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SIGEP Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil SIGEP 060 Beachrock de Jaconé, RJ Uma pedra no caminho de Darwin Kátia Leite Mansur 1 Renato Rodriguez Cabral Ramos 2 Gisele Giseé Furukawa 3 1 Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Geociências, Depto de Geologia, Rio de Janeiro, RJ, Brasil ([email protected]). 2 Universidade Federal do Rio de Janeiro, Museu Nacional, Depto de Geologia e Paleontologia, Rio de Janeiro, RJ, Brasil ([email protected]). 3 Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Geociências, Depto de Geologia, Rio de Janeiro, RJ, Brasil ([email protected]) © Mansur,K.L.; Ramos,R.R.C.; Furukawa,G.G. 2012. Beachrock de Jaconé, RJ - Uma pedra no caminho de Darwin. In: Winge,M.; Schobbenhaus,C.; Souza,C.R.G.; Fernandes,A.C.S.; Berbert-Born,M.; Sallun filho,W.; Queiroz,E.T.; (Edit.) Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil. Publicado na Internet em 20/11/2012 no endereço http://sigep.cprm.gov.br/sitio060/sitio060.pdf [Ver versão final do CAPÍTULO IMPRESSO em: Winge, M. et al.(Ed.). 2013. Sítios geológicos e Paleontológicos do Brasil. Brasília: CPRM, 2013, 332p.; v.3. il. 30cm. ISBN 978-85-7499-198-6 ] (A referência bibliográfica de autoria acima é requerida para qualquer uso deste artigo em qualquer mídia, sendo proibido o uso para qualquer finalidade comercial)

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SIGEPSítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil

SIGEP 060

Beachrock de Jaconé, RJ Uma pedra no caminho de Darwin

Kátia Leite Mansur 1

Renato Rodriguez Cabral Ramos 2

Gisele Giseé Furukawa 3

1 Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Geociências, Depto de Geologia, Rio de Janeiro, RJ, Brasil ([email protected]). 2 Universidade Federal do Rio de Janeiro, Museu Nacional, Depto de Geologia e Paleontologia, Rio de Janeiro, RJ, Brasil ([email protected]). 3 Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Geociências, Depto de Geologia, Rio de Janeiro, RJ, Brasil ([email protected]) © Mansur,K.L.; Ramos,R.R.C.; Furukawa,G.G. 2012. Beachrock de Jaconé, RJ - Uma pedra no caminho de Darwin. In: Winge,M.; Schobbenhaus,C.; Souza,C.R.G.; Fernandes,A.C.S.; Berbert-Born,M.; Sallun filho,W.; Queiroz,E.T.; (Edit.) Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil. Publicado na Internet em 20/11/2012 no endereço http://sigep.cprm.gov.br/sitio060/sitio060.pdf [Ver versão final do CAPÍTULO IMPRESSO em: Winge, M. et al.(Ed.). 2013. Sítios geológicos e Paleontológicos do Brasil. Brasília: CPRM, 2013, 332p.; v.3. il. 30cm. ISBN 978-85-7499-198-6 ] (A referência bibliográfica de autoria acima é requerida para qualquer uso deste artigo em qualquer mídia, sendo proibido o

uso para qualquer finalidade comercial)

Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil

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Beachrock de Jaconé, RJ Uma pedra no caminho de Darwin

SIGEP 060 *

Kátia Leite Mansur 1 Renato Rodriguez Cabral Ramos 2

Gisele Giseé Furukawa 3 RESUMO - Na praia de Jaconé, na região entre Maricá e Saquarema, foram mapeados beachrocks em mais de 1100m de extensão, que sugerem uma posição do nível relativo do mar a menos de 1 m do nível atual na época de sua formação. Suas conchas foram datadas em 8198-7827 cal AP, pelo método radiocarbono. Esta ocorrência permitiu a identificação de 3 litofácies: arenitos, coquinas e conglomerados. Foram descritas estruturas primárias como estratificação plano-paralelas, cruzadas de baixo ângulo e acanaladas. Em um estado predominantemente formado por rochas cristalinas, esta rara ocorrência sedimentar é importante. No entanto, seu valor é amplificado quando se toma conhecimento de que foi primeiramente descrito por Charles Darwin, então com 23 anos de idade, em 9 de abril de 1832. Com o passar dos anos e com pesquisas arqueológicas realizadas na região foram descobertos seixos e calhaus de beachrock nos sambaquis da Beirada e de Moa, em Saquarema, mostrando que este material era usado pelo homem pré-histórico há mais de 4000 anos AP No presente estudo, buscou-se realizar o enquadramento destas exposições como patrimônio geológico e, ao mesmo tempo, atualizar o conhecimento sobre sua evolução geológica. Por todos os seus atributos se constitui em patrimônio geológico por sua importância histórica e cultural e pelas informações científicas fornecidas. É um patrimônio geológico do tipo geomorfológico, sedimentar, paleoambiental, petrológico e estratigráfico, além de arqueológico e contextualizado na história da ciência. Tem importância internacional e valor científico, cultural, didático e ecológico. Palavras-chave: Arenito de praia; Beachrock; Patrimônio Geológico; História da Ciência; Charles Darwin

Beachrock of Jaconé, State of Rio de Janeiro A stone in the path of Charles Darwin

ABSTRACT: Outcrops and displaced blocks of beachrocks were mapped in a stretch of more than 1100 meters along Jaconé beach, close to Ponta Negra, between Maricá and Saquarema, State of Rio de Janeiro. They indicate that the sea level at the time of their formation was approximately 1 meter lower than the present one. Their shells were dated at 8198 - 7827 cal BP by radiocarbon method. This occurrence allowed the identification of 3 lithofacies including sandstones, coquinas and conglomerates. Primary structures such as plane parallel stratification, low angle cross bedding and trough-cross-stratification were described. The lithology of State of Rio de Janeiro is formed basically of igneous and metamorphic rocks with rare sedimentary occurrence, which is very important for the teaching of Geology. Moreover, it is of even greater value because this beachrock was first described by Charles Darwin, on April 9th 1832, when he was 23 years old. Archaeological research in the region discovered sandstone pebbles and cobbles in the Beirada and Moa shellmounds, in Saquarema, which have been dated at 4000 years BP. It means that the prehistoric inhabitant had already used the beachrocks. Due to these factors, this study attempts to frame the occurrence as geological heritage and, at the same time, update the knowledge on its evolution. Darwin´s sandstones can be considered as important geological heritage due to their geomorphological, sedimentary, paleoenvironmental, petrologic, stratigraphic, historical and cultural attributes, besides the scientific information prevailing in this area. Palavras-chave:Beachrock; Geological Heritage, Science History; Charles Darwin * Publicado na Internet em 20/11/2012 no endereço http://sigep.cprm.gov.br/sitio060/sitio060.pdf 1 Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Geociências, Depto de Geologia, Rio de Janeiro, RJ, Brasil ([email protected]). 2 Universidade Federal do Rio de Janeiro, Museu Nacional, Depto de Geologia e Paleontologia, Rio de Janeiro, RJ, Brasil ([email protected]). 3 Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Geociências, Depto de Geologia, Rio de Janeiro, RJ, Brasil ([email protected]). INTRODUÇÃO

As primeiras ocorrências de beachrock descritas na literatura mundial são as de Beauford (1817), Von Bush (1825), Moresby (1835), Darwin (1841) e Dana (1849) (apud Vousdoukas et al., 2007).

