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SIMONE CORRÊA GONÇALVES SEPULTAMENTO AD SANCTOS NA MATRIZ CURITIBANA: Divisão social no espaço sagrado (1760-1775) CURITIBA 2005 Monografia apresentada à disciplina de Estágio Supervisionado em Pesquisa Histórica, como requisito para conclusão da Graduação em História (Licenciatura e Bacharelado) pela Universidade Federal do Paraná. Orientador: Sérgio Odilon Nadalin

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SIMONE CORRÊA GONÇALVES

SEPULTAMENTO AD SANCTOS NA MATRIZ CURITIBANA: Divisão social no espaço sagrado (1760-1775)

CURITIBA

2005

Monografia apresentada à disciplina de Estágio Supervisionado em Pesquisa Histórica, como requisito para conclusão da Graduação em História (Licenciatura e Bacharelado) pela Universidade Federal do Paraná. Orientador: Sérgio Odilon Nadalin

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SIMONE CORRÊA GONÇALVES

SEPULTAMENTO AD SANCTOS NA MATRIZ CURITIBANA: Divisão social no espaço sagrado (1760-1775)

CURITIBA

2005

Monografia apresentada à disciplina de Estágio Supervisionado em Pesquisa Histórica, como requisito para conclusão da Graduação em História (Licenciatura e Bacharelado) pela Universidade Federal do Paraná. Orientador: Sérgio Odilon Nadalin

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Agradecimentos

Mas que o requisito para a conclusão da Graduação em História, este trabalho

ensinou-me a dividir os conhecimentos adquiridos, a discutir, a aprender, a ensinar e,

principalmente, a defender minhas idéias e meus valores. Os longos anos que passei

freqüentando a Universidade foram fundamentais para meu crescimento educacional e

pessoal, cujas adversidades foram vividas e sentidas de diferentes formas a cada novo

passo que dava em meu percurso acadêmico.

Como passo final em minha primeira jornada universitária, foi criteriosa a

escolha daqueles que queria ter ao meu lado, me incentivando e me apoiando. Nesse

sentido, gostaria de agradecer primeiramente aos meus familiares, pela ajuda e

compreensão necessárias nos momentos de maiores dificuldades. Em seguida, declaro

que foram de grande ajuda as palavras que obtive de meus amigos, em especial Talita

Lima, que compreenderam as minhas ausências e apoiaram as minhas decisões.

Agradecimento especial a minha colega Paula dos Santos Gusmão, que dividiu comigo

angústias e esperanças, nas nossas longas conversas repletas de desabafos e incentivos.

Como colaboradores para a realização da presente pesquisa, agradeço

muitíssimo à Dra. Maria Luiza Andreazza, que auxiliou-me na elaboração do projeto

que culminaria neste estudo. Logo, agradeço a meu querido orientador, Dr. Sérgio

Odilon Nadalin, que apesar de entrar de cabeça num mundo pouco conhecido para ele,

agarrou a causa e, em conjunto, a partir dos nossos encontros para discussão do

andamento da monografia, conseguimos finalizá-la.

Por fim, e não menos importante, devo agradecer aos encarregados pelo

CEDOPE, que colocaram a minha disposição as fontes necessárias para a

fundamentação da minha pesquisa.

Muito obrigado a todos.

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Sumário

Introdução......................................................................................................................1

1.0 Enterro ad sanctos e divisão social: um diálogo possível.....................................6

1.1 Sepultamento ad sanctos: um costume preservado em pleno século XVIII...........10

1.2 A colônia portuguesa: a visão de uma sociedade somaticamente hierarquizada.....16

2.0 Sepultamento ad sanctos: um caminho para o estudo do social.......................25

2.1 Características de uma pequena vila setecentista do Brasil Colônia.......................28

2.2 Os espaços ocupados na Igreja de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais para a

realização dos sepultamentos ad sanctos entre 1760 à 1775..................................33

2.3 Sepultamento ad sanctos: cada um possui seu lugar dentro da igreja?...................35

3.0 A morte e os ritos fúnebres numa vila colonial do século XVIII.......................41

3.1 Entre crenças e inquietações: a “boa morte”...........................................................41

3.2 O testamento: revelador de práticas fúnebres..........................................................43

3.3 As ordens religiosas no cotidiano curitibano...........................................................51

3.4 O uso de Mortalhas: um requisito a mais para garantir uma “boa morte”..............55

3.5 A importância dos Sacramentos..............................................................................57

4.0 Conclusão...............................................................................................................60

5.0 Referências Bibliográficas....................................................................................63

6.0 Anexos.....................................................................................................................65

6.1 Testamentos.............................................................................................................65

6.2 Tabelas de registros de óbitos..................................................................................81

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TABELAS

TABELA 1 – Locais utilizados para Sepultamentos na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais (1760-1775) correspondentes a defuntos “brancos” e “não brancos”

TABELA 2 – Registros do livro 01 de óbitos da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais

TABELA 3 – Registros do livro 02 de óbitos da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais

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ABREVIAÇÕES

ACMC – ARQUIVO DA CATEDRAL METROPOLITANA DE CURITIBA CEDOPE – CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E PESQUISA DE HISTÓRIA DOS DOMÍNIOS PORTUGUESES. DEHIS/UFPR

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Introdução

Hoje ousamos dizer que tudo é passível de pesquisa histórica, desde um

sentimento comum como o medo até um gênero humano, como as mulheres. Nesse

intuito, a própria experiência da morte se torna um tema a ser abordado

historicamente.

Tal fato só foi permitido graças a “revolução historiográfica” dos últimos

tempos, quando a disciplina histórica atravessou por uma série de modificações em

virtude do surgimento de diversas escolas teóricas,1 que propunham inovar a história,

seja seu método, seus objetos ou suas fontes. Dentre estas inovações, situam-se as

designadas História das Mentalidades e Nova História Cultural,2 peças fundamentais

em se tratando de uma abordagem a respeito do tema “morte”.

Possuindo como uma de suas características primordiais a utilização da

psicologia, a História das Mentalidades se apresenta como um estudo dos

comportamentos e das atitudes mentais, além de estar extremamente preocupada com

as massas anônimas, seus modos de viver, sentir e pensar. Resumindo, uma história de

estruturas em movimento, problematizadora do social.

Nesse sentido, esse novo método historiográfico se tornou um modo de

observação, a uma distância longa e dentro de outros ritmos, das situações, das

relações entre as pessoas e os grupos, bem como as modificações que estas

engendram. “A longa duração seria conceito caríssimo à concepção de Mentalidades,

concebidas como estruturas de crenças e comportamentos que mudam muito

lentamente, tendendo por vezes à inércia e à estagnação.”3

Embora sendo filha dileta da 1ª geração da Escola dos Annales, com atividades

iniciadas no ano de 1929, a História das Mentalidades abordava inicialmente temas de

cunho religioso e econômico. Seria somente com a 3ª geração, em 1960, que

1 Pode-se citar, por exemplo, a Escola dos Annales ( França), Escola Marxista Inglesa ( Inglaterra), Escola de Frankfurt ( Alemanha) e a Micro-História ( Itália). 2 Ambas são ramificações da Escola dos Annales – surgida na França no ano de 1929 - , sendo a História das Mentalidades pertencente à 1ª geração, especialmente com Lucien Febvre, enquanto que a Nova História Cultural seria uma abordagem da 3ª geração, com Roger Chartier na direção da escola. 3 VAINFAS, R. História das Mentalidades e História Cultural. In.: CARDOSO, C. F. e VAINFAS, R. (org.) Domínios da Historia: ensaios de Teoria e Metodologia. RJ: Campus, 1997. p. 134.

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começaria de fato a privilegiar estudos voltados a temas, até então, desconhecidos ou

raríssimos, como a infância, a sexualidade, a família, a criminalidade, a delinqüência, a

morte. Estes, por sua vez, passam a ser estudados num espaço geográfico delimitado,

se tratando de uma história regional.

Na década de 1970, com o apreço dos historiadores por uma Nova História

Cultural, diferente daquela disciplina acadêmica ou gênero historiográfico dedicado a

estudar manifestações oficiais ou formais da cultura de uma determinada sociedade,

uma nova abordagem entrou em cena. Essa “nova história” focalizaria sua visão nas

manifestações das massas anônimas, como festas, resistências e crenças heterodoxas,

demonstrações do informal e do popular. Além disso, possuía uma real preocupação

em resgatar o papel das classes sociais, da estratificação e, mesmo, do conflito social.

Dentro deste contexto, de uma história voltada para as massas anônimas,

enfocando suas crenças, seus modos de sentir e pensar, com relação a um fenômeno

tão banal na vida dos indivíduos – no caso, a morte -, situa-se a presente pesquisa.

Voltando o olhar para uma pequena sociedade, como a da Vila de Curitiba de meados

dos setecentos, cuja população era formada por indivíduos oriundos de diversas

culturas, busca-se, sobretudo, verificar como algumas doutrinas promovidas pelos

católicos ortodoxos influenciavam esses homens e mulheres coloniais nas questões de

cunho mortuário.

Dentre estas, a promoção do sepultamento ad sanctos, no solo da igreja, uma

das primeiras modalidades de enterros conhecida na história. Tal ato foi praticado

durante um longo período (mais precisamente entre os séculos V e XVIII) pelos

cristãos ocidentais, que concebiam a morte em seu aspecto extremamente familiar, já

que era muito próxima da vida cotidiana. Com isso, tudo o que estava relacionado ao

aspecto funerário não causava o mínimo de repulsa aos indivíduos.

Porém, nem sempre esse sentimento de familiaridade para com a morte e os

mortos esteve presente na mentalidade dos homens. Assim era na Antigüidade

Clássica, quando temia-se a vizinhança dos mortos, fazendo-os enterrar ao longo das

estradas. Com o advento do Cristianismo, quase nada mudou, pois os cristãos

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continuaram a serem enterrados nas mesmas necrópoles que os pagãos, em seguida ao

lado deles, em cemitérios separados, fora das cidades.

Contudo, a repugnância à proximidade dos mortos logo cedeu entre os cristãos

antigos, demonstrando que ocorreu uma visível ruptura entre a atitude pagã e a nova

atitude cristã com relação aos seus mortos, apesar do reconhecimento comum da morte

domada.4 Foi a partir desta proximidade que os mortos deixaram de fazer medo aos

vivos, conseqüência principal, da divulgação na crença da ressurreição dos corpos.

Desde então, as sepulturas tiveram alvará para ultrapassar a barreira das cidades, na

busca da proteção dos mártires, inumados nas igrejas.5

Dessa relação entre vivos e mortos, a cidade dividiu-se entre a igreja cemiterial

(ambiente dos mortos) e a igreja catedral (ambiente dos vivos), cuja basílica tornou-se

o centro do novo cemitério ad sanctos. Esta situação permaneceu até o momento em

que desapareceu totalmente a distinção entre o bairro onde se enterravam os mortos

desde tempos imemoriais, e a cidade, interdita às sepulturas.

Com a entrada dos mortos definitivamente na igreja, perto dos seus santos de

devoção, simultaneamente iriam adquirir para si um aspecto sagrado,6 bem como

possibilitaria aos cemitérios tornarem-se lugares santos, públicos e freqüentados. Por

outro lado, vivendo num ambiente de suma promiscuidade, onde os fiéis transitavam

indiscriminadamente por sobre os túmulos – tanto que as primeiras igrejas praticantes

do sepultamento ad sanctos não possuíam bancos, não sendo mais que grandes

“salões” apenas com altares aparentes – vivos e mortos disputavam e dividiam o

mesmo espaço.

Paralelamente, surgia a preocupação com a localização das sepulturas, fato

provocativo de uma organização racional do subsolo, que não existia em épocas

anteriores. Dessa forma, surge no século XVI o direito de compra, de lugares seguros e

honrosos para adquirir sepultura nas igrejas.

4 Expressão utilizada por Philippe Ariès para designar a familiaridade dos indivíduos para com a morte. 5 O principal motivo que inspirou o enterro ad sanctos foi assegurar a proteção do mártir, não só ao corpo mortal do defunto, mas também a sua alma, para o dia do despertar no final dos tempos. 6 Aliás, o corpo morto de um cristão criava por si só um espaço, senão completamente sagrado, pelo menos religioso.

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Era aparentemente por um lugar mais honroso do que nos cemitérios comuns que se exigia alguma coisa. As sepulturas eram gratuitas nos cemitérios, os ricos queriam se distinguir fazendo-se inumar nas igrejas, concederam-lhes essa regalia graças às suas orações e às suas liberalidades, e finalmente exigiram-se essas liberalidades como devidas.7

Entretanto, nem todos possuíam rendas suficientes para serem sepultados na

igreja, fato que só se modificou no final do século XVII, quando metade da população

conquistou tal privilégio. Com isso, ficara inevitável uma distribuição social no

interior do espaço sagrado, onde pouquíssimos indivíduos, àqueles possuidores de

títulos de nobreza ou ofícios pomposos (em geral ligados às armas) ficavam próximos

aos altares ou às grades; uma parte considerável da população se distribuía pelos

diversificados espaços da nave principal; e a grande massa pobre, senão indigente,

ficava reclusa na porta principal ou nos Adros, externos à igreja.

Partindo desse breve contexto, torna-se ciente de que a prática de sepultamento

ad sanctos transferiu-se para o Novo-mundo, como obra dos seus colonizadores,

ocorrendo em vários locais do território colonial, principalmente, nos seus principais

núcleos de povoamento, como Bahia e São Paulo.8 Como peculiaridade, entre as

sociedades que adquiriram tal costume, se encontra a pequena vila de Curitiba

setecentista, que até então era uma mera extensão da Capitania Paulista.

A idéia de realizar uma investigação sobre o costume de sepultamento ad

sanctos entre os curitibanos coloniais surgiu a partir da observação dos livros de

registros de óbitos da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais. Estes

documentos manuscritos foram posteriormente copiados em CD_Rom pelo CEDOPE

(Centro de Documentação e Pesquisa de História dos Domínios Portugueses) do

Departamento de História da Universidade Federal do Paraná. Aliás, por se tratar de

uma pesquisa de cunho quantitativo, empregando fontes seriadas, os registros foram

transcritos em fichas de óbitos, através da técnica de demografia histórica proposta por

Louis Henry.

7 ARIÈS, P. O Homem diante da morte. Rio de Janeiro: Francisco Alves Editora, 1981. Vol. I. p. 55. 8 MARCILIO, Maria Luiza. Tempo de amar, de nascer, de morrer do caiçara. In.: ______Caiçara: terra e população. São Paulo: Paulinas: CEDHAL, 1986; REIS, J. J. A morte é uma festa: ritos fúnebres e revolta popular no Brasil do século XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.

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Mediante a leitura de tal documentação, se observou que os párocos

responsáveis descreviam, muitas vezes minuciosamente, o local em que cada indivíduo

era inumado, além das suas condições filiais, sociais e religiosas. Nessa perspectiva,

criaram-se as condições necessárias para a realização de uma pesquisa que

enriquecesse a história social e cultural sobre a vila de Curitiba dentre os anos de 1760

à 1775. Ou seja, a partir da sua especificidade de sepultamento ad sanctos, se exprimia

a possibilidade de um estudo acerca da divisão da sociedade curitibana entre

indivíduos “brancos” e “não-brancos”, que seria transposta para os locais destinados à

sepultura ad sanctos; bem como das influências e costumes que permeavam os

funerais do período.

Para um melhor esclarecimento, a pesquisa se desenvolveu em três capítulos

distintos. O primeiro – Enterro ad sanctos e divisão social: um diálogo possível - é

onde se propõe abordar o contexto em que se originou cada um dos temas que

acarretam a pesquisa: o sepultamento ad sanctos enquanto herança do Cristianismo

Ocidental e a formação da população colonial do Brasil, possuidora de um caráter

estritamente hierárquico, somaticamente definido. No segundo capítulo - Sepultamento

ad sanctos: um caminho para o estudo do social – será onde efetivamente se abordará

a questão da divisão da sociedade curitibana no sagrado; quando a partir do

mapeamento dos óbitos ocorridos no período, os quais divulgam os locais de sepultura

e as condições sociais dos indivíduos ali inumados, possibilitarão um estudo do social,

num diálogo intenso entre os espaços destinados em vida e na morte para cada

elemento social. O terceiro e último capítulo– A morte e os ritos fúnebres numa vila

colonial do século XVIII – demonstrará a mentalidade fúnebre dos curitibanos

setecentistas, com suas crenças e rituais próprios, oriundos do cristianismo medieval,

percebidos graças a presença de escassos, mas valiosos, testamentos; além dos

resquícios encontrados nos próprios registros de óbitos.

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1.0 Enterro ad sanctos e divisão social: um diálogo possível

Nas décadas de 1980 e 1990, a produção historiográfica brasileira renovou seus

temas, objetos e procedimentos de pesquisa, possibilitando a entrada em cena de

estudos que, anteriormente, não teriam uma repercussão tão elevada ou ficariam

relegados a um segundo plano. Assim, evidenciaram-se pesquisas cujos resquícios

encontravam-se, muitas vezes, em obras clássicas da historiografia, porém com uma

“roupagem” nova, emprestada, principalmente, das vertentes historiográficas francesas

da História das Mentalidades e da Nova História Cultural, cuja ponte com a

Sociologia, a Psicologia e a Antropologia, fazia com que as pesquisas de cunho

político e econômico perdessem seus “espaços” na academia brasileira.

É dentro destes parâmetros – de uma história voltada para um estudo das

mentalidades coletivas e das práticas culturais –, que situam-se as abordagens

referentes à morte e aos mortos na sociedade brasileira, visto que os fenômenos

concernentes eram sentidos e vividos de formas diversas no decorrer da sua história.

Partindo desse pressuposto, transfere-se o olhar para a sociedade curitibana de

meados do século XVIII, cuja vila, embora pouco desenvolvida, preservara em seu

âmago muito da herança “mortuária” do cristianismo Ocidental. Esta fora difundida no

Novo-Mundo, sobretudo, pelos colonos portugueses, que impuseram sua “cultura”

como dominante perante as de povos considerados, por eles, como “semi-bárbaros”,

no caso os indígenas e, posteriormente, os africanos, por estes personagens

escravizados. Dentre seus aspectos, e sendo um dos objetos do presente trabalho,

destaca-se o costume cristão de sepultar os seus mortos em terra ad sanctos, em solos

“originalmente” sagrados.

Sociabilizando vivos e mortos, seria a igreja a primeira cogitada a assumir o

papel de “morada dos mortos”, cujo espaço se destinava a ser habitado por ambos,

numa troca constante de favores, uns intercedendo pelos outros. Resultado da pressão

ideológica da instituição eclesiástica - que tinha como intuito conquistar o maior

número de fiéis a sua causa -, o sepultamento no interior das igrejas, ao longo dos

séculos, era apenas o começo de uma enorme jornada em busca da salvação da alma.

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Aliás, a preocupação com o destino da alma no Além-mundo era, de certa

forma, um dos principais vetores que direcionavam a vida católica da população

curitibana do século XVIII, composta por uma gama de indivíduos procedentes de

culturas diversas. Dentre brancos, escravos, administrados, libertos, todos imprimiram

em seus costumes “mortuários” rituais que visavam a melhor passagem para o Além,

uma vez que, para a mentalidade da época, a morte era um fenômeno muito familiar

no cotidiano, sentida e vivida com uma proximidade intensa. Essa característica da

sociedade curitibana foi verificada, principalmente, nos rituais presentes nos registros

de óbitos do período: escolhas de mortalhas, redação de testamento, esmolas deixadas

a Irmandades e Ordens Terceiras e até mesmo à própria Igreja, pedidos de missas e

intercessão de santos e anjos, além da obtenção do privilégio do enterro ad sanctos.

Embora fossem estas expressões tardias da cultura mortuária cristã,9

permaneceram preservadas em vários locais do território colonial, em virtude,

principalmente, da dominação cultural portuguesa, cujos colonos brancos, mesmo em

minoria frente a imensa massa indígena e africana, continuaram a difundir na colônia

seus costumes, suas crenças, seus comportamentos e suas atitudes em face da morte e

dos seus mortos.

Entre estes colonizadores e difusores culturais, e pela parte que nos compete,

faz-se necessário citar o caso dos bandeirantes paulistas que, historicamente, seriam os

principais desbravadores da região que viria a formar o futuro território paranaense.

Tais personagens, em consenso com os colonos, “aqueles abrindo e fazendo conhecer

os caminhos e, estes, seguindo sua trilha”10, estabeleciam núcleos populacionais, como

as vilas de Paranaguá e Curitiba, servindo de abrigo aos bandeirantes nos longos

períodos que sucediam a atividade de preação dos indígenas no território que competia

ainda a capitania paulista.

9 Isso porque, na Europa do século XVIII – continente onde se desenvolveu e difundiu o cristianismo e sua cultura –, muito das preocupações com a “boa-morte” já havia perdido suas forças, pois, de certa maneira, outros atores estavam entrando em cena (como médicos e sanitaristas, por exemplo), bem como se evidenciavam outras preocupações, ligadas a higiene e saúde, que culminariam com a criação dos primeiros cemitérios no início do século XVII. 10 NADALIN, Sérgio Odilon. Paraná: Ocupação do território, população e migrações. Curitiba: SEED, 2001. p. 36.

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Uma abordagem interessante no sentido de esclarecimento do universo mental e

mesmo cultural, em relação à morte e os mortos, que envolvia parte dos colonizadores

da vila de Curitiba, no caso, os bandeirantes, poderá ser apreendida na obra de José

Alcântara Machado de Oliveira, a qual foi uma das primeiras dentro da historiografia

brasileira que considerou as atitudes dos homens diante do fenômeno da morte e na

busca de um “bom-morrer”: Vida e morte do bandeirante.11

Este estudo procurava

afastar-se da história heróica dos bandeirantes, desvendando o universo privado da

vida destes em seus mais variados aspectos: religiosos, econômicos e sociais, além da

complexa rede de relações que os envolviam. Para a realização de tal empreendimento,

o autor propôs uma outra inovação: a utilização de uma documentação até então

inédita – os testamentos e os inventários.12 Foi a partir da leitura destes documentos,

que Alcântara Machado conseguiu desvendar um universo mental repleto de crenças e

costumes referentes à ritualística fúnebre, cuja função muito além de exercer um papel

meramente de distribuição de bens, revelava uma verdadeira demonstração de fé, onde

os testadores buscavam, antes de qualquer outra coisa, atingir o caminho da salvação e

cumprir um dever espiritual.

O mesmo sentido se observa ao analisar os poucos testamentos deixados pelos

curitibanos dentre 1760 à 1775, já que se tratava de uma região pobre, cujos habitantes

eram desprovidos de grandes recursos materiais, sendo comum se ler nos obituários

“não fez testamento por ser muito pobre”. Entretanto, não deixam de ser ótimos

reveladores da mentalidade que cercava os cristãos da pequena vila, que se

preocupavam em deixar suas almas bem encaminhadas antes de qualquer prestação

material, pedindo missas em seu favor ou de seus familiares, intercessão aos mais

variados santos e anjos da escatologia cristã, além da designação de mortalhas e

Igrejas ou Capelas onde desejavam ser sepultados. A preocupação com o destino da

alma estava acima de tudo.

Nesse universo se desenrolara grande parte da vivência religiosa da colônia,

cujos rituais católicos de sepultamento se difundiram nas mais remotas regiões do

11 ALCÂNTARA MACHADO, José de. Vida e morte do bandeirante. São Paulo, Martins, 1972. 12 Tal documentação tornou-se viável para pesquisa após serem mandados traduzir e publicar por Washington Luiz no ano de 1920.

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Novo-Mundo, em lugares onde a população, por mais rudimentar que fosse,

conservaria em seu meio práticas e costumes já há muito ultrapassados no “berço da

civilização”.

Assim, ao analisar os registros de óbitos da Igreja Matriz de Nossa Senhora da

Luz dos Pinhais, da vila de Curitiba, percebeu-se a presença de muitos elementos da

ritualística fúnebre importada, sobretudo, do cristianismo medieval europeu. Por outro

lado, a partir da leitura desta documentação, outros questionamentos perpassaram a um

primeiro plano, como a presença de uma “divisão” pós-morte, entre os elementos que

compunham a sociedade. Nesse sentido, se verifica que muitos dos indivíduos

conservariam sua condição social mesmo no momento final de suas vidas, revelada no

local de sepultura destinado a eles no interior das igrejas. Cada qual tinha seu lugar

previsto, preestabelecido, seja homem, mulher ou criança, livre, liberto, escravos e

administrados.

Contudo, a dúvida do presente trabalho recai na questão de se realmente o local

de sepultamento dependeria particularmente da ocupação do morto no contexto da

sociedade em vida, ou seja, se sua condição de notoriamente “branco” ou não

influenciava no momento da designação de sua sepultura no espaço ad sanctos. Porém,

abre-se uma exceção para os elementos escravos, considerados desclassificados e

marginalizados, e que embora possuíssem associações leigas destinadas a ampará-los

nos momentos mais remotos de sua existência, como no caso de doenças e morte –

destaca-se para isso a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário (formada e sustentada

por escravos) – estes permaneciam, em sua grande maioria, sendo enterrados nos

Adros, localizados na parte externa das igrejas. O espaço sagrado era, portanto,

destinado quase como exclusividade dos brancos e homens livres.

Os mais ricos, deixam em seus testamentos o desejo de serem enterrados perto ou sob o altar principal. Os mais pobres são enterrados na nave, no átrio ou ao lado ou atrás da Igreja. O mesmo ocorre com os escravos, sempre enterrados na porta ou fora da Igreja, quando não, pelos sítios, caminhos ou cemitérios particulares de escravos nas grandes fazendas.13

13 MARCILIO, Maria Luiza. Tempo de amar, de nascer, de morrer do caiçara. In.: ______Caiçara: terra e população. São Paulo: Paulinas: CEDHAL, 1986. p. 201.

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Evidencia-se dessa forma a peculiaridade do enterro ad sanctos: quanto mais

próximo do altar principal – do cenário primordial da Igreja –, o indivíduo fosse

sepultado, maior a importância social teria tido em vida e, consequentemente, maiores

privilégios teria a sua alma no Além-mundo. Enfim, a estrutura hierárquica da

sociedade colonial (cujo caráter definidor era expressivamente somático) prevaleceria

até mesmo em situações de domínio sagrado, no cristianismo difundido pela Igreja

Católica no Novo-Mundo, fruto ora da herança mortuária cristã, ora do contexto em

que foi criada a população colonial “brasileira”.

1.1 Sepultamento ad sanctos: um costume preservado em pleno século XVIII

A modalidade de sepultamento praticada no interior das igrejas havia sido

abolida da Europa, berço do cristianismo ocidental, já no século XVI, em virtude das

constantes epidemias de pestes que arrastavam milhares de pessoas à morte e que, por

conseqüência, não poderiam ser sepultadas ad sanctos, nas igrejas, seja pela cólera que

os assolou ou pela falta de espaço suficiente para abrigar tantos corpos. Porém,

encontrava-se revigorada e desenvolvida com forte anseio nas diversas regiões

coloniais, dentre estas, a vila de Curitiba do século XVIII. Ora fruto do atraso

intelectual em que encontrava-se a colônia, tal ato representava acima de tudo o

desafio da propagação da fé católica – sendo uma das artimanhas da Igreja - para

conquistar o maior número “de ovelhas para o seu rebanho”, uma vez que grande parte

da população se compunha de escravos e indígenas, que carregavam em seu âmago

uma fé diferente daquela trazida e pregada pelos europeus.

O catolicismo difundido por esses colonizadores era, praticamente, o mesmo

que os primeiros cristãos passaram a pregar pela Europa em oposição aos antigos

rituais pagãos, nos quais vários deuses eram venerados, as pessoas sepultadas em

qualquer solo, sem sacramentos ou assistência alguma, além da falta de orientação

para distinguir o “caminho certo do errado”, características próprias da religiosidade

dos indígenas e dos negros. Tal como no princípio, buscava-se construir um expressivo

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discurso, capaz de mobilizar a comunidade a seguir modelos e doutrinas para “bem

viver” e “bem morrer”.

Esse discurso, posteriormente propagado pelos colonizadores no Novo-Mundo,

havia se estabelecido definitivamente nos chamados Concílios Ecumênicos, que

ocorreram a partir do século IV.14 Nestes, os diretores da Igreja definiram os

fundamentos da fé cristã como a crença em um só Deus, representado pela Trindade;

além do dogma que admite Cristo como a encarnação do Verbo Divino, verdadeiro

Deus e verdadeiro homem, cuja finalidade era salvar a humanidade do pecado original,

que enfraqueceu a natureza humana e acentuou sua tendência para o mal. Foram estas

as ocasiões onde a Igreja realmente firmou seus preceitos, buscando combater as

antigas formas pagãs de religião, cuja característica mais evidente era o politeísmo. Foi

dada a largada para a Igreja dominar o pensamento dos homens, fazendo-os seguir

suas leis, seus dogmas, tidos como os únicos corretos e civilizados perante um mundo

dominado durante longos séculos por povos bárbaros ou semi-bárbaros.

Estipuladas as suas doutrinas, a Igreja iniciou um intenso trabalho de difusão da

sua verdade, cuja finalidade era fazer com que o maior número de indivíduos a

aderisse. Formando cristãos fervorosos, estes seguiriam a risca os fundamentos

católicos na busca pela salvação da alma, a qual se acreditava que seria julgada no

Além-mundo, podendo ser relegada a danação eterna caso evidenciasse o mínimo de

pecado durante sua existência terrena. Enfim, criou-se uma mentalidade capaz de

transformar o catolicismo numa religião de caráter universal.

Entre tantas artimanhas da Igreja Católica para agregar indivíduos à sua fé,

deve-se destacar a crença na ressurreição dos corpos e numa possível existência de

uma vida após a morte. Esta crença fortaleceu-se, principalmente, a partir da

construção das paisagens do Além-mundo – Paraíso, Purgatório e Inferno –, bem como

do discurso revelador sobre como as almas viveriam nestes lugares. Assim, caso a

pessoa seguisse criteriosamente os mandamentos cristãos iria diretamente para o

Paraíso, lugar onde desfrutaria da paz dos mortos, cuja paisagem era a mais bela de

todas, remetendo-se a imagem do paraíso onde vivera os primeiros seres criados por

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Deus. Já para o Purgatório iriam aqueles que, por algum desvio, caíram em tentações

carnais, ou cometeram suicídio, crimes e pecados passíveis de um futuro perdão no

momento do Julgamento Final; isto caso recebessem algum tipo de intercessão divina

ou dos vivos, ou, então, de alguma forma tivessem se arrependido no momento da

morte. Por fim, os verdadeiros marginais, praticantes dos crimes e pecados mais

hediondos, como assassinatos, por exemplo, queimariam definitivamente no fogo

eterno.

O destino da alma, a partir desse pensamento, dependeria sobretudo do

seguimento das práticas religiosas manipuladas pela Igreja Católica, como o

sepultamento em terras sagradas e o recebimento, pelo morto, de todos os sacramentos

e disposições necessárias para garantir uma boa passagem para o Além-mundo; além

disso, estas atitudes seriam uma forma de aliviar os pecados do morto e diminuir seu

possível tempo de permanência no Purgatório, a espera do Juízo Final.15

Instituídos esses discursos e crenças no cotidiano cristão, toda a vida dos

homens orientou-se por eles, propiciando, entre outras coisas, o estabelecimento de um

sentimento de familiaridade para com os mortos, ou seja, a proximidade entre estes e

os vivos.16

Desse sentimento de aproximação entre vivos e mortos, destaca-se entre os atos

fúnebres que tornaram-se comuns - principalmente no combate aos antigos costumes

pagãos de enterro realizados ao longo das estradas (em razão das constantes guerras

entre os povos) e em propriedades particulares - o sepultamento ad sanctos. Estes se

tornaram recorrentes, de fato, a partir do século XII, quando a Igreja permitiu que

fossem feitas inumações no seu espaço sagrado, divulgando a crença de que quanto

mais próximo o morto estivesse das relíquias sagradas/santas, mais chances sua alma

teria de ser salva e seu corpo ressuscitado no dia do Juízo Final. O costume de enterrar

14 A saber, Nicéia ( 325), Constantinopla ( 381), Éfeso (431), Calcedônia (451) e Trento ( realizado em vinte e cinco sessões – de 1545 à 1549, 1551-1552 e 1562-1563). 15 REIS, J. J. O cotidiano da morte no Brasil oitocentista. In:. ALENCASTRO, L. F. (org.) História da vida privada no Brasil: Império. SP: Companhia das Letras, 1997. p. 97. 16 ARIÈS, P. O Homem diante da morte. Rio de Janeiro: Francisco Alves Editora, 1981. Vol. I. p. 34.

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no interior da Igreja derivou de uma nova familiaridade para com os mortos: a fé na

ressurreição dos corpos, propiciada pela inumação próxima às relíquias sagradas.17

A partir disso, a igreja se tornou o núcleo do novo cemitério ad sanctos, “cujas

basílicas cemiteriais distinguiram-se durante muito tempo da igreja do bispo, da

catedral, que no interior dos muros e por vezes pousada em cima deles, não continha

um só túmulo.”18 Nesse sentido, distinguia-se, desde o início da Idade Média, dois

centros de vida cristã: a Catedral e o santuário cemiterial; o primeiro como a sede da

administração episcopal e de numeroso clero, o segundo onde se localizavam os

túmulos dos santos e a multidão dos peregrinos.

Contudo, em fins do século XII, já não era a memória de determinado santo que

se procurava, mas a própria igreja, por ali se celebrarem as missas. Com isso, ficava

evidente que o lugar mais almejado para sepultura era o altar, embora continuasse a se

rezar sobre o túmulo de um santo, entretanto não possuindo tanta preocupação em se

enterrar ao lado deles. Esse deslocamento da piedade em nada mudou a atitude diante

dos mortos, nem suas manifestações, pois a igreja apenas substituiu o papel que antes

era de privilégio exclusivo do santo.

O problema agora seria saber qual o motivo que ditaria a escolha de uma

determinada igreja, de um lugar específico nela, ou de um cemitério; respostas estas

seriam encontradas, principalmente, nos testamentos, cuja escolha da sepultura era

uma das suas razões de ser.

Geralmente, a igreja era escolhida por uma razão de família, para ser enterrado

perto dos pais, do esposo (a) ou dos filhos. No próprio Brasil Colonial já se verificava

a busca em manter a relação mais próxima possível entre familiares e mortos, como

salienta Gilberto FREYRE: “O costume de se enterrarem os mortos dentro de casa –

na capela, que era puxada da casa – é bem característico do espirito patriarcal de

coesão de família. Os mortos continuavam sob o mesmo teto que os vivos. Entre os

santos e as flores devotas. Santos e mortos eram afinal parte da família.”19 Além disso,

17 Ibidem, p.34-37. 18 Idem, p. 39. 19 FREYRE, Gilberto. Casa-Grande & Senzala. RJ: Livraria José Olympio Editora, 1946. p. 28.

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os mortos possuiriam uma função específica, “governando e vigiando o mais possível

a vida dos filhos, netos, bisnetos.”20

Uma vez escolhida a igreja, seja por razões de família ou de piedade, surgia a

questão de fixar o local em que se pedia para ser enterrado. A maioria dos testadores

se esforçam por descrever pontos de referência fáceis de reconhecer, podendo assim

situar melhor o local que desejavam para o depósito final de seu corpo. Entretanto,

nem sempre se podia ficar certo de ser enterrado exatamente no lugar assim designado,

mesmo se o pároco e os “fabricantes” tivessem dado (ou cedido) o seu acordo:

sepulturas mais recentes e não ainda “consumidas” poderiam estar ocupando o solo.

Em geral, algumas das localizações mais procuradas eram o coro perto do altar

onde se pregava a missa; porém, como nem sempre se dizia a missa paroquial no

Altar-mor, permitiu-se o surgimento das capelas, destinadas a santos específicos.

