SEQUÊNCIA PICTÓRICA DE PROCEDIMENTOS ANIMADA...
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16° Ergodesign – Congresso Internacional de Ergonomia e Usabilidade de Interfaces Humano Tecnológica: Produto, Informações Ambientes Construídos e Transporte 16° USIHC – Congresso Internacional de Ergonomia e Usabilidade de Interfaces Humano Computador CINAHPA | 2017 – Congresso Internacional de Ambientes Hipermídia para Aprendizagem.
SEQUÊNCIA PICTÓRICA DE PROCEDIMENTOS ANIMADA (SPPA)
SOBRE USO DE MEDICAMENTOS: PROPOSTA DE GUIA DIGITAL
PARA DESENVOLVEDORES
ANIMATED PROCEDURAL PICTORIAL SEQUENCE (PPS): PROPOSAL
OF A DIGITAL GUIDE FOR DEVELOPERS
Carla Galvão Spinillo1, PhD
Amanda Rutiquewiski Gomes2, Ba.
Larissa Yumi Asami3, Ba
(1) UFPR- Universidade Federal do Paraná(Instituição)
e-mail: [email protected]
(2) UFPR- Universidade Federal do Paraná
e-mail: [email protected]
(3) UFPR- Universidade Federal do Paraná
e-mail: [email protected]
Animação, Medicamentos, Tutorial
Este artigo apresenta o guia interativo digital para o design de animações sobre preparação e uso de medicamentos,
desenvolvido com base em princípios e diretrizes de design e usabilidade. Este foi avaliado com 20 participantes
especialistas e desenvolvedores de animação. Os resultados mostraram deficiências na interface gráfica e
apresentação do conteúdo.
Animation, Medicines, Tutorial
This article introduces the interactive digital guide to design animations about medicine preparation and use, which
was developed based on principles and guidelines of design and usability. It was assessed by 20 expert participants
and animation developers. The results showed deficiencies in the graphic interface and presentation of content.
1 Introdução
O acesso à informação sobre uso de medicamentos
é fundamental para evitar o mal uso de fármacos
por usuários/pacientes, o que colocaria em risco o
tratamento de doenças [SILVA ET AL., 2000;
LENTZ ET AL. 2014; WAARDE, 2016]. As
estatísticas sobre intoxicação e mortes por uso
indevido de medicamentos são alarmantes no
Brasil. Segundo dados do Sistema Nacional de
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Informações Tóxico-Farmacológicas [SINITOX,
2017] da Fundação Oswaldo Cruz no período de
2000 a 2013 (último levantamento realizado)
foram registrados 271.737 casos de intoxicação por
medicamentos no Brasil. Medicamento é o
segundo agente de causas de intoxicação e óbitos
no país, atrás apenas dos agrotóxicos de uso
agrícola. Só em 2013 o índice de óbitos por o uso
indevido de fármacos chegou a 22% do total de
óbitos registrados. Estes dados apontam a urgência
de maior atenção e atuação governamental para
modificar este quadro. Indo além, Aquino [2008]
discute a necessidade de participação dos atores
sociais/stakeholders do processo de legislação,
produção, prescrição, aquisição e uso de fármacos
para a promoção do uso racional de medicamentos
no Brasil.
No âmbito a bula torna-se documento crucial, visto
que sua produção é sujeita à regulamentação
específica, está relacionada à prescrição médica, é
parte do processo de aquisição de fármaco, e é a
principal fonte de informação legal sobre uso de
medicamentos para pacientes. A bula assim,
destaca-se como o veículo essencial na
comunicação dos fabricantes com
pacientes/usuários sobre uso de fármacos, sendo
portanto, mais que um documento legal,
obrigatório da indústria farmacêutica. Desta forma,
a informação disponibilizada na bula deve ser
compreendida pelos usuários/pacientes a fim de
dar suporte à tarefa de uso do medicamento.
A bula de medicamentos no Brasil é
disponibilizada em formato digital através de
consulta ao bulário eletrônico no portal do
Ministério da Saúde, ANVISA
[www4.anvisa.gov.br/BularioEletronico] e/ou nas
páginas dos laboratórios farmacêuticos na
internete. Estas estão disponibilizadas conforme na
bula impressa de forma estática, não se valendo
dos recursos tecnológicos do meio digital, como a
animação e a interação, que podem otimizar a
comunicação de conteúdos para usuários, no caso,
pacientes [SPINILLO, 2016]. O uso de animação
para representar instruções de uso de
medicamentos na bula eletrônica pode ser um
facilitador na visualização da informação por
pacientes, podendo assim otimizar a compreensão
de informações em bulas de medicamentos.
