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pS“Sei que eu me enrolo com tanto projeto pendenteAh se eu soubesse como é osso ser independenteDepender de gente que nem sente o mesmo amor que eu”

O trecho da música “Só” do Kamau fez parte da produção deste segundo número da revista Sempre Magazine. Depois do sucesso alcançado no primeiro número, Ale, Rafa e eu sabíamos que as responsabilidades para o segundo edição seria maiores ainda.

Como o ambiente de uma revista é muito intenso, logo encontramos nosso ponto de equilíbrio e prosseguimos.

O fi m do ano de 2011, os trabalhos assumidos tomavam conta de nosso tempo, a buscas por pessoas que em grande parte preparavam-se para festas, faziam nada rolar. Quando não é possível fazer mais nada, entrevistas, fotos e tudo mais, obriga-toriamente, restam-nos aproveitar o momento para refi nar o planejamento da revista.

Assim a cada dia, a cada pedra no caminho essa música me vinha à cabeça superávamos as ausências e barreiras. Apren-demos com erros, crescemos e estamos prontos para outros desafi os. Que venham!

O ano virou. Havíamos percebido da impossibilidade do lançamento para janeiro ou até mesmo fevereiro. Rafa havia mudado de residência. Nosso novo e grande desafi o: trabalharmos as novas matérias, com qualidade superior ao primeiro número, duplicando o numero de páginas e matérias. Passamos de 66 para 131 páginas. Duplicamos nossas matérias: de 4 para 8. Tudo isto resumido em duas pessoas: Ale e eu. Para o Ale fi cou ainda a responsabilidade em manter o site Hayk, as postagens diárias nas mídias sociais. Decidimos fazer o melhor, não deixando de lado nossa meta, compromisso e periodicidade assu-mida.

A cada e-mail que recebíamos mais emocionados fi cávamos pelos relatos! O leitor é a engrenagem fundamentar desta revista. Sim, esse espaço é seu leitor. Você que tem alguma coisa para mostrar como, fotografi a, telas, pinturas, grafi tes, gravuras, poemas e o que mais sua imaginação permitir sempre é bem-vindo!.

Ao fi nal desta edição as matérias, relatos pessoais e fotos obtidas, temos absoluta certeza, superaram nossas reais expectati-vas. O DJ Big Edy nos mandou uma fi na seleção musical para a Sintonia Fina. Muito material de primeira linha chegou para rechear nossa Galeria. Conversamos com Henrique Fogaça sobre o espaço SAL, musica, skate e vida, regado em sua arte de bem receber as pessoas. Ouvimos “Depois de um longo Inverno”, manifestando nossa opinião com alguns questionamentos para o Badaui. Daniel Matera Moya nos deu uma aula sobre Flair. Rolou um bate papo, regado a risadas e cerveja com Rodrigo Chã. Jhony Alex entrou na sessão Happens. Registramos o último Sarau do Burro de 2011, que honra!. Recebemos do colaborador Felipe Gianiselle, os relatos de um surf trip incrível para o Peru.

Depois de muito trabalho, escrever, fotografar, selecionar matérias com amor e carinho, edita-las e corrigi-las, rever nova-mente, editorar, converter em PDF e aqui está: SEMPRE MAG. Nº 2.

Obrigado de coração a todos que nos ajudaram a concretizar este nosso sonho, tornando-o realidade, como o Herzog e Camila White pelas matérias e direcionamento de algumas entrevistas e correção de textos e a vocês que estão lendo e nos prestigiando com seus comentários, indicações no Face, Twitter, e-mail, telefone ...

Enjoy!Cristina Sininho Sá

Co-editora

Editorial

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Toda primeira terça-feira do mês, fique atento. Se, por acaso, você ouvir um coro de vozes cantando a frase “Tudo começa e acaba na cabeça”, você pode estar perto de ter uma das melhores experiências culturais que poetas e artistas podem lhe oferecer aqui em São Paulo.

Por: Cristina Sá Sininho Fotos: Cristina Sá Sininho

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m uma casa simples, mas bem situada no bairro Vergueiro, na zona sul da cidade, o coletivo 132 praticamente forma uma banda de artistas para dar início à celebração. A festa é o Sarau do Burro. E o pontapé inicial é um coro, como já falamos, com a frase “Tudo começa e acaba na cabeça”. Mas, o que ainda não contamos é que nessa espécie de coral/banda, o único instrumento usado é a voz. Cada um faz uma variável da frase, tornando aquilo que poderia soar maçante e monótono numa verdadeira música com status de “somos todos um, seja bem vindo ao Sarau do Burro”

O Sarau do Burro é um espaço onde as pessoas podem e devem falar, declamar, cantarolar seus poemas, suas rimas, suas poesias. Como diz o poeta nordestino Sola (Daniel Minchoni) ‘’Uma palavra encravada deixa doente e pode matar!’’

O espaço onde o sarau acontece é do Coletivo 132, uma casa criada por um grupo de amigos e artistas que já estavam cansa-

dos de levar tantos “nãos” das galerias de arte para expor seus trabalhos. Fizeram isso apenas para conseguir deixar a arte respirar em meio à falta de espaço e do mercado da arte que é e sempre foi mais mercado do que arte. O coletivo está há oito anos lutando e resistindo. Fazendo arte acima de tudo, af nal, o coletivo respira arte - até quando a casa vai cair, mas isso já é outra história, outra matéria...

Voltando ao sarau, a sala estava cheia. Na escada de entrada, pendurados na janela, lá estavam elas: três ... quatro ... até cinco pessoas. E na porta, a mesma coisa. Casa lotada para apreciar de graça o que há de mais valioso na arte: aquilo que vem de dentro, de pessoas comuns – ou não – como eu e como você. No meio da casa, pessoas sentadas em bancos, cadeiras, no chão ... sentadas onde dava. Lá não tem ordem ou inscrição. Uma poesia acaba e outra começa, as re-spostas rimadas são dadas na hora, na lata, na sequência. E quando ninguém tem uma resposta, lá vem outra sequência com outra poesia. A parada é frenética mesmo.

Qualquer um pode falar. O poema pode ser autoral ou de outras pessoas, o importante é se expressar. Quem recita o que escreve tem a oportunidade de compartilhar algo íntimo, af nal, pensamentos guardados são apenas pequenas porções de tesouro em forma de segredo. A real é que o dono - ou dona - de uma pensamento aprisionado muitas vezes não se dá conta de que aquilo, muitas vezes, pode ser tudo o que alguém precisa ouvir. Quem vai ao Sarau do Burro pela primeira vez logo aprende que para falar basta abrir a boca. E poucas vezes vimos duas pessoas falando ao mesmo tempo. Quando aconteceu, um gentilmente cedeu a vez ao outro. Sim, no mel-hor exemplo de respeito e auto-gestão. Assim a poesia f ui e f ui e f ui .... e as pessoas do lado de fora, e na porta e no chão aproveitaram a arte, ouvindo e ‘poemando’ neste que foi o último sarau de 2011, o ultimo sarau na rua nilo 132.

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Jerry Batista

Fotos: Cristina Sá Sininho

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Marcus Vinícius Enivo

Fotos: Cristina Sá Sininho

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Fotos: Cristina Sá Sininho

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Por: Dj Big Edy

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Olá amigos, “Foram me chamar, eu estou aqui o que é que há...” Em primeiro lugar, muito obrigado a minha amiga Cristina Sininho pelo convite...

Vamos lá! O plano é falar de música dar dica de discos e de repente, mas o hip hop (que é o meu seguimento). Está tão diversifi cada a música de um modo geral que também vou indicar pra vocês não só discos, mas outras ferramentas para pesquisa de hip hop brasileiro, Ok?

Primeiro quero destacar o disco de um grupo de rap que é bem diversifi cado com suas infl uências jamaicanas (sem fi car com cara de ragga) o CAOS DO SUBÚRBIO com letras fortes e vi-brantes e vocais que dispensam minha opinião, pois quem conferir esse tra-balho vai se deliciar com certeza e pensar junto afi nal traz o bom e velho protesto que sempre embalou e acom-panhou o RAP NACIONAL que é um dos gêneros musicais que não se cala diante do que os incomoda, destaque para as faixas “vai faiá” e “um emici” www.myspace.com/caosdosuburbio

Integrante de um histórico grupo de rap o CONTRA FLUXO trago pra quem ainda não ouviu o disco “Crônicas da Cidade Cinza” de Rodrigo OGI um disco temático que narra através de histórias o cotidiano de uma cidade com nome de santo (São Paulo). Bem divertido, crítico e boêmio Ogi conseguiu nesse disco extrair a visão urbana em formato de musica, papos, situações de bares, situações de perigo nas ruas, afl ições vividas por quem respira ar poluído e corre contra o relógio para cumprir suas tarefas. Com a belíssima capa que contém a arte do grafi tti desenvolvida por nada mais nada menos que os grafi teiros mais con-hecidos no universo do grafi tti “OS GÊMEOS” e com a indicação ao VMB de 2010 com o clipe da música “premonição” participações especiais de Lurdez da Luz, Rodrigo Brandão e vários outros. Enfi m, solta o play aê que ainda nem falei nada sobre esse grande clássico do hip hop sem duvidas!. Destaque para as faixas: “minha sorte mudou” e “noite fria”. www.myspace.com/ogidocontra

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Em tempos de baixas vendas de cd graças aos downloads, esse time vem trazer a público um disco de vinil, isso mesmo que voce leu a boa e velha bolacha está de volta e em grande estilo, o vinil CLÃ SUL RISCO DE VIDA é um disco de vinil pren-sado na Tchecoslováquia e traz consigo material bem brasileiro

com as músicas “Deixa” do Mc Arnaldo Tifu com partici-pação da cantora Paola e “Capão sem fuzil” de Sr Gallo da posse Conceitos de Rua, e no restante das faixas são batidas e efeitos para Djs e sonoplastas um lindo trabalho que faz parte do projeto Singela homenagem info: www.singelahomenagem.com.br adquira o seu em lojas espe-cializadas sugestão: Gringos records, Promo only dj´s, Beatz records, Pavilhão records, Ribeirão Preto - SP - BrasilGrayCamila Flórida cd´s, Trucks discos, Cash Beat records, A mágica do hip hop.

#YOUTUBEDicas pra você conferir vídeo clipes legais na redewww.youtube.com

01. RAPadura - Norte nordeste me veste02. Ogi - porque meu deus03. Cabes - O céu parece o mar04. Projota - pode se envolver05. Pau-de-dá-em-doido - Perigo06. Lurdez da Luz - Ziriguidum07. Tábata Alves feat Zinho, Indião e Phantom - União08. Slim Rimografi a - Ela é Zika09. Renegado - Minha tribo é o mundo10. Lino Krizz - Tudo Azul

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#SOUNDCLOUDDicas de músicas para pesquisar em www.soundcloud.com

01. “Arnon Função” - Jotaguetto02. “Coração sujo” - Som Sujo03. “Dj Big Edy” - afi nal tem coisa minha na rede também né? rsrsrsrs04. “Kuca d´sabre - Dub_u_Mental05. “Carrapato” - Lews Barbosa06. “Estilo de vida rap”07. “Lado Obscuro” - Solidariedade08. “Savave”09. “Otrafi ta” - Vinão alô Brasil10. “Primeira Função”

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Bom, galera, por enquanto é isso!

