Semeadora-Adubadora Para Sistema de Plantio Direto Com Qualidade

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MILHO: SEMEADORAS -ADUBADORAS PARA SISTEMA PLANTIO DIRETO COM QUALIDADE1 RUBENS SIQUEIRA2

1- APRESENTAO Mquinas e implementos desempenham papel fundamental na agricultura. Especificamente, atravs das semeadoras-adubadoras so criadas as condies para que a semeadura do milho seja feita de maneira adequada. No presente texto so apresentados e discutidos fatores que interferem na qualidade da semeadura, j que o sucesso da cultura est relacionado com sua correta implantao. Assim, o entendimento de uma semeadoraadubadora quanto aos seus sistemas, regulagens, corte das coberturas e retorno do solo e das palhas aps abertura do sulco de semeadura tornam-se imprescindveis para a obteno de altas rentabilidades na cultura, permitindo ainda diferenciar produtores. Este texto mostra que possvel, com o conhecimento e treinamento, introduzir a cultura do milho para que ela expresse seu potencial gentico de acordo com prticas e critrios que facilitem o desenvolvimento da cultura e de conservao do solo e da gua, alm da economia de energia.

2- ANTECEDENDO A SEMEADURA A manuteno de resduos na superfcie do solo, provenientes de restos de culturas ou de plantas de cobertura, uma das formas de manejo que pode diminuir a1

Textos extrados e adaptados das palestras apresentadas no IX Seminrio Nacional de Milho Safrinha (Dourados- MS, novembro de 2007) e no XXVII Congresso Nacional de Milho e Sorgo (Londrina-PR, setembro de 2008). 2 Pesquisador do IAPAR (Instituto Agronmico do Paran). Rodovia Celso Garcia Cid, km 375, Caixa Postal 481, 86001-970, Londrina-PR, e-mail: [email protected]

eroso hdrica, impedindo, em uma fase inicial, a desagregao da estrutura do solo devido ao impacto das gotas de chuvas. O manejo das plantas de cobertura e dos resduos culturais tem como objetivo tornar apto o terreno para implantao e manejo da cultura subseqente. Desta forma, por exemplo, se no houver fragmentao ou se os restos estiverem mal distribudos, as plantas daninhas so protegidas da pulverizao de herbicidas de manejo ou ocorre diminuio da eficincia dos residuais. Se no houver manejo da cobertura pode ocorrer, tambm, embuchamentos em semeadoras de plantio direto, particularmente quando se utiliza culturas com menores espaamentos. Isto indica que o manejo das culturas deve visar viabilizao das operaes envolvidas na conservao do solo, podendo ter a finalidade de reduzir o comprimento das coberturas vegetais e distribu-las uniformemente na superfcie do solo, permitindo melhores condies para a semeadura das culturas ou proporcionando o dessecamento uniforme da vegetao, importante no caso da semeadura direta. No h, obrigatoriamente, necessidade de manejo mecnico das vegetaes. Assim, a utilizao correta do distribuidor e picador de palhas em colhedoras (deposio na largura de corte de sua plataforma) tem grande importncia no plantio direto, pois com a utilizao do dispositivo, os resduos culturais podem ser distribudos mais uniformemente na superfcie do solo. O manejo das plantas de cobertura e de resduos culturais deve considerar sempre o tempo de permanncia dos resduos sobre a superfcie do solo, ciclos e estgio fenolgico das culturas e das plantas de cobertura, necessidades de corte ou no da palha, possibilidades de liberao de aleloqumicos, infestao por plantas daninhas, condies climticas da regio e liberao de nutrientes (imobilizao ou mineralizao), teor de gua no solo no momento do manejo, presena de sulcos nas reas a serem trabalhadas, sentido de deslocamento do equipamento e direo do acamamento, entre outros (Siqueira & Caso Jr., 2004).

A escolha de determinado mtodo est na dependncia da espcie a ser manejada e do grau de decomposio da cobertura vegetal pretendida.

3- SEMEADORAS-ADUBADORAS DE PLANTIO DIRETO As semeadoras-adubadoras de plantio direto so mquinas que realizam a implantao de culturas anuais atravs da semeadura em terrenos onde no foi realizado o preparo peridico do solo e com a presena de cobertura vegetal. Mobilizam o mnimo necessrio o solo, apenas nas linhas de semeadura. Assim, possvel realizar a semeadura logo aps a colheita da cultura anterior. Normalmente as unidades das semeadoras so conjugadas as unidades adubadoras, da o nome semeadora-adubadora. So denominadas semeadoras de preciso as mquinas que realizam a semeadura e adubao de culturas de sementes gradas, como o milho, cujas sementes so depositadas, uma a uma. A distncia entre as sementes teoricamente uniforme, sendo resultante do mecanismo dosador-distribuidor e do deslocamento da mquina. A variao do nmero de sementes na linha deve ser pequena. No entanto, no existe uma preciso na colocao, ocorrendo variaes nas posies das sementes na linha. Problemas quanto ao desempenho e alta resistncia penetrao dos componentes rompedores tm exigido constante adaptao das mquinas. Assim, so freqentes o corte irregular da vegetao, embuchamentos, abertura inadequada dos sulcos, aderncia do solo aos componentes, profundidade de semeadura desuniforme, cobertura deficiente do sulco de semeadura e contato inadequado do solo sobre as sementes. Muitos destes problemas podem estar associados falta de treinamento dos operadores e ao desconhecimento do potencial das mquinas. Assim, cuidados com regulagens, corte das coberturas e retorno do solo e das palhas aps abertura do sulco de semeadura tornam-se importantes. O entendimento dos fatores que afetam a semeadura facilita a compreenso do

