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SECTORES EMERGENTES: TIC E AERONÁUTICA

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ÍNDICE

pág.

10. SECTORES EMERGENTES: TIC E AERONÁUTICA 221

10.1.Tecnologias de Informação e Comunicação 221

10.1.1. Considerações sobre o potencial de desenvolvimento das TIC no Alentejo 231

10.2.Aeronáutica 232

10.2.1. Considerações sobre o potencial de desenvolvimento da Aeronáutica no Alentejo 244

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ÍNDICE DE QUADROS

pág.

Quadro 10-1: O Peso das TIC nas NUTS III do Alentejo (% emprego do Sector) 222

Quadro 10-2: Sectores Fornecedores e Sectores Clientes das TIC 225

Quadro 10-3: O Peso dos Produtos a Montante e dos Ramos a Jusante das TIC (% do emprego do sector) 227

Quadro 10-4: O Peso da Aeronáutica nas NUTS III do Alentejo (% emprego do Sector) 232

Quadro 10-5: Sectores Fornecedores e Sectores Clientes da Aeronáutica 235

Quadro 10-6: O Peso dos Produtos a Montante e dos Ramos a Jusante da Aeronáutica (% do emprego do sector) 237

ÍNDICE DE CAIXAS DE TEXTO

Caixa de Texto 10-1: Caso: EPCOS 229

Caixa de Texto 10-2: Dyn’Aero Ibérica 238

Caixa de Texto 10-3: Aeroporto Civil de Beja: Factores Críticos de Sucesso e Potencialidades de Desenvolvimento 240

Caixa de Texto 10-4: Projecto Skylander 241

Caixa de Texto 10-5: Valências desejáveis de um Futuro Centro de Excelência Aeronáutica de Évora 244

Dinamizado pelo Projecto skylander

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10. SECTORES EMERGENTES: TIC E AERONÁUTICA

Este capítulo do relatório destina-se a estudar as actividade que compõem os sectores das Tecnologias deInformação e Comunicação (TIC) e da Aeronáutica, que, apesar de não serem actualmente sectores deespecialização produtiva do Alentejo, e de se encontrarem num estado embrionário de desenvolvimento,apresentam potencialidades, que, a concretizarem-se, podem representar uma oportunidade dediversificação da estrutura produtiva regional, um acréscimo competitivo da região em sectoresintensivos na utilização de conhecimentos e tecnologia e podem, ainda, gerar efeitos de arrastamentonoutras actividades.

A consideração destes sectores enquanto “emergentes” baseia-se, não só na análise quantitativa dosdados de caracterização regional e sectorial, mas também na percepção obtida através de entrevistascom os agentes mais relevantes da região. Por conseguinte, a análise destes sectores diferencia-se dosrestantes diagnósticos sectoriais, sendo a principal preocupação a identificação das oportunidades quepodem contribuir para a afirmação destas realidades emergentes na estrutura económica alentejana.Neste sentido, começa-se por estudar a cadeia de valor de cada um destes sectores a nível nacional,como forma de perceber o tipo de relações produtivas e tecnológicas que se estabelecem entre as váriasactividades que contribuem para a criação de valor das TIC e da Aeronáutica, passando-seposteriormente, para a verificação da sua existência ou inexistência nas NUTS III do Alentejo. Esta análiseé complementada pela identificação de projectos de natureza potencialmente estruturante que, no casode serem bem sucedidos, podem contribuir para a emergência efectiva destes sectores enquanto pólosde desenvolvimento da competitividade regional.

10.1. Tecnologias de Informação e Comunicação

A observação do peso que o sector das TIC possui em termos da estrutura produtiva nas NUTS IIIalentejanas, tomando o emprego como variável de aferição relativa, permite concluir que apenas noAlentejo Central o sector parece manifestar alguma relevância regional ao apresentar um peso de 4,7%no emprego da região, originário da fabricação de componentes electrónicos, nas telecomunicações enas actividades informáticas conexas.

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QUADRO 10-1:

O Peso das TIC nas NUTS III do Alentejo (% emprego do Sector)

O estudo das relações de cadeia de valor que o sector das TIC1 revela a montante da sua actividade comoutros sectores (fornecedores), permite aferir a existência de uma intensidade relacional acentuada comactividades prestadoras de serviços de suporte empresariais, tais como as classes 744 (publicidade) –relacionada fundamentalmente com campanhas publicitárias associadas às telecomunicações –, 741(serviços jurídicos, contabilísticos, de auditoria, de consultoria fiscal, de estudos de mercado) - associadaa aspectos administrativos e legais, transversais à actividade empresarial –, 748 (outras actividades deserviços prestados principalmente às empresas) – associada a actividades de embalagem, secretariado,tradução e endereçagem e a actividades ligadas à organização de manifestações económicas tais comofeiras e exposições –, 7020012 (serviços de arrendamento de terrenos e outros bens imóveis, nãoresidenciais, por conta própria) - associada ao aluguer de espaços comerciais e fabris, relacionados com

1 considerado, para efeito desta análise e de acordo com a definição utilizada pela OCDE, como equivalente ao conjuntodos ramos 30 (fabricação de máquinas de escritório e de equipamento para o tratamento automático da informação), 32(fabricação de equipamento e aparelhos de rádio, de televisão e de comunicação), 33 (fabricação de aparelhos einstrumentos médico-cirúrgicos, ortopédicos, de precisão, de óptica e de relojoaria), 64 (correios e telecomunicações) e72 (actividades informáticas e conexas).

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a própria laboração industrial e actividade empresarial –, 73 (investigação e desenvolvimento) – queconstitui uma actividade fundamental para garantir os níveis de sofisticação e de tecnologia intrínsecosao sector e 742 (actividades de arquitectura, de engenharia e técnicas afins) – associadas à elaboraçãode projectos de engenharia industrial, engenharia de construção, estudos técnicos especializados para aindústria. Em termos agregados estes serviços de suporte empresarial respondem por 17% das comprasdo sector das Tecnologias de Informação e Comunicação.

As TIC revelam igualmente alguma ligação relacional a montante, com fornecedores de equipamento –fabricação de fios e cabos isolados (313), fabricação de motores, geradores e transformadores eléctricos(311), fabricação de material de distribuição e de controlo para instalações eléctricas (312), fabricaçãode outro equipamento eléctrico – fundamentalmente associados a “inputs” para o processo produtivo dosector e a meios e instrumentos de operacionalização intrínsecos à tipologia de actividades do sector, osquais respondem por 7% das compras das TIC.

No que concerne a relacionamentos com actividades de fornecimentos intermédios, verifica-se que osector das TIC estabelece relações a montante quer com a fabricação de artigos de plástico, comocorreias transportadoras e de transmissão e acessórios para isolamento (2524), quer com a construção(45). No primeiro caso a interligação é justificada pela necessidade de aquisição de peças e acessóriosrelacionados com a actividade do sector, enquanto, no segundo caso, a interligação é justificada pelanecessidade de construção de edifícios ou de adjudicação de obras especializadas para a actividades dasempresas do sector.

