SEMANÁRIO REGIONALISTA DE INSPIRAÇÃO CRISTÃ … · 1– Quantas vezes ouvimos dizer no final...

8
20 fevereiro 2020 Diretor: ANTÓNIO NOVAIS PEREIRA Preço 0,50 c/ IVA PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS BRAGA TAXA PAGA Autorizado pelos C.T.T. a circular em invólucro de plástico fechado. Autorização N.º D.E. DE00192009SNC/GSCCS Ano XCII – N.º 4505 SEMANÁRIO REGIONALISTA DE INSPIRAÇÃO CRISTÃ Página 5 Comemoração do Dia do Doente em Almodôvar No dia 15 de fevereiro, orga- nizado pelo Movimento da Men- sagem de Fátima, foi comemo- rado o Dia Mundial do Doente. Iniciou-se o dia com uma palestra, que teve como orador o P. José Maria Coelho, Capelão do Hos- pital de Beja, tendo como tema A Espiritualidade na Doença”. Seguiu-se a celebração da eu- caristia presidida pelo P. José Maria e concelebrada pelos párocos de Almodôvar e pelo P. Hugo Gonçalves, na Igreja do Convento de São Francisco, que se tornou pequena para acolher além dos doentes, todos os fiéis que compareceram. Foi admi- nistrado o sacramento da unção dos doentes. O grupo de jovens universitários da “Missão País 2020” animaram a Eucaristia, enquanto o grupo dos escuteiros acompanhou a celebração. Seguiu-se um almoço partilhado nos claustros da Igreja, onde se viu a bonita relação entre estes jovens da Faculdade de Arqui- tetura da Universidade de Lis- boa com todos os doentes e idosos, dado que estes jovens, acompanhados pelo P. Hugo, da paróquia de Campo Grande, em Lisboa, estiveram em missão em Almodôvar durante uma se- mana, tendo colaborado com o Lar da Santa Casa da Mise- ricórdia e CERCICOA, e visi- tando vários doentes. Movimento da Mensagem de Fátima de Almodôvar 1770-2020 Diocese de Beja comemora 250 anos da sua Restauração No dia 15 de fevereiro, pelas 21.00 horas, na Igreja de Santa Maria da Feira, em Beja, teve início um Concerto, pelo Coro da Igreja do Carmo, integrado na Comemoração dos 250 anos da Restauração da Diocese de Beja. Com o templo cheio, entre os participantes encontrava-se D. João Marcos, Bispo de Beja e membros do clero, tendo alguns feito um esforço considerável para estar presentes, quer pelos quilómetros percorridos na ida a Beja e regresso, quer por estarmos em noite de sábado, eventualmente mais absorvidos com as celebrações do Domingo. Certamente, muitos outros quiseram, mas não puderam estar presentes neste encontro significativo das comemorações. Das peças interpretadas, são de destacar três que integram a Missa a três vozes, composição de D. António Xavier de Sousa Monteiro, Bispo de Beja em finais do séc. XIX e princípios do séc. XX (1883 a 1906). Outras peças foram interpretadas: Psalite, Diadema (Mú- sica tradicional do país de Gales, Herr deine güte, Hino aos Pastorinhos, Com Maria, Nossa Senhora de Fátima, Bendita e louvada seja (Selmes) e Hino Diocesano. No final, depois de uma breve palavra de D. João Marcos, a agradecer o momento proporcionado pelo Coro da Igreja do Carmo, sob a Direção do Padre António Cartageno, todos aplaudiram, demoradamente e de pé, ficando a sensação de que soube a pouco, dada a qualidade a que o Coro já nos habituou e que, nesta noite, não foi exceção. António Novais

Transcript of SEMANÁRIO REGIONALISTA DE INSPIRAÇÃO CRISTÃ … · 1– Quantas vezes ouvimos dizer no final...

Page 1: SEMANÁRIO REGIONALISTA DE INSPIRAÇÃO CRISTÃ … · 1– Quantas vezes ouvimos dizer no final dum retiro que foi ali que esta pessoa se encontrou com Deus. Antes, Deus parecia-lhe

20 de fevereiro de 2020

20fevereiro

2020

Diretor: ANTÓNIO NOVAIS PEREIRAPreço 0,50 • c/ IVA

PUBLICAÇÕESPERIÓDICAS

BRAGATAXA PAGA

Autorizado pelos C.T.T.a circular em invólucrode plástico fechado.

AutorizaçãoN.º D.E.

DE00192009SNC/GSCCSAno XCII – N.º 4505

SEMANÁRIO REGIONALISTA DE INSPIRAÇÃO CRISTÃ

Página 5

Comemoração do Diado Doente em Almodôvar

No dia 15 de fevereiro, orga-nizado pelo Movimento da Men-sagem de Fátima, foi comemo-rado o Dia Mundial do Doente.Iniciou-se o dia com uma palestra,que teve como orador o P. JoséMaria Coelho, Capelão do Hos-pital de Beja, tendo como tema“A Espiritualidade na Doença”.Seguiu-se a celebração da eu-caristia presidida pelo P. JoséMaria e concelebrada pelospárocos de Almodôvar e pelo P.Hugo Gonçalves, na Igreja do

Convento de São Francisco, quese tornou pequena para acolheralém dos doentes, todos os fiéisque compareceram. Foi admi-nistrado o sacramento da unçãodos doentes. O grupo de jovensuniversitários da “Missão País2020” animaram a Eucaristia,enquanto o grupo dos escuteirosacompanhou a celebração.Seguiu-se um almoço partilhadonos claustros da Igreja, onde seviu a bonita relação entre estesjovens da Faculdade de Arqui-

tetura da Universidade de Lis-boa com todos os doentes eidosos, dado que estes jovens,acompanhados pelo P. Hugo, daparóquia de Campo Grande, emLisboa, estiveram em missão emAlmodôvar durante uma se-mana, tendo colaborado com oLar da Santa Casa da Mise-ricórdia e CERCICOA, e visi-tando vários doentes.

Movimento da Mensagem deFátima de Almodôvar

1770-2020

Diocese de Bejacomemora 250 anosda sua Restauração

No dia 15 de fevereiro, pelas 21.00 horas, na Igreja de SantaMaria da Feira, em Beja, teve início um Concerto, pelo Coroda Igreja do Carmo, integrado na Comemoração dos 250anos da Restauração da Diocese de Beja.Com o templo cheio, entre os participantes encontrava-se D.João Marcos, Bispo de Beja e membros do clero, tendo algunsfeito um esforço considerável para estar presentes, quer pelosquilómetros percorridos na ida a Beja e regresso, quer porestarmos em noite de sábado, eventualmente mais absorvidoscom as celebrações do Domingo. Certamente, muitos outrosquiseram, mas não puderam estar presentes neste encontrosignificativo das comemorações.Das peças interpretadas, são de destacar três que integram aMissa a três vozes, composição de D. António Xavier de Sousa

Monteiro, Bispo de Beja em finais do séc. XIX e princípiosdo séc. XX (1883 a 1906).Outras peças foram interpretadas: Psalite, Diadema (Mú-sica tradicional do país de Gales, Herr deine güte, Hinoaos Pastorinhos, Com Maria, Nossa Senhora de Fátima,Bendita e louvada seja (Selmes) e Hino Diocesano.No final, depois de uma breve palavra de D. João Marcos, aagradecer o momento proporcionado pelo Coro da Igreja doCarmo, sob a Direção do Padre António Cartageno, todosaplaudiram, demoradamente e de pé, ficando a sensação deque soube a pouco, dada a qualidade a que o Coro já noshabituou e que, nesta noite, não foi exceção.

