Semanário ECCLESIA · com a luz e a graça de Deus, que possa ser um caminho de paz para cada...

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Semanário ECCLESIAEditorial4 - João Aguiar Campos Nacional:8 - Novo ano sob o signo dapaz10 - 2012 em revista Espaço ECCLESIA14 - O plano anticrise doPapa16 - A semana de... Opinião18 - D. Pio Alves Entrevista20 - D. Jorge Ortiga, 25anos de bispo Internacional28 - O Papa e o novo ano30 - Bento XVI: Balanço de2012

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03 de janeiro de 2013Perspetivas para 201334 - Ética e Cidadania36 - Solidariedade e esperança38 - O que esperam osjovens?40 - Lideranças empresariais Cinema 42 - Os Miseráveis

Multimédia 44 - Taizé online

História:46 - Cinquentenáriospara 201348 - Concílio Vaticano II Opinião58 - Francisco SarsfieldCabral Reportagem60 - Celebrar os Reis entre

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Portugal e Espanha

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365 oportunidades

João Aguiar CamposDiretor do SecretariadoNacional dasComunicações Sociais

1. Foi por acaso, numa partilha de rede social,que cheguei ao desenho da criança, sentada ameia encosta, ao lado do seu fiel cachorrinho.Num diálogo que só a imaginação podeassegurar, ela pergunta: «Que nos trará o anoque vem?». O cachorrinho, de orelhasarrebitadas e cérebro vivo, respondeprontamente: «365 oportunidades».Confesso não saber se, na surpresa de umaquestão igual, eu daria igual resposta. Admitomesmo um discurso redondo, evocandoprevisões de Agenda, evoluções desenhadas poruma série de indicadores ou prognósticos deconsultores reais ou fictícios, etc, etc. Falar de365 oportunidades porventura não me ocorreria.E constato-o com pena!Admito, de facto, que tenho deixado algumahumidade escorrer livre pelas paredes do ânimo,refugiando-me no lugar comum do «isto estápéssimo» - sem me aperceber que a repetiçãoreforça a convicção e agrava o olhar.Repito uma vez e outra que «Deus dá o frioconsoante a roupa». Mas logo a seguir tirito depessimismo, desmentindo a esquina soalheiraonde poderia ver um céu diferente.Na passagem de ano, tomei a decisão de mudar.Mas já sei quão difícil é contrariar o que é tidocomo inevitável, pois isso obriga-me a serverdadeiramente crente: a acreditar em mim, nosoutros e n'Aquele que nunca falta com a Suagraça. Obriga-me a valorizar pessoas e atitudesque tenho desvalorizado,

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subalternizando ao mesmo tempoalgumas das prioridades até agoraestabelecidas.Mas vale a pena enfrentar o desafioque, na expressão de WhitneyJunior, "existe para tornar as coisasmelhores". 2. Olhar os dias que temos pordiante como oportunidade implicavirtude. Realmente, a esperança e aconfiança são exigentes e, comodiria S. Josémaria Escrivá, muitodistintas de uma atitude melosa equietista, segundo a qual ao fim eao cabo tudo dará certo... Não.Os resultados merece-os apenasquem é rigoroso e esforçado. Quemsabe conviver com as lágrimas enão fecha os olhos ao rostodesfigurado do seu tempo.A passividade nada pode esperar

legitimamente e, sobretudo, nadafaz acontecer, se excluirmos odesastre... Tudo o mais pressupõecompromisso e trabalho permanentepara tornar efetivas as pequenasesperanças e abrir a porta à grandeesperança.Trata-se, citando Bento XVI, de ummodo de ser, que se adquiremediante esforçada e contínuaaprendizagem. Sem desistência,ainda que pela vida pessoal ou pelomomento histórico, aparentementenada mais haja a esperar (Spessalvi, 35).Penso ser de Gustave Thibon aideia de que as graças estão presasao céu por um cabelo. A vontade é atesoura que, facilmente, o corta.Decisivo é saber quanto queremos oque queremos!

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De olhos

postos na luzantes da incerteza

do novo ano

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"Isto não se resolve de forma fugazou porque alguém promete ou dizque, mas porque nós todos nosenvolvemos nisto"D. Manuel Clemente, bispo doPorto, à RTP "A felicidade compromete-nos, nãonum esforço perfecionista mas numesforço de santidade"Padre Vítor Gonçalves, Diocese deLisboa, Eucaristia da Solenidade deSanta Maria Mãe de Deus e DiaMundial da Paz "Um novo ano é como uma viagem:com a luz e a graça de Deus, quepossa ser um caminho de paz paracada homem e cada família, paracada país e para o mundo inteiro"Bento XVI, oração do Angelus, dia1 de janeiro

"Se nós, cristãos, assumíssemosjuntos um compromisso prioritáriopela justiça e pela paz, uma novavitalidade do cristianismo poderianascer: um cristianismo humilde,que não impõe nada, mas que é salda terra"Irmão Alois, prior da Comunidade deTaizé, nas meditações do EncontroEuropeu de Jovens, Roma "São muitos, e cada vez mais, osque se interrogam sobre a razãodos sacrifícios que lhes são exigidose se esses sacrifícios serãorealmente necessários e úteis"Aníbal Cavaco Silva, presidente daRepública , na mensagem de AnoNovo aos portugueses

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2013: Ano começa sob o signo davida "É precisodenunciar,com lucidez ecoragem, oserros sociais epolíticos emsociedadesque não dãoprioridade aobem-comum"D. JoséPolicarpo,cardeal-patriarca deLisboa

O início de 2013 foi a oportunidade escolhida porvários bispos da Igreja Católica para pedir umcompromisso efetivo na defesa da vida e das famíliasem Portugal. O cardeal-patriarca de Lisboa apelou namissa a que presidiu na Paróquia de Rio de Mouro auma "autêntica política de proteção à família" parasuperar a atual situação em que o país se encontra,alertando para uma "crise de civilização" na Europa."Somos um país a lutar corajosamente para vencer umperíodo difícil da nossa história. Mas olhemoscorajosamente para o que está a acontecer àsfamílias: leis permissivas que não valorizam oaprofundamento dos seus valores constitutivos; leisfiscais que penalizam a família; a incapacidade deevitar que o drama do desemprego se abata sobrefamílias inteira", disse D. José Policarpo.Também o bispo do Porto deixou votos de que o anode 2013 seja marcado pela defesa da vida, sem"qualquer hesitação", criticando o "amolecimentocultural ou legal" em relação a esta matéria, queconsiderou como "um atentado à paz"."Estando Deus aí mesmo, na vida em gestação, dentroou já fora do ventre materno, como se torna prioritáriaa promoção e salvaguarda de cada vida humana, noarco total da sua existência terrena", afirmou D.Manuel Clemente, para quem é "estranho" que seapresentem como "progressos civilizacionais" aquiloque denominou de "autênticas regressões de dois milanos, desprotegendo a vida em todo seu verdadeiropercurso, pré e pós-natal".

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Já o bispo da Guarda afirmou que asociedade portuguesa tem de ter a"coragem" para repensar e pôr emcausa a lei do aborto. "Se nósportugueses queremos ser, deverdade, cidadãos sérios eresponsáveis pela sustentabilidadeda sociedade que nos estáconfiada, temos de assumir acoragem de pôr em causa esta lei eprocurar caminhos novos deacolhimento às crianças, que são defacto o nosso futuro", declarou D.Manuel Felício.D. António Couto, bispo de Lamego,apelou no primeiro dia de 2013 àcriação de um clima de maiorjustiça, criticando a "desumanidade"que ataca o direito à vida e afamília. "Tem de ser promovido umverdadeiro clima de justiça social,para que todos os seres humanosse possam sentir irmãos", referiu.

O bispo de Santarém deixou votosde que o novo ano encontre, porparte de responsáveis políticos e dapopulação em geral, uma maiorpreocupação com a justiça e afraternidade, ultrapassando afixação no "bem-estar económico"."Preparar um futuro melhor, não éapenas pagar as dívidas", observouD. Manuel Pelino.Em Viseu, o bispo local disseesperar que o novo ano conte compolíticas sociais "mais eficazes",para ajudar quem sofre asconsequências da crise, e apelou à"organização justa" das funções doEstado em Portugal. "Não é justoque vivendo uma crise tão grave,tão prolongada e com tantasconsequências no desemprego, unsnão tenham meios para viver eoutros os possam esbanjar", alertouD. Ilídio Leandro.

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Um ano em 12 notícias A Agência ECCLESIA elaborou um balanço do ano de 2012, na vida daIgreja Católica em Portugal, disponível online emhttp://www.agencia.ecclesia.pt/2012, dos quais se elencam aqui 12acontecimentos:

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Do «velho» SAI à era digital

O Semanário Agência ECCLESIA assume hoje umnovo formato, exclusivamente digital, para oferecer"conteúdos renovados" e testar "inovadoras formas dechegar a mais leitores", como refere o seu diretor,Paulo Rocha.O projeto, decidido pelo Secretariado Nacional dasComunicações Sociais e aprovado pela ComissãoEpiscopal da Cultura, Bens Culturais e ComunicaçõesSociais (onde se integra aquele Secretariado, naConferência Episcopal Portuguesa), surge como"continuidade de uma aposta na informação queremonta aos inícios dos anos 60, quando nasceu o"boletim" que está na origem deste semanário".Depois do CCI (Centro Católico de Informação), a 10de fevereiro de 1983 chegava o número 1 do SAI(Serviço de Apoio à Imprensa), com periodicidadesemanal e, normalmente, 8 páginas " o númeroaumentava se um documento do Papa ou dos bisposportugueses não era resumido.O SAI que saiu centenas de vezes, com váriosdiretores, deu lugar à Agência ECCLESIA (AE): a 5 dejaneiro de 1994 com o n.º 475, a AE chama paraprimeira página "Domingo numa sociedade emmudança" e "Grande Exposição Missionária".O número mil sairia a 22 de março de 2005 e a últimaedição impressa foi publicada a 18 de dezembro de2012. Segue-se agora a aventura digital.A ECCLESIA, marca institucional da presença da Igrejana área dos media, é propriedade do SecretariadoNacional das Comunicações Sociais, e distribuiinformação em diferentes plataformas.

