Semiologia questões e respostas

30
1-Estabeleça as diferenças entre: hematêmese, hematoquesia, hemobilia, hemoptise, melena e enterorragia. Hematêmese , ou vômito com sangue, caracteriza a hemorragia digestiva alta, assim entendida aquela em que o sangramento se localiza desde a boca até o ângulo e Treitz. A causa mais comum de sangramento de origem esofagiana são varizes no esôfago. A hematêmese por ruptura de varizes é, na maioria das vezes, volumosa e contém sangue ainda não alterado por ação do suco gástrico. A hematêmese de menor volume, de origem esofagiana, pode ocorrer no câncer do esôfago, nas úlceras esofagianas e em outras condições mais raras. Hematoquesia : emissão de sangue fresco ou acastanhado pelo ânus, quase sempre com origem no tubo digestivo baixo (do ângulo de Treitz ao reto). No entanto, hemorragias digestivas mais altas eliminadas pelo reto podem ser de sangue vivo quando são maciças (> 1000 ml), de modo a acelerarem o trânsito intestinal e não permanecerem tempo suficiente no lúmen para que surjam melenas. Hemobilia : hemorragia dentro ou através do trato biliar devido a trauma, inflamação, colelitíase, doença vascular ou neoplasias. Hemoptise é a eliminação de sangue pela boca, passando através da glote. As hemoptises podem ser devido a hemorragias brônquicas ou alveolares. Há ocasiões em que é possível suspeitar de qual circulação (sistêmica ou pulmonar) provém o sangue: as hemoptises originadas nas artérias brônquicas são, em geral, maciças, o sangue pode ser recente ou não, saturado ou não, com ou sem catarro. É o que ocorre nas broquiectasias, na estenose mitral e nas fístulas arteriovenosas. Quando o sangue provém de ramos da artéria pulmonar, seu volume costuma ser menor. É o que ocorre nas pneumonias, broncopneumonias, nos abcessos e no tromboembolismo. Melena : é a evacuação pelo ânus de sangue negro digerido, puro ou misturado com as fezes, às quais dá o aspecto de alcatrão. Indica uma hemorragia gastrointestinal situada acima do cólon, ao passo que os sangramentos situados mais

Transcript of Semiologia questões e respostas

Page 1: Semiologia   questões e respostas

1-Estabeleça as diferenças entre: hematêmese, hematoquesia, hemobilia, hemoptise, melena e enterorragia.Hematêmese, ou vômito com sangue, caracteriza a hemorragia digestiva alta, assim entendida aquela em que o sangramento se localiza desde a boca até o ângulo e Treitz. A causa mais comum de sangramento de origem esofagiana são varizes no esôfago. A hematêmese por ruptura de varizes é, na maioria das vezes, volumosa e contém sangue ainda não alterado por ação do suco gástrico. A hematêmese de menor volume, de origem esofagiana, pode ocorrer no câncer do esôfago, nas úlceras esofagianas e em outras condições mais raras.Hematoquesia: emissão de sangue fresco ou acastanhado pelo ânus, quase sempre com origem no tubo digestivo baixo (do ângulo de Treitz ao reto). No entanto, hemorragias digestivas mais altas eliminadas pelo reto podem ser de sangue vivo quando são maciças (> 1000 ml), de modo a acelerarem o trânsito intestinal e não permanecerem tempo suficiente no lúmen para que surjam melenas.Hemobilia: hemorragia dentro ou através do trato biliar devido a trauma, inflamação, colelitíase, doença vascular ou neoplasias.Hemoptise é a eliminação de sangue pela boca, passando através da glote. As hemoptises podem ser devido a hemorragias brônquicas ou alveolares. Há ocasiões em que é possível suspeitar de qual circulação (sistêmica ou pulmonar) provém o sangue: as hemoptises originadas nas artérias brônquicas são, em geral, maciças, o sangue pode ser recente ou não, saturado ou não, com ou sem catarro. É o que ocorre nas broquiectasias, na estenose mitral e nas fístulas arteriovenosas. Quando o sangue provém de ramos da artéria pulmonar, seu volume costuma ser menor. É o que ocorre nas pneumonias, broncopneumonias, nos abcessos e no tromboembolismo.Melena: é a evacuação pelo ânus de sangue negro digerido, puro ou misturado com as fezes, às quais dá o aspecto de alcatrão. Indica uma hemorragia gastrointestinal situada acima do cólon, ao passo que os sangramentos situados mais abaixo (reto) são acompanhados pela evacuação de sangue vermelhoEnterorragia: é a hemorragia intestinal com evacuação de sangue vermelho pelo ânus; distingue-se da melena, que se caracteriza pela evacuação de sangue negro.

2-Como diferenciar, semiologicamente, anemia aguda de anemia crônica?Na anemia aguda, causada pela perda súbita de sangue ou pela destruição aguda dos glóbulos vermelhos, a falta de volume no sistema circulatório é mais importante que a falta de hemoglobina. Os sinais e sintomas mais proeminentes consistem em queda da pressão arterial devido à diminuição do volume sanguíneo total, com tonteira e desmaio subseqüentes, taquicardia e palpitação, sudorese, ansiedade, agitação, fraqueza generalizada e possivelmente uma diminuição da função mental.Na anemia crônica, o volume sanguíneo total está normal, mas ocorre uma diminuição dos glóbulos vermelhos e hemoglobina. A falta de hemoglobina causa descoramento do sangue, com palidez do paciente, e falta de oxigênio em todos os órgãos, com os sinais clínicos decorrentes desta alteração. Os principais sinais e sintomas são: fadiga generalizada, anorexia, palidez de pele e mucosas (parte interna do olho, gengivas), menor disposição para o trabalho, dificuldade de aprendizagem nas crianças, apatia. Os sintomas pioram com a atividade física e aumentam quanto menor o nível de hemoglobina.

Page 2: Semiologia   questões e respostas

3-Quais as alterações semiológicas das mãos no paciente portador de Artrite Reumatóide?Artrite significa processo inflamatório da articulação, tendo como base anatomopatológica a sinovite (inflamação da membrana sinovial). Traduz-se clinicamente por edema da articulação, acompanhado de elevação da temperatura local e rubor da pele circundante.

