Serie Katie - Volume 1 - Peculiar Treasures

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Capítulo 1 Katie segurou a saia de seu longo vestido de dama de honra e empolgada, traçou seu caminho até a aglomeração de convidadas do casamento: - Desculpe. Vim cumprir um dever. Mulher em uma missão aqui. Abram espaço. A maioria dos convidados conhecia Katie e encarava com bom humor seus comentários. Katie se plantou bem na frente e no centro. Pôs-se em posição do intercepta dor da bola e discretamente, antes de ajeitar o cabelo vermelho berrante atrás da orelha, gritou: - Aqui Cris! J á estou pronta. Outra jovem também chegou mais perto e gritou suas próprias direções para a noiva: - Nada de favorito, hein, Cris! - Estou exatamente aqui na sua esquerda. Joga pra mim, na esquerda! - Não, joga pra mim, Cris! Pra mim! Aqui! A noiva mantinha-se de costas para todas as convidadas, já que sua super-eficien te tia agitava-se para ajustar a posição de Cris, para que seu perfil estivesse perfeito para as lentes do fotógrafo. -Mantenha os ombros para trás Cris, querida - Tia Marta advertia - Agora vire o queixo um pouquinho para a direita. Não, nem tanto. Volte... Isso. Assim. O flash da câmera capturou a pose de Cris antes mesmo que a noiva pudesse respirar ou piscar. Outro flash surgiu, agora na direção de Katie e as outras impacientes convidadas. Katie era um pouco mais alta do que a maioria das garotas que estavam aglomeradas ao seu lado. Isso fazia com que a competição não parecesse tão desafiadora. - Dama de Honra aqui! Katie gritou. Siga o som da minha voz, Cris! Lá do outro lado veio uma voz profunda. - Joga alto! Katie conhecia aquela voz. Era a voz do Rick Doyle, seu “quase” namorado. Rick estava junto do restante dos padrinhos do noivo, na beira do gramado. Os outros rapazes, todos surfistas de nascença, já tinham tirado suas longas gravatas há uma hora atrás, antes mesmo de o brinde ser oferecido. Eles estavam prontos para curtir confortavelmente a tarde quente do sul da Califórnia. Rick era o único que mantinha o estilo “pronto para a câmera”, como dizia a Tia Marta. Ela estava satisfeitíssima com Rick, mas irritadíssima com os outros, inclusive com o noivo, Ted, que tinha arrancado o paletó logo depois que ele e Cris cortaram o bolo. Alto, e de olhos castanhos Rick posicionou as mãos em forma de copo, em frente a sua boca, e gritou de novo:

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Capítulo 1

Katie segurou a saia de seu longo vestido de dama de honra e empolgada, traçou

seu caminho até a aglomeração de convidadas do casamento:- Desculpe. Vim cumprir um dever. Mulher em uma missão aqui. Abram espaço.

A maioria dos convidados conhecia Katie e encarava com bom humor seus comentários.Katie se plantou bem na frente e no centro. Pôs-se em posição dointerceptador da bola e discretamente, antes de ajeitar o cabelo vermelho berranteatrás da orelha, gritou:

- Aqui Cris! Já estou pronta.

Outra jovem também chegou mais perto e gritou suas próprias direções para anoiva:

- Nada de favorito, hein, Cris!

- Estou exatamente aqui na sua esquerda. Joga pra mim, na esquerda!

- Não, joga pra mim, Cris! Pra mim! Aqui!

A noiva mantinha-se de costas para todas as convidadas, já que suasuper-eficiente tia agitava-se para ajustar a posição de Cris, para que seu perfilestivesse perfeito para as lentes do fotógrafo.

-Mantenha os ombros para trás Cris, querida - Tia Marta advertia - Agora vire oqueixo um pouquinho para a direita. Não, nem tanto. Volte... Isso. Assim.

O flash da câmera capturou a pose de Cris antes mesmo que a noiva pudesserespirar ou piscar.

Outro flash surgiu, agora na direção de Katie e as outras impacientes convidadas.Katie era um pouco mais alta do que a maioria das garotas que estavamaglomeradas ao seu lado. Isso fazia com que a competição não parecesse tãodesafiadora.

- Dama de Honra aqui! Katie gritou. Siga o som da minha voz, Cris!

Lá do outro lado veio uma voz profunda.

- Joga alto!

Katie conhecia aquela voz. Era a voz do Rick Doyle, seu “quase” namorado. Rickestava junto do restante dos padrinhos do noivo, na beira do gramado. Os outrosrapazes, todos surfistas de nascença, já tinham tirado suas longas gravatas háuma hora atrás, antes mesmo de o brinde ser oferecido. Eles estavam prontospara curtir confortavelmente a tarde quente do sul da Califórnia.

Rick era o único que mantinha o estilo “pronto para a câmera”, como dizia a Tia Marta.Ela estava satisfeitíssima com Rick, mas irritadíssima com os outros, inclusive com onoivo, Ted, que tinha arrancado o paletó logo depois que ele e Cris cortaram obolo.

Alto, e de olhos castanhos Rick posicionou as mãos em forma de copo, em frentea sua boca, e gritou de novo:

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- Joga alto, Cris!

Por que ele está falando isso? Eu estou logo aqui na frente. Katie virou a cabeçapara trás para ver se Rick estava olhando para alguém que estivesse na fileira deatrás das ansiosas caçadoras de bouquet. Mas antes que ela pudesse localizaralguém em particular, algo perfumado bateu do lado esquerdo de sua cabeça.Todas as mulheres em volta gritaram.

Katie flexionou seu braço esquerdo e puxou o objeto voador pro seu lado. Masoutra jovem, na tentativa de seu próprio alcance pelas flores, bateu comforça em Katie.

- Ei! Katie começou a tombar, mas viu que o bouquet estava prestes a seragarrado.

Outra jovem balançou seu braço para frente e sem calcular seusmovimentos, lançou o maço de volta pro ar. O bouquet estava de volta ao jogo!Lá do outro lado, os rapazes gritavam. De dentro do amontoado de mulheres

histéricas, os berros aumentavam. De repente, todos os braços voltaram para oar.

O bouquet fugitivo parecia estar se divertindo com o seu momento de vôo e sópararia nas mãos de uma única convidada ansiosa, que golpearia as flores comose elas fizessem parte de uma caça a passarinhos. Em meio a pulos e saltos, atravessa bola branca lançou uma única rosa para uma mulher de braços longosantes que Katie pudesse saltar pra frente e agarrar o bouquet. Viva o bouquet!

A garota alta do lado de Katie vacilou com a solitária rosa nas mãos. E entãoKatie levantou seu braço e deixou sua empolgação ser ouvida por toda acampina.

- Peguei!

- Eu quase peguei - murmurou a mulher com o solitário botão de rosa.

Cris, que já tinha se virado para assistir ao “show” momentâneo, deu uma risadaquando viu onde o bouquet parou.

Katie imitou a expressão alegre de sua melhor amiga. Esse era o momento comque ambas haviam esperado durante anos. Muitos anos. As duas sabiam que Crisseria a primeira a se casar. A corajosa Katie sempre persistia em dizer que onoivo de Cris seria Ted, mesmo durante aquelas épocas em que Cris tinha lá suasdúvidas. Para incentivar os segredos de Cris durante aqueles duvidosos, mas sonhadores

momentos, Katie foi uma das melhores animadoras, “Só me prometa que você vai jogaro bouquet pra mim.” Aquele pensamento sempre as fazia rir uma da outra, da mesmaforma que estavam fazendo agora.

Missão cumprida.

Dando uma rodada de triunfo, Katie deu de cara com Rick a observando. Praquem quer que tenha sido aquele comentário “joga alto”, agora não importavamais. Rick estava a encarando com aqueles olhos castanhos-chocolates, e elaparecia estar se derretendo por dentro, como se essa fosse sua primeirapaixonite por Rick na escola.

- Olhe pra cá, por favor, disse o fotógrafo.

Katie levantou a cabeça e mostrou a ele seu maior sorriso.

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- Mais uma. Agora menos forçado!

Levando a fragrância do bouquet branco da gardênia até o nariz, Katie mergulhou oqueixo e inspirou lentamente o aroma doce e puro das flores. Então é esse o cheiro deestar casada.

O fotógrafo capturou a pose, reajustou o ângulo da câmera e tirou outra.- Ótimo, obrigada.

Katie olhou de volta, pronta para dar uma piscada com seu brilhante eesverdeado olhar cheio de charme na direção de Rick, mas seu sorriso se desfez.Rick não estava mais a observando. Ele estava dando atenção ao grupo derapazes solteiros prontos para capturar a liga.* 

Katie caminhou vagarosamente para o lado para se juntar ao grupo deespectadores enquanto tirava o cabelo da testa. Era estranho estar tão bemvestida e ter uma foto sua capturada. Mas, até que essa experiência estranha foiagradável. As seleções de estilo pessoal de Katie foram por um longo tempo na

área do jeans e camiseta ou blusa de moletom. Durante o ano passado, então,ela lançou uma chamada “Versão-Katie” atualizada. Ela começou com um cortede cabelo que deu a sua juba vermelho-berrante um ar mais sofisticado, numestilo "fácil-de-lavar-e-sair".

Então ela adicionou umas saias mais coloridas ao seu guarda-roupa e foi àprocura de modelos mais femininos e confortáveis. Essa roupa de dama de honraestava bem além da forma como ela costumava se vestir, mas Katie gostou do

 jeito com que isso a fez se sentir mais sofisticada.

Um rapaz que usava roupas casuais e uma barbicha-de-bode e óculos escurosretangulares inclinou-se na direção de Katie que estava parada ao lado do grupode rapazes. E sem olhar para ela disse baixinho:

- A presilha ta escorregando.

Katie virou seu olhar para o sol da tarde e piscou pra ele. Mesmo sem ter muitacerteza se o comentário dele tinha sido realmente para ela ou não. O rapazcontinuava olhando para frente. Ele não repetiu o comentário nem olhou de voltapara ela. Atrás da orelha esquerda dele, ela viu uma fina e branca cicatriz naforma de um “L”.

Katie ignorou o rapaz e voltou sua atenção ao grupo de rapazes que agoraestavam importunando Ted, o adorável noivo. Ele tinha posicionado a liga de Cris

entre os dois dedos polegares na posição de projétil e malandramente mirou paratrás de si próprio. Se ele soltasse agora, a liga iria desordenadamente atingiralgum lugar no alto das palmeiras que se encurvavam para a festa de casamento,assim como as girafas fazem para alimentar seus filhotes.

Um dos rapazes gritou:

- Ei, direção errada, cara.

Douglas, o único padrinho do grupo que era casado, parou ao lado de Ted e virouseu corpo de forma que ele encarasse o grupo.

* Liga – tira elástica que segura as meias. Assim como as mulheres solteiras ficam ansiosas para agarrar obouquet da noiva, nos Estados Unidos, os homens solteiros apanham a liga que é jogada pelo noivo.

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- Só mire nessa direção geral. Daí, isso vai voar loucamente. Desse jeito, vocênão precisará ficar de costas para eles.

Ted parecia que estava se divertindo com isso, do mesmo jeito que pareceu teradorado a cerimônia de casamento e a tranqüila recepção. Katie sabia queapesar de todo o esforço que foi feito entre o casal, seus pais, e sua ansiosa eperfeccionista Tia Marta durante o planejamento deste dia, parecia mesmo quetudo tinha se tornado um momento super especial para Ted e Cris.

O casamento e a recepção tiveram apenas leves toques da influencia de Marta; amaioria do dia tinha sido planejada por Ted e Cris. Katie estava super feliz porseus amigos.

Os rapazes pararam com suas posturas relaxadas na direção de Ted, eraperceptível pela expressão de seus rostos que eles estavam calmos demais paradisputar a liga. Katie conhecia aquele grupo bem o suficiente para saber que elesiam entrar em ação a partir do momento que Ted lançasse a liga.

E realmente. Ted levantou o queixo, e no comando de Douglas, ele lançou a faixaelástica de renda branca no meio do “muito-calmo” grupo de rapazes. E ai,bagunça total.

Katie notou que Rick foi um dos poucos rapazes que não entrou em ação. A ligadeu voltas próximo ao rapaz de barbicha que estava perto de Katie. Mas antesque ele pudesse agarrar o frágil flutuante pedaço de renda, outra mãosurgiu e agarrou o prêmio.

Os ombros de Katie deram um solavanco involuntário quando ela viu quem pegoua liga. David, o pequeno idiota. O irmão de Cris de 15 anos de idade começou afazer a dança da vitória. Infelizmente, aquela dança era estranha demais para os

pés imensos do David, tornando penoso demais para Katie assisti-lo. Ela se viroupara o outro lado da multidão onde Rick estava parado. Ele estava conversandocom o pai de Ted.

-Excelente resgate na caça ao bouquet hein, Katie. O pai de Ted apontou comseu copo de plástico em sua direção e adicionou: Corra atrás do que deseja.

- Obrigada. Virando para Rick, ela disse: Acho que não vi você fazendo nenhumesforço heróico para agarrar a liga lá, Doyle.

Rick deu uma risada forçada e balançou os ombros.

- Não veio na minha direção.

Essa é a tal frase “Filosofia-de-vida” do Rick Doyle. Nos últimos seis meses Katietinha visto Rick passar por dúzias de situações extremamente desafiadoras semagir com a mesma agressividade que ele demonstrava durante seus anos dosegundo grau. Ele amadureceu. Talvez até demais.