António Novais

Page 2: SEMANÁRIO REGIONALISTA DE INSPIRAÇÃO CRISTÃ … · 1– Quantas vezes ouvimos dizer no final dum retiro que foi ali que esta pessoa se encontrou com Deus. Antes, Deus parecia-lhe

20 de fevereiro de 2020SOCIEDADE2 – Notícias de Beja

Marega

A Organização das Na-ções Unidas (ONU) ado-tou em 1965 a ConvençãoInternacional para a Eli-minação de todas as For-mas de Discriminação Ra-cial e determinou em 21 demarço o Dia Interna-cional para a Eliminaçãoda Discriminação Racial.Paradoxalmente, a “doen-ça da superioridade” gera omedo, a rejeição e agressãoface às diferentes raças ouetnias humanas, com basena valorização da própriacultura como superior aoutras culturas. Levada aoextremo, esta forma depensar é geradora de for-tes discriminações, xeno-fobias, violências e exter-mínios. Por isso, o racismoé considerado um crimepassível de fortes punições.Nos tempos atuais, quarentae seis anos após a revoluçãodos cravos, muitos espe-rávamos que esta sociedadejá não se gerisse pela força,dado a Europa ter reco-nhecido em Portugal o res-peito pelas minorias, sendoum país que acolhe bem osmigrantes. O contar deanedotas discriminatórias jáparecia esporádico e, nafamília, deixou de se ouvirque “quanto mais me batesmais gosto de ti”.Contudo, as recentes inve-tivas em Guimarães, duranteuma normal festa de futebol,com o Vitória de Guimarãese o Futebol Clube do Portono Palco, parecem lançaruma mancha negra na nossa

Editorial

António Novais Pereira, Diretor

civilização ou, pelo menos,devem fazer-nos pensarsobre os limites que nãopodemos suportar e aquiloque as nossas forças per-mitirão suportar.Marega tomou a decisãode não continuar a jogar,apesar das tentativas à suavolta de o levar a recuar nadecisão. Na minha opinião,ninguém deve ficar admi-rado perante tal coragemporque, certamente não setratava de falta de forçaspara continuar mas antes denão poder tolerar o que éintolerável, face a insultosracistas dos quais todos nossentimos envergonhados. Asua nobre coragem é lou-vável porque, deste modo,a sua atitude frutificaráalém-fronteiras e contri-buirá para que, nos nossosestádios, as manifestaçõesdesportivas reforcem oslaços de comunhão entretodos os povos porqueneles a festa deve acon-tecer. O racismo, sendocondenável em qualquerparte, merece sempre omaior repúdio e, pela minhaparte, faço votos para que,também no futebol, semanifeste o desejo datransformação social, oconfronto leal, limpo eenriquecedor. A manifes-tação do extraordinário,aliada à superação doslimites, não é incompatívelcom a procura conscientee responsável de tudoquanto nos possa unir ereforce a confiança numfuturo da humanidade maispróspero.Estamos conscientes deque, tendo sido ultrapas-sado o tempo dos guer-reiros, não podemos acei-tar, de ânimo leve, as ati-tudes que geram o medo eimpedem o nosso seme-lhante de a todos pre-sentear com os seus donsou a “arte de bem jogar”.

A brecha aberta pela EutanásiaJá tinha lido a respeito do per-curso de Theo Boer, o pro-fessor de bioética que, depoisde ter colaborado nas co-missões de controlo de exe-cução da lei holandesa quepermite a eutanásia, é hoje umdos principais críticos dessalei. Ouvi-lo há tempos na Uni-versidade Católica ajudou-me acompreender melhor as razõesda sua atitude e as conse-quências que acarreta qualquerlegalização da eutanásia. Sãoconsequências que decorremde uma mudança cultural pro-funda que introduz uma brechanum edifício e o vai corroendoprogressivamente. Isso podenão ser evidente de imediato,mas sê-lo-á mais tarde, como jáo é na Holanda, poucas mais deuma década depois.Theo Boer, sabendo bem quenão é essa a posição do ma-gistério da Igreja Católica e dagrande maioria do seu audi-tório, começou por declararaceitar a eutanásia como últimorecurso e dizer que acreditouinicialmente na possibilidadede a lei holandesa ser aplicadanessa linha (não podemos, porisso, dizer que a sua tese édistorcida por algum a prioridoutrinal). Tal não se verifica,porém. Embora inicialmenteparecesse que os números daprática da eutanásia estivessemcontidos, eles começaram adisparar e são hoje cerca dotriplo do que eram há dez anos,sendo o número real (obtidoatravés de inquéritos anó-nimos) bastante superior aosoficialmente registados. Ascausas da eutanásia também sevêm estendendo progressi-vamente, das situações dedoença terminal às de doençaincurável e deficiência, das dedor física às de sofrimentopsíquico e doença psiquiátrica.O passo seguinte é o da pro-posta em discussão (defendidapelo anterior governo e que oatual suspendeu à espera denovos estudos) que estende aeutanásia a situações de “vidacompleta” (onde podem cabera solidão e falta de sentido davida, o sofrimento existencial),fora do âmbito de qualquer

doença, pois. Discute-se aidade (setenta ou setenta ecinco anos) a partir da qual serálegal a eutanásia com essefundamento e se será acei-tável, à luz do princípio daigualdade, essa discriminaçãoem função da idade. A “rampadeslizante” torna-se, assim,não um receio ou um fan-tasma, mas uma evidência.O estudo das causas destefenómeno de “rampa desli-zante” pode ser encarado emdiferentes perspetivas. TheoBoer salientou uma delas, quetambém me parece de salientar.A legalização da eutanásia abreuma brecha num edifício cul-tural. A morte provocada deixade ser um tabu (uma saudáveltabu, como há outros saudáveistabus), algo que não se discutesequer, e passar a ser nor-malizada. O clima cultural esocial altera-se. Esse climapassa a encarar (como nuncatinha sucedido até aí) a morteprovocada como solução paraqualquer situação de maiorsofrimento. A oferta que re-presenta a legalização incentivaa procura. E esta cresce, comorevelam os números. Porqueessa legalização não consagraapenas uma situação já exis-tente (uma procura prévia) noplano cultural, mas abre a portaa novas situações, abre umabrecha que conduz à norma-lização da morte provocada,antes de mais no plano cultural.Por vezes, argumenta-se emfavor da lei holandesa que estaé eficaz no controlo de abusosporque grande parte dos pe-didos de eutanásia são re-jeitados. Mas isso só revelacomo a oferta que ela representaincrementa a procura. E comoesses pedidos refletem o climacultural que normaliza a morteprovocada.Outro reflexo dessa alteraçãode clima cultural pode serdetetado – salientou tambémTheo Boer - no incremento daprática do suicídio em geral.Com frequência, alega-se emfavor da legalização da eu-tanásia, que esta evitaria muitossuicídios praticados de formaisolada, violenta e traumática.

A experiência holandesa revelaque não é assim (como o revelatambém a experiência dos Esta-dos norte-americanos que lega-lizaram o suicídio assistido,onde o número da prática desuicídios em geral é superior àde outros onde o suicídioassistido não é legal). Desde alegalização da eutanásia naHolanda, o número de suicídioscresceu 37%, quando na Ale-manha (país próximo e equi-parável socialmente) desceu10%. Vários fatores poderãoexplicar esta situação. O prin-cipal decorre, precisamente, daalteração do clima cultural queé consequência da legalizaçãoda eutanásia: a morte pro-vocada deixa de ser um (sau-dável) tabu e passa a ser nor-malizada como resposta aosofrimento, em qualquer idade,em qualquer tipo de doença,com doença ou sem ela. E émuito difícil, para o Estado epara os serviços de saúde,prevenir e combater um fenó-meno (o suicídio em geral) queé, em determinadas condições,facilitado (como suicídio legale medicamente assistido).Disse Theo Boer que na Ho-landa, no início dos anos no-venta do século passado, quan-do a eutanásia começou a serpraticada legalmente em casospontuais, ninguém pensavaque daí resultaria a situaçãoque hoje está à vista de todos:um sistema organizado de morteprovocada (nalgumas regiões,esta atinge cerca de 14% donúmero total de mortes). Abrecha que se abriu vem con-tribuindo para corroer o edifíciocultural que assentava noalicerce da proibição de matar.E continuará a fazê-lo de formaincessante.É em tudo isto, nas conse-quências mais profundas, demais longo prazo e de maioralcance, que deve pensar quemtem a responsabilidade delegislar sobre a eutanásia. Umalei com um alcance culturalcomo poucas têm.

