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SEMINÁRIO TEOLOGICO DE IGREJA DE CRISTO NA REGIÃO OESTE/SERIDÓ APOSTILA DISCIPLINA: SÍNTESE DO ANTIGO TESTAMENTO Valdir de Medeiros Azevedo

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SEMINÁRIO TEOLOGICO DE IGREJA DE CRISTO NA REGIÃO OESTE/SERIDÓ

APOSTILA

DISCIPLINA: SÍNTESE DO ANTIGO TESTAMENTO

Valdir de Medeiros Azevedo

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SEMINÁRIO TEOLOGICO DA IGREJA DE CRISTO

NA REGIÃO OESTE/SERIDÓ

CURSO BÁSICO EM TEOLOGIA

PROGRAMA GERAL DA DISCIPLINA

I. IDENTIFICAÇÃO Disciplina : Síntese do Antigo Testamento Professor : Valdir de Medeiros Azevedo Carga Horária : 30 horas/aula Turma : Única Ano : 2014 Créditos : 02 Turno : Diurno Semestre : 2014.2 II. EMENTA

Antigo Testamento, formação, o uso do termo, estrutura, sua importância, confiabilidade, canonicidade. Serão considerados nesta aula os diversos aspectos que compunham a vida dos povos ali registrados e especialmente a dos hebreus, a principal etnia e que foram os responsáveis por todo esse legado. III. OBJETIVO GERAL

Introduzir os alunos quanto a uma pesquisa cientifica do Antigo testamento e anima-los a continuar o próprio estudo da Bíblia sagrada, fazendo suas próprias descobertas e aprimorando as que já possuem. IV. OBJETIVO ESPECÍFICO

• Apresentar aos alunos os conceitos básicos dos escritos e cultura vétero Testamentaria, Despertando-o, a uma pesquisa aprofundada do Antigo Testamento para a compreensão das escrituras como um todo;

• Apresentar de forma didática os principais eventos e momentos dessa construção literária gigantesca que se estendeu por séculos;

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• Mostrar a relevância do texto Antigo quanto à compreensão e progresso da revelação de Deus na história.

VII. AVALIAÇÃO

• Estudo individual: • Observação participativa e proveitosa do aluno • Leitura da bibliografia básica

VIII. BIBLIOGRAFIA BASICA CARVALHO , Tarcisio de. Panorama do Antigo Testamento. Viçosa – MG: Ed. Ultimato, 1997. IX. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

APOSTILA . Síntese do Antigo Testamento II: Livros históricos. CHAMPLIN , Russel Norman. O Antigo Testamento Interpretado : Versículo por versículo. 7. Ed. São Paulo: Hagnos, 2001.

CHAMPLIN , Russel Norman. Enciclopédia de Bíblia teologia e filosofia. 7. Ed. Vol. 5. São Paulo: Hagnos, 2004.

LAMADRID , Antonio Gonzalez. As tradições históricas de Israel: introdução à história do Antigo Testamento. Petropolis/RJ, Vozes, 1996.

RENDTORFF, Rolf. A Formação Do Antigo Testamento . Trad.: Bertholdo Weber.

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INTRODUÇAO:

O Antigo Testamento é parte integrante de nossa Bíblia cristã. Justamente nos últimos anos ressurgiu mais e mais do esquecimento e tornou a assumir seu lugar incontestado na pregação. Todavia, quem procura aprofundar-se neste livro, encontrará sempre novas dificuldades no caminho. Simplesmente não compreendemos muitas coisas, esbarramos diante de contradições, ou seja, fatos que nós cristãos achamos estranhos, por exemplo, as teorias das fontes J. E. D. P (S)1 de Julio Wellhausen (1844-1918) que não ver o Pentateuco como uma unidade mosaica, mas produto de uma escola inteira de editores e autores muito posteriores a Moisés.

Alguns dos argumentos em favor dessas teorias são as supostas repetições de dados históricos (com base em duas fontes informativas), como os dois relatos da criação (Gn. 1: 1 ao 2:3 “P” e Gn 2: 4-25 “J” ), os dois diferem quanto a ordem e os nomes divinos são diferentes. Igualmente, a duplicação das genealogias Gn. 4: 7-26 “J” em contraste com o cap. 5 “P” . Também parece ter havido dois relatos sobre o dilúvio, que foram unificados. “S” fala sobre um par de animais que foram postos na arca, mas “J” fala em sete pares de casais limpos. Alguns pensam que Gn. 12: 10-20 e o cap. 20, forma uma duplicação, em um desses relatos o faraó foi enganado acerca de Sara ser irmã de Abraão; mas no outro, Abimeleque é que teria sido engano.

A história do Antigo Testamento se estende pelo tempo desde a imigração dos israelitas na Palestina, século 13 a. C., portanto, até os últimos séculos antes da era cristã. As partes mais antigas são frequentemente, cânticos ou ditos que facilmente se gravavam na memória e, por isso, se conservavam vivos por muito tempo. Os Materiais de tradição muito antigos conservaram-se.

Uma historiografia (ciência e arte de escrever a historia) regular existiu em Israel desde o tempo de Davi, aproximadamente. Ocupa-se, principalmente, com acontecimentos políticos. Assim acham-se descritos, em Samuel, a origem do reinado e a ascendência de Davi; no II livro de Samuel trata-se da consolidação e da expansão de seu reino e dos enredos resultantes do problema de sucessão no trono. Os livros dos Reis apresentam, a seguir, o governo de Salomão como o último período glorioso do Reino Unido, bem como a divisão em um Reino do Norte e um Reino do Sul e a queda paulatina até o fim total da existência política independente do povo de Israel.

1 ASPECTOS GERAIS:

O mundo no qual o Antigo Testamento foi escrito está inserido em um contexto muito diversificado, portanto, para se ter uma compreensão mais acurada deste, é necessário fazer uma análise dos nuances, para não cometer erros de interpretações que podem gerar enfermidades e distorções da verdade, especialmente no seio da igreja.

1.1 MONOTEÍSMO

Essa palavra vem do grego, monos (único) e theós (Deus). Portanto isso indica que há um só Deus. Isso pode ser contrastado com o henoteísmo deriva dos termos gregos henós (um) e theós (Deus) embora haja a ideia de que existe um só Deus, uma divindade suprema, admite-se uma pluralidade de deuses com outros

1 Fontes documentais: J ( Yahweh ou Javé, 850 a. C.); E (Elohim, 750 a. C.); D (Deuteronômico 621 a. C) e P (Sacerdotal, 500 a. C). Essa hipótese documentária é uma combinação do iluminismo do século 18 com o "dogma evolucionista" do século 19. Na passagem do século 19 para o século 20, muitos estudiosos do Antigo Testamento na Alemanha, Inglaterra, França e USA aceitaram suas conclusões.

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campos de atividade, e que se pode ter relações somente com um deles, que merece a adoração e obediência.

1.1.1 ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DO MONOTEÍSMO:

1. Deus como ser absoluto e infinito.

2. Deus é dotado de vida necessária e independente.

3. Deus o único criador e sustentador de todas as coisas.

4. Personalidade: Deus pessoal e não uma força cósmica impessoal.

5. Moralidade, deus Poe em vigor aquilo que correto sendo ele próprio sua origem.

6. Deus é imanente (está aqui) e transcendente completamente acima de nossa experiência e conhecimento.

1.1.2 MONOTEÍSMO NO ANTIGO TESTAMENTO.

Os capítulos 1º e 2º do Genesis, a historia da criação, indicam uma única operação divina. Embora os estudiosos pensem ser a Fé dos hebreus advinda do politeísmo, pois é inegável que os antepassados de Abraão (pai dos hebreus e de quem esse nome é advindo) eram politeístas, pois sua terra (Ur dos caldeus) e os outros povos vizinhos da antiguidade mantinham seus diversos altares de adoração a vários deuses (Dt.4:7), que eram maus egoístas, imorais e sanguinários, A preferência pelo monoteísmo prevaleceu na história de Israel. Contanto muitos incidentes aconteceram devido ao politeísmo sempre presente na história do povo de Deus (ver. Gen. 35:2; Js.24:2; I.Rs.2:2-24 e seu contexto).

1.2 POLITEISMO

Essa palavra vem do grego, poli (muitos) theós (Deus), ou seja, a crença na existência de diversos deuses e que estes têm interesse pelo homem. Naturalmente, o politeísmo tem predominado entre as religiões do mundo. Nos tempos antigos, em especial, o povo que tinha muitos deuses era visto como próspero.

Só as três grandes fés: judaísmo, Islamismo e cristianismo adotaram uma forte posição monoteísta. Dentro do politeísmo uma doutrina chamada de triteísmo que é uma forma de politeísmo que tem sido defendida por alguns grupos religiosos que não aceitam a doutrina da trindade. Entre estes Os mórmons triteístas práticos, pois concebem três deuses distintos chamados, Pai, Filho e Espírito Santo; e politeístas teóricos, pois concebem muitos deuses que nada tem a ver com a humanidade.

