Separação de Componentes de Sequência para Sincronização ... · 2. Algoritmos de...

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Universidade Federal da Bahia Escola Politécnica Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica Luiz Henrique Santos Silva Separação de Componentes de Sequência para Sincronização em Geração Distribuída Salvador 2015

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Universidade Federal da Bahia

Escola Politécnica

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica

Luiz Henrique Santos Silva

Separação de Componentes de Sequênciapara Sincronização em Geração

Distribuída

Salvador

2015

i

Universidade Federal da Bahia

Departamento de Engenharia Elétrica

Pós-Graduação em Engenharia Elétrica

Luiz Henrique Santos Silva

Separação de Componentes de Sequênciapara Sincronização em Geração

Distribuída

Dissertação submetida ao Programa de

Pós-Graduação em Engenharia Elétrica

da Universidade Federal da Bahia como

parte dos requisitos necessários para ob-

tenção do grau de Mestre em Engenharia

Elétrica.

Orientador: Prof. Dr. Fabiano Fragoso

Costa.

Área de Concentração: Processamento da Informação e Energia.

Linha de Pesquisa: Sistemas Elétricos de Potência.

Salvador, Bahia, Brasil

©Luiz H. S. Silva, Dezembro de 2015

ii

Silva, Luiz Henrique Santos.

Técnicas de Estimação de Componentes em Seqüência

Aplicadas em Sistemas de Sincronização de Geração Distri-

buída

67 páginas

Dissertação (Mestrado) - Escola Politécnica da Univer-

sidade Federal da Bahia. Departamento de Engenharia Elé-

trica.

1. Geração Distribuída

2. Algoritmos de Sincronização

3. Phase Locked Loop

4. Estimação de Componentes em Sequência

iii

LUIZ HENRIQUE SANTOS SILVA

SEPARAÇÃO DE COMPONENTES DE SEQUÊNCIA

PARA SINCRONIZAÇÃO EM GERAÇÃO DISTRIBUÍDA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica, Escola

Politécnica, Universidade Federal da Bahia - UFBA, como requisito para obtenção do grau

de Mestre em Engenharia Elétrica.

Aprovada em 18 de Dezembro de 2015

Prof. Dr. Fabiano Fragoso CostaMembro Titular Interno

Orientador

Prof. Dr. Fernando Augusto MoreiraMembro Titular Interno

Coordenador do PPGEE

Prof. Dr. Elber Paz de SouzaMembro Titular Externo

Prof. Dr. Alfeu Joãozinho Sguarezi FilhoMembro Titular Externo

iv

Dedico a minha família, alicerce da minha vida.

v

As pessoas não carecem de força, carecem de determinação.

Victor Hugo

vi

Agradecimentos

Primeiramente gostaria de agradecer a Deus por ter estado comigo em todos os

momentos de minha vida, sobretudo, nos dias mais tempestuosos.

Preciso agradecer também a minha família, alicerce de minha vida, pelo carinho,

confiança e apoio que dedicaram a mim todos esses anos.

A todos do grupo de pesquisa Labefea da Universidade Federal da Bahia por

terem tornado essa jornada tão leve e agradável, especialmente ao amigo Hugo Cotrim

pelo apoio e companheirismo.

Um agradecimento especial ao professor Fabiano Fragoso Costa pela amizade,

orientação e incentivo nas pesquisas.

Agradeço ao Professor Alfeu Joãozinho Sguarezi Filho pelo suporte dado na ob-

tenção de dados experimentais apresentados nesta dissertação.

Aos amigos Leonardo Kalls, Mariana Varela, Igor Ribeiro e Roberto Santana por

tornarem meus dias sempre mais alegres e divertidos.

A Capes pelo apoio financeiro.

Por fim, gostaria de agradecer a todos que doaram do seu tempo, recursos e que

contribuíram de alguma forma para a realização deste trabalho, que Deus vos abençoe

grandemente!

vii

Resumo

O presente trabalho apresenta uma técnica de sincronização baseada em uma

separação de componentes em sequência com objetivo de garantir o adequado funciona-

mento dos sistemas de controle dos conversores de potência utilizados em geração dis-

tribuída. A metodologia proposta utiliza o algoritmo dos mínimos quadrados recursivo

ponderado (MQRP) e, diferentemente de outras técnicas de sincronização já publicadas,

não se empregam filtros lineares com funções de transferências bem definidas para re-

jeição de interferências harmônicas ou de componentes desbalanceados. Portanto, não é

necessário fazer um compromisso entre velocidade da resposta e a largura de banda do

filtro a fim de compensar distúrbios associados a operação da rede elétrica. O algoritmo

dos mínimos quadrados é adaptado para atuar nas amostras das tensões vα e vβ e se-

para as contribuições das sequências positiva e negativa em um sistema de coordenadas

estacionárias. Com intuito de tornar o método robusto a distorções harmônicas e capaz

de rejeitar componentes CC, propõe-se realizar uma expansão do vetor de regressores

do modelo para o sinal de tensão da rede. O desempenho da técnica de sincronização

é avaliada através de simulações que reproduzem as condições mais adversas na opera-

ção dos sistemas elétricos como afundamentos de tensão e distorções harmônicas. Além

disso, realiza-se a validação do método proposto através de um arranjo experimental

onde o algoritmo foi embarcado em um processador digital de sinais e testado em ten-

sões geradas por uma fonte programável. Os resultados demonstraram, além da eficácia,

a simplicidade de sua realização.

Palavras-chave: Algoritmos de Sincronização, Estimação de Componentes em Sequên-

cia, Geração Distribuída e Minímos Quadrados.

viii

Abstract

This paper presents a synchronization technique based on a separation of components

in sequence in order to ensure proper operation of the power converters’ control systems

used in distributed generation. The proposed technique makes use of a weighted recursive

least-squares (WRLS) algorithm and, unlike other synchronization methods, does not

employ filters to reject harmonic interference or unbalanced components. Therefore, it

is not necessary to have a tradeoff between response speed and frequency bandwidth to

compensate for disorders associated with the power grid operation. The least-squares

algorithm is adapted to act on samples of the voltages vα and vβ and separates the

contributions of the positive and negative sequences onto the stationary coordinates

system. To improve the method performance with regards to harmonic rejection and

make it able to eliminate DC components, it is proposed a regressor expansion of the

voltage model. The technique is evaluated by means of simulations which reproduce

adverse conditions as voltage sags and harmonic distortion. Furthermore, a experimental

setup has been mounted to embed the technique into a digital signal processor board

to test it on signals produced by a programable power supplier. The results show its

simplicity and effectiveness.

Keywords: Synchronization Algorithms, Components Estimation in Sequence, Dis-

tributed Generation and Least Squares.

Lista de Figuras

1.1 Diagrama de um sistema de potência com a presença de GDs. . . . . . . . 2

1.2 Esquema usual de gerador distribuído conectado à rede elétrica. . . . . . . 3

2.1 Diagrama em blocos do SRF-PLL [1]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

2.2 Vetor tensão de sequência positiva expresso sobre um SRF-PLL [2]. . . . . 8

2.3 Diagrama em blocos do SRF-PLL linearizado [1]. . . . . . . . . . . . . . . 10

2.4 Vetor de tensão composto sobre um SRF-PLL [3]. . . . . . . . . . . . . . . 11

2.5 Rede de desacoplamento do DSRF-PLL [4]. . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

2.6 Diagrama de controle do DSRF-PLL [4]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

2.7 Diagrama em blocos do ESRF-PLL [5]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

2.8 Diagrama em blocos do EPLL [6]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

2.9 Diagrama em blocos do SOGI-QSG [7]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

2.10 Diagrama em blocos do DSOGI-PLL [7]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

3.1 Componentes de sequência localizadas no plano αβ. . . . . . . . . . . . . . 26

3.2 Estrutura do método de sincronização proposto. . . . . . . . . . . . . . . . 34

3.3 Sistema trifásico equilibrado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

3.4 Componentes de sequência estimados a partir de um sistema balanceado. . 35

x

3.5 Sistema trifásico com afundamento na fase A. . . . . . . . . . . . . . . . . 36

3.6 Componentes de sequência estimadas a partir de um sistema desbalanceado. 37

4.1 Sinal monofásico de tensão com harmônico de 2° ordem. . . . . . . . . . . 40

4.2 Sinal de monofásico de tensão com o harmônico de 11° ordem. . . . . . . . 40

4.3 Comparação entre a estimação do 2° e 11° harmônico. . . . . . . . . . . . 41

4.4 Curva de suportabilidade adotada pelo Brasil - ONS/ANEEL [8]. . . . . . 42

4.5 Rede de distribuição desequilibrada (afundamento na fase A). . . . . . . . 43

4.6 Sequência positiva na frequência fundamental calculada pelo extrator. . . 43

4.7 Tensões de eixo direto e em quadratura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

4.8 Compação entre a frequência estimada com e sem o extrator. . . . . . . . 45

4.9 Erro do ângulo de fase estimado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

4.10 Ângulo de fase estimado através do algoritmo de extração de sequência. . 46

4.11 Estimação da frequência realizada pelo método proposto e o GDSC-PLL. . 46

4.12 Erro do ângulo de fase apresentado pelo método proposto e o GDSC-PLL. 47

4.13 Rede de distribuição desbalanceada e com distorção harmônica. . . . . . . 48

4.14 Sequência positiva na frequência fundamental calculada pelo extrator. . . 49

4.15 Componente em quadratura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

4.16 Estimação da frequência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

4.17 Erro do ângulo de fase estimado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

4.18 Ângulo de fase estimado através do algoritmo de extração de sequência. . 51

4.19 Estimação da frequência realizada pelo método proposto e o GDSC-PLL. . 52

4.20 Erro do ângulo de fase apresentado pelo método proposto e o GDSC-PLL. 52

xi

4.21 Montagem experimental realizado no laboratório da UFABC. . . . . . . . 53

4.22 Rede de distribuição desbalanceada com harmônico. . . . . . . . . . . . . 54

4.23 Sequência positiva calculada pelo extrator. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

4.24 Componente em quadratura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

4.25 Estimação da frequência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

4.26 Ângulo de fase estimado através do algoritmo de extração de sequência. . 56

Lista de Tabelas

2.1 Capacidade de rejeição de harmônicos no PSC em αβ . . . . . . . . . . . . 20

3.1 Comparação para o caso desbalanceado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

4.1 Comparação do desempenho dos métodos de sincronização. . . . . . . . . 47

4.2 Comparação do desempenho dos métodos de sincronização. . . . . . . . . 53

Lista de Nomenclaturas e Símbolos

ANEEL Agência Reguladora de Energia Elétrica

APF All Pass Filter

CA Corrente Alternada

CC Corrente Contínua

DSP Digital Signal Processor

DSC − PLL Delayed Signal Cancelation

DKE German Commission for Electrical, Electronic and Information Technologies

DSOGI − PLL Dual Second Ordem Generalized Integrator

DSRF − PLL Double Synchronous Reference Frame PLL

EDSC − PLL Extended Delayed Signal Cancelation PLL

ESRF − PLL Extended Synchronous Reference Frame PLL

EPLL Enhanced PLL

FMM Filtro de Média Movél

FPGA Field Programmable Gate Array

GD Geração Distribuída

xiv

GDSC − PLL Generalized Dalayed Signal Cancelation

IEEE Institute of Eletrical and Electronic Engineering

IEC International Electrotechnical Commission .

ISC Instantaneous Symmetrical Components

LPF Low Pass Filter

MCCF − PLL Multiple Complex Coefficient Filter

MQRP Mínimos Quadrados Recursivo Ponderado

PCC Ponto de Acoplamento Comum

PI Proporcional e Integral

PLL Phase Locked Loop

PROINFA Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia

PSC Positive Signal Calculator

PWM Pulse Width Modulation

QSG Quadrature Signal Generator

RTFC Ride Through Capability

ONS Operador Nacional do Sistema

SOGI Second Order Generalized Integrator

SV FT Space Vector Fourier Transform

SRF − PLL Synchronous Reference Frame PLL

[va,vb,vc]T Fasores de uma Tensão Trifásica

[v+a ,v+

b ,v+c ]

T Fasores de uma Tensão Trifásica

xv

vd,vq Componentes de Tensão de Eixo Direto e Quadratura

ωff - Compensação Feed Forward

w′ - Frequência de Ressonância do DSOGI

θ′

- Posição Angular de um Vetor

θ′

- Estimação da Posição Angular de um Vetor

ωc - Largura de Banda

ξ - Fator de Amortecimento.

y[k] - Sinal Analisado no Domínio do Tempo Discreto.

y[k] - Sinal Estimado Obtido Através de um Modelo Discreto.

L - Ordem do Modelo.

N - Número de Amostras do Sinal

K - Ganho de Kalman.

