Sem Revestimento #4

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NESTA EDIÇÃO (4ª): Os problemas do novo prédio não são problemas quaisquer... DESNÍVEL-LAMENTO ArqSust! Um pouco sobre permacultura... XXI ENEA Pode descarregar aqui mesmo, seu moço... E o nosso currículo? Vamos nos calar frente aos problemas e deixá-los crescer? SEM REVESTIMENTO

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Sem Revestimento #4

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Page 1: Sem Revestimento #4

NESTA EDIÇÃO (4ª):

Os problemas do novo prédio não são problemas

quaisquer...

DESNÍVEL-LAMENTO

ArqSust!Um pouco sobre permacultura...

XXI ENEAPode descarregar aqui

mesmo, seu moço...

E o nosso currículo?Vamos nos calar frente aos

problemas e deixá-los crescer?

SEMREVESTIMENTO

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Pra começo de conversa...(é outra conversa, não se engane)

EDITORIAL Um editorial!!! Finalmente! Um editorial!!!

Gestão:

P.S.: No fim, nosso editorial não falou nada sobre o que vem nessa edição, mas deixemos assim mesmo. Foi uma estréia, tem o nervosismo, aquela coisa toda. Prometemos que o próximo será mais objetivo, sem fogos de artifício e coisas do gênero. Valeu! Não esqueçam de mandar seus textos para [email protected]

Aqui quem vos fala é Sem Revestimento. Não, para nós).não estou nu. Ou, “aqui estamos todos nus”, diria E um editorial é “uma coisa lindíssima, cara” Fernando Sabino. (diria o cara mais bonito da ARQ, professor Américo),

Todos nus porque estamos vulneráveis. As porque é mais que uma conversa com o leitor. É o roupas nos protegem do frio (ou, no verão, pioram o momento em que o escritor se senta para escrever nosso calor tropical), mas se o frio não nos pegar, o pensando unicamente em quem vai sentar seja no mundo nos pega. E é por isso que “inventamos” esse toalete ou onde for para ler. E tenta dizer com poucas jornaleco. Na verdade ele é até bem legal, mas há quem o palavras o que quer com aquilo tudo que vem nas ache um simples jornaleco mesmo, coisa de se jogar fora próximas páginas. Não que o escritor pense que poderá antes que seja útil para a próxima ida ao toalete. simplesmente explicar o que vem em seguida, isso é

Voltando ao mundo... pois bem, o mundo nos impossível!pega porque o mundo está cheio de problemas, meu Aliás, na edição anterior mesmo estava escrito, amigo. Se você não atentar para eles, eles realmente citando Mário Quintana, com a “poesia” A coisa (na seção passarão despercebidos, você viverá até que a sua vida de poesias e pensamentos): “A gente pensa uma coisa, se acabe por tudo aquilo que você transeunte da acaba escrevendo outra e o leitor entende uma terceira avenida comercial fez e refez (Raul era mesmo um cara coisa... e, enquanto se passa tudo isso, a coisa legal), ou até que todas as vidas se acabem pelo que você propriamente dita começa a desconfiar que não foi não fez. propriamente dita.” E teve mesmo histórias como essa, já

Mas bom, não era disso que falávamos. que, no pavilhinho, a boca pequena, ouviu-se comentário Falávamos do nosso jornal, que pela primeira vez em de que, na figura da capa, estava escrito “ARQ” naquele quatro edições, ganhará um editorial. E por que nunca módulo...e isso é lindo, meus amigos. A arte, quem faz tivemos? Porque sempre julgamos que temos muito a não é só a cabeça do criador, mas mais ainda a cabeça do dizer, cuspimos tudo e não temos nenhuma conversa apreciador.com você, leitor (e se agora estamos tendo, se você está É, cabeças, é isso que somos...vamos lá, à leitura. lendo, é porque: ufa! parece que chegamos ao toalete, e E por favor, não esqueça das entrelinhas, é ali que estão isso representa um grande alívio para você, mas também as nossas cabeças.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINACENTRO TECNOLÓGICODEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMODISCIPLINA: XXXXXXXXXX XX XXXXXXXXXX IPROFESSOR: XXXXXXXX XXXXXACADÊMICO: BOTE AQUI O SEU NOME