Beachrocks são depósitos sedimentares de praia cimentados pela precipitação em geral carbonática e cuja

litificação usualmente se dá na zona intermarés (Fig. 1). Podem envolver sedimentos de origem clástica ou bioclástica, nas frações granulométricas que variam de areia até bloco (Vousdoukas et al., 2007; Kelletat, 2006). São também chamados de rochas de praia e arenitos de praia e, na região Nordeste do Brasil, recebem o nome de arrecifes. Podem ser friáveis ou coesos (Bates & Jackson,1987), sendo que a cimentação pode ocorrer em

poucos anos. Charles Darwin (1844), por exemplo, descreveu em Cabo Verde um conglomerado muito duro que possuía incrustado um parafuso de ferro entre seixos de basalto e cimento carbonático.

Estudos indicam que a precipitação do cimento pode ser controlada por parâmetros ambientais físico-químicos, biológicos e/ou hidrodinâmicos (Vousdoukas et al., 2007).

Figura 1 - (a) Afloramentos do beachrock em Jaconé, destacando-se a beleza da paisagem (Foto: Renato R.C. Ramos); (b) Conglomerado com seixos e calhaus de diabásio e de quartzo de veio (Foto: Helena Panno C. Ramos). Figure 1 – (a) Outcrops of the beachrock in Jaconé, highlighting the beauty of the landscape (Photo: Renato R.C. Ramos); (b) Conglomerate with pebbles and cobbles of diabase and vein quartz (Photo: Helena Panno C. Ramos).

Em 1841, Charles Darwin publicou o trabalho “On a remarkable bar of sandstone off Pernambuco, on the coast of Brazil”, considerado o primeiro trabalho científico sobre beachrocks brasileiros. Darwin passou pelo Brasil de fevereiro a julho de 1832 e em agosto de 1836, quando de sua viagem ao redor do mundo a bordo do HMS Beagle. Nas oportunidades descreveu beachrocks e recifes de coral. Em suas cadernetas de campo (Freeman, 1977) fez anotações sobre as ocorrências da Bahia (1832, 1836) e Pernambuco (1836). Na sua publicação sobre recifes de coral, uma obra pioneira e até hoje considerada correta do ponto de vista da origem geológica dos atóis, Darwin (1842) descreve os beachrocks do Nordeste brasileiro.

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Embora não citado na publicação de 1842, Darwin relatou ainda a ocorrência de um beachrock no Estado do Rio de Janeiro, em 9 de abril de 1832, conforme consta de sua caderneta de campo (Darwin,1832): “9.th Mon [April 1832] [page 5b] started about 1/2 after six. & passed over scorching plains cactuses & other succulent plants (on the decayed & stunted trees beautiful parasitic Orchis with a deliceous smell) glaring hot: therm: in pocket 96˚. — inland brackish lakes with numerous birds. white Egrets — Herons — whites & cormorants. […] lost our way […] Geology: found a fragment on beach of sandstone with numerous Cardiums Mactra. — the whole line of country beach is composed of an extensive [page 6b] flat or a lake. between which & sea are large sand hills. on which the surf roars (by night fine effect) fresh land is gaining. — Sand emits a shrill sound […] Manatiba dined Temp in shade 84˚ our

senses were refreshed by food & a more extended & prettier view: reflection very clear in the lake.”

A existência deste beachrock em Jaconé, comentada por Darwin em 1832, passou despercebida por mais de 150 anos. Somente muito depois, na década de 1990, seixos de beachrock foram identificados por Lina Kneip em sambaquis em Saquarema (Francisco,1995). Os seixos foram encontrados em camadas arqueológicas datadas entre 4520 +/- 190 e 3800 +/- 190 anos AP no Sambaqui da Beirada e entre 3960 +/- 190 e 3610 +/- 190 anos AP no Sambaqui de Moa. Também, Francisco et al. (1998) relatam a ocorrência de beachrock na praia de Jaconé, apresentam sua descrição petrográfica e sedimentológica e sugerem que pelo menos parte dos seixos desta litologia encontrados em dois sambaquis da região seja proveniente do retrabalhamento de fragmentos pelas ondas da praia.

Em 2008 foi iniciado o Projeto Caminhos de Darwin (www.casadaciencia.ufrj.br/caminhosdedarwin). A iniciativa visa resgatar a história da passagem do naturalista britânico pelo Estado do Rio de Janeiro, entre abril e julho de 1832, e estimular atividades relacionadas à sua presença no estado e no país. A divulgação das informações do projeto é feita por meio de uma rede de comunicação e ações conjuntas entre os 12 municípios percorridos por Darwin, envolvendo escolas, moradores, governantes e interessados em geral. Busca-se a conformação de um roteiro turístico, com forte conteúdo científico, educacional e cultural, nos

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moldes da categoria dos Itinerários Culturais da UNESCO.

O roteiro de viagem do naturalista pelo interior fluminense foi levantado (Simões et al., 2011) e uma pesquisa identificou os principais tipos litológicos por ele descritos. Posteriormente, foram iniciadas etapas de campo que, associadas à pesquisa bibliográfica, têm permitido a identificação e localização dos afloramentos. Com isto, foi montado um acervo de rochas, minerais, solos e sedimentos coletados ao longo do trajeto percorrido por Darwin e que se transformou em uma coleção que vem sendo exposta nos diversos municípios. Neste contexto, a Geologia tem se transformado em um forte elemento integrador de ações de divulgação da história da ciência (Mansur et al., 2009). O beachrock de Jaconé é parte desta coleção e sua beleza estética tem despertado a atenção dos expectadores das exposições.

Decidiu-se, então, eleger este afloramento (Fig. 1) como sendo o primeiro a ser revisitado na formulação da vertente geológica da proposição dos Caminhos de Darwin como Itinerário Cultural no contexto da História da Ciência, mais de 170 anos após sua passagem e com as tecnologias atuais disponíveis para análise.