Partindo desta premissa, foi realizada pesquisa
sobre design de SPPAs - sequências pictóricas de
procedimentos animadas para uso de
medicamentos com enfoque na bula de
medicamentos eletrônica da ANVISA, a fim de
propor recomendações para a produção deste tipo
de animação instrucional. O presente artigo reporta
o desenvolvimento e avaliação do guia interativo
digital para design de SPPAs sobre uso de
medicamentos resultante desta pesquisa. Para isto,
inicialmente são apresentados aqui conceitos e
requisitos oriundos da literatura sobre o design de
artefatos digitais. Em seguida, são apresentados o
desenvolvimento do guia, e a síntese da avaliação
do mesmo por especialistas em design gráfico/da
informação e por desenvolvedores de animação.
2 SPPAs e as bases para desenvolvimento do
guia
O uso de animação com fins instrucionais e
educacionais tem sido considerado um facilitador
no aprendizado de conteúdos [e.g., MAYER, 2003;
AINSWORTH, 2008; ALVES ET. AL., 2012]. No
âmbito de animações instrucionais, tem-se as
sequências pictóricas de procedimentos animadas -
SPPAs empregadas para comunicar passo-a-passo
em material instrucional digital para usuários de
produtos e serviços. No que concerne o uso de
fármacos, SPPAs visam facilitar o entendimento e
a realização das tarefas de preparação e uso destes.
A animação permite uma representação realista de
passos/ações (e.g., representação de velocidade ao
misturar suspensão oral, força ao abrir tampa de
medicamento) e a interatividade possível no
ambiente digital (e.g., parar, avançar).
Todavia, a compreensão de SPPAs não depende
apenas do quanto a representação é fiel à descrição
do passo/tarefa. Para o efetivo design de SPPAs,
devem ser considerados aspectos relativos ao
usuário/paciente, ao contexto/ambiente de
realização da tarefa, e à tecnologia [BUBA, 2008;
POTTES, 2012; SPINILLO, 2016, 2017]. Dentre
os aspectos tecnológicos no desenvolvimento da
SPPA tem-se o tipo de suporte/equipamento para
visualização da animação, e o nível de
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interatividade a ser oferecido ao usuário.
Diferentes tamanhos de tela do equipamento
(tablet, smartphone, laptop, desktop) influenciam a
visualização de passos em SPPAs [POTTES,
2012], demandando decisões diferenciadas na
representação da tarefa. Já o nível de interatividade
da SPPA determinará o quanto o usuário/paciente
poderá interagir com a instrução visual animada,
tendo controle sobre, por exemplo: velocidade da
animação, parar-avançar-voltar passos, e manipular
aproximação com a imagem (zoom).
Os aspectos acima mencionados foram
contemplados no conteúdo do guia interativo
digital para design de SPPAs sobre o uso de
medicamentos, juntamente com requisitos da
literatura para a produção de artefatos instrucionais
no âmbito de design da informação e de interação.
Neste sentido, Seraf e Wong [2012] em estudo
sobre de aplicativos com fins educacionais
propõem recomendações para o design de
interação destes, visando a otimização do
aprendizado de conteúdos pelos usuários. De
acordo com os autores, um aplicativo deve:
• Ser de fácil apreendizado e amigável (user-
friendly)
• Minimizar frequentemente a rolagem na página
• Ter navegação clara, simples e consistente
• Manter ações e elementos similares na mesma
posição (e.g., botões, ícones) na página
• Apresentar flexibilidade do display no design da
interface (responsivo)
• Fornecer ao usuário apenas as informações
necessárias
• Representar preferencialmente a informação
através de animação e de imagens/gráficos, do
que por meio de textos, e
• Permitir controle do usuário.