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José Amaro Teixeira

LisboaO cónego José Amaro Teixeira, de 101 anos, morreuesta quarta-feira na Casa Sacerdotal de Lisboa,anunciou o Patriarcado, em comunicado enviado àAgência ECCLESIA. O padre mais idoso de Portugalnasceu a 19 de agosto de 1911, em Belmonte, naDiocese da Guarda, e tinha sido ordenado a 6 de abrilde 1935.Entre outras funções, foi governador na diocese naausência do prelado, durante o Concílio Vaticano II(1962); vigário episcopal (1967-1968); vigário geral-adjunto (1972-1990); foi nomeado pelo Papa capelãoda Santa Sé (monsenhor) em 1991. Portalegre-Castelo BrancoO bispo de Portalegre-Castelo Branco qualificou de"sério, bonito e festivo" o trabalho realizado nassessões inaugurais do sínodo diocesano, queocorreram a 17 de novembro, 1 e 29 de dezembro de2012. "Temos contribuído para ver, ler e analisar arealidade que somos, para debater ideias eapresentar as propostas que o Espírito nos vaisuscitando", afirmou D. Antonino Dias na Sé dePortalegre. CoimbraO bispo de Coimbra, D. Virgílio Antunes, afirmou haverresponsabilidades individuais no entrave à construçãoda paz, atribuindo esta realidade a pessoas "escravas"do poder, de "máquinas partidárias, dos lóbis, daopinião comum ou das ideologias".

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LamegoO bispo de Lamego, D. António Couto, decidiureorganizar a divisão territorial da diocese, reduzindo onúmero de arciprestados (conjuntos de paróquias)para menos de metade, de 14 para seis. Estareconfiguração ocorre "para permitir que osarciprestados que, até agora, contavam com umnúmero muito reduzido de sacerdotes, possam permitira sua integração em zonas pastorais mais amplas". FátimaO bispo da Diocese de Leiria-Fátima recordou a"situação de emergência" que se vive em Portugal,pedindo para 2013 uma cultura política capaz de"vencer a sede de poder, a ganância do lucro". D.António Marto falava a centenas de pessoas naBasílica da Santíssima Trindade, que receberam onovo ano no Santuário de Fátima. AveiroO bispo de Aveiro pediu que o novo ano seja marcadopor um "grito pela paz". "A Paz é sonho, ideal, projeto,direito, valor e compromisso de crentes e nãocrentes", refere D. António Francisco dos Santos. SetúbalD. Gilberto Reis, bispo de Setúbal, considera que asolidariedade é "um analgésico no sentidopositivo", que não adormece, mas que ajuda aspessoas.

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ECCLESIA

O programa anticrise de Bento XVI

"Estamos afalar de umaplataformasocial onde avida está aser lesada,assassinada:há muitagente queacha que avida perdeusentido,sabor"D. JanuárioTorgal Ferreira

A mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz2013, com que se iniciou o novo ano, tem estado emdestaque ao longo desta semana no espaço da IgrejaCatólica na Antena 1 da rádio pública, sempre às22h45. Um texto no qual se critica a "erosão da funçãosocial do Estado" e que, sublinha o bispo das ForçasArmadas e de Segurança, o Governo português devia"ler e meditar muito".D. Januário Torgal Ferreira diz à ECCLESIA que há um"ataque à vida" na sociedade e que entre os "direitose deveres sociais" mais ameaçados está o "direito aotrabalho". "O justo reconhecimento do estatuto jurídicodos trabalhadores não é devidamente valorizado",indica.O prelado refere mesmo que, ao ler o documento,ficou com a impressão de que "Bento XVI veio aPortugal nos últimos dias". D. Januário Torgal Ferreirafala num Estado Social "de rastos", convidando à"contemplação dos grandes valores e princípios"defendidos pela Igreja neste campo.Para Maria do Rosário Carneiro, vice-presidente daComissão Nacional Justiça e Paz, é essencial colocar apessoa como "centro da construção da comunidade"."Este é um discurso [de Bento XVI] de desinstalação",observa, frisando que o combate à pobreza edesigualdade exige "uma militância constante". "Apessoa humana é agente e autor da construção dapaz", sublinha Maria do Rosário Carneiro.

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Margarida Saco, do movimento "PaxChristi", frisa os exemplos de"gestos de paz" dados pelo Papaque devem ser concretizados nosmomentos concretos de cada dia eelogia a alusão ao direito aotrabalho, essencial para respeitar a"integridade" de cada pessoa.Bento XVI escreve que é necessárioencarar como "prioritário o objetivodo acesso ao trabalho para todos",um dos "direitos e deveres sociaisatualmente mais ameaçados".O padre João Lourenço, diretor daFaculdade de Teologia daUniversidade Católica, sublinha quea paz é "uma construção que nascedo coração", exigindo uma"harmonia interior"

que leve ao encontro com os outros."Temos uma desarmonia universal,neste momento, muito grande, muitoprofunda", lamenta o sacerdote.Isabel Bento, da comunidadecatólica de Santo Egídio, destacapor sua vez a transversalidade dotexto papal, dirigido a crentes e nãocrentes, admitindo que éparticularmente dirigida à Europanum momento em que os Estadosse "têm de questionar"."O que é que queremos fazer para ofuturo, politicamente?", pergunta,pedindo "homens e mulheres de boavontade e com coragem" para poder"dar a volta" à atual situação.

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A semana de...

Rui MartinsAgência ECCLESIA

1. Na mensagem para o Dia Mundial da Paz, que seassinalou a 1 de janeiro, o Papa lembra que "asideologias do liberalismo radical e da tecnocraciainsinuam, numa percentagem cada vez maior daopinião pública, a convicção de que o crescimentoeconómico se deve conseguir mesmo à custa daerosão da função social do Estado e das redes desolidariedade da sociedade civil". "E, entre osdireitos e deveres sociais atualmente maisameaçados", prossegue, "conta-se o direito aotrabalho". "Para sair da crise financeira eeconómica atual, que provoca um aumento dasdesigualdades", continua Bento XVI, é necessáriodiscernir "um novo modelo económico". Poucosdias após a promulgação do Orçamento de Estadopara 2013 por parte do presidente da República,encontramos nestas palavras um critério paraavaliar o Governo e um incentivo a proporalternativas mais próximas da visão cristã domundo. 2. Os católicos evocaram no domingo a SagradaFamília de Jesus, Maria e José. Com asdificuldades económicas sobressai a importânciada família enquanto lugar de amizade esolidariedade. Mas esta instância essencial àcoesão social continua a ser desvalorizada por leisfiscais que a "penalizam", pelo "drama dodesemprego" e pela "diminuição da natalidade, quepõe em causa o futuro da comunidade humana",como afirmou o cardeal-patriarca na missa doprimeiro dia do ano. "Para quando uma política deproteção à família?", questionou.

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3. Os presépios regressaram àsigrejas e à praça pública. Superadaa polémica da vaca e do burro, sãomilhares os visitantes quecontinuam a alimentar uma dastradições cristãs que se mantém emPortugal. Mas será que este esteiocultural é acompanhado pelaespiritualidade? Por outraspalavras, a visita à natividade deJesus é hoje um passeio inócuo oudesperta os mesmos sentimentos deadoração e alegria patentes nasfiguras representadas no presépio? 4. Mais de 40 mil jovens, incluindocentenas de portugueses, entraramno novo ano a rezar durante oencontro promovido em Roma pelosmonges da comunidade ecuménicade Taizé. É uma afirmação, comooutras, de que o cristianismo e aprocura de Deus atravessam todasas gerações. 5. Os funcionários da Logomedia,que asseguraram até agora parteda produção da “Fé dos Homens –Ecclesia” e a totalidade do “70X7”,programas transmitidos na RTP-2,estão apreensivos quanto ao futuroda cooperativa fundada em 1986por várias instituições católicas. Um

trabalho feito de dedicação dosprofissionais que têm dado o melhorde si para servir a Igreja. 6. Nesta semana redescobri os‘Ditos e Feitos dos Padres doDeserto’ (ed. Assírio & Alvim),“quase sempre nozes duríssimas,impossíveis de rachar, para setrazer consigo toda a vida”,formuladas por “homens inamovíveiscomo que de fogo, de modo que osseus dedos erguidos soltavamchamas”, como escreve CristinaCampo na introdução.

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Ano Novo

D. Pio AlvesPresidente da ComissãoEpiscopal da Cultura,Bens Culturais eComunicações Sociais

Por estes dias, esta expressão andou e andaainda na boca de muita gente: ora como meraverificação de alteração de calendário; ora paracumprir apenas um rito social; ora para desejarque os doze meses que aí vêm sejam realmentenovos.Consciente dos palpites cinzentos ou negros queandam no ar, confesso a minha resistência ajuntar à expressão qualquer outro adjetivo, talcomo próspero ou feliz. Fiquei-me pelo bom e,nalguns casos, fecundo. Temi agredir alguémcom demasiado otimismo!Mas, na realidade, bastaria ter ficado pelo desejode um ano verdadeiramente novo: ancorado numsereno realismo e, por isso, aberto à esperança.Existe esse caminho? Estou convencido de queexiste: importa assumi-lo e, com todo o respeitopossível, ajudar os mais vulneráveis a descobri-lo e a caminhar por ele.Viver na novidade dessa Sociedade tem,contudo, condições. Há, certamente, funçõesdiferenciadas, mas todos têm a mesma radicaldignidade, que nunca pode ser ofendida. Não há,por isso, lugar para castas, seja de que tipo for.Todos são, simultaneamente, sujeitos de direitose deveres: direitos para serem reclamados;deveres para serem cumpridos.

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"Quanto maioressão as dificuldades, mais se torna

necessáriojuntar esforços"

O livre exercício dos direitos edeveres responsabiliza, por igual,todos e cada um na construção e/oureconstrução da Sociedade. Esteexercício, porque vivido na legítimapluralidade de opções, estará tãolonge de um concordismomassificador como de uma inútil edesgastante maledicênciasistemática.Sempre me impressionou, na leiturado texto do Livro do Génesis querelata a queda original (Génesis,capítulo 3), o protagonismo do dedoacusador .Ali (aqui!) parece que ninguém temculpa: nem Adão, nem Eva. A pobreda serpente não teve voz para sedefender! Só faltou acusar Deus e odom da liberdade!Triste teatro quando as legítimasopções dos outros são lidas semprecomo disparate! Pobre Sociedadequando tudo serve de pretexto paraa maledicência, para a gritaria!É imprescindível aprender com oserros cometidos. É dos livros quenão tem mais razão,

necessariamente, quem tem maispoder ou quem fala mais alto.Manda o bom senso que, quantomaiores são as dificuldades, mais setorna necessário juntar esforços econsensualizar legítimas opções.Caso contrário, por mais metasfinanceiras e económicas quepossam ser alcançadas, não vamoslá!Iremos lá se todos, também oscristãos, quisermos e soubermoscultivar a verdadeira novidade deum ano que começa.