Um sítio, para que possa ser classificado como patrimônio geológico deve, necessariamente, possuir atributos geológicos relevantes segundo seu conteúdo, utilização e influência (García-Cortés, 1996) e pelo seu singular valor do ponto de vista científico, pedagógico, cultural, turístico ou outro (Brilha, 2005). Como este afloramento era carente de informações científicas, foi realizado um estudo preliminar para caracterização dos depósitos segundo os aspectos faciológicos, petrográficos e geocronológicos (Mansur et al., 2011). Buscou-se, desta forma, colher dados para que este geossítio possa ser enquadrado enquanto patrimônio de valor científico e pedagógico, uma vez que, do ponto de vista cultural e possibilidade de uso turístico, não há dúvidas quanto à sua importância. Patrimônio do tipo História da Ciência

Em 9 de abril de 1832, no segundo dia de sua expedição ao interior fluminense, Darwin, antes de almoçar em Manatiba ou Mandetiba (Fig. 2), descreve a ocorrência de um arenito na praia. Mandetiba, localizada entre as lagoas de Jaconé e Saquarema, é também local de ocorrência de vários sambaquis, entre eles o de Manitiba, cujo nome parece derivar daquele utilizado nos séculos 18 e 19.

Aos 23 anos, Darwin teve seu primeiro contato com a floresta tropical e isto causou uma forte impressão no

jovem naturalista, cuja grande afinidade com a geologia foi consolidada, principalmente, por sua admiração pelo livro Principles of Geology de Charles Lyell (Darwin, 1858), então recém-lançado. Recuperar as informações sobre os afloramentos citados ou descritos por Darwin em sua passagem pelo Estado do Rio de Janeiro também resgata parte da história de sua formação como naturalista. Patrimônio pelo Conteúdo Científico e Cultural

A importância de afloramentos de beachrock para a identificação de variações do nível relativo do mar no Holoceno é um consenso entre os autores, dadas as suas condições de formação em linhas de praia, apesar de dúvidas lançadas sobre o local apropriado à cimentação no perfil de praia (Kelletat, 2006).

O beachrock de Jaconé também pode ser utilizado para entender a ocupação humana pré-histórica da região, pois seus fragmentos foram coletados pelos sambaquieiros, primeiros habitantes do litoral. O afloramento se classifica como Patrimônio pela possibilidade de utilização científica e cultural, por seu conteúdo sedimentar, significado paleoambiental e associação com a arqueologia. Patrimônio pela Utilização Geoturística e Didática

Na região da Costa do Sol do Estado do Rio de Janeiro, onde se localizam Maricá e Saquarema, o dito “Turismo de Sol e Praia” é muito desenvolvido. Localmente, as características das ondas de algumas praias, como a de Itaúna, em Saquarema, fazem com que esta cidade seja sede de campeonatos de surfe, inclusive internacionais, o que amplia ainda mais o recebimento de visitantes. Ainda, pode-se visitar os painéis dos projetos Caminhos Geológicos e Caminhos de Darwin, bem como o sítio do Sambaqui da Beirada, espaço musealizado, onde os achados arqueológicos estão expostos in situ (Fig. 3) e que se encontra a cerca de 12 km da área de melhor observação do beachrock.

Acredita-se ser possível estabelecer para os Caminhos de Darwin uma conexão entre os locais por onde ele passou e a ciência, permitindo que a história seja entrelaçada e o turismo científico possa se juntar ao histórico-cultural e, mesmo, o de “Sol e Praia”.

Do ponto de vista didático, o afloramento do beachrock de Jaconé é de alta relevância porque expõe distintas fácies sedimentares, de rara observação em um território dominado por rochas metamórficas e ígneas, como é o caso do Estado do Rio de Janeiro.

Figura 2 - Localização de Mandetiba, entre Jaconé e Saquarema. Fonte: Cartas Topográficas da Capitania do Rio de Janeiro mandadas tirar pelo Mmo. Exm. Sr. Conde da Cunha Capitam General e Vice Rey do Estado do Brazil no anno de 1767. Acervo da Biblioteca Nacional (arquivo cart512339fo7). Figure 2 – Location of Mandetiba, between Jaconé and Saquarema. Source: Cartas Topográficas da Capitania do Rio de Janeiro mandadas tirar pelo Mmo. Exm. Sr. Conde da Cunha Capitam General e Vice Rey do Estado do Brazil no anno de 1767. Collection of Biblioteca Nacional (file cart512339fo7). Patrimônio com Influência Internacional

As descrições geológicas efetuadas por Charles Darwin no Estado do Rio de Janeiro, e nas demais localidades por ele visitadas, se configuram como Patrimônio de Influência Internacional (García-Cortés, 1996), uma vez que é parte indissociável de sua obra e contribuíram para sua formação científica e elaboração teórica. Estas rochas e localidades não são patrimônios de estados ou países, são patrimônio da ciência com relevância mundial. LOCALIZAÇÃO

A Praia de Jaconé localiza-se no município de Maricá (oeste) e Saquarema (leste), no Estado do Rio de Janeiro. Chega-se à praia desde o Rio de Janeiro, passando pela Ponte Rio-Niterói, e desta cidade, pela RJ-106, denominada Rodovia Amaral Peixoto. Após passar pela cidade de Maricá, entrar na RJ-118 no km 40,6 seguindo em direção a Ponta Negra. Nesta localidade seguir pela mesma estrada, por mais 3 km, até alcançar o trevo que leva à Praia de Jaconé, distante

700m deste entroncamento rodoviário. A estrada que segue a linha de costa é a RJ-102. Desde aí já é possível observar os primeiros blocos e afloramentos de beachrock.

As coordenadas geográficas do centróide da área do sítio são: latitude 22o 56' 30" S e longitude 42o 39' 53" W. DESCRIÇÃO DO SÍTIO Ambiente de Praia Atual

A praia de Jaconé, onde ocorrem afloramentos e

blocos de beachrock (Fig. 4), apóia-se em dois promontórios, o de Saquarema, a leste, e o de Ponta Negra, a oeste. Ao norte da faixa de beachrocks encontra-se a Lagoa de Jaconé e sua planície parcialmente colmatada e brejosa, separadas da praia por típico cordão arenoso. A rede de drenagem da Serra de Jaconé alimenta a Lagoa de Jaconé e as áreas inundáveis adjacentes.

Do ponto de vista da morfodinâmica, a praia de Jaconé pode ser classificada como do tipo refletiva (Wright & Short, 1984 apud U.S. Army Corps of

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Engineers, 1995). Esta afirmação é corroborada pela análise granulométrica de amostra da face de praia (Fig.5), coletada em ambiente semelhante àquele interpretado como sendo o dos beachrocks, que mostrou predominância de sedimentos na faixa de areia grossa a média (phi médio=-0,3317), grãos bem selecionados

(seleção=0,4895). Não foram observados seixos e calhaus, exceto aqueles originados pelo retrabalhamento do próprio beachrock, que, em geral, são discoides (oblatos), mostrando a abrasão sofrida pelo embate das ondas.

