SEGURANÇA E HIGIENE DO TRABALHOSEGURANÇA E HIGIENE DO TRABALHO Mário Jorge Branquinho A...
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SEGURANÇA E HIGIENE
DO TRABALHO
Mário Jorge Branquinho
A evolução técnica, económica e organizacional das empresas tem vindo a gerar novos riscos ocupacionais e uma conseqüente necessidade de desenvolver técnicas e
metodologias para o seu controlo efectivo. Historicamente a Segurança como sinónimo de prevenção de acidentes evoluiu de uma forma
crescente, englobando um número cada vez maior de factores e actividades.
A Segurança dos locais de trabalho constituiu a primeira preocupação social que impulsionou a
criação de legislação laboral. H.W. Heinrich considerou os custos dos acidentes
divididos em directos (custos segurados, que englobam indemnizações, gastos em assistência
médica e encargos acessórios de gestão) e indirectos (custos não segurados abrangem o tempo perdido pelo acidentado, o tempo utilizado na investigação
das causas de acidente e tempo necessário à selecção e formação de um substituto do acidentado,...
Frank Bird Jr. baseou a sua teoria de controle de perdas, apresentando uma teoria de pirâmides.
Posteriormente desenvolveu-se uma nova concepção, a partir de estudos de Wille Hammer, designada por
Engenharia de Segurança de Sistemas ou Segurança de Sistemas. Permitiu reunir técnicas as
quais demonstraram ser de grande valia na preservação de recursos e materiais dos sistemas de
produção.
Conceito de acidente de trabalho
Segundo a Base V, nº 1 da Lei nº2127 de 3/8/1965, é acidente de trabalho o acidente que
se verifique no local e tempo de trabalho e produza directa ou indirectamente lesão corporal, perturbação funcional ou doença de que resulte a morte ou redução na capacidade de trabalho ou de ganho.
Constituem acidentes de trabalho, os que se verifiquem: *no local e tempo de trabalho; *fora
do local ou do tempo do trabalho, quando verificados na execução de serviços
determinados pela entidade patronal ou por esta consentidos; *na ida para o local de trabalho ou no regresso deste, quando for utilizado meio de transporte fornecido pela entidade patronal; * na execução de serviços espontaneamente prestados e de que possa resultar proveito económico para a entidade patronal; * no local do pagamento da
retribuição, enquanto o trabalhador aí permanecer para tal efeito; * No local onde ao
trabalhador deve ser prestada qualquer assistência ou tratamento, por virtude de anterior
acidente e enquanto aí permanecer para esses fins.
Descaracterização do acidente de trabalho Quando o acidente pode parecer formalmente
como de trabalho, mas em que a lei o descaracteriza como tal.
Casos em que os acidentes deixam de se considerar de trabalho: *o que tiver sido dolosamente (intencional, deliberadamente) provocado pela vitima ou provier de um seu acto ou omissão, se ela tiver violado, sem
causa justificativa, as condições de segurança estabelecidas pela entidade patronal; *O que
provier exclusivamente de falta grave e indesculpável da vítima; *O que resultar de privação permanente ou acidental do uso da razão do sinistrado, nos termos da lei civil,
salvo se tal privação derivar da própria prestação do trabalho, ou se a entidade
patronal ou o seu representante, conhecendo o estado da vitima, consentir nesta prestação (ex. embriaguez); * O que provier de caso de
força maior.
Direito à reparação
O direito à reparação compreende: *A prestação em espécie e a prestação em
dinheiro. Indemnizações e pensões: ao sinistrado (por incapacidade Temporária
absoluta (ITA) ou parcial (ITP) para o trabalho; Indemnizações por incapacidade
permanente absoluta (IPA) ou parcial (IPP); em capital ou em pensões (sujeitas a revisão e remíveis); Aos familiares do sinistrado
(no caso de morte deste) – despesas de funeral e pensões (igualmente sujeitas a
revisão e remíveis). A reparação ao sinistrado – se do acidente
resultar redução na incapacidade de trabalho ou de ganho da vitima, este terá direito a
várias prestações (nº 1 da Base XVI). ... Pode operar-se a conversão da
incapacidade temporária em permanente. Não entram no contexto de retribuição as ajudas de custo e abonos semelhantes, ou as gratificações extraordinárias
concedidas como recompensas ou prémios pelos bons serviços do trabalhador. Os subsídios de Natal e de férias
integram o conceito de retribuição.
Obrigatoriedade do seguro de acidente de trabalho
As entidades patronais são obrigadas a
transferir a responsabilidade pela reparação de acidentes de trabalho para
empresas seguradoras.
Participação dos acidentes de trabalho Ocorrido um acidente, verificam-se as seguintes modalidades de participação: *Participação por parte da vitima ou
familiares beneficiários legais da pensão; * participação por parte das entidades patronais
com a responsabilidade transferida; * participação à respectiva instituição de previdência; *participação por parte do
médico de trabalho ao delegado de saúde e ao delegado do IDICT; *participação do
acidente de trabalho ao tribunal competente.
Análise de riscos
Constitui a primeira abordagem de um problema de segurança do trabalho. Ela tem como objectivo o
levantamento de todos os factores do sistema de trabalho Homem/ máquina / ambiente que podem causar acidentes. Teoricamente distingue-se o risco potencial, ao qual está associado conteúdo energético superior ao da resistência da zona do corpo eventualmente atingida; do risco efectivo ou perigosidade, que resulta da interacção homem / risco potencial no especo e no tempo.
Os métodos de análise de risco podem ser directos ou indirectos. Estes métodos, podem ser classificados de casuísticos (quando se analisam casos individuais) e estatísticos (quando se retiram elementos a partir de um elevado número de casos).
A análise casuística de acidentes tem seguintes objectivos: *aquisição de conhecimentos
relativos a factores de risco, eventualmente desconhecidos até á ocorrência do acidente; *
compilação de dados para a elaboração de estatísticas a nível de empresas ou colectivas,
com vista á implementação de um programa de prevenção de acidentes; * obtenção de
documentação a fornecer aos organismos oficiais e á Companhia Seguradora.
Causalidade dos acidentes
Heinrich considerava como um axioma da Segurança Industrial a sua teoria de
causalidade dos acidentes, também designada por teoria de dominó. Segundo ele, a base de
prevenção de acidentes poderá ser conseguida a través de uma abordagem imediata (controlo directo da actividade humana e do ambiente) ou a longo prazo (formação, educação). O acidente (ou incidente) – é um acontecimento não
planeado e não controlado, no qual a acção ou a reacção de um objecto, substância, indivíduo ou radiação resulta num dano
pessoal ou na probabilidade de tal ocorrência. Os vários factores na séria de ocorrência de acidentes desenvolvem-se pela seguinte ordem: *Ascendência e ambiente social; * falha humana; * acto inseguro (e condição
perigosa); * acidente; *dano pessoal; Modelo de comportamento de Peterson –
modelo de motivação-recompensa-satisfação.
