sérgio augusto queiroz norte__bakunin versus marx – conflito de titãs na associação...

download sérgio augusto queiroz norte__bakunin versus marx  – conflito de titãs na associação internacional dos trabalhadores.pdf

of 5

Transcript of sérgio augusto queiroz norte__bakunin versus marx – conflito de titãs na associação...

  • 8/11/2019 srgio augusto queiroz norte__bakunin versus marx conflito de tits na associao internacional dos trabalhador

    1/5

    bakunin versus marx

    Conflito de tits na Associao Internacional dos Trabalhadores(A.I.T.)*

    Srgio Augusto Queiroz Norte(Assis (SP), maio de 1989)

  • 8/11/2019 srgio augusto queiroz norte__bakunin versus marx conflito de tits na associao internacional dos trabalhador

    2/5

    I - Experincia histrica dos trabalhadores europeus e a Internacional

    O capitalismo industrial necessita para sua reproduo de um crescente mercado mundial que serevelar, ideologicamente dentro do discurso burgus, nos apelos fraternidade entre os povos, de1789 O!" #o advogar a pa$ entre as na%es &fundamental para o processo de circulao de

    mercadorias', a burguesia tamb(m engendra a centrali$ao pol)tica* o +stado oderno e ainevitvel disputa armada, ou no, entre os mesmos tomam-se paradigmas da evoluo .ist/rica"0omem as diferenas nacionais, (tnicas e culturais* o capital, para rcprodu$ir-se, necessita dadestruio constante daquilo que l.e ( diferente"

    unto crescente centrali$ao estatal e produtiva, o capital organi$a, em seu proveito, osescravos modernos" # classe operria desde o seu nascer teve de encarar o internacionalismo docapital" em 1822, um 3anifesto das classes produtivas da 4r5-6retan.a3 dirigido 3aos governose povos da +uropa e da #m(rica do orte e do 0ul3 adotava uma postura internacionalista" omesmo ano, a questo de uma aliana entre os trabal.adores da nglaterra, rana e #leman.a eradiscutida na imprensa operria brit5nica" o s/ esta questo era discutida, mas tamb(m a supresso

    do +stado burgus e a sua gesto por uma federao dos produtores &.ompson, pp" 91:-912'" acrue$a dos combates entre capital e trabal.o, uma conscincia coletiva e autonomista era gerada

    pela prtica operria"

    #o fundar-se a #ssociao nternacional dos rabal.adores em ;ondres, setembro de 18perincia concretae imaginria dos trabal.adores europeus"

    +ssa vocao internacionalista dos trabal.adores estava entrelaada com o desenvolvimento degrandes +stados nacionais necessrios ao capital" ?esde as revolu%es de 18=8, em que a ne-cessidade de unificao nacional encontrava-se com as reivindica%es operrias, .ouve a percepode que a luta nacionalista era apenas um estgio no desenvolvimento da autonomia operria"

    # nternacional era composta, desde a sua fundao, por organi$a%es operrias que defendiamconcep%es, tendncias e tticas diversas, baseadas em estatutos gerais que nada tin.am de r)gido"+stas diferenas foram discutidas nos @ongressos nternacionais de ;ausanne &18

  • 8/11/2019 srgio augusto queiroz norte__bakunin versus marx conflito de tits na associao internacional dos trabalhador

    3/5

    bsicos da nternacional" # divergncia instaura-se no seio da #""", no apenas como um conflitode personalidades divergentes, mas, antes, como refle>o do pr/prio movimento e da e>perincia do

    proletariado europeu"

    II - O debate entre os autonomistas e comunistas autoritrios

    6aEunin considerava que o verdadeiro obBetivo da @onferncia de ;ondres foi tentar impor #""" a necessidade da conquista do poder pol)tico, ou com suas palavras, 3transplantar para oprograma e organi$ao da #""" a ideia da autoridade e do poder pol)tico3 &6aEounine, Oeuvres@ompletes, v" 2, p" 2'" 6aEunin ( prof(tico em suas cr)ticas a ar>* muitos mar>istas encontrarofortes argumentos, em sua obra, para o esforo cr)tico ao processo de burocrati$ao da revoluosovi(tica" +m maro de 187:, em ;F#llemagne et l communisme dF+tat, afirmaA 3# #""", tal qualos comunistas autoritrios alemes a entendem, tender evidentemente criao de uma classedominante e, por consequncia, uma nova burguesia constitu)da pelos operrios manufatureirosurbanos impostos como classe dominante, detentora do novo poder pol)tico e atuando comoautoridade coletiva, por(m fict)cia, no real do +stado, sobre os mil.%es que cultivam a terra" ?igo

    poder fict)cio e no real, pois, ( evidente que num +stado centrali$ado, organi$ado e dirigido

    politicamente, no sero as massas trabal.adoras urbanas e sim seus dirigentes que poderogovernar* essa nova burguesia ou classe dominante (, consequentemente, e>ploradora dostrabal.adores urbanos* teremos, ento, uma burguesia menos numerosa, por(m, mais privilegiada,composta de diretores, representantes e funcionrios do dito +stado popular3 &6aEounine, Oeuvres@ompletes, v" 2, p" 118'"

    +m 18plicitao de suas ideias e das diferenas com ar>" Juando fala de 3aliados3 ou3irmos3 de outros pa)ses, indica amigos e organi$a%es antiautoritrias que, sendo solidrias, noeram tuteladas por ele" ar> quis ver nessa correspondncia a prova de uma atividade secreta noseio da #"", por(m, podemos ver um testemun.o de rela%es voluntrias entre militantes

    revolucionrios"