Também preocupado com a qualidade de artefatos
gráficos - quer impressos ou digitais - Pettersson
[2007] propõe uma série de princípios baseados em
pesquisas e em boas práticas do design gráfico e da
informação. Os princípios de design propostos por
pelo autor visam auxiliar a projetar mensagens e
materiais informacionais que sejam compatíveis
com o público de interesse, e dar suporte ao
raciocínio e reflexões durante o processo de
design. O autor categoriza os princípios de design
como funcionais, estéticos, cognitivos e de gestão.
Em geral, os princípios funcional e estético
enfocam à representação da informação em um
artefato comunicacional, enquanto os princípios
cognitivos enfocam o usuário/receptor da
mensagem, e os princípios de gestão enfocam o
processo de design/produção do artefato (Figura
1).
Figura 1: Diagrama dos Princípios de Design com base
em Pettersson [2007].
De acordo com Pettersson [2007] tem-se:
Princípios funcionais
• Definição do problema: identificar aspectos
referentes a demandas, limitações e
características do produtor da mensagem, da
mensagem, da mídia/artefato comunicacional,
do receptor/usuário, e do contexto de uso
da/acesso à mensagem/artefato.
• Estrutura: organização/hierarquia dos elementos
no espaço de forma a facilitar a identificação de
grupos funcionais (níveis e tipos de informação)
e a navegação no artefato ou sistema
informacional.
• Clareza: apresentação dos elementos de forma
legível, não ambígua, de modo que o usuário
possa ler e distinguir as diferentes partes da
mensagem.
• Simplicidade: concisão, consistência e precisão
de forma a melhorar o fluxo de leitura e o
entendimento de imagens e texto.
• Ênfase: destaque visual dos elementos mais
importantes para atrair, direcionar e manter a
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atenção do usuário quando interagindo com o
material instrucional.
• Unidade: coerência global, elementos parecem
pertencer a um mesmo nível/tipo de informação,
conjunto de artefatos (manual, guia).
Princípios estéticos
• Harmonia: organização dos elementos de forma
agradável e integrada visualmente.
• Proporção estética: manter a proporção gráfica
entre os elementos, evitando excesso ou peso
visual.
Princípios cognitivos
• Atenção: recursos que promovam o
direcionamento do foco de concentração/olhar
do usuário/leitor.
• Percepção: recursos que promovam a facilidade
de detecção e identificação de informações.
• Processamento: recursos que promovam o fluxo
da informação para entendimento da mensagem
a partir de conexões explícitas entre os
elementos gráficos pictóricos e textuais.
• Memória: recursos que promovam a
retenção/armazenamento de informações
visuais/verbais.
Princípios de gestão
• Acesso à informação: consideração do acesso
externo (e.g., sistemas de armazenamento,
normas técnicas e de segurança) e interno (e.g.,
sistema de busca, visualização de estrutura do
documento) para produção do artefato
comunicacional.
• Custo: consideração dos custos de planejamento,
produção, distribuição e armazenamento, assim
como de revisões e monitoramento do artefato e
seu uso.
• Ética: respeito aos direitos autorais e à
regulamentação/diretrizes éticas.
• Qualidade da informação: estabelecimento de
controle de diferentes versões do artefato
produzido, revisão do artefato para garantir a
credibilidade da informação, terminologia,
estrutura e estilo antes da produção técnica do
mesmo, e a avaliação do artefato com usuários.
Os princípios e as recomendações mencionados
nortearam o desenvolvimento do guia interativo
digital para design de SPPAs sobre o uso de
medicamentos, o qual é apresentado a seguir.
3 Guia interativo digital para design de
SPPAs sobre uso de medicamentos
O guia é direcionado a desenvolvedores de SPPAs
sobre o uso de medicamentos, servindo como
material auxiliar para o design de instruções
visuais animadas. Ele apresenta informações para o
desenvolvimento de animações relativas ao
conteúdo e apresentação gráfica das SPPAs
considerando as necessidades dos
usuários/pacientes. Além disto, apresenta sugestões
de como avaliar as SPPAs produzidas para uma
melhor comunicação sobre preparação/uso de
medicamentos.
O guia foi desenvolvido a partir de princípios,
diretrizes da literatura aqui mencionada
[PETTERSSON, 2007; SERAF & WONG, 2012].