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D. Jorge Ortiga,25 anosde bispo Nas bodas de pratade ordenação episcopal,o arcebispo de Bragapassa em revista estequarto de século aoserviço da Igreja e dasociedade em Portugalem entrevista aoSemanário ECCLESIA

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O arcebispo de Braga, que hojecelebra 25 anos de ordenaçãoepiscopal, considera que o atualmomento do país implica acolaboração de todos parapromover maior igualdade e justiça.D. Jorge diz gostar mais do"contacto diário" com a população ede "participar nos problemas reaisdas pessoas, sejam sacerdotes ouleigos".Filho de agricultores, evoca umainfância em que se ocupava tambémcom a ajuda à família, no campo:"Sei o que custa a vida e sei fazeras coisas".D. Jorge Ferreira da Costa Ortiganasceu a 5 de março de 1944, nafreguesia de Brufe, Concelho deVila Nova de Famalicão (Diocese deBraga) e uma vez terminados osestudos, foi ordenado padre no dia9 de julho de 1967, juntamente com24 colegas, na igreja de Lousado(Famalicão).Com 43 anos, o Papa João Paulo IInomeou-o bispo titular de NovaBárbara e auxiliar de Braga, a 9 denovembro de 1987. A 3 de janeirode 1988, foi ordenado bispo peloentão arcebispo primaz de Braga, D.Eurico Dias Nogueira, na cripta doSameiro, escolhendo como lemaepiscopal a passagem do capítulo17 do Evangelho segundo SãoJoão: "Ut unum sint" (que sejamum).

Agência ECCLESIA (AE) - Ainda serecorda do dia em que foi nomeadobispo auxiliar de Braga e titular deNova Bárbara?D. Jorge Ortiga (JO) - Recordoplenamente. Aquelesacontecimentos marcados pelasurpresa são inesquecíveis, deperplexidade e de uma certainquietação interior. Estesacontecimentos marcam de maneiradefinitiva a vida. AE - Onde estava quando recebeua notícia?JO - Estava nos Congregados(Basílica que fica no centro dacidade de Braga). Fui convidadopara ir à Nunciatura (em Lisboa),mas naquela ocasião já se ouviafalar e dizer qualquer coisa. Nãocontei a ninguém, mesmo aosamigos mais íntimos com quem vivia(com uma equipa sacerdotal) e fiz aviagem até Lisboa. A viagem foi umaluta interior, prevendo o que poderiaacontecer e, efetivamente,aconteceu.

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AE - A nomeação deveu-se,essencialmente, ao seu trabalhopastoral ou à sua dissertação emRoma?JO - Por aquilo que sei hoje e poraquilo que conheço, acho que nãofoi tanto pela tese de Roma e otrabalho académico. Inicialmente,pensava dedicar-me ao ensino(primeiro era o seminário, depoispassou a instituto e agora é afaculdade de teologia), mas terei dereconhecer que se deve mais aomeu trabalho pastoral e entrega aossacerdotes. Como estudei históriada Igreja (época antiga) até penseialargar os meusconhecimentos. Não fiz a tese dedoutoramento, apesar de terpreparado todos os cursos para odoutoramento. Mas durante o meutempo de estudo fui-meapaixonando pelo trabalho com ossacerdotes. Quando vinha a Bragae quando regressei, os meustempos livres eram «gastos» emcontactos e diálogos com ossacerdotes, num momento umbocado complicado para aarquidiocese de Braga. AE - Adaptou-se facilmente ao IIConcílio do Vaticano, visto que asua formação presbiteral foitridentina (Concílio de Trento)?JO - Posso dizer que suspirava peloconcílio,

Conhecer a caracterizaçãoprópria deste povo foiuma vantagem porquetemos uma maneira muitooriginal de encarar a vida- alicerçada muito nafamília , na alegria, festae na tradição. todas as sensibilidades e correntes.Acompanhei-o através de livros quesaiam, mas, particularmente, atravésde alguns jornais que nosdescreviam o que estava aacontecer. Exultava com o«aggiornamento» e com arenovação da Igreja. Segui todos ospassos do documento «Gaudium etSpes». Recordo a experiência, nosprimeiros anos de sacerdócio, naBasílica dos Congregados, aoportunidade de dialogar compessoas de todas as correntes, comas inquietações e irreverências dajuventude. Dialogar com osmovimentos que surgiram naquelaaltura, mesmo alguns de esquerda. AE - Não teve receio de serconvertido para a ideologia deesquerda?JO - Não. Já tinha encontrado umsuporte ou alicerce que é,essencialmente, uma vida deespiritualidade.

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AE - É natural do Minho, de Brufe(Famalicão), foi presbítero naArquidiocese de Braga e,atualmente, arcebispo nesteterritório eclesial. Existe um adágiopopular que afirma: "Santos da casanão fazem milagres", mas D. JorgeOrtiga tem feito milagres?JO - Não fiz milagres, nem pretendo.Se alguma coisa acontece, não soueu que faço. É, apenas, deixar-medisponível para que Deus realizealguma coisa através de mim. Noentanto, posso dizer que me meteuum pouco mais de medo, primeiroquando fui bispo auxiliar e depois,também, arcebispo de Braga.Reconheço também que tive algumavantagem em ser natural de Bragaporque conheci e conheço adiocese toda. Conheço não apenaspelo nome, mas a grande maioriadelas pela sua localização e os seussacerdotes. AE - Ao longo dos dez anos em quefoi bispo auxiliar de Braga, quetarefas lhe incumbiram?JO - Continuei com o mesmotrabalho que tinha porque, antes de1981 (ainda era presbítero novo),fui nomeado vigário episcopal parao clero. Continuei com essaresponsabilidade e essa alegria de

poder servir os padres. A maiorparte do meu tempo era para visitaros sacerdotes e ir ao encontrodeles. Esse mesmo amor aossacerdotes procurava fazê-lonaquele trabalho que me foiconfiado, através das visitaspastorais. Passava alguns dias nascomunidades onde ia fazer a visitapastoral. Entrava nas realidades dacomunidade, tanto eclesiais comosociais. As visitas a fábricas foramde uma riqueza muito grandeporque tive oportunidade de entrarno realismo de um trabalhador. AE - Não conhecia essa realidadedos seus tempos juvenis?JO - Conhecia alguma coisa atéporque o meu pai também eraoperário. No entanto, confesso quealgumas delas não conhecia. AE - Teve uma infância privilegiada?JO - Trabalhei sempre. Desde quenasci... (risos). Os meus pais eramagricultores e recordo quando osmeus colegas no final da escola iambrincar, eu ia para o campo fazeraquilo que podia conforme a idadede que tinha. Coisas simples, mas amaior parte do tempo ocupado comessa ajuda à família. Sei o que custaa vida e sei fazer as coisas.

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AE – Teve alguns dissaboresenquanto bispo auxiliar de Braga?JO – A vida é feita de tudo, masconfesso que não recordo nenhum.Tenho um princípio que orienta aminha vida: procurar viver omomento presente e o que estápara trás entregá-lo à benignidadede Deus. Mas se notava algumadivisão entre o clero, ficavapreocupado. O mesmo aconteciacom a situação social das pessoas. AE – O seu trabalho tem sidoreconhecido na região minhota, atal forma que aparece na toponímiade Famalicão.JO – Atos contra o meu gosto, masé sinal de simpatia e de amizade.Gosto de trabalhar – de dia e denoite -, mas no silêncio e não estarà espera de qualquer tipo derecompensa. Gosto do cristianismocomo festa, mas não gosto de serobjeto da festa. AE – Trabalha de dia e de noite?Levanta-se muito cedo?JO – Gosto de uma vida metódica eorganizada com os horáriosdefinidos. No entanto procuroreservar sete horas para descansarporque nem

todas as noites dão para dormir.Tenho um ritmo de trabalho -procuro não ser agitado – mas comuma agenda preenchida e queproduz sempre muitas coisas.Alguém diz que sou como um vulcão… AE – Considera-se mesmo umvulcão?JO – Não, mas reconheço que asideias surgem com relativafacilidade. Sou capaz de ver osacontecimentos, mas não os verpassivamente. Os acontecimentosprovocam, imediatamente, umaresposta ou reação.

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AE – Em 1999, João Paulo IInomeou-o arcebispo titular deBraga. Recorda este momento?JO – Perfeitamente. Tiveconhecimento alguns dias antes,mas a notícia tornou-se pública nodia 05 de junho. Eu queria – emtermos de gosto - que fosse no dia06 desse mês, porque era o dia deaniversário do meu pai. A notícia foidivulgada quando estávamos paraproceder ao encerramento docongresso eucarístico, realizado emBraga. AE – Desde que é titular de Braga,o seu múnus episcopal tem-sepautado por que áreas específicas?JO – Continuei com a preocupaçãopelos sacerdotes e também pelolaicado. Uma das alegrias maioresque tive como bispo auxiliar foi o tersido secretário-geral do sínododiocesano bracarense que decorreude 1994 a 1997. Juntamente comuma equipa, procurei ser odinamizador, tanto que D. EuricoDias Nogueira (arcebispo emérito deBraga) me chamou o cabouqueirodo sínodo. Tudo se

orientava para uma pastoral voltadapara o futuro onde se colocava aevangelização em primeiro lugar. Éfundamental trabalhar sempre emambiente de unidade, diálogo ecomunhão. AE – É mais um bispo de gabineteou do contacto diário com aspessoas?JO – Gosto mais de ser bispo decontacto diário. De ir ao encontropara participar nos problemas reaisdas pessoas, sejam sacerdotes ouleigos. A atenção aos maiscarenciados é um aspeto que nãoposso, de maneira nenhuma,esquecer. Mas também tenho o meutrabalho de gabinete porque éfundamental refletir, estudar epensar nas realidades concretas. AE – É um peregrino na cidade?JO – Gosto imenso de andar pelasruas da cidade. Habitualmente, soueu que conduzo o carro e, destaforma, posso contactar com aspessoas. Nos trabalhos oficiais,procuro dialogar com tudo e comtodos. Sinto-me mergulhado no meiodas pessoas.