1.3 A LEI

O principal vocábulo hebraico traduzido em português para lei é Torá, essa palavra aparece mais de 220 vezes no AntigoTestamento, indicando a ideia de instrução divina. Esse vocábulo veio a tornar-se um dos títulos dos primeiros cinco livros do A.T, também chamados de Pentateuco. A lei não é nem peso nem freio, não é a imposição de obrigações caprichosas nem restrições arbitrárias, mas um caminho para Israel encontrar a felicidade e vida. De maneira repetitiva Deus a pela ao povo para que observe a lei a fim de que tudo corra bem e haja longanimidade sobre a terra que o próprio Deus outorgou (Dt. 4:40; 5:33; 6:1,2 etc.).

A lei dentro desse contexto tinha um caráter salvífico e gracioso, ela é a resposta do homem à ação divina. Deus agiu primeiro e o israelita responde. Assim

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está apresentado o decálogo em Ex. 20 “Eu sou o Senhor teu Deus que te tirou da terra do Egito...”. Em seguida a resposta que o homem deve dar.

1.3.1 A LEI ANTES E DEPOIS DE MOISÉS.

Antes de Moisés

É um erro esperar total originalidade por parte da lei Mosaica. Uma vez que, o confronto com os códigos antigos, especialmente o de Hamurabi 2 , mostra-nos claramente que grande parte da legislação mosaica já existia nas leis de povos relacionados aos hebreus. A arqueologia tem demonstrado que muitas leis e muitos costumes do período dos patriarcas da história do Antigo Testamento eram compartilhados por outros semitas. Além disso, as alianças edênicas, adâmica e abraâmica, anteriores à aliança mosaica, tem algo que foi incorporado a esta.

A Lei de Moisés.

A lei entrou a pleno vigor nos dias do ministério de Moisés. Não obstante, codificação e a autoridade maior da lei vieram juntamente com Moisés. O que distinguiu o povo de Israel de todos os outros.

Com o propósito de fazer nascer uma nova nação, um povo mais espiritualizado. Que se tornasse o veiculo transmissor da mensagem espiritual ao mundo inteiro. A lei visava à revelação da vontade divina, no tocante ao que se requer para que os homens sejam santos.

Os dez mandamentos são o âmago da legislação mosaica, e a base do pacto teocrático. Essas leis encerravam provisões a favor de um monoteísmo prático (Ex.20:3-5). Substituía o henoteísmo, por uma crença vivida e obediente a Deus. Aniquilava a idolatria, a base da falsa espiritualidade, com dedicação correspondente ao único Deus e contra toda a profanação em respeito ao sagrado e o divino. Uma parte desses mandamentos tem aplicação e influencia universais.

1.3.2 A ABRANGÊNCIA DA LEI

A lei de Moisés continham diversos códigos regedores (jurisprudência geral) para a nação de Israel:

I. Acerca de pessoas:

a) Pais e filhos (Ex.21:15,17; Dt. 21:18-21)

b) Marido e Mulher (Nm. 30:6-15; Dt.24:5)

II. Acerca de coisas:

a) Sobre propriedades e possessões (Lv. 25:23; 25:25-28; Ex. 21:19)

b) Sobre taxações e impostos (Ex.30:12-16)

2 Código de Hamurabi , o qual pode ser escrito Hamurábi ou Hammurabi, representa o conjunto de leis escritas, sendo

um dos exemplos mais bem preservados desse tipo de texto oriundo da Mesopotâmia. Acredita-se que foi escrito pelo

rei Hamurábi, aproximadamente em 1700 a.C. Foi encontrado por uma expedição francesa em 1901 na região da

antiga Mesopotâmia correspondente a cidade de Susa, atual Irã.

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c) Sobre os salários (Dt. 23:24,25)

III. Acerca de Leis criminais:

a) Ofensas contra Deus: crimes religiosos ( Ex. 22:20; Dt. 13; 17:2-5; Lv. 19:31)

b) Ofensas contra o homem (Ex. 21:15,17; Nm. 15:32-364.2).

1.4 A IMAGEM DE DEUS.

A linguagem usada para descrever Deus no Antigo Testamento, se dar, devido às limitações humanas no campo do conhecimento e do entendimento espiritual, ganhando conotações simbólicas nos diversos autores sagrados, pois não há entre os homens uma linguagem puramente divina, para expressar ideias a respeito de Deus no sentido pleno. A saber, o Antropomorfismo , expressão que vem do grego, antropomorfos, “de forma humana”. São atribuições de qualidades humanas ao ser divino, ou a ideia de que Deus ou os deuses (mundo pagão) tem alguma espécie de formato, similar à anatomia humana. Alguns textos onde Deus é apresentado sob forma humana (Ex. 15:3), com pés (Gn. 3:8),mãos (Js.4:24), boca (Nm.12:8), coração(Os.11:8);alem dessas formas atribuímos a Deus emoções humanas: antropopatismo (antropo =homem; pathein =sofrer) (Gn.6:6) e o zoomorfismo que atribui partes de um animal à pessoa de Deus (Sl 17.8; 91.4).

1.5 FESTAS JUDAICAS

As festas assinalam importantes momentos de transição ou acontecimentos na vida do individuo, de uma comunidade ou de uma nação. Com a nação de Israel não seria diferente. Visto ser esse povo essencialmente, promotor de culto religioso, e não as ciências e as artes, desenvolvendo muitas festividades importantes que refletem aspectos de sua adoração religiosa, das principais pode-se destacar:

Páscoa (festa dos Paes asmos).

Era uma das três festividades anuais importantes, que comemorava a ultima praga do Egito, do que resultou o livramento de Israel da escravidão (Ex. 21), realizava-se no mês de Nisã ou Abibe (Abril).

Pentecostes (das semanas, da colheita e das primícias).

Essa festa comemora a outorga (entrega) da lei e realizava-se ao fim da sega de trigo no mês de Sivã (Junho) (Ex.23:16; 34:22, At.2:1). O derramar do Espírito santo, de acordo com o registro do segundo capitulo de Atos, ocorreu nesse dia festivo.

Tabernáculos (festa das tendas), ou convocação.

Realizava-se no sétimo mês Tisri ou Etnaim (Outubro) com ações de graças pela colheita. O povo habitava em tendas a fim de comemorar a vida no deserto, como Israel fora forçada a viver, quando deus os tirou do Egito (Lv. 23:33-43).

1.6 O TEMPLO.

A palavra hebraica para templo é hekal que significa casa grande ou casa de uma deidade. Antes da construção do templo o lugar onde se realizava os sacrifícios e cultos ambulantes era o tabernáculo.

Além da Torá o templo de Jerusalém ocupava a centralidade da Fe judaica. Pois esse era o lugar reconhecido como o único santuário legítimo em todo o território de Israel, que expressava adoração ao único Deus. Na reforma do rei Josias este fez desaparecer todos os outros santuários espalhados pelo país.

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Houve três templos na história bíblica de Israel: o Templo de Salomão, o de zorobabel (o segundo) e de Herodes o Grande.

1.6.1 SIGNIFICADOS E PROPÓSITOS DO TEMPLO

• Local de culto a Yahweh onde sua presença podia ser revelada.

• Sacrifício como demonstração da necessidade de arrependimento por causa do pecado e para apaziguar e satisfazer a divindade.

• A confirmação dos pactos era um conceito importante que os templos enfatizavam e ilustravam. Yahweh era o Deus dos pactos.

• O templo era uma força unificadora que ligavam as pessoas que o utilizava, o que era bom para a comunidade espiritual. As pessoas compartilhavam de uma identidade espiritual comum.

• A gloria (Shekinah) de Deus recebeu oportunidade de transformar a vida dos homens, pois era possível para tal gloria se manifestar no local santo e ser um fator iluminador.

• A necessidade de salvação e um meio para conseguir isso eram motivos importantes para a existência do templo. A expiação era a doutrina central de templo-salvação.

1.7 SOCIEDADE E CULTURA:

1.7.1 O PERÍODO PATRIARCAL (2080 A 1871 a.C.)

Nesse tipo de sociedade o homem era o chefe da casa, o seu sumo sacerdote e responsável por dirigir devidamente os ritos e costumes da Fe religiosa. O pai estendia sua autoridade sobre outras famílias, como um autêntico patriarca. Seu filho mais velho o substituía quando após sua morte. O patriarcalismo se estende nas paginas das escrituras sagradas.

1.7.2 URBANA (UR DOS CALDEUS) X ISRAEL NÔMADE.

Os centros urbanos já existiam no chamado crescente fértil3, a cidade de Ur, por exemplo, tinha mais de 65mil habitantes um numero muito expressivo para a época. No tocante aos hebreus suas vidas nômades perpassaram as épocas.

