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Série Davi, o homem segundo o coração de Deus1 – Mensagem 3/6

Presença de Deus. (1Sm 18:5~30)

Introdução. Desde o dia em que Davi venceu Golias até o dia de sua morte, as estatísticas de êxito e vitória de Davi sobre seus inimigos estão muito boas. Na imensa maioria das vezes, Davi tinha vitória sobre eles. Quase nunca Davi perdeu uma batalha. Ele era amigo da vitória, porque ele era amigo de Deus. Vamos falar de um segredo da vitória hoje. Vitória e êxito são termos muito usado hoje. Todos querem isso. Todos querem viver para isso. Todos querem experimentar o doce sabor da vitória. Muito se tem falado sobre segredos e técnicas para ter uma vida vitoriosa, porém, todos esses princípios estão baseados em uma condição básica: você tem ou não a presença de Deus em sua vida? Estar em Sua presença implica em você estar vivendo de acordo com a vontade de Deus, você ser obediente, humilde, submisso... Todas essas qualidades são frutos da presença de Deus em nossas vidas. São justamente essas características que encontramos em Davi. Por outro lado, vemos um personagem que parece ser o oposto completo de Davi, Saul. Saul, dominado e possuído por demônios, controlado pela sua ganância e sua inveja, aproveitou-se do poder que Deus havia dado a ele para planejar matar Davi, aquele que Deus escolhera como próximo rei de Israel. Saul não tinha a presença de Deus com ele. Deus havia deixado ele. O seu coração vazio tornou-se a casa de espíritos malignos e sentimentos abomináveis. Embora Saul tivesse todas as condições técnicas para ter uma vitória esmagadora contra Davi e matá-lo com muita facilidade, Saul perdeu a guerra, em todos os sentidos. Qual é o segredo? Como posso lidar com a inveja dos outros? Como posso vencer as emboscadas ardis dos meus adversários e inimigos? Que culpa Davi tinha de ter que sofrer nas mãos de Saul? Que culpa tenho eu, quando às vezes, tenho que sofrer por causa da presença de Deus em minha vida? Exposição. 1. Quando a inveja começa a dominar um coração. Davi provou que era uma pessoa especial. Sozinho, fez aquilo que ninguém mais tinha coragem de fazer. Depois da vitória sobre Golias, os filisteus fugiram e foram derrotados. Essa vitória rendeu créditos a Davi, de maneira que Saul começou a mantê-lo perto dele para desempenhar tarefas importantes: "Tudo o que Saul lhe ordenava fazer, Davi fazia com tanta habilidade que Saul lhe deu um posto elevado no exército. Isso agradou a todo o povo, bem como aos conselheiros de Saul." (v.5).

1 Pregado no Acampamento do MEP, Vargem Grande Paulista, em 155 de fevereiro de 2010.

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Davi caiu no amor de todas as pessoas. Desde o rei, passando pelos seus conselheiros, pelo príncipe Jônatas, e todo o povo admirava Davi. A admiração das pessoas, até certo ponto, é algo muito saudável porque pode indicar a ação de Deus na minha vida, mas essa atenção geral sobre mim traz seus riscos e responsabilidades. Essa admiração se transformou em um dos maiores pesadelos na vida do próprio Davi. Aconteceu que Saul, o rei, vendo que a popularidade de Davi estava em alta, e a sua caindo, ficou com inveja dele. Saul colocara Davi sob um alto comando de suas tropas. E em todas as batalhas, Davi voltava como vencedor. A sua fama começou a crescer a tal ponto, que as mulheres começaram a cantar em sua homenagem: "Quando os soldados voltavam para casa, depois que Davi matou o filisteu, as mulheres saíram de todas as cidades de Israel ao encontro do rei Saul com cânticos e danças, com tamborins, com músicas alegres e instrumentos de três cordas. As mulheres dançavam e cantavam: “Saul matou milhares, e Davi, dezenas de milhares”." (v. 6,7). Tributavam mais a Davi do que ao próprio rei, e foi justamente essa a razão da inveja de Saul. "Saul ficou muito irritado com esse refrão e, aborrecido, disse: “Atribuíram a Davi dezenas de milhares, mas a mim apenas milhares. O que mais lhe falta senão o reino?” Daí em diante Saul olhava com inveja para Davi." (v. 8,9). "Como assim? Estão dando mais crédito a Davi do que a mim?" era o que Saul pensava. Ele já estava com medo de ser deposto por Davi. Por que Davi e não ele? A inveja é o reflexo natural de uma pessoa que está longe de Deus. Aliás, a inveja é um sentimento que demonstra que a pessoa não confia mais em Deus, uma vez que quer para si algo de muito bom que outra pessoa tem ou é. Inveja está ligada ao egoísmo humano, à vontade do homem sempre ser mais do que ele realmente pode ser. Saul demonstra claramente que era ele que não estava habilitado para ser mais rei de Israel. Quem nunca teve inveja ou foi alvo da inveja do outro? O apóstolo Paulo nos ensina que a inveja não vem de Deus, uma vez que o amor não inveja (1Co 13:4). O Antigo Testamento mesmo tem várias lições sobre a inveja:

"O ressentimento mata o insensato, e a inveja destrói o tolo." (Jó 5:2)

"Não se aborreça por causa dos homens maus

e não tenha inveja dos perversos; pois como o capim logo secarão,

como a relva verde logo murcharão." (Sl 37:1~2) "Quando o meu coração estava amargurado

e no íntimo eu sentia inveja, agi como insensato e ignorante;

minha atitude para contigo era a de um animal irracional." (Sl 73:21,22) "O coração em paz dá vida ao corpo,

mas a inveja apodrece os ossos." (Pv 14:30)

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2. Atormentando por espíritos malignos. Saul já estava mal antes de tudo aquilo ter acontecido. Após a rejeição de Saul como rei, o Espírito de Deus havia se retirado de Saul dando lugar aos espíritos demoníacos que começaram a atormentar a vida de Saul. Foi por isso, que Davi fora chamado para acalmar o rei de seus males através da sua música. Mas um dia, possuído pelos demônios, Saul teve uma reação diferente: "No dia seguinte, um espírito maligno mandado por Deus apoderou-se de Saul e ele entrou em transe em sua casa, enquanto Davi tocava harpa, como costumava fazer. Saul estava com uma lança na mão e a atirou, dizendo: “Encravarei Davi na parede”. Mas Davi desviou-se duas vezes." (v. 10,11). Davi havia se transformado em um obstáculo nos planos de Saul continuar no poder. Ele sabia que Deus rejeitara seu reinado, mas ele tentou, com suas forças permanecer aonde Deus não queria mais que ele ficasse. Duas pessoas: Saul e Davi. Um é o rei que estava encerrando o seu reinado. O outro era aquele que Deus escolhera para inaugurar um novo tempo. Um era aquele que o Espírito Santo havia deixado, e outro era a nova habitação do Espírito de Deus. Agora essas duas pessoas eram adversárias. Não por vontade mútua, mas por causa da paranóia que invadiu a cabeça de Saul. A inveja tem consequências desastrosas. Porém o problema mais sensível nesse texto é que Saul estava a todos os custos tentando impedir, ou mesmo, retardar o cumprimento da vontade de Deus. Por outro lado, vemos Davi, fiel naquilo que foi incumbido a ele. Davi poderia muito bem aproveita a sua situação e querer subir mais rápido ao poder ao qual Deus havia prometido a ele. Porém Davi sabia que ainda não era chegado a sua hora. A tentativa de Saul matar Davi é frustrada, e desde então, nunca os dois se encontraram de maneira pacífica. Estava decretada a guerra pessoal de Saul contra Davi. Tudo isso motivado pelo medo profundo que Saul tinha de perder o poder. O medo é a mais natural consequência na vida daqueles que são rejeitados por Deus: "Saul tinha medo de Davi porque o SENHOR o havia abandonado e agora estava com Davi." (v. 12). O que tornava o medo de Saul ainda mais intenso era que em tudo Davi tinha êxito. Esse êxito era vindo direto de Deus e Saul sabia disso: "Então afastou Davi de sua presença e deu-lhe o comando de uma tropa de mil soldados, que Davi conduzia em suas campanhas. Ele tinha êxito em tudo o que fazia, pois o SENHOR estava com ele. Vendo isso, Saul teve muito medo dele. Todo o Israel e todo o Judá, porém, gostavam de Davi, pois ele os conduzia em suas batalhas." (1Sm 18:13~16). Qual é o segredo de todo o grande êxito? A presença de Deus, ou seja, Ele estar conosco. Lembra-se de José? A bíblia diz que "O SENHOR estava com José, de modo que este prosperou e passou a morar na casa do seu senhor egípcio. Quando este percebeu que o SENHOR estava com ele e que o fazia prosperar em tudo o que realizava, agradou-se de José e tornou-o administrador de seus bens. Potifar deixou a seu cuidado a sua casa e lhe confiou tudo o que possuía. Desde que o deixou cuidando de sua casa e de todos os seus bens, o SENHOR abençoou a casa do egípcio por causa de José. A bênção do SENHOR estava sobre tudo o que Potifar possuía, tanto em casa como no campo. Assim, deixou ele aos cuidados de José tudo o que tinha, e não se preocupava com coisa