Pedro Vaz PattoPresidente da ComissãoNacional Justiça e Paz

Page 3: SEMANÁRIO REGIONALISTA DE INSPIRAÇÃO CRISTÃ … · 1– Quantas vezes ouvimos dizer no final dum retiro que foi ali que esta pessoa se encontrou com Deus. Antes, Deus parecia-lhe

20 de fevereiro de 2020 RELIGIÃO Notícias de Beja – 3

O nosso DomingoSer um pedaço vivo do coração de Deus, nosso Pai

Fr. Pedro Bravo, oc

1– Quantas vezes ouvimos dizerno final dum retiro que foi ali queesta pessoa se encontrou comDeus. Antes, Deus parecia-lhedistante, lá em cima, no céu,vendo tudo o que fazia, como juizdas suas ações, aguardando omomento em quem lhe terá deprestar contas, no fim da vida,depois de morrer, devendo entãopagar o mal que fez. Que deplo-rável caricatura de Deus!Ao invés, reunidos ali com osirmãos e as irmãs, encontraram-se com Jesus Cristo, através dafé; vivo e ressuscitado. Des-cobriram que doravante Ele vemsempre ao nosso encontro ecaminha connosco. E assim sabo-rearam e viram como Deus, nossoPai, é bom, Amor que está semprepróximo de nós e é o único capazde encher a nossa vida de amor,alegria e paz, sabor e sentido.Quão diferente é ter ouvido falarde Deus e acreditar nele, expe-rimentar o Seu amor, maior do queo nosso pecado, maior do que opecado do mundo. Que diferençahá entre o Deus que buscámoscom as nossas forças e o Deusque encontrámos, porque nosamou primeiro, nos deu o SeuFilho e teve a iniciativa de vir aonosso encontro.Quem faz esta experiência torna-se nova criatura, renasce do alto,descobre «as riquezas ines-gotáveis do Batismo com que foipurificado, do Espírito em que foirenovado e do Sangue com quefoi redimido». Em suma: torna-sefilho/a de Deus e recebe a vidaeterna. «Ora a vida eterna é esta»,diz Jesus: «que Te conheçam aTi, o único Deus verdadeiro, eAquele que enviaste, JesusCristo» (Jo 17,3).2– É precisamente da vida eternaem nós, dom renovado em cadacomunhão, graças à nossa uniãocom Deus e com os irmãos (cf.oração depois da comunhão),como fonte de eterna salvação(cf. oração sobre as oblatas); eda sua tradução por palavras e

obras, agradáveis a Deus (cf.oração coleta) que falam asleituras de hoje.Que agrada mais a Deus? A Bíblia,logo desde o início, é clara: «Noéera um homem justo e perfeito;ele andava com Deus» (Gn 6,9).E, mais adiante, diz Deus a Abra-ão: «Anda na minha presença esê perfeito» (Gn 17,1). O que maisagrada a Deus é, pois e antes demais, que andemos na Sua pre-sença, caminhemos com Ele, Otenhamos sempre presente nonosso coração e pensamento, nonosso olhar e escuta, nas nossaspalavras e obras. Numa palavra:que vivamos com Ele e nele.Depois, Jesus acrescenta: quesejamos perfeitos. Todo o sertende para a perfeição. Tambémnós,, seres humanos, buscamosa perfeição. Cada um de umamaneira ou de outra, neste pontoou naquele, quer ser perfeito.Porquê? Porque traz em si a marcade Deus.A verdade, porém, a realidade, éque somos imperfeitos: somosincompletos, estamos inaca-bados, «caminhamos pela fé, nãona visão» (2Cor 5,7), temosdefeitos. Por isso, aspiramos àperfeição. A perfeição que nãotemos, mas se acha em Deus.Graças a Deus, porque se assimnão fosse, nunca a teríamos,seríamos eternamente imperf-eitos! Mas porque é nele que seacha a nossa perfeição, jamaisalgo nos faltará.3– Jesus repete-o hoje, no Evan-gelho. Diz Ele, literalmente:«Portanto, sede vós perfeitos,como o vosso Pai celeste éperfeito» (Mt 5,48). A perfeiçãoacha-se em Deus. E consiste noamor. Se ela nos falta, tantomelhor: podemos encontrá-la emDeus, que é amor. O único emQuem ela se acha e está presente,sem qualquer deficiência é Deus.Como dom.Antes de mais, como dom de vidanova. Que nos é concedida emJesus Cristo, que de nós faz filhosde Deus, por meio da fé, «porque,sem fé, é impossível agradar aDeus» (Hb 11,6): «a todos os que

ENTRADAPor vossa imensa bondade- A. Cartageno - CNL, 813

SALMO RESPONSORIALSenhor, sois um Deus clemente- M. Luis, SR, 118

Sugestões de Cânticos

COMUNHÃOSenhor, eu creio que sois Cristo - F. Silva,CNL, 910

O receberam, deu-lhe o poder dese tornarem filhos de Deus. Aosque creem no seu Nome e quenão foram gerados, nem do san-gue, nem da vontade da carne,nem da vontade do homem, masde Deus» (Jo 1,12s).A perfeição consiste em sermosfilhos e filhas de Deus. Pois sóem Deus, nosso Pai, alcançamosa perfeição. Perfeição que co-nsiste não em sermos robôsautossuficientes (que não aindaexistem), mas porque Ele no-la dá,dando-Se a Si mesmo, por amor,Sem reservas. Para sermos comoEle é.Por isso, nos invetiva: «Sede vósperfeitos, como o vosso Paiceleste é perfeito» (Mt 5,48). Defacto, ninguém é perfeito sozinho.Só seremos perfeitos se esti-vermos em comunhão com o Paie com os irmãos e irmãs, de cujoamor o Pai se fez mendigo. Osirmãos e irmãs, com os seus errose defeitos. Não porque algo Lhefalte, mas porque nós Lhe fazemosfalta. Não porque pertencemos adeterminado grupo, porque fize-mos tal caminhada, mas porqueEle nos ama. Ele, que é Amor.É da radical pobreza do homem esurpreendente amor de Deus Paique brota o Evangelho de hoje.Ele diz, resumindo: 1) o outro,mesmo se não for batizado e nãopraticar, nem andar contigo, e sefizer teu inimigo, é teu irmão; 2)aceita o teu irmã como ele é; 3)ama-o na sua fraqueza, como oPai te ama a ti; 4) não voltes ascostas ao teu irmão, quando elese achar em necessidade, mas 5),se ele te pedir um favor, faz-lhedois; 6) mesmo que não sejasimpático e se ponha contra ti,continua a orar por ele, a amá-lo ea fazer-lhe o bem. Porque só é filhode Deus quem amar como o Pai.Achas difícil, sentes-te pecador?Deus pode suprir a tua imper-feição. Não hesites em ser umpedaço do coração de Deus, emser irmão de Jesus Cristo. Aceitaser um com o teu irmão e dá-lhetestemunho do amor infinito emisericordioso de Deus Pai juntode todos. Que te falta fazer?

Siglas - CNL: Cantoral Nacional para a Liturgia; SR– Salmos Responsoriais, M. Luis

VII Domingodo Tempo Comum

Ano A23 de fevereiro de 2020

Leitura do Livro do LevíticoO Senhor dirigiu-Se a Moisés nestes termos:«Fala a toda a comunidade dos filhos de Israel e diz-lhes:‘Sede santos, porque Eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo’. Nãoodiarás do íntimo do coração os teus irmãos, mas corrigirás o teupróximo, para não incorreres em falta por causa dele. Não te vingarás,nem guardarás rancor contra os filhos do teu povo.Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor».

I Leitura

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São MateusNaquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:«Ouvistes que foi dito aos antigos:‘Olho por olho e dente por dente’.Eu, porém, digo-vos:Não resistais ao homem mau.Mas se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda.Se alguém quiser levar-te ao tribunal, para ficar com a tua túnica,deixa-lhe também o manto.Se alguém te obrigar a acompanhá-lo durante uma milha, acompanha-o durante duas. Dá a quem te pedir e não voltes as costas a quem tepede emprestado.Ouvistes que foi dito:‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo’.Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai por aquelesque vos perseguem, para serdes filhos do vosso Pai que está nosCéus; pois Ele faz nascer o sol sobre bons e maus e chover sobrejustos e injustos.Se amardes aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Nãofazem a mesma coisa os publicanos? E se saudardes apenas osvossos irmãos, que fazeis de extraordinário?Não o fazem também os pagãos? Portanto, sede perfeitos, como ovosso Pai celeste é perfeito».

