Seleta Em Prosa e Verso - Manu

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    do Curvelo.Dum momento de tundo desnimo, da mais agudasensao de tudo o que eu no tinha leito Da minha vida pormotivoda doena,saltou-mede sbito do subconsciente esse gritoestapaIIdio: "Vou-me embora pra Pasirgada!" Senti na rcdon-dilha a primeira c~lula de um poema, e tentei realiz-Ia, masfracassei. J nessc tempo eu n50 forava a mo. Abandonei aidi3. AlguDs anos d~pois, em id~:'lti::ascircunstncias de dc:;a-lc:ntoe t~dio, me ocorrclI o mesmo dl.:sabafode evaso da "vidabesta".8 Desta "cz o poema saiu sem esforo, corno se j esti-\ 'esse pronlo dentro de miut. Gosto dcsse poema porque vejondt!, em escoro,rvda a //linha I'ida; e tambmporquepareceque nele soube transmitir a tantas OUltas pessoas a viso e pro-messada minha adolescncia-essa Pas:rg:HJaonde podemos viverpelo sonho o que a vjJa madrasta no DOSquis dar. No souarquiteto, como meu pai desejava,n50 fil nenhumacas:t,masreconstru, e "no como{arma impcr~itanc~tc mundo de ap:m:n-das", uma cidade ilustre, que hojl.!nfio mais a PasrgadadeCiro, e sim a "plinha" Pasrgatla. ..liA llima Cano do B~co"U o melhorpoemaparaexem-ptiCicarcvmo em minha poesia quasetudo resulta de uni jogo

    de intuies. No (ao poesia quando quero e sim quandoela,poesia,quer. E da quersvezesemhorasimpossveis:omeiodJ noitc, ou quando estou em cima da hora parair dar lima aulana Faculdade de Filosofia ou sair para 11m jantar de cerim-nia, ., "A ltima Cano do Dcco"nasceunum momentodes-tes, s que o j:.mlar,n50 era de ccrimniJ. Na vesperade memudar da Rua MrJis e \'ale, s sds e lanto Lia t;mk. tinha euacabadode arrumar os meus tnx;os e cairJ ~:

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    Fernandcs, sentia no sei que pcquenillo alvoroo-alvoroo emsuma de:qualidadepotica.E ficavaintriga

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    (IE Rusbn, moralisla, cmina quc ela "a arre~enlaio, em formalmusical, imaginao, de nobres fundamentus s nubres emoes".No se pode negiJrque a msica seja um ekmenlo da velhapoesia, da poesia ao tempo em que ela foi assim definida. Hojesabemos que pode haver poesia sem msica, e poesia da melhor.Sem msica, bem eDt~ndido,no sentido de Do procurar o poctafazer o verso cantar DOpacma.Outro poeta, c que poeta! o grande romntico Coleridge, de.Ci-

    . --. niu o poema "aquela espciede composio que se ope s obras~ de cincia por visar como objeto imediato o p'~I e no/a ~!:dade". O objeto imediato, porque em profundidade ele "a iden-tidade de todos os oulros conhecimentos,a flor e o perfumedeI lodo o humano conhecimento". .\~ E aqui entramos DO conceito de pocsia-coDhecimento, Mui-tos so os que o afirmam.ParaLautramnt.eTaanunciaas rela-es existentes entre os primeiros principios e as verdades secun-IIV driasda vida.No\'alisj disseraque "a poesia o realabsoluto"."E o modernoMaritainpn:cisa: "Poesia o conhecimento,ncom-paravelmeDte: conhecimento-cxperincia, conhecimento emoo,~CODheCimentoexistencial. Ela o fruto do contacto do espritocom a realidade em si mesma inefvel e com a sua ronte, queacreditamos ser DCU5."O epteto "inefvel" leva-nos a um grupo de definics. onde