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alguma, exceto com sua própria comida." (Gn 39:2~6). Deus está com você? O que fez Davi suportar todos os anos de sofrimento em sua vida? A presença de Deus! É essa presença em que Davi amava estar: "Tu me farás conhecer a vereda da vida, a alegria plena da tua presença, eterno prazer à tua direita." (Sl 16:11) "Cria em mim um coração puro, ó Deus, e renova dentro de mim um espírito estável. Não me expulses da tua presença, nem tires de mim o teu Santo Espírito." (Sl 51:10,11) "Como é feliz o povo que aprendeu a aclamar-te, SENHOR, e que anda na luz da tua presença!" (Sl 89:5) "Com certeza os justos darão graças ao teu nome, e os homens íntegros viverão na tua presença." (Sl 140:13). Bendita presença de Deus! 3. O "tira-teima" da presença de Deus sobre Davi. Saul, desde então, planejava matar Davi. Isso virou uma obsessão para ele. A morte de Davi significava a manutenção de seu reino. A morte de Davi significaria que Deus estava errado e ele certo. Saul planeja, então, entregar a uma de suas filhas chamada Merabe a Davi, em troca de seus serviços militares, pois Saul queria que Davi fosse morto, de maneira indireta, mas mãos dos filisteus. "Pois Saul pensou: “Não o matarei. Deixo isso para os filisteus!" (v. 17). Porém Davi recusou o convite do rei. Uma outra filha de Saul chamada Mical gostava de Davi, oivindo isso, Saul ficou feliz por ver que seus planos poderiam dar certo: "Mical, a outra filha de Saul, gostava de Davi. Quando disseram isso a Saul, ele ficou contente e pensou: “Eu a darei a ele, para que lhe sirva de armadilha, fazendo-o cair nas mãos dos filisteus”. Então Saul disse a Davi: “Hoje você tem uma segunda oportunidade de tornar-se meu genro”." (v. 20). Davi não poderia mais escapar do convite do rei, mas só que havia um problema: Davi era um homem de poucos recursos, e se casar com uma princesa significava dar a Saul um dote muito generoso. A prática da época era do dote, ou seja, dar presentes e riquezas em troca da mão da filha. Até o dote foi usado como pretexto por Saul para tentar matar Davi. Diz o texto: "Quando falaram com Davi, ele disse: “Vocês acham que tornar-se genro do rei é fácil? Sou homem pobre e sem recursos”. Quando os conselheiros de Saul lhe contaram o que Davi tinha dito, Saul ordenou que dissessem a Davi: “O rei não quer outro preço pela noiva além de cem prepúcios de filisteus, para vingar-se de seus inimigos”. O plano de Saul era que Davi fosse morto pelos filisteus." (v. 23,24). O que Saul queria? Que Davi fosse morto pelos filisteus. 100 prepúcios pela mão de sua filha Mical. Esse era o desafio de Saul. Se Saul saísse vitorioso com a morte de Davi, ele estaria seguro no trono, mas um eventual êxito de Davi na empreitada seria um forte indicativo de que Davi poderia tomar o seu lugar. Os planos de Saul foram por água abaixo. Davi, junto com suas tropas, consegue cumprir a missão cabalmente: "Quando os conselheiros falaram novamente com Davi, ele gostou da idéia de tornar-se genro do rei. Por isso, antes de terminar o prazo estipulado, Davi e seus soldados saíram e mataram duzentos filisteus. Ele trouxe os prepúcios e apresentou-os ao rei para que se tornasse seu genro. Então Saul lhe deu em casamento sua filha Mical.". (v. 26,27). Em tudo Davi tinha êxito! Qual é o segredo de Davi? A presença de Deus! Mais uma vez o texto nos fala que: "Quando Saul viu claramente que o SENHOR estava com Davi e que sua filha Mical o