4-Estabeleça as diferenças das úlceras de pênis causadas por sífilis primária (cancro duro) e cancro mole.A lesão inicial do cancro mole são pápulas vesiculares dolorosas que rapidamente se transformam em úlceras redondas e irregulares, únicas ou múltiplas, de bordas inclinadas, com uma aréola vermelha brilhante e de consistência mole. Linfadenite regional unilateral é freqüente. Ex:

Já no cancro duro (sifilítico) as lesões primárias, que ocorrem mais freqüentemente nos lábios, gengivas e região amigdaliana, começam como pequenas máculas eritematosas, que se transformam em pápulas ou pequenos nódulos e, em seguida, ulceram formando o cancro sifilítico. O cancro é vermelho, coberto por uma membrana branco-acinzentada, de bordo elevado e circunscrito, muito contagioso, indolor ou bastante doloroso por causa da infecção secundária. O linfonodo mais próximo se encontra enfartado. Ex:

5-Cite 12 manifestações clínicas, de exame físico, da insuficiência hepática.

Page 3: Semiologia   questões e respostas

(1) Icterícia(2) Ascite(3) Hepatomegalia(4) Hipertensão porta

(5) Aranhas vasculares(6) Prurido(7) Manchas cutâneas(8) Anemia

(9) Taquicardia(10) Hipotensão arterial(11) Perda de peso(12) Fraqueza

6-Explique o mecanismo da hemoptise na Insuficiência Cardíaca.Na insuficiência cardíaca esquerda, pelo aumento da pressão capilar pulmonar, há transudação de sangue para os alvéolos, sem que haja solução de continuidade do endotélio. Esta transudação estimula os receptores das mucosas das vias respiratórias e faz com que aconteça o mecanismo da tosse, pela qual esse sangue é eliminado via glote (hemoptise).

7-Quais os sinais semiológicos da trombose venosa profunda de panturrilha?A trombose venosa consiste na coagulação intravenosa do sangue com obstrução parcial ou total da luz de uma veia. A sintomatologia da trombose venosa aguda é variável, podendo ser: dor, edema, alteração da temperatura, e da cor da pele e ingurgitamento das veias superficiais, tudo no local da trombose ou no território drenado pela veia comprometida.

8-Explique o mecanismo do edema nas insuficiências cardíacas direita e esquerda.Na insuficiência cardíaca esquerda a falência esquerda provoca aumento agudo da pressão capilar pulmonar e, com isso, extravasamento de fluido para os alvéolos, inundando-os, e levando ao quadro de “afogamento respiratório”, tão bem descrito pelos pacientes. Já na insuficiência cardíaca direita a redução da capacidade do coração para bombear o sangue venoso para a frente, aumenta a pressão hidrostática nas veias e capilares, e produz congestão e perda de líquidos para os tecidos, caracterizando o edema. Este aparece primeiro nas áreas de declive do corpo (membros inferiores), onde a pressão hidrostática é maior. Quando o paciente está retido no leito, a região lombar corresponde à posição de declive e fica edemaciada.

9-Diferencie as Anginas: estreptocócica, diftérica, Paul-Vincent, Mononucleose Infecciosa.Angina estreptocócica (bacteriana): toda a mucosa faríngea apresenta-se congesta, levemente edemaciada, sobretudo ao nível das amígdalas palatinas, que, com freqüência, se mostram recobertas por depósito esbranquiçado, puriforme, facilmente destacável (forma eritematopultácea). Precedendo ou acompanhando os sintomas locais, é comum observar mal-estar, calafrios, febre de 39 a 40ºC, dores musculares generalizadas, astralgias, cefaléia, astenia. Sobrevêm, então, disfagia dolorosa (“odinofagia”), sensação de constrição e ardência em toda a faringe. O depósito pultáceo, quando presente, não invade nunca os pilares; além disso destacam-se facilmente, característica que diferencia da angina diftérica. A evolução é quase constante, durando cerca de 3 a 6 dias. Na criança, entretanto, pode evoluir em prazo mais longo, de 6 a 10 dias.Angina diftérica: é uma angina de caráter endemoepidêmico, com maior incidência entre o primeiro e o sétimo ano de vida. É excepcional no transcurso do primeiro ano de vida, devido à imunidade passiva conferida da mãe para o filho. A faringoscopia revela falsas membranas branco-acinzentadas, localizadas sobre ad amígdalas e invandindo o terço

Page 4: Semiologia   questões e respostas

superior dos pilares anteriores até a úvula. A sintomatologia geral traduz-se por moderada elevação da temperatura (em geral até 38ºC), pulso rápido, palidez e adinamia mais ou menos intensa, sintomas que traduzem acentuado grau de intoxicação geral pelas endo e exotoxinas produzidas pelo bacilo diftérico (Corynebacterium diphteriae).Angina de Paul-Vincent (fusoespirilar): trata-se de angina provocada por simbiose entre o bacilo fusiforme e o espirilo, saprófitos normais da cavidade bucal, que adquirem poder patogênico quando se associam. Esta angina caracteriza-se por disfagia dolorosa unilateral, geralmente sem elevação da temperatura. A faringoscopia revela ulceração da amígdala, recoberta por pseudomembrana sem tendência a estender-se, mas acarretando fenômeno de necrose e eliminação de exsudato difteróide, de odor fétido.Angina monocítica: é causada pela mononucleose infecciosa. É mais freqüente na adolescência (“angina dos estudantes”), por vezes em caráter epidêmico. Surge ingurgitamento linfonodal cervical, geralmente acentuado, com freqüência também axilar e inguinal, por vezes acompanhado de esplenomegalia. Temperatura elevada e irregular, astenia acentuada, cefaléia, mal-estar geral. Icterícia pode estar presente.(aqui angina é usada como sinônimo de amigdalite que acomete toda a mucosa da orofaringe)

10-Descreva o sinal de köplik. Onde ele é encontrado?Sinal de koplik é um pontilhado branco, envolvido por halo vermelho, em número de 2 a 10, distribuído próximo ao canal de Stenon (da glândla parótida), na amígdala. Ele é decorrente de infecção pelo vírus do Sarampo, que é do grupo dos Paramixovírus.

