SEPULTAMENTO AD SANCTOS NA MATRIZ CURITIBANA: … · estudar manifestações oficiais ou formais da...
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SIMONE CORRÊA GONÇALVES
SEPULTAMENTO AD SANCTOS NA MATRIZ CURITIBANA: Divisão social no espaço sagrado (1760-1775)
CURITIBA
2005
Monografia apresentada à disciplina de Estágio Supervisionado em Pesquisa Histórica, como requisito para conclusão da Graduação em História (Licenciatura e Bacharelado) pela Universidade Federal do Paraná. Orientador: Sérgio Odilon Nadalin
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SIMONE CORRÊA GONÇALVES
SEPULTAMENTO AD SANCTOS NA MATRIZ CURITIBANA: Divisão social no espaço sagrado (1760-1775)
CURITIBA
2005
Monografia apresentada à disciplina de Estágio Supervisionado em Pesquisa Histórica, como requisito para conclusão da Graduação em História (Licenciatura e Bacharelado) pela Universidade Federal do Paraná. Orientador: Sérgio Odilon Nadalin
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Agradecimentos
Mas que o requisito para a conclusão da Graduação em História, este trabalho
ensinou-me a dividir os conhecimentos adquiridos, a discutir, a aprender, a ensinar e,
principalmente, a defender minhas idéias e meus valores. Os longos anos que passei
freqüentando a Universidade foram fundamentais para meu crescimento educacional e
pessoal, cujas adversidades foram vividas e sentidas de diferentes formas a cada novo
passo que dava em meu percurso acadêmico.
Como passo final em minha primeira jornada universitária, foi criteriosa a
escolha daqueles que queria ter ao meu lado, me incentivando e me apoiando. Nesse
sentido, gostaria de agradecer primeiramente aos meus familiares, pela ajuda e
compreensão necessárias nos momentos de maiores dificuldades. Em seguida, declaro
que foram de grande ajuda as palavras que obtive de meus amigos, em especial Talita
Lima, que compreenderam as minhas ausências e apoiaram as minhas decisões.
Agradecimento especial a minha colega Paula dos Santos Gusmão, que dividiu comigo
angústias e esperanças, nas nossas longas conversas repletas de desabafos e incentivos.
Como colaboradores para a realização da presente pesquisa, agradeço
muitíssimo à Dra. Maria Luiza Andreazza, que auxiliou-me na elaboração do projeto
que culminaria neste estudo. Logo, agradeço a meu querido orientador, Dr. Sérgio
Odilon Nadalin, que apesar de entrar de cabeça num mundo pouco conhecido para ele,
agarrou a causa e, em conjunto, a partir dos nossos encontros para discussão do
andamento da monografia, conseguimos finalizá-la.
Por fim, e não menos importante, devo agradecer aos encarregados pelo
CEDOPE, que colocaram a minha disposição as fontes necessárias para a
fundamentação da minha pesquisa.
Muito obrigado a todos.
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Sumário
Introdução......................................................................................................................1
1.0 Enterro ad sanctos e divisão social: um diálogo possível.....................................6
1.1 Sepultamento ad sanctos: um costume preservado em pleno século XVIII...........10
1.2 A colônia portuguesa: a visão de uma sociedade somaticamente hierarquizada.....16
2.0 Sepultamento ad sanctos: um caminho para o estudo do social.......................25
2.1 Características de uma pequena vila setecentista do Brasil Colônia.......................28
2.2 Os espaços ocupados na Igreja de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais para a
realização dos sepultamentos ad sanctos entre 1760 à 1775..................................33
2.3 Sepultamento ad sanctos: cada um possui seu lugar dentro da igreja?...................35
3.0 A morte e os ritos fúnebres numa vila colonial do século XVIII.......................41
3.1 Entre crenças e inquietações: a “boa morte”...........................................................41
3.2 O testamento: revelador de práticas fúnebres..........................................................43
3.3 As ordens religiosas no cotidiano curitibano...........................................................51
3.4 O uso de Mortalhas: um requisito a mais para garantir uma “boa morte”..............55
3.5 A importância dos Sacramentos..............................................................................57
4.0 Conclusão...............................................................................................................60
5.0 Referências Bibliográficas....................................................................................63
6.0 Anexos.....................................................................................................................65
6.1 Testamentos.............................................................................................................65
6.2 Tabelas de registros de óbitos..................................................................................81
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TABELAS
TABELA 1 – Locais utilizados para Sepultamentos na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais (1760-1775) correspondentes a defuntos “brancos” e “não brancos”
TABELA 2 – Registros do livro 01 de óbitos da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais
TABELA 3 – Registros do livro 02 de óbitos da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais
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ABREVIAÇÕES
ACMC – ARQUIVO DA CATEDRAL METROPOLITANA DE CURITIBA CEDOPE – CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E PESQUISA DE HISTÓRIA DOS DOMÍNIOS PORTUGUESES. DEHIS/UFPR
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Introdução
Hoje ousamos dizer que tudo é passível de pesquisa histórica, desde um
sentimento comum como o medo até um gênero humano, como as mulheres. Nesse
intuito, a própria experiência da morte se torna um tema a ser abordado
historicamente.
Tal fato só foi permitido graças a “revolução historiográfica” dos últimos
tempos, quando a disciplina histórica atravessou por uma série de modificações em
virtude do surgimento de diversas escolas teóricas,1 que propunham inovar a história,
seja seu método, seus objetos ou suas fontes. Dentre estas inovações, situam-se as
designadas História das Mentalidades e Nova História Cultural,2 peças fundamentais
em se tratando de uma abordagem a respeito do tema “morte”.
Possuindo como uma de suas características primordiais a utilização da
psicologia, a História das Mentalidades se apresenta como um estudo dos
comportamentos e das atitudes mentais, além de estar extremamente preocupada com
as massas anônimas, seus modos de viver, sentir e pensar. Resumindo, uma história de
estruturas em movimento, problematizadora do social.
Nesse sentido, esse novo método historiográfico se tornou um modo de
observação, a uma distância longa e dentro de outros ritmos, das situações, das
relações entre as pessoas e os grupos, bem como as modificações que estas
engendram. “A longa duração seria conceito caríssimo à concepção de Mentalidades,
concebidas como estruturas de crenças e comportamentos que mudam muito
lentamente, tendendo por vezes à inércia e à estagnação.”3
Embora sendo filha dileta da 1ª geração da Escola dos Annales, com atividades
iniciadas no ano de 1929, a História das Mentalidades abordava inicialmente temas de
cunho religioso e econômico. Seria somente com a 3ª geração, em 1960, que
1 Pode-se citar, por exemplo, a Escola dos Annales ( França), Escola Marxista Inglesa ( Inglaterra), Escola de Frankfurt ( Alemanha) e a Micro-História ( Itália). 2 Ambas são ramificações da Escola dos Annales – surgida na França no ano de 1929 - , sendo a História das Mentalidades pertencente à 1ª geração, especialmente com Lucien Febvre, enquanto que a Nova História Cultural seria uma abordagem da 3ª geração, com Roger Chartier na direção da escola. 3 VAINFAS, R. História das Mentalidades e História Cultural. In.: CARDOSO, C. F. e VAINFAS, R. (org.) Domínios da Historia: ensaios de Teoria e Metodologia. RJ: Campus, 1997. p. 134.
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começaria de fato a privilegiar estudos voltados a temas, até então, desconhecidos ou
raríssimos, como a infância, a sexualidade, a família, a criminalidade, a delinqüência, a
morte. Estes, por sua vez, passam a ser estudados num espaço geográfico delimitado,
se tratando de uma história regional.
Na década de 1970, com o apreço dos historiadores por uma Nova História
Cultural, diferente daquela disciplina acadêmica ou gênero historiográfico dedicado a
estudar manifestações oficiais ou formais da cultura de uma determinada sociedade,
uma nova abordagem entrou em cena. Essa “nova história” focalizaria sua visão nas
manifestações das massas anônimas, como festas, resistências e crenças heterodoxas,
demonstrações do informal e do popular. Além disso, possuía uma real preocupação
em resgatar o papel das classes sociais, da estratificação e, mesmo, do conflito social.
Dentro deste contexto, de uma história voltada para as massas anônimas,
enfocando suas crenças, seus modos de sentir e pensar, com relação a um fenômeno
tão banal na vida dos indivíduos – no caso, a morte -, situa-se a presente pesquisa.
Voltando o olhar para uma pequena sociedade, como a da Vila de Curitiba de meados
dos setecentos, cuja população era formada por indivíduos oriundos de diversas
culturas, busca-se, sobretudo, verificar como algumas doutrinas promovidas pelos
católicos ortodoxos influenciavam esses homens e mulheres coloniais nas questões de
cunho mortuário.
Dentre estas, a promoção do sepultamento ad sanctos, no solo da igreja, uma
das primeiras modalidades de enterros conhecida na história. Tal ato foi praticado
durante um longo período (mais precisamente entre os séculos V e XVIII) pelos
cristãos ocidentais, que concebiam a morte em seu aspecto extremamente familiar, já
que era muito próxima da vida cotidiana. Com isso, tudo o que estava relacionado ao
aspecto funerário não causava o mínimo de repulsa aos indivíduos.
Porém, nem sempre esse sentimento de familiaridade para com a morte e os
mortos esteve presente na mentalidade dos homens. Assim era na Antigüidade
Clássica, quando temia-se a vizinhança dos mortos, fazendo-os enterrar ao longo das
estradas. Com o advento do Cristianismo, quase nada mudou, pois os cristãos
3
continuaram a serem enterrados nas mesmas necrópoles que os pagãos, em seguida ao
lado deles, em cemitérios separados, fora das cidades.
Contudo, a repugnância à proximidade dos mortos logo cedeu entre os cristãos
antigos, demonstrando que ocorreu uma visível ruptura entre a atitude pagã e a nova
atitude cristã com relação aos seus mortos, apesar do reconhecimento comum da morte
domada.4 Foi a partir desta proximidade que os mortos deixaram de fazer medo aos
vivos, conseqüência principal, da divulgação na crença da ressurreição dos corpos.
Desde então, as sepulturas tiveram alvará para ultrapassar a barreira das cidades, na
busca da proteção dos mártires, inumados nas igrejas.5
Dessa relação entre vivos e mortos, a cidade dividiu-se entre a igreja cemiterial
(ambiente dos mortos) e a igreja catedral (ambiente dos vivos), cuja basílica tornou-se
o centro do novo cemitério ad sanctos. Esta situação permaneceu até o momento em
que desapareceu totalmente a distinção entre o bairro onde se enterravam os mortos
desde tempos imemoriais, e a cidade, interdita às sepulturas.
Com a entrada dos mortos definitivamente na igreja, perto dos seus santos de
devoção, simultaneamente iriam adquirir para si um aspecto sagrado,6 bem como
possibilitaria aos cemitérios tornarem-se lugares santos, públicos e freqüentados. Por
outro lado, vivendo num ambiente de suma promiscuidade, onde os fiéis transitavam
indiscriminadamente por sobre os túmulos – tanto que as primeiras igrejas praticantes
do sepultamento ad sanctos não possuíam bancos, não sendo mais que grandes
“salões” apenas com altares aparentes – vivos e mortos disputavam e dividiam o
mesmo espaço.
Paralelamente, surgia a preocupação com a localização das sepulturas, fato
provocativo de uma organização racional do subsolo, que não existia em épocas
anteriores. Dessa forma, surge no século XVI o direito de compra, de lugares seguros e
honrosos para adquirir sepultura nas igrejas.
4 Expressão utilizada por Philippe Ariès para designar a familiaridade dos indivíduos para com a morte. 5 O principal motivo que inspirou o enterro ad sanctos foi assegurar a proteção do mártir, não só ao corpo mortal do defunto, mas também a sua alma, para o dia do despertar no final dos tempos. 6 Aliás, o corpo morto de um cristão criava por si só um espaço, senão completamente sagrado, pelo menos religioso.
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Era aparentemente por um lugar mais honroso do que nos cemitérios comuns que se exigia alguma coisa. As sepulturas eram gratuitas nos cemitérios, os ricos queriam se distinguir fazendo-se inumar nas igrejas, concederam-lhes essa regalia graças às suas orações e às suas liberalidades, e finalmente exigiram-se essas liberalidades como devidas.7
Entretanto, nem todos possuíam rendas suficientes para serem sepultados na
igreja, fato que só se modificou no final do século XVII, quando metade da população
conquistou tal privilégio. Com isso, ficara inevitável uma distribuição social no
interior do espaço sagrado, onde pouquíssimos indivíduos, àqueles possuidores de
títulos de nobreza ou ofícios pomposos (em geral ligados às armas) ficavam próximos
aos altares ou às grades; uma parte considerável da população se distribuía pelos
diversificados espaços da nave principal; e a grande massa pobre, senão indigente,
ficava reclusa na porta principal ou nos Adros, externos à igreja.
Partindo desse breve contexto, torna-se ciente de que a prática de sepultamento
ad sanctos transferiu-se para o Novo-mundo, como obra dos seus colonizadores,
ocorrendo em vários locais do território colonial, principalmente, nos seus principais
núcleos de povoamento, como Bahia e São Paulo.8 Como peculiaridade, entre as
sociedades que adquiriram tal costume, se encontra a pequena vila de Curitiba
setecentista, que até então era uma mera extensão da Capitania Paulista.
A idéia de realizar uma investigação sobre o costume de sepultamento ad
sanctos entre os curitibanos coloniais surgiu a partir da observação dos livros de
registros de óbitos da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais. Estes
documentos manuscritos foram posteriormente copiados em CD_Rom pelo CEDOPE
(Centro de Documentação e Pesquisa de História dos Domínios Portugueses) do
Departamento de História da Universidade Federal do Paraná. Aliás, por se tratar de
uma pesquisa de cunho quantitativo, empregando fontes seriadas, os registros foram
transcritos em fichas de óbitos, através da técnica de demografia histórica proposta por
Louis Henry.
7 ARIÈS, P. O Homem diante da morte. Rio de Janeiro: Francisco Alves Editora, 1981. Vol. I. p. 55. 8 MARCILIO, Maria Luiza. Tempo de amar, de nascer, de morrer do caiçara. In.: ______Caiçara: terra e população. São Paulo: Paulinas: CEDHAL, 1986; REIS, J. J. A morte é uma festa: ritos fúnebres e revolta popular no Brasil do século XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.
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Mediante a leitura de tal documentação, se observou que os párocos
responsáveis descreviam, muitas vezes minuciosamente, o local em que cada indivíduo
era inumado, além das suas condições filiais, sociais e religiosas. Nessa perspectiva,
criaram-se as condições necessárias para a realização de uma pesquisa que
enriquecesse a história social e cultural sobre a vila de Curitiba dentre os anos de 1760
à 1775. Ou seja, a partir da sua especificidade de sepultamento ad sanctos, se exprimia
a possibilidade de um estudo acerca da divisão da sociedade curitibana entre
indivíduos “brancos” e “não-brancos”, que seria transposta para os locais destinados à
sepultura ad sanctos; bem como das influências e costumes que permeavam os
funerais do período.
Para um melhor esclarecimento, a pesquisa se desenvolveu em três capítulos
distintos. O primeiro – Enterro ad sanctos e divisão social: um diálogo possível - é
onde se propõe abordar o contexto em que se originou cada um dos temas que
acarretam a pesquisa: o sepultamento ad sanctos enquanto herança do Cristianismo
Ocidental e a formação da população colonial do Brasil, possuidora de um caráter
estritamente hierárquico, somaticamente definido. No segundo capítulo - Sepultamento
ad sanctos: um caminho para o estudo do social – será onde efetivamente se abordará
a questão da divisão da sociedade curitibana no sagrado; quando a partir do
mapeamento dos óbitos ocorridos no período, os quais divulgam os locais de sepultura
e as condições sociais dos indivíduos ali inumados, possibilitarão um estudo do social,
num diálogo intenso entre os espaços destinados em vida e na morte para cada
elemento social. O terceiro e último capítulo– A morte e os ritos fúnebres numa vila
colonial do século XVIII – demonstrará a mentalidade fúnebre dos curitibanos
setecentistas, com suas crenças e rituais próprios, oriundos do cristianismo medieval,
percebidos graças a presença de escassos, mas valiosos, testamentos; além dos
resquícios encontrados nos próprios registros de óbitos.
6
1.0 Enterro ad sanctos e divisão social: um diálogo possível
Nas décadas de 1980 e 1990, a produção historiográfica brasileira renovou seus
temas, objetos e procedimentos de pesquisa, possibilitando a entrada em cena de
estudos que, anteriormente, não teriam uma repercussão tão elevada ou ficariam
relegados a um segundo plano. Assim, evidenciaram-se pesquisas cujos resquícios
encontravam-se, muitas vezes, em obras clássicas da historiografia, porém com uma
“roupagem” nova, emprestada, principalmente, das vertentes historiográficas francesas
da História das Mentalidades e da Nova História Cultural, cuja ponte com a
Sociologia, a Psicologia e a Antropologia, fazia com que as pesquisas de cunho
político e econômico perdessem seus “espaços” na academia brasileira.
É dentro destes parâmetros – de uma história voltada para um estudo das
mentalidades coletivas e das práticas culturais –, que situam-se as abordagens
referentes à morte e aos mortos na sociedade brasileira, visto que os fenômenos
concernentes eram sentidos e vividos de formas diversas no decorrer da sua história.
Partindo desse pressuposto, transfere-se o olhar para a sociedade curitibana de
meados do século XVIII, cuja vila, embora pouco desenvolvida, preservara em seu
âmago muito da herança “mortuária” do cristianismo Ocidental. Esta fora difundida no
Novo-Mundo, sobretudo, pelos colonos portugueses, que impuseram sua “cultura”
como dominante perante as de povos considerados, por eles, como “semi-bárbaros”,
no caso os indígenas e, posteriormente, os africanos, por estes personagens
escravizados. Dentre seus aspectos, e sendo um dos objetos do presente trabalho,
destaca-se o costume cristão de sepultar os seus mortos em terra ad sanctos, em solos
“originalmente” sagrados.
Sociabilizando vivos e mortos, seria a igreja a primeira cogitada a assumir o
papel de “morada dos mortos”, cujo espaço se destinava a ser habitado por ambos,
numa troca constante de favores, uns intercedendo pelos outros. Resultado da pressão
ideológica da instituição eclesiástica - que tinha como intuito conquistar o maior
número de fiéis a sua causa -, o sepultamento no interior das igrejas, ao longo dos
séculos, era apenas o começo de uma enorme jornada em busca da salvação da alma.
7
Aliás, a preocupação com o destino da alma no Além-mundo era, de certa
forma, um dos principais vetores que direcionavam a vida católica da população
curitibana do século XVIII, composta por uma gama de indivíduos procedentes de
culturas diversas. Dentre brancos, escravos, administrados, libertos, todos imprimiram
em seus costumes “mortuários” rituais que visavam a melhor passagem para o Além,
uma vez que, para a mentalidade da época, a morte era um fenômeno muito familiar
no cotidiano, sentida e vivida com uma proximidade intensa. Essa característica da
sociedade curitibana foi verificada, principalmente, nos rituais presentes nos registros
de óbitos do período: escolhas de mortalhas, redação de testamento, esmolas deixadas
a Irmandades e Ordens Terceiras e até mesmo à própria Igreja, pedidos de missas e
intercessão de santos e anjos, além da obtenção do privilégio do enterro ad sanctos.
Embora fossem estas expressões tardias da cultura mortuária cristã,9
permaneceram preservadas em vários locais do território colonial, em virtude,
principalmente, da dominação cultural portuguesa, cujos colonos brancos, mesmo em
minoria frente a imensa massa indígena e africana, continuaram a difundir na colônia
seus costumes, suas crenças, seus comportamentos e suas atitudes em face da morte e
dos seus mortos.
Entre estes colonizadores e difusores culturais, e pela parte que nos compete,
faz-se necessário citar o caso dos bandeirantes paulistas que, historicamente, seriam os
principais desbravadores da região que viria a formar o futuro território paranaense.
Tais personagens, em consenso com os colonos, “aqueles abrindo e fazendo conhecer
os caminhos e, estes, seguindo sua trilha”10, estabeleciam núcleos populacionais, como
as vilas de Paranaguá e Curitiba, servindo de abrigo aos bandeirantes nos longos
períodos que sucediam a atividade de preação dos indígenas no território que competia
ainda a capitania paulista.
9 Isso porque, na Europa do século XVIII – continente onde se desenvolveu e difundiu o cristianismo e sua cultura –, muito das preocupações com a “boa-morte” já havia perdido suas forças, pois, de certa maneira, outros atores estavam entrando em cena (como médicos e sanitaristas, por exemplo), bem como se evidenciavam outras preocupações, ligadas a higiene e saúde, que culminariam com a criação dos primeiros cemitérios no início do século XVII. 10 NADALIN, Sérgio Odilon. Paraná: Ocupação do território, população e migrações. Curitiba: SEED, 2001. p. 36.
8
Uma abordagem interessante no sentido de esclarecimento do universo mental e
mesmo cultural, em relação à morte e os mortos, que envolvia parte dos colonizadores
da vila de Curitiba, no caso, os bandeirantes, poderá ser apreendida na obra de José
Alcântara Machado de Oliveira, a qual foi uma das primeiras dentro da historiografia
brasileira que considerou as atitudes dos homens diante do fenômeno da morte e na
busca de um “bom-morrer”: Vida e morte do bandeirante.11
Este estudo procurava
afastar-se da história heróica dos bandeirantes, desvendando o universo privado da
vida destes em seus mais variados aspectos: religiosos, econômicos e sociais, além da
complexa rede de relações que os envolviam. Para a realização de tal empreendimento,
o autor propôs uma outra inovação: a utilização de uma documentação até então
inédita – os testamentos e os inventários.12 Foi a partir da leitura destes documentos,
que Alcântara Machado conseguiu desvendar um universo mental repleto de crenças e
costumes referentes à ritualística fúnebre, cuja função muito além de exercer um papel
meramente de distribuição de bens, revelava uma verdadeira demonstração de fé, onde
os testadores buscavam, antes de qualquer outra coisa, atingir o caminho da salvação e
cumprir um dever espiritual.
O mesmo sentido se observa ao analisar os poucos testamentos deixados pelos
curitibanos dentre 1760 à 1775, já que se tratava de uma região pobre, cujos habitantes
eram desprovidos de grandes recursos materiais, sendo comum se ler nos obituários
“não fez testamento por ser muito pobre”. Entretanto, não deixam de ser ótimos
reveladores da mentalidade que cercava os cristãos da pequena vila, que se
preocupavam em deixar suas almas bem encaminhadas antes de qualquer prestação
material, pedindo missas em seu favor ou de seus familiares, intercessão aos mais
variados santos e anjos da escatologia cristã, além da designação de mortalhas e
Igrejas ou Capelas onde desejavam ser sepultados. A preocupação com o destino da
alma estava acima de tudo.
Nesse universo se desenrolara grande parte da vivência religiosa da colônia,
cujos rituais católicos de sepultamento se difundiram nas mais remotas regiões do
11 ALCÂNTARA MACHADO, José de. Vida e morte do bandeirante. São Paulo, Martins, 1972. 12 Tal documentação tornou-se viável para pesquisa após serem mandados traduzir e publicar por Washington Luiz no ano de 1920.
9
Novo-Mundo, em lugares onde a população, por mais rudimentar que fosse,
conservaria em seu meio práticas e costumes já há muito ultrapassados no “berço da
civilização”.
Assim, ao analisar os registros de óbitos da Igreja Matriz de Nossa Senhora da
Luz dos Pinhais, da vila de Curitiba, percebeu-se a presença de muitos elementos da
ritualística fúnebre importada, sobretudo, do cristianismo medieval europeu. Por outro
lado, a partir da leitura desta documentação, outros questionamentos perpassaram a um
primeiro plano, como a presença de uma “divisão” pós-morte, entre os elementos que
compunham a sociedade. Nesse sentido, se verifica que muitos dos indivíduos
conservariam sua condição social mesmo no momento final de suas vidas, revelada no
local de sepultura destinado a eles no interior das igrejas. Cada qual tinha seu lugar
previsto, preestabelecido, seja homem, mulher ou criança, livre, liberto, escravos e
administrados.
Contudo, a dúvida do presente trabalho recai na questão de se realmente o local
de sepultamento dependeria particularmente da ocupação do morto no contexto da
sociedade em vida, ou seja, se sua condição de notoriamente “branco” ou não
influenciava no momento da designação de sua sepultura no espaço ad sanctos. Porém,
abre-se uma exceção para os elementos escravos, considerados desclassificados e
marginalizados, e que embora possuíssem associações leigas destinadas a ampará-los
nos momentos mais remotos de sua existência, como no caso de doenças e morte –
destaca-se para isso a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário (formada e sustentada
por escravos) – estes permaneciam, em sua grande maioria, sendo enterrados nos
Adros, localizados na parte externa das igrejas. O espaço sagrado era, portanto,
destinado quase como exclusividade dos brancos e homens livres.
Os mais ricos, deixam em seus testamentos o desejo de serem enterrados perto ou sob o altar principal. Os mais pobres são enterrados na nave, no átrio ou ao lado ou atrás da Igreja. O mesmo ocorre com os escravos, sempre enterrados na porta ou fora da Igreja, quando não, pelos sítios, caminhos ou cemitérios particulares de escravos nas grandes fazendas.13
13 MARCILIO, Maria Luiza. Tempo de amar, de nascer, de morrer do caiçara. In.: ______Caiçara: terra e população. São Paulo: Paulinas: CEDHAL, 1986. p. 201.
10
Evidencia-se dessa forma a peculiaridade do enterro ad sanctos: quanto mais
próximo do altar principal – do cenário primordial da Igreja –, o indivíduo fosse
sepultado, maior a importância social teria tido em vida e, consequentemente, maiores
privilégios teria a sua alma no Além-mundo. Enfim, a estrutura hierárquica da
sociedade colonial (cujo caráter definidor era expressivamente somático) prevaleceria
até mesmo em situações de domínio sagrado, no cristianismo difundido pela Igreja
Católica no Novo-Mundo, fruto ora da herança mortuária cristã, ora do contexto em
que foi criada a população colonial “brasileira”.
1.1 Sepultamento ad sanctos: um costume preservado em pleno século XVIII
A modalidade de sepultamento praticada no interior das igrejas havia sido
abolida da Europa, berço do cristianismo ocidental, já no século XVI, em virtude das
constantes epidemias de pestes que arrastavam milhares de pessoas à morte e que, por
conseqüência, não poderiam ser sepultadas ad sanctos, nas igrejas, seja pela cólera que
os assolou ou pela falta de espaço suficiente para abrigar tantos corpos. Porém,
encontrava-se revigorada e desenvolvida com forte anseio nas diversas regiões
coloniais, dentre estas, a vila de Curitiba do século XVIII. Ora fruto do atraso
intelectual em que encontrava-se a colônia, tal ato representava acima de tudo o
desafio da propagação da fé católica – sendo uma das artimanhas da Igreja - para
conquistar o maior número “de ovelhas para o seu rebanho”, uma vez que grande parte
da população se compunha de escravos e indígenas, que carregavam em seu âmago
uma fé diferente daquela trazida e pregada pelos europeus.
O catolicismo difundido por esses colonizadores era, praticamente, o mesmo
que os primeiros cristãos passaram a pregar pela Europa em oposição aos antigos
rituais pagãos, nos quais vários deuses eram venerados, as pessoas sepultadas em
qualquer solo, sem sacramentos ou assistência alguma, além da falta de orientação
para distinguir o “caminho certo do errado”, características próprias da religiosidade
dos indígenas e dos negros. Tal como no princípio, buscava-se construir um expressivo
11
discurso, capaz de mobilizar a comunidade a seguir modelos e doutrinas para “bem
viver” e “bem morrer”.
Esse discurso, posteriormente propagado pelos colonizadores no Novo-Mundo,
havia se estabelecido definitivamente nos chamados Concílios Ecumênicos, que
ocorreram a partir do século IV.14 Nestes, os diretores da Igreja definiram os
fundamentos da fé cristã como a crença em um só Deus, representado pela Trindade;
além do dogma que admite Cristo como a encarnação do Verbo Divino, verdadeiro
Deus e verdadeiro homem, cuja finalidade era salvar a humanidade do pecado original,
que enfraqueceu a natureza humana e acentuou sua tendência para o mal. Foram estas
as ocasiões onde a Igreja realmente firmou seus preceitos, buscando combater as
antigas formas pagãs de religião, cuja característica mais evidente era o politeísmo. Foi
dada a largada para a Igreja dominar o pensamento dos homens, fazendo-os seguir
suas leis, seus dogmas, tidos como os únicos corretos e civilizados perante um mundo
dominado durante longos séculos por povos bárbaros ou semi-bárbaros.
Estipuladas as suas doutrinas, a Igreja iniciou um intenso trabalho de difusão da
sua verdade, cuja finalidade era fazer com que o maior número de indivíduos a
aderisse. Formando cristãos fervorosos, estes seguiriam a risca os fundamentos
católicos na busca pela salvação da alma, a qual se acreditava que seria julgada no
Além-mundo, podendo ser relegada a danação eterna caso evidenciasse o mínimo de
pecado durante sua existência terrena. Enfim, criou-se uma mentalidade capaz de
transformar o catolicismo numa religião de caráter universal.
Entre tantas artimanhas da Igreja Católica para agregar indivíduos à sua fé,
deve-se destacar a crença na ressurreição dos corpos e numa possível existência de
uma vida após a morte. Esta crença fortaleceu-se, principalmente, a partir da
construção das paisagens do Além-mundo – Paraíso, Purgatório e Inferno –, bem como
do discurso revelador sobre como as almas viveriam nestes lugares. Assim, caso a
pessoa seguisse criteriosamente os mandamentos cristãos iria diretamente para o
Paraíso, lugar onde desfrutaria da paz dos mortos, cuja paisagem era a mais bela de
todas, remetendo-se a imagem do paraíso onde vivera os primeiros seres criados por
12
Deus. Já para o Purgatório iriam aqueles que, por algum desvio, caíram em tentações
carnais, ou cometeram suicídio, crimes e pecados passíveis de um futuro perdão no
momento do Julgamento Final; isto caso recebessem algum tipo de intercessão divina
ou dos vivos, ou, então, de alguma forma tivessem se arrependido no momento da
morte. Por fim, os verdadeiros marginais, praticantes dos crimes e pecados mais
hediondos, como assassinatos, por exemplo, queimariam definitivamente no fogo
eterno.
O destino da alma, a partir desse pensamento, dependeria sobretudo do
seguimento das práticas religiosas manipuladas pela Igreja Católica, como o
sepultamento em terras sagradas e o recebimento, pelo morto, de todos os sacramentos
e disposições necessárias para garantir uma boa passagem para o Além-mundo; além
disso, estas atitudes seriam uma forma de aliviar os pecados do morto e diminuir seu
possível tempo de permanência no Purgatório, a espera do Juízo Final.15
Instituídos esses discursos e crenças no cotidiano cristão, toda a vida dos
homens orientou-se por eles, propiciando, entre outras coisas, o estabelecimento de um
sentimento de familiaridade para com os mortos, ou seja, a proximidade entre estes e
os vivos.16
Desse sentimento de aproximação entre vivos e mortos, destaca-se entre os atos
fúnebres que tornaram-se comuns - principalmente no combate aos antigos costumes
pagãos de enterro realizados ao longo das estradas (em razão das constantes guerras
entre os povos) e em propriedades particulares - o sepultamento ad sanctos. Estes se
tornaram recorrentes, de fato, a partir do século XII, quando a Igreja permitiu que
fossem feitas inumações no seu espaço sagrado, divulgando a crença de que quanto
mais próximo o morto estivesse das relíquias sagradas/santas, mais chances sua alma
teria de ser salva e seu corpo ressuscitado no dia do Juízo Final. O costume de enterrar
14 A saber, Nicéia ( 325), Constantinopla ( 381), Éfeso (431), Calcedônia (451) e Trento ( realizado em vinte e cinco sessões – de 1545 à 1549, 1551-1552 e 1562-1563). 15 REIS, J. J. O cotidiano da morte no Brasil oitocentista. In:. ALENCASTRO, L. F. (org.) História da vida privada no Brasil: Império. SP: Companhia das Letras, 1997. p. 97. 16 ARIÈS, P. O Homem diante da morte. Rio de Janeiro: Francisco Alves Editora, 1981. Vol. I. p. 34.
13
no interior da Igreja derivou de uma nova familiaridade para com os mortos: a fé na
ressurreição dos corpos, propiciada pela inumação próxima às relíquias sagradas.17
A partir disso, a igreja se tornou o núcleo do novo cemitério ad sanctos, “cujas
basílicas cemiteriais distinguiram-se durante muito tempo da igreja do bispo, da
catedral, que no interior dos muros e por vezes pousada em cima deles, não continha
um só túmulo.”18 Nesse sentido, distinguia-se, desde o início da Idade Média, dois
centros de vida cristã: a Catedral e o santuário cemiterial; o primeiro como a sede da
administração episcopal e de numeroso clero, o segundo onde se localizavam os
túmulos dos santos e a multidão dos peregrinos.
Contudo, em fins do século XII, já não era a memória de determinado santo que
se procurava, mas a própria igreja, por ali se celebrarem as missas. Com isso, ficava
evidente que o lugar mais almejado para sepultura era o altar, embora continuasse a se
rezar sobre o túmulo de um santo, entretanto não possuindo tanta preocupação em se
enterrar ao lado deles. Esse deslocamento da piedade em nada mudou a atitude diante
dos mortos, nem suas manifestações, pois a igreja apenas substituiu o papel que antes
era de privilégio exclusivo do santo.
O problema agora seria saber qual o motivo que ditaria a escolha de uma
determinada igreja, de um lugar específico nela, ou de um cemitério; respostas estas
seriam encontradas, principalmente, nos testamentos, cuja escolha da sepultura era
uma das suas razões de ser.
Geralmente, a igreja era escolhida por uma razão de família, para ser enterrado
perto dos pais, do esposo (a) ou dos filhos. No próprio Brasil Colonial já se verificava
a busca em manter a relação mais próxima possível entre familiares e mortos, como
salienta Gilberto FREYRE: “O costume de se enterrarem os mortos dentro de casa –
na capela, que era puxada da casa – é bem característico do espirito patriarcal de
coesão de família. Os mortos continuavam sob o mesmo teto que os vivos. Entre os
santos e as flores devotas. Santos e mortos eram afinal parte da família.”19 Além disso,
17 Ibidem, p.34-37. 18 Idem, p. 39. 19 FREYRE, Gilberto. Casa-Grande & Senzala. RJ: Livraria José Olympio Editora, 1946. p. 28.
14
os mortos possuiriam uma função específica, “governando e vigiando o mais possível
a vida dos filhos, netos, bisnetos.”20
Uma vez escolhida a igreja, seja por razões de família ou de piedade, surgia a
questão de fixar o local em que se pedia para ser enterrado. A maioria dos testadores
se esforçam por descrever pontos de referência fáceis de reconhecer, podendo assim
situar melhor o local que desejavam para o depósito final de seu corpo. Entretanto,
nem sempre se podia ficar certo de ser enterrado exatamente no lugar assim designado,
mesmo se o pároco e os “fabricantes” tivessem dado (ou cedido) o seu acordo:
sepulturas mais recentes e não ainda “consumidas” poderiam estar ocupando o solo.
Em geral, algumas das localizações mais procuradas eram o coro perto do altar
onde se pregava a missa; porém, como nem sempre se dizia a missa paroquial no
Altar-mor, permitiu-se o surgimento das capelas, destinadas a santos específicos.