Ela deu uma longa olhada em Rick. Aquele era o seu amigo. De acordo com aúltima conversa que tiveram sobre a evolução de seu relacionamento, seu“quase” namorado. Eles estiveram perto um do outro todos os dias durante os

últimos sete meses, e ela sentia que já não sabia mais quem ele era ou o que eleestava pensando.De uma coisa ela tinha certeza: Ela queria ser a namorada do Rick. Ela estava

feliz por ter “ido nessa direção” na noite em que Ted pediu a Cris em casamentona lanchonete “Ninho da Pomba”. Rick era o gerente do “Ninho da Pomba”, e

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apesar deles já terem se conhecido desde a escola, seus caminhos não tinham secruzado durante anos.

Depois de terem se reencontrado naquela noite, Katie e Rick começaram umrelacionamento fixo. Num ritmo equilibrado. Ela até conseguiu um emprego no

“Ninho da Pomba”. Os últimos seis meses foram os mais estáveis trechos da novavida adulta de Katie, e ela não queria que isso mudasse. Tudo que ela queria eraum titulo mais preciso para o relacionamento deles. Ela queria que fossem logointitulados “namorado” e “namorada”.

- Katie! Chamou a Tia de Cris de lá da treliça do casamento.

David já estava em posição, segurando a liga. O fotógrafo estava checando aintensidade da luz com o seu medidor.

- Você está sendo intimada - disse o pai de Ted.

- É, estou mesmo. Você quer vir comigo? Ela agarrou o braço do Rick.

- Vá em frente. Eu disse ao Douglas que iria ajudá-lo com um... É... Pequenoprojeto.

- Vocês, rapazes, não vão aprontar com o carro de Ted e Cris, vão?

Rick apenas riu.O pai de Ted foi saindo.

- Eu não ouvi nada. Estou fora do que quer que vocês, rapazes estejamplanejando.

- Rick, Cris não quer que vocês façam nada com o carro deles. Você e o Douglassabem disso, né?!

- Katie! A voz de David os interrompeu - Tia Marta disse para você andar logo.

- Prometa-me que não vai fazer nada com o carro deles, Rick. Eu sou a dama dehonra. Tenho que proteger Cris. Me ajuda nisso. Por favor, não...

- É melhor ir - Rick apontou para a direção de Tia Marta e o fotógrafo. Aliás, suasflores estão tortas.

Ela partiu em direção a treliça, olhando para o bouquet que estava em suasmãos. O que ele quis dizer com “suas flores estão tortas”? Elas estão apenasfazendo o balanço delas. Estão só um pouco espalhadas, e, talvez, faltando umbotão de rosa.

- Pelo amor de Deus, Katie, está tudo torto - Tia Marta chegou perto e deu umapuxada para o lado no enfeite de cabelo que Katie estava usando na cabeçacomo uma coroa, que fazia parte do figurino de dama de honra.

De repente, o comentário que o rapaz com barbicha-de-bode fez sentido, assim

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como o comentário do Rick também. A presilha dela tinha escorregado. Katie fezseus próprios ajustes com os dois grampos de cabelo depois que Marta terminou oseu “ataque”. Com o cabelo arrumado de novo, ela perguntou:

- Está melhor?

- Vai ficar. Marta foi para o outro lado e estalou os dedos, como se estivesseencarregada de dar as ordens para o fotógrafo.

David chegou mais perto de Katie e colocou seu braço em volta dos ombros dela.

- O que está fazendo? Katie disse.

- Posando para a foto.

Ela se balançou pra fora do braço pesado dele.

- Apenas sorria, David. Isso é tudo o que você precisa fazer. Sorrir. Desse jeito.Katie deu um largo sorriso de “giz” para o fotógrafo. O fotógrafo olhou por cimadas lentes de trás da câmera.

- Um pouco menos exuberante, se você não se importar. Ele capturou a pose edisse

- Agora uma pose casual.

David esticou o braço na direção de Katie. O odor do suor de adolescente eraforte o suficiente para fazer as flores do bouquet murcharem.

- Estou te avisando, David, tire suas patas de mim.

As palavras de Katie escaparam por entre seu sorriso. David abaixou o braço.

-Isso! O fotógrafo fez um aceno com a cabeça e saiu com a câmera.

Katie soltou um “Obrigada” e notou que o rapaz da barbicha-de-bode estavaparado no final da fileira de cadeiras perto de Trícia, a outra dama de honra.

Trícia era casada com Douglas, e os dois estavam esperando seu primeiro bebêem pouco menos de um mês.

- Ted e Cris estão prontos para sair? Katie gritou por entre as fileiras de cadeirasvazias.

Trícia confirmou com um aceno de cabeça, suas mãos envolviam o topo de suabarriga redonda.

- Eu vim te chamar. Eles estão na capela assinando a certidão de casamento. Elesprecisam que você assine como testemunha.

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 Katie se apressou para atravessar o gramado em direção à pequena capela deoração localizada na extremidade da universidade. A capela era um dos tesourosfavoritos de Katie no campus do Rancho Corona. A campina gramada no fim daalta planície que cercava o campus, geralmente era usada apenas como caminho

para um longo passeio. Fazer o casamento ao ar livre nesse grandioso espaçotinha sido idéia do Ted, e foi uma ótima idéia. Sem dúvida a campina, a partir deagora, passará a ser um local freqüentemente requisitado por outros estudantesdo Rancho Corona para a realização de casamentos.

Pegando um atalho por entre as palmeiras, Katie se surpreendeu com o vislumbrebrilho do sol que de longe, refletia dentro do brumoso campo azul do OceanoPacifico. O ar já estava ficando fresco.

Profundamente, a camada atmosférica de pêssego com as sombras da primaverasugeria um toque de glória na paisagem do pôr do sol.

Katie sorriu. Ela achou fácil acreditar que Deus estava incrementando Seu toquefestivo ao final do dia perfeito de Cris e Ted. Num sussurro, Katie disse: O Senhorirá abençoá-los, Deus Pai? Abençoe todos os anos que eles irão viver. O Senhortem sido tão bom para eles.

Com um nó na garganta, ela adicionou: Eu não sei o que exatamente o Senhortem em mente para mim a partir de agora, mas o Senhor irá me abençoartambém? Se Rick não for o cara certo para mim, me faça perceber isso logo. Eunão quero tentar me convencer que ser a namorada do Rick é uma de suas“Coisas de Deus” se isso for apenas uma “Coisa da Katie”.

Chegando à capela, Katie parou, e antes de abrir a porta adicionou um “PS” emsua oração: Se o Senhor não quer que eu e o Rick caminhemos mais adiante emnosso relacionamento, faça com que nós terminemos. Essa dúvida de ser a“quase” namorada dele está me matando. Principalmente hoje.

Capítulo 2

"Hora certa", o pastor disse quando viu Katie por os pés dentro da capela. Ted tinha

uma caneta em sua mão e estava assinando um documento anexado a uma prancheta.Cris assinou em seguida. Depois o pai de Ted, Bryan, que tinha sido o padrinho donoivo. A caneta foi passada para Katie, e ela sentiu o coração acelerar por um docemomento.“Vocês estão casados," ela disse com um enorme sorriso, enquanto escrevia "Katie

Weldon" no documento.Ted se inclinou e beijou Cris na bochecha. Ele sussurrou alguma coisa que apenas Crisouviu. No mesmo instante os cílios dela baixaram e seu rosto aqueceu-se com umsorriso brilhante, Katie imaginou que talvez ele tenha dito alguma coisa muitomaravilhosa. Alguma coisa que Cris provavelmente tenha esperado meia década paraouvi-lo dizer. Alguma coisa fora do comum para o Ted de antigamente que não

expressava seus pensamentos.“Vocês 2 estão prontos pra ir?", o pai do Ted perguntou.

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mão estendida como uma criança que tenta pegar pingos de chuva ou flocos de neve.Katie abriu sua garrafinha e adicionou mais bolhas a chuva de saudações brilhantes.A primeira encantadora bolha que veio para a palma da mão de Ted estourou noimpacto. Ele manteve a mão aberta para uma segunda bolha, e uma terceira e então umaquarta. Os convidados aumentaram a produção de bolhas, cada um tentando ser aquele

que poderia fazer a bolha singular e resistente que poderia flutuar ate a palma de suamão e se tornar a perola indefinível pela qual ele estava esperando.Mais duas bolhas pousaram e estouraram antes de Cris colocar em pratica seunovíssimo poder de persuasão como esposa. Ela foi em direção a Ted e esticou o braço,colocando sua mão na dele. Ted se voltou para olhar sua noiva. Um pequeno sorrisosurgiu enquanto ele entrelaçava os dedos dela em sua mão. O verdadeiro encanto domomento estava claro; Cris era a perola do coração de Ted. Ele não precisava maistentar alcançar anseios tão frágeis quanto bolhas de sabão. Ele tinha seu tesouro em suasmãos, e ela seria o presente que faria dele um homem rico.Assim que Cris e Ted chegaram ao fim da passagem formada pelos amigos, elespararam e deram a mãe e o pai de Cris um ultimo abraço e beijo. Katie engasgou

quando viu o pai de Cris se derramando em lagrimas dar pra sua filha agora–totalmente–crescida um enorme abraço de urso.

Uma pontada aguda de dor surgiu no coração de Katie quando ela percebeu que nuncatinha recebido um abraço como aquele de seu próprio pai. Tão rapidamente quanto a dorsurgiu, ela a evitou. Ela estava indo bem nisso de superar a dor em velocidade recorde.“Ligue pra gente quando puder,” a mãe de Cris disse para os recém-casados.“Nos ligaremos.” Ted deu um abraço na sua nova sogra.

Cris parou em frente a Katie, e as duas se deram as mãos. O sorriso aquecedor que elastrocaram era tudo que as duas melhores amigas precisavam pra comunicar seussentimentos uma para a outra nesse momento de despedida. Então com rápidos abraços

em Trícia, o novo casal acenou para o restante dos convidados e se apressaram paraabrir a porta da limusine que os estava esperando.“Espero que Douglas e Rick não estejam perdendo isso,” Trícia disse.“O que você quer dizer com perdendo isso? Nós estamos bem aqui.” Douglas surgiu

atrás delas. Rick estava com ele.“Onde vocês dois estavam?” Trícia perguntou.

Rick colocou o braço ao redor de Katie e murmurou em seu ouvido, “Você fica bonitacom bolhas de sabão em seu cabelo.”Rick era bom com as palavras. Às vezes um pouco bom demais.Katie se afastou, tentando olhar mais claramente a expressão no rosto dele. “Você estaapenas tentando me distrair pra que eu não descubra o que vocês fizeram com o carrodeles.”Rick olhou pra ela com uma falsa expressão de choque.“Não se preocupe,” Douglas disse. “nos não fizemos nada com o carro. Por falar nisso

você viu o motorista da limusine? Ou deveria dizer o gorila da limusine?“ Ei, a gente poderia ter derrubado ele se a gente quisesse.” Rick falou“Mas a gente não quis, não é, Rick?”

“Não.” O sorriso inocente de Rick se transformou em um malicioso. Katie sabia queaquilo significava problema.“O que vocês dois fizeram?”Ela olhou para Douglas esperando uma resposta sincera.

“Vocês tem que me dizer. Eu sei que vocês fizeram alguma coisa.”

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“Não foi nada ruim, Katie.” Rick colocou sua mão no ombro dela. “Apenas relaxa.”“Eu vou relaxar depois que vocês me contarem o que fizeram.”“Cara,” Douglas disse, “ela é inflexível, não é?”

“Você não faz idéia” Rick ajustou sua jaqueta. “Tudo que fizemos foi adicionar umpresentinho na mala deles.”“Que tipo de presente?”“Um kit de sobrevivência pra lua de mel.”“Um o que?”

Trícia entrou na conversa. “Está certo, Katie. Eu os ajudei a organizar tudo. É um montede pequenos itens com notas neles. Como um frasco de anti-séptico bucal que diz,‘Abra em caso de mau hálito de manhã, ’ e um par de meias para cada um deles comuma nota que diz, ‘Em caso de pés resfriados. ’”A limusine saiu bem lentamente pelo estacionamento de cascalho. Os convidadosacenaram e sopraram mais algumas bolhas na direção do casal.“Não tem nada pra você ficar zangada, Katie,” Douglas disse. “Quando eles chegarem

em Maui e Cris abrir a mala dela, eles vão ter alguma coisa engraçada pra rir.”Katie ainda não estava convencida. “A mala da Cris? Por que vocês não colocaramessas coisas na mala do Ted?”

Rick riu. “A mala do Ted é uma velha mochila de nylon com um dos lados remendadocom fita adesiva. Não tinha como a gente colocar mais nada lá sem que a mochilaexplodisse. A gente teve que arrumar um pequeno espaço na mala da Cris, mas coubetudo.”“Arrumar um pequeno espaço? O que vocês tiraram?”“Só alguns papeis.”“Que papeis?” Katie e Trícia perguntaram em uníssono.

Rick tirou do bolso da jaqueta um monte de folhas de papel bem dobradas e atadas com

uma bonita fita de renda. Pareciam uma coleção de cartas escritas a mão.Katie gelou. “Rick, você não!”“Douglas!” Dessa vez o grito agudo de Trícia foi mais alto que o de Katie.“O que?”