As TIC revelam apenas uma ligação, a montante, com actividades de matéria- primas tais como 40102(electricidade (transportada e distribuída) e respectivos serviços, cujo enfoque é predominantementeenergético, ou seja, cerca de 1% dos produtos que o sector adquire para efeitos de incorporação na suaactividade correspondem a materiais da fileira energética que deverão estar relacionados com ofuncionamento do instrumentos de trabalho, com a operacionalização dos equipamentos e com aefectivação de testes e ensaios.

Do ponto de vista dos serviços complementares prestados na cadeia de fornecimentos das TIC, regista-se a importância da CAE 80 (Educação), a qual pode ser explicada pela necessidade de contratação derecursos humanos altamente qualificados e com competências específicas para responder à sofisticaçãotecnológica subjacente às várias áreas do sector.

A observação particular das relações intra-sectoriais evidenciadas pelo sector das TIC, permite constatar,a montante, um nível intenso de relações, cujo conteúdo radica na CAE 64201 (telecomunicações), naCAE 321 (fabricação de componentes electrónicos), na CAE 322 (fabricação de aparelhos emissores derádio e de televisão e aparelhos de telefonia e telegrafia por fios), na CAE 3002 (fabricação decomputadores e de outro equipamento informático), na CAE 72 (actividades informáticas e conexas), naCAE 323 (fabricação de aparelhos receptores e material de rádio e de televisão, aparelhos de gravaçãoou de reprodução de som e imagens e material associado) e na CAE 334 (fabricação de material óptico,fotográfico e cinematográfico). Em termos agregados estas trocas intra-sectoriais são responsáveis por

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aproximadamente 54% das compras do sector das TIC, o que indicia uma grande interdependência entreas diversas actividades que o constituem e uma cadeia de valor concentrada nessas actividades. Estaindicação é confirmada pelas relações intra-sectoriais a jusante, as quais respondem por 41% dasvendas do sector.

No que concerne às actividades situadas a jusante das TIC, verifica-se que os principais sectores clientesdesta actividade são:

o ramo 51 (comércio por grosso e agentes do comércio) e o ramo 52 (comércio a retalho), umavez que constituem canais de venda dos produtos acabados resultantes do processo produtivodo sector;

os ramos 74 (outras actividades de serviços prestados principalmente às empresas), 65(intermediação financeira), 75 (administração pública), 85 (saúde e acção social), 70 (actividadeimobiliárias), 45 (construção), 80 (educação), 40 (produção e distribuição de electricidade, gás,vapor e água quente), 91 (actividades associativas diversas) e 92 (actividades recreativas,culturais e desportivas) uma vez que constituem actividades potencialmente utilizadoras dosoutputs do sector, nomeadamente computadores, equipamentos de tratamento de informação,instrumentos médico cirúrgicos e sistemas de informação;

os ramos 63 (actividades anexas e auxiliares dos transportes; actividades de viagem e turismo),60 (transportes terrestres), 34 (fabricação de veículos automóveis, reboques e semi-reboques),31 (fabricação de máquinas e aparelhos eléctricos), 50 (comércio, manutenção e reparação deveículos automóveis) e 29 (fabricação de máquinas e equipamentos) os quais utilizam sistemasintegrados de geo-referenciação, sistemas de informação complexos, instrumentos de medição,componentes electrónicos.

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QUADRO 10-2:

Sectores Fornecedores e Sectores Clientes das TIC

Considerando como objecto de análise os produtos que, de acordo com as relações identificadas peloQRE, se situam a montante das TIC, constata-se que apenas a CAE 321 (fabricação de componenteselectrónicos) cumpre em simultâneo os três critérios definidos – especialização, relevância regional erelevância nacional – na NUTS III do Alentejo Central. Ou seja, nenhuma das restantes actividades

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mencionadas como estando relacionada com este sector2 cumpre simultaneamente os três critériosdefinidos, ou até uma combinação de dois deles – especialização, relevância regional e relevâncianacional – em qualquer das regiões NUTS III do Alentejo.

Assim sendo, verifica-se que o Alentejo Litoral não cumpre qualquer critério no conjunto dos produtosidentificados, enquanto o Alto Alentejo, o Alentejo Central e o Baixo Alentejo cumprem exclusivamenteo critério de especialização produtiva em 4 actividades (744, 3162, 40102 e 742, no primeiro caso, e744, 72, 40102 e 742, no segundo caso, e 748, 80, 40102 e 742, no terceiro caso).

No que se refere aos ramos, que segundo o QRE, se situam a jusante das TIC , é possível aferir que osramos 30 (fabricação de máquinas de escritório e de equipamento para o tratamento automático dainformação), 31 (fabricação de máquinas e aparelhos eléctricos), 32 (fabricação de equipamento eaparelhos de rádio, de televisão e de comunicação), 70 (actividades imobiliárias) e 92 (actividadesrecreativas, culturais e desportivas) não cumprem qualquer dos critérios definidos (especialização,relevância regional e relevância nacional) nas NUTS III alentejanas. No pólo oposto, destaque-se o ramo45 (construção) que cumpre todos os critérios na totalidade das NUTS III do Alentejo.

Saliente-se ainda que os ramos 52 (comércio a retalho) e 85 (saúde e acção social) cumprem os trêscritérios no Alto Alentejo, Alentejo Central e Baixo Alentejo, sendo que cumprem, igualmente, doiscritérios (especialização e relevância regional, no primeiro caso, e relevância regional e relevâncianacional, no segundo caso). O ramo 50 (comércio, manutenção e reparação de veículos automóveis emotociclos), por seu turno, cumpre os três critérios no Alentejo Central e dois critérios (especialização erelevância regional) no Alentejo Litoral, Alto Alentejo e Baixo Alentejo, enquanto o ramo 80 (educação)cumpre precisamente os critérios de especialização e relevância regional no Alentejo Litoral, AlentejoCentral e Baixo Alentejo.

Os ramos 60 (transportes terrestres) e 65 (actividades financeiras) cumprem exclusivamente o critério deespecialização para a totalidade das NUTS III do Alentejo, enquanto os ramos 51 (comércio por grosso),74 (outras actividades de serviços prestados principalmente às empresas) e 91 (actividades associativasdiversas) cumprem exclusivamente esse critério no Alentejo Litoral, Alto Alentejo e Baixo Alentejo, e,cumprem-no em simultâneo com a relevância regional no Alentejo Central. Os ramos 63 (actividades

2 Que são as seguintes: 64201 (telecomunicações), 322 (fabricação de aparelhos emissores de rádio e de televisão eaparelhos de telefonia e telegrafia por fios), 744 (publicidade), 741 (serviços jurídicos, contabilísticos, de auditoria, deconsultoria fiscal, de estudos de mercado), CAE 3002 (fabricação de computadores e de outro equipamento informático),2524 (fabricação de artigos de plástico, como correias transportadoras e de transmissão e acessórios para isolamento), 313(fabricação de fios e cabos isolados), 748 (outras actividades de serviços prestados principalmente às empresas), 80(educação), 72 (actividades informáticas e conexas), 311 (fabricação de motores, geradores e transformadores eléctricos),323 (fabricação de aparelhos receptores e material de rádio e de televisão, aparelhos de gravação ou de reprodução desom e imagens e material associado), 7020012 (serviços de arrendamento de terrenos e outros bens imóveis, nãoresidenciais, por conta própria), 334 (fabricação de material óptico, fotográfico e cinematográfico), 312 (fabricação dematerial de distribuição e de controlo para instalações eléctricas), 73 (investigação e desenvolvimento), 3162 (fabricaçãode outro equipamento eléctrico), 45 (construção), 40102 (electricidade (transportada e distribuída), 742 (actividades dearquitectura, de engenharia e técnicas afins).