Resumo do texto:

Mascaró, L. (coord.); Tecnologia e Arquitetura – São Paulo: Nobel,1989

Junto com a Revolução Industrial e suas conseqüências, surgiu o conceito de

que o progresso da humanidade é principalmente o reflexo de um desenvolvimento permanente

da tecnologia. Esse conceito serviu de parâmetro para analisar o nível das sociedades, ou seja,

avançada ou atrasada de acordo com seu desenvolvimento tecnológico. Os que apóiam essa

tese são chamados de “deterministas tecnológicos”, que acreditam que a tecnologia pode afetar

o desenvolvimento social. Em contra partida há os “deterministas econômicos”, que enxergam

a tecnologia como fator neutro no desenvolvimento econômico e até mesmo político, afirmam

porém que a tecnologia ajuda a minimizar os custos e maximizar a eficiência (nos fatores

econômicos).

Ambos deterministas são criticados pelos neomarxistas, por acharem que a

tecnologia e os modelos sociais se apóiam. Pelo lado materialista, tem-se o argumento de que as

revoluções industriais modificam radicalmente a vida dos homens, principalmente na forma de

pensar e agir e que os efeitos negativos não são causados pela tecnologia em si, mas pela

maneira que é utilizada. Existe também aqueles que defendem que a principal causa dos

problemas sócio-econômicos e ambientais são conseqüência da tecnologia avançada e que

acredita-se que é apenas um mito o fato de que um desenvolvimento tecnológico traria com ele

um progresso social.

A tecnologia que foi inicialmente criada para solucionar problemas é hoje um

grande problema social, além da poluição causada, gera também as armas de destruição em

massa, por exemplo. É de suma importância buscar uma tecnologia que possa evitar tais males.

Porém é ainda grande o preconceito existente em relação a maneiras alternativas de produção.

Para falar tanto de tecnologia é preciso entender seu conceito. Tecnologia pode

ser entendida como um intermédio entre a ciência e a indústria, tem o papel principal de

transformar as matérias primas fornecidas pela natureza através de procedimentos mecânicos.

A tecnologia pode ser dividida em dois: como hardware, ou seja, os aspectos meramente

mecânicos, máquinas e utensílios; e software, que é a estratégia, as técnicas que serão usadas.

O desenvolvimento tecnológico de um lugar depende diretamente com seu

sistema econômico, por isso hoje em dia o poder de uma nação está ligado a sua evolução

fator que divide a sociedade internacional em “desenvolvido” ou

“subdesenvolvido”.

Essa ligação feita com a política é feita pelo chamado “determinismo político”,

que considera Estado responsável pelo desenvolvimento tecnológico da sociedade. Isso porque

existe uma relação muito clara entre o Estado e a situação industrial do lugar.

Embora as industrias tenham sido desenvolvidas para o bem-estar social, os

políticos não as utilizam para esse fim, não estão dispostos a usar a mesma como meio de

democratização, reduzir as desigualdades sociais.

Há quem acredita no “determinismo econômico”, onde se pode usar um

exemplo para comprovar essa tese. A tecnologia utilizada nas construções influenciam muito

uma sociedade. Uma crise na arquitetura pode gerar grandes problemas econômicos, pois uma

falha na habitação ou no meio urbano do homem pode causar danos ao sistema capitalista.

O “determinismo tecnológico”, como já foi citado, se baseia no argumento de

que o progresso, conseqüente desenvolvimento social, é causado pela tecnologia. Com esse

determinismo surge o conceito de “atraso cultural” e isso se reflete muito na arquitetura, pois a

sociedade não está preparada para acompanhar tantas mudanças e novidade e então não usa os

novos recursos.