Também, é recorrente os pedidos de inumações no local em que se encontrava o banco
que a família utilizava na igreja, fato que exprimia a vontade do morto em ocupar na
igreja o mesmo espaço que ocupava em vida. De qualquer modo, a escolha do lugar
assim designado pelos testadores ficava subordinada à aprovação do clero e da fábrica
da igreja, tratando-se quase sempre de uma questão de dinheiro.
O espaço sagrado tornou-se definitivamente a morada dos mortos, cujo solo
venerável era almejado pelos mais simples dos indivíduos. E, embora inicialmente, o
enterro ad sanctos fosse permitido somente aos membros do clero e pessoas gradas da
sociedade – com o tempo criaram-se as condições necessárias para a morada dos vivos
se tornar igualmente a ser a dos mortos que buscavam a proteção dos mártires e dos
santos.
Por outro lado, acreditava-se que com a prática de enterramento no interior das
igrejas, os vivos estariam em constante comunicação com os seus mortos
estabelecendo uma relação de troca, as quais orações intercederiam pelas almas destes,
amenizando suas eventuais penas sofridas no Além-mundo; isto demonstra que estar
enterrado perto dos santos não era suficiente para a salvação da alma.
20 Ibidem, p. 30.
15
O fato particular é revelado pela condição de que nem todos eram, ou podiam,
ser sepultados nas igrejas, e a graduação das tarifas do cemitério para estas marca
nitidamente que entre uma e outra só havia diferença de honraria, ou seja, os
cemitérios eram reservados quase que exclusivamente para o povo comum, estando a
igreja reservada para os agentes da nobreza e do clero. Somente no final do século
XVII, cerca de metade da população das cidades européias, pelo menos mais de um
terço, era enterrada nas igrejas, cujo privilégio passa também para uma parte
considerável das classes intermediárias.
A grande maioria da população, contudo, continuava a ser sepultada no
cemitério anexo às igrejas paroquiais, ou até em valas-comuns, localizadas em pátios
internos que serviam de sepulturas para os pobres católicos. Na Europa era comum,
inicialmente, esses cemitérios tornarem-se palco de festas, mercados e, até mesmo,
praças, fundando a existência de uma contínua promiscuidade entre vivos e mortos,
encontrando-se em constante comunicação.21
Partindo desses pressupostos, se percebe que a Igreja, desde muito cedo, tornou-
se a habitação do homens na vida e na morte, um lugar de culto e de lembranças, bem
como uma forma de orientação e de ensinamento: não é a toa que alguns epitáfios
legavam aos passantes que orassem, seja pelos que já partiram, como pelos que
ficaram, pois o destino de ambos era um só, o Julgamento Final. E, embora os
sentimentos mudassem, o simples fato da escolha do túmulo na Igreja já significava
uma preparação para isso, sendo que o ingrediente final seria relegado aos vivos, que
com suas orações, interviriam no futuro no Além.
Restará a nós sabermos como essa prática de sepultamentos ad sanctos
difundiu-se na remota colônia portuguesa, cuja população era constituída de tamanha
diversidade étnica, prevalecendo a existência dos dois extremos: colonos europeus
“brancos” e os demais elementos “não brancos”, indígenas e negros escravizados, bem
como seus descendentes. Fato é que esse tipo de enterro foi praticado intensamente na
pequena vila curitibana oitocentista, onde os resquícios da cultura mortuária européia
21 SCHMITT, Jean-Claude. Os vivos e os mortos na sociedade medieval. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. p. 204.
16
eram tidos pela população como necessários para uma boa passagem para o Além-
mundo.
Contudo, sabemos que a sociedade colonial “brasileira” se diferencia
extremamente daquela prevalecente na Europa, pois sua peculiaridade consisti na
difusão de três raças distintas, que pela convivência e pela miscigenação formaram a
população que hoje conhecemos.
1.2 A colônia portuguesa: a visão de uma sociedade somaticamente hierarquizada
Ao pensarmos em sociedade colonial, tão logo nos vem a cabeça a questão de
separação entre duas classes bem definidas: colonos/senhores (brancos) e escravos (em
geral, negros africanos). Dois pólos sociais bem delineados, mas que não formavam
necessariamente um sistema de hierarquias: “os seus componentes não formavam
agrupamentos de pessoas da mesma classe distribuídos em estratos definidos, mas sim
grupos isolados de pessoas articuladas na mesma empresa.”22 Contudo, esquecemos
que existiam entre estas, outras categorias, outros atores, como os indígenas naturais
desta terra e, consequentemente, os frutos dos relacionamentos destas três raças: os
mestiços.
Partindo dessa primeira constatação, do fato do Brasil colonial estar povoado
por culturas distintas, estranhas umas as outras, devido à pressão exercida pelo
momento histórico em que se encontravam, a minoria destacava-se como dominante,
por possuírem sangue “puro”, enquanto que a massa populacional ficava a sua mercê,
trabalhando por eles, e recebendo em troca o mínimo possível, como abrigo e
alimentação precários. Mas, por outro lado, esses indivíduos, independente da sua
origem, interagiam entre si, conviviam intimamente, numa troca intensa de costumes,
culminando a sociedade numa gigantesca rede de inter-relações. Entretanto, isto não
nega a situação de que, entre esses três elementos distintos, dois serem tratados como
selvagens ou semi-bárbaros perante a cultura dos europeus, transformando estes
22 OLIVEIRA TORRES, J. C. de . Estratificação social no Brasil: suas origens históricas e suas relações com a organização política do país. SP: Centro Latino-Americano de Pesquisa em Ciências Sociais. Difusão Européia do Livro. S/d . p. 19
17
últimos em senhores e aqueles em subordinados, escravos; tornando visivelmente o
sistema social colonial numa grande estratificação/hierarquização de classes, que
seguia o critério somático como principal diferenciador.
Verificando o histórico da sociedade colonial, desde o século XVI quando a
“terra brasileira” foi “descoberta”, pode-se afirmar que os colonos brancos,
portugueses em sua maioria, já diferiam dos indígenas nativos, e posteriormente, dos
negros africanos, no que tange a discriminação, ao reconhecimento da diferença, que
acaba por interferir na noção de inferioridade de uns em relações aos outros. Essas
duas raças já carregavam consigo problemas étnicos complexos, uma vez que não
formavam uma massa homogênea, mas um apanhamento de diversas sub-raças. Como
ressaltou Caio PRADO JR.
os povos que os colonizadores aqui encontraram, e mais ainda os que foram buscar na África, apresentam entre si tamanha diversidade que exigem discriminação... A distinção apontada se impõe, e se manifesta em reações muito diferentes para cada um dos vários povos africanos ou indígenas que entraram na constituição da população brasileira; diferença de reações perante o processo histórico da colonização que não pode ser ignorada.23
Os brancos, por outro lado, eram quase inteiramente de origem portuguesa,
embora a política de colonização obedecesse mais ao critério de crença do que de
sangue. Entretanto, essa liberalidade da colonização não durou muito, pois com a
descoberta do ouro, em meados do século XVII, todos os não portugueses foram
expulsos do Novo Mundo, uma vez que os produtos extraídos da Colônia deveriam
passar diretamente as mãos da Coroa. Ou seja, logo, os brancos se tornariam uma
massa populacional extremamente homogênea.
A grande corrente imigratória portuguesa ocorreria somente no século XVIII, o
que definiria o cenário em que se transformaria o Brasil, já que os indivíduos vindos
da Metrópole partiam das mais diversas camadas sociais. “Encontramos desde os
fidalgos e letrados, que vem sobretudo ocupar os cargos da administração e que em
muitos casos se fixam definitivamente com sua descendência na Colônia, até
23 PRADO JR, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo. SP: Editora Braziliense, 1999. p. 85
18
indivíduos das classes mais humildes.”24 Esses colonos já partiam para o Novo
Mundo com interesses na posição que iriam ocupar na Colônia, pois quando não se
dirigiam diretamente para os postos de administração colonial ou profissões liberais,
ou então quando não possuíam recursos suficientes para tornarem-se desde cedo
proprietários de terras ou fazendeiros, remetiam-se às atividades de cunho comercial,
destinadas unicamente aos "reinóis". Fica evidente a preocupação do colono em
ocupar atividades comerciais, uma vez que era a ânsia pela riqueza rápida e fácil que
motivava os imigrantes a saírem de suas terras de origem rumo ao desconhecido.
Contudo, esses colonos necessitaram desde cedo do uso de mão-de-obra que
trabalhassem por eles, e que conhecessem perfeitamente os seus domínios. Assim, tão
logo, trataram de incorporar ao seu intuito os nativos que aqui encontraram,
estabelecendo com eles solidariedades que acabariam por transformar os colonos em
seus “protetores”, empregando-os como trabalhadores remunerados. Os colonos
tornariam-se, portanto, administradores dos indígenas, encarregados por zelar por eles,
embora vissem “neles não o que deviam ser, tutelados sob sua guarda, mas uma fonte
de proveitos.”25 Estamos diante de uma escravidão disfarçada se comparada ao do
africano, já que este visivelmente fora trazido à colônia com o único objetivo de suprir
a mão-de-obra servil.
Aliás, deve-se deixar claro que uma das mais fortes características da formação
da sociedade brasileira é a escravidão que, querendo ou não, moldou a organização
econômica, bem como os padrões materiais e morais do futuro país. Além disso, a
única intenção desse recurso usado pelos países europeus em suas colônias seria sua
exploração comercial, não pretendendo em nenhum momento incorporar esses
indivíduos ao seu meio, uma vez que tratavam-se de povos de nível cultural mínimo se
comparado ao seu. Arrancados de suas terras de origem e colocados diante de uma
civilização completamente estranha, nada mais se exigiu deles do que sua força, seu
trabalho; em quase nada contribuiu para a formação brasileira do período, com
exceção, claro, da difusão de seu sangue.
24 Ibidem, p. 88 25 Idem, p. 96.
19
Essa situação é mais visível se comparada a aceitação do indígena pelo branco,
mais do que a aceitação dos negros. Isso porque desde o início existiu uma política
colonial que desejava incorporar o indígena à comunhão luso-brasileira, ou seja,
“arrancá-lo das selvas para fazer dele um participante integrado na vida colonial; um
colono como os demais.”26 A solução encontrada, talvez a mais conveniente, se não a
menos traumática, foi a mestiçagem, já que as muitas leis que procuravam equiparar os
nativos aos demais colonos expiravam ou não surtiam os efeitos desejados, e estes
permaneciam sendo tratados como uma raça bastarda, alvo de descaso e prepotência
por parte dos colonos. Seria, portanto, o contato mais íntimo, o cruzamento das raças
que terminaria por integrar a massa indígena à população em geral, chegando mesmo a
confundir-se com ela: “A miscigenação que largamente se praticou aqui corrigiu a
distância que doutro modo se teria conservado enorme...”27
É interessante notar que, para o português, a mestiçagem foi encarada como um
processo natural, já que este possuía uma capacidade excepcional de cruzar com outros
elementos culturais. Talvez como conseqüência da forma como foi transcrita a
imigração destes para o Novo Mundo: geralmente sozinhos, sem o acompanhamento
da família (esposa e filhos) facilitando as uniões irregulares, tanto com as nativas,
como posteriormente, com as escravas africanas, cujas carícias fáceis satisfaziam suas
necessidades sexuais, já que estavam privados das mulheres de sua raça e categoria.
“A escassez de mulheres brancas criou zonas de confraternização entre vencedores e
vencidos, entre senhores e escravos.”28
Entretanto, isso não nega o fato de haver um grande fosso que separava os
escravos (indígenas ou africanos) dos colonos. O preconceito sempre existiu, e
a diferença de raça, sobretudo quando se manifesta em caracteres somáticos bem salientes, como a cor, vem, se não provocar ..., pelo menos agravar uma discriminação já realizada no terreno social. E isto porque empresta uma marca iniludível a esta diferença social. Rotula o indivíduo, e contribui assim para elevar e reforçar as barreiras que separam as classes.29
26 Idem, p. 92 27 FREYRE, Gilberto. Casa-Grande & Senzala... p. 20. 28 Ibidem. p. 20.
20
Essa evidente discriminação “somática” não exclui, todavia, uma circulação
intra-social dos indivíduos das classes inferiores, pois existiu a possibilidade da
elevação a posições de destaque por indivíduos de origem negra ou indígena. Podemos
mesmo dizer que, embora tardiamente, a mestiçagem teve sua conseqüência positiva,
pois os indivíduos passaram a ser classificados mais pela sua posição social do que por
sua cor, cujo sangue mestiço poderia ser encontrado em elementos da mais elevada
camada social. “É graças a esta espécie de convenção tácita que se harmonizava o
preconceito da cor; paradoxalmente forte neste país de mestiçagem generalizada, com
o fato, eticamente incontestável, da presença do sangue negro ou índio nas pessoas
melhor qualificadas da colônia.”30
Mesmo assim, seria o colono branco a raça indiscutivelmente dominadora, já
que negros e índios permaneciam passivos diante da cultura a eles imposta, e mesmo a
política de branqueamento, que visava promover uma maior integração desses
elementos a população em geral, não fora suficiente para modificar a situação desses
indivíduos no contexto social da colônia. Como foi especificado anteriormente,
embora os indígenas gozassem de um mínimo de proteção, não nega o fato de ser uma
raça escravizada, e tal como os africanos, serão incluídos na sociedade colonial mal
preparados e adaptados, formando um corpo estranho e incômodo. Além disso, “o que
pesou muito mais na formação brasileira é o baixo nível destas massas escravizadas
que constituirão a imensa maioria da população do país.”31
Quanto a organização social em si no Brasil Colônia, no que tange a separação
entre brancos e escravos - já que tratava-se de um sistema escravocrata nos seus
grandes núcleos, cuja vida social praticamente girava em torno do clã patriarcal, das
grandes famílias, que dominavam o cenário político, social e econômico, onde o
elemento escravo tornava-se onipresente em todos os aspectos da sociedade, seja no
campo, em meio as fazendas e engenhos, como na cidade, nos centros coloniais -
ficava restrito o terreno destinado ao trabalhador livre, aos homens de origem liberta
ou mestiça, que de forma alguma desejavam obter comparação com aquele indivíduo
29 PRADO JR, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo... p. 274. 30 Ibidem, p. 109. 31 Idem, p. 276.
21
escravizado. Dessa forma, a “utilização universal do escravo nos vários misteres da
vida econômica e social acabava reagindo sobre o conceito do trabalho, que se torna
ocupação pejorativa e desabonadora.”32
Tal fato proporcionaria apenas uma pequena margem de ocupações dignas para
os homens livres: se não é ou não tem recursos para ser fazendeiro, senhor de engenho
ou lavrador, ocupasse-a de algumas poucas tarefas rurais; outra opção seriam os
ofícios mecânicos não monopolizados pela escravidão; funções públicas se fosse
suficientemente branco; as armas ou o comércio, lembrando que este último era
privilégio exclusivo dos reinóis. Sobram ainda as profissões liberais - como médicos e
advogados - mas cuja formação era de acesso restrito, pois exigia aptidões especiais,
preparos e estudos que não tinham como ser desenvolvidos na colônia por falta de
instituições e recursos capazes de formar tal gama de profissionais. Por fim, e talvez o
caminho mais propício se considerarmos tratar-se de um “futuro país independente”, a
profissão oferecida pela Igreja, refúgio da inteligência e cultura na Colônia: “quando,
realizada a Independência, se teve de recorrer aos nacionais para preencher os cargos
políticos do país, é sobretudo nele (clero) que se recrutarão os candidatos.”33
Verifica-se, assim, que para aqueles desprovidos de recursos materiais
suficientes, ou mesmo de uma “brancura” aceitável, os meios de sobrevivência na
Colônia se tornavam escassos, e consequentemente, abria-se um imenso vácuo entre os
dois extremos da escala social: a pequena minoria dos senhores e a massa populacional
formada pelos escravos. “Aqueles dois grupos são os dos bem classificados na
hierarquia e na estrutura social da Colônia: os primeiros serão os dirigentes da
colonização nos seus vários setores; os outros, a massa trabalhadora.”34 E, entre esses
pólos sociais, a imensa multidão de libertos, escravos fugidos e mestiços,
transformados em desclassificados, inúteis e inadaptados no contexto geral da
sociedade.
Esse contingente, indefinido socialmente, crescia quantitativamente e
continuamente com o passar do tempo, pois como mencionado acima, compunha-se
32 Idem, p. 278. 33 Idem, p. 281 34 Idem, p. 281.
22
sobretudo de pretos e mulatos forros ou fugidos da escravidão; índios mal adaptados a
sociedade que os acolheu; mestiços de todas as categorias e até mesmo brancos puros,
filhos diletos da Côrte portuguesa . Não conformando-se com a situação de escravos e
não possuindo recursos suficientes para tornarem-se senhores, se vêem privados de
qualquer modo estável de vida, seja por preconceito ou por falta de opções
disponíveis. “Não existia, enfim, ocupações estáveis capazes de absorver, fixar e dar
uma base segura de vida à grande maioria da população livre da colônia.”35 Restará,
enfim, viver na indigência.
Dessa forma, parte desses indivíduos viverão vegetando pelas desertas regiões
da colônia, ainda mal exploradas por serem muito remotas, numa condição
extremamente miserável e degradada; ou ainda formarão agrupamentos “raciais”,
como os quilombos, por exemplo, mantendo os modos de ser e agir que praticavam
em sua terra nativa, conservando e perpetuando suas crenças e costumes. Outros ainda
se agregariam a algum colono e, em troca de pequenos serviços, receberiam auxílio e
proteção. Haviam ainda aqueles que conseguiam montar uma propriedade de pequeno
vulto, cuja produção era destinada a própria subsistência. Por fim, os que se
transformariam na classe mais perigosa dentre todas as subcategorias, que causava
pânico e turbulência aonde se estabeleciam: os vadios, desocupados permanentes, que
viviam da ociosidade e do crime.
A sociedade colonial só perderia essa feição quando os grandes senhores,
herdeiros do clã patriarcal, também perdessem seu “reinado” absoluto no Novo-
mundo, seu absentismo, sua aristocracia; quando a vida econômica, social, política,
não girasse mais em torno das grandes propriedades rurais, mas sim nos grandes
centros urbanos, nas cidades, estabelecidas em meados do século XVIII, quando se
deu a descoberta do ouro e, principalmente, quando ocorreu definitivamente uma
hierarquização da sociedade. Ou, como afirmou OLIVEIRA TORRES, “era o ciclo do
ouro uma sociedade de classes, urbana, com características de uma distribuição de
classes perfeitamente caracterizada.”36
35 Idem, p. 285 36 OLIVEIRA TORRES, J. C. de. Estratificação social no Brasil... p. 29.
23
Esses tímidos esboços do que formariam as cidades, inicialmente, tinham a
única função de estabelecer trocas comerciais, afinal, na colônia tudo girava em torno
da sua economia. A aglomeração nesses centros crescia e a população tendia a fixar-se
e
com o desenvolvimento da industria das minas, com o crescimento das cidades e dos burgos, sente-se declinar o amor del-Rei pelos senhores rurais; enfraquecer-se a aristocracia deles, reduzida agora nos seus privilégios pelo prestigio novo de que vêm investidos os capitães-generais, os ouvidores, os intendentes, os bispos, o vice-rei... fazendo dos mulatos e dos negros, oficiais de Regimento e desprestigiando assim os brancos da terra.37
Logo, as funções administrativas, comerciais, políticas, tinham de ser
preenchidas e, talvez, a oportunidade que aqueles elementos, antes sem categoria
definida, esperavam, tivesse realmente chegado: poderiam assumir atividades de
mecânica, ourivesaria, “os ofícios mecânicos constituiriam uma ótima oportunidade
para a ascensão social do mestiço. Davam-lhe posição social definida, dinheiro e
proteção”;38 ou então assumiam atividades comerciais de pequeno vulto, como
negociantes comissários (lembrando que o comércio em si era privilégio dos
indivíduos provindos do Reino) entre outras. Devemos ainda lembrar daqueles que
tiveram oportunidades de estudo, e que assumiam postos de advogados, Juízes,
médicos. Em suma, nesse momento “lançaram-se as bases para a formação de uma
classe média independente, constituída por homens que viviam do seu trabalho, que
não deviam satisfação senão à autoridade pública e que se sabiam possuidores de
direitos reconhecidos e proclamados...”39
Além disso, em conseqüência das atividades coloniais voltarem seus olhos para
as minas de ouro e surgirem daí outros atores no cenário brasileiro, a classe média
propriamente dita, fez com que a Coroa se opusesse ao domínio dos grandes senhores
de terra. Tratava-se de uma nova classe, formada sobretudo por mestiços, “burgueses e
negociantes ricos querendo quebrar o exclusivismo das famílias privilegiadas de donos
37 FREYRE, Gilberto. Sobrados e Mocambos. RJ: Livraria José Olympio Editora, 1968.p. 15 38 OLIVEIRA TORRES, J. C. Estratificação social no Brasil ... p. 33. 39 Ibidem, p. 33.
24
simplesmente de terras... são esses elementos brancos ou quase brancos, ansiosos de
domínio.”40
Enfim, seria agora o momento de pensarmos a sociedade em termos mais
classificatórios, onde todos os elementos desta realmente se definiriam e teriam seus
lugares efetivos dentro da colônia, e finalmente existiria uma hierarquia de classes
sociais, embora grande parte dos dirigentes permanecessem sendo os rebentos da
antiga sociedade patriarcal e a grande massa populacional, com ocupações mais dignas
de homens livres, os atores coadjuvantes da grande “empresa capitalista moderna”.
40 FREYRE, Gilberto. Sobrados e Mocambos... p. 8
25
2.0 Sepultamento ad sanctos: um caminho para o estudo do social
Ao propor uma pesquisa que envolvesse assuntos, de certa maneira, tão
implicados na “sociedade brasileira” do século XVIII - embora sendo esta
caracterizada por princípios arcaicos considerando-se os padrões europeus de
civilização - representaria um enorme desafio. Isso porque encontramo-nos diante de
uma população visivelmente constituída por elementos singulares, hierarquicamente
posicionados, dividindo-se entre senhores e escravos, libertos e administrados; ou seja,
num primeiro momento, somos portadores de um conceito construído a priori com
respeito ao Brasil Colônia – fruto da própria situação em que este foi povoado - fato
que nos remete a julgar generalizadamente as questões sociais nele implicados.
Partindo dessa primeira idéia, de abordar uma sociedade hierárquica por
natureza, onde cada indivíduo possui um status particular no âmbito geral da Colônia,
criteriosamente definido pelo tom de sua pele, transfere-se o olhar para uma questão
que, inicialmente, seria óbvia: se os indivíduos ocupavam em vida um espaço
“próprio” dentro da sociedade, cuja escala era determinada somaticamente, tal
característica seria transposta no sepultamento dentro do espaço ad sanctos? Os
indivíduos permaneceriam com seu status social mesmo no “pós-morte”, ultrapassando
dogmas religiosos como aquele que afirma que “todos os homens são iguais perante
Deus”?
Tais questionamentos instigam ainda mais a curiosidade quando se dá conta de
que se trata de uma população que ansiava por religião, que já trazia consigo a
profunda “necessidade de praticar a religiosidade, mesmo sem o apoio oficial”41, cujos
“colonizadores tinham em sua fé um sustentáculo primordial na sua vivência”.42 Nesse
sentido, o indivíduo por mais rudimentar ou simples que fosse, já carregava em sua
cultura um forte apego pelas questões “sagradas”, demonstrando sua fé nos mais
diversos setores da vida particular e social. Estas crenças tornavam-se mais evidentes
nos momentos mais derradeiros da vida, como situações que envolviam doenças ou
41 MORAIS, Juliana de Mello. Sacralização da pobreza: sociabilidades e vida religiosa numa pequena vila da América portuguesa. Dissertação de Mestrado. UFPR, 2003. p. 25. 42 Ibidem, p.25.
26
morte; quando homens e mulheres, independente de sua cor ou cultura, procuravam
tomar certas precauções que seriam eficazes - para a mentalidade da época – em
garantir um futuro mais ameno no Além-mundo ou, ao menos, passível de correção
das suas falhas terrenas.
Dentre tantas providências para atingir a “paz dos justos” e a ida da alma
diretamente ao Paraíso, chegada a hora do julgamento particular,43 o futuro mais
almejado na eternidade enquanto aguardaria o momento do Juízo Final, destaca-se a
prática do sepultamento realizado no interior das igrejas, ad sanctos. Embora possua a
finalidade de acrescentar precauções para uma boa-morte, outra de suas características
primordiais seria “a aproximação dos vivos e dos mortos, com a penetração dos
cemitérios nas cidades ou vilas, no meio das habitações dos homens.”44 Em outras
palavras, mortos e vivos dividiriam o mesmo espaço, numa troca constante de
lembranças que, por sua vez, estariam implicados no seu local de sepultura: àqueles
mais próximos dos altares receberiam consequentemente mais intenções do que
aqueles que, por ventura, estariam relegados aos locais mais remotos do templo. Bem
como a lembrança e a presença dos restos mortais dos primeiros seria mais visível,
mais percebida, mais sentida, pelos entes que viessem confortar-se entre imagens de
santos e anjos.
Por esses sepultamentos se realizarem em solo expressamente sagrado, os
indivíduos por mérito ali enterrados acreditavam que estariam em ligação direta com
todos os tipos de seres e entidades celestiais e, principalmente, com o próprio Deus.
Além disso, era divulgada a crença de que quanto mais próximo das chamadas
“relíquias sagradas”, ou restos mortais de indivíduos canonizados, o corpo morto fosse
depositado, mais próxima da salvação eterna estaria sua alma. Mais tarde, quando o
olhar da população voltou-se para as imagens propriamente ditas dos mais variados
santos católicos, além daquelas que remetiam a Jesus Cristo, o cenário mais almejado
para sepultura seria o Altar-mor, local privilegiado dentro da igreja. Assim, quanto
43 Este ocorreria no exato instante da morte, quando a alma imediatamente seria encaminhada para um dos três espaços do Além-mundo: Paraíso, Purgatório ou Inferno. Tal momento tinha como portador da sentença o anjo Miguel, que possuía em seu poder um livro contendo todos os passos que o indivíduo deu em vida, sejam eles bons ou não. 44 Ariès, Philippe. O Homem diante da morte. Rio de Janeiro: Francisco Alves Editora, 1981. Vol. I. p.34.
27
mais aproximado, senão no próprio altar fosse o morto enterrado, mais possibilidades
sua alma teria em desfrutar da beatitude eterna.
Entretanto, nem todos poderiam ou teriam recursos suficientes para arrematar
uma sepultura no local mais requisitado dentro do espaço sagrado, fato que
possibilitou o surgimento de altares laterais, embora menores, ou mesmo capelas
apêndices à igreja e em outros locais da vila, mas que possuíam em seu âmago a
mesma função: acolher indivíduos para que ficassem próximos aos seus santos de
devoção. Estas pertenceriam as Irmandades, Confrarias e Ordens Terceiras, cuja
finalidade era a promoção de solidariedades coletivas em torno de um santo especifico,
até porque “um dos aspectos fundamentais da religiosidade católica é a devoção aos
santos”.45
Mesmo com todas essas artimanhas para ser sepultado próximo as imagens
sacras, a grande maioria dos indivíduos permaneciam com seus corpos relegados a
outros ambientes participantes do solo da igreja, espalhando-se por entre os mais
diversos domínios da mesma: junto à torre, junto a porta principal, junto aos bancos,
próximo as portas travessas, entre outros. Não deve-se esquecer do Adro, que embora
situado na parte externa à igreja, não deixava de, também, ser um solo disputado por
muitos, que possivelmente seriam sepultados em terrenos baldios, ao longo de
estradas, ou mesmo deixados a mercê de animais, como o caso de muitos escravos, por
exemplo.
A partir desse breve contexto e considerando a prática de sepultamento ad
sanctos dentre os habitantes da pequena vila de Curitiba de meados do século XVIII,
buscar-se-á relacionar os locais utilizados para sepultura na igreja justamente com o
local que o indivíduo possuía na sociedade durante a vida, com o seu status social. Ou
seja, esta modalidade de sepultamento será a meta que guiará a possibilidade de um
estudo acerca da divisão da sociedade curitibana, basicamente, entre elementos
“brancos” e “não brancos”.
Isso só foi possível graças a conservação e, posteriormente, leitura das atas de
registros de óbitos da antiga Igreja Matriz de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais da
45 MORAIS, Juliana de Mello. Sacralização da pobreza...p. 30.
28
Vila de Curitiba.46 Tais arquivos, descritos pelo pároco responsável pela Matriz -
Manoel Domingues Leitão - continham informações cruciais para o desenvolvimento
da pesquisa, embora nem todos sendo completos, como condições filiais, sociais e
religiosas (pertencimento ou não a Ordens Religiosas, além de devoções particulares)
dos indivíduos falecidos dentre os anos de 1760 à 1775.
2.1 Características de uma pequena vila setecentista do Brasil Colônia
Pensar em uma sociedade colonial de meados dos setecentos, constituída
sobretudo por elementos “brancos” e “não brancos”, nos remete tão logo a focalizar os
grandes núcleos de povoamento do norte e nordeste do futuro território brasileiro, com
seus imponentes engenhos, senzalas e casas-grandes. Esquecemo-nos que no outro
extremo também existiam formas peculiares de colonização, com atores distintos,
economias substanciais e com um estilo de vida muito mais rudimentar.
Dentre estas, situa-se a “Villa de Corytyba”, que em meados do século XVIII
possuía uma pequena população que não ultrapassava em muito o número de 4.000
almas.47 Além disso, tinha como uma de suas características peculiares a simplicidade,
que o viajante Augusto de SAINT-HILAIRE observou com precisão ainda nas
primeiras décadas do século XIX: “Em Curitiba e nos arredores é muito pequeno o
número de pessoas abastadas. Eu vi o interior das principais casas da cidade, e posso
afirmar que nas outras cabeças de comarcas ou mesmo de termos não havia nenhuma
casa pertencente às pessoas importantes do lugar que fossem tão modestas assim.”48
Tal situação seria o resultado da própria formação da vila, fruto dos
empreendimentos de bandeirantes e mineradores paulistas que se dirigiam ao sul da
Capitania de São Paulo devido as recorrentes notícias da possível existência de veias
auríferas na região dos Campos Gerais, bem como para a captura de nativos que
46 Estes registros encontram-se digitalizados pelo CEDOPE ( Centro de Documentação e Pesquisa de História dos Domínios Portugueses) do Departamento de História da Universidade Federal do Paraná. 47 SCHAFF, M. B.; DE BONI, M. I. M.; BURMESTER, A. M. O. A população de Curitiba no século XVIII. In: ANAIS DO COLÓQUIO DE ESTUDOS REGIONAIS. Comemorativo I centenário de Romário Martins. Curitiba, n.º 21, 1974. p.72. 48 SAINT-HILAIRE, Auguste de. Viagem a Curitiba e Província de Santa Catarina. Belo Horizonte: Itatiaia, 1978. p. 71.
29
serviriam de mão-de-obra barata para os grandes proprietários de terras: “a
escravização de indígenas e a constante procura de metais teriam, por conseqüência,
ainda na primeira metade do século XVII, a ocupação portuguesa de terras do litoral e
do primeiro planalto paranaenses.”49 Como essas atividades eram difíceis e pouco
rendosas, devido as condições das distâncias e da natureza do trabalho, obrigou “os
que procuravam ouro a se fixar com residência”50 possibilitando, com isso, antes
mesmo da fundação das vilas, a existência de povoados nesses locais.
Dentre estes povoados, e considerada inicialmente como parte secundária da
comunidade paranaense, encontra-se Curitiba, que somente em 1693 recebeu o
predicamento de vila, como iniciativa dos próprios moradores, que necessitavam a
instauração da ordem civil. Logo, “constituídas as autoridades municipais – as
‘justiças’ - a vila traçou o seu aspecto igual a tôdas as outras fundadas pelo
colonialismo português.”51 E, segundo Romário MARTINS, desde muito cedo, a
população “desejava a organização legal de um sistema regulador da ordem e
assegurador de condições eficazes de progresso...”52 Havia aproximadamente um
quarto de século que a vila de “Pinhaes”53 tinha ereto o seu Pelourinho (1668), ainda
lhe faltava a organização da autoridade local, composta por “homens bons” nos cargos
de governança.
Entretanto, a eleição dos primeiros Juízes, vereadores, procurador do Conselho
e Escrivão da Câmara da futura capital paranaense não fora suficiente para mudar a
condição da vila, cuja população se viu tão logo obrigada a pagar impostos que, por
sua vez, não davam conta das despesas da mesma.
A própria topografia era pensada no intuito de garantir mais proteção, de uns
para com os outros, já que as autoridades não tinham cunho suficiente para garantir
por todos. Por outro lado, grande parte da população permanecia morando pelos
arredores, em sítios e fazendas, vindo à vila somente para “tratar de negócios e assistir
49 BALHANA, Altiva Pilatti; MACHADO, Brasil Pinheiro; WESTPHALEN, Cecília Maria. História do Paraná. Curitiba: Grafipar, 1969. p. 26. 50 Ibidem, p. 30. 51 Idem. p. 40. 52 MARTINS, Romário. Curitiba de outrora e de hoje. Curitiba: gráfica Monteiro Lobato e Cia, 1922. p. 103. 53 Como inicialmente era conhecida a vila de Curitiba devido a sua padroeira ser Nossa Senhora da Luz dos Pinhais.
30
às festas religiosas.”54 Nesse sentido, em meio a tanta decrepitude, as construções da
época correspondiam a situação geral da vila, elevadas basicamente com madeira,
barro, taquara e pedras e, “a fim de que os vizinhos se socorressem dia e noite, e para
que as ruas não fôssem disformes... as casas eram unidas umas às outras, e no
alinhamento da rua.”55 Mesmo as atividades administrativas eram sustentadas mais
pela solidariedade e cooperação dos moradores do que pelos impostos, sendo que a
limpeza das ruas e dos riachos, bem como a conservação dos caminhos,56 eram
obrigações dos proprietários particulares.
Nem Câmara Municipal havia na presente vila, sendo que antes de ter sede
própria funcionava, “por empréstimo”, na Igreja, que por sua vez não passava de “uma
modestíssima capelinha de pau á pique,57... com uma pia batismal, uma lâmpada de
latão, um Altar-mor com os santos de sua invocação e um outro lateral com a imagem
de N. S. de Guadalupe...”,58 já que seria somente em 1720 que a Matriz curitibana
receberia a imagem de sua padroeira – Nossa Senhora da Luz.
Enfim, vivia-se num estado de suma pobreza, cuja “carência de gêneros, numa
população que se formou subitamente, e que se dedicava exclusivamente à cata de
ouro, criou tremendos problemas de abastecimento, que raiaram pelo drama da
fome.”59 Tal fase só foi superada quando uma nova atividade econômica se inaugurou
no planalto curitibano: o tropeirismo.60
54 BALHANA, Altiva Pilatti; MACHADO, Brasil Pinheiro; WESTPHALEN, Cecília Maria. História do Paraná... p. 41. 55 Ibidem, p. 40. 56 Entre estes, o caminho de Cubatão, por qual desenvolvia-se um importante comércio entre Paranaguá e Curitiba. De Curitiba remetia-se para a vila litorânea gado vacum e cavalar, trigo e erva-mate; e de Paranaguá para o planalto curitibano subiam as mercadorias estrangeiras, peças de pano de algodão, vinho, aguardente, vinagre, azeite e sal. 57 MARTINS, Romário. Curitiba de outrora e de hoje... p. 106. 58 Ibidem. p. 113. 59 BALHANA, Altiva Pilatti; MACHADO, Brasil Pinheiro; WESTPHALEN, Cecília Maria. História do Paraná...p. 62. 60 Que consistia no comércio de mulas adquiridas no Rio Grande do Sul, no Uruguai e na Argentina, que eram conduzidas em tropas, numa caminhada de três meses pela estrada do Viamão, invernadas por alguns meses nos Campos do Paraná e vendidas na feira anual de Sorocaba, onde eram compradas principalmente por paulistas, mineiros e fluminenses. Esse período de tropeirismo foi denominado como “ciclo das tropas”, o qual teve seu início no ano de 1731 e esgotou-se somente na década de 1870. É interessante notar que, as fazendas de criação de gado e invernagem de muares ocupavam praticamente todas as regiões de campos naturais do Paraná, que vão de Curitiba (Campos Gerais) aos Campos de Guarapuava.
