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ASegundaReforma

A IGREJA DONOVO TESTAMENTO

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NO SECULO XXI

WILLIAM A. BECKHAM

MINISTtRIO IGREJAEM CÉLULAS

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Publicado em português por:Ministério Igreja em Células no BrasilRua Vereador Antônio Carnasciali, 166181670-420 Curitiba - PR

Copyright © 1995, 1996, 1997 por William A. BeckhamTítulo em inglês: The Second Reformation

Coordenação geral: Robert Michael LayCoordenação de produção: Harry KasdorfTradução: Haroldo JanzenRevisão: Valdemar KrokerDiagramação: Cecilia Neufeld de LimaCapa: Inventiva Comunicação

CIP-Brasil Catalogação-na-fonteSindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ

B356s

Beckham, William A.A Segunda Reforma: A Igreja do Novo Testamento no Século XXI I William A.

Beckham; tradução Haroldo Janzen - Curitiba, PR: Ministério Igreja em Células noBrasil, 2007.

il.Tradução de: The Second ReformationApêndiceInclui bibliografiaISBN 978-85-87194-46-6

I. Igreja - Crescimento. 2. Renovação da Igreja. 3. Missão da Igreja. 4. Igreja-Administração. 5. Liderança cristã. 6. Trabalho de grupo na Igreja. 7. Grupos pequenos- Aspectos religiosos - Cristianismo. I. Ministério Igreja em Células. 11.Título.

II 07-0411. COO: 262.0017COU: 262

07.02.07 12.02.07 000411

I." Edição em português: 2007

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode serreproduzida, armazenada em sistema de recuperação ou transmitida de qualquerforma ou por qualquer meio eletrônico, mecânico, fotocópias, gravação ououtro qualquer, sem a permissão por escrito dos editores.

Os textos bíblicos usados neste livro são da Nova Versão Internacional, EditoraVida, salvo outra indicação.

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DEDICATORIA

Para os teólogos, filósofos e profetas da Segunda Reforma deDeus e da revolução do século XXI. Seus escritos e seu pensa-mento criativo são o fundamento da minha peregrinação na igre-

ja. Representantes desse grupo são:

Dietrich Bonhoeffer, que mesmo na prisão viveu vida emcomunhão. Elton Trueblood, o apóstolo da convivência dacomunidade comprometida. Robert Coleman, que nos mos-trou o plano mestre da liderança do Novo Testamento. FrancisSchaeffer, que levou a igreja a entender o significado da "fugada razão ". Ray Stedman, que nos ensinou o significado davida no corpo. Howard A. Snyder, que descreve os odresvelhos e novos de vinho do reino. David (anteriormente Paul)Yonggi Cho, que nos ensinou a respeito de células bem-suce-didas nas casas. Ralph W. Neigbour Jr., uma voz proféticaque nos mostra para onde devemos ir.

o movimento moderno da igreja em células é o fruto da sua fideli-dade na visão da igreja que Deus colocou em seus corações.

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INDICEPrefácio 9Introdução à edição em português 11Introdução 21

Parte I

Capítulo 1Capítulo 2Capítulo 3Capítulo 4Capítulo 5Capítulo 6Capítulo 7

Parte II

Capítulo 8Capítulo 9Capítulo 10Capítulo 11Capítulo 12

Parte III

Capítulo 13Capítulo 14Capítulo 15Capítulo 16Capítulo 17Capítulo 18Capítulo 19Capítulo 20Capítulo 21Capítulo 22ConclusãoApêndice

Por que uma Segunda Reforma?

Desentupindo o ralo da banheira 27A igreja de duas asas 37Larry: Um paradigma de liderança 45Eddie: Um paradigma dos bancos da igreja 55Teresa: Um paradigma apocalíptico 67Perguntas acerca da igreja de duas asas 77Os benefícios da igreja de duas asas 87

Fundamentos para uma Segunda Reforma

A estrutura da igreja reflete a natureza de Deus 103A transcendência e a imanência de Cristo 115Áqui la e Prisci la - Comun idade do Novo Testamento 127A teologia de Lutero, Spener e Wesley 137O cristianismo do pescoço para cima 145

o projeto revolucionário de Jesus para a igreja

A pedra fundamental de Jesus 157O sistema revolucionário de Jesus 165O COI1I;lIl1l11l1 de Jesus 171O protótipo de Jesus 179Os fatores do protótipo de Jesus 187A estratégia de liderança de Jesus 201A rede de apoio de Jesus 217O remanescente da congregação-base de Jesus 225A "massa crítica" de Jesus 237Os componentes da "massa crítica" de Jesus 245A doutrina da revolução 257Elementos de comunidade: a mão 269

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LISTA DE FIGURAS

Figura I Explosão populacional 69Figura 2 Escala da transcendência e imanência 105Figura 3 Medidor da verdade 148Figura 4 O retrato distorcido 150Figura 5 Grade contínua 173Figura 6 A estrutura de liderança de Jesus 203Figura 7 Usando o triângulo 206Figura 8 A estrutura da Igreja em Células 211Figura 9 Desenvolvendo a infra-estrutura 213Figura lO Estratégia de transição 230Figura 1I Os cinco sistemas da célula 270

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PREFÁCIO

Jesus é o Salvador do mundo. Será que ele também é o Senhor daigreja? Nós realmente cremos nisso? Hebreus 11.10 diz que Deusé o "arquiteto e edificador" principal. A igreja muitas: vezes negli-

gencia ou ignora o projeto básico revelado para nós nas EScrituras. Nóslouvamos o Cabeça mas falhamos em edificar o corpo.

A maioria das nossas tradições de igreja tem a forma Piresbiteriana,episcopal ou congregacional. Isto é, essas formas destacam a importân-cia dos presbíteros ou anciões, dos bispos e pastores qual ificados ou dacomunidade local de crentes. Cada uma dessas ênfases tern a sua baseno Novo Testamento; cada forma preserva percepções bíblicas. Masnenhuma incorpora plenamente a dinâmica bíblica da igreja. Quaiquerque seja a nossa visão acerca da filosofia de igreja, a pergunta básicahoje é: Será que as nossas igrejas realmente são a encarna~ão do evan-gelho de Jesus Cristo? Temos dado a devida atenção à eclesiologia bí-blica básica, independente das nossas tradições pessoais? De maneirasignificativa, os autores dos mais diversos espectros ecles iásticos têmargumentado a favor de uma nova reforma. E muitas vez~s chegam aconclusões semelhantes acerca da natureza orgânica e celular da igrejaquando examinam os escritos do Novo Testamento.

Eu tenho ouvido um clamor por uma Nova Reforma em nossa igrejapor mais de vinte anos - uma que renovaria a forma e a vida da igreja,tornando-a fiel e eficiente. E Deus tem trabalhado nesses anos. A Segun-da Reforma é um sinal disso. Mais do que um apelo para uma renovação

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II

na igreja. este livro aponta o caminho ú frente - especialmente emrelação ú natureza orgânica c celular do Corpo de Cristo.

Valendo-se de uma extensa experiência corno missionário. plantadorde igreja. pastor e mestre. Bill Bcckharn reúne percepções bíblicas. aná-lise histórica e teológica e um sentido comum prático neste importantelivro. LIe participa do coro crescente de líderes interessados em levar ()povo de volta ao modelo bíblico - para serem fiéis em seus dias a umasociedade emergente globaliznda. A Seg/ll/da Reforma é lima argumen-tação informada e sustentada a favor do padrão do Novo Testamentoacerca da celebração !lO grUDO gran:k~iado ao discinulado.no gnlpop~_CL~

Podemos aprender da história. Minha própria pesquisa me con-venceu que sempre que Deus renova a igreja, elementos-chave são umaredescoberta de uma comunidade intimamente ligada e o ministério delodos os crentes. Como Beckharn nos lembra, a "Igreja de duas asas"realmente não é nova. A história nos oferece exemplos instrutivos. Nóssimplesmente precisamos redescobrir novamente o que a igreja, até cer-to nível, sempre soube.

A Segunda Reforma é um apelo à fidelidade bíblica na maneiracomo planejamos a nossa vida juntos como igreja cristã. É um lembretedo tipo de vida compartilhada que somos chamados a praticar comocristãos. e um guia prático de como encarnar as maravilhosas boas no-vas de Jesus Cristo nessa época da virada do milênio. O livro borbulhade percepções e exemplos. Ele nos mostra como é uma igreja que cele-bra ele forma genuína.

II

- Howarel A. Snyder, autor ele Vinho Novo, OdresNovos (São Paulo: ABU, 1l}<)6). Sigll.\ ui lhe .)/nril.How God Resliapes lhe Church (Sinais elo Espírito:Como Deus remodela a igreja), anel Earth Currents:The Slruggle for lhe World \. Soul (Correntes da ter-ra: A luta pela alma elo mundo)

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INTRODUÇÃO À EDIÇÃO,...EM PORTUGUES

PERGUNTAS RELATIVAS AO MOVIMENTOIGREJA EM CÉLULAS

"Vocêsjá ficaram bastante tempo nesta tnont anh a.Levantem acampcunento e avancem. "

O Senhor a Moisés

As verdades de Deus nunca mudam. No entanto, o contexto his-tórico das verdades e as pessoas que apl icarn as verdades deDeus mudam. Por isso, atual izações periód icas de Iivros po-

dem ser de grande ajuda.Como uma introdução a esta edição em português de A Segunda

Reforma, incluo aqui porções da Introdução e Conclusão de um de meuslivros mais recentes, Where (Ire l1'e now? [Onde estamos agora"]. Esselivro é uma avaliação do Movimento de Grupos Pequenos e dos modelosligados a ele.

Espero que esses pensamentos ajudem a colocar as verdades apre-sentadas em A Segunda Reforma na sua perspectiva h istórica, mantendoassim sua relevância para o Movimento Igreja em Células de Deus doséculo XXI.

MOVIMI:NroS

;\ maioria dos movimentos, programas e usos da igreja dura ape-nas pouco tempo. Mas o atual Movimento Igreja em Cé lulasja existehá cerca de cinco décadas. ;\ conclusão poderia ser que o movimentonão está funcionando porque levou cinco décadas para chegar até esseponto. No entanto, a longevidade do moderno Movimento Igreja em

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12 A Segunda Reforma

Células é realmente muito impressionante. Quando Deus prepara algogrande para fazer, ele leva o seu tempo. A erva cresce em semanas,mas um grande carvalho alcança a maturidade apenas depois d_t!_~éc~::das." ....-.as.

Durante as últimas cinco décadas, Deus tem desafiado a igreja arestituir os grupos pequenos ao ministério da igreja. Algumas igrejas-chave foram bastante bem-sucedidas em adicionar grupos pequenos asuas estruturas de grupo grande já existentes, enquanto outros líderesfiéis c boas igrejas falharam repetidas vezes. Normalmente, quandoum programa novo falha, a igreja não se dispõe a tentar aquele "pro-grama" novamente. Mas algumas igrejas e líderes têm tentado até qua-tro ou cinco vezes fazer com que os grupos funcionem usando o méto-do mais recente de pequenos grupos. Por que existe essa atração porgrupos pequenos, apesar de todos os fracassos?

Deus colocou uma visão da igreja no coração de líderes, e essavisão inclui os pequenos grupos do Novo Testamento. É como se Deusdissesse: "GruRos~quenos são importantes para mim e você~ gg 10168

rão até que os usem da maneira certa". Na primeira década do séculoXXI, muitas igrejas estão começando a "fazer da maneira certa" o quediz respeito a grupos pequenos.

Entretanto, amigos e inimigos ainda questionam por que isso de-morou tanto. Creio que a razão para o penoso e demorado processo derestauração dos grupos pequenos como sistema de ministério do NovoTestamento se encontra na história da Igreja. A Igreja do Novo Testa-mento estava equilibrada entre a comunidade corporativa e a comuni-dade de célula: entre a expressão do grupo grande e a expressão dogrupo pequeno. Mas, durante 1.700 anos, a maioria das igrejas usouapenas a expressão do grupo grande. Essa compreensão desequilibra-da de igreja está agora profundamente enraizada nos valores, na psi-que e cultura dos cristãos que nela nasceram. Consequentemente, mu-dar a percepção de igreja como uma organização de grupo grande emum prédio é incrivelmente difícil.

QUARENTA ANOS RODEANDO A MONTANHA

Hoje Deus está restaurando o paradigma do equilíbrio por meiode diferentes correntes da igreja que durante décadas estiveram expe-rimentando grupos pequenos. Deus começou essa abordagem eq u iIi-brada na Igreja do Evangelho Pleno Yoido, em Seul, na Coréia do Sul,durante o início da década de 1950.

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A Igreja do Novo Testamento no século )(){f 13

Em 1997, durante uma conferência em uma igreja na Europa, opastor me convidou para almoçar com o preletor principal. dr. PaulYongi Cho, pastor da Igreja do Evangelho Pleno Yoido. Cumprimenteio dr. Cho e imediatamente lhe informei que eu era amigo do dr. RalphNeighbour. Ele respondeu: "Deus desenvolveu em meu ministério amaior igreja do mundo, mas ele tem usado Ralph Neighbour para via-jar ao redor do mundo e ensinar sobre a Igreja em Células". Enquantoconversávamos, tive uma profunda percepção de h istória. Haviam sepassado mais de quarenta anos desde que Deus havia dado a esse ho-mem a visão de uma igreja com seu principal ministério por meio degrupos pequenos.

Quarenta anos é o mesmo período que os filhos de Israel cami-nharam pelo deserto antes de entrar na Terra Prometida. Depois dequarenta anos, Deus disse a eles: "Vocês já rodearam bastante tempoesta montanha". Consequenternente, o povo de Deus começou a semover em direção à visão de Deus.

Cada movimento chega finalmente a esse momento decisivo. Ouele continua rodeando a montanha com suas idéias e cultura antigas ouele se levanta e se move em direção à promessa. Naquele dia com o dr.Cho, senti que o Movimento Igreja em Células havia chegado ao mes-mo momento decisivo experimentado pelos filhos de Israel. O.M~rnento Igreja em Células rodeo!l QYf!tnt~º-~C:!!ªi.l~amontanha de con~ceitos, ldelas e íííõíiêlQL.b.gora, a antiga geração ligada à servidão

, instituclõnãtda passado foi sepultada e uma nova geração nasceu. Noinício do século XXI, o Movimento Igreja em Células está agora vol-tado para a visão prometida de Deus.

O tempo que um movimento emprega rodeando a montanha nãoé de todo perdido. Antigas idéias são descartadas, antigos líderes sãosepultados e novos planos de viagem são feitos. E perguntas necessá-rias surgem para definir o destino do movimento.

PRIMEIRAS PERGUNTAS SOBRE O

MOVIMENTO IGREJA EM CÉLULAS

Podemos traçar o desenvolvimento do Movimento Igreja em Cé-lulas considerando as perguntas que têm sido feitas a respeito deledurante os últimos quarenta anos.

A primeira pergunta foi: "O que é essa coisa em Seul?" , porqueDeus começou o movimento moderno na Coréia, no ministério de Paul

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A Segunda Reforma

Yongi Cho. Em retrospecto, é evidente que a Igreja do Evangelho PlenoYoido não era um modelo de ensino para o movimento, mas um modelopara "chamar a atenção". Na verdade, poucas igrejas foram capazes decopiar a estratégia ou o tamanho do modelo coreano. No entanto, por meiodaquela igreja Deus atraiu a atenção de líderes para um modelo de minis-tério mais bem-sucedido.

A segunda pergunta também foi a respeito da igreja em Seul. "Possoser bem~~l!ç~rjjrjg_l!§f!_'!_4.Q!:!estr.!'tura de Seul? ". Muitos pastores ansia-vam pelo mesmo tipo de crescimento do qual ouviram que havia nessagrande igreja em Seul. Alguns foram a Seul, viram o crescimento e chega-ram a uma conclusão óbvia, porém incompleta. Outros chegaram à mesmaconclusão permanecendo em casa e lendo a respeito da igreja ou ouvindoaqueles que fizeram a peregrinação. A conclusão foi: "Posso experimentaro crescimento dessa igreja !lsando s"a estrutura", Subseqüentemente, cen-tenâs-de igrejas se reorganizaram com grupos pequenos e experimentaramalgum crescimento, enquanto muitas outras fracassaram. Elas continuaram-_ .. ,,,.- ~no círculo da igreja tradicional e chegaram ao mesmo lugar de onde parti- ~ramoA razão? N- odemos mudar uma udar um valor. 'Não podelores e vida.

Estamos condenados a continuar rodeando a montanha enquantotraçarmos o nosso curso com estruturas. Essa foi uma lição importanteque Deus queria que a igreja do século XX aprendesse.

Outra pergunta durante os primeiros dias do movimento surgiu des-ses fracassos com estruturas. "Os grupos pequenos darão certo fora daCoréia? ". Uma resposta simplista e satisfatória a quem a formulava tor-nou-se popular. "Grupos pequenos não darão certo nos Estados Unidos!".E você poderia substituir "Estados Unidos" por "Reino Unido" ou "Amé-rica do Sul" ou muitos outros países. Muitos líderes concluíram que gru-pos pequenos fracassaram ou fracassariam em seu país porque grupospequenos apenas são eficazes em determinadas culturas. Assim, a conclu-são foi que "grupos pequenos podem dar certo em alguma Terra Prometi-da, mas não darão certo em nosso país que rodeia a montanha". Entretan-to, o tipo de grupos pequenos implantado nos Estados Unidos e no ReinoUnido naquela época também não daria certo na Coréia. Pessoas e estru-turas que rodeiam a montanha vão continuar se movendo em círculo mes-mo em um novo lugar. Isso não tem nada que ver com o terreno. Atual-mente, grupos pequenos "estão dando certo" em todos os continentes eem muitas culturas diferentes. Isso nos leva a uma nova série de perguntas.

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PERGUNTAS TEOLÓGICAS

"O grupo pequeno é um fenômeno cultural ou teológico? ". Visi-onários como Ralph Neighbour e Carl George, além de outros, busca-ram compreender os valores e a teologia de grupos pequenos e expressá-los em modelos e materiais de implementação prática. Neighbour es-creveu sobre a Igreja em Células e George explicou o movimento comometaigrejas. Bill Hybels começou com dois valores culturais. O pri-meiro valor era que americanos suburbanos ainda buscavam a Deus. Osegundo valor era que a comunidade de grupos pequenos era atraentea essas pessoas. Com base nesses dois valores, Deus desenvolveu emChicago o Modelo Willow Creek para as pessoas que estão a sua pro-cura.

Durante o desenvolvimento desses primeiros modelos, com fre-qüência o vinho novo foi severamente influenciado pelas estruturasantigas de grupo grande. Além disso, a cultura antiga de Grupos deEstudo Bíblico, Grupos de Ajuda e de Comunhão dominou as dinâmi-cas e mecanismos dos novos grupos pequenos.

Assim como os filhos de Israel, esses primeiros modelos levaramconsigo uma grande parte da cultura do Egito para a montanha. E,durante aqueles quarenta anos, desenvolveram as suas próprias estru-turas de rodear-a-montanha. Misturar a cultura de rodear-a-montanhae a nova cultura da Terra Prometida sempre resultará em confusão eindecisão. Então, líderes mais uma vez experimentaram um sucessoum tanto menos que satisfatório com grupos pequenos, e a conseqüen-te frustração suscitou outras perguntas.

Quando a dificuldade de fazer a transição para esse tipo de igrejase tornou mais óbvia, fez-se uma nova pergunta. "Os grupos pequenossão apenas um 'modo de vida' da Igreja do Novo Testamento? Os gru-pos pequenos no primeiro século representavam uma estrutura cultu-ralou essencialmente teológica?". A resposta a essa pergunta deu aospastores uma possibilidade de escapar da pressão de aplicar a teologiade grupos pequenos do Novo Testamento em suas igrejas. Após expe-rimentar dificuldades na aplicação de grupos pequenos, um pastor co-mentou: "Foi assim que eles fizeram no primeiro século. Nós fazemosisso em um grupo grande".

Isso significa que a cultura e a estrutura da igreja dependem damontanha que você rodeia. Eu hoje rodeio minha montanha da minhamaneira. No Novo Testamento, eles rodeavam a montanha deles da

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sua maneira. Mas falta a essa abordagem de diferentes montanhas umadireção e ficamos exaustos de circundar até mesmo montanhas pesso-ais. Portanto, essas perguntas sobre os grupos pequenos no Novo Tes-tamento e no século XX levaram à pergunta seguinte.

"Qual é a teologia dos grupos pequenos? ". Um movimento cris-tão não pode se sustentar a não ser que se defina teologicamente. Du-rante as últimas décadas, a teologia dos grupos pequenos foi desenvol-vida em torno da verdade fundamental da natureza de Deus. Deus, emsua própria natureza, é comunidade: Pai, Filho e Espírito. Portanto, aTrindade é o principal conceito usado para explicar a teologia de co-munidade e guiar a vida da igreja e de cada cristão. A definição dateologia de comunidade levou o movimento a um novo nível. Agora,líderes não podem mais descartar grupos pequenos como um simplesmétodo passageiro. Se a comunidade do grupo pequeno é parte da te-ologia básica da natureza de Deus, então fazer parte da comunidadenão é mais simplesmente uma opção prática. Líderes não podem con-tinuar debatendo os méritos dos grupos pequenos, porque o valor dosgrupos pequenos agora está estabelecido na própria natureza de Deus.Líderes e igrejas precisam encontrar agora uma maneira de viver emcomunidade de grupos pequenos! Nós apenas podemos romper a forçado passado que nos faz mover em círculos com a força da teologia. Aresposta para os filhos de Israel não estava em aprender a rodear me-lhor a montanha. A resposta para eles foi seguir a presença Shekiná deDeus/ '

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PERGUNTAS RECENTES

Durante a última década, uma nova série de perguntas foi feitaacerca do movimento. Essas perguntas não se referem à validade douso de grupos pequenos, mas à natureza dessas igrejas, Essas pergun-tas são formuladas enquanto a Igreja recolhe seus pertences e se pre-para para a jornada, para longe da montanha do passado,

"Com que se parece uma Igreja em Células e como funciona? ".O movimento Igreja nas Casas reage contra os fracassos do grupo gran-de e questiona: "O grupo grande é necessário?", Outra pergunta surgea respeito da natureza da Igreja em Células, porque os modelos maisvisíveis para o movimento até esse ponto têm sido de igrejas muitograndes, "A estratégia de grupos pequenos é primordialmente um mé-todo de uma igreja grande?", Entretanto, uma grande porcentagem deigrejas no mundo atualmente é de menos de 100 membros adultos ati-

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vos. Por nenhuma outra razão que seus números, essas pequenas igre-jas são fundamentais para o crescimento do movimento. O Movimen-to da Igreja nas Casas na China também comprova que esse não é ape-nas um fenômeno de uma igreja grande. E perguntas em outras áreastambém têm sido feitas. Por exemplo: "Como a implantação de igrejase os ministérios de apoio se encaixam no movimento?".

Diversas perguntas que são discutidas no movimento nesse mo-mento merecem atenção especial nesses parágrafos conclusivos.

"Existe apenas um modelo e método?". Essa é uma das pergun-tas recentes mais importantes a respeito do movimento. Essa perguntafoi desenvolvida em razão do grande sucesso do Modelo do Grupo dosDoze em ]3!?g..ot<h..Çolômbia.A história confirma que o Espírito Santoé capaz de usar muitos modelos e métodos diferentes em um movi-mento controlado por ele. Não existe um modelo ou um método ou um

.••coneo de materiaLL No Tuturo, o movimento terá outros modelosque parecerão ser "o modelo". Mas esses modelos especiais são ape-nas a maneira de Deus fazer correções de curso e nos lembrar de vj}Jo-re§ eSQuesidos 011 negligenciados que precisam continuar a conduzir omovimento.

"É necessário que o movimento seja controlado do topo por lí-deres autorizados?". Essa é uma pergunta que tem sido feita com umafreqüência crescente durante os últimos anos. O fato é que o movi-mento perseverou por cinco décadas tendo somente o Espírito Santocomo seu administrador divino. Ele não sobreviverá mais algumasdécadas se apóstolos humanos o restringirem a si mesmos, encaixo-tando-o em determinados modelos, codificando sua vida ou se esque-cendo de liderar como servos. Líderes podem ser substantivo ou ver-bo. Líderes-subst'.l_ntivo necessitâm de títulos e posições Líderes- ver-bo lideram pelo exemplo Jjderes-sllbstaotiyo dizem' "Ouca O que euç!igo" ~ "Obedeça-me" U@res-verbo dizem' "Siga-Jlle:'~ºeixe-meservi-lo". Um movimento de Deus não sobreviverá muito tempo a lí-deres que demandam títulos, posições e honra especial para si mes-mos.

"Os grupos são naturais, feitos pelo homem, ou são células so-brenaturais, feitas por Deus?". Essa é uma pergunta importante para aexpansão do movimento no século XXI. Ela atinge o centro da nature-za e o DNA do grupo pequeno. Cristo está de fato no meio de cadagrupo com sua presença divina, seu poder da ressurreição e seu propó-sito eterno? O movimento Igreja em Células não sobreviverá comomovimento de grupos pequenos, como movimento de implantação de

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igrejas, como movimento de crescimento de igreja ou como movimen-to de igreja grande. Grupos de Estudo Bíblico, <;!Tuposde Aj~ eGrupos de Trabalho também não irão penetrar religiões radicais, trans-formar culturas seculares e mudar sociedades em deterioração. Essemovimento somente continuará se Cristo estiver presente nessas célu-las como ele prometeu. Por isso, essa pergunta a respeito de gruposfeitos pelo homem ou células feitas por Deus deve ser respondida acom-panhada dessa paixão e determinação. "Cada unidade básica desse mo-vimento deve funcionar como uma comunidade feita por Deus, habita-da por Cristo e capacitada pelo Espírito."

o QUE VAI ACONTECER EM SEGUIDA?

Creio que Deus começa agora a fazer e responder a uma novapergunta sobre a Igreja do século XXI: O que vai acontecer em se-guida?

Deus falou a dois profetas do Antigo Testamento no século VIIa.C. a respeito do que estava por vir. Em meio a eventos horríveis edesgraça esmagadora, Deus apontou para um tempo no futuro. Deusdisse a Habacuque:

"Olhem as nações!""Contemplem-nas! ""Fiquem atônitos!""Pasmem!""Pois nos dias de vocês farei algo em que não creriam se lhes

fosse contado!"Deus falou a Zacarias a respeito de um evento futuro que seria

realmente um tempo de admiração. Assim diz o Senhor dos Exércitos:"Naqueles dias, dez homens de todas as línguas e nações agarrarãofirmemente a barra das vestes de um judeu e dirão: 'Nós vamos comvocê porque ouvimos dizer que Deus está com o seu povo '. " (Zacarias8.23). Essa é uma profecia sobre o grande poder de atração do evange-lho que ocorreu apenas em situações isoladas no passado, mas queestá prometido para um dia no futuro.

Teria chegado esse dia? A profecia de Zacarias teria sido planeja-da para o século XXI, para o nosso tempo? Seria o Movimento Igrejaem Células o preparo de Deus para o cumprimento dessa profecia?Creio que pode ser estabelecida uma conexão entre a promessa de Deusde uma grande colheita a Zacarias e o Movimento Igreja em Células. Aconexão se encontra na razão pelo desejo dos perdidos de todas as

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línguas e nações de agarrar-se ao povo de Deus. "Ouvimos dizer queDeus está com vocês.". Essa é a conexão entre essa promessa do sécu-lo VII e o que Deus está fazendo hoje no Movimento Igreja em Célu-las.

A singularidade do Movimento Igreja em Células é a presençade Deus. O texto bíblico da vida desse movimento é "onde se reuniremdois ou três em meu nome, ali eu estou no meio deles". O grande mis-tério e esperança desse movimento é "Cristo em você". Por mais demeio século Deus tem transformado gradualmente esse movimento deum movimento de grupos pequenos em um movimento da comunidadeencarnada.

A teologia dos grupos pequenos agora tem seu foco na presençapermanente do Pai, na vida encarnada de Cristo, o Fi lho, e na plenahabitação do Espírito Santo na vida de grupo pequeno.

Ralph Neighbour pediu que o texto de 1 Coríntios 14.24-25 sejaescrito sobre a lápide de seu túmulo. Mas se entrar algum descrenteou não instruído quando todos estiverem profetizando, ele por todosserá convencido de que é pecador e por todos será julgado, e os se-gredos do seu coração serão expostos. Assim, ele se prostrará, rostoem terra, e adorará a Deus, exclamando: "Deus realmente está entre

....I"voces ..A presença é a característica mais significativa do Movimento

Igreja em Células em nosso ingresso no século XXI. A lição mais im-portante que esse movimento aprendeu é que Cristo está em cada cris-tão e em cada grupo pequeno. Jesus disse: "Quando for levantado daterra, atrairei todos a mim". Imagine Cristo sendo levantado em gru-pos pequenos em todo o mundo. Essa é a esperança da profecia deZacarias de uma grande atração de perdidos de todas as línguas e na-ções para Cristo. Os perdidos tocarão a barra das vestes do povo deDeus para tocar o Cristo manifestado que é evidente em seu meio.

A maior colheita que o mundo e a igreja jamais viram está nohorizonte. É uma colheita de admiração c espanto. Será uma colheitadiferente das outras. Será uma colheita amadurecida pela presençaShekiná do próprio Deus entre o seu povo. Será uma colheita de santi-dade, porque o povo de Deus vive na sua presença. Será uma colheitade adoração, por causa da sua presença. Será uma colheita de oração,por causa da sua presença. Será uma colheita da Palavra, por causa dasua presença. Será uma colheita de amor, por causa da sua presença.Será uma colheita de ministério, por causa da sua presença. Será umacolheita de poder, por causa da sua presença.

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20 A Segunda Reforma

Deus está preparando o Movimento Igreja em Células para a co-lheita. Cada vez que um grupo de cristãos experimenta a realidade dapresença, do poder e do propósito do Pai, do Filho e do Espírito, estamosum pouco mais perto da colheita de Deus. -1

Bill BeckhamJaneiro 2007

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-INTRODUÇAOo GRANDE QUADRO DE EZEQUIEL

A mão do SENHOR estava sobre mim, e por seu Espíritoele me levou a 11111 vale cheio de ossos. Ele me levou de

11mlado para outro, e pude ver que era enorme o númerode ossos no vale, e que os ossos estavam muito secos.

Ezequiel 37. /-2

A visão do profeta Ezequiel do vale de ossos secos expressa frus-tração, mas em última análise, esperança, com a nação de Israel.Quando Ezequiel olhou para aquele vale, viu muitos ossos. Uma

enorme quantidade de ossos estava espalhada por aquele vale. Mas, seráque "esses poderão tornar a viver?". Onde estava a forma, a carne e a

"vida em torno dos ossos?Deus instruiu Ezequiel para.erofetjlOr aos ossos. Enquanto profe-

tizava, houve um barulho, um som de chocalho, e os ossos se juntaram,osso com osso. Olhei, e os ossosforam cobertos de tendões e de carne,e depois de pele (Ez 37.7-8). Todas as partes foram j untadas e integra-das em um todo. Mas isso ainda não era suficiente: "Não havia o espíri-to neles ... Profetize ao espíri!Q:..

AJorma sem o espírito de Deus continua sendo nada além de ossossecos conectados. Profetizei conforme a ordem recebida, e o espirito':i/í/"()l/ neles; eles receberam vida e se puseram em pé. fui um exércitu _e;;:"l"IIle.' © 37.101.. Ossos secos. mortos, desconectados, foram trans-tormaãos em um exército vivo e poderoso.

A l'vIACROVISAo

Este livro faz parte do diálogo de como a igreja de Novo Testa-mento se relaciona com o mundo do século XX!. Eu não escrevo porquesou um perito no assunto, mas porque o meu coração. como o seu. pulsa

L 2/

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22 ;1 Segunda Reforma

há décadas por uma igreja que siga os moldes da igreja do Novo Testa-mento. Semelhantemente a Ezequiel, tenho estado parado diante do enor-me vale, examinando os ossos secos da igreja e ansiando ter o poder paraprofetizar forma e vida para esses ossos. Hoje, presumo que as aborda-gens antigas de "fazer igreja", usadas por 17 séculos, não vão produzirnada além de um "som de chocalho" nesses ossos. Semelhantemente aIsrael, a igreja sente a necessidade de um sistema espiritual para transformá-la em um organismo que Deus possa encher com o seu espírito.

Este livro visa a apresentar uma macrovisilo da igreja. Macro signi-fica combinar forma em uma perspectiva que é "longa, ampla e expandi-da". Um provérbio comum que expressa o princípio do macro versus omicro diz o scguinte: "Você não consegue ver a floresta por causa dasmuitas árvores". Muitas vezes não conseguimos "ver a floresta" (macro)"devido às muitas árvores" (micro). ~ temos a tendência de nos perderem detalhes e falham~Q) ver o ql!adro todo.

- Para algllIfs,-essa abordagem vai ser frustrante porque detalhes,aspectos específicos, métodos e dados são normalmente vistos como achave para o sucesso. No entanto, da minha experiência pessoal, comopastor e missionário, percebo que meu problema em implementar umaestratégia normalmente não é o problema micro ou o detalhe, mas oproblema macro, ou seja, ter a visão do todo. Quando consigo ver todo oquadro, ~10 ÇQndiçÕes de encaixar os detalhes..nos sem devidos luga-

res.-UM QUEBRA-CABEÇAS SEM O QUADRO

Como Iíderes de igreja, parece que estamos diante de uma caixacom 5.000 palies de um quebra-cabeças, mas não temos idéia como é oquadro desse quebra-cabeças. Os pedaços obviamente foram projetadospara encaixar-se um no outro. Porém, está faltando o quadro necessáriopara nos ajudar a colocar os pedaços no seu devido lugar. Posso imagi-nar Ezequiel tendo pensamentos semelhantes quando observou o vale

dos ossos secos.Esse sentimento de incerteza ocorre com freqüência durante perí-

odos de mudanças rápidas. quando padrões aceitáveis de operação têmfalhado. mas padrões novos não têm preench ido as lacunas. Copérn icovivia em uma época de transição como essa. Ele descreveu o estadocaótico da astronomia dos seus dias: ··...é como se um artista tivesse decoletar as mãos. pés. cabeça e outros membros para as suas figuras dediversos modelos, cada palie desenhada de maneira esplêndida. mas não

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A Igreja do Novo Testamento no século XXI 23

relacionada a um único corpo, e visto que eles não combinam de formaalguma umas com as outras, o resultado seria um monstro em vez de umhomem ".1

Tanto Ezequiel, como Copérnico e os líderes da igreja atual parti-lham de um problema em comum - nós carecemos de uma estrutura queintegre nosso sistema. Diante do quebra-cabeças da igreja, contamos commais palies do que podemos lidar. E certamente não será muito útil reco-lher todas as peças na caixa a chacoalhá-Ia novamente para obter umaformação diferente! Devemos primeiro encaixar os métodos e os detalhesem uma macrovisão da igreja do Novo Testamento.

r hl\ M!\CROVIS.\O PODE SER .\tvlEDRO:'\T;\l)()Ri\

Visualizar a igreja em pinceladas novas e amplas pode seramedrontador porque nos leva além da nossa zona de conforto. Já nãoestamos mais no controle. A rnacrovisão da igreja é tão ampla e abrangentequanto o próprio Deus e nos conduz além do nosso tempo limitado e di-mensões de espaço. Ela nos leva muito acima da segurança do nosso mun-do físico lógico para o reino espiritual de fé e visão de Deus.

Portanto, este livro realmente trata de você e de mim. Antes que aigreja possa mudar, você e eu precisamos mudar. Simplesmente Illudarmateriais, programas e atividades não é suficiente Dev-el~"Wsmudar a nos-

-sa cÕ-licepção de igreja, como vemos Deus se expressando no mundo pormeio da igreja e como "fazemos igreja".

VAMOS "PROFETIZAR"

Venha comigo para dentro do vale com todos os ossos e partes daigreja que temos tentado chacoalhar e trazer à vida. Devemos estar fa-miliarizados com esses ossos. Temos andado no meio deles e pisado porcirnn deles por anos. Temos tentado 1I11il C:-':-'CS ossos com nossos progra-mas, e os temos chacoalhado com toda a nossa força administrativa epromocional. Sem dúvida, conhecemos bem esses ossos.

No entanto, Deus nos mandou profetizar para os (}SSOS e para ()e.lpírilo. Assim, dessa vez, em vez de chacoalhar os ossos com as nossaspróprias forças, vamos profetizar as palavras de Deus sobre a igreja.Profetize aos ossos para que recebam forma. Profetize o sopro de ~D~uspara que essa forma receba vida como igreja de Cristo, um cxcrc itn vivoe poderoso marchando para a reforma - A Seglll/du Reji)rll/u.

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PARTE IPORQUE UMA

SEGUNDA REFORMA?

Hoje, depois de mais de três séculos, podemos, se desejarmos,trocar a marcha novamente. Nossa oportunidade para um grandepasso reside em abrir o ministério para o cristão comum de uma

maneira semelhante àforma em que os nossos ancestrais abrirama leitura da Bíblia para o cristão comum. Fazer isso significa, emcerto sentido, o início de uma nova Reforma, enquanto, em outro

sentido, significa o término da Reforma anterior na qual asimplicações da posição tomada não foram entendidas plenamente

nem seguidas fielmente.- Elton Trueblood

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1DESENTUPINDO O RALO

DA BANHEIRA

o mudo de pensar que criou os problemas que lemoshoje é insuficiente para resolvê-los,

-A/hert Einstein

A banheira de Christian Smitb..iicoII entllpida por três djas...,Eleachava que era conseqüência de uma reforma recente. Ele gas-tou uma boa parte dos três dias tentando consertá-Ia e chegou a

descer ao porão para "atacar" o cano de esgoto COI11 um fio de metal flcxí-vel para desentupir ralos.

Nada funcionava. Não passava um pingo. Ele finalmente "entregouos pontos". Exausto, derrotado e coberto pela sujeira do esgoto acumula-do em vinte anos, sentou-se no canto da banheira e imaginou a vida semum bom banho. Christian continua sua história, dizendo: "De repente, eutive um sentimento estranho. Não. Isso não podia ser possível. Eu estendio braço e tirei a tampa do ralo da banheira. Instantaneamente, a água sujajorrou pelo cano abaixo. Eu tinha esquecido de abrir a tampa para deixara água sair".'

Cluisí iau Smith aplica a sua experiência do raio fechado ú igreja:

A moral óbvia do meu fiasco com a banheira foi a seguinte~importa quão criativo você seja, se \'ocê definiu o problemaincorretamente, você não vai encontrar a solução. Em outras

,palavras: mais importante do que dar as respostas certas é fazeras pergllntas celias Ou, quando você Iim ita prematuramente aamplitude das possíveis causas dos seus problemas, você pro-vavelmente vai ficar com a sujeira de esgoto em seu rosto.

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28 A Segunda Reforma

Para arrumar a minha banheira, eu precisei recuar alguns pas-sos e considerar se o problema poderia ser algo diferente doque acúmulo de cabelo e sujeira. Eu precisava abordar o meuproblema de uma perspectiva totalmente diferente, com umainterpretação de evidências radicalmente reordenada. De for-ma semelhante, para arrumar a igreja, também precisamos re-cuar alguns passos, deixar de lado as suposições convencio-nais acerca do que é errado, e abordar o problema com umquadro de referência radicalmente diferente."

Nossos quadros de referência, ou paradigmas, mostram como ve-mos e o que pensamos acerca dos eventos ao nosso redor. Nós interpre-tamos nossas experiências e nossos relacionamentos com pessoas, even-tos e estruturas por meio dos nossos paradigmas. Nós também não en-tendemos a igreja a não ser que a enxerguemos por meio do paradigmado Novo Testamento. Este capítulo define e ilustra o pensar paradigmáticoe mostra sua relevância para o que está acontecendo na igreja atual. Amaneira de fazermos igreja está diretamente relacionada à maneira depensarmos da igreja.

FIGURAS DE PARADIGMAS

Em seu livro A estrutura da revolução científica (São Paulo: Pers-pectiva, 1996), Thomas Kuhn introduz à nossa geração a palavraparadigma e a frase mudança de paradigma. Ele afirma que cada ruptu-ra significativa no campo da ciência é uma ruptura de formas antigas etradicionais de pensar. Steven Covey confirma isso ao dar a seguintedefinição de paradigma:

A palavra paradigma vem do grego paradigma: um modeloou mapa para entender e explicar certos aspectos da realidade.Embora uma pessoa possa fazer pequenas melhorias ao de-senvolver novas habilidades, grandes avanços no desempe-nho e avanços revolucionários na tecnologia requerem novosmapas, novos paradigmas, novas maneiras de pensar e ver omundo.'

o professor Kuhn cita exemplos de descobertas científicas conhe-cidas que começaram quando um cientista rompeu com o padrão aceitoem conceituar um conjunto de fatos. Ele observou grandes saltos na

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A Igreja do Novo Testamento no século XXI 29

criatividade e no avanço quando cientistas começaram a perceber umasituação de uma maneira nova por causa da mudança de entendimento.A Crase mudança de paradigma foi cunhada para explicar esse processocxtraord inário.

Embora paradigma seja originalmente um termo científico, mui-tos o entendem como um modelo, uma teoria, uma percepção, uma pres-suposição ou um sistema de coordenadas. Hoje, paradigma é um jargãono meio político e empresarial. Líderes cristãos também têm começadoa aplicar o conceito à igreja.

O pensar paradigmático não é um fenômeno moderno, como podeser verificado na seguinte carta de Martin Van Buren ao PresidenteAndrew Jackson. Ao lermos entre as linhas temos a impressão de quedois paradigmas de transportes provocaram um debate feroz na políticaamericana no início do século XIX.

31 de Janeiro de 1829Martin Van BurenGovernador de Nova York

AI- Ao Presidente Jackson:O sistema de canais do nosso país está sendo ameaçado

por uma nova forma de transporte conhecida como "estradasde ferro". O governo federal deve preservar os canais pelosseguintes motivos:

Um. Se as embarcações dos canais forem substituídaspelas "estradas de ferro", isso resultará em sério desemprego.Comandantes de embarcações, cozinheiros, condutores, hos-pedeiros, mecânicos e os homens que trabalham nos estalei-ros ficarão sem o seu sustento, sem mencionar os inúmerosfazendeiros que agora estão ocupados em plantar feno para oscavalos.

Dois. Os construtores de embarcações sofreriam e osfabricantes de cordas de rebocadores, roldanas e ferramentasde trabalho ficariam privados do seu trabalho.

Três. As embarcações de canais são absolutamente es-senciais para a defesa dos Estados Unidos. No caso de umproblema com a Inglaterra, o canal Erie seria o único meio detransportar o suprimento tão vital numa guerra moderna.

Como é do seu conhecimento, sr. Presidente, vagões fer-roviários são puxados a uma incrível velocidade de 24 qui-

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30 :1 Segunda Reforma

lômetros por hora que, além de colocar em perigo a vida dospassageiros, passa rugindo e bufando pelas regiões campes-tres, ateando fogo nas colheitas, amedrontando o gado e as-sustando mulheres e crianças. O Todo-poderoso certamentenunca planejou que as pessoas fossem viajar a uma veloci-dade tão arriscada.4

Qpensamento paradigmático sempre existiu. A primeira pessoa queusou fogo para cozinhar sua refeição ou levou um fardo sobre uma "rodaredonda" pensou em forma de paradigmas. Quem foi a primeira pessoa adescascar uma banana e comê-la') Independentemente de quem foi, ele o<-fez porque pensava diferente de todos os outros que haviam passado por

aquela bananeira.Recentemente, eu vi o quadro de um mapa que Cristóvão Colombo

usou há 500 anos para fazer sua "descoberta" do Novo Mundo. Não é deadmirar que ele não chegou à Índia! Seus mapas eram incompletos e suasconclusões errôneas. Colombo descobriu o Novo Mundo por pura sorte ouprovidência - seus mapas têm pouco que ver com as suas descobertas.

O que poderia ter acontecido se os mapas de Colombo substituíssemos nossos mapas modernos? De que maneira isso afetaria a navegaçãoaérea e naval') O impacto seria devastador. Haveria uma nova base dehipóteses e uma estrutura incompleta. Você teria coragem de embarcarnum navio ou avião usando os mapas de Colombo? Eu certamente não

iria!

PENSAMENTO VERTICAL E HORIZONTAL~~~~~~~~~~--Há várias décadas, Edward DeBono introduziu o conceito de pen-

samento vertical e lateral. Ele observou que os padrões típicos de pensa-mento tendiam a cavar um buraco verticalmente, aprofundando-se cadavez mais na maneira cGi1\cl1cicnal de processar 11111 certo tipo de infor-mação. No fundo desse "buraco" estão os peritos que continuam cavan-do cada vez mais fundo nas informações que eles acreditam ser as "cor-retas" para um determinado assunto. É isso que ele chama de pensamen-

to vertical.O pensamento lateral ou horizontal ocorre quando um inovador sai

do velho buraco de informação e começa a pensar ú luz de um novo cam-po. Novas maneiras de pensar c processar informação surgem porque ainformação não é mais restrita e limitada ao contexto da forma antiga depensar ou aos proccssos antigos.

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.1l,l',reja do Novo Testamento !lO século X'(I 31

() propósito de pensar ~~tar informações e fazer o melhort~~O possíwl dela.&. Devido à forma em que a nossa mente furFciona para criar padrões de conceitos fixos. não podemos fa-zer o melhor uso da nova informação a não ser que tenhamosalguns meios para reestruturar os antigos padrões e atualizá-los. Nossos métodos tradicionais de pensar nos ensinam comorefinar esses padrões e estabelecer a sua validade. Mas nósnão faremos o melhor uso da informação disponível a não serque saibamos como criar novos padrões e escapar do domíniodos padrões antigos. O pensamento vertical está preocupadoem provar ou desenvolver padrões de conceito. O pensamentolateral está preocupado em reestruturar esses padrões (illsight)e provocar novos padrões (criatividade).'

HOLOGRAMAS E JOGOS

Um outro exemplo que explica o significado de um paradigma éo holograma, um desenho ou uma palavra que não pode ser visto faci 1_mente no primeiro instante. Somente depois que o cérebro se ajustou àimagem, o desenho ou palavra pode ser "visto". É claro que o nossocérebro usa informação antiga para processar dados novos e desco-nhecidos.

Os paradigmas são semelhantes a isso. Não basta ver com os nos-sos olhos físicos. Nosso cérebro usa informações e padrões antigospara processar novas experiências. É por isso que muitas vezes nossocérebro está "morto" para uma inovação. Não podemos processar umanova idéia até que haja uma mudança de paradigma em nosso pensaracerca do novo conjunto de informações.

Umjogo é outro tipo de paradigma. Ele tem suas próprias regras.limites e objetos que determinam o curso de eventos. Sem esses aspec-tos do paradigma. osjogadores não saberiam corno jogar e a atividadese tornaria um caos. Por exemplo. imagine uma equipe de futebol ame-ricano e uma equipe de futebol brasileiro se preparando para jogar"futebol".;\ equipe de futebol americano usaria suas regras e a equipebrasileira jogaria futebol de acordo com as regras que o resto do mun-do adota (que o americano chama de .\occcr). Obviamente. este jogonão iria longe. Aliás. o jogo nem poderia começar porque do is difcrcn-tcs cOlljulltos de regras e equipamentos seriam usados. Uma mudançade paradigma muda as regras. os limites e os objetos associados comas situações existentes.

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32 A Segunda Reforma

:rFABRICANTES DE R~ PERDERAM A MUDANÇ;\

De acordo com J~I Bar~, um perito em mudanças de paradigma,de 1979 a 1982, o número de empregados na fabricação de relógios suíçoscaiu de 65.000 trabalhadores para 15.000. A invenção do relógio quartzoocasionou um colapso inesperado nessa indústria mundial. Como isso acon-teceu?

A divisão de pesquisas da indústria de relógios suíços inventou o reló-gio quartzo, e em ~ apresentou o conceito e o primeiro protótipo aos.=--diretores das empresas. Os donos e os administradores não estavam interes-sados! O seu modo de pensar requeria en enagens e molas nos relógios.§.~a noVã a ordagem chama a "quartzo" não ~ encalxav .(paradigma) de um relógio. Leia o que aconteceu naquela reunião:

A inflexibilidade dos fabricantes de relógios suíços foi o princi-pal vilão. Eles simplesmente recusaram-se em ajustar-se a umadas maiores mudanças tecnológicas da história, no que diz res-peito ao desenvolvimento do relógio eletrônico. As indústriassuíças estavam tão presas à tec~QIQgiatradiciOl=la.!que elas nãopodiam ... ou não queriam ... ver as oportunidades oferecidas pela.revolução eletrônica.6

Em um congresso internacional de relógios, duas companhias, aSeiko e a T~ viram os suíços fazer uma demonstração

< do rcl6gio'quartzo eletrônico. Essas companhias menores, que eram no-vas no ramo de fabricação de relógios, pensaram lateralmente e viramum potencial na nova idéia. Quando eles começaram a fabricar e lançaro relógio eletrônico no mercado, os suíços foram deixados para trás. Oparadigma tinha mudado. Essa il~stração nos ajuda a entender a impor-tância de um paradigma para aqueles que têm "olhos" para ver e aquelesque não têm.

ERRO NO CÁLCULO DE UM PARADIGMA

ARQUIVOS DE ADVOCACIA MURPHYCaso n° 48732; Ref.: AB-563429

Administradora sra. S. BrownCompanhia de Seguros AlIied347 Worth Street

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A Igreja do Novo Testamento 110 século XXI

Akron, Ohio 43256Estimada sra. Brown,4-

Esta é a resposta ao seu pedido para informações adici-onais acerca do Bloco número 3 do relatório do acidente ondeeu coloquei "It.!anejamento insatisfatório" como a causa domeu acidente. A senhora diz na sua carta que eu deveria expli-car mais detalhadamente, e eu espero que os seguintes deta-lhes sejam suficientes.

Sou pedreiro por profissão. No dia do acidente, eu esta-va trabalhando sozinho no último andar do prédio novo deseis andares. No final da tarde, quando havia terminado meutrabalho, eu descobri que haviam sobrado cerca de 250 quilosde tijolos. Em vez de levá-los para baixo com as mãos, decidibaixá-los em um barril usando uma roldana que, felizmente,já estava afixada numa viga presa no prédio do último andar.Depois de me assegurar de que a corda estava presa ao níveldo chão, eu voltei para o telhado eu enchi o barril com os 250quilos de tijolos. Então desci novamente e desamarrei a cordae segurei firme para assegurar uma decida lenta e segura dobarril de tijolos. A senhora pode ler no Bloco número 1i doformulário de acidente que meu peso é de 61 quilos.

Surpreendido por ser arrancado do chão tão repentina-mente, eu não me lembrei de soltar a corda. Talvez seja des-necessário dizer, que a minha subida ao lado do prédio foirápida. Na altura do terceiro andar, eu me encontrei com obarril que estava descendo. Foi quando quebrei meu braçoesquerdo e a clavícula. A velocidade diminuiu levemente, masentão voltei a subir rapidamente, não parando até bater com acabeça na viga e enfiar os dedos da minha mão direita na rol-dana. A essa altura eu havia recobrado a minha memória, econtinuava me segurando firmemente na corda apesar da dor.

Aproximadamente no mesmo tempo, o barri I atingiu ochão e o fundo dele se soltou depositando os tijolos em umapilha disforme. Livre do peso dos tijolos, o barril pesava me-nos de 25 quilos. (Peço que observe o Bloco número 11). Comoa senhora já deve ter conjecturado, eu comecei a descer rapi-damente beirando a parede do prédio. Na altura do terceiroandar, eu me encontrei com o barril subindo. Isso causou séri-os danos às minhas pernas e à parte inferior do corpo. O eu-

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3-1 A Segunda Reforma

contro com o barril diminuiu suficientemente a minha veloci-dade para amenizar os meus ferimentos quando caí sobre apilha de tijolos. Quebrei apenas um tornozelo. Os ferimentosno meu peito e estômago começaram a se intensificar enquantoestava deitado sobre os tijolos, incapaz de mover-me. Quan-do olhei para o barril, a minha presença de espírito falhoumais uma vez e eu não me lembrei de soltar a corda. Seguindoo conselho do meu médico, estou planejando deixar a minhaprofissão de assentar tijolos e encontrar uma profissão menospengosa.

A tenc iosamente,

Ao ler essa comédia de erros, em que momento você suspeitou queo pedreiro havia cometido um sério erro de paradigma? Seu primeiroerro de parad igma foi achar que com seus 61 qu ilos ele seria capaz debaixar com a corda o barril de tijolos que pesava 250 quilos. O segundoerro foi ficar pendurado na corda, que também parecia uma reação lógi-ca de sobrevivência quando estava suspenso no ar. Houve uma reaçãoem cadeia de acontecimentos decorrentes daquelas decisões aparente-mente inocentes. Essa história fala de um princípio amplo na vida quetodos nós experimentamos de uma maneira ou outra: a maioria de nóstem ficado pendurado no seu próprio "barri I de ti joio,!' que era maispesado do que nós, e temos sofrido as conseqüências,

Alguém sugeriu que os eventos descritos na carta acima não ilus-tram uma mudança de paradigma tanto quanto uma estupidez. É claroque depois de ouvir a história, qualquer idéia errada parece estúpida. Noentanto, em dado momento, ficar pendurado a uma corda muitas vezesparece perfeitamente lógico, e mesmo astuto. Pergunte aos fabricantesde relógios suíços!

SOLTE A CORDA ANTES QUE SEJA TARDE DEMAIS!

Uma nova figura da igreja do Novo Testamento está sendo recria-da diante dos nossos olhos. O paradigma da encarnação de Deus (pre-sença, poder e propósito de Deus vivenciados com seu povo) está maisuma vez sendo apl icado ao mundo como o conhecemos.

Agora cada igreja vai entrar nesse novo paradigma. Quando a po-eira se assentar na próxima década, algumas igrejas e denominaçõesserão a indústria de fabricantes de relógios suíços do mundo da igreja.

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A Igreja do Novo Testamento /lO século XXI 35

Deus vai usar outras igrejas e grupos como instrumentos dramáticos deuma nova/antiga revolução espiritual. Aqueles com "a velha maneira depensar" não vão participar da revolução espiritual que está explodindopor toda parte ao redor deles.

A história nos ensina que Deus não fica refém de nenhum grupo,denominação, instituição ou liderança estabelecidos. Como Jesus disseao religioso Nicodemos: "O vento sopra onde quer ... ". Nenhum homempode controlá-lo. Deus usa quem ele quer usar, quando ele o quer usar.Se as instituições estabelecidas e reconhecidas não responderem à novamaneira de Deus fazer as coisas, ele sempre encontrará outros que vãofazê-lo. Provavelmente, novos paradigmas vão ofender e parecer nãoortodoxos a pessoas como Nicodernos, que ouviu as palavras de Jesus edisse: "Como pode ser isso?" Na verdade, o remanescente de Deus sem-pre parece um tanto estranho e bizarro. À medida que você olha para oparad igma atual da igreja, você deve estar disposto a perguntar-se: "Oque não estou disposto a soltar onde Deus está no processo de operarmudanças?".

b

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2A IGREJA DE DUAS ASAS

Tulv«: a igr.:ja, ':111 muitus áreas, deveria ser menorantes que possa se tornar substancialmente maisforte. I

- Elton Trueblood

Em 1989, Deus me trouxe de volta da Tailândia para os EstadosUnidos depois de quinze anos implantando igrejas, para "come-çar um tipo diferente de igreja", Depois de um ano de tentativa e

erro, acabei indo para Houston trabalhar com o dr. Ralph Neighbour. Porcausa da minha ligação com ele, outras almas desesperadas começaram acontatar-me acerca desse novo tipo de igreja. Por alguma razão eles acha-vam que eu sabia mais do que eles, o que era discutível.

Um grupo de homens da TexasA & M University (Universidade A &M do Texas) veio falar comigo acerca da igreja. Depois de lhes contartudo o que sabia, eu continuava me sentindo inadequado ao explicar essefenômeno do século XX na sua verdadeira simplicidade. Antes deles par-tirem, nos demos as mãos em oração. Esses homens tão jovens, com pou-co mais de 20 anos, tinham uma visão da igreja que somente chegou amim aos meus 50. Quando eles partiram, Deus me c1euuma história. Eu acomparti lho em cada conferência que ensino porque ela retrata umamacrofigura do que muitos chamam de "igreja em células".

A lCiRl:.I!\ DE DUAS I\SAS

o Criador um dia criou uma igreja com duas asas: Uma asa era ogrupo grande da celebração e a outra asa representava a comunidade dogrupo pequeno. Usando as duas asas. a igreja podia voar alto para os céus.entrar na sua presença e fazer a sua vontade em toda a terra.

)7.'1

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38 A Segunda Reforma

Depois de alguns séculos voando por toda a terra, a igreja deduas asas começou a questionar a necessidade da asa do grupo pe-queno. A perversa serpente invejosa que não tinha asa alguma, aplau-diu essa idéia efusivamente. No decorrer dos anos, a asa do grupopequeno tornou-se cada vez mais fraca por falta de exercício até quevirtualmente não tinha mais força alguma. A igreja de duas asas quehavia voado até os céus era agora, para todos os propósitos práticos,uma igreja de uma asa só.

O Criador da igreja estava muito triste. Ele sabia que o projetode duas asas tinha permitido que a igreja voasse até a sua presença efizesse a sua vontade. Agora, com apenas uma asa, conseguir sair dochão exigia uma tremenda energia e esforço. E se a igreja conseguiaalçar vôo, estava inclinada a voar em círculos, perder seu senso dedireção e não se afastar muito do seu ponto de partida. Ao gastarmais e mais tempo na segurança e conforto do seu habitat, ela aca-bou se satisfazendo com a sua existência presa à terra.

De tempo em tempo, a igreja sonhava em voar até a presença doCriador e fazer a sua obra sobre toda a terra. Mas agora, a asa fortedo grupo grande controlava cada movimento da igreja e a condenavaa uma existência terrena.

Na sua compaixão, o Criador finalmente estendeu a sua mão eremodelou a sua igreja para que ela pudesse usar as duas asas. Maisuma vez o Criador possuía uma igreja que podia voar até a sua pre-sença e planar bem alto sobre toda a terra, cumprindo seus propósi-tos e planos.

BEM-VINDO À IGREJA EM CÉLULAS

Constantemente ouço dois pensamentos de cristãos a respeito daigreja ao redor do mundo: "A igreja como a conhecemos não é a igrejaque vemos no Novo Testamento" e: "Grupos pequenos são necessáriospara que a igreja funcione da maneira correta". Muitos vêem as formastradicionais de igreja como um odre velho, que já não é capaz de conter ovinho novo do evangelho. Mesmo aqueles que se sentem mais confortá-veis com os padrões da igreja tradicional muitas vezes desejam que elafosse:

• menos isolada do mundo na qual ela está situada;• mais relevante às necessidades da sociedade;• mais compassiva na maneira como ela usa o dinheiro e o poten-

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A Igreja do Novo Testamento no século XXI 39

cial humano;• mais direcionada a alcançar..pessoas em vez de promover progra-

mas melhores;• menos materialista com suas enormes construções e dívidas;• mais redentora e menos política;• e menos influenciada pelo mundo que ela foi chamada para in-fluenciar.

Será que existe uma alternativa para o modelo tradicional deigreja? Um número crescente de cristãos está convencido de que Deusestá recriando os odres da igreja do Novo Testamento. Essa igrejavive em comunidade e é hoje chamada de "igreja em células".

Com que se parece a igreja em células? O dr. Ralph Neighbourincluiu a seguinte definição da igreja em células na Cell Church Ma-gazine (Revista da igreja em células):

O corpo humano é composto de milhões de células, aunidade básica de vida. Semelhantemente, as células for-mam a unidade básica da igreja em células. Os crentes pro-curam ativamente relacionamentos com Deus, uns com osoutros e com os não crentes em células de cinco a quinzepessoas. Esses relacionamentos estimulam cada membro aalcançar a maturidade !li! adoração, na edificação mútua eno evangelismo. Isso é comunidade ...

Com base no princípio de que todos os cristãos sãoministros e que a obra do ministério deveria ser realizadapor todos os cristãos, a igreja em células procura ativamen-te desenvolver cada discípulo na semelhança de Cristo. Ascélulas são o fgruA! para o ministério, treinament;-;--evangelismo.

As células também se encontram para as reuniões se-manais ou quinzenais nas "congregações" e para as "cele-brações". Embora essas reuniões sejam importantes, o focoda igreja está voltado para os encontros semanais das célu-las nas casas. Por qual motivo? Porque é na célula que oamor, a comunidade, os relacionamentos, o ministério e oevangelismo brotam naturalmente e poderosamente. Portan-to, a vida da igreja está nas células, não em um prédio (san-tuário). A igreja é um ser dinâmico, orgânico e espiritual quesó pode ser vivenciado na vida dos crentes em comunidade. I

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40 A Segunda Reforma

SETE TESTES PARA AJUDAR A IDENTIFICAR

UMA IGREJA DO Novo TESTAMENTO

Em muitas igrejas, os grupos pequenos formados de cinco a quinzeou mais pessoas fazem parte de um dos seus programas. Será que isso osidentifica como uma igreja em células? Os seguintes testes ajudam a dife-renciar entre igreja em células e aquelas que podem ter estruturas e termi-nologias similares mas possuem uma dinâmica diferente.

1. O teste jnstituejouaLA igreja é um organismo vivo ou uma orga-nização? Se você tirasse o "santuário" e a reunião dominical, a igrejasobreviveria? Se a igreja consegue sobreviver sem um "santuário" e cul-tos dominicais, ela passa pelo primeiro teste de uma igreja do Novo Testa-mento.

2.-0 teste da célula: Um grupo pequeno (referido neste livro comouma cél~onsiderad; a igreja em sua natureza, propósito e poder? Aigreja reconhece o grupo pequeno como a comunidade cristã de base e aunidade essencial da igreja? Se os líderes e o povo "se encolherem" aoreferir-se ao grupo pequeno como a igreja, então essa igreja não é umaigreja em células do Novo Testamento. Paulo não tinha problemas emchamar os grupos nas casas de igreja.

3. O teste da fotocópia: Quando o modelo é reproduzido, a novaigreja é tão clara e viva quanto a igreja original? O modelo pode ser trans-ferido? Se a igreja somente pode ser duplicada por uma versão obscura,então não é uma igreja em células do Novo Testamento. Este não é umteste numérico, mas um teste da natureza e vida. Ela reproduz de formacompleta a dinâmica do original?

4. O teste da simplicidade: A igreja é fragmentada e complexa? Àmedida que ela cresce, a igreja se torna mais complexa ou menos comple-xa? É necessário um "diretor executivo" para realizar o trabalho? Umaigreja em células vai continuar a operar por meio da sua estrutura de lide-rança da célula simples mesmo se a estrutura administrativa e governa-mental desaparecer. Mesmo com a presença de um grande número demembros e líderes, a igreja em células vai continuar operando de maneirasimples.

5. O leste da multiplicação: A igreja tem esperança de multiplicar-se? Existe uma estrutura por meio da qual um crescimento dinâmico po-deria ocorrer? Ou a estratégia está baseada no acréscimo de novos mem-bros? Uma igreja em células pode sistematicamente multiplicar-se porqueo ponto de crescimento ocorre no nível da célula integrada, não por meio

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de programas múltiplos compartimentalizados.6. O teste de conversões de adultos: A igreja alcança novos con-

vertidos adultos, ou ela é sustentada pelo crescimento por transferênciade outras igrejas e crescimento biológico ao batizar os seus filhos? Umait.;reja em células funcional vai alcançar novos convertidos adultos.~ . 7. O teste da perseguição: A igreja vai sobrevier se ela for forçada a

tornar-se "subterrânea"? Será que o tipo de grupos pequenos vinculadosaos nossos programas de igreja sobreviveriam a uma perseguição sem a"almofada institucional"? A igreja em células vai sobreviver com suascélulas neo-testamentárias não importa o que aconteça politicamente, so-cialmente, economicamente ou internamente.

ETIÓPIA

~Uma igreja que passou por esses testes foi fundada pela Igreja

Menonita da América na Etiópia. Na década de 1970 os missionáriosocidentais haviam voltado para casa, deixando uma igreja nacional nativade 5.000 membros. Em .1982, os comunistas derrubaram o governo da_. ----Etiópia e iniciaram uma perseguição à igreja. As igrejas Menonitas tive-ram todas as suas construções confiscadas. Muitos dos seus líderes foramaprisionados e muitos membros foram proibidos de se reunir. A igrejatornou-se "subterrânea", sem líderes, sem construções, sem a oportunida-de de reunir-se publicamente ou de realizar qualquer tipo de programapúblico. Enquanto a igreja era "subterrânea", os membros não podiamcantar em voz alta com medo de alguém denunciá-los às autoridades.

Dez anos mais tarde, em 1m o governo comunista foi destituído,permitindo que essa igreja saísse do seu "anonimato". Os líderes da igrejadecidiram reunir todos os membros remanescentes para os cultos. É des-necessário dizer que eles ficaram surpresos ao descobrir que o~membros tinham crescido para mais de 50.000 nesse período de dez anos!----Essa história ilustra o poder da célula. Cristo projetou a igreja parasobreviver na sua forma mais básica. Isso ocorreu na igreja do primeiroséculo e está ocorrendo na igreja atual. Em todos os lugares em que a igrejatem sido forçada a tornar-se "subterrânea" e tem adotado uma estrutura degrupos pequenos, ela tem sobrevivido, e na maioria das vezes crescido.Será que a igreja vai adotar a estrutura de grupos pequenos semelhantesaos grupos do Novo Testamento somente em [?aís~munistas..e em tem;....-~e perseguição? Pode até parecer que este seja o caso. No entanto. emnosso período histórico atual, Deus está restaurando a célula como a estru-tura principal da igreja mesmo em países onde não existe perseguição.