11Qual a tríade clássica da Pancreatite Crônica?A tríade clássica da pancreatite crônica é:(1) Dor: localiza-se na região epigástrica, normalmente com irradiação para o hipocôndrio direito e/ou esquerdo, para o flanco esquerdo e, às vezes, região interescapular. É do tipo transfixante, com duração variável, geralmente de 1 a 3 horas após as refeições;.(2) Emagrecimento: decorrente da dor após alimentação;(3) Icterícia: aparece pelo edema da porção cefálica do pâncreas ou do surgimento de pseudocisto nessa região, comprimindo o colédoco;

12-Qual o significado clínico da Tríade de Charcot? E da pêntade de Reynolds?A tríade de Charcot (icterícia, dor no quadrante superior direito e febre com calafrio) é manifestação característica de colangite, que é a inflamação aguda dos canais que conduzem a bile; isso inclui desde os mais finos, dentro do fígado, ao mais calibroso, o

Page 5: Semiologia   questões e respostas

colédoco. É decorrente de obstrução, estase biliar e proliferação bacteriana. Na colangite aguda o aparecimento de depressão do SNC no quadro clínico traduz maior gravidade da doença, manifestando, então, a pêntade de Reynolds, que é: icterícia, febre, dor, depressão do SNC e hipotensão. É a evolução da tríade de Charcot.

13-Descreva a podagra. Qual o seu significado?Podagra é um termo usado para descrever a monoartrite aguda da primeira junção metatarsofalangeana. É a localização mais típica da gota envolvida em 50% dos casos na crise inicial e em 90% dos portadores de gota no evoluir da doença.

14-Defina Bronquite Crônica.Bronquite crônica é uma condição clínica caracterizada por excessiva secreção de muco pela árvore brônquica, com tosse produtiva crônica ou recorrente durante pelo menos três meses por ano, por dois anos consecutivos, não resultante de causas aparentes, como bronquiectasias, tuberculose ou outras doenças que possam causar sintomas idênticos. Existem pelo menos três causas principais que contribuem para o seu surgimento: tabagismo, infecções e poluição

15-Quais os sinais semiológicos da meningite aguda?O quadro clínico das meningites agudas caracteriza-se pela somatória de sinais e sintomas de um processo infeccioso (febre, mal-estar, prostração, fotofobia) com a síndrome de irritação meníngea (rigidez na nuca, sinais de Kernig e Brudzinski). Hipertensão intracraniana pode estar presente com cefaléia, vômitos e edema de papila nos casos mais prolongados. Confusão mental é freqüente e pode seguir-se de agitação psicomotora e evoluir para o coma. Convulsões são freqüentes, especialmente em crianças.

Sinal de Kernig: paciente em decúbito dorsal com joelhos em extensão. Com uma das mãos levanta-se o tronco para verticalizá-lo, ao mesmo tempo que a outra procura impedir a flexão. Sse positivo há flexão dos joelhos. Outra forma que se pesquisa este sinal: levanta-se a perna, colocando-a em ângulo reto, sem flexionar os joelhos; se positivo há flexão dos joelhos.Sinal de Brudzinski: flexão involuntária dos membros inferiores quando se tente flexionar subitamente a cabeça.

Page 6: Semiologia   questões e respostas

16-Caracterize a hipertensão intracraniana.A relação entre o conteúdo da caixa intracraniana e o seu volume determina a pressão intracraniana (PIC), que tem como referência a pressão atmosférica. Em condições normais,a pressão intracraniana tem flutuações determinadas pelos ciclos respiratório e cardíaco. Várias doenças determinam o aumento da pressão intracraniana, sendo a mais freqüente o traumatismo craniencefálico.Para o diagnóstico da hipertensão intracraniana (HIC) deve-se valorizar o quadro clínico, constituído de cefaléia, vômitos e papiledema. Dos exames subsidiários, os mais importantes são os métodos de imagem principalmente Tomografia Computadorizada (TC) e Ressonância Nuclear Magnética (RNM).Para os casos graves de HIC, o ideal durante o tratamento é que a PIC esteja monitorizada. Diversas modalidades podem ser utilizadas, como a hipocapnia (diminuição da concentração do gás carbônico do sangue) induzida pela hiperventilação, os diuréticos osmóticos, a hipotermia e cuidados especiais no tratamento geral dos pacientes.

17-O que é pressão diferencial?Pressão diferencial é a diferença entre a pressão sistólica e a diastólica. Na maioria das vezes, os valores da pressão diferencial estão entre 30 e 60 mmHg. Durante o sono, há um pequeno decréscimo da pressão diferencial (pressão convergente), mas há algumas doenças em que este fato se torna mais evidente: doenças que causam hipotensão arterial aguda, estenose aórtica, derrame pericárdico, pericardite constrictiva e insuficiência cardíaca grave. O aumento da pressão diferencial (pressão divergente) ocorre nas síndromes hipercinéticas (hipertireoidismo, fístula arteriovenosa, insuficiência aórtica) e na fibrose senil dos grandes vasos.

18-Como diagnosticamos a hipotensão postural?Hipotensão postural (ortostática) é reconhecida quando ocorre uma queda de 20mmHg ou mais na pressão sistólica e/ou 10mmHg ou mais na diastólica ao passar-se da posição deitada para a de pé.

Page 7: Semiologia   questões e respostas

19-Cite 10 sinais periféricos da endocardite bacteriana.(1) Febre séptica ou irregular(2) Toxemia(3) Perda de peso por anorexia intensa(4) Palidez cutânea(5) Comprometimento do estado geral(6) Hematúria(7) Hemorragia retiniana(8) AVC(9) Petéquias (devidas a microembolias)(10) Hipocratismo digital(11) Nódulos de Osler (nódulos dolorosos, eritematosos e localizados nas extremidades dos dedos)(12) Hepatoesplenomegalia

(13) Mudança das características de um sopro pré-existente ou surgimento de outro sopro em curto período de tempo(14) Artralgia(15) Dedos em baqueta de tambor(16) Dispnéia(17) Dores torácica e/ou abdominal(18) Manchas de Janeway (pontos pequenos, planos, vermelhos, não dolorosos e localizados nas palmas e plantas dos dedos; não são do tipo hemorrágico e tornam-se brancos à compressão)

(nódulos de Osler) (manchas de Janeway)

20-Como se expressa a embolia gordurosa? Qual o seu mecanismo?A embolia gordurosa ocorre em fraturas de ossos longos, cuja medula óssea é amarela (só tecido adiposo). Gotículas lipídicas ganham a circulação sistêmica, chegando ao pulmão. Grande parte fica retida aí e a morte pode ocorrer nesta fase, com dispnéia e colapso circulatório, se mais que 2/3 dos vasos ficarem obstruídos. Contudo, uma parte dos êmbolos lipídicos passa, porque os capilares pulmonares têm diâmetro maior que os de outros territórios e porque a gordura é líquida à temperatura corporal. Na maioria dos parênquimas são inócuos, menos no cérebro. O quadro clínico da embolia gordurosa cerebral também é paradoxal, porque os pacientes não costumam ter alterações neurológicas nas primeiras horas após o trauma. Só algumas horas ou dias após instala-se um quadro progressivo de obnubilação mental chegando ao coma, com alta mortalidade.O primeiro período sem sinais de sofrimento cerebral corresponde ao tempo em que as gotículas lipídicas estão retidas no pulmão; o segundo período, com diminuição do nível de consciência, é devido à chegada do lípide ao cérebro, com lesão irreversível da substância branca.