A tecnologia tem imensa importância e reflete grande poder, porque não é nada

mais que um conjunto de conhecimentos aplicado a produção de bens. A expressão

“dependência tecnológica” se junta ao conceito de “transferência tecnológica”. Esse conceito

vem acrescentar principalmente na situação em que se transfere conhecimento industrial para

contextos não industriais. É daí que surge o imperialismo tecnológico e assim a dependência

dos países de Terceiro Mundo.

A dependência é recíproca entre os países industrializados e os

subdesenvolvidos, e vem aumentando com os anos a dependência mais cientifica, isto é, a

transferência de algo além dos objetos, o conhecimento. Chama-se isso de “imperialismo do

saber”. Nesse contexto, os países considerados subdesenvolvidos servem de sede para as

indústrias multinacionais, fornecendo matéria-prima e mão-de-obra.

A construção é muito influenciada pelas multinacionais, pois precisam se

adaptar a realidade do país sede, sua cultura, clima, sociedade. Em função disso a arquitetura

sempre foi dependente do sistema econômico de tal sociedade em determinada época. Além

disso, historicamente a arquitetura se desenvolveu inclusive das diversas fontes de energia

existentes.

Como já foi mencionado, a tecnologia tem grande influência na economia, e por

isso influencia quase que um sistema totalmente. E por ter relação com a produção de bens, a

uma boa urbanização, que é considerada um dos maiores reflexos da

industrialização. As conseqüências causadas por esse “abandono” da área rural foram muito

significativas: nova distribuição da população, aumento de produtividade, e principalmente,

houve a mudança do eixo econômico. Essa última conseqüência por si só gerou outras:

aumento do índice de urbanização, acentuação dos índices migratórios internos e com isso a

mobilidade de mão-de-obra.

Através dessa mudança na sociedade, as cidades tornam-se os centros

econômicos, políticos e sociais. Houve assim uma relativa fixação do homem. Nesse

processo a casa se tornou objeto muito importante na vida das pessoas por ser uma garantia de

sobrevivência na cidade. A habitação passa a ser um problema, tanto tecnológico quanto

sócio-econômico e político. A dependência constante entre arquitetura, cidade e sistema

produtivo já é discutida há um tempo, como afirmaram Engels (1850) e Marx (1870).

Ao se considerar tecnologia como um sistema que relaciona o homem e a

natureza, é possível construir um conceito de tecnologia da arquitetura. Nesse contexto, pode-

se considerar o hábitat como o conjunto de condições necessárias, relacionadas à natureza,

para se desenvolver a vida, no hábitat humano, o ambiente construído representa o domínio

do ambiente sujeito a transformações.

A tecnologia do ambiente constituído, por sua vez, se preocupa com as

transformações artificiais do hábitat do homem, de acordo com as utilidades sociais e no

respeito a acontecimentos naturais.

O importante dessa definição é entender tecnologia como um processo de

transformações na ordem das idéias também. Isso modifica de forma profunda a visão

conservadora do papel da tecnologia na arquitetura. De forma equivocada, muitas escolas

arquitetônicas vêem a tecnologia como simples ligação entre o projeto e a construção. Uma

relação entre arquitetura e tecnologia é que os arquitetos tendem a deixar de se preocupar

somente com os aspectos físicos da construção e dar importância ao conjunto das operações

programáveis para uma construção.

Dentro do processo projetual, a tecnologia é um meio de ligação dos dois

momentos da projetuação: a idealização e a realização. Deixando de lado a concepção de uma

relação de causa e efeito e passando a ser um processo interativo. A tecnologia nesse caso viria

como forma de substituir os modelos estáticos, individualizando a forma arquitetônica e

consequentemente a construção do ambiente.

Geralmente acredita-se que os interesses da arquitetura estão em “como”

operar, nota-se hoje uma diferença, a atenção se voltou para “por que” operar, isto é, entender

o porquê de se organizar o ambiente construído de tal maneira. Para isso se trabalha no sistema

decisão. A tecnologia soft é então considerada também um instrumento da

projeção desde seu estado inicial de metaprojeto ate seu estado final de utilização.

