que está lendo, saber fazer reflexões sobre

as leituras se posicionando e sabendo explicar as idéias principais do texto, as

idéias do autor enfim pontos relevantes do texto lido. Acreditamos que para

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desenvolver o gosto pela leitura nos alunos os professores devem ser leitores

ativos e que os alunos possam se sentirem desafiados para a leitura.

Outro ponto que precisa ficar bem claro é o ensino da gramática que não dever

ser trabalhada de forma isolada e nem deixar de ensiná-la. O que deve ser feito

é pensar como está o ensino da gramática e redirecionar este trabalho para

que os alunos aprendam e saibam usá-la dentro dos textos tanto falados como

escritos no seu dia-a-dia.

Para acompanhamento do processo de aprendizagem do aluno é necessário

que o professor utilize uma “ficha” para fazer o registro cumulativo dos avanços

obtidos por ele. É importante que o professor tenha clareza do que é relevante

ou não registrar como avanço nesse processo.

Sugerimos alguns critérios de avaliação para subsidiar o trabalho do professor.

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CONTEÚDOS CRITÉRIOS

ORALIDADESeqüência, Objetividade,

Consistência, Argumentativa.Articulação Correta das

Palavras

Seqüência lógica de fatos e idéias ao produzir textos orais.Expõe oralmente suas idéias com objetividade.Apresenta clareza na exposição de idéias.Argumenta com consistência ao expor suas idéias.Articula corretamente as palavras.

ESCRITA

Idéias de representação/ compreensão

de símbolos

Reconhece as idéias que estão contidas em alguns símbolos usuais.Utiliza-se de varias formas de representação para vincular suas idéias.Faz uso das diferentes formas para representar objetos, fatos e situações.

Desenho como forma de representação/registro

Utiliza desenhos para representar e registrar idéias.Representa pelo desenho as idéias veiculadas pelo texto lido ou ouvido.

Escrita enquanto sistema de representação: alfabeto como

conjunto de símbolos para escrever

Utiliza as letras do alfabeto nas tentativas de escrita, mas ainda sem estabelecer a relação fonema/grafema.Utiliza-se das letras do alfabeto nas tentativas de escrita, estabelecendo a relação fonema/grafema (relações biunívocas).

Espaçamento entreas palavras

Faz uso do espaçamento convencional entre as palavras.Faz espaçamento entre as palavras, mas ainda não percebe a convencionalidade.

Segmentação das palavras Faz uso da segmentação das palavras dentro do texto de forma adequada.

Direção da escrita Escreve obedecendo a direção esquerda/direita e de cima para baixo.

Leitura para apreensão das idéias do texto

Produz e reproduz leitura de textos lidos e/ou ouvidos.

Leitura com fluência ritmo e entonação

Lê com fluência, ritmo e entonação, compreendendo a importância destes na apreensão do significado.

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CONTEÚDOS CRITÉRIOS

ESCRITA

Produção de textos escritosProduz textos escritos (literários, poéticos, informativos, lúdicos, etc,) compreendendo as diferentes formas utilizadas para escrever.

Unidade temática Produz textos com unidade temática.Seqüência lógica Possui seqüência lógica na produção escrita.

ParagrafaçãoUtiliza a paragrafação na organização das idéias.

PontuaçãoUtiliza adequadamente os sinais de pontuação. Faz uso dos sinais de pontuação ainda de forma arbitraria.

Elementos coesivos Faz uso de elementos coesivos compreendendo a sua função.

Expansão das idéiasExpande as idéias em suas produções, complementando seus textos com informações, detalhes,etc...

Argumentação Argumenta e defende suas idéias na produção escrita.

Concordância verbal Faz uso da concordância verbal.Concordância nominal Faz uso da concordância nominal.

Discurso direto e indireto Utiliza-se do discurso direto e indireto.Ortografia Escreve textos de forma ortográfica.

AcentuaçãoUtiliza sinais de acentuação obedecendo à convenção estabelecida.Faz uso dos sinais de forma arbitrária.

Maiúsculas e minúsculas Faz uso de letras maiúsculas e minúsculas.Sinais gráficos Utiliza sinais gráficos de forma não

convencional.Utiliza-se adequadamente dos sinais gráficos.

Legibilidade Apresenta legibilidade na produção escrita.Apresentação Organiza o texto observando margem, data,

título ou vocativo e autor.

4.6 CONTEÚDOS DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL DE 9 ANOS

1º Ano, 2º Ano e 3º Ano:

A Linguagem Oral deve ser trabalhada em todos os bimestres através de:⇒ Exposição de idéias⇒ Relatos de experiências, fatos vividos, historicamente, etc.⇒ Entrevistas; ⇒ Leitura pelo professor (de diversos textos);⇒ Exploração de poesias, trava-línguas, parlendas, músicas (entonação

adequada).⇒ Argumentação (saber defender e expor seu ponto de vista).

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A Leitura e a produção de textos deverá ser encaminhada da seguinte forma em todos os bimestres:⇒ Do Professor para a criança com textos literários, informativos, cartas,

mensagens, avisos, bulas, receitas, etc.⇒ Da criança (de forma não convencional)⇒ Escritos na sala de aula e fora de sala; cartazes, rótulos, placas, out-dours,

avisos, etc.⇒ Textos já conhecidos ( quadrinhas , parlendas e adivinhações, letras de

música e textos referentes ás diferentes áreas curriculares.⇒ Livros de Literatura e poesias.

Produção de textos coletivo e individual deverá ser encaminhada a partir de:⇒ Narrativas das crianças;⇒ Histórias de suas vidas;⇒ Do desenho ou outras formas de representação;⇒ De estudos de outras áreas,⇒ Histórias criadas pelas crianças computadorizadas para serem ilustradas

por elas; ⇒ Estabelecimento de relações entre produções escritas: Crachás, rótulos,

revistas, jornais, jornal, livros, cartazes, etc.

Conteúdos para o 1º Ano

1º BIMESTRE 2° BIMESTRE 3° BIMESTRE 4° BIMESTRETrabalhar com gestos, mímicas, teatros, dramatizações, símbolos (sinais de trânsito as bandeiras)Desenhos como formas de representação;Representação do seu nome e dos colegas;Alfabeto (móvel composição do nome) Confecção de letras com Modelagens, colegas, rasgaduras, recortes;

Diferenciar letras de números (levar a criança a perceber que as letras podem ser escritas de formas diferentes)Identificar seu nome e a dos colegas explorando tamanho, número de letras se é curto ou longo, etc. (trabalho com crachá).Manuseio de livros e revistas (observação, recortes leitura de imagens, etc).

Literatura Infantil, representação de idéias (através do fazer de conta).Diversidade de tipologias textuais; adivinhas, parlendas, trava línguas, cantigas de rodas ou brinquedos cantados;Representação gráfica ( produção da escrita espontâneaDireção da escrita

Diversidade de tipologia textual; poesias , fabulas, lendas, contos e historias , quadrinhas, rimas, slongam (identificar palavras conhecidas que apresentam sons iguais ou diferentesEspaçamento entre as palavras;Identificar palavras em textos; (seu nome , dos colegas, etc.)Produção de textos coletivosLeitura de imagens

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Conteúdos do 2º Ano 1º Bimestre 2º Bimestre 3º Bimestre 4º Bimestr

Leitura, produção, interpretação de textos coletivos e individuais. Nome da criançaAlfabeto RótulosLegendas PropagandasPlacasFormação de palavrasNomes de produtos Ordem Alfabética.

Leitura, produção interpretação de textos coletivos e individual.Correspondências,recado, avisos, notas;Lista de comprasNarrativas PoemasLetras de música DramatizaçõesRimasIdentificação de palavras iniciadas pela silabasNº. de silabas e letras Maiúscula e minúsculas Palavras derivadas de outro.

Leitura, produção, interpretação de textos coletivos e individual;Letras de músicas PoemasVersosParlendasDramatizaçãoNarrativas (continuação de Histórias). Palavras iniciadas com a mesma sílabaFormação de palavras (alfabeto móvel)Uso do dicionário

Leitura, produção, interpretação de textos coletivos e individualLiteratura (narrativas).Textos imagináriosProdução de textos Antônimo e SinônimoRimas Palavras com ss, rr,nh,pr,etc;

Conteúdos do 3º Ano 1º Bimestre 2º Bimestre 3º Bimestre 4º Bimestre

Leitura, produção, interpretação de textos coletivos e individuais;PoesiaDramatização História em quadrinhos Autobiografia AcentuaçãoAdjetivo

Leitura, produção interpretação de textos coletivos e individuais;Reestruturação de textos Elaboração de ReceitasConvitesBilhetesProduções a partir de uma seqüência de quadrinhos Uso dos travessões e dois pontos;Dificuldades Ortográficas (x/ch, qu, am, etcSubstantivos (idéia geral )

Leitura, produção, interpretação e reestruturação de textos coletivos e individual;Textos informativos Paragrafação Pontuação (exclamação, interrogação, ponto final)Palavras com l ou uSubstantivos próprios e comunsPronomes (do caso reto)Uso do dicionário

Leitura, produção, interpretação e reestruturação de textos coletivos e individuais;Literatura (narrativas).Textos imagináriosProdução de textos Antônimo e SinônimoRimas Palavras com ss, rr,nh,pr,etc;

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CONTEÚDOS DO 4º e 5º ANO

Em todos os bimestres devem ser desenvolvidas atividades relacionadas ao:

Domínio da Língua Oral:1) Relatos (experiências pessoais, histórias familiares, brincadeiras,

acontecimentos, eventos, textos lidos (textos literários ou informativos),

programas de TV, filmes, entrevistas etc.)

2)Criação (histórias, quadrinhas, piadas, charadas, adivinhações, etc.)

a) No que se refere às atividades da fala:

Clareza na exposição de idéias;

Seqüência na exposição de idéias;

Adequação vocabular.

b) No que se refere à fala do outro:

Reconhecer as intenções e objetivos;

Julgar a fala do outro na perspectiva da adequação às circunstâncias, da

clareza e consistência argumentativa.

Domínio da leitura:Prática de leitura de textos informativos e ficcionais curtos e longos.

a)No que se refere a interpretação:

Identificar as idéias básicas apresentadas no texto;

Reconhecer nos textos as suas especificidades( texto narrativo ou informativo);

Atribuir significados que extrapolem o texto lido;

Proceder à leitura contrastiva (vários textos sobre o mesmo tema; o mesmo

tema em linguagens diferentes; o mesmo tema tratado em épocas diferentes; o

mesmo tema sob perspectivas diferentes).

b) no que se refere à análise de textos lidos:

Avaliar o texto na perspectiva da análise temática;

Avaliar o texto na perspectiva da unidade estrutural(paragrafação e recursos

coesivos).

c) No que se refere à mecânica da leitura:

Ler com fluência, entonação e ritmo, percebendo o valor expressivo do texto e

sua relação com os sinais de pontuação.

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Domínio da leitura e escrita:a) No que se refere à produção de textos:

Produção de textos ficcionais (narrativos);

Produção de textos informativos.

b)No que se refere ao conteúdo; Clareza; Coerência

c) No que se refere à estrutura:

Uso de recursos coesivos ( conjunções, advérbios e pronomes, etc.);

Organização de parágrafos; Pontuação.

d) No que se refere à expressão: Adequação à norma padrão (concordância

nominal e verbal, conjugação verbal);

e)No que se refere à organização gráfica dos textos: Ortografia; Acentuação;

Recursos gráficos visuais( margem, título, etc.)

Conteúdos do 4º Ano

1º Bimestre 2º Bimestre 3º Bimestre 4º Bimestre

Leitura, produção, interpretação e reestruturação de textos coletivos e individuais;CorrespondênciaEncontro Vocálico (ditongo, tritongo e hiato).Encontro consonantalAdjetivos Elementos coesivosPronomes, advérbio, conjunção.Pronome pessoal (caso reto) AcentuaçãoAdjetivo

Leitura, produção interpretação e reestruturação de textos coletivos e individuais;ContosResumos Concordância Verbal e nominalSubstantivo (conceito e classificação)Pronomes do caso obliquo;

Leitura, produção, interpretação e reestruturação.Textos coletivos e individuais;Textos poéticos Acentuação (monossílabas, oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas)Verbo ( conceito, conjugação e tempo)AdvérbiosPronomes de tratamento

Leitura, produção, interpretação e reestruturação de textos coletivos e individual;Textos jornalísticosAnúncios Tempo dos Verbos (modo indicativo conjugação dos verbos irregulares).Pronomes demonstrativosRevisão do emprego dos pronomes , advérbios,conjunções

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CONTEÚDOS DO 5º ANO

1º Bimestre 2º Bimestre 3º Bimestre 4º Bimestre

OBS: Os temas abaixo citados serão explorados dentro de um texto, de variada tipologia (poesia, narração, história em quadrinhos, bula de remédio etc).Leitura, produção, interpretação e reestruturação de textos das tipologias acima citadas.Estudo dos substantivos (próprio, comum, primitivo, derivado, coletivo, simples, composto, concreto, abstrato).Gênero e número do substantivo.Grau do substantivo (normal,aumentativo, dimunitivo)Acentuação tônica (classificação).Artigo.Acentuação e pontuação.Pronomes do caso reto, oblíquo e de tratamento.Concordância nominal e verbal.Emprego do Z, CH, NH, SS, S, C inicial, M antes de P e B.

OBS: Os temas abaixo citados serão explorados dentro de um texto, de variada tipologia (texto informativo, descrição, charge, carta, textos literários, etc).Leitura, produção, interpretação e reestruturação de textos das tipologias acima citadas.Adjetivo.Locução adjetiva.Numerais( cardinais, ordinais, multiplicativos e fracionários).Verbos regulares Modo indicativo completo (todas as conjugações).Concordância nominal e verbalEmprego do X (todos os sons), R inicial, RR e R brando, Lh e M final.Emprego do MAU e MAL.

OBS: Os temas abaixo citados serão explorados dentro de um texto, de variada tipologia (parlendas, trava-línguas, adivinhas, provérbios, lendas, etc).Leitura, produção, interpretação e reestruturação de textos das tipologias acima citadas.Pronomes possessivos.Verbos irregulares: Trazer, dar, ver, dormir, dizer, ler, poder. Modo indicativo no presente, pretérito perfeito e futuro do presente.Advérbios: tempo, modo, lugar, afirmação dúvida, negação intensidade. Emprego do H inicial, C e Ç S, Z, G, J, QUE e QUI e GUE e GUI.Emprego do PORQUE, POR QUE, PORQUÊ, POR QUÊ.

OBS: Os temas abaixo citados serão explorados dentro de um texto, de variada tipologia (texto publicitário, jornalístico, slogan, entrevista, etc).Leitura, produção, interpretação e reestruturação de textos das tipologias acima citadas.Pronomes demonstrativos, indefinidos e interrogativos.Preposição.Diferença de POR (preposição) e PÔR (verbo).Emprego do EU e MIM. Emprego do L medial, NS, SC.Verbos Auxiliares: ser, ter, estar, permanecer, ficar, Modo Indicativo completo.

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REFERENCIAS

BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo, 1986.

GASPARIN, J.L. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. 2ª.ed. Campinas; SP: Autores Associados, 2003.

GERALDI,J. (org). O texto na sala de aula. Cascavel: Assoeste,1995.

KLEIMAN, A . Oficina de leitura: teoria e prática. 5 ª ed. Campinas: Pontes,1997.

LURIA, A. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. 2ª ed. S.P, Ática, 1998

PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Currículo Básico da Escola do Paraná. Curitiba,1990

PARANÁ. Diretrizes do estado Língua Portuguesa. Disciplina: Prática de Ensino – 2002

PARANÁ. Secretaria Municipal de Educação. Proposta Curricular para o Ensino Fundamental. Sarandi, 2004.

QUATRO BARRAS, Diretrizes Curriculares da Educação Básica das Escolas Públicas, 2004

SOARES, R.M.R.G. Alfabetização sob a ótica sócio-histórico-cultural. 2007

SOARES, M. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. 26ª Reunião Anual da

ANPED – GT Alfabetização, Leitura e Escrita. Poços de Caldas, sete de outubro de 2003.

VYGOTSKY, L S. Pensamento e linguagem. Lisboa, Antídoto, 1979.

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PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS DO ENSINO DE MATEMÁTICA

COLABORADORES

Célia GrocholskiCláudia R. Jatzek

Delzira LarocaEliane Giliczynski

Eva CordeiroIlda de Souza

Josiele GolinskiKátia Maria Kschevy

Neli N. RossaRoseli Maneira

Sandra I. GualdeziSirlei B. Nedopetalski

COORDENAÇÃO

Sueli Hopata Gavlak

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5. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS DO ENSINO DE MATEMÁTICA

O conhecimento matemático permite ao indivíduo conhecer melhor sua

realidade, na medida em que pode ler e compreender melhor as informações

que o cerca. De acordo com D’ Ambrosio (1998), a matemática é a mais antiga

das ciências, porém somente a partir do século XVIII, com a Revolução

Industrial chegou às escolas.

D’ Ambrosio (1998) esclarece que o currículo e os livros didáticos eram criados

com base na formalização e no raciocínio dedutivo do grego Euclides (século III

a.C.), sendo crucial para entender a matemática, mas inadequada para as

aulas, desta disciplina, no Ensino Básico. Durante as guerras mundiais a

matemática passou por modificações, adquirindo grande importância na escola,

entretanto continua distante da realidade do aluno, o que dá margem para as

dificuldades, bem como para a reprovação.

D’Ambrósio (1998) comenta que, com o intuito de formar cientistas e superar

os avanços soviéticos, com a Guerra Fria e a corrida espacial, o currículo foi

reformulado pelos nortes - americanos. De acordo com o autor, surgiu neste

contexto a matemática moderna, trazendo o uso exagerado dos conjuntos e

uma formalização precoce de idéias da matemática que estavam fora do

alcance das crianças, isolando também a geometria. Em contrapartida, trouxe

uma busca de novos métodos de ensino e propiciou a pesquisa de recursos

didáticos que levam em conta as necessidades da criança particular de forma

ativa na construção de seu conhecimento. A proposta perde força em apenas

uma década, pela sua abstração.

Nos anos setenta, D’Ambrósio (1998) relata que, começou o Movimento de

Educação Matemática, com a participação de professores do mundo todo,

ocorrendo mudanças substanciais nos conteúdos, quando se introduziu a idéia

de estrutura, com o estudo detalhado das funções. Outras propostas de

mudanças significativas de metodologias, divulgando a matemática moderna e

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incorporando os conhecimentos do desenvolvimento da Psicologia Genética,

na busca de formas alternativas de avaliação. Mas estas mudanças pouco

afetaram as práticas escolares dos professores, que continuaram vendo a

matemática da mesma forma.

Em 1998, foram lançados os Parâmetros Curriculares Nacionais, elaborando

por integrantes brasileiros do Movimento de Educação Matemática, o qual

prevê o ensino da matemática desde a Educação Infantil e que se entende até

as series finais do Ensino Médio. A proposta brasileira apresenta

características de todas as reformas apresentadas anteriormente, uma vez que

foi elaborada, principalmente, com base na proposta espanhola que atribuiu a

matemática o caráter de ferramenta fundamental para a resolução de

problemas ligados à vida diária e enfatiza a necessidade da construção do

conhecimento matemático pelos alunos.

Em 2006 foram lançadas as Diretrizes Curriculares de Matemática da Rede

Pública de Educação Básica do Estado do Paraná, trazendo estratégias que

visam nortear o trabalho do professor e garantir a apropriação do conhecimento

pelos educandos.

Desta forma, o ensino da matemática contempla tendências que vão desde a

interdisciplinaridade, a modelagem matemática, a metodologia de resolução de

problemas, a etnomatemática, história da matemática e vai até a utilização de

calculadoras e computadores. Segundo Pires (2000, p. 35) “(...) novos

paradigmas emergem e trazem como conseqüência, desafios à educação e,

em particular, ao ensino da matemática”.

Afinal, a matemática não é apenas uma disciplina, é uma forma de pensar que

deve estar ao alcance de todos, pois é uma ciência como qualquer outra e faz

parte do currículo escolar, no entanto, provoca medo e muitas vezes, baixo

rendimento do aluno, tornando o ensino da matemática cada vez mais difícil,

talvez devido às distorções com relação a esta área do conhecimento e sua

aplicação. Segundo D’ Ambrósio (1996, p. 9) “a matemática tem sua dimensão

política, inclusive na definição dos currículos escolares”.

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Tendo por base essa afirmação, pode-se orientar o ensino da matemática para

preparar indivíduos passivos, subordinados ou então, orientar o currículo

matemático para a criatividade, curiosidade, para a crítica e questionamento

constante, contribuição para a formação do ser humano na sua totalidade.

Partindo deste princípio, a matemática é construída pelos homens, dentro de

um processo dinâmico, a qual envolve as relações sociais, bem como a história

do conhecimento matemático. Isto é, a matemática pode ser caracterizada

como uma atividade humana, pois na maioria das ações humanas ela está

presente.

A matemática pode ser reconstruída por todos, e ajuda a desenvolver

diferentes capacidades. É fruto de um processo do qual faz parte os erros e os

acertos, imaginação e raciocínio lógico, conjecturas e críticas, pode ser

aprendida por todas as pessoas e não somente pelas mais talentosas. O

importante é perceber, desde cedo, que a matemática pode ajudar a

potencializar capacidades como a de observar, projetar, fazer generalizações,

abstrair, capacidades essas que favoreçam o desenvolvimento do raciocino

lógico e da criatividade.

É importante ressaltar, que o ensino da matemática é elaborado por meio de

regras, desde muito tempo e uma das causas dessa situação é a luta pela

manutenção da hegemonia política. Conforme D’Ambrósio (1996, p. 9):

É ilusório pensar, como proclamaram os teóricos conteudistas, se ainda os há, que a matemática é o instrumento de acesso social e econômico. Dificilmente um pobre sai da sua condição porque, como aluno foi bem em matemática. Os fatores de iniqüidade são injustiça social são tantos que se sair bem em matemática pouco tem a ver com a luta social de cada individuo.

A matemática não é uma ciência estática, mas viva, dinâmica, não é uma

ciência pronta e acabada, mas em construção, feita para solucionar problemas

do cotidiano. A educação matemática deve se preocupar e focalizar sua

atenção nas diferentes formas de aprendizagem, buscando novas tendências

para o ensino desta ciência como a utilização de jogos, elaboração e

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construção de materiais, metodologia amparada na solução de problemas, a

matemática e o uso das tecnologias e formação dos professores.

Neste sentido, D’Ambrósio (1996, p. 41), descreve: “Na prática da Educação da

Matemática, isto se refere naturalmente à incorporação em todas as disciplinas

e de maneira permanente, da componente crítica, levando-nos a questionar a

cada instante a nossa prática e os métodos utilizados”. Hoje toda a tentativa de

superar a estagnação de aprendizagem é válida e sua proposta pode superar

as barreiras do ensino. A problematização da realidade torna o ensino da

matemática mais eficiente, desta forma a aplicação de problemas que sejam

modelos da realidade pode determinar o que se ensinar.

Há necessidade de se preparar um clima de aprendizagem, assim como

defende Ubiratan D’Ambrósio, os alunos necessitam de ambiente de

aprendizagem não ameaçador, em que possa interagir com a matemática, ler,

ouvir, escrever e sentir a matemática. Onde ele possa explorá-la usando os

mais variados materiais manipulativos. Acima de tudo, os alunos precisam de

métodos de ensino que sejam adequados para a crescente ênfase em

resolução de problemas, em aplicações e em capacidade de raciocínio.

Partindo destas competências matemáticas, Pires (2000) menciona que, torna-

se razoavelmente mais fácil ensinar à matemática, pois restam apenas, traduzir

do viver do aluno, as situações passíveis de tornar a aplicabilidade desta

ciência mais aceitável e, não tão avassaladora. A matemática tem relações

estreitas com várias áreas do conhecimento e da atividade humana, pois é um

instrumento importante para as ciências da natureza, as ciências sociais, a

composição musical, a coreografia, o esporte, etc. E pode ser bem mais

compreendida quando analisada dessa perspectiva de interação com outras

áreas.

Dessa forma a matemática desempenha papel essencial na formação do ser

humano, pois é fundamental que o aluno possua a capacidade de interpretar e

examinar criticamente informações, realizar estimativas e previsões, determinar

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relações e representar situações reais. Assim o ensino da matemática deve

contemplar um conhecimento que possibilite ao aluno participar de maneira

ativa do mundo atual, em que é cada vez maior a utilização de conhecimentos

científicos e recursos tecnológicos, bem como se inserir nas relações sociais e

culturais.

5.1 Como organizar e planejar o ensino da matemática nas séries iniciais.

A matemática é concebida como a ciência das relações, pois por meio dela, o

homem é capaz de prever, sintetizar e generalizar. Ela torna possível o estudo

sintético e quantitativo das relações estabelecidas entre o homem e o universo

que rodeia. Na perspectiva da psicologia histórico-cultural de Vygotsky, o

conhecimento do mundo é sempre mediado pelas práticas culturais, pelo outro

e, especialmente, pela linguagem. Pela palavra, na relação com o outro,

referimo-nos ao mundo, classificando, recortando, agrupando, representando,

significando, enfim, o real. São, assim, múltiplas as funções da linguagem e os

modos de seu funcionamento (Vygotsky, 1987).

A Matemática é uma das mais importantes ferramentas da sociedade moderna.

Apropriar-se de conceitos e procedimentos matemáticos básicos contribui para

a formação do cidadão que se engajará no mundo do trabalho, das relações

sociais, culturais e políticas. Para fazer parte dessa sociedade e poder interferir

nessa realidade, é preciso saber contar, comparar, medir, calcular, resolver

problemas, argumentar logicamente, conhecer formas geométricas e organizar,

analisar e interpretar criticamente as informações.

D’ Ambrosio (1998) comenta que ensinar Matemática não significa apenas

mostrar como ela é apresentada hoje. Para o autor é primordial revelar a sua

história, como foi usada e aprimorada pelos diferentes povos e culturas até

chegar à forma como nos é apresentada hoje. Desta maneira, a Matemática é

vista como uma maneira de pensar, como um processo em permanente

evolução (não sendo algo pronto e acabado que apenas deve ser estudado)

permite, dinamicamente, por parte do aluno, a construção e apropriação do

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conhecimento. O autor ainda comenta que, comprometer-se e usar as idéias

básicas de Matemática no dia-a-dia é um direito de todos os alunos e não

apenas de alguns privilegiados intelectualmente.

A Matemática está presente em praticamente tudo com maior ou menor

complexidade. Perceber isso é compreender o mundo à sua volta e poder atuar

nele. E a todos, indistintamente, deve ser dada essa possibilidade de

compreensão e atuação como cidadão. Em casa, na rua, no comércio, nas

várias profissões, na cidade, projetar calcular, comparar, medir, localizar,

representar, interpretar, etc., e o faz informalmente, à sua maneira, com base

em parâmetro do seu contexto sociocultural.

É preciso que esse saber informal, cultural, se incorpore ao trabalho

matemático escolar, diminuindo a distancia entre a Matemática da escola e a

Matemática da vida. É preciso que desde as séries iniciais as crianças

comecem a comunicar idéias, procedimentos e atitudes matemáticas, falando,

dramatizando, construindo tabelas, conjecturas e inferências lógicas, etc. Tudo

isso trabalhando individualmente, em duplas e em pequenas equipes,

colocando o que pensam e respeitando o pensamento dos colegas.

Aprender Matemática é aprender a resolver problemas. Para resolver

problemas é preciso apropriar-se dos significados, dos conceitos e

procedimentos para saber aplicá-los em situações novas. Assim, é fundamental

que tais conceitos e procedimentos sejam trabalhados com a total

compreensão de todos os significados associados a eles.

Como a Matemática está presente em todas as áreas do conhecimento,

observa-se a sua importância e a do seu estudo, visando ao entendimento do

mundo que nos cerca e de suas relações com os outros fatos e com as outras

áreas do conhecimento. Finalizando se concebe a Matemática como

instrumento de ação e reflexão do homem sobre o meio em que vive, há de se

considerar o ensino da Matemática sob dois aspectos de natureza distinta: o

formativo e o instrumental.

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Do ponto de vista formativo, o ensino da Matemática tem por objetivo organizar

estruturas de pensamento que favoreçam o desenvolvimento do raciocínio

lógico, das capacidades de abstração, generalizando, previsão, projeção, ou

seja, a capacidade de transcender o que é imediatamente sensível. Do ponto

de vista instrumental seu objetivo é aplicar conceitos matemáticos na resolução

de diferentes problemas da realidade e na construção de conceitos em outras

áreas do conhecimento.

Números

A classificação e seriação, a contagem, o sistema de numeração decimal,

operações e algoritmos são os conjuntos numéricos que permeiam os

conteúdos escolares trabalhados nas séries iniciais do Ensino Fundamental.

Quando iniciamos o ensino dos números temos ainda muito presentes nas

práticas docentes, que se deve ensinar os números aos poucos, um a um e na

ordem. Quando o aluno chega à escola ele já possui uma grande noção de

quantidade quando, por exemplo, tem noção da sua idade, quantos irmãos

possui, conta os amigos da sala de aula, conta seus dedos, etc...

Dentro dessa proposta o trabalho com números deverá iniciar a partir do

conhecimento prévio que a criança possui através das noções básicas de

quantidade e onde os símbolos numéricos aparecem em seu cotidiano. A partir

daí o professor deve estimular a criança a realizar a contagem através de

jogos, desenhos feitos pelas próprias crianças, risquinhos, quadrículas, etc.

Antes de introduzir os símbolos é importante que se explorem os símbolos já

conhecidos pelas crianças como: sinais de trânsito, rótulos, etiquetas, etc.,

mostrando que a padronização dos símbolos é necessária para facilitar a

comunicação. O objetivo dos registros é chegar ao símbolo numérico que deve

ser apresentado as partir de situações significativas.

Dante (2001) descreve que, o sistema de numeração decimal que hoje usamos

foi criado pelos hindus e depois adotado e difundido pelos árabes. Neste

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sistema existem dez símbolos: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, para a representação de

qualquer número. No registro destes números adota-se o lugar posicional, onde

o valor de cada algarismo se altera dependendo da posição que ele ocupa. O

uso de zero para representar a coluna vazia foi fundamental para as técnicas

de cálculo.

O trabalho com numeração decimal deve ser feito primeiramente através de

brincadeiras de trocas, atividades que explorem agrupamentos, situações

problemas que levem a descobrir o processo da construção das operações.

Por exemplo, o jogo do nunca 5, do nunca 2, etc., no qual se realiza o trabalho

com trocas de fichas, palitos, contas coloridas.

O trabalho com agrupamentos diferentes de 10 auxilia a compreensão dos

agrupamentos e trocas em qualquer situação de numeração. É necessário

enfatizar que na representação de quantidades maiores que nove no sistema

de numeração decimal, o valor é determinado pela sua posição. Nesse sistema

é fundamental que, ao registrar os números, a criança perceba que qualquer

algarismo, escrito à esquerda de outro, tem o valor dez vezes maior do que se

estivesse colocado no lugar desse outro. Exemplo: 32 significa 30+2 3 na

dezena é 30, 23 significa 20+3 3 na unidade é 3. Dessa forma o 3 no primeiro

número vale 30 e é, portanto, 10 vezes maior que o 3 no segundo número.

Enfatizamos que é interessante usar o cartaz de prega e palitos ou canudos

coloridos. Para a compreensão da característica posicional do Sistema de

Numeração Decimal a utilização do ábaco de hastes verticais (ábaco aberto) é

muito importante. Todos os materiais acessíveis podem ser usados pelas

crianças para que as representações simbólicas do sistema de numeração

decimal tenham de fato significadas para elas.

Após a construção do sistema numérico decimal, deve-se propor ao aluno

atividades que envolvam números por meio de situações problema,

interpretação de dados apresentados por meio de gráficos. Deve introduzir

gradativamente as quatro operações fundamentais, desafiando os alunos e

apresentando situações compatíveis com seus conhecimentos.

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Adição e Subtração

Aprender adição e subtração não se restringe a fazer contas de “mais” ou de

“menos”. Essas operações são da mesma natureza e podem ser usadas para

resolver problemas que envolvam ganhar, perder, acrescentar, tirar, comparar.

As operações de adição e subtração devem ser trabalhadas dentro de

situações problemas, onde as representações devem ser feitas através de

desenhos, material dourado, ou outro material.

Salientamos que os problemas de adição e subtração a serem trabalhados não

podem se restringir apenas a uma conta devemos mostrar ao aluno que ele

possui variados caminhos para se chegar ao fim, assim como registrar o

processo e encontrar o resultado como, por exemplo: numa gincana escolar, a

turma B fez 48 pontos, e a A 29. Quantos pontos a turma A precisa fazer para

ficar igual a B?

Dispor os números da maneira tradicional é apenas uma forma de resolver

essa questão, mas não é a única. Um aluno pode partir do 29 e ir contando de

um em um até chegar ao 48, encontrar o resultado por meio do complemento.