    icuimina. O conceiro na definio de Edwin Arlington Robinson.grande poeta norte-americano: "Poesia a linguagem que nosdiz, em virtude duma reao mais ou menos emocional, algumacoisa que no pode serdita."Devo esclarecerque todas cssnsdefiniese muitasoutrasquecoligi,aparecemem contextoonde se procura apreendera essn-cia do fenmcno potico: no foram apresentadas isoladamentecomo definiono sentidolgicoda palavra,c de isol-Iascomofiz, resulta uma certa mutilaodo pensamentode seus autores.Nada obstante, cada uma contmuma parcela de verdade,ilu-mina um ngulodo problema,que talvez insolvel.Todasmeparecem falar em termos de poesia, cum o seu vago, o seu mis-trio. Nenhuma se relere ao que a matria-prima da poesiaDa arte literria-as palavras, e tanto se podem aplicar arteliterria como msica e s artes plsticas. Paul VaJry men-ciona-as Duma definio que um pequenino poema: "Poesia ,'-:.., ,~ ~b. ~

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    a tentativa'ue repr~senlarou de resltuirpor meioda linguaccmarriculada aquelas coisas ou aquela coisa que os geslos,-a~ l.f~i-m~ carcias, os beijos, os su~piros procuram obscuramenteexprimir." E Andr Gide foi desenterrar de um prefcioesque-cido de Danville esta definio, que espanta tcnha sado da cabe-a de um daquelesmestresque Thib:lUdetchamouos Tetrarcasdo Pamaso:.Poesia.. essamagiaqueconsisteem despertar_sensaespor meio de uma combinao qe sons... essesortiigiograas:10 qual idias nos sonccesSariaiDi' -comunic:adas.deuma maneira cer.ta, por meio de palavras que todavia no as"expnmem.Comentando largamente a definio de Banville,.comca Gidepelos voclbulos "magia" e "sortilgio" (sorcel1erit): "Valf)", demaneira volunhiriamente ambigua, dir clJarme... O verdadeiropoeta ummago.No se trata tantopara elede ser comovido,mas de~~~ o IcitoLa comQY-,[:!e: 'po~ m~~__~~..un".!.5ombi-naQ~LJi~~o palavras. Que a sIgnificao oess3s p3ta--vras importa, no ser preciso dizer; no, porm, indepcnJ~nte-mente da sonoridadedelas. O versodeliciosode Racine, to !te-qentemenecitado como exemplo de cncantaoharmoniosa:IVous moura,es ali bord ou "'OILSjli'S laisse.4 Mudai as palavras., dizei: Yow iles morte SUl lt ri~'age ou Thrseroustn'ait aban-donn.aO signHicndocontinuao mesmo,OIas o 'encanto' desa.~re~" \Ma!lamltinha razo: "No com idiasque se fazem \'ersos: com palavras."No que o sentidodc:lasn50 importe. lmp"rla,mas no comoadvertiu Gide. independentementeda sonorid:uJe,delas. Naturalmenteo sentimentoest sulxntendido, ele quefaz achar as combinaesde palavrassll$citadorasda cm~50

    potiC3./ b_.E.m.nJ;!e dificul~~.~E!.' est_em .que.. uns se: co~o\.em'_gi~t~~Jos versose Q..utr05..n@. pessoas que acham IDtc:"n-53 poesianos versosde MuriloMendes;outrasDoa IIchamnc-nhuma,encontram-D3 nos sonetosde Emiode Meneses,oadoos admiradoresde Munia Dovemsequer a sombra d&:la.E h3as que no suportamnem wn nemoutro:gostam~ da s\u'\!emsiC3de 01egrioMariano. Afinal em ~sia tudo relativo;a ~ia no existe em si: ser uma~ rela!o.~lre o mundo inle-_.,-- .. -.--- __o.. -. ... ~-- .. . .. "l,ra 31

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    I) rior do poeta, com a sua scn

    ~ j /.. Se as flores esto nas trepadeiras balanando, ao sopro Il!\'edo[Vc!nto.

    tI'. .