Como exemplo da aplicação da tecnologia soft, percebe-se que esta está em

toda base da política tecnológica do setor da construção desenvolvida na Europa a partir de

60, ou seja, à base da componentística.

A filosofia dos componentes é a resposta aos problemas da industrialização

da construção. Esse processo de construção industrializada é um sistema-processo que busca

estabelecer e executar o que o componente deve satisfazer.

Existem três discursos componentísticos da construção que esclarecem a

nova concepção da tecnologia da arquitetura e de seus bens, são eles: discurso estrutural;

discurso comportamentístico; e discurso instrumental.

Ao se deparar com mudanças tão rápidas no que se relaciona ao crescimento

da sociedade, acredita-se que seria de boa escolha abandonar os procedimentos projetuais à

intuição e ao gosto pessoal.

Os projetistas são, ou deveriam ser, integralistas. Entretanto até sua trabalho

tende a uma especialização. Até mesmo na arquitetura foram sentidas as conseqüências da

divisão e especialização do trabalho, uma pessoa especializada para cada tecnologia

influencia no desenvolvimento projetual. Esse é um grande problema atual do arquiteto, que

não controla mais seu projeto desde sua idealização ate sua execução, isso é um reflexo da

Revolução Industrial, onde foi rompido o elo entre a técnica e a arte.

Essa nova tecnologia da arquitetura pertence a uma sociedade pós-industrial,

em que há uma tecnologia do projeto, uma incerteza em vez de condições de determinação.

Deve-se basear principalmente nos fatores do conhecimento, menos hard e mais soft.

Este trabalho já pertenceu a no mínimo 5 (cinco) estudantes diferentes. Em semestres diferentes, este texto já foi entregue, reentregue... e possivelmente no semestre seguinte figurará entre mais uma leva de brilhantes trabalhos, em sua maioria também já “veteranos”. A nota? Ah! essa varia... em alguns semestres já tirou 8 (oito), já tirou 9 (nove) também e inclusive já rendeu até um 10 (dez) ao seu dono da vez.Alguém percebe? e se percebe, se importa? Você se importa?

E o nosso currúculo?

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É um chato, você, que fica aí, reclamando da infelicidade, seria a tristeza completa e total, o fim do mundo, vida... o buraco negro. Imagine, imagine comigo: se, tendo o mundo

Você diz que não somos felizes, ora! Como nao? nos feito infelizes (ou seria ao contrário?), se, bom...se tudo o Você já pensou em como seríamos infelizes se vivêssemos que foi dito nesse texto fosse verdade, mas...ainda por cima, de outra forma? Aposto que não, você é um grande quando tudo fosse horrível, descobríssemos que não nos pessimista mesmo, só pensa no seu mundinho. deixaram nem ver o que acontecia. Se descobríssemos que

Mas vamos pensar diferente, é fácil, vamos ter consciência de tudo também é algo restrito. Que mesmo imaginar o quão pior seria o mundo se vivêssemos, por tudo sendo anormal, sendo o mundo uma anomalia cheia de exemplo, guerreando, nos matando, por tolices. Se papeizinhos, pensássemos (sem pensar...) que é assim vivêssemos nos explorando, uns aos outros, como senhor mesmo, que não tem jeito, que é da nossa natureza...e servo. E até em escalas maiores, povos explorando, Se além de traídos, fôssemos enganados. Vivêssemos roubando outros povos. Que mundo terrível seria! nessa escuridão, e, quando abríssemos os olhos (por que?