P - Matriz de Covariância.

e0 - Erro a Priori de Modelagem do Sinal de Dados

e - Erro a Posteriori de Modelagem do Sinal de Dados

v[N ] - Erro Quadrático de um Modelo para N Amostras

Sumário

1 Introdução 1

1.1 Objetivo Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

1.1.1 Objetivos Específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

1.2 Organização Textual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

2 Revisão Bibliográfica 6

2.1 PLL em Referencial Síncrono . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

2.2 PLL em Referencial Síncrono Duplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

2.2.1 Desacoplamento de Sinais no DSRF-PLL . . . . . . . . . . . . . . 15

2.3 PLL’s Baseados na Teoria dos Componentes Simétricos Instantâneos . . . 17

2.3.1 PLL com Dois Integradores Generalizados de Segunda Ordem . . . 19

2.4 Métodos de Sincronização Publicados Recentemente . . . . . . . . . . . . 22

3 Separação de Sequência Baseada em Algoritmo dos Mínimos Quadrados 25

3.1 Algoritmo de Estimação dos Componentes de Sequência . . . . . . . . . . 25

3.2 Algoritmo dos Mínimos Quadrados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

3.3 Separação de Sequências Utilizando o MQRP . . . . . . . . . . . . . . . . 31

xvii

3.4 Validação da Técnica Proposta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

4 Resultados 39

4.1 Resultados de Simulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

4.1.1 Teste Dinâmico do Algoritmo MQRP . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

4.1.2 Rede Desbalanceada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

4.1.3 Rede desbalanceada com harmônicos . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

4.2 Resultados Experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

5 Considerações Finais e Trabalhos Futuros 57

5.1 Trabalhos Futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

Referências Bibliográficas 60

A MQR - Demonstração 66

Capítulo 1

Introdução

O crescimento do consumo de energia elétrica, aliado à redução das reservas de combustí-

veis fósseis, têm incentivado o surgimento de pesquisas por diferentes fontes alternativas

que proporcionam menos impactos ambientais e mais diversidade da matriz energética

nacional. Nesse contexto, os avanços científicos e tecnológicos na geração de eletrici-

dade através de energias renováveis possibilitam uma expansão dos sistemas de geração

distribuída (GD) conectados à rede elétrica em todo mundo.

O debate sobre problemas ambientais e o consenso mundial sobre a promoção

do desenvolvimento em bases sustentáveis contribui para o aumento do interesse pela

utilização de fontes de energia renováveis. Entre essas fontes, a tecnologia de geração

solar fotovoltaica experimenta um crescimento bastante expressivo devido a sua disponi-

bilidade abundante e custos de conexão com a rede decrescentes. Por esses motivos, essa

modalidade de geração possui uma forte penetração na rede de distribuição de países

como a Alemanha, Espanha, China e EUA [9]. Outro tipo de fonte de energia renovável

de grande destaque é a eólica. Atualmente, cinco países da União Europeia - Espanha,

Portugal, Irlanda, Alemanha e Dinamarca - possuem mais de 5% de sua demanda por

eletricidade produzida através dessa modalidade de energia renovável [10]. No caso do

Brasil, a geração eólica é responsável pela produção de 6579 GWh, correspondendo um

pouco mais que 1% de todo o consumo de energia elétrica no país [11].

A inclusão de novas fontes leva a uma mudança na configuração dos sistemas

de potência tradicionais. Estes normalmente são constituídos por grandes centrais ge-

radoras, sejam elas térmicas, ou no caso do Brasil, usinas hidroelétricas, cuja energia é

transmitida aos centros de consumo por meio de extensas linhas de transmissão. Esse

modelo de geração centralizada passa incluir as fontes de geração distribuída (GD) de-

vido aos benefícios associados a sua utilização, dentro os quais, a diversificação da matriz

energética e o desempenho ambiental no que se refere à redução das taxas de emissão

2

dos gases poluentes, estabelecidos em protocolos e acordos internacionais. Por GD,

entende-se um modelo de geração de energia descentralizado a partir de geradores de

baixa potência localizados mais próximo da carga e, normalmente, conectados ao nível

da distribuição, de acordo com a Figura 1.1.

Figura 1.1: Diagrama de um sistema de potência com a presença de GDs.

O Brasil é um dos países com um dos maiores potenciais para crescimento e

desenvolvimento do modelo distribuído de geração. Em 2002 foi criado o PROINFA –

Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia – com objetivo de diversificar

a matriz energética. No final do ano de 2011, o programa atingiu a inserção de 2.649,87

MW de capacidade instalada através de 119 empreendimentos que compreendem usinas

eólicas, pequenas centrais hidroelétricas e térmicas a biomassa [11]. A conversão da

energia na geração distribuída varia de acordo com a natureza da fonte primária e,

muitas vezes, esse sistema não pode ser diretamente conectado à rede elétrica como no

caso de alguns tipos de turbinas eólicas e painéis fotovoltáicos. Nesses casos, a eletrônica

de potência desempenha um papel fundamental que possibilita além de uma geração

mais eficiente, a capacidade de fornecer serviços anciliares tais como a compensação de

reativos e melhoria da qualidade da energia. [12, 13, 14].

A Figura 1.2 exemplifica, de modo geral, como os sistemas de geração distribuída

funcionam e a forma mais usual de conectá-los à rede elétrica. Nesta gravura, pode-se

perceber a presença de um inversor responsável por converter a energia CC fornecida

pela fonte renovável ao padrão de consumo CA da rede de distribuição. O acionamento

dos dispositivos de comutação do inversor é realizado por meio da modulação por lar-

3

gura de pulso (PWM - Pulse Width Modulation). Os sinais de tensão de referência são

fornecidos pelo sistema de controle do conversor. Estes sinais são convertidos em pulsos

modulados que acionam as chaves do inversor.

Figura 1.2: Esquema usual de gerador distribuído conectado à rede elétrica.

Para o adequado funcionamento do esquema de conexão mostrado na Figura 1.2,

é importante existir uma etapa prévia de regulação CC-CC com o objetivo de prover

uma tensão CC estável na entrada do inversor. Além disso, faz-se necessário a utilização

de técnicas de sincronização eficientes no intuito de fornecer uma correta estimativa do

ângulo de fase da tensão da rede para garantir a operação satisfatória do sistema de

controle do conversor. Através da correta sincronização, pode-se, por exemplo, deter-

minar o fluxo de potência ativa e reativa injetados no ponto de acoplamento comum

entre o gerador e o sistema de distribuição. Toda essa estrutura utilizada para assegurar

uma condição ideal de conexão à rede é bastante sensível aos problemas de qualidade

da energia como afundamentos momentâneos de tensão e elevada distorção harmônica.

Essa questão tem ganhado uma relevância ainda maior com a reformulação dos códi-

gos de rede que exigem uma operação estável do gerador distribuído mesmo durante a

ocorrência de afundamentos momentâneos de tensão [15].

Quando afundamentos de tensão acontecem no sistema de distribuição de forma

assimétrica, as principais técnicas de controle convencionalmente utilizadas em GD terão

um desempenho insatisfatório [16, 17]. Isso pode ser explicado devido ao surgimento da

tensão de sequência negativa decorrente da operação desbalanceada da rede elétrica que,

ao passar para um sistema de coordenadas síncronas com frequência fundamental dq,

transforma-se em uma componente harmônica com o dobro da frequência fundamental

[17]. No intuito de corrigir os efeitos nocivos associados a ocorrência de componentes

desbalanceados no sistema de distribuição, métodos que realizam a estimação do vetor de

4

tensão de sequência positiva têm sido desenvolvidos no intuito de manter os conversores

em operação e, consequentemente, atender os requisitos de conexão [18].

O presente trabalho propõe a utilização de uma técnica para a extração da sequên-

cia positiva baseada em mínimos quadrados no intuito de auxiliar o sistema de sincroni-

zação na correta estimação do ângulo de fase do vetor tensão na rede elétrica. O método

atua nas amostras das tensões vα e vβ e separa as contribuições das sequências positiva e

negativa em um sistema de coordenadas estacionárias. O algoritmo proposto é capaz de

mitigar harmônicos de baixa ordem, inclusive o segundo harmônico associado a operação

desbalanceada nas tensões do sistema de distribuição, por meio da mesma estrutura e

com a mesma velocidade de qualquer harmônico de ordem superior. Além disso, realiza

a rejeição de componentes CC das tensões sob análise de forma eficiente. Por fim, a

técnica de sincronização foi testada no software Matlab© em diferentes condições de

operação no intuito de avaliar o seu desempenho perante a problemas de qualidade da

energia como afundamentos de tensão e distorções harmônicas.

1.1 Objetivo Geral

O objetivo desta dissertação é propor um método de sincronização que seja capaz de

realizar uma correta estimação do ângulo de fase do vetor de tensão sequência positiva

para garantir adequado funcionamento do sistema de controle dos conversores utilizados

em geração distribuída.

1.1.1 Objetivos Específicos

• Utilizar o algoritmo dos mínimos quadrados recursivo ponderado (MQRP) no apri-

moramento da estimação do ângulo de fase do vetor de tensão sequência positiva

da rede elétrica;

• Analisar o desempenho da metodologia proposta levando em consideração condi-

ções de operação desfavoráveis para a sincronização como afundamentos momentâ-

neos de tensão e elevadas taxas de distorção harmônica nos sistemas de distribuição.

Para tal, deve-se desenvolver uma plataforma de teste em ambiente Matlab© a

fim de avaliar a eficiência da técnica proposta diante de distúrbios oriundos da

operação desbalanceada da rede elétrica;

• Avaliar o desempenho dinâmico do algoritmo MQRP na estimação de componentes

harmônicos de qualquer ordem demonstrando a sua capacidade em detectá-los

rapidamente;

5

• Aumentar o vetor de regressores do modelo para o sinal de tensão da rede no

intuito de tornar a técnica robusta a distorções harmônicas e capaz de rejeitar

componentes CC oriundos das tensões medidas no sistema de potência simulado;

• Desenvolver um arranjo experimental a fim de validar os pressupostos teóricos

assumidos na etapa de simulação.

1.2 Organização Textual

Para alcançar os objetivos descritos nas seções anteriores, organizou-se esta dissertação

da seguinte maneira:

O capítulo 2 realiza uma descrição da importância em se estimar a frequência e

ângulo de fase do vetor tensão de sequência positiva para o adequado funcionamento dos

sistemas de controle dos geradores distribuídos. Nessa seção foram apresentados alguns

dos algoritmos de sincronização mais citados na literatura, evidenciando suas vantagens

e deficiências além de destacar o seu comportamento perante distúrbios na rede elétrica.

O capítulo 3 apresenta um eficiente método de decomposição em componentes

simétricas capaz de eliminar os efeitos dos desbalanços e distorções harmônicas presentes

no ponto de acoplamento comum entre rede e gerador distribuído.

No capítulo 4 foram desenvolvidos diferentes cenários de simulação a fim de re-

produzir as condições operacionais que os sistemas de sincronização estão submetidos.

Realizou-se também uma comparação do desempenho entre o algoritmo proposto com a

versão generalizada do método do sinal atrasado (GDSC-PLL) no intuito de demonstrar

a eficiência do método sugerido.

Por fim, as conclusões e sugestões para trabalhos futuros são apresentados no

capítulo 5.

Capítulo 2

Revisão Bibliográfica

No que se refere à conexão dos geradores distribuídos à rede, a detecção do ângulo de

fase do vetor tensão de sequência positiva (FFPS) é um aspecto importante na atuação

de um sincronizador. A determinação precisa deste ângulo é utilizada para realizar a

correta sincronização da corrente injetada pelo inversor com a tensão da rede elétrica

de modo a controlar o fluxo de potência ativa e reativa entre o gerador e o sistema de

distribuição [19, 20].

Nos últimos anos, vários métodos para a estimação deste ângulo têm sido de-

senvolvidos e aperfeiçoados. Dentre estes, as técnicas de detecção de valores de pico e

passagem por zero de tensão são as mais simples de implementação e possuem um bom

desempenho quando o conjunto trifásico de senoides é balanceado. Porém, não são efi-

cazes em condições de harmônicos significativos ou desequilíbrios associados à operação

da rede elétrica [16]. Essa questão ganha um destaque ainda maior com a reformulação

de regras que exigem a operação do gerador distribuído mesmo em situações de afun-

damentos momentâneos de tensão. Isso é o que se chama de capacidade de tolerância

de falta, ou do inglês RTFC (Ride Through Fault Capability). Vale salientar que os

principais normatizadores como IEEE (Institute of Electrical and Electronic Enginee-

ring), IEC (International Electrotechnical Commission) e o DKE (German Commission

for Electrical, Electronic and Information Technologies of DIN and VDE ) atualmente

prescrevem regras de tolerância somente para geradores eólicos, mas com o aumento da

penetração dos sistemas fotovoltaicos na rede, espera-se que normas sejam adaptadas e

estendidas para este tipo de geração. No Brasil, o Operador Nacional do Sistema (ONS)

prescreve as normas de RTFC através do Submódulo 3.6 que se encontra na referência

[8]. Portanto, a detecção rápida e precisa do ângulo de fase do vetor tensão é essencial

para manter os conversores em operação e, consequentemente, atender os requisitos de

conexão [21, 7].

7

Como alternativa aos métodos de sincronização citados anteriormente, as técnicas

baseadas em PLLs (Phase-Locked Loop) vêm sendo amplamente utilizadas na literatura

correlata para realizar a detecção do ângulo de fase devido à precisão do seu sincro-

nismo. Adaptações desses PLL’s foram realizadas com objetivo de atender a sistemas de

distribuição submetidos a condições de distorção harmônica e afundamento de tensão.

Neste capítulo será explicado o princípio de funcionamento do PLL em referencial

síncrono (SRF-PLL–Synchronous Reference Frame PLL) e o seu comportamento diante

tensões trifásicas desbalanceadas. Vale destacar que o estudo desta técnica é essencial

para o entendimento de outros algoritmos de sincronização. Além disso, o PLL em

um sistema de referência síncrono duplo (DSRF-PLL - Double Synchronous Reference

Frame PLL) e os PLL’s baseados na teoria de componentes simétricas de Fortescue são

também abordados. Em relação a esses métodos, explicam-se os princípios de operação

e os desempenhos associados a problemas de qualidade da energia presentes nos sistemas

de distribuição como afundamentos e distorções harmônicas. Por último, no final deste

capítulo é apresentada uma breve revisão sobre os métodos de sincronização publicados

mais recentemente.

2.1 PLL em Referencial Síncrono

A maioria dos PLL trifásicos estão baseados no PLL em referência síncrona com FFPS

(SRF-PLL – Synchronous Reference Frame PLL) [1, 20]. Seu princípio de operação está

baseado em sinais de quadratura, ou seja, defasados de 90◦ e seu diagrama de blocos

pode ser visualizado na Figura 2.1.