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UMA "ESPIADA" NA IGREJA DE DUAS ASAS

Reuni mais de vinte características-chave para explicar a estruturae a dinâmica da igreja em células. Essa lista não é exaustiva, mas juntocom outras definições deste capítulo, vai oferecer a você um quadro maiscompleto da natureza das igrejas em células. Embora normalmente seja ocaso, nem todas as características podem ser encontradas em cada igrejaem células. Da mesma forma, algumas igrejas tradicionais podem apre-sentar uma combinação dessas características.

x .A igreja em células Que Jesus projetou opera-como ignya não sórillomingo, mas-também no~ OlJtros ~eis dias.dasemana.

~. ',~rsja elll células podeter uma con§!.!:.ução,I~ construção é\ JUllciOnóllg)lãp safirada.'li- • O crescimento da igreja não depende de quantos metros quadra-1f\. dos podem ser financiados e adquiridos. A fórmula de constru-

ção da igreja em células é: ~ e eJ.:ltão9003tl\@.- ...f . As células ou grupos pequenos de cristãos se encontram nas ca-

sas durante a semana e são a unidade básica da igreja.y" Essas células agem como um "sistema de entrega" da igreja por, meio do qual os membros das células vivenciam o evangelho no

mundo.+ .Cada membro da igreja recebe treinamento Era a obra do minis-tério nesses grupos pequenos ..,---...+-. O culto de celebração no domingo é um transbordar da vida docorpo que ocorreu durante a semana na vida dos membros.

q::. • Os membros prestam contas uns aos outros.('. A igreja em células produz um grande número de líderes servos

que possibilitam a obra do ministério no nível básico da célula.i--0 Nos grupos pequenos, os membros tiram as suas máscaras e re-

cebem edificação e cura. Ocorre a verdadeira comunhão do NovoTestamento .

• Os textos dos "uns aos outros" encontrados no Novo Testamentoencontram um contexto no qual podem ser experimentados.

'1--.' A igreja centralizada em células nas casas é projetada para so-breviver à perseguição .

• Os perdidos são alcançados por meio do evangelismo por amiza-r- de nas células..: Os dons espirituais essenciais para a edificação, treinamento e, evangelismo são liberados em um ambiente natural das células.

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evangelismo são liberados em um ambiente natural das células.• Líderes de tempo integral são separados para oração e para bus-car a face de Deus em favor do corpo .

• Ocorre uma constante multiplicação das células, dos converti-dos, dos discípulos e dos líderes .

• Igrejas em células têm um impacto dramático sobre a sociedade.Seus grupos pequenos tocam as machucaduras e necessidades nomundo ao seu redor.

• Os líderes e pastores provêem supervisão, visão e prestação decontas aos líderes das células.

• Existe mais dinheiro disponível para o ministério e missões àmedida que cada membro amadurece em sua compreensão damordomia como um estilo de vida.

• A comunidade das células é um lugar de cura para o indivíduo ea família.

• A administração da igreja é simplificada ao redor da unidade bá-sica da célula. Isso reduz significativamente os múltiplos progra-mas necessários para que uma igreja tradicional funcione .

• Os cuidados fundamentais para os membros são providos no ní-vel da célula em vez de no nível de obreiros profissionais .

• Efésios 4.12 funciona! Os Iíderes preparam "os santos para aobra do ministério".

A DEFINIÇÃO NO NÍVEL DA CÉLULA

A chave para a compreensão da igreja em células é a própria célulae o que Robert 8anks chama de o caráter "característico de igreja" dascomunidades de base. (O capítulo 13 explora a natureza da célula emmaiores detalhes). O teólogo brasileiro J. 8. Libanio faz a seguinte des-crição da célula ou da comunidade de base.

Elas não são um movimento, uma associação ou uma congre-gação religiosa [...] Elas não são um método (ou o único mé-todo) de edificar a igreja: elas são a própria igreja. Elas nãosão uma receita milagrosa para todas as doenças da sociedadee da igreja. Elas são a renovação da igreja [...] Elas não sãouma utopia; elas são um sinal do reino, embora elas não sejamo reino [...] Elas não são messiânicas, mas podem ser proféti-cas e formar profetas como a igreja deveria formar. Elas nãosão uma comunidade [...] natural [...] identificada com uma

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raça, língua, povo, família [...] Elas são a igreja [...] Elas nãosão um grupo de protesto, embora sua vida seja um protestocontra a mediocridade, a indolência e a falta de autenticidadede muitos [...] Elas não são um grupo especial para pessoasespeciais. Elas são a igreja comprometida com o homem co-mum, com o pobre, com aqueles que sofrem injustiça [...] Elasnão são fechadas: elas são abertas ao diálogo com todos. Elasnão são uma reforma da obra pastoral: elas são uma opção pas-toral decisiva, preparada para construir uma nova imagem daigreja.'

Se você quer entender e identificar uma igreja em células, olhepara as células. O grupo pequeno define uma igreja em células. Tudoque acontece em uma igreja em células - as celebrações semanais, oseventos de colheita, o treinamento e preparo para os retiros, os retiros,as reuniões para supervisão - existe para apoiar as células. Tudo estárelacionado com a comunidade básica da célula.

COMA A BANANA

Corno o gosto de uma banana pode ser descrito para uma pessoa~ IÍ"lI1cayiu uma banana? Para realmente sentir o gosto de uma bana-na, em algum ponto as descrições devem tornar-se experimentais. Amelhor coisa a fazer é descascar a banana, dá-Ia à pessoa e dizer: "Aquiestá. Experimente você mesmo".

Mesmo com essas definições e ilustrações, você pode continuarperguntando-se como a igreja em células realmente funciona. Isso é nor-mal porque, como o sabor de uma banana, a igreja é algo que só pode-mos conhecer ao experimentá-la. Não importa o nosso conhecimentoteológico e acadêmico da igreja, o que melhor entende a definição delima "igreja em células" é aquele que está mais empenhado emexperimentá-Ia. A igreja em células não é algo que podemos simples-mente estudar e analisar. A certa altura, nossa definição de igreja deveser experimentada e vivenciada.

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3LARRY: UM PARADIGMA DE

LIDERANÇA

Uma das tragécjias-IJ!2'!!'Q§§r.!Je/}lpo éq1:fj:.;;.ministro está exausto e improdutivo.

- Samuel Miller

L arry, um líder de igreja com quarenta e poucos anos, já haviapastoreado várias igrejas bem-sucedidas mas dentro dele estavacrescendo uma desilusão em relação à igreja tradicional no

modelo "um dia por semana". Ele ouvia, enquanto outros participantesdo congresso compartilhavam o motivo de estarem ali: "Vim paraaprender mais acerca da igreja em células". Quando chegou a vezde Larry, ele foi absolutamente sincero. Ele compartilhou sua fomede encontrar respostas a respeito de como a igreja poderia voltar aser como nos tempos do Novo Testamento. Com um profundo sen-timento de dor, ele revelou: "Se eu não encontrar algumas respos-tas, vou sai r daq u i e pescar".

Todos no recinto sabiam instantaneamente o que ele queriadizer e irromperam em uma gargalhada. Larry estava disposto aencontrar uma outra coisa para fazer se a situação não mudasse.Outros, além de Larry,já tinham considerado a mesma possibilida-de.

Para cada "Larry" vocal existem inúmeros "Larrys" silencio-sos que estão tentando sobreviver na igreja tradicional com a mes-ma dignidade e honestidade. Larry é um dos milhares de pastoresque experimentam a dor de liderar uma igreja que não está à alturado paradigma de igreja que Deus colocou em seu coração. Sua vi-são de igreja nunca se satisfará com o modelo de LIma igreja "umdia por semana".

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-16 A Segunda Reforma

SO B R 1:(.:Á R R I:( iÁ DOS E I !'vII' RO I) ur I V O S

Pastorear uma igreja tradicional de uma só asa é uma das "profis-sões" mais difíceis na terra. É claro, existem muitas recompensas tam-bém. Nas três igrejas que pastoreei antes de ir como missionário para aTailândia, experimentei muita alegria e satisfação interior. De muitasformas é uma grande função - ajudar pessoas, falar a respeito de Jesus,ministrar a pessoas em importantes épocas da sua vida, dar orientaçãoespiritual e moral para a comunidade.

No entanto, nos últimos anos, tenho visto em líderes como o Larryuma imagem da igreja que não está à altura do seu ideal, apesar de todasas boas obras e os esforços do pastor. Como pode haver esgotamento efrustração tão grandes atrelados a esse chamado especial? Estou con-vencido de que o sonho c a expectativa nos matam. A visão da igreja emnosso coração não se equipara com a realidade da igreja no mundo. Aigreja para a qual nós pregamos no domingo não é igual à igreja acercada quo/ pregamos no domingo. Bem no fundo nós sabemos que algoestá errado.

É por isso que o pastor de uma igreja que se reúne basicamente nodom ingo, nas palavras de Samuel M iIler, está ao mesmo tempo "sobre-carregado e improdutivo":

Sobrecarregado com as inúmeras tarefas que não têm a menorconexão com rei igião, e improdutivo nos trabalhos extenuan-tes e na séria preocupação em manter uma vida espiritual dis-ciplinada entre homens e mulheres maduros [...] Qualquer queseja o ideal de um ministro - o grande empresário, o vende-dor esperto, o magnata bem-sucedido - continua sendo umenigma por que o ministro deveria tornar-se vítima de ima-gens tão falsas a não ser que ele tenha confundido completa-mente o que ele deveria estar fazendo. I

Por que temos essa confusão entre os líderes que são dotados echamados para pastorear? Eles foram treinados especificamente paraesse propósito e são sinceros em seu desejo de servir a Deus.

Os líderes mais criativos e visionários da igreja pagam um preçoaltíssimo porque eles desejam voar e pairar nos ares, mas dirigem igre-jas que estão presas à terra. Deus tem colocado a mesma visão de igrejaque ele deu a Paulo em Éfeso no coração dos líderes de cada era. Deacordo com Paulo, a igreja é a "plenitude de Deus", o "poder de Deus",

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o "corpo de Deus" e a "glória de Deus".Essas não são palavras que a maioria das pessoas associa com a

igreja do século XXI. Talvez nós ousaríamos usar essas palavras acercada igreja que vai ser "arrebatada" para o céu, mas não da igreja "arre-bentada" da qual fazemos parte na terra. A igreja que conhecemos, ape-sar de todas as coisas boas, simplesmente não funciona como o modeloneo-testamentário, e nesse ponto reside a agon ia tanto do pastor comodos membros.

MELHOR ABALAR UM SONHO DO 0\11:_OCULTAR A VERDADE

Um museu começou a limpar uma pintura do século ..2\.Vfuuposta-mente pintado por um velho mestre. Durante o processa de limpeza umapartícula de pintura se soltou. E isso se repetiu inúmeras vezes. Os peri-tos observavam horrorizados à medida que uma camada de tinta come-çou a desintegrar-se diante dos seus olhos. Mas debaixo dessa pinturaeles descobriram uma outra ainuua Um artista posterior havia tentadoníelhorar a obra-prima original. Agora eles viam a verdade. Esse era ooriginal, e era muito mais valioso e importante. A camada exterior quehavia sido acrescentada foi cuidadosamente removida até que a pinturaoriginal pudesse ser restaurada e exibida em um lugar proeminente nomuseu. "$ melhor abalar um sonho do qlle oCllltar a verdad~"!2

Pequenas partículas de tinta da única igreja que eu conhecia come-çaram a se desprender muito cedo no meu ministério. De tempo emtempo, algum livro ou programa novo prometia esperança para um tipodiferente de igreja. Eu procurava ansiosamente implantar a nova idéia,mas os resultados nunca chegavam perto de duplicar o espírito ou osresultados da igreja do Novo Testamento.

Ao longo dos anos, minha esposa Mary e eu gostávamos de trocaridéias em convenções e outras ocasiões especiais com Max e KatieBrO\vn, amigos especiais da faculdade c do seminário. Nossas discus-sões se transformavam em conceitos novos e inovadores acerca da iurc-ja. Max foi o primeiro a falar a respeito da igreja experimental de RalphNeighbour em Houston no final da década de 1960. ;\ idéia de alcançaros aflitos e os perdidos do mundo por meio de grupos de ministério deinteresse parecia tão neotestamentária, tão correta e tão diferente do queestava acontecendo em nossas igrejas.

Infelizmente, quando retornamos para casa depois das nossas con-versas na convenção, voltávamos para o domínio da nossa igreja de uma

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asa que exigia toda a nossa energia apenas para manter as boas ativida-des e programas em funcionamento. Nosso coração até pertencia à igre-ja do Novo Testamento, mas nosso corpo pertencia ao paradigma daigreja tradicional de uma asa.

Em 1972, durante um final de semana de renovação para leigos, euexperimentei pela primeira vez a comunhão do Novo Testamento e avida no corpo de um grupo pequeno. Equipes de visitação de "pessoasleigas" animadas ficaram nas casas dos nossos membros. O final desemana foi organizado ao redor de encontros em grupos pequenos emuita conversa franca. NOVGScânticos foram cantados para Deus, nãoacerca de Deus. Vidas foram transformadas e casamentos restaurados.Cristo em nosso meio, operando em poder - essa é a impressão quecontinua na minha memória acerca daquele final de semana. Aquelaexperiência foi como um poderoso removedor de tinta da minha velha"imagem" de igreja.

Eu já estava vitalmente conectado à igreja por trinta anos antes deter o primeiro gosto da verdadeira vida no corpo do Novo Testamento.Embora tenha experimentado muitos momentos espirituais significati-vos na igreja, nada era tão genu inarnente neotestamentário "em sabor"como aqueles breves momentos da vida em grupo pequeno.

Infelizmente, eu não fazia a menor idéia do que fazer com o frutodaquela experiência. Assim eu derramei essa experiência diretamenteno único odre que eu tinha: meu odre da igreja tradicional. Embora aquelefinal de semana da comunidade do Novo Testamento tivesse um impac-to significativo sobre a vida de várias pessoas, incluindo a mim, ela nãoteve um impacto tão grande sobre a minha igreja tradicional. Em dadomomento essa experiência foi mastigada e cuspida em uma forma queos nossos programas tradicionais pudessem tolerar. .~V'

A IGREJA DE UMA ASA EM BANCOC

Outras partes da pintura começaram a cair da tela desde o momen-to em que cheguei como missionário inexperiente ao aeroporto de Bancocem primeiro de janeiro de 1975. Mary, os gêmeos Joey e Jimmy, Matt,Juleigh e eu descemos do avião e fomos recepcionados por um calor euma umidade indescritíveis, uma poluição tão densa que podia ser vista,e padrões de tráfego que merecem ser chamados de kamika:e . Esse eraum mundo completamente novo. Estávamos diante de um choque cultu-ral- o estilo Bancoc!

O choque cultural não demorou muito. Nossos filhos se adaptaram

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A Igreja do Novo Testamento no século XXI 49

rapidamente, e para eles a Tailândia se tornou seu lar com pessoas, luga-res c experiências especiais. Mary e eu aprendemos a comunicar-nos nalíngua deles, a ler a Bíblia Thai e os sinais de trânsito, a relacionar-nosculturalmente com o povo da Tailândia e a comer algumas das comidasmais apimentadas, mesmo que muito deliciosas do mundo.

Sobrevivi ao choque cultural, mas não consegui passar por cima domeu "choque igreja/missão". Deus me chamou para plantar uma igrejaem um contexto cultural e me deu a paixão para descobrir a estratégiapara reproduzir igrejas neotestarnentárias em ambientes urbanos. Esse zelologo conflitou com a realidade quando me familiarizei com a igreja naTailândia.

A arquitetura da construção da igreja era diferente, os sinais nasparedes da igreja eram escritos em uma língua estranha, os hinos eramcantados em tons menores e a literatura era produzida em um formatodiferente. No entanto, não precisei de muito tempo para perceber que essaigreja não era muito diferente em relação ao tipo e natureza da igreja queeu conheci nos Estados Un idos. Essa era apenas a Primeira Igreja de "qual-quer cidade" dos Estados Unidos transplantada para Bancoc, na Tailândia.Mesmo se não entendêssemos a Iíngua, era possível ad ivinhar a ordem deculto no domingo e, infelizmente, as reuniões administrativas da igrejaeram conduzidas da mesma forma!

De alguma forma, eu tinha esperado que a igreja em uma das cida-des menos cristianizadas do mundo fosse diferente quanto à sua natureza,mais neotestamentária quanto à sua função, mais dinâmica em poder emais focalizada quanto ao seu objetivo. Comecei a suspeitar que algoestava seriamente errado em meu modelo de igreja. Da minha perspectivaatual, eu sei que essa igreja era apenas uma outra igreja de uma asa só, sóque em estilo tailandês! Levou mais de quinze anos para perceber quemeu paradigma de igreja familiar e confortável não poderia reproduzir naTailândia a visão de igreja que Deus havia colocado em meu coração.

Fui levado de volta ao Novo Testamento para encontrar uma figurade uma igreja mais bíblica do que aLJlIl.:laqUL.: eu estava usando. EltonTrueblood coloca essa busca na perspectiva correta:

Uma verdadeira restauração nunca é uma questão de voltar atráspara poder restabelecer um padrão antigo, mas sim de "desco-brir" o que estava escondido ou encoberto e, portanto, esqueci-do. O propósito dessa "descoberta" é o efeito em potencial so-bre o presente e o futuro. Nós voltamos ao Novo Testamento,não como antiquários ou como meros historiadores, mas na

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50 A Segunda Reforma

esperança de encontrar sinais de vital idade dos quais nossotempo está relativamente inconsciente.'

NÃo QUEREMOS FALSIFICAÇOES

Alfred I. Dupont, ex-presidente da corporação DuPont, foiabordado por um revendedor de Filadélfia afirmando ter umapintura da bisavó de DuPont segurando seu pequeno fi lho. Orevendedor pediu 25.000 dólares. Quando DuPont recusou aproposta, notando a presença de dois estilos artísticos no qua-dro, o revendedor baixou o preço para 10.000 dólares, entãopara 1.000 dólares, e, em desespero, para 400 dólares, queDuPont aceitou, acreditando que a moldura valia esse preço.Um restaurador no Museu de Filadélfia examinou a pintura epercebeu que a roupa do século XVIII havia sido pintada so-bre o vestuário original do século XVII. Depois de remover apintura de cima, o restaurador do museu descobriu que o ori-ginaI tinha sido pintado por Murillo; a pintura de 400 dólaresfoi reavaliada em 1~_9.000 dólares."

Algumas falsificações são muito boas. Quando descobertas, os fal-sários perguntam: "Por que fazer tanta onda por causa do original? Se afalsificação enganou você, então ela é tão boa quanto a pintura origi-naI". O autor do artigo acima explica a diferença entre uma falsificaçãoe um artigo original: "Peritos em obras artísticas afirmam que, ao longodo tempo, uma falsificação revela um certo 'amortecimento' enquantoo original de um mestre continua desvendando facetas de inspiração-a habilidade do pintor mantém o trabalho artístico vivo".'

Por isso é melhor "abalar um sonho do que ocultar a verdade"acerca de todas as coisas - especialmente acerca da igreja. O originalvibra com vida enquanto a imitação é uma coisa morta. Jesus foi o Pin-tor Mestre. Seu quadro da igreja continua desvendando facetas de inspi-

ração.

CO~10 SOBREVIVEM OS LíDERES DE ICiRE.lA?

Alguns líderes da igreja sobrevivem fazendo de conta que real-mente estão voando como a igreja do Novo Testamento. Vivendo no seupróprio mundo de fantasia espiritual. onde tudo sempre é maravilhoso,eles escolhem viver uma mentira em vez de deixar abalar o seu sonho.

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A Igreja do Novo Testamento 110 século XXI 51

Esses são alguns dos defensores mais francos da igreja tradicional eoponentes mais ferrenhos da igreja em células. Eles não permitem queu seu sonho seja abalado.

Outros pastores, em números alarmantes, se tornam tão desi lud i-dos que abandonam o ministério pastoral e tornam-se conselheiros,professores ou assumem um cargo no escritório da denominação quepelo menos lhe dê uma esperança razoável em produzir os resultadospara os quais eles foram destinados. Essas vocações são tão importan-tes quanto o ofício pastoral (se as pessoas foram chamadas para elas),no entanto, essas vocações podem ser consideradas substitutos medío-cres para líderes frustrados que realmente foram chamados para opastorado.

Outros aprendem a viver com a pintura avariada e procuram fa-zer o melhor possível. Mas eles pagam o seu tributo em sentimentosde frustração, raiva, dor e desesperança. Os líderes se sentem usados eas farn íl ias sofrem.

Gerald Kennedy conta a história de um árabe que estava comfome certa noite. Ele acendeu uma vela, e abriu uma tâmara. A frutaestava bichada, e ele ajogou fora. Ele abriu uma outra, e ela tambémestava bichada. Assim ocorreu com a terceira. ~tão ele decidiu apa-gar a vela e comer a quarta fruta. Em vez de enfrentar realidadss desa-gradáveis, nos,2.~~s .•_a.ffianíos mais fácil permanecer na escu- __I~O. Não-s6~s artérias físicas podem se tornar insensíveis, a pers-pectiva espiritual do homem também pode tornar-se rija e inflexível."

Nós que participamos da igreja podemos escolher apagar a luz epermanecer na escuridão em relação ao que Deus está fazendo hoje.Dessa maneira, não precisamos enfrentar realidades desagradáveis.Enquanto estive na escuridão, eu comi minha parte de tâmaras bichadasnas últimas décadas! Hoje, não estou mais satisfeito com a escuridãonem com o gosto estranho da fruta.

Em seu livro () Discípulo, Juan Carlos Ortiz conta acerca da suaexperiência em Buenos Aires. Ele começou com 184 membros e de-pois de dois anos ele havia crescido para 600 membros. Em suas pala-~Tas. a escola dominical era um dos aspectos mais importantes da igre-ta e seu sistema de acompanhamento "era um dos melhores". Sua de-nOI11inação estava tão irnpress ionada, que o conv idou para fa lar emduas convenções diferentes. Ele comentou:

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52 A Segunda Relorma

Entretanto, bem no fundo, eu sentia que alguma coisa não esta-va certa. Tudo parecia correr bem, desde que eu trabalhassedezesseis horas por dia. Mas quando eu relaxava o ritmo, osresultados diminuíam [... ] Parti para um lugar solitário e en-treguei-me à meditação e oração.O Espírito Santo começou a quebrantar-me. A primeira coisaque ele me disse foi: "Juan~.que você tem 1_1 as Inãos..uãoé uma igreja, é um I~"., ,.-,,-" - - ..•~,--------

Não entendi o que ele queria dizer. "Você está promovendo oevangelho do mesmo modo que a Companhia Coca-Cola ven-de seu produto". disse ele. Está fazendo o mesmo que oReader :s· Digest faz para vender livros e revistas. Está empre-gando todas as técnicas aprendidas na escola. Mas, onde estáminha mão em tudo isso?".Fiquei sem saber o que responder. Tinha que reconhecer queminha igreja funcionava mais como uma empresa do que comoum corpo espiritual.Depois o Senhor me revelou outra coisa."Você não está crescendo", disse ele. "Você pensa que está,porque cresceu de 200 para 600 membros. Mas não está cres-cendo realmente. Você está apenas engordando".O que ele estava querendo dizer? "Tudo que você conseguiufoi agrupar mais pessoas da mesma qualidade que as anterio-res. Ninguém está amadurecendo em Cristo. O n íve I perma-nece o mesmo. Antes vocês tinham duzentos bebês espiritu-ais. Hoje vocês contam com 600".7

A pergunta pertinente acerca da nossa igreja não é quantos membrosela tem, mas: "Onde está a mão de Deus em tudo isso?". No fim dascontas. essa é a única pergunta que pode definir o senso de auto-realiza-ção e satisfação do líder cristão acerca do seu ministério.

M1\ l(lR 1\ S "LR I(iOS/\ S

Johann Baptist Metz nos desafia a considerar memórias do passado:

Existem memórias perigosas. mcmórias que 1:17emexigênciasa nós. Existem memórias em que experiências anteriores aca-bam ocupando o centro da nossa vida c revelam pcrcepções

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A Igreja do Novo Testamento no século XY! 53

novas e perigosas para o presente [...] Essas memórias são comovisitações perigosas e imprevisíveis do passado. São memóri-as que devemos levar em conta. memórias. por assim dizer.com um conteúdo futuro."

Deus está plantando a semente de um tipo diferente de igreja emnosso coração. Para muitos, os sentimentos novos acerca da igreja vêmprimeiro, e depois segue a tentativa de entender e explicar esses senti-mentos. Deus coloca a sua visão no coração do seu povo, e então confir-ma essa visão por meio de inovadores especiais que verbalizarn ou mo-de larn a visão. Esses "sentimentos" são "memórias perigosas" do passa-do que têm um "conteúdo futuro".

À medida que entramos no século XXI, Deus está recriando suaigreja de duas asas. O que acontece no domingo no culto de celebraçãonão é suficiente para aqueles que têm uma visão para viver juntos emcomunhão nos pequenos grupos e por meio de vida no corpo durante asemana.

Os homens e mulheres cle Atos também começaram com uma vi-são. com memórias e sonhos. O primeiro sermão da igreja revolucioná-ria do primeiro século começou com uma citação a respeito dessas coi-sas:

Nos últimos dias, diz Deus,Derramarei do meu Espírito sobre lodos os povos.Os seusfilhos e as suasfilhas profetizarão,Osjovens terão visões,Os velhos lere/o sonhos (AIos 2. J 7).

Essas foram memórias perigosas da boca do profeta Joel e do co-ração de Deus. Deus manteve essas memórias vivas por mais ele cincoséculos até que finalmente. na plenitude dn tempo. ele JS moveu nucoração elo seu povo. Memórias perigosas produzem homens e mulhc-rcs perigosos. que agem a partir dos seus sonhos e os tornam possíveis.Assim eram os homens e mulheres da igrcja primitiva. Não se surpreen-da com as mcrnórjas e sentimentos que se movem em você. Ouça-os edeixe Deus dar vida a eles. Eles são as sementes da Seguudc. Rcfornn),

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4EDDIE: UM PARADIGMA DOS

BANCOS DA IGREJA

o problema básico [com a igreja] é que (/ cura propostatem lima semelhança tão impressionante com a doença.

- Elton Trueblood

H enry G. Bosch conta a história interessante do que aconteceuquando um cliente em uma pequena loja descobriu que "Eddie",o balconista vagaroso, não estava presente.

"Onde está o Eddie? Ele está doente?""Não," foi a resposta. "Ele não está mais trabalhando

aqui"."Você já tem alguém em mente para a sua vaga?" per-

guntou o cliente."Não! Eddie não deixou nenhuma vaga!"Existem vários "Edd ies" na maioria das igrejas atu-

ais. Eles desaparecem e ninguém percebe a sua ausência.Por quê? Primeiro, porque não existe um verdadeiro sensode Corpo de Cristo no qual os 111Ci11bros são cnvo lvido-, demaneira funcional. Segundo, muitos, por decisão própria.têm escolhido ficar sentados no banco da igreja, indispos-tos a se envolver. I

Bosch está descrevendo uma característica predominante na igre-ja institucional moderna. Uma grande porcentagem dos membros daigreja (muitas vezes estimados em Ml.% ou mais) contribui muitopouc:.o para a vida e ministério do igwjo.

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56 A SeRunda Reforma

A "EDDIE-FICAÇÀO" DA IGREJA

Depois de introduzir Eddie numa conferência no Canadá, uma per-gunta escrita apareceu na minha mesa durante um dos intervalos. Dizia oseguinte: "Será que não poderia ser que Constantino foi a causa da Eddie-ficação da igreja?". Ouviu-se uma gargalhada quando li a pergunta emvoz alta, mas foi, na real idade, uma percepção perspicaz bem como umjogo de palavras engenhoso. Nós somos na verdade vítimas da Eddie-

ficação da igreja de Constantino.Lá por 312 d.e., a igreja tinha mudado de reuniões regu lares nas

casas e reuniões em grupos grandes para reuniões quase exclusivamenteem prédios especiais. Conseqüentemente, a igreja se tornou um auditório!Desde aquele tempo muitas coisas têm sido diferentes de uma igreja paraoutra, como as interpretações teológicas, o tipo de adoração e mesmo asroupas que o clero vestia. Mas a estrutura da catedral de uma única asapermaneceu constante nos dezessete séculos seguintes da história da igre-

ja.Embora Constantino concedesse o último selo de aprovação a essa

abordagem de uma asa, não foi exclusivamente culpa sua. Várias tendên-cias desenvolveram-se durante os primeiros 300 anos da história da igre-ja, tornando o quarto século maduro para o ataque de Satanás e para o errode Constantino. O povo de Deus estava caindo gradualmente na armadi-lha de fazer parte de um odre institucional em vez de fazer parte do odreda encarnação de Jesus Cristo, devido aos seguintes fatores:

o O cristianismo estava~nh~~_'?o~a vez majs com os sistemas po-

líti~ºâ~.o Líderes profissionais estavam desenvolvendo a estrutura da igreja.o Q1'9de~espiritua· do lu ar à habilidade e ao esforço hl!J)1a=..

no...• A liderança servidora estava gradualmente sendo substituída pelo

autoritarismo.o A estrutura da igreja estava sendo moldada de acordo com o mun-

do.o A igreja se colocou na defensiva em vez de permanecer na ofensi-

va.o O contexto de grupo pequeno da igreja era suspeito aos olhos do

governo.

Podemos não saber tudo que aconteceu durante os anos 100-300

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A Igreja do Novo Testamento 110 século XXI 57

d.e., mas nós vemos o produto final por meio da igreja em forma de cate-dral de Constantino.

A CATEDRAL: O MODELO DE IGREJA DE UMA ASA

Usando uma combinação do governo romano e do sistema feudal, oimperador Constantino desenvolveu uma estrutura de igreja que tem du-rado por dezessete séculos. Quais são as características do paradigma dacatedral de Constantino?

• As pessoas vão para a construção (catedral)• em um dia especial da semana (domingo)• e alguém (um sacerdote, ou hoje, pastor)• faz alguma coisa para elas (ensino, pregação, indulgência ou cura)• ou por elas (um ritual ou entretenimento)• por um preço (ofertas).

Ao construir catedrais e estabelecer rituais e liderança dentro dessasconstruções, Constantino mudou a própria natureza e vida da igreja comoplanejada originariamente por Cristo. As mudanças surgiram a partir dasnovas maneiras de pensar a respeito da igreja de Deus como uma organi-zação em vez de um wgmÚJ;mQ... A mudança na estrutura reflete uma mu-dança illl~dã.m~;ltal em como 'a igreja se relacionava com Deus e comoDeus poderia se relacionar com a igreja. As mudanças eram antes de tudoteológicas - então estruturais.

Em um seminário recente alguém perguntou: "Como a mudança deConstantino para a catedral no quarto século conseguiu ter um efeito tãoprofundo sobre a igreja, mesmo até os dias atuais?". Não foi a catedralque afetou a igreja; foi o que a proposta da catedral provocou para °contexto do grupo pequeno na igreja.

NEUTRALIZANDO A IURl:.lA

Desde o início, Satanás percebeu que ele não podia destruir a igreja.Jesus tinha garantido que as portas do inferno não prevaleceriam ...sobre a

_S.l!.<U.greja.Sua promessa foi c~lpr}da. Perseguiçõ~_~,j).f!S!l.dadeseconÔ:l~llldaÍlçãS"pOlTficas-·ells-irlam ·n·- anãs - ne-ntÜm~ esses aspectos foi capaz de diminllir a expansão da igreja nag~-I~lesprin~_~~s sécul~. Estima-se que no terceiro século, somente no impéri"oromano viviam cerca de seis milhões de cristãos. Da mesma forma que

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Satanás não podia destruir o corpo físico do Cristo encarnado, ele nãopodia destruir o corpo espiritual de Cristo na terra, a igreja. Se Satanásnão podia destruir a igreja, o que ele poderia fazer? Ele procurarianeutral izá-la'

Satanás não poderia ter tramado um plano mais astuto. Antes detudo, ele deu à igreja sanção política e respeitabilidade social. Então elese esmerou em neutralizar a igreja ao atacar sua estrutura de grupos pe-quenos. A igreja estava assim limitada na sua habilidade de nutrir os no-vos membros, aplicar o poder espiritual, edificar o corpo, treinar os líde-res necessários, espalhar o evangelho para o mundo, encontrar a presençado Cristo vivo e usar os dons do Espírito.

Isso resultou em uma ave de uma asa. A igreja continuava se pare-cendo com uma ave e soava como uma ave, mas era incapaz de fazeraquilo que a destacava como ave. Ela não podia mais voar! A igreja tor-nou-se uma instituição religiosa de uma só asa, presa ao chão. O equilí-brio e a força do seu projeto original foram neutralizados a ponto dedistorcer o propósito primário de Deus para a igreja - a edificação e oevangelismo. A igreja tornou-se um auditório de Eddies.

DE PRODUTOR A CONSUMIDOR

Uma grande parte dos membros da igreja é consumidora, não pro-dutora. Eles são cristãos consumidores porque a igreja tradicional nãotem um contexto viável em que possa torná-los produtores, ou usá-los deuma maneira produtiva.

O contrato de Eddie com a igreja tradicional estipula que ele deveser mimado, receber ministração e ser entretido. Em troca, ele vai serconsiderado um membro da igreja e vai dar uma oferta de tempo em tem-po para apoiar o sistema. Cristãos consumidores representam 80% da igrejaque são sustentados e ministrados pelos outros 20% que produzem.

Isso significa que Eddie não é nada além de um fator neutro no mi-nistério da igreja. Na verdade, ele provavelmente representa o seu fatordebilitante mais sério. Eddie é um dos maiores consumidores da igreja,exigindo muitos cristãos produtores para cuidar de suas necessidades. Oscristãos consumidores neutralizam a produtividade dos 20% de cristãosmaduros que gastam a maior parte do seu tempo e energia ministrandopara o Eddie, a Sra. Eddie e para todos os Pequenos Eddies.

Pense nos 20% de membros maduros e produtores da igreja. Elessão capazes de penetrar o mundo, de viver a vida dos cristãos do NovoTestamento, de levar a igreja para além do seu parque de estacionamento,

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A Igreja do Novo Testamento no século XXI 59

de fazer a diferença no Reino. Mas eles estão tão ocupados em manter osistema que sustenta os Eddies que sobra pouco tempo ou energia paraministrar conforme o modelo de igreja do Novo Testamento.

Quando todos os Eddies se sentam nos bancos da igreja, você quaseconsegue ouvir o barulho de sucção enquanto sugam o ministério para simesmos. Quantos cristãos produtivos você estima serem necessários paramanter o tipo de programa que vai atrair Eddie e mantê-lo feliz na igrejatradicional? Qualquerque seja o número, a manutenção é muito elevada eoferece um retorno de tempo, de esforço e dinheiro muito baixo, porqueEddie raramente contribui de uma maneira positiva tanto para a edificaçãoda igreja como para o evangelismo do mundo.

Eddie pode sair da igreja se ele encontrar uma outra igreja que eleacha que supre melhor as suas necessidades. Eddie vai gravitar em dire-ção ao ministério mais atraente com os benefícios mais garantidos. Eddiesempre vai encontrar motivos razoáveis parajustificar sua migração parapastos mais verdejantes. "Nó_~~.§t~~ospreocupados com o bem-estar es- _piritual da nossa família. Essa nova igreja tem um programa tão maravi-'-Ihosol?~r~§~~lj,~ssõs'fittros»:-tm."O estilo de-adõ'façãõ'-dessá-igre]ae tãotocante. Nós que~elTIos'rõu-v-~i1.ll?:~~~:~~~~~,~~,~~!::~":-º,u:-"Sou ai imenta-do pela pregação.masaeílhcsa daqbl~le pastoLEle_éumllomem de Deustão espiritual", Quem pode questionar os motivos de Eddie quando eleapresenta razões que'sõ'ãm tão 'espÍritílaís?

Quando Eddie sai da igreja, "sua lacuna não é sentida" no verdadei-ro ministériooutrabalho.daigreja.E1eapenasdeixou um lugar vazio num ,banco no domingo cedo, um "trocado" a menos no prato de ofertas e ummembroã'nle-nos'parã-ser-ínima(fü e agradado. Os líderes de igreja preci-sam então sair e procurar por um outro Eddie ou dois, para substituiraquele que "foi perdido". O que está acontecendo aqui?

CONSUMISMO NA IGREJA

As igrejas de todos os tamanhos são mantidas reféns por consumi-dores como os Eddies, que são o público-alvo da maioria das igrejas donosso século. Na verdade, algumas das estratégias de crescimento da igre-ja mais populares das últimas décadas têm sido desenvolvidas ao redor decristãos consumidores de uma ou outra forma. Esquemas de marketingengenhosos tentam atrair e segurar os Eddies flutuando por aí em umasociedade egocêntrica.

~r que a igreja concordou em

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nifmlação - mais parecjda com chantagem - dos membros que contri-~m com a menor parcela no trabalho da igreja?. --- -Eddie tem seu gancho na Igreja de uma asa porque sua presença é amedida de sucesso nos círculos de uma igreja de uma asa. Encher a igrejano domingo é o ponto-chave de uma religião institucional. A igrejainstitucional moderna tem um critério de "contagem do corpo" para ava-liar seu sucesso. Não importa o número de "frases espirituais" que usa-mos, o sucesso em uma igreja tradicional está atrelado ao número de cor-pos vivos presentes em um espaço de tempo de duas horas no culto domi-nical. E Eddie não vai vir se não ministrarem a ele e lhe derem o que elequer.

O sistema tradicional precisa dos Eddies preenchendo os bancospara a contagem do número total de pessoas no domingo, para apoiarfinanceiramente a construção de novas instalações e a contratação de no-vos obreiros "ministros" de tempo integral. Todos esses ganchos são ne-cessários para atrair mais consumidores do tipo Eddie, que podem preen-cher mais bancos, que criam a necessidade de novas e melhores constru-ções para atrair mais Eddies, que significam construções ainda maiores, eo ciclo continua. Eddie é a força-motriz por trás do jogo da concorrênciada igreja tradicional.

Eutychus, um contribuinte fictício da revista Christianity Today,descreve sua experiência com o consumismo na igrejar ,

Medo de voar?Nossa igreja, que está se adequando ao novo estilo de"evangelismo de mercado", tem recentemente procurado al-cançar um grupo-alvo injustiçado: o voador freqüente. Vistoque tantas pessoas em nossa comun idade, formada de pessoascom nível social cada vez mais elevado, viajam durante a se-mana, não poupamos despesas.Nossos assentos têm ar condicionado individual, luzes paraleitura e botões para chamar os "introdutores". Um sinal dosinto de segurança aparece automaticamente quando o prega-dor começa a falar alguma coisa controversa; máscaras de oxi-gênio e sacos para enjôos causados pelo vôo podem ser loca-lizados no porta-bagagem do banco.Nosso "Plano de freqüência de vôo" recompensa a participa-ção regular com descontos para viagens além-mar (para a Ter-ra Santa, é claro). Aqueles que se assentam na "primeira clas-se" são mimados quando fazem contribuições generosas para

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o fundo de construção da igreja, permitindo que saiam do cul-to durante o último verso do hino de encerramento.Depois de alguns meses, no entanto, as coisas começaram aficar fora de controle. Alguns dos nossos "voadores mais fre-qüentes" recém-chegados têm começado a pedir um tratamentoespecial: Eles querem refeições vegetarianas e alternativas paraos sermões como fones de ouvido, travesseiros e cobertores.Até onde deveríamos estar dispostos a ir com isso? Ospresbíteros se reuniram na última quarta-feira e decidiram cri-ar um comitê especial para considerar os pedidos especiaisdos recém-chegados. Evangelismo de mercado é uma ótimaopção. Mas onde fica o limite?'

o PERIGO DOS SISTEMAS DE DISTRIBUiÇÃO

Quando a igreja parou de reunir-se em grupos pequenos e começoua reun ir-se exclusivamente no ambiente do grupo grande, o significado deser membro foi virado de ponta-cabeça. A igreja tornou-se um canal paraa distribuição dos recursos para os membros em vez de desafiar os mem-bros a tornar-se recursos. Lyle Schaller aponta para o perigo de umacçsrnozisãc de distriblliç,ão, em vez da cosrnovisão de contribuição, emuma organização.

Quanto maiores as expectativas acerca do que as pessoas po-dem e vão contribuir em termos de talentos, criatividade, tem-po, energia, sacrifícios, dinheiro, compromisso e outros recur-sos, tanto maior será o ânimo de todo o grupo e menor a possi-bilidade de dissensão interna. Essa é a mensagem da fé cristã, ahistória das grandes escolas, o tema das grandes igrejas e a coladas sociedades unificadas.Por contraste, elevar as expectativas do que vai ser dado àspessoas invariavelmente tende a politizar o processo de toma-da de decisões, aumentar o nível de tensão e encorajar argu-mentos divisores acerca de quem está recebendo uma porçãojusta e quem está sendo deixado de fora.'

A famosa citação do presidente JgbJl F Kenrredy no seu primeirodiscurso chamou a atenção da nação americana na década de 1960 por-que falou diretamente a essas duas cosmovisões, "N~..Q_rlPr8'1nte Q qlle Q

seu país pode fazer por você [cosmovisão da distribuição], mas o que

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v~gge fazer pelo seu país [cosmovisão dacontribuiçãoLElton Trueblood viu a necessidade dos cristãos de serem "instru-

mentos par~~enção do mundo" em vez de r~ipientes de benefícios:

Quando a doutrina da "contribuição" é plenamente aceita, ficaóbvio que, em contraste com muitas organizações, a igreja nãofoi instituída para o benefício dos seus membros. Cristo chamahomens e mulheres comuns para a sua comunhão permanentenão em primeiro lugar para salvá-los, mas porque ele tem tra-balho para eles. É uma revelação genuína de que seu chamadoprincipal para um compromisso, "Venham a mim", está asso-ciado ao mesmo tempo ao chamado para o trabalho, "Tomems~eu jugo". A igreja é essencial para o cris~não porque ela lhe dá benefícios ou mesmo inspiração, masporque, com todas as suas falhas, é um instrumento indispen-sável para a redenção do mundo."

DE CONSUMIDOR Â PRODUTOR

A igreja de uma asa está produzindo consumidores em massa dotipo Eddie em vez de produtores. De que maneira podemos envolver osnossos membros? De que maneira podemos fechar a porta dos fundosda igreja? O que deveríamos fazer acerca dos nossos membros maisfiéis que estão ficando esgotados? Todas essas são perguntas acerca do

Eddie.A livrarias cristãs têm prateleiras repletas de livros de djscip!!'ado

designados a transformar o Eddie de um consumidor em um produtor.Nos últimos trinta anos, a igreja tem tentado todos os esquemas dediscipulado conhecidos pelo homem para treinar o Eddie a tornar-se umprodutor. Líderes e cristãos produtores têm gasto horas incontáveis ten-tando mudar o Eddie, mas sem sucesso.

De tempo em tempo, um Eddie vai fazer a transição de consumi-dor para produtor, mas isso ocorre tão raramente que suspeitamos queaquele Eddie em particular foi na verdade um produtor isoladq, Eddiepode sentar na escola dominical e ser um expectador no culto públicopor trinta anos e ainda não ser capaz de orar em público. Ministrar outestemunhar a alguém está fora de questão. Usando métodos tradicio-nais, poucos Eddies podem ser arrancados do consumismo da igreja etransformados em ministros cristãos produtivos.

Muitos líderes estão convencidos de que esse ciclo de Eddies não

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pode ser quebrado sem algum tipo de mudança na maneira de operar daigreja. Qual é a mudança de paradigma que vai mudar essa mentalidadeconsumista frustrante? Para que a igreja volte ao cristianismo dinâmicodo Novo Testamento, duas coisas devem acontecer:

I. Tire o Eddie das costas dos 20% dos membros da igreja que sãocristãos produtivos para que possam penetrar o mundo perdidocom o evangelho.

2. Transforme "cristãos consumistas" em "cristãos produtivos" paraque se tornem parte da solução em vez de parte do problema.

Jesus planejou a igreja num contexto de grupos pequenos para tor-nar os Eddies da igreja uma parte produtiva do corpo de Cristo. Não é deadmirar que vejamos tão poucos Eddies nas páginas do Novo Testamen-to. O Edctie não podia esconder-se por detrás de atividades que ocorremem enormes construções. A igreja do primeiro século se encontrava emgrupos pequenos nas casas, talvez até na casa do Eddie. Eddie tinha departicipar e produzir.

De quem é a culpa? Do Eddie? Dos líderes da igreja? Dos cristãosprodutores? Não! É do sistema! O sistema produz consumidores do tipoEddie em vez de desenvolver o Eddie em um produtor. Eddie é umavítima do sistema que ele não desenvolveu e que não pode prepará-lopara ser alguém além de um parasita espiritual.

Já na década de 1950, Elton Trueblood entendeu que algo estavaseriamente errado com a liderança da igreja bem como com os seusmembros. Trueblood sentiu que era necessário "uma mudança radicalde algum tipo". Essa mudança radical deveria alcançar o cristão "co-mum". Ele cita John R. Mott:

Uma multidão de leigos está hoje diante de um sério perigo. Éconcretamente perigoso deixá-los ouvir mais sermões, parti-cipar de mais classes bíblicas e abrir fóruns ou ler mais traba-lhos religiosos e éticos, a não ser que junto com tudo isso sejaproporcionado uma vazão adequada para as verdades recém-encontradas.'

Essa "vazão" para vivenciar "verdades recérn-aprend idas" é o gru-po pequeno na casa! Sem ele, Eddie nunca vai ser integrado com suces-so no ministério da igreja e vai continuar sendo um urandc obstáculoto

para a edificação da igreja e a evangelização do mundo.

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64 A Segunda Reforma

OUTRAS MUDANÇAS

Além de mudar a natureza do roll de membros, virtualmente cadaparte da igreja foi afetada pelo paradigma da igreja do quarto século. Nalista abaixo vemos as mudanças que ocorreram quando a igreja parou de seencontrar em grupos pequenos e tornou-se uma platéia em grupos grandes:

i/.A Ceia do Senhor pass-ou de uma re e 'r-(~-"'-C.nu:H1"lT'l

môn ia.• A adoração mudou da participação para a observação.• O testemunho mudou do relacionamento para a técnica de persu-

asão.• O ministério mudou de pessoal para quase que exclusivamente

social.• A Iiderança mudou de servos dotados e chamados para profissio-

nars.• O crescimento mudou da multiplicação para a adição.• As missões mudaram de cada um ser um missionário para sus-

tentar missionários.• A confissão mudou de pública diante de um grupo pequeno para

a individual num confessionário. I• O discipulado mudou de "na prática" para o treinamento na Sal%

de aula.• A comunhão mudou de vida profunda em comunidade para rela !

cionamentos mais superficiais em reuniões grandes. I• A vida em corpo mudou de estilo de vida para "roll de mem-

bros".• Os dons mudaram da edificação para o entretenimento ou foram

extintos.• A capacitação mudou do poder de Deus para a habilidade do

homem.• As construções mudaram de funcionais para lugares sagrados de

reuniões.• A administração mudou de integrada para compartimentalizada.• Os membros foram transformados de produtores para consumi-

dores.• O treinamento dos filhos passou da responsabilidade dos pais

para a responsabilidade da igreja.• O estudo da Bíblia mudou de praticantes da Palavra para ouvin-

tes da Palavra.

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A Igreja do Novo Testamento 110 século XXI 65

• O evangel ismo passou de "estruturas ide" para "estruturas vinde".

!\ transição de grupos pequenos para construções concluída no quar-to século mudou a face da igreja nos dezessete séculos seguintes. Todasas mudanças acima têm continuado a impactar negativamente a igrejacomo a conhecemos. Será que a forma como temos sido igreja hoje temque ver mais com o que acontecia no quarto século sob a influência deConstantino do que com o que acontecia no primeiro século sob a influ-ência de Jesus? Muitos cristãos em busca estão começando a suspeitarque isso seja verdade!

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5TERESA: UM PARADIGMA

,APOCALIPTICO

o período atual é o centro da história em que estãoocorrendo tantos acontecimentos como em todos os

períodos de vida anterioresjuntos.- Alvin Tojjler

ossa igreja conheceu Teresa por meio de um membro, treinadapor uma agência comunitária para responsabilizar-se por famíl i-as em situação de risco. O Serviço de Proteção da Criança do

Estado tinha dado a Teresa a responsabilidade temporária por sete dosseus netos, entre a idade de dois e nove anos. Sua filha, a mãe biológicadas crianças, ainda não havia completado 30 anos, e estava viciada emdrogas e sustentava seu vício por meio da prostituição. Como milhares deoutras pessoas, ela estava tentando desesperadamente escapar do seu in-ferno pessoal, por intermédio da utopia das drogas.

Sua família tinha um histórico de abuso infantil e negligência. Asduas filhas mais velhas tinham recentemente sido sexualmente abusadaspelo padrasto, que estava na prisão, aguardando julgamento. O pai delasestava preso no México por homicídio. Todas essas lindas crianças, cincomeninas e dois meninos, nasceram dentro de um redemoinho social mor-tal que estava ameaçando engoli-Ias lentamente.

Ao observar essa situação, eu vi a multiplicação do mal em ação.Uma jovem mãe já havia "produzido" sete fi lhos que potencialmente seri-am exatamente como ela. (Os homens nessa situação eram igualmente oumais responsáveis pela situação, mas tipicamente não estavam presentes).Mesmo se uma ou duas dessas preciosas crianças escapassem, a situaçãoainda representava uma aceleração rápida da miséria, da dor, do pecado edas machucaduras. Multiplique essa situação por milhares de "Tcresas"no mundo, e a extensão do sofrimento humano e do mal entram em focode forma terrível. O mal prolifera. A miséria humana se multiplica.

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DISTOPIA: A DOENÇA DO SCCLJLO XXI

Um artigo recente da U S. News & World Repor' descreve o queestá acontecendo com Teresa, à sua fi lha, seus netos e ao redor do mundocomo uma "distopia.'" que é o oposto de utopia. "É uma situação", dizWebster, "na qual as condições e a qualidade de vida são terríveis". Clara-mente, uma grande porcentagem dos habitantes do mundo hoje experi-menta uma terrível qualidade de vida. O otimismo utópico das décadaspassadas estourou como um furúnculo inflamado, e uma distopia escura edeprimente se estabeleceu como uma ferida supurada sobre o mundo.Estamos em um ciclo social perigoso que ameaça a civilização. Mesmona afluente América (do Norte), essa doença está incubada em cidades eestá se espalhando como uma epidemia em cada segmento da sociedade.A d istop ia é uma doença m und ial.

Aqueles que não têm o conhecimento bíblico da natureza pecamino-sa do homem estão se surpreendendo constantemente com o surgimentodas terríveis condições da distopia. O mundo não tem idéia da sua fontenem de como encontrar uma solução para ela. Infelizmente, embora aigreja tradicional simpatize com aqueles que se encontram num estado dedistopia, ela perdeu um meio eficaz para tocar de maneira significativa osmachucados no mundo.

A distopia freqüentemente está associada na literatura aos quatrocavaleiros do Apocalipse - Guerra, Fome, Peste e Morte. Esses terríveiscavaleiros aparecem em cada geração. Em nosso século, imagens dedistopia afluem diante de nós nestas palavras: "Holocausto", "Hiroshima","Campos de morte" ~ "Bósnia". "Ruanda" é a última palavra apocalíptica,mas não será a última antes deste livro ser concluído.

Na África, temos visto os quatro cavaleiros do Apocalipse ressoaratravés do continente. Primeiro veio a guerra com as suas mortes. Entãoveio a fome, a morte e a peste, enquanto os refugiados fugiam da guerra eda fome para os acampamentos onde a cólera e outras doenças prolifera-vam. Em cada mudança de fase, a morte era o único aspecto que permane-cia constante.

Imagens terríveis têm emergido nessa marcha da morte - bebêschorando diante dos cadáveres das suas mães: mães chorando sobre asformas esqueléticas dos seus filhos. Uma imagem que provoca enjôo mostraum abutre esperando ao lado da forma definhada de uma criança morren-do sozinha na poeira da Somália.

Quatro fatores históricos importantes contribuem para a distopia domundo atual e compõem o contexto histórico da igreja à medida que sc

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aproxima do século XXI - explosão populacional, implosão urbana, ai ie-nação social e isolamento da igreja. Esse é o mundo de Teresa, um paradigmaapocalíptico que ameaça destruir a civilização como a conhecemos.

A EXPLOSÃO POPULACIONAL

As estatísticas nos relatam que o número total de pessoas que têmvivido e rnorrido desde o início dos tempos aproxima-se do número total depessoas que vivem hoje. A população do mundo nos tempos de Jesus igua-lava-se à população dos Estados Unidos atuais. No tempo eleMartinho Lutero,a população havia dobrado. Levou 1.500 anos para que isso acontecesse.Em 1800, a população dobrou mais lima vez, em somente 300 anos. Em1930, a população dobrou mais uma vez em somente 130 anos. De 1930 atéhoje, a população explodiu para mais de 6,5 bilhões de pessoas - em ape-nas setenta e poucos anos. Existe uma projeção de que a população vaidobrar para 10 a 12 bi lhões ele pessoas em algum momento no século XXI.O gráfico abaixo vai nos ajudar a entender esse fenômeno.

De acorelo com a Divisão Populacional elas Nações Unidas, caela anoo equivalente à população do México é acrescentada à população do mun-do. Isto significa que, além de todos aqueles que morrem, são acrescidos 90a 100 milhões de pessoas.

A Reforma

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A Explosão Populacional. O númerototal de pessoas que vieram e morreramaproxima-se do número lotai de pessoasque estão vivas hoje. A populaçãomundial nos tempos de Jesus era igual àpopulação atual dos Estados Unidos. Nostempos de Mortinho Lutero. a populaçãohavia dobrado --levou somente 1.500anos para que isso acontecesse. Em 1800.a população havia dobrado outra vez. emsomente 130 anos. De 1930 até hoje. empouco mais de 70 anos, (J populaçãoexplodiu para mais de 6.5 bilhões de

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5

As pragas (Morte Negra)4

2

Moisés

Abraão IsaíasAdão

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3000 a.C ?OOOa.C. 1000 a.C. Od.C.

Figura 1. Explosão populacional1000 2000

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IMPLOSÃO URBANA

70 A Segunda Reforma

Paul Erlich, autor do best-seller, The Population BO/JIb (A bombapopulacional), em 1968, disse que a população mundial projetada para 5,5bilhões no final do milênio iria duplicar em meados do século XXI. Em1992, ele disse: "Estávamos demasiadamente otimistas. Quando o livro foiescrito, estávamos acrescentando 70 milhões de pessoas por ano. Agoraestamos acrescentando 93 milhões de pessoas por ano."? Isso significa quea população do mundo vai crescer numa proporção igual à população daChina (mais de um bilhão de pessoas) a cada década nas próximas seisdécadas.

Ao mesmo tempo em que a explosão populacional marca essa eracomo um ponto divisor na história do mundo, a urbanização acrescenta umoutro ponto de exclamação pressagioso. Os eventos-chave do século XXIestão ocorrendo em um contexto urbano.

O estatístico David B. Barrett descreve diferentes tipos de cidadesque estão surgindo da explosão populacional. Essas são as megacidadesque alcançaram ou passaram o número de um milhão de habitantes. Em1900 havia vinte megacidades. Esse número cresceu para 276 em 1985,"com números futuros estimados pelas Nações Unidas de 433 megacidadesem 2000, e 652 cidades com um milhão de habitantes ou mais em 2025".

Além das megacidades, existe um aumento e explosão de "supercida-des" que têm populações acima de quatro milhões de pessoas. "Londres foia primeira supercidade, em 1870; hoje existem38 supercidades. Existe umaestimativa de 144 supercidades em 2025 e 220 em 2050".

Barret também agrupa a erupção vulcânica de cidades urbanas "super-gigantes", que têm populações acima de IO milhões de pessoas. "A primeiracidade supergigante foi Nova York em 1935; a segunda foi Tóquio, em1958. De repente cidades supergigantes irromperam por todo lado. No ano2000 vão surgir cerca de 24 cidades supergigantes e no ano 2025 estima-seque haverá cerca de 80 cidades supergjganles.":

As pessoas estão migrando para as cidades e para a pressão e o estresseda vida na cidade. A vidajá não é mais tão simples como abrir uma pequenaloja ou cuidar de algumas colheitas. Apenas o tamanho dos centrospopulacionais já cria uma complexidade nunca antes experimentada.

ALIENA(!\O SOCIAL

Sociólogos chamam o terceiro fator histórico que contribui para a

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moderna anti utopia de "isolamento" (ou seja, o isolamento em forma decasulo) da sociedade. Essa expressão descreve como as pessoas saemdo seu escritório seguro para garagens reservadas, entram em seu car-ro com ar condicionado, dirigem para casa no seu carro com vidrosescuros e música suave. Quando chegam em casa, apertam o botão doportão automático da garagem e entram em seu lar, seu casulo. Essa éuma outra forma de descrever o retraimento do homem moderno dasociedade para um ambiente seguro.

O muro ou grade é um dos símbolos de isolamento maisreveladores da cidade. Eles mostram a psique do morador da cidade.No final da sua viagem para casa diariamente, o morador da cidaderefugia-se atrás das paredes. Barreiras são construídas para manter acidade segura. Montantes significativos de tempo, dinheiro e materialsão usados na cidade apenas para construir muros, grades e barreirasque podem separar fisicamente o grupo "nós" do grupo "eles". Essesmuros simbolizam isolamento, solidão e ;11edo. -

Por que esses muros físicos e relacionais existem na cidade? Omorador da cidade obviamente se sente vulnerável, inseguro e amea-çado pelo seu ambiente urbano. Ele não pode absorver toda a comple-xidade e mudança que acompanha as megacidades, supercidades esupergigantes. As paredes são uma resposta da sua auto preservaçãofísica e emocional.

A sociedade está fora de controle, e um medo real enche as flo-restas urbanas. O habitante urbano é cortado dos relacionamentos cul-turais bem definidos. Nega-se-Ihe a segurança do lar e da família porcausa do divórcio e espera-se que ele interaja cada vez mais com má-quinas e computadores impessoais. Ele é forçado a suportar a dor e aagonia da miséria humana e a desumanidade do homem vista em coresvivas toda noite na TV. Ele sente que sua privacidade é ameaçada mes-mo no santuário do seu lar quando é assaltado e invadido comtelemarketing, propaganda e doses de cada tipo de religião televisivaconhecida pelo homem.

ISOI.Mvll:NTO NA IGREJA

Para explicar o quarto fator da distopia, cu me refiro novamenteao mundo estatístico atual. David Barret o usa para argumentar quehoje é diferente dos diversos séculos passados por causa do aumentodo c Iima "não-cristão" ou "ant icristão". Entre \400 d.e. a \ 700 d.C.;todas as cinco maiores cidades do mundo eram capitais não-cristãs e

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até anti-cristãs. No ano de 1900, todas as cinco maiores cidades ti-nham se tornado fortalezas da vida cristã, do discipulado, doevangelismo urbano, das missões urbanas, das missões estrangeiras edas missões globais.

Mas em 1985, duas das cinco cidades eram não-cristãs, e em 2000três das cinco maiores cidades serão hostis às missões cristãs. Em 2040,quatro das cinco maiores cidades serão gigantes não-cristãs e anticristãsde cerca de 40 milhões de habitantes cada, em ordem de tamanho:Xangai, Pequim, Bombaim e Calcutá.

Os cristãos dentro das cidades têm decrescido percentual mentecomo habitantes urbanos. Em contraste às situações urbanas favorá-veis em 1900, nós agora encontramos supercidades não-cristãs, blo-queando o avanço cristão.

Cidades enormes de 10 milhões de habitantes sem raízes cultu-rais no cristianismo estão estourando por todo o globo terrestre, inclu-indo Tóquio, Xangai, Pequim, Calcutá, Osaka, Bombaim. As próxi-mas cidades super-gigantes que seguem na virada do milênio serãoseis cidades islâmicas, ou seja, Jacarta, Cairo, Bagdá, Istambul, Teerãe Karachi (no Paquistão).'

O cristianismo sacrificial nunca tem sido uma escolha popular.Com essas mudanças mundiais, a igreja vai ter de pesar o custo deconfessar Cristo, quanto mais sacrificar-se e alcançar aqueles quemoram em áreas onde existe perseguição radical aos cristãos.

COMO SERÁ A IGREJA DO SÉCULO XXI?

Enquanto a população se multiplica e as pessoas implodem nascidades, muros são construídos e o cristianismo está se tornando cadavez mais isolado. A igreja está declinando em relação à porcentagemtotal da população. Ela perdeu sua eficácia para alcançar aqueles queestão na distopia. Estou ciente de muitos estatísticos respeitáveis queargumentam que os membros da igreja estão crescendo em relação àpopulação. A variante é como definimos "membro de igreja". Se issoinclui as crianças e aqueles identificados com a igreja em um sentidocultural, então as conclusões desses estatísticos podem estar corretas.

No entanto, se membro de igreja significa um adulto ativamenteenvolvido na vida da igreja como um "crente", vamos acabar tendolima porcentagem bem menor. A maioria dos estatísticos da igreja pron-tamente admite que existem dificuldades em obter um número exato arespeito dos crentes porque isso envolve uma conotação tão subjetiva

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c teológica. Denominações protestantes não chegam nem a concordarcm relação a uma definição entre eles. Uma definição comum que en-globa tanto católicos como protestantes seria ainda mais difícil.

Um pastor, com quem servi há mais de vinte anos, entende clara-mente a diferença nas estatísticas da igreja. Quando perguntado acer-ca do número de membros da sua igreja ele respondeu: "Você quersaber o número de membros que estão na lista de membros ou os mem-bros que estão realmente envolvidos?".

As categorias de membros e crentes afetam nossas conclusõesacerca do estado da igreja, que por sua vez afetam os tipos de estraté-gias de igreja que desenvolvemos. As estatísticas culturais de mem-bros podem ter sua validade, porém, é a estatística do crente que real-mente reflete o crescimento da igreja. Para o desenvolvimento das es-tratégias da igreja, eu estou mais interessado em identificar os mem-bros ativos da igreja no mundo do que os membros que figuram numaIista de rnern bros.

Não obstante os números, o problema da estratégia se resume àdiferença entre adição e multiplicação. A população se multiplica en-quanto a maioria das igrejas depende de estratégias que resultam emadição ou crescimento zero. Mesmo as igrejas tradicionais mais criati-vas nos Estados Unidos usam estratégias que somente adicionam mem-bros, enquanto a população está crescendo por multiplicação. As mui-tas igrejas dinâmicas espalhadas ao redor do mundo que usam célulascomo suas comunidades cristãs de base são as exceções desse padrãode crescimento da igreja.

À luz desses indicadores demográficos, algumas perguntas vêmà mente. Será que Deus sabe que existe uma explosão populacional?Será que Deus ama os bilhões que nascem hoje tanto quanto amava osmilhões na época de Jesus? Certamente que sim, mas o que ele vaifazer a respeito disso? Será que a igreja de uma asa é a única esperan-ça para os bi lhões de pessoas que vão nascer na terra nas próximascinco ou seis décadas? Será que Deus tem um outro plano? Mesmo oslíderes de igreja mais otimistas estão perdidos acerca de como oparadigma da igreja de um dia por semana pode significativamenteimpactar a explosão populacional!

A BOLA ESTÁ COM VOCÊ!

A explosão populacional, a implosão urbana, a alienação social e oisolamento da igreja nos colocam num paradigma apocalíptico, uma es-

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trutura que prevê o desastre, a miséria e o mal. O que pode ser feito?Devemos nos perguntar: "Será que uma igreja isolada em cons-

truções e dependente de estratégias de crescimento por adição podeesperar prevalecer contra essas forças apocalípticas?". Que a igreja deJesus Cristo vai prevalecer isso está certo. A igreja de Jesus tem en-frentado forças apocalípticas em outras épocas e tem crescido apesardisso. A pergunta é se a igreja institucional (igreja de Constantino),como a conhecemos, vai sobreviver. Será que a igreja que se reúne umdia por semana (no domingo) pode prosperar em um mundo tão hostile de constantes mudanças sem uma revisão minuciosa de como elaopera?

Se você e eu não fizermos essas perguntas, quem vai fazê-Ias?Políticos bem intencionados podem designar fundos governamentaispara os seus problemas mas não podem dar o que está faltando à soci-edade que são os valores espirituais e o poder. Muitos "Larrys" estãodesiludidos e distraídos demais com o paradigma antigo para lidar comas confrontações que acompanham essas perguntas. "Eddie", o mem-bro consumidor da igreja, é parte do problema e é acomodado e imatu-ro demais para chegar a descobrir que existe um problema. Peritosdenominacionais estão cavando cada vez mais fundo no mesmo bura-co histórico, tentando colocar a igreja tradicional nos eixos. "Teresa"está se afogando no seu próprio redemoinho apocalíptico e levandoconsigo seus filhos e os filhos dos seus filhos. Ela nunca vai encontraruma solução para curar a sua própria distopia.