Não, não. Vamos agradecer por ter de viver nada Não sei, seria algo gradual, talvez. Ou papeizinhos bem disso. aplicados nos ajudassem. Ou, talvez, se batêssemos a cabeça

M a s i m a g i n e , a g o ra , c o m o s e r í a m o s contra a parede várias vezes), víssemos todos ainda infinitamente infelizes (!!!) se fôssemos privados de tudo o dormindo. Um sono profundo, nem gritando conseguiríamos que há no mundo! Se as laranjas que brotam da natureza acordá-los, o silêncio seria ainda maior. Alguns, quem sabe, fossem inalcansáveis! Se a água (a água!) fosse restrita esboçariam uma reação, resmungariam, tentando dizer àqueles que tem...bom, sei lá, papeizinhos, digamos, para alguma coisa. Até romperem, como que de saco cheio: É um trocar por ela. Papeizinhos coloridos, com figuras de chato você, que fica aí, reclamando da vida!bichinhos (esses, ameaçados de extinção, tadinhos). Já pensou? É, impossível mesmo, acho que fui longe de mais.

Pior ainda, se até quando ficássemos doentes precisássemos dos tais papeizinhos. Se precisássemos deles para nos locomover, não que não pudéssemos fazer isso sem eles, mas tudo já estaria tão complicado mesmo que talvez fosse necessário, para ir bem longe. Bom e ruim, instigante, poderia ser bem interessante até, com muito papelzinho talvez chegássemos à Lua.

Mas já que que estamos falando nos papeizinhos, vamos aliviar: vamos imaginar que, com eles, tivéssemos acesso a tudo, desde laranjas até os próprios bichinhos (por que não? os bichinhos, vivos ou mortos. Se estavam em extinção, pouco importa, os papeizinhos dão um jeito). O difícil seria juntar esses malditos pedaços de papel, “não nasce em árvore”, diriam alguns (o fato de a celulose que faz o papel ser proveniente das árvores seria mera coincidência).

Enfim, seríamos infelizes ainda. Mas, na verdade, nem precisa tanto para imaginar um mundo pior.

Com menos já seríamos um pouco infelizes: se, por exemplo, a produção artística fosse restrita a poucos (arte é legal, mas quem liga pra ela?). Se editores de livros ganhassem mais papeizinhos que os próprios autores, a exemplo de gravadores e músicos...um pouquinho infelizes, acho que até seríamos. Coisa pouca, aquela tristezazinha, “isso é fome” diria a mãe...

Mas, opa! Não! Agora eu quero avacalhar, acabo de pensar em algo. Algo que acabaria conosco, nos afundaria no infinitamente profundo oceano da

PODERIA SER PIOR...

Textando...

Texto: José Rodolfo Pacheco Thiesen. Ilustração: Diego Fagundes

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A Permacultura, em sua essência, é a vontade de existir e agir em coerência com os princípios da Vida: capacidade de auto-renovação e auto-transcendência. Neste modo de agir, o princípio de tudo é a ética, a idéia a ser alcançada, o pensamento idealizado a ser materializado.

Como materializar? Há caminhos já estudados e praticados que podem ajudar, mas também pode ser desenvolvido um método todo a partir da vontade de alcançar o objetivo.

É como colocar como principio imutável não destruir a natureza e desenvolver a melhor maneira para construir sem prejuízos a esta. Ou, num exemplo cotidiano, como aquelas manias de andar na rua sem pisar nas linhas do chão; você faz o caminho sem pensar no caminho, mas no principio que deve ser mantido, não pisar na linha, podendo ser criados vários caminhos.

Como essa alternativa é menos exprimível e depende muito de cada caso e experiência pessoal, os métodos já estruturados ilustram melhor como projetar buscando um meio mais equilibrado. Assim é o design permacultural que, partindo da ética, é a ferramenta básica para materializar as idéias contidas na permacultura.

A permacultura oferece muitas alternativas e uma visão de integração dos sistemas naturais, para trabalharmos com eles da melhor forma. Existe muito material na internet e aqui na faculdade, além das pessoas é claro (a melhor fonte de informação pra mim), para conhecer melhor a permacultura.

Acredito que faz diferença ir atrás e buscar uma forma de ajudar a mudar o modo de vida, degradante (física, moral e intelectual), que estamos inseridos. Acredite também. É possível! Estamos no meio do desenvolvimento do Plano Diretor Participativo e estão aparecendo os absurdos que acontecem por trás do “desenvolvimento” da ilha. Agora é a hora de acreditar na mudança e construir um modo de vida sustentável.