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AE – Com D. Jorge Ortiga ao lemeda arquidiocese, Braga recebeudois novos beatos: Frei Bartolomeudos Mártires e Alexandrina deBalasar.JO – Dois acontecimentos que medeixaram uma grande consolaçãointerior. Efetivamente, Deusconcedeu-me essa graça de poderter tido duas beatificações que, poracaso, naquela altura, aindaaconteceram em Roma. Forammomentos importantes eestimulantes. AE – As celebrações da SemanaSanta e também as da épocanatalícia têm um grande impacto nadiocese. Deixam sementes para oresto do ano ou resumem-se aolado folclórico?JO – O povo minhoto está muitomarcado pela dimensão da festa.Esta tem sempre a dimensão maisprofana e também a dimensãoreligiosa. No verão, estamos sempreem festa. São sinais exteriores quesignificam muito ao povo, masmanifestam também uma fé interior.É uma semente que se lança à terra… AE – Para quando uma melhordivulgação do rito bracarense?JO – O rito bracarense é aindapermitido, não foi extinto. Não direique esteja esquecido porque temos

Há muitas pessoas quevivem com intensidade asprocissões e aquilo queelas representam algumas cerimónias –particularmente na Semana Santa –em rito bracarense, mas a riquezadeste rito está em determinadasorações e algumas fórmulas queexigiriam uma tradução e umaadaptação. Isto não é fácil.Pessoalmente, gostaria que, delonge a longe, houvesse umaeucaristia em rito bracarense, na Sé. AE – Com uma vida tão ocupada,ainda tem tempo para ver jogos defutebol?JO – Já gostei mais de futebol. Vejo-o mergulhado em determinadosmeandros que não são muito domeu agrado. Gosto do desporto emgeral porque este é constitutivo dapessoa humana. Quando posso –são poucas as vezes – vejo umdesafio de futebol. AE – Quando o Futebol Clube doPorto defronta o Sporting Clube deBraga torce por quem?JO – Depende das ocasiões. Nasciem Famalicão – situado entre oPorto e Braga – a minha cor é maisazul e branca. Se ao Porto não fizerfalta, que ganhe o Braga.

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AE - Foi presidente da ConferênciaEpiscopal Portuguesa (CEP)durante dois mandatos (2005-2011).Como encarou o desafio de liderareste organismo?JO - Com naturalidade, mas comalguma preocupação pelaresponsabilidade que me foiconfiada. A CEP é apenas um órgãode comunhão entre os bispos. Ondeexistem diálogos francos e abertos. AE - Durante os mandato, os bisposportugueses realizaram a visita «Adlimina» a Roma (2007) e, três anosdepois, Bento XVI visitou Portugal.JO - Foram momentos importantespara a Igreja portuguesa. Serelermos os discursos de Bento XVI(tanto em Roma como em Portugal)verificamos

que eles são programáticos. A Igrejaportuguesa tem de entrar mais nasrealidades humanas e terrestres. Oscristãos devem estar mais naeconomia, política? AE - Atualmente, é presidente daComissão Episcopal da PastoralSocial e da Mobilidade Humana.Neste momento crítico da sociedadeportuguesa como tem sido a suarelação com os políticos esindicalistas?JO - Temos dialogado com base naverdade. Como a situação social émuito grave, tenho defendido,constantemente, uma maiorigualdade entre as pessoas.Ninguém pode desistir de construiruma sociedade mais justa.

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A mensagem do Papa para 2013 Votos de feliz ano novo emportuguês:http://youtu.be/ANrstZTr5lk

Bento XVI iniciou 2013 com votos deum "bom ano" para todas aspessoas, apelando à construção deum mundo mais "justo e fraterno",no qual se eliminem guerras einimizades. "Dirijo a todos o votomais cordial para o novo ano: quepossa ser verdadeiramente um bomano e assim será se acolhermos emnós e entre nós o amor que Cristonos deu", disse o Papa, desde ajanela do seu apartamento pessoal,perante milhares de pessoasreunidas na Praça de São Pedropara a recitação da oração doAngelus.O primeiro dia de 2013 foi tambémo momento escolhido por Bento XVIpara regressar à rede social Twitter,com nova mensagem em oitolínguas, incluindo o português, paramais de 2 milhões de seguidores:"Que o Senhor vos abençoe eproteja no novo ano".Na oração do Angelus, o Papadirigiu-se a "todos os povos enações de língua portuguesa, aosseus lares e comunidades, aosseus governantes e instituições":"Desejo a paz do Céu que hojevemos reclinada nos braços daVirgem Mãe. Feliz ano novo".Bento XVI pediu "gestos concretos"que promovam "diálogo,compreensão e reconciliação",evocando a celebração do DiaMundial da Paz.

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TaizéMais de 40 mil participantes, incluindo centenasde portugueses, reuniram-se em Roma para o35.º Encontro Europeu da Comunidade de Taizé,no final de 2012 e início do novo ano. Bento XVIrecebeu estes jovens, no Vaticano, e chamou-lhes "pequenas luzes" para a sociedade quemerece "uma distribuição mais equitativa dosbens da terra" e "uma nova solidariedadehumana". FamíliaBento XVI defendeu no Vaticano a importância depreservar as famílias como "berço natural" dascrianças, sublinhando o seu significado e a sua"missão insubstituível" para o crescimentopessoal e da sociedade. "Rezemos para quecada criança seja acolhida como dom de Deus eseja apoiada pelo amor do pai e da mãe", disse,na festa litúrgica da Sagrada Família, GazaO patriarca latino de Jerusalém apelou noprimeiro dia de 2013 à paz na Síria e ao fim "dobloqueio de Gaza", nos territórios palestinos,pedindo que se promova o diálogo na região. VaticanoO Papa pediu aos católicos para confiarem emDeus nos momentos mais difíceis da vida,naquela que foi a sua primeira audiência geral de2013. http://www.youtube.com/watch"v=VTo2zz-D4Sg

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Bento XVI: 2012 em revista

Ao longo doúltimo ano, oPapaempreendeuduas viagensinternacionais:ao México eCuba (23-29de março) eao Líbano (14-16 desetembro)

O ano de 2012 vai ficar na história do Vaticano, entreoutros motivos, pelo inédito julgamento do caso defuga de documentos confidenciais de Bento XVI, o"vatileaks", bem como pela chegada do Papa à redesocial Twitter.Paolo Gabriele, ex-mordomo de Bento XVI, foi detidoem maio e condenado a 18 meses de prisão efetivapor "furto agravado", pena que viria a ser interrompidaa 22 de dezembro, após um indulto do próprio Papa."Os acontecimentos verificados por estes dias, arespeito da Cúria e dos meus colaboradores,causaram tristeza no meu coração", disse Bento XVI,na audiência geral de 30 de maio.A 12 de dezembro, o Papa chegava ao Twitter, ondeconta já com mais de 2,3 milhões de seguidores emoito línguas, incluindo o português. "Queridos amigos,é com alegria que entro em contacto convosco viatwitter. Obrigado pela resposta generosa. De coraçãovos abençoo a todos", escreveu Bento XVI, no textopublicado em @pontifex, a partir do Vaticano.A segunda visita papal na história de Cuba contoucom apelos à mudança e ao respeito pela dignidadehumana, após celebrações com centenas de milharesde católicos e encontros com Raúl e Fidel Castro. NoLíbano, o Papa assinou e entregou a exortaçãoapostólica "Ecclesia in Medio Oriente" (Igreja no MédioOriente), na qual exige a plena "cidadania" para oscristãos na região e defende a necessidade de"libertar" a religião do "peso da política".

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O calendário incluiu a participaçãono Encontro Mundial das Famílias,realizado em Milão (1-3 de junho), aabertura do Ano da Fé (11 deoutubro), nos 50 anos do ConcílioVaticano II, e a realização do Sínododos Bispos dedicado à novaevangelização (7-28 de outubro).Bento XVI encerrou a sua trilogiasobre 'Jesus de Nazaré' com umlivro sobre a infância de Cristo eassinou um artigo sobre o Natal nojornal económico 'Financial Times'.Os discursos e intervençõespúblicas do Papa lembraram asvítimas de catástrofes naturais econflitos armados que atingiramdiversas partes do mundo, comrelevo para os apelos à paz na Síriae em todo o Médio Oriente.

Este foi também o ano em queBento XVI criou um novo cardealportuguês, D. Manuel Monteiro deCastro - penitenciário-mor da SantaSé -, para além de outros 27, emdois consistórios (18 de fevereiro e24 de novembro), tendo canonizadosete santos e proclamado comodoutores da Igreja São João d'Ávilae Santa Hildegarda de Bingen.Além da referida passagem porMilão, Bento XVI fez três viagens naItália, incluindo uma visita às vítimasdo terramoto da região da EmíliaRomanha (26 de junho); Loreto (4de outubro) e Arezzo, La Verna eSansepolcro (13 de maio) foram osoutros destinos.Ler mais [ +]

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Rumo ao Rio 2013

A JMJ( www.rio2013.com)vai decorrer entreos dias 23 a 28 dejulho deste ano,com a presençaprevista de BentoXVI noencerramento dainiciativa

O Departamento Nacional de Pastoral Juvenil,por ocasião da Jornada Mundial da Juventude2013, no Rio de Janeiro, apresenta umitinerário de reflexão e caminhada para gruposde jovens que participam direta ouindiretamente neste acontecimento eclesial quereúne milhares de jovens aos pés da Cruz deJesus.O lema da JMJ 2013 é 'Ide e fazei discípulos detodos os povos', expressão baseada noevangelho segundo São Mateus.O itinerário é uma proposta simples e aberta àpartilha e ao contributo de todos, por issoa principal plataforma de acesso à partilha seráa web (www.ecclesia.pt/pjuvenil) e as redessociais.Ou seja, mensalmente será publicado oconteúdo de uma destas catequeses a quetodos poderão ter acesso, com hipótese decontribuir com propostas de realização.