«Não mandou a ninguém fazer o mal»

Lev 19, 1-2.17-18

Evangelho

Quem observa a palavra de Cristo, nesse o amor de Deus é perfeito.1 Jo 2, 5

Mt 5, 38-48

«Amai os vossos inimigos»

«Tudo é vosso; vós sois de Cristo; Cristo é de Deus»Leitura da primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos CoríntiosIrmãos: Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito deDeus habita em vós? Se alguém destrói o templo de Deus, Deus odestruirá. Porque o templo de Deus é santo, e vós sois esse templo.Ninguém tenha ilusões. Se alguém entre vós se julga sábio aosolhos do mundo, faça-se louco, para se tornar sábio.Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus, comoestá escrito: «Apanharei os sábios na sua própria astúcia».E ainda: «O Senhor sabe como são vãos os pensamentos dossábios». Por isso, ninguém deve gloriar-se nos homens. Tudo évosso: Paulo, Apolo e Pedro, o mundo, a vida e a morte, as coisaspresentes e as futuras. Tudo é vosso; mas vós sois de Cristo, eCristo é de Deus.

1 Cor 3, 16-23II Leitura

Salmo Responsarial Salmo 102 (103)

O Senhor é clemente e cheio de compaixão

Aleluia

Page 4: SEMANÁRIO REGIONALISTA DE INSPIRAÇÃO CRISTÃ … · 1– Quantas vezes ouvimos dizer no final dum retiro que foi ali que esta pessoa se encontrou com Deus. Antes, Deus parecia-lhe

20 de fevereiro de 2020IGREJA4 – Notícias de Beja

UMA MENINA COM LUMENO PEITO

Faz hoje um século que Jacinta, a menina que “tinha lume nopeito” partiu para a fogueira e glória do Céu. Tão humana e tãodivina, tão da terra e tão do Céu, criança entre as crianças. Masdois anos depois, ainda não tinha dez anos, pela mediação doCéu que baixou à sua vida, tornou-se o modelo de todas ascrianças e adultos, abertos à graça de Deus. Jacinta, idadeinfantil, mas de fé provada e adulta. Eu, tu, nós, de idadeadultíssima e de fé débil e infantil. Por isso, na expressão felizde S. João Paulo II, Ela e Francisco, seu irmão, são “duascandeias que Deus acendeu” na noite da vida, para nosenvergonharmos de não ser santos. A aprovação oficial damariologia de Fátima consta das seis aparições de maio aoutubro de 1917, na Cova da Iria e da aparição de Nossa Senhoraa Jacinta, no Hospital da Estefânia, onde Lhe falou no pedidode reparação dos pecados cometidos contra o Coração de Jesuse o Imaculado Coração de Maria. Jacinta fez-se arauta emensageira da compaixão de Deus que ama os pecadores. Foramdois os acontecimentos que fizeram de Jacinta a grande apóstolae intercessora dos pecadores, a visão do inferno na apariçãode julho e a Luz celeste e de qualidade superior que sedesprendia das mãos de Nossa Senhora e que os projetou emDeus. Escreve Lúcia, que eles se viam em Deus como no melhordos espelhos. Por esta Luz, os Pastorinhos entraram no mundode Deus, como o seu mundo mais belo, mais pleno e cativante,a sua verdadeira identidade. Deus imagem nossa e nós imagemde Deus. Perfeito! Esta Luz é profética e interpreta a história,porque Jacinta e Francisco estavam na feixe da Luz queapontava o Céu e Lúcia, na luz que a projetava na terra,evocando a sua missão de propagar no mundo o Reino doImaculado Coração e a necessária consagração do mundo aoImaculado Coração de Maria.O seu coraçãozinho em chamas, apaixonado é o reflexo amoroso,é o contraponto do Coração de Maria, ferido pelos pecadosdos homens ingratos: - «Gosto tanto de dizer a Jesus que Oamo! Quando Lho digo muitas vezes parece que tenho lumeno peito. Mas não me queimo! Gosto tanto de Nosso Senhor ede Nossa Senhora, que nunca me canso de dizer que os amo»(Primeira Memória). Quando Francisco, na cadeia de Vila Novade Ourém, ameaçado de morte, iniciou a oração de oferta - «Ómeu Jesus é por vosso amor e pela conversão dos pecadores»,Jacinta acrescentou: - «e também pelo santo Padre e emreparação dos pecados cometidos contra o ImaculadoCoração de Maria» Lume no peito! Aqui, na cadeia, ameaçadade morte, queria morrer, mas não queria morrer longe da mãe.Tão santa e tão humana e tão igual nós, disposta a selar com omartírio, a veracidade das aparições. Lume no peito e na vida.Uma Senhora de nome Eunice converteu-se ao Senhor aoconhecer este acontecimento. Durante o curso universitário,leu tudo o que se escrevia sobre o existencialismo ateu.Convenceu o noivo a casar civilmente, ele que era dirigentenacional da JUC (Juventude Universitária Católica). Um dia,alguém deixou na sala dos professores da Escola D. Manuel I,de Beja, um livrinho “Mensagem de Fátima”. Abrindo-o aoacaso, leu com espanto a decisão dos Pastorinhos estaremdispostos a morrer por amor à veracidade das aparições. Tinhatrês filhos, a Cristina, o João e o Vasco, com idades próximasdos Pastorinhos. Confrontou com espanto, convertendo-se aoSenhor. Casou na Igreja do Salvador a 30 de junho de 1961 e foia primeira paroquiana a saber que era o novo pároco do Carmo.Quando os pais dos Pastorinhos venderam o rebanho ecomeçaram a ir à escola, nos recreios, Jacinta gostava de visitarJesus no sacrário: «Eu gosto de estar muito tempo sozinha naIgreja a falar com Jesus escondido; mas nunca me deixam».Na doença, diz à Lúcia: - «Nossa Senhora veio-me ver; e dizque vem buscar o Francisco, muito em breve, para o Céu. E amim perguntou-me se queria ainda converter mais pecadores,disse-lhe que sim. Disse-me que ia para um hospital, que lásofreria muito; que sofresse pela conversão dos pecadores,em reparação dos pecados cometidos contra o CoraçãoImaculado de Maria e por amor a Jesus».Lume no peito!

António Aparício

Eutanásia: Conselho Nacional de Éticapara as Ciências da Vida «chumba»

propostas para a despenalização

O Conselho Nacional de Éticapara as Ciências da Vida (CNECV)anunciou, no dia 18, que emitiupareceres desfavoráveis às ini-ciativas legislativas do BE, PAN,PS e PEV que visam a despena-lização da eutanásia em Portugal.Em comunicado, o organismoconsultivo da Assembleia daRepública considera que asmesmas “não constituem umaresposta eticamente aceitávelpara a salvaguarda dos direitosde todos e das decisões de cadaum em final da vida”.Em causa, assinala a nota deimprensa, estão “diferentes prin-cípios, direitos e interesses empresença, que devem ser prote-gidos e reafirmados”.“Os quatro pareceres do Conse-lho, com semelhanças e diferen-ças entre si, refletem o compro-misso obtido das posições dosseus membros, que assim apro-varam os pareceres por umamaioria de dezassete votos”,informa o organismo.Entre as falhas apontadas estãoa falta de “estudos prévios quepossam auxiliar a clarificação esustentação de uma moldurajurídica nesta matéria” ou a“insuficiente consideração derespostas mediadas, relacionaise integradoras, que respeitem eabriguem as múltiplas dimensõesdo sofrimento humano”.Foram ainda evocadas questõescomo “o desconhecimento dequantos profissionais estarãodisponíveis para concretizar umconjunto vasto de responsa-