Page 8: Semiologia   questões e respostas

21-Descreva as características do escarro nas seguintes patologias: Pneumonia pneumocócica, asma brônquica, pneumonia por Klebsiella.Pneumonia pneumocócica: inicialmente pode apresentar tosse produtiva, com escarro escasso muco-purulento ou com estrias de sangue; mais tarde (depois de 24 a 48 horas), pode tornar-se espesso, purulento, ou cor de ferrugem.Asma brônquica: a expectoração do asmático é mucóide, com alta viscosidade, aderindo às paredes do recipiente que a contém, lembrando a clara do ovo. Sua presença marca o término da crise asmática. Sua riqueza em eosinófilos é bem conhecida; nestes casos às vezes, encontram-se pequenas formações sólidas, brancas e arredondadas, justificando a expressão “escarro perolado”, dos asmáticos.Pneumonia por Klebsiella: é formado um exsudato extremamente abundante, mas viscoso, e, por isso, dificilmente eliminado dos alvéolos. Há verdadeira hiperdistensão alveolar com aumento volumétrico da zona comprometida, muitas vezes o lobo superior. A necrose parenquimatosa e abscedação são a regra; muitas vezes há verdadeiro esvaziamento alveolar.

22-O que é a pneumonia dos olhos dourados?A pneumonia normalmente leva a uma bacteremia e conseqüente sepse. Na sepse pode ocorrer uma coagulação intravascular disseminada e isso leva a hemólise e aumento da bilirrubina. Depois as endotoxinas que as bactérias produzem podem levar a uma colestase (diminuição da excreção de bile), e isso também leva a um aumento da bilirrubina. A partir daqui é o mesmo mecanismo da icterícia: deposição de bilirrubina na pele e escleróticas, devido a aumento de produção de bilirrubinas (como nas hemólises), falha de metabolização (doenças próprias do parênquima hepático) ou falhas de excreção (obstrução mecânica das vias biliares).

23-Defina abdome agudo.Denomina-se abdômen agudo a condição clínica caracterizada por dor abdominal, que se instala deforma aguda, à qual se associam, freqüentemente,outras manifestações locais e gerais, e que podem ter extrema gravidade. Procurando dar limites à característica tempo de dor abdominal, que denuncia o abdômen agudo, foi sugerido por alguns autores que o período crítico seria de 01 a 72 h, já que sintomas com duração maior ou menor, em geral, não necessitariam de diagnósticos imediatos ou tratamento de urgência. O médico, entretanto, não deve prender-se a esses prazos, mas avaliar todos os fatos clínicos aquém e além de limites propostos, desde o momento que começou a acompanhar a evolução do quadro agudo,apresentado pelo paciente. O diagnóstico preciso da causa determinante eas repercussões locais e gerais do presente processo patológico devem ser o objetivo principal da avaliação clínica do paciente com abdômen agudo e ele deve ser feito no menor tempo possível. A precisão e a rapidez do diagnóstico são importantes, porque o abdômen agudo traduz, em geral, uma situação grave, muitas vezes com risco de vida, que exige tratamento imediato, o qual será tanto mais efetivo quanto mais cedo for instituído.

24- Estabeleça diferenças entre as síndromes nefrótica e nefrítica.A síndrome nefrótica deriva de causas múltiplas e se caracteriza pelo aumento da permeabilidade dos capilares glomerulares acompanhado de proteinúria maciça e da

Page 9: Semiologia   questões e respostas

excreção de corpúsculos de gordura; existe tendência variável para hiperlipidemia, hipoproteinemia (hipoalbuminemia) e edema. O edema da síndrome nefrótica, como todas as formas de edema que tem como mecanismo deflagrador a hipoproteinemia, costuma ser particularmente evidente nas pálpebras e na face (onde existe um regime de baixa pressão tecidual que favorece a transudação do líquido) e tende a se acentuar pela manhã devido à posição de decúbito assumida durante várias horas no período noturno.Na síndrome nefrítica há edema acompanhado de proteinúria discreta ou moderada, hematúria e hipertensão arterial. Como a proteinúria raramente é maciça, ela não participa da gênese do edema o qual resulta, sobretudo, de uma retenção primária de sódio e água, na medida que a ingestão excede a capacidade de excreção renal.

25-Quais as manifestações extrarticulares do Lupus Eritematoso Sistêmico?Critérios revisados para o Lúpus Eritematoso Sitêmico (LES):MANIFESTAÇÃO DESCRIÇÃO1. Erupção Malar Eritema malar fixo (lesão em asa de

borboleta);2. Erupção discóide Placas elevadas e eritematosas com

descamação ceratósica;3. Fotossensibilidade Erupção cutânea como uma reação

incomum à luz solar, pela história do paciente ou observação do médico;

4. Úlceras orais Úlceras orais ou nasofaríngeas, habitualmente indolores, observadas pelo médico;

5. Artrite Artrite não-erosiva envolvendo duas ou mais articulações periféricas, caracterizada por sensibilidade, edema ou derrame;

6. Serosite Pleurite;Pericardite;

7. Distúrbio renal Proteinúria persistente;8. Distúrbio neurológico Convulsões (na ausência de outras causas);

Psicose (na ausência de outras causas);9. Distúrbio hematológico Anemia hemolítica;

Leucopenia;Linfopenia;Trombocitopenia;

(lesão em asa de borboleta)

Page 10: Semiologia   questões e respostas

26-Quais as manifestações extra-hepáticas da hepatite por vírus B?(1) Febre (2) Icterícia (3) Mal-estar geral(4) Fadiga intensa(5) Anorexia(6) Náuseas

(7) Vômitos (8) Dor abdominal (predominantemente no hipocôndrio direito) (9) Fezes de cor esbranquiçada (10) Urina de cor marrom escura.