Figura 2.1: Diagrama em blocos do SRF-PLL [1].

As tensões medidas pela rede [va, vb, vc]T são transformadas para o referencial

síncrono com a sequência positiva na frequência fundamental [vd, vq]. Se a sincronização

for estabelecida, ou seja, o ângulo utilizado para realizar a transformação no referencial

síncrono, obtido através da integração da frequência angular ω′

, coincidir com o ângulo

8

de fase das tensões trifásicas da rede, os componentes vd e vq aparecerão como sinais

constantes. Esse objetivo de controle é alcançado através do ajuste do controlador pro-

porcional e integral que atua sobre o componente em quadratura vq até torná-lo igual a

zero. Dessa forma, quando vq atinge o valor zero, o controlador PI realizará a modifi-

cação da posição angular do PLL para que o eixo d fique alinhado com o vetor tensão,

conforme pode-se visualizar na Figura 2.2. A frequência ωff - compensação feed forward

- é acrescentada a fim de tornar a estabilização do sistema mais rápida principalmente

na sua inicialização [17].

Figura 2.2: Vetor tensão de sequência positiva expresso sobre um SRF-PLL [2].

Para analisar o sistema mostrado na Figura 2.1, é necessário, inicialmente, definir

o conjunto de tensões trifásicas [va, vb, vc]T . Na equação (2.1), utiliza-se uma notação

genérica a fim de representar todas as condições associadas a operação desequilibrada

da rede elétrica, de acordo com a referência [3].

[~Vabc

]=

va

vb

vc

=

∞∑

n=1

(~V +nabc + ~V −n

abc + ~V 0nabc), (2.1)

Na equação (2.1) os vetores ~V +nabc , ~V −n

abc e ~V 0nabc representam os componentes de

sequência positiva, negativa e zero através dos subscritos +n, −n e 0n, respectivamente.

De tal modo que:

[~V +nabc

]= V +n

cos(nωt+ φ+n)

cos(nωt− 2π3+ φ+n)

cos(nωt+ 2π3+ φ+n)

, (2.2)

9

[~V −nabc

]= V −n

cos(nωt+ φ−n)

cos(nωt+ 2π3+ φ−n)

cos(nωt− 2π3+ φ−n)

, (2.3)

[~V 0nabc

]= V 0n

cos(nωt+ φ0n)

cos(nωt+ φ0n)

cos(nωt+ φ0n)

, (2.4)

Com intuito de investigar os efeitos dos desbalanços e distorções harmônicas no

sistema de sincronização é elaborado um estudo em que se deseja comparar o desempenho

do SRF-PLL na estimação da frequência e do ângulo de fase das tensões na rede em duas

condições de operação: equilibrada e desbalanceada. Em primeira análise, considera-

se o caso de um sinal elétrico balanceado e para simplificar o estudo, sem perda de

generalidade, escolhe-se o ângulo de fase inicial definido na fase A igual a zero.

[~Vabc

]=

va

vb

vc

= V +1

cos(ωt)

cos(ωt− 2π3)

cos(ωt+ 2π3)

. (2.5)

O vetor tensão da equação (2.5) pode ser expresso em um referencial estacionário

de modo a obter:

[~Vαβ

]=

[vα

]= [Tαβ ]~Vabc = V +1

[cos(ωt)

sen(ωt)

], (2.6)

em que:

[Tαβ ] =2

3

[1 −1

2−1

2

0√3

2−

√3

2

], (2.7)

O vetor tensão no domínio αβ da equação (2.6) pode ser transformado para um

referencial de coordenadas girante através de uma rotação no sentido positivo à frequência

fundamental em relação a uma posição angular arbitrária θ′

, tem-se que:

[~Vdq

]=

[vd

vq

]= [Tdq]~Vαβ = V +1

[cos(ωt− θ

)

sen(ωt− θ′

)

]= V +1

[cos(∆θ)

sen(∆θ)

], (2.8)

10

a matriz transformação adotada é a seguinte:

[Tdq] =

[cos(θ

) sen(θ′

)

− sen(θ′

) cos(θ′

)

], (2.9)

O controlador PI utilizado nesse sistema de sincronização atua sobre a compo-

nente em quadratura com objetivo de tornar seu valor nulo. Dessa forma, realiza-se um

alinhamento entre o eixo direto com o vetor tensão da rede de tal maneira que θ′ ≈ ωt.

Na equação (2.10) pode-se notar o resultado para os componentes de tensão vq e vd os

quais possuem valores constantes, conforme esperado.

[~Vdq

]=

[vd

vq

]≈ V +1

[1

0

]. (2.10)

Para o projeto do controlador PI é necessário realizar o cálculo das constan-

tes proporcional e integral. Considera-se que para pequenos valores de ∆θ, o termo

sen(∆θ) ≈ ∆θ. Dessa forma, pode-se realizar uma aproximação linear sobre a compo-

nente em quadratura vq da seguinte maneira:

[vq] ≈ V +1(ωt− θ′

) ⇒ [Vq(s)] = V +1[Ψ(s)−Θ′

(s)] ⇒ [Vq(s)] = V [E(s)], (2.11)

em que Vq(s), Ψ(s), Θ′

(s) e E(s) são as transformadas de Laplace de vq, ωt, θ′

e

ε = ωt − θ′

, respectivamente. A partir da equação (2.11) pode-se apresentar o novo

diagrama de blocos linearizado do SRF-PLL mostrado na Figura 2.3.

Figura 2.3: Diagrama em blocos do SRF-PLL linearizado [1].

Através do diagrama linearizado da Figura 2.3 é possível extrair as seguintes

funções de transferência:

(s)

Ψ(s)

]=

2ξωcs+ ω2c

s2 + 2ξωcs+ ω2c

, (2.12)

11

[E(s)

Ψ(s)

]=

s2

s2 + 2ξωcs+ ω2c

, (2.13)

em que,

[ωc] =√

kiV +1, (2.14)

[ξ] =Kp

2

√V +1

Ki

. (2.15)

ωc é a largura de banda e ξ é o fator de amortecimento do sistema de controle.

Passa-se agora à análise do comportamento do SRF-PLL diante de tensões trifá-

sicas desbalanceadas. No desenvolvimento que se segue, as tensões da rede são conside-

radas como sendo compostas pelo seu componente de sequência fundamental acrescido

de um componente harmônico, que pode ser de sequência positiva ou negativa, com

subscritos n > 0 ou n < 0 respectivamente. Sem perda de generalidade e por questão de

simplicidade o ângulo de fase inicial deste estudo é considerado nulo e, assim, a tensão

da rede pode ser expressa como:

[~Vabc

]=

va

vb

vc

= V +1

cos(ωt)

cos(ωt− 2π3)

cos(ωt+ 2π3)

+ V n

cos(nωt)

cos(nωt− 2π3)

cos(nωt+ 2π3)

. (2.16)

Figura 2.4: Vetor de tensão composto sobre um SRF-PLL [3].

A equação (2.16) pode ser transformada para o sistema estacionário da seguinte

maneira:

12

[~Vαβ

]= [Tαβ ]~Vabc = V +1

[cos(ωt)

sen(ωt)

]+ V n

[cos(nωt)

sen(nωt)

]. (2.17)

O vetor tensão da equação (2.17) pode ser expresso sobre um sistema de coorde-

nadas síncronas que gira no sentido anti-horário da seguinte forma:

[~Vdq

]= [Tdq]~Vαβ = V +1

[cos(ωt− θ

)

sen(ωt− θ′

)

]+ V n

[cos(nωt− θ

)

sen(nωt− θ′

)

]. (2.18)

O segundo termo da equação (2.18) pode ser entendido como uma perturbação na

estimativa das magnitudes dos vetores vd e vq. Nesse caso, o SRF tenderá a se acoplar

não ao vetor composto e sim a FFPS, porém sujeito a perturbações decorrentes dos

componente harmônicos como ilustra a Figura 2.4

[~Vdq

]≈ V +1

[1

0

]+ V n

[cos[(n− 1)ωt]

sen[(n − 1)ωt]

]. (2.19)

Dessa forma, pela análise da equação (2.19) pode-se notar que as componentes

de tensão em coordenadas síncronas (vd e vq) não se comportarão mais como sinais CC,

devido a presença de termos harmônicos. Quanto maior for a amplitude das componentes

harmônicas, maior será a oscilação apresentada pelo ângulo θ′, contribuindo para elevar

o erro na estimação de fase realizada pelo SRF-PLL.

Uma forma de amenizar os erros causados por essas oscilações seria reduzir a

largura de banda do controlador. Isso funciona bem para oscilações causadas por harmô-

nicos de ordem mais elevada. No entanto, esse procedimento falha quando os sinais de

tensão da rede são desbalanceados ou contêm harmônicos de menor ordem, além do que,

essa solução implica uma resposta dinâmica do controlador mais lenta [1, 7]. O caso

mais crítico é em situações em que ocorrem faltas assimétricas, em virtude da existência

do componente de tensão de sequência negativa que, ao ser passado para um referencial

síncrono com a FFPS, transforma-se em uma componente harmônica com o dobro da

frequência fundamental, produzindo um erro de estimação de fase considerável [4, 22].

Neste caso, mesmo com a redução da largura de banda do SRF-PLL não é possível eli-

minar completamente as oscilações associadas à estimação do ângulo de fase da tensão

na rede elétrica. Para esclarecer o que foi dito anteriormente, substituindo n = −1 no

termo oscilante da equação (2.19), podemos escrevê-la da seguinte maneira:

13

[~Vdq

]= V +1

[1

0

]+ V −1

[cos(−2ωt)

sen(−2ωt)]

]. (2.20)

Na equação (2.20) pode-se observar um termo oscilante com o dobro da frequência

fundamental associado a operação desbalanceada dos sistemas elétricos de potência, o

qual não é possível eliminar mesmo com a redução da largura de banda do controlador.

Com objetivo de obter melhores resultados sob condição de sinais desbalanceados as

técnicas de sincronização devem realizar a separação da componente de sequência positiva

e negativa de modo a eliminar o efeito das oscilações de dupla frequência presente no

SRF-PLL.

2.2 PLL em Referencial Síncrono Duplo

No intuito de contornar as limitações do PLL em referencial síncrono, propõe-se um

desacoplador dinâmico em [23, 24] que possibilita isolar os componentes de sequência

positiva e negativa. Esse esquema é denominado de PLL em referencial síncrono duplo

(DSRF-PLL - Double Synchronous Reference Frame PLL). A ideia do referido método

é representar o vetor tensão em dois sistemas de coordenadas síncronas, um girando em

sentido positivo e o outro em sentido negativo.

Para entender o funcionamento do DSRF-PLL considerou-se que as tensões da

rede estão apenas desequilibradas em sua frequência fundamental, ou seja, a situação

mais crítica na operação do SRF-PLL e escrevendo a mesma em um referencial estacio-

nário pode ser obtido:

[~Vαβ

]= [Tαβ ]~Vabc = V +1

[cos(ωt)

sen(ωt)

]+ V −1

[cos(−ωt+ φ−1)

sen(−ωt+ φ−1)

]. (2.21)

Transformando a equação (2.21) para um referencial síncrono duplo em que o

primeiro sistema gira no sentido positivo ω (anti-horário), o qual ocupa uma posição

angular θ′

. Analogamente um segundo sistema realizará um giro no sentido negativo

−ω (horário) de modo a ocupar uma posição angular −θ′

. Por fim, a expressão do vetor

tensão sobre este sistema de coordenadas duplo fica igual a:

14

[~V +

dq

]=

[v+dv+q

]= [T+

dq]~Vαβ = V +1

[cos(ωt− θ

)

sen(ωt− θ′

)

]+ V −

[cos(−ωt+ φ−1 − θ

)

sen(−ωt+ φ−1 − θ′

)

].

(2.22)

[~V −dq

]=

[v−dv−q

]= [T−

dq]~Vαβ = V +1

[cos(ωt+ θ

)

sen(ωt+ θ′

)

]+ V −

[cos(−ωt+ φ−1 + θ

)

sen(−ωt+ φ−1 + θ′

)

],

(2.23)

em que [T−dq1] = [T+

dq1]T .

O sistema de detecção do ângulo θ′

descrito nesta seção funciona de forma pare-

cida ao da Figura 2.3, considerando que a largura de banda utilizada para funcionamento

do sistema seja suficientemente reduzida, então, pode-se considerar que θ′ ≈ ωt e as

equações (2.22) e (2.23) podem ser reescritas como:

[~V +1

dq

]=

[v+dv+q

]≈ V +1

[1

ωt− θ′

]+ V −1

[cos(−2ωt+ φ−1)

sen(−2ωt+ φ−1)]

], (2.24)

[~V −1

dq

]=

[v−dv−q

]≈ V +1

[cos(2ωt)

sen(2ωt)]

]+ V −1

[cos(φ−1)

sen(φ−1)

]. (2.25)

Pela análise da equação (2.24) pode-se perceber que o vetor tensão expresso no

sistema de coordenadas dq+ possui um termo constante em seu componente de sequên-

cia positiva enquanto o componente de sequência negativa apresenta um termo oscilante

na frequência 2ω. Analogamente pode-se notar que quando o vetor tensão da rede é

expresso no sistema de coordenadas dq−, possui um termo constante em seu componente

de sequência negativa e um termo oscilante na frequência 2ω em seu componente de

sequência positiva. Como já foi dito na seção 2.1, reduzir a largura de banda do PLL

não se mostrou um solução eficaz para mitigar o efeito da operação desbalanceada da

rede elétrica. Observando esse comportamento foi proposto em [4] um sistema de desa-

coplamento para as senóides das equações (2.24) e (2.25) possibilitando uma detecção

precisa da amplitude e da posição angular do vetor tensão de sequência positiva, de forma

a aprimorar de maneira satisfatória o desempenho do sistema em condições puramente

desbalanceadas.