Isso deixa você e a mim com a missão de achar uma solução parao mundo no qual vivemos. Devemos encontrar uma maneira de viverna "história santa (apocalíptica)" de Deus para que venha o seu Reinoe "a sua vontade seja feita assim na terra como no céu".

O que a igreja estará disposta a fazer para se tornar o agente deredenção de Deus para o mundo no qual vivemos? Será que a igrejavai morrer para a sua respeitabilidade? Para os seus programas? Para oseu intelectualismo? Para as suas organizações denominacionais his-tóricas? Para as suas construções? Para os seus líderes profissionaisque fazem tudo por ela?

Jempos apocalípticos requerem 11ledidasapgcalíptisas, na igrejae na nossa própria vida. Estamos falando acerca de grandes mudançasde paradigmas. Devemos começar a vivenciar o paradigma mais pode-roso que o homem já encontrou: Q paradigma da pncanU;Jfão. Oparadigma da encarnação pode ser definido como Deus vivendo nahistória, na sua igreja, vivendo por sua presença ressurreta, em poder

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majestoso e com propósito eterno. Para entrar nesse paradigma, deve-mos nos afastar dos padrões atuais da igreja e tornar-nos igrejas deduas asas que têm uma esperança e uma estratégia prática de transfor-mar Eddies em produtores, tirar a pressão de Larry, e tocar Teresa eseus netos. Esse é o único paradigma que pode redimir a igreja e pormeio dela redimir a sociedade.

Se você e eu não o fizermos, então nada será feito!A bola está com VOCê!~

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6PERGUNTAS ACERCA DA IGREJA

DE DUAS ASAS

A velocidade é inútil, a não ser que você estejaindo na direção correta.

- Joel A. Barker

A essa altura, provavelmente você tem perguntas acerca da igrejaem células e do que eu e outros proponentes entendem a respeitodela. A maioria das pessoas tem perguntas. Neste capítulo, eu

quero devotar-me a oito perguntas feitas com freqüência acerca da igrejaem células. Até certo ponto, minhas respostas neste capítulo podem aju-dar você a entender o que eu /1([0 estou dizendo:

Pergunta 1: "Você está dizendo que a igreja tradicional está total-mente errada? ".

De forma alguma! A igreja como a conhecemos não é insincera ouerrada. A igreja tradicional não é incorrigível; ela é incompleta Ela sóbate sua asa do grupo grande. A igreja tradicional não está morta; ela estáaleijada. O propósito deste livro não é enfraquecer a asa do grupo grandeda igreja tradicional, mas incentivá-Ia a também começar a usar a asa dogrupo pequeno. A vida do grupu grande tradicional deve ser equilibradacom a vida em comunidade em grupo pequeno.

Elton Trueblood procura defender a idéia de que a igreja deve engajar-se tanto no realismo como no idealismo. Devem ser levados em conta osgrandes ganhos da igreja moderna bem como as grandes perdas. Ele suge-re. no entanto, que é mais proveitoso ressaltar as perdas porque provocamudanças:

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~a - o que pode ser verdade ou não - mas sim,que a igreja está menos vigorosa agora do que poderia estar.Areas que agora estão sendo negl igenciadas poderiam ser ocu-padas; recursos que agora estão sendo desperdiçados poderi-am ser empregados. O problema real diante de nós não é se anossa fé tem declinado, mas como ela pode se tornar maisverdadeira e relevante para a vida contemporânea e suas ne-cessidades urgentes. Embora a igreja atual possa estar indobem, ela não está indo bem o suficiente; ela não está indo tãobem quanto poderia, em vista da sua gloriosa origem e emvista dos seus recursos inexplorados atuais. E seus adversári-os são fortes.'

Ao caminhar por uma colina na região central da Índia, o missio-nário E. Stanley Jones chegou até um forte guardado por soldados emuniformes coloridos antigos. O forte em certa época da história haviasido relevante como o centro de um Estado feudal. Naquela época, elemantinha a autoridade e o poder do Estado dentro dos seus quatro espes-sos muros. Com o passar do tempo, o centro e o poder do Estado tinhamse mudado de detrás daqueles muros para a cidade no vale abaixo. Oforte agora está lá no alto, "encalhado" e irrelevante, sendo pomposa-mente guardado pelos soldados.

Comentando acerca desse fato, Jones disse o seguinte: "Esta, di-zem os críticos, é a imagem da igreja de hoje. Ela está no alto, "encalha-da" ... e irrelevante. Ela não está ajustada aos problemas da cidade secu-lar. Ela está pomposamente guardando valores e questões irrelevantes". 2

Jones reconhece a diferença entre a irrelevância de valores e airrelevância de estruturas e formas:

Os valores que a igreja está guardando não são sem valor etambém não são irrelevantes. Eles sãos os valores mais preci-osos na sociedade humana atual e em qualquer época. Essesvalores podem ser cobertos por formas irrelevantes e lingua-gem arcaica; mas despidos dessa linguagem e formasirrelevantes, eles são a posse mais relevante, preciosa e valo-rosa que já foi concedida à raça humana.'

Como a imagem da igreja atual é trágica! Ela ainda possui a maispreciosa mensagem e valores, mas é freqüentemente ignorada porque amensagem e os valores são encobertos por formas irrelevantes e lingua-

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gem arcaica.Os valores da igreja não são o problema, nem a sua teologia. O

problema está na falta de~modelo viável por meio do qllal Ol!i valores==:-e a teologia possam ser viyencjados E aqui que entra o movimento daÍgreJaem~

Pergunta 2: "Você está dizendo que grupos pequenos ou célulasvão curar tudo que está errado na igreja? ".

Certamente não! O grupo pequeno não é um tipo de estrutura má-gica que revoluciona a igreja apenas devido às suas propriedades físi-cas. Sem vida, estruturas, quer grandes ou pequenas, são ossos sem vida.Quando uso a palavra "grupo pequeno" ou "célula", eu nunca me refiroapenas à estrutura física. Ela também inclui a dinâmica de vida dentrodela que só pode vir de Cristo.

A dinâmica em operação em uma célula é diferente do que ocorreem uma grande concentração ou dentro de mim como indivíduo. Asfacetas da comunidade são: il~idade pessoal, acessibilidade e dispo-nibilidade, contato físico, comunicação, cuidado e ajuda, prestação deCoiltãs, relacionillllento, conversação, unidade, foco e ministério em gru-~as facetas não podem ser dllplicadas da mesma maneira e inten-sidade no grl!Pº grande 011 na vida de um indivíduo.- As células são essenciais para a igreja por causa dessas qualida-

des, não por causa da estrutura do grupo pequeno em si. Não existe nadainerentemente espiritual no fato de duas ou três pessoas se reunirem. Aspessoas se encontram toda hora em pequenos grupos sociais, pol íticos,de negócios, religiosos, educacionais e mesmo criminosos, como é ocaso das gangues. O que diferencia os grupos pequenos do Novo Testa-mento é "Cristo entre nós"; por essa razão, o grupo se torna seu corpoespiritual.

Os aspectos essenciais singulares para a vida bem-sucedida emCristo não podem ser cumpridos sem grupos pequenos. A igreja tradici-onal tem tentado por anos cumpri-los e ser "igreja" sem as células viá-veis do Novo Testamento. Alguns vêem a escola dominical como o cum-primento dessa condição da vida em grupos pequenos. No entanto, umaclasse de escola dominical típica não vivencia as características de co-munidade da célula do Novo Testamento. Uma classe de escola domini-cal está impedida pela sua limitação de tempo de uma hora por semana,pelo seu propósito restrito ao estudo bíblico cognitivo e pelo local dereunião que é isolado da vida no mundo real.

As qualidades e características da comunidade espiritual são mais

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bem expressas hoje do que no primeiro século por meio de grupos pe-quenos nas casas. É por isso que Jesus teceu grupos pequenos cuidado-samente na constituição básica da igreja do Novo Testamento. Não é aestrutura; é a vida dinâmica do próprio Cristo liberada nos grupos pe-quenos e por meio deles que torna o grupo pequeno essencial para aIgreja.

Pergunta 3: ..Você está dizendo que a vida dos membros individu-ais da igreja na igreja tradicional não tem valor? ".

D~f9rmªaIguma! Não é meu desejo contestar a espiritual idade, asinceridade ou o sacrifício de milhares de cristãos maravilhosos quefielmente servem na igreja tradicional. Eles são meus pais e avós, ami-gos e companheiros membros de igreja. Ao reivindicar um retorno aomodelo de igreja do Novo Testamento, não estou questionando a matu-ridade espiritual dos membros da igreja tradicional.

Os cristãos podem crescer pessoalmente em sua vida espiritual nomodelo de uma asa. Eles têm sua "hora silenciosa" com Deus, são ga-nhadores de almas, tem estudos bíblicos pessoais de forma fiel e siste-mática, procuram agir como Cristo agia na sua vida diária e mantêmuma profunda vida de oração pessoal. A força motriz por detrás da vidano contexto da igreja tradicional é pessoal. Por causa da natureza pesso-al em vez de corporativa desse tipo de viver cristão, isso pode ocorrerem qualquer tipo ou estrutura de igreja.

A pergunta é: Posso viver de acordo com o Novo Testamento semparticipar da comunidade de uma célula? Sem dúvida, eu posso ter um~~!D Cristo e com Qutros sem a comunidade dacélula. Também posso partici ar das ati . - ograi mUllldade da célula Mas, sem a célula, é difícil, se nãoil1ip6s~sívê1,-pãrtlCTpar na vida em co_n~unidade como ela era~ no

!:':@..vOTeSfãiTIei1fõ.Dizer que há mais do que experiências pessoais ou experiências

em grupo grande não é dizer que o que temos tido esteja totalmenteerrado. Antes, é um desejo de levar para a igreja a bênção de experimen-tar Cristo em comunidade de uma maneira poderosa como vemos naspáginas do Novo Testamento.

Pergunta 4: ..Você está sugerindo que esse tipo de igreja pode serestabelecido de maneira rápida efácil? ".

De maneira alguma! Jesus claramente mostrou que isso não seriafácil. A imagem que Jesus deu à sua igreja é derrubar as portas do infer-

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no. Esse tipo de palavras não sugere facilidade e conforto. O processonecessário para tornar-se uma igreja em células requer um incrível mon-tante de compromisso e fé .....t "

Jesus disse: "Vou edificar a minha igreja". Edificar é um processo.Levou três anos e meio para Jesus formar a primeira igreja. Aquelesanos foram caracterizados por oposição, incompreensão por parte dosseus líderes, abandono de vários seguidores, traição de outros, e final-mente sua morte na cruz. A parte 111 deste livro descreve uma imagemrealista e bíblica acerca de como iniciar uma nova igreja em células e decomo fazer a transição de uma igreja tradicional para a vida em células.

Pergunta 5: "Por que insistir quanto ao tamanho do grupo? Nãoé o encontro com Cristo o que realmente importa?".

Deus é onipresente e pode manifestar-se a milhares de pessoasindividualmente, todos ao mesmo tempo. Portanto, não existe nenhumproblema para Deus relacionar-se com um grande número de pessoas.Também não existe problema em relacionar-se com ele individualmen-te. Posso experimentar Deus pessoalmente em uma multidão de milha-res de pessoas. O problema é a falta de comunidade. Visto que não souonipresente, não posso experimentar comunidade em um grupo de mi-lhares de pessoas como tenho oportunidade de fazê-lo em uma célula.Da mesma maneira como sou limitado fisicamente pelo tempo e espaço,sou limitado quanto a relacionamentos devido ao número de pessoascom as quais posso relacionar-me em profundidade.

A fórmula para linhas de comunicação em grupo é (N x N) - N =

LC. "N" significa "número de pessoas" e "LC" representa as "linhas decomunicação". O número de pessoas presentes, multiplicado pelo nú-mero de pessoas presentes, menos o número de pessoas presentes, igua-la o número de linhas de comunicação no grupo. Por exemplo, suponhaque quatro pessoas se reúnam para um encontro. Quantas linhas de co-municação vão estar presentes? Usando a fórmula, temos o seguinteresu Itado: (4 x 4) - 4 = LC. 4 vezes 4 igual a 16. 16 menos 4 igual a 12.Em um grupo de quatro pessoas existem 12 linhas de comunicação.

E se oito pessoas se reunirem? O número de pessoas no grupodobrou. Será que isso significa que as linhas de comunicação tambémdobram? Use a fórmula. (8 x 8) - 8 = 56. Existem 56 linhas de comuni-cação em um grupo de oito pessoas. As linhas de comunicação não ape-nas dobraram mas cresceram exponencialmente de 12 para 56.

O que ocorrerá se 12 pessoas se reunirem? (12 x 12) - 12 = 132.Em um grupo de 12 pessoas, para cada um relac ionar-se de alguma for-

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ma com os outros membros de uma maneira pessoal, deve haver 132momentos de relacionamentos separados. Você consegue perceber porque Jesus tinha somente 12 discípulos? O tamanho do grupo faz a diferen-ça em relação aos relacionamentos e à comunidade."

Jesus não disse: "Onde duzentos ou trezentos ou dois mil ou três milestiverem reunidos, ali eu estarei no meio deles". Não foi por acidente queJesus definiu o tipo de grupo no qual ele iria habitar de maneira única aodizer: Pois onde se reunirem dois ou três em meu nome, ali eu estou nomeio deles (Mateus 18.20).

A natureza da comunidade limita o número de pessoas nas reuniões.Os cristãos do Novo Testamento desejavam comunhão, portanto eles vi-v ia 111 juntos em grupos pequenos. O fator-chave é se a comunidade é umalvo da igreja atual.

Pergunta 6: "Será que não se está simplificando demais ao afir-mar que uma determinada estrutura da igreja é a única estrutura (certa)da igreja? Não podemos ver vários tipos de igrejas no Novo Testamen-to? '.

O modelo da igreja no Novo Testamento era "toda a igreja" e a "igrejanas casas". Estilos de liderança, métodos de tomada de decisões e tipos deorganizações aparecem adaptáveis no Novo Testamento, mudando à me-dida que são descritos nos evangelhos, no livro de Atos e nas epístolas. Noentanto, o modelo básico da igreja do Novo Testamento nunca muda. Emnenhum momento Paulo e os outros autores indicam que a igreja estavaparando de se reunir nos padrões estabelecidos durante os primeiros diasda igreja, tanto nas casas como a igreja toda. Robert Banks descreve issoda seguinte forma:

...Paulo nunca mudou sua compreensão de como a igreja de-veria operar. Ele nunca modificou a sua visão de uma igrejacomo uma família ampliada genuína para uma entidadeinstitucional menos pessoal. Ele nunca sugeriu que a igrejalocal devesse ocupar-se com apenas um aspecto de atividade_ a supostamente "religiosa" - e somente com um aspectoda personalidade - a "espiritual". Ele nunca mudou a suaconvicção do ministério mútuo e da autoridade compartilhadapara uma igreja baseada mais na ordem litúrgica e na lideran-ça hierárquica.'

Quando olhamos através das nossas lentes de uma asa, vemos uma

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série confusa de "igrejas" no Novo Testamento. Por meio dos olhos dahistória, essas diferenças estruturais têm se tornado ainda mais articula-das na mente dos teólogos e pastores. No entanto, somente um modelo deigreja estava operando no Novo Testamento.

Apesar das adaptações, o modelo de igreja permaneceu basicamen-te o mesmo. Por exemplo, aves são criadas com duas asas para poder voar.Esse é o seu modelo. A sua função é voar. O modelo que oferece a possi-bilidade de voar não muda, mas a função de voar pode ser adaptada. Avescomo águias e falcões sobem a grandes altitudes e planam no ar. Codor-nas e perus voam em curtos espaços usando uma imensa energia. Andori-nhas e outras aves menores voam como uma seta quando capturam inse-tos. Gansos e patos voam em formações com movimentos suaves e pode-rosos de acordo com as suas próprias funções de vôo. Todas estas funçõesestão baseadas no mesmo modelo básico de vôo - de duas asas.

No Novo Testamento, o modelo básico dos grupos grandes e peque-nos é o mesmo. Na igreja primitiva, vemos muitos tipos diferentes de"igrejas" mas todas aplicam o mesmo modelo de igreja. Infelizmente, aigreja tradicional não fez as adaptações para acomodar-se ao modelo deigreja do Novo Testamento. Ela mudou o modelo ao desistir da asa dacomunidade em grupo pequeno.

Pergunta 7: "Os grupos pequenos não eram simplesmente aformacomo aspessoas do primeiro século se relacionavam culturalmente? Issodeve continuar nos dias atuais?".

Em 1991, eu observei um pastor debater-se com a escolha entre omodelo de igreja do Novo Testamento e a estrutura histórica de igreja. Aigreja de João (esse não é o seu verdadeiro nome) era a maior em suadenominação em um pequeno Estado no nordeste dos Estados Unidos.Conseqüentemente, ele sentiu um peso em servir de modelo para as outrasigrejas mais novas e menores daquela área. Ele desejava ver o trabalhocrescer, o que não estava ocorrendo com a estrutura tradicional. De algu-ma maneira, ele teve acesso ao livro de Ralph Neighbour, Where Do WeCo From Here? (Para onde vamos agora?) e começou a exam inar o movi-mento igreja em células.

No início, ele estava honestamente explorando tanto as implicaçõesestruturais quanto as implicações teológicas da igreja em células. A per-gunta com a qual ele deparava era: "Se os conceitos e princípios acercada igreja em células são neotestamentários, então o que isso significa paraa minha igreja e para mim pessoalmente?".

À medida que conversávamos num período de várias semanas, eu

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percebi que ele estava se sentindo cada vez mais ameaçado acerca do queessa abordagem poderia significar para a sua igreja tradicional e seuministério pessoal. Ele estava gradualmente passando de uma anál ise teo-lógica para uma análise histórica da igreja. Finalmente, depois de váriasconversas telefônicas, ele claramente expressou a conclusão com a qualele estava disposto a viver: "O que eles fizeram no Novo Testamento aoreunir-se nas casas foi a forma como se reuniam naquela época. Hoje nósnos reunimos de outra maneira". Em outras palavras, ele concluiu que omodelo de igreja de grupos pequenos é basicamente cultural.

A única maneira em que ele conseguiu escapar intelectualmente dacontradição entre a estrutura da sua igreja tradicional e a igreja do NovoTestamento foi confinar a abordagem de duas asas do Novo Testamentoàs páginas do Novo Testamento. Ele ajustou o Novo Testamento ao seuparadigma tradicional. Fico triste com a escolha desse pastor porque elepreferiu escolher a igreja histórica à igreja do Novo Testamento.

Estudiosos bíblicos têm encontrado um corpo impressionante de evi-dências sustentando que os grupos pequenos ou as células eram a funçãobásica da igreja do Novo Testamento (veja o capítulo 10). À luz de todaevidência acerca dos grupos pequenos na igreja do Novo Testamento, porque ainda existe tanto debate acerca desse assunto? A pergunta na mentede muitos não é a respeito do que aconteceu no Novo Testamento. Naverdade, eles vêem os grupos pequenos na igreja atual como uma estrutu-ra secundária.

As pessoas precisam comprar a mentira de que o ritmo de vida nogrupo grande e no grupo pequeno da igreja do Novo Testamento era algolimitado ao contexto daquela época. O modelo da igreja do Novo Testa-mento é colocado na mesma categoria das práticas culturais do passadocomo "saudar os irmãos com um beijo santo".

Se aceitarmos essa forma de raciocínio, a igreja atual não está atre-lada ao modelo básico do Novo Testamento de grupos grandes e grupospequenos. A estrutura da igreja está à mercê de fatores históricos mutáveise à conveniência cultural e torna-se um produto da história em vez defruto da teologia do Novo Testamento. A mensagem do Novo Testamentoé colocada em prática de forma mais adequada por meio do modelo deigreja do primeiro século do Novo Testamento.

Pergunta 8: "Será que as igrejas em células funcionam nos Esta-dos Unidos, na Europa Ocidental, no Canadá etc.? ''.

Tenho ouvido essa mesma pergunta em cerca de dez países. O tomda pergunta implica que as células não vão funcionar naquele país em

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particular, que as células são um fenômeno do Terceiro Mundo, inviáveispara a cultura ocidental. (Os cristãos dos países da Ásia, da África e daAmérica do Sul, no entanto, fazem a mesma pergunta).

Um amigo sentou-se diante de mim na mesa e disse o seguinte deforma direta, com sentimento e convicção: "As células não vão funcionarnos Estados Unidos!". Ele era um dos líderes de missões da sua denomi-nação e tinha contribuído de maneira notável para plantação de novasigrejas por várias décadas. Ele acrescentou: "A única maneira de construirigrejas nos Estados Unidos é por meio da escola dominical".

Mais tarde (não é sempre assim?), eu pensei em várias respostasconvincentes: "Pergunte para Jane Fonda se células ou grupos pequenosvão funcionar na América. Ela está enriquecendo por meio de classesaeróbicas em grupos pequenos". Ou: "Pergunte ao movimento da NovaEra se grupos pequenos vão funcionar na América. Eles estão organizan-do experiências em grupos pequenos por toda parte". Ou: "Pergunte aosIíderes de negócios inovadores se grupos pequenos dão certo na América.As empresas estão se organizando com a maior rapidez possível em uni-dades pequenas eficazes para poder competir com os japoneses".

Eu também podia ter lembrado de um tipo de grupo pequeno que éuniversal. Esse grupo pequeno está presente em cada cultura, sociedade,país e em cada geração desde o início da humanidade. Temos evidênciasdesse grupo em cidades e florestas, entre culturas pobres e ricas, no tercei-ro mundo e em países avançados. É afamília. A unidade de grupo peque-no chamada família pode variar em diferentes culturas e partes do mundo,mas mesmo assim podemos reconhecê-Ia como família. A estrutura bási-ca da sociedade está baseada num grupo pequeno.

Provavelmente nada do que eu tivesse dito teria mudado a mente domeu amigo porque ele simplesmente não acreditava em nenhum tipo degrupo pequeno exceto a escola dominical. "Crer é ver". É claro que esse éjustamente o oposto da nossa maneira normal de dizer: "Ver é crer". Nós"vemos" somente depois que "cremos". Meu amigo não conseguia "ver"grupos pequenos porque ele não "cria" em grupos pequenos.

A verdade é que os Estados Unidos estão no meio de uma revoluçãode grupos pequenos e tem sido assim nas últimas décadas. O professor desociologia de Princeton, Robert Wuthnow em seu artigo na revistaChristianity Today, "Como grupos pequenos estão transformando nossavida", descreveu o escopo amplo da atividade de grupos pequenos nosEstados Unidos.

Atualmente, quatro de cada dez americanos pertencem a um

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grupo pequeno que se reúne regularmente e provê cuidado e

(

i sustento para os seus membros. Esses não são simplesmenteencontros informais de vizinhos e amigos, mas grupos organi-.zados: classes de escola dominical, grupos de estudo bíblico,Alcoólatras Anônimos e outros grupos de 12 passos, grupos

\ de solteiros, grupos de discussão de livros, grupos de esporte~lobby e grupos políticos e cívicos."

Os grupos pequenos estão proliferando aos milhares! Essas deve-riam ser notícias animadoras para a sociedade em geral e para a igrejaem particular. Os grupos pequenos são benéficos como uma unidadesocial. Os grupos pequenos podem prover uma estrutura para terapiaemocional, sistemas de apoio à vida, interação social, comunhão, cum-primento de tarefas e mesmo experiências religiosas. George Gallup Jr.conecta os grupos pequenos a mudanças na sociedade. "Se os anos 60representavam o 'Movimento da década''', ele observa, "os anos 70 re-presentam a 'Década do eu', e os anos 80 a 'Década vazia', então talvezos anos 90 se tornem conhecidos como a 'Década da cura"'. Gallupacredita que esse rótulo é apropriado devido aos milhões de americanosque têm se unido a grupos pequenos de cuidado e encorajamento paraseus problemas psicológicos, físicos, emocionais e espirituais.'

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I

(

7OS BENEFÍCIOS DA IGREJA DE

DUAS ASAS

N!!!!.J-0 lugar nem o ambien~n~~_r}~u!'Lquesji!L _,- milagrosos; é a comunhão.

-=-Elton TrlieFJTi5oã-----

A pergunta perturbadora do governo um ano antes de os EstadosUnidos entrarem na Segunda Guerra Mundial era a respeito doque fazer com o comboio de submarinos alemães ...o"Woifpack"

alemão estava destruindo a tentativa americana de ajudar os aliadoseuropeus. Centenas de navios de suprimento estavam sendo afunda-dos enquanto cruzavam o Oceano Atlântico. Um almirante declarouque tinha a resposta. "Aqueça o Ocean~J\J:l~nt!co ao ponto de ebuli-ção. Então tod~rinos vão ter de emergir, e pod~s destruí-los". -------Quando perguntaram ao almirante como isso poderia ser feitoele respondeu indignamente: "Eu dei a idéia. Vocês ficam encarrega-d9S cI~ fºJ~5_ det"~L -.

-------conta-se que o presidente Franklin D. Roosevelt usava a históriaacima para ressaltar que uma idéia é inÚtil se os detalhes forem tãoirreais que a idéia se torne iIUPossí\'~ de ser realizada Po~oas~~_ª-?_erio umãlc1eía que {tão impraticável e bizarra como "aque-cer o OceanoAtTâtltíCO-n-.--- - -- ----

O paradigma da igreja em células deve ser prático o suficientepara resolver os problemas associados com a antiga maneira de serigreja. Caso contrário, a idéia vai ser rejeitada logo de início. Infeliz-mente, alguns acreditam que aqueles que estão falando a respeito des-sa nova maneira de ser igreja estão sljgerindQ <;:juese "aqlleça o Oceano Atlântico".-----

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A "RATOEIRA MELHOR"

Novas maneiras de pensar nunca são automaticamente adotadas. Mu-danças significativas são realizadas somente depois de se colocar na ba-lança os benefícios da mudança. Será que a idéia nova é melhor que aantiga? Os métodos novos funcionam melhor do que os antigos? Será queessa "coisa nova" realmente é uma "ratoeira melhor"?

Durante esse período "pré-paradigma" as idéias antigas e novas es-tão competindo por adeptos. A nova idéia somente será aceita quando elaprovar que pode "resolver o problema que levou a idéia antiga a umacrise".'

Não importa quão clara a visão possa ser, a maioria das pessoassomente serão abertas a mudanças significativas se lhes forem oferecidosbenefícios práticos em relação aos seus métodos atuais. O paradigma daigreja em células não é apenas uma boa idéia, ele também é benéfico epraticável. Ele resolve muitos dos problemas que têm nos incomodadopor muito tempo. No entanto, nenhum paradigma tem resposta para todosos fatos, especialmente no início. "Para ser aceito como paradigma, umateoria deve parecer melhor do que a dos seus competidores, mas não pre-cisa explicar, e, na verdade, nunca explica, todos os fatos com os quaispode ser confrontado't.? A solução que a igreja em células oferece estásendo levada em conta nos mais diversos lugares do mundo porque mos-tra evidências de que pode na verdade resolver os problemas que a igrejaestá enfrentando . ./

Neste capítulo, eu quero resumir alguns dos benefícios da igreja emcélulas. Deus systepta a "i~ão qlle ele dá com evidêpcias práticas SJ!ficieu-tes para';;' aj!ld!!I.ml i!JJplemept~ 11!1t~ele nllnca dá provas S!lfic:!:en~tes a ponto de não mais necessitarmos exercitar a nossa fé.

~BENEFÍCIO N.o 1: A IGREJA PODE CANTAR A MELODIA!

A igreja do Novo Testamento cantou um cântico lindo com melodia(grupos pequenos) e harmonia (grupos grandes). Essa partitura musicalrecebeu um novo arranjo no quarto século. Hoje, o arranjo musical sentefalta das notas da melodia. Construções lindas, grandes multidões no do-mingo, cultos de adoração tocantes e programas impressionantes são par-te da harmonia do grupo grande, com quase nenhuma melodia-do grupopequeno. Conseqüentemente, não importa a potência do som, a beleza dolugar, o espaço do auditório, a diversidade dos instrumentos, a capacidadedo dirigente e a performance do astro principal, o arranjo musical sim-

...·~.~c--~-- --_ .._.~.------,-----,-..,....~----"""""

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plesmente sente falta da simples e pura melodia da igreja do Novo Testa-mento.

Hoje, os que participam da igreja tradicional são forçados a cantar ocântico da igreja dentro do "santuário" da igreja no domingo. Se as igrejascantam a harmonia sem a melodia, o som nunca se parecerá com a músicado Novo Testamento. Por outro lado, a igreja em células pode cantar oIindo cântico da encarnação, tanto com a melodia quanto com a harmonia.

BENEFÍCIO N.o 2: UNIDADES MANEJÁVEIS EFICAZES

Os exércitos são organizados em unidades manejáveis adequadaspara cumprir a tarefa básica. A unidade mais básica é a esguadra, que éformada por quatro a oito homens alistados. Essa unidade faz a diferençana batalha. Todos os grupos maiores de soldados, como os pelotões e ascompanhias, têm a função de apoiar e reforçar essas Il~gª.~.bá.sicas decombate. Cinco a quinze cristãos são a unidade básica da igreja. Essas sãoas "esquadras de Deus".

A célula é manejável porque é completa em si mesma. Todas astarefas da igreja podem ser realizadas por meio dessa unidade básica. Odiscipulado, o treinamento da liderança, o...§vangelismo, a adoração, ~ ~®J1jstérios, a comunhão e o estudo bíblico funcionam na '1Ridade bási'?lh--gue é a célula.

A unidade da célula é manejável por causa do seu tamanho. Jesussabia o tamanho ideal de uma unidade funcional quando ele escolheu seusdoze discípulos. Quando um grupo excede doze pessoas, a eficácia nacomunicação e produção diminui.

Essa comunidade cristã de base é manejável por causa da sua tarefasimples. A comunidade cristã de base focaliza em Cristo, e é capacitada edirigida por ele para edificação interna e evangelismo externo. Uma célulanão necessita de materiais ou fundos especiais. Sua tarefa pode ser executa-da pelos seus membros vivendo o "uns aos outros" em comunidade.

A célula é manejável por causa do seu local de encontro. A célulanão precisa de casas caras e especificamente projetadas. As células seencontram nas casas dos mem~~od~m.facilrnente resojverquarq~u::;:e~r----prôfilema relacionado a um I;;al de eRcontro __

A célula é manejável por causa da sua estrutura de liderança sim-ples. Com um líder de célula e um auxiliar de líder a proporção de líderespara membros assegura o cuidado apropriado e o desenvolvimento dacélula. A prÓxima geração de líderes está sendo desenvolvida p~io do~reinamento dentro da própria célula.

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BENEFÍCIO N.o 3: UM "SISTEMA DE ENTREGA"NA "FRENTE DE BATALHA"

Há alguns anos, uma imagem de um período particular da igrejadominical lampejava em minha mente cada vez que eu participava de umculto. Esse período não era a escola dominical, o louvor congregacional, otempo de pregação, a oferta ou o convite no final do culto.

Essa imagem que voltava à minha memória se referia aos 10 a 15minutos após o culto, quando o povo deixava a "igreja", entravam nosseus carros e saíam do estacionamento da igreja. Deus estava me dandoum tapinha nos ombros e dizendo: "Observe esse tempo no horário daigreja no domingo. É importante! O que você vê?".

No início, tudo o que eu via eram pessoas entrando nos carros e indopara casa depois do culto dominical. O que havia assim de tão importanteacerca dos membros da igreja deixarem o estacionamento da igreja? "Se-nhor, eles estão apenas saindo do estacionamento e indo para casa" .'

No tempo oportuno, Deus me revelou aquilo que ele queria me mos-trar por meio de algumas perguntas perturbadoras que acompanhavamessa cena no estacionamento:

._~rá aue esta igreja continua sendo igreja, além do estaciona-JlliWto da igr~a?• ~a igreja tem uma estrutura eficiente que opera como igr~,fora da propriedade da igreja?•Osdescrentes e os "fendos" precisam esperar até o próximo do-

mingo para que a igreja possa ministrar a eles como seu corpo vivo?• Todos esses cristãos agora precisam se tornar indivíduos solitári-

os e "soldados espirituais" que são cortados da sua base de apoioe linhas de provisão?

Se uma igreja não pode ser igreja além do estacionamento da igreja,ela não é o tipo de igreja que agrada o coração do Senhor. Uma igreja é maisdo que uma reunião que acontece numa construção um dia por semana. Acomunidade cristã de base é uma forma de o rebanho ser "alimentado" e"apascentado" lá fora no mundo. É o "sistema de entrega" por meio do qualos cristãos são nutridos e os não cristãos são alcançados com o evangelho.

Um grande beneficio da igreja em células é a presença de grupos lá na"frente de batalha". Todos no rebanho têm um acesso a companheiros cren-tes que os conhecem, cuidam delese oram por eles. Cada membro tem umafamília espiritual que o ama no mundo real.

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BENEFÍCiO N.o 4: CRESCIMENTO DE IGREJA

"O Senhor acrescentava" e "um número cada vez maior criam noSenhor" são frases usadas no livro de Atos que descrevem o crescimentoda igreja do Novo Testamento. Dentro de algumas gerações, uma boaporção do mundo se tornou cristã ou diretamente influenciada pelos con-ceitos cristãos. Por décadas, a igreja tem tentado reproduzir a multiplica-ção vista no Novo Testamento.

A igreja tem procmado desenvolver vári9s tipos de programas aolongo do tempo; no entanto, nenhum deles tem se aproximado da I~

.Q.Íicaçãoexponencial do primeiro século. O discipuladc;, os meios de co-municação de massa, as instituições e a escola dominical têm sido tentati-vas de crescimento da igreja, mas nenhuma delas têm alcançado o cresci-mento do Novo Testamento.

O discipulado deveria resultar em uma multiplicação exponencial,mas este não tem sido o caso. Certamente a igreja e as organizações pa~eclesiásticas têm procurado fazer isso, mas também falharam porque asua estratégia é somente parcial. O gue você faz com os crentes novos que fsão alcançados? Onde eles vêem 11mmodelo de comunidade cristã? De'que maneira as essoas r s são desenvolvidas ara setor-narem parte da solução em vez de ser parte do problema Desenvolverdisclpulos reprodutores não pode ser algo bem-sucedido se estiver sepa-~o da comunidade:- -

T~ colocado graRQeesperança nos meios de comlluicação demassa nas últimas décadas. A expectativa era que cada pessoa na face daterra pudesse ouvir o evangelho. Foi prometida uma reação exponencial.Isso, no entanto, não tem ocorrido e nem vai ocorrer. Os meios de comu-nicação de massa podem ser uma voz, mas isso é tudo. Falta-lhes o cora-ção do evangelho, que é a encarnação. Os descrentes não precisam a enas

Jr: .3. uma voz; e es precisam e alguém que os ame e sej':.um ~~odelo_p~r_~_~_~1t vida cristã na comunidade.

Alguns evidentemente achavam que a~ iLJStisuicõs&eriam_arespos-ta para o crescimento. Construa escolas, hospitais, seminários, orfanatós elivrarias para alcançar o mundo, Essas instituições, sem dúvida. têm reah--zado muitas coisas boas. P~m, temos chegado à conclusão de que essas..;Instituições são mais eficazes em mgnter a instituição do que~~n_despertaruma multiplicação exponencial. ..",.. é5w[." YI~"vI.MI.

Será que a escola dominical vai causar o crescimeRto e~(!3oHeI1eial?Isso não tem ocorrido até hoje e nem vai ocorrer. Não porque é um progra-ma ruim, mas porque foi montado como um sistema informativo em vez

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---ma:nrim, R-1as tHlIc:tUe iei lilõilttldereOiliú lilil sist@ma iHfuml-3tjy() el" vez

de um sistema transformacional. Se a escola dominical fosse a chave para amultiplicação issojá teria acontecido. Grandes montantes de tempo, dinhei-ro, pessoal e materiais têm sido destinados para a escola dominical no últi-mo século, e muitas coisas boas resultaram desse esforço. No entanto, nessetempo todo em que a escola dominical tem sido o programa-chave da igrejatradicional, a igreja não tem experimentado a multiplicação exponencial.

A~ a multiplica~ neotestamentária da igreja é a unidadeda ~. Os mesmosPadrões dinâmicos de crescimento das células 06ser-vados em um corpo vivo também podem ocorrer no corpo espiritual deCristo. Todos os outros esquemas podem contribuir para o crescimento poradição, mas somente a multiplicação das células vai resultar em uma multi-plicação exponencial da igreja. O que é singular para a estrutura de célulasdo Novo Testamento que cria essa multiplicação exponencial?

1. A estrutura da célula contém todas as outras estruturas, como disci-pulado, evangelismo e estudo bíblico, na sua natureza e essência.

2. O crescimento ocorre no nível mais básico, a célula.3. As células naturalmente se multiplicam - elas não dependem

de fatores externos para estimular o crescimento.4. A multiplicação pode ocorrer em vários ambientes, favoráveis e

desfavoráveis.5. As células funcionam em qualquer lugar - elas se multiplicam

em qualquer tipo de cultura.6. Todos os líderes necessários são produzidos exponencialmente

dentro da tarefa básica.

BENEFÍCIO N.o 5: Os LÍDERES CHAMADOS POR DEUSTÊM UM LUGAR PARA LIDERAR

Esse é um dos maiores benefícios da igreja em células. Todos oslíderes chamados por Deus para a importante tarefa de nutrir as ovelhase apascentar os cordeirinhos têm um contexto no qual seu ministériopode ser realizado. Cada líder escolhido por Deus tem um lugar de ser-viço digno do chamado de Deus para a sua vida. O chamado de Deus deser um "líder de duas asas" é mais uma vez equiparado com a estruturadas duas asas.

As igrejas modernas estão cheias de homens e mulheres frustradosque têm um "chamado" para um ministério insatisfatório para a sua vida.Às vezes pessoas jovens "se rendem ao ministério da pregação" ou fa-

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Iam com seu pastor a respeito de "entrar no ministério". Normalmentedepois de considerar o significado de ser um pastor administrativo, eles,aliviados, decidem que foi tudo um erro e continuam com a sua vida.

Outros têm um senso de um chamado especial mais tarde em suavida. Eles às vezes abrem mão do seu emprego para entrar no seminárioou na escola bíblica, mas logo decidem que o que eles estão estudandonão se aplica ao que eles sentiram ser o seu chamado em primeiro lugar.Assim eles desistem da escola, voltam à sua igreja-mãe e tornam-se "bonsleigos", ensinam na escola dominical ou servem numa posição de lide-rança em comitês e diretorias. Muitos acabam desenvolvendo um senti-mento de que eles "falharam" de alguma maneira em relação à vontadede Deus.

Esses líderes foram, sem dúvida, separados por Deus para um mi-nistério de liderança singular. Infelizmente, sem o modelo de célulasneotestamentário, o chamado espiritual da maioria desses líderes nuncapode ser realizado na estrutura tradicional da igreja. Que desperdício!Deus os tocou, e não existe lugar para colocar em prática o que Deusfalou ao seu coração.

Meu avô viveu até os 96 anos. Steward 8eckham foi um diáconobatista por mais de 60 anos, ensinando a uma classe bíblica para umgrupo grande de homens durante a maior parte desse tempo. Depois dos90 anos de idade, "Pa" era responsável por um departamento por exten-são da igreja, ministrando a idosos da sua igreja. Ele fielmente faziavisitas todos os sábados junto com o seu pastor. Ele era um "ganhadorde almas" e um batista que dizia "amém" e sentava-se no primeiro ban-co da igreja, encorajando o pregador.

Eu me lembro sentado na cadeira de balanço na varanda da frentefalando com ele sobre tudo desde política até o céu. Um dia ele compar-ti Ihou que sentiu que Deus o havia chamado para pregar quando era umjovem mas não respondeu ao chamado porque tinha uma família aindajovem. Ele lamentava não ter aceito aquele "chamado". Seu ministériona igreja tradicional não tinha preenchido completamente o chamadoque Deus colocara em seu coração.

Em uma estrutura de células do Novo Testamento, sua situaçãofamiliar não o teria impedido de servir em uma posição pastoral. Elepoderia ter sido como Áquila e Priscila, liderando células formadas porvizinhos, ou supervisionando diversas células nas casas, ou, no tempooportuno, poderia ter se tornado pastor de uma congregação. É trágicoque a igreja tradicional elimina o papel de liderança que é mais produti-vo e eficiente em nutrir, discipular, testemunhar e ministrar.

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BENEFÍCIO N. ° 6: As MACHUCADURAS E NECESSIDADES DOMUNDO PODEM SER ALIVIADAS

Em uma igreja em células, cada membro é um ministro. Portan-to, ministérios pessoais e em grupos tocam a vida de pessoasmachucadas. Visto que a comunidade cristã de base ocorre lá fora nomundo, os cristãos podem identificar e reagir as necessidades reais.As células são unidades de cura onde as machucaduras são mais laten-tes.

A composição de uma célula encoraja o ministério pessoal emvez de depender do ministério profissional. A igreja tradicional minis-tra por meio de um corpo de ministros que são pagos para fazer certastarefas para o resto da congregação. Isso limita severamente o tipo, onúmero e a natureza de ministérios que podem ser implementados.Para cada novo ministério, uma equipe de cristãos comprometidos pre-cisa ser encontrada, paga, administrada e apoiada pela igreja. Quandoeu pastoreava uma igreja tradicional, sentia que "os braços de Deusestavam encurtados", e não havia possibilidade de responder às ma-chucaduras e necessidades no mundo a não ser por meio de programassociais esmerados e caros.

Por outro lado, o modelo de uma igreja em células provê umaestrutura de células que já está lá fora no mundo e pode servir de apoiopara ministérios pessoais. Essas células são capazes de identificar ne-cessidades, ajudar financeiramente e participar pessoalmente.

BENEFÍCIO N.o 7: EXPERIMENTANDO A ADORAÇÃO NACELEBRAÇÃO

Durante o tempo em que pastoreava minha terceira igreja, eu so-fria de dor de cabeça aguda todos os domingos. Finalmente eu conse-gui descobrir a origem dessa dor recorrente. Eu estava tão perturbadocom o que acontecia no domingo cedo que a ansiedade era manifesta-da em uma dor real. As exigências do meu desempenho pastoral erama causa da minha dor de cabeça.

Tentar arrastar cristãos despreparados à presença de Deus paraadoração é suficiente para causar dor de cabeça a qualquer pessoa.Quando reconheci a origem e a entreguei a Deus, me libertei da dor decabeça mas não da dor no meu coração. Eu continuei anelando poruma experiência de adoração genuí~, em que cristãos preparados par-ticipassem na adoração que é fruto do transbordar da presença, do po-

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der e do propósito de Deus.Será que existe um tipo de adoração que não é preparado, promo-

vido, produzido ou representado? Pode um pastor um dia ter a espe-rança de olhar para a sua congregação no domingo e ver membros pron- •tos para adorar sem o uso de motivação ou entretenimento humano? Deque maneira uma adoração genuína, sentida no coração, pode expressar-se naturalmente com a devida emoção e reverência?

A estrutura da igreja em células oferece esperança de que isso épossível. Os membros que têm experimentado a presença íntima de Cristona vida da célula vão ser atraídos pelo Espírito Santo para celebrar a bon-dade e a grandeza de Deus juntos nos grupos grandes. A adoração genuí-na, experimentada no coração, naturalmente se expressa com a emoção ereverência devidas. Esse tipo de adoração é tão poderoso, ordeiro, espiri-tual e genuíno que um descrente vai ser tocado pela presença de Deus. Aadoração no grupo grande provê um ambiente para inspiração, informa-ção, revelação e celebração. A comunidade em grupo pequeno possibilitaaplicação, edificação, encarnação e preparação.

Aqueles que experimentam a adoração verdadeira enquanto estãocelebrando a grandeza de Deus vão experimentar o amor de Deus nosencontros calorosos e íntimos da célula. Essa é a harmonia entre a célulae a celebração que pode ocorrer na igreja em células. W

BENEFÍCIO N.o 8: OS DONS ESPIRITUAIS PODEM SERADEQUADAMENTE EXERCIDOS

Em um determinado domingo, em igrejas de uma asa nas mais diver-sas partes do mundo, ocorrem dois cenários de "dons". No primeiro cená-rio, os dons do Espírito não fazem parte da adoração no domingo nem du-rante a semana. Não existe uma expectativa de experimentar a presença reale o poder de Cristo ou uma alegria além da experiência humana. No cenáriodois, cada dom do Espírito necessário para provar a credibi lidade de Deus éexercido durante a adoração dominical. O pastor, com a ajuda de algunslíderes profissionais, usa os dons de profecia, interpretação, discernimento,milagres, curas, falar em línguas e outras manifestações do Espírito.

Será que esses dois extremos são as únicas alternativas? Ao operardentro da estrutura de uma asa, o exercício dos dons espirituais é severa-mente limitado porque existe somente um contexto no qual eles podem serexpressos, que é a celebração pública.

Uma estrutura da igreja em células, por outro lado, pode operar nocontexto do Novo Testamento no qual os dons espirituais podem ser exerci-

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dos em um ambiente natural e genuíno do Novo Testamento. Quem vai sertentado a "mostrar-se" em um ambiente de grupo pequeno? Se alguémfalhar em exercer o dom de maneira apropriada, essa pessoa pode seradmoestada de uma maneira amorosa e pessoal. A expectativa das Escri-turas de que todos vão exercer dons espirituais é possível somente numambiente de célula. Os líderes são então liberados da exigência de exerceros dons para o corpo todo.

BENEFÍcro N.O 9: O PROBLEMA DAS rNSTALAÇÕESÉ NEUTRALrZADO

Na igreja em células, as instalações já não moldam mais a igreja; aigreja dá forma às instalações. Isso não significa que as igrejas em célulasnão vão ter nenhum tipo de instalações. Elas vão. No entanto, em umaigreja em células, as instalações têm maior probabilidade de serem funci-onais, em vez de sagradas. A instalação da igreja não vai ser tão importan-te a ponto de se tornar a "igreja", em vez disso ela será o lugar onde aigreja se reúne. ~~jas tradicionais constroem para poderem crescer. Igre-jas em células crescem e então constroem.

Donald A. McGavran, escrevendo acerca dos benefícios das igrejasnas casas para os cristãos antigos, cita que "com uma tacada eles supera-ram quatro obstáculos para poder crescer". Três desses obstáculos citadaspor McGavran têm que ver com instalações de uma maneira ou outra.

Obstáculo 1:Custos com instalações desviariam recursos que podiamser destinados para o m in istério e testemunho.

Obstáculo 2:A permanência na sinagoga atrapalharia a entrada nas co-rnun idades gentíl icas.

Obstáculo 3: A introversão que evitaria que os lares cristãos se tornas-sem centros evangelísticos.

Obstáculo 4: A liderança limitada que restringiria a liderança espiritualaos profissionais.'

Earnest Loosley disse:

Como a igreja teria sobrevivido diante das situações de cons-tantes mudanças, se ela nunca tivesse construído instalaçõespara a igreja? A resposta é a seguinte: ela teria desenvolvido eexpandido a idéia de "igrejas nas casas", encorajando gruposde vizinhos para se reunirem nas casas uns dos outros, para

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compartilhar em grupos de comunhão. Uma grande parte dosproblemas que precisamos enfrentar hoje não pode ser resol-vida com a nossa prática tradicional de erigir locais para acelebração. Devemos começar a pensar em outros termos.'Howard Snyder diz o seguinte:

Nestes dias, tão parecidos aos tempos do Novo Testamento, aconstrução da igreja tradicional é um anacronismo que a igre-jajá não pode mais permitir. Isso não quer dizer que as comu-nidades de crentes nunca mais deveriam ter propriedades. Masuma coisa deveria ficar claro: não se deveria ficar preso a qual-quer propriedade, sendo que essa propriedade deveria ser aexpressão de uma clara compreensão bíblica da verdadeiranatureza da igreja. Uma construção assim dever ser funcional- um meio, não um fim. O caminho de volta para a IdadeMédia é muito convidativo.' ~

BENEFÍCIO N. o 10: A IGREJA EM CÉLULASINTEGRA O MINISTÉRIO

Grupos pequenos permitem que a igreja tenha uma abordagem parao ministério integrada em vez de cornpartimentalizada. Howard Snydersugere que os grupos pequenos integrem a obra e o ministério da igrejaquando consideradas em três áreas:

1. Integração psicológica2. Integração sociológica3. Integração teológica e bíblica

Do ponto de vista psicológico, as estruturas dos grupos pequenospossibilitam "a integração do aspecto cognitivo, afetivo e volitivo docomportamento humano". O grupo pequeno oferece o contexto no quala pessoa pode experimentar a presença, o poder e o propósito de Cristono viver diário.

Do ponto de vista sociológico, essas estruturas possibilitam e esti-mulam "os relacionamentos primários, face a face, que dão à igreja co-esão social e poder". A igreja tem um "sistema de entrega" na sociedadeem que o crente e o descrente podem experimentar a cura na comunida-de.

Do ponto de vista teológico e bíbl ico, essas estruturas provêem "o

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contexto para experimentar a comunhão do Espírito Santo e a obra doEspírito e da Palavra de convicção, correção, discernimento eencorajamento" (2 Timóteo 3.16; Hebreus 4.12). Em outras palavras, as"estruturas da eclesiologia (grupos pequenos) provêem integração espi-ritual". (,

Além das três áreas de integração de Snyder, a igreja em célulastambém integra a igreja de maneira organizacional. Jesus projetou aigreja do Novo Testamento para funcionar como um sistema integradosimples, organizado ao redor da vida nas células. Temos desenvolvidoum sistema administrativo cornpartimentalizado complexo, organiza- __<i9 ao redor de programas independentes.

a resultado é um sistema que exige cada vez mais administração,promoção, instalações, atividades e dinheiro. Essa abordagem tam-bém coloca uma ferramenta pesada sobre aqueles que vão dirigi-Ia. asistema cornpartirnentalizado sempre está pendurado precariamente àbeira do colapso, transpirando complexidade e desprezando soluçõessimples e focalizadas. Exige-se um esforço cada vez maior por partedos Iíderes para mantê-Ia em rnovimento.,

A complexidade da igreja brota do modelo de igreja. Uma ave deduas asas voa com simplicidade e beleza. Uma ave de uma asa, aoprocurar voar, necessita de muita energia e atividade, e, mesmo assim,não vai a lugar algum.

a "ato de girar pratos" é uma ilustração perfeita desse fenôme-no. Um artista, normalmente ajudado por um assistente, gira um pratona ponta de uma vara comprida e fina. Ele acrescenta cada vez maisvaras e pratos, dependendo da força centrífuga para manter os pratosgirando na ponta das varas.

Isso é um desastre programado, porque à medida que os pratosgiram mais lentamente, eles estão em perigo de cair. a artista entãocorre de um lado para o outro entre os pratos dando uma nova giradanos pratos. a público se envolve encorajando o artista, apontando paraos pratos que estão prestes a cair e expressando consternação quandoum prato quebra.

Como líder de igreja, tenho me sentido como aquele artista. Eucoloquei minha fileira de "programas giratórios" no ar. Não demoroumuito para perceber que quanto mais programas eu colocava para gi-rar, tanto mais eu precisava trabalhar para mantê-los todos girando.Logo eu estava correndo de lá para cá entre todos os programascompartimentalizados, trabalhando arduamente para mantê-los no ar.Eu logo aprendi que o problema não estava na minha falta de esforço

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ou habilidade. O problema éd]ue cada prato deveria ter sua própriafonte de poder para mantê-lo girando. Se eu pudesse arranjar uma fon=------te de "poder giratório" para todos os pratos, meu trabalho seria re lati-\ amcnte fácil.

A igreja nunca foi projetada por Cristo para funcionar dessa ma-neira. Jesus projetou um sistema de células simples e integrado, nãoum sistema complexo de programas cornpartimentalizados. Quandocansarmos de correr, talvez estejamos prontos para tentar liderar a igrejaà maneira de Jesus. (c/(y

tv

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PARTE IIFUNDAMENTOS PARA UMA

SEGUNDA REFORMA

Pois assim diz o Alto e Sublime, quevive para sempre, e cujo nome é santo:

"Habito num lugar alto e santo,mas habito também com o contrito e humilde de

espírito, para dar novo ânimo ao espírito do humilde enovo alento ao coração do contrito ".

-Isaías 57.15

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8A ESTRUTURA DA IGREJA

REFLETE A NATUREZA DE DEUS

"Sou eu apenas um Deus de perto ", pergunta o Senhor, "enão também um Deus de longe? Poderá alguém esconder-se sem que eu o veja? ", pergunta o Senhor. "Não sou euaquele que enche os céus e a terra? ", pergunta o Senhor.

- Jeremias 23.23-24

Igrejas em células têm um potencial incrível para atender todas asnecessidades crescentes de uma sociedade desesperada. Vimosna Parte I que essa estrutura das comunidades cristãs de base tem

vantagens inatas sobre outras estruturas. Porém, a vantagem da igreja ~em células está na teologia, não na estrut.u+a,. A igreja de dLiãs asasreflete a natureza do Deus em sua transcendência (grandeza) e sua

'" -imanência (intimidade). Isso serve como um paradigma teológico paraa igreja. J. I. Packer explica a transcendência e a imanência:

Deus não tem limites. Ele é eterno, infinito e poderoso. Elenos tem em suas mãos; mas nós nunca o temos nas nossas.Como nós, ele é pessoal; mas, diferentemente de nós, ele égrande. Em todas as constantes afirmações da Bíblia a res-peito do interesse pessoal de Deus por seu povo, e da bonda-de, carinho, simpatia, paciência e terna compaixão que de-monstra para com esse povo, a Bíblia não nos deixa perderde vista sua majestade e seu ilimitado domínio sobre todasas suas criaturas. I

De acordo com a descrição acima, a transcendência descreve anatureza de Deus, diferente do homem, chegando a ser inacessível. Atranscendência significa que a realidade divina não está limitada fi nossaordem natural, mas está acima dela. Deus é o Deus "Altíssimo".

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Por outro lado, a imanência expressa o habitar do Divino nomundo. Deus é o Deus "Altíssimo". A imanência explica a natureza deDeus como alguém íntimo e próximo. Essa definição de transcendênciac imanência também pode ser interpretada da seguinte maneira:

• Transcendência: C~o homem se rela~s em suadizindad e .

• Imanência: C2mo Deus se relaciona com_~ll eIILs~~l]lan idade-,-- .

Ao discutir a bondade de Deus, C. S. Lewis reconheceu a singu-laridade do relacionamento transcendente c imanente entre Deus e ohomem:

Deus está, ao mesmo tempo, mais distante e mais próximode nós do que qualquer outro ser. Ele está mais distante denós porque a simples diferença entre aquilo que possui o seuprincípio do ser em si mesmo e aquilo a que o ser está sendotransmitido é tal que, comparada a ela, a diferença entre umarcanjo e um verme é praticamente insignificante. Ele faz,nós somos feitos: ele é o original, nós somos derivados. Mas,ao mesmo tempo, e pela mesma razão, a intimidade entreDeus e até mesmo a menor das criaturas é mais próxima doque qualquer outra que as criaturas possam alcançar umascom as outras. Nossa vida, a qualquer momento, é supridapor ele: nosso pequenino e milagroso poder de livre-arbítriosó pode operar nos corpos que a energia contínua dele man-tém vivos - nosso próprio poder de pensar é o seu podercornun icado a nós.'

A figura 2 contrasta palavras muitas vezes relacionadas àtranscendência e imanência de Deus. Essas palavras mostram o relaci-onamento de Deus para com o homem e o relacionamento do homempara com Deus.

Por séculos, batalhas teológicas ferozes têm sido disputadas acercadesse ponto relacionado à transcendência e à imanência de Deus. Comoé o caso de muitos desentendimentos doutrinários, esse parece ter sidoum problema de manter em equilíbrio duas verdades igualmente verí-dicas e importantes acerca da natureza de Deus. O pêndulo tem balan-çado de um lado para o outro entre os extremos da transcendência e da

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Figura 2: Escala de transcendência e imanência

imanência de Deus. Deus é "totalmente diferente de nós" e tambémestá "habitando e permanecendo no meio de nós".

Neste livro, eu não quero reacender batalhas teológicas do passa-do. Meu alvo é aplicar a doutrina bíblica equilibrada da transcendênciae da imanência de Deus à eclesiologia, a doutrina da igreja. Se Deus éao mesmo tempo transcendente e imanente, como isso se encaixa nateologia e estrutura da igreja?

Howard Snyder sugere que celebrações do grupo corporativo gran-de e do grupo pequeno koinonia são necessários para o homem encon-trar Deus corno ele realmente é:

Os crentes precisam daqueles momentos de culto coletivosolene, em que o Deus Santo e Altíssimo é honrado com dig-nidade e reverência. Mas em meio à dignidade e reverência.muitos crentes solitários clamam por dentro pelo toque calo-roso e terapêutico da koinonia. Os crentes precisam saberp r ex eriência ue _o De r;. 10 é também o Deu;-~!J,..I;::...::..J..I..I.LI..L...ÇJsaías57.15). Se o culto tradicional não é reOl;-:-

c-----

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larmente complementado com oportunidades informais dekoinonia, os crentes facilmente caem num deísmo prático, ea igreja se torna o guardião sagrado de uma forma de pieda-de impotente - o solene guardador de odres vazios. Por outrolado, forma e liturgia ganham um novo significado para oscristãos que vivem e crescem em koinonia?

Esse não é um debate acerca de estrutura, mas uma verdade acer-ca de como Deus escolhe ser seu corpo na terra, expressando-se à hu-manidade e operando seu Reino no mundo. Em relação à humanidade,Deus escolheu tanto ser transcendente (distante) quanto imanente (pró-ximo) - esse é o seu paradigma teológico. Vamos explorar o AntigoTestamento e observar alguns momentos notáveis em que Deus se re-vela ao seu povo em sua transcendência e imanência.

ADÃO E EVA: VIVENDO COM O DEUS TRANSCENDENTE EIMANENTE

Em Gênesis I, o Deus transcendente e eterno, separado da cria-ção bem como acima de toda criação, criou o mundo com uma palavra.Então, em Gênesis 3.8, observamos Deus caminhando pelo jardim àprocura de Adão e Eva, no que parece setti'in encontro regular. Ascaminhadas especiais do Criador são uma imagem graciosa de um re-lacionamento carinhoso e paternal. Esse relacionamento foi basica-mente transcendente ou imanente, ou ambos ao mesmo tempo? Seriapossível que antes da queda, Adão e Eva se relacionassem com Deusde uma maneira que foi perdida com a queda, experimentando a suanatureza transcendente e imanente ao mesmo tempo? É possível quena queda, o homem tenha erdido a ca acidade de ex e~

sua natureza plena e, acima de tudo, o seu companheirismo ínti-mo?

Qualquer que fosse a maneira de Deus relacionar-se com Adão eEva no início, nós sabemos que foi o objetivo de Satanás estragar esserelacionamento especial. Na primeira tentação, a serpente começou ainfiltrar-se no relacionamento entre Deus e Adão e Eva. Satanás pro-curou isolar o homem da imanência (proximidade) de Deus ao questi-onar a veracidade de Deus, um elemento-chave em qualquer relacio-namento. Então Satanás atacou a natureza transcendente de Deus (todo-poderoso) ao questionar seu direito soberano sobre Adão e Eva e sobretoda a criação:

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Satanás destruiu o relacionamento especial do homem com Deuspara que Adão e Eva ficassem alienados de Deus, alienados um dooutro e do mundo ao seu redor. Gênesis nos fala que eles pecaram, seesconderam de Deus no jardim e foram forçados a escapar desse rela-cionamento especial de transcendência e imanência

.Os "VISITANTES" DE ABRAÃO

Embora Adão e Eva rompessem seu relacionamento especial dagrandeza transcendente e da proximidade imanente, Deus não deixoude se revelar à humanidade. Deus orientou Abraão a deixar a terra deUr, "o berço da civilização", e de viajar em direção à terra escolhida, aum destino especial. Os primeiros encontros de Abraão com Deus pa-recem ser mais transcendentes do que imanentes quanto à sua nature-za.

Quando Abraão tinha 99 anos, o Senhor apareceu a ele de umamaneira singular, reafirmando a promessa de um descendente (Gênesis18). Durante essa aparição fascinante, que podem ter sido um ou doiseventos, ocorridos dentro de um determinado período, Sara riu. Hu-manamente falando, era risível para ela que eles gerassem um descen-dente na sua idade, mesmo que o próprio Deus tivesse prometido.

No entanto, nos carvalhos de Manre, três visitantes reafirmarama Abraão (enquanto Sara escutava à entrada da tenda) que a aliançaseria cumprida por meio do nascimento de um filho. Muitos conside-ram essa aparição de Deus a Abraão uma manifestação física especialde Deus, ou uma teofania. Independentemente do nome que damos,certamente foi uma experiência "da presença íntima" do Deus imanente ,&

que mudou a vida de Abraão e Sara.

MOISÉS ENCONTRA O "Eu Sou"

Deus chamou Moisés diante da sarça ardente para voltar ao Egi-to para libertar os filhos de Israel (Êxodo 3 e 4). Essa revelaçãoincomum pessoal e íntima de Deus a Moisés teve uma influência pro-funda sobre a sua vida. Deus revelou seu nome a Moisés como "EuSou" e deu autoridade a Moisés por meio desse nome. O verbo usadopara o nome de Deus significa "estar ativamente presente?" e pode sertraduzido por "Presença Viva". O nome dado a Moisés para identificaro Deus transcendente o revela como sedo imanente.

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Em contraste, no Monte Sinai (Êxodo 19 -23) Deus revelou-secomo o impressionante Deus transcendente com toda a fumaça, tro-vões e relâmpagos. No monte, Moisés entrou na presença transcen-dente de Deus. Os filhos de Israel foram restringidos por limites emtorno do monte onde o Deus transcendente se revelou a si mesmo e osseus mandamentos a Moisés.

A COLUNA DE NUVEM E A TENDA DO ENCONTRO

Deus levou os filhos de Israel do Egito para a Terra Prometidacom uma coluna de nuvem durante o dia e uma coluna de fogo à noite.O Senhor prometeu a Moisés: "Minha Presença irá com você". Deusos guiou a uma certa distância em uma forma apropriada para o Deustranscendente.

Nesses capítulos, lemos acerca de um outro encontro entre Moisése Deus, algo semelhante à sarça em chamas, mas diferente do encontrono monte ou na coluna de nuvem. Em Êxodo 33 e 34, Deus encontrou-se com Moisés na Tenda do Encontro. Assim que Moisés entrava, acoluna de nuvem descia e ficava à entrada da tenda, enquanto o Se-nhor falava com Moisés ... O Senhor falava com Moisés face a face,como quem fala com seu amigo (Êxodo 33.9-11). Esse é um encontroimanente (próximo) entre Deus e Moisés.

Esse também era um encontro em grupo, diferente daquele en-contro solitário de Moisés com Deus na sarça em chamas. O texto dizque o povo também entrava na Tenda do Encontro, e Josué, o assisten-te militar de Moisés, não deixava a tenda. ~ão é de admirar qlJe losué

~~nha 198 tefflftcle IiR'l líclef tãs iQ1portante.~sde o início, ele experi- _mentO!! DeWS I'!ftSlIa intimidade imanente, semelhantemente a Moisés.

Enquanto Deus falava a Moisés "face a face, como quem falacom seu amigo", Moisés disse: "Peço-te que me mostres a tua glória"(Êxodo 33.18). Deus disse a Moisés:

"Você não poderá ver a minhaface, porque ninguém poderáver-me e continuar vivo ". E prosseguiu o Senhor: "Há aquium lugar perto de mim, onde você ficará, em cima de umarocha. Quando a minha glória passar, eu o colocarei numafenda da rocha e o cobrirei com a minha mão até que eutenha acabado de passar. Então tirarei a minha mão e vocêverá as minhas costas; mas a minha face ninguém poderáver" (Êxodo 33.20-23).

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A face de Deus é mencionada nos dois encontros. No entanto, existeobviamente uma diferença entre Deus falando com Moisés face a facena Tenda do Encontro e Moisés vendo a face de Deus no Monte Sinai.Por que Moisés pode encontrar-se com Deus face a face na Tenda doEncontro mas não viver se ele visse a face de Deus (sua glória) no mon-te? •

A diferença é Deus na sua transcendência (grandeza) descoberta eDeus em sua imanência revelada (proximidade). O Deus transcendenteestá além da compreensão do homem criado. Deus em sua transcendênciasempre está no monte, acima de nós e além de nós. Nenhum homemmortal pode ver a face de Deus e sua transcendência, e viver.

Deus também revelou-se em sua imanência para que ele pudessefalar a Moisés "face a face, como quem fala com seu amigo". Deusencontrou-se com Moisés na sarça ardente, na Tenda do Encontro, equando Moisés levou as tábuas dos 10 mandamentos: Então o Senhordesceu a nuvem, permaneceu ali com ele e proclamou o seu nome: oSenhor (Êxodo 34.5). Essa não é uma contradição em termos, mas averdade da natureza de Deus, que se relaciona com o homem tanto nasua grandeza transcendente como na sua proximidade imanente.

