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GUIA DO ALUNO Volume 2

Língua Portuguesa3ª série do Ensino Médio

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Entre Jovens 3ª série do Ensino Médio: guia do aluno língua portuguesa.

– São Paulo: Instituto Unibanco/CAEd, 2013.

286 p.; Vol II

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Coordenação do materialJuliana Irani do Amaral

Pesquisa e conteúdoCAEd – Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação

Consultoria responsávelCAEd – Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação

Agradecimentos especiaisSecretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, Secretarias de Estado de Educação do Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais e escolas parceiras que contribuíram para a testagem e validação da Metodologia Entre Jovens.

RealizaçãoInstituto Unibanco

PresidênciaPedro Moreira Salles

Vice-PresidênciaPedro Sampaio Malan

ConselhoAntonio MatiasCláudio de Moura CastroCláudio Luiz da Silva HaddadMarcos de Barros LisboaRicardo Paes de BarrosTomas Tomislav Antonin ZinnerThomaz Souto Corrêa NettoWanda Engel

Diretoria ExecutivaFernando Marsella Chacon RuizGabriel Amado de MouraJânio GomesJosé Castro Araujo RudgeLeila Cristiane B. B. de MeloLuis Antônio RodriguesMarcelo Luis Orticelli

Superintendência ExecutivaRicardo Henriques

Gerência de Implementação de ProjetosTiago Borba

Gerência de Desenvolvimento e ConteúdoMarta Grosbaum

Gerência de Gestão do ConhecimentoMirela de Carvalho

Gerência de Administração e FinançasFábio Santiago

Assessoria de Assuntos EstratégicosChristina Fontainha

Assessoria de ComunicaçãoMarina Rosenfeld

Assessoria de VoluntariadoFabiana Mussato

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SUMÁRIO

OFICINA 1O DISCURSO ARGUMENTATIVO: artigo de opinião, resenha e debate oral

OFICINA 2O DISCURSO ARGUMENTATIVO: artigo de opinião, anúncio publicitário e debate oral

OFICINA 3CONHECENDO A LITERATURA BRASILEIRA DO SÉCULO XVII: o Barroco e Gregório de Matos

OFICINA 4CONHECENDO A LITERATURA BRASILEIRA DO SÉCULO XVIII: o poeta árcade Tomás Antônio Gonzaga

OFICINA 5O RELATO E SUA REALIZAÇÃO EM GÊNEROS TEXTUAIS: a notícia

OFICINA 6O RELATO E SUA REALIZAÇÃO EM GÊNEROS TEXTUAIS: a reportagem

OFICINA 7CONHECENDO A LITERATURA BRASILEIRA DO SÉCULO XIX: Romantismo e Realismo

OFICINA 8O BRASIL NA LITERATURA BRASILEIRA: a prosa de José de Alencar e Graciliano Ramos

OFICINA 9O TEXTO PUBLICITÁRIO

OFICINA 10USO DA LÍNGUA E VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

OFICINA 11LITERATURA E PARTICIPAÇÃO

OFICINA 12A LEITURA EM HIPERTEXTO

ANEXOS

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artigo de opinião, resenha e debate oral

OFICINA 1

Terezinha Barroso

O DISCURSOARGUMENTATIVO:

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TEXTOS E ATIVIDADES DE LEITURA

Antecipando sentidos para os textos I e II

Você vai ler dois textos, em gêneros textuais diferentes, que tratam do uso da internet nos dias de hoje. Antes de iniciar a leitura desses textos, vamos conversar um pouco sobre o tema:

Você costuma acessar a internet? Com que frequência?

Que uso você faz desse recurso? E em que local?

Você acha que a internet traz benefícios? Quais? E malefícios? Quais? Por quê?

Você vai ler, a seguir, a resenha crítica de um livro, publicada no site da Folha de S.Paulo. Antes de iniciar a leitura, confira na caixa de texto, a definição do gênero resenha crítica.

Em nossa cultura, dominada pela escrita, quando um livro ou um filme são lançados, quando uma peça de teatro ou um show são postos em cartaz, a imprensa se encarrega logo de publicar um texto que apresente a obra, acompanhada de uma avaliação crítica, apreciativa. Textos produzidos com esse objetivo são, normalmente, publicados em revistas, jornais ou em sites especializados, e são assinados por críticos de cinema, literatura ou de teatro, a princípio, gente entendida do assunto. Em função da autoridade de quem as escreve, e da opinião e avaliação que apresentam sobre a obra, as resenhas críticas servem, por exemplo, como dicas de leitura e entretenimento para leitores interessados. Dependendo do suporte em que circulam, as resenhas críticas assumem configurações relativamente diferentes, sem, no entanto, deixarem de ser resenhas críticas.

1. O texto inserido no balão oferece informações relevantes sobre o gênero resenha crítica de livro. Responda às questões abaixo, usando, também, sua experiência de leitor:

1.1. Como você orienta sua escolha por um livro para ler?

1.2. Quem são os possíveis produtores de uma resenha crítica de livro?

1.3. Quem é o leitor preferencial de uma resenha crítica de livro?

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TEXTO I

29 de maio de 2008.http://www1.folha.uol.com.br/folha/i’111nformatica/ult124u406630.shtml

Autor diz que prevalecem na web linguagem pobre e “recreações adolescentes”

RAQUEL COZERda Folha de S.Paulo

O ataque começa já no título. É a “geração mais estúpida”, anuncia “The Dumbest Generation” (Tarcher, 272 págs.), lançado nos EUA há duas semanas, em referência a quem nasceu em algum momento das últimas três décadas.

A razão para tal epíteto, ainda mais controversa, é explicitada no subtítulo: “Como a era digital embasbaca os jovens americanos e põe em risco nosso futuro. Ou, nunca confie em ninguém com menos de 30”.

Às já bastante vilanizadas telas de TV e de videogames, o autor Mark Bauerlein junta as telas de computadores e de celulares como as responsáveis por jovens “superficiais”, incapazes de lembrar (e de dar importância) a fatos históricos.

“Eles praticamente não leem. Com toda a informação disponível on-line, como nunca antes na história, eles preferem dedicar uma quantidade inacreditável de tempo a vasculhar vidas alheias e a expor as suas próprias em redes de relacionamento como o Facebook e o MySpace”, diz Bauerlein, 49, à Folha, por telefone, de Atlanta, onde dá aulas de inglês na Universidade de Emory.

Bauerlein, ex-diretor de pesquisa e análise da Fundação para as Artes nos EUA, acredita que o excesso de informações a que as crianças e os adolescentes têm acesso na rede faz com que eles percam a capacidade de diferenciar “o significativo do insignificante” e, com isso, de embasar argumentos.

“Nossa memória cultural está morrendo”, diz o autor. É uma opinião similar à do filósofo italiano Umberto Eco, que, em entrevista ao jornal espanhol “El País”, afirmou que “a abundância de informações sobre o presente não permite refletir sobre o passado”.

“Recreações adolescentes”

“The Dumbest Generation” se levanta contra as “vozes pró-tecnologia”, que defendem que a navegação na internet seja benéfica à cognição. “A realidade das práticas na web”, escreve Bauerlein, “é só o que poderíamos esperar: expressões adolescentes e recreações adolescentes”.

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O que ele enxerga como uma dificuldade de absorção de informações entre os jovens resultaria, também, da leitura não-linear que os sites estimulam. No livro, Bauerlein fundamenta tal opinião com estudos do instituto de pesquisas Nielsen, segundo os quais os usuários mais “escaneiam” com os olhos, do que, propriamente, leem as páginas à sua frente.

“Além disso, sabe-se que, na internet, quanto mais simples a linguagem, mais os leitores acessam as páginas. O que os jovens leem na rede não lhes acrescenta nada em termos de gramática, nem de capacidade de elaborar textos”, diz.

Reações

Nos últimos dias, Bauerlein vem passando mais tempo que de costume em frente ao computador, para responder, um por um, aos e-mails “raivosos” que têm abarrotado a caixa de entrada do seu Outlook.

“Li recentemente um artigo no jornal “Boston Globe” sobre seu último livro e escrevo para lhe dizer que você é um imbecil. Você deve saber disso. Ninguém, que escreva um livro inteiro baseado na ideia de que uma geração esteja se tornando idiota por causa da tecnologia, pode ter noção da realidade.”

A experiência de ignorar os adjetivos e discutir as “questões substantivas” com os alvos de sua tese não tem surtido muito efeito. O autor aprova o debate mesmo assim. “É sinal de que os jovens se importam, de que têm valores a defender.”

O diálogo que a internet permite rendeu também páginas de comentários de leitores em sites como o da revista americana “Newsweek”. No último fim de semana, a publicação esquentou o debate ao lembrar que os mais velhos têm o costume de lamentar a ignorância dos mais novos, ao menos desde os tempos em que, na Grécia Antiga, “os admiradores de Sófocles e Ésquilo questionaram a popularidade de Aristófanes”.

As críticas mais frequentes ao livro de Bauerlein citam os testes de Quociente de Inteligência. Desde o começo século 20, o QI de crianças e adolescentes aumenta a cada geração. O conceito de “estúpido” de Bauerlein, afirma a “Newsweek”, não faz sentido, se forem levados em conta aspectos como a habilidade de pensar criticamente e de fazer analogias.

“Eles [os críticos] não entenderam o ponto central da discussão”, defende-se o autor, renegando o viés anacrônico do debate. “[A discussão] não é sobre as ferramentas da internet em si, mas sobre seu uso. Quando um cientista diz que a tecnologia desafia as mentes e torna as pessoas mais espertas, ele está falando do MySpace? Ele sabe que os adolescentes passam muito mais horas em redes sociais do que estudando?”

Aos detratores, Bauerlein costuma responder com dados oficiais, de órgãos como o Departamento de Educação americano e o Census Bureau.

Em sites, em resposta aos críticos, despeja uma porção de números da realidade norte-americana, às vezes aleatoriamente: uma pesquisa de 2006 contabilizou nove horas semanais de adolescentes conectados a redes sociais; outra constatou que 55% deles dedicam menos de uma hora semanal aos estudos em casa; uma terceira dá conta de que apenas 6% dos estudantes são considerados “muito bem preparados para a escrita”...Quanto ao “estúpido” do título, esclarece Bauerlein, é pura provocação. “Eu sou professor. Sei que são discussões como essa que fazem os jovens pensarem...”

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ATIVIDADES DE LEITURA

1. A respeito da resenha crítica que você acabou de ler, responda:

1.1. Tomando o título (A geração mais estúpida) e o subtítulo do livro (Como a era digital embasbaca os jovens americanos e põe em risco nosso futuro), que informações esses elementos antecipam para o leitor?

1.2. Quem é o autor da obra?

1.3. Quem é o autor da resenha crítica?

1.4. Qual o título da resenha crítica?

2. Observe que o corpo do texto está dividido em seções.

2.1. Identifique-as.

2.2. Qual a razão de se dividir um texto em seções?

3. Após a leitura da resenha crítica sobre o livro, você se sentiu atraído pela leitura da obra? Que comentários feitos pela repórter Raquel Cozer influenciaram seu (des)interesse?

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4. A repórter constrói sua resenha crítica a partir das seguintes informações:

a) apresentação de informações bibliográficas (nome do livro, autor, número de páginas, nome, local de lançamento);

b) referências à temática do livro (qual o tema desenvolvido);

c) dados sobre o autor;

d) relato de diferentes reações ao livro do autor.

Encontre exemplos no texto das informações listadas acima. Marque ao lado dos parágrafos as letras correspondentes a cada tipo de informação.

5. Raquel Cozer apresenta, em sua resenha crítica, a TESE/POSIÇÃO defendida por Mark Bauerlein em seu livro, seguida de JUSTIFICATIVA. Volte ao texto e complete o quadro abaixo, com os dois componentes básicos da argumentação: TESE e JUSTIFICATIVA.

TESE do autor sobre o uso de tecnologias digitais por adolescentes americanos

JUSTIFICATIVA - Argumentos

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6. Na composição da JUSTIFICATIVA para a defesa de uma TESE/POSIÇÃO, vários tipos de argumentos podem ser utilizados pelo emissor. Confira, no quadro a seguir, alguns tipos de argumentos. Posteriormente, você irá associá-los aos argumentos usados por Bauerlein, na defesa de sua tese sobre o uso de tecnologias digitais por adolescentes americanos.

Argumento por citação: faz referência a depoimentos, citações de pessoas respeitadas no assunto, retiradas de outras fontes.

Argumento por comprovação: faz referência a dados estatísticos; percentuais acompanham o argumento.

Argumentação por exemplificação: baseia-se em fatos concretos, não em impressões pessoais.

Preencha o quadro abaixo com exemplos para cada tipo de argumento citado acima:

EXEMPLOS DOS TIPOS DE ARGUMENTOS

a. Argumento por citação:

b. Argumento por comprovação:

c. Argumentação por exemplificação:

7. Na resenha, a repórter cita uma contraposição à tese de Mark Bauerlein.

A contraposição coloca-se na argumentação como uma oposição à uma posição/tese. Representa uma outra forma de visualizar a questão problema posta para o debate.

7.1. Identifique essa contraposição.

7.2. Identique a expressão linguística usada para introduzir essa contraposição

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8. Leia:

“A realidade das práticas na web”, escreve Bauerlein, “é só o que poderíamos esperar: expressões adolescentes e recreações adolescentes”.

A que as expressões em negrito se referem?

9. Leia no 2º parágrafo:

Palavra, expressão ou frase usada para qualificar pessoas, divindades, objetos.

“A razão para tal epíteto, ainda mais controversa, é explicitada no subtítulo: ‘Como a era digital embasbaca os jovens americanos e põe em risco o futuro.’”

Responda:

9.1. A que epíteto a repórter se refere?

9.2. A frase: “A razão para tal epíteto, ainda mais controversa, é explicitada no subtítulo (...)” poderia ter recebido uma outra ordenação das palavras na sua construção. Qual?

9.3. O adjetivo em negrito – controversa – está flexionado no feminino, singular. Explique essa flexão, considerando a relação de concordância nominal.

10. Mark Bauerlein procura se defender contra as reações à sua tese sobre o uso da internet pelos jovens americanos. Marque a letra que NÃO corresponde a defesas apresentadas pelo autor:

a) “Quanto ao “estúpido” do título, (...) é pura provocação.”b) “A discussão não é sobre as ferramentas da internet em si, mas sobre seu uso.”c) “O conceito de estúpido (...) não faz sentido se forem levados em conta aspectos

como habilidade de pensar criticamente e de fazer analogias.”d) “É sinal de que os jovens se importam, de que têm valores a defender.”

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11. Leia:

“Aos detratores, Bauerlein costuma responder com dados oficiais de órgãos como o Departamento de Educação americano e o Census Bureau.”

“Em resposta aos críticos, despeja uma porção de números da realidade norte-americana...”

As palavras destacadas acima apresentam sentido próximo, mas não podem ser substituídas uma pela outra, se quisermos manter a intenção de quem as escolheu. Que diferença de sentido a escolha de cada uma delas provoca?

TEXTO II

Você vai ler um artigo de opinião “Internet emburrece?”, de Gilberto Dimenstein, articulista da Folha de S.Paulo. Antes de iniciar a leitura, confira na caixa de texto, a definição do gênero artigo de opinião.

O artigo de opinião é um gênero de texto escrito, que circula usualmente na esfera jornalística: jornal, revista, e também na internet. É um texto assinado, por meio do qual o autor apresenta e defende uma opinião sobre determinada questão polêmica, buscando, sustentá-la, não só com base em impressões pessoais, mas em argumentos consistentes. O produtor de um artigo de opinião pode ser uma pessoa publicamente reconhecida, que tem autoridade para opinar sobre o tema, um repórter, um articulista, ou o editor de um jornal. Em razão dessa autoridade, os leitores interessam-se pela leitura de seus textos, como meio de formação de opinião.

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Internet emburrece?Gilberto Dimenstein

Disponível em: http://aprendiz.uol.com.br/content/nemijeueue.mmp

16 de junho de 2008.Gilberto Dimenstein, colunista e membro do Conselho Editorial da Folha de S.Paulo e comentarista da rádio CBN, é fundador da Associação Cidade Escola Aprendiz

Imagine 687 mil universitários ou recém-formados disputando 2.500 vagas de estágio e de programas de trainee. No caso das grandes empresas 3.000 candidatos disputam uma única vaga. Só para dar uma medida de comparação: é uma proporção 25 vezes maior do que a dos vestibulares das mais disputadas faculdades brasileiras.

O que você acha que ocorreu com tanta gente disputando tão poucos empregos? Pergunte a algumas das 57 empresas, entre as quais a Microsoft, a Natura, a Unilever, a Braskem e o ABN-Amro, que participaram da seleção. Não ocorreu o óbvio.

Responsável pela aplicação dos testes em 2007, a psicóloga Sofia Esteves constatou que algumas das empresas não preencheram vagas ou tiveram de se contentar com a repescagem, obrigadas a diminuir o nível de exigência. “Há uma distância crescente entre o perfil desejado pelas empresas e a qualidade dos universitários”, afirma.

Além das óbvias questões educacionais, relembradas na semana passada, com a divulgação de um índice de qualidade do ensino (Ideb), a psicóloga levanta mais uma hipótese: excesso de internet. Seria essa mais uma das retrógradas reações típicas de quem tem fobia tecnológica?

Sofia conta que alguns exames foram abrandados ou até eliminados. Numa prova de língua portuguesa, apenas um entre 1.800 candidatos foi aprovado. Decidiu-se, então, abolir esse requisito - o candidato passou a ser eliminado apenas quando comete, na redação, um erro do tipo escrever experiência com “ç”.

Na seleção, porém, a dificuldade tem sido menos a de escrever segundo as normas gramaticais (o que já é grave) do que a de expor criativamente uma ideia - um critério relevante porque as empresas querem funcionários capazes de enfrentar desafios com autonomia. E aí, na visão da psicóloga, entraria a ação nociva da internet.

É verdade que as redes digitais facilitaram, como nunca, o acesso a qualquer tipo de informação, mas também é fato que facilitaram a apropriação de reflexões dos outros. É sabido que muitos alunos, na hora de fazer as lições, montam uma colagem de textos encontrados na internet. “Estão perdendo o hábito de ler um livro inteiro e fazer um resumo.”

Pula-se velozmente de galho em galho digital, numa interatividade hiperativa. A hipótese é que, por isso, sairia prejudicada a busca de profundidade.

A combinação de excesso de informação com hiperatividade foi um dos fatores que motivaram Mark Bauerlein, professor da Universidade Emory, em Atlanta (EUA), a escrever um livro intitulado “A Mais Burra das Gerações: Como a Era Digital Está Emburrecendo os Jovens Americanos e Ameaçando Nosso Futuro”. Burrice seria, na sua visão, 52% dos adolescentes americanos terem respondido em uma prova que a Alemanha foi aliada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial.

Sua tese central é a de que as tecnologias digitais permitiram que os jovens passassem ainda mais horas do dia trocando informações com seus pares, mas, ao mesmo tempo, diminuiu o tempo de intermediação dos adultos nos processos de aprendizado.

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Diante daquela avalanche de dados em tempo real, ficaria então mais difícil para os jovens aprender a selecionar e expor o que é relevante no conhecimento; tudo isso acaba prejudicando a liderança e a capacidade de trabalhar em grupo.

A avalanche digital não teria maiores problemas se o jovem não fosse obrigado a buscar um emprego que exigisse criatividade e autonomia para solucionar desafios, o que requer, necessariamente, a capacidade de síntese e a habilidade de selecionar uma informação relevante. Justamente uma das razões, entre várias, para que aqueles 687 mil universitários brasileiros não conseguissem preencher 2.500 vagas.

PS: Como trabalho simultaneamente com comunicação e educação, tenho observado que, embora adore a abundância de informação, reverencie a possibilidade de escolhas e aprecie ainda mais a possibilidade de interagir - coisas que vieram mesmo para ficar (e é bom que fiquem) - o jovem se sente confuso e demanda cada vez mais a intermediação de gente em quem possa confiar para ajudar na seleção das informações. Ele vê com desconfiança os meios de comunicação tradicionais como a escola, por suspeitar que eles não conseguem traduzir o que é relevante para sua vida. Por esse ângulo, nós é que somos emburrecidos. Tanto a escola como o jornal do futuro vão estar assentados na solução desse desafio, ou vão ficar estacionados no passado.

ATIVIDADES DE LEITURA

1. De que forma o título do texto 1 se relaciona com o título do texto 2?

1.1. Ao longo do artigo de opinião, Gilberto Dimenstein aposta na capacidade do leitor de processar inferências com apoio em conhecimento de mundo, para construir sentido para o texto. Que inferências o leitor deverá produzir para construir sentido para as seguintes informações:

a) “Não ocorreu o óbvio”.

b) “Além das óbvias questões educacionais, relembradas na semana passada, com a divulgação de um índice de qualidade do ensino (Ideb), (...)”

Raciocínio, dedução, conclusão.

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2. Leia:

“Sofia conta que alguns exames foram abrandados ou até eliminados.”

Que mudanças foram feitas pelas empresas, para a repescagem dos candidatos às vagas de estágio e de programa de trainee?

3. Leia o 6º parágrafo abaixo:

“Na seleção, porém, a dificuldade tem sido menos a de escrever, segundo as normas gramaticais (o que já é grave), do que a de expor uma ideia (...) E aí, na visão da psicóloga, entraria a ação nociva da internet.”

Reescreva a informação do parágrafo acima, mantendo a relação de comparação entre as informações, sem alterar-lhe o sentido original.

4. Nenhum dos 687 mil candidatos (universitários ou recém formados) que disputaram 2500 vagas para estágios e programas de trainee obtiveram aprovação no exame. Responda:

4.1. Que hipóteses são apresentadas pela psicóloga Sofia Esteves para explicar tal resultado?

4.2. Qual dessas hipóteses é aproveitada para se transformar na TESE/POSIÇÃO a ser defendida no artigo?

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5. O artigo de opinião que você leu apresenta uma organização composicional diferente da resenha crítica de livro (Texto 1), embora ambos sejam de natureza argumentativa. Gilberto Dimenstein usa os seguintes componentes para organizar seu artigo:

ARTIGO DE OPINIÃO

CONTEXTUALIZAÇÃO (contexto no qual emerge a questão polêmica)

QUESTÃO POLÊMICA(possível de ser traduzida em forma de

pergunta e dá origem ao debate)

POSIÇÃO/TESE(posição adotada frente à questão polêmica)

JUSTIFICATIVA (argumentos e contra-argumentos)

CONCLUSÃO(síntese ou convite à reflexão)

Complete o quadro a seguir com cada um desses elementos, retirados do texto:

INTERNET EMBURRECE?

CONTEXTUALIZAÇÃO

QUESTÃO POLÊMICA

POSIÇÃO/TESE

JUSTIFICATIVA

ARGUMENTOS CONTRA-ARGUMENTO

CONCLUSÃO

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6. Esta atividade tem como objetivo fechar as discussões sobre o tema: uso da internet pelos jovens e seus efeitos, a partir de duas produções textuais: uma oral e/ou uma escrita.

a) PRODUÇÃO ORAL: escuta ativa

Você vai assistir a um vídeo, disponível no site http://www.youtube.com/watch?v=xbMcShNOWb0, que apresenta um debate promovido pela Rede Minas sobre o tema O impacto da internet na formação das novas gerações, motivado pela publicação do livro “The Dumbest Generation” (A geração mais estúpida), do autor Mark Bauerlein. Para acompanhar o vídeo:

leia, com atenção, o roteiro do debate;

esclareça suas dúvidas com o tutor, sobre o preenchimento do roteiro;

durante a exibição do debate, vá preenchendo os itens do roteiro;

solicite nova exibição, caso seja necessário;

cheque suas anotações com as do colega ao lado, trocando ideias, para uma revisão das respostas.

apresente, oralmente, com seu colega de dupla, o resultado de suas anotações.

Roteiro para a escuta ativa do debate:

Nome do debate:

Participantes convidados:

O que motivou o debate:

Questão polêmica apresentada pelo repórter aos participantes:

Posição do Professor:

Posição da Professora:

Conclusão:

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b) PRODUÇÃO ESCRITA: artigo de opinião

No início desta Oficina, antes mesmo da leitura do Texto 1, você e seus colegas participaram de um debate dirigido pelo tutor, sobre o tema polêmico: Internet emburrece? Unindo suas anotações com as informações dos Textos 1 e 2, você irá produzir, juntamente com seu colega, um pequeno artigo de opinião sobre esse tema polêmico.

Para orientar sua produção, alguns pontos já estudados por você devem ser observados:

imagine que o artigo de opinião será publicado em um jornal, que circula em seu bairro ou na sua comunidade;

considere quem serão os seus leitores, no momento da produção do artigo;

dê ao artigo uma organização própria do discurso argumentativo:

faça uma rápida contextualização que situe de onde surge a questão problema;

apresente sua posição frente à questão polêmica;

encontre argumentos e contra-argumentos para a defesa de sua posição;

conclua seu artigo retomando os pontos mais importantes, ou deixando uma reflexão para os leitores.

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artigo de opinião, anúncio publicitário e debate oral

OFICINA 2

Terezinha Barroso

O DISCURSOARGUMENTATIVO

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TEXTOS E ATIVIDADES DE LEITURA

Antecipando sentidos para os textos

Abaixo você lê apenas a manchete de uma notícia, retirada do site http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2010/04/estatua-do-cristo-amanhece-pichada.html. Vamos começar a aquecer nossas discussões, tomando essa manchete como foco.

Na cidade ou bairro onde você mora também há casos de pichações? Em que espaços essa manifestação mais ocorre?

Você já teve contato com alguém que tenha sido alvo desse tipo de manifestação? Qual foi a reação dessa pessoa?

Segundo o subtítulo da notícia, o fato foi tratado como crime – Polícias Civil e Federal investigam o caso. Você concorda com esse tratamento? Pichação é arte ou crime?

TEXTO I

O texto que você vai ler é um artigo de opinião, disponível no site http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=526591&page=3. Foi escrito por Edson Busch Machado, presidente da Fundação Cultural de Joinville (Santa Catarina).

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Manifestações desordenadas

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Continuo o obstinado defensor das intervenções artísticas urbanas, sonhando com uma Joinville repleta de gigantescas esculturas ao ar livre, em praças, ruas, parques e monumentos, com murais pintados ou gravados nas paredes nuas de minha cidade. Seria, no meu entender, a mais grata tradução da nossa vitalidade contemporânea e perenidade no campo das artes.

Ao mesmo tempo em que procuro configurar uma nova cartografia poética e artística com harmonia e equilíbrio para Joinville, as paisagens metropolitanas nos impõem uma visualidade às vezes ingrata, tirando das rupturas, dos conflitos, das contradições, a matéria-prima para as manifestações desordenadas do homem urbano.

O maior (e pior) exemplo é a pichação, este gesto pobre, insano, covarde, anônimo, chulo, invasor, infrator, violento. Não tem resultados estéticos, nunca teve, nem terá nada com a arte.

Não confundir com grafite, esta arte autêntica, jovem, libertária, transgressora, marginal, efêmera, cujo principal suporte - o muro - evoca as condições socioculturais deste fenômeno artístico vindo dos bas fond da América dos anos 80, através dos símbolos gráficos, elementos pictóricos e transcrições textuais.

Apaixonado pelo tema de que a arte pode estabelecer uma relação muito mais rica e direta com a cidade e com o caráter passageiro das multidões que sucumbem à velocidade do crescimento urbano, registrei muitos grafites - verdadeiros painéis do imaginário popular nas paredes cegas e estações de metrô de Nova York, Paris, Barcelona e Amsterdã.

Alguns desses artistas grafiteiros, distanciados da “arte culta” e que rejeitavam o sistema comercial, foram “descobertos” pelo mercado de arte e, hoje, o valor de suas obras chega a milhões de dólares. Paredes grafitadas de Jean-Michel Basquiat, Keith Häring, Kenny Scharf ilustram as coleções dos principais museus do mundo.

No Brasil, o etíope naturalizado Alex Vallauri é o mais conhecido. Na ilha de Cuba, o governo institucionalizou um estilo panfletário de grafite nada criativo com frases de efeito do tipo “Vivo em um país livre”, “Venceremos”, “Não há felicidade sem honra, sem pátria”.

Munido dessas reflexões, posso estabelecer a arte grafiteira como um dos mais expressivos espaços das experiências vividas nas cidades, sobretudo nas metrópoles, capaz de nos fazer reconhecer diante de uma realidade ainda um tanto enigmática.

(Imagens:http://www.google.com.br/images?q=grafitagem&oe=utf-8&rls=org.mozilla:pt-BR:official&client=firefox-a&um=1&ie=UTF-8&source=univ&ei=zWUWTODrF8H68AbJl-ydDA&sa=X&oi=image_

result_group&ct=title&resnum=1&ved=0CCsQsAQwAA)

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ATIVIDADES DE LEITURA

1. O artigo de opinião acima foi postado em site aberto a leitores, em geral, para a discussão de temas polêmicos. Uma pergunta é lançada aos leitores, que passam, então, a postar pequenos artigos, expressando sua opinião. Nesse caso, a seguinte questão polêmica foi postada: Qual deveria ser a punição para os pichadores? Considerando essas informações, responda:

1.1. A pergunta, da forma como foi formulada, já traz embutida uma tese sobre a questão polêmica. Qual?

1.2. Que alterações poderiam ser feitas na formulação da pergunta, caso quiséssemos apagar esse posicionamento?

1.3. O autor do artigo Edson Bush Machado responde exatamente à pergunta feita no site?

2. O título do artigo é Manifestações desordenadas. O parágrafo que melhor se relaciona com o título é o:

a) 1º §. b) 2º §.c) 3º §.d) 8º §.

3. Para reforçar sua posição contrária às atitudes dos pichadores, o autor usa de argumento por comparação.

Pelo uso do argumento de comparação, o emissor avalia um objeto por meio de outro, pondo em confronto realidades diferentes para avaliar uma em relação à outra.

Explique o uso desse tipo de argumento no texto:

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4. Observe o 3º e 4º parágrafos, que reproduzimos abaixo:

“O maior (e pior) exemplo é a pichação, este gesto pobre, insano, covarde, anônimo, chulo, invasor, infrator, violento. Não tem resultados estéticos, nunca teve, nem terá nada com a arte.

Não confundir com grafite, esta arte autêntica, jovem, libertária, transgressora, marginal, efêmera, cujo principal suporte - o muro - evoca as condições socioculturais deste fenômeno artístico vindo dos bas fond da América dos anos 80, através dos símbolos gráficos, elementos pictóricos e transcrições textuais.”

O autor faz uma comparação entre pichação e grafite, caracterizando a primeira como manifestação desordenada, que nada têm de arte ou de valor estético, e exaltando, em seguida, a qualidade artística do último. O argumento por comparação, usado pelo autor nesse caso, é reforçado, ainda, pelo uso específico de um recurso linguístico e discursivo.

4.1. Preste atenção aos negritos nos parágrafos acima, para descobrir qual recurso foi usado pelo autor.

4.2. Outra estratégia linguística e discursiva presente no artigo, para marcar a força argumentativa, é o uso reiterado, numa mesma frase, do verbo ter, flexionado em tempos verbais diferentes, e do advérbio de negação. Procure no texto essa ocorrência.

4.3. Que efeito de sentido o uso do verbo ter, flexionado nos três tempos verbais do indicativo pode provocar no leitor?

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5. Veja como o autor organizou seu texto para apresentar ao leitor sua opinião. Preencha as colunas 2 e 3, de acordo com a 1ª coluna:

Síntese do conteúdo informacional dos componentes da argumentação

Componentes da argumentação

Localização dos componentes no texto

(parágrafos)

Partindo de sua experiência como morador de Joinville, o autor se diz defensor das intervenções artísticas urbanas, e descreve como sonha ver sua cidade.