Árvore de causas A análise da árvore de causas (ou de falhas) foi desenvolvida (1962) por H. A . Watson,
dos Laboratórios Bell Telephone. A construção de uma ou várias árvores de
causas permite revelar falhas críticas, embora por vezes ocultas.
Os acontecimentos, numa árvore de causas podem ser classificados do seguinte modo:
*acontecimento de topo (ex. falha luz); *acontecimento primário (ex. fala de
lâmpada); *acontecimento secundário, *acontecimento básico.
Estatística de acidentes de trabalho
A estatística constitui o método mais freqüente de análise de riscos, permitindo ao especialista de Segurança um conhecimento
efectivo da sinistralidade laboral e a conseqüente definição de prioridades no
controlo dos diferentes riscos.
Classificação dos acidentes de trabalho A 10ª Conferência Internacional dos
Estaticistas do Trabalho adoptou o seguinte critério para classificação de acidentes:
De acordo com as respectivas consequências- *Morte:acidentes normais; *incapacidade
permanente – acidentes de que resulte para a vítima, com carácter permanente, deficiência
física ou mental, ou diminuição da capacidade de trabalho; *Incapacidade
temporária; *outros casos. Segundo a forma do acidente – *Quedas de
pessoas; * quedas de objectos; *Marcha sobre, choque contra ou pancada por
objectos; *entaladela num objecto ou entre objectos; * Esforços excessivos ou
movimentos em falso; *exposição e/ou contacto com temperaturas extremas;
*Exposição e / ou contacto com corrente eléctrica; *Exposição e/ou contacto com substâncias nocivas ou radiações; *outras
formas de acidentes não classificados noutra parte.
Segundo o agente material - *Máquinas; *meios de transporte e de manutenção (meios elevatórios); * outros materiais (Recipientes sobre pressão, fornos, escadas); *Materiais, substâncias e radiações (explosivos, poeiras,
gases); *ambientes de trabalho; * outros agentes não classificados noutras partes; * agentes não
classificados por falta de dados suficientes; *segundo a natureza da lesão - *fracturas;
*Luxações; *entorses e distensões; *Comoções e outros traumatismos internos; * amputações e enucleações; *outras feridas; *traumatismos superficiais; * contusões e esmagamentos; *queimaduras; * envenenamentos agudos e
intoxicações agudas; *efeitos das intempéries e de outros factores exteriores; *asfixias; *efeitos
nocivos da electricidade; efeitos nocivos das radiações; *lesões múltiplas de naturezas diferentes;
*outros traumatismos ou traumatismos mal definidos. Segundo a localização da lesão - *cabeça
(excepto olhos); *olhos; * pescoço (incluindo garganta e vértebras cervicais); * membros
superiores (excepto mãos); * mãos; *tronco; * membros inferiores (excepto pés); *pés; *localizações múltiplas, *lesões gerais.
Tratamento da informação (participação dos acidentes)
Para o registo dos dados relativos aos
acidentes é fundamental a existência de um impresso de participação de acidentes, o qual deve conter toda a informação necessária á
caracterização do mesmo: indicação da vítima, profissão, idade, antiguidade na
empresa, hora do acidente, dia da semana, local, bem como dos dados referentes ás
classificações anteriormente enumeradas e ter em conta eventual indicação de testemunhas, bem como a descrição do acidente, incluindo
as suas casas fundamentais.
Principais índices estatísticos Índice de freqüência; Índice de incidência;
Índice de gravidade. Todos os índices estatísticos são reportados a um determinado
período de tempo, geralmente um ano.
Um serviço de Higiene e Segurança terá, as seguintes tarefas: * identificação e
controlo periódico dos riscos ocupacionais; informação técnica de trabalhadores, quadros e empregadores, quer na fase de projecto das
instalações, quer durante a laboração da empresa; * verificação e ensaios de materiais
e sistemas de protecção existentes ou a adquirir, designadamente equipamento de
protecção individual; * promoção da adaptação dos trabalhadores ás diferentes
tarefas e do trabalho ás suas características anatômicas e fisiológicas; *estabelecimento
de programas de prevenção e elaboração de propostas de regulamentação interna; fixação de objectivos de protecção e controlo de resultados.
Cumpre á comissão de segurança: *coordenação das actividades dos diferentes sectores; *apreciação do nível de higiene e
segurança na empresa, dotações orçamentais. A lei estabelece 3 modalidades de organização dos
serviços de SHST:*Serviços internos; *serviços interempresas; * serviços externos.
Dispositivos de protecção individual
Os riscos são fontes de acidentes. O seu controlo, dentro de limites aceitáveis, é o objectivo a atingir. Há 4 processos para o
fazer: *limitar / eliminar o risco; * envolver o risco (estes 2 envolvem medidas que se
designam por construtivas ou de engenharia); * afastar o homem (medidas organizacionais);
*proteger o homem (medidas individuais ou de protecção individual).
A adopção de medidas construtivas constitui o método mais desejável e eficaz de protecção.
A selecção dos dispositivos (ou equipamentos) de protecção individual deverá ter em conta: *os riscos a que está
exposto o trabalhador; * as condições em que trabalha; *a parte do corpo a proteger; *as
características do próprio trabalhador. Os equipamentos de protecção individual (epi)
devem obedecer aos seguintes requisitos: serem cómodos, robustos, leves e adaptáveis.
Para testar um novo epi, devem escolher-se trabalhadores com um critério objectivo de apreciação.
Principais tipos de protecção individual Protecção da cabeça
A cabeça deverá ser adequadamente protegida perante o risco de queda de
objectos pesados, pancadas violentas ou projecção de partículas. O casco é a parte
exterior do capacete, constituído por: calote, aba e pala. O arnês é o conjunto de elementos destinados a absorver a energia transmitida pelo choque e a manter uma
correcta posição do capacete sobre a cabeça do utilizador. É constituído por:
*suspensor; *banda; *cerra-nuca.
Para os capacetes de protecção industriais são aconselháveis os seguintes materiais: *plásticos termoendurecíveis; *liga de
alumínio; * termoplásticos.
Protecção dos olhos e do rosto
As lesões dos olhos podem ser devidas a diferentes causas: *acções mecânicas (através
de poeiras, partículas); *acções ópticas (através de luz visível, invisível, ou raios
laser); *acções químicas (através de produtos corrosivos); * acções térmicas, (devidas a
temperaturas extremas). Os olhos e também o rosto protegem-se com óculos e viseiras apropriados, cujos vidros deverão resistir ao choque, á corrosão e ás radiações, conforme os casos.