Katie pegou as cartas e saiu correndo atrás da limusine. “Espera! Para!”Seu sapato do pé esquerdo saiu, mas ela continuou correndo. Atrás dela começou acrescer o som de risos dos que estavam vendo a cena. Ela sabia quão ridícula estavanaquele momento, uma dama de honra com um pé de sapato perseguindofreneticamente a limusine que ia embora. Mas nenhum deles entendia. As cartas em suamão eram o coração de Cris.Desde o tempo que Cris tinha 16 anos, ela vinha escrevendo cartas para seu futuromarido, dizendo que ela estava orando por ele e se guardando pra ele. Ted não sabianada sobre as cartas, e nem deveria. Essas palavras cuidadosamente preservadas eram opresente de casamento de Cris pra ele. Rick e Douglas não tinham o direito de roubarisso deles.“Pare!” Katie gritava. Ela acenava furiosamente tentando chamar a atenção do motoristapelo espelho retrovisor do lado dele. “Espera.”A limusine diminuiu a velocidade e parou. Katie se lançou na direção da porta dalimusine que estava aberta e sem ar entrou só pra ver Ted e Cris se beijando.“Katie!” Cris disse“Desculpa!” Katie falou, rapidamente escondendo as cartas atrás de si.

“O que você esta fazendo?” Ted perguntou

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“Me desculpem. Isso é realmente, realmente muito importante. Ted, você poderia virarsua seu rosto pro outro lado? Só por 1 minuto.”

Katie raramente tinha visto Ted ficar zangado. Naquele momento ele definitivamenteestava zangado.“Eu prometo, Ted. Eu não quero bagunçar nada aqui. Isso é extremamente importante.

Se você pudesse só, é, exatamente assim. Mantenha sua cabeça virada pra la e feche osolhos.”“Katie” a voz de Cris era firme. E sua expressão dura. “É melhor que isso seja –”“É. Eu prometo.” Sem dizer mais nenhuma palavra, Katie tirou a mão de trás de si e

mostrou o monte de cartas.Os olhos e a boca de Cris se abriram.“Eu sei,” Katie disse. “Eu explico tudo depois.”

Cris pegou as cartas e rapidamente sentou em cima delas, colocando-as embaixo daspregas de seu vestido de noiva.“Katie, você não faz idéia...”

“Sim, eu acho que sim.”“Obrigada, Katie!” a voz de Cris soou aguda.“Com certeza. Tudo em um dia de trabalho para uma dama de honra.”

Ted se voltou pra elas e com o olhar questionou as duas.“Ok” Katie tirou os cabelos dos olhos. “Eu tenho que ir agora. Eu sei, eu sei que vocês

dois realmente desejam que eu fique, mas, bem, ei. Eu preciso usar meus super-poderesem outros lugares. Amo vocês.”Katie fez uma pausa e acrescentou com um sorriso, “Ate mais, Sra. Spencer.”Ted fez seu costumeiro gesto de levantar o queixo. “Mais tarde.”“É” Katie disse, saindo da limusine. “Mais tarde.”

Ela virou a cabeça e trombou no peito do motorista da limusine que agora estava de

guarda perto da porta aberta do carro. Katie se endireitou e levantou o olhar para o nao-tao-divertido, homem tamanho-gorila.“Uau, Douglas estava certo!” Ela se virou e mancando voltou para o estacionamento de

cascalho a procura de seu sapato perdido.Um dos divertidos convidados tinha pegado o sapato de Katie. Ela o entregou a Katiecomo se fosse um pagamento para ficar por dentro das informações. “O que aconteceu?Está tudo certo? Eles esqueceram alguma coisa?”“Tudo esta ótimo. Perfeito, na verdade. Você me da licença?”

Ela era, mais uma vez, uma mulher em ação. Dessa vez seu objetivo era caçar doiscertos travessos e dar a eles um pedaço do seu cérebro. Não exatamente um pedaço.Uma fatia grossa. Ou um pedaço bem grande. Um pedaço bem grande de seu cérebro,tão grande que os dois se engasgariam.Uma mulher alta de uns 30 anos surgiu andando rapidamente ao lado de Katie assimque ela começou sua jornada através do prado. “Katie, você tem um minuto?”Katie parou e olhou de relance para a mulher. Ela tinha certeza de já tê-la visto pelocampus. O lapso de memória de Katie deve ter ficado evidente em seu rosto porque amulher se apresentou. “Sou Julia Trubec. Sou a diretora residente da ala feminina noCrown Hall.”“Oh, certo! Selena morou no Crown Hall Norte esse ano. Vocês tiveram a melhor festa

de Natal de todos os dormitórios no ultimo dezembro.”“Obrigada. As festas de Natal estão se tornando nossa tradição.”

“Bem, continuem que é uma ótima tradição.” Katie começou a caminhar.“Na verdade, se você tiver um minuto, eu estava procurando por você.”

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Esquecendo seu objetivo de caçar Rick e Douglas, Katie voltou e disse, “Se é sobre ocheiro que estava na cozinha no Crown Hall Norte na Sexta à noite duas semanas atrás.Eu posso explicar.”

Julia olhou surpresa e intrigada. Seu rosto tinha uma galáxia de sardas que não eramobvias a primeira vista porque se misturavam muito bem com o tom quente da cor desua pele. Seu cabelo marrom areia tinha traços de algumas luzes. Katie teve a impressãode que ela era uma pessoa que tinha cruzado o Oceano Pacifico em um barco a vela eagora carregava consigo os efeitos sem fim do sol em seu cabelo e em sua pele.“Eu confesso eu fui uma das que colocou os sapatos da Vick no forno.” Katie disse“Os sapatos da Vick?”“A gente só estava se divertindo. Fazendo uma brincadeira com ela antes do grande

encontro dela. Selena e eu só planejávamos esconde-los lá por uns, dez minutos. Nos jamais imaginamos que alguém ligaria o forno. Quer dizer, quem começa a fazerbiscoitos e liga o forno sem primeiro olhar? Você está entendendo o que estou dizendo?E obviamente que nunca esperávamos que os solados derretessem da forma como

derreteram e formassem aqueles esquisitos, não-amigos-do-ecossistema estalagmites,mas Selena disse que limparia o forno, e eu já paguei Vick pra ela comprar outro par”Julia levantou a mão “O que eu estava querendo perguntar não tinha nada a ver com oforno. Entretanto, obrigada. Eu aprecio ficar por dentro dessa historia.”Katie pressionou os lábios um contra o outro. Selena vai me estrangular por ter contado!“Na verdade eu queria te perguntar se você talvez consideraria a possibilidade de seruma AR no outono.”Katie piscou. “Uma assistente residente? Eu? Você tem certeza que esta falando com aKatie certa?”“Sim. Tenho certeza que você é a Katie certa. O problema é que nos temos uma outra

AR nesse cargo no Crown Norte, mas ela acabou de nos informar que não poderá

retornar no outono. Nós pedimos recomendações por ai, e seu nome apareceu.”“Apareceu? De quem? Selena?”“Na verdade, todas as recomendações vieram dos funcionários e docentes. Você tem

uma ótima reputação no departamento de biologia.”

“Ok, bem, o que quer que seja que lhe disseram sobre o tempo que 3 dos 5 estudantesde botânica tiveram reação alérgica depois de provarem meu chá de ervas, bem... naverdade, é bem verdadeiro. Ou talvez foram 3 dos 5 que apresentaram problemasestomacais e apenas 2 dos 5 tiveram alergia.”Julia fez uma careta. “Você esta dizendo que devemos te manter longe dos jardinsorgânicos na parte mais baixa do campus assim como longe da cozinha?”“É, basicamente. Eu sou muito melhor com pessoas do que com plantas e

eletrodomésticos.”“Como você é com os animais?”“Animais?”

Julia sorriu como se Katie tivesse entendido a piada.“Ok, bem o primeiro peixe-vermelho que eu tive no outono passado era realmente

velho quando o comprei. Acho que eles tinham um aquário geriátrico especial que nãoestava etiquetado como tal, mas eles me cobrariam mais caro. Rudy era tão velho quedeveria ter vindo com uma bengala. Ou um andador. Sério. E o segundo peixe-vermelho, bem velho.”“Katie, eu só estou brincando!” Julia riu enquanto Katie só desejava encontrar uma

forma de terminar a conversa graciosamente.“Escuta, Katie. O trabalho de uma AR não tem nada a ver com peixe, chá ou

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manutenção de forno. Você é boa com as pessoas, é isso que importa.”“Oh, ok” Katie percebeu que se ela não tivesse causado uma ma primeira impressão

dela pra Julia, ela provavelmente teria uma chance de obter uma posição no campuslucrativa para seu ultimo ano na faculdade. Ela ouviu com os lábios pressionadosenquanto Julia lhe dava mais detalhes. Parecia muito bom.

“Você poderia vir ao Crown Hall na segunda à tarde por volta das 3 horas?” Juliaperguntou. “Craig, o outro DR, estará lá.”“Com certeza”“Perfeito. Te vejo lá então. Oh, e Katie? Sua confissão sobre o forno esta a salvo

comigo.”

Katie sorriu. “Obrigada.” Por alguma razão ela teve o sentimento de que nenhumaconfissão estaria a salvo com Julia. Ela também se deu conta que essa vaga de ARpoderia ser uma resposta para a oração que ela nem sequer tinha tido tempo de fazer.

Capítulo 3

Com um passo determinado, Katie puxou a saia de seu vestido azul de dama-de-honra,agora sujo e desajeitado, e colocou seu queixo para frente.“Ei,” uma voz masculina disse atrás dela. “Sua auréola está...”“Sim, sim. Eu sei. Está caindo de novo.”“Não, dessa vez sua auréola saiu.” O cara do cavanhaque segurou sua grinalda que

tinha caído.Muito agitada para pegar sua coroa de flores e tentar reposicionar na sua cabeça, Katieabanou o ar e continuou andando. “Apenas jogue fora pra mim, ta?”

Dirigindo-se para a área da recepção onde os convidados que restaram estavamreunidos, ela localizou Rick e Douglas em pé ao lado da mesa do bolo. Ambos estavamsaboreando grossas fatias do bolo de casamento enquanto os garçons limpavam a mesaprincipal.Katie marchou na direção deles com uma expressão séria e zangada no rosto. Douglasse voluntariou, “Ei, eu sei que você está realmente chateada com o que nós fizemos,mas ouça. A Trícia acabou de nos contar sobre as cartas. Nós não sabíamos.”Rick entrou na conversa. “Katie, nós não fazíamos a mínima idéia do que eram ascartas.”“O ponto não é esse.” Katie colocou as mãos nos quadris. “Independentemente de o

que vocês sabiam, vocês não deveriam tê-las tirado da mala dela. Aliás, vocês não

deveriam ter mexido em nada da Cris. Isso é grosseiro.”“Você está certa,” disse Douglas.“Você sabe que nós só estávamos querendo fazer algo engraçado para eles, não sabe?”

Rick disse. “Nós não estávamos tentado sabotar a lua de mel deles.”Katie olhou para Rick examinado-o cuidadosamente. Depois olhou com raiva paraDouglas.“Wow!” disse Douglas. “Eu não vejo essa expressão no seu rosto desde aquela viagem

de barco quando eu acidentalmente te dei aquele nariz sangrando.”Reprimindo o sorriso que, sobre outras circunstâncias, viria acompanhando aquelamemória há muito tempo esquecida, ela disse, “Sim, mas se eu me lembro corretamente,eu sujei seu rosto muito bem com um brownie naquela viagem.”

“Um brownie com creme batido,” Douglas adicionou. “E você está certa. Você meacertou em cheio daquela vez. Eu não vi aquele vindo.”

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Katie notou que Douglas ainda estava segurando o prato com seu pedaço-bônus de bolode casamento. Dando um passo para trás antes que Douglas tivesse alguma idéia, Katiesentiu sua indignação ir embora. Ela tinha marchado na direção deles, pronto para dar aDouglas e Rick uma lição sobre etiquetas em casamentos, ainda que a história tivesseprovado que ela não era uma boa pessoa para ensinar ninguém nesse assunto.

“Está tudo perdoado?” Rick perguntou.Katie concordou. Ela tinha tido um pouco de prática em estender perdão para essesmeninos durante os últimos anos. Especialmente para Rick Doyle. Ela sabia que nãoconseguia ficar brava com ele.“Você foi mais rápida em aceitar desculpas do que minha esposa,” disse Douglas. Ele

fez uma careta como se ele soubesse que ainda estava em encrenca com a Trícia.“Onde está a Trícia?” Katie perguntou.

Douglas apontou para uma cadeira a alguns metros dali. Sua pequena e grávida esposaestava desajeitadamente despojada, apertando sua mão na sua cintura.“Trícia?” Katie chamou. “Você está bem?”

Ele concordou com a cabeça e tentou um sorriso.

“Nós devemos ir,” disse Douglas. “Eu sei que ela está cansada. Durante a recepção eladisse que o bebê estava chutando muito.” Ele engoliu mais duas mordidas do bolo eentregou o prato para um dos garçons antes de sair com Trícia.“Você gostaria de uma fatia?” perguntou a garçonete a Katie.“Não, obrigada.” Katie olhou ao redor a área da recepção deserta. “Eu sinto que deveria

ajudá-los a limpar. Vocês precisam que nós façamos alguma coisa?”A jovem mulher sorriu. “Não, nós temos tudo sob controle.”Katie notou que Rick estava dando pra ela um olhar de “tá-falando-sério?”.“O quê?”“Eu acho que você está trabalhando no Ninho da Pomba há muito tempo.”“Por que você está dizendo isso?” Katie franziu a testa e tentou ler sua expressão.

Esta é a maneira esperta do Rick de me dizer que eu estou despedida? Ele não estádizendo que quer terminar, está?“Por que você está parecendo tão preocupada?” Rick perguntou.“Por que você disse que eu estou trabalhando no Ninho da Pomba há muito tempo?”“Bem, por que outra razão você se ofereceria tão rapidamente para ajudar na limpeza?”“Ah, isso.” Katie olhou ao redor de novo. “Eu só não sei o que mais eu devo fazer

como dama de honra.”“Eu acho que você ficou oficialmente fora do seu dever de dama de honra quando a

limusine desapareceu das nossas vistas. Você está dispensada agora.”“Acho que estou.”