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anexas e auxiliares dos transportes; actividades de viagens e turismo e 34 (fabricação de veículosautomóveis, reboques e semi-reboques verificam simultaneamente os critérios de especialização e derelevância regional no Alto Alentejo (primeiro caso) e no Alentejo Litoral (segundo caso).

O ramo 40 (produção e distribuição de electricidade, gás, vapor e água quente) cumpre em exclusivo ocritério de especialização no Alto Alentejo e no Baixo Alentejo, conjugando com o critério de relevânciaregional no Alentejo Litoral. O ramo 75, por seu turno verifica o critério de especialização no AlentejoLitoral e Alentejo Central e combina-o com o da relevância regional no Baixo Alentejo . Os ramos 64(correios e telecomunicações) e 29 (fabricação de máquinas e equipamento) cumprem tão somente ocritério de especialização no Alentejo litoral, no primeiro caso, e no Alentejo Central e Baixo Alentejo,no segundo caso. Finalmente, destaque para o ramo 32 (fabricação de equipamento e aparelhos de rádio,de televisão e de comunicação) que cumpre a totalidade dos critérios no Alentejo central e não cumprequalquer outro cirtério nas restantes NUTS III do Alentejo.)

Em suma, é possível concluir que a cadeia de valor das Tecnologias de Informação e Comunicaçãoapresenta uma presença muito ténue e rarefeita no Alentejo, que assenta, fundamentalmente, naimportância absoluta e relativa que as actividades relacionadas com a fabricação de componenteselectrónicos possuem no Alentejo Central, ou seja, na importância das empresas EPCOS (Caixa de Texto10-1) e Tyco Electronics na cidade de Évora, destacando-se ainda pelo seu dinamismo comercial aempresa Infor X (cuja actividade principal se focaliza em comércio de componentes, computadoresmontados e portáteis. No essencial, estamos perante a existência de um pólo que ainda se encontra numestádio de desenvolvimento embrionário, revelando ausência de capilaridades relacionais e defuncionamento em rede, o que dificulta o desenvolvimento de lógicas de aglomeração de actividades ede fixação de pessoas. No fundo verifica-se que o desenvolvimento do sector das TIC no panoramaalentejano pressupõe claros acréscimos de massa crítica de participantes e de ligações em rede, quepermitam a configuração de um cluster TIC, capaz de concentrar conhecimentos e práticas, recursoshumanos qualificados e fornecedores sofisticados, actividades de I&D nas empresas e nas instituições deeducação, de ciência e tecnologia.

QUADRO 10-3:

O Peso dos Produtos a Montante e dos Ramos a Jusante das TIC (% do emprego do sector)

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CAIXA DE TEXTO 10-1:

Caso: EPCOS

Empresa sucessora da Siemens Matsushita, Componentes, S.A., a EPCOS é um grupo empresarial com mais de 12mil pessoas e detentor de unidades industriais em todo o mundo. É o quarto maior produtor mundial decondensadores de tântalo, produto que é produzido em diversas unidades, de entre as quais se destacam alocalizada em Évora, que representa uma grande parte (a generalidade) da produção do grupo.

A produção da EPCOS Évora é quase toda automatizada, sendo a mão-de-obra qualificada de acordo com oprocesso produtivo. Em Évora, a EPCOS emprega cerca de 600 trabalhadores, e tem ao seu abrigo, cerca decinquenta estruturas associadas.

Actividades:

Para além da produção de condensadores de tântalo, a EPCOS Évora é igualmente responsável pela manutenção doproduto nos vários mercados onde se insere.

A EPCOS detém um grupo de design e desenvolvimento de produto altamente qualificado, que trabalha ao nível daengenharia, física de materiais, química, telecomunicações, etc... Este grupo foi criado com o princípio de manteractualizados os novos processos produtivos, muitas vezes provenientes de processos de inovação de produtos naAlemanha.

A EPCOS faz, por conseguinte, o desenvolvimento do produto e dos próprios produtos alternativos, sendo forte navertente de especialização tecnológica do produto no âmbito global do grupo empresarial.

Ligações a outros actores/entidades:

A EPCOS Évora encontra-se ligada a entidades de emprego e formação profissional – fundamentais para aqualificação da mão-de-obra que, por sua vez, depende muito do nível de tecnologia (e.g.: operadores demáquinas).

A EPCOS tem apoiado algumas actividades regionais de apoio à inovação e tem estabelecido alguns protocolos cominstituições Universitárias (Uni. Évora – departamento de sociologia, Uni. Nova – engenharia dos materiais, Uni.Técnica de Coimbra – Instituto Pedro Nunes: análise industrial, especialmente ao nível das matérias-primas). Detémigualmente nos seus quadros um aluno de doutoramento, na área da engenharia de materiais.

Fornecedores:

O objectivo da EPCOS é maximizar o valor acrescentado, por isso, os fornecedores tanto fazem o front-end comoo back-end. A matéria-prima (pó de tântalo) é toda importada, uma vez que este é um “input” extremamenteespecializado, existindo apenas quatro fornecedores no mundo: EUA, Japão, China e Europa (Bayer). Ao nível daprestação de serviços relativos ao funcionamento e manutenção das máquinas, estes serviços estão afectos a

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fornecedores portugueses, localizados preferencialmente no Alentejo, o mesmo acontecendo ao nível do apoioinformático (infor24), sistemas de climatização, tratamento de resíduos e os serviços de catering, segurança e limpeza.Outros fornecedores locais são os transportes rápidos (TNT, DHL, etc.) mas que não têm componente regional.

Concorrentes:

São poucos os concorrentes a nível mundial.

Caracterização dos seus clientes:

Nokia, Bosh, Siemens, Samsung, Alcatel, ... e todos os grandes produtores de componentes e produtos electrónicos.Normalmente escolhem por catálogo os seus pedidos, mas também existem casos de pedidos específicos.

Impacto/factores de sucesso:

A informação relativa à necessidade de alteração de produto é transmitida de forma rápida para os núcleosindustriais competentes do grupo, uma vez que as necessidades de alteração e variação da produção, resultantesdas alterações constantes da procura do mercado, obrigam a alterações nos processos de produção, como porexemplo, ao nível da especialização tecnológica por produto.

Têm igualmente desenvolvido novos produtos na “área dos polímeros”, como os condensadores de polímeros, querepresentam outro nicho de mercado.

Projectos concretos/ideias:

Uma vez que o processo produtivo da EPCOS é altamente automatizado, a interacção com a região faz-se atravésda necessidade de operadores e mecânicos de máquinas especializados, e não ao nível do produto. A formaçãoinicial neste tipo de operadores foi feita na Alemanha, no entanto, cada vez mais é necessário que seja feitalocalmente. A este nível, o responsável da EPCOS em Évora, eng.º Vale Afonso, salienta o papel importante doInstituto de Emprego e Formação Profissional da região, que “muito tem feito para colaborar com a EPCOS, atravésdas acções de formação desenvolvidas, que têm obrigatoriamente que ser adequadas ao nível de tecnologia emquestão”, considerando, também, que é “importante que os organismos locais que dão formação a este nível detecnologia sejam capazes de especializar a mão-de-obra local de acordo com as necessidades do processoprodutivo da EPCOS”.