funcionamento de uma semeadora, visando-se obter um bom desempenho na implantao das culturas. Uma semeadora-adubadora de preciso composta por chassi ou barra porta-ferramenta, sistema de engate e acoplamento ao trator, sistema de transporte, reservatrios para sementes e fertilizante, sistema de acionamento e transmisso, sistemas de dosagem e distribuio de sementes e fertilizante, unidades de semeadura, marcadores de linha e estribos. As unidades de semeadura so constitudas por unidade de corte da vegetao, abridores de sulco para fertilizante, abridores de sulco para sementes, sistema de controle de profundidade de sulcos para sementes, sistema de aterramento do sulco e sistema de compactao do solo sobre as sementes. Em alguns modelos de semeadoradas-adubadoras, o chassi possui um sistema de paralelogramo (pantgrafo) com duas barras verticais, uma fixa e outra articulada e duas horizontais paralelas articuladas, permitindo unidade semeadora seguir com maior facilidade as irregularidades do terreno, assegurando uniformidade no posicionamento dos sulcadores, mantendo a profundidade do sulco de fertilizante e a colocao das sementes, uma vez que as unidades s se deslocam paralelamente superfcie do terreno. Deste modo, este sistema permite a flutuao das linhas, mantendo o ngulo de ataque da haste ou o ngulo de convergncia dos discos duplos. Independentemente do tipo, nmero de linhas, fora de trao ou potncia utilizada, uma semeadora-adubadora de plantio direto, conforme Siqueira & Caso Jr, 2004 deve: -Cortar a palha; -Abrir sulco com pequena remoo de solo e palhas; -Dosar fertilizante e sementes; -Depositar fertilizante e sementes em profundidades adequadas; -Cobrir sementes com solo e palha; -Compactar solo lateralmente semente.

3.1- Sistema de corte

Os discos cortam a palha e abrem um sulco, sobre o qual os outros componentes trabalharo. Os mais utilizados so os lisos, com dimetro entre 18 e 20. Quanto maior seu dimetro, maior a fora necessria para que ele penetre no solo, em razo da sua maior rea de contato. No entanto, tm a vantagem de passarem sobre a vegetao e apresentarem menores problemas de embuchamento (Caso Jr & Siqueira, 2006). O disco de corte de 18 possui maior poder de corte e melhor desempenho em solos argilosos e compactados, onde h dificuldades de penetrao, mas pode ter problemas de desempenho em grandes quantidades de palhas. Em solos mais leves, que ofeream baixa resistncia, recomenda-se a utilizao do disco de maior dimetro. Os discos de corte foram projetados e devem ser regulados apenas para o corte da palha, no ultrapassando a profundidade superior a 6 cm. Preferencialmente devem ser dotados de movimentos laterais, alm das regulagens verticais. Quanto mais fundo, maior a mobilizao indesejvel do solo. Por outro lado, o excesso de presso faz com que o disco apenas empurre a palha para o fundo do sulco, no cortando adequadamente o material vegetal e provocando o encestamento das sementes. O uso dos discos de corte, em zig zag tambm ajuda evitar embuchamentos; quanto maior o desencontro das linhas, maior o fluxo de palha entre os sulcadores. O corte da palha est relacionado com as condies do solo, da palha e da semeadora. Para o adequado corte, o solo deve ser um anteparo ao do disco de corte e as coberturas devem estar verdes ou secas, j que aquelas que se encontram murchas apresentam maior resistncia ao corte. Corte deficiente resultar em acmulo de material nos sulcadores, o que, por sua vez, acarretar problemas na deposio de sementes e

fertilizante no sulco. Dificuldades de penetrao dos discos de corte devem ser solucionadas ajustando-se sua posio (altura) e a presso das molas. Assim, semeadoras-adubadoras que no apresentam sistemas adequados que facilitem o corte das palhas, levam ao embuchamento, que tm sido uma das principais reclamaes dos produtores (Tabela 1), ocasionando paradas constantes da mquina e reduzindo o desempenho operacional. Alm disto, no embuchamento, ocorre enleiramento das palhadas, implicando em maiores perdas de germinao, em maior infestao do terreno por plantas daninhas, problemas na deposio de fertilizante e sementes, alm de falhas na cobertura das sementes. O embuchamento pode ser evitado ainda, se houver espao suficiente (vo livre) entre o disco de corte e o sulcador, de modo que a palhada que eventualmente acumule entre os mesmos tenha uma rea de escape. Mquinas com baixa altura entre o chassi e o solo podem tambm facilitar o embuchamento, pela falta de espao para escoamento da palhada. Componentes de ataque ao solo montados de forma desencontrada ou em zig-zag, evitando que a palha se junte aos mecanismos, tambm fazem com que haja menores problemas com embuchamentos. A aderncia de solos nos sulcadores (disco de corte, haste ou disco duplo) tanto maior quanto maiores forem os teores de argila e gua. Esta agregao de solo facilita a aderncia de palhas, alm de formarem sulcos mais largos e aumentar a mobilizao de solo, tambm ocasionando embuchamentos.

Tabela 1 - Problemas do sistema plantio direto relatados por produtores e tcnicos de 15 municpios lindeiros ao Lago Itaipu (Siqueira & Caso Jr, 2006). Problemas Agricultores Nmero Capacitao Potncia exigida Profundidade semente Alta exposio do solo Custo Distribuio de semente Regulagem Cobertura do solo Aterramento Plantas daninhas Maquinrio Rotao de culturas Umidade elevada Embuchamento Compactao Total 7 29 31 41 53 54 58 77 82 90 94 128 172 180 363 1459 % 0,5 2,0 2,1 2,8 3,6 3,7 4,0 5,3 5,6 6,2 6,4 8,8 11,8 12,3 24,9 100 Tcnicos Nmero 18 8 14 18 10 13 18 40 8 24 29 40 17 22 69 348 % 5,2 2,3 4,0 5,2 2,9 3,7 5,2 11,5 2,3 6,9 8,3 11,5 4,9 6,3 19,8 100