1º§, 2º§ (1ª parte: até “...Joinville,”)

O autor define que pichação é uma forma negativa de manifestação visual urbana, que reflete, de forma inadequada, os conflitos, emoções e sentimentos do homem urbano.

JUSTIFICATIVA

O autor descreve e compara duas formas de manifestação visual urbana: a pichação e a grafitagem.

Argumento por comparação

O autor dá exemplos de metrópoles, onde o grafite tem grande representação e de grafiteiros consagrados, com obras expostas nos principais museus do mundo.

Com base em suas reflexões, o autor reafirma a importância do grafite, como manifestação artística urbana capaz de expressar nossas inquietações.

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6. Leia:

“Ao mesmo tempo que procuro configurar uma nova cartografia poética e artística com harmonia e equilíbrio para Joinville,...” (2º §)

6.1. A palavra cartografia traz a ideia de mapa, mapeamento. Ao usar a expressão em negrito no fragmento destacado acima, o autor imagina sua cidade, como se fosse representada por um mapa que atribuísse a ela uma aparência nova, harmoniosa e equilibrada. Retire do texto exemplos.

6.2. Retire do texto expressões que se contrapõem a essa forma ideal de o autor imaginar a sua cidade de Joinville.

7. Aprendemos, na Oficina anterior, que o gênero não tem uma forma fixa, que se repete sempre, mas que sua realização está aberta a mudanças para atender a situações específicas. Este artigo de opinião apresenta uma característica diferente dos artigos de opinião estudados na oficina anterior (Internet e seus efeitos sobre os adolescentes). Enquanto nos artigos daquela oficina, o autor apresentava a opinião na 3ª. pessoa do discurso, neste é usada a 1ª pessoa.

7.1. Retire do texto exemplos que ilustrem o uso da 1ª pessoa do discurso:

7.2. Que fatores podem ter interferido na decisão do autor pela 1ª pessoa do discurso.

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8. Leia:

“O maior (e pior) exemplo é a pichação, este gesto pobre, insano, covarde, anônimo, chulo, invasor, infrator, violento.”

Tomando como referência os adjetivos usados para caracterizar pichação, complete as frases abaixo, fazendo uso dos operadores argumentativos, indicados entre os parênteses.

Operadores argumentativos: são conectores que têm a função de orientar a argumentação, introduzindo explicação, justificativa, conclusão, argumentos contrários, apresentando comparações, etc. Alguns exemplos: porque, que, já que, pois, portanto, logo, por conseguinte, em decorrência, consequentemente..., mais que, menos que, tão ...como, embora, ainda que, posto que, apesar de (que), etc.

a) anônimo e invasor: Os pichadores são invasores anônimos da propriedade alheia,

(por esse motivo)

b) infrator: Atualmente o número de prédios, monumentos e muros pichados tem crescido nas grandes metrópoles.

(em decorrência disso)

c) insano: Pichar prédios altos, quase inatingíveis, é, sem dúvida, um ato insano,

(posto que)

9. Leia:

“...as condições socioculturais deste fenômeno artístico vindo dos bas fond da América dos anos 80.”

A expressão em itálico é de origem francesa, mas mesmo não dominando essa língua, o leitor poderá inferir seu significado pelo contexto. Confira os significados para a expressão, retirados de um dicionário de língua francesa:

bas-fond [bafÕ] sm1 parte do fundo do mar ou de um rio onde a água é pouco profunda, mas onde a navegação é praticável. 2 terreno baixo. 3 vão, fundo, ravina. 4 bas-fonds pl fig camadas miseráveis e moralmente degradadas da sociedade

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Responda:

9.1. Que expressão em português poderia substituir a expressão francesa?

9.2. Leia:

bas-fond [bafÕ] sm

Para que serve a informação entre colchetes, na entrada do verbete?

TEXTO II

Você vai ler a seguir um anúncio publicitário, retirado do site http://www.renovogen.com/brasil/files/renovogen_picha%C3%A7%C3%B5es.pdf. Antes de iniciar a leitura, confira na caixa de texto, a definição do gênero anúncio publicitário.

O anúncio publicitário, ou propaganda, é um gênero de texto de natureza argumentativa, cujo objetivo é vender um produto ou serviço, uma ideia ou a imagem de uma empresa ou instituição. Tendo como suporte de circulação diferentes mídias, o anúncio é usualmente produzido por agências publicitárias, contratadas por empresas, governos e/ou instituições. Características desse gênero de texto são a interação e a sintonia existentes entre a linguagem verbal e não- verbal, tomadas como forma de potencializar o efeito dos argumentos. Embora flexível, a organização composicional de um anúncio pode apresentar: texto, imagem, título, logotipo e slogan.

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ATIVIDADES DE LEITURA

1. Marque a resposta correta: Que produto é anunciado?

a) Tinta à prova de pichações.b) Solvente, capaz de retirar pichações de superfícies.c) Orçamento gratuito de serviço de limpeza. d) Lista de material de construção.

2. Que empresa anuncia o produto? Onde a empresa se localiza?

3. Qual o público-alvo desta propaganda?

4. Leia a definição de slogan:

No anúncio, o slogan é uma frase usada como uma identificação do produto, ideia ou serviço anunciado. De fácil memorização, o slogan destaca atributos, vantagens que justificam a adesão por parte do consumidor.

4.1. Identifique o slogan no anúncio:

4.2. Na criação do slogan, verbos indicam as vantagens do uso do produto anunciado. Que tempo verbal foi usado para esses verbos? Que efeito essa escolha pode provocar no consumidor?

5. Releia o texto principal do anúncio, centrado na página. Que tempo verbal foi escolhido pela empresa de publicidade para elaborar esse texto? Por quê?

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6. Um dos componentes importantes de um anúncio é a imagem, que tem peso argumentativo na intenção de convencer o consumidor. Observe que, neste anúncio, a imagem antecede o texto.

6.1. Descreva a imagem principal do anúncio.

6.2. De que forma a imagem usada antecipa informações do texto no anúncio?

6.3. Observando a composição da ilustração do anúncio, é possível estabelecer uma relação de causa e consequência, pela comparação entre as imagens usadas. Essa estratégia pode ser entendida como argumento para convencer o consumidor sobre a utilidade do produto. Explicite essa relação em um pequeno parágrafo.

7. No anúncio, o consumidor pode ser conquistado através de convencimento ou de persuasão. Leia sobre essas duas formas de se conseguir a adesão do outro, no quadro ao lado.

Em linhas gerais, o convencimento se dá por meio de demonstração, com base no raciocínio lógico, por meio de provas evidentes. Já a persuasão se dá por meio de provas que se apoiam na subjetividade, na emoção, e estão ligadas ao que pode vir a ser. Assim, enquanto na ação de convencer buscamos reforçar nossa argumentação com base em argumentos por citação, por comprovação, na ação de persuadir pela linguagem, nos apoiamos mais em argumentos por experiência pessoal, de senso comum.

Agora, releia atentamente o texto do anúncio para marcar a resposta correta. Pode-se perceber a intenção de se persuadir o consumidor no seguinte argumento:

a) A Renovogen utiliza a tecnologia mais segura e eficiente para a remoção de pichações do mundo.

b) A Renovogen tem a solução para a remoção de pichações para você.c) A Renovogen oferece uma lista de itens, sobre os quais o produto pode ser

usado com sucesso. d) A Renovogen enumera uma lista de características do produto.

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8. O anúncio da Renovogen apresenta, como argumentos, dois tipos de vantagens para a compra e uso de seu produto. Uma vantagem ligada a compromissos sociais e ecológicos e outra ligada à praticidade do produto. Volte ao texto e encontre exemplos para cada tipo de vantagem para completar o quadro:

Compromissos sociais e ecológicos Praticidade do produto

9. Esta atividade tem como objetivo fechar as discussões sobre o tema: Pichação é arte ou crime? a partir de duas produções textuais: uma escrita e/ou uma oral.

PRODUÇÃO ESCRITA

a) Leia a enquete abaixo, sobre a opinião de leitores de um site frente à pergunta: Para você pichação é arte ou crime?

1. Pichação é crime.Destrói e envenena a cidade, é um malefício que rebaixa e degrada a qualidade de vida da grandes cidades.Não passa de uma maldita competição para ver quem picha no lugar mais alto, difícil ou complicado.Pichadores são como turbas de gafanhotos: espalham destruição e feiura por onde passam. (...)...

2. Olha, eu discordo. Tem muitas outras poluições visuais que não são criticadas. Exemplo: outdoors com campanhas que vc não participa e não concorda, cartazes de políticos nos quais vc não vota e por ai vai. Não me importo com a pichação, porque ela representa o silêncio de uma minoria ignorada.

A seguir, está um espaço, disponibilizado para você incluir seu comentário sobre a questão. Após as leituras que fez nesta Oficina, você poderá se posicionar com segurança. Complete os itens com as informações solicitadas.

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Sugerimos que os alunos leiam para a turma sua posição frente à questão.

b) PRODUÇÃO ORAL: Escuta Ativa

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CONHECENDO A LITERATURA BRASILEIRA DO SÉCULO XVII

o Barroco e Gregório de Matos

OFICINA 3

Begma Tavares Barbosa

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TEXTOS E ATIVIDADES DE LEITURA

Atividade oral

TEXTO I

Leia atentamente a letra dessa bela composição de Caetano Veloso. Em seguida você vai conversar sobre esse texto com seu grupo.

O QuereresCaetano Veloso

Onde queres revólver, sou coqueiroE onde queres dinheiro, sou paixãoOnde queres descanso, sou desejoE onde sou só desejo, queres nãoE onde não queres nada, nada faltaE onde voas bem alto, eu sou o chãoE onde pisas o chão, minha alma saltaE ganha liberdade na amplidão

Onde queres família, sou malucoE onde queres romântico, burguêsOnde queres Leblon, sou PernambucoE onde queres eunuco, garanhãoOnde queres o sim e o não, talvezE onde vês, eu não vislumbro razãoOnde o queres o lobo, eu sou o irmãoE onde queres cowboy, eu sou chinês

Ah! Bruta flor do quererAh! Bruta flor, bruta flor

Onde queres o ato, eu sou o espíritoE onde queres ternura, eu sou tesãoOnde queres o livre, decassílaboE onde buscas o anjo, sou mulherOnde queres prazer, sou o que dóiE onde queres tortura, mansidãoOnde queres um lar, revoluçãoE onde queres bandido, sou herói

Eu queria querer-te amar o amorConstruir-nos dulcíssima prisãoEncontrar a mais justa adequaçãoTudo métrica e rima e nunca dorMas a vida é real e de viésE vê só que cilada o amor me armouEu te quero (e não queres) como souNão te quero (e não queres) como és

Ah! Bruta flor do quererAh! Bruta flor, bruta flor

Onde queres comício, flipper-vídeoE onde queres romance, rock’n rollOnde queres a lua, eu sou o solE onde a pura natura, o inseticídioOnde queres mistério, eu sou a luzE onde queres um canto, o mundo inteiroOnde queres quaresma, fevereiroE onde queres coqueiro, eu sou obus

O quereres e o estares sempre a fimDo que em mim é de mim tão desigualFaz-me querer-te bem, querer-te malBem a ti, mal ao quereres assimInfinitivamente pessoalE eu querendo querer-te sem ter fimE, querendo-te, aprender o totalDo querer que há e do que não há em mim

Vamos conhecer agora um grande poeta da literatura brasileira: Gregório de Matos Guerra, que é considerado por muitos nosso primeiro grande poeta.

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Gregório de Matos nasceu em Salvador, em 1633. Estudou no Colégio dos Jesuítas, na Bahia, e na Universidade de Coimbra, em Lisboa, Portugal, onde exerceu cargos de magistratura. Voltou ao Brasil por volta de 1681, vivendo na cidade da Bahia. Gregório escreveu belos poemas líricos em que falou do amor, da morte, das desilusões da vida, dos conflitos humanos. Escreveu também poesia religiosa e poesia satírica. Ficou conhecido como o “Boca do Inferno”, pelos poemas em que criticou e debochou dos costumes do povo de todas as classes sociais baianas. O poeta morreu no ano de 1696, na cidade do Recife, para onde mudou-se por conta das perseguições sofridas.

TEXTO II

Anjo no nome, Angélica na cara

Gregório de Matos

Anjo no nome, Angélica na cara Isso é ser flor, e Anjo juntamente Ser Angélica flor, e Anjo florente Em quem, se não em vós se uniformara?

Quem veria uma flor, que a não cortara De verde pé, de rama florescente? E quem um Anjo vira tão luzente Que por seu Deus, o não idolatrara?

Se como Anjo sois dos meus altares Fôreis o meu custódio, e minha guarda Livrara eu de diabólicos azares

Mas vejo, que tão bela, e tão galharda Posto que os Anjos nunca dão pesares Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda

Conheça o significado de algumas palavras:

Florente - brilhante

Idolatrar - adorar

Custódio - aquele que guarda, anjo da guarda

Galhardia - elegância

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ATIVIDADES DE LEITURA

Para melhor compreender o poema de Gregório de Matos, resolva as questões abaixo:

1. O eu-poético fala de uma mulher, Angélica, que para ele é, ao mesmo tempo, Anjo e Flor. Em que versos podemos observar isso?

2. Releia atentamente a segunda estrofe do poema e responda:

2.1. Sendo Flor, o que Angélica provoca no eu-poético?

2.2. Sendo Anjo, o que Angélica provoca no eu-poético?

3. Leia atentamente:

ANTÍTESE - Figura pela qual se salienta a oposição entre duas palavras ou ideias. Exemplo de antíteses: liberdade x escravidão; preto x branco; alegria x tristeza.

Explique por que podemos considerar que as palavras Anjo e Flor, no poema de Gregório de Matos, formam uma antítese.

4. Releia, agora, as duas últimas estrofes do poema.

4.1. Explique a presença do conector “mas” unindo essas duas estrofes.

4.2. Pode-se dizer que o eu-poético vive um conflito?

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5. Vamos observar agora o trabalho que o poeta faz com as palavras na primeira estrofe desse poema: para caracterizar Angélica, o poeta “joga” com as palavras ANJO E FLOR. Que expressões mostram isso?

6. Considere o verbete abaixo:

Paradoxo(cs) [Do gr. parádoxon, pelo lat. paradoxon.]Substantivo masculino. 1.Conceito que é ou parece contrário ao comum; contra-senso, absurdo, disparate:2.Contradição, pelo menos na aparência:3.Figura (15) em que uma afirmação aparentemente contraditória é, no entanto, verdadeira.

Dicionário Aurélio – Versão digital

Destacamos abaixo um verso de Gregório de Matos e outro de Caetano Veloso. Que paradoxos há nesses versos? Explique sua resposta.

a) “Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda”

b) “Ah! Bruta flor do querer”

COMPARANDO OS TEXTOS

Compare os textos de Caetano Veloso e Gregório de Matos. Que semelhanças você observa entre eles:

Em relação aos recursos de linguagem utilizados?

Em relação ao tema?

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GREGÓRIO DE MATOS E O BARROCO

O poema de Gregório de Matos que você leu é um belo exemplar do que chamamos POESIA BARROCA. O Barroco costuma ser definido como a estética do conflito, do contraste (expressos, muitas vezes, pelas antíteses e pelos paradoxos), do dinâmico, da opulência das formas, do monumental. Esses traços podem ser claramente observados na arquitetura das igrejas barrocas e nas suas esculturas e pinturas. Contrário à simetria e ao equilíbrio do Classicismo, o Barroco apela ao emocional e ao dramático. A arte barroca foi, sem dúvida, movida pela inspiração religiosa, mas, ao mesmo tempo, expressou o conflito do homem dividido entre a glória espiritual e o desejo carnal, entre a razão e a fé. O Barroco floresceu no Brasil dando destaque a grandes obras e artistas: as pinturas de mestre Ataíde, as esculturas de Aleijadinho, os sermões de Pe Antônio Vieira e a poesia de Gregório de Matos.

Observe bem as imagens abaixo. As imagens da esquerda representam a estética barroca, na escultura e na arquitetura. Compare as esculturas e as imagens das igrejas. Que diferenças você observa entre elas? Que elementos do Barroco podem ser observados nas obras de arte expostas?

Igreja de São Francisco de Assis – Ouro Preto

Igreja de São Francisco de AssisPampulha – Belo Horizonte

Igreja da Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência

Morro de Santo Antônio – Rio de JaneiroInterior da Igreja de São Francisco de Assis

Pampulha – Belo Horizonte

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APROFUNDANDO NOSSO CONHECIMENTO SOBRE O BARROCO E SOBRE A POESIA DE GREGÓRIO DE MATOS

Além de poesia lírico-amorosa, Gregório de Matos também escreveu poesia religiosa. Conforme vimos, o Barroco é uma estética de forte inspiração religiosa. O poema que você vai ler abaixo é um exemplo dessa poesia. O título do poema faz referência a um outro poema que antecede, na Obra Poética de Gregório, o que vamos ler, cujo título é “A Cristo Nosso Senhor crucificado estando o poeta na última hora de sua vida”. Tente construir sua compreensão do poema. Consulte o quadro abaixo para saber o significado de algumas palavras, afinal esse texto foi escrito no século XVII, o que torna sua leitura mais difícil.

TEXTO III

Gregório de Matos

Ao Mesmo Assumpto e na Mesma Occasião

Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,Da vossa alta clemência me despido,Porque quanto mais tenho delinquido,Vos tenho a perdoar mais empenhado.

Se basta a vos irar tanto pecado,A abrandar-vos sobeja um só gemido:Que a mesma culpa, que vos há ofendido,Vos tem para o perdão lisonjeado.

Se uma ovelha perdida e já cobradaGlória tal e prazer tão repentinoVos deu, como afirmais na sacra história:

Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,Cobrai-a; e não queirais, pastor divino,Perder na vossa ovelha a vossa glória.

Conheça o significado de algumas palavras:

Despido - despeço

Clemência - bondade, disposição para perdoar

Delinquir - cometer uma falta, um delito

Abrandar - tornar brando, amolecer, suavizar

Sobejar - sobrar, bastar

Lisonjear - louvar

Desgarrar - desviar-se, perder-se, afastar-se

Cobrar - recuperar

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ATIVIDADES DE LEITURA

1. No texto, o eu-poético confessa-se um pecador. Em que versos essa confissão está expressa?

2. Observe que, para ganhar o perdão de Deus, o poeta utiliza argumentos fortes. Reconheça esses argumentos no texto.

3. O texto de Gregório de Matos dialoga com o texto bíblico, recuperando a história da ovelha perdida.

3.1. Que pista textual confirma o diálogo entre os textos?

3.2. Que efeito esse recurso produz no texto?

Um tema bastante presente na poesia barroca é o tema da finitude humana e da fragilidade da vida, temas nos quais pouco pensamos quando somos jovens. Vale a pena ler o poema abaixo. Ele ilustra essa temática.

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TEXTO IV

Gregório de Matos

Desenganos da vida humana, metaforicamente

É a vaidade, Fábio, nesta vida, Rosa, que da manhã lisonjeada, Púrpuras mil, com ambição dourada, Airosa rompe, arrasta presumida.

É planta, que de abril favorecida, Por mares de soberba desatada, Florida galeota empavesada, Sulca ufana, navega destemida.

É nau enfim, que em breve ligeireza Com presunção de Fênix generosa, Galhardias apresta, alentos preza:

Mas ser planta, ser rosa, nau vistosa De que importa, se aguarda sem defesa Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa?

Conheça agora um exemplar da poesia satírica de Gregório de Matos.

TEXTO V

Gregório de Matos

Descreve o que era realmente naquelle tempo a cidade da Bahia

A cada canto um grande conselheiro,Que nos quer governar cabana, e vinha,Não sabem governar sua cozinha,E podem governar o mundo inteiro.

Em cada porta um frequentado olheiro,Que a vida do vizinho, e da vizinhaPesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha,Para a levar à Praça, e ao Terreiro.

Muitos Mulatos desavergonhados,Trazidos pelos pés os homens nobres,Posta nas palmas toda a picardia.

Estupendas usuras nos mercados,Todos, os que não furtam, muito pobres,E eis aqui a cidade da Bahia.

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Temos aqui um dos retratos que Gregório de Matos faz da sociedade baiana do século XVII. O que ele critica nessa sociedade?

APROFUNDE SEU CONHECIMENTO SOBRE O BARROCO E SOBRE A POESIA DE GREGÓRIO DE MATOS, ACESSANDO A PLATAFORMA “ENTRE JOVENS”. LÁ, VOCÊ ENCONTRARÁ OUTROS TEXTOS COMENTADOS.

QUESTÕES OBJETIVAS

Leia mais um poema de Gregório de Matos para resolver as questões abaixo.

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, Depois da Luz se segue a noite escura, Em tristes sombras morre a formosura, Em contínuas tristezas a alegria.

Porém se acaba o Sol, por que nascia? Se é tão formosa a Luz é, por que não dura? Como a beleza assim se transfigura? Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza, Na formosura não se dê constância, E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo, enfim, pela ignorância, E tem qualquer dos bens por natureza A firmeza somente na inconstância.

1. O assunto desse poema é:

a) a consciência da finitude das coisas.b) a consciência da solidão humana.c) a exaltação da beleza da natureza.d) a confiança na vitória da alegria sobre a tristeza.e) a crítica à presunção e à vaidade humana.

2. O verso que contém uma antítese é:

a) “Nasce o sol e não dura mais que um dia”.b) “Em tristes sombras morre a formosura”.c) “Como a beleza assim se transfigura?”d) “Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza”.e) “E na alegria sinta-se tristeza.”

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3. No poema de Gregório de Matos, a presença de inúmeras antíteses reforça:

a) O conflito entre o bem e o mal.b) O conflito entre o amor físico e espiritual.c) O desejo do poeta de que as coisas se modifiquem. d) A afirmação da inconstância de tudo.e) As dúvidas do poeta a respeito da morte.

4. No verso “Como a beleza assim se transfigura?”, o verbo “transfigurar” significa:

a) Iluminarb) Realçarc) Modificard) Findare) Superar

5. Há um paradoxo no seguinte verso:

a) “Depois da Luz se segue a noite escura”.b) “Em tristes sombras morre a formosura”.c) “Se é tão formosa a Luz é, por que não dura?”.d) “Na formosura não se dê constância”.e) “A firmeza somente na inconstância”.

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CONHECENDO A LITERATURA BRASILEIRA DO SÉCULO XVIII

o poeta árcade Tomás Antônio Gonzaga

OFICINA 4

Marilda Clareth Bispo de Oliveira

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TEXTOS E ATIVIDADES DE LEITURA

Você vai ler alguns fragmentos do poema satírico “Cartas Chilenas”, escrito por Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810), um dos poetas árcades envolvidos na Inconfidência Mineira, em 1792. De forma irônica, o autor descreve o contexto sócio-político e cultural da época, desvelando a situação de opressão predominante na época. O texto “Cartas Chilenas”, de Tomás Antônio Gonzaga, é composto por 13 cartas. Você vai ler alguns fragmentos da 3ª e da 4ª carta para responder às questões propostas.

TEXTO I

Carta 3ª

E sabes, Doroteu, quem edifica Esta grande cadeia? Não, não sabes.Pois ouve, que eu t’o digo: um pobre chefe Que, na corte, habitou em umas casas Em que já nem abriam as janelas. E sabes para quem? Também não sabes. Pois eu também t’o digo: para uns negrosQue vivem (quando muito) em vis cabanas, Fugidos dos senhores, lá nos matos. ..........................................................

Para haver de suprir o nosso chefe Das obras meditadas as despesas, Consome do senado os rendimentos E passa a maltratar ao triste povo,Com estas nunca usadas violências: Quer cópia de forçados que trabalhem Sem outro algum jornal, mais que [o sustento E manda a um bom cabo que lhe traga A quantos quilombotas se apanharemEm duras gargalheiras. Voa o cabo, Agarra a um e outro e num instante Enche a cadeia de alentados negros. Não se contenta o cabo com trazer-lhe Os negros que têm culpas, prende e mandaTambém, nas grandes levas, os escravos Que não têm mais delitos que fugirem Às fomes e aos castigos, que padecem No poder de senhores desumanos.

Ao bando dos cativos se acrescentamMuitos pretos já livres e outros homens Da raça do país e da européia Que, diz ao grande chefe, são vadios Que perturbam dos povos o sossego. Não há, meu Doroteu, quem não se moldeAos gestos e aos costumes dos maiores. Brincando, os inocentes os imitam, Se as tropas se exercitam, eles fingem As hórridas batalhas. Se se fazem Devotas procissões, também carregamAos ombros os andores e as charolas. Os mesmos magistrados se revestem Do gênio e das paixões de quem governa. Se o rei é piedoso, são benignos Os severos ministros, se é tiranoMostram os pios corações de feras. Por isso, Doroteu, um chefe indigno É muito e muito mau, porque ele pode A virtude estragar de um vasto império. Os nossos comandantes, que conhecemA vontade do chefe, também, querem Imitar deste cabo o ardente zelo. Enviam para as pedras os vadios Que, na forma das ordens, mandar [devemHabitar em desterro novas terras.

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Conheça o significado de algumas palavras:

Vil - que tem pouco valor, mesquinho, miserável, insignificante, desprezível, infame.

Forçados - condenados a trabalhos forçados.

Jornal - salário por um dia de trabalho.

Quilombota - (quilombola)- designação comum aos escravos refugiados em quilombos; negros ou descendentes de escravos negros fugitivos das propriedades de seus senhores, seus proprietários.

Gargalheira - coleira com que prendiam os escravos; algema.

Hórridas - horrendas.

Charola - andor em forma de oratório, usado em procissões.

ATIVIDADES DE LEITURA

1. Com quem o sujeito lírico fala, neste fragmento? Justifique a sua resposta.

2. No fragmento, a construção de uma cadeia ou prisão é mencionada. Quem edifica e para quem era essa cadeia?

3. Que violências sofridas pelo povo o poema denuncia?

4. Releia os versos:

“Não há, meu Doroteu, quem não se molde

Aos gestos e aos costumes dos maiores.

Brincando, os inocentes os imitam...”

Agora responda:

4.1. A que se referem os termos em destaque:

a) Os inocentes-

b) O pronome oblíquo “os”-

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4.2. Os inocentes imitam o quê?

5. Considerando o que você leu e compreendeu até agora, apresente o assunto ou o tema do fragmento do poema Cartas Chilenas.

6. Tomás Antônio Gonzaga é um poeta do movimento literário Arcadismo ou Neoclassicismo. Considerando as informações sobre o autor Tomás Antônio Gonzaga, as pistas linguísticas presentes no fragmento lido e seus conhecimentos de História e Literatura Brasileira, identifique:

6.1. A época em que se inscreve a Escola Literária Arcadismo.

6.2. Um fato histórico que marca o contexto sócio-cultural da época em que se inscreve o movimento literário Arcadismo ou Neoclassicismo.

7. Podemos afirmar que o Arcadismo ou Neoclassicismo:

a) Caracteriza-se como um movimento literário da Idade Média, influenciado pela imitação de escritores gregos.

b) Manteve os valores da sociedade feudal, apesar de valorizar a liberdade de expressão.

c) Surge a partir das ideias iluministas que valorizam o absolutismo, isto é, o poder absoluto dos reis.

d) Pode ser visto como uma expressão artística da burguesia, que é um novo público a que se destinam as expressões literárias.

e) Ocorreu, no Brasil, apenas nas artes literárias, com objetivos especificamente líricos e nenhuma preocupação político social.

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TEXTO II

Leia, agora, mais um fragmento do texto “Cartas Chilenas” e responda às questões propostas.

Carta 4ªEm que se continua a mesma matéria

Maldito, Doroteu, maldito seja O vício de um poeta, que, tomando Entre dentes alguém, enquanto encontra Matéria em que discorra, não descansa.Agora, Doroteu, mandou dizer-me O nosso amigo Alceu, que me embrulhasse No pardo casacão, ou no capote

E que, pondo o casquete na cabeça, Fosse ao sítio Covão, jantar com ele.Eu bem sei, Doroteu, que tinha sopa Com ave e com presunto, sei que tinha De mamota vitela um gordo quarto, Que tinha fricassés, que tinha massas, Bom vinho de Canárias, finos docesE, de mimosas frutas, muitos pratos. Porém que importa, amigo, perdi tudo Só para te escrever mais uma carta. Maldito, Doroteu, maldito seja O vício de um poeta, pois o privaDe encher o seu bandulho, pelo gosto De fazer quatro versos, que bem podem Ganhar-lhe uma maçada, que só serv e De dano ao corpo, sem proveito d’alma. A carta, Doroteu, a longa cartaQue descreve a cadeia, finaliza No ponto de que os presos se remetem Ao severo tenente, que preside, Como sábio inspetor, às grandes obras. Agora prossigamos nesta históriaE demos-lhe o principio, por tirarmos Ao famoso inspetor, ao grão tenente, Com cores delicadas, uma cópia. É de marca maior que a mediana, Mas não passa a gigante, tem uns ombrosQue o pescoço algum tanto lhe sufocam. O seu cachaço é gordo, o ventre inchado, A cara circular, os olhos fundos, De gênio soberbão, grosseiro trato, Assopra de contínuo e fala muito.Preza-se de fidalgo e não se lembra Que seu pai foi um pobre, que vivia De cobrar dos contratos os dinheiros,

De que ficou devendo grandes somas, Sinal de que ele foi um bom velhaco.O filho, Doroteu, tomou-lhe as manhas: Era um triste pingante, que só tinha O seu pequeno soldo, agora veio Para inspetor das obras e já ronca, Já empresta dinheiros, já tem casas,Já tem trastes de custo e ricos móveis, Mas logo, Doroteu, verás o como. Mal o duro inspetor recebe os presos Vão todos para as obras; alguns abrem Os fundos alicerces, outros quebram,Com ferros e com fogo, as pedras grossas. Aqui, prezado amigo, não se atende Às forças nem aos anos. Mão robusta De atrevido soldado move o relho, Que a todos, igualmente, faz ligeiros.Aqui se não concede de descanso Aquele mesmo dia, o grande dia Em que Deus descansou e em que nos [manda Façamos obras santas, sem que demos, Aos jumentos e bois, algum trabalho.Tu sabes, Doroteu, que um tal serviço Por uma civil morte se reputa. Que peito, Doroteu, que duro peito Não deve ter um chefe, que atormenta A tantos inocentes por capricho?Que se arrisque o vassalo na campanha, É uma digna ação que a pátria exige, Nem este grande risco nos estraga O pundonor, que vale mais que a vida; Antes nos abre as portas, para entrarmosNos templos do heroísmo. Sim, nós temos, Nós temos mil exemplos. Muitos, muitos Que, há séculos, morreram pela pátria, Na memória dos homens inda vivem. Mas arriscar vassalos inocentesÀs pedras que se soltam dos guindastesE aos montes de piçarra que desabamNos fundos alicerces, sem vencerem,Nem como jornaleiros tênue paga ...

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Conheça o significado de algumas palavras:

Mamota - novilha, bezerro grande

Bandulho - barriga; pança.(Var.: pandulho.)

Pingante - indivíduo muito pobre, miserável, pobretão.

Soldo - quantia paga mensalmente pelo governo a militares.

Trastes - móveis caseiros.

Reputar - considerar, julgar.

Piçarra - cascalho, terra misturada com areia e pedra.

Jornaleiros - operários a quem se paga um jornal.

Jornal - salário por um dia de trabalho.

ATIVIDADES DE LEITURA

Agora que você já leu o fragmento da 4ª carta Chilena de Tomás Antônio Gonzaga, procure responder às questões abaixo:

1. Considerando a leitura dos primeiros versos do poema, escreva como o poeta é visto pelo sujeito lírico. Justifique a sua resposta.