Às vezes a natureza esporádica dos seus pensamentos deixavam Katie até um poucodoida. De vez em quando ela se sentia como um guarda de zoológico encarregado porumas 4 dúzias de macacos. Quando os macacos ficavam na jaula deles, tudo ia bem nozoológico da Katie. Um pouco barulhento às vezes, mas controlável. Quando essesmacacos escapavam, bem... Ela tinha que dar crédito ao Rick pelas muitas vezes que eleestava com ela enquanto ela corria em volta com uma rede de macacos.Colocando o dedo no pedaço de bolo de Rick para experimentar, ela disse, “O que vocêacha? Quer ir embora agora ou ficar mais um pouco?”“Estou pronto pra ir.” Rick tocou seu garfo na cobertura fofa, gelada e branca e marcou

a ponta do nariz de Katie. Ele se afastou e sorriu para o seu trabalho.Katie cruzou seus olhos, tentando focalizar na marca.

Só então Tia Marta veio falar com eles. “Katie, você esqueceu o buquê de noiva. Isto éseu para guardar.”

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“Oh, obrigada.” Ela não tinha removido a cobertura do seu nariz. Era muito engraçadoesperar para ver se tia Marta iria notar. ”Marta já tinha voltado sua atenção para Rick. “Você pegou as bandejas que os garçonspegaram emprestado do seu restaurante? Eu especifiquei para eles devolverem asbandejas limpas para você. Eles fizeram isso?”

“Sim. Elas já estão no meu carro.”“Ótimo. Agora, eu tenho uma pequena coisa para cada um de vocês.” Marta entregoudois pequenos envelopes para Rick e Katie. “Uma demonstração do meu agradecimentopela ajuda de vocês hoje.”“Você não precisava nos dar nada,” disse Katie.“Sim, eu precisava,” disse Marta. “Vocês têm sido importantes para a vida de Cris e

Ted por muitos anos, e vocês deveriam ser reconhecidos neste dia.”“Isso é muita gentil de sua parte,” Rick disse, recebendo o envelope. ”Obrigado.”

“É apenas uma pequena demonstração,” disse Marta. “Espero que vocês gostem.”Katie se aproximou e deu um beijo na bochecha de tia Marta. Com um tom de

brincadeira na voz ela disse, “Não importa o que o Rick diga sobre você, eu acho vocêum pêssego.”Com uma leve satisfação Marta disse, “Se você acha que eu vou cair nesse comentárioou que eu não notei a cobertura, você está enganada. Você vai ter que tentar mais doque isso para me irritar depois de uma dia como esse, Senhorita Katie Weldon.”Apesar de Katie gostar da idéia de levar a tia de Cris nesse desafio, ela deixou aoportunidade pra lá e suavizou sua saída quebrando o gelo e dizendo, “Você fez umótimo trabalho com tudo, Marta. O casamento, a recepção, tudo estava perfeito.”“Estava, não estava?”

Rick e Katie deixaram Marta se deliciando no amável sucesso do seu planejamento eandaram para o clássico Mustang vermelho-cereja de Rick onde ele abriu a porta para

Katie. Ela abaixou a janela para deixar sair o ar quente. Enquanto Rick andava para oseu lado do carro, Katie abriu seu envelope.“Wow,” ela disse. “Isto é muito bom. Você gosta dessa loja, não gosta?” Katie segurou

seu cartão-presente para Rick ver.Ele concordou.“Pena que eles só vendem roupas,” disse Katie. “Se eles vendessem gasolina, minhas

despesas com transportes no verão estariam cobertas.”“Você pode comprar algo legal pra você.” Rick ligou o motor. “Eu gosto desse tom de

azul em você.”

Antes que ela pudesse pensar se Marta e Rick estariam em associação, tentandomelhorar o guarda-roupa de Katie, um velho Toyota Camry branco passou por eles.Katie notou um círculo de pequenas flores brancas pendurado no retrovisor interno.“Ei, minhas flores! O que ele está fazendo com minhas flores?”“Do que você está falando? O buquê ta no seu colo.”“Não, não essas flores. Minha aureola.”“Sua aureola?”

Katie não podia mais ver o outro carro. Ela virou para trás no seu banco e piscou. Porque ele ficaria com as minhas flores?“Ei, Anjinha, o que você está pensando?”“Anjinha?” Katie fez uma cara para Rick. “Esse tem que ser uma das piores até agora.”

Nos quase 7 meses que Rick e Katie estavam juntos, Rick tentou sem sucesso surgir

com uma apelido para ela. No ensino médio, ele tinha dado a ela o apelido de “Speed”(velocidade) depois de um incidente com um trenó. Katie rapidamente vetou “Speed”

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como uma apelido nessa nova temporada do relacionamento deles. Mas Rick estavadeterminado a inventar algo novo para ela.“Falando nisso, você estava linda hoje,” ele disse. “Mesmo que você não queira ser

chamada de ‘Anjo’, você parecia um.”“Ah, sim, certo. Tenho certeza que eu parecia divina correndo atrás na limusine numa

moda-Cinderela, usando apenas um sapato e com minha aureola caindo.”Rick sorri. “Você não tem idéia de como você estava bonita. Confie em mim, todos osolhos estavam em você.”A música de fundo tocando no rádio parecia chamar a atenção dele. Ele aumentou ovolume.Você é a única pra mim, Menina Atrevida.Você deixa os outros na poeira.Vem comigo, Menina de Classe.Eu sou o homem que você pode confiar.Katie nunca gostou dessa música. Mas ela gostava de Rick. Especialmente emmomentos como esse, quando ele estava sorrindo para ela e dizendo que ela era linda.

Suas dúvidas sobre ele do início do dia foram embora.Ele pode não ser o melhor em gestos românticos, mas ele tem seus momentos decharme. E estes são os momentos que eu nunca fui capaz de resistir.

“Que tal Menina Atrevida?” sugeriu Rick.“Ah, esse seria negativo à centésima potência. E nem tente Menina de Classe como

substituto.”“Ok, eu vou continuar trabalhando nisso. Ei, eu tenho que levar as bandejas de volta

pro trabalho. Você quer que eu te deixe no dormitório, ou você quer ir ao Ninho daPomba comigo?”“Eu vou com você.”

“Eu esperava que você dissesse isso.”“Eu esperava que você perguntasse.”Eles trocaram sorrisos confortáveis, e Rick ligou a música de novo. Ele gostava do sombom e alto enquanto ele dirigia. Especialmente em noites quentes como esta, com ovidro do carro aberto. Ele colocaria a mão do lado de fora da janela e usaria a portacontinuar batucando com a música.O hábito de Katie era cantar junto, o que fazia Rick rir. Na verdade, era umaambigüidade se a expressão dele era mais um sorriso ou uma expressão arrogante. Dequalquer jeito, os dois tinham seu ritmo e tinham gasto várias horas na estrada com amúsica ligando os intervalos de conversa. Nenhum deles parecia se importar com osinterlúdios musicais.

Mas dessa vez Katie não caiu na rotina de cantar junto. Ao invés, ela reclinou e vagueouem um canto feliz do seu coração onde ela podia retroceder o dia e ir bem calmamentepor suas partes favoritas.Eu imagino como será o dia do meu casamento. Será que eu vou casar ao ar livre? Meucasamento vai ser tão grande quanto o de Cris e Ted?Ela soltou um suspiro de contentamento. Com quem eu vou acabar casando?Olhando para o elegível solteiro ao lado dela, Katie deixou sua mente fazer a perguntaóbvia. Poderia ser o Rick?Ela sabia que estava indo muito além de onde o relacionamento deles estava, mas hojeera o tipo de dia em que qualquer mulher com um pouco de romantismo faria este tipode pergunta.

Ela estudou o perfil de Rick como se a resposta para sua pergunta nunca antes feita emvoz alta pudesse ser encontrada nas linhas de sua forte mandíbula.

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Rick pareceu sentir seu olhar. Ele virou rapidamente para ela. “Você disse algumacoisa?”“Não.” Katie sorriu para si mesma.

Capítulo 4

Quando eles chegaram ao Ninho da Pomba, Rick saiu do carro, mas Katie não.“Eu acho que vou esperar aqui,” ela disse.

Ele olhou surpreso. Katie geralmente não se afastava de uma potencial oportunidadesocial. “Você está bem?”“Sim, eu só quero sentar por um minuto. Eu vou entrar se ficar entediada.”“Ok. Eu já volto.”

Ela pensou que se ela sentasse sozinha por alguns minuto, algumas respostas viriam aela em relação a várias questões da vida que a estavam pressionando.Seu relacionamento com Rick estava sempre no quadro “Para discussão” na mente deKatie. Em segundo estava a inesperada oferta de Julia para o cargo de AR(assistente dosresidentes). A terceira decisão pendente era sua carreira.Mais cedo nessa semana Katie teve uma conversa não muito agradável com seuconselheiro. Quando ela começou na Universidade Rancho Corona, Katie tinha sidotransferida com uma variedade de créditos da faculdade comunitária (faculdade paraalunos de uma comunidade específica) e tinha declarado botânica como sua carreira.Após suas tentativas não tão bem sucedidas criando seus próprios chás de ervas, elatinha mudado para biologia com o pensamento de que ela poderia se tornar uma

professora. Esta opção deixou de ser atrativa para ela há uns quatro meses atrás.Agora que ela estava para completar seu penúltimo ano na faculdade, seu conselheiroapresentou algumas possibilidades nas ciências. Nenhuma das opções pareceu desejávelou boa escolha para Katie. Ela tinha evitado sua reunião marcada por dois cursos deverão com aulas de educação geral. Ela também deixou escritas as palavras “nãodeclarado” em um formulário onde uma carreira precisava ser listada antes que elapudesse completar seu registro para o último ano.Katie tinha conversado com Rick por duas vezes sobre o que ela chamava de “dilema decarreira”. Ele sugeriu que ela seguisse a carreira de negócios, mas Katie não conseguiavisualizar isso. Ela não queria gerenciar um Café como Rick fez.

Mas então, ela não conseguia se ver em nenhuma outra carreira em particular.Talvez eu nem devesse estar indo para a faculdade. Talvez eu devesse parar agora eesperar até que saiba o que eu quero ser quando eu crescer.Ela se se encostou à porta do carro e passou os dedos nas pétalas do buquê de Cris.Katie tinha deixado seu dilema de carreira fora das suas conversas com Cris nas últimassemanas. Sua melhor amiga estava muito ocupada com suas provas finais, formatura eplanos de casamento. Ela não precisava ajudar Katie a resolver seus problemas. Katieestava determinada a resolver este por conta própria.Só que não exatamente agora.Rick não voltou para o carro tão rápido quanto Katie esperava. E ela não gostou tanto deficar sozinha quando ela pensava que iria gostar.

Deixando o buquê no carro, Katie entrou no Ninho da Pomba. Ela achou Rick nacozinha, deitado no chão com a cabeça embaixo da pia.

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“Me diga que você não está fazendo o que eu acho que você está fazendo.”“Katie, olhe só isso. Carlos disse que ele acha que as formigas estão entrando na parede

por aqui, na conexão dos canos.”Katie cuidadosamente ficou com as mãos e os joelhos no chão e girou a cabeça paraolhar embaixo da pia. Ela não via nenhuma formiga. “Rick, está na hora de você chamar

um profissional. Sério.”“Um exterminador?”“Ou um exterminador para matar suas formigas imaginárias ou um terapeuta

profissional para te convencer que as formigas não existem.”“Elas existem. Você só não estava aqui quando elas vieram em massa.”“Se você está dizendo. E por falar nisso, você ainda está usando um terno alugado. Só

em caso de você ter esquecido.”Ele levantou e ofereceu a mão a Katie.Ela levantou. “O que agora? Você está planejando ir para a lixeira para ver se vocêencontra algum roedor?”Rick abaixou o queixo. “Roedores, hã?”

“Sim, porque, você sabe, parece que você está vestido para um pequeno mergulho nalixeira.”“Se eu estou indo, você vai comigo.”“Ah, é? Eu gostaria de ver isso acontecer."

Num rápido movimento, Rick agarrou Katie em volta dos joelhos e a colocou sobre suascostas como se ela fosse um saco de batatas vestido num vestido de dama azul.“Rick!”

Ele cruzou a cozinha em quatro passos largos e disse “Lixo”, como se ele saísse emdireção à lixeira.Katie riu e bateu nas costas de Rick com as mãos fechadas. Antes que ela pudesse

ameaçá-lo, duas garotas da Racho Corona a chamaram. Elas estavam estacionadas pertoda área da lixeira.Rick rapidamente colocou Katie no chão, como se de repente percebesse o quanto eleestava sendo não-profissional em seu lugar de trabalho. Katie ajeitou o cabelo para trás;seu rosto ficou rosado. As duas meninas saíram do carro e cumprimentaram Katie, masos olhos delas estavam em Rick.“Ei, Carley, Tifannie,” disse Katie descontraidamente. “Linda noite, vocês não

acham?”As duas meninas estavam usando camisetas rosas. O cabelo loiro de Carley estava presoem um rabo de cavalo, e Tifannie usava seu cabelo loiro em duas tranças frouxas.“Nós demos uma pausa no estudo para comer. O que vocês estão fazendo?” Carley

perguntou.“Nós estamos dando uma pausa no estudo também.” Katie deu um sorriso de lado para

Rick. “Um de nós estava estudando formigas, e um estava coletando dados para umapesquisa sobre roedores.”“Formigas?” Tifannie perguntou.“Roedores?” Carley completou. “Vestidos assim?”“Nós estávamos em um casamento hoje cedo,” Rick explicou.“Você é o Rick, não é?” Carley perguntou. “Você é o gerente aqui, certo?”Ele concordou, com uma expressão que parecia ser uma mistura de vergonha por tersido pego em um comportamento inapropriado e orgulho por ter sido identificado comogerente. Katie percebeu que não foi bom ter mencionado sobre formigas e roedores no

restaurante de Rick.“Nós amamos sua pizza San Felipe,” disse Carley.