3.2- Sistema de abertura de sulcos A abertura de sulcos realizada atravs dos sulcadores, que podem ser discos duplos e por hastes. Os principais fatores que afetam o desempenho dos sulcadores so seu projeto, a textura, densidade e resistncia penetrao do solo, a quantidade de palhas e a presso exercida pela semeadora. As hastes, tambm chamadas de facas ou faces, so ferramentas planas com superfcies de formatos variados (reto, inclinado ou parablico), possuindo na extremidade ponteiras, geralmente em forma de "cunha", cuja funo cortar e penetrar o solo e possuindo, na sua parte posterior, tubos condutores, geralmente de fertilizante, que so depositados a maiores profundidades que as sementes. Apresentam maiores capacidades de penetrao e maior variabilidade da profundidade dos sulcos em relao aos discos duplos, no entanto necessitam da colocao de um disco de corte frontal para um desempenho satisfatrio, evitando embuchamentos. O sulco aberto pelos rompedores de solo deve ser fechado, sendo novamente aberto para a deposio de sementes na profundidade apropriada. Normalmente o sulco parcialmente fechado pela prpria inrcia do solo que foi movimentado, retornando certa quantidade ao sulco novamente. Assim, recomenda-se que a distncia entre a haste e os discos duplos no seja inferior a 30 cm. Em solos siltosos e argilosos midos, com vegetaes que dificultam o fechamento do sulco, recomendvel o uso de um dispositivo aterrador ou pelo menos destorroador (Caso Jr & Siqueira, 2006). Em algumas regies, o uso de sulcadores do tipo haste nas semeadoras diretas tem se generalizado como alternativa para romper a compactao superficial dos solos, que se constitui uma das principais restries para a expanso do sistema.

A maior profundidade de trabalho das hastes em relao aos discos duplos causa mobilizao mais intensa de solo (Figura 1) e exige maior esforo de trao e potncia dos tratores. A operao de semeadura com hastes no plantio direto pode apresentar, ainda, deficincias quanto cobertura e compactao de solo sobre as sementes. As hastes mais largas abrem demasiadamente o sulco, reduzindo a cobertura morta sobre o terreno e prejudicando a implantao das culturas em funo de maiores perdas de gua por evaporao. As mais estreitas apresentam sulcos menores e com mais palha na linha.

Figura 1- Mobilizao do solo na linha de semeadura com hastes (esquerda) e discos duplos. Na semeadura com hastes, em funo da maior profundidade de trabalho, os efeitos da deficincia de gua para germinao e emergncia de plantas so menores durante veranicos, onde lavouras semeadas com hastes sulcadoras apresentam emergncia de plantas superior semeadura com discos duplos. Assim, a implantao de uma lavoura com semeadora com discos duplos apresenta muitos riscos nos solos com textura muito argilosa, pois, devido grande resistncia destes solos, os discos no conseguem aprofundar e as sementes so depositadas baixa profundidade e muito prximas do fertilizante. Alm disto, os discos apresentam maiores exigncias de manuteno e so de custos mais elevados.

A correta regulagem da profundidade das hastes e a escolha do teor adequado de gua no solo (Tabela 2) podem resultar em menores mobilizaes do solo. O menor teor de gua no solo e a maior profundidade apresentam maior rea de solo mobilizado.

TABELA 2 - Profundidades mdia (Md) e mxima (Mx), largura do sulco (L), empolamento (E) e rea de solo mobilizado (Am) na avaliao de duas hastes sulcadoras (H), em dois teores de gua no solo (U) e duas profundidades de trabalho (P) *. Fonte: Oliveira et al., 2000. Variveis Fator Md cm H1 H2 U1 U2 P1 P2 5,3 5,0 4,9 5,4 4,0 b 6,3 a Mx cm 10,4 10,2 9,7 10,9 7,5 b 13,2 a L cm 32,2 29,8 28,9 b 33,1 a 25,9 b 36,1 a E % 37,5 a 25,8 b 32,9 30,4 17,6 b 45,7 a Am cm2 257,6 195,0 197,4 b 255,2 a 120,7 b 331,9 a

*Em cada coluna e para cada fator, mdias seguidas de mesma letra minscula no diferem estatisticamente entre si, pelo Teste de Tukey, ao nvel de 5% de probabilidade.

Verificou-se, por exemplo, que, aumentando a profundidade de 12 para 20 cm (Figura 2), ocorreram aumentos na fora de trao de 170 para 465 kgf

(aproximadamente 180%), o que representa aproximadamente 5,4 e 14,3 CV no motor por haste, respectivamente (Siqueira et al., 2002).

Potncia x profundidade18 15 Potncia (CV) 12 9 6 3 0 0 5 10 15 20 25 Profundidade trabalho R = 0,98872

FIGURA 2 Variao da potncia de uma haste sulcadora de semeadoraadubadora de plantio direto em funo da profundidade de trabalho. Estes resultados reforam a recomendao de primeiramente identificar a profundidade da camada compactada e posteriormente selecionar a profundidade de trabalho de uma semeadora-adubadora. Assim, com a racionalizao da escolha da profundidade de trabalho, pode-se economizar potncia do trator e, portanto, combustvel. O aumento da demanda de potncia em conseqncia do aumento da profundidade leva necessidade da adoo da rotao de culturas e adubos verdes como mtodo de manejo cultural e biolgico do solo para descompactao das camadas superficiais do solo, reduzindo os custos de produo.

Implica, tambm, na necessidade das semeadoras adubadoras terem opes de regulagem das hastes quanto profundidade de trabalho. Deve ser considerado, ainda, que as hastes semeadoras-adubadoras tm estrutura e so desenvolvidas para operarem em baixas profundidades, isto , no so desenvolvidas para romperem camadas de solo compactadas a profundidades maiores que 15 cm. Os teores de gua no solo no afetam os esforos e a potncia requerida. Entretanto, maiores foras vertical, horizontal e potncia so observados nas maiores profundidades. Verifica-se, ainda, que possvel a seleo de hastes sulcadoras de semeadoras-adubadoras de plantio direto que exijam menores esforo e potncia. O projeto da haste afeta as foras vertical e horizontal e a potncia. Quando se avaliou a fora requerida por 13 modelos de hastes comerciais, trabalhando em uma mesma profundidade (Figura 3), observou-se diferenas de at 60% (entre 140 e 225 kgf). Tal variao funo principalmente do projeto da haste, do ngulo de ataque da ponteira, do formato da haste e da largura da ponteira da haste, que neste estudo esteve entre 13 e 41 mm.