O homem conhece a Deus em "uma imediação mediada". Aencarnação é a expressão suprema de Deus da divindade transcendentede Deus em um contexto humano imanente. Deus "se esvaziou". Qual-quer que seja o significado dessa expressão, ela implica que Deus seapresentou de tal maneira ao homem que a sua grandeza e soberania nãoimpediram a sua proximidade. A identidade "totalmente outra" de Deusem relação ao homem não o impediu de se tornar como homem. Asexpressões imanentes de Deus no Antigo Testamento prenunciam aencarnação.

Deus em Cristo estabeleceu a Tenda do Encontro sobre a terra, nãosomente para um líder especial como Moisés nem mesmo em um lugarespecial. A Tenda do Encontro de Jesus sobre a terra não estava restritaaos sacerdotes que podiam entrar no Santo Lugar, ou para o sumo sacer-dote que entrava uma vez por ano no Santo dos Santos para encontrar-secom Deus com sacrifícios pelos pecados do povo.

Por meio da encarnação, cada cristão se tornou uma Tenda doEncontro onde Deus está "face a face, como quem fala com seu ami-go". Cada cristão é o templo de Deus, a moradia de Deus. Além disso,quando dois ou três cristãos se encontram em seu nome, eles entramna Tenda do Encontro de Deus onde Deus fala com eles "face a facecomo quem fala com seu amigo". _~ ,

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110 A Segunda Reforma

JÓ: UM DIÁLOGO COM DEUS - DA TERCEIRA PESSOAPARA A PRIMEIRA PESSOA

o início do livro de Jó registra seu sofrimento trágico e sua dor.As reações e o conforto dos seus quatro amigos representam osensinamentos predominantes acerca do sofrimento. Também podemosaprender da provação de Jó algo acerca da transcendência e daimanência de Deus.

Desde a primeira cena do livro, Deus aparece como um ser trans-cendente nos céus, observando tudo o que está acontecendo lá embai-xo. Os eventos da vida de Jó tiveram início depois de um diálogo entreDeus e Satanás, bem longe em um lugar transcendente. Tanto Jó comoos amigos se dirigiram a Deus e falaram com ele com reverência trans-cendente. Eles falavam a respeito de Deus na terceira pessoa. Jó cla-mou:

Eu lhe apresentaria a minha causa e encheria a minha bocade argumentos [. ..]Mas, se vou para o oriente, lá ele não está; se vou para oocidente, não o encontro. Quando ele está em ação no norte,não o enxergo; quando vai para o sul, nem sombra dele euvejo [. ..]Por isso fico apavorado diante dele; pensar nisso me enchede medo (Já 23.4; 23.8-9; 23.15).

Os amigos de Jó podem ter tido visões errôneas do motivo da dore sofrimento, mas eles tiveram sublimes percepções da transcendênciade Deus. Sua visão de Deus foi resumida por Eliú, o mais novo e oúltimo a falar. Ele declarou: Fora de nosso alcance está o Todo-pode-roso, exaltado em poder (Jó 37.23).

Os primeiros capítulos de Jó revelam Deus na transcendência daterceira pessoa. No entanto, na conclusão do livro, Deus subitamenteinterrompe a cena por meio de uma revelação imanente e poderosa desi mesmo. Iniciando com o capítulo 38, Deus conversou com Jó pormais de quatro capítulos num diálogo na primeira pessoa - eles con-versaram de maneira íntima e pessoal. Jó já não reclamava mais deque não podia encontrar Deus ou que Deus estava em silêncio. Derepente Deus estava muito próximo para confortar.

Deus não respondeu a Jó de longe mas se aproximou para res-ponder à pergunta mais fundamental acerca da sua imanência. Deus

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não explicou a dor e o sofrimento de Jó mas, em vez disso, revelou suanatureza. A manifestação da proximidade de Deus, embora não res-pondesse a todas as perguntas acerca da dor e do sofrimento, pelo menosele as colocou na perspectiva correta.

A essência da resposta de Deus é que o Deus transcendente não éobrigado a dar respostas aos seus seres criados ou explicar as circuns-tâncias da vida. O homem não tem direito algum de exigir explicaçõesdo Criador. Mas, enquanto explicava sua natureza transcendente a Jó,Deus falou a Jó de uma maneira pessoal em sua imanência.

Esse é o grande mistério de Deus. Ele é transcendente (grande eacima do homem), mas ensina o homem a respeito da transcendência apartir da sua imanência (proximidade). O Deus "Altíssimo" explicaquem ele é em sua transcendência inacessível ao se tornar o Deus "maisíntimo".

Essa experiência próxima e pessoal com o Deus íntimo fez comque Jó respondesse em Jó 42.5-6: Meus ouvidos já tinham ouvido ateu respeito, mas agora os meus olhos te viram. Por isso menosprezo amim mesmo e me arrependo no pó e na cinza.

DAVI CONHECEU O DEUS IMANENTE

O Salmo 23 fala ao coração do homem porque ele revela o Pastorimanente e cuidadoso. Davi conhecia Deus em sua grandeza etranscendência como fica evidente em outros salmos. Davi tambémconheceu Deus em sua natureza próxima e imanente. É por isso queesse Salmo de Davi é tão especial para nós hoje. O Pastor Deus estáconosco (imanente) em cada instante da vida:

em verdes pastagensem águas tranqüilasnas veredas da justiçano vale de trevas e morteà vista dos meus inimigos.

Tu estás comigo! Essa é a declaração de alguém a quem Deusrevelou-se em um relacionamento "íntimo" - em sua imanência. Qualé o resultado desse relacionamento íntimo com Deus?

nada me faltarárestaura-me o vigor

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não temerei perigo algumele me protegepreparas um banquete para mimunge a minha cabeça com óleofaz transbordar o meu cálicebondade e fidelidade me acompanharãotodos os dias da minha vidavoltarei à casa do Senhor enquanto eu viver.

ELIAS: EXPERIMENTANDO DEUS NOMONTE CARMELO E NO MONTE HOREBE

Os profetas tinham um relacionamento especial com Deus queera singular ao seu chamado. Sua tarefa era anunciar ou entregar men-sagens do Deus transcendente. Deus muitas vezes revelava aquelasmensagens transcendentes com uma comunicação imanente (bem pró-xima). Aos pagãos, Deus podia enviar mensagens escritas com a mãonuma parede, mas aos profetas, Deus muitas vezes falava de maneiraque revelava sua natureza imanente. Nós vemos essas duas caracterís-ticas do relacionamento de Deus com os profetas na vida de Elias.

Deus orquestrou uma disputa com 400 profetas de Baal (I Reis18 e 19) no Monte Carmelo, que fica próximo ao mar Mediterrâneo.Fogo, um dos elementos sagrados dessa religião pagã, caiu do céu econsumiu o altar e o sacrifício preparado por Elias. Deus triunfou e os400 profetas de Baal foram mortos. Então, com medo e desesperado,Elias fugiu de Jezabel para o deserto. Finalmente Deus ministrou a eledebaixo de um zimbro e falou a Elias na entrada da caverna do MonteHorebe. Deus estava muito próximo em uma "brisa suave". Novamen-te vemos a atenção pessoal de Deus que ministra a Elias e fala a elepor meio da sua natureza imanente (próxima).

JAVÉ E EMANUEL

O nome Javé expressa a natureza transcendente de Deus e o nomeEmanuel expressa sua natureza imanente. Javé era o nome sagrado deDeus para os judeus, santo demais para ser mencionado. Quandoretornaram do exíl io da Babi lôn ia, os judeus procuraram proteger cadavez mais o nome de Deus do que eles consideravam ser uma familiari-dade irreverente. O nome divino era representado pelas quatro conso-antes JHWH (JHVH).

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A palavra significava, "aquele que é", ou "aquele que está pre-sente" e implicava que Deus estava pronto para manifestar-se comoajudador. Mesmo o nome transcendente de Deus tinha uma leveconotação da imanência de Deus que estava próximo o suficiente paraajudar.

Emanuel, Deus conosco, é o nome designado para o Messias.Porque um menino nos nasceu, umfilho nosfoi dada, e o governo estásobre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro,Deus Poderoso, Pai Eterno, Principe da Paz (Isaías 9.6). Ele será Deusem nosso meio: imanência divina e viva. A encarnação é a imanênciasuprema. Deus mais uma vez caminha no jardim, mas dessa vez naforma física dos filhos de Adão e Eva.

o MODELO DO TEMPLO

Uma outra forma de o Antigo Testamento revelar a natureza deDeus é vista na adoração no templo com suas cerimônias e festas. Aadoração no tempo era em primeiro lugar dirigida para cima, em dire-ção ao Deus transcendente. Mas Deus também tinha provido uma ma-neira no modelo do templo para ensinar a verdade da sua naturezaimanente. Dentro do Santo dos Santos a Shekiná de Deus, "Eu Sou",Javé, JHWH residia no meio do templo.

Deus estava no meio do templo, como no acampamento, no en-tanto, ele era inacessível e inalcançável ao judeu comum por meio deum sistema de acesso graduado que se tornava cada vez mais restrito àmedida que se aproximava do Santo dos Santos. O Deus imanente es-tava escondido dentro da estrutura transcendente do templo.

A concepção era de um lugar chamado Santo dos Santos no cen-tro de uma série de retângulos concêntricos arranjados de acordo comuma escala decrescente de santidade à medida que eles se afastavamdo lugar mais sagrado. Esse simbolismo de graus de santidade foi re-petido nas pessoas que tinham acesso aos diversos pátios. Os gentiosficavam no lugar mais distante, então vinham as mulheres judias, de-pois os homens judeus, em seguida os sacerdotes e finalmente o sumosacerdote no Santo dos Santos. Essa santidade também foi observadano material de construção usado na edificação das instalações do tem-plo; o material mais precioso estava mais próximo do Santo dos San-tos.

Esse talvez seja um dos relacionamentos mais difíceis que umpovo pode ter com seu Deus. Deus está próximo no lugar de adoração,

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mas inacessível. Deus residia no meio do seu povo no Santo dos San-tos, mas era inacessível e completamente "cortado" de um encontropessoal e de um tipo de comunicação com eles. Somente uma vez porano, depois de uma purificação cerimonial cuidadosa, o sumo sacer-dote aventurava-se a passar pelas barreiras e entrar na presença doDeus imanente (próximo).

Esse encontro era tão incerto e amedrontador que a tradição con-ta que amarravam uma corda no pé do sumo sacerdote para puxá-lopara fora do Santo dos Santos se ele fosse morto na presença de Deus.A experiência da "presença próxima" de Deus era para o hebreu umaexperiência de "morte próxima".

A morte de Jesus mudou para sempre o lugar do Santo dos San-tos de Deus. Jesus vindo em carne era a encarnação do Deus Altíssimotrazido para bem perto da humanidade. No momento da sua morte nacruz, o véu grosso que separava o Santo dos Santos do Lugar Santo foirasgado de cima até em baixo; era Deus descendo até o homem, e ohomem começou a experimentar Deus de uma nova maneira. Antigasbarreiras entre Deus e o homem foram removidas. Deus tornou-se oDeus "próximo" habitando em seu povo e vivendo no meio da suaecclesia.

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9A TRANSCENDÊNCIA E AIMANÊNCIA DE CRISTO

...em Cristo constatamos a união do imanentecom o transcendente.

- E. Y Mullins

E m todo O Antigo Testamento, Deus expressou-se aos patriarcas,reis e profetas tanto na sua transcendência como na suaimanência. Por mais de 2.000 anos Deus foi um Deus transcen-

dente para o seu povo de forma geral e um Deus imanente em ocasiõesespeciais para homens escolhidos.

Jesus veio para mostrar o Pai: Eu revelei teu nome àqueles que domundo me deste (João 17.6). Será que Jesus poderia revelar o Pai semrevelar sua natureza transcendente e imanente? De forma alguma! Portan-to, na plenitude do tempo, Cristo manifestou-se para a igreja e por meiodela como um Deus transcendente e imanente. O que no passado era so-mente ocasional e para pessoas especiais tornou-se a norma para todos osseguidores de Cristo.

Pois eu lhes digo a verdade: Muitosprofetas ejustos desejaram vero que vocês estão vendo, mas 11(10 viram, e ouvir o que V()('(',I' estão ouvin-do, filas não ouviram (Mateus 13.17).

Os patriarcas e profetas do Antigo Testamento tinham encontros ra-ros com a natureza transcendente e imanente de Deus. Hoje esses encon-tros tornam-se a norma por meio do Cristo encarnado e por meio do novocorpo espiritual (a ecclesia). Jesus planejou a sua igreja para experimen-tar tanto a natureza transcendente como a natureza imanente de Deus.Francis Schaeffer disse o seguinte:

Os cristãos devem demonstrar o caráter de Deus, que é uma

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demonstração moral, mas não deve ser apenas uma demons-tração de princípios morais; é uma demonstração do seu ser,sua existência. I

JESUS AFIRMAVA TER A DIVINDADETRANSCENDENTE E IMANENTE

o discurso de Jesus em João 13-17 traz a explicação mais amplado seu relacionamento com os seus seguidores. João 14 é uma afirma-ção extraordinária da sua divindade.

Ele explica como ele vai continuar se relacionando com os seusdiscípulos em sua natureza plena de Deus depois que ele ascender aocéu. Jesus vai voltar ao Pai no céu e sentar-se à direita de Deus no tronoque é a sua posição por direito. Ele vai preparar um lugar para os seusseguidores, para que vocês estejam onde eu estiver (João 14.1,2).

Mais tarde nesse capítulo, Jesus ensina que ele é o Cristo imanentena terra. Por meio do Espírito Santo, Jesus vai também estar com seusdiscípulos na terra de uma forma imanente. Ele está preparando um lu-gar para os seus seguidores na terra para que onde eles estiverem o Espí-rito Santo esteja com eles (João 14.16-18). Esse lugar é a sua igreja. Eleé a eterna encarnação viva dentro do seu corpo, a igreja.

Nesse texto, somente Deus é transcendente e imanente da formacomo Jesus está falando acerca de si mesmo. Deus é o único DeusAltíssimo (transcendente) e o único Deus próximo (imanente)! Não existeninguém igual a ele no céu e na terra. Jesus reivindica para si mesmo anatureza de Deus enquanto explica o projeto da sua igreja.

Francis Schaeffer apresenta suas razões para dizer que Cristo vaiestar com a igreja de uma maneira singular "entre a ascensão e a segun-da vinda". Tendo como texto base João 14.16-18, Schaeffer conclui que"o Cristo ressurreto e glorificado vai estar com a igreja por meio damediação do Espírito Santo". Ele diz o seguinte:

Notem-se as palavras: "Não vos deixarei órfãos, voltarei paravós outros". A promessa de Cristo - crucificado, ressurreto,assunto e glorificado - é que haveria de estar com sua igrejaentre a ascensão e a segunda vinda, por meio do ministério doEspírito Santo em nós.Essas promessas são universais e foram feitas à igreja, deven-do abranger a era toda à qual pertencemos.Essas coisas o mundo devia poder ver ao olhar para a igreja

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A Igreja do Novo Testamento no século XXI 117

- e são realidades que o mundo não tem meios de encaixarem suas explicações anticristãs. A igreja deve empenhar-seentranhadamente na realidade prática dessas coisas, não secontentando em prestar-lhes mero assentimento."

QUEM ESTÁ COMIGO NESSE MUNDO?

A partir das perguntas dos discípulos e das respostas de Jesus emJoão 14, fica óbvio que os discípulos estavam preocupados em relação àpartida dele. Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; crei-am também em mim.

Eles estão confusos acerca de como ele vai relacionar-se com elesno futuro. Será que ele vai ser transcendente e imanente, permanecendono meio deles de alguma forma ou vai habitar com o Pai no céu? Comovai relacionar-se com o Pai que é o Deus Altíssimo? Como vai revelar-seaos seus discípulos? Como será o relacionamento entre o Pai, o Filho e oEspírito com o cristão que permanece na terra? De que maneira ele podeestar no céu "à direita do Pai" e também na terra "no meio deles?". De quemaneira Jesus vai relacionar-se com os cristãos entre a sua ascensão e asegunda vinda?

Essas eram as perguntas deles e o motivo da sua ansiedade. Jesusprocurou explicar o mistério do seu novo relacionamento com a sua igrejae acalmar os seus medos. Essas perguntas acerca do relacionamento deJesus conosco individualmente e corporativamente são importantes paraa igreja de hoje.

Primeiro, Jesus explicou que o Espírito estaria com eles (João 14.16-17). E eupedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Conselheiro para estar comvocês para sempre, o Espírito da verdade. O mundo não pode recebê-lo,porque não o vê nem o conhece. Mas vocês o conhecem, pois ele vive comvocês e estará em vocês. Ele então expande essa explicação, falando arespeito do seu próprio relacionamento com eles. tyão os deixarei ór(tios:voltarei [Jesus] para vocês (João 14.18).

Depois de explicar que o Espírito estaria na terra com seus segui-dores, por que então Jesus acrescenta um elemento de confusão ao de-bate, afirmando claramente que ele estaria com eles? O assunto se tornaainda mais complexo quando ele mais tarde explica que o Pai vai enviaro Espírito e então declara: N~s C! €?le ejnrewas "Ig"fulrr .J!tle_(João 14.23). Então o Pai estátm1tO no céu "enviando o Espírito" quantoaqu i na terra "morando" com os discípulos j unto com Cristo.

Posso ver como o Espírito está comigo, mas o que significam os

~~.". ---,--------_ .•......

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outros ensinamentos de Jesus a respeito do Pai também morar comigo eo próprio Jesus vir a mim? Quem está comigo aqui embaixo e em queforma?

Essa mesma ambivalência está presente em Romanos 8.9-11, emque Paulo explica de que maneira Deus se relaciona com o crente naterra. Paulo alterna entre o Pai, o Filho e o Espírito quando explicacomo Deus habita em nós. No versículo 9, Paulo afirma que o Espíritovive em mim: Entretanto, vocês não estão sob o domínio da carne,mas do Espirito, se de fato o Espírito de Deus habita em vocês. Noversículo 10, Paulo muda para Cristo em mim. Mas se Cristo está emvocês. Então no versículo 1I Paulo diz: E, se o Espirito daquele queressuscitou Jesus dentre os mortos habita em vocês ... Quem ressusci-tou Jesus da morte pelo seu Espírito? Quem quer que seja que ressus-citou Cristo dentre os mortos também vive em mim por meio do Espí-rito. Isto é, Deus, o Pai, vive em mim. É evidente que o objetivo prin-cipal de Paulo não é defender a doutrina da Trindade. Ele está maisinteressado na realidade.

Quem, então, está aqui comigo? A resposta é a seguinte: Deus emsua plena natureza está aqui comigo. Deus em sua expressão plena daTrindade torna-se vivo no modelo de igreja do Novo Testamento. To-das as três pessoas da divindade participam do corpo espiritual de Cristona terra. O paradigma teológico de Jesus acerca da igreja mostra umcaminho para entendermos o enigma de espaço e tempo a respeito dequem está aqui em baixo na terra comigo. Deus proporcionou um meiode se relacionar comigo de três maneiras especiais:

• No ambiente do grupo grande, quando "todo o corpo" está reunido• Pessoalmente• Onde dois ou três estão reunidos em um encontro de grupo pequeno.

O ambiente do grupo grande oferece um contexto no qual ofoco pode ser o Deus Altíssimo nos céus. Na experiência do grupogrande a igreja experimenta Deus como Trindade. É por isso que aigreja canta:

Santo, Santo, Santo Deus Onipotente!Tuas obras louvam teu nome comfervor;Santo, Santo, Santo! Justo e Compassivo!És um só Deus, supremo Criador.

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Como cristão individual, eu também experimento Deus na suaTrindade. Eu sei que Cristo está em mim, o Pai habita comigo e oEspírito habita em mim. Essa é a minha experiência pessoal comDeus.

Em João 14, Jesus cuidadosamente revela um outro tipo derelacionamento que ele usa para relacionar-se com seus seguido-res. Esse relacionamento é diferente do habitar pessoal (individu-ai) e do habitar no grupo grande. O grupo pequeno provê um ambi-ente especial no qual Cristo vai viver com seus discípulos em cadaera como ele fez com os discípulos naquela comunidade especialdos Doze.

O ambiente da célula estabelece um contexto de intimidadepara experimentar o Deus Altíssimo em nosso meio. Nunca deve-mos nos esquecer de que Deus sempre se expressou como o Deuspróximo por intermédio da Trindade: Pai, Filho e Espírito.

Nosso RELACIONAMENTO JOÃO 14.20 COM CRISTO

A maioria dos cristãos está confortável com os ensinamentosdo "Cristo em mim". Minha experiência (e provavelmente a suatambém) é a seguinte: Cristo está em mim, o Pai habita em mim, oEspírito está em mim. Nosso relacionamento pessoal com Deus éum relacionamento trinitário.

Naquele dia compreenderão que estou em meu Pai, vocês emmim, e eu em vocês.

Eu [Cristo] no Pai.Vocês em mim [Cristo].Eu [Cristo] em vocês.

Louvado seja Deus! Esse é o nosso relacionamento pessoalcom a Trindade. Selados dessa forma dentro da Trindade podemosdizer com ousadia: Quem nos separará do amor de Cristo?

A figura em João 14.20 que Jesus usa para mostrar o relacio-namento pessoal dos cristãos com Deus vai da terra até o céu. Cris-to está em mim na terra (imanente); e eu estou em Cristo, que estáno Pai no céu (transcendente). Em Cristo, meu relacionamento pes-soal se estende até o Pai no céu. Está tudo muito bem a respeito dorelacionamento pessoal do crente com Cristo entre a ascensão e a

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segunda vinda. O cristão individual está selado na Trindade da ter-ra até o céu.

Nosso RELACIONAMENTO MATEUS 18.20 COM CRISTO

O cristianismo do tipo "solitário" vive em um relacionamento ver-tical com Deus. Eu estou em Cristo. O aspecto da salvação que me inte-ressa é que Cristo está em mim. Esse é o ponto da minha santificação.Eu posso experimentar esse relacionamento pessoal com Deus quandoestou sozinho ou com multidões de centenas ou milhares. Esse é o rela-cionamento pessoal do crente com Cristo conforme João 14.20. É umaexperiência maravilhosa.

Cristo também está no meio da sua comunidade (Efésios 2.11-22).Viver num relacionamento com ele na sua ecclesia significa que eu vivoem um relacionamento com você como irmão ou irmã em Cristo.

Esse ensino acerca de Cristo na sua igreja muitas vezes confundeos cristãos. De que maneira Cristo se relaciona conosco quando nosreunimos nas células? Seria possível para Cristo estar com dois ou trêscristãos que se reúnem em seu nome de um modo diferente do que ape-nas relacionar-se com cada cristão individual no grupo? É isso que Je-sus ensina em João, e essa também é a minha experiência pessoal nascélulas.

Jesus nos certifica de um habitar corporativo bem como de umhabitar pessoal. Da mesma maneira que você e eu entendemos que Cris-to está em nós como indivíduos, também podemos entender Cristo nomeio de nós quando nos reunimos em seu nome em um contexto degrupo pequeno.

Mateus 18.20 explica meu relacionamento corporativo com Cristoquando estou com você e com mais dois ou três outros cristãos. Poisonde se reunirem dois ou três em meu nome, ali eu estou no meio deles.A palavra "eu" aqui em Mateus 18.20 é o mesmo "eu" em João 14.20quando Jesus usou o "eu" para referir-se a si mesmo, ao Pai, e tambémapontou para o Espírito. O "eu" também é Cristo.

Não podemos afirmar que Cristo mora em nós pessoalmente emum relacionamento singular conforme João 14.20 e ao mesmo temponegar esse mesmo relacionamento com "dois ou três" conforme é pro-metido em Mateus 18.20. No entanto é exatamente isso que fazemos naprática. Levou-me anos para entender que o mesmo relacionamentotrinitário que experimento pessoalmente também se torna vivo quandome encontro com você e com vários outros cristãos em um encontro

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com Cristo. Na verdade, tem sido minha experiência que Cristo é capazde manifestar-se a mim de uma maneira mais poderosa e plena quandoestou com "dois ou três". Isso quer dizer que "eu não me basto" parareceber a completa revelação de Cristo. Para experimentar Cristo damaneira mais completa, eu preciso de você e de outros cristãos paraviver comigo em comunidade. O encontro da célula pode ser visto comouma devocional em grupo com o Senhor, enquanto outras experiências(individuais e em grupo grande) são normalmente encontros "pessoais"com Deus.

Jesus disse em João 14.18: Não os deixarei órfãos; voltarei paravocês. Essa é uma promessa de um relacionamento imanente, pessoal epróximo. Essa é uma promessa não somente ao cristão individual mastambém à comunidade cristã. Na maioria das vezes experimentamos essapromessa da presença de Cristo em nosso relacionamento pessoal comDeus. Mas nos sentimos órfãos porque não vivemos na unidade da suapresença como uma família em uma comunidade de grupo pequeno.Que triste!

Por causa do meu relacionamento pessoal com Cristo e Cristo emmim, bem como o seu relacionamento com Cristo quando nos reunimosem seu nome, nos tornamos o corpo vivo dele no qual Cristo, o Pai e oEspírito habitam em nosso meio. Essa é a igreja dele na sua forma maisbásica. Nós experimentamos a imanência de Deus em um relaciona-mento pessoal e em um relacionamento coletivo. Aqui está o resumo decomo isso acontece.

• Vários relacionamentos espirituais individuais tornam-se umgrupo comum, uma entidade espiritual - seu corpo. Cristotoma o meu relacionamento pessoal João 14.20 com ele,(Cristo em mim. Vocês em mim [Cristo]. Eu [Cristo] no Pai)e une esse relacionamento com outros cristãos em um relaci-onamento Mateus 18.20 (onde dois ou três estão reunidosem meu nome, ali eu estou no meio deles). No relaciona-mento com ele, ele nos une no seu corpo espiritual na terra .

• Meu relacionamento pessoal com ele e o relacionamento pes-soal que você tem com ele então tornam-se mais do que asoma das nossas experiências espirituais individuais com ele.Juntos conhecemos Cristo de uma forma mais completa doque podemos conhecê-lo em nossas experiências individu-ais.

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• Juntos em seu nome tornamo-nos o seu corpo vivo no qualele habita, capacita e ministra.

Earnest Loosely, em When the Church was Young (Quando a igrejaerajovem), afirmou:

Quando um homem se encontrava com Cristo - quando a igre-ja era jovem - ele ficava impressionado com as riquezas querecebia em ter um Senhor que habitava nele. Então ele entrouna comunidade de crentes e ficou impressionado outra vez. Amaravilha da comunhão diária, o cuidado, a proteção e a "co-munidade" da igreja [...] uma criação nova [...] eram uma expe-riência totalmente nova para o homem. Homens salvos eram deuma espécie diferente e eles tinham um habitat para viver e issoera singular a essa espécie. Ninguém jamais havia conhecidoqualquer coisa parecida com a igreja [...] a comunidade dosredimidos. Aqui estava o outro grande magnetismo da igrejaquando ela era jovem: Ela mesma!'

A PRESENÇA DE CRISTO ERA SINGULAR NA IGREJADO Novo TESTAMENTO

Na Tailândia, a necessidade de colocar em prática Mateus 18.20se tornou óbvia para mim. Organizações humanas, sabedoria e técni-cas não penetrariam na escuridão de séculos do budismo e do espiri-tismo. Eu já suspeitava que a teologia da igreja era mais do que euhavia estudado ou experimentado. Viver no meio do budismo por 15anos confirmou minha suspeita. Deus não trabalhou tanto na minhateologia da igreja quanto ele desafiou o significado prático da minhaeclesiologia no viver diário. Ray Stedman acrescentou a essa com-preensão quando ele escreveu:

A igreja está aqui na terra, não para fazer aquilo que outrosgrupos podem fazer, mas para fazer aquilo que nenhum ou-tro grupo de seres humanos é capaz de realizar. Ela estáaqui para manifestar a vida e o poder de Jesus Cristo emcumprimento do ministério que foi dado a ele pelo Pai. ..4

Depois de voltar aos Estados Unidos, comecei a explorar a na-tureza desse novo tipo de igreja que Deus tinha colocado em meu

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coração. Em várias ocasiões, colocava no papel o que eu entendiaacerca da natureza e operação da igreja do Novo Testamento. Sem-pre, numa mistura de idéias e páginas de rabiscos, apareciam duasfrases com três simples conceitos. "O que Deus habita ele capacita"."O que Deus habita e capacita, ele usa".

Essas duas frases formavam um registro incompleto em minhamente. Eu não conseguia tirá-Ias da minha mente, mas eu tambémnão conseguia encontrar um lugar para elas. Finalmente, ao estudar anatureza da célula (grupo pequeno), a frase começou a fazer sentido.Tudo começou a fazer sentido. Isso tinha que ver com unidades decélulas. Deus habita e capacita sua igreja nesse nível mais básico! Oque Deus habita e capacita, ele também usa. Dessa descoberta surgiuum simples acróstico, que eu chamo de os três "P's".

A Presença de Cristo: "O que ele habita".O Poder de Cristo: "Ele capacita".O Propósito de Cristo: "O que ele habita e capacita, eleusa".

O significado da presença permanente de Cristo em sua igreja éessencial para a compreensão e operação da igreja. Jesus planejousua igreja para ser seu corpo vivo e encarnado na terra. Esse tipo deigreja somente vai funcionar se ele a fizer funcionar. Ele é a fonte davida, do poder e da missão da igreja. Se a igreja é o seu corpo, eledeve habitar nela e dar vida a ela.

Francis Schaeffer entendia que a singularidade de Cristo na igre-ja do primeiro século deve ser transplantada para a igreja do séculoXX:

Essa presença permanente de Cristo deu a eles um senso depoder, de suficiência, de prontidão para lidar com qualquersituação que surgia. Esses homens nunca estavam confusosacerca do que deveriam fazer. Recursos infinitos de graça esabedoria e força estavam à sua disposição [... ], um reser-vatório nos domínios invisíveis que nunca podia ser exau-rido. Os homens que sentiam que todos os recursos possu-ídos e exercidos por Jesus nos dias da sua carne continua-vam esperando para serem apropriados e usados (João14.12), não iriam se retrair da tarefa desafiadora que estavadiante deles. Nós também não deveríamos nos retrair se,

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temos uma fé simples semelhante à deles, e uma confiançasegura além de uma experiência com o Senhor permanente,vivo e reinante!'

A presença permanente de Cristo fez a diferença na primeira igreja.A igreja de hoje nunca vai ser parecida com a igreja primitiva até quetambém viva na presença permanente de Cristo. Os grupos pequenosnas casas eram uma parte importante daquela experiência dinâmica doprimeiro século. A presença de Jesus com seus discípulos na comunida-de durante seus três anos e meio de ministério, os grupos nas casas ime-diatamente depois de Pentecostes e a dependência contínua nas reuni-ões dos grupos pequenos nas casas na obra missionária de Paulo ligam apresença permanente de Cristo com um projeto de grupos pequenos navida da igreja.

DEUS EXPRESSA, DE FATO, SUA NATUREZA POR INTERMÉDIODE ESTRUTURAS!

Vincular a natureza de Deus a uma forma de igreja é algo radicalpara alguns. Não deveria nos surpreender que a auto-revelação de Deusé expressa por meio de formas apropriadas. Deus tem usado formas eestruturas no passado para ensinar verdades a respeito de si mesmo.Altares de sacrifício foram usados como lugares especiais para encon-trar-se com Deus. AArca daAliança foi uma forma usada por Deus paramanifestar-se. O mesmo ocorria com o Tabernáculo. A Tenda do Encon-tro no deserto foi um local de encontro com Deus. O Monte Sinai foi umlugar sagrado. O Templo foi cuidadosamente projetado por Deus pararevelar-se a si mesmo. O Santo dos Santos era tão sagrado porque Deusse revelava ali de uma maneira especial. No Novo Testamento, Jesusplanejou a igreja de uma forma simples para reunir-se no grupo grandee em grupos pequenos. Os ambientes do grupo grande e dos grupos pe-quenos que vemos operando no Novo Testamento oferecem um contex-to único para Deus expressar a sua natureza transcendente e imanentepara os seus seguidores. Deus se expressa ao homem quando ele estásozinho e quando ele está em comunidade. Dentro desses dois contextosDeus se revela como o grande e eterno Deus e como o Deus próximo eíntimo.

Os ambientes do grupo grande e do grupo pequeno têm certas ca-racterísticas que os tornam mais apropriados para a expressão da natu-reza transcendente e imanente de Deus. É claro que Deus pode e

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entremescla esses dois relacionamentos e expressa a sua transcendêncianos grupos pequenos e a sua imanência nos grupos grandes. Deus ésoberano e pode expressar-se da forma como desejar em qualquer ambi-ente. Pense na direção projetada nas duas reuniões. No grupo grande, ofoco na maioria das vezes começa com a transcendência, ressaltando agrandeza de Deus, e passa gradativamente para a imanência de Deus.Por outro lado, no grupo pequeno o foco direcional na maioria das vezesflui dentro de um círculo. Na célula, Cristo está no meio do seu povo naterra, iniciando com a imanência, passando para a transcendência.

O propósito de Jesus com seu projeto de igreja visa em primeirolugar que a igreja experimente a plena natureza transcendente e imanentede Deus. Seu segundo propósito é usar sua igreja como um agente pararevelar a transcendência e imanência de Deus para o mundo. Deixar deusar o projeto de Cristo não é uma falha estrutural mas uma falha teoló-gica. A igreja que rejeita o uso do projeto simples do Novo Testamentode Jesus não está somente rejeitando o projeto da igreja do Novo Testa-mento, mas está a perigo de representar incorretamente a própria natu-reza de Deus.

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10ÁQUILA E PRISCILA-

COMUNIDADE DO NOVOTESTAMENTO

Deve haver uma ortodoxia da comunidadeassim como há a ortodoxia da doutrina.

- Francis SchaejJer

L ucas registra que os primeiros crentes se reuniam todos os dias,não somente no Templo (a reunião de toda a igreja) mas emsuas casas (as congregações nas casas), participavam das re-

feições com alegria e sinceridade de coração, louvando a Deus e tendo asimpatia de todo o povo (Atos 2.46-47; 5.42, 20.20). A igreja do NovoTestamento funcionava como uma comunhão no primeiro século dentrodesse contexto ou ambiente duplo. O contexto do estar reunido envolviao encontro de toda a igreja, a reunião como congregação, que ia ao tem-plo. O contexto do estar espalhado, envolvia o encontro nas igrejas nascasas, unir-se nas células, que ia de casa em casa.

Essa estrutura simples criou um ritmo ou uma melodia especial naigreja do primeiro século. Tanto Howard Snyder como Elton Truebloode Ray Stedman usam a palavra "ritmo" para descrever a estrutura daigreja do Novo Testamento. Por exemplo, Howard Snyder escreveu:

Sempre havia esse ritmo harmonioso entre grupo pequeno/grupo grande, em que o grupo pequeno provia a intensa vidaem comunidade que trazia profundidade às reuniões do grupogrande (quer fosse para adoração ou para testemunho ).1

Elton Trueblood declarou:

O ritmo da Igreja normalmente funciona da seguinte maneira:

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o estabelecimento da base no domingo e a dispersão durante asemana. Mas, visto que não existe nada de sagrado acerca dedias especiais, não existe um bom motivo por que, em casosespeciais, esse padrão não pudesse ser invertido."

Ray Stedman acrescentou:

Mas na igreja primitiva se evidenciava um ritmo de vida emque os cristãos se reuniam nas casas para se instruir mutuamen-te, para estudar e orar em conjunto e compartilhar o ministériodos dons espirituais. Então eles saíam de novo para o mundo, afim de deixar o calor e o brilho da sua vida plena de amor trans-bordar num testemunho cristão espontâneo, que atraía pagãossedentos de amor como uma confeitaria atrai crianças.'

ÁQUILA E PRISCILA

o historiador F. F. Bruce nos apresenta um casal de pessoas-chavena igreja do primeiro século. Eles eram o sr. e a sra. Líderes CristãosTípicos que viviam no "ritmo" da igreja do Novo Testamento. Entendersua vida na igreja vai nos ajudar a entender a teologia prática da igreja doNovo Testamento. Eles não somente mantinham uma doutrina ortodoxamas viviam numa comunidade ortodoxa:

No início do ano 50 um casal judeu interessante estava indopara a sinagoga em Corinto. Eles tinham morado em Roma poralguns anos, mas ultimamente uma explosão de tumultos entrealguns judeus em Roma tinha dado ao imperador Cláudio a gran-de oportunidade de impor restrições à comunidade judaica, OLl

seja, a sua expulsão de Roma. O édito da expulsão não teve umefeito muito longo; muitosjudeus romanos, no entanto, tinhamde encontrar um lar em outro lugar por um tempo, e entre essesque foram para Corinto havia um casal do qual estamos falan-do, ele, um profissional que trabalhava com couro, chamadoÁquila, e sua esposa Prisea. Áquila não era judeu romano de

nascimento; ele nasceu em Ponto, no Mar Negro, que faz divisacom a Ásia Menor. Sua esposa - conhecida pelos seus amigospelo seu nome mais familiar Priscila - parece ter pertencido auma classe social mais elevada do que o seu marido; ela podeter tido conexão com a família nobre romana chamada os gens

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A Igreja do Novo Testamento no século XXI /29

Prisca. Esse casal parece estar associado com um movimentonovo no Judaísmo que havia provocado os tumultos em Roma ...4

Esse casal fazia parte do ministério de Paulo em Roma, em Éfeso eem Corinto. Eles não eram apenas amigos de Paulo, mas tambémdiscipularam Apolo. Eles conheciam o significado do cristianismo e afunção da igreja do Novo Testamento provavelmente tão bem como qual-quer outro casal do primeiro século. Eles eram líderes que funcionavamno nível mais básico do ministério. Áquila e Priscila eram líderes de umaigreja nas casas, a unidade de operação básica da igreja primitiva. Oparadigma de igreja de Áquila e Priscila estava muito mais próximo daigreja em células do que da catedral.

A doutrina primitiva da igreja (eclesiologia) incluía os seguintes ele-mentos. Esses fatores ratificavam o grupo pequeno como a forma princi-pal de vida na igreja do primeiro século. Eles sugerem que a igreja de hojenão pode funcionar em um ritmo do Novo Testamento sem o grupo pe-queno do Novo Testamento modelado por Jesus:

• Eles se encontravam nas casas.• Eles participavam da adoração em vez de serem meros espectado-

res.• Os ensinamentos muitas vezes ocorriam em um contexto de grupo

pequeno.• A refeição ágape era feita de casa em casa.• Os dons eram exercidos em um contexto de grupo pequeno (célu-

la).

MUITAS CASAS

As Escrituras relatam que os cristãos do primeiro século se encon-travam nas casas para adoração, comunhão e ensino (1 Coríntios 16.19;Romanos 16.5; Colossenses 4.15; Atos 5.42). Michael Green, no livroEvangelism in the Early Church (Evangelização na igreja primitiva), enu-mera várias casas do primeiro século que foram usadas para esse propósito:

• A casa d~l em Tessalônica foi usada com esse propósito.• A casa de Tício Justo, localizada propositalmente à frente da sina-

goga (com a qual Paulo tinha rompido), em Corinto, foi um lugarde reunião.

• A casa de Filipe em Cesaréia parece ter sido um lugar muito

.._----_._-- ._- -

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Qe,te,ITIPQ em t~m2g _l!,ig~~jª-prim,itjva se encontrava na reun ião detoda à "jgr~ifl. Alguns tentam provar que locais de reuniões am'-:;-~pC·~~~~~

existiam antes do quarto século. Outros, que apóiam o conceito do grupogrande citam escritos antigos que mostram que amplas sinagogas e prédi-os de igrejas foram usados, sugerindo que o ambiente grande era a manei-ra preferida de reunião da igreja do primeiro século. No livro The LargeChurch (A igreja grande), John N. Vaughan relata:

130 A Segunda Reforma

hospitaleiro, onde viajantes marítimos como Paulo e seus com-panheiros eram bem-vindos, e também pessoas carismáticas comoÁgabo.

o A casa de Lídia em Filipos era tanto um lugar de reunião comoum lugar de hospedagem para Paulo.

o Parece que Áquila e Priscila mantinham uma igreja em sua casaindependentemente de onde eles moravam, em Corinto ou emRoma.

o A casa do carcereiro em Filipos foi usada como um centroevangelístico depois da sua conversão dramática.

o O próprio Paulo batizou a família de Estêvão, e Paulo evidente-mente usou a casa de Estevão "a serviço dos santos".

o A primeira comunidade cristã se reuniu no andar superior de umacasa particular, da mãe de João Marcos em Jerusalém. Não é deadmirar que a "igreja no lar" se transformou em fator crucial nadifusão da fé cristã".'

Somente Eusébio menciona 11 ocasiões em que prédios de igrejajá existentes foram destruídos durante o reinado de sete impera-dores romanos.Nossos melhores registros indicam que vários locais foram adap-tados por cristãos primitivos para as suas reuniões. Esses locaisincluíam casas, andares superiores, o templo, sinagogas, encos-tas dos montes, saguões de ensino, templos pagãos e principal-mente basílicas municipais. No período anterior ao reinado deConstantino, as igrejasjá possuíam cemitérios, locais para reu-niões e toda a parafernália de adoração."

Quem está certo? Afinal de contas, a igreja primitiva se encontravaem locais grandes ou pequenos? A resposta é que na verdade ela se encon-trava tanto em locais grandes como em locais pequenos (no caso as ca-sas). A natureza da igreja é funcionar com as duas asas: a igreja se reunia

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A Igreja do Novo Testamento no século XXI

no ambiente congregacional e se espalhava no ambiente da comunidadeem células. O problema hoje não está em provar que a igreja existia tantocomo grande congregação quanto como em células pequenas durante oprimeiro século. Isso está evidente no Novo Testamento. ~SSQ problema ...

. hoje é que a igreja traç!jçional igpQl:a o wQIJelo, do Novo.l'~.e.ytve~ a COI1Jlwi.º.acl~..do, N.º.Y9_Ie~!~!11.el)to:..J~\!uzdessa esmagadoraevidência, como isso pode continuar?

PARTICIPAÇÃO NA ADORAÇÃO

O tipo de adoração descrita no Novo Testamento sugere um ambien-te de grupo pequeno como seu contexto de adoração principal. Muito doque o Novo Testamento relata acerca da adoração não vai se encaixar naadoração do grupo grande como ela ocorre hoje, não importa o quantotentarmos forçá-Ia. Os cristãos do primeiro século viam a face um do ou-tro, não apenas as costas de alguém sentado no banco da frente. Os cris-tãos do primeiro século eram participantes, não espectador:~ .~~a=-ção. ....- ..•_ -

Paulo descreve a adoração deles nas epístolas, em Efésios 5.18-19 enos versículos associados em Colossenses 3.12-17. Lemos no texto deEfésios: "".deixem-se encher pelo Espírito, falando entre si com salmos,hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando de coração ao Senhor".

Esse tipo de adoração é uma adoração do tipo uns aos outros. Aparticipação na adoração com Deus, mas também uns com os outros. Ofluir da adoração deles era para cima, para Deus, e também horizontal, deuns aos outros. Eles também adoravam a Deus juntos. Os cristãos do pri-meiro século estavam, na verdade, envolvidos com Deus como o objetoda adoração e com os seus companheiros adoradores como os instrumen-tos de adoração. Eles não eram solistas na adoração, mas parte de umcoral, e juntos elevavam a adoração a Deus.

Também envolvia diversas tarefas ou atividades. Salmos, hinos ecânticos espirituais são cobrados no contexto de todos os dons: profecia,palavras de conhecimento, línguas e interpretação. Muitas pessoas pre-cisavam participar desse tipo de adoração para que todas as atividadesfossem desempenhadas. Essas atividades não eram real izadas por dois outrês "artistas" para todas as outras pessoas presentes.

Em Colossenses 3.12-17, Paulo cria a imagem de uma vida íntimano corpo. Esse tipo de adoração tinha como contexto um grupo pequeno,de perdoar uns aos outros, de suportar uns aos outros e ser paciente unscom os outros. Essas eram ações de grupos pequenos, não atividades de

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um grupo grande.Paulo descreve um tipo de adoração que pressupõe o ambiente de

grupo pequeno como parte essencial da experiência. Portanto, é extre-mamente difícil, se não impossível, encaixar as palavras e ações da ado-ração do primeiro século na estrutura da igreja de uma asa do séculoXX. A adoração no contexto do grupo grande encoraja o desempenho deuma plataforma ou palco em vez da participação do povo. Os cristãos doprimeiro século não eram espectadores aplaudindo a equipe de louvor,mas participantes ativos no importante evento da adoração.

A igreja tradicional tem tentado todo tipo de técnicas para envol-ver a congregação: leitura responsiva, respostas responsivas, cânticocongregacional, cumprimentar uns aos outros durante o culto, além deoutras técnicas. No Oriente, todos podem orar em voz alta ao mesmotempo, dando um certo sentimento de participação congregacional. N_ã_o_~imeorta~._9..'!.~_f1..~~r..~lOs.2~~oraç~?- ...c:I:::.e;:....:.:.::.:!.e.:..:n;;:ã;.:;o_==.;~.;;;;..:;..;;,;;:.;~!íó"o__ .soar como a adoração do primeiro século. Isso.....~!L~: ...,..."yJ~I!J.J;lJJ;u.:>:;.a.J.iiW4......

de-Si!§lr19Bf€:?I~~.sEmrYillQ~çJffu~i·l?_iffil!~.I)ªºJ~.m-ºs..ª.. 1""i)UI.Q~.~,""",L;......

tUfão.A id~i~_.d~.~_@~ªp.,de.Paul().'flª igrejaprimitiva pode oçl:m~,"J.llQJ.L__ ,~·cfe~~~i:olv.~rrn()§.,()çQQJe~tode grupopequenc-junto. com·.,~·e;ent~~ __

·~?J?r!!~_.B!:~!l9~:",ENSINAMENTOS DO Novo TESTAMENTO

Todos nós levamos nossos próprios "óculos" (paradigmas)interpretativos para a Bíblia quando a lemos. Esses óculos nos ajudam ainterpretar o contexto e cenário daquilo que estamos lendo. Por anos, euli o Novo Testamento com os meus óculos da igreja de uma asa. A únicaforma de interpretar os ensinamentos do Novo Testamento era usando aminha igreja como filtro. Minha igreja se reunia em grupos grandes im-pessoais que eram liderados por líderes religiosos profissionais dentrodos limites das instalações da igreja. Alguns textos simplesmente nãofaziam sentido quando eu tentava aplicá-los dentro do contexto da igre-ja moderna na qual eu vivia.

Mateus 18.15-17 era um desses textos. É difícil adaptar osensinamentos de Jesus acerca da maneira como reconciliar diferençaspessoais dentro da estrutura da igreja de uma asa. Se o seu irmão pecarcontra você, vá e, a sós com ele, mostre-lhe o erro [...} Mas se ele não oouvir. leve consigo mais um ou dois outros [...} Se ele se recusar a ouvi-los, conte à igreja; e se ele se recusar a ouvir também a igreja, trate-ocomo pagão ou publicano.

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A Igreja do Novo Testamento no século XXI 133

Parece que existe um obstáculo grande demais entre levar um oudois consigo e o próximo passo que é levar o caso para a igreja. Esseprocesso parece arrasador se usarmos os óculos de uma asa, em que areunião de domingo cedo é vista como a igreja, em que centenas oumilhares de pessoas estão presentes. Imagine implementar esse proces-so usando somente a definição do grupo grande como igreja. Quantoscasos de disciplina e confissão seriam levados para o culto de celebra-ção no domingo cedo? É por isso que a disciplina, na maioria dos casos,é ignorada na igreja tradicional. É simplesmente interruptivo e dolorosodemais praticar esse tipo de prestação de contas em uma atmosfera deadoração no grupo grande.

Os ensinamentos de Jesus fazem perfeito sentido quando vistosatravés dos óculos da igreja de duas asas. A igreja era o grupo pequenona casa que conhecia o problema e as pessoas envolvidas. Essas teste-munhas viriam do próprio grupo. Se a pessoa não se reconciliasse dianteda célula, então uma disciplina mais severa era adotada naquele nível.Isso significa que os ensinamentos de Jesus podem ser aplicados de umamaneira natural. Forçar os ensinamentos de Jesus no contexto do grupogrande, que é a nossa definição de igreja, não é algo natural, praticávelnem neotestamentário. Ao ignorar o grupo pequeno, perdemos a oportu-nidade de aplicar muitos ensinamentos do Novo Testamento à vida deuma maneira natural, em vez de aplicá-los arbitraria e artificialmente.

As REFEiÇÕES "ÁGAPE"

Em Atos 2.46, lemos que eles continuavam a reunir-se no pátio dotemplo. Partiam o pão em suas casas, e juntos participavam das refei-ções, com alegria e sinceridade de coração. A Ceia do Senhor era umevento de grupo pequeno na igreja primitiva.

A refeição "ágape" era a refeição em memória de Cristo. Ele inicioua primeira Ceia do Senhor na sala do superior no formato simples da famí-liajudaica, que ocorria após ocasiões especiais da família. O pão era que-brado no início, e então o vinho era servido como um "brinde" no final darefeição. Jesus deu significado espiritual a um evento familiar muito co-mum. A informalidade e o calor pessoal dessa refeição não podem serduplicados em um contexto de grupo grande. Os cristãos primitivos eramcapazes de lembrar o Senhor da maneira correta porque eles estavam numcontexto de grupo pequeno. A lembrança da sua vida e morte, seu sustentoe sacrifício, seu habitar no meio deles e sua redenção por eles ocorria emum ambiente familiar simples e informal.

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Hoje, não temos o contexto para fazer o que Jesus pediu para fazer-mos visto que só temos a reunião do grupo grande. William Barclay diz:

Não pode haver duas coisas mais diferentes do que a celebra-ção da Ceia do Senhor na casa de um cristão do primeiro sécu-lo e a celebração numa catedral do século XX. Essas coisassão tão diferentes que é quase possível dizer que não existenenhum tipo de relação entre as duas situações.'

A prática da Ceia do Senhor no Novo Testamento sugere encon-tros de grupos pequenos, a maneira principal de operação da igreja.

DONS EXERCIDOS EM UM GRUPO PEQUENO

A forma como os dons eram usados é mais uma prova irrefutável queapóia a existência de grupos pequenos. Paulo diz: Quando vocês se reúnem,cada um de vocês tem um salmo, ou umapalavra de instrução, uma revela-ção, uma palavra em uma língua ou uma interpretação (I Coríntios 14.26).Ele também diz que os dons devem estar sujeitos ao controle da igreja.

De acordo com a primeira carta de Paulo aos Coríntios, os dons de-vem funcionar de tal maneira que cada um possa ter a liberdade e a oportu-nidade de participar com um salmo, uma palavra de instrução, uma revela-ção, uma palavra em uma língua ou uma interpretação. Contudo, Paulotambém espera que tudo isso seja feito com decência e ordem. Onde e comoa igreja pode se reunir para que haja a liberdade e a ordem necessárias parao exercício dos dons espirituais?

..·.~~.!(u~qQe.s~r.~.cidaua~oogf.upo.&t~Q~ dons depregãção, de ensino ou adoração são apropriados ao ambiente do grupogrande. O Novo Testamento também registra os dons de curas e milagressendo exercidos nos eventos públicos do grupo grande. No entanto, o ambi-ente do grupo grande simplesmente não obedece ao critério da liberdade ouordem para o uso adequado de outros dons espirituais enumerados no NovoTestamento.

Exercer dons espirituais somente no ambiente do grupo grande resul-ta em uma postura extrema quanto aos dons de um tipo ou de outro. Nareunião do grupo grande de algumas igrejas não existe nenhum tipo de li-berdade para o exercício dos dons. O formato formal da adoração tem sidocuidadosamente preparado ao longo dos anos para eliminar surpresas ou

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embaraços pela inclusão de dons, exceto aqueles exercidos pelos profissio-nais treinados. Em outras reuniões de grupos grandes, existe pouca ordempara que os dons possam edificar a igreja como um todo. Os dons tornam-seatividades pessoais que beneficiam principalmente os indivíduos que usamseus dons pessoais dentro do corpo grande. Ou, o formato do grupo grandepode exibir os dons de um ou alguns líderes altamente visíveis.

De que maneira uma pessoa pode estar sujeita à supervisão proféticano meio de uma multidão de acordo com a explicação de Paulo? Na maioriados cultos públicos onde se espera que os dons estejam presentes, os líderesmanifestam todos os dons do palco ou eles são feitos reféns de alguém dacongregação que exerce um dom sem o discernimento ou ordem. Essa é anatureza do grupo grande. Esta certamente não é a descrição de Paulo douso dos dons no Novo Testamento.

C2. único contexto que n,'!tr~ç eq'!l!iQtig.••.a...or.dem,e...aJiberdade,doN..cml_Ie~tam~l1tQ,.nQ:exercíci&.,dosdoos~~b.ien.te..çlQ.gr.1!P.sLP~q~~no.Nesse tipo de grupo, poucos são tentados a aparecer para o público (pelomenos não depois da primeira vez) porque ninguém pode escapar da admo-estação espiritual se eles usam um dom de maneira carnal ou não espiritual.Por outro lado, no grupo pequeno existe a liberdade para o Espírito de Deusderramar seus dons no meio do seu povo.

ÁQUILA E PRISCILA NA SUA IGREJA

Se Áquila e Priscila visitassem sua igreja por uma semana, o queeles iriam encontrar? Eles iriam ver os elementos de vida que eles experi-mentaram nos tempos do Novo Testamento? Eles certamente estariamprocurando encontrar o que eles experimentaram na igreja do primeiroséculo. Sim, a doutrina seria a mesma, e eles certamente considerariamisso importante em relação às igrejas modernas. Mas, será que eles seriamconvidados a vários lares onde Cristo está presente e relacionamentos sãodesenvolvidos? Eles participariam da adoração e veriam outros não líde-res expressando seu coração a Deus? Eles participariam de relacionamen-tos de prestação de.~Dtas e transRarêncja.,.e.tomariaJn ..LCeia em um ambi-~te familia.rtJ~!es veriam todos os membros exercendo seus dons, emliberdade e ordem?

Eles certamente apreciariam o bom ensino e a adoração do grupogrande, mas eles também anelariam experimentar a vida e os relaciona-mentos do corpo de Cristo, experimentando a sua presença. Quandoeles vissem que isso também existia, participariam com alegria, porqueteriam encontrado o tipo de igreja que conheceram no primeiro século.

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A TEOLOGIA DE LUTERO,SPENER E WESLEY

A Reformafoi uma revolta contra a autoridade papalmas não contra o conceito romano de igreja

como instituição.- William R. Estep

O modelo original da igreja tem aparecido em alguns lugares ecircunstâncias pouco promissores na história. Um punhado decristãos tem adorado a Deus no contexto da célula e da congre-

gação em cada período histórico. Mesmo alguns dos líderes mais famo-sos consideraram ou chegaram a implantar a estratégia de células. Sem-pre que a igreja, por causa da perseguição, foi forçada a sair de Jerusa-lém, os cristãos voltaram ao padrão do grupo pequeno do Novo Testa-mento

A NONAGÉSIMA SEXTA TESE DE MARTlNHO LUTERO

Martinho Lutero, o líder da primeira Reforma, pretendia refor-mar a estrutura da igreja junto com a teologia da igreja. Lutero identi-ficou três tipos de adoração em seu prefácio à The German Mass andOrder of Service (A missa alemã e sua ordem de culto).

A primeira, ele disse, é a missa em Latim, e a segunda é a liturgiana língua alemã. Veja os comentários de Lutero a respeito do terceirotipo de adoração, que se parecem com os grupos caseiros do NovoTestamento:

Essas duas ordens de culto devem ser utilizadas publicamente,nas igrejas, para todas as pessoas, entre as quais há muitasque não crêem e ainda não são cristãs [...] Essa ainda não é

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uma congregação bem ordenada e organizada, na qual os cris-tãos poderiam ser dirigidos de acordo com o evangelho [...]O terceiro tipo de culto deveria ser uma ordem verdadeira-mente evangélica e não deveria ocorrer em um lugar públicopara todos os tipos de pessoas. Mas aqueles que querem sercristãos verdadeiros e que professam o evangelho com as mãose a boca deveriam assinar seus nomes e encontrar-se em umacasa em algum lugar para orar, para ler, para batizar, para re-ceber os sacramentos, e para fazer outras obras cristãs [...]Aqui poderíamos estabelecer uma breve e simples ordem parao batismo e o sacramento e centralizar tudo na Palavra, naoração e no amor [...]Em resumo, se tivéssemos o tipo de povo e pessoas que dese-jam ser cristãos sinceros, as regras e regulamentações logoestariam prontas. Mas como está, eu não posso-nem desejocomeçar esse tipo de congregação ou assembléia ou de fazerregras para ela, porque eu ainda não tenho o povo ou as pesso-as para essa congregação, nem vejo muitos que a querem. Masse eu fosse requisitado para organizá-Ia eu não poderia, em sãconsciência, recusar isso, e alegremente faria a minha parte eajudaria da melhor forma possível. I

Reunir-se em grupos pequenos nas casas foi a tese "não escrita" deLutero, na qual ele acreditava, mas falhou em implementá-Ia. D. M.L1oyd-Jones destaca que Lutero tornou-se depressivo à medida que aReforma avançava. Ele sentia que as igrejas que haviam concordadocom seus ensinamentos não tinham a verdadeira vida e vigor espirituais.L1oyd-Jones escreve:

Uma outra coisa que agravou grandemente esse sentimento[de depressão] nele era o fenômeno do Anabatismo [...] Eleteve de admitir que havia uma qualidade de vida naquelas igre-jas que estava ausente nas igrejas às quais ele pertencia. As-sim ele reage de duas maneiras em relação a essas igrejas dosanabatistas; ele precisa disciplinar seu povo contra elas, masao mesmo tempo ele deseja ter em sua igreja o tipo da coisaque estava funcionando tão bem nas igrejas dos anabatistas. Oresultado de tudo isso foi que ele sentiu que a única coisa afazer era [...] reunir as pessoas que são realmente cristãs emum tipo de igreja interna ou secreta.'

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Lutero sabia que se ele reformasse o vin nbém teriade re ormar os o res estruturais da igreja. O que impediu Lutero e con 1-

nUà'f'SUareiórrriá ao estito·de vida êfa Igreja e da sua teologia? D. M.Lloyd-Jones acredita que foi o espírito de cautela, considerações políti-cas, falta de fé nas pessoas das suas igrejas, e medo de perder o movimen-to para os anabatistas.

Como seria a igreja de hoje se Lutero tivesse sido tão bem-sucedidona área da estrutura e no estilo de vida como ele foi na área da teologia?Podemos apenas especular, mas eu creio que a igreja seria significativa-mente diferente. Lutero continuou a usar o modelo da catedral católicacomo o odre para suas novas doutrinas, e esse odre vazava.

ENTRE LUTERO E WESLEY

Os grupo~ pequenos continuaram a aparecer mesmo depois queLutero decidiu usar a estrutura antiga da catedral. Doyle L. Young, emseu livro criterioso New Life for Your Church (Nova vida para a suaigreja), examina os grupos pequenos dentro do movimento ietista. Elefaz um estudo excelente de Philip Jakob Spener, pai do pietJsmo 1635-1705).-.. O dr. Young mostra que "já el!l1669 Speger tinha enten9idp.9,ue.a

identidade da igreja requeria 9ue 0fclist~Sl~ Sx encoptrassem regular- -menfê erngrupõ'spééjüenos p:~~ar e ditc:el}~!r uns aos outros3~P'ârâ ·SrrieriSsô·"llãoérallUína es ra egla Eas ora m~~"~~~~

-' iiêc:SS-ffts da eclesiologia". Young cita as palavras de Spener: -~;:;:-.~--:-." h .w , 1'..... -":0>,,'_"''''

( É certo, em todo caso, que nós pregadores não podemos ins- ')truir as pessoas dos nossos púlpitos tanto quanto é necessário ./a não ser que outras pessoas na congregação, que pela graça ('de Deus têm um conhecimento superior do cristianismo, seesforcem em virtude do seu sacerdócio cristão universal, atrabalhar conosco e debaixo de nossa tutela para corrigir e)melhorar os seus vizinhos tanto quanto possível, de acordocom a capacidade dos seus dons e da sua simplicidade.'

~pener começou essas reuniões em 1~7Q..ç.omo intuito de provere.,!lÇoralamemo mútuo e supervisão. Spener chamou seus gI apó3 ih ~Collegia pietatis (encontros piedosos). Esses encontros piedosos ocor-riam duas vezes por semana com a participação tanto de homens comode mulheres. No início, o grupo discutiu o sermão do domingo anterior

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ou leu obras devocionais. Mais tarde, os grupos focalizaram n,adiscus-são das Escrituras.

----Os resultad~ não foram como Spener esperava. Houve dissensão _em alguns ~º-~ue desenvolveu uma oposição da ig-rejainstitucional

--[iJter:ãiíã-estabelecida com o apoio governamental. Isso atrapalhou o mo-vimento. Em Frankfurt, o cons_~Jhº--.c!ª-_sic!ad~_!l~Q_permiti"qqe os gru- _pos se reUnTssemji~.s..J::ãSás~---Spenerpercebeu que quando os grupos

-rerornãrãmpârãâ"ígrejii""'; eles pararam de falar abertamente nas reuni-ões. Isso foi, para todos os propósitos práticos, a morte da experiênciade uma teologia e estrutura reformadas.

A AMEAÇA DA "VERDADEIRA" IGREJA

~ lJ1ovi!:P!n.~k1;jstª., os membros dos grupos pequenos nãodeveriam considerar sua comunhão nos grupos a verdadeira igreja quandocomparada com a igreja institucional. A essa altura, Spener pode terfeito uma concessão à igreja catedral. ~ua teologia certamente conside-rava 9s ~rul2os pequenos como sendo i~re~. No entanto, suas declara-

~s públicas levarâmemconta que sua abordagem iria intimidar a es-trutura existente. Portanto, Spener usou declarações que o status quoexistente achasse menos ameaçadoras. A~!.l.!!~!...!l~~..w~oIiMI~i!íiIoIoIlIiiI.-..•••••

para aquilo qu,~...,Sl.'J~W~.l#WJ,~~\;/;:,.t,\\J,.üu.~"JJ.l~.pi;ô<~~~~.Ii.{;,w?':~,..,,,.-peqtrerrósúm anexo à igreja existente ~.!!.~2~~.!1J.9.},,j.w_p~.'- ~ ''Spelrer'fôlv'íti'fhãdêlimãdetiiífção inadequada dos seus própriosgrupos pequenos. Vistos como menos dp guç ymª~~a ~~alew§ pãO

pu~e~alll~~brevl~.er ~~~ndo velo~~_?R~~çãO da. igreja tradicional,_H~~_exigia ser considerada a igreja verdadeira. A partir dos seus escritos, .vemóS' q'lle""S'peherhUiTtã [éilelmrãvãq7i~essas ecclesiole in ecclesia(pequenas igrejas dentro da igreja) substituíssem a igreja institucional.Ele projbi",acel~8ra~Q dQ&,,@~,rameDtosnos grupos caseiros. Em PiaDesideria, Spener escreveu que os Collegia deveriam ser: •

instrumentos por meio dos quais a igreja novamente seria le-vada a refletir a imagem da comunidade cristã primitiva [...]Seu propósito não era separar os cristãos "verdadeiros" dosoutros e imbuí-los com uma auto-imagem farisaica.'

Tenho grande apreço por Spener. Aqui estava um homem com umavisão de renovação do estilo de vida da igreja dos seus dias. Ele sabiaque a reforma da teologia tinha alguma coisa que ver com a reforma da

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A Igreja do Novo Testamento no século XXI 141

forma da igreja. Ele procurou implementar o que chamou de um "moti-vo bíblico crucial". Mas ele chocou-se com a estrutura institucional deum dia por semana dos seus dias, que era protegida pelo governo.

Conseqüentemente, Young diz que em 1703 (33 anos depois doinício dos Collegia ou grupos pequenos), Spener tinha se tornado cínicoe cauteloso em relação aos grupos e não estabeleceu mais nenhum gru-po quando se mudou de Frankfurt. Mas precisamos dar crédito a Spener,porque ele tentou implementar uma estrutura nova, algo que Lutero dei-xou apenas como uma boa consideração teológica. ~--~-----'

OS ODRES NOVOS DE JOHN WESLEY

Samuel Wesley, pai de John e Charles, começou a construir o fun-damento para um tipo de sociedade religiosajá em 1701-1702. SusannahWesley, mãe de John e Charles, começou uma reunião em sua casa quecresceu tanto a ponto de Samuel, que estava longe devido às suas repe-tidas viagens a cavalo, ficar alarmado e pedir para ela parar com asreuniões. Ela escreveu a ele resumidamente: "Se você deseja estar emconflito com a vontade de Deus, eu vou obedecer a você em vez de aDeus".