2. Em poucas palavras, indique o assunto desta carta.

3. Quem são os personagens citados no poema?

4. Como o tenente é descrito? Por quê?

5. Descreva o tratamento dispensado aos presos, na cadeia.

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6. Assinale a opção em que é usado o recurso da inversão.

a) “A carta, Doroteu, a longa carta/que descreve a cadeia, finaliza/ no ponto de que os presos se remetem/ao severo tenente...”.

b) “O filho, Doroteu, tomou-lhe as manhas/era um triste pingante, que só tinha/o seu pequeno soldo, agora veio/para inspetor de obras...”.

c) “Aqui não se concede descanso/aquele que Deus descansou e em que nos manda/ façamos obras santas, sem que demos...”.

d) “Que peito, Doroteu, que duro peito/não deve ter um chefe, que atormenta/ a tantos inocentes por capricho?”.

e) “Agora, Doroteu, mandou dizer-me/o nosso amigo Alceu, que me embrulhasse/no pardo casacão, ou no capote...”.

7. Em todas as opções podemos identificar versos através dos quais se faz uma crítica à sociedade da época, EXCETO em:

a) “Aqui, prezado amigo, não se atende/às forças nem aos anos. Mão robusta /de atrevido soldado move o relho...”.

b) “E demos-lhe o princípio, por tirarmos/ao famoso inspetor, ao grão tenente,/com cores delicadas, uma cópia.”.

c) “Maldito, Doroteu, maldito seja/o vício de um poeta, pois o priva/ de encher o seu bandulho, pelo gosto/ de fazer quatro versos.”.

d) “Já empresta dinheiro, já tem casas,/ Já tem trastes de custos e ricos móveis,/mas logo, Doroteu, verás o como.”.

e) “Que, há séculos, morreram pela pátria,/na memória dos homens inda vivem./Mas arriscar vassalos inocentes...”.

8. O objetivo principal do poeta Tomás Antônio Gonzaga, ao escrever o fragmento de texto lido, é:

a) Informar ao amigo Doroteu sobre o que está acontecendo em Santiago do Chile.b) Documentar os fatos ocorridos durante a construção de uma cadeia em Vila

Rica.c) Criticar a corrupção e os desmandos do governador da capitania de Vila Rica.d) Argumentar que a construção de uma cadeia era uma obra desnecessária na

época.e) Descrever a situação opressiva em que viviam os negros nos anos que precederam

a Inconfidência Mineira.

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9. Releia:

“Que peito, Doroteu, que duro peito Não deve ter um chefe, que atormenta A tantos inocentes por capricho?

Nos últimos versos do poema, o poeta denuncia:

a) A condenação de inocentes.b) Os castigos imputados aos negros condenados pelo governo da colônia.c) O regime de tortura a que eram submetidos os condenados à prisão.d) Os riscos a que eram submetidos os presos que trabalham nas obras da cadeia.e) A existência de trabalho escravo na capitania de Vila Rica.

Vamos conhecer, agora, Cecília Meireles, uma importante escritora da literatura brasileira. Grande poeta do Modernismo, escreveu o Romanceiro da Inconfidência (1953). Nesta obra, com grande sensibilidade, Cecília Meireles apresenta, de forma poética, os acontecimentos que marcaram a Inconfidência Mineira, um movimento de conspiração contra Portugal, com o objetivo de libertar a colônia brasileira do domínio português.

O texto abaixo é um fragmento de “O Romanceiro da Inconfidência”. Leia-o atentamente.

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TEXTO III

Romance II ou do Ouro Incansável

Mil bateias vão rodandosobre córregos escuros; a terra vai sendo abertapor intermináveis sulcos;infinitas galeriaspenetram morros profundos.

De seu calmo esconderijo,o ouro vem, dócil e ingênuo;torna-se pó, folha, barra,prestígio, poder, engenho...É tão claro! - e turva tudo:honra, amor e pensamento.

Borda flores nos vestidos,sobe a opulentos altares,traça palácios e pontes,eleva os homens audazes,e acende paixões que alastramsinistras rivalidades.

Pelos córregos, definhamnegros, a rodar bateias.Morre-se de febre e fomesobre a riqueza da terra:uns querem metais luzentes,outros, as redradas pedras.

Ladrões e contrabandistasestão cercando os caminhos;cada família disputaprivilégios mais antigos;os impostos vão crescendoe as cadeias vão subindo.

Por ódio, cobiça, inveja,vai sendo o inferno traçado.Os reis querem seus tributos,- mas não se encontram vassalos.Mil bateias vão rodando,mil bateias sem cansaço.

Mil galerias desabam;mil homens ficam sepultos;mil intrigas, mil enredosprendem culpados e justos;já ninguém dorme tranquilo,que a noite é um mundo de sustos.

Descem fantasmas dos morros,vêm almas dos cemitérios:todos pedem ouro e prata,e estendem punhos severos,mas vão sendo fabricadasmuitas algemas de ferro.

Conheça o significado de algumas palavras:

Bateia - gamela de madeira que se usa na lavagem das areias auríferas ou do cascalho diamantino.

Galerias - caminho ou corredor subterrâneo: galerias das minas.

Audazes - corajosos

Definhar - consumir-se aos poucos, enfraquecer-se, tornar-se magro.

Redradas - cavadas

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ATIVIDADES DE LEITURA

1. No título do poema, “Romance II ou do Ouro Incansável”, há uma personificação. Comente e justifique o uso deste recurso no título.

2. Encontre outros adjetivos e verbos, na segunda e terceira estrofes, que personificam o metal ouro.

3. Leia os versos abaixo.

“É tão claro! --- e turva tudo:honra, amor e pensamento.”

3.1. Nos versos acima, há uma antítese. Identifique as palavras que marcam o uso deste recurso discursivo e atribua-lhe uma função.

3.2. Comente o uso de “dois pontos”, no verso “É tão claro! --- e turva tudo:”

4. O cenário de opulência, marcado pela exploração de ouro, contrapõe-se a um cenário de miséria e sofrimento. Demonstre isso com pistas do poema.

5. O cenário apresentado no poema é Ouro Preto, Vila Rica, do século XVIII, na época do Brasil colônia, quando a exploração de ouro era uma atividade próspera. De acordo com o poema, quem eram os personagens que compunham este cenário?

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Observe a imagem abaixo.

Altar Mor da Matriz de Nossa Senhora do Pilar, Ouro Preto

6. Encontre, no poema, um verso que pode servir de legenda para esta imagem.

7. Leia os versos abaixo.

“Por ódio, cobiça, inveja,Vai sendo o inferno traçado”.

7.1. O termo em negrito, por, estabelece uma relação de:

a) Tempo.b) Oposição.c) Alternância.d) Causa.e) Adição.

7.2. Reescreva o verso substituindo o termo em destaque por outro, sem alterar o sentido do poema.

7.3. Há uma inversão nos versos transcritos acima. Reescreva-os, desfazendo a inversão.

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7.4. A partir de versos do poema, descreva o inferno que vai sendo traçado.

8. Após a leitura do fragmento do poema Romanceiro da Inconfidência, podemos afirmar que:

a) Cecília Meireles, autora Modernista, prefere escrever sobre fatos históricos, de forma romântica para fugir à realidade.

b) Em tom intimista, Cecília Meireles, no fragmento de O Romanceiro da Inconfidência, discute, de forma subjetiva, questões sociais importantes.

c) Em o Romance II ou do Ouro Incansável, os problemas sociais descritos não remetem à realidade atual, uma vez que fazem referência a uma época histórica muito particular.

d) A ganância, a corrupção do poder e do dinheiro e a miséria são questões sociais discutidas em O Romance II ou do Ouro Incansável.

e) A leitura de O Romance II ou do Ouro Incansável permite-nos pensar que o cenário político, econômico e cultural do Brasil colônia é pura ficção.

TEXTOS EM DIÁLOGO

Você vai ler, agora, a letra da música “Brasil, mostra a sua Cara”, de Cazuza, Nilo Romero e George Israel. Discuta as seguintes questões: O Brasil descrito nesta letra de música apresenta semelhanças com o Brasil Colônia, apresentado no texto de Tomás Antônio Gonzaga e no de Cecília Meireles? O objetivo comunicativo dos autores dos textos coincide? Comente e justifique as suas respostas.

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BrasilCazuzaComposição: Cazuza / Nilo Roméro / George Israel

Não me convidaramPra esta festa pobreQue os homens armaramPra me convencerA pagar sem verToda essa drogaQue já vem malhadaAntes de eu nascer...

Não me ofereceramNem um cigarroFiquei na portaEstacionando os carrosNão me elegeramChefe de nadaO meu cartão de créditoÉ uma navalha...

Brasil!Mostra tua caraQuero ver quem pagaPra gente ficar assimBrasil!Qual é o teu negócio?O nome do teu sócio?Confia em mim...

Não me convidaramPra essa festa pobreQue os homens armaramPra me convencerA pagar sem verToda essa drogaQue já vem malhadaAntes de eu nascer...

Não me sortearamA garota do FantásticoNão me subornaramSerá que é o meu fim?Ver TV a coresNa taba de um índioProgramadaPrá só dizer “sim, sim”

Brasil!Mostra a tua caraQuero ver quem pagaPra gente ficar assimBrasil!Qual é o teu negócio?O nome do teu sócio?Confia em mim...

Grande pátriaDesimportanteEm nenhum instanteEu vou te trairNão, não vou te trair...

Brasil!Mostra a tua caraQuero ver quem pagaPra gente ficar assimBrasil!Qual é o teu negócio?O nome do teu sócio?Confia em mim...(2x)

Confia em mimBrasil!!

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O RELATO E SUA REALIZAÇÃOEM GÊNEROS TEXTUAIS:

a notícia

OFICINA 5

Sandra Maria Andrade del-Gaudio

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TEXTOS E ATIVIDADES DE LEITURA

Antecipando os sentidos do Texto I

Você vai ler uma notícia publicada no G1 Portal de Notícias da Globo, em 22/10/2009, disponível para consulta no endereço eletrônico: http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL13512395598,00ADOLESCENTE+MAE+DE+TRIGEMEAS+NO+PARANA+DIZ+QUE+PRESERVATIVO+FUROU.html.

Considerando as informações apresentadas acima, responda:

Você tem o hábito de ler/ouvir notícias? Por quê?

Onde você lê ou escuta notícias?

Em geral, que tipo de notícias o atraem mais? Por quê?

Você conhece algum portal de notícias na internet? Qual?

TEXTO I

Leia a notícia Adolescente mãe de trigêmeas no Paraná diz que preservativo furou. Publicada em um dos portais de notícia mais importantes do país, relata um acontecimento marcante na vida de uma jovem e de sua família.

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22/10/09 - 17h09 - Atualizado em 22/10/09 - 17h27

Adolescente mãe de trigêmeas no Paranádiz que preservativo furou

Ela tem 14 anos e crianças nasceram após 7 meses de gestação. Avó materna tem 28 anos e também engravidou aos 14.

Do G1, em São Paulo

A adolescente Lilian Franciele Moraes da Silva, 14 anos, disse que ficou surpresa ao saber que estava grávida de três meninas, em Foz do Iguaçu (PR), e informou que a gestação não foi planejada. “Estourou a camisinha e eu tinha parado de tomar anticoncepcional. O medicamento estava me fazendo mal e eu tinha parado por um tempo.” Ela deu à luz trigêmeas no Hospital Ministro Costa Cavalcanti, nesta terça-feira (20), após uma cirurgia cesariana, no sétimo mês de gestação. Os bebês nasceram com 1,220 kg, 990 gramas e 1,045 kg. Por serem prematuras, as crianças estão na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal, mas todas passam bem.

Coincidência familiar

“Logo que fiz os exames para confirmar a gravidez, corri e contei para minha mãe, pois ela ficou grávida de mim com a mesma idade que tenho hoje. Minha avó também ficou grávida da minha tia com 14 anos também. Minha bisavó também teve a primeira filha com a mesma idade”, disse Lilian.

Apesar da coincidência familiar, Lilian planeja evitar que as filhas sigam o mesmo caminho. “A minha gravidez não foi planejada e vou fazer de tudo para que minhas filhas não fiquem grávidas da mesma maneira, antes de terminarem os estudos”, disse a mãe das trigêmeas.

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Sonhos adiados

Segundo informações da maternidade, Melissa, Micaela e Mirela devem ficar internadas até completarem pelo menos dois quilos cada uma. A avó das crianças, Rosângela Moraes da Silva, 28 anos, disse que abandonou o trabalho de doméstica desde que soube da gravidez da filha. “Eu sofri quando fiquei grávida dela, cedo demais, mas acho que o sofrimento de minha filha vai ser muito maior, afinal de contas, são três filhas para cuidar.”

Lilian parou de estudar na 7ª série do ensino fundamental, mas disse que pretende ser advogada. “Quero terminar meus estudos, mas acho que vai ser difícil”. A mãe dela, Rosângela, parou os estudos na 5ª série. “Queria ser secretária, mas não consegui por falta de estudo. Não queria o mesmo para minha filha.”

Sem berço e com pouco leite materno

Lilian disse que só tem um berço para acomodar as três filhas. “Quando elas receberem alta, não sei onde vou colocá-las. Não vai dar para deixar as três no mesmo berço. Acho que vou ter de deixá-las na cama.”

Ela afirmou ainda que, segundo informações do hospital, terá leite materno para alimentar as trigêmeas por cerca de três meses. “A partir daí, não sei como vou fazer, pois terei de comprar leite em pó. Com minha mãe sem emprego, não sei como faremos”.

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ATIVIDADES DE LEITURA

Agora que você leu a notícia, responda às questões propostas:

1. O relato dos fatos em uma notícia deve evidenciar o compromisso de seu redator de ser fiel à verdade. O que contribui para fazer o leitor acreditar que os fatos relatados nessa notícia são verdadeiros?

2. O perfil dos leitores de notícias é bastante diversificado. Responda:

a) A quem a notícia preferencialmente interessa?

b) Por que se pode fazer essa inferência?

3. Em uma notícia, as informações são dispostas de acordo com a ótica do redator ou da empresa de comunicação, considerando-se o interesse que poderão despertar no leitor.

a) Considerando o título e a leitura do primeiro parágrafo, identifique a informação à qual o redator deu maior destaque na notícia e preencha o quadro a seguir:

Título: Adolescente mãe de trigêmeas no Paraná diz que preservativo furou

Informação destacada, sob o ponto de vista do redator

Outras informações da notícia

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b) Além do título, que outra pista confirma o ponto de vista do redator da notícia?

c) Pense na estreita relação entre título e informação de maior destaque na notícia. Se você fosse o redator da notícia, a que informação daria mais destaque? Que título escolheria para a notícia? Escreva-os no quadro abaixo.

Título:

Informação de destaque na notícia

4. Após o título da notícia, aparece um pequeno texto, que é chamado de olho da notícia, ou subtítulo.

a) Copie o olho desta notícia.

b) Qual a função do olho em uma notícia?

c) No título e no olho de uma notícia, geralmente, os verbos são empregados no presente do indicativo. Com que intenção?

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5. Releia o primeiro parágrafo da notícia:

“A adolescente Lilian Franciele Moraes da Silva, 14 anos, disse que ficou surpresa ao saber que estava grávida de três meninas, em Foz do Iguaçu (PR), e informou que a gestação não foi planejada. “Estourou a camisinha e eu tinha parado de tomar anticoncepcional. O medicamento estava me fazendo mal e eu tinha parado por um tempo.” Ela deu à luz trigêmeas no Hospital Ministro Costa Cavalcanti, nesta terça-feira (20), após uma cirurgia cesariana, no sétimo mês de gestação. Os bebês nasceram com 1,220 kg, 990 gramas e 1,045 kg. Por serem prematuras, as crianças estão na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal, mas todas passam bem”.

Na estrutura da notícia, dá-se o nome de lide (ou lead) ao primeiro parágrafo. Que informações o lide adianta para o leitor? Responda, completando o quadro:

Perguntas que a notícia deve responder no lide

Com quem aconteceu?

O que aconteceu?

Quando aconteceu?

Onde aconteceu?

Por que aconteceu?

6. Com que objetivo o redator enfatizou a idade da jovem e de sua mãe no olho e no lide da notícia?

7. Notícias que envolvem menores geralmente não os identificam pelos nomes, o que não aconteceu neste caso. Por que você acha que o nome da jovem não foi preservado?

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8. Na notícia, destacam-se várias declarações da adolescente e de sua mãe. Responda:

a) Qual a função das declarações nas notícias?

b) Que declaração da adolescente justifica o título da notícia?

c) As declarações aparecem entre aspas. Nesse caso, a função das aspas é a de:

( ) realçar ironicamente algumas expressões do texto.( ) acentuar o significado de palavras do texto.( ) diferenciar do texto principal a fala das pessoas.

9. No corpo da notícia, são empregadas a 1ª e a 3ª pessoas do discurso pelo redator.

a) Dê exemplos de:

uso da 1ª pessoa:

uso da 3ª pessoa:

b) Qual o efeito de sentido provocado pelo uso da 3ª e da 1ª pessoa do discurso na notícia?

10. Para facilitar a leitura, o corpo da notícia foi dividido em três seções:

a) Copie os subtítulos de cada seção:

b) Um dos subtítulos é Sonhos adiados. Por que o trecho do texto tem esse subtítulo?

c) Que sonhos foram adiados?

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11. Relacione 4 situações de vida que aproximam Lílian e Rosângela, sua mãe:

12. A notícia é ilustrada por duas imagens legendadas. Que impacto as fotos e as legendas têm sobre o leitor desta notícia?

13. Observe as datas e horários no alto da página, à esquerda, e a data publicada no lide. Explique a que se referem:

20/10/2009:

22/10/2009:

17h09:

17h27:

14. Releia:

“Logo que fiz os exames para confirmar a gravidez, corri e contei para minha mãe, pois ela ficou grávida de mim com a mesma idade que tenho hoje. Minha avó também ficou grávida da minha tia com 14 anos também. Minha bisavó também teve a primeira filha com a mesma idade (...)” (§ 2)

A declaração provavelmente reproduz o relato oral que Lílian fez ao jornalista sobre a história de sua gravidez e da gravidez de outras mulheres de sua família. No relato, Lílian repete algumas expressões. Que efeito de sentido essas repetições provocam no leitor?

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15. Releia também:

“Por serem prematuras, as crianças estão na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal, mas todas passam bem”. (§ 1)

A conjunção mas tem a função de ligar duas ideias, deixando explícito o contraste entre elas. É uma conjunção adversativa. Observe:

as crianças estão na UTI neonatal

todas passam bem }há contraste entre as duas ideias, oposição

a) Que outras conjunções podem ser usadas para ligar ideias que estão em desacordo?

b) Escolha uma das conjunções adversativas e ligue as duas ideias em oposição de cada grupo abaixo, fazendo as adaptações necessárias (não repita sempre a mesma conjunção):

Lilian deu à luz três bebês.Lilian tem apenas um berço para acomodar os três bebês.

A adolescente terá de alimentar três filhas.O hospital só fornecerá leite materno durante três meses para as três filhas.

A mãe de Lilian quer ajudar na criação das netas.A mãe de Lilian está desempregada.

Antecipando os sentidos do Texto II

Antes de ler o outro texto proposto para esta oficina, converse com seu grupo sobre as questões seguintes:

Você lê poesia?

Gosta de poesia ou não? Por quê?

Que poeta brasileiro você conhece?

Que poema (s) você já leu?

Para você, para que serve a poesia?

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Você vai ler agora um poema de Manuel Bandeira, publicado no livro Libertinagem (Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguillar, 1993, p. 214). Pernambucano de Recife, o poeta é reconhecido como um dos mais importantes autores da literatura brasileira. Entre suas obras, se destacam: Estrela da manhã (1936), Poesias completas (1948), Poesia e prosa completa (1958) e Estrela da vida inteira (1966). Bandeira faleceu em 1968, no Rio de Janeiro.

TEXTO II

POEMA TIRADO DE UMA NOTÍCIA DE JORNAL

João Gostoso era carregador de feira-livre e morava no morro [da Babilônia num barracão sem número.Uma noite ele chegou no bar Vinte de NovembroBebeuCantouDançouDepois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.

ATIVIDADES DE LEITURA

1. O que o leitor espera encontrar no poema, ao ler o título do texto?

2. Quem é o personagem da história narrada neste poema? O que o texto informa ao leitor sobre ele?

3. Quem é o narrador da história?

4. Neste poema, o leitor encontra resposta para a pergunta: o que aconteceu. Que sequência de fatos é relatada neste poema?

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5. Também é possível encontrar, no texto, respostas para as perguntas onde e quando. Responda a essas perguntas.

6. Observe o formato do poema. Como os elementos do texto estão dispostos na página?

7. A história narrada pelo poema e o personagem envolvido nos acontecimentos poderiam aparecer em uma notícia? Por quê?

VAMOS ESCREVER

Após a leitura dos Textos I e II, forme dupla com um de seus colegas, para redigir uma notícia. Imagine que vocês são jornalistas e que a notícia será publicada no Portal de Notícias G1. Usem as informações do Poema tirado de uma notícia de jornal: o acontecimento, o personagem João Gostoso, as informações de localização de lugar e tempo; acrescentem os componentes como e por quê.

Prestem atenção às instruções:

coloquem título: deve ser curto, objetivo, com verbo no tempo presente;

escrevam o olho da notícia: deve conter frases curtas, resumindo o assunto principal da notícia;

escrevam o lide;

desenvolvam o corpo do texto com informações dadas no lide, em ordem cronológica ou de importância; podem usar dados numéricos e depoimentos; façam o relato na 3ª pessoa do discurso – caso insiram depoimentos, usem a 1ª pessoa;

se quiserem, ilustrem a notícia com imagens e elaborem legendas.

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A POESIA MODERNISTAOFICINA 6

Sandra Maria Andrade del-Gaudio

a reportagem

OFICINA 6O RELATO E SUA REALIZAÇÃO

EM GÊNEROS TEXTUAIS:

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TEXTO E ATIVIDADES DE LEITURA

Antecipando os sentidos do Texto

Você vai ler uma reportagem, publicada na revista IstoÉ, nº 2094, de 30/12/2009, p. 82, na seção Comportamento. Também está disponível na revista online IstoÉ Independente, no endereço:

http://www.istoe.com.br/reportagens/34540_CONVERSA+SOBRE+SEXO+E+TARDIA?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage.

Considerando as informações apresentadas acima, responda:

Você tem o hábito de ler/ouvir reportagens?

Onde você lê/escuta reportagens?

Que tipo de reportagens desperta o seu interesse? Por quê?

Você acha que há diferença entre uma notícia e uma reportagem?

Que diferença(s) seria(m)?

TEXTO

Leia a reportagem Conversa sobre sexo é tardia, publicada na seção ‘Comportamento’, em uma das revistas de informação semanais mais importantes do país. A mesma reportagem pode ser acessada no site da revista na internet.

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Comportamento

Conversa SobreSexo é TardiaEstudo mostra que mais de 40% dos jovenstiveram a primeira relação sexual sem nuncaterem falado sobre o tema com os pais

Renata Cabral

A escolha do melhor mo-mento para conversar sobre sexo em casa conti-

nua sendo um dilema para mui-tos pais, apesar dos avanços no campo da sexualidade. A consta-tação é de um estudo publicado neste mês pela revista americana de pediatria “Pediatrics”, lidera-do por Mark Schuster, professor da Escola Médica de Harvard, nos Estados Unidos. Ao acom-panhar 155 adolescentes, com idade entre 13 e 17 anos, e seus respectivos pais por um ano, eles descobriram que mais de 40% dos jovens tiveram a primeira relação sexual sem nunca terem conversado sobre sexo com os responsáveis. Por embaraço ou medo de despertar uma curiosi-dade precoce, muitos pais espe-ram tempo demais para abordar o assunto. E perdem a oportuni-dade de ajudar os filhos quando eles iniciam a vida sexual. O re-sultado da desinformação é uma exposição maior a uma gravidez indesejada ou in-fecções por doenças sexual-mente transmissíveis, alertam os especialistas.

O estudo americano reflete uma realidade que os médicos também comprovam no Brasil.

No Núcleo de Estudos em Saú-de do Adolescente (Nesa), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, quando buscam in-formações sobre sexo, os ado-lescentes costumam ir sozinhos ou com amigos, observa a pe-diatra do núcleo Regina Katz. “Apenas para tratar de doenças eles levam os pais”, diz. Para o sexólogo Marcos Ribeiro, autor do livro “Conversando com seu Filho sobre Sexo”, as duas ge-rações têm dificuldade de falar sobre o assunto, porque ainda não o tratam como etapa natu-ral do desenvolvimento. Para ele, a orientação deveria ser dada às crianças quando surgissem as primeiras perguntas. “Os pais traduzem a infância como uma fase de inocência, em que a se-xualidade não está presente, mas isso não é verdade”, diz Ribeiro.

Mesmo quando há espaço para conversa, nem sempre ela tem qualidade, demonstraram os pesquisadores americanos. Metade dos responsáveis não havia orientado os filhos sobre contracepção ou uso de pre-servativos. “Hoje, temos menos tempo para tudo, por isso, ape-

sar de falarmos mais sobre sexo, as conversas são superficiais”, diz José Maria Soares Junior, chefe do setor de Gineco-logia da Infância e do Adolescente na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Apesar da vastidão de informa-ções a que os jovens têm acesso na internet, pela televisão e na escola – e também por conta disso –, a função de pais como educadores é essencial, defende Maria Helena Vilela, diretora do Instituto Kaplan, de São Paulo, que oferece educação sexual para jovens. “Ter uma boa con-versa é garantia de que numa si-tuação de perigo eles irão buscar o apoio dos pais”, diz ela.

Maíra Magro

AJUDAOs pais só entram em cena quando os jovens precisam tratar de doenças.

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ATIVIDADES DE LEITURA

Agora que você leu a reportagem, responda às questões propostas:

1. Considerando o suporte em que a reportagem foi veiculada e o conteúdo abordado, responda: Que público leitor a reportagem pretende atingir? Justifique sua resposta.

2. O título e o subtítulo da reportagem oferecem ao leitor informações complementares. Responda:

2.1. Qual a função do subtítulo na estrutura da reportagem?

2.2. Você acha que o subtítulo desta reportagem complementa o título? Por quê?

3. Quem assina esta reportagem? Por que uma reportagem quase sempre apresenta o nome do jornalista?

4. No texto da reportagem, há alguma marca que revela a opinião de Renata Cabral ao leitor? Qual?

5. Quem é Maíra Magro?

6. A leitura do texto autoriza o leitor a concluir, EXCETO que:

( ) as constatações do estudo de Mark Schuster também são válidas para a realidade brasileira.

( ) a internet, a televisão e a escola não dão conta de suprir o papel dos pais na educação dos jovens.

( ) metade dos pais/responsáveis acompanhados pela pesquisa não conversou com os filhos sobre contracepção e preservativos.

( ) os adolescentes que buscam informações sobre sexo no Nesa sempre vão acompanhados da família.

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7. A reportagem enumera as razões que contribuem para que a conversa sobre sexo entre pais e filhos seja prejudicada. Entre esses motivos, NÃO se encontra:

( ) o receio de despertar precocemente a curiosidade sobre sexo nos filhos.( ) o constrangimento de conversar sobre sexo com os filhos.( ) o desconhecimento dos pais a respeito de doenças sexualmente transmissíveis.( ) a falta de tempo para conversar de forma menos superficial.

8. Para aprofundar o tema da reportagem, o jornalista realiza entrevistas, em busca de diferentes pontos de vista sobre o assunto abordado.

A respeito dos entrevistados para esta reportagem, preencha o quadro a seguir:

EntrevistadoCargo ou Profissão

Local de trabalhoRelação com o assunto tratado na reportagem

8.2. Por que é importante para o leitor saber informações sobre a profissão ou o cargo dos entrevistados?

9. Tendo em vista as declarações dos especialistas, imagine que pergunta (s) a jornalista fez a:

a- Regina Katz:

b- Marcos Ribeiro:

c- José Mª Soares Junior:

d- Mª Helena Vilela:

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10. Assim como acontece na notícia, no corpo da reportagem, com a intenção de ser fiel ao discurso do outro, a jornalista cita algumas declarações de forma direta, usando as palavras do entrevistado. Tais declarações aparecem entre aspas, para se diferenciarem do texto, sendo seguidas por um verbo de elocução.

Observe:

“Ter uma boa conversa é garantia de que, numa situação de perigo, eles irão buscar o apoio dos pais”, diz ela. (Palavras da entrevistada Maria Helena Vilela)

verbo de elocução

Outras declarações são atribuídas pela jornalista aos entrevistados, ou seja, as citações são feitas de forma indireta. Nas citações indiretas, também podem aparecer verbos de elocução.

Observe:

O resultado da desinformação é uma exposição maior a uma gravidez indesejada ou infecções por doenças sexualmente transmissíveis, alertam os especialistas. (§ 1)

verbo de elocução

Copie outro exemplo de citação indireta e destaque o verbo de elocução:

11. Releia e responda:

a- “Os pais traduzem a infância como uma fase de inocência, em que a sexualidade não está presente, mas isso não é verdade (...)” (§ 2)

O que não é verdade?

b- “Apesar da vastidão de informações a que os jovens têm acesso na internet, pela televisão e na escola – e também por conta disso –, a função de pais como educadores é essencial (...)” (§ 3)

Por conta (ou por causa) de quê?

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12. Releia:

“Os pais traduzem a infância como uma fase de inocência (...)” (§ 2)

A palavra que melhor substitui o verbo traduzem, nesse contexto, sem perda substancial de sentido, é:

( ) questionam.( ) respeitam.( ) consideram.( ) esclarecem.

13. Observe as marcas temporais destacadas nos trechos a seguir:

1. “A constatação é de um estudo publicado neste mês pela revista americana de pediatria “Pediatrics”, liderado por Mark Schuster, professor da Escola Médica de Harvard, nos Estados Unidos”. (§ 1)

2. “Hoje, temos menos tempo para tudo, por isso, apesar de falarmos mais sobre sexo, as conversas são superficiais”, diz José Maria Soares Junior (...)” (§ 3)

Agora, responda:

13.1. Quando foi publicado o estudo de Mark Schuster?

13.2. A expressão hoje, no trecho 2, faz referência:

( ) aos dias de hoje.( ) ao dia de hoje.( ) à data em que a jornalista colheu o depoimento.( ) à data em que a reportagem foi publicada.

14. Com que finalidade, no texto, as aspas foram usadas nas expressões “Pediatrics” e “Conversando com seu Filho sobre Sexo”?

15. A opinião da entrevistada Maria Helena Vilela encerra o texto da reportagem. Que relação há entre essa fala e as ideias apresentadas no título e subtítulo da reportagem?

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LENDO O GRÁFICO

Abaixo do texto principal da reportagem, em uma caixa de texto, aparece um gráfico de roscas, usado, geralmente, para representar porcentagens. Gráficos de rosca mostram a relação entre as partes de um todo.

1. Neste gráfico, o leitor visualiza componentes verbais e não-verbais. Observe o gráfico e complete:

a- Componentes verbais:

b- Componentes não-verbais:

2. Outro componente importante de um gráfico é a fonte, isto é, a indicação da procedência dos dados do gráfico, a informação sobre a origem dos dados visualizados. Repare que, neste gráfico, a fonte não é citada. Que efeito a ausência da fonte provoca no leitor?

3. Responda:

a- Para que servem os gráficos?

b- Qual a função do gráfico inserido na reportagem?

4. Que grupo da população aparece retratado no gráfico? Por que esse grupo foi destacado?

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5. Em que direção a leitura deste gráfico pode ser feita?

6. Como o texto escrito é visualizado no gráfico? Justifique sua resposta.

7. Outras informações também poderiam auxiliar o leitor a interpretar os dados sobre o comportamento sexual do jovem brasileiro se constassem do gráfico. Dê exemplos.