15

2.2.1 Desacoplamento de Sinais no DSRF-PLL

O desacoplamento proposto em [4] parte de uma demonstração mais genérica onde deseja-

se desacoplar dois sinais quaisquer sejam eles de sequência positiva ou negativa. Dessa

forma, o vetor tensão da rede pode ser reescrito da seguinte maneira:

[~Vαβ

]= V n

[cos(nωt+ φn)

sen(nωt+ φn)

]+ V m

[cos(mωt+ φm)

sen(mωt+ φm)

], (2.26)

em que m e n podem ser positivos ou negativos para indicar componentes de sequência

positiva ou negativa respectivamente.

Assumindo a existência de dois sistemas de referência genéricos que ocupam

respectivamente as posições angulares nθ′ e mθ′, sendo θ′ o ângulo detectado pelo PLL,

a expressão nesses dois sistemas será:

[~V ndq

]=

[vndvnq

]= V n

[cos(n(ωt− θ

) + φn)

sen(n(ωt− θ′

) + φn)

]+ V m

[cos(mωt− nθ

+ φm)

sen(mωt− nθ′

+ φm)

],

(2.27)

[~V mdq

]=

[vmdvmq

]= V n

[cos(nωt−mθ

+ φn)

sen(nωt−mθ′

+ φn)

]+ V m

[cos(m(ωt− θ

) + φm)

sen(m(ωt− θ′

) + φm)

].

(2.28)

Se a sincronização ocorre então θ′ ≈ ωt e as equações (2.27) e (2.28) tornam-se:

[~V ndq

]=

[vndvnq

]=

[V n cos(φn)

V n sen(φn)

]+ V m cos(φm)

[cos((n−m)ωt)

− sen((n −m)ωt)

]

+V m sen(φm)

[sen((n−m)ωt)

cos((n−m)ωt)

]. (2.29)

[~V mdq

]=

[vmdvmq

]=

[V m cos(φm)

V m sen(φm)

]+ V n cos(φn)

[cos((n −m)ωt)

sen((n−m)ωt)

]

+V n sen(φn)

[− sen((n−m)ωt)

cos((n −m)ωt)

]. (2.30)

16

Pode-se notar através da análise da equação (2.29) e (2.30) que as amplitudes das

oscilações dos sinais nos eixos do sistema de referência dqn coincidem com o valor médio

dos sinais nos eixos do sistema de referência dqm e vice-versa. Através dessa observação

foi projetada uma rede de desacoplamento mostrada na Figura 2.5.

Figura 2.5: Rede de desacoplamento do DSRF-PLL [4].

Os sinais vmd e vmq são os valores médios da senóide do sistema de referência dqm

obtidos através de um filtro passa-baixa (LPF - Low Pass Filter) com uma realimentação

cruzada. A Figura 2.6 mostra uma rede de desacoplamento projetada com base nas

equações (2.22) e (2.23) fazendo n = +1 e m = −1.

Figura 2.6: Diagrama de controle do DSRF-PLL [4].

Esse tipo de PLL possui como principal vantagem a eliminação da componente de

17

dupla frequência associada a operação desbalanceada da rede elétrica, no entanto, essa

proposta não consegue atenuar de maneira eficiente as possíveis componentes harmônicas

de baixa ordem (tais como 3◦ e 5◦), mesmo estreitando a banda de passagem do con-

trolador. Portanto, o DSRF-PLL não é capaz de garantir que a estimação do ângulo de

fase do vetor de tensão da rede elétrica esteja livre de oscilações. Com intuito de corrigir

esse problema propõe-se em [3] uma extensão do DSRF-PLL denominado de MSRF-

PLL (Multiple Synchonous Reference Frame PLL), baseado em múltiplos sistemas de

desacoplamento, no entanto, essa solução elevou muito a complexidade do sistema de

controle e a sua respectiva capacidade de processamento computacional para execução

das operações associadas às malhas de desacoplamento, tornando-se uma opção pouco

eficiente.

2.3 PLL’s Baseados na Teoria dos Componentes Simétricos

Instantâneos

Vários métodos de sincronização têm sido sugeridos na literatura em que se baseiam

na extração da tensão de sequência positiva, particularmente utilizando a teoria dos

componentes simétricos instantâneos (ISC - Instantaneous Symmetrical Components).

Em [5] sugere-se o PLL em referencial síncrono estendido (ESRF-PLL - Extended

Synchronous Reference Frame PLL). A sequência positiva pode ser extraída da seguinte

maneira:

v+1a

v+1

b

v+1c

=

1

3

1 α α2

α2 1 α

α α2 1

va

vb

vc

, (2.31)

sabendo que α = ej2π3 = −(1/2)+(

√3/2)ej

π2 , a matriz (2.31) pode ser reescrita utilizando

o operador defasagem de 90◦, q = ejπ2 :

v+1a = 1

3va − 1

6(vb + vc)− 1

2√3(vb − vc)q,

v+1

b = −va − vc,

(2.32)

v+1c = 1

3vc − 1

6(va + vb)− 1

2√3(va + vb)q.

18

A estrutura do ESRF-PLL é mostrada na Figura 2.7, em que observa-se um bloco

para realizar a extração da sequência positiva (PSC - Positive Signal Calculator) base-

ado nas equações (2.32). Para tal, foi utilizado filtros passa-tudo no intuito de provocar

uma defasagem de 90◦ nos sinais de entrada necessários para o cálculo da sequência

positiva funcionando como gerador de sinais em quadratura (QSG - Quadrature Signal

Generator). Esse tipo de PLL possui uma desvantagem associada ao fato de utilizar

filtros passa-tudo não adaptativos em frequência, podendo não causar o defasamento de

90◦ desejado caso haja variações de frequência da rede elétrica. Outro inconveniente

está relacionado a incapacidade da técnica em atenuar possíveis harmônicos e distorções

nos sinais de entrada comprometendo a detecção do ângulo de fase do vetor tensão do

sistema de distribuição. Uma variação desse método foi apresentada em [25] conhecido

como EPLL (Enhanced PLL) que utiliza filtros notch adaptativos em frequência, en-

tretanto, possuem capacidade limitada de eliminar possíveis distorções. Nesse método

utilizam-se quatro EPLL’s, um para cada fase, com objetivo de causar o defasamento em

quadratura necessário para o cálculo da sequência positiva no PSC e um quarto EPLL

para estimar o ângulo de fase da tensão de sequência positiva como pode ser visualizado

na Figura 2.8 [6, 26, 27, 28].

Figura 2.7: Diagrama em blocos do ESRF-PLL [5].

Figura 2.8: Diagrama em blocos do EPLL [6].

19

2.3.1 PLL com Dois Integradores Generalizados de Segunda Ordem

O PLL com dois integradores generalizados de segunda ordem (DSOGI-PLL - Dual Se-

cond Order Generalized Integrator) é capaz de não só eliminar os efeitos da sequência

negativa associados ao desbalanceamento, bem como, atenuar os harmônicos dos sinais

de entrada [7]. Neste método, as tensões da rede [va,vb,vc]T são transformadas para

um referencial estacionário [vα,vβ]T , após essa etapa, passam por dois integradores de

segunda ordem que funcionam como um gerador de sinais em quadratura. As tensões

em αβ e suas versões atrasadas de 90◦, obtidas como sinais de saída do QSG, são as en-

tradas de um extrator de sequência positiva (PSC) baseado no método das componentes

simétricas de instantâneas (ISC). Uma vez que a sequência positiva do vetor tensão foi

calculada utiliza-se um SRF-PLL para obter a frequência e o ângulo de fase desejados.

Outras formas de implementar um gerador de sinais em quadratura adaptativo

em frequência têm sido citadas na literatura, utilizando técnicas avançadas de processa-

mento de sinais como o PLL baseado na transformada de Hilbert e o PLL apoiado na

transformação de Park, porém, esses requerem cálculos muito complexos [29, 30]. Por

isso, a utilização de integradores generalizados de ordem dupla para formar o QSG é a

opção mais comumente usada, devido a sua simplicidade e eficiência.

O procedimento utilizado para realizar o cálculo da sequência positiva é baseado

na ISC, ou seja, possui origem nas componentes simétricas de Fortecue para o domínio

do tempo. O cálculo da sequência positiva pode ser realizada da seguinte maneira:

v+1a

v+1

b

v+1c

=

1

3

1 α α2

α2 1 α

α α2 1

va

vb

vc

. (2.33)

O vetor tensão de sequência positiva pode ser expresso no domínio αβ da seguinte

maneira:

[~V +1

αβ

]=

[v+1α

v+1

β

]= [Tαβ ][T

+]~Vabc = [Tαβ ][T+][T−1

αβ ]︸ ︷︷ ︸T+1

αβ

~Vαβ, (2.34)

em que:[~T+1

αβ

]=

1

2

[1 −q

q 1

], (2.35)

q é o operador defasagem de fase de 90◦ no domínio do tempo. O retardo no tempo

20

introduzido pelo operador q está associado a frequência fundamental, portanto, o com-

portamento para o enésimo harmônico das tensões de entrada é dado por:

[~V +nαβ

]=

1

2

[1 −|n|q|n|q 1

][vnα

vnβ

], q = e−j π

2 . (2.36)

em que o sinal n representa se o vetor tensão é de sequência positiva ou negativa. O

PSC não modifica a sequência. Portanto, se um vetor de sequência negativa é aplicado

ao PSC, na saída deste haverá um vetor de mesma sequência multiplicado por um ganho

complexo. A tabela 2.1 mostra de forma reduzida os ganhos complexos para alguns

harmônicos de ambas as sequências.

Tabela 2.1: Capacidade de rejeição de harmônicos no PSC em αβ .

Ordem do Harmônico (n) Seq. Positiva + Seq. Negativa -

1◦ 1∠0◦ 0

2◦ 1√2∠− 45◦ 1√

2∠45◦

3◦ 0 1∠0◦

4◦ 1√2∠45◦ 1√

2∠− 45◦

5◦ 1∠0◦ 0

... ... ...

Para gerar os sinais em quadratura o DSOGI-PLL utiliza integradores genera-

lizados de segunda ordem (SOGI - Second Order Generalized Integrator) [31, 32]. A

estrutura do SOGI pode ser visualizada na Figura 2.9 e as suas funções de transferências

possuem as seguintes expressões:

Figura 2.9: Diagrama em blocos do SOGI-QSG [7].

D(s) =v′

v(s) =

kω′

s

s2 + kω′s+ ω′2, (2.37)

21

Q(s) =qv

v(s) =

kω′2

s2 + kω′s+ ω′2, (2.38)

em que w′ é a frequência de ressonância e k é o fator de amortecimento.

Considerando que v é um sinal senoidal com frequência w na entrada do SOGI-

QSG, então, suas saídas podem ser representadas na forma fasorial através de suas

funções de transferência (equações (2.37) e (2.38)), de onde se obtém:

V′

= DV , (2.39)

em que:

|D| = kωω′

√(kωω′)2 + (ω2 − ω′2)′2

, (2.40)

∠D = arctan(ω

′2 − ω2

kωω′). (2.41)

Da mesma forma:

qV′

= QV , (2.42)

em que:

|Q| = ω′

ω|D|, (2.43)

∠Q = ∠D − π

2. (2.44)

A estrutura completa do DSOGI-PLL é apresentada na Figura 2.10. As tensões

da rede são inicialmente transformadas para um referencial estacionário αβ, em que cada

componente passa por um SOGI-QSG a fim de se obter os sinais em quadratura que são

a entrada para o PSC (extrator de sequência positiva) e, por fim, os sinais v+α e v+β são

transferidos para um SRF-PLL. Um aspecto importante a ser analisado no DSOGI-PLL

é o erro na estimação da sequência positiva quando a frequência da rede (ω) difere da

nominal (ω′

), fazendo o retardo no tempo imposto pelo operador q não corresponda a

exatamente 90◦. Para compensar esse efeito é realizada uma realimentação da frequência

ângular ω′

com objetivo de tornar o PLL adaptativo em frequência. Entretanto, essa

realimentação dificulta a escolha dos parâmetros da malha de controle que garantem a

estabilidade do sistema.

22

Figura 2.10: Diagrama em blocos do DSOGI-PLL [7].

2.4 Métodos de Sincronização Publicados Recentemente

Um método alternativo para lidar com sinais associados à operação desbalanceada da

rede elétrica é o algoritmo cancelamento do sinal atrasado (Delayed Signal Cancelation:

DSC-PLL) [33, 34]. Essa técnica realiza a separação das componentes de sequência posi-

tiva e negativa através de uma combinação do vetor tensão no domínio αβ e esse mesmo

vetor atrasado em um quarto de ciclo (obtido através de armazenamentos). O algo-

ritmo é apropriado em aplicações cujas tensões da rede se encontram desbalanceadas, no

entanto, não existem mecanismos para realizar a rejeição de componentes harmônicos.

Por conta disso, foi proposta uma versão estendida do DSC (Extended Delayed Signal

Cancelation - PLL) em [35, 36] a qual além de cancelar o efeito do desbalanço elimina

harmônicos indesejados. Essa técnica faz uso da teoria das componentes simétricas ins-

tantâneas de Fortescue. Nesse método, as tensões da rede [va,vb,vc]T são expressas em

um eixo de coordenadas estacionárias [vα, vβ]T e são submetidas a duas operações em

cascata para eliminar harmônicos ímpares, nesse momento os harmônicos pares são ape-

nas atenuados. Os sinais de saída dessas operações são transformados para um sistema

em referencial síncrono dq e passam por mais duas operações para eliminar os harmô-

nicos pares. Por fim, esses sinais oriundos da saída da última operação são a entrada

para um SRF-PLL com objetivo de realizar a estimação de fase desejada. Em [37] foi

sugerido uma generalização do método de cancelamento por sinal atrasado denominado

23

de GDSC-PLL (Generalized Dalayed Signal Cancelation) capaz de obter tanto o vetor

tensão de sequência positiva na frequência fundamental, quanto quaisquer componentes

harmônicos de sequência positiva ou negativa. Isso é possível através de transformações

matemáticas que empregam cálculos aritméticos simples baseados no armazenamento de

valores passados. Um esquema adaptativo em frequência dessa técnica pode ser encon-

trado em [38]. A implementação digital do GDSC-PLL em FPGA (Field Programmable

Gate Array) é discutida nos seguintes artigos [39, 40]. E uma forma de reduzir o tempo

de convergência do algoritmo GDSC-PLL é demonstrado em [41].