Tenho certeza que deixei muita musica boa de fora dessa vez, mas enfi m, continuem pesquisando, pois tem muita gente boa trabalhando pelo hip hop na-cional. Qualquer sugestão ou crítica ou elogios ou contatos, por favor, pelo e-mail: [email protected]

Para saber mais sobre o trabalho desse que vos fala: www.djbigedy.com.br é nois!!!!

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Por: Alexandre Marcondes Fotos:Cristina SáSininho e Rodrigo Chã

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Foto: Cristina Sá Sininho

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Um dos Stickrs mais conhecidos dos Brasil, Rodrigo Chã, nos conta um pouco da sua vida, projetos, trabalhos, graffi ti, Rock n’ Roll e muita arte.

SEMPRE: Como estão os projetos? O que você anda fazendo?

Rodrigo Chã: Então, os projetos são basicamente o trabalho, a banda e os roles de rua: pôster e grafi te, no meio tempo, quando possível, né? Nos últimos dois anos, eu acho, que ando bem devagar. Antigamente eu saia todo fi nal de semana ou então estava no role sempre com os banners na mochila. Onde eu parava, colava bem rapidão pelo meio do caminho. Agora, ultimamente, estou mais vagabundo também, e mais na correria de trampo. Quan-do rola um tempo mais de boa ou quero dormir ou quero fazer outro role, sei lá.

S: Você está trabalhando com o que?

RC: Estou trabalhando lá no Brás, em uma agência de cenografi a onde fazemos eventos. Ultima-mente, estou desenvolvendo um trabalho para a Brahma, no cir-cuito Ambev, rodeio, axé, circuitos de shows, onde trabalho a parte de cenário, camarote, entre outras coisinhas também.

Também estou com um grupo de umas 15 a 20 pessoas, um QG. Uma galera em comum de bandas e trabalhos. O pessoal tem uma casa lá na Santa Cecília, lá fun-ciona três empresas, são 13 pessoas. Meio que como uma união da galera. Cada um trampa com uma coisa, um com vídeo, outro com fotografi a, outro com arte, outro como arquiteto, sabe cada um de um meio e acabam fazendo os projetos juntos.

Recentemente eu fui para Paraty (RJ) com um amigo nosso, o João da Terra, que trabalha em uma produtora de fi lme. Ele chamou eu e um camarada meu, com que trabalhei fazendo cenários, chamado Isaac (Dev), para fazer um mural de pintura e pôster em Paraty, em um cinema. São várias coisinhas que, de uma forma ou de outra, profi ssionalmente ou não, sempre acabam rolando. Nós gra-vamos um vídeo no estúdio que fi ca dentro da casa que foi fi lmado pela galera dos fi lmes, que tem as câmeras, o pessoal da edição editou, o pessoal da trilha micro-fonou tudo, esse é um grupo em que todo mundo trabalha junto.

S: Meio que um coletivo?

RC: É, um coletivo mesmo.

S: Como é que surgiu esse projeto?

RC: Isso surgiu porque todo mundo era amigo desde moleque e estudava junto desde colégio quando tínhamos entre 10, 15 anos. E acabou que todo mundo foi para a mesma área. Esse pes-soal se juntou mesmo para pagar o aluguel de uma casa e abrir uma empresa. São 13 pessoas e 3 empresas, uma de arquitetura, a outra de fi lme e a outra de áudio. É uma casona, que em cima tem umas estação de trabalho que eles sublocam. Então nego vai lá e paga para usar o espaço ou a mesa, com tem internet, impressora, cozinha, sala de reunião. Assim acaba surgindo vários projetos e várias ideias, como esse lance de juntar as bandas. Lá se faz um monte de coisa ao mesmotempo! Acaba virando uma base.

Fora isso rolam os trabalhos pa-ralelos, porque durante o dia a dia eu mesmo trabalho lá na agência

e durante a semana, à noite, a gente faz os ensaios toda a sema-na, nós tocamos quando rola fi m de semana mesmo. E nesse meio tempo todo, tento encaixar umas pinturas, uns pôster. E pôster é uma coisa que é mais fácil também porque já deixo no porta malas, cola e um monte de papel. Não é uma coisa que eu preciso estar com um monte de material, eu posso ver algum lugar legal e colar só um cartazinho mesmo, peque-no, médio ou grande, ou sei lá, só um pôster que vai dois minutos ali e depois continuar também, não é aquela coisa que você vai e pega a pasta e pega as tintas e a mascara e põe tudo no chão e levanta a mascara e pendura. Tipo uma coisa mais, chegou já fez. E é por isso que também não tem esse lance de ‘’hoje eu vou sair para colar um pôster’’, sabe, acabo colando no caminho mesmo.

S: As produções dos stickers, dos pôsters, você faz na sua casa mesmo, como funciona?

RC: É, então, ultimamente, como eu não ando com muito tempo, não tenho produzido tanto assim. O que eu sempre fi z foi bastante serigrafi a, adesivo mesmo eu não tenho feito mais. Eu faço nas telas de serigrafi a, pôster eu tenho feito uns, também, com esses trampinhos que tem rolado eu tenho incluído umas impressões. Eu descobri um esquema de impressão A0, que o Zito usa também, faz “mó cara” que eu uso também. Rolou um trampinho no no Studio Rj, fi z mais umas séries de poster off set de uma cor. Então, eu tenho papel pra ‘caraio’. Ai então já é um material que já tem pra você pegar, colar, fazer alguma coisa grande sem pensar muito. Você já chega e já tem um fundo e já envelopa tudo e taca uma arte no meio e já era, já fechou.

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S: Você sempre está fazendo umas ‘produças’ no Studio Sp, né?

RC: É, então, eu fi z desde o primeiro que tinha na Vila Madalena e quando começou a rolar esse lance de bastante ex-posições e arte chamaram o Jey, a Matiss, o pessoal, eles me chama-ram também para cada um fazer uma paredinha dentro do salão da pista, que era lá em baixo. Depois que a gente fez aquilo, tipo, parece que a galera que frequentava o local curtiu. Quanado estava meio que no fi nal, rolou bastante inter-venção de uma galera, que che-gava no meio da balada e colava o seu tranalho. Eu colei o primeiro pôster ilegal no Studio, eu estava no meio da balada com a mochila com alguns pôsters e tinha umas paradinhas já coladas, foi então que eu taquei um puta pôster grandão no meio da escada, bem na subida. Eu e o Evol, o Denis, ele colou um tanque que era gigante (risos).

S: (risos) Voccês já chegaram colando?

RC: É, já tinham várias coisas lá.

S: O Studio SP migrou da zona oeste de São Paulo para o centro nervoso, logo na Rua Augusta. Você acompanhou esse trajeto todo?

RC: É, depois de maior cara eles fecharam o da Vila Madalena e abriram na (Rua) Augusta, me chamaram para fazer a casa in-teira, chamaram a mesma galera, para manter a mesma cara do antigo mas... Esse dominamos ger-al, a gente envelopou tudo. Isso foi o que? 2007 ou 2005, nem lembro mais, acho que 2005. Ai em 2011 rolou o Studio RJ. Eles estavam

me ligando desde 2010, tipo: “ah, a gente está pensando em refazer o da Augusta...”, mas eu vi que eles estavam com outros projetos, as-sim, eles deixaram no gelo e agora chamaram para fazer o Studio RJ, eu fui lá pro Rio e chamei a galera do Rio. E isso foi foda pra ‘caralho’, assim, um puta trampo, fora doze horas por dias, das 6 da tarde as 6 da manhã, rs.

S: Era você e mais quem?

RC: Era eu, o Rafo, o Cajá, Derita, o Wilbor, Wilson, Eduardo Deni, e mais meu primo, o Robson que

estava lá.

S: É muita vibe pintar no Rio né?

RC: Ah ,eu acho, de frente pra praia. E a galera estava empolgadaça, porque sabia que o trampo que a gente estva fazendo fi caria muito louco, uma ideia maluca, tá ligado, depois que a gente terminou o Rafa fi cava olhando assim, “mano, como a gente é idiota, mano, a gente é muito maluco” (risos). A gente pegou um pico e empape-lou tudo, tá ligado. Todos os detalhes, um puta

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Foto: Cristina Sá Sininho

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trampo violento. De doente! E a galera na maior vibe que nem tro-cava tanta ideia, foi mais cada um pegando um espaço e fazendo.Um olhava e falava “puta irado” agora vou fazer essa parte ou você? e rolou um astral muito bom. O tram-po foi mudando de uma forma natural e conversando. Chegava uma hora que um falava vou colar tudo de lado, todos começavam a colar de lado e a interagir com os outros.

S: Você já morou no Rio, mas nas-ceu aqui no Brooklin (SP), certo?

RC: Eu nasci em São Paulo. Meus pais quando vieram para São Pau-lo vieram para o Brooklin. Com um ano ou dois me mudei para o Rio, onde morei até os 13 anos. Morei bastante tempo na Tijuca.

S: Tenho uns primos na Tijuca, ali rola um funk pesado! rs

RC: É, você falou uma vez. É, tem que ir uma vez pra falar que não gosta. (risos). Quando eu era moleque o funk era muito popular, mas era uma coisa que ninguém sabia, mas era normal, desde a feira do Acari, isso no início dos anos 90. Desde que eu era moleque, desde uns 9, 10 anos mesmo, que eu comecei a escutar um som e gostar mesmo de Faith No More, Metallica. Antes eu tinha um monte de fi ta que eu gra-vava de rádio que tinha de tudo, desde Simple Red até Scorpions.

S: Não sei se você fazia como eu, fi cava apertando o rec e pause gravando as musicas na radio?

RC: Quando eu descobri uma radio, a fl uminense FM, eu fazia isso (gravar da radio). A fl umin-ense FM era um radio “under”, que só rolava umas bandas under-ground do rio, tá ligado, ai rolava umas bandas que jamais tocariam

numa radio. Descobri Body Count nessa radio, na época, deixei gravando e falei “nossa mano!” E nisso eu já estava curtindo várias coisas. Comecei a gostar mesmo de Simple Red e Scorpions, na verdade gostava mais de Scorpi-ons. Já seguia mais para essa linha. Alguém falou do Metallica e eu achei irado. Ai quando descobri o Sepultura fodeu, que eu já fui para Slayer e Napalm na sequência (risos). Eu falei “Nossa, é isso!’’. Moleque ainda, eu só gostava de fi lme de terror e som pesado. Quando eu tinha uns 11 anos eu andava com camiseta preta na praia (risos).

S: E depois dos 13 anos você veio aqui para São Paulo morar no Brooklin?

RC: É, ai já tinha esquema aqui.

S: Aqui você continuou com a

Foto: Cristina Sá Sininho

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cena undeground enraizada?

RC: É, desde moleque, eu curtia rock, skate, todas essas paradas e comecei a andar com a galera que tinha sempre um irmão mais velho que também gostava do role, conheci o Black Jack (lendária e extinta casa de shows undeground na zona sul de São Paulo). Eu conheci esses roles quando era moleque e meu pai não deixava eu sair, e eu falava “Pai, eu vou na casa de um amigo aqui” e meu amigo era tipo três anos mais velho, rs.