8. Considerando a leitura dos dados, que informação despertou mais sua atenção? Por quê?

9. Lendo na direção da esquerda para a direita (do menor círculo para o maior), escreva um texto que dê conta das informações representadas apenas pelo tom mais claro, em cada círculo do gráfico:

Círculo 1

Círculo 2

Círculo 3

Círculo 4

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10. Nessa nova leitura, que informação despertou mais sua atenção? Por quê?

LENDO O TEXTO INSTRUCIONAL

O texto instrucional apresentado a seguir também acompanha a reportagem Conversa sobre sexo é tardia. Leia-o, com atenção, para responder:

1. Que relação esse texto estabelece com a reportagem lida por você?

2. É possível afirmar que, no texto, as instruções têm por objetivo principal:

( ) determinar que os pais cuidem da educação sexual de seus filhos.( ) dar sugestões que poderão facilitar o diálogo entre pais e filhos.( ) enumerar argumentos em defesa da conversa entre pais e filhos.( ) relatar algumas conversas entre pais e filhos.

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3. Em que instruções há verbos empregados no imperativo?

4. Em outras instruções, foi empregado o infinitivo do verbo, com valor de imperativo. Reescreva-as, substituindo o infinitivo, pelo imperativo e fazendo as adaptações necessárias:

5. Releia:

“Não espere a adolescência chegar para conversar sobre sexo. Assim como a criança tem idade para perguntar, tem idade para receber respostas sobre o assunto”.

Que função a parte destacada em negrito desempenha nessa instrução?

6. Uma das instruções pode ser relacionada à opinião de um dos entrevistados no texto principal da reportagem.

6.1. De que instrução se trata?

6.2. Qual foi o entrevistado?

6.3. Copie do texto da reportagem o trecho em que se expõe a opinião do entrevistado.

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COMPONDO O MURAL DA SALA DE AULA

Forme grupos com seus colegas (compostos por até 4 pessoas).

Cada um dos componentes do grupo deve selecionar uma reportagem, em jornais, revistas, sites e/ou outros suportes, que aborde temas relativos à sexualidade de adolescentes e jovens: doenças sexualmente transmissíveis; métodos contraceptivos; ficar x namorar; virgindade; fidelidade nos relacionamentos; aborto; orientação sexual; violência sexual; mídia e sexualidade; drogas e sexualidade; outros.

As matérias devem ser apresentadas ao grupo, para serem analisadas, levando-se em conta as categorias discutidas na oficina sobre reportagem: título, subtítulo, abordagem do assunto no corpo do texto principal, recursos usados para aprofundamento do assunto – entrevistas, imagens, dados de pesquisas, gráficos, etc.

Cada grupo escolhe uma ou duas das reportagens trazidas pelos seus membros.

Um representante de cada grupo, sob a direção do professor, apresenta a reportagem escolhida pelo grupo para os colegas, expondo, oralmente, as razões que levaram o grupo a escolhê-la.

Ao final da apresentação, deverá ser organizado um mural de sala, onde serão afixadas as reportagens. A turma escolherá um título para o mural.

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CONHECENDO A LITERATURABRASILEIRA DO SÉCULO XIX

Romantismo e Realismo

OFICINA 7

Marilda Clareth Bispo de Oliveira

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TEXTOS E ATIVIDADES DE LEITURA

Nesta oficina, você ler textos da literatura brasileira do século XIX: um poema de Casimiro de Abreu, poeta do Romantismo brasileiro, e um conto de Machado de Assis, grande nome da prosa realista brasileira.

Texto I – Meus oito anos- Casimiro de Abreu

Casimiro de Abreu (1839 -1860) nasceu no Estado do Rio de Janeiro. É um dos poetas mais conhecidos do Romantismo. Sua poesia, marcada pelo pessimismo e pelo saudosismo nacionalista, está resumida na obra “As Primaveras”, publicada em 1859.

Leia, atentamente, o poema de Casimiro de Abreu.

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MEUS OITO ANOS

IOh! que saudades que tenhoDa aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais! Que amor, que sonhos, que flores, Naquelas tardes fagueiras À sombra das bananeiras, Debaixo dos laranjais!

IIComo são belos os dias Do despontar da existência!— Respira a alma inocência Como perfumes a flor; O mar é — lago sereno, O céu — um manto azulado, O mundo — um sonho dourado, A vida — um hino d’amor!

IIIQue aurora, que sol, que vida, Que noites de melodia Naquela doce alegria, Naquele ingênuo folgar! O céu bordado d’ estrelas, A terra de aromas cheia As ondas beijando a areia E a lua beijando o mar!

IVOh! dias da minha infância! Oh! meu céu de primavera! Que doce a vida não era Nessa risonha manhã! Em vez das mágoas de agora, Eu tinha nessas delícias De minha mãe as carícias E beijos de minha irmã!

VLivre filho das montanhas, Eu ia bem satisfeito, Da camisa aberta o peito, — Pés descalços, braços nus — Correndo pelas campinas À roda das cachoeiras, Atrás das asas ligeiras Das borboletas azuis!

VINaqueles tempos ditosos Ia colher as pitangas, Trepava a tirar as mangas, Brincava à beira do mar; Rezava às Ave-Marias, Achava o céu sempre lindo, Adormecia sorrindo E despertava a cantar!

VIIOh! que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais! — Que amor, que sonhos, que flores,Naquelas tardes fagueiras À sombra das bananeiras Debaixo dos laranjais!

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ATIVIDADES DE LEITURA

1. No poema, o sentimento que predomina é:

a) Alegria.b) Saudade.c) Tristeza.d) Frustração.e) Revolta.

2. A estratégia usada para expressar este sentimento é:a) Repetir várias vezes a ideia de adormecer, de anoitecer.b) Evocar imagens do mar e do céu para representar o inatingível.c) Repetir o verso “Oh! Que saudades...”, na 1ª e na última estrofe.d) Descrever as belezas da natureza da infância perdida.e) Lamentar o passado, os anos perdidos, durante a sua infância.

3. Releia:

Oh! que saudades que tenho

Da aurora da minha vida,

Da minha infância querida

Que os anos não trazem mais!

3.1. No segundo verso, há uma metáfora que pode ser apresentada pela seguinte expressão:a) A vida é uma manhã de sol.b) O sol é alegria da vida.c) A infância é luz.d) A saudade é como um amanhecer.e) A aurora é o início da infância.

3.2. A outra expressão metafórica do texto correspondente ao verso grifado acima é: a) “a minha infância querida”.b) “os anos não trazem mais”.c) “o despontar da existência.”d) “que noites de melodia”.e) “aquelas tardes fagueiras”.

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4. Considerando a leitura do poema, podemos afirmar que o sujeito lírico é masculino. Comprove, com versos do poema, esta afirmativa.

5. Retire do poema um exemplo de:

a- Inversão:

b- Antítese:

6. Para representar a infância como uma época de felicidade, o poeta se vale de inúmeras imagens poéticas. Identifique, pelo menos, duas dessas imagens.

7. Em muitas estrofes do texto, o sujeito lírico revela e justifica o que sente. Que justificativas ele apresenta para as saudades que declara sentir da infância?

8. Comente o ponto de vista assumido pelo sujeito lírico para expressar seus sentimentos. Como você avalia essa forma de ver a infância?

Texto II – AI QUE SAUDADES... - Ruth Rocha

A forma idealizada como os poetas românticos abordaram a realidade provocou inúmeras paródias de seus textos. O próximo texto que vamos ler dialoga com o texto de Casimiro de Abreu. É uma paródia, estratégia muito utilizada como exercício de crítica e contestação, como vimos na Oficina 6 do Guia 1. Leia atentamente o texto de Ruth Rocha para responder às atividades propostas.

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Ruth Rocha nasceu em 1931, em São Paulo. Publicou o primeiro livro em 1976. É uma escritora muito importante da Literatura brasileira contemporânea.

AI QUE SAUDADES...

IAi que saudades que tenhoDa aurora da minha vidaDa minha infância queridaQue os anos não trazem mais...Me sentia rejeitada,Tão feia, desajeitada,Tão frágil, tola, impotente,Apesar dos laranjais.

IIAi que saudades que eu tenhoDa aurora da minha vida,Não gostava da comidaMas tinha que comer mais...Espinafre, beterraba,E era fígado e era fava,E tudo que eu não gostavaEm porções industriais.

IIIComo são tristes os diasDa criança escravizada,Todos mandam na coitada,Ela não manda em ninguém...O pai manda, a mãe desmanda, O irmão mais velho comanda,Todos entram na ciranda,E ela sempre diz amém...

IVNaqueles tempos ditososNão podia abrir a boca,E a professora era louca,Só queria era gritar.Senta direito, menina!Ou se não, tem sabatina!Que letra mais horrorosa!E pare de conversar!

VOh dias da minha infância, Quando eu ficava doente,Ou sentia dor de dente,E lá vinha tratamento!Era um tal de vitamina...Mingau, remédio, vacina,Inalação e aspirina,Injeção e linimento!

VIE sem falar na tortura:Blusa de gola engomada,Roupa de cava apertada,Sapatinho de verniz...E as ordens? Anda direito!Diz bom dia pras visitas!Que menina mais sem jeito!Tira o dedo do nariz!

VIIQue aurora! Que sol! Que nada!Vai já guardar os brinquedos!Menina, não chupe os dedos!Não pode brincar na lama!Vai já botar o agasalho!Vai já fazer a lição!Criança não tem razão!É tarde, vai já pra cama!

VIIIVê se penteia o cabelo!Menina se mostradeira!Menina novidadeira!Está se rindo demais!— Que amor, que sonhos, que flores,Naquelas tardes fagueiras,À sombra das bananeiras,Debaixo dos laranjais!

Rocha, Ruth. Quem Manda Na Minha Boca Sou Eu!, editora Ática.

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ATIVIDADES DE LEITURA

Agora que você já leu o poema “Ai que saudades...”, de Ruth Rocha, responda às questões abaixo:

1. Qual é o tema do poema?

2. Com base na leitura do poema, identifique e descreva o sujeito lírico. Comprove a sua resposta a partir de versos do poema.

3. O uso de reticências no título e em outros versos pode ter um sentido. Com que objetivo a poeta pode ter usado esta estratégia?

4. Leia a informação abaixo:

Algumas vezes, o autor coloca, explícita ou implicitamente, uma outra voz, no texto, cujo entendimento depende de o leitor ter, em seu repertório, conhecimento de um outro texto. É o que se costuma chamar de intertextualidade. (Abreu, Antônio Suarez. Curso de Redação. Editora Ática, São Paulo:1996)

A intertextualidade é um recurso usado por Ruth Rocha. Como foi usado este recurso e com que intenção?

5. A ironia é outra estratégia usada por Ruth Rocha com o objetivo de construir um efeito de humor, crítica. Identifique e explique o uso de ironia no poema.

6. No poema, a autora faz algumas críticas. Identifique a crítica feita à escola e à família.

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7. A metáfora da infância como aurora, como uma fase feliz da existência é questionada por Ruth Rocha, que apresenta um posicionamento diferente a esse respeito. Que argumentos a autora utiliza em seu poema para desconstruir essa visão?

8. Um neologismo é uma nova palavra, criada, inventada. Em qual dos versos há um neologismo?

a) “E era fígado e era fava”.b) “Naqueles tempos ditosos”.c) “Ou se não, tem sabatina.”d) “Inalação e aspirina”.e) “Menina se mostradeira”.

9. Sobre a linguagem dos dois poemas é possível dizer que:

a) Ambos os poemas são escritos num registro formal da linguagem.b) Ambos os poemas têm muitas inversões sintáticas que prejudicam sua

compreensão.c) A linguagem coloquial é um traço marcante do poema de Ruth Rocha. (X)d) O texto de Casimiro de Abreu é mais informal que o de Ruth Rocha.e) Somente Casimiro de Abreu preocupa-se com a métrica e a rima em seu poema.

TEXTO III

NOITE DE ALMIRANTE

Deolindo Venta-Grande (era uma alcunha de bordo) saiu do arsenal de marinha e enfiou pela rua de Bragança. Batiam três horas da tarde. Era a fina flor dos marujos e, demais, levava um grande ar de felicidade nos olhos. A corveta dele voltou de uma longa viagem de instrução, e Deolindo veio à terra tão depressa alcançou licença. Os companheiros disseram-lhe, rindo:

- Ah! Venta-Grande! Que noite de almirante vai você passar! ceia, viola e os braços de Genoveva. Colozinho de Genoveva...

Deolindo sorriu. Era assim mesmo, uma noite de almirante, como eles dizem, uma dessas grandes noites de almirante que o

esperava em terra. Começara a paixão três meses antes de sair a corveta. Chamava-se Genoveva, caboclinha de vinte anos, esperta, olho negro e atrevido. Encontraram-se em casa de terceiro e ficaram morrendo um pelo outro, a tal ponto que estiveram prestes a dar uma cabeçada, ele deixaria o serviço e ela o acompanharia para a vila mais recôndita do interior.

A velha Inácia, que morava com ela, dissuadiu-os disso; Deolindo não teve remédio senão seguir em viagem de instrução. Eram oito ou dez meses de ausência. Como fiança recíproca, entenderam dever fazer um juramento de fidelidade.

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– Juro por Deus que está no céu. E você?– Eu também.– Diz direito.– Juro por Deus que está no céu; a luz me

falte na hora da morte.Estava celebrado o contrato. Não havia

descrer da sinceridade de ambos; ela chorava doidamente, ele mordia o beiço para dissimular. Afinal separaram-se, Genoveva foi ver sair a corveta e voltou para casa com um tal aperto no coração que parecia que “lhe ia dar uma coisa”. Não lhe deu nada, felizmente; os dias foram passando, as semanas, os meses, dez meses, ao cabo dos quais, a corveta tornou e Deolindo com ela.

Lá vai ele agora, pela rua de Bragança, Prainha e Saúde, até ao princípio da Gamboa, onde mora Genoveva. A casa é uma rotulazinha escura, portal rachado do sol, passando o cemitério dos Ingleses; lá deve estar Genoveva, debruçada à janela, esperando por ele. Deolindo prepara uma palavra que lhe diga. Já formulou esta: “Jurei e cumpri”, mas procura outra melhor. Ao mesmo tempo lembra as mulheres que viu por esse mundo de Cristo, italianas, marselhesas ou turcas, muitas delas bonitas, ou que lhe pareciam tais. Concorda que nem todas seriam para os beiços dele, mas algumas eram, e nem por isso fez caso de nenhuma. Só pensava em Genoveva. A mesma casinha dela, tão pequenina, e a mobília de pé quebrado, tudo velho e pouco, isso mesmo lhe lembrava diante dos palácios de outras terras. Foi à custa de muita economia que comprou em Trieste um par de brincos, que leva agora no bolso com algumas bugigangas. E ela que lhe guardaria? Pode ser que um lenço marcado com o nome dele e uma âncora na ponta, porque ela sabia marcar muito bem. Nisto chegou à Gamboa, passou o cemitério e deu com a casa fechada. Bateu, falou-lhe uma voz conhecida, a da velha Inácia, que veio abrir-lhe a porta com grandes exclamações de prazer. Deolindo, impaciente, perguntou por Genoveva.

– Não me fale nessa maluca, arremeteu a velha. Estou bem satisfeita com o conselho que lhe dei. Olhe lá se fugisse. Estava agora como o lindo amor.

– Mas que foi? que foi?A velha disse-lhe que descansasse, que não

era nada, uma dessas coisas que aparecem na vida; não valia a pena zangar-se. Genoveva andava com a cabeça virada...

– Mas virada por quê?– Está com um mascate, José Diogo.

Conheceu José Diogo, mascate de fazendas. Está com ele. Não imagina a paixão que eles têm um pelo outro. Ela então anda maluca. Foi o motivo da nossa briga. José Diogo não me saía da porta; eram conversas e mais conversas, até que eu um dia disse que não queria a minha casa difamada. Ah! meu pai do céu! foi um dia de juízo. Genoveva investiu para mim com uns olhos deste tamanho, dizendo que nunca difamou ninguém e não precisava de esmolas. Que esmolas, Genoveva? O que digo é que não quero esses cochichos à porta, desde as aves-marias... Dois dias depois estava mudada e brigada comigo.

– Onde mora ela?– Na praia Formosa, antes de chegar à

pedreira, uma rótula pintada de novo.Deolindo não quis ouvir mais nada. A velha

Inácia, um tanto arrependida, ainda lhe deu avisos de prudência, mas ele não os escutou e foi andando. Deixo de notar o que pensou em todo o caminho; não pensou nada. As ideias marinhavam-lhe no cérebro, como em hora de temporal, no meio de uma confusão de ventos e apitos. Entre elas rutilou a faca de bordo, ensanguentada e vingadora. Tinha passado a Gamboa, o Saco do Alferes, entrara na praia Formosa. Não sabia o número da casa, mas era perto da pedreira, pintada de novo, e com auxílio da vizinhança poderia achá-la. Não contou com o acaso que pegou de Genoveva e fê-la sentar à janela, cosendo, no momento em que Deolindo ia passando. Ele conheceu-a e parou; ela, vendo o vulto de um homem, levantou os olhos e deu com o marujo.

– Que é isso? exclamou espantada. Quando chegou? Entre, seu Deolindo.

E, levantando-se, abriu a rótula e fê-lo entrar. Qualquer outro homem ficaria alvoroçado de esperanças, tão francas eram as maneiras da rapariga; podia ser que a velha

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se enganasse ou mentisse; podia ser mesmo que a cantiga do mascate estivesse acabada. Tudo isso lhe passou pela cabeça, sem a forma precisa do raciocínio ou da reflexão, mas em tumulto e rápido. Genoveva deixou a porta aberta, fê-lo sentar-se, pediu-lhe notícias da viagem e achou-o mais gordo; nenhuma comoção nem intimidade. Deolindo perdeu a última esperança. Em falta de faca, bastavam-lhe as mãos para estrangular Genoveva, que era um pedacinho de gente, e durante os primeiros minutos não pensou em outra coisa.

– Sei tudo, disse ele.– Quem lhe contou?Deolindo levantou os ombros.– Fosse quem fosse, tornou ela, disseram-

lhe que eu gostava muito de um moço?– Disseram.– Disseram a verdade.Deolindo chegou a ter um ímpeto; ela fê-

lo parar só com a ação dos olhos. Em seguida disse que, se lhe abrira a porta, é porque contava que era homem de juízo. Contou-lhe então tudo, as saudades que curtira, as propostas do mascate, as suas recusas, até que um dia, sem saber como, amanhecera gostando dele.

– Pode crer que pensei muito e muito em você. Sinhá Inácia que lhe diga se não chorei muito... Mas o coração mudou... Mudou... Conto-lhe tudo isto, como se estivesse diante do padre, concluiu sorrindo.

Não sorria de escárnio. A expressão das palavras é que era uma mescla de candura e cinismo, de insolência e simplicidade, que desisto de definir melhor. Creio até que insolência e cinismo são mal aplicados. Genoveva não se defendia de um erro ou de um perjúrio; não se defendia de nada; faltava-lhe o padrão moral das ações. O que dizia, em resumo, é que era melhor não ter mudado, dava-se bem com a afeição do Deolindo, a prova é que quis fugir com ele; mas, uma vez que o mascate venceu o marujo, a razão era do mascate, e cumpria declará-lo. Que vos parece? O pobre marujo citava o juramento de despedida, como uma obrigação eterna, diante da qual consentira em não fugir e embarcar: “Juro por Deus

que está no céu; a luz me falte na hora da morte”. Se embarcou, foi porque ela lhe jurou isso. Com essas palavras é que andou, viajou, esperou e tornou; foram elas que lhe deram a força de viver. Juro por Deus que está no céu; a luz me falte na hora da morte...

– Pois, sim, Deolindo, era verdade. Quando jurei, era verdade. Tanto era verdade que eu queria fugir com você para o sertão. Só Deus sabe se era verdade! Mas vieram outras coisas... Veio este moço e eu comecei a gostar dele...

– Mas a gente jura é para isso mesmo; é para não gostar de mais ninguém...

– Deixa disso, Deolindo. Então você só se lembrou de mim? Deixa de partes...

– A que horas volta José Diogo?– Não volta hoje.– Não?– Não volta; está lá para os lados de

Guaratiba com a caixa; deve voltar sexta-feira ou sábado... E por que é que você quer saber? Que mal lhe fez ele?

Pode ser que qualquer outra mulher tivesse igual palavra; poucas lhe dariam uma expressão tão cândida, não de propósito, mas involuntariamente. Vede que estamos aqui muito próximos da natureza. Que mal lhe fez ele? Que mal lhe fez esta pedra que caiu de cima? Qualquer mestre de física lhe explicaria a queda das pedras. Deolindo declarou, com um gesto de desespero, que queria matá-lo. Genoveva olhou para ele com desprezo, sorriu de leve e deu um muxoxo; e, como ele lhe falasse de ingratidão e perjúrio, não pôde disfarçar o pasmo. Que perjúrio? que ingratidão? Já lhe tinha dito e repetia que quando jurou era verdade. Nossa Senhora, que ali estava, em cima da cômoda, sabia se era verdade ou não. Era assim que lhe pagava o que padeceu? E ele que tanto enchia a boca de fidelidade, tinha-se lembrado dela por onde andou?

A resposta dele foi meter a mão no bolso e tirar o pacote que lhe trazia. Ela abriu-o, aventou as bugigangas, uma por uma, e por fim deu com os brincos. Não eram nem poderiam ser ricos; eram mesmo de mau gosto, mas faziam uma vista de todos os diabos. Genoveva pegou deles, contente,

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deslumbrada, mirou-os por um lado e outro, perto e longe dos olhos, e afinal enfiou-os nas orelhas; depois foi ao espelho de pataca, suspenso na parede, entre a janela e a rótula, para ver o efeito que lhe faziam. Recuou, aproximou-se, voltou a cabeça da direita para a esquerda e da esquerda para a direita.

– Sim, senhor, muito bonitos, disse ela, fazendo uma grande mesura de agradecimento. Onde é que comprou?

Creio que ele não respondeu nada, não teria tempo para isso, porque ela disparou mais duas ou três perguntas, uma atrás da outra, tão confusa estava de receber um mimo a troco de um esquecimento. Confusão de cinco ou quatro minutos; pode ser que dois. Não tardou que tirasse os brincos, e os contemplasse e pusesse na caixinha em cima da mesa redonda que estava no meio da sala. Ele pela sua parte começou a crer que, assim como a perdeu, estando ausente, assim o outro, ausente, podia também perdê-la; e, provavelmente, ela não lhe jurara nada.

– Brincando, brincando, é noite, disse Genoveva.

Com efeito, a noite ia caindo rapidamente. Já não podiam ver o hospital dos Lázaros e mal distinguiam a ilha dos Melões; as mesmas lanchas e canoas, postas em seco, defronte da casa, confundiam-se com a terra e o lodo da praia. Genoveva acendeu uma vela. Depois foi sentar-se na soleira da porta e pediu-lhe que contasse alguma coisa das terras por onde andara. Deolindo recusou a princípio; disse que se ia embora, levantou-se e deu alguns passos na sala. Mas o demônio da esperança mordia e babujava o coração do pobre diabo, e ele voltou a sentar-se, para dizer duas ou três anedotas de bordo. Genoveva escutava com atenção. Interrompidos por uma mulher da vizinhança, que ali veio, Genoveva fê-la sentar-se também para ouvir “as bonitas histórias que o Sr. Deolindo estava contando”. Não houve outra apresentação. A grande dama que prolonga a vigília para concluir a leitura de um livro ou de um capítulo, não vive mais intimamente a vida dos personagens do que a antiga amante do marujo vivia as cenas que ele ia contando, tão livremente interessada e

presa, como se entre ambos não houvesse mais que uma narração de episódios. Que importa à grande dama o autor do livro? Que importava a esta rapariga o contador dos episódios?

A esperança, entretanto, começava a desampará-lo e ele levantou-se definitivamente para sair. Genoveva não quis deixá-lo sair antes que a amiga visse os brincos, e foi mostrar-lhos com grandes encarecimentos. A outra ficou encantada, elogiou-os muito, perguntou se os comprara em França e pediu a Genoveva que os pusesse.

– Realmente, são muito bonitos.Quero crer que o próprio marujo

concordou com essa opinião. Gostou de os ver, achou que pareciam feitos para ela e, durante alguns segundos, saboreou o prazer exclusivo e superfino de haver dado um bom presente; mas foram só alguns segundos.

Como ele se despedisse, Genoveva acompanhou-o até à porta para lhe agradecer ainda uma vez o mimo, e provavelmente dizer-lhe algumas coisas meigas e inúteis. A amiga, que deixara ficar na sala, apenas lhe ouviu esta palavra: “Deixa disso, Deolindo”; e esta outra do marinheiro: “Você verá.” Não pôde ouvir o resto, que não passou de um sussurro.

Deolindo seguiu, praia fora, cabisbaixo e lento, não já o rapaz impetuoso da tarde, mas com um ar velho e triste, ou, para usar outra metáfora de marujo, como um homem “que vai do meio caminho para terra”. Genoveva entrou logo depois, alegre e barulhenta. Contou à outra a anedota dos seus amores marítimos, gabou muito o gênio do Deolindo e os seus bonitos modos; a amiga declarou achá-lo grandemente simpático.

– Muito bom rapaz, insistiu Genoveva. Sabe o que ele me disse agora?

– Que foi?– Que vai matar-se.– Jesus!– Qual o quê! Não se mata, não. Deolindo

é assim mesmo; diz as coisas, mas não faz. Você verá que não se mata. Coitado, são ciúmes. Mas os brincos são muito engraçados.

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– Eu aqui ainda não vi destes.– Nem eu, concordou Genoveva,

examinando-os à luz. Depois guardou-os e convidou a outra a coser.

– Vamos coser um bocadinho, quero acabar o meu corpinho azul...

A verdade é que o marinheiro não se matou. No dia seguinte, alguns dos companheiros bateram-lhe no ombro, cumprimentando-o

pela noite de almirante, e pediram-lhe notícias de Genoveva, se estava mais bonita, se chorara muito na ausência, etc. Ele respondia a tudo com um sorriso satisfeito e discreto, um sorriso de pessoa que viveu uma grande noite. Parece que teve vergonha da realidade e preferiu mentir.

ATIVIDADES DE LEITURA

1. Deolindo Venta Grande é o protagonista do conto de Machado de Assis. Quem é esse personagem e como ele nos é apresentado nos três primeiros parágrafos do conto?

2. O flashback é uma técnica muito usada em narrativas que consiste em voltar no tempo. Destaque um trecho do início do conto que corresponde a esse recurso.

3. Justifique o uso do presente do verbo na frase: “Lá vai ele agora, pela rua de Bragança, Prainha e Saúde...”

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4. Releia atentamente o trecho abaixo, em que o narrador captura os pensamentos e sentimentos de Deolindo:

“... lá deve estar Genoveva, debruçada à janela, esperando por ele. Deolindo prepara uma palavra que lhe diga. Já formulou esta: “Jurei e cumpri”, mas procura outra melhor. Ao mesmo tempo lembra as mulheres que viu por esse mundo de Cristo, italianas, marselhesas ou turcas, muitas delas bonitas, ou que lhe pareciam tais. Concorda que nem todas seriam para os beiços dele, mas algumas eram, e nem por isso fez caso de nenhuma. Só pensava em Genoveva. A mesma casinha dela, tão pequenina, e a mobília de pé quebrado, tudo velho e pouco, isso mesmo lhe lembrava diante dos palácios de outras terras. Foi à custa de muita economia que comprou em Trieste um par de brincos, que leva agora no bolso com algumas bugigangas. E ela que lhe guardaria? Pode ser que um lenço marcado com o nome dele e uma âncora na ponta, porque ela sabia marcar muito bem.”

4.1. O que o fragmento acima revela a respeito do protagonista do conto?

4.2. As expectativas de Deolindo se cumprem?

4.3. Que justificativas Genoveva apresenta para sua atitude?

5. Como o conto descreve a personagem Genoveva? Retire do conto trechos que ajudem a compor essa personagem.

6. Como muitas personagens “realistas”, Genoveva é uma personagem complexa e ambígua. Demonstre isso com exemplos do conto.

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7. Releia:

“O pobre marujo citava o juramento de despedida, como uma obrigação eterna, diante da qual consentira em não fugir e embarcar: “Juro por Deus que está no céu; a luz me falte na hora da morte”. Se embarcou, foi porque ela lhe jurou isso. Com essas palavras é que andou, viajou, esperou e tornou; foram elas que lhe deram a força de viver. Juro por Deus que está no céu; a luz me falte na hora da morte...

– Pois, sim, Deolindo, era verdade. Quando jurei, era verdade. Tanto era verdade que eu queria fugir com você para o sertão. Só Deus sabe se era verdade! Mas vieram outras coisas... Veio este moço e eu comecei a gostar dele...

– Mas a gente jura é para isso mesmo; é para não gostar de mais ninguém...– Deixa disso, Deolindo. Então você só se lembrou de mim? Deixa de partes...”

7.1. O fragmento em destaque revela uma diferença entre as personagens Deolindo e Genoveva. Qual?

7.2. Deolindo pode ser definido como um homem romântico?

8. Releia:

“Estava celebrado o contrato. Não havia descrer da sinceridade de ambos; ela chorava doidamente, ele mordia o beiço para dissimular. Afinal separaram-se, Genoveva foi ver sair a corveta e voltou para casa com um tal aperto no coração que parecia que “lhe ia dar uma coisa”. Não lhe deu nada, felizmente; os dias foram passando, as semanas, os meses, dez meses, ao cabo dos quais, a corveta tornou e Deolindo com ela.”

8.1. Que tipo de narrador temos nesse conto de Machado?

8.2. Justifique o uso de aspas em “lhe ia dar uma coisa”.

8.3. Retire do fragmento acima um comentário do narrador. Que efeito esse comentário produz sobre o leitor?

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9. Explique o título do conto e a ironia ali presente.

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O BRASIL NALITERATURA BRASILEIRA:

a prosa de José de Alencar eGraciliano Ramos

OFICINA 8

Begma Tavares Barbosa

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TEXTOS E ATIVIDADES DE LEITURA

ATIVIDADE ORAL

Leia atentamente a letra de Caetano Veloso. Ouça a música. Em seguida converse com o seu grupo sobre elas.

Um ÍndioCaetano VelosoComposição: Caetano Veloso

Um índio descerá de uma estrela colorida e brilhanteDe uma estrela que virá numa velocidade estonteanteE pousará no coração do hemisfério sul, na América, num claro instante

Depois de exterminada a última nação indígenaE o espírito dos pássaros das fontes de água límpidaMais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias

Virá, impávido que nem Muhammed Ali, virá que eu viApaixonadamente como Peri, virá que eu viTranquilo e infalível como Bruce Lee, virá que eu viO axé do afoxé, filhos de Ghandi, virá

Um índio preservado em pleno corpo físicoEm todo sólido, todo gás e todo líquidoEm átomos, palavras, alma, cor, em gesto e cheiroEm sombra, em luz, em som magnífico

Num ponto equidistante entre o Atlântico e o PacíficoDo objeto, sim, resplandecente descerá o índioE as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizerAssim, de um modo explícito

(Refrão)

E aquilo que nesse momento se revelará aos povosSurpreenderá a todos, não por ser exóticoMas pelo fato de poder ter sempre estado ocultoQuando terá sido o óbvio.

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O ROMANCE DO SÉCULO XIX: JOSÉ DE ALENCAR

Nessa oficina, discutiremos a presença do Brasil em dois momentos da prosa brasileira. Viajando no tempo, vamos ao século XIX, quando nosso país conquistou sua independência. Vamos conhecer a prosa de um dos mais importantes escritores brasileiros: José de Alencar.