27-Como se apresenta a Angina de Ludwig?A angina de Ludwig é um processo infeccioso que consiste em uma celulite do tecido conectivo cervical e assoalho da boca, normalmente de origem dentária Pode ter outras causas, tais como traumas, extração dental, ou infecção por microorganismos oportunistas em pacientes com sistema imunológico comprometido, tais como: diabetes, lupus eritematoso sistêmico, nefropatias.No seu inicio há apenas edema e dor local, mas a infecção se difunde rapidamente levando a um aumento de volume significante na região de assoalho de boca, sendo que a característica mais importante é representada por uma celulite agressiva, tóxica, firme e aguda e que envolve os espaços fasciais submandibular e sublingual bilateralmente e, o espaço submentoniano.

28-Quais os sinais semiológicos da pericardite aguda? E do tamponamento cardíaco?Pericardite aguda: dor torácica intensa, retroesternal, referida para o dorso e músculo trapézio esquerdo; ruído de atrito pericárdico (som geralmente sisto-diastólico);Tamponamento cardíaco: dispnéia, palidez e Tríade de Beck:(1) Turgência jugular(2) Abafamento (hipofonese) das bulhas cardíacas(3) Hipotensão com pulso paradoxal.

29-Estabeleça diferenças entre icterícia colestática (bilirrubina direta) e não colestática.A icterícia colestática (conjugada) é causada por uma deficiente excreção de bilirrubina direta, seja de origem intra ou extra-hepática. As alterações intra-hepáticas ocorrem ao nível hepatocelular (hepatites, álcool, cirrose)e canalicular (medicamentosa, atresia das vias biliares). As condições extra-hepáticas caracterizam-se por um obstáculo ao fluxo de bile, sejam intrínsecas ou extrínsecas à árvore biliar, como a colelitíase, coledocolitíase, neoplasias do colédoco, papila, vesícula ou pâncreas).Já a icterícia não colestática (não conjugada) advém das situações nas quais há um aumento da bilirrubina não conjugada, por um dos quatro seguintes mecanismos:(1) produção excessiva de bilirrubina em setores distantes do fígado, condição na qual a conjugação é incapaz de atender a oferta; ex: hemólise(2) ao nível da membrana, quando o pigmento não pode ser transportado até o hepatócito, devido à competição de vários elementos que se ligam à albumina; ex: medicamentos (por competição)

Page 11: Semiologia   questões e respostas

(3) ao nível do hepatócito, quando houver incapacidade de captar e fixar a bilirrubina; ex: medicamentos (por competição)(4) a nível microssomal, quando há defeito ou ausência de enzimas que promovem a conjugação, impedindo a transformação da bilirrubina indireta na direta; ex: Síndrome de Gilbert, icterícia fisiológica do recém-nascido

30-Cite 5 tipos de hálito.CetônicoUrêmicoFetorepáticoEtílico

31-Descreva alterações ungueais e suas respectivas patologias.

32-O que é flapping? Onde pode ser encontrado?

33-Diferencie as paralisias faciais periférica e central.

34-Diferencie a dor abdominal da úlcera péptica gástrica da duodenal.

35-Como diferenciar úlcera de perna de origem venosa da de origem arterial?

36-O que é claudicação intermitente? Qual o seu significado?A claudicação intermitente é um sintoma patognomônico da obstrução arterial crônica e é um dos sintomas mais específicos da Medicina. O termo claudicar vem do latim, do verbo claudicare e significa coxear ou mancar;é empregado de maneira rotineira, na prática clínica. A característica da dor na claudicação intermitente é o seu aparecimento apenas após o exercício muscular, como a deambulação. A dor pode iniciar-se como uma sensação de cansaço ou fraqueza, passando freqüentemente a ser referida como constrição, aperto ou câimbra e pode chegar a ser insuportável, obrigando o indivíduo a parar de andar. A dor vai cessando, diminuindo de intensidade e desaparece completamente como repouso. Não há nenhum tipo de dor nas extremidades com estas características. A localização da dor vai depender do local da obstrução arterial, mas é freqüente nas panturrilhas, podendo ocorrer nas coxas e nas regiões glúteas. Quanto maior for a isquemia,mais curta será a distância que o indivíduo consegue andar antes do aparecimento da dor (distância de claudicação) e maior será o período de recuperação da dor, isto é, maior será o tempo exigido para que a dor desapareça completamente.

37-O que é alopécia. Cite 5 causas.Alopécia é a ausência total de pêlos em determinada região da pele. Causas:

Page 12: Semiologia   questões e respostas

(1) Origem hereditária(2) Hipo ou Hipertireoidismo(3) Diabetes Mellitus(4) Gravidez ou menopausa

(5) Desnutrição, marasmo e kwashiokor(6) Infecções bacterianas(7) Infecções fúngicas(8) Infecções virais

(6), (7), (8) são exemplos de alopecia cicatricial, que é secundária a processos inflamatórios no couro cabeludo.

38-Há diferença entre hirsutismo e hipertricose?Hirsutismo é o excesso de crescimento de pêlos dependente de hormônios andrógenos. Esta produção aumentada pode ser pelo ovário, glândulas supra-renais, ambos ou pela sensibilidade aumentada dos folículos pilosos aos níveis normais circulantes de androgênios. Este aumento pode ser na espessura, tamanho ou número de pêlos. Já hipertricose é o excesso do crescimento dos pêlos independente de hormônios andrógenos.

39-Defina amenorréia. Cite 3 causas.Amenorréia consiste na ausência da menstruação. A falha no aparecimento da menstruação é denominada amenorréia primária; o desaparecimento da menstruação, após ela já ter um padrão, é chamado amenorréia secundária. Causas:(1) Gestação(2) Lactação(3) Menopausa

(4) Uso de anticoncepcionais(5) Baixo peso corporal(6) Estresse

(7) Doenças crônicas(8) Disfunções do eixo hipotálamo-hipofisário

40-Defina dismenorréia. Cite 3 causas.A dismenorréia consiste na menstruação com dor, e manifesta-se habitualmente como uma sensação de peso, desconforto ou cólica nos quadrantes inferiores do abdômen e na pelve. Causas:(1) Aumento da produção de prostaglandinas pelo útero, que provocam contrações dolorosas;(2) Uso de DIU (dispositivo intra-uterino)(3) Endometrioses

(4) Miomas uterinos(5) Anormalidades na anatomia do útero ou da vagina de origem congênita(6) Cistos ovarianos(7) Inflamações pélvicas

41-Como diferenciar, semiologicamente, atelectasia, derrame pleural e pneumotórax?Semiologicamente podemos diferenciar estes três sinais da seguinte maneira:

Situação Como acontece

Traquéia Tonalidade da Percussão

Ruídos Respiratórios

Frêmito Toracovocal

Ruídos Adventícios

Atelectasia(obstrução lobal)

Quando um tampão no brônquio principal (constituído por muco ou

Pode estar desviada para o lado comprometido;

Maciça na região sem ar;

Em geral ausentes quando persiste o tampão brônquico; as exceções

Geralmente ausente quando persiste o tampão brônquico;

Nenhum;

Page 13: Semiologia   questões e respostas

corpo estranho) obstrui o fluxo aéreo, o tecido pulmonar colaba e fica sem ar;

incluem a atelectasia do lobo superior direito, para onde podem ser transmitidos os ruídos traqueais adjacentes;

nas exceções, como na atelectasia do lobo superior, pode estar aumentado;

Derrame pleural Quando ocorre um acúmulo de líquido no espaço pleural, há uma separação do pulmão repleto de ar em relação à parede torácica e um bloqueio da transmissão de sons;

No sentido do lado oposto de um grande derrame;

Maciça a submaciça sobre a região com líquido;

Diminuídos a ausentes, mas podem ser auscultados os ruídos respiratórios brônquicos próximos à extremidade superior de um grande derrame;

Diminuído ou ausente, mas pode estar aumentado na região superior de um grande derrame;

Nenhum, exceto às vezes um atrito pleural;

Pneumotórax Quando o ar vaza para o espaço pleural, geralmente apenas de um lado, o pulmão sofre uma retração em relação à parede torácica. O ar pleural bloqueia a transmissão do som;

No sentido do lado oposto, quando há muito ar;

Hiper-ressonante ou timpânica, na região do ar pleural;

Diminuído a ausente sobre o ar pleural;

Diminuído a ausente sobre o ar pleural;

Nenhum, exceto por um possível atrito pleural;

Atelectasia Derrame Pleural Pneumotórax

Page 14: Semiologia   questões e respostas

(atelectasia do segmento posterior do lobo pulmonar superior direito.)

42-Fisiopatologia da ascite na cirrose hepática. Quais os seus sinais semiológicos?Os fatores que produzem ascite na cirrose hepática são um baixo nível de albumina sérica, bloqueio do fluxo hepático com superprodução de linfa, diminuição da capacidade dos vasos sangüíneos em reter líquido, retenção de líquido pelos rins e hipertensão portal.Seus sinais semiológicos são:Inspeção:(1) Distensão e desconforto abdominais, dependentes da quantidade de líquidos na cavidade abdominal;(2) Abdômen de batráquio, quando o paciente encontra-se em decúbito dorsal;(3) Cicatriz umbilical plana ou protuberante em caso de grande quantidade de líquido;(4) Aranhas vascularesPalpação:(5) Sinal do piparote positivo: o examinador aplica um golpe rápido e firme em um dos flancos do abdômen, recolhendo com a outra mão espalmada sobre o flanco do lado oposto a sensação de choque da onda líquida que se forma pelo líquido abdominal;

(6) Sinal do rechaço positivo: sensação de choque percebida pelo examinador em seus dedos quando, ao comprimir o abdômen ascítico em determinado ponto, toca o fígado, o baço ou qualquer outra estrutura sólida, impulsionando-os contra os contra o plano posterior da cavidade abdominal. Vale lembrar que os órgãos maciços flutuam no líquido ascítico;Percussão:(7) Som maciço e móvel à percussãoAusculta: não contribui muito para o diagnóstico da ascite

43-Em que patologias encontramos o baqueteamento de dedos?O baqueteamento digital pode ser encontrado em:

Page 15: Semiologia   questões e respostas

(1) carcinoma brônquico; (2) empiema; (3) abscesso pulmonar; (4) bronquiectasia;

(5) cardiopatia congênita;(6) endocardite infecciosa;(7) cirrose;(8) colite ulcerativa;

(9) doença celíaca(10) doença de Crohn

44-Descreva as características semiológicas que devemos levar em conta na avaliação clínica de uma adenomegalia?Os sinais físicos do linfonodo a serem determinados são os seguintes: (1) Localização: descrita, sempre que possível, usando termos anatômicos precisos;(2) Cor da pele local: inflamações em linfonodos superficiais determinarão uma hiperemia local facilmente identificada;(3) Sensibilidade ao toque: a sensibilidade dolorosa determinará muitas vezes a diferença clínica entre um tumor inflamatório e um neoplásico;(4) Forma: lembrando-se que os linfonodos têm três dimensões, procurar compará-los a figuras de três dimensões, tais como ovóide, esférica, e não circular ou elíptica;(5) Volume: o tamanho do linfonodo deve ser estabelecido em centímetros;(6) Superfície: o tipo de superfície, se lisa ou irregular, nodular ou com pontos mais proeminentes é a primeira característica a ser notada na palpação;(7) Bordas: as bordas de um linfonodo, se nítidas, demonstram que a afecção que determinou o seu aumento está limitada a ele. Ao contrário, quando suas bordas são indistintas à palpação, isto indica que a afecção em questão, inflamatória ou neoplásica, já ultrapassou os seus limites e tem uma infiltração intersticial associada;(8) Consistência: normalmente são elásticos, mas nos processos neoplásicos podem adquirir a consistência lenhosa, portanto, não compressíveis;(9) Flutuação: é geralmente o estágio final de infecções inespecíficas. Demonstra a formação de uma área liquefeita com pus ou material caseoso em seu interior;(10) Relação com estruturas vizinhas: a fixação de um linfonodo às estruturas anatômicas vizinhas é um achado comum nos processos inflamatórios bacterianos. Nas metástases das neoplasia malignas este sinal corresponde à infiltração intersticial pelo tumor;

45-Tipos semiológicos de língua.Língua geográfica: é caracterizada por uma ou mais áreas irregulares de descamação na superfície dorsal da língua. As lesões se iniciam por máculas avermelhadas, não endurecidas, com desaparecimento das papilas filiformes e manutenção das fungiformes, com bordos definidos e esbranquiçados de aspecto circinado. As áreas papiladas persistem por curto período de tempo, desaparecem e reaparecem em outro local, daí a designação migratória. As lesões são dolorosas aos alimentos salgados, ácidos e condimentados. A etiologia é desconhecida, porém fatores emocionais, neurogênicos ou psicossomáticos podem estar envolvidos. O diagnóstico é feito pelo exame clínico.Língua pilosa: caracteriza-se pelo alongamento das papilas filiformes e pelo aspecto branco piloso da superfície dorsal da língua. Em alguns casos, os alongamentos das papilas se coram de castanho ou preto por agentes exógenos como álcool, tabaco e microorganismos cromógenos. É uma lesão assintomática e mais freqüente em homens. A etiologia é complexa, podendo atuar fatores bacterianos, micóticos, irritação química, doenças crônicas degenerativas, desidratação, higiene bucal precária, hábito de fumar e xerostomia.