S: Pelo menos pra mim esse cenário dá época infl uenciou muito...

RC: É, tinha muita coisa que rolava na rua assim, aqui na (Rua) Pensilvânia mesmo, eu lembro que tinha um bar que era um murão de esquina, que era de graça. E toda semana rolava a maior galera, fi cava o Brooklin inteiro, em peso.

S: Você chegou a tocar no Black Jack?

RC: Várias vezes, umas sete. Lá, uma vez que eu fui tocar com o Carbono 14, no fi nal tinha dado 30 conto pra cada um e a comanda só do Manuel, o baixista, tinha dado 60 reais (risos).

S: Tudo isso que você foi passando na sua vida infl uenciou seu tra-balho?

RC: Acho que o meu trampo eu resumo assim, tipo o jeito que vejo a cidade, eu transformo em uma doideira e repasso pra ela. Sempre um elemento bem urbano, caos também de fi o, poste, sujeira, caveira, fumaça ...

S: Querendo ou não é o que a gente vê por aqui...

RC: É, então, é o que a gente vive São Paulo mesmo: Caos, muita informação, muitas vias e muita gente, muita coisa ao mesmo tempo. Então eu acho que isso também acaba fomentando ainda mais e quem ‘’é’’ acaba entrando no ritmo de Sampa. Você quer sempre ir atrás de mais cultura, de mais banda, de mais arte, de mais trampo, de mais... Uma coisa leva à outra. Um ciclo.

S: Eu me lembro das festas da Schering (Festa underground na Zona Sul de São Paulo). Você tocou lá no dia que o maluco caiu do telhado, né? (risos)

RC: Eu toquei uns dois dias que nego caiu do telhado (risos). Tinha até um que era amigo de um brother que eu conheci depois. Isso foi em 1997, 1998. A gente tocou em duas festas, acho que uma em 1997 e outra em 1998 ou 1999. O esquema dessas festas foi o seguinte: Nessa época tinha um amigo que fazia inglês comigo na Cultura Inglesa de Santo Amaro e os amigos dele que agilizavam a festa. Ele também era envolvido. Ele me falou: “vamos tocar na festa ai” eu falei, nossa irado, festa dos Brothers. Quando a gente chegou, era cedo. O pico uns gal-pões gigantes muito louco, onde os caras colocavam uns latões de tinta no corredor, e tacavam fogo.O galpão tinha um pé direito de 5 metros, 10 metros, sei lá, era gigante. Ai tinha um corredor com varias salas e cada sala era um tipo de som. A primeira vez a gente to-cou foi na primeira sala, com uma luz vermelha virada para a parede. Só tinha aquela luz.

S: E você está com banda desde aquela época?RC: EMICAELI, minha banda, a gente toca há 15 anos. Já passou

por varias fases, a formação acaba sendo sempre a mesma galerinha, já teve um brother que saiu, o Leo, que está morando na Austrália já já uns 5 anos, casado com fi lho.

S: E agora acabou a banda?

RC: A princípio sim, mas vai saber daqui a algum tempo... Eu já tinha saído da banda antes, em 2004, e voltei em 2008. E sai de novo esse ano.

S: Mas por quê?

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RC: É que na banda todo mundo é brother mesmo, não tem essa coisa de treta, mas acaba. Nesse meio tempo tinha o EMICAELI que foi minha primeira banda de moleque, estava começando a aprender a tocar guitarra. Em 2003 que a gente fez o Carbono 14, e tiveram vários pro-jetinhos no meio de ensaio com os Brothers. O Carbono 14 era mais punk rock/hardcore, uma pegada mais Cólera. E nesse meio tempo também teve o pré BadTrip Surfdeath que era eu, o Dentão, outro batera, o Bruno que era o -

baixista. Mas outra galera que fazia outro tipo de som. E acabou que o batera começou a faltar no ensaio, chegava ao ensaio e não tinha ninguém para tocar batera, então o Dentão chegava e tocava. Foi as-sim que ele começou a aprender a tocar batera. Nem pedal de bumbo ele tinha (risos). Pegava empresta-do e começou a dominar a parada. Hoje em dia você ouve o Bad Trip e o cara faz um som nervoso, com pedal duplo.

S: Esse foi o último EP que vocês lançaram?

RC: É, esse saiu agora quase (ini-cio de dezembro de 2011)

S: E como foi a formação do Bad Trip? Vocês já se conheciam?

RC: O Dentão que é brother desde o colégio, foi do EMICAELI, e o primeiro baixista era o Bruno, que também era do colégio. A gente começou a ensaiar, mas ele é casado e começou a ter problemas de trampo, porque ele trabalhava nuns horários sinistros, o cara trabalhava com uns bagulhos de

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web, on-line, fazia coisa com os caras na china das 11 da noite as 6 da manhã. Não tinha tempo de ensaiar, ou ele ensaiava ou ele fi -cava com ela em casa. Ai começou a rolar umas tretas.

S: Você estava me falando sobre o coltivo Tsuname, Conte-me mais?

RC: O coletivo do Tsuname aca-bou virando a junção das bandas. Bad Trip, Emicaeli, Sheila Cretina e Câimbra. O baixista do Bad Trip, o Manuel, também toca no Câimbra, o Alexandre que é do Emicaeli também toca no Câim-bra. O negão que é batera do Câimbra toca também no Sheila Cretina. E o vocal do Câimbra também é do Sheila Cretina. Então são 11 pessoas que formaram 4 bandas, e são 4 bandas de estilos bem distintos, bem diferentes. Bad Trip mais hard-core, metal. Emicaeli é mais grungera, psicodélico. Sheila Cretina é rock ‘n’ rollzão rifado, e a Câimbra e tipo slud, estilo Black Sabbah, Melvin, mais derretido com uns riff s tortos.

S: E como vocês fi zeram esse CD?

RC: É SMD, SMD é uma tecno-logia dos caras lá, do Chrystian & Ralf, sabe? Que não é o CD, o CD ele tem um custo por causa do material que é feito, e ele inventou essa tecnologia que é igual ao CD, só que outro estilo de prensagem, que é muito mais barata, custa no mínimo 30% a menos, eles fazem caixinha mais simples sem ser de acrílico, sem muito trabalho justamente para baratear o máx-imo. A imposição deles é impor o preço na capa. Que é para você não vender a R$30,00. Exatamente para os CDs de bandas independentes, se possível, serem feitos com um preço acessível. Todos partcipantes do Coletivo fez no

esquema SMD.

S: O som infl uência totalmente no seu trabalho artístico?

RC: Ahhh ... pra caralho!!!! A arte e o som infl uenciam um ao outro. Por que é aquele lance da vivência, é por estar na cidade, São Paulo, informação, poluição, tudo bem mais poluído, um monte de coisas sobrepostas. Mas ao mesmo tempo eu também sempre gostei de brincar com a simetria estilo M.C. Escher que possui um peso visual.

S: Falando nisso, quais são as suas infl uências na arte?

RC: Na verdade, minha infl uência vai desde punk rock e metal no som, e no visual, zines e xerox, sabe dessa coisa meio suja. Os logos de banda com os forma-tos pontudos, caveiras, desgraças essas coisas assim (risos). E ao mesmo tempo também vários tipos de artistas. Desde de o mais contemporâneo a M.C. Escher, Andy Warhol, Basquiat. Magritte do surrealismo é o meu favorito. A galera gosta muito de Salvador Dali. Eu gosto pra caralho tam-bém, mas é que o Magritte é uma outra pegada.

S: Como você foi parar na rua para pintar?

RC: No começo, desde moleque, tinha a mania de pegar a lata de spray e escrever Slayer na parede ou alguma coisa. Isso com uns 13 anos. Mas eu comecei a pintar na rua mesmo na época que estava fazendo a faculdade que a gente começou a ter umas pirações. Eu fi z designer gráfi co na Belas Artes. Nós estávamos fazendo um trabalho de faculdade que possuía um tema super amplo: “São Paulo” (Risos). Eu pirava naqueles pai-

néis gigantes, naqueles muros que tinha nas avenidas Santo Amaro, Robert Kennedy, que era uns paredões gigantes com um monte de lambe-lambe, que depois rasgavam tudo e fi ca aquilo tudo colorido sem forma uma coisa muito louca. Eu sempre curti e até tirava umas fotos por achar muito louco. Nisso eu e a Camilinha, que estudava comigo, começamos a ter uma ideia de usar o pôster para fazer algum desenho e frase em pôster. Foi bem na época de fusão total internet, fotolog, blog e tal. Nesse mesmo tempo a gente começou a descobrir que tinha uma galera que fazia pôster, ade-sivo - que é o Sticker. Dessa forma, nós levamos a coisa para uma ideia pequena e simples. A partir disso, desse lance da internet que a gente já tinha feito algumas coisas, foi que a gente descobriu que já tinha uma galera, que existia todo esse mundo. Com o fotolog nos descobríamos que muitas pessoas já faziam isso lá do outro lado do mundo e rolava até umas trocas. A primeira pessoa que conheci foi o SHN, Muxi-Muxi e o Ricardo que morava aqui, o Farofa (Sesper) que também mora aqui do lado, tinha ainda a Fefe, Curru, Carlinhos. Esses foram os primei-ros contatos. Começamos a fazer produção de adesivo, e brotou muitas possibilidades, começa-mos a conhecer mó galera que fazia isso, foi quando as trocas de trabalhos começaram de fato a acontecer. Nos mandavamos para a galera da China e qualquer outro lugar do mundo que tinhamos contatos do fotolog. Isso foi louco por que nessa época a gente fazia muita troca. Todo mês eu levava uns treze pacotes para o correio. E nesse meio tempo a galera man-dava os deles também. Eu sempre andava com uns adesivos.

Ultimamente está mais difícil. O

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adesivo eu acabo sempre tendo. Meu acervo de material mesmo pronto tem um monte de saco com adesivos velhos, sabe, aquele que você fi ca meio com dó, acaba guardando, tem uns que você es-quece. De vez em quando eu vou tirando uns velhos que eu nunca mais vi e saio colando. O adesivo funciona quando você está andan-do o sinal tá fechado, não estou fazendo nada, em vez de fi car um minuto parado eu pego o adesivo e colo.

S: Tem uma vez que foi muito foda, dentro de um banheiro no meio da estrada tinha um adesivo colado seu eu falei ‘’caralho!!!’’

RC: (Risos) Eu já houvi umas 10 histórias sobre isso igual a sua. Eu sei, é na estrada, na Fernão Dias indo para Belo Horizonte. Por que essa foi uma viagem que agente estava bem louco e se perdeu na estrada. A gente pa-rou em todos os postos. Ou para comprar mais cerveja ou para mijar ou para tomar mais café,

por que estava todo mundo muito louco!!! (risos). Eu já ouvi umas 10 histórias igual a essa “Puta, eu tava parando em um posto X, fui pagar a conta tinha um monte de ade-sivo de moto clube e tinha o seu lá no meio’’ (risos). O meu amigo Helinho, da banda Questions, foi mijar ai ele olhou bem no canto que tinha um ferrinho e viu um adesivo pequeno meu e falou: “Filho da puta, meu!!!!”(risos).