José de Alencar nasceu em 1829, em Fortaleza, e morreu em 1877, no Rio de Janeiro. Escreveu crônicas, romances e peças de teatro. Foi um de nossos primeiros e mais importantes romancistas. Seu romance O Guarani é um clássico de nossa literatura. A leitura dessa obra é fundamental para conhecermos a origem do romance brasileiro, que data do século XIX. O Guarani foi escrito em forma de folhetim e publicado no jornal Diário do Rio de Janeiro, entre os meses de janeiro e abril de 1957. Depois ganhou a forma de romance. Nesse romance, escrito quando o autor tinha apenas 29 anos, Alencar faz o elogio da nação brasileira, recém-libertada de Portugal.

Os dois textos que vamos ler a seguir são fragmentos do livro “O guarani”, de José de Alencar. Procure observar de que modo o Brasil está colocado nessa prosa, que elementos merecem destaque, como nossa terra é vista na prosa romântica do século XIX.

TEXTO I

Capítulo IV - Caçada

Quando a cavalgata chegou à margem da clareira, aí se passava uma cena curiosa.

Em pé, no meio do espaço que formava a grande abóbada de árvores, encostado a um velho tronco decepado pelo raio, via-se um índio na flor da idade.

Uma simples túnica de algodão, a que os indígenas chamavam aimará, apertada à cintura por uma faixa de penas escarlates, caía-lhe dos ombros até ao meio da perna, e desenhava o talhe delgado e esbelto como um junco selvagem.

Sobre a alvura diáfana do algodão, a sua pele, cor do cobre, brilhava com reflexos dourados; os cabelos pretos cortados rentes, a tez lisa, os olhos grandes com os cantos exteriores erguidos para a fronte; a pupila negra, móbil, cintilante; a boca forte mas bem modelada e guarnecida de dentes alvos, davam ao rosto pouco oval a beleza inculta da graça, da força e da inteligência.

Tinha a cabeça cingida por uma fita de couro, à qual se prendiam do lado esquerdo

duas plumas matizadas, que descrevendo uma longa espiral, vinham roçar com as pontas negras o pescoço flexível.

Era de alta estatura; tinha as mãos delicadas; a perna ágil e nervosa, ornada com uma axorca de frutos amarelos, apoiava-se sobre um pé pequeno, mas firme no andar e veloz na corrida. Segurava o arco e as flechas com a mão direita caída, e com a esquerda mantinha verticalmente diante de si um longo forcado de pau enegrecido pelo fogo.

Perto dele estava atirada ao chão uma clavina tauxiada, uma pequena bolsa de couro que devia conter munições, e uma rica faca flamenga, cujo uso foi depois proibido em Portugal e no Brasil.

Nesse instante erguia a cabeça e fitava os olhos numa sebe de folhas que se elevava a vinte passos de distancia, e se agitava imperceptivelmente.

Ali por entre a folhagem, distinguiam-se as ondulações felinas de um dorso negro, brilhante, marchetado de pardo; às vezes

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viam-se brilhar na sombra dois raios vítreos e pálidos, que semelhavam os reflexos de alguma cristalização de rocha, ferida pela luz do sol.

Era uma onça enorme; de garras apoiadas sobre um grosso ramo de árvore, e pés suspensos no galho superior, encolhia o corpo, preparando o salto gigantesco.

Batia os flancos com a larga cauda, e movia a cabeça monstruosa, como procurando uma abertura entre a folhagem para arremessar o pulo; uma espécie de riso sardônico e feroz contraia-lhe as negras mandíbulas, e mostrava a linha de dentes amarelos; as ventas dilatadas aspiravam fortemente e pareciam deleitar-se já com o odor do sangue da vítima.

O índio, sorrindo e indolentemente encostado ao tronco seco, não perdia um só desses movimentos, e esperava o inimigo com a calma e serenidade do homem que contempla uma cena agradável: apenas a fixidade do olhar revelava um pensamento de defesa.

Assim, durante um curto instante, a fera e o selvagem mediram-se mutuamente, com os olhos nos olhos um do outro; depois o tigre agachou-se, e ia formar o salto, quando a cavalgata apareceu na entrada da clareira. Então o animal, lançando ao redor um olhar injetado de sangue, eriçou o pêlo, e ficou imóvel no mesmo lugar, hesitando se devia arriscar o ataque.

O índio, que ao movimento da onça acurvara ligeiramente os joelhos e apertava o forcado, endireitou-se de novo; sem deixar a sua posição, nem tirar os olhos do animal, viu a banda que parara à sua direita.

Estendeu o braço e fez com a mão um gesto de rei, que rei das florestas ele era, intimando aos cavaleiros que continuassem a sua marcha.

Como, porém, o italiano, com o arcabuz em face, procurasse fazer a pontaria entre as folhas, o índio bateu com o pé no chão em sinal de impaciência, e exclamou apontando para o tigre, e levando a mão ao peito:

—É meu!... meu só!Estas palavras foram ditas em português,

com uma pronúncia doce e sonora, mas em tom de energia e resolução.

O italiano riu.

—Por Deus! Eis um direito original! Não quereis que se ofenda a vossa amiga?... Está bem, dom cacique, continuou, lançando o arcabuz a tiracolo; ela vo-lo agradecerá.

Em resposta a esta ameaça, o índio empurrou desdenhosamente com a ponta do pé a clavina que estava atirada ao chão, como para exprimir que, se ele o quisesse, já teria abatido o tigre de um tiro. Os cavaleiros compreenderam o gesto, porque, além da precaução necessária para o caso de algum ataque direto, não fizeram a menor demonstração ofensiva.

Tudo isso se passou rapidamente, em um segundo, sem que o índio deixasse um só instante com os olhos o inimigo.

A um sinal de Álvaro de Sá, os cavaleiros prosseguiram a sua marcha, e entranharam-se de novo na floresta.

O tigre, que observava os cavaleiros, imóvel, com o pêlo eriçado, não ousara investir nem retirar-se, temendo expor-se aos tiros dos arcabuzes; mas apenas viu a tropa distanciar-se e sumir-se no fundo da mata, soltou um novo rugido de alegria e contentamento.

Ouviu-se um rumor de galhos que se espedaçavam como se uma árvore houvesse tombado na floresta, e o vulto negro da fera passou no ar; de um pulo tinha ganho outro tronco e metido entre ela e o seu adversário uma distancia de trinta palmos.

O selvagem compreendeu imediatamente a razão disto: a onça, com os seus instintos carniceiros e a sede voraz de sangue, tinha visto os cavalos e desdenhava o homem, fraca presa para saciá-la.

Com a mesma rapidez com que formulou este pensamento, tomou na cinta uma flecha pequena e delgada como espinho de ouriço, e esticou a corda do grande arco, que excedia de um terço à sua altura.

Ouviu-se um forte sibilo, que foi acompanhado por um bramido da fera; a pequena seta despedida pelo índio se cravara na orelha, e uma segunda, açoitando o ar, ia ferir-lhe a mandíbula inferior.

O tigre tinha-se voltado ameaçador e terrível, aguçando os dentes uns nos outros, rugindo de fúria e vingança: de dois saltos aproximou-se novamente.

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Era uma luta de morte a que ia se travar; o índio o sabia, e esperou tranquilamente, como da primeira vez; a inquietação que sentira um momento de que a presa lhe escapasse, desaparecera: estava satisfeito.

Assim, estes dois selvagens das matas do Brasil, cada um com as suas armas, cada um com a consciência de sua força e de sua coragem, consideravam-se mutuamente como vítimas que iam ser imoladas.

ATIVIDADES DE LEITURA

Para melhor compreender o texto, faça as atividades abaixo:

1. Como o índio é descrito no texto de José de Alencar? Compare essa descrição àquela feita por Caetano Veloso.

2. Nesse capítulo de O guarani, antes de iniciar a narração do confronto entre o índio e a onça, o narrador descreve o protagonista, o índio Peri. Releia o fragmento:

O índio, sorrindo e indolentemente encostado ao tronco seco, não perdia um só desses movimentos, e esperava o inimigo com a calma e serenidade do homem que contempla uma cena agradável: apenas a fixidade do olhar revelava um pensamento de defesa.

Assim, durante um curto instante, a fera e o selvagem mediram-se mutuamente, com os olhos nos olhos um do outro; depois o tigre agachou-se, e ia formar o salto, quando a cavalgata apareceu na entrada da clareira. Então o animal, lançando ao redor um olhar injetado de sangue, eriçou o pêlo, e ficou imóvel no mesmo lugar, hesitando se devia arriscar o ataque.

2.1. A narração desse confronto confirma a caracterização do índio apresentada? Explique sua resposta.

2.2. Explique a predominância do tempo verbal pretérito perfeito no segundo parágrafo do fragmento em destaque acima.

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3. O objetivo do fragmento lido é:

a) destacar a exuberância das matas brasileiras.b) demonstrar a rivalidade entre o índio e o estrangeiro branco.c) descrever o índio como herói invencível.d) descrever o índio como ser integrado ao meio natural.e) descrever o índio como um selvagem perigoso e indomável.

4. Releia:

“O selvagem compreendeu imediatamente a razão disto: a onça, com os seus instintos carniceiros e a sede voraz de sangue, tinha visto os cavalos e desdenhava o homem, fraca presa para saciá-la.”

4.1. O verbo “desdenhar”, grifado acima, significa:

a) desprezar.b) desejar.c) observar.d) ameaçar.e) apreciar.

4.2. Nesse trecho, a qualidade do índio que se destaca é:

a) a força.b) a inteligência.c) a coragem.d) o destemor.e) a bondade.

5. Releia também:

“Era uma luta de morte a que ia se travar; o índio o sabia, e esperou tranquilamente, como da primeira vez; a inquietação que sentira um momento de que a presa lhe escapasse, desaparecera: estava satisfeito.”

Nesse trecho, a qualidade do índio que se destaca é:

a) a inteligência.b) a força.c) a coragem.d) a bondade.e) a delicadeza.

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6. Na frase, “... os cavaleiros prosseguiram a marcha e entranharam-se de novo na floresta”, o verbo entranhar significa:

a) afastar.b) aproximar.c) encaminhar.d) adentrar.e) fugir.

7. Assinale o item que expõe um comentário do narrador:

a) “Quando a cavalgata chegou à margem da clareira, aí se passava uma cena curiosa.”.

b) “Tinha a cabeça cingida por uma fita de couro...”.c) “Ali, por entre as folhagens, distinguiam-se as ondulações felinas de um dorso

negro...”.d) “Assim, durante um curto instante, a fera e o selvagem mediram-se

mutuamente...”.e) “Estendeu o braço e fez com a mão um gesto de rei, que rei das florestas ele

era...”.

Leia, agora, o capítulo que introduz o romance “O Guarani”.

Capítulo I - Cenário

De um dos cabeços da Serra dos Órgãos desliza um fio de água que se dirige para o norte, e engrossado com os mananciais que recebe no seu curso de dez léguas, torna-se rio caudal.

É o Paquequer: saltando de cascata em cascata, enroscando-se como uma serpente, vai depois se espreguiçar na várzea e embeber no Paraíba, que rola majestosamente em seu vasto leito.

Dir-se-ia que, vassalo e tributário desse rei das águas, o pequeno rio, altivo e sobranceiro contra os rochedos, curva-se humildemente aos pés do suserano. Perde então a beleza selvática; suas ondas são calmas e serenas como as de um lago, e não se revoltam contra os barcos e as canoas que resvalam sobre elas: escravo submisso, sofre o látego do senhor.

Não é neste lugar que ele deve ser visto; sim três ou quatro léguas acima de sua foz, onde é livre ainda, como o filho indômito desta pátria da liberdade.

Aí, o Paquequer lança-se rápido sobre o seu leito, e atravessa as florestas como o tapir, espumando, deixando o pêlo esparso pelas pontas do rochedo, e enchendo a solidão com o estampido de sua carreira. De repente, falta-lhe o espaço, foge-lhe a terra; o soberbo rio recua um momento para concentrar as suas forças, e precipita-se de um só arremesso, como o tigre sobre a presa.

Depois, fatigado do esforço supremo, se estende sobre a terra, e adormece numa linda bacia que a natureza formou, e onde o recebe como em um leito de noiva, sob as cortinas de trepadeiras e flores agrestes.

A vegetação nessas paragens ostentava outrora todo o seu luxo e vigor; florestas virgens se estendiam ao longo das margens do rio, que corria no meio das arcarias de verdura e dos capitéis formados pelos leques das palmeiras.

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Tudo era grande e pomposo no cenário que a natureza, sublime artista, tinha decorado para os dramas majestosos dos elementos, em que o homem e apenas um simples comparsa.

No ano da graça de 1604, o lugar que acabamos de descrever estava deserto e inculto; a cidade do Rio de Janeiro tinha-se fundado havia menos de meio século, e a civilização não tivera tempo de penetrar o interior.

ATIVIDADES DE LEITURA

1. O fragmento em destaque é:

a) narrativo.b) descritivo.c) argumentativo.d) expositivo.e) instrucional.

2. O objetivo do capítulo inicial do romance é:

a) apresentar as personagens.b) descrever o protagonista.c) introduzir o conflito da narrativa.d) situar o leitor no tempo e no espaço.e) apresentar o rio como uma personagem.

3. Ao compor o cenário da narrativa, o autor:

a) apresenta uma visão objetiva dos elementos descritos.b) reforça a fragilidade da natureza ante a ação do homem.c) destaca a presença humana no cenário.d) descreve subjetivamente a natureza brasileira.e) apresenta o homem como ser integrado à natureza.

4. Leia atentamente:

Prosopopéia ou personificação - figura pela qual se dá vida e, portanto, ação, movimento e voz, a coisas inanimadas, e se empresta voz a pessoas ausentes ou mortas e a animais.

Há personificação no item:

a) “De um dos cabeços da Serra dos Órgãos desliza um fio d’água que se dirige para o norte.”

b) “Não é nesse lugar que ele deve ser visto...”.c) “... O soberbo rio recua um momento para concentrar suas forças...”.d) “... florestas virgens se estendiam ao longo das margens do rio...”.e) “... o lugar que acabamos de descrever estava deserto e inculto...”

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5. As personificações no texto pretendem:

a) apresentar a natureza brasileira como mãe protetora.b) apresentar a natureza selvagem como adversária do homem.c) exaltar a natureza brasileira, tornando-a viva e exuberante.d) apontar a integração homem/natureza.e) denunciar a exploração sem limites da natureza pelo homem.

6. O romance romântico teve fundamental importância na formação da nossa ideia de nação. No texto lido, temos como principal contribuição à construção da identidade nacional:

a) a construção de um retrato objetivo e documental de uma região brasileira ainda pouco explorada pelo colonizador.

b) a descrição subjetiva de um país grandioso, de natureza forte e exuberante.c) a valorização da vida urbana com a descrição de seus costumes e valores sociais.d) a denúncia da exploração da terra brasileira pelo colonizador português.e) a descrição fantasiosa de um Brasil interiorano e regional ainda subdesenvolvido.

O ROMANCE DO SÉCULO XX: GRACILIANO RAMOS

Vamos conhecer agora um outro momento do romance brasileiro: a narrativa “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos, importante escritor do Modernismo.

Graciliano Ramos (1892 – 1953) nasceu e viveu sua infância no nordeste. Para lá retornou na vida adulta, chegando a ser prefeito da cidade alagoana de Palmeira dos Índios. Graciliano conheceu bem a realidade da seca. Como prefeito, mostrou-se um político dedicado a melhorar as condições de vida do povo e a denunciar as condições precárias da vida nordestina. Em março de 1936, o escritor foi preso, acusado de ter conspirado no levante comunista de 1935. As memórias da prisão estão registradas em “Memórias do Cárcere”, livro publicado no ano de sua morte. Sua obra mais famosa, “Vidas Secas”, foi publicada em 1938.

Capitulo I - Mudança

NA PLANÍCIE avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da caatinga rala.

Arrastaram-se para lá, devagar, Sinhá Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás. Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão.

- Anda, condenado do diabo, gritou-lhe o pai.

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Não obtendo resultado, fustigou-o com a bainha da faca de ponta. Mas o pequeno esperneou acuado, depois sossegou, deitou-se, fechou os olhos. Fabiano ainda lhe deu algumas pancadas e esperou que ele se levantasse. Como isto não acontecesse, espiou os quatro cantos, zangado, praguejando baixo.

A caatinga estendia-se, de um vermelho indeciso salpicado de manchas brancas que eram ossadas.

O voo negro dos urubus fazia círculos altos em redor de bichos moribundos.- Anda, excomungado.O pirralho não se mexeu, e Fabiano desejou matá-lo. Tinha o coração grosso, queria

responsabilizar alguém pela sua desgraça. A seca aparecia-lhe como um fato necessário - e a obstinação da criança irritava-o. Certamente esse obstáculo miúdo não era culpado, mas dificultava a marcha, e o vaqueiro precisava chegar, não sabia onde.

Tinham deixado os caminhos, cheios de espinho e seixos, fazia horas que pisavam a margem do rio, a lama seca e rachada que escaldava os pés.

Pelo espírito atribulado do sertanejo passou a ideia de abandonar o filho naquele descampado. Pensou nos urubus, nas ossadas, coçou a barba ruiva e suja, irresoluto, examinou os arredores. Sinhá Vitória estirou o beiço indicando vagamente uma direção e afirmou com alguns sons guturais que estavam perto. Fabiano meteu a faca na bainha, guardou-a no cinturão, acocorou-se, pegou no pulso do menino, que se encolhia, os joelhos encostados no estômago, frio como um defunto. Aí a cólera desapareceu e Fabiano teve pena. Impossível abandonar o anjinho aos bichos do mato. Entregou a espingarda a Sinhá Vitória, pôs o filho no cangote, levantou-se, agarrou os bracinhos que lhe caíam sobre o peito, moles, finos como cambitos. Sinhá Vitória aprovou esse arranjo, lançou de novo a interjeição gutural, designou os juazeiros invisíveis.

E a viagem prosseguiu, mais lenta, mais arrastada, num silêncio grande. Ausente do companheiro, a cachorra Baleia tomou a frente do grupo. Arqueada, as costelas à

mostra, corria ofegando, a língua fora da boca. E de quando em quando se detinha, esperando as pessoas, que se retardavam.

Ainda na véspera eram seis viventes, contando com o papagaio. Coitado, morrera na areia do rio, onde haviam descansado, à beira de uma poça: a fome apertara demais os retirantes e por ali não existia sinal de comida. Baleia jantara os pés, a cabeça, os ossos do amigo, e não guardava lembrança disto. Agora, enquanto parava, dirigia as pupilas brilhantes aos objetos familiares, estranhava não ver sobre o baú de folha a gaiola pequena onde a ave se equilibrava mal. Fabiano também às vezes sentia falta dela, mas logo a recordação chegava. Tinha andado a procurar raízes, à toa: o resto da farinha acabara, não se ouvia um berro de rês perdida na Caatinga. Sinhá Vitória, queimando o assento no chão, as mãos cruzadas segurando os joelhos ossudos, pensava em acontecimentos antigos que não se relacionavam: festas de casamento, vaquejadas, novenas, tudo numa confusão. Despertara-a um grito áspero, vira de perto a realidade e o papagaio, que andava furioso, com os pés apalhetados, numa atitude ridícula. Resolvera de supetão aproveitá-lo como alimento e justificara-se declarando a si mesma que ele era mudo e inútil. Não podia deixar de ser mudo. Ordinariamente a família falava pouco. E depois daquele desastre viviam todos calados, raramente soltavam palavras curtas. O louro aboiava, tangendo um gado inexistente, e latia arremedando a cachorra.

As manchas dos juazeiros tornaram a aparecer, Fabiano aligeirou o passo, esqueceu a fome, a canseira e os ferimentos. As alpercatas dele estavam gastas nos saltos, e a embira tinha-lhe aberto entre os dedos rachaduras muito dolorosas. Os calcanhares, duros como cascos, gretavam-se e sangravam.

(...)

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Estavam no pátio de uma fazenda sem vida. O curral deserto, o chiqueiro das cabras arruinado e também deserto, a casa do vaqueiro fechada, tudo anunciava abandono. Certamente o gado se finara e os moradores tinham fugido.

Fabiano procurou em vão perceber um toque de chocalho. Avizinhou-se da casa, bateu, tentou forçar a porta. Encontrando resistência, penetrou num cercadinho cheio de plantas mortas, rodeou a tapera, alcançou o terreiro do fundo, viu um barreiro vazio, um bosque de catingueiras murchas, um pé de turco e o prolongamento da cerca do curral. Trepou-se no mourão do canto, examinou a catinga, onde avultavam as ossadas e o negrume dos urubus. Desceu, empurrou a porta da cozinha. Voltou desanimado, ficou um instante no copiar, fazendo tenção de hospedar ali a família. Mas chegando aos juazeiros, encontrou os meninos adormecidos e não quis acordá-los. Foi apanhar gravetos, trouxe do chiqueiro das cabras uma braçada de madeira meio roída pelo cupim, arrancou touceiras de macambira, arrumou tudo para a fogueira.

Nesse ponto Baleia arrebitou as orelhas, arregaçou as ventas, sentiu cheiro de preás, farejou um minuto, localizou-os no morro próximo e saiu correndo.

Fabiano seguiu-a com a vista e espantou-se, uma sombra passava por cima do monte. Tocou o braço da mulher, apontou o céu, ficaram os dois algum tempo aguentando a claridade do sol. Enxugaram as lágrimas, foram agachar-se perto dos filhos, suspirando, conservaram-se encolhidos, temendo que a nuvem se tivesse desfeito, vencida pelo azul terrível, aquele azul que deslumbrava e endoidecia a gente. Entrava dia e saia dia. As noites cobriam a terra de chofre. A tampa anilada baixava, escurecia, quebrada apenas pelas vermelhidões do poente.

Miudinhos, perdidos no deserto queimado, os fugitivos agarraram-se, somaram as suas desgraças e os seus pavores. O coração de Fabiano bateu junto do coração de Sinhá Vitória, um abraço cansado aproximou os farrapos que os cobriam. Resistiram à fraqueza, afastaram-se envergonhados, sem ânimo de afrontar de novo a luz dura, receosos de perder a esperança que os alentava.

Iam-se amodorrando e foram despertados por Baleia, que trazia nos dentes um preá. Levantaram-se todos gritando. O menino mais velho esfregou as pálpebras, afastando pedaços de sonho. Sinhá Vitória beijava o focinho de Baleia, e como o focinho estava ensanguentado, lambia o sangue e tirava proveito do beijo.

Aquilo era caça bem mesquinha, mas adiaria a morte do grupo. E Fabiano queria viver.

Conheça o significado de algumas palavras:

Juazeiro - árvore alta e copada característica da caatinga nordestina.

Aió - bolsa de caça feita de fibras de caroá.

Preá - mamífero roedor.

Cambaio - de pernas tortas, fracas.

Amodorrar - causar modorra, sonolência.

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ATIVIDADES DE LEITURA

1. O texto descreve:

a) uma cena urbana.b) uma cena noturna.c) uma paisagem bucólica.d) uma paisagem interiorana.e) o cenário da seca.

2. Quem são as personagens da história?

3. O que fazem na cena narrada?

4. A morte está bastante presente na cena descrita. Retire do texto frases que demonstram isso.

5. Releia:

“Arrastaram-se para lá, devagar, Sinhá Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça...”

Considere o significado do verbo “arrastar” na frase acima. Que efeito a escolha desse verbo provoca?

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6. Releia:

O voo negro dos urubus fazia círculos altos em redor de bichos moribundos.- Anda, excomungado.O pirralho não se mexeu, e Fabiano desejou matá-lo. Tinha o coração grosso,

queria responsabilizar alguém pela sua desgraça. A seca aparecia-lhe como um fato necessário - e a obstinação da criança irritava-o. Certamente esse obstáculo miúdo não era culpado, mas dificultava a marcha, e o vaqueiro precisava chegar, não sabia onde.

Tinham deixado os caminhos, cheios de espinho e seixos, fazia horas que pisavam a margem do rio, a lama seca e rachada que escaldava os pés.

6.1. No episódio em destaque Fabiano é descrito, principalmente, como um homem:

a) mau e insensível.b) conformado com sua situação.c) amoroso com os filhos.d) embrutecido pela vida.e) obstinado e corajoso.

6.2. A expressão “obstáculo miúdo” refere-se, no texto:

a) à seca.b) ao rio.c) ao filho.d) à lama do rio.e) ao cansaço.

6.3. No fragmento acima, a palavra “obstinação” significa:

a) aventura.b) teimosia.c) negação.d) recusa.e) desobediência.

7. Em “Vidas Secas”, os personagens, às vezes, assemelham-se a animais. Assinale o item que demonstra isso:

a) “Sinhá Vitória aprovou esse arranjo, lançou de novo a interjeição gutural, designou os juazeiros invisíveis.”.

b) “Coitado, morrera na areia do rio, onde haviam descansado, à beira de uma poça...”.

c) “...o resto da farinha acabara, não se ouvia um berro de rês perdida na Caatinga.”.d) “Resolvera de supetão aproveitá-lo como alimento e justificara-se declarando a

si mesma que ele era mudo e inútil.”.e) “As manchas dos juazeiros tornaram a aparecer, Fabiano aligeirou o passo,

esqueceu a fome, a canseira e os ferimentos.”

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8. Que obstáculos os retirantes enfrentam? Como o enfrentam?

9. Releia:

“Miudinhos, perdidos no deserto queimado, os fugitivos agarraram-se, somaram as suas desgraças e os seus pavores. O coração de Fabiano bateu junto do coração de Sinhá Vitória, um abraço cansado aproximou os farrapos que os cobriam. Resistiram à fraqueza, afastaram-se envergonhados, sem ânimo de afrontar de novo a luz dura, receosos de perder a esperança que os alentava.”

O parágrafo acima enfatiza:

a) a insignificância dos retirantes.b) a fragilidade dos retirantes.c) a coragem dos retirantes.d) a resistência dos retirantes.e) a vergonha dos retirantes.

10. Compare os textos de José de Alencar e Graciliano Ramos. A respeito da descrição que os autores fazem do Brasil, podemos dizer que:

a) os textos assemelham-se, pois descrevem o Brasil a partir de um ponto de vista subjetivo, mais fantasioso que real.

b) os textos diferem, principalmente no que diz respeito à linguagem: a linguagem de Alencar é mais objetiva, a de Graciliano é poética.

c) os textos assemelham-se, pois tanto Alencar quanto Graciliano descrevem uma natureza hostil e selvagem que ameaça o homem.

d) os textos assemelham-se, ambos são poéticos e fazem uma descrição fantasiosa da realidade brasileira.

e) os textos diferem: Alencar compõe uma descrição romantizada do Brasil e do índio brasileiro; Graciliano fala do Brasil com realismo.

11. O texto de José de Alencar e o de Graciliano Ramos representam, respectivamente:

a) a prosa romântica e o regionalismo de 30.b) o romance indianista e o romance modernista.c) o regionalismo de 30 e o regionalismo romântico.d) a prosa realista e a prosa romântica.e) a prosa romântica e a prosa modernista.

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Anotações

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O TEXTO PUBLICITÁRIOOFICINA 9

Lúcia Helena Furtado Moura

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TEXTOS E ATIVIDADES DE LEITURA

Vamos iniciar esta oficina, voltada para o estudo do texto publicitário, com a leitura do texto “Eu etiqueta”, de um grande poeta brasileiro: Carlos Drummond de Andrade.

Carlos Drummond de Andrade é considerado o maior poeta brasileiro do século XX. Nasceu em Itabira, Minas Gerais, em 31 de outubro de 1902. Morreu no Rio de Janeiro, em agosto de 1987. A poesia de Drummond foi um espaço para pensar o homem e o mundo. Sua vasta e madura obra fez dele o poeta mais influente da literatura brasileira de seu tempo.

TEXTO I

EU, ETIQUETA

Carlos Drummond de Andrade

1 Em minha calça está grudado um nome2 que não é meu de batismo ou de cartório, 3 um nome... estranho.4 Meu blusão traz lembrete de bebida5 que jamais pus na boca, nesta vida.6 Em minha camiseta, a marca de cigarro7 que não fumo, até hoje não fumei.8 Minhas meias falam de produto9 que nunca experimentei10 mas são comunicados a meus pés.11 Meu tênis é proclama colorido12 de alguma coisa não provada13 por este provador de longa idade.14 Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,15 minha gravata e cinto e escova e pente,16 meu copo, minha xícara,17 minha toalha de banho e sabonete,18 meu isso meu aquilo,19 desde a cabeça ao bico dos sapatos,20 são mensagens,21 letras falantes,22 gritos visuais, 23 ordens de uso, abuso, reincidência,24 costume, hábito, premência,25 indispensabilidade,26 e fazem de mim homem-anúncio intinerante,27 escravo da matéria anunciada.28 Estou, estou na moda.29 É doce estar na moda, ainda que a moda

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30 seja negar a minha identidade,31 trocá-la por mil, açambarcando32 todas as marcas registradas,33 todos os logotipos do mercado.34 Com que inocência demito-me de ser35 eu que antes era e me sabia36 tão diverso de outros, tão mim-mesmo,37 ser pensante, sentinte e solidário38 com outros seres diversos e conscientes39 de sua humana, invencível condição.40 Agora sou anúncio,41 ora vulgar, ora bizarro,42 em língua nacional ou em qualquer língua43 (qualquer principalmente).44 E nisto me comprazo, tiro glória45 da minha anulação.46 Não sou - vê lá - anúncio contratado. 47 Eu é que mimosamente pago48 para anunciar, para vender49 em bares festas praias pérgulas piscinas,50 e bem à vista exibo esta etiqueta51 global no corpo que desiste52 de ser veste a sandália de uma essência53 tão viva, independente,54 que moda ou suborno algum a compromete.55 Onde terei jogado fora56 meu gosto e capacidade de escolher,57 minhas idiossincrasias tão pessoais,58 tão minhas que no rosto se espelhavam,59 e cada gesto, cada olhar,60 cada vinco da roupa61 resumia uma estética?62 Hoje sou costurado, sou tecido,63 sou gravado de forma universal,64 saio da estamparia, não de casa,65 da vitrine me tiram, recolocam,66 objeto pulsante, mas objeto67 que se oferece como signo de outros68 objetos estáticos, tarifados. 69 Por me ostentar assim, tão orgulhoso70 de ser não eu, mas artigo industrial,71 peço que meu nome retifiquem.72 Já não me convém o título de homem,73 meu nome novo é coisa.74 Eu sou a coisa, coisamente.

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ATIVIDADES DE LEITURA

Depois de ler o poema de Drummond, procure responder as questões abaixo:

1. Releia:

“Meu blusão traz lembrete de bebida que jamais pus na boca, nesta vida. Em minha camiseta a marca de cigarro que não fumo, até hoje não fumei. Minhas meias falam de produto que nunca experimentei”.

Avalie o efeito de sentido que a repetição de advérbios de negação pode provocar no leitor.

2. O texto fala dos efeitos da propaganda sobre o poeta, cidadão da sociedade de consumo. Resuma, com suas palavras, quais são estes efeitos.

3. No verso 26, Drummond assim se caracteriza: “... e fazem de mim homem-anúncio-itinerante”. Como você explica o significado de itinerante?

4. Releia:

“É doce estar na moda, ainda que a moda seja negar a minha identidade, trocá-la por mil açambarcando todas as marcas registradas...” (Versos 29 e 30).

4.1. O que significa o adjetivo “doce” nessa frase. Procure explicar essa escolha lexical.

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4.2. Considere o conector “ainda que”, grifado acima.

a- Indique seu valor semântico.

b- Reescreva a frase, substituindo esse conector por outro sem alteração de sentido.

4.3. O pronome “la”, negritado no verso em destaque acima, refere-se a:

5. Nos três últimos versos, Drummond assim se coloca: “Já não me convém o título de homem, meu nome novo é coisa. Eu sou a coisa, coisamente”. Como pode ser explicada esta caracterização que o poeta constrói de si mesmo?

7. Releia:

“Meu tênis é proclama colorido de alguma coisa não provada por este provador de longa idade”.