Buscou-se integrar teoria e pesquisa empírica
numa perspectiva prática, aliada também à
experiência profissional da equipe de designers do
guia. De forma complementar, foram empregados
os seguintes requisitos propostos por Spinillo e
Perozza [2015] para guias práticos para design de
SPPAs:
• Ser prático, de fácil acesso e apreensão do
conteúdo
• Ser de uso individual,
• Ter exemplos visuais como apoio de
aprendizagem dos conteúdos,
• Ter conteúdo informacional focado na
apresentação gráfica e organizado em tópicos
hierárquicos,
• Ter navegação estruturada para seguir passo-a-
passo o conteúdo informacional,
• Apresentar versão de impressão do guia para
acesso fácil das diretrizes no ambiente de
trabalho do desenvolvedor.
• Disponibilizar documentos de apoio que
reforcem as diretrizes e que colaborem no
processo de design.
Em relação aos aspectos de design da informação e
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interação, foram definidos no desenvolvimento do
o guia para SPPAs sobre uso de medicamentos:
• Arquitetura da informação hierárquica e de rede;
• Sistema de navegação global, local e contextual;
• Rótulos de links textuais,
• Uso de imagem e botões,
• Grid único;
• Uso de tipografia com boa legibilidade, fundo e
cabeçalho;
• Consistência do conteúdo por contraste e
uniformidade
Sobre o conteúdo do guia, foram empregadas
diretrizes de forma articulada, norteando as
decisões durante o processo de design, sendo:
Diretrizes gerais para o conteúdo do Guia
• Apresentar as informações de maneira concisa
para evitar volume desnecessário de conteúdo, o
que pode desmotivar o usuário/desenvolvedor da
SPPA;
• Apresentar o conteúdo em linguagem clara,
evitando o uso de jargões técnicos, promovendo
assim a compreensibilidade;
• Apresentar visualmente a estrutura dos
conteúdos em abas e menus para facilitar a
busca por informação do usuário/desenvolvedor;
• Apresentar conteúdo textual em grupos de
informação (e.g. listas, parágrafos), para facilitar
o processamento cognitivo;
• Empregar recursos tipográficos (e.g., tamanho
do corpo, negrito, itálico) forma clara e
consistente para indicar hierarquia e ênfase
• Empregar espaço vertical (margens e recuo de
parágrafos) e espaço horizontal (entre
parágrafos) para promover a legibilidade e
conforto visual;
Diretrizes para o conteúdo procedimental
• Representar o conteúdo procedimental de
maneira concisa, usando apenas os passos
necessários para o desenvolvimento da SPPA;
• Representar graficamente situações condicionais
sobe o design da SPPA(caso hajam) para torná-
las explícitas para o usuário-desenvolvedor.
Diretrizes para o conteúdo não- procedimental
• Apresentar apenas informações não-
procedimentais necessárias para o
desenvolvimento da SPPA.
• Usar títulos que informem sobre o tópico do
procedimento para auxiliar o processo de
decisão do usuário-desenvolvedor no design da
SPPA
• Apresentar advertências de forma diferenciada
dos demais tipos de informação a fim de facilitar
a visualização destas.
Estrutura e interface do guia
De acordo com os requisitos e as diretrizes
adotadas, foi definida a estrutura dos conteúdo do
guia através de tópicos e sub-tópicos, conforme a
seguir.
• Apresentação (o que é o guia e como usar)
• SPPAs (conceito e características)
• Problemas em SPPAs sobre medicamentos
• Processo de design de SPPAs centrado nos
usuários
• Diretrizes/Recomendações
- Para apresentação do texto
- Para apresentação de imagens
- Para temporização da animação
• Como avaliar SPPAs (protocolo e instruções)
• Lista de literatura de interesse (resumos/links)
• Mapa do guia
• Home (menu secundário)
• Sobre o projeto de pesquisa (menu secundário)
• Equipe do guia e do projeto de pesquisa (menu
secundário)
• Contato (menu secundário)
Definida a estrutura do guia, foram produzidos os
textos para cada tópico/sub-tópico buscando
linguagem clara e objetiva e sua alocação nos
menus. Em seguida foi desenvolvida a interface e
navegação do guia com base. A interface possui
uma grid única apresentando campos definidos
para menus, texto principal, e elementos de
navegação. Estruturou-se a navegação do sistema
para que o conteúdo fosse seguido linearmente,
através de menu principal no canto esquerdo da
tela, apresentando até dois níveis. Na parte
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superior da tela encontra-se o menu secundário
com ícones referentes a informações sobre o
projeto e equipe (Figura 2).