S: Qual que foi a ideia da pomba o símbolo do projeto?

RC: Nesse momento que começa-mos a descobrir tudo, nos falamos pô vamos defi nir um nome, um logo, uma marca pra gente assinar e tal. Ai que eu pensei tem que ser um pombo por que é um animal urbano de São Paulo, não só de São Paulo, mas de qualquer cidade grande. Pombo é um animal urbano que vive nos cantos sujos escuros se reproduz que nem uma praga. Uma galera odeia e outros gostam. Essa ideia da assinatura, ser o pombo representa a cidade, tem essa ideia de ser um vírus uma praga, tem um espacinho ali você já deixa, tem um atrás da placa você deixa também, tipo qualquer lugar que vai passando vai dominando pelas beras.

S: A ideia do sticker é uma coisa muito foda!!!

RC: O adesivo é uma coisa legal mesmo por que remete aquela coisa de criança, tipo alto colante, ‘’vou colar aonde?’’ Você ganha o adesivo, pode ser uma bosta, pode nem ser tão legal assim, você fi ca olhando para suas coisas assim, minha geladeira, guitarra, armário aonde eu vou colar?

S: Sobre o projeto, qual foi a ideia vocês começarem mais pensando em o que?

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RC: Eu e a Camila eramos da mesma sala, ela morava na zona sul, em Interlagos e eu no Brooklin. A primeira ideia do projeto era fazer frases com inspiração dos lambe-lambes colados pela cidade tipo: Show do Robério no patativa, show de não sei quem no sei lá aonde, e só botar umas palavras soltas. Não botar data, nem nada e entrar com umas frases ‘’olhe mais para sociedade’’ com esse lance de querer chamar atenção para a própria cidade, para ela se conversar. Então, o lance do ade-sivo fl uorescente, foi que nem os lambe-lambes fl orescentes off -set serigrafi a pra se destacar. Usamos o fl uorescente para chamar aten-ção mesmo e gerar um ruído. Isso funcionou “pra caralho” por que, a partir do momento que você vê uma vez, você começa a ver em todo canto, todo lugar. Então foi esse lance de gerar um estimulo para você olhar mais, para você olhar ao seu redor, no caminho que você está indo para escola, trabalho, pra casa, pode ser um pouco mais legal não se tornar tão cansa-tivo, essa é a ideia do adesivo, do pôster. O adesivo principalmente por que ele é pequeno e rápido e pode estar em qualquer lugar. Ao mesmo tempo em que ele é rápido você pode fazer um milhão de ser-igrafi a colar em um dia e amanhã vai ter metade ou pode não ter ou pode ter de outras pessoas ao lado é uma coisa que gera muita comu-nicação. Nos percebemos muito da galera começar a falar isso aqui é sticker por volta de 2004, 2003. Ninguém sabia, de repente, teve o bum do sticker por volta de 2004, 2005. Mas a partir do momento que você se perguntava ‘’sticker é uma arte que a galera imprime ou xeroca faz de um milhão de jeitos e cola na rua.’’ Você nunca viu uns desenhos soltos assim? A pessoa começa ver, e fala: “nossa, nunca

tinha percebido, mais do lado de casa tem um monte, não sei aonde tem um monte, no centro tem um monte”. O olhar da pessoa muda. Tem aqueles pontos de concen-tração tipo rua augusta, paulista, centro .... Ali foi o primeiro pólo do sticker.

S: Como é poder fazer o seu trabalho em São Paulo que é uma das maiores cidade do mundo?

RC: Na verdade, eu já pensei sobre isso quando estava em outros lugares, por exemplo, em Jericoacoara (Ceará). Meu tra-balho não tem a ver com Jericoacoara, tem a ver com São Paulo, ele é feito por São Paulo, ele conversa muito mais aqui, tem mais sentido aqui. Eu vou para um puta lugar bonito e vou colar umas caveiras, umas poluições, poste? Acho legal também esse contraste, essa relação. Mas o meu trampo é dessa forma por que eu vivo São Paulo. Acho que se eu morasse na praia iria começar a desenhar sei lá sol, lua (risos), Peixe, tartaruga. Então, fora isso, tem a infl uência grande da cidade e das coisas minhas, do skate, musica, é natu-ral.

S: Como funciona quando você vai fazer um graffi ti, o passo a passo. Você tem um manual? Meio algo que você segue a risca ou não?

RC: Eu como desde que rolou o primeiro Studio e outros trampos no esquema de poster off -set em bastante quantidade de uma textu-ra repetitiva, as vezes eu vou fazer um trampo já vejo uma paredona grande e nem penso: enquanto eu vou colando o fundo eu vou pensando no que vou fazer e isso também abre a possibilidade de fazer umas coisas grandes. Que eu posso fazer um puta padrão

gigantesco só de recortes, do jeito que eu for colar não precisa ser retinho e chegar ao meio bater um stencil. Eu colo um pôster, faço alguma doidera e já virou um puta trampo grande, que é diferente de você pegar e fazer um personagem em grande escala e fazer uns personagens pequenininhos. O lance de ter a repetição, quanti-dade, funciona bastante para isso. Poder alastrar de uma forma mais simples. Porra, até os pôsteres do Zito eu pago mó pau e faz mó diferença a escala. Pega aquelas folhas e cola 15 folhas A0. O ba-gulho é do tamanho de um prédio gigante.

S: Você falou do esquema de im-pressão do Zito. Como funciona?

RC: Eu tinha um esquema que eu imprimia antes que era barato de impressão grande também, eu já tinha chegado a fazer lá no centro, e nesse mesmo lugar que o Zito fazia os dele, eu fazia em preto e branco. Assim, em A3, então eu fazia umas coisas grandes só que eu montava no Corel para dividir em A3, então fi cava umas 200 bar-ras. E já pedia para refi lar ou eu mesmo refi lava um lado de cada folha. Quando chegava em casa já colava um no outro, fazia tudo e cortava tudo em volta. Na mesma gráfi ca fazia esse lance maior.

Eu faço uns trampos vetorizados, pego umas referências, de foto, desenho, imagem, internet, de livro, de varias coisas e acaba tudo passando para um processo digi-tal, porque eu tiro foto ou esca-neio. Hoje em dia tem câmera até no celular. Qualquer coisa que eu acho irado eu tiro uma foto depois trabalho em cima, desenho em cima ou, as vezes, uso a própria foto.

S: Eu (Alexandre Marcondes) já

Page 34: Sempre 2

34Sempre - Março 2012pintei algumas vezes com você. Você pintava com a Magrela, com o Funto ... Ultimamente eu vejo bastante trampo seu com o Danielone né?

RC: Esses tempos nesses últimos dois anos, estou mais vagabundo para sair pintando longe. Ultima-mente eu não estava frequentando os picos, trombando a galera, o Daniel, puta o cara mora aqui do lado e ele pinta, e de vez em quando chega um sabadão, dá três da tarde, ai eu ligo “Eae, você está fazendo o que? Não esta fazendo nada? Vamos pintar aqui do lado”. Pronto! Nós vamos rapidão pintar e é bem mais tranquilo.

S: A gente chegou a pintar junto o Daniel, Você, a Magrela e eu no muro do Anhembi Morumbi. Lembro que estávamos pintando ilegal lá e de repente chegam uns professores já falando “Nossa, que lindo, vocês foram convidados pelo pessoal de moda?” ae todos “Sim fomos, fomos” (risos) era bem no galpão de moda que nos estávamos pintando. Era uma parede lisinha novinha e você viu que fi cou lá? Os caras pintaram tudo e fi zeram um recorte em volta do nosso trampo.

RC: Os caras pintaram os ferros que tinham até em cima, pintaram de branco. Onde não tinha nosso trampo eles deixaram. Onde eles pintaram de branco nos ferros fi co tudo respingado, tipo intervenção. Da hora, nesse dia também estava mó tempo fechado, trovejando, a gente falou ‘’vamos tomar uma breja?’’ Acabamos de pintar e estava ‘mó’ calor, ‘mó’ solzão. Nós paramos no buteco pra tomar uma breja ai o Daniel “Pô, mano, vai chover, vou embora” ... pegou as coisas e foi embora para casa. Depois de umas duas horas ele mandou uma mensagem

“Porra, nem choveu, me fodi mano!!!!”(risos) “Tô aqui fazendo nada!!!!” (risos).

S: O graffi ti mudou muito de um tempo para cá, né?

RC: Tinha uma fase legal. A gente se trombava e todo mundo saia colando pôster. Uma hora acabava material e a cola, acabávamos todo mundo indo para o bar mesmo.(risos). Teve uma vez que o Edu, que morava perto da Frei Caneca, descobriu um estacionamento que estava abandonado a ‘mó’ cara que ninguém colava lá e a grade estava quebrada. Se você pegasse e empurrasse o portão ou puxasse ele abria muito fácil e você pas-sava por ele. O estacionamento era grandão e as paredes era todas brancas. A galera se organizou e chamou todo mundo. Colou mais de 50 malucos nesse dia (2005, 2004) desde Acne, Zezão, Titi Freak, MZK, Renan, Curru, Fêfe, muita gente. Cada um pegou uma parede, que era gigante, e foi fazendo seu trampo. Uma hora colou a polícia. Os vizinhos que moravam no prédio em volta chamaram por que a gente domi-nou o pico! Só faltou montar uma churrasqueira (risos). A polícia chegou e autorização estava com o Fat Luz. Desde o começo do papo era que a autorização estava com ele, mas talvez ele chegasse por último “sem problemas”, “Foda-se”. Metade da galera já tinha acabado e resolvemos montar uma mesa gigante para tomar umas. De repente o MZK chega no pico atrasado, ele e a Prila. Eu desci para tirar umas fotos e encontro o MZK colando uns pôsteres. Eu falei “porra ZK”, ele “cheguei atras-ado!”, “Porra, sai daí que os poli-cias já colaram aqui” (risos). Nessa época tinha mais esses lances, era outra fase. Agora é outra correria, tem galera que trabalha com arte.

Nessa época a galera tinha ‘mó’ trampo legal. Todo mundo estava se conhecendo, todos se estimu-lando. Depois veio uma molecada fazendo uns trampos que são tristes!!! Esse lance do cidade cinza deu uma bodiada na galera que fazia uns trampos bonitos pela cidade. Em compensação surgiu essa galera que faz esses bombs e trampos toscos por todos os cantos sem preencher direito só para marcar.

S: O que é mais satisfatório para você pintar?

RC: Tem o lance da satisfação pessoal que todo mundo tem, desde o cara que faz os bagulhos toscos. É tipo uma terapia! Às vezes a gente sai sozinho e pinta aquela parede só por pintar, para relaxar, uma diversão sabe? E também tem o lance de estar na rua pintando muitas vezes ilegal e as pessoas estarem olhando, sabe essa aventura de estar na cidade. O lance de procurar um lugar que se encaixa com os trabalhos. Às vezes vai ter um lugar que ninguém vai ver mais eu olho e falo “Nossa, olha aquela parede que irada!”, e eu poder interagir com aquele espaço. Tem até lugares como quando eu trabalhava no centro, tinha um lugar que eu passava todo dia. Aí eu olhava para aquele lugar e falava “Puta, eu queria fazer um trampo aqui” Eu já fazia meio que uma medida pensando em um trampo ali mesmo. Para conver-sar com aquele lugar .