bilidades implicadas nas inicia-tivas legislativas” ou a “impre-cisão da relação de todos osintervenientes (médicos, enfer-meiros, farmacêuticos) com oSistema de Saúde”.Os textos falam de “risco deempobrecimento da oferta deapoio clínico, psicológico e socialem contexto de fim de vida”, facea novas exigências em recursosfísicos e humanos para a práticada eutanásia.O CNECV realça que são “chama-dos sempre à colação profissio-nais de saúde, ora para provocarintencionalmente a morte apedido do interessado (euta-násia), ora para supervisionaraquele que se suicida na práticado ato letal (suicídio medica-mente assistido)”.“Nas profissões da saúde, quesão autorreguladas, não cabeadicionar deveres que colidemcom a sua deontologia, criandounilateralmente novas respon-sabilidades aos profissionais paracom as pessoas, a sociedade e oPaís”, pode ler-se.O CNECV considera que a figurado objetor de consciência “nãoparece poder ser invocada paratarefas” que não sejam consi-deradas “atos da profissão”.A este respeito, questionam-seexigências colocadas aos obje-tores, considerando que as mes-mas contrariam “o fundamento daobjeção de consciência, assenteno quadro de valores da cons-ciência individual, do juízo que umprofissional de saúde pode e deve

fazer, no exercício da sua liber-dade de consciência, de deliberarem cada caso, conforme a situa-ção e o contexto”.“É bem possível, a ser o Projetode Lei aprovado, que se apre-sentem dificuldades dificilmenteultrapassáveis para encontrarmédicos que assumam o papel deprovedores do pedido do doentee, por causa disso, facto que seráparticularmente gravoso, que seorganizem ‘circuitos comerciais’,aos quais os doentes poderãorecorrer com a garantia prévia deque o processo terá sempre quemdele se encarregue nas suasdiferentes etapas”, refere-se nosquatro pareceres.O texto integral dos pareceresencontra-se disponível em www.cnecv.pt/index.php.O Parlamento agendou paraquinta-feira a discussão e vota-ção de projetos do PS, BE, PAN,PEV e IL – que não foi analisadopelo CNECV por ter sido apre-sentado mais tarde – no sentidoda despenalização da eutanásia.Uma iniciativa popular de refe-rendo sobre a eutanásia, promo-vida pela Federação Pela Vida(FPV) já recolheu mais de 38 milassinaturas, cerca de 60% donúmero legalmente exigido, paraque possa dar entrada na Assem-bleia da República até ao fim doprocesso legislativo.A petição foi colocada online nodia 7 de fevereiro.

OCFonte: Ecclesia

Page 5: SEMANÁRIO REGIONALISTA DE INSPIRAÇÃO CRISTÃ … · 1– Quantas vezes ouvimos dizer no final dum retiro que foi ali que esta pessoa se encontrou com Deus. Antes, Deus parecia-lhe

20 de fevereiro de 2020 Notícias de Beja – 5IGREJA

Entre os dias 27 de janeiro de 2020e 17 de fevereiro de 2020, parti-ciparam no 59º CPM – Centro dePreparação para o Matrimónio,sete casais de noivos que preten-dem contrair o sacramento doMatrimónio nas Paróquias deSantiago Maior (3), S. JoãoBaptista (1), Castro Verde (1),Santo Estêvão, Benavente (1) enoutra Paróquia, em Braga (1).O CPM é um serviço da Igreja

1770-2020

Diocese de Beja comemora 250anos da sua Restauração

De D. António Xavier de SousaMonteiro, Bispo de Beja de 1883a 1906.Esta é a primeira peça do concertocom um conjunto diverso de maisoito melodias.Sobre a Missa composta por D.António Xavier Monteiro o Pe.António Cartageno diz:Trata-se de um manuscrito de 28páginas guardado na BibliotecaPública de Évora, com o seguinteconteúdo:Nas primeiras 16 páginas:- as partes cavas do Soprano doOrdinário da Missa - Kyrie,Gloria, Credo, Sanctus e AgnusDei (p.1-5);- as partes cavas do Tenor, (p.6-11)- e as partes cavas do Baixo (p.12-16).Nas páginas 17 a 28: o cor-respondente acompanhamentode órgão.Estamos a falar de um manuscritodos finais do séc. XIX, em que amúsica a várias vozes é aindaescrita com cada voz em sepa-rado, ou seja: o cantor não tinhaa partitura do Coro total, comohoje acontece, mas apenas amelodia da parte que deve cantar.Era assim nesta época.Outra particularidade é o facto detodas as melodias do sopranoaparecerem escritas na clave dóna 12 linha e as do tenor na clavede dó na 42 linha - claves hoje emdesuso no Coro, como se sabe.Que confusão, para nós, hoje! Sóa voz do Baixo vem escrita naClave de Fá na 42 linha, como hojetambém acontece.

Realizou-se em Beja noSeminário Diocesano

de Nossa Senhora de Fátimaa edição nº 59 do CPM de Beja

Católica, aberto a crentes e nãocrentes. Tem como finalidadeprincipal a promoção de sessõesde preparação de noivos para oMatrimónio. Possui uma peda-gogia e metodologia próprias.A próxima edição do CPM deBeja, tem início agendado para opróximo dia 4 de Maio, pelas 21hno Seminário de Nossa Senhorade Fátima de Beja.

O meu trabalho de férias do Verãode 2018 foi fazer a transcrição doKyrie, do Sanctus e do Agnus Deipara a nossa forma moderna deler a partitura, ou seja: re-escrevero Soprano em clave de sol,colocar-lhe por baixo, em para-lelo, o Altus, (que substitui oTenor) também em clave de Sol efinalmente acrescentar, por baixodestas duas vozes, a do Baixo.Um trabalho aturado, que demo-rou muitas horas, mas que tornoupossível preparar a partitura paraque nós, hoje, em meados do séc.XXI, possamos dar voz e in-terpretar a Missa escrita poraquele que foi o Bispo de Bejadesde 1883 a 1906.Digamos algo sobre a música emsi, com especial referência aoKyrie, Sanctus e Agnus Dei, quesão as partes da Missa que serãoexecutadas no dia 15 de Fe-vereiro. Os vários trechos estãoorganizados como se de umapequena obra musical clássica setratasse. Por exemplo, o Kyriecomeça com o andamento Largo;o Christe passa ao allegro vivo eos últimos Kyrie voltam ao tempoprimo. Por sua vez, o Sanctuscomeça com um alegro moderato,depois o Hossana é allegro e oBenedictus é Largo, voltando aoallegro no Hossana final. Esteprocedimento é ainda mais va-riado nas peças mais extensas(Glória e Credo, que não serãoexecutados). Quanto ao acompa-nhamento, o autor usa um estilomais pianístico que organístico:a mão esquerda está sempre emmovimento, geralmente em col-

cheias, com acordes feitos alter-nando o Baixo (nota funda-mental) com as outras duas notasdo acorde (32 e 52). Esta formade acompanhar está mais pró-xima da música profana, nomea-damente da música popular, doque da música sacra como hoje aentendemos. É caso para per-guntar se era música para rezarou simplesmente música paraouvir e fruir... Em todo o caso,trata-se de música bem estru-turada e bastante agradável deouvir. Naquela época era assim amúsica da Igreja. Por algumarazão o Papa S. Pio X publicou,em 1903, o seu motu proprio “Trale sollecitudini” sobre a músicasacra. Lembremos que por essaaltura a música de estilo operí-stico e teatral tinha invadido oespaço sagrado, ou seja, amúsica sacra estava contami-nada pela música que se fazianos teatros de ópera, e o Papaquis chamar a atenção para essefacto e fazer algo para inverter asituação.Não podemos julgar esse pas-sado, não muito longínquo,apenas à luz da nossa sen-sibilidade de hoje, felizmente,bastante moldada pelo espíritodos documentos do ConcilioVaticano II sobre a música sacra.Escutar esta obra do antigoBispo de Beja poderá ser uma boaocasião para reflectir sobre amúsica que se está a fazer hojenas nossas Igrejas...

P. António Cartageno

MISSA A 3 VOZES E ÓRGÃO

5 formas de ajudar o“Notícias de Beja”

1. Pague a assinatura do jornal atempedamente.

2. Faça publicidade no “Notícias de Beja”. Tem uma

empresa ou responsabilidade na gestão de algum

negócio? Anuncie no “Notícias de Beja”. Como

temos pouca publicidade, cada anúncio obtém mais

visibilidade.

3. Ofereça uma assinatura. É uma prenda que não é

cara (35 euros). E dura pelo menos um ano. E quem

a recebe vai lembrar-se de si pelo menos uma vez

por semana. Grande prenda!