    ,

    Porque clwrar se h leliciJad nos caminhos,Se h sinos batendo nas aldeias de Portugal?Nessepoema do Cantoda Noite o poeta s abandonaa inter-rogao "porque chorar" para passar locuo cncadeadora "felizcomo~:

    Porque chorar-meu Deus, se estoll leri: e pobre.Felir.como os pobres desconhecidos dos IrClSpitais.Feli:, como os cegos para quem a rur. i mai.r bda do quc a lu:,Feliz ('01110.. ete.O paraJelismo.._ue~ti~~!c!:?lsica: Encadeamento e pJfJk.lismo tiveram il Sua Casede ouro em linsua portUguC$3no tempodos cancioaeiros. O que chamaram "cossantc" era Unia cantigaparaIcIstica c cncadeada. Assim esta "barcarola" de MutilDCodu:

    .? 0l)"v,Job'Ondas do mar de Vigo,Se vistcs meu amigo!E ai, Deus, ~ ~'errdc(do!Ondas do mar levado,Se vis te.r meu amado!E ai, DeU.1,se rerrd ctdo! '.

    ,tttra 33

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    tra, tambm versejou a~sim. O que :sdmira quc at ,\lbcrlo deOveira., mestrc de uma escola dc rigorosa mtrica, haja proce-dido da mesma mancira, talvez in3dvcrlid3mente, quando em "OExame de Hercilia" escrcvcu:Subiu ao Atias de um ,saltoE ao Kilimandjaro,'logoDe to alIo,Ao Barh-al-AbialJde gua clara .JBaixou e (J()saibro de logoDo Saltara.

    O quarto verso ("Ao Barh-al-Abiah de gua clara") tem oito s-labas, mas a primeira ("ao") se embebe Daltima slaba do versoanterior, de:sorte que DOcontexto da estrofe se mantm o ritmodo heptassJabo.H ca.sosa t cm que foroso quebrar o verso para manter o .ritmo. Como fez Casimiro de Abrcu na clebre "Valsa". O poemaest distribudoem versosde duasslabas:Tu, ontemNa danaQue cansa,Voavas

    Co'as face.rEm rosasFormosasDe Vil'O,LascivoCarmimMas na ltima estrofe ps o poeta a palavra "plida" no fimde dou '\'ersos: Na valsa

    Cansaste,'FicasteProstrada,Turbada!Pensavas,Cismavas,E estcrvcu

    36 m. b.

    To plidaEnto;

    Io

    ./

    Qual plidaRosaMimosa,No \'a/eDo ,'enioCruel/toBatida,CawaSem vidaNo cho!

    O vocbui prQparoxtono obrigava o poeta a abdr o \'erso se-guinte por uma palavra comeando por vogal ou a quebrar ometro de duas sflabas para uma. Casimiro valeu-se de um e outrorecurso, um da primeira .'el, o outro da segunda. Se elc notivesse atendido interrelao dos versos e em lugar de "ento"dissesse "DO inst3.Dte"e em vez de "rosa" escrevesse "camlia",o ritmo seria sacrificado:PeIUQ\,(U,Cismavas,E t'sta~'(UTeG plida""0 instal/te;Qual plidaCamliaMimosa...Foi em ob:;ervao:1 C5SC jogo de ressonnciasde um vcrsoem outro que eu no poema "Doi morto", escrito em octossiJabos.quebrei a medida DOterceiro verso da ltima estr,,!e,Disse atrs que o encadeamento o principal apoio rtmkode que se serve Augusto Frederico Schmidt nos seus poemas.Adalgisa Nery, que tambm"emprega. ainda que menos assidua-mente que Scbmidt, o encadeamento, comeou a usar da rima emversos no metrificados, :1partir, creio que do seu livro Ar doDeserto, que de 1943:

    ul,to 37

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    Se :'u'/~J I1It'U (L7:ig:).O por q;, l' , :1.1Ju.;p.:r.; 'E ai, Dr:/Lr, .re \'crr ""f,,,Se \tcr 11Iell alllati!) ,O por que ei gran c;;'.;do!E ai, Dms, se vem; ceGo!