S: O que você pensa sobre o futuro da arte?

RC: Eu acho que não tem como saber. Hoje em dia já existem discussões que já não existiam antes, esse lance da galeria. Tem galera que já fi ca “Ahh, por que

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você é artistinha”, “Não, por que eu sou da rua”. Tem todo esse papo, afi -nal já virou um nicho de arte que é super respeitado. É irado que seja mesmo, é uma outra ideia de arte, é uma arte que pode durar 2 minutos, uma arte livre. Essa discussão do que é graffi ti o que é real? Vai ter outras questões que vão confl itar também e vão gerar outras discussões. As coisas fl uem. Uma hora pode todo mundo cansar e ter um outro tipo de expressão, chegar com umas projeções e não pintar mais.

S: Falando nisso, você viu as para-das de mapping?

RC: Pô, eu to pirando com uns bagulhos desses com o Izaac, também de brincar com reali-dade aumentada, com QR code, com essas novas mídias para botar na rua.

S: Tem alguma pergunta que você sempre sonhou em responder e ninguém nunca nem fez?

RC: Tenho mais vai acabar a ba-teria do gravador até eu pensar (risos).

Foto: Rodrigo Chã

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A arte dos Coquetéis.O maior Flair do Brasil.

DANIEL MATERA MOYA

Por: Alexandre Marcondes Foto: Cristina Sá Sininho

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Foto: Cristina Sá Sininho

Foto: Cristina Sá Sininho

Foto: Cristina Sá Sininho

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Com uma lista de grandes prêmios no circuito brasileiro de Flair, incluindo disputas internacionais, Daniel Matera Moya é hoje um dos mais respeitados bartenders do Brasil. Mas, como ele mesmo diz “ainda não estou satisfeito”.

Ainda novo, foi apresentado para a arte da co-quetelaria e Flair pelo seu primo Pablo Moya, hoje especialista em mixologia molecular e em drinks defumados. Aos 17 anos de idade, Daniel não podia trabalhar na área devido ao manuseio de bebidas al-coólicas, porém o seu primo o ensinou as técnicas do Flair (a preparação de bebidas através de malabares com garrafas). Os treinos se tornaram constantes. Com oito meses de treinamento, ele fi cou sabendo que haveria um campeonato dentro de alguns dias e resolveu se inscrever para a apresentação da arte de performance. Como a apresentação não contava com o coquetel, só performance, aos 17 anos sua primeira marca seria cravada ao atingir a quarta colocação num campeonato old school, onde boa parte dos competidores já treinavam há mais de dois anos.

Com isso, seus treinos se tornaram mais fortes e ele fez disso uma profi ssão. Outros campeonatos acon-teceram, de 2004 até 2009, época em que circuito de Flair no Brasil era muito grande. Foi quando suas colocações começaram a ser realmente boas. Daniel nos conta: “Comecei a ganhar uma grana, foi quando eu comecei a treinar mais ainda”! No Brooklin, na rua Flórida, de esquina com a rua Nova Independência, no Bar Todos os Santos, sua base foi reforça-da graças ao espaço que o local tinha e os campeona-tos de Flair que abrigava. Logo depois que fechou esse local, recebeu o convite para trabalhar para a Flair Brasil. Lá, novamente o seu treino foi reforçado, o que abriu novas porta para mostrar os seus ensina-mentos para outras pessoas. “Quando eu fui ver eu já era professor e a Flair Brasil estava crescendo, as salas se tornaram maiores, tudo estava mudando, muita gente querendo fazer cursos. Foi quando começou a rolar vários campeonatos. “Então surgiu a minha primeira grande oportunidade de competir fora do Brasil.”, nos contou.

High Level

Daniel não tinha nem noção do quanto os outros países eram mais evoluídos do que o Brasil. Mas, em sua mente, a única coisa que passava era medir sua qualidade com pessoas diferentes, pois aqui no Brasil o seu nome já estava cravado no primeiro lugar em diversas competições. “O engraçado é que

os melhores do mundo são da América Latina, mais especifi camente de Buenos Aires, Argentina, que é aqui do lado. Buenos Aires já foi considerada a Capital mundial do fl air. A galera ia para lá por causa da universidade chamada Universidad Del Coctel, onde todo mundo desse meio procurava fazer vários cursos e aperfeiçoar suas técnicas”.

Foi então que, com passagens em mãos, realizou sua primeira viagem internacional, claro, para disputar um campeonato na terra do Hermanos, Argentina, que lhe possibilitaria a competir num dos maiores campeonatos de Flair do mundo, que ocorre em Londres, Reino Unido. Ao chegar meio perdido m uma quinta–feira, Daniel entra na primeira etapa para disputar com cerca de trinta pessoas. O nível do campeonato era absurdo e somente seis pessoas se classifi cariam para a segunda etapa da competição que durava até domingo. O incrível aconteceu! Clas-sifi cado em primeiro lugar (Em seu primeiro campeonato Internacional) as pessoas não acreditavam no que estava acontecendo. Muitos nunca tinham escutado falar daquele garoto e fi caram malucos.

Infelizmente Pablo, o primo dele que inclusive o incentivou a começar a praticar o fl air, não teve a mesma sorte e não se classifi cou. A fi nal não seria naquela mesma semana, então o vôo de volta ao Brasil já estava programado e a volta sozinha para o campeonato também. Na volta à Argentina, com-pletamente perdido, pois não sabia falar nada de es-panhol ou inglês, conseguiu chegar à fi nal das elimi-natórias, mas não foi tão bem na segunda etapa. Seu objetivo era chegar entre os dois primeiros lugares para ganhar a tão sonhada passagem e hospedagem para a vaga no mundial em Londres, onde competiria no circuito Road House, um dos mais consagrados campeonatos de Flair do mundo. Mas infelizmente não foi dessa vez!

A ousadia Brasileira

Depois de algum tempo, lhe veio à oportunidade de disputar um campeonato na Rússia, com seu primo que seguiu sempre ao seu lado. Os dois pas-saram algum tempo juntando dinheiro para tão sonhada competição. Mais do que compensatório! “Esse campeonato foi considerado um dos maiores do mundo na historia em termos de dinheiro, nu-mero de competidores e público. O primeiro lugar ganhava 50.000 dólares, 20.000 dólares o segundo e 10.000 o terceiro. Do quarto até o décimo era 1.500 dólares, isso foi só de premiação. Esse campeonato

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40Sempre - Março 2012foi realizado pela Bacardi. O nome era ‘’Bacardi Pro Flair Moscou – Rússia”, conta Daniel. Aproveitando a viagem à Rússia, que é muito cara, os dois pensaram em aproveitar para tentar pegar uns dois campeona-tos, pelo menos, na Europa. Diferente do Brasil, a Europa promove diversos torneios de coquetelaria e Flair. Seu caminho seria o tão sonhado Road House. Em sua primeira participação, entre 80 competi-dores, Daniel fi cou em 14º e seu primo em 12º. E, na segunda vez fi cou em 12º e o seu primo em 13º. Em uma das suas idas à competição, Daniel chegou a conquistar a 9º colocação e em uma etapa pegou o segundo lugar. “O difícil é enquanto a gente compete duas vezes ou três por ano, os caras competem duas vezes por mês. Enquanto nós temos 10 competições por ano, eles tem 50 ou 60. Então a base dos caras para se apresentar para a plateia é bem mais fria e calculista, é muita experiência em competição, eles possuem. Um bom controle de adrenalina, que é desenvolvido só com muita competição”.No Brasil Daniel é líder do ranking. Aparece em primeiro nos últimos 5 campeonatos . E, acredite se quiser, mas o skate e capoeira infl uenciaram muito o trabalho dele. Há mais de 6 anos ensinando as téc-

nicas do Flair a mais de 1.500 alunos, Daniel utiliza seu hobbies para mostrar os movimentos quando precisam ser executados com o lado ao contrario do corpo.”No skate existe a base regular e o switstence que seria a base contrária. Então eu mostro o movi-mento com a direita que é a minha base e depois eu faço o mesmo movimento com a esquerda. Você percebe que é o mesmo movimento, porem o estilo de execução é diferente. Quando o cara anda com a base na esquerda e ele muda para a direita quando ele girar a mesma manobra você percebe que aquela não é a base original, pelo movimento que ele faz. E nessa linha de raciocínio é que eu trabalho a metodo-logia de ensino dos meus alunos. Eu tenho meus próprios métodos de ensino desenvolvido muito em cima da base que o skate me proporcionou.”. Um dos seus truques nas apresentações é o U sem mão (Que seria a estrela sem mão), desenvolvido em cima da capoeira.Atualmente Daniel Matera Moya está desenvolvendo um trabalho no bar NOH, novo na cidade de São Paulo, localizado na Rua Bela Cintra, que pos-sui uma coquetelaria de alto nível proporcionando diversos tipos de coquetéis e alguns drinks especiais

Foto: Cristina Sá Sininho Foto: Cristina Sá Sininho

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Foto: Cristina Sá Sininho Foto: Cristina Sá Sininho Foto: Cristina Sá Sininho

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44Sempre - Março 2012para os apreciadores do licor sul-africano Amarula Cream. É o primeiro Louge da Amarula no mundo inteiro. Também, pudera. O primo de Daniel, Pablo Moya (sim, o mesmo do início da matéria) é um dos donos do bar e “Embaixador” da Amarula. Alguns coquetéis com o Amarula Cream são feitos a vácuo, como o drinque de melancia. A transformação (a vácuo) é feita a partir de uma seladora: No caso do Mojito Noh, por exemplo, ela retira a água da fruta e injeta rum e limão no lugar. Essa é uma técnica Francesa já utilizada na cozinha há muito tempo. Porem é nova no bar, mas o sucesso é garantido: o mojito é um dos coquetéis com mais saída na casa.