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“Sim, é nossa favorita,” Tifannie concordou.Carley listou suas bebidas favoritas do cardápio do Ninho da Pomba, e Tiffanieconcordando com tudo.

Rick continuou sorrindo, o que fez com que Katie quisesse dar um tapa nele e dizer,“Não vá ter uma overdose com tanta bajulação, Doyle.” Ela estava acostumada com suarotina de gerente amigável e seria a primeira a dizer que Rick era ótimo em relaçõespúblicas.“EU tenho que voltar lá dentro e pegar minhas chaves,” Rick disse. “Quando vocês duasforem pedir, chamem a Andrea. Eu vou garantir que ela dê a vocês duas xícaras deexpresso como minha contribuição para a pausa no estudo de vocês.“Wow, obrigada!”Rick correu de volta para a porta da cozinha, e Carley disse para Katie, “Seu namoradoé o melhor cara que existe.”“Meu namorado,” Katie repetiu, gostando da forma como soou.No estranho silêncio que se seguiu, Carley adicionou, “Ele é seu namorado, não é?”

Antes que Katie pudesse surgir com algum tipo de resposta, Rick voltou e disse, “Tudocerto. Andrea está esperando por vocês. Pronta, Katie?”“Sim, estou pronta.”Katie podia sentir o olhar da meninas enquanto elas assistiam sua saída com Rick. Elateria adorado se Rick tivesse colocado seu braço em volta dela ou segurado sua mão.Qualquer gesto de afeição para mostrar a Carley e Tiffanie que Katie e Rick estavam

 juntos. Mas Rick manteve suas mãos para si mesmo. Ele e Katie andaram lado a lado, secomportando como empregados respeitáveis e bem-vestidos do Ninho da Pomba.Enquanto eles voltavam para Rancho Corona, Katie girava o buquê de Cris no seu colo.Ela foi atraída pelo perfume das gardênias murchas e riu, pensando em Cris e Ted. Elesestavam no avião agora, voando para Maui.

“Por que você está rindo?” perguntou Rick.“Por nada.”Rick olhou com um olhar de dúvida para ela.“Ok, eu não posso mentir. Eu estava pensando sobre Ted e Cris e o casamento e, vocêsabe, um monte de coisas melosas.”“Coisas melosas, hã?”“Sim, coisas melosas.”“Você quer saber o que eu estava pensando?” Esta era uma pergunta rara vinda do Rick.“Claro. O que você estava pensando?”

“Eu estou muito feliz com o jeito que nosso relacionamento está. Eu acho que as coisasestão indo bem.”Katie esperou que ele adicionasse alguma coisa mais comprometedora. Ele não dissemais nada.Então Katie adicionou seus próprios pensamentos. “EU acho que nós estamos na pistalenta por muito tempo.”Rick olhou para ela, parecendo confuso. “Esta estrada só tem uma pista nessa direção.”“Eu quis dizer a pista lenta na estrada do nosso relacionamento.”Rick ainda parecia confuso.Katie virou os olhos. “Rick, eu e você estamos levando nosso relacionamento lento pormuito tempo. Quer dizer, l-e-n-t-o. Não que eu tenha nenhuma reclamação importante.Eu só pensei que talvez você fosse dizer que estava pronto para ligar a seta.”

“E ligar a seta significaria que nós estamos prontos para ir para uma pista rápida?”“Certo. Ou pelo menos pensando em mudar de pista. E isso não tem que ser uma

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mudança para a pista rápida. Poderia ser a pista do meio. Ou se nós estivéssemos numrelacionamento com uma estrada de seis pistas, então esta seria uma mudança de pistaainda menor. É que nós estamos nessa pista lenta por tanto tempo que nós caímos narota dessa estrada.”Rick continuou dirigindo. Mesma pista. Mesma velocidade. Sem comentários.

Katie olhou pela janela e desejou que não tivesse dito nada. Ao menos não a analogiatoda com mudança de pista e rota. Ele não gostou do jeito como seus pensamentostinham saído. A verdade era que ela não queria ser a responsável por acelerar as coisas.Ela nem tinha certeza se estava pronta para fazer uma mudança de pista norelacionamento deles com todas as outras decisões que ela tinha à frente dela. Mas hojeparecia um dia para declarações de amor – ou ao menos de afeição. O discurso “ascoisas estão indo bem” de Rick era apenas blá.“É o seguinte.” Ela virou para Rick. “Quando você voltou para pegar suas chaves,Carley perguntou se você era meu namorado.”“O que você disse pra ela?”

“Eu não disse que você era, mas também não disse que você não era. Eu queria dizer,‘Sim, Rick Doyle é meu namorado. Ele não é ótimo?’ Mas eu não podia dizer isso. Querdizer, eu posso dizer que você é ótimo. Mas desde que nós decidimos não usar asetiquetas namorado-namorada até que nós dois estivéssemos prontos para o próximonível de compromisso –““Você está?” perguntou Rick.“Eu estou o que?”“Pronta para o próximo nível de compromisso?”Katie não tinha uma resposta. Isso a deixou surpresa.Rick refez sua pergunta como se ela não tivesse entendido o que ele estava perguntado.“Você está pensando que nós estamos prontas para fazer a mudança de pista? Nós

estamos prontos para ser namorados?”A resposta imediata e sem pensar foi “Eu não sei.”A resposta espontânea a surpreendeu de novo. Ela acreditou que era honesta, então elaficou presa com isso, mesmo ela sabendo que se ele tivesse feito essa mesma perguntamais cedo naquele dia ela provavelmente teria gritado, “Finalmente! Sim!”Katie jogou a batata quente de volta para Rick. “Você está?”“Se eu estou pronto para ser oficialmente namorado?”“Sim. Está?”Rick deu uma pausa. “Quase. Veja, eu não acho que rotas sejam ruins. Rotas sãorotinas, e rotinas são boas. Elas são estáveis e previsíveis. Rotinas levam você pra ondevocê está indo. Nós precisamos continuar orando sobre o que está pó vir para nós. Nós

temos o verão inteiro à nossa frente, e no próximo outono você vai ser –““Uma assistente dos residentes. Possivelmente. Ou talvez uma desistente da faculdade.Eu estou entre essas duas.”Rick riu.“Não ria. Eu estou falando sério. Sobre o cargo de AR, principalmente.”Katie colocou Rick a par da sua conversa com Julia e concluiu com, “Eu não decidi,mas estou pensando seriamente sobre isso. E eu vou orar sobre isso. E você está certosobre nós orarmos sobre o que está por vir para nós. Eu preciso orar um pouco maissobre isso.”

O carro seguiu na estrada sem que nenhum deles falasse nada por alguns minutos.

Quando Rick falou, seu tom era grave. “Esta é uma grande decisão, você sabe.”“Qual decisão? Sobre namorados ou sobre assistente dos residentes?”

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“As duas.”“Eu sei. Adicione essas ao carrinho de compras com meu dilema da carreira, e eu tenhotrês grandes itens indo ao caixa da vida nesse momento.”Rick entrou com o carro no estacionamento do dormitório de Katie e desligou o carro.Ele encostou na porta com seu braço sobre o volante. “Se você aceitar o cargo de AR,

isso significaria que você iria trabalhar menos tempo no Ninho da Pomba. Isso seria umproblema, já que você disse que precisa de mais dinheiro no próximo ano.”“Eu sei. Mas esta é a parte boa sobre o emprego. Se eu aceitar o cargo de AR, meuquarto e minhas refeições serão cobertas. Quarto e refeição, Rick! Eu não conseguiriadinheiro suficiente para cobrir quarto e refeição trabalhando no Ninho da Pomba meioexpediente. E eu não posso trabalhar mais horas do que eu já trabalho, porque, mesmocom o curso de verão, meu conselheiro disse que provavelmente eu vou ter que pegar 18créditos no outono independente de qual carreira eu escolher. Quer dizer, contanto queeu escolha uma carreira.”Katie estava exausta. Ela não queria terminar esse dia glorioso examinando todas asdecisões não ter terminadas na sua vida. Era deprimente.

A mandíbula de Rick se movia pra frente e pra trás como se ele mascasse as palavras deKatie.“Você sabe que nós nos veríamos muito menos,” ele disse.“Não necessariamente,” Katie retrucou.Obviamente o Sr. Eu-gosto-de-estar-numa-rota não gostou da potencial saída de Katieda rotina estabelecida deles. Talvez fosse bom que o relacionamento deles aindaestivesse indo devagar. Se ele mudasse radicalmente, poderia ser um ponto final.Assim que Katie percebeu o potencial resultado da sua decisão, sua garganta deu um nó.Ela não queria terminar. Ela preferia a pista lenta a nenhuma pista.

Seguindo a rotina, Rick levou Katie ao seu dormitório, deu um abraço e disse que

ligaria mais tarde.Ela respirou fundo. “Mais tarde” sempre foi uma das palavras favoritas de Ted. Katiepercebeu que esta também era a palavra que estava evitando que seu relacionamentocom Rick se tornasse num grande e meloso romance. “Mais tarde” nunca seriam suaspalavras favoritas.

Capítulo 5

Katie abriu a porta do seu dormitório e ficou em pé, parada, com seu vestido de dama dehonra. Ela não entrou imediatamente. Ela odiava, odiava, odiava entrar no seu quartosozinha naquela noite. Ela odiava que Cris estava casada e tinha ido embora e nuncamais seria sua colega de quarto. Nos últimos nove meses Cris tinha estado a apenasalguns passos de distância toda noite, e elas podiam se dar ao luxo de conversar porhoras no conforto de suas camas. Esta Era tinha acabado pra sempre.Katie jogou o buquê na cama vazia de Cris e deixou a porta bater atrás dela. Ela odiavaestar sozinha. Ela odiava estar presa na pista lenta. Ela odiava ter tantas decisões nãoresolvidas na sua vida.Na mesma hora, Katie decidiu que ela iria aceitar o trabalho de AR. Ela queria essecargo. Ela gostava da idéia de ser parceira de Nicole, a outra AR que estaria no seuandar. Ela gostava da possibilidade de se apresentar para Julia. Além do mais, ossalários iam de encontro às suas necessidades financeiras para moradia e alimentação.

Isso, um problema resolvido.Apenas declarar sua decisão para si mesma já foi um grande alívio.

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Deixando seu vestido de dama de honra pendurado no encosto da cadeira de suaescrivaninha, Katie colocou seu roupão peludo amarelo e desceu o corredor para tomarum banho.Assim que a água morna caiu em suas costas, ela pensou se não teria decidido muitorápido. É isso que tu queres, Deus? Porque se o Senhor não quer que eu aceite este

trabalho, então feche as portas. Eu farei alguma outra coisa para o dinheiro. O que tuquiseres, está bom para mim. É que isso faz sentido, e eu amo a idéia de estar cercadapor tantas pessoas novas no próximo ano, agora que a Cris se foi e a Selena estará noBrasil. Isto é, se o Senhor quiser que eu continue nesta faculdade. Eu preciso decidirminha carreira. O que o Senhor quer que eu faça da minha vida? Com meurelacionamento com Rick? Eu sou tua. Eu estou pronta para que tu realize teu planopara esta próxima etapa da minha vida.

Eu vou tentar ser paciente, mas não esquece de mim, certo? Eu sei que o Senhor não vaiesquecer.Katie fechou a água e respirou fundo no vestiário quieto. Ela enrolou o cabelo em uma

toalha, colocou o roupão, e desceu o corredor para o seu quarto. Entrando no espaço queagora estava livre de qualquer evidência de Cris, exceto pelo buquê de casamento, Katiefechou a porta e chorou. Ela não chorava com muita freqüência, mas quando elachorava, a cascata poderia ser significativa. Uma das coisas boas sobre Katie e suasemoções tão evidentes era que uma vez que o momento passava, estava terminado. Aoinvés de guardar seus sentimentos e curtir um mal-humor por um longe período, ela seconsiderava ser mais uma emotiva de “pagamento à vista”.Assim que ela gastava suas lágrimas, ela estava bem. Katie se deitou na cama e caiu nosono com seu cabelo molhado ainda enrolado na toalha.Seu celular a acordou na manhã seguinte. Ela podia dizer pelo toque personalizado queera Rick que estava ligando.

“Oi.” Katie sentou e tentou desembaçar seus olhos para ver as horas no alarme da suamesa. A toalha caiu da sua cabeça e foi parar no chão.“Eu queria saber se você ia fazer alguma coisa hoje.”“Não sei. Eu acho que estava planejando ir à igreja mais tarde. Está muito cedo, Rick.”“Eu sei. Meus pais ligaram e me pediram pra ir à casa deles hoje. Eu estava pensando sevocê gostaria de ir comigo.”“Quando você vai sair?”“Umas sete e meia.”“Isso é daqui a uns vinte minutos.”“Acho que sim. Escute, eu sei que você não é uma pessoa matutina, mas eu queriachegar lá a tempo de ir à igreja com eles. Eu preciso tirar o resto das minhas coisas da

garagem esta tarde e trazer para o meu apartamento. A casa deles vai à venda nasegunda-feira.”Katie jogou as cobertas para trás e tentou “ligar” seu cérebro. “A casa nova deles já estápronta?”“Não, mas eles acham que ficará pronta assim que eles venderem a casa de Escondido.”Os pais de Rick moravam um pouco mais de uma hora de distância de Rancho Corona.