1.7.3 ORNAMENTOS E VESTIMENTAS.

Ornamentos

No Antigo Testamento o uso de jóias entre as mulheres israelitas é notório, bem como alguns por homens. Vários textos da Bíblia, bem como achados arqueológicos comprovam este fato. Os judeus gostavam de ornamentos imitando coroas (diademas), pois simbolizavam juventude, alegria e favor de Deus. Ornamentos

3 Nessa região, irrigada pelo Jordão, pelo Eufrates, pelo Tigre e pelo Nilo, foi criado um tipo muito especial de agricultura, que

permitiu ao Homem se estabelecer num lugar, deixando de ser nômade, e avançar sua tecnologia; inventar a linguagem escrita,

progredir suas técnicas comerciais e prosperar materialmente. Hoje compreende os atuais, Israel, Líbano e Jordânia, bem como,

partes do Iraque, da Síria, do Egito, sudoeste da Turquia e do Irã.

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de ouro, prata e pedras preciosas. Uma das simbologias tipificadas pelo uso do anel era de autoridade.

Abraão enviou joias e vestidos para a futura esposa do seu filho, Isaque. “Tomou o homem um pendente de ouro de meio siclo de peso, e duas pulseiras para as mãos dela, do peso de dez Siclos de ouro. Tirou joias de ouro e de prata, e vestidos, e os deu a Rebeca” (Gn 24.22, 47, 53). Vestimentas (Dt. 22: 5)

A palavra roupa no hebraico “simlâh” é a mesma que é traduzida por, capa, manto, envoltório, vestuário, de homem ou de mulher, especialmente uma grande roupa exterior.

As Igrejas têm usado esta passagem para condenar o uso de calça comprida para as mulheres dizendo que são roupas de homens. Porém, os líderes não dizem que na época em que este texto foi escrito as roupas eram semelhantes para homens e mulheres. Os judeus (homens e mulheres) usavam vestidos e túnica. Não havia grandes diferenças, esta consistia apenas na finura do material e no cumprimento e nas cores das peças.

2. POR QUE A NOMENCLATURA “ANTIGO TESTAMENTO”. Esse termo faz referência a Escritura mais antiga dos hebreus. Muito embora

na língua hebraica a palavra seja "berith," cuja tradução é "aliança" ou "pacto". O Antigo Testamento era a Bíblia utilizada por Jesus e por seus apóstolos. Pode-se afirmar com tranquilidade que o nome Escritura dava ao ouvinte do primeiro século da nossa era a convicção de que se estava falando daquela Escritura mais antiga (At 8.32; Gl 3.8; 2 Tm 3.16; Tg 2.8, 23; 1 Pe 2.6; 2 Pe 1.20) — observe a exceção em 2 Pe 3.16 quando Pedro já inclui os escritos de Paulo no mesmo nível de Escritura).

O Novo Testamento afirma que a nova aliança em Cristo anula a antiga aliança. Quer dizer que o que chamamos de Antigo Testamento não vale mais? Na verdade, o que as Escrituras atestam é que, a aliança Antiga se tornou antiquada diante da nova aliança em Cristo, Hebreus 8:13 “ No Novo pacto, ele tornou antiquado o primeiro. E o que se torna antiquado e envelhece, perto está de desaparecer”.

A obsolescência da lei consiste em que seus aspectos, cerimoniais, morais e ritualistas, cumprem-se em Cristo: o cordeiro, o sacerdote, a presença do reino, o rei, o profeta, a luz, o pão do céu, e outros. Não mais será preciso de mediador. Os tipos, símbolos e rituais do passado também se cumprem em Cristo (Ef.2:11-16; Cl.2:14; Hb.7:18,19; 10:1; 12:27), inclusive o Sábado que sinaliza um descanso (repouso) futuro do crente em Cristo (Hb. 4: 1,3, Cl.2:14-17; Gl.4:8-11, Rm. 14: 5ss).

O pacto ou Aliança Antigo, embora tenham valores morais e muitos de seus aspectos civis devam ser estudados para considerar o princípio que Deus estabeleceu para todas as gerações, não pode servir como compêndio doutrinário ou normativo para a Igreja, uma vez que anula o sacrifício de Cristo (Gl. 2: 21).

3 IMPORTÂNCIA DO ANTIGO TESTAMENTO. O Antigo Testamento como o conhecemos está dividido em quatro seções

nele está registrado, dentro dos diversos gêneros literários, a pessoa de Cristo, sua

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palavra, seu ensino e seu propósito. Cristo mesmo afirmou ser o tema de toda a Escritura, “Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir” (Mt. 5: 17).

Também é significativo o discurso de Jesus diante dos judeus, quando ele os adverte de que eles examinam as Escrituras “porque julgais ter nelas [Escrituras] a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim. Contudo, não quereis vir a mim para terdes vida” (Jo 5.39,40).

A Escritura é o livro da aliança do Rei. É no livro da aliança que se toma conhecimento de quem é o Soberano, como ele governa o que ele espera de seus suseranos, e o seu plano redentor. Nesse sentido pode-se apreciar melhor o mediador perfeito da nova aliança, Cristo, de quem a Escritura fala: na lei e nos profetas. A lei e os profetas revelam a Cristo, tipicamente no Antigo Testamento e completamente no Novo Testamento. O quadro abaixo é apenas para nos dar uma visão introdutória do que nos aguarda:

Antigo Testamento Lei, Torá (Pentateuco)

A administração perfeita, pura, santa e boa; o próprio Cristo.

História O senhorio de Deus através dos tempos

Poesia Aprendendo a conversar com o Pai e a expressar o desejo da alma

Profecia A palavra admoestadora e restauradora

A criação rumo à consumação No Antigo Testamento vemos as bases do Reino de Deus ao observarmos o prenúncio de Cristo através de tipos como profetas, sacerdotes e reis.

4 AUTORIDADE DO ANTIGO TESTAMENTO

Autoridade, segundo o dicionário, é o direito ou o poder de mandar. Consequentemente, o direito ou o poder de exigir obediência. Pensar em autoridade bíblica é ter em mente que aquilo que ali está registrado sobrepõe a toda e qualquer questão de conveniência, para dar lugar à coerência, verdade, moral, integridade e muitos outros qualificativos, sem os quais não se pode fazer uma interpretação honesta e proveitosa quanto ao processo revelacional de Deus. Seria tarefa muito árdua apelar tão somente à conveniência, pois seria um critério demasiado subjetivo. 4.1 ASPECTOS QUE TESTIFICAM SUA AUTORIDADE DIVINA

Qualquer um que se aproxime da Escritura, o faz com um juízo crítico formado a priori, ou seja, ou já a considera a revelação de Deus ou já duvida disso. A

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veracidade das Escrituras tem sido insuportável para os ouvidos contemporâneos. Suas páginas por terem sido escritas ou transcritas durante os diversos séculos, contextos, e autores diferentes, mas, sob a direção de um Editor extremamente zeloso (Deus), em si, são no mínimo indícios de sua autoridade e impressionando sobre tudo por sua coerência.

O ponto de vista conservador considera a palavra, a declaração da Bíblia como verdade, como o Supremo Tribunal de apelação da razão. Observe bem que o supremo tribunal de apelação não é considerado como um assunto de fé somente, mas da razão. Quer na esfera histórica quanto em suas doutrinas. Toda a Escritura foi soprada por Deus (2 Pedro 1.21; 2 Tm 3.16), embora a própria Bíblia não conte exatamente como Deus inspirou os autores humanos.

Algumas questões que estão por trás de um ponto de vista conservador ou liberal: A Bíblia que temos hoje é a Palavra viva de Deus, ou não? Terá sido verdade que homens falaram movidos pelo Espírito Santo de Deus? Será possível reconhecer que toda a Bíblia, como originalmente escrita, é a Palavra de Deus, e que todo seu ensino é confiável? "Não é verdade que no processo de copiar, traduzir e imprimir os manuscritos da Bíblia foi cometido erros?" Na verdade, quem pode negar essa possibilidade e certamente a realidade de tal fato! Mas será que essas ocorrências retiram o caráter infalível e normativo da Bíblia como a Palavra de Deus? 4.2 REVELAÇÃO E INSPIRAÇÃO

Deus tão profundamente interessou-se em revelar a si mesmo que deixou registro histórico. A Bíblia é um livro histórico e as verdades do cristianismo estão baseadas nos fatos históricos revelados. Se o fato do ato criacional de Deus, o fato do nascimento virginal de Cristo, o fato da crucificação e o fato da ressurreição forem deixados de lado, a fé cristã é completamente sem fundamento e sem sentido. É verdade que a verdade histórica (a existência de alguém chamado Jesus, por exemplo) não demonstra a validade da verdade teológica (de que ele era Deus, por exemplo). Mas deve-se levar em conta, pelo menos, que a veracidade histórica da Escritura credencia a mensagem teológica.