7.1. O que os versos nos revelam sobre o eu-lírico do poema?

7.2. O que quer nos dizer o poeta nestes versos?

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QUESTÕES OBJETIVAS

Resolva agora as questões objetivas abaixo:

1. Os termos abaixo são expressões usadas pelo poeta para se caracterizar, EXCETO:

a) artigo industrial. b) etiqueta.c) anúncio itinerante.d) anúncio contratado.

2. “Meu isso, meu aquilo” (verso 18). Os pronomes em negrito podem estar resumindo o que diz o poeta sobre:

a) ordens de uso.b) matéria anunciada.c) hábitos do poeta.d) objetos de uso pessoal.

3. Todos os sentimentos abaixo foram revelados pelo poeta, exceto:

a) inocência.b) saudosismo.c) satisfação.d) anulação.

4. Drummond diz ser: “... anúncio itinerante, ora vulgar, ora bizarro, açambarcando todas as marcas registradas...”

A alternativa que contém o significado das palavras negritadas, respectivamente é:

a) andante, esquisito, comum, apropriando.b) comum, apropriar, esquisito, andante.c) andante, comum, esquisito, apropriando.d) andante, apropriando, comum, esquisito.

Propomos, agora, a leitura de alguns textos publicitários. Os textos II e III são propagandas de cigarro antigas que, conforme você irá observar, reúnem recursos de argumentação para estimular a adesão ao fumo. Antes de iniciar a leitura dos textos de propaganda confira a conceituação do gênero, retomada da oficina 2. Observe os grifos:

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O anúncio publicitário, ou propaganda, é um gênero de texto de natureza argumentativa, cujo objetivo é vender um produto ou serviço, uma ideia ou a imagem de uma empresa ou instituição. Tendo como suporte de circulação diferentes mídias, o anúncio é usualmente produzido por agências publicitárias, contratadas por empresas, governos e/ou instituições. Características desse gênero de texto são a interação e a sintonia existentes entre a linguagem verbal e não- verbal, tomadas como forma de potencializar o efeito dos argumentos. Embora flexível, a organização composicional de um anúncio pode apresentar: texto, imagem, título, logotipo e slogan.

Leia atentamente os textos de propaganda abaixo. Observe as sinalizações verbais e não verbais. Considere, também, as informações sobre o contexto de produção das propagandas.

TEXTO II TEXTO III

Época – década de 70

Garoto propaganda – o jogador de futebol Gérson

Slogan da campanha – “Para aqueles que gostam de levar vantagem”

Garoto propaganda – o playboy Pedrinho Aguinaga.

Slogan da campanha – “O fino que satisfaz”

A respeito do texto II, responda:

1. Qual é seu objetivo comunicativo?

2. Que argumento utiliza para atingir esse objetivo?

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3. Justifique a escolha do diminutivo na frase: “Sete cruzeirinhos”.

4. Considere, agora, a imagem da propaganda I. Que argumento a imagem veicula?

5. Vamos retomar a definição de slogan, trabalhada na oficina 2:

O slogan é uma frase usada como uma identificação do produto, ideia ou serviço anunciado. De fácil memorização, o slogan destaca atributos, vantagens que justificam a adesão por parte do consumidor.

A campanha publicitária dos cigarros Vila Rica usou o slogan “Para quem gosta de levar vantagem em tudo”. Como você avalia esse slogan?

A respeito do texto III, responda:

1. Qual é seu objetivo comunicativo?

2. Que argumento utiliza para atingir esse objetivo?

3. Considere, agora, a imagen da propaganda II. Que argumento a imagen utiliza?

4. Considere, agora, o slogan da campanha: “O fino que satisfaz”.

4.1. É muito comum que textos de propaganda explorem a ambiguidade das palavras. Uma palavra é ambígua quando pode ter mais de um sentido. Explique os sentidos que podem ser atribuídos à palavra “fino” no slogan acima.

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4.2. Considerando a ambiguidade do adjetivo “fino”, explique o sentido do slogan.

5. Leia, agora, dois outros textos de propaganda de cigarro, ainda mais antigos. Observe atentamente as sinalizações não-verbais.

TEXTO IV TEXTO V

5.1. Vimos que em anúncios publicitários, ou textos de propagandas, as imagens têm forte poder de argumentação. Que argumentos estão presentes nas imagens dessas propagandas.

Você pôde observar que, no passado, as propagandas de cigarro representavam o fumo como algo bom, já que estava associado à sedução e a momentos agradáveis e felizes. Na direção contrária ao que vinha acontecendo na mídia em relação às propagandas de cigarro, a partir do ano 2000, a propaganda de cigarros foi proibida no Brasil. O Ministério da Saúde indicou a veiculação de mensagens obrigatórias no verso dos maços de cigarros, como a que se observa abaixo. Compare estas imagens. Observe-as atentamente, considerando os recursos verbais e não verbais que foram utilizados nestes anúncios:

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TEXTO VI TEXTO VII

ATIVIDADES DE LEITURA

1. Depois de ter observado as imagens, faça um comentário sobre os recursos verbais e não verbais empregados na primeira publicidade, cujo título é TERROR.

2. Em relação à segunda imagem, faça um comentário dos recursos visuais que estão à mostra na propaganda.

3. Observe, agora, o texto verbal da segunda imagem: “um gesto de afeto, um gosto em comum”. Explique o apelo comunicativo contido nessa expressão e sua vinculação ao produto que está sendo anunciado: o cigarro.

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4. Compare as duas propagandas e discuta a eficácia comunicativa de ambas, tendo em vista o momento histórico em que foram divulgadas.

Leia, agora, o texto VIII, do cartunista Ziraldo.

5.1. Qual é, na sua opinião, a finalidade desse texto?

5.2. Onde reside o humor do cartoon?

5.3. Faça um comentário sobre a imagem acima, tendo em vista a discussão feita sobre a propaganda de cigarro.

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Agora, você vai ler o texto “Dia Mundial Sem Tabaco”, uma crônica de Martha Medeiros:

Texto IX

DIA MUNDIAL SEM TABACO

Martha Medeiros

Para que serve um “Dia Mundial” de qualquer coisa? Para provocar uma reflexão, e isso não é pouco se levarmos em consideração que ninguém anda muito a fim de pensar em nada. Pois hoje é o “Dia Mundial Sem Tabaco”, e é claro que vem aí todo um discurso sobre os riscos causados pelo fumo. Uma cantilena necessária, ainda que as pessoas saibam muito bem o veneno que estão tragando. Seria hoje um bom dia para romper com esse hábito? É um dia excelente, clássico. Pare, se for capaz. Mas tem uma coisa ainda mais importante e muito mais fácil para se determinar hoje: não começar a fumar!

Os números são alarmantes: cem mil jovens começam a fumar todos os dias. Nesta quarta-feira, no mundo todo, tem cem mil garotos e garotas acendendo seu primeiro cigarro. Amanhã serão outros cem mil. E sexta-, mais cem mil. Como é que as pesquisas chegaram neste número eu não sei, mas a verdade é que tem gente à beça no planeta e cem mil pode ser um chute bem aproximado.

A gente sabe porque um fumante tenta parar, mas o que faz um não-fumante começar? Até algumas décadas atrás, começava-se a fumar por auto-afirmação. Todo adolescente sonha em crescer de uma vez, parecer mais maduro do que é – e mais charmoso. O importante era ter Charm, alguém lembra? E levar vantagem em tudo. E sentir um raro prazer. “Hollywood, o sucesso! Por muito tempo o cigarro foi associado à aventura, beleza, classe, virilidade, erotismo. Com espinhas na cara não se tem nada disso, mas dá pra comprar uma carteira no boteco da esquina e bancar o tal.

Dei minha primeira tragada aos treze anos e o cigarro me enjoou tremendamente, mas não me deixei abater, eu também queria ter charme, então insisti nessa insensatez durante algum tempo, até que comecei a dar vexames públicos, passando mal de verdade. Descobri que era preferível abrir mão do charme e ter minha reputação preservada. E o meu pulmão também. Foi litigioso: eu e ele nos abandonamos para nunca mais.

Com o fim da propaganda e da associação do cigarro a pessoas vitoriosas, fumar perdeu status, passou a ser considerado uma fraqueza humana. Hoje os adolescentes se auto-afirmam de outras maneiras – através da roupa, do esporte, da ficação, dos blogs e, tendo a cabeça fraca, através de pichações, bebedeiras e rachas. Observo diariamente alunos em portões de escolas e ninguém fuma. Quando eu estudava, bastava colocar o pé pra fora do colégio e quase todos os alunos acendiam um cigarro, se achando muito espertos. Os espertos, hoje, estão limpos. E mais bem informados. Sabem que, quando a nicotina entra na vida de alguém, é pra ficar. Desgrudar-se é uma dificuldade. Morre-se por ela.

O cigarro dos outros nunca me aborreceu, compreendo perfeitamente que é um amor verdadeiro e difícil de largar. Quem estiver disposto, hoje é um bom dia para tentar parar, mas se não conseguir, paciência, há hábitos piores nesta vida.

Mas quem nunca fumou não escolha hoje pra começar. Nem amanhã, nem depois. Começar é que é estupidez. Começar é que não se explica.

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ATIVIDADES DE LEITURA

1. Em uma das partes da crônica, Martha Medeiros usa como recurso argumentativo a estatística.

1.1. Retire do texto esse argumento.

1.2. Esse recurso argumentativo serve para sustentar a tese de que:

a) É importante que tenhamos um “dia mundial sem tabaco”.b) Discursos sobre os malefícios do fumo não funcionam entre os jovens.c) Há necessidade de campanhas que estimulem o jovem a não começar a fumar.d) Os jovens querem se auto-afirmar, por isso começam a fumar.

2. Considere a seguinte pergunta, formulada no início do terceiro parágafo.

2.1. Qual é a função dessa pergunta no texto?

2.2. Como a autora responde a essa pergunta. Que tese defende a respeito desse tópico?

3. Martha Medeiros, na construção de sua argumentação, menciona propagandas antigas de cigarros. Relacione a avaliação que a autora faz dessas propagandas com a análise dos anúncios publicitários feita nessa oficina.

4. Em relação ao consumo de cigarro, que diferenças a autora observa entre os jovens de antigamente e os de hoje?

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5. Qual é o posicionamento da autora sobre o “parar de fumar”.

6. Qual é o posicionamento da autora sobre campanhas como o “Dia nacional sem tabaco”?

QUESTÕES OBJETIVAS

Resolva agora as questões objetivas abaixo:

1. No texto de Martha Medeiros, todos os termos abaixo se referem ao cigarro, exceto:

a) fumob) venenoc) clássicod) hábito

2. Assinale a alternativa que apresenta a relação correta entre o pronome e o termo a que se refere:

a) “Morre-se por ela” (dificuldade – 5º parágrafo) b) “... eu e ele nos abandonamos para nunca mais” (pulmão – 4º parágrafo)c) “Hoje os adolescentes se auto-afirmam de outras maneiras” (jovens – 5º

parágrafo)d) “Os cigarros dos outros nunca me aborreceu”. (autora – 6º parágrafo)

3. “Uma cantilena necessária, ainda que as pessoas saibam muito bem o veneno que estão tragando”. (1º parágrafo)

Na frase acima, a palavra cantilena, significa:

a) cantiga monótonab) conversação animadac) fala repetitivad) cantiga suave

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4. “Com espinhas na cara não tem nada disso, mas dá pra comprar uma carteira no boteco da esquina e bancar o tal”. (3º parágrafo)

Das frases abaixo, escolha aquela que contenha a palavra tal com o mesmo significado da frase acima:

a) O fato passou tal qual o descrevi.b) Este camarada é o tal.c) Comprou um vestido tal qual o da amiga.d) Ele falou do tal de Pedro.

PRODUÇÃO ESCRITA

Depois de analisar propagandas de cigarro e ler textos sobre o consumo de cigarros (um cartoon e uma crônica), escreva um texto ARGUMENTATIVO, apresentando sua opinião sobre o consumo e a publicidade de cigarros no Brasil.

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USO DA LÍNGUA E VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

OFICINA 10

Terezinha Barroso

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TEXTOS E ATIVIDADES DE LEITURA

Antecipando sentidos do texto I

Blog (de web log) é um site que permite atualização rápida, com a postagem de artigos (ou posts), notícias, comentários, etc. Os artigos podem ser escritos pelo responsável pelo blog ou por outras pessoas autorizadas. Em um blog, encontramos textos, imagens e links para outros blogs, páginas da web e mídias relacionadas a seus temas. (Adaptado de http://pt.wikipedia.org/wiki/Blog)

Você vai ler uma entrevista com o Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, postada no blog Vi o mundo O que você não vê na mídia. Considerando essas informações, responda:

1. Sobre que assunto você espera ler na entrevista? Por quê?

2. Você já sabe o que é um blog. Que recursos o blog oferece ao leitor como veículo de informação?

O blog permite ao usuário:

3. Considerando o título desse blog (Vi o mundo O que você não vê na mídia), o que o leitor pode esperar da natureza das notícias que nele circulam?

TEXTO I

Leia a entrevista com o Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, sobre a campanha de imunização contra a gripe H1N1, conhecida como gripe A, ou gripe suína, no blog Vi o mundo O que você não vê na mídia. Na entrevista, o ministro responde a questionamentos e esclarece pontos polêmicos em relação à campanha.

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14 de março de 2010, às 18h 39min

Temporão: Estratégia para combater gripe suína é sólidapor Conceição Lemes

vulneráveis. São aquelas pessoas que, em função de faixa etária, grupo biológico ou de determinadas doenças crônicas preexistentes, são mais frágeis e poderiam desenvolver complicações da gripe A e morrer.

Viomundo – Os grupos que serão vacinados são os mesmos no mundo inteiro?

José Gomes Temporão – Não. A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda para gestantes, profissionais de saúde, indígenas e portadores de doenças crônicas. Os países estão seguindo essas indicações, mas com algumas diferenças, já que tem de se levar em conta como a doença se apresentou em cada região. Nós estamos indo além do que preconiza a OMS.

Viomundo – A propósito, o Brasil vai vacinar crianças de 6 meses a 2 anos e a população saudável de 20 a 39 anos. Por quê?

José Gomes Temporão – Analisando os óbitos de 2009 pela gripe A, verificamos que, além de gestantes e portadores de doenças crônicas, eles se concentraram em crianças pequenas (com menos de 2 anos) e em adultos saudáveis de 20 a 39 anos. Daí a decisão de incluí-los entre os grupos prioritários. Estados Unidos e Canadá também vacinaram a população saudável de 20 a 39 anos. Ainda não se sabe por que esse grupo etário tem mais risco de desenvolver a forma grave da gripe A. O fato é que tem.

(...)

Viomundo – E os idosos, por que não vacinar todos?

José Gomes Temporão – É preciso deixar bem claro: todos os idosos serão vacinados contra a gripe comum, como ocorre todo

Esta semana começou, em todo o Brasil, a campanha de imunização contra a influenza A (H1N1), ou gripe A, mais conhecida como gripe suína. Acontecerá em cinco etapas distintas: profissionais de saúde e indígenas; gestantes, doentes crônicos e crianças de 6 meses a 2 anos; pessoas de 20 a 29 anos; idosos com doenças crônicas; população de 30 a 39 anos.

A meta é imunizar até 21 de maio, pelo menos, 80% do público-alvo de 91 milhões de brasileiros. “Nossa estratégia é baseada em evidências científicas e epidemiológicas muito sólidas”, salienta o Ministro da Saúde, José Gomes Temporão. “Tem o respaldo das maiores autoridades em saúde pública e da comunidade científica do Brasil.” Temporão tem especialização em Doenças Infecciosas e em Saúde Pública, mestrado e doutorado em Saúde Coletiva. É pesquisador e professor da Escola Nacional de Saúde Pública, da Fundação Oswaldo Cruz, a Fiocruz, no Rio de Janeiro. Nesta entrevista exclusiva ao Viomundo, ele encarou com tranquilidade os questionamentos e pontos polêmicos.

***

Viomundo – Ministro, eu já ouvi em metrô, restaurante, hospital, sala de espera de consultório, muita gente perguntando: por que não vacinar toda a população contra a gripe suína? O que o senhor acha?

José Gomes Temporão – A vacinação em massa não é o caminho para o enfrentamento da segunda onda da influenza A. Por um motivo simples: não é mais possível a contenção em todo o mundo. Nenhum país está vacinando a população inteira. Além de desperdício de dinheiro, exporia essas pessoas a uma vacina que não é necessária para elas. A intenção da campanha é proteger os mais

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ano. Mas só receberão a dose contra a gripe A aqueles que tiverem alguma doença crônica. Isso porque a gripe A não se mostrou agressiva em idosos saudáveis. A gripe sazonal, essa sim, é a que causa um alto número de internação e doença grave em idosos em geral.

Viomundo – No Parlamento Europeu, a OMS foi acusada de ter exagerado no alerta da pandemia em 2009. Levantou-se até a suspeita de ela ter cedido às pressões da indústria farmacêutica. Vacinas contra a gripe suína e o Tamiflu (a droga é o oseltamivir) estão sobrando no mercado internacional. Em alguns países, como França, Inglaterra e Espanha, a vacinação foi rechaçada por certos segmentos da sociedade. Aqui, há cidadãos questionando a vacinação. O que senhor teria a dizer sobre isso?

José Gomes Temporão – Quem faz esse questionamento, olhou apenas para a Europa. Não olhou para Canadá, Estados Unidos e México, onde não houve polêmica sobre o assunto. Nesses países, a população se vacinou normalmente. A responsabilidade do Ministério da Saúde é proteger a população vulnerável. E é isso que estamos fazendo.

Viomundo – O que aconteceu na Europa?

José Gomes Temporão – Na minha avaliação, houve uma superestimativa de que a segunda onda da pandemia poderia ser uma grande tragédia, com muitas mortes. O que não se confirmou. Lá, a segunda onda foi mais fraca do que se imaginava. Por sinal, nós, aqui, tivemos uma postura muito prudente desde o começo. Lembra-se da pressão imensa para que distribuíssemos o Tamiflu indiscriminadamente e nós, embora tivéssemos o remédio em estoque, não o fizemos? Os estudos demonstraram que a posição do Brasil estava correta. Pois bem, qualquer predição de que vai ser uma catástrofe ou de que não vai dar em nada é mera especulação. Estamos lidando com uma doença nova, desconhecida, cujo comportamento ainda estamos descobrindo. De novo: nossa postura, aqui no Brasil, é de prudência,

alerta e responsabilidade; vamos proteger a população que mais precisa.

(...)

Viomundo – Na Europa, sobrou muita vacina. Foi só devido ao boicote à vacinação?

José Gomes Temporão – Não. Lá, a segunda onda havia começado e eles ainda não dispunham da vacina. Foi difícil planejar. Assim sendo, muitos países compraram número de doses acima do que seria razoável. Já aqui, não. Nós tivemos condições de pensar e planejar. Vamos vacinar metade da população brasileira antes do inverno. É uma atitude muito importante para proteger a população de uma coisa que nós não sabemos como vai se comportar no Brasil e no restante do hemisfério sul. Seria uma grande irresponsabilidade pautarmos a nossa atuação pelo que aconteceu no inverno do hemisfério norte.

Viomundo – Já ouvi pessoas dizerem: “já que a gripe suína é igual à gripe comum, eu não vou me vacinar”. O que o senhor diria para elas?

José Gomes Temporão – É muito simples. Se elas estão incluídas em algum grupo do público-alvo definido para se vacinar, elas têm de saber que estão mais expostas a terem complicações, se pegarem gripe. Todo o nosso esforço é no sentido de evitar agravamentos e mortes. Não queremos que brasileiros morram devido a uma doença que tem uma vacina eficaz, segura.

Viomundo – O fato de a segunda onda no hemisfério norte ter sido mais branda do que se esperava não contraindicaria a vacinação aqui?

José Gomes Temporão – Não, porque simplesmente não temos nenhum instrumento que nos permita antecipar o que vai acontecer no nosso inverno. A segunda onda da pandemia também pode ser branda aqui, mas existe a possibilidade de ser mais violenta do que foi no hemisfério norte. A única arma de que dispomos agora e não

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tínhamos em 2009 é a vacina. Logo, seria um disparate total a gente deixar de usá-la. A responsabilidade maior da autoridade sanitária é proteger a saúde da população.

Viomundo – Essa vacina tem contraindicações?

José Gomes Temporão – Pessoas alérgicas à proteína do ovo não podem tomá-la. É a única contraindicação. O vírus vacinal é “criado” em embrião de ovo de galinha.

Viomundo – E os efeitos colaterais?

José Gomes Temporão – Até o momento, não foi comprovada a ocorrência de efeito adverso grave associado à vacina contra influenza A. A grande maioria das pessoas que apresenta sintomas tem reações leves, semelhantes às da vacina contra a gripe comum: dor local, febre baixa, dores musculares, que se resolvem em torno de 48 horas.

Viomundo – Um leitor do site pergunta: o fato da vacina ter sido feita com o vírus que circulou no último inverno não faz com que ela fique “velha”?

José Gomes Temporão – Não. A tendência dos vírus de gripe é circular durante dois a três anos. Além disso, estudos epidemiológicos realizados no Brasil mostram que mais de 90% dos casos graves de influenza são pelo vírus A (H1N1).

Viomundo – O senhor tem uma frase que eu sempre repito: fazer política com saúde pública é um crime. Infelizmente, nós temos visto muito isso no Brasil. Aconteceu com a febre amarela em 2008, com a gripe suína no ano passado. Como é lidar com tantas pressões da mídia, dos partidos políticos de oposição, da indústria…?

José Gomes Temporão – É bem tranquilo. Não me afetam. Acho justo e legítimo que outras pessoas tenham outras visões. O que me trouxe aqui é um projeto, um sonho de construir um sistema de saúde melhor para o Brasil. É o que estou buscando fazer. Trabalhando para fortalecer a base do sistema público de saúde. São 30 anos de estrada, de sonhos. E estou preparado para enfrentar todas as batalhas que venham pela frente.

Disponível em: www.viomundo.com.br/entrevistas/temporao-estrategia-para-combater-gripe-suina-e-

solida.html

ATIVIDADES DE LEITURA

Você acabou de ler um texto que pertence ao gênero textual entrevista. Responda às questões abaixo:

1. Em quais veículos de comunicação, a entrevista pode ser usada como recurso informativo?

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2. Um determinado assunto pode ser veiculado na mídia em forma de uma notícia redigida pelo repórter, ou através de uma entrevista dada por alguém, diretamente envolvido com o assunto. De que modo a opção pelo gênero textual entrevista pode interferir na maneira como a informação é recebida pelo leitor/ouvinte?

3. A entrevista possui uma organização composicional (um plano geral), que dá a esse gênero textual uma estrutura própria. Identifique seus componentes, tomando como base a entrevista que você leu.

4. Para montar uma entrevista, o repórter elabora, previamente, um roteiro com os tópicos que serão abordados. Responda:

a) Qual a utilidade desse roteiro?

b) Releia a entrevista e indique 04 tópicos que, certamente, estavam presentes no bloco de anotações da repórter, para guiar sua entrevista.

5. Vários fatores vão determinar a linguagem usada na entrevista, ou seja, o registro de linguagem (se formal ou informal), usado pelos participantes. Alguns dos fatores que determinam esse registro de linguagem são:

a função que a pessoa entrevistada exerce na sociedade; o assunto abordado na entrevista; o suporte de circulação da entrevista (onde foi publicada).

Retire da entrevista palavras ou expressões de linguagem formal, para exemplificar cada um dos fatores citados acima:

a) a função que a pessoa entrevistada exerce na sociedade:

b) o assunto abordado na entrevista:

c) o suporte de circulação da entrevista:

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6. Uma forma de marcar linguisticamente o registro formal da linguagem é o uso do tempo verbal futuro do pretérito. Em situações formais, esse tempo verbal pode ser usado para indicar:

1 - polidez, reverência (respeito) da parte dos interlocutores;

2 - possibilidade ou hipótese.

Abaixo estão exemplos de ocorrências do tempo verbal futuro do pretérito na entrevista que você leu. Marque, à frente, (1) ou (2), de acordo com o sentido expresso em cada um deles:

( ) “Além do desperdício de dinheiro, exporia essas pessoas a uma vacina que não é necessária para elas.”

( ) “São aquelas pessoas que, (...) são mais frágeis e poderiam desenvolver complicações da gripe A e morrer.”

( ) “O que o senhor teria a dizer sobre isso?”( ) “ ... houve uma superestimativa de que a segunda onda da pandemia poderia

ser uma grande tragédia, ...” ( ) “ Seria uma grande irresponsabilidade pautarmos a nossa atuação pelo que

aconteceu no inverno...”( ) “O fato de a segunda onda no hemisfério norte ter sido mais branda (...) não

contra-indicaria a vacinação aqui?” ( ) “Logo seria um disparate total a gente deixar de usá-la.”

7. Embora tenhamos observado marcas de registro formal na entrevista, é possível também reconhecer marcas de registro menos formal. Algumas construções linguísticas podem ser observadas como próprias da modalidade oral.

7.1. Como explicar a presença de marcas de oralidade na entrevista?

7.2. Retire da entrevista exemplos de uso de linguagem próximo da oralidade.

7.3. Se compararmos a linguagem usada pelo entrevistador com aquela usada pelo Ministro, podemos observar diferenças. Como explicar essas diferenças?

8. Segundo o Ministro, qual é a intenção da campanha de vacinação?

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9. A respeito da polêmica sobre a campanha de vacinação contra a gripe A, algumas posições/teses são defendidas pelo Ministro. A defesa de uma posição/tese é feita por justificativa, um conjunto de argumentos que serve de sustentação da posição assumida. O quadro abaixo apresenta uma das teses defendidas pelo Ministro na entrevista. Complete-o com os argumentos que justificam a posição assumida por ele:

Tema polêmico: A CAMPANHA DE VACINAÇÃO CONTRA A GRIPE A

POSIÇÃO/TESE DO MINISTRO

ARGUMENTOS

10. Uma das estratégias discursivas usadas para convencer o leitor ou o ouvinte de uma dada posição (defesa de uma tese) é o uso do que chamamos de argumento de autoridade:

Um argumento de autoridade é baseado na opinião de um especialista ou de um grupo de pessoas respeitadas. Pode vir em forma de citação do nome da pessoa ou de um grupo, cuja reputação é reconhecida na área (um autor, um filósofo, pesquisador, um grupo de cientistas, um comitê, etc), ou pela declaração do próprio especialista, transcrita entre aspas.

O princípio lógico do argumento de autoridade é: “A disse que P; logo, P». Por exemplo: «Aristóteles disse que a Terra é plana; logo, a Terra é plana”.

Essa estratégia – o uso de argumentos de autoridade - foi usada pelo Ministro Temporão, para justificar a decisão do governo pela campanha da vacinação contra a gripe H1N1. Identifique exemplos, onde essa estratégia pode ser confirmada.

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11. Leia abaixo quatro perguntas feitas pela repórter, Conceição Lemes, ao Ministro da Saúde:

a) “... por que não vacinar toda a população contra a gripe suína?”

b) “E os idosos, por que não vacinar todos?”

c) “O fato de a segunda onda no hemisfério norte ter sido mais branda do que se esperava não contraindicaria a vacinação aqui?”

d) “... o fato da vacina ter sido feita com o vírus que circulou no último inverno não faz com que ela fique “velha”?”

11.1. O que as perguntas acima têm em comum, quanto à maneira como foram formuladas?

11.2. No quadro abaixo, estão enumeradas duas funções para perguntas negativas, na forma como foram usadas na entrevista que você leu. Leia-as com atenção:

Perguntas negativas:

funcionam como um desafio às posições assumidas pela pessoa entrevistada;

revelam que o repórter, possivelmente, tem uma posição contrária à defendida pela pessoa entrevistada.

Releia o último item do quadro anterior sobre perguntas negativas:

revelam que o repórter, possivelmente, tem uma posição contrária à defendida pela pessoa entrevistada.

Volte à entrevista, identifique a posição defendida pela repórter, ao formular cada uma das perguntas que faz ao Ministro da Saúde:

Pergunta “a”: “... por que não vacinar toda a população contra a gripe suína?”Posição da repórter:

Pergunta “b”: “E os idosos, por que não vacinar todos?”Posição da repórter:

Pergunta “c”: “O fato de a segunda onda no hemisfério norte ter sido mais branda do que se esperava não contraindicaria a vacinação aqui?”Posição da repórter:

Pergunta “d”: “... o fato da vacina ter sido feita com o vírus que circulou no último inverno não faz com que ela fique “velha”?”Posição da repórter:

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12. Ainda retomando a entrevista, confira as respostas dadas pelo Ministro às quatro perguntas negativas, propostas pela repórter Conceição Lemes. Responda:

12.1. Como o Ministro responde a essas perguntas: negativamente ou positivamente?

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12.2. Confira no diagrama a seguir, uma explicação sobre como funcionam as perguntas negativas com suas respectivas respostas na entrevista:

Resposta que reafirma a posição do Ministro

“... só receberão a dose contra a gripe A aqueles que tiverem

alguma doença crônica.”

Polêmica que gera a pergunta

Vacinação dos idosos contra a gripe A

Posição do Ministro

Todos os idosos não devem ser

Posição da reporter

Todos os idosos devem ser vacinados.

A pergunta da repórter

“E os idosos, por que não vacinar todos?”

Tomando como referência o diagrama acima, complete:

Resposta que reafirma a posição do Ministro

Polêmica que gera a pergunta

Vacinação de toda a população contra a gripe A.

Posição do Ministro Posição da reporter

A pergunta da repórter

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12.3. Por que as perguntas negativas da repórter são respondidas pelo Ministro com negação?

13. Compare duas formas de se elaborar uma pergunta sobre o mesmo assunto:

1. “... por que não vacinar toda a população contra a gripe suína?”

2. Toda a população será vacinada contra a gripe suína?

Como já visto, o exemplo 1 é uma pergunta negativa. O exemplo 2 é o que denominamos de uma pergunta aberta. Tomando como referência nossos estudos sobre o uso de perguntas negativas, enumere duas funções para perguntas abertas em uma entrevista.

Perguntas abertas:

RESUMINDO....

Em uma entrevista, a maneira de se formular a pergunta traz uma intenção, mas nem sempre essa intenção se resume a um simples pedido de informação. Podemos afirmar que, na entrevista lida, a repórter, além de buscar informações sobre a gripe A, tem uma outra intenção: a de questionar o Ministro nas suas posições sobre a campanha da vacinação. Essa intenção se expressa pela presença de perguntas negativas na montagem da entrevista. Através dessas perguntas, a repórter antecipa sua posição, que se contrapõe àquela defendida pelo Ministro, e traz polêmica para o debate sobre a campanha. Para se defender dessas perguntas desafiadoras, o Ministro responde a elas negativamente: NÃO.

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14. Observe os pares abaixo:

a) “O que o senhor teria a dizer sobre isso?”b) O que o senhor tem a dizer sobre isso?

a) “Seria uma grande irresponsabilidade pautarmos a nossa atuação pelo que aconteceu no inverno...”b) É uma grande irresponsabilidade pautarmos a nossa atuação pelo que aconteceu no inverno...

a) “... seria um disparate total a gente deixar de usá-la.”b) ...é um disparate total a gente deixar de usá-la.

Leia, também:

O uso da língua é resultado de escolhas linguísticas e discursivas, feitas pelo sujeito, no momento da interação verbal. Isso significa que a forma linguística traz sempre uma intenção comunicativa, discursiva. Assim, através da linguagem, agimos uns sobre os outros.

14.1. Considerando os quadros acima, responda:

a) Que mudança linguística ocorre nos exemplos marcados pela letra “b”?

b) Que efeitos discursivos a troca do tempo verbal pode provocar na interação entre participantes da entrevista?