Eles tinham construído o Ninho da Pomba e a livraria cristã Arca há quase um ano atrásnuma área onde o aluguel para salas comerciais era muito mais barato que perto da casadeles, em Escondido. O negócio foi tão bem que eles decidiram construir uma nova casaperto do café e da livraria.

Katie passou perto do espelho e soltou um involuntário “Wow!”“Que foi?” Rick perguntou.

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“Nada.” Katie não queria explicar como ela estava naquele momento. Seu cabelo tinhase “ajeitado” por conta própria durante a noite, e agora o lado direito estava pro alto,formando um cacho engraçado no topo, como um pica-pau.Intrigada, Katie virou o cabelo para o lado direito. A onda permaneceu no mesmo lugar.Ela virou-o para a esquerda, e a onda vermelha formou uma crista e caiu. Katie caiu na

gargalhada.“O que está acontecendo?” Rick perguntou.“É o meu cabelo.” Katie sacudiu seu cabelo pra frente e pra trás em frente ao espelho eassistiu seu cabelo fazer todos os tipos de travessura. Ela riu pelo comportamento de seupenteado hilário.“O que é tão engraçado?”“Você não vai acreditar nisso. Na verdade, isto é bom demais para perder. Eu vou tiraruma foto e mandar pra você. Desligue e me ligue de volta quando a foto chegar.”Katie desligou. Ela segurou o telefone, abaixou o queixo para pegar o efeito completodo seu cabelo selvagem, e tirou a foto. Ela caiu na gargalhada de novo quando viu a fotoe mandou para o Rick.

Um momento depois seus celular tocou a música de Rick.“O que é que você fez com seu cabelo?”“Eu fui dormir com ele ainda molhado. Essa não é a coisa mais hilária que você já viu?”“Katie, você é a mais...”“O quê? Vá em frente. Diga. A mulher mais acabada que você já conheceu?”Rick não concordou nem discordou. “Então, o que você decidiu? Você e seu cabeloacabado querem ir a Escondido comigo daqui a dez minutos?”“Eu acho que meu cabelo super-sonic e eu devemos ficar em casa. Eu tenho uma provana segunda, e um trabalho de sete páginas para entregar na terça, e mais duas provas naquarta. Se eu for com você não vou conseguir estudar nada.”

“Ok, eu entendo.”Katie pensou ter detectado desapontamento na sua voz. Isso era bom. Ela gostou denesse momento não ser oficialmente a namorada de Rick. Se eles tivessem decididofazer uma mudança de pista da noite passada, ela tinha o sentimento de que teria idocom ele porque isso parecia uma coisa que uma namorada deveria fazer.“Eu te ligo mais tarde,” disse Rick. “Talvez você esteja pronta para dar uma pausa noseu estudo.”“Parece bom. Tenha um ótimo dia com seus pais. Ah, e se você vier mesmo à noite,traga comida.” Katie se jogou novamente na cama e ficou olhando para o teto. Dentrode dois minutos ela caiu no sono e não acordou até o meio-dia.Wow! Eu deveria mesmo estar precisando desse sono.

Depois de um banho rápido para acalmar suas madeixas selvagens, Katie se vestiu ecomeçou a se organizar. Sua primeira tarefa foi um passeio até a maquina no final docorredor onde ela esvaziou suas moedinhas e se estocou com lanches para o estudo.Quando eu me mudar para Crown Hall, eu vou comprar uma geladeirinha para eu poderguardar lanches no meu quarto. E leite!A idéia de jantar uma tigela de sucrilhos com leite gelado e ao mesmo tempo pular prade baixo das cobertas a qualquer hora fez Katie sorrir.Ela lembrou que não tinha falado com Rick sobre sua decisão de aceitar o cargo de AR.Seu cabelo a tinha distraído. Ela contaria para ele de noite.

Entretanto, quando Rick ligou naquela noite, era ele quem tinha uma surpresa para ela.

“Você está a fim de dar uma volta?”“Claro.”

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“Eu estou a três minutos do seu dormitório, e o Max está comigo.”“Está? O Max está no seu carro?” Katie sabia que o Dogue Alemão da família de Rickera muito velho e muito grande para estar confortável por muito tempo no banco de trásdo Mustang de Rick. Ela nunca tinha visto Rick deixar Max entrar no seu carrometiculosamente cuidado.

“Max vai ficar comigo por um tempo, já que ele não é exatamente uma peça dedestaque na venda da casa dos meus pais.”“Eu sabia que você estava procurando por um colega de quarto, mas a questão é, o Maxpode cobrir a parte dele do aluguel?”“Espero que sim. Então, está pronta para sair da sua caverna de estudo? Eu pensei quenós poderíamos levar o Max para dar uma volta. Ah, e eu trouxe pizza.”“Bem, neste caso, eu já estou indo.”Katie calçou os chinelos e correu para o estacionamento. Rick estava chegando. Ele nãoestava dirigindo seu Mustang. Ele tinha alugado uma caminhonete, e Max estava nobanco do carona, com a cabeça pra fora da janela aberta. Katie foi cumprimentada comum beijo babado que cobriu metade da sua bochecha e metade do pescoço.

“Max, você é um paquerador e tanto.” Ela limpou a bochecha e o pescoço com a mangada blusa e puxou a orelha de Max, que era seu jeito próprio de cumprimentar o velhocachorro. “Você quer passear?”Max conhecia a palavra “passear” e latiu bem alto para a oferta de Katie.“Ele está claramente feliz em te ver,” disse Rick. “Em todo o caminho pra cá ele estavagemendo como um bebê.”“Isso é porque ele é um bebezão, não é, Max? Você é um bebezão, e você sabe disso.”Rick prendeu a correia na coleira de Max, e o velho e desajeitado cachorro pulou dacaminhonete. Eles tomaram um passo rápido, com Max liderando o caminho porcuriosidade e necessidade. Algum tempo depois seu passo ficou mais devagar, e Rickdisse, “Tenho que dizer que estou decepcionado.”“Por quê?”

Rick apontou para o cabelo de Katie. “Você não está parecida com a foto.”Katie riu. “Aprenda a viver com a decepção. Falando nisso, você me atraiu aqui pra foracom pizza, e eu não estou vendo nenhuma pizza.”“Eu deixei na parte de trás da caminhonete. Eu não queria dividir com o Max.”Quando ele ouviu seu nome, Max sentou.“Vamos lá, Max, essa volta não foi nada.”“Ele parece bem cansado,” Katie disse.“Foi um dia louco lá em casa. Eu tenho água para ele na caminhonete. Nós podemosvoltar.”

“Vamos, Max.” Katie bateu na perna. “Levante. Vamos beber um pouco de água.”Max estava ofegante enquanto voltava para a caminhonete, então bebeu com prazer aágua que Rick colocou para ele na vasilha de plástico. Katie riu para o jeito que Rickpensava em tudo, incluindo as necessidades de seu cão. Ele também pensou em tudo oque eles precisariam para um piquenique na caçamba da caminhonete, incluindo abebida favorita de Katie ultimamente, cream soda (refrigerante sabor baunilha).“Você lembrou,” ela disse.Rick ficou feliz por ela ter notado.“O que tem na pizza?” ela perguntou quando ele pegou a caixa grande, lisa e branca.“Tudo. Mas sem pimentão.”“Boa. Eu odeio pimentão.”

“Eu sei. Eu lembrei disso também.”“Especialmente, não gosto daqueles amarelos brilhantes, que parecem cera. Me diga

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uma outra comida que seja amarelo brilhante. Não é natural, pode crer!”Rick abriu a caixa e mostrou para Katie que nenhuma comida com cores “não naturais”tinha sido incluída na pizza deles.Eles tinham dado apenas duas mordidas quando um carro parou do lado deles. Carleyabriu sua janela e chamou, “Oi, vocês dois!”

Max deu um latido. “Woof.”“Você está de mudança cedo, Katie?” Carley desligou seu carro e saiu.“Não, essas coisas são do Rick. Eu vou ficar aqui durante todo o verão.”“Você vai?”“Sim, semana passada eu decidi ficar para o curso de verão.”

“Eu deveria voltar para casa no Texas. Eu não quero ir.” Os olhos de Carley estavam napizza, o que Katie achou melhor do que se os olhos de Carley estivessem fixos em Rick.“Você quer um pouco?” Rick ofereceu. “Nós temos bastante.”“Claro.” Carley pegou um pedaço e sentou na caçamba perto de Katie.Antes que Katie pudesse colocar mais uma mordida na boca, mais dois alunos chegaram

para perto da caminhonete e cumprimentaram Katie e Carley como se fossem velhosamigos. Parecia que todos tinham saído para dar uma pausa nos estudos ao mesmotempo, e a pizza era como um localizador. Rick tinha trazido bastante e suas habilidadesde relações públicas fizeram com que ele ficasse ansioso para dividir. Entre mordidas, opequeno grupo falava sobre as provas finais e a ultima semana de aula.Todos expressavam o mesmo tipo de stress que Katie estava sentido. Ela não estavasozinha como ela pensara na noite anterior.Uma vez terminada a pizza, o grupo se dispersou. Rick fechou a porta da caçamba eajudou Max a entrar na cabine. Então Rick virou e Katie abriu seus braços, oferecendoum abraço de despedida.“Eu estou muito suado e sujo de limpar a garagem,” ele disse, abrindo seus braços para

ela.“Ei, eu já fui babada pelo seu cachorro. Você não pode ser nem 50% tão nojento quantoMax. Sem ofensas, Max.” Katie envolveu seus braços em volta da cintura de Rick eencostou sua bochecha contra o peito dele.Ela pôde ouvir Rick respirar fundo, e sentiu o ar ser liberado lentamente das narinasdele e tocar seu cabelo. Um canto esperançoso do seu coração imaginou se Rick haviareconsiderado sua decisão da noite anterior. Talvez ele tivesse decidido sair da pistalenta. E se ele tivesse percebido que isto era uma coisa boa para eles e estava prontopara mudar de pista?Olhando para cima, Katie chegou para trás e levantou seu queixo na direção dele. SeRick quisesse mudar de pista, tudo o que ele tinha que fazer era selar aquele momento

com um beijo. Nenhuma palavra era necessária.Rick e Katie estavam guardando esse beijo para quando eles estivessem prontos paraestabelecerem-se oficialmente como um casal. Katie ainda não tinha certeza se estavapronta, mas ela estava aberta para essa possibilidade. Seus lábios estavam disponíveis.Rick sorriu para ela, mantendo seus lábios para si mesmo. “Ainda não,” ele sussurrou.“Eu sei,” ela sussurrou de volta.Saindo lentamente do abraço, Katie disse, “Eu estou feliz que você tenha vindo.”“Eu também.”“Obrigada pela pizza.”“Disponha. Te vejo amanhã.” Rick entrou na caminhonete e ligou o motor barulhento.

Katie acenou enquanto ele ia embora. Então ela cruzou os braços, tentando segurar ocalor de Rick que tinha estado ali há alguns momentos. Por mais que ela tivesse

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concordado com a decisão de guardar o beijo, Katie não gostava da sensação de não-conclusão toda vez que Rick ia embora, deixando seus lábios intocados.Eles estavam fazendo a coisa certa. Ela sabia disso. Ela também sabia que seu nível destress estava afetando seus pensamentos. Suas emoções estavam por todo lado. Semanade provas não era uma semana para tomar decisões importantes.

Mas em momentos como esses, todo o auto-controle a estava matando, porque Katie jásabia como era beijar Rick Doyle e beijá-lo mais que uma vez.

Capítulo 6

Em vez de voltar para o dormitório depois que Rick saiu com sua caminhonete alugada,Katie decidiu andar até Crown Hall e “fazer um Neemias”. Há um ano, um dosprofessores de Bíblia de Katie tinha usado essa expressão e ela tinha gostado doconceito, mas ainda não tinha usado. A premissa era andar ao redor de uma nova

situação e avaliá-la antes de mergulhar nela. O profeta Neemias do Antigo Testamentofez uma caminhada durante a noite ao redor das ruínas das muralhas de Jerusalém antesde começar a grande tarefa de reconstruí-las.Katie percebeu que ela podia estar usando a viagem de espionagem de Neemias comouma razão para evitar estudar. Se ela estivesse, não estaria sozinha no seu adiamento.Apesar de já ter passado das dez, todos os estudantes do campus pareciam estar bemacordados e procurando por qualquer coisa para fazer que não fosse estudar para asprovas finais.Quando Katie passou pelo chafariz no centro do campus, duas meninas estavamsentadas tocando violão. Um cara passou e cumprimentou as musicistas. Ele estacarregando duas bandejas carregadas com copos grandes de expressos. Oito dos seus

colegas de estudo estariam comemorando daqui a alguns minutos.Katie olhou para o céu escuro acima de sua cabeça. Algumas pequenas estrelaspiscaram para ela de trás de seus cobertores de nuvens. Elas não tinham provas namanhã seguinte, então elas podiam ir dormir se quisessem.Katie não estava pronta para dormir. Ela percebia o quanto ela amava essa escola, essecampus, essa comunidade de pessoas. Mesmo que a Cris tivesse ido embora, Katieainda queria estar ali por outro ano. Não, ela queria estar ali por mais dez anos. Peloresto da sua vida! Este campus parecia mais seu lar do que a casa de seus pais emEscondido jamais foi.Aproximando-se da porta de vidro aberta de Crown Hall, Katie viu Julia em pé lá dentroà direita. Ela estava conversando com Craig, o diretor de residentes para os meninos que

moravam em Crown Hall. Julia olhou para Katie e acenou.Katie chegou mais perto. Julia a apresentou para Craig, e Katie disse, “Bem, estoudentro.”Craig concordou como se fosse óbvio que, sim, ela estava dentro do prédio.Julia, por outro lado, entendeu o que Katie quis dizer e abriu um largo sorriso. “Sério?”Katie concordou. Ela adorou que Julia tivesse entendido o seu comunicado peculiar.“Fantástico, Katie. Isso é ótimo.”“Eu decidi aceitar o cargo de AR,” Katie disse para que Craig pudesse entender.Ele pareceu impressionado com sua atitude decidida. “Estou feliz de ouvir isso. Nósestávamos falando agora mesmo sobre a reunião de amanhã às três horas. Esta hora

estaria boa para você?”“Claro.”