Figura 3 – (a) Painel interpretativo do projeto Caminhos Geológicos próximo à igreja de Nossa Senhora de Nazaré, patrimônio histórico, cujo prédio atual foi erguido no século 19; (b) Marco da passagem de Darwin em Manitiba, implantado pelo projeto Caminhos de Darwin, inaugurado com a presença do seu tataraneto Randal Keynes (a esquerda do painel); (c) placa de sinalização do projeto Caminhos de Darwin na Praia de Jaconé; e (d) Sambaqui da Beirada (Fonte da figura: Mansur et al., 2011). Figure 3 – (a) Interpretative panel of the Caminhos Geológicos (Geological Paths) project near Nossa Senhora de Nazaré church, which was built in the 19th century and is classified as historical heritage; (b) Milestone of Darwin´s passage in Manitiba that was implanted by Caminhos de Darwin (Darwin Paths) project and inaugurated with the presence of his great-great-grandson Randal Keynes (left of the panel); (c) road sign of the Caminhos de Darwin project at Jaconé beach; and (d) Beirada shellmound (Source of figure: Mansur et al., 2011).

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Figura 4 - Mapa geológico da região de ocorrência do beachrock em Saquarema e Maricá (Fonte: Mansur et al., 2011 modificado de DRM, 1981). Figure 4 – Geological map of the region of occurrence of the beachrock in Saquarema and Maricá (Source: Mansur et al., 2011 modified from DRM, 1981).

Figura 5 - Análise granulométrica da areia da praia de Jaconé, coletada nas proximidades dos beachrocks (Fonte: Mansur et al., 2011). Figure 5 – Granulometric analysis of the Jaconé beach sand, collected near the beachrocks (Source: Mansur et al., 2011).

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Do ponto de vista composicional, observou-se predominância de quartzo e valvas de moluscos. O teor em bioclastos, que chega a alcançar cerca de 80% dos constituintes na fração maior que areia muito grossa, vai diminuindo de percentual, até praticamente desaparecer

na fração areia muito fina. O quartzo apresenta-se como grãos bem arredondados, em geral prolatos, quanto maior a granulometria. Na fração areia fina, os grãos apresentam-se angulosos a subangulosos. Inclusões sólidas são frequentes (Figs. 6a e 6b).

Figura 6 - Aspectos da areia da praia atual: (a) grãos arredondados de beachrock e de quartzo; (b) grãos de quartzo com inclusões de turmalina e opacos; (c) bioclasto aprisionando grãos de quartzo; e (d) grão de quartzo cimentado sobre bioclasto. Escala: menor divisão = 1 mm (Fonte: Mansur et al., 2011). Figure 6 – Aspects of the current beach sand: (a) rounded grains of beachrocks and quartz; (b) quartz grains with inclusions of tourmaline and opaque minerals; (c) bioclast trapping quartz grain; and (d) quartz grain cemented on bioclast. Scale in millimeters (Fonte: Mansur et al., 2011).

Fragmentos angulosos a bem arredondados de tonalidades amareladas a amarronzadas do próprio beachrock são observados desde as frações mais grossas até areia média (Fig. 6a). Foi observada, ainda, cimentação incipiente entre grãos de quartzo localizado sobre e dentro de fragmentos de valvas (Figs. 6c e 6d). Biotita, espinhos de equinoides e pequenos fragmentos de turmalina e ilmenita foram também encontrados na fração areia fina. Descrição litofaciológica do beachrock

A faixa de ocorrência mapeada dos beachrocks

estende-se aproximadamente por 1100m, aflorando descontinuamente ao longo da face de praia e com maior continuidade na zona de arrebentação. Por

imagem de satélite (Google Earth, imagem de 02/04/2012) pode-se inferir uma linha contínua de cerca de 4 km ao longo da costa. No entanto, informações obtidas com surfistas da área dão conta de que o afloramento mais oriental encontra-se na porção anterior à zona de arrebentação, na região de Manitiba, porém não visível da praia. Desta forma, a ocorrência pode atingir mais de 6 km de extensão. As melhores possibilidades de visitação ocorrem nos períodos de marés baixas após grandes ressacas, quando a areia é em grande parte removida da face de praia, expondo o beachrocks.

Mansur et al. (2011) identificaram três litofácies na faixa de beachrocks (Fig. 7), representativas de distintos subambientes do sistema praial:

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Figura 7 – Modelo esquemático da distribuição de litofácies no beachrock de Jaconé, segundo o perfil de praia idealizado para a área de estudo (desenho elaborado com a participação de Rachel de Medeiros Cruz). Figure 7 – Schematic model for the distribution of the lithofacies in the beachrock of Jaconé, according to the beach profile devised for the study area (drawing elaborated with the participation of Rachel Medeiros Cruz). LITOFÁCIES 1 (ARENITOS COM ESTRATIFICAÇÃO CRUZADA DE BAIXO ÂNGULO)

A litofácies mais frequente é representada por

arenitos com estratificação cruzada de baixo ângulo, marcada pela alternância de lâminas e de camadas centimétricas de areia média até muito grossa e de conglomerados finos a médios (Figs. 8a e 8b), com abundantes valvas de biválvios fragmentadas, bem como grânulos e seixos finos de quartzo arredondados a subarredondados. A boa seleção dos sedimentos, o elevado arredondamento das partículas, a predominância da fração areia grossa e, principalmente, a presença de estruturas cruzadas de baixo ângulo, sugerem deposição na face de praia.

LITOFÁCIES 2 (CONGLOMERADOS E COQUINAS COM ESTRATIFICAÇÃO MAL DEFINIDA, COM SEIXOS E CALHAUS DE DIABÁSIO)

A mais notável litofácies da área é aquela formada

por conglomerados quartzosos finos com fragmentos de valvas e coquinas com abundantes grânulos de quartzo bem arredondados, elevado conteúdo de areia grossa a muito grossa e valvas de biválvios inteiras e fragmentadas (Fig. 9a). Sua característica mais distintiva, no entanto, é a presença de seixos e calhaus bem arredondados de diabásio e, mais escassamente, de quartzo de veio (Fig. 9b). Os seixos e calhaus possuem diâmetros de 1 a 25 cm e ocorrem em camadas de conglomerado fino com até 50 cm de espessura, com estratificação mal definida, indicada pela orientação das valvas fragmentadas e dos seixos alongados.

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Subordinadamente, ocorrem conglomerados cujo arcabouço é formado por seixos e calhaus de diabásio, com matriz formada por grânulos e seixos de quartzo e valvas fragmentadas (Figs. 9c e 9d). Em alguns locais, foram registrados conglomerados desta litofácies sobre arenitos estratificados (Litofácies 1) em contato erosivo (Fig. 9e). Esta litofácies pode ser interpretada como depósito residual formado na parte inferior do estirâncio durante eventos de tempestade (“ressacas”), quando, devido ao ataque pelas ondas, haveria remoção e transporte das partículas finas para águas mais profundas (Vieira et al., 2007). Segundo Célia Regina G de Souza (comunicação verbal), seria mais provável que somente após os eventos de tempestade, em condições de tempo bom, é que haveria retrabalhamento e transporte das partículas mais finas para jusante da deriva litorânea, processando-se assim um joeiramento do sedimento, resultando no depósito residual.