Outro jeito é começar do 48 e ir subtraindo até alcançar o 29. Há a

possibilidade de escolher um número qualquer e ir ajustando as hipóteses até

chegar ao 48, obtendo o valor final através de sucessivas adições. Não é difícil

que os menos experientes nestas operações optem por desenhar pauzinhos,

contar nos dedos ou ainda procurem os números com a ajuda de uma tabela.

Neste contexto temos claro que a criança tem a capacidade de resolver

situações problemas tentando encontrar caminhos diferentes sem necessitar

de modelos para solucioná-los. As estratégias encontradas, a maneira que

defendem o que fazem a comparação com as soluções dos colegas deve ter

tanto ou mais valor que o resultado certo. Trabalhando dessa forma o professor

ajudará a criança perceber as diferentes formas de encontrar a solução e

permite que ela faça a escolha dos procedimentos mais práticos.

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Na adição não é necessário dar ênfase a cálculo “com reserva” e “sem

reserva”, assim como na subtração o cálculo “com recurso” e “sem recurso”,

pois estes casos aparecem em situações cotidianas sem uma ordem fixa e

devem ser apresentados e assimilados da forma como aparecem. Portanto não

se devem apresentar passos para esse trabalho. É importante também discutir

com as crianças a relação entre adição e subtração.

Multiplicação

Possibilitar a compreensão dos conceitos das operações é dar condições às

crianças para que joguem com as estruturas significativas amplia a visão sobre

a matemática. Portanto muito antes de se preocupar com a visão formal da

multiplicação, a palavra ”vezes” deve ser trabalhada. Isso pode ser feito em

diversas situações como, por exemplo: jogos, compras, tabelas, etc...

Primeiro você apresenta a situação problema. Só depois de ser elaborada

pelos alunos é possível começar a discussão sobre as possíveis estratégias

para resolvê-las. O aluno pode não ter familiaridade com o algoritmo nem

perceber que a adição repetida faz parte do caminho para a multiplicação, mas

vai se apropriando da operação com as ferramentas que já possui.

O processo operatório não deve começar pelo algoritmo e sim pelo registro da

própria criança, pois quanto mais tipos de problemas a criança conhecer, mais

ela ampliará a compreensão das operações e aumentará o repertório de

estratégias sem necessidade de apresentar “passos” pré-determinados para

esse trabalho.

Divisão

A divisão nos dá a idéia de porção, repartição parte de um todo, operação

destinada a determinar o maior número de vezes que um número contém

outro. Para trabalhar a operação de divisão é necessário antes de apresentar a

forma padrão ou mesmo dominar o algoritmo, explorar com a criança, através

de situações onde elas estejam envolvidas a idéia de dividir igualmente,

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descobrir quantas vezes uma quantia cabe em outra, etc., usando para isso as

mais variadas situações problemas e objetos concretos como: palitos, fichas de

papel, enfatizando sempre o registro da criança a partir das estratégias que

elas mesmas conseguem encontrar para chegar ao resultado final.

MedidasEste tema a ser trabalhado com os alunos, deve ser levado em consideração o

uso das medidas com elemento de ligação entre os conteúdos de numeração e

os conteúdos de geometria. Quando trabalhamos com esse tema devemos ter

claro que medir é comparar grandezas.

No ensino desses conteúdos é importante primeiro fazer com que as crianças

saibam o que será mensurado: o peso de um objeto, a capacidade de um

recipiente, o comprimento de um espaço ou o tempo. Após a escolha do

instrumento de cada situação é que será possível expressar o resultado.

Devemos sempre iniciar o trabalho com a valorização e o uso de métodos não-

usuais, ou seja, já utilizados pelas crianças em situações cotidianas. A

observação dos tamanhos dos objetos e a distância entre eles percebida pelas

crianças fazem com que ela sinta a necessidade de medir, onde começa a

resolver estas questões usando medidas relacionadas ao corpo como: palmo,

pé, braço, passos, etc...

É neste contexto que a criança vai perceber quantas vezes a medida usada

caba no objeto a ser medido, o qual vai corresponder ao comprimento do

objeto. É neste momento que se integra a noção de fração quando esta medida

não corresponde ao valor inteiro.

As partes do corpo devem ser bastante exploradas como unidade de medida

(pé, mão, palmo, passos) antes de apresentar a unidade padrão, a qual surgiu

porque o tamanho das medidas relacionadas às partes do corpo varia de

pessoa para pessoa, surgindo assim a necessidade de padronizar as medidas.

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D’Ambrósio (1998) comenta que, foi a partir da Revolução Francesa que foram

criados padrões universais. Hoje as unidades padrão para o comprimento, a

massa e a capacidade são respectivamente, o metro, o quilograma e o litro.

Salientamos que as crianças devem conhecê-las observando a relação entre o

múltiplos e submúltiplos destas medidas e o sistema de numeração decimal. O

professor deve levar a criança a explorar as unidades mais usuais de medidas

de comprimento, de superfície, de volume, de capacidade, de massa e de

tempo.

GeometriaSabemos que a geometria está presente em diferentes campos da vida

humana, seja nas construções, nos elementos da natureza ou nos objetos que

utilizamos. A criança precisa inicialmente explorar todo espaço para poder

situar-se nele e a partir daí perceber a posição dos objetos, o que está em

cima, embaixo, direita, esquerda, frente, atrás, para que possa fazer relações

com as diferentes formas que existem nos espaços.

Ao trabalhar a geometria é necessário que a criança manipule objetos

presentes no dia-a-dia com: caixas, bolas, garrafas, embalagens de todos os

tipos, folhas de árvores, tocos de madeira, etc., observando características tais

como: Formas; Semelhanças e diferenças; Coisas que param em pé ou não;

Coisas que tem pontas ou não. A partir destas observações as crianças podem

trabalhar com relações de objetos na forma de: prismas, pirâmides, cubos,

etc...

Nesta fase, deverão utilizar objetos que tenham relação com as formas

geométricas menos usuais: cone de lã, casquinha de sorvete, chapéu de

palhaço, etc.; para lembrar o cone; latas de azeite e latas de cera, etc.; para

lembrar o cilindro; embalagens, enfeites, etc.; para lembrar as formas de

pirâmide; além das caixas comuns que lembram as forma de prismas. Usando

esses objetos as crianças deverão farão contornos dos mesmos, onde estarão

tendo contato com figuras planas triangulares, quadriculares, circulares, etc.

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O professor pode trabalhar com a planificação da figuras espaciais que poderá

ser feito com montagem e desmontagem de embalagens. O trabalho de

Geometria com as crianças começa no espaço e não na reta ou no ponto ou no

plano, considerando sempre que possível às situações do cotidiano.

5.2 O processo avaliativo no ensino de matemática.

O termo avaliar tem sido constantemente associado a expressões como fazer

provas, fazer exames, atribuir notas, repetir ou passar de ano. As experiências

avaliativas estão valorizando mais uma prática de exames do que de uma

pedagogia do ensino aprendizagem.

O ensino da matemática, tal como se apresenta hoje na maioria das escolas, tem assumido um caráter mecanicista, treinativo, examinativo e desvinculado da vivência dos alunos, não contribuindo em nada para torná-los criativos, investigativos, autônomos e construtores do próprio conhecimento, o que deveria ser objetivo primordial da educação matemática. (ROCHA, 1997, p. 52).

A avaliação deve como ponto principal, a verificação dos objetivos propostos,

se foram atingidos, sempre respeitando as características individuais de cada

aluno. Deve ser de forma integral, considerando o aluno como um ser total e

integrado e não de forma fragmentada. Deve ser compreendida como um

processo amplo na vida escolar do aluno. O professor deverá intervir para que

os alunos, de fato, desenvolvam suas competências, não esperar pelo final do

processo para intervir, através de questões desafiadoras que façam os alunos

refletirem e irem adiante. Segundo o Currículo Básico do Paraná (1990) o

professor:Deve adotar uma postura que considere os caminhos percorridos pelo aluno, as suas tentativas de solucionar os problemas que lhes são propostos e, a partir do diagnóstico de suas deficiências, procurar ampliar a sua visão, o saber sobre o conteúdo em estudo.

O ensino da matemática deve acompanhar todas as transformações sociais,

políticas, culturais, educacionais, o que é destacado por D’Ambrósio (1998).

Cabe ao professor adequar seu currículo, suas metodologias, seu objetivo,

avaliação, enfim, todos os aspectos envolvidos no processo de ensino-

aprendizagem. Este ensino deve estar diretamente relacionado com as

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oportunidades que foram oferecidas, ou seja, com a adequação das situações

didáticas propostas aos conhecimentos prévios dos alunos e aos desafios que

estão em condições de enfrentar.

A avaliação na disciplina de Matemática tem um papel mediador no processo

de ensino-aprendizagem, o professor deve fazer intervenções como:

observações, revisões, buscando a diversidade de métodos, inclusive de

materiais diversificados.

De acordo com a concepção do ensino da matemática, adotada pelo professor,

ocorre o processo de avaliação. Se a avaliação em matemática é vista apenas

como demonstração de conceitos estáticos, através de regras estabelecidas

pelos professores, esse processo acompanha a visão absolutista da

matemática, havendo uma fragmentação do processo de ensino-

aprendizagem, isolando-se o processo dos seus resultados. Esta concepção

acredita que o saber matemático deve ser medido quantitativamente, apenas

através da atribuição de notas, ao término de determinado período.

Fica visível, então, na concepção absolutista do ensino da matemática, a

valorização da avaliação nas visões platônica – quando os instrumentos de

avaliação têm apenas a função de seleção dos alunos que podem ser

promovidos; e formalista – quando não se leva em consideração o raciocínio

global do aluno, mas sim, as etapas de resolução previamente estabelecidas

pelo professor.

A avaliação em matemática deve fornecer ao professor dados sobre a

capacidade de contextualização, revelada pelos alunos diante de situações

diversas, tornando-se recuperante e estimulante. Para a adequação do

processo avaliativo matemático aos novos paradigmas e necessidades

educacionais, devem-se rever os programas, o currículo e, principalmente as

concepções dos professores acerca da avaliação.

O currículo atrasado e defasado da realidade desanima os alunos e não os motiva a estudar. O programa muito velho não cria ambiente favorável ao interesse pelo aprendizado, mas deve ser seguido, pela

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falta de criatividade, seja pela pouca ousadia em ver se aquele conjunto de conceitos não está fora da realidade histórica. A nota é necessária para se manter a disciplina, obrigar a estudar toda a parafernália sem sentido, e poderosa arma para favorecer ou impedir as pessoas subirem na vida.(WERNECK; 2003, p.26)

Particularmente, no ensino da matemática, deve-se entender que avaliar é algo

muito mais abrangente que a simples aplicação de provas, testes ou listas de

exercícios a serem resolvidos pelos alunos. Essa concepção positivista de

avaliação em matemática, a qual serve para padronizar, controlar, rotular e

classificar os alunos deve se abolida. Precisa-se repensar o processo de

avaliação em matemática, enquanto instrumento diagnóstico de superação de

dificuldades, tanto para alunos quanto para professores. Assumindo uma

postura crítica de avaliação, o professor estará deixando de simplesmente

medir a capacidade de seus alunos, para interferir diretamente em sua

capacidade de pensar e aprender.

Os resultados expressos pelos instrumentos de avaliação (provas, trabalhos,

postura em sala de aula), constituem indícios de competências. Não pode se

restringir ao julgamento sobre os sucessos ou fracassos dos alunos, mas deve

ser compreendida como um conjunto de atuações que têm a função de

alimentar, sustentar e orientar a intervenção pedagógica. Deve acontecer

contínua e sistematicamente através da interpretação qualitativa do

conhecimento do aluno.

No entanto, é importante contemplar também a observação dos avanços e da

qualidade da aprendizagem alcançada pelos alunos, a avaliação contínua do

processo, acaba por subsidiar a avaliação final, isto é, se o professor

acompanha o aluno sistematicamente ao longo do processo, pode saber em

que determinado momento que o aluno adquiriu significado do assunto e se

este consegue utilizá-lo em situações que exijam raciocínio matemático. É

necessário que o professor considere o erro do aluno como um caminho para o

resultado final.

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Faz-se necessária uma mudança na forma dos professores pensarem o ensino

da matemática. Não se pode mais continuar ocorrendo essa matemática

dissociada social e educacionalmente da realidade dos educandos, bem como

suas formas de avaliação, as quais não passam de um processo tecnicista, que

indica um juízo de valor entre o que o aluno obteve e o que era desejado,

nivelando o ensino e a aprendizagem matemática. Essa concepção de

avaliação da aprendizagem da matemática, realizada basicamente de forma

quantitativa, tem como objetivo o controle mecânico do repasse e dos

conceitos matemáticos. É exatamente, por essa razão que muitos alunos

apresentam certa aversão à matemática, principalmente com relação às provas

aplicadas pelos professores dessa disciplina.

Portanto, para que o processo de ensino-aprendizagem ocorra, numa

perspectiva crítica, necessita-se de uma reflexão acerca do ensino da

matemática e suas práticas avaliativas – concepção, objetivos, instrumentos. É

fundamental que a cada término de unidade trabalhada, o professor retome os

conteúdos trabalhados a partir da problematização apresentada anteriormente

apresentada para crianças, isso possibilita o confronto do conhecimento prévio

das crianças com o conhecimento científico adquirido durante as aulas. Só

assim o ensino poderá adquirir características significativas diante das

necessidades educacionais.

5.3 CONTEÚDOSConteúdos para o 1º ano do Ensino Fundamental

1° BIMESTRE 2° BIMESTRE 3° BIMESTRE 4° BIMESTRENÚMEROS

- Relação entre quantidades: um, nenhum, alguns, todos, muito/pouco,o que tem mais/ o que tem menos, mesma quantidade, o que tem mais um/ o que tem menos um,.- Registro de quantidades: as diferentes possibilidades de registro e os símbolos

NÚMEROS

- Idéia de juntar quantidades para formar uma quantidade maior (adição).- Idéia de tirar quantidades de uma quantidade maior subtração.

MEDIDAS

- Dia, semana e mês:

NÚMEROS

- Relação entre quantidades: um, nenhum, alguns, todos, muito/pouco, o que tem mais/ o que tem menos, mesma quantidade, o que tem mais um (sucessor)/ o que tem menos um(antecessor).- Registro de quantidades: as

NÚMEROS

- Relação entre quantidades: um, nenhum,alguns, todos, muito/pouco,o que tem mais/ o que tem menos, mesma quantidade, o que tem mais um (sucessor)/ o que tem menos um (antecessor).- Registro de quantidades: as diferentes

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numéricos- Idéia de juntar quantidades para formar uma quantia maior.- Idéia de tirar quantidades de uma quantidade ma

MEDIDAS

- Dia, semana e mês: construção do calendário com os dias da semana.- Tempo: dia/noite,antes, durante, depois agora.- Duração e sucessão, noções de rápido e lento.- Divisão de tempo:manhã, tarde, noite, hoje, amanhã.- Massa: Noções de leve e pesado,medidas arbitrárias (saquinho, caixas, etc.).

GEOMETRIA

- Espaço e localização espacial.- Noções de: dentro, fora, vizinhança,fronteira, atrás, na frente, em cima, em baixo, à direita, à esquerda, entre e no meio.- Semelhança e diferença entre as formas geométricas encontradas na natureza, nos objetos construídos pelo homem e nos sólidos geométricos.- Classificação das

figuras planas:

quadrado,retângulo,

triângulo e círculo

construção do calendário com os dias da semana.- Seqüência temporal: logo após, muito depois, muito antes, um pouco antes, agora.

GEOMETRIA

- Espaço e localização espacial.- Noções de: dentro, fora, vizinhança,fronteira, atrás, na frente, em cima, em baixo, à direita, à esquerda, entre e no meio.- Semelhança e diferença entre as formas geométricas encontradas na natureza, nos objetos construídos pelo homem e nos sólidos geométricos.

diferentes possibilidades de registro e os símbolos numéricos-Idéia de colocar quantidades para formar uma quantidade dada (idéia comparativa)- Idéia de comparar agrupamentos para que fiquem com mesma quantidade (idéia comparativa).

MEDIDAS

- Dia, semana e mês: construção do calendário com os dias da semana.- Tempo: dia/noite,antes, durante, depois agora.- Duração e sucessão, noções de rápido e lento.- Divisão de tempo: manhã, tarde, noite, hoje, amanhã.

GEOMETRIA

- Espaço e localização espacial.- Noções de: dentro, fora, vizinhança, fronteira, atrás, na frente, em cima, em baixo, à direita, à esquerda, entre e no meio.-Classificação dos sólidos geométricos de acordo com sua superfície: plana (não rolam) e curva (rolam)- Classificação das figuras planas: quadrado, retângulo, triângulo e círculo.

possibilidades de registro e os símbolos numéricos- Idéia de repetição de grupos com a mesma quantidade (noção de multiplicação)- Idéia de repartir quantidades para que cada grupo fique com a mesma quantia (idéia de repartitiva)- Idéia de distribuir grupos com a mesma quantidade ( idéia subtrativa).

MEDIDAS

- Dia, semana e mês: construção do calendário com os dias da semana.- Tempo: dia/noite,antes, durante, depois agora.- Duração e sucessão, noções de rápido e lento.- Divisão de tempo:manhã, tarde, noite, hoje, amanhã.

GEOMETRIA

- Espaço e localização espacial.- Noções de: dentro, fora, vizinhança,fronteira, atrás, na frente, em cima, em baixo, à direita, à esquerda, entre e no meio.- Planificação dos sólidos através do contorno das faces.- Classificação das figuras planas: quadrado, retângulo, triângulo e círculo.

Os conteúdos serão avançados de acordo com o desenvolvimento da turma, no entanto deverão atingir todos os objetivos propostos da série. Todos os conteúdos devem ser trabalhados com material concretos (ábaco, material dourado, quadro de pregas, tangran, blocos lógicos). Problemas devem ser trabalhados o ano todo. Não devem ficar apenas no fim

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de cada item. A base fundamental para a elaboração desses conteúdos foi o Currículo Básico do Estado do Paraná, 1990.

Conteúdos para o 2º ano do Ensino Fundamental

1° BIMESTRE 2° BIMESTRE 3° BIMESTRE 4° BIMESTRENÚMEROS

- História dos números. - Construção dos números.

- Relação entre quantidades: onde tem menos, onde tem mais, quantidades iguais.

- Seriação numérica: idéia de contagem de 1 em 1, até 5 em 5-Registro de quantidades até centena gradativamente (leitura e escrita)-Seqüência numérica: sucessor, antecessor, igualdade. Desigualdade, par e ímpar, ordem crescente e decrescente (gradativamente)-Valor posicional do número.

MEDIDAS

- Tempo: dia, noite, antes, depois.

GEOMETRIA

- A criança e o espaço- Semelhanças e diferenças

NÚMEROS-História dos números-Construção dos números-Relação entre quantidades, onde tem menos, onde tem mais, quantidades iguais. -Registro de quantidades até centena gradativamente(leitura e escrita)-Seqüência numérica: antecessor,sucessor,igualdade e desigualdade, par e ímpar, ordem crescente e decrescente.- Valor posicional do número até centena gradativamente.

MEDIDAS

- Tempo: dia, noite, antes e depois.

GEOMETRIA

- Semelhanças e diferenças entre as formas geométricas encontradas nos objetos do espaço físico.

NÚMEROS- Construção dos números- Relação entre quantidades: onde tem menos, onde tem mais, quantidades iguais.- Registro de quantidade até centena gradativamente (leitura e escrita).- Seqüência numérica: sucessor , antecessor,igualdade e desigualdade, par e ímpar, ordem crescente e decrescente.- Valor posicional do número até centena gradativamente.

MEDIDAS

- Tempo: dia, noite, antes e depois.- Uso do relógio: hora e meia hora

GEOMETRIA

- Semelhanças e diferenças entre as formas geométricas encontradas nos objetos do espaço físico.-Classificação das figuras planas:quadradas, círculo, retângulo e triângulo (como uso dos blocos lógicos)

NÚMEROS- Construção dos números- Relação entre quantidades: onde tem menos, onde tem mais, quantidades iguais.- Registro de quantidade até centena gradativamente (leitura e escrita).- Seqüência numérica: sucessor , antecessor,igualdade e desigualdade, par e ímpar, ordem crescente e decrescente.- Valor posicional do número até centena gradativamente.

MEDIDAS

-Tempo: dia, noite, antes e depois.-Identificação e uso de cédulas e moedas do sistema monetário vigente.

GEOMETRIA

- Semelhanças e diferenças entre as formas geométricas encontradas nos objetos do espaço físico.-Tangran (história, construção e uso)

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entre as formas geométricas encontradas nos objetos do espaço.

Os conteúdos serão avançados de acordo com o desenvolvimento da turma, no entanto deverão atingir todos os objetivos propostos da série. Todos os conteúdos devem ser trabalhados com material concretos (ábaco, material dourado, quadro de pregas, tangran, blocos lógicos). Problemas devem ser trabalhados o ano todo. Não devem ficar apenas no fim de cada item.

Conteúdos para o 3º ano do Ensino Fundamental

1° BIMESTRE 2° BIMESTRE 3° BIMESTRE 4° BIMESTRENÚMEROS

- Construção dos números.- Seriação numérica (contagem de 1 em 1 até 5 em 5 - com construção da tabuada).- Registro de quantidades até unidade de milhar (leitura e escrita), gradativamente.- Seqüência numérica: antecessor/sucessor, pares / ímpares, igualdade/desigualdade, ordem crescente/decrescente, gradativamente.- Valor posicional do número até unidade de milhar, gradativamente.- Números ordinais- Operações:Adição – idéia de agrupamento (sem reserva)Subtração – idéia subtrativa, comparativa – com recurso.Multiplicação – idéia de repetição de quantidades.Divisão – idéia repartitiva e subtrativa.

MEDIDAS

NÚMEROS

- Construção dos números.- Seriação numérica (contagem de 1 em 1 até 5 em 5 - com construção da tabuada).- Registro de quantidades até unidade de milhar (leitura e escrita), gradativamente.- Seqüência numérica: antecessor/sucessor, pares / ímpares, igualdade/desigualdade, ordem crescente/decrescente, gradativamente.- Valor posicional do número até unidade de milhar, gradativamente.- Operações:Adição – idéia de agrupamento (sem reserva)Subtração – idéia subtrativa, comparativa – com recursoMultiplicação – idéia de repetição de quantidades.Divisão – idéia repartitiva e subtrativa.

MEDIDAS

- Tempo: dia / noite,

NÚMEROS

- Construção dos números.- Seriação numérica (contagem de 6 em 6 até 9 em9 - com construção da tabuada).- Registro de quantidades até unidade de milhar (leitura e escrita), gradativamente.- Seqüência numérica: antecessor/sucessor, pares / ímpares, igualdade/desigualdade, ordem crescente/decrescente, gradativamente.- Valor posicional do número até unidade de milhar, gradativamente.- Números fracionários, idéia de inteiro em partes.- Operações:Adição – idéia de agrupamento (sem reserva)Subtração – idéia subtrativa, comparativa – com recursoMultiplicação – idéia de repetição de quantidades.Divisão – idéia repartitiva e subtrativa.

NÚMEROS

- Construção dos números.- Seriação numérica (contagem de 6 em 6 até 9 em 9 - com construção da tabuada).- Registro de quantidades até unidade de milhar (leitura e escrita), gradativamente.- Seqüência numérica: antecessor/sucessor, pares / ímpares, igualdade/desigualdade ordem crescente / decrescente, gradativamente.- Valor posicional do número até unidade de milhar, gradativamente.- Operações:Adição – idéia de agrupamento (sem reserva)Subtração – idéia subtrativa, comparativa – com recurso.Multiplicação – idéia de repetição de quantidades.Divisão – idéia repartitiva e subtrativa.

MEDIDAS

- Tempo: dia / noite,

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- Tempo: dia/noite,durante/depois, logo/após,muito depois/muito antes/pouco antes.- Dia, semana, mês, ano.

GEOMETRIA

- A criança e o espaço- Semelhanças e diferenças ente as formas geométricas encontradas nos objetos do espaço.

durante / depois, logo / após, muito depois / muito antes /pouco antes.- Dia, semana, mês, ano.- Uso do relógio (minutos).

GEOMETRIA

- A criança e o espaço. - Semelhanças e diferenças ente as formas geométricas encontradas nos objetos do espaço.

MEDIDAS

- Tempo: dia / noite, durante/depois, logo/após, muito depois/muito antes/pouco antes.- Dia, semana, mês, ano.- Sistema monetário (composição e decomposição) noção de medidas.

GEOMETRIA

- A criança e o espaço. - Semelhanças e diferenças ente as formas geométricas encontradas nos objetos do espaço

durante/depois, logo/após, muito depois/muito antes/pouco antes.- Dia semana, mês, ano.- Comprimento: pé, palmo (sem o uso da medida padrão)- Capacidade: punhado, pitada, xícara (sem o uso da medida padrão)- Massa: comparação de peso (sem o uso da medida padrão)

GEOMETRIA

- A criança e o espaço. - Semelhanças e diferenças ente as formas geométricas encontradas nos objetos do espaço.- Tangran (História, construção e uso da tangran).

Os conteúdos serão avançados de acordo com o desenvolvimento da turma, no entanto deverão atingir todos os objetivos propostos da série. Todos os conteúdos devem ser trabalhados com material concretos (ábaco, material dourado, quadro de pregas, tangran, blocos lógicos). Problemas devem ser trabalhados o ano todo. Não devem ficar apenas no fim de cada item.

Conteúdos para o 4º ano do Ensino Fundamental

1° BIMESTRE 2° BIMESTRE 3° BIMESTRE 4° BIMESTRENÚMEROS

- Construção dos números.- Registro de quantidades até unidade de milhar (leitura e escrita), gradativamente.- Seqüência numérica: antecessor/sucessor, pares / ímpares, igualdade/desigualdade, ordem crescente/decrescente, gradativamente.- Números ordinais- Cálculo mental.- Construção da tabuada- Operações:

NÚMEROS

- Construção dos números.- Registro de quantidades até centena de milhar.- Valor posicional do número até centena de milhar, gradativamente.- Histórico dos números romanos, egípcios e indo-arábicos.-Cálculo mental- Construção da tabuada até 9.- Operações:Adição e subtração: com e sem reserva

NÚMEROS

- Construção dos números.- Registro de quantidades até unidade de milhões.- Valor posicional do número até centena de milhar, gradativamente.- Histórico dos números romanos, egípcios e indo-arábicos.- Frações; representações gráficas e numéricas.- Adição e subtração de frações.

NÚMEROS

- Construção dos números.- Registro de quantidades até dezena de milhões.- Valor posicional do número até centena de milhar, gradativamente.- Histórico dos números romanos, egípcios e indo-arábicos.- Noção de representação de números decimais.- Adição e subtração de frações.-Cálculo mental

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Adição e subtração: com e sem reservaMultiplicação e divisão: com um algarismo

MEDIDAS

- Medidas de tempo: bimestre, semestre, trimestre, ano, século, milênio, dia, semana, mês e ano.

GEOMETRIA

-Classificação dos sólidos geométricos e das figuras planas.- Construção dos sólidos geométricos (cubo, esfera, cilindro, cone, paralelepípedo, pirâmide).

Multiplicação e divisão: com um algarismo

MEDIDAS

- Medidas de comprimento- Divisão do dia em horas, minutos e segundos.

GEOMETRIA

-Classificação dos sólidos geométricos e das figuras planas.- Construção dos sólidos geométricos (cubo, esfera, cilindro, cone, paralelepípedo, pirâmide)

-Cálculo mental- Construção da tabuada até 9.- Operações:Adição e subtração: com e sem reservaMultiplicação e divisão: com um algarismo

MEDIDAS

- Medidas de comprimento e massa.- Sistema monetário vigente (uso social).

GEOMETRIA

- Compreensão do número de faces de um sólido geométrico e do número de lados de um polígono.

- Construção da tabuada até 9.- Operações:Adição e subtração: com e sem reservaMultiplicação e divisão: com um algarismo

MEDIDAS

- Perímetro das figuras planas- Medidas de capacidade

GEOMETRIA

- Identificação de linhas paralelas e perpendiculares

Os conteúdos serão avançados de acordo com o desenvolvimento da turma, no entanto deverão atingir todos os objetivos propostos da série. Todos os conteúdos devem ser trabalhados com material concretos (ábaco, material dourado, quadro de pregas, tangran, blocos lógicos). Problemas devem ser trabalhados o ano todo. Não devem ficar apenas no fim de cada item.

Conteúdos para o 5º ano do Ensino Fundamental

1° BIMESTRE 2° BIMESTRE 3° BIMESTRE 4° BIMESTRENÚMEROS

- Construção dos números.- Registro de quantidades até centena de milhões.- Valor posicional do número até centena de milhões gradativamente.- Leitura, escrita, composição e decomposição até centena de milhões.- Operações:Adição e Subtração com e sem reserva.Multiplicação e divisão com dois algarismos.- Cálculo mental.- Expressões

NÚMEROS

- Construção dos números.- Registro de quantidades até unidade de bilhões.- Valor posicional do número até unidade de bilhões gradativamente.- Leitura, escrita, composição e decomposição até unidade de bilhões.- Operações:Adição e Subtração com e sem reserva.Multiplicação e divisão com dois algarismos.- Múltiplos de um número

NÚMEROS

- Construção dos números.- Registro de quantidades até dezena de bilhões.- Valor posicional do número até dezena de bilhões gradativamente.- Leitura, escrita, composição e decomposição até dezena de bilhões..- Números decimais: representação decimal, gráfica e numérica.- Introdução do centésimo e milésimo- Operações:Adição e Subtração

NÚMEROS

- Construção dos números.- Registro de quantidades até centena de bilhões.- Valor posicional do número até centena de bilhões gradativamente.- Leitura, escrita, composição e decomposição até centena de bilhões.- Operações:Adição e Subtração com e sem reserva.Multiplicação e divisão com três algarismos.- Porcentagem (50% = 1/2, 25%

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MEDIDAS

- Área- Cálculo de área

GEOMETRIA

- Ângulos (90º, 180º, 360 º)

- Cálculo mental.- Frações: própria, imprópria, aparente, equivalente, números mistos.Operações envolvendo as quatros operações.- Expressões envolvendo parênteses

MEDIDAS

- Medidas de capacidade (múltiplos e submúltiplos)- Volume

GEOMETRIA

- Construção dos ângulos retos

com números decimais.Multiplicação e divisão com números decimais.- Divisores de um número- Cálculo mental.- Frações: própria, imprópria, aparente, equivalente, números mistos.Operações envolvendo as quatros operações.- Expressões envolvendo colchetes.

MEDIDAS

- Medidas de volume (múltiplos e submúltiplos)

GEOMETRIA

- Vértice, aresta, face dos sólidos

= ¼ e 20% = 1/5).- Cálculo Mental- Expressões numéricas envolvendo chaves,

MEDIDAS- Sistema monetário

GEOMETRIA

- Construção de sólidos geométricos

Os conteúdos serão avançados de acordo com o desenvolvimento da turma, no entanto deverão atingir todos os objetivos propostos da série. Todos os conteúdos devem ser trabalhados com material concretos (ábaco, material dourado, quadro de pregas, tangran, blocos lógicos). Problemas devem ser trabalhados o ano todo. Não devem ficar apenas no fim de cada item.

REFERÊNCIAS

D’ AMBRÓSIO U. História da Matemática e educação. In: cadernos CEDES:

História e Educação Matemática. Campinas: Papirus, 1998.

_______________. Da realidade à ação-reflexão sobre a educação matemática. 2ª edição. São Paulo: Summus, 1996.

_______________. Educação Matemática: da teoria à prática. Campinas:

Papirus, 1998.

DANTE, L. R. Matemática. São Paulo: Ática, 2001

PANIZZA. M. Ensinar matemática na educação infantil e nas séries iniciais: Análise e Propostas. Porto Alegre. 2006

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PARANÁ. Secretaria do Estado da Educação. Superintendência da Educação.

Diretrizes Curriculares de Matemática para a Educação Básica. Curitiba,

2006.

__________Currículo Básico para a Escola Pública do Paraná. Secretaria de Estado da Educação. Curitiba: SEED,1990.

PARANÁ. Secretaria Municipal de Educação. Proposta Curricular para o Ensino Fundamental. Sarandi, 2004.

PIRES, C. M. C. Currículos de Matemática: da organização Linear à idéia de rede. São Paulo: FTD, 2000.

Revista Nova Escola . Ano XXIII. Nº 211. abril. 2006

Revista Nova Escola. Ano XVII. Nº 150. março.2002.

Revista Nova Escola. Ano XXII. Nº 202 . maio. 2007

Revista Nova Escola. Ano XXII. Nº 203. junho/julho. 2007

Revista Nova Escola. Ano XXII. Nº 208. dezembro. 2007

WERNECK, H. Se a boa escola é a que reprova, o bom hospital é o que mata. 9ª ed. Rio de Janeiro. DP7A, 2003.

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PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS DO ENSINO DE HISTÓRIA

COLABORADORES

Ana Maria Dlugosz AlvesAvani ValiguraElisabete CiusGilmara Lisboa

Isabel Cecatto RuvaRosimeri R. Byczkovski

Silmara PassosSueli Hryczyk

Vanderléia GolinskiVilma Rossa Bartiechen

COORDENAÇÃOMargarete k. Zanlorenço

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6. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS DO ENSINO DE HISTÓRIA

A História busca explicar tanto as permanências, como as rupturas das

formações sociais criadas e recriadas pelos homens nas diferentes épocas. Os

conhecimentos históricos, elaborados pelos historiadores, alargam a nossa

compreensão humana sobre a nossa história.

