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Sene da Índia (Sene de Tinnevelly), fruto Sennae fructus acutifoliae 1. QUALIDADE y Definição Sennae fructus acutifoliae consiste no fruto seco maduro da espécie Cassia angus tifolia Vahl. (Família Fabaceae). A Farmacopeia Portuguesa VIII identifica como espécies distintas a Cassia angus tifolia Vahl. (Sene da Índia, fruto) e a Cassia acutifolia Delile. (Sene de Cartum, fruto). Em Botânica, contudo, consideram-se ambas as variedades como uma espécie singular, Cassia senna L. (2) O fármaco deve conter, no mínimo, 2,2 por cento de heterosidos hidroxiantracénicos, calculados em senosido B (C42H38O20:  M r863) (fármaco seco). (1) y Características  Cassia senna L. consiste num arbusto cuja altura pode chegar a 1,5 metros, as folhas são  paripinadas compostas, com 3 a 7 pares de folíolos, estreitos ou arredondados, com cor verde  pálido ou verde amarelado. As flores são tetracíclicas, pentameras e zigomorficas, têm um cálice quincuncial e uma corola de pétalas a marelas com veios castanhos. (2) A planta é indígena da África Tropical, Cresce no estado selvagem na região do Rio Nilo, na Península Arábica, Índia e Somália. O seu cultivo é feito na Índia, Paquistão e Sudão. (2) O Sene da Índia contém um conjunto de glicósidos hidroxiantracenos, tendo particular importância os senósidos A e B. Identificam-se ainda pequenas quantidades de aloé-emodina, flavonoides e precursores do naftaleno. (2) Fig. 1 Estruturas vegetais do sene da india

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y  Identificação 

A identificação do fármaco vegetal deve cumprir os critérios descritos nos seguintes ensaios da

Farmacopeia Portuguesa VIII: (1)

A.  Os frutos de sene da Índia ou de Tinnevelly são constituídos por vagens achatadas,

ligeiramente reniformes, cuja cor varia de castanho amarelado a castanho, com zonas

castanho-escuras nos lugares correspondentes às sementes, geralmente com 35 mm a 60

mm de comprimento e 14 mm a 15 mm de largura. Uma das extremidades termina em

 ponta saliente, correspondente ao estilete, e a outra num curto pedúnculo. As vagens

contém 5 a 8 sementes achatadas, obovadas, cuja cor varia de verde a castanho claro. O

tegumento apresenta uma rede sinuosa descontínua de cristais transversais.

B.  Reduza a amostra a pó (355). O pó é castanho. Examine ao microscópico, utilizando

solução de hidrato de cloral R. O pó apresenta os elementos seguintes: epicarpo de

células poligonais, ocasionalmente com estomas do tipo anomocítico ou paracítico

(2.8.3), raros pêlos cónicos verrugosos, fibras entrecruzadas em 2 planos acompanhadasde uma fiada de células contendo prismas de oxalato de cálcio, células em paliçada

características das sementes, células estratificadas de albúmen, maclas e prismas de

oxalato de cálcio.

Fig. 2, Estrutura molecular dos senósidos

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C.  Cromatografia em camada fina (2.2.27).

S olução problema. Aqueça à ebulição 0,5 g da amostra pulverizada (180) com 5 ml de

uma mistura de volumes iguais de álcool R e água R. Centrifugue. Utilize o líquido

sobrenadante.

S olução padrão. Dissolva 10 mg de extracto de sene SQR em 1 ml de uma mistura de

volumes iguais de álcool R e água R (persiste um pequeno resíduo).

 Fase estacionária: gel de sílica G R.

  Fase móvel : ácido acético glacial R, água R, acetato de etilo R e propanol R 

(1:30:40:40 V/V/V/V ).

 Aplicação: 10 l em «traços».

 Desenvolvimento: no percurso de 10cm.

S ecagem: ao ar.

 Detecção: pulverize com solução de ácido nítrico R a 20 por cento V/V  e aqueça a120°C durante 10 min. Deixe arrefecer. Pulverize com solução de hidróxido de potássio

R a 50 g/l em álcool a 50 por cento V/V R  , até aparecimento de bandas.

 Resultados: as bandas principais do cromatograma obtido com a solução problema são

semelhantes, quanto à posição (senosidos B, A, D e C por ordem crescente de Rf),

coloração e dimensões, às bandas principais do cromatograma obtido com a solução

 padrão. Entre as bandas correspondentes aos senosidos D e C pode ser visível uma banda

vermelha correspondente ao reína-8 -glucosido. As bandas correspondentes aos senosidos

D e C são pouco visíveis no cromatograma obtido com a solução problema.

D.  Num matrás introduza cerca de 25 mg da amostra pulverizada (180) e junte 50 ml de

água R e 2 ml de ácido clorídrico R. Aqueça em banho de água durante 15 min.