John Wesley finalmente deu forma e força ao movimento. HowardSnyder, em seu livro The Radical Wesley: Patterns ofChurch Renewal(O Wesley radical: padrões para a renovação da igreja) escreveu crôni-cas a respeito da ação de Wesley em relação a uma igreja como grupospequenos. Wesley na verdade estava restaurando um padrão do NovoTestamento para a igreja dos seus dias. Snyder escreve de Wesley:

As comunidades (ou sociedades) metodistas eram divididas emclasses e turmas. Talvez fosse mais correto dizer que as comu-nidades eram a soma total dos membros das classes e turmas.Para fa~~r 2~.rte,@.§oÇij~.Qª"~.E':~~~~ precisavam primeiros~mbros de uma classe onde se experimentava úrri -niVelmáis.·íntimodê§9íTI~~grrLAsfêúniõêsdas classes formavam a pedra fundamental de todoo edificio. As c1as~~.Jllly.erdade eram.igreias.nascasas (nãoclassesR,!r~Til§fri!~~.çQmº.O termo pode dar aentender), reu-nindo-se em vários bairros onde as pessoas moravam [...]As classes normalmente se reuniam uma noite por semana emtorno de uma hora. Cada pessoa falava acerca do seu progres-so espiritual ou de necessidades ou problemas pessoais, e re-

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cebia o apoio e orações dos outros. "Conselhos ou repreensãoeram dados de acordo com a necessidade, rixas eram solucio-nadas e desentendimentos removidos: E depois de uma horaou duas nessa tarefa de amor, eles concluíam com oração eações de graça".'

WESL.EY E A IGREJA TRADICIONAL

Alguns líderes tradicionais acusaram Wesley-4e.~.Q~iSQ~ou cismas ao colocar membros da igreja em classes. Evickl1têiliente, elefoi acusado de "form~~.~E~j~~,Íi[~ii.". No vernáculo moderno, ele

_~stava sendo aCU.s:m9Ç1t::r:gubarovelhas. Ele negava isso categorica-mente! Sua resposta era a seg~liilte:"'S~_yocê~~rem dizer que apel~estamos reunindo pessoas das construções chamadªs~!QJ;:uconcordo. Mas se vocês querem dizer que estamos separando cristãosde cristãos, e dessa forrriadestruindo a comunhão cristã, então eu nãoconcordo"."

Se procurarmos verificar o motivo do sucesso de Wesley em esta-belecer um movimento em células onde outros falharam, percebemosque tem que ver com a sua compreensão da natureza dessas "classes".Esses grupos pequenos (classes) funcionavam como a igreja. Eles reali-zavam o que a igreja deveria realizar. Quando veio a oposição, Wesleynão foi distraído pela igreja tradicional que se considerava a verdadeiraigreja. As classes eram a verdadeira igreja para Wesley e, por isso, rece-biam a sua atenção especial. Essas classes funcionavam com a autorida-de do corpo de Cristo. Visto que Wesley colocava um propósito espiritu-al e uma natureza doutrinária tão elevada nas suas classes, elas puderamopor-se à resistência da igreja tradicional.

W~~Lty_'protegeu seus grupos, pe51l!,e,:,..1.:..1O~~s~~gu;.;:e~e~~~~,,~.~-_identificou-os como o.coração doseu movimento. Ele simplesmente.tão 3êsperdiçava seu fempó'-é6m pes;';'âs que não participavam da co-munidade (ou sociedade). Ele escreveu no seu diário em 26 de maio de1759:

Eu encontrei a pequena comunidade da qual eu havia partici-pado por dois anos aqui e que logo havia se fragmentado empedaços. No período da tarde eu me encontrei com diversosmembros das sociedades de oração: e mostrei a eles o quesignifica a comunhão cristã e a sua necessidade dela. Cerca dequarenta deles se reuniram comigo no domingo, dia 27, na

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igreja do sr. Gillies, logo após o culto noturno. Eu insisti quese reunissem com o sr. Gillies semanalmente, no mesmo horá-rio e no mesmo local. Se isso for feito, eu estarei disposto aver Glasgow outra vez: Se não, posso empregar meu tempo deuma maneira mais frutífera."

\y~.~ley~e?lIlT!illsua atitude em relação às "classes" em uma carta:"A...'l~eLe..~~~Y~l).iW.sereunirem. em,s;.la,s.Sce.s ..uão.+1Qdemii.çªr,,ÇQJ1..Q~9,9',',:. 8 Aênfase e obra maior de Wesley foi desenvolver a igreja nesse nível decomunidade. A vida de Wesley mostra que Deus sempre procurou resta-belecer sua igreja segundo o modelo de grupos pequenos do Novo Tes-tamento. George Whitefi~Ld, um evangelista notável, contemporâneo deWesley, taiTIõementenêFeu a Importância dos grupos pequenos. Duranteo avivamento wesleyano no século XVIII, na Inglaterra, Geoge Whitefiledescreveu aos seus convertidos:

Meus irmãos [...] contemos simples e livremente uns aos ou-tros o que Deus tem feito por nossa alma: ~E~).ê~sg_.Y5~S§§..ÜU:i~"am bem, como outros têm feito,~I11~~"y!).ir~m.e.m peqtlt;:n9~.grupõsdé'quatro ou cinco cada, reun indo-se .uma vez por se-mânaparadizerem uns ao~ outros o queestá em seu coração;

'de modo que vocês então também possam confortar-se e orar1'i'rlspelós outros sempre que sefizernecessáriolNinguém que'hão o tenha experimentado pode saber das indizíveis vanta-gens de tal união e comunhão de almas [...] Eu creio que nin-guém que realmente ama a sua alma e os seus irmãos como asi mesmo se acanhará em abrir seu coração, a fim de que obte-nha o seu conselho, repreensão, admoestação e orações, con-forme a ocasião. Uma pessoa sincera o estimará como umadas maiores bênçãos."

POR QUE FICARAM AQUÉM DO ALVO?

Onde esses esforços falharam em estabelecer um movimento deigreja em células auto-perpetuante? ~t<?rjçi).l1len~lllovimentos.de gru-pos pequenos têm sido enfraquecidos em dois pontos; Primeiro, oslíde-res de igreJa~.!.I!~~cionais resistiram à idéia de ser uma ig;';I;dife'~~~t~~ ,.

~~osmovil11.e.nto~ novos. A.plicanã6 isso aos dias de hoje, um..grupo de autores modernos.escreveu a respeito de grupos pequenos: "Oobstáculo principal para a proliferação das células nos Estados Unidos

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144 A Segunda Reforma

não é a faltade adaptação àcultura ocidental mas é a dificuldade de".-:,.-,-._ _ >_._....,:~supel1\Lf!:.f@sistêm;iaà inQ~a&.ãopor parte de uma instituiy'-ãomuito tradici-"...- .'."'- •.•:..J:<'t"'~_-..._,_"t••~~ .•.._. -..,"--' ... --.--.-...----~_.- .-- - ._-

~o//;" .O segundo ponto de enfraquecimento foi uma compreensão teoló-

gica.~~Çlll&daJiaJ)iitl!~~~E~s"gl"llPPspequêj;os por parte .ªQ~~~S"""'J!2P1!leJJ.te,s... Com a exceção de WesTê)i,i,lfl1ha aoslldere~s,fo).J1~g;,S~:' __'),.

nar gu~e$~,~uposeram. na verdade a igreja.~~'il,izb":"".. "', ,.... ~ -~'."•.:.•.,-~_.:-.•."".,~..:::.,.;,<-~.•.~

" Lutero, Spener e Wesley definiram corretamente o vinho da teolo-gia e da doutrina em relação aos grupos pequenos. Eles falharam ou nasua compreensão das estruturas tradicionais ou na sua provisão para queos grupos se relacionassem com as estruturas tradicionais existentes de-pois da saída de uma liderança forte.

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12o CRISTIANISMO DOPESCOÇO PARA CIMA

Tem de haver alguma coisa que o mundonão possa descartar pela explicação dos seus métodos

ou pela psicologia aplicada.- Francis A. SchaefJer

uando O filho de Daniel B. Wallace foi acometido de uma doen-ça que ameaçava a sua vida, esse professor de seminário apren-deu algo acerca da necessidade de experimentar a proximidadee a vitalidade de Deus. Em suas palavras: "Foi essa experiên-

cia do câncer do meu filho que me trouxe de volta ao meujuízo, de volta

Qàs minhas raízes".

Ele fala em nome de multidões dentro da igreja que lutam por vidana realidade do poder e presença pessoal de Deus. Meu coração foi ao seuencontro porque tenho experimentado a mesma sequidão. O que nos se-para de um Pai presente e carinhoso? Como acabamos parando num lugaronde passamos por o que ele chama de um "exercício puramentecognitivo"?

Na revista Christianity Today, o dr. Wallace compartilha os seguin-tes sentimentos no seu artigo, Who sAfraid ofthe Holy Spirit? (Quem temmedo do Espírito Santo?):

No meio desse "verão infernal", eu comecei a examinar a mi-nha fé. Percebi que existia um desejo de aproximar-me de Deus,mas tambérn.:peE5bi q.ueera incapaz de ~lcans.~r isso por meiodos mells prÓprios meios' exegese, leitura.dll~çscrijllras, maisexegese. çu creio qU.t?c:tespersonalizeiDeus a tal ponto que quan-do eu realmente precisei dele eu não sabia como relacionar-mecom ele. Eu anelava por ele, mas senti muitas restrições em

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A igreja do fim do século XX e começo do século XXI está agoraexperimentando a proliferação do 9.~ismo,e,do PaJ)'~Sll1o. O UI;.~W."'·"'·"-

(humanismo secular) resulta de uma osi ã<?...t?~1rMua.J;!..çHs..~at~~~Jls.!fu1fÜL9t:-º~;!~.:.~J:I,~,~.S!ªtotª. me!'!t.e::}.I~.QUioJlO.menle• .pQtlID1rt~~!~gJ29.<:Ie.S.e.F.e.~perimenta<:!9:9 universo se move por conta própria"Q.-panteísmo (nova era, misticismo oriental, ocultismo) resulta de ':IJll.ªlJ..Qsi-

-çã'õ ex!re.~_adajmal1êuçla d~_I?_eu~.~~~erDe~~.~~~2~,':í~.d~s.~lHI!~ive!:,so e todas as coisas como parte de Deus-:Essas duas filosofias estão preva-lecend~-dentro eforada igreja atllal.Em uma das filosofias (deísmo/humanismo secular) Deus está longe demais. Na outra (panteísmo/novaera) Deus está próximo e familiar demais. Sua identidade é absorvida emsua própria criação, assim a realidade de Deus como uma Pessoa (a Pes-soa) é perdida, J. Rodman Williams descreve o deísmo e o panteísmo daseguinte maneira:

146 A Segunda Reforma

r~illLLG.Q!ll.!ll!idade em meualllb.~en,!t:__c_e~~as~igcist.a,Sentiuma sufocação do Espírito em minha tradição evangélica bemcomo em meu coração.A ênfase do conhecimento sobre o relacionamento produziu emmim uma "bibliolatria". Para mim, como professor do NovoTestamento, o texto é a minha tarefa - mas eu o tornei o meuDeus. O texto havia se tornando o meu ídolo [...]O efeito de rede dessa "bibliolatria" é uma despersonalizaçãode Deus. Em dado momento.jánão ncsrelacionamcs maíacornele. Deus setorna o objetoda nossainvestigação no lugar doSenhor a quem nos sujeitarnos: 'Ã'vitáTidáde dii 110ssa ~êliglãôacaba sugada, À medida que dissecamos Deus, nossa posturamuda de "Eu confio em ..." para "Eu acredito que ...",1- - - ..~-_--!..-O dr. Wallace resume a obra de Deus com a descrição da imanência

de Deus: "Ao buscar o poder de Deus, eu descobri sua pessoa. Ele não ésomente onipotente; ele também é o Deus de todo conforto". Não deverí-amos nos surpreender de que todos nós estamos à busca de significado navida. A dor do vazio espiritual pode ser encontrada no banco da igreja, nopúlpito e na cadeira de mestre,

DUAS DISTORÇÕES DA NATUREZA DE DEUS

O deísmo deveria ser cuidadosamente distinguido do teísmo. Oteísmo, diferente do deísmo, vê Deus se envolvendo no mundo,

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conseqüentemente milagres podem ocorrer. O cristianismo his-tórico é teísta, não deísta. O teísmo está, por assim dizer, entre odeísmo e o panteísmo. O teísmo ressalta a transcendência de Deuscomo o deísmo, e enfatiza a imanência de Deus como o panteísmo- mas sem os extremos de ambas as filosofias. O deísmo é atranscendência absoluta (Deus completamente removido do mun-do); o panteísmo é a imanência absoluta (Deus completamenteequivalente com o mundo). O teísmo, conforme expresso na fécristã, afirma tanto o "totalmente outro" de Deus como o seuenvolvimento: Ele é o Criador e Sustentador, Autor e Redentor.'

Francis Schaeffer foi uma voz profética advertindo acerca dacosmovisão secular humanista que invadiu a igreja no século XX:

Nossa geração é preponderantemente naturalista. Há quase com-pleta rendição ao conceito de uniformidade das causas naturaisnumsistema fechado [...]De acordo com a idéia bíblica, a realidade consta de duas par-tes: o mundo natural- que normalmente vemos; e a parte so-brenatural.'

De acordo com Schaeffer, quando usamos a palavra "sobrenatural",devemos ser cuidadosos:

Do ponto de vista da Bíblia, a parte "sobrenatural" não é, naverdade, mais incomum no universo do que aquela que costu-mamos chamar de natural. A única razão por que a denomina-mos sobrenatural é que normalmente não a podemos ver. Isto étudo. Do ponto de vista bíblico [...] a realidade compõe-se deduas metades, como duas metades de uma laranja. Não se podeter a laranja completa se não se têm ambas as partes. Uma partenormalmente se vê (natural); a outra normalmente não se vê(sobrenatural).'

De que maneira o ensino de Schaeffer acerca do humanismo secularse encaixa em uma discussão a respeito da transcendência e imanência deDeus e a estrutura da igreja? Justamente neste ponto! Quando a igreja nãotem uma forma equilibrada por meio da qual pode apresentar uma ima-gem verdadeira da natureza de Deus, o resultado será um deísmo intelec-tual prático (hll':!:l~~ismose_cular)ou um panteísmo supersticioso (nova

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era, misticismo oriental, ocultismo).As estruturas e formas que refletem meias verdades acerca da natu-

reza de Deus têm servido de solo fértil para o crescimento do humanismosecular e uma série de ensinamentos distorcidos.

VERDADE

Figura 3. Medidor da verdade

QUEM DEVERÍAMOS CULPAR?

Por que esse "sufocar do Espírito?" Por que a igreja vai de um extre-mo ao outro entre o intelecto e a experiência? E por que tantas pessoasque cresceram dentro da igreja mudam de navio?

O erro básico da igreja atual começa com a natureza de Deus. Quemé Deus e como ele se relaciona com a sua criação? É ele um Deus fabrf,:"-cante de relógios que colocou as leis científicas em movimento e então foiembora? É ele um Deus que vive num outro mundo espiritual, e que estádesligado do mundo físico real no qual o homem vive? É comum hojeculpar os teólogos ou filósofos alemães pelas mudanças irregulares dointelectualismo para o ernocionalismo, e dizer que eles destroem a fé dosmembros da igreja com ensinamentos liberais.

Devemos também culpar-nos pelo nosso vácuo espiritual. Podemosnos apoiar em uma predisposição ao estudo acadêmico ou em uma ten-dência de ministrar por ou para Deus sem um relacionamento CO/ll Deus.Isso resulta inevitavelmente em nossa despersonalização de Deus~ Pode-mos tornar-nos estéreis espirituais mesmo com uma teologia ortodoxa,um amor pela Palavra de Deus, fidelidade para a igreja e uma vida

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devocional pessoal.O problema não está na teologia errada ou na insinceridade. O pro-

blema é o sistema. Quando estamos passando pelo "verão infernal", pre-cisamos da presença imanente de Deus com todo o seu cuidado e confortopessoais. Esse tipo de relacionamento é construído e mantido ao longodos anos na vida em comunidade com Deus e com os companheiros cren-tes. Quando temos nossos pesadelos, Deus deve estar pessoalmente vivoem nós, tanto individualmente como na comunidade.

o PROJETO SIMPLES DE JESUS É ESSENCIAL

Jesus, conhecendo o coração do homem, planejou sua igreja de talforma a superar a tentação do homem de intelectualizar o cristianismo emuma fi los~fia humanista (deísmo) ou em experimentalmente distorcer ocristianismo em uma superstição (panteísmo).

A corrente evangélica da igreja parece enfrentar maior perigo dointelectualismo bíblico, resultando em uma ortodoxia sem vida. A corren-te~ca~isn1ática da igreja está correndo maior risco em relação à experiên-ci1Çonde o emocionalisrno se torna mais importante do que a revelaçãobíblica. Pode parecer simplista, mas eu creio que a solução é a mesmatanto para a corrente evangél ica como para a corrente carismática, ou seja,o retorno para o projeto de igreja do Novo Testamento de Jesus tanto nosrelacionamentos do grupo grande como do grupo pequeno. A igreja devecomeçar a viver outra vez a mensagem do Novo Testamento de acordocom o método do Novo Testamento tanto nos grupos grandes como nascélulas.

A igreja não pode experimentar a Deus, como no primeiro século,sem a estrutura básica da igreja do Novo Testamento. Parte do sufocar doEspírito vem porque a igreja abandonou o projeto de comun idade da igre-ja de grupos pequenos por meio dos quais Jesus promete estar conosco.Com base na minha experiência pessoal, eu creio que a cura da "securaacadêmica" em nossa alma é encontrar Cristo com dois ou três irmãos eirmãs cristãos como a igreja, seu corpo. Semelhantemente, a resposta parao emocionalismo desenfreado que usa mal e abusa dos dons espirituais éo mesmo - a prestação de contas no grupo pequeno.

Precisamos do modelo de igreja do Novo Testamento, em que nosreunimos como "igreja toda" e como "igreja na casa". Precisamos dosdois aspectos, não por causa de alguma limitação por parte de Deus, maspor causa da nossa própria limitação quando experimentamos Deus. Oambiente do grupo pequeno sempre nos lembra da proximidade de Deus,

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Estouem

Cristo

do seu cuidado, do seu conforto íntimo. Ele provê uma comunidade calo-rosa e íntima, onde Cristo está em nosso meio e nós somos unidos emnossas dores e alegrias mútuas.

No céu, a limitação humana não vai atrapalhar como experimenta-mos Deus. Ali, não seremos impedidos pela nossa inabilidade de relacio-nar-nos com uma multidão de pessoas ou de relacionar-nos com Deus emsua transcendência. "Vou conhecê-lo como sou conhecido". Mas até essetempo chegar somos dependentes no nosso relacionamento com Deus detrês maneiras:

~'eu encontro Deus como indivíduo;.~eu encontro Deus na massa, com um grande número de pessoas;~eu encontro Deus na comunidade, com um número menor de pes-

soas.

A FIGURA DISTORCIDA DA IGREJA

o diagrama na Figura 4 expressa a manifestação transcendente eimanente de Deus para a sua igreja no seu contexto de grupo grande e

Estamosem

Cristo

G"~peq~7Cristo

está emmim

Figura 4. A figura distorcida

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pequeno. Observe: Deus proveu um meio para que o homem o experi-mente em sua transcendência e imanência tanto no contexto pessoal comono corporativo. Cristo está em mim. Essa é minha experiência pessoalcom o Deus imanente. Estou em Cristo. Essa é minha experiência pessoalcom o Deus transcendente. Nós estamos com Cristo. Essa é nossa experi-ência corporativa do grupo grande com o Deus transcendente. Cristo está"em nós/conosco". Essa é nossa experiência corporativa do grupo peque-no com o Deus imanente.

Tire o quadrante inferior esquerdo desse diagrama, e você tem aimagem da igreja incompleta dos últimos 1.700 anos. Exceto raros perío-dos históricos, a igreja de uma asa não tem tido a oportunidade de experi-mentar c expressar Deus em sua proximidade imanente em uma dimensãode grupo pequeno. Isso tem distorcido seriamente nosso relacionamentocom Deus como indivíduos e a forma como o mundo percebe Deus.

POR QUE ELES ESTÃO DEIXANDO A IGREJA?

De acordo com um novo estudo, "A 'geração perdida' dos babyboomers, que abandonaram o protestantismo histórico nos anos 1970 e80. não vão voltar, e suas igrejas vão exercer uma influência ainda me-nor sobre os seus filhos".

Nossos próprios membros e seus filhos que em determinado tem-po sentaram nos bancos das nossas igrejas abandonaram a igreja emnúmeros alarmantes. Por que eles nos deixaram?

Embora eles possam ter nos deixado, muitos não abandonaram aDeus! Eles deixaram nossas estruturas de igreja impessoais que eraminadequadas para colocá-los em contado com um Deus real envolvidona vida real. Nossa estrutura de igreja de uma asa deu a eles uma ima-gem incompleta de Deus, uma imagem de um Deus distante e inacessí-vel. Essa estrutura deu a eles um Deus institucional, cheio de regras clegalismo, não de amor; um Deus de prédios e comitês, não de relacio-namentos; um Deus de transmissão de informação, não um Deus de trans-formação experirnental; um Deus de transformação de comportamento,não de santificação espiritual; um Deus de emocionalismo, não de po-der espiritual.

Por que eles deixaram a igreja? Benton Johnson, um professor emsociologia da Universidade de Orcgon, sugere: "O motivo é simples: Aigreja simplesmente não faz nada por eles".' De que maneira a igrejaestá falhando para com eles? Parece que o problema não é a falta deinformação. A igreja de uma asa tem disseminado informação a respeito

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de Deus a eles. A igreja também não falhou em entretê-los. A igreja nasúltimas duas décadas tem sido marcada pelo gigantesco apelo na área deentretenimento. No entanto, a igreja tem sido incapaz de tornar Deusvital para a vida deles no dia-a-dia.

O_homem não cons.eg!:letoIerél!ll,all~~ncia de Deus?~?pormuito tempo. Se a igreja não vive em sua presençacomo o Deus "próxi-mô'\elltão o lTI.üõdovai pr§p"õdiltê Iectlíaimerií-é seu prÓprio çJ~L1s.~:.@:~bricariféde relógios", e vai reverter experimentalmente ao panteísmo,ou vai alienar-se. O mundo é assustador demais sem Deus e nãó' fazsentido sem a presença do aspecto espiritual dentro do mundo físico.Portanto, o homem vai dar o salto da fé da razão (deísmo intelectual)para a experiência e sentimento (panteísmo espiritual).

O resultado final é que uma grande parte da igreja, embora conhe-ça a respeito de Deus, não experimentou o poder de Deus na sua vidapessoal. O relacionamento com Deus foi sacrificado no altar do conhe-cimento acerca de Deus. Conseqüentemente, a comunidade foi sacrificadapara dar lugar à experiência individual. A cultura informativa do grupogrande da igreja de uma asa tem pouco significado ou traz pouca espe-rança para as "coisas difíceis da vida", de acordo com Francis Schaeffer.

Não faz sentido dizer que você tem uma comunidade e que háamor uns pelos outros se a igreja não trata das coisas difíceisda vida [...] Estou convencido.de.que no século XX as pessoasem todos os lugares do·mundoDão~stª,Qinteressaclas se temos.a doutrina certa ou a política certa, mas seestamos vivendo "_'.''''''''''comun idade. 6

Acabamos expressando com o Professor Wallace um sistemacognitivo de crença: "Eu acredito que ..." em vez de viver em um relaci-onamento pessoal que diz "Eu confio em ..."

PEQUENAS ATADURAS NÃO VÃO FUNCIONAR

Algumas igrejas, depois de pesquisar o que a geração contemporâ-nea quer, estão tentando dar às pessoas a experiência que elas pedem. Aestratégia é "embelezar" a igreja de tal forma que os membros recebammais experiência e menos conhecimento. No entanto, sem a comunhãotransparente de um grupo pequeno do Novo Testamento, a igreja não vaiser mais bem-sucedida do lado experimental do que foi quando ressalta-va o conhecimento.

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A Igreja do Novo Testamento no século XXI 153

Em seu livro What s Gane Wrong with the Harvest? (O que deuerrado com a colheita?), Engel e Norton concluem: "A resposta não seencontra na renovação de formas antigas, porque isso muitas vezes éapenas lima tentativa de colocar uma pequena atadura nas feridas exte-riores da velha casca".'

Pequenas ataduras (band-aids) não resolverão o problema! O pro-blema é o sistema em si. Não importa quantas vezes a igreja responda àsnecessidades detectadas dos seus membros por conhecimento ou porexperiência, o problema não vai ser resolvido. A solução para o proble-ma não se encontra nas necessidades detectadas dos membros ou des-crentes. Jesus já resolveu o problema das mudanças súbitas entre o co-nhecimento e experiência. A igreja precisa ser o corpo de Cristo, pormeio do qual ele vive e se revela a si mesmo com grandeza transcenden-te e conforto imanente.

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PARTE III,o PROJETO REVOLUCIONARIO

DE JESUS PARA A IGREJA

/1'. 'Existe um novo estilo de vida na igreja que é tão bíblico queprecede a igreja [moderna] como a conhecemos, mas é tão"futurista" que não pode ser colocado em "odres velhos ".

- Ralph Neighbour

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13A PEDRA FUNDAMENTAL DE JESUS

Se Deus, como cremos, está verdadeiramenterevelado na vida de Cristo, a coisa mais importante

para ele é a criação de centros de comunhão amorosa,que por sua vez contagiem o mundo.

- Elton Trueblood

c ada evento importante na vida de Cristo ocorreu em algum con-texto de comunidade. Na maioria das vezes, foi em um contex-to de grupo pequeno. Jesus veio do céu onde participava de

uma comunidade formada pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito - o origi-nai "dois ou três reunidos". Ele nasceu e cresceu até a idade adulta numafamília judaica, uma comunidade de José e Maria. Ele foi batizado norio no meio da comunidade dos seguidores de João. Por três anos e meio,ele viveu com doze líderes que eram sua comunidade especial. A trans-figuração foi experimentada em comunidade quando Pedro, Tiago e Joãoforam com ele para o monte, onde o seu semblante foi transfigurado.

Quando a cruz estava cada vez mais próxima, as experiências queele teve em comunidade tornaram-se ainda mais importantes para ele.No cenáculo, Jesus lavou os pés dos discípulos. Ele os ensinou, deuexemplo no servir e passou com eles a sua morte e ressurreição, tudonUI1lambiente de comunidade. Ele os levou até o jardim do Getsêmanipara um último momento de oração em comunidade.

Ele foi crucificado com a comunidade de salteadores na cruz, sen-do contado entre transgressores. Embora em confusão, em afl ição e re-duzida em número, a comunidade aguardou ao pé da cruz. As mulherespermaneceram com ele até o terrível fim como uma comunidade sofre-dora, mas ao mesmo tempo fazendo o que era necessário para dar con-forto e preparar o seu corpo para o sepultamento.

Esse pequeno grupo permaneceu junto como uma cornun idade as-

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sustada durante aquelas horas em que Jesus estava na sepultura.Fragilizado? Sim! Amedrontado? Sim; mas ainda unidos em comunida-de. As mulheres trouxeram notícias a respeito do Cristo ressurreto paraa comunidade amedrontada.

As aparições do Cristo ressurreto ocorreram na maior parte em umcontexto de comunidade. Os dois discípulos a caminho para Emaús oreconheceram como aquele que havia quebrado o pão com eles na mesaem comunidade. Na primeira aparição no cenáculo, Jesus revelou-separa a comunidade como alguém "mais do que um espírito". Uma sema-na mais tarde, novamente no cenáculo, ele apareceu à comunidade de fée soprou o seu Espírito sobre eles. Todas essas aparições ocorreram emambientes onde seus corações haviam se unido ao dele em comunidade.

Ele apareceu a eles como um grupo pela terceira vez à margem domar onde eles estavam pescando. Ele preparou peixe sobre brasas, e umpouco de pão para os discípulos e encorajou-os e ensinou-os naquelamanhã como uma comunidade.

A festa da ascensão de Jesus no monte ocorreu diante de uma co-munidade grande, com mais de 500 pessoas presentes (1Coríntios 15.6).Dez dias mais tarde, enquanto estavam todos reunidos no andar superi-or, unânimes, o Espírito prometido caiu sobre aquela comunidade. Nãoé de admirar que os primeiros cristãos se dedicavam [...} à comunhãodepois da sua ascensão (Atos 2.42). Comunidade foi o seu contexto deconvivência com Cristo por mais de três anos.

GRUPOS MARIA E MARTA

Jesus estabeleceu a igreja como uma comunidade durante o pri-meiro século - edificada em torno de um relacionamento pessoal comele. E!l(Lücas 1 0.38-42..jesus deu um exemplo do foco dessa comuni-dade na história de Maria e Marta:

Caminhando Jesus e os seus discípulos, chegaram a um po-voado, onde certa mulher chamada Marta o recebeu em suacasa. Maria, sua irmã, ficou sentada aos pés do Senhor, ou-vindo a sua palavra. Marta, porém, estava ocupada com mui-to serviço. E, aproximando-se dele, perguntou: "Senhor, nãote importas que minha irmã tenha me deixado sozinha com oserviço? Dize-lhe que me ajude!". Respondeu o Senhor: "Mar-ta! Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coi-sas; todavia apenas uma é necessária. Maria escolheu a boa

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parte, e esta não lhe será tirada ".

As ações dessas irmãs representam dois modos de se relacionarcom Cristo:

o modelo de Marta: Realizações para Cristo

• Realize um serviço para Cristo• Espere que outros aj udem você a fazer algo para Cristo• Faça alguma coisa acontecer para Cristo• Prepare-se para a presença ou vinda de Cristo• Organize tudo de maneira agradável para Cristo• Coordene a agenda de Cristo• Esteja tão ocupado para o Senhor a ponto de distrair-se• Veja Cristo apenas de passagem, enquanto você faz o seu trabalho• Reclame para Cristo acerca do serviço dos outros• Cumpra suas tarefas mesmo que os relacionamentos sofram• Acima de tudo, focalize no que é secundário

O modelo de Maria: A pessoa de Cristo

• Entre na presença de Cristo• Assente-se aos pés de Cristo• Olhe para a face de Cristo• Ouça a voz de Cristo• Receba o poder de Cristo• Espere Cristo curar todas as suas machucaduras• Sinta o toque suave de Cristo• Conheça a aceitação incondicional de Cristo• Descanse no amor de Cristo• Seja uma criança nos braços de Cristo• Usufrua a liberdade de Cristo• Entregue todo medo a Cristo• Lave os pés de Cristo (João 13,1-8)• Realize a vontade de Cristo como um transbordar da presença dele• Acima de tudo, focalize no que é melhor

TAREFAS - ou CRISTO?

Marta pode ser a pessoa mais defendida da Bíblia: não diga nenhu-

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ma coisa negativa de Marta ou você será censurado com comentários dotipo: "Ela está servindo"; "Se todos estivessem sentados somente medi-tando, nada acabaria sendo feito"; "Alguém precisa fazer o trabalho!".

Em~ sermÕes a respeito desse texto, Marta-€-elevada-àsan-_tidade. "As mãos.de Marta e o ccraçãc.de Maria" _'pode seLl!!n.__.b_o~~_título para 11msermão, me~a:tlQ~te~nha~l'~llco que ver~ºm a verdad_~desse texto. Jesus não está elogiando as mãos de Marta ou as nossas. Ele

e-st"ãêfü-giando o coração de Maria por entrar em sua presença e se des-prender da necessidade de agradá-lo por meio da obra das suas mãos.Maria entendeu a importância da comunidade.

A história acerca de Marta e Maria não tem nada que ver comquem vai lavar a louça, varrer o chão e preparar a refeição. A preocupa-ção e o desagrado de Jesus com Marta têm que ver com o seu relaciona-mento e atitude para com ele. Marta está tão ocupada fazendo coisaspara ele que ela não tem tempo para estar com ele.

Você consegue ver Marta acenando para Jesus enquanto se apres-sa em fazer as suas tarefas? Ela poderia dizer: "É maravilhoso tê-loconosco, Senhor. Não tenho tempo para passar tempo com o Senhoragora, porque estou tão ocupada, deixando tudo pronto para a sua visita.Por favor faça a Maria levantar-se e me ajudar!".

Essa é a característica do fazedor por Cristo. Todos os outros de-vem fazer o que ele está fazendo. Marta não somente vê seu significadodiante de Cristo naquilo que ela faz, mas ela julga todos os outros damesma maneira. Na mente de Marta, Maria estava errada por não ajudá-la a preparar a refeição para Cristo. Jesus a corrigiu explicando a impor-tância do~r sobre o~. Com ~o ser sempre precede o fazer.

Jesus disse que Maria estava se concentrando naquilo que é me-lhor, e Marta naquilo que era secundário. Nosso relacionamento comCristo deve ser prioritário. Nada deve impedir isso. Nenhum trabalhoque realizamos, mesmo o trabalho espiritual, pode substituir nosso rela-cionamento com Cristo, estando com ele, concentrando nossa vida etempo nele.

Se Marta tivesse entrado na presença de Jesus, todas as tarefasteriam sido completadas no tempo certo e provavelmente com muitomais alegria. Jesus e Maria teriam feito tudo que fosse necessário paraajudar. Se Marta tivesse sido honesta, ela teria admitido que realmentenão estava fazendo todo aquele trabalho para Jesus. Ela o estava fazen-do para satisfazer a sua própria necessidade de se sentir significativa.jss")Y1artas"mais tiéis s6<lJlqllelas q"e crêem que seu significado e salva-_-cão dependem daqlljlo que elas fazem para Jesus.

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A Igreja do Novo Testamento no século XXI 161

ESTAMOS "SENDO FEITURA DELE" OU ESTAMOSTRABALHANDO PARA JESUS?

Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras,as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas (Efésios2.10 ARA). Ser feitura (ou criação) sua e trabalhar para Cristo são doisaspectos totalmente diferentes na vida cristã. À medida que a célula seconcentra em Cristo, ela compreende essa diferença. Em sua presença,nos tornamos feitura sua por meio do seu poder agindo em nós, e então"andamos em boas obras". Evidentemente, Maria sabia a diferença en-tre ser feitura dele e trabalhar para ele. Ela queria estar com ele emprimeiro lugar. A pobre Marta parecia não compreender essa verdade.

Muitos dos ru os e uenos atuais na igreja são grupos Marta que

estão volta os para o d:::~: ~::b;~!:1~~tarefab ~entral iza os~JVIdades e RQ1iH:I-------- ,_"{ __ Jesus nao se agrada- mais desses grupos pequenos atuais voltados ao desempenho do que se

agradou com o relacionamento de Marta baseado em desempenho noprimeiro século. Jesus não nos ensinou a sermos "Martas" que se jun-tam em uma espécie de contrato de trabalho para fazer algo para ele.Jesus se une a nós em grupos do tipo Maria para sentarmos juntos aospés dele e sermos preparados para sermos feitura dele.

Por que nossos grupos são normalmente grupos Marta voltados aodesempenho? Nossa forma corporativa de nos relacionar com Cristo éinfluenciada pela nossa maneira pessoal de relacionamento com ele. Osgrupos dos quais participamos refletem nosso relacionamento individu-aI com Cristo. ~it9? 8e nós são cristãos do tipo Marta. voltadQ~desempenho, em nossa vidas individual Quando nos encontramos emgrupos, concentramo-nos em tarefas e atividàdes Dorau ssa e a maliei-a como nOlre aCIOnamos com ele pessoalmentejEstlldar a respeito e

Cristo ou fazer aI ,., relaciona-mento prÓximo e íntimo com ele em um ambiente de grupo. por issoque defendemos a Marta até a morte. Nunca duvide: a mortee o términodo desempenho para Cristo. O desempenho para Cristo vai, em últimaanálise, matar a liberdade, a graça e a alegria de servir a Cristo pessoal-mente ou em grupo.

UM EXEMPLO DE UMA CÉLULA MARIA

~yde do cqração é li ~Rav@ para li célula Mariª- mas o coração_se expressa em padrões práticos ...Qualquer que seja o padrão (ou rnode-

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lo) que usamos para a vida na célula, esse padrão deve ser construídoem torno de um encontro com Cristo. Um padrão desse tipo está basea-do nos três p's: A"presença de Cristo, o poder de Cri8t@e o propósito de~ Esse não é o único padrão para experimentar Cristo, mas ele(oferece uma imagem daquilo que estou falando quando me refiro a umacélula Maria. Pegue esse roteiro e use-o para experimentar a presençade Cristo e veja a diferença entre a célula Maria e a célula Marta. Elepode prover um ponto de partida para você à medida que a sua igrejadesenvolve seu próprio modelo de reunião da célula.

EXEMPLO DO ROTEIRO DE UMA CÉLULA

Quebra-gelo: Qual foi a melhor coisa que aconteceu a você essaúltima semana e por quê?

Reconhecendo a presença de Cristo:

o líder fala: Estamos aqui para experimentar Cristo. Cristo disse:"Pois onde se reunirem dois ou três em meu nome,ali eu estou no meio deles". Ele também disse: "Nãoos deixarei órfãos; voltarei para vocês". Nós cremosque Jesus cumpre o que ele promete. Portanto, reco-nhecemos a sua presença e o saudamos em nosso

meio.

Separem um tempo para oração para agradecer a Jesus a sua pre-

sença no grupo.

Cantem alguns cânticos de louvor e adoração. (Será bom se vocêtiver alguém que toque violão. Mas o encontro não depende dotalento musical do grupo). Lembre: Cristo está no meio de vocêslevando-os em adoração ao Pai.Experimentando o poder de Cristo:

Leia Lucas 10:38-42. Escolha das seguintes perguntas aquelas quevocê sente que o Espírito Santo deseja que você discuta com o

grupo:

I. De que maneira Marta procurou obter o seu significado?2. De que maneira Maria obteve o seu significado?

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A Igreja do Novo Testamento no século XXI 163

3. Você normalmente se identifica com Marta ou com Maria? Por-quê?

4. Será que Marta sentia que a ocasião era um "sucesso", ou, dealguma maneira, algo parecia não estar certo? Por que ela se sen-tia daquela forma?

5. Como a Maria se sentiu a respeito daquela ocasião? Por que elase sentiu daquele jeito?

6. Qual é a "boa parte" nesse texto?7. Quais são as "muitas coisas" que distraem, preocupam e inco-

modam você a tal ponto que não consegue concentrar-se na "boaparte"? Se você concentrou-se na "boa parte", será que as "mui-tas coisas" continuariam sendo feitas? (Leia Mateus 6.33).

8. O que precisa acontecer na sua vida para que você tenha umaatitude semelhante a Maria em relação a Cristo?

Pergunte: Que obra do seu poder Cristo deseja fazer em sua vidaneste instante?

Não se preocupe se houver um período de silêncio. Se ninguémsente o desejo de compartilhar depois de cinco minutos de silên-cio, então prossiga imediatamente para a próxima parte. Com fre-qüência alguém vai compartilhar uma necessidade que Cristo de-seja tratar em sua vida e que vai oferecer uma oportunidade paraoração, ministração e edificação.

Cumpra o propósito de Cristo:

Pergunte: De que maneira Cristo deseja usar-me para tocar as feri-das no mundo?

Dê uma oportunidade para cada pessoa compartilhar: Essa semanaCristo deseja usar-me para ... orar por João, fazer um bolo para orapaz solteiro que se mudou para a nossa rua, próxima à nossacasa, testemunhar para o meu vizinho, etc.Termine com uma oração pelas visões de ministério específico queDeus deu.

NOSSA ÚNICA AGENDA: JESUS

Qual é a agenda das células? É ele! O próprio Jesus é a agenda. Ele

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é o fator essencial na vida da sua comunidade "chamada para fora" naterra. ~ talvez tenha tentad~ f0litr na adoração, ministério, terapia,discipu~ estudo bíblico ou evangelismo, em um esforço para dupli-car a dinâmica da vida do grupo pequeno do Novo Testamento. Essastentativas podem funcionar em lima reunião ou por um curto período detempo, mas elas não yão m3l~t@r 9 crescimento e poder dlllamlco d~igreja do Novo Testamento por um longo período. O esgotamento certa-mente VIrá se o alvo for qualquer outra coisa a não ser Cristo.,,;,

Na verdade, todas as agendas acima mencionadas para a célulapodem ter um melhor aproveitamento em um outro ambiente. A adora-ção em um grupo grande pode ser mais comovente. O ministério podeter melhor aproveitamento em um grupo concentrado unicamente emlibertação. A terapia pode ser mais eficaz em um grupo liderado porconselheiros treinados. O~c::o~m~pa~n~~.!.ill.~~~.....:u.~.lJ.loo""""~><!.!JL.ll!.!!..C~_

~~t..Le~~lm evento social. Grupos de estudo bíblico ecomunhão e outros grupos desse tipo podem ser mais bem-sucedidos noensino da Palavra. Grupos de ação social podem fazer um trabalho me-lhor em exercer pressão que traz mudança política.

yaraeclesiásticos que se d~otam exclusivaill§Jlte ao disciplllado 011

;i evangelismo podem ser mais frutíferos nas suas áreas especializadas do, que uma cfula. .,...

Cristo no meio do seu povo é a dinâmica que não pode ser dupl icadaem nenhum outro tipo de grupo. Isso é peculiar. Nenhum outro grupoespera isso, se prepara para isso, ou reivindica isso. Somente o gW[?O

que vive na pre no e no focovaI experimentar a presença viva do Cristo enc~~_>

sente e ressurreto no meio del~ Esses são os grupos de Cristo da mes-.ma maneira que eu sou cristão.

Será que vamos trocar a singularidade de Cristo como nosso fococentral por todas as outras agendas espirituais? De forma alguma! Cris-to é a dinâmica da célula, e o formato que usamos deve permitir queCristo opere na célula e viva nela. ~~~~~~~..l.Io"-!!!:!-..!~~~~--

Os grupos koinonia proporcionam o contexto nos quais a igrejainstitucional pode começar a tornar-se o Corpo de Cristo, enos quais os membros da igreja podem tornar-se discípulos deCristo. Nesses grupos, os cristãos estão sendo treinados para aobra do seu ministério, primeiro na igreja e então no mundo.'

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14o SISTEMA REVOLUCIONÁRIO

DE JESUS

o sistema é a solução.-AT&T

Muitas organizações, incluindo algumas igrejas, argumentamque elas teriam poucos problemas se os trabalhadores fizes-sem suas tarefas corretamente. Isso pode ser uma conclusão

lógica, mas será que é a correta? O problema está com a organização,com os trabalhadores ou com o sistema?

O dr. Joseph M. Juran está entre ôs peritos na área do controle dequalidade que asseguram que mudar os sistemas por meio dos quais otrabalho é feito tem um potencial de eliminar falhas e erros. O dr. Jurandiz: "Essa é a regra 85/15: Pelo menos 85% dos problemasorganizacionais podem ser corrigidos quando se mudam os sistemas (quesão determinados em grande parte pela direção) e menos de 15% estãosob o controle do trabalhador ...".1

O dr. Juran diagnosticaria que? problema da igreja é o colapso d~sistemas, não as fraquezas das pe~ No entanto, nós chegamos àconclusão geral de que as pessoas são o elo fraco da igreja. Assim, te-mos tentado melhorar a qualidade das pessoas, motivando-as, mesmofazendo-as sentirem-se culpadas para que se esforcem mais. Nós as edu-c.~pregamos a elas, as treinamos tudo sem proveito. <

Lyle Schaller, em seu livro The Change Agent (O agente transfor-mador), reconhece o desamparo de pessoas sinceras que procuram en-contrar mudanças para um sistema falho. "A não ser que haja mlldançana direção, no sistema de valores e na ~ientação da organização,

-freqÜentemente existem sérias limitações no Que pode ser realizado p~. ----:165

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166 A Segunda Reforma

las mudanças nas essoas ou e réscimo de nova " 2

ichael Gerber, autor de The E-Mith (O Mito E), sugere uma im-portante pergunta que toda organização deveria se fazer: "De que ma-neira posso criar um negócio cujos resultados são dependentes de siste-mas e não de pessoas?".

Ele não está dizendo que as pessoas não são importantes. "As pes-soas dão vida aos sistemas. As pessoas tornam possível que as coisasque foram planejadas para funcionar produzam os resultados planeja-dos".' Ele acrescenta: "02.i§!ema opera O negócio. As pessoas operam osistema".' De uma perspectiva cristã poderíamos acrescentar: "Deus~opera as pessoas".

De acordo com Gerber: "Mas para pessoas ordinárias realizaremcoisas extraordinárias é necessário um sistema - uma 'maneira de fa-zer as coisas' - para compensar a disparidade que existe entre as habi-lidades que as pessoas têm e as habilidades necessárias para produzir oresultado [...] você será forçado a encontrar um sistema que alavanca aspessoas ordinárias ao ponto de elas produzirem resultados extraordiná-rios".'

Quando os líderes de igrejas aceitarem o fato de que o sistema deigreja cria a maior parte dos problemas, eles vão entender a futilidadeem tentar mudar a si mesmos ou seus membros até que o sistema sejamudado.

o SISTEMA DE IGREJA

De que maneira definimos um sistema? Gerber diz: "Um sistema éum conjunto de coisas, ações, idéias e informações que interagem umascom as outras, e dessa forma alteram outros sistemas"."

Usar o conceito de um sistema para entender a igreja não é neces-sariamente um exercício secular ou não espiritual. Deus é o criador dossistemas. O universo é um sistema; por isso, usamos o termo sistemasolar. Uma abordagem sistêmica para a igreja simplesmente reconheceque a igreja é feita de diferentes partes que se ajustam em uma formaintegrada de acordo com um projeto ou modelo. Paulo usa a palavraadministração ou plano em Efésios para explicar o sistema operante daIgreja.

E nos revelou o mistério da sua vontade, de acordo com o seubom propósito que ele estabeleceu em Cristo, isto é, de fazerconvergir em Cristo todas as coisas, celestiais ou terrenas, na

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dispensação da plenitude dos tempos (Efésios 1.9-10).

E esclarecer a todos a administração deste mistério que,durante as épocas passadas, foi mantido oculto em Deus,que criou todas as coisas. A intenção dessa graça era queagora, mediante a igreja, a multiforme sabedoria de Deusse tornasse conhecida dos poderes e autoridades nas regi-ões celestiais (Efésios 3.9-10).

Entre as metáforas mais freqüentemente usadas no Novo Testa-mento para descrever a igrej a estão "corpo", "fam íl ia" e "ed ifício".Essas metáforas de uma maneira ou outra são sistemas integrados ecorrelacionados. O corpo é um sistema vivo orgânico. Uma família éo sistema social mais básico. Um edifício é um sistema estrutural.

Paulo parece preferir o conceito do corpo como uma metáfora paraa igreja e a usa em 1Coríntios 12.12-27. Em Efésios e Colossenses, essetema continua sendo desenvolvido. Cristo é a cabeça da igreja que é seucorpo (Efésios 1.22; 5.23; Colossenses 1.18,24). A metáfora do corpo re-!rata a igreja como um organismo yiyo em vez de urna or\iagjz\\ilo, um«sistema encarnado através do qual Deus habita na sua igreja.

James F. Hind, autor do livro Heart and Soul of Effect iveManagement: A Christian Approach to Managing and MotivatingPeople (Coração e alma do gerenciamento eficaz: Uma abordagemcristã de gerenciamento e motivação de pessoas) compartilha umapercepção aguçada do estilo gerencial ou administrativo de Jesus.Hind sugere que Jesus agia como um administrador, o que dá a enten-der um certo tipo de contexto sistêmico.

Em apenas três anos, ele definiu uma missão e formulouestratégias para executá-la. Com um grupo de 12 homensmuito diferentes, ele organizou o cristianismo, que hoje temramificações em todos os países do mundo com uma parti-cipação de 32,4% da população do mundo, duas vezes aparticipação do rival mais próximo. Os administradores que-rem desenvolver pessoas para que produzam de acordo como seu potencial máximo, pegando pessoas ordinárias e tor-nando-as extraordinárias. Foi isso que Cristo fez com seusdiscípulos. Jesus foi o executivo mais bem-sucedido da his-tória. Nenhuma outra pessoa chegou próximo dos seus re-sultados.?

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168 A Segunda Reforma

Jesus foi o executor divino desse sistema divino. A igreja é umaextensão do sistema que Jesus desenvolveu cuidadosamente nos últi-mos três anos e meio da sua vida na terra. Examinar os elementos essen-ciais do sistema deveria ser o ponto inicial para implementar o sistemadivino de Jesus hoje.

PROCURANDO UM SISTEMA

Comecei minha busca por um sistema de igreja enquanto estavaservindo como missionário na Tailândia. Minha busca foi movida porduas observações:

• Métodos radicais foram necessários para alcançar o país budista .• Os sistemas vigentes não resultavam em um modelo de igreja doNovo Testamento.

Eu percebi que necessitava de uma mudança radical! Para enten-der a natureza da mudança, procurei em livros acerca desse assunto.Lyle Schaller, no seu livro The Change Agent (O agente transformador),incluiu um processo de mudança de cinco passos. O processo, detalhadoabaixo, tem se tornado inestimável para mim para entender como siste-mas de igreja podem mudar.

1. Convergência de interesse causado pelo descontentamentocom o estado atual das coisas. Uma nova idéia irrompe sobre o estadoatual das coisas e causa confrontação. A convergência do velho e donovo sempre faz parte do processo de mudança. Schaller diz: " ...emqualquer discussão acerca de mudança intencional é quase impossívelexagerar a importância do descontentamento. Sem ~ntentamentocom a situaçi!Q..l2resenteRãsl2§9€ haver [n.] mudança".8 Se a nova idéia

a~~~~~~~~~~ um grupo estratégico. Alguém deve tomar a iniciati-va e acreditar tanto na nova idéia a ponto de agir de acordo com ela. Umou dois visionários catalíticos acreditam na nova idéia e começam apromovê-la. No entanto, se dois OI:! três iniciagsres estão eon't'ictos daidéia mas nã~ Outros iniciadores devem se unir a esse pequeno grupo.

3. Legitimar e "patrocinar" a idéia por meio do desenvolvi-mento de um grupo (núcleo). Um grupo mais amplo deve se identifi-

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A Igreja do Novo Testamento no século XXI J 69

car com a idéia além dos visionários. A idéia deve ter outros "patrocinado-res" que vão legitimar o conceito. No entanto, essa idéia não vai "decolar"até que seja implementada.

4. Mobilização e implementação dos recursos. A idéia éimplementada e colocada em ação. S.2!!lent isão se tornar ummodelo viável, a mudança vai de fato ocorrer., Defender mudanças

'm1píementar mudanças são duas coisas totalmente diferentes. Não é sufi-ciente abraçar de forma conceitual a nova idéia; ela também deve serestabelecida como uma forma comprovada de operação. Devem ser pre-parados formas e trilhos por meio dos quais a visão pode, de fato, sercolocada em prática.

5. Concretização da "mudança" por meio do seu congelamentono novo nível de desempenho. Depois que a idéia é colocada em ação ea mudança está implementada de fato, a idéia deve ser congelada para queaqueles que continuam a implementar a nova idéia não acabem voltandoatrás para a antiga forma de operar."

Quando li pela primeira vez essa análise do processo de mudança,eu sabia que se aplicava àquilo que Deus tinha me chamado para fazer,isto é, desenvolver um sistema para edificar a igreja. No entanto, eu nãotinha um quadro de referência onde colocar os conceitos de mudança. Pormais de cinco anos, eu engavetei essas idéias acerca do processo de mu-dança enquanto continuava a minha busca, principalmente em Atos e nasepístolas, de um sistema de igreja funcional (e do Novo Testamento).

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15o CONTINUUMDE JESUS

Cada atividade, cada emprego é parte de um processo.Umfluxograma de qualquer processo vai dividir o

trabalho em estágios.- W Edwards Deming

Depois de pesquisar em Atos e nas epístolas por um modelo deigreja do Novo Testamento, comecei a estudar os evangelhosem busca de ajuda. Minha esperança era encontrar a natureza e

o modelo essenciais da igreja no ministério de Jesus. Afinal de contas, aigreja do primeiro século em Atos e nas epístolas desenvolveu-se apartir do modelo que Jesus deixou com seus seguidores. Essa buscafoi alimentada por diversas perguntas. Será que Jesus tinha um pro-cesso em mente quando ele iniciou a primeira igreja? Havia um pa-drão ou plano?

BUSCA FRUSTRADA

Minha busca nos evangelhos por um processo de implantação deigreja mostrou-se inicialmente frustrante e desapontador. Os aconteci-mentos nos evangelhos pareciam aleatórios e desconexos. Examinei aharmonia dos evangelhos, mas não conseguia encontrar uma harmo-nia no desenvolvimento da igreja.

Eu sabia que os quatro livros foram escritos de perspectivas dife-rentes com a finalidade de dar uma figura mais ampla de quem Jesusera e o que ele estava fazendo. Mateus foi um dos doze discípuloschamados enquanto exercia a desprezada função de cobrador de im-postos. Suspeita-se que ele era mais velho do que alguns dos outrosdiscípulos por causa da sua posição administrativa governamental.

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172 A Segunda Reforma

Marcos viu os acontecimentos de primeira mão como um jovem cres-cendo numa casa que provavelmente foi o local de muitas reuniões daigreja primitiva. Ele foi indubitavelmente influenciado pelos relatosde primeira mão de Pedro e Barnabé. Por outro lado, Lucas escreveucomo um historiador instruído que cuidadosamente usou testemunhasoculares para a base do seu livro. João, um dos discípulos do círculoíntimo de Jesus, escreveu uma história espiritual da vida de Jesus paracomplementar o registro histórico. Com esses quatro retratos da vidade Cristo, continuei a pesquisar o evangelho à busca de um modelosistemático de Jesus para a edificação da sua igreja.

NÚMEROS sxo MARCADORES

A coisa ficou clara quando percebi o número de pessoas com asquais Jesus trabalhou em cada estágio. Diferentes números aparecemde forma constante em cada relato do evangelho. Esses números eramchave em como Jesus edificou a sua igreja:

• Dois eram inovadores;• Três formaram seu círculo íntimo;• 12 foram seus líderes-chave;·70 compreendiam sua rede de apoio;• 120 tornaram-se sua primeira congregação-base;·3.000 e 5.000 foram os convertidos.

Jesus seguiu um continuum durante seus três anos e meio de mi-nistério, e os números ajudam a identificar o processo. O dicionárioWebster define um continuum como: "uma quantidade, série, ou umtodo contínuo".' Um continuum é uma ação contínua. Somente do ladode fora do continuum podemos distinguir entre suas partes e ver o queestá acontecendo.

Pouco depois de descobrir esses grupos, uma luz se acendeu emminha mente. Eu me lembrei do processo de mudança discutido nolivro de Schaller. A abordagem de Jesus para mudança no primeiroséculo "predatou' quase 2.000 anos o processo de mudança citado porSchaller. O continuum da implantação da igreja por .Jesus seguiu umprocesso de mudança un ivcrsa I. No pri mei ro século . .Jesus operou apartir de uma estratégia de liderança increniental . Cada estágio eraconstruído a partir do anterior.

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A Igreja do Novo Testamento 110 século XXI 173

o SISTEMA DO EVANGELHO DIVINO DE JESUS

o evangelho provê um quadro de referência para entender o que é aigreja, como ela opera e como ela foi iniciada. Isso não coloca Paulo contraJesus. Jesus exibiu o primeiro modelo de igreja, e então Paulo e outrosIíderes do primeiro século instintivamente seguiram esse modelo.

Podemos entender e apreciar melhor a igreja mais avançada das epís-tolas depois de ver o que Jesus fez nos evangelhos. Jesus edificou sua igrejanas epístolas da mesma maneira que ele edificou a primeira igreja nos evan-gelhos.

Durante meu estudo dos evangelhos, eu relacionei o modelo de mu-dança de Schaller aos estágios da igreja no continuuni dos evangelhos. Afigura 5 mostra como o continuum se relaciona aos números de Jesus (colu-na 3) e o modelo de mudança de Schaller (coluna 2). Essa grade vai servircomo guia para a nossa discussão no restante deste livro. As páginas restan-tes deste capítulo são uma visão geral do continuum de Jesus (coluna 4).

-_.....•.... - I.. ..

. . . ...

PROTÓTIPO

op§~CI

2tExpansão

daigreja

Figura 5. Grade do Continuum

ConvergênciaPalavra

profética(Jesus)

•Visão deigreja em

célulasConcebida

Grupoinicial

2-3pessoas Inovação Introduzida

LegitimarPatrocinar

12Uderança-

chave Apropriadapessoas

Grupo deExecução

70pessoas Rede

de apoio Implementada

Concretizaçãoda

"Mudança"

120Congregação- Ca 't dpacla a

base

Expandida

pessoas

3000-5000

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174 A Segunda Reforma

o estágio de convergência é o tempo de preparação antes que umaidéia nova possa ser colocada em prática dentro do estado atual das coisas(status quo). Depois de 400 anos de silêncio profético, Deus irrompeu nahistória na vida de Maria e José, e Isabel e Zacarias. Esse movimentoprofético pode ser resumido na palavra encarnação, Emanuel, Deusconosco, Jesus. Deus tornou-se parte do universo que ele criou. Esse atoimpactou radicalmente o governo romano, a filosofia grega, o judaísmo eo mundo pagão. O Criador transcendente tornou-se imanente. A Palavrase fez carne e essa carne agora tinha um nome, um povo, uma história, umtempo e um lugar. A encarnação tinha um espaço na terra em tempo espe-cífico na história. Na plenitude do tempo, a encarnação de Deus conver-giu com a história por meio de lima voz e vida dramáticas.

ESTÁGIO DE INOVAÇÃO DE JESUS

Durante o estágio de inovação, a visão é introduzida por líderescatalisadores. Jesus e João Batista eram os dois catalisadores que ti-nham a função de colocar a visão em movimento. A tarefa de João eratemporária - ele era como uma voz que clama no deserto. O ministériode Jesus era tudo menos uma voz temporária. Ele estava estabelecendoum corpo espiritual (a igreja) por meio do qual ele iria viver até a segun-da vinda.

João foi para o deserto com a missão de preparar o caminho para oMessias. Jesus então veio preparar o Reino. João e Jesus se encontraramnas águas do Jordão onde o Pai anunciou Cristo como o Filho Encarna-do "em quem ele se agradava".

Por que Jesus precisou de João? Um inovador não era suficiente.João precisava estar presente no Estágio de inovação para declarar quemJesus realmente era. Vemos diferentes tipos de inovadores oucatalisadores operando aqui. Existem catalisadores que preparam o ca-minho (João), que introduzem o caminho (Jesus) e que são preparadospara liderar o caminho (Pedro, Tiago e João). A visão precisava ser colo-cada em ação para que a idéia pudesse tomar forma. Esse era o grupoestratégico inicial.

~ uma igreja em células está sendo estabelecida. deve haverdois ou três que têm a vi ã rofundamente im re n . - .

. 'les são projetas, que vêem aquilQ que ainda não existe como se i~existisse. Eles são preparados para pagar qualquer preço para tornar aVísão uma realidade. No caso de João, ele pagou com a sua cabeça,enquanto Jesus pagou com a sua crucificação.

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A Igreja do Novo Testamento no século XXI 175

ESTÁGIO DA LIDERANÇA-BASE DE JESUS

o estágio da liderança-base provê um grupo que toma posse davisão e a supervisiona. Embora Jesus iniciasse a pregar às multidões, eletinha uma outra agenda em mente. Jesus chamou um grupo-base paramodelar sua ecc/esia ou os seus "chamados para fora". I?sse estágio-b nsistia em doze líderes escolhidos por causa do seu otencial dêobedecer, não or causa do seu estu o ou a I· de.

Jesus derramou sua vida e tempo nesses líderes-chave. Eles for-mavam a sua comunidade básica por meio da qual ele prepararia futuroslíderes. Jesus estava formando um odre no qual o vinho da encarnaçãoseria derramado. Esse odre não era apenas para o dia de Pentecostesmas para cada geração até a volta de Jesus. Robert Raines nos ajuda aaplicar esse conceito para a nossa própria situação:

Devemos treinar um núcleo básico de discípulos comprometi-dos e em crescimento, que deverão servir como fermento den-tro da igreja local. Temos ampla autoridade bíblica para trei-nar esse núcleo básico. Foi precisamente isso que Jesus fezcom os doze discípulos. Lemos nos capítulos oito, nove e dezdo evangelho de Marcos que Jesus levou esses amigos próxi-mos à parte das multidões e ensinou-os a respeito das condi-ções do discipulado. Ele os estava treinando deliberadamentepara a liderança após a sua morte. Jesus não pregava às multi-dões, mas a esse pequeno grupo de homens que se tornaram ofundamento da igreja primitiva. Paulo pregou às multidõesnas sinagogas, nas praças públicas, em qualquer lugar ondepodia alcançá-Ias; não foram as multidões, mas foram os pe-quenos grupos de pessoas na Galácia, em Filipos, em Corinto,com quem Paulo vivia e trabalhava por vários meses consecu-tivos, que se tornaram o fundamento das igrejas mediterrâne-as.'

ESTÁGIO DA REDE DE APOIO DE JESUS

o estágio da rede de apoio reúne os que vão implementar a visão.Jesus equipou e treinou seu grupo-base e uma rede de trabalho maisampla por um período de cerca de três anos. A rede de apoio cresceu de12 para 70, que freqüentemente eram organizados de dois em dois.

Nesse processo de aprendizagem, os discípulos fizeram a Jesus

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176 A Segunda Reforma

todas as perguntas erradas; por que, quando, onde, o que e como? Jesusinsistia em responder a uma pergunta: Q~m2.Jes!!~ edificaria a sJla igrejapor meio da sua presença e poder, não por intermédio do conhecimentoe habilidade dos seus discípulos. Essa foi a lição principal ensinada nes-te período do estágio da rede de apoio.

Jesus implementou seu sistema divino por meio da sua rede deapoio fiel. Uma comunidade embrionária composta de 70 pessoas foiformada por Jesus. Nenhum estágio no continuum de Jesus é mais im-portante do que esse. Em seu próprio ministério, esse estágio vai ocorrerquando a liderança-chave começar a atrair membros da família e outrosamigos próximos que se tornam comprometidos com a visão.

ESTÁGIO DA CONGREGAÇÃO-BASE DE JESUS

A congregação-base forma a unidade em que o poder para o minis-tério e a multiplicação podem ocorrer. Na sala do andar superior, 120discípulos esperavam em obediência ao Senhor. A promessa de Jesusregistrada em João 14 se tornou realidade. Na experiência de Pentecos-tes, Jesus veio a eles; Jesus e o Pai habitavam com eles; o Espírito esta-va neles e com eles. Tudo agora estava pronto para que pudesse ocorreruma multiplicação exponencial por intermédio daquela congregação; ede fato isso ocorreu! A congregação-base foi capacitada para a visão.

ESTÁGIO DA IGREJA DE JESUS

o Cristo encarnado em seu novo corpo espiritual - a igreja -coordenou a multiplicação das células, congregações e igrejas em Jeru-salém, Judéia, Samaria, e [nos] confins da terra. Muitos foram acres-centados à igreja: 3.000 na primeira vez e 5.000 logo em seguida. Aigreja expandiu a visão.

Se uma igreja de 120 membros hoje tem 50 novos convertidos, elatem grande dificuldade para conservar e integrar esses novos convertidosno corpo. De que maneira a igreja depois de Pentecostes integrou 3.000 eentão mais 5.000? Precisamos entender de maneira realista que a igrejanaquela época eram mais do que 120 discípulos-chave mencionados nocenáculo. Sabemos que dez dias antes do Pentecostes, 500 tinham se reu-nido para a ascensão de Jesus. Porém, mesmo com a igreja de 500 mem-bros a habilidade para absorver 8.000 membros novos em um curto espa-ço de tempo é impressionante. Como isso foi feito?

Jesus tinha modelado por mais de três anos a estrutura por meio da

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A Igreja do Novo Testamento no século XXI 177

qual um grande número de pessoas poderia ser integrado na igreja.Semelhantemente a uma unidade de família, a célula de doze, com umcírculo íntimo formado por Pedro, Tiago e João, podia absorver muitaspessoas e cuidar delas de maneira eficaz. É por isso '1bl~~I~s i3R:lde c~em casa, "todos os dias". Esse era o contexto que oferecia a todos esses~s crentes a oportunidade de serem cuidados~ ensinados e absofVi"::-~§o gfllpo original de crentes. "Todos os dias" apontava para o teilipo-necessário para integrar milhares de novos crentes no corpo de Cristo. Oencontro dos grupos pequenos nas casas ofereceu à igreja do primeiroséculo uma maneira de absorver e nutrir o crescimento que era quatroou cinco vezes maior do que a sua congregação base.

Além disso, para os encontros na casa, as reuniões do grupo gran-de proviam um meio de os apóstolos reunirem a todos em eventos espe-ciais. O mundo agora podia ver a sua unidade; o~vangelho podia serrepassado e compartilhado e a visão de alcançar o mundo podia serlançada.

Nota: Cada estágio do continuum de Jesus vai ser discutido emdetalhes nas próximas páginas. A Figura 5 da página 173 vai aj udar vocêa entender de que maneira diferentes elementos podem se encaixar. Essagrade do continuum vai ser reapresentada no início de cada estágio, co-locando em destaque os elementos da grade que se relacionam com aqueleestágio. Os capítulos 16 e 17 descrevem a seguinte fase do protótipo, ouseja, o início e a transição para a igreja em células. Os capítulos 18-22descrevem as unidades do continuum de Jesus em mais detalhes e pro-vêem percepções práticas em como implementar a estratégia. Esse pro-cesso vai levar você à "massa crítica", à plataforma de lançamento paraa igreja em células operacional que é discutida nos capítulos 21 e 22.

~ ..

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Grupo de 70Rede

Execução pessoas de apoio Implementada

O Concretização 120p Congregação-E da pessoas CapacitadaR "Mudança" baseACIO ExpansãoN 300Q-50ooA da ExpandidaL igreja

PROTÓTIpO

- .