31
Como a mineração mostrou-se uma atividade pouco rendosa, os que se
estabeleceram nos Campos Gerais, e de Curitiba, empregaram-se nas atividades
ligadas a criação de gado e pastoreio, uma vez que os mesmos campos eram excelentes
para tal empreendimento. Por outro lado, esse ramo exigia um novo modo de vida,
fundado no sedentarismo e na formação de currais e sítios. Dessa forma, seriam
estabelecidos núcleos de populações estáveis, garantindo a efetiva ocupação de todo o
território do que viria a ser o Paraná.61
sob a base da grande propriedade de terras de campo natural, da criação de gado, do tropeirismo e da invernagem, e do trabalho escravo indígena e negro, caracterizou-se no século XIX a classe dominante regional, configurado em famílias fazendeiras, vivendo em suas terras e detendo o poder político local e regional, por meio de oligarquias parentais.62
Entretanto, a grande massa da população curitibana continuava a viver em
estado de mediocridade, cuja única atividade econômica se fundava na agricultura de
subsistência. Tal fato pode ser verificado nas chamadas Listas Nominativas de
habitantes, da Vila de Curitiba,63 quando a grande maioria das famílias “vivia de suas
lavouras.”
Assim, em pleno fim de século XVIII e início do XIX, conjetura-se o formato
no qual se pautara a pequena vila curitibana, cujos homens mais “abastados” eram
possuidores de poucas riquezas, entre as quais, fazendas de gado e algumas dezenas de
escravos. Os demais, para se sustentar, viviam de ofícios secundários: alfaiates,
sapateiros, auxiliares, ferreiros, “negócios mercantis”, entre outros.
Mas o grande diferencial e significativo é que, apesar de se formar em outros
padrões, não sustentados pela grande propriedade, que por si só se caracterizavam pelo
avultado número de escravos, a sociedade paranaense se assinala também como
61 Uma vez que os Campos Gerais envolviam os territórios que correm entre Curitiba e a atual região de Palmas. 62 BALHANA, Altiva Pilatti; MACHADO, Brasil Pinheiro; WESTPHALEN, Cecília Maria. História do Paraná...p. 65. 63 Estes registros também se encontram digitalizados no CEDOPE, do Departamento de História da Universidade Federal do Paraná.
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estritamente escravocrata, fundada na utilização da força de trabalho indígena64 e
negro, além de seus descendentes e mestiços.
para a formação do efetivo populacional paranaense, concorreram os mesmos elementos étnicos que constituíram os fundamentos da população brasileira. Assim, na composição da população do Paraná tradicional, isto é, do Paraná da mineração, da pecuária, das indústrias extrativas e da agricultura de subsistência, estão presentes o branco, o índio e o negro, e toda a variada gama de mestiços que caracterizam o quadro demográfico de grande parte dos países americanos e da maioria das regiões brasileiras.65
Divididos por seu status, negros e indígenas eram empregados como “escravos”
nas mais diversas atividades da colônia, desde a mineração, a agricultura de
subsistência, a pecuária, até mesmo nos afazeres domésticos, artesanatos e funções
administrativas.
...o índio, e mais tarde o negro, tanto no período da escravidão, como no período dos aldeamentos, era a mão-de-obra que sustentava todas as estruturas superiores da sociedade colonial: nos trabalhos domésticos, nas derrubadas e lavouras, na jornada das minas e na
condução das cargas (grifo do autor), como soldados das guerras do sertão contra outros índios que deveriam ser caçados, nos serviços públicos de estradas, nos transportes de mercadorias, nas construções de fortalezas.66
Como a utilização do trabalho escravo ocorreu em praticamente todas as
atividades da comunidade paranaense, Altiva Pilatti BALHANA chega mesmo a afirmar
que “a participação econômica e social de escravos, índios e africanos, e seus
descendentes, na formação do efetivo populacional paranaense, foi bastante
significativa e persistiu durante um largo período, imprimindo-lhe características que o
identificam com aqueles do modelo clássico da formação da população brasileira.”67
Verificando os registros de óbitos dentre os anos de 1760 `a 1775, percebe-se
como realmente havia um significativo contingente populacional composto por
escravos, administrados e forros, pois a grande maioria dos registros pertenciam a tais
elementos: de um total de 523 registros, apenas 154 eram de indivíduos notoriamente
64 Os índios eram, na maioria, incorporados hereditariamente ao patrimônio das grandes famílias, carijós e seus descendentes, que tinham a denominação jurídica de administrados. 65 Ibidem, p. 118 e 119. 66 Idem. p. 27. 67 Idem. p. 127.
33
“brancos”.68 Os demais registros correspondiam respectivamente à 109 escravos, 27
administrados, 04 índios, 22 bastardos, 21 filhos de escravos/administrados/bastardos,
02 mulatos, 10 pretos forros, 01 administrado forro, 05 enjeitados, e o restante
encaixava-se aos “não brancos”, não constando sua condição social detalhada no
registro.
A par destas informações, caberá realizar um mapeamento dos locais utilizados
para sepultura destes indivíduos na Matriz curitibana, para finalmente discutir a
relação existente entre os espaços ocupados por esses elementos em vida (sua condição
no contexto geral da sociedade) com o espaço ocupado na igreja após a morte,
considerando que quanto mais próximo estivesse do Altar principal, mais “brancura”
sua pele possuía. Restará saber se essa premissa era seguida pelos habitantes da
pequena vila de Curitiba do século XVIII, ou se outros preceitos fundamentavam os
“critérios” para a realização de seus sepultamentos.
2.2 Os espaços ocupados na Igreja de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais para a
realização dos sepultamentos ad sanctos entre 1760 à 1775
A partir dos registros presentes nos livros de óbitos 01 e 02 da Igreja Matriz de
Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, da vila de Curitiba, entre os anos de 1760 à 1775,
foram localizados os seguintes espaços utilizados para sepultura:
TABELA 1 – Locais utilizados para Sepultamentos na Igreja Matriz de Nossa Senhora
da Luz dos Pinhais (1760-1775) correspondentes a defuntos “brancos” e “não brancos”
ESPAÇOS PARA SEPULTURA
Brancos Não Brancos
Para baixo da porta travessa 15 32 Para baixo da porta travessa por ser irmão do Rosário 03 09 Para baixo das portas travessas, levado na tumba da fábrica 08 01 Para baixo das portas travessas, levado na tumba das almas 01 -
68 Isso porque nas atas de óbitos, o pároco responsável dividia a mesma em duas partes: a primeira de exclusividade de defuntos brancos e a segunda referentes aos defuntos escravos, administrados e forros.
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Junto a torre 26 98 Dei sepultura eclesiástica aos ossos, junto a torre - 03 Para cima das portas travessas - 01 Para cima das portas travessas, levado na tumba das Almas 02 - Para cima das portas travessas, levado no esquife do Rosário 01 01 Para cima da porta travessa, junto a pia de água benta 01 - Para cima das portas travessas, levado na tumba da fábrica 02 - Adro - 71 Dei sepultura eclesiástica aos ossos, foram sepultados no Adro - 02 Dentro nesta igreja 12 21 Dentro na Igreja, levado no esquife do Rosário - 22 Dei sepultura eclesiástica aos ossos, dentro na Igreja 02 - Dentro na Igreja, levada na tumba das Almas 04 - Dentro na igreja, levado na tumba da fábrica 02 - Dentro na Igreja por ser Irmão do Rosário - 12 Dentro na Igreja por serem os Pais irmãos do Rosário - 02 Dentro na Igreja, junto com Joze Palhano 01 - Capela de Nossa Senhora do Terço 12 02 No alpendre da Capela de Nossa Senhora do Terço - 01 Capela de Nossa Senhora do Terço, levado na tumba das almas 05 - Capela de Nossa Senhora do Terço por serem seus pais Irmãos 02 - Capela de Nossa Senhora do Terço, levado na tumba da fábrica 02 - Capela de Nossa Senhora da Conceição de Tamanduá 04 06 Das grades para cima 02 01 Das grades para cima, levada na tumba das Almas 02 - Para cima das grades, defronte do Altar de Santo Antônio 01 - Para cima das grades, levado na tumba da fábrica 01 - Junto as grades 03 - Junto as grades, levado na tumba das Almas 05 - Junto as grades em uma sepultura dos irmãos de Nossa Senhora da Luz, levado no esquife do Rosário
01 -
Defronte das portas travessas 01 03 De fronte da porta travessa, levado na tumba da fábrica 01 01 Defronte da porta travessa, levado no esquife do Rosário 01 - Junto a porta principal 03 47 Junto a porta principal, levado na tumba da fábrica - 01 Junto a porta principal por ser Irmão do Rosário - 04 Junto a porta travessa - 10 Junto a porta travessa, levada no esquife do Rosário - 02 Junto aos bancos - 16 Junto aos bancos, levado na tumba das Almas 01 - Junto aos bancos por ser Irmão de Nossa Senhora do Rosário 01 07 Junto aos bancos para baixo - 04 Junto ao púlpito - 01 De fronte do púlpito 02 -
35
Capela de Nossa Senhora do Carmo, do Capão Alto 01 01 Em uma das três sepulturas da Irmandade de Nossa Senhora da Luz
01 -
Capela de Nossa Senhora de Pitanguy 01 - Capela-mor da Capela de Santa Barbara do Pitanguy 01 - Junto ao Altar do Senhor Bom Jesus 03 - Junto ao arco da Capela Mor 03 - Sepultura dos Irmãos de Santo Antônio, segunda para baixo das grades
03 -
Junto ao confessionário da parte esquerda 01 - Junto ao confessionário, da parte do evangelho, levado na tumba das almas
01 -
Dei sepultura aos ossos, para baixo das grades 01 - No canto da parte direita, junto a parede - 01 Junto as grades de comunhão - 01 Sem local especificado 04 - NOTA: As informações contidas na tabela seguem a divisão proposta pelo pároco Manoel Domingues Leitão nos livros de óbitos da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, entre defuntos brancos e defuntos negros, administrados e forros, substituídos pelo termo “não brancos”.
Tendo em mãos os dados necessários para o desenvolvimento da pesquisa, no
caso, os locais de sepultura ad sanctos na Matriz de Nossa Senhora da Luz, e a
condição social dos indivíduos ali sepultados, resta discutir se há uma possível relação
entre estes “locais” representantes da vida e da morte de cada elemento social no
espaço sagrado.
2.3 - Sepultamento ad sanctos: cada um possui seu lugar dentro da igreja?
Como visto em capítulo anterior, a modalidade de sepultamento ad sanctos era,
inicialmente, uma especificidade européia, em cujas igrejas centenas de pessoas eram
sepultadas na garantia de salvação da alma. Porém, essa cultura foi difundida em
outras sociedades católicas espalhadas pelo mundo, e entre estas, no Brasil, que até
então não era mais que uma colônia portuguesa.
Assim, em pleno século XVIII, quando os cristãos europeus já haviam
adquirido a prática de sepultar seus mortos em cemitérios afastados das cidades, em
virtude das recorrentes epidemias de peste que os afetavam desde o século XVI, a
36
necessidade de sepultar os mortos dentro das igrejas permanecia ocorrendo em
sociedades mais recentes.
Tal é o caso da pequena Curitiba setecentista, com sua modesta Igreja Matriz,
que recebia em seu solo dezenas de pessoas por ano, na esperança de garantir o
depósito do seu corpo em solo sagrado. Porém, resta saber se esse solo era um espelho
que refletia a sociedade em questão, com sua divisão espacial respeitando a
classificação social que em que esta recaía.
Nesse sentido, tal situação poderia ser percebida verificando os registros de
óbitos da Matriz de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, nos quais o padre responsável
pelas “almas” dos curitibanos dentre os anos de 1760 à 1775 descrevia o local de
sepultura, além da condição social de cada indivíduo falecido, especificando sua
condição de branco, negro, administrado ou liberto. Partindo destes dados, foi possível
notar algumas peculiaridades do sepultamento ad sanctos entre os habitantes da “Villa
de Corytyba”.
Embora fosse de praxe dividir o espaço da igreja entre fiéis brancos “puros”
próximos ao Altar-mor e os demais elementos sociais como escravos, administrados,
forros e mestiços, na outra extremidade da construção sagrada, não deixa de ser
verídico que todos se esforçavam “por viver e morrer próximos às imagens santas.”69
Os obituários nos revelam tão profunda necessidade, pois encontramos todos esses
elementos sepultados na pequena Igreja Matriz curitibana, embora grande parte desse
privilégio fosse dado aos pertencentes de associações leigas.
Analisando os dados contidos nos registros, podemos dizer que a grande
maioria dos indivíduos “de cor” foram sepultados dentro da igreja por fazerem parte
de Irmandades e Ordens Terceiras, uma vez que estas “se formavam de modo a
representar e a atender os diferentes grupos sociais, as confrarias acabavam por
mapear a sociedade na qual surgiam.”70 Dessa forma, é comum encontrarmos nos
registros as seguintes expressões: “sepultado no... por ser Irmão do Rosário”; “dentro
na Igreja por ser Irmão do Rosário”; “levada na tumba das Almas por ser Irmão...”,
entre outras.
69 MORAES, Juliana de Mello. Sacralização da pobreza... p. 31.
37
Entretanto, também como nas antigas igrejas européias, havia uma clara divisão
social entre as sepulturas, seguida quase que à risca, quando ficava inevitável uma
distribuição social no interior desta (Igreja), distinguindo-se três categorias principais:
“em primeiro lugar, os nobres de espada e de toga, os capitães, os grandes e pequenos
oficiais de justiça..., o clero, os médicos, as pessoas gradas. Em seguida os
comerciantes e os mestres de ofícios. Enfim, os operários, as criadas, gente modesta e
os desconhecidos.”71
No Brasil Colonial, a situação era um pouco diferente, com a nave principal da
igreja sendo basicamente dividida entre homens brancos e homens de cor, o que era
muito bem visível nos próprios cultos – quando os primeiros ocupavam o espaço entre
o Altar Mor e as portas travessas e os segundos os espaços restantes. E, observando
rapidamente os obituários, não resta dúvida de que a mesma divisão era traspassada
para as suas sepulturas no pós-morte.
Entretanto, apenas uma pequena parcela de indivíduos notoriamente brancos
encontravam-se sepultados nos espaços mais requisitados da igreja, os quais eram
destinados à categoria de “homens bons” (apenas 26 sepultados num total de 154):
para cima das portas travessas, junto as grades, para cima das grades, junto ao arco da
Capela Mor, junto ao Altar do Senhor Bom Jesus, junto ao confessionário. “Ser
enterrado ‘além das grades’ representava o privilégio de ficar mais perto dos santos de
devoção ou mesmo de Cristo.”72 Além disso, “ser enterrado próximo aos altares era
um privilégio e uma segurança mais para a alma, atitude relacionada à pratica
medieval de valorizar a sepultura próximo aos túmulos de santos e mártires da
cristandade.”73
Como exemplo de pessoas sepultadas nesses locais privilegiados da igreja,
podemos citar os seguintes casos: Capitão Miguel Gonçalves Lima, falecido em 28 de
março de 1766, e cujo corpo foi sepultado junto as grades;74 Thomas Leme do Prado,
homem de posses, falecido em 13 de março de 1770, sepultado junto ao arco da
70 Ibidem, p. 39. 71 Ariès, P. O homem diante da morte...p. 91. 72 REIS, J. J. A morte é uma festa: ritos fúnebres e revolta popular no Brasil do século XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 1991. p. 176 73 Idem, p. 176.
38
Capela-mor;75 Escolástica Soares do Valle, casada com um Sargento-mor, falecida em
24 de março de 1771, sepultada junto as grades;76
Os demais “homens brancos” eram sepultados em locais destinados à mestiços
ou forros, devido a sua condição de pobres ou, como o pároco registrava em sua ata
“por ser notoriamente pobre”: para baixo das portas travessas, junto aos bancos e
proximidades, além daqueles enterrados perto da porta principal.
Por outro lado, os escravos e alguns administrados, considerados por muitos
como os sujeitos mais desclassificados da sociedade, por assim dizer, eram relegados à
porta principal, junto a ela ou no Adro (local externo à igreja), espaços opostos àqueles
destinados aos homens ilustres da sociedade. Dessa forma, podemos afirmar que
estamos diante dos grandes extremos sociais da vila, espelhados no solo sagrado da
Matriz curitibana.
Deve-se atribuir uma atenção especial ao local especificado como Adro, ou
seja, a parte externa da igreja, que “era tão desprestigiada que podia ser obtida
gratuitamente. Ali se enterravam escravos e pessoas livres muito pobres.”77 Não é a toa
que nesse local estão sepultados 71 escravos, de um total de 109.
Os escravos restantes, assim como administrados, forros e mestiços,
encontravam outras artimanhas para serem sepultados em locais menos
desprestigiados da Matriz, sendo a mais evidente sua associação a Irmandades e
Ordens Terceiras. “As irmandades de todas as cores foram unanimes quanto à
necessidade de proporcionar funerais decentes aos confrades, e com freqüência a seus
familiares e mesmo a não-associados.”78
Dessa forma, tornou-se comum o pároco Manoel Domingues Leitão registrar:
“sepultado para baixo das portas travessas, levado na tumba das almas por ser irmão”;
“em uma das sepulturas dos irmãos de Santo Antonio”; “em uma das três sepulturas da
Irmandade de Nossa Senhora da Luz”;
74 ACMC Livro de óbito 02. f.08 75 ACMC Livro de óbito 02. f.14 76 ACMC Livro de óbito 02. f.14 77 REIS, J. J. A morte é uma festa... p. 175 78 Ibidem, p. 146.
39
Entretanto, dentre todas as associações leigas presentes na Matriz Curitibana –
Nossa Senhora da Luz, Santíssimo Sacramento, São Miguel e Almas e Santo Antônio -
a mais requisitada era uma que fora construída pelos elementos mais “humildes” da
sociedade: a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, cuja santa era devotada,
sobretudo, por negros escravos. Estes elementos, bem como àqueles que não possuíam
posses suficientes para serem sepultados na igreja, encontravam na associação – que
apesar de ser constituída por escravos, aceitava como irmãos pessoas de qualquer
condição social – a chance de obter um sepultamento digno. Tal foi o caso de pessoas
sepultadas por serem irmãs ou levadas no esquife79 de Nossa Senhora do Rosário: 22
foram sepultadas dentro da igreja levadas no esquife do Rosário, 12 dentro da Igreja
por serem irmãos do Rosário, 08 junto aos bancos (sendo um “notoriamente branco”) ;
04 junto a porta principal, 12 para baixo da porta travessa (03 eram “brancos”), 02
dentro da igreja por serem seus pais irmãos do Rosário; 02 para cima da porta travessa
levados no esquife do Rosário (01 era “branco”) e 01 defronte da porta travessa.
Da mesma forma, os associados a outras Irmandades possuíam o privilégio de
serem sepultados nas suas capelas: Nossa Senhora do Terço abrigou 22 indivíduos;
Nossa Senhora da Conceição de Tamanduá 10; Nossa Senhora do Carmo 02 e a de
Nossa Senhora do Pitanguy 01. Por outro lado, e não menos importante, havia as
tumbas da fábrica da igreja, sepulturas pagas mediante esmolas destinadas à mesma, as
quais receberam gratificações de 13 indivíduos brancos e 02 “de cor”.
Outro local utilizado para sepultura dentro da igreja e que merece destaque, é o
espaço junto a torre, que segundo os registros, era destinado quase que exclusivamente
às crianças, sejam elas brancas ou não.80 Nesse sentido, percebe-se que as crianças
possuíam um lugar especial na Matriz, que não era diferenciado pela sua condição
(neste local foram sepultadas 26 crianças “brancas” e 97 “não brancas”). Até porque,
na mentalidade setecentista, as crianças mortas prematuramente eram consideradas
anjinhos, e tal como estes, não sofriam as classificações humanas.
Outras peculiaridades dos curitibanos para com esta modalidade de
sepultamento encontram-se naqueles que desejavam ser enterrados junto aos bancos,
79 Os esquifes eram utilizados para carregar o corpo morto, como os caixões nos dias atuais.
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num total de 29 indivíduos. Muitas vezes o fato de ser sepultado neste espaço se deve
a vontade do indivíduo em permanecer ocupando na igreja após a morte o mesmo
lugar que ocupava em vida.
Já Francisca Ribeyra, falecida em 28 de março de 1768, foi sepultada para cima
da porta travessa junto à pia de água benta.81 Tal atitude representa o desejo de obter
uma vantagem a mais para a salvação da alma, pois se acreditava que a água benta que
respingasse junto a sepultura benzeria a alma dos que ali estivessem sepultados.
Por fim, resta o caso de Joam, falecido em 24 de outubro de 1772, cuja
sepultura se encontra junto a Joze Palhano.82 Neste caso, se percebe a necessidade de
aproximação dos parentes, onde “a igreja é quase sempre escolhida por uma razão de
família, para se ser enterrado seja perto dos pais, seja... perto do esposo ou dos
filhos.”83 Tal hábito se generalizou a partir do século XV, em diversas partes da
Europa,
e expressa bem os progressos de um sentimento que sobrevivia à morte; talvez alias, tenha sido no momento da morte que ele começou a se impor à consciência lúcida: se a família representava então um papel fraco no tempo banal da vida cotidiana, nas horas de crise, quando um perigo excepcional ameaçava a honra ou a vida, ela recuperava o seu império e impunha uma última solidariedade até depois da morte.84
Percebe-se, portanto, que assim como em muitas partes da cristandade, a vila de
Curitiba de meados do século XVIII cedia a sua Matriz para sepultamentos ad sanctos.
Por outro lado, estes sepultamentos seguiam uma classificação social, demonstrando
uma aberta divisão no pós-morte dentre os habitantes curitibanos, embora muitas
vezes, ofuscados pelo pertencimento dos mesmos a associações leigas, que tendiam a
amparar os diversos elementos sociais no memento derradeiro de suas vidas: a morte.
80 Dos 124 registros de sepultura neste local, apenas 01 não era de criança. 81 ACMC Livro de óbito 02. f.12 82 ACMC Livro de óbito 02. f.17 83 ARIÈS, P. O homem diante da morte...p. 80. 84 Idem, p.80
41
3.0 A morte e os ritos fúnebres numa vila colonial do século XVIII
3.1 Entre crenças e inquietações: a “boa morte”
A morte e os mortos, ao longo da história do Ocidente, nem sempre ocuparam
tanta atenção por parte dos vivos quanto após o advento do Cristianismo, quando a
Igreja preocupada com o total descaso com que aqueles eram tratados, sem sepultura
cristã principalmente, cercou este fenômeno de crenças e costumes fundamentais para
garantir uma boa passagem para o Além-mundo. Nessa perspectiva, a presença da
Igreja Católica foi crucial, uma vez que era portadora de dogmas e doutrinas capazes
de interferir no cotidiano da morte, imprimindo em seus fiéis as maneiras corretas para
“bem viver” e “bem morrer”.
Por outro lado, não foram todos que aceitaram a “nova religião” de forma
simples e natural, precisando a estrutura eclesiástica elaborar mecanismos para
“estimular” os fiéis a seguirem os seus preceitos.85 Assim, nos Concílios Ecumênicos
estabelecidos desde o século IV, a Igreja elaborou uma série de doutrinas que, na
maioria das vezes, envolviam os rituais fúnebres, como medida necessária para que o
maior número de indivíduos aderissem a sua fé e tornassem-na uma religião de caráter
universal.
Nesse sentido, o catolicismo tomou como missão a propagação de verdadeiras
lições de fé e existência,86 além de estimular crenças e práticas que preencheriam o
universo da morte com elementos, simultaneamente, profanos e sagrados, numa
mistura de paganismo e cristianismo.87 Dentre tantas artimanhas para conquistar fiéis,
destaca-se como a mais propagada pela Igreja àquela que conferia a ressurreição dos
corpos e, consequentemente, a imortalidade da alma, uma vez que “a morte não era
85 Ou fundamentos de fé, como a crença em um só Deus, por exemplo. 86 Como as hagiografias, que narravam a vida dos santos, e que serviriam como exemplos de uma vida sem vícios e pecados, a serem seguidos pelos homens que almejavam atingir o Céu. 87 Uma vez que seria muito mais fácil conquistar fiéis se estes encontrassem na religião algo que já era parte da sua realidade, ou seja, que produzisse neles uma identificação com a sua antiga crença.
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vista como o fim do corpo apenas, pois o morto seguiria em espírito rumo a um outro
mundo, a uma outra vida.”88
Entramos, com isso, num determinado universo mental - no imaginário católico
- cujo alvo principal era conquistar os indivíduos comuns pela sua fé, pela sua crença
na existência de um outro mundo, pós-vida. Com tal intuito, forçou-se acreditar na
existência de um “espaço geográfico” celestial, composto tradicionalmente pelo
Paraíso e pelo Inferno e, somente alguns séculos mais tarde, em meados do século
XV, pelo Purgatório, que serviria como um local “intermediário”, onde as almas
purgariam suas faltas terrenas.89 “Os inventários dos afrescos medievais mostram que
da série de ‘julgamentos finais’, do século XIV e sobretudo do século XV, brotaram as
raízes de um novo tema, que rompeu os hábitos de uma sensibilidade coletiva
medieval, para a qual, no dizer de S. Agostinho: ‘só há dois lugares’.”90
Foi justamente com o nascimento do Purgatório,91 o terceiro espaço celeste,
que os homens encontraram uma chance de ainda conseguir a salvação eterna, por
mais pecados que possuíssem, e não cair diretamente nas chamas do inferno,
concebendo a hora da morte como um “acerto de contas e relação direta com o sagrado
ou ainda mais diretamente com Deus”.92 Nesse sentido, a morte tornou-se o momento
derradeiro da vida de qualquer indivíduo, representando a hora do “julgamento
individual”, o qual “condenaria ou exaltaria a alma do defunto, demarcando também o
local onde ela ficaria encerrada” 93 a espera do Juízo Final; quando os homens se
tornariam iguais perante Deus e seriam julgados pelos seus feitos e suas culpas durante
toda a vida terrena, não importando sua classe, raça ou cor. Assim, o “medo da
danação” provocou a preocupação com uma boa morte, quando algumas atitudes
seriam essenciais para decidir o futuro da alma no Além.
88 REIS, J. J. O cotidiano da morte no Brasil oitocentista. In:. ALENCASTRO, L. F. (org.) História da vida privada no Brasil: Império. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. p. 96. 89 Contudo, foi somente no século XVIII que a crença nesse espaço do Além-mundo tornou-se realmente popular. 90 VOVELLE, M. Imagens e imaginário na história: fantasmas e certezas nas mentalidades desde a Idade Média até o século XX. São Paulo: Ed. Ática, 1997. p. 48-49. 91 LE GOFF, Jacques. O nascimento do Purgatório. Lisboa: Estampa, 1993. 92MORAES, Juliana de Mello. Sacralização da pobreza: sociabilidades e vida religiosa numa pequena vila da América portuguesa. Dissertação de Mestrado. UFPR, 2003. p. 71. 93 Idem. p. 71.
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Os cristãos do Novo Mundo não fugiriam a essa regra, e os habitantes da vila de
Curitiba, de meados do século XVIII, ainda que situada do outro lado do Atlântico,
distante da Metrópole, bem como dos núcleos principais de povoação da colônia,
possuíram a mesma preocupação com a sua própria morte e com os seus mortos. Essa
inquietação transparece, principalmente, nos livros de óbitos da Igreja Matriz de Nossa
Senhora da Luz dos Pinhais, cujos párocos responsáveis registravam nas chamadas
Atas de Sepultamento, lugares de sepultura, testamentos, sacramentos recebidos,
pertencimento ou não a Irmandades e Ordens Terceiras, entre outros detalhes capazes
de demonstrar tal fato.
3.2 O testamento: revelador de práticas fúnebres
Embora a prática de testar fosse o “modo mais seguro de organizar a passagem
para o Além-mundo”,94 nos anos de 1760 à 1775 a presença do testamento dentre os
habitantes da vila de Curitiba era ainda muito rara pois, de um total de 523 registros de
óbitos, somente 19 incluíam tais documentos transcritos, sendo 18 de homens brancos
e 01 de “preto forro”.95 É interessante notar que a presença destes testamentos nas
Atas de Sepultamento da Matriz de Curitiba pode ser explicada pelo fato das
informações contidas nestes lembrarem muito bem a Igreja, a qual poderia ser uma
das maiores beneficiárias do morto.
Porém, embora fosse necessário aos homens e mulheres da época cuidarem do
destino da alma acima de qualquer outra obrigação, nem todos tinham bens
necessários para delegar ou redigir o testamento. Assim, era corriqueiro registros do
tipo “sem testamento por ser muito pobre”, ou então “sem testamentos porque não
tinha de que”.
Ainda haviam aqueles casos em que, mesmo possuindo bens, o indivíduo não
testava por morrer repentinamente. Tal situação, para a mentalidade da época, se
tornava um tanto perigosa para o futuro da alma no Além, pois o morto não teria a
94 Idem. p. 76. 95 Em fins do século XVIII, a população curitibana ainda vivia num estado de suma pobreza, sendo poucos os que tinham condições de redigir testamento.
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chance de se arrepender de seus pecados ou pedir a corte celeste a intercessão por sua
alma perante Deus, as quais representavam algumas das funções primordiais de tal
documento. Nessa perspectiva, o testamento deve, antes, ser percebido como uma
preocupação religiosa, muito mais do que material, uma vez que este tipo de legado
era deixado em segundo plano: “o testamento era então um documento para a salvação
da alma, era uma verdadeira prece generosa feita a Deus, à ‘gloriosa Virgem Maria’ e
aos intercessores celestes, ante a morte eminente.” 96
Nesse sentido, observa-se dentre os testadores o pleno objetivo de angariar a
ajuda de santos para interceder por suas almas “como advogados no Tribunal
Divino”.97 Em retribuição, se oferecia a celebração de dezenas, ou mesmo centenas, de
missas e outras celebrações de cunho religioso, ou seja, “o moribundo escolhia entre a
corte celeste aqueles santos que desejava homenagear, oferecendo missas para os quais
era devoto.”98
Assim o fez, por exemplo, Bento Gonçalves Coutinho Nobre, falecido em 17
de setembro de 1773, designando que “se fassa a novena do Senhor Santo Antonio no
anno q eu morrer a minha custa, digo a custa dos meus bens.”99 Ou, no caso de Joanna
Gracia, falecida em 03 de abril de 1772, em cujo testamento constava as seguintes
missas: “huma a S. Miguel, outra a S. Gabriel, outra a Nossa Senhora da Lux, outra a
Santo Antonio, outra ao santo do meu nome Santa Joanna, outra ao Anjo da minha
guarda...”100 Já Miguel Gonçalves Lima especificou que deixava “mais trinta e duas
missas pellos santos e santas de q tenho devoçam, cujos assentos ficam em hum livro q
tenho de contas...”101
É interessante notar que, quando o indivíduo citava o santo de seu nome,
estabelecia com ele uma identificação pessoal, o que “garantia um elemento a mais
para a brevidade da purgação.”102 Além disso, a prática de piedade pessoal era
96 MARCÍLIO, Maria Luiza. A morte de nossos ancestrais. In.: MARTINS, José de Souza (org.) A morte e os mortos na sociedade brasileira. São Paulo: HUCITEC, 1983. p. 68. 97 REIS, J. J. O cotidiano da morte no Brasil oitocentista... p. 102. 98 MORAES, Juliana de Mello. Sacralização da pobreza... p. 81. 99 ACMC. Livro de óbito 02. f. 19 100 ACMC. Livro de óbito 02. f. 16 101 ACMC. Livro de óbito 02. f. 08 102 MORAES, Juliana de Mello. Sacralização da pobreza... p. 83.
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divulgada pela Igreja Católica desde as reformas do século XVI, enfatizando que isso
era tarefa de todo o cristão que almejasse a salvação.103
A procura pela intercessão dos santos era tamanha, que alguns indivíduos
declaravam-se devedores de missas a eles, legando em testamento o cumprimento
destas após sua morte: “Declaro q devo a Nossa Senhora Aparecida huma missa = a
Sam Francisco das Chagas outra missa = às Almas outra missa...”104
Entre os testadores, haviam aqueles que se preocupavam não somente com o
destino da sua alma, mas também com o futuro de todas aquelas que sofriam as penas
do Purgatório. Para abreviar o tempo de sofrimento, destinavam-lhes missas; da
mesma forma, mencionavam outros personagens essenciais que faziam parte da trama
da salvação, destacando-se na edição do testamento os parentes já falecidos – ou
aqueles de sua obrigação105 – e elementos celestiais de maior “importância”, como o
Santíssimo Sacramento e as Cinco Chagas de Jesus Cristo.
Izabel Soares, em seu testamento, estabeleceu o seguinte: “deixo mais duas
missas huma pella alma de meo Pay e outra pella alma de minha May = mais huma
pella alma de minha filha defunta ...= outra ao Senhor Bom Jesus = outra em louvor
do Santíssimo Sacramento = e mais sinco missas em louvor das sinco chagas de Nosso
Senhor Jesus Christo.”106 Ou, ainda, Sebastiam dos Santos Pereyra, falecido em 31 de
agosto de 1760, que “declaro que da minha terça se mandem dizer sinco missas à
honra e louvor das sinco chagas de Nosso Senhor Jesus Christo, pesso e mandem dizer
logo depois do meu falescimento, e pesso e rogo a meus testamenteiros q seja com a
brevidade possível...107; e D. Maria Lemos do Conde, que especificou em seu
testamento o seguinte:
Por minha alma deixo se me digam as quarenta e sete missas de Sam Gregorio q sam repartidas pelas tençoes seguintes = à Santissima trindade tres = as chagas de Nosso Senhor Jesus Christo sinco = aos gozos de Nossa Senhora = sete = à circuncizam do Senhor = huma =
103 LEBRUN, François. As Reformas: Devoções Comunitárias e Piedade Pessoal. In:. ARIÈS, P. & DUBY, G. História da vida privada: da Renascença ao século das Luzes. São Paulo: Companhia das Letras, 1991. p. 73 104 ACMC. Livro de óbito 01. f.187 105 Estes seriam parentes ligados ou não a família nuclear ( mãe, pai, esposa(o) e filhos), como também agregados, afilhados, pessoas ligadas a transações comerciais, e até mesmo escravos. 106 ACMC. Livro de óbito 01. f. 90 107 ACMC. Livro de óbito 01. f. 91
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à Sam Joze = tres = aos Evangelistas = quatro = a Sam Joam Baptista e aos Profetas = tres = aos doze Apostolos = sinco = no Domingo de Ramos = huma = na quarta-feira de trevos = huma = ao Anjo Costodio = nove = a Sam Miguel e a todos os anjos = huma = aos Martires = huma = aos confessores = huma = às virgens = digo = huma = pelo defuntos = huma esta pesso seja cantada = pesso mais me mandem dizer por minha alma = nove missas = tres em memoria da inefavel caridade com q Deos desceo do ceo a terra a padecer pellos homens = e tres em memoria e reverencia do suor e sangue e agonias que padeceo no morto = e tres em memoria e reverencia das tres horas em q Christo Nosso Senhor esteve padecendo na cruz...108
Caso exemplar é o de Francisco de Siqueyra Cortes, que para aliviar a
consciência de algum mal, destinou “três missas pella alma do defunto Antonio Alvres
Freyre e huma mais por tençam q comuniquei ao meo confessor para desincargo de
minha consciencia.”109
Alguns destinavam centenas de missas às almas do Purgatório, uma vez que,
dentre elas, poderiam estar conhecidos. Foi assim que Trifonio Cardozo Pazes deixou
recursos para pagar “hum officio de nove liçoes”110 pela sua alma e pelas que estão no
Purgatório. Ou então Miguel Gonçalves Lima, que da sua terça mandou dizer “a
importancia de cem mil réis em missas pellas Almas do Purgatório.”111
Outros, por sua vez, escolhiam dentre as almas que estariam no Purgatório,
aquelas que eram mais desamparadas aos olhos de Deus, promovendo uma rede de
solidariedade para com outros mortos e facilitando a intercessão dos mesmos. A
exemplo do testamento do mesmo Sebastiam dos Santos Pereyra, que dedicou uma
missa “pella mais nececitada alma do Purgatório...”112 Ou então Izabel Soares, que
igualmente deixou em testamento uma missa “pella mais dezamparada alma do
Purgatório...”113
De modo igual, muitos dedicavam missas a parentes falecidos que, assim como
outras almas do Purgatório, poderiam ser solidárias na hora do julgamento individual.