Representante e divulgador, o mixologista Pablo Moya conhece todo o processo de fabricação que acontece na África. Para isso, visita o continente constantemente, o que lhe possibilita um alto nível de conhecimento sobre a marca. O Coquetel preferido de Daniel chama-se Tea’s “O original é o Long island ice-tea que parece um chá. É show de bola. Ele é formado por quatro tipos de bebida alcoólica. Rum, Gim, Vodca e Control, além de limão, açúcar, um pouco de coca-cola para dar uma cor.”. No Bar a liberdade para criar os drinks foi dada por Pablo, que inclusive cobra novidades. Como chef do bar, Daniel organiza a quantidade de produtos que serão utili-zados para cada dia em determinadas circunstâncias e comanda o restante da equipe. “Nós trabalhamos com muita coisa natural. Eu trabalho com pedidos calculados para não ter problema de não poder uti-lizar o produto por causa de seu vencimento. Como responsável pelo bar, tenho que cuidar do vencimen-to dos produtos, caso a fi scalização entre para fazer a verifi cação sou eu que respondo pela qualidade dos produtos. Isso faz parte do meu trabalho. Eu busco a melhor qualidade do mercado de frutas e bebidas para estar no meu bar, por que não adianta você ter os melhores coqueteleiros reunidos e não ter um produto de qualidade, com um nível de qualidade alta”.A criação dos coquetéis vem com base nos drinks que estão sendo feitos pelo mundo e pesquisas diárias sobre a coquetelaria. Hoje, o estudo que chama a atenção de Daniel é uma pesquisa feita pela universidde americana de Harvard chamado “NU-

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VEM DE SABORES”. Nele há uma linha de harmo-nizações que o ser humano possui, possibilitando de-senvolver os gostos em cada área do paladar. Sempre atento com produtos novos e aprimorando técnicas de coquetelaria que já possui, mudando os ingredi-entes ou aperfeiçoando a técnica utilizada. Recentemente Daniel foi juiz de uma dos maiores campeonato do Brasil, o GREY GOOSE VIVE LA RÉVOLUTION de coquetelaria. Evento que contou com a participação de sete capitais (Recife, Salva-dor, Florianópolis, Curitiba, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo) e recompensou o jovem Diego Barcellos, do restaurante carioca Mr. Lam, com um prêmio de R$ 5 mil, além de uma viagem à França para conhecer a produção da Grey Goose, consi-derada uma das melhores vodcas do mundo. A seleção escolhida por Diego Barcellos especialmente para a ocasião foram os drinks: Memories of Pas-sion, Camboja e Sensações - o último acompanhado de uma esfera molecular da mesma bebida, para a pessoa que provar o drink ter no paladar as sen-sações sólida e líquida da bebida. Entre os fi nalistas, o premiado Marcelo Serrano, do MyNY Bar; Rafael Pizanti, ganhador da 2ª edição do campeonato; e Marcelo Vasconselos, vencedor da 1ª edição do even-to pelo Kaa e agora disputando pelo Tutto Italiano.Para o futuro, Daniel Moya pensa em desenvolver uma escola para repassar os seus ensinamentos sobre a arte do Flair e coquetelaria. “O mercado está em processo de desenvolvimento e cada vez está melhor. A mídia mesmo vem fazendo um trabalho bom, divulgando a coquetelaria e o trabalho que é desen-

volvido nessa área. As companhias como a Diageo Brasil, Bacardi, Pernod Ricard Brasil, vem fazendo um trabalho a longo prazo. Mas o brasileiro ainda tem muito que aprender em questão a coquetelaria. Na Europa e nos Estados Unidos, as pessoas já são mais aptas no ramo, pois fazem isso há muito mais tempo do que aqui no país. No Brasil, a cultura está crescendo cada vez mais pelo fato da gastronomia, possui um glamour por trás. Hoje em dia as pessoas procuram se informar sobre o que estão bebendo, fi car sabendo sobre a qualidade, buscando entender por que elas estão pagando aquele valor no coquetel, o mesmo que acontece na gastronomia. A ideia é tra-balhar a arte e o glamour que existe dentro da gastro-nomia”. Finalizou Daniel em nossa conversa.

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Por: Alexandre Marcondes, Cristina Sá Sininho Foto: Cristina Sá Sininho

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48Sempre - Março 2012““O tempo é rei! ”E só o tempo mesmo para mostrar que o CPM 22 não foi e nem é uma banda de apenas uma música ou temporada. Com mais de 15 anos de estrada, o CPM 22 anda fazendo shows de seu último álbum “Depois de um longo inverno”. Hoje, a banda é formada por: Badauí – vocal, Japinha – bateria, Luciano – guitarra e Heitor – baixo.

Não sou fã do CPM 22 (Alexandre Marcondes), mas passei a apreciar o trabalho dos caras. Músi-cas com sentimentos reais são sempre honestas. Depois de seis CD’s of ciais (sendo um ao vivo) lançados pela gravadora de Rick Bonadio, o CPM 22 passou por tempos conturbados.O contrato com a Arsenal foi quebrado e o guitarrista e backing vocal Wally deixou a banda. Um novo CPM, agora em vesão independente, lançou em 2011, Em minha opinião, o melhor álbum: “Depois de um longo inverno”.

O novo álbum do CPM 22 descobre novos caminhos, com uma sonoridade que está entre o punk rock e o ska-core. Dá para sentir as inf uências de bandas como Rancid, The Mighty Mighty Bosstones, Hepcat, Reel Big Fish e Chris Murray, além dos gloriosos The Clash, Ramones e Misfits.

Em sua primeira música do trabalho percebemos o novo direcionamento da banda que segue por todo o álbum.

‘’Abominável’’ começa bem marcada, no bom e velho estilo Hard Core Californiano. Com algumas participações dos “metais” agregado o Ska com Hard Core. Os saxofones, trompetes e trombones foram responsabilidade de Fernando Bastos, Paulinho Viveiro e Tiquinho.

A terceira faixa do álbum “Filme que eu nunca vi” conta com a participação de Mauricio Takara que tocou seu Vibrafone. Mauricio Takara aparece novamente em “CPM 22” um tributo aos fãs de longa data e que conta um pouco da carreira da banda. Esse tem muito questionamento nossos valores sociais uma letra muito boa que mostra esse novo caminho de uma banda em constante crescimento.

Patrícia Ribeiro apresenta um lindo solo de violoncelo na faixa “Minoria”. Daniel Ganjaman “com seus dedinhos mágicos” foi o responsável pelos sensacionais arranjos de órgão Hammond, piano e arranjos de metais. Backing vocals e vocais adicionais f caram por conta da cantora Neli Giogi e do guitarrista do Dead Fish, Phil Fargnoli.

‘’Março 76’’ conclui com chave de ouro o disco. Mas o álbum não acabou aparece ‘’10 Mil Vozes’’ como faixa extra.

Fernando Sanchez assina a produção do trabalho junto de Luciano Garcia (respectivamente ex-baixista e guitarrista da banda).

Ouça sem medo!!!

CPM 22 - Depois de um longo inverno (2011)

1. “Abominável” 2:57”2. “Vida ou Morte” 2:52”3. “Filme Que Eu Nunca Vi” 2:58”

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4. “Hospital do Sofredor” 2:59”5. “Cavaleiro Metal” 3:386. “Quem Sou Eu?!” 3:047. “Na Medida Certa” 3:378. “Um Pouco de Paciência” 3:119. “Sofridos e Excluídos” 2:5210. “Nova Ordem” 2:0111. “CPM 22” 3:2512. “Minoria” 2:41

Foto: Cristina Sá Sininho

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50Sempre - Março 2012

13. “Março 76” 7:20

A Sempre Magazine realizou uma entrevista com o vocalista do CPM 22, Badaui

Sempre: Voltar a ser independente deixou vocês mais livres para compor o álbum “Depois de um Longo Inverno”?Badaui: Na verdade nunca tivemos problemas de composição dentro das gravadoras que pas-samos, mas na gravação a mudança foi bem grande porque não tivemos a preocupação com uma estética comercial na sonoridade do disco. As músicas que viraram singles tiveram uma mix especial para as rádios sem interferir com a mix do disco. Essa é a maior diferença para os discos anteriores: a produção e mixagem feitas por quem ouve PunkRock.

Sempre: Como surgiu a ideia de colocar os metais no CD?Badaui: Antes de começar a compôr às músicas do “Depois de um longo inverno” conversamos sobre fazer algo diferente sem perder a identidade do CPM22. Decidimos trazer o SKA como inf uência e os metais foram consequência.

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Sempre: Vocês começaram na cena independente e depois passaram por gravadoras de renome no mercado. Como é para a banda, depois de tantos anos, voltar ao mundo inde-pendente? Fica uma responsabilidade maior?Badaui: É diferente se tornar independente depois de construir uma carreira sólida, apren-demos como tudo funciona e simplesmente estamos dando continuidade no que fizemos dentro das gravadoras. Continuamos trabalhando e divulgando o trabalho nas rádios, inter-net e TV, só que do nosso jeito. Não descartamos a ideia de voltar a trabalhar em uma gra-vadora grande, desde que sejam feitas boas propostas.

Sempre: Qual a opinião de vocês sobre o “PAC da musica” que consegue a isenção de im-posto em CD´s de musica? Nesse século de downloads isso ajuda?Badaui: Acho uma boa ideia, mas chegou tarde. Será difícil mudar uma situação que está en-raizada há pelo menos 10 ou 15 anos.

Sempre: O Itunes chegou ao Brasil vendendo música por menos de um real. O que vocês acham sobre esta proposta?Badaui: Acho ótimo, o problema é a cultura do país do jeitinho brasileiro, só o fato de não pagar já satisfaz o sujeito. Tem cara que prefere ir numa festa de merda porque têm bebida de graça ao invés de ir a um show ou qualquer outro lugar de qualidade que tenha que pagar R$20,00. Pra mim esse é o ponto fraco do nosso país, uma cultura enlatada onde 90% do povo consome qualquer merda.

Sempre: Quais são as inf uências da banda e o que vocês andam escutando ultimamente?Badaui: Escutamos de tudo dentro do PunkRock e Hardcore. A maior inf uência do CPM22 é a geração californiana dos anos 90 com bandas como NOFX, No use for a name, Rancid, Descendents, Bad Religion, Face To Face, Swingin’ Utters, US Bombs, Migthy Migthy Bos-toness (de Boston), Suicide Machines e por aí vai...

Sempre: Fale um pouco sobre o underground atual no Brasil e cite algumas bandas que vocês gostam.

Badaui: Acho que está voltando no tempo com uma molecada af m de mudar esse cenário docinho da geração nova. Rancore, Que f m levou Valdir, Bullet Bane (antigo Take off the Halter), Rejects SA, Kactus, Lamarca, entre outras têm feito algo verdadeiro como Garage Fuzz, Hateen, Blind Pigs, Dead Fish, Hurtmold, Peixoto e Machado, fora as mais pesadas Oitão, Desgraciado, Orosco, Medellin...

Sempre: Como é acompanhar esta cena de bandas querendo subir de qualquer jeito no meio musical, passando por cima de projetos demos e tudo como era feito antigamente e lançando-se na mídia sem uma identidade por trás?Badaui: É triste ver bandas sendo formadas aos montes, todas iguais, sem nenhum ideal. Nós precisamos olhar mais para os nossos f lhos, sobrinhos e crianças em geral e mostrar que a vida lá fora não é tão fácil como Facebook, Twitter e Playstation. Precisamos ensinar mais sobre a vida, sobre as guerras, sobre a ditadura que nossos país e avós enfrentaram. Ensinar a história do país e tentar construir mentes pensantes, com uma certa dose de revolta (no bom sentido) e que possam fazer a diferença lá na frente criando bons músicos, cineastas, escritores, etc... Além de bons cidadãos que não se contentam com o lixo que é imposto goela abaixo, para poder reivindicar algo melhor de quem comanda o país.

Sempre: Como foi ganhar o Grammy Latino com o disco “Cidade Cinza”?Badaui: Foi um prêmio muito importante para a banda porque o disco premiado foi o “Cidade Cinza” que teve uma divulgação muito ruim por parte da gravadora, só porque não renovaríamos o contrato. Disputamos com grandes nomes como Pitty, Detonautas, Nação Zumbi e NXZero. Foi

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52Sempre - Março 2012sensacional quando ouvimos o nosso nome. Para um músico, ter um Grammy é uma realização prof ssional muito grande.

