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Wheat Belly Traduzido do inglês por Isabel Veríssimo DR. WILLIAM DAVIS SEM TRIGO, SEM BARRIGA Livre-se do trigo, perca peso, ganhe saúde

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  • Wheat Belly

    Traduzido do ingls por

    Isabel Verssimo

    DR. WILLIAM DAVIS

    SEM TRIGO, SEM BARRIGALivre-se do trigo, perca peso, ganhe sade

  • CONTEDOS

    INTRODUO 9

    PRIMEIRA PARTE > TRIGO: O CEREAL INTEGRAL POUCO SAUDVEL

    CAPTULO 1 QUE BARRIGA? 17

    CAPTULO 2 NO SO OS MUFFINS DA SUA AV: A CRIAO DO TRIGO MODERNO 27

    CAPTULO 3 O TRIGO DESCONSTRUDO 47

    SEGUNDA PARTE > COMO O TRIGO DESTRI A SADE DA CABEA AOS PS

    CAPTULO 4 EI, MEU, QUERES COMPRAR EXORFINAS? AS PROPRIEDADES VICIANTES DO TRIGO 59

    CAPTULO 5 A BARRIGA DE TRIGO V -SE: A LIGAO TRIGO-OBESIDADE 71

    CAPTULO 6 OL, INTESTINO: SOU EU, O TRIGO. O TRIGO E A DOENA CELACA 93

    CAPTULO 7 NAO DA DIABETES: O TRIGO E A RESISTNCIA INSULINA 117

    CAPTULO 8 BAIXAR O CIDO: O TRIGO COMO O GRANDE DESTRUIDOR DO PH 139

    CAPTULO 9 CATARATAS, RUGAS E LORDOSE CERVICAL ACENTUADA: O TRIGO E O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO 155

    CAPTULO 10 AS MINHAS PARTCULAS SO MAIORES QUE AS TUAS: O TRIGO E A DOENA CARDACA 173

    CAPTULO 11 EST TUDO NA SUA CABEA: O TRIGO E O CREBRO 195

    CAPTULO 12 CARA DE PO: O EFEITO DESTRUTIVO DO TRIGO NA PELE 207

    TERCEIRA PARTE > DIGA ADEUS AO TRIGO

    CAPTULO 13 ADEUS, TRIGO: TENHA UMA VIDA SAUDVEL E DELICIOSA SEM TRIGO 223

  • SEM TRIGO, SEM BARRIGA

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    EPLOGO 261

    APNDICE A PROCURA DE TRIGO EM TODOS OS LUGARES ERRADOS 265

    APNDICE B RECEITAS SAUDVEIS SEM TRIGO, SEM BARRIGA 277

    AGRADECIMENTOS 313

    REFERNCIAS 317

  • PRIMEIRA PARTE > TRIGO: O CEREAL INTEGRAL POUCO SAUDVEL

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    PRIMEIRA PARTE

    TRIGO:

    O CEREAL INTEGRAL

    POUCO SAUDVEL

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    Captulo 1

    QUE BARRIGA?

    O mdico cientco acolhe bem a criao de um po normal feito de acordo com as melhores provas cientcas. [...] Um produto desse tipo pode ser includo em dietas alimentares para pessoas doentes e pessoas saudveis, com uma compreenso clara dos efeitos que pode ter na digesto e no crescimento.DR. MORRIS FISHBEIN

    EDITOR DO JOURNAL OF THE AMERICAN MEDICAL ASSOCIATION, 1932

    Em sculos passados, uma barriga proeminente era exclusiva dos pri-vilegiados, um sinal de riqueza e sucesso, um smbolo de no ter de limpar estbulos ou lavrar a terra. Neste sculo, no temos de lavrar os nossos campos. Hoje em dia, a obesidade foi democratizada: todos podem ter uma barriga grande. Em meados do sculo XX, o seu pai chamava a este rudimentar equivalente barriga de cerveja. Mas como que as mes, crianas e metade dos nossos amigos e vizinhos que no bebem cerveja tm uma barriga de cerveja?

    Eu chamo -lhe barriga de trigo, embora pudesse muito facilmente chamar a este problema crebro de croissant, intestino de bagel ou cara de bolacha, porque no h um nico rgo que no seja afetado pelo trigo. No entanto, o impacto do trigo no permetro da cintura a sua caracterstica mais visvel e inegvel, uma expresso exterior das

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    grotescas distores que os seres humanos sofrem com o consumo deste cereal.