A descrição e a análise dos acontecimentos nos levam a um conhecimento

significativo, pois História são todas as ações humanas realizadas no decorrer

dos tempos, independente de terem sido ou não objetos de conhecimento de

estudiosos. O ensino de História articula-se com os outros ramos do

conhecimento, buscando oferecer um olhar histórico para os educandos por

meio da pesquisa e da busca pelo novo.

O ensino de história não deve ser encarado não como um produto e sim como

um processo que se constrói constantemente, deve criar condições

necessárias para entendimento das relações sociais como sendo resultantes

da ação dos homens e permitir a compreensão da natureza dinâmica dessas

relações.

Ao professor cabe o direito e a responsabilidade de assumir uma diretriz para

seu trabalho; é ao mesmo tempo histórico e historiador. O ensino de história

deve ser uma prática comprometida com a transformação da realidade social.

Deverá conscientizar os alunos acerca da realidade vivida, oferecendo

explicações sobre os problemas sociais; proporcionar situações específicas em

que o aluno possa analisar, refletir e questionar o contexto de seu tempo,

buscando possibilidades de estudar o passado das sociedades com a

formação da identidade do aluno, pois este ao estudar a sua história e

conhecer o seu passado de sua sociedade poderá compreender os

comportamentos sociais e realizar possíveis alterações na vida social.

O ensino de história deve ter como ponto de partida o tempo presente,

refletindo temas significativos à vivência do aluno, problematizando o conteúdo

a ser trabalhado, desenvolvendo a capacidade de refletir, discutir, argumentar e

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propor soluções para as questões deve-se questionar o presente, o passado,

colocando questões como: o quê? Quando? Onde? Como? para quê? Por

quê? De tal maneira que os alunos adquiram a postura de sempre inquirir,

pesquisar e não aceitar respostas prontas e memorizadas.

O aluno na perspectiva defendida nesta proposta pode ser desenvolver o

espírito de investigação, por meio do exercício da pesquisa, em que o aluno

coleta dados para serem analisados, estudados e refletidos, entra em contato

com documentos, exercita a reflexão, busca referências entre passado –

presente no estudo das diferentes sociedades.

O Currículo Básico do Estado do Paraná (1992, p. 83) salienta que:

A história deveria ter uma vocação, a vocação de ser crítica (e ser crítica significa, no nosso modo de pensar, levar, os alunos a compreenderem o que são, a perceberem que a História é mudança, transformação; a perceberem que, se existem fatores que permanecem, devemos entender porque permanecem), explicar as razões dessa permanência.

A história, enquanto área de conhecimento, tem como pressuposto central o

planejamento de ações voltadas para práticas atrativas e envolventes, permite

que seja estabelecida uma relação da experiência diária, familiar, histórica e

pessoal do aluno com conteúdo trabalhado.

As escolas têm repetido, ano a ano, os mesmos conteúdos, fórmulas e definições. Paralelamente, cresce o discurso das escolas no sentido de adequar o conteúdo à realidade. Ora, a realidade social é dinâmica, está em constante modificação, portanto não é admissível que continuemos ainda com a mesma listagem de conteúdos. Os conteúdos como normalmente são trabalhados, organizados e transmitidos na escola, representam o esfacelamento do saber. (MACHADO, apud Revista Agora, p. 73, 1996).

Conforme Schmidt (2004, p. 50), o ensino de História pressupõe,

fundamentalmente, que se tome a experiência do aluno como ponto de partida

para o trabalho com os conteúdos, pois é importante que também o aluno se

identifique como sujeito da história e da produção do conhecimento histórico.

Nesse sentido, há consenso entre as diferentes correntes historiográficas

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contemporâneas de que a História é feita por todos os homens, e não somente

por heróis ou personagens importantes.

A grande importância do conhecimento histórico está em possibilitar uma

consciência histórica e crítica, sendo possível estabelecer relações entre

identidades individuais, sociais e coletivas, relacionando o particular e o geral,

dentro de uma perspectiva temporal.

A história possibilita o reconhecimento e admiração pelas conquistas humanas,

possibilitando assim, saber que fazemos parte de um todo e somos produtos

de uma grande jornada humana. Que nada do que vivemos está aí por acaso,

e sim foi construído pela coletividade ao longo de centenas de anos. São esses

valores e essa perspicácia com relação ao patrimônio que legamos a história

humana, que devemos reconhecer e respeitar.

Segundo Eric Hobsbawn:

[...] ser membro de uma comunidade humana é situar-se em relação ao passado (ou da comunidade), ainda que apenas para rejeitá-lo, o passado é, portanto, uma dimensão permanente da consciência humana, um componente inevitável das instituições, valores e outros padrões da sociedade humana. (Hobsbawn apud Cruz, 2004 p. 53).

Uma nova visão pedagógica sobre o processo de construção de uma história

mais politizada e crítica é pautada nessa Proposta Curricular na Pedagogia

Histórico Crítica, com o objetivo de promover a compreensão da realidade,

capazes de entender a História como conhecimento, como experiência e

prática social.

Dessa forma, a História deixa de ser o resultado da vontade de alguns

indivíduos imperando sobre os outros, ou mesmo de fatos estanques, e passa

a ser uma História vinculado há um tempo histórico, e a vida de uma nação, de

um povo ou de uma comunidade.

Por isso, se torna tão importante que os alunos saibam que os homens em

sociedade em diferentes épocas criaram formas de organização, sobrevivência,

de pensamento e essas criações é que movem a História. Entendemos que a

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compreensão da História é uma ferramenta de conquista, em oposição à

dominação e ao uso que se fez do conhecimento histórico em favor apenas em

favor apenas de um pequeno grupo.

No começo dos anos 80 ensinava-se história principalmente com o objetivo de

criar uma identidade nacional no aluno. Muitas vezes, a “identidade” deixava

mais dúvidas do que identificações perdendo a chance de estimular a reflexão

sobre suas relações sociais e afetivas.

O que se busca agora é formar a consciência histórica, algo que será

alcançado, estabelecendo-se relações entre identidades individuais sociais e

coletivas e relacionando-se o particular e o geral, construindo as noções de

diferenças e semelhanças e de continuidade e permanência.

É fundamental que os educandos elaborem uma visão crítica da realidade e

tenham conhecimento real do passado, de suas raízes e do seu presente,

oferecendo condições de melhorar o futuro, despertando a participação social e

o olhar critico da realidade.

Schmidt (2004 p. 50) confirma que: “[...] ensinar História é fazer o aluno

compreender e explicar, historicamente, a realidade em que

vive”.Considerando as expectativas e os conflitos do mundo atual que

requerem a formação de múltiplas identidades para a constituição de

sociedades democráticas, o ensino de história pode contribuir por meio do

trabalho com as noções de diferença, semelhança, transformação e

permanência para o aluno dimensionar o eu, o outro e o nós no presente e na

relação presente, passado e futuro, descobrindo o patrimônio comum em que

ele se insere e do qual é herdeiro.

A história possui uma infinita variedade no tempo e no espaço, podendo

englobar uma época ou uma vida individual, o estudo de uma cidade ou de

uma nação, possuindo muitos pontos de acesso. São as diferenças, das lutas e

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dos conflitos internos aos grupos sociais ou presentes entre aqueles que vivem

ou viveram em outro local, tempo ou sociedade.

A primeira grande tarefa do professor de História é o desenvolvimento de

reflexões sobre sua própria prática pedagógica, superando, principalmente, a

metodologia voltada para a memorização de conteúdos, que há muito tempo

vem sendo aplicadas nas escolas, muitas vezes, como medida inquestionável.

Sobre essa questão Rocha afirma que:

Pela insistência na repetição dos mesmos conteúdos e formas de transmiti-los se produziu um modelo escolar de História difícil de ser superado. Inovações produzidas no conhecimento histórico que poderiam contribuir para oxigenar a prática docente encontram uma barreira constituída, justamente, por esse modelo, tradicionalmente aceito como sendo a História. (ROCHA apud NIKITIUK, 1996, p. 48).

Mesmo com toda a discussão acerca da busca de melhor qualidade na

educação, o ensino de História ainda é pautada nos fatos históricos em si,

prontos e definidos, verdadeiros, únicos, indiscutíveis, como verdades

absolutas.

A atuação do professor, desse modo, não deverá ater-se apenas à sala de aula se ele se dispõe a lutar por mudanças (...). A instância da transformação por excelência, no entanto, é a da prática, entendida como a ação da força de trabalho qualificado sobre o objeto que se quer transformar. A prática do professor se dá fundamentalmente nos estabelecimentos de ensino. Neles atua no sentido de transformar o ambiente para que os alunos, sujeitos da aprendizagem, também se transformem. (ROCHA apud NIKTIUK, p.48, 1996).

Muitas vezes ouvimos que o objetivo da História, dentro do programa escolar, é

a compreensão do presente, ou seja, conhecer o passado do homem, mas com

um objetivo que esses conhecimentos possam ser aplicados na compreensão

das circunstâncias atuais. Porém, na verdade, essa transferência do passado

para o presente não ocorre facilmente e a História acaba se detendo apenas no

estudo de fatos passados. Este é principalmente o caso da tradicional história

factual, uma história de fatos políticos e militares cuja relação com a atualidade

é difícil de ser revista pelos alunos, uma História de heróis e reis, que não

combinam com a experiência política e social de garotos da classe popular.

“(...) comprovamos que a História pode ser uma matéria fria e distante se não

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nos esforçarmos em avaliá-la e dar-lhe cor. Mesmo neste caso os alunos não

farão a relação com o presente se o professor não utilizar recursos que

propiciem o estabelecimento dessa relação”.(NIDELCOFF, p. 73, 1990).

É necessário alargar-se horizontes, buscando elementos teóricos que

contribuam para fazer do ensino de História uma atividade de conscientização

e de aprendizado com prazer e a sala de aula, deve compor um ambiente para

a autonomia intelectual do estudante, através da reflexão e baseado no direito

de exercer sua cidadania.

Hoje, na educação no Brasil e no mundo, as pesquisas revolucionaram a

compreensão do processo de ensino-aprendizagem. Houve um aumento

qualitativo do conhecimento pedagógico sobre como acontece o processo de

desenvolvimento social, cognitivo, psicológico, ético e moral. “Mas ainda assim,

não se pode, por outro lado, dissociar o professor do espaço onde exerce as

suas atividades. Tanto na rede pública quanto na rede privada de ensino de

atitudes conservadoras em relação à História e o seu ensino”. Schmidt (2004

p.30) relata que:

O professor de história ajuda o aluno a adquirir as ferramentas de trabalho necessárias para aprender a pensar historicamente, o saber-fazer bem, lançando os germes do histórico. Ele é o responsável por ensinar ao aluno como captar e valorizar a diversidade das fontes e dos pontos de vista históricos, levando-o a reconstruir, por adução, o percurso da narrativa histórica. Ao professor cabe ensinar ao aluno como levantar problemas, procurando transformar, em cada aula de história, temas e problemáticas em narrativas históricas.

O ensino de história, que queremos, deve estar voltado para a reflexão crítica.

O trabalho em sala de aula tem por principal tarefa mostrar aos alunos, o

processo histórico dos conteúdos estudados, ou seja, mostrar que o

conhecimento é historicamente elaborado pelos homens em diferentes épocas.

“Mesmo sobre temas exaustivamente pesquisados pode-se produzir o novo, a

partir de novos enfoques teóricos”. (ROCHA apud NIKITIUK, 1996, p. 58).

Nesse sentido, é urgente que o ensino de História passe por uma

transformação, buscando a criatividade, o dinamismo, uma maior compreensão

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que permita a reflexão sobre a realidade, para que as pessoas se convençam

que História não é uma disciplina chata, muito menos tediosa.

Pensar nos conteúdos significa refletir acerca da necessidade da aquisição e produção de conhecimentos escolares organicamente articulados com a pluralidade de experiências dos sujeitos envolvidos na relação ensino-aprendizagem, bem como com as suas necessidades histórico-sociais. (SCHIMIDT apud III Encontro Nacional de Pesquisadores do Ensino da História, p. 367, 1999).

A história deve ser, portanto, a memória re-atualizada pelos que não a viveram,

onde o tempo histórico é uma construção humana. O tempo é a medida do

movimento, e o movimento é o próprio signo da história. O tempo histórico é o

tempo dos homens e suas concepções, portanto é o tempo das rupturas, das

permanências, das resistências e transformações. As datas são apenas

marcos de orientação.

A História procura especialmente ver as transformações pelas quais passaram as sociedades humanas. A transformação é a essência da História; quem olha para trás, na História e na própria vida, compreenderá isso facilmente. Nós mudamos constantemente; isso é válido para a sociedade. Nada permanece igual, e é através do tempo que se percebem a mudança. (BORGES, 1993, p. 7).

O aluno já chega à escola com determinados conhecimentos sobre o mundo à

sua volta. Não é uma tábua rasa a ser continuamente preenchida ou

esvaziada. Esse conhecimento prévio é ponto de partida para a aprendizagem

que acontece na sala de aula. Ao mesmo tempo, o aluno é capaz de

ultrapassar tal conhecimento prévio e se apropriar de conhecimentos de cunho

cientifico.

6.1 OBJETIVOS DE HISTÓRIA

O estudo de história é o produto da ação de todos os homens. São as

mudanças e transformações que ocorrem nas quais, há fatores que

permanecem em nosso meio até hoje, e outros não. É através destas ações

que se realiza a discussão sob os diversos enfoques, sejam eles: econômicos,

políticos, sociais ou culturais trazendo a tona uma diversidade de valores, de

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culturas, modos de organização na sociedade de ontem e de hoje, que estão

registrados no tempo e na história.

Nesta proposta procura-se que os estudos sejam enfocados numa visão crítica

na vida das sociedades em seus múltiplos aspectos, ordenando os fatos de

modo a dar-lhes sentido para a sua articulação e inter-relacionando,

desenvolvendo o raciocínio, questionando o presente e o passado, analisando

documentos, em relatos de fatos históricos, entre outras, comparando-as com a

vivência do educando, fazendo-o entender os princípios que possibilitam a

construção da história como ciência: antropológica, psicológica, demográfica,

econômica e em outras disciplinas afins.

Busca-se promover a capacidade de refletir e dar respostas às diversas

questões do momento em que vivemos para que compreendamos a história

atual e que o educando se reconheça como próprio agente da história.

6.2 METODOLOGIA

O ensino de História é indispensável para o professor criar uma relação com o

conhecimento já adquirido pelo aluno, buscando relacionar esses

conhecimentos com a realidade e com o cotidiano de cada indivíduo. A História

que se pretende resgatar é a história como ciência, como um método que

determina um caminho renovado para a produção e a transformação do

conhecimento histórico.

Os procedimentos metodológicos utilizados na disciplina de história

compreendem também a interdisciplinaridade. Nessa perspectiva de acordo

com Villalta (1998) citado por Schmidt (2004 p. 45) “do professor espera-se

amplo domínio do conteúdo a ser trabalhado, familiaridade com a produção do

conhecimento histórico e seus métodos, clara consciência dos objetivos a

serem atingidos, cuidadosa seleção de textos e demais recursos de ensino

aprendizagem e conseqüente organização das atividades a desenvolver.”

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Isto trará contribuições para que o aluno tenha a possibilidade de elaborar o

raciocínio histórico, podendo incorporar a reflexão sobre a atuação do indivíduo

nas relações pessoais com o grupo de convívio, assim como sua participação

no coletivo e suas atitudes de compromisso com classes, grupos sociais,

culturais, valores e com gerações do passado e do futuro.

Para ensinar história ao aluno, é preciso oferecer subsídios para que ele

compreenda de forma mais ampla a realidade na qual está inserido e nela

interfira de maneira consciente e positiva. Para tal faz-se necessário oferecer

aos alunos conhecimentos elementares sobre a sociedade em que vive e

domina procedimentos e conceitos básicos para que possa conhecer a

realidade.

Com papel decisivo na formação do educando a História assume um novo

papel, o olhar sobre o sujeito histórico e sobre o desempenho de todos na

formação da história. Para confirmar, Vygotsky que diz que os indivíduos são

necessariamente constituídos dentro do meio social, permeados pela cultura e,

portanto seres sociais. O universo de sistemas simbólicos oferecidos pela

cultura é justamente o universo de descoberta da criança. O homem se

constitui e se forma na interação com o outro, um outro que compartilha com

ele de um mesmo contexto, um outro social. Dessa forma é fundamental

considerar os aspectos culturais e sociais dentro do processo de

desenvolvimento da criança e de sua formação. O meio que a criança vive é

carregado de significados, de história e de cultura, a aprendizagem da criança

passa necessariamente pela noção que ela vai conceber sobre o meio onde ela

vive.

O conteúdo no ensino de História deverá ser trabalhado de maneira à por a

prova as capacidades de pensamento dos alunos despertando a sua

curiosidade para que eles assumam a posição de perguntadores,

questionadores e explicadores da realidade histórica.

Por ser uma construção coletiva a história possibilita mudanças na sala de

aula, pois trabalha com o passado para que o aluno compreenda a origem dos

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conflitos que existem na sociedade em que vive. É indispensável despertar no

aluno o interesse de conhecer grupos com os quais convivem em sua

comunidade, épocas e locais de forma que os conhecimentos históricos

tornem-se significativos com saber escolar e social e levem a uma reflexão

sobre as vivências e as produções humanas.

Schmidt (2004 p. 75) salienta que: ”Em cada aula de história, há sempre um

jogar com o tempo, isto é, pode-se viajar do presente para um passado mais

próximo ou para um tempo mais remoto, de um século para outro, de um

milênio para outro, num átimo de tempo, num segundo.”

Para trabalhar os conteúdos de História é necessário valorizar o conhecimento

que o aluno tem, o professor deve trocar informações, estimular a reflexão e

formar opiniões que possam enriquecer o conhecimento do aluno. Para isso é

importante que o professor, faça uso de diferentes linguagens por meio de

fotografias, filmes, textos variados, objetos, poesias, literatura, música e outros

para a compreensão do processo e construção da realidade e dos documentos

históricos. São indispensáveis novos questionamentos, pesquisas,

investigações, seleções de fontes de informações. Recursos como confecção

de maquetes, quadros cronológicos, mapas, murais, exposições,

dramatizações entre outros são válidos. Os conteúdos devem ser trabalhados

de forma contextualizada com seu momento histórico e relacionados com o

momento atual e sempre que possível estabelecer relações com o cotidiano do

aluno.

Ao desenvolver atividades, procura-se motivar o aluno para as leituras,

reflexões, esclarecimentos de dúvidas, oportunizando a defesa de suas idéias,

a elaboração de sínteses e conclusões além das leituras em livros didáticos e

de apoio, faz-se necessário utilizar outros subsídios como: artigos de revistas,

reportagens de jornais, obras literárias, letras de músicas, filmes os quais vão

auxiliar na sistematização do conhecimento, bem como no processo

ensino/aprendizagem.

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É de extrema importância durante as aulas a participação cooperativa dos

alunos, sob a orientação do professor, nas leituras, debates, elaboração de

sínteses, resenhas, seminários e avaliações, sempre procurando criar no aluno

o desenvolvimento de sua autonomia utilizando atividades práticas e

procedimentos que o levem a questionamentos, reflexões, análises, pesquisas

e comparações.

Nesse contexto faz-se necessário o professor procurar iniciar sua aula a partir

de uma problematização para que seja criado o hábito de levantar questões

diante de acontecimentos e ações dos sujeitos históricos, o que possibilita que

sejam interpretados e compreendidos a partir das relações que se estabelecem

com outros sujeitos e fatos do seu próprio tempo e lugar e de outros tempos e

lugares.

Como estratégia de aprendizagem, a história local pode garantir uma melhor

apropriação do conhecimento histórico baseado nos recortes selecionados do

conteúdo, os quais serão integrados no conjunto do conhecimento, relatado por

Schimidt (2004 p. 113) a qual salienta ainda as possibilidades do trabalho com

a história local como estratégia de aprendizagem:

⇒ O trabalho com a história local pode produzir a inserção do aluno na

comunidade da qual faz parte, criar suas próprias historicidade e identidade.

⇒ O estudo com a história local ajuda a gerar atitudes investigativas, criadas

com base no cotidiano do aluno, além de ajudá-lo a refletir acerca do

sentido da realidade social.

⇒ Como estratégia pedagógica, as atividades com a história local, ajudam o

aluno na análise dos diferentes níveis da realidade: econômico, social e

cultural.

⇒ O trabalho com espaços menores facilita o estabelecimento de

continuidades e diferenças com as evidências de mudanças, conflitos e

permanências.

⇒ O trabalho com a história local pode ser instrumento idôneo para a

construção de uma história mais plural, menos homogênea, que não

silencie a multiplicidade de vozes dos diferentes sujeitos da História.

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Nessa perspectiva ocorrerá uma educação onde a ênfase estará deslocada na

participação, na crítica social dos conteúdos e com atividades que propiciem

uma formação significativa dos educandos.

6.3 PARA QUE ENSINAR HISTÓRIA?

Conforme Schmidt (2004 p. 75) “Ensinar História implica um trabalho diário

com temporalidade. Em cada aula de história, há sempre um jogar com o

tempo, isto é, pode-se viajar do presente para um passado mais próximo, ou

para um tempo mais remoto, de um século para outro, de um milênio par outro,

num átimo para outro, num segundo. Muitas vezes, para fazer os alunos

compreenderem melhor as temporalidades, são usadas as linhas de tempo ou

as frisas temporais.”

O ensino de História permite que os educandos atribuam sentido ao tempo e a

História, este saber também possibilitam ao educando incorporar a

racionalidade e a intersubjetividade que pautam a construção do conhecimento

histórico oriundo das diferentes instâncias sociais, o presente, torna-se,

portanto, mais fácil de ser compreendido pelo aluno sujeito de ações históricas.

Segundo Fonseca (2003, p. 37, 38)

Ensinar e aprender História requer de nós, professores, a retomada de uma velha questão: o papel formativo de ensino da História. Devemos pensar sobre a possibilidade educativa da História, ou seja, a História como saber disciplinar que tem um papel fundamental na formação da consciência histórica do homem, sujeito de uma sociedade marcada por diferenças e desigualdades múltiplas. Requer assumir o ofício de professor da história como uma forma de luta política e cultural. A relação ensino/aprendizagem deve ser um convite e um desafio para alunos e professores cruzarem ou mesmo subverterem as fronteiras impostas entre as diferentes culturas e grupos sociais entre a teoria e a prática, a política e o cotidiano, a história, a arte e a vida.

Os conteúdos trabalhados em História se relacionam com aquilo que a criança

já sabe, podendo, dessa forma, ser assimilada por ela. Quanto mais os

conteúdos puderem ser relacionados com a realidade vivida pelas crianças,

mais serão interessantes e significativos, possibilitando dessa forma que o

conhecimento seja reconstituído e reinventado por alunos e professores,

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visando à autonomia intelectual e moral.

A apropriação do conhecimento pelo aluno deve estar pautada em alguns

procedimentos, como a observação, a descrição, a analogia, a interpretação, a

síntese. Estes procedimentos, que não são únicos nem fixos, deverão servir

como facilitadores para a leitura do mundo, seja através da observação, da

interpretação ou da decodificação. Lembrando sempre que não é o conteúdo a

ser estudado, mas principalmente, a abordagem empregada que dará o

diferencial entre uma série e outra.

Os conteúdos a serem apresentados devem ser vistos como instrumentos

retirados da experiência acumulada, servindo como ponto de partida para

reflexão e interação entre alunos e professores.

6.4 AVALIAÇÃO

Inerente à educação e indissociável dela, a avaliação é essencial, se concebida

como um conjunto de atuações contínuas e sistemáticas, que por meio de

interpretação qualitativa do conhecimento do aluno, tem a função de alimentar,

sustentar e orientar a intervenção pedagógica, subsidiando o professor com

elementos para uma reflexão de sua prática e uma retomada que favoreça o

desenvolvimento da aprendizagem do aluno, servindo também para que o

aluno tome consciência de suas conquistas, dificuldades e possibilidades,

deixando de ser um momento no término do processo educativo para se

transformar na busca incessante de compreensão das dificuldades do

educando e na dinamização de novas oportunidades de aquisição do

conhecimento, pois utilizá-la apenas para classificar o aluno como capaz ou

não de ser promovido adiante, revela o lado desumano da escola que é a

exclusão, a qual penaliza aqueles pertencentes a classes menos favorecidas e

mais distantes da cultura escolar.

Nessa perspectiva, a avaliação passa a ser entendida como um instrumento

eficaz a favor da aprendizagem, uma prática reconhecidamente educativa,

utilizada com o propósito de compreender o processo de aprendizagem que o

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aluno está percorrendo em um dado momento, com funções de diagnóstico e

de acompanhamento, pois o professor pode valer-se das informações

reveladas através dela para planejar as intervenções, reorganizar objetivos,

conteúdos, procedimentos, recursos e atividades como forma de acompanhar e

reconhecer cada aluno e o grupo. Desta forma o professor assume o papel de

um pesquisador que investiga através de diversos instrumentos quais os

problemas os alunos enfrentam e porque, pois observando, analisando,

conversando e ouvindo justificativas, detecta os “nós” que estão emperrando o

processo e define as intervenções necessárias.

Portanto, de forma sistemática e contínua durante todo o processo de

aprendizagem, a avaliação torna possível ao professor a ao aluno detectar

pontos frágeis, certezas, dificuldades levando a reflexão tanto o docente,

quanto o discente. E ocorrendo assim, de forma interativa entre o professor e o

aluno, os leva a caminhar na mesma direção, em busca dos mesmos objetivos

e passa a uma dimensão explicitamente prospectiva e não meramente

retrospectiva ou classificatória, passando a ser um instrumento realmente

auxiliar no processo de uma aprendizagem significativa que leva o educando a

atingir novos patamares do conhecimento.

Trabalhar história é desencadear um trabalho interdisciplinar, sendo necessário

que todo o professor tenha bem claro o papel da mesma no currículo escolar

para que realmente ocorra uma renovação na prática educativa.

6.5 CONTEÚDOS DE HISTÓRIA

1º ANO

EIXOS TEMÁTICOS

1º Bimestre 2º Bimestre 3º Bimestre 4º Bimestre

Introdução ao estudo dos homens no

individual e no coletivo social

(passado e presente),

• História do aluno: sua

origem (nome,

sobrenome, de onde

• História da família,

tradições, hábitos

costumes, lazer

• Relações de convivência e respeito aos

valores (família, sala

de aula,

• Meios de comunicação

• Meios de transporte

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compreendendo a realidade

imediata para inseri-lo na

realidade maior da sociedade.

vem, com quem vive) • Tipos de

moradia

comunidade)

• Direitos edeveres da

criança

A história dos meios de comunicação e

transporte é o ponto de partida para este

trabalho

2º ANO

EixosTemáticos

1º bimestre 2ºbimestre 3ºbimestre 4ºbimestre

Trabalho

Poder

Cultura

Nome sobrenome e

origem, certidão de nascimento.

• Profissões(família,

comunidade)

• Origem da escola

(porque recebeu o nome, linha do

tempo através de fatos com fotos,

localização, pessoas que trabalham na

escola, APMF- gestão

democrática)

• Esporte, cultura: enfoque na realidade local

(cinema, teatro, vídeo,

brincadeiras, shows, bate-papo, circo,

dança, musica, leituras)

3º ANO

EixosTemáticos 1º bimestre 2ºbimestre 3ºbimestre 4ºbimestre

Trabalho

Poder

Cultura

• História do bairro

acompanhando com a história da cidade (antes e

depois)).• Atividades

Econômicas do bairro

• AtividadesEconômicas do bairro, da cidade

• As diferentes formas de trabalho

(remunerado ou não, voluntário

na escola e comunidade

Valores necessários para a convivência em sociedade

• A transformação da matéria

prima em bens de consumo Atividades

industriais

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4º ANO

EixosTemáticos

1º bimestre 2ºbimestre 3ºbimestre 4ºbimestre

Trabalho

Poder

Cultura

• História do município ( como nasceu, origem do nome)

• Imigrantes, a diferença do ontem e hoje. Os primeiros habitantes da nossa cidade

• Os índios e sua história e importância na formação do nosso país

• Atividades Econômicas do

município(pecuária

agricultura,serviços

de comércio

indústria,

e artesanatos)

• Símbolos municipais

• Extrativismo

(vegetal,

mineral)

• Indústrias

• Organização política do

município (os três

poderes

• Eleições.

• Lei orgânica do município (quando foi criada para que , direitos

e deveres

dos cidadãos)

• Desigualdades sociais e a

democracia

5º ANO

EixosTemáticos 1º bimestre 2ºbimestre 3ºbimestre 4ºbimestre

Trabalho

Poder

Cultura

• Origem do Estado

- Pré história-Paraná colonial-Paraná Província -Paraná Estado

• A mineração , o tropeirismo, a exploração da madeira , erva-mate, mão-de-obra escrava.

• Colonização

indígena, africana imigrantes, formação do povo brasileiro

• Organização de trabalho escravo, assalariado, autônomo, terceirizado, desemprego

• Símbolos do

Paraná e Brasil

• Governos gerais

(nação)

• Constituição Estadual Federal (lei maior do pais),• Lei de trânsito

• EleiçõesMunicipais, estaduais, federais (o que significa o voto?)

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2000.

BLOCH, M. Introdução à História. 3ª edição, Lisboa: Gráfica Imperial, 1965.

BORGES, V.P. O que é História? São Paulo: Brasiliense, 1993.

CARVALHO, J.M. de. A nova historiografia e o imaginário da República.

Revista do curso de Pós-graduação em História / UFRS, Porto Alegre, nº. 1,

1993.

CAVALCANTI & MARCELINO, E.P. & A.L.G. Releitura em História. Revista

do professor. Porto Alegre, n 16, jan/mar 2000.

CRUZ, G. T. D. Fundamentos Teóricos das ciências humanas. – Curitiba: IESDE, 2004.

FONSECA, S.G. Caminhos da História Ensinada. São Paulo: Papirus, 1994.

NEMI A.L.L. & MARTINS J.C., Didática da História - O tempo vivido - Uma outra História? São Paulo: FTD, 1996.

NIKITIUK S. (org). Repensando o ensino de História. São Paulo: Cortez,

1996.

OLIVEIRA, R.de. A arte de contar histórias por imagens. Presença

pedagógica, v.4,n 19, jan/fev, 1998.

PARANÁ. Currículo Básico para a Escola Pública do Estado do Paraná. Curitiba. 1992 2. ed.

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PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica – História. Governo do Estado do Paraná. Curitiba: 2006

PINSKY J. (org). O ensino de História e a criação do fato. São Paulo:

Contexto, 1988.

SCHIMIDT, M. A. Ensinar História. Pensamento e Ação no Magistério. São

Paulo: Scipione, 2004.

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PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS DO ENSINO DE

GEOGRAFIA

COLABORADORES

Alice GelinskiAna Rosa Reis

Luci Longato GonçalvesMaielle P. de Lima

Maria Eliane LetchakoskiMarlicéia Roik

Tatiane Maria Kasprik

COORDENAÇÃODelci Cararo Schmidt

Gabriele Sandy Bitencourt de Sá

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7. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS DO ENSINO DE GEOGRAFIA

A questão do conhecimento reveste-se da maior importância na atualidade,

pois conhecer é um processo que permite ao homem elucidar o mundo. A

Geografia, neste contexto, deve possibilitar a explicação de como ocorrem às

relações entre a sociedade e a natureza, ou seja, a forma como a sociedade

produz e organiza o espaço por meio do trabalho do homem. No ensino de

Geografia, devemos compreender que ele tem uma ampla dimensão fora da

sala de aula, que está presente no dia-a-dia dos alunos.

A proposta deste trabalho nasceu da busca de uma postura pedagógica que

propiciasse a descoberta do conhecimento, a criatividade e a expressividade

da criança, a partir da própria experiência do educando, e daí ampliar para

outras realidades, sendo este, o ponto central da Perspectiva Histórico Crítica,

na qual a escola tem o papel de fornecer acesso aos conhecimentos

historicamente acumulados, propiciando uma participação organizada,

autônoma e crítica no meio social.

O que provocou essa busca foi à constatação de que o trabalho em Geografia

nas escolas era um processo caracterizado pela transmissão de um conjunto

de fatos a serem memorizados de forma estanque. Com grande ênfase nas

informações, pouca atenção se dava aos procedimentos (técnicas e recursos

próprios de cada disciplina e direcionamento pedagógico adequado e

consciente) e às atitudes e comportamento dos estudantes. Portanto, ao

trabalharmos as dinâmicas da sociedade, a partir da dimensão espacial,

entendemos que o objeto de investigação dessa área de conhecimento é o

espaço geográfico.