Sempre: Como foi a f ta do aeroporto quando você (Badaui) foi parado com a camiseta do US Bombs?Badaui: Eu tava no hotel em NY atrasado e nem vi que eu tava com essa cami-sa, quando eu fui embarcar o Tira me olhou com uma puta cara feia e me man-dou pra uma área reservada, ele passou aquele paninho que mostra se você teve contato com pólvora ou algo do gênero. Depois fui liberado. Foi foda, ainda mais com essa cara de árabe rs...

Sempre: Como foi fazer uma turnê no Japão?Badaui: Foi muito bom, f zemos dois shows para a comunidade brasileira que vive por lá. É um país incrível e em breve devemos voltar.

Sempre: No f nal do ano passado vocês f zeram uma porção de shows nos tea-tros dos CEUs. Como foi?Badaui: Foi da hora porque esses shows foram em regiões menos favorecidas que são onde estão os CEUS. Acho muito importante fazer shows sem bilhete-ria pra poder levar nossas ideias para pessoas que às vezes não têm condição de pagar pra ir num show. Todos foram fodões!!!

Sempre: No f nal de 2011 aconteceu um imprevisto com os equipamentos de vocês. O caminhão quebrou, certo? Conte te-nos um pouco sobre isso.Badaui: Não foi nada de mais, o caminhão quebrou voltando de Campina Grande na Paraíba com todo o nosso equipamento, guitarras, baixos, bateria, amplis e a gente tinha um show no dia seguinte, daí os cara do Dead Fish e NX0 emprestaram alguns equipamentos e a gente fez o show acontecer na marra.Sempre: Vocês tem projetos paralelos. Como fazem para mesclar e administrar isso?Badaui: Não tem problema nenhum porque a agenda do Medellin e do Hateen é sincronizada com a do CPM22 que é mais corrida.Sempre: Agora Badauí, você passou a virada de ano de forma muito especial, fala aí?Badaui: Ah foi muito loco, voltei pra Califórnia que é um lugar que eu gosto muito. Primeiro eu peguei um show do Strung Out e Agent Orange, daí fui pra Las Vegas de carro pra passar a virada do ano e f quei no hotel que tinha o House of Blues, onde foi o show do NOFX com Lagwagon e Old Man Markley. Esse dia foi bem loco porque eu já conhecia os caras do Lagwagon de quando a gente abriu 3 shows deles no sul. Eles vieram pro Brasil no ano 2000. Depois já no dia 4 de janeiro eu vi que iria ter NOFX e No Use for a Name em Santa Cruz perto de São Francisco que era pra onde eu tava indo e fui nesse também. Em Vegas encontrei o Eric Melvin na piscina do hotel e troquei uma idéia legal com ele sobre o Brasil e música em geral, gente f na pra caralho.

Sempre: E qual a pergunta que você sempre quis responder e nunca f zeram? Solta o verbo.Badaui: O que eu faria se fosse presidente de uma gravadora grande?Eu contrataria produtores de estilos diferentes que ouvissem e conhecessem o tipo de música que eles tivessem produzindo. Me preocuparia com a qualidade dos artistas e da música brasileira porque se o disco for bom e divulgar com um trabalho sério e um investimento razoável, irá vender do mesmo jeito, passando algo de verdade para as pessoas. Tá cheio de artista milionário com músicas de merda, vala comum total. Abre o olho molecada, quem vai se fuder no futuro são seus f lhos!

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Saiba mais em: MySpace - http://www.myspace.com/cpm22off cial Site Of cial - http://www.cpm22.com.br Fotolog - http://www.fotolog.com.br/cidadecinza Twitter - http://twitter.com/CPM22YouTube - www.youtube.com/artist/CPM_22Facebook https://www.facebook.com/pages/CPM-22/103763149662129

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Danielone - Sao Paulo, 2011 Foto: Cristina Sininho Sá

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Bowia

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Alice Dellal

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Braided skull

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Heart

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Armênia-SP

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Pinheiros-SP

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coração de ameixa-tela(canvas)

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Brás-SP

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Região portuaria de Basel - Swiss

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O escritor

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Eu estou contigo

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‘A Cidade Fala’- Triplex - instalacao de caixas de som com tec mista e performance

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Mercado Central do Crato - Alem da Rua - Mostra SESC Cariri de Cultura

Alem da Rua - Juazeiro do Norte - CE - Mostra SESC Cariri de Cultura

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In the silence with my toys

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Coração inf amável

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Coração desorientado

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Coração hipertenso

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Foto: Cristina Sá Sininho

Todo mundo tem um sonho, quer mais da vida ou simplesmente ao viver descobre o que o faz feliz. E quando se descobre esta felicidade também descobre que ela não vem sozinha. Vem com muito trabalho e dedicação! Henrique Aranha Fogaça sabe bem disso!

Por: Alexandre Marcondes, Cristina Sá Sininho. Fotos: Cristina Sá Sininho

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Henrique é pai de João e Olivia, casado com Fernanda, Chef do Sal Gastronomia, vocalista da banda Oitão e além disso, nas horas vagas, anda de moto, skate e treina muay thay.

Nós, da Sempre, já o conheciamos Henrique há um tempo. Eu (Sininho), particularmente, o conheço do hardcore, do rock e dos shows. O Ale, por sua vez, nos conta como o conheceu: “Em um dia ensolarado, depois de visitar meus amigos do Nave Tattoo na Rua Augusta, fui apresentado a um restaurante na Rua Minas Gerais, no bairro de Higienópolis”. Rodeado de casas, uma moto parada na frente de uma parede pintada com gráfi cos desperta minha curiosidade. Ao entrar, deparo com grandes mesas. De um lado o restaurante Sal Gastronomia e do outro a Galeria de Arte Contemporânea Vermelho. Arte e comida, que maravilha!!! Somos recepcionados pela hostess que conhece meu amigo e conduzidos a sentar frente a cozinha aberta, cercada em vidro que é vista sob os olhares de todos os clientes. Atrás da hostess, com um look todo tatuado nos abre um grande sorriso: o Chef Henrique Fogaça. Ele fi ca feliz em rever meu amigo, e nos mostra toda sua simpa-tia por trás do vidro da cozinha. Não imaginei que no coração de Higienópolis, ali do outro lado da Av. Paulista, estariamos saboreando uma prato tão sab-oroso, além do papo agradável. Voltei ao S.A.L depois de alguns meses com intuito de agradecer a bela recepção e almoço oferecido, trazendo em minhas mão um livro que havia participado. Nova-mente sou recebido por Henrique que retribui meu presente com o seu novo CD, “4º Mundo”, recem lançado.”

Mesmo já o conhecendo o Hennrique, fomos em uma bela quinta-feira até o Sal para bater um papo descontraido com esta pessoa incrível e dividir com os leitores este momento.

Henrique nasceu em Piracicaba, interior de São Paulo. Iniciou a seus estudos na Faculdade de arquitetura de Ribeirão Preto, não fi nalizando. Mais tarde veio para Capital onde cursou Comércio Ex-terior. Chegou a trabalhar em banco e dividiu um apartamento com sua irmã, que passava o dia fora. Como “quebra-galho” sua mãe enviava algumas co-midas congeladas de Ribeirão Preto, como Henrique relata: “foi nessa que eu queria comer alguma coisa, lembrava de uns rangos e ligava para minha Vó: ‘O

Vó! Como é que se faz aquele bifi nho empanado?’ … ‘Ah meu fi lho é assim, assado’ ela respondia”. En-tão foi neste caminho de como é que se faz arroz e feijão que ele foi viajando e começou o interesse pela gastronomia. Nesta época estavam aparecendo vários cursos. Um dia sua mãe lançou a idéia: “você está infeliz no banco, porque você não vai fazer… “Um curso de gastronomia. Tá me tirando né? Ah cozinheiro...” respondeu Henrique. Mas continuei pedindo as receitas.

Pensando mais sobre o assunto e ouvindo a insistên-cia de sua mãe, Henrique foi prestar os cursos de gas-tronomia e passou na terceira tentativa do vestibular da FMU. Relembra ainda que “não gostava do banco. Tirava uma grana mais não me via trabalhando com cheque sem fundo. Nesta época estava com quase 30 anos quando prestei a faculdade”.

No início foi aprendendo as coisas básicas e começou a experimentar e criar coisas. Quando seu cunhado falou que seu sonho sempre foi ter uma kombi para vender uns lanches, Henrique viu que era a deixa para poder sair do banco e pensou: “saio do banco e já domino esse carrinho”. Com a grana que pegou na saída do banco comprou uma mesa de inox que tem até hoje no SAL. Assim começou a história. Seu cu-nhado comprou uma kombi laranja, que se chamava “O Rei das Ruas”, instalando-se na Rua Augusta. Colocou dois moleques na chapa e uma mulher no caixa. Todo dia, as 7hs da manhã Henrique levava a comida que abastecia a kombi. Ao fi m do dia retirava as coisas. Ele fi cava o dia inteiro em casa fazendo hambúrgueres, carne louca, calabresa, purê, vina-grete. A Kombi chegou a durar uns seis meses e não deu certo por inexperiência dele, mas foi o ponto de partida para entrar de cabeça neste mundo.

Depois de um tempo trabalhou em três ou quatro estágios e arrumou um novo trabalho. Quase um ano depois recebeu uma ligação que mudaria tudo. Um amigo em comum apresentou os donos de uma galeria de arte (um espaço de 2 metros quadrados). Queriam fazer um negócio de lanche. Logo que Hen-rique conversou com o Edu, proprietário da Galeria Vermelho, visualizou o espaço e como fi caria.

Assim nascia o Sal. Depois de 4 meses com um balcão, um fogão (o mesmo que Henrique tem tatua-do no braço) e duas mesas. Assim, foi desenvolvendo os lanches. Com a experiência de trabalho adquirida em restaurantes contemporâneos passou a ter como foco lanches diferentes e mais interessantes como o

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Foto: Cristina Sá Sininho

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Pão ciabata com carne seca, rúcula com um queijo diferente e outro de legumes com pão preto, etc. Nesta época tinha uma lousinha onde todo dia escre-via os lanches que iria fazer. As pessoas vinham comer através do boca a boca. Um belo dia ele resolveu colocar um prato: fi lé-mignon com risoto de açafrão. Colocou o prato na lousa a R$ 15 reais. Henrique nos conta que neste primeiro dia chegou um casal querendo o prato. Depois de uma hora que eles saíram recebeu uma ligação ‘aqui é do guia da folha de São Paulo e a gente quer fazer uma matéria com o restaurante’. Esse casal foi o único que veio no primeiro dia de almoço, sentou à mesa no cantinho e saiu no Guia da Folha. Ná na sequência veio um cara e eu fi z uma matéria para a Revista Gula.”.