Também, é recorrente os pedidos de inumações no local em que se encontrava o banco

que a família utilizava na igreja, fato que exprimia a vontade do morto em ocupar na

igreja o mesmo espaço que ocupava em vida. De qualquer modo, a escolha do lugar

assim designado pelos testadores ficava subordinada à aprovação do clero e da fábrica

da igreja, tratando-se quase sempre de uma questão de dinheiro.

O espaço sagrado tornou-se definitivamente a morada dos mortos, cujo solo

venerável era almejado pelos mais simples dos indivíduos. E, embora inicialmente, o

enterro ad sanctos fosse permitido somente aos membros do clero e pessoas gradas da

sociedade – com o tempo criaram-se as condições necessárias para a morada dos vivos

se tornar igualmente a ser a dos mortos que buscavam a proteção dos mártires e dos

santos.

Por outro lado, acreditava-se que com a prática de enterramento no interior das

igrejas, os vivos estariam em constante comunicação com os seus mortos

estabelecendo uma relação de troca, as quais orações intercederiam pelas almas destes,

amenizando suas eventuais penas sofridas no Além-mundo; isto demonstra que estar

enterrado perto dos santos não era suficiente para a salvação da alma.

20 Ibidem, p. 30.

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O fato particular é revelado pela condição de que nem todos eram, ou podiam,

ser sepultados nas igrejas, e a graduação das tarifas do cemitério para estas marca

nitidamente que entre uma e outra só havia diferença de honraria, ou seja, os

cemitérios eram reservados quase que exclusivamente para o povo comum, estando a

igreja reservada para os agentes da nobreza e do clero. Somente no final do século

XVII, cerca de metade da população das cidades européias, pelo menos mais de um

terço, era enterrada nas igrejas, cujo privilégio passa também para uma parte

considerável das classes intermediárias.

A grande maioria da população, contudo, continuava a ser sepultada no

cemitério anexo às igrejas paroquiais, ou até em valas-comuns, localizadas em pátios

internos que serviam de sepulturas para os pobres católicos. Na Europa era comum,

inicialmente, esses cemitérios tornarem-se palco de festas, mercados e, até mesmo,

praças, fundando a existência de uma contínua promiscuidade entre vivos e mortos,

encontrando-se em constante comunicação.21

Partindo desses pressupostos, se percebe que a Igreja, desde muito cedo, tornou-

se a habitação do homens na vida e na morte, um lugar de culto e de lembranças, bem

como uma forma de orientação e de ensinamento: não é a toa que alguns epitáfios

legavam aos passantes que orassem, seja pelos que já partiram, como pelos que

ficaram, pois o destino de ambos era um só, o Julgamento Final. E, embora os

sentimentos mudassem, o simples fato da escolha do túmulo na Igreja já significava

uma preparação para isso, sendo que o ingrediente final seria relegado aos vivos, que

com suas orações, interviriam no futuro no Além.

Restará a nós sabermos como essa prática de sepultamentos ad sanctos

difundiu-se na remota colônia portuguesa, cuja população era constituída de tamanha

diversidade étnica, prevalecendo a existência dos dois extremos: colonos europeus

“brancos” e os demais elementos “não brancos”, indígenas e negros escravizados, bem

como seus descendentes. Fato é que esse tipo de enterro foi praticado intensamente na

pequena vila curitibana oitocentista, onde os resquícios da cultura mortuária européia

21 SCHMITT, Jean-Claude. Os vivos e os mortos na sociedade medieval. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. p. 204.

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eram tidos pela população como necessários para uma boa passagem para o Além-

mundo.

Contudo, sabemos que a sociedade colonial “brasileira” se diferencia

extremamente daquela prevalecente na Europa, pois sua peculiaridade consisti na

difusão de três raças distintas, que pela convivência e pela miscigenação formaram a

população que hoje conhecemos.

1.2 A colônia portuguesa: a visão de uma sociedade somaticamente hierarquizada

Ao pensarmos em sociedade colonial, tão logo nos vem a cabeça a questão de

separação entre duas classes bem definidas: colonos/senhores (brancos) e escravos (em

geral, negros africanos). Dois pólos sociais bem delineados, mas que não formavam

necessariamente um sistema de hierarquias: “os seus componentes não formavam

agrupamentos de pessoas da mesma classe distribuídos em estratos definidos, mas sim

grupos isolados de pessoas articuladas na mesma empresa.”22 Contudo, esquecemos

que existiam entre estas, outras categorias, outros atores, como os indígenas naturais

desta terra e, consequentemente, os frutos dos relacionamentos destas três raças: os

mestiços.

Partindo dessa primeira constatação, do fato do Brasil colonial estar povoado

por culturas distintas, estranhas umas as outras, devido à pressão exercida pelo

momento histórico em que se encontravam, a minoria destacava-se como dominante,

por possuírem sangue “puro”, enquanto que a massa populacional ficava a sua mercê,

trabalhando por eles, e recebendo em troca o mínimo possível, como abrigo e

alimentação precários. Mas, por outro lado, esses indivíduos, independente da sua

origem, interagiam entre si, conviviam intimamente, numa troca intensa de costumes,

culminando a sociedade numa gigantesca rede de inter-relações. Entretanto, isto não

nega a situação de que, entre esses três elementos distintos, dois serem tratados como

selvagens ou semi-bárbaros perante a cultura dos europeus, transformando estes

22 OLIVEIRA TORRES, J. C. de . Estratificação social no Brasil: suas origens históricas e suas relações com a organização política do país. SP: Centro Latino-Americano de Pesquisa em Ciências Sociais. Difusão Européia do Livro. S/d . p. 19

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últimos em senhores e aqueles em subordinados, escravos; tornando visivelmente o

sistema social colonial numa grande estratificação/hierarquização de classes, que

seguia o critério somático como principal diferenciador.

Verificando o histórico da sociedade colonial, desde o século XVI quando a

“terra brasileira” foi “descoberta”, pode-se afirmar que os colonos brancos,

portugueses em sua maioria, já diferiam dos indígenas nativos, e posteriormente, dos

negros africanos, no que tange a discriminação, ao reconhecimento da diferença, que

acaba por interferir na noção de inferioridade de uns em relações aos outros. Essas

duas raças já carregavam consigo problemas étnicos complexos, uma vez que não

formavam uma massa homogênea, mas um apanhamento de diversas sub-raças. Como

ressaltou Caio PRADO JR.

os povos que os colonizadores aqui encontraram, e mais ainda os que foram buscar na África, apresentam entre si tamanha diversidade que exigem discriminação... A distinção apontada se impõe, e se manifesta em reações muito diferentes para cada um dos vários povos africanos ou indígenas que entraram na constituição da população brasileira; diferença de reações perante o processo histórico da colonização que não pode ser ignorada.23

Os brancos, por outro lado, eram quase inteiramente de origem portuguesa,

embora a política de colonização obedecesse mais ao critério de crença do que de

sangue. Entretanto, essa liberalidade da colonização não durou muito, pois com a

descoberta do ouro, em meados do século XVII, todos os não portugueses foram

expulsos do Novo Mundo, uma vez que os produtos extraídos da Colônia deveriam

passar diretamente as mãos da Coroa. Ou seja, logo, os brancos se tornariam uma

massa populacional extremamente homogênea.

A grande corrente imigratória portuguesa ocorreria somente no século XVIII, o

que definiria o cenário em que se transformaria o Brasil, já que os indivíduos vindos

da Metrópole partiam das mais diversas camadas sociais. “Encontramos desde os

fidalgos e letrados, que vem sobretudo ocupar os cargos da administração e que em

muitos casos se fixam definitivamente com sua descendência na Colônia, até

23 PRADO JR, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo. SP: Editora Braziliense, 1999. p. 85

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indivíduos das classes mais humildes.”24 Esses colonos já partiam para o Novo

Mundo com interesses na posição que iriam ocupar na Colônia, pois quando não se

dirigiam diretamente para os postos de administração colonial ou profissões liberais,

ou então quando não possuíam recursos suficientes para tornarem-se desde cedo

proprietários de terras ou fazendeiros, remetiam-se às atividades de cunho comercial,

destinadas unicamente aos "reinóis". Fica evidente a preocupação do colono em

ocupar atividades comerciais, uma vez que era a ânsia pela riqueza rápida e fácil que

motivava os imigrantes a saírem de suas terras de origem rumo ao desconhecido.

Contudo, esses colonos necessitaram desde cedo do uso de mão-de-obra que

trabalhassem por eles, e que conhecessem perfeitamente os seus domínios. Assim, tão

logo, trataram de incorporar ao seu intuito os nativos que aqui encontraram,

estabelecendo com eles solidariedades que acabariam por transformar os colonos em

seus “protetores”, empregando-os como trabalhadores remunerados. Os colonos

tornariam-se, portanto, administradores dos indígenas, encarregados por zelar por eles,

embora vissem “neles não o que deviam ser, tutelados sob sua guarda, mas uma fonte

de proveitos.”25 Estamos diante de uma escravidão disfarçada se comparada ao do

africano, já que este visivelmente fora trazido à colônia com o único objetivo de suprir

a mão-de-obra servil.

Aliás, deve-se deixar claro que uma das mais fortes características da formação

da sociedade brasileira é a escravidão que, querendo ou não, moldou a organização

econômica, bem como os padrões materiais e morais do futuro país. Além disso, a

única intenção desse recurso usado pelos países europeus em suas colônias seria sua

exploração comercial, não pretendendo em nenhum momento incorporar esses

indivíduos ao seu meio, uma vez que tratavam-se de povos de nível cultural mínimo se

comparado ao seu. Arrancados de suas terras de origem e colocados diante de uma

civilização completamente estranha, nada mais se exigiu deles do que sua força, seu

trabalho; em quase nada contribuiu para a formação brasileira do período, com

exceção, claro, da difusão de seu sangue.

24 Ibidem, p. 88 25 Idem, p. 96.

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Essa situação é mais visível se comparada a aceitação do indígena pelo branco,

mais do que a aceitação dos negros. Isso porque desde o início existiu uma política

colonial que desejava incorporar o indígena à comunhão luso-brasileira, ou seja,

“arrancá-lo das selvas para fazer dele um participante integrado na vida colonial; um

colono como os demais.”26 A solução encontrada, talvez a mais conveniente, se não a

menos traumática, foi a mestiçagem, já que as muitas leis que procuravam equiparar os

nativos aos demais colonos expiravam ou não surtiam os efeitos desejados, e estes

permaneciam sendo tratados como uma raça bastarda, alvo de descaso e prepotência

por parte dos colonos. Seria, portanto, o contato mais íntimo, o cruzamento das raças

que terminaria por integrar a massa indígena à população em geral, chegando mesmo a

confundir-se com ela: “A miscigenação que largamente se praticou aqui corrigiu a

distância que doutro modo se teria conservado enorme...”27

É interessante notar que, para o português, a mestiçagem foi encarada como um

processo natural, já que este possuía uma capacidade excepcional de cruzar com outros

elementos culturais. Talvez como conseqüência da forma como foi transcrita a

imigração destes para o Novo Mundo: geralmente sozinhos, sem o acompanhamento

da família (esposa e filhos) facilitando as uniões irregulares, tanto com as nativas,

como posteriormente, com as escravas africanas, cujas carícias fáceis satisfaziam suas

necessidades sexuais, já que estavam privados das mulheres de sua raça e categoria.

“A escassez de mulheres brancas criou zonas de confraternização entre vencedores e

vencidos, entre senhores e escravos.”28

Entretanto, isso não nega o fato de haver um grande fosso que separava os

escravos (indígenas ou africanos) dos colonos. O preconceito sempre existiu, e

a diferença de raça, sobretudo quando se manifesta em caracteres somáticos bem salientes, como a cor, vem, se não provocar ..., pelo menos agravar uma discriminação já realizada no terreno social. E isto porque empresta uma marca iniludível a esta diferença social. Rotula o indivíduo, e contribui assim para elevar e reforçar as barreiras que separam as classes.29

26 Idem, p. 92 27 FREYRE, Gilberto. Casa-Grande & Senzala... p. 20. 28 Ibidem. p. 20.

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Essa evidente discriminação “somática” não exclui, todavia, uma circulação

intra-social dos indivíduos das classes inferiores, pois existiu a possibilidade da

elevação a posições de destaque por indivíduos de origem negra ou indígena. Podemos

mesmo dizer que, embora tardiamente, a mestiçagem teve sua conseqüência positiva,

pois os indivíduos passaram a ser classificados mais pela sua posição social do que por

sua cor, cujo sangue mestiço poderia ser encontrado em elementos da mais elevada

camada social. “É graças a esta espécie de convenção tácita que se harmonizava o

preconceito da cor; paradoxalmente forte neste país de mestiçagem generalizada, com

o fato, eticamente incontestável, da presença do sangue negro ou índio nas pessoas

melhor qualificadas da colônia.”30

Mesmo assim, seria o colono branco a raça indiscutivelmente dominadora, já

que negros e índios permaneciam passivos diante da cultura a eles imposta, e mesmo a

política de branqueamento, que visava promover uma maior integração desses

elementos a população em geral, não fora suficiente para modificar a situação desses

indivíduos no contexto social da colônia. Como foi especificado anteriormente,

embora os indígenas gozassem de um mínimo de proteção, não nega o fato de ser uma

raça escravizada, e tal como os africanos, serão incluídos na sociedade colonial mal

preparados e adaptados, formando um corpo estranho e incômodo. Além disso, “o que

pesou muito mais na formação brasileira é o baixo nível destas massas escravizadas

que constituirão a imensa maioria da população do país.”31

Quanto a organização social em si no Brasil Colônia, no que tange a separação

entre brancos e escravos - já que tratava-se de um sistema escravocrata nos seus

grandes núcleos, cuja vida social praticamente girava em torno do clã patriarcal, das

grandes famílias, que dominavam o cenário político, social e econômico, onde o

elemento escravo tornava-se onipresente em todos os aspectos da sociedade, seja no

campo, em meio as fazendas e engenhos, como na cidade, nos centros coloniais -

ficava restrito o terreno destinado ao trabalhador livre, aos homens de origem liberta

ou mestiça, que de forma alguma desejavam obter comparação com aquele indivíduo

29 PRADO JR, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo... p. 274. 30 Ibidem, p. 109. 31 Idem, p. 276.

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escravizado. Dessa forma, a “utilização universal do escravo nos vários misteres da

vida econômica e social acabava reagindo sobre o conceito do trabalho, que se torna

ocupação pejorativa e desabonadora.”32

Tal fato proporcionaria apenas uma pequena margem de ocupações dignas para

os homens livres: se não é ou não tem recursos para ser fazendeiro, senhor de engenho

ou lavrador, ocupasse-a de algumas poucas tarefas rurais; outra opção seriam os

ofícios mecânicos não monopolizados pela escravidão; funções públicas se fosse

suficientemente branco; as armas ou o comércio, lembrando que este último era

privilégio exclusivo dos reinóis. Sobram ainda as profissões liberais - como médicos e

advogados - mas cuja formação era de acesso restrito, pois exigia aptidões especiais,

preparos e estudos que não tinham como ser desenvolvidos na colônia por falta de

instituições e recursos capazes de formar tal gama de profissionais. Por fim, e talvez o

caminho mais propício se considerarmos tratar-se de um “futuro país independente”, a

profissão oferecida pela Igreja, refúgio da inteligência e cultura na Colônia: “quando,

realizada a Independência, se teve de recorrer aos nacionais para preencher os cargos

políticos do país, é sobretudo nele (clero) que se recrutarão os candidatos.”33

Verifica-se, assim, que para aqueles desprovidos de recursos materiais

suficientes, ou mesmo de uma “brancura” aceitável, os meios de sobrevivência na

Colônia se tornavam escassos, e consequentemente, abria-se um imenso vácuo entre os

dois extremos da escala social: a pequena minoria dos senhores e a massa populacional

formada pelos escravos. “Aqueles dois grupos são os dos bem classificados na

hierarquia e na estrutura social da Colônia: os primeiros serão os dirigentes da

colonização nos seus vários setores; os outros, a massa trabalhadora.”34 E, entre esses

pólos sociais, a imensa multidão de libertos, escravos fugidos e mestiços,

transformados em desclassificados, inúteis e inadaptados no contexto geral da

sociedade.

Esse contingente, indefinido socialmente, crescia quantitativamente e

continuamente com o passar do tempo, pois como mencionado acima, compunha-se

32 Idem, p. 278. 33 Idem, p. 281 34 Idem, p. 281.

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sobretudo de pretos e mulatos forros ou fugidos da escravidão; índios mal adaptados a

sociedade que os acolheu; mestiços de todas as categorias e até mesmo brancos puros,

filhos diletos da Côrte portuguesa . Não conformando-se com a situação de escravos e

não possuindo recursos suficientes para tornarem-se senhores, se vêem privados de

qualquer modo estável de vida, seja por preconceito ou por falta de opções

disponíveis. “Não existia, enfim, ocupações estáveis capazes de absorver, fixar e dar

uma base segura de vida à grande maioria da população livre da colônia.”35 Restará,

enfim, viver na indigência.

Dessa forma, parte desses indivíduos viverão vegetando pelas desertas regiões

da colônia, ainda mal exploradas por serem muito remotas, numa condição

extremamente miserável e degradada; ou ainda formarão agrupamentos “raciais”,

como os quilombos, por exemplo, mantendo os modos de ser e agir que praticavam

em sua terra nativa, conservando e perpetuando suas crenças e costumes. Outros ainda

se agregariam a algum colono e, em troca de pequenos serviços, receberiam auxílio e

proteção. Haviam ainda aqueles que conseguiam montar uma propriedade de pequeno

vulto, cuja produção era destinada a própria subsistência. Por fim, os que se

transformariam na classe mais perigosa dentre todas as subcategorias, que causava

pânico e turbulência aonde se estabeleciam: os vadios, desocupados permanentes, que

viviam da ociosidade e do crime.

A sociedade colonial só perderia essa feição quando os grandes senhores,

herdeiros do clã patriarcal, também perdessem seu “reinado” absoluto no Novo-

mundo, seu absentismo, sua aristocracia; quando a vida econômica, social, política,

não girasse mais em torno das grandes propriedades rurais, mas sim nos grandes

centros urbanos, nas cidades, estabelecidas em meados do século XVIII, quando se

deu a descoberta do ouro e, principalmente, quando ocorreu definitivamente uma

hierarquização da sociedade. Ou, como afirmou OLIVEIRA TORRES, “era o ciclo do

ouro uma sociedade de classes, urbana, com características de uma distribuição de

classes perfeitamente caracterizada.”36

35 Idem, p. 285 36 OLIVEIRA TORRES, J. C. de. Estratificação social no Brasil... p. 29.

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Esses tímidos esboços do que formariam as cidades, inicialmente, tinham a

única função de estabelecer trocas comerciais, afinal, na colônia tudo girava em torno

da sua economia. A aglomeração nesses centros crescia e a população tendia a fixar-se

e

com o desenvolvimento da industria das minas, com o crescimento das cidades e dos burgos, sente-se declinar o amor del-Rei pelos senhores rurais; enfraquecer-se a aristocracia deles, reduzida agora nos seus privilégios pelo prestigio novo de que vêm investidos os capitães-generais, os ouvidores, os intendentes, os bispos, o vice-rei... fazendo dos mulatos e dos negros, oficiais de Regimento e desprestigiando assim os brancos da terra.37

Logo, as funções administrativas, comerciais, políticas, tinham de ser

preenchidas e, talvez, a oportunidade que aqueles elementos, antes sem categoria

definida, esperavam, tivesse realmente chegado: poderiam assumir atividades de

mecânica, ourivesaria, “os ofícios mecânicos constituiriam uma ótima oportunidade

para a ascensão social do mestiço. Davam-lhe posição social definida, dinheiro e

proteção”;38 ou então assumiam atividades comerciais de pequeno vulto, como

negociantes comissários (lembrando que o comércio em si era privilégio dos

indivíduos provindos do Reino) entre outras. Devemos ainda lembrar daqueles que

tiveram oportunidades de estudo, e que assumiam postos de advogados, Juízes,

médicos. Em suma, nesse momento “lançaram-se as bases para a formação de uma

classe média independente, constituída por homens que viviam do seu trabalho, que

não deviam satisfação senão à autoridade pública e que se sabiam possuidores de

direitos reconhecidos e proclamados...”39

Além disso, em conseqüência das atividades coloniais voltarem seus olhos para

as minas de ouro e surgirem daí outros atores no cenário brasileiro, a classe média

propriamente dita, fez com que a Coroa se opusesse ao domínio dos grandes senhores

de terra. Tratava-se de uma nova classe, formada sobretudo por mestiços, “burgueses e

negociantes ricos querendo quebrar o exclusivismo das famílias privilegiadas de donos

37 FREYRE, Gilberto. Sobrados e Mocambos. RJ: Livraria José Olympio Editora, 1968.p. 15 38 OLIVEIRA TORRES, J. C. Estratificação social no Brasil ... p. 33. 39 Ibidem, p. 33.

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simplesmente de terras... são esses elementos brancos ou quase brancos, ansiosos de

domínio.”40

Enfim, seria agora o momento de pensarmos a sociedade em termos mais

classificatórios, onde todos os elementos desta realmente se definiriam e teriam seus

lugares efetivos dentro da colônia, e finalmente existiria uma hierarquia de classes

sociais, embora grande parte dos dirigentes permanecessem sendo os rebentos da

antiga sociedade patriarcal e a grande massa populacional, com ocupações mais dignas

de homens livres, os atores coadjuvantes da grande “empresa capitalista moderna”.

40 FREYRE, Gilberto. Sobrados e Mocambos... p. 8

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2.0 Sepultamento ad sanctos: um caminho para o estudo do social

Ao propor uma pesquisa que envolvesse assuntos, de certa maneira, tão

implicados na “sociedade brasileira” do século XVIII - embora sendo esta

caracterizada por princípios arcaicos considerando-se os padrões europeus de

civilização - representaria um enorme desafio. Isso porque encontramo-nos diante de

uma população visivelmente constituída por elementos singulares, hierarquicamente

posicionados, dividindo-se entre senhores e escravos, libertos e administrados; ou seja,

num primeiro momento, somos portadores de um conceito construído a priori com

respeito ao Brasil Colônia – fruto da própria situação em que este foi povoado - fato

que nos remete a julgar generalizadamente as questões sociais nele implicados.

Partindo dessa primeira idéia, de abordar uma sociedade hierárquica por

natureza, onde cada indivíduo possui um status particular no âmbito geral da Colônia,

criteriosamente definido pelo tom de sua pele, transfere-se o olhar para uma questão

que, inicialmente, seria óbvia: se os indivíduos ocupavam em vida um espaço

“próprio” dentro da sociedade, cuja escala era determinada somaticamente, tal

característica seria transposta no sepultamento dentro do espaço ad sanctos? Os

indivíduos permaneceriam com seu status social mesmo no “pós-morte”, ultrapassando

dogmas religiosos como aquele que afirma que “todos os homens são iguais perante

Deus”?

Tais questionamentos instigam ainda mais a curiosidade quando se dá conta de

que se trata de uma população que ansiava por religião, que já trazia consigo a

profunda “necessidade de praticar a religiosidade, mesmo sem o apoio oficial”41, cujos

“colonizadores tinham em sua fé um sustentáculo primordial na sua vivência”.42 Nesse

sentido, o indivíduo por mais rudimentar ou simples que fosse, já carregava em sua

cultura um forte apego pelas questões “sagradas”, demonstrando sua fé nos mais

diversos setores da vida particular e social. Estas crenças tornavam-se mais evidentes

nos momentos mais derradeiros da vida, como situações que envolviam doenças ou

41 MORAIS, Juliana de Mello. Sacralização da pobreza: sociabilidades e vida religiosa numa pequena vila da América portuguesa. Dissertação de Mestrado. UFPR, 2003. p. 25. 42 Ibidem, p.25.

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morte; quando homens e mulheres, independente de sua cor ou cultura, procuravam

tomar certas precauções que seriam eficazes - para a mentalidade da época – em

garantir um futuro mais ameno no Além-mundo ou, ao menos, passível de correção

das suas falhas terrenas.

Dentre tantas providências para atingir a “paz dos justos” e a ida da alma

diretamente ao Paraíso, chegada a hora do julgamento particular,43 o futuro mais

almejado na eternidade enquanto aguardaria o momento do Juízo Final, destaca-se a

prática do sepultamento realizado no interior das igrejas, ad sanctos. Embora possua a

finalidade de acrescentar precauções para uma boa-morte, outra de suas características

primordiais seria “a aproximação dos vivos e dos mortos, com a penetração dos

cemitérios nas cidades ou vilas, no meio das habitações dos homens.”44 Em outras

palavras, mortos e vivos dividiriam o mesmo espaço, numa troca constante de

lembranças que, por sua vez, estariam implicados no seu local de sepultura: àqueles

mais próximos dos altares receberiam consequentemente mais intenções do que

aqueles que, por ventura, estariam relegados aos locais mais remotos do templo. Bem

como a lembrança e a presença dos restos mortais dos primeiros seria mais visível,

mais percebida, mais sentida, pelos entes que viessem confortar-se entre imagens de

santos e anjos.

Por esses sepultamentos se realizarem em solo expressamente sagrado, os

indivíduos por mérito ali enterrados acreditavam que estariam em ligação direta com

todos os tipos de seres e entidades celestiais e, principalmente, com o próprio Deus.

Além disso, era divulgada a crença de que quanto mais próximo das chamadas

“relíquias sagradas”, ou restos mortais de indivíduos canonizados, o corpo morto fosse

depositado, mais próxima da salvação eterna estaria sua alma. Mais tarde, quando o

olhar da população voltou-se para as imagens propriamente ditas dos mais variados

santos católicos, além daquelas que remetiam a Jesus Cristo, o cenário mais almejado

para sepultura seria o Altar-mor, local privilegiado dentro da igreja. Assim, quanto

43 Este ocorreria no exato instante da morte, quando a alma imediatamente seria encaminhada para um dos três espaços do Além-mundo: Paraíso, Purgatório ou Inferno. Tal momento tinha como portador da sentença o anjo Miguel, que possuía em seu poder um livro contendo todos os passos que o indivíduo deu em vida, sejam eles bons ou não. 44 Ariès, Philippe. O Homem diante da morte. Rio de Janeiro: Francisco Alves Editora, 1981. Vol. I. p.34.

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mais aproximado, senão no próprio altar fosse o morto enterrado, mais possibilidades

sua alma teria em desfrutar da beatitude eterna.

Entretanto, nem todos poderiam ou teriam recursos suficientes para arrematar

uma sepultura no local mais requisitado dentro do espaço sagrado, fato que

possibilitou o surgimento de altares laterais, embora menores, ou mesmo capelas

apêndices à igreja e em outros locais da vila, mas que possuíam em seu âmago a

mesma função: acolher indivíduos para que ficassem próximos aos seus santos de

devoção. Estas pertenceriam as Irmandades, Confrarias e Ordens Terceiras, cuja

finalidade era a promoção de solidariedades coletivas em torno de um santo especifico,

até porque “um dos aspectos fundamentais da religiosidade católica é a devoção aos

santos”.45

Mesmo com todas essas artimanhas para ser sepultado próximo as imagens

sacras, a grande maioria dos indivíduos permaneciam com seus corpos relegados a

outros ambientes participantes do solo da igreja, espalhando-se por entre os mais

diversos domínios da mesma: junto à torre, junto a porta principal, junto aos bancos,

próximo as portas travessas, entre outros. Não deve-se esquecer do Adro, que embora

situado na parte externa à igreja, não deixava de, também, ser um solo disputado por

muitos, que possivelmente seriam sepultados em terrenos baldios, ao longo de

estradas, ou mesmo deixados a mercê de animais, como o caso de muitos escravos, por

exemplo.

A partir desse breve contexto e considerando a prática de sepultamento ad

sanctos dentre os habitantes da pequena vila de Curitiba de meados do século XVIII,

buscar-se-á relacionar os locais utilizados para sepultura na igreja justamente com o

local que o indivíduo possuía na sociedade durante a vida, com o seu status social. Ou

seja, esta modalidade de sepultamento será a meta que guiará a possibilidade de um

estudo acerca da divisão da sociedade curitibana, basicamente, entre elementos

“brancos” e “não brancos”.

Isso só foi possível graças a conservação e, posteriormente, leitura das atas de

registros de óbitos da antiga Igreja Matriz de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais da

45 MORAIS, Juliana de Mello. Sacralização da pobreza...p. 30.

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Vila de Curitiba.46 Tais arquivos, descritos pelo pároco responsável pela Matriz -

Manoel Domingues Leitão - continham informações cruciais para o desenvolvimento

da pesquisa, embora nem todos sendo completos, como condições filiais, sociais e

religiosas (pertencimento ou não a Ordens Religiosas, além de devoções particulares)

dos indivíduos falecidos dentre os anos de 1760 à 1775.

2.1 Características de uma pequena vila setecentista do Brasil Colônia

Pensar em uma sociedade colonial de meados dos setecentos, constituída

sobretudo por elementos “brancos” e “não brancos”, nos remete tão logo a focalizar os

grandes núcleos de povoamento do norte e nordeste do futuro território brasileiro, com

seus imponentes engenhos, senzalas e casas-grandes. Esquecemo-nos que no outro

extremo também existiam formas peculiares de colonização, com atores distintos,

economias substanciais e com um estilo de vida muito mais rudimentar.

Dentre estas, situa-se a “Villa de Corytyba”, que em meados do século XVIII

possuía uma pequena população que não ultrapassava em muito o número de 4.000

almas.47 Além disso, tinha como uma de suas características peculiares a simplicidade,

que o viajante Augusto de SAINT-HILAIRE observou com precisão ainda nas

primeiras décadas do século XIX: “Em Curitiba e nos arredores é muito pequeno o

número de pessoas abastadas. Eu vi o interior das principais casas da cidade, e posso

afirmar que nas outras cabeças de comarcas ou mesmo de termos não havia nenhuma

casa pertencente às pessoas importantes do lugar que fossem tão modestas assim.”48

Tal situação seria o resultado da própria formação da vila, fruto dos

empreendimentos de bandeirantes e mineradores paulistas que se dirigiam ao sul da

Capitania de São Paulo devido as recorrentes notícias da possível existência de veias

auríferas na região dos Campos Gerais, bem como para a captura de nativos que

46 Estes registros encontram-se digitalizados pelo CEDOPE ( Centro de Documentação e Pesquisa de História dos Domínios Portugueses) do Departamento de História da Universidade Federal do Paraná. 47 SCHAFF, M. B.; DE BONI, M. I. M.; BURMESTER, A. M. O. A população de Curitiba no século XVIII. In: ANAIS DO COLÓQUIO DE ESTUDOS REGIONAIS. Comemorativo I centenário de Romário Martins. Curitiba, n.º 21, 1974. p.72. 48 SAINT-HILAIRE, Auguste de. Viagem a Curitiba e Província de Santa Catarina. Belo Horizonte: Itatiaia, 1978. p. 71.

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serviriam de mão-de-obra barata para os grandes proprietários de terras: “a

escravização de indígenas e a constante procura de metais teriam, por conseqüência,

ainda na primeira metade do século XVII, a ocupação portuguesa de terras do litoral e

do primeiro planalto paranaenses.”49 Como essas atividades eram difíceis e pouco

rendosas, devido as condições das distâncias e da natureza do trabalho, obrigou “os

que procuravam ouro a se fixar com residência”50 possibilitando, com isso, antes

mesmo da fundação das vilas, a existência de povoados nesses locais.

Dentre estes povoados, e considerada inicialmente como parte secundária da

comunidade paranaense, encontra-se Curitiba, que somente em 1693 recebeu o

predicamento de vila, como iniciativa dos próprios moradores, que necessitavam a

instauração da ordem civil. Logo, “constituídas as autoridades municipais – as

‘justiças’ - a vila traçou o seu aspecto igual a tôdas as outras fundadas pelo

colonialismo português.”51 E, segundo Romário MARTINS, desde muito cedo, a

população “desejava a organização legal de um sistema regulador da ordem e

assegurador de condições eficazes de progresso...”52 Havia aproximadamente um

quarto de século que a vila de “Pinhaes”53 tinha ereto o seu Pelourinho (1668), ainda

lhe faltava a organização da autoridade local, composta por “homens bons” nos cargos

de governança.

Entretanto, a eleição dos primeiros Juízes, vereadores, procurador do Conselho

e Escrivão da Câmara da futura capital paranaense não fora suficiente para mudar a

condição da vila, cuja população se viu tão logo obrigada a pagar impostos que, por

sua vez, não davam conta das despesas da mesma.

A própria topografia era pensada no intuito de garantir mais proteção, de uns

para com os outros, já que as autoridades não tinham cunho suficiente para garantir

por todos. Por outro lado, grande parte da população permanecia morando pelos

arredores, em sítios e fazendas, vindo à vila somente para “tratar de negócios e assistir

49 BALHANA, Altiva Pilatti; MACHADO, Brasil Pinheiro; WESTPHALEN, Cecília Maria. História do Paraná. Curitiba: Grafipar, 1969. p. 26. 50 Ibidem, p. 30. 51 Idem. p. 40. 52 MARTINS, Romário. Curitiba de outrora e de hoje. Curitiba: gráfica Monteiro Lobato e Cia, 1922. p. 103. 53 Como inicialmente era conhecida a vila de Curitiba devido a sua padroeira ser Nossa Senhora da Luz dos Pinhais.

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às festas religiosas.”54 Nesse sentido, em meio a tanta decrepitude, as construções da

época correspondiam a situação geral da vila, elevadas basicamente com madeira,

barro, taquara e pedras e, “a fim de que os vizinhos se socorressem dia e noite, e para

que as ruas não fôssem disformes... as casas eram unidas umas às outras, e no

alinhamento da rua.”55 Mesmo as atividades administrativas eram sustentadas mais

pela solidariedade e cooperação dos moradores do que pelos impostos, sendo que a

limpeza das ruas e dos riachos, bem como a conservação dos caminhos,56 eram

obrigações dos proprietários particulares.

Nem Câmara Municipal havia na presente vila, sendo que antes de ter sede

própria funcionava, “por empréstimo”, na Igreja, que por sua vez não passava de “uma

modestíssima capelinha de pau á pique,57... com uma pia batismal, uma lâmpada de

latão, um Altar-mor com os santos de sua invocação e um outro lateral com a imagem

de N. S. de Guadalupe...”,58 já que seria somente em 1720 que a Matriz curitibana

receberia a imagem de sua padroeira – Nossa Senhora da Luz.

Enfim, vivia-se num estado de suma pobreza, cuja “carência de gêneros, numa

população que se formou subitamente, e que se dedicava exclusivamente à cata de

ouro, criou tremendos problemas de abastecimento, que raiaram pelo drama da

fome.”59 Tal fase só foi superada quando uma nova atividade econômica se inaugurou

no planalto curitibano: o tropeirismo.60

54 BALHANA, Altiva Pilatti; MACHADO, Brasil Pinheiro; WESTPHALEN, Cecília Maria. História do Paraná... p. 41. 55 Ibidem, p. 40. 56 Entre estes, o caminho de Cubatão, por qual desenvolvia-se um importante comércio entre Paranaguá e Curitiba. De Curitiba remetia-se para a vila litorânea gado vacum e cavalar, trigo e erva-mate; e de Paranaguá para o planalto curitibano subiam as mercadorias estrangeiras, peças de pano de algodão, vinho, aguardente, vinagre, azeite e sal. 57 MARTINS, Romário. Curitiba de outrora e de hoje... p. 106. 58 Ibidem. p. 113. 59 BALHANA, Altiva Pilatti; MACHADO, Brasil Pinheiro; WESTPHALEN, Cecília Maria. História do Paraná...p. 62. 60 Que consistia no comércio de mulas adquiridas no Rio Grande do Sul, no Uruguai e na Argentina, que eram conduzidas em tropas, numa caminhada de três meses pela estrada do Viamão, invernadas por alguns meses nos Campos do Paraná e vendidas na feira anual de Sorocaba, onde eram compradas principalmente por paulistas, mineiros e fluminenses. Esse período de tropeirismo foi denominado como “ciclo das tropas”, o qual teve seu início no ano de 1731 e esgotou-se somente na década de 1870. É interessante notar que, as fazendas de criação de gado e invernagem de muares ocupavam praticamente todas as regiões de campos naturais do Paraná, que vão de Curitiba (Campos Gerais) aos Campos de Guarapuava.