Potncia por haste 8 7 6 CV 5 4 3 1 2 3 4 5 6 7 Hastes 8 9 10 11 12 13

FIGURA 3 Fora de trao em 13 modelos comerciais de semeadoras-adubadoras de plantio direto (Siqueira & Caso Jr, 2004). O uso de hastes com formato parablico, ngulo de ataque em torno de 20 graus (Figura 4) e espessura mxima da ponteira de 22 mm podem representar at 50% de reduo na potncia requerida de trao de uma semeadora-adubadora de plantio direto com 9 linhas, como pode ser observado na Tabela 3. Neste caso, a reduo de 50% na potncia significa uma reduo mxima de 27 CV na potncia no motor ou de 3 CV por linha de semeadura. A utilizao deste modelo de haste permite menor custo com o trator, menor consumo de leo diesel por hectare, menor rea de solo revolvida e, portanto solo mais protegido, resultando, assim, em maiores rentabilidade, conservao do solo, agregao de valores e sustentabilidade da atividade.

FIGURA 4 Desenho esquemtico da haste desenvolvida para trabalho com menor fora de trao e potncia. TABELA 3 - Fora de trao requerida por diferentes modelos de hastes comerciais (HC), comparaes com o modelo desenvolvido pelo IAPAR e potncia no motor quando se considera apenas as hastes (Siqueira & Caso Jr, 2004). Hastes Fora mdia Potncia mxima motor em 9 linhas kgf HC1 HC2 HC 3 HC 4 HC 5 HC 6 HC 7 121,8 102,6 111,1 104,3 101,7 102,0 108,1 CV 81 73 73 75 66 69 68 54 reduo (CV) 27 19 19 21 12 15 14 % reduo 50 35 34 39 22 27 25 -

Haste IAPAR 88,5

Comparando sistemas de abertura de sulco com discos duplos e hastes, Reis et al. (2004) verificaram maior percentagem de emergncia de plantas no segundo mecanismo, recomendando ainda o sistema na abertura de sulcos em solos com alto teor de argila. Conforme Modolo et al. (2004) a utilizao do sistema de abertura de sulcos atravs de hastes sulcadoras pode apresentar ainda variao menor na profundidade mdia de sementes em relao utilizao de discos duplos.

3.3- Dosagem e distribuio de fertilizantes Os depsitos de fertilizantes so apoiados sobre um bero de ao e fixados na estrutura. Muitas mquinas permitem que estes sejam basculantes, facilitando sua limpeza e lavagem. Outros possuem drenos para escoar o fertilizante. H mquinas, entretanto, onde necessrio retirar o excesso de adubo manualmente ou esgot-lo com a semeadora em operao. No depsito de fertilizante muitas vezes existe uma chapa (defletor) que alivia o peso deste sobre os dosadores. Outra caracterstica o ngulo de repouso do adubo, exigindo que no fundo do depsito, a inclinao do mesmo seja com ngulo superior ao de repouso. Existem vrias opes de dosadores de fertilizante no mercado brasileiro. Os fertilizantes podem formar pelotas ou empedrar. Assim os dosadores devem ser robustos e com capacidade de desestruturar estas formaes. Em algumas mquinas, h uma peneira de malha grossa na parte superior do depsito para evitar que caia adubo empedrado ou com outros corpos estranhos. Os dosadores devem capturar o fertilizante, desestrutur-lo, conduzi-lo em doses desejadas e liber-lo na tubulao de descarga. Aletas rotativas ou rotores dentados conduzem o adubo a uma comporta com abertura varivel, liberando-o ao tubo de descarga (Caso Jr & Siqueira, 2006).

Nesses sistemas de dosagem a regulagem da vazo de fertilizante dada pela mudana de relao de transmisso e abertura ou fechamento da comporta basculante. Os dosadores com roscas sem fim so conhecidos por quebrarem com facilidade as pelotas de adubo. O dosador com roletes dentados, por ser acionado por um sem fim, tambm tem esta caracterstica. No entanto, os de rosca sem fim liberam o fertilizante em pulsos, havendo certa desuniformidade ao longo da linha. Fluxos constantes podem ser obtidos atravs de sistemas que possuem comporta com vertedouro, que minimiza os efeitos de pulsos da rosca sem fim. Estes projetos tambm facilitam a limpeza e manuteno do conjunto, com material plstico resistente a corroso, de fcil regulagem, alta durabilidade e mancais blindados com lubrificao permanente, evitando o uso de graxeiras (Caso Jr & Siqueira, 2006) e so fabricados e comercializados pela Agromac, John Deere e Semeato. Nestes sistemas, h interrupo de fluxo de fertilizante de maneira sincronizada com a parada da semeadora. Umas das alternativas de regulagens da dosagem de fertilizante a mudana de relao de transmisso, com a troca de engrenagens e a troca de rosca com diferentes passos (sem fim com passo de ; 1; 1 e 2). Com os menores passos ocorrem menores oscilaes na dosagem de fertilizante quando a semeadora submetida a inclinaes longitudinais Visando ainda facilitar a regulagem de semeadoras-adubadoras quanto utilizao de fertilizantes, a maioria das mquinas atualmente fabricadas possuem o mecanismo de recmbio, onde h troca rpida de engrenagens para ajustes de diferentes quantidades sem a utilizao de ferramentas. Saindo do dosador, o fertilizante cai nas mangueiras, que podem ser tipo tubo telescpico ou sanfonadas de borracha. A escolha do tipo de mangueira depende do comprimento, inclinao e obstrues estruturais. Geralmente a distncia superior a 50 cm e inclinada e os tubos de descarga devem permitir que o adubo flua com uniformidade