    +m de$embro de 187:, o militante internacionalista espan.ol 4arcia Kirias responde s intrigas

  • 8/11/2019 srgio augusto queiroz norte__bakunin versus marx conflito de tits na associao internacional dos trabalhador

    4/5

    do @onsel.o 4eral com o panfleto @uesti/n de la #lian$a no qual reafirma a autonomia do mo-vimento espan.olA 3vocs falam da atividade da #liana na 0u)a, na tlia, na nglaterra e emoutros pa)ses, mostrem-nos as provas e cessem suas rid)culas inven%es""" Kocs sabem muito bemque a #liana foi fundada na +span.a sem nen.uma vinculao com o e>terior, e que foi na+span.a onde seu programa e regras foram estabelecidos""" Kocs sabem perfeitamente que estomentindo e que a #liana Bamais recebeu ordens de qualquer pessoa""" G certo que a #liana

    influenciou o desenvolvimento da #""" na +span.a, mas no do modo que os detratores queremfa$er parecer""" # #liana, podemos di$er em vo$ alta, no ( nada mais que uma sentinela avanadada nternacional3 &6aEounine, Oeuvres @ompletes, v" 2, pp" LL, LL'" !ma ligao org5nicaentre a #liana espan.ola e 6aEunin no pode ser documentada, pois nunca e>istiu"

    Os programas, estatutos e proBetos de sociedades secretas elaboradas por 6aEunin, a partir de18istncia de uma organi$ao" 6aEunin

    percebia a necessidade de agrupar os militantes mais )ntegros e en(rgicos em nCcleos que seriam oelo entre a prtica e a teoria revolucionrias" odavia, na perspectiva baEuniniana, teoria e prticassocialistas visavam destruio de qualquer poder ou autoridade que pudesse destruir autonomias eliberdades operrias"

    Hrovavelmente 6aEunin era um dos poucos que, na nternacional, opun.a-se s ideias de ar>com con.ecimento das suas concep%es pol)ticas e econMmicas, era talve$ o Cnico dos opositores ater lido o anifesto @omunista, pouco con.ecido ento, e ainda no tradu$ido para as l)nguaslatinas" #o responder s calCnias e acusa%es do @onsel.o 4eral &inspiradas por ar>', 6aEuninsempre recon.ecer o papel revolucionrio de ar> e enfati$ar que as divergncias entre eles eramte/rico-pol)ticas e no pessoais"

    O socialismo surge como um proBeto pol)tico da luta de classes e, tanto para ar>, como para6aEunin, a revoluo seria o resultado desta luta" Os antiautoritrios reBeitam o e>clusivismooperrio na revoluo social e trabal.am com o conceito de uma unidade entre os oprimidos contraa dominao burguesa"

    # postura de 6aEunin op%e-se 3cientificidade3 do pensamento mar>ista e insiste nadespersonali$ao causada pelo poder e pela autoridade que s/ ser rompida pela prticarevolucionria que subverta as rela%es .ierrquicas e aponte para rela%es .ori$ontais em que adiferena entre dirigente e dirigido tenderia a desaparecer"

    Hara os libertrios, o camin.o da revoluo passa pela autonomia da classe operria, pelofederalismo, e tem o seu centro na esfera da produo* para os mar>istas, passa pelo partido

    pol)tico, pelo poder estatal centrali$ado e tem o seu centro na conquista do aparel.o estatal" que

    as rela%es econMmicas formam a base da sociedade, ( a) que a ao revolucionria pode preparar ocamin.o do socialismo" # federao de associa%es operrias preparam e antecipam a administraosocial futura"

    odavia, dei>emos que o leitor perceba as diferenas destes dois proBetos revolucionrios a partirdos te>tos de 6aEunin que ora apresentamos" mportante con.ecermos a posio de dois te/ricos emilitantes mar>istas a respeito do conflito entre 6aEunin e ar>A +dNard 6ernstein dir que do

    ponto de vista puramente .umanitrio o papel desempen.ado por 6aEunin ( muito mais .onradoque o de seu adversrio &6aEounine, Oeuvres @ompletes, v"2, p" ;'* B ran$ e.ring, por sua ve$,tecer comentrios mais severos a respeito da atuao de ar> e dir, a respeito de 6aEunin, 3a.ist/ria l.e reservar um posto de .onra entre os precursores e campe%es do proletariado

    internacional3 &e.ring, p" I='"

  • 8/11/2019 srgio augusto queiroz norte__bakunin versus marx conflito de tits na associao internacional dos trabalhador

    5/5

    Bibliorafia Citada

    T!"#$%"&' . $. The #akin ofnlish orkin Class. +ondon' $enuin' ,-/' v.0.BA1"2&I&, Michel - Oeuvres Completes, v. 3 - MichelBakou-nine et ls conflits dansl'International - 1!". #Introduction et annotations de $rthur %ehnin&. (aris, Champs %i)re,1*!+.

    &TT+A2, Ma - Mi&uel Bakunin %a Internacional Ia $lian/a en 0spana 1-1!3. Madrid,%a (i2ueta, 1*!!.#!3I&4, ran/ - Carlos Mar - 4ist5ria de su vida. Barcelona, 6ri7al)o, 1*!1.$tas e discuss8es dos Con&ressos da Internacional, )em como documentos pu)licados pelamesma encontram-se em 536#"&7, 9ac2ues - %a (rimera Internacional - "v., Madrid,:ero, 1*!3.

    ; este teto do so ao livro ?escritos contra mar@, pu)licadoem "AA1, pela editora ima&inrio, em con7unto com os coletivos nu-sol e soma.