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Por estes dias

A próxima semana fica marcada pela celebração doDia de Reis, que este ano coincide com um domingo,perspetivando-se mais tempo para o canto dasjaneiras, tradição que faz parte de um conjunto demanifestações públicas que reforçam a identidadecristã no meio da sociedade. No dia 7, é Natal, de novo: milhares de cristãoscatólicos e ortodoxos do rito bizantino celebram nasegunda-feira o nascimento de Jesus, em diversasregiões do país, seguindo o calendário introduzido noano 45 a.C. pelo imperador romano Júlio César - quedifere do calendário gregoriano seguido na maiorparte do mundo. Na terça-feira, reúne-se pela primeira vez em 2013 oConselho Permanente da Conferência EpiscopalPortuguesa (CEP), em Fátima. Este é um órgãodelegado da assembleia dos bispos católicos emPortugal, com funções de preparar os seus trabalhose dar seguimento às suas resoluções, reunindoordinariamente todos os meses.

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Ética e Cidadania

Daniel SerrãoProfessor catedráticojubilado de AnatomiaPatológica e de Bioética eÉtica

1. Depois de o ano de 2012 ter sido dedicadopela Comissão Europeia ao Envelhecimento ativoe à Solidariedade entre as Gerações, eis que2013 é o Ano da Cidadania.A palavra Cidadania é polissémica e, por isso,abriga muitos sentidos. Escolho um que não meparece polémico.A Cidadania é a possibilidade dada à pessoa, emSociedade, de exercer os seus direitos e cumpriros seus deveres, na perspetiva social.Então para que um indivíduo se possa tornar umcidadão, vai-lhe ser preciso aprender, eaprender bem, quais são esses direitos edeveres. Pelo que me parece evidente que osdois grandes pilares que sustentam o conceitode cidadania são a Família e a Escola. Pelomenos nas sociedades modernas, evoluídas edemocráticas.O lugar da Família e da Escola na preparaçãodos jovens para o exercício da Cidadania é umaresponsabilidade à qual não podem fugir. AFamília não pode transferir essaresponsabilidade inteiramente para a Escola e aEscola não pode esperar que a Família a cumpraem plenitude. 2. No meu ponto de vista a educação para aCidadania deve começar pela explanaçãocompreensiva dos deveres do futuro cidadão, oque suscita um problema ético que é o dadistinção entre o que é o bem e o que é o mal.

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A neurobiologia mais avançadasitua esta capacidade de distinguir oque é o bem e o que é o mal, para opróprio, muito cedo; mas refere-seapenas ao bem e ao mal corporais,físicos, que são já avaliados pelacriança, desde os primeiros mesesde vida.A aprendizagem da capacidade deavaliação ética das perceções faz-se na Família primeiro e completa-se depois na Escola. Deste juízoindividual o jovem vai passar, pelaeducação, para um juízo social dassuas decisões, perguntando-se:será que o que vou decidir e fazer éo melhor para o bem dos outros eda sociedade?3. As religiões têm, neste plano, umimportante papel a

desempenhar na educação para acidadania, que é o de promover ainteriorização das virtudes humanas,como suporte da vivência dacidadania pelas pessoas concretas.O cidadão virtuoso tem,seguramente, direitos: o primeiro é ode poder exercer, com liberdade, asua autonomia decisória,respeitando a lei mas colocando àfrente da lei os ditames da suaconsciência e da sua virtudepessoal. O segundo é o direito àindignação ética e à objeção deconsciência, que são marcasindeléveis da cidadania plena.

Texto na íntegra emwww.agencia.ecclesia.pt

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2013

Solidariedade, união e esperança

A esperançatraduz-se,portanto, emprever,programar epôr emprática, comcoragem eesforço, umcaminhoprogressivopara umfuturo melhor.D. ManuelPelino, bispode Santarém

O presidente da Cáritas considera que o combate aodéfice orçamental de Portugal está a deixar "destroçosque serão irreparáveis" no tecido social. "Desejo muitoque 2013 não seja aquilo que está anunciado",afirmou Eugénio Fonseca no programa 70X7 (RTP-2),depois de chamar a atenção para o "sofrimento"infligido em 2012 a pessoas que estão a ficar"totalmente desalentadas".Para o economista João César das Neves o anopassado foi "o mais difícil" do "processo deajustamento" da economia e 2013 vai ser marcadopela "continuação" desse esforço, embora "talvez" sejapossível "algum crescimento".Se as projeções mais otimistas se concretizarem,Portugal enfrentará "três anos de dificuldades" [2011 a2013], seguidos de "um certo alívio", o que é "barato"tendo em conta os "disparates" cometidos no país,referiu o docente universitário."Depois dos enormes erros cometidos ao longo dosúltimos 15 anos, ninguém podia dizer que poderia sermais barato e mais fácil do que está a ser", apontou,antes de vaticinar "mudanças a sério no Estado" em2013, "ano que, começando negro, talvez acabe maisbenéfico".A presidente da Fundação Pro Dignitate, MariaBarroso, realçou a urgência de juntar forças e deixarde colocar as finanças no topo das prioridades: "Sefizermos um esforço grande no sentido de nos unirmostodos e não estivermos só apegados aos números, aodinheiro e aos mercados, então poderemos vencer asdificuldades".

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Paulo Rangel, deputado doParlamento Europeu, chama aatenção para a necessidade de"diálogo" e "solidariedade" entre ospaíses do Velho Continente, nãoomitindo a "responsabilidade" quecabe aos Estados que "nem sempreadministraram bem o seupatrimónio".O anterior reitor da UniversidadeCatólica Portuguesa, Manuel Bragada Cruz, pensa que em 2013 é"muito importante" que osportugueses retomem a"confiança" na sua "capacidade devencer desafios e obstáculos".A par do reforço da "capacidadeinventiva" e "empreendedora" énecessário dar precedência a "umaatitude de grande solidariedade comaqueles que estão em

dificuldade", sem esquecera "contenção e parcimónia" nosgastos, dado que o país "viveuacima dos seus recursos nos últimosanos", frisou. O responsável pelo Instituto PadreAntónio Vieira, Rui Marques,destacou a necessidade de envolverPortugal num "espírito positivo",enquanto que Guilherme d"OliveiraMartins, presidente do CentroNacional de Cultura, ressaltou aimportância da esperança."No meio da dificuldade, daexiguidade e da dor", 2013 "tem deser um ano para redescobrir o valorda esperança", sublinhou também opadre José Tolentino Mendonça,diretor do Secretariado Nacional daPastoral da Cultura.

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2013

Perspetivas dos jovens Num momento em que cerca de 300 mil

desempregados (46%), inscritos noscentros de emprego, não têm direito aqualquer tipo de subsídio, o que podemosesperar para 2013?"Dizem que nós, jovens, temos a vida facilitada.Dizem que não temos opinião nem ação. Numencontro de reflexão sobre a Família, em2012, na minha paróquia, uma jovem disse terdescoberto que existem manuscritos jádatados da Grécia Antiga que relatavam a faltade perspetivas dos jovens e capacidade emconstruir o futuro. A verdade é que mais de2000 anos passaram entretanto.Serão os jovens de 2012 capazes deperspetivar 2013? Sim, certamente! O ano2012 marcou-me particularmente, peloaumento das condições precárias de trabalhoe da emigração forçada. Assisti ao abandonode amigos (e amigos de amigos!) de Portugal,mesmo não o desejando. Neste ano de 2012,conclui a minha licenciatura. Ainda nãoencontrei trabalho na área, e mesmo fora delatambém é muito difícil. Tem sido um saltitar detrabalho em trabalho, ou melhor, de em "àexperiência" para em "à experiência". Todaesta incerteza dificultar-me-ia o vislumbrar deum 2013 com mais dignidade. Contudo, eu sóconsigo acreditar num futuro promissor paramim e para os que me rodeiam, pois apesar detodas as adversidades económicas efamiliares,

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sempre consegui até hoje levar acabo todos os projetos aos quaisme entreguei. Por isso, acredito queem 2013 vou conseguir criar ouencontrar o meu lugar no mundo detrabalho! Pelo que vejo, Portugalestá sedento de mentes positivas,dinâmicas e cheias de esperança.Pessoas que finalmentecompreendem que a felicidade nãoé a meta, mas sim o caminho! Em2013, muito possivelmente, o paísnão irá melhorar economicamentee, infelizmente, mais amigos terãode o abandonar. Mas apesar disto,para 2013, eu já tenho um planopara alterar a minha situaçãolaboral e perspetivo a sociedadecivil portuguesa mais consciente esolidária. Como já é tradição, andocom o meu grupo de JOC a cantaras janeiras e noto que oacolhimento das pessoas, porta aporta, está mais caloroso este ano.Assim, para 2013, perspetivo, oupelo menos desejo muito, famíliasmais comunicativas, mais atentas aoseu vizinho e que caminhem lado alado! Acredito que é assim que osportugueses vão ter a felicidadecomo um caminho e perceber queassim mudarão o astral daconjuntura económica do país.

E tu, no teu trabalho ou situação dedesemprego, o que vais fazer?"(Ângela Ferreira, JOC de Aveiro, 23anos, desempregada.) Como jovens cristãos, sentimos quepor mais difíceis que sejam osproblemas, não podemos baixar osbraços e encontramos esperançaem cada cristão, em cada pessoade bem que está atenta àrealidade, que percebe aimportância do seu papel e dasua ação e que intervémpositivamente, procurando atransformação do seu meio,através da partilha, da amizade,da solidariedade... Podemos nãoter a capacidade de mudar o país,mas somos, certamente, capazes deajudar a melhorar a vida de umvizinho, de um amigo ou até mesmode um desconhecido que nos bate àporta! Como ouvíamos durante apreparação do Natal, "velai, pois,orando continuamente, a fim deterdes força para escapar a tudo oque vai acontecer" (Lc 21, 36) e"quem tem duas túnicas repartacom quem não tem nenhuma, equem tem mantimentos faça omesmo" (Lc 3, 11).Juventude Operária Católica(Texto na íntegra emwww.agencia.ecclesia.pt)

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O ano das lideranças empresariais!