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Katie percebeu novamente que ainda não tinha contado ao Rick sobre sua decisão deaceitar o cargo. Com Max e todos os colegas de piquenique inesperados, Katie tinhaesquecido de falar sobre esse assunto. Ela sentia que não precisava de sua permissão oubenção ou o que seja, mas teria sido bom se ela tivesse conversado com ele antes de secomprometer em aceitar o trabalho. Mas a situação era a seguinte: ela tinha acabado de

declarar que ela estava “dentro”.Sentindo-se na obrigação de oferecer uma cláusula de escape, Katie disse, “Eu acho quedeveria dizer que apesar de achar que sei que isto é o que Deus quer que eu faça, seDeus fechar a porta, então, bem... eu vou entender.”Julia aproximou seu olhar. “E o que é isto que você vai entender, exatamente?”“Eu vou entender que isto não é a vontade de Deus para mim.”“A velha teologia da dobradiça” Craig sorriu. “Escute, eu odeio ir, mas eu preciso correrlá pra cima. Verei vocês amanhã.”Assim que Craig saiu da conversa, Katie virou para Julia.” O que ele quis dizer com‘teologia da dobradiça’?”“Todo estudante que nós já aconselhamos falou uma vez ou outra a mesma coisa, sobre

Deus abrindo ou fechando portas. A teoria do Craig é que para muitos jovens, a vontadede Deus parece se restringir à direção em que as portas de oportunidades abrem.”“E o que há de errado nisso?” Katie perguntou.

“Deus não está limitado a se expressar através de portas abertas ou fechadas.”Eu sei. Ele usa janelas fechadas e abertas também. Eu assisti A Noviça Rebelde.”Julia riu.“Quando Deus fecha uma porta, ele abre uma janela.”Katie adicionou. “Ou seria quandoele abre uma porta, fecha uma janela?”“Eu acho que é porta fechada e janela aberta.”“Ok, mas se você está dizendo que a teologia da dobradiça não é legal, então o que seria

uma teologia melhor?” Katie perguntou. “Eu quero dizer, se é muita presunção limitarDeus a abrir e fechar portas, então qual seria um jeito melhor de descobrir o que Elequer quando você tem que tomar uma grande decisão?”Julia sorriu. “Eu gosto de você, Katie.”“Isso é bom,” Katie disse com sua atitude brincalhona. “Eu também gosto de você. Masvocê não respondeu minha pergunta.”Julia riu de novo. “Você está certa, eu não respondi. Você realmente quer saber minhaopinião?”“Sim.”“Ok.”Sem adicionar nenhuma informação, Julia virou e saiu andando. Ela abriu caminho

através de outros estudantes reunidos no lobby e sentou em um dos sofás do outro ladoda sala. Então ela moveu seus lábios, mas Katie não podia escutá-la.Katie permaneceu perto da porta com uma expressão de “hã?” no rosto. Obviamente, seela queria ouvir a resposta de Julia, era melhor segui-la no caminho através do lobby.Katie se jogou no sofá com uma expressão expectante. “Então?”“Então, é isso,” disse Julia.“É isso o que?”“Esta é minha demonstração visual de como eu acho que é descobrir a vontade deDeus.”Katie não estava entendendo. “Tudo o que você fez foi andar até aqui e sentar.”“Certo. Eu fiz isso. Então eu disse, ‘Então, é isso’, mas você não me ouviu da primeira

vez que eu disse. E você quis uma resposta de mim, certo? Você queria ouvir o que eutinha para dizer. Então você me seguiu.” Julia levantou uma sobrancelha como se ela

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tivesse acabado de revelar um antigo segredo.Katie concordou movendo a cabeça lentamente. Bem lentamente.

“Craig chama isso de teologia ‘grudar no pé’” (*muito perto atrás de alguém) Juliadisse. “É assim que eu acho que é com Deus. Se você quer saber o que Ele tem a dizer,apenas siga-o. Fique perto. Você pergunta e continua perguntando, e você ouve. Ele vaifazer isso claramente. Quanto mais perto você está dele, mais fácil é ouvir o que Eleestá dizendo.”Katie deixou os pensamentos fluírem.Julia recostou, parecendo confortável. A aparência confortável não vinha do jeito queela estava sentada, o que ela estava vestindo, ou qualquer outra influencia externa. Juliasimplesmente parecia confortável em sua própria pele e no que estava acontecendonaquele momento. Seu foco estava em Katie, não nela própria ou no que estavaacontecendo ao seu redor. Katie não sabia se ela já havia estado perto de alguém tãotranqüilo antes. Era bom.“Você já pensou alguma vez sobre como Cristo guiava seus discípulos durante os três

ou mais anos que eles estavam juntos?” Julia perguntou. “Quando você lê osevangelhos, parece que eles estão por todo o lado. Um dia Jesus estava em um barcocom eles; no dia seguinte eles estavam subindo as montanhas. A jornada parecia semrumo. Se você tentar mapear o caminho deles, pareceria um monte de ziguezagues quenão levam a lugar nenhum. Mas Jesus tinha um plano, obviamente. Ele disse que elecumpria tudo o que o Pai mandava. Tudo que os discípulos tinham que fazer era grudarno pé de Jesus e confiar nele.”Katie nunca tinha pensado em seguir a Jesus daquele jeito.Julia sorriu como se pudesse ler os pensamentos de Katie. “Esta é a minha teologia.Você deve ficar perto de Jesus. Lembre-se que ser um dos discípulos de Jesus vaiparecer como uma aventura sem roteiro na maioria das vezes. A jornada definitivamente

não é um tamanho único. Mas ele tem um plano. Ele está cumprindo Seus objetivos nasua vida.”

“Eu concordo com isso,” Katie disse. “Meu versículo para este ano passado foi, ‘OSenhor vai cumprir seus propósito para mim.’ E eu sei que ele fez. Ele faz. É que nestemomento certas coisas na minha vida não estão indo pra frente e isto pode afetar minhadecisão de aceitar o cargo de AR.”“Que tipo de coisas?” Julia perguntou.“Eu preciso de uma carreira. Principalmente. É o meu dilema de carreira.”“Ah,” disse Julia balançando a cabeça.“Eu estou terminando meu penúltimo ano essa semana, e eu estou sem uma carreira.Vou fazer o curso de verão para terminar os créditos básicos, mas não posso mematricular para as aulas no outono ate que eu declare minha carreira. É por isso que eudisse que Deus pode fechar a porta de AR para mim. Entende? Sem carreira, semmatricula, sem aula, sem próximo semestre, sem trabalho de AR.”Julia concordou.“Quando eu conheci meu conselheiro, ele me entregou uma lista de carreiras nodepartamento de ciências e me pediu para escolher uma imediatamente. Nenhuma meparecia certa. Então eu disse a ele que não podia escolher nenhuma daquelas.”“O que o seu conselheiro disse?”“Ele disse, ‘Se você não consegue tomar uma decisão, eu não posso te ajudar.’”“Parece uma resposta honesta,” disse Julia.

“Honesta ou não, não meu ajudou nem um pouco.” Katie mastigou a cutícula ao lado daunha do dedão. Afastando sua mão, ela perguntou, “Então, qual o seu conselho para o

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meu dilema de carreira?”“Qual é a sua paixão, Katie?” Julia perguntou.Nenhuma resposta imediata surgiu no pensamento de Katie.“Pense nisso,” Julia disse. “Eu vou te perguntar de novo amanhã. Pense sobre o que tedá energia e te faz feliz. Se você responder a essas perguntas, sua carreira

provavelmente vai estar bem na sua frente.”Katie pensou que a resposta de Julia era um pouco orgânica demais. Muito aerada e semparecer promissora. Mas ela disse que daria uma idéia.“Eu tenho que checar algumas meninas,” disse Julia. “Te vejo amanhã? Às três noescritório do terceiro andar?”

Katie concordou, e Julia deixou-a no sofá do saguão com seus pensamentos.A ponderação de Katie durou uns dois minutos. Ela não queria estar sozinha ali. Entãoela se dirigiu para o familiar corredor que levava ao quarto de Selena e Vicki, o corredoronde Katie seria AR – isto é, se ela achasse uma carreira. Ela debateu se preferia pararpara visitar suas amigas ou apenas prosseguir e terminar sua caminhada de espionagem

Neemias. A opção da caminhada de espionagem venceu, e Katie continuou andando nolongo corredor.Várias portas estavam abertas ao longo do caminho, espalhando uma variedade defragrâncias, músicas e vozes. No final do corredor estava o quarto onde Katie moraria.Geralmente duas ARs ficavam nos quartos localizados em cada ponta do corredor.Katie olhou para as decorações na parede à frente da porta de seu futuro quarto. Umavariedade de expressões artísticas dos alunos cobria as paredes da maior parte do longocorredor dos dormitórios. Entretanto, nessa época do ano, a maioria das decorações edos pôsteres estavam estragados, restando apenas mais alguns dias do seu dever deembelezamento antes de serem jogados fora. Geralmente as paredes eram pintadas oureparadas durante os meses de verão para estarem prontas para o próximo ciclo de

decorações com a chegada dos residentes.Katie não tinha visto esta parede antes, mas ela também nuca tinha andado todo ocaminho até o final do corredor. O desenho era bem feito e dava a impressão de umalarga borda na figura, com a linha externa feita em papel corrugado preto e retangular.No topo da parede estava pintada à mão uma placa que dizia “A Parede do Beijo”.Katie riu pra si mesma. Não é exatamente a mesma parede que Neemias andou ao redor.Eu não consigo imaginar Neemias descobrindo uma parede do beijo na sua viagem deinspeção!

Dentro da borda estavam dúzias de figuras de pessoas se beijando. A maioria dasfiguras parecia ter sido cortada de revistas ou impressas da Internet. Algumas dasfiguras eram fotos. Misturado entre as fotos estavam vários versículos da Bíblia sobrebeijar.“Amor e fidelidade se encontrarão; a justiça e a paz se beijarão.” Salmo 85:10“’O Senhor conceda a cada umas de vocês um novo lar e um novo marido!’ Ela asbeijou e elas começaram a chorar alto.” Rute 1:9“Depois Jacó beijou Raquel e começou a chorar bem alto.” Gênesis 29:11“Uma resposta honesta é como um beijo nos lábios.” Provérbios 24:26Katie reconheceu algumas das meninas nas fotos e sabia que elas moravam nesse andar.Uma foto mostrava Selena com sua larga juba arredondada no alto da sua cabeça numaengraçada cascata de loiros cachos indomáveis. Um dos sobrinhos de Selena estavabeijando sua bochecha enquanto ela tentava segurar um bocejo. Era uma ótima foto

espontânea.Todas as fotos na Parede do Beijo eram doces, ternas, apropriadas, e representantes de

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tudo que há de inocente e bonito sobre um beijo.Katie sentiu vontade de chorar.Há menos de uma hora, Rick estava há alguns centímetros dela, mas ele não tinharespondido ao seu convite para beijá-la. Alguma coisa primitiva, feminina, e tristedentro de Katie tinha sido acordada. Ela desejava ser amada.

Apertando seus lábios não beijados, Katie leu mais algumas frases.“Beija-me ele com os beijos de sua boca – pois o seu amor é mais agradável que ovinho.” Cantares de Salomão 1:2“Você não me deu um beijo, mas esta mulher, desde que entrou, não parou de beijarmeus pés.” Lucas 7:45“Cumprimentem um ao outro com um beijo santo.” Romanos 16:16Era isso. Katie não podia mais agüentar nenhuma imagem ou versículo sobre beijos –santo ou não. Ela sentiu como se estivesse torturando a si mesma parada ali e vendotudo isso.

Voltando em direção ao quarto de Selena, Katie estava pronta para uma conversa de

amigas de coração para coração. Anos atrás Selena tinha se compadecido durante umaviagem de missões na Inglaterra. A angústia delas naquela época tinha sido pelo fato denenhuma delas tinha um cara a seguindo do mesmo jeito que Trícia e Cris tinham. Aironia para Katie era o quão pouco tinha mudado. Seus sentimentos de desejo intenso evontade de pertencer estavam mais fortes que nunca.Quando um coração finalmente se sente em casa e contente?Quando essas paixões emfim serão realizadas? No casamento?A pessoa com quem Katie realmente queria conversar era Katie. Ou deveria dizer Sra.Ted Spencer? Cris teria uma visão totalmente diferente sobre esta discussão depois deretornar da lua-de-mel, e Katie estava ansiosa para ouvi-la.Com algumas batidas na porta de Selena, Katie esperou pelo costumeiro convite “Entre

por sua conta e risco” vir de Selena do outro lado da porta.Entretanto, nenhuma voz respondeu. Ela bateu de novo. Sem resposta. Selena e Vickievidentemente tinham se juntado aos outros estudantes de Rancho Corona que, comoKatie, adiaram o estudo e passeavam pelo campus em vez de ficar em seus quartos.Você também deveria ir estudar, Weldon. Você está muito emotiva neste momento paraponderar qualquer uma de suas paixões. Termine o que você precisa para esta noite.Esta é a semana de provas, lembra?Katie peregrinou pelo campus. A cada passo ela pensava na afirmativa de Julia de queàs vezes seguir a Cristo pode parecer sem rumo.“Você está aqui, não está?” ela sussurrou, como se Cristo estivesse fisicamente aacompanhando até seu dormitório. “Sim, você está. Eu sei que está.” Ela continuou

andando, consciente de que não existe um só momento em que o Senhor não estejaperto de suas crianças.“Ok,” Katie respirou um tipo de oração resolvida que abrangia todas as coisas nãoresolvidas na sua vida. “Guia-me. Estou dentro.”