Figura 2: Grid estrutural do protótipo gerado na fase de
produção
Com relação às áreas clicáveis, optou-se por duas
formas de interação: a primeira onde o usuário
clica em um link para acessar os exemplos
ilustrados das diretrizes, e a segunda ele clica em
parte destacada do exemplo, visualizando um
detalhe (quando pertinente). Ao final foram
definidas a paleta de cores, sendo esta a mesma das
SPPAs desenvolvidas no projeto de pesquisa, e a
fonte tipográfica Verdana, por ser de boa
legibilidade em tela. A figura a seguir mostra
exemplo de tela do guia.
Figura 3: Exemplo de tela com conteúdo textual
A fim de possibilitar aos desenvolvedores a
averiguação da compreensão da SPPA junto aos
pacientes/usuários de medicamentos, o guia
disponibiliza exemplo de protocolo de testagem e
um checklist com itens a serem
considerados/checados na produção das SPPAs.
Assim, através do link ‘Instruções gerais para
testes de compreensão de SPPAs’ é fornecido um
documento em pdf sobre como preparar o roteiro
de questões para o teste, selecionar os
participantes, realizar o teste, e tratar os resultados.
É ainda disponibilizado em pdf um modelo de
Protocolo de Compreensão e Satisfação com a
SPPA sobre uso de medicamento. Vale salientar
que o guia explicita que após verificar a
compreensão da SPPA pelos usuários/pacientes,
esta deverá ser ajustada a partir dos resultados
obtidos.
Considerando o conteúdo e abrangência do guia,
este pode ser empregado em diferentes fases do
processo de design de SPPAs sobre preparo e uso
de medicamentos. Na fase inicial (pré-design) o
guia auxilia na tomada de decisão sobre o conteúdo
da SPPA e a apresentação gráfica da animação,
através das diretrizes/recomendações de design e
do checklist de atendimento às mesmas. Na fase de
realização do design gráfico da SPPA e de sua
avaliação, o guia apresenta protocolos e instruções
para o teste. Na fase final do processo de design
(pós-design) o checklist disponibilizado no guia
poderá auxiliar a rever/editar a SPPA antes de sua
publicação. O diagrama a seguir (Figura 4) mostra
o emprego do guia no processo de design de
SPPAs sobre preparação e uso de medicamentos.
Figura 4: Possibilidades de uso do guia durante o
processo de design de SPPAs
A seguir é apresentado de forma breve, a avaliação
do guia sobre o design de SPPAs junto a
especialistas e usuários/desenvolvedores, assim
como os ajustes oriundos da avaliação.
4 Avaliação do guia para design de SPPAs
Para avaliação do guia para design de SPPAs sobre
preparação e uso de medicamentos foi produzido
um protótipo de alta fidelidade através de
programas da Adobe (Photoshop e Illustrator) para
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edição das imagens; Brackets para a programação
do guia; e a prototipagem foi realizada na
plataforma online InVision
[https://www.invisionapp.com/]. A avaliação se
deu através de consulta a um total de 20
participantes divididos em amostras independentes
de 10 especialistas em design gráfico/da
informação e 10 desenvolvedores de animação,
potenciais usuários do guia.
Material e procedimento
Especialistas: O material utilizado foi computador
laptop apresentando o guia e protocolo de coleta de
dados com 29 heurísticas/recomendações da
literatura para o design de artefatos interativos
digitais. Cada especialista, de forma individual e
isolada, foi solicitado a navegar pelo guia
livremente e em seguida preencher o protocolo de
avaliação do mesmo, observando o atendimento às
heurísticas. Após o preenchimento, foram
solicitados a entregar o protocolo ao pesquisador.
Desenvolvedores: O material utilizado foi
computador laptop apresentando o guia e protocolo
de coleta de dados. Este constou de questões
abertas e fechadas, e sentenças em escala Likert
para indicação de concordância (1: discordo
totalmente a 5: concordo totalmente) sobre a
navegação e interface do guia. Cada participante,
de forma individual e isolada, foi solicitado
interagir com guia livremente e em seguida realizar
tarefas de busca de informação neste. Após isto, foi
realizada entrevista semiestruturada sobre as
tarefas e impressões sobre o uso do guia. As
respostas foram registradas através de anotações
escritas.