4.2.1 REVELAÇÃO

Basicamente o fundamento de toda religião está em uma revelação. E quanto a isso, ao menos, há certo consenso entre as religiões. A palavra revelação significa colocar a descoberto o que era anteriormente desconhecido. Na teologia judaico-cristã o termo refere-se à comunicação divina, de Deus ao ser humano. Deus se revela. Ele se dá a conhecer e à sua vontade. Essa revelação ocorre de várias maneiras: oral (Gn 3.14-17; 6.13; 9.1, 17; 12.1), através de epifanias (Gn 16.7-14; Ex 3.2; Jz 2.1), por escrito (Ex 17.14; 34.27; Sl 119.130; Is 30.8; Jr 30.2; Ap 1.11) e a mais perfeita revelação — Jesus Cristo (Gn 3.15; Ef 1.15-23; Cl 2.13-15; Hb 1).

Se Deus não tivesse se revelado nenhum ser humano seria capaz de conhecê-lo. De acordo com o testemunho interno da Escritura esse ponto de vista — da incompreensibilidade de Deus — é explícito (Jó. 11.7; Is. 40.12-14; Rm. 11.33-36; 1. Cor. 2.10,11).

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Revelação Natural

Limita-se as revelações dadas por meio da natureza. É assim que os homens chegam a compreender algo da gloria, do poder, da majestade e da inteligência de Deus (Rm. 1:19 ss).

Revelação Sobrenatural

Dá-se por intervenção divina mudando o curso natural das coisas, podendo utilizar palavras nessa etapa. (Ex.3:2). Os próprios escritos sagrados são exemplos dessa revelação (II Pe.1:21).

Revelação Geral

Esse tipo de revelação não se limita as escrituras e tem em Cristo seu revelador geral, portanto Cristo revela a Deus na Historia, na natureza, através da razão, da intuição, das experiências místicas individuais, alcançando todas as pessoas, quer sejam religiosas ou não, conferindo a cada qual algum grau de iluminação.

Revelação Especial

A revelação especial de Deus objetiva levar eficazmente o pecador de volta a Deus. Os remidos serão levados a participarem da natureza divina (II Pe.1:4), mediante a transformação segundo a imagem do Filho (Rm.8:29;IICor.3:18).

4.2.2 INSPIRAÇÃO

A Escritura é o livro soprado por Deus (2 Tm 3.16). Ao se falar de inspiração, portanto, está-se falando de inspiração para a revelação escrita. A revelação escrita é a forma de Deus tornar permanente sua revelação, e a forma de fazer isso é através da inspiração. Infelizmente a Bíblia não descreve exatamente como Deus inspirou os autores humanos.

Ao longo da história, as teorias a respeito da inspiração têm variado segundo as características essenciais de três movimentos teológicos: a ortodoxia, o modernismo e a neo-ortodoxia.

a) Ortodoxia: a bíblia é a palavra de Deus

Por cerca de 18 séculos da história da Igreja, prevaleceu a opinião ortodoxa da inspiração divina,ou seja,a bíblia é a palavra de Deus inscrita e verbalmente inspirada.

b) Modernismo: a bíblia contém a palavra de Deus

Os modernistas ensinam que a bíblia meramente contém a palavra de Deus, certas partes são divinas, expressam a verdade, mas outras são obviamente humanas e apresentam erros.

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O conceito de iluminação. Defendem alguns estudiosos que as partes inspiradas da bíblia resultam de uma espécie de iluminação, divina mediante a qual Deus teria concedido uma profunda percepção religiosa, a alguns homens piedosos.

O conceito de intuição. Essa visão nega totalmente a existência de algum elemento divino na composição da Bíblia. Para estes a bíblia não passa de um rascunho cheio de lendas, historias, poemas etc. registrado pelos judeus.

c) Neo-ortodoxia: a bíblia torna-se a palavra de Deus

No inicio do Século XX, a reviravolta nos acontecimentos mundiais e a influência do pai do existencialismo dinamarquês Soren Kierkegaard, deram origem a uma nova reforma na teologia europeia, a Neo-ortodoxia, começaram a voltar-se para as escrituras, a fim de ouvir nelas a voz de Deus. Sem abrir mão da crítica, começaram a levar a bíblia a sério, por ser ela a fonte da revelação de Deus aos homens. Nesse contexto duas correntes foram desenvolvidas a respeito da inspiração bíblica, a visão demitizante e a do encontro pessoal.

Visão demitizante

Rudolf Butmann e Shubert Ogden são seus representantes característicos. Negam todo e qualquer conteúdo religioso importante, factual ou histórico, nas páginas da bíblia e creem apenas na preocupação religiosa existencial sobre a qual se desenvolve os mitos. Portanto a tarefa do cristão moderno é demitizar a bíblia, ou seja, despi-la de seus trajes lendários, mitológicos e descobrir o conhecimento existencial a ela subjacente.

Encontro pessoal

Essa corrente que é representada por Karl Barth e Emil Brunner, nutre uma visão mais ortodoxa da bíblia. Embora reconheça que há algumas imperfeições no registro escrito pelo fato de esse ser humano, afirma que a bíblia é a fonte e veículo da revelação divina e que Deus fala por meio dela. Para Brunner as escrituras tornam-se a palavra de Deus nos encontros pessoais, Não, porém, de maneira proposicional (por meio de palavras).

O ENSINO BÍBLICO A RESPEITO DA INSPIRAÇÃO

Inspiração verbal Plenária

Essa teoria assevera que o Espírito Santo interagiu com os escritores humanos para produzir a Bíblia (Ex. 24:4; Is. 30:8; 2Sm. 23:2; Jr.26:2).Deus, o Senhor da história, fez com que um autor nascesse em determinado tempo e lugar, capacitou-o, equipou-o com uma educação definida, fez com que participasse de determinadas experiências e posteriormente fez com que lhe viesse à mente fatos e implicações desses fatos para que fossem cuidadosamente registrados. Nesse processo, Deus, sugeriu à mente do autor humano a linguagem (palavras) e o estilo para que fosse o veículo apropriado para a interpretação das ideias divinas, para o povo de todas as épocas. As implicações práticas dessa teoria é a de que a bíblia é confiável

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fornecendo informações fidedignas e autoritativas (Jo.10:35). O senhor recorreu as escrituras como autoridade para ele purificar o templo (Mc.11:17) para por em cheque a autoridade dos fariseus (Mt.15:3,4) e para resolver divergências doutrinárias (Mt.22:29). Jesus e seus apóstolos ressaltaram a revelação registrada tanto na expressão “está escrito” (Mt.4.4,7; Lc.24:27,44) quanto na sua importância (1.Co 2;13; Ap. 22:19; Mt.5:18; Rm.15:4).

Inspiração conceitual Esse ponto de vista é defendido por A.H. Strong em sua teologia sistemática,

para ele, Deus teria inspirado apenas os conceitos, não as expressões literárias particulares com que cada autor concebeu os textos. Deus teria dado os pensamentos aos profetas, que tiveram liberdade de exprimi-los em seus termos humanos. Dessa maneira, Strong esperava evitar quaisquer implicações mecanicistas derivadas do ditado verbal e ainda preservar a origem divina das Escrituras. Deus concedeu a inspiração conceitual, e os homens de Deus forneceram a expressão verbal característica de seus estilos próprios.

A inspiração e as diversas variedades de fontes e gêneros literários. O fato de a inspiração ser verbal ou escrita, não exclui o uso de documentos

literários e de gêneros diferentes entre si. As escrituras não foram ditadas palavra por palavra, como no pensa-se num sentido comum, por exemplo, os dez mandamentos, Deus outorgou diretamente ao homem (Dt. 4:10). Há vários fatores que contribuíram para a formação das escrituras sagradas, vejamos alguns:

a) Existe uma diferença marcante de vocabulário e de estilo de um escritor para outro. Comparem-se as poderosas expressões literárias de Isaias com os tons lamuriosos de Jeremias ou a complexidade literária encontrada em hebreus com o estilo simples de João.

b) A bíblia faz uso de documentos não bíblicos, como o livro de Jasar (Js. 10:13; 2sm 1:8), o livro de Enoque (Jd 14) e ate o poeta Epimênedes (At.17:28). Somos informados de que muitos provérbios de Salomão haviam sido editados pelos homens de Ezequias (Pv.25:1). Lucas reconhece o uso de muitas fontes escritas sobre a vida de Jesus, na composição de seu próprio Evangelho (Lc.1:1-4).

c) Grande parte das Escrituras é formada de poesia (Jó, Salmos, Proverbios). Os Evangelhos contem muitas parábolas. Jesus empregava a sátira (Mt.19:24), Paulo usava alegorias (Gl.4) e até hipérboles (Cl.1:23), ao passo que Tiago gostava de usar metáforas.

d) a Bíblia usa linguagem simples do censo comum, do dia-a-dia, que salienta ocorrência de um acontecimento, não a linguagem de fundamento científico, pois ela não é um compêndio de ciência. No entanto, isso não significa que os autores usassem linguagem anticientifica ou negadora da ciência, e sim linguagem popular para descrever fenômenos científicos. Por exemplo, afirmar que o sol permaneceu parado (Js. 10:12) dizer que o sol nasceu ou subiu (Js.1:15). Dizer que a rainha de Sabá veio dos confins da terra ou que as pessoas no pentecostes vieram de todas as nações debaixo do céu não é dizer coisas com exatidão cientifica, apenas os autores usaram formas comuns, gramaticais de expressar seu pensamento sobre os diversos assuntos.