Outro aspecto assinalado, por este responsável da empresa, refere-se à dificuldade de deslocalização, e consequenteindisponibilidade de recursos técnicos. Os recursos mais qualificados vêm de Lisboa devido à existência de boasacessibilidades, no entanto o recrutamento de técnicos especializados e operadores de máquinas temnecessariamente de ser feito num raio máximo de 30Km da empresa, o que tem sido difícil uma vez que existe emÉvora uma falta de oferta de alojamento apropriado para trabalhadores, dado que o mercado imobiliário éessencialmente vocacionado para estudantes universitários. Por conseguinte, a aposta na formação local seráfundamental, o que passará também, por uma especialização das próprias universidades locais.

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10.1.1. Considerações sobre o potencial de desenvolvimento das TIC no Alentejo

A principal força do sector das TIC no Alentejo decorre da instalação em Évora de duas unidadesprodutivas de fabricação de componentes electrónicos, detidas por empresas multinacionais, queutilizam tecnologias e processos de produção de elevada sofisticação e escala, o que lhes permitefornecer alguns dos principais players do mercado globalizado das tecnologias de informação ecomunicação. No entanto, a produção destas unidades integra-se em cadeias de valor internacionais,substancialmente mais alargadas, que visam a fabricação de produtos finais no segmento da electrónicade consumo, representando, por um lado, vantagens assentes no acesso a mercados, desenvolvimentotecnológico, acompanhamento de tendências de evolução e acesso/participação em cadeiasinternacionais de I&D, etc. e, por outro lado, a desvantagem de, ao representarem um elo muitoespecífico da cadeia de valor, incorrerem num maior risco de substituição por uma nova tecnologiaemergente ou, mesmo, de deslocalização da unidade produtiva, no caso dos níveis de rendibilidade daoperação, face a territórios concorrentes, se situar abaixo dos objectivos da casa-mãe.

O jogo entre oportunidades e ameaças para os territórios que acolhem este tipo de unidades é decidido,em grande parte, pela possibilidade da região aceder, numa primeira fase, a um conjunto de competênciasque permitam aumentar as capacidades regionais, designadamente através da qualificação das pessoas, defornecedores e de infraestruturas de suporte (universidades, laboratórios, centros de investigação, etc.) e,numa segunda fase, de formar redes de competências em áreas-chave que suportem sustentadamente oprocesso de desenvolvimento competitivo dessas mesmas unidades produtivas. Caso contrário, verifica-seuma situação em que o entorno das competências empresariais para a região não se processa de formaadequada, o que aumenta o risco de esgotamento, a prazo, da parceria território-empresa.

Para além do peso relativo das actividades de fabricação de componentes electrónicos, a região e as suassub-regiões não apresentam nas restantes actividades que integram o denomindado sector TIC, nem níveisde especialização, nem níveis de relevância regional e nacional significativos, o que evidencia a ausênciade massa crítica e de lógicas de funcionamento em rede (integração efectiva na fileira produtiva). Desteponto de vista, existem, hoje na região, essencialmente, serviços de venda e de assistência técnica deequipamentos e software, que servem de suporte à actividade empresarial, mas que não configuramelementos de diferenciação competitiva face a outras regiões portuguesas e internacionais.

Note-se que face às exigências competitivas do sector e da concorrência, não só ao nível das grandesempresas multinacionais, mas também ao nível das regiões que procuram fixar e consolidar centros deexcelência nas TIC, aspectos como a qualidade superior das infra-estruturas tecnológicas e aformação/aptidão dos recursos humanos na utilização das tecnologias de informação e comunicação sãoapenas considerados como elementos necessários, mas não suficientes, para sustentar a permanência dosinvestimentos existentes ou para atrair novos investimentos. Neste sentido, a fasquia encontra-secolocada num patamar de qualidade bastante exigente, não bastando “fazer melhor” mas sendonecessário “fazer melhor que os outros”. Assim sendo, e face ao diagnóstico da competitividade regionalefectuado ao longo da primeira parte do estudo, em que se observa, nomeadamente, a existência de

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fracos níveis de formação e qualificação dos recursos humanos, um número reduzido de investigadoresnestas áreas, níveis de despesa em I&D baixos (quer públicos, quer privados), tornam-se evidentes asdificuldades do Alentejo em se poder afirmar a médio prazo como uma região de referência no sectordas TIC.

A percepção destas características aconselha a prossecução de uma estratégia activa de desenvolvimentodas capacidades regionais em torno de aspectos como: (i) o estreitamento das ligações com as empresasde referência da região no sentido de identificar tendências de evolução do sector e outros aspectosfundamentais para a qualidade das condições de suporte à actividade empresarial, designadamente, aonível da qualificação dos recursos humanos em áreas específicas do processo produtivo, (ii) desenvolvercompetências complementares nas infra-estruturas de suporte que permitam responder atempadamenteaos desafios resultantes da evolução da procura, (iii) estabelecer ligações com centros de competênciasituados noutras regiões portuguesas ou estrangeiras, tentando criar antenas que possibilitem antecipartendências de evolução do mercado e participar em redes de conhecimento que permitam encontrarsoluções para os problemas competitivos que se podem fazer sentir na actividade das empresas. Este tipode actuação, para além de potenciar a melhoria das condições de fixação das empresas já existentes naregião, reforça a possibilidade de captação de novos investimentos em actividades similares oucomplementares pertencentes ao sector das TIC, o que pode contribuir para a emergência, de facto, deum cluster de actividades do sector no Alentejo.

10.2. Aeronáutica

Com se pode concluír através da leitura do quadro seguinte, o peso do emprego na actividade defabricação de aeronaves no Alentejo é quase inexpressivo, registando-se apenas a existência destaactividade na sub-região do Alto Alentejo onde, de facto, existem algumas empresas PME que se dedicama este negócio (ver Caixa de Texto 10-2).

QUADRO 10-4:

O Peso da Aeronáutica nas NUTS III do Alentejo (% emprego do Sector)

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O estudo das relações de cadeia de valor que a Aeronáutica (considerada, para efeito desta análise, comoequivalente ao Ramo 35 – Fabricação de outro material de transporte) revela a montante da suaactividade com outros sectores (fornecedores), permite aferir a existência de uma intensidade relacionalmuito acentuada com actividades de fornecimentos intermédios relacionadas com as indústriasmetalúrgicas de base e de produtos metálicos – siderurgia e fabricação de ferro-ligas (271), fabricação detubos de aço (2722), fabricação de tubos de ferro fundido (2721), obtenção e primeira transformação dealumínio (2742), estiragem a fio (2731), trefilagem (2734) –, com a fabricação de papel e de cartãocanelados e de artigos de papel e de cartão (212), e com a fabricação de gases industriais (2411). Emtermos agregados, este conjunto de fornecedores intermédios está orientada para a construção dasaeronaves e para configuração da respectiva estrutura, sendo responsável por cerca de 39% das comprasda actividade Aeronáutica.