Os vidros dos óculos são de dois tipos: vidros de segurança e vidros coloridos.
Protecção das vias respiratórias A protecção é feita através dos chamados
aparelhos de protecção respiratória. Os aparelhos filtrantes (máscara) só devem ser utilizados quando a concentração de oxigênio na
atmosfera for de, pelo menos, 17% em volume. Os filtros de partículas impõem-se na protecção contra partículas em suspensão no ar. Os filtros mistos, destinam-se á retenção de partículas sólidas e/ou
liquidas, bem como gases e vapores do ar.
Protecção auditiva
Damongeot e Pfeiffer propõem a seguinte classificação de protectores auditivos:
Segundo o modo de utilização - *Abafadores (com banda sobre a cabeça,
com banda por detrás da nuca, montados em capacete de protecção); *tampões auditivos (pré-moldados, moldados pelo utilizador, realizados por medida, reunidos por uma
banda). Segundo o modo de funcionamento - *aparelhos passivos; *aparelhos não
lineares; * aparelhos activos; *aparelhos de comunicação.
Protecção do tronco
O tronco é protegido através do vestuário, que pode ser confeccionado em diferentes
tecidos. Gravata e cachecol constituem um risco,
devendo ser evitados.
Protecção dos pés e dos membros inferiores
A protecção dos pés deve ser considerada quando há possibilidade de lesões a partir de efeitos mecânicos, térmicos, químicos
ou eléctricos. Quando há possibilidade de queda de
materiais, devem ser usados sapatos ou botas, (de couro, borracha ou matéria plástica)
revestidos interiormente com biqueira de aço, com reforço no artelho e no peito do pé.
Em certos casos verifica-se o riso de perfuração da planta dos pés, devendo ser
incorporada uma palmilha de aço no respectivo calçado.
Em trabalhos húmidos ou encharcados obrigam á utilização de botins de borracha de
cano alto, de preferência com solas antiderrapantes. Para resistir ao calor deve
ser utilizado o couro.
Protecção das mãos e membros superiores
Como dispositivos de protecção individual usam-se luvas, dedeiras,
mangas ou braçadeiras. Os materiais mais utilizados dependem do agente agressor, e
são fundamentalmente os seguintes: *couro; *tecidos; * borracha natural; *plásticos; *malha metálica (em aço).
Protecção contra quedas (cinto de segurança)
Em todos os trabalhos que apresentam risco de queda livre (ex. construção civil,
montagens) deve utilizar-se o cinto de segurança. Este deve ser ligado a um cabo
de boa resistência, que pela outra extremidade se fixará num ponto
conveniente.
Prevenção e protecção contra incêndios
Os incêndios provocam anualmente nas empresas enormes prejuízos materiais e muitas vitimas, quer por queimaduras e ferimentos, quer, sobretudo, por
intoxicação. As causas mais frequentes dos incêndios são: *as
instalações eléctricas; *a utilização de chamas nuas e superfícies quentes; *a presença inadequada de
materiais inflamáveis, designadamente, líquidos e gases; *os aparelhos de aquecimento.
As áreas de armazenagem são habitualmente mais atingidas do que as de produção.
Química do incêndio
O incêndio é uma reacção de combustão (oxidação-redução) fortemente exotérmica e que se desenvolve de
uma forma descontrolada, quer no tempo quer no espaço. Tradicionalmente consideram-se 3 factores como
indispensáveis para a eclosão de um fogo: *combustível (substância redutora que vai arder); *comburente
(normalmente o ar); * energia de activação (energia mínima necessária para se iniciar a reacção, que é
fornecida pela fonte de inflamação). Técnicas de extinção do fogo: *Afastando-se o
combustível do alcance do fogo ou dividindo-o em focos de incêndio mais pequeno; *suprimindo ou limitando o
oxigênio; * limitando a temperatura.
Risco de explosão e de inflamação
A explosão resulta da libertação rápida e não controlável de uma dada quantidade
de energia. A energia libertada pode apresentar-se sob a forma de calor, luz, som e força mecânica; a
fonte de energia de uma explosão é uma reacção química.
Limites de explosividade são limites de concentração. Para a maior parte dos vapores de liquidos, gases e poeiras
inflamáveis, existe uma concentração mínima no ar ou no oxigénio – limite
inferior de explosividade; Proporção máxima de vapores, gases ou
poeiras, acima do qual há propagação das chamas – limite superior de
explosividade. As atmosferas potencialmente explosivas podem ser detectadas por explosímetros.
Líquidos inflamáveis
O ponto de inflamação é a temperatura para a qual a tensão de vapor do líquido se torna suficientemente elevada de modo a que os vapores emitidos formem com o ar uma mistura inflamável, mas insuficiente. É possível a partir de uma temperatura
chamada ponto de ignição ou de fogo. A temperatura de auto-ignição é a temperatura mínima para a qual um
material (sólido, líquido ou gasoso) se auto-inflama, isto é, sofre inflamação espontânea na ausência de qualquer
fonte de energia exterior. O ponto de inflamação é uma
característica importante dos líquidos inflamáveis, que permite classificá-los em função dos riscos que apresentam.
Uma outra característica que é necessário ter em conta é a densidade de
vapor. Gases
Os gases classificam-se habitualmente em dois grupos: inflamáveis e não
inflamáveis. Estes apresentam riscos sob o ponto de vista de incêndio.
Combustíveis sólidos correntes
São substâncias que se encontram, nos estabelecimentos industriais e
comerciais, quer como matérias primas, produtos intermédios ou acabados, quer
como materiais que fazem parte das construções (ex. carvão, madeira, papel,
têxteis). Estas substâncias não se inflamam se não quando submetidas a uma chama ou a uma fonte de calor
durante o tempo suficiente para provocar a emissão de vapores
inflamáveis.
Substâncias perigosas
São substâncias que podem, através de reacções químicas, provocar incêndios e
explosões ou contribuir para o agravamento de sinistros: *substâncias
oxidantes; * substâncias químicas combustíveis; *sunstâncias químicas instáveis; * substâncias químicas que
reagem com o ar ou com a água; *ácidos minerais; *halogéneos (flúor, cloro,
bromo, iodo); *explosivos.
Metais
A maior parte dos metais pode sofrer combustão em determinadas condições.
Alguns oxidam rapidamente em presença do ar ou da humidade,
libertando uma quantidade de calor suficiente para atingir a sua temperatura
de inflamação.