Convergência

Grupoinicial

LegitimarPatrocinar

Números doNovo

Testamento

Palavraprofética(Jesus)

2-3pessoas

12pessoas

Visão deigreja em

célulasConcebida

Inovação Introduzida

Liderança-chave Apropriada

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16o PROTÓTIPO

DE JESUS

oprotótipo se torna o modelo operacional dosonho; é o sonho em microcosmo.

- Michael E. Gerber.

H á alguns anos, um pastor veio de avião para Houston para con-versar a respeito de igrejas em células. Ele estava altamentemotivado e desafiado pela visão da igreja em células depois de

ler o livro 'f!.hgre De T14? Go Frem !-lore (Para onde vamos agora?). Quandoo busquei no aeroporto, logo percebi sua frustração e mesmo um pouco deraiva. Suas expectativas em iniciar uma igreja em células não estavamsendo concretizadas, e ele não conseguia juntar todas as peças do quebra-cabeças. Ele estava sofrendo de uma enfermidade comum da igreja emcélula que, mais tarde, identifiquei como Síndrome ICl: Sindrome da Igrejaem Células Instantânea. W. Edwards Deming descreve essa doença como"pud im instantâneo":

As companhias vão à caça de modas passageiras e procuram umasolução rápida para problemas complexos se elas não apresen-tam constância de propósito. A solução rápida provê somenteconforto temporário e procura aparentar como se algo estivesseacontecendo. De acordo com Derning, isto pode ser comparadocom "pudim instantâneo" e não com o tipo de programa que éformulado claramente e desenvolvido com vistas ao futuro. I

SíNDROME DE IGREJA EM C!',UJLAS INSTANT;\NI:A

A enfermidade é fatal para a visão da igreja em células se não for

179

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180 A Segunda Reforma

diagnosticada e tratada a tempo.

Sintomas da síndrome da ICI inclui:I. ç,sperar multiplicar durante os e~tágie5 f'lr~f'lóuatóri..os.2. t1gdar estruturas sem antes mudar valores~ ".3. Depender de métodos e materiais em vez de depender de princí-

pios e conceitos.4. A,!l.exargrugos como um apêndice para a estrutura existente de

uma asa.5...Dar ~Rerme importância ao culto dominical enquanto procura

e~tabeleçer lima base para as célula~

A síndrome ICI é transmitida:I. Quando são lidos livros acerca do movimento da igreja em célu-

las que desafiam y'1ançam a visão acerca de igrejas em célulassem explicar adequadamente o processQ ou o tempo necessàrioPara tornar-se esse tipo de igreja.

2. Por meio de vjsionário~ que ~sperta!!llíderes acerca dos~slll--===~s do tipo Qós-pentecostalismo sem prepará-los para pagar o

~ do Rré-pentecostalisrng, necessário para estabelecer ummodelo operacional.

3. Por,peregrinações até grandes igreja~ ~m célJJlas que funcionamonde o p::ro~d~u~t~02!.!.!El~~~~"~l.I....!õ~~~"""';.y.a.L<lJ.I.a.LLu;;J.I..u.;;,...I.Q..__

anos de desenvolvimento.4. Em seminários e confereíTeias onde estratégias operacionais são

~ridas s~ar em conta os três anos e meio do pro.cessQL

P~

Acima de tudo, a síndrome ICI é uma enfermidade do nosso co-ração. Semelhantemente a Esaú nós vendemos nossos direitos deprimogenitura por um prato de purê para satisfazer um desejo instan-tâneo.

A síndrome da Igreja em Células Instantânea é altamente conta-giosa e é espalhada principalmente por igrejas em células existentesque sofrem de amnésia do Protótipo quando esquecem como era oinício da transição em células. ~ .pessoa que acredita que ela podefa.~lg)!,~ pequenos ajllstes em relação à igreja existente e tornar-sel~reia em células operacional já é portadora positiva da ICI._

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r A Igreja do Novo Testamento no século XXI 181

A CURA

A cura para a síndrome da ICI é desenvolver um protótipo. MichaelGerber explica esse termo para nós:

Para o franqueador, o protótipo se torna o modelo operacionaldo sonho; é o sonho em microcosmo. O protótipo se torna oincubador ~ o berçário para todo pensamento criativo, a esta=-ção onde a criatividade é nutrida por pragmatismo para se de-senvolver em uma inovação que funciona.O protótipo franqueado também é o 11Igill" onde todas as pres-';;uposi ões são testadas ara ver uão bem elas funcionam an~

F e tornar-se operacionais no negócio [...] O protótipo age comoum pára-choque entre a hipótese e a ação."

Uma boa dose de aprendizagem a respeito do ministério de Jesusquando ele projetou a primeira igreja em células vai curar a síndrome daICI. O ministério de Jesus na terra foi o período do protótipo da primeiraigreja. Permitir Jesus a caminhar conosco durante os três anos e meio deprotótipo vai fazer milagres por aqueles acometidos por essa doença. Acura tem a melhor chance de ser bem-sucedida rio acima no início doprocesso, do que rio abaixo no estágio operacional quando a enfermida-de já se alastrou. O período de recuperação é de três a cinco anos namaioria dos casos.

Jesus preparou sua salvação, seu sistema e seus servos para rece-ber e operar em seu Espírito durante seus três anos e meio de ministério.Jesus conduziu seus discípulos passo a passo através do continuum decrescimento necessário para construir o fundamento para o crescimentoexponencial em Pentecostes. O ~ríodo do protótipo é o tempo guan~:

1.Avjsi9 é eescobertíl e lançada.2. Õs~es são defiJ]ido~ e in~izados.3. Aliderança é identificada e desenvolvida-:--4. A vida no corQo é experimentada e mode1a(f;)5. A infraestrutura é testada e exp-erimentada.6. O poder é antecip!!20 e recebido.

Aqueles que receberam uma visão de igreja em células por Deusdevem em primeiro lugar desenvolver um protótipo antes que a visãopossa se tornar operacional.

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182 A Segunda Reforma

INICIE DA FORMA CERTA

Jesus seguiu meticulosamente o continuum de crescimento para edificaro modelo da primeira igreja. ~e iniciou com dois ou três inovaQ.ares,entãocresceu para 12 líderes, acrescentou ]0 em uma rede de apoio, que toma-ram-se }20 na sala do andar s~ Certas lições tinham de ser aprendidase certos estágios passados antes que a congregação-base pudesse ser forma-da e a igreja pudesse experimentar uma rápida multiplicação. Esses estágiosna fase do protótipo são essenciais para a multiplicação da igreja.

Os estágios podem ser acelerados mas não completamente ignorados.Durant;;i fase do protótipo cada estágio prtzQaraa congl=egaçãopara viVer-j~ en:l ~mllnidade de célllla e a11aQçarpara a multiplicação. Se.'q!lal-~r está~io é i~norado a igreja vai ter de compensar: ou vgltar@aprender alic.ão omitida. Isso vai acrescentar tempo. ao estágio do protótipo porque

r-'correções e ajustamentos precisam ser realizados.:.--_-- _Peritos em controle de qualidade com06dwards Deming e J.V

Juran e~nam a importância de começar da fonna certa. A fase do protótipotem tudo que ver com o controle de qualidade no início do modelo. Se nãofor feito da forma certa logo no início, deve ser corrigido mais tarde. De~ordo com os seus cálculos, ~O vezes mais difícil concertar 11mprobl~mªdepois que o processo foi realizado de fonna errada do que realizar o trabil-~qJ0rma ema logo n~ primeira y~.

Meu pai WI empreiteiro e pedreiro. MUItas vezes meu irmão e euíamos ajudá-lo no seu trabalho. Nós buscávamos ferramentas, segurávamosa trena enquanto ele media, e procurávamos a vara de medição para que elepudesse traçar a planta baixa. Nós então fincávamos estacas, pregávamos aspranchas no devido lugar e o ajudávamos a estender linhas que serviriampara-demarcar o croqui da construção. Antes que os trabalhadores chegas-sem, meu pai sabia que ele precisava montar o protótipo que serviria de guiapara a construção. Se a construção não começasse da maneira certa, as con-seqüências seriam caras e consumidoras de tempo. Voltar e corrigir o traba-lho feito de maneira errada era muito difícil, especialmente se a paredefosse de tijolos. Meu pai nunca ouviu falar da teoria de controle de qualida-de de que um trabalho realizado de maneira errada era 50 vezes mais difícilde consertar, mas com base na sua experiência prática, ele operava dentrodesse conceito.

Acerte na fase do protótipo, e o modelo será mais fácil de ser colocado------ ":---em prátjca dllr:ante ª fase operacional. SÇ..começarde man~rrada; você

~entará dores de cabeça, angÚstias, fOlstração e tempo durante toqº=- __~ocesso.

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A Igreja do Novo Testamento no século XXI 183

De acordo com o meu conhecimento, cada grande igreja em célulasexistente passou por um tipo de fase de protótipo, ou por planejamento oupor providência. Igrejas em célldas simplesmeRte Rãg Ra~~emcompleta-_mente desenvolvidas.

AMNÉSIA EM RELAÇÃO AO PROTÓTIPO

Nas duas últimas décadas, líderes de igreja de todas as partes do mun-do têm peregrinado para igrejas em células que funcionam em diferentespartes do mundo. Invariavelmente, eles tiraram todas as conclusões erradasem como essas igrejas em células grandes se relacionavam à sua situação deigreja .•Eles tentaram implementar métodos.em funcionament,o da ~emcélulas em vez de usar gS R:létodosprotótipos da igreja em células. -.I... ~-=-por que líderes sinceros têm problemas em reproduzir o que eles vêemenquanto estão visitando igrejas em células grandes? Éporql!e essas~n-des igrejas em células e", Hmcionamento tipicamente explicam o gue ~

V' -;;ontecendo atualmente em suas igre.@i,não o que aconteceu há dez ou ~(' a~lOsatrás, quando o crescimento estava se iniciando. Grandes igrejas em

c-felulassofrem de um certo tipo de amnésia acerca do seu estágio protótipo.Um líder de urna igreja tradicional não pode esperar que a estrutura de

uma igreja em células grande e que funciona (por exemplo da Igreja doEvangelho Pleno Yoido, em Seul) seja apropriada à sua situação. Os prin-cípios e conceitos podem ser os mesmos, mas os estágios de desenvolvi-mento estão anos luz à parte. É necessário descobrir o que aconteceu n~últimos 30 anos àquela eno~e igr~. Não é R@s8ssárigd"plicar a estraté- --gia operacional de uma igreja de 750.000 membros. Em vez disso, o líder deigreja deveria examinar a estratégia da transicão origin~l

Esse modelo é replicado ao se desenvolver '\.l.!derança vision!!ja, asede de apoio, seu com~misso com células~a orsanização simples, suacongregação-base (o rema escente) e a teologia de células do Novo Testa-~. Esses foram os ingredientes usados para transformar essa igreja tra-dicional na maior igreja em células do mundo. Igrejas em células em funci-onamento deveriam gastar o mesmo montante de tempo ensinando acercada peregrinação na fase do protótipo quanto com os procedimentosoperacionais atuais.

A PRESSUPOSIÇÃO FATAL

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184 A Segunda Reforma

~J!laisdo que mecanismos. ~em as dinâm.icas, princípi<2â.filosofia d.fCldda·que estão por trás dela, os mecanismos são formas sem vida. A única mane.i..=.ra de entendeouos a vida de !Jma igreja em células é experimentá-~,-,- Da mesma forma como Jesus passou por aqueles três anos e meiocom a sua primeira igreja, por meio do Espírito, ele passará pelos trêsanos e meio do período preparatório com cada igreja disposta a segui-lo.Da mesma maneira como Jesus deu sua atenção pessoal em edificar aprimeira igreja, ele dará a sua atenção pessoal para edificar a igreja dosnossos dias.

Se queremos ser o tipo de igreja singular que vemos nas páginas doNovo Testamento, temos de seguir Jesus no tempo de preparação ereaprendizagem. Essa rea rendiza em e re ara ão são es ecia}mnecessárias para líderes, aqueles que na maioria das vezes rocuram orata lOS e maneIras de tornar-se uma igreJa em células instantânea. A luzde tudo que precisaií10s aprender em como ser uma igreja de acordo como modelo neotestamentário, deveríamos ser gratos por termos a fase doprotótipo para iniciarmos da maneira correta.

Não vamos esquecer que Jesus, enquanto vivia como homem, esta-va dando uma orientação intensiva em relação ao início da igreja, e issolevou três anos e meio. A pergunta é a seguinte: :>.E.!1.J.j.I.I';....i;I.~~~S;U--

a congreiacão-ba~ ==-:=o...:::.::.!::.!.:::~:::.....:.;=.:.;::.=~-==---':

infraestrutura de comumdade? ~ não creialnão está com o írito, à vida no

~o. Preciso estar preparado para parte do tipo de igreja quedepende completamente de Cristo. Deve ser uma igreja que está total-mente comprometida, que está disposta ao sacrifício, que conhece o viverservil e vive na presença, poder e propósito de Cristo. Isso leva tempo.Podemos aprender os mecanismos da vida em célula rapidamente. As di-onâmicas do processo são mais difíceis. Devemos internalizartodo um con-junto novo de valores de igreja para que se tornem parte de uma culturanova de igreja que opera a partir de uma cosmovisão transformacional ede um Jesus encarnado.

AVANÇAR RAPIDAMENTE A PARTIR DE UM VALOR-BASE

Algumas igrejas grandes parecem pular a fase do protótipo, passan-do quase que imediatamente para as novas estruturas da igreja em célulase experimentam um crescimento impressionante. Será que isso quer dizerque elas descobriram algum tipo de método especial que lhes possibilita

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rA Igreja do Novo Testamento no século XXI 185

pular a fase do protótipo e avançar imediatamente para a fase da multipli-cação? De forma alguma! Muitas igrejas têm uma transição rápida porqueum valor-base da igreja em células foi alicerçado nos anos anteriores.Devemos dividir em fatores esse tempo de preparação prévia.

Esse valor-base da igreja em células muitas vezes é implantado en-quanto ela mantém a aparência de uma igreja tradicional com muitas es-truturas tradicionais. Quando essas igrejas, com esse valor-base, recebema visão de Deus da igreja em células, elas apresentam um grande potencialpara promover uma transição rápida para uma igreja em células. Se avisão e valores estão em seus devidos lugares, o processo de mudança éacelerado dramaticamente.

O_tempo que essas igrejas inovadoras usaram para mudar ~blaviílão~um elemento f"ndaRH:lRtalem relação ao se" período de protó-tipo. Elas não se tornaram igrejas em célula!>iRstantâneas ao mudar estru-.Urnrs. Quase certamente elas tiveram "n~a Elée~ ou mais do seu valorbáSicõ sendo mudado gradualmente, normalmente por causa de um líder

forte que manteve o cargo de pastor por um longo período. Esse líder podenão ter tido uma compreensão da igreja em células no início. Provavel-mente, ele simplesmente viu que aquilo que ele estava fazendo estavaajudando sua igreja a tornar-se mais parecida com a igreja do Novo Testa-mento.

Deus preparou essas igrejas a promover a transição rapidamente,não porque encontraram um atalho para a fase do protótipo, mas porqueelas já tinham passado por uma parte das mudanças de valores que ocor-rem durante a fase do protótipo.

PUDIM INSTANTÂNEO

Quando os líderes chegam para uma de nossas conferências, muitosjá estão exaustos, machucados e quebrados por expectativas de uma igre-ja em células instantânea funcional. ~s venderam ao.seJ.IflOVO a..idéia deuma transição rápida, r~meDte sem dar.,.para uma igreja em células.-Essa expectativa começou a desmoronar durante"os primeiros estágios do

_'~rõêesso e, quando esses líderes aparecem para uma conferência de igre.:")as em células, a e1>.Q~rançajáse transformQJ! em de!>âRil+lQe desespero..:..

Para dar o devido crédito, 9-Aesapontamento não destruiu seu desejo deser uma igreja em células do Novo Testamento que Deus havia colocado

e"!11Sêü coração. No entanto, a Spa fé está sendo severamente testada nesse- ..processo.

Durante o primeiro dia de ensino nos seminários acerca da igreja em

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L_

186 A Segunda Reforma

células, normalmente sinto uma certa dose de frustração e sentimentos defracasso dos líderes que já iniciaram sua jornada na igreja em células.Eles normalmente leram um livro..•.partici~ram de um seminário ou visi-tãram algum tipo de igreja que trabalha com grupo peQuenos...T.2Qasasconclusões erradas foram tiradas acerca do qlle significa para a sua igrejapromover a transição para lima ijireja em células. Eles procuram respostas ...•enrre5i sem uma compreensão clara dos princípios e valores básicos. Issopode causar sérios danos. Deming comentou acerca de pessoas de negóci-os que se empolgam com o controle de qualidade:

Muitas vezes essa é a história. Os gerentes de uma companhia,tomados pelo desejo de melhorar a qualidade e produtividadedo seu produto, porém sem ter conhecimento a respeito desseassunto, e sem princípios orientadores, visitam outras compa-nhias que estão indo muito bem, à busca de esclarecimento.Eles são recebidos de braços abertos, e começa a troca de idéi-as. Eles (os visitantes) aprendem o que o anfitrião está fazendo,parte do que acidentalmente pode estar de acordo com os 14pontos. Destituídos de princípios orientadores, ambos ficam"perdidos". Nenhuma das companhias sabe se e por que umprocedimento está correto, nem se ou por que o outro está erra-do. A pergunta não é se um negócio é bem-sucedido, mas porquê? E por que o sucesso não foi maior? Nossa esperança ape-nas é que os visitantes tenham gostado da visita. Devemos termais pena deles do que censurá-los.'

No segundo dia, eu quase posso predizer quando o momento de alí-~iar. Durante a sessão a respeito do protótipo.. e faoperacionais da igreja em células o peso de se tornar uma igreja em célu-i;S instantânea é retirado das suas costas. À ida que os líderes come-çam a entender que~~~!:2l:~~~~~~~6I",l,~~~~~..u.!.!~~ __nando a '

J1;.ê!:ívjo. Os participantes acabam a",lta~IUU

tranqüilizador por finalmente percebere que mesmo Jesus passou pelafase do protótipo quando desenvolveu a sua igreja. Podemos finalmentedesistir da tarefa não realista de fazer uma igreja em células do tipo pudiminstantâneo!

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17OS FATORES DO PROTÓTIPO

DE JESUS

oprotótipo age como um pára-choque entre ashipóteses e a ação.- Michael Gerber

Em 1995, O projeto de dois carros da Ford (Ford Contour eMercury Mystique) custou seis bilhões de dólares e vários a~ospara produzi-los. Você consegue acreditar nisso? Seis BILHOES

de dólares! Há vários anos,.o Saturn foi desenvolvido aQ.f..ustode trêsbilhões de dólares. Evidentemente companhias alltomotiyas acreditamque o modelo protótipo é essencial para prod!lzir carros e estão dis-'-.:postos a gastar o tempo e recursos necessários para desenvolver protó-

~pos que funcionem bem. O prÓceSso tedioso e caro de desenyolve~-- um protÓtipo requ~o, ~mpromisso e paciência.

Quando Jesus veio para iniciar sua igreja, ele primeiro desenvol-veu um protótipo, um modelo funcional. Esse foi seu objetivo princi-pal nos seus três anos e meio de ministério. Ele cuidadosamente jun-tou todas as partes operacionais do seu modelo de igreja e então retornoufisicamente para o céu antes que a igreja se tornasse operacional. Hoje,as igrejas que desejam ser igrejas em células do Novo Testamento de-vem passar pelo mesmo estágio do protótipo para alcançar seu poten-cial pleno como uma igreja em células funcional.

Certos fatores da igreja em células são tratados diferentemented ra~te o está io do 'ti o do ue uando estão funcionando comforca total. Entender esses fatores e sua implementação a equa a slm-

.plifica íl prg~eliSO do protótipo e fortalece a base Qpera~~1. Tam-bém vai acelerar o tempo que leva para se tornar uma igreja er:i'fcélulasplenamente operacional. Não esqueça que é 50 vezes mais fácil fazer

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da maneira certa logo na primeira vez!- O protótipo e as fases operacionais não são diferentes em nature-za e propósito. Eles são diferentes em como conduzem a imple-mentação. Visto que a fase do protótipo vem primeiro e constrói o fun-damento para a fase operacional, ela deve tratar da estratégia de ummodo diferente. Os seguintes fatores são parte da fase do protótipo dodesenvolvimento da igreja em células:

1. FATOR TEMPO

Na fase do protótipo, é necessário mais tempo do que na faseoperacional para desempenhar as mesmas tarefas básicas. Alguns pro-tótipos de certos modelos de carros podem levar meses e mesmo anospara serem concluídos. As companhias gratamente permitem que osresponsáveis pelo desenvolvimento do protótipo tomem o tempo e usemos recursos necessários para descobrir o que vai funcionar e o que não~i. No entanto, se levar tanto tempo para produzir um carro na linhade produção como no departamento de protótipos, a companhia estáem sérias dificuldades. Gastar tempo no iníçig Ql:lraRtea fase do protó-,tipo vai er ' d ão e massa osteri

O propósito o protótipo da igreja em cé u as é o mesmo. Levamais tempo para fazer tudo que precisa ser feito durante a fase doprotótipo porque um modelo está sendo desenvolvido para multiplica-ção. Durante a fase do protótipo não ocorrerão igrejas em células ins-tantâneas. É necessário um período maior para desenvolver cada partedo modelo. Leva:

- m~ delieR"glver os primeiros lideres;- mais tempo desenvolver a çomunidade de ~s;- mais tempo discipJ!lar 11mnovo crçnte;.--rnais tempo ~_mais tempo ~senvolver a jnfraest[!!tma da jgreja em çéllllalil

Outros modelos de igreja podem P oduzir ais números nos es-tágios iniciais. Esses modelos incluem os seeker deis (isto é, mode-los de igreja voltados para os interesses e necessidades pessoais, pla-nejados para apresentar verdades bíblicas eternas por meio de recur-:sos culturais relevantes, como o teatro, música, vídeo, dança, etc), omodelo da "metaigreja" e mesmo alguns modelos de igrejas tradicio-

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nais. Esses outros tipos de igrejas reúnem consumidores e estabele-cem um sistema de distribuição mais rapidamente do que o modelo daigreja em células. N'p entanto essas igrejas terão dificuldades em manteresse crescimento, e a maior~s igrejas vai crescer menos do guea igreja em células. Ql!ando a igreja em células se tornar operaciona,l,a multiplicação exponencial é possível porque as fases do protótipoestabelecem um sistema por meio do qual todos os cristãos são treina-dos e mobilizados para o ministério.

2. O FATOR HABILIDADE

A fase do protótipo requer mais obreiros Qualificados. Na fase doprotótipo, ~ estudiosos (os PhDs) vão colocar suas mãos na graxa,trabalhando para desenvolver um novo carro para que os trabalhado-res menos habilitados sejam capazes de fazer a mesma tarefa na faseoperacional. A rede McDonald's tem um sistema elaborado por em-presários e inovadores altamente capacitados. Isso torna possível queos trabalhadores menos habilitados mais tarde realizem o trabalho.

A estratégia de Jesus era que seu sistema de igreja funcionassecom obreiros menoshabilitados. Jesus começou a sua igreja em célu-las com homens que poderiam se tornar líderes visionários. Eles fo-ram treinados durante a fase do protótipo. Em ICoríntios 1.26-29 Pau-lo menciona esse princípio:

Irmãos, pensem no que vocês eram quando foram chama-dos. Poucos eram sábios segundo os padrões hUll!!!!!.!!SJ2ou-cos eram poderosos; poucos eram de nobre nascimento. MasDeus escolheu o que para o mundo é loucura para env-;;;'J<o-!lhar os sábios, e escollie-u o que para o mundo é fraqu;;'apara envergonhar o que é forte. Ele escolheu o que para o

,-mu,ndo é insignificante, desprezado e o que nada é, para re-duzjr a nada OJiue é, a fim de que ninguém se vangloriediante dele· ~-A igreja tradicional de uma asa depende de líderes altamente pro-

fissionais e habilitados para fazer a obra do ministério. O sistema deJesus libera e capacita a todos nós para participarmos das tarefas maisimportantes de um crente: fazer discípulos à medida que amamos aDeus, nosso próximo e uns aos outros.

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3. FATOR LIDERANÇA

Jesus concentrou-se na liderança durante a fase do protótipo.Coleman escreve: "Sua preocupação não era com ro ramas ara atingiras multidões, mas com-homens a quem as multidões seguiriam ..-Homens serIam o seu 't e con U1staro mundo ara Deiis".'

Recentemente falei com a equipe pastoral de uma gran e Igrejaque ?inha uma visão para tornar-se uma igreja em células pura. A únicaexceção era o pastor titular da igreja. Ele estava preocupado com aagenda lotada com compromissos para pregar em outras igrejas. Elevia as células como mais um apêndice para as muitas atividades daigreja. Ele achava que alguém da equipe pastoral poderia supervisioná-las. Os obreiros me perguntaram: "O~osso pastor titular precisa estarenvolvido . células se u.eremos nos tornar uma igreja em

~- Essa pergunta é como se um pastor perguntasse ao comitê de

escolha de um novo pastor de uma igreja tradicional: "Preciso partici-par do culto dominical?". É claro que ele precisa! O culto dominical éa parte principal da vida de uma igreja tradicional.

"Q.{Jastor titular precisa ~staF ~a,jado diretamente na transiçãopara as células?". Como poderia ser diferente? A vida na célula é aexperiência básica da igreja. Se os pastores titulares estiverem desin-teressados do processo do protótipo, eles não serão capazes de dar aliderança necessária na fase operacional. Os líderes mais habilitadosdevem participar da descob~a e implementação do ~i~tema bá~ico _l'fso inclui o pastor titular e os líderes-chave da igreja. )

A delegação é um princípio importante na igreja em células. Igre-jas em células florescem porque elas têm um sistema de liderança do,t,i.po ".laH:tL por meio do qual a Iiderança é delegada a Iíderes sobre la, *11J, 100 e 1.000. Mas a visão e o o nãoOs líderes principãis Igreja transmitem a visão e servem de exem-plo ao viver na comunidade cristã de base durante a fase do protótipo.O líder principal deve servir de modelo para a comunidade na qual ele

~s participem. rS~e.....:o,,"s~í~~~~~~~~~~~~~vi ll1tos a vi célul e os mem-

" ros vão fazê..Jp:? Depois de assarem pelo estágio do protótipo e a'ftr'eja caminha para o 'io operaClOna líderes visionários têm oestilo de vida e a experiência que dá a eles a habilidade de liderar dedentro do próprio sistema.

O continuum de Jesus durante a fase do protótipo é um processo

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de liderança. Isso começa com a liderança principal. Em seguida maislíderes são acrescentados em um processo incrementai de unidadescada vez mais amplas de liderança, como segue:

• A equipe visionária;• O círculo íntimo dos doze líderes-chave;• Uma rede de apoio de 70 seguidores comprometidos;• 120-200 participantes da congregação-base.

4. FATOR EVANGELlSMO

Que tipo de evangelismo deveria ocorrer lá fora no mundo du-rante a fase do protótipo? De que maneira o evangelismo na fase doprotótipo difere do evangelismo operacional? Certamente a diferençanão está na paixão ou no compromisso. O evangelismo pode, no en-tanto, diferir quanto ao foco e ao alvo. A fase do protótipo é um tempoimportante ara colocar o fun smo exponenciafuturo, da seguinte maneira:

1. Desenvolv<;:ruma pflixão por evange] ismo que transborda a partirda eclillcaçã,Q. ---- .

2~belecer um ~istema de células por meio do gual os descreD-tes possam_S_~LCOlJ.ill,tados,gera2Q~_nutridos e treinados

3 Treinar membros para engajar-se no ~gelismo hQ!i.stic~evangelismo por relacionamentos, evangelismo por interesse eevãngelismo para descrentes resistellte~ ao ~,,3ngelbQ (incré-dulos do "ti O B" .

4. Immar ro ramas que podem impedir o evangelismo eficaz.5.fEguilibrar eventos de evangelismo com o desenvolvimento da

infraestrutura das células.

O evangelismo '1y~ i'llcaRç2 amigos, parentes @conh@cidosden-tro da nÕssa esfera de influência (chamado de evangelismo de oikos)fUI~na melhor durante a fase do protótipo pelos s@gl:lintesmotivos:---

1. O evangelismo de oikos ensina o método mais básico para al-cançar as pessoas para Jesus.

2. O evangelismo de oikol" 5e-efteftixa na nova COmI.II!Lº_~_equeestá sendo formada e,é menos dismp.tjyg.

3. O evangelismo de oikos desenvolve u_maampla rede de comu-

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nicação para colheitas futuras enquanto a comunidade de célu-1-;; está sendo formada. ..•.

4. O evangelismo de oikos ajuda a controlar OJlÚmero de ~ssoasdisfuncionais gue são frãzidas para a célula durante o ~gítico de estabelecimento da comunidade.

5. ~IlBelismo de eik(J:J treina membros aa célula para ganha-rem tanto as pessoas abertas para o evangelho (incrédul~---=--

--;i~{\"lcomo as pessoas resistentes ao eva-llgeIT1O(íilCféd~eJo "tipo B").

Durante o período do protótipo podem ser planejados grandeseventos de colheita, mas as épocas devem ser cuidadosamenteselecionadas. Grandes eventos de eyangelismo, sem a base de células,p'_Q,""d:-e..;.:m~c~o:..:.n::..:su::..:m~ir:-.m:.=.:u~it:.:o:-.t:..:e..:.;m:.::.!p!:...o::,:'c...:i~n~te:.:r..:.;r.:..o:.:..m:.rp:..:e.:..r-=a~v:..:i;:d=a..:.:n:;:a:...:c7=é:..:.l.::.u:.:la:..e::...:..re:..:q~u::.=.:e~rm.1!ito tempo de acompanhamento dmante 11m período em que o de-senvolvimento da infraestrutura da célula deveria ser a priOridade ..

Que tipo de evangelismo deve ocorrer nos encontros das cMulasdurante a fase do protótipo? Deve ser praticado o mesmo tipo deevangelismo descrito em l,corÍntios 1424-25'

Mas se entrar alg.um de5crente ou não instruído quando to-rdos estiverem profetizando, ele Dor todos será convencido

. Ae que é pecaE!JJ:.-epor todos será julgado, e os segredos doseu coração serão espasios. Assim, ele se prostrará, rostoem terra, e adorará a Deus, exclamando: "Deus realmenteestá entre vocês.

~QNão é o aperfeiçoamento cristão e certamente não é a natureza

perdida do visitante que está no centro das atenções no encontro dacélula, mas a presença de Cristo. Por intermédio das imperfeições dos

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cristãos, Deus revela seu poder àqueles que estão observando. Q.uandQos descrentes participam de uma célula. é o tempo para Cristo teste-

~r. Não será necessário que cada cristão testemunhe verbalmen- -te.

Em nossa primeira experiência com grupos pequenos na Tailândia,eu aprendi como não se deve evangelizar na célula. Nós iniciamos umgrupo na sexta-feira à noite em nossa casa depois de completar nossoprimeiro ano de estudo da língua nativa. Estávamos experimentandoverdadeira comunhão e edificação, com bastante louvor ecompartilhamento. Numa sexta-feira, um membro trouxe um homemque ele encontrara no mercado e com quem ele tivera um debate acalo-rado acerca do cristianismo e do budismo. O cristão disse: "Venhapara a nossa reunião e você ficará sabendo como é o cristianismo".

Naquela noite a refeição e o louvor estavam indo bem. Os cris-tãos e o homem incrédulo estavam engajados em uma conversaçãocordial. No entanto, quando a reunião formal começou, as coisas co-meçaram a esquentar. A forma costumeira de ministrar uns aos outrose ouvir de Deus foi rapidamente abandonado. Os cristãos, do maisvelho ao mais novo, tinham cuidadosamente carregado suas "armas detestemunho" enquanto estavam comendo e cantando. Quando o des-crente começou a questionar e argumentar, cada um tirou a sua armade testemunho, mirou no descrente e atirou nele durante o restantedaquela reunião. Ele ficou crivado de balas. Não é necessário dizerque este homem nunca mais voltou para uma de nossas reuniões e eunão o culpo. Eu também não teria voltado.

O que a nossa abordagem evangelística fez àquele homem perdi-do já foi triste, mas ainda mais trágico e danoso foi o que ocorreu com ~aquele grupo de cristãos. Antes daquele homem perdido aparecer, Cristoestava edificando o corpo. Vidas estavam sendo transformadas. Quan-do o homem perdido veio ao grupo, o grupo parou de concentrar-se emCristo e voltou a sua atenção ao homem perdido. A natureza da célulamudou. Cristo não foi mais capaz de edificar os cristãos e fortalecersuas vidas. A conversão desse um homem tornou-se o centro da aten-ção da reunião, não Cristo. A edificação, portanto, entrou em curto-circuito. Aquele homem budista não convertido precisava ter um en-contro com Cristo, não engajar-se em argumentos intelectuais. O gru-po deveria ter continuado a concentrar-se em Cristo para que o homempudesse ver Cristo operando no meio do seu povo. Talvez, ele teria seprostrado e dito: "Certamente Deus está neste lugar".

Ralph Neighbour compartilha o que aconteceu em um encontro

l1li---....,...,.,------:------- ....._..

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de célula onde o foco permaneceu em Cristo apesar da presença dedois descrentes. Essa é a maneira como o evangelismo deve ocorrer noencontra da célula. Um dos descrentes era um banqueiro católico quejá não participava da igreja havia anos. Ele tinha recebido um bilheteda sua esposa notificando que ela estava se separando dele. Ele estavamachucado!

Naquela noite, Cristo ministrou às necessidades de várias outraspessoas enquanto o descrente, de uma posição não ameaçadora, obser-vava Deus agindo no grupo. Mais tarde, esse descrente perturbado acei-tou o Senhor. O dr. Ralph Neighbour interpreta para nós o que aconte-ceu ali:

Você entende? O 'método' de evangelismo naquela reuniãofoi a presença do Senhor operando por meio da sua Noiva!Ele foi 'convencido por todos; chamado para prestar contaspor todos; os segredos do seu coração foram derramados'; eele quase literalmente prostrou-se quando os homens ora-ramjuntos naquelas escadas. Ele havia descoberto que Deuscertamente estava no meio daquele povo da célula!'

risto, não no perdido.Somente uma célul~adur com uma compreensão clara do seu

propósito, vai man er seu foco em Cristo quando existem descrentesparticipand'o do encontro. Se em cada encontro, o foco mudar daedificação para o evangelismo por causa de algum visitante, a conti-nuidade e a comunidade serão perdidas. lliixe os cristãos imaturos

-I serem alimentados. Deixe o corpo ser curado. Deixe os membros se-rem libertos das fortalezas. Deixe os crentes e ;s descrentes experi-mentarem Cristo no meio deles!

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no entanto, ele nunca permitiu que a evangelização das massas inter-ferisse no seu propósito simples de equipar líderes e estabelecer seusistema de comunidade. »:

5 . FATOR EDIFICAÇÃO

Durante a fase do protótipo, os membros da célula devem apren=-.der a edificar e desenvolver uns aos outros. Jesu4 projetall a i~reiepara evangelizar a partir de li'!!.! base de edificação..saudáUrJ onde oscrentes se tornam canais para a edificação. ~omente uma igreja..,~~ifiçadora vai ser "ma igreja eyan~elizad9ra bem-sucedi.da. J<ayStedman reconhece a importância de evangelizar por meio de um cor-po saudável. "É necessário umcorpo saudável para realizar um traba-lho bem-sucedido Procurar evan elizar en uanto o corpo de Cristoestá doente e fraco é inútil".' E. Stanley Jones ilustrou o perigo e nãoedificarmos uns aos outros. No livro The Way (O caminho), ele escre-veu:

Eu estava sentado à margem do Lago Massaweepie, nosAdirondacks, escrevendo este livro. Todas as manhãs um patoselvagem se aproximava para encontrar alimento perto damargem com a sua ninhada. Um dos patinhos parecia maisfraco do que os outros e gastava a maior parte do tempo pro-curando manter-se j unto aos outros. Ele não tinha tempo paraalimentar-se. Muitos de nós gastamos a maior parte do tem-po ocupados com as nossas tarefas. Não separamos tempopara alimentar o nosso espírito. Falta-nos um "algo mais",uma margem de poder que nos permita realizar nossas tare-fas com alguma sobra.'

Esse pequeno patinho fraco precisava de um lugar onde podia sealimentar sem a necessidade de manter-se junto com os outros. Eleprecisava de um bando que se importasse com o mais fraco e não me-disse o tempo de alimentação de acordo com a velocidade do maisforte. Continuar mantendo-se junto com o bando, sem a oportunidadede alimentar-se, fez com que o pobre pequeno pato se tornasse cadavez mais fraco.

Todos nós somos pequenos patos fracos. Cada cristão precisa de~m tempo para alimentar-se pessoalmente qui não esteja vinculadocom a atiVidade da multidão. Sem isso, o cristão se torna cad~

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mais fraco. A célula é o contexto no qual recebemos um "algo mais,uma margem de poder que nos permite realizar nossas tarefas comalguma sobra".

Esse é o motivo por que a comun· serantes de tudo, um tempo de ed' icação. A célula deve ser um tempo emque todo pato pequeno tenha oportunidade de ser alimentado sem apressão de tentar manter-se com o restante do grupo. À medida que opadrão de edificação é estabelecido durante o estágio do protótipo, osgrupos são então preparados para passar para a expansão do ministé-rio e evangelismo durante o estágio operacional.

6. FATOR TREINAMENTO

Durante os três anos e meios do desenvolvimento do protótipo,Jesus continuamente fez a escolha de concentrar-se no treinamento delíderes. Grandes multidões o seguiram, e mesmo assim ele parecia quaseque distraído e desligado das multidões, preferindo gastar o máximode tempo possível com indivíduos e especialmente com seus líderes.

Jesus chegou a esquivar-se das multidões. Ele entrou no barco efoi para o outro lado do mar da Galiléia. Ele levou seus discípulos efoi para os montes. Jesus não queria que ninguém soubesse onde elesestavam, porque estava ensinando os seus discípulos (Marcos 9.30,31).

Alguns sugerem que Jesus procurou separar-se das multidões por-que ele estava pessoalmente cansado e precisava descansar. O ca,"\saçodo seu corpo pode ter sido parte disso, mas essa não era a razão princi-pal de Jesus procurar distanciar-se das multidões. Jesus estava con-centrando seus esforços em treinar uma base de liderança durante afase do protótipo. o nas multidõesiniciais isso poderia tê-lo impedido de alcançá-Ias mais~

O . .

Na China, patos e gansos são a à força. Milho e trigosão forçados goela abaixo com um funil. Esses patos e gansos crescemmuito por meio dessa forma de alimentação. No entanto, se eles deixa- ..rem de ser alimentados com o funil, eles vão morrer o se a raçãoestiver espalhada ao redor deles. Patos e gansos limenta os à força.não têm a habilidade de alimentar-se a si próprios.\Nada é mais impor-. r

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tante do que descobrir e implementar um trilho de treiRamepto ~ente que possa ensinar cada novo membro a alimentar-se pessoalmen-te. ~

É indispensável que o ·Iho de treinament seja desenvolvido,testado e incorporado na igreja em ce u as urante o período do' protó-:--tipo. Sem um trilho de treinamento eficaz os'auxiliares não vão ser,desenvolvidos e novos cristãos yão continuar a fazer parte do proble-!TIaem vez de fazerem parte da solução. É essencial que esse trilho detreinamento seja completado antes que seja dado o pontapé inicial parao crescimento explosivo. Depois que o crescimento e a multiplicaçãoiniciarem, é muito difícil ':altar atrás e desenvolver um trilho de trei-namento eficiente, muito menos voltar e treinar todos aqueles que en- -traram sem ser treinados. Os ciclos iniciais da igreja em células pro-porcionam uma oportunidade para desenvolver um sistema de treina-mento por meio do qual a multiplicação exponencial evangelística fu-tura pode ser conservada através de métodos de treinamento

---

exponenciais.

7. FATOR REORGANIZAÇÃO

O estágio do protótipo é um tempo em Que as célylas podem serreorganizadas e reajustadas.11..ara-desenvolver Y.ijriosmodelos nratóti-pos sal!dáveis. É bastante otimist es erar u as as células se mu~~ipliquem_a c.@a seis a nove meses enquanto aprend~<.?!!!9~ -

fam células e a coml!nidade. Uma igreja deve testar a vida em célulasquando está iniciando seu processo. A pressão para multiplicar vemem segundo plano, O importante nesse estágio inicial é aprender comofazer células e viver juntos em comunidade. P~r isso é mais importan-_te.fortalecer as priweiras células ao reagrupar as pessoas do que mul- ~

.,tiplicar células fracas e disfuncionais paB1Danter um índice de cresci-~egtQ ªrbitrâ~jo Se uma igreja em células __está ~ba~e pressãodesde o início para m ex onencialmente vai sobrar ~.c_e,:o ~ara des~n~~~'!:;I~der~nfraestrytura necessária pa~-SUStel1tª.F a Il!!!!!If'he8çao'c:rfUtttr:'!f::~~.~:.

Fatores a serem observados na reorganização durante a fase doprotótipo podem incluir um ou a combinação dos seguintes aspectos:

• Reorganize em torne d95 líderes,• Reorganize geograficamente;• Reorganize paia desenvolver--comunidade e visão congre-

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gacionais;• Reorganize para podar e extirpar células defeituosas e doentes;• Reorganizepara não permitir que grupos se tornem "encravados~tagnados; - ~ - -

• Reorganize para incorporar novos líderes.

Durante o estágio do protótipo, identifique e fortaleça célulassaudáveis que vão se multiplicar. Reorganize céllllas não sa!!dávei§.:....Por exemplo: cinco células podem to;;;ar-se sete ou oito células em

_vez de dez Depois de outro ciclo, as sete c.é.lulas podem tornar-se dez --células em vez de dobrar para quatorze;. A certa altura, cada célula-

rcícveria esperar multiplicar-se durante o ciclo normal da célula, masesse ciclo normal de multiplicação deve ocorrer somente depois que aigreja tenha se tornadoJ;llenamente operacional. •.

A duração do ciclo da célula pode variar de lugar para lugar. Ii.;..gi,camente, a multiplicação vai ocorrer num período entre quatro me-ses a um ano. ~ ,!!.ma célula uão "ai ~ mHlti~liear (OHllãQ pode) emum ano, algo está errado com a estrutura básica da célula. O grupodeve ser reorganizado ao distribuir os membros em outros grupos sau-dáveis.

Quantos ciclos de células são necessários antes que uma verda-deira multiplicação possa ocorrer em uma igreja em células? Isso de-pende da condição das células originais. 93.ão eficientes são os líderes,de células? As ~ulas têm auxiliares? ~iste um trilRQ d@treillarueR-!Q.?Quantas pessoas disfuncionais estão nas células? As células estãooperando como,..grupos-tarefa ou em torno da pessoa, do'p der e dopr6j5ãSítõde Cristo? Osi~~~.o..e1~~~i ~~~~~~d~ciã~t_munidade do Noyo Testamento e da.J,ioÍdano corpo? Os ~~~~~~_-.JS6lulas sabem como edificar e Illiui~trar !Jus aos antros? _dãigleja em células já foi internalizado?

Durante a fasej.o protótipo, vários~iclQ5 de céllllas de seis a oitomeses são prbvavelmente necessários antes que se estabeleçam célu-

'lãs que têm uma probabilidade razoável de mui· licar-seexponencialmente

8. FATOR PREVISIBILIDADE

Durante a fase do protótipo, devem ser estabelecidos gadrões pre-visíveis da vida da célula. É necessário algum tipo de estrutura consis-t~n~ que possa ser duplicada em cada ciclo SUbSegü'e~~.~ualro

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aspectos seguintes da igreja em células devem operar comprevisibilidade e constância de propósito: Yi.dana célula, treinamento,evangelismo e liderança. Sem a previsibilidade nessas áreas, os Iíde-~res não podem ser treinados, e sem líderes, a r'l.u.ltiplicacão exponencialé impossível. ~ --

Se cada líder de célula faz "o que é certo aos seus próprios olhos",não haverá um padrão estabelecido por meio do qual líderes futurospossam ser treinados e materiais sejam desenvolvidos. Suponha quevocê tenha cinco células com três formatos diferentes, três maneirasdiferentes de treinar novos membros, diferentes abordagens deevangelismo e várias maneiras de escolher e funcionar como líderes.Qual será a aparência do seu protótipo depois da quarta ou quinta ge-ração de multiplicação? Caótica! Cada ciclo de multiplicação vai serdiferente e incompatível. As células serão tão diferentes que o inter-câmbio de líderes, de materiais e de métodos estará fora de questão.

Quando ouvimos as palavras "previsibilidad~" e "constância depropósit~', muitas vezes pensamos e~controle" e "per~ de liberda-=-de". Alguns talvez perguntem: "Se cada célula se ue o esmo forma-to, os mesmos materiais e o mesmo tr de treinamen s naolimita a a ão do Es lfI o ? Isso não é apenas mais uma aborda-gem tipo forma de biscoito para a vida da igreja?". De modo algum!

so e· o h .e é a falta de uma estrutura revisível. ~çass somente dão a Ilusão de ro re o e liber a e. 6 ~

Quando eu estava no segundo grau, a escola contratou um novotreinador de basquetebol. Ele imediatamente começou a treinar umanova tática ofensiva. Nós tínhamos apenas sete ou oito jogadas bási-cas, mas nós as repetíamos seguidas vezes. Durante os treinamentosessas jogadas sempre terminavam em cestas. No entanto, num jogo adefesa adversária nem sempre cooperava conosco. Por isso, precisá-vamos ser criativos. Porém, visto que tínhamos as jogadas básicas,sempre podíamos recuar e executar uma dessas jogadas (sistema) quedavam estabilidade ao time.

Ter um ~eis,junto com ~ detreinamento, evangelismo e liderança não restringe mas libera a obrado Espírito Santo. Ciclos testados durante o estágio do protótipo abremcaminho para dese1lVolver uma estrutura na qual pode ocorrer a vidacristã bem-sucedida. O período do protótipo permite que os líderesdescubram e definam as partes previsíveis da igreja em células.

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FasesEstratégicas

Processo dede MudançaSchaller

Números doNovo

Testamento

Pre PalavraPar Convergência profética Visão de

ConcebidaaÇ_(Jesus) igreja em

ao células

p Grupo 2-3

R inicial pessoas Inovação Introduzida

OT Legitimar 12Ó Liderança

Patrocinar pessoas chave ApropriadaTIP Grupo de 70

O Execução pessoas Redede apoio Implementada'

O Concretização 120pE da pessoas

Congregação- CapacitadaR "Mudança" baseACIo ExpansãoN 3000-5000A da Expandid(l,L igreja

';)~:~

,q

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18A ESTRATÉGIA DE LIDERANÇA

DE JESVS

o obreiro evangélico precisa decidir onde quer que o seu ministério dêresultados - se no aplauso momentâneo do reconhecimento popularou na reprodução de sua vida em alguns poucos homens escolhidos, que

dêem prosseguimento ao trabalho, depois que ele se for.- Robert Coleman

Em João 17, Jesus relatou ao Pai que a estratégia deles seria bem-sucedida, Por que Jesus estava otimista a esse respeito? Eleestava enfrentando a cruz, a traição de Judas e o abandono dos

discípulos, Qual era a base para a sua confiança? Considere três relatosque Jesus poderia ter apresentado:

Relato número I: Nossa estratégia vai funcionar porque no pri-meiro ano de ministério multidões enormes estavam me seguindo. Eunão conseguia me desvencilhar delas. Essas multidões clamavam paraque eu falasse a elas, chegando a deixar seus lares e trabalhos para meouvir pregar. Certamente houve grande aceitação e popularidade.

Relato número 2: A estratégia vai funcionar porque no futuro pró-"imo ferel11n, n Ppnt"('n,t,,, Milhares el" n"sc,v.e ,.;"i" 00'(>~ '"'''' ~~')~~'-'-" - • -"~--'--'-'~-'-" •••••• u •••.. '-' '-" •... v J\..JUJ \c.l'--J \",1\...1 IlUlll \".,.)}- <-lY\.)

de uma semana. Portanto, a estratégia vai funcionar por causa do grandenúmero de pessoas que se converterão depois do Pentecostes.

Relato número 3: A estratégia vai funcionar por causa do cerne dediscípulos. Esses são aqueles que viveram em comunidade comigo. Euos ensinei e vivi com eles. Eles sabem que eu vim do Senhor. :'l Pai!Nossa estratégia vai funcionar por causa desses líderes.

Qual re lato parece ma is prom issor e lógico'? A luz de IllU itos meto-

201

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202 A Segunda Reforma

dos de crescimento das igrejas tradicionais, o relato número um oudois poderiam aparentemente ter a melhor chance de sucesso. Ambosos relatos têm números suficientes no início ou no fim do processopara projetar expectativas de sucesso.

No entanto, Jesus confiantemente deu o terceiro relato ao Pai.Jesus tinha uma estratégia de liderança, não uma estratégia para asmultidões ou uma estratégia de números. Nas últimas décadas, RobertColeman tem sido uma das vozes mais claras a trombetear acerca daimportância da estratégia de liderança de Jesus. Ele diz: "A ênfaseda grande com issão recai sobre a liderança. Jesus j á demonstrara,através do seu próprio ministério, que as massas, desiludidas de tudo,estavam maduras para a ceifa, embora não contassem com pastoresespirituais que as liderassem. Como, pois, poderiam ser conquista-das para Deus?". 1

Colernan também observa:

'. \

Que proveito haveria, para o seu objetivo final, se as massasfossem impelidas a segui-lo, para em seguida não contaremcom supervisão nem instrução acerca do Caminho? Tem sidodemonstrado, em numerosas ocasiões, que as multidões sãouma presa fácil dos deuses falsos, quando abandonadas semo euidado apropriado [... ] Por esse motivo, a menos que osconvertidos a Jesus fossem dirigidos por homens de Deus,competentes para orientá-los e protegê-los da falsidade, embreve cairiam vítimas da confusão e do desespero, e o seuúltimo estado tornar-se-ia pior do que a princípio. Assim sen-do, antes que o mundo pudesse ser permanentemente ajuda-do, teriam de ser levantados homens capazes de conduzir asmultidões nas coisas de Deus."

JEsus PREPAROU OS DISCÍPULOS EM UMA ESTRUTURADE LIDERANÇA ESPECIAL

Observe o triângulo de liderança na figura 6. No topo do triângu-lo está Cristo, o catalisador ou inovador. No segundo nível do triângu-lo está o círculo íntimo de Jesus, formado por Pedro. Tiago e João. Nabase do triângulo, estão os restantes nove membros da liderança-basede .Jesus. Os membros da família mais ampla estão ao redor desse gru-po base.

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A Igreja do Novo Testamento /lO século XXI 203

JESUS

t t tTiago João

tttttFigura 6. A estrutura da liderança de Jesus

Nesse contexto de liderança, Jesus se relacionou com os seus líde-res de diversas maneiras. Às vezes, ele se relacionava com eles por meiodo contato individual, como ele fez com Pedro, Tomé, João, Filipe emesmo com Judas. Ele também se relacionava com os doze discípuloscomo uma unidade. Uma boa parte do seu ensino foi para os Doze; elemuitas vezes os tirava do meio da multidão para estar com eles. Em umestudo a respeito do evangelho de Marcos, Jirn Egli sugere que Marcosdedicou 49% do seu evangelho para descrever o relacionamento de Je-sus com os seus discípulos.' Colernan acrescenta:

Não podemos deixar de observar, nessa conexão, que as refe-rências aos "discípulos", como um corpo coletivo, são muitomais freqüentes nos evangelhos do que as referências aos dis-cípulos em separado [00'] Quando nos lembramos que essasnarrativas foram escritas sob inspiração pelos seus própriosdiscípulos, e não por Jesus, é muito significativo que tivessemdado tais lugares a si mesmos nesses termos. Não precisamos

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inferir daí que os discípulos não fossem importantes comoindivíduos, pois não era esse o caso; mas ficamos impressio-nados com o fato de que os discípulos compreenderam quedeveriam olhar para o seu Senhor como um corpo de crentesque haviam sido treinados juntos para uma missão comum.Viam-se a si mesmos, através de Cristo, primeiramente comouma igreja, e, somente em segundo lugar, como indivíduosdentro desse corpo.'

Os discípulos se relacionavam mutuamente tendo como base "unsaos outros". Às vezes esses relacionamentos não eram bons. Por exem-plo, à medida que eles se dirigiam a Jerusalém pela última vez, elesestavam indignados uns com os outros. Tiago, João e a sua mãe estavamtentando obter vantagem sobre os demais. O triângulo de liderança deJesus permitia contato pessoal uns com os outros, saudáveis e não sau-dáveis. Essa abordagem em relação à liderança proporcionou a Jesusinúmeros momentos de ensino para instruir, encorajar e admoestar osseus discípulos.

Jesus também se relacionava com freqüência com três discípulosdo seu círculo íntimo. Ele levou Pedro, Tiago e João consigo para omonte da Transfiguração. Quando ele curou a filha de Jairo, Pedro, Tiagoe João também entraram no quarto com ele enquanto os outros perma-neciam do lado de fora. Coleman observa:

Dentro do grupo apostólico selecionado, Pedro, Tiago e Joãopareciam desfrutar de uma relação mais especial com o Mes-tre do que os outros nove apóstolos [...] Tão notória era a pre-ferência dada a esses três que, se não fosse o fato que Jesusjamais se deixou guiar pelo egoísmo da carne, isso bem pode-ria ter precipitado sentimentos de ressentimento por parte dosdemais apóstolos. O fato de que não há registro algum de quei-xa, por parte dos discípulos, por causa da preeminência des-ses três apóstolos, embora tivessem murmurado a respeito deoutras coisas, serve de prova de que quando se demonstrapreferência no espírito correto, e pelos motivos corretos, nãohá necessidade alguma de ofensa.'--A última vez que Jesus esteve com seus discípulos antes da sua

morte foi no jardim Getsêmani. Ali, ele organizou os discípulos de acor-do com essa estrutura de liderança. Ele deixou os nove num ponto mais

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A Igreja do Novo Testamento no século XXI 205

afastado e levou os três discípulos do seu círculo íntimo, Pedro, Tiago eJoão, para mais perto dele. Então ele foi mais adiante para dentro dojardim. Na última noite em que ele esteve com eles, Jesus mostrou naprática como ele havia se relacionado com os seus líderes nos últimostrês anos e mero,

SUBGRUPO~TRE OS DOZE

Possivelmente existe pelo menos um outro relacionamento dentrodo contexto do triângulo de liderança de Jesus. Pedro, Tiago e Joãotambém poderiam ter exercido a função de mentores para três outrosdiscípulos. Esses subgrupos dentro do grupo dos doze possibilitariamum círculo íntimo para modelar o relacionamento que Jesus tinha comeles com três outros discípulos.

Os subgrupos dentro do grupo dos doze possibilitariam é,l trans~rência de lider~a descrita em 2Timóteo 2.2 para operar de acordo com..=a estrutura de liderança de Jesus: E as palavras que me ouviu dizer napresença de muitas testemunhas, confie-as a homens fiéis que sejamtambém capazes de ensinar outros. O líder sempre deveria treinar ou-tros líderes para duplicar o que ele aprendia. Jesus fez isso na comuni-dade dos doze.

USANDO O TRIÂNGULO

Nos último anos, tenho servido de consultor para várias igrejas detodos os tipos e tamanhos a respeito da transição para o modelo de igre-ja em células. Ainda não encontrei uma igreja em que esse triângulo deIiderança não funcionasse. Durante esse estágio de Iiderança no proces-so do protótipo você vai:

1. Descobrir o formato e a dinâmica da unidade básica da célula.2. Testar partes operacionais essenciais da igreja em células.3. Identificar e reunir líderes essenciais.4. Desenvolver uma infraestrutura de células.

1. DESCUBRA O FORMATO E A DINÂMICA DAUNIDADE BÁSICA DA CÉLULA

Uma das tarefas mais importantes para uma igreja em células pres-tes a alçar vôo é descobrir qual a aparência do bloco de construção bási-

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206 A Segunda Reforma

CATALISADO R

Células de Descobertade Liderança

Principal

Células deDescoberta de

LíderesAuxiliares

Figura 7. Usando o Triângulo

co, a célula. O triângulo de liderança de Jesus pode nos ajudar a fazerisso (veja a figura 7). A eficiência de uma igreja em células depende daunidade básica da célula. Cada igreja deve descobrir como Deus querser Senhor em suas células todas as vezes que elas se reúnem de talforma que podem ser repetidas até a décima multiplicação. Um pastor eseus inovadores podem descobrir as características de uma unidade bá-sica de célula ao usar o triângulo de liderança.

Primeiro, UI11pastor escolhe UI11Pedro, um Tiago e UI11João C0l110seus inovadores. Em urna igreja existente, esses líderesjá vão estar fun-cionando em algum tipo de liderança. Em um novo início, esses líderes~~riaDl fazer parte da eqJlipe de implantação de igreja Eles juntocom seus côlU5es, formam a cODlI!nidade cristã de base de oito pesso-as. ~o e um líder solteiro, uma outra pessoa solteira pode seracrescentada ao grupo. Quando se planeja formar células de liderança de~ens ou de universitários, oito estudantes líderes podem ser escolhidos

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A Igreja do Novo Testamento 110 século XXI 207

para o modelo inicial.TNão se fixe no número "oito". O grupo de desco-berta pode consistir\de seis a dez pessoas). A célula de descoberta de lide-rança inicial tem como objetivo:

!

• YLverjuotos em comunidade• Tirar as máscaras de relacionamentos• Aprender o significad-õ-da edIficação• Descobrir ~m formato de célula fUI1CIonal• Experimentar a dinâmica da vida na célula• Nutrir uma ~xªº=p~IQ ell;lngelislll~_ '

Essa célula de descoberta de liderança deve experimentar cornuni-dade, não estudar como uma célula funciona. Reunir-se para falar acerca..• -

s e reulllao. sse grupo deve experimentar a vida em corpo mais básica eessencial de uma igreja em células. Se os líderes em uma igreja não expe-rimentarem comunidade, comunhã~ e editicação, como os membros irão

.2ber o que deve ocorrer em 'I 11:1 a céllll.17Essa célula de descoberta de liderança inicial pode durar apenas

alguns meses. Pode ser acelerada, tendo tempos intensivos freqüentes jun-tos, incluindo retiros de final de semana ou encontros de um dia. ,O. obje-

<tivo não é somente experimentar cada parte da vida da célula mas desco--.....brira presença, o poder e o propóiíiõde uma célula básica e determinar

o formato apropriado para as rellniões de céllllas futuras."* Uma igreja não pode aprender a vida na célula de uma fonte indire-ta, de experiências de outras i re·as ou livros. Para entender a vida nace u a, os líderes precisam experimentar pessoalmente a célula, Demingdisse: "É um risco copiar. E necessário entender a teoria do que deseja-mos fazer ou promover"." Os líderes que copiam a estrutura básica dacélula de alguém outro colocam em risco a sua igreja. A vida na céluladeve ser original, não copiada de outros. Somente Deus tem o original.(Veja o capítulo 13 para observar o padrão de uma célula básica que podeajudá-lo a iniciar esse processo).

Q teste final de liderança não é se uma pessoa pode liderar, mas seessa pessoa pode ensinar OlltroS a liderar de lima maneira semelhante. ""-Depois do .Primeiro ciclo da célllla de descoberta de liderança inicial dedois ou três meses, os líderes devem formar células de descoberta de lide-res auxiliares (secundários). É possível que a primeira célula de desco-berta de liderança funcionou porque o lider era altamente capacitado.Portanto, o líder deve reestruturar a célula de descoberta de liderança

l

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208 A Segunda Reforma

original em três novas células. "Pedro" recebe mais três líderes; o mes-mo acontece com "Tiago" e "João". Novamente, junto com seus cônju-ges, eles experimentam os mecanismos e dinâmicas do tipo de célulasque eles querem desenvolver na igreja. O segundo ciclo de células dedescoberta inicia com o padrão de células que nasceu da experiência dacélula de descoberta de liderança original. A pessoa gue liderou a célulade descoberta de liderança inicial deve dar supervisão para as trê~las de descoberta de liderança

cJ- Q propósito é "sintonizar" o formato e a dinâmica da vida na célu-la, já experimentado el rimeira célula de descoberta de lideran a-:-

Depois de mais u ciclo de descobe e dois ou três meses, todos osenvolvidos nessas células de descoberta de Iiderança devem ter experi-mentado a vida na célula.~

2. TESTE PARTES OPERACIONAIS ESSENCIAIS DAIGREJA EM CÉLULAS

As primeiras células operacionais devem agora ser formadas commembros escolhidos da igreja. Os líderes que já experimentaram a vidana célula em uma das células de descoberta de liderança são líderes decélulas, auxiliares e membros-chave das novas,r;i,lulas-:teste. Membroscomprometidos são acrescentados aos membros existentes das células.Eles podem incluir até oito adultos. tJessa fase importante do protótipo,é melhor ter algumas células fortes do que muitas células fracas. O nú-mero de células-teste depende do tamanho da igreja.~o entanto;t: inz.portante lemb~ll(ls são~s-j~e. Esse ainda não é o

'Tetnpõpãracolocar todos os membros da igreja em células,FQnuar c in=--~ célul~e ssr ebcaz e pode servir com~~

rupo de controle 'i . ei' a i re' a de quasetodos os tamanhos.

~ste vão usar o mesmo mecanismo e dinâmicas desco-bertos pelos líderes durante os dois ciclos de descoberta. Porém, essascf1l1las-te!ite vão ser diferentes em alguns aspectos da~IIIa de desco~~. Primeiro, ess,as células-teste vão permanecer jll!lÍês dJJ[antf)o ci~cio completo de sfs a nove meses, enquanto os dois ciclos de células de

.~oberta p;;;;edentes ~stavam juntas pQr apen~dois ou três mes~Segundo, essas células são diferentes porque elas vão procurar alcançaros seus oikm ~r~açionamentos) e cres;;r ao acrescentar convertidos'

ilim de membros da igreja, periodiçamelll~.r-- À medida que essas células se aproximam do fim do seu ciclo de _

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r A Igreja do Novo Testamento no século XXI 209

das. (Veja oIFator reorganização no capítulo 17). A~e~,g.g.~~~~?~rganizar\do ue m ti licar or ue a maioria d ras

las ainda não vão estar funcionando ç.o~ ~élul~~raciol~ais.estão ap~do a evangelizar, treinar, edificar, liderar, ~envolver -irum auxiliar e pres~]tas IIns aos out(Qs. Além desses elementos iln=-

p~;·tantes, esses grupos também estão buscando experimentar comuni-dade aprendendo a lidar com membros disfuncionais. Durante esses ci-cios de teste, os membros de células existentes devem ser reagrupadosou redistribuídos para desenvolver várias células-protótipo fortes e sau-dáveis.

À medida que líderes processam os ciclos de células de descobertac os ciclos de células-teste, eles também devem implementar as partesfuncionais essenciais da igreja em células. Uma igreja em células nãovai funcionar sem implantar um trilho de treinamento e um dee~mo transbordante, treinamento de auxiliares, c~b~adoração equilibrada, uma base de oração e uma estrutura de liderança.

Essas partes funcio ~nterde ~._.1t s. Por exemplo, é difí-cil treinar Ií eres até que trilho de treinamento estej~funcionando.~Ii ismonãovaifluir.Num . eirmomento, essas partes f . nais estão endo inseri as e o resultado da~VI a na ce ula vai Rare~. Noentanto, àll}~dida que cadª-.l2ªrte se~~er~dos outros componentes para ope-rar em um'nível superior. O~{:r~ràrne~.~.~.-'lue,~s<partes funcionais se C;.Qmpletam [email protected]~.

Um trilho de treinamento deve ser estabelecido por meio do qualcada membro da igreja pode ser treinado para um viver cristão proveito-so e produtivo. D.lp:aute os ciclos de descoberta Q@ liderança e os ciçlQsde células-teste, um trilho de treinamento sistemático deve ser .desen-

~J@aQ e inserido na viaidíl célu~ Uma igreja em~élulas nãovai funcionar sem um modo de desenvolver cada membro em um discí-pulo produtivo. ~ste,fornecem um ambiente controla-do para testar e desenvolver.umjrjlho de.treinamento bem-sucedido.

---oel-- eIÚ,-;;;;-aeve começa; a transbordar da vida da célula pormeio de relacl2Dam ntos na.11!.!lUs..Novos crentes são trazidos para umaviilit significativa na célula para serem transformados em discípulos pro-dutivos. Durante os ciclos de testes, as células aprendem o evangelismopor amizade como uma parte natural da vida na célula. As células come-~am a contatar descrentes de três maneiras. Primeiro, ;; células vi~am-descrentes que já fazemlli!IleQ<l~~fura de influência dos membros. Se-

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210 A Segunda Reforma

gundo, arscélulas recebe!!!.. e incorporam descrentes que ~tão à busca c:k:--Cristo e de comunidade. Terc.e.ir.o, os membros de células contatam des-crentes resistentes procurando atender as suas necessidades.

O treinamento de auxiliares deve ser introduzido no estágio dociclo de testes. Uma igreja em células cresce porque ela produz líderesauxiliares para cada nível de liderança. Os auxiliares são a chave parao cresc imento. Os Iíderes devem aprender a usar o treinamento en-quanto estão exercendo sua função para desenvolver auxiliares de cé-lulas que efetivamente fazem o que o líder de célula modelou. O trei-~namento de auxiliares deveria incluir um ~rendizado estrutufª-do, usan-do um ~sistemáticq e um treinamento prático orient~do pelolíder d~ célula. .