ArqSust!

Por Fernando Carneiro Pires e Hugo Koji Miura

PERMACULTURA

Ai vai, então, algumas fontes:

www.permacultura.org.br http://www.agrorede.org.br/biblioteca/permacultura-andre/http://www.permear.org.br/Livro: A Permaculture Designer´s Manual, 1986 , David Holmgren

Permacultura I

Ética da Permacultura:- Cuidar da Terra (planeta)- Cuidar das pessoas- Compartilhar excedentes- Consumo reduzido

(otimizado e sem desperdício)

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Chargeando...

Então, colega Bush. Depois da reunião, vamos tomar

alguma coisa???

De quem???

“Descolados de suas realidades cotidianas, os arquitetura, tanto no que diz respeito à execução de estudantes de arquitetura e urbanismo do Brasil projetos quanto no campo do conhecimento e

encontram-se. Cria-se um novo lugar, um espaço de planejamento urbano, ambiental e patrimonial e com possibilidades infinitas de trocar, de aprender, de agir, intenção de deixar benefícios permanentes tanto para os

de contagiar, de ser contagiado, de viver, de se locais que abrigam a “Cidade Enea” quanto para o apaixonar e reapaixonar por arquitetura... por nós município e suas comunidades.

mesmos. O ENEA é isso, é a possibilidade do encontro, A cidade agora é Florianópolis, e quão rica ela é do contato entre distintas realidades, que confrontadas, para abrigar esse evento. Formada por diferentes

superam-se e unem-se, expostas em suas facetas, poucas cidades demonstram tanta diversidade particularidades e exaltadas em suas semelhanças.” de apropriação do espaço, percorrendo de comunidades

Fonte: Projeto do XXII ENEA Rio de Janeiro alternativas até a alta especulação imobiliária, sem excluir o modo como a natureza reage a sua exploração,

O Encontro Nacional de Estudantes de de resposta quase imediata, visto a fragilidade deste Arquitetura e Urbanismo é um grande momento de local. Florianópolis apresenta, como um laboratório, os reunião de muitos estudantes de arquitetura do país, temas atualmente mais discutidos em congressos e bem como de profissionais da área, professores, todos seminários, tais como sustentabilidade, “revitalização” interessados em debater assuntos ligados à arquitetura e do patrimônio histórico, especulação imobiliária, sua relação com a sociedade. É um evento sem fins folclore, que acabam determinando sua urbanidade. lucrativos que ocorre todo ano em diferentes cidades, Aqui, o participante entraria em contato com diferentes sendo organizado pelos próprios estudantes. O encontro visões de cidade, abrindo seus horizontes e permitindo conta com atividades que possibilitam uma troca efetiva crescer seus conceitos de arquitetura e urbanismo.de experiências e conhecimentos entre os participantes Este evento é realizado pela Comorg Comissão durante todo o período, através de ateliês de ação Organizadora, em parceria com a FeNEA Federação urbana, oficinas, palestras, mesas redondas, seminários, Nacional dos estudantes de Arquitetura e Urbanismo do plenárias, e claro, nas conversas de bastidores, em filas Brasil, que se propõe a perder-se entre os conceitos para o almoço, entre outras interatividades criadas pelos plurais de Florianópolis, permitir-se novos horizontes e próprios participantes. principalmente, encontrar-se com todo estudante

Para isso há a criação de um espaço próprio, que interessado em participar.agrupe as principais dependências, refeitórios, XXXI ENEAalojamentos, ambulatório, como uma pequena “cidade” PERCA-SE, PERMITA-SE!que acaba se irradiando por aquela que a abriga. Através das atividades se busca interação com a cidade sede, Por Letícia Ferraridiscutindo e propondo melhorias no âmbito da