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Como a mineração mostrou-se uma atividade pouco rendosa, os que se

estabeleceram nos Campos Gerais, e de Curitiba, empregaram-se nas atividades

ligadas a criação de gado e pastoreio, uma vez que os mesmos campos eram excelentes

para tal empreendimento. Por outro lado, esse ramo exigia um novo modo de vida,

fundado no sedentarismo e na formação de currais e sítios. Dessa forma, seriam

estabelecidos núcleos de populações estáveis, garantindo a efetiva ocupação de todo o

território do que viria a ser o Paraná.61

sob a base da grande propriedade de terras de campo natural, da criação de gado, do tropeirismo e da invernagem, e do trabalho escravo indígena e negro, caracterizou-se no século XIX a classe dominante regional, configurado em famílias fazendeiras, vivendo em suas terras e detendo o poder político local e regional, por meio de oligarquias parentais.62

Entretanto, a grande massa da população curitibana continuava a viver em

estado de mediocridade, cuja única atividade econômica se fundava na agricultura de

subsistência. Tal fato pode ser verificado nas chamadas Listas Nominativas de

habitantes, da Vila de Curitiba,63 quando a grande maioria das famílias “vivia de suas

lavouras.”

Assim, em pleno fim de século XVIII e início do XIX, conjetura-se o formato

no qual se pautara a pequena vila curitibana, cujos homens mais “abastados” eram

possuidores de poucas riquezas, entre as quais, fazendas de gado e algumas dezenas de

escravos. Os demais, para se sustentar, viviam de ofícios secundários: alfaiates,

sapateiros, auxiliares, ferreiros, “negócios mercantis”, entre outros.

Mas o grande diferencial e significativo é que, apesar de se formar em outros

padrões, não sustentados pela grande propriedade, que por si só se caracterizavam pelo

avultado número de escravos, a sociedade paranaense se assinala também como

61 Uma vez que os Campos Gerais envolviam os territórios que correm entre Curitiba e a atual região de Palmas. 62 BALHANA, Altiva Pilatti; MACHADO, Brasil Pinheiro; WESTPHALEN, Cecília Maria. História do Paraná...p. 65. 63 Estes registros também se encontram digitalizados no CEDOPE, do Departamento de História da Universidade Federal do Paraná.

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estritamente escravocrata, fundada na utilização da força de trabalho indígena64 e

negro, além de seus descendentes e mestiços.

para a formação do efetivo populacional paranaense, concorreram os mesmos elementos étnicos que constituíram os fundamentos da população brasileira. Assim, na composição da população do Paraná tradicional, isto é, do Paraná da mineração, da pecuária, das indústrias extrativas e da agricultura de subsistência, estão presentes o branco, o índio e o negro, e toda a variada gama de mestiços que caracterizam o quadro demográfico de grande parte dos países americanos e da maioria das regiões brasileiras.65

Divididos por seu status, negros e indígenas eram empregados como “escravos”

nas mais diversas atividades da colônia, desde a mineração, a agricultura de

subsistência, a pecuária, até mesmo nos afazeres domésticos, artesanatos e funções

administrativas.

...o índio, e mais tarde o negro, tanto no período da escravidão, como no período dos aldeamentos, era a mão-de-obra que sustentava todas as estruturas superiores da sociedade colonial: nos trabalhos domésticos, nas derrubadas e lavouras, na jornada das minas e na

condução das cargas (grifo do autor), como soldados das guerras do sertão contra outros índios que deveriam ser caçados, nos serviços públicos de estradas, nos transportes de mercadorias, nas construções de fortalezas.66

Como a utilização do trabalho escravo ocorreu em praticamente todas as

atividades da comunidade paranaense, Altiva Pilatti BALHANA chega mesmo a afirmar

que “a participação econômica e social de escravos, índios e africanos, e seus

descendentes, na formação do efetivo populacional paranaense, foi bastante

significativa e persistiu durante um largo período, imprimindo-lhe características que o

identificam com aqueles do modelo clássico da formação da população brasileira.”67

Verificando os registros de óbitos dentre os anos de 1760 `a 1775, percebe-se

como realmente havia um significativo contingente populacional composto por

escravos, administrados e forros, pois a grande maioria dos registros pertenciam a tais

elementos: de um total de 523 registros, apenas 154 eram de indivíduos notoriamente

64 Os índios eram, na maioria, incorporados hereditariamente ao patrimônio das grandes famílias, carijós e seus descendentes, que tinham a denominação jurídica de administrados. 65 Ibidem, p. 118 e 119. 66 Idem. p. 27. 67 Idem. p. 127.

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“brancos”.68 Os demais registros correspondiam respectivamente à 109 escravos, 27

administrados, 04 índios, 22 bastardos, 21 filhos de escravos/administrados/bastardos,

02 mulatos, 10 pretos forros, 01 administrado forro, 05 enjeitados, e o restante

encaixava-se aos “não brancos”, não constando sua condição social detalhada no

registro.

A par destas informações, caberá realizar um mapeamento dos locais utilizados

para sepultura destes indivíduos na Matriz curitibana, para finalmente discutir a

relação existente entre os espaços ocupados por esses elementos em vida (sua condição

no contexto geral da sociedade) com o espaço ocupado na igreja após a morte,

considerando que quanto mais próximo estivesse do Altar principal, mais “brancura”

sua pele possuía. Restará saber se essa premissa era seguida pelos habitantes da

pequena vila de Curitiba do século XVIII, ou se outros preceitos fundamentavam os

“critérios” para a realização de seus sepultamentos.

2.2 Os espaços ocupados na Igreja de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais para a

realização dos sepultamentos ad sanctos entre 1760 à 1775

A partir dos registros presentes nos livros de óbitos 01 e 02 da Igreja Matriz de

Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, da vila de Curitiba, entre os anos de 1760 à 1775,

foram localizados os seguintes espaços utilizados para sepultura:

TABELA 1 – Locais utilizados para Sepultamentos na Igreja Matriz de Nossa Senhora

da Luz dos Pinhais (1760-1775) correspondentes a defuntos “brancos” e “não brancos”

ESPAÇOS PARA SEPULTURA

Brancos Não Brancos

Para baixo da porta travessa 15 32 Para baixo da porta travessa por ser irmão do Rosário 03 09 Para baixo das portas travessas, levado na tumba da fábrica 08 01 Para baixo das portas travessas, levado na tumba das almas 01 -

68 Isso porque nas atas de óbitos, o pároco responsável dividia a mesma em duas partes: a primeira de exclusividade de defuntos brancos e a segunda referentes aos defuntos escravos, administrados e forros.

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Junto a torre 26 98 Dei sepultura eclesiástica aos ossos, junto a torre - 03 Para cima das portas travessas - 01 Para cima das portas travessas, levado na tumba das Almas 02 - Para cima das portas travessas, levado no esquife do Rosário 01 01 Para cima da porta travessa, junto a pia de água benta 01 - Para cima das portas travessas, levado na tumba da fábrica 02 - Adro - 71 Dei sepultura eclesiástica aos ossos, foram sepultados no Adro - 02 Dentro nesta igreja 12 21 Dentro na Igreja, levado no esquife do Rosário - 22 Dei sepultura eclesiástica aos ossos, dentro na Igreja 02 - Dentro na Igreja, levada na tumba das Almas 04 - Dentro na igreja, levado na tumba da fábrica 02 - Dentro na Igreja por ser Irmão do Rosário - 12 Dentro na Igreja por serem os Pais irmãos do Rosário - 02 Dentro na Igreja, junto com Joze Palhano 01 - Capela de Nossa Senhora do Terço 12 02 No alpendre da Capela de Nossa Senhora do Terço - 01 Capela de Nossa Senhora do Terço, levado na tumba das almas 05 - Capela de Nossa Senhora do Terço por serem seus pais Irmãos 02 - Capela de Nossa Senhora do Terço, levado na tumba da fábrica 02 - Capela de Nossa Senhora da Conceição de Tamanduá 04 06 Das grades para cima 02 01 Das grades para cima, levada na tumba das Almas 02 - Para cima das grades, defronte do Altar de Santo Antônio 01 - Para cima das grades, levado na tumba da fábrica 01 - Junto as grades 03 - Junto as grades, levado na tumba das Almas 05 - Junto as grades em uma sepultura dos irmãos de Nossa Senhora da Luz, levado no esquife do Rosário

01 -

Defronte das portas travessas 01 03 De fronte da porta travessa, levado na tumba da fábrica 01 01 Defronte da porta travessa, levado no esquife do Rosário 01 - Junto a porta principal 03 47 Junto a porta principal, levado na tumba da fábrica - 01 Junto a porta principal por ser Irmão do Rosário - 04 Junto a porta travessa - 10 Junto a porta travessa, levada no esquife do Rosário - 02 Junto aos bancos - 16 Junto aos bancos, levado na tumba das Almas 01 - Junto aos bancos por ser Irmão de Nossa Senhora do Rosário 01 07 Junto aos bancos para baixo - 04 Junto ao púlpito - 01 De fronte do púlpito 02 -

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Capela de Nossa Senhora do Carmo, do Capão Alto 01 01 Em uma das três sepulturas da Irmandade de Nossa Senhora da Luz

01 -

Capela de Nossa Senhora de Pitanguy 01 - Capela-mor da Capela de Santa Barbara do Pitanguy 01 - Junto ao Altar do Senhor Bom Jesus 03 - Junto ao arco da Capela Mor 03 - Sepultura dos Irmãos de Santo Antônio, segunda para baixo das grades

03 -

Junto ao confessionário da parte esquerda 01 - Junto ao confessionário, da parte do evangelho, levado na tumba das almas

01 -

Dei sepultura aos ossos, para baixo das grades 01 - No canto da parte direita, junto a parede - 01 Junto as grades de comunhão - 01 Sem local especificado 04 - NOTA: As informações contidas na tabela seguem a divisão proposta pelo pároco Manoel Domingues Leitão nos livros de óbitos da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, entre defuntos brancos e defuntos negros, administrados e forros, substituídos pelo termo “não brancos”.

Tendo em mãos os dados necessários para o desenvolvimento da pesquisa, no

caso, os locais de sepultura ad sanctos na Matriz de Nossa Senhora da Luz, e a

condição social dos indivíduos ali sepultados, resta discutir se há uma possível relação

entre estes “locais” representantes da vida e da morte de cada elemento social no

espaço sagrado.

2.3 - Sepultamento ad sanctos: cada um possui seu lugar dentro da igreja?

Como visto em capítulo anterior, a modalidade de sepultamento ad sanctos era,

inicialmente, uma especificidade européia, em cujas igrejas centenas de pessoas eram

sepultadas na garantia de salvação da alma. Porém, essa cultura foi difundida em

outras sociedades católicas espalhadas pelo mundo, e entre estas, no Brasil, que até

então não era mais que uma colônia portuguesa.

Assim, em pleno século XVIII, quando os cristãos europeus já haviam

adquirido a prática de sepultar seus mortos em cemitérios afastados das cidades, em

virtude das recorrentes epidemias de peste que os afetavam desde o século XVI, a

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necessidade de sepultar os mortos dentro das igrejas permanecia ocorrendo em

sociedades mais recentes.

Tal é o caso da pequena Curitiba setecentista, com sua modesta Igreja Matriz,

que recebia em seu solo dezenas de pessoas por ano, na esperança de garantir o

depósito do seu corpo em solo sagrado. Porém, resta saber se esse solo era um espelho

que refletia a sociedade em questão, com sua divisão espacial respeitando a

classificação social que em que esta recaía.

Nesse sentido, tal situação poderia ser percebida verificando os registros de

óbitos da Matriz de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, nos quais o padre responsável

pelas “almas” dos curitibanos dentre os anos de 1760 à 1775 descrevia o local de

sepultura, além da condição social de cada indivíduo falecido, especificando sua

condição de branco, negro, administrado ou liberto. Partindo destes dados, foi possível

notar algumas peculiaridades do sepultamento ad sanctos entre os habitantes da “Villa

de Corytyba”.

Embora fosse de praxe dividir o espaço da igreja entre fiéis brancos “puros”

próximos ao Altar-mor e os demais elementos sociais como escravos, administrados,

forros e mestiços, na outra extremidade da construção sagrada, não deixa de ser

verídico que todos se esforçavam “por viver e morrer próximos às imagens santas.”69

Os obituários nos revelam tão profunda necessidade, pois encontramos todos esses

elementos sepultados na pequena Igreja Matriz curitibana, embora grande parte desse

privilégio fosse dado aos pertencentes de associações leigas.

Analisando os dados contidos nos registros, podemos dizer que a grande

maioria dos indivíduos “de cor” foram sepultados dentro da igreja por fazerem parte

de Irmandades e Ordens Terceiras, uma vez que estas “se formavam de modo a

representar e a atender os diferentes grupos sociais, as confrarias acabavam por

mapear a sociedade na qual surgiam.”70 Dessa forma, é comum encontrarmos nos

registros as seguintes expressões: “sepultado no... por ser Irmão do Rosário”; “dentro

na Igreja por ser Irmão do Rosário”; “levada na tumba das Almas por ser Irmão...”,

entre outras.

69 MORAES, Juliana de Mello. Sacralização da pobreza... p. 31.

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Entretanto, também como nas antigas igrejas européias, havia uma clara divisão

social entre as sepulturas, seguida quase que à risca, quando ficava inevitável uma

distribuição social no interior desta (Igreja), distinguindo-se três categorias principais:

“em primeiro lugar, os nobres de espada e de toga, os capitães, os grandes e pequenos

oficiais de justiça..., o clero, os médicos, as pessoas gradas. Em seguida os

comerciantes e os mestres de ofícios. Enfim, os operários, as criadas, gente modesta e

os desconhecidos.”71

No Brasil Colonial, a situação era um pouco diferente, com a nave principal da

igreja sendo basicamente dividida entre homens brancos e homens de cor, o que era

muito bem visível nos próprios cultos – quando os primeiros ocupavam o espaço entre

o Altar Mor e as portas travessas e os segundos os espaços restantes. E, observando

rapidamente os obituários, não resta dúvida de que a mesma divisão era traspassada

para as suas sepulturas no pós-morte.

Entretanto, apenas uma pequena parcela de indivíduos notoriamente brancos

encontravam-se sepultados nos espaços mais requisitados da igreja, os quais eram

destinados à categoria de “homens bons” (apenas 26 sepultados num total de 154):

para cima das portas travessas, junto as grades, para cima das grades, junto ao arco da

Capela Mor, junto ao Altar do Senhor Bom Jesus, junto ao confessionário. “Ser

enterrado ‘além das grades’ representava o privilégio de ficar mais perto dos santos de

devoção ou mesmo de Cristo.”72 Além disso, “ser enterrado próximo aos altares era

um privilégio e uma segurança mais para a alma, atitude relacionada à pratica

medieval de valorizar a sepultura próximo aos túmulos de santos e mártires da

cristandade.”73

Como exemplo de pessoas sepultadas nesses locais privilegiados da igreja,

podemos citar os seguintes casos: Capitão Miguel Gonçalves Lima, falecido em 28 de

março de 1766, e cujo corpo foi sepultado junto as grades;74 Thomas Leme do Prado,

homem de posses, falecido em 13 de março de 1770, sepultado junto ao arco da

70 Ibidem, p. 39. 71 Ariès, P. O homem diante da morte...p. 91. 72 REIS, J. J. A morte é uma festa: ritos fúnebres e revolta popular no Brasil do século XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 1991. p. 176 73 Idem, p. 176.

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Capela-mor;75 Escolástica Soares do Valle, casada com um Sargento-mor, falecida em

24 de março de 1771, sepultada junto as grades;76

Os demais “homens brancos” eram sepultados em locais destinados à mestiços

ou forros, devido a sua condição de pobres ou, como o pároco registrava em sua ata

“por ser notoriamente pobre”: para baixo das portas travessas, junto aos bancos e

proximidades, além daqueles enterrados perto da porta principal.

Por outro lado, os escravos e alguns administrados, considerados por muitos

como os sujeitos mais desclassificados da sociedade, por assim dizer, eram relegados à

porta principal, junto a ela ou no Adro (local externo à igreja), espaços opostos àqueles

destinados aos homens ilustres da sociedade. Dessa forma, podemos afirmar que

estamos diante dos grandes extremos sociais da vila, espelhados no solo sagrado da

Matriz curitibana.

Deve-se atribuir uma atenção especial ao local especificado como Adro, ou

seja, a parte externa da igreja, que “era tão desprestigiada que podia ser obtida

gratuitamente. Ali se enterravam escravos e pessoas livres muito pobres.”77 Não é a toa

que nesse local estão sepultados 71 escravos, de um total de 109.

Os escravos restantes, assim como administrados, forros e mestiços,

encontravam outras artimanhas para serem sepultados em locais menos

desprestigiados da Matriz, sendo a mais evidente sua associação a Irmandades e

Ordens Terceiras. “As irmandades de todas as cores foram unanimes quanto à

necessidade de proporcionar funerais decentes aos confrades, e com freqüência a seus

familiares e mesmo a não-associados.”78

Dessa forma, tornou-se comum o pároco Manoel Domingues Leitão registrar:

“sepultado para baixo das portas travessas, levado na tumba das almas por ser irmão”;

“em uma das sepulturas dos irmãos de Santo Antonio”; “em uma das três sepulturas da

Irmandade de Nossa Senhora da Luz”;

74 ACMC Livro de óbito 02. f.08 75 ACMC Livro de óbito 02. f.14 76 ACMC Livro de óbito 02. f.14 77 REIS, J. J. A morte é uma festa... p. 175 78 Ibidem, p. 146.

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Entretanto, dentre todas as associações leigas presentes na Matriz Curitibana –

Nossa Senhora da Luz, Santíssimo Sacramento, São Miguel e Almas e Santo Antônio -

a mais requisitada era uma que fora construída pelos elementos mais “humildes” da

sociedade: a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, cuja santa era devotada,

sobretudo, por negros escravos. Estes elementos, bem como àqueles que não possuíam

posses suficientes para serem sepultados na igreja, encontravam na associação – que

apesar de ser constituída por escravos, aceitava como irmãos pessoas de qualquer

condição social – a chance de obter um sepultamento digno. Tal foi o caso de pessoas

sepultadas por serem irmãs ou levadas no esquife79 de Nossa Senhora do Rosário: 22

foram sepultadas dentro da igreja levadas no esquife do Rosário, 12 dentro da Igreja

por serem irmãos do Rosário, 08 junto aos bancos (sendo um “notoriamente branco”) ;

04 junto a porta principal, 12 para baixo da porta travessa (03 eram “brancos”), 02

dentro da igreja por serem seus pais irmãos do Rosário; 02 para cima da porta travessa

levados no esquife do Rosário (01 era “branco”) e 01 defronte da porta travessa.

Da mesma forma, os associados a outras Irmandades possuíam o privilégio de

serem sepultados nas suas capelas: Nossa Senhora do Terço abrigou 22 indivíduos;

Nossa Senhora da Conceição de Tamanduá 10; Nossa Senhora do Carmo 02 e a de

Nossa Senhora do Pitanguy 01. Por outro lado, e não menos importante, havia as

tumbas da fábrica da igreja, sepulturas pagas mediante esmolas destinadas à mesma, as

quais receberam gratificações de 13 indivíduos brancos e 02 “de cor”.

Outro local utilizado para sepultura dentro da igreja e que merece destaque, é o

espaço junto a torre, que segundo os registros, era destinado quase que exclusivamente

às crianças, sejam elas brancas ou não.80 Nesse sentido, percebe-se que as crianças

possuíam um lugar especial na Matriz, que não era diferenciado pela sua condição

(neste local foram sepultadas 26 crianças “brancas” e 97 “não brancas”). Até porque,

na mentalidade setecentista, as crianças mortas prematuramente eram consideradas

anjinhos, e tal como estes, não sofriam as classificações humanas.

Outras peculiaridades dos curitibanos para com esta modalidade de

sepultamento encontram-se naqueles que desejavam ser enterrados junto aos bancos,

79 Os esquifes eram utilizados para carregar o corpo morto, como os caixões nos dias atuais.

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num total de 29 indivíduos. Muitas vezes o fato de ser sepultado neste espaço se deve

a vontade do indivíduo em permanecer ocupando na igreja após a morte o mesmo

lugar que ocupava em vida.

Já Francisca Ribeyra, falecida em 28 de março de 1768, foi sepultada para cima

da porta travessa junto à pia de água benta.81 Tal atitude representa o desejo de obter

uma vantagem a mais para a salvação da alma, pois se acreditava que a água benta que

respingasse junto a sepultura benzeria a alma dos que ali estivessem sepultados.

Por fim, resta o caso de Joam, falecido em 24 de outubro de 1772, cuja

sepultura se encontra junto a Joze Palhano.82 Neste caso, se percebe a necessidade de

aproximação dos parentes, onde “a igreja é quase sempre escolhida por uma razão de

família, para se ser enterrado seja perto dos pais, seja... perto do esposo ou dos

filhos.”83 Tal hábito se generalizou a partir do século XV, em diversas partes da

Europa,

e expressa bem os progressos de um sentimento que sobrevivia à morte; talvez alias, tenha sido no momento da morte que ele começou a se impor à consciência lúcida: se a família representava então um papel fraco no tempo banal da vida cotidiana, nas horas de crise, quando um perigo excepcional ameaçava a honra ou a vida, ela recuperava o seu império e impunha uma última solidariedade até depois da morte.84

Percebe-se, portanto, que assim como em muitas partes da cristandade, a vila de

Curitiba de meados do século XVIII cedia a sua Matriz para sepultamentos ad sanctos.

Por outro lado, estes sepultamentos seguiam uma classificação social, demonstrando

uma aberta divisão no pós-morte dentre os habitantes curitibanos, embora muitas

vezes, ofuscados pelo pertencimento dos mesmos a associações leigas, que tendiam a

amparar os diversos elementos sociais no memento derradeiro de suas vidas: a morte.

80 Dos 124 registros de sepultura neste local, apenas 01 não era de criança. 81 ACMC Livro de óbito 02. f.12 82 ACMC Livro de óbito 02. f.17 83 ARIÈS, P. O homem diante da morte...p. 80. 84 Idem, p.80

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3.0 A morte e os ritos fúnebres numa vila colonial do século XVIII

3.1 Entre crenças e inquietações: a “boa morte”

A morte e os mortos, ao longo da história do Ocidente, nem sempre ocuparam

tanta atenção por parte dos vivos quanto após o advento do Cristianismo, quando a

Igreja preocupada com o total descaso com que aqueles eram tratados, sem sepultura

cristã principalmente, cercou este fenômeno de crenças e costumes fundamentais para

garantir uma boa passagem para o Além-mundo. Nessa perspectiva, a presença da

Igreja Católica foi crucial, uma vez que era portadora de dogmas e doutrinas capazes

de interferir no cotidiano da morte, imprimindo em seus fiéis as maneiras corretas para

“bem viver” e “bem morrer”.

Por outro lado, não foram todos que aceitaram a “nova religião” de forma

simples e natural, precisando a estrutura eclesiástica elaborar mecanismos para

“estimular” os fiéis a seguirem os seus preceitos.85 Assim, nos Concílios Ecumênicos

estabelecidos desde o século IV, a Igreja elaborou uma série de doutrinas que, na

maioria das vezes, envolviam os rituais fúnebres, como medida necessária para que o

maior número de indivíduos aderissem a sua fé e tornassem-na uma religião de caráter

universal.

Nesse sentido, o catolicismo tomou como missão a propagação de verdadeiras

lições de fé e existência,86 além de estimular crenças e práticas que preencheriam o

universo da morte com elementos, simultaneamente, profanos e sagrados, numa

mistura de paganismo e cristianismo.87 Dentre tantas artimanhas para conquistar fiéis,

destaca-se como a mais propagada pela Igreja àquela que conferia a ressurreição dos

corpos e, consequentemente, a imortalidade da alma, uma vez que “a morte não era

85 Ou fundamentos de fé, como a crença em um só Deus, por exemplo. 86 Como as hagiografias, que narravam a vida dos santos, e que serviriam como exemplos de uma vida sem vícios e pecados, a serem seguidos pelos homens que almejavam atingir o Céu. 87 Uma vez que seria muito mais fácil conquistar fiéis se estes encontrassem na religião algo que já era parte da sua realidade, ou seja, que produzisse neles uma identificação com a sua antiga crença.

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vista como o fim do corpo apenas, pois o morto seguiria em espírito rumo a um outro

mundo, a uma outra vida.”88

Entramos, com isso, num determinado universo mental - no imaginário católico

- cujo alvo principal era conquistar os indivíduos comuns pela sua fé, pela sua crença

na existência de um outro mundo, pós-vida. Com tal intuito, forçou-se acreditar na

existência de um “espaço geográfico” celestial, composto tradicionalmente pelo

Paraíso e pelo Inferno e, somente alguns séculos mais tarde, em meados do século

XV, pelo Purgatório, que serviria como um local “intermediário”, onde as almas

purgariam suas faltas terrenas.89 “Os inventários dos afrescos medievais mostram que

da série de ‘julgamentos finais’, do século XIV e sobretudo do século XV, brotaram as

raízes de um novo tema, que rompeu os hábitos de uma sensibilidade coletiva

medieval, para a qual, no dizer de S. Agostinho: ‘só há dois lugares’.”90

Foi justamente com o nascimento do Purgatório,91 o terceiro espaço celeste,

que os homens encontraram uma chance de ainda conseguir a salvação eterna, por

mais pecados que possuíssem, e não cair diretamente nas chamas do inferno,

concebendo a hora da morte como um “acerto de contas e relação direta com o sagrado

ou ainda mais diretamente com Deus”.92 Nesse sentido, a morte tornou-se o momento

derradeiro da vida de qualquer indivíduo, representando a hora do “julgamento

individual”, o qual “condenaria ou exaltaria a alma do defunto, demarcando também o

local onde ela ficaria encerrada” 93 a espera do Juízo Final; quando os homens se

tornariam iguais perante Deus e seriam julgados pelos seus feitos e suas culpas durante

toda a vida terrena, não importando sua classe, raça ou cor. Assim, o “medo da

danação” provocou a preocupação com uma boa morte, quando algumas atitudes

seriam essenciais para decidir o futuro da alma no Além.

88 REIS, J. J. O cotidiano da morte no Brasil oitocentista. In:. ALENCASTRO, L. F. (org.) História da vida privada no Brasil: Império. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. p. 96. 89 Contudo, foi somente no século XVIII que a crença nesse espaço do Além-mundo tornou-se realmente popular. 90 VOVELLE, M. Imagens e imaginário na história: fantasmas e certezas nas mentalidades desde a Idade Média até o século XX. São Paulo: Ed. Ática, 1997. p. 48-49. 91 LE GOFF, Jacques. O nascimento do Purgatório. Lisboa: Estampa, 1993. 92MORAES, Juliana de Mello. Sacralização da pobreza: sociabilidades e vida religiosa numa pequena vila da América portuguesa. Dissertação de Mestrado. UFPR, 2003. p. 71. 93 Idem. p. 71.

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Os cristãos do Novo Mundo não fugiriam a essa regra, e os habitantes da vila de

Curitiba, de meados do século XVIII, ainda que situada do outro lado do Atlântico,

distante da Metrópole, bem como dos núcleos principais de povoação da colônia,

possuíram a mesma preocupação com a sua própria morte e com os seus mortos. Essa

inquietação transparece, principalmente, nos livros de óbitos da Igreja Matriz de Nossa

Senhora da Luz dos Pinhais, cujos párocos responsáveis registravam nas chamadas

Atas de Sepultamento, lugares de sepultura, testamentos, sacramentos recebidos,

pertencimento ou não a Irmandades e Ordens Terceiras, entre outros detalhes capazes

de demonstrar tal fato.

3.2 O testamento: revelador de práticas fúnebres

Embora a prática de testar fosse o “modo mais seguro de organizar a passagem

para o Além-mundo”,94 nos anos de 1760 à 1775 a presença do testamento dentre os

habitantes da vila de Curitiba era ainda muito rara pois, de um total de 523 registros de

óbitos, somente 19 incluíam tais documentos transcritos, sendo 18 de homens brancos

e 01 de “preto forro”.95 É interessante notar que a presença destes testamentos nas

Atas de Sepultamento da Matriz de Curitiba pode ser explicada pelo fato das

informações contidas nestes lembrarem muito bem a Igreja, a qual poderia ser uma

das maiores beneficiárias do morto.

Porém, embora fosse necessário aos homens e mulheres da época cuidarem do

destino da alma acima de qualquer outra obrigação, nem todos tinham bens

necessários para delegar ou redigir o testamento. Assim, era corriqueiro registros do

tipo “sem testamento por ser muito pobre”, ou então “sem testamentos porque não

tinha de que”.

Ainda haviam aqueles casos em que, mesmo possuindo bens, o indivíduo não

testava por morrer repentinamente. Tal situação, para a mentalidade da época, se

tornava um tanto perigosa para o futuro da alma no Além, pois o morto não teria a

94 Idem. p. 76. 95 Em fins do século XVIII, a população curitibana ainda vivia num estado de suma pobreza, sendo poucos os que tinham condições de redigir testamento.

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chance de se arrepender de seus pecados ou pedir a corte celeste a intercessão por sua

alma perante Deus, as quais representavam algumas das funções primordiais de tal

documento. Nessa perspectiva, o testamento deve, antes, ser percebido como uma

preocupação religiosa, muito mais do que material, uma vez que este tipo de legado

era deixado em segundo plano: “o testamento era então um documento para a salvação

da alma, era uma verdadeira prece generosa feita a Deus, à ‘gloriosa Virgem Maria’ e

aos intercessores celestes, ante a morte eminente.” 96

Nesse sentido, observa-se dentre os testadores o pleno objetivo de angariar a

ajuda de santos para interceder por suas almas “como advogados no Tribunal

Divino”.97 Em retribuição, se oferecia a celebração de dezenas, ou mesmo centenas, de

missas e outras celebrações de cunho religioso, ou seja, “o moribundo escolhia entre a

corte celeste aqueles santos que desejava homenagear, oferecendo missas para os quais

era devoto.”98

Assim o fez, por exemplo, Bento Gonçalves Coutinho Nobre, falecido em 17

de setembro de 1773, designando que “se fassa a novena do Senhor Santo Antonio no

anno q eu morrer a minha custa, digo a custa dos meus bens.”99 Ou, no caso de Joanna

Gracia, falecida em 03 de abril de 1772, em cujo testamento constava as seguintes

missas: “huma a S. Miguel, outra a S. Gabriel, outra a Nossa Senhora da Lux, outra a

Santo Antonio, outra ao santo do meu nome Santa Joanna, outra ao Anjo da minha

guarda...”100 Já Miguel Gonçalves Lima especificou que deixava “mais trinta e duas

missas pellos santos e santas de q tenho devoçam, cujos assentos ficam em hum livro q

tenho de contas...”101

É interessante notar que, quando o indivíduo citava o santo de seu nome,

estabelecia com ele uma identificação pessoal, o que “garantia um elemento a mais

para a brevidade da purgação.”102 Além disso, a prática de piedade pessoal era

96 MARCÍLIO, Maria Luiza. A morte de nossos ancestrais. In.: MARTINS, José de Souza (org.) A morte e os mortos na sociedade brasileira. São Paulo: HUCITEC, 1983. p. 68. 97 REIS, J. J. O cotidiano da morte no Brasil oitocentista... p. 102. 98 MORAES, Juliana de Mello. Sacralização da pobreza... p. 81. 99 ACMC. Livro de óbito 02. f. 19 100 ACMC. Livro de óbito 02. f. 16 101 ACMC. Livro de óbito 02. f. 08 102 MORAES, Juliana de Mello. Sacralização da pobreza... p. 83.

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divulgada pela Igreja Católica desde as reformas do século XVI, enfatizando que isso

era tarefa de todo o cristão que almejasse a salvação.103

A procura pela intercessão dos santos era tamanha, que alguns indivíduos

declaravam-se devedores de missas a eles, legando em testamento o cumprimento

destas após sua morte: “Declaro q devo a Nossa Senhora Aparecida huma missa = a

Sam Francisco das Chagas outra missa = às Almas outra missa...”104

Entre os testadores, haviam aqueles que se preocupavam não somente com o

destino da sua alma, mas também com o futuro de todas aquelas que sofriam as penas

do Purgatório. Para abreviar o tempo de sofrimento, destinavam-lhes missas; da

mesma forma, mencionavam outros personagens essenciais que faziam parte da trama

da salvação, destacando-se na edição do testamento os parentes já falecidos – ou

aqueles de sua obrigação105 – e elementos celestiais de maior “importância”, como o

Santíssimo Sacramento e as Cinco Chagas de Jesus Cristo.

Izabel Soares, em seu testamento, estabeleceu o seguinte: “deixo mais duas

missas huma pella alma de meo Pay e outra pella alma de minha May = mais huma

pella alma de minha filha defunta ...= outra ao Senhor Bom Jesus = outra em louvor

do Santíssimo Sacramento = e mais sinco missas em louvor das sinco chagas de Nosso

Senhor Jesus Christo.”106 Ou, ainda, Sebastiam dos Santos Pereyra, falecido em 31 de

agosto de 1760, que “declaro que da minha terça se mandem dizer sinco missas à

honra e louvor das sinco chagas de Nosso Senhor Jesus Christo, pesso e mandem dizer

logo depois do meu falescimento, e pesso e rogo a meus testamenteiros q seja com a

brevidade possível...107; e D. Maria Lemos do Conde, que especificou em seu

testamento o seguinte:

Por minha alma deixo se me digam as quarenta e sete missas de Sam Gregorio q sam repartidas pelas tençoes seguintes = à Santissima trindade tres = as chagas de Nosso Senhor Jesus Christo sinco = aos gozos de Nossa Senhora = sete = à circuncizam do Senhor = huma =

103 LEBRUN, François. As Reformas: Devoções Comunitárias e Piedade Pessoal. In:. ARIÈS, P. & DUBY, G. História da vida privada: da Renascença ao século das Luzes. São Paulo: Companhia das Letras, 1991. p. 73 104 ACMC. Livro de óbito 01. f.187 105 Estes seriam parentes ligados ou não a família nuclear ( mãe, pai, esposa(o) e filhos), como também agregados, afilhados, pessoas ligadas a transações comerciais, e até mesmo escravos. 106 ACMC. Livro de óbito 01. f. 90 107 ACMC. Livro de óbito 01. f. 91

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à Sam Joze = tres = aos Evangelistas = quatro = a Sam Joam Baptista e aos Profetas = tres = aos doze Apostolos = sinco = no Domingo de Ramos = huma = na quarta-feira de trevos = huma = ao Anjo Costodio = nove = a Sam Miguel e a todos os anjos = huma = aos Martires = huma = aos confessores = huma = às virgens = digo = huma = pelo defuntos = huma esta pesso seja cantada = pesso mais me mandem dizer por minha alma = nove missas = tres em memoria da inefavel caridade com q Deos desceo do ceo a terra a padecer pellos homens = e tres em memoria e reverencia do suor e sangue e agonias que padeceo no morto = e tres em memoria e reverencia das tres horas em q Christo Nosso Senhor esteve padecendo na cruz...108

Caso exemplar é o de Francisco de Siqueyra Cortes, que para aliviar a

consciência de algum mal, destinou “três missas pella alma do defunto Antonio Alvres

Freyre e huma mais por tençam q comuniquei ao meo confessor para desincargo de

minha consciencia.”109

Alguns destinavam centenas de missas às almas do Purgatório, uma vez que,

dentre elas, poderiam estar conhecidos. Foi assim que Trifonio Cardozo Pazes deixou

recursos para pagar “hum officio de nove liçoes”110 pela sua alma e pelas que estão no

Purgatório. Ou então Miguel Gonçalves Lima, que da sua terça mandou dizer “a

importancia de cem mil réis em missas pellas Almas do Purgatório.”111

Outros, por sua vez, escolhiam dentre as almas que estariam no Purgatório,

aquelas que eram mais desamparadas aos olhos de Deus, promovendo uma rede de

solidariedade para com outros mortos e facilitando a intercessão dos mesmos. A

exemplo do testamento do mesmo Sebastiam dos Santos Pereyra, que dedicou uma

missa “pella mais nececitada alma do Purgatório...”112 Ou então Izabel Soares, que

igualmente deixou em testamento uma missa “pella mais dezamparada alma do

Purgatório...”113

De modo igual, muitos dedicavam missas a parentes falecidos que, assim como

outras almas do Purgatório, poderiam ser solidárias na hora do julgamento individual.