4. Proponha o nosso jornal a um amigo. Se gosta do

jornal (podemos presumir que sim, porque rece-

bemos elogios com alguma frequência), proponha-o

a um amigo. Depois de o ler ofereça a alguém. Um

amigo do jornal encontra outro amigo

5. Ajude a divulgar o jornal passando pelo facebook

e partilhando nas redes sociais capas e algumas

notícias que lá vamos pondo.

Page 6: SEMANÁRIO REGIONALISTA DE INSPIRAÇÃO CRISTÃ … · 1– Quantas vezes ouvimos dizer no final dum retiro que foi ali que esta pessoa se encontrou com Deus. Antes, Deus parecia-lhe

20 de fevereiro de 2020OPINIÃO6 – Notícias de Beja

A Caixa Relicário do Monte da Cegonha (Arquelogia e Laboratório (XI)

«Foi durante a campanha deescavação de 1989, que foiencontrada uma caixa formadapor tijolos que envolvia umaoutra em mármore, a caixarelicário. Trata-se de uma caixarectangular de mármore de S.Brissos, desprovida de qualquerdecoração. A face interna datampa e da caixa não tiveramqualquer polimento, sendo bemvisíveis as marcas de desbaste.O rebaixamento para o encaixeda tampa e a parte superiordesta foram polidas. O exteriorfoi totalmente alisado, sendonotório, numa das faces umtratamento distinto, tendo-se“lavrado”uma base reentrante,bem polida. Uma peça rela-tivamente pequena: compri-mento, 25cm, largura 12 cm ealtura 85 cm; o encaixe situadoa 10 cm de altura e tem delargura, um cm; a tampa temde comprimento 19,2 cm, delargura 11 cm e altura 2 cm.Dentro encontraram-se dois

medalhões: O 1º tem de diâ-metro 46 cm e de espessuramáxima 10 cm no qual épossível ver uma figura comum nimbo, sem outros ele-mentos que possibilitem a suaidentificação; o 2º só é possívelver uma figura de que só se vêa parte inferior. Também foramencontradas duas medalhas».1

«Um inventário apurado dascaixas-relicário que se co-nhecem em Portugal e Espanha,feito nesse trabalho realça ointeresse do achado do Monteda Cegonha. De facto, osexemplares apresentados notrabalho citado (artigo recentede Mário Barroca e ManuelReal), têm todos cronologiamais tardia e emergem decontextos civilizacionais/cul-turais bem diferentes daqueleem que este se integra. Ade-mais, nenhum deles foi reco-lhido no decurso de trabalhosarqueológicos. Não há, por-tanto, paralelo cronológico, poisesta caixa relicário que os mais

antigos exemplares que seconhecem em território his-pânico, parecem ser os pro-venientes do altar-mor de S.João Batista de la Pena, queFrancisco Ininguez Almechdatou de 850, mas algunsautores apontam para datamais tardia; o do pé do altar deS. João Batista de Compostelae o da catedral de Astorga que,segundo Gomes Moreno po-derá ter sido obra encomendadapelo bispo Ginídio de Astorga,o que permitirá dar-lhe umacronologia do séc. IX».2

«Datam deste período o nas-cimento do culto dos mártirese os movimentos monásticos,que nos séculos seguintesevoluirão para o “culto dasrelíquias”. No sul da Lusitâniao único exemplar de relíquiascolocadas sobre o altar, en-contra-se na igreja in Villae doMonte da Cegonha em finaisdo séc. VI, inícios do séc. VII.A caixa relicário não continhaossos mas pequenas medalhas,

não oferecendo a sua iden-tificação quaisquer dúvidas».Sendo assim, também a caixarelicário da basílica do Monteda Cegonha, antecipa a cro-nologia do culto das relíquias,de quase 200 anos, tendo emconta a datação dos outrosachados acima comentados.Comentando esta fase da am-pliação da zona construída,com o levantamento de umabasílica, esta mesma autoraafirma que «poderá apenasindicar a determinação doproprietário de converter a suagente, isto é, os colonos daterra e da zona envolvente, umavez que segundo se pensa atéao século V a cristianização doterritório do sul da Lusitâniaterá sido essencialmente umfacto privado, não controladopela Igreja».4

Segundo Maria da ConceiçãoLopes, com esta descoberta«…parece não existir dúvidasque o culto das relíquias tinhachegado ao meio rural e po-

António Aparício demos imaginar que a Villa doMonte da Cegonha era umcentro aglutinador de outrasVillae da região».5«A baciatronco-cónica encontrada naigreja, in Villae do Monte daCegonha, utilizada provavel-mente para batismos de crian-ças ou para rituais de aspersãodurante esta cerimónia data doséc. VII, altura em que oprocesso de cristalização docristianismo implica a neces-sidade de instruir e batizar apopulação e os bispados con-trolam a construção das igrejas,dividindo o território diocesanoem várias paróquias».6«A pe-quena dimensão da piscinabatismal e a sua colocação auma cota superior à do pavi-mento, podem também refor-çar a ideia; podendo docu-mentar a transformação daliturgia do batismo, forçada pelofacto de a maioria dos cate-cúmenos passarem a ser crian-ças e de a submersão deixar deser necessária, passando a sersuficiente a aspersão».

Sílvio Couto

Há dias conversava com umpadre africano e chegamos àtriste conclusão que muitos dosnossos problemas, na Europa epor especial incidência em Por-tugal, são próprios e típicos deuma sociedade velha e enve-lhecida, podre embora preten-samente rica, vazia de valores àmistura com questões de quemse entretém com o secundário emvez de atender ao essencial.A questão da eutanásia comoque consubstancia estas di-versas ramificações e os tentá-culos mais complexos…deixandopouco espaço para percebermosque somos guiados por outrosinteresses que não sejam ideo-lógicos e quase maquiavélicos.

assassinar os seus cidadãos, trairos seus amigos, faltar à palavradada, ser desapiedado, não terreligião. Essas atitudes podemlevar à conquista de um império,mas não à glória’.Efetivamente, muitos daquelesque nos governam precisariamde umas lições mínimas paraserem capazes de perceberemque, por muito que tentem dis-farçar, não conseguem esconderquais os objetivos que os moveme que, muitas das vezes, sãodemasiado pouco subterrâneospara não serem percetíveis naspropostas que levam a seremvotadas no lugar da aprovaçãodas leis. Neste caso da dis-cussão trazida outra vez para opúblico da eutanásia percebe-seque será um novo fait-divers paraesconder os problemas de nãoentendimento em matérias la-borais, após o congresso dacentral pró-comunista e numaquase antecipação do carnaval,cujos eflúvios já se notam… Nãobasta parecer, se não se é!Claramente se vê que isso não ésério nem se pode ser levado com

seriedade, pois não passa pelacabeça de ninguém que se auto-rize a matar – pasme-se mais umavez o eufemismo de ‘despe-nalização da morte medicamenteassistida’ – como se um médicopossa prestar-se para matar,quando a sua função é, digna ealtamente, salvar vidas. Nãobrinquemos com as palavras paraque estas possam ainda tomadascomo forma de comunicação entreos humanos…

= Por entre tantas posições – afavor ou contra a eutanásia – édigna de reflexão a recente daConferência Episcopal Portu-guesa. O comunicado do con-selho permanente diz: «Queridosprofissionais da saúde: qualquerintervenção de diagnóstico, deprevenção, de terapêutica, deinvestigação, de tratamento e dereabilitação há de ter por objetivoa pessoa doente, onde o subs-tantivo “pessoa” venha sempreantes do adjetivo “doente”. Porisso, a vossa ação tenha em vistaconstantemente a dignidade e avida da pessoa, sem qualquer

Enquanto noutras partes domundo se tomam medidas paracontrolar a natalidade – nalgunscasos através da laqueação nãoautorizada ou da vasectomiainvasiva – aqui entretemo-nos adiscutir quando se pode retirar avida com ou sem consentimentoda família. Quando em tantoslugares da Terra se tenta salvarvidas, correndo os maiores riscosdaqueles que intervém, por cáfazem-se discussões e projetam-se leis para permitir matar apedido ou sem autorização.Quando se tenta sobrepor oindividual ao mais correto daconvivência interpessoal, nãoestaremos a entrar em colapsocultural, escavando a sepulturade todos? Quando vemos ainterferência da legislação nocampo da consciência e da ética,não estaremos a estatizar tudo etodos, submetendo-os aos inte-resses de maiorias nem semprelícitas?