Jorge Líbano MonteiroSecretário-geral daAssociação Cristã deEmpresários e Gestores

O ano de 2013 será, tal como todos os outrosanos, um tempo novo que Deus oferece a cadaum de nós para viver com verdade, colocandotodas as suas capacidades e a sua realidade, naprocura de cumprir a sua missão no mundo.Um tempo, necessariamente novo no qualsabemos que, pese embora tudo o que possaacontecer fruto das dificuldades e incertezas emque vivemos, Deus nos acompanhará nasdecisões que tomarmos, nos trabalhos queiremos realizar.Deus quer precisar de cada um de nós e donosso trabalho para continuar a construção deum mundo mais justo, para promover a felicidadedaqueles que nos são próximos. Por isso o anode 2013 será um momento de enormeresponsabilidade pessoal e um desafio paratodos aqueles que acreditam que as dificuldadessão parte integrante de um caminho que temosde percorrer para alcançar o fim último dasnossas vidas.É essa mesma responsabilidade que é pedidaaos líderes empresariais católicos em 2013, quedeem um testemunho de vida, que inspirem aconfiança e o respeito, dentro e fora daempresa, na defesa dos seus trabalhadores e detodos aqueles que são influenciados pela vidadas suas empresas.Perante o momento em que vivemos, com grausde incerteza muito acentuados, os líderesempresariais, cristãos ou não, têm de ter acoragem íntima e a disponibilidade para umsacrifício acima do normal, num enorme exercíciode sentido social.

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É nos tempos de crise e nasdificuldades que se conhecem osverdadeiros líderes, que sãocapazes de fazer opções de fundo,confrontando o medo humano coma força interior para assumir o riscode identificar um caminho, transmitira segurança aos que o seguem epromover sempre o sentido dejustiça e de equidade.No entanto, mesmo num ambientede recessão, existirá espaço e lugarpara o sucesso de muitas empresasque vão estar bem em 2013, eessas têm a obrigação de não seesconderem na crise masprocurarem, na medida da suacapacidade e da sua generosidade:- Pagar a horas aos seusfornecedores, injetando dinheiro naeconomia;- Melhorar os salários pagandoremunerações mais próximasdaquilo que é justo no plano dadignidade humana;- Inovar nos produtos e serviços queoferecem mantendo a sua

competitividade.- Reservar algum prémio social paraos seus colaboradores, sobretudopara aqueles que vão lidar com maisdificuldades.Aquelas que puderem devemmesmo acudir discretamente asituações sociais e familiares difíceisdentro da sua empresa.Esta crise, e este ano, é assim umajanela de oportunidade para aafirmação dos líderes empresariaisjunto do mundo do trabalho. E éuma janela de oportunidade para aafirmação dos líderes cristãosperante Deus e os homens.Acreditamos na ACEGE que, com agraça de Deus, 2013 será um anodifícil mas que será parte integrantedo caminho de cada um de nós e donosso caminho coletivo derecuperação económica e dosvalores do desenvolvimento de cadaum e de todos.

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OS MISERÁVEISNuma França em transição entre aPrimeira e a Segunda República,Jean Valjean termina a sentençacumprida em 20 penosos anos. Aolibertá-lo, Javert, o cioso defensorda lei que garantiu o cumprimentoda pena de Valjean por roubar umpão para uma criança faminta,promete vigiá-lo para sempre.Recusado para trabalho, Valjeanencontra finalmente num mosteiro ena caridade de um bispo, que oacolhe com incondicionalmisericórdia, a possibilidade deredenção.Oito anos mais tarde, Valjean é umhomem novo: abastado proprietáriode uma fábrica de têxteis epresidente da câmara local, procurareplicar a graça que lhe foiconcedida a todos os que orodeiam. Porém a inesperada visitade Javert, agora um prestávelinspetor da polícia que nãoreconhece imediatamente o ex-prisioneiro, não lhe permite acudir àinjustiça cometida a uma suaempregada: Fantine, mãe solteirade uma menina que entregou aocuidado de terceiros, é despedidaem resultado da inveja e da intrigade colegas.

Reencontrando-a mais tarde,doente e moribunda, Valjeanresgata-a da miséria da prostituição,já não a tempo de salvar a sua vidamas de prometer salvar a da filha,Cosette.Os anos passam, Valjean cumpriu oprometido, mas enquanto o povo deFrança luta incessantemente pelosvalores da liberdade, igualdade efraternidade, também este ex-condenado procura iludir aobsessão persecutória de Javert,por amor a Cosette e pelamisericórdia para com o seu"inimigo"."Os Miseráveis", obra doromancista, poeta e dramaturgofrancês Vítor Hugo, notável frescosobre a sociedade francesa daprimeira metade do séc. XIX quereflete sobre a condição humana,conheceu inúmeras adaptações amúsica, teatro e cinema. De todas,as mais notáveis foram, no primeirocaso, a produção musical de Alain eClaude-Michel Schönberg (1980)que se converteria primeiro numespetáculo estreado em Paris e,posteriormente, adaptada a versãoinglesa pela equipa de Cameron

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MacKintosh sendo até hoje um dosmusicais "obrigatórios" do West Endlondrino.No cinema, destaca-se a adaptaçãode Richard Boleslawski (1935),sucedendo-se agora a dirigida porTom Hooper ("O Discurso do Rei"),num musical de envergadura queconta com grandes meios deprodução. Nomeado para os GoldenGlobes na categoria de melhormusical/comédia,

entre outras, e provavelmente umdos mais fortes candidatos aosOscars, é particularmentereconhecida a qualidade dasinterpretações de Hugh Jackman(ator principal) e Anne Hathaway(atriz secundária), além dascomposições musicais originais deAlain Boublil, Herbert Kretzmer eClaude-Michel Schönberg.

Margarida Ataíde

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Comunidade ecuménica de Taizéonline

www.taize.fr/pt

O sítio que esta semana sugerimos vem ao encontroda data que acabamos de passar, precisamente ofinal de ano. Como é sabido, há alguns anos que acomunidade ecuménica de Taizé (França) no final decada ano organiza um encontro europeu de jovensnas mais variadas cidades. Desta feita, para otrigésimo quinto encontro os jovens foramconvidados a se deslocarem à cidade eterna ondeforam acolhidos por famílias e comunidadesreligiosas da região, católicas e das diferentesIgrejas presentes em Roma.Assim, propomos uma visita ao sítio da comunidadeonde iremos encontrar um sem-número deconteúdos disponíveis em várias línguas, entre asquais o português.Permitam então esta sugestão de navegação nestefabuloso sítio: primeiro podemos parar nosconteúdos sobre o encontro de Roma, onde porexemplo podemos ler as mensagens que algumaspersonalidades mundiais endereçaram aos jovens láreunidos (desde o papa Bento XVI, ao secretário-geral das Nações Unidas Ban Ki-Moon, ao patriarcaortodoxo Bartolomeu de Constantinopla, aoarcebispo de Cantuária, Rowan Williams e aopresidente da conselho europeu, Herman vanRompuy).

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Ainda dentro do mesmo itempodemos vislumbrar as fotografiasdo encontro e claro está amensagem do irmão Alois, com umaforte componente meditativa indo deencontro ao Filho de Deus que sefez homem. Passando depois aos conteúdosusuais do sítio, encontramos umenorme manancial de informação,sendo necessárias várias horaspara os conhecermos minimamente.Desde os escritos do irmão Roger,passando por guias de orientaçãopara se fazer a oração comunitáriacom textos e músicasinteressantíssimos. Podemos aindaaceder a um dos mais agradáveistópicos, intitulado "as fontes da fé",onde são colocados artigos sobreos pontos e razões

fundamentais da fé, bem como asreflexões bíblicas que diariamentesão proferidas a meio do dia emTaizé, também em formato podcast.Por último além da possibilidade deadquirirmos online materialrelacionado com a comunidade(livros, CD, DVD) temos aindainformações de como podemoschegar a esse bonito e paradisíacolocal de França.Aqui fica a sugestão de um sítiodiferente, agradável e com umelevado sentido de Deus. Quemsabe, pode muito bem ser o motepara seguirmos regularmente esteespaço virtual neste novo ano queagora inicia.

Fernando Cassola Marques

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Identidades Religiosas em Portugal

A obra "Identidades religiosas emPortugal", editada pelas Paulinas,chegou ao mercado com o objetivode ajudar a "cultivar, no espaçopúblico, uma racionalidade aberta àcrítica das práticas sociais comorigem nas tradições ecomunidades religiosas".O sociólogo e professor daUniversidade Católica Portuguesa(UCP) Alfredo Teixeira, quecoordenou o livro, afirmou nolançamento do volume que hoje sevive no país um "silêncio gravoso"sobre o que denominou como"criatividade social" do camporeligioso.Inserido num projeto mais vastosobre a "morfologia do camporeligioso em Portugal", patrocinadopela Comissão da LiberdadeReligiosa, o ensaio interdisciplinardestaca a "diversificação" nestemundo. O livro conta também comcontributos de Luís Aguiar Santos,Rita Mendonça Leite, historiadoras,e Teresa Líbano Monteiro,socióloga.

Na apresentação da obra, o diretordo Centro de Estudos de HistóriaReligiosa da UCP, António MatosFerreira, falou numa reflexão quevisa "conduzir" a uma compreensãoda realidade em "mudança".Segundo o historiador, é necessário"compreender a complexidadeinterna dos universos religiosos",com diversas "vivências elegitimações".O catolicismo é abordado nesteestudo a partir das "amplasremodelações quanto àsociabilidade crente".

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Livro de meditações sobre Fátima

Com a chancela editorial do«Apostolado de Oração», osacerdote jesuíta Dário Pedrosoacaba de lançar o título "Nãotenhais medo. Fátima: mensagemde confiança".Nas palavras do reitor do Santuáriode Fátima, padre CarlosCabecinhas, nas primeiras páginasda publicação, o livro apresenta"doze razões para acolher esta

exortação de Nossa Senhora econvida a meditar e rezar cada umadelas", realça um comunicado deimprensa enviado à AgênciaECCLESIA.Dividida em doze capítulos, a obra,da coleção «Pastoral», explica, em134 páginas, importantes dimensõesda fé cristã, procurando ajudar oleitor a torná-las mais presentes e atestemunhá-las na sua vida.O esquema deste livro ajuda o leitora viver ao longo do ano, mês a mês,dia a dia, "a graça de orar, de rezarmais e melhor, assimilando os temase os textos, para que a graça nosajude a «não ter medo»", explica opadre Dário Pedroso.A obra, que integra também umtexto do sacerdote jesuíta FernandoLeite alusivo à aparição de maio de1917, apresenta-se, sublinha oautor, como mais um meio de ajudaa viver com "mais audácia, paranada temer"."Não tenhais medo. Fátima:mensagem de confiança", emportuguês, encontra-se à venda naLivraria do Santuário de Fátima([email protected]).