para o interior do tubo de descarga e sulco de semeadura. So conectados ao tubo final de descarga, vinculado a hastes sulcadoras ou discos abridores do sulco (Caso Jr & Siqueira, 2006). As semeadoras-adubadoras geralmente possuem tabelas para as dosagens de fertilizantes em funo das engrenagens utilizadas. Entretanto, em funo das caractersticas fsicas dos fertilizantes (higroscopicidade, resistncia ao esfarelamento, granulometria) e de fatores ambientais, estas tabelas so apenas indicativos, necessitando-se de uma regulagem mais aprimorada inclusive a cada troca de formulao do fertilizante. Considerar tambm que fertilizantes em p apresentam maior dificuldade de distribuio por terem baixa escoabilidade, que resultam na formao de espaos vazios no reservatrio, no havendo alimentao adequada do mecanismo de distribuio. Recomenda-se a regulagem coletando-se o fertilizante dosado, com o auxlio de sacos plsticos, em 30 metros e em todas as linhas da semeadora. A quantidade de cada linha deve ser pesada individualmente, considerando-se regulada quando os valores possuam pequenos desvios entre si, aps serem transformados para kg/ha. A Figura 5 apresenta a distribuio do fertilizante em dez modelos de semeadora-adubadora de preciso, para uma regulagem solicitada de 200 kg/ha. A Figura 6 mostra a variabilidade da dosagem de fertilizante nas sete linhas de uma semeadoraadubadora, indicando a necessidade da regulagem e coleta de todas as linhas.

Distribuio de fertilizantes e variao entre as linhas220 12

210

10

200 8 190 kg/ha 6 180 4 170 Variao (%

160

2

150 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

0

Sem eadoras de precisoFonte: Siq ueira & Caso Jr, 2002

FIGURA 5 Dosagem e variao da dosagem de fertilizante em 10 modelos de semeadoras-adubadoras de preciso, para uma solicitao de regulagem de 200 kg/ha (Siqueira & Caso Jr., 2002)Distribuio fertilizantes350 300 250 kg/ha 200 150 100 50 0 1 2 3 4 5 6 7 Linhas da semeadora

FIGURA 6 Distribuio de fertilizante nas 7 linhas de uma semeadora-adubadora de preciso, para uma solicitao de regulagem de 200 kg/ha (Siqueira & Caso Jr., 2002)

3.4- Dosagem e distribuio de sementes A eficincia de qualquer sistema de distribuio de sementes ser melhor quanto menor for a distncia entre o dosador de sementes e o sulco de semeadura. A distncia da poro terminal do tubo de descarga at o fundo do sulco afeta a distribuio longitudinal das sementes. Os condutores, geralmente corrugados, devem ter paredes internas lisas. Ao serem liberadas pelos mecanismos dosadores, as sementes podem entrar em contato com as paredes laterais do tubo de descarga, aumentando o tempo para a sua deposio no solo, num processo denominado ricocheteamento. Tubos com maiores comprimentos oferecem trajetrias mais longas, aumentando o ricocheteamento e, portanto, a distribuio de sementes. Assim, tubos de perfil parablico conduzem sementes at o sulco de maneira mais suave, diminuindo este efeito Os dosadores de sementes so responsveis pela populao de plantas e pela distribuio das mesmas na linha de semeadura. Baixos rendimentos em culturas comerciais ocorrem quando h baixa densidade de plantas. Por outro lado, densidades acima da ideal ocasionam plantas estioladas, de maior altura e com caules delgados, que facilitam seu acamamento e quebramento. Um bom desempenho na implantao da lavoura de milho depender de fatores intrnsecos as sementes, como sua dosagem (entre 3 e 5 por metro); a uniformidade do lote e a utilizao de inseticidas e fungicidas, que alteram seu coeficiente de atrito e dificultam as mesmas de se alojarem adequadamente nos alvolos dos dosadores (por isto recomenda-se, na maioria das vezes, o uso de grafite como lubrificante). Reduo dos espaamentos aceitveis, com o aumento de falhas e mltiplos na utilizao de tratamento fitossanitrio foram relatados por Jasper et al. (2006). Estes autores observaram que a dosagem de 3,37 gramas de grafite por quilograma de sementes resultou na melhor distribuio longitudinal de sementes.

Os mecanismos distribuidores de sementes mais freqentes so os discos horizontais e os pneumticos. O tipo de dosador utilizado, alm de afetar a distribuio de sementes, pode interferir na qualidade de semeadura, em funo de danos mecnicos ocasionados s sementes. Na maioria das semeadoras de preciso brasileiras, a dosagem de sementes realizada por discos horizontais alveolados, que tm a funo de capturar, individualizar, dosar e liberar as sementes. O sistema pneumtico utiliza vcuo ou presso para a dosagem de sementes. No sistema de presso, um disco vertical gira, aprisionando a semente de um reservatrio localizado em sua base. A presso do ar mantm as sementes presas em orifcios. Um dispositivo com corte de presso responsvel pela liberao de sementes para o solo. No sistema a vcuo, as sementes so presas pelo vcuo produzido por uma turbina Mello et al. (2003) verificaram que o sistema pneumtico de distribuio de sementes foi superior ao dosador de discos alveolados, pois apresentou maior percentagem de espaamentos aceitveis. Os dosadores pneumticos tm como principais vantagens preciso na dosagem de sementes e a ausncia de danos provocados a elas durante o processo de dosagem. Todavia, mesmo nos dosadores pneumticos, devido grande variao do tamanho e forma das sementes, h necessidade de diferentes tipos de discos, com orifcio adequados s diversas sementes, inclusive com fileiras concntricas de furos (Caso Jr & Siqueira, 2006). Os dosadores pneumticos agregam um custo adicional no preo total da mquina. Isto deveria ser compensado com a melhoria da produtividade e lucratividade do produtor. Sabe-se que os dosadores pneumticos apresentam uma performance melhor que os mecnicos principalmente em velocidades acima de 8 km/h e com sementes de formato

irregular como o milho. Mas, nesta velocidade, somente possvel semear com discos abridores de sulco para a deposio de fertilizante. Se for necessrio o uso de hastes sulcadoras, comum no sistema plantio direto em solos com maior teor de argila, o revolvimento ser demasiado, assim como ser o aumento de potncia. Semeadoras pneumticas trabalhando a 8 km/h, apresentam um desempenho superior s mecnicas semeando milho, com maior regularidade na distncia entre plantas no sulco de semeadura.