    Uma barriga de trigo representa a acumulao de gordura que resulta de anos de consumo de alimentos que ativam a insulina, a hormona de acumulao de gordura. Embora muitas pessoas acumulem gordura nas ndegas e nas coxas, a maioria acumula uma deselegante gordura no permetro abdominal. Esta gordura central ou visceral nica: ao contrrio da gordura existente noutras partes do corpo, este tipo de gordura provoca processos inamatrios, distorce as respostas da insulina e emite sinais metablicos anormais para o resto do corpo. No homem que tem uma barriga de trigo involuntria, a gordura vis-ceral tambm produz estrognio, que d origem a seios masculinos.

    Todavia, as consequncias do consumo de trigo no se manifestam apenas superfcie do corpo; o trigo tambm pode chegar a todos os rgos, desde os intestinos, fgado, corao e glndula tiride at ao crebro. Na verdade, dicilmente haver um rgo que no seja afe-tado pelo trigo de uma forma potencialmente prejudicial.

    TRANSPIRAR E SUAR NO CENTRO

    Exero cardiologia proltica em Milwaukee. Como muitas outras cida-des do centro -oeste, Milwaukee um bom lugar para viver e constituir famlia. Os servios da cidade funcionam muito bem, as bibliotecas so de primeira qualidade, os meus lhos frequentam escolas pbli-cas muito boas e a populao suciente para termos uma cultura de cidade grande, como uma excelente orquestra sinfnica e um museu de arte. Os habitantes de Milwaukee so pessoas bastante amistosas. Mas... so gordos.

    E no me estou a referir a algum excesso de peso. Estou a dizer que eles so muito, muito gordos. Estou a dizer que so gordos ao ponto de carem encharcados em suor depois de subirem um lano de esca-das. Estou a dizer que h mulheres de 18 anos com 110 quilos, mono-volumes acentuadamente inclinados para o lado do condutor, cadeiras de rodas com o dobro do tamanho das cadeiras de rodas normais,

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    equipamento hospitalar que no pode ser usado em pacientes que rebentam a balana com 160 quilos ou mais. (No s no cabem nos aparelhos de TAC e noutros equipamentos de imagiologia, como no seria possvel ver coisa alguma se coubessem. como tentar determi-nar se a imagem na gua escura do oceano uma solha -das -pedras ou um tubaro.)

    Antigamente, uma pessoa com 110 quilos ou mais era uma raridade; hoje em dia, uma viso comum entre homens e mulheres que pas-seiam no centro comercial, to banal como vender calas de ganga na Gap. As pessoas reformadas tm excesso de peso ou so obesas, e o mesmo acontece com os adultos de meia -idade, com os jovens adultos, com os adolescentes e at com as crianas. Os empregados de escrit-rio so gordos, os operrios manuais so gordos. As pessoas sedent-rias so gordas e os atletas tambm. As pessoas brancas so gordas, as pessoas negras so gordas, os hispnicos so gordos, os asiticos so gordos. Os carnvoros so gordos e os vegetarianos so gordos. Os americanos esto atormentados com a obesidade a uma escala nunca antes vista na experincia humana. Nenhuma demograa escapou crise de aumento de peso.

    Pergunte ao Ministrio da Agricultura ou ao Departamento de Sade Pblica dos Estados Unidos e eles dir -lhe -o que os Americanos so gordos porque bebem demasiados refrigerantes, comem demasia-das batatas fritas, bebem demasiada cerveja e no praticam exerccio fsico suciente. E essas coisas podem de facto ser verdadeiras. Mas essa no a histria completa.

    A verdade que muitas pessoas com excesso de peso tm bastante cuidado com a sua sade. Pergunte a qualquer pessoa que pese mais de 110 quilos: o que pensa que aconteceu para se deixar engordar a este ponto? A quantidade de pessoas que no respondem Passo o dia inteiro a beber refrigerantes, a comer batatas fritas e aperitivos e a ver televiso poder surpreend -lo. A maioria das pessoas dir apenas algo do gnero: No percebo. Pratico exerccio fsico cinco vezes por semana. Deixei de consumir gordura e aumentei o consumo de cere-ais integrais saudveis. No entanto, parece que no consigo parar de engordar!