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5 A FORMAÇÃO DO ANTIGO TESTAMENTO

A história da formação do Antigo Testamento até o que temos hoje é um longo percurso. A Bíblia foi escrita em linguagem hebraica (tipo fenício posteriormente mudado para o aramaico). Somente consoantes eram utilizadas. Somente no século VII (iniciou por volta do século V) da nossa era é que as vogais foram escritas no texto bíblico para que não se perdesse a pronúncia. Esse trabalho foi feito pelos massoretas4, com o objetivo de transmitir e assegurar fielmente às gerações futuras uma compreensão precisa dos textos. Eles sabiam que a precisão era algo vital para a preservação do texto.

5.1 MATERIAL E MÉTODOS DE ESCRITA Os Manuscritos do Mar Morto são uma boa indicação da natureza dos rolos

antigos e dos métodos de escrita empregados. Confeccionados de couro cuidadosamente preparado (pergaminho), os rolos são compostos de muitas partes costuradas e raspadas com esmero. O rolo de Isaías, por exemplo, compreende dezessete folhas costuradas que atingem cerca de 7,5 metros de comprimento. Um rapaz acidentalmente descobriu os primeiros rolos do Mar Morto em cavernas em 1947. Logo outras cavernas foram exploradas. A nomenclatura 7Q, por exemplo, é a caverna 7de Qunram.

Entretanto, os documentos bíblicos mais antigos foram provavelmente escritos em papiros. Rolos com mais de 9 metros eram difíceis de confeccionar e desajeitados para uso. Esse fato talvez ajude a explicar a divisão de alguns livros do Antigo Testamento em duas partes (Samuel, Reis, Crônicas). Outros materiais eram empregados, em geral para mensagens mais curtas: tabuinhas, placas de cera ou argila e fragmentos de cerâmica (óstracos). O uso de códices (livros) em lugar de rolos é datado por volta do século V d.C. A introdução da forma de livro facilitou grandemente a circulação das Escrituras porque, pela primeira vez, muitos documentos podiam estar contidos num volume de fácil manuseio.

5.2 A PADRONIZAÇÃO DO TEXTO Tudo que temos da Bíblia são cópias. Às vezes é óbvio que o escriba repetiu

involuntariamente uma letra, palavra ou frase. Deixou de repetir na cópia algo que é encontrado duas vezes no manuscrito fonte. Breves seções podem ter sido omitidas. Após a destruição de Jerusalém em 70 d.C., rabinos e escribas deram passos decisivos no intuito de padronizar o texto para estudo e culto.

As letras, as palavras e os versículos de cada livro foram contados com cuidado, acrescentado uma nota no final de cada livro para registro dos totais do livro. Essa massorat (literalmente "tradição") esses recursos conferiam a exatidão de cada nova cópia do manuscrito. Graças ao processo milenar de padronização, as variações entre os manuscritos disponíveis, incluindo os de Qumran, são quase sempre pequenas e trazem poucas consequências sobre os ensinos teológicos do Antigo Testamento.

5.3 INTERAÇÕES E TRADUÇÕES

4 Estudiosos judeus que trabalharam na preservação do texto da Escritura mais antiga, o Antigo Testamento.

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Leitores dos vários textos hebraicos e das traduções antigas ouviram a palavra de Deus e com ela interagiram, exatamente como fazemos hoje com nossas traduções. Há dúvidas quanto ao significado preciso de algumas palavras e a forma exata no texto hebraico é questionável em muitas passagens. Entretanto, estudiosos da Bíblia são capazes de reconstruir o significado provável na esmagadora maioria das passagens difíceis, e a mensagem de praticamente todas as seções do Antigo Testamento é clara. Pode-se confiar no Antigo Testamento que Deus julgou apropriado preservá-lo como sua palavra, em todas as suas verdades e em sua autenticidade. (Jó 5.9), Deus "faz coisas grandes e inescrutáveis e maravilhas que não se podem contar".

5.4 CAPÍTULOS E VERSÍCULOS

Os livros bíblicos são divididos em capítulos e versículos. Esta divisão não existia inicialmente. A divisão em capítulos data da idade média (Stephan Langton, +1298) e a divisão em versículos, do inicio da idade moderna (Robert Estienne, + 1559). Essas divisões não correspondem sempre ao sentido do texto; havendo argumentos válidos, os estudiosos deverá às vezes desconsiderá-las.

6 O PENTATEUCO

Os primeiros cinco livros da Bíblia são chamados de Pentateuco, que significa "cinco livros" (do grego pente, cinco, e teuchos, rolos). Eles são também conhecidos como livros da Lei (Torá) por conter as leis e instruções dadas por Deus, através de Moisés, ao povo de Israel.

Provavelmente, Antigo Testamento, refere-se ao Pentateuco quando utiliza frases como: "o Livro da Lei de Moisés" (2 Rs 14.6) ou "o Livro da Lei (Js 1.8), ao passo em que o Novo Testamento refere-se a eles como "Lei" na expressão "a Lei e os Profetas" (Lc 16.16).

6.1 IMPORTÂNCIA HISTÓRICA

O Pentateuco propõe-se a fornecer uma narrativa continua a partir da criação do mundo, e dai ate a morte de Moisés. Sua associação com Moises conferiu-lhe uma santidade e um respeito entre os israelitas, jamais alcançado por qualquer obra escrita. Basicamente é a história de Deus e seu povo Israel. O livro explica como esta nação nasceu como Deus a salvou da extinção e suas lutas no relacionamento com ele. Deus é apresentado como um Deus Criador (Gn.1:1), vivo (Dt. 5:26), Único (Dt.6: 4), Ético (Êx. 20; Dt. 5), Justo e reto (Dt. 32: 3,4). No Pentateuco pode se compreender a mensagem do reino, a necessidade de um mediador e aliança da redenção que é a ênfase maior das Escrituras Sagradas.

6.2 AUTORIA DO PENTATEUCO

Não há reivindicação, nos próprios livros, de que Moisés os tenha escrito, embora, a começar pelo Êxodo, ele apareça como personagem principal. Todavia, devemos analisar as evidências quanto à autoria mosaica do Pentateuco.

6.2.1 EVIDÊNCIAS INTERNAS

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Há duas referências claras a Moisés como o autor do "Livro da Aliança" (Ex 24.4,7) e como autor dos Dez Mandamentos sob a direção de Deus (Ex 34.27). Pelo menos dois outros incidentes são preservados pela escrita de Moisés (Ex 17.14; Nm 33.2). Há ainda claras referências a Moisés como autor de partes do livro de Deuteronômio (Dt 31.9, 19, 22, 24). Além disso, diversos discursos de Deus são introduzidos pela seguinte fórmula: "Disse mais o SENHOR a Moisés" (como em Lv 4.1). O Novo Testamento refere-se ao Pentateuco como a primeira das duas seções da Escritura mais antiga, "Moisés e os profetas" (Lc 24.27, 44).

6.2.2 EVIDENCIAS EXTERNAS

A tradição cristã e judaica associa o Pentateuco a Moisés. O Talmud (enciclopédia da tradição judaica, que age como suplemento da bíblia) refere-se a esses livros como "os Livros de Moisés" e o historiador Flávio Josefo aceitam a autoria mosaica do Pentateuco.

O fato é que a autoria mosaica é um importante ponto teológico com respeito à questão da autoridade, assim como os apóstolos o foram no Novo Testamento. Conquanto os estudiosos conservadores possam diferir quanto à data final do Pentateuco, eles concordam que esses livros de Moisés são inspirados, historicamente confiáveis e falam com autoridade até hoje.

6.3 DIVISOES PRINCIPAIS DO PENTATEUCO

a) A origem do mundo; as nações que vieram a existir (Gn. 1 ao 11).

b) Os patriarcas (Gn. 12 ao 50).

c) Moisés e o êxodo do Egito (Ex. 1-18).

d) A revelação divina no Sinai (Ex. 19 ao 40).

e) A legislação levítica (Lv. 1 ao 27).

f) Os últimos eventos e as leis do Sinai (Nm. 1: 1 ao 22: 1).

g) A jornada ate as planícies de Moabe (Nm. 10: 11 ao 22: 1) e seus eventos (Nm. 22: 2 ao 36: 13)

h) Últimos discursos de Moisés e sua morte (Dt. 1 ao 34).