Page 16: Semiologia   questões e respostas

Língua saburrosa: Caracteriza-se pelo acúmulo de uma substância branco-acinzentada na sua superfície. Os pacientes descrevem-na como uma “língua suja”, dando-lhe uma importância que na verdade não tem. A língua saburrosa aparece em pacientes febris, nos tabagistas, em indivíduos desidratados e mesmo em pessoas normais, especialmente ao despertar.Língua em framboesa: a língua mostra-se tipicamente com uma cor muito avermelhada e aspecto inchado e com as papilas vermelhas. É sinal de escarlatina.Língua escrotal (fissurada): apresenta fissuras longitudinais, transversais ou oblíquas em parte ou toda sua superfície dorsal. Trata-se de uma condição benigna. Detritos alimentares podem se alojar nessas fissuras, causando ou contribuindo para a inflamação e sensação de desconforto. Parece haver uma predisposição genética e há maior freqüência em indivíduos com síndrome de Down. É a anormalidade congênita mais freqüente da língua. Este tipo costuma aparecer quando há deficiência de vitaminas do complexo B.Língua seca: a ausência de umidade constitui o elemento principal desta alteração. A coexistência de saburra é comum. A língua seca indica desidratação, aparecendo em todas as condições em que há perda de água, seja por vômitos, diarréia ou por qualquer outro mecanismo. Outras causas de secura da língua incluem respiração pela boca e ingestão medicamentosa (atropina, antidepressivos).Língua lisa: esta condição se deve à atrofia das papilas. À inspeção nota-se uma superfície lisa ao invés da rugosidade própria da língua normal. A principal causa é a anemia, podendo ser observada também na desnutrição protéica.Macroglossia: significa aumento global da língua. O hipotireoidismo, a acromegalia e a amiloidose são as causas mais freqüentes.

46-Diferenças semiológicas da glândula tireóide na Tireoidite de Hashimoto e na Doença de Basedow-Graves.Os pacientes com hipotireoidismo por Tireoidite de Hashimoto podem apresentar bócio e não os sintomas do hipotireoidismo. O bócio pode não ser grande, mas geralmente é irregular e de consistência firme. Freqüentemente é possível palpar o lobo piramidal, e normalmente há um vestígio do ducto tireoglosso remanescente. Raramente a Tireoidite de Hashimoto não complicada está associada a dor.Na doença de Graves a tireóide geralmente está aumentada difusamente, de 2 a 3 vezes o seu tamanho. Sua consistência é firme, pode apresentar frêmito e murmúrio devido a crescente vascularização da glândula e circulação hiperdinâmica.

47-Explique as possíveis causas de dor torácica na embolia pulmonar.Na embolia pulmonar ramos da artéria pulmonar estão obstruídos pelo processo tromboembólico, há alteração da relação ventilação/perfusão, e esta decorre num infarto, que causa a dor torácica pleurítica (em pontada e ventilatória-dependente).

48-Qual a tríade clínica característica da estenose aórtica?(1) Angina pectoris: é o sintoma inicial em 50-70% dos pacientes com EAo (estenose aórtica) grave, podendo ocorrer concomitantemente com doença coronariana, mas a sua causa mais comum deve-se a uma crescente disparidade entre a oferta e o consumo de oxigênio pela hipertrofia do VE.

Page 17: Semiologia   questões e respostas

(2) Síncope: é o primeiro sintoma em 15 a 30% dos pacientes, sendo o seu aparecimento associado com uma expectativa de vida de 3 a 4 anos.(3) ICC (insuficiência cardíaca congestiva): a dispnéia, ortopnéia e dispnéia paroxística noturna indicam o aparecimento de ICC que, rapidamente, progride para fenômenos congestivos sistêmicos.

49-Explique a dor torácica na estenose aórtica.A estenose aórtica provoca uma obstrução fixa ao fluxo e sobrecarga de pressão ventricular esquerda. A hipertrofia compensatória do ventrículo esquerdo aumenta a demanda de oxigênio do miocárdio, podendo-se desenvolver isquemia, mesmo na ausência de doença arterial coronária, o que causará dor torácica em peso ou aperto.

50-Conceito de febre de origem obscura. Qual a sua principal causa infecciosa? E tumoral?A febre de origem obscura (ou indeterminada) pode ser definida através da presença de temperatura axilar maior do que 38,3ºC, em várias ocasiões, pelo tempo mínimo de três semanas e após uma semana de investigação hospitalar infrutífera. Suas principais causas infecciosas são tuberculose, malária, endocardite bacteriana e toxoplasmose; as tumorais são: doença de Hodgkin, adenocarcinoma metastático, linfomas e leucemias.

51-Conceitue, exemplificando, febre intermitente e febre recorrente.Febre intermitente: neste padrão de febre a temperatura se eleva acima de 1ºC, retornando ao normal no prazo de 24 horas. Os abscessos pirogênicos constituem sua causa mais comum, ao lado da pielonefrite aguda com bacteremia, alguns tipos de malária (febre terçã, quartã) e a tuberculose disseminada.Febre recorrente: a principal característica deste tipo de febre é a elevação da temperatura por vários dias, seguida de períodos afebris também prolongados. É característica dos linfomas, dengue, brucelose subaguda, borreliose, meningococemia crônica, malária não falciparum, e febre da mordida do rato.

(não pediu, mas vou colocar assim mesmo):Febre contínua: caracteriza-se por elevações persistentes da temperatura com duração de dois ou mais dias, e pequena variação diurna. Ocorre nas doenças do SNC, pneumonia pneumocócica, tularemia, psitacose e riquetsioses.Febre remitente: nela a temperatura está permanentemente elevada, mas há quedas diárias que, contudo, não chegam à faixa normal. Este padrão associa-se à brucelose aguda, endocardite bacteriana, viroses respiratórias agudas, pneumonia por Mycoplasma, malária por P. falciparum e neoplasias.