Em conseqüência, muitos testadores lembravam-se deles – em especial a pais, irmãos,
esposos –, ao redigirem seus testamentos, dedicando-lhes missas: “quero q se diga a
108 ACMC. Livro de óbito 02. f. 16 109 ACMC. Livro de óbito 01. f. 97 110 ACMC. Livro de óbito 02. f. 23 111 ACMC. Livro de óbito 02. f. 08 112 ACMC. Livro de óbito 01. f. 91 113 ACMC. Livro de óbito 01. f. 90
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minha terça em missas pella minha alma e de meos Paes”114; “duas missas pella alma
de meu Pay = duas missas pella alma de minha May...”115; “huma capella de missas
em a villa de Santos por minha alma e de meus parentes e outra capella de missas na
villa de Parnagua pella de meus paes, parentes e minha...”116; “deixo mais duas missas
huma pella alma de meo Pay e outra pella alma de minha May = mais huma pella alma
de minha filha defunta...”117; “e quero que se me digam pela alma de meos defuntos
trinta missas.”118
Bento de Magalhaes Peixoto, na dúvida se era necessário legar ou não missas as
almas de seus pais, especificou que “deixo se me digam dez missas pellas almas de
meos pais, sendo-lhe necessarias, e nam havendo necessarias se digam pellas de minha
obrigaçam...”119
Entretanto, o indivíduo inquieto quanto ao seu futuro no além, designava um
grande número de missas em favor de sua própria alma, uma vez que apenas a
intercessão dos santos, anjos e almas conhecidas ou não, seria insuficiente para
garantir a salvação. Assim, convocava os párocos para que no dia de seu falecimento
dissessem tantas missas de corpo presente quanto pudesse pagar, bem como nos dias
subsequentes ao falecimento – mais precisamente, no sétimo, trigésimo, e no dia do
aniversário de sua morte.
Foi dessa forma que Miguel Gonçalves Lima, morto em 23 de março de 1766,
deixou por sua alma que “se mandem dizer tres capellas de missas”.120 Ou Francisco
dos Reis, em cujo pio declarou “q por minha alma deixo se me digam cem missas...”121
Joze Rodrigues França, “por minha alma deixo q se me digam duzentas missas as
coaes meus testamenteyros distribuiram em forma q se me digam logo...”122 Messia
114 ACMC. Livro de óbito 02. f. 12 115 ACMC. Livro de óbito 01. f. 97 116 ACMC. Livro de óbito 01. f. 93 117 ACMC. Livro de óbito 01. f. 90 118 ACMC. Livro de óbito 02. f. 11 119 ACMC. Livro de óbito 02. f. 14 120 ACMC. Livro de óbito 02. f. 08 121 ACMC. Livro de óbito 02. f. 11 122 ACMC. Livro de óbito 01. f. 93
48
Nunes de Siqueyra especificou que “ digam por minha alma huma capella de missas de
esmola costumada de trezentos e vinte...”123
Já as missas de corpo presente eram essenciais para o morto obter uma boa
passagem para o Além, tanto que “ordeno q por minha alma se me digam no dia do
meo falecimento missas de corpo prezente pellos sacerdottes q houver na terra até o
numero de dez...”124; “Declaro q por minha alma deixo se me digam as missas de
corpo prezente pellos sacerdotes q se acharem e nam sendo possível se digam no
terceiro dia falescendo nesta villa e sendo em outra villa ou cidade, se me digam
somente dez missas de corpo prezente...”125; “ e os mais sacerdotes diram huma missa
de corpo prezente q se satisfara com a esmola costumada e quando por algum
accidente se nam possa fazer o ditto officio e missas, rogo q se fassa naquelles dias q a
Igreja determina.”126
Outros especificavam em testamento quem deveria dizer, ou assistir, as missas
por sua alma, como fez Francisco de Siqueyra Cortes, “rogo q no dia do meu
falecimento se me faça hum officio de defuntos de nove liçoes, no qual assistirá o meu
Rd.º Vigr.º e os mais sacerdotes q na ocaziam se acharem... deixo mais cincoenta
missas por minha alma as quais a metade dirá o meo Rd.º Parocho a outra metade se
diram os Religiosos moradores no Hospicio...”127
Haviam ainda aqueles que, por sua vez, expressavam uma certa preocupação
quanto ao cumprimento dos legados espirituais deixados no testamento: “pella minha
alma deixo huma capella de missas, e o mais ao arbitrio de minha herdeyra, q espero
fassa como boa Christam Catholica...”128
A partir dessas atitudes procurava-se, acima de tudo, negociar a estadia no
Purgatório, uma vez que para dele escapar mais rapidamente “além do arrependimento
na hora da morte, os mortos precisavam da ajuda (espiritual) dos vivos... ”129. Isso se
tornaria possível graças aos chamados sufrágios que, por sua vez, promoveriam uma
123 ACMC. Livro de óbito 01. f. 92 124 ACMC. Livro de óbito 02. f. 23 125 ACMC. Livro de óbito 02. f. 19 126 ACMC. Livro de óbito 01. f. 97 127 ACMC. Livro de óbito 01. f. 97 128 ACMC. Livro de óbito 02. f. 11 129 REIS, J. J. O cotidiano da morte no Brasil oitocentista... p. 97.
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verdadeira cadeia de solidariedades entre vivos e mortos, além de estimular a
constante memória dos que já partiram, fazendo-os “lembrar por meio da prece”.130
Nesse sentido, muitos testadores, preocupados com o seu status na sociedade,
encomendavam pompas fúnebres que seriam acompanhadas de sacerdotes, irmãos de
confrarias, além de pobres e músicos. Um funeral especial que, naturalmente, deveria
ser “pago”, já que alguns dos seus mencionados “atores” receberiam algum tipo de
esmola por seu trabalho. “A capacidade de mobilizar muita gente... era um sinal de
prestígio do morto e de sua família, um símbolo de poder secular, e ao mesmo tempo
uma proteção extra para a alma do defunto, que podia se beneficiar das rezas da
multidão.”131
Assim foi o funeral de Joze Rodrigues França, em 1760, no qual o padre
responsável pela paróquia fez-lhe “o officio de sepultura na forma do Ritual Romano e
hum officio de nove liçoes com o corpo prezente, a qual assistiram sinco Padres
commigo e o Mestre da Capella com sua Arpa.”132 Ou o de Trifonio Cardozo Pazes,
em 1775, que encomendara em testamento “hum officio de nove liçoes com os
músicos e padres que havia na villa”.133
Outros, por sua vez, pediam o acompanhamento de seu corpo por uma
infinidade de sacerdotes, Irmãos de Confraria e cruzes: “acompanhado meo corpo com
os sacerdotes q prezentes estiverem; também sera acompanhado com todas as cruzes
das Irmandades desta villa, das q eu for irmam...”134; “pesso e rogo aos meos Irmaos
Terceyros me queiram acompanhar meu corpo a sepultura em companhia do Rd.º
Padre Comissario, e lhe pesso me encomendem a Deos Nosso Senhor...”135
Outra finalidade do testamento era prestar obras piedosas, designando esmolas
para obras da igreja, para órfãos, pobres e Irmandades, além de dar alforria a escravos,
como fez Pedro Martins, que “declaro que possuo hum escravo por nome Joam, de
130 OEXLE, Otto Gerhard. A presença dos mortos. In.: BRAET, Herman & VERBEKE, Werner. A morte na Idade Média. São Paulo: EDUSP, 1996. P. 34. 131 REIS, J. J. O cotidiano da morte no Brasil oitocentista... p. 116 e 117 132 ACMC. Livro de óbito 01. f. 93. 133 ACMC. Livro de óbito 02. f. 23. 134 ACMC. Livro de óbito 02. f. 16 135 ACMC. Livro de óbito 02. f. 08
50
naçam Angolla, o qual pello bom serviço que me tem feito e espero que me faça o
deixo liberto.”136
Aliás, o costume de doar seus bens – destinar esmolas – para entidades
religiosas ou para necessitados, além de afirmar a devoção do morto a um determinado
santo, procurava demonstrar a humildade do mesmo perante Deus que, no imaginário
da época, concebia-as como obras de caridade. Izabel Soares, por exemplo, deixou
“um potro de esmolla para as obras da Igreja Matriz desta villa = deixo mais outro para
a Irmandade de Nossa Senhora da Lux = e a roupa mais capaz q deixo de meo uso se
daram a alguns pobres...”137 Ou como fez o doutor Joze Rodrigues França, “ ...deixo
para as obras da Igreja de Nossa Senhora da Lux trinta bois os quais sahirao da
fazenda do Capam, quando o Procurador de Nossa Senhora os mandar buscar e sendo
cazo se nam achem os trinta bois entre pequenos e grandes se inteira o numero de
trinta com vacas, mas isto no cazo q não haja machos...”138
Alguns, por sua vez, doavam quantias exorbitantes para as chamadas obras da
Igreja Matriz, capelas de Irmandades existentes na vila de Curitiba e proximidades,
além dos chamados Santos Lugares: “deixo de esmolla a S. Francisco desta villa de
Corytyba doze mil e oitocentos reis para as suas obras = ... e deixo de esmolla para as
obras de Nossa Senhora da Lux seis mil e quatrocentos réis = ... deixo de esmolla para
as obras de S. Jozé doze mil e ? réis = também deixo de esmolla coatro mil reis para a
Senhora Santa Anna da freguezia de S. Jozé...”139; “deixo o ditto restante da ditta
minha terça a minha veneravel ordem Terceyra de Sam Francisco desta ditta villa para
ajuda de fazerem o seu consistorio, e quero e essa he a minha ultima vontade q se nam
aplique para outra couza se nam para a ditta obra, e deste mesmo remanescente aplico
duas doblas de doze mil e oitocentos réis cada huma para as obras q fazem os
Religiosos na ditta Capella.”140; “Deixo aos santos lugares de Jerusalém doze mil e
oitocentos réis...”141
136 ACMC. Livro de óbito 02. f. 12 137 ACMC. Livro de óbito 01. f. 90 138 ACMC. Livro de óbito 01. f. 93 139 ACMC. Livro de óbito 02. f. 11 140 ACMC. Livro de óbito 01. f. 97 141 ACMC. Livro de óbito 02. f. 08
51
Mas, entre todos os exemplos de testamentos que promoviam doações de
esmolas e pedidos de acompanhamentos no funeral, a grande maioria referia-se às
chamadas ordens religiosas, o que nos leva a averiguar o papel que estas exerciam no
cotidiano dos habitantes da pequena vila de Curitiba.
3.3 As ordens religiosas no cotidiano curitibano
Durante toda vida, os homens coloniais eram levados a construir determinados
laços de solidariedades expressadas, sobretudo, pelo pertencimento as chamadas
Irmandades, Confrarias e Ordens Terceiras. Seriam elas que garantiriam aos
indivíduos um funeral decente, por mais pobres que fossem, já que “um dos principais
motivos que animavam os fiéis para a filiação a essas entidades consistia na garantia
de um sepultamento cristão, em solo sagrado.”142
Nessa perspectiva, ao lado das devoções piedosas particulares - associadas a
santos e anjos intercessores escolhidos individualmente -, estavam as devoções
coletivas, ou seja, exercidas pelos grupos aos quais o falecido se filiou durante a vida e
que foram estabelecidos para incentivar a devoção comum a um santo particular.
Eram, em geral, associações leigas que podiam reunir membros de diferentes
origens sociais estabelecendo, ao mesmo tempo, “solidariedades verticais, mas
também, servi(ndo) como associações de classe, profissão, nacionalidade e ‘cor’.”143
Enfim, em seu âmago, essas entidades tinham fins exclusivamente beneficentes,
prestando aos seus associados auxílios na doença e na morte,144 com atenção especial
para essa última, sendo o culto dos mortos a principal finalidade das irmandades.
Na vila de Curitiba de meados do século XVIII, assim como em outras partes
do Império, a Igreja, enquanto entidade, não estava ainda fortemente constituída e
estabelecida, possuindo um papel diminuto no contexto da sociedade, principalmente
devido a carência da instituição eclesiástica competente, que não atendia as reais
142 MORAES, Juliana de Mello. Sacralização da pobreza... p. 87. 143 ABREU, Martha. O império do Divino: festas religiosas e cultura popular no Rio de Janeiro, 1830 – 1900. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; São Paulo: Fapesp, 1999. p. 34. 144 Nas suas origens, as associações leigas, formadas desde o século XVI, tinham como intuito auxiliar os padres e monges no culto dos mortos.
52
necessidades dos fiéis, realizando, no máximo, as atividades litúrgicas essenciais,
como as missas semanais, por exemplo. Consequentemente, os colonos sentiam a
necessidade de praticar a sua religiosidade, mesmo sem o apoio oficial. Foi tal fato que
possibilitou o aparecimento das chamadas associações leigas, seja na vila curitibana ou
em outros lugares do Novo Mundo, as quais estabeleceram para si as missões de “zelar
pelos atos litúgicos, por difundir as devoções e por atender espiritualmente os fiéis”.145
Dessa forma, homens e mulheres setecentistas, inquietos quanto ao descaso do Império
em relação ao seu atendimento espiritual, responsabilizaram-se por algumas tarefas
que resolvessem, em parte, tal situação, como a construção de igrejas e capelas, além
da organização de associações que auxiliassem essa atividade.
Quanto a organização propriamente dita de tais associações, podemos dizer que,
por se tratar de uma sociedade caracteristicamente escravocrata, no Brasil as
irmandades possuíam um caráter muito singular, hierarquizando-se pela cor e “raça”
dos seus membros. Ou seja, existiam irmandades só de brancos, na maioria de caráter
elitista, e irmandades constituídas somente por negros, o que imprimia uma profunda
busca de identidade racial por parte de seus “irmãos”. Nesse sentido, “as associações
leigas, delimitando os diferentes grupos sociais e reforçando sua identidade,
desempenhavam um importante papel na constituição de laços de solidariedade entre
seus membros e paralelamente, qualificavam socialmente seus participantes”,146 como
no caso das irmandades negras, cujos componentes – arrancados pelo sistema
escravocrata de sua pátria-mãe - procuravam, antes de tudo, uma maneira de preservar
sua cultura.
Cita-se, por exemplo, o caso da Igreja de Nossa Senhora do Rosário que,
segundo a tradição, foi construída por escravos e cuja devoção foi trazida para o Novo-
mundo no século XVI por missionários, cuja santa que lhe emprestava o nome tinha
como centro de devoção os homens de cor – escravos ou libertos –, pois era no rosário
que encontravam-se as “orações mais simples e populares: o Pai-Nosso e a Ave-
Maria.”147
145 MORAES, Juliana de Mello. Sacralização da pobreza...p. 36. 146 Ibidem, p. 40. 147 Idem. p. 50.
53
Como nem todas as associações leigas possuíam fundos suficientes para a
construção de suas capelas e igrejas próprias, o recurso encontrado foi a agregação
destas em altares laterais dentro da Matriz da vila. Em outros termos, para que uma
associação desta natureza funcionasse, precisava encontrar uma igreja que a acolhesse
ou construir a sua própria, além de ter o seu compromisso aprovado por autoridades
eclesiásticas competentes. No caso da vila curitibana, por exemplo, a sua Igreja
Matriz148 abrigava quatro associações leigas distintas, a saber: do Santíssimo
Sacramento,149 São Miguel e Almas, Santo Antônio e Nossa Senhora da Luz.
Estas, ao lado das associações que possuíam edifícios próprios, como a Igreja
do Rosário, já citada, e a de Nossa Senhora do Terço, que pertencia à Ordem Terceira
de São Francisco, tinham em seus compromissos150 garantias de “rezas semanais e
missas celebradas em intenção dos irmãos falecidos”,151 além da possibilidade de
sepultamento no interior das igrejas, em solo sagrado. Esses elementos eram essenciais
para garantir uma boa passagem para o Além-mundo, seja por dignificar a alma do
morto abreviando suas penas no Purgatório, ou por estar sepultado num solo sagrado,
já que o enterro em locais “profanos” era um grande temor dos homens deste período.
Esses favores, contudo, não eram conquistados “de graça”, ficando por conta
dos irmãos o sustento da associação, por meio de anuidades, esmolas, loterias, rendas
de propriedades e legados deixados em testamento. Thomas Leme do Prado, por
exemplo, deixou designado em testamento que se destinasse “a Ordem Terceira de
Nosso Padre S. Francisco desta villa dezenove mil e duzentos q prometi por me
aceitarem e profeçarem na ditta ordem nesta minha enfermidade e falecendo eu
fazerem por minha alma os sufragios q costumao fazer aos Irmãos.”152 Ou, como fez
Bento Gonçalves Coutinho Nobre, que deixou de “esmola ao Santíssimo desta
freguezia trez mil e duzentos reys = deixo ao sarafico São Francisco das Chagas desta
148 Edificada no inicio do século XVIII. 149 Essa associação tinha um caráter particular de só poder se constituir canonicamente em Igrejas paroquiais, pois como promoviam o culto da Eucaristia, a presença de um clérigo era de extrema importância. 150 Local onde eram estipulados os deveres e direitos, dos irmãos, além de especificar os níveis de status social e origem ( raça, cor) desejada dos irmãos a serem aceitos na Irmandade. 151 MORAES, Juliana de Mello. Sacralização da pobreza..., p.55. 152 ACMC. Livro de óbito 02. f.14.
54
vila cinco mil reis de esmola para ajuda das suas obras = deixo à Senhora do Terço
desta vila de esmola coatro mil reys...”.153
Essas esmolas eram empregadas, na maioria das vezes, na construção, reforma
e manutenção das igrejas, asilos, hospitais e cemitérios, bem como na compra de
objetos para o culto, tais como imagens, roupas, bandeiras, pagamento dos capelães, e
principalmente, aplicadas nas festas dedicadas ao orago.154
Em paralelo a ajuda espiritual, as associações leigas ofereciam igualmente uma
ajuda de cunho material aos irmãos, correspondentes as contribuições que cada
indivíduo destinava a mesma. Assim, muitos colonos associavam-se a várias delas na
expectativa de ascender e obter prestígio socialmente.
Este fato é notado quando, nas Atas de Sepultamento registrava-se o
acompanhamento do morto por diversas cruzes de irmandades e de seus membros,
sendo as mais citadas pelos curitibanos dentre os anos de 1760 à 1775 a do Rosário, a
das Almas, a de Nossa Senhora da Luz, a de Santo Antônio, a do Santíssimo
Sacramento, além daquela denominada “cruz da fábrica”, que era a cruz da Igreja em
que o mesmo seria eventualmente sepultado.155 Entretanto, a grande maioria
permanecia sendo enterrada apenas com o acompanhamento do reverendo vigário da
paróquia e a cruz da dita fábrica, genericamente explicitada nos registros da seguinte
maneira: “acompanhado por mym e da cruz da fábrica.”
Contudo, seria errado afirmar a priori que as pessoas dessa maneira sepultada
deixavam de ser assistidos de alguma forma, pois a fábrica que presidia a Matriz
cuidava para que os ali enterrados tivessem um mínimo de assistência possível,
inumando-os gratuitamente, “por ser comprovadamente pobre”.
153 ACMC. Livro de óbito 02. f.19. 154 É nesse sentido que o catolicismo tomava para si elementos relacionados ao paganismo, quando ocorria uma mistura de festa e sacralidade, característica da religiosidade popular do Brasil colônia. 155 A “fábrica da igreja” era constituída pelo conselho de administradores da paroquia, que delimitavam, entre outras coisas, os locais adequados para sepultura.
55
3.4O uso de Mortalhas: um requisito a mais para garantir uma “boa morte”
Outras especificidades ainda são percebidas nos registros de óbitos da paroquia
da vila de Curitiba, devendo ser questionados pela sua importância enquanto práticas
indispensáveis para garantir uma boa passagem para o Além-mundo. Destaca-se, nesse
sentido, a importância da escolha de ser sepultado com determinado tipo de mortalha:
ou seja, a designação da roupa que o morto desejava usar em seu funeral, que poderia
significar uma forte arma para a salvação da alma.
Dentre os diversos tipos de mortalhas, àquelas de cunho piedoso eram as mais
citadas, uma vez que o recurso ao uso desse tipo de vestimenta, “sugere um apelo à
proteção dos santos nelas invocados, e sublinha a importância do cuidado com o
cadáver na passagem para o Além, atenção com a alma em sua peregrinação expiatória
e com a ressurreição no dia do Juízo Final.”156
Na vila curitibana, a grande preferência manifestada era a de ser amortalhado
no hábito de São Francisco, sendo ou não pertencente a sua Ordem Terceira: “A opção
por ser sepultado como franciscano se justificava, pois um dos poderes atribuídos a
São Francisco seria a capacidade de resgatar as almas da purgação durante as visitas
periódicas que fazia ao Purgatório e mostrar-se devoto desse santo poderia apressar o
resgate.”157 Além disso, São Francisco era um santo possuidor de lugar destacado
dentro da escatologia cristã, sendo considerado o intermediário privilegiado entre
Cristo e o pecador. Ainda, por ser representante da humildade e da pobreza material,
ser enterrado com o hábito deste santo ajudava a conquistar a morte de forma serena,
bem como demonstrava a simplicidade da alma.
Alguns indivíduos especificavam nos próprios testamentos o desejo de serem
enterrados com a mortalha de São Francisco, na expectativa também de conseguir
aliviar suas penas. Foi com esse intuito que testou Thomas Leme do Prado, ordenando
“q meu corpo seja sepultado na Igreja Matriz desta villa, amortalhado com o hábito de
S. Francisco das Chagas...”;158 ou ainda, Bento de Magalhaens Peixoto, que desejava
156 REIS, J. J. O cotidiano da morte no Brasil oitocentista...p. 114. 157 MORAES, Juliana M. Sacralização da pobreza....p. 78 158 ACMC. Livro de óbito 02. f.14.
56
ser inumado com o “hábito de meu Sarafico Padre Sam Francisco, de quem sou
filho...”.159
Continuando o exame da documentação obituária, outros exemplos de
mortalhas foram detectados, tais como aqueles cujos ditames especificavam as cores
preta ou parda, além de vestes religiosas. São casos relativamente isolados na ampla
quantidade de registros; entretanto, mesmo assim podemos considerá-los como parte
integrante da cultura funerária dos colonos curitibanos.
A mortalha preta ou parda era difundida principalmente entre as mulheres
casadas, fazendo uma alusão à Santa Rita, protetora dos sofredores, principalmente
quando combinada com o crucifixo envolto ao pescoço. Apenas um exemplo foi
encontrado com o uso dessa mortalha, por Catharina da Costa Roza, falecida em 02 de
novembro de 1766, em cujo testamento pediu que seu corpo fosse amortalhado em seu
“habito de estamenha preta ou parda”,160sendo, por fim, sepultada “amortalhada em
hum habito de estamenha parda...”.161
Um último caso, e não menos importante, seria aquele que no qual o indivíduo
desejava ser sepultado com a mortalha de religiosos, procurando (re)afirmar a corte
celeste a sua intensa devoção a determinado santo: “amortalhado com o habito de seos
Religiosos havendo-o, ou com o meu da ditta ordem...”162; ou então procurava
demonstrar que durante a vida terrena esteve a serviço de Deus, enquanto “pregador”
das palavras de Cristo, como desejou o doutor Joze Rodrigues França “amortalhado
nas vestimentas sacerdotais se a houver cazo q eu a nam tenha próprio...”163
A preocupação em ser sepultado com as vestimentas corretas para abreviar a
passagem para o Além-mundo era tamanha que Joze Dias Cortes deixou especificado
que seu corpo fosse “amortalhado no hábito de Sam Francisco, e nam havendo, em
outra qualquer mortalha suficiente...”164
Portanto, percebe-se a partir destes poucos casos, como as mortalhas poderiam
representar objetos extremamente simbólicos, cujo uso manifestaria um elemento
159 ACMC. Livro de óbito 02. f. 14. 160 ACMC. Livro de óbito 01. f. 187 161 ACMC. Livro de óbito 01. f. 187 162 ACMC. Livro de óbito 02. f. 23 163 ACMC. Livro de óbito 01. f. 93
57
importante no ritual de integração da alma no outro mundo; da mesma forma, seria
uma arma a mais para a salvação à somar no momento do Juízo Final – juntamente
com a intercessão dos santos, anjos, almas do Purgatório -, quando somente os justos e
fiéis a Deus seriam ressuscitados. Dentro desta perspectiva, o simples ato de escolher a
mortalha correta, e realmente ser enterrado com ela, poderia significar um grande
passo para a salvação eterna.
3.5 A importância dos Sacramentos
O século XVIII foi marcado pela inquietação da Igreja Católica diante dos
perigos do fortalecimento de novas formas de religião, como àquelas oriundas da
Reforma Protestante. Com o objetivo de confirmar preceitos da confissão católica, foi
promovido o Concílio Tridentino, convocado por Paulo III e realizado em Trento
(cidade do norte da Itália) no ano de 1545.165 Organizado pela alta hierarquia
eclesiástica, este definiu, entre outras práticas obrigatórias de todos os cristãos, o
recebimento dos sete sacramentos: Batismo, Crisma, Confissão, Eucaristia, Extrema-
Unção, Ordem e Matrimônio.
De uma forma geral, esses atos religiosos consideram as pessoas em suas
relações pessoais com Deus, além de terem grande influência na vida dos indivíduos,
pois marcavam “as grandes etapas da vida de cada um”.166 Nesse sentido, alguns
destes tornavam-se indispensáveis para o enfermo garantir uma boa morte, como os
sacramentos da Penitência, Eucaristia e Extrema-unção, que seriam administrados pelo
pároco momentos antes do suspiro final. Seria esse o momento ideal para confessar
pecados, arrepender-se de erros e faltas cometidas ao longo da vida e entrar em contato
direto com o corpo de Jesus Cristo, representado pela Eucaristia. Enfim, seria uma
chance a mais para a alma obter o “descanso dos justos” e a garantia de reencarnação
no final dos tempos.
164 ACMC. Livro de óbito 02. f. 11 165 O Concílio de Trento manteve-se em atividade durante dezoito anos, encerrando-se somente em 1563. 166 LEBRUN, François. As Reformas... p. 83
58
Dessa forma, algumas práticas tornavam-se necessárias e indispensáveis no
momento da morte, dentre elas a primeira seria “chamar o pároco para que, na
procissão do Viático, adentrasse no quarto do agonizante e celebrasse os
sacramentos.”167 A falta da presença de um padre, ou um sacerdote qualquer aprovado
para administrar os últimos sacramentos era considerado um grande infortúnio, pois a
alma não estaria preparada para enfrentar o julgamento que definiria seu destino no
Além.
Na vila de Curitiba, em meados do século XVIII, muitos foram os que
morreram “sem receber sacramento algum”, por morarem distantes da paróquia. Tal
fato dificultava a chegada do vigário, com os ornamentos necessários, ao local onde o
enfermo encontrava-se. Sabe-se, também, que em alguns casos os sacramentos não
eram administrados por “naum ter caza capaz para faze-lo”. Outros, ainda, não
recebiam sacramentos por “morrer repentinamente” ou “por ser sua morte apressada”,
seja em função de alguma violência, seja como conseqüência de um acidente. Essa
mors repentina,168 marcava como que uma maldição, pois “nesse mundo tão
familiarizado com a morte, a morte súbita era morte fria e desonrosa, fazia medo,
parecia coisa estranha e monstruosa, de que não se ousava falar.” 169 Além disso, esse
tipo de morte poderia atrapalhar o futuro da alma no outro mundo, uma vez que os
sacramentos eram peças chaves para “acalmar” e “bem encaminhar” o destino do
falecido no Além.
A grande maioria dos habitantes da vila curitibana, entretanto, “partia”
amparada pelos sacramentos da Penitência e Extrema-Unção, quando não “com todos
os sacramentos”, demonstrando a grande importância que esses atos religiosos
assumiam no momento derradeiro da vida, enquanto última chance de garantir uma
boa entrada no mundo celestial.
Por fim, cabe atribuir uma atenção especial a “morte dos anjinhos”, sejam eles
filhos de senhores e ou de escravos, uma vez que ambos “enfrentavam a morte de seus
167 MORAES, Juliana de Mello. Sacralização da pobreza.... P. 77 168 Como Philippe Ariès denominou as mortes súbitas. [ARIÈS, 1981:12] 169 ARIÈS, P. O homem diante da morte. Rio de Janeiro: Francisco Alves Editora, 1981. Vol. I. p.12
59
filhos na tenra infância e celebravam de modo similar esse acontecimento.”170Na parte
que nos compete – a questão dos sacramentos – o recém-nascido que corria risco de
vida, deveria ser batizado o mais rápido possível, pois as almas das crianças assim
sacramentadas, consideradas “inocentes”,171 adentravam mais rápido no Paraíso. Nessa
perspectiva, em vários registros de óbitos infantis, encontra-se o seguinte dizer:
“baptizado em caza em caso de necessidade”. Concebido como o sacramento que
eliminaria o pecado original, é o batismo que torna o indivíduo cristão e, se este
“morrer nos dias ou nas semanas seguintes (ao nascimento) – o que era bastante
freqüente – certamente gozará da beatitude eterna.”172 Nesse sentido, o batismo em
comunhão com os últimos sacramentos são as únicas obrigações “impostas” aos
católicos de forma “natural”, uma vez que a obrigação de receber tais sacramentos é
“vivida como uma necessidade”173.
Partindo da análise dos diversos elementos rituais fúnebres apresentados neste
capítulo, podemos dizer que, embora a pequena vila colonial de Curitiba no período de
1760 à 1775, tivesse uma certa carência em relação aos assuntos eclesiásticos, jamais
deixou de possuir certas crenças com relação a morte – como a da ressurreição da alma
e a possível existência de uma vida após a morte -, bem como certos cuidados com a
preparação dos seus mortos, dentre eles o enterro ad sanctos, que estabeleceria o elo
final para a garantia do alcance ao Paraíso celestial.
170 MORAES, Juliana M. A Sacralização da pobreza...p. 92. 171 Além dos recém-nascidos, as crianças de até sete anos eram reconhecidas como inocentes, uma vez que seria somente após essa idade que poderiam receber os demais sacramentos e, dessa forma, já seriam capazes de “pecar”. 172 LEBRUN, François. As Reformas... p. 83
60
4.0 Conclusão
Ao propor a discussão de temas tão envolventes, intrigantes e, principalmente,
extremamente implicados na sociedade colonial portuguesa do século XVIII, cujos
elementos sociais provinham de variada gama de culturas, que misturavam-se numa
rede infinita de relações seria, simultaneamente, um desafio e uma realização. Esses
sentimentos se tornaram ainda mais aguçados quando levou-se em consideração que o
foco da pesquisa seria uma sociedade recém formada, mas que trazia em seu âmago
muito da herança cultural de tempos imemoriais, divulgada pelos seus principais
desbravadores, os portugueses europeus, e impressa nos demais elementos sociais
com uma força impetuosa, alterando seus modos de sentir e pensar algo tão natural
como a morte.
Conseqüência da peculiaridade com que foi descoberta a colônia portuguesa no
Novo-mundo, desde muito cedo já se evidenciaria uma clara divisão social em seu
meio, quando os “brancos” portugueses tornariam-se a minoria dominante frente a
massa de elementos composta pelos indígenas nativos e, posteriormente, pelos negros
africanos escravizados, impondo a eles seus modos de viver, sentir e pensar, ou seja,
impregnando-os com a sua cultura. Foi dessa forma que um hábito de inumação
católico, já deixado de ser praticado na Europa, berço do Cristianismo, a um bom
espaço de tempo, floresceu na colônia portuguesa.
Embora distante dos principais núcleos de povoamento coloniais, porém
constituída pelos mesmos elementos sociais destes – brancos, negros, indígenas e seus
descendentes –, a pequena “villa de Corytyba” não escaparia a essa regra. Assim, na
sua precária Matriz, a prática de sepultamento ad sanctos era intensamente difundida,
estando sepultado em seu solo elementos de todas as categorias sociais.
Verificando os registros de óbitos, se observou que os espaços utilizados para
sepultamento eram diversificados, e ocupavam boa parte do ambiente eclesiástico.
Entretanto, cada um destes espaços estaria reservado a indivíduos especificados e,
mesmo que o critério somático fosse um dos princípios mais ressaltados no momento
173 Ibidem. p. 87.
61
da escolha da sepultura, outras considerações deveriam estar envolvidas, as quais, por
infortúnio, não puderam ser analisadas na presente pesquisa. Nesse sentido, se pode
ressaltar um possível estudo, mais criterioso, sobre a divisão hierárquica da sociedade
curitibana no solo da Matriz. Ou seja, a partir da leitura dos livros de óbitos da igreja,
em consenso com as listas nominativas de habitantes do período, seria provável
estabelecer um critério de escolha de sepultura que seguisse um padrão colonial: cada
categoria de ofícios teria um lugar específico no solo sagrado.
Outro ângulo de pesquisa, que de certa maneira foi levemente considerado no
presente trabalho, mas que mereceria um estudo mais aprofundado, seria a relação
entre os locais utilizados para sepultura em consenso com o pertencimento do morto à
associações leigas, uma vez que através dos registros de óbitos é visível a presença e a
força institucional que estas possuíam em meio aos habitantes da vila de Curitiba
setecentista.
Enfim, a herança cultural que cada indivíduo trazia consigo durante a vida,
expressada nitidamente pela cor da sua pele, por “ventura ou desventura” marcava seu
destino nesta e no pós-morte, delimitando o lugar onde ficaria socialmente
posicionado. Por outro lado, esta mesma marca poderia ser ofuscada após a morte, e os
indivíduos que não possuíam uma “brancura” aceitável para a época, e que
consequentemente ficariam relegados a locais desabonadores, encontrariam outros
recursos para amenizar o destino onde seu corpo descansaria dentro do espaço
sagrado.
Entre os recursos utilizados, e talvez aquele que mais propiciava uma leve
alteração na divisão social dos indivíduos “brancos” e “não brancos”, considerando o
sepultamento ad sanctos, seria a associação destes a Irmandades e Ordens Terceiras
específicas, ou a várias delas. Foi dessa maneira que escravos, administrados, libertos
e, até mesmo, mestiços e “brancos puros” (porém pobres), encontraram uma solução
para modificar o destino de seu corpo no espaço da igreja que, de outra forma, seria
terrível para a mentalidade do período, uma vez que quanto mais próximo das imagens
santas o corpo fosse depositado, mais chances teria sua alma de ser salva.