6.4 GENESIS

O Pentateuco abre suas páginas com o livro de Gênesis, isto é origem “bereshit”, que significa no princípio em hebraico. Seus temas principais são a criação do mundo, a origem humana e o início da história e a eleição do povo hebreu. O livro está dividido em três partes: A primeira descreve o princípio do cosmos, da humanidade, do pecado e da punição, Mostrando como um mundo classificado por Deus como "bom" veio a degradar-se cada vez mais por causa do pecado (Cap. 1-11); a segunda, a vida patriarcal (cap. 12- 36) e a terceira, a história de José. Na conclusão do livro de Gênesis, Deus miraculosamente libertou seu povo da fome e eles passaram a viver pacificamente no Egito.

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6.5 EXODO

O segundo livro do Pentateuco chama-se em hebraico, shemót (nomes) e em grego, “Êxodo” (saída, partida). Esse livro pode ser dividido em duas partes: uma histórica e outra legislativa. A histórica trata da vida dos Filhos de Israel “bené yisrael” no Egito. A convivência já não é mais pacífica no Egito — eles são escravos. Há um relato quanto à preparação, o chamado e o papel de liderança de Moisés para conduzir os israelitas para fora do Egito. A libertação miraculosa do povo por Deus, eles viram o poder redentor e a graça de Deus em ação, peregrinação pelo deserto, construção do tabernáculo, torna-se um eixo formador na história israelita. Os capítulos 19 a 40 são essenciais para observar-se o elo entre Deus e seu povo.

A parte legislativa contém uma série de leis civis, morais e religiosas, principalmente o decálogo (Dez mandamentos), que se tornaram leis universais para a humanidade até hoje.

6.6 LEVITICO

Esse livro chama-se “vayicrah” (e chamou), palavra com a qual ele se inicia. Entretanto, na linguagem talmúdica, denomina-se “Séfer Torat Cohanim”, livro da lei dos sacerdotes. Causa estranheza em alguns historiadores, pela interrupção do curso natural dos eventos. Mas, é fundamental para a continuação da história. A primeira parte trata dos sacrifícios, suas categorias e normas (cap. 1- 7). Segue-se a o ritual de consagração de Arão e seus filhos como sacerdotes, leis de higiene alimentar com a especificação de alguns animais e aves, leis de pureza, impureza de mulher e identificação dos leprosos e outras enfermidades consideradas impuras.

É neste livro que o povo aprende da parte de Deus a ser puro moral e ritualmente. O livro de Levítico aparece em cena logo após a libertação do povo do Egito. A pergunta a ser respondida pelo livro é "Como o povo pode relacionar-se com um Deus santo?" O livro então instrui sacerdotes e todos a sacrificar apropriadamente a Deus. O livro propõe-se a preservar o caráter santo e moral de Israel e a ajudar o povo a cultuar e a alegrar-se diante do Senhor seu Deus e de suas bênçãos. Deus é Santo e o povo deve ser. Em Levítico percebe-se que a desobediência tem um custo caro e aprende-se o motivo da caminhada no deserto por 40 anos.

6.7 NÚMEROS

Esse livro foi denominado, em hebraico, “bamidbar” (no deserto), pois ele narra a historia de Israel no deserto e também “hamash hapekudim” O livro dos censos. A versão dos setenta chamou este livro de “Aritmoi” (Números). Continua a história da jornada (peregrinação) de Israel rumo à terra prometida. Abre com uma preparação bem elaborada para partir do Monte Sinai.

O livro divide-se em três partes: Na primeira, encontra-se o censo e a disposição das tribos antes de empreender viagem pelo deserto, ou seja, os acontecimentos antes da partida para o Sinai. A segunda parte descreve a vida Israelita no deserto, fome, sede, e todas as outras dificuldades, os 12 espias e a falta de confiança do povo, que os levou a vaguear pelo deserto ate aquela geração ser extirpada, dando lugar à outra que iria possuir a terra prometida. Na parte final, são

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relatadas a chegada dos israelitas as margens do Jordão. A morte de Arão, a criação da serpente de bronze, as vitórias sobre os reis “Shion” e “Og”, entremeio de leis e outros relatos.

6.8 DEUTERONÔMIO

O último livro do Pentateuco denominou-se em hebraico, “Devarim” (Palavras) ou “Mishné Torah” (a lei pela "segunda vez"). É um texto fundamental para o povo de Israel. Moisés se dirige ao povo em vários discursos, preparando-o para o futuro. Moisés declara novamente a lei (revisão) e os previne quanto à idolatria, quanto a abandonarem a Deus. Há uma instrução clara quanto à benção e a maldição.

7 OS LIVROS HISTÓRICOS

A denominação de "Históricos" classifica em geral os doze livros, todos anônimos, de Josué a Ester. Estes livros registram a história de Israel, desde a ocupação da Palestina sob a liderança de Josué, passando pelas apostasias que levaram o povo a ser expulso pelos assírios e babilônios, até a restauração parcial pelos persas. O período cobre aproximadamente 1000 anos, de 1405 até 425 a.C. Estes livros dão a estrutura histórica ao restante do Antigo Testamento até a época de Neemias e Malaquias. Vão de Moisés, o legislador, até Esdras, mestre da lei.

As bênçãos prometidas, como resultado da obediência, se evidenciam na conquista vitoriosa de Josué e nos magnificentes reinados de Davi e Salomão. Por sua vez, as maldições surgem nas apostasias dos juízes, na posterior idolatria e no cativeiro dos dois reinos. As promessas de restauração final, embora evidente que esperam os futuros "últimos dias" (Deuteronômio 4:30), tiveram cumprimento parcial na volta de Zorobabel, Esdras e Neemias.

Livros Históricos Josué

Juízes-Rute

A posse da terra

A opressão da nação

A teocracia: Esses livros cobrem o período enquanto Israel era governado por Deus (1405-1043 a.C.).

1 Samuel

2 Samuel

1 Reis 1-10

1 Reis 11-22

2 Reis 1-17

2 Reis 18-25

1 Crônicas

2 Crônicas

A estabilização da nação

A expansão da nação

A glorificação da nação

A divisão da nação

A deterioração do reino do norte

A deportação do reino do sul

A preparação do Templo

A destruição do Templo

A monarquia: Esses livros registram a história da monarquia de Israel do seu estabelecimento até a sua destruição em 586 a.C.

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Esdras

Neemias

Ester

A restauração do Templo

A reconstrução da cidade

A proteção do povo judeu

A restauração (cerca de 425 a.C.): Esses livros descrevem o retorno de um remanescente para a terra depois de 70 anos de cativeiro (605 a 536 a.C.).

7.1 O PAPEL DA HISTÓRIA NA BÍBLIA A palavra de Deus ao mundo é uma narrativa de seu relacionamento com uma

nação escolhida e o anúncio de seu plano para estabelecer relacionamento com a humanidade. Israel foi a primeira nação a dar atenção ao registro da história, e isto porque a história era o meio básico da revelação de Deus.

7.2 HISTÓRIA E TEOLOGIA Decididamente a Bíblia descreve a história de um ponto de vista religioso,

constituindo-se assim em algo mais do que um simples registro histórico. Alguns eruditos dizem que a história bíblica é a história da salvação, pois tem um elemento sobrenatural revelado no tempo e no espaço que está além da razão e que não podem ter comprovação histórica, segundo se entende a história geral.

A história da salvação é importante para a fé bíblica. É verdade que os eventos em si não podem ser recriados, e, sim, somente podem ser avaliados os registros. Dessa forma é que a comunidade da fé estuda os eventos, através do registro bíblico. A fé bíblica assume a historicidade dos eventos que revelam a história da salvação. A Bíblia aceita como verdade os eventos históricos nos quais a revelação está baseada. Ela também assevera a confiabilidade da interpretação daqueles eventos apresentados de forma escrita. Assim é que a forma escrita se reveste de suma importância — é uma peça de evidência histórica.

Os autores bíblicos por diversas vezes apelaram aos eventos históricos para validar seu argumento teológico. Eles, assim, assumem a precisão histórica dos eventos que descrevem. A historicidade não prova que a teologia seja verdadeira; entretanto, a confiabilidade histórica é necessária a fim de que as afirmações teológicas sejam verdadeiras, pois estão baseadas em fatos históricos. Por exemplo, pode-se asseverar que Deus fez uma aliança com seu povo.

Essa é uma afirmação teológica. Mas, a menos que Deus tenha feito, de fato, uma aliança com seu povo, a afirmação teológica é vazia e sem sentido — a despeito de quão plausível ela possa ser. Se a história não for verdadeira então a teologia baseada naquela história é apenas uma especulação. A fé que a Bíblia expressa é claramente uma fé histórica. Ela está embasada na historicidade de eventos do passado. A historicidade é um ingrediente necessário à fé bíblica (1 Co 15.12-19).