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História

Três cinquentenários para 2013

Neste ano, que agora começa, a Igreja vaicelebrar três datas que marcaram a década de60 no século passado: a publicação da encíclica«Pacem in Terris»; a morte de João XXIII (1881-1963) e consequente eleição de Paulo VI (1897-1978); e a promulgação da constituição conciliar«Sacrosanctum Concilium».Os três cinquentenários estão, umbilicalmente,relacionados com Angelo Giuseppe Roncalli, obeato João XXIII (natural de Bérgamo, Itália). Aencíclica «Pacem in Terris» (paz na terra),consagrada aos problemas da paz no mundo,constituiu um importante documento cheio deatualidade e de indiscutível interesse.Na hora conturbada que o mundo vivia, o Papaitaliano dirigiu uma mensagem não apenas aomundo católico mas também aos homens de boavontade. O motivo fundamental de toda aencíclica está contido no período inicial desta: "Apaz na terra, anelo profundo dos homens detodos os tempos, só pode ser instaurada econsolidada no pleno respeito da ordemestabelecida por Deus".Partindo da verificação da "ordem admirável douniverso", o Papa João XXIII punha em relevo odesvio de se "julgar que as relações deconvivência entre os seres humanos e as suasrespetivas comunidades políticas podem serreguladas pelas mesmas leis com que se regemas energias e os elementos irracionais".

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A sua morte, ocorrida a 3 de junhode 1963, causou uma profundatristeza - não apenas no mundocatólico - porque, apesar da suaidade, João XXIII mostrou, num curtopontificado, uma profunda bondade(a ponto de ser apelidado de «PapaBondoso») e, sobretudo, perceberque o mundo moderno necessitavade uma Igreja renovada, atenta aosproblemas e aos desafios de umasociedade em acelerado processode transformação, e,particularmente, a necessitar de ummais forte e amplo empenhamentode todos os cristãos na vivência dafé.O homem que convocou o II Concíliodo Vaticano tinha 76 anos quando,a 28 de outubro de 1958, foi eleitoPapa, desde logo manifestandovontade de assumir o nome doapóstolo São João, o «discípuloamado» de Jesus.

O seu sucessor, Giovanni BattistaMontini, nasceu na cidade italianade Brescia (26 de setembro de1897) e foi eleito Papa com o nomede Paulo VI aos 66 anos de idade(21 de junho de 1963), sendoentronizado no dia 30 do mesmomês depois de ter anunciado àIgreja e ao mundo o principalobjetivo do seu programa pontifício:terminar o II Concílio do Vaticano epôr em marcha as orientações quedele emanassem. A promulgação da «SacrosanctumConcilium» (O sagrado Concílio),aconteceu a 4 de dezembro de 1963e destaca-se, entre outros motivos,porque pela primeira vez na históriada Igreja Católica um ConcílioEcuménico tratou colegialmente otema litúrgico em geral.

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II Concílio do Vaticano abriu uma «novaera»

O II Concilio do Vaticano abriu uma "nova era" e"pôs fim a uma época tridentina, se não mesmoconstantiniana, apesar da atribulada receção",disse à Agência ECCLESIA o bispo português, D.Carlos Azevedo, ao comentar a reunião magnaconvocada pelo Papa João XXIII. Para o prelado, aexercer funções no Conselho Pontifício da Cultura(organismo do Vaticano), o "estilo discursivo" do IIConcílio do Vaticano de apresentação da fé é"inovador" porque se "procurou uma exposiçãoafirmativa", mas "não anatemática".Os concílios anteriores "condenaram" algumasafirmações, ao contrário do atual que apresentauma "proposta cristã" sem condenar ideiasdiferentes, sublinhou. Com uma "linguagem clara", oII Concílio do Vaticano apresenta "um estilonovo" para textos conciliares.No seu todo, a Igreja "não tinha maturidadeteológica" para fazer uma adaptação à cultura dotempo e, por isso, foi necessário que "uma minoriapreparada" orientasse e, "o sensus fidei dosbispos" fossem capazes de aderir a essa propostafeita, revelou o atual coordenador do setor dopatrimónio no Vaticano. E acentua: "Essa minoria foicapaz de ter o senso do futuro, perceber os sinaisdos tempos e encontrar a linguagem mais correta eeficaz".Alguns documentos conciliares foram aprovadoscom votos contra porque, segundo D. CarlosAzevedo, havia "também uma minoria que puxavapara trás e queria

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um estilo e linguagemneoescolástica". Essa minoria maisconservadora queria uma "teologiaimobilista e com uma fixidez depalavras e formulações que o mundojá não captava".A preocupação pelo destinatário damensagem para que esta possa sercaptada foi uma "grande intuição deJoão XXIII". A mensagem "não podeser um ouriço fechado" e incapaz deser entendida, afirmou o bispoportuguês.O pensamento tomista tem sidosujeito a releituras ao longo dostempos até porque é "mais aberto doque aquilo que se pensa", adiantou.Quando se

FéA fé é a primeira das virtudesteologais e o fundamento de todo oedifício espiritual do cristão.Define-a a Teologia como a adesãofirme do entendimento às verdadesdivinamente reveladas, por forçado testemunho do próprio Deus,que nos chega pela mediação daIgreja.Cf. Enciclopédia Católica Popular(www.ecclesia.pt/catolicopedia/)

lê a Summa Theologica (obra deSão Tomás de Aquino), as posiçõesdefendidas " com uma linguagemaristotélica " tinham comodestinatários a base da cultura doseu tempo.As culturas emergentes "precisamde ser aproximadas da mensagem"e esse trabalho é a pastoral e ateologia, realçou. Os pastores sãochamados a "correr o risco deencontrar palavras" que as pessoassão capazes de acolher.O termo pastoral "não se opõe" adoutrinal. "Pastoral não se opõe adogmático", salientou o atualcoordenador do setor do patrimóniono Vaticano.Ao autodefinir-se eminentementepastoral, o II Concílio do Vaticanoquer sublinhar uma finalidade "suigeneris". Aqui está o "espíritoparticular deste concílio", encontrara "pastoralidade da doutrina"(Discurso de abertura de João XXIII)."Pela primeira vez é convocado umconcílio para falar ao mundo e dizerde um modo atual a fé de sempre.Mas fez-se para compreendermelhor a fé e procurar umainteligência coerente da fé, pelaconversão, e a manifestar àspessoas do nosso tempo", concluiu.

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janeiro 2013

Dia 05 - Sábado * Braga - Igreja de São Victor - Cappella MusicalCupertino de Miranda.* Coimbra - Cantanhede (centro paroquial) -Conferência de formação do Curso Alpha para jovens.* Lisboa - Sé - Encerramento da exposição«Natividade» com peças do acervo da Sé de Lisboa.* Braga - Sameiro - Dia arquidiocesano docoordenador promovido pela ComissãoArquidiocesana para a Educação Cristã.* Aveiro - Praia da Barra (Igreja da Sagrada Família) -Primeira de uma série de ações de formação dirigidasaos organistas das paróquias da Diocese de Aveiro ea alunos de órgão das escolas de música.* Porto - Ermesinde - Encontro de animadores doMovimento Oásis. * Algarve - Loulé (Convento de Santo António) -Encerramento da Exposição de presépios de MariaCavaco Silva. * Porto - Vale Cambra (Santuário de Santo António) -Jornadas da Fé da vigararia de Arouca/Vale deCambra. (05 e 06)* Israel - Jerusalém - Visita do grupo de coordenaçãodas conferências episcopais de apoio à Igreja Católicae aos cristãos na Terra Santa. (05 a 10)

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Dia 06 - Domingo * Dia da Infância Missionária.* Santarém - Igreja de Santa Clara -Ordenações.* Porto - Monte Pedral -Encerramento do cantar dasjaneiras solidário da comunidadeMonte Pedral. * Setúbal - Quinta do Conde -Encerramento do III concurso depresépios.* Leiria - Marinha Grande (MuseuJoaquim Correia) - Encerramento daexposição «Presépios de Portugal». * Leiria - Batalha (Mosteiro) -Encerramento da 5ª edição daexposição «Presépios no Mosteiroda Batalha».* Braga - Priscos - Encerramento doPresépio vivo de Priscos.* Braga - Barcelos (Sala gótica dospaços do concelho) - Encerramentoda exposição «O presépio, umatradição, várias interpretações».* Évora - Átrio dos Paços doConcelho - Encerramento daexposição «Estamos Juntos» paracelebrar os 25 anos dos «Leigospara o Desenvolvimento»

* Lisboa - Gaeiras (Armazéns deVinhos) - Encerramento daexposição com mais de 1000presépios expostos da autoria de 62artistas. * Lisboa - Palácio da Cidadela deCascais - Encerramento daexposição «A Natividade na ArtePopular Africana» promovida peloMuseu da Presidência daRepública. * Algarve - Vila Real de SantoAntónio (Centro Cultural AntónioAleixo) - Encerramento (início a 06de dezembro) da exposição depresépio gigante.* Braga - Póvoa de Lanhoso (Garfe)- Encerramento da mostra de 15presépios ao ar livre «Aldeia dosPresépios» distribuídos pordiferentes lugares da freguesia.* Lisboa - Bombarral (Santuário doSenhor Jesus do Carvalhal) -Assembleia aniversária doRenovamento Carismático doPatriarcado de Lisboa compregação do padre Dário Pedroso.

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Intenção De Oração

Conhecer Cristo, testemunhar a Fé

«Para que, neste Ano daFé, os cristãosaprofundem oconhecimento do mistériode Cristo e testemunhema própria fé com alegria»Intenção de BentoXVI para o mês de janeiro

O Cristianismo não renuncia apensar. Desde muito cedo, há aconsciência da necessidade desaber apresentar Aquele em quemse acredita e as razões paraacreditar. É justamente famosa aexpressão da Primeira Carta dePedro sobre a disponibilidade doscristãos para darem, a quem lhaspedir, «as razões» da suaesperança (3, 15).Ao longo dos séculos, estaexigência da fé gerou no seio daIgreja uma incansável atividadeintelectual, testemunhada nas obrasdos Padres da Igreja, embibliotecas, nas universidades e emescolas de todo o género.Hoje este compromisso com acultura não pode esmorecer, mas,tal como no passado, deve semprepartir do desejo de aprofundar oconhecimento de Cristo, para poderfalar d'Ele a quem, porventura,deseje escutar.