62
Aliás, esta era apenas uma das artimanhas que os curitibanos recorreram para,
antes de amenizar a divisão social no pós-morte, servir como um ingrediente a mais na
trama da salvação da alma. Isso é perceptível graças aos outros elementos da
ritualística fúnebre detectados a partir da leitura dos registros de óbitos, bem como dos
testamentos, transcritos pelo pároco responsável: uso de mortalhas, recebimento dos
sacramentos necessários, pedidos de missas, entre outros.
O fato considerável é simples, enquanto os indivíduos estavam inquietos
quanto ao destino de sua alma no Além-mundo, procurando diversos recursos para
proporcionar a melhor maneira de atingir uma “boa-morte”, difundida pela Igreja
Católica desde tempos imemoriais, não percebiam claramente que, a partir de algumas
práticas, estavam modificando igualmente a sua posição no âmbito geral da sociedade,
mesmo que depois da morte. Ou seja, embora os indivíduos “não brancos”,
principalmente, procurassem antes de qualquer outra coisa um lugar mais honroso
para ocupar no solo da igreja, não era necessariamente com o objetivo de modificar a
posição social que ocupavam no contexto geral da sociedade, embora fosse
conseqüência desta, mas para obter uma chance a mais para a salvação da própria
alma. Trata-se antes de uma questão de fé do que de cunho social.
63
5.0.Referencias Bibliográficas ABREU, Martha. O império do Divino: festas religiosas e cultura popular no Rio de Janeiro, 1830 – 1900. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; São Paulo: Fapesp, 1999.
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65
6.0 Anexos
6.1 Testamentos
Isabel Soares
“Fez seo solmne testamento, e sam seus testamenteiros seus filhos Manoel Soares do
Valle e Antonio Ribeyro do Valle, cujo pyo do dito testamento he o seguinte = ordeno
q o meo corpo seja sepultado na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Lux, Padroeyra
desta villa de Corytyba, de que tambem sou Irmam da mesma Senhora, em o habito de
Sam Francisco, acompanhada dos sacerdotes q no tempo do meo falescimento com
suas cruzes a saber a da fabrica = a do Santissimo Sacramento = a de Nossa Senhora
da Lux = a das Almas = de quem sou irmam a de Santo Antonio, as quais se pagaram
as esmollas costumadas = Por minha alma deixo se me fassa hum officio de nove
liçoes havendo Padres para isso, e nam havendo de tres e todos os sacerdotes q no dia
do meo falecimento se acharem nesta villa me diram missa de corpo prezente; por
minha alma deixo coarenta missas pella esmola costumada = deixo mais duas missas
huma pella alma de meo Pay e outra pella alma de minha May = mais huma pella
alma de minha filha defunta = mais duas pellas almas do Purgatorio = mais huma pella
mais dezamparada alma do Purgatorio = e huma a Santa Izabel = outra a Santa Anna =
outra a Nossa Senhora da Lux = outra a Sam Miguel = outra a Santo Antonio = outra
ao Senhor Bom Jesus = outra em louvor do Santissimo Sacramento = e mais sinco
missas em louvor das sinco chagas de Nosso Senhor Jesus Christo = deixo um potro de
esmolla para as obras da Igreja Matriz desta villa = deixo mais para a Irmandade de
Nossa Senhora da Lux = e a roupa mais capaz q deixo de meo uso se daram a alguns
pobres e nam se continha mais no Pio do ditto testamento o qual aqui tresladei bem e
fielmente do proprio a q me reportei.”174
174 ACMC. Livro de óbito 01. f. 90
66
Sebastiam dos Santos Pereyra
“Fez seo testamento e sam seos testamenteiros Miguel Gonçalves Lima, Manoel
Rodrigues Seyxas e Francisco Marques, cujo Pio he o seguinte = meo corpo será
sepultado na Igreja Matriz desta villa acompanhado com os sacerdotes q se acharem
prezentes no meo enterramento, e as cruzes q houverem de todas as Irmandades na
Igreja, e pesso ao Rdº Vigario e ao meo Rdº Padre Comissario acompanhem meo
corpo athe ficar sepultado, o meo corpo será amortalhado com o habito de Nosso
Sarafico Padre Sam Francisco = Declaro q da minha terça se mandem dizer sinco
missas à honra e louvor das sinco chagas de Nosso Senhor Jesus Christo, pesso se
mandem dizer logo depoes do meo falescimento, e pesso e rogo a meos testamenteiros
q seja com a brevidade possivel = Declaro q da minha terça se repartirá por igual em
tres partes a saber aos Santos Lugares de Jerusalem, e a Ordem Terceyra desta villa, e
o q tocar as almas quero se mande dizer em missas, e nam se continha mais no Pio do
ditto testamento, e logo apareceu hum codicillo do mesmo defunto q contem o
seguinte = Declaro q tenho feito meu testamento, e em huma verba delle tenho
determinado q a minha terça se reparta em tres partes iguaes a saber as Almas, os
Santos Lugares e a minha veneravel Ordem Terceyra desta villa cujas deixas seram
entregues por falecimento da minha mulher Joanna Gracia; pois he a minha ultima
vontade q antes do ditto tempo nam sejam os meos herdeyros e testamentteyros
obrigados à ditta satisfaçam, se nam no ditto tempo = Declaro mais q alem dos
sufragios q no meo testamento pesso se diga mais huma missa a Nossa Senhora da Lux
= outra a Nossa Senhora da Conceiçam = outra ao Santo de meu nome = outra ao anjo
da minha guarda = outra a Sam Francisco = e outra pella mais necessitada alma do
Purgatorio = e assim mais dez missas por minha alma = e assim mais deixo para as
obras da Igreja Matriz desta villa. E nam se continha mais no codicillo do dito
testamento do sobredito testador.”175
175 ACMC. Livro de óbito 01. f. 91
67
Messia Nunes de Sequeyra
“Fez seo solemne testamento e seos testameteyros sam seu genro Manoel dos Santos
Cardozo e seos filhos Thomas Leme do Prado e Gonçallo Leme do Prado, cujo Pio do
ditto testamento he o seguinte = ordeno q o meo corpo seja sepultado na Capella de
Nossa Senhora do Terço, e amortalhado no habito de Nosso Padre Sam Francisco e
serei acompanhada da minha ordem Terceyra de quem sou Irmam = pella minha alma
se diram missas de corpo prezente pellos sacerdotes q no dia do meu falescimento se
acharem nestta villa, e se me fará um officio de corpo prezente de hum nocturno = e
ordeno se digam por minha alma huma capella de missas de esmola costumada de
trezentos e vinte e para q se digam logo, seram repartidas igualmente pellos sacerdotes
q há na villa; e nam se continha mais no Pio do ditto testamento o qual aqui tresladei
bem e fielmente como consta do proprio testamento.”176
Manoel da Costa Filqueyra
“Fez seo solemne testamento e sam seos testamenteyros Miguel Gonçalves Lima,
Joam Baptista Dinis e seu genro Francisco Fernandes Sarayva cujo Pyo he o q ao
diante se segue = meo corpo sera sepultado na Igreja Matriz, amortalhado no habito de
Nosso Padre Sam Francisco, acompanhado de todos q se acharem e de todas as
confrarias de q sou Irmam, q sam do Santissimo Sacramento = Nossa Senhora do
Rozario dos Pretos, Santo Antonio e Almas, e quero q por minha alma se digam
missas de corpo prezente pellos sacerdottes q nesta villa se acharem no meo
falescimento = declaro q o habito para a minha mortalha já o tenho = Da minha terça
no cazo q a haja se dara a minha neta Anna filha de Antonio Fernandes trinta mil reis,
e havendo resto alem da ditta deixa q faço a minha neta se repartira em duas partes
iguais huma se dira em missas por minha alma e pellas do Purgatorio e a outra sera
para as obras da Igreja Matriz = Declaro q tenho prometido de esmola para as obras da
Igreja Matriz dous novilhos capazes dos q houverem q ainda senao tem tirado athe a
176 ACMC. Livro de óbito 01. f. 92
68
hora prezente, e nam se continha mais no Pio do ditto testamento o qual aqui tresladei
bem e fielmente do proprio original.”177
Joze Rodrigues França
“Fez seo solemne testamento e seos testamenteyros sam o Doutor Antonio dos Santos
Soares e o Doutor Manoel dos Santos Lobatto, e só para as disposiçoes do enterro
Miguel Gonçalves Lima, cujo Pyo he o seguinte = meo corpo será sepultado na
Capella de Nossa Senhora do Terço desta villa; e sendo cazo faleça em outra qualquer
parte distante della será na Igreja ou capella mais vizinha q ouver: amortalhado nas
vestimentas sacerdotais se a houver cazo q eu a nam tenha proprio; e sendo q me sirva
de alguma de qualquer igreja ou capella meu testamenteyro mandara ver outro em
lugar delle e alem disso deixo por esmolla da minha sepultura seis mil e coatrocentos
para a fabrica da mesma capella em q for sepultado: e nella se me depozitara meo
corpo ahonde hera podendo ser o meo Rdº Vigrº encomendar com os sacerdotes e
Clero q houver na terra, ou paragem em q falecer, e se lhes dara a esmola costumada o
q tambem quero com as cruzes todas q há na freguezia, se entende na mesma, assim
pesso e rogo ao Irmam Juis Procurador e mais Irmaos das almas do qual sou indigno
Irmam assistam ao meo corpo na encomendaçam q lhe fizer o Rdº Vigrº com a sua
cruz e o mais com q costuma fazer aos mais Irmaos; e lhe deixo de esmolla doze mil e
oitocentos, além do q dever dos meos anuaes se nam estiverem pagos = Por minha
alma deixo q se me digam duzentas missas as coaes meus Testamenteyros distribuiram
em forma q se me digam logo, e quero q elle seja o distribuidor e não outro: se no dia
do meo falescimento se puderem dizer missas de corpo prezente quero e pesso se me
digam todos os q puderem ser com a esmola costumada e quando nam possam ser e
ao terceyro dia se me puderem dizer as proprias do terceyro dia, antam se diram e se
dara a mesma esmolla costumada tambem podendo ser hum officio de nove licoes nos
dias q assima declaro, e nam podendo ser ficara a eleiçam do meo testamenteyro
fazello, ou nam fazer, e quando quizer!= E Manoel com sua molher Roza com seos
177 ACMC. Livro de óbito 01. f. 92
69
filhos os quais nam sam meos, pois o sam de meo cunhado o Doutor Antonio dos
Santos Soares exceto o negro Manoel: mais esse tambem o seja pellos serviços da
mulher e filhos q me fizeram, querendo-se elle assim acomodar por isso quando nam
cobrará os serviços, digo pagar se há como quizer e for justo por si mesmo sem
estrepito de juizo, porq he divida q devo a elle ou a quem for seo herdeyro delle, pois o
dinheiro da negra foi delle antes de cazar = assim mais dous crioulinhos ambos filhos
de Aggappito e de sua molher Dorothea aos quais dous crioulinhos deixo a meo
sobrinho e afilhado Joze Rodrigues França = Deixo a meo afilhado Joze Rodrigues
França os dous crioulos q assima digo filho de Agapito e Dorothea: e as minhas
sobrinhas irmans delle, Bernarda Maria de O. cazada com Joze da Costa e a Vitoria a
cada huma sua rapariga das crioulas q forem vivas ao tempo da minha morte estas
sejam cativas = Deixo a mª sobrinha D. Maria Gomes Pinheyra moradora na villa de
Santos a Rapariga Paula, filha de Antonio Furtado e de sua mulher Maria: e outra
Rapariga se a houver se não algum rapaz a minha afilhada Margarida, filha de Renei
Le Rey cirurgiao frances morador na villa de Santos = Deixo meos testamenteiros me
mandem dizer huma capella de missas em a villa de Santos por minha alma e de meos
parentes e outra capella de missas na villa de Parnagua pella de meos Paes, parentes e
minha = Deixo por ? Lutuoza o meo Prellado a minha sobrepeles e Breviario = e
quando isto nam seja o estillo deixo hum pucazo e huma salva de prata q meos
testamenteiros ce me teram por ordem q tiverem pª isso ou entregaram a quem se
ordenar = Deixo para as obras da Igreja de Nossa Senhora da Luz trinta boes os quais
sahirao da fazenda do Capam, quando o Procurador de Nossa Senhora os mandar
buscar e sendo cazo se nam achem os trinta boes entre pequenos e grandes se inteira o
numero de trinta com vacas, mas isto no cazo q não haja machos = declaro q digo
assima neste testamento q se dara seis mil e quatrocentos de esmolla pella minha
sepultura o q se deve entender sendo enterrado em capella fora desta villa de Curytyba,
mas nam se for na de Nossa Senhora do Terço, q essa foi feita com esmolas do povo, e
por titulo de sepultura como disse se nam de mas sim por esmola pª a sua fabrica: e
70
nam se continha mais no Pyo do ditto testamento o qual aqui tresladei bem e fielmente
como consta no original.”178
Francisco de Sequeyra Cortes
“Fez seo solemne testamento cujo Pyo he o q ao diante se segue = ordeno q o meo
corpo seja sepultado na Capella de Nossa Senhora do terço desta villa de Corytyba e
amortalhado no habito de meo Sarafico Sam Francisco, de quem sou indigno filho,
meo corpo sera depozitado na mesma capella = Rogo q no dia do meo falescimento se
me faça hum officio de defuntos de nove liçoes, no qual assistira o meo Rdº Vigrº e os
mais sacerdotes q na ocaziam se acharem e se cantara huma missa por minha alma
nesse mesmo dia e os mais sacerdotes diram huma missa de corpo prezente que se
satisfará com a esmola costumada e quando por algum accidente se nam possa fazer o
ditto officio e missas, rogo q se faça naquelles dias q a Igreja determina = rogo
também aos meos irmaos terceyros no dia do meo falescimento queiram assistir ao
meo enterro, para com suas oraçoes rogarem por mim a Deos Nosso Senhor = Deixo q
se me digam por minha alma a Nossa Senhora da Lux sinco missas = ao gloriozo
Santo Antonio duas missas = para as Almas duas missas = duas missas a Senhora
Santa Anna = duas missas pella alma de meo Pay = duas missas pella alma de minha
May = deixo mais cincoenta missas por minha alma as quais a metade se dira o meo
Rdº Parocho a outra metade diram os Religiosos moradores no Hospicio = Declaro q
sou Irmam da veneravel Ordem Terceyra da penitencia = mais da Irmandade de Nossa
Senhora da Lux, e da Irmandade do Santissimo Sacramento, e da Irmandade de Santo
Antonio e da Irmandade das Almas, as quais Irmandades pesso e rogo saibam quanto
lhe sou devedor de annuaes e mezadas, para do Remanecente da minha terça se
pagarem, para q logo se mandem dizer as missas q por obrigaçam da Irmandade se me
devem dizer por minha alma; e apareceo também hum seo codicillo q continha o
seguinte = Declaro q tenho feito meo testamento o qual por ser em parte, e ocaziam de
se nam acharem as testemunhas necessarias, por este meo codiccilo lhe dou todo o
178 ACMC. Livro de óbito 01. f. 93
71
vigor e quero se cumpra o q nelle se acha declarado exceto q como nelle tinha
declarado q o remanecente da minha terça, depoes de pagas as minhas dividas e
cumprido os meos legados ad cousas pias deixava a meo filho menor Francisco nesta
villa e por quanto agora he minha ultima vontade = deixo o dito restante da dita minha
terça a minha veneravel ordem terceyra de Sam Francisco desta ditta villa para ajuda
de fazerem o seu consistorio, e quero e isso he a minha ultima vontade q se nem
aplique para outra couza se nam para a ditta obra, e deste mesmo remanescente aplico
duas doblas de doze mil e oitocentos reis cada huma para as obras q fazem os
religiozos na ditta capella = Declaro mais q os meos testamenteyros mandaram dizer
tres missas pella alma do defunto Antonio Alvres Freyre e huma missa mais por
tençam q communiquei ao meo confessor para desincargo de minha consciencia =
declaro mais q tenho empenhado em mam do Rdº Vigrº Manoel Domingues Leytam
huns penhores de ouro empenhor de seis mil e quatrocentos reis; e também lhe devo
hum enterro de huma criança, e o dito me deve dezoito maos de milho, meos
testamenteiros estaram pello q elle dizer. E nao se continha mais no Pyo do ditto
testamento e codicillo q tudo aqui tresladei bem e fielmente dos proprios originaes, e
sam seos testamenteiros seu filho Joze de Oliveyra de Sampayo, o Sargento-Mor
Simam Gonçalves de Andrade, e Miguel Gonçalves Lima, todos moradores desta
freguesia.”179
Catharina da Costa Roza
“Fez seo solemne testamento cujo Pio he o q se segue = meo corpo sera sepultado na
Igreja Matriz desta villa = o meo habito seja de estamenha preta ou parda = quero q
vam me acompanhar a cruz de Nossa Senhora da Lux e a das Almas e a do Santissimo
Sacramento acompanhem meo corpo = Por minha alma deixo vinte e sinco missas =
Declaro q devo a Nossa Senhora Aparecida huma missa = a Sam Francisco das
Chagas outra missa = às almas outra missa = Declaro que deixo por esmolla ao
Santissimo trezentos e vinte reis = a Nossa Senhora da Lux deixo seiscentos e
179 ACMC. Livro de óbito 01. f. 97
72
quarenta = a Sam Francisco das Chagas deixo trezentos e vinte e não se continha
mais no Pyo do ditto testamento o qual aqui tresladei bem e fielmente do proprio
original a q me reporto, sam seos testamenteiros Joam da Costa Roza e Antonio Joze
Fereyra”180
Francisco
“Fez seo solemne testamento cujo Pyo he o seguinte = Declaro q sera meo corpo
enterrado na Capella de Nossa Senhora da Conceiçam do Tamandua e na ditta capella
declaro se me digam seis missas pella minha alma = Declaro mais q deixo huma
capella de missas dittas na villa a saber a metade se digam na Ordem Terceyra e a
outra metade se dara ao Rdº Parocho para este as dizer na Capella de Nossa Senhora
do Terço, tudo por minha alma = Declaro q deixo para obra de nossa Senhora da Lux
doze mil e oitocentos e não se continha mais no Pyo do ditto testamento o qual aqui
tresladei bem e fielmente e do proprio original, a que me reporto e foi sua erdeyra e
testamenteyra a venerável Ordem Terceyra desta villa.”181
Miguel Gonçalves Lima
“Fez seo solemne testamento cujo Pyo he o q segue = meo corpo sera sepultado na
Igreja Matriz de Nossa Senhora da Lux, amortalhado em hum habito de Nosso Padre
Sam Francisco, pesso e rogo aos meus Irmaos Terceyros me queiram acompanhar meu
corpo a sepultura em companhia do Rd.º Padre Comissario, e lhe pesso me
encomendem a Deos Nosso Senhor = Declaro q sou natural da freg.ª de S. Christovam
do Labruge, termo da villa de Porto de Cima, Arcebispado de Braga, filho legitimo de
Domingos Gonçalves Rocco e de sua molher Maria Fernandes = Declaro q da minha
terça se mandaram dizer a importancia de cem mil reis em missas pellas almas do
Purgatorio = como tambem deixo pella minha alma se me mandem dizer tres capellas
de missas = e assim mais trinta e duas missas pellos santos e santas de q tenho
180 ACMC. Livro de óbito 01. f. 187
73
devoçam, cujos assentos ficam em hum livro q tenho de contas q nam declaro, por
nam fazer mais extençao = deixo a minha veneravel ordem Terceyra dez mil reis =
Deixo aos santos lugares de Jerusalem doze mil e oitocentos reis = quando sobre deixo
mais doze mil reis para se porem a juros na veneravel ordem Terceyra para pagamento
dos anuaes de minha filha Antonia de Padua com obrigaçam q em ella falescendo se
lhe dizer a ditta importancia em missas, quando a veneravel ordem Terceyra nam
queyra ler o trabalho, pesso a meus testamenteyros o ponham a juros para o ditto
efeito = tambem quero se mandem dizer missas de corpo prezente pellos sacerdotes q
houver na terra... (ilegível) = Declaro q ? missas q ? este meu testamento quero se
digam duas capellas no altar de Nossa Senhora do Terço, onde se fazem os exercicios
dos meos irmaos terceyros e outro no altar de Nossa Senhora da Lux = e porquanto
esta he minha ultima vontade de modo q tenho dito me a signo aqui villa de Nossa
Senhora da Lux dos Pinhaes de Corytyba aos does dias do mês de janeiro de mil
setecentos e sessenta e tres anos Miguel Gonçalves Lima = Declaro mais neste meo
testamento chegando os meos bens em lugar de hum officio se me digam vinte cinco
missas pella minha alma em q fez prezente declaraçao em o mesmo dia e hora os
supra. Miguel Gonçalves Lima. E nam se continha mais no Pyo do ditto testamento o
qual aqui tresladei bem e fielmente como continha no original q se achava no
cartorio.”182
Francisco dos Reis
“Fez seo solemne testamento cujo pio he o seguinte = meo corpo sera sepultado na
Igreja Matriz da villa de Corytyba se morrer e sendo q morra aonde prezente assista,
quero ser sepultado na Capella de Nossa Senhora da Conceiçam de Tamandua, e
amortalhado no hábito de Sam Francisco = declaro q por minha alma deixo se me
digam cem missas e deixo de esmolla a S. Francisco desta villa de Corytyba doze mil e
oitocentos reis para as suas obras = e quero q se me digam pela alma de meos
defuntos trinta missas = e deixo de esmolla para as obras de Nossa Senhora da Lux
181 ACMC. Livro de óbito 01. f. 187
74
seis mil e quatrocentos reis = ? quero q para a primeira festa q se fizer a Nossa Senhora
da Conceiçam de Tamandua se comprem cinco libras de ? = deixo de esmolla para as
obras de S. Joze doze mil e ? reis = também deixo de esmolla coatro mil reis para a
Senhora Santa Anna da freguezia de S. Joze = tambem deixo se me digam a S. Miguel
Arcanjo, no seu altar, duas missas = declaro q nam tenho herdeyro forçado e por essa
razam da minha parte se dará dos bens q me pertencem a huma minha afilhada de
nome Costodia, filha de Agostinho Barboza, huma egoa branca = e a hum afilhado
meo, filho de Miguel Rodrigues Graça, ? na villa = e nam se continha mais no Pyo do
ditto testamento, o qual aqui tresladei bem e fielmente do proprio original... foram seos
testamenteiros sua mulher Joana Rodrigues e seus sobrinhos o R. Vigario Joam da
Sylva dos Reys e seu Irmam Domingos Pereyra da Sylva e sua sobrinha Jozefa da
Sylva.”183
Manoel Correa
“Fez seo testamento cujo pyo he o q segue = ordeno q o meo corpo seja sepultado
morrendo no meo citio q tenho da parte do ? da freguesia de Nossa Senhora da
Conceyçam, e sendo na villa seja sepultado na Matriz, e no habito de meo Padre S.
Francisco, levado com acompanhamento das Irmandades de q sou Irmao; por minha
alma deixo podendo ser huma capella de missas = hum officio de corpo prezente,
havendo com que = declaro q havendo com q se de de esmola a ordem terceyra desta
villa mea dobla, a qual se por a juros para que se tiverem dos Rendimentos; e nam se
continha mais no Pyo do ditto testamento e sam seos testamenteiros o Rdº Vigario
Joam da Sylva Reys e Joam Baptista Dinis, e o Capitam Miguel Ribeyro Rybas.”184
182 ACMC. Livro de óbito 02. f. 08 183 ACMC. Livro de óbito 02. f. 11 184 ACMC. Livro de óbito 02. f. 11
75
Joze Dias Cortes
“Fez seo solemne testamento cujo Pyo he o seguinte = meo corpo seja sepultado em a
Igreja Matriz de Nossa Senhora da Lux da villa de Corytyba a quem tenho especial
devoçam e amortalhado no habito de Sam Francisco, e nam havendo em outra
qualquer mortalha suficiente, e acompanhado com as cruzes e acompanhamentos das
Irmandades da mesma Nossa Senhora da Lux, e do Rozario e das Almas, e pella
minha alma deixo huma capella de missas, e o mais ao arbitrio de minha herdeyra, q
espero fassa como boa christam catholica e nam se continha mais no Pyo do ditto
testamento o qual aqui tresladei bem e fielmente do proprio q se acha no cartorio, e
sam seos testamenteiros Sebastiam Teyxeyra de Azevedo, Paulo de Chaves de
Almeyda e Joam Baptista Dinis.”185
Pedro Martins (da Barra)
“Fez seo solmne testamento cujo pio he o seguinte = ordeno q o meo corpo seja
sepultado em a Igreja Matriz e amortalhado no habito de Nosso padre Sam Francisco,
dandoce por elle a esmolla costumada e acompanhado com seis ou oito sacerdotes,
havendo-os na terra onde eu falescer, e quero que façam hum officio de corpo prezente
por minha alma e pellas do fogo do Purgatorio = declaro que possuo hum escravo por
nome Joam, de naçam Angolla, o qual pello bom serviço que me tem feito e espero
que me faça o deixo liberto = dos meos bens depois de pagas minhas dividas sendo
vicio? Pay, disponho da minha terça na forma seguinte = quero q se diga a minha terça
em missas pella minha alma e de meos paes e das q estao em as penas do Purgatorio de
cuja confraria sou irmam em viamam, aonde se dara parte para se me fazerem os
sufragios = declaro q os meos bens morris, isto he roupas de vestir q ouver he por
minha morte tenho ordenado ao dito meu camarada Manoel da Silva Lira se sirva de
tudo e nam se continha mais no Pyo do ditto testamento, o qual aqui tresladei bem e
185 ACMC. Livro de óbito 02. f. 11
76
fielmente do proprio original q se acha no cartorio... foi seo testamenteyro Francisco
de Linhares.”186
Thomas Leme do Prado
“Fez seo testamento cujo Pyo he o q segue = ordeno q meo corpo seja sepultado na
Igreja Matriz desta villa, amortalhado com o habito de S. Francisco das Chagas se o
houver e acompanhado da Irmandade do Santissimo Sacramento de q sou Irmam e dos
sacerdotes q há na terra, os quais são tres, e recomendado com o officio da sepultura =
depois de pagas as minhas dividas do q ficar a meaçam pertence a minha mulher e da
outra q me pertence se dara a ordem Terceyra de Nosso Padre S. Francisco desta villa
dezanove mil e duzentos q promety por me aceitarem e profeçarem na dita ordem
nesta minha infermidade e falescendo eu fazerem por minha alma os sufragios que
costumao fazer aos Irmaos = Deixo se diga no dia do meo falescimento tres missas de
corpo prezente e logo outras tres pellas almas do Purgatorio e duas pellas almas de
meos Paiz = Declaro q o q sobrar da minha meaçam, quero se diga em missas pella
minha alma e pellas do Purgatorio e nam se continha mais no Pyo do ditto testamento,
o qual aqui tresladei bem e fielmente do proprio original... são seus testamenteyros
Agostinho Carvalho Pinto, Manoel Soares do Valle e Paulo de Chaves de
Almeyda.”187
Bento de Magalhaens Peyxoto
“Fez seo solemne testamento cujo Pyo he o seguinte = meo corpo será sepultado na
Capella da minha ordem terceyra, havendo a em o habito de meu Sarafico Padre Sam
Francisco, de quem sou filho, levado com o acompanhamento costumado, e com a
Irmandade das Almas e do Santissimo Sacramento e com todas as mais de quem eu for
Irmam = Por minha alma deixo se me digam quarenta missas, e q no dia do meo
falescimento, sendo nesta villa, ou na de Paranagua todos os sacerdotes q se acharem
186 ACMC. Livro de óbito 02. f. 12
77
na terra me digam cada hum huma missa de corpo prezente e nam podendo ser nesse
dia, se digam no seguinte = ? deixo a minha ordem Terceyra dez mil réis de esmolla,
isto aonde quer q for enterrado, e houver a dita ordem e na havendo nada = ? deixo se
me digam dez missas pellas almas de meos paes, sedo-lhe nessessarias, e nam havendo
nessessarias se digam pellas de minha obrigaçam = ? deixo mais se me digam dez
missas pellas almas a q estiver eu obrigado = ? digo se me de mais dez missas pellas
minhas faltas da minha ordem terceyra, para aquellas almas q aos olhos de Deos forem
mais de seo agrado, e nam se continha mais no Pyo do ditto testamento o qual aqui
tresladei bem e fielmente do proprio original q há de achar no cartorio do tabeliam...
foram seos testamenteyros nesta villa sua molher e na de Paranagua Joze Carneyro dos
Santos...” 188
D. Maria de Lemos Conde
“Fez seo testamento cujo Pyo he o seguinte = Por minha alma deixo se me digam as
quarenta e sete missas de Sam Gregorio q sam repartidas pelas tençoes seguintes = à
Santissima trindade tres = as chagas de Nosso Senhor Jesus Christo sinco = aos gozos
de Nossa Senhora = sete = à circuncizam do Senhor = huma = à Sam Joze = tres = aos
Evangelistas = quatro = a Sam Joam Baptista e aos Profetas = tres = aos doze
Apostolos = sinco = no Domingo de Ramos = huma = na quarta-feira de trevos =
huma = ao Anjo Costodio = nove = a Sam Miguel e a todos os anjos = huma = aos
Martires = huma = aos confessores = huma = às virgens = digo = huma = pelo
defuntos = huma esta pesso seja cantada = pesso mais me mandem dizer por minha
alma = nove missas = tres em memoria da inefavel caridade com q Deos desceo do ceo
a terra a padecer pellos homens = e tres em memoria e reverencia do suor e sangue e
agonias que padeceo no morto = e tres em memoria e reverencia das tres horas em q
Christo Nosso Senhor esteve padecendo na cruz = pesso mais se me mandem dizer as
missas seguintes = tres pellas almas de meos paes = tres pella alma do defunto meo
marido Manoel de Lemos Bicudo = tres pellas almas dos dous meos irmaoos = Ignacio
187 ACMC. Livro de óbito 02. f. 14
78
e Anna já defuntos = e nove pella alma do defunto meo filho Salvador = tres pellas
almas dos escravos falescidos de minha caza = Declaro q estas missas atras declaradas
q ao todo fazem setenta e sete quero e he da minha vontade q se repartam em tres
partes, huma dira e se mandara dizer o Rdº Parocho q existir e as duas partes diram
meos sobrinhos clerigos os quais quer o prefiram na distribuiçam das dittas missas =
Declaro q deixo por via delegado a minha sobrinha Anna filha de meo Irmam Joze
Morato huma corrente de ouro do braço com humas medalhas q peza quinze oitavas
pouco mais ou menos, e na falta desta substituira a Irmam Mossa, e na falta de ambas
a q se seguir = assim mais deixo q minha sobrinha Maria da Aprezentaçam hum par de
botoes grandes de ouro confeitados = Declaro q por via delegado = causa mortis = a
minha afilhada Maria, filha de Maria Freyre de Macedo, molher de Joam da Sylva =
huma rapariga crioulla por nome Benedita q ao prezente valera pouco mais ou menos
quarenta mil reis e da do cazo q antes do meo falescimento haja de parir, e a cria valha
como de prezente vale a May, se dara a cria, ficando a May para o monte, e quando
ella faleça e nam tenha filho se de em seo lugar a crioulla Justina, observandoce a
mesma ordem assima declarada, e na falta das referidas crioullas, sempre quero se lhe
de outra q valha o mesmo preço ou em bens e falecendo esta minha afilhada substituira
a Irmam mais velha por nome Anna e na falta desta substituira a mesma May e não se
continha mais no Pyo do ditto testamento... foram seos testamenteiros o Capitão Mor
Rodrigo Feliz Martins, seo marido, e seu filho Jeremias de Lemos, e seo genro
Antonio Joze da Sylva.”189
Joana Gracia
“Fez seo solemne testamento cujo Pyo he o seguinte: meo corpo sera sepultado na
Igreja Matriz desta villa, amortalhado no habito de Sam Francisco e pesso a minha
veneravel Ordem Terceyra acompanhe meo corpo até a sepultura e sera minha
sepultura no lugar onde foi enterrado meo marido ao mais junto a ella e sera
acompanhado meo corpo com os sacerdotes q prezentes estiverem; tambem sera
188 ACMC. Livro de óbito 2. f. 14
79
acompanhado com todas as cruzes das Irmandades desta villa, das q eu for Irmam;
Declaro q se me digam as missas de corpo prezente com os sacerdotes q se acharem;
Declaro q sou irmam da veneravel Ordem Terceyra e de Nossa Senhora da Lux e das
Almas e de Santo Antonio; deixo q da minha terça se digam as missas seguintes =
huma a S. Miguel = outra a S. Gabriel = outra a Nossa Senhora da Lux = Outra a Santo
Antonio = outra a Santa do meo nome Santa Joanna = outra ao Anjo da minha guarda
= e seis pelas almas do Purgatorio = e sinco a ... Nosso Senhor Jesus Christo por
minha alma e assim mais deixo se me digam por minha alma trinta missas e pesso aos
meos testamenteiros... dizer com a brevidade possivel a q ordeno q se repartam pellos
sacerdotes q se acharem para q se digam com brevidade e nam se continha mais no
Pyo do ditto testamento, o qual aqui tresladei do proprio original a q me reporto; foram
seos testamenteyros seo filho o Capitam Bento dos Santos Pereyra, Antonio Ribeyro
do Valle e Manoel Soares do Valle...”190
Bento Gonçalves Coutinho Nobre
“Fez seo solemne testamento cujo Pio he o seguinte = ordeno q meo corpo seja
sepultado na Igreja onde se fizerem os exercicios da Ordem Terceyra e amortalhado no
mesmo habito q eu tiver, q he o de Sam Francisco e acompanhado com os sacerdotes
da mesma Ordem Terceyra e o Reverendo Vigario com a cruz das almas de quem sou
irmao e com a cruz do Santissimo a q se pagará a esmolla costumada = Declaro q por
minha alma deixo se me digam as missas de corpo prezente pellos sacerdotes q se
acharem e nam sendo possivel se digam no terceyro dia, falecendo nesta villa e sendo
em outra villa ou cidade, se me digam somente dez missas de corpo prezente = deixo
mais se me fassa um officio de nove liçoes de corpo prezente = deixo mais por minha
alma vinte missas = deixo q se fassa a novena da Senhora Santa Anna no anno q eu
morrer a minha custa, digo a custa dos meos bens, morrendo eu nesta villa de
Corytyba com dezasseis villas de quarta e tres patacas ao Rd.º Vigario para assistir a
novena = e tres missas a Senhora Santa Anna por minha alma = deixo de esmolla ao
189 ACMC. Livro de óbito 02. f. 16
80
Santissimo dessa freguesia tres mil e duzentos reis = Deixo ao Sarafico S. Francisco
das Chagas desta villa cinco mil reis de esmolla para ajuda de suas obras = Deixo a
Senhora do Terço desta villa de esmolla coatro mil reis e nam se continha mais no Pyo
do ditto testamento, o qual aqui tresladei bem e fielmente do proprio original q se acha
em caza do Tabeliam desta villa ... foram seos testamenteyros o Sargento-Mor Joao
Baptista Dinis e o Doutor Lourenço Ribeyro de Andrade e nenhum deles quis aceitar o
testamentario, por cuja razam aceitou a mesma Ordem Terceyra, q hera nomeada em
3.º lugar.”191
Trifonio Cardozo Pazes
“Fez seo solemne testamento cujo Pio he o seguinte = ordeno q meo corpo seja
sepultado na Capella onde se fizerem os exercícios da minha venerável Ordem
Terceyra de Nosso Padre Sam Francisco, amortalhado com o habito de seos
Religiosos havendo-o, ou com o meo da ditta Ordem = pesso aos meos irmaos
terceyros e aos das Irmandades de Nossa Senhora do Rozario e das Almas queiram
acompanhar meo corpo no enterramento pois sou Irmao das dittas Confrarias =
ordeno q por minha alma se digam no dia do meo falescimento missas de corpo
prezente pellos sacerdotes q houver na terra até o numero de dez, e hum officio de
nove liçoens pella minha alma e pellas q estao no Purgatorio; e nam se continha mais
no Pio do ditto testamento, o qual aqui tresladei bem e fielmente do proprio original q
se acha em poder do Tabeliam...”192
190 ACMC. Livro de óbito 02. f. 16 191 ACMC. Livro de óbito 02. f. 19 192 ACMC. Livro de óbito 02. f. 23
81
6.2 Tabelas de registros de óbitos (1760-1775)
TABELA 2 – REGISTROS DO LIVRO 01 DE ÓBITOS DA IGREJA MATRIZ DE
NOSSA SENHORA DA LUZ DOS PINHAIS
TABELA 3 – REGISTROS DO LIVRO 02 DE ÓBITOS DA IGREJA MATRIZ DE
NOSSA SENHORA DA LUZ DOS PINHAIS
TABELA 02 – REGISTROS DO LIVRO 01 DE ÓBITOS DA IGREJA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA LUZ DOS PINHAIS
Nome Id. Data Filiação Local Sacramentos Acomp. Rituais Fúnebres
Obs.