Plásticos Podem ser classificados em:
*celulósicos; *vinílicos; fenoplastos; *aminoplásticos; *e silicones. Os
plásticos são fonte de diversos riscos: *os seus constituintes são geralmente combustíveis. Alguns dos produtos
intermédios, são extremamente perigosos. *Os processos de fabrico
podem constituir causas de inflamação importantes; * a maior parte dos plásticos é combustível e arde em
presença de uma chama.
Causas de inflamação: *Fogos abertos – fogueiras, caldeiras, forjas, aparelhos de soldadura, etc.; *Faíscas de origem
eléctrica – máquinas rotativas, aparelhos de corte, dispositivos de protecção;
*Faíscas de origem electrostática – são de curta duração e não têm energia
suficiente para provocar a inflamação dos materiais combustíveis correntes;
*Faíscas originadas pelo choque – são geradas pelo contacto entre os dois
corpos, muito duros; *Superfícies ou pontos quentes – estes transmitem calor
aos corpos vizinhos por radiação e convecção (ex. tubos de aquecedores);
*Elevação de temperatura devido à compressão dos gases – , que pode
atingir valores muito elevados; *reacções químicas – podem constituir
uma causa de inflamação, quer pelo calor da reacção, quer pela sua acção
catalítica, que modifica as condições de inflamação; *electricidade atmosférica –
causa de inflamação só em caso de descarga directa, mas também por
indução; * Outras causas de inflamação,...
Prevenção de incêndios Prevenção – aplicar conjunto de medidas
tendentes a limitar a probabilidade de que o incêndio se inicie. A Protecção – consiste na adopção de medidas tendentes a minimizar as
consequências do incêndio. Actuação sobre o combustível – como medida de prevenção, irá centrar-se na supressão do mesmo ou no controlo de
formação de misturas inflamáveis. Podemos recorrer a vários processos: *evitar a presença de resíduos inflamáveis; *evitar a existência
de depósitos de produtos inflamáveis provisórios no interior da unidade fabril; *programar a manutenção periódica das
condutas de líquidos ou de gases inflamáveis; *substituir o combustível inflamável por
outro que o não seja nas condições de manipulação; *diluir a mistura por adição ao
combustível de uma outra substância que aumente o ponto de inflamação; *recobrir o combustível por uma camada incombustível; *promover a ventilação geral ou a aspiração
localizada em locais ou pontos onde se possam formar, misturas explosivas.
Actuação sobre a energia de activação A eliminação dos focos de ignição é
uma das técnicas mais frequentes e mais divulgadas de Prevenção de incêndios.
Actuação sobre o comburente
A eliminação sobre o comburente da atmosfera onde é manipulado o
combustível só é possível em certos casos, relativamente pouco frequentes.
Consideram-se atmosferas inertes aquelas em que se actuou mediante a adição de um gás inerte, diminuindo a
proporção do oxigénio.
Actuação sobre a reacção em cadeia Consiste na actuação sobre o
combustível mediante a adição de compostos que dificultem ou
impeçam a propagação da reacção de combustão.
Protecção estrutural e confinamento de incêndio – objecto de protecção estrutural
O controlo do incêndio, tanto no aspecto de Prevenção como no de Protecção, pode ser
levado a cabo por duas formas: activa e passiva. O controlo activo está ligado a uma
determinada acção sobre o fogo, Ex. prevenção activa – ventilação, eliminação de combustíveis,... Protecção activa – detecção,
evacuação, extinção. O controlo passivo refere-se aos métodos
cuja eficácia deve estar sempre presente, mas sem haver qualquer acção directa sobre o
fogo. Protecção Estrutural – o conjunto de peças e elementos construtivos de um
edifício, os quais sob a forma de controlo passivo, vão construir uma barreira ao
avanço do fogo, confinando-o a um sector e limitando as consequências do mesmo.
Comportamento ao fogo de materiais de construção
Comportamento ao fogo – conjunto das transformações físicas e ou químicas sofridas
por materiais, produtos e ou estruturas, quando expostos ao fogo (conceito engloba reacção e resistência ao fogo.Vários factores
condicionam a reacção ao fogo, ex. – inflamabilidade; combustibilidade;
velocidade de propagação da chama; gotejamento de materiais fundidos, produção
de gases, fumos, vapores, carga térmica.
Resistência ao fogo – intervalo de tempo (expresso em minutos) durante a qual provetes de elementos de construção, componentes ou
estruturas sujeitos a ensaios normalizados desempenham funções semelhantes do ponto de vista de segurança contra incêndios às que lhe são exigidas no contexto da edificação.
Consideram-se as seguintes classes de resistência ao fogo dos elementos de construção: *Estável ao
fogo; * Pára-chamas; *corta-fogo.
Escolha de materiais de construção A escolha de materiais tem uma importância muito grande. As consequências e a extensão
do incêndio podem ser limitadas graças à utilização de materiais com boa resistência ao
fogo. As estruturas em ferro, devem ser protegidas contra fortes elevações de
temperatura...
Protecção contra a propagação horizontal do incêndio – tem como finalidade dificultar a
propagação horizontal do fogo e do fumo. Os elementos de protecção actuam limitando a transmissão de calor e impedindo o derrame de líquidos combustíveis, delimitando assim
sectores de incêndio. Os principais elementos utilizados para
concretizar estes objectivos são: separação por distância, paredes corta-fogo e bacias de
retenção. Como auxiliar, considera-se as portas resistentes ao fogo.
Protecção contra a propagação vertical do incêndio
As correntes de convecção, geradas durante o incêndio, pelos gases de combustão a
elevadas temperaturas, ascendem, rapidamente, por qualquer conduta a que
tenham acesso. Além das aberturas verticais típicas
(janelas,...) deve prestar-se atenção especial ás condutas não previstas para a evacuação
de fumos, tais como condutas, respeitantes a ventilação, aquecimento ou climatização.
Avacuação
A evacuação deve ser correctamente programada e inserida no plano geral de
emergência da empresa ou do estabelecimento. Um plano de evacuação
apresenta duas componentes distintas: - uma c. Técnica, que preveja a cadeia detecção-
alarme-sinalização de acesso às vias de evacuação (saídas) e uma componente
humana, que optimize a utilização da componente técnica.
Existem várias disposições a respeito de saídas ou vias de evacuação: *nenhuma parte
dos edifícios deverá estar afastada de uma saída; *cada piso deverá ter, pelo menos, 2
saídas suficientemente grandes, protegidas; * as escadas de madeira, as escadas de caracol, os ascensores e as escadas de mão não devem
ser considerados saídas de emergência; *o acesso às saídas deverá manter-se sem
obstruções; a largura das saídas é em função do nº de pessoas a evacuar e do tipo de ocupação do local.