    Essa cantiga parale15tica porque i :!3 C'i l rofes pares repelem 11a idia das estrofes mpares com 1i;~:~;!S alt~racs de palavraspara variar o timbre da vogal tnica Ui:l5;:m~s (i e a); encadcada,porque o segundo verso de cada e:;t~~:~mpar s:: repetc comoprimeiro verso da estrofe mpar 5(;guj:1:~. .J a rima apoio rtmico muito cr.; .;:c::ido. mas s cClmo igual- 2-.:..~..dade de sons no fim das palavras a t-.~r ti. da vor,al lL'nica - a I'.. .chlDada rima CO;lSQ,lntc.Muita gcnt:: a:;1Ja n~()'~:l!J;: da~ rir.las"'; .: 1.toantes, isto , aquelas em que s 5:;:' :;Ja!s as vopis a partir i 1.; ~oa lnica,como em "asa" c "cada", e:ho" c "quero". R3ros "',-,-,sabem que no latim ccksistko, n:l ;:-:csia inglesa e na aJem5 .basta, para haver rima, a repetioJ.l wltima slaba tona c atda ltima vogal tona. Lcmbrai-vos d:J Vem, SaneIe Spiri/Us:Veni, Sancte Spiritur,Et emitle coelit/l.rLuci.! tuae radiurn. G

    Lembrai-vos de Shakcspearc, que n() ~;:nc.:,oprcf:lciador de Ro-meu e Ju[iela rima "dignity" com ",r::::;' I:)' '' ; de ~,Elton yue nosoneto "On Shak~pearc" escreveu:Thou i/1 Ola' wond('r IJIIJ r :c)Il!:mell(lias b/lilt thyself a Iive/l1f1.:?mOllumml,T

    rimando "astonhmfllt" com "mOI::m:I:Ilt", Lcmbrai-vos dI'Heine, que rima "leh /icbe dich" com "bl!/t'fiich";Doei. WCI1I1du sf"ichst: ..L-:: lit'be dich!"

    "' 1So I1If/.SS icll wdnen itlr.ligo!-lllef~'d pra~er ballhou I1It'Upeito,

    Se,,:; dcia.s; m!1.Sa s6s comigoPetl.rci-;::/ I'e~!-e j "tio pude crc:.hDe sbito, nos versos 67 c 68. Caz cair as pausas na quarta

    ~ stimassabas,apro~imanJo o rilmo dcca5sil:bico do ritmo doverso de onze slabas, que vai aparec::r nl\5 ,'"rsos 70 e 71:ilhfc":.se I','c fala: "Eu 8(1S;.1d,' "(I('!"I A ('u (mito dr: d:or,1r MlTj:('oI1I(II(f,Ela ttio It:I'i}:a e ttiohria de ef/Cllllto,Ela to 1:01'0, IdO pura e t:Wh'la. . ,Arr:ar-mt:!-Eu que S()u~M el/s O/!/(ISerLft:rgam, ellquanto cfuddaMinHa/ma scm Cfcmra,de !'''(l e.wtirida,Id farta da "h/a,Qut' amor "o .1,)irIJu.

    O movimento runieo de um vcrso poJ: sdrer a influncia Ul)verso anterior ou do s::guinte. ~ sabiJo que na pOI:siaespanholae na poI1uguesa antiga a vogal inicial de um verso podia embe-ber-se no verso pre:.:edenle.Gonalves Di:1s,t50 lido numa e nou-,tltla 3.5

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    medida que o ~',nio 110li:,:, ("orpo C("OIl,Cr~sce no meu c.spriro o sentido da.r vidas Qcon.".cida.r,BaJan.ando nos meu.> o/lvido,r o pen.ramento que apregoaOs .sol e a sol o das al as i ut e l p l .c c . Ow-

    j..