01 Antonio Domingues
18 04/01/1760 Filho de Ventura Domingues
Logo para baixo da porta travessa
Sem os sacramentos porq morreu de repente de uma dor
por mim e da cruz da fábrica
Natural de Mogi das Cruzes
02 Eugenia 1m 09/01/1760 Filha de Jeronimo da Costa
Dentro na Igreja
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fábrica
03 Joze Martins Leme (Capitão)
90 06/04/1760 viuvo Dentro na Igreja
Sem os sacramentos porq me nam chamaram para lhos administrar nem a doença deu lugar para isso.
por mim e da cruz da fábrica
Não fez testamento por ser muito pobre
04 Izabel Soares 80 11/05/1760 Viuva que ficou de Joam Ribeyro do Valle
Dentro na Igreja
Com todos os sacramentos
por mim e dos Padres que se acharam nesta vila e das suas cruzes
Amortalhada no habito de São Francisco, lhe fez um ofício de nove lições a q assistiram coatro
Fez testamento
padres comigo e o mestre da capela com música
05 Anna 14 13/05/1760 Filha de Salvador de Albuquerque
Para cima da porta travessa
Somente com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção
por mim e da cruz da fábrica
Levada na tumba da fábrica
06 Joam 6 dias
20/06/1760 Filho de Pedro Leyte Palhano e de Anna Maria Cardoza
Junto a torre
Somente com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fábrica
07 Maria Luiz 70 10/08/1760 Viuva de Francisco Nunes de Abreu
Das portas travessas para baixo
Somente com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção
por mim e da cruz da fábrica
08 Sebastiam dos Santos Pereyra
70 31/08/1760 Casado com Joanna Garcia
Nesta Igreja Com todos os sacramentos
por mim e de todos os Padres q se achavam nesta villa capazes de o poderem acompanhar e da cruz da fabrica e de todas as mais das
Amortalhado no hábito de Nosso Padre São Francisco
Fez testamento
Irmandades q há nesta Igreja
09 Messia Nunes de Sequeyra
70 15/09/1760 Viuva de Joam do Prado Leme, ambos naturais da vila de Ytu
Capela de Nossa Senhora do Terço
Com todos os sacramentos
Acompanhado por mim e da cruz da fábrica e da Irmandade da Ordem Terceira com a sua cruz e dos sacerdotes q se achavam na vila capazes de poder acompanhar
Amortalhado no hábito de Nosso Padre São Francisco
Fez testamento
10 Maria Nunes de Sequeyra
50 22/09/1760 Casada com Salvador Mendes
Para baixo das portas travessas
Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq estava vomitando de huma postema q lhe arrebentou, por cuja cauza nam podia receber o Sacro Viático
por mim e da cruz da fabrica
Levada na tumba da fábrica
Natural de Guaratinguetá
11 Manoel da Costa Filqueyra
80 05/10/1760 Casado com Costodia Rodrigues França
Dentro nesta Igreja
Com todos os sacramentos
por mim e de todos os sacerdotes q se achavam capazes nesta vila e da cruz da fabrica e as Irmandades todas q há nesta Igreja
Amortalhado no habito de São Francisco
Fez testamento
12 Francisca 24 hrs
30/10/1760 Filha de Francisco Marques Lameyra
Das grades para cima
Com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
13 Maria Luiz 42 07/11/1760 Casada com Antonio Rodrigues Lisboa
Logo para baixo da porta travessa
Somente com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq quando me chamaram para lhos administrar e assim q acabei de a ungir logo morreo
por mim e da cruz da fábrica
Levada na tumba da fábrica
Nam fez testamento por ser muito pobre
14 Joze Rodrigues França (Doutor)
75 19/11/1760 Capela de Nossa Senhora do Terço
Com todos os sacramentos
por mim e de todos os Padres q se acharam
Amortalhado nas vestimentas sacerdotais,
Fez testamento
nesta villa, e da cruz da fabrica e de todas as mais q havia nesta Igreja
levado na tumba das almas de quem hera irmam, fiz-lhe hum officio de nove liçoes com o corpo preszente, a qual assistiram sinco Padres commigo e o Mestre da Capella com sua Arpa
15 Costodio Alvres Lima
40 12/04/1761 Casado com Anna da Silva de Sequeyra
Capela de Nossa Senhora da Conceição do Tamandua
Sem sacramentos porq o mataram de repente com hum tiro
pelo Rdº Padre Frey Angelo preto, superior da dita Capella
16 Antonia 30 16/04/1761 Filha de Mario Gracia
Dentro na Igreja
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fábrica
17 Gregório Martins
70 18/04/1761 Casado com Mariana de Goes
Dei sepultura eclesiastica aos ossos... dentro na Igreja
por mim e da cruz da fábrica
Faleceu nos Campos Geraes
18 Quiteria 6 hrs
26/04/1761 Filha de Antonio da Roza
Para baixo da porta travessa
Somente com o batismo
por mim e da cruz da fabrica
19 Maria 2 hrs
28/06/1761 Filha de Antonio Luiz Tigre
Para baixo da porta travessa
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
20 Ritta 3 m 07/07/1761 Filha de Joam Nunes de Abreu
Junto a torre
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
21 Amaro Fernandes da Costa
70 11/07/1761 Casado com Maria Rodrigues França, filha de Manoel da Costa Filgueyra
Dentro na Igreja, lavada na tumba das Almas de quem hera Irmam
Somente com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq morreo de huma pancada de hum pao na roça, de q logo ficou sem sentidos
por mim e da cruz da fabrica, e de todos os sacerdotes q se acharam nesta villa e das cruzes das Irmandades de q hera irmam a saber de Santo
Amortalhado no habito de São Francisco...Fiz-lhe um officio de nove liçoes a q assistiram coatro padres commigo e o mestre da capella
Natural da vila de Basto, Arcebispado de Braga... não fez testamento nem teve lugar para isso
Antonio, das Almas, do Santissimo Sacramento, de Nossa Senhora da Luz e de Nossa Senhora do Rosário
22 Maria 03 23/07/1761 Filha de Joam Loppes
Para baixo da porta travessa
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
23 Miguel 04 03/09/1761 Filho de Joam Ribeyro Cardozo
Logo para baixo da porta travessa
Com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
24 Salvador 03 09/09/1761 Filho de Joam Ribeyro Cardozo
Para baixo da porta travessa
Somente com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
25 Salvador 03 20/09/1761 Filho de Agostinho Fernandes
Dentro na Igreja
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
26 Izabel 8 m 08/10/1761 Filha de Trifonio Cardozo Pazes
Capela de Nossa Senhora do Terço
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fábrica
27 Joze 19 09/11/1761 Filho do Dentro na Com os por mim e
Capitão Gaspar Correa
igreja, levado na tumba da fábrica
sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq morava muito longe no mato e quando la chegou o confessor nesta tarde morreo
da cruz da fábrica e a de Nossa Senhora e a das Almas
28 Paula Ferreyra 40 13/11/1761 Casado com Joam da Costa
Dentro nesta Igreja
Sem os sacramentos porq não houve lugar de me chamarem para lhos administrar por morrer apressadamente de huma mordedura de cobra q não chegou tres horas
por mim e da cruz da fabrica
Não fez testamento nem tinha de q por ser muito pobre
29 Joam 2 hrs
14/11/1761 Filho de Caetano Nunes Vareyro
Junto a torre
Somente com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
30 Francisco 4 m 02/01/1762 Filho de Estevam Joze Ferreyra
Junto ao lugar das grades
Só com o batismo
31 Paulo 05 24/01/1762 Filho de Manoel dos Santos Lisboa
De fronte das portas travessas
Com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fábrica
32 Francisco de 80 27/04/1762 Casado com Capela de Com todos os por mim e Levado na Fez
Sequeyra Cortes
Catharina Mendes Barbuda
Nossa Senhora do Terço da Ordem Terceyra...
sacramentos por todos os Padres q se acharam nesta vila e da cruz da fabrica e a das Almas... e a de Nossa Senhora da Luz e a de Santo Antonio e da do Santissimo Sacramento
tumba das Almas por ser Irmam... amortalhado no hábito de Nosso Padre São Francisco
testamento
33 Anna 3 m 27/04/1762 Enjeitada que se criava em casa de Manoel dos Santos Lisboa
Dentro na Igreja
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fábrica
34 Gertrudes 1 m 28/04/1762 Filha de Antonio Dias Cortes
Junto a torre
Somente com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fábrica
35 Ritta 02 28/04/1762 Filha de Ignacio Pereyra
Junto a torre
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fábrica
36 Antonio Alvres Freyre
60 30/04/1762 Dentro na Igreja
Sem os sacramentos porq morreo de
por mim e da cruz da
Levado na tumba das
Natural de Paranagua
repente fabrica e a das Almas
Almas porq hera Irmao
37 Joam 03 04/07/1762 Filho de Manoel da Sylva
Capela de Nossa Senhora do Terço
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fábrica
38 Manoel Vieyra 50 13/07/1762 Casado na Ilha de Santa Catarina
Para baixo da porta travessa
Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq cauza de huma toce q tinha com vomitos continuamente, nam podia receber o Sacro Viático
por mim e da cruz da fabrica
Levado na tumba da fábrica
Natural das Ilhas
39 Joachym Manoel de Abreu
40 11/08/1762 Casado com Maria Francisca Angelica
Capela de Nossa Senhora do Terço por ser irmao Terceyro
Somente com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq fazendo-se experiencia nam podia engulir couza alguma, além de nam estar em seu perfeito Juizo
por mim e da cruz da fábrica e de todos os sacerdotes q se acharam nesta villa
Levado na tumba da fábrica ...Fiz um officio de nove liçoes a q assistiram coatro Padres comigo... amortalhado no habito
Natural da cidade de Lisboa... não fez testamento
de Nosso Padre São Francisco
40 Gertrudes 03 31/08/1762 Enjeitada q se criava em casa de Pedro de Souza Leal
Junto a torre
Somente com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fábrica
41 Salvador 02 01/09/1762 Filho de Joze Leyte
Junto a torre
Somente com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fábrica
42 Ventura 80 11/01/1760 Adro Sem sacramentos porq morreo de repente de huma dor
Acompanhado por mim e da cruz da fábrica
Escravo do Capitão Miguel Ribeyro Rybas
43 Benedita 6 dias
20/01/1760 Filha de Pedro Gomes de Oliveyra, bastardo
Dentro na Igreja
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fábrica
44 Antonio Leme 35 20/01/1760 Casado com Maria Alvres
Dentro na Igreja
Sem sacramentos porq me nam chamaram para lhos administrar
por mim e da cruz da fábrica
Bastardos forros q forao administrados de Joze Martins Leme
45 Thomazia 50 29/02/1760 Casada com Joze, escravo
Dentro na Igreja
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da
Levada no esquife de
Administrada de
de Ritta de Jesus
fábrica e a da dita Senhora do Rosário
Nossa Senhora do Rosário por ser irmam
Diogo da Pascaria
46 Salvador da Sylva
60 01/03/1760 Casado com Izabel Bicuda
Dentro nesta Igreja
Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq no Rancho aonde faleceo senao podia dizer missa por ser de palha e de beyra no cham
por mim e da cruz da fábrica
47 Mariana de Souza
90 10/03/1760 Para baixo da porta travessa
Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção
por mim e da cruz da fábrica
48 Maria 3 m 10/04/1760 Dentro na Igreja
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fábrica
Escrava do Rdº Doutor Joze Rodrigues França
49 Ignacio 25 28/05/1760 Dentro na Igreja
Somente com o sacramento da Penitencia porq me nam chamaram para lhos administrar e so chamaram hum
por mim e da cruz da fábrica
Levado no esquife de Nossa Senhora do Rosário
Escravo de Joanna Maciel, mulher de Manoel Miz
Religiozo pª o confessar
Valença
50 Manoel 15 11/06/1760 Filho de Thomazia que foi administrada de Diogo da Pascaria
Dentro na Igreja por ser Irmam do Rosário
Somente com o sacramento da Penitencia porq me nam chamaram para lhos administrar
por mim e da cruz da fábrica
51 Felicia 50 13/06/1760 Casada com Miguel
Dentro na Igreja por ser Irmam do Rosário
Só com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq quando me chamaram para lhos administrar e a pouco tempo morreo
por mim e da cruz da fábrica e da do Rosário
Levada no esquife do Rosário
Ambos administrados de Margarida Esteves
52 Luzia Pereyra 30 29/06/1760 Casada com Ignacio Pereyra
De fronte das portas travessas
Sem os sacramentos porq ficaram comigo de a trazer para o Palmital no citio do Rdº Doutor Joze Rodrigues França aonde lhos podia administrar todos por ter casa capaz e nam aonde morava em hum rancho de beyra no
por mim e da cruz da fábrica
Ambos bastardos
cham 53 Miguel Simoes 60 22/07/1760 Casado com
Francisco Teyxeyra
Dentro na Igreja
Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq morava em hum rancho de palha de beyra no cham aonde se nam podia dizer missa para se lhe administrar o Sacro Viático
por mim e da cruz da fábrica
Indio
54 Benedito 1 m 29/07/1760 Filho de Francisco, administrado, e de sua mulher Joanna, escrava do Rdº Padre Lucas Rodrigues França
Adro Somente com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
55 Gabriel 30 26/08/1760 Adro Sem os sacramentos porq me nam chamaram para lhos administrar
por mim e da cruz da fábrica
Bastardo, natural da cidade de Sam Paulo
56 Quiteria 6 m 26/08/1760 Adro Só com o sacramento do
por mim e da cruz da
Escrava de Manoel
batismo fabrica Nunes de Carvalho
57 Maria 70 28/08/1760 Adro Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq o rancho em q morava nam hera capaz de se dizer missa nelle para lhe administrar o Sacro Viático
por mim e da cruz da fábrica
Escrava de Domingos da Cunha Teyxeyra
58 Anna 16 20/09/1760 Filha de Salvador Bueno, índio
Para cima das portas travessas
Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq morava em hum rancho de palha de beyra no cham, aonde se nam podia dizer missa par lhe administrar o Sacro Viático
por mim e da cruz da fábrica
59 Miguel 03 27/09/1760 Filho de Manoel da Costa, morador de Tinquiquera
Junto a torre
Somente com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
60 Felippa dos 80 29/09/1760 Dentro na Com todos os por mim e
Reys Igreja sacramentos da cruz da fabrica
61 Joanna Nunes 30 30/09/1760 Casada com Francisco do Prado
Dentro na Igreja
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fábrica
Não fez testamento por ser muito pobre
62 Quirino Pires 70 03/11/1760 Casado com Martha
Adro Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Bastardo... não fez testamento por ser muito pobre
63 Maria 20 20/11/1760 Adro Somente com o sacramento da Penitencia e Extrema-Unção porq a doença nam deu lugar para mais
por mim e da cruz da fábrica
Escrava de Estevam Joze
64 Antonia 30 24/12/1760 Dentro na Igreja
So com o sacramento da Penitencia porq me nam chamaram para lhe administrar os mais nem a doença deu lugar para isso
por mim e da cruz da fábrica e a de Nossa Senhora do Rosário
Levada no esquife do Rosário por ser Irmam da ditta Irmandade
Escrava de Antonio Joze Teyxeyra
65 Simam 90 05/01/1761 Adro Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fábrica
Escravo do Capitão Miguel
Ribeyro Rybas
66 Joanna 40 dias
24/02/1761 Filha de Joam Ribeyro Bojam
Logo para baixo da porta travessa
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
67 Luiz 20 19/04/1761 Filho de Estacio Alvres
Dentro na Igreja
Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq nam podia receber o Sacro Viático por morrer de huma postema q estava actuamente vomitando
por mim e da cruz da fábrica e do Rosário por ser Irmao da dita Irmandade
Levado no esquife do Rosário
68 Felippe 60 30/04/1761 Casado com Quiteria
Nesta Igreja Com os sacramentos da Penitencia e Eucharistia porq quando se confessou e comungou não estava muito mal e nam me chamaram para lhe administrar a Extrema-Unção
por mim e da cruz da fábrica e do Rosário por ser Irmao da dita Irmandade
Levado no esquife do Rosário
Administrado de Bras Domingues
69 Mariana 15 03/05/1761 Filha de Domingas, q
Dentro nesta Igreja
Com os sacramentos da
por mim e da cruz da
foi administrada de Gonçalo Soares
Penitencia e Extrema-Unção porq quando me chamaram para lhos administrar já estava espirando de huma sofocaçao
fabrica
70 Maria 30 03/06/1761 Casada com Miguel, administrado de Izabel Antunes
Dei sepultura eclesiastica aos ossos... foram sepultados no Adro
Sem os sacramentos por falecer no mato
por mim e da cruz da fábrica
Escrava de Domingos de Freytas
71 Monica 60 22/06/1761 Casada com Zacharias, mulato forro
Dentro na Igreja
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fábrica e da do Rosário
Levada no esquife de Nossa Senhora do Rosário por ser Irma da dita Irmandade
72 Paulo 6 m 26/07/1761 Filho de Vicente, escravo de Francisco de Souza Rocha
Para baixo da porta travessa
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fábrica
73 Perpetua 90 10/08/1761 Casada com Ambrozio,
Dentro na Igreja por
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da
Levada no esquife do
Escrava de Joam
administrado do Rdº Doutor Joze Rodrigues França
ser Irma de Nossa Senhora do Rosário
fábrica e da do Rosário
Rosário Chrizostomo
74 Salvador 40 12/08/1761 Adro Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fábrica
Carijó, administrado de Matheus Leme
75 Luzia 1 ano
13/08/1761 Filha de Agostinho Fernandes
Junto a torre
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fábrica
76 Sebastiana 60 20/08/1761 Casada com Francisco Thome
Adro Somente com o sacramento da Penitencia porq a confessou o Rdº Vigarº de Sam Joze
por mim e da cruz da fábrica
Carijó
77 Antonia Pereyra
30 30/08/1761 Casada com Joam da Costa
Dentro na Igreja
Com todos os sacramentos
Por mim e da cruz da fábrica
Nam fez testamento por ser muito pobre
78 Joze 3 m 27/09/1761 Filho de Miguel Rodrigues, vintenario de Sam Joze, e de Thereza Fappe
Junto a torre
Só com o batismo Por mim e da cruz da fábrica
79 Anna 5 m 08/10/1761 Filha de Appolinario Teyxeyra
Junto a porta principal
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
80 Antonio
6 m 12/10/1761 Filho de Dionizio Alvres
Junto a torre
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fábrica
81 Ventura 30 16/10/1761 Casado com Angella, administrada
Dentro na Igreja
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fábrica
Levado no esquife de Nossa Senhora do Rosário por ser Irmao da Irmandade da ditta Senhora
Escravo de Bras Domingues Vellozo
82 Alexandre 08 02/1/1761 Adro Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção por nam ter ainda capacidade para se lhe administrar o Sacro Viático
por mim e da cruz da fábrica
Escravo de Joam Baptista Dinis
83 Salvador 20 04/11/1761 Adro Sem os sacramentos porq morreo de repente no mato
por mim e da cruz da fábrica
Administrado de Trifonio Cardozo
84 Joam 24 hrs
07/11/1761 Filho de Joam Rodrigues de Sequeyra
Junto a porta principal
Somente com o sacramento de batismo
por mim e da cruz da fábrica
85 Anna 11 15/11/1761 Dentro na Igreja
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fábrica e a do Rosário
Levado no esquife de Nossa Senhora do Rosário por ser irma
Escrava de Bras Domingues
86 Joam 30 23/11/1761 No alpendre da Capela de Nossa Senhora do Terço
Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq nam estava em seu juizo perfeito para lhe administrar o Sacro Viático
por mim e da cruz da fábrica
Escravo de Maria Rodrigues França
87 Paulo 02 04/02/1762 Dentro na Igreja
Somente com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
Escravo de Antonio Joze Teyxeyra
88 Ignacia 01 16/03/1762 Adro Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
Escrava de Antonio de Andrade
89 Bento 08 dias
04/04/1762 Filho de Jeronimo e de Elena, bastardos
Junto a torre
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
90 Feliciana 60 10/06/1762 Adro Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
India velha
91 Margarida 6 dias
17/06/1762 Filha de Gabriel
Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
92 Quiteria 03 21/06/1762 Filha de Francisco da Costa
Junto a torre
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
93 Roza 01 12/02/1762 Filha de Thomas, escravo de Nossa Senhora das Neves
Capela de Nossa Senhora da Conceiçao do Tamanduá
Só com o sacramento do batismo
Encomendada pelo Rdº Superior da dita Capela
94 Maria 25 20/04/1762 Casada com Antonio Maguines, escravo
Capela de Nossa Senhora da Conceiçao de Tamandua
Somente com o sacramento da Penitencia porq me nam chamaram para lhe administrar os mais, nem a doença deu lugar para isso
Encomendada pelo Rdº Superior da dita Capela
Escrava de Nossa Senhora das Neves da fazenda dos Carlos
95 Florinda 50 12/05/1762 Casada com Salvador da Costa
Adro Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Indios que forao administrados de Antonio Bueno da
Veyga 96 Maria Luiz de
Sequeyra 30 24/12/1762 Casada com
Joam Dias Cortez
Capela de Nossa Senhora da Conceyçam do Tamandua
Somente com o sacramento da Penitencia e Extrema-Unção porq no mato aonde faleceo se nam podia dizer missa para lhe administrar o Sacro Viático
pelo Rdº Frei Angello do Spirito Santo, superior da dita Capela
97 Francisco 8 dias
27/10/1762 Filho de Antonio de Pinna, bastardo
Junto a torre
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
98 Ignacia 04 27/10/1762 Adro Somente com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
Escrava de Manoel Rodrigues Seyxas
99 Manoel 6 m 01/11/1762 Filho de Francisco da Costa
Junto a torre
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
100 Manoel 30 01/11/1762 Adro Só com o sacramento da Penitencia porq adoeceu na freguezia de Sam Joze e lá o mandou confessar
por mim e da cruz da fabrica
Escravo de Henrique Ferreyra de Barros
101 Sebastiana 60 04/11/1762 Dentro na Com todos os por mim e Levada no Carijó,
Igreja sacramentos da cruz da fabrica e a da mesma Senhora do Rosário
esquife de Nossa Senhora do Rosário por ser irma da Irmandade da dita Senhora
administrada de Agostinho de Andrade
102 Domingos Gracia
60 09/12/1762 Casado com Marcia Gracia, também administrada
Junto a torre
Sem os sacramentos porq morreo de huma postema q lhe rebentou de repente
por mim e da cruz da fabrica
Carijó administrado de Joam Gracia Carrasco
103 Maria 80 12/01/1763 Dentro na Igreja
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica e a da dita Senhora
Levada no esquife de Nossa Senhora do Rosário por ser Irmam
Carijó, administrada de Joze Nicolao Lisboa
104 Benta 3 m 14/01/1763 Dentro na Igreja por serem os Paes irmaos do Rosário
Só com o sacramento do batismo
Escrava do Doutor Lourenço Ribeyro de Andrade
105 Ignacio 03 08/02/1763 Logo para baixo da porta travessa
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
Escravo de Roque Fernandes de
Sequeyra 106 Maria 3 m 06/04/1763 Filha de
Sebastiam de Almeyda, genro de Bernardo Leyte
Junto a torre
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
107 Custodia 18 11/04/1763 Filha de Antonio Martins, filho de Joam Martins Leme
Adro Sem sacramentos porq o matou seu Pay de repente com um tiro
por mim e da cruz da fabrica
Bastarda
108 Mariana Cardoza
35 26/04/1763 Casada com Appolinario Teyxeyra
Dentro na Igreja
Somente com o sacramento da Penitencia porq nam me chamaram a tempo para lhe administrar os mais
pelo Rdº Padre Frey Miguel e da cruz da fábrica
Levada no esquife do Rosário por ser Irmam da mesma Senhora
Ambos bastardos
109 Joze 40 12/05/1763 Casado com Domingas, carijó
Dentro nesta Igreja, por ser Irmam do Rosário
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Escravo de Trifonio Cardozo, natural de Paranagua
110 Vitoria 20 18/05/1763 Adro Somente com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq morreo de huma postema q lhe
por mim e da cruz da fabrica
Administrada de Izabel Domingues
rebentou 111 Luiza 1 m 16/06/1763 Filha de Paulo
Pires de Tinquiquera
Junto a porta principal
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
112 Domingas 40 13/07/1763 Casado com hum escravo de Trifonio Cardozo
Adro Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Carijó administrada de Antonio Joam de Parnaguá
113 Joam 3 m 22/07/1763 Adro Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
Escravo de Antonio Rodrigues de Andrade
114 Jeronimo 40 23/07/1763 Casado com Elena, também bastarda, filho natural de Antonio Francisco de Sequeyra
Adro Sem sacramentos porq o mataram
por mim e da cruz da fabrica
Bastardo
115 Ventura 60 18/09/1763 Dentro na igreja
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fábrica e do Rosário
Levado no esquife de Nossa Senhora do Rosário por ser Irmao da dita
Escravo do Capitão Miguel Ribeyro Rybas
Irmandade 116 Anna 8
dias 19/09/1763 Filha de
Francisco da Cunha Alvarenga
Junto a torre
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
117 Maria 2 m 07/10/1763 Filha de Francisca, administrada de Bras Domingues Vellozo
Dentro nesta Igreja por ser a May Irmã de Nossa Senhora do Rosário
Só com o sacramento do batismo
118 Francisca 70 19/10/1763 Casada com Ignacio, escravo do dito Chrizostomo
Dentro na Igreja por ser Irmã de Nossa Senhora do Rosário
Somente com o sacramento da Penitencia, porq eu a confessei quando hia de caminho para Paranagua condenaçam
pelo Rdº Padre Frey Pedro de Santa Maria Antunes
Escrava de Joam Chrizostomo
119 Andre 8 dias
25/10/1763 Junto a torre
Somente com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
Escravo do Capitão Manoel Gonçalves de Sampaio
120 Ignacio 50 09/11/1763 Casado com Maria
Adro Somente com o sacramento da Penitencia porq chamaram o Rdº
por mim e da cruz da fabrica
Escravos de Pedro Alexandrino de
Vigarº de Sam Joze para lho administrar e nam me deram parte para lhe administrar os mais sacramentos, por cuja razao condenei ao Senhor do dito escravo em coatro patacas
Albuquerque
121 Maria 25 17/11/1763 Junto a porta principal
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica e da do Rosário
Levada no esquife de Nossa Senhora do Rosário por ser Irma da dita Senhora
Escrava de Antonio Rodrigues de Andrade
122 Antonio 2 m 13/01/1764 Filho de Joam da Costa e Maria de Mello
Junto a torre
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
123 Salvador Bueno
55 14/02/1764 Viuvo Junto a porta principal
Com os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Indio
124 Domingos Fernandes
70 10/03/1764 Casado com Maria da Rocha, mulata forra
Dentro na Igreja
Sem sacramentos por morrer de repente
por mim e da cruz da fabrica
Preto forro ... nam fez testamento porq hera
muito pobre
125 Dorothea 30 25/03/1764 Casada com Agapito
Dentro na Igreja
Sem sacramentos porq morreo de parto
por mim e da cruz da fabrica
Levada no esquife do Rosário porq hera Irmam
Escravos de Joam Chrizostomo
126 Francisco 50 05/04/1764 Adro Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq me chamaram de tarde para o confessar
por mim e da cruz da fabrica
Escravos de Antonio de Medeyros
127 Antonia 50 24/04/1764 Dentro na Igreja
Sem os sacramentos porq morreo de repente mas tinha confessado e comungado no mesmo dia
Levada no esquife de Nossa Senhora do Rosário por ser Irmam da dita Senhora
Bastarda, administrada de Barbara Rodrigues da Cunha
128 Maria 06 01/05/1764 Adro Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
Administrada de Francisco de Souza Rocha
129 Maria 01 dia
17/05/1764 Filha de Micaella,
Adro Só com o sacramento do
por mim e da cruz da
escrava de Sebastiam Teyxeyra
batismo fabrica
130 Joze 2 m 17/05/1764 Filho de Joam Fappe e de Andreza
Adro Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
131 Zacarias 68 04/06/1764 Viuvo Dentro na Igreja
Sem os sacramentos por morrer apreçadamente de huma postema q lhe rebentou
por mim e da cruz da fabrica e a do Rosário
Levado no esquife de Nossa Senhora do Rosário por ser Irmao
Mulato forro
132 Francisco 30 24/06/1764 Adro Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção por ser no mato aonde se lhe não podia administrar o Sacro viático
por mim e da cruz da fabrica
Escravo de Simam Gonçalves de Andrade
133 Christovao 06 21/07/1764 Adro Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
Escravo do Capitão Verissimo Gomes
134 Miguel 6 m 23/07/1764 Filho de Miguel Cardozo, bastardo
Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
Escravo de Miguel Gonçalves Lima
135 Pedro 25 25/08/1764 Dentro na Sem os sacramentos por mim e Levado no
Igreja porq morreo de repente de huma dor q nam chegou a durar huma hora
da cruz da fabrica
esquife de Nossa Senhora do Rosário por ser Irmam
136 Joachym 08 07/08/1764 Filho de Salvador de Ramos
Junto a porta principal
Sem sacramentos porq morreo de repente de hum pinheyro q lhe caiu em cima e elle deitou os miollos fora
por mim e da cruz da fabrica
137 Pedro 06 05/09/1764 Filho de Margarida, mullata
Dei sepultura eclesiastica aos ossos... sepultados no Adro
Só com o batismo por mim com a cruz da fabrica
Faleceo do Porte dalém do Registro
138 Paula 06 06/09/1764 Adro Só com o batismo por mim com a cruz da fabrica
Administrada de Pedro de Albuquerque
139 Clemente 07 06/12/1764 Filho de Antonio Palhano, que foi administrado de Luiz
Junto a porta principal
Só com o sacramento do batismo
Palhano 140 Maria 2
hrs 18/12/1764 Filha de Joze,
escravo do Capitão Manoel Gonçalves de Sampaio
Junto a porta travessa
Só com o sacramento do batismo
141 Domingas Rodrigues
90 13/01/1765 Viuva de Tobias
De fronte da porta travessa
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Levada na tumba da fabrica
Bastarda
142 Ritta 35 21/01/1765 Casada com Joze, escravo do mesmo Capitão
Logo para baixo da porta travessa
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica e da do Rosário
Levada no esquife de Nossa Senhora do Rosário por ser Irmam
Escrava do Capitão Manoel Gonçalves de Sampaio
143 Izabel de Chaves
50 05/02/1765 Casada com Joze da Sylva
Dentro na Igreja
Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-unção porq se lhe impediu a falla, e nam podia engulir, nem estava muyto em seu perfeito juizo
por mim e da cruz da fabrica e da do Rosário
Levada no esquife de Nossa Senhora do Rosário por ser Irmam da dita Senhora
Não fez testamento
144 Maria 30 11/02/1765 Filha de Manoel de Pinna Vellozo
Perto da porta principal
Só com o sacramento da Penitencia porq quando a fuy
por mim e da cruz da fabrica
confessar nam estava muyto mal e por algum desmancho q houve, morreo dahi a poucas horas
145 Antonia Rodrigues
25 04/03/1765 Casada com Joachym Alvres Correa
Junto aos bancos
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica e da do Rosário
Levada no esquife do Rosário
Ambos bastardos
146 Manoel 2 hrs
13/03/1765 Filho de Angella, escrava do Capitão Verissimo Gomes da Sylva
Junto a torre
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
147 Maria 01 15/04/1765 Filha de Antonio Leyte
Junto a torre
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
148 Antonia 80 17/05/1765 Dentro na Igreja por ser Irmam de Nossa Senhora do Rosário
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica e da do Rosário
Carijó administrada de Manoel Martins de Faria
149 Izabel Ferreyra 70 23/07/1765 Viuva de Manoel Antunes
Junto aos bancos
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Tudo se fez gratis por ser
muito pobre
150 Ignacia 90 28/07/1765 Junto aos bancos por ser Irmam de Nossa Senhora do Rosário
Só com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq quando me chamaram para lhos administrar já nam estava muyto em seu juizo perfeito
por mim e da cruz da fabrica e da do Rosário
Administrada do Rdº Vigarº da Vara Francisco de Meyra Collasso
151 Marcella 05 31/07/1765 Adro Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
Escrava de Joam Gonçalves q veio das Minas
152 Domingos Pereyra Nunes
50 01/05/1764 Casado com Maria da Sylva, filha de Miguel de Goes
Capela de Nossa Senhora da Conceiçao de Tamandua
Sem os sacramentos porq o mataram de repente com hum tiro de espingarda
Com assistência do padre Frey Cypriano, capelão da dita Capella
Natural da vila da Conceyçam de Itanhaém, não fez testamento nem teve lugar para isso
153 Antonio 25 05/08/1765 Adro Somente com os sacramentos da
por mim e da cruz da
Escravo do Capitão
Penitencia e Extrema-Unção porq estava incapaz de se lhe poder administrar o Sacro Viático... caio com a cara no fogo e ficou quazi fora de seu juizo
fabrica Verrissimo Gomes da Sylva
154 Maria 6 m 21/08/1765 Filha de Joachym Alvres Correa
Junto a torre
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
155 Maria 1 m 28/08/1765 Filha de Francisco Pereyra do Couto
Junto a torre
Só com o sacramento do batismo
156 Maria 40 17/09/1765 Casada com Joam
Dentro na Igreja por ser Irmam de Nossa Senhora do Rosário
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica e da do Rosário
Escravos de Maria Rodrigues França
157 Joam Rodrigues Machado
70 23/10/1764 Casado com Francisca Moreyra de Oliveyra
Junto a porta travessa
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
158 Cypriano 23 13/12/1765 Adro Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Escravo de Joam Chrizosto
mo 159 Julianna 30 04/03/1766 Casada com
Lucas, escravo do mesmo Doutor
Dentro na Igreja por ser Irmam de Nossa Senhora do Rosário
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica e da do Rosário
Forra, administrada do Doutor Antonio dos Santos
160 Pedro 25 08/03/1766 Adro Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção
por mim e da cruz da fabrica
Administrado do Rdº Doutor Joze Rodrigues França
161 Affonço 50 12/03/1766 Casado com Thereza, escrava do mesmo Doutor
Junto aos bancos por ser Irmam de Nossa Senhora do Rosário
Sem sacramentos porq me nam chamaram para lhos administrar
por mim e da cruz da fabrica e da do Rosário
Escravo do Doutor Lourenço Ribeyro de Andrade
162 Joze 02 13/4/1766 Junto a torre
Só com o sacramento do batismo
Escravo de Joam da Costa Roza
163 Joanna 01 19/07/1766 Filha de Miguel Cardozo, fazendeiro de Balthazar da Costa
Junto a torre