Os livros históricos possuem relevância teológica, para sua época e para os cristãos contemporâneos. Neles lê-se acerca da história que se passou e aprende-se com os erros do passado: o valor da obediência e as consequências da desobediência e as diversas situações desesperançosas em que se pode cair.

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Os livros históricos têm uma ênfase acentuada no ensino da retribuição de Deus como parâmetro. A ideia de recompensa pela obediência à aliança e punição pela desobediência é um aspecto fundamental nestes livros.

8 LIVROS POETICOS

O que vimos até agora foi o gênero literário de narrativa histórica. Passamos pela imensa massa de história em forma de prosa. Nos livros poéticos a característica marcante é outra, eles falam de experiências cotidianas: interpessoais e pessoais; de sabedoria e meditação, Vivenciando os relacionamentos espiritual, social e cultural no cotidiano. A verdadeira espiritualidade — é a poesia, embora ocorram também outros gêneros como profecia e narrativas. Deus, nos primeiros livros, descreveu a história da formação de uma nação, mas é aqui nestes cinco livros que aprendemos mais de perto o que ele espera individualmente do ser humano criado à sua imagem. Essa literatura tem caráter messiânico (Jó. 19:25; Sl. 110:4), esses são alguns exemplos.

8.1 DATA E PRINCIPAIS TEMAS

Os livros poéticos apresentarão seu conteúdo experiencial refletindo a espiritualidade que Deus pretendeu que recebêssemos e vivêssemos. A poesia hebraica aconteceu através da história da nação. Praticamente para cada conquista, tragédia, adoração ou confissão, havia um cântico associado.

1. O livro de Jó (2100 a.C): bênção através do sofrimento.

2. Os livros de Salmos 1010 a.C (grego Psalmós “Cântico”): Louvor e oração.

3. O livro de Provérbios 970 a.C (hebraico mashal “ser semelhante”): prudência através do preceito. Sabedoria e descrição especialmente aos símplices.

4. O livro de Eclesiastes 970 a.C (hebraico Qoheleth “pregador ou orador da Assembleia”): a vida somente tem sentido do ponto de vista de Deus e do temor a ele.

5. Cantares ou cântico dos cânticos 970 a.C (Hebraico Shir hashirim “o mais excelente dos cânticos”): Celebração ao amor físico, cânticos nupciais, linguagem marcantemente erótica.

8.2 CARACTERÍSTICAS DA POESIA HEBRAICA

Três tipos básicos de poesia:

a) Poesia lírica (Sl.32),cantam emoções e sentimentos íntimos, geralmente acompanhada por instrumentos musicais (em geral, Salmos).

b) Poesia didática utiliza máxima ou acrósticos (Sl. 119) para comunicar princípios básicos ou fixar a tradição histórica. Utiliza-se das letras do alfabeto em sequencia por toda a estrofe.

c) Poesia dramática, que utiliza diálogos para comunicar a mensagem (Jó e Cantares).

8.3 FIGURAS DE LINGUAGEM

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As figuras literárias ocorrem tanto na prosa quanto na poesia. As figuras literárias, de pensamento ou de linguagem, não possuem precisão exatamente por dependerem da interpretação do leitor. Entretanto, a utilização de figuras literárias cumpre sua função, que é a de nalguns casos despertar quadros vívidos, fortes (Sl 78.65), e noutros pela fácil memorização.

1. Metáfora: É uma comparação sem que sejam utilizadas palavras de comparação — "como" ou "tal". No Salmo 23.1 Davi afirma que "O Senhor é o meu pastor,", ou seja, Iavé é para mim como um pastor é para sua ovelha (veja ainda 84.11; 91.4).

2. Hipérbole: É a figura do exagero a fim de reforçar uma idéia (Sl 6.6; 78.27; 107.26).

3. Pleonasmo: É o uso de redundância a fim de enfatizar. Podem ser palavras ou frases inteiras (Sl 20.1).

4. Zoomorfismo: É atribuir partes de um animal à pessoa de Deus (Sl 17.8; 91.4).

5. Antropomorfismo:

É atribuir partes da anatomia humana à pessoa de Deus (Sl 10.11,14; 11.4; 18.15; 31.2).

9 LIVROS PROFÉTICOS

A Bíblia assevera que Deus preparou seus profetas para um serviço muito especial. Eles deveriam expor a palavra divina ao povo que precisava desesperadamente dela.

9.1 A PROEMINÊNCIA PROFÉTICA

O surgimento do ministério profético se deu em um momento crucial da história de Israel e Judá, que se tornaram dois reinos independentes. A referência aos profetas aqui, diz respeito, aos profetas clássicos, aqueles que viveram no período entre 800 e 450 a.C., e que serviram como mensageiros especiais de Deus ao seu povo no poder do Espírito Santo.

Os profetas clássicos, de um modo geral, dirigiram suas mensagens a todo o povo informando-os da ira de Deus contra o pecado, prevenindo-os do juízo vindouro, chamando as pessoas ao arrependimento, e proclamando a salvação de Deus a todos. Assim é que os livros de Isaías a Malaquias se encaixam nessa designação.

9.2 DEFININDO OS TERMOS A primeira divisão do Antigo Testamento hebraico é a Lei e a segunda, os

Primeiros Profetas (Lc. 16: 16). Estes Profetas incluem-se livros que já observamos: Josué, Juízes, Samuel e Reis. Os dezessete livros dessa seção que trataremos agora foram classificados na Bíblia Hebraica como os Últimos Profetas.

O termo, “últimos” fala de sua posição no cânon e não de sua colocação cronológica. Às vezes esses profetas são chamados de “profetas da escrita”, uma vez que houve diversos profetas que não registraram suas profecias, como Natã, Ido, Aías, Jeú, Elias, Eliseu e outros. E ainda, em virtude de seu tamanho, os Últimos Profetas são divididos em Profetas Maiores (Isaías, Jeremias — e aqui se encaixará

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Lamentações — Ezequiel e Daniel) e os doze Profetas Menores (Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Ageu, Zacarias e Malaquias).

Na Bíblia em língua portuguesa inclui-se Daniel também com os profetas maiores. Na Bíblia Hebraica ele aparece nos “Escritos”. Os profetas são chamados, vigias, homens de Deus, mensageiros, videntes, adivinhos, anunciadores e servos do Senhor. O termo hebraico mais comum para profeta é navi´ (cerca de 300 vezes), sendo seu significado mais comum o de “alguém que fala de forma autorizada”. O sentido mais prático do termo para esse sujeito impar da antiga aliança é o de um ventríloquo (boneco que assentado na perna de seu manipulador).

9.3 O MODO DE VIDA DOS PROFETAS

Os profetas vieram de diferentes condições. O profeta Amós, por exemplo, cuidava de rebanhos e de sicômoros antes que o Senhor Deus o chamasse (Am 7.14); já Isaías com frequência se dirige à casa real (Is 7.3-9; 38.1-8; 39.3-8); outro profeta, Jeremias, cresceu entre os sacerdotes da vila de Anatote (Jr 1.1). Em cada caso Deus utilizou a experiência anterior do profeta em benefício do ministério profético. Mas, a despeito de tais diferenças, os profetas compartilhavam muitas características. Os profetas possuíam, assim, muitas semelhanças. Seus corações eram totalmente devotados a Deus, possuíam uma forte convicção de terem sido chamados, de serem os mensageiros de Deus e de proclamarem suas verdades; uma forte convicção de estarem revelando o futuro e de estarem utilizando uma variedade métodos orais e literários para comunicarem suas mensagens.

9.4 A NATUREZA E MENSAGEM PROFÉTICA Como porta-vozes de Deus, o dever básico do profeta era anunciar a

mensagem de Deus ao seu povo no contexto histórico devido, de forma oral, simbólica (visual) e também por escrito. Conscientes desse fato, os profetas utilizavam a fórmula profética sempre presente: “Assim diz o Senhor”. Os profetas proferiram mensagens que podem ser vistas com uma tripla função dentre o povo de Deus no Antigo Testamento:

Em primeiro lugar os profetas eram pregadores

Eles expunham e interpretavam a lei mosaica para a nação. Era seu dever admoestar, reprovar, denunciar o pecado, ameaçar os terrores do juízo divino, chamar ao arrependimento e trazer consolo e perdão.

Em segundo lugar, os profetas prediziam.

Eles anunciavam o juízo vindouro (Jn.3:4) a libertação e os eventos relacionados ao Messias e seu reino. A predição do futuro não era algo para satisfazer curiosidades pessoais mas, sim, a demonstração de que sabe e controla o futuro, e dá uma mensagem revelada intencional. A predição dada por um verdadeiro profeta se cumpriria claramente; se não se cumprisse, aquela palavra não era a palavra de Deus (Dt 18.20-22). Em 1 Samuel 3.19 lê-se que o Senhor era com ele e que nenhuma de suas palavras falharia.