Assim sendo, a Geografia se propõe a algo mais que descrever paisagens,

pois a simples descrição não fornece elementos suficientes para uma

compreensão global daquilo que se pretende conhecer geograficamente. “As

paisagens que “vemos” são apenas manifestações aparentes das relações

estabelecidos entre os muitos e variados integrantes do planeta e até mesmo

do universo, ou seja, para onde quer que se olhe, a paisagem constituirá, o

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mundo que nos cerca, rico em imagens, desde o nascer ao pôr do Sol, à ação

dos bichos, das plantas, das águas e dos ventos, dos movimentos executados

pela Terra, aos constantes deslocamentos verificados na crosta terrestre; a

intervenção do homem no meio etc, não nos faltam dinâmicas e relações a

serem investigadas” ( KASPRIK, 2005, p. 46).

O conhecimento geográfico começou a ser percebido desde que o ser humano

passou a atuar diretamente na natureza como um instinto de sobrevivência,

desde o fato de caçar animais para sua alimentação, até a retirada da pele dos

mesmos para se protegerem do frio. Assim como, “conheciam a técnica para

apanhar peixes, por meio de ervas, sendo desse modo, mais fácil apanhá-los

para a alimentação, e o mecanismo das estações do ano também era

conhecido. Os astros eram objetos de admiração e, muitas vezes, cultuados

como deuses. Pelo saber prático, pelas experiências realizadas, por sua

mitologia e suas crenças, os povos primitivos contribuíram para o

desenvolvimento da Ciência geográfica.” (AGENDA DO PROFESSOR, 2000, p.

100).

Portanto, estudar geograficamente o mundo, no todo ou em parte, é buscar

entender como e porque as paisagens, sejam elas quais forem, apresentam as

características que observamos. Ou seja, o que se busca é o entendimento do

espaço geográfico, que dessa forma, deve ser entendido como algo que inclui

não só aquilo que vemos (paisagem), mas também os fatores determinantes da

aparência. Dessa forma, uma investigação de fato geográfica, acerca do

mundo atual necessita superar as descrições aparentes (paisagem), e

investigar o modo pelo qual a sociedade produz o espaço geográfico, a partir

de conceitos-chave como: o lugar, a paisagem, a região, o espaço e o território.

Christofoletti, na sua obra Perspectivas da paisagem (1985, p. 22-23) faz

referência a visão paradigmática da Geografia Humanística, que cujo foco de

identificação baseia-se num conjunto de relações culturais entre um grupo e

lugares particulares, ou seja, uma aproximação simbólica de uma porção do

espaço por um determinado grupo ou elemento constituinte da realidade, isto é,

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parte do princípio de que cada indivíduo tem sua experiência de vida, daí a

ligação com a perspectiva histórico cultural, defendida nesta proposta. Quanto

à abordagem humanística em Geografia, relata:

A Geografia Humanística procura valorizar a experiência do indivíduo ou grupo, visando compreender o comportamento e as maneiras de sentir das pessoas em relação aos seus lugares. Para cada indivíduo, para cada grupo humano, existe uma visão de grupo humano, existe uma visão de mundo, que se expressa através de suas atitudes e valores para com o quadro ambiente. É o contexto pelo qual a pessoa valoriza e organiza o seu espaço e o seu mundo, e nele se relaciona. Nessa perspectiva, os geógrafos humanistas argumentam que sua abordagem merece o rótulo de “humanística”, estudam os aspectos do homem que são distintamentes humanos: significações, valores, metas e propósitos. (...) Portanto, o estudo do espaço é a análise dos sentimentos e idéias espaciais das pessoas e dos grupos.

O ensino nas séries iniciais destina-se a alfabetização, isto é, ensinar a ler e a

escrever, não pura e simplesmente como um sistema decodificador de

símbolos. É também nas séries iniciais que se desenvolvem as principais

noções psico-cognitivas nas crianças, como a noção de esquema corporal,

compreendida como um conjunto de habilidades a serem desenvolvidas, entre

elas destaca-se a lateralidade, temporalidade versus espacialidade, dentro,

fora, em cima, embaixo etc. Assim, pretende explicar que o aluno deverá

conhecer a si mesmo, seu espaço, o reconhecimento de seu próprio mundo,

trajeto casa-escola, adentrando aos poucos no universo de conceitos a que

está inserido.

Logo, estas etapas de desenvolvimento devem ser levadas em consideração

ao se pretender fazer uma seleção programática de conteúdos escolares,

principalmente relacionadas ao ensino de Geografia, daí a importância das

categorias de análise da Geografia como lugar, paisagem, território e espaço

geográfico, trabalhando do todo em partes, sendo, o mundo real do aluno, o

todo de uma parte, que é o universo que o contempla, como por exemplo, a

relação casa-escola-bairro-cidade-estado-país etc, que possibilitará ao aluno

elaborar conceitos geográficos, refletir sobre o espaço, apropriar-se dele e

transformá-lo” (KASPRIK, 2005, p.34). Assim, o conhecimento geográfico

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transforma-se num processo crítico que produz e reproduz uma ciência

dinâmica, espelho de uma sociedade.

Estudá-la é ter a compreensão da real importância desse conhecimento para

melhor entender a sociedade onde vivemos. O objeto de estudo é o espaço,

estando as categorias território, paisagem e lugar nele implícitas.

Lugar, de acordo com Azevedo (2001, p.7):

[...] traduz os espaços com os quais as pessoas têm vínculos mais afetivos e subjetivos que racionais e objetivos: uma praça, onde se brinca desde menino, a janela onde se vê a rua, o alto de uma colina, de onde se avista uma cidade. O lugar é onde estão as referências pessoais e o sistema de valores que direcionam as diferentes formas de perceber e constituir a paisagem e o espaço geográfico.

Isso significa que lugar é uma categoria de pertencimento, que vai além

moradia ou da escola. A partir daí, a análise poderá ser encaminhada para o

entendimento do espaço geográfico, através de sucessivas aproximações do

real estudado.

Lugar, também pode ser definido como:

Os lugares humanos variam grandemente em tamanho. Uma poltrona perto da lareira é um lugar, mas também é um estado-nação. Pequenos lugares podem ser conhecidos através da experiência direta, incluindo o sentido íntimo de cheirar e tocar. Uma grande região, tal como o estado-nação, está além da experiência direta da maioria das pessoas, mas pode ser transformada em lugar (...). Como um mero espaço se torna um lugar intensamente humano é uma tarefa para o geógrafo humanista.(CHRISTOFOLETTI, 1985, p.63)

Logo, a categoria lugar está intrinsecamente ligada à observação da paisagem,

dessa forma:A categoria paisagem, porém tem um caráter específico para a Geografia, distinto daquele utilizado pelo senso comum ou por outros campos do conhecimento. É definida como sendo uma unidade visível, que possui uma identidade visual, caracterizadas por fatores de ordem social, cultural e natural, contendo espaços e tempos distintos; o passado e o presente. A paisagem é o velho no novo e o novo no velho! (PCN’s História e Geografia, 1997, p.75)

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Nas séries iniciais o aluno deve ter contato com o maior número possível de

material concreto para poder perceber a sua dimensão, valor, conceito, assim

também o é com o ensino de Geografia, que acompanhará o desenvolvimento

psicomotor, o raciocínio lógico, e logo cartográfico, que não se resumirá

somente em pintar mapas, nomear, uma vez que supõe o desenvolvimento de

noções como a visão oblíqua e vertical, alfabeto cartográfico: ponto, linha, área,

proporção, escala, lateralidade, orientação espacial, ou seja, essas noções são

trabalhadas de forma contextualizada e vão sendo ampliadas de acordo com

os conteúdos de cada série.

O território é uma outra categoria que tem grande importância para a

percepção do espaço pela criança, uma vez que busca segundo Azevedo

(2001, p.70) “compreender a complexidade da convivência em um mesmo

espaço, nem sempre harmônica, da diversidade de tendências, idéias, crenças,

sistema de pensamento e tradições de diferentes povos e etnias (...)“.

Nessa perspectiva, a apropriação de conceitos básicos de grupo-espaço-tempo

permitem definir a identidade, reconhecer a História e identificar o espaço. A

função do professor é proporcionar as bases e os meios de desenvolvimento

para os alunos compreenderem a realidade sob o ponto de vista da

espacialidade, por meio das práticas sociais e destas na configuração do

espaço. Dessa forma, as categorias de análise de Geografia, possibilitam um

trabalho intensamente interdisciplinar, além de serem a base para a

delimitação dos conteúdos a serem ensinados em tal disciplina.

Conciliando tais leituras com a proposta histórico crítica, é que se fez à opção

de analisar e/ou selecionar os eixos norteadores para a conseguinte seleção de

conteúdos programáticos, em consonância com a Geografia Humanística, para

melhor elucidar o ponto de vista quanto a corrente pedagógica adotada na

presente proposta.

Os conteúdos programáticos selecionados, em linhas gerais moveram-se em

torno de três grandes eixos:

1. O lugar e a paisagem.

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2. A linguagem cartográfica e as representações.

3. As relações do homem com a natureza.

TEMAS GERAIS (Base para a seleção dos conteúdos)

• O lugar e a paisagem: dos espaços de vivência mais próximos aos

mais distantes (a casa, a escola, a rua, o quarteirão, o bairro, campo, o

estado e o país); relações afetivas com o lugar de vivência, analisados

em dimensão temporal; variações da paisagem em função de diferentes

formas de ocupação do espaço.

• Paisagens urbanas e paisagens rurais: relação entre cidades e o

campo em suas dimensões sociais, culturais e ambientais, temporais,

como síntese de múltiplos espaços geográficos.

• Linguagem cartográfica: posição, localização, ponto de vista, ponto de

referência, diferentes visões do espaço.

• Representação do espaço: escala, legenda, orientação, construção de

maquetes, desenhos representativos de percursos, planta e mapas de

paisagens urbanas e rurais.

• Território paranaense e suas paisagens: estudos das dinâmicas de

formação do espaço geográfico paranaense, configurados no seu

território, nas suas regiões;

• As relações homem natureza na construção do espaço geográfico paranaense (inclusão no espaço mundial): o trabalho como agente de

transformação da paisagem. Formas de ocupação, do espaço urbano e

rural; as múltiplas dinâmicas existentes entre as cidades e o campo;

formas de trabalho, produção e percepção do espaço e da paisagem; os

ritmos de vida diferentes; o desenvolvimento tecnológico e as

decorrências de sua implantação na paisagem urbana e rural.

Transformações nas formas de trabalho decorrentes da implantação de

diferentes tecnologias.

• As diferenças regionais: estudo da questão regional entendida em

diferentes níveis de análise, partindo das diversidades entre o rural e o

urbano, até as diferenças em relação ao território brasileiro.

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De modo mais amplo, espera-se que o aluno tenha uma visão geral do espaço

em que vive e de suas transformações. De modo mais específico, o professor

poderá diagnosticar se o aluno reelaborou o seu saber e se adquiriu novas

habilidades.

São essas atitudes que instigam os alunos a valorizarem suas experiências e,

conseqüentemente, a teorizarem as práticas sob uma visão holística.

O conhecimento geográfico transformou-se num processo crítico que produz e

reproduz uma ciência dinâmica, espelho de uma sociedade. Estudá-la é ter a

compreensão da real importância desse conhecimento para melhor entender a

sociedade onde vivemos. Nessa perspectiva, destacamos os objetivos do

ensino de Geografia que nortearam esta proposta:

• Interpretar a realidade como uma totalidade de processos sociais e

naturais, entendidos numa dimensão histórica e cultural.

• Compreender que o espaço geográfico materializa diferentes tempos: o

tempo da sociedade e o tempo da natureza.

• Recuperar as categorias de análise da Geografia: lugar, paisagem,

espaço geográfico, região, enfatizando o papel dos sujeitos sociais na

construção deste espaço.

• Compreender a linguagem cartográfica no sentido de levar os alunos a

representar o espaço, partindo das noções mais simples e concretas,

para chegar às mais abstratas, ou seja, partir do espaço vivido para o

espaço percebido e deste para um espaço concebido.

Assim sendo, o aprendizado espacial e o entendimento de conceitos

geográficos devem ser aprendidos desde as séries iniciais. A criança pode

iniciar a elaboração de conceitos por meio de sua ação e sua integração com o

meio.

De acordo com DARIN (2001, p. 17):

A geografia não é a única disciplina que utiliza a observação, a descrição, a comparação e a explicação, mas talvez seja a área que mais necessita desses procedimentos para ser bem compreendida. Muitas vezes, a descrição é vista como uma forma de interpretação da paisagem e é definida como a “descrição da Terra”. Mas descrever

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é apenas um dos momentos do aprendizado, a observação constitui um ponto de partida para a leitura e explicação da paisagem que permite aos alunos construírem procedimentos.

Daí a importância do professor planejar a realização de excursões e a

utilização de mapas, fotografias, imagens aéreas e de televisão. As aulas

descritivas são necessárias, mas não suficientes para que se compreenda a

dinâmica de uma paisagem. É preciso, ainda, explicar e localizar no espaço

geográfico seus componentes e compará-los com os de outras paisagens.

A visita a um lugar ou o contato com uma paisagem por meio de fotografias,

leituras, vídeos ou relatos permitem abordar muitos conteúdos da Geografia.

As crianças consideram essas atividades prazerosas. Com as duas iniciativas,

a identificação de aspectos sociais, culturais e naturais dos espaços

geográficos tornam-se mais fáceis. Os alunos podem começar sua pesquisa a

partir das observações do próprio cotidiano, sobre, como o bairro em que vivem

é organizado, quais os trajetos que percorrem etc. Outras atividades, como a

análise de músicas regionais e de obras literárias ou entrevistas com pessoas

de outras regiões são também preciosas. Como uma mesma imagem pode ser

descrita de várias maneiras por diferentes observadores, a comparação das

interpretações das músicas, textos e depoimentos, permitirá o confronto de

idéias, interesses e valores; o que é muito útil para perceber os problemas

enfrentados no bairro ou na cidade, no passado e no presente.

As crianças pensam sobre os fatos da natureza que observam e que a ciência

descreve, formulam hipóteses sobre seus fenômenos, criam teorias

explicativas para seu funcionamento, têm uma atividade mental de construção

de conhecimentos muito próximos à atividade intelectual dos cientistas: elas,

como eles, procuram explicações para os fatos e fenômenos que observam,

constroem suas hipóteses baseadas em situações não diretamente visíveis,

dão nomes àquilo que vêem e buscam explicar aquilo que não vêem e

procuram entender.

Podemos perguntar às crianças sobre fenômenos naturais como a chuva, a

formação dos rios, as marés, os vulcões, os terremotos, e até mesmo a neve,

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que elas conhecem sem nunca ter visto. As crianças de hoje sabem que o

termo ciência está relacionado com estrelas e planetas, doenças e remédios,

foguetes e satélites, vacinas, computadores, televisão, vida no futuro e muitos

outros assuntos.

Os conteúdos não são vistos mais como um fim, porém, como um meio para

que os alunos desenvolvam capacidades que lhes permitam produzir bens

culturais, sociais e econômicos e usufruir deles. É necessário que sejam

significativos para os alunos e que estejam adequados às diversas formas de

aprender que cada pessoa tem.

7.1 AVALIAÇÃO

A avaliação é uma atividade necessária e permanente do trabalho docente e

deve acompanhar o processo de ensino-aprendizagem com ênfase contínua na

construção de idéias e conceitos geográficos, para que os alunos

compreendam que o espaço geográfico determina aspectos de sua vida e é

transformado pelo ser humano. Num ir e vir reflexivo, os alunos vão ampliando

aos poucos, a compreensão que possuem da sociedade e os diversos papéis

que têm e terão dentro dela.

Através da avaliação, os resultados que são obtidos no decorrer do trabalho

conjunto professor-aluno são comparados com os objetivos e metas propostas,

a fim de constatar as apropriações, as dificuldades e reorientar o trabalho

pedagógico para as correções necessárias. Portanto, deve apresentar algumas

características fundamentais de acordo com DARIN (2001, p.34):

• É um processo contínuo e sistemático e para isso deve-se ser constante e

planejado, fornecedora de indicações do atendimento das finalidades

sociais do ensino, refletindo a unidade entre OBJETIVOS-CONTEÚDO-

MÉTODO. Então, é integrante e não uma etapa isolada do processo do

ensino-aprendizagem.

• É diagnóstica: quando verifica e trabalha os conhecimentos prévios dos

alunos; quando acompanha a aprendizagem no processo de transmissão e

assimilação dos conteúdos, na construção dos conceitos; quando analisa os

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resultados em cada etapa ou momento orientando, esclarecendo dúvidas,

estimulando a busca de resultados positivos; quando qualifica o tipo de

“erro”, pois este é inerente ao processo de aprendizagem, é hipótese

provisória construída pelo aluno; quando fornece, a nós, professores,

informações sobre as condições do nosso trabalho, tanto em relação às

intervenções pedagógicas realizadas em sala de aula quanto aos fatores

que interferem na aprendizagem dos alunos.

• É integral, pois considera o aluno como um todo, ou seja, não são apenas

os aspectos cognitivos que são analisados, mas as habilidades e os

procedimentos desenvolvidos.

Os critérios de avaliação em Geografia nas séries iniciais do ensino

fundamental devem considerar a continuidade da escolaridade dos alunos, isto

é, a apropriação do conhecimento é processo, portanto, esse conhecimento

será retomado e ampliado nas séries posteriores.

Para que o processo avaliativo seja eficiente, ou seja, propicie aprendizagens

realmente significativas, é fundamental que esteja contextualizado, fazendo

parte do que está sendo estudado em sala de aula, seja ele realizado para

conhecer uma indústria, uma escola, um rio, um bairro, um município.

7.2 ESTRATÉGIAS E RECURSOS DIDÁTICOS

A criação de situações-problema, aliada ao uso de recursos didáticos variados,

dinamiza, provoca e estimula a curiosidade dos alunos. As estratégias ou

intervenções pedagógicas por meio das situações-problema devem levar em

consideração as experiências dos alunos, pois perceberão o quanto a

Geografia faz parte de seu cotidiano.

O espaço em que o aluno vive deve ser o ponto de partida e este será

problematizado. Mantendo o questionamento vivo no aluno, e este

compreenderá como o pessoal, o local, o nacional, o regional e o mundial

relacionam-se entre si. Grandes aliadas da Geografia são as atividades de

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observação. A observação criteriosa, de forma direta ou indireta, com um

levantamento sistemático dos elementos identificados ou a identificar, a

discussão da interação entre os mesmos e a materializalçao que ocorre de

múltiplos tempos e culturas nos diferentes espaços de vivência do aluno

possibilitarão que este compreenda que a transformação é o processo,

portanto,é histórico, é social.

A partir da construção de mapas, trajetos, desenhos, legendas etc., o aluno

compreende a representação espacial e a linguagem simbólica, bem como as

noções de espaço-tempo que permeiam as áreas do conhecimento.

Os recursos didáticos, especialmente os visuais, são fundamentais para o

ensino dos conceitos de Geografia nas séries iniciais, como exemplo desses

recursos, temos:

• Desenhos;

• Fotos;

• Maquetes;

• Jogos;

• Mapas;

• Imagens de satélites;

• Textos jornalíticos, revistas, obras literárias;

• Documentos;

• Visitas a exposições;

• Apresentações teatrais;

• Musicais;

• Gráficos;

• Texto do aluno (individual e coletivo);

• Pesquisas (fontes variadas);

• Relatos e entrevistas;

• Filmes etc.

Ao trabalhar o conceito paisagem, por exemplo, o professor buscará

sensibilizar o aluno para que ele se aproxime do conceito de paisagem,

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percebendo as diferentes concepções que esse conceito envolve, desde a

observação até a constatação de que uma paisagem é o registro da história

dos indivíduos e grupos que nela se encontram. Portanto, a paisagem não é

um mundo estático, mas repleto de contradições, que geram suas

transformações.

Logo o professor poderá explorar este conceito fazendo representações

empregando desenhos, usando símbolos para representar uma paisagem,

criando legendas, identificando o significado dos mesmos, percebendo que é

preciso reduzir o tamanho dos lugares e de seus elementos para representá-

los no papel. O contorno da palma da mão é a planta da nossa mão; é uma

planta em tamanho natural. Ela cabe direitinho em uma folha de papel, e é um

excelente ponto de partida para trabalharmos o espaço e suas representações.

Para este tipo de trabalho, é necessário desenvolver nos alunos algumas

habilidades básicas como: “a orientação espacial, o reconhecimento do sistema

simbólico, e a percepção de forma e tamanho. É através do treino da

orientação espacial que os alunos adquirem noções de localização, posição,

disposição, direção e lateralidade, isto é, identificação dos lados esquerdo e

direito. O reconhecimento do sistema simbólico possibilita a compreensão de

legendas, seu significado e sua representação. O treino da percepção de

formas e de tamanho propicia o entendimento de escala.” (NAHUM, Erdna P.

Caderno de Mapas. 1989, p. 56).

Portanto a sugestão de trabalhar com a

palma da mão tem a intenção de ampliar

o espaço representado e introduzir o

estudo com mapas. Esta atividade é

encontrada no livro Viva Vida: Geografia

de Marta Ramos de Azevedo (2001,

p.58 e 59).

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A cor azul está representando os

rios que existem no lugar.

A cor verde representa a

vegetação, o conjunto de plantas

que existem no lugar e que cobre

todo o terreno.

Para indicar como os componentes

da paisagem estão sendo

representados, podemos organizar

uma legenda.

Agora imagine que algumas pessoas vieram morar nesse lugar. Elas

resolveram derrubar alguma árvores:

limparam o lugar para construir suas casas.

O lugar começou a sofrer modificações. Veja

como a paisagem se transforma a cada

modificação feita. O lugar mudou muito e

transformou-se numa cidade.

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Você observou que, para representar um

lugar na planta, os elementos da realidade

foram desenhados como se estivéssemos

vendo de cima para baixo. E que, para

desenhar todos os elementos, foi preciso

reduzir o tamanho deles, isto é, desenhá-los

menores do que são na realidade. E que eles

também foram representados por meio de

desenhos e não na sua forma real.

Muitas modificações foram feitas na paisagem. A legenda está indicando

como a paisagem foi sendo transformada. O lugar mudou muito. Já se

transformou em uma cidade.

Veja na legenda tudo o que foi construído pelas pessoas. Observe como a

paisagem natural também se transformou. Esta é a forma de representarmos a

realidade em uma paisagem.

Azevedo (2001, p. 63) relata que neste trabalho com representações nas séries

iniciais “contemplamos inicialmente o espaço vivido (aquele que a criança entra

em contato: casa, a sala de aula, a rua onde vive) e o espaço percebido

(quando a criança já consegue conhecer o espaço sem ter que entrar em

contato com ele, sem ter que experimentá-lo). Nesse momento, a criança é

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capaz de fazer observações a partir de uma foto, de um desenho”. Insiste nas

séries iniciais “ nas representações por meio de desenhos, iniciando o trabalho

simbólico, com o emprego da legenda, para depois aprofundarmos outros

conceitos básicos, o de escala, por exemplo, e o de orientação.”

A resolução de situações-problema possibilita desenvolver e avaliar a

coordenação de pontos de vista diferentes, aceitação de divergências, a

descentralização de opinião, a expressão oral/escrita coerente e a participação

com pensamento autônomo por meio de conteúdo trabalhado.

7.3 CONTEÚDOS DE GEOGRAFIA

GEOGRAFIA – 1º AnoEIXOS 1º Bimestre 2º Bimestre 3ºBimestre 4º Bimestre

O lugar e

a

paisagem

O lugar de vivência

do aluno: Rua, casa,

escola;

Casa –

características de

cada cômodo,

objetos pertinentes à

cada ambiente,

espaço que mais se

familiariza.

Escola - os elementos

que fazem parte da

escola.

Reconhecimento do

ambiente de sala de

aula – objetos (seus

usos e funções); lados

em relação aos alunos

e objetos - frente,

atrás, esquerda,

direita.

Rua - trajeto.

Reconhecimento das

paisagens imediatas

contidas nestes locais.

Elementos naturais que

modificam o meio:

Tempo: o dia – manhã,

tarde e noite.

Relação com as

paisagens imediatas (o

dia – ponto de

referência – sol; a noite

– as estrelas e a lua).

Diário do tempo –

principais fatos

ocorridos em diferentes

períodos do dia, em

relação às horas.

(noção de tempo)

A ação do homem no

meio; suas

necessidades:

Vestuário, Tipos de

moradia

(alvenaria,palafitas,

madeira, ocas, iglus)

alimentação.

GEOGRAFIA – 2º AnoEIXOS 1º Bimestre 2º Bimestre 3ºBimestre 4º Bimestre

O lugar e

a

paisagem

O lugar de vivência

do aluno: Rua, casa,

escola;

Casa –

características de

cada cômodo,

Rua - trajeto.

Reconhecimento da

paisagem contidas

nestes locais.

Pontos de referências

– árvores, comércio,

Elementos naturais que

modificam o meio:

As estações do ano.

Tempo: um dia, a

semana, o mês e o ano

(noção de

O homem e o meio:

O trabalho –

Profissões

encontradas no

ambiente familiar, as

diferentes profissões.

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objetos pertinentes à

cada ambiente,

espaço que mais se

familiariza.

Escola - os

elementos que

fazem parte da

escola.

Reconhecimento do

ambiente de sala de

aula – objetos (seus

usos e funções);

lados em relação

aos alunos e objetos

- frente, atrás,

esquerda, direita.

praça etc, visualizados

no trajeto rua-casa-

escola.

Meios de modificação

da natureza –

vegetação,

arborização, relevo.

temporalidade –

passado presente e

futuro) – fatos

marcantes de sua

história – do

nascimento até a

escola.

Meios de

comunicação -

GEOGRAFIA – 3º AnoEIXOS 1º Bimestre 2º Bimestre 3ºBimestre 4º Bimestre

Sociedad

e e

Espaço

O lugar onde

vivemos: Bairro, rua,

casa.

Bairro – localização

do trajeto casa-

escola .

Reconhecimento dos

nomes das ruas e

sua representação.

Pontos de

referências no casa

escola – lojas,

mercado, praça,

bares, árvores,

torres etc.

A paisagem local:

Exploração da

paisagem local –

relevo – tipos de ruas

(cascalho, asfalto,

calçamento); morros,

subidas, descidas,

retas – em relação

principalmente ao

trajeto casa-escola.

vegetação –

arborização do bairro,

desmatamento etc.

hidrografia – rios,

lagos; relação com os

principais Rios da

cidade.

Elementos naturais que

modificam o meio:

Alterações no meio

ambiente - Construções –

característica gerais do

espaço urbano –

calçamento,

desmatamento,

encamento de água;

Característica do

espaço rural –

paisagem modificada

de acordo com o que

se quer plantar e por

vezes permanece na

sua forma natural.

* Impactos da ação do

homem – poluição,

O homem e o meio:

Meios de transporte –

trânsito.

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desmatamento etc.GEOGRAFIA – 4º Ano

EIXOS 1º Bimestre 2º Bimestre 3ºBimestre 4º Bimestre

Sociedad

e e

Espaço

O espaço do

Município nas

relações com outros

espaços:

*Reconhecimento e

localização da

microrregião a que o

Município pertence.

Cidades que fazem

ou não limites dentro

da microrregião.

*O que é uma

microrregião, um

município, uma

cidade. População.

*Reconhecimento e

localização dos

distritos rurais que

pertencem ao

município.

Reconhecimento e

distinção entre os

meios rural e urbano.

A paisagem local:

Vegetação, relevo,

hidrografia e clima

predominantes no

espaço do Município.

Elementos naturais que

modificam o meio:

Pontos Cardeais –

localização do espaço

do bairro, do município,

estado e país (inclusão

no espaço mundial).

Transformação do

espaço:

Setores da

economia-

Setor primário –

Setor secundário –

Setor terciário –

*Suas inter-relações

*Atualidades.

GEOGRAFIA – 5º AnoEIXOS 1º Bimestre 2º Bimestre 3ºBimestre 4º Bimestre

Sociedad

e e

Espaço

O Espaço

Paranaense na sua

integração com

outros espaços:

*Localização e a

representação das

microrregiões

contidas no espaço

Economia paranaense:

Produção agrícola –

principais produtos.

Indústria – principais

produtos;aspectos

gerais.

Relação agricultura -

indústria ( beneficia

A paisagem local:

Tipos de vegetações

que predominam no

Espaço Paranaense –

Pinus, Araucária etc.

Clima –

Hidrografia – Bacia

Paranaense.

As transformações do

Espaço paranaense:

Urbanização.

(qualidade de vida)

A Caplital e as

cidades pólos.

Pontos turísticos.

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paranaense.

População.

mento da produção –

relação campo/cidade).

Relevo –

Características gerais.

REFERÊNCIAS

CHRISTOFOLETTI, A. Perspectivas da paisagem. 3ª ed. São Paulo, Difel, 1985.

DARIN, A. Geografia. São Paulo/SP, IBEP (Coleção Vitória Régia). Ensino Fundamental, 2001.

KASPRIK, T. M. O ensino de Geografia nas série iniciais sob uma Perspectiva Sócio-histórica construtivista. UNICENTRO/IRATI, 2005.

NAHUM, E. P. Caderno de mapas. São Paulo, Scipione, 1989.

PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS. Geografia e História. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. – 3. ed. – Brasília: A Secretaria, 1997.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Currículo Básico para Escola Pública do Paraná. Curitiba: SEED, 1990.

AZEVEDO. M. R. de. Viva Vida: Geografia. São Paulo: FTD, 2001.

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PRESSUPOSTOS TEORICOS E PRÁTICOS DO ENSINO DE CIÊNCIAS

COLABORADORES

Carla RodackDenise Mucha Fiori

Edna de MelloLuciane MarquesMatilde B. Pereira

Nelci R. WolskiSilmara Oliveira

Sirlei Joffe

COORDENAÇÃO

Edna Aparecida Pereira

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8. PRESSUPOSTOS TEORICOS E PRÁTICOS DO ENSINO DE CIÊNCIAS

Estudos realizados para a elaboração das Diretrizes Curriculares da Educação

Básica das Escolas Públicas de Quatro Barras, nos apresentam que o homem

e demais animais relacionam-se com a Natureza para satisfazer suas

necessidades. O que os diferencia é a forma de atuação. O animal devido a

sua luta para garantir a sobrevivência da espécie realiza atividades repetitivas.

Já o homem exerce uma ação transformadora na Natureza tornando-a

humanizada e fazendo as alterações através desta interação.

De acordo com Rosella (2007), o processo de produção da existência humana

se dá pela interação homem-natureza, homem-homem, que por sua vez é um

processo de transformação mútua. Nesta interação que vai surgindo às idéias e

consequentemente o conhecimento humano no campo; comum, científico e

filosófico.

Para Rosella (2007) uma das formas de conhecimento existente, produzido

pelo homem no decorrer de sua historia, é a ciência, a qual surge para que o

homem no busque criar leis que justifiquem atuação humana. Entendemos que

a ciência é uma produção humana, por tanto hoje se faz necessário conhecer

toda a história da ciência para podermos compreendê-la.

O surgimento de uma sociedade capitalista aparece à necessidade dos

homens se apropriarem das leis que regem os fenômenos da natureza. Neste

período, num processo de trabalho coletivo procurando o aperfeiçoamento deu-

se a descoberta de diferentes instrumentos que vieram suprir as necessidades.

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A partir daí, a ciência se volta para o conhecimento da natureza a fim de

conhecer e transformar tal natureza, buscando recursos ou inventos para o

beneficio da vida humana.

Desta forma, o homem vai zelando pela natureza e transformando-a de acordo

com suas necessidades. Porem, à medida que as grandes indústrias se

desenvolvem fica claro que apesar de o homem conseguir dominar as leis da

natureza, não conseguindo garantiu a igualdade de condições entre os

homens.

O processo de apropriação da tecnologia obtida pelos homens, bem como as

relações econômicas, não podem ser vistas como um processo independente

da ciência da natureza.

Assim sendo, o ensino da ciência deve levar o aluno a compreender o

processo histórico dessa construção do conhecimento e a evolução dos

conceitos, os quais foram elaborados pelo homem procurando sanar as

necessidades concretas da sua existência.

Segundo Valle (1997, p.73), o materialismo histórico, considera o homem como

o ser que no trabalho e pelo trabalho, articula o saber e o fazer, criando e

recriando continuamente seus meios de subsistência, engendrando cultura

como fruto desse trabalho material e não-material, permitindo-lhe pensar,

explicar e compreender, através de conceitos, teorias etc. a realidade concreta

do mundo. Portanto, o materialismo histórico está ancorado num fato concreto:

“A primeira condição de toda história humana é, naturalmente, a existência de

seres humanos vivos”. (MARX, K. ENGELS, 1998, p.10)

Todavia, Rosella (2007) relata que, falar em trabalho e cultura é pressupor vida

social, é entender que não há, rigorosamente falando, o ser isolado do

contexto. O individual é social e o social se expressa no individual. Em sua

sexta tese sobre Feuerbach, Marx afirma que a essência do homem “não é

uma abstração inerente ao indivíduo isolado. Na sua realidade, ela é o conjunto

das relações sociais”.