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    COMO QUE CHEGMOS AQUI?

    A tendncia para reduzir o consumo de gordura e colesterol e aumen-tar o consumo de calorias provenientes de hidratos de carbono criou uma situao peculiar em que os produtos feitos base de trigo no se limitaram a aumentar a sua presena nas nossas dietas alimentares; eles passaram a dominar as nossas dietas alimentares. Para a maio-ria das pessoas, todas as refeies contm alimentos feitos com fari-nha de trigo. Pode ser o prato principal, pode ser o acompanhamento, pode ser a sobremesa provavelmente so todos.

    O trigo tornou -se o cone nacional da sade: disseram -nos Comam mais cereais integrais, e a indstria alimentar alinhou imediatamente, criando verses saudveis para o corao de todos os nossos produ-tos de trigo preferidos, repletas de cereais integrais.

    A triste verdade que a proliferao de produtos base de trigo na dieta alimentar equivalente expanso das nossas cinturas. O con-selho para cortarmos o consumo de gordura e colesterol e substituir as calorias por cereais integrais foi emitido pelo Instituto Nacional do Corao, Pulmes e Sangue, atravs do seu Programa Nacional de Edu-cao para o Colesterol, em 1985, e coincide precisamente com o in-cio de uma acentuada tendncia para o aumento de peso em homens e mulheres. Ironicamente, 1985 tambm assinala o ano em que os Centros para o Controlo e Preveno de Doenas (CDC) comearam a realizar estatsticas de peso corporal, documentando minuciosamente a exploso de obesidade e diabetes que comeou nesse mesmo ano.

    De todos os cereais que fazem parte da alimentao humana, por-qu implicar apenas com o trigo? Porque o trigo , por uma margem considervel, a fonte dominante de protena de glten na alimentao humana. A menos que sejam Euell Gibbons*, a maioria das pessoas no come muito centeio, cevada, espelta, triticale, bulgur e kamut, ou outras fontes menos conhecidas de glten; o consumo de trigo eclipsa o consumo de outros cereais com glten em mais de cem para um.

    * Euell Gibbons nasceu nos Estados Unidos a 14 de setembro de 1911 e faleceu a 20 de dezembro de 1975. Foi um defensor da natureza e props dietas naturais na dcada de 1960, chamando a ateno para plantas nutritivas que eram comple-tamente ignoradas. (N. da T.)

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    O trigo tambm possui atributos nicos que esses cereais no pos-suem, que o tornam especialmente destrutivo para a nossa sade, sobre os quais falarei em captulos posteriores. Porm, concentro--me no trigo porque, na vasta maioria das nossas dietas alimentares, a exposio ao glten pode ser usada em alternncia com a exposio ao trigo. Por esse motivo, uso frequentemente o trigo para represen-tar todos os cereais que contm glten.

    O impacto para a sade do Triticum aestivum, o trigo comum para o po, e dos seus irmos genticos vasto e variado, com curiosos efei-tos desde a boca at ao nus, desde o crebro at ao pncreas, desde a dona de casa apalache at ao investidor de Wall Street.

    Se isto lhe parece uma loucura, seja tolerante comigo. Fao estas armaes com uma conscincia limpa e sem trigo.

    NUTRIGEMIDO

    Como a maioria das crianas da minha gerao, nascidas em mea-dos do sculo XX e criadas com po Bimbo e Oreo, tenho uma relao longa e ntima com o trigo. As minhas irms e eu ramos verdadei-ros conhecedores de cereais para pequeno -almoo. Fazamos a nossa mistura especial de Chocapic, Estrelitas e Golden Grahams, e depois bebamos avidamente o leite doce e amarelado ou acastanhado que cava no fundo da tigela. evidente que a Grande Experincia com Alimentos Processados no se limitava ao pequeno -almoo. Para o almoo na escola, a minha me costumava mandar -nos sanduches de manteiga de amendoim ou mortadela, o preldio dos Bollycaos e das Filipinos embaladas em celofane. Por vezes, ela tambm inclua algumas Oreos ou Vienna Fingers. Para o jantar, adorvamos as re- feies de tabuleiro embaladas em pratos de papel de alumnio que nos permitiam comer o nosso frango panado, o bolo de milho e a tarte de ma, enquanto vamos o Olho Vivo na televiso.