Outra estratégia para realizar a extração do vetor de sequência positiva está

baseada na utilização de um filtro de múltiplos coeficientes complexos (Multiple Complex

Coefficient Filter - MCCF-PLL) a qual é discutida em [42]. A referida técnica não utiliza

a teoria das componentes simétricas instantâneas de Fortescue, entretanto, consegue

obter qualquer componente de sequência positiva e negativa de forma rápida e precisa.

Nesse caso não foi necessário diminuir a largura de banda para eliminar harmônicos de

ordem mais elevada como é feito em outros métodos, o que tornaria a estimação da fase

realizada pelo SRF-PLL mais lenta.

Alternativamente às técnicas acima descritas, que extraem a sequência positiva

para, então, fornecê-la a um PLL de referência síncrona, alguns trabalhos tentam rejei-

tar harmônicos ou desbalanceamentos por meio de filtros inseridos no laço interno de

controle do PLL, como proposto em [43]. Esse trabalho propõe a utilização de um FMM

(Filtro de Média Móvel) em conjunto com um sistema de avanço de fase para compen-

sação do atraso dinâmico no laço de controle do PLL. Outro exemplo de utilização de

FMM’s para aprimorar a dinâmica do PLL foi desenvolvido em [44], no qual o desempe-

nho desta técnica é refinado por meio de um interpolador linear. Em [45], apresenta-se

um FMM acrescido à sua estrutura um componente proporcional. Tal componente não

provoca atraso de fase e não afeta a estabilidade do sistema. O FMM modificado é ca-

paz de eliminar harmônicos de baixa ordem, com uma largura de banda elevada, o que

significa boa resposta dinâmica. Os critérios de análise e performance, bem como dire-

trizes de projeto de PLL baseados em filtros de média móvel são discutidos na referência

bibliográfica [46].

Um tipo de PLL que se destacou devido a sua capacidade de realizar uma rápida

e eficiente filtragem de sinais são aqueles baseados nos filtros de Kalman. O sistema de

energia elétrica sujeito a distúrbios de tensão pode ser inicialmente modelado via variáveis

de estado interpretando-o como um processo estocástico, com respectivo tratamento

estatístico, a partir de então obtêm-se os ângulos de fase instantâneos que são utilizados

para estimar a frequência fundamental, dispensando técnicas auxiliares para sua detecção

ou alteração da frequência de amostragem [47, 48, 49, 50]. Entretanto, uma dificuldade

inerente aos filtros de Kalman reside na obtenção dos parâmetros: matriz de covariância

24

de ruído de processamento e matriz de covariância de medição os quais não seguem uma

sistemática bem definida, todavia pode-se observar as sugestões descritas em [51].

Por fim, o próximo capítulo dessa dissertação apresenta uma técnica de sincroni-

zação baseada em mínimos quadrados capaz de realizar a extração da sequência positiva

e negativa, ajudando o SRF-PLL a estimar de maneira eficiente a frequência e o ângulo

de fase da rede elétrica. O método proposto elimina o efeito das oscilações associadas

a operação desbalanceada da rede, bem como, apresenta uma boa rejeição de harmôni-

cos. Nesse caso não foi necessário realizar o armazenamento de valores passados como

ocorre em outros algoritmos o que torna o processamento rápido e a alocação de memória

reduzida facilitando a implementação em hardware.

Capítulo 3

Separação de Sequência Baseada em

Algoritmo dos Mínimos Quadrados

Neste capítulo será apresentado um método para extração de sequência positiva na

frequência fundamental aplicado a sincronização de sistemas de geração distribuída.

A técnica proposta utiliza o algoritmo dos mínimos quadrados recursivo ponderado

(MQRP) para separar a sequência positiva e negativa em um sistema de coordenadas es-

tacionárias. Por fim, a sequência positiva é recriada com objetivo de servir como entrada

de um PLL em referencial síncrono. A referida técnica já foi utilizada no contexto de um

controle de um restaurador dinâmico de tensão (DVR) em [52, 53]. No presente traba-

lho, além de aplicá-la ao problema de sincronização, também, propõe-se sua adaptação

a fim de torná-la mais robusta a distorções harmônicas através da expansão do vetor de

regressores do modelo para o sinal de tensão da rede. Vale ressaltar que o método não

se baseia em filtros passa-baixa para rejeição de harmônicos. Portanto, não é necessário

fazer um compromisso entre velocidade da resposta e a largura de banda do filtro a fim

de compensar distúrbios relacionados a operação desequilibrada do sistema de distri-

buição. Obviamente, este não compromisso oferece a possibilidade de estipular bandas

de frequência maiores para o PI no laço do PLL síncrono, melhorando seu desempenho

transitório. No final deste capítulo, o método proposto é testado no software Matlab©

no intuito de comprovar a sua eficiência na extração das componentes de sequência em

sinais desbalanceados produzidos sinteticamente por um gerador trifásico.

3.1 Algoritmo de Estimação dos Componentes de Sequência

A técnica de estimação dos componentes de sequência utilizada neste trabalho opera nas

tensões vα e vβ, que são extraídas dos valores instantâneos das tensões de fase va, vb e

26

vc, por meio da transformação em eixo estacionário definida na equação (2.7).

As tensões trifásicas va, vb e vc estão associadas a um vetor síncrono, ~Vs, que no

plano αβ possui sua posição angular fornecida por θ = ωt, em que ω é uma velocidade

angular em rad/s. Na situação em que as tensões de fase são puramente senoidais e com-

postas por uma sequência positiva, ω e ~Vs são constantes positivas e ~Vs gira no sentido

anti-horário. No caso de um desbalanço na rede elétrica, o vetor ~Vs pode ser definido por

uma soma de dois vetores: um de sequência positiva, ~Vp, girando no sentido anti-horário

com velocidade ω, e outro de sequência negativa, ~Vn que gira no sentido horário, com

velocidade angular −ω. Esses dois vetores possuem magnitudes constantes vp e vn. A

posição angular de ~Vp é fornecida pela soma dos ângulos θ e φp, enquanto que a posição

do vetor ~Vn é definida pela soma de θ e φn. Esses vetores e suas posições em relação aos

eixos α e β podem ser visualizados na Figura 3.1.

Figura 3.1: Componentes de sequência localizadas no plano αβ.

Observando a Fig. 3.1, é possível expressar, vα pela equação:

vsα = vpα + vnα, (3.1)

que pode ser reescrita por:

vsα = vp cos(θ + φp) + vn cos(θ + φn), (3.2)

27

Analogamente, vβ é fornecido por:

vsβ = vpβ + vnβ, (3.3)

que, alternativamente, pode ser expressa por:

vsβ = vp sen(θ + φp)− vn sen(θ + φn). (3.4)

Pode-se notar que as equações (3.2) e (3.4) separam as contribuições das sequên-

cias positivas e negativas nos eixos αβ. No entanto, ainda é necessária uma expansão

dos senos e cossenos para transformar a estimação das contribuições em um problema

linear. Dessa forma, expandindo-se os cossenos e senos, obtém-se:

vsα = (vpα0 + vnα0)cos(ωt) + (−vpβ0 + vnβ0)sen(ωt), (3.5)

vsβ = (vpβ0 − vnβ0)cos(ωt) + (vpα0 − vnα0)sen(ωt), (3.6)

em que vpα0 = vpcosφp, vpβ0 = vpsenφp, vnα0 = vncosφn e vnβ0 = vnsenφn. De forma

mais compacta, estas equações podem ser reescritas como:

vsα = Xc1cos(ωt) +Xs

1sin(ωt), (3.7)

vsβ = Y c1 cos(ωt) + Y s

1 sin(ωt), (3.8)

considerando que:

Xc1 = vpcosφp + vncosφn = vpα0 + vnα0

Xs1 = −vpsinφp + vnsinφn = −vpβ0 + vnβ0

Y c1 = vpsinφp − vnsinφn = vpβ0 − vnβ0

Y s1 = vpcosφp − vncosφn = vpα0 − vnα0.

(3.9)

As equações (3.7) e (3.8) mostram que os parâmetros Xc1, X

s1 , Y

c1 e Y s

1 são lineares

para vα e vβ. Assim essa dissertação propõe utilizar o algoritmo dos mínimos quadrados

em sua forma recursiva e ponderada (MQRP) a fim de calcular os parâmetros dos valores

instantâneos de vα e vβ. Na próxima seção, apresenta-se uma breve fundamentação

teórica do algoritmo dos mínimos quadrados para integrá-lo à técnica de separação de

sequência apresentada neste trabalho.

28

3.2 Algoritmo dos Mínimos Quadrados

De acordo com o que foi abordado em [54], o algoritmo de mínimos quadrados é uma

técnica de estimação paramétrica utilizada para resolver o seguinte problema: deseja-se

ajustar uma função modelo y a um conjunto de N amostras de uma grandeza y qualquer.

O ajuste deve minimizar a soma dos erros quadráticos das diferenças entre os valores

das amostras e da função modelo. Se o ajuste resultar da estimação de parâmetros dos

quais a função depende linearmente, o algoritmo de mínimos quadrados é dito linear.

Suponha que um sinal y[k], k = 1,2, · · · , N , é modelado por:

y[k] = ϕ1[k]ρ1 + ϕ2[k]ρ2 + ........ + ϕL[k]ρL. (3.10)

O modelo y[k] depende linearmente dos L parâmetros ρ. A equação (3.10) pode ser

reescrita de forma mais compacta da seguinte maneira:

y[k] = ρTkϕk, (3.11)

em que ρk é o vetor de parâmetros a ser determinado, fornecido no instante k por:

ρTk = ρ1 ρ2 · · · ρL, (3.12)

e ϕk é um vetor de regressores ou funções regressoras, expresso por:

ϕTk = ϕ1[k] ϕ2[k] · · · ϕL[k]. (3.13)

No método de mínimos quadrados, os parâmetros são estimados de forma a mi-

nimizarem o erro quadrático v que pode ser definido por:

v[N ] =

N∑

i=1

(y[i]− y[i])2 . (3.14)

A solução desse problema é muito bem conhecida e é fornecida por [55]:

ρ =(MTM

)−1MTy, (3.15)

em que y é o vetor cujo os elementos são as amostras do sinal y e a matriz dos regressores

M é fornecida por:

29

M =

ϕ1[1] ϕ2[1] · · · ϕL[1]

ϕ1[2] ϕ2[2] · · · ϕL[2]...

. . ....

ϕ1[k] ϕ2[k] · · · ϕL[k]

. (3.16)

O produto(MTM

)−1MT se chama pseudoinversa. A estimação fornecida na

equação (3.15) é dita solução em batelada, ou solução em lote. Ela utiliza de uma única

vez todas as amostras do sinal analisado. A grande desvantagem desta estimação é o

esforço computacional requerido para calcular a pseudoinversa, principalmente quando

a ordem da matriz M é elevada. Para aplicações em que se deseja atualizar a estimativa

a cada nova leitura de uma amostra, algoritmos em batelada, em geral, não são uma

boa alternativa. Isso motivou uma linha de pesquisa na qual se busca recursivamente a

atualização da solução em (3.15).

O primeiro passo para implementação de um algoritmo baseado em mínimos

quadrados recursivo é estimar no tempo inicial, um conjunto de parâmetros para a

função modelo y. A estimação inicial gera o chamado erro a priori ou de predição,

descrito como:

e0[k + 1] = y[k + 1]− y0[k + 1]. (3.17)

O sobrescrito em y[k+1] na equação (3.17) indica que sua predição é realizada utilizando

o vetor de parâmetros conhecido no instante anterior,ou seja, no instante discreto k.

Desse modo:

y0[k + 1] = ρTkϕk. (3.18)

O algoritmo de mínimos quadrados recursivo atualiza a estimativa dos parâme-

tros através de uma combinação linear formada pelo erro de predição e os parâmetros

estimados no tempo k da seguinte maneira:

ρk+1 = ρk +Kke0[k + 1]. (3.19)

em que o ganho Kk é fornecido por (ver apêndice A):

Kk =Pkϕk

ϕTkPkϕk + 1

. (3.20)

P é uma matriz de dimensão L × L, chamada matriz de covariância. Antes de iniciar

30

o algoritmo, ela deve ser estimada. Sua projeção para o tempo k + 1 ocorre de acordo

com a equação (ver apêndice A):

Pk+1 = Pk −Pkϕkϕ

TkPk

1 +ϕTkPkϕk

. (3.21)

As equações (3.17), (3.19), (3.20) e (3.21) devem ser utilizadas no laço principal

do algoritmo de mínimos quadrados. O algoritmo é iniciado com a estimativa do vetor

de parâmetros ρ e da matriz de covariância P. Chamando o valor inicial do vetor de

parâmetros de ρ0, a predição para o primeiro valor de y é:

y[1] = ϕT0 ρ1

= ϕT0

[ρ0 +K0

(y[1]−ϕ

T0 ρ0

)]

= ϕT0

[ρ0 +

P0ϕ0

ϕT0P0ϕ0 + 1

(y[1]−ϕ

T0 ρ0

)]. (3.22)

Se P for uma matriz de valores elevados, então ϕT0 P0ϕ0 >> 1. Deste modo, a última

igualdade em (3.22) pode ser aproximada por:

y[1] ≈ ϕT0 ρ0 +ϕ

T0 P0ϕ0

T0 P0ϕ0

)−1y[1]−ϕ

T0 P0ϕ0

T0 P0ϕ0

)−1ϕ

T0 ρ0

≈ y[1]. (3.23)

Portanto, escolhendo-se valores elevados para os elementos de P, a primeira estimativa

do vetor de parâmetros ρ, praticamente não afeta o valor estimado para y.