Um aspecto interessante dos afloramentos desta litofácies é a superfície facetada dos seixos e calhaus de diabásio, produzida pela ação abrasiva dos grãos de areia durante o espraiamento e refluxo das ondas (Fig. 9f).

LITOFÁCIES 3 (ARENITOS GROSSOS A MUITO GROSSOS E CONGLOMERADOS FINOS COM ESTRUTURAS CRUZADAS ACANALADAS)

Mansur et al. (2011) denominaram esta litofácies de

“arenitos conglomeráticos e conglomerados finos com geometria acanalada”, sendo que à época da elaboração daquele estudo, foram observados escassos registros desta litofácies. Entretanto, durante trabalho de campo realizado em julho de 2011, foram descritos diversos afloramentos e fragmentos do beachrock até então encobertos, o que possibilitou uma visualização mais ampla desta litofácies. Esta é caracterizada por arenitos grossos a muito grossos e conglomerados finos, com grânulos e seixos de quartzo e fragmentos de valvas, com estruturas cruzadas acanaladas de pequeno e médio porte (Figs. 10a e 10b). Sua origem pode ser atribuída à atuação de correntes longitudinais, produzindo a migração de barras arenosas de crista sinuosa, separadas da praia por um canal (Fig. 7). Supõe-se que a maior parte dos afloramentos desta litofácies esteja na zona de arrebentação atual, inacessível durante os trabalhos de campo.

Todas essas características sugerem que a morfodinâmica da paleopraia de Jaconé era intermediária, com tendências refletivas.

Figura 8 – Litofácies 1. (a) Arenito grosso a muito grosso com estratificação cruzada de baixo ângulo (marreta =40 cm). (b) Arenito grosso a muito grosso e conglomerados finos com valvas de biválvios fragmentadas com estratificação cruzada de baixo ângulo (martelo = 40 cm). Figure 8 – Lithofacies 1. (a) Coarse to very coarse-grained sandstone with low angle cross bedding (hammer = 40 cm). (b) Coarse to very coarse-grained sandstone and fine conglomerates with fragments of valves of bivalves with low angle cross bedding (hammer = 40 cm).

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Figura 9 – Litofácies 2. (a) Aspecto de coquina estratificada com valvas de biválvios inteiras e fragmentadas. (b) Coquina com seixos de diabásio. (c) e (d) Conglomerado estratificado com seixos de diabásio e de quartzo e calhaus de diabásio e matriz de areia grossa a muito grossa com valvas de biválvios fragmentadas. (e) Conglomerado com seixos de diabásio e de quartzo concentrados na base e coquina no topo, em contato erosivo sobre arenitos com estratificação cruzada de baixo ângulo (altura do matacão ca. 80 cm). (f) Seixos de diabásio facetados pela abrasão causada pelo espraiamento e refluxo das ondas (martelo = 40 cm). Figure 9 – Lithofacies 2. (a) Some aspects of the stratified coquina with whole and fragmented valves of bivalves. (b) Coquina with diabase pebbles. (c) and (d) Stratified conglomerate with diabase and quartz pebbles and cobble of diabase and matrix composed by coarse to very coarse sand and fragments of valves of bivalves. (e) Conglomerate with diabase and quartz pebbles at its bottom and coquina at the top, in erosional contact overlying sandstones with low angle cross bedding (height of boulder ca. 80 cm). (f) Diabase pebble shaped by abrasion from the ebb and flow of the waves (hammer = 40 cm).

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Figura 10 – Litofácies 3. (a) Arenito com estruturas cruzadas de pequeno porte (cabeça do martelo = 17 cm). (b) Arenito com abundantes fragmentos de valvas com estrutura cruzada acanalada de médio porte (martelo = 30 cm). Figure 10 – Lithofacies 3. (a) Sandstone with small cross bedding (head of the hammer = 17cm). (b) Sandstone with several fragments of shells and midsize trough-cross-stratification (hammer = 30 cm). Petrografia

Mansur et al. (2011) descreveram 5 lâminas delgadas das duas principais litofácies registradas no beachrock de Jaconé, quais sejam, a Litofácies 1 (4 lâminas: JAC 1, JAC 2, JAC 3 e JAC 4) e a Litofácies 2 (1 lâmina: JAC 5). Foram analisados os aspectos texturais e composicionais do beachrock, bem como os processos diagenéticos, com ênfase na cimentação. Cabe ressaltar que as lâminas não foram impregnadas e que foram contados 300 pontos para definir a composição mineralógica.

LITOFÁCIES 1: Constituem arenitos médios a muito grossos com grânulos, compostos predominantemente por grãos de quartzo subangulosos a arredondados, com seleção moderada a boa (Fig. 11a), contendo quantidade subordinada de bioclastos, feldspatos e de litoclastos. Predominam amplamente quartzo com extinção reta e, subordinadamente, com extinção suave ondulante ou ondulante forte. São comuns quartzos com inclusões sólidas de zircão, biotita e turmalina, e escassos aqueles com inclusões fluidas. A fração quartzosa fina a média apresenta grãos subarredondados a subangulosos, sendo que os grãos grossos/muito grossos e grânulos são normalmente arredondados a muito bem arredondados. Segundo Mansur et al. (2011), o quartzo nesta litofácies apresenta percentagens entre 55 e 57% e, extraindo-se da contagem o cimento e a porosidade, a quantidade varia de 80 a 94% (Figs. 11 e 12). Entre os feldspatos, predominam grãos subangulosos de microclina, normalmente sem alteração, ocorrendo

subordinadamente o ortoclásio e, raramente, plagioclásio. Os fragmentos líticos são bastante escassos, normalmente tamanho grânulo, predominando os de origem plutônica (pegmatitos), compostos por microclina e quartzo. A quantidade de bioclastos no arcabouço varia de 1 a 17%, sendo normalmente constituídos por valvas fragmentadas com as bordas arredondadas, fortemente orientadas, que formam a maior parte da fração mais grossa dos arenitos. Entre os minerais acessórios, foi observada biotita, turmalina, piroxênio, anfibólio, zircão, além de muscovita e opacos. O tipo de cimento carbonático mais comum nos arenitos desta litofácies é representado pelas franjas isópacas prismáticas (isopachous prismatic rims), formadas por cristais prismáticos diminutos dispostos perpendiculares à superfície dos grãos do arcabouço (Fig. 13b). Segundo Longman (1980), as franjas isópacas indicam a precipitação de carbonato de cálcio em zona freática marinha ativa, onde a água salgada percolou pelo sedimento através das marés, ondas ou correntes. Já a amostra JAC 1 apresenta cimento caracterizado por cristais aproximadamente equantes (equant spar), com diâmetros médios entre 15 e 30 μm, que preenchem quase que completamente o espaço intergranular, proporcionando porosidade reduzida (Fig. 13c). Este tipo de cimento, quando composto de calcita magnesiana, indica precipitação em ambiente predominantemente marinho raso (Longman, 1980). Quando constituído por calcita com baixo teor de magnésio, este indica cimentação através de águas meteóricas.