A Aeronáutica revela igualmente alguma prevalência relacional a montante, com fornecedores deequipamento, quer afectos ao funcionamento da aeronave - fabricação de motores e turbinas (2911),fabricação de bombas e compressores (2912) e fabricação de máquinas-ferramentas (294) – quer afectosao apetrechamento do aparelho - fabricação de cadeiras e assentos (3611) e fabricação de mobiliáriometálico para outros fins (36142) –, que representam 10% das compras da aeronáutica.

Para além destes sectores fornecedores, a Aeronáutica estabelece relações de cadeia de valor comdeterminadas actividades prestadoras de serviços de suporte empresariais, tais como as classe 7020012(serviços de arrendamento de terrenos e outros bens imóveis, não residenciais, por conta própria), 741(serviços jurídicos, contabilísticos, de auditoria, de consultoria fiscal, de estudos de mercado), 73(investigação e desenvolvimento) e 6603 (seguros não vida). A primeira está associada ao aluguer deespaços comerciais e fabris, relacionados com a própria laboração industrial, a segunda está associada aaspectos administrativos e legais, transversais à actividade empresarial, a terceira constitui umaactividade fundamental para garantir os níveis de sofisticação e de tecnologia que a fabricaçãoaeronáutica exige e, finalmente, a quarta compreende actividades de seguro referentes a acidentes,incêndios, doença transporte, responsabilidade civil, isto é, aspectos intrínsecos aos elevados níveis desofisticação exigidos. Em termos agregados estes serviços de suporte empresarial respondem por 9% dascompras da Aeronáutica.

A Aeronáutica revela apenas uma ligação, a montante, com actividades de matérias primas tais como40102 (electricidade (transportada e distribuída) e respectivos serviços), cujo enfoque épredominantemente energético, ou seja, cerca de 2% dos produtos que o sector da Aeronáutica adquirepara efeitos de incorporação na sua actividade correspondem a materiais da fileira energética que deverãoestar relacionados com a operacionalização de equipamentos e com o funcionamento das aeronaves.

Do ponto de vista dos serviços complementares prestados na cadeia de fornecimentos da Aeronáutica,regista-se a importância da CAE 611003 (Serviços de aluguer de navios com tripulação e serviços dereboque) - a qual contempla, entre outras, fluxos de entrega e envio de mercadorias que pela sua dimensãoe volume são efectuadas por via marítima – e da CAE 80 (Educação) – que está fundamentalmente ligadaà necessidade de recursos humanos altamente qualificados e com competências elevadas para poderemparticipar na sofisticação da fabricação aeronáutica.

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Se atentarmos às relações intra-sectoriais que o sector da aeronáutica exibe, constatamos, a montante,um intenso nível de relações intra-sectoriais, cujo conteúdo se reveste de actividades como a CAE 352(fabricação e reparação de material circulante para caminhos de ferro) – relacionando-se que asespecificidades do transporte de aeronaves ou de peças que vão ser integradas na sua construção –,3541 e 3542 (fabricação de motociclos e bicicletas), ligadas à fabricação de motores, peças eacessórios que depois podem ser adaptados, e 353 (fabricação de aeronaves e de veículos espaciais)que se prende com a fabricação de acessórios, partes e peças destinadas às aeronaves (fuselagem, asas,portas, trens de aterragem, tanques de combustível, hélices, motores, turborreactores, turbohélices).Em termos agregados estas trocas intra-sectoriais são responsáveis por aproximadamente 20% dascompras da Aeronáutica.

No que concerne às actividades situadas a jusante da Aeronáutica, verifica-se que um dos principaissectores clientes desta actividade é, obviamente, o ramo 62 (transportes aéreos regulares), uma vez quesão precisamente as companhias de aviação os clientes alvo das aeronaves, representando 56% dasvendas do sector da Aeronáutica. Em segundo lugar, no canal de escoamento da fabricação aeronáutica,surge a Administração Pública (CAE 75) com um peso nas vendas da Aeronáutica de 22%, facto que estárelacionado com as actividades de Defesa do país, nomeadamente com os aviões que equipam a ForçaAérea Portuguesa.

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QUADRO 10-5:

Sectores Fornecedores e Sectores Clientes da Aeronáutica

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Considerando como objecto de análise os produtos que, de acordo com as relações identificadas peloQRE, se situam a montante da Aeronáutica, constata-se que nenhuma das actividades mencionadas comoestando relacionada com este sector – 271 (siderurgia e fabricação de ferro-ligas), 2722 (fabricação detubos de aço), 352 (fabricação e reparação de material circulante para caminhos de ferro), 3542(fabricação de bicicletas), 3541 (fabricação de motociclos), 73 (investigação e desenvolvimento), 2721(fabricação de tubos de ferro fundido), 7020012 (serviços de arrendamento de terrenos e outros bensimóveis), 353 (fabricação de aeronaves e de veículos espaciais), 611003 (serviços de aluguer de navioscom tripulação e serviços de reboque), 3611 (fabricação de cadeiras e assentos), 2911 (fabricação demotores e turbinas), 2742 (obtenção e primeira transformação de alumínio), 2912 (fabricação de bombase compressores), 40102 (transporte e distribuição de electricidade), 2731 (estiragem a frio), 80(educação), 36142 (fabricação de mobiliário metálico para outros fins), 2734 (trefilagem), 741 (osserviços jurídicos, contabilísticos, de auditoria, de consultoria fiscal, de estudos de mercado), 212(artigos de papel e cartão), 2411 (fabricação de gases industriais), 294 (fabricação de máquinas-ferramentas), 6603 (seguros não vida) - cumpre simultaneamente os três critérios definidos –especialização, relevância regional e relevância nacional – em qualquer das regiões NUTS III doAlentejo. Mais, nenhuma destas regiões cumpre, sequer, qualquer combinação de dois daqueles critérios.

Assim sendo, verifica-se que o Alentejo Litoral apenas cumpre o critério de especialização produtiva em3 actividades (2722, 352 e 2912), o Alto Alentejo apenas numa actividade (40102), o Alentejo Centralem 5 actividades (271, 2911, 40102, 294, 6603) e o Baixo Alentejo em duas actividades (2912, 40102).

No que se refere aos ramos, que segundo o QRE, se situam a jusante da Aeronáutica, é possível aferirque apenas o ramo 62 (transportes aéreos) não cumpre qualquer dos critérios definidos (especialização,relevância regional e relevância nacional) nas NUTS III alentejanas, enquanto o ramo 55 (alojamento erestauração) cumpre os três critérios, no Alentejo Litoral, Alto e Baixo Alentejo os três critérios nas quatroNUTS III do Alentejo. Saliente-se, igualmente que o ramo 35 (fabricação de outro material de transporte)cumpre dois dos critérios (especialização e relevância regional) no Alentejo Litoral mas não cumprequalquer critério nas restantes três regiões alentejanas. Finalmente o ramo 75 (administração pública)cumpre o critério de especialização no Alentejo Litoral e no Alentejo Central e no Baixo Alentejo, sendoque neste última verifica ainda o critério de relevância regional.

