Selecta estreia no Brasil com fundo de R$ 200 milhões · A Selecta Brasil Gestão de Ativos, do...

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52 NOVEMBRO 2011 VIDAIMOBILIÁRIA INVESTIMENTOS A Selecta Brasil Gestão de Ativos, do gru- po português José Mello, faz sua estreia no mercado brasileiro de fundos com uma carteira de participações imobiliárias para investidores institucionais. O Fundo terá um capital de R$ 200 milhões, representado por cotas de R$ 500 mil cada. Em entrevista à Vida Imobiliária, José António de Mello, presidente da Selecta, contou os planos da empresa no mercado brasileiro. Fale sobre essa nova estratégia de internacionalização dos ativos para investimento. Há cerca de um ano e meio, o Conselho de Administração da Selecta apresentou aos seus acionistas um projeto de internacionalização de investimento para fora da Europa. O Brasil foi o espaço escolhido. Várias foram as razões que suportaram a decisão, como a cultura e o fato da língua ser a mesma. Mas o mais importante foi a nossa convicção da existência de um gran- de potencial neste mercado. Reconhecemos que a conjuntura econômica e social é favo- rável - existem oportunidades muito atrativas para os investidores. A preocupação da Selecta - gestão de ativos no Brasil é estar ao lado do investidor. No Brasil, a área financeira está muito desenvolvida em consequência dos períodos difíceis que no pas- sado o país viveu e das fortes ligações ao mer- cado dos Estados Unidos. Na área imobiliária o mesmo -as técnicas de construção de edifícios e os projetos de arquitetura são de muita quali- dade. Acreditamos que trazemos valor e profis- sionalismo ao mercado fazendo a ponte entre Selecta estreia no Brasil com fundo de R$ 200 milhões Entrevista José António de Mello • Presidente da Selecta "O Brasil é um mercado muito evoluído e sofisticado em muitos aspectos. Tem uma legislação moderna e um órgão de supervisão que funciona. Tem pontos que deveriam ser melhorados, como a burocracia e o sistema fiscal" um setor e o outro. Além disso, acreditamos que a diferença também está na qualidade, no rigor e profissionalismo. Por isso, a Selecta Brasil aderiu ao Código ABVCAP/ ANBIMA de regula- ção e melhores práticas para o mercado de FIP. Também convidamos um conjunto de parceiros locais para integrarem um Conselho Consultivo. Como Presidente, temos o privilégio de ter o Dr. Romeu Chap Chap, que foi Presidente do Secovi e Conselheiro de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República. Qual o nome do Fundo que marca a estreia no Brasil? Por princípio temos a preocupação do Fundo ter uma imagem própria que o associe a um conceito. Na Europa, a designação dos nossos Fundos obedece a uma regra - identificar a natureza dos ativos com a política de investi- mento. Aqui no Brasil, por sugestão do Banco Badresco - nosso parceiro, escolhemos, numa primeira fase, associar o nome do Fundo ao da Sociedade. Assim, o primeiro Fundo tem a mar- ca Selecta I FIP. Quais as datas de lançamento e finalização da captação de recursos? Iniciamos um longo processo de constituição, registo e credenciação do nosso veículo junto da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). O Road Show junto de investidores começou em

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52NOVEMBRO 2011VIDAIMOBILIÁRIA

INVESTIMENTOS

A Selecta Brasil Gestão de Ativos, do gru-po português José Mello, faz sua estreia no mercado brasileiro de fundos com uma carteira de participações imobiliárias para investidores institucionais. O Fundo terá um capital de R$ 200 milhões, representado por cotas de R$ 500 mil cada. Em entrevista à Vida Imobiliária, José António de Mello, presidente da Selecta, contou os planos da empresa no mercado brasileiro.

Fale sobre essa nova estratégia de internacionalização dos ativos para investimento.Há cerca de um ano e meio, o Conselho de Administração da Selecta apresentou aos seus acionistas um projeto de internacionalização de investimento para fora da Europa. O Brasil foi o espaço escolhido. Várias foram as razões que suportaram a decisão, como a cultura e o fato da língua ser a mesma. Mas o mais importante foi a nossa convicção da existência de um gran-de potencial neste mercado. Reconhecemos que a conjuntura econômica e social é favo-rável - existem oportunidades muito atrativas para os investidores.A preocupação da Selecta - gestão de ativos no Brasil é estar ao lado do investidor. No Brasil, a área financeira está muito desenvolvida em consequência dos períodos difíceis que no pas-sado o país viveu e das fortes ligações ao mer-cado dos Estados Unidos. Na área imobiliária o mesmo -as técnicas de construção de edifícios e os projetos de arquitetura são de muita quali-dade. Acreditamos que trazemos valor e profis-sionalismo ao mercado fazendo a ponte entre

Selecta estreia no Brasil com fundo de R$ 200 milhões

EntrevistaJosé António de Mello • Presidente da Selecta

"O Brasil é um mercado muito evoluído e sofisticado em muitos aspectos. Tem uma legislação moderna e um órgão de supervisão que funciona. Tem pontos que deveriam ser melhorados, como a burocracia e o sistema fiscal"

um setor e o outro. Além disso, acreditamos que a diferença também está na qualidade, no rigor e profissionalismo. Por isso, a Selecta Brasil aderiu ao Código ABVCAP/ ANBIMA de regula-ção e melhores práticas para o mercado de FIP. Também convidamos um conjunto de parceiros locais para integrarem um Conselho Consultivo. Como Presidente, temos o privilégio de ter o Dr. Romeu Chap Chap, que foi Presidente do Secovi e Conselheiro de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República.