    No primeiro ano da faculdade, munido de um carto de refeitrio vlido para tudo o que quisesse comer, empanturrei -me com wafes e panquecas ao pequeno -almoo, fettuccine Alfredo ao almoo, massa

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    com po italiano ao jantar. Mufns de sementes de papoila ou po de l para a sobremesa? Claro que sim! Aos 19 anos, tinha um pesado pneu na cintura e estava permanentemente exausto. Nos 20 anos seguintes, combati este efeito, bebendo litros de caf e esforando -me para afas-tar a letargia penetrante que persistia, independentemente das horas que dormisse durante a noite.

    No entanto, nunca tive plena conscincia disso, at ver uma fotograa que a minha mulher me tirou durante umas frias com os nossos lhos, na poca com 10, 8 e 4 anos, em Marco Island, Florida. Est-vamos em 1999.

    Na fotograa, eu estava a dormir na areia, e o meu abdmen mole caa para os dois lados e o meu queixo duplo repousava nos meus braos cidos cruzados.

    Foi nesse instante que percebi verdadeiramente: eu no tinha pou-cos quilos a mais para perder, tinha uns bons 13 quilos a mais na bar-riga. O que pensariam os meus pacientes quando lhes aconselhava uma dieta? Eu no era melhor do que os mdicos dos anos 60 que fumavam Marlboro enquanto aconselhavam os seus pacientes a ado-tarem estilos de vida mais saudveis.

    Porque que eu tinha todos aqueles quilos a mais no permetro da cintura? Anal de contas, corria cinco a oito quilmetros todos os dias, tinha uma dieta alimentar sensata e equilibrada, no ingeria quanti-dades excessivas de carnes ou gorduras, evitava comida de plstico e aperitivos, e privilegiava a ingesto de muitos cereais integrais saud-veis. O que que se passava?

    claro que tinha as minhas desconanas. No podia deixar de repa-rar que nos dias em que comia torradas, wafes ou bagels ao pequeno--almoo, sentia vrias horas de sonolncia e letargia. No entanto, se comesse uma omeleta de trs ovos com queijo, sentia -me bem. E algumas anlises bsicas zeram -me reetir. Triglicridos: 350 mg/dl; colesterol HDL (colesterol bom): 27 mg/dl. Estava diabtico, com uma glicemia de 161 mg/dl em jejum. Corria todos os dias, mas tinha excesso de peso e estava diabtico? Alguma coisa tinha de estar fundamentalmente errada com a minha dieta alimentar. De todas as mudanas que tinha introduzido na minha alimentao em nome da

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    sade, a mais importante tinha sido o aumento da ingesto de cere-ais integrais saudveis. Seriam os cereais que estavam a engordar -me?

    Esse momento de realizao aptica marcou o incio de uma viagem em que segui o rasto de migalhas, at deixar de ter excesso de peso e todos os problemas de sade associados. Porm, s quando obser-vei efeitos ainda mais signicativos em maior escala, para alm da minha experincia pessoal, que me convenci de que estava a acon-tecer alguma coisa verdadeiramente interessante.

    LIES DE UMA EXPERINCIA SEM TRIGO

    Um facto interessante: o po de trigo integral (ndice glicmico de 72) aumenta a glicemia tanto ou mais que o acar renado, ou sacarose (ndice glicmico de 59). (A glicose aumenta a glicemia para 100, da ter um ndice glicmico de 100. A medida em que um determinado alimento aumenta a glicemia relativamente glicose determina o seu ndice glicmico.) Assim, quando comecei a criar uma estratgia para ajudar os meus pacientes com excesso de peso e tendncia para dia-betes a reduzirem a glicemia com maior eccia, pareceu -me lgico que a forma mais rpida e simples de obter resultados seria eliminar os alimentos que provocavam uma subida mais acentuada da glice-mia: por outras palavras, no o acar mas o trigo. Elaborei um sim-ples folheto onde explicava como substituir os alimentos base de trigo por outros alimentos integrais com um baixo ndice glicmico, para criar uma alimentao saudvel.