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Dentro dessa perspectiva, o conteúdo da ciência da natureza precisa embasar-

se nas inúmeras relações de interdependência dos vários elementos que fazem

parte do ecossistema, assim como, a ação transformadora do homem no meio

em vive, buscando compreender criticamente as inter-relações que abrangem a

realidade. Isso implica uma articulação entre as diversas áreas que estão

ligadas ao mundo das ciências, no qual está inserida a química, a física, a

geociências, astronomia entre outras.

A Ciência está presente na história da humanidade mesmo antes de apresentar

um caráter sistematizador do conhecimento quando o homem se interessava

pelos fenômenos a sua volta e aprendia com eles, satisfazendo suas

necessidades.

A descoberta do fogo foi um marco da humanidade, pois a partir dela o ser humano passou a apresentar outras necessidades, como cozinhar os alimentos. Para satisfazê-las e alimentar-se melhor, criou objetos próprios e descobriu formas de conservação, de fermentação e também descobriu como atingir e conservar peles. Para facilitar sua vida, o homem criou uma forma primitiva de experiências químicas para ajudar na transformação de uma substancia em outra. (PARANÁ, DCE, 2006, pág.15)

A partir da daí a Ciência deixou de ser contemplativa passa a ser dinâmica

voltada para o conhecimento da natureza com o intuito de apropriar-se e

transformar esses conhecimentos em novos através do desenvolvimento

histórico social.

A historia da Ciência no decorrer de cada século está marcada por inúmeros

inventos e descobertas que contribuíram para a sua própria evolução e

consequentemente da humanidade. Dentre eles destaca-se a Revolução

Industrial ( século XVIII) , quando houve a exigência de que a Ciência

aperfeiçoasse técnicas e criasse novas tecnologia para as industrias .

No século XX, as contribuições da Ciência para a humanidade foram incontáveis. Considerando os últimos cinqüenta anos, evoluiu mais do que em dez mil anos. O primeiro vôo de um avião (1906), os avanços da química, da física e da biologia, o lançamento do primeiro satélite artificial (1957) e o caminhar do homem na lua (1969) foram feitos essenciais para o avanço da ciência e do pensamento humano. (PARANÁ. DCE, 2006, pág.18)

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Nota-se que a evolução da Ciência trouxe grandes benefícios para a

humanidade, assim como incrementou as guerras, contribuiu para a

disseminação da miséria no mundo, mostrando o lado negativo da Ciência.

Para Krasilchik (2007), na medida em que a Ciência e a Tecnologia foram

reconhecidas como essenciais no desenvolvimento econômico, cultural e social,

o ensino das Ciências passar ocupar lugar de destaque, sendo objeto de

inúmeros movimentos de transformação do ensino, podendo servir de ilustração

para tentativas e efeitos das reformas educacionais.

No Brasil, a necessidade de preparação dos alunos mais aptos era defendida em

nome da demanda de investigadores para impulsionar o progresso da ciência e

tecnologia nacionais das quais dependia o país em processo de industrialização.

A sociedade brasileira, que se ressentia da falta de matéria-prima e produtos

industrializados durante a 2ª Guerra Mundial e no período pós-guerra, buscava

superar a dependência e se tornar auto-suficiente.

Krasilchik (2007) descreve que, paralelamente, à medida que o país foi

passando por transformações políticas em um breve período de eleições livres,

houve uma mudança na concepção do papel da escola que passava a ser

responsável pela formação de todos os cidadãos e não mais apenas de um

grupo privilegiado. A Lei 4.024/61 Diretrizes e Bases da Educação, de 21 de

dezembro de 1961 ampliou a participação das ciências no currículo escolar, que

passaram a figurar desde o 1º ano do curso ginasial. No curso colegial, houve

também substancial aumento da carga horária de Física, Química e Biologia. De

acordo com o autor, essas disciplinas passavam a ter a função de desenvolver o

espírito crítico com o exercício do método científico. O cidadão seria preparado

para pensar lógica e criticamente e assim capaz de tomar decisões com base

em informações e dados.

Para Krasilchik (2007), comenta ainda que as transformações políticas no país

pela imposição da ditadura militar em 1964, também o papel da escola

modificou-se, deixando de enfatizar a cidadania para buscar a formação do

trabalhador, considerado agora peça importante para o desenvolvimento

econômico do país. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 5.692,

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promulgada em 1971, norteia claramente as modificações educacionais e,

conseqüentemente, as propostas de reforma no ensino de Ciências ocorridas

neste período. Mais uma vez as disciplinas científicas foram afetadas, agora de

forma adversa, pois passaram a ter caráter profissionalizante, descaracterizando

sua função no currículo. A nova legislação conturbou o sistema, mas as escolas

privadas continuaram a preparar seus alunos para o curso superior e o sistema

público também se reajustou de modo a abandonar as pretensões irrealistas de

formação profissional no 1º e 2º graus por meio de disciplinas pretensamente

preparatórias para o trabalho.

Em 1996, foi aprovada uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, nº.

9.394/96, a qual estabelece, no parágrafo 2o do seu artigo 1o, que a educação

escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social. O artigo 26

estabelece que "os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma

base nacional comum, a ser complementado pelos demais conteúdo curricular

especificados nesta Lei e em cada sistema de ensino".

A formação básica do cidadão na escola fundamental exige o pleno domínio da

leitura, da escrita e do cálculo, a compreensão do ambiente material e social, do

sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a

sociedade. O ensino médio tem a função de consolidação dos conhecimentos e

a preparação para o trabalho e a cidadania para continuar aprendendo.

Tenta-se colocar em prática essas prescrições legais por meio de políticas

centralizadas no MEC e que são detalhadas e especificadas em documentos

oficias, abundantemente distribuídos com os nomes de "parâmetros" e "diretrizes

curriculares". Fazem parte ainda desses "indicativos políticos" diversos

instrumentos de avaliação em que se explicitam as reais intenções da reforma

proposta pelo governo.

No final dos anos 60, as idéias de Jean Piaget sobre desenvolvimento

intelectual começaram a ser conhecidas e discutidas. Passa assim a ter papel

central no processo ensino-aprendizagem da ciência uma perspectiva

cognitivista, enfatizando o chamado construtivismo, usado nos atuais

documentos oficiais brasileiros de forma impositiva, como um "slogan" que não

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chega a analisar o significado da discussão sobre mudança conceitual como

um processo individual de responsabilidade do aluno ou um processo social.

Embora o conceito de processo ensino-aprendizagem tenha importância na

escola em geral, Rosella (2007) explica que no ensino das disciplinas

científicas tem conseqüências específicas em vários elementos curriculares.

Para a autora, a solução de problemas é um dos seus componentes

essenciais, porque várias fases das reformas propostas com nomes variados

de "ciência posta em prática", "método da redescoberta", "método de projetos"

trata-se de fazer questionamentos, encontrar alternativas de resposta, planejar

e organizar experimentos que permitam optar por uma delas e daí produzir

outros questionamentos.

Krasilchik (2007) comenta que, no período 1950-70, prevaleceu a idéia da

existência de uma seqüência fixa e básica de comportamentos, que

caracterizaria o método científico na identificação de problemas, elaboração de

hipóteses e verificação experimental dessas hipóteses, o que permitiria chegar

a uma conclusão e levantar novas questões.

De acordo com o autor. com essas premissas, as aulas práticas no ensino de

Ciências servem a diferentes funções para diversas concepções do papel da

escola e da forma de aprendizagem. No caso de um currículo que focaliza

primordialmente a transmissão de informações, o trabalho em laboratório é

motivador da aprendizagem, levando ao desenvolvimento de habilidades

técnicas e principalmente auxiliando a fixação, o conhecimento sobre os

fenômenos e fatos.

Segundo Gasparin (2003), os novos recursos tecnológicos e, principalmente, o

uso do computador criam dilemas equivalentes, podendo até ser uma fonte

muito eficiente de fornecimento de informações. No entanto, o seu potencial

como desequilibrador da vigente relação professor-aluno é ainda subutilizado

como instrumento que possa levar o aluno a deixar o seu papel passivo de

receptor de informações, para ser o que busca, integra, cria novas

informações. O professor passa a ser o que auxilia o aprendiz a procurar e

coordenar o que aprende dentro de um esquema conceitual mais amplo.

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Qualquer reforma deveria suscitar essas questões que são básicas para uma

mudança real na qualidade de ensino.

À medida que se avolumaram os problemas sociais no mundo, outros valores e

outras temáticas foram incorporados aos currículos, sendo que mudanças

substantivas tiveram repercussões nos programas vigentes. De acordo com

Krasilchik (2007) entre 1960 e 1980, as crises ambientais, o aumento da

poluição, a crise energética e a efervescência social manifestada em

movimentos como a revolta estudantil e as lutas anti-segregação racial

determinaram profundas transformações nas propostas das disciplinas

científicas em todos os níveis do ensino.

Krasilchik (2007) afirma que, as implicações sociais da Ciência incorporam-se

às propostas curriculares nos cursos ginasiais da época e, em seguida, nos

cursos primários. Simultaneamente às transformações políticas ocorreu a

expansão do ensino público que não mais pretendia formar cientistas, mas

também fornecer ao cidadão elementos para viver melhor e participar do breve

processo de redemocratização ocorrido no período. Os alunos passam a

estudar conteúdos científicos relevantes para sua vida, no sentido de identificar

os problemas e buscar soluções para os mesmos. Surgem projetos que

incluem temáticas como poluições, lixo, fontes de energia, economia de

recursos naturais, crescimento populacional, demandando tratamento

interdisciplinar. Essas demandas dependiam tanto dos temas abordados como

da organização.

A preocupação com a qualidade da "escola para todos" incluiu um novo

componente no vocabulário e nas preocupações dos educadores, "a

alfabetização científica". A relação ciência e sociedade provocaram a

intensificação de estudos da história e filosofia da ciência, componentes

sempre presentes nos programas com maior ou menor intensidade servindo

em fases diferentes a objetivos diversos.

Fortalece essa linha o já mencionado movimento denominado "Ciência para

todos", que relaciona o ensino das Ciências à vida diária e experiência dos

estudantes, trazendo, por sua vez, novas exigências para compreensão da

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interação estreita e complexa com problemas éticos, religiosos, ideológicos,

culturais, étnicos e as relações com o mundo interligado por sistemas de

comunicação e tecnologias cada vez mais eficientes com benefícios e riscos

no globalizado mundo atual. A exclusão social, a luta pelos direitos humanos e

a conquista da melhora da qualidade de vida não podem ficar à margem dos

currículos e, no momento, assumem uma importância cada vez mais evidente.

8.1 OBJETIVOS

Através do estudo de Ciências espera-se que homem se aproprie dos

conhecimentos científicos produzidos e acumulados ao longo da história

humana, pois ao analisarmos o processo da história percebemos que os

homens produziram o conhecimento científico de acordo com suas

necessidades diretamente ligadas ao mercado de trabalho de uma sociedade

capitalista.

É fundamental oportunizar ao aluno um ensino que leve a compreender o

processo histórico na construção do conhecimento levando–o a entender o

processo histórico obtido através da evolução da elaboração dos conceitos

científicos, pois estes são construídos pelo homem, a partir de suas

necessidades concretas de existência.

Para nos aproximarmos de uma resposta por que ensinar ciências para as

crianças das series iniciais tomemos como base a fundamentação teórica de

Vygotsky: O processo de aprendizagem resulta de uma interação sócio-

cultural; é através dos “outros” e da linguagem que nós humanos

estabelecemos relações com os objetos de conhecimento. Assim, a sala de

aula torna-se um espaço de diversas interações, onde a linguagem e os

processos de formação de conceitos são elementos fundamentais para a

construção compartilhada dos conhecimentos na área de ciências.

Nessa perspectiva uma contribuição importante de Vygotsky para pensar o

ensino de ciências nas séries iniciais é o processo de formação dos conceitos

Vygotsky (1991: 50): Analisando a aprendizagem e o desenvolvimento infantil

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no contexto escolar, distingue dois tipos de conceitos que variam pela sua

estrutura psicológica e pelo lócus onde tais conceitos são produzidos. O autor

denominou esses conceitos de espontâneos (cotidianos) e científicos. Os

conceitos espontâneos (fruta, carro, vaca, telefone, computador) surgem da

reflexão da criança sobre suas experiências cotidianas, sendo aprendidos

assistematicamente. A criança se desenvolve conceitualmente na medida em

que consegue relacionar as palavras aos objetos.

O ensino de ciências nas séries iniciais tem um papel importante no

desenvolvimento, desde que oportunize as crianças expressar seus modos de

pensar, de questionar e de explicar o mundo. Nesse caso, o papel do professor

é o de um companheiro de viagem, mais experiente nos caminhos, na leitura

dos mapas, no registro e na sistematização da experiência vivida.

As crianças têm grande curiosidade sobre mundo natural. Não se cansam de

perguntar o porquê, mesmo que os adultos se mostrem impacientes em

respondê-las. Estão sempre disponíveis para testar suas hipóteses e

apresentam características importantes para se construir novos

conhecimentos. Uma professora que enriquece a sala de aula com a

investigação, com a organização do espaço coletivo de participação para o

saber falar e ouvir estará educando para o aprendizado de ciências e sobre

ciências.

Argumentamos a favor de que o ensino de ciências nas séries iniciais se

constitua como um espaço rico de vivências. Esse espaço se dá pela

intervenção intencionalmente planejada, com objetivos e metas definidas a

partir da compreensão do mundo da criança, de suas necessidades e

possibilidades. Há que se disponibilizar um conjunto de metodologias

privilegiadas para ajudar a criança a construir e organizar sua relação com o

mundo material, que as auxilie na reconstrução das suas impressões do mundo

real, proporcionando-lhes o desenvolvimento de novos observáveis sobre

aquilo que ela investiga, indaga e tenta resolver.

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De acordo com as Diretrizes curriculares do Estado do Paraná (2006), a ciência

possui métodos e teorias, processos e produtos. Os processos da ciência

provêm da forma como os conceitos e teorias são construídos, enquanto seus

produtos são seus conceitos, teorias, fatos e artefatos tecnológicos. Assim, o

conhecimento em ciências não pode ser atribuído somente aos conhecimentos

de seus conceitos e fatos. Dessa forma, é fundamental que as crianças,

durante sua vida escolar, desenvolvam gradativamente um entendimento da

natureza das explicações, modelos e teorias científicas, bem como das práticas

utilizadas para gerar esses produtos. Em outras palavras, todos os estudantes

têm o direito de aprender estratégias para pensar cientificamente. É importante

que durante o processo de escolarização aprendam a descrever objetos e

eventos, levantar questões, planejar e propor soluções, coletar e analisar

dados, estabelecer relações entre explicações e evidências, aplicar e testar

idéias científicas, construir e defender argumentos e comunicar suas idéias.

Ainda encontramos nas Diretrizes Curriculares (2006) que as situações-

problema introduzidas orientam e acompanham todo o processo de

investigação, o que permite a construção de novos conhecimentos do que está

sendo investigado. Nessa perspectiva o professor desempenha o papel de

guia. Ele propõe e discute questões, contribui no planejamento de investigação

dos alunos, orienta no levantamento de evidências, auxilia no estabelecimento

de relações entre evidências e explicações teóricas, possibilita a discussão e a

argumentação entre os colegas, promove a sistematização do conhecimento.

8.2 ENCAMINHAMENTO METODOLOGICO

Nesta perspectiva, na disciplina de Ciências serão propostos os seguintes

eixos norteadores; Noções de Astronomia, Transformação e Interação de

Matéria e Energia, Saúde - melhoria da qualidade de vida.

A proposta metodológica da Pedagogia Histórica – Critica é um caminho de

apropriação e de reconstrução do conhecimento sistematizado buscando

evidenciar que todo o conteúdo que é trabalhado na escola é uma expressão

de necessidades sociais historicamente situadas.

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Dentro desta visão espera-se que os conteúdos sejam encaminhados

metodologicamente considerando-se a prática social inicial do aluno onde o

professor explora a percepção que educando possui sobre o tema de estudo.

Geralmente o educando possui uma visão de senso comum, sincrética, onde o

seu conhecimento aparece naturalmente.

Os conteúdos devem estar articulados com os conhecimentos de outras áreas,

isto caracteriza uma preparação e mobilização do aluno para a apropriação do

conhecimento a ser trabalhado observando a prática social do educando

inserindo neste conhecimento.

O professor se posiciona em relação a este conhecimento de maneira clara e

ao mesmo tempo com uma visão mais sintética, visto que o mesmo já realizou

o planejamento e sabe o caminho que será percorrido pela turma,

possibilitando conduzir o processo ensino – aprendizagem com segurança

dentro de visão de totalidade.

A prática social inicial é sempre uma contextualização do conteúdo mostrando

que o mesmo ocorre na sociedade e tem significado ao ser trabalhado.

Partindo desse ponto, professores e alunos identificarão os problemas posto

pela pratica social, detectando questões que precisam ser resolvidas no âmbito

de sua vida cotidiana, que conhecimento é necessário dominar para solucionar

este conflito.

Após os questionamentos levantados os mesmos serão respondidos na fase

instrumentalização, quando os alunos estarão ampliando e ou transformando

de forma mais elaborada seu conhecimento, onde a problematização será o fio

condutor para as atividades a serem desenvolvidas na instrumentalização.

Saviani, apud Gasparim (2001), argumenta que nesta fase cada tópico que vai

sendo trabalhado deverá responder as questões que a partir dele foram

levantadas na problematização. Neste momento realizam-se operações

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mentais onde o educando fará analises, comparações, críticas, classificações,

conceitualizações, hipóteses, deduções, etc.

É chegado momento de o aluno mostrar o que aprendeu através da catarse

onde, após a incorporação dos conteúdos e os processos de apropriação,

ainda que de forma provisória, o aluno é solicitado a mostrar o quanto

aproximou da solução dos problemas anteriormente levantados sobre o tema

trabalhado. Em seguida, o aluno relata verbalmente, por escrito ou com

atitudes ou ações a compreensão que teve de todo o processo de trabalho,

expressando sua nova maneira de ver a pratica social, e compreendendo – a

de forma mais profunda, utilizando-se do conhecimento cientifico

historicamente acumulada pelo homem.

Segundo Gasparin, (2001, p. 130), na catarse o aluno mostrará que a realidade

que ele conhecia antes como “natural”, não é exatamente desta forma, mais é

“histórica”, porque produzida pelos homens em determinado tempo e lugar,

com intenções políticas implícitas ou explicitas, atendendo as necessidades

sócio-econômicas históricas, situadas, desses mesmos homens. Este é o

momento da avaliação que traduz o crescimento do aluno, que expressa como

se apropriou do conteúdo, como resolveu as questões propostas, como

reconstitui seu processo de concepção da realidade social, como, enfim,

passou da síncrese à síntese. É a avaliação aprendizagem do conteúdo

entendido como instrumento de transformação social. Como o aluno mostrará o

que aprendeu? Neste momento são montados os instrumentos e definidos os

critérios que mostram o quanto o aluno se apropriou de um conteúdo particular

com uma parte do todo social. Conforme as circunstancias, a avaliação pode

ser realizada de maneira informal, ou formal. No primeiro caso, o aluno, por

iniciativa própria, manifesta se incorporou ou não os conteúdos e os métodos

na perspectiva propostas pelas questões da Problematização. No segundo, o

professor elabora as questões que deverão oferecer ao educando a

oportunidade de se manifestar sobre o conteúdo aprendido.

O ponto de chegada do processo pedagógico na perspectiva histórico-Crítica é

o retorno a pratica social. A prática social final caracteriza-se pela ação

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consciente do aluno na realidade em que vive. A prática social inicial e final é o

contexto de onde provém e para onde retorna o conteúdo reelaborados pelo

processo escolar. A problematização, a instrumentalização e a catarse são os

três passos utilizados na apropriação do conhecimento e para a prática social.

8.3 AVALIAÇÃO A avaliação dentro desta proposta se caracteriza como um processo que tem

por objetivo explicitar o grau de compreensão da realidade. Isto se dará através

de confronto de textos, trabalhos em grupo, produção de textos, a partir de

determinados conceitos, elaboração de quadro mural, experimentação, etc.

O trabalho pedagógico desenvolvido na escola tem como função relacionar o

que é domínio do aluno, isto e, o que ele conhece, e o conhecimento histórico,

produzido pela humanidade. Através da interação: professor – aluno, aluno-

professor, aluno-aluno, se dará à apropriação e assimilação dos conceitos. O

professor interage, participa do processo e direciona-o, a partir da reflexão e

incorporação da ciência da historia.

8.4 CONTEÚDOS

Conteúdos de Ciências Para o 1º ano do Ensino FundamentalEixos

Norteadores1º Bimestre 2º Bimestre 3º Bimestre 4º Bimestre

Astronomia Dia e Noite Sol e Lua

Onde a água é encontrada no

Planeta (a importância)

Mudanças Climáticas e a ação do homem

Seres vivosFormas de vida na Terra (Plantas eanimais)

Transformação e Interação da Matéria em energia

Sol (fonte de energia)

Estados da Água em nosso dia-a-dia

Utilização da água em nossa

vida

Animais Vertebrados e Invertebrados

Saúde qualidade de

Esquema corporal (Identificação do

Higiene corporalPoluição da água

Higiene bucalÁgua como

Importância dos alimentos

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vida e Educação Ambiental

corpohumano) Água em nossa vida

recurso não renovável

Alimentação saudávelPoluição do solo Lixo (reciclagem)

Conteúdos de Ciências Para o 2º ano do Ensino FundamentalEixos

Norteadores1º Bimestre 2º Bimestre 3º Bimestre 4º Bimestre

Astronomia Luz Solar

Aspectos dia e noitenascente poente

Transformação e Interação da Matéria em energia

Sol (fonte de energia)

Água (onde e como é encontrada EstadosFísicos da água

Ciclo da água Seres Vivos Rochas e minerais (noções)

Ar(onde está o ar)

Saúde qualidade de vida e Educação Ambiental

O sol e a saúde do Homem (os cuidados com o sol)

Água e ecossistemaConceituação e importância da água: social, política e econômica (preço, escassez).

O homem e o uso do soloPoluição do solo

Poluição do ar Lixo (reciclagem)

Conteúdos de Ciências Para o 3º ano do Ensino FundamentalEixos

Norteadores1º Bimestre 2º Bimestre 3ºBimestre 4ºBimestre

Astronomia Movimenta de Rotação da terra calor

Orientação (Pontos cardeais)

Transformação e Interação da Matéria em

Água; Oceanos, mares, rios, evaporaçãoComo a água

Seres vivos (como vivem e comem ) Cadeia

Ecossistema (relação de interdependência (sol água, ar, seres vivos)

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energia chega em nossas casa

Alimentar

Saúde qualidade de vida e Educação Ambiental

Aquecimento da Terra

Água e o ecossistema

Seres vivos no meio ambiente (animais e vegetais )Partes da Planta

Alterações ambientais (desmatamentos, grandes represas) Lixo (reciclagem)

Conteúdos de Ciências Para o 4º ano do Ensino Fundamental

Eixos Norteadores

1º Bimestre 2º Bimestre 3ºBimestre 4ºBimestre

Astronomia

A terra no espaçoMovimentos da terra (Rotação e translação - estações do ano)Outros Corpos Celestes (Luminosos e iluminados)

Fases da LuaEclipsesInfluencia sobre a Biosfera

Transformação e Interação da Matéria em energia

Nutrição e origem

dos alimentosConservação dos alimentos

Classificação geral dos seres vivosAnimais vertebrados e invertebradosVegetais (diversidade, características, gerais, relações com o meio e o homemFotossíntese

Órgãos do SentidoCorpo Humano (divisão e formação)Transformação de matéria em energia

Saúde qualidade de vida e Educação Ambiental

Tipos de PoluiçãoEfeito da s radiações (camada de ozônio)

Alimentação saudávelUso de inseticidas e herbicidas (maléfico ou benéfico)

Cadeia Teia alimentar

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Conteúdos de Ciências Para o 5º ano do Ensino Fundamental

Eixos Norteadores

1º Bimestre 2º Bimestre 3ºBimestre 4ºBimestre

Astronomia

Transformação e Interação da Matéria em energia

Célula (conceito tipos e funções)Sistema digestivo

Sistema respiratório e circulatório

Sistema locomotor e nervoso

Sistema excretor Sistema Reprodutor

Saúde qualidade de vida e Educação Ambiental

NutrientesHigiene bucalPirâmide alimentar

Doenças relacionadas aos sistemas circulatório e respiratórioPrevenção de doenças e vacinas

Doenças ligadas ao sistema locomotor e nervoso (Prevenção)

Doenças sexualmente transmissíveisMétodos anticoncepcionais

REFERENCIAS

GASPARIM, J. L. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. 2ª ed. Campinas: Autores Associados, 2003.

SAVIANI, D. Escola e Democracia, São Paulo, Cortez, 1991.

SAVIANI, D. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 5ª ed. Campinas: Autores Associados, 1995.

PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Currículo Básico da Escola do Paraná. Curitiba, 1990.

PARANÁ, Diretriz Curricular Estadual. Ciências. 2006

PARANÁ. Secretaria Municipal de Educação. Proposta Curricular para o Ensino Fundamental. Sarandi, 2004.

QUATRO BARRAS, Diretrizes Curriculares da Educação Básica das Escolas Públicas, 2004

ROSELLA, L. A; CALUZI. J. J. A Pedagogia Histórico-Crítica e o ensino de Ciências. UFPR, 2007.

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KRASILCHIK, M. Reformas e realidade o caso do ensino das ciências. USP, 2007

VALE, J. M. F. Diálogo Aberto com Demerval Saviani. In: SAVIANI, D. Demerval Saviani e a Educação Brasileira: O Simpósio de Marília. São Paulo: Cortez, 1994.

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PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS DO ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

COLABORADORES

Fabiula Moravieski UlianaHélio de Mello

Katia Osinski Ferreira

COORDENAÇÃOAngela Pauluk

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9. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS DO ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

A Educação Física, como disciplina curricular obrigatória da educação básica,

busca desenvolver no educando os pressupostos do movimento trabalhados

nos conteúdos de ginástica, dança, jogos e esporte; propiciando ao aluno a

descoberta consciente e o domínio do seu corpo, a participação crítica e

reflexiva na construção e transformação da realidade social e a aquisição de

uma expressividade corporal consciente, através de uma efetiva prática com

significado histórico-crítico.

Para que a Educação Física esteja envolvida num processo de educação

escolar em que a prática docente realmente conduza os alunos a uma

compreensão crítica e participativa do contexto social atual, tendo a

possibilidade de transformá-lo, reconhecendo-a como disciplina capaz de influir

direta e favoravelmente na formação integral do indivíduo, é necessário

abordar as principais influências que a caracterizam, relacionando-a com as

tendências pedagógicas que a educação brasileira apresentou em sua história.

O homem primitivo, para garantir sua sobrevivência e adaptar-se às condições

do meio ambiente, estava constantemente exercitando-se, com isso aprendeu

naturalmente a caçar, pescar, nadar e lutar para satisfazer suas necessidades

impostas na sua relação com a natureza e com os outros homens. Como os

exercícios físicos, os jogos e as danças já faziam parte da vida do homem.

Existem vestígios de jogos de mímica, competições entre povos adversários,

lutas, danças guerreiras ou religiosas.

De acordo com Gil et al. (2003), o nome ginástica se originou na Grécia e

possuía importância fundamental na cultura deste povo. Os gregos foram

criadores dos Jogos Olímpicos, que aconteciam a cada quatro anos, em

Olímpia, em homenagem aos deuses gregos e como uma forma pacífica de

reunir os povos que viviam constantemente em guerra.

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Segundo Gonçalves et al. (1996), a Educação Física no Brasil nos leva à época

do descobrimento. Os portugueses, quando aqui chegaram, encontraram

indígenas habituados à prática de exercícios físicos, pois os mesmos

necessitavam nadar, lançar, correr e saltar para sua sobrevivência. Na época

da escravidão uma cultura foi introduzida pelos escravos africanos: a capoeira.

Esta mistura de dança, jogo e competição demonstrava o sentimento de

emoção e saudades de um povo. A elite dominante dessa época dividia o

trabalho corporal e o intelectual. Baseada nessa postura, havia resistência à

inclusão da Ginástica nas escolas, pois o trabalho físico era destinado aos

escravos.

As raízes históricas da Educação Física brasileira estão expostas dentro de um

regime militar rígido e autoritário, visando fins elitistas e hegemônicos. Segundo

o Currículo Básico para a Escola Pública do Paraná (1990), a Educação Física

no Brasil começou dentro de uma escola militar, seguindo os objetivos

militaristas de adestramento e preparação para a defesa da Pátria, exaltando a

eugenia da raça, que é reflexo da ideologia social dominante naquela

sociedade.

De acordo com Gonçalves et al. (1996), dois documentos nortearam os

princípios da Educação Física no país. O primeiro foi a Carta Regia de

04/12/1810, que introduzia a Ginástica Alemã na Academia Real Militar, numa

tentativa de equiparar no mesmo grau de importância o intelecto e o físico do

homem. O segundo documento foi o parecer de Rui Barbosa, então deputado

geral do Império, no Projeto 224 de 1882, denominado “Reforma do Ensino

Primário e várias instituições complementares da Instrução Pública”, afirmando

a importância da ginástica para a formação do cidadão e sua inclusão nas

escolas, equiparando os professores de ginástica em importância aos das

demais disciplinas.

No período pós-guerra (1930), as exigências continuavam sendo de corpos

atléticos e disciplinados para garantir a defesa da Pátria. Apenas em 1937, na

elaboração da Constituição, é que se fez a primeira referência explícita à

Educação Física em textos constitucionais federais, incluindo-a no currículo

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como prática educativa obrigatória (e não como disciplina curricular) em todas

as escolas brasileiras.

A partir de então, segundo as Diretrizes Curriculares da Rede Pública da

Educação Básica do Paraná (2006), a Educação Física, sempre influenciada

por valores morais, médicos (corpo saudável) e militares (adestramento) em

cada época, tornou-se componente obrigatório dos currículos escolares,

primeiro nos cursos primários e secundários, e posteriormente em todos os

níveis de ensino.

O ensino da disciplina nessa época se dava seguindo as tendências

pedagógicas da Escola Tradicional. De acordo com o Currículo Básico para a

Escola Pública do Paraná (1990), a Educação Física, nessa tendência, se

apresentou como militarista e higienista. Visava a preparação do indivíduo para

a defesa da Pátria, obtendo, através da prática, o vigor físico e a saúde – era a

instrução física militar. O professor era o modelo que o aluno reproduzia

passivamente. A visão era de um aluno-recruta e o professor-instrutor.

Os conteúdos eram organizados em forma de métodos, como o alemão e o

francês, utilizados na instrução militar. Os exercícios eram repetitivos,

mecânicos e extraídos de um rol de receitas. A avaliação se dava pela

reprodução de um modelo atleticamente bem configurado e/ou através de uma

bateria de testes pré-determinados pelos poderes públicos.

Nas décadas de 30 e 40, a educação brasileira sofria forte influência do

movimento escolanovista. A Educação Física na Escola Nova seguia os

princípios higienistas. Abandonam-se os exercícios executados por obrigação

pelos exercícios executados por prazer. O professor atuava como facilitador e

coordenava o desenvolvimento das atividades, encaminhando os alunos para

as descobertas em aulas, através de atividades livres. Os conteúdos eram

relacionados a partir dos interesses dos alunos. A Educação Física contribuía

para ajudar o aluno em seus problemas psicológicos, afetivos e higiênicos,

favorecendo a educação do corpo para a constituição de um físico saudável e

menos suscetível às doenças, além de forte preocupação com a eugenia

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(melhoramento genético da raça humana) - era a Educação Física

pedagogicista. A avaliação se dava através da valorização dos aspectos

afetivos, atitudes, freqüência e higiene.

Nas décadas de 60 e 70, o esporte passou a ocupar cada vez mais espaço nas

aulas, com a adoção do Método Desportivo Generalizado, e a Educação Física

sofreu as influências da tendência tecnicista, que tinha como princípios a

racionalidade e a competência. Segundo o Currículo Básico para a Escola

Pública do Paraná (1990), na Escola Tecnicista, ou Competitivista, temos o

desporto como conteúdo, sendo a Educação Física subordinada aos códigos

de instituições desportivas (federações). A escola deveria oferecer a base no

treinamento desportivo para o desporto de alto nível. Nessa tendência, tinha-se

a visão do aluno-atleta e do professor-técnico. A divisão das turmas por gênero

(masculino e feminino) era um reflexo da divisão existente na instituição

esportiva. Eram selecionados os melhores alunos para a formação de equipes

de elite dentro das escolas, minimizando o aluno com menos habilidades. A

avaliação era feita sobre os objetivos propostos: atingido – não atingido,

ressaltando o desempenho esportivo e o rendimento físico do aluno.

Em 1968, com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB n.º

5540), a Educação Física teve seu caráter reforçado e passou a ser uma

atividade prática voltada para o desempenho técnico e físico do aluno. Com a

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional do ano de 1971 (LDB n.º

5692), a disciplina passou a ter legislação específica e foi integrada como

atividade escolar regular e obrigatória no currículo de todos os cursos e níveis

dos sistemas de ensino. Nesse período de regime militar, a Educação Física

estava ligada ao desenvolvimento da capacidade produtiva da classe

trabalhadora (aptidão física) e ao desporto, pela intenção de tornar o país uma

potência olímpica.