Em conseqüência, muitos testadores lembravam-se deles – em especial a pais, irmãos,

esposos –, ao redigirem seus testamentos, dedicando-lhes missas: “quero q se diga a

108 ACMC. Livro de óbito 02. f. 16 109 ACMC. Livro de óbito 01. f. 97 110 ACMC. Livro de óbito 02. f. 23 111 ACMC. Livro de óbito 02. f. 08 112 ACMC. Livro de óbito 01. f. 91 113 ACMC. Livro de óbito 01. f. 90

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minha terça em missas pella minha alma e de meos Paes”114; “duas missas pella alma

de meu Pay = duas missas pella alma de minha May...”115; “huma capella de missas

em a villa de Santos por minha alma e de meus parentes e outra capella de missas na

villa de Parnagua pella de meus paes, parentes e minha...”116; “deixo mais duas missas

huma pella alma de meo Pay e outra pella alma de minha May = mais huma pella alma

de minha filha defunta...”117; “e quero que se me digam pela alma de meos defuntos

trinta missas.”118

Bento de Magalhaes Peixoto, na dúvida se era necessário legar ou não missas as

almas de seus pais, especificou que “deixo se me digam dez missas pellas almas de

meos pais, sendo-lhe necessarias, e nam havendo necessarias se digam pellas de minha

obrigaçam...”119

Entretanto, o indivíduo inquieto quanto ao seu futuro no além, designava um

grande número de missas em favor de sua própria alma, uma vez que apenas a

intercessão dos santos, anjos e almas conhecidas ou não, seria insuficiente para

garantir a salvação. Assim, convocava os párocos para que no dia de seu falecimento

dissessem tantas missas de corpo presente quanto pudesse pagar, bem como nos dias

subsequentes ao falecimento – mais precisamente, no sétimo, trigésimo, e no dia do

aniversário de sua morte.

Foi dessa forma que Miguel Gonçalves Lima, morto em 23 de março de 1766,

deixou por sua alma que “se mandem dizer tres capellas de missas”.120 Ou Francisco

dos Reis, em cujo pio declarou “q por minha alma deixo se me digam cem missas...”121

Joze Rodrigues França, “por minha alma deixo q se me digam duzentas missas as

coaes meus testamenteyros distribuiram em forma q se me digam logo...”122 Messia

114 ACMC. Livro de óbito 02. f. 12 115 ACMC. Livro de óbito 01. f. 97 116 ACMC. Livro de óbito 01. f. 93 117 ACMC. Livro de óbito 01. f. 90 118 ACMC. Livro de óbito 02. f. 11 119 ACMC. Livro de óbito 02. f. 14 120 ACMC. Livro de óbito 02. f. 08 121 ACMC. Livro de óbito 02. f. 11 122 ACMC. Livro de óbito 01. f. 93

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Nunes de Siqueyra especificou que “ digam por minha alma huma capella de missas de

esmola costumada de trezentos e vinte...”123

Já as missas de corpo presente eram essenciais para o morto obter uma boa

passagem para o Além, tanto que “ordeno q por minha alma se me digam no dia do

meo falecimento missas de corpo prezente pellos sacerdottes q houver na terra até o

numero de dez...”124; “Declaro q por minha alma deixo se me digam as missas de

corpo prezente pellos sacerdotes q se acharem e nam sendo possível se digam no

terceiro dia falescendo nesta villa e sendo em outra villa ou cidade, se me digam

somente dez missas de corpo prezente...”125; “ e os mais sacerdotes diram huma missa

de corpo prezente q se satisfara com a esmola costumada e quando por algum

accidente se nam possa fazer o ditto officio e missas, rogo q se fassa naquelles dias q a

Igreja determina.”126

Outros especificavam em testamento quem deveria dizer, ou assistir, as missas

por sua alma, como fez Francisco de Siqueyra Cortes, “rogo q no dia do meu

falecimento se me faça hum officio de defuntos de nove liçoes, no qual assistirá o meu

Rd.º Vigr.º e os mais sacerdotes q na ocaziam se acharem... deixo mais cincoenta

missas por minha alma as quais a metade dirá o meo Rd.º Parocho a outra metade se

diram os Religiosos moradores no Hospicio...”127

Haviam ainda aqueles que, por sua vez, expressavam uma certa preocupação

quanto ao cumprimento dos legados espirituais deixados no testamento: “pella minha

alma deixo huma capella de missas, e o mais ao arbitrio de minha herdeyra, q espero

fassa como boa Christam Catholica...”128

A partir dessas atitudes procurava-se, acima de tudo, negociar a estadia no

Purgatório, uma vez que para dele escapar mais rapidamente “além do arrependimento

na hora da morte, os mortos precisavam da ajuda (espiritual) dos vivos... ”129. Isso se

tornaria possível graças aos chamados sufrágios que, por sua vez, promoveriam uma

123 ACMC. Livro de óbito 01. f. 92 124 ACMC. Livro de óbito 02. f. 23 125 ACMC. Livro de óbito 02. f. 19 126 ACMC. Livro de óbito 01. f. 97 127 ACMC. Livro de óbito 01. f. 97 128 ACMC. Livro de óbito 02. f. 11 129 REIS, J. J. O cotidiano da morte no Brasil oitocentista... p. 97.

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verdadeira cadeia de solidariedades entre vivos e mortos, além de estimular a

constante memória dos que já partiram, fazendo-os “lembrar por meio da prece”.130

Nesse sentido, muitos testadores, preocupados com o seu status na sociedade,

encomendavam pompas fúnebres que seriam acompanhadas de sacerdotes, irmãos de

confrarias, além de pobres e músicos. Um funeral especial que, naturalmente, deveria

ser “pago”, já que alguns dos seus mencionados “atores” receberiam algum tipo de

esmola por seu trabalho. “A capacidade de mobilizar muita gente... era um sinal de

prestígio do morto e de sua família, um símbolo de poder secular, e ao mesmo tempo

uma proteção extra para a alma do defunto, que podia se beneficiar das rezas da

multidão.”131

Assim foi o funeral de Joze Rodrigues França, em 1760, no qual o padre

responsável pela paróquia fez-lhe “o officio de sepultura na forma do Ritual Romano e

hum officio de nove liçoes com o corpo prezente, a qual assistiram sinco Padres

commigo e o Mestre da Capella com sua Arpa.”132 Ou o de Trifonio Cardozo Pazes,

em 1775, que encomendara em testamento “hum officio de nove liçoes com os

músicos e padres que havia na villa”.133

Outros, por sua vez, pediam o acompanhamento de seu corpo por uma

infinidade de sacerdotes, Irmãos de Confraria e cruzes: “acompanhado meo corpo com

os sacerdotes q prezentes estiverem; também sera acompanhado com todas as cruzes

das Irmandades desta villa, das q eu for irmam...”134; “pesso e rogo aos meos Irmaos

Terceyros me queiram acompanhar meu corpo a sepultura em companhia do Rd.º

Padre Comissario, e lhe pesso me encomendem a Deos Nosso Senhor...”135

Outra finalidade do testamento era prestar obras piedosas, designando esmolas

para obras da igreja, para órfãos, pobres e Irmandades, além de dar alforria a escravos,

como fez Pedro Martins, que “declaro que possuo hum escravo por nome Joam, de

130 OEXLE, Otto Gerhard. A presença dos mortos. In.: BRAET, Herman & VERBEKE, Werner. A morte na Idade Média. São Paulo: EDUSP, 1996. P. 34. 131 REIS, J. J. O cotidiano da morte no Brasil oitocentista... p. 116 e 117 132 ACMC. Livro de óbito 01. f. 93. 133 ACMC. Livro de óbito 02. f. 23. 134 ACMC. Livro de óbito 02. f. 16 135 ACMC. Livro de óbito 02. f. 08

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naçam Angolla, o qual pello bom serviço que me tem feito e espero que me faça o

deixo liberto.”136

Aliás, o costume de doar seus bens – destinar esmolas – para entidades

religiosas ou para necessitados, além de afirmar a devoção do morto a um determinado

santo, procurava demonstrar a humildade do mesmo perante Deus que, no imaginário

da época, concebia-as como obras de caridade. Izabel Soares, por exemplo, deixou

“um potro de esmolla para as obras da Igreja Matriz desta villa = deixo mais outro para

a Irmandade de Nossa Senhora da Lux = e a roupa mais capaz q deixo de meo uso se

daram a alguns pobres...”137 Ou como fez o doutor Joze Rodrigues França, “ ...deixo

para as obras da Igreja de Nossa Senhora da Lux trinta bois os quais sahirao da

fazenda do Capam, quando o Procurador de Nossa Senhora os mandar buscar e sendo

cazo se nam achem os trinta bois entre pequenos e grandes se inteira o numero de

trinta com vacas, mas isto no cazo q não haja machos...”138

Alguns, por sua vez, doavam quantias exorbitantes para as chamadas obras da

Igreja Matriz, capelas de Irmandades existentes na vila de Curitiba e proximidades,

além dos chamados Santos Lugares: “deixo de esmolla a S. Francisco desta villa de

Corytyba doze mil e oitocentos reis para as suas obras = ... e deixo de esmolla para as

obras de Nossa Senhora da Lux seis mil e quatrocentos réis = ... deixo de esmolla para

as obras de S. Jozé doze mil e ? réis = também deixo de esmolla coatro mil reis para a

Senhora Santa Anna da freguezia de S. Jozé...”139; “deixo o ditto restante da ditta

minha terça a minha veneravel ordem Terceyra de Sam Francisco desta ditta villa para

ajuda de fazerem o seu consistorio, e quero e essa he a minha ultima vontade q se nam

aplique para outra couza se nam para a ditta obra, e deste mesmo remanescente aplico

duas doblas de doze mil e oitocentos réis cada huma para as obras q fazem os

Religiosos na ditta Capella.”140; “Deixo aos santos lugares de Jerusalém doze mil e

oitocentos réis...”141

136 ACMC. Livro de óbito 02. f. 12 137 ACMC. Livro de óbito 01. f. 90 138 ACMC. Livro de óbito 01. f. 93 139 ACMC. Livro de óbito 02. f. 11 140 ACMC. Livro de óbito 01. f. 97 141 ACMC. Livro de óbito 02. f. 08

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Mas, entre todos os exemplos de testamentos que promoviam doações de

esmolas e pedidos de acompanhamentos no funeral, a grande maioria referia-se às

chamadas ordens religiosas, o que nos leva a averiguar o papel que estas exerciam no

cotidiano dos habitantes da pequena vila de Curitiba.

3.3 As ordens religiosas no cotidiano curitibano

Durante toda vida, os homens coloniais eram levados a construir determinados

laços de solidariedades expressadas, sobretudo, pelo pertencimento as chamadas

Irmandades, Confrarias e Ordens Terceiras. Seriam elas que garantiriam aos

indivíduos um funeral decente, por mais pobres que fossem, já que “um dos principais

motivos que animavam os fiéis para a filiação a essas entidades consistia na garantia

de um sepultamento cristão, em solo sagrado.”142

Nessa perspectiva, ao lado das devoções piedosas particulares - associadas a

santos e anjos intercessores escolhidos individualmente -, estavam as devoções

coletivas, ou seja, exercidas pelos grupos aos quais o falecido se filiou durante a vida e

que foram estabelecidos para incentivar a devoção comum a um santo particular.

Eram, em geral, associações leigas que podiam reunir membros de diferentes

origens sociais estabelecendo, ao mesmo tempo, “solidariedades verticais, mas

também, servi(ndo) como associações de classe, profissão, nacionalidade e ‘cor’.”143

Enfim, em seu âmago, essas entidades tinham fins exclusivamente beneficentes,

prestando aos seus associados auxílios na doença e na morte,144 com atenção especial

para essa última, sendo o culto dos mortos a principal finalidade das irmandades.

Na vila de Curitiba de meados do século XVIII, assim como em outras partes

do Império, a Igreja, enquanto entidade, não estava ainda fortemente constituída e

estabelecida, possuindo um papel diminuto no contexto da sociedade, principalmente

devido a carência da instituição eclesiástica competente, que não atendia as reais

142 MORAES, Juliana de Mello. Sacralização da pobreza... p. 87. 143 ABREU, Martha. O império do Divino: festas religiosas e cultura popular no Rio de Janeiro, 1830 – 1900. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; São Paulo: Fapesp, 1999. p. 34. 144 Nas suas origens, as associações leigas, formadas desde o século XVI, tinham como intuito auxiliar os padres e monges no culto dos mortos.

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necessidades dos fiéis, realizando, no máximo, as atividades litúrgicas essenciais,

como as missas semanais, por exemplo. Consequentemente, os colonos sentiam a

necessidade de praticar a sua religiosidade, mesmo sem o apoio oficial. Foi tal fato que

possibilitou o aparecimento das chamadas associações leigas, seja na vila curitibana ou

em outros lugares do Novo Mundo, as quais estabeleceram para si as missões de “zelar

pelos atos litúgicos, por difundir as devoções e por atender espiritualmente os fiéis”.145

Dessa forma, homens e mulheres setecentistas, inquietos quanto ao descaso do Império

em relação ao seu atendimento espiritual, responsabilizaram-se por algumas tarefas

que resolvessem, em parte, tal situação, como a construção de igrejas e capelas, além

da organização de associações que auxiliassem essa atividade.

Quanto a organização propriamente dita de tais associações, podemos dizer que,

por se tratar de uma sociedade caracteristicamente escravocrata, no Brasil as

irmandades possuíam um caráter muito singular, hierarquizando-se pela cor e “raça”

dos seus membros. Ou seja, existiam irmandades só de brancos, na maioria de caráter

elitista, e irmandades constituídas somente por negros, o que imprimia uma profunda

busca de identidade racial por parte de seus “irmãos”. Nesse sentido, “as associações

leigas, delimitando os diferentes grupos sociais e reforçando sua identidade,

desempenhavam um importante papel na constituição de laços de solidariedade entre

seus membros e paralelamente, qualificavam socialmente seus participantes”,146 como

no caso das irmandades negras, cujos componentes – arrancados pelo sistema

escravocrata de sua pátria-mãe - procuravam, antes de tudo, uma maneira de preservar

sua cultura.

Cita-se, por exemplo, o caso da Igreja de Nossa Senhora do Rosário que,

segundo a tradição, foi construída por escravos e cuja devoção foi trazida para o Novo-

mundo no século XVI por missionários, cuja santa que lhe emprestava o nome tinha

como centro de devoção os homens de cor – escravos ou libertos –, pois era no rosário

que encontravam-se as “orações mais simples e populares: o Pai-Nosso e a Ave-

Maria.”147

145 MORAES, Juliana de Mello. Sacralização da pobreza...p. 36. 146 Ibidem, p. 40. 147 Idem. p. 50.

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Como nem todas as associações leigas possuíam fundos suficientes para a

construção de suas capelas e igrejas próprias, o recurso encontrado foi a agregação

destas em altares laterais dentro da Matriz da vila. Em outros termos, para que uma

associação desta natureza funcionasse, precisava encontrar uma igreja que a acolhesse

ou construir a sua própria, além de ter o seu compromisso aprovado por autoridades

eclesiásticas competentes. No caso da vila curitibana, por exemplo, a sua Igreja

Matriz148 abrigava quatro associações leigas distintas, a saber: do Santíssimo

Sacramento,149 São Miguel e Almas, Santo Antônio e Nossa Senhora da Luz.

Estas, ao lado das associações que possuíam edifícios próprios, como a Igreja

do Rosário, já citada, e a de Nossa Senhora do Terço, que pertencia à Ordem Terceira

de São Francisco, tinham em seus compromissos150 garantias de “rezas semanais e

missas celebradas em intenção dos irmãos falecidos”,151 além da possibilidade de

sepultamento no interior das igrejas, em solo sagrado. Esses elementos eram essenciais

para garantir uma boa passagem para o Além-mundo, seja por dignificar a alma do

morto abreviando suas penas no Purgatório, ou por estar sepultado num solo sagrado,

já que o enterro em locais “profanos” era um grande temor dos homens deste período.

Esses favores, contudo, não eram conquistados “de graça”, ficando por conta

dos irmãos o sustento da associação, por meio de anuidades, esmolas, loterias, rendas

de propriedades e legados deixados em testamento. Thomas Leme do Prado, por

exemplo, deixou designado em testamento que se destinasse “a Ordem Terceira de

Nosso Padre S. Francisco desta villa dezenove mil e duzentos q prometi por me

aceitarem e profeçarem na ditta ordem nesta minha enfermidade e falecendo eu

fazerem por minha alma os sufragios q costumao fazer aos Irmãos.”152 Ou, como fez

Bento Gonçalves Coutinho Nobre, que deixou de “esmola ao Santíssimo desta

freguezia trez mil e duzentos reys = deixo ao sarafico São Francisco das Chagas desta

148 Edificada no inicio do século XVIII. 149 Essa associação tinha um caráter particular de só poder se constituir canonicamente em Igrejas paroquiais, pois como promoviam o culto da Eucaristia, a presença de um clérigo era de extrema importância. 150 Local onde eram estipulados os deveres e direitos, dos irmãos, além de especificar os níveis de status social e origem ( raça, cor) desejada dos irmãos a serem aceitos na Irmandade. 151 MORAES, Juliana de Mello. Sacralização da pobreza..., p.55. 152 ACMC. Livro de óbito 02. f.14.

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vila cinco mil reis de esmola para ajuda das suas obras = deixo à Senhora do Terço

desta vila de esmola coatro mil reys...”.153

Essas esmolas eram empregadas, na maioria das vezes, na construção, reforma

e manutenção das igrejas, asilos, hospitais e cemitérios, bem como na compra de

objetos para o culto, tais como imagens, roupas, bandeiras, pagamento dos capelães, e

principalmente, aplicadas nas festas dedicadas ao orago.154

Em paralelo a ajuda espiritual, as associações leigas ofereciam igualmente uma

ajuda de cunho material aos irmãos, correspondentes as contribuições que cada

indivíduo destinava a mesma. Assim, muitos colonos associavam-se a várias delas na

expectativa de ascender e obter prestígio socialmente.

Este fato é notado quando, nas Atas de Sepultamento registrava-se o

acompanhamento do morto por diversas cruzes de irmandades e de seus membros,

sendo as mais citadas pelos curitibanos dentre os anos de 1760 à 1775 a do Rosário, a

das Almas, a de Nossa Senhora da Luz, a de Santo Antônio, a do Santíssimo

Sacramento, além daquela denominada “cruz da fábrica”, que era a cruz da Igreja em

que o mesmo seria eventualmente sepultado.155 Entretanto, a grande maioria

permanecia sendo enterrada apenas com o acompanhamento do reverendo vigário da

paróquia e a cruz da dita fábrica, genericamente explicitada nos registros da seguinte

maneira: “acompanhado por mym e da cruz da fábrica.”

Contudo, seria errado afirmar a priori que as pessoas dessa maneira sepultada

deixavam de ser assistidos de alguma forma, pois a fábrica que presidia a Matriz

cuidava para que os ali enterrados tivessem um mínimo de assistência possível,

inumando-os gratuitamente, “por ser comprovadamente pobre”.

153 ACMC. Livro de óbito 02. f.19. 154 É nesse sentido que o catolicismo tomava para si elementos relacionados ao paganismo, quando ocorria uma mistura de festa e sacralidade, característica da religiosidade popular do Brasil colônia. 155 A “fábrica da igreja” era constituída pelo conselho de administradores da paroquia, que delimitavam, entre outras coisas, os locais adequados para sepultura.

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3.4O uso de Mortalhas: um requisito a mais para garantir uma “boa morte”

Outras especificidades ainda são percebidas nos registros de óbitos da paroquia

da vila de Curitiba, devendo ser questionados pela sua importância enquanto práticas

indispensáveis para garantir uma boa passagem para o Além-mundo. Destaca-se, nesse

sentido, a importância da escolha de ser sepultado com determinado tipo de mortalha:

ou seja, a designação da roupa que o morto desejava usar em seu funeral, que poderia

significar uma forte arma para a salvação da alma.

Dentre os diversos tipos de mortalhas, àquelas de cunho piedoso eram as mais

citadas, uma vez que o recurso ao uso desse tipo de vestimenta, “sugere um apelo à

proteção dos santos nelas invocados, e sublinha a importância do cuidado com o

cadáver na passagem para o Além, atenção com a alma em sua peregrinação expiatória

e com a ressurreição no dia do Juízo Final.”156

Na vila curitibana, a grande preferência manifestada era a de ser amortalhado

no hábito de São Francisco, sendo ou não pertencente a sua Ordem Terceira: “A opção

por ser sepultado como franciscano se justificava, pois um dos poderes atribuídos a

São Francisco seria a capacidade de resgatar as almas da purgação durante as visitas

periódicas que fazia ao Purgatório e mostrar-se devoto desse santo poderia apressar o

resgate.”157 Além disso, São Francisco era um santo possuidor de lugar destacado

dentro da escatologia cristã, sendo considerado o intermediário privilegiado entre

Cristo e o pecador. Ainda, por ser representante da humildade e da pobreza material,

ser enterrado com o hábito deste santo ajudava a conquistar a morte de forma serena,

bem como demonstrava a simplicidade da alma.

Alguns indivíduos especificavam nos próprios testamentos o desejo de serem

enterrados com a mortalha de São Francisco, na expectativa também de conseguir

aliviar suas penas. Foi com esse intuito que testou Thomas Leme do Prado, ordenando

“q meu corpo seja sepultado na Igreja Matriz desta villa, amortalhado com o hábito de

S. Francisco das Chagas...”;158 ou ainda, Bento de Magalhaens Peixoto, que desejava

156 REIS, J. J. O cotidiano da morte no Brasil oitocentista...p. 114. 157 MORAES, Juliana M. Sacralização da pobreza....p. 78 158 ACMC. Livro de óbito 02. f.14.

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ser inumado com o “hábito de meu Sarafico Padre Sam Francisco, de quem sou

filho...”.159

Continuando o exame da documentação obituária, outros exemplos de

mortalhas foram detectados, tais como aqueles cujos ditames especificavam as cores

preta ou parda, além de vestes religiosas. São casos relativamente isolados na ampla

quantidade de registros; entretanto, mesmo assim podemos considerá-los como parte

integrante da cultura funerária dos colonos curitibanos.

A mortalha preta ou parda era difundida principalmente entre as mulheres

casadas, fazendo uma alusão à Santa Rita, protetora dos sofredores, principalmente

quando combinada com o crucifixo envolto ao pescoço. Apenas um exemplo foi

encontrado com o uso dessa mortalha, por Catharina da Costa Roza, falecida em 02 de

novembro de 1766, em cujo testamento pediu que seu corpo fosse amortalhado em seu

“habito de estamenha preta ou parda”,160sendo, por fim, sepultada “amortalhada em

hum habito de estamenha parda...”.161

Um último caso, e não menos importante, seria aquele que no qual o indivíduo

desejava ser sepultado com a mortalha de religiosos, procurando (re)afirmar a corte

celeste a sua intensa devoção a determinado santo: “amortalhado com o habito de seos

Religiosos havendo-o, ou com o meu da ditta ordem...”162; ou então procurava

demonstrar que durante a vida terrena esteve a serviço de Deus, enquanto “pregador”

das palavras de Cristo, como desejou o doutor Joze Rodrigues França “amortalhado

nas vestimentas sacerdotais se a houver cazo q eu a nam tenha próprio...”163

A preocupação em ser sepultado com as vestimentas corretas para abreviar a

passagem para o Além-mundo era tamanha que Joze Dias Cortes deixou especificado

que seu corpo fosse “amortalhado no hábito de Sam Francisco, e nam havendo, em

outra qualquer mortalha suficiente...”164

Portanto, percebe-se a partir destes poucos casos, como as mortalhas poderiam

representar objetos extremamente simbólicos, cujo uso manifestaria um elemento

159 ACMC. Livro de óbito 02. f. 14. 160 ACMC. Livro de óbito 01. f. 187 161 ACMC. Livro de óbito 01. f. 187 162 ACMC. Livro de óbito 02. f. 23 163 ACMC. Livro de óbito 01. f. 93

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importante no ritual de integração da alma no outro mundo; da mesma forma, seria

uma arma a mais para a salvação à somar no momento do Juízo Final – juntamente

com a intercessão dos santos, anjos, almas do Purgatório -, quando somente os justos e

fiéis a Deus seriam ressuscitados. Dentro desta perspectiva, o simples ato de escolher a

mortalha correta, e realmente ser enterrado com ela, poderia significar um grande

passo para a salvação eterna.

3.5 A importância dos Sacramentos

O século XVIII foi marcado pela inquietação da Igreja Católica diante dos

perigos do fortalecimento de novas formas de religião, como àquelas oriundas da

Reforma Protestante. Com o objetivo de confirmar preceitos da confissão católica, foi

promovido o Concílio Tridentino, convocado por Paulo III e realizado em Trento

(cidade do norte da Itália) no ano de 1545.165 Organizado pela alta hierarquia

eclesiástica, este definiu, entre outras práticas obrigatórias de todos os cristãos, o

recebimento dos sete sacramentos: Batismo, Crisma, Confissão, Eucaristia, Extrema-

Unção, Ordem e Matrimônio.

De uma forma geral, esses atos religiosos consideram as pessoas em suas

relações pessoais com Deus, além de terem grande influência na vida dos indivíduos,

pois marcavam “as grandes etapas da vida de cada um”.166 Nesse sentido, alguns

destes tornavam-se indispensáveis para o enfermo garantir uma boa morte, como os

sacramentos da Penitência, Eucaristia e Extrema-unção, que seriam administrados pelo

pároco momentos antes do suspiro final. Seria esse o momento ideal para confessar

pecados, arrepender-se de erros e faltas cometidas ao longo da vida e entrar em contato

direto com o corpo de Jesus Cristo, representado pela Eucaristia. Enfim, seria uma

chance a mais para a alma obter o “descanso dos justos” e a garantia de reencarnação

no final dos tempos.

164 ACMC. Livro de óbito 02. f. 11 165 O Concílio de Trento manteve-se em atividade durante dezoito anos, encerrando-se somente em 1563. 166 LEBRUN, François. As Reformas... p. 83

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Dessa forma, algumas práticas tornavam-se necessárias e indispensáveis no

momento da morte, dentre elas a primeira seria “chamar o pároco para que, na

procissão do Viático, adentrasse no quarto do agonizante e celebrasse os

sacramentos.”167 A falta da presença de um padre, ou um sacerdote qualquer aprovado

para administrar os últimos sacramentos era considerado um grande infortúnio, pois a

alma não estaria preparada para enfrentar o julgamento que definiria seu destino no

Além.

Na vila de Curitiba, em meados do século XVIII, muitos foram os que

morreram “sem receber sacramento algum”, por morarem distantes da paróquia. Tal

fato dificultava a chegada do vigário, com os ornamentos necessários, ao local onde o

enfermo encontrava-se. Sabe-se, também, que em alguns casos os sacramentos não

eram administrados por “naum ter caza capaz para faze-lo”. Outros, ainda, não

recebiam sacramentos por “morrer repentinamente” ou “por ser sua morte apressada”,

seja em função de alguma violência, seja como conseqüência de um acidente. Essa

mors repentina,168 marcava como que uma maldição, pois “nesse mundo tão

familiarizado com a morte, a morte súbita era morte fria e desonrosa, fazia medo,

parecia coisa estranha e monstruosa, de que não se ousava falar.” 169 Além disso, esse

tipo de morte poderia atrapalhar o futuro da alma no outro mundo, uma vez que os

sacramentos eram peças chaves para “acalmar” e “bem encaminhar” o destino do

falecido no Além.

A grande maioria dos habitantes da vila curitibana, entretanto, “partia”

amparada pelos sacramentos da Penitência e Extrema-Unção, quando não “com todos

os sacramentos”, demonstrando a grande importância que esses atos religiosos

assumiam no momento derradeiro da vida, enquanto última chance de garantir uma

boa entrada no mundo celestial.

Por fim, cabe atribuir uma atenção especial a “morte dos anjinhos”, sejam eles

filhos de senhores e ou de escravos, uma vez que ambos “enfrentavam a morte de seus

167 MORAES, Juliana de Mello. Sacralização da pobreza.... P. 77 168 Como Philippe Ariès denominou as mortes súbitas. [ARIÈS, 1981:12] 169 ARIÈS, P. O homem diante da morte. Rio de Janeiro: Francisco Alves Editora, 1981. Vol. I. p.12

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filhos na tenra infância e celebravam de modo similar esse acontecimento.”170Na parte

que nos compete – a questão dos sacramentos – o recém-nascido que corria risco de

vida, deveria ser batizado o mais rápido possível, pois as almas das crianças assim

sacramentadas, consideradas “inocentes”,171 adentravam mais rápido no Paraíso. Nessa

perspectiva, em vários registros de óbitos infantis, encontra-se o seguinte dizer:

“baptizado em caza em caso de necessidade”. Concebido como o sacramento que

eliminaria o pecado original, é o batismo que torna o indivíduo cristão e, se este

“morrer nos dias ou nas semanas seguintes (ao nascimento) – o que era bastante

freqüente – certamente gozará da beatitude eterna.”172 Nesse sentido, o batismo em

comunhão com os últimos sacramentos são as únicas obrigações “impostas” aos

católicos de forma “natural”, uma vez que a obrigação de receber tais sacramentos é

“vivida como uma necessidade”173.

Partindo da análise dos diversos elementos rituais fúnebres apresentados neste

capítulo, podemos dizer que, embora a pequena vila colonial de Curitiba no período de

1760 à 1775, tivesse uma certa carência em relação aos assuntos eclesiásticos, jamais

deixou de possuir certas crenças com relação a morte – como a da ressurreição da alma

e a possível existência de uma vida após a morte -, bem como certos cuidados com a

preparação dos seus mortos, dentre eles o enterro ad sanctos, que estabeleceria o elo

final para a garantia do alcance ao Paraíso celestial.

170 MORAES, Juliana M. A Sacralização da pobreza...p. 92. 171 Além dos recém-nascidos, as crianças de até sete anos eram reconhecidas como inocentes, uma vez que seria somente após essa idade que poderiam receber os demais sacramentos e, dessa forma, já seriam capazes de “pecar”. 172 LEBRUN, François. As Reformas... p. 83

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4.0 Conclusão

Ao propor a discussão de temas tão envolventes, intrigantes e, principalmente,

extremamente implicados na sociedade colonial portuguesa do século XVIII, cujos

elementos sociais provinham de variada gama de culturas, que misturavam-se numa

rede infinita de relações seria, simultaneamente, um desafio e uma realização. Esses

sentimentos se tornaram ainda mais aguçados quando levou-se em consideração que o

foco da pesquisa seria uma sociedade recém formada, mas que trazia em seu âmago

muito da herança cultural de tempos imemoriais, divulgada pelos seus principais

desbravadores, os portugueses europeus, e impressa nos demais elementos sociais

com uma força impetuosa, alterando seus modos de sentir e pensar algo tão natural

como a morte.

Conseqüência da peculiaridade com que foi descoberta a colônia portuguesa no

Novo-mundo, desde muito cedo já se evidenciaria uma clara divisão social em seu

meio, quando os “brancos” portugueses tornariam-se a minoria dominante frente a

massa de elementos composta pelos indígenas nativos e, posteriormente, pelos negros

africanos escravizados, impondo a eles seus modos de viver, sentir e pensar, ou seja,

impregnando-os com a sua cultura. Foi dessa forma que um hábito de inumação

católico, já deixado de ser praticado na Europa, berço do Cristianismo, a um bom

espaço de tempo, floresceu na colônia portuguesa.

Embora distante dos principais núcleos de povoamento coloniais, porém

constituída pelos mesmos elementos sociais destes – brancos, negros, indígenas e seus

descendentes –, a pequena “villa de Corytyba” não escaparia a essa regra. Assim, na

sua precária Matriz, a prática de sepultamento ad sanctos era intensamente difundida,

estando sepultado em seu solo elementos de todas as categorias sociais.

Verificando os registros de óbitos, se observou que os espaços utilizados para

sepultamento eram diversificados, e ocupavam boa parte do ambiente eclesiástico.

Entretanto, cada um destes espaços estaria reservado a indivíduos especificados e,

mesmo que o critério somático fosse um dos princípios mais ressaltados no momento

173 Ibidem. p. 87.

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da escolha da sepultura, outras considerações deveriam estar envolvidas, as quais, por

infortúnio, não puderam ser analisadas na presente pesquisa. Nesse sentido, se pode

ressaltar um possível estudo, mais criterioso, sobre a divisão hierárquica da sociedade

curitibana no solo da Matriz. Ou seja, a partir da leitura dos livros de óbitos da igreja,

em consenso com as listas nominativas de habitantes do período, seria provável

estabelecer um critério de escolha de sepultura que seguisse um padrão colonial: cada

categoria de ofícios teria um lugar específico no solo sagrado.

Outro ângulo de pesquisa, que de certa maneira foi levemente considerado no

presente trabalho, mas que mereceria um estudo mais aprofundado, seria a relação

entre os locais utilizados para sepultura em consenso com o pertencimento do morto à

associações leigas, uma vez que através dos registros de óbitos é visível a presença e a

força institucional que estas possuíam em meio aos habitantes da vila de Curitiba

setecentista.

Enfim, a herança cultural que cada indivíduo trazia consigo durante a vida,

expressada nitidamente pela cor da sua pele, por “ventura ou desventura” marcava seu

destino nesta e no pós-morte, delimitando o lugar onde ficaria socialmente

posicionado. Por outro lado, esta mesma marca poderia ser ofuscada após a morte, e os

indivíduos que não possuíam uma “brancura” aceitável para a época, e que

consequentemente ficariam relegados a locais desabonadores, encontrariam outros

recursos para amenizar o destino onde seu corpo descansaria dentro do espaço

sagrado.

Entre os recursos utilizados, e talvez aquele que mais propiciava uma leve

alteração na divisão social dos indivíduos “brancos” e “não brancos”, considerando o

sepultamento ad sanctos, seria a associação destes a Irmandades e Ordens Terceiras

específicas, ou a várias delas. Foi dessa maneira que escravos, administrados, libertos

e, até mesmo, mestiços e “brancos puros” (porém pobres), encontraram uma solução

para modificar o destino de seu corpo no espaço da igreja que, de outra forma, seria

terrível para a mentalidade do período, uma vez que quanto mais próximo das imagens

santas o corpo fosse depositado, mais chances teria sua alma de ser salva.