Os resultados desta fase foram analisados
qualitativamente a fim de identificar contribuições
diversas para o aprimoramento do guia, sendo
números empregados aqui apenas com finalidade
de ilustrar tendências nas respostas dos
participantes.
5 Síntese dos resultados e ajustes a serem
realizados no guia
De forma geral, os resultados referentes a
especialistas e desenvolvedores revelaram
deficiências na interface e navegabilidade do guia
para design de SPPAs, entre os quais:
• Ausência de botão “entrar” na tela de abertura;
• Problemas no agrupamento de informações;
• Setas de navegação que confundem o usuário; e
• Necessidade de padronizar e destacar elementos
interativos (links externos, pop-ups e vídeos das
SPPAs-modelo).
Não foram identificadas deficiências no conteúdo
informacional do guia, e as diretrizes e
recomendações de design foram consideradas
suficientes e claras. No entanto, os blocos de texto
foram considerados extensos e com falta de
exemplos pictóricos, o que prejudicou a satisfação
dos desenvolvedores entrevistados.
Em relação aos resultados com especialistas, em
geral, estes consideraram que o guia atende a
maioria os requisitos de design da informação e
usabilidade, visto que do total de 290 respostas
para as 29 heurísticas, 240 foram afirmativas.
Todos os participantes especialistas (N=10)
consideraram que o guia atende às heurísticas de
posicionamento de cabeçalhos e menus, e
agrupamento visual na composição das telas.
Ainda, a maioria (N=9 de 10) considerou que:
• Os elementos das telas são úteis e não
repetitivos;
• O uso do guia é econômico em termos de ações
e tempo;
• Os cabeçalhos e rodapés estão devidamente
separados do restante do conteúdo das telas;
• Os botões de ação estão próximos dos ítens a
que se referem;
• É disponibilizada área para mapa do guia;
• A navegação parece fácil de aprender e mostra o
contexto global e local;
• O design da interface é simples, claro e
intuitivo;
• Há consistência na apresentação dos ícones e
suas funções, e da informação e navegação; e
por fim,
• A cor é sutil, exceto quando usada para atenção
a detalhes.
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Por outro lado, a maioria dos especialistas (N=6 de
10 participantes) considerou como heurísticas
menos atendidas aquelas referentes à clareza da
terminologia (uso de jargões) e consistência na
apresentação das áreas clicáveis. Todos os
especialistas fizeram sugestões para melhoria do
guia, a exemplo: de rever o termo ´apresentação´
para não confundir com Home (terminologia),
melhorar a visualização do mapa (interface); não
usar sublinhado para texto para não confundir com
links, rever uso de setas para navegação
(navegação).
Quanto à avaliação com desenvolvedores, usuários
potenciais do guia (N=10), em geral, a avaliação
foi positiva. As tarefas de interação foram
realizadas com sucesso pela maioria dos
participantes, os quais encontraram o exemplo de
como deve ser uma SPPA (N=8); o formulário para
avaliação de SPPA (N=8); e a seção de problemas
de design de SPPAs (N=9). Todos os participantes
ainda forneceram satisfatoriamente exemplos de
como aplicariam as diretrizes apresentadas pelo
guia no design de uma SPPA sobre medicamentos.
Em relação à avaliação do guia, nove dos 10
desenvolvedores consideraram: a navegação fácil;
as diretrizes para o design de SPPA claras, e o
conteúdo suficiente; o agrupamento das
informações por conteúdo coerente; e as imagens
adequadas ao conteúdo. Todavia, apenas seis
participantes avaliaram a interface como amigável
e intuitiva, e o caminho percorrido como de fácil
visualização. Este mesmo número de participantes
declarou que diferença de nomenclatura entre as
palavras-chaves na barra lateral das telas e os
títulos dos tópicos dificultou a interação e
navegação no guia.