Somente com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
164 Salvador 2 m 20/07/1766 Filho de Martha, escrava de Trifonio Cardozo Pazes
Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
165 Joam 02 22/07/1766 Filho de Joachym de Ramos
Junto a torre
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
166 Vitorino
18 24/07/1766 Filho de Manoel Rodrigues de Pinna
Junto a porta principal
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
167 Anna de Oliveyra Paes
25 25/07/1766 Casado com Miguel Dias
Junto a porta principal
Somente com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção por nam estar muito em seu juizo para se lhe administrar o Sacro Viático
por mim e da cruz da fabrica
168 Antonio 25 03/08/1766 Junto a porta principal
Somente com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção por não estar em seu Juizo Perfeito para se lhe poder administrar o Sacro Viático
por mim e da cruz da fabrica
Mulato, escravo dos herdeiros de Miguel Gonçalves Lima
169 Manoel de Sequeyra Costa
55 14/08/1766 Casado com Maria Ribeyra Cardoza
Dentro na Igreja
Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção
por mim e da cruz da fabrica
170 Castor 30 31/08/1766 Dentro na Igreja por ser Irmam de Nossa Senhora do Rosário
Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção por não dar a doença lugar para mais
Escravo do Capitão Manoel Gonçalves de Sampaio
171 Joze 03 31/08/1766 Filho de Ignacia, administrada de Vitorino Teyxeyra
Junto a torre
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
172 Theodoro 06 01/09/1766 Filho de Domingos do Couto
Junto a torre
Somente com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção
por mim e da cruz da fabrica
173 Gonçallo 70 03/09/1766 Adro Sem sacramentos porq morreo de repente de huma dor
por mim e da cruz da fabrica
Escravo do Capitão Miguel Rodrygues Rybas
174 Domingos 05 05/09/1766 Filho de Sebastiam Sanches e de Maria Esteves Bicuda
Dentro na Igreja
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
175 Luzia Leyte 25 17/09/1766 Casada com Francisco da Costa
Dentro na Igreja
Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção e por não estar em seu juizo perfeito se lhe nam administrou o Sacro Viático
por mim e da cruz da fabrica
176 Suzana de Siqueyra
70 20/09/1766 Casada com Joze Bicudo
Dentro na Igreja
Sem sacramentos porq morreo de repente
por mim e da cruz da fabrica
177 Maria 11 m
20/09/1766 Filha de Sebastiam Luiz
Junto a torre
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
178 Joam 03 27/09/1766 Filho de Andre da Sylva, de Tatuquara
Junto a porta travessa
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
179 Felippe 06 17/10/1766 Filho de Francisco Luiz, de Tinquiquera
Junto a porta travessa
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
180 Antonia Rodrigues Antunes
40 19/10/1766 Casado com Paulo Tavares
Junto aos bancos por ser Irmam de Nossa Senhora do Rosário
Somente com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq nam estava em seu perfeito juizo
por mim e da cruz da fabrica
Mulata
para se lhe administrar o Sacro Viático
181 Manoel Rodrigues de Pinna
50 19/10/1766 Casado com Thereza Martins
Junto aos bancos para baixo
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Mulato... nam fez testamento por ser pobre
182 Quiteria 20 20/10/1766 Filha de Joachym Cardozo
Junto a porta travessa
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica e da do Rosário
Levada no esquife de Nossa Senhora do Rosário
183 Clemente 25 02/11/1766 Debaixo dos bancos por ser irmao de Nossa Senhora do Rosário
Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq morreo na noute em q se lhe administraram e nam chegou ao outro dia em q se havia de dizer Missa para se lhe administrar o Sacro Viático
Escravo de Pedro de Lima
184 Catharina da Costa Roza
50 02/11/1766 Filha de Diogo da Costa Roza
Dentro na Igreja
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica e da
Amortalhada em hum habito de
Fez seo testamento
das Almas e a do Rosário e a de Nossa Senhora da Lux e a do Santissimo Sacramento
estamenha parda... levada no esquife de Nossa Senhora do Rosário
185 Francisco 40 05/12/1766 Dentro na Igreja por ser Irmam de Nossa Senhora do Rosário
Com os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Escravo de Antonio Fernandes de Sequeyra
186 Simeam 2 m 06/12/1766 Filho de Joam Ribeyro, de Tinquiquera
Junto a porta travessa
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
187 Francisco 80 28/12/1766 Casado com Luzia de Andrade, preta forra
Capela de Nossa Senhora da Conceiçam de Tamandua
Com todos os sacramentos
Duas missas de corpo prezente
Preta forra.... fez testamento
188 Leonor 80 30/12/1766 Adro Sem sacramentos porq me nam chamaram para lhos administrar
por mim e da cruz da fabrica
Administrada de Jozefa Rodrigues
189 Antonio 5 m 30/12/1766 Engeitado que se criava em
Junto a torre
Só com o batismo
casa de Joam do Couto
190 Marçal Luiz 50 03/01/1767 Casado com Maria Esteves
Junto a porta principal
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
191 Maria 50 22/02/1767 Da porta travessa para baixo
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Escrava de Balthazar da Costa Pinto
192 Joze 60 27/02/1767 Dentro nesta Igreja porq hera Irmam de Nossa Senhora do Rosário
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica e da do Rosário
Escravo de Ritta Roza de Jesus
193 Joam 02 28/02/1767 Filho de Pascoal Rybeyro
Junto a torre
Só com o sacramento do batismo
194 Vitoria Fernandes
75 01/03/1767 Junto a porta principal
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Bastarda
195 Luiza 2 m 11/04/1767 Filha de Antonio Francisco, filho de Joam Pedrozo, de Tinquiquera
Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
196 Salvador da 60 19/04/1767 Casado com Junto a Com todos os por mim e
Gama Cardozo Maria da Penha de Jesus
porta principal
sacramentos da cruz da fabrica
197 Ritta e Quiteria (Gêmeas)
12 dias
03/05/1767 Filhas de Antonio Esteves Nunes
Junto a torre
Só com o batismo
198 Antonio 1 ano
19/05/1767 Filho de Thome Rodrigues Paes
Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
199 Maria 2 hrs
24/05/1767 Filha de Diogo Pinto
Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
200 Izabel 40 23/06/1767 Adro Sem sacramentos por morrer de repente
por mim e da cruz da fabrica
Escrava do Capitão Verrissimo Gomes da Sylva, morador de Paranagua
201 Felippe 20 27/06/1767 Adro Sem sacramentos por morrer de repente de huma dor
por mim e da cruz da fabrica
Escravo de Henrique Ferreyra de Barros
202 Felicia Gonçalves
70 07/07/1767 Casada com Sebastiam Ferreyra Nogueyra
Junto a porta principal
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Não fez testamento por ser muito pobre
203 Antonio 60 23/07/1767 adro Sem os sacramentos porq morreo de repente de huma dor
por mim e da cruz da fabrica
Escravo dos herdeiros de Antonio de Medeyros
204 Sebastiana 26 04/08/1767 Casada com Francisco, escravo de George de Souza
Junto a porta principal por ser Irmam de Nossa Senhora do Rosário
Sem sacramentos porq eu nessa ocasiam andava no bairro de Tinquiquera aonde confessei seis dessa vez, q todos estavam de perigo
por mim e da cruz da fabrica
Forra
205 Appolonia Ferreyra
40 08/08/1767 Casada com Salvador Rodrigues da Cunha
Junto a porta principal
Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq nam deu a doença lugar para mais
pello Rdº Padre Manoel da Cruz Lima, por eu estar auzente a outras confissoens e a cruz da fabrica
Nam fez testamento por ser muito pobre
206 Izabel 06 10/10/1767 Filha de Miguel Dias
Junto a porta principal
Somente com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
207 Luis 40 15/10/1767 Adro Com os pello Rdº Escravo
sacramentos Padre Manoel da Cruz Lima
do Capitão Miguel Ribeyro Rybas
208 Joam Gonçalves Martins
60 18/10/1767 Casado com Roza Pereyra
Junto a porta principal
Sem os sacramentos porq estava louco
Bastardos
209 Maria Ferreyra 60 26/10/1767 Viuva Dentro na Igreja por ser Irmam de Nossa Senhora do Rosário, logo para baixo da porta travessa
Sem sacramentos porq morreo de repente
por mim e da cruz da fabrica e a do Rosário
Mulata forra
210 Quiteria 13 dias
27/10/1767 Filha de Pedro Gomes
Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
211 Francisca 35 28/10/1767 Adro Somente com o sacramento da Penitencia porq quando a confessei nam estava muito mal e depois nam me chamaram para lhe administrar os mais sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Administrada de Maria da Graça
212 Mariana 25 31/10/1767 Filha de Joam Carvalho de Botiatuba
Para baixo da porta travessa
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica e da do Rosário
Levado no esquife do Rosário por ser Irmam
213 Miguel 01/11/1767 Filho de Gonçalo da Sylva
Dei sepultura eclesiastica aos ossos... junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
Tinha sido enterrado no mato
214 Antonia de Oliveyra
30 08/03/1768 Casada com Caetano Vareyro
Junto a porta principal
Sem sacramentos porq morreo de repente de parto
por mim e da cruz da fabrica
Levada na tumba da fabrica
215 Joze Alvres de Sequeyra
90 10/03/1768 Casado com Maria Pereyra
Dentro nesta Igreja
Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq na paragem aonde faleceo nam hera capaz de se dizer missa para lhe administrar o Sacro Viático
por mim e da cruz da fabrica
Nam fez testamento por ser pobre
216 Felippe 01 10/03/1768 Filho de Joze Soares Pereyra, genro de Joam Machado Castanho
Junto a torre
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
217 Ignacia 12 19/03/1768 Junto aos Com todos os por mim e Escrava de
bancos sacramentos da cruz da fabrica
Costodia de França
218 Pedro 1 ano
20/04/1768 Neto de Zacarias Fernandes
Junto a torre
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
219 Simam 25 30/04/1768 Dentro na Igreja por ser Irmao de Nossa Senhora do Rosário
Sem sacramentos porq morreo de repente de hum estupor q nam chegou a durar huma hora
por mim e da cruz da fabrica e da do Rosário
Levado no esquife do Rosário
Escravo de Roque Fernandes de Sequeyra
220 Andre Pacheco 80 06/05/1768 Casado com Joana do Couto
Junto aos bancos
Sem sacramentos porq morreo de repente
com a cruz de Nossa Senhora do Rosário porq hera Irmao da dita Irmandade
Levado no esquife de Nossa Senhora do Rosário
Nam fez testamento nem tinha de que por ser pobre
221 Maria 02 07/05/1768 Filha de Joam Pacheco
Junto a torre
Só com o sacramento do batismo
222 Roza 02 12/05/1768 Filha de Antonio de Lara
Junto a torre
Só com o batismo
223 Francisco 04 17/05/1768 Filho de Joam Gonçalves Martins
Junto a torre
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
224 Anna Cardoza 35 04/06/1768 Casado com De baixo Com todos os por mim e Levada no Nam fez
Antonio da Costa Quaresma
dos bancos sacramentos da cruz da fabrica
esquife do Rosário de quem hera irma
testamento porq hera pobre
225 Joze 16 12/07/1768 Adro Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Escravo de Antonio de Andrade
226 Pedro 70 14/07/1768 Perto da porta principal
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica e da do Rosário
Levado no esquife de Nossa Senhora do Rosário
Escravo do Rdº Vigarº Manoel Domingues Leytam
227 Domingas 2 m 20/07/1768 Junto a torre
Somente com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
Escrava dos herdeyros de Miguel Gonçalves Lima
228 Manoel 05 14/08/1768 Filho de Antonio Fernandes Leme
Perto da porta principal
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
229 Antonio 1 ano
15/08/1768 Filho de Manoel Joze das Neves
Junto a torre
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
230 Joam 13 m
19/08/1768 Filho de Joze Alvres Pereyra
Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da
fabrica 231 Evva 05 20/08/1768 Junto aos
bancos Só com o batismo por mim e
da cruz da fabrica
Escrava do Sargento Mor Simam Gonçalves de Andrade
232 Francisco 6 m 22/08/1768 Filho de Antonio Fernandes Leme
Junto a torre
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
233 Maria 02 22/08/1768 Filha de Antonio Pinto, de Tatuquara
Junto a torre
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
234 Salvador 08 30/08/1768 Junto aos bancos
Sem sacramentos porq morreo de repente
por mim e da cruz da fabrica
Escravo de Antonio da Costa Guimaraes
235 Joanna 1 ano
01/09/1768 Filha de Manoel Gonçalves Vellozo, genro de Pedro do Couto
Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
236 Francisca 5 m 03/09/1768 Filha de Joam Gonçalves de Ramos
Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
237 Floriana 2 m 05/09/1768 Filha de Manoel Paes de Almeyda
Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
238 Antonio Pacheco
35 13/10/1768 Casado com Quiteria Fernandes, administrada de Joze Nicolao Lisboa
Junto a porta principal
Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq nam tinha casa capaz para se lhe administrar o Sacro Viático
por mim e da cruz da fabrica
239 Jacinto 2 m 13/10/1768 Junto ao púlpito
com o sacramento do batismo
O assistio a cruz da fabrica
Escravo do Capitão Miguel Ribeyro Rybas
240 Lourença 03 04/11/1768 Junto a porta principal
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
Escrava do Sargento Mor Joam Baptista Diniz
241 Antonio 2 m 19/11/1768 Filho de Salvador, administrado de Francisco Rodrigues Cascaes
Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
242 Joanna Soares 60 29/09/1768 Casada com Francisco
Capela de Nossa
Com os sacramentos
Com assistência
Não fez testamento
Rodrigues das Neves
Senhora do Carmo, do Capão Alto
do Rdº Padre Superior da dita Capela
243 Francisca Martins
60 29/11/1768 Casada com Zacarias Fernandes
Junto a porta principal
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Levada no esquife do Rosário por ser Irmam
Bastardos
244 Leandro 02 15/12/1768 Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
Escravo do Rdº Padre Manoel da Cruz Lima
245 Izabel 01 21/12/1768 Filha de Ignacio Fernandes
Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
246 Luciano 7 m 31/12/1768 Filho de Joze Leyte
Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
247 Anna Maria 1 ano
31/13/1768 Filha de Joze Ribeyro da Sylva
Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
248 Alexandre da Sylva
45 08/01/1769 Casado com Maria Rodrigues de Chaves
Dentro na Igreja
Sem sacramentos porq morreo de repente de huma dor
por mim e da cruz da fabrica
Levado no esquife de Nossa Senhora do Rosário de quem hera Irmao
Nam fez testamento porq hera muito pobre
249 Vitoriana 03 19/01/1769 Filha de Antonio de Souza
Capela do Tamandua
Só com o batismo Com assistência do Rdº Padre Frey Faustino
250 Amaro 22/01/1769 Filho de Joam Correa
Dei sepultura eclesiastica aos ossos.... foi sepultado junto a torre
por mim e da cruz da fabrica
Morreo no caminho do Certam
251 Manoel Vellozo
35 24/01/1769 Casado com Roza Maria Coutinha
Junto a porta principal
Sem sacramentos porq me nam chamaram a tempo para lhos administrar e por essa razam condenei ao sogro Pedro do Couto em cinco tostoens
por mim e da cruz da fabrica
Nam fez testamento nem tinha de q por ser muito pobre
252 Maria Alvres Pedroza
25 15/02/1769 Casada com Francisco Dias de Moura
Para baixo da porta travessa
Com os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Nam fez testamento nem tinha de que por ser muito pobre
253 Anna 40 16/02/1769 Filha de Joam Martins de
Para baixo da porta
Com os sacramentos
por mim e da cruz da
Assumpçam travessa fabrica 254 Paulo Pereyra 40 13/03/1769 Casado com
Maria de Souza
Perto da porta principal
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Não fez testamento nem tinha de que por ser muito pobre
255 Suzana 20 dias
17/03/1769 Engeitada que se criava em casa de Francisco Linhares
Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
256 Maria Rodrigues da Penha
60 08/04/1769 Viuva de Salvador da Gama
Para baixo da porta travessa
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Não fez testamento porq hera muito pobre
257 Pedro 01 12/04/1769 Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
Escravo de Izabel de Chaves, irma de Paulo de Chaves
258 Antonio 09 dias
23/04/1769 Filho de Sebastiam Loppes de Sequeyra, de Tinquiquera
Para baixo da porta travessa
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
259 Antonio 40 01/05/1769 Casado com Para baixo Sem sacramentos por mim e Levado no Não fez
Alvres Rita Ribeyra Cardoza
da porta travessa
porq o mataram de repente com hum tiro
da cruz da fabrica e da do Rosário
esquife do Rosário Por ser Irmam
testamento
TABELA 03 – REGISTROS DO LIVRO 02 DE ÓBITOS DA IGREJA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA LUZ DOS PINHAIS
Nome Id. Data Filiação Local Sacramentos Acomp. Rituais Fúnebres
Obs.
01 Nicolao Joze de Miranda
33 1765
02 Antonio de Medeiros Chaves
65 11/12/1765 Casado com Antonio Pinta
Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção
03 Quiteria 3 m 25/01/1766 Filha de Joze Ferreira Pinto e Barbara Antonia Pedroza
Capela de Nossa Senhora do Terço
Só com o batismo por mim e da cruz da fábrica
04 Luzia Cardoza 26/01/1766 Viuva de Salvador de Goes
Dei sepultura eclesiástica aos ossos... dentro nesta Igreja
por mim e da cruz da fábrica
05 ???? 06 Izabel 6 m 25/02/1766 Filha de ? de Dentro na Só com o batismo por mim e
Sequeyra Cortes
Igreja da cruz da fábrica
07 Miguel Gonçalves Lima
70 28/03/1766 Casado com Maria Paes dos Santos
Junto as grades... levado na tumba das almas de quem é Irmao
Com os sacramentos
por mim e da cruz da fábrica e de todos os mais q havia na Igreja e da Irmandade da Ordem Terceira
Amortalhado no hábito de São Francisco
Fez testamento
08 Brizida 2 m 07/06/1766 Filha de Antonio de Meyra Collaço
Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fábrica
09 Simam Joam Domingues
35 25/07/1766 Casado com Maria Marques, filha de Francisco Marques Lameyra
Dentro nesta Igreja, levado na tumba das almas
Com todos os sacramentos
por mim e das cruzes
10 Manoel Borges Sampaio
40 24/09/1766 Casado com Margarida ?
Em uma das tres sepulturas da Irmandade de Nossa Senhora da
por mim e da Ordem Terceira com sua cruz e dos Sacerdotes q se
Levado na tumbas das Almas
Não fez testamento por ser pobre
Luz achavam nesta vila e da cruz da fábrica e a da Senhora da Luz e a das Almas
11 Fellipe de Santiago
27/09/1766 Casado com Maria Luiz de Sequeyra
Dentro nesta Igreja
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fábrica
Não fez testamento por ser muito pobre
12 Antonia da Costa
25 09/10/1766 Casada com Paulo de Anhaja Bicudo
Capela de Nossa Senhora do Carmo do Capão Alto
Com os sacramentos porq o Rdº Padre Frei Bento Rodrigues lhe assistio
Acompanhada pelo dito Rdº Padre
13 Quiteria 05 28/10/1766 Filha de Francisco Luiz de Oliveyra, de Tinquiquera
Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fábrica
14 Antonio 08 Para baixo da porta travessa
por mim e da cruz da fábrica
15 Quiteria Rodrigues da Assumpçam
20 20/11/1766 Casada com Joam Rodrigues dos Reys
Junto a porta principal
Sem sacramentos porq morreu de repente
por mim e da cruz da fábrica
Não fez testamento por ser muito
pobre 16 Maria do
Rosário e Sylva
45 05/10/1763 Casada com Joam de Lara
Capela de Nossa Senhora da Conceiçao de Tamandua
Com os sacramentos
pelo Rdº Frei Joze dos Santos Pinheyro
17 Francisco 1 m 18/01/1767 Filho de Manoel Paes
Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fábrica
18 Manoel por mim e da cruz da fábrica
19 Francisco da Cunha Braga
60 20/06/1767 Capela de Nossa Senhora do Terço por ser irmao da Ordem Terceira, levado na Tumba das almas por ser irmao da dita irmandade
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fábrica e da dita Ordem terceira
Natural do Arcebispado de Braga... Não fez testamento por ser muito pobre
20 Agostinho de Andrade
60 03/07/1767 Casado com Angela Pereyra
Dentro nesta Igreja, levado na
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fábrica
Não fez testamento por ser
tumba das almas de quem era Irmao
muito pobre
21 Antonia Pereyra
60 06/07/1767 Viuva de Antonio de Medeyros Chaves
Dentro nesta Igreja, levado na tumba da fábrica
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fábrica
Não fez testamento
22 Luiz de Souza de Menezes
08/09/1767 Casado com Maria do Rosário, filha do Guarda-Mor Francisco Martins Lustoza
De fronte da porta travessa, levado na tumba da fábrica
Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq quando se lhe administraram nam estava muito mal
por mim e da cruz da fábrica
Natural da Ponte de Lima... não fez testamento
23 Mariana 26 Casada com Antonio Pereyra dos Santos
Capela de Nossa Senhora de Pitanguy a qual foi dos Reverendos Padres da Companhia
Somente com o sacramento da Penitencia porq não houve quem naquele dezerto dos campos geraes lhe administrasse os mais
24 Manoel 2 m 20/09/1767 Filho de Antonio Leme e de Maria do Carmo
Junto a torre
Só com o batismo
25 Francisca 70 28/03/1768 viuva Para cima Com todos os por mim e Levado no Não fez
Ribeyra da porta travessa junto a pia de água benta
sacramentos da cruz da fábrica e da do Rosário de quem hera irmao
esquife de Nossa Senhora do Rosário
testamento nem tinha de que por ser pobre
26 Francisco dos Reys
60 Casado com Joana Rodrigues
Capela de Nossa Senhora da Conceiçao de Tamandua
Com todos os sacramentos
Amortalhado no habito de Nosso Padre São Francisco
Fez testamento
27 Manoel Correa
50 06/04/1762 Casado com Anna Pereyra da Sylva
Capella de Nossa Senhora da Conceiçao do Tamandua porq ali mesmo faleceo
Com todos os sacramentos
pelo Rdº Padre Superior da dita Capela
Amortalhado no Habito de Nosso Padre São Francisco
Fez testamento
28 Joze Dias Cortes
75 30/08/1768 Casado com Ignacia Leme de Jesus
Dentro nesta Igreja
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica e a das Irmandades de Nossa Senhora da Luz, e do Rosário e a
Amortalhado no hábito de Nosso Padre São Francisco... levado no esquife do Rosário por ser irma da
Natural da vila de Sorocaba
das almas dita Irmandade
29 Maria 9 m 27/10/1768 Filha de Joze Soares, genro de Joam Machado Castanho
Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fábrica
30 Appolonia Rodrigues Antunes
34 15/11/1768 Casada com Plácido de Goes Bonete
Para cima da porta travessa
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fábrica
Levado na tumba das Almas
Nam fez testamento
31 Thereza Tavares
22/01/1769 Viuva de Fellipe de Souza do Amaral
Capela de Nossa Senhora do Terço da Ordem Terceira
Com os sacramentos
por mim e da cruz da fábrica e a da Irmandade Terceira
Levado na tumba da fábrica
Não fez testamento por ser muito pobre
32 Pedro Martins, da Barra
35 01/03/1769 Filho de Francisco da Costa e de Agueda de Sam Joam
De fronte do púlpito
Com todos os sacramentos
por mim e do Rdº Padre Comissario por não se acharem mais sacerdotes na vila
Levado na tumba da fábrica, amortalhado no hábito de São Francisco
Fez testamento
33 Catharina Mendes Barbuda
60 02/03/1769 Viuva de Francisco de Sequeyra Cortes
Capela de Nossa Senhora do Terço, por
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fábrica e da mesma
Levada na tumba da fábrica
Não fez testamento
ser irma terceira
Ordem Terceira
34 Antonio 2 m 04/03/1769 Filho de Nicolao Esteves dos Reys
Junto a porta principal
Só com o batismo por mim e da cruz da fábrica
35 Antonio de Lara
80 03/05/1769 Para cima das portas travessas
Com os sacramentos
por mim e da cruz da fábrica e de outras mais de que hera irmao
Levado na tumba das Almas de q hera irmao
Não fez testamento por ser pobre
36 Vitoriana 21 25/05/1769 Filha do Capitão Miguel Ribeyro Ribas
Junto ao Altar do Senhor Bom Jesus
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fábrica
37 Miguel 02 26/05/1769 Junto ao Altar do Senhor Bom Jesus do Perdam
Só com o batismo por mim e da cruz da fábrica
38 Maria 19 29/05/1769 Filha do Capitão Miguel Ribeyro Ribas
Junto ao Altar do Senhor Bom Jesus
Som os sacramentos pelo Rdº Padre Commissario e da cruz da fábrica
39 Paula da Rocha
40 17/06/1769 Casada com Antonio Martins
Para baixo das portas travessas
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fábrica e da
Levado no esquife do Rosário por
Não fez testamento
Lisboa do Rosário ser Irmao da sua Irmandade
40 Antonio de Andrade
70 30/06/1769 Casado com Maria do Valle
Das grades para cima
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica e das mais de que hera irmao
Levado na tumba das almas de quem hera irmao
Não fez testamento
41 Luzia da Cunha
90 02/10/1769 Capela de Nossa Senhora do Terço da Ordem Terceira por ser Irmao da dita Ordem
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fábrica e da dita Ordem Terceira
Levada na tumba das almas de q também hera irma
Fez testamento mais he tam antigo q nem hum dos testamenteiros he vivo, nem hoje há couza alguma do q declarava no dito testamento
42 Joze 24 hrs
08/02/1770 Antônio Joze Ferreyra
Junto às grades
Só com o batismo por mym e da cruz da fabrica
43 Thomas Leme 40 17/03/1770 Casado com Junto ao Com todos os por mym, Amortalhad Fez
do Prado Margarida Fernandes dos Reys, filha de Joam Martins Leme
arco da Capella mor
sacramentos pelos sacerdotes que aqui se achavam e da Cruz da fábrica e da Irmandade do Santissimo Sacramento
o no Hábito de S. Francisco
testamento
44 Francisca da Sylva
70 20/07/1770 Para baixo da porta travessa
Sem sacramentos E assistio a cruz da fábrica ao ditto enterro
Não fez testamento por ser muito pobre
45 Bento de Magalhaens Peyxoto
62 09/09/1770 Casado com Micaella Jozefa da Sylva
Capella de Nossa Senhora do Terço... levado na tumba das almas.
Com todos os sacramentos
por mym e da cruz da fábrica, e de todos os sacerdotes que se achavam nesta villa e de sua ordem Terceyra e das cruzes do Santissimo
Amortalhado no hábito de Sam Francisco
Fez testamento
Sacramento e a das almas
46 Escolástica Soares do Valle
60 24/03/1771 Casada com o Sargento Mor Simam Gonçalves de Andrade
Nesta Igreja Matriz, Junto as grades em huma sepultura dos Irmaos de Nossa Senhora da Lux porq tambem era Irmam da ditta Irmandade... levada na tumba das almas.
Com todos os sacramentos
por mym e da cruz da fábrica e as das mais Irmandades e da sua Ordem Terceyra e de todos os sacerdotes que se achavam nesta villa
Amortalhado no habito de S. Francisco
Nam fez testamento
47 Francisca de Albuquerque
38 23/04/1771 Casada com Henrique Ferreyra de Barros
Capella de Nossa Senhora do Terço porq hera terceyra ... levada na tumba das almas de
Morreo sem os sacramentos
por mym e da cruz da fábrica e da Irmandade da Ordem Terceyra e das cruzes das Irmandades
Amortalhada no hábito de S. Francisco, levado na tumba das almas
Nam fez testamento
quem também era Irmam
e de todos os Padres q se acharam nesta villa
48 Pedro 8 11/06/1771 Filho de Joze Teyxeyra
Logo para baixo da porta travessa
Morreo só com o sacramento do baptismo
por mym e da cruz da fábrica
49 Anna Martins das Neves
70 02/07/1771 viúva Junto as grades Em huma sepultura dos irmãos de nossa Senhora da Lux... levado no esquife do Rosário...por nam caber em nenhuma das outras tumbas
Com todos os sacramentos
por mym e do Padre coadjutor... tambem acompanhou a cruz da fábrica e todas as mais das Irmandades q há na Igreja
amortalhada o no habito de S. Francisco
Nam fez testamento
50 Maria Luiz de Sequeyra
70 25/08/1771 Viúva de Fellipe de Santiago
Junto aos bancos... Levado no esquife do Rosário de
Sem sacramentos por mym e do reverendo Coadjutor e da cruz da
Nam fez testamento nem tinha de q por ser mto
quem hera Irmam
fabrica e da do Rosário
pobre
51 Joam 01 m
28/08/1771 Engeitado q se criava em casa do Licenciado Joaclym Joze Alvres
Junto á torre
Só com o sacramento do Batismo
por Mym e da cruz da fábrica
52 Antônio 01 05/09/1771 Filho de Joze Gonçalves Chavez
Junto á torre
Só com o sacramento do Batismo
por mym e da cruz da fabrica
53 Izabel de Borba Pontes
35 15/10/1771 Casada com o doutor Lourenço Ribeyro de Andrade
Das grades para cima... levada na tumba das almas de quem hera Irmam
Com os Sacramentos
por mym e da cruz da fabrica, e da Ordem Terceyra com sua cruz e das cruzes das Irmandades
Amortalhado no habito de nosso Padre S. Francisco... Fiz-lhe um officio de sepultura com musica e todos os Padres q se acharam nesta villa
54 Antônio Rodrigues Lisboa
60 22/10/1771 Sepultura dos Irmãos de Santo Antônio, segunda para baixo
Com os Sacramentos
por mym e da cruz da fabrica e a de Santo Antônio
Nam fez testamento por ser mto pobre
das grades... Levado no esquife do Rosário
55 D. Maria de Lemos Conde
60 08/11/1769 Capela-mor da Capela de Santa Barbara do Pitanguy
Com todos os sacramentos
Fez seo testamento
56 Maria 15 dias
16/02/1772 Filha de Sebastiam de Moura
Junto a torre
só com o Sacramento do Batismo
por mym e da cruz da fabrica
57 Gertrudes 2 m 05/03/1772 Filha de Manoel Machado de Oliveyra
Junto á torre
Só com o sacramento do Batismo
por mym e da cruz da fabrica
58 Joanna Gracia 85 03/04/1772 Viuva de Sebastiam dos Santos Pereyra
Em huma das sepulturas dos irmãos de Nossa Senhora da Lux, junto a de seu marido, junto as grades, levado na
Com todos os sacramentos
por mym e dos sacerdotes que se acharam nesta villa e da Ordem Terceyra e da cruz da fabrica e das Irmandades
Amortalhada no habito de S. Francisco
Fez testamento
tumba das almas
de que era irmã
59 Miguel Fernandes de Sequeyra
90 19/07/1772 Junto ao confessionário da parte esquerda ... Levado no esquife do Rosário por ser irmam
Com os sacramentos
pelo Reverendo Coadjutor
Nam fez testamento por ser mto pobre
60 Bernardo Joze Ferreyra
40 28/05/1772 Casado com Escolástica Maria
Para baixo das portas travessas... Levado na tumba da fabrica
Com os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica e da do Santíssimo
Nam fez testamento nem tinha de q
61 Joam Cardozo Leyte
63 18/09/1772 Viuvo Logo para baixo da porta travessa... Levado na tumba da fabrica
Sem os sacramentos por mym e da cruz da fabrica
62 Simam da Costa Collaço
75 21/10/1772 Para baixo das grades em huma sepultura da Irmandade de Santo
Com os sacramentos
por mym e da cruz da fabrica
Nam fez testamento por ser mto pobre
Antônio... Levado na tumba da fabrica
63 Luiz Ferreyra de Araújo
21/10/1772 Dei sepultura aos ossos enterrados nos Campos Geraes...Para baixo das grades
Sem sacramentos por mym e da cruz da fabrica
64 Joze Palhano de Azevedo
90 23/10/1772 Junto ao confessionário, da parte do evangelho... Levado na tumba das almas
Com os sacramentos
por mym e da cruz das almas
Sem testamento por ser mto pobre
65 Joam 12 hrs
24/10/1772 Filho de Manoel Palhano
Dentro na Igreja Junto com Joze Palhano
66 Domingos Dias Braga
40 12/11/1772 Casado com Margarida Fernandes Reys
Junto as grades em uma sepultura
Com os sacramentos
por mym e da cruz da fabrica e da do
Nam fez testamento por ser pobre
dos Irmãos de Nossa Senhora da Lux... Levado na tumba das almas
Santíssimo e da de Santo Antônio
67 Antônio Fernandes de Sequeyra
90 04/12/1772 Casado com Catharina de Sequeyra Cortes
Junto as grades em uma sepultura dos Irmãos de Nossa Senhora da Lux... Levado na tumba das almas de quem hera irmam
Com os sacramentos
por mym e da cruz da fabrica e da de Nossa Senhora da Lux e da de Santo Antônio e das almas
Nam fez testamento por ser pobre
68 Antônio 14 dias
19/12/1772 Filho de Joam Esteves
Junto a porta principal
Só com o Batismo por mym e da cruz da fabrica
69 Francisco 24 hrs
23/12/1772 Filho de Jeronimo Correa da Costa, genro de Pedro Rodrigues
Junto a torre
Só com o Batismo por mym e da cruz da fabrica
70 Izabel Antunes
90 10/04/1773 Para baixo da porta travessa
Com os Sacramentos
por mym e da cruz da fabrica
Nam fez testamento porq era mto pobre
71 Manoel 5 m 16/04/1773 Filho de Antônio Rodrigues da Sylva, neto de Amaro Teixeyra
Junto a torre
Só com o Batismo por mym e da cruz da fabrica
72 Antonia de Padua
21 30/04/1772 Filha de Miguel Gonçalves Lima e de Maria Paes dos Santos
Ao pé das grades da parte para dentro... levada em um caixão sem tumba
Somente com o Sacramento da Penitencia
por mym e pelo reverendo Coadjutor e da cruz da fábrica e da Ordem Terceyra com sua cruz e as mais das Irmandades
73 Joanna 2 m 30/04/1773 Filha de Joana Pereyra, nora de Miguel Fernandes
Junto a torre
Só com o Sacramento do Batismo
por mym e da cruz da fabrica
74 Escolástica 1 mês
31/05/1773 Filha de Francisco Luiz de Oliveyra
Junto à torre
Só com o Sacramento do Batismo
por mym e da cruz da fabrica
75 Francisco da Cunha Alvarenga
50 09/06/1773 Casado com Sebastiana Alvres
Junto a porta travessa
Com os Sacramentos
por mym e do Reverendo Coadjutor e da cruz da fabrica
Nam fez testamento por ser mto pobre
76 Maria Rodrigues França
40 15/06/1773 Casada com Affonço de Macedo
Capella de Nossa Senhora do Terço... levado na tumba da dita ordem 3ª
Com os Sacramentos da Penitencia e Eucaristia
com a sua Ordem Terceyra com a sua cruz, a de Nossa Senhora da Lux, a do Santíssimo Sacramento, a das almas... acompanhado por mim e dos padres que se acharam na villa
Nam fez testamento
77 Bento Gonçalves Coutinho Nobre
80 17/09/1773 Casado com Maria Antunes
Capella de Nossa Senhora do Terço... levado na
Sem os Sacramentos
por mym e de todos os sacerdotes que se achavao
Amortalhado no hábito de S. Francisco ... fez-lhe um
Fez seu testamento... morreo enforcado
tumba da mesma Ordem Terceyra - enterro aconteceu dia 18/09/1773
nesta villa e das cruzes q pedia em seu testamento
oficio de nove liçoes de Corpo Presente a que assistiram sinco sacerdotes comigo e a musica desta vila