Em situações em que os parâmetros a serem estimados variem no decorrer do

tempo, o método dos mínimos quadrados recursivo não é adequado. Como pode ser ob-

servado na equação (3.14), o estimador de mínimos quadrados pondera de forma idêntica

os erros cometidos pelo modelo em todos os tempos. Em outras palavras, num conjunto

de N pontos, a primeira observação possui o mesmo peso da enésima. No intuito de cor-

rigir essa deficiência foi desenvolvido um método de cálculo da matriz P onde adotou-se

uma ponderação sobre as observações mais recentes de tal forma que as mesmas exerçam

uma influência maior no cálculo do erro total, pois elas contêm informações mais atuali-

zadas. Então, para tanto, deve-se ponderar a soma dos v erros quadráticos da seguinte

maneira:

v(N) =

N∑

i=1

λN−i (y[i]− y[i])2 , (3.24)

em que λ é conhecido como fator de esquecimento e deve pertencer ao intervalo: 0 <

31

λ < 1. Ele modifica as expressões de atualização para o ganho K e para a matriz de

covariância P da seguinte maneira [55, 56]:

Kk =Pkϕk

ϕTkPkϕk + λ

, (3.25)

Pk+1 =1

λ

(Pk −

PkϕkϕTkPk

1 +ϕTkPkϕk

). (3.26)

O algoritmo de mínimos quadrados recursivo ponderado (MQRP) é resumido no

seguinte conjunto de equações:

Kk =Pkϕk

ϕTkPkϕk+λ

e0[k + 1] = y[k + 1]− y0[k + 1]

ρk+1 = ρk +Kke0[k + 1]

Pk+1 =1

λ

(Pk − Pkϕkϕ

TkPk

1+ϕTkPkϕk

).

(3.27)

Deve-se notar que o algoritmo descrito em (3.27) é determinístico. Não se faz

nenhuma consideração estatística sobre os ruídos que eventualmente o sinal de dados

contenha, ou sobre a matriz de covariância P. Ao contrário de outras abordagens como

o algoritmo de Kalman que possui em sua estrutura, a descrição estatística dos ruídos

associados ao sinal de dados, e também fornece uma interpretação estatística da matriz

de covariância P ??.

3.3 Separação de Sequências Utilizando o MQRP

O método de separação de sequência exposto na secção 1.1 está baseado na projeção

do vetor tensão da rede sobre um sistema de coordenadas estacionárias. No entanto, é

necessário realizar uma expansão dos senos e cossenos das equações (3.2) e (3.4) para

tornar o problema linear, viabilizando a utilização do algoritmo MQRP na estimação

dos parâmetros Xc1 , X

s1 , Y

c1 e Y s

1 .

A explicação apresentada nesta secção se restringe a demonstrar a aplicação do

algoritmo na estimação dos parâmetros associados à projeção do vetor tensão sobre o

eixo α. No entanto, um procedimento idêntico deve ser utilizado no intuito de determinar

32

os parâmetros associados a projeção do vetor tensão sobre o eixo β. Portanto, a equação

(3.2) pode ser compactamente reescrita através da seguinte notação:

vα[k] = ρTkϕk. (3.28)

O vetor de parâmetros é representado por ρk e pode ser expresso da seguinte

maneira:

ρk = [1 Xc1 Xs

1 · · · XcL Xs

L]T . (3.29)

Na equação (3.29), os parâmetros XcL e Xs

L estão relacionados a uma determinada

interferência harmônica que se deseja eliminar. O regressor unitário, além de rejeitar

qualquer componente CC presente no sinal, também se presta ao propósito de absorver

a energia de harmônicos não contemplados pelo modelo de vα, como argumentado em

[57, 58]. A presença de harmônicos não previstos pelo modelo podem causar oscilações

nos parâmetros estimados. O vetor de regressores, ϕk pode ser escrito da seguinte forma:

ϕk =

1

cos(ω∆t)

sen(ω∆t)

· · ·cos(Lω∆t)

sen(Lω∆t)

. (3.30)

A diferença entre o sinal vα[k] e seu modelo vα[k] em um dado instante tk é

denominado de erro de predição o qual é utilizado para que o algoritmo possa melhorar

a estimativa dos parâmetros procurados podendo ser expresso por:

e0[k + 1] = vα[k + 1]− v0α[k + 1], (3.31)

Através da combinação linear dos parâmetros estimados para um passo de tempo

k e do erro expresso na equação (3.31), o algoritmo MQRP atualiza a estimativa para

os parâmetros em k + 1 de acordo com (verificar apêndice):

ρk+1 = ρk +Kke0[k + 1], (3.32)

33

em que Kk é um ganho fornecido por:

Kk =Pkϕk

ϕTkPkϕk + λ

, (3.33)

e Pk é a chamada matriz de covariância. A maneira que esta matriz é atualizada deter-

mina a eficiência da adaptabilidade do algoritmo a mudanças nos parâmetros estimados.

Neste trabalho, adota-se a técnica de ponderação com fator de esquecimento λ, que

resulta na atualização de Pk+1 conforme:

Pk+1 =1

λ

(Pk −

PkϕkϕTkPk

1 +ϕTkPkϕk

). (3.34)

Desse modo, o MQRP é um algoritmo que minimiza o somatório, S, dos erros

ponderados por λ, entre as amostras 1 até N de vα e de seu modelo vα por meio da

equação:

S(N) =

N∑

i=1

λN−i (vα[i]− vα[i])2 . (3.35)

Em se tratando de algoritmo recursivo é necessário inicializá-lo antes de proceder

a primeira iteração. Por fim, quando os parâmetros Xc1,X

s1 , Y

c1 e Y s

1 forem determinados,

a magnitude da sequência vp e vn juntamente com seus valores iniciais de fase φp e φn

podem ser calculados através das seguintes relações:

vpα0 = vpcosφp = 1

2(Xc

1 + Y s1 ),

vpβ0 = vpsenφp =1

2(Y c

1 −Xs1),

vnα0 = vpcosφn = 1

2(Xc

1 − Y s1 ),

vnβ0 = vnsenφn = −1

2(Y c

1 +Xs1).

(3.36)

e então:

vp =√

v2pα0 + v2pβ0, (3.37)

vn =√

v2nα0 + v2nβ0. (3.38)

a fase inicial pode ser obtida por:

φp = acos

(vpα0vp

), (3.39)

φn = asin

(vnβ0vn

). (3.40)

34

A estrutura completa do método proposto pode ser visualizada no esquemático

da Figura 3.2. Inicialmente, o vetor tensão da rede é projetado sobre os eixos αβ onde

através de relações trigonométricas são determinados os parâmetros Xc1 ,Xs

1 ,Y c1 e Y s

1 .

E, logo após essa etapa, através de manipulações algébricas podemos determinar a am-

plitude e o ângulo de fase inicial dos vetores de sequência positiva e negativa das tensões

da rede elétrica. Por fim, a sequência positiva é recriada com objetivo de servir como

entrada de um PLL em referencial síncrono.

Figura 3.2: Estrutura do método de sincronização proposto.

3.4 Validação da Técnica Proposta

Nesta seção, apresentam-se simulações em que se verifica o desempenho do método na

extração de sequências . Portanto, um código em Matlab© é realizado, em que se

considera inicialmente tensões trifásicas equilibradas, com amplitude correspondente de

150 VRMS por fase como pode ser visualizado na Figura 3.3. O método proposto é

aplicado com objetivo de realizar o cálculo da magnitude dos componentes de sequência

positiva e negativa de acordo com a Figura 3.4. Para a inicialização do estimador MQRP,

utiliza-se um fator de esquecimento igual a 0.95. A estimativa inicial dos parâmetros é

fixada em zero e a matriz de covariância é diagonal, com elementos iguais a 1000. O

fator de esquecimento e a matriz inicial de parâmetros são heuristicamente determinados

[56, 54, 55].

35

Tempo (ms)0 50 100 150 200 250 300

Vab

c (V

)

-250

-200

-150

-100

-50

0

50

100

150

200

250

Fase VaFase VbFase Vc

Figura 3.3: Sistema trifásico equilibrado.

Tempo (ms)0 50 100 150 200 250 300

Ten

são

(V)

-50

0

50

100

150

200

250

Sequência PositivaSequência Negativa

Figura 3.4: Componentes de sequência estimados a partir de um sistema balanceado.

36

No segundo caso mostrado nesta seção, um conjunto trifásico de tensões desba-

lanceadas é simulado conforme mostra a Figura 3.5. Originalmente as tensões possuem

um valor de 150 VRMS e, durante a ocorrência da perturbação, a fase A é afundada para

100 VRMS . Esse tipo de distúrbio corresponde a uma falta fase-terra que é um problema

comum em sistemas elétricos de potência [59]. A estimação da sequência positiva e

negativa do sinal de tensão desbalanceado pode ser visualizado na Figura 3.6. Os pa-

râmetros selecionados para a inicialização do MQRP foram os mesmos descritos para o

caso anterior.

Tempo (ms)0 50 100 150 200 250 300

Vab

c (V

)

-250

-200

-150

-100

-50

0

50

100

150

200

250

Fase VaFase VbFase Vc

Figura 3.5: Sistema trifásico com afundamento na fase A.

Para verificar se a estimativa para a magnitude dos componentes de sequência

positiva e negativa mostrada nas Figuras 3.4 e 3.6 está correta, pode-se realizar uma

comparação com os valores algebricamente obtidos através da teoria das componentes

simétricas de Fortescue. A matriz utilizada para realizar o cálculo teórico das magnitudes

dos componentes de sequência é descrita por:

V0

Vp

Vn

=

1

3

1 1 1

1 α α2

1 α2 α

Va

Vb

Vc

, (3.41)

em que V0, Vp e Vn são os fasores de sequência zero, positiva e negativa respectivamente.

E Va, Vb e Vc são os fasores correspondentes às tensões de fase e α = ej2π3 .

37

Tempo (ms)0 50 100 150 200 250 300

Ten

são

(V)

-50

0

50

100

150

200

250

Sequência PositivaSequência Negativa

Figura 3.6: Componentes de sequência estimadas a partir de um sistema desbalanceado.

No caso específico da Figura 3.4, os componentes de sequência estimados pelo

algoritmo não precisam ser determinados algebricamente, pois trata-se de um sinal de

tensão equilibrado. A sequência positiva possui o valor de aproximadamente 212 V, que

corresponde ao valor de pico para uma fase de 150 VRMS , conforme esperado. No en-

tanto, no caso da Figura 3.6, o sinal é desequilibrado, portanto, foi necessário realizar o

cálculo algébrico através da equação (3.41) e, durante o afundamento, os valores obtidos

teoricamente para as amplitudes das sequências positiva e negativa foram de 8

9Vpico e

1

9Vpico respectivamente (Vpico é aproximadamente igual a 212 V). Assim, os valores asso-

ciados a sequência positiva e negativa são iguais a 188,7 V e 23,6 V, respectivamente. Os

valores obtidos através do cálculo teórico foram idênticos àqueles encontrados por meio

de simulações como pode ser visto na Tabela 3.1, esse resultado demonstra a eficiência

do algoritmo de separação de sequências utilizado neste trabalho.

Tabela 3.1: Comparação para o caso desbalanceado.

Seq. + Seq. -

Valor Teórico 188,7 23,6

Valor Simulado 188,7 23,6

No próximo capítulo, apresentam-se os resultados obtidos em relação à estimação

da frequência e do ângulo de fase de tensões submetidas a afundamentos e distorções

harmônicas. Vale salientar que a sincronização aqui proposta é realizada por um PLL em

38

referência síncrona que opera no componente de sequência positivo extraído pela técnica

discutida neste capítulo.

Capítulo 4

Resultados

Neste capítulo, apresentam-se simulações com objetivo de analisar a dinâmica do algo-

ritmo MQRP na estimação de harmônicos de diferentes ordens. Além disso, testes são

realizados no intuito de avaliar o desempenho da técnica de sincronização proposta em

estimar corretamente a frequência e o ângulo de fase da tensão da rede elétrica. Nessa

situação, investigam-se a capacidade de rejeição de componentes harmônicos e a tolerân-

cia em relação a afundamentos e desbalanços nas tensões do sistema de distribuição. Por

fim, a validação da técnica proposta é realizada através de um arranjo experimental em

que o algoritmo foi embarcado em um processador digital de sinais e testado em tensões

geradas por uma fonte programável. A frequência de amostragem utilizada corresponde

a 3 kHz. Nas subseções que se seguem, serão apresentados os resultados obtidos.

4.1 Resultados de Simulação

4.1.1 Teste Dinâmico do Algoritmo MQRP

Nesta seção, analisa-se o desempenho dinâmico do algoritmo MQRP na estimação de

harmônicos de diferentes ordens. Inicialmente um gerador monofásico com tensão igual

a 1 p.u. e frequência de 60 Hz foi simulado sinteticamente através do software Matlab©

e, no tempo igual a 50 ms é adicionado um componente harmônico de segunda ordem

com amplitude de 0.1 p.u. Para a inicialização do algoritmo MQRP, utiliza-se um fator

de esquecimento igual 0,95, a estimativa inicial do vetor de parâmetros mostrado equação

(3.29) é fixada em zero e a matriz de covariância é selecionada para ser diagonal de forma

que os elementos da diagonal principal correspondam a 1000. O fator de esquecimento e

a matriz inicial de parâmetros são heuristicamente determinados. O resultado da estima-

40

ção do componente fundamental e do harmônico de segunda ordem pode ser visualizado

na Figura 4.1. Pode-se notar que a estimação realizada pelo algoritmo MQRP converge

corretamente em menos de 1 ciclo o que demonstra uma boa velocidade de convergência.