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Lif Qz F Lit Bioc Bi Tu Py/Anf Zi Cim Poros JAC 1 1 57 1,4 0,3 12 0,3 29 JAC 2 1 57 2,3 1 0,3 31,7 7,7 JAC 3 1 55,7 3,7 5 0,3 0,3 28,7 6,3 JAC 4 1 55,7 4,3 0,3 4,7 13,7 21,3 JAC 5 2 48,4 0,3 3,7 25 0,3 20 2,3

Lif: litofácies, Qz: Quartzo; F: Feldspato; Lit: Líticos; Bioc: Bioclastos; Bi: Biotita; Tu: Turmalina; Py: Piroxênio; Anf: Anfibólio; Zi: Zircão; Cim: Cimento

Figura 11 - Percentagem de grãos do arcabouço, cimento e porosidade dos beachrocks de Jaconé (Fonte: Mansur et al., 2011). Figure 11 - Percent of grains in the framework, cement and porosity of the beachrocks of Jaconé (Source: Mansur et al., 2011).

Lif Qz F Lit Bioc Bi Tu Py/Anf Zi JAC 1 1 80,2 1,9 0,5 16,9 0,5 JAC 2 1 94 3,8 1,7 0,5 JAC 3 1 85,7 5,6 7,7 0,5 0,5 JAC 4 1 85,7 6,6 0,5 7,2 JAC 5 2 62,3 0,4 4,7 32,2 0,4

Figura 12 - Percentagem de grãos do arcabouço dos beachrocks de Jaconé (Fonte: Mansur et al., 2011). Figure 12 - Percent of grains in the framework of the beachrocks of Jaconé (Source: Mansur et al., 2011).

LITOFÁCIES 2: A única lâmina descrita por Mansur et al. (2011) mostra um conglomerado fino moderadamente selecionado, com a fração grossa representada por grânulos de quartzo arredondados e bioclastos (Figura 11d). Há um forte predomínio de clastos de quartzo, com amplo domínio de grãos monocristalinos sobre os policristalinos, e da extinção reta sobre a suave ondulante. A fração areia grossa/muito grossa e grânulo apresentam clastos arredondados a muito bem arredondados, e a fração areia fina/média, clastos arredondados a subangulosos. Os bioclastos, como na Litofácies 1, são formados quase que exclusivamente por valvas de biválvios fragmentadas tamanho grânulo até seixo fino (4 a 8 mm sensu Blair & McPherson, 1999). O feldspato é escasso, formado principalmente por microclina, bem como os líticos, representados por grânulos e seixos finos de fragmentos de rocha pegmatítica ácida. Cabe ressaltar que não foram observados clastos de diabásio. Foi observado um clasto tamanho areia grossa, possivelmente oriundo de um beachrock mais antigo, composto por um grão de quartzo e fragmentos bioclásticos, cimentados por carbonato micrítico (Fig.

13e). Foram ainda descritos grãos de zircão, hiperstênio, biotita e opacos. O processo de cimentação nesta litofácies aparenta ser mais complexo que na anterior. Segundo Mansur et al. (2011), o cimento constitui 20% do volume total da rocha e a porosidade intergranular é bastante reduzida (Fig. 11). Predomina cimento micrítico de coloração castanha, formando agregados pseudo-peloidais (pseudo-peloidal aggregates) com formas subesféricas a elípticas (Fig.13f), diâmetros entre 15 e 35 μm, e recobertas por franjas descontínuas de pequenos cristais prismáticos. Também ocorrem poros preenchidos por cimento micrítico maciço. A franja que envolve os clastos pode ser classificada da mesma forma que na Litofácies 1, como formada na zona freática marinha ativa. A origem do cimento pseudo-peloidal, segundo Vieira & De Ros (2006), deve-se a repetidas nucleações de calcita submicrocristalina ao redor de centros de crescimento, por processos exclusivamente físico-químicos ou com participação biológica. A presença de pequenos cristais prismáticos ao redor dos agregados pode indicar evaporação de água salgada retida nos poros em condições subaéreas.

Figura 13 - Petrografia (a) JAC 1, polarizador cruzado: arenito médio quartzoso, moderadamente selecionado, com grãos de quartzo monocristalino subangulosos a subarredondados e, subordinadamente, bioclastos. (b) JAC 1, polarizador cruzado: cimento do tipo franja isópaca prismática. (c) JAC 1, polarizador cruzado: cimento do tipo equant spar preenchendo a porosidade intergranular; ao centro, quartzo com inclusão de turmalina. (d) JAC 3, polarizador cruzado: bioclastos tamanho grânulo e seixo fino bem arredondados em arenito da Litofácies 2. (e) JAC 3, polarizador descruzado: grão arredondado de antigo beachrock. (f) JAC 3, polarizador descruzado: poro parcialmente preenchido por cimento do tipo agregado pseudo-peloidal (Fonte da figura: Mansur et al., 2011). Figure 13 – Petrography. (a) JAC 1, crossed polarizer: medium-grained quartz sandstone, moderately sorted, with subangular to subrounded monocrystalline quartz grains and subordinate bioclasts. (b) JAC 1, crossed polarizer: isopachous prismatic rims cement type. (c) JAC 1, crossed polarizer: equant spar cement type filling the intergranular porosity; in the centre of the view there is quartz with inclusion of tourmaline. (d) JAC 3, crossed polarizer: grained granule to fine pebble bioclasts well-rounded in the sandstone of the Lithofacies 2.(e) JAC 3, plane-polarizer light mode: rounded grain of an ancient beachrock. (f) JAC 3, plane-polarizer light mode: pore partially filled by pseudo-peloidal aggregates cement type (Source: Mansur et al., 2011).