Caminhos de evacuação
Algumas disposições importantes para o projecto de caminhos de evacuação de edifícios: *cada piso
deverá dispor de uma ou mais saídas, caminhos de evacuação que conduzam à via publica; * a largura
das escadas deve ser suficiente para assegurar a evacuação do público; * para edifícios a construir não é permitida a continuidade das escadas entre os pisos acima e abaixo do nível de saída; * as escadas devem
ser lanços rectos de inclinação não superior a 78% (38º)
Luta contra incêndios
Para combater eficazmente um incêndio é fundamental agir rapidamente. Isso implica a existência de uma organização de defesa contra o fogo, comportando: *meios para
detectar o fogo, desde o seu início e alertas os bombeiros; *um material de extinção apropriado e sempre em condições de
funcionamento; *um pessoal perfeitamente instruído nas diferentes medidas de protecção a tomar e no emprego dos
diferentes meios de extinção. Detecção e alarme – O alarme pode ser dado de acordo com a importância das
instalações fabris: *por pessoal de vigilância; *por instalações de detecção; As
funções de um sistema de detecção automático são: *detectar rapidamente um
princípio de incêndio, através de um alarme pré-estabelecido (esta detecção terá de ser fiável); *localizar o incêndio no espaço; *executar o plano de alarme com ou sem intervenção humana; * realizar funções
auxiliares.
Agentes de extinção
Água – agente extintor utilizado para fogos importantes em edifícios e para a maior parte das matérias sólidas. A utilização de água pulverizada ou difusa constitui um
progresso na luta contra incêndios. Espumas – podem ser utilizadas actuando
Mecanicamente ou quimicamente. A espuma reduz a densidade da água, provocando a sua
flutuação em líquidos inflamáveis, a sua extinção é lenta e progressiva.
Dióxido de carbono – pode ser utilizado em extintores portáteis ou móveis sobre rodas e também em instalações fixas.
Pós químicos secos – os pós podem ser classificados em 3 grupos: *pó normal BC; *pó polivalente; *pós especiais. Iões extinguem o fogo por inibição.
Hidrocarbonetos halogenados – resultam da substituição de um ou mais
átomos de hidrogénio dos hidrocarbonetos por átomos de flúor,
cloro, bromo e iodo.
Areia – é um agente de extinção que age por abafamento e pode ser utilizado
em diferentes classes de fogo. Novos agentes extintores – (produtos
baseados em substância naturais e produtos sintéticos).
Classes de fogos: *Classe A – fogos de materiais sólidos, de natureza orgânica; *Classe B – fogos de líquidos ou sólidos
liquidificáveis; *Classe C – Fogos de gases; * Classe D – fogos de metais. Meios de extinção de incêndios –
*Extintores (devem ser colocados nos pilares ou nas paredes e em locais bem
amplos, se possível sinalizados e de preferência à entrada dos locais de
trabalho; *Rede de incêndio armada (que é constituída por várias bocas de incêndio normalizadas e regularmente
distribuídas pelos locais de risco a proteger);
Meios de segunda intervenção – o material de segunda intervenção é mais potente e exige pessoal especializado e
treinado regularmente. compreende: grupos de motobombas normalizadas;
hidrantes exteriores; coluna seca. Instalações fixas de extinção –
instalações fixas são, basicamente de dois tipos: modulares ou localizadas e
de inundação total. Organização da luta contra incêndios em
empresas: *Formação de pessoal; *planos de intervenção (indicando a ou as equipas de segurança a intervir, as diferentes operações ou manobras a
efectuar, os pontos de estacionamento ou de utilização dos dispositivos contra
incêndio ou salvamento, as bocas de incêndio a utilizar, o local previsto para instalação do posto de comando, onde
deverá estar o chefe de fogo...) Recomendações sobre incêndios
Riscos eléctricos O risco de contacto com a corrente eléctrica, ou seja a probabilidade de circulação de uma corrente eléctrica
através do corpo humano existe desde que a diferença de potencial entre os pontos de entrada e saída da corrente
eléctrica no corpo humano seja maior do que zero.
Os efeitos mais frequentes que a corrente eléctrica produz no corpo humano são: tetanização; paragem respiratória; fibrilação ventricular e
queimaduras (queimaduras electrotérmicas, Q. Por arco, Q. Mistas. Limiar de percepção – valor mínimo
de corrente sentida por uma pessoa atravessada pela mesma.
Marca eléctrica – pequena lesão 8queimadura) arredondada ou avalada,
que parece incrustada na pele sã, reveste-se de uma grande importância
sob o ponto de vista médico-legal.
Risco de electrocussão – designação dada aos acidentes eléctricos mortais,
resultam do contacto directo ou indirecto das pessoas com elementos ou materiais eléctricos apresentando uma diferença de potencial susceptível de
produzir efeitos fisiopatológicos perigosos.
As condições de protecção contra os choques eléctricos são determinadas tendo em conta: *o tempo máximo admissível da
passagem da corrente através do corpo humano; * a impedância limitando o valor da corrente eléctrica passando pelo corpo humano;
Distribuição de energia eléctrica Regimes de neutro – a expressão
regime de neutro simboliza a situação de uma instalação eléctrica em relação ao
potencial da terra. A escolha do esquema das ligações á terra, também designada regime de
neutro, está longe de ser neutra.
Medidas práticas de prevenção - Sistemas de protecção contra contactos
directos – a protecção contra contactos directos encontra-se assegurada se se considerar uma das seguintes medidas: *afastamento das partes activas; *interposição de obstáculos; *
Recobrimento das partes activas da instalação; * uso de tensão reduzida de segurança. Sistemas de protecção contra contactos indirectos – a protecção contra contactos
indirectos visa defender as pessoas contra os riscos a que podem ficar sujeitas em resultado de as massas ficarem acidentalmente sobre tensão.
Esta protecção pode ser realizada por qualquer das seguintes disposições: *Disposições destinadas a
suprimir o próprio risco; * disposições que consistem na ligação das massas á terra. Estas disposições podem ser passivas e preventivas,
assegurando ao nível do próprio aparelho eléctrico ou ao nível da instalação eléctrica: *emprego de
tensão reduzida de segurança; * separação de circuitos; * emprego de aparelhos de classe II de
isolamento; *inacessibilidade simultânea de massas e elementos condutores estranhos à
instalação; *isolamento de elementos condutores estranhos à instalação; *estabelecimento de
ligações equipotenciais.