Tempo (ms)0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Ten

são

(p.u

.)

-1

-0.5

0

0.5

1

Sinal de TensãoComponente FundamentalHarmônica de 2° ordem

Figura 4.1: Sinal monofásico de tensão com harmônico de 2° ordem.

Tempo (ms)0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Ten

são

(p.u

.)

-1

-0.5

0

0.5

1

Sinal de TensãoComponente FundamentalHarmônica de 11° ordem

Figura 4.2: Sinal de monofásico de tensão com o harmônico de 11° ordem.

No segundo exemplo dessa seção, um sistema semelhante ao caso anterior é simu-

41

lado, no entanto, adiciona-se um harmônico de décima primeira ordem com amplitude

igual a 0,1 p.u. O resultado da estimação realizada pelo algoritmo MQRP para a com-

ponente fundamental e o harmônico de décima primeira ordem pode ser visualizado na

Figura 4.2. Nota-se que, no tempo igual a 50 ms, o sinal de tensão está fortemente

distorcido devido a presença do componente de décima primeira ordem. Além disso,

a estimação dos componentes harmônicos realizado pelo algoritmo MQRP, neste caso,

também converge para os valores corretos em menos de 1 ciclo.

Tempo (ms)0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Ten

são

(p.u

.)

-0.05

0

0.05

0.1

0.15

0.2

Harmônica de 11° ordemHarmônica de 2° ordem

Figura 4.3: Comparação entre a estimação do 2° e 11° harmônico.

A Figura 4.3 apresenta a estimação dos componentes harmônicos de segunda e

décima primeira ordem realizada pela técnica proposta em um único gráfico. Nota-se

que, em ambos os casos, o algoritmo MQRP estima os harmônicos de segunda e décima

primeira ordem com velocidades de convergência semelhantes. Dessa observação, pode-

se concluir que a técnica é capaz de estimar tanto harmônicos de ordem mais baixa

como aqueles de ordem mais elevada associados à operação desbalanceada e distorcida

das tensões na rede elétrica. As simulações apresentadas nesta seção foram obtidas

utilizando apenas um estimador e comparadas com os valores teoricamente esperados.

42

4.1.2 Rede Desbalanceada

Nesta seção foram realizadas simulações através do software Matlab© com objetivo

de analisar a eficiência da técnica de sincronização proposta na extração de sequência

positiva a fim de ajudar o PLL a estimar corretamente a frequência e ângulo de fase da

rede elétrica.

O algoritmo proposto foi testado através de um gerador trifásico simulado sinteti-

camente com frequência igual a 60 Hz. Neste trabalho, adota-se uma tensão pré-falta de

1∠0◦ p.u. e, entre os instantes de 33 ms a 83 ms, um afundamento é imposto a fase A do

gerador, em que a magnitude da tensão da fase A é reduzida em 73% do seu valor nominal.

Durante o período da falta, o vetor síncrono é composto por componentes de sequência

positiva e negativa em p.u. iguais a V +1 = 0.76∠ − 14◦ e V −1 = 0.25∠ − 171.37◦ .Este

afundamento encontra-se dentro dos limites estabelecidos pela curva de suportabilidade

dos procedimentos de rede para aerogeradores do ONS [8], conforme pode ser observado

na Figura 4.4. Para a inicialização do algoritmo MQRP do extrator de sequência são

selecionados parâmetros semelhantes àqueles descritos na seção anterior. Na Figura 4.5

podem ser visualizadas as tensões obtidas para uma rede desbalanceada.

Figura 4.4: Curva de suportabilidade adotada pelo Brasil - ONS/ANEEL [8].

43

Tempo (ms)0 20 40 60 80 100 120

Vab

c (p

.u.)

-1

-0.8

-0.6

-0.4

-0.2

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

Fase AFase BFase C

Figura 4.5: Rede de distribuição desequilibrada (afundamento na fase A).

A Figura 4.6 mostra as três fases relativas à sequência positiva extraída pelo

algoritmo. Nota-se que em menos de um ciclo, as tensões convergem para os valores

corretos.

Tempo (ms)0 20 40 60 80 100 120

Vab

c+ (

p.u.

)

-1

-0.8

-0.6

-0.4

-0.2

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

V+a

V+b

V+c

Figura 4.6: Sequência positiva na frequência fundamental calculada pelo extrator.

44

Tempo (ms)0 20 40 60 80 100 120

Vdq

(p.

u.)

-0.4

-0.2

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

Vq+

Vq

Vd+

Figura 4.7: Tensões de eixo direto e em quadratura.

Na Figura 4.7 pode ser observado que as curvas em preto e vermelho associadas as

tensões de eixo direto (v+d ) e quadratura (v+q ) obtidas através do método de extração de

sequência positiva, logo após a aplicação do distúrbio, não apresentaram praticamente

nenhuma oscilação. Este fato garante a operação estável de um gerador distribuído

conectado à rede elétrica. Ainda na Figura 4.7, a curva em azul é o resultado obtido

para a tensão em quadratura devido a operação isolada do SRF-PLL, ou seja, sem a

utilização do extrator de sequência positiva, em que observam-se oscilações com o dobro

da frequência fundamental devido a presença do componente de sequência negativa,

conforme esperado. Nessa situação em particular, mesmo que seja realizada uma redução

da largura de banda do SRF-PLL as oscilações não serão eliminadas por completo, além

do que, tornaria a resposta dinâmica do controlador excessivamente lenta.

Na Figura 4.8, apresenta-se na curva em preto, a estimativa da frequência feita

pelo método de extração de sequência proposto e na curva em azul, a estimativa de

frequência realizada exclusivamente pelo PLL de referência síncrona. Observa-se que a

técnica proposta obteve um desempenho bastante satisfatório, mesmo durante a ocorrên-

cia do distúrbio, determinando corretamente a frequência da rede elétrica. Vale ressaltar

que a estimação deste parâmetro é importante para as estratégias de controle dos con-

versores de potência utilizados em geração distribuída, visto que a sua determinação é

normalmente mais sensível a distúrbios na rede do que a do próprio ângulo de fase. A

obtenção de um ω muito oscilante levará a um mau desempenho do sistema de controle

de corrente tanto em referencial síncrono como estacionário. No primeiro caso, o im-

pacto se deve ao fato do ω fazer parte da compensação feedforward, causando distorção

45

nas tensões de referência para o PWM. No segundo caso, apesar de não haver termos

de compensação feedforward, o valor do ω estimado é continuamente informado para o

controlador proporcional ressonante, de forma a regular a frequência de ressonância do

mesmo e prover adaptatividade em frequência [17].

Tempo (ms)0 20 40 60 80 100 120

Fre

quên

cia

(Hz)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

f+

f

Figura 4.8: Compação entre a frequência estimada com e sem o extrator.

Tempo (ms)0 20 40 60 80 100 120

ǫ =

θre

f - θ

+

-0.5

-0.4

-0.3

-0.2

-0.1

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

Erro do ângulo de fase estimado (rad)

Figura 4.9: Erro do ângulo de fase estimado.

Na Figura 4.9, apresenta-se o gráfico do erro do ângulo de fase, onde se pode

46

observar que logo após a aplicação do distúrbio, o método proposto rapidamente converge

para o valor correto, de tal forma que o erro de regime permanente é nulo. Na Figura

4.10 pode ser observado o gráfico de fase obtido através da técnica proposta, o qual está

de acordo com o esperado teoricamente.

Tempo (ms)0 20 40 60 80 100 120

Fas

e (r

ad)

0

1

2

3

4

5

6

7Ângulo de fase estimado

Figura 4.10: Ângulo de fase estimado através doalgoritmo de extração de sequência.

Tempo (ms)0 20 40 60 80 100 120

Fre

quên

cia

(Hz)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

fGDSC

fPROPOSTO

Figura 4.11: Estimação da frequência realizada pelo método proposto e o GDSC-PLL.

47

Devido ao extenso número de algoritmos de PLL propostos na literatura, torna-

se necessária à seleção de trabalhos mais significativos para compará-los com a presente

técnica, além do PLL em referência síncrona. Como consequência da revisão realizada

nesta dissertação, pode-se destacar a referência [24] que apresenta o GDSC-PLL, am-

plamente referenciado na literatura e com elevado grau de imunidade a interferências

harmônicas. Dessa forma, comparou-se o desempenho da estimação de fase e de frequên-

cia para as mesmas condições trabalhadas nesta seção, em relação à presente proposta e

o GDSC-PLL. As Figuras 4.11 e 4.12 contranstam os resultados obtidos. Observando-se

a Figura 4.11, nota-se que as repostas da presente proposta e do GDSC-PLL conver-

gem rapidamente. O mesmo se pode afirmar para a estimação da fase. A Tabela 4.1

quantifica o desempenho das técnicas no que se refere ao tempo de assentamento e a

ultrapassagem percentual. Estes parâmetros são definidos de acordo com [60].

Tempo (s)0 20 40 60 80 100 120

ǫ =

θre

f - θ

+

-0.5

-0.4

-0.3

-0.2

-0.1

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

ǫGDSC

ǫPROPOSTO

Figura 4.12: Erro do ângulo de fase apresentado pelo método proposto e o GDSC-PLL.

Tabela 4.1: Comparação do desempenho dos métodos de sincronização.

Freqüência Erro do Ângulo de Fase

Métodos TA (ms) ULT (%) TA (ms) ULT (◦)

GDSC-PLL 24 10 13 4

Método Proposto 5 30 9 10

TA = Tempo de Assentamento

ULT = Tempo de Ultrapassagem

48

4.1.3 Rede desbalanceada com harmônicos

Nesta seção foi simulado um sistema semelhante ao caso apresentado anteriormente. No

entanto, aos sinais produzidos pelo gerador adicionou-se harmônicos de 5◦ e 11◦ ordem

iguais respectivamente a V +5 = 0.05∠0◦ p.u e V −11 = 0.01∠ − 30◦ p.u a fim de avaliar

a capacidade da técnica em conseguir eliminá-los de maneira eficiente. O subscrito

+5 indica um quinto harmônico de sequência positiva, ou seja, o vetor relacionado a

este componente harmônico gira no sentido anti-horário. O subscrito −11 indica uma

distorção de décima-primeira ordem de sequência negativa, ou seja, o vetor relacionado

a este componente harmônico gira no sentido horário.

A Figura 4.13 mostra a tensão nas fases do gerador, fortemente distorcidas e

uma das fases afundadas. O método proposto continua a oferecer resultados bastante

satisfatórios, eliminando de forma eficaz a influência das componentes harmônicas na

determinação da sequência positiva como pode ser visualizado na Figura 4.14. Vale

ressaltar que, neste caso, para poder filtrar as componentes harmônicas foi necessário

realizar a expansão do vetor de regressores do estimador fasorial baseado em mínimos

quadrados a fim de contemplar os harmônicos de 5◦ e 11◦ ordem, conforme demonstrado

na seção 3.3.

Tempo (ms)0 20 40 60 80 100 120

Vab

c (p

.u.)

-1

-0.5

0

0.5

1

Fase AFase BFase C

Figura 4.13: Rede de distribuição desbalanceada e com distorção harmônica.

49

Tempo (ms)0 20 40 60 80 100 120

Vab

c+ (

p.u.

)

-1

-0.5

0

0.5

1

V+a

V+b

V+c

Figura 4.14: Sequência positiva na frequência fundamental calculada pelo extrator.

Tempo (ms)0 20 40 60 80 100 120

Vq

(p.u

.)

-0.4

-0.3

-0.2

-0.1

0

0.1

0.2

0.3

0.4

Vqexp+

Vq+

Vq

Figura 4.15: Componente em quadratura.

A Figura 4.15 mostra, em azul, a estimação do componente em quadratura rea-

lizado pelo PLL síncrono, vq, e em vermelho, a mesma estimação realizada pelo método

proposto mas sem os regressores para a rejeição das distorções harmônicas, v+q . Em

preto, apresenta-se a estimação com a utilização dos regressores para o quinto e dé-

cimo primeiro harmônicos, v+qexp. Observa-se que esta última curva, pouco tempo após

50

a aplicação do distúrbio, não apresenta mais oscilações, como esperado.

Na Figura 4.16, apresentam-se as estimativas de frequência do PLL síncrono,

do método proposto sem a expansão dos regressores para rejeição de harmônicos e do

método proposto com o aumento do vetor de regressores. Na operação isolada do PLL

síncrono, percebe-se uma forte oscilação associada a presença dos componentes harmô-

nicos (gráfico em azul). Ao realizar-se a extração da sequência positiva, nota-se uma

considerável melhoria na determinação da frequência. No entanto, a mesma ainda apre-

senta oscilações de aproximadamente 10 Hz. E, por último, ao expandir-se o vetor de

regressores, a estimação converge rapidamente e sem oscilações para o valor correto. Na

mesma figura, destaca-se um zoom relativo a um curto período de tempo, em que se

evidencia o bom desempenho do método proposto na estimação da frequência com a

utilização da expansão do vetor de regressores.

A capacidade de lidar de maneira extremamente eficiente com afundamentos e

distorções harmônicas de qualquer ordem simultaneamente é um diferencial da técnica

sugerida neste trabalho em relação às demais apresentadas ao longo dessa dissertação

como o SRF-PLL, DSRF-PLL e DSOGI-PLL.