= Já dizia Nicolau Maquiavel noseu célebre livro: O príncipe –‘não se pode chamar de valor

cedência a atos como a euta-násia, o suicídio assistido ou asupressão da vida, mesmo se oestado da doença for irrever-sível». A opção mais digna con-tra a eutanásia está nos cuidadospaliativos como compromisso deproximidade, respeito e cuidadoda vida humana até ao seu fimnatural».Esta proclamação poderá pareceruma espécie de atitude de ‘bom-beiro’ a tentar apagar um fogo jáa lavrar em incêndio sem con-trolo. Talvez devêssemos ter tidouma ação mais preventiva sobreo tema e não de conjunturameramente reativa como nestaem que estamos. Não soubemoscolher as lições – mesmo demobilização, de esclarecimento ede dinamização – na década emque foi discutido e votado o temado aborto. Se a vida não sereferenda, e bem; então, não sepeça nunca o estratagema doreferendo. Se não conseguimosapresentar a vida como valoressencial e transcendente, entãode pouco adiantam estes re-cursos…quase dilatórios. Atéquando andaremos a manquejarentre a verdade e os feitiços damentira?

Discussões numa sociedade envelhecida e pobre

Memória da Primeira Evangelização na celebração dos 250 anos da Restauração da Diocese de Beja

Page 7: SEMANÁRIO REGIONALISTA DE INSPIRAÇÃO CRISTÃ … · 1– Quantas vezes ouvimos dizer no final dum retiro que foi ali que esta pessoa se encontrou com Deus. Antes, Deus parecia-lhe

20 de fevereiro de 2020

Diretor: António Novais PereiraRedação e Administração:Rua Abel Viana, 2 - 7800-440 BejaTelef. 284 322 268E-mail: [email protected]

Assinatura 35 Euros anuais c/IVAIBAN PT50 0010 0000 3641 8210 0013 0

Impressão:Gráfica do Diário do MinhoRua de Santa Margarida, n.º 4-A - 4710-306 Braga

20fevereiro

2020

Depósito Legal

N.º 1961/83

Editado emPortugal

Propriedade da Diocese de BejaContribuinte Nº 501 182 446

RegistoN.º 102 028

Tiragem1.500

REGIONAL Notícias de Beja – 7

Atividade operacional semanalO Comando Territorial de Beja,para além da sua atividade diária,levou a efeito um conjunto deoperações, no distrito de Beja, nasemana de 10 a 16 de fevereiro,que visaram a prevenção e ocombate à criminalidade violenta,fiscalização rodoviária, entreoutras, registando-se os seguin-tes dados operacionais:

- Detenções: 11 detidos em fla-grante delito, destacando-se:Três por condução sob o efeitodo álcool e três por tráfico deestupefaciente.

- Apreensões: Quatro dosesde haxixe; uma arma de caça; umaarma branca e 30 munições. - Trânsito:Fiscalização: 310 infrações dete-tadas, destacando-se: 54 porexcesso de velocidade; 27 rela-cionadas com tacógrafos; 19 porfalta de inspeção periódica;16 por falta de seguro de respon-sabilidade civil obrigatório;- 13 por uso indevido do tele-móvel no exercício da condução;sete por condução com taxa deálcool no sangue superior ao

O Comando Distrital de Beja daPSP (CD Beja), no âmbito dassuas competências de pre-venção e combate permanenteà prática de ilícitos criminais econtraordenacionais, no perío-do de 07 a 13FEV2020, na suaárea de jurisdição, registou edestaca os seguintes resulta-dos operacionais:

Operações de Fiscalização:- 1 Operação de FiscalizaçãoRodoviária, em Beja, com re-curso a Radar, que contabilizou571 veículos controlados, com adeteção de 2 infrações;- 14 Operações de FiscalizaçãoRodoviária, enquadradas naAtividade Operacional de CD

Beja e no Plano Nacional deFiscalização, que contabilizam:307 Veículos fiscalizados; 216Condutores submetidos ao testede alcoolémia; 30 infraçõesdetetadas.

Acidentes rodoviários:- Em Beja, registo de 6 acidentesrodoviários, só com registo dedanos materiais.

Ações preventivas /de sensi-bilização e outras:- O Núcleo de Armas e Explosivosdo CD Beja, nas suas instalaçõese também através do seu Balcãode Atendimento Não Permanente,realizado, no período em apreço,no Município de Cuba, procedeu

SUMULA SEMANALà recolha de 9 armas de fogo,perdidas a favor do Estado;- O CD Beja, através do seuPoliciamento de Proximidade e noâmbito do Programa EscolaSegura, promoveu a realizaçãode: Quatro Ações de Sensi-bilização, no âmbito da Operaçãoda PSP denominada “Internetmais segura”, direcionada paraos alunos do 1º, 2º e 3º ciclosescolares, que contaram com apresença de 80 alunos; uma Açãode Sensibilização, denominada“No namoro não há guerra”,dirigida a alunos do 3º ciclo eassistida por 45 alunos; 13 Açõesde Sensibilização sobre o 112,participadas por cerca de 260alunos do 1º ciclo.

permitido por lei; cinco por faltaou incorreta utilização do cintode segurança e/ou sistema deretenção para crianças.Sinistralidade: 35 acidentes re-gistados, resultando: Dois mor-tos; três feridos graves e no-ve feridos leves. Fiscalização Geral: 24 autos decontraordenação no âmbito dalegislação policial. Ações de sensibilização: Umade âmbito escolar, tendo sidosensibilizados 97 alunos e oitoprofessores.

A EMAS de Beja prevê iniciar nomês de março de 2020 uma inter-venção na rede de água de SantaVitória. Neste sentido serãosubstituídos 150 metros da con-duta de abastecimento e os

EMAS DE BEJA COM INTERVENÇÃO NA REDEDE ÁGUA DE SANTA VITÓRIA

respetivos ramais domiciliários,na Rua da Estação bem como ainstalação de válvulas de seccio-namento que permitirão umasectorização mais eficiente emcaso da necessidade de manu-

tenção da rede. A rede agorasubstituída apresentava um ín-dice de roturas superior ao dese-jável, sendo importante procederà presente intervenção, no sen-tido de conseguir um melhordesempenho ao nível da opera-ção e manutenção, melhorando aqualidade do serviço prestadoaos consumidores. A interven-ção, que faz parte da candidaturaaprovada ao POSEUR - ProgramaOperacional Sustentabilidade eEficiência no Uso de Recursos2014/2020, sobre o tema deoperação: “Controlo e Reduçãode Perdas nos Sistemas de Distri-buição de Água de Beja, repre-senta um investimento aproxima-do de 28 mil euros e um prazo deexecução expetável de 75 dias.

Bom humorBom humorBom humorBom humorBom humorAlentejano salta de páraquedas

O avião militar subiu até à altitude conveniente para o efeito. Ocapitão paraquedista chamou então o recruta alentejano que ia saltarpela primeira vez de paraquedas. E o capitão explicou-lhe:- É tudo muito simples. Vejo que já estás equipado com o paraquedasnas costas. Então, quando a porta lateral do avião for aberta, tuaproximas-te dela, abres as pernas e os braços, contas até dez,pausadamente, e atiras-te para o espaço. Quando fores no ar, contasaté cinco e puxas a argola direita que está no equipamento. Se, poracaso, essa argola não acionar a abertura do paraquedas, tens umaargola de emergência, no lado esquerdo. Puxa-a! Depois, quandochegares ao solo, no círculo assinalado, estará uma bicicleta quemontarás para chegares ao quartel.O alentejano aguardou, então, pelo momento próprio e, à ordem desaltar, voou para o espaço. Contou até dez e depois puxou a argolada direita. Nada! O paraquedas não abriu! Rapidamente, puxou aargola do lado esquerdo… e nada! O paraquedas continuou fechado!Já em queda livre, diz o pobre do alentejano:- Querem ver que, agora, também não está lá a bicicleta?!

Como é que começa a guerra?