Durante um ano e meio ou dois foi assim. Todo dia ele colocava um prato diferente na lousa e aos poucos foi aumentando a quantidade, chegando a colocar quatro ou cinco. Ele saía de madrugada, lá pelas 3 da manhã para com-prar os ingredientes na Can-tareira, ao lado do Mercadão. Depois ia experimentar, sem medo de arriscar. E assim o SAL foi crescendo. Aos poucos Henrique foi acrescentando algumas entradas, sempre com ideias diferentes. Esse foi o grande diferencial: o bom gosto e a ausência de medo de experimentar do Henrique. E foi assim que o SAl começou.

Depois de dois anos Henrique percebeu que o espaço estava pequeno demais. Filas, pessoas esperando para comer. Percebeu que ou saia dali ou ampliava o lugar. Foi o que acabou acontecendo. Em 2007, quando Henrique fez a reforma e ampliou o res-taurante como está hoje, dividindo o espaço com a Galeria Vermelho, ocupando o espaço que antes era só o acervo da galeria. O SAL cresceu e hoje é um importante restaurante de São Paulo com vários prê-mios: em 2008 foi pela Revista Veja, em 2009 pelos Prazeres da Mesa e no ano passado ganhou o Prêmio Paladar com a carne de porco pelo jornal Estadão.

Esse grande Chef não gosta muito de ler, mas nos contou que gosta de experimentar e inventar pratos. Confessa ainda que sai muito para comer fora. Muito do que aprende é com a vida, com a vivência e mes-mo quando não está na cozinha pensa muito nela. Dedicação sempre. Ele também preza muito pela qualidade dos alimentos. Seus fornecedores já sabem que se a matéria prima está mais ou menos nem mandam para o SAL, pois o Henrique irá devolver.

A luta e a batalha do dia a dia não pararam e nunca vai parar. Mas ele tem um segredo: o amor. Amor pelo o que faz e a dedicação. “O segredo está no amor pelo rango e pelo meu trabalho”.

Pela música é assim também. O mesmo tesão que ele tem pela cozinha ele tem pela música. Tudo isso faz parte da vida dele e do que ele é. A música, contudo, apareceu antes na vida de Henrique. Amante de rock desde pequeno e fã de bandas como AC/DC e Iron Maiden, o chef resolveu montar uma banda por diversão em 2008, mas que acabou tomando caminhos sérios. Hoje, cozinha e música têm

a mesma importância profi ssional para o vocalista do Oitão. Com apenas três anos de estrada, o grupo já tem um disco lançado, intitulado 4º Mundo, com letras cujo objetivo é fazer denúncias e críticas so-ciais. O quarteto também é composto por Tadeu, na guitarra, B.A., na bateria, e Ed, no baixo.

Henrique conta que sua vida profi ssional é dividida entre Sal e Oitão. Neste ano vão abrir shows para o Exodos, em Manaus. Depois seguem para o Mara-nhão tocar junto com o Antrax. Também vão abrir para o Brujeria.Oitão foi colocado como banda de careca, mas não é. É som para todo mundo, é som da rua, ideia direta de vida sem rótulos. Vivemos num mundo de muita injustiça e a música é uma forma que Henrique tem de gritar, se expressar. Herança de sua adolescência

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116Sempre - Novembro 2011em Ribeirão.Já o Muay Th ai e o skate são hobbies. Role de skate ele sempre fez, desde criança, mas também já parou por anos voltando a pouco tempo. O muay thai não treina com a frequência que gostaria. Acaba parando por causa de lesões, mas sempre volta depois de um tempo, pois lhe faz bem.

Todas essas facetas fazem parte da formação e de quem é Henrique, como ele mesmo revela: “Tive a opor-tunidade de falar com meu ídolo, Mark Ramone, expliquei a ele: o que eu sou hoje é muito por infl ûencia dos Ramones. Skate e som punk é diferente, muita gente fi ca entorpecida e quando você vive tudo isso desde moleque tem uma mente mais aberta. Então acho que a música, a rua e o skate de uma certa forma te dão uma outra percepção.”.

Além de tudo Henrique é muito família. Faz de tudo para seus fi lhos João e Olivia. João tem 3 anos e já gosta

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de rock. Quando sai de carro com o pai pede para ouvir a “música do papai”. Ele também come de tudo e adora salada. Olivia tem 5 anos e é especial, ela se alimenta pela gastro e há um ano começou com papinhas.

Depois de tudo isso Henrique ainda arruma tempo e participa de um projeto que se chama “Chefes Espe-ciais”, no qual ele dá aulas para crianças com Síndrome de Down. Este ano sai um livro com receitas e fotos desses chefs especiais, revela orgulhoso. “Eu tenho esse olhar para vida desde moleque, não sei por que o diferente me atrai. É minha vida e eu gosto do diferente. Eu sempre fui interessado, mas depois que eu tive a minha fi lha o bagulho fi cou mais forte.” Há outros projetos na vida de Henrique, como dar aulas de gastronomia para meninas que foram violenta-das em casa e hoje contam com a ajuda da uma ONG no centro de São Paulo. Faz parte também do projeto Superação com defi cientes intelectuais.

Ai está um pouco da vida desse grande ser humano, mais que um chef, mais que um vocalista. Uma pessoa coerente em tudo que faz!.

“Quem é de verdade sabe quem é de mentira!”Henrique Fogaça

SAL GASTRONOMIARua Minas Gerais, 352Higienópolis,São Paulo, SP

Reservas: (11) 3151.3085

Funcionamento:3ª a 6ªAlm. 12h às 15h / Jan. 20h às 23h30

SábadoAlm. 12h às 16h / Jan. 20h às 23h

www.salgastronomia.com.br

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Por: Felipe Gianiselle Fotos: Silvio Cavallaro Lino

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esde a volta da trip de El Salvador eu, (Felipe Gianiselle) e meus amigos Lucas Malfa, Fernando Lima, Renato Paiva, Guilherme Lino, Caio Madureira, Bruno Malfa, Marcelo Julio e o fotografo Silvio Cavallaro Lino, vínhamos pensando em uma pos-sível viagem para o norte do Peru. Porem, só um ano depois do retorno ao Brasil que conseguimos reunir a galera e fechar essa tão esperada trip.

Já vinha pesquisando preços e melhores condições para f carmos 10 dias surfando aquelas esquerdas alucinantes. Depois de muitas ligações, trocas de

e-mails, que meu amigo Bruno ligou dizendo que a trip estava fechada. Tínhamos que fazer o depósito o mais rápido possível! O alvoroço foi enorme, principalmente porque o Lucas, irmão do Bruno, participaria da sua primeira surf trip internacional. O moleque, com apenas 17 anos, f cou amarradão contando os dias nos dedos para a viagem chegar. (não que eu com 22 anos não tenha feito a mesma coisa, rs...).

Com a viagem fechada e todos os detalhes acertados iniciamos a preparação. O que levaría-mos?. Deu início a correria atrás de pranchas, capas, quilhas, protetores de prancha e tudo mais. Só aumentava cada vez mais a ansiedade em todos para este grande dia chegar. Nesse meio tempo a galera começou a tomar volume. Marcelo e Vinicius foram os nossos primeiros agrega-dos, se é que podemos chamar assim. Os outros dois foram o Guilherme e seu pai, fotógrafo, que resolveram embarcar nessa também. Maravilha, nossa viagem documentada e fotografada!

A chegada em Mancora foi cansativa. Depois de muitas horas de viagem, perrengues no aero-porto e tudo mais, ao chegarmos nos deparamos com altas ondas quebrando na rasa bancada,

Fotos: Silvio Cavallaro Lino

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esquerdas longas que abriam até a praia. O surf começava cedo, às 5 da manhã e ia pelo o dia inteiro. Mancora tem o porém do crownd que é muito grande e com muitos surf stas iniciantes.

Após 3 dias em Mancora decidimos ir até uma praia mais ao sul, chamada Los Organos. Uma es-querda longa que começava a abrir assim que batia numa pequena costa de pedra. A entrada no pico era feito rente as pedras e a escolha pela onda tinha de ser rápida porque a correnteza era muito forte e nos jogava pra fora do pico a todo momento. Era pegar uma onda e sair do mar pra entrar de novo rente as pedras. Na volta de Los Organos rolou até uma corrida de “Tuc tuc” que são os famosos moto-táxis peruanos.

Passados 5 dias na região de Mancora partimos para nosso destino f nal, Lobitos. O lugar é bem simples. Não tem nada em volta a não ser um extenso deserto com enorme plataformas e bom-bas extratoras de petróleo na areia. O pico tem diversas ondas e as mais famosas são El hueco e Lobitos. El Hueco não estava quebrando no período que f camos lá, pois necessita de um swell muito grande pra rolar. Lobitos é uma esquerda tubular muito longa que quebra ao lado de uma encosta de pedra. Mais pra esquerda surfávamos general que é a onda em frente a casa do an-tigo general que habitava o local. Muita história pra recordar. Essa onda entrava na bancada bem cheia possibilitando manobras longas e bem de linha pra quando chegasse na bancada mais rasa rodasse um tubo rápido e longo.

Nossa hospedagem em Lobitos foi em La casa, de Jose Antonio, um lugar muito simples. Fomos muito bem recebidos, com pensão completa e de muita qualidade. Levando em conta que a co-mida peruana não é de muito agrado devido ao tempero, pouco f cávamos à mesa.

Trip terminada, altas fotos e a cabeça feita. É ai que eu pergunto. Existe coisa melhor do que via-jar com os amigos pro pico dos sonhos e pegar altas ondas? Tenho a certeza que não... A próxima trip já começamos a nos programar!

Caio - Lobitos

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Mancora

Fotos: Silvio Cavallaro Lino

Fotos: Silvio Cavallaro Lino

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Bruno Malfa - Lobitos

Felipe Gianeselle - Lobitos

Fotos: Silvio Cavallaro Lino

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Lucas - Lobitos

Fotos: Silvio Cavallaro Lino

Mancora

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Fotos: Silvio Cavallaro Lino

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Fotos: Silvio Cavallaro Lino

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Foto: Cristina Sá Sininho

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130Sempre - Março 2012Nome completo: Jhony Alex Nascimento Machado de SouzaApelido: MikinbaIdade: 15 anosQuanto tempo de skate: 3 anosCategoria: inicianteOnde mora: Penha, São Paulo, SPApoios ou patrocínio: não possuo

Foto: Cristina Sá Sininho

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131Sempre - Novembro 2011

Base: goofyManobra que mais gosta de fazer: 360 fl ip Música para andar de skate: Criolo Doido “Subirusdoistiozin”Por que andar de skate?: Porque me deixa feliz!!! Faço muitos amigos, vou andar em outros lugares, EU AMO skate e sempre vou amar. Sem o skate eu não saberia o que seria da minha vida até hoje.

Foto: Cristina Sá Sininho

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Caso tenha interesse em participar da próxima edição, envie sua arte e matéria para [email protected] com as seguintes informações abaixo. O Dead Line pararecebimento é 31 de Março.O email deve ter no máximo 10MB. Caso necessário, utilize os recursos de com-pactação dos arquivos. Aceitamos arquivos nos formatos .zip ou .rar

Dados do ColaboradorNome, site, blog, ddd-telefone, e-mail, mes/ano de nascimento, mídias sociais, cidade, estado, cep e país.

Material- Categoria: (ex.: surfe, graffiti, galeria) - Nome da obra: Trip Perú

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