Na década de 80, os efeitos desse modelo tecnicista começaram a ser sentidos

e contestados, pois o país não se tornou uma potência olímpica e a competição

esportiva da elite não aumentou o número de praticantes de atividades físicas.

Iniciou-se então uma crise de identidade na Educação Física, originando uma

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mudança significativa nas políticas educacionais: a Educação Física escolar,

que estava voltada principalmente para a escolaridade de 5.ª à 8.ª séries,

passou a priorizar também o segmento de 1.ª à 4.ª séries e a educação infantil.

O enfoque passou a ser o desenvolvimento psicomotor do aluno, tirando da

escola a função de promover esportes de alto rendimento.

A educação psicomotora (psicomotricidade) buscou uma suposta legitimação

da disciplina de Educação Física na escola, tendo a finalidade de valorizar a

formação integral da criança. Assim, a Educação Física tornou-se elemento

colaborador para o aprendizado de conteúdos de outras disciplinas.

A partir daí, começaram a se formar discussões criticando o modelo da

disciplina vigente até então. Tais propostas, denominadas Progressistas,

criticavam os paradigmas de aptidão física e esportivização. De acordo com as

Diretrizes Curriculares da Rede Pública da Educação Básica do Paraná (2006),

surge assim uma teoria crítica da educação, baseada nos pressupostos da

Pedagogia Histórico-crítica desenvolvida por Demerval Saviani, cujo objetivo da

Educação Física é a cultura corporal, formada por conteúdos como esporte,

ginástica, dança, jogos e lutas. O conhecimento é sistematizado em ciclos e

tratado de forma historicizada e espiralada, conforme o grau de complexidade.

Busca-se assim, a formação de um sujeito que reconheça o próprio corpo em

movimento, à luz de uma visão histórico-crítica, rumo a uma sociedade mais

igualitária.

Atualmente, apesar de muitos progressos obtidos por meio de debates e

discussões, a Educação Física ainda necessita de mudanças. Principalmente

no sentido de convencer a sociedade e até mesmo todo o corpo docente

constituído por profissionais de outras áreas, de seu real valor, que é o de

contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos por meio de uma

educação comprometida com o momento histórico e evolutivo.

A mais recente Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB n.º

9394), promulgada em 20 de dezembro de 1996, integra a Educação Física à

proposta pedagógica da escola, como componente curricular obrigatório da

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educação básica, sendo sua prática facultativa ao aluno que cumpra jornada de

trabalho igual ou superior a 6 horas, tenha mais que 30 anos de idade, que

estiver prestando serviço militar ou que tenha prole.

9.1 OBJETIVOS

• Conhecer e vivenciar diferentes formas de ginástica;

• Despertar no educando a percepção e amplitude de seus movimentos,

seus significados e sua aplicação, possibilitando um melhor

conhecimento de seu corpo;

• Estimular e despertar a prática de vivências diversas relacionadas com o

teatro e com a dança;

• Conhecer e experimentar os vários ritmos e estilos musicais;

• Possibilitar atividades que englobem jogos, brinquedos e brincadeiras;

• Proporcionar o conhecimento e a vivência de jogos de tabuleiro;

• Possibilitar ao aluno a vivência de diversas atividades corporais

relacionadas às práticas pré-desportivas e esportivas;

• Estimular hábitos saudáveis de higiene, alimentação e atividade física,

buscando uma melhor qualidade de vida individual e coletiva;

• Instigar no aluno atitudes de respeito mútuo, solidariedade e cooperação

dentro do âmbito esportivo e social, anulando qualquer forma de

violência ou discriminação por motivos de gênero, raça ou cor;

• Preparar o educando para a vida em sociedade, desenvolvendo seu

senso crítico, fazendo com que ele seja capaz de elaborar e respeitar

regras em conformidade com o bem comum;

• Oportunizar momentos de reflexão sobre as atividades desenvolvidas,

relacionando-as com a prática social.

9.2 METODOLOGIAA Educação Física enquanto ciência tem no corpo em movimento e suas

diferentes formas de manifestação o seu objeto de estudo. Com isso, é preciso

conceituar o movimento humano para melhor esclarecer o papel da Educação

Física na ação pedagógica.

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Segundo o Currículo Básico para a Escola Pública do Paraná (1990), o

movimento humano é a expressão objetivada da consciência corporal, formada

pelo conjunto de relações que compõem uma determinada sociedade e dos

saberes sistematizados pela classe dominante sobre essa consciência

corporal. É necessário então ter como ponto de partida a concepção de corpo

que a sociedade tem produzido historicamente, levando os alunos a se

situarem na história, relacionando com o passado e visando o conhecimento de

seu corpo (consciência corporal), questionando a visão de corpo-máquina,

passível de adestramento.

O trabalho na disciplina de Educação Física deve ser uma atividade conjunta

entre professor e aluno, buscando, em vez do condicionamento, a ordem social

para formar um aluno crítico e participativo; em vez do adestramento físico, a

compreensão e o uso sadio do corpo; em vez do esporte-rendimento, o

esporte-educativo; em vez da repetição mecânica dos exercícios e das ordens

do professor, o autodomínio, a formação de caráter, a autogestão da atividade

física; em vez do corpo-instrumento, o corpo como ser social.

O professor de Educação Física tem assim a responsabilidade de organizar e

sistematizar essas práticas corporais que possibilitam a comunicação com as

diferentes culturas. Nesse processo pedagógico, a observação e a pesquisa

podem transformar as aulas de Educação Física e ampliar o conjunto de

conhecimentos que não se esgotam nos conteúdos nem nas metodologias. O

professor deve mobilizar práticas para afirmar valores que melhorem a

formação do aluno e evitar discriminação, exclusões e competição exacerbada.

O professor pode também se deparar com a recusa de participação dos alunos.

Os valores e normas culturais devem ser analisados e discutidos, através da

utilização de atividades que evitem a discriminação por idade, raça, etnia,

classe social, altura, obesidade, habilidades motoras, entre outras. Esses

geradores de exclusão devem ser trabalhados com a intervenção do professor,

a fim de auxiliar na formação humana do aluno.

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Segundo o Currículo Básico para a Escola Pública do Paraná (1990), os

conteúdos de ginástica, dança, jogos e esporte, dentro de uma perspectiva

histórico-crítica, devem ser trabalhados levando em consideração diversos

fatores, entre eles:

- sua origem, história e modelo de sociedade que produziu a forma de

movimento e sua incorporação pela sociedade brasileira;

- o desenvolvimento da criança como ser social e sua valorização no contexto

social, evitando exercícios mecânicos e repetitivos;

- o trabalho de aceitação das derrotas e do companheirismo, espírito de equipe

e respeito ao adversário nas vitórias;

- a possibilidade do entendimento e mudança das regras pelos educandos a

partir da análise do seu contexto social, contribuindo assim para a criação de

novos jogos;

- a finalidade das diversas formas de movimento;

- o esporte enquanto fenômeno cultural e suas influências nos diferentes

modelos de sociedade;

- o resgate das formas culturais das diversas sociedades e gerações;

- a superação do caráter da Educação Física como mera atividade de prática

pela prática, baseado nas “aulas livres”;

- a integração da Educação Física no processo pedagógico, como elemento

fundamental para a formação humana do aluno;

- a oportunidade do aluno obter uma visão crítica do mundo e da sociedade na

qual está inserida.

Deve-se ressaltar que as aulas de Educação Física não são um apêndice das

demais disciplinas e atividades escolares, nem um momento apenas de lazer,

compensatório para as duras tarefas em sala de aula de outras disciplinas. A

Educação Física, portanto, deve estar articulada ao projeto político pedagógico

da escola.

A finalidade das práticas corporais, segundo as Diretrizes Curriculares da Rede

Pública da Educação Básica do Paraná (2006), deve ser a modificação das

relações sociais. Assim, os conteúdos de ginástica, dança, jogos e esporte

devem estar comprometidos com uma Educação Física transformadora.

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DançaA dança é uma das formas primitivas de representação da cultura de diversos

povos. É uma atividade que utiliza o corpo em movimento como um meio de

expressão, criação e comunicação. Como conteúdo das aulas de Educação

Física, contribui significativamente para o estímulo da livre expressão e a

criação para o desenvolvimento rítmico, para o aperfeiçoamento dos

movimentos naturais, para favorecer o contato social e promover alegria e

prazer.

A dança deverá ser abordada nas aulas de Educação Física, em sua dimensão

cultural, social e histórica, de modo a ressignificar valores e códigos sociais.

Assim, a escola pode se tornar espaço de transformação e superação de

manifestações discriminatórias. As reações desfavoráveis dos alunos à dança

devem ser problematizadas e discutidas para evitar a negação da atividade, a

discriminação entre gêneros e a valorização de gestos sexistas, assim como

evitar a utilização de ritmos e músicas cujo conteúdo não são apropriados à

faixa etária das crianças, uma vez que as mesmas não possuem conteúdo

cultural e não contribuem para o desenvolvimento intelectual dos educandos.

EsporteO ensino do esporte nas aulas de Educação Física deve ser mais que a prática

esportiva e a transmissão de habilidades e técnicas. Portanto, deve incluir uma

reflexão crítica nas aulas. O esporte deve propiciar uma leitura do fenômeno

esportivo para a compreensão de sua complexidade social, histórica e política,

para que haja um entendimento da competição esportiva e sua significação

cultural enquanto fenômeno de massa. O esporte na escola deve ser acessível

em igualdade de condições para todos os alunos, combatendo signos sociais

que expressam preconceito, discriminação e violência moral.

Códigos presentes no esporte devem ser discutidos, analisados e criticados,

como as questões de vitória/derrota, competitividade/companheirismo, espírito

de equipe e respeito ao adversário. Deve ser vivenciado na escola de forma

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diversificada, possibilitando um conhecimento das suas diferentes

modalidades, mesmo as que não fazem parte de seu cotidiano.

GinásticaA ginástica, que pode ser conceituada como a arte de exercitar o corpo, traz

em si uma movimentação corporal cuja construção se dá a partir das relações

sociais. Como conteúdo da Educação Física, a ginástica tem como objetivo

proporcionar ao aluno o conhecimento de seu próprio corpo, dos movimentos e

de seus limites, por meio de atividades que permitam a expressão e a criação,

em vez de movimentos mecânicos e repetitivos.

A ginástica na escola permite muitas possibilidades de movimentos corporais:

ginástica artística, ginástica rítmica, ginástica geral, ginástica localizada,

ginástica aeróbica e suas variantes. A prática da ginástica na Educação Física

deve atender às demandas da realidade escolar, quando o professor poderá

organizar a aula de forma que os alunos se movimentem, descubram e

reconheçam as possibilidades e limites do próprio corpo.

Os modos atuais de prática da ginástica devem sofrer uma crítica sobre a

forma que são praticados, do sacrifício dos atletas no excesso de exercícios e

treinamento, levando a lesões e degradação do corpo, como também o uso de

meios artificiais como anabolizantes e os danos que o uso dessas substâncias

causam no organismo.

Jogos e brincadeirasRessalta-se o valor educativo do jogo e a importância de se trabalhar com esse

conteúdo nas aulas de Educação Física, pois os elementos do jogo, o conjunto

de regras, a competição, o tempo e o espaço onde ocorrem colocam a criança

em situações de adaptação e readaptação, provocando diferentes atitudes

comportamentais, e conseqüentemente exigindo que ela esteja

desempenhando constantemente seu valor social.

O jogo não representa apenas as experiências vividas, mas prepara o aluno

para o que está por vir, exercitando habilidade e principalmente estimulando o

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convívio social. Ao brincar e jogar, a criança torna-se capaz de estabelecer

conexões entre o real e o imaginário e de refletir sobre os papéis assumidos

nas relações em grupo e nas regras a serem seguidas.

Os jogos e as brincadeiras devem ser abordados conforme a realidade regional

e cultural do grupo. Tem grande valor o trabalho de levantamento de dados

com os pais, avós e vizinhos sobre jogos e brincadeiras de outras gerações e a

valorização de manifestações regionais, que expressam características de seu

ambiente cultural.

Os jogos e as brincadeiras apresentam regras, mas ao contrário dos esportes,

deixam um espaço de autonomia para que sejam adaptados conforme o

interesse e necessidade dos participantes. Torna-se importantíssimo que os

alunos auxiliem na reconstrução dessas regras e cabe ao professor buscar

alternativas que permitam a participação de todos os alunos nas aulas.

9.3 SUGESTÕES AOS PROFESSORES

• As aulas de Educação Física devem ser compostas de três momentos:

- aquecimento: antes do início de cada aula é importante fazer

alongamentos musculares como forma de aquecer os alunos para as

atividades práticas.

- desenvolvimento: momento em que os objetivos da aula são

desenvolvidos, sendo fundamental que a criança experimente a maior

variedade de movimentos para otimizar o desenvolvimento de suas

capacidades físicas, cognitivas e sociais.

- volta à calma: ao final da aula, um tempo deve ser reservado para o

relaxamento, para que os alunos diminuam a agitação e retornem com

tranqüilidade à sala de aula. O professor regente agradece.

• O trabalho com a disciplina de Educação Física envolve alguns riscos

inerentes ao ato de se movimentar. Mesmo considerando que pequenas

trombadas, quedas e impactos de bolas não possam ser evitados por

completo, cabe ao professor organizar as situações e atividades com

segurança, e aos alunos respeitar as regras propostas.

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• Não realizar as atividades em locais com piso escorregadio ou irregular

ajudará a evitar acidentes.

• Caso ocorram pequenos acidentes nas aulas, é importante que o

professor esteja preparado para enfrentá-los, tendo alguns

conhecimentos básicos sobre primeiros socorros.

• Orientar os alunos a utilizarem tênis e roupas confortáveis e leves, que

auxiliem na execução dos movimentos. Sandálias, chinelos e calçados

abertos podem causar quedas e torções em jogos competitivos.

• A mesma orientação vale para o professor: utilizar, sempre que possível,

agasalho e tênis.

• Não realize as aulas sob sol forte. Procure, sempre que possível,

lugares com sombra. Modere os jogos e as brincadeiras que despendam

muito esforço físico.

• As aulas mistas são importantíssimas ao dar oportunidades para que

meninos e meninas convivam, descubram-se e aprendam a ser

tolerantes, a não discriminar e compreender as diferenças de forma a

não reproduzir relações sociais discriminatórias.

• O professor deve estimular os alunos a criarem novas situações,

variações e adaptação das regras durante os jogos e brincadeiras.

• O jogo ou brincadeira deve se encerrar antes que o interesse e a

motivação dos alunos se acabem.

• Motive constantemente os educandos e incentive para que todos

participem das atividades propostas.

• Após o término das atividades, deve-se destinar um tempo para os

alunos irem ao banheiro, tomar água e lavar as mãos antes de retornar à

sala de aula.

• Investigar, através de pesquisa e/ou questionário com os pais, se a

criança possui algum problema de saúde que o impeça de praticar

alguma atividade.

• O professor também poderá realizar exames biométricos. As medidas de

altura e peso são as mais comuns e podem ser realizadas com a ajuda

de uma balança e uma fita métrica. Através de um acompanhamento

realizado no início e no término do ano o próprio aluno aprende a

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observar as mudanças que ocorrem no seu corpo. Com esse trabalho

também é possível detectar problemas como obesidade ou desnutrição.

• Alguns problemas, se diagnosticados em idade escolar, poderão ser

corrigidos, como os desvios posturais, que podem ser previamente

detectados pelo professor, para um posterior encaminhamento médico.

Os desvios posturais mais comuns são:

Escoliose

É um desvio lateral da coluna, como se fosse um C. As crianças podem vir a ter esse problema ao carregar em apenas um ombro ou braço pesadas bolsas ou mochilas. A progressão da curvatura na escoliose depende, em grande parte, da idade que ela inicia e da magnitude do ângulo da curvatura durante o período de crescimento na adolescência, período este onde a progressão do aumento da curvatura ocorre numa velocidade maior. O tratamento fisioterápico usando alongamentos e respiração são essenciais para a melhora do quadro.

Lordose

É o aumento anormal da curva lombar levando a uma acentuação da lordose lombar normal (hiperlordose). Os músculos abdominais fracos e um abdome protuberante são fatores de risco. Caracteristicamente, a dor nas costas em pessoas com aumento da lordose lombar ocorre durante as atividades que envolvem a extensão da coluna lombar, tal como o ficar em pé por muito tempo (que tende a acentuar a lordose).

Cifose

É definida como uma curvatura acentuada nas costas, um aumento anormal da concavidade posterior da coluna vertebral. Esse desvio vem sempre acompanhado de ombros caídos. As causas mais importantes dessa deformidade são a má postura, carteiras, ambientes e mochilas inadequadas.

Fonte: <http//:www.dornascostas.com.br/desvios_posturais.htm>

9.4 CONTEÚDOSO objeto de estudo da Educação Física, dentro da perspectiva da Pedagogia

Histórico-Crítica, é o corpo humano em movimento. Esse corpo encontra-se

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condicionado pelo momento histórico e cultural da sociedade em que se insere.

Deve-se então, partir para uma análise desse movimento e das expressões

corporais do homem e suas relações sociais para uma seleção de conteúdos

historicamente colocados.

Nessa proposta curricular, os conteúdos estruturantes - ginástica, dança, jogos

e esporte - foram definidos como o conhecimento de grande amplitude, que

identificam e organizam os campos de estudo da disciplina, considerados

fundamentais para compreender o objeto de estudo – o corpo em movimento.

Constituem-se historicamente e são legitimados nas relações sociais.

A exercitação do corpo desde os primórdios da sociedade para garantir sua

sobrevivência veio a se chamar ginástica desde a Grécia Antiga, quando o

objetivo era preparar os homens fisicamente para a guerra.

O homem expressava-se, além da fala, pela dança, uma linguagem corporal

através do movimento rítmico, traduzindo emoções, idéias, tradições e

costumes, considerada a mais antiga das artes criadas pelo homem.

O jogo da caça, da disputa entre os povos que acontece durante toda a história

da humanidade, hoje se simboliza através do conteúdo jogos e brincadeiras,

onde a criança aprende a se conhecer, a se relacionar, a enfrentar desafios e

obedecer a regras.

O esporte diferencia-se dos jogos, por ser uma atividade mais regulamentada

e sistematizada, com regras definidas e não passíveis de serem adaptadas,

como acontece nos jogos.

Portanto, de acordo com o Currículo Básico para a Escola Pública do Paraná

(1990), a partir das relações sociais temos colocadas maneiras do corpo em

movimento se expressar – ginástica, dança, jogos e esportes. A Educação

Física trabalhará esses conteúdos numa perspectiva histórico-cultural, que

permitirá ao educando analisar e refletir sobre essas diferentes formas de

manifestação cultural.

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Quando se discute a Educação Física dentro da tendência Histórico-Crítica,

verifica-se que ela deve buscar, em sua ação pedagógica, elementos da

Ciência da Motricidade Humana, aqui chamados de pressupostos do

movimento.

PRESSUPOSTOS DO MOVIMENTO (CURRÍCULO BÁSICO PARA A ESCOLA

PÚBLICA DO PARANÁ, 1990)

1 – Condutas motoras de base ou formas básicas de movimento

2 – Condutas neuro-motoras

3 – Esquema corporal:

- postura

- coordenação ampla

- coordenação fina

- coordenação viso-motora

- equilíbrio

- respiração

- descontração

- lateralidade

- lateralização

- organização e orientação espacial

- organização e orientação temporal

- ritmo próprio do corpo

- estruturação espaço-temporal

- expressão corporal

- percepções auditivas, gustativas, olfativas, visuais e táteis

- habilidades perceptivo-motoras

4 – Ritmo

5 – Aprendizagem objeto-motora

As condutas motoras de base são as formas mais elementares do

movimento. Elas acompanham o desenvolvimento da criança como:

quadrupejar, sentar e levantar, rolar, andar, lançar, apanhar, pegar, levantar e

transpor objetos, subir e descer.

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As condutas neuro-motoras são condutas que evidenciam um

desenvolvimento mental da criança, pois são realizadas como imitação,

reproduzindo o movimento para melhor vivenciá-lo. Tais condutas

caracterizam-se em formas secundárias de movimento, sendo continuidade

das formas básicas: girar, galopear, correr, saltar, saltitar, pular em um pé só,

etc. É preciso que a criança identifique e domine cada conduta que está

realizando e o faça com habilidade e destreza.

O ritmo é desenvolvido através de atividades que, organizadas de acordo com

as possibilidades da criança, cooperam com a boa formação corporal,

tornando-as conscientes de suas capacidades e dando-lhes segurança física,

psíquica e social na prática de movimentos rítmicos naturais de acordo com

variações de tempo, espaço e expressão corporal.

A aprendizagem objeto-motora é a manipulação ou ação direta com objetos.

Procura-se trabalhar atividades com bolas e materiais de diferentes tamanhos,

texturas, pesos e formas.

Primeiramente, a criança necessita conhecer o seu próprio corpo, suas partes,

sua capacidade de movimentação. Isto é adquirido através do esquema corporal. O resultado de um esquema corporal mal estruturado acarreta

transtornos nas áreas motora, perceptiva e social. O esquema corporal é

adquirido através do desenvolvimento de diversos pressupostos como os

descritos a seguir:

A postura é o resultado de uma ordem ou um movimento, podendo variar de

acordo com a influência do meio. Deve-se trabalhar a postura correta na

execução dos movimentos para evitar futuros problemas posturais na criança.

Outra forma da criança ter conhecimento sobre seu corpo é através de

exercícios de coordenação ampla, que são o conjunto de habilidades

desempenhadas com o corpo todo, buscando a harmonia e controle de

movimentos amplos. Os exercícios que colocam em ação os pequenos grupos

musculares - coordenação fina – englobam a coordenação óculo-manual (os

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movimentos das mãos sendo coordenados pela visão), a coordenação óculo-

pedal (os movimentos dos pés sendo coordenados pela visão) e a

coordenação músculo-facial (movimentos dos pequenos músculos do rosto que

dão expressão).

A coordenação viso-motora trata da visão orientando a ação motora como

um todo (como no tiro ao alvo) e não deve ser confundida com a coordenação

óculo-manual, que trabalha apenas com os pequenos músculos das mãos.

O equilíbrio é a noção de distribuição do peso em relação ao centro de

gravidade, podendo ser trabalhado estaticamente (parado) e dinamicamente

(em movimento). O equilíbrio é fundamental para a coordenação motora geral.

A respiração é a movimentação rítmica do ar para dentro (inspiração) e para

fora (expiração), sendo fundamental seu desenvolvimento na vida do ser

humano, contribuindo para a execução correta e eficiente das atividades

físicas. É importante tanto no processo de relaxamento (volta à calma), como

no desenvolvimento da aula, quando tenta-se evitar a exaustão no

desenvolvimento das atividades.

A descontração ou relaxamento é um método de recondicionamento

psicofisiológico que proporciona uma sensação de calma, reduz a fadiga e

afeta, em alguns pontos, o funcionamento do organismo, fazendo com que a

agitação desapareça.

A lateralidade é a manifestação de um lado preferencial na ação, vinculado a

um hemisfério cerebral. Ambos os braços, pernas, mãos, pés, olhos e ouvidos

devem ser trabalhados e desenvolvidos, mas possibilitando ao aluno a

habilidade maior em seu lado preferencial. O fortalecimento da lateralidade é

importante para a criança por constituir a base da orientação espacial e da

coordenação geral.

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É necessário também, que a lateralização esteja presente na ação

pedagógica, uma vez que o aluno precisa se organizar e se orientar no espaço

a ser percorrido em direção à direita e à esquerda.

No trabalho com a organização e orientação espacial, o aluno deverá

desenvolver a sua capacidade de situar-se, orientar-se e movimentar-se em

qualquer espaço, tendo sempre como referência a sua própria pessoa.

Na organização e orientação temporal, trabalha-se o horizonte temporal, a

representação mental de passado-presente-futuro, antes-agora-depois, lento-

rápido, noções de dias, meses e anos, noções de duração e intensidade e o

próprio tempo da música e do corpo.

No ritmo próprio do corpo o aluno desenvolve o conhecimento de seu próprio

ritmo e identifica o movimento corporal com ou sem música.

A estruturação espaço-temporal permite que o educando se oriente e se

organize em um determinado espaço, levando em consideração o seu ritmo

próprio para se organizar e se orientar no tempo adequado a este espaço e

vice-versa.

A expressão corporal é uma linguagem do corpo, através do qual o ser

humano transmite toda a sua maneira de expressar emoções, sensações,

sentimentos e pensamentos.

O trabalho com atividades que desenvolvem as percepções auditivas, gustativas, olfativas, visuais e táteis busca um conhecimento e

aprimoramento dos cinco sentidos humanos.

A percepção visual é a habilidade de reconhecer, identificar, relacionar e

coordenar um estímulo visual.

A percepção auditiva é a capacidade de perceber e discriminar sons e ruídos

diversos em todos os seus aspectos: intensidade, origem, duração, freqüência,

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etc. Através do som, o indivíduo pode se orientar no tempo e no espaço. A

percepção visual e auditiva é muito importante para a aprendizagem da leitura

e da escrita.

A percepção tátil é a capacidade da criança de estabelecer a diferença entre

várias texturas, como suave-áspero, duro-mole, quente-frio, leve-pesado, seco-

molhado, através de estímulos táteis. A percepção tátil auxilia a criança a

exercer a pressão adequada para segurar o lápis ao escrever ou desenhar.

Embora as três percepções descritas acima sejam as mais utilizadas, pode-se

também trabalhar a percepção gustativa no desenvolvimento do paladar

(doce-amargo-azedo-salgado, quente-frio, líquido-sólido), e a percepção olfativa no reconhecimento de odores.

As habilidades perceptivo-motoras têm grande influência na organização e

orientação espacial, quando a criança deverá identificar formas, espaços, sons,

tempo durante o movimento.

CONTEÚDOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA PARA O 1.º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

CONTEÚDOS ESTRUTURANTES

ELEMENTOS ARTICULADORES

CONTEÚDOSESPECÍFICOS

Manifestações ginásticas Elementos fundamentais da ginástica

Habilidades motoras de base: andar, correr, saltar, girar, trepar, escorregar, marchar, lançar, pegar, chutar, empurrar, sustentar, rolar, engatinhar, transportar, equilibrar, balançar, apoiar

Manifestações estético-corporais na dança e no teatro

Brinquedos cantadosCantigas de roda

Representação original, elaboração de variações e coreografias

Danças Infantis, populares e regionaisEsquema corporal Organização e orientação temporalExpressão corporal Mímica/imitação

DramatizaçãoRepresentação

Ritmo Ritmo próprio do corpoPosturaRespiração

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Jogos, brinquedos e brincadeiras

Jogos de imitação Condutas motoras de baseCondutas neuro-motoras

Jogos construtivosJogos cooperativos

Coordenação fina (óculo-manual e óculo-pedal)Coordenação amplaCoordenação viso-motoraEquilíbrioLateralidade e lateralizaçãoOrganização e orientação espacial

Jogos simbólicos Coordenação fina (músculo-facial)Organização e orientação temporalEstruturação espaço-temporalPercepções sensoriais (táteis, gustativas, auditivas, olfativas e visuais)Habilidades perceptivo-motorasDramatização

Saúde e Corpo Higiene AlimentosSaúde Importância dos alimentos

Importância da água (hidratação)Aspectos fisiológicos Variação na respiração e ritmos cardíacos

Avaliação física Crescimento: peso e estatura

CONTEÚDOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA PARA O 2.º ANO DO ENSINO FUNDAMENTALCONTEÚDOS

ESTRUTURANTESELEMENTOS

ARTICULADORESCONTEÚDOSESPECÍFICOS

Manifestações ginásticas Elementos fundamentais da ginástica

Habilidades motoras de base: andar, correr, saltar, girar, trepar, escorregar, marchar, lançar, pegar, chutar, empurrar, sustentar, rolar, engatinhar, transportar, equilibrar, balançar, apoiar

Elementos da ginástica olímpica Rolamento (para frente e para trás), vela, avião, giros (no lugar e em deslocamento), balanceio (no lugar e em deslocamento)

Manifestações estético-corporais na dança e no teatro

Brinquedos cantadosCantigas de roda

Representação original, pesquisa e elaboração de variações e coreografias

Danças Infantis, populares e regionaisEsquema corporal Organização e orientação temporalExpressão corporal Mímica/imitação

DramatizaçãoRepresentação

Ritmo Ritmo próprio do corpoPosturaRespiração

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Jogos, brinquedos e brincadeiras

Jogos de imitação Condutas motoras de baseCondutas neuro-motorasCombinações entre habilidade motoras de base e percepções corporais

Jogos construtivosJogos cooperativos

Coordenação fina (óculo-manual e óculo-pedal)Coordenação amplaCoordenação viso-motoraEquilíbrioLateralidade e lateralizaçãoOrganização e orientação espacial

Jogos simbólicos Organização e orientação temporalEstruturação espaço-temporalPercepções sensoriaisHabilidades perceptivo-motorasDramatização

Jogos com regras simplesManifestaçõespré-desportivas

Jogos Amarelinha, caminhadas, jogos de tabuleiro (dama, trilha), dominó, iniciação ao xadrez

Bolas Posse, condução e domínioAtletismo Corrida de velocidade, salto em distância

Saúde e Corpo Higiene CorporalAspectos posturais Postura correta em diferentes posiçõesValências físicas Identificação das valências: força e

equilíbrioAspectos fisiológicos Variação na respiração e ritmos cardíacosAvaliação física Crescimento: peso e estatura

CONTEÚDOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA PARA O 3.º ANO DO ENSINO FUNDAMENTALCONTEÚDOS

ESTRUTURANTESELEMENTOS

ARTICULADORESCONTEÚDOSESPECÍFICOS

Manifestações ginásticas Elementos fundamentais da ginástica

Habilidades motoras de base: andar, correr, saltar, girar, trepar, escorregar, marchar, lançar, pegar, chutar, empurrar, sustentar, rolar, engatinhar, transportar, equilibrar, balançar, apoiar

Elementos da ginástica olímpica Rolamento (para frente e para trás), roda (estrela), vela, avião, giros, balanceio, ponte (partindo da posição deitada), parada de cabeça com ajuda (pequena elevação das pernas), equilíbrio (em diversas superfícies e apoios)

Manifestações estético-corporais na dança e no teatro

Brinquedos cantadosCantigas de roda

Brinquedos e cantigas da atualidade e de diferentes épocas

Danças Populares e folclóricasEsquema corporal Organização e orientação temporalExpressão corporal Mímica/imitação

DramatizaçãoRepresentação

Ritmo Ritmo próprio do corpoPosturaRespiração

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Jogos, brinquedos e brincadeiras

Jogos de imitação Condutas motoras de baseCondutas neuro-motorasCombinações entre habilidade motoras de base e percepções corporais

Jogos construtivosJogos cooperativos

Coordenação fina (óculo-manual e óculo-pedal)Coordenação amplaCoordenação viso-motoraEquilíbrioLateralidade e lateralizaçãoOrganização e orientação espacial

Jogos simbólicos Organização e orientação temporalEstruturação espaço-temporalHabilidades perceptivo-motoras Dramatização

Jogos sensoriais Percepções sensoriaisJogos intelectivos Interdisciplinaridade

RaciocínioConcentraçãoRegrasTécnicas e táticas

Jogos com regras simplesManifestaçõespré-desportivas

Jogos Pular corda, tênis de mesa, xadrez, jogos de tabuleiro

Bola Posse, chute, condução e domínioAtletismo Corrida de velocidade e resistência, salto

em distância, lançamento de pelotaSaúde e Corpo Higiene Corporal

Primeiros socorros Picadas de insetosAspectos posturais Postura correta no transporte de objetos e

em determinadas atividadesValências físicas Identificação das valências: velocidade e

resistênciaAspectos fisiológicos Temperatura corporalAvaliação física Crescimento: peso e estatura

CONTEÚDOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA PARA O 4.º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

CONTEÚDOS ESTRUTURANTES

ELEMENTOS ARTICULADORES

CONTEÚDOSESPECÍFICOS

Manifestações ginásticas Elementos da ginástica olímpica Rolamento (para frente e para trás), roda (estrela com extensão das pernas), vela, avião, ponte (partindo da posição em pé), parada de cabeça (pequena elevação das pernas), parada de mão (com auxílio da parede), equilíbrio (em diversas superfícies e apoios)

Elementos da ginástica rítmica Elementos corporais, corda, arco, fita, bola, maças

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Manifestações estético-corporais na dança e no teatro

Danças Danças de salãoDanças populares e folclóricasRelação histórico-social dos movimentos folclóricos e suas implicações na sociedade brasileira: análise-crítica, origem e história de outras danças

Jogos dramáticos e de interpretação (teatro)

DramatizaçãoRepresentaçãoExpressão corporalAnálise das relações sociaisAnalise do jogo através da história

Jogos, brinquedos e brincadeiras

Jogos motoresJogos cooperativos

Condutas neuro-motorasCombinações entre habilidade motoras de base e percepções corporaisCoordenação finaCoordenação amplaCoordenação viso-motoraEquilíbrioLateralidade e lateralizaçãoOrganização e orientação espacialOrganização e orientação temporalEstruturação espaço-temporalHabilidades perceptivo-motorasRitmo próprio do corpoAprendizagem objeto-motoraExpressão corporalAnálise críticaCriação de novas regras

Jogos intelectivos InterdisciplinaridadeRaciocínioConcentraçãoRegrasTécnicas e táticas

Jogos sensoriais Percepções sensoriaisManifestações esportivas epré-desportivas

Jogos pré-desportivos Queimada, bandeirinhaEsportes XadrezBola Passe, chute, recepção, condução,

domínio, cabeceio, drible, arremessos e jogos

Atletismo Corrida de velocidade e resistência, corrida de revezamento, salto em distância, salto em altura, arremessos

Saúde e Corpo Higiene AlimentosPrimeiros socorros Desmaios e pequenas hemorragiasAspectos nutricionais Importância dos alimentos e grupos

alimentaresValências físicas Identificação das valências: flexibilidade a

agilidadeAvaliação física Crescimento: peso e estatura

CONTEÚDOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA PARA O 5.º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

CONTEÚDOS ESTRUTURANTES

ELEMENTOS ARTICULADORES

CONTEÚDOSESPECÍFICOS

Manifestações ginásticas Elementos da ginástica olímpica Seqüência de movimentos ginásticos (configuração de séries)

Elementos da ginástica rítmica Elementos corporais, corda, arco, fita, bola, maças

Outras formas de ginástica Ginástica aeróbica, ginástica localizada

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Manifestações estético-corporais na dança e no teatro

Danças Danças de salãoDanças populares e folclóricasDanças nacionais e internacionais

Jogos dramáticos e de interpretação (teatro)

DramatizaçãoRepresentaçãoExpressão corporalAnálise das relações sociaisAnalise do jogo através da história

Jogos, brinquedos e brincadeiras

Jogos motoresJogos cooperativos

Condutas neuro-motorasCombinações entre habilidade motoras de base e percepções corporaisCoordenação finaCoordenação amplaCoordenação viso-motoraEquilíbrioLateralidade e lateralizaçãoOrganização e orientação espacialOrganização e orientação temporalEstruturação espaço-temporalHabilidades perceptivo-motorasRitmo próprio do corpoAprendizagem objeto-motoraExpressão corporalAnálise críticaCriação de novas regras

Jogos intelectivos InterdisciplinaridadeRaciocínioConcentraçãoRegrasTécnicas e táticas

Jogos sensoriais Percepções sensoriaisManifestações esportivas epré-desportivas

Jogos pré-desportivos Queimada, bandeirinha e outrosEsportes XadrezBola Passe, chute, recepção, condução,

domínio, cabeceio, drible, arremessos, toques, manchetes, e jogos

Atletismo Corrida de velocidade e resistência, corrida de revezamento, salto em distância, salto em altura, arremessos

Saúde e Corpo Primeiros socorros Vômitos e diarréiaAspectos nutricionais Desidratação, desnutrição e obesidadeAspectos posturais Avaliação de problemas posturais na

turmaValências físicas Identificação das valências durante a

atividade físicaAvaliação física Crescimento: peso e estatura

Observação: Os conteúdos da disciplina de Educação Física não estão

divididos por bimestre, pois necessitam ser trabalhados ao longo do ano letivo,

uma vez que alguns conteúdos específicos estão inseridos em mais de um

conteúdo estruturante. Na faixa etária em que se encontram as crianças do 1.º

ao 5.º ano, é extremamente importante a experimentação da maior variedade

de movimentos possível para otimizar o desenvolvimento das capacidades

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físicas, cognitivas e sociais do aluno. Sugere-se então, que os conteúdos

sejam organizados semanalmente dentro do bimestre. Estes conteúdos

deverão ser desenvolvidos com maior amplitude, complexidade e

aprofundamento de acordo com a série e o desenvolvimento dos alunos.