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Aliás, esta era apenas uma das artimanhas que os curitibanos recorreram para,

antes de amenizar a divisão social no pós-morte, servir como um ingrediente a mais na

trama da salvação da alma. Isso é perceptível graças aos outros elementos da

ritualística fúnebre detectados a partir da leitura dos registros de óbitos, bem como dos

testamentos, transcritos pelo pároco responsável: uso de mortalhas, recebimento dos

sacramentos necessários, pedidos de missas, entre outros.

O fato considerável é simples, enquanto os indivíduos estavam inquietos

quanto ao destino de sua alma no Além-mundo, procurando diversos recursos para

proporcionar a melhor maneira de atingir uma “boa-morte”, difundida pela Igreja

Católica desde tempos imemoriais, não percebiam claramente que, a partir de algumas

práticas, estavam modificando igualmente a sua posição no âmbito geral da sociedade,

mesmo que depois da morte. Ou seja, embora os indivíduos “não brancos”,

principalmente, procurassem antes de qualquer outra coisa um lugar mais honroso

para ocupar no solo da igreja, não era necessariamente com o objetivo de modificar a

posição social que ocupavam no contexto geral da sociedade, embora fosse

conseqüência desta, mas para obter uma chance a mais para a salvação da própria

alma. Trata-se antes de uma questão de fé do que de cunho social.

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5.0.Referencias Bibliográficas ABREU, Martha. O império do Divino: festas religiosas e cultura popular no Rio de Janeiro, 1830 – 1900. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; São Paulo: Fapesp, 1999.

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6.0 Anexos

6.1 Testamentos

Isabel Soares

“Fez seo solmne testamento, e sam seus testamenteiros seus filhos Manoel Soares do

Valle e Antonio Ribeyro do Valle, cujo pyo do dito testamento he o seguinte = ordeno

q o meo corpo seja sepultado na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Lux, Padroeyra

desta villa de Corytyba, de que tambem sou Irmam da mesma Senhora, em o habito de

Sam Francisco, acompanhada dos sacerdotes q no tempo do meo falescimento com

suas cruzes a saber a da fabrica = a do Santissimo Sacramento = a de Nossa Senhora

da Lux = a das Almas = de quem sou irmam a de Santo Antonio, as quais se pagaram

as esmollas costumadas = Por minha alma deixo se me fassa hum officio de nove

liçoes havendo Padres para isso, e nam havendo de tres e todos os sacerdotes q no dia

do meo falecimento se acharem nesta villa me diram missa de corpo prezente; por

minha alma deixo coarenta missas pella esmola costumada = deixo mais duas missas

huma pella alma de meo Pay e outra pella alma de minha May = mais huma pella

alma de minha filha defunta = mais duas pellas almas do Purgatorio = mais huma pella

mais dezamparada alma do Purgatorio = e huma a Santa Izabel = outra a Santa Anna =

outra a Nossa Senhora da Lux = outra a Sam Miguel = outra a Santo Antonio = outra

ao Senhor Bom Jesus = outra em louvor do Santissimo Sacramento = e mais sinco

missas em louvor das sinco chagas de Nosso Senhor Jesus Christo = deixo um potro de

esmolla para as obras da Igreja Matriz desta villa = deixo mais para a Irmandade de

Nossa Senhora da Lux = e a roupa mais capaz q deixo de meo uso se daram a alguns

pobres e nam se continha mais no Pio do ditto testamento o qual aqui tresladei bem e

fielmente do proprio a q me reportei.”174

174 ACMC. Livro de óbito 01. f. 90

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Sebastiam dos Santos Pereyra

“Fez seo testamento e sam seos testamenteiros Miguel Gonçalves Lima, Manoel

Rodrigues Seyxas e Francisco Marques, cujo Pio he o seguinte = meo corpo será

sepultado na Igreja Matriz desta villa acompanhado com os sacerdotes q se acharem

prezentes no meo enterramento, e as cruzes q houverem de todas as Irmandades na

Igreja, e pesso ao Rdº Vigario e ao meo Rdº Padre Comissario acompanhem meo

corpo athe ficar sepultado, o meo corpo será amortalhado com o habito de Nosso

Sarafico Padre Sam Francisco = Declaro q da minha terça se mandem dizer sinco

missas à honra e louvor das sinco chagas de Nosso Senhor Jesus Christo, pesso se

mandem dizer logo depoes do meo falescimento, e pesso e rogo a meos testamenteiros

q seja com a brevidade possivel = Declaro q da minha terça se repartirá por igual em

tres partes a saber aos Santos Lugares de Jerusalem, e a Ordem Terceyra desta villa, e

o q tocar as almas quero se mande dizer em missas, e nam se continha mais no Pio do

ditto testamento, e logo apareceu hum codicillo do mesmo defunto q contem o

seguinte = Declaro q tenho feito meu testamento, e em huma verba delle tenho

determinado q a minha terça se reparta em tres partes iguaes a saber as Almas, os

Santos Lugares e a minha veneravel Ordem Terceyra desta villa cujas deixas seram

entregues por falecimento da minha mulher Joanna Gracia; pois he a minha ultima

vontade q antes do ditto tempo nam sejam os meos herdeyros e testamentteyros

obrigados à ditta satisfaçam, se nam no ditto tempo = Declaro mais q alem dos

sufragios q no meo testamento pesso se diga mais huma missa a Nossa Senhora da Lux

= outra a Nossa Senhora da Conceiçam = outra ao Santo de meu nome = outra ao anjo

da minha guarda = outra a Sam Francisco = e outra pella mais necessitada alma do

Purgatorio = e assim mais dez missas por minha alma = e assim mais deixo para as

obras da Igreja Matriz desta villa. E nam se continha mais no codicillo do dito

testamento do sobredito testador.”175

175 ACMC. Livro de óbito 01. f. 91

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Messia Nunes de Sequeyra

“Fez seo solemne testamento e seos testameteyros sam seu genro Manoel dos Santos

Cardozo e seos filhos Thomas Leme do Prado e Gonçallo Leme do Prado, cujo Pio do

ditto testamento he o seguinte = ordeno q o meo corpo seja sepultado na Capella de

Nossa Senhora do Terço, e amortalhado no habito de Nosso Padre Sam Francisco e

serei acompanhada da minha ordem Terceyra de quem sou Irmam = pella minha alma

se diram missas de corpo prezente pellos sacerdotes q no dia do meu falescimento se

acharem nestta villa, e se me fará um officio de corpo prezente de hum nocturno = e

ordeno se digam por minha alma huma capella de missas de esmola costumada de

trezentos e vinte e para q se digam logo, seram repartidas igualmente pellos sacerdotes

q há na villa; e nam se continha mais no Pio do ditto testamento o qual aqui tresladei

bem e fielmente como consta do proprio testamento.”176

Manoel da Costa Filqueyra

“Fez seo solemne testamento e sam seos testamenteyros Miguel Gonçalves Lima,

Joam Baptista Dinis e seu genro Francisco Fernandes Sarayva cujo Pyo he o q ao

diante se segue = meo corpo sera sepultado na Igreja Matriz, amortalhado no habito de

Nosso Padre Sam Francisco, acompanhado de todos q se acharem e de todas as

confrarias de q sou Irmam, q sam do Santissimo Sacramento = Nossa Senhora do

Rozario dos Pretos, Santo Antonio e Almas, e quero q por minha alma se digam

missas de corpo prezente pellos sacerdottes q nesta villa se acharem no meo

falescimento = declaro q o habito para a minha mortalha já o tenho = Da minha terça

no cazo q a haja se dara a minha neta Anna filha de Antonio Fernandes trinta mil reis,

e havendo resto alem da ditta deixa q faço a minha neta se repartira em duas partes

iguais huma se dira em missas por minha alma e pellas do Purgatorio e a outra sera

para as obras da Igreja Matriz = Declaro q tenho prometido de esmola para as obras da

Igreja Matriz dous novilhos capazes dos q houverem q ainda senao tem tirado athe a

176 ACMC. Livro de óbito 01. f. 92

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hora prezente, e nam se continha mais no Pio do ditto testamento o qual aqui tresladei

bem e fielmente do proprio original.”177

Joze Rodrigues França

“Fez seo solemne testamento e seos testamenteyros sam o Doutor Antonio dos Santos

Soares e o Doutor Manoel dos Santos Lobatto, e só para as disposiçoes do enterro

Miguel Gonçalves Lima, cujo Pyo he o seguinte = meo corpo será sepultado na

Capella de Nossa Senhora do Terço desta villa; e sendo cazo faleça em outra qualquer

parte distante della será na Igreja ou capella mais vizinha q ouver: amortalhado nas

vestimentas sacerdotais se a houver cazo q eu a nam tenha proprio; e sendo q me sirva

de alguma de qualquer igreja ou capella meu testamenteyro mandara ver outro em

lugar delle e alem disso deixo por esmolla da minha sepultura seis mil e coatrocentos

para a fabrica da mesma capella em q for sepultado: e nella se me depozitara meo

corpo ahonde hera podendo ser o meo Rdº Vigrº encomendar com os sacerdotes e

Clero q houver na terra, ou paragem em q falecer, e se lhes dara a esmola costumada o

q tambem quero com as cruzes todas q há na freguezia, se entende na mesma, assim

pesso e rogo ao Irmam Juis Procurador e mais Irmaos das almas do qual sou indigno

Irmam assistam ao meo corpo na encomendaçam q lhe fizer o Rdº Vigrº com a sua

cruz e o mais com q costuma fazer aos mais Irmaos; e lhe deixo de esmolla doze mil e

oitocentos, além do q dever dos meos anuaes se nam estiverem pagos = Por minha

alma deixo q se me digam duzentas missas as coaes meus Testamenteyros distribuiram

em forma q se me digam logo, e quero q elle seja o distribuidor e não outro: se no dia

do meo falescimento se puderem dizer missas de corpo prezente quero e pesso se me

digam todos os q puderem ser com a esmola costumada e quando nam possam ser e

ao terceyro dia se me puderem dizer as proprias do terceyro dia, antam se diram e se

dara a mesma esmolla costumada tambem podendo ser hum officio de nove licoes nos

dias q assima declaro, e nam podendo ser ficara a eleiçam do meo testamenteyro

fazello, ou nam fazer, e quando quizer!= E Manoel com sua molher Roza com seos

177 ACMC. Livro de óbito 01. f. 92

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filhos os quais nam sam meos, pois o sam de meo cunhado o Doutor Antonio dos

Santos Soares exceto o negro Manoel: mais esse tambem o seja pellos serviços da

mulher e filhos q me fizeram, querendo-se elle assim acomodar por isso quando nam

cobrará os serviços, digo pagar se há como quizer e for justo por si mesmo sem

estrepito de juizo, porq he divida q devo a elle ou a quem for seo herdeyro delle, pois o

dinheiro da negra foi delle antes de cazar = assim mais dous crioulinhos ambos filhos

de Aggappito e de sua molher Dorothea aos quais dous crioulinhos deixo a meo

sobrinho e afilhado Joze Rodrigues França = Deixo a meo afilhado Joze Rodrigues

França os dous crioulos q assima digo filho de Agapito e Dorothea: e as minhas

sobrinhas irmans delle, Bernarda Maria de O. cazada com Joze da Costa e a Vitoria a

cada huma sua rapariga das crioulas q forem vivas ao tempo da minha morte estas

sejam cativas = Deixo a mª sobrinha D. Maria Gomes Pinheyra moradora na villa de

Santos a Rapariga Paula, filha de Antonio Furtado e de sua mulher Maria: e outra

Rapariga se a houver se não algum rapaz a minha afilhada Margarida, filha de Renei

Le Rey cirurgiao frances morador na villa de Santos = Deixo meos testamenteiros me

mandem dizer huma capella de missas em a villa de Santos por minha alma e de meos

parentes e outra capella de missas na villa de Parnagua pella de meos Paes, parentes e

minha = Deixo por ? Lutuoza o meo Prellado a minha sobrepeles e Breviario = e

quando isto nam seja o estillo deixo hum pucazo e huma salva de prata q meos

testamenteiros ce me teram por ordem q tiverem pª isso ou entregaram a quem se

ordenar = Deixo para as obras da Igreja de Nossa Senhora da Luz trinta boes os quais

sahirao da fazenda do Capam, quando o Procurador de Nossa Senhora os mandar

buscar e sendo cazo se nam achem os trinta boes entre pequenos e grandes se inteira o

numero de trinta com vacas, mas isto no cazo q não haja machos = declaro q digo

assima neste testamento q se dara seis mil e quatrocentos de esmolla pella minha

sepultura o q se deve entender sendo enterrado em capella fora desta villa de Curytyba,

mas nam se for na de Nossa Senhora do Terço, q essa foi feita com esmolas do povo, e

por titulo de sepultura como disse se nam de mas sim por esmola pª a sua fabrica: e

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nam se continha mais no Pyo do ditto testamento o qual aqui tresladei bem e fielmente

como consta no original.”178

Francisco de Sequeyra Cortes

“Fez seo solemne testamento cujo Pyo he o q ao diante se segue = ordeno q o meo

corpo seja sepultado na Capella de Nossa Senhora do terço desta villa de Corytyba e

amortalhado no habito de meo Sarafico Sam Francisco, de quem sou indigno filho,

meo corpo sera depozitado na mesma capella = Rogo q no dia do meo falescimento se

me faça hum officio de defuntos de nove liçoes, no qual assistira o meo Rdº Vigrº e os

mais sacerdotes q na ocaziam se acharem e se cantara huma missa por minha alma

nesse mesmo dia e os mais sacerdotes diram huma missa de corpo prezente que se

satisfará com a esmola costumada e quando por algum accidente se nam possa fazer o

ditto officio e missas, rogo q se faça naquelles dias q a Igreja determina = rogo

também aos meos irmaos terceyros no dia do meo falescimento queiram assistir ao

meo enterro, para com suas oraçoes rogarem por mim a Deos Nosso Senhor = Deixo q

se me digam por minha alma a Nossa Senhora da Lux sinco missas = ao gloriozo

Santo Antonio duas missas = para as Almas duas missas = duas missas a Senhora

Santa Anna = duas missas pella alma de meo Pay = duas missas pella alma de minha

May = deixo mais cincoenta missas por minha alma as quais a metade se dira o meo

Rdº Parocho a outra metade diram os Religiosos moradores no Hospicio = Declaro q

sou Irmam da veneravel Ordem Terceyra da penitencia = mais da Irmandade de Nossa

Senhora da Lux, e da Irmandade do Santissimo Sacramento, e da Irmandade de Santo

Antonio e da Irmandade das Almas, as quais Irmandades pesso e rogo saibam quanto

lhe sou devedor de annuaes e mezadas, para do Remanecente da minha terça se

pagarem, para q logo se mandem dizer as missas q por obrigaçam da Irmandade se me

devem dizer por minha alma; e apareceo também hum seo codicillo q continha o

seguinte = Declaro q tenho feito meo testamento o qual por ser em parte, e ocaziam de

se nam acharem as testemunhas necessarias, por este meo codiccilo lhe dou todo o

178 ACMC. Livro de óbito 01. f. 93

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vigor e quero se cumpra o q nelle se acha declarado exceto q como nelle tinha

declarado q o remanecente da minha terça, depoes de pagas as minhas dividas e

cumprido os meos legados ad cousas pias deixava a meo filho menor Francisco nesta

villa e por quanto agora he minha ultima vontade = deixo o dito restante da dita minha

terça a minha veneravel ordem terceyra de Sam Francisco desta ditta villa para ajuda

de fazerem o seu consistorio, e quero e isso he a minha ultima vontade q se nem

aplique para outra couza se nam para a ditta obra, e deste mesmo remanescente aplico

duas doblas de doze mil e oitocentos reis cada huma para as obras q fazem os

religiozos na ditta capella = Declaro mais q os meos testamenteyros mandaram dizer

tres missas pella alma do defunto Antonio Alvres Freyre e huma missa mais por

tençam q communiquei ao meo confessor para desincargo de minha consciencia =

declaro mais q tenho empenhado em mam do Rdº Vigrº Manoel Domingues Leytam

huns penhores de ouro empenhor de seis mil e quatrocentos reis; e também lhe devo

hum enterro de huma criança, e o dito me deve dezoito maos de milho, meos

testamenteiros estaram pello q elle dizer. E nao se continha mais no Pyo do ditto

testamento e codicillo q tudo aqui tresladei bem e fielmente dos proprios originaes, e

sam seos testamenteiros seu filho Joze de Oliveyra de Sampayo, o Sargento-Mor

Simam Gonçalves de Andrade, e Miguel Gonçalves Lima, todos moradores desta

freguesia.”179

Catharina da Costa Roza

“Fez seo solemne testamento cujo Pio he o q se segue = meo corpo sera sepultado na

Igreja Matriz desta villa = o meo habito seja de estamenha preta ou parda = quero q

vam me acompanhar a cruz de Nossa Senhora da Lux e a das Almas e a do Santissimo

Sacramento acompanhem meo corpo = Por minha alma deixo vinte e sinco missas =

Declaro q devo a Nossa Senhora Aparecida huma missa = a Sam Francisco das

Chagas outra missa = às almas outra missa = Declaro que deixo por esmolla ao

Santissimo trezentos e vinte reis = a Nossa Senhora da Lux deixo seiscentos e

179 ACMC. Livro de óbito 01. f. 97

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quarenta = a Sam Francisco das Chagas deixo trezentos e vinte e não se continha

mais no Pyo do ditto testamento o qual aqui tresladei bem e fielmente do proprio

original a q me reporto, sam seos testamenteiros Joam da Costa Roza e Antonio Joze

Fereyra”180

Francisco

“Fez seo solemne testamento cujo Pyo he o seguinte = Declaro q sera meo corpo

enterrado na Capella de Nossa Senhora da Conceiçam do Tamandua e na ditta capella

declaro se me digam seis missas pella minha alma = Declaro mais q deixo huma

capella de missas dittas na villa a saber a metade se digam na Ordem Terceyra e a

outra metade se dara ao Rdº Parocho para este as dizer na Capella de Nossa Senhora

do Terço, tudo por minha alma = Declaro q deixo para obra de nossa Senhora da Lux

doze mil e oitocentos e não se continha mais no Pyo do ditto testamento o qual aqui

tresladei bem e fielmente e do proprio original, a que me reporto e foi sua erdeyra e

testamenteyra a venerável Ordem Terceyra desta villa.”181

Miguel Gonçalves Lima

“Fez seo solemne testamento cujo Pyo he o q segue = meo corpo sera sepultado na

Igreja Matriz de Nossa Senhora da Lux, amortalhado em hum habito de Nosso Padre

Sam Francisco, pesso e rogo aos meus Irmaos Terceyros me queiram acompanhar meu

corpo a sepultura em companhia do Rd.º Padre Comissario, e lhe pesso me

encomendem a Deos Nosso Senhor = Declaro q sou natural da freg.ª de S. Christovam

do Labruge, termo da villa de Porto de Cima, Arcebispado de Braga, filho legitimo de

Domingos Gonçalves Rocco e de sua molher Maria Fernandes = Declaro q da minha

terça se mandaram dizer a importancia de cem mil reis em missas pellas almas do

Purgatorio = como tambem deixo pella minha alma se me mandem dizer tres capellas

de missas = e assim mais trinta e duas missas pellos santos e santas de q tenho

180 ACMC. Livro de óbito 01. f. 187

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devoçam, cujos assentos ficam em hum livro q tenho de contas q nam declaro, por

nam fazer mais extençao = deixo a minha veneravel ordem Terceyra dez mil reis =

Deixo aos santos lugares de Jerusalem doze mil e oitocentos reis = quando sobre deixo

mais doze mil reis para se porem a juros na veneravel ordem Terceyra para pagamento

dos anuaes de minha filha Antonia de Padua com obrigaçam q em ella falescendo se

lhe dizer a ditta importancia em missas, quando a veneravel ordem Terceyra nam

queyra ler o trabalho, pesso a meus testamenteyros o ponham a juros para o ditto

efeito = tambem quero se mandem dizer missas de corpo prezente pellos sacerdotes q

houver na terra... (ilegível) = Declaro q ? missas q ? este meu testamento quero se

digam duas capellas no altar de Nossa Senhora do Terço, onde se fazem os exercicios

dos meos irmaos terceyros e outro no altar de Nossa Senhora da Lux = e porquanto

esta he minha ultima vontade de modo q tenho dito me a signo aqui villa de Nossa

Senhora da Lux dos Pinhaes de Corytyba aos does dias do mês de janeiro de mil

setecentos e sessenta e tres anos Miguel Gonçalves Lima = Declaro mais neste meo

testamento chegando os meos bens em lugar de hum officio se me digam vinte cinco

missas pella minha alma em q fez prezente declaraçao em o mesmo dia e hora os

supra. Miguel Gonçalves Lima. E nam se continha mais no Pyo do ditto testamento o

qual aqui tresladei bem e fielmente como continha no original q se achava no

cartorio.”182

Francisco dos Reis

“Fez seo solemne testamento cujo pio he o seguinte = meo corpo sera sepultado na

Igreja Matriz da villa de Corytyba se morrer e sendo q morra aonde prezente assista,

quero ser sepultado na Capella de Nossa Senhora da Conceiçam de Tamandua, e

amortalhado no hábito de Sam Francisco = declaro q por minha alma deixo se me

digam cem missas e deixo de esmolla a S. Francisco desta villa de Corytyba doze mil e

oitocentos reis para as suas obras = e quero q se me digam pela alma de meos

defuntos trinta missas = e deixo de esmolla para as obras de Nossa Senhora da Lux

181 ACMC. Livro de óbito 01. f. 187

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seis mil e quatrocentos reis = ? quero q para a primeira festa q se fizer a Nossa Senhora

da Conceiçam de Tamandua se comprem cinco libras de ? = deixo de esmolla para as

obras de S. Joze doze mil e ? reis = também deixo de esmolla coatro mil reis para a

Senhora Santa Anna da freguezia de S. Joze = tambem deixo se me digam a S. Miguel

Arcanjo, no seu altar, duas missas = declaro q nam tenho herdeyro forçado e por essa

razam da minha parte se dará dos bens q me pertencem a huma minha afilhada de

nome Costodia, filha de Agostinho Barboza, huma egoa branca = e a hum afilhado

meo, filho de Miguel Rodrigues Graça, ? na villa = e nam se continha mais no Pyo do

ditto testamento, o qual aqui tresladei bem e fielmente do proprio original... foram seos

testamenteiros sua mulher Joana Rodrigues e seus sobrinhos o R. Vigario Joam da

Sylva dos Reys e seu Irmam Domingos Pereyra da Sylva e sua sobrinha Jozefa da

Sylva.”183

Manoel Correa

“Fez seo testamento cujo pyo he o q segue = ordeno q o meo corpo seja sepultado

morrendo no meo citio q tenho da parte do ? da freguesia de Nossa Senhora da

Conceyçam, e sendo na villa seja sepultado na Matriz, e no habito de meo Padre S.

Francisco, levado com acompanhamento das Irmandades de q sou Irmao; por minha

alma deixo podendo ser huma capella de missas = hum officio de corpo prezente,

havendo com que = declaro q havendo com q se de de esmola a ordem terceyra desta

villa mea dobla, a qual se por a juros para que se tiverem dos Rendimentos; e nam se

continha mais no Pyo do ditto testamento e sam seos testamenteiros o Rdº Vigario

Joam da Sylva Reys e Joam Baptista Dinis, e o Capitam Miguel Ribeyro Rybas.”184

182 ACMC. Livro de óbito 02. f. 08 183 ACMC. Livro de óbito 02. f. 11 184 ACMC. Livro de óbito 02. f. 11

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Joze Dias Cortes

“Fez seo solemne testamento cujo Pyo he o seguinte = meo corpo seja sepultado em a

Igreja Matriz de Nossa Senhora da Lux da villa de Corytyba a quem tenho especial

devoçam e amortalhado no habito de Sam Francisco, e nam havendo em outra

qualquer mortalha suficiente, e acompanhado com as cruzes e acompanhamentos das

Irmandades da mesma Nossa Senhora da Lux, e do Rozario e das Almas, e pella

minha alma deixo huma capella de missas, e o mais ao arbitrio de minha herdeyra, q

espero fassa como boa christam catholica e nam se continha mais no Pyo do ditto

testamento o qual aqui tresladei bem e fielmente do proprio q se acha no cartorio, e

sam seos testamenteiros Sebastiam Teyxeyra de Azevedo, Paulo de Chaves de

Almeyda e Joam Baptista Dinis.”185

Pedro Martins (da Barra)

“Fez seo solmne testamento cujo pio he o seguinte = ordeno q o meo corpo seja

sepultado em a Igreja Matriz e amortalhado no habito de Nosso padre Sam Francisco,

dandoce por elle a esmolla costumada e acompanhado com seis ou oito sacerdotes,

havendo-os na terra onde eu falescer, e quero que façam hum officio de corpo prezente

por minha alma e pellas do fogo do Purgatorio = declaro que possuo hum escravo por

nome Joam, de naçam Angolla, o qual pello bom serviço que me tem feito e espero

que me faça o deixo liberto = dos meos bens depois de pagas minhas dividas sendo

vicio? Pay, disponho da minha terça na forma seguinte = quero q se diga a minha terça

em missas pella minha alma e de meos paes e das q estao em as penas do Purgatorio de

cuja confraria sou irmam em viamam, aonde se dara parte para se me fazerem os

sufragios = declaro q os meos bens morris, isto he roupas de vestir q ouver he por

minha morte tenho ordenado ao dito meu camarada Manoel da Silva Lira se sirva de

tudo e nam se continha mais no Pyo do ditto testamento, o qual aqui tresladei bem e

185 ACMC. Livro de óbito 02. f. 11

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fielmente do proprio original q se acha no cartorio... foi seo testamenteyro Francisco

de Linhares.”186

Thomas Leme do Prado

“Fez seo testamento cujo Pyo he o q segue = ordeno q meo corpo seja sepultado na

Igreja Matriz desta villa, amortalhado com o habito de S. Francisco das Chagas se o

houver e acompanhado da Irmandade do Santissimo Sacramento de q sou Irmam e dos

sacerdotes q há na terra, os quais são tres, e recomendado com o officio da sepultura =

depois de pagas as minhas dividas do q ficar a meaçam pertence a minha mulher e da

outra q me pertence se dara a ordem Terceyra de Nosso Padre S. Francisco desta villa

dezanove mil e duzentos q promety por me aceitarem e profeçarem na dita ordem

nesta minha infermidade e falescendo eu fazerem por minha alma os sufragios que

costumao fazer aos Irmaos = Deixo se diga no dia do meo falescimento tres missas de

corpo prezente e logo outras tres pellas almas do Purgatorio e duas pellas almas de

meos Paiz = Declaro q o q sobrar da minha meaçam, quero se diga em missas pella

minha alma e pellas do Purgatorio e nam se continha mais no Pyo do ditto testamento,

o qual aqui tresladei bem e fielmente do proprio original... são seus testamenteyros

Agostinho Carvalho Pinto, Manoel Soares do Valle e Paulo de Chaves de

Almeyda.”187

Bento de Magalhaens Peyxoto

“Fez seo solemne testamento cujo Pyo he o seguinte = meo corpo será sepultado na

Capella da minha ordem terceyra, havendo a em o habito de meu Sarafico Padre Sam

Francisco, de quem sou filho, levado com o acompanhamento costumado, e com a

Irmandade das Almas e do Santissimo Sacramento e com todas as mais de quem eu for

Irmam = Por minha alma deixo se me digam quarenta missas, e q no dia do meo

falescimento, sendo nesta villa, ou na de Paranagua todos os sacerdotes q se acharem

186 ACMC. Livro de óbito 02. f. 12

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na terra me digam cada hum huma missa de corpo prezente e nam podendo ser nesse

dia, se digam no seguinte = ? deixo a minha ordem Terceyra dez mil réis de esmolla,

isto aonde quer q for enterrado, e houver a dita ordem e na havendo nada = ? deixo se

me digam dez missas pellas almas de meos paes, sedo-lhe nessessarias, e nam havendo

nessessarias se digam pellas de minha obrigaçam = ? deixo mais se me digam dez

missas pellas almas a q estiver eu obrigado = ? digo se me de mais dez missas pellas

minhas faltas da minha ordem terceyra, para aquellas almas q aos olhos de Deos forem

mais de seo agrado, e nam se continha mais no Pyo do ditto testamento o qual aqui

tresladei bem e fielmente do proprio original q há de achar no cartorio do tabeliam...

foram seos testamenteyros nesta villa sua molher e na de Paranagua Joze Carneyro dos

Santos...” 188

D. Maria de Lemos Conde

“Fez seo testamento cujo Pyo he o seguinte = Por minha alma deixo se me digam as

quarenta e sete missas de Sam Gregorio q sam repartidas pelas tençoes seguintes = à

Santissima trindade tres = as chagas de Nosso Senhor Jesus Christo sinco = aos gozos

de Nossa Senhora = sete = à circuncizam do Senhor = huma = à Sam Joze = tres = aos

Evangelistas = quatro = a Sam Joam Baptista e aos Profetas = tres = aos doze

Apostolos = sinco = no Domingo de Ramos = huma = na quarta-feira de trevos =

huma = ao Anjo Costodio = nove = a Sam Miguel e a todos os anjos = huma = aos

Martires = huma = aos confessores = huma = às virgens = digo = huma = pelo

defuntos = huma esta pesso seja cantada = pesso mais me mandem dizer por minha

alma = nove missas = tres em memoria da inefavel caridade com q Deos desceo do ceo

a terra a padecer pellos homens = e tres em memoria e reverencia do suor e sangue e

agonias que padeceo no morto = e tres em memoria e reverencia das tres horas em q

Christo Nosso Senhor esteve padecendo na cruz = pesso mais se me mandem dizer as

missas seguintes = tres pellas almas de meos paes = tres pella alma do defunto meo

marido Manoel de Lemos Bicudo = tres pellas almas dos dous meos irmaoos = Ignacio

187 ACMC. Livro de óbito 02. f. 14

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e Anna já defuntos = e nove pella alma do defunto meo filho Salvador = tres pellas

almas dos escravos falescidos de minha caza = Declaro q estas missas atras declaradas

q ao todo fazem setenta e sete quero e he da minha vontade q se repartam em tres

partes, huma dira e se mandara dizer o Rdº Parocho q existir e as duas partes diram

meos sobrinhos clerigos os quais quer o prefiram na distribuiçam das dittas missas =

Declaro q deixo por via delegado a minha sobrinha Anna filha de meo Irmam Joze

Morato huma corrente de ouro do braço com humas medalhas q peza quinze oitavas

pouco mais ou menos, e na falta desta substituira a Irmam Mossa, e na falta de ambas

a q se seguir = assim mais deixo q minha sobrinha Maria da Aprezentaçam hum par de

botoes grandes de ouro confeitados = Declaro q por via delegado = causa mortis = a

minha afilhada Maria, filha de Maria Freyre de Macedo, molher de Joam da Sylva =

huma rapariga crioulla por nome Benedita q ao prezente valera pouco mais ou menos

quarenta mil reis e da do cazo q antes do meo falescimento haja de parir, e a cria valha

como de prezente vale a May, se dara a cria, ficando a May para o monte, e quando

ella faleça e nam tenha filho se de em seo lugar a crioulla Justina, observandoce a

mesma ordem assima declarada, e na falta das referidas crioullas, sempre quero se lhe

de outra q valha o mesmo preço ou em bens e falecendo esta minha afilhada substituira

a Irmam mais velha por nome Anna e na falta desta substituira a mesma May e não se

continha mais no Pyo do ditto testamento... foram seos testamenteiros o Capitão Mor

Rodrigo Feliz Martins, seo marido, e seu filho Jeremias de Lemos, e seo genro

Antonio Joze da Sylva.”189

Joana Gracia

“Fez seo solemne testamento cujo Pyo he o seguinte: meo corpo sera sepultado na

Igreja Matriz desta villa, amortalhado no habito de Sam Francisco e pesso a minha

veneravel Ordem Terceyra acompanhe meo corpo até a sepultura e sera minha

sepultura no lugar onde foi enterrado meo marido ao mais junto a ella e sera

acompanhado meo corpo com os sacerdotes q prezentes estiverem; tambem sera

188 ACMC. Livro de óbito 2. f. 14

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acompanhado com todas as cruzes das Irmandades desta villa, das q eu for Irmam;

Declaro q se me digam as missas de corpo prezente com os sacerdotes q se acharem;

Declaro q sou irmam da veneravel Ordem Terceyra e de Nossa Senhora da Lux e das

Almas e de Santo Antonio; deixo q da minha terça se digam as missas seguintes =

huma a S. Miguel = outra a S. Gabriel = outra a Nossa Senhora da Lux = Outra a Santo

Antonio = outra a Santa do meo nome Santa Joanna = outra ao Anjo da minha guarda

= e seis pelas almas do Purgatorio = e sinco a ... Nosso Senhor Jesus Christo por

minha alma e assim mais deixo se me digam por minha alma trinta missas e pesso aos

meos testamenteiros... dizer com a brevidade possivel a q ordeno q se repartam pellos

sacerdotes q se acharem para q se digam com brevidade e nam se continha mais no

Pyo do ditto testamento, o qual aqui tresladei do proprio original a q me reporto; foram

seos testamenteyros seo filho o Capitam Bento dos Santos Pereyra, Antonio Ribeyro

do Valle e Manoel Soares do Valle...”190

Bento Gonçalves Coutinho Nobre

“Fez seo solemne testamento cujo Pio he o seguinte = ordeno q meo corpo seja

sepultado na Igreja onde se fizerem os exercicios da Ordem Terceyra e amortalhado no

mesmo habito q eu tiver, q he o de Sam Francisco e acompanhado com os sacerdotes

da mesma Ordem Terceyra e o Reverendo Vigario com a cruz das almas de quem sou

irmao e com a cruz do Santissimo a q se pagará a esmolla costumada = Declaro q por

minha alma deixo se me digam as missas de corpo prezente pellos sacerdotes q se

acharem e nam sendo possivel se digam no terceyro dia, falecendo nesta villa e sendo

em outra villa ou cidade, se me digam somente dez missas de corpo prezente = deixo

mais se me fassa um officio de nove liçoes de corpo prezente = deixo mais por minha

alma vinte missas = deixo q se fassa a novena da Senhora Santa Anna no anno q eu

morrer a minha custa, digo a custa dos meos bens, morrendo eu nesta villa de

Corytyba com dezasseis villas de quarta e tres patacas ao Rd.º Vigario para assistir a

novena = e tres missas a Senhora Santa Anna por minha alma = deixo de esmolla ao

189 ACMC. Livro de óbito 02. f. 16

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Santissimo dessa freguesia tres mil e duzentos reis = Deixo ao Sarafico S. Francisco

das Chagas desta villa cinco mil reis de esmolla para ajuda de suas obras = Deixo a

Senhora do Terço desta villa de esmolla coatro mil reis e nam se continha mais no Pyo

do ditto testamento, o qual aqui tresladei bem e fielmente do proprio original q se acha

em caza do Tabeliam desta villa ... foram seos testamenteyros o Sargento-Mor Joao

Baptista Dinis e o Doutor Lourenço Ribeyro de Andrade e nenhum deles quis aceitar o

testamentario, por cuja razam aceitou a mesma Ordem Terceyra, q hera nomeada em

3.º lugar.”191

Trifonio Cardozo Pazes

“Fez seo solemne testamento cujo Pio he o seguinte = ordeno q meo corpo seja

sepultado na Capella onde se fizerem os exercícios da minha venerável Ordem

Terceyra de Nosso Padre Sam Francisco, amortalhado com o habito de seos

Religiosos havendo-o, ou com o meo da ditta Ordem = pesso aos meos irmaos

terceyros e aos das Irmandades de Nossa Senhora do Rozario e das Almas queiram

acompanhar meo corpo no enterramento pois sou Irmao das dittas Confrarias =

ordeno q por minha alma se digam no dia do meo falescimento missas de corpo

prezente pellos sacerdotes q houver na terra até o numero de dez, e hum officio de

nove liçoens pella minha alma e pellas q estao no Purgatorio; e nam se continha mais

no Pio do ditto testamento, o qual aqui tresladei bem e fielmente do proprio original q

se acha em poder do Tabeliam...”192

190 ACMC. Livro de óbito 02. f. 16 191 ACMC. Livro de óbito 02. f. 19 192 ACMC. Livro de óbito 02. f. 23

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6.2 Tabelas de registros de óbitos (1760-1775)

TABELA 2 – REGISTROS DO LIVRO 01 DE ÓBITOS DA IGREJA MATRIZ DE

NOSSA SENHORA DA LUZ DOS PINHAIS

TABELA 3 – REGISTROS DO LIVRO 02 DE ÓBITOS DA IGREJA MATRIZ DE

NOSSA SENHORA DA LUZ DOS PINHAIS

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TABELA 02 – REGISTROS DO LIVRO 01 DE ÓBITOS DA IGREJA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA LUZ DOS PINHAIS

Nome Id. Data Filiação Local Sacramentos Acomp. Rituais Fúnebres

Obs.