52-O que é uma síndrome paraneoplásica? Cite exemplos dessa síndrome no câncer de pâncreas, câncer gástrico e câncer de pulmão.Entende-se por síndromes paraneoplásicas conjuntos de sintomas e sinais que podem acompanhar ou anteceder neoplasias malignas de diferentes tipos celulares, decorrendo, a maioria desses sintomas ou sinais, da produção, pelo tumor, de substâncias não produzidas pelas células que o compõe, quando sadias, e não determinadas por invasão pelo tumor. As

Page 18: Semiologia   questões e respostas

manifestações paraneoplásicas não dependem da localização deste tumor, ocorrem à distância.

53-Fisiopatologia da hipoglicemia na intoxicação alcoólica aguda.O etanol é absorvido a partir do intestino delgado e transportado diretamente para o fígado, onde é metabolizado por reações de oxidação que interferem na síntese de glicose pela gliconeogênese. A ingestão excessiva de etanol desvia os intermediários da gliconeogênese para rotas alternativas de reação, resultando em síntese diminuída de glicose (inibe a gliconeogênese), o que acarreta a hipoglicemia típica do intoxicado por álcool.

54-Identifique as metástases à distância do câncer gástrico.

55-Identifique as metástases à distância do câncer de pulmão.

56-O que é a retinopatia de Putscher?A retinopatia de Purtscher é uma angiopatia hemorrágica caracterizada por hemorragias intra epré-retinianas, exudatos algodonosos peri e justas maculares e/ou dilatação venosa com importanterebaixamento da visão e recente história de trauma extra-ocular. O desenvolvimento rápido do distúrbio visual é uma apresentação comum e dramática destasíndrome, embora a severidade da perda visual possa variar extensamente, dependendo das áreasespecíficas de retina envolvidas. A retinopatia de Purtscher é uma patologia rara geralmente obscurecida por outras injúrias severas. Alguns possíveis mecanismos propostos seriam o aumento súbito da pressão intracraniana,com refluxo liquórico pelo nervo óptico e lesão endotelial hipertensiva; embolia arteriolar associadoa lesões torácicas compressivas e processos adreno-inflamatórios importantes; embolismogorduroso após fraturas de ossos longos; ou ainda à oclusão da artéria retiniana posterior poragregados de granulócitos decorrentes de processos sistêmicos extensos e ao mecanismo direto delesão capilar pelo próprio trauma. Todos estes culminariam num ponto final comum de alteração dapermeabilidade microvascular retiniana e alteração endotelial linfática que gerariam tais alterações.

57-Qual o conceito de coma? Como diferenciar, semiologicamente, sua origem metabólica da orgânica?Coma é um estado de inconsciência, habitualmente prolongado (com duração de horas, semanas ou meses), do qual o paciente pode ou não emergir. Esse estado de inconsciência não pode ser revertido pelos estímulos externos comuns, critério que permite distinguir o coma do estado de inconsciência do sono fisiológico. O coma é a expressão sindrômica de uma falência das funções encefálicas, podendo ser determinado por lesões estruturais do parênquima encefálico, por disfunções metabólicas e por intoxicações exógenas com repercussão no SNC.

Metabólicas Estruturais

Fisiopatologia Os centros de vigília são intoxicados ou ocorre

A lesão destrói ou comprime as regiões de vigília do

Page 19: Semiologia   questões e respostas

depleção de substâncias críticas;

tronco cerebral, direta ou secundariamente a lesões expansivas mais distantes;

Características Clínicas Padrão respiratório

Quando regular, pode ser normal ou de hiperventilação. Quando irregular, geralmente do tipo Cheyne-Stokes;

Irregular, principalmente respiração de Cheyne-Stokes ou atáxica;

Tamanho e reatividade pupilares

Iguais, reativos à luz. Quando forem em “cabeça de alfinete” por opiáceos ou colinérgicos, pode ser preciso uma lente de aumento, para observar a reação;

Podem não ser reativas, quando fixas e dilatadas por anticolinérgicos ou hipotermia;

Desiguais ou não-reativas à luz (fixas);

Posição intermediária fixa – sugere compressão mesencefálica;

Dilatadas, fixas – sugere compressão do III par craniano por herniação;

Nível de consciência Muda após a alteração das pupilas;

Muda antes da alteração das pupilas

Exemplos de causas Uremia, hiperglicemia, álcool,, drogas, insuficiência hepática, hipotireoidismo, hipoglicemia, anoxia, isquemia, meningite, encefalite, hipertermia, hipotermia;

Hemorragia epidural, subdural ou intradural, infarto ou embolia cerebral, tumor, abscesso, infarto, tumor ou hemorragia do tronco cerebral, infarto, hemorragia, tumor ou abscesso cerebelar;

58-Como diagnosticar uma parada cardíaca?A parada cardiorrespiratória (PCR), pode ser definida como a cessação súbita e inesperada dos batimentos cardíacos associados a ausência de respiração. O diagnóstico rápido e correto é a chave para o sucesso da reanimação cardiopulmonar (RCP). Os sinais usados para o diagnóstico são: ausência de pulso em grande vaso (carótida ou femoral), inconsciência, cianose e ausência de movimentos respiratórios.

59-O que é vômito porráceo? Em que situação clínica ele é encontrado?Vômito porráceo é um vômito de aspecto verde-escuro, da cor do porro, que indica estenose a nível do intestino delgado por oclusão intestinal ou por peritonites muito avançadas.

60-O que é pica? Exemplifique.

Page 20: Semiologia   questões e respostas

61-Estabeleça diferença entre paresia, parestesia e plegia.A paresia é a disfunção ou interrupção dos movimentos de um ou mais membros: superiores, inferiores ou ambos e conforme o grau do comprometimento ou tipo de acometimento fala-se em paralisia ou paresia.O termo paresia refere-se quando o movimento está apenas limitado ou fraco. O termo paresia vem do grego PARESIS e significa relaxação, debilidade. Nos casos de paresias, a motilidade se apresenta apenas num padrão abaixo do normal, no que se refere à força muscular, precisão do movimento, amplitude do movimento e a resistência muscular localizada, ou seja, refere-se a um comprometimento parcial, a uma semiparalisia.Parestesia: Distúrbio em que o paciente acusa sensações anormais (formigamento, picada, queimadura) não causadas por estímulo exterior ao corpo.Plegia: Termo geral, normalmente utilizado para descrever a perda grave ou completa da força muscular devido a doença do sistema motor desde o nível do córtex cerebral até a fibra muscular. Este termo, também pode ocasionalmente se referir a perda da função sensorial.