Ligação equipotencial – estabelecer uma ligação equipotencial supõe igualar as tensões existentes entre duas massas
distintas. Medidas de protecção com corte
automático da alimentação – estas medidas são baseadas na limitação da tensão de contacto abaixo da curva de
segurança e nas características de funcionamento dos dispositivos de corte
automático. A sua aplicação impõe: *uma ligação das massas a um condutor de protecção, geralmente ligado a um elétrodo de terra; *um dispositivo de
corte automático cujas características de funcionamento devem permitir o
respeito das da curva de segurança. Aparelho diferencial – usado na instalação de um dispositivo de
protecção capaz de medir a corrente de defeito e cortar a instalação assim que é
atingido um valor especificado.
Terra e resistência de terra – a regulação eléctrica define “terra” como a massa condutora da terra. O electrodo
de terra é o conjunto de metais condutores enterrados destinados a
assegurar boa ligação eléctrica com a terra. Esta é a grandeza que condiciona a difusão da corrente no solo e depende: *da resistividade do terreno; *da forma e dimensão do eléctrodo. Os eléctrodos mais correntemente utilizados são: anel nas fundações do edifício; varetas, tubos; chapas.
Selectividade entre dispositivos
diferenciais – a selectividade entre dispositivos de protecção é destinada a
limitar o corte somente à parte da instalação na qual se encontra o defeito,
por isso só o dispositivo colocado a montante do defeito funciona.
A manutenção pode definir-se sob o ponto de vista industrial, de duas
formas: *conjunto de operações de conservação e assistência a instalações,
máquinas e aparelhos de modo a garantir a sua funcionalidade;
*movimentação ou deslocamento voluntário de cargas, compreendendo as
operações fundamentais de elevação, transporte e descarga.
Elevação e transporte manual de cargas – Riscos envolvidos: *a queda dos objectos
sobre os pés; *ferimentos causados por marcha sobre, choque contra ou pancada por
objectos penetrantes; * contusões provocadas por objectos penetrantes ou contundentes.
Parte destes riscos podem ser controlados pela utilização de dispositivos de protecção
individual, tais como: capacete, luvas e calçado de protecção, ou recorrendo a
aparelhos auxiliares. A solução de fundo está, sempre que possível, na mecanização e automatização de elevação e transporte de
cargas.
Métodos de elevação manual de cargas. * Riscos de lesão da coluna vertebral.
* Cargas máximas permitidas – os valores limite para elevação e transporte
manual de cargas dependem dos seguintes parâmetros: *idade, *sexo, *duração da tarefa, *freqüência do
movimento de elevação e transporte, * capacidade física do trabalhador.
Posturas e movimentos perigosos da coluna vertebral – a coluna não deve ser inclinada, nem rodada sobre o seu
eixo. Deve ser utilizada como um suporte e nunca como uma articulação. A elevação e o transporte manual de cargas requerem um grau elevado de
coordenação muscular Manutenção manual com utilização de aparelhos auxiliares - *Carros de
mão; * Rolos, tubos de pequeno diâmetro e patins; *ventosas, pinças e
imans; *
Tipos de máquinas transportadoras – podem agrupar-se em 2 tipos:
*aparelhos de funcionamento contínuo, que asseguram uma circulação
permanente dos materiais transportados (telas ou correias transportadoras); *aparelhos de
funcionamento descontínuo ou alternado, que tem dois ciclos de funcionamento –ida com a
carga e volta em vazio. Transporte por gravidade (ou de
plano inclinado) – como medidas de prevenção: *o transportador deve estar equipado com dispositivos mecânicos
ou eléctricos que impeçam a introdução das mãos nas áreas de perigo; *qualquer bloqueio no transportador nunca deve ser superado fazendo uso das mãos, mas sim mediante utilização das varas especiais.
Transportadores ou elevadores de copos ou cestos – são fundamentalmente constituídos por uma roda circular, a qual, tem no seu perímetro
exterior e a toda a volta, copos ou cestas suspensas num eixo, podendo nele serem fixos
ou móveis.
Transportadores aéreos em cadeia ou trollers – os materiais são suspensos por
uma série de ganchos suspensos na cadeia em intervalos regulares.
Transportadores de parafusos sem fim – são constituídos por parafusos que
produzem a movimentação da carga girando em torno do seu eixo.
Aparelhos de funcionamento descontínuo - *Gruas, guindastes e pontes rolantes; *
Macacos hidráulicos e mecânicos; *Empilhadores; *Ascensores e monta-cargas; *Portas e vias de circulação; Armazenagem – a armazenagem culmina a
seqüência de operações / elevação / transporte/ descarga. As regras básicas de segurança de uma armazenagem são: *o peso do material depositado
não deve ser superior à resistência do piso, *as pilas devem ficar afastadas pelo menos 50 cm das paredes a fim de não forçar a estrutura do edifício, permitir uma ventilação adequada e facilitar um eventual
combate a incêndio; A armazenagem dos materiais não deve prejudicar a ventilação, a iluminação e o trânsito de pessoas e viaturas; ao depositar material
não deixar saliências fora do alinhamento;...
Riscos de operações – condições inseguras, relativas ao processo operacional, ex.
máquinas desprotegidas, pisos escorregadios,... Riscos de ambiente –
condições inseguras relativas ao ambiente de trabalho, ex. a presença de gases e
vapores tóxicos, o ruído, o calor... A higiene industrial pode definir-se como
uma técnica de actuação sobre os contaminantes (ou poluentes) do ambiente, derivados do trabalho, com o objectivo de
prevenir as doenças profissionais dos indivíduos a eles expostos.
Os agentes agressivos do ambiente que podem afectar a saúde dos trabalhadores são de 4 tipos: químicos (poeiras, fumos,
neblinas, aerossóis, gases e vapores) físicos (ruído, vibrações, ambiente térmico, radiações ionizantes e não ionizantes, pressões anormais) biológicos (vírus,
bactérias, fungos,) ergonómicos (relacionados com factores fisiológicos e
psicológicos inerentes à execução das actividades profissionais).
São 4 os ramos de actividade que dão corpo á higiene industrial: Higiene
teórica (estuda a relação dose-resposta); higiene analítica (realiza a identificação
qualitativa e quantitativa dos contaminantes presentes no ambiente; Higiene operativa (efectua os estudos tendentes a eliminar o risco higiénico e higiene de campo (recolhe no próprio ambiente de trabalho os dados para o
estudo do problema higiênico e distribui-os pelos diferentes ramos de
higiene industrial).
Conceito de dose – A dose ou quantidade de contaminantes susceptível
de causar dano é independente dos factores intrínsecos, sendo expressa pela seguinte relação: D=T x C, em que T é o tempo ou duração da exposição; C é a
concentração média ponderada do contaminante.
Valores-limite de Exposição dos contaminantes – dizem respeito ás
concentrações no ar das várias substâncias e representam condições
para as quais se admite quase todos os trabalhadores poderem estar expostos,
dia após dia, sem efeitos adversos. Existem 2 categorias de valores-limite: *média ponderada; *concentração máxima.