9.5 AVALIAÇÃOA avaliação da aprendizagem, de acordo com o Currículo Básico para a Escola

Pública do Paraná (1990), é um processo contínuo e sistemático de obter

informações, de diagnosticar progressos, capacidades e habilidades dos

alunos.

Segundo as Diretrizes Curriculares da Rede Pública da Educação Básica do

Paraná (2006) e dentro de uma visão progressista da educação, que visa a

formação do sujeito crítico, consciente de sua ação transformadora na

sociedade, a avaliação deve ser contínua e deve identificar os progressos do

aluno durante o ano letivo; de modo que considere o que preconiza a LDB

9394/96, pela chamada avaliação formativa em detrimento da avaliação

tradicional, qual seja, somativa ou classificatória, com vistas a diminuir

desigualdades sociais e construir uma sociedade mais justa e humanizada.

Nas primeiras aulas, a avaliação deve ser utilizada para diagnosticar a

condição que o aluno se encontra para que haja uma adequação dos

conteúdos a serem trabalhados, quando serão ministradas uma série de jogos,

que além de trabalhar os conteúdos propostos, darão ao professor uma visão

dos conhecimentos anteriormente adquiridos pelo aluno e as suas dificuldades.

As atividades que serão aplicadas para se atingir os conteúdos deverão

apresentar dificuldades iniciais (desafios) para que haja motivação na

superação dessas dificuldades. Isto provoca um desequilíbrio momentâneo,

que exigirá do aluno a reequilibração para níveis superiores de conhecimento e

desenvolvimento.

Pela avaliação diagnóstica, as dificuldades apresentadas serão analisadas e

tanto professor quanto alunos poderão revisitar o trabalho realizado até então

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para identificar lacunas no processo pedagógico, planejar e propor

encaminhamentos que superem as dificuldades constatadas, realimentando os

conteúdos e encaminhando-os a uma nova proposta de ação, buscando a

conquista da maior consciência corporal e senso crítico nas relações

interpessoais e sociais.

O Currículo Básico para a Escola Pública do Paraná (1990) propõe que sejam

avaliados os pressupostos do movimento, pois são eles que determinam a

maneira com que o corpo se movimenta na ginástica, dança, jogos e esporte.

As formas básicas de movimento (condutas motoras de base) e as condutas

neuro-motoras serão avaliadas em como o educando identifica, domina e

desenvolve cada etapa.

O esquema corporal será avaliado no sentido de desenvolver gradativamente a

criança e o alcance dela a níveis superiores, atingindo a superação de si

mesma e uma consciência corporal.

O ritmo será avaliado no sentido da criança conseguir acompanhar a música

com movimentos corporais e identificar os diferentes ritmos.

Na aprendizagem objeto-motora, o aluno será avaliado quanto ao domínio na

manipulação de objetos em precisão, velocidade, agilidade e desenvoltura.

As relações histórico-culturais das danças e seus diferentes tipos e a análise

crítica da ginástica e dos esportes através da história também devem ser

avaliados.

Os jogos serão considerados no processo de desenvolvimento da análise

crítica, da atitude dos alunos frente aos desafios, derrotas e vitórias, na

reelaboração de novas formas de movimento, novos jogos e novas regras.

O processo de avaliação, portanto, será realizado em função dos conteúdos

propostos e os objetivos a ser atingidos, levando em consideração a freqüência

e participação do aluno nas aulas, a participação individual e coletiva nas

atividades, os questionamentos e soluções produzidos pelo aluno, a percepção

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de seu próprio movimento em relação aos outros e à natureza, sempre

analisando suas dificuldades e seu desenvolvimento na execução das

atividades durante o decorrer do ano letivo. Deve ser observado se o aluno

ampliou seu conhecimento prévio apropriando-se do conhecimento científico.

As atividades das aulas de Educação Física devem ocorrer, segundo

OLIVEIRA (2003), de modo que o aluno:

- vivencie atividades que o auxiliem no alcance do estágio maduro de execução

dos movimentos fundamentais;

- amplie e aperfeiçoe a combinação das habilidades motoras funcionais;

- apresente o conhecimento e a participação efetiva em atividades ligadas à

cultura corporal presentes em seu cotidiano;

- conheça e desenvolva atividades que fazem parte da cultura corporal regional

e nacional;

- compreenda a capacidade de organização técnica, conhecendo e

diversificando as formas de realização das atividades;

- analise, construa e respeite normas, regras e valores para o desenvolvimento

de atividades coletivas, tendo a possibilidade de enfrentar desafios

apresentados em situações de jogo e competições, adotando uma postura

cooperativa e respeitando o adversário;

- participe das atividades sem discriminações por razões físicas, sociais,

culturais e de gênero;

- valorize a prática da dança enquanto expressão corporal que representa a

produção de uma sociedade;

- compreenda questões ligadas à higiene, alimentação e saúde, que devem ser

seguidas para que ocorra a manutenção de hábitos saudáveis durante toda a

vida.

REFERÊNCIASBOZ, C.G. Positivo: Orientações Metodológicas de Educação Física para

Educação Infantil. Curitiba: Posigraf, 2006.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. Brasília: MEC/SEF, 1997.

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DESVIOS POSTURAIS. Disponível em: http://www.dornascostas.com.br/desvios_posturais.htm - Acesso em 15 setembro de 2008.

GIL, A.H.F. et al. Agenda do Professor: Uma proposta à interdisciplinaridade. Curitiba: Editora Base, 2003.

GONÇALVES, M.C. et al. Aprendendo a Educação Física. Curitiba: Bolsa Nacional do Livro, 1996.

OLIVEIRA, A. A. B. Planejando a Educação Física Escolar. In: VIEIRA, J.L.L. A Educação Física e esportes na escola: estudos e proposições. Maringá: EDUEM, 2003.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica do Estado do Paraná. Educação Física. Curitiba: SEED, 2006.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Currículo Básico para Escola Pública do Paraná. Curitiba: SEED, 1990.

PARANÁ. Secretaria Municipal de Educação. Proposta Curricular para o Ensino Fundamental. Sarandi, 2004.

SOARES, C.L. et al. Metodologia do ensino da educação física/Coletivo de Autores. São Paulo: Cortez, 1992.

VALADARES, S; ARAÚJO, R. Educação física no cotidiano escolar. Belo Horizonte: Editora Fapi, 1999.

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PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS DO ENSINO DE ARTES

COLABORADORES

Augusta VozniakCristiane M. M. TechJandira G. Konopka

Luci WagnerMaria Jussara ChemimRosangela K. Stroparo

Tânia Surek

COORDENAÇÃO

Margarete K. ZanlorençoSilvia P. Kosak

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10. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS DO ENSINO DE ARTES

O termo arte vem do latim e significa técnica ou habilidades. A arte deve ser

entendida como conhecimento, trabalho e expressão partem de um processo

global na formação do aluno, enquanto ser sócio-histórico. Para Vygotsky

(1987, p. 17) “a atividade criadora de imaginação encontra-se em relação direta

com a riqueza e com a variedade da experiência acumulada pelo homem.”

Dessa forma, mergulhar na arte é a forma de refletir sobre a vida, de uma

maneira pura, contemplando, vendo e se aprofundando na realidade,

descobrindo e compreendendo as críticas, os desafios, os elogios, as

frustrações, a emoção.

Portanto, o ensino da arte como parte do processo da educação, dentro da

perspectiva histórica deve contribuir para criar no aluno uma percepção

exigente, ativa, crítica em relação à realidade humano-social. Quanto mais o

aluno for exposto a variados meios de reflexão sobre o mundo que o cerca,

maior capacidade de compreensão, análise e crítica desenvolverá.

Conforme Fusari (1999 p. 104), o professor deve saber unir as problemáticas

das práticas escolares na área artísticas coma as reflexões e teorias suas e de

outros profissionais sobre arte e educação de um modo transformador, criativo

e compromissado com a democratização cultural artística e estética junto aos

estudantes. O exercício dessa práxis pedagógica com vistas a ajudar a

formação artística e estética de estudantes na escola, certamente estará

mobilizando o professor de arte a pensar no seu trabalho, pesquisar, discutir

com outros docentes e aperfeiçoar-se.

Agindo desse modo, a prática pedagógica terá coerência, ajudará o educando

para que ele reconheça o seu repertório cultural e entre em contato com outras

referências, sem que haja a imposição de uma forma de conhecimento sobre a

outra e não existirá divisão entre reflexão e prática.

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É importante que o ensino da arte esteja de acordo com sua época. A sala de

aula deverá parecer o espelho do atelier do artista ou laboratório do cientista.

Nela pesquisas são desenvolvidas, técnicas são criadas e recriadas, e o

processo criador toma forma de maneira viva e dinâmica. Dessa forma, o

ensino da arte, rompe barreira de exclusão, pois nesta perspectiva o que vale é

a capacidade que cada um tem de experimentar.

Neste processo, os alunos são levados a desenhar, representar, tocar,

escrever, pois se trata de uma vivência e não de uma competição, permitindo a

inter-relação entre razão, emoção e intuição.

Aprender e ensinar arte não é uma tarefa simples, existem várias formas de

realizá-la. Um bom ponto de partida para a compreensão da arte como

atividade humana, forma de expressão, conhecimento e trabalho criador, seria

entendê-la como parte integrante da aprendizagem.

Desenvolvida assim, as atividades se tornarão bem mais interessantes,

conseqüentemente, atrairá mais pessoas interessadas, pois estas serão

construtoras de seus próprios caminhos, sabendo refletir e avaliar qual o

melhor caminho para atingir seus objetivos. Assim, a arte deixará de ser

incompreensível e distante da realidade, será viva, terá sentido.

É importante lembrar que cada grupo envolvido neste processo faz parte de

uma cultura, que está em constante transformação, ampliando e possibilitando

ações que valorizem a produção e a transmissão do conhecimento, através das

danças folclóricas, comidas típicas, artistas plásticos locais como pintores e

escultores, festas típicas do município de Irati: Festa do Pêssego, Festa do

Borrego no Rolete, Festa da Cerveja Caseira; Festa do Pirogue; Festa dos

Sabores; Festa de São Cristóvão, Festas Juninas, Rodeio de Integração no CT

Willy Laars, Teatro da Paixão de Cristo; Casa do Papai Noel, Parques e

Praças, etc.

Esse processo pedagógico, que tem como fundamento à perspectiva Histórico

Cultural, busca a dinâmica entre o sentir, o pensar e o agir. Promove a

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interação entre saber e prática relacionados à história, às sociedades e as

culturas, possibilitando uma relação ensino/aprendizagem de forma efetiva, a

partir de experiências vividas, compartilhadas com seu meio social, econômico.

Portanto, não se trata arte desvinculada da forma de organização da nossa

sociedade e da nossa escola. Os professores precisam desenvolver atividades

que possibilitem o trabalho com a diferença, a imaginação, a auto-expressão, a

descoberta, a invenção, experiências, perspectivas, experimentação da

pluralidade, multiplicidade e diversidade de valores, sentidos e intenções.

Ninguém consegue criar senão estiver motivado ou desafiado a produzir. Criar

é refazer, selecionar, seriar, classificar e reelaborar, partir do que é conhecido e

modifica-lo de acordo com a necessidade e as exigências do contexto. A

própria arte é uma convenção social que está intimamente ligada à sociedade e

à cultura em que está inserida. Segundo Honório (2007 p.13),

O fazer artístico está impregnado pela intuição, percepção, sentimento, razão e conhecimento que se fundem, ao criar o homem percebe, relê e repropõe o mundo, a vida e a própria produção artística, produzindo imagens únicas e insubstituíveis, despertando a consciência e novos modos de sensibilidade, podendo tornar mais crítico, seja consigo mesmo, com outras pessoas ou com o mundo.

Para melhor entendimento desta proposta crítica e reflexiva, é muito importante

conhecermos a história da Arte, pois através dela, vamos observar as relações

sociais que o homem tem com a arte e as transformações ocorridas desde o

princípio até os nossos dias. A arte desde os tempos primórdios está ligada e

relacionada com o desenvolvimento da humanidade. As primeiras

manifestações artísticas surgiram na pré-história.

Segundo o site www.suapesquisa.com/artesplasticas relata que as obras de

arte datam do período Paleolítico através de pinturas rupestres de animais pré-

históricos no teto da gruta de Altamira, na Espanha, em cavernas também em

Altamira, na localidade francesa de Lascaux. As figuras rupestres são de

animais pré-históricos como: cavalos, bisões, rinocerontes. Essas pinturas

indicam rituais pré-históricos, ligados à caça. Desde então, a arte vem

contribuindo para a transformação cultural do mundo e do comportamento das

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pessoas. No Brasil, no Parque Nacional da Serra da Capivara, Piauí, foram

encontradas pinturas rupestres de cerca de 10 000 a.C.

10.1Um breve histórico sobre a arte na humanidade

A arte Mesopotâmica desenvolveu-se através dos povos sumérios, babilônios,

assírios, caldeus onde demonstravam a religiosidade e o poder dos

governantes. São touros alados, estatuetas de olhos circulares, relevos em

paredes representando guerras e conquistas militares e animais e pictogramas

representando fatos da realidade dos povos.

No Antigo Egito as obras de arte possuíam forte caráter religioso e funerário.

Há representações artísticas de deuses, faraós e animais explicadas por textos

em escrita hieroglífica. As pinturas eram feitas nas paredes das pirâmides ou

em papiros. A característica da arte egípcia é o desenho chapado, de perfil e

sem perspectiva artística.

A arte na Grécia Antiga destaca-se pelas pinturas dos murais com cores

diversificadas sendo fortes e vivas. Desenhos de touros, imagens abstratas,

símbolos marinhos e animais ilustram a cerâmica. O período clássico da arte

grega é a época de maior expressão da arte grega. Nas esculturas de bronze e

mármore destacam-se a harmonia e a realidade. Os principais escultores são:

Mirón, Policleto, Fídias, Praxíteles.A arquitetura e a ornamentação de templos

religiosos, como Partenon, a acrópole de Atenas e o templo de Zeus na cidade

de Olímpia mostram força e características expressivas. No período helenístico, ocorre a fusão entre as artes grega e oriental. A arte grega

assume aspectos da realidade. Nas esculturas a dramaticidade e as formas

decorativas em excesso. Obras deste período: Vitória da Samotrácia, Vênus

de Milo e o templo de Zeus, na cidade de Pérgamo.

Arte Romana do ocidente e do Oriente (Arte Bizantina) seguiu os modelos e

elementos artísticos e culturais dos gregos e chega a “copiar” estátuas

clássicas. É a época da construção de monumentos públicos em homenagem

aos imperadores romanos. A pintura mural ocorre ao efeito tridimensional.

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Destacam-se as pinturas murais, os manuscritos, os ícones religiosos e os

mosaicos de cores fortes e brilhantes, carregados de profundo caráter religioso.

No Renascimento Cultural (século XV e XVI), os elementos artísticos da

Antiguidade clássica voltam a servir de referência cultural e artística. O

humanismo coloca o homem como centro do universo (antropocentrismo). São

características desta época: uso da técnica de perspectiva; uso de

conhecimentos científicos e matemáticos para reproduzir a natureza com

fidelidade. Na pintura, novas técnicas passam a ser utilizadas: uso da tinta a

óleo aumentando a ilusão de realidade. A escultura renascentista é marcada

pela expressividade e pelo naturalismo. A xilogravura passa a ser muito usada.

Destacam-se as pinturas: O Casal Arnolfini de Jan Van Eyck; A Alegoria da

Primavera de Sandro Boticcelli; A Virgem dos Rochedos, Monalisa e A Ùltima

Ceia de Leonardo da Vinci; A Escola de Atenas de Rafael Sanzio; o teto da

Capela Sistina e a Escultura Davi de Michelangelo Buonarotti.

Maneirismo (século XVI) é representado de forma distorcida e realista, sendo

que as figuras bizarras aparecem com freqüência. Obras: O Juízo Final de

Michelangelo; A Crucificação de Tintoretto; O Enterro do Conde de Orgaz de El

Greco.

Barroco é um termo de origem portuguesa que significa pérola grande de feitio

irregula; linhas enroladas ou irregulares que se opunham à rigidez do estilo

renascentista. A arte barroca (1600 a 1750) destaca a cor e não o formato do

desenho. As técnicas utilizadas dão um sentido de movimento ao desenho. Os

efeitos de luz e sombra são utilizados constantemente como um recurso para

dar vida e realidade à obra. Temas que mais aparecem são: a natureza-morta,

a paisagem, e cenas da vida cotidiana. Obras barrocas com cenas religiosas

repletas de heroísmo e dramaticidade mais conhecidas são: A Ceia de Emaús

de Caravaggio; A descida da Cruz de Peter Paul Rubens; A Ronda Noturna de

Rembrandt; O Êxtase de Santa Teresa de Gian Lorenzo Bernini; As Meninas

de Diego Velásquez; Vista de Delft de Jan Vermeer. No Brasil a arte Barroco

tomou características próprias, sobretudo quando começou a usar pedra-

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sabão. Nos estados da Bahia, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, destacou-se

a maior concentração de artistas desse estilo, como: Antonio Lisboa o

Aleijadinho com a obra “Os 12 Profetas” 1796-1805, Manuel da Costa Ataíde

com a pintura do forro da nave da Matriz De Santo Antonio, 1811 em Itaverava

(MG).

O estilo rococó (1730 a 1800) é marcado por pinturas com tons claros, com

linhas curvas e arabescos. O estilo é bem decorativo e a sensualidade aparece

em destaque. Os afrescos ganham importância e são utilizados na decoração

de ambientes interiores. Artistas importantes: Jean-Antoine Watteau, Giovanni

Battista Tiepolo; François Boucher; Jean-Honoré Fragonard.

No Neoclassicismo (1750 a1820) são resgatados elemento e valores da arte

clássica (grega e romana). Há uma incidência maior do desenho e da linha

sobre a cor. O heroísmo e o civismo são temas muito explorados neste

período. Principais obras: Perseu com a Cabeça da Medusa de Antonio

Canova,O Parnaso de Anton Raphael Mengs; O Juramento dos Horácios e a

Morte de Sócrates de Jacques-Louis David; e A Banhista de Valpinçon de

Jean-Auguste-Dominique Ingres.

No Romantismo nas artes plásticas (1790 A 1850 ) as características são a

subjetividade e introspecção, sentimentos e sensações. A literatura romântica,

os elementos da natureza e o passado são retratados de forma intensa. No

estilo romântico, o belo deixou de ser universal e assumiu caratê individual e

transitório. Na pintura, a composição tornou-se mais livre, a cor passou a ser

usada com mais audácia, com predominância do vermelho, contrastes de luz e

sombra, pinceladas livres e irregulares com tinta empastada.

O Realismo (1848 a 1875) destaca a realidade física através da objetividade

científica e crua. Estas obras são inspiradas pela vida cotidiana e pela

paisagem natural. Aparecem fortes críticas sociais e elementos do erotismo,

provocando críticas dos setores conservadores da sociedade européia do

século XIX. Mulheres nuas começaram a ser retratadas e escandalizaram o

público. Principais pinturas: Enterro em Ornans de Gustavo Coubert; Vagão de

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Terceira Classe de Honoré Daumier,; Almoço dos Remadores, de Auguste

Renoir.

O Impressionismo (1880 a 1900) através da luz e da cor os artistas buscam

atingir a realidade, retratando paisagens urbanas, sem preocupação com

denúncias sociais. As obras são feitas ao ar livre para aproveitar a luz natural.

Influência a pintura e marcando as grandes tendências da arte do século XX .

Obras: Impressão, Nascer do Sol de Claudio Monet; A aula de Dança de

Edgard Degas, O Almoço dos Remadores de Augusto Renoir.

Pós-impressionismo é o período marcado pelas experimentações individuais.

Os artistas buscam a realidade e imitam a natureza, utilizando recursos de luz

e cor. O cromatismo é muito utilizado. As cores mais intensas são exploradas,

com pinceladas fortes e explosivas. Obra: Noite Estrelada de Van Gogh 1889;

Henri de Toulouse-Lautrec usa a técnica da litogravura.

O termo Expressionismo surgiu pela primeira vez na Alemanha, 1904 e 1905,

com o grupo Die Bruke. Pode ser considerado como uma postura assumida

em diversas formas de manifestação artística durante o século XX. A temática

referi-se ao amor, ao ódio,ao medo, à miséria, à solidão à angústia...

Características da pintura: exagero das expressões (deformação); grande

importância para a utilizaçãoda linha, dramaticidade das cores. Artistas:

Edward Munch com a obra “O Grito” 1893, Emil Nold, Amedeo Modigliani,

oskar Kokoschka; Egon Schaaaim Soutine, Albert Giacometti e Francis Bacon.

No Brasil, Lasar Segall é considerado o representante mais expressivo com

sua obra “Favela I 1954-1955. Na pintura destaca-se Candido Portinari autor de

telas e murais que representavam a vida social brasileira da época, o trabalho

escravo, a seca, a fome, seguindo a partir dos anos 50, para abstração formal

ou geométrica.

Cubismo, (1908 a 1915) surgiu em Paris com a tela “Lês Demoiselles

D’Avignon rompeu com os elementos artísticos tradicionais ao apresentar

diversos pontos de vista em uma mesma obra de arte. As formas geométricas

são utilizadas muitas vezes para representar figuras humanas, como também

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recortes de jornais, revistas e fotos são recursos utilizados. Obras: Lês

Demoiselles d’Avignon de Pablo Picasso; Casas em L’Estaque de Georges

Braque. No Brasi esse movimento influenciou vário artista, inclusive depois da

Semana da Arte Moderna. Obra de Picasso com características cubistas:

“Painel de Tiradentes”, no Memorial da América Latina em São Paulo.

Dadaísmo (décadas de 1910 a 1920) prega o absurdo, o sacarmos, a sátira

crítica e o uso de diversas linguagens, como pintura, poesia, escultura,

fotografia e teatro. Destacam-se os artistas: Hugo Ball, Hans Arp, Francis

Picabia, Marcel Duchamp, Max Ernst, Kurt Schwitters, George grosz e Man

Ray.

Na Arte Surrealista (década de 1920) os artistas exploram o inconsciente e as

imagens que não são controladas pela razão. O surrealismo usa associações

irreais, bizarras e provocativas. O rompimento com as noções tradicionais da

perspectiva e da proporcionalidade resulta em imagens estranhas e fora da

realidade.Principais representantes: Marc Chagall, Joan Miro, Salvador Dali,

René Magritte e Max Ernst. No Brasi destaca-ae Ismael Nery.

Op- art significa “arte óptica” As obras conseguem provocar no espectador a

sensação de movimento, isto,porque apresentam diferentes figuras

geométricas, em preto e branco ou coloridos como a obra de Victor Vasarely

“Veja 200” – 1968.

Pop-art nos Estados Unidos por volta de 1960 significando “Arte Popular”. Os

temas estão ligados aos símbolos e produtos industriasi, símbolos de trânsito,

automóveis, eletrodomésticos, imagens de grandes estrelas do cinema...

Nomes representativos: Andy Warhol com a obra”Série em Negativo: Marilyn

1979-1986; Claes oldenburg e Roy Lichtenstein, Jim Dine, Daviod Hockney.

Arte Conceitual (década de 1960) as referências artísticas são os textos,

imagens e objetos. A obra deve ser valorizada por si só. Um dos meios

preferidos dos artistas é a instalação de um espaço de interação entre a obra e

o espectador. Até mesmo a televisão e o vídeo são usados nas instalações.

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Destacam-se os artistas: Joseph Beuys< Joseph Kosuth, Daniel Buren, Sol Lê-

Witt e Marcel Broodthaers, Nam June Paik, Vito Acconci, Bill Viola, Bruce

Naumann, Gary Hill, Bruce Yonemoto e William Wegman.

10.2A Arte no Brasil: um olhar histórico

Nas últimas décadas muito se tem discutido e escrito sobre a inclusão da arte

na escola de forma mais efetiva. Em 1971, com a Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional nº5.692, buscando-se organizar o ensino da arte nas

escolas, foi criado o componente curricular Educação Artística, determinando-

se que nessa disciplina fossem abordados conteúdos de teatro, dança, música

e artes plásticas.

Já com a Lei de diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394/96),

aprovada em 20 de dezembro de 1996, a área de Artes passou a ser

denominada como área do conhecimento e tornou-se obrigatória no Ensino

Fundamental e no Ensino Médio. A LDB estabelece em seu artigo 26,

parágrafo 2º: “O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório,

nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o

desenvolvimento cultural do aluno”.

Estudar A História da Arte não significa simplesmente estudar períodos, fatos,

estilos. É necessário refletir sobre os problemas e soluções artísticos e

estéticos, para que haja compreensão de toda esta trajetória.

Os historiadores da arte e estudiosos elaboram o percurso artístico e estético

dos povos representando determinadas épocas e culturas. Por isso ao

trabalharmos as informações produzidas por eles faz-se necessário refletir e

repensar os nossos posicionamentos.

Nos estudos da História da Arte no Brasil, se faz ligações com a arte

estrangeira principalmente a latino-americana, porque identifica os traços

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artísticos e estéticos da arte regional, nacional, latino-americana, internacional

contidos nas manifestações artísticas. Segundo Fusari (1999, p. 121 a 144), na

História da Arte no Brasil fazem parte:

Arte pré-histórica: arte rupestre brasileira; arte indígena;

O contato com a produção artística do período pré-histórico (tanto do Brasil e

América Latina como outros países) nos faz compreender o processo artístico

humano nas suas origens. Através das representações gráficas, pictóricas e

esculturais que foram encontrados nos artefatos líticos, nas cerâmicas e

principalmente na arte rupestre (desenhos, pinturas e relevos nas rochas)

podemos acompanhar a evolução técnica e a procura de nexos formais,

simbólicos e ritualísticos de nossos ancestrais. A arte indígena é caracterizada

pela preocupação em representar as tradições da comunidade de cada tribo.

Arte indígena: arte plumária, cerâmica, máscaras, tecelagem, pintura corporal.

Arte do período colonial: arte missionária e barroco;As manifestações artísticas ocorreram com a efetivação do sistema colonial e a

vinda das ordens religiosas jesuítas (1549), beneditina (1581) e franciscana

(1584) as quais trouxeram ao Brasil vestígios de sua cultura, inclusive em

termos técnicos.Os monumentos artísticos dessa época restringem-se

basicamente às igrejas erguidas nos centros administrativos e às construções

oficiais que incorporavam fortificações, alfândegas, casa de câmara e cadeia, e

residência dos governadores. O período Barroco foi trazido para o Brasil pelos

portugueses com influência africana e da mineração. A música brasileira é

reflexo do branco, do índio e do negro.

Arte brasileira no século XIX;As manifestações artísticas foram enfocadas a partir dos momentos históricos-

culturais vividos no país. A passagem do Brasil-Colônia ao Brasil, caracterizou-

se pelas convulsões políticas internas, pelo clima de idéias e avanços

estimuladores. Os artistas nesse período seguiram caminhos e temáticas mais

atualizados para a época. A influência da Missão Francesa atingiu também a

arquitetura, desenvolvendo construções de modelos sofisticados e eruditos. No

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Brasil, como na Europa, foi na arquitetura eclética que a modernidade se fez

notar.

Arte moderna e contemporânea no Brasil

O Brasil a partir do modernismo incluiu leituras, contextualização e análises das

produções artísticas brasileiras do século XX, rompendo assim com as

tradições e regras acadêmicas provenientes dos séculos anteriores, marcando

a efervescência de cunho cultural mais nacionalista. Segundo Fusari e Ferraz

(2001, p. 141-142)

É preciso destacar-se ainda a necessidade de uma discussão sobre a arte de nossos dias, ou seja, aquela que está em processo, que vem se transformando continuadamente e com a qual convivemos: a arte contemporânea. Estamos nos referindo não apenas às produções recentes, mas também às obras artísticas e movimentos desenvolvidos nas últimas décadas.

Para compreensão da arte moderna e contemporânea tanto brasileira como

estrangeira acontecerá através de estudos das artes visuais, sonoras, cênicas,

audiovisuais, representativa deste século, analisando suas tendências de

organização estética e artística. Esse movimento foi um marco da arte

brasileira, quando os artistas passaram a buscar inspiração dos seus próprios

trabalhos nas próprias raízes culturais do País. Neste movimento destacam-se:

Tarsila do Amaral, Candido Portinari, Pancetti, Volpi, Anita Malfatti com a obra

“Tropical” 1917.

10.3 Por que ensinar arte?

Embora abranjam problemáticas interessantes, curiosas e, no caso da arte até

divertidas, muitas vezes, é difícil compartilhar com a maioria das pessoas que o

prazer advindo da apreciação da produção artística exige estudo e muito

conhecimento, ou pelo menos um esforço para conhecer um pouco sobre arte.

Evidentemente, conhecer, longe de ser uma absorção passiva do repertório de

alguém, exige de cada um de nós um esforço de interpretação das formas

simbólicas para percebê-las com a expressão de alguém para outro alguém.

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O professor deve possuir ainda uma capacidade que o habilite a realizar sua

tarefa com êxito e com o máximo de rendimento. Essa capacidade compreende

o conhecimento profundo sobre a matéria, que se ensina e sua preparação

pedagógica para tanto. Seria impossível ser um bom professor sem essas duas

capacidades. O professor deve ser então, um profundo estudioso de si mesmo,

da criança e daquilo que se deseja ensinar.