Na Figura 4.19, pode ser visualizado o gráfico do erro do ângulo de fase, onde

observa-se que logo após a aplicação do distúrbio, o método proposto consegue rapida-

mente voltar a estimar o ângulo de fase corretamente. Por fim, na Figura 4.20 pode ser

notado que o gráfico de fase está de acordo com o esperado teoricamente.

Figura 4.16: Estimação da frequência.

51

Tempo (ms)0 20 40 60 80 100 120

ǫ =

θre

f - θ

+

-0.5

-0.4

-0.3

-0.2

-0.1

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

Erro do ângulo de fase estimado (rad)

Figura 4.17: Erro do ângulo de fase estimado.

Tempo (ms)0 20 40 60 80 100 120

Fas

e (r

ad)

0

1

2

3

4

5

6

7Ângulo de fase estimado

Figura 4.18: Ângulo de fase estimado através doalgoritmo de extração de sequência.

Uma comparação do desempenho na estimação da frequência e erro do ângulo

de fase foi realizada entre o método proposto e o GDSC-PLL. Os resultados podem

ser visualizados nas Figuras 4.19 e 4.20. Ao observar a Figura 4.19, ambas as técnicas

obtiveram resultados parecidos no que se refere a velocidade de convergência. O mesmo

52

se pode afirmar para a estimação de fase. A Tabela 4.2 quantifica o desempenho das

técnicas no que se refere ao tempo de assentamento e a ultrapassagem percentual.

Tempo (ms)0 20 40 60 80 100 120

Fre

quên

cia

(Hz)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

fGDSC

fPROPOSTO

Figura 4.19: Estimação da frequência realizada pelo método proposto e o GDSC-PLL.

Tempo (ms)0 20 40 60 80 100 120

ǫ =

θre

f - θ

+

-0.5

-0.4

-0.3

-0.2

-0.1

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

ǫGDSC

ǫPROPOSTO

Figura 4.20: Erro do ângulo de fase apresentado pelo método proposto e o GDSC-PLL.

53

Tabela 4.2: Comparação do desempenho dos métodos de sincronização.

Freqüência Erro do Ângulo de Fase

Métodos TA (ms) ULT (%) TA (ms) ULT (◦)

GDSC-PLL 24 10 14 4.2

Método Proposto 6 25 10 10

TA = Tempo de Assentamento

ULT = Tempo de Ultrapassagem

4.2 Resultados Experimentais

Com objetivo de validar os resultados de simulação, o método proposto foi implementado

experimentalmente. A bancada experimental é composta por fonte trifásica programá-

vel da Supplier, modelo FAATHQ 450 − 38 − 50 − n55210, banco de resistores, placas

eletrônicas para aquisição e condicionamento de sinais construídas no laboratório e um

processador digital de sinais (DSP) TMS320F28335 da Texas Instruments. A frequên-

cia de amostragem empregada no DSP é de 3 kHz. A Figura 4.21 mostra a bancada

e seus principais componentes utilizados na montagem experimental. Para realização

desta etapa foi necessário um apoio interinstitucional com Universidade Federal do ABC

onde foram disponibilizados os componentes necessários na montagem experimental.

Figura 4.21: Montagem experimental realizado no laboratório da UFABC.

54

Tempo (ms)0 50 100 150 200 250 300

Vab

c (p

.u.)

-1

-0.8

-0.6

-0.4

-0.2

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

Fase AFase BFase C

Figura 4.22: Rede de distribuição desbalanceada com harmônico.

Tempo (ms)0 50 100 150 200 250 300

Vab

c+ (

p.u.

)

-1

-0.8

-0.6

-0.4

-0.2

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

V+a

V+b

V+c

Figura 4.23: Sequência positiva calculada pelo extrator.

A Figura 4.22 mostra os sinais produzidos pela fonte programável nos quais foram

adicionados harmônicos de 5◦ e 11◦ ordem similares àqueles descritos na seção anterior,

no entanto, a duração do distúrbio gerado é de 170 ms. Na Figura 4.23, apresenta-se a

extração da sequência positiva, a qual é um sinal perfeitamente balanceado, conforme

esperado. Vale a pena comentar que foi necessário realizar a expansão dos regressores

55

a fim de melhorar a capacidade de rejeição de harmônicos da técnica utilizada neste

trabalho, conforme demonstrado na seção 3.3

A Figura 4.24 mostra as estimativas para o componente em quadratura realizada

exclusivamente pelo PLL síncrono, técnica proposta com e sem a expansão do vetor

de regressores, nas cores azul, vermelho e preto respectivamente. Analogamente, os

mesmos resultados para estimação de frequência são apresentados na Figura 4.25. Pode-

se observar que ao realizar a expansão do vetor de regressores, o método consegue eliminar

as oscilações associadas aos componentes harmônicos tornando a técnica apresentada

nesta dissertação bastante promissora em relação a outros algoritmos de sincronização

citados nessa dissertação como SRF-PLL, DSRF-PLL e DSOGI-PLL. Por fim, observa-se

que o gráfico de fase da Figura 4.26 está de acordo com o esperado teoricamente.

Tempo (s)0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3

Vd

(%)

-0.4

-0.3

-0.2

-0.1

0

0.1

0.2

0.3

0.4

Vdexp+

Vd+

Vd

Figura 4.24: Componente em quadratura.

Os resultados alcançados através da análise e tratamento dos sinais experimentais

se aproximam bastante daqueles obtidos por intermédio de simulações apresentadas em

seções anteriores, demonstrando que os pressupostos teóricos utilizados nas simulações

são válidos.

56

Figura 4.25: Estimação da frequência.

Tempo (ms)0 50 100 150 200 250 300

Fas

e (r

ad)

0

1

2

3

4

5

6

7Ângulo de fase estimado

Figura 4.26: Ângulo de fase estimado através doalgoritmo de extração de sequência.

Capítulo 5

Considerações Finais e Trabalhos

Futuros

Neste trabalho foi proposto um método para detecção do vetor tensão de sequência

positiva na frequência fundamental no intuito de tornar o PLL em referencial síncrono

mais robusto a problemas de qualidade da energia. Verificou-se através de consultas à

literatura e simulações que algumas técnicas de sincronização podem fornecer referências

inadequadas de frequência e fase necessárias para o controle dos conversores em condições

anormais de operação da rede elétrica. Dentre as principais, estão os desbalanços e

distorções harmônicas que, usualmente, acontecem no sistema de distribuição.

No capítulo 2 desta dissertação, apresentam-se alguns dos métodos de sincroni-

zação mais citados na literatura de modo a analisar o desempenho em atenuar os efeitos

dos desequilíbrios e distorções harmônicas na estimação da frequência e fase das tensões

na rede elétrica. Dentre os métodos estudados, o que possui a implementação mais difun-

dida é o PLL baseado em referencial síncrono. É comum se aprimorar a resposta deste

tipo de PLL a componentes harmônicos de ordem mais elevada, por meio da redução

da largura de banda do controlador. No entanto, esse procedimento não é eficaz quando

os sinais de tensão são desbalanceados ou contêm harmônicos de menor ordem, além de

implicar em uma resposta dinâmica do controlador mais lenta. No caso específico de fal-

tas assimétricas, aparecerá um componente harmônico de sequência negativa, que ao ser

rotacionado para um referencial síncrono, transforma-se em um componente harmônico

com o dobro da frequência fundamental, produzindo um erro na estimação de ângulo de

fase considerável.

As demais técnicas estudadas possuem mecanismos de separação dos componen-

tes em sequência no intuito de mitigar os efeitos dos desbalanços. No entanto, não

58

apresentam um desempenho satisfatório em relação a rejeição de harmônicos como é o

caso do DSRF-PLL. O DSOGI-PLL, na maioria dos casos, tem um desempenho melhor

que o SRF-PLL e o DSRF-PLL. Contudo, em algumas situações, principalmente quando

ocorrem saltos de fase, esses métodos têm uma dinâmica lenta. Além disso, nenhum dos

métodos citados anteriormente é capaz de rejeitar sinais de off-set.

O capítulo 3 consiste na proposição de uma técnica de sincronização baseada

em uma separação de componentes de sequência efetuado por um algoritmo de mínimos

quadrados recursivo ponderado (MQRP). Através de uma simples análise geométrica, o

MQPR desassocia as contribuições das sequências positiva e negativa nos eixos estaci-

onários. A extração da componente positiva não possui nenhum bloco dinâmico, que

seja descrito por equações diferenciais e, portanto, não impõe relação de compromisso

entre a velocidade de sua resposta e a capacidade de rejeitar interferências provenientes

de harmônicos ou desequilíbrios nas tensões da rede, ao contrário de abordagens que

utilizam filtros lineares notch ou de média móvel.

No capítulo 4, no qual os resultados são apresentados, o método proposto demos-

trou robustez frente a situações adversas de operação da rede devido a sua capacidade de

rejeição de componentes desbalanceados e de harmônicos. Vale ressaltar que a expansão

do vetor de regressores foi de fundamental importância para melhorar o desempenho em

relação a compensação de harmônicos. O tempo de resposta apresentado pelo referido

algoritmo de sincronização foi satisfatório e sua implementação não depende de arma-

zenamento de valores passados, tornando o processamento leve e alocação de memória

reduzida em relação a outras técnicas o que facilita a implementação em hardware.

5.1 Trabalhos Futuros

As principais sugestões de melhoria futura deste trabalho estão associadas a:

• Estudar técnicas monofásicas de sincronização devido a elevada integração da ge-

ração distribuída de baixa potência que, usualmente, está conectada à rede através

de uma única fase;

• O método de extração da sequência positiva proposto, nesta dissertação, depende

fortemente do desempenho da estimação fasorial dos vetores vα e vβ. Portanto, po-

dem ser estudadas outras técnicas de estimação fasorial, além do algoritmo MQRP,

como variações da transformada de Fourier ou a wavelet a fim de obter melhor de-

sempenho em relação a velocidade de convergência e estabilidade numérica;

• Tornar o método proposto adaptativo em frequência. Para isso, algumas possibili-

59

dades precisam ser estudadas. A primeira seria realizar uma retroalimentação da

frequência estimada na saída do PLL. No entanto, essa solução pode causar insta-

bilidade no sistema de malha fechada. Uma alternativa para resolver este problema

seria a utilização de uma estrutura em cascata constituída por dois blocos de PLL’s.

O primeiro bloco realizaria a estimação da frequência da componente de sequência

positiva que deve ser utilizada como uma entrada para o segundo bloco responsável

por determinar o ângulo de fase da rede elétrica.

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Apêndice A

MQR - Demonstração

A obtenção da expressão recursiva para o método de mínimos quadrados, inicia-se com

a manipulação algébrica da expressão (3.15) para se obter a equação:

ρk =

(k∑

i=1

ϕi−1ϕTi−1

)−1 k∑

i=1

y[i]ϕi−1, (A.1)

em que k representa um tempo amostrado tk qualquer. A equação (A.1) pode ser reescrita

como:

ρk = Pk

k∑

i=1

y[i]ϕi−1, (A.2)

em que

P−1

k =

k∑

i=1

ϕi−1ϕTi−1. (A.3)

Da equação (A.2), obtém-se:

ρk+1 = Pk+1

k+1∑

i=1

y[i]ϕi−1, (A.4)

e da equação (A.3)

P−1

k+1=

k+1∑

i=1

ϕi−1ϕTi−1 = P

−1

k +ϕkϕTk . (A.5)

Considerando, agora a identidade:

k+1∑

i=1

y[i]ϕi−1 =

k∑

i=1

y[i]ϕi−1 + y[k + 1]ϕk +ϕkϕTk ρk −ϕkϕ

Tk ρk. (A.6)

67

Os dois somatórios na equação (A.6) podem ser substituídos, utilizando-se as equações

(A.2) e (A.4), de tal modo que:

k+1∑

i=1

y[i]ϕi−1 = P−1

k+1ρk+1 = Pkρk + y[k + 1]ϕk −ϕkϕ

Tk ρk +ϕkρ

Tkϕk =

P−1

k ρk +ϕkρTkϕk +ϕk

(y[k + 1]−ϕ

Tk ρk

). (A.7)

Observe que para a construção da equação (A.7), a seguinte relação é utilizada:

ϕkϕTk ρk = ϕkρ

Tkϕk. (A.8)

Então, substitui-se Pk na equação (A.7) (utilizando a equação (A.5)) e considerando-se

a equação (3.17) para substituir y[k + 1], obtém-se:

P−1

k+1ρk+1 =

(P

−1

k+1−ϕkϕ

Tk

)ρk +ϕkϕ

Tk ρk

+ϕk

(e0[k + 1] + y0[k + 1]− ρ

Tkϕk

)(A.9)

e desenvolvendo-se a equação (A.9), obtém-se:

ρk+1 = ρk +Pk+1ϕke0[k + 1]. (A.10)

Apesar da equação (A.10) possuir uma forma recursiva, sua aplicação em um algoritmo

recursivo é ainda inconveniente, pois é necessário encontrar uma fórmula recursiva para

a matriz P . Para isso deve-se considerar o lema da inversão:

Seja P uma matriz de dimensão (L× L) e ϕ um vetor de dimensão L, então:

(P

−1 +ϕϕT)−1

= P− PϕϕTP

1 +ϕTPϕ(A.11)

Das equações (A.5) e (A.11), obtém-se a formula recursiva para a matriz P:

Pk+1 = Pk −Pkϕkϕ

TkPk

1 +ϕTkPkϕk

(A.12)

Utilizando a equação (A.12), o produto Kk = Pk+1ϕk, pode ser escrito como:

Kk =Pkϕk

ϕTkPkϕk + 1

, (A.13)

e substituindo Kk em (A.10), obtém-se:

ρk+1 = ρk +Kke0[k + 1]. (A.14)