15. Leia abaixo a resposta do Ministro e observe os pronomes em negrito, para marcar a resposta correta:

“Analisando os óbitos de 2009 pela gripe A, verificamos que, além de gestantes e portadores de doenças crônicas, eles se concentraram em crianças pequenas (com menos de 2 anos) e em adultos saudáveis de 20 a 39 anos. Daí a decisão de incluí-los entre os grupos prioritários.”

Sobre os pronomes pessoais destacados, podemos afirmar que:

a) eles e los possuem o mesmo referente: portadores de doenças crônicas.b) eles tem como referente: óbitos; já o pronome los refere-se a adultos saudáveis. c) eles tem como referente: óbitos; já o pronome los refere-se a crianças pequenas.d) eles tem como referente: óbitos; já o pronome los refere-se a crianças pequenas

e adultos saudáveis.

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16. Tomando como referência o registro formal da língua, usado pelo Ministro na entrevista, responda:

O pronome eles poderia substituir o pronome los no fragmento destacado acima? Por quê?

17. Leia o fragmento abaixo, atentando para o significado da palavra em negrito:

“A presença de determinadas patologias por si torna as pessoas mais vulneráveis. E a concomitância com a infecção pelo vírus influenza H1N1 [causador da gripe A] aumenta o risco de doença grave e óbito.”

Assinale a alternativa correta para o significado da palavra, concomitância, no fragmento acima:

a) forte insistência b) ocorrência simultâneac) concorrência d) discrepância

TEXTO II

Leia a entrevista (2), realizada com o skatista, Andrei Piolho, pelo repórter do site Skatistaonline, site que serve de canal de comunicação com os amantes do esporte.

Maurício NavaEntrevista: Andrei Piolho

O Piolho é um daqueles caras que realmente vale a pena estar junto, sempre disposto a andar de skate, mesmo que ainda faça aquele frio terrível de Novo Hamburgo, e ainda mais porque ele é um cara muito engraçado e divertido, o que contagia a todos nas sessões e também acaba se refletindo nas suas manobras bem técnicas e certeiras nas ruas.

Mesmo assim, ele não dispensa uma transição, tem muita base de minirrampa e vem pegando cada vez mais no vertical.

Nome: Andrei Silva “Piolho”Local: Novo Hamburgo – RSPatrocínio: Microshop e Yerbah DecksIdade: 25 anosTempo de skate: 12 anos

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E esse seu apelido, foi desde quando você começou a andar de skt? Conta um pouco do começo também.

Então, comecei a andar de skate com os amigos da minha rua. Fazíamos vários obstáculos e tudo mais, mas logo eles desencanaram e eu continuei. E como só andava com o pessoal mais velho e era pequeno, logo me apelidaram de Piolho.

Você mora em Novo Hamburgo que é uma cidade onde teve importantes eventos do skate nacional, tirando isto, como que você avalia a cena local no momento?

É. Novo Hamburgo já rolou várias paradas, principalmente quando a pista da Qix ficava aberta, dando base para muito skatista que estava começando naquela época... Atualmente tem uma safra de skatistas com a cabeça bem aberta, sem preconceitos e andando muito de skate.

Quem vê pensa que você só sabe andar no street. Quando e como você começou a andar no vertical?

Eu comecei a andar de vertical na chácara do Tonel, eu ia lá dar um rolé de minirramp e ele ficava botando uma pilha pra andar no vert daí comecei a pegar uma base e foi seguindo...

Você trabalha numa distribuidora de materiais de skate, né? Como que é estar em contato o dia inteiro com o skate, não tem hora que enjoa de tanto falar e mexer com isso?

Bom, essa parte eu não me preocupo, porque levo como se fosse qualquer outro trabalho, o que enjoa às vezes é ter de explicar aos compradores das surf shops que “roda gel” não é boa para skate... hahaha.(...)Conta alguma história engraçada que deve ter acontecido pelos seus rolés.Bá..., histórias engraçadas tem várias... principalmente nas viagens... lembro de uma que o Picaui bateu num surfista com uma sacola de lixo, o tripa é chapa quente... hahaha.(...)

Agradecimentos:

Agradeço minha irmã Jaqueline, Vic, Enzo e Emerson, Gica e Dione, aos cdrs Seco, Maicon, Santinho e Molocop por estarem sempre lado a lado, a Rafa e Cezar Microshop, á família Atlântico Sul, ao Nava e aos bêbados Comanchi, Miúda e Kuti.

http://www.skatistaonline.com/marcos-bollmann/blog/entrevista-andrei-piolho.

Acesso: 30/03/2010

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ATIVIDADES DE LEITURA

1. O site de onde foi retirada a entrevista é conhecido como o primeiro portal de skate colaborativo para skatistas brasileiros. Considerando essas informações, responda:

1.1. O que é um portal colaborativo? Com que objetivo é criado?

1.2. Quem seriam os usuários desse site?

1.3. O site do portal Skatistaonline tem usuários preferencias. Que interferências esse fato pode provocar no material postado?

2. As duas entrevistas que você leu nesta Oficina obedecem a estruturas composicionais semelhantes, ou seja, iniciam com um texto introdutório. Releia partes dos textos introdutórios da entrevista 1 e 2, reproduzidas abaixo, para compará-las:

Parte do texto introdutório da entrevista 1:

[...] Temporão tem especialização em Doenças Infecciosas e em Saúde Pública, mestrado e doutorado em Saúde Coletiva. É pesquisador e professor da Escola Nacional de Saúde Pública, da Fundação Oswaldo Cruz, a Fiocruz, no Rio de Janeiro. Nesta entrevista exclusiva ao Viomundo, ele encarou com tranquilidade os questionamentos e pontos polêmicos.

Parte do texto introdutório da entrevista 2:

O Piolho é um daqueles caras que realmente vale a pena estar junto, sempre disposto a andar de skate, mesmo que ainda faça aquele frio terrível de Novo Hamburgo, e ainda mais porque ele é um cara muito engraçado e divertido, o que contagia a todos nas sessões e também acaba se refletindo nas suas manobras bem técnicas e certeiras nas ruas.

Mesmo assim ele não dispensa uma transição, tem muita base de minirampa e vem pegando cada vez mais no vertical.

Nome: Andrei Silva “Piolho”Local: Novo Hamburgo – RS

Responda:

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2.1. Qual parte dos textos introdutórios foi reproduzida acima?

2.2. Pela leitura das informações contidas em cada segmento acima, é possível antecipar o registro de linguagem que será usado por seus participantes? Identifique esses registros.

2.3. Construa um único parágrafo, no qual você apresente justificativas para o uso de linguagem informal na entrevista 2. Em seu parágrafo, você deverá incluir informações sobre:

a função que a pessoa entrevistada exerce na sociedade; o assunto abordado na entrevista; o suporte de circulação da entrevista (onde foi publicada).

3. O skatista Andrei Silva “Piolho” é natural do Rio Grande do Sul, região do Brasil, que usa uma variante linguística diferente, por exemplo, do carioca, do mineiro e de outros falares regionais do país. Encontre no texto uma expressão típica da variante gaúcha. Procure explicação para o seu uso, e substitua-a por uma expressão equivalente na variante linguística de sua região.

4. A linguagem informal usada na entrevista é característica da variante linguística própria do mundo dos skatistas. Esse grupo social tem uma forma diferente de se expressar e uma forma distinta de nomear fatos, objetos, manobras. É o que chamamos de jargão. Essa variante difere da variante culta, principalmente, (1) pelas regras gramaticais que regem seus enunciados, (2) pelo vocabulário e expressões próprias do esporte e da faixa etária do grupo social.

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4.1. Leia o quadro abaixo, que traz exemplos do item (1) - regras gramaticais que regem os enunciados. Imagine que você está fazendo uma pesquisa sobre regras gramaticais que regem a variante culta e regras que regem a variante usada pelos skatistas. Marque essas diferenças nos exemplos abaixo, colocando, ao lado, a alteração correspondente à variante culta:

VARIANTE USADA PELOS SKATISTAS VARIANTE CULTA

“Novo Hamburgo já rolou várias paradas, ...”

“Piolho é um daqueles caras que realmente vale a pena estar junto...”

“Você mora em Novo Hamburgo que é uma cidade onde teve importantes eventos do skate nacional...”

“Atualmente tem uma safra de skatistas com a cabeça bem aberta...”

“Bom, essa parte eu não me preocupo,...”

“... histórias engraçadas tem várias...”

4.2. Identifique, no quadro abaixo, as regras gramaticais, que regem cada variante linguística nos exemplos do quadro anterior:

VARIANTE LINGUISTICA USADA PELOS SKATISTAS

VARIANTE CULTA

Presença da preposição em para introduzir a expressão de lugar: Nova Hamburgo (adjunto adverbial de lugar)

Ausência de preposição antes do pronome que para introduzir complemento.

Uso do verbo haver no lugar do verbo ter, quando o sentido for o de existir

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5. Para entendermos uma variante linguística, é preciso que dominemos certo conjunto de vocabulário e expressões próprias. O quadro a seguir traz exemplos do item (2) - pelo vocabulário e expressões próprias do esporte e da faixa etária do grupo social. Explique o significado dos termos em negrito na coluna ao lado:

VARIANTE USADA PELOS SKATISTAS VARIANTE CULTA

“Quem vê pensa que você só sabe andar no street. Quando e como você começou a andar no vertical?”

“... dar um rolé de mini ramp...”

“... pra andar no vert daí comecei a pegar uma base...”

“... mas logo eles desencanaram e eu continuei.”

“Novo Hamburgo já rolou várias paradas ...”

“... e ele ficava botando uma pilha...”

“... o tripa é chapa quente...”

6. A maneira como Andrei marca o início de suas respostas na entrevista é própria de sua variante linguística, em situação de uso informal da linguagem oral. Sublinhe, no texto, essas formas próprias de se marcar o início de sua fala.

TEXTO III

Antecipando os sentidos do texto

Você se considera um falante competente de sua língua? Você acha o Português uma língua difícil?

Você concorda com a afirmativa de que o brasileiro não sabe falar Português?

Você acha que pessoas das classes privilegiadas falam um Português correto e pessoas das classes desprestigiadas falam errado?

Você já sofreu algum tipo de preconceito linguístico? Em que situação?

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ATIVIDADES DE LEITURA

Para finalizar nosso estudo sobre uso da língua e variação linguística, vale a leitura de um pequeno ensaio, escrito por Marcos Bagno, linguista conhecido por sua posição em defesa do respeito às diferenças linguísticas.

Textos e Artigos

Artigo de Marcos Bagno publicado na Revista Caros Amigoshttp://www.marcosbagno.com.br/conteudo/arquivos/art_carosamigos-jan2010.htm

POR QUE HÁ ERROS MAIS ERRADOS DO QUE OUTROS?

Quando um “erro de português” já se instalou definitivamente na língua falada pelos cidadãos mais letrados, privilegiados, ele passa despercebido e já não provoca reações negativas - ainda que ele seja condenado pela gramática normativa, a mesma que, supostamente, deveria ser seguida pelas pessoas “cultas”. Por isso, há “erros” mais “errados” (ou mais “crassos”) do que outros - a escala de “crassidade” é inversamente proporcional à escala do prestígio social: quanto menos prestigiado é um indivíduo, quanto mais baixo ele estiver na pirâmide social, mais erros (e erros mais “crassos”) os membros das classes privilegiadas encontram na língua dele. Por outro lado, os falantes urbanos letrados detectam menos “erros crassos” na fala de pessoas de sua mesma origem social, notoriamente privilegiada - quando muito, são tidos como “lapsos”, “descuidos” ou “licenças poéticas”. Essa mesma condescendência, no entanto, jamais aparece para classificar a fala dos cidadãos das classes desfavorecidas: o mesmo fenômeno, agora, é tachado de “erro crasso” e ponto final. É como afirmava (dizem) Getúlio Vargas: “Para os amigos tudo, para os inimigos, a Lei”. Afinal, o que está sendo avaliado não é apenas a língua da pessoa, mas sim a própria pessoa, na sua integralidade física, individual e social. Por isso, não existe propriamente preconceito linguístico, o que existe é um forte, profundo e arraigado preconceito social contra as classes desfavorecidas. E a língua funciona aí exatamente como as redes eletrificadas, as câmeras e as guaritas blindadas usadas nos condomínios privados - separa, isola, vigia e protege.

Voltei a pensar nessas coisas (sobre as quais já escrevi tanto nos últimos anos) num recente almoço de família (minha mãe completou 70 anos: parabéns para ela!). Uma querida prima, sabedora das minhas posições antinormativas no quesito língua, disse que não podia concordar comigo porque alguns “erros” lhe doíam no ouvido e citou o surradíssimo “pra mim fazer”: “Fico arrepiada quando escuto isso”. Eu apenas sorri, porque não era o lugar nem a hora de expor todos os postulados da sociologia da linguagem. Na continuação da conversa, porém, ela me contou que um vigia não permitiu que ela entrasse num local de exposições, onde ela mesma estava montando um estande. “Eu disse então para ele: ‘Moço, deixa eu entrar, vai!

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Deixa eu entrar! Eu trabalho aqui!” Sorri para mim mesmo (repito: não era hora nem lugar) e pensei: “Por que ela se arrepia com o ‘pra mim fazer’ e usa tranquilamente o ‘deixa eu entrar’, se as duas construções são igualmente condenadas pela tradição gramatical, se são dois ‘erros’?” A resposta já dei mais acima: porque quando um “erro” se instala definitivamente na fala (e na escrita, mais tarde) das pessoas privilegiadas, ele deixa de ser sentido como “erro” - é o caso do “deixa eu fazer”, usado por 111 por cento dos brasileiros. Mas quando ainda não foi incorporado pelas classes dominantes, não tem conversa: é “erro crasso”, “dói no ouvido”, “causa arrepio”. Mesmo quando é empregado por 98 por cento da população (inclusive já muita gente letrada), como o “pra mim fazer”. A vida não é uma graça?

ATIVIDADES DE LEITURA

1. O título do pequeno ensaio de Marcos Bagno é posto em forma de pergunta: POR QUE HÁ ERROS MAIS ERRADOS DO QUE OUTROS? A escolha pela forma interrogativa no título indica que o linguista:

a) tem dúvidas quanto a possíveis respostas a essa questão.b) acompanha a tendência de se postarem temas polêmicos em sites.c) usa esse recurso para motivar os leitores a lerem o ensaio, em busca da resposta.d) pretende testar a capacidade intelectual de seu leitor.

2. Marque a melhor resposta:

A pergunta A vida não é uma graça?, colocada no final do ensaio, tem o objetivo de:

a) mostrar que o autor não sabe qual a melhor resposta para sua dúvida.b) ressaltar as incoerências da vida.c) fazer com que o início e o final do ensaio terminassem de forma parecida.d) mostrar que desvios da variante culta, na fala, acabam sendo engraçados para

quem os ouve.

3. A tese principal do autor é a de que:

a) O conceito de “erro de português” é um conceito de base social e não linguística.b) O conceito de “erro de português” é um conceito de base linguística e não social.c) Pessoas letradas e cultas seguem com mais rigor a gramática normativa.d) Pessoas de classe social menos privilegiada não sabem falar português.

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4. Leia:

“E a língua funciona aí exatamente como as redes eletrificadas, as câmeras e as guaritas blindadas usadas nos condomínios privados - separa, isola, vigia e protege.”

Marque a expressão que melhor se contrapõe à ideia expressa acima:

a) preconceito linguístico b) diferença socialc) respeito às diferenças linguísticasd) ignorância linguística

5. O fato de os falantes urbanos letrados caracterizarem como “lapsos”, “descuidos’ ou “licenças poéticas” os “erros de português”, na fala de pessoas de sua mesma classe social, significa:

a) condescendência.b) preconceito linguístico.c) descaso.d) preconceito social.

6. Leia:

“... há erros mais errados (ou mais crassos) do que outros - ...”

No dicionário, o verbete crasso tem as seguintes definições:

Crasso. [Do lat. Crassu.] Adj. 1. Espesso, denso, grosso. 2. Grosseiro, desmarcado. 3. Grosseiro, rude, bronco.

A definição que melhor se adequa ao sentido da palavra usada pelo autor é:

a) 1.b) 2.c) 3.d) O autor faz um uso ainda não dicionarizado do termo.

7. A frase citada por Bagno: “Para os amigos tudo; para os inimigos a Lei”, para se referir ao preconceito linguístico, poderia ser substituída por:

a) “Antes calar que mal falar”.b) “Censura teus amigos na intimidade, e elogia-os em público.”c) “Amigo, vinho, café, o mais antigo melhor é”.d) “Ao amigo bom, bom fiador; ao mau, nenhum penhor.”

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LITERATURA E PARTICIPAÇÃO

OFICINA 11

Begma Tavares Barbosa

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TEXTOS E ATIVIDADES DE LEITURA

Nesta oficina vamos ler poemas que abordam problemas como a seca, a miséria, a exploração do trabalho humano, a desigualdade social. Veremos que a Arte e a Literatura podem ser um espaço de reflexão sobre questões sociais. Antes, porém, de iniciarmos a leitura dos poemas, vamos conversar sobre o quadro abaixo, do grande pintor brasileiro Cândido Portinari.

O que você observa nesse quadro? O que acha das cores, das figuras humanas e da forma como são retratadas? Que realidade essa obra descreve? Que impressões e sentimentos a imagem provoca em você? Converse com seu grupo sobre isso.

CANDIDO PORTINARI, Retirantes (Retirantes), 1944Óleo s/ tela 190 x 180 cm.

Col. Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand São Paulo, Brasil

O texto que você vai ler agora estrutura-se em forma de auto. O auto é um gênero de origem medieval e popular, uma peça de teatro, escrita em versos, um texto escrito para ser encenado. O auto de João Cabral de Melo Neto é intitulado auto de natal pernambucano. A obra se organiza em 18 cenas, nas quais o personagem Severino migra do sertão da Paraíba para o Recife, em busca de uma vida melhor. Você vai ler três cenas dessa peça. Antes, saiba quem foi o grande poeta João Cabral de Melo Neto.

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João Cabral de Melo Neto nasceu na cidade de Recife, Pernambuco, no dia 09 de janeiro de 1920 e morreu em 09 de outubro de 1999. Poeta da terceira fase do Modernismo, João Cabral inaugurou uma nova forma de fazer poesia no Brasil. Seus poemas incorporam desde tendências surrealistas até a poesia popular. É conhecido como poeta engenheiro, pois sua poesia faz uso da palavra concreta, combinando precisão e beleza expressiva, numa linguagem avessa ao confessional.

TEXTO I

Parte 1

O RETIRANTE EXPLICA AO LEITOR QUEM É E A QUE VAI

— O meu nome é Severino,não tenho outro de pia.Como há muitos Severinos,que é santo de romaria,deram então de me chamarSeverino de Mariacomo há muitos Severinoscom mães chamadas Maria,fiquei sendo o da Mariado finado Zacarias.(...). Somos muitos Severinosiguais em tudo na vida:na mesma cabeça grandeque a custo é que se equilibra,no mesmo ventre crescidosobre as mesmas pernas finase iguais também porque o sangue,que usamos tem pouca tinta.

E se somos Severinosiguais em tudo na vida,morremos de morte igual,mesma morte severina:que é a morte de que se morrede velhice antes dos trinta,de emboscada antes dos vinte de fome um pouco por dia (de fraqueza e de doença,é que a morte severinaataca em qualquer idade,e até gente não nascida).

Somos muitos Severinosiguais em tudo e na sina:a de abrandar estas pedrassuando-se muito em cima,a de tentar despertarterra sempre mais extinta,a de querer arrancaralgum roçado da cinza.Mas, para que me conheçammelhor Vossas Senhoriase melhor possam seguira história de minha vida,passo a ser o Severinoque em vossa presença emigra.

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ATIVIDADES DE LEITURA

Considere a parte 1 do auto de João Cabral para responder às perguntas abaixo.

1. Qual é o tema dessa primeira parte do texto?

2. Nessa primeira parte do texto, há muitas informações sobre os “severinos retirantes”. Identifique, no poema, versos que:

a) descrevem fisicamente esse homem-

b) descrevem o seu trabalho-

c) descrevem a sua vida-

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Parte 3

O RETIRANTE TEM MEDO DE SE EXTRAVIAR PORQUE SEU GUIA, O RIO CAPIBARIBE, CORTOU COM O VERÃO

– Antes de sair de casa aprendi a ladainha das vilas que vou passar na minha longa descida. Sei que há muitas vilas grandes, cidades que elas são ditas sei que há simples arruados, sei que há vilas pequeninas, todas formando um rosário cujas contas fossem vilas, de que a estrada fosse a linha. Devo rezar tal rosário até o mar onde termina, saltando de conta em conta, passando de vila em vila. Vejo agora: não é fácil seguir essa ladainha entre uma conta e outra conta, entre uma e outra ave-maria, há certas paragens brancas, de planta e bicho vazias, vazias até de donos, e onde o pé se descaminha. Não desejo emaranhar o fio de minha linha nem que se enrede no pêlo

hirsuto desta caatinga. Pensei que seguindo o rio eu jamais me perderia: ele é o caminho mais certo, de todos o melhor guia. Mas como segui-lo agora que interrompeu a descida? Vejo que o Capibaribe, como os rios lá de cima, é tão pobre que nem sempre pode cumprir sua sina e no verão também corta, com pernas que não caminham. Tenho que saber agora qual a verdadeira via entre essas que escancaradas frente a mim se multiplicam. Mas não vejo almas aqui, nem almas mortas nem vivas ouço somente à distância o que parece cantoria. Será novena de santo, será algum mês-de-Maria quem sabe até se uma festa ou uma dança não seria?

Conheça o significado das palavras:

Rosário - enfiada de 165 contas, correspondentes ao número de 15 dezenas de ave-marias e 15 padre-nossos, para serem rezados como prática religiosa

Ladainha - oração formada por uma série de invocações curtas e respostas repetidas.

ATIVIDADES DE LEITURA

1. O que acontece ao retirante nesse momento da viagem?

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2. Como você interpreta os versos abaixo:

– Antes de sair de casaaprendi a ladainha das vilas que vou passar na minha longa descida.

Devo rezar tal rosário até o mar onde termina,

Vejo que o Capibaribe, como os rios lá de cima, é tão pobre que nem sempre pode cumprir sua sina e no verão também corta, com pernas que não caminham.

Não desejo emaranhar o fio de minha linha

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Parte 8

ASSISTE AO ENTERRO DE UM TRABALHADOR DE EITO E OUVE O QUE DIZEM DO MORTO OS AMIGOS QUE O LEVARAM AO CEMITÉRIO

– Essa cova em que estás, com palmos medida, é a cota menor que tiraste em vida. – É de bom tamanho, nem largo nem fundo, é a parte que te cabe neste latifúndio. – Não é cova grande. é cova medida, é a terra que querias ver dividida.– É uma cova grande para teu pouco defunto, mas estarás mais ancho que estavas no mundo.– É uma cova grande para teu defunto parco, porém mais que no mundo te sentirás largo. – É uma cova grande para tua carne pouca, mas a terra dada não se abre a boca.

– Viverás, e para sempre na terra que aqui aforas: e terás enfim tua roça. – Aí ficarás para sempre, livre do sol e da chuva, criando tuas saúvas. – Agora trabalharás só para ti, não a meias, como antes em terra alheia. – Trabalharás uma terra da qual, além de senhor, serás homem de eito e trator. – Trabalhando nessa terra, tu sozinho tudo empreitas: serás semente, adubo, colheita. – Trabalharás numa terra que também te abriga e te veste: embora com o brim do Nordeste. – Será de terra como roupa feita à medida.tua derradeira camisa: te veste, como nunca em vida.

– Será de terra e tua melhor camisa: te veste e ninguém cobiça. – Terás de terra completo agora o teu fato: e pela primeira vez, sapato. – Como és homem, a terra te dará chapéu: fosses mulher, xale ou véu. – Tua roupa melhor será de terra e não de fazenda: não se rasga nem se remenda. – Tua roupa melhor e te ficará bem cingida: como roupa feita à medida.(...) – Esse chão te é bem conhecido (bebeu teu suor vendido). – Esse chão te é bem conhecido (bebeu o moço antigo) – Esse chão te é bem conhecido (bebeu tua força de marido). – Desse chão és bem conhecido (através de parentes e amigos). – Desse chão és bem conhecido (vive com tua mulher, teus filhos) – Desse chão és bem conhecido (te espera de recém-nascido). (...) – Despido vieste no caixão, despido também se enterra o grão. – De tanto te despiu a privação que escapou de teu peito à viração. – Tanta coisa despiste em vida que fugiu de teu peito a brisa. – E agora, se abre o chão e te abriga, lençol que não tiveste em vida. – Se abre o chão e te fecha, dando-te agora cama e coberta. – Se abre o chão e te envolve, como mulher com que se dorme.

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Conheça o significado das palavras:

Eito - limpeza de uma plantação por turmas que usam enxadas, trabalho pesado, exaustivo.

Ancho - largo, amplo.

Parco - minguado, escasso.

Aforar - arrogar a si, atribuir-se direitos, qualidades.

Fato - terno, vestimenta completa.

Fazenda - pano, tecido.

ATIVIDADES DE LEITURA

1. De que trata a cena narrada?

2. O que indicam os travessões no texto?

3. Considerando que esse texto de João Cabral faz uma crítica social, que questão o poeta denuncia nessa cena?

4. “Viverás para sempre na terra que aqui aforas: e terás enfim tua roça.”

Explique o verso acima, considerando a expressão metafórica em negrito.

5. Releia:

“É de bom tamanho/ nem largo nem fundo, /é a parte que te cabe nesse latifúndio”

Por que se afirma que a terra que, finalmente, Severino recebe é de “bom tamanho”?

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6. Nos versos acima, a morte dos severinos é retratada como uma condição melhor que a vida. Destaque versos que demonstram isso.

7. Releia:

“Trabalharás numa terra/ que também te abriga e te veste:/ embora com o brim do Nordeste.”

7.1. Explique o verso acima, considerando as expressões metafóricas grifadas.

7.2. Retire do texto outras expressões metafóricas semelhantes à expressão grifada acima.

8. Destaque da última estrofe outros versos que representam a morte como proteção e conforto?

9. O que os versos do quadro abaixo denunciam?

Esse chão te é bem conhecido (bebeu teu suor vendido).

- Esse chão te é bem conhecido (bebeu o moço antigo)

- Esse chão te é bem conhecido (bebeu tua força de marido).

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Vamos conhecer agora um pouco da poesia de Ferreira Gullar.

Ferreira Gullar nasceu em 1930, na cidade de São Luís do Maranhão. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1951. É, hoje, um dos poetas mais importantes da literatura brasileira. Ferreira Gullar é homem e poeta engajado. Foi um crítico severo da ditadura militar. Sua poesia reflete essa postura, o que nos leva a tomá-la como exemplo de uma “literatura engajada”, com função social. É também um representante do neo-concretismo no Brasil. O poema “Não há vagas” foi publicado em 1975, no livro Dentro da Noite Veloz.

TEXTO II

NÃO HÁ VAGAS

O preço do feijãonão cabe no poema. O preçodo arroznão cabe no poema.Não cabem no poema o gása luz o telefonea sonegaçãodo leiteda carnedo açúcardo pão. O funcionário públiconão cabe no poemacom seu salário de fomesua vida fechadaem arquivos.Como não cabe no poemao operárioque esmerila seu dia de açoe carvãonas oficinas escuras

– porque o poema, senhores,está fechado: “não há vagas”Só cabe no poemao homem sem estômagoa mulher de nuvensa fruta sem preço O poema, senhores,não fedenem cheira.

ATIVIDADES DE LEITURA

1. O que o título sugere?

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2. Considerando o sentido do poema, como se pode compreender o título?

3. Nas duas primeiras estrofes, há uma expressão verbal que se repete.

3.1. Identifique essa expressão.

3.2. Que efeito o recurso da repetição é capaz de provocar?

4. Na frase, “porque o poema, senhores,/ está fechado”, a conjunção grifada tem valor semântico de:

a) causa.b) consequência.c) finalidade.d) condição.e) conclusão.

5. Como você interpreta os versos abaixo?

“Só cabe no poemao homem sem estômagoa mulher de nuvensa fruta sem preço”.

6. O que significa afirmar que “o poema não fede nem cheira?”

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TEXTO III

O AÇÚCAR

O branco açúcar que adoçará meu caféNesta manhã de IpanemaNão foi produzido por mimNem surgiu dentro do açucareiro por milagre.

Vejo-o puroE afável ao paladarComo beijo de moça, águaNa pele, florQue se dissolve na boca. Mas este açúcarNão foi feito por mim.

Este açúcar veioDa mercearia da esquina eTampouco o fez o Oliveira,Dono da mercearia.Este açúcar veioDe uma usina de açúcar em PernambucoOu no Estado do RioE tampouco o fez o dono da usina.

Este açúcar era canaE veio dos canaviais extensosQue não nascem por acasoNo regaço do vale.

Em lugares distantes,Onde não há hospital,Nem escola, homens que não sabem ler e morrem de fomeAos 27 anosPlantaram e colheram a canaQue viraria açúcar.Em usinas escuras, homens de vida amargaE duraProduziram este açúcarBranco e puroCom que adoço meu café esta manhãEm Ipanema.

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ATIVIDADES DE LEITURA

1. Quem é o sujeito-lírico do poema?

2. Compare o conteúdo das duas primeiras estrofes ao conteúdo da última estrofe.

2.1. Que diferentes lugares elas descrevem?

2.2. Que diferentes personagens elas apresentam?

2.3. O que une esses dois personagens?

3. A antítese é um recurso importante na construção do poema lido.

Antítese- figura pela qual se salienta a oposição entre duas palavras ou ideias.

3.1. Reconheça esse recurso no texto.

3.2. Que efeito esse recurso é capaz de provocar?

4. Que questões sociais o poema de Ferreira Gullar permite discutir?

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O próximo texto que você vai ler é o poema 6 do livro “Sentimento do Mundo”, do poeta Carlos Drummond de Andrade.

TEXTO IV

Operário do mar

Na rua passa um operário. Como vai firme! Não tem blusa. No conto, no drama, no discurso político, a dor do operário está na blusa azul, de pano grosso, nas mãos grossas, nos pés enormes, nos desconfortos enormes. Esse é um homem comum, apenas mais escuro que os outros, e com uma significação estranha no corpo, que carrega desígnios e segredos. Para onde vai ele, pisando assim tão firme? Não sei. A fábrica ficou lá atrás. Adiante é só o campo, com algumas árvores, o grande anúncio de gasolina americana e os fios, os fios, os fios. O operário não lhe sobra tempo de perceber que eles levam e trazem mensagens, que contam da Rússia, do Araguaia, dos Estados Unidos. Não ouve, na Câmara dos Deputados, o líder oposicionista vociferando. Caminha no campo e apenas repara que ali corre água, que mais adiante faz calor. Para onde vai o operário? Teria vergonha de chamá-lo meu irmão. Ele sabe que não é, nunca foi meu irmão, que não nos entenderemos nunca. E me despreza... Ou talvez seja eu próprio que me despreze a seus olhos. Tenho vergonha e vontade de encará-lo: uma fascinação quase me obriga a pular a janela, a cair em frente dele, sustar-lhe a marcha, pelo menos implorar lhe que suste a marcha. Agora está caminhando no mar. Eu pensava que isso fosse privilégio de alguns santos e de navios. Mas não há nenhuma santidade no operário, e não vejo rodas nem hélices no seu corpo, aparentemente banal. Sinto que o mar se acovardou e deixou-o passar. Onde estão nossos exércitos que não impediram o milagre? Mas agora vejo que o operário está cansado e que se molhou, não muito, mas se molhou, e peixes escorrem de suas mãos. Vejo-o que se volta e me dirige um sorriso úmido. A palidez e confusão do seu rosto são a própria tarde que se decompõe. Daqui a um minuto será noite e estaremos irremediavelmente separados pelas circunstâncias atmosféricas, eu em terra firme, ele no meio do mar. Único e precário agente de ligação entre nós, seu sorriso cada vez mais frio atravessa as grandes massas líquidas, choca-se contra as formações salinas, as fortalezas da costa, as medusas, atravessa tudo e vem beijar-me o rosto, trazer-me uma esperança de compreensão. Sim, quem sabe se um dia o compreenderei?