Valores-limite de exposição para misturas – quando duas ou mais
substâncias perigosas agem simultaneamente a um mesmo nível de organismo humano, deve considerar-se o seu efeito isolado de cada uma delas.
Substâncias cancerígenas – Na tabela
aparecem 2 tipos de substâncias cancerígenas: C1 e C2.
Índices biológicos de exposição (BEI)– representam as quantidades-limite de substâncias a que o trabalhador pode estar exposto sem perigo para a sua saúde e bem-estar determinadas nos tecidos e fluidos biológicos (sangue,
urina) ou no ar expirado. Os BEI apresentam as seguintes
vantagens: *têm em conta todas as vias de entrada do contaminante no
organismo; *não é necessário atender aos tempos de exposição; *são tidos em consideração os hábitos individuais dos
trabalhadores;
Fundamentos da amostragem – Factores essenciais a considerar são: a localização, o tempo e a duração das colheitas, a altura em
que se deve proceder a essas colheitas, o número respectivo.
Para se estabelecer o período durante o qual se deve recolher uma amostra de contaminante devem considerar-se os
seguintes factores: *volume de amostra requerido; *acção do agente químico;
*flutuações apreciáveis na concentração. Ao efectuar-se as colheitas deve ter-se
em conta: *natureza do processo, variações nos parâmetros físicos,
localização dos trabalhadores, alterações nas actividades laborais.
Principais sistemas de colheita de amostras Gases e vapores - *colheita de ar sem
concentração de gases ou vapores; *colheita de ar com concentração de gases ou vapores.
Aerossóis - *Câmaras de sedimentação; *ciclones; * observadores e impactadores;
*precipitadores electrostáticos; *precipitadores térmicos; * filtros.
Aparelhos de leitura directa – são aparelhos que permitem realizar a
análise quantitativa de uma substância ou grupo de substâncias determinadas,
indicando directamente no mostrador ou registando a concentração dos contaminantes.
Desvantagens: *elevado custo inicial do equipamento; *necessidade de calibrações
frequentes; *meios de calibração insuficientes; *inespecificidade; * possível
má utilização por pessoal inexperiente. Métodos instrumentais de análise – os
métodos instrumentais de análise surgem a jusante das técnicas de
colheita de amostras anteriormente descritas após tratamento adequado.
De entre os métodos analíticos mais utilizados em higiene industrial, destacam-se: *para gases
e vapores – cromatografia em fase gasosa e espectrometria; potenciometria com eléctrodos
selectivos; análise de infravermelhos não dispersivos; *para aerossóis – gravimetria,
espectrometria de absorção atômica, microscopia com contraste de fase.
Ventilação industrial – A ventilação geral ou ventilação por diluição é
aplicável á renovação ou fornecimento de ar a uma área geral ou edifício com o
objectivo de proporcionar conforto, controlar o ambiente térmico ou ainda
garantir as condições de higiene laboral através da diluição do ar contaminado.
Ventilação localizada – para captar contaminantes existentes na atmosfera
dos locais de trabalho, preferencialmente junto ao ponto de geração ou dispersão dos mesmos. A ventilação localizada constitui o
método mais adequado para o controlo das concentrações atmosféricas de
substâncias em suspensão no ar e que apresentam um risco potencial para a
saúde ocupacional. Um sistema de extração localizada consta de 4 elementos: *dispositivo de captação (hotte);
*condutas ou tabagens; *Elemento motor do ar (ventilador); *elemento purificador do ar.
O Ruído constitui uma causa de incómodo para o trabalho,...
As suas características principais são: *o nível sonoro (pressão sonora);
*freqüência, composição ou espectro. Para se ter uma noção exacta da composição do
ruído é necessário determinar o nível sonoro para cada frequência.
A escala de frequências é usualmente dividida em 3 grupos: *infra-sons; *gama
de freqüência audível; *ultra-sons. Filtros de ponderação (A,B,C,D) – o mais importante é o A, que traduz aproximadamente
a resposta do ouvido humano. Tipos de ruído – um ruído pode ser
descrito pelo seu espectro de frequências, pelas variações de nível com o tempo e pelas características do campo sonoro.
O espectro de ruído pode ser contínuo, ou com sons puros audíveis. Segundo a dependência do
tempo o ruído pode classificar-se em estacionário e não estacionário. Este último pode ser
subdividido em 3 tipos: flutuante, intermitente e impulsivo. Este último pode ser impulsivo
isolado de energia e impulsivo quase estável.
Nível sonoro contínuo equivalente – a partir de um determinado nível de ruído, o efeito deletério do mesmo depende do produto do nível sonoro pelo tempo de
exposição. Medição do ruído – várias razões pelas
quais se procede á medição do ruído: *determinar se os níveis sonoros são
susceptíveis de provocar dano auditivo ou deterioração de ambiente; *determinar a
radiação sonora do equipamento; *obter dados para diagnóstico.
Aparelho para medir – sonómetro. Consequências do ruído – as perdas de audição são função da frequência e da
intensidade do ruído, sendo mais evidentes para os sons puros e para as frequências elevadas. Audiometria
permite estabelecer gráficos que indicam as eventuais perdas auditivas
em relação ao limiar de audição normal. Segundo Bell, pode ser esquematizada
em 3 estádios: estádio 0, 1,2 e 3.
Controlo de ruído – admite as seguintes soluções: *medidas organizacionais –
controlo administrativo; *medidas construtivas ou de engenharia – actuação
sobre a fonte produtora do ruído e sobre as vias de propagação; *medidas de protecção
individual – actuação sobre o receptor. medidas organizacionais – têm em vista a
redução do ruído ou do tempo de exposição. Medidas mais comuns – planificação da produção com vista á
eliminação de postos de trabalho sujeitos a elevados níveis de ruído, adopção de uma política de aquisição de equipamento em
que o factor nível de ruído seja considerado. Medidas construtivas – o método de
controlo mais eficaz é a actuação sobre a fonte produtora do ruído. Ex. substituição de máquinas lentas e de grande dimensão por máquinas mais pequenas e rápidas. Actuação sobre as vias de propagação:
*isolamento antivibrátil; *encapsulamento; *painéis anti-ruído; *tratamento acústico
das superfícies; *cabinas.
Controlo das vibrações – pode ser conseguido por 3 processos: redução das
vibrações na origem; * diminuição da transmissão de energia mecânica a
superfícies potencialmente irradiantes; * redução da amplitude de vibração das superfícies irradiantes atrás referidas.