Durante os modelos de células iniciais, uma estrutura de lideran-ça deve ser desenvolvida e testada. À medida que você desenvolver cé-lulas- teste, você terá de desenvolver uma ~ltl![a de supervisão-.J;Jaraque os líderes tenham cond ições de aprender como funcionar comosupervisores sobre 50, 100 e 1.000 (veja a figura 8, na página 211).

À medida que~ocê experimentar a vida na célula.ia.celebraçãoI\O-C.l.!.!!2J~.!'9 signiflcado. ~~ro c?m ·~eus j~~~!OSse tornará um transbordar do encontro com Deus nas células. A oraçãofambém terá de servir-coI110·supolie pa~ feito. Sem adependência vital do Pai, nada vai ser realizado.

Durante os ciclos de descoberta e teste, estes componentes es-senciais devem ser desenvolvidos e embutidos na estrutura e vida daigreja.

3. IDENTIFIQUE E REÚNA LÍDERES ESSENCIAIS

O triângulo de liderança coloca em movimento o desenvolvimentoda estrutura de liderança de Jetro que fornece supervisão nos níveis de1.000, 100,50 e 10. Igrejas em células normalmente têm uma lideran-ça nagroporçào dt;Jlm líder para cada C 111co a dez membros. Isso podevariar até certo ponto, mas j; princípjo de liderança em uma i..greja emcélulas é de supervis_i()nar membros dentro de um contexto de grupo

~eLlQ ..A figura 8 ilustra várias caraterísticas importantes de liderança

na igreja em células:I. A liderança é organizada em torno de quatro tipos de líderes

que podem ser identificados pelo número de membros que eles ser-vem. Os líderes são responsáveis por 10,50, 100 e 1.000 pessoas. Es-

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A Igreja do Novo Testamento no século XXI 211\

GRUPOS DE

PASTORES DE DISTRITOE AUXILIARES

sobre cinco pastore .•, de congregaç'ão

GRUPOS DE

H 100"PASTORES DE CONGREGAÇÃO

E AUXILIARESsobre cinco supervisores de congregação

Figura 8. A Estrutura da Igreja em Células (A Estrutura de Jetro)

ses números são categorias flexíveis, não barreiras rígidas. As catego-rias têm um limite alto e baixo para que o crescimento possa ocorrer.Por exemplo, a pessoa que serve como um líder sobre 50 (supervisorde congregação) pode na verdade supervisionar de duas a seis células~~~~Jlta pessoas. Aqueles que servem como líderes sobre100 (pastores de congregação) podem cuidar de dez a vinte ecincocélulas ou de cem a trezentas pessoas.----~--_._--

2. Os líderes são ligados uns aos outros para apoio e prestação decontas. Por exemplo, um líder sobre 10 (líder de célula) está ligadopara receber apoio de UI11 líder sobre 50. O líder sobre 50 está ligadoao líder sobre 100 e aqueles que estão sobre 100 a UI11 líder sobre1.000 (pastor de distrito).,

l

I

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212 A Segunda Reforma

ara qlJ~ haja crescimento futuro dos seus grupo~. ~eles vai ser jm.:-gossível multiplicar e crescer. .. ~ Líderes sobre 1.000 e .são líderes a~salª[iados,de tempo integra ,..Lígeres sobre 50 e 10 são membrosyE!~n1ár.ip~

_ são pagos. A possibilidade de uma mUfhplicação exponencial é compro-metida se os salários devem ser pagos a líderes de células e aqueles quesão responsáveis pela supervisão sobre 50.

5. O perfil para um líder de célula que cuida de 10 pessoas deveriaser como o de Áquila e Priscila, não como de Paulo ou de Timóteo. A

I . ---_JUu tlplicacão exponencial vai ser iIDpossív~litULP.os!ç~..9 do líder de cé-J.!:iliqIlP-cllidª d~ 10 é \lilit~ma-PQ5i.Ç..ã9_@ alguém g~l~foi orde~~ _

~ -~ -6.As qualificações para os líderes enumeradas em ~e

Tito I normalmente são usadas para descrever o líder sobre 50 que exerceum papel de supervisão. Líderes de células (sobre 10) devem ser vistoscomo servos e não como líderes sujeitos às qual ificações mais rígidas.

7.A liderança na igreja em células é baseada no serviço. Filipenses2.5- I I é um dos textos mais importantes para os líderes de células. Nãopode serlíder quem deseja subir a escada da liderança. Eles devem traba-lhar comum coração de servo, conforme foi exemplificado por Jesus nocenáculo quando ele tomou uma toalha e uma vasilha e lavou os pés dosdiscípulos.

8.Em uma igreja em células operacional, os líderes se movem verti-calmente pelo sistema em vez de horizontalmente ao serem introduzidosde fora Esse sistema de liderança permite que um líder seja treinado emsua própria igreja para entrar em cada estágio de liderança.

9. Em uma igreja em células totalmente operacio '''''~~~~~~---lJideranca de JetIQ...[Qrnece (Im sistema que ajuda a detectar falhas n.QS....-Jjgeres. Os líderes devem ser provados nos papéis básicos de liderançaantes de assum ir responsabi I idades maiores. Esse trei namento que ocorreenquanto o Iíder está exercendo sua função fornece um contexto no qual épossíve identificar defeitos doutrinários e de caráter. ~ideres não qualifi-cados p,)dem ser identificados cedo no pr()~~sso e ser gentl!.!.nente remo-,_vidas..f'!!receber mais treinamento.- -----.---- .,,- -.

]I!.O papel de liderança mais importante é o do líder de célula.Todosx outros líderes existem para faci Iitar e apoiar o que está aconte-cendc ~o nível da célula.

1 . Essa estrutura de I iderança provê um contexto no qual Efésios4.12 pcíe funcionar. Os I íderes providos por Deus aperfeiçoam os san-tos para a obra do ministério no nível mais básico da vida da célula.

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(A Igreja do Novo Testamento 110 século XXI 2 I 3

Células da primeira geração

Figura 9. Desenvolvendo a infraestrutura

À medida que uma equipe de líderes passa pelos ciclos de desco-berta de células e os ciclos de células teste, essa estrutura de liderança~ingular deve ser testada e implantada. )

4. DESENVOLVA UMA INFRAESTRUTURA DE CÉLULAS

o triângulo de liderança é a primeira parte do processo no desen-volvimento de uma infraestrutura de células que no tempo oportuno setorna a congregação-base. A figura 9 nos apresenta uma boa figura doque está acontecendo d~a"nfe o processo descrito neste capítulo. Vejacomo o triângulo de liderança se relaciona com a infraestrutura de célu-las mais ampla que é desenvolvida durante o protótipo. Em uma igrejaem células, todas as atividades e componentes são conectados àinfraestrutura das células.

Como o gráfico acima ilustra, desenvolver o protótipo começa como triângulo de liderança. Durante os dois ciclos iniciais de descoberta de

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liderança, os líderes mais antigos desenvolvem as dinâmicas e mecanis-mos da vida na comunidade cristã de base. Quando os líderes desco-brem como Deus deseja viver no meio deles, em sua presença, poder epropósito, na vida em comunidade, eles formam o primeiro ciclo detestes.Os círculos no gráfico representam uma sérix.-Posciclo~ttrstes

. .2 FjC!O dejestes pode chegar a três ou guatro ciclos de seis a noy~rneses. I.sso significa que a fªse do ciclo de testes pode durar dois anosQ1lmajs. =-

O alvo da fase do ciclo de testes é desenvolver várias células sau-dáveis, estabelecer a estrutura de liderança e aprender como preparar,evangelizar e treinar auxiliares. Outros membros são trazidos para den-tro das novas células-teste em cada ciclo quando as antigas células-testesão reorganizadas e novas são acrescentadas. O nalmentedez a uinze células mo

A Segunda Reforma214

- ~~n~eM:aq~~~~ea ~f2l:fs-a'ld~eiS estão funcionando, ini~se o processo de incorporação da vida na célula na ig!!ja 1~1. A igreja

~---e preparada para essa mudança interna pelo pastor titular que lança avisão e ajuda os membros a incorporar os valores da igreja em células.Algumas estruturas deveriam ser aperfeiçoadas nesse processo para pre-parar a introdução das células em toda a igreja. Um número cada vezmaior de Jíderes da igreja vai assimilar a visão de liderança:.!l vãocompor a base de liderança, "Z,!Lvãoformar a rede de apoill e, finalmente,120 vão tornar-se iiõ'i\gregaçãO-b~e. Esse pr6tts"so levou três anos emeio para Jesus. Uma igreJa típica vai precisar de três a cinco anos pa'"ª-.

&

completar o rocesso do protótipo.e ar ao onto e 111 lItma ampla

vai levar Óelo menos dois anos. Precisa-se de to o esse tempo para apren-r;z::=der os mecanismos e as dinâmicas da vida de uma igreja em células.Precisam ser introduzidos a~utura de células e o desenvolvi-mento de um jrilho de treinamento, o eyangel ismo, o \;;J.~!.1J5;;.u.u.J...J..I~_

~uxiliares, a~o, a oração e jl estrutura de liderança.Além disso, Deus deve preparar a liderança para viver nesse tipo deigreja. Tudo isso leva tempo. O estágio final deste processo está descri-to em maiores detalhes no capítulo 20.

Jesus tinha uma estratégia de liderança, e o mesmo deve acontecerconosco. O triângulo de liderança oferece uma estrutura para desenvol-ver e implementar a estratégia de liderança necessária para a igreja setornar uma igreja em células operacional.

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Processo dede MudançaSchaller

Números doNovo

Testamento

P,- Palavra Visão dee proféticaPar Convergência igreja em ConcebidaaÇ_ (Jesus)ao células

p Grupo 2-3Inovação Introduzida

R inicial pessoas

OT 12Ó

Legitimar Liderança-Apropriada

Patrocinar pessoas chaveTIP Grupo de 70 RedeO Execução pessoas de apoio Implementada

O Concretização 120p Congregação-E da pessoas CapacitadaR "Mudança" baseACI ExpansãoO 3000-5000N da ExpandidaAL igreja

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19A REDE DE APOIO DE JESUS

Para que um paradigma lenha sucesso ele precisa leralguns apoiadores, homens que vão desenvolvê-lo até oponto em que argumentos de senso prático podem ser

produzidos e multiplicados.- Thomas Kuhn

V ocêjá montou~ll cavalo desembestado? EujákM~ro-·~fl~dy, er~~marrom-avennelhada com uma man:--~cha branca na cabeça. No entanto, ela não era tão dócil como o

seu nome ou a sua aparência! Quando Judy cansava, ela queria voltarpara o estábulo. Aos dez anos de idade, eu não tinha a força paraconvencê-Ia de ficar lá fora no sol e me levar para a minha aventuraseguinte. Quando Judy disparava e seguia para casa, eu tinha duas esco-lhas: ou eu me agarrava nela até ela decidir parar, ou procurava por umaareia fofa, e saltava.

A rede de apoio de Jesus dos Setenta deve ter-se sentido da mesmamaneira quando eles o seguiram para Jerusalém para os últimos dias.Eles haviam tentado dernovê-lo da idéia de ir para lá. Tinham ouvidodas conspirações, tinham visto a crescente raiva e ódio na face dos líde-resjudeus e sentiam a apreensão de Roma. Não importava o quanto elestentassem, não conseguiram fazê-lo mudar de idéia.

COMPOSIÇAo D;\ REDE DE ;\POIO DE Ji.sus

A rede de apoio de Jesus era composta de vários grupos de líderesque tinham uma visão comum. Esse grupo incluía os Doze que Cristoescolheu como o seu grupo especial. As familias imediatas dos Dozetambém faziam parte da rede de apoio, j unto com seus parentes comoJoão Marcos, cuja mãe, Maria, era uma das seguidoras. Muitos da rede

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de apoio inicial eram discípulos de João Batista. As mulheres forammencionadas com freqüência como apoiadoras fiéis que se relaciona-vam com Jesus de uma maneira especial. Uma parte da família de Je-sus também fazia parte da rede de apoio. Sua mãe, Maria, tambémsempre é vista apoiando a Jesus, embora alguns dos irmãos e irmãsbiológicos de Jesus questionassem suas intenções. Essa rede fechadade seguidores era absolutamente essencial para o desenvolvimento doseu movimento.

SEIS ELEMENTOS NA REDE DE APOIO

Lyle Schaller enumera seis elementos essenciais encontrados emmnifupo de apoio bem-sucedido. Quando somos capazes de conver-ter a linguagem de Schaller aos eventos do Novo Testamento, torna-seóbvio que Jesus estava seguindo esses mesmos princípios universaisao desenvolver a primeira igreja. Observe o último passo da posse. Arede de apoio toma posse da idéia e implementa o conceito. Enquantouma nova idéia não atrair uma r~d_~-ºi!_ªpplº CQIDQIº.rnetida ;; redor ----.'aela, nao havera uriÜilillplernentação significativa des~ã idéia.

NÚMERO - Deve haver um número suficiente de pessoas nogrupo de apoio para realizar determinado alvo.

LEGITIMIDADE - Esse é o "carimbo de aprovação" que éessencial para ganhar o apoio necessário,

LEALDADE - A importância da lealdade é muitas vezes negli-genciado nos esforços para desenvolver um grupo de apoio. Seu va-lor é mais visível quando ausente.

HABILIDADE - Uma liderança hábil é necessária primeiropara ganhar a aprovação necessária da mudança proposta e em se-guida para tornar a mudança uma realidade operacional.

COALIZÃO - A habilidade de aceitar idéias diferentes acercade como implementar mudanças e de incluir outros e suas idéias noprocesso.

POSSE - A capacidade de um grupo de apoio de aceitar umaidéia de um grupo inicial menor e de adotar a idéia como sendo "nos-sa! ",I

Uma rede de apoio é essencial no processo de iniciar uma novaigreja em células ou para fazer a transido de lima igreja existentepara uma igreja em células. No caso de um novo início, a obra vai

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A Igreja do Nôvo-Iestamento no século XXI 219

crescer ao juntar até 70 segu),es comprometidos que estão dispos-tos a implementar a estratégia. Em lima igreja em transição, se llli2..há..-

O membros ue estão dispostos 1f comprometer-se c etodo o coração, eXls e pouca esperança de azer a transição de todos os~os da jgrejSl.-A rede de apoio das 70 pessoas também forma as

-~-teste importantes no processo de desenvolvimento da igreja.

"VAMOS TAMBÉM PARA MORRERMOS COM ELE."

Uma rede de apoio de setenta seguidores testados na batalhavai mostrar uma atitude especial e o compromisso em relação à tare-fa. Imediatamente após a morte de Lázaro, os discípulos perceberamque Jesus não deixaria de ir para Jerusalém. Tomé falou o que estavano coração deles: Vamos tqmbém para morrermos com ele (João"r==11.l.6.L

A rede de apoio de Jesus não entendeu tudo o que ele estavafazendo. Eles não concordaram com a sua decisão. Eles temiam o des-tino para onde ele os estava levando, mas estavam tão comprometidosque estavam dispostos a enfrentar a morte com ele em Jerusalém.

A rede de apoio é leal e estará disposta a passar por perigo pesso-al para seguir a visão. Mesmo que se espalhassem como um bando decodornizes depois de chegar a Jerusalém para a Páscoa, eles enfrenta-ram incertezas e perigos com ele.

Fred e Peggy têm estado conosco em Houston desde o primeiroano da implantação da nossa igreja. Fred admitiu que ele tinha sempresido um "fugitivo". Quando surgia um confronto em uma igreja ou ascoisas ficavam difíceis, ele sempre escapava. No entanto, a certa altu-ra em sua vida na Shepherd Community (Comunidade do Pastor), Fredexclamou: "Estou arruinado! Para onde posso ir depois de ter começa-do a experimentar esse tipo de comunidade? Deus não vai me deixarfugi~

- A rede de apoio vai ficar ao seu lado e ir para a batalha. Eles nãovão "saltar do cavalo" quando as coisas ficarem difíceis. As agendaspessoais vão ser substituídas pela agenda de Jesus, e não vai haver umvoltar atrás. Eles já passaram pelos tempos difíceis e a sua fé e o seucompromisso os mantiveram no grupo. Os Setenta estão dispostos a"ir e morrer" com você.

A visão foi internalizada. Os participantes tomaram posse dos va-lores. A lealdade foi firmada. A base de apoio está impelida a seguir,mesmo enfrentando oposição e perigo.

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A REDE DE APOIO TEM QUE VER COM IMPLEMENTAÇÃO

Thomas Kuhn escreve que a rede de apoio é formada por "homensque vão desenvolvê-Ia até o ponto em que argumentos de senso práticopodem ser produzidos e multiplicados". Durante esse estágio, a visão éimplementada. A infraestrutura é firmada. As lições são aprendidas. Asfalhas são corrigidas. Os testes são completados. Os materiais são de-senvolvidos. Os métodos são provados. Os líderes são identificados.

Jesus enviou os 70 discípulos para aprender acerca do seu reino,do seu poder e de como os descrentes reagiriam a eles. Durante essetempo, sua rede de apoio dos Setenta aprendeu acerca de evangelismono mundo e da edificação na vida da comunidade.

Setenta é um bom número para aprender a respeito deimplementação. É grande o suficiente para conter várias unidades bási-cas de 10 (células) e grande o suficiente para servir de modelo para asoutras unidades de liderança de 50 e de 100. Os mecanismos e as dinâ-micas da igreja em células podem ser experimentados em um grupodesse tamanho, no entanto, o número ainda é pequeno o suficiente paraque os líderes inovadores controlem, adaptem, mudem e monitorem oprocesso. Setenta pessoas são suficientes para desenvolver um modeloviável sem esmagar o processo com números grandes.

A REDE DE APOIO MORRE PARA AGENDAS PESSOAIS

Aqueles que se tornam parte da rede de apoio aprendem a sacrifi-car as suas agendas pessoais para poder fazer parte de uma visão co-mum. es . tãos de hoje se agrupam em tornode causas e tarefas em vez de em torno da comunida e com Cristo. Apessoa com urfla agenda que não seja de Cristo quando entra em umE!"upo pensa: "Vou me relacionar com vocês somente se o grupo aceitar .--essa hipótese ouêssa premissa.--Caso contrário, não farei parte d~po". Essa é uma forma de controle que destrói comunidade. Durante aformação da rede de apoio dos Setenta, as agendas pessoais são deixa-das de lado ou a jornada para tornar-se uma igreja em células será para-lisada!

Mesmo as agendas pessoais boas destroem o processo de desen-volver uma comunidade-protótipo. Minha agenda pode ser o bem-estarespiritual dos meus filhos. Sua agenda pode ser um estudo bíblico pro-fundo. A agenda de alguém outro pode ser a manifestação de dons, ou aadoração, ou o discipulado ou o evangelismo. Alguns podem advogar

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A Igreja do Novo Testamento ~UIO XXI 221

causas políticas dignas. Contudo, não im~uão boa uma agendapossa ser, ela acabará destruindo o processo de construir comunidade,não porque é uma agenda má mas porque é "minha agenda". Esse é umabscesso supurante da vontade própria, apenas esperando o momentocerto para impor-se como uma condição para a comunhão no grupo.

Imagine fazer parte de um grupo em que o objetivo é concentrar-seem torno de uma visão única, mas em que cada pessoa procura defenderum conjunto diferente de posições, proposições e agendas. Essas agen-das pessoais limitam drasticamente as áreas na qual o grupo vai procu-rar caminhar e restringe a liberdade do Espírito. Isso fragmenta o focodo grupo, dissipa as dinâmicas espirituais e, em última análise, colocauma pessoa contra as outras pessoas do grupo se elas não comparti Ihamcom a sua visão pessoal ou a sua maneira de viver essa visão. Minhaagenda é uma tentativa sutil de controlar pessoalmente a visão do grupoem vez de confiar que Cristo controle a agenda. Agendas pessoais sepa-ram um grupo em enclaves ou interesses egoístas e zonas de confortoque não podem ser tocadas ou ajustadas.

Como podemos saber se a rede de apoio dos Setenta está operandoem torno de agendas pessoais em vez de em torno de Cristo como aagenda? Olhe pela palavra "se" no grupo, falada ou demonstrada pormeio de ações. Agendas pessoais prosperam na atmosfera de relaciona-mentos condicionais. "Farei parte do grupo se você ou o grupo se com-portar de certa maneira; se vocês fizerem uma determinada coisa; sevocês crerem em certas doutrinas; se vocês agirem em relação a mim decerto modo; se eu puder exercer minha influência sobre o grupo!"

Você percebe a devastação que a palavra se pode causar? Aqueleque a usa está dizendo que o seu relacionamento com a comunidade écondicional. A comunidade simplesmente não pode sobreviver em umaatmosfera condicional. Quando impomos ali I:]o••••as exigê.02as sobre ogrupo, a comunidade morr@,~ verdadeira com!Jnidade não coloca con- =:'dição alguma a não ••er O amor. ,- Dietrich Bonhoeffer nasceu na Alemanha em 1906. Sua carreira

como teólogo, escritor eVmestre estava enraizada em Berlim, sua terranatal durante a sua infância. Durante o reinado de Hitler, Bonhoefferfalou bravamente contra o governo nazista. No final da década de 1930,Bonhoeffer foi para um seminário clandestino, onde viveu em uma co-munidade cristã com 25 religiosos. Ele foi preso por causa do seu papelativo no Movimento de Resistência e executado aos 39 anos pela Gestapoalemã, em 5 de abril de 1945, no final da guerra.

Durante seu tempo na prisão, ele escreveu The Cost of Discipleship

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(O custo do discipulado) e Life Together (Vida juntos) em pedaços depapel que saíam clandestinamente com a ajuda dos guardas da prisãosimpatizantes do movimento. As reflexões seguintes em viver como Cor-po de Cristo fazem parte da última obra e revelam como Bonhoeffer erasério no confronto ao compromisso condicional na comunidade:

Qualquer ideal humano introduzido na comunhão cristã pertur-ba a comunhão autêntica e há que ser eliminada, para que a co-munhão autêntica possa sobreviver. Quem ama seu ideal de co-munhão cristã mais do que a própria comunhão cristã, esse adestrói, por mais sincero, sério e dedicado que seja em seu inten-to [...] Quem concebe uma comunhão idealizada, exige de Deus,dos outros e de si mesmo o cumprimento dessa visão. Entra nacomunhão cristã com exigências, estabelece sua própria lei e,conforme ela, julga os irmãos e ao próprio Deus [...] Tudo o quenão transcorre de acordo com sua vontade, ele o chama de fra-casso. Sempre que seu ideal se destrói, vê quebrar-se a comu-nhão. Primeiramente torna-se acusador dos irmãos, depois deDeus e, por fim, acusador desesperado de si mesmo.'

I( earacterística pri~pal d<:!:~~iQ não, é O m'nuero 'll-ªS a~. E importante que a igreja em células tenha pelo menos 70 adul-tos que aprenderam a agir em uma igreja em células. Mas, é ainda maisimportante ter 70 pessoas que, no processo de aprender a ser uma igrejaem células, aprenderam a atitude e a mente de Cristo e vivem em com-promisso e servidão.

A rede de apoio de 70 discípulos comprometidos estava entre os120 que se dirigiram para o cenáculo em Jerusalém onde aguardaramem oração, unânimes na mente e coração. Por meio do espírito dos Se-tenta, a congregação-base vai ser capacitada para ser o corpo de Cristo.~a rede de apoio vivendo com Cristo e seguindo-o para o cenáculo,

~ongregação-base não pode ser gerad~ ~

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--. ..... .

F} PalavraVisão de •e proféticaPar Convergência igreja em ConcebidaaÇ_

(Jesus)ao células

p Grupo 2-3inicial pessoas Inovação Introduzida

ROT 12Ó Legitimar Liderança-

ApropriadaPatrocinar pessoas chaveTIP Grupo de 70

RedeO Execução pessoas de apoio Implementada

O Concretização 120p Congregaçio-E da pessoas base CapacitadaR "Mudança"ACIO 3000-5000 ExpansãoN da ExpandidaAL igreja

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20o REMANESCENTE DA

CONGREGAÇÃO-BASE DE JESUS

o grupo !1('ljUeI10, ente/o, deve ser suplementar enormativo - suplementar no sentido que não substitui

a adoração coletiva ali corporativa; normativa nosentido de ser uma estrutura básica de igreja,

igualmente importante junto com a adoração coletiva.- Howard Snyder

Q uando ele ascendeu ao céu, Jesus deixou uma congregação-base de 120 pessoas no cenáculo. Hoje, Cristo constrói o mes-mo tipo de igreja que ele plantou no primeiro século. Quando acongregação-base finalmente se reunir, tudo o que é necessá-

rio para ser o corpo de Cristo está presente. Cristo não nos chamou paraconstruir uma igreja de milhares, mas deixar que ele forme a sua con-gregação-base de 120 ao nosso redor. Dentro de uma congregação-basede 120 a 200 cristãos (do tipo "cenácu lo") encontra-se a infraestruturaessencial para formar uma igreja de mil ou de dezenas de milhares. Ne-nhuma outra estrutura é requerida. Simplesmente multiplicar os meca-nismos e as dinâmicas daquela unidade congregacional pode resultarem um crescimento ilimitado.

YOIDO REALIZOU A TRANSIÇÃO POR MFln I1F I IM

REMANESCENTE

Por anos tentei entender a Igreja do Evangelho Pleno Yoido, a igrejacom 750.000 membros em Seul, na Coréia do Sul. De que forma essaigreja tradicional de 2.400 membros realizou a transição para uma igre-ja em células dinâmica e explosiva? O segredo está nos próprios escri-tos do dr. Cho:

Eu tinha apenas 28 anos de idade mas meu corpo parecia um

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desastre. O médico me disse que abandonasse o pastorado eescolhesse outra profissão. Mas a despeito do estado de meucorpo, sentia tremenda excitação. Deus falara-me mediante suaPalavra durante os dias em que fiquei na cama, revelando umplano totalmente novo para mim a fim de reestruturar nossaigreja de modo que eu não tivesse de levar o peso ministerialsozinho. Estava ansioso para colocá-lo em prática porque tinhaconvicção de que funcionaria.Contudo, simplesmente não podia ir à igreja e pedir que os mem-bros pusessem o programa em andamento. Nossa igreja possuía2.400 membros e um corpo diaconal que teria de aprovar quais-quer mudanças na estrutura ou no ministério da igreja."Senhor, este é o teu pIano", orei. "Como poderão deixar deaceitá-lo, uma vez que é tua vontade?"Eu confiava que não haveria oposição.

O dr. Cho percebeu a importância de envolver a igreja na tomada dedecisão em relação a essa visão. Para a Igreja do Evangelho Pleno Yoidoisso significava o conselho de diáconos. Ele não encontrou oposição aber-ta mas algo igualmente perturbador.

Um mês depois que me levantei, reuni o corpo diaconal e disse:"Como sabem, estou muito doente e não posso executar todo otrabalho da igreja, especialmente o de aconselhamento e visitaçãonos lares. E não posso orar pelos enfermos; nem mesmo orar comas pessoas para que recebam a plenitude do Espírito Santo".Contei-lhes as coisas que Deus me havia revelado nas Escritu-ras, e disse-lhes que entregava a eles a realização do ministério.Disse-lhes que precisavam firmar-se sobre seus próprios pés.Então apresentei o plano como Deus o tinha revelado a mim.Mostrei aos diáconos como as reuniões dos lares funcionariame apresentei todo o apoio bíblico que eu tinha para este novosistema."Sim, o senhor tem um bom argumento bíblico", disse um dosdiáconos. "Este plano parece vir do Senhor. Mas não fomostreinados para fazer as coisas que o senhor faz. E é por isso queo pagamos para ser nosso pastor"."Sou um homem ocupado", disse outro diácono. "Ao voltar paracasa do trabalho, estou cansado e preciso da privacidade demeu lar. Não poderia dirigir uma reunião em minha casa".

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A Igreja do Novo Testamento no século XXI 227

Os comentários não diferiam muito. Todos, basicamente, con-cordavam que a idéia era biblicamente sadia, mas não viam comopudesse funcionar para a Igreja Central do Evangelho Pleno.Não parecia haver maneira em que eu pudesse motivá-los. Nin-guém ficou com raiva; simplesmente estavam convencidos deque não podia ser feito.

O dr. Cho estava diante de um grande problema. Ficou óbvio nareunião que as pessoas responsáveis pela tomada de decisão na igreja nãoseriam o grupo que implementaria a visão. O que poderia ser feito? Seráque a visão estava condenada?

Depois de um período de oração das Escrituras, a sra.Choi e eu discutimos as várias Iternativas para realização doplano familiar e juntos chegam à idéia de usar as mulheres daigreja.Continuando a orar a esse respeito, enquanto eu derramava ocoração na presença do Senhor, a sra. Choi disse: "Creio queDeus nos revelou este caminho por ser o seu caminho. Creioque devemos convocar uma reunião das diaconisas e apresen-tar-lhes os pianos".'

Esse foi o ponto mais crítico no desenvolvimento da transição daIgreja do Evangelho Pleno Yoido para uma igreja em células. Naquelemomento, Deus formou uma congregação-base remanescente que permi-tiu que ela crescesse até esse tamanho fenomenal. A visão foi anunciada,e 200 mulheres atenderam o chamado. Esse remanescente representavaquase 10% do total de membros da igreja. Deus, de maneira providencial,deu o remanescente necessário para fazer a transição daquela igreja para oseu modelo de igreja em células do século XX. As 200 mulheres remanes-centes foram a chave para a transição.

De acordo com Karen Hurston, que se criou na Igreja do EvangelhoPleno Yoido, esse grupo inicial de 200 mulheres passou por vários ciclosantes que a infraestrutura para o remanescente estivesse completa. Elacomenta que "com algumas exceções, aqueles primeiros grupos acaba-ram não logrando êxito"." O dr. Cho então deu atenção aos problemasespeciais que não permitiram que os grupos fossem bem-sucedidos e pro-curou fortalecer a infraestrutura das células.

É importante ver que a Igreja do Evangelho Pleno Yoido fez a transi-ção de uma igreja tradicional de 2.400 membros para uma igreja em

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células ao aprender a fazê-lo por meio de um protótipo remanescente de200 pessoas. E não podemos omitir o fato de que eles passaram porvários ciclos antes de acertar o protótipo.

DE QUE MANEIRA SE COME UM ELEFANTE?

Na Tailândia nós costumávamos perguntar: "De que maneira secome um elefante?". A resposta: "Um pedaço de cada vez". De que ma-neira você inicia uma igreja em células? Uma congregação por vez. Essafoi a forma como Jesus o fez no primeiro século, e é assim que ele querfazê-lo no século XXI.

Uma estratégia estágio por estágio faz sentido do ponto de vistabíblico e prático. Por favor dê uma atenção cuidadosa ao processo antesde começar uma igreja do início ou começar a transição em uma igrejade qualquer tamanho. Os números que interessam a Jesus não são osmilhares. Jesus está interessado em dois ou três inovadores que compre-endem a sua visão de igreja; doze líderes-chave, que vão deixar as suasredes e segui-lo; 70 apoiadores comprometidos, que vão implementaros conceitos e caminhar com ele para Jerusalém dispostos a morrer comele; e finalmente, 120 pessoas capacitadas que formam o remanescente-base. Esse é o continuum de Jesus, introduzido no capítulo 15.

É muito confortante compreender o tipo de igreja que Jesus edifica.Uma congregação-base é possível. Eu posso imaginar um remanescentede 120 e posso conceituar a infraestrutura necessária para apoiar umacongregação-base. Uma igreja de milhares é grande e imponente demaispara desenvolver uma estratégia de implementação realista.

Procure guardar esse continuum em sua mente e então transforme-o em sua estratégia. Esse é o modelo de liderança que Jesus usa ao de-senvolver a primeira congregação-base:

Dois ou três inovadores iniciam o processo.Uma liderança-base de 12é reunida.Uma rede de apoio de 70 seguidoresforma o protótipo.Uma congregação-base de pelo menos 120 adultos gera a multi-

plicação.

CARACTERÍSTICAS DE UMA CONGREGAÇÃO-BASE

Com que se parece uma congregação-base que tem o potencial deuma multiplicação exponencial?

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A Igreja do Novo Testamento no século XXI 229

I. Haverá 12 a 15 células saudáveis vivendo juntas numa comu-nidade do Novo Testamento. As palavras-chave aqui são células sau-dáveis. Algumas células disfuncionais também podem fazer parte damistura, mas pelos menos 12 a 15 células saudáveis funcionais sãonecessárias para constituir uma congregação-base.

2. Todos os líderes necessários são prodllzidos!la vida da célulaExistem ;uxiliares para todos os níveis de liderança. Esses auxiliaressão treinados e desenvolvidos sistematicamente. visores volun-

( tários sobre três a cinco células supervisionam os líderes e 10 e coor-denam o trabalho do ministério no nível mais básico da élula. Pasto-res sobre 100 transmitem a visão e dão direcionamento eral à igreja.

3. O culto de celebração (adoração) equilibrado flui da vida dacélula e sustenta a vida nas células como a atividade básica da igreja.

4. Os descre!ltes são eOAtatadQli e cllltivados na vida da célulapor mei(;de evangelismo por relacionamentos (oikQsJ.. As células tam-oem alcançam os perdidos por meio de grupos de contatos (ou gruposde interesse) .especiais que procuram suprir as necessidades dos des-êrentes. Aqueles que estão interessados no evangelho também são ab-sorvidos pelas células. A igreja não depende das reuniões do grupogrande para o crescimento mas cresce a partir da vida nas células.

5. O,tnovos membros são tra!lsfgrmados em discípulAs mijttmospor meio de um trilho de treinamento sistemático.

,~ 6. Uma forte base de oração apóia todas as atividades da igreja:por meio da oração pessoal, o!:!J,C;ãonas células, oração nas reuniões deliderança e na~ reuniões do gmpo grande. O remanescente aguardaesperançosamente para Deus manifestar o seu poder para que ocorrauma multiplicação exponencial dinâmica. Uma igreja que alcança esseestágio poderia separar um mês para oração e jejum, esperando noSenhor, reconhecendo que somente Deus pode habilitar uma igreja aexperimentar uma multiplicação exponencial como ocorreu na igrejaprimitiva.

ESTRATÉGIA DE TRANSIÇÃO

Deus realizou a transição da Igreja do Evangelho Pleno Yoido ealgumas das transições mais recentes de igrejas em células bem-suce-didas por meio de uma estratégia de transição do remanescente. Noentanto, a tentação da maioria dos pastores que querem que a sua igre-ja se torne uma igreja em células é querer realizar a transição de umasó vez. Isso é quase impossível por vários motivos:

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230 A Segunda Reforma

• O que você faz com todas as atividades e programas existent~ __enquanto acontece o proc~sso de-transiçãõ?

• De que maneira a visão da igreja e OS:ya-lor~s são mudados emuma igreja grande sem um modelo funcional? -

• De que fonnaa\íiOã nas células é experlll1entada e a infraestruturanecessária é montada de um dia para o outro?

• De que maneira líderes de igreja são liberados para desenvolVCLum protótipo enquanto têm rt;S,Ronsabil idades com a estrutura- .~ - -- . --------~-----existente? -

O líder deve pensar em termos de um remanescente. Com um núme-ro pequeno e manejável de membros da igreja. um protótipo da igreja emcélulas pode ser formado por meio do qual a igreja pode realizar a transi-ção para lima igreja em células. O gráfico da Figura 10 explica o processode transição desse remanescente. Cada círculo representa um aspecto do

Transição do Remanescente Transição de Valores

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Trélnsição da Estrutu=

Figura I O. Estratégia de transição

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A Igreja do Novo Testamento 110 século )()(J 231

processo de transição. Os dois círculos no topo, chamados de transição doremanescente e transição de yalores. ocorrem simultaneamente. O círculoabaixo, chamado d~ transição da estrutl~ se origina a partir dos outrosdois círculos e vai somente ser be~sl~cedido s~~JLa-,}~º-e~el~ rernanes- -,cente e dos valores tambémJiv~~I!l ~xito. ".. _.

ENTENDENDO O CÍRCULO DE TI{IX'NSIÇAoDO REMANESCENTE

O processo de transição se põe em movimento pelo continuum deliderança de Jesus, ou seja, dois ou três inovadores, 12 líderes-chave, 70na rede de apoio e, finalmente, 120 esperando pela capacitação do Senhor(figura 10, o círculo à esquerda).

~e uma igreja pudesse separar logo no início pelo menos 10% dos ~seus membros ativos para descobrir o que significa ser uma igreja emcélulas, o processo seria rrandement . No entanto, a maiomas Igrejas vai ornar-se um remanescente somente por meio de um pro-

cesso mais deliberado estágio por estágio. O remanescente inicial vai serpequeno no começo e então crescer à medida que passa pelo cQntinuumde Jesus.

O continuum é uma bênção porque permite a instalação de um mo-delo sem exigir que todos na igreja o entendam ou participem dele. Elenão toca na estrutura existente até que estruturas alternativas tenham sidodescobertas e testadas. ~ordagem do remanescente permite tempo~.~~ºs.jentamel1j~:.J:1inã~~~exige que todos entendam e se comprometam com.a.",isão completa une-diãtamente.

Para desenvolver o remanescente, a igreja vai passar pelo processodo continuum discutido no capítulo 18. Co..!!!ececom a primeira cél~ __descoberta de liderança. Então os componentes..ºª célula ini.s:.i'!lYão~rar as células eledescoberta de liderança secundários Depois desses doisprimeiros ciclos, mais pessoas vão ser introduzidas nos ciclos das células-testes oriundas da congregação principal. Oremanescente v~ss~peloprocesso de vário~os de c~~~a~J~!e, crescendo até alcançar entre 12~~.15 c~lul~. Esse é o momento em que o protótipo, discutido nos capítulos16 e 17 está sendo desenvolvido. É tempo para:

I. Descobrir os mecanismos e dinâmicas da comunidade cristã debase.

2. Estabelecer 12 a 15 células saudáveis por intermédio dos diver-

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sos ciclos de testes de seis a nove meses cada.3. Inserir componentes essenciais. n5Unfraestrutura das célnlas.tais

éomo a estru~a da lideraaça de letH~,Yll!trilho de trei(:lal:tleu~tretnãrrleiltõ de auxiliares, r.elebracão e ador~Q,.oEÇão e

~evangelismo transbordante.

Os princípios do continuum se aplicam à transição de uma igrejagrande tanto quanto à implantação de uma igreja nova. A diferença estáno fato de que a igreja em transição tem uma base de pessoas prontaspara introduzir nas células-teste.

ENTENDENDO O CÍRCULO DE TRANSIÇÃO DOS VALORES

Enquanto o protótipo está sendo estabelecido no remanescente se-leto, elementos importantes estão sendo introduzidos no corpo mais am-plo da igreja. O pastor titular e os líderes principais também são os agentesde mudança primários para o resto da igreja (figura 10, o círculo do topoà direita).

A visão da vida nas células do Novo Testamento é divulgada paratodo o corpo da igreja. getak esp@cíficos dibyisão são dados paratodos os membros mas somenFeãté o ponto em que a liderança da igreja--------comprou a visão e os valores.L-~o existe necessidade de descarregarstbre toda a congregação cadãdetalhe acerca do gue significa ser uma-igreja em células até que os grupos de liderança da igreja estejam com-prometidos com a visão e efetivamente implementando-a..:çomo parte dore;-nanescente. Discussões detalhadas das estruturas específicas que vãoser organizadas ou implantadas em fases são contra-produtivas. Mudan-ças estruturais devem ser discutidas em detalhes com toda a igreja so-mente depois que uma ampla base de líderes apoiar essa ação, e o valor-ba~ para mudar aquela estrutura tiver sido internalizado e aceito peloslíderes e membros.

Os valores na congregação são internalizados por meio de sermõese estúdos específicos ensinados dentro das estruturas existentes - -es:cola dominical, culto de celebraÇão, reuniõêsâe oração etc. Lembre-se,você nunca deve mudar a estrutura a . ~ •..•.

, -----r s correspondentes. os s de fato tiverem mudado aI u-.:ilJasestruturas podem ~er ~~das ou elimina a§. Suprima a compulsãointerna de explicar a visão em termos das estruturas que precisam sermodificadas. Em vez disso, explig,ue a visão em termos de valores quedevem ser colocados em prátiâ.~~~~~~~~==~

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Pré-células entre os membros da congregação mais ampla vão aju-dar a preparar toda a igreja para a transição. Esses grupos não são célulascomuns, células de descoberta de liderança ou mesmo células-teste. Essas"pré-células" podem ser grupos de oração ou ru os que estudam os valo-res do Nõvo Testamento, como comunidade, evan elismo mo a er-

teiçoar os santos. Esse;grupos envolvem o corpo mais am lo da igreja noprocesso de transição, ensinam a prática da co~ - em grupo e aju-dam os membros da igreja a entender o processo de mudança. As pré-células também proporcionam uma maneira de preparar membros esco-lhidos a participar da vida nas células quando células adicionais foremorganizadas durante os ciclos de células-teste.

~s pessoas não vão ql!erer mudar a não ~erqlJe seus valores tivelffiL.s.ido mudados, e isso ocorrerá se elas forem capazes de ver um modeloft:'neional ahemáti"o daqllj lo qlle estão adotando É por isso que é tãoimportante desenvolver o protótipo por meio do remanescente enquantotoda a congregação está sendo preparada para a vida nas células.

ENTENDENDO O SÍRCULO DE MFSTRIITIJRACÃ~

Depois que uma igreja existente desenvolveu sua congregação-baseremanescente, ela precisa dividir seus membros em unidadescongregacionais funcionais de 60 a 200 adultos. Organizar a igreja em"unidades de 100" vai proporcionar a ela uma maneira de realizar a tran-sição final para uma igreja em células. Dentro de cada uma dessas congre-gações, coloque algumas pessoas do grupo remanescente ~em_~ __líderes. auxIlIares e membros-chave das novas célulaslfigura 10, o CÍrcu-lo de baixo).

Pouco antes da época de plantar arroz nas planícies centrais daTailândia, canteiros incomuns podem ser vistos da estrada principal. Es-ses canteiros parecem carpetes verdes de capim, como se estivessem colo-cando gramado nos campos de golfe. Eles são na verdade canteiros demudas para o arroz que logo vai ser plantado nos campos de arroz.

Quando os campos estão alagados e chega o tempo do plantio, essescanteiros de mudas são cuidadosamente tirados e as plantas amarradasem pequenos feixes. Esses feixes são então levados para os campos mai-ores. Cada muda de arroz é plantada separadamente à mão. Um pequenocanteiro de mudas contém plantas de arroz suficientes para cobrir umaárea centenas de vezes maior do que o canteiro original.

Essa é a imagem da estratégia do remanescente em uma igreja. Oprotótipo do remanescente que está sendo cuidadosamente plantado e cu1-

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tivado ao longo dos meses é, no tempo oportuno, transplantado para oscampos maiores, ou seja, as congregações de 100. De um pequeno rema-nescente, toda a igreja pode ser plantada com conceitos de estruturas deigreja em células. Com o tempo, toda a igreja vai se parecer com o cantei-ro de mudas do remanescente original, verde e viçoso.

CONGREGAÇÕES: "MÁQUINAS EM PERFEITASCONDIÇÕES DE TRABALHO"

No contexto da igreja em células, a congregação (unidades de 100)refere-se a um tipo especial de unidade de organização dentro da igrejaem células, muitas vezes conhecida como c.f211gregação de células Umacongregação consiste em um grupo de 10 a 25 células (comunidades cris-tãs de base) que juntas formam uma rede. A congregação é uma unidadeespiritual funcional que ajuda a capacitar líderes de células e as própriascélulas a fazer a obra do seu ministério. Um pastor sobre 100 coordena otrabalho de um grupo de pessoas da igreja de uma determinada área geo-gráfica ou não. A congregação em uma igreja em células pura é uma "má-quina em perfeitas condições de trabalho" concentrada em liberar a vidadinâmica das unidades básicas das células. Ela minimiza a administraçãoe maximiza o ministério no nível da célula. Formar a rede de 100 focalizanos grupos pequenos de 10 onde cada tarefa da igreja se torna viva na vidadinâmica das células.

As congregações proporcionam uma estrutura que permite que asnecessidades sejam cuidadas no nível da célula. Quando uma igreja emtransição é reestruturada em congre a ões de igre·a em células cad

ro se torna parte de uma congregação e come a a ver o seu ministério. ~ a~ir da cé u a..,UI1la es de 10), e,m vez de a partir da;.qUlpe E.astoral.

Ao formar essas congregações você poderia ter as seguintes consi-derações:

• O~to geográfico geralmente vai ser um fator importante. Igrejasem células precisam de um padrão de referência geográfico.

• Composição cultural/étnica dos 100.-----• Grupos em faixas etárias, como grupos de jovens ou grupos deidosos.

• Fatores sócjo-econômico,>.• Grupos em torno de uma Iíngua-.• Necessidades especiais como ministério para surdo§.

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AJUSTAR E REAJUSTAR

A congregação-base remanescente deve ser estab~to emuma igreja existente quanto em uma igreja nova se ambas querem setornar igrejas em células operacionais. A única diferença entre a implan-tação de uma nova igreja e uma igreja que está passando pela transiçãoé que os princípios e a infraestrutura da congregação-base devem serreajustados para as estruturas existentes da igreja em transição.

Ajuste o remanescente na implantação de uma nova igreja. Issosignifica que os estágios devem ser formados do "zero", visto que nãoexiste estrutura. Reajuste uma igreja em células remanescente numa es-trutura existente. Isso significa que os estágios devem ser remodeladosnas estruturas existentes, moldando e adaptando essa estrutura de acor-do com o modelo de células.

Inúmeras igrejas existentes, algumas com milhares de membros,estão procedendo de acordo com o continuum de três anos e meio deJesus. Congregações-base remanescentes de 120 a 200 adultos estãosendo cuidadosamente formadas com membros existentes. À medidaque essas igrejas completam o continuum, podemos comparar o índicedo seu crescimento e a força das suas infraestruturas com outras igrejasque ignoraram o processo estágio por estágio e tentaram introduzir ime-diatamente as células operacionais. Contudo, a tendênciajá é evidente:igrejas grandes que primeiro desenvolvem uma congregação-base re-manescente passam mais rapidamente para a vida plena de células doque igrejas que ignoram o processo do remanescente.

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--... . . .

Pre

Palavra Visão dePar Convergência profética igreja em Concebidaa

Ç_

(Jesus)ao células

p Grupo 2-3Inovação Introduzida

R inicial pessoas

OT 12

ÓLegitimar Liderança-

ApropriadaPatrocinar pessoas chave

TIP Grupo de 70

RedeO Execução pessoas de apoio Implementada

O Concretização 120p Congregação-Massa E da pessoas Capacitada

R "Mudança" basecrítica A

cI ExpansãoO 3000-5000N da ExpandidaAL igreja

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21A "MASSA CRÍTICA" DE JESUS

Muito da singularidade do cristianismo, no SI:'II surgimento,consistia no fato de que pessoas simples podiam ser surpreenden-

temente poderosas por serem membros uns dos outros.- Elton Trueblood

Imagine O seguinte cenário: são 50 dias depois da Páscoa no ano 30d.C., sete semanas após a morte c ressurreição de Cristo, c dez diasdepois da sua ascensão ao céu. Você é um dos 120 seguidores no

cenáculo em Jerusalém. Os II discípulos sobreviventes estão ali com asmulheres, a família de Jesus e outros que o seguiram durante aquelestrês anos e meio de ministério repleto de ação.

Durante a época de Pentecostes, os judeus celebravam a colheitados cereais e o recebimento da lei no monte Sinai. Por dez dias após aascensão, a oração perseverante com um só coração e uma só mente temocupado você, junto com o restante do grupo no cenáculo. O grupo,como comenta John Stott, estará "pronto para cumprir a ordem de Cris-to no momento em que ele cumprir a sua promessa".' A última coisa queJesus ordenou foi que esperassem pela vinda do Espírito (Lucas 24.49:Atos 1.8).

O ar estala com eletricidade e o silêncio é ensurdecedor. A expec-tativa na sala é enorme. Todos os presentes sentem que algo incrívelestá para acontecer. Espera-se que Jesus Cristo se apresente no meiodeles, como havia prometido. Stott disse: "Embora o I"['ar deixado \"<l§G

.2ºiludas havia sido preenchidopor Marias, o lugar deixado por Jesus)!.inds1J1?.Qhavia sido preenchido pelo.Espirito"," Você está esperando avolta do Rei, esperando que o proprietário tome posse.

Você já havia testemunhado o poder da ressurreição que o levan-tou da morte e o levou ao céu. Você agora sabe que nada é impossível

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para Cristo. Então acontece algo incrível! Ouve-se o som de um ventomuito forte, e uma língua de fogo pousa sobre você. Você experimentaDeus em seu Espírito com todo o seu ser.

o QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?

Uma massa crítica é "o montante mínimo de material desdobrávelcapaz de produzir uma reação em cadeia auto-sustentadora".' Em Pen-tecostes, Cristo começou a encarnar-se na igreja por meio do Espírito. Ocenáculo tornou-se o epicentro espiritual da presença viva, do podermajestoso e do propósito divino de Deus na terra. O que o estábulo foipara a encarnação física de Cristo no mundo, o cenáculo se tornou paraa encarnação espiritual de Cristo no mundo por meio da sua igreja. AShekiná de Deus, que acompanhava os filhos de Israel no deserto, queestava no meio do acampamento no tabernáculo, e que havia deixado oSanto dos Santos do templo na morte de Jesus, retornou! A semente daencarnação que foi semeada por Cristo na sua morte na cruz nasceu emPentecostes. A massa crítica havia sido alcançada naquele cenáculo.

JESUS SEMPRE FORMA UMA MASSA CRÍTICA

Com base na narrativa de Atos, poderíamos pensar que uma bom-ba-relógio espiritual estava prestes a ser detonada. Os 120 discípulosformavam uma massa crítica explosiva porque eles tinham os compo-nente necessários para se tornar uma corrente de reação auto-sustentadora.O que eles haviam experimentado, como Jesus os preparou, seu relacio-namento com ele antes e depois da sua ressurreição, a evidência do po-der da sua ressurreição e o Espírito habitável, tudo serviu para culminarnesse ponto explosivo. "O Espírito é conhecido a partir daquele mo-mento como o poder gracioso e semelhante à presença do próprio Cris-to",' diz Stott.

Os 120 do cenáculo formavam uma massa crítica porque a presen-ça de Cristo veio sobre eles, seguida do seu poder, que resultou em seupropósito à medida que eles saíram pelas ruas para testemunhar de Cris-to. A igreja continua a ser gerada da mesma maneira hoje.

Não estou sugerindo que os mesmos acontecimentos incomunsdevam ser duplicados quando Jesus constrói a sua igreja hoje. Não sãoos acontecimentos espetaculares mas a encarnação espiritual que é ne-cessária para a igreja ser gerada no primeiro século ou no século XXI. Apresença habitável, permanente, encarnada e viva de Deus em seu cor-

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po espiritual terreno, a igreja, é essencial para o nascimento da igreja;caso contrário, a igreja é somente uma organização humana. Jess Moodynos disse: "Se o nosso único s ess 'é aquilo que pode ser explicado emtermos de organização e administraçã - isto é, algo que o mundo pode-ria fazer com o mesmo investimento d esforço e técn ica, um dia o mundoirá nos repudiar definitivamente'".' /

Em um sentido, Pentecostes é um acontecimento único como foi ocaso da encarnação de Jesus. Contudo, esse acontecimento continua afluir através da história. Cristo, nascido em Belém, também nasceu emminha vida. O Espírito vem ao Pentecostes como um acontecimento úni-co, mas esse acontecimento continua em minha vida. A igreja é capacita-da em Pentecostes, mas essa mesma capacitação deve acontecer em cadaigreja. Os acontecimentos da encarnação, da cruz, da ressurreição e doPentecostes continuam fazendo parte da minha vida e da vida da igreja.

Algo do poder e da vida do primeiro Pentecostes acompanha a igre-ja sempre que o Espírito habita nela. Bernad J. Lee e Michael A. Cowandestacam essa expectativa marcante em seu livro Dangerous Memories(Memórias perigosas):

Os cristãos que ao longo dos séculos têm orado pelo dom doEspírito que inflama os nossos corações, e refaz a face da terra,não estão surpresos que aquele que inventou a igreja no Pente-costes pode "reinventá-la" sempre que for oportuno. A históriasugere que Pentecostes é uma festa móvel."

NÃo HÁ "MASSA CRÍTICA" SEM ENCARNAÇÃO

O que significa "Cristo habitando em sua igreja?". Nós usamos es-sas palavras para ex~ar o relacionamento único de Cristo com a igreja.Esse é um relacionamento da encarnação contínua. Somente essa presen-ç5:viva de Cristo em sua igreja fará com que ajgreja se torne uma massacr:jtica explosiva --- --

Ray Stedman identifica o mistério sagrado da igreja com aencarnação. Deus vive em seu povo, em sua igreja. Esse é o segredo daigreja.

O segredo da igreja é que Cristo vive nela, e a mensagem daigreja para o mundo é declará-lo, é falar de Jesus Cristo ... Aí[Efésios 2.19-22] está o mistério sagrado da igreja: ela é amorada de Deus. Ele vive em seu povo. Esta é a grande voca-

(-

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ção da igreja: tornar visível o Cristo invisíve1.7

Stedman entendeu a importância da encarnação para a doutrina daigreja. Ele cria que o que ocorria em pequena escala no primeiro séculoocorre hoje em larga escala por meio da igreja:

Cometeríamos um grande engano, se pensássemos que aencarnação terminou com a vida terrena de Jesus. A encarnaçãoainda continua. A vida de Jesus continua manifesta entre oshomens, mas agora não mais através de um corpo físico indi-vidual limitado a um lugar na terra, mas através de um corpocomplexo e orgânico, chamado igreja.Em seu segundo relato (o livro de Atos), o dr. Lucas continuaa descrever a atuação de Jesus entre a humanidade, mas destavez através de seu novo corpo, a igreja. Por isso, quando aigreja vive em e através do Espírito, ela não deve ser nadamais nada menos do que a extensão da vida de Jesus a todo omundo, em qualquer época.8?--

O missiólogo batista e o estudioso do Novo Testamento, WilliamO. Carver, tira algumas conclusões surpreendentes acerca do significa-do da encarnação para a igreja de hoje. Ele crê na "encarnação contínuade Cristo no mundo" e que a igreja é o "corpo crescente" de Cristo. "Aigreja é a extensão da encarnação dele. Uma igreja local é a manifesta-ção de Cristo em sua comunidade"."

Em Efésios, Carver encontrou a igreja "tão intimamente e tão es-sencialmente relacionada ao Cristo e ao seu significado na história comopara constituir sua auto-realização crescente no processo de realizar oobjetivo da sua encarnação. A igreja é o seu corpo crescente, que pormeio desse corpo ele próprio está crescendo para a maturidade~

A ENCARNAÇÃO DA COMUNIDADE

Deus se manifesta no mundo por meio da sua igreja em pelo me-nos duas maneiras. As Escrituras indicam que ele se manifesta no mun-do como uma Pessoa (Cristo) e Deus se manifesta no mundo por meioda comunidade (a igreja). Em ambos os casos, Deus usa as coisas maisbásicas da vida como os meios para a sua manifestação. Quando ele semanifestou fisicamente (a encarnação) no mundo em Cristo, ele usoucélulas físicas. O significado da encarnação é singular porque ela ensina

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que Deus estava no mundo em nossa forma. Ele tinha o nosso tipo decorpo, completamente vulnerável às nossas feridas, dores, pecados, tenta-ções e sofrimentos. Seu corpo físico foi formado de células biológicas,semelhantemente ao nosso cor

Deus também continua encar r-se no mundo de uma outra ma-neira, ou seja, por meio da igreja. De s está agora encarnado espiritual-mente em um contexto de comunidâde, Paulo sugere isso em Efésios2.21-22: Nele (em Cristo) vocês também estão sendo edificados juntos(esse não é um acontecimento pessoal ou individual mas um aconteci-mento coletivo), para se tornarem morada de Deus por seu Espírito. Aigreja é a morada de Deus. Isto é, a encarnação espiritual ocorre naecclesia (a igreja) e por meio dela.

A encarnação de Cristo no mundo em um contexto físico tem sidoparte do meu sistema de fé desde que eu era criança. No entanto, aencarnação de Cristo no seu contexto da sua comunidade espiritual le-vou anos para cristalizar-se em minha vida.

Esse conceito da encarnação da comunidade deixa a mente perple-xa. Por meio do Espírito Santo, Deus mais uma vez encarnou-se em umcontexto de célula, mas dessa vez não em uma célula biológica mas umacélula sociológica por meio da qual ele se torna comunidade. Ele maisuma vez usa as coisas básicas da vida para formar seu corpo espiritualoperando na terra. O mesmo contexto de célula que Deus usou paraexpressar-se em uma vida física (células biológicas) ele usa para ex-pressar-se na vida da comunidade (unidades de células sociais).

Ray Stedman entendeu o conceito singular da "continuidade daencarnação" de Cristo na sua igreja e por meio dela.

Jesus Cristo não está fora, em algum recanto escondido e re-moto do universo (céu), nem deixou seu povo aqui para lutar efazer o melhor que possa até que ele volte. Esta nunca foi aintenção divina nem é o esquema do Novo Testamento. Cristoestá vivo e atuando na sociedade humana durante vinte sécu-los, como ele disse que faria: Eis que estou convosco todos osdias até à consumação do século (Mateus 28.20).11

O estudioso bíblico C. H. Dodd considera a igreja singular porcausa do seu relacionamento com Cristo:

...depois de "quarenta dias" ... Cristo finalmente desapareceuda visão humana: "uma nuvem o encobriu da vista deles". Esse

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capítulo está fechado e nunca se repetirá. Mas todo o NovoTestamento é testemunha de que a presença real de Cristo nãofoi retirada quando as "aparições" cessaram. Os encontros sin-gulares e imperceptíveis com o Senhor ressurreto precipita-ram um novo tipo de relacionamento que provou ser perma-nente [...] Na comunhão a presença do Senhor não mais signi-ficava um súbito lampejo de reconhecimento, totalmente con-vincente mas que logo se acabava. Foi uma realidade dura-doura, criando uma nova vida corporativa.Dentro dessa vida corporativa, à medida que ela amadurecia ese expandia, e perspectivas mais abrangentes se ampliavam, oseu entendimento do que havia acontecido se aprofundava.Não era porque simplesmente o seu líder perdido havia volta-do a eles. O próprio Deus tinha chegado a eles de uma manei-ra totalmente nova. E isso coloca toda a história em uma novaperspectiva."

Não existe "massa crítica" sem o habitar especial de Cristo em suaigreja. Nossa administração, motivação e promoção não vão produziruma massa crítica. Nosso esforço humano pode produzir uma boa orga-nização, mas sem a encarnação de Cristo a igreja nunca vai explodircom o mesmo poder do Novo Testamento.

SALTO INICIAL

Depois que a "massa crítica" é alcançada, a igreja em células podecomeçar a dar um salto inicial para um novo trabalho. Estabelecer oprimeiro protótipo é penoso. Cada passo deve ser cuidadosamente apren-dido, implementado e testado. Porém, uma vez que a igreja inicia seucrescimento por meio da multiplicação exponencial, ela não precisa voltarcada vez que implanta uma nova igreja.

Uma igreja em células operacional pode iniciar um novo trabalhoenviando um remanescente preparado para ser o núcleo de um novocomeço. Esse núcleo podia ser de 12, 70 ou mesmo 120 pessoas. Quantomaior o remanescente inicial, tanto mais rapidamente o novo trabalho éestabelecido e alcança a "massa crítica". A Igreja do Evangelho PlenoYoido tem enviado grandes congregações para formar novas igrejas. Maisde 500.000 membros fazem parte de igrejas que saíram da igreja-mãe de750.000 membros.

Essa abordagem para a implantação de igrejas vai revolucionar a

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forma como missões tem ocorrido neste último século. Nós tivemos oque chamo de uma "estratégia margarina" de missões que procura espa-lhar missionários da forma mais fina e mais distante possível. Agênciasmissionárias enviam um único casal par~ um trabalho em algumaárea geográfica, muitas vezes em algum lugar ~emoto. Poucas equipessão enviadas, visto que plantar igrejas a partir de congregações fortesnunca foi considerado como uma estratégia viável.

Começar um trabalho tendo como base um grupo remanescente deuma igreja em células vai aumentar o potencial para um crescimentoexponencial. Um grupo remanescente preparado já vai entender o quesignifica ser parte de uma igreja em células, e vai haver gente suficientepara imediatamente modelar a vida em célula, a liderança na célula e oevangelismo. Iniciar igrejas novas ao redor do mundo com esse tipo de"massa crítica" pode ser tão explosivo quanto o foi no primeiro século,quando a diáspora espalhou os moradores de Jerusalém por todo o im-pério romano.

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22OS COMPONENTES DA /'>

"MASSA CRÍTICA" DE JESUS

Dê-me 100 homens que não odeiem coisa alguma alémdo pecado e amem a Deus de todo o seu coração, e eu

abalarei o mundo para Cristo!- John Wesley

A "massa crítica" não surge automaticamente. Certos compo-nentes devem ser unidos de uma forma prescrita para causaruma reação em cadeia. Um componente serve como uma das

partes de um todo. Se esses componentes estiverem faltando nessa mistu-ra, o todo vai ser incompleto e a "massa crítica" não vai ser alcançada.Uma bomba sem o sistema eletrônico adequado, sem as substâncias quí-micas certas e sem a embalagem certa, não vai produzir efeito algum. Omundo dos negócios reconhece a importância desse fenômeno chamado"massa crítica":

Para fazer uma idéia fluir, você precisa desenvolver entusias-mo. Quando a idéia é apoiada por um número suficiente de pes-

~s diferentes, ela alcança a "massa crítica". Essa "massa crí-tica" avança com base em sua própria energia, dando a impres-são de um movimento crescente e formidável e um senso demomentum. O tamanho da "massa crítica" pode variar com ape-nas algumas pessoas-chave até envolver toda a empresa. Nospassos iniciais de mudança, a "massa crítica" toma forma à me-dida que líderes de opinião chave mudam de uma posição neu-tra para uma posição de apoio, ou pelo menos de uma posiçãode resistência para uma posição de indecisão. I

Que componentes formaram a massa crítica de Jesus? O que é ne-

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cessário para alcançar o tipo de explosão descrita em Atos dos Apósto-los?

o COMPONENTE NUMÉRICO

É necessário um número suficiente para permitir uma reação emcadeia. Um certo número de pessoas comprometido com a mudança deveser agrupado para liderar o processo de mudança. Uma igreja existentevai escolher essas pessoas entre os membros dessa igreja. Uma igrejaque está iniciando deve reunir essas pessoas entre os descrentes, cris-tãos solitários ou cristãos enviados por Deus. Um número suficiente depessoas, quando reunidas com um ro ósito cÕmum, podem causar re-su a os sinérgicos muito além dos seus números. Jesus definiu que 120adultos eram suficientes para cumprir a sua visão.~

Lembre-se da citação de John Wesley: "Dê-me 100 homens quenão odeiem coisa alguma além do pecado e amem a Deus de todo o seucoração, e eu abalarei o mundo para Cristo!". Wesley reconhecia o po-der de um número ideal de pessoas reunidas por uma apaixonada causacomum.

O número 120 não é mágico. Se você faz parte de uma igrejamenor, sua "massa crítica" pode ser menor do que 120. No entanto,você vai precisar de uma porcentagem significativa da sua igreja paraformar a "massa crítica". Se você faz parte de uma igreja muito maior,com centenas ou milhares de membros, as boas novas são que 120pessoas serão suficientes para promover o processo de transição detoda a igreja.

Peter Wagner reconhece a importância da "massa crítica" em seulivro Church Planting for a Greater Harvest (Plantando igrejas parauma colheita maior):

Na Física Nuclear, a "massa crítica" é o montante mínimo deum material capaz de desintegração nuclear para produzir umareação em cadeia. Na implantação de uma igreja, a "massacrítica" indica o tamanho que um núcleo viável precisa ter nomomento de se tornar público, se a igreja deseja crescer.Se o plano a longo prazo para a igreja está abaixo de 200 mem-bros, então a "massa crítica" pode ser formada entre 25 e 30adultos. No entanto, se o plano da igreja é crescer acima de200 pessoas então esse número é pequeno demais. A "massacrítica" deveria ser entre 50 e 100 adultos.'

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A Igreja do Novo Testamento no século XXI 247

o COMPONENTE VISÃO

A visão de uma igreja em células é um componente necessáriopara conduzir ou impelir um grupo de pessoas rumo à "massa crític ".

,-George Barna, em seu livro The Power of Vision (O oder da v'são&?cfeve visão em uma série de imagens gráficas. Para Barna, uma vi-são é:

Uma espiada no futuro que Deus projetou para cada discípuloUm sonho com rodas e um mapa rodoviárioUm ponto de convergência no meio de um conjunto esmaga-dor de necessidadesUma idéia do tamanho de DeusVer o invisível e torná-lo visívelSonhos santificados'

A visão é um componente essencial para se atingir a "massa crí-tica". Não estou me referindo a uma declaração de visão afixada nasparedes da igreja. ~o no reino significa paixão, chamado, umacompulsão por Deus, um dever. Esse tipo de visão não é algo que eu _posso alcançar mas que me alcança. Eu não ajo sobre essa visão' é ela -gue age sobre mim. Perguntaram a }Iélen Keller: "O que s~~i~_pi<?~ __.que ter nascido cega?':' Ela respondeu: "Ver sem ter visão".