O XXXI ENEA - Encontro Nacional dos Estudantes de Arquitetura e Urbanismo

ENEA

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Entre cotas e desenhos, maquetes, de um desnível entre a teoria e a prática, visão tridimensional, noites mal dormidas leva a um desnível nas relações humanas, buscando a inovação projetual, estudantes quase imperceptível, considerado até de arquitetura passam a perceber com mais “natural”. Um desnível entre o trabalho sensibilidade desníveis do cotidiano. Torna- intelectual e o manual, quando aqueles se evidente ao subir as escadas do prédio sujeitos a esse ultimo têm uma grossa novo, por exemplo, onde percebemos o leve especialização em seu trabalho alienado. desnível do último patamar, com uma sutil Sem parar por ai, vemos um desnível nas rampa. Uma correção de aparência, sem mexer verbas públicas dentro da nossa na essência, quase nos fazendo acreditar que é u n i v e r s i d a d e . N i v e l a d o s p e l a apenas nossa impressão. Ao continuar nosso produtividade, preparados para o “passeio” curvo pelo corredor, quase circular, mercado. Um desnível entre a (porque ultimamente tem sido isso, quase só mercantilização do conhecimento e da andamos em círculo), se nos faltar a atenção, sua produção para a solução dos podemos tropeçar no desnível entre as lajes dos problemas de nosso povo brasileiro. dois prédios, quase um quebra-molas, o Desnível na social ização desse que até nos parece natural, pois não se conhecimento. Quando nos bons laboratórios, p o d e a n d a r r á p i d o d e m a i s , que dizem que são os melhores, da arquitetura principalmente quando diz respeito à e da universidade em geral, não sabemos o que resolução de nossos problemas. Logo é produzido e nem para quem é produzido. E os vemos que os prédios estão fora do nível desníveis não param por ai. Há ainda desnível também. Bom, até ai tudo bem, esses na representatividade dos estudantes frente ao desníveis todos “passam liso”, quase tão corpo docente no colegiado, no departamento, liso quanto o piso branco do prédio nos conselhos universitários. Agora o que nos quando chove no corredor. Mas parece perguntamos, é até quando esses mais preocupante quando esses desníveis desníveis vão ser aceitos. Nós, estudantes, saem do concreto e passam para o abstrato. os percebemos, e nos indignamos. Nesse plano, todo e qualquer desnível é Sabemos que muitos também o fazem. somente aparência, é “achismo”, “eu acho que Buscamos um nivelamento até a isso”, “eu acho que aquilo”... se torna mais superação, através da nossa organização e difícil captá-los em ações. Até parece que nós, busca pela unidade nos objetivos. Que alunos, não podemos justificar nada. Não nossa formação não seja em vão, mas que podemos explicar nada. Mais um desnível. e s t e j a l i g a d a à s n o s s a s Desnível na relação professor-aluno que, salvo necessidades, como contribuição, algumas exceções, refletem um abismo entre a como solução, para superá-las. certeza do professor e a experimentação do Para, finalmente, superar todos aluno. Um desnível pedagógico, de maneira que esses desníveis do nosso cotidiano.basta deglutir informações para expeli-las, com data marcada, em uma folha de papel em branco. Fausto Moura BredaNada é absorvido. Nada é construído. Isso, reflexo

DESNÍVEL-LAMENTO*

Movimento Estudantil...é a gente que faz...

*Este texto foi lido na sessão solene de inauguração da Segunda etapa da construção do novo prédio da ARQ. As fotos são a parte mais silenciosa (mas não menos provocativa) do protesto. A decisão de manifestar-se contra os problemas que vêm ocorrendo no departamento, perante o reitor, foi tirada em assembléia pelos estudantes.