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Datação pelo método do 14C

Mansur et al. (2011) selecionaram uma amostra do beachrock da Litofácies 2, rica em conchas de biválvios inteiras ou pouco retrabalhadas, para datação pelo método do radiocarbono no Centro de Estudos Isotópicos Aplicados (CAIS), Universidade da Geórgia (Athens, USA). A concentração de 14C nas amostras foi determinada pela técnica AMS e as idades radiocarbônicas obtidas foram calibradas empregando-se o programa Radiocarbon Calibration Program (CALIB) versão 5.02 (2005) (Stuiver & Reimer, 1993). Os resultados obtidos mostraram que os fragmentos de valvas do beachrock têm idade de 8198-7827 cal AP e o cimento de 6008-5786 cal AP. SINOPSE SOBRE A ORIGEM, EVOLUÇÃO GEOLÓGICA E IMPORTÂNCIA DO SÍTIO

A idade dos fragmentos de biválvios do beachrock (8198-7827 cal AP) indica que a paleopraia tenha sido formada neste período. O baixo retrabalhamento dos bioclastos sugere que estes não são muito mais antigos que a idade radicarbônica. O beachrock de Jaconé se formou há cerca de 6000 anos AP (6008-5786 cal AP), datado através de seu cimento carbonático. A cerca de 8000 anos AP, o nível relativo do mar estava abaixo do atual, o que é corroborado pela concentração de afloramentos do beachrock no terraço de maré baixa e/ou na zona de arrebentação. As idades obtidas qualificam a ocorrência como uma das mais antigas datadas no Estado do Rio de Janeiro.

Ao longo da praia, em pouco mais de 1100m de extensão, podem ser observados blocos e afloramentos, a partir dos quais foram descritas três variedades do beachrocks, denominadas litofácies. A Litofácies 1 é composta por arenitos com estratificação cruzada de baixo ângulo, marcada pela alternância centimétrica de areia média a muito grossa e de conglomerados finos (figuras 7a e 7b), com abundantes fragmentos de conchas marinhas. A homogeneidade na granulometria dos sedimentos, o elevado arredondamento das partículas e a predominância de areia grossa, sugerem deposição na parte superior da face de praia (ver Fig. 8).

A Litofácies 2 é composta por conglomerados e coquinas com estratificação mal definida, com seixos e calhaus arredondados de diabásio e, mais escassamente, de quartzo de veio (Figs. 9b, 9c, 9d). Esta litofácies pode ser interpretada como formada na parte inferior da face de praia (ver Fig. 8), durante eventos de tempestade (“ressacas”), onde, devido ao ataque das ondas, houve remoção e transporte das partículas finas para águas mais fundas.

A Litofácies 3 corresponde a arenitos grossos a muito grossos e conglomerados finos com estruturas cruzadas acanaladas de pequeno e médio porte (Figs. 10a e 10b). Esta litofácies pode ser relacionada à migração de megaondulações arenosas através da atuação de correntes de deriva litorânea (Fig. 8).

As informações obtidas a partir da análise em microscópio petrográfico destas rochas ajudam a confirmar as observações de campo e acrescentam dados importantes sobre sua composição, ambiente de deposição e cimentação. Os tipos de cimentação identificados indicam precipitação de CaCO3 em zona freática marinha ativa, sob a ação de marés, correntes ou ondas, produzidos por processos exclusivamente físico-químicos ou com participação biológica. Cabe ressaltar que o estudo do processo de cimentação ainda tem caráter preliminar, sendo necessária petrografia mais aprofundada, bem como análises químicas e de microscopia eletrônica dos cimentos.

Trabalho de campo na região que vai do sopé da serra de Jaconé até a região de ocorrência dos beachrocks mostrou a existência de pelo menos três afloramentos de corpos pegmatíticos com dimensões métricas e vários grandes blocos rolados de quartzo, além da presença de clastos rolados nos pequenos rios que descem da serra. Esta, portanto, pode ser a origem de parte dos seixos e calhaus de quartzo encontrados no conglomerado. Entretanto, nenhum afloramento ou clastos de diabásio foi encontrado, apesar dos seixos e calhaus desta litologia predominarem sobre os de quartzo nos beachrocks conglomeráticos.

No entanto, na região ocorrem dois afloramentos de diques básicos (Fig. 4), um na ponta Negra e outro próximo à lagoa de Jaconé, separados por uma área de cobertura holocênica, e que, se unidos por uma linha, podem ser interpretados como um único corpo subjacente à área de ocorrência dos beachrocks. Antes da deposição dos sedimentos que vieram a formar o beachrock, o nível relativo do mar esteve bem abaixo do atual, resultando uma paisagem bem distinta (Fig. 14). Durante o período em que o nível do mar estava mais baixo (este teria alcançado o nível atual há cerca de 7000 anos AP) uma parte significativa da planície costeira de Jaconé não era colmatada por sedimentos, sendo provavelmente dissecada pelo baixo curso das drenagens que desciam da serra. Nesse contexto, afloravam rochas do embasamento cristalino e o grande dique de diabásio, que sofria intemperismo químico do tipo esfoliação esferoidal, produzindo uma grande quantidade de seixos e calhaus arredondados, que eram removidos pela ação fluvial. Foi registrado durante os trabalhos de campo que os clastos de diabásio estão restritos e concentrados na faixa do beachrock a dois trechos com cerca de 40-50m de comprimento cada,

separados por quase 500m. Tal aspecto sugere a presença de ao menos duas desembocaduras fluviais que transportavam os clastos para a paleopraia. Assim, durante a deposição dos sedimentos que formaram o beachrock, teria havido uma grande disponibilidade de clastos de diabásio ao longo de toda a área atravessada pelo dique, que foram retrabalhados e depositados pela

ação das ondas. Em relação aos clastos de quartzo leitoso presentes no beachrock, uma parte significativa destes podem ter sido originada de modo semelhante aos clastos de diabásio, ou seja, através do intemperismo do embasamento cristalino adjacente então exposto, e de sua erosão e retrabalhamento por processos fluviais e/ou marinhos.

Figura 14 – Reconstituição paleoambiental da praia de Jaconé explicando a origem dos clastos de diabásio no beachrock. Observar que o dique de diabásio, então exposto, foi erodido pelos cursos d´água que chegavam à praia, num momento anterior à consolidação da paleopraia. Paleoartista: Matheus Grimião. Ilustração: técnica mista sobre papel. Figure 14 – Palaeoenvironmental reconstruction of the Jaconé beach showing the origin of the clasts of diabase in the beachrock. Note that the diabase dyke, exposed at that time, was eroded by the watercourses which arrived at the beach, prior to the consolidation of the palaeobeach. Palaeoartist: Matheus Grimião. Ilustration: mixed technique on paper.

Observou-se que os sedimentos da praia atual diferem dos registrados no beachrock, principalmente no que se refere à ausência de seixos e calhaus, bem como a escassez relativa de fragmentos de biválvios. A Litofácies 1 do beachrock apresenta moda granulométrica superior aos sedimentos observados na face de praia atual, o que pode significar um ambiente praial mais energético no passado. A Litofácies 2, conglomerática, corrobora essa interpretação, entretanto, o fato da praia atual não conter seixos e calhaus, e a paleopraia sim, pode representar apenas uma maior disponibilidade destes fragmentos no passado.