    Mas verso Jj\TCcem por cenlo aqueleque no se socorre-: Ide nenhum sinal exterior seno a da volta ao ponto de partida ..t.i.\"I'Io{ esquerda da Colha do papd: verso derivado de vertere, voltar. I" liA' primeira\'ista, parecemais Ccilde fazer do que o versometri- 11ficado.Mas engano. Basta dizer que no verso livreo poela'tcm ~de ~~~~~~Ii~L~_e como o sujeilo que'-STiono recesso da CJorestdeva achar o seu caminho e sembssola, semvozcsque de Jong: o orientem, sem os grozinhosde Ceijoda histria de Joo e Maria. Sem dvida no custa nadaescrcver um trecho' de prosa e depois distribul-Io em linhas irre-gulares,obedecendo to-somente~~E~J!s~~_dopensament~.Masisso nunca Coiverso livre. Se fosse, qualquer pc5So~qideria prem verso at o ltimo relatrio do Ministro da Fazenda. Essaenganosa facilidade causa da supcrpopulaode poetasque in-festam agora as nossas letras. O modernismoteve issode catas-trfico: trazendo para a nossa lngua o verso livrc, deu a todoo mundo a iluso de que uma srie de linhas desiguais poema.Resultado: hoje qualquer subescritur6.riode autarquia em crisede dor-

    38 ,;." b.

    a palavr,a "ajuntamcnto", que me ~oa vag:lrncnlC'a coisa ilcita,e acrcscenta!:se a obrigao da rima e do duplo acrstico! Can-conlais7(De Poctcu~ de P~sia)" Poema do livro Llbertlnagem.-2. Po.::ma do Ii\' ro Belo Belo.--3. "ARealidadec a L-nagcm",doU\'TOBeloBelo.-C. "Vsmorrcstes mar-gem onde tostes deixada."-S, "Vocmorreu sobrea costa ondeTeseua Unhadeixado "Vem.EspriloSantc./Een\'ia do Cu/Oraioda tua luz."-7. "Tude nossopasmoe assombramento/Tumesmocons.trulsle todo um monumenlo."-a. "Mas se voc laia: 'Eu gosto devoc!'fAI eu tenho de chorar amargamente." (Trad. de Paulo R6nai).

    .- A POESIA ESTA NAS PALAVRAS......

    MAS AO mesmo tempo compreendi,ainda antcsde conheceraliode MaJlarm~,queem literaturaa poesiacstD3Spala\'ras,se faz com palavras e no com idias e sentimentosmuito ~m-bora, bem entendido, seja pela fora do sentimento ou ~Ia ten-so do esprito que acodem aO pocla as combinaes de palavrasonde h carga de pocsi:1.Coisa que ucscobri nos lapsos de mem-ria ou no c:tame de variantes. Qu:u\tas vezes, querendo rclen1br:uumaestrofede poema,uma trova popular,e n50conseguindoreconstitu-Ias fielmente, fazia U..ImdhN maneira d rrmpli.fsag~.."depois, cOlejando as duas vc:rs6es-\ minha e (1origin:lI, \ 'eriCi-cava qual delas era melhor, rc.~quisava o s::grl'do da sup.:-riori-dadcc, descoberto, passava a ctiji.zj.lo nos ml'US\'l'rSl1S.QU:lOt3svezes tamb~m\'i, em poetas de gosto certeiro nas cm~nd\s.umverso defeituosoou ine~pressi\'ocarregar-sede poesiapelo efeitoencantatrio de uma ou de algumas pala\ 'ras, e:tprimindo no en-tanto o mesmosentimentoou a mesma iJia que as substitudas.Compare-se, por exemplo, o poema "Mocidade e Mortc", deCaslro AJves, como apareceu em Espumas FIll(/lanlrS,com a pri-meira verso, de 1864, e publicada em So Paulo por volta de1868-69 sob o ttulo d: "O Tsico". Na oitava inicial ha\'ia overso "No seio da moreoa h tanIa amoral". Na verso defini-tiva "amora" foi substituda por "aroma". Naturalmente o poct3pondcrou quc as amoras do peito das morenas no so taDt:u.Itltta 39