3.4.1- Velocidade perifrica dos discos dosadores Nas mquinas com mecanismos alveolados, altas velocidades perifricas dos discos dosadores resultam em um maior ndice de falhas, uma vez que o tempo disponvel para as sementes preencherem os alvolos menor. Quanto maior o dimetro do disco, menor sua velocidade perifrica e, conseqentemente, mais tempo ter o alvolo para capturar a semente. Uma caracterstica importante a velocidade tangencial dos orifcios, pois se a mesma for superior a 15 cm/s (Tourino, 1993) as sementes no conseguiro se alojar nos alvolos do disco. Alm do mais, com altas velocidades dos discos dosadores, as sementes podem no ter tempo suficiente para sarem dos alvolos, ocasionando assim falhas e danos.

3.4.2- Tubo de descarga das sementes Tubos corrugados devem ter a parede interna lisa, para evitar o acmulo de sementes nas corrugaes. A distncia da poro terminal do tubo de descarga at o fundo do sulco ir afetar a deposio das sementes, lanando-as para fora do sulco ou interferindo na regularidade longitudinal de distribuio. A existncia de uma curvatura para trs no

final do tubo de descarga faz com que as sementes caiam a uma velocidade vertical menor que a do deslocamento da mquina, fazendo com que as mesmas no sejam lanadas para fora do sulco, diminuindo a irregularidade da distribuio longitudinal. No deve haver nenhum ponto que obstrua a passagem das sementes, como entalhes e ranhuras. O tubo deve ser o mais liso e curto possvel, para evitar que as sementes ricocheteiem nas paredes do tubo, chegando ao solo nas mesmas distncias em que saram do sistema de dosagem. No interior de um disco duplo h uma tubulao de descarga com curvatura voltada ao contrrio da direo de deslocamento da mquina. Este detalhe muito importante, uma vez que uma semeadora deslocando-se a velocidade de 5 km/h, por exemplo, depositam as sementes na mesma velocidade. Assim, elas podem ricochetear no sulco, movimentando-se e at ficarem expostas. A curvatura do tubo de descarga faz com que a componente de velocidade longitudinal da semente aproxime-se de zero, procurando cair no solo somente com a componente vertical de velocidade. Os erros que ocorrem na sada do dosador ao fundo do sulco de semeadura so chamados de erros de deposio. Assim, a uniformidade longitudinal de distncias entre sementes no sulco dada pelos erros de dosagem e deposio (Caso Jr & Siqueira, 2006).

3.4.3- Compatibilidade do disco em relao s sementes A escolha do disco (nmero, forma e dimetro dos furos) deve considerar as caractersticas da semente quanto classificao. Alm de oferecer vrias opes de discos, as semeadoras devem conter informaes gravadas no disco quanto peneira. As clulas dos discos devem ter dimetro 10% superior aos das sementes visando evitar erros de dosagem.

3.4.4- Sistema de controle de profundidade de semeadura A profundidade de semeadura um dos fatores que mais influenciam a emergncia e o desenvolvimento da cultura do milho (Silva et al., 2004). O controle da profundidade de deposio das sementes feito na maioria das semeadoras-adubadoras de preciso atravs de articulao com furos ou entalhes de regulagem. O controle da profundidade ideal o independente para cada linha de semeadura. As rodas de controle, duas em cada linha, devem ser instaladas na semeadora em sistema balancim. O controle de profundidade de semeadura pode ser grosseiramente realizado pela regulagem da presso exercida pelas molas sobre os sulcadores, atravs de ajuste do cabealho da semeadora, do curso das molas ou da presso hidrulica sobre as molas. Porm, uma regulagem mais precisa obtida com uso de rodas limitadoras de profundidade. Estas rodas so acopladas ao mecanismo rompedor responsvel pela colocao de sementes no sulco, permitindo o ajuste para diferentes profundidades de operao. Devem estar posicionados ligeiramente ao lado e atrs do mecanismo rompedor, visando auxiliar a limpeza, e no permitindo o revolvimento de solo. A correta profundidade das sementes dever ser verificada no campo, com a mquina em operao, uma vez que a deformao do solo com a roda compactadora poder alterar a regulagem prvia feita no galpo. Para a correta regulagem de profundidade das sementes, quando esta controlada pela roda compactadora traseira, pode-se colocar um calo de altura igual profundidade desejada sob esta roda, e regular o sulcador para sementes, de forma que apenas toque o plano de apoio da semeadora. A profundidade do fertilizante regulada atravs da posio do sulcador abridor de sulco, que pode ser controlada e regulada pela seleo da posio do parafuso de fixao do disco ou da haste sulcadora ao suporte.