Em suma, é possível concluir que a cadeia de valor aeronáutica apresenta uma presença muito ténue erarefeita no Alentejo, a qual assenta sobretudo na existência de algumas actividades de metalurgia debase, de produtos metálicos e de máquinas e equipamentos. Ou seja, denota-se uma acentuada ausênciade actividades directamente relacionadas com o design, planeamento, concepção e construção deaeronaves, propriamente ditas, ou a fabricação de peças, partes e acessórios para inclusão nos aviões,bem como de actividades que contribuem acentuadamente para a sua cadeia de valor investigação edesenvolvimento. No fundo verifica-se, à semelhança do que se referiu anteriormente, que a existênciaefectiva de um sector de Aeronáutica no Alentejo pressupõe claros acréscimos de massa crítica, não sóem termos de aglomeração de empresas pertencentes a todas as áreas que constituem o core business dafabricação aeronáutica, mas também em termos da criação de massa crítica de fornecedores intermédiose de equipamento, e ainda em termos da criação de pólos científicos e tecnológicos que permitam odesenvolvimento de actividades de investigação e desenvolvimento e a qualificação de recursoshumanos, por forma a potenciar lógicas de clusterização no sector da aeronáutica do Alentejo.

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QUADRO 10-6:

O Peso dos Produtos a Montante e dos Ramos a Jusante da Aeronáutica(% do emprego do sector)

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Ao longo dos últimos tempos tem surgido a ideia de que o Alentejo dispõe de condições particularmenteinteressantes e de um conjunto de oportunidades que podem ajudar a configurar a emergência de umsector aeronáutico que, não sendo actualmente uma actividade de especialização produtiva da região,poderia contribuir para diversificar o seu tecido produtivo numa indústria que se caracteriza pela suaforte intensidade de I&D, podendo gerar, em simultâneo, um conjunto de sinergias positivasrelativamente a um leque diversificado de actividades (na área da I&D, noutras actividades industriaisfornecedoras de inputs, no turismo, etc.).

A possibilidade de emergir um sector de aeronáutica na região radica na presença de um conjunto de factoresendógenos potencialmente favoráveis ao desenvolvimento desta indústria no seu território tais como:

a existência de infraestruturas aeroportuárias em Évora e em Beja;

a existência de muito boas condições climatéricas, a baixa densidade populacional e o factodo espaço aéreo não apresentar problemas de congestionamento traduzem-se em condiçõesbastante favoráveis para o treino aéreo;

a existência no Aeródromo de Évora de uma escola internacional de pilotos de linha, que fazrecurso a evoluídos e avançados simuladores e outras tecnologias de ponta;

a vocação aeronáutica da indústria de Ponte de Sôr na fabricação de aviões ultraligeiros,fundamentalmente pela empresa Dyn’Aero Ibérica e pela possibilidade de desenvolvimento doprojecto empresarial da Motoravia.

CAIXA DE TEXTO 10-2:

Dyn’Aero Ibérica

Localizada em Ponte de Sôr, a Dyn’Aero Ibérica produz, desde 2001, aviões no segmento dos ultraleves em fibra decarbono, juntando tecnologia francesa e produção nacional. A empresa produz cerca de 70 aeronaves por ano nosegmento dos ultraleves, o que corresponde a um volume de negócio de aproximadamente 7 milhões de euros eemprega directamente cerca de 60 trabalhadores, dos quais 10 são engenheiros aeronáuticos e químicos. Ocupandocerca de 3500 m2, a empresa pretende construir, a partir de 2006, cerca de 120 aviões por ano.

Produzindo para o mercado global, a empresa já vendeu desde o início das suas operações (há treze anos emFrança), cerca de 400 aviões. Para além da produção, a empresa portuguesa é responsável pela comercialização doavião na Península Ibérica, no Norte de África e nos países de língua oficial portuguesa, incluindo o Brasil. O eng.ºFernando Figueiredo, director-geral da empresa, acredita que há uma tendência para o crescimento das vendas deaviões nos segmentos de menor dimensão, reflexo de uma maior mobilidade das pessoas nomeadamente dentro dospaíses que integram a União Europeia e seguindo, aliás, a evolução já registada nos EUA.

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Como factor de diferenciação refira-se que os dois modelos produzidos em Ponte de Sôr (MCR 01, maisvocacionado para instrução em escolas de aviação, e o MCR 4S, mais vocacionado para actividades de turismo elazer) podem ser vendidos em Kit ou em sistema de chave-na-mão.

Destaque-se que o avião MCR 4S foi escolhido pela EADS (construtura da Airbus, que adquiriu recentemente umaposição nas OGMA) como avião de suporte de um sistema de vigilância que pode desempenhar missões, porexemplo, na detecção de fogos florestais.

O director-geral da Dyn’Aero sublinha como obra de fundamental importância para o desenvolvimento da suaactividade a construção do aeródromo de Ponte de Sôr, cuja pista deverá estar concluída até ao final de 2005, nãosó enquanto factor de promoção da actividade aeronáutica – defendendo a este respeito o prosseguimento de umapolítica de construção de uma rede de aeródromos na região e no País – mas também enquanto factor dediferenciação da oferta através da criação de uma escola de pilotagem, o acolhimento de actividades deparaquedismo e a realização de cursos de formação e estágios de pilotagem.

A presença destes recursos endógenos associados a outros factores como a tradição portuguesa nadinamização de actividades aeronáuticas, fundamentalmente com base nas OGMA, a existência decompetências na área da aeronáutica no Instituto Superior Técnico e na Universidade da Beira Interior,assim como a existência em Portugal de empresas competitivas na área dos moldes, da metalomecânicae de componentes automóveis, formam, em conjunto, uma base de suporte que pode sustentar oaparecimento de um leque de oportunidades para o desenvolvimento do sector aeronáutico.

Em acréscimo regista-se a identificação de um conjunto de oportunidades que, caso se materializem,podem constituir a base do aparecimento de um cluster aeronáutico na região, nomeadamente:

A implementação do projecto que prevê a utilização da Base Aérea de Beja para fins civis, nãosó ao nível do transporte aéreo de pessoas e mercadorias mas também de outras actividadesrelacionadas com a aviação civil, nomeadamente ao nível da manutenção de aeronaves (Caixade Texto 10-3);

A concretização do projecto “Skylander” que prevê a instalação em Évora de um construtoraeronáutico, GECI International, o qual aportará a tecnologia e realizará localmente o seutrabalho de concepção de protótipo, desenvolvimento de protótipo e construção de aeronaves“Skylander” (no segmento das 10 toneladas).

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CAIXA DE TEXTO 10-3:

Aeroporto Civil de Beja: Factores Críticos de Sucesso e Potencialidades de Desenvolvimento

Tendo em consideração a informação institucional fornecida pela EDAB, S.A apresentam-se de seguida os aspectosque a empresa considera serem os factores críticos de sucesso e as potencialidades do projecto que visa a utilizaçãopara fins civis da infra-estrutura da Base Aérea de Beja.

Factores críticos do projecto:

“O aeroporto será a porta para uma grande parte da produção agrícola da zona de regadio e do movimentoturístico da Barragem do Alqueva, de uma parte da carga e passageiros chegados e a transportar de Sinespor via marítima, nos low cost e charter, rectaguarda de Lisboa e Faro.