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amava, temeu-o ainda mais e continuou seu inimigo pelo resto de sua vida." (v. 28,29). Era visível, até para o incrédulo Saul, que Deus estava com Davi. Quando Deus está com você, até os incrédulos não terão dificuldade em admitir a presença divina na sua vida. Foi assim com José diante do Faraó, foi assim com Daniel, diante de vários reis, é assim conosco. O ponto de diferença entre nós e o mundo é a bendita presença de Deus em nossas vidas. O que passou a atormentar cada vez mais Saul era a presença de Deus, que antes estava nele, mas agora estava no próximo rei de Israel Davi. Conclusão

"Os comandantes filisteus continuaram saindo para a batalha, e, todas as vezes que o faziam, Davi tinha mais habilidade do que os outros oficiais de Saul, e assim tornou-se ainda mais famoso." (v. 30) Dia após dia, batalha seguida de batalha, Deus confirmava a todos a sua escolha. A fama de Davi começou a circular não somente dentro das fronteiras do reino de Saul, mas também Davi ficara famoso entre os seus inimigos. Novamente, duas pessoas. Saul, o rei, que sem a presença de Deus, estava atormentado pelo medo que, cada vez mais, dominava a sua vida. Ele é o símbolo das pessoas que estão distantes de Deus. Tudo é motivo para ter medo: o futuro, a morte, a vida, o passado, o presente, tudo. Não há paz no coração. Não há alegria. Todos os pensamentos só cogitam o mal. Em contrapartida, temos Davi, o homem segundo coração de Deus, que estava com Deus e partilhava de uma íntima comunhão com Ele. Se Saul foi dominado pelo medo, Davi foi dominado pela fé e certeza de que, enquanto Deus estivesse com ele, seria vitorioso e teria êxito em todas as coisas. Porém, as vitórias de Davi sempre vieram com muito esforço e muita determinação. Isso porque Davi sabia que nenhuma promessa de Deus se cumpriria na sua vida de maneira plena se ele não fizesse a sua parte. A lição de Davi nesse texto é esta: A presença de Deus é o diferencial. A presença de Deus real faz toda a diferença.

"Presença de Deus não é o mesmo que sensação da presença de Deus. Esta pode ter origem na imaginação; aquela pode ser vivida sem nenhuma “consolação sensível” (...) O ato que gera uma criança deve ser, e em geral é, praticado por prazer. Todavia, não é pelo prazer que a criança vem ao mundo. No casamento espiritual entre Deus e a alma ocorre o mesmo: É a presença real, e não a sensação da presença que gera Cristo em nós. A sensação é um dom formidável, e agradecemos a Deus quando a experimentamos, mas é apenas isso."2

C. S. Lewis 2 LEWIS, C.S., Cartas a uma senhora americana. São Paulo: Ed. Vida, 2006. pág 48.