Qual o nome do Fundo que marca a estreia no Brasil?Por princípio temos a preocupação do Fundo ter uma imagem própria que o associe a um

conceito. Na Europa, a designação dos nossos Fundos obedece a uma regra - identificar a natureza dos ativos com a política de investi-mento. Aqui no Brasil, por sugestão do Banco Badresco - nosso parceiro, escolhemos, numa primeira fase, associar o nome do Fundo ao da Sociedade. Assim, o primeiro Fundo tem a mar-ca Selecta I FIP.

Quais as datas de lançamento e finalização da captação de recursos?Iniciamos um longo processo de constituição, registo e credenciação do nosso veículo junto da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). O Road Show junto de investidores começou em

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setembro. Fomos recebidos pelos operadores de maior relevo do mercado brasileiro. Para muitos investidores, o projeto que apresenta-mos é inovador face ao que até aqui tem sido a política dos investidores. Os processos de discussão e decisão internos, onde esperamos também poder ajudar, devem ter o seu tempo próprio. Por tudo isto, acreditamos que no início do próximo ano será possível fechar o Fundo.

O Fundo pretende investir em quais segmentos?O Selecta I FIP está estruturado para investir em ativos imobiliários de renda com potencial de valorização a médio prazo. Os segmentos que vamos dar preferência são os escritórios, galpões e turismo. Vamos acompanhar ati-vamente o ciclo de vida e de valorização dos ativos através da sua adaptação, reformulação até a fase do desinvestimento.

A Selecta pretende lançar outros fundos no Brasil?Nós viemos para o Brasil com um projeto de médio a longo prazo. Existe margem de cres-cimento para este tipo de investimento. A alocação de recursos em imóveis por parte de investidores institucionais no Brasil ronda os 3% do total dos ativos geridos face aos 8% no mercado europeu. Como se pode ver, o poten-cial é grande.

Quais são os desafios deste mercado aqui no Brasil?A tendência de redução da taxa SELIC vai ter um impacto direto na rentabilidade da ge-

neralidade dos investimentos. Os ativos de renda fixa passam a render menos. No passa-do recente, assistimos pelo Banco Central ao segundo corte consecutivo na SELIC que a colocou nos 11,5%. Para alguns, a SELIC pode chegar a 8,5% até final de 2012. Se tal acon-tecer, os impactos nos investimentos serão grandes. Se o juro cai e a inflação continua ao nível atual temos que procurar investimentos alternativos. O investidor deverá estar atento e o investimento imobiliário, cuja tendência a médio prazo acompanha a inflação, deve ser considerado um investimentos alternativo e de refúgio.

Como compara nosso mercado com outros países? Qual a principal diferença em relação ao mercado europeu?O Brasil é um mercado muito evoluído e sofis-ticado em muitos aspectos. Tem uma legisla-ção moderna e um órgão de supervisão que funciona. Tem pontos que deveriam ser me-lhorados, como a burocracia e o sistema fiscal. São processos longos e difíceis, mas que a pra-zo contribuem para a modernização do país e com certeza vão atrair mais investidores fora do Brasil.O Governo Federal está apoiando o setor pela crescente procura de escritórios, plataformas logísticas e infraestruturas turísticas associa-das ao aumento da população e a uma classe média que prospera. O Brasil como mercado emergente vai impor regras e condições dife-rentes daquelas que assistimos na Europa onde o mercado está maduro e a economia estável.

A concentração de população nos centros ur-banos, o crescimento do PIB, a redução da taxa de inflação e da taxa de juro, maior mobilidade social e aumento do crédito imobiliário são va-riáveis que sustentam o crescimento do merca-do no Brasil.

Conte brevemente o histórico da empresa no mundo. A Selecta é o a herdeira de uma experiência de dezenas de anos que o Grupo José de Mello de-senvolveu em gestão de ativos nomeadamen-te, através dos investimentos nas sociedades onde esteve presente. Refiro-me em particular, à Companhia de Seguros Império e ao Banco Mello, duas sociedades de referência no mer-cado europeu. Quando o Grupo decidiu desin-vestir nessas sociedades e as vendeu ao Grupo BCP Millennium, nos pediram para desenvolver o negócio baseado na gestão discricionária de base imobiliária.Tínhamos know how e pessoas disponíveis. Iniciamos o projeto em 2002 numa altura em que o mercado estava maduro e com algum aquecimento ao nível dos preços. Tentamos ser diferenciadores na abordagem da ges-tão e no produto que apresentamos. Foi um trabalho difícil, mas muito gratificante. Hoje temos um portfólio estável, em sete Fundos, num total de 500 milhões de euros. Os nos-sos investidores são na generalidade institu-cionais. Temos Fundos de Pensão, Fundações sem fins lucrativos, Companhias de Seguro e Family Offices de vários países da Europa, como Portugal, Espanha, Alemanha, Suíça e Luxemburgo.

"Nós viemos para o Brasil com um projeto de médio a longo prazo. Existe margem de crescimento para este tipo de investimento.

A alocação de recursos em imóveis por parte de investidores institucionais no Brasil ronda os 3% do total dos ativos geridos face

aos 8% no mercado europeu. Como se pode ver, o potencial é grande"