Quando o controle da profundidade realizado atravs da roda de compactao deve sempre ser observada a tendncia de espelhamento do solo, notadamente nas rodas muito largas, sem ranhuras centrais e em solos com elevados teores de argilas quando muito midos. Em algumas mquinas, alm do controle de profundidade existem mecanismos para controle da variao da profundidade do sulco, como as rodas de controle vinculadas s hastes. desejvel tambm que as mquinas possuam um sistema completo de regulagem dos sulcadores, que inclui deslocamento vertical, presso sobre o solo, controle de profundidade e manuteno de ngulo de ataque pela existncia de mecanismo pantogrfico. Alm da profundidade de plantio, importante considerar a posio relativa sementes/fertilizante. O aumento da produtividade de algumas culturas no depende somente da quantidade e do mtodo de aplicao, mas tambm da localizao do fertilizante. H recomendaes, para culturas anuais, que o fertilizante seja colocado cerca de 5 cm ao lado e abaixo da semente. As localizaes abaixo das sementes normalmente no causam problemas operacionais. No entanto, a colocao do fertilizante lateralmente semente requer que o sulcador de adubo esteja desalinhado em relao ao disco de corte e, conseqentemente, que este seja capaz de cortar a palha, resultando em grande mobilizao do solo, deixando-o muito descoberto e exigindo maior potncia dos tratores. Sementes nunca devem estar em contato com fertilizante. Este fator deve ser levado em conta na seleo das semeadoras. A umidade do solo tambm ajuda a definir a recomendao da profundidade de semeadura. Em lavouras no irrigadas, os menores riscos semeadura so quando a consistncia do solo est frivel. Nesta condio h gua facilmente disponvel para as sementes, os componentes das semeadoras dificilmente provocaro compactao no

solo e h menor aderncia deste nos componentes rompedores e abridores de sulco, que tambm mobilizaro menos o terreno.

3.5- Sistema de aterramento e cobertura do sulco O aterramento essencial para dar condies de germinao s sementes. A cobertura do sulco com palha contribui para um ambiente adequado, mantendo o teor de gua e a temperatura mais apropriados para uma melhor emergncia das plantas. Com um sistema de aterramento e cobertura do sulco adequado possvel a obteno do denominado plantio direto invisvel, ou seja, que aps a semeadura no se observe indcios de revolvimento do solo, com manuteno da cobertura vegetal sobre o terreno. Para a obteno de um sistema de plantio direto com qualidade e com baixa exposio do solo aps a semeadura, diversos sistemas tm sido utilizados, como pequenas angulaes nas rodas de controle de profundidade e de compactao, visando retornar o solo e a palha para seus locais de origem. No entanto, o mecanismo cobridor de sulcos normalmente composto por dois discos aterradores cncavos (Figura 7) ou planos com a parte traseira convergente o que tem apresentado melhores resultados na devoluo ao sulco do solo e resduos vegetais.

Figura 7- Discos aterradores utilizados para chegamento de solo e palhas na linha de semeadura. Deve ser observado ainda que mquinas que retornam maior quantidade de palhas aos sulcos tambm apresentam maiores percentagens de emergncia de plantas. Assim, a introduo de componentes de aterramento a uma semeadora-adubadora de plantio direto pode melhorar sensivelmente seu desempenho na obteno de adequada emergncia de plantas e, portanto, populaes de plantas que permitiro mxima produtividade cultura. Destaca-se ainda que em anos recentes, era pequeno o nmero das mquinas fabricadas que possuam mecanismo de aterramento. Atualmente, quase todas as indstrias adotam algum componente para retorno do solo e da palha superfcie do sulco recm aberto. Este fato facilita a implantao do plantio direto invisvel e com qualidade, conforme comentado anteriormente, que deve ser a meta buscada por todos. Importante observar-se ainda que discos e rodas aterradoras tem eficincia diminuda grandemente com o aumento da umidade do solo.

3.6- Sistema de compactao do solo Na abertura e fechamento do sulco de semeadura pode haver a formao de bolses de ar. A reduo desses bolses favorece os ambientes trmico e hdrico e o acondicionamento fsico do solo ao redor das sementes. O aumento do contato solo/semente diminui o tempo para a germinao, alm de aumentar a sua percentagem. As sementes devem estar em ntimo contato com as partculas do solo para que absorvam gua. Desta forma, no deve haver bolses de ar provocados pela m atuao dos compactadores, palha que foi empurrada para dentro do sulco, ocorrncia de torres ou espelhamento das paredes do sulco de semeadura. Na parte posterior da semeadora-adubadora fica a roda compactadora, responsvel pelo pressionamento do solo ao redor da semente, restabelecendo o fluxo de gua solo-semente necessrio germinao e emergncia da cultura e eliminando bolses de ar. A roda compactadora pode ser de borracha ou de ferro, lisa ou ranhurada, com salincia ou alvio na parte central. Um bom contato entre a semente e o solo auxilia a transferncia de gua para a semente. Uma boa cobertura e compactao das sementes dependem da quantidade de solo mobilizado pelo mecanismo sulcador, da profundidade de deposio das sementes no sulco, do tipo de mecanismo de cobertura e compactao e da umidade do solo. Diferentes so os sistemas de pressionamento de solo e de palha sobre a semente no sulco da semeadura. Na maioria das semeadoras-adubadoras de preciso o controle da compactao sobre as sementes realizado pela roda ou rodas de controle de profundidade. Uma boa soluo para se obter um sistema de compactao satisfatrio utilizar duas rodas compactadoras individuais, com distncia e ngulo entre elas ajustveis. Algumas semeadoras possuem uma roda larga, revestida de borracha flexvel, para pressionar o solo sobre a semente, no sulco. Outras tm um conjunto de rodas estreitas