78 Manoel Correa
40 03/12/1773 Casado com Luzia de Freytas
Para baixo das portas travessas
Com todos os sacramentos
por mym e da cruz da fabrica
Nam fez testamento por ser mto pobre
79 Luzia Velloza 90 20/12/1773 Viuva de Manoel Pinto do Rego
Para baixo das portas travessas
Com todos os sacramentos
por mym e da cruz da fabrica
Nam fez testamento por ser mto pobre
80 Joachym 9 25/12/1773 Filho de Pedro de Sequeyra Cortes
Para baixo das portas travessas... levado na tumba da fábrica
Sem os Sacramentos porq de repente
por mym e da cruz da fabrica
81 Maria do Couto
80 27/12/1773 Viuva de Manoel Peres
Defronte da porta travessa... Levado no
Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-unção
por mym e da cruz da fabrica e da do Rosário
Nam fez testamento por ser pobre
esquife do Rosário
por ser Irma da dita Irmandade
82 Joze Antônio Alvres Figueyredo Mouram (Alferes)
28/12/1773 Capela de Nossa Senhora do Terço
Com todos os Sacramentos
por mym e da cruz da fabrica, da Ordem Terceira e sua cruz
83 Manoel 08 23/01/1774 Filho de Manoel Rodrigues Seyxas
Logo para cima da porta travessa... levado no esquife do Rosário
Sem os Sacramentos por que de repente
por mym e da cruz da fabrica
84 Izabel Cordeyro
60 15/02/1774 Casada com Salvador Martins
Para baixo das portas travessas
Com todos os Sacramentos
por mym e da cruz da fabrica
Nam fez testamento por ser mto pobre
85 Anastacia 15 18/02/1774 Filha de Francisco Fernandes Sarayva
Capela de Nossa Senhora do Terço por serem os pais terceyros
Sem os Sacramentos porq a trouxeram morta do mato
por mym e da cruz da fabrica e da Irmandade Terceira com sua cruz
86 Salvador Martins Leme
70 09/03/1774 Viuvo de Izabel
Para baixo das portas
Com todos os Sacramentos
por mym e da cruz da
Nam fez testamento
Cordeyra travessas... Levado na tumba da fabrica
fabrica por ser mto pobre
87 Francisco 1 11/04/1774 Filho de Joachym Joze Alvres
Para cima das grades, defronte do Altar de Santo Antônio
Só com o Sacramento do Baptismo
por mym e da cruz da fabrica e da do Santíssimo
88 Antônio 2 m 04/05/1774 Filho de Andre Corcino
Junto a torre
Só com o sacramento do baptismo
por mym e da cruz da fabrica
89 Maria de Jesus 70 07/05/1774 Filha de Manoel de Lima Pereyra
Logo para baixo das portas travessas... Levado no esquife do Rosário
Sem os Sacramentos
por mym e da cruz da fabrica e da das almas
Nam fez testamento por morrer de repente
90 Anna de Alvarenga
80 16/06/1774 Viuva de Joam Martins de Assumçam
Para sima das portas travessas... Levado na tumba da fabrica
Com os Sacramentos
por mym e da cruz da fabrica
Nam fez testamento por ser pobre
91 Luiz Palhano 94 29/06/1774 Para baixo das portas travessas...
Com todos os sacramentos
por mym e da cruz da fabrica e
Nam fez testamento por ser
Levado na tumba das almas
das almas mto pobre
92 Maria do Valle
70 28/09/1774 Viuva de Antônio de Andrade
Para cima das grades... levado na tumba da dita Ordem
Com todos os sacramentos
por mym e da Ordem Terceyra e da sua cruz de que hera Irma ...e com as cruzes de Nossa Senhora e a das Almas e a de Santo Antônio
Nam fez testamento
93 Miguel Rodrigues Rybas (Capitão)
80 15/11/1774 Junto ao arco da Capela Mor... levado na tumba da fábrica
Com todos os Sacramentos
por mim e dos mais sacerdotes q se acharam na villa, e da cruz da fabrica e da Ordem Terceira e das mais cruzes das Irmandades q há na
Fiz-lhe um oficio de nove liçoes a que assistirao o Mestre da Capela com seus músicos com o Reverendo Coadjutor e o
Nam fez testamento
Igreja Reverendo Vigario de S. Joze
94 Maria da Costa
70 21/01/1775 Para baixo das portas travessas... levada no esquife do Rosário
Com todos os sacramentos
por mym e da cruz da fabrica
Nam fez testamento por ser mto pobre
95 Maria 3 23/01/1775 Filha de Bento Ribeyro Cubas
Junto a torre
Só com o Batismo por mym e da cruz da fabrica
96 Izabel 6 19/02/1775 Filha de George de Souza
Para baixo das portas travessas... Levado na tumba da fabrica
Só com o Batismo porq não era capaz dos mais
por mym e da cruz da fabrica
97 Manoel 6 m 22/02/1775 Filho de Jose Gonçalves
Junto a torre
So com o Sacramento do Batismo
por mym e da cruz da fabrica
98 Ignacio 4 m 25/02/1775 Filho de Salvador Soares
Junto a torre
Só com o Sacramento do Batismo
por mym e da cruz da fabrica
99 Ritta 03 25/02/1775 Filha de George de Souza
Junto a torre
Só com o Sacramento do Batismo
por mym e da cruz da fabrica
100 Francisca 05 26/02/1775 Filha de Pedro de Souza Leal
Para cima das
Só com o Batismo por mym e da cruz da
grades... Levado na tumba da fabrica
fabrica
101 Maria 03 03/03/1775 Filha de George de Souza
Junto a torre
Só com o sacramento do Batismo
por mym e da cruz da fabrica
102 Salvador 2 dias
07/03/1775 Filho de Antônio Esteves ?
Junto a porta principal
Só com o Sacramento do Batismo
por mym e da cruz da fabrica
103 Escolástica 05 07/03/1775 Filha de George de Souza
Junto a porta principal
Só com o Sacramento do Batismo
por mym e da cruz da fabrica
104 Ricardo 02 19/06/1775 Filho de João ? Jose Alvres
Capela de Nossa Senhora do Terço por serem seus pais Irmaos
Só com o Sacramento do Batismo
pelo Rdº Vigário da vara e da cruz da fabrica
105 Joam da Costa 22 25/07/1775 Filho de Baltazar da Costa Pinto
Junto ao arco da Capela Mor
Com todos os Sacramentos
por mym e da cruz da fabrica e dos padres q se acharam na villa
Fez-lhe um Ofício de nove lições
106 Maria 50 24/08/1775 Filha de Joze Niculao Lisboa
Junto aos bancos... levada na
Com os Sacramentos
por mym e da cruz da fabrica
tumba das almas
107 Maria do Terço de Jesus
30 15/09/1775 Casada com Joam da Rocha Dantas
Capela de Nossa Senhora do Terço... Levada na tumba da Ordem Terceyra
Com todos os Sacramentos
por mym e da cruz da fabrica e a da Ordem Terceyra e de todos os sacerdotes q se achavam na vila
Não fez testamento
108 Manoel Gomes de Matos
50 16/09/1775 Casado com Joanna Cardoza
Capela de Nossa Senhora do Terço... Levado na tumba das almas de que era irmão e da Ordem Terceira
Sem os Sacramentos porq de repente
por mym e da cruz da fabrica
Não fez testamento por ser pobre
109 Manoel Martins
25 17/09/1775 Casado com Luzia Rodrigues Xavier
Para baixo das portas travessas
Só com o Sacramento da Penitencia porq estava sem os Santos Óleos
por mym e da cruz da fabrica
Não fez testamento nem tinha de q
110 Ignacio 1 m 06/10/1775 Filho de Salvador
De fronte do púlpito
Somente com o Sacramento do
por mym e da cruz da
Nunes de Aguiar, genro de Joam Pires
Batismo fabrica
111 Trifonio Cardozo Pazes
70 14/10/1775 Casado com Escolástica Benta ?
Capella de Nossa Senhora do Terço... levado na tumba da ordem terceira
Com todos os sacramentos
pelo Reverendo Vigário da Vara e pello Reverendo Padre Coadjutor Frei Manoel
Fez-lhe um Oficio de Nove Liçoes com os músicos e os Padres que haviam nesta vila... amortalhado no seu próprio hábito da Ordem Terceira... ao enterro e Oficio asistirao todas as cruzes das Irmandades q há na Igreja.
Fez seu Solene testamento
112 Manoel 05 15/10/1775 Filho de Antônio da Sylva Leme
Junto a porta principal
Só com o sacramento do Batismo
por mym e da cruz da fabrica
113 Joam Palhano 30 09/11/1775 Para baixo Com os por mym e Não fez
das grades em uma sepultura dos Irmaos de Santo Antônio... na tumba das almas
sacramentos da cruz da fabrica
testamento por ser pobre
114 Eugenia 05 16/06/1769 Dentro na Igreja
Só com o batismo porq não hera capaz dos mais
por mim e da cruz da fábrica
Escrava do Doutor Antonio dos Santos
115 Maria Rodrigues
80 17/06/1769 Dentro na Igreja
Sem os sacramentos porq me nam chamaram para lhos administrar nem a doença deu lugar para isso porq morreo de repente
por mim e da cruz da fábrica
Administrada de Gaspar Carrasco
116 Agapito
30 19/06/1769 Junto a torre
Com os sacramentos
por mim e das cruzes da fábrica e do Rosário
Levado no esquife de Nossa Senhora do Rosário de quem hera irmao
Escravo do Ldº Joze Alvres
117 Manoel Gracia 40 11/07/1769 Casado com Domingas
Para baixo da porta
Com os sacramentos
por mim e da cruz da
Não fez testamento
Paes travessa fábrica nem tinha de que
118 Salvador 17 dias
10/08/1769 Filho de Manoel Gonçalves do Rosário, filho de Clemente Gonçalves
Junto a porta principal
Só com o batismo por mim e da cruz da fábrica
119 Anastácio de Ramos
50 22/08/1769 Casado com Ritta Rodrigues
Junto a torre
Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq no citio onde morreo não tinha caza capaz aonde se dizer missa para se lhe administrar o Sacro Viático
por mim e da cruz da fábrica
Não fez testamento por ser mto pobre
120 Maria 40 24/09/1769 Casada com Clemente
Dentro na Igreja
Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq a doença não deu lugar para mais
por mim e das cruzes da fábrica e do Rosário
Levada no esquife do Rosário por ser irma da dita Senhora
Escravos de Manoel Vas Torres
121 Antonio Rodrigues
70 29/09/1769 Dentro na Igreja
Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção, porq como lhe deu
por mim e das cruzes da fábrica e do Rosário
Levado no esquife de Nossa Senhora do Rosário de
Não fez testamento
um estupor não estava com juizo capaz de receber o Sacro Viático
quem hera Irmam
122 Leandro 30 29/09/1769 Filho de Manoel Teyxeyra
Dentro na Igreja
Sem os sacramentos porq me nam chamaram para lhos administrar e dizem q nam tiveram tempo para isso porq morreo de huma postema que lhe rebentou de repente
por mim e da cruz da fábrica
123 Francisco Bonete de Sequeyra
30 30/09/1769 Casado com Maria Luis dos Santos
Para baixo da porta travessa
Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq nam deu lugar para mais por morrer apressadamente de uma mordedura de cobra
por mim e da cruz da fábrica
Não fez testamento
124 Manoel 10 dias
03/10/1769 Filho de Miguel Cardozo
Dentro na Igreja
Só com o batismo por mim e da cruz da fábrica
125 Manoel 08 dias
05/10/1769 Filho de Francisco
Junto a porta
Só com o batismo por mim e da cruz da
Fernandes Leme
principal fábrica
126 Joam 15 dias
07/10/1769 Filho de Joze Valente
Junto a porta principal
Só com o batismo por mim e da cruz da fábrica
127 Salvador de Candia
80 23/10/1769 Casado com Anna Leyte
Junto a porta principal
Sem os sacramentos porq me nam chamaram para lhos administrar e disseram q morreo de repente
por mim e da cruz da fábrica
Nam fez testamento por ser mto pobre
128 Maria Pereyra 40 05/11/1769 Casada com Andre da Sylva
Para baixo das portas travessas
Com os sacramentos
por mim e da cruz da fábrica
Não fez testamento por ser muito pobre
129 Laureano de Castilho
40 12/11/1769 Casado com Maria Rodrigues
Para baixo das portas travessas
Somente com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção por não dar o tempo lugar para mais porq morreo apressadamente de huma mordedura de cobra
por mim e das cruzes da fábrica e do Rosário
Levado no esquife do Rosário por ser Irmao da Irmandade do Rosário
Não fez testamento por ser pobre
130 Anna 4 m 12/11/1769 Filha de Miguel da Costa Collaço
Para baixo das portas travessas
Só com o batismo por mim e da cruz da fábrica
131 Salvador de Freytas
80 18/11/1769 Casado com Anna Nunes
Logo para cima da porta travessa
Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção por não dar o tempo lugar para mais
por mim e das cruzes da fábrica e do Rosário
Levado no esquife do Rosário de quem hera irmao
Não fez testamento por ser mto pobre
132 Antonio 3 m 20/11/1769 Filho de Thomé Rodrigues Paes
Junto aos bancos
Só com o batismo por mim e da cruz da fábrica
133 Jozefa 30 28/11/1769 Adro Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq quando chamaram para lhe administrar morreo logo
por mim e da cruz da fábrica
Escrava de Maria Chaves
134 Maria 3 m 29/11/1769 Filha de Manoel Gomes de Oliveyra
Capela de Nossa Senhora do Terço
Só com o batismo
135 Domingos Bicudo
70 02/12/1769 Carijó casado com Thomazia
Dentro na Igreja
Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq na Rossa onde morreo não tinha caza capaz aonde se
por mim e das cruzes da fábrica e do Rosário
Levado no esquife do Rosário por ser Irmao
Administrado de Vitorino Teyxeyra
dizer missa para lhe administrar o Sacro Viático
136 Joana 4 m 06/12/1769 Engeitada q se criava em casa de Miguel Vellozo
Junto a torre
Só com o batismo
137 Joze 10 dias
10/12/1769 Filho de Joze Alvres
Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fábrica
138 Francisco 8 dias
13/12/1769 Filho de Simam de Oliveira Palhano
Junto a torre
Só com o batismo
139 Dionizio Alvres
50 15/12/1769 Casado com Joana Gonçalves
Junto a porta travessa
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fábrica
Levado no esquife de Nossa Senhora do Rosário por ser Irmao da sua Irmandade
Não fez testamento porq hera muito pobre
140 Luzia de Mendonça
50 18/12/1769 Viuva de Luiz de Brito
Junto a porta principal
Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq na Roça aonde morreo nam tinha casa capaz aonde se
dizer missa para se lhe administrar o Sacro Viático
141 Miguel Rodrigues da Cunha
09/03/1770 Casado com Juliana Ferreyra
Para baixo das portas travessas
Sem sacramentos pelo Padre Manoel da Cruz Lima por ter hido a uma confissam
Sem testamento por ser pobre
142 Leonor Nunes 70 13/03/1770 Junto a porta principal
Com os sacramentos da penitencia e Extrema-Unção por não ter casa na Rossa onde morreo casa capaz de nella se dizer a missa para lhe administrar o Sacro Viático
por mym e da cruz da fabrica
Não fez testamento por ser pobre
143 Antônio Dias Bicudo
70 20/04/1770 Junto a porta principal
Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção
por mym e da cruz da fabrica
Não fez testamento por ser pobre
144 Joam Nunes 60 29/04/1770 Junto aos bancos
Morreo sem os sacramentos porq estava louco perene sem ter nem hum instante de juízo
por mym e d cruz da fabrica
Não fez testamento porq hera mto pobre
145 Joam 15 06/06/1770 Filho de Maria Para baixo Sem sacramentos por mym e
Pires das portas travessas
porq de repente de alguma dor
da cruz da fabrica
146 Antonia Leme 35 21/06/1770 Casada com Ignacio Fernandes
Junto a porta travessa
Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção, porq morava na Rossa aonde não tinha casa capaz de dizer missa para lhe administrar o Sacro Viático
por mym e da cruz da fabrica
Não fez testamento por ser mto pobre
147 Paulo Cardozo 30 30/06/1770 Casado com Luzia Rodrigues
Para baixo das portas travessas
Só com o sacramento da Penitencia porq me chamaram andando em outras confissoens e nam trazia os santos óleos
por mim e da cruz da fabrica
Não fez testamento por ser mto pobre
148 Francisco 8 m 16/07/1770 Francisco Martins Lustoza - pai
Junto á torre
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
Escravo de Maria do Rosário, filha do Guarda-mor Francisco Martins
Lustoza
149 Maria 30 24/07/1770 Filha de Antônio Rodrigues Side
Capela de Nossa Senhora do Terço da Ordem Terceira por ser Irmam da dita Ordem
Com os sacramentos
por mim e da dita ordem e da cruz da fabrica
150 Antônio 03 26/07/1770 Para baixo da porta travessa
Somente com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica e da Irmandade do Rosário
151 Joam 03 18/08/1770 Filho de Joachym Ferreyra
Junto a torre
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
152 Joam 24 hrs
19/08/1770 Filho de Andre Corsino
Junto a torre
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
153 Ignacio 20 29/08/1770 Adro Sem os sacramentos porq me nam chamaram para lhos administrar e por saber que morreo de repente
por mim e da cruz da fabrica
Escravo de Joam Pires de Santiago
de huma dor 154 Escolastica 2 m 10/09/1770 Filha de
Plácido Ribeiro
Junto a torre
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
155 Francisca 04 11/09/1770 Filha de Manoel Nunez
Junto a torre
Só com o batismo porq nam hera capaz dos mais
156 Maria 1 ano
21/11/1770 Filha de Manoel Rodrigues
Junto a porta principal
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
157 Thomazia 24 hrs
10/12/1770 Filha de Manoel Antunes Paraty
Junto a torre
Só com o sacramento do batismo
158 Innes Fernandes
50 12/12/1770 casada com Joam das Neves Pedrozo
Junto aos bancos
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Mulata forra
159 Joze 8 dias
14/12/1770 Filho de Joze Soares, genro de Joam Machado Castanho
Junto aos bancos
Só com o sacramento do batismo
da cruz da fabrica
160 Joze 8 dias
14/12/1770 Junto a torre
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
Escravo de Francisco Marques Lameyra
161 Ignacio 30 28/01/1771 Para baixo Somente com os por mim e Escravo
dos bancos sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq logo ficou sem fala e sem juízo
da cruz da fabrica
do Reverendo Padre Frey Joam Monteiro da cidade de Sam Paulo
162 Francisca 02 15/02/1771 Filha de Gonçalo da Sylva
Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
163 Joam Rodrigues Machado
50 04/03/1771 Casado com Maria Pedroza
Junto a porta travessa
Com todos os sacramentos
pelo Reverendo Padre Coadjutor e da cruz da fabrica
Não fez testamento por ser mto pobre
164 Luzia 25 14/03/1771 Bastarda casada com Salvador Fernandes
Para baixo da porta travessa
Com os sacramentos
pelo Padre Coadjutor
Não fez testamento por ser mto pobre
165 Salvador 05 24/04/1771 Filho de Joam da Costa
Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
166 Pedro 60 20/05/1771 Casado com Sebastiana
Junto aos bancos
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica e da Irmandade do Rosário
Forro que foi escravo de Sebastiam Gonçalves
com sua cruz por ser Irmam
Loppes... não fez testamento nem tinha de que
167 Sebastiana 70 25/07/1771 Mulata forra viuva de Pedro
Junto a porta principal
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica...levada no esquife do Rosário por ser Irmam da dita Irmandade
Não fez testamento por ser mto pobre
168 Domingos 07 07/08/1771 Filho de Salvador Tavares, do Rio de S. Francisco
Junto a porta principal
Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção por nam ser ainda capaz de comungar
por mim e da cruz da fabrica
169 Esperança 2 m 10/09/1771 Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
Escrava de Maria Paes dos Santos, viuva de Miguel Gonçalves Lima
170 Dionizio 20 16/09/1771 Junto aos Com todos os por mim e Escravo
bancos sacramentos da cruz da fabrica
de Jose Francisco Correa
171 Maria 1 ano
19/09/1771 Filha de Miguel Luiz de Oliveyra
Junto a porta travessa
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
172 Antônio 30 15/10/1771 Filho de Sebastiam Leme
Para baixo da porta travessa
Sem os sacramentos porq nam chamaram quem lhos administrar
por mim e da cruz da fabrica
173 Joze 08 16/10/1771 Adro Com os sacramentos da Penitencia e Extrema – Unção porq nam era capaz de lhe administrar o Sacro Viático
por mim e da cruz da fabrica
Escravo de Francisco Rodrigues Cascaes
174 Antônio Peres 45 24/12/1771 Casado com Maria Carvalho
Para baixo da porta travessa... Levado no esquife do Rosário por ser irmao
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Não fez testamento por ser mto pobre
175 Escolastica 20 dias
18/01/1772 Filha de Salvador Gonçalves, de Tinquiquera
Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
176 Francisco 6 m 29/02/1772 Engeitado q se Junto a por mim e
criava em casa de Antonia Rodrigues do Prado, viuva de Marcello Pereyra
torre da cruz da fabrica
177 Quiteria 2 m 29/09/1772 Filha de Joam Esteves
Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
178 Estevam 2 m 12/03/1772 Filho de Manoel Martins, q se criou em casa de Salvador Martins, de Tatuquara
Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
179 Sebastiam Ferreyra
80 06/04/1772 Junto a porta principal
Com os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Não fez testamento por ser mto pobre
180 Luiz 50 29/05/1772 Nesta Igreja... Levado no esquife de Nossa Senhora do Rosário por ser irmao da ditta
Com os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica e da do Rosário
Escravo de Antonio Fernandes de Sequeyra
Irmandade 181 Anna do
Couto 80 31/05/1772 Junto a
porta principal
Com os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Não fez testamento por ser mto pobre
182 Maria 70 26/06/1772 No canto da parte direita, junto a parede
Com os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Administrada q foi de Pedro Dias Cortes
183 Francisco Cardozo
70 28/07/1772 Casado com Romana Alvres
Junto a porta principal... Levado no esquife do Rosário
Com os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Não fez testamento por ser mto pobre
184 Escolastica 12 05/09/1772 Filha de Francisco da Cunha Alvarenga
Para baixo das portas travessas... Levada na tumba da fabrica
Com os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
185 Felype Gonçalves
60 27/09/1772 Adro Com os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Não fez testamento por ser mto pobre
186 Joam 03 05/10/1772 Filho de Lourenço de Almeida, da
Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
Borda do Campo
187 Izabel 40 02/11/1772 Para baixo da porta travessa... Levada no esquife do Rosário por ser irmam
Com os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica e da do Rosário
Escrava de Antonio do Loureyro Caçam
188 Manoel Ribeiro Bojam
35 05/11/1772 Bastardo casado com Joana Leite
Para baixo das portas travessas
Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq na Roça não tinha casa capaz de dizer missa nella para se lhe administrar o Sacro Viático
por mim e da cruz da fabrica
Não fez testamento por ser mto pobre
189 Maria 04 09/11/1772 Filha de Januario de Sequeira
Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
190 Antônio de Oliveyra
30 26/01/1773 Casado com Nataria Pereyra, ambos bastardos
Junto aos bancos
Com todos os sacramentos
por mim e do Reverendo Coadjutor e da cruz da fabrica
Não fez testamento por ser mto pobre
191 Maria 3 22/02/1773 Filha de Das grades Só com o batismo por mim e
dias Antônio Joze Ferreyra
para cima da cruz da fabrica
192 Maria 35 02/03/1773 casada com Francisco das Neves
Adro Sem sacramentos porq morreo de repente da picada de huma cobra
por mim e da cruz da fabrica
Mulata forra
193 Joam 1 dia
09/03/1773 Filho de Pedro Bicudo, do Rio Verde
Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
194 Gonçallo 20 22/03/1773 Filho de Sebastiam de Ramos
Perto da porta principal
Sem os sacramentos porq morreo da queda de um cavalo
por mim e da cruz da fabrica
195 Benedito 24 hrs
22/03/1773 Perto da porta principal
Com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
Escravo da fazenda que foi dos Padres da Companhia
196 Eugenia Luiz de Ramos
30 23/03/1773 Casada com Ignacio Rodrigues Paes
Junto aos bancos
Com os sacramento por mim e da cruz da fabrica
Não fez testamento por ser pobre
197 Roza 1 ano
25/03/1773 Filha de Lourenço de Almeida
Junto a torre
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
198 Joachym 8 dias
22/04/1773 Filho de Germano de Sequeira
Junto a torre
Com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
199 Pedro 4 m 07/07/1773 Filho de Antônio Esteves Bicudo
Junto a torre
Com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
200 Joze 1 m 16/08/1773 Filho de Angelo Luiz, de Botiatuba
Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
201 Maria 25 17/09/1773 Adro Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq a doença não deu lugar para mais
por mim e da cruz da fabrica
Escrava do Ldº Joachym Joze Alvres
202 Abraham 1 m 26/09/1773 Junto a torre
Com o batismo por mim e da cruz da fabrica
Escravo de Boaventura Pereyra
203 Annastacio 04 27/09/1773 Junto aos bancos
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
Escravo do Ldº Joachym Joze Alvres
204 Joam 4 m 22/10/1773 Filho de Gonçalo Rodrigues, genro de Joam Pacheco
Junto a torre
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
205 Anna Nunes 90 24/10/1773 Bastarda viuva de Salvador de
Para baixo das portas
Com os sacramentos da
por mim e da cruz da
Não fez testamento
Freitas travessas Penitencia e Extrema-Unção, porq a casa em q morava nam hera capaz de se levantar altar para se lhe administrar o Sacro Viático
fabrica por ser mto pobre
206 Salvador de Ramos
70 26/10/1773 Casado com Izabel Ribeyra Cardoza
Para baixo das portas travessas
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Não fez testamento por ser mto pobre
207 Maria 15 19/12/1773 Adro Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq quando chamaram para lhes administrar já não estava capaz para mais
por mim e da cruz da fabrica
Escrava de Francisco Justo
208 Sebastianna 90 20/12/1773 Para baixo das portas travessas
Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq aonde se lhe administraram nam se podia levantar altar para lhe dar o
por mim e da cruz da fabrica
Administrada q foi de Antonio Fernandes de Sequeyra
Sacro Viático 209 Bonifacio 70 03/01/1774 Junto a
porta principal
Com os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Administrado de Paulo de Chaves
210 Paulo 80 09/01/1774 Adro Com os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Escravo de Joam Correa
211 Josefa 80 10/01/1774 Junto a porta principal
Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq na Rossa aonde morreo nam havia caza capaz de dizer missa para se lhe administrar o Sacro Viático
por mim e da cruz da fabrica
Administrada de Joam Baptista de Castilho
212 Salvador 02 07/02/1774 Junto a torre
Só com o batismo Escravo de Francisco de Linhares
213 Joam 8 dias
07/02/1774 Junto a torre
Só com o batismo Escravo de Sebastiam Alvres de Araujo
214 Anna 3 m 08/02/1774 Filha de Maria Junto a Só com o batismo
Evangelista, viuva de Marçal Luis
torre
215 Ritta 15/02/1774 Dei sepultura eclesiastica aos ossos... foram enterrados na Igreja junto a torre
Acompanhado por mim e da cruz da fabrica
Escrava do Guarda Mor Francisco Martins Lustoza
216 Bernarda 25 18/02/1774 Casada com Antônio, escravo do ditto Licenciado
Adro Com os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Escrava do Ldº Joachym Joze Alvres
217 Appolonia Leyte
30 19/02/1774 Casada com Sebastiam Luiz, ambos bastardos
Junto a porta principal
Somente com o sacramento da Penitencia porq quando o fui confessar nam estava muito mal e nam me chamaram para lhe administrar os mais sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Não fez testamento por ser pobre
218 Antônio 1 mês
22/02/1774 Neto de Thereza Alvres, do
Junto a torre
Morreo com o batismo
por mim e da cruz da fabrica
descuberto da Lustoza
219 Jozé 6 m 12/04/1774 Filho de Sebastiana, administrada de Manoel dos Santos Lisboa
Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
220 Manoel 2 m 23/04/1774 Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
Escravo de Maria do Rosário, filha do Guarda-mor Lustoza
221 Ritta 30 23/05/1774 Bastarda filha de Manoel Gracia
Para baixo das portas travessas... Levada no esquife do Rosário, de quem hera irmam
Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq na Rossa aonde morreo não tinha casa capaz aonde se pudesse dizer missa para lhe administrar o Sacro Viático
por mim e da cruz da fabrica e da do Rosário
222 Antônio 1 mês
07/07/1774 Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
Escravo do Sargento-
mor Joam Baptista Dinis
223 Ignacia 06 22/08/1774 Adro Só com o batismo por nam ser capaz dos mais
por mim e da cruz da fabrica
Escravo de Joam Chrizostomo
224 Maria 2 dias
24/08/1774 Adro Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
Escrava de Francisco Marques
225 Anna 8 dias
24/08/1774 Filha de Manoel Leme, genro de Pedro Martins
Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
226 Maria 24 hrs
26/08/1774 Adro Morreo só com o batismo
por mim e da cruz da fabrica
administrada
227 Genoveva 6 m 27/08/1774 Adro Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
Escrava do Ldº Joachym Alvres
228 Joze Bicudo 70 24/09/1774 Junto as grades de comunhão
Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq na rossa aonde falesceo nam tinha casa capaz aonde se pudesse dizer
por mim e da cruz da fabrica
Não fez testamento por ser mto pobre
missa para lhe administrar o Sacro Viático
229 Salvador 1 mês
26/09/1774 Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
Escravo de El Rey, da fazenda da Borda do Campo
230 Francisco 40 26/09/1774 Adro Sem os sacramentos porq seu senhor estava em Paranagua e não havia quem me chamasse para lhos administrar
por mim e da cruz da fabrica
Escravo de Joam Baptista Pereyra
231 Francisco 18 29/09/1774 Junto aos bancos
Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq na Roça aonde morreo não havia caza capaz aonde se pudesse dizer missa para se lhe administrar o Sacro Viático
por mim e da cruz da fabrica
Escravo de Maria do Valle, viuva de Antonio de Andrade
232 Antônio Pinto 60 03/10/1774 Bastardo Junto aos bancos
Somente com o sacramento da Penitencia porq
por mim e da cruz da fabrica
Não fez testamento por ser
quando o fuy confessar não estava mto mal e depois nam me chamaram para lhe administrar os mais sacramentos
mto pobre
233 Paula 40 04/10/1774 Junto aos bancos
Com os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Administrada de Antonio Ribeyro do Valle
234 Anna Cleto 04 16/10/1774 Adro Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
Escrava de Izabel de Chaves
235 Joachym 2 m 19/10/1774 Filha de Josefa , filha de Luiz de Brito
Junto a porta principal
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica e San Christam
236 Joachym 02 25/10/1774 Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
Escravo de Antonio Teyxeyra
237 Mariana Nunes
40 23/11/1774 Bastarda, viuva de Antônio Gracia
Para baixo das portas travessas
Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq morreo na roça
Por mim e da cruz da fabrica
Fez-lhe o oficio de sepultura na forma do Ritual
Não fez testamento por ser mto pobre
aonde se nam podia dizer missa para se lhe administrar o Sacro Viático pela incapacidade do rancho
Romano tudo gratis pela sua pobreza
238 Antônio 40 24/11/1774 Para baixo das portas travessas... Levado no seu esquife do Rosário porq era irmao de Nossa Senhora do Rosário
Sem sacramentos porq morreo de repente de huma mordedura de cobra
por mim e da cruz da fabrica
Escravo de Pedro de Lima
239 Izabel 16 01/12/1774 Adro Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq quando chamaram para lhos administrar não houve tempo para mais
Escrava de Izabel de Chaves, irma de Paulo de Chaves
240 Jozé 1 ano
04/12/1774 Junto a torre
Com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
Escravo do Capitão Gaspar
Correa Leyte
241 Izabel 35 09/12/1774 Preta casada com Joze Leite
De fronte das portas travessas
Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq na roça aonde morreo não tinha casa capaz aonde se dizer missa para se lhe administrar o Sacro Viático
por mim e da cruz da fabrica
Não fez testamento por ser mto pobre
242 Vicente 05 14/12/1774 Filho de Joam Gonçalves Castelhano
Para baixo das portas travessas
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
243 Joanna 80 14/12/1774 Para baixo das portas travessas
Com os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Administrada do Capitão Antonio da Sylva
244 Francisca 1 mês
15/06/1775 Junto a torre
Só com o sacramento do Batismo
por mim e da cruz da fabrica
Escrava de Baltazar da Costa Pinto
245 Thereza 04 15/06/1775 Adro Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
Escrava do cirurgião Joachym Alvres
246 Luzia 80 10/08/1775 Sogra de Guilherme Valente
Para baixo dos bancos
Com os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
247 Teodozio 70 10/08/1775 Casado com Simoa
Para baixo dos bancos
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Escravos do Sargento-mor Joam Baptista Dinis
248 Duas crianças gêmeas
20/08/1775 Adro Com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
Escravas de Antonio Joze, genro de Joao da Costa
249 Joze de Freytas
30 27/08/1775 Casado com Jozefa de Mello, filha de Salvador Rodrigues
Junto a porta travessa
Sem os sacramentos porq o matou de repente hum seu cunhado na Roça
por mim com a cruz da fabrica
250 Ritta 50 27/08/1775 Junto a porta principal
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Escrava de Joam da Rocha
251 Agostinha de Goes
60 13/09/1775 Casada com Joam Vallente
Para baixo das portas travessas
Com os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Não fez testamento por ser pobre
252 Francisco 3 14/09/1775 Junto a Só com o batismo por mim e Escravo
dias porta principal
da cruz da fabrica
do Capitão Gaspar Correa Leyte
253 Joachym 15/09/1775 Adro Com os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Escravo do Escrivão da Ouvidoria
254 Francisca 05 21/09/1775 Filha de Germano de Sequeira
Para baixo das portas travessas
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
255 Manoel 24 hrs
23/09/1775 Filho de Diogo Pinto do Rego
Defronte das portas travessas
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
256 Antônio Palhano
60 02/11/1775 Bastardo, casado com Andreza
Para baixo das portas travessas
Com os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Não fez testamento por ser mto pobre
257 Thomé 25 07/11/1775 casado com Vitoria Fernandes, mulata forra
Junto a porta principal
Com os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Escravo da fazenda q foi de Dona Antonia
258 Maria 4 hrs
09/11/1775 Filha de Manoel Pereira, genro de Francisco da Cunha
Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
Alvarenga 259 Catharina 02 17/11/1775 Junto a
torre Só com o batismo por mim e
da cruz da fabrica
Escrava do Capitão Gaspar Correa Leyte
260 Vitoriana 2 m 26/11/1775 Filha de Manoel Leme
Junto a torre
Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica
261 Marta Gonçalves Teyxeyra
60 01/12/1775 Casada com Simam Fernandes
Para baixo das portas travessas
Com os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
ambos bastardos forros
262 Maria 03 08/12/1775 Filha de Bento de Freytas Pinto
Junto a torre
Só com o sacramento do batismo
por mim e da cruz da fabrica
263 Joana Ribeyro 50 24/12/1775 Casada com Antônio Luiz Tigre
Para baixo das portas travessas
Com todos os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica
Não fez testamento por ser mto pobre
264 Tiodozia 60 29/12/1775 Bastarda, viuva de Agostinho Fernandes
Para baixo das portas travessas
Com os sacramentos
por mim e da cruz da fabrica