- Papá: como é que começa a guerra?- Olha: supõe que a Espanha, por exemplo, apreendia um barco dosnossos...- Ó homem! Não ensines uma coisa dessas à criança. A Espanhanunca nos fazia isso. De mais a mais, estamos em ótimas relações.- Mas isto é só uma suposição...- Mas é uma suposição parva. Não tem jeito nenhum.- Ó mulher, cala-te. Isto é só como exemplo...- Cala-te tu, que tu é que estás dizendo as asneiras.- Fazes-me perder a paciência, diabo!- O quê? Estás a ameaçar? Julgas que me metes medo?- Ó mulher... eu...- Pronto, papá! Pronto! Já sei como é que começa a guerra.

Page 8: SEMANÁRIO REGIONALISTA DE INSPIRAÇÃO CRISTÃ … · 1– Quantas vezes ouvimos dizer no final dum retiro que foi ali que esta pessoa se encontrou com Deus. Antes, Deus parecia-lhe

20 de fevereiro de 2020ÚLTIMA PÁGINA

Os cuidados paliativos não podemter listas de espera

Médicos Católicos alertam para os riscos de desinvestimento nos cuidadospaliativos, caso a eutanásia seja aprovada no parlamento.

A Associação dos MédicosCatólicos Portugueses (AMCP)reitera a sua oposição à lega-lização da eutanásia em Portugal,matéria cuja discussão estáagendada para o próximo dia 20de fevereiro na Assembleia daRepública (AR).A AMCP considera que esta leicoloca os doentes com doençasgraves e incuráveis numa situa-ção de enorme pressão parapedirem a eutanásia, já que amaioria da população não temacesso aos cuidados paliativos.A legalização da eutanásia nãopoder servir de pretexto paraatenuar a consciência social daimportância e urgência de alteraresta situação.Muitos doentes, de modo parti-cular os que se encontram numamaior solidão, serão pressio-nados a requerer a eutanásia,porque sem um adequado apoiono fim de vida, sentir-se-ãoinúteis e mais um fardo para asociedade. O Estado, ao nãogarantir um apoio universal noscuidados paliativos, irá precipitarque estes doentes caiam no

desespero, desistam de viver, epeçam a eutanásia.O SNS apresenta enormes defi-ciências e uma parte significativada população está em listas deespera a aguardar consultas ecirurgias. Todos queremos ter aoportunidade de ter uma morteassistida. Por conseguinte, aAMCP sublinha que os cuidadospaliativos não podem ter listas deespera. Atualmente, não existe noSNS uma resposta adequadaneste tipo de assistência à po-pulação. Devemos defender umamorte assistida em vez de se cairno facilitismo de se promoveruma vida abreviada. A eutanásia e o suicídio

assistido não sãotratamentos médicos!

Não compete à medicina darrespostas sobre o sentido davida, mas sim tratar as doenças,cuidar e aliviar o sofrimentohumano. A eutanásia e o suicídioassistido não são tratamentosmédicos. A AMCP acredita quenão cabe, por isso, aos médicosassumirem o papel de autênticos

carrascos, executando um ho-micídio, ainda que ele ocorra apedido do doente e tenha co-bertura legal.A experiência de outros paísesque legalizaram a eutanásia nãoé positiva e o número de casosnão pára de aumentar. A euta-násia foi aplicada inicialmentepara situações restritas, mas averdade é que se têm alargadocada vez mais os critérios quejustificam estes pedidos. Exis-tem enormes riscos de se re-plicar no nosso país este fe-nómeno de rampa deslizan-te (slippery slope). Através da eutanásia, a vida dosdoentes perde valor com umagrande facilidade, a morte ébanalizada, criando-se um ver-dadeiro genocídio dos maisfracos. Uma sociedade será tantomais avançada e progressistaquanto mais cuidar e proteger osseus elementos mais vulneráveis.A AMCP espera que legalizaçãoda eutanásia seja rejeitada nopróximo dia 20 de fevereiro na AR.É urgente humanizar o fim devida. Todos nós devemos exigirque o Estado não se demita deoferecer aos doentes com doen-ças ameaçadoras para a vida e àssuas famílias os cuidados pa-liativos de que necessitam. Sódeste modo se constrói umasociedade solidária e compas-siva, dignificando a vida humanaindependentemente das suascircunstâncias.

COMUNICADO DA AMCP

Polémica e oraçãoEm dia de namorados e de dois patronos da Europa, Cirilo eMetódio, em semana atarefada, a polémica sobre a vida dosdoentes incuráveis à volta da ideia de ajudar a matar os velhinhosse já estão fora de validade, ocorreu-me que seria bom pensarnestes patronos. De uma época que alguns ignorantes chamam“idade das trevas”. Em dia em que se lê a “ Minha queridaAmazónia” a pedir missionários sacerdotes, leigos, homens emulheres para, como os dois missionário Cirilo e Metódio, iremproclamar aos que ainda não ouviram: «Está perto de vós o Reinode Deus». E porque não juntar oração às polémicas a oração pelasaúde holística da Europa e de Portugal? Oração a quem? Cirilovai dizer. (Cf.Da Vida de Constantino em língua eslava (Cap. 18:Denkschriften der kaiserl.Akademie der Wissenschaften 19 [Wien1870], 246 in IBreviary, Net).Vamos então à inspiração de Cirilo, grande erudito e missionárioda Europa, agora muito doente e a viver os últimos minutos dasua vida e a cantar. “Constantino Cirilo, fatigado pelos muitostrabalhos, caiu doente; e quando havia já muitos dias quesuportava a doença, teve em certa ocasião uma visão de Deus ecomeçou a cantar assim: «O meu espírito alegrou-se e o meucoração exultou, quando me disseram: Vamos para a casa donosso Deus»” (…). Depois envergou trajes de cerimónia epermaneceu assim todo aquele dia, cheio de alegria e dizendo:«A partir de agora não sou servo nem do imperador, nem dehomem algum na terra, mas unicamente de Deus Omnipotente.Eu não existia, mas agora existo e existirei para sempre. Amen».[Nem servo de políticos, ou de endinheirados da indústria damorte! Só de Deus criador de tudo] (…). ”Ao chegar a hora dereceber o repouso e de emigrar para as habitações eternas, ergueuas mãos para Deus e rezou, chorando e dizendo: «Senhor meuDeus, que criastes todas as ordens de anjos e os espíritosincorpóreos, estendestes o céu e firmastes a terra e formastes donada todas as coisas que existem, Vós que sempre atendeis aquelesque fazem a vossa vontade, Vos temem e observam os vossospreceitos, atendei a minha oração e conservai na fidelidade ovosso povo [do centro da Europa] de quem me fizestes servoincompetente e indigno» E como que a pensar no povo da Europade hoje Cirilo, continuou: «Livrai-o da malícia ímpia e pagã dosque blasfemam contra Vós; fazei crescer a vossa Igreja e reuni atodos na unidade. Ao povo escolhido tornai-o concorde na féverdadeira e na recta confissão e inspirai aos seus corações apalavra da vossa doutrina: porque é dom vosso que nos tenhaisescolhido para pregar o Evangelho do vosso ungido, incitando-nos a praticar boas obras e a fazer o que é do vosso agrado.Aqueles que me destes, eu Vo-los devolvo, porque são vossos;governai-os com a vossa mão direita e protegei-os à sombradas vossas asas, para que todos louvem e glorifiquem o vossonome, Pai e Filho e Espírito Santo. Amen». E na «hora de receber o repouso e de emigrar para ashabitações eternas», Cirilo não pediu a nenhum profissional desaúde nem de morte que o ajudasse a matar-se ou o matassesozinho. Como em dia de amor, mais que de namorados, a pensarnas vezes que escapou de perseguidores, continuou a sua oração.«Depois de ter beijado a todos com o ósculo santo, disse: Benditoseja Deus, que não nos entregou aos dentes dos nos-sos adversários, mas rompeu as suas redes e nos libertou domal que tramavam contra nós». E assim adormeceu no Senhor,com a idade de quarenta e dois anos. Que belo viver na alegria echoro, na sua doença grave, a cantar, orar, bendizer a Deus Pai, apedir um bom futuro para o seu povo! E abraçar a todos combênçãos divinas de libertação e adormecer no Senhor semmezinhas homicidas!

Aires Gameiro