01 Antonio Domingues

18 04/01/1760 Filho de Ventura Domingues

Logo para baixo da porta travessa

Sem os sacramentos porq morreu de repente de uma dor

por mim e da cruz da fábrica

Natural de Mogi das Cruzes

02 Eugenia 1m 09/01/1760 Filha de Jeronimo da Costa

Dentro na Igreja

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fábrica

03 Joze Martins Leme (Capitão)

90 06/04/1760 viuvo Dentro na Igreja

Sem os sacramentos porq me nam chamaram para lhos administrar nem a doença deu lugar para isso.

por mim e da cruz da fábrica

Não fez testamento por ser muito pobre

04 Izabel Soares 80 11/05/1760 Viuva que ficou de Joam Ribeyro do Valle

Dentro na Igreja

Com todos os sacramentos

por mim e dos Padres que se acharam nesta vila e das suas cruzes

Amortalhada no habito de São Francisco, lhe fez um ofício de nove lições a q assistiram coatro

Fez testamento

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padres comigo e o mestre da capela com música

05 Anna 14 13/05/1760 Filha de Salvador de Albuquerque

Para cima da porta travessa

Somente com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção

por mim e da cruz da fábrica

Levada na tumba da fábrica

06 Joam 6 dias

20/06/1760 Filho de Pedro Leyte Palhano e de Anna Maria Cardoza

Junto a torre

Somente com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fábrica

07 Maria Luiz 70 10/08/1760 Viuva de Francisco Nunes de Abreu

Das portas travessas para baixo

Somente com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção

por mim e da cruz da fábrica

08 Sebastiam dos Santos Pereyra

70 31/08/1760 Casado com Joanna Garcia

Nesta Igreja Com todos os sacramentos

por mim e de todos os Padres q se achavam nesta villa capazes de o poderem acompanhar e da cruz da fabrica e de todas as mais das

Amortalhado no hábito de Nosso Padre São Francisco

Fez testamento

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Irmandades q há nesta Igreja

09 Messia Nunes de Sequeyra

70 15/09/1760 Viuva de Joam do Prado Leme, ambos naturais da vila de Ytu

Capela de Nossa Senhora do Terço

Com todos os sacramentos

Acompanhado por mim e da cruz da fábrica e da Irmandade da Ordem Terceira com a sua cruz e dos sacerdotes q se achavam na vila capazes de poder acompanhar

Amortalhado no hábito de Nosso Padre São Francisco

Fez testamento

10 Maria Nunes de Sequeyra

50 22/09/1760 Casada com Salvador Mendes

Para baixo das portas travessas

Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq estava vomitando de huma postema q lhe arrebentou, por cuja cauza nam podia receber o Sacro Viático

por mim e da cruz da fabrica

Levada na tumba da fábrica

Natural de Guaratinguetá

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11 Manoel da Costa Filqueyra

80 05/10/1760 Casado com Costodia Rodrigues França

Dentro nesta Igreja

Com todos os sacramentos

por mim e de todos os sacerdotes q se achavam capazes nesta vila e da cruz da fabrica e as Irmandades todas q há nesta Igreja

Amortalhado no habito de São Francisco

Fez testamento

12 Francisca 24 hrs

30/10/1760 Filha de Francisco Marques Lameyra

Das grades para cima

Com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

13 Maria Luiz 42 07/11/1760 Casada com Antonio Rodrigues Lisboa

Logo para baixo da porta travessa

Somente com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq quando me chamaram para lhos administrar e assim q acabei de a ungir logo morreo

por mim e da cruz da fábrica

Levada na tumba da fábrica

Nam fez testamento por ser muito pobre

14 Joze Rodrigues França (Doutor)

75 19/11/1760 Capela de Nossa Senhora do Terço

Com todos os sacramentos

por mim e de todos os Padres q se acharam

Amortalhado nas vestimentas sacerdotais,

Fez testamento

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nesta villa, e da cruz da fabrica e de todas as mais q havia nesta Igreja

levado na tumba das almas de quem hera irmam, fiz-lhe hum officio de nove liçoes com o corpo preszente, a qual assistiram sinco Padres commigo e o Mestre da Capella com sua Arpa

15 Costodio Alvres Lima

40 12/04/1761 Casado com Anna da Silva de Sequeyra

Capela de Nossa Senhora da Conceição do Tamandua

Sem sacramentos porq o mataram de repente com hum tiro

pelo Rdº Padre Frey Angelo preto, superior da dita Capella

16 Antonia 30 16/04/1761 Filha de Mario Gracia

Dentro na Igreja

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fábrica

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17 Gregório Martins

70 18/04/1761 Casado com Mariana de Goes

Dei sepultura eclesiastica aos ossos... dentro na Igreja

por mim e da cruz da fábrica

Faleceu nos Campos Geraes

18 Quiteria 6 hrs

26/04/1761 Filha de Antonio da Roza

Para baixo da porta travessa

Somente com o batismo

por mim e da cruz da fabrica

19 Maria 2 hrs

28/06/1761 Filha de Antonio Luiz Tigre

Para baixo da porta travessa

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

20 Ritta 3 m 07/07/1761 Filha de Joam Nunes de Abreu

Junto a torre

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

21 Amaro Fernandes da Costa

70 11/07/1761 Casado com Maria Rodrigues França, filha de Manoel da Costa Filgueyra

Dentro na Igreja, lavada na tumba das Almas de quem hera Irmam

Somente com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq morreo de huma pancada de hum pao na roça, de q logo ficou sem sentidos

por mim e da cruz da fabrica, e de todos os sacerdotes q se acharam nesta villa e das cruzes das Irmandades de q hera irmam a saber de Santo

Amortalhado no habito de São Francisco...Fiz-lhe um officio de nove liçoes a q assistiram coatro padres commigo e o mestre da capella

Natural da vila de Basto, Arcebispado de Braga... não fez testamento nem teve lugar para isso

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Antonio, das Almas, do Santissimo Sacramento, de Nossa Senhora da Luz e de Nossa Senhora do Rosário

22 Maria 03 23/07/1761 Filha de Joam Loppes

Para baixo da porta travessa

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

23 Miguel 04 03/09/1761 Filho de Joam Ribeyro Cardozo

Logo para baixo da porta travessa

Com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

24 Salvador 03 09/09/1761 Filho de Joam Ribeyro Cardozo

Para baixo da porta travessa

Somente com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

25 Salvador 03 20/09/1761 Filho de Agostinho Fernandes

Dentro na Igreja

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

26 Izabel 8 m 08/10/1761 Filha de Trifonio Cardozo Pazes

Capela de Nossa Senhora do Terço

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fábrica

27 Joze 19 09/11/1761 Filho do Dentro na Com os por mim e

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Capitão Gaspar Correa

igreja, levado na tumba da fábrica

sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq morava muito longe no mato e quando la chegou o confessor nesta tarde morreo

da cruz da fábrica e a de Nossa Senhora e a das Almas

28 Paula Ferreyra 40 13/11/1761 Casado com Joam da Costa

Dentro nesta Igreja

Sem os sacramentos porq não houve lugar de me chamarem para lhos administrar por morrer apressadamente de huma mordedura de cobra q não chegou tres horas

por mim e da cruz da fabrica

Não fez testamento nem tinha de q por ser muito pobre

29 Joam 2 hrs

14/11/1761 Filho de Caetano Nunes Vareyro

Junto a torre

Somente com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

30 Francisco 4 m 02/01/1762 Filho de Estevam Joze Ferreyra

Junto ao lugar das grades

Só com o batismo

31 Paulo 05 24/01/1762 Filho de Manoel dos Santos Lisboa

De fronte das portas travessas

Com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fábrica

32 Francisco de 80 27/04/1762 Casado com Capela de Com todos os por mim e Levado na Fez

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Sequeyra Cortes

Catharina Mendes Barbuda

Nossa Senhora do Terço da Ordem Terceyra...

sacramentos por todos os Padres q se acharam nesta vila e da cruz da fabrica e a das Almas... e a de Nossa Senhora da Luz e a de Santo Antonio e da do Santissimo Sacramento

tumba das Almas por ser Irmam... amortalhado no hábito de Nosso Padre São Francisco

testamento

33 Anna 3 m 27/04/1762 Enjeitada que se criava em casa de Manoel dos Santos Lisboa

Dentro na Igreja

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fábrica

34 Gertrudes 1 m 28/04/1762 Filha de Antonio Dias Cortes

Junto a torre

Somente com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fábrica

35 Ritta 02 28/04/1762 Filha de Ignacio Pereyra

Junto a torre

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fábrica

36 Antonio Alvres Freyre

60 30/04/1762 Dentro na Igreja

Sem os sacramentos porq morreo de

por mim e da cruz da

Levado na tumba das

Natural de Paranagua

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repente fabrica e a das Almas

Almas porq hera Irmao

37 Joam 03 04/07/1762 Filho de Manoel da Sylva

Capela de Nossa Senhora do Terço

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fábrica

38 Manoel Vieyra 50 13/07/1762 Casado na Ilha de Santa Catarina

Para baixo da porta travessa

Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq cauza de huma toce q tinha com vomitos continuamente, nam podia receber o Sacro Viático

por mim e da cruz da fabrica

Levado na tumba da fábrica

Natural das Ilhas

39 Joachym Manoel de Abreu

40 11/08/1762 Casado com Maria Francisca Angelica

Capela de Nossa Senhora do Terço por ser irmao Terceyro

Somente com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq fazendo-se experiencia nam podia engulir couza alguma, além de nam estar em seu perfeito Juizo

por mim e da cruz da fábrica e de todos os sacerdotes q se acharam nesta villa

Levado na tumba da fábrica ...Fiz um officio de nove liçoes a q assistiram coatro Padres comigo... amortalhado no habito

Natural da cidade de Lisboa... não fez testamento

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de Nosso Padre São Francisco

40 Gertrudes 03 31/08/1762 Enjeitada q se criava em casa de Pedro de Souza Leal

Junto a torre

Somente com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fábrica

41 Salvador 02 01/09/1762 Filho de Joze Leyte

Junto a torre

Somente com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fábrica

42 Ventura 80 11/01/1760 Adro Sem sacramentos porq morreo de repente de huma dor

Acompanhado por mim e da cruz da fábrica

Escravo do Capitão Miguel Ribeyro Rybas

43 Benedita 6 dias

20/01/1760 Filha de Pedro Gomes de Oliveyra, bastardo

Dentro na Igreja

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fábrica

44 Antonio Leme 35 20/01/1760 Casado com Maria Alvres

Dentro na Igreja

Sem sacramentos porq me nam chamaram para lhos administrar

por mim e da cruz da fábrica

Bastardos forros q forao administrados de Joze Martins Leme

45 Thomazia 50 29/02/1760 Casada com Joze, escravo

Dentro na Igreja

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da

Levada no esquife de

Administrada de

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de Ritta de Jesus

fábrica e a da dita Senhora do Rosário

Nossa Senhora do Rosário por ser irmam

Diogo da Pascaria

46 Salvador da Sylva

60 01/03/1760 Casado com Izabel Bicuda

Dentro nesta Igreja

Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq no Rancho aonde faleceo senao podia dizer missa por ser de palha e de beyra no cham

por mim e da cruz da fábrica

47 Mariana de Souza

90 10/03/1760 Para baixo da porta travessa

Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção

por mim e da cruz da fábrica

48 Maria 3 m 10/04/1760 Dentro na Igreja

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fábrica

Escrava do Rdº Doutor Joze Rodrigues França

49 Ignacio 25 28/05/1760 Dentro na Igreja

Somente com o sacramento da Penitencia porq me nam chamaram para lhos administrar e so chamaram hum

por mim e da cruz da fábrica

Levado no esquife de Nossa Senhora do Rosário

Escravo de Joanna Maciel, mulher de Manoel Miz

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Religiozo pª o confessar

Valença

50 Manoel 15 11/06/1760 Filho de Thomazia que foi administrada de Diogo da Pascaria

Dentro na Igreja por ser Irmam do Rosário

Somente com o sacramento da Penitencia porq me nam chamaram para lhos administrar

por mim e da cruz da fábrica

51 Felicia 50 13/06/1760 Casada com Miguel

Dentro na Igreja por ser Irmam do Rosário

Só com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq quando me chamaram para lhos administrar e a pouco tempo morreo

por mim e da cruz da fábrica e da do Rosário

Levada no esquife do Rosário

Ambos administrados de Margarida Esteves

52 Luzia Pereyra 30 29/06/1760 Casada com Ignacio Pereyra

De fronte das portas travessas

Sem os sacramentos porq ficaram comigo de a trazer para o Palmital no citio do Rdº Doutor Joze Rodrigues França aonde lhos podia administrar todos por ter casa capaz e nam aonde morava em hum rancho de beyra no

por mim e da cruz da fábrica

Ambos bastardos

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cham 53 Miguel Simoes 60 22/07/1760 Casado com

Francisco Teyxeyra

Dentro na Igreja

Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq morava em hum rancho de palha de beyra no cham aonde se nam podia dizer missa para se lhe administrar o Sacro Viático

por mim e da cruz da fábrica

Indio

54 Benedito 1 m 29/07/1760 Filho de Francisco, administrado, e de sua mulher Joanna, escrava do Rdº Padre Lucas Rodrigues França

Adro Somente com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

55 Gabriel 30 26/08/1760 Adro Sem os sacramentos porq me nam chamaram para lhos administrar

por mim e da cruz da fábrica

Bastardo, natural da cidade de Sam Paulo

56 Quiteria 6 m 26/08/1760 Adro Só com o sacramento do

por mim e da cruz da

Escrava de Manoel

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batismo fabrica Nunes de Carvalho

57 Maria 70 28/08/1760 Adro Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq o rancho em q morava nam hera capaz de se dizer missa nelle para lhe administrar o Sacro Viático

por mim e da cruz da fábrica

Escrava de Domingos da Cunha Teyxeyra

58 Anna 16 20/09/1760 Filha de Salvador Bueno, índio

Para cima das portas travessas

Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq morava em hum rancho de palha de beyra no cham, aonde se nam podia dizer missa par lhe administrar o Sacro Viático

por mim e da cruz da fábrica

59 Miguel 03 27/09/1760 Filho de Manoel da Costa, morador de Tinquiquera

Junto a torre

Somente com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

60 Felippa dos 80 29/09/1760 Dentro na Com todos os por mim e

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Reys Igreja sacramentos da cruz da fabrica

61 Joanna Nunes 30 30/09/1760 Casada com Francisco do Prado

Dentro na Igreja

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fábrica

Não fez testamento por ser muito pobre

62 Quirino Pires 70 03/11/1760 Casado com Martha

Adro Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Bastardo... não fez testamento por ser muito pobre

63 Maria 20 20/11/1760 Adro Somente com o sacramento da Penitencia e Extrema-Unção porq a doença nam deu lugar para mais

por mim e da cruz da fábrica

Escrava de Estevam Joze

64 Antonia 30 24/12/1760 Dentro na Igreja

So com o sacramento da Penitencia porq me nam chamaram para lhe administrar os mais nem a doença deu lugar para isso

por mim e da cruz da fábrica e a de Nossa Senhora do Rosário

Levada no esquife do Rosário por ser Irmam da ditta Irmandade

Escrava de Antonio Joze Teyxeyra

65 Simam 90 05/01/1761 Adro Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fábrica

Escravo do Capitão Miguel

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Ribeyro Rybas

66 Joanna 40 dias

24/02/1761 Filha de Joam Ribeyro Bojam

Logo para baixo da porta travessa

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

67 Luiz 20 19/04/1761 Filho de Estacio Alvres

Dentro na Igreja

Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq nam podia receber o Sacro Viático por morrer de huma postema q estava actuamente vomitando

por mim e da cruz da fábrica e do Rosário por ser Irmao da dita Irmandade

Levado no esquife do Rosário

68 Felippe 60 30/04/1761 Casado com Quiteria

Nesta Igreja Com os sacramentos da Penitencia e Eucharistia porq quando se confessou e comungou não estava muito mal e nam me chamaram para lhe administrar a Extrema-Unção

por mim e da cruz da fábrica e do Rosário por ser Irmao da dita Irmandade

Levado no esquife do Rosário

Administrado de Bras Domingues

69 Mariana 15 03/05/1761 Filha de Domingas, q

Dentro nesta Igreja

Com os sacramentos da

por mim e da cruz da

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foi administrada de Gonçalo Soares

Penitencia e Extrema-Unção porq quando me chamaram para lhos administrar já estava espirando de huma sofocaçao

fabrica

70 Maria 30 03/06/1761 Casada com Miguel, administrado de Izabel Antunes

Dei sepultura eclesiastica aos ossos... foram sepultados no Adro

Sem os sacramentos por falecer no mato

por mim e da cruz da fábrica

Escrava de Domingos de Freytas

71 Monica 60 22/06/1761 Casada com Zacharias, mulato forro

Dentro na Igreja

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fábrica e da do Rosário

Levada no esquife de Nossa Senhora do Rosário por ser Irma da dita Irmandade

72 Paulo 6 m 26/07/1761 Filho de Vicente, escravo de Francisco de Souza Rocha

Para baixo da porta travessa

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fábrica

73 Perpetua 90 10/08/1761 Casada com Ambrozio,

Dentro na Igreja por

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da

Levada no esquife do

Escrava de Joam

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administrado do Rdº Doutor Joze Rodrigues França

ser Irma de Nossa Senhora do Rosário

fábrica e da do Rosário

Rosário Chrizostomo

74 Salvador 40 12/08/1761 Adro Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fábrica

Carijó, administrado de Matheus Leme

75 Luzia 1 ano

13/08/1761 Filha de Agostinho Fernandes

Junto a torre

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fábrica

76 Sebastiana 60 20/08/1761 Casada com Francisco Thome

Adro Somente com o sacramento da Penitencia porq a confessou o Rdº Vigarº de Sam Joze

por mim e da cruz da fábrica

Carijó

77 Antonia Pereyra

30 30/08/1761 Casada com Joam da Costa

Dentro na Igreja

Com todos os sacramentos

Por mim e da cruz da fábrica

Nam fez testamento por ser muito pobre

78 Joze 3 m 27/09/1761 Filho de Miguel Rodrigues, vintenario de Sam Joze, e de Thereza Fappe

Junto a torre

Só com o batismo Por mim e da cruz da fábrica

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79 Anna 5 m 08/10/1761 Filha de Appolinario Teyxeyra

Junto a porta principal

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

80 Antonio

6 m 12/10/1761 Filho de Dionizio Alvres

Junto a torre

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fábrica

81 Ventura 30 16/10/1761 Casado com Angella, administrada

Dentro na Igreja

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fábrica

Levado no esquife de Nossa Senhora do Rosário por ser Irmao da Irmandade da ditta Senhora

Escravo de Bras Domingues Vellozo

82 Alexandre 08 02/1/1761 Adro Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção por nam ter ainda capacidade para se lhe administrar o Sacro Viático

por mim e da cruz da fábrica

Escravo de Joam Baptista Dinis

83 Salvador 20 04/11/1761 Adro Sem os sacramentos porq morreo de repente no mato

por mim e da cruz da fábrica

Administrado de Trifonio Cardozo

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84 Joam 24 hrs

07/11/1761 Filho de Joam Rodrigues de Sequeyra

Junto a porta principal

Somente com o sacramento de batismo

por mim e da cruz da fábrica

85 Anna 11 15/11/1761 Dentro na Igreja

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fábrica e a do Rosário

Levado no esquife de Nossa Senhora do Rosário por ser irma

Escrava de Bras Domingues

86 Joam 30 23/11/1761 No alpendre da Capela de Nossa Senhora do Terço

Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq nam estava em seu juizo perfeito para lhe administrar o Sacro Viático

por mim e da cruz da fábrica

Escravo de Maria Rodrigues França

87 Paulo 02 04/02/1762 Dentro na Igreja

Somente com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

Escravo de Antonio Joze Teyxeyra

88 Ignacia 01 16/03/1762 Adro Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

Escrava de Antonio de Andrade

89 Bento 08 dias

04/04/1762 Filho de Jeronimo e de Elena, bastardos

Junto a torre

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

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90 Feliciana 60 10/06/1762 Adro Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

India velha

91 Margarida 6 dias

17/06/1762 Filha de Gabriel

Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

92 Quiteria 03 21/06/1762 Filha de Francisco da Costa

Junto a torre

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

93 Roza 01 12/02/1762 Filha de Thomas, escravo de Nossa Senhora das Neves

Capela de Nossa Senhora da Conceiçao do Tamanduá

Só com o sacramento do batismo

Encomendada pelo Rdº Superior da dita Capela

94 Maria 25 20/04/1762 Casada com Antonio Maguines, escravo

Capela de Nossa Senhora da Conceiçao de Tamandua

Somente com o sacramento da Penitencia porq me nam chamaram para lhe administrar os mais, nem a doença deu lugar para isso

Encomendada pelo Rdº Superior da dita Capela

Escrava de Nossa Senhora das Neves da fazenda dos Carlos

95 Florinda 50 12/05/1762 Casada com Salvador da Costa

Adro Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Indios que forao administrados de Antonio Bueno da

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Veyga 96 Maria Luiz de

Sequeyra 30 24/12/1762 Casada com

Joam Dias Cortez

Capela de Nossa Senhora da Conceyçam do Tamandua

Somente com o sacramento da Penitencia e Extrema-Unção porq no mato aonde faleceo se nam podia dizer missa para lhe administrar o Sacro Viático

pelo Rdº Frei Angello do Spirito Santo, superior da dita Capela

97 Francisco 8 dias

27/10/1762 Filho de Antonio de Pinna, bastardo

Junto a torre

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

98 Ignacia 04 27/10/1762 Adro Somente com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

Escrava de Manoel Rodrigues Seyxas

99 Manoel 6 m 01/11/1762 Filho de Francisco da Costa

Junto a torre

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

100 Manoel 30 01/11/1762 Adro Só com o sacramento da Penitencia porq adoeceu na freguezia de Sam Joze e lá o mandou confessar

por mim e da cruz da fabrica

Escravo de Henrique Ferreyra de Barros

101 Sebastiana 60 04/11/1762 Dentro na Com todos os por mim e Levada no Carijó,

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Igreja sacramentos da cruz da fabrica e a da mesma Senhora do Rosário

esquife de Nossa Senhora do Rosário por ser irma da Irmandade da dita Senhora

administrada de Agostinho de Andrade

102 Domingos Gracia

60 09/12/1762 Casado com Marcia Gracia, também administrada

Junto a torre

Sem os sacramentos porq morreo de huma postema q lhe rebentou de repente

por mim e da cruz da fabrica

Carijó administrado de Joam Gracia Carrasco

103 Maria 80 12/01/1763 Dentro na Igreja

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica e a da dita Senhora

Levada no esquife de Nossa Senhora do Rosário por ser Irmam

Carijó, administrada de Joze Nicolao Lisboa

104 Benta 3 m 14/01/1763 Dentro na Igreja por serem os Paes irmaos do Rosário

Só com o sacramento do batismo

Escrava do Doutor Lourenço Ribeyro de Andrade

105 Ignacio 03 08/02/1763 Logo para baixo da porta travessa

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

Escravo de Roque Fernandes de

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Sequeyra 106 Maria 3 m 06/04/1763 Filha de

Sebastiam de Almeyda, genro de Bernardo Leyte

Junto a torre

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

107 Custodia 18 11/04/1763 Filha de Antonio Martins, filho de Joam Martins Leme

Adro Sem sacramentos porq o matou seu Pay de repente com um tiro

por mim e da cruz da fabrica

Bastarda

108 Mariana Cardoza

35 26/04/1763 Casada com Appolinario Teyxeyra

Dentro na Igreja

Somente com o sacramento da Penitencia porq nam me chamaram a tempo para lhe administrar os mais

pelo Rdº Padre Frey Miguel e da cruz da fábrica

Levada no esquife do Rosário por ser Irmam da mesma Senhora

Ambos bastardos

109 Joze 40 12/05/1763 Casado com Domingas, carijó

Dentro nesta Igreja, por ser Irmam do Rosário

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Escravo de Trifonio Cardozo, natural de Paranagua

110 Vitoria 20 18/05/1763 Adro Somente com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq morreo de huma postema q lhe

por mim e da cruz da fabrica

Administrada de Izabel Domingues

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rebentou 111 Luiza 1 m 16/06/1763 Filha de Paulo

Pires de Tinquiquera

Junto a porta principal

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

112 Domingas 40 13/07/1763 Casado com hum escravo de Trifonio Cardozo

Adro Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Carijó administrada de Antonio Joam de Parnaguá

113 Joam 3 m 22/07/1763 Adro Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

Escravo de Antonio Rodrigues de Andrade

114 Jeronimo 40 23/07/1763 Casado com Elena, também bastarda, filho natural de Antonio Francisco de Sequeyra

Adro Sem sacramentos porq o mataram

por mim e da cruz da fabrica

Bastardo

115 Ventura 60 18/09/1763 Dentro na igreja

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fábrica e do Rosário

Levado no esquife de Nossa Senhora do Rosário por ser Irmao da dita

Escravo do Capitão Miguel Ribeyro Rybas

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Irmandade 116 Anna 8

dias 19/09/1763 Filha de

Francisco da Cunha Alvarenga

Junto a torre

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

117 Maria 2 m 07/10/1763 Filha de Francisca, administrada de Bras Domingues Vellozo

Dentro nesta Igreja por ser a May Irmã de Nossa Senhora do Rosário

Só com o sacramento do batismo

118 Francisca 70 19/10/1763 Casada com Ignacio, escravo do dito Chrizostomo

Dentro na Igreja por ser Irmã de Nossa Senhora do Rosário

Somente com o sacramento da Penitencia, porq eu a confessei quando hia de caminho para Paranagua condenaçam

pelo Rdº Padre Frey Pedro de Santa Maria Antunes

Escrava de Joam Chrizostomo

119 Andre 8 dias

25/10/1763 Junto a torre

Somente com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

Escravo do Capitão Manoel Gonçalves de Sampaio

120 Ignacio 50 09/11/1763 Casado com Maria

Adro Somente com o sacramento da Penitencia porq chamaram o Rdº

por mim e da cruz da fabrica

Escravos de Pedro Alexandrino de

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Vigarº de Sam Joze para lho administrar e nam me deram parte para lhe administrar os mais sacramentos, por cuja razao condenei ao Senhor do dito escravo em coatro patacas

Albuquerque

121 Maria 25 17/11/1763 Junto a porta principal

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica e da do Rosário

Levada no esquife de Nossa Senhora do Rosário por ser Irma da dita Senhora

Escrava de Antonio Rodrigues de Andrade

122 Antonio 2 m 13/01/1764 Filho de Joam da Costa e Maria de Mello

Junto a torre

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

123 Salvador Bueno

55 14/02/1764 Viuvo Junto a porta principal

Com os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Indio

124 Domingos Fernandes

70 10/03/1764 Casado com Maria da Rocha, mulata forra

Dentro na Igreja

Sem sacramentos por morrer de repente

por mim e da cruz da fabrica

Preto forro ... nam fez testamento porq hera

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muito pobre

125 Dorothea 30 25/03/1764 Casada com Agapito

Dentro na Igreja

Sem sacramentos porq morreo de parto

por mim e da cruz da fabrica

Levada no esquife do Rosário porq hera Irmam

Escravos de Joam Chrizostomo

126 Francisco 50 05/04/1764 Adro Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq me chamaram de tarde para o confessar

por mim e da cruz da fabrica

Escravos de Antonio de Medeyros

127 Antonia 50 24/04/1764 Dentro na Igreja

Sem os sacramentos porq morreo de repente mas tinha confessado e comungado no mesmo dia

Levada no esquife de Nossa Senhora do Rosário por ser Irmam da dita Senhora

Bastarda, administrada de Barbara Rodrigues da Cunha

128 Maria 06 01/05/1764 Adro Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

Administrada de Francisco de Souza Rocha

129 Maria 01 dia

17/05/1764 Filha de Micaella,

Adro Só com o sacramento do

por mim e da cruz da

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escrava de Sebastiam Teyxeyra

batismo fabrica

130 Joze 2 m 17/05/1764 Filho de Joam Fappe e de Andreza

Adro Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

131 Zacarias 68 04/06/1764 Viuvo Dentro na Igreja

Sem os sacramentos por morrer apreçadamente de huma postema q lhe rebentou

por mim e da cruz da fabrica e a do Rosário

Levado no esquife de Nossa Senhora do Rosário por ser Irmao

Mulato forro

132 Francisco 30 24/06/1764 Adro Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção por ser no mato aonde se lhe não podia administrar o Sacro viático

por mim e da cruz da fabrica

Escravo de Simam Gonçalves de Andrade

133 Christovao 06 21/07/1764 Adro Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

Escravo do Capitão Verissimo Gomes

134 Miguel 6 m 23/07/1764 Filho de Miguel Cardozo, bastardo

Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

Escravo de Miguel Gonçalves Lima

135 Pedro 25 25/08/1764 Dentro na Sem os sacramentos por mim e Levado no

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Igreja porq morreo de repente de huma dor q nam chegou a durar huma hora

da cruz da fabrica

esquife de Nossa Senhora do Rosário por ser Irmam

136 Joachym 08 07/08/1764 Filho de Salvador de Ramos

Junto a porta principal

Sem sacramentos porq morreo de repente de hum pinheyro q lhe caiu em cima e elle deitou os miollos fora

por mim e da cruz da fabrica

137 Pedro 06 05/09/1764 Filho de Margarida, mullata

Dei sepultura eclesiastica aos ossos... sepultados no Adro

Só com o batismo por mim com a cruz da fabrica

Faleceo do Porte dalém do Registro

138 Paula 06 06/09/1764 Adro Só com o batismo por mim com a cruz da fabrica

Administrada de Pedro de Albuquerque

139 Clemente 07 06/12/1764 Filho de Antonio Palhano, que foi administrado de Luiz

Junto a porta principal

Só com o sacramento do batismo

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Palhano 140 Maria 2

hrs 18/12/1764 Filha de Joze,

escravo do Capitão Manoel Gonçalves de Sampaio

Junto a porta travessa

Só com o sacramento do batismo

141 Domingas Rodrigues

90 13/01/1765 Viuva de Tobias

De fronte da porta travessa

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Levada na tumba da fabrica

Bastarda

142 Ritta 35 21/01/1765 Casada com Joze, escravo do mesmo Capitão

Logo para baixo da porta travessa

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica e da do Rosário

Levada no esquife de Nossa Senhora do Rosário por ser Irmam

Escrava do Capitão Manoel Gonçalves de Sampaio

143 Izabel de Chaves

50 05/02/1765 Casada com Joze da Sylva

Dentro na Igreja

Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-unção porq se lhe impediu a falla, e nam podia engulir, nem estava muyto em seu perfeito juizo

por mim e da cruz da fabrica e da do Rosário

Levada no esquife de Nossa Senhora do Rosário por ser Irmam da dita Senhora

Não fez testamento

144 Maria 30 11/02/1765 Filha de Manoel de Pinna Vellozo

Perto da porta principal

Só com o sacramento da Penitencia porq quando a fuy

por mim e da cruz da fabrica

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confessar nam estava muyto mal e por algum desmancho q houve, morreo dahi a poucas horas

145 Antonia Rodrigues

25 04/03/1765 Casada com Joachym Alvres Correa

Junto aos bancos

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica e da do Rosário

Levada no esquife do Rosário

Ambos bastardos

146 Manoel 2 hrs

13/03/1765 Filho de Angella, escrava do Capitão Verissimo Gomes da Sylva

Junto a torre

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

147 Maria 01 15/04/1765 Filha de Antonio Leyte

Junto a torre

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

148 Antonia 80 17/05/1765 Dentro na Igreja por ser Irmam de Nossa Senhora do Rosário

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica e da do Rosário

Carijó administrada de Manoel Martins de Faria

149 Izabel Ferreyra 70 23/07/1765 Viuva de Manoel Antunes

Junto aos bancos

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Tudo se fez gratis por ser

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muito pobre

150 Ignacia 90 28/07/1765 Junto aos bancos por ser Irmam de Nossa Senhora do Rosário

Só com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq quando me chamaram para lhos administrar já nam estava muyto em seu juizo perfeito

por mim e da cruz da fabrica e da do Rosário

Administrada do Rdº Vigarº da Vara Francisco de Meyra Collasso

151 Marcella 05 31/07/1765 Adro Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

Escrava de Joam Gonçalves q veio das Minas

152 Domingos Pereyra Nunes

50 01/05/1764 Casado com Maria da Sylva, filha de Miguel de Goes

Capela de Nossa Senhora da Conceiçao de Tamandua

Sem os sacramentos porq o mataram de repente com hum tiro de espingarda

Com assistência do padre Frey Cypriano, capelão da dita Capella

Natural da vila da Conceyçam de Itanhaém, não fez testamento nem teve lugar para isso

153 Antonio 25 05/08/1765 Adro Somente com os sacramentos da

por mim e da cruz da

Escravo do Capitão

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Penitencia e Extrema-Unção porq estava incapaz de se lhe poder administrar o Sacro Viático... caio com a cara no fogo e ficou quazi fora de seu juizo

fabrica Verrissimo Gomes da Sylva

154 Maria 6 m 21/08/1765 Filha de Joachym Alvres Correa

Junto a torre

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

155 Maria 1 m 28/08/1765 Filha de Francisco Pereyra do Couto

Junto a torre

Só com o sacramento do batismo

156 Maria 40 17/09/1765 Casada com Joam

Dentro na Igreja por ser Irmam de Nossa Senhora do Rosário

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica e da do Rosário

Escravos de Maria Rodrigues França

157 Joam Rodrigues Machado

70 23/10/1764 Casado com Francisca Moreyra de Oliveyra

Junto a porta travessa

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

158 Cypriano 23 13/12/1765 Adro Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Escravo de Joam Chrizosto

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mo 159 Julianna 30 04/03/1766 Casada com

Lucas, escravo do mesmo Doutor

Dentro na Igreja por ser Irmam de Nossa Senhora do Rosário

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica e da do Rosário

Forra, administrada do Doutor Antonio dos Santos

160 Pedro 25 08/03/1766 Adro Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção

por mim e da cruz da fabrica

Administrado do Rdº Doutor Joze Rodrigues França

161 Affonço 50 12/03/1766 Casado com Thereza, escrava do mesmo Doutor

Junto aos bancos por ser Irmam de Nossa Senhora do Rosário

Sem sacramentos porq me nam chamaram para lhos administrar

por mim e da cruz da fabrica e da do Rosário

Escravo do Doutor Lourenço Ribeyro de Andrade

162 Joze 02 13/4/1766 Junto a torre

Só com o sacramento do batismo

Escravo de Joam da Costa Roza

163 Joanna 01 19/07/1766 Filha de Miguel Cardozo, fazendeiro de Balthazar da Costa

Junto a torre

Somente com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

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164 Salvador 2 m 20/07/1766 Filho de Martha, escrava de Trifonio Cardozo Pazes

Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

165 Joam 02 22/07/1766 Filho de Joachym de Ramos

Junto a torre

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

166 Vitorino

18 24/07/1766 Filho de Manoel Rodrigues de Pinna

Junto a porta principal

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

167 Anna de Oliveyra Paes

25 25/07/1766 Casado com Miguel Dias

Junto a porta principal

Somente com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção por nam estar muito em seu juizo para se lhe administrar o Sacro Viático

por mim e da cruz da fabrica

168 Antonio 25 03/08/1766 Junto a porta principal

Somente com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção por não estar em seu Juizo Perfeito para se lhe poder administrar o Sacro Viático

por mim e da cruz da fabrica

Mulato, escravo dos herdeiros de Miguel Gonçalves Lima

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169 Manoel de Sequeyra Costa

55 14/08/1766 Casado com Maria Ribeyra Cardoza

Dentro na Igreja

Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção

por mim e da cruz da fabrica

170 Castor 30 31/08/1766 Dentro na Igreja por ser Irmam de Nossa Senhora do Rosário

Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção por não dar a doença lugar para mais

Escravo do Capitão Manoel Gonçalves de Sampaio

171 Joze 03 31/08/1766 Filho de Ignacia, administrada de Vitorino Teyxeyra

Junto a torre

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

172 Theodoro 06 01/09/1766 Filho de Domingos do Couto

Junto a torre

Somente com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção

por mim e da cruz da fabrica

173 Gonçallo 70 03/09/1766 Adro Sem sacramentos porq morreo de repente de huma dor

por mim e da cruz da fabrica

Escravo do Capitão Miguel Rodrygues Rybas

174 Domingos 05 05/09/1766 Filho de Sebastiam Sanches e de Maria Esteves Bicuda

Dentro na Igreja

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

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175 Luzia Leyte 25 17/09/1766 Casada com Francisco da Costa

Dentro na Igreja

Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção e por não estar em seu juizo perfeito se lhe nam administrou o Sacro Viático

por mim e da cruz da fabrica

176 Suzana de Siqueyra

70 20/09/1766 Casada com Joze Bicudo

Dentro na Igreja

Sem sacramentos porq morreo de repente

por mim e da cruz da fabrica

177 Maria 11 m

20/09/1766 Filha de Sebastiam Luiz

Junto a torre

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

178 Joam 03 27/09/1766 Filho de Andre da Sylva, de Tatuquara

Junto a porta travessa

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

179 Felippe 06 17/10/1766 Filho de Francisco Luiz, de Tinquiquera

Junto a porta travessa

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

180 Antonia Rodrigues Antunes

40 19/10/1766 Casado com Paulo Tavares

Junto aos bancos por ser Irmam de Nossa Senhora do Rosário

Somente com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq nam estava em seu perfeito juizo

por mim e da cruz da fabrica

Mulata

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para se lhe administrar o Sacro Viático

181 Manoel Rodrigues de Pinna

50 19/10/1766 Casado com Thereza Martins

Junto aos bancos para baixo

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Mulato... nam fez testamento por ser pobre

182 Quiteria 20 20/10/1766 Filha de Joachym Cardozo

Junto a porta travessa

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica e da do Rosário

Levada no esquife de Nossa Senhora do Rosário

183 Clemente 25 02/11/1766 Debaixo dos bancos por ser irmao de Nossa Senhora do Rosário

Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq morreo na noute em q se lhe administraram e nam chegou ao outro dia em q se havia de dizer Missa para se lhe administrar o Sacro Viático

Escravo de Pedro de Lima

184 Catharina da Costa Roza

50 02/11/1766 Filha de Diogo da Costa Roza

Dentro na Igreja

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica e da

Amortalhada em hum habito de

Fez seo testamento

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das Almas e a do Rosário e a de Nossa Senhora da Lux e a do Santissimo Sacramento

estamenha parda... levada no esquife de Nossa Senhora do Rosário

185 Francisco 40 05/12/1766 Dentro na Igreja por ser Irmam de Nossa Senhora do Rosário

Com os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Escravo de Antonio Fernandes de Sequeyra

186 Simeam 2 m 06/12/1766 Filho de Joam Ribeyro, de Tinquiquera

Junto a porta travessa

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

187 Francisco 80 28/12/1766 Casado com Luzia de Andrade, preta forra

Capela de Nossa Senhora da Conceiçam de Tamandua

Com todos os sacramentos

Duas missas de corpo prezente

Preta forra.... fez testamento

188 Leonor 80 30/12/1766 Adro Sem sacramentos porq me nam chamaram para lhos administrar

por mim e da cruz da fabrica

Administrada de Jozefa Rodrigues

189 Antonio 5 m 30/12/1766 Engeitado que se criava em

Junto a torre

Só com o batismo

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casa de Joam do Couto

190 Marçal Luiz 50 03/01/1767 Casado com Maria Esteves

Junto a porta principal

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

191 Maria 50 22/02/1767 Da porta travessa para baixo

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Escrava de Balthazar da Costa Pinto

192 Joze 60 27/02/1767 Dentro nesta Igreja porq hera Irmam de Nossa Senhora do Rosário

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica e da do Rosário

Escravo de Ritta Roza de Jesus

193 Joam 02 28/02/1767 Filho de Pascoal Rybeyro

Junto a torre

Só com o sacramento do batismo

194 Vitoria Fernandes

75 01/03/1767 Junto a porta principal

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Bastarda

195 Luiza 2 m 11/04/1767 Filha de Antonio Francisco, filho de Joam Pedrozo, de Tinquiquera

Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

196 Salvador da 60 19/04/1767 Casado com Junto a Com todos os por mim e

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Gama Cardozo Maria da Penha de Jesus

porta principal

sacramentos da cruz da fabrica

197 Ritta e Quiteria (Gêmeas)

12 dias

03/05/1767 Filhas de Antonio Esteves Nunes

Junto a torre

Só com o batismo

198 Antonio 1 ano

19/05/1767 Filho de Thome Rodrigues Paes

Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

199 Maria 2 hrs

24/05/1767 Filha de Diogo Pinto

Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

200 Izabel 40 23/06/1767 Adro Sem sacramentos por morrer de repente

por mim e da cruz da fabrica

Escrava do Capitão Verrissimo Gomes da Sylva, morador de Paranagua

201 Felippe 20 27/06/1767 Adro Sem sacramentos por morrer de repente de huma dor

por mim e da cruz da fabrica

Escravo de Henrique Ferreyra de Barros

202 Felicia Gonçalves

70 07/07/1767 Casada com Sebastiam Ferreyra Nogueyra

Junto a porta principal

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Não fez testamento por ser muito pobre

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203 Antonio 60 23/07/1767 adro Sem os sacramentos porq morreo de repente de huma dor

por mim e da cruz da fabrica

Escravo dos herdeiros de Antonio de Medeyros

204 Sebastiana 26 04/08/1767 Casada com Francisco, escravo de George de Souza

Junto a porta principal por ser Irmam de Nossa Senhora do Rosário

Sem sacramentos porq eu nessa ocasiam andava no bairro de Tinquiquera aonde confessei seis dessa vez, q todos estavam de perigo

por mim e da cruz da fabrica

Forra

205 Appolonia Ferreyra

40 08/08/1767 Casada com Salvador Rodrigues da Cunha

Junto a porta principal

Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq nam deu a doença lugar para mais

pello Rdº Padre Manoel da Cruz Lima, por eu estar auzente a outras confissoens e a cruz da fabrica

Nam fez testamento por ser muito pobre

206 Izabel 06 10/10/1767 Filha de Miguel Dias

Junto a porta principal

Somente com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

207 Luis 40 15/10/1767 Adro Com os pello Rdº Escravo

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sacramentos Padre Manoel da Cruz Lima

do Capitão Miguel Ribeyro Rybas

208 Joam Gonçalves Martins

60 18/10/1767 Casado com Roza Pereyra

Junto a porta principal

Sem os sacramentos porq estava louco

Bastardos

209 Maria Ferreyra 60 26/10/1767 Viuva Dentro na Igreja por ser Irmam de Nossa Senhora do Rosário, logo para baixo da porta travessa

Sem sacramentos porq morreo de repente

por mim e da cruz da fabrica e a do Rosário

Mulata forra

210 Quiteria 13 dias

27/10/1767 Filha de Pedro Gomes

Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

211 Francisca 35 28/10/1767 Adro Somente com o sacramento da Penitencia porq quando a confessei nam estava muito mal e depois nam me chamaram para lhe administrar os mais sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Administrada de Maria da Graça

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212 Mariana 25 31/10/1767 Filha de Joam Carvalho de Botiatuba

Para baixo da porta travessa

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica e da do Rosário

Levado no esquife do Rosário por ser Irmam

213 Miguel 01/11/1767 Filho de Gonçalo da Sylva

Dei sepultura eclesiastica aos ossos... junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

Tinha sido enterrado no mato

214 Antonia de Oliveyra

30 08/03/1768 Casada com Caetano Vareyro

Junto a porta principal

Sem sacramentos porq morreo de repente de parto

por mim e da cruz da fabrica

Levada na tumba da fabrica

215 Joze Alvres de Sequeyra

90 10/03/1768 Casado com Maria Pereyra

Dentro nesta Igreja

Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq na paragem aonde faleceo nam hera capaz de se dizer missa para lhe administrar o Sacro Viático

por mim e da cruz da fabrica

Nam fez testamento por ser pobre

216 Felippe 01 10/03/1768 Filho de Joze Soares Pereyra, genro de Joam Machado Castanho

Junto a torre

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

217 Ignacia 12 19/03/1768 Junto aos Com todos os por mim e Escrava de

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bancos sacramentos da cruz da fabrica

Costodia de França

218 Pedro 1 ano

20/04/1768 Neto de Zacarias Fernandes

Junto a torre

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

219 Simam 25 30/04/1768 Dentro na Igreja por ser Irmao de Nossa Senhora do Rosário

Sem sacramentos porq morreo de repente de hum estupor q nam chegou a durar huma hora

por mim e da cruz da fabrica e da do Rosário

Levado no esquife do Rosário

Escravo de Roque Fernandes de Sequeyra

220 Andre Pacheco 80 06/05/1768 Casado com Joana do Couto

Junto aos bancos

Sem sacramentos porq morreo de repente

com a cruz de Nossa Senhora do Rosário porq hera Irmao da dita Irmandade

Levado no esquife de Nossa Senhora do Rosário

Nam fez testamento nem tinha de que por ser pobre

221 Maria 02 07/05/1768 Filha de Joam Pacheco

Junto a torre

Só com o sacramento do batismo

222 Roza 02 12/05/1768 Filha de Antonio de Lara

Junto a torre

Só com o batismo

223 Francisco 04 17/05/1768 Filho de Joam Gonçalves Martins

Junto a torre

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

224 Anna Cardoza 35 04/06/1768 Casado com De baixo Com todos os por mim e Levada no Nam fez

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Antonio da Costa Quaresma

dos bancos sacramentos da cruz da fabrica

esquife do Rosário de quem hera irma

testamento porq hera pobre

225 Joze 16 12/07/1768 Adro Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Escravo de Antonio de Andrade

226 Pedro 70 14/07/1768 Perto da porta principal

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica e da do Rosário

Levado no esquife de Nossa Senhora do Rosário

Escravo do Rdº Vigarº Manoel Domingues Leytam

227 Domingas 2 m 20/07/1768 Junto a torre

Somente com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

Escrava dos herdeyros de Miguel Gonçalves Lima

228 Manoel 05 14/08/1768 Filho de Antonio Fernandes Leme

Perto da porta principal

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

229 Antonio 1 ano

15/08/1768 Filho de Manoel Joze das Neves

Junto a torre

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

230 Joam 13 m

19/08/1768 Filho de Joze Alvres Pereyra

Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da

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fabrica 231 Evva 05 20/08/1768 Junto aos

bancos Só com o batismo por mim e

da cruz da fabrica

Escrava do Sargento Mor Simam Gonçalves de Andrade

232 Francisco 6 m 22/08/1768 Filho de Antonio Fernandes Leme

Junto a torre

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

233 Maria 02 22/08/1768 Filha de Antonio Pinto, de Tatuquara

Junto a torre

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

234 Salvador 08 30/08/1768 Junto aos bancos

Sem sacramentos porq morreo de repente

por mim e da cruz da fabrica

Escravo de Antonio da Costa Guimaraes

235 Joanna 1 ano

01/09/1768 Filha de Manoel Gonçalves Vellozo, genro de Pedro do Couto

Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

236 Francisca 5 m 03/09/1768 Filha de Joam Gonçalves de Ramos

Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

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237 Floriana 2 m 05/09/1768 Filha de Manoel Paes de Almeyda

Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

238 Antonio Pacheco

35 13/10/1768 Casado com Quiteria Fernandes, administrada de Joze Nicolao Lisboa

Junto a porta principal

Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq nam tinha casa capaz para se lhe administrar o Sacro Viático

por mim e da cruz da fabrica

239 Jacinto 2 m 13/10/1768 Junto ao púlpito

com o sacramento do batismo

O assistio a cruz da fabrica

Escravo do Capitão Miguel Ribeyro Rybas

240 Lourença 03 04/11/1768 Junto a porta principal

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

Escrava do Sargento Mor Joam Baptista Diniz

241 Antonio 2 m 19/11/1768 Filho de Salvador, administrado de Francisco Rodrigues Cascaes

Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

242 Joanna Soares 60 29/09/1768 Casada com Francisco

Capela de Nossa

Com os sacramentos

Com assistência

Não fez testamento

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Rodrigues das Neves

Senhora do Carmo, do Capão Alto

do Rdº Padre Superior da dita Capela

243 Francisca Martins

60 29/11/1768 Casada com Zacarias Fernandes

Junto a porta principal

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Levada no esquife do Rosário por ser Irmam

Bastardos

244 Leandro 02 15/12/1768 Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

Escravo do Rdº Padre Manoel da Cruz Lima

245 Izabel 01 21/12/1768 Filha de Ignacio Fernandes

Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

246 Luciano 7 m 31/12/1768 Filho de Joze Leyte

Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

247 Anna Maria 1 ano

31/13/1768 Filha de Joze Ribeyro da Sylva

Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

248 Alexandre da Sylva

45 08/01/1769 Casado com Maria Rodrigues de Chaves

Dentro na Igreja

Sem sacramentos porq morreo de repente de huma dor

por mim e da cruz da fabrica

Levado no esquife de Nossa Senhora do Rosário de quem hera Irmao

Nam fez testamento porq hera muito pobre

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249 Vitoriana 03 19/01/1769 Filha de Antonio de Souza

Capela do Tamandua

Só com o batismo Com assistência do Rdº Padre Frey Faustino

250 Amaro 22/01/1769 Filho de Joam Correa

Dei sepultura eclesiastica aos ossos.... foi sepultado junto a torre

por mim e da cruz da fabrica

Morreo no caminho do Certam

251 Manoel Vellozo

35 24/01/1769 Casado com Roza Maria Coutinha

Junto a porta principal

Sem sacramentos porq me nam chamaram a tempo para lhos administrar e por essa razam condenei ao sogro Pedro do Couto em cinco tostoens

por mim e da cruz da fabrica

Nam fez testamento nem tinha de q por ser muito pobre

252 Maria Alvres Pedroza

25 15/02/1769 Casada com Francisco Dias de Moura

Para baixo da porta travessa

Com os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Nam fez testamento nem tinha de que por ser muito pobre

253 Anna 40 16/02/1769 Filha de Joam Martins de

Para baixo da porta

Com os sacramentos

por mim e da cruz da

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Assumpçam travessa fabrica 254 Paulo Pereyra 40 13/03/1769 Casado com

Maria de Souza

Perto da porta principal

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Não fez testamento nem tinha de que por ser muito pobre

255 Suzana 20 dias

17/03/1769 Engeitada que se criava em casa de Francisco Linhares

Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

256 Maria Rodrigues da Penha

60 08/04/1769 Viuva de Salvador da Gama

Para baixo da porta travessa

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Não fez testamento porq hera muito pobre

257 Pedro 01 12/04/1769 Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

Escravo de Izabel de Chaves, irma de Paulo de Chaves

258 Antonio 09 dias

23/04/1769 Filho de Sebastiam Loppes de Sequeyra, de Tinquiquera

Para baixo da porta travessa

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

259 Antonio 40 01/05/1769 Casado com Para baixo Sem sacramentos por mim e Levado no Não fez

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Alvres Rita Ribeyra Cardoza

da porta travessa

porq o mataram de repente com hum tiro

da cruz da fabrica e da do Rosário

esquife do Rosário Por ser Irmam

testamento

TABELA 03 – REGISTROS DO LIVRO 02 DE ÓBITOS DA IGREJA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA LUZ DOS PINHAIS

Nome Id. Data Filiação Local Sacramentos Acomp. Rituais Fúnebres

Obs.

01 Nicolao Joze de Miranda

33 1765

02 Antonio de Medeiros Chaves

65 11/12/1765 Casado com Antonio Pinta

Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção

03 Quiteria 3 m 25/01/1766 Filha de Joze Ferreira Pinto e Barbara Antonia Pedroza

Capela de Nossa Senhora do Terço

Só com o batismo por mim e da cruz da fábrica

04 Luzia Cardoza 26/01/1766 Viuva de Salvador de Goes

Dei sepultura eclesiástica aos ossos... dentro nesta Igreja

por mim e da cruz da fábrica

05 ???? 06 Izabel 6 m 25/02/1766 Filha de ? de Dentro na Só com o batismo por mim e

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Sequeyra Cortes

Igreja da cruz da fábrica

07 Miguel Gonçalves Lima

70 28/03/1766 Casado com Maria Paes dos Santos

Junto as grades... levado na tumba das almas de quem é Irmao

Com os sacramentos

por mim e da cruz da fábrica e de todos os mais q havia na Igreja e da Irmandade da Ordem Terceira

Amortalhado no hábito de São Francisco

Fez testamento

08 Brizida 2 m 07/06/1766 Filha de Antonio de Meyra Collaço

Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fábrica

09 Simam Joam Domingues

35 25/07/1766 Casado com Maria Marques, filha de Francisco Marques Lameyra

Dentro nesta Igreja, levado na tumba das almas

Com todos os sacramentos

por mim e das cruzes

10 Manoel Borges Sampaio

40 24/09/1766 Casado com Margarida ?

Em uma das tres sepulturas da Irmandade de Nossa Senhora da

por mim e da Ordem Terceira com sua cruz e dos Sacerdotes q se

Levado na tumbas das Almas

Não fez testamento por ser pobre

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Luz achavam nesta vila e da cruz da fábrica e a da Senhora da Luz e a das Almas

11 Fellipe de Santiago

27/09/1766 Casado com Maria Luiz de Sequeyra

Dentro nesta Igreja

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fábrica

Não fez testamento por ser muito pobre

12 Antonia da Costa

25 09/10/1766 Casada com Paulo de Anhaja Bicudo

Capela de Nossa Senhora do Carmo do Capão Alto

Com os sacramentos porq o Rdº Padre Frei Bento Rodrigues lhe assistio

Acompanhada pelo dito Rdº Padre

13 Quiteria 05 28/10/1766 Filha de Francisco Luiz de Oliveyra, de Tinquiquera

Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fábrica

14 Antonio 08 Para baixo da porta travessa

por mim e da cruz da fábrica

15 Quiteria Rodrigues da Assumpçam

20 20/11/1766 Casada com Joam Rodrigues dos Reys

Junto a porta principal

Sem sacramentos porq morreu de repente

por mim e da cruz da fábrica

Não fez testamento por ser muito

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pobre 16 Maria do

Rosário e Sylva

45 05/10/1763 Casada com Joam de Lara

Capela de Nossa Senhora da Conceiçao de Tamandua

Com os sacramentos

pelo Rdº Frei Joze dos Santos Pinheyro

17 Francisco 1 m 18/01/1767 Filho de Manoel Paes

Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fábrica

18 Manoel por mim e da cruz da fábrica

19 Francisco da Cunha Braga

60 20/06/1767 Capela de Nossa Senhora do Terço por ser irmao da Ordem Terceira, levado na Tumba das almas por ser irmao da dita irmandade

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fábrica e da dita Ordem terceira

Natural do Arcebispado de Braga... Não fez testamento por ser muito pobre

20 Agostinho de Andrade

60 03/07/1767 Casado com Angela Pereyra

Dentro nesta Igreja, levado na

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fábrica

Não fez testamento por ser

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tumba das almas de quem era Irmao

muito pobre

21 Antonia Pereyra

60 06/07/1767 Viuva de Antonio de Medeyros Chaves

Dentro nesta Igreja, levado na tumba da fábrica

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fábrica

Não fez testamento

22 Luiz de Souza de Menezes

08/09/1767 Casado com Maria do Rosário, filha do Guarda-Mor Francisco Martins Lustoza

De fronte da porta travessa, levado na tumba da fábrica

Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq quando se lhe administraram nam estava muito mal

por mim e da cruz da fábrica

Natural da Ponte de Lima... não fez testamento

23 Mariana 26 Casada com Antonio Pereyra dos Santos

Capela de Nossa Senhora de Pitanguy a qual foi dos Reverendos Padres da Companhia

Somente com o sacramento da Penitencia porq não houve quem naquele dezerto dos campos geraes lhe administrasse os mais

24 Manoel 2 m 20/09/1767 Filho de Antonio Leme e de Maria do Carmo

Junto a torre

Só com o batismo

25 Francisca 70 28/03/1768 viuva Para cima Com todos os por mim e Levado no Não fez

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Ribeyra da porta travessa junto a pia de água benta

sacramentos da cruz da fábrica e da do Rosário de quem hera irmao

esquife de Nossa Senhora do Rosário

testamento nem tinha de que por ser pobre

26 Francisco dos Reys

60 Casado com Joana Rodrigues

Capela de Nossa Senhora da Conceiçao de Tamandua

Com todos os sacramentos

Amortalhado no habito de Nosso Padre São Francisco

Fez testamento

27 Manoel Correa

50 06/04/1762 Casado com Anna Pereyra da Sylva

Capella de Nossa Senhora da Conceiçao do Tamandua porq ali mesmo faleceo

Com todos os sacramentos

pelo Rdº Padre Superior da dita Capela

Amortalhado no Habito de Nosso Padre São Francisco

Fez testamento

28 Joze Dias Cortes

75 30/08/1768 Casado com Ignacia Leme de Jesus

Dentro nesta Igreja

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica e a das Irmandades de Nossa Senhora da Luz, e do Rosário e a

Amortalhado no hábito de Nosso Padre São Francisco... levado no esquife do Rosário por ser irma da

Natural da vila de Sorocaba

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das almas dita Irmandade

29 Maria 9 m 27/10/1768 Filha de Joze Soares, genro de Joam Machado Castanho

Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fábrica

30 Appolonia Rodrigues Antunes

34 15/11/1768 Casada com Plácido de Goes Bonete

Para cima da porta travessa

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fábrica

Levado na tumba das Almas

Nam fez testamento

31 Thereza Tavares

22/01/1769 Viuva de Fellipe de Souza do Amaral

Capela de Nossa Senhora do Terço da Ordem Terceira

Com os sacramentos

por mim e da cruz da fábrica e a da Irmandade Terceira

Levado na tumba da fábrica

Não fez testamento por ser muito pobre

32 Pedro Martins, da Barra

35 01/03/1769 Filho de Francisco da Costa e de Agueda de Sam Joam

De fronte do púlpito

Com todos os sacramentos

por mim e do Rdº Padre Comissario por não se acharem mais sacerdotes na vila

Levado na tumba da fábrica, amortalhado no hábito de São Francisco

Fez testamento

33 Catharina Mendes Barbuda

60 02/03/1769 Viuva de Francisco de Sequeyra Cortes

Capela de Nossa Senhora do Terço, por

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fábrica e da mesma

Levada na tumba da fábrica

Não fez testamento

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ser irma terceira

Ordem Terceira

34 Antonio 2 m 04/03/1769 Filho de Nicolao Esteves dos Reys

Junto a porta principal

Só com o batismo por mim e da cruz da fábrica

35 Antonio de Lara

80 03/05/1769 Para cima das portas travessas

Com os sacramentos

por mim e da cruz da fábrica e de outras mais de que hera irmao

Levado na tumba das Almas de q hera irmao

Não fez testamento por ser pobre

36 Vitoriana 21 25/05/1769 Filha do Capitão Miguel Ribeyro Ribas

Junto ao Altar do Senhor Bom Jesus

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fábrica

37 Miguel 02 26/05/1769 Junto ao Altar do Senhor Bom Jesus do Perdam

Só com o batismo por mim e da cruz da fábrica

38 Maria 19 29/05/1769 Filha do Capitão Miguel Ribeyro Ribas

Junto ao Altar do Senhor Bom Jesus

Som os sacramentos pelo Rdº Padre Commissario e da cruz da fábrica

39 Paula da Rocha

40 17/06/1769 Casada com Antonio Martins

Para baixo das portas travessas

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fábrica e da

Levado no esquife do Rosário por

Não fez testamento

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Lisboa do Rosário ser Irmao da sua Irmandade

40 Antonio de Andrade

70 30/06/1769 Casado com Maria do Valle

Das grades para cima

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica e das mais de que hera irmao

Levado na tumba das almas de quem hera irmao

Não fez testamento

41 Luzia da Cunha

90 02/10/1769 Capela de Nossa Senhora do Terço da Ordem Terceira por ser Irmao da dita Ordem

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fábrica e da dita Ordem Terceira

Levada na tumba das almas de q também hera irma

Fez testamento mais he tam antigo q nem hum dos testamenteiros he vivo, nem hoje há couza alguma do q declarava no dito testamento

42 Joze 24 hrs

08/02/1770 Antônio Joze Ferreyra

Junto às grades

Só com o batismo por mym e da cruz da fabrica

43 Thomas Leme 40 17/03/1770 Casado com Junto ao Com todos os por mym, Amortalhad Fez

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do Prado Margarida Fernandes dos Reys, filha de Joam Martins Leme

arco da Capella mor

sacramentos pelos sacerdotes que aqui se achavam e da Cruz da fábrica e da Irmandade do Santissimo Sacramento

o no Hábito de S. Francisco

testamento

44 Francisca da Sylva

70 20/07/1770 Para baixo da porta travessa

Sem sacramentos E assistio a cruz da fábrica ao ditto enterro

Não fez testamento por ser muito pobre

45 Bento de Magalhaens Peyxoto

62 09/09/1770 Casado com Micaella Jozefa da Sylva

Capella de Nossa Senhora do Terço... levado na tumba das almas.

Com todos os sacramentos

por mym e da cruz da fábrica, e de todos os sacerdotes que se achavam nesta villa e de sua ordem Terceyra e das cruzes do Santissimo

Amortalhado no hábito de Sam Francisco

Fez testamento

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Sacramento e a das almas

46 Escolástica Soares do Valle

60 24/03/1771 Casada com o Sargento Mor Simam Gonçalves de Andrade

Nesta Igreja Matriz, Junto as grades em huma sepultura dos Irmaos de Nossa Senhora da Lux porq tambem era Irmam da ditta Irmandade... levada na tumba das almas.

Com todos os sacramentos

por mym e da cruz da fábrica e as das mais Irmandades e da sua Ordem Terceyra e de todos os sacerdotes que se achavam nesta villa

Amortalhado no habito de S. Francisco

Nam fez testamento

47 Francisca de Albuquerque

38 23/04/1771 Casada com Henrique Ferreyra de Barros

Capella de Nossa Senhora do Terço porq hera terceyra ... levada na tumba das almas de

Morreo sem os sacramentos

por mym e da cruz da fábrica e da Irmandade da Ordem Terceyra e das cruzes das Irmandades

Amortalhada no hábito de S. Francisco, levado na tumba das almas

Nam fez testamento

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quem também era Irmam

e de todos os Padres q se acharam nesta villa

48 Pedro 8 11/06/1771 Filho de Joze Teyxeyra

Logo para baixo da porta travessa

Morreo só com o sacramento do baptismo

por mym e da cruz da fábrica

49 Anna Martins das Neves

70 02/07/1771 viúva Junto as grades Em huma sepultura dos irmãos de nossa Senhora da Lux... levado no esquife do Rosário...por nam caber em nenhuma das outras tumbas

Com todos os sacramentos

por mym e do Padre coadjutor... tambem acompanhou a cruz da fábrica e todas as mais das Irmandades q há na Igreja

amortalhada o no habito de S. Francisco

Nam fez testamento

50 Maria Luiz de Sequeyra

70 25/08/1771 Viúva de Fellipe de Santiago

Junto aos bancos... Levado no esquife do Rosário de

Sem sacramentos por mym e do reverendo Coadjutor e da cruz da

Nam fez testamento nem tinha de q por ser mto

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quem hera Irmam

fabrica e da do Rosário

pobre

51 Joam 01 m

28/08/1771 Engeitado q se criava em casa do Licenciado Joaclym Joze Alvres

Junto á torre

Só com o sacramento do Batismo

por Mym e da cruz da fábrica

52 Antônio 01 05/09/1771 Filho de Joze Gonçalves Chavez

Junto á torre

Só com o sacramento do Batismo

por mym e da cruz da fabrica

53 Izabel de Borba Pontes

35 15/10/1771 Casada com o doutor Lourenço Ribeyro de Andrade

Das grades para cima... levada na tumba das almas de quem hera Irmam

Com os Sacramentos

por mym e da cruz da fabrica, e da Ordem Terceyra com sua cruz e das cruzes das Irmandades

Amortalhado no habito de nosso Padre S. Francisco... Fiz-lhe um officio de sepultura com musica e todos os Padres q se acharam nesta villa

54 Antônio Rodrigues Lisboa

60 22/10/1771 Sepultura dos Irmãos de Santo Antônio, segunda para baixo

Com os Sacramentos

por mym e da cruz da fabrica e a de Santo Antônio

Nam fez testamento por ser mto pobre

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das grades... Levado no esquife do Rosário

55 D. Maria de Lemos Conde

60 08/11/1769 Capela-mor da Capela de Santa Barbara do Pitanguy

Com todos os sacramentos

Fez seo testamento

56 Maria 15 dias

16/02/1772 Filha de Sebastiam de Moura

Junto a torre

só com o Sacramento do Batismo

por mym e da cruz da fabrica

57 Gertrudes 2 m 05/03/1772 Filha de Manoel Machado de Oliveyra

Junto á torre

Só com o sacramento do Batismo

por mym e da cruz da fabrica

58 Joanna Gracia 85 03/04/1772 Viuva de Sebastiam dos Santos Pereyra

Em huma das sepulturas dos irmãos de Nossa Senhora da Lux, junto a de seu marido, junto as grades, levado na

Com todos os sacramentos

por mym e dos sacerdotes que se acharam nesta villa e da Ordem Terceyra e da cruz da fabrica e das Irmandades

Amortalhada no habito de S. Francisco

Fez testamento

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tumba das almas

de que era irmã

59 Miguel Fernandes de Sequeyra

90 19/07/1772 Junto ao confessionário da parte esquerda ... Levado no esquife do Rosário por ser irmam

Com os sacramentos

pelo Reverendo Coadjutor

Nam fez testamento por ser mto pobre

60 Bernardo Joze Ferreyra

40 28/05/1772 Casado com Escolástica Maria

Para baixo das portas travessas... Levado na tumba da fabrica

Com os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica e da do Santíssimo

Nam fez testamento nem tinha de q

61 Joam Cardozo Leyte

63 18/09/1772 Viuvo Logo para baixo da porta travessa... Levado na tumba da fabrica

Sem os sacramentos por mym e da cruz da fabrica

62 Simam da Costa Collaço

75 21/10/1772 Para baixo das grades em huma sepultura da Irmandade de Santo

Com os sacramentos

por mym e da cruz da fabrica

Nam fez testamento por ser mto pobre

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Antônio... Levado na tumba da fabrica

63 Luiz Ferreyra de Araújo

21/10/1772 Dei sepultura aos ossos enterrados nos Campos Geraes...Para baixo das grades

Sem sacramentos por mym e da cruz da fabrica

64 Joze Palhano de Azevedo

90 23/10/1772 Junto ao confessionário, da parte do evangelho... Levado na tumba das almas

Com os sacramentos

por mym e da cruz das almas

Sem testamento por ser mto pobre

65 Joam 12 hrs

24/10/1772 Filho de Manoel Palhano

Dentro na Igreja Junto com Joze Palhano

66 Domingos Dias Braga

40 12/11/1772 Casado com Margarida Fernandes Reys

Junto as grades em uma sepultura

Com os sacramentos

por mym e da cruz da fabrica e da do

Nam fez testamento por ser pobre

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dos Irmãos de Nossa Senhora da Lux... Levado na tumba das almas

Santíssimo e da de Santo Antônio

67 Antônio Fernandes de Sequeyra

90 04/12/1772 Casado com Catharina de Sequeyra Cortes

Junto as grades em uma sepultura dos Irmãos de Nossa Senhora da Lux... Levado na tumba das almas de quem hera irmam

Com os sacramentos

por mym e da cruz da fabrica e da de Nossa Senhora da Lux e da de Santo Antônio e das almas

Nam fez testamento por ser pobre

68 Antônio 14 dias

19/12/1772 Filho de Joam Esteves

Junto a porta principal

Só com o Batismo por mym e da cruz da fabrica

69 Francisco 24 hrs

23/12/1772 Filho de Jeronimo Correa da Costa, genro de Pedro Rodrigues

Junto a torre

Só com o Batismo por mym e da cruz da fabrica

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70 Izabel Antunes

90 10/04/1773 Para baixo da porta travessa

Com os Sacramentos

por mym e da cruz da fabrica

Nam fez testamento porq era mto pobre

71 Manoel 5 m 16/04/1773 Filho de Antônio Rodrigues da Sylva, neto de Amaro Teixeyra

Junto a torre

Só com o Batismo por mym e da cruz da fabrica

72 Antonia de Padua

21 30/04/1772 Filha de Miguel Gonçalves Lima e de Maria Paes dos Santos

Ao pé das grades da parte para dentro... levada em um caixão sem tumba

Somente com o Sacramento da Penitencia

por mym e pelo reverendo Coadjutor e da cruz da fábrica e da Ordem Terceyra com sua cruz e as mais das Irmandades

73 Joanna 2 m 30/04/1773 Filha de Joana Pereyra, nora de Miguel Fernandes

Junto a torre

Só com o Sacramento do Batismo

por mym e da cruz da fabrica

74 Escolástica 1 mês

31/05/1773 Filha de Francisco Luiz de Oliveyra

Junto à torre

Só com o Sacramento do Batismo

por mym e da cruz da fabrica

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75 Francisco da Cunha Alvarenga

50 09/06/1773 Casado com Sebastiana Alvres

Junto a porta travessa

Com os Sacramentos

por mym e do Reverendo Coadjutor e da cruz da fabrica

Nam fez testamento por ser mto pobre

76 Maria Rodrigues França

40 15/06/1773 Casada com Affonço de Macedo

Capella de Nossa Senhora do Terço... levado na tumba da dita ordem 3ª

Com os Sacramentos da Penitencia e Eucaristia

com a sua Ordem Terceyra com a sua cruz, a de Nossa Senhora da Lux, a do Santíssimo Sacramento, a das almas... acompanhado por mim e dos padres que se acharam na villa

Nam fez testamento

77 Bento Gonçalves Coutinho Nobre

80 17/09/1773 Casado com Maria Antunes

Capella de Nossa Senhora do Terço... levado na

Sem os Sacramentos

por mym e de todos os sacerdotes que se achavao

Amortalhado no hábito de S. Francisco ... fez-lhe um

Fez seu testamento... morreo enforcado

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tumba da mesma Ordem Terceyra - enterro aconteceu dia 18/09/1773

nesta villa e das cruzes q pedia em seu testamento

oficio de nove liçoes de Corpo Presente a que assistiram sinco sacerdotes comigo e a musica desta vila