Finalmente, eles eram atalaias.

Eles vigiavam, guardavam, eram atalaia do povo de Israel (Ez 3.17). Ezequiel era um atalaia pronto a prevenir o povo contra a apostasia religiosa. Ele preveniu o povo acerca das alianças

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militares e políticas com os poderes estrangeiros, acerca da tentação de envolverem-se com a idolatria do culto cananeu e acerca do perigo de colocarem sua confiança no formalismo e ritualismo da religião. O papel profético, nesse sentido, era o de acusar a nação pelas violações da aliança mosaica.

9.5 O MINISTÉRIO PROFÉTICO

a) Impopular. Nunca houve um profeta que gozasse de popularidade, quer fosse entre o povo, clero ou nobres.

b) Subversivo. Mensagem desafiadora e desaforada (atrevida). Não era aliado a nenhum sistema religioso ou político, seu único compromisso era o de um oráculo.

c) Lembrado em calamidades. O profeta esta presente onde há pecado, injustiça, necessidade de arrependimento. Sua voz ecoava denunciando as mazelas do templo, do palácio e do mercado.

d) Coroado com sofrimento pelo exercício de seu oficio. Fugas de morte, solidão, descrédito, desterro, morte a fio da navalha.

9.6 CAMPOS DE ATUAÇÃO PROFÉTICA

O DOMÍNIO ASSÌRIO Os profetas Isaías, Oséias, Amós, Jonas, Miquéias, Naum e Sofonias profetizaram durante o período de dominação Assíria.

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O DOMÍNIO BABILÔNIO Os profetas Jeremias, Ezequiel, Daniel, Obadias, Naum, Habacuque e Sofonias profetizaram durante o período de dominação Babilônica.

O DOMÍNIO PERSA Os profetas Joel, Ageu, Zacarias e Malaquias profetizaram durante o período de dominação Persa.

10 CANON DO ANTIGO TESTAMENTO

O Cânon bíblico designa o inventário ou lista de escritos ou livros considerados de inspiração divina pela Igreja Cristã. No hebraico qenéh e no grego kanóni, significa regra, régua para medir, varinha direita. O grego clássico acentua o sentido figurado da palavra e cânon designa a vara, o nível, o esquadro, o braço da balança, norma, padrão, depois a meta a ser atingida, a medida infalível. O cânon bíblico é o padrão de medida para a fé e para a prática.

10.1 A FORMAÇÃO DO CÂNON

O conjunto de livros que nós conhecemos como Antigo Testamento é denominado em Hebraico como Tanakh, dividido em 24 livros, correspondem aos 39 livros do antigo testamento cristão. A ordem com que os livros aparecem na bíblia hebraica é diferente da bíblia cristã. O Tanakh é dividido em três grandes partes: a Torah (a Lei), os Nevi’ im (os profetas) e os Ketuvim (os escritos, que correspondem aos livros sapienciais). A Torah possui cinco livros, os Nevi’im oito e os Ketuvim onze.

Sua formação se deu num período de aproximadamente 1500, começando com Moisés e terminando com Esdras. Segundo a literatura judaica, Esdras, na qualidade de escriba e sacerdote, presidiu um conselho formado por 120 membros chamado grande sinagoga que teria selecionado e preservado os rolos sagrados.

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10.2 CONSIDERAÇÕES ACERCA DO CÂNON DO A. T

Jamnia

No final do primeiro século na cidade de Jamnia5 foi realizado um concílio, sob a liderança do rabino Yochanan ben Zakai, para se discutir quais livros deviam ser incorporados ao Antigo Testamento. O Concílio teria sido proposto com a finalidade de dar um rumo para o Judaísmo, após a destruição do Templo de Jerusalém, no ano 70 d.C. Seriam considerados como textos canônicos do Judaísmo apenas aqueles cujos originais tivessem sido compostos em língua hebraica, dentro dos limites da Terra Santa e que, no mínimo, remontassem ao tempo do profeta Esdras.

Literatura judaica

Segundo a literatura judaica, Esdras, na qualidade de escriba e sacerdote, presidiu um conselho formado por 120 membros chamado Grande Sinagoga que teria selecionado e preservado os rolos sagrados. Alguns acreditam que naquele tempo o Cânone das Escrituras do Antigo Testamento foi fixado (Esdras 7:10,14). Entretanto esta tese é desacreditada pela crítica moderna.

Alem do mais, os Manuscritos do Mar Morto e de Massada mostram que entre os antigos judeus ainda não havia uma lista bíblica fixa ou instituída, pois o cânon da Septuaginta era usado entre os judeus de Israel e mesmo pelos apóstolos de Cristo ao seu tempo. Também após a morte dos apóstolos, os cristãos utilizaram-se desse cânon continuamente em suas comunidades.

10.3 TESTES DE CANONICIDADE

Como Deus revelou sua palavra através de gente como a gente, tornou-se importante querer saber quais livros vieram de Deus e quais refletiam apenas uma opinião humana. Surgiu então um consenso acerca do que constituiria um teste de canonicidade. Os testes, na verdade, consideravam, dentre outros, três fatores básicos: o autor, a audiência e o ensino.

TESTE 1: ESCRITO POR UM PROFETA OU PESSOA PROFETICAMENTE DOTADA

Um livro que faça parte do cânon deve ter sido escrito por um profeta ou por uma pessoa profeticamente dotada. Nenhum ser humano poderia conhecer a vontade de Deus, a não ser que o Espírito o assistisse e iluminasse na compreensão. É preciso que haja o guiar do Espírito neste processo. É a sua presença que assegura o produto final, a verdade de Deus, a sua mensagem precisa. Essa afirmação liga-se com o aspecto já estudado da inspiração (II.Pe.1:20-21).

TESTE 2: ESCRITO PARA TODAS AS GERAÇÕES

Um livro que faça parte do cânon deve impactar todas as gerações. Isso porque a mensagem de Deus não está confinada a uma audiência. Se um livro é a palavra de Deus, ele deve ser relevante às pessoas de todas as épocas. O autor até pode ter

5 A antiga cidade de Jamnia localizava-se na costa sudoeste da Palestina romana, onde atualmente situa-se a cidade de Yavne. Depois da queda de Jerusalém, tornou-se um importante centro de influência da comunidade judaica.

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escrito a obra para uma determinada audiência, mas se aquela palavra é a palavra de Deus, todos que a lerem recebem os benefícios de participar do ensino vivo do Deus vivo.

TESTE 3: ESCRITO DE ACORDO COM A REVELAÇÃO ANTERIOR

Um livro que fosse parte do cânon não poderia em hipótese alguma contradizer as mensagens anteriormente escritas por revelação de Deus. Por exemplo, se um novo texto reivindicasse ser de Deus e negasse o ensino de Gênesis, não seria a Palavra de Deus. A verdade de Deus permanece a mesma e não se contradiz. A nova revelação pode fornecer mais informações acerca dos planos e propósitos de Deus, mas nunca se opõe à revelação anterior.

10.4 LIVROS APÓCRIFOS

Apócrifo vem do grego apoukrufe, (oculto, secreto, misterioso), esse designativo refere-se a certos livros tidos como sagrados, mas de validade negada por muitos. Embora tenha um valor histórico, literário e devocional importante, não pode ser considerado canônico devido:

a) A comunidade judaica jamais os aceitou como canônicos;

b) Não foram aceitos por Jesus, nem pelos autores do Novo Testamento;

c) Somente a partir de 1548 no concílio de Trento (Itália) é que os livros apócrifos são reconhecidos como canônicos e próprios para a leitura nas igrejas, a despeito da resistência de Jerônimo à sua inclusão na Vulgata.

d) Nenhuma Igreja anglicana ou protestante, até a presente data, reconheceu os apócrifos como inspirados e canônicos, no sentido integral dessas palavras.

Com efeito, quando examinados segundo os critérios elevados de canonicidade, verificamos que aos livros apócrifos falta o seguinte:

1. Os apócrifos não reivindicam ser proféticos; e evidente ausência de profecia.

2. Contém erros históricos (veja Tobias 1.3-5 e 14.11) e graves heresias teológicas, como a oração pelos mortos (2Macabeus 12.45 [46]; 4);

3. Os apócrifos nada acrescentam ao nosso conhecimento das verdades messiânicas.

CONCLUSÃO

O caráter distintivo da Revelação bíblica é um testemunho eloquente de que alguém falou com propósito, e de um modo claro e objetivo. A profecia bíblica em sua singularidade foi endereçada a todos, jovens, velhos, ricos e pobres; para que estes pudessem ter um coração transformado. Contendo imperativos morais e espirituais os textos bíblicos convidam as pessoas não para o ritualismo, mas para a santidade. Deus está guiando a história. Isso significa entre outras coisas, que a profecia bíblica não é um acaso, mas baseia-se em uma revelação registrada que poder ser consultada com objetividade e eficácia.

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