    Passados trs meses, os meus pacientes voltaram para repetir as an-lises de sangue. Como tinha previsto, salvo raras excees, a glicemia (glicose) tinha cado, de um modo geral, da zona da diabetes (126 mg/ /dl ou mais) para normal. Sim, os diabticos tornaram -se no diabti-cos. Isso mesmo: em muitos casos, a diabetes pode ser curada no simplesmente controlada com a remoo dos hidratos de carbono, especialmente o trigo, da dieta alimentar. Muitos dos meus pacien-tes tambm tinham perdido 10, 15 ou at 20 quilos.

    Mas o que me espantou foi o que eu no esperava.

  • SEM TRIGO, SEM BARRIGA

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    Eles disseram que os sintomas de reuxo gastroesofgico tinham desaparecido e que tinham deixado de ter as clicas e diarreia cclicas da sndroma do intestino irritvel. Com o aumento do nvel de energia, tinham maior capacidade de concentrao e o sono passou a ser mais profundo. As erupes cutneas desapareceram, mesmo nos casos em que tinham sido crnicas durante muitos anos. As dores causadas pela artrite reumatoide diminuram ou desapareceram, permitindo -lhes reduzir e at eliminar os medicamentos fortes que tomavam para o tratamento deste problema de sade. Os sintomas de asma melhora-ram ou desapareceram completamente, e muitos deitaram fora os ina-ladores. Atletas referiram um desempenho mais consistente.

    Mais magros. Mais enrgicos. Com o pensamento mais claro. Intes-tinos, articulaes e pulmes mais saudveis. Vezes sem conta. Segu-ramente, estes resultados eram um motivo suciente para renunciar ao trigo.

    O que me convenceu ainda mais foram os muitos casos em que as pessoas retiravam o trigo da sua alimentao e depois tinham uma recada: alguns aperitivos, um canap numa festa. Passados alguns minutos, tinham diarreia, sentiam inchao e dores nas articulaes ou cavam com pieira. E o fenmeno repetia -se ocasionalmente.

    O que comeou como uma simples experincia de reduo dos nveis glicmicos transformou -se numa compreenso de mltiplos problemas de sade e perda de peso, que continua a surpreender--me ainda hoje.

    UMA TRIGOTOMIA RADICAL

    Para muitas pessoas, a ideia de excluir o trigo da alimentao , pelo menos psicologicamente, to dolorosa como a ideia de desvitalizar um dente sem anestesia. Para algumas pessoas, o processo pode at ter efeitos secundrios semelhantes aos da privao de tabaco ou lcool. Porm, o paciente tem de passar por este processo para se curar.

    Sem Trigo, Sem Barriga explora a assero de que os problemas de sade atuais, desde cansao at artrite, problemas gastrointestinais ou

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    obesidade, tm origem no inocente po ou no croissant que comemos todas as manhs ao pequeno -almoo.

    A boa notcia: h uma cura para o problema chamado barriga de trigo ou, se preferir, crebro de croissant, barriga de bagel ou cara de bolacha.

    A concluso a tirar: a eliminao deste alimento, que faz parte da cultura humana h mais sculos do que Larry King esteve no ar, vai tornar as pessoas mais magras, mais inteligentes, mais rpidas e mais felizes. A perda de peso, em particular, pode dar -se a um ritmo que nunca imaginou. E possvel perder seletivamente a gordura mais visvel, resistente insulina, criadora de diabetes, produtora de inamao e causadora de embarao: a gordura da barriga. um pro-cesso em que, praticamente, no se sente fome nem privao e que tem um vasto espectro de benefcios para a sade.

    Ento, porqu eliminar o trigo e no, por exemplo, o acar ou todos os cereais em geral? No prximo captulo, vou explicar porque que o trigo nico entre os cereais modernos na sua capacidade de se con-verter rapidamente em acar no sangue. Alm disso, o trigo tem uma composio gentica mal compreendida e pouco estudada, e pro-priedades viciantes que nos levam a comer ainda mais; foi associado a, literalmente, dzias de males debilitantes, para alm dos que esto associados ao excesso de peso; e inltrou -se em quase todos os aspe-tos da nossa dieta alimentar. evidente que cortar o acar renado ser provavelmente boa ideia, pois os benefcios nutricionais do a-car so poucos ou nulos, sendo que tambm tem um impacto nega-tivo na glicemia. No entanto, para obter resultados mximos, o passo mais fcil e mais ecaz que pode dar para salvaguardar a sua sade e reduzir a sua cintura a eliminao do trigo.