Além disto, a metade dos desenvolvedores
participantes (N=5) considerou o uso de imagens
restrito, com ausência de animações para alguns
conteúdos; e a relação entre conteúdo e rótulos das
seções pouco clara. Porém, consideraram o layout
das telas como facilitador da interação com o
sistema (N=5). Como decorrência, apenas quatro
dos 10 participantes se declararam totalmente
satisfeitos com o guia e três satisfeitos. Apesar
destes números somados indicarem uma positiva
satisfação (N=7 de 10), os participantes explicitam
a necessidade de melhorias no guia para atender às
expectativas dos usuários desenvolvedores de
SPPAs. Estes deram sugestões para melhoria do
guia, como: empregar mais imagens ilustrando as
recomendações; colocar botão ´entrar´ na tela de
abertura; e evidenciar as áreas clicáveis.
Com base nos resultados da avaliação com
especialistas e usuários desenvolvedores foram
identificados e ajustados os seguintes aspectos no
design do guia:
• Adição de mais imagens e animações para
ilustrar as recomendações
• Mudança do termo ´Apresentação´ para não
confundir com Home
• Melhoria da visualização do mapa na interface
• Retirada de recurso de sublinhado no texto para
não confundir com links
• Reconsideração do uso de setas para navegação
• Inclusão de botão ´Entrar´ na tela de abertura
• Destaque das áreas clicáveis
6 Conclusões e considerações
Em geral, pode se concluir que os resultados com
usuários desenvolvedores e especialistas estão em
consonância, tanto em relação aos aspectos
positivos como às deficiências identificadas. O não
atendimento satisfatório do guia para design de
SPPAs a algumas das heurísticas de design da
informação e usabilidade mostram o quanto isto
afeta negativamente a interação e a satisfação com
o uso do artefato.
Apesar do desenvolvimento do guia ter sido
norteado por requisitos, princípios e diretrizes de
design [PETTERSSON, 2007; SERAF & WONG,
2012; SPINILLO & PEROZZA, 2015], algumas
das decisões tomadas para a representação gráfica
dos conteúdos e para a forma de interação foram
ineficientes ou mesmo deficientes. Estas
acarretaram dificuldades e insatisfação nos
usuários participantes da avaliação. Isto demonstra
o quanto a aplicação de requisitos, princípios e
diretrizes de design - ainda que por profissionais da
área – não é suficiente para garantir boa
usabilidade de artefatos. Assim, ratifica-se a
16° Ergodesign – Congresso Internacional de Ergonomia e Usabilidade de Interfaces Humano Tecnológica: Produto, Informações Ambientes Construídos e Transporte 16° USIHC – Congresso Internacional de Ergonomia e Usabilidade de Interfaces Humano Computador CINAHPA | 2017 – Congresso Internacional de Ambientes Hipermídia para Aprendizagem.
necessidade de verificação empírica com usuários
potenciais para atingir a qualidade devida de
artefatos instrucionais, como o guia para design de
SPPAs sobre preparação e uso medicamentos.
Por fim, espera-se que este estudo, assim como o
guia aqui apresentado, possam vir a contribuir para
integração entre as áreas de design e saúde, tanto
no âmbito acadêmico-científico (e.g., métodos,
protocolos, resultados) como na prática
profissional com a produção de animações sobre o
uso de medicamentos.
Referências
AINSWORTH, S. How do animations influence
learning? In D. Robson & G. Schraw (Eds) Curent
perspectives on cognition, learning and
instruction: Research innovations in educational
technology that facilitate student learning. pp. 37-
67. Charlotte, NC: Information Age Publishing,
2008.
ALVES, M.; BATAIOLLA, A.; SPINILLO C.
Design de animações educacionais: levantamento
de situações e motivos. Anais do 10º P&D-
Congresso Brasileiro de Pesquisa e
Desenvolvimento em Design. São Luis (MA),
2012.
AQUINO, D. S. da; Por que o uso racional de
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Agradecimentos
As autoras agradecem às agências de fomento:
CNPq e Fundação Araucária-PR pela concessão de
bolsas para o projeto de pesquisa que possibilitou o
desenvolvimento deste artigo. Agradecimentos
também são devidos às bolsistas de iniciação
científica Elissandra Grabriela Pereira, Rafaella
Raboni Sabatke e Thatianne de Jesus Ferreira pela
valiosa participação na pesquisa, e a Bruno Saad,
Gustavo Amorim e Leandro Albuquerque pela
generosa contribuição na produção das animações
apresentadas no guia.