ATIVIDADES DE LEITURA

1. Como o poeta descreve o operário?

2. No poema, é clara a distância entre o eu-lírico e o operário.

2.1. Retire do texto fragmentos que demonstram isso.

2.2. O que essa distância poderia representar?

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3. O texto de Drummond compõe, em alguns fragmentos, uma descrição surreal do operário. Considere o verbete abaixo:

Surrealismo – Moderna escola de literatura e arte iniciada em 1924 por André Breton (1896-1966), escritor francês, caracterizada pelo desprezo das construções refletidas ou dos encadeamentos lógicos e pela ativação sistemática do inconsciente e do irracional, do sonho e dos estados mórbidos, valendo-se frequentemente da psicanálise. Visava, em última instância, à renovação total dos valores artísticos, morais, políticos e filosóficos.

Fonte: Dicionário Aurélio – Versão digital

O que há de surreal na descrição do operário do poema? Qual é o significado dessa descrição?

4. Compare o texto de Drummond ao texto “O açúcar”, de Ferreira Gullar. Que semelhanças se pode notar entre eles?

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A LEITURA EM HIPERTEXTO OFICINA 12

Sandra Maria Andrade del-Gaudio

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TEXTOS E ATIVIDADES DE LEITURA

Antecipando os sentidos do texto

Você vai ler (como se ‘navegasse’ por ele) o site do Instituto Akatu – http://www.akatu.org.br/ (acessado durante o mês de abril de 2010).

Você costuma acessar algum site na internet? Qual (is)?

Que informações você busca nos sites que visita?

Um site (ou sítio) é um local na internet constituído por uma ou mais páginas de hipertexto. ‘Navegando’ em um site, o leitor, ou hiperleitor, inicia a leitura na direção e no ponto em que quiser, escolhendo os links que julgar prioritários ou mais interessantes. Ao clicar com o mouse em trechos marcados do texto, novos textos ‘saltam’ aos seus olhos. Em um site, encontramos diversos gêneros textuais, tais como: notícias, entrevistas, reportagens, propagandas, filmes, cartazes, avisos, instruções, folhetos, entre outros. A homepage é a primeira página/tela de um site, que apresenta ao leitor as diversas possibilidades de leitura/navegação disponíveis no site.

TEXTO I

Vamos iniciar a hiperleitura da homepage do site do Instituto Akatu, imaginando que estamos usando um computador conectado à internet. O Instituto Akatu é uma organização que desenvolve diferentes ações, com o objetivo de transformar a sociedade. Seu foco é a atuação sobre o consumidor, de modo a conseguir que ele se conscientize de que seus atos de consumo são importantes agentes de mudança da sociedade.

1. Na tela do computador, não é possível visualizar a primeira página inteira de um site, de uma só vez. Como o leitor deve fazer para ter acesso a todo o conteúdo da homepage?

Com o objetivo de facilitar o entendimento do percurso de leitura pelo qual optamos nesta oficina, vamos dividir a primeira página em quatro telas menores, que passaremos a ler, individualmente. A leitura de cada tela será processada sempre na direção da esquerda para a direita ( ) e de cima para baixo ( ).

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Tela 1

No alto da homepage, à esquerda, está a logomarca do Instituto Akatu. Também no alto, à direita, o leitor encontra recursos para facilitar a leitura do conteúdo deste site:

a. ícones sobre os quais deve clicar para regular o tamanho da fonte (letra): A A+ A++;

b. três opções de línguas para leitura: inglês, espanhol e português;

c. um espaço de busca por tópicos/temas tratados no site: o leitor digita sua busca, clica em OK e aguarda pelos resultados de sua pesquisa.

Mais abaixo, na tela, uma barra retangular apresenta os elementos de identificação do site. Um clique do mouse sobre cada um deles dará acesso a novos conteúdos dentro do site.

2. Além de anunciar ao leitor que ele está na homepage do site, a expressão Página Inicial, na barra retangular, tem outra função. Qual é essa função?

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Abaixo da barra, à esquerda e ao longo de toda a homepage, há uma coluna de arquivos de links, cujas funções são as de apresentar e descrever para o leitor as ações e/ou atividades em que o Instituto Akatu está ou esteve envolvido. Há blocos de arquivos, denominados: Consumo Consciente, Akatu em Ação e Interatividades.

3. O que o hiperleitor irá encontrar em cada um dos quatro blocos de arquivos?

Volte agora sua atenção para a parte central da Tela 1 da homepage, onde aparece um banner, com chamadas para quatro notícias. Um banner é uma seção retangular destinada a anúncios, em páginas da internet.

4. Qual foi a notícia destacada no banner? Qual o tema dessa notícia?

5. Ainda na Tela 1, abaixo do banner, o leitor encontra a chamada para outra campanha. De que se trata?

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Tela 2

À esquerda da Tela 2, abaixo da coluna de links com os arquivos de ações/atividades do Instituto Akatu, encontram-se dois pequenos quadros, cujo objetivo é o de estabelecer interação rápida com o hiperleitor.

Vamos lê-los:

6. O que o hiperleitor encontrará, se clicar com o mouse no interior do primeiro quadro?

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7. O que é um fórum de discussão?

8. Clicando com o mouse no segundo quadro, que ação o hiperleitor poderá realizar?

No centro da Tela 2, destacam-se:

uma notícia especial, na seção Especiais, com link para que o leitor acesse, se desejar, outras dessas notícias (» Mais Especiais);

um vídeo sobre a história da água engarrafada (The Story of Bottled Water), na seção Vídeo em Destaque.

9. À direita da tela, há um painel em que são apresentados os parceiros do Akatu. Que parceiros do Akatu aparecem no painel?

10. Abaixo desse painel, outros dois pequenos quadros apelam diretamente ao visitante do site, incentivando-o realizar algumas ações. De que ações se trata?

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Ainda na Tela 2, à direita, o visitante do site pode conhecer a campanha SACO É UM SACO, clicando sobre o slogan da campanha.

O slogan dessa campanha brinca com dois dos possíveis sentidos da palavra SACO, para associar ideias de forma diferente. Responda:

11. Quais os sentidos da palavra SACO nesse slogan?

11.1 Escreva o significado desse slogan.

Tela 3

No centro da Tela 3, um quadro apresenta os links: Guia de Empresas e Produtos (RSE – Responsabilidade Social Empresarial), Teste do Consumidor Consciente (Comportamento), e Dicas para práticas de Consumo Consciente.

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12. Abaixo do quadro, o que o hiperleitor encontra na seção Central de Notícias?

À direita da Tela 3, há: o ícone para o leitor ter acesso ao twitter, uma enquete e um convite ao leitor, para que preencha a Escala Akatu e conheça a responsabilidade social de sua empresa.

13. Você sabe o que é twitter?

14. E enquete, o que significa?

Tela 4

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15. No canto direito da Tela 4, o leitor é convidado a informar seu nome de usuário e sua senha. Por quê?

16. Que informações são disponibilizadas para o leitor, na barra inferior da Tela 4?

TEXTOS II, III e IV: SUGESTÃO DE PERCURSO DE LEITURA DO HIPERTEXTO

Como já foi aprendido por você, um site é constituído por uma ou mais páginas de hipertexto. Para ‘navegar’ em um site, o hiperleitor pode iniciar a leitura na direção e no ponto em que quiser, escolhendo os links que julgar mais interessantes ou mais adequados a seus objetivos.

Para construirmos outros sentidos para nossa leitura, vamos escolher nosso percurso de leitura, imaginando que estamos usando um computador conectado à internet.

1º passo:

Releia o banner, que traz informações sobre a campanha “1/3 de tudo que você compra vai direto para o lixo”:

A chamada 2 informa que a campanha está entre as 27 melhores para salvar o planeta e essa informação, sem dúvida, desperta o interesse do leitor.

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2º passo:

Para conhecer a campanha, o leitor deve clicar no link Campanhas Publicitárias na página inicial. A tela que aparece, então, é esta:

3º passo:

Clicando sobre a frase Conheça a campanha “1/3 de tudo que você compra vai direto para o lixo”, o leitor encontrará a próxima tela.

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TEXTO II

Leia o texto que aparece na tela a seguir, para responder às questões propostas:

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1. A finalidade principal desse texto é a de:

( ) apresentar ao leitor informações sobre a campanha “1/3 de tudo que você compra vai direto para o lixo”.

( ) apresentar ao leitor os problemas enfrentados pelos 14 milhões de cidadãos brasileiros em situação de insegurança alimentar.

( ) convencer o consumidor, em suas compras, a trocar as sacolas plásticas por sacolas feitas de pano.

( ) convencer o consumidor a reduzir suas compras de supermercado apenas ao essencial.

2. Normalmente, os publicitários criam um slogan para cada campanha que idealizam. O que é um slogan?

3. A respeito da campanha destacada, preencha o quadro com informações retiradas do texto:

Slogan:

Instituição responsável:

Criação e produção:

Estreia:

Objetivo:

4. Observe a caracterização do rapaz que aparece na imagem que precede o texto. Como ele está vestido? Qual a relação entre a vestimenta do rapaz e as informações do texto?

5. Releia:

“O número é ainda mais alarmante quando pensamos que estamos em um país onde 14 milhões de pessoas vivem em domicílios com insegurança alimentar grave”. (2º §)

Considerando o conteúdo do texto lido, responda: qual o significado da expressão sublinhada?

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6. Releia também:

“As peças da campanha mostram, com mensagens criativas e instigantes, que todo consumo tem impacto – seja ele positivo ou negativo (...)” (3º §)

A melhor opção para o sentido da palavra peças, no texto é:

( ) partes ou pedaços de um todo.( ) obras literárias e artísticas.( ) obras de criação para propaganda.( ) partes de uma coleção.

7. Observe como aparece o verbete protagonista no dicionário:

protagonista [Do gr. protagonistés.] 1. O primeiro ator do drama grego. 2. A personagem principal de uma peça teatral, de um filme, de um romance. 3. Pessoa que desempenha ou ocupa o primeiro lugar num acontecimento. (Adaptado do Novo Dicionário Aurélio Digital)

Considerando os sentidos relacionados no verbete, e estando atento ao significado do texto lido, explique, com suas palavras, o sentido de protagonista, na frase:

“O consumidor, comprometido e ciente dos efeitos de seus atos de consumo, pode ter um papel protagonista nessa transformação [da sociedade]”. (3º §)

Na parte inferior do texto de apresentação, aparecem algumas peças publicitárias da campanha “1/3 de tudo que você compra vai direto para o lixo”: um cartaz, sacolas de pano para compras e um outdoor (grande cartaz) afixado em um caminhão de lixo.

Observe:

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TEXTO III

Clicando com o mouse sobre o cartaz, aparece a tela a seguir:

1. Procure definir, em um pequeno parágrafo, o que é um cartaz. Em sua definição, você deve incluir: a finalidade desse gênero de texto, a quem se dirige, quem o publica, onde é divulgado esse gênero de texto.

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2. Qual a finalidade do cartaz em destaque?

( ) Fazer propaganda dos produtos de um supermercado.( ) Convencer o leitor a comprometer-se com uma ideia. ( ) Mostrar que os produtos sem embalagens se deterioram facilmente.

3. A forma como esse cartaz foi construído nos remete a um outro gênero de texto: o folheto de propaganda de supermercado. Que semelhanças podem ser apontadas entre o cartaz e o folheto?

4. Há um uso inusitado de imagens no cartaz. Que estranhamento essas imagens provocam no leitor?

5. Qual a intenção do uso dessas imagens no cartaz? O que elas representam?

6. No cartaz também aparecem os preços dos produtos. Por quê?

7. Releia:

Relacione o slogan da campanha publicitária – 1/3 de tudo que você compra vai direto para o lixo – com a DICA DA SEMANA apresentada no cartaz.

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TEXTO IV

1. Observe o folheto de propaganda de supermercado, retirado de http://www.superbarao.com.br/ofertas.asp (acesso em 29/04/2010) a seguir:

a) Procure definir, em um pequeno parágrafo, o que é um folheto de propaganda. Em sua definição, você deve incluir: a finalidade desse gênero de texto, a quem se dirige, quem o publica, onde é divulgado e quais as vantagens de se usar esse gênero de texto.

2. O que mais chama a atenção do leitor no folheto: as imagens ou o texto escrito? Por quê?

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3. Que tipo de informações o leitor encontra nesse folheto?

3.1. Como essas informações aparecem dispostas na página?

4. O folheto faz propaganda de 19 produtos do supermercado. Dentre esses produtos, quantos são vendidos em embalagens de fábrica?

4.1 Que produtos são vendidos sem embalagens de fábrica? Como se apresentam?

4.2 Considerando o slogan da campanha publicitária – 1/3 de tudo que você compra vai direto para o lixo – que associação é possível fazer, após a leitura do folheto de supermercado?

5. Além de anunciar os produtos, preços e ofertas do supermercado, o folheto costuma trazer dicas para o consumidor. Nesse folheto, quais são essas dicas?

6. Na 1ª dica do folheto, a forma verbal estaremos, usada na 1ª pessoa do plural, faz referência:

( ) aos consumidores.( ) aos funcionários do supermercado.( ) ao supermercado como empresa.( ) aos consumidores e aos funcionários do supermercado.

7. Na 2ª dica, a forma verbal no modo imperativo - antecipe - com o objetivo de:

( ) ordenar ao consumidor que organize suas compras da semana.( ) aconselhar o consumidor a comprar antecipadamente. ( ) convencer o consumidor a não comprar aos sábados.( ) aconselhar o consumidor a aproveitar o feriado para fazer suas compras.

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ANEXOS

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O discurso argumentativo e sua realização através dos gêneros textuais escritos

Terezinha Barroso (UFJF)

A língua, na sua atualização, representa e reflete a experiência em ação, as emoções, desejos, necessidades, a visão de mundo, valores, ponto de vista. A linguagem verbal é encontro e luta, é corpo a corpo que não admite passividade (PCN Ensino Médio/MEC-2000, p.21).

A argumentação está ligada ao conjunto de ações humanas, cuja finalidade é a adesão do outro: de um determinado comportamento ou de uma opinião. Portanto, a argumentação está ligada às ações de linguagem, em situação de interação social, que buscam o convencimento, a persuasão.

O confronto entre dois pontos de vista, o debate sobre uma questão polêmica, ou a simples vontade enunciativa de defender um determinado ponto de vista criam contextos de produção para a escolha do discurso argumentativo.

Nas diferentes esferas de comunicação social, o discurso argumentativo se realiza através de um número variado de gêneros textuais, como por exemplo, o artigo de opinião, o editorial, a carta de reclamação, a propaganda, a carta de solicitação, a resenha crítica, o debate regrado e outros. Esses gêneros possuem características linguísticas e discursivas comuns, que nos permitem reconhecê-los como sendo da mesma família, ou seja, como gêneros do tipo argumentativo. A intenção comunicativa (a ação de linguagem pretendida e o contexto de sua produção); a sua organização composicional e as expressões linguísticas usadas para a sua produção são alguns dos critérios nos quais podemos nos apoiar para a identificação do gênero textual.

Além da intenção comunicativa que marca a ação de linguagem, própria dos gêneros de natureza argumentativa, os gêneros textuais do tipo argumentativo apresentam um plano geral básico comum, que os torna semelhantes na sua organização composicional. Ou seja, pelo menos dois componentes constituem o discurso argumentativo: a posição (ou tese), na qual o sujeito expõe sua defesa frente a uma questão polêmica, e a justificativa (ou sustentação), que é composta de argumentos selecionados, que têm como objetivo ser suporte da posição assumida pelo sujeito emissor.

O discurso argumentativo pode, também, apresentar uma organização composicional mais complexa e ampliada, que revela a intenção do sujeito em, não só defender uma posição, mas, também, negociá-la com seu interlocutor. Nesse caso, além de apresentar os componentes básicos: posição e justificativa, a argumentação passa a contar com a contraposição e a justificativa (sustentação) ampliada por contra-argumentos. Esses dois componentes – contraposição e contra-argumentação, quando presentes na produção do aluno, revelam sua capacidade (1) de angular a questão polêmica sobre mais de uma perspectiva e (2) de antecipar-se a possíveis posicionamentos de seu interlocutor.

A contraposição, como o próprio nome diz, coloca-se na argumentação como uma oposição à posição. Pode ser anunciada, através de expressões linguísticas, tais como: Essa questão pode ser abordada sobre dois pontos de vista.... ou Podemos tratar o tema em seus aspectos negativos e positivos.../ em suas vantagens e desvantagens....

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O contra-argumento, quando presente, deve estar associado, diretamente, ao argumento apresentado anteriormente, mantendo-se, assim, a coerência do texto. Algumas expressões linguísticas usadas para sua introdução são: Se por um lado...., por outro há também que se considerar.... ou Contrário a esse argumento (argumento X) alguém poderia afirmar que....

A conclusão é outro componente do discurso argumentativo presente, principalmente, na modalidade formal escrita. A conclusão tem, a princípio, o objetivo de servir de síntese para o fechamento das discussões. Vale lembrar, no entanto, que, dependendo de fatores contextuais e da intenção do emissor, a conclusão, ao invés de fechar a discussão de forma definitiva, pode ser usada como um convite à reflexão.

Finalmente, é possível identificar um último componente do discurso argumentativo, cuja função é a de situar o contexto, de onde emerge a questão polêmica. A contextualização ou situação inicial tem função discursiva semelhante à da orientação em narrativas. Realizações linguísticas desse componente são observadas no início de artigos de opinião, como por exemplo: Nos dias de hoje, temos presenciado uma discussão corrente entre... ou Não há como desconsiderar a situação vivida pelos desabrigados das últimas enchentes ocorridas no estado do Rio de Janeiro...

O plano geral abaixo representa os possíveis componentes do discurso argumentativo, citados na introdução desta oficina. Importante, no entanto, lembrar que a ausência de um desses componentes não invalida, a princípio, a sua qualidade, muito por que essa configuração vem definida pelas condições de produção do gênero textual em uso. O quadro a seguir, portanto, não pretende ser uma “camisa de força”, que nos leve ao perigo de avaliar, como não proficientes, realizações de gêneros do argumentar, com outras composições, que não contemplem, simultaneamente, a ocorrência dos componentes enumerados no quadro.

A marcação com asterisco (*) identifica os componentes básicos que qualquer argumentação, independentemente do gênero textual, deve apresentar:

O DISCURSO ARGUMENTATIVO

CONTEXTUALIZAÇÃO (contexto no qual emerge a questão polêmica)

QUESTÃO POLÊMICA(possível de ser traduzida em forma de

pergunta)

POSIÇÃO/TESE*(posição adotada frente à questão polêmica)

CONTRAPOSIÇÃO(posição contrária à tese)

JUSTIFICATIVA* (argumentos e/ou contra-argumentos)

CONCLUSÃO(síntese ou convite à reflexão)

As atividades de leitura e compreensão dos textos propostas nas oficinas: O discurso argumentativo e sua realização em gêneros textuais estão orientadas pela perspectiva teórica dos gêneros textuais como objeto de ensino, conforme nos apontam os PCN de Língua Portuguesa. O tutor deverá conduzir as discussões e correções dos trabalhos, norteado, não só pelo gabarito sugerido, mas também pela concepção de que os textos são formas concretas de realização dos gêneros textuais, forma discursiva pelas quais a linguagem se realiza e se constitui, conforme posto neste texto.

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Considerações sobre os gêneros Notícia e Reportagem

Sandra Maria Andrade del-Gaudio (UFJF)

Domínio discursivo é “uma esfera da vida social ou institucional (religiosa, jurídica, jornalística, pedagógica, política, industrial, militar, familiar, lúdica, etc.) na qual se dão práticas que organizam formas de comunicação e respectivas estratégias de comunicação” (MARCUSCHI, 2208, p. 194).

A notícia e a reportagem são gêneros de texto do domínio discursivo jornalístico, assim como o editorial, as entrevistas, o artigo de opinião, a crônica esportiva e outros. É comum haver certa dificuldade para a distinção entre uma notícia e uma reportagem.

Neste texto expositivo, vamos explorar as características dos dois gêneros em destaque, analisando suas condições de produção, seu conteúdo temático, sua organização composicional e suas marcas linguísticas, tomando como referência os quadros sinópticos apresentados por Barbosa (2002, p.165-167).

1. Com relação à situação de produção

É importante destacar que a notícia é considerada a matéria-prima do jornalismo e a reportagem, o gênero mais elaborado desse domínio discursivo. Notícias e reportagens aparecem publicadas ou divulgadas em jornais e revistas, impressos ou digitais, em portais de informação na internet, na televisão, no rádio. Bastante populares, promovem a interatividade com seus leitores/espectadores/ouvintes (vide, por exemplo, as cartas de leitor em jornais e revistas, os telefonemas e e-mails às estações de tv e rádio e os comentários em sites, motivados por notícias e reportagens). Por ser de produção mais elaborada, uma reportagem ocupa mais espaço nos suportes de divulgação do que uma notícia.

Normalmente, a notícia é publicada sem a assinatura do redator. Já as reportagens, na maioria das vezes, trazem a assinatura do jornalista responsável, embora também seja possível a publicação de notícias assinadas e reportagens sem assinatura. Vale lembrar que o texto de notícias não deve expressar uma visão pessoal do autor; ao contrário, o relato dos fatos deve ser feito com imparcialidade e objetividade. Já as reportagens, embora também tenham caráter informativo, permitem ao redator evidenciar traços de sua opinião.

O público leitor de notícias e reportagens é diversificado. Pela preferência do leitor pelo suporte em que esses gêneros aparecem publicados, podem-se identificar diferenças com relação a interesses, classes sociais, graus de escolaridade, idade e outras. Por exemplo, os leitores do jornal Folha de S. Paulo provavelmente não possuem o mesmo perfil que o dos leitores da Revista Capricho.

O objetivo de uma notícia é informar os leitores, através de relato objetivo, sobre um fato novo, pontual, situado no tempo. Uma reportagem, além de informar, intenciona contar uma história verdadeira, expor uma situação, analisar em detalhes o fato ou assunto, buscando apresentar posições e estabelecer relações de causa e consequência entre os fatos.

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2. Com relação ao conteúdo temático

Segundo o Novo Manual de Redação da Folha de S.Paulo (apud BARBOSA, p. 166), considerando-se o compromisso de atendimento às necessidades de informação do público leitor, para ser publicada, a notícia deve ser inédita, ser improvável, despertar o interesse devido à forma como afeta a vida das pessoas, ter apelo, no sentido de mobilizar a curiosidade do leitor e ter empatia, levando as pessoas a se identificarem com personagem e situação. Franceschini (2004, p. 144) afirma que a notícia, definida de forma simplista, é o anúncio de um fato novo, o anúncio da novidade. Sendo assim, o conteúdo da notícia pode ser qualquer fato ou novo fenômeno, desde que mobilize o interesse do público leitor: desde eventos econômicos e políticos de consequências imprevisíveis, a ocorrências triviais, como desentendimentos entre casais, motivados por ciúmes.

Se a notícia depende de um fato novo, a reportagem busca atender o interesse do leitor abordando diferentes conteúdos, que, embora atualizados, não precisam, necessariamente, ter-se originado de fatos novos: cura de doenças graves, preservação de espécies ameaçadas, sexualidade juvenil, violência nas escolas e outros. A reportagem ultrapassa o imediatismo da notícia. Para a realização de uma reportagem, o jornalista lança mão de pesquisas, busca diferentes pontos de vista, faz levantamentos detalhados de dados e informações a respeito dos fatos e assuntos que abordará.

3. Com relação à organização composicional e às marcas linguísticas

3.1 Da notícia:

Geralmente, os eventos são ordenados em sequência cronológica. No entanto, é comum o redator decidir ordená-los pela importância ou pelo interesse que possam despertar, considerando-se o perfil do destinatário.

Fazem parte da estrutura geral da notícia:

título: contém a informação principal do texto e, normalmente, é extraído do lide;

olho: é o pequeno texto que acompanha o título, que auxilia o leitor na síntese do principal fato da notícia e cria interesse pelo texto. É também chamado de subtítulo (como na reportagem) e nem sempre aparece em todas as notícias;

lide (lead): é o primeiro parágrafo da notícia, que responde às questões: quem, o que, quando, onde, por que e como. As informações que constam do lide devem ser detalhadas no corpo do texto. O segundo parágrafo da notícia também pode ser considerado como parte do lide;

corpo da notícia: apresenta seu conteúdo, podendo ou não aparecer subdividido em seções, encimados por um subtítulo.

A linguagem do texto da notícia, de forma geral, emprega:

enunciados mais referenciais e menos opinativos;

modo verbal indicativo – no título: verbos no presente; no lide e no corpo da notícia: verbos no pretérito perfeito e no futuro do presente;

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3ª pessoa do discurso;

marcas de impessoalidade (pronome oblíquo –se e voz passiva analítica ou sintética);

pouca adjetivação;

palavras de precisão, como numerais;

registro adequado ao suporte e ao leitor pretendido da notícia.

3.2 Da reportagem

A organização composicional da reportagem apresenta semelhanças com a da notícia. Fazem parte da estrutura geral da reportagem:

título: não precisa apresentar o fato central da reportagem de forma direta e objetiva;

subtítulo: é o pequeno texto que aparece logo abaixo do título e apresenta o tema central da reportagem;

lide: ou primeiro parágrafo da reportagem, busca responder às questões quem, o que, quando, onde, como, por quê. Apresenta o fato ou assunto que será tratado no texto. Muitas vezes, como estratégia, o redator parte de um aspecto ou fato secundário para remeter ao principal;

corpo: desenvolve e amplia a análise do fato ou assunto. Para que o leitor receba informações detalhadas sobre o fato ou assunto principal da reportagem, o jornalista lança mão de outros gêneros de texto, como depoimentos, quadros, gráficos, infográficos, entrevistas, e ainda de imagens, dados de pesquisas, curiosidades etc. As novas informações que ampliam o conhecimento sobre o fato ou assunto podem aparecer em boxes ou caixas de textos, acompanhando o texto principal. O último parágrafo da reportagem deve retomar as informações e apresentar uma conclusão.

São marcas características da linguagem da reportagem:

embora seja um gênero de caráter informativo, a reportagem pode revelar traços da opinião de seu redator, com o uso de alguns adjetivos e advérbios;

uso de metáforas;

emprego de sequências narrativas (destacam a cronologia dos fatos), descritivas e expositivas (permitem explorar detalhes) e argumentativas (apresentam fatos em sua relação de causa e consequência), o que acarreta emprego de verbos em modos e tempos diversos;

uso da 3ª pessoa do discurso e marcas de impessoalidade (pronome oblíquo-se e voz passiva analítica e sintética);

discurso direto em depoimentos, com emprego da 1ª pessoa do discurso;

registro de linguagem adequado ao suporte e ao leitor pretendido da reportagem.

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Referências

FRANCESCHINI, F. Notícia e reportagem: sutis diferenças. Disponível em: http://www.facha.edu.br/publicacoes/comum/comum22/Artigo6.pdf. Acesso em 22/04/2010.

MARCUSCHI. L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editoria, 2008.

BARBOSA, J. P. Do professor suposto pelos PCNs ao professor real de Língua Portuguesa: são os PCNs praticáveis? In: ROJO, R. (org.). A prática de linguagem em sala de aula: praticando os PCNs. São Paulo: EDUC; Campinas: Mercado de Letras, 2002.

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Variação linguística e ensino

Terezinha Barroso (UFJF)

“... o estudo da variação cumpre papel fundamental na formação da consciência linguística e no desenvolvimento da competência discursiva do aluno, devendo estar sistematicamente presente nas atividades de Língua Portuguesa”. (PCN, 1998:81-82)

Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (MEC-1998) trazem menção clara à importância de um ensino de língua que a conceba como fator de construção social e discursiva. Isso significa assumir que a língua não é um fenômeno estático, único, isolado do contexto no qual é produzido, e de seus usuários, mas um fenômeno de natureza dinâmica, variável, socialmente co-construído. Esse pressuposto define dois aspectos relevantes para a composição de novas práticas de linguagem, que, até décadas atrás, vinham sendo relegadas a importância secundária: (1) o reconhecimento do princípio da variabilidade da língua e (2) a inclusão da oralidade como objeto de ensino formal na escola.

Num país como o nosso, de dimensão continental, e onde o desafio de garantir a todos o acesso à educação básica é tarefa em construção, a inclusão desses dois aspectos requer da escola o desafio de saber lidar, de forma não preconceituosa, com a variedade linguística de seus alunos, oriundos de grupos sociais diferentes.

Nessa orientação, a noção de correção gramatical, nos moldes postos pela gramática normativa, como condição indispensável e suficiente para a comunicação verbal, passa a ser substituída pelas noções de adequabilidade e aceitabilidade (Bagno:2007); a escrita, antes entendida como o espaço único de realização da variante culta, passa a ser também espaço de circulação e uso das variedades linguísticas.

As noções de certo e errado, quando substituídas pelas noções de adequabilidade e aceitabilidade, excluem o preconceito e relativizam a relevância dada, tradicionalmente, ao ensino da forma/regras gramaticais, como foco central do ensino sobre a língua, para darem lugar ao estudo do uso da língua e a reflexão sobre esse uso contextualizado.

Nossa língua tem uma diversidade e variabilidade consideráveis. Tais características são motivadas, principalmente, por fatores regionais, sociais, etários, profissionais, de formação escolar, e também por situações específicas de interação. Assim é que o sulista, o mineiro, o carioca, o nordestino, médicos, policiais, profissionais de informática, metalúrgicos, jovens, grupos marginalizados e outros criam sua própria forma de comunicação. As variantes linguísticas estão, portanto, presentes no sotaque regional, nas gírias, nos jargões, nos registros formal e informal, na diferença de gênero (feminino/masculino), formas legítimas de se usar a linguagem em situações de interação. Essas variações se realizam em diferentes níveis de construção do discurso:

morfológico: alternância de “lh” e “i” em mulher/muié; velho/véio;

fonético: troca do “l” pelo “r”, em Flamengo/Framengo;

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sintático: ausência de concordância verbal/nominal em: as menina / chegou as férias;

semântico-pragmático: E aí véi, tudo em cima?

À luz dessas orientações curriculares, o professor de LP tem à frente a dupla tarefa: promover o acesso à língua padrão, e, ao mesmo, respeitar as variantes linguísticas de seus alunos. De que forma?

Sensibilizando os alunos para o valor social das variantes linguísticas;

desmistificando a noção de língua errada, introduzindo na prática de sala de aula o respeito à língua do outro, como forma legítima de comunicação;

introduzindo no currículo o estudo sistemático dos gêneros textuais (orais e escritos) de diferentes circulações sociais;

propondo atividades de linguagem, que, evitando o tratamento polarizado e valorativo na abordagem da variação linguística, façam o aluno reconhecer a importância da adequação da língua a diferentes situações de uso e a diferentes interlocutores.

O programa curricular de Língua Portuguesa, no ensino fundamental e médio, deve guiar-se por essas orientações, para que se garanta uma prática que, dentre outras competências linguísticas, desenvolva, também, entre os alunos, a consciência linguística, para uma atitude de respeito ao outro.

Referências

BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico o que é como se faz. São Paulo: Edições Loyola, 2007.

MORAIS, Leopoldo. A atitude linguística nos livros didáticos do Ensino Médio: a postura está correta? Disponível em: http://www.webartigos.com/articles/15806/1/A-ATITUDE-LINGUISTICA-NOS-LIVROS-DIDATICOS-DO-ENSINO-MEDIO/pagina1.html

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