Arrefeça e agite com 40 ml de éter R. Separe a camada etérea, seque-a sobre sulfato de

sódio anidro R e evapore 5 ml à secura. Ao resíduo arrefecido junte 5 ml de amónia

diluída R1. Desenvolve-se coloração amarela ou alaranjada. Aqueça em banho de água

durante 2 min. Desenvolve-se coloração violeta avermelhada.

y  Ensaio Elementos estranhos (2.8.2): no máximo, 1 por cento deelementos estranhos.

Perda por secagem (2.2.32): no máximo, 12,0 por cento, determinada em 1,000 g da amostra

 pulverizada (355), na estufa a 100-105°C durante 2 h.

Cinzas totais (2.4.16): no máximo, 9,0 por cento.

Cinzas insolúveis no ácido clorí drico: no máximo,2,0 por cento.

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2.  EFICÁCIA 

y  Indicações Farmacêuticas 

O Sene da Índia, fruto, é um fármaco de origem vegetal recomendado para tratamentos de curta

duração de obstipação ocasional. (6)

y  Mecanismos Farmacológicos 

Os efeitos do Sene da Índia, fruto, são devidos principalmente aos glucósidos

hidroxiantracénicos, em particular os senósidos A e B. Estes exercem uma acção promotora da

mobilidade do cólon, o que facilita o transito intestinal e torna este fármaco útil em situaçõesde obstipação ocasional.

Os senósidos referidos não são absorvidos no tracto intestinal superior, são metabolizados

 pelas bactérias do intestino grosso e convertidos nos derivados activos, as reina-antronas.

O mecanismo de acção é duplo. Por um lado, exerce um efeito promotor da mobilidade

  peristáltica no intestino grosso, o que acelera o trânsito intestinal e reduz deste modo a

absorção de líquidos. Adicionalmente, vai estimular as mucosas intestinais a produzir e libertar 

mais secreções. (2, 3)

y  Modo de administração 

A dose diária máxima de fármaco recomendada é o equivalente a 30 mg de substancia activa.

A dose individual correcta deve ser a menor necessária para garantir um bom resultado.

Aconselha-se a toma uma vez por dia à noite. Normalmente é suficiente a sua administração 2

a 3 vezes por semana.

A utilização deste medicamento não deve exceder as 2 semanas sem acompanhamento médico.

(3, 6)

y  Formas f armacêuticas 

Este fármaco vegetal encontra-se disponível na sua forma vegetal bruta, como infusão oral e

em extractos. Deve ser conservado em recipiente fechado e estanque e manter ao abrigo da luz.

(6)

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3.  SEGURANÇA 

y  Toxicidade 

Os principais sintomas de uma overdose são uma diarreia grave com a consequente perda de

fluidos e electrólitos. O tratamento deve passar pela compensação com grandes quantidades de

líquidos, bem como variados electrólitos, especialmente caso se trate de crianças ou idosos. (2,

5)

y  Contra indicações 

Tal como outros fármacos de acção laxante estimulativa, este fármaco está contra-indicado emsituações de obstrução intestinal, estenose, fraqueza, colonopatias inflamatórias, apendicite,

dores abdominais de causa desconhecida, estado de desidratação grave ou obstipação crónica.

 Não deve ainda ser administrado em crianças de idade inferior a 10 anos. O seu uso durante a

gravidez deve ser limitado a apenas situações em que alterações dietéticas ou fibras laxativas

não sejam eficazes. Não é recomendável a sua utilização durante o período de aleitamento,

visto a informação existente sobre a excreção de metabolitos no leite ser reduzida. Contudo

sabe-se que estes são excretados em pequenas quantidades no leite mas não se confirmou

qualquer efeito laxativo em bebes amamentados. (2, 5)

y  Efeitos secundários 

O Sene da Índia pode provocar um leve desconforto abdominal tal como cólicas. Foi reportado

um caso de hepatite resultante de um abuso crónico.

Um abuso laxativo de longa duração pode conduzir a distúrbios electrolíticos, acidose ou

alcalose metabólica, má absorção, perda de peso, albuminúria e hematúria. (2)

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Referencias bibliográficas 

(1) FARMACOPEIA PORTUGUESA VIII. Lisboa: Infarmed - Ministério da Saúde, 2005.(2) WHO monographs on selected medicinal plants, volume 1, Geneva, World Health

Organization, 1999

(3) Witchtl M.,  H erbal Drugs and Phytopharmaceuticals: a handbook for practice on ascientific basis´. Trad. Josef A. Brinckmannand Michael P. Lindenmaier, 3rd Ed.Medpharm, 2004

(4) European Pharmacopeia, 6th Edition. Council of Europe(5) http://www.heilpflanzen-welt.de/buecher/BGA-Commission-E-Monographs/0337.htm(6) http://www.emea.europa.eu/pdfs/human/hmpc/sennae_fructus/5187106enfin.pdf 

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Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa

Farmacognosia

Monografia do Sene da Índia (Sene de Tinnevelly), f ruto  

Sennae f ructus acutifoliae  

Trabalho realizado por:

Alexandre Guedes, nº 6671

Carla Fernandes nº 6161