A instalação de um Parque Empresarial na Área do aeroporto e a elaboração de um Plano Integrado deDesenvolvimento.

A criação de incentivos, nomeadamente de natureza fiscal, e de facilidades de instalação para as empresas,dada a situação de interioridade da região.

A melhoria do sistema de transportes rodo/ferroviários, particularmente as ligações a Sines e Lisboa, paraque venha a possuir características que permitam a rápida movimentação de pessoas e mercadorias, faceao aumento de tráfego que se prevê. De resto está previsto o lançamento das obras de ligação do IP8 e daA2 ao ramal do Aeroporto.

O apoio político ao projecto não só das forças políticas regionais mas também nacionais”

Potencialidades do aeroporto de Beja:

“Aeroporto internacional nas diversas vertentes de exploração com a possibilidade da prática de taxasaeroportuárias competitivas, dado o menor custo dos serviços praticados, facto derivado da existência deinfraestruturas já amortizadas e da necessidade de um baixo investimento para a operacionalização doprojecto;

Aeroporto principal para companhias “charter” que pretendam praticar tarifas competitivas, e/oucompanhias “low cost carrier”, dada a sua localização entre Lisboa, a costa oeste alentejana (incluída aPenínsula de Tróia), o Algarve e as regiões espanholas próximas da fronteira, sobretudo se as taxasaeroportuárias a praticar em Beja forem competitivas relativamente às praticadas nos aeroportos vizinhos;

Plataforma de carga aérea geral;

Plataforma Logística para a carga a receber e a expedir de/para a América e África, incluído o transporte de

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peixe, utilizando aviões de grande porte e executando em Beja o “transhipment” para aviões menores paraa ligação com os aeroportos europeus, ou recorrendo ao transporte pelas vias terrestre e marítima;

Entreposto para a carga recebida no Porto de Sines, passível de ser transportada por meios aéreos, frescosagrícolas produzidos na zona de regadio do Alqueva e Andaluzia e a porta para o movimento turísticodemandando a costa a Sul de Setúbal, a zona da barragem do Alqueva, o turismo residencial que está emimplementação, o turismo social e desportivo que se venha a desenvolver desde o aproveitamento doGuadiana às aldeias temáticas, golf, caça, etc., e as zonas fronteiriças espanholas:

Base de estacionamento para aviões de carácter executivo e saídos das linhas de montagem que aguardamcolocação nas companhias aéreas;

Área de manutenção de aeronaves e de fabricação de componentes;

Base de treino para tripulações de aviões comerciais;

Sede de escolas de Técnicos Aeronáuticos;

Pólo de localização de empresas relacionadas com a actividade aeronáutica;

Alternativo dos aeroportos nacionais para aviões de passageiros e carga, sobretudo em condiçõesmeteorológicas adversas e/ou períodos de congestionamento;

Solução para os problemas que se antevêem, relativamente a Lisboa e Faro, quando o aumento do fluxo depassageiros e carga ultrapassar as capacidades daqueles aeroportos, sobretudo depois do adiamentoanunciado da construção do novo aeroporto de Lisboa. A possibilidade de desvio de tráfego poderádiminuir, ou evitar, as obras no aeroporto “condenado” de Lisboa, e os problemas que se prevêemrelativamente à expansão do aeroporto de Faro;

Pólo de atracção de empresas em diversas áreas de actividade”.

CAIXA DE TEXTO 10-4:

Projecto “Skylander”

O projecto “Skylander”, cujo promotor é a empresa francesa de engenharia GECI Internacional, traduz-se nainstalação de um pólo construtor e fabricante aeronáutico no segmento das 10 toneladas. O avião terá 14 metros decomprimento, 20 metros de envergadura de asa, e funcionará com turbo-hélice, caracterizando-se por uma grandeflexibilidade operacional podendo aterrar e descolar sem abastecer várias vezes ao longo de um determinadopercurso (precisando apenas de 550 metros para aterrar e 600 metros para levantar), uma grande capacidade decarga (possibilidade de carregar contentores) e por uma grande multiplicidade de aplicações (pode ser configuradocomo avião de transporte de passageiros, avião de carga, misto, de combate a incêndios, de transporte de tropas,hospital, etc.).

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De acordo com o representante do promotor do projecto, o Madan Parque de Ciência, a data prevista para aconstrução do primeiro avião é 2007, sendo que os primeiros testes acontecerão em finais de 2006, estimando-seuma escala de produção de 72 aviões/ano, a que corresponde, em velocidade de cruzeiro, um volume de negóciosde 230 milhões de euros por ano, o que deverá representar a criação de 450 postos de trabalho directos e cerca dotriplo em postos de trabalho indirectos. A percentagem de incorporação nacional do projecto deverá ser de cercade 70% da massa estruturada do avião, contudo, devido às especificidades técnicas e ausência de fornecedoresportugueses, os motores e os sistemas de aviónica serão importados.

O projecto deverá ocupar uma área de 18 hectares nas imediações do aeródromo, onde será construído um edifíciocom 18 mil metros quadrados, ficando uma superfície equivalente afecta ao conjunto das outras três empresas queficarão sediadas em Évora. A fixação destas unidades industriais em Évora constitui uma exigência da própria GECI,que pretende acompanhar e controlar de perto a produção das peças mais sensíveis do aparelho, trazendo paraPortugal dezenas de técnicos de alto nível, incluindo engenheiros franceses, italianos, romenos e búlgaros.

A construção da fábrica e linha de montagem final, pressupõe a configuração de uma “supply-chain” industrial emÉvora assente nos seguintes fornecedores de primeira linha: Incompol (empresa metalomecânica de Porto Alto,especializada em componentes para automóveis que instalará em Évora uma unidade de rebitagem automática euma unidade de pintura), IETA (indústria de estofos e transformação de automóveis que opera em Castelo de Paiva),Pousada (fábrica metalomecânica de precisão que opera em Loures e que produz peças para a indústriaaeronáutica), Lauak (grupo aeronáutico francês com delegação em Palmela), Mazéres Aviation (empresa francesa deToulose que produzirá a asa), a Global Soft (empresa de moldes da Marinha Grande) e a Kroshu (empresa defornecimento de cablagens sediada em Guimarães).

Para além destes fornecedores de primeira linha, o projecto pressupõe o estabelecimento de uma parceriatecnológica com o ISQ que efectuará a coordenação da certificação e da transferência de tecnologia, estabelecendo,por sua vez, este parceiro uma estreita ligação com o INAC como forma de dotar este instituto das competênciasnecessárias para efectuar a certificação do avião.

A efectivação de uma cadeia de fornecimentos com este grau de complexidade e amplitude suscitará inúmerostrabalhos complementares de engenharia (testes e ensaios no solo e em vôo) bem como acções extensas ecomplexas de certificação, o que, conjugado com as condições de partida do território, poderá originar, no seuconjunto, diversos efeitos de integração de competências e de aglomeração de actividades contribuindo para aformação de um “mini-cluster” na indústria aeronáutica no Alentejo.

