Seminário - As paixões ordinárias

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Seminário baseado na obra 'As paixões ordinárias' do antropólogo David Le Breton.

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AS PAIXES ORDINRIASDAVID LE BRETON

Apresentao: Francisco Augusto Cruz de Arajo Mestrando do PPGCS/UFRN [email protected] Abril/2011

As paixes ordinrias David Le BretonIntroduo Os sentimentos e as emoes no so estados absolutos, substanciais que se pode transpor de

um indivduo ou grupo a outro; A expresso dos sentimentos trata-se de relaes: o contexto social (cultura/ambiente) + biolgico (corpo); Ao observarmos culturas distintas, as expresses do campo afetivo devem ser expressas entre aspas para salientar a impreciso que o rodeia; A emoo experimentada traduz a significao conferida pelo indivduo s circunstncias que nele ressoam. uma atividade de conhecimento, uma construo social e cultural a qual se torna um fato pessoal mediante o estilo particular do indivduo; Para os naturalistas as emoes desempenham uma funo de proteo contra o meio, reforando as capacidades adaptativas da natureza humana. Para a Antropologia, ao contrrio, a esfera das emoes provm da educao, sendo adquirida de acordo com as modalidades particulares de socializao da criana; A diferena entre os homens e outros animais: os animais j nascem com uma configurao relativamente acabada e suficiente para sua sobrevivncia no mundo. O homem tambm nasce com esta mesma configurao, mas o reconhecimento e afeio das pessoas em seu entorno que possibilitam o seu desenvolvimento.

As paixes ordinrias David Le Breton O papel da educao no processo de interiorizao da ordem simblica; A raiz da violncia simblica estaria deste modo presente nos smbolos e signos culturais, especialmente no reconhecimento tcito da

autoridade exercida por certas pessoas e grupos de pessoas. Deste modo, a violncia simblica nem percebida como violncia, mas sim como uma espcie de interdio desenvolvida com base em um respeito que "naturalmente" se exerce de um para outro.

Em funo do seu grupo, ela modela sua linguagem, seus gestos, a expresso dos seus

sentimentos, suas expresses sensoriais, etc. A distncia da criana de um ambiente social que lhe oferea as condies mnimas de sobrevivncia tem sido objeto de discusso de cincias como a Antropologia e a Biologia/biomedicina, no intuito de perceber a constituio do que habituou-se a chamar de homem selvagem. O termo selvagem uma imagem excessiva do homem que no desenvolveu-se sobre as

leis da cidade (cidade x selva). uma expresso herdada do iluminismo, para apontar uma carncia de educao. Selvagem significa no domesticado, no absorveu as regras , o que Emile Durkheim denomina de conscincia coletiva.

As paixes ordinrias David Le BretonComo pensar uma vida sem sociedade? Qual o limite existente entre o social e o individual? As crianas acolhidas por animais Amala e Kamala (1920):

As paixes ordinrias David Le Breton O caso das meninas demonstra a maleabilidade do corpo

humano em se adaptar/configurar ao ambiente em que vivem; O comportamento dos animais condicionou o das meninas; Nos primeiros anos de vida, a criana revela uma imagem fidedigna dos comportamentos daqueles que a entornam; De sua maneira, a criana torna-se a expresso das condutas do lobo, tranformando-se no menino-lobo, esse personagem hbrido, quase legendrio.

As paixes ordinrias David Le BretonAs crianas isoladas As crianas que dividem alguns anos de sua existncia com animais, interpelam-

nos profundamente sobre o sentido do vnculo social, e, paralelamente, sobre os limites do corpo; Victor do Aveyron: Victor foi salvo do asilo (recomendado por Phillipe Pinel considerado por muitos o pai da psiquiatria), criado por Jean Itard, pedagogo, convencido de que o homem no nasce pronto, mas que a sua construo ocorre gradualmente, mediante os relacionamentos com os outros, em funo da educao e tendo em vista os exemplos que o cercam; O adolescente foi privado em grande parte da sua vida pelos simbolismos compartilhados. Le Breton apresenta uma diferena entre aqueles que nunca tiveram o convvio social para

aqueles que foram privados em parte das suas vidas do convvio com outros indivduos. O corpo social x O corpo biolgico: o papel da aculturao na vida de Victor de Aveyron. Ler anotaes...P.

As paixes ordinrias David Le BretonConcluses O corpo biolgico uma expresso do corpo social (e vice-versa)

um conjunto As crianas selvagens no possuem uma sociabilidade negativa, mas apenas realizam variedades da possibilidade corporal que a cultura negligencia. O homem no existe sem a educao que modela a sua relao com o mundo e com os outros, seu acesso linguagem e que simultaneamente molda as mais ntimas aplicaes de seu corpo; Assim, o outro no apenas transformador do homem da qualidade de selvagem para a de ator social; O outro a estrutura que organiza a ordem de significados do mundo; Meu corpo meu por carregar traos de minha histria pessoal, de uma sensibilidade que minha, mas contm igualmente uma dimenso que em parte me escapa, remetendo aos simbolismos que conferem substancia ao elo social, sem os quais eu no seria.