Desde criança, o homem participa das práticas sociais e culturais de sua

família, de seu meio, enfim, dos grupos com os quais convive. Com o tempo,

seu mundo vai se ampliando e se tornando cada vez mais complexo. À sua

formação, como sujeito em processo de humanização, vai se estruturando a

partir das experiências assimiladas com outras pessoas.

Todo esse mundo que a criança traz para escola deve ser um instrumento

consistente a ser utilizado pelo professor, aumentando ainda mais seu leque de

possibilidades, auxiliando-o a tornar a aprendizagem não apenas uma atividade

de produção artística mas a conquista da significação do que faz (percepção

estética).

Ao fazer e conhecer arte, o aluno percorre trajetos de aprendizagem que

propiciam conhecimentos específicos sobre sua relação com o mundo,

desenvolvendo potencialidades e possibilitando situar o fazer artístico com o

fato e a necessidade de transformar o homem histórico.

10.4 OBJETIVOS DO ENSINO DE ARTES

Os objetivos do ensino da Arte são de grande importância, pois esclarecem aos

professores como vivenciar a arte aprendendo a conviver e a aceitar todas as

formas de manifestação artística, a leitura da realidade e compreendendo o seu

significado, porque as diversas formas de arte requerem diferentes sentidos.

Os objetivos se sustentam em três pilares: formação dos sentidos,

conhecimento artístico, atividade de apreciação e produção artística.

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Isis Moura Tavares (2004) afirma que na formação dos sentidos, o aluno

aprende a ver e ouvir, incluindo a observação da aparência e da função dos

objetos, a percepção dos aspectos que traduzem os seus significados na vida

cotidiana. Assim, o objetivo principal é formar e ampliar os sentidos para

compreensão da cultura visual, sonora cênica e da dança.

No conhecimento artístico deve-se explorar o universo de imagens, sons e

movimentos que fazem parte do nosso dia-a-dia: imagens transmitidas pelos

meios de comunicação, um jingle (anúncio ou slogan musicado), um cartaz,

um programa de rádio, um filme, uma canção, uma comédia, um ballet, uma

ilustração, artefatos, a arquitetura, a fachada das casas, o desenho das

cidades,contato com a cultura de outros grupos para estabelecer relações com

o conhecimento que já possui e os novos. Desta forma, possibilita ao aluno,

tomar como referência o seu conhecimento, o domínio de diferentes formas de

interpretação do significado dos objetos.

A apreciação e produção artística pressupõem que o aluno deve ter acesso

a diversas manifestações artísticas, como forma de ir se familiarizando com a

arte e compreendendo que ela nos mostra a realidade e o modo de ver dos

indivíduos em determinado contexto.Uma apreciação permite que o aluno faça

o diálogo entre o que está vendo ou ouvindo, entre sua vida e os

conhecimentos específicos sobre arte. Assim o aluno passa a perceber o

significado dos objetos artísticos. A produção artística é o pintar, cantar,

dançar, representar, confeccionar, desenhar, modelar, criar...

Portanto, devemos criar nos alunos uma percepção exigente, ativa, crítica em

relação à realidade humano-social, proporcionando a aquisição dos

instrumentos necessários para a compreensão desta realidade expressa na

obra de arte. Podendo assim ampliar e enriquecer suas criações utilizando a

linguagem como meio de comunicação e interação social estruturando

progressivamente as experiências adquiridas tendendo à organização do

conhecimento.

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Através da Arte proporcionamos ao aluno condições de traduzir à leitura da

realidade, o conhecimento dos processos de criação artística, estímulo à

imaginação e a criatividade, a compreensão do mundo humano que se quer

refletir e expressar.

Com a Arte, podemos conhecer e valorizar o patrimônio sociocultural brasileiro,

bem como de outras nações. Recuperando a Arte como forma de

conhecimento, trabalho e expressão ensinam o aluno a ver, a ouvir

criticamente, a interpretar, a fim de ampliar as possibilidades de fruição e

expressão artística.

Para que o professor possa avaliar seu aluno, os objetivos devem deixar claro

quais são as atitudes que se espera que ele obtenha no decorrer do trabalho

enfocando formas de relação de arte com a sociedade, onde o professor

avaliará em todos os momentos o resultado.

Com os objetivos podemos prever o desenvolvimento do aluno na sua

imaginação, criatividade, emoção, sensibilidade, atitude, comunicação, reflexão

tanto individual, no grupo ou no coletivo em todas as atividades artísticas

realizadas.

Para que os alunos possam interagir se faz necessário proceder utilizando

materiais diversos englobando Artes Visuais, Dança, Música e Teatro tornando-

se a Arte conhecimento centrando-se na expressão individual do aluno,

fazendo relações com os saberes de outras áreas.

Todas as atividades propostas devem levar o aluno a compreender a Arte

como um fato histórico relacionando com todas as culturas despertando o

conhecimento e o respeito fazendo uma relação com o presente identificando

as diferenças nos padrões artísticos e estéticos.

10.5 O QUE E COMO ENSINAR ARTE NAS SÉRIES INICIAIS?

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Quando se fala em arte na escola, sempre se tem que justificar, explicar,

valorizar. As pessoas precisam perceber a arte em suas vidas e, muitas vezes,

nem percebem que necessitam da arte para viver.

Para satisfazer a necessidades das pessoas, o homem cria objetos cada qual

com sua função, seja ela histórica, utilitária, decorativa, artística. O homem cria,

aprecia sente, gosta, admira, concretizando o olhar e formando o conhecimento

da realidade

De maneira geral, para as crianças pequenas o fazer e a apreciação em cada

uma das linguagens artísticas devem estar ligados a atividades lúdicas.

Experimentando ludicamente a observação e o contato com as formas e

diversos materiais artísticos, as crianças se expressam ao mesmo tempo em

que desenvolvem suas potencialidades estéticas.

As crianças menores gostam de jogos e atividades artísticas envolvendo-se de

maneira viva e criativa. Quanto menores mais curtas e simples deverão ser as

atividades do fazer artístico: amassar e modelar barro, pintar com pincel ou

com as mãos, rasgar e colar papéis, produzir sons com instrumentos do

cotidiano ou musical, contar e dançar pequenas canções, dramatizar,

historietas com objetos: fantoches, bonecos, etc. A medida que crescem, as

crianças apresentam maiores possibilidades de atuação e se tornam mais

conscientes de seus próprios trabalhos artísticos e das outras pessoas, e

podem ser conduzidas, por meio de conversões e atividades instigantes e tecer

paralelos e comparações significativas entre seu trabalho e a produção artística

de outras crianças, ou mesmo da produção de arte adulta ( brasileira ou

estrangeira).

MÚSICA – é considerada fundamental na formação de futuros cidadãos desde

a Grécia antiga, pois além do poder de encantar e proporcionar distração pode

ser utilizada para transmitir conhecimentos de naturezas diversas.

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O Currículo Básico (1992 p. 150) nos diz que: “musicalizar é ensinar a ouvir o

universo sonoro através do estudo do som como matéria prima a ser

organizada.” Isto ocorrerá através do estudo dos elementos: altura, timbre,

intensidade, duração e densidade.

As canções populares constituem a mais viva expressão lingüística de um

povo, as letras servem para o processo de alfabetização pois além de

prazerosa captam a estrutura do pensamento de um povo ao mesmo tempo

divertem com aspectos sonoros como os ritmos, as rimas, figuras de

linguagem, tão ricas.

Fazemos música com a voz, com instrumentos musicais, com objetos, com

sons de animais, com sons do nosso corpo. Os sons que ouvimos podem ser

agradáveis, fortes, fracos, irritantes, relaxantes. Qualquer que seja o som, ele é

resultado da vibração de uma fonte sonora. Consideramos gêneros musicais:

Música étnica: é a música de raiz, feita pelo povo, normalmente com caráter

ritual;

Música folclórica: mostra idéias e sentimentos comuns de um grupo, sendo

transmitida por tradição oral, tem compositor desconhecido e é divulgada e

transformada com o passar do tempo;

Música popular: é feita por autor conhecido e que, normalmente, alcança

todas as camadas da sociedade – compositores: Raul Seixas, Chico Buarque,

Caetano Veloso, Gilberto Gil, Roberto Carlos, Vinícius de Morais...

Músicas criadas pela indústria cultural: são músicas de massa ou

comerciais, feitas para serem assimiladas por um grande número de pessoas,

com estrutura de composição simples, e cuja intenção é o consumo alienado

da população, é ligada a moda, considerada arte de consumo;

Música erudita: é a feita normalmente por pessoas que estudam música

formalmente; é toda música que não é popular, étnica, folclórica ou comercial;

Músicas religiosas: são ligadas a espiritualidade e a religiosidade dos povos,

independentemente da crença religiosa, pois todos os povos possuem músicas

para rezar, agradecer, celebrar, abençoar ou pedir bênçãos aos seus deuses.

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O professor precisa saber trabalhar com a diversidade de religiões que poderá

encontrar na sua turma, mostrar que a necessidade humana da música é tão

forte que, até para estabelecer contato com Deus, utiliza-se essa linguagem.

Músicas profanas: são todas aquelas que não são religiosas: música de

divertimento, de dança, para dormir, guerrear, trilhas sonoras, relaxamento...

Associadas às músicas estão às brincadeiras, a dança e as práticas esportivas

que revelam a cultura corporal de cada grupo social. Na música encontramos:

ALTURA – sons graves e agudos; INTENSIDADE – o som pode ser forte,

fraco, médio e moderado; DURAÇÃO – som longo ou curto (determina o ritmo);

TIMBRE – o som se diferencia conforme a sua qualidade distintiva como, por

exemplo, o som produzido por um sapato de salto de borracha e outro com

salto de madeira. DENSIDADE- o som é classificado em maior ou menor

segundo a presença de ondas sonoras que preenchem o espaço de uma

maneira diversificada.

Elementos básicos da linguagem da música: SOM - energia em forma de

vibração chamada ondas sonoras, que chegam aos nossos ouvidos

provocando sensações que nos permitem ouvir a variação dos sons se

modifica em relação as suas propriedades. Esse elemento básico da linguagem

musical pode ser abordado nas aulas de arte correlacionando-se, os seguintes

conteúdos:

• Distribuição dos sons de maneira sucessiva

Melodia: seqüência de sons organizados

Ritmo: seqüência de movimentos sonoros com acentos fortes ou fracos

• Distribuição de sons de maneira simultânea

Harmonia encadeamento de acordes

• Qualidade do som

Intensidade dinâmica

Duração: pulsação

Altura: grave / agudo

Timbre: fonte sonora / instrumentação

• Estruturas musicais

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Linguagem / forma musical: organização e articulação de elementos

constitutivos

Densidade: quantidade de sons que se ouve simultaneamente

Sugestões de cantores: Vinícius de Morais; Roberto Carlos; Chico Buarque;

Osvaldo Montenegro, Caetano Veloso; Jessé, Guilherme Arantes; Almir Satter,

Chitãozinho e Chororó, Daniel (raízes), Fafá de Belém, Simone; Tom Jobim...

O Currículo Básico (1992 p. 153) faz importante referência a respeito da

música, onde “o trabalho se efetivará, através da organização dos sons e dos

movimentos corporais, a partir da improvisação sonora e gestual. Este trabalho

de improvisação usará a voz e o instrumento sendo vinculado também, ao

movimento corporal e a dança.”.

Por improvisação entendemos toda e qualquer manifestação sonora ou

gestual, momentânea estruturada ou não e produzida por um grupo ou

individualmente. Isso se constitui hoje em um recurso de grande valia na

construção do conhecimento sonoro e gestual pelo homem; a improvisação

também possibilita ao aluno ultrapassar a prática imitativa e a reprodução, bem

como avançar em direção da prática criadora na medida em que ele inventa e

cria seus próprios modelos sonoros e gestuais.

DANÇA: uma boa estratégia para se trabalhar com a linguagem da dança, é

utilizar as cantigas de roda ou brincadeira cantadas, nas quais os alunos

possam dramatizar e explorar com qualidade do movimento, podendo ser

criado novos movimentos e versões.

Elementos básicos: movimento (ação corporal), espaço (pessoal, níveis,

planos, tensões), ações (saltar, girar, encolher...), dinâmicas e ritmos (peso,

espaço tempo, influências), relacionamentos (proximidade, afastamento,

superposição)

TEATRO: significa ação teatral como espaço onde se realiza. Esse termo

também pode ser aplicado a produções dramáticas e musicais: ópera, dança,

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circo, carnaval, mímica, teatro de bonecos, representações apresentadas ao

vivo.

10.6 O BRINCAR COMO UM MODO DE SER E ESTAR NO MUNDO.

Pipa, esconde-esconde, pique, bolinha de gude, bate mãos, amarelinha,

queimada, cinco-marias, corda, pique bandeira, polícia e ladrão, elástico,

casinhas, castelos de areia, mãe e filha, princesas, super-heróis... Brincadeiras

que nos remetem a nossa própria infância e também nos levam a refletir sobre

a criança contemporânea: de que as crianças brincam hoje? Como e com

quem brincam? De que forma o mundo contemporâneo, marcado pela falta de

espaço nas grandes cidades pela pressa, pela influência da mídia, pelo

consumismo e pela violência, se reflete nas brincadeiras? As brincadeiras de

outros tempos estão presentes nas vidas das crianças hoje? Diferentes

espaços geográficos e culturais implicam diferentes formas de brincar? Qual é

o significado do brincar na vida e na constituição das subjetividades e

identidade das crianças. Por que à medida que avançam os segmentos

escolares se reduzem os espaços e tempos do brincar e as crianças vão

deixando de ser crianças para serem alunos?

A experiência do brincar cruza diferentes tempos e lugares, passados,

presentes e futuros, sendo marcada ao mesmo tempo pela continuidade e pela

mudança. Podemos afirmar, a partir destas reflexões que o brincar é um

espaço de apropriação e constituição pelas crianças de conhecimentos e

habilidades no âmbito da linguagem da cognição, dos valores e da

sociabilidade.

Sugestões de brincadeiras: amarelinha, alerta, betts, boliche, bombarqueiro,

casamento atrás da porta, dama, gato e rato, ioiô, lenço atrás, macaco

mandou, mãe de cola, mato tiro-tiro-tá, pai Francisco, passa anel, peteca, pike,

quebra-cabeça, telefone sem fio, vaivém, xadrez...

DATAS COMEMORATIVAS- para se explorar um tema com os alunos, é

necessário que haja um contexto , despertando a pesquisa a busca pelas

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imagens e sons, para que ele possa criar . As datas comemorativas devem ser

trabalhadas buscando referências históricas através de fotografias, obras de

arte, textos, músicas, imagens, técnicas diversificadas englobando diversos

conteúdos.

O nosso aluno precisa ter subsídios para que possa criar, combinar cores,

ampliar, reduzir, medir, diferenciar linhas, conhecer várias formas, planificar

bidimensional e tridimensional, conscientizando sobre os valores e o

consumismo dos nossos dias, desencadeando assim a preservação pelo meio

ambiente.

O Currículo Básico (1992 p. 148) afirma que: “criar é ampliar, enriquecer,

transformar o mundo e o homem. Neste sentido, o trabalho artístico resulta da

ação conjunta do fazer, do olhar e do pensar, e assim, a partir de um sistema

de regras, modos de fazer, se constitui o trabalho artístico.”

Todo trabalho desenvolvido sobre datas comemorativas deve ter objetivos a

serem alcançados onde o aluno deverá refletir, entender, buscar significados,

criar, fazer relações entre o passado e o presente. Para isso é importante

buscar os dados nas obras de arte, nas fotografias, nas músicas, nos

sentimentos, nos valores (amizade, cooperação, solidariedade, fraternidade,,

carinho, amor, respeito, simplicidade, humildade...)

Segundo Ivete Raffa (2008 p.05 v. 1) “todas as vezes que as datas

comemorativas forem exploradas de forma correta, elas podem ser um rico

instrumento de aquisição do conhecimento, podem até virar um projeto.” Além

de todo o material de informações oferecido aos alunos, eles devem ter contato

com diversidade de materiais como cola, tecido, argila, massa de modelar, fita

métrica, barbante, lã, miçangas, grãos, madeira, embalagens usadas, pincéis,

tintas telas, lixas, papéis diversos,algodão, EVA, tampinhas, gliter, etc; para

que possam criar, construir e representar o seu conhecimento de forma

significativa.

Todo o trabalho desenvolvido coma as mãos, desenvolve no aluno a

concentração, a atenção, a criatividade, a coordenação, a afetividade, a

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participação, a desinibição, curiosidade, experimentação, o olhar crítico. Ivete

Raffa (2008 p. 06 v. 1) afirma que:“quando a criança participa com o corpo ou

mesmo coma as mãos, a aprendizagem é mais duradoura. O cérebro registra

melhor e por mais tempo”

Algumas sugestões de obras de arte:

CARNAVAL: “Carnaval de Arlequim” - Miro 1924; “O frevo” - Marcio Melo 2005;

“Carnaval em Madureira” - Tarsila do Amaral 1924.

DESCOBRIMENTO DO BRASIL:Quadro Descobrimento do Brasil – Oscar

Pereira da Silva;

PÁSCOA:”Manhã de Páscoa” - Henry Matisse 1905; “A Última Ceia” – Leonardo da

Vinci 1495-97;

DIA DA MULHER: “Mulher chorando” 1937 – Pablo Picasso; “Retrato de

Mulher” 1905 Henri Matisse; “A Negra”- Tarsila do Amaral 1923; “Mulhers à

beira do mar” – Edvard Munch 1898;

DIA DAS MÃES: “The Madonna Litta” - Leonardo da Vinci 1490; “Méres et

enfants” - Jaques Beaumont 2001; “Mother’s and sons” – Mary Stoll –

Escultura – 1998

DIA DO INDIO: “Macunaíma” – Tarsila do Amaral 1956; “Dança dos Tapuias” –

Albert Eckhout 1686; “Índios atravessando um riacho” – Debret 1816; “Primeira

missa no Brasil” – Victor Meireles 1860

DIA DO MEIO AMBIENTE: “Abaporu” – Tarsila do Amaral, 1928; “Estação de

Ferro Central do Brasil” – Tarsila do Amaral 1924; “O Mamoeiro” – Tarsila do

Amaral 1925; “O Sol Poente” – Tarsila do Amaral 1929; “Noite Estrelada” – Van

Gogh 1889; “Cavaleiros na Praia” – Paul Gauguin 1902; “O Lago dos

nenúfares” – Claude Monet 1899; “Paisagem do campo com pequena ponte” –

Peter Paul Rubens 1635;

FESTAS JUNINAS: “Café Caipira I, Café Caipira II, Café Caipira III” –

LauroMonteiro; “Brincadeira infantis” – Pieter Bruegel 1560; “Jogos Infantis” –

Autor Desconhecido 1868-1912;

“Dança das três raparigas da Bretanha” 1888 Gauguin; “Noite de São João” -

Guignard

DIA DOS AVÓS: “O Beijo” – Débora Klein 1997; “Old woman Arles”- Vicent van

Gogh 1888

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DIA DOS PAIS: “Papi”- Shelly Niebuhr 2006; “Old father”- Foto de Smile

Call- 2003

FOLCLORE: “Jogar Capoeira” Johann Moritz Rugendas, Rio de Janeiro século

XIX

DIA DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL: “Independência ou Morte!” – Pedro

Américo 1888;

DIA DA ÁRVORE: “A árvore vermelha” – Piet Mondrian 1908; Série de árvores

1907-13 Piet Mondrian;

PRIMAVERA: “Girassóis” – Van Gogh 1888; “Girassóis” – Botero 1995;

10.7 METODOLOGIA

Segundo Ferrz e Fusari (1999 p.98) os encaminhamentos metodológicos

constituem-se em um conjunto de idéias e teorias educativas em arte

transformadas em opções e atos, que são concretizados em projetos ou no

próprio desenvolvimento das aulas de Arte.

A metodologia determina o trajeto para que se possa analisar, apreciar os

conteúdos, como também escolher os materiais e os meios que serão

reproduzidos essa arte e estética nas salas de aula. Esse método ajuda os

alunos a compreender a ter noções e habilidades em Arte, analisar criticamente

as diversas modalidades de artes, tais como: artes visuais, verbais, musicais,

teatrais e através da dança. Essas ações mostram os compromissos,

perspectivas e posicionamentos assumidos pelos educadores em seu trabalho

escolar.

Somente com professores comprometidos em seu trabalho escolar é que irão

conduzir aos seus educandos o entendimento e o modo de fazer

artisticamente. A arte tem sua história, que está presente em todos os nossos

momentos. É necessário que professores se organizem e coordenem o

ambiente escolar com seus materiais para que se realizem os trabalhos para o

ensino da arte, envolvendo desenhos, figuras humanas, fotografias, leitura de

imagens, trabalhos criados, representação de paisagens, dobraduras,

montagem com recortes de revistas, textos ilustrados, criação com diversidade

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de linhas, trabalhos com histórias em quadrinhos, reeleitura de obras (telas),

brincadeiras com o corpo, expressividade corporal, sonorização, mímica, artes

visuais, técnicas de desenho, tinta, música, teatro e dança etc.

Os professores de Arte que levam desenhos prontos para os alunos, somente

para colorir, não interagem e não permitem que eles criem seus próprios

trabalhos, barrando a visão do ensino da arte como atividade prática de novos

entendimentos, como estético e artístico.

Acreditamos que a contribuição escolar na formação de estudantes em arte

resulta de processos pedagógicos que consigam reunir junto aos alunos tanto

as elaborações artísticas e estéticas pessoais como as interferências

educativas necessárias ao andamento dessa aprendizagem.

Fusari diz que até os fins dos anos 80 via-se a prática escolar bastante

mecânica e desarticulada, e que depois desse período houve busca de

métodos e procedimentos de ensino com novas técnicas em perceber a

realidade do educando, com técnicas diferenciadas para ensinar e aprender os

conteúdos.

Esse processo educativo deve ser discutido entre os professores em seus

planejamentos, desenvolvendo neles o hábito de elaborar seus planejamentos,

de elaborar roteiros, resumos, de como trabalhar em arte junto com seus

alunos, de registrar tudo o que será feito. Com essas reflexões, que envolvem

a organização do trabalho no planejamento e desenvolvimento no processo da

educação, a prática e a teoria acontecem juntas, são significativas na

democratização de saberes.

O encaminhamento metodológico contemplará as linguagens artísticas por

meio das manifestações, produções compostas pelos elementos básicos, com

prioridade e valorização do conhecimento nas de Artes.

Nas Artes Visuais, o professor explorará formatos bidimensionais,

tridimensionais e virtuais, de modo a trabalhar as características específicas

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contidas na estrutura, na cor, nas superfícies, nas formas e na disposição

desses elementos no espaço.

Trabalhar com elementos das artes visuais sob uma perspectiva histórica e

crítica permite a ampliação do olhar em torno do objeto em estudo,

estabelecendo relações entre os conhecimentos do aluno e a temática

proposta, explorando através de questionamentos.

Na dança, o principal elemento básico é o movimento. Seu desenvolvimento no

tempo e no espaço implica que o professor explore as possibilidades de

improvisar e compor. Nessa linguagem artística também podem ser abordadas

questões acerca das relações entre o movimento e os conceitos a respeito do

corpo e da dança, uma vez que refletem esteticamente recortes da realidade.

A dança além de ser um recurso para relaxar, para soltaras emoções, para

expressar-se espontaneamente, para trabalhar a coordenação motora ou até

para acalmar os alunos, deve ser uma forma de estudar o corpo que dança,

que a dança se desenvolve com base numa música, compreender que há

passos, giros, saltos, quedas para coreografia composta de movimentos que

são fontes de conhecimentos sistematizados e transformadores. Para isto, é

necessário que o professor faça escolhas significativas, considerando o

contexto social e cultural.

Na linguagem musical, a simples percepção e memorização dos sons

presentes no cotidiano não caracteriza como tratamento escolar dessa

linguagem, a escuta consciente de sons percebidos, bem como a identificação

de suas propriedades, variações e maneiras intencionais de como esses sons

são distribuídos numa estrutura musical. A escuta atenta propiciarão o

reconhecimento da organização desses elementos repertórios pessoais e

culturais propostos nas aulas.

O trabalho com música deve proporcionar aos alunos o desenvolvimento da

sensibilidade estética e artística, da imaginação e do potencial criativo, da

capacidade cognitiva, afetiva e psicomotor, comunicação.

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O professor ao trabalhar ao os conteúdos musicais, deverá considerar os

saberes específicos dessa linguagem, para que o aluno amplie sua percepção

sonora e musical, memorização, organização sonora, interpretação.

Na linguagem teatral poderão ser exploradas as possibilidades de

improvisação e composição no trabalho com as personagens, como espaço da

cena e o desenvolvimento de temáticas de textos literários ou dramáticos,

clássicos ou narrativos, orais ou cotidianos. Esta linguagem se ocupa da

montagem de espetáculo, propiciando ao aluno conhecimentos por meio do ato

de dramatizar.

O professor deve trabalhar com o aluno o conceito de teatro como uma

linguagem que amplia sua visão de mundo, sob a perspectiva de que a

dramatização é um processo de desenvolvimento de integração, das

percepções, das sensações, das emoções, possibilitando uma melhor

convivência consigo e com os outros.

O trabalho com o teatro pode ser iniciado pelo enredo, em cujos conteúdos

estão presentes por meio de metáforas, falas, gestos, mímicas, dramatização

com bonecos.O professor deve desenvolver no aluno a compreensão e a

valorização das obras teatrais como bens culturais, discutindo aspectos da

história recente, incluindo a realidade e a fantasia.

Os saberes específicos em Artes, nos diferentes eixos, integram-se às

manifestações, produções artísticas-culturais. Por sua vez, os alunos passam a

reconhecer que se constroem e são construídos historicamente.

10.8 AVALIAÇÃO

Refletir sobre a avaliação em Artes significa repensar todo o processo e as

atitudes praticadas em sala de aula. Isso significa conhecer, diante da história e

da prática do cotidiano, os elementos que norteiam a prática da educação.

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Através do ensino da arte formamos um ser sensível, capaz de emociona-se

com o mundo, refletindo sobre sua importância buscando nova leitura das

diversas linguagens artísticas. Historicamente, o homem sempre buscou

registrar seus sentimentos, sua percepção de vida e sua leitura de belo.

Não podemos considerar a arte como algo desenvolvido do mundo real e sim

devemos inserir no contexto do ensino despertando um mundo mágico,

satisfazendo a necessidade humana de expressão, interagindo com a

realidade, abrindo caminhos, a descoberta de novos códigos buscando assim

novas formas de avaliar.

Entende-se, então, que no que se refere avaliar, refere-se também em rever a

leitura crítica da produção feita pelo aluno. Ela deve ser vista como linguagem

de comunicação básica à crítica. Fazendo arte, a criança compõe e recompõe

toda uma história, porém,. Deve-se ter cautela ao intervir no processo criativo

do aluno, utilizar instrumentos de análise e busca que contribuam para o

crescimento estético, preocupando-se em não tolher a “esperada” capacidade

da criança no momento da criação.

A avaliação busca um posicionamento do professor, onde ele deverá rever sua

prática pedagógica verificando como poderá avaliar o crescimento de cada

aluno; pois a avaliação em Artes se orienta pelo conhecimento crítico, da

lógica, da produção, da análise, como também da contextualização histórica.

Será que nós, professores, oferecemos este caminho e avaliamos todos os

itens?

A avaliação precisa ser de caráter dinâmico, contínuo, cooperativo, somativa,

contando com a participação de todos buscando atingir os objetivos e

considerando sempre o potencial do aluno no desenvolvimento estético,

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criatividade e produção gráfica. Será que conseguimos valorizar o

desenvolvimento da cada aluno?

Os objetivos evidenciam que o conhecimento é o mediador da relação aluno-

produção e avaliação, e a avaliação leva o professor a perceber onde a

apropriação do conhecimento proposto. Somos capazes de rever, de retornar o

conteúdo que algum aluno não conseguiu? Somos capazes de nos

comprometer com o que ficou falho?

Todo o educador deve estar comprometido com o desenvolvimento de seu

aluno, verificando se o mesmo está sentindo satisfação em seu trabalho em

Artes, se é espontânea, se aceita críticas que vêm dos outro, se possui

iniciativa e criatividade.

A arte deve unir as disciplinas escolares com as extracurriculares, escola,

comunidade e sociedade, reconhecendo os saberes no processo pedagógico,

pela interação entre a razão e emoção, objetivo e subjetividade.

Cabe ao professor remodelar o ensino de artes, levando o aluno a desenvolver

tentativas, buscando novas estratégias, criando ligações com outras disciplinas

e que o ensino leve além da vontade de ousar, também o fazer, imaginar e o

inventar.

10.9 CONTEÚDOS

1º ANO

EIXOS 1º ao 4º BIMESTRE

ARTES VISUAIS

• Manifestações culturais e artísticas do povo

• Leitura de imagens: ponto, plano, figura e fundo, textura e volume, proporção, ritmo, equilíbrio, linha, forma, cor, posição, tamanho, luz, movimento, simetria

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• Modelagem, escultura, maquete, origami, tecelagem, colagem, pintura,recorte

TEATRO E DANÇA

• Artistas do município• Dramatização• Fantoches• Expressão vocal e corporal• Faz de conta

MÚSICA

• Saber ouvir músicas• Instrumentos pré-históricos, bandinhas• Sons• Fortes e fracos• Relação do antigo com atual• Produção de sons com o próprio corpo• Músicas folclóricas e cantigas de roda,

criação de paródias para músicas já conhecidas

2º ANO

EIXOS CONTEÚDOS

ARTES VISUAIS

• Características da forma e do espaço: posição horizontal e vertical, proporção, tamanho peso, movimentação (repetição e alternância)

• Leitura da composição plástica: ilustrações, cartazes, placas

• Forma, linha, plano, textura, cores (primária, secundária)

• Desenho, recorte, pintura, colagem, fotografia,maquete, origami

TEATRO E DANÇA

• Artistas do município• Encenação (livros de literatura)• Jogos dramáticos

MÚSICA• Som, ruído• Músicas folclóricas, cantigas de roda• Apresentação de canto

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3º ANO

EIXOS CONTEÚDOS

ARTES VISUAIS

• Características da forma e espaço:horizontal, vertical e diagonal

• Proporção: tamanho e peso, movimentação, repetição e alternância

• Leitura da composição plástica: ilustrações, cartazes, placas, obras de arte

• Elementos estéticos visuais: forma, linha, plano, volume, textura, cores primárias e secundárias

• Composição: desenho, pintura, colagem recorte, fotografia

• Tridimensional: modelagem, maquete, origami

TEATRO E DANÇA

• Criação e estruturação do personagem• criação de texto dramático• teatro de sombras• elaboração no coletivo de peças teatrais• história da música

MÚSICA

• Músicas folclóricas, populares(de qualidade)• Criação de paródias de músicas já conhecidas• Onomatopéias

4º ANO

EIXOS CONTEÚDOS ARTES VISUAIS

• Definição de arte• Concepção histórica da Arte• Relação temporal: Arte antiga e atual• Cores: monocromia, policromia• Mosaico• Leitura de obras• Produção artística: modelagem• Histórias em quadrinhos• Arte Rupreste: grafitagem, pichação (natureza

morta)• Animais em obras de arte• Confecção de materiais de uso artístico

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TEATRO E DANÇA

• Definição de teatro• Pesquisa e entrevistas com artistas• Leitura dramática• Teatro de varetas

MÚSICA• História da música paranaense• Cantores paranaenses• Análise da melodia e reflexão sobre letras de

música• Criação de paródias• Instrumentos musicais• Definição de músico• karaokê

5º ANOEIXOS CONTEÚDOS

ARTES VISUAIS• Definição crítica do olhar• Leitura de obras• História em quadrinhos• Arte Cubista de Picácio• Monet (vida e obra)• Cores quentes e frias• Cores difusas• Cores complementares• História dos pintores paranaenses• Representação do corpo humano• Arte Cubista (Picácio)

TEATRO E DANÇA

• Leitura dramática• Elementos que compõe o som• Tipos de músicaPeças teatrais

MÚSICA• Criação de paródias• Música brasileira (vida e obra dos principais

compositores)• Música popular brasileira• Criação de músicas comerciais• Organização de um festival de música

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REFERÊNCIAS

FUSARI, M. F. de R. &, HELOISAN C. de T. F. Arte na Educação Escolar. São Paulo: Cortez, 2001

_________________________________ Metodologia do Ensino de Arte.São Paulo: Cortez, 1999

HONÓRIO, C. M. Arte & Caminhos – Construção e Fruição. Editora Base,2007

LIMA, R. V. Dia-a-dia do professor: Oficinas de Textos. Belo Horizonte: Editora FAPI, 2004.

PARANÁ. Currículo Básico para a Escola Pública do Estado do Paraná. Secretaria de Estado da Educação.Curitiba, 1992

PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica do Estado do Paraná – Artes. Curitiba, 2006.

RAFFA, I. Comemorando e Aprendendo. São Paulo Giracor, 2008

SCHLICHTA, C. A. B. Artes visuais e música. Curitiba: IESDE, 2004

TAVARES, I. M. Educação, corpo e arte. Curitiba: IESDE,2004