78 Manoel Correa

40 03/12/1773 Casado com Luzia de Freytas

Para baixo das portas travessas

Com todos os sacramentos

por mym e da cruz da fabrica

Nam fez testamento por ser mto pobre

79 Luzia Velloza 90 20/12/1773 Viuva de Manoel Pinto do Rego

Para baixo das portas travessas

Com todos os sacramentos

por mym e da cruz da fabrica

Nam fez testamento por ser mto pobre

80 Joachym 9 25/12/1773 Filho de Pedro de Sequeyra Cortes

Para baixo das portas travessas... levado na tumba da fábrica

Sem os Sacramentos porq de repente

por mym e da cruz da fabrica

81 Maria do Couto

80 27/12/1773 Viuva de Manoel Peres

Defronte da porta travessa... Levado no

Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-unção

por mym e da cruz da fabrica e da do Rosário

Nam fez testamento por ser pobre

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esquife do Rosário

por ser Irma da dita Irmandade

82 Joze Antônio Alvres Figueyredo Mouram (Alferes)

28/12/1773 Capela de Nossa Senhora do Terço

Com todos os Sacramentos

por mym e da cruz da fabrica, da Ordem Terceira e sua cruz

83 Manoel 08 23/01/1774 Filho de Manoel Rodrigues Seyxas

Logo para cima da porta travessa... levado no esquife do Rosário

Sem os Sacramentos por que de repente

por mym e da cruz da fabrica

84 Izabel Cordeyro

60 15/02/1774 Casada com Salvador Martins

Para baixo das portas travessas

Com todos os Sacramentos

por mym e da cruz da fabrica

Nam fez testamento por ser mto pobre

85 Anastacia 15 18/02/1774 Filha de Francisco Fernandes Sarayva

Capela de Nossa Senhora do Terço por serem os pais terceyros

Sem os Sacramentos porq a trouxeram morta do mato

por mym e da cruz da fabrica e da Irmandade Terceira com sua cruz

86 Salvador Martins Leme

70 09/03/1774 Viuvo de Izabel

Para baixo das portas

Com todos os Sacramentos

por mym e da cruz da

Nam fez testamento

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Cordeyra travessas... Levado na tumba da fabrica

fabrica por ser mto pobre

87 Francisco 1 11/04/1774 Filho de Joachym Joze Alvres

Para cima das grades, defronte do Altar de Santo Antônio

Só com o Sacramento do Baptismo

por mym e da cruz da fabrica e da do Santíssimo

88 Antônio 2 m 04/05/1774 Filho de Andre Corcino

Junto a torre

Só com o sacramento do baptismo

por mym e da cruz da fabrica

89 Maria de Jesus 70 07/05/1774 Filha de Manoel de Lima Pereyra

Logo para baixo das portas travessas... Levado no esquife do Rosário

Sem os Sacramentos

por mym e da cruz da fabrica e da das almas

Nam fez testamento por morrer de repente

90 Anna de Alvarenga

80 16/06/1774 Viuva de Joam Martins de Assumçam

Para sima das portas travessas... Levado na tumba da fabrica

Com os Sacramentos

por mym e da cruz da fabrica

Nam fez testamento por ser pobre

91 Luiz Palhano 94 29/06/1774 Para baixo das portas travessas...

Com todos os sacramentos

por mym e da cruz da fabrica e

Nam fez testamento por ser

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Levado na tumba das almas

das almas mto pobre

92 Maria do Valle

70 28/09/1774 Viuva de Antônio de Andrade

Para cima das grades... levado na tumba da dita Ordem

Com todos os sacramentos

por mym e da Ordem Terceyra e da sua cruz de que hera Irma ...e com as cruzes de Nossa Senhora e a das Almas e a de Santo Antônio

Nam fez testamento

93 Miguel Rodrigues Rybas (Capitão)

80 15/11/1774 Junto ao arco da Capela Mor... levado na tumba da fábrica

Com todos os Sacramentos

por mim e dos mais sacerdotes q se acharam na villa, e da cruz da fabrica e da Ordem Terceira e das mais cruzes das Irmandades q há na

Fiz-lhe um oficio de nove liçoes a que assistirao o Mestre da Capela com seus músicos com o Reverendo Coadjutor e o

Nam fez testamento

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Igreja Reverendo Vigario de S. Joze

94 Maria da Costa

70 21/01/1775 Para baixo das portas travessas... levada no esquife do Rosário

Com todos os sacramentos

por mym e da cruz da fabrica

Nam fez testamento por ser mto pobre

95 Maria 3 23/01/1775 Filha de Bento Ribeyro Cubas

Junto a torre

Só com o Batismo por mym e da cruz da fabrica

96 Izabel 6 19/02/1775 Filha de George de Souza

Para baixo das portas travessas... Levado na tumba da fabrica

Só com o Batismo porq não era capaz dos mais

por mym e da cruz da fabrica

97 Manoel 6 m 22/02/1775 Filho de Jose Gonçalves

Junto a torre

So com o Sacramento do Batismo

por mym e da cruz da fabrica

98 Ignacio 4 m 25/02/1775 Filho de Salvador Soares

Junto a torre

Só com o Sacramento do Batismo

por mym e da cruz da fabrica

99 Ritta 03 25/02/1775 Filha de George de Souza

Junto a torre

Só com o Sacramento do Batismo

por mym e da cruz da fabrica

100 Francisca 05 26/02/1775 Filha de Pedro de Souza Leal

Para cima das

Só com o Batismo por mym e da cruz da

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grades... Levado na tumba da fabrica

fabrica

101 Maria 03 03/03/1775 Filha de George de Souza

Junto a torre

Só com o sacramento do Batismo

por mym e da cruz da fabrica

102 Salvador 2 dias

07/03/1775 Filho de Antônio Esteves ?

Junto a porta principal

Só com o Sacramento do Batismo

por mym e da cruz da fabrica

103 Escolástica 05 07/03/1775 Filha de George de Souza

Junto a porta principal

Só com o Sacramento do Batismo

por mym e da cruz da fabrica

104 Ricardo 02 19/06/1775 Filho de João ? Jose Alvres

Capela de Nossa Senhora do Terço por serem seus pais Irmaos

Só com o Sacramento do Batismo

pelo Rdº Vigário da vara e da cruz da fabrica

105 Joam da Costa 22 25/07/1775 Filho de Baltazar da Costa Pinto

Junto ao arco da Capela Mor

Com todos os Sacramentos

por mym e da cruz da fabrica e dos padres q se acharam na villa

Fez-lhe um Ofício de nove lições

106 Maria 50 24/08/1775 Filha de Joze Niculao Lisboa

Junto aos bancos... levada na

Com os Sacramentos

por mym e da cruz da fabrica

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tumba das almas

107 Maria do Terço de Jesus

30 15/09/1775 Casada com Joam da Rocha Dantas

Capela de Nossa Senhora do Terço... Levada na tumba da Ordem Terceyra

Com todos os Sacramentos

por mym e da cruz da fabrica e a da Ordem Terceyra e de todos os sacerdotes q se achavam na vila

Não fez testamento

108 Manoel Gomes de Matos

50 16/09/1775 Casado com Joanna Cardoza

Capela de Nossa Senhora do Terço... Levado na tumba das almas de que era irmão e da Ordem Terceira

Sem os Sacramentos porq de repente

por mym e da cruz da fabrica

Não fez testamento por ser pobre

109 Manoel Martins

25 17/09/1775 Casado com Luzia Rodrigues Xavier

Para baixo das portas travessas

Só com o Sacramento da Penitencia porq estava sem os Santos Óleos

por mym e da cruz da fabrica

Não fez testamento nem tinha de q

110 Ignacio 1 m 06/10/1775 Filho de Salvador

De fronte do púlpito

Somente com o Sacramento do

por mym e da cruz da

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Nunes de Aguiar, genro de Joam Pires

Batismo fabrica

111 Trifonio Cardozo Pazes

70 14/10/1775 Casado com Escolástica Benta ?

Capella de Nossa Senhora do Terço... levado na tumba da ordem terceira

Com todos os sacramentos

pelo Reverendo Vigário da Vara e pello Reverendo Padre Coadjutor Frei Manoel

Fez-lhe um Oficio de Nove Liçoes com os músicos e os Padres que haviam nesta vila... amortalhado no seu próprio hábito da Ordem Terceira... ao enterro e Oficio asistirao todas as cruzes das Irmandades q há na Igreja.

Fez seu Solene testamento

112 Manoel 05 15/10/1775 Filho de Antônio da Sylva Leme

Junto a porta principal

Só com o sacramento do Batismo

por mym e da cruz da fabrica

113 Joam Palhano 30 09/11/1775 Para baixo Com os por mym e Não fez

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das grades em uma sepultura dos Irmaos de Santo Antônio... na tumba das almas

sacramentos da cruz da fabrica

testamento por ser pobre

114 Eugenia 05 16/06/1769 Dentro na Igreja

Só com o batismo porq não hera capaz dos mais

por mim e da cruz da fábrica

Escrava do Doutor Antonio dos Santos

115 Maria Rodrigues

80 17/06/1769 Dentro na Igreja

Sem os sacramentos porq me nam chamaram para lhos administrar nem a doença deu lugar para isso porq morreo de repente

por mim e da cruz da fábrica

Administrada de Gaspar Carrasco

116 Agapito

30 19/06/1769 Junto a torre

Com os sacramentos

por mim e das cruzes da fábrica e do Rosário

Levado no esquife de Nossa Senhora do Rosário de quem hera irmao

Escravo do Ldº Joze Alvres

117 Manoel Gracia 40 11/07/1769 Casado com Domingas

Para baixo da porta

Com os sacramentos

por mim e da cruz da

Não fez testamento

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Paes travessa fábrica nem tinha de que

118 Salvador 17 dias

10/08/1769 Filho de Manoel Gonçalves do Rosário, filho de Clemente Gonçalves

Junto a porta principal

Só com o batismo por mim e da cruz da fábrica

119 Anastácio de Ramos

50 22/08/1769 Casado com Ritta Rodrigues

Junto a torre

Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq no citio onde morreo não tinha caza capaz aonde se dizer missa para se lhe administrar o Sacro Viático

por mim e da cruz da fábrica

Não fez testamento por ser mto pobre

120 Maria 40 24/09/1769 Casada com Clemente

Dentro na Igreja

Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq a doença não deu lugar para mais

por mim e das cruzes da fábrica e do Rosário

Levada no esquife do Rosário por ser irma da dita Senhora

Escravos de Manoel Vas Torres

121 Antonio Rodrigues

70 29/09/1769 Dentro na Igreja

Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção, porq como lhe deu

por mim e das cruzes da fábrica e do Rosário

Levado no esquife de Nossa Senhora do Rosário de

Não fez testamento

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um estupor não estava com juizo capaz de receber o Sacro Viático

quem hera Irmam

122 Leandro 30 29/09/1769 Filho de Manoel Teyxeyra

Dentro na Igreja

Sem os sacramentos porq me nam chamaram para lhos administrar e dizem q nam tiveram tempo para isso porq morreo de huma postema que lhe rebentou de repente

por mim e da cruz da fábrica

123 Francisco Bonete de Sequeyra

30 30/09/1769 Casado com Maria Luis dos Santos

Para baixo da porta travessa

Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq nam deu lugar para mais por morrer apressadamente de uma mordedura de cobra

por mim e da cruz da fábrica

Não fez testamento

124 Manoel 10 dias

03/10/1769 Filho de Miguel Cardozo

Dentro na Igreja

Só com o batismo por mim e da cruz da fábrica

125 Manoel 08 dias

05/10/1769 Filho de Francisco

Junto a porta

Só com o batismo por mim e da cruz da

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Fernandes Leme

principal fábrica

126 Joam 15 dias

07/10/1769 Filho de Joze Valente

Junto a porta principal

Só com o batismo por mim e da cruz da fábrica

127 Salvador de Candia

80 23/10/1769 Casado com Anna Leyte

Junto a porta principal

Sem os sacramentos porq me nam chamaram para lhos administrar e disseram q morreo de repente

por mim e da cruz da fábrica

Nam fez testamento por ser mto pobre

128 Maria Pereyra 40 05/11/1769 Casada com Andre da Sylva

Para baixo das portas travessas

Com os sacramentos

por mim e da cruz da fábrica

Não fez testamento por ser muito pobre

129 Laureano de Castilho

40 12/11/1769 Casado com Maria Rodrigues

Para baixo das portas travessas

Somente com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção por não dar o tempo lugar para mais porq morreo apressadamente de huma mordedura de cobra

por mim e das cruzes da fábrica e do Rosário

Levado no esquife do Rosário por ser Irmao da Irmandade do Rosário

Não fez testamento por ser pobre

130 Anna 4 m 12/11/1769 Filha de Miguel da Costa Collaço

Para baixo das portas travessas

Só com o batismo por mim e da cruz da fábrica

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131 Salvador de Freytas

80 18/11/1769 Casado com Anna Nunes

Logo para cima da porta travessa

Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção por não dar o tempo lugar para mais

por mim e das cruzes da fábrica e do Rosário

Levado no esquife do Rosário de quem hera irmao

Não fez testamento por ser mto pobre

132 Antonio 3 m 20/11/1769 Filho de Thomé Rodrigues Paes

Junto aos bancos

Só com o batismo por mim e da cruz da fábrica

133 Jozefa 30 28/11/1769 Adro Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq quando chamaram para lhe administrar morreo logo

por mim e da cruz da fábrica

Escrava de Maria Chaves

134 Maria 3 m 29/11/1769 Filha de Manoel Gomes de Oliveyra

Capela de Nossa Senhora do Terço

Só com o batismo

135 Domingos Bicudo

70 02/12/1769 Carijó casado com Thomazia

Dentro na Igreja

Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq na Rossa onde morreo não tinha caza capaz aonde se

por mim e das cruzes da fábrica e do Rosário

Levado no esquife do Rosário por ser Irmao

Administrado de Vitorino Teyxeyra

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dizer missa para lhe administrar o Sacro Viático

136 Joana 4 m 06/12/1769 Engeitada q se criava em casa de Miguel Vellozo

Junto a torre

Só com o batismo

137 Joze 10 dias

10/12/1769 Filho de Joze Alvres

Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fábrica

138 Francisco 8 dias

13/12/1769 Filho de Simam de Oliveira Palhano

Junto a torre

Só com o batismo

139 Dionizio Alvres

50 15/12/1769 Casado com Joana Gonçalves

Junto a porta travessa

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fábrica

Levado no esquife de Nossa Senhora do Rosário por ser Irmao da sua Irmandade

Não fez testamento porq hera muito pobre

140 Luzia de Mendonça

50 18/12/1769 Viuva de Luiz de Brito

Junto a porta principal

Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq na Roça aonde morreo nam tinha casa capaz aonde se

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dizer missa para se lhe administrar o Sacro Viático

141 Miguel Rodrigues da Cunha

09/03/1770 Casado com Juliana Ferreyra

Para baixo das portas travessas

Sem sacramentos pelo Padre Manoel da Cruz Lima por ter hido a uma confissam

Sem testamento por ser pobre

142 Leonor Nunes 70 13/03/1770 Junto a porta principal

Com os sacramentos da penitencia e Extrema-Unção por não ter casa na Rossa onde morreo casa capaz de nella se dizer a missa para lhe administrar o Sacro Viático

por mym e da cruz da fabrica

Não fez testamento por ser pobre

143 Antônio Dias Bicudo

70 20/04/1770 Junto a porta principal

Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção

por mym e da cruz da fabrica

Não fez testamento por ser pobre

144 Joam Nunes 60 29/04/1770 Junto aos bancos

Morreo sem os sacramentos porq estava louco perene sem ter nem hum instante de juízo

por mym e d cruz da fabrica

Não fez testamento porq hera mto pobre

145 Joam 15 06/06/1770 Filho de Maria Para baixo Sem sacramentos por mym e

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Pires das portas travessas

porq de repente de alguma dor

da cruz da fabrica

146 Antonia Leme 35 21/06/1770 Casada com Ignacio Fernandes

Junto a porta travessa

Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção, porq morava na Rossa aonde não tinha casa capaz de dizer missa para lhe administrar o Sacro Viático

por mym e da cruz da fabrica

Não fez testamento por ser mto pobre

147 Paulo Cardozo 30 30/06/1770 Casado com Luzia Rodrigues

Para baixo das portas travessas

Só com o sacramento da Penitencia porq me chamaram andando em outras confissoens e nam trazia os santos óleos

por mim e da cruz da fabrica

Não fez testamento por ser mto pobre

148 Francisco 8 m 16/07/1770 Francisco Martins Lustoza - pai

Junto á torre

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

Escravo de Maria do Rosário, filha do Guarda-mor Francisco Martins

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Lustoza

149 Maria 30 24/07/1770 Filha de Antônio Rodrigues Side

Capela de Nossa Senhora do Terço da Ordem Terceira por ser Irmam da dita Ordem

Com os sacramentos

por mim e da dita ordem e da cruz da fabrica

150 Antônio 03 26/07/1770 Para baixo da porta travessa

Somente com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica e da Irmandade do Rosário

151 Joam 03 18/08/1770 Filho de Joachym Ferreyra

Junto a torre

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

152 Joam 24 hrs

19/08/1770 Filho de Andre Corsino

Junto a torre

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

153 Ignacio 20 29/08/1770 Adro Sem os sacramentos porq me nam chamaram para lhos administrar e por saber que morreo de repente

por mim e da cruz da fabrica

Escravo de Joam Pires de Santiago

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de huma dor 154 Escolastica 2 m 10/09/1770 Filha de

Plácido Ribeiro

Junto a torre

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

155 Francisca 04 11/09/1770 Filha de Manoel Nunez

Junto a torre

Só com o batismo porq nam hera capaz dos mais

156 Maria 1 ano

21/11/1770 Filha de Manoel Rodrigues

Junto a porta principal

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

157 Thomazia 24 hrs

10/12/1770 Filha de Manoel Antunes Paraty

Junto a torre

Só com o sacramento do batismo

158 Innes Fernandes

50 12/12/1770 casada com Joam das Neves Pedrozo

Junto aos bancos

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Mulata forra

159 Joze 8 dias

14/12/1770 Filho de Joze Soares, genro de Joam Machado Castanho

Junto aos bancos

Só com o sacramento do batismo

da cruz da fabrica

160 Joze 8 dias

14/12/1770 Junto a torre

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

Escravo de Francisco Marques Lameyra

161 Ignacio 30 28/01/1771 Para baixo Somente com os por mim e Escravo

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dos bancos sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq logo ficou sem fala e sem juízo

da cruz da fabrica

do Reverendo Padre Frey Joam Monteiro da cidade de Sam Paulo

162 Francisca 02 15/02/1771 Filha de Gonçalo da Sylva

Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

163 Joam Rodrigues Machado

50 04/03/1771 Casado com Maria Pedroza

Junto a porta travessa

Com todos os sacramentos

pelo Reverendo Padre Coadjutor e da cruz da fabrica

Não fez testamento por ser mto pobre

164 Luzia 25 14/03/1771 Bastarda casada com Salvador Fernandes

Para baixo da porta travessa

Com os sacramentos

pelo Padre Coadjutor

Não fez testamento por ser mto pobre

165 Salvador 05 24/04/1771 Filho de Joam da Costa

Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

166 Pedro 60 20/05/1771 Casado com Sebastiana

Junto aos bancos

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica e da Irmandade do Rosário

Forro que foi escravo de Sebastiam Gonçalves

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com sua cruz por ser Irmam

Loppes... não fez testamento nem tinha de que

167 Sebastiana 70 25/07/1771 Mulata forra viuva de Pedro

Junto a porta principal

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica...levada no esquife do Rosário por ser Irmam da dita Irmandade

Não fez testamento por ser mto pobre

168 Domingos 07 07/08/1771 Filho de Salvador Tavares, do Rio de S. Francisco

Junto a porta principal

Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção por nam ser ainda capaz de comungar

por mim e da cruz da fabrica

169 Esperança 2 m 10/09/1771 Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

Escrava de Maria Paes dos Santos, viuva de Miguel Gonçalves Lima

170 Dionizio 20 16/09/1771 Junto aos Com todos os por mim e Escravo

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bancos sacramentos da cruz da fabrica

de Jose Francisco Correa

171 Maria 1 ano

19/09/1771 Filha de Miguel Luiz de Oliveyra

Junto a porta travessa

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

172 Antônio 30 15/10/1771 Filho de Sebastiam Leme

Para baixo da porta travessa

Sem os sacramentos porq nam chamaram quem lhos administrar

por mim e da cruz da fabrica

173 Joze 08 16/10/1771 Adro Com os sacramentos da Penitencia e Extrema – Unção porq nam era capaz de lhe administrar o Sacro Viático

por mim e da cruz da fabrica

Escravo de Francisco Rodrigues Cascaes

174 Antônio Peres 45 24/12/1771 Casado com Maria Carvalho

Para baixo da porta travessa... Levado no esquife do Rosário por ser irmao

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Não fez testamento por ser mto pobre

175 Escolastica 20 dias

18/01/1772 Filha de Salvador Gonçalves, de Tinquiquera

Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

176 Francisco 6 m 29/02/1772 Engeitado q se Junto a por mim e

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criava em casa de Antonia Rodrigues do Prado, viuva de Marcello Pereyra

torre da cruz da fabrica

177 Quiteria 2 m 29/09/1772 Filha de Joam Esteves

Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

178 Estevam 2 m 12/03/1772 Filho de Manoel Martins, q se criou em casa de Salvador Martins, de Tatuquara

Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

179 Sebastiam Ferreyra

80 06/04/1772 Junto a porta principal

Com os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Não fez testamento por ser mto pobre

180 Luiz 50 29/05/1772 Nesta Igreja... Levado no esquife de Nossa Senhora do Rosário por ser irmao da ditta

Com os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica e da do Rosário

Escravo de Antonio Fernandes de Sequeyra

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Irmandade 181 Anna do

Couto 80 31/05/1772 Junto a

porta principal

Com os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Não fez testamento por ser mto pobre

182 Maria 70 26/06/1772 No canto da parte direita, junto a parede

Com os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Administrada q foi de Pedro Dias Cortes

183 Francisco Cardozo

70 28/07/1772 Casado com Romana Alvres

Junto a porta principal... Levado no esquife do Rosário

Com os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Não fez testamento por ser mto pobre

184 Escolastica 12 05/09/1772 Filha de Francisco da Cunha Alvarenga

Para baixo das portas travessas... Levada na tumba da fabrica

Com os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

185 Felype Gonçalves

60 27/09/1772 Adro Com os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Não fez testamento por ser mto pobre

186 Joam 03 05/10/1772 Filho de Lourenço de Almeida, da

Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

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Borda do Campo

187 Izabel 40 02/11/1772 Para baixo da porta travessa... Levada no esquife do Rosário por ser irmam

Com os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica e da do Rosário

Escrava de Antonio do Loureyro Caçam

188 Manoel Ribeiro Bojam

35 05/11/1772 Bastardo casado com Joana Leite

Para baixo das portas travessas

Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq na Roça não tinha casa capaz de dizer missa nella para se lhe administrar o Sacro Viático

por mim e da cruz da fabrica

Não fez testamento por ser mto pobre

189 Maria 04 09/11/1772 Filha de Januario de Sequeira

Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

190 Antônio de Oliveyra

30 26/01/1773 Casado com Nataria Pereyra, ambos bastardos

Junto aos bancos

Com todos os sacramentos

por mim e do Reverendo Coadjutor e da cruz da fabrica

Não fez testamento por ser mto pobre

191 Maria 3 22/02/1773 Filha de Das grades Só com o batismo por mim e

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dias Antônio Joze Ferreyra

para cima da cruz da fabrica

192 Maria 35 02/03/1773 casada com Francisco das Neves

Adro Sem sacramentos porq morreo de repente da picada de huma cobra

por mim e da cruz da fabrica

Mulata forra

193 Joam 1 dia

09/03/1773 Filho de Pedro Bicudo, do Rio Verde

Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

194 Gonçallo 20 22/03/1773 Filho de Sebastiam de Ramos

Perto da porta principal

Sem os sacramentos porq morreo da queda de um cavalo

por mim e da cruz da fabrica

195 Benedito 24 hrs

22/03/1773 Perto da porta principal

Com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

Escravo da fazenda que foi dos Padres da Companhia

196 Eugenia Luiz de Ramos

30 23/03/1773 Casada com Ignacio Rodrigues Paes

Junto aos bancos

Com os sacramento por mim e da cruz da fabrica

Não fez testamento por ser pobre

197 Roza 1 ano

25/03/1773 Filha de Lourenço de Almeida

Junto a torre

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

198 Joachym 8 dias

22/04/1773 Filho de Germano de Sequeira

Junto a torre

Com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

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199 Pedro 4 m 07/07/1773 Filho de Antônio Esteves Bicudo

Junto a torre

Com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

200 Joze 1 m 16/08/1773 Filho de Angelo Luiz, de Botiatuba

Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

201 Maria 25 17/09/1773 Adro Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq a doença não deu lugar para mais

por mim e da cruz da fabrica

Escrava do Ldº Joachym Joze Alvres

202 Abraham 1 m 26/09/1773 Junto a torre

Com o batismo por mim e da cruz da fabrica

Escravo de Boaventura Pereyra

203 Annastacio 04 27/09/1773 Junto aos bancos

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

Escravo do Ldº Joachym Joze Alvres

204 Joam 4 m 22/10/1773 Filho de Gonçalo Rodrigues, genro de Joam Pacheco

Junto a torre

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

205 Anna Nunes 90 24/10/1773 Bastarda viuva de Salvador de

Para baixo das portas

Com os sacramentos da

por mim e da cruz da

Não fez testamento

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Freitas travessas Penitencia e Extrema-Unção, porq a casa em q morava nam hera capaz de se levantar altar para se lhe administrar o Sacro Viático

fabrica por ser mto pobre

206 Salvador de Ramos

70 26/10/1773 Casado com Izabel Ribeyra Cardoza

Para baixo das portas travessas

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Não fez testamento por ser mto pobre

207 Maria 15 19/12/1773 Adro Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq quando chamaram para lhes administrar já não estava capaz para mais

por mim e da cruz da fabrica

Escrava de Francisco Justo

208 Sebastianna 90 20/12/1773 Para baixo das portas travessas

Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq aonde se lhe administraram nam se podia levantar altar para lhe dar o

por mim e da cruz da fabrica

Administrada q foi de Antonio Fernandes de Sequeyra

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Sacro Viático 209 Bonifacio 70 03/01/1774 Junto a

porta principal

Com os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Administrado de Paulo de Chaves

210 Paulo 80 09/01/1774 Adro Com os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Escravo de Joam Correa

211 Josefa 80 10/01/1774 Junto a porta principal

Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq na Rossa aonde morreo nam havia caza capaz de dizer missa para se lhe administrar o Sacro Viático

por mim e da cruz da fabrica

Administrada de Joam Baptista de Castilho

212 Salvador 02 07/02/1774 Junto a torre

Só com o batismo Escravo de Francisco de Linhares

213 Joam 8 dias

07/02/1774 Junto a torre

Só com o batismo Escravo de Sebastiam Alvres de Araujo

214 Anna 3 m 08/02/1774 Filha de Maria Junto a Só com o batismo

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Evangelista, viuva de Marçal Luis

torre

215 Ritta 15/02/1774 Dei sepultura eclesiastica aos ossos... foram enterrados na Igreja junto a torre

Acompanhado por mim e da cruz da fabrica

Escrava do Guarda Mor Francisco Martins Lustoza

216 Bernarda 25 18/02/1774 Casada com Antônio, escravo do ditto Licenciado

Adro Com os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Escrava do Ldº Joachym Joze Alvres

217 Appolonia Leyte

30 19/02/1774 Casada com Sebastiam Luiz, ambos bastardos

Junto a porta principal

Somente com o sacramento da Penitencia porq quando o fui confessar nam estava muito mal e nam me chamaram para lhe administrar os mais sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Não fez testamento por ser pobre

218 Antônio 1 mês

22/02/1774 Neto de Thereza Alvres, do

Junto a torre

Morreo com o batismo

por mim e da cruz da fabrica

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descuberto da Lustoza

219 Jozé 6 m 12/04/1774 Filho de Sebastiana, administrada de Manoel dos Santos Lisboa

Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

220 Manoel 2 m 23/04/1774 Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

Escravo de Maria do Rosário, filha do Guarda-mor Lustoza

221 Ritta 30 23/05/1774 Bastarda filha de Manoel Gracia

Para baixo das portas travessas... Levada no esquife do Rosário, de quem hera irmam

Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq na Rossa aonde morreo não tinha casa capaz aonde se pudesse dizer missa para lhe administrar o Sacro Viático

por mim e da cruz da fabrica e da do Rosário

222 Antônio 1 mês

07/07/1774 Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

Escravo do Sargento-

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mor Joam Baptista Dinis

223 Ignacia 06 22/08/1774 Adro Só com o batismo por nam ser capaz dos mais

por mim e da cruz da fabrica

Escravo de Joam Chrizostomo

224 Maria 2 dias

24/08/1774 Adro Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

Escrava de Francisco Marques

225 Anna 8 dias

24/08/1774 Filha de Manoel Leme, genro de Pedro Martins

Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

226 Maria 24 hrs

26/08/1774 Adro Morreo só com o batismo

por mim e da cruz da fabrica

administrada

227 Genoveva 6 m 27/08/1774 Adro Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

Escrava do Ldº Joachym Alvres

228 Joze Bicudo 70 24/09/1774 Junto as grades de comunhão

Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq na rossa aonde falesceo nam tinha casa capaz aonde se pudesse dizer

por mim e da cruz da fabrica

Não fez testamento por ser mto pobre

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missa para lhe administrar o Sacro Viático

229 Salvador 1 mês

26/09/1774 Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

Escravo de El Rey, da fazenda da Borda do Campo

230 Francisco 40 26/09/1774 Adro Sem os sacramentos porq seu senhor estava em Paranagua e não havia quem me chamasse para lhos administrar

por mim e da cruz da fabrica

Escravo de Joam Baptista Pereyra

231 Francisco 18 29/09/1774 Junto aos bancos

Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq na Roça aonde morreo não havia caza capaz aonde se pudesse dizer missa para se lhe administrar o Sacro Viático

por mim e da cruz da fabrica

Escravo de Maria do Valle, viuva de Antonio de Andrade

232 Antônio Pinto 60 03/10/1774 Bastardo Junto aos bancos

Somente com o sacramento da Penitencia porq

por mim e da cruz da fabrica

Não fez testamento por ser

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quando o fuy confessar não estava mto mal e depois nam me chamaram para lhe administrar os mais sacramentos

mto pobre

233 Paula 40 04/10/1774 Junto aos bancos

Com os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Administrada de Antonio Ribeyro do Valle

234 Anna Cleto 04 16/10/1774 Adro Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

Escrava de Izabel de Chaves

235 Joachym 2 m 19/10/1774 Filha de Josefa , filha de Luiz de Brito

Junto a porta principal

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica e San Christam

236 Joachym 02 25/10/1774 Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

Escravo de Antonio Teyxeyra

237 Mariana Nunes

40 23/11/1774 Bastarda, viuva de Antônio Gracia

Para baixo das portas travessas

Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq morreo na roça

Por mim e da cruz da fabrica

Fez-lhe o oficio de sepultura na forma do Ritual

Não fez testamento por ser mto pobre

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aonde se nam podia dizer missa para se lhe administrar o Sacro Viático pela incapacidade do rancho

Romano tudo gratis pela sua pobreza

238 Antônio 40 24/11/1774 Para baixo das portas travessas... Levado no seu esquife do Rosário porq era irmao de Nossa Senhora do Rosário

Sem sacramentos porq morreo de repente de huma mordedura de cobra

por mim e da cruz da fabrica

Escravo de Pedro de Lima

239 Izabel 16 01/12/1774 Adro Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq quando chamaram para lhos administrar não houve tempo para mais

Escrava de Izabel de Chaves, irma de Paulo de Chaves

240 Jozé 1 ano

04/12/1774 Junto a torre

Com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

Escravo do Capitão Gaspar

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Correa Leyte

241 Izabel 35 09/12/1774 Preta casada com Joze Leite

De fronte das portas travessas

Com os sacramentos da Penitencia e Extrema-Unção porq na roça aonde morreo não tinha casa capaz aonde se dizer missa para se lhe administrar o Sacro Viático

por mim e da cruz da fabrica

Não fez testamento por ser mto pobre

242 Vicente 05 14/12/1774 Filho de Joam Gonçalves Castelhano

Para baixo das portas travessas

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

243 Joanna 80 14/12/1774 Para baixo das portas travessas

Com os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Administrada do Capitão Antonio da Sylva

244 Francisca 1 mês

15/06/1775 Junto a torre

Só com o sacramento do Batismo

por mim e da cruz da fabrica

Escrava de Baltazar da Costa Pinto

245 Thereza 04 15/06/1775 Adro Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

Escrava do cirurgião Joachym Alvres

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246 Luzia 80 10/08/1775 Sogra de Guilherme Valente

Para baixo dos bancos

Com os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

247 Teodozio 70 10/08/1775 Casado com Simoa

Para baixo dos bancos

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Escravos do Sargento-mor Joam Baptista Dinis

248 Duas crianças gêmeas

20/08/1775 Adro Com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

Escravas de Antonio Joze, genro de Joao da Costa

249 Joze de Freytas

30 27/08/1775 Casado com Jozefa de Mello, filha de Salvador Rodrigues

Junto a porta travessa

Sem os sacramentos porq o matou de repente hum seu cunhado na Roça

por mim com a cruz da fabrica

250 Ritta 50 27/08/1775 Junto a porta principal

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Escrava de Joam da Rocha

251 Agostinha de Goes

60 13/09/1775 Casada com Joam Vallente

Para baixo das portas travessas

Com os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Não fez testamento por ser pobre

252 Francisco 3 14/09/1775 Junto a Só com o batismo por mim e Escravo

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dias porta principal

da cruz da fabrica

do Capitão Gaspar Correa Leyte

253 Joachym 15/09/1775 Adro Com os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Escravo do Escrivão da Ouvidoria

254 Francisca 05 21/09/1775 Filha de Germano de Sequeira

Para baixo das portas travessas

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

255 Manoel 24 hrs

23/09/1775 Filho de Diogo Pinto do Rego

Defronte das portas travessas

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

256 Antônio Palhano

60 02/11/1775 Bastardo, casado com Andreza

Para baixo das portas travessas

Com os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Não fez testamento por ser mto pobre

257 Thomé 25 07/11/1775 casado com Vitoria Fernandes, mulata forra

Junto a porta principal

Com os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Escravo da fazenda q foi de Dona Antonia

258 Maria 4 hrs

09/11/1775 Filha de Manoel Pereira, genro de Francisco da Cunha

Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

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Alvarenga 259 Catharina 02 17/11/1775 Junto a

torre Só com o batismo por mim e

da cruz da fabrica

Escrava do Capitão Gaspar Correa Leyte

260 Vitoriana 2 m 26/11/1775 Filha de Manoel Leme

Junto a torre

Só com o batismo por mim e da cruz da fabrica

261 Marta Gonçalves Teyxeyra

60 01/12/1775 Casada com Simam Fernandes

Para baixo das portas travessas

Com os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

ambos bastardos forros

262 Maria 03 08/12/1775 Filha de Bento de Freytas Pinto

Junto a torre

Só com o sacramento do batismo

por mim e da cruz da fabrica

263 Joana Ribeyro 50 24/12/1775 Casada com Antônio Luiz Tigre

Para baixo das portas travessas

Com todos os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica

Não fez testamento por ser mto pobre

264 Tiodozia 60 29/12/1775 Bastarda, viuva de Agostinho Fernandes

Para baixo das portas travessas

Com os sacramentos

por mim e da cruz da fabrica