Destaca-se, também, a importância ecológica destes afloramentos e blocos, que criam ambientes propícios para elevada concentração de pescado e desenvolvimento de mexilhões, o que pode ter sido um

atrativo para os sambaquieiros no passado como é para os pescadores atuais.

Finalmente, é inegável o enquadramento destas rochas praiais como patrimônio geológico, seja pela sua importância histórica e cultural, seja pelas informações geológicas que ela pôde fornecer. A ocorrência se constitui como patrimônio geológico do tipo geomorfológico (paisagem), sedimentar (fácies e estruturas), paleoambiental (posicionamento de praia pretérita), petrológico (posicionamento do dique de diabásio), além de arqueológico (presença nos sambaquis). Por tudo isto e pela sua inserção no contexto da história da ciência (descrito por Charles Darwin em 1832), o sítio tem importância internacional e valor científico, cultural, didático e ecológico.

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MEDIDAS DE PROTEÇÃO Vulnerabilidade do Sítio a Degradação Ambiental

O sítio se encontra na zona de arrebentação da praia

de Jaconé, sendo que seu limite oeste localiza-se próximo ao costão rochoso da Ponta Negra e o limite leste em frente à rua de acesso ao centro da vila de Jaconé (esta informação foi dada por surfistas, já que nesta área não é possível observar os beachrocks na linha de praia). Os beachrocks são importantes na manutenção do perfil de praia, protegendo-a da ação das fortes ondas deste trecho do litoral e, assim, impedindo a erosão costeira.

Está em excelente estado de conservação. Acreditava-se que não estivesse sujeito à degradação antrópica, considerada a impossibilidade legal de construção em APPs – Áreas de Preservação Permanente, como são as praias, relacionadas na Resolução CONAMA 303/2000, artigo 3º item XV, e costões rochosos, ambos protegidos pela Constituição do Estado do Rio de Janeiro de 1989, artigo 268 item II. A erosão marinha, pelo embate das fortes ondas locais, era considerada a maior ameaça à conservação do sítio.

No entanto, a partir de 2010, começaram a surgir notícias sobre a construção de empreendimentos na área. Primeiramente, foi publicado na imprensa o interesse de uma empresa em construir um estaleiro e, no final de 2011, um porto petroleiro foi anunciado como projeto para escoamento da produção do COMPERJ – Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, em fase de construção em Itaboraí e distante cerca de 60 km. Em 2012 um projeto de porto e estaleiro está em discussão junto ao órgão de licenciamento ambiental. O projeto apresentado apoia-se em parte do costão, prevê o aterro de 60 ha de praia e de área hoje submersa, inclusive de porção dos beachrocks.

A construção de espigões ou atracadouros perpendiculares à linha de praia para atender às necessidades do porto, pode levar à erosão costeira em parte da praia e, da mesma maneira, criar zonas de sedimentação, desequilibrando o perfil atual.

A Prefeitura de Maricá e o Governo do Estado apoiam o empreendimento. Medidas Previstas

Foi realizado o levantamento geológico apresentado

neste trabalho, atualizando em alguns aspectos o trabalho publicado recentemente na Revista Brasileira de Geociências (Mansur et al., 2011). Esta ação é fundamental para dar credibilidade científica ao geossítio.

Por outro lado, a publicação do sítio pela SIGEP se constitui em importante passo para seu reconhecimento patrimonial. Pretende-se, ainda, instalar um painel do projeto Caminhos Geológicos / Caminhos de Darwin na localidade.

A despeito da legislação de proteção, entende-se que é importante a divulgação deste afloramento para que possa ser arregimentado apoio para sua proteção. A existência do sítio já foi apresentada em palestras para comunidades locais e ambientalistas, que organizaram o movimento “SOS Jaconé. Porto não”. Eles se mobilizam por meio das redes sociais e já realizaram protestos contra a construção do empreendimento e a favor da proposta do Geoparque Costões e Lagunas do Rio de Janeiro (Fig. 15), onde este geossítio foi inserido no inventário (Mansur, 2010; Mansur et al., 2012) e entre os pontos do roteiro para visitação geoturística.

O órgão ambiental do Estado, o INEA – Instituto Estadual do Ambiente, já vem recebendo informações sobre este beachrock na forma de subsídios para o possível futuro processo de licenciamento ambiental do empreendimento.

Figura 15 – Fotografias do protesto realizado contra a construção do porto e estaleiro pela população local em 8 de setembro de 2012 (Fotos: Ana Paula de Carvalho do Movimento Luto por Maricá). Figure 15 – Protest demonstration by the local population against the port and shipyard construction, September 8th 2012 (Photos: Ana Paula de Carvalho of the Mourning for Maricá Movement).

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Kátia Leite Mansur: Possui graduação em Geologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1981) e doutorado pela mesma universidade (2010). Desde maio de 2011 é Professor Adjunto do Departamento de Geologia da UFRJ. É professor colaborador (disciplina Geoconservação) do Curso de Especialização em Geologia do Quaternário do Museu Nacional-UFRJ. Tem experiência na área de Geologia Ambiental, Hidrogeologia, Geoconservação e Popularização da Ciência. Coordenou o Projeto Caminhos Geológicos do DRM-RJ desde sua inauguração em 2001 até 2011. Faz parte da coordenação do Projeto Caminhos de Darwin no Estado do Rio de Janeiro e atualmente é vice-diretora do Museu da Geodiversidade. Faz parte, também, do grupo de gestão da proposta do Geoparque Costões e Lagunas do Rio de Janeiro.

Renato Rodriguez Cabral Ramos: Possui graduação em Geologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1988), mestrado (1998) e doutorado (2003) pelo Programa de Pós-graduação em Geologia do Instituto de Geociências (IGEO), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Tem experiência na área de Geologia Sedimentar, atuando principalmente na evolução das bacias do segmento central do Rifte Continental do Sudeste do Brasil, bem como em Petrologia Sedimentar, Geologia Antártica, Geoconservação e Espeleologia. Desde 2007 é Professor Adjunto do Departamento de Geologia e Paleontologia (DGP) do Museu Nacional (MN) da UFRJ. Atualmente é docente dos cursos de graduação e pós-graduação em Geologia do IGEO/UFRJ; do Programa de Pós-graduação em Arqueologia do MN/UFRJ e do curso de Especialização em Geologia do Quaternário do DGP.

Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil

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Gisele Giseé Furukawa: Possui graduação em Geologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2011). Atualmente faz Mestrado no Programa de Pós-graduação em Geologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atua principalmente nos seguintes temas: Geoquímica Orgânica, Palinofácies, Palinologia, Biomarcadores e Meio Ambiente.

SIGEP 060 - Beachrock de Jaconé, RJ

PROPOSTA DA ÁREA DE PROTEÇÃO

Área de proteção proposta por: Kátia Leite Mansur, Renato Rodriguez Cabral Ramos e Gisele Giseé Furukawa em 20/11/2012

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