Ambiente térmico
Homeotermia: manutenção da temperatura interna do corpo. Esta é assegurada quando o fluxo de calor
produzido pelo corpo é igual ao fluxo de calor cedido ao ambiente. É necessário
equilíbrio térmico. A análise do conforto ou do stress
térmico, num posto de trabalho, necessita do conhecimento de grandezas
físicas e características do ambiente considerado: *a temperatura do ar; * a
humidade do ar (absoluta e relativa); * a velocidade do ar; * o calor radiante (medido por termómetro de globo).
Ambientes térmicos quentes – quando o balanço térmico, calculado na base das
trocas de calor por radiação e convecção, é positivo.
Razões que conduzem a stress térmico: *aumento de metabolismo; *aumento da
temperatura do ar; *aumento da temperatura radiante média; *uma
modificação da velocidade do ar; *um aumento da humidade do ar.
Para tentar reequilibar o balanço térmico, o organismo reage
fundamentalmente por 3 processos denominados sobrecargas fisiológicas: *sobrecarga termostática; *sobrecarga circulatória; *sobrecarga de sudação.
Índices de stress térmico – o índice da temperatura efectiva foi estabelecido como o 1º índice fisiológico de stress
térmico. Foi posteriormente modificado, dando lugar ao índice de temperatura
efectiva corrigido.
Índices de sobrecarga fisiológica – a frequência cardíaca pode ser utilizada como índice de exposição ao calor.
Vários critérios definem as sobrecargas toleráveis: *a estabilização da
frequência cardíaca no decorrer do trabalho; *o nível da frequência cardíaca
ao longo do trabalho; *os valores de recuperação.
Optimizar um ambiente térmico industrial visa reduzir ao mínimo esses
ajustamentos e modificações, o que implica simultaneamente uma
optimização destes efeitos em termos de saúde, de segurança e de produtividade.
Actuação sobre stress térmico – medidas construtivas: *ventilação geral e climatização; *Protecção de paredes
opacas (tectos em particular); * Protecção de superfícies vidradas.
Higiene alimentar Metz refere os princípios de higiene de bebidas: a melhor re-hidratação é obtida
com água pura; as bebidas devem ser ingeridas a 12ºC aproximadamente; a
ingestão de cafeína não deve passar 400 mg por dia; bebidas alcoólicas interditas
ou limitadas,... Ambientes térmicos neutros – ambiente no qual a produção de calor metabólico é equilibrada pelos desperdícios de calor
sensível (convecção, radiação, condução), pelas perdas de calor respiratório e pela
transpiração insensível, sem que o indivíduo tenha necessidade de lutar contra o calor ou contra o frio.
Ambientes frios – são os ambientes térmicos para os quais o balanço térmico
calculado na base das trocas convectivas e radiantes, é negativo. Para tentar manter um balanço térmico próximo do zero, diferentes
reacções do organismo podem ser observadas: *sobrecarga termostática; *sobrecarga circulatória; *sobrecarga
metabólica.
Protecção contra o frio
Acção sobre o stress térmico – É necessário assegurar um balanço térmico nulo para um vestuário
adequado. O ar dentro do vestuário assegura um bom isolamento do
vestuário em si, mas não necessariamente do conjunto homem-
vestuário.
Acção sobre a sobrecarga fisiológica – entre outros factores de selecção,
temos de destacar: *A relação superfície peso; *a camada de
gordura subcutânea; *aclimatação e adaptação ao frio.
Patologias devidas ao frio –
*frieiras; *Eritrocianose; *pé-das-trincheiras; *enregelamento.
Iluminação Cerca de 80% dos estímulos sensoriais são de
natureza óptica. Os olhos desempenham papel fundamental no controlo dos
movimentos e actividades do homem. Uma iluminação adequada é uma condição imprescindível para a obtenção de um bom
ambiente de trabalho. A qualidade da iluminação artificial de um
ambiente de trabalho dependerá fundamentalmente: *da sua adequação ao
tipo de actividade prevista; da limitação do encandeamento; *da distribuição conveniente
das lâmpadas; *da harmonização da cor da luz com as cores predominantes do local.
Visão – Deve evitar-se fadiga visual, que se manifestam por uma série de sintomas de incomodidade, que vão desde uma visão
toldada até dores de cabeça, contracções dos músculos faciais e mesmo por uma postura
geral do corpo incorrecta. As pausas na observação têm um efeito
benéfico.
Grandezas fotométricas fundamentais – Fluxo luminoso: é a quantidade total de luz
emitida por uma fonte luminosa. Intensidade luminosa: É a medida do fluxo
luminoso emitido numa determinada direcção.
Iluminância: É a medida do fluxo luminoso incidente por unidade de superfície. É
medida por um aparelho chamado luxímetro, que é constituído por uma célula
fotoeléctrica. Luminância – É uma medida do brilho de
uma superfície. Leis da iluminação – A Lei de Kepler
estabelece que a iluminância, numa superfície que corta perpendicularmente os raios luminosos, varia na razão inversa do quadrado da distância da fonte luminosa à
superfície. Factores mais importantes da iluminação Iluminação adequada: Os valores recomendados para os diferentes ambientes e tarefas a executar
oscilam entre os 150 e 2000 lx.
Necessidade de uma boa distribuição de luz. Encandeamento. Um nível de iluminação
muito elevado é geralmente desaconselhado na prática. Devem ser evitados: Tampos de Mesa reflectores; tábuas pretas em paredes brancas; paredes brancas brilhantes com soalhos escuros; elementos de máquinas
polidos. Luminárias – Quanto á forma como a luz é distribuída, as luminárias são classificadas em directas, semidirectas, difusas, semi-
indirectas e indirectas. Tipos de lâmpadas – *lâmpadas de
incandescência (tipo de lâmpadas mais antigas); *lâmpadas fluorescentes (tonalidade quente, tonalidade intermédia, tonalidade fria
Cintilação: efeito Estroboscópio – As lâmpadas fluorescentes produzem uma
cintilação para a frequência respectiva. Esta cintilação não é geralmente visível para o
homem, mas pode manifestar-se como efeito estroboscópio em partes de máquinas em
movimento.
Manutenção das instalações de iluminação A manutenção da rede de iluminação
deve ser cuidadosamente planeada, por razões de ordem técnica e económica.
Psicodinâmica das cores – as cores
constituem um importante complemento ambiental, capazes de, se bem
utilizadas, amenizarem condições naturalmente desfavoráveis.
As cores nos locais de trabalho podem ter as seguintes funções:
*ordenação e identificação; *indicação de dispositivos de
segurança (ex. vermelho – cor de proibição, amarelo – perigo, verde –
indicação serviços primeiros socorros, azul – fornecimento de
instruções várias).