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Verdadeiramente, ninguém nascecristão – cada um faz-se cristão, oumelhor, é feito cristão através dobatismo. E se hoje é comum asfamílias cristãs pedirem o batismopara os seus filhos na mais tenraidade, isso significa que o ser feitocristão acaba por se dilatar notempo após o batismo, implicandoum processo longo deaprendizagem, não apenas deconceitos mas sobretudo de ummodo de vida. Este processo temnas famílias e nas comunidadescristãs os seus agentes mais diretose, hoje, praticamente únicos – pois,como

referi no início desta reflexão,citando Bento XVI, o contexto socialno qual a fé era um dado adquiridodeixou de existir; não raro, tornou-semesmo adverso à transmissão da fé.Testemunhar a fé com alegria, nafamília e na comunidade cristã, é,por isso, essencial se pretendemosque o Ano da Fé dê frutos,renovando a vida dos crentes edespertando em quem não acreditao desejo de conhecer o mistério deCristo para O acolher e fazer d’Ele ocentro da sua vida.

Elias Couto

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LiturgiaAno C - Solenidade Da Epifania Do Senhor

A liturgia da Palavra deste domingoda Epifania leva-nos à manifestaçãode Jesus como "a luz" que encarnouna nossa história e que atrai a Sitodos os povos da terra. A primeiraleitura anuncia a chegada da luzsalvadora de Deus, que alegraráJerusalém e que atrairá à cidade deDeus povos de todo o mundo.

A segunda leitura apresenta oprojeto salvador de Deus como umarealidade que vai atingir toda ahumanidade, juntando judeus epagãos numa mesma comunidadede irmãos, a comunidade de Jesus.No Evangelho, vemos aconcretização dessa promessa: aoencontro de Jesus vêm os Magos,atentos aos sinais da chegada do

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Messias, que O aceitam comosalvação de Deus e O adoram.«Virão adorar-Vos, Senhor, todos ospovos da terra», assim reza oSalmo.A Epifania é feita de trevas e de luz.Herodes, e toda a Jerusalém, estánas trevas, inquieto. Convoca osMagos "em segredo", fecha-se namentira, fazendo crer que queradorar o Messias enquanto procuraa sua morte. Os Magos estão na luz,vêm dopaís onde se levanta o sol. Umaestrela ilumina a sua noite. Põem-sea caminho, procuram, questionam.Esta luz para a qual eles tendemalegra-os. Então, prostram-sediante d'Aquele que é "a Luz domundo".Os Magos abrem os seuscofres e oferecem-nos Àquele queconsideram como Rei (ouro), comoDeus (incenso) e como humano(mirra).Deus faz-Se reconhecer poraqueles que O procuram, enquantoos chefes dos sacerdotes e osescribas que pensavam tê-loencontrado ficam em Jerusalém,recusando reconhecê-lo.

A mensagem da Epifania é clara.Deus oferece o seu Filho ao mundo,não limita o seu amor apenas aoscrentes do povo judaico, masilumina todos os povos da terra. Eisum convite a abrir a nossainteligência e o nosso coração atodas as pessoas que se julgamlonge de Deus: a nossa fé diz-nosque Deus está próximo delas, porvezes muito próximo; a nossa fé diz-nos que é preciso respeitar todas asreligiões que não são cristãs. Nanossa vida quotidiana, nãocessemos de dar graças: pelo seuEspírito, Deus fala a todas aspessoas, sem exclusão de ninguém.Pessoalmente, em família ou emcomunidade, não nos contentemoscom um simples festejo exterior daEpifania à volta do bolo-rei ourainha, ou de outros sinais?Procuremos rezar e abrir o nossocoração ao sentido universal doamor de Deus, da sua salvação, quese manifesta e encarna em todos.Nunca deveríamos ser nós, emnome de Deus, a excluir e a fazeraceção de pessoas.

Manuel Barbosawww.dehonianos.org

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O optimismo cristão

Francisco SarsfieldCabralJornalista

"Cada ano novo traz consigo a expectativa de ummundo melhor". Com esta frase começa amensagem de Bento XVI para o Dia Mundial daPaz, 1 de Janeiro. Mas a expectativa de ummundo melhor é algo que parece desvanecer-seem várias partes do globo. Sobretudo a Ocidente,vivemos um tempo de pessimismo.A descrença num mundo melhor tem a ver comvários factores. A crise financeira global, iniciadaem 2007 nos Estados Unidos, e a crise da zonaeuro contribuem para o pessimismo. Por outrolado, muitos ocidentais vêem com tristezatransferir-se para a Ásia o centro dinâmico daeconomia mundial.Mais importante, o colapso do comunismo legouuma herança de cinismo quanto à ideia de mudaro mundo. Pois se um projecto de acabar com aexploração dos pobres se revelou tão negativo,não será preferível deixarmo-nos de fantasiasadolescentes e cada um ir tratar da sua vida, semse preocupar com os males da sociedade nemcom o sofrimento dos outros?A esta atitude contrapõe-se frontalmente ooptimismo cristão. Na sua Mensagem, o Papaapela a "uma evolução espiritual, uma educaçãopara os valores mais altos, uma visão nova dahistória humana". E denuncia "os ídolos destemundo", que conduzem a "consciências cada vezmais insensíveis, (...) a fechar-se em si mesmo, auma existência

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atrofiada vivida na indiferença. Aocontrário, a pedagogia da pazimplica serviço, compaixão,solidariedade, coragem eperseverança."Ora isto é o oposto de uma fuga aomundo. "Cada homem é criado àimagem de Deus e chamado acrescer contribuindo para aedificação de um mundo novo". Numartigo assinado por Bento XVI epublicado dias antes do Natal nojornal britânico de negóciosFinancial Times (facto inédito!), oPapa diz que "nos Evangelhos oscristãos encontram inspiração paraas suas vidas diárias e para o seuenvolvimento nos assuntos domundo. Seja no Parlamento ou naBolsa, os cristãos não devem fugirdo mundo".O que implica tentar modificar muitacoisa. Por exemplo, "odesmantelamento da ditadura dorelativismo", que leva a umaconcepção débil da pessoa, incapazde fundamentar direitos humanos.Ou procurar "um novo modelo dedesenvolvimento e também umanova visão da economia" - apeloque já se encontrava na encíclicaCaritas in Veritate e que, na minhaopinião, ainda não encontrouresposta

adequada por parte dos intelectuaiscatólicos.É que, sublinha Bento XVI, "omodelo que prevaleceu nas últimasdécadas apostava na busca damaximização do lucro e do consumo,numa óptica individualista e egoístaque pretendia avaliar as pessoasapenas pela sua capacidade de darresposta às exigências dacompetitividade".O que chamo "optimismocristão" não é, pois, um sentimentodesligado da realidade e muitomenos uma atitude passiva. "Bem-aventurados os obreiros da paz", éo título da Mensagem do Papa. Oscristãos devem "meter a mão namassa", juntamente com todos oshomens de boa vontade.

O autor escreve segundo o antigoAcordo Ortográfico.

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Celebrar os Reis entre Espanha ePortugal

O dia 6 de janeiro, festa dos Reis, écelebrado em Espanha como empoucos lugares no mundo: ospresentes são trocados nesta data,à semelhança do que aconteceu há2000 anos no presépio de Belém.O dia de Natal é vivido em família,celebrando o nascimento de Jesus.É ao fim da tarde de 5 de janeiroque, um pouco por toda Espanha,sai à rua o cortejo dos Reis, a"Cabalgata de los Reyes".A irmã Nuria Frau, da comunidadeVerbum Dei, é natural de Palma deMaiorca, e vive há 24 anos emPortugal. "Para mim era umencanto ir à "cabalgata", com toda afamília, e ver de perto os reis", diz,em entrevista ao programa

Ecclesia de domingo (Antena 1,06h00). A consagrada recorda umcortejo dos reis em que, emboraainda pequena, esteve ao colo damãe para ver os Reis. "Não sei quecara eu fiz mas um deles tocou-mena cara e, naquela hora com aemoção, fiz xixi para cima da minhamãe", conta, rindo.É essa a noite em que cada casa,segundo a tradição, é visitada pelosReis Magos com as suas prendas."Deixávamos na varanda umrecipiente com água para oscamelos beberem e outro com favaspara se alimentarem e, na manhãseguinte, por magia, os recipientesestavam vazios ao lado dasprendas", recorda a irmã Nuria.

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A frustração foi grande quando osirmãos mais velhos a levaram aolugar onde as prendas estavamescondidas pelos pais mas, mesmoassim, a consagrada não deixa dereviver e vibrar com a festa que diz"ser de magia e pedidos aos Reis".Josefina Alonso e Pepe Barber sãocasados há 28 anos e têm 3 filhas.Josefina é de nacionalidadeespanhola, nasceu nas Canárias, ePepe, apesar de ter crescido emPortugal, é filho de pais espanhóis.Também eles em família criam erecriam a tradição dos Reis emcada Natal.Como vivem em Portugal, há jáuma pequena partilha de prendasno Natal, mas os Reis ganham novalor e na magia."Em nossa casa sempre se viveuesta magia e acreditamos nela, porisso tentamos transmitir também àsnossas filhas", afirma Pepe."O cortejo de Reis é uma grandefesta que não perdemos emfamília, todos os cânticos, alegria,cores e os doces que os reisatiram, torna-se um ambienteúnico!", acrescenta.

Josefina, sendo natural das Canárias,traz como tradição que cada pessoada família fica com um Rei, escolhidopela faixa etária, para o qualescrevem a carta dos pedidos e que,segundo acreditam, trará as suasprendas a cada dia 6 de janeiro."Nesse dia em Espanha, é feriado edia de missa, mas em Portugal não.Tentamos fazer na nossa família em 1hora e meia aquilo que lá fazem numdia", conta Josefina.A magia dos Reis não se perde e afamília levanta-se cedo para ver asprendas. Este ano a família volta aBadajoz para celebrar a festa ereviver a tradição que não queremdeixar morrer."Pedimos todos os anos aos Reis quenos visitem em Portugal e eles nãofalham!", brinca Josefina.

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