Oswald Chambers, em Tudo para Ele, define a visão como umprocesso que está sendo desenvolvido em nossa vida. "Deus nos dá a

- visão, em seguida ele nos leva para o vale para nosJ[~molde da s le ue tantos de nós desfalecem e desis-tem. Cada visão vai se tQ.IlU!!:.real se tivermos paciência".

A visão é algo que trabalha em nossa vida, não algo que nós faze-mos. Chamhers ainda diz o seguinte a respeito da visão: "~mos ah?ançar a visão; devemos viver na inspiração dela até que ela se~ - --cumpra':';

Barna também reconhece esse aspecto "transformador" da vi-são. "Ao sugerir que a visão trata daquilo que é prioritário, estamosinsinuando que a visão requer mudança. A visão nlJnCa trata emman-ter oE!11us--puo. A visão tem que ver com estender a realidade até alémdo eJitágio ex.i..s1ente".5,=" No cenáculo, vemos um grupo de pessoas que haviam sido trans-formadas no molde da visão que Cristo havia recebido do Pai. Elastinham passado pelo vale e haviam sido agora moldadas em uma uni-

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dade dinâmica: o corpo de Cristo, uma "massa crítica". Çada pessoª-na Bíblia usada para cumprir a visão de Deus experimentou. ~s_sepro-

cesso de transformação lario-vaJe~Eles -não realiiaram a visão-mas-foram transformados pela visão para que Deus pudesse cumpri-Ia pormeio deles. Abraão foi conformado à visão de Deus. Então Deus cum-pnu sua visão por meio dele. Assim ocorreu com Moisés e Davi. Olhepara o processo transformador em Pedro e Paulo. Ambos experimen-taram o vale antes que Deus pudesse usá-los para implementar suavisão.

Nossa abordagem em relação à visãQ....é.:"Aqui está a visão-º~ __Q..eus;agora vamos arregaçar as mangas e realizá-Ia". É por isso que-r: ~recisamos ser transformados antes qJJe estelamos eTh condições d~viver a visão. Quando somos conformados à visão de Deus, podemosentão dizer: "Aqui está a visão de Deus. Agora deixe-me ver comoDeus vai moldar-me de acordo com a sua visão".

Um líder de igreja perto de Washington, D.C. recebeu esta pala-vra de Deus acerca da visão: "Onde a visão não está clara, o custosempre é alto demais". É por isso que devemos ter clareza acerca daVIsão de Deus. A vida de comunidade e ministério que Jesus tem paranós é tão importante que devemos calcular o custo, de acordo com asua sugestão. Se a visão não está clara, vamos "Q,lll:;tgra" em algumlugar da estrada.- o COMPONENTE COMPROMISSO

Não haverá "massa crítica" sem um compromisso absoluto comCristo. Seguidas vezes Jesus procurou testar e fortalecer o compromis-so dos seus seguidores. Quem os homens dizem que eu sou? As rapo-sas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do homem nãotem onde reclinar a cabeça. Vocês também vão me abandonar? ~mente haverá "massa cdtipL' a partir de um com.Qromisso intenso eL------ ~~condicional. Não chegamos a esse tipo de compromisso da noite parao dia. O compromisso é aprendido no dia-a-dia da vida em células, omesmo lugar onde Jesus "afiou" o compromisso dos seus seguidores.Q..çQmpromisso é desenvolvido nas2ific"ld.ades e.p~a_~_~. O compromisso dos seguidores é testado na realização da vi-são. Y4'erjuntg§jl vida em células desenvolve o tipo de compromisso!1ece~ paF? alcaR'jlar a wa5sa çrítica. -=--

Jesus tem os mesmos critérios de compromisso para cada gera-ção daqueles que vão segui-lo.

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Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tomediariamente a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar asua vida, a perderá; mas quem perder a sua vida pore:causa, este a salvará. Pois que adianta ao homem ganha omundo inteiro, eperder-se ou destruir a si mesmo? Se algu mse envergonhar de mim e das minhas palavras, o Filho dohomem se envergonhará dele, quando vier em sua glória e naglória do Pai e dos santos anjos (Lucas 9.23-26).

A comunidade revela e desvenda esse tipo de compromisso. EltonTrueblood nos desafia ao escrever:

Não haveremos de ser salvos por nada menos do que o com-promisso, e esse compromisso não será bem-sucedido a me-nos que encontre expressão em uma comunidade comprome-tida. Se tivermos algum conhecimento da natureza humana,começaremos a rejeitar a arrogância da auto-suficiência. Ho-mens comprometidos precisam da comunhão não porque sãofortes, mas porque eles são - e sabem que são - fundamen-talmente corrompidos e fracos."

Seguir a Cristo em sua comunidade requer um compromisso quetem como instrumento de medição a morte. É isso que Jesus ensinou aosseus discípulos antes de se reunirem no cenáculo. O cenáculo estavaassociado à morte de Jesus como também à morte das suas própriasagendas, do seu orgulho, dos seus sonhos de glória pessoal e posição edos seus confortos e recompensas terrenos. Somente esse tipo de com-promisso levará a atingir a "massa crítica".

o COMPONENTE VALORES

Valores são qualidades que têm um significado intrínseco. ~Ioressão as conyiccões profundas gtJ,e influenciam nossas ações. quais são6s valores gue fundamentavam ayI~h~.<:i~J~us? Quais eram as qualida--

des que tinham valor intrínseco e importância para Jesus? Esses valoressão essenciais para a formação da massa crítica.

Jesus ensinou seus discípulos diariamente acerca de valores espi-rituais. Ele não se importava que eles soubessem recitar um credo acer-ca dos valores do reino, mas que esses valores fossem interiorizados emseus corações e colocados em prática na comunidade. Alguns dos va-

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lores que ele ensinou constantemente era~ p~p~a,.somllnidade, mjnistério, d.QD.S,s~ unidade, oração,edificação e evangelismo. Esses valores formam a base para que oear:----ra a massa crítica. Não é tanto o que eu valorizo, mas o que Deusvaloriza. Esses valores que fluem do coração de Deus vão resultar namassa crítica.

o COMPONENTE TEMPO

Quantas vezes os discípulos se reuniram naquele mesmocenáculo? Provavelmente diversas vezes. Contudo, nada se igualouao Pentecostes porque antes a "plenitude do tempo" ainda não haviachegado. É necessário tempo para reunir os mecanismos do sistemade Jesus, mas para interiorizá-los requer-se um período ainda maior.Podemos entender as dinâmicas de lima igreja em células rapida-mente, mas vivê-la51 DO dia-a-dia leva mais tempo.

Infelizmente, poucos de nós valorizam a paciência. Como disseShakespeare: "Quão pobres são aqueles que não têm paciência"." Emnenhum outro setor isso fica mais evidente do que entre os líderes daigreja. Queremos gratificação e sucesso instantâneos. Nossa culturaé condicionada para concertos rápidos e compras rápidas. Os comer-ciais na TV fazem tudo parecer tão fácil. É fácil comprar um carro,construir uma casa, emagrecer sete quilos, tornar-se um homem denegócios bem-sucedido, tornar-se um milionário ou - edificar umagrande igreja.

Nossa impaciência com a implementação de qualquer visão emnossa igreja encontra sua raiz em nosso orgulho. Nós sempre supe-restimamos nossa habilidade de fazer com que as coisas espirituaisocorram rapidamente. Nossa necessidade para soluções rápidas ousucesso instantâneo também revelam uma falha básica em nossa com-preensão acerca da igreja. Muitos crêem que se eles se esforçarem ecolocarem em prática o seu conhecimento acerca da igreja, ela vai setornar bem-sucedida em pouco tempo. Isso somente é verdade se aigreja for somente uma organização que administramos e"comercial izamos".

No entanto, Deus precisa de tempo para edificar esse tipo deigreja. Deus faz tudo na plenitude do tempo. Essa plenitude não vaichegar até Jesus preparar um povo para ser sua igreja. Uma boa partedesse tempo precisa ser dada aos líderes para que aprendam a deixarDeus fazer a obra em vez de eles mesmos a fazerem.

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o COMPONENTE PROCESSO

A "massa crítica" é alcançada dando-se um pasQ~ du-rante o processo. O processo do desenvolvimento da "massa crítica"na igreja em células serve para a igreja desenvolver uma Q.ase paralíderes inovadores e em seguida desenvolver uma infraestrutll.ta p~ ~

'uma congregação-base. Pular qualquer um dos estágios desse pro-cesso essencial vai resultar numa igreja em células fracassada emvez de numa igreja em células explosiva.

Cada estágio contém as sementes para o estágio seguinte. Maisseguidores vão estar presentes em cada estágio do que o número ne-cessário para aquele estágio. Por exemplo, quando a liderança-basede doze estiver sendo formada, mais do que doze deveriam estar par-ticipando ativamente. Você pode ter 100 seguidores mas continuadiscipulando a liderança-base dos doze enquanto aprende aimplementar a rede de apoio dos Setenta. No entanto, quando a mas-sa crítica for-alcançada, cada um dos estágios deve estar devidamen-te representado. Os inovadores, os líderes-base e a rede de apoioformam a infraestrutura da igreja em desenvolvimento. Somente en-tão o Espírito..Qe Deus pode mover-se no meio desses es~ciais para criar a massa crítica. --

o COMPONENTE LIDERANÇA

Jesus tinha uma estratégia de liderança, não uma estratégia paramembros. Ele concentrou seu tempo e energia em desenvolver líde-res e organizá-los em uma unidade funcional. A igreja em célulasnunca vai alcançar a "massa crítica" até que os líderes sejam treina-dos a entender o sistema de igreja em células de Jesus e estejamcomprometidos a implementá-lo. A velha maneira da igreja de usarliderança profissional não vai possibilitar a formação da "massa crí-tica". A estrutura de liderança de Jetro (Êxodo 18) deve estar funci-onando para que Cristo tenha uma rede de apoio e coordenação paraos 10, 50, 100 e 1.000.

A "massa crítica" somente vai ser desenvolvida a partir de Iíde-res submissos e servos. No seu livro Perfil de três reis, Gene Edwardsdescreve esse tipo de submissão na vida do rei Davi. Segue-se umaconversa alegórica entre um jovem oficial do exército e o último"guerreiro valente" do rei Davi. O "guerreiro valente" explica o quetornou Davi um grande líder":

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Davi mostrou-me submissão, não autoritarismo. Ensinou-menão a aplicação imediata de regras e leis, mas a arte da paciên-cia. Foi isso que me transformou a vida. O legalismo não pas-sa de um meio de o líder evitar o sofrimento.As leis foram inventadas por velhos, de modo que pudessemir cedo para a cama! Os homens que alardeiam autoridade,demonstram não a possuir. E os reis que fazem discursos so-bre submissão, apenas revelam um duplo temor em seu cora-ção: não têm certeza de serem realmente verdadeiros líderesenviados por Deus e vivem em pavor mortal de uma revolu-ção.O meu rei não falava de submissão a ele. Não temia rebeli-ões ... porque ... porque não se importava se fosse destronado.Davi ensinou-me a perder, não a vencer. A dar, não a tomar.Revelou-me que o incomodado é o líder, e não o seguidor. Emvez de expor-nos ao sofrimento, ele nos protegia dele.Ele me ensinou que a autoridade cede à rebelião, especial-mente quando a rebelião não é mais perigosa do que a imatu-ridade, ou talvez a burrice .... a autoridade que procede de Deus não teme desafios, não sedefende, nem se importa se tiver de perder o trono."

O know-how de liderança, o orgulho e o poder não resultam emcrescimento espiritual explosivo. É incrível, mas somente a submissão eo coração de servo pode suprir a qualidade de liderança que vai gerar a"massa crítica" de Jesus.

o COMPONENTE ESTRUTURA

A igreja em células opera com suas próprias estruturas únicas enão com as estruturas antigas da igreja de "um dia por semana". A "mas-sa crítica" não vai ser alcançada até que as estruturas da igreja em célu-las estejam nos seus devidos lugares. A estrutura principal é a própriacélula com todas as outras atividades e tarefas operando para apoiaressa estrutura básica da célula. gtrutmas essenciais incluem uma estru-tura de liderança. estrutura de treinamento, estrgjura de eyangelismo,.estrutura de celebração e estrutura êieõrãção, d~o com a descrição?O"S capítulos 18 e 20.

Ao escrever a respeito de renovação, Howard Snyder, em seu livro

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Signs ofthe Spirit (Sinais do Espírito), explica q~enSãO de\renovação: I

tem que ver com formas e estruturas. É a dimensão da renova-ção preocupada com a forma como nós, os crentes, vivemos emcomunhão. É a questão dos melhores odres para o vinho novo.A renovação muitas vezes morre prematuramente por falta deestruturas eficientes. O vinho novo escorre pelas rachaduras dasnossas próprias formas e logo é perdido. A renovação acaba setornando uma doce lembrança, não uma nova maneira de vida."

o COMPONENTE ORAÇÃO

A oração é o sopro e a vida de uma igreja em células. Jesus disse:Eu edificarei a minha igreja. .. Nossa parte nessa obra de Cristo edificara sua igreja ocorre por meio de oração e comunicação com o Mestre deobras. Visto que a igreja em células não vai funcionar sem que Cristo aconstrua, ela depende totalmente das orações.

De que maneira você fará parte da sua construção se não ouve oseu coração e seus desejos? De que maneira os líderes vão saber comoministrar se não estiverem em sintonia com Deus e capacitados por ele?Não as boas atividades, mas esperar nele é a chave para alcançar a "mas-sa crítica".

Se a sua igreja não for uma igreja que ora, uma igreja que anelapela presença de Deus, tanto pessoalmente como coletivamente, entãoparticipar das células vai ser o esforço mais frustrante que você já expe-rimentou. Uma coisa é verdade: Se Deus deseja que a sua igreja se torneuma igreja em células, desse lado da implementação ou do outro, vocêvai aprender a orar. A oração vai se tornar um grito de desespero paraaquele que pode levar a igreja a ser o que ele deseja que ela seja. Colemandisse:

Jesus enfatizou a vida de oração, por muitas e muitas vezes,ampliando paulatinamente o seu significado e aplicação, à me-dida que os discípulos eram capazes de compreender as reali-dades mais profundas do Espírito de Cristo. Isso fazia parteindispensável do treinamento deles, e por sua vez eles teriamde transmitir tal conhecimento a outros. Uma coisa era certa.A menos que eles aprendessem o sentido da oração e apren-dessem a pô-Ia em prática, de forma coerente, não haveria

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grandes resultados derivados de suas vidas. 10

A compreensão da importância da oração é fundamental. A oraçãodeve ocorrer em todos os níveis da igreja - noseQcontros das células,nas reLlniêes de lideran,a, Ila--\lida dQ corpo semanal das células, emtoda a igreja, nas famílias e individualmente. As maiores igreJasdü mul1do.z::não têm apenas um sistema de células onde todos podem participar davida em comunidade, elas também são conhecidas por sua oração.

o COMPONENTE PODER

Todos os componentes acima podem estar no seu devido lugar emesmo assim tudo isso pode estar travado de alguma forma. Necessita-se de um poder extraordinário para fazer com que uma igreja terrena,composta de componentes físicos como pessoas, métodos e estruturasse torne uma "massa crítica" espiritual.

Deus pode suprir esse componente. É por isso que Jesus ordenouaos discípulos depois daqueles três anos e meio de preparação a esperarem Jerusalém até que recebessem a "promessa". Ele prometeu queretornaria por meio do Espírito, e eles se tornariam seu corpo espiritualna terra. O Espírito prometido é o gatilho que ativa todos os ingredien-tes e faz a reação em cadeia do poder espiritual explodir.

A massa crítica ocorreu em Pentecostes. Foi uma explosão de vidaespiritual e de comunidade que chocou o mundo. Mas essa explosão foiformada com os componentes adequados que Jesus agregou num perío-do de mais de três anos que são: 120 adultos, visão, compromisso, valo-res, tempo, processo, liderança, estrutura, oração e poder. Devemos daratenção aos mesmos componentes hoje. Sem eles, a explosão daencarnação não será possível; e acabaremos com uma confusão críticaem vez de uma"massa crÍtÍca".,/

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--... . . .

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-CONCLUSAO-A DOUTRINA DA REVOLUÇAO

É a depravação das instituições e movimentos que, criados paraexpressar vida, acabam asfixiando essa própria vida. Portanto,eles precisam de constante revisão, autocrítica perpétua, e umacontínua volta para o espírito e propósitos originários. A igrejacristã não é exceção. Ela é a ilustração principal da situação

descrita acima.- E. Stanley.fones,

A medida que entramos no século XXI, muitas vozes proféticassugerem que a igreja precisa mudar dramaticamente e radical-mente se deseja continuar sendo o instrumento eficaz de Deus.

De acordo com Francis Schaeffer em Death in lhe City (Morte na cida-de), nós vivemos em um mundo "pós-cristão". Ele faz a seguinte pro-posta à luz da nossa situação:

A igreja em nossa geração precisa de reforma, reavivamento erevolução construtiva. Às vezes, as pessoas acham que as duaspalavras "reforma" e "reavivamento" têm significados opos-tos. Mas isso é um engano. As duas palavras estão associadascom a palavra "retornar".Reforma refere-se a um retorno à pura doutrina; reavivamentorefere-se ao retorno à vida cristã. Reforma fala do retorno aosensinos das Escrituras: reavivamento fala de uma vida levadaao relacionamento apropriado com o Espírito Santo. I

Ao discutir o estado da igreja. Schaetfer liga quatro palavras im-portantes - reforma. reavivamento, restauração e revolução. Ele con-clui que aptes que ocorra l!m~Illi:ãQ ~ia sociedade devehaver lima reforma da doutrina e um reàvivamento dos crentes. Ele su-gere aqui (e ~lltroS escritos) que ~~siauração da-estrutura é es-sencial. Resistência também faz parte dessa "mistura".

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A revolução espiritual que vai mudar dramaticamente a raiz da soci-edade como a conhecemos segue uma equação:

Reforma da Doutrina+Avivamento do Espírito de Deus

+ Remanescente dos Comprometidos com Deus+ Restauração do Modelo do Novo Testamento

= Revolução Espiritual

A REFORMA DA DOUTRINA

A reforma de diversas doutrinas importantes ocorreu há mais de 500anos. O dano causado à doutrina da salvação, à autoridade da Bíblia, aosacerdócio do crente e a outras doutrinas foi revertido e colocado em umcurso mais bíblico. É claro que é necessário um constante repensar dosignificado dessas doutrinas em cada era. No entanto, a Reforma estabele-ceu uma estrutura doutrinária que estava faltando nos 1.000 anos anteri-ores. Hoje, a igreja não precisa voltar e passar pelo processo sofrido emreformar a estrutura teológica básica do cristianismo. Isso já foi feito.

A Reforma tem sido considerada por muitos como o ponto alto dahistória da igreja. Visto que estou entrando na corrente da igreja em célu-las, eu vejo a Reforma de uma maneira diferente. Será que podemos ver aReforma que ocorreu há 500 anos como uma preparação daquilo que Deusestá pronto para fazer hoje? E se no calendário de Deus a reforma dadoutrina era somente um dos elementos para preparar o mundo para umacolheita revolucionária que ele está preparando hoje? Isso é radical? Sim!Mas quando vemos os eventos na história como um processo contínuoque Deus prepara para os acontecimentos seguintes, não está fora de lógi-ca. Deus olha para a história como um todo. Os eventos do Antigo e doNovo Testamento foram entrelaçados um no outro em um período de maisde 2.000 anos da história. Será que a história moderna não é tão importan-te para Deus a ponto de garantir a mesma atenção divina?

o AVIVAMENTO DO ESPÍRITO DE DEUS

A revolução espiritual começa com a reforma da doutrina e passapelo reavivamento que vem do Espírito de Deus. Não estou apenas falan-do de "avivamentismo", embora esse aspecto e o avivamento do Espíritode Deus estejam intimamente ligados. Tivemos períodos em que a igre-ja influenciou e transformou as sociedades por períodos breves, mas

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A Igreja do Novo Testamento no século XXI 259

isso não teve um efeito duradouro.A única esperança é de uma revolução espiritual construtiva. Isso

requer um avivamento do Espírito de Deus que é a causa principal dosavivamentos. Parece que nesse século Deus derramou o seu Santo Espí-rito de formas especiais. Isso não foi decorrente da descoberta de umanova doutrina do Espírito Santo. O avivamento ocorre no momento emque a experiência e a aplicação do Espírito entram em ação.

Enquanto as igrejas evangélicas ortodoxas estavam discutindo eensinando acerca do Espírito Santo, um movimento do Espírito de Deusocorria na vida de outros grupos. Temos testemunhado a obra do Espíri-to em muitas vidas no século XX. Esse movimento do Espírito de Deustem ocorrido nos mais diversos grupos, incluindo as denominaçõespentecostais históricas, a renovação carismática na Igreja Católica e oMovimento da Terceira Onda, dentro das igrejas denominacionais tradi-cionais. Engel e Norton discutem isso em seu livro criterioso, What sGone Wrong With the Harvest (O que deu errado com a colheita):

A história da igreja também revela algumas lições sérias. Quan-do a igreja se entrincheira em uma política estática de resis-tência à mudança, ela se torna uma mera concha vazia. Asdecorações exteriores podem aparecer adequadas, mas a vita-lidade interiorjá morreu há muito tempo. Isso, é claro, é típi-co de uma igreja cuja eficácia está em crise - mas que conti-nua seu trabalho normalmente. Mas então ocorre o renas-ci-mento - uma ruptura gerada pelo Espírito Santo, um novonascimento de relevância! Muitas vezes esse vinho novo nãopode ser contido em odres velhos, e uma nova comunidadeprecisa ser formada. Em outras situações, a nova vida influen-cia a própria concha "vazia", revertendo a situação caótica daigreja, e conduzindo o corpo de volta para a sua verdadeirafunção.'

o PODER DO REMANESCENTE

A revolução espiritual que nasce a partir da reforma da doutrina eda renovação do Espírito de Deus é implementada por um remanescentedo povo de Deus. Quando Deus está por fazer algo grande ele escolheum remanescente. Como podemos ver claramente na história de Gideão,Deus raramente faz grandes coisas por meio da maioria. Deus escolheuGideio para liderar seu exército contra os midianitas, amalequitas e os

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"filhos do leste". A convocação do exército foi feita em Israel, e aproxi-madamente 32.000 voluntários se apresentaram para lutar contra um exér-cito de 1}5.000 (Juízes 7 e 8).

Os dois exércitos estavam próximos o suficiente para guerrearem novale de Jezreel quando Deus começou a escolher o seu remanescente.Deus começou a sua preparação reduzindo o número de seu exército. ~guerra fosse ganha Israel diria ue eles v sa da abi-11 a e e seus soldados valentes. Gideão foi informado por Deus de que oexército era grande demais. Eram 32.000 voluntários contra 135.000 sol-dados profissionais? "O Senhor deve estar brincando?". Mas Gideão anun-ciou a palavra ao seu exército voluntário.

Ele disse:" do a uele ue estiver tremendo de medo e não desejalutar e des~a ir ~ra casa pode ir". GI eão quase foi pisoteado. Rapida-mente~2. 00 soldados foram para casa. Mas Deus ainda não tinha en-contrado seu remanescente. Aqueles 10.000 soldados eram demais e de-clarariam que eles foram os responsáveis pela vitória. O teste do remanes-cente foi aplicado mais uma vez.

Deus disse: "Observe os soldados enquanto bebem água. Aquelesque colocarem a sua lança ao lado e se ajoelharem, com os seus traseirospara cima, tornando-se vulneráveis, mande para casa. Separe aqueles quebeberem água, estando alerta porque eles sabem que estão em zona debatalha, levando a água com as mãos à boca enquanto seguram a sua lan-ça".

Quantos soldados sobraram? Trezentos. Trezentos contra 135.000.Esse era o remanescente de Deus. Precisamos entender o poder do rema-nescente. Deus estava de olho num$grupo que ai$8mt:;Tia=âele,~sua-majestade e do se~ plano, s~ . .

Deus necessitava de um remanescente comprometido e obedienteporque esse seria o seu tipo de batalha. Naquela noite, Deus, por meio deGideão, contou aos soldados a respeito do plano de batalha e as armas queeles iriam usar. Quais eram as armas? ,Umjarro, u\TIatocha e uma trombe:.--

~ O que teria acontecido se todos os 31 700 scldados que fQm1l1pªr_a__ .~casa tivessem recebido aquelas i'}struções? Quando Gideão disse a eles

~riam lutar durante a noite, certamente haveria murmuração. S,-e_e_le _tivesse lhes contado a respeito das armas que Deus havia escolhido para a

~, eles ~~ªUJmwe""n.•.•t••.e...•~~e....!r~e~b~e~la~r~ia~m~e~d~e:::s~e~rt~a~ri~a~m~o~u-.::e~n~fr:..::e:;.n::ta~r:..::ia~m~o~__inimigo com as armas convencionais. Eles teriam sido derrotados.

? ê) que1i'Zelaái os 300'! EleiITao reclamaram nem se rebelaram. Elesapanharam aquelas armas e foram para a batalha. Por quê? ~eram~ro tão reduzido a essa altura, que não importava o tipo""Jd;-e-a-r---:-':.......-~

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nt.as que iriam u~ar. Eles não conseguiriam derrotar 135.000 soldadoscom bazucas. U"lRremanescente, caracte:~~ente, é tão pequeno que~cisã1@tr d~cordo com O pl;no de D om as arm~ ---tempo de Deus e com o oder de Deus. O remanescente de Deus esta _comprometido e é obediente para ~er as COIsas a manejra~~us.

Deus está éTiamando esse tipo de remanescente hoje. Você podefazer parte dele. Se você faz, será exigido de você grande fé e coragem.Muitos não vão responder ao chamado e não estarão à altura do desafio.Você poderá fazer parte do remanescente, não por causa da suaespiritual idade ou habilidade, mas por causa do seu compromisso com abatalha e sua prontidão de lutar a batalha com as armas de Deus, o planode Deus, no tempo de Deus e com os números de Deus.

A RESTAURAÇÃO DO MODELO

A igreja é a esperança para a revolução do século XXI. Mas quetipo de igreja'? Qual será o modelo? Que tipo de estrutura? Pode a igreja,como a conhecemos, ser usada para cumprir o propósito que Deus tempara essa época? A revolução espiritual no século XXI não será bem-sucedida sem a reconstrução de uma forma estrutural por meio da quaU!doutrina pura. o pqge espi! itlJal e a r7velação de De~lpossam ser ex-pressos.

De tempos em tempos na história, as três primeiras partes dessaequação para a revolução se uniram. Tivemos a reforma da doutrina, oavivamento do Espírito de Deus e o remanescente de Deus juntos. Masnão houve uma revolução espiritual. A Reforma aconteceu, mas foi der-ramada em odres velhos. Movimentos do Espírito de Deus na históriaforam isolados geograficamente e estruturalmente. Remanescentes dopovo de Deus têm se reunido periodicamente mas sem resultados per-manentes. Essas três primeiras partes da equação careciam de uma basede onde a revolução espiritual pudesse explodir. Faltava a parte final dafórmula. Não existia uma estrutura para moldar a reforma, o avivamen-to e o remanescente no corpo espiritual de Cristo. A revolução espiritualprecisa de um~twtura. Essa estrutura é o modelo da igreja de duasasas do Novo Testamento.

A não ser que exista um odre estrutural, o vinho da reforma, doavivamento e do remanescente vai gradualmente evaporar. Esse elementofinal está se encaixando nesses primeiros dias do novo milênio. O mo-delo de células da igreja do Novo Testamento promete ser a estruturaque vai dar aos outros elementos a base por meio da qual a igreja pode

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se tornar uma revolução explosiva. No movimento da igreja em células,Deus está provendo a estrutura por meio da qual a igreja pode ser ocatalisador da revolução espiritual.

DEUS ESTÁ ENVOLVIDO NESSE NEGÓCIO DE REVOLUÇÃO!

A Bíblia proclama graficamente que Deus trouxe à existência ahistória do homem por meio da palavra, e essa história vai terminar comum clamor e ao som da trombeta na segunda vinda de Cristo. A histórianão está indo em círculos como é interpretado pelo pensamento orien-tai, nem está indo para trás como é interpretado pelos animistas, nemestá indo para dentro conforme a interpretação dos espiritualistas daNova Era, nem está evoluindo para cima como é interpretado pelos ci-entistas, nem está indo para lugar algum conforme afirmam os nihilistase os ateístas, nem está descendo em espiral em direção ao reino dastrevas como afirmam os satanistas. Mas, a história está se movendo parafrente em direção a um ponto no tempo predeterminado por Deus, queestá ativamente envolvido em definir o curso da história.

Em seu livro magnífico acerca da história do mundo, The Story ofCivilization (A história da civilização), Will Durant compara a influên-cia de César e de Cristo. Ele diz o seguinte a respeito de Cristo:

A revolução que ele buscou foi uma muito mais profunda, sema qual as reformas só poderiam ser superficiais e transitórias.Se ele pudesse limpar o coração humano do desejo egoísta, dacrueldade e da luxúria, a utopia viria por si mesma, e todasaquelas instituições que resultam da ambição e violência hu-manas, além da conseqüente necessidade das leis, desapare-ceriam. Já que isto seria a mais profunda de todas as revolu-ções, em contraste com a qual todas as outras seriam merosgolpes de estado de uma classe desalojando a outra e explo-rando-a por seu turno, Cristo foi, neste sentido espiritual, omaior revolucionário da história".'

o historiador Edward Gibbon também sentiu gratidão quando com-parou o cristianismo com outros movimentos revolucionários que têmsurgido ao longo da história.

Enquanto o enorme Império romano foi invadido pela violên-cia aberta e minado por uma lenta decadência, uma religião

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pura e modesta se insinuou suavemente na mente dos homens,cresceu obscura e silenciosamente, extraiu da oposição sofri-da um novo vigor, erigindo finalmente a bandeira triunfanteda Cruz sobre as ruínas do Capitólio.'

A IGREJA É O AGENTE DE DEUS

Para a maioria de nós, a "história santa" se refere ao que aconteceuno passado na história da igreja ou ao que vai acontecer no futuro quan-do Cristo retornar. Raramente pensaríamos em usar a expressão "histó-ria sagrada" referindo-nos à época presente. Estamos suspensos em umestado de cristianismo de segunda categoria esperando para que os even-tos espirituais importantes da segunda vinda nos tirem dessa era destitu-ída de espiritual idade. É uma perspectiva do tipo "rodeie as carroças"que faz eco da mentalidade catedralesca da igreja. Certamente Deus nãofoi pego despreparado para essa época na história. Deus deve ter umaforma de alcançar os milhões que estão nascendo todos os anos. Qual-quer que seja o plano de Deus, ele vai fazê-lo por intermédio da suaigreja. Como disse Howard Snyder no seu livro Community ofthe King(A Comunidade do Rei):

A igreja é mais do que o agente de Deus para o evangelismo ea mudança social; ela é, em submissão a Cristo, o agente detodo propósito cósmico de Deus. O Reino de Deus está vindo,e na medida em que essa vinda do Reino ocorre na históriaantes da vinda de Cristo, o plano de Deus deve ser cumpridopor meio da igreja [...]A Bíblia diz que a Igreja é o corpo de Cristo. Ela é a noiva deCristo (Apocalipse 21.9), o rebanho de Deus (IPedro 5.2), otemplo vivo do Espírito Santo (Efésios 2.21-22) [...] Se a igre-ja é o corpo de Cristo - o meio pela qual o cabeça age nomundo - então a Igreja é uma parte indispensável do evange-lho, e a eclesiologia (teologia que trata da igreja) é inseparávelda soteriologia (teologia que trata da salvação ).5

É imprescindível que a igreja perceba o que Deus está fazendo epara onde ele está se movendo dentro da história. Avery Willis descrevea história como "história sagrada" (Heilsgeschichte I história da salva-ção), com o movimento da história de Deus fundamentando tudo o queo homem chama de história.

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peus não é um mero espectador esperando para ver o que oshomens vão fazer; ele é um participante ativo na redenção dahumanidade perdida [...] Deus-e~tá trabarhánd~ nãvidadõs'sêu~filhos, enviando-os para a seara; ele também está trabalhandonas pessoas do mundo preparando-as para o testemunho do seupovo. Devemos ver a sua mão por trás das massas à busca deuma vida melhor e na inquietação das nações [...]É como se Deus estivesse usando luvas em que uma palavra seencontra escrita em cada dedo: c!!ltura. política, sociedade, eco-nomia e religião. A mão de Deus está por trás de todos os afaze-

"f"esdos homens e das nações para produzir uma colheita."

o movimento de Deus na história vai desde a criação de Adão eEva, passando por Abraão e Moisés, Gideão, os profetas, até o nasci-mento de Cristo. Estêvão foi martirizado por causa da sua visão da his-tória sagrada. Leia o seu sermão marcante acerca da história sagrada deDeus (veja Atos 7). Lemos no Novo Testamento a história dos primeirosdiscípulos. Conhecemos Agostinho e outros pais da igreja. Conhecemoso lugar de Lutero e de Wesley na história sagrada de Deus.

Mas onde se encaixa a igreja do século XXI? Onde está o nossolugar na história sagrada de Deus? Será que a história secular é tão má ecorrupta que Deus não pode mais usar a igreja no seu curso espiritual dahistória?

A habilidade de Deus de fazer a diferença na história nunca depen-deu da qualidade dos seus seguidores. Sempre tem sido a vontade sobe-rana de Deus e o seu poder que têm redimido a história destrutiva dohomem. Nosso lugar na história de Deus é o mesmo de todos aquelesque vieram antes de nós. Nós hoje somos instrumentos da história sa-grada de Deus por meio de quem ele continua redimindo, renovando erevolucionando.

NINGUÉM USA SAPATOS AQUI!

Duas companhias de sapatos queriam abrir um novo mercado emum novo país. Cada companhia enviou um vendedor para avaliar as pos-sibilidades. Os dois vendedores descobriram os mesmos fatos. Ninguémusava sapatos naquele país. Um vendedor telefonou para a sua compa-nhia. "Cancele o pedido. Ninguém usa sapatos aqui". O outro vendedortambém telefonou para a sua companhia. "Triplique o pedido. Ninguémusa sapatos aqui".

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Sernelhanternenteà história dos dois vendedores de sapatos, oscristãos processam os~· esmos fatos mas chegam a conclusõesdiametralmente opostas ac rca da igreja no mundo atual.

Ao olharmos para a ituação do mundo atual, poderíamos concluirque estamos vivendo em um período da história que foi tolhido pelo queocorreu no passado com a Reforma. Estamos assustados com o que estáacontecendo hoje e compelidos a sentar e esperar o fim. Mas, por outrolado, alguém com visão pode dizer que esse período oferece a maioroportunidade para uma colheita jamais vista. Será que Deus não podefazer uma coisa extraordinária hoje? Ralph Neighbour tem sido por anoso vendedor de sapatos que triplicou o pedido. Ele tem falado das possi-bilidades e oportunidades:

Estou convencido de que a igreja tradicional em todo o mundoestá sendo lentamente substituída por uma ação de Deus. Osdesenvolvimentos que estão ocorrendo hoje são tão poderososcomo o levante em 1517 durante o tempo de Martinho Lutero.Não podemos dizer que Lutero foi o autor da primeira Refor-ma. Ele foi apenas o pavio que acendeu o fogo; a madeira secajá estava pronta para queimar.Os historiadores têm examinado as forças que estavam emjogonaquela época. O desenvolvimento da imprensa, a impaciênciafervescente com a ganância de Roma, a desilusão a respeito dossistemas filosóficos, a emergência de métodos científicos, tudocontribuiu para que aquele século fosse uma época de transi-ção. A igreja foi reformada pela mão de Deus para prepará-Iapara o novo mundo que estava prestes a surgir.O catolicismo da Idade das Trevas era simplesmente incompe-tente para lidar com o novo ambiente. A igreja reformada foium filho do seu tempo. Ela encarou cada novo evento com opoder do alto. Infelizmente, ela não conseguiu se soltar por com-pleto do molde antigo - e os ramos mais conservadores manti-veram o antigo costume de queimar nos postes em praça públi-ca aqueles que se atrevessem a ir mais adiante.Os estilos de vida da igreja tão apropriados para o período daReforma são agora impotentes. A igreja está impotente. Ela nãoconsegue se reproduzir a não ser que primeiro gere fisicamentenovos filhos. Tenho perambulado por esta terra desde 1974, e aimpotência está em todo lugar.Está na hora da segunda Reforma. O povo da terra tem entra-

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do em uma nova época, uma que nunca existiu antes em todaa história da humanidade. As mudanças estão ocorrendo emuma velocidade cada vez maior, e a igreja está se tornandocada vez mais irrelevante para lidar com as mudanças.'

SORRIA, SARA, SORRIA!

De que maneira a igreja institucional vai reagir àqueles que passa-rão a fazer parte da Segunda Reforma? O confronto mesclado com certaadmiração é uma boa possibilidade. Leonardo Bofffaz essa pergunta daigreja em relação à agitação causada pelo que ele chama de "reinvençãoda igreja" moderna. À luz dessas novas expectativas, o status quo sorriconscientemente e de forma cética diante da expressão de entusiasmo eesperança demonstrada.

Talvez a igreja institucional, com a experiência e prudênciade todas as pessoas mais velhas, vá sorrir ao ouvir essas refle-xões - como Sara. Ela era estéril e acreditava ser impossívelconceber um filho. Ela ri. Colocando-nos no lugar de Abraão,ouvimos a pergunta de Deus: "Por que Sara riu? Existe algu-ma coisa impossível para Deus?" (Gênesis 18.13,14). Sorria,Sara, porque embora estéril você se tornou fértil; você se tor-nou uma nova criação! Sarajá deu à luz. Ali, no útero da Sara,os sinais da nova vida já estão começando a aparecer: umanova igreja está nascendo, nos recônditos escuros da humani-dade."

Então o que a igreja institucional antiga e sábia vai fazer ao ouvirfalar novamente acerca da nova vida na igreja em células? Será que amudança, a renovação e mesmo a revolução não têm sido profetizadasem outros tempos da história quando a igreja era ainda mais jovem, naidade de dar à luz um filho? Agora a Noiva está idosa e o tempo passou!Brinque com os filhos que Abraão teve com Agar. Esqueça a vida novaque vem de um corpo velho.

. . e uma nova forma nascendo da antiga.ara va a vida exu erant

daquilo que já l2assou da idade. Sorria ao ouvir da interrupção da vidaconfortável com os choros e necessidades da nova vida. Sorria em silên-cio a respeito do pensamento de ter de reorganizar o velho lar para poderacomodar o novo. Esse sorriso de desconfiança vai se transformar em

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uma gargalhada alegre quando os primeiros movimentos forem sentidoslá bem no fundo do corpo da mãe. Aquele sorriso silencioso vai se trans-formar em uma gargalhada jovial. Haverá dor na hora de dar à luz masa dor será substituída pela alegria por causa da nova vida.A ~tão grande que AbraãQ e Sara vão chamar a criança de Isaque, que ~<1'iZêr riso.~o eles provavelmente riram de Jesus, Pedro, Paulo, Luteroe Wesley. Por que levar essas coisas muito a sério? A certa altura vocêvai perceber que o órgão para gerar o filho é velho demais, rígido e seco.Adote um filho! Compre um animal de estimação. Encontre programasque são para os filhos dos outros e brinque com eles. Encontre substitu-tos. Esteja satisfeito em sua idade avançada. Brinque com os filhos dosoutros, e saiba que quando você estiver velho você não conceberá algonovo.

Sim, "o estado atual das coisas" sorri quando sussurram acerca donascimento das revoluções da nova igreja. Boff dá a seguinte advertên-cia àqueles que sorriem acerca da revolução de Deus:

Isso é apenas o início, ainda em processo. Não é uma realida-de acabada. Pastores e teólogos, fiquem alerta! Respeitem essenovo caminho que está surgindo no horizonte. Não procuremcolocar esse fenômeno em uma caixinha de determinada cate-goria teológica pastoral destilada de outros contextos e outrasexperiências eclesiais. Em vez disso, assumam a atitude da-queles que estão dispostos a ver, entender e aprender.?

~

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(:=APÊNDICE\ \

ELEMENTOS DE COMUNIDADE:A MÃO

Este apêndice é uma adaptação do Capítulo 3 de RedefiningRevival [Redefinindo o Avivamento]. A ilustração da mão paraexplicar os elementos da vida da célula é um dos conceitos

mais importantes de meu ensino, e eu a incluo em praticamente to-dos os meus livros recentes. No entanto, comecei a usá-Ia depois queo livro A Segunda Reforma já estava sendo impresso em 1995. Porisso, fico muito feliz em poder incluí-Ia agora nesta edição em portu-guês.

CINCO ELEMENTOS BÁSICOS DA VIDA DA CÉLULA

Os cientistas usam cinco letras para os cinco elementos básicosque são usados para traçar o código genético humano. Esses cincoelementos básicos são arranjados em diferentes combinações e se-qüências e esclarecem a complexidade da vida sobre a terra.

A célula espiritual também contém cinco importantes elemen-tos que constituem a vida da célula. A mão é uma ilustração dessescinco importantes elementos e pode nos ajudar a compreender a sin-gularidade dos elementos atuantes em uma célula. Os elementos detreinamento, prestação de contas, I~ça e ~angeliswa atuam.to-dos em relação à com~dade -Esses elementos fluem do coração de

-Ueus e são extensões na célula de quem Deus é.

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Figura 10. Os cinco sistemas da célula

Essa ilustração da mão é simples o suficiente para que uma cri-ança a possa compreender, mas profunda o suficiente para que se com-preenda a verdadeira vida do Cristo onipresente na comunidade. Cris-to está no meio da célula. Assim, a plenitude da Trindade está ali - oPai, o Filho e o Espírito.

o POLEGAR REPRESENTA COMUNIDADE

A mão é um instrumento maravilhosamente planejado. O arranjodos quatro dedos com o polegar faz com que a mão humana seja espe-cial. Cada dedo funciona independentemente, mas também eminterdependência com o polegar.

Exatamente como todos os dedos funcionam em relação com opolegar, cada elemento na célula funciona em relação à comunidade.Os cristãos precisam estar em comunidade uns com os outros antesque os outros elementos possam ser vividos. lJeinamento (discipulado ),prestação de contas, liderança e evangelism& combinam-se como umtodo quando ativados na comunidade. No entanto, nenhum desses qua-tro elementos se unirá com os demais. Por exemplo, um foco em trei-namento muitas vezes negligencia o evangelismo. O elemento de pres-tação de contas pode se tornar legalista e restritivo enquanto estiver

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focado em si mesmo. A i~tegração do trabalho da igreja em torno delíderes com freqüência focaliza em dons específicos do líder e negli-gencia os outros elementos importantes. O evangel ismo como elemen-to integrante muitas vezes negligencia os outros quatro.

Mas a comunidade da célula do Novo Testamento integra os ou-tros elementos e permite que operem de modo apropriado no tempoapropriado.

"Permanecer em Cristo" (João 15 e João I) é a expressão quemelhor resume o significado de comunidade do Novo Testamento. Emseus discursos no Evangelho de João, Jesus explica seu relacionamen-to com seus seguidores. Ele permanece com eles e neles, e eles perma-necem nele. Permanecer em Cristo e Cristo permanecer em um grupode cristãos é o lugar da adoração e oração em comunidade, e da Pala-vra.

O polegar também representa o encontro da célula, que é a uni-dade organizada mais básica da vida em Cristo. Mas o polegar tam-bém representa o aspecto espiritual da vida da célula que une a vida detodos os membros à vida de Cristo. Juntos, na unidade mais básica doCorpo de Cristo, os cristãos vivem as implicações práticas das grandes <-

doutrinas da igreja.

" JO DEDO MÍNIMO REPRESENTA O TREINAMENTO

O dedo mínimo representa o treinamento dos bebês: os novoscrentes e os "pequeninos". .;

Os centros de força da mão estão localizados perto do polegar edo dedo mínimo. Esses centros de força funcionam juntos e permitemque a mão segure objetos com firmeza. A força da igreja é a nutriçãode bebês espirituais para levá-los à maturidade (representada pelo ladodo dedo mínimo) e a vida juntos em comunidade (representado pelolado do polegar).

A . acidade da ire' uidar dos novos crentes é uma dasmaiores tragédias do século XX. Um grande número e novos cristãosfoi gerado durante as últimas décadas, mas foi negligenciado e nãoaproveitado no ministério significativo dentro do sistema da igreja tra-dicional.

J) mundo sabe qye a melhor maoeira d0 cl:Iiclaf de lII" bebUilp",-contexto da t:!m~.Depois da queda da "cortina de ferro", descobriu-se que âlguns países do leste europeu haviam tentado cuidar insti-tucionalmente de um grande número de crianças. Fotografias e relatos

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de crianças que foram emocional e fisicamente prejudicadas choca-ram o mundo. Por melhor que seja o cuidado institucional, este não secompara com ocuidado de crianças em um ambiente familiar amoro-"so.§,rtIidado dos filhos espirituais de Dells no atacado leva aos mes-

~s terríveis resultados.Cristo proveu o CUidado de seus bebês espmtuais em famílias

espirituais. Igrejas que não têm uma estrutura familiar de grupo pe-queno tentam cuidar dos bebês espirituais em um ambiente institucionalmais estéril. Os novos cristãos são colocados em um ambiente de de-pósito na estrutura dominical. Não deveríamos ficar surpresos pelofato de a igreja ter sido menos que eficaz com esse tipo de abordagem.

Os novos cristãos em uma igreja em células são cuidados em umambiente familiar de grupo pequeno. Os líderes de célula são pais es-pirituais para os novos-convertidos. Os outros membros da célula sãoos irmãos e irmãs mais velhos que vão ajudar a guiar os passos dosnovos bebês. As atividades do dedo mínimo são o Trjlho de Treina-mento para os novos crent~~ventos especiais por meio dos quais

~stes recebem alimento.

o DEDO ANULAR REPRESENTA A PRESTAÇÃO DE CONTAS

No dia 3 de agosto de 1963, Mary Harrison e eu trocamos alian-ças como um símbolo de nosso compromisso mútuo. Prometemos serresponsáveis um pelo outro, prestar contas um ao outro, apoiar um aooutro, e amar um ao outro. Na vida da célula, o mesmo compromissoassociado com o casamento do Novo Testamento é vivido na unidadefamiliar espiritual da igreja.

Na vida da célula, o dedo anular representa a prestação de con-tas. O conceito do Novo Testamento para prestação de contas é ensi-nado nos trechos "uns aos outros". Sejam bondosos e compassivos unspara com os outros, perdoando-se mutuamente (Efésios 4.32). Sujei-tem-se uns aos outros, por temor a Cristo (Efésios 5.21). Suportem-seuns aos outros e perdoem as queixas que tiverem uns contra os ou-tros ... (Colossenses 3.13).

Quando compreendido corretamente, esse é um dos elementosmais preciosos da vida da célula. No entanto, a prestação de contas éatualmente provavelmente um dos elementos mais temidos emalcompreendidos na vida da igreja. Vi que cristãos em todos os paí-ses e culturas reagem negativamente ao termo "prestação de contas".É preciso olhar com empenho e longamente para encontrar alguma

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aplicação prática ~sse conceito na igreja do século XXI.Um dos nomes que Jesus utiliza para o Espírito prometido expli-

ca o significado da prestação de contas. O Espírito é o Advogado: paraestar com vocês para sempre (João 14.16). Essa é uma ilustração mui-to linda da obra do Espírito Santo e do espírito de prestação de contas.O Espírito Santo caminha lado a lado e cuida do cristão.

Como os discípulos sabiam do que Jesus falava quando disse queo Espírito Santo estaria "caminhando lado a lado" com eles? Em seurelacionamento com Jesus, os discípulos haviam experimentado pres-tação de contas espiritual em seu verdadeiro significado. Ele haviaestado lado a lado com eles ao caminhar com eles, encorajando-os,apoiando-os e sendo seu advogado e amigo. Jesus havia prometidoque o Espírito Santo iria continuar esse relacionamento.

Essa obra do Espírito se multiplica em uma célula quando o Es-pírito recruta cada membro a compartilhar sua obra de "caminhar ladoa lado" com cada um dos outros membros da célula. O Espírito Santo,por meu intermédio, "caminha lado a lado" com você e o apóia e enco-raja. Então, o Espírito Santo, por meio de você, "caminha lado a lado"comigo e me apóia e encoraja. Esse belo ministério aniquila as ima-gens severas e desagradáveis que muitos têm quando pensam em pres-tação de contas.

As atividades ligadas com o dedo anular em uma igreja em célu-las começam com um mentor cristão maduro para cada novo crente.Os membros de uma télula que não estiverem mentoreando um novo-convertido formarão duplas para parceria de apoio mútuo, homens comhomens, e mulheres com mulheres. Esse dedo também representa osrelacionamentos de prestação de contas entre líderes que se apóiammutuamente em relacionamentos de mentoreamento. A-prestação decontas entre líderes se move constantemente para frente e para trásentre submissão e autoridade. Cada líder se submete a um líder, e porsua vez acompanha ou serve um outro líder. Genseqtrentemente, a Li:derança se move para frente e para trás entre a supervisão como servoe a submissão como servo.

o DEDO MÉDIO REPRESENTA A LIDERANÇA

O dedo médio é significativo porque é o dedo mais proeminente,representando o povo forte e maduro que são pais e mães. Deus comoPai é uma das verdades mais básicas de liderança. O coração de Deusé de geração e paternidade. É por isso que Cristo chama e prepara

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líderes. Seus líderes devem cuidar dos bebês espirituais e liderar o seurebanho.

A natureza trinitária de Deus melhor explica o conceito de lideran-ça de célula. Os cristãos experimentam a paternidade de Deus, afraternidade de Cristo e o cuidado paterno do Espírito Santo. Os paisexercem grande controle sobre os filhos. Entretanto, de manhã um paipode ser visto ajoelhado diante de uma criança inquieta de dois anos,ajudando-a a vestir suas meias e sapatos. Jesus edificou sua igreja emtorno de líderes que seriam capazes de se responsabilizar por outrosmembros. A liderança nasce do coração de Deus como Pai. Em 1João, oautor separa esse processo de mentoreamento entre pais,jovens e filhos.Pais (e mães) são cristãos maduros. Jovens (homens e mulheres) sãocristãos em crescimento. Filhos são os novos na fé. Os pais mento-reiamosjovens e osjovens mentoreiam os filhos. .---========='

Jesus demonstrou o relacionamento ;unoroso do Pai no seu conta-to com seus seguidores e com as crianças nas multidões. Membros ma-duros em uma célula vivem o amor e a vida de Deus Pai. Deus, o Pai,gera seus filhos espirituais na família espiritual da célula.

Paternidade implica em reprodução. O objetivo da célula é se re-produzir. Essa reprodução deve ocorrer primeiro na liderança. Somenteentão a célula poderá se reproduzir numericamente. Cada célula tem umlíder e desenvolve ao menos uma outra pessoa para se tornar líder. Alémda liderança na célula, esse dedo também representa o treinamento paraauxi Iiares, as reun iões de coordenação dos Iíderes e a estrutura de Jetro,por meio da qual a igreja em células coordena o trabalho do ministériopor intermédio de seus líderes.

o DEDO INDICADOR REPRESENTA O EVANGELlSMO

O dedo indicador é bom para apontar, indicar e pegar coisas. Essededo representa o evangelismo, porque a célula existe para apontar emdireção aos perdidos, indicar os membros da célula para os perdidos epara "pegar" aqueles que estão separados de Deus.

Jesus veio para buscar e salvar os perdidos. É o propósito eternode Cristo atrair todas as pessoas a ele. Como ele é o centro da célula, seudesejo é cumprido por meio da célula. Jesus prometeu: Quando for le-vantado da terra, atrairei todos a mim. O começo do evangelismo ocor-re quando Cristo é levantado na célula. Cristo então atrai os perdidospara si.

O relacionamento de uma célula com a sociedade espiritual em

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que está inserida é ~J)te parecido com o de uma família nuclear.No primeiro nível, vemos a família imediata. Então vem a família "am-pliada" de outros cristãos integrantes de famílias de outras células.Aqueles que vivem na vida de célula um outro tipo de família são afamília "adotada". Ben Wong explica esse conceito de família "adota-da". Ben diz que ele não tem problemas com células grandes. Na ver-dade, ele quer que suas células sejam grandes. Para Ben, uma célulapode ter apenas 10 cristãos, mas na realidade tem 100 membros. No-venta pessoas estão perdidas e apenas ainda não sabem que fazem par-te da célula. A célula as inclui na família de Deus e crê e ora para quesejam salvas.

O evangelismo em uma igreja em células é diversificado, criati-vo e abrangente. Por meio das células, uma igreja em células lançarádiferentes redes de evangelismo. O evangelismo de relacionamento éa forma básica de evangelismo em uma igreja em células. Para poderalargar o oikos (contatos expandidos) de uma célula, uma igreja emcélulas irá evangelizar por meio de grupos especiais que têm comoalvo incrédulos que estão fora da esfera de relacionamento dos mem-bros das células. s igrejas em células também planejam eventos decolheita de tempos em tempos ara ue u as assam se reunir e

e céIula~rup~_2ar,! u}!leventoe.s.peciatr------------- _

o TESTE DA MÃO

Você consegue se lembrar dos cinco sistemas essenciais da célu-la? Olhe para a sua mão e cite os cinco sistemas. Comece com o pole-gar, então o dedo mínimo, o dedo anular, o dedo médio e, finalmente,o indicador. Essa é uma ilustração simples de como Cristo, por meiodo Espírito, expressa sua vida por meio da unidade mais básica de seuCorpo ... a célula.

O desejo do coração de Cristo é habitar com seus seguidores eque seus seguidores permaneçam nele. É por isso que a célula vive aprópria vida de Cristo à medida que ele habita na célula e a célulapermanece nele (polegar). O desejo do coração de Cristo é cuidar dosbebês. Portanto, por meio da célula Cristo vive o desejo do seu cora-ção de cuidado pelos novos-convertidos (dedo mínimo). A natureza deCristo é caminhar lado a lado e cuidar de seus seguidores. Ele faz issona célula, quando membros maduros cuidam dos novos-convertidos eos outros membros se apóiam mutuamente (dedo anular). Deus se re-vela como um Pai que ama e lidera. Líderes são designados para cada

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célula e líderes são identificados e desenvolvidos porque esse é o ver-dadeiro desejo do coração de Deus (dedo médio). Deus amou o mundode tal maneira que morreu para atrair todos os homens a si. É assimque ele é. A célula é uma extensão do amor e do ministério de Cristopara alcançar os perdidos e feridos (dedo indicador).

Agora, com a sua mão você leva consigo uma ilustração da célu-la a todo lugar que você for. Cada vez que você olhar para a sua mão,poderá se lembrar da vida dinâmica e do ministério de Cristo por meiode sua célula.

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A Igreja dCOVO Testamento no século XXI 277

NOTASIntrodução

I T. S. Kuhn, The Copernican Revolution (Cambridge, Mass., 1957), p.138, citado em Thomas S. Kuhn, The Structure ofScientific Revolutions(Chicago: University ofChicago Press, 1962), p. 83.

Parte IElton Trueblood, Your Other Vocation (New York: Harper and Brothers,1952), p. 32.

Capítulo 1I Christian Smith, "Tub Drains, Planets, & Mountain Bikes: On the Needfor an Ecclesiological Paradigm Shift," Voices Newsletten Number 1, p.1.2 Smith Voices Newsletter, Number 1, p. 1.3 Stephen R. Covey, Principle-Centered Leadership (New York: Simonand Schuster, 1991), p. 67.4 Herb Miller, ed., "Letter to President Jackson," Net Results Magazine,março 1991.5 Edward de Bono, Lateral Thinking (New York: Harper & Row, 1970), p.13-14.

6 Joel A Barker, Discovering the Future (Lake Elmo, MN: I. L. I. Press,1989), p. 60.

Capítulo 2"Talvez a igreja ..." Elton Trueblood, Yoke of Christ (New York: Harperand Brothers, 1958), p. 115.I Ralph W. Neighbour Jr., "Welcome to the Cell Church!," Cell ChurchMagazine, agosto 1994, p. 5.2 Citado em Robert Banks, The Home Church (Sutherland, Australia:Albatross Books, 1986), p. 70. '-o

Capítulo 3"Uma das tragédias ..." Samuel Miller, "The Evaluation of Religion,"Saturday Review, 14 novembro 1959, p. 70, citado em Robert A. Raines,New Life in lhe Church (New York: Harper & Row, 1961), p. 141.I Raines, New Life in the Church, p. 141.2 H. S. Vigeneno, Jesus The Revohaionary (Glendale, CA: G/L Publications:

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Capítulo 9"em Cristo ... " E. Y. Mullins, The Christian Religion in Its DoctrinalExpression (Nashville, TN: Broadman Press, 1945), p. 173.I Francis A. Schaeffer, True Spiritualuy (Wheaton, IL: Tyndale HousePublishers, 1971), p. 72.2 Schaeffer, True Spirituality, p. 172.J Earnest Loosely, When the Church Was Young (Autun, ME: ChristianBooks Publishing House, 1935), p. 79.4 Ray Stedman, A Igreja, corpo vivo de Cristo (São Paulo, SP: EditoraMundo Cristão, 1974), p. 128.5 Schaeffer, The Church at the End of the 20th Century, p. 66.

Capítulo 10"Deve haver uma ... " Schaeffer, The Church at the end ofthe 20th Century,p.56.I HowardA. Snyder, The Community of the King(Downers Grove, IIIinois:InterVarsity Press, 1977), p. 147.2 Elton Trueblood, The Incendiary Fellowship (New York: Harper & Row,1967), p. 89.J Stedman, Ray, A Igreja, corpo vivo de Cristo, p. 106.4 F. F. Bruce, The Spreading Flame (Grand Rapids, MI: Wm. B. EerdmansPublishing Company, 1958), p. 15.5 Michael Green, Evangelism in the Early Church (Grand Rapids, MI:Wm. B. Eerdman's Publishing Company, 1970), p. 208.6 John N. Vaughan, The Large Church (Grand Rapids, MI: Baker BookHouse, 1985), p. 41.7 William Barclay, The Lord's Supper (London: SCM, 1967), p. 10l-I 04,citado em Banks, The Home Church, p. 59.

Capítulo 11A Reforma ... " William R. Estep, TheAnabaptist Storm (Grand Rapids, MI:Wm. B. Eerdmans, 1975), p. 182.I Martin Luther, Luther's Works, vol 53, Preface to The German Mass andOrder of Service, ed. Helmut T. Lehmann, trad. Paul Zeller Strodach(Philadelphia: Fortress Press, 1965), p. 63-64.2 D. M. L10ydJones, "Ecclesiola in Ecclesia," Approaches to the Reformationofthe Church, (Papers from the Puritan and Reformed Studies Conference),1965, pp. 60-1.J Kenneth J. Derksen, "The Collegium Pietatis as a Model for Home BibleStudy Groups," Crux XXII no. 4 (dezembro 1986): 20, citado em Doyle L.

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Young, New Life For Your Church (Grand Rapids, MI: Baker Book House,1989), p. 107.

4 Derksen, "The Collegium Pietatis," 21, citado em Yong, New Life ForYour Church, p. 108-9.5 Howard A. Snyder, The Radical Wesley and Patterns ofChurch Renewal(Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 1980), p. 54-5.6 John Wesley, Wesley s Works vol. 8 (London, Wesleyan-Methodist Book-Room), p. 251.7 Wesley s Works vol. 2, p. 482.8 Wesley s Letters vol. 7, p. 154.9 R. W. Stott, One People: Laymen and Clergy in Gods Church (DownersGrove, IL: InterVarsity Press paperback), p. 88, citado em Stedman, BodyLife, p. 112.10 C. Kirk Hadaway, Stuart A. Wright an rancis M. DuBose, Home CellGroups and House Churches (Nashvi e: Bro man Press, 1987), p. 233.

Capítulo 1~"Tem de haver ... " Schaeffer, True Spirituality, p. 171.I Dr. Wallace, "Who's Afraid ofthe Holy Spirit," Christianity Today 12setembro 1994, p. 35.2 Rodman Williams, Renewal Theology Vol. 1 (Grand Rapids, MI:Zondervan, 1988), p. 146.3 Schaeffer, True Spirituality, p. 63.4 Schaeffer, True Spirituality, p. 63.5 "Baby Boomer Exodus from Church Noted," Houston Chronicle June 5,1992,p.12A.6 Schaeffer, The Church at the End of the 20th Century, p. 71, 72.7 Engel and Norton, What s Gone Wrong With The Harvest?, p. 136.

Parte In

Capítulo 13"Se Deus ... " Trueblood, Companyofthe Committed, p. 113.I Raines, New Life in lhe Church, p. 103.

Capítulo 14"O sistema ... " Citado em Michael E. Gerber, The E Myth: Why Most SmallBusinesses Don t Workand What lo Do About II (New York: HarperColI ins,1986): p.l09.I Peter R. Scholtes, The Team Handbook: How lo Use Teams lo Improve

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Quality (Madison, WI: Joiner Associates Inc., 1988): p. 2-8.2 Lyle E. Schaller, The Change Agent: The Strategy of lnnovative Leadership(Nashville: Abingdon, 1972): p. 175.3 Gerber, The E-Myth, p. 604 Gerber, The E-Myth, p. 55.5 Gerber, The E-Myth, p. 60,61.6 Gerber, The E Myth, p. 141.7 James F. Hind, The Heart and Soul of Effective Management: A ChrisüanApproach of Managing and Motivating People, citado em Life (dezembro1994): p. 79.

8 Schaller, The Change Agenl, p. 89.9 Christopher Sower and others, Community lnvolvement, (Glencoe: FreePress 1958),306-314, citado em Schaller, The Change Agent, p. 89.

Capítulo 15"Cada atividade ... " W. Edwards Deming, Out of Crisis (Cambridge:Massachusetts Institute ofTechnology Center for Advanced EngineeringStudy, 1986), p. 87.1 Webster s New World Dictionary (1990).2 Raines, New Life in the Church, p. 78.

Capítulo 16"O protótipo ... " Gerber, The E-Myth, p. 54.1 W. Jack Duncan and Joseph G. Van Metre, "The Gospel According toDeming. Is It Really New?" Business Horizons, julho-agosto. 1990, p. 5.2 Gerber, The E-Myth, p. 54.3 Deming, Out of Crisis, p. 128-9.

Capítulo 17"O protótipo ... " Gerber, The E-Myth, p. 541 Coleman, The Master Plan ofEvangelism (Old Tappen, NJ: Revell CO.,1963), p. 21.

2 Ralph Neighbour Jr., Where Do We Go From Here? A Guidebookfor lheCell Group Church (Houston: TOUCH Publications, 1990), p. 202.3 Stedman, Body Life, p. 114.4 E. Stanley Jones, The Way (New York: Abingdon-Codesbury Press, 1946),p.272.

Capítulo 18"O obreiro evangélico precisa decidir ..." Co1eman, The Master Plan of

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Evangelism, p. 371 Coleman, The Master Plan of Evangelism, p. 109.2 Coleman, The Master Plan of Evangelism, p. 31-32.3 Paul M. Zehr and Jim Egli, Alternative Models to Mennonite PastoralFormation (Elkhart, IN: Institute ofMennonite Studies, 1992), p. 43.4 Coleman, The Master Plan of Evangelism, p. 46.5 Coleman, The Master Plan of Evangelism, p. 26.6 Deming, OutofCrisis, p. 129.

Capítulo 19"Para um paradigma ... " Kuhn, The Structure ofScientijic Revolutions, p.158.

1 Schaller, The Change Agent, p. 104-109.2 Dietrich Bonhoeffer, Life Together (san(\an . co: Harper and Row,1954), p. 27-28.

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Capítulo 20"O grupo pequeno ... " Snyder, The Problem ofWineskins, 144.1 Yonggi Cho e Harold Hostetler, Successful Home Cell Groups (SouthPlainfield, NJ: Bridge Publishing, 1981), p. 21-24.2 Karen Hurston, Growing the World s Largest Church (Springfield, MO:Gospel Publishing House, 1994), p. 86.

Capítulo 21"Muito da singularidade ..." Trueblood, The Incendiary Fellowship, p. 107.1 John Stott, The Spirit, the Church and the World: The Message of .Acts(Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 1990), p. 59.2 Stott, The Spirit, lhe Church and lhe World,p. 59.3 The World Book Dictionary, 1978 ed.4 Stott, The Spirit, lhe Church and lhe World, p. 895 Jess Moody, A Drink at Joel s P/ace (Waco, TX: Word, 1967), p. 22,17,citdo em Snyder, The Problem ofWineskins, p. 105.6 Lee and Cowan, Dangerous Memories, p. 35.7 Stedman, Body Life, p. 15.8 Stedman, Body Life, p. 37-38.9 W.O. Carver, Forward to What is lhe Church? Por Duke McCall (Nashville:Broadman Press, 1958), p. 3.10 W. O. Carver, The Glory of God in lhe Christian Calling (Nashville:Broadman Press, 1949), p. 42, citado em Charles L. Chaney, Church Plantingat lhe End of lhe Twentieth Century (Wheaton, IL: Tyndale, 1982), p. 22.

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