posicionadas em forma de V para pressionar a parede do sulco sobre a semente. O formato das rodas compactadoras e o modelo a serem utilizados esto em funo do tipo de sementes, umidade de solo e quantidade de resduos na superfcie. Como regra geral, rodas compactadoras cncavas firmam o solo sobre as sementes e rodas em formato de V, as mais utilizadas, pressionam o solo lateralmente, sem ocasionar selamento superficial quando se trabalha com solos com maior teor de gua ou quando ocorrem precipitaes logo aps a semeadura. Quando as rodas compactadoras so duplas necessrio proceder regulagem do espaamento entre elas e o seu ngulo com a direo de deslocamento, uma vez que este fator influi na quantidade de terra jogada sobre as sementes e, portanto, na sua cobertura. O espaamento entre as rodas deve ser suficiente para permitir uma faixa no compactada diretamente sobre as sementes, devendo a compactao ser produzida de ambos os lados da linha semeada. O ngulo das rodas compactadoras com a direo de deslocamento deve ser regulado de forma a se obter a quantidade recomendada de solo sobre as sementes, que funo da profundidade final requerida para as sementes. Quando se deseja aumentar a quantidade de solo jogada sobre as sementes, deve-se aumentar o ngulo de ambas as rodas compactadoras com a direo de deslocamento. Quando estiverem paralelas direo de deslocamento, haver somente compactao do solo. A fim de evitar os efeitos nocivos da compactao excessiva, as rodas de controle de profundidade e compactao so construdas em duas seces laterais, deixando um espao vazio entre estas seces. Desta forma, assegura-se que a compactao no realizada diretamente sobre as sementes, porm lateralmente, deixando o solo sobre as sementes solto e menos suscetvel formao de crostas. Algumas providncias para minimizar a formao de crostas no solo, segundo Siqueira & Caso Jr. (2004), so:

-Diminuir a presso de compactao na superfcie do solo, promovendo uma ligeira compactao ao nvel das sementes e permitindo movimento de gua e emergncia; -Semear a profundidades menores se as condies de umidade e caractersticas das sementes assim o permitirem; -Adaptar mecanismos de retornem a palha superfcie do sulco, j que as palhas funcionam como isolante e diminuem a formao de crostas; -Solos com altos teores de umidade formam crostas com maior facilidade, sobretudo os mais argilosos; -Utilizar rodas compactadoras de centro aberto que compactam o solo apenas lateralmente semente.

3.7- Sistema de acabamento da semeadura A maioria das plantadeiras existentes no mercado nacional no possuem componentes aterradores especializados. Predominam mquinas com rodas paralelas de controle de profundidade para sementes, as mais modernas oscilantes, seguidas de uma roda compactadora em V, com possibilidade de alterar sua abertura frontal e vertical (Caso Jr & Siqueira, 2006). A inclinao das rodas compactadoras em V no suficiente para efetuar um bom aterramento, principalmente quando a palha lanada lateralmente ao sulco a mais de 10 cm pelos componentes rompedores de solo. Aumentando-se o dimetro dessas rodas, pode-se conseguir um melhor aterramento, mas perde-se no efeito de compactao.

Nos ltimos anos tm surgido mais fabricantes preocupados com esses componentes. A melhor alternativa para chegamento de solo e palha ao sulco so os discos aterradores, muito utilizados no sistema de semeadura convencional. Outra alternativa so as rodas aterradoras de formato cnico, que devem estar inclinadas entre 200 e 250 em relao direo de deslocamento da mquina.

3.8- Velocidade da operao de semeadoras e distribuio longitudinal de sementes A velocidade de trabalho muito importante na semeadura, pois influi na distribuio das sementes e nas possveis quebras ou danos sofridos pelas mesmas, principalmente nos dosadores mecnicos para sementes. A velocidade de operao deve, portanto levar em conta o tipo de semente e de dosador utilizado. Para dosadores de sementes mecnicos, as velocidades, na maioria das espcies cultivadas est compreendida entre 4,5 e 6,0km/h. Em velocidades superiores o preenchimento das clulas dos discos dosadores problemtico, podendo ocasionar srios danos mecnicos s sementes. A Figura 8 mostra as percentagens de espaamentos normais, duplos e falhos de semeadoras-adubadoras de preciso operando em duas velocidades de deslocamento, verificando-se que na maior, a percentagem de falhas aumenta substancialmente (Siqueira & Caso Jr, 2004). Tendncia de aumento de espaamentos com aumento de velocidade tambm foram observados por Modolo et al. (2004). Redues na qualidade de distribuio de sementes, em relao distribuio longitudinal foram relatados por Garcia et al. (2006). Comparando velocidades de 4,4; 6,1 e 8,1 km/hora, Mahl et al. (2004) observaram eficincias semelhantes na distribuio de sementes de milho nas menores velocidades utilizadas, ambas significativamente melhor que na velocidade de 8,1 km/hora.

Verificaram ainda que a maior velocidade proporcionou menor percentagem de espaamentos normais e que a variao da velocidade no interferiu no estande inicial de plantas. Para semeadoras-adubadoras com dosadores pneumticos de sementes, a velocidade de trabalho pode atingir at 8 km/h.

S1 90p e r c e n t a g e m

S2

S3

75 60 45 30 15 0Duplo-4 Normal-4 Falha-4 Duplo-8 Normal-8 Falha-8

FIGURA 8 Espaamentos normais, duplos e falhos de sementes de milho em duas velocidades (4 e 8 km/h) e trs modelos de semeadoras-adubadoras de preciso, observando-se, na semeadora 1 e na maior velocidade, uma percentagem elevada de falhas (Siqueira & Caso Jr, 2004). A Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT,1994) considera aceitveis ou normais espaamentos entre plantas de 0,5 a 1,5 vez o espaamento mdio esperado (Tabelas 4), com requisitos de regularidade de distribuio longitudinal mostrados na Tabela 5. Assim, por exemplo, para distncia entre plantas de milho de 20 cm, so consideradas falhas espaamentos entre plantas maiores que 30 cm e mltiplos ou duplos aqueles inferiores a 10 cm.

Conforme Jasper et al. (2006) a utilizao de tratamentos fitossanitrios aumenta os espaamentos falhos e reduz os aceitveis, recomendando-se o uso do grafite para uma adequao de espaamentos.

Tabela 4- Freqncia para regularidade de distribuio longitudinal de sementes (Coelho, 1996). Tipo de espaamento Mltiplos Aceitveis Falhas Intervalo de tolerncia para variao de Xi Xi< 0,5 Xref 0,5. Xref