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Cultura em dois formatos

Livro: Como me Tornei EstúpidoAutor: Martin PageEditora: Rocco

Mas ser estúpido dá muito mais prazer que viver sob o jugo da inteligência. Sendo estúpidos somos mais felizes.' Assim pensa Antoine, protagonista de Como me Tornei Estúpido de Martin Page. Antoine é um jovem intelectual que chega enfim à conclusão de que toda sua inteligência e conhecimento não lhe trouxeram nada mais do que uma 'inadaptação social' e decide então investir na ignorância como última alternativa de sobrevivência. Do alcoolismo até um suicídio mal sucedido, Antoine tenta de tudo, cogitando até m e s m o u m a ' s e m i - l o b o t o m i a ' descartada pelo seu médico, para sua infelicidade. A narrativa leve nos leva a um desfecho otimista, onde a personagem encontra enfim um modo mais autêntico e positivo de ver as coisas que o circundam, mesmo que estas não o agradem de todo. Com sátiras inteligentes e citações pertinentes, Como me Tornei Estúpido é um livro de fácil leitura para todos Antoines e não-Antoines que existem por aí.

Disco: Plastic Ono Band - John Lennon

Plastic Ono Band é oficialmente o primeiro disco solo de John Lennon juntamente com sua mulher Yoko Ono após o fim dos Beatles e foi lançado em dezembro de 1970. Quando o grupo acabou, John e Yoko deram início a uma terapia em que John tentou lidar com seus traumas de

infância. Essa fase de sua vida fica facilmente visível em Plastic Ono Band, um disco repleto de canções que tratam de abandono, dor e isolamento. O pai de John deixou a família quando este ainda era muito pequeno e logo depois , sua mãe de ixou-o sob os cuidados dos tios,

indo visitá-lo de vez em quando. Na volta de uma dessas visitas, sua mãe foi atropelada e morreu. Na época John tinha 16 anos. Esses temas de sua infância ficam claros em canções como 'Mother' e 'My Mummy's Dead'. Entre faixas extremamente melancólicas e outras ainda com pegadas mais fortes, Plastic Ono Band é um disco de melodias marcantes e letras sinceras. Enfim, um disco excelente.

Por Paula Franchi

UM ESCRITO

Enfim...

Era uma noite. Noite estrelada como nenhuma outra o foi antes. No céu, parecia haver derramado da xícara de um gigante o leite cósmico estrelar, de tão claro ele brilhava aos olhos. Era uma beleza magnífica. Um olhar se desvia e flagra uma estrela a se mudar do seu eterno lugar. Deixa marca de seu rastro de poeira energética de sua singular luz no céu que passou por cima.

As outras estrelas, vendo a proeza de uma de suas irmãs, decidem que querem fazer igual. Assim, vai mais uma, depois cinco, vinte, quarenta sete, cem, mil.. .Já eram tantas que parecia que o universo ia desabar sobre nossas pequenas cabeças.

Era um espetáculo inédito para aquela gente, mas parecia que para a Terra não era. Pois bastou ela ver a festa das estrelas para desembestar a se sacudir toda. Até pensaram que havia esquecido que seus filhos estavam sobre ela. E foi aquele desepero. Parecia que a lei da gravidade havia cessado naquele momento! E tudo que era

vivo procurava qualquer coisa para não cair no espaço e perigar de se perder no meio de tanta estrela. - Como é que nossa Mãezinha pode fazer isso conosco? Perguntaram os mosquitos, os ratos, os elefantes, as secretárias, os advogados, os gatos.

E então, a Mãe respondeu: - Nos convidaram para essa festa há muuuito tempo! Estão a nossa espera! Eu decido ir e já estou quase pronta, esperei o tempo que foi necessário, mas a festa já está para começar!

E então, no reino das plantas ficou decidido que iriam junto com a Mãe. A Dama das Águas convocou todas as suas filhas para acompanhar a Mãe e fazer os oceanos preparar os novos territórios. Os Senhores das Rochas se prontificaram para seguir e fazer as montanhas andarem quando for preciso. O povo do Fogo, dos ares, dos mares, desertos e florestas ouviram o convite e também irão. Quando acharam que não faltava mais nenhum povo, alguém no meio de todos aqueles seres lembrou: - Os humanos! Onde estão os humanos?!!

Todos então ficaram para chamar os humanos à Grande Festa.

Hugo Koji Miura