Este projecto poderá fazer beneficiar outros pólos de competência aeronáutica existentes no País (UBI, IST, OGMA),facilitando a obtenção de massa crítica e a realização de sinergias com a actividade aeronáutica de Évora. Comefeito as características intrínsecas deste projecto de fabricação aeronáutica, normalmente associada a níveis desofisticação e a níveis tecnológicos muito elevados, exigem, para além de uma acentuada escala de operaçõesindustriais, uma vincada densidade de entidades empresariais e de engenharia envolvidas e uma elevadacomplexidade por via da interacção de competências de (i) concepção e desenho final do protótipo, (ii) certificaçãodas entidades fabricantes e fornecedoras de componentes e de engenharia, (iii) testes e ensaios estáticos e dinâmicos(representando larguíssima percentagem de testes, superior à da instalação de indústria de componentes, por via dosector a que pertence e por ter em vista a certificação de um produto final) e (iv) actividades de Investigação eDesenvolvimento em torno de materiais, processos, fenómenos (ex.: corrosão), aerodinâmica, e eventualmente aconcepção de outros aviões que serão produzidos, tecnologicamente mais exigentes (como por exemplo aviões

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pressurizados e a jacto). Daqui pode decorrer uma extensa possibilidade de interacção com Universidades e Centrosde Engenharia, que aliás já foi iniciada, tais como: UTL/IST, UBI, FCT/UNL, Universidade de Évora, INEGI, Centimfee ISQ ou, eventualmente, uma colaboração com o CEDP – Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto(organismo situado na Maia que foi criado com o objectivo de promover a inovação no sector automóvel).

A GECI prevê ainda a possibilidade de sucessivamente desenvolver e fabricar outros tipos diferentes de aviõesdentro deste segmento de mercado, o que poderá alavancar a sustentabilidade de longo prazo do projecto.

Pelo conjunto de características integradoras que o projecto “Skylander” parece possuir e pelas valênciasde inovação, de know-how e de valor acrescentado que parece ter capacidade de reunir e de afectar àregião do Alentejo, a concretização deste investimento e a materialização das intenções manifestadaspara a sua consubstanciação e operacionalização indiciam especificidades próprias de um projecto quese pode revelar estruturante, não só pelo salto qualitativo que o Alentejo e Portugal, de forma mais lata,podem dar em termos de posicionamento competitivo e pólo atractivo do sector da aeronáutica e deoutros sectores potencialmente relacionáveis (como a indústria automóvel e a naval), mas também pelosefeitos de externalidades positivas que o projecto poderá encerrar quer em termos da qualificação derecursos humanos quer em termos de sinergias de cooperação e relacionamento com outras regiõesportuguesas e internacionais, e também pelo carácter catalisador de crescimento económico que osucesso deste projecto poderá significar.

Para além da incubação deste projecto industrial potencialmente estruturante (“Skylander”), a empresapromotora, GECI International, considera importante a criação em Évora de um centro de excelênciaaeronáutica (Caixa de Texto 10-5) que funcione em rede com diversas entidades nacionais e que possualigações a redes de cooperação internacional (por exemplo, com entidades situadas em França e naRoménia onde a empresa promotora desenvolve a sua actividade), podendo integrar no futuro, uma redenacional de concepção e engenharia de produto, e, assim, criar em Évora um nó de competências paraa indústria aeronáutica, indústria automóvel, indústria naval. A empresa defende que o centro deexcelência aeronáutica deve ser formado com capitais mistos públicos e privados (onde, para além daGECI seriam parceiros o ISQ - que é parceiro tecnológico do projecto – e o INAC – entidade certificadora)e que a sua constituição poderá ser enquadrável no âmbito do Plano Regional de Inovação do Alentejo.

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CAIXA DE TEXTO 10-5:

Valências desejáveis de um Futuro Centro de Excelência Aeronáutica de ÉvoraDinamizado pelo Projecto “Skylander”

Fonte: Madan Parque de Ciência, representante dos promotores do projecto.

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10.2.1. Considerações sobre o potencial de desenvolvimento da Aeronáutica no Alentejo

A materialização das potencialidades de desenvolvimento no Alentejo de um sector dinâmico ecompetitivo na área da aeronáutica encontra-se neste momento numa encruzilhada estratégica,dependendo em grande parte da concretização dos dois grandes projectos infraestruturantes (“Skylander”e a utilização civil do Aeroporto de Beja) cuja implementação pode permitir o aparecimento de umcluster aeronáutico com relevância, não só a nível regional, mas também a nível nacional.

A implementação destes projectos pode adicionar às condições de base que a região já possui,apresentadas anteriormente, uma massa crítica de operações quer no âmbito da actividade aeroportuária,quer na actividade de fabricação, quer, ainda, na actividade de investigação aplicada à aviação e,mesmo, a outros modos de transporte.

A transformação destas perspectivas de desenvolvimento do sector em projectos efectivos depende,contudo, de decisões em grande parte externas à região, uma vez que:

no caso do projecto “Skylander” a decisão derradeira de investimento depende do promotor,em parâmetros como o capital necessário para a implementação, o timing de execução, odimensionamento e possibilidades de expansão futura da operação, o nível de transferência detecnologia e de conhecimentos para a região (quantidade e qualidade dos recursos humanos,competências em áreas específicas da aeronáutica, etc.);

no caso do projecto referente à utilização para fins civis da Base Aérea de Beja, aimplementação do projecto depende fundamentalmente da prioridade política que lhe sejaconferida, que, a existir, se deve materializar, de facto, na dotação de meios financeiros ehumanos adequados à escala de operação desejada. Para que o projecto saia de uma fase de“prioridade intemporal” é necessário que se estabeleça um programa de actividades capaz desuportar e de “blindar” a estratégia de implementação preconizada para aquela infra-estrutura.

No entanto, no presente contexto, a região deve assumir um papel activo na defesa dos seus interesses,que neste caso concreto passa pelo alinhamento de todas as entidades da governância regional (políticase associativas de desenvolvimento regional e empresarial) quanto ao carácter prioritário e estruturanteque estes projectos podem desempenhar no reforço da capacidade competitiva da região, procurandodesta forma sensibilizar as entidades de âmbito nacional para a tomada de decisões que favoreçam aefectiva concretização destes projectos.

Se, de facto, estes projectos vierem a ser consubstanciados passarão a estar reunidas as condições necessáriaspara o aparecimento de um cluster de aeronáutica no Alentejo, incluindo actividades que vão desde:

a fabricação e comercialização de aeronaves e de componentes para esta indústria no segmentodos ultraleves e dos aviões de transporte de mercadorias e passageiros de pequeno porte;

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as actividades de reparação e manutenção de aeronaves;

a concepção e desenvolvimento de peças, acessórios, componentes e produtos finais;

a dinamização de um centro de excelência de aeronáutica capaz de realizar, nomeadamente,testes e ensaios sobre características e resistência de materiais e sobre a fiabilidade dossistemas de suporte à navegação;

o ensino e formação de pilotos e de técnicos especializados nas valências da aeronáutica;

as actividades aeroportuárias relacionadas com os fluxos de mercadorias, contribuindo para oaumento da eficiência das cadeias logísticas, designadamente dos sectores de especializaçãoprodutiva da região;

as actividades aeroportuárias relacionadas com os fluxos de passageiros, com reflexospotencialmente positivos nas actividades de lazer e turísticas, na mobilidade das pessoas eno desenvolvimento das dinâmicas de consumo relacionadas com as actividadescomerciais e imobiliárias.

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