Capítulo 7

A prova de Katie no dia seguinte tinha ido melhor do que ela esperava. Ela deixou a salade aula um pouco antes do meio-dia. Seu plano era “pular” o almoço e dar uma passadano Ninho da Pomba antes do seu encontro com Julia e Craig às 3 da tarde. Ela queriacontar ao Rick pessoalmente que ela tinha decidido aceitar o cargo.

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Por alguma razão, no entanto, ela andou vagarosamente pelo campus, conversando comas pessoas e checando sua caixa de correio e então parou de falar com mais pessoas. Otempo voou, e ela acabou por não descer a montanha até o Ninho da Pomba. Ela sabiaque se quisesse pensar no significado por trás de suas ações, ela poderia chegar a umaanálise muito boa do porquê estava evitando falar com Rick sobre o trabalho de AR.

Mas ela não queria saber.Se ela estava zangada com o fato de ainda não ser sua namorada oficial ou algo maisrelacionado aos sentimentos que contra os quais ela tinha lutado quando estava dianteda “Parede do Beijo”, Katie não queria saber. Ela não queria pensar sobre essas coisasquando encontrasse com Craig e Julia.Às 2:55 Katie entrou no Crown Hall e foi em direção ao escritório do diretor dosresidentes no terceiro andar. Julia e Craig já estavam lá.Katie se sentou no sofá. “Eu devia ter mencionado isso antes, mas eu tenho quetrabalhar essa tarde. Eu não sei quanto tempo esse encontro vai durar, mas se eu pudessesair por volta de 3:30 seria ótimo.”“Isso não será problema,” Craig disse. “Você trabalha no campus?”

“Não, eu trabalho no centro, no Café Ninho da Pomba. O que remete a outra perguntaque eu deveria ter feito mais cedo. Eu poderei trabalhar meio-período no Ninho daPomba ou o cargo de AR é em tempo integral?”“É tempo integral e um pouco mais,” disse Craig. “Nós tivemos alguns ARs nesses anosque tentaram ficar algumas horas aqui e em outros empregos, mas isso nunca funcionoupra eles. As horas que você precisa cumprir no dormitório variam a cada semana, e issodificulta o trabalho em outros lugares.”

Katie concordou. Agora ela sabia que sua conversa com Rick mais tarde seria aindamais difícil. Ela esteve pensando que poderia prometer a ele que continuaria a trabalharalgumas horas aqui e lá, dessa forma as coisas não mudariam tão radicalmente no

relacionamento deles. Mas esse não era o caso.“Eu vou seguir em frente e começar nossa entrevista oficial agora com uma oração,”falou Craig. “E então eu tenho uma pergunta pra você.”Katie teve dificuldade em prestar atenção na oração de Craig porque ela estavaenvolvida demais no pensamento sobre qual seria a pergunta dele. Assim que ele disse“amém”. Katie olhou pra cima.“Nós perguntamos isso à todos os candidatos. Mesmo que tenhamos sido nós queprocuramos por você, Julia e eu pensamos que seria bom ouvir sua resposta.“Ta bom.”“Por que você quer ser uma AR?” Craig perguntou.A resposta imediata de Katie foi, “Eu tenho meu quarto e alimentação cobertos.” Para

sua surpresa, sua resposta foi falada mais alto do que na sua cabeça. Ela apertou suamão na boca e disse: “Eu realmente disse isso?”Julia concordou, e ela e Craig sorriram.“Uma resposta honesta,” Craig falou. “Você não faz idéia do quão revigorante isso é.”“Há uma outra razão,” Katie falou rapidamente. “Eu gosto de pessoas. Eu pensei em mecandidatar a AR quando eu estive pela primeira vez na Rancho, e meu principal motivoé o mesmo de antes. Eu amo estar com as pessoas.”Julia sorriu como se Katie tivesse dito a coisa certa.“Eu também gosto da idéia de que eu poderia fazer da vida do dormitório algo maisdivertido e talvez um pouco mais fácil para as calouras. Eu fico feliz quando pensonisso.”

“Que bom.” Craig parecia satisfeito porque ele começou a fazer um breve resumo doque o cargo de AR requeria.

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Vinte minutos depois, ele deu a ela uma pasta com uma etiqueta escrita: “Manual doAR.” Repentinamente tudo se tornou oficial.“Você tem alguma pergunta?” Craig perguntou. “Eu sei que são muitas informações deuma vez só.”

“Acho que não. Seus números estão aqui caso eu precise te ligar, certo?”“Sim, e por que você também não deixa o número do seu celular conosco?” Julia disse.Katie estava pronta para sair quando ela parou na porta. “Eu tenho um pequeno pedido.”“Claro,” Craig disse. “O que é?”“Eu não contei a ninguém sobre minha decisão. Vocês poderiam não dizer isso aninguém até amanhã? Eu preciso contar a algumas pessoas antes que elas saibam dissopor terceiros.”“Totalmente compreensível. O que você acha de não dizermos nada até quinta-feira? Onosso próximo encontro será às 19:00 na quinta. Nós anunciaremos sua decisão paraque todos ouçam ao mesmo tempo.”“Obrigada. Fico muito grata.”

Katie sabia que deveria trabalhar no Ninho da Pomba na quinta-feira das 15:00 às21:00, mas tudo estava prestes a mudar. Ela poderia pedir pra sair mais cedo. Então elapercebeu que estaria dando sua notícia a Rick, estaria se demitindo. Esse pensamento alevou a um novo nível de pavor.

Mudança é terrível. Eu, definitivamente, não gosto disso. Talvez Rick tenha razãoquando diz que as rotas são nossas amigas.

Katie caminhou um pouco mais rápido para seu carro, sabendo que quanto mais breveconversasse com Rick melhor seria.As densas nuvens pareciam diminuir a paisagem enquanto Katie deixava o campus da

Rancho Corona e dirigia um pouco rápido demais na descida da montanha.A umidade fria do mar pairava no ar como de costume ao longo da costa durante os diasde “Junho-melancólico” no fim da primavera. Inland, era de onde Katie era, o ar quentedo deserto do Sul da Califórnia geralmente empurrava as nuvens de volta para o mar.Hoje as forças do oceano estavam levando a melhor sobre os ventos do deserto.Juntamente com o céu nublado um silêncio “macio” tomou conta da tarde.Katie se perguntava quais das forças que prevaleciam em sua vida iriam tomar ocontrole assim que ela entrasse no trabalho e contasse a Rick sobre sua decisão.

Ela bateu seus polegares no volante de seu Volks, que ela carinhosamente chamava de"Baby Hummer". Não que seu rebaixado e bonitinho Volks trouxesse algumasemelhança com os modelos esportivos e grosseiros vendidos pela General Motors.Não, Katie chamava seu carro de Baby Hummer porque, apesar de sua "idade", elecontinuava a andar "macio" pela estrada. Katie amava ter um desses carros únicos. Elatambém amava o preço ridiculamente baixo que tinha pago pelo Baby Hummer. Hoje,no entanto, ela foi lembrada que o Baby era mais conveniente para dias de sol.Enquanto uma brisa úmida entrava por uma dúzia de não-tão-bem-fechadas aberturas nocarro, ela não estava sentindo o amor. Ela apenas sentia o frio.Uma parte de Katie sabia que ela estava focando seu desconforto em Baby Hummer eno clima ao invés de focar no que realmente causara sua baixa na adrenalina. Ela estavanervosa por ter que contar a Rick sobre sua decisão. Ela não queria que orelacionamento deles mudasse.

Estacionando na sua vaga usual ao lado do café, Katie correu para a porta dos fundos ese viu frente a frente com Rick.

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"Ei, você está aqui! Que bom. Nós estamos muito ocupados. Jared adoeceu, e um grupode Beanies* apareceu. Nós temos alguns pedidos de pizzas.""Ok." Katie não tinha certeza do que Rick quis dizer com "Beanies". "Rick, precisofalar com você.""Podemos fazer isso mais tarde?" Nós estamos seriamente atrasados." Rick saiu para a

frente do café sem esperar por uma resposta.Katie foi em busca de um limpo avental, envolveu seu cabelo em uma nada-agradávelredinha para cabelo e lavou suas mãos.Carlos, o sub-gerente, estava sozinho na cozinha. Ele tinha seis massas de pizzaalinhadas prontas para serem cobertas."Aqui, Katie," Carlos disse "Queijo apenas nessas duas. As próximas três são Havaianase por último uma de pepperoni com que queijo extra.""Entendi.""Nós temos mais nove depois dessas.""Você tá brincando. O que está acontecendo aqui? Uma convenção de Beanies?"

"Beanies?" Carlos perguntou."Sim, Rick disse que um grupo de Beanies apareceu."Carlos gargalhou. "Não é um grupo de Beanies. É um grupo de escoteiros: Brownies(Marronzinhas). Você sabe, aquelas garotinhas com uniformes marrons e chapéusengraçados.""Eles não são engraçados. Eles são um pouco gordinhos. Pelo menos é como nós oschamávamos quando eu era uma Brownie. Eu não sabia que as Brownies ainda usavamuniformes.""Katie, você esqueceu o queijo extra naquela.""Desculpe-me.""Você não deve ter tido a chance de ganhar um distintivo de "rapidinha" quando você

era uma Brownie, né?""Por quê? Eu estou devagar demais pro seu gosto, Carlos?""Todo mundo é devagar demais pra mim."Katie captou um olhar rápido de Rick com o canto de seu olho e disse, "Ninguém gostade estar empacado na pista lenta quando eles pensam que podem se manter na pistarápida. Mas sabe de uma coisa? Eu estou começando a pensar diferente a respeito dapista lenta.""Sobre o que você está falando?" Carlos pensou."Nada. Eu só estava começando a sentir falta da minha rota favorita."Carlos a ignorou. As três horas seguintes passaram num piscar de olhos. Katie mal viuRick, uma vez que ele estava trabalhando no caixa onde os fregueses vinham para fazer

seus pedidos. Ela nem notou quando ele foi aos fundos para sua rotina de "fechamento"do dia. Ele tinha uma série de coisas pra checar quando era hora de ir embora. Hoje,Katie notou que ele estava fazendo isso mais cedo que o normal.Ela decidiu parar um pouco e seguiu Rick ao escritório dos fundos. "Você já está indoembora?"Ele balançou a cabeça afirmando e colocou suas iniciais em uma página presa a umaprancha próxima ao freezer. "Max tem estado trancado no meu apartamento desde asonze dessa manhã. Eu já devia ter ido a uma hora atrás. Eu apenas espero que eu nãoencontre um desastre. Eu te ligo mais tarde, okay?""Rick, eu preciso falar com você sobre o cargo de AR.""Falar sobre o quê? Você aceitou o emprego, certo?"

* Feijõezinhos (traduzido literalmente)

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"Como você soube?""Carley estava aqui há uma hora. Ela disse que alguém que ela conhece viu você saindodo escritório dos DR’s (Diretores dos Residentes) esta tarde com o manual deinstrução."A temperatura do rosto de Katie chegou a "ferver". "Carley não tinha o direito de te

contar" Eu queria ter conversado com você sobre isso. Isso realmente me tira do sério.Às vezes a Rancho é uma colméia de abelhinhas zumbidoras zumbindo na vida alheia.Rick deu uma longa olhada nela.Katie levantou sua sobrancelha. "Eu coloquei muitos 'b's' nessa frase, né?"Talvez um ou dois, honey," Rick disse."Bonitinho". Katie soltou um xingo."Relaxa," Rick disse com um tom de estabilidade autoritária na sua voz. "Carley não mecontou nada que eu já não soubesse.""O que você quer dizer?""Eu sabia quando você falou sobre o cargo no sábado que você iria aceitá-lo. Osnúmeros se encaixaram. É simples assim. Você tem seu quarto e alimentação cobertos.

Eu não posso fazer isso com horas suficientes ou salários aqui no Ninho da Pomba.""Eu pensei que você ficaria...""O quê?""Zangado. Ou decepcionado comigo ou algo assim.""Katie". Rick chegou mais perto e olhou-a fixamente com seus calorosos olhoscastanhos. "Você está nas etapas finais de seu objetivo. Eu entendo isso. Você tem quefazer tudo que precisa pra que possa se formar. Você sabe como foi difícil pra mim lidarcom os empréstimos estudantis depois que eu me formei. Você, milagrosamente,arrumou um jeito de se ver bem longe das dívidas por causa de bolsas estudantis e aslongas horas que trabalhou. Você conseguiu isso tudo sem ajuda alguma. Katie, isso é arealização da sua carreira. Se você precisa ir para um emprego que te dá melhorescondições financeiras, então é isso que você tem que fazer."Katie permaneceu calada por um momento, absorvendo as palavras deles. "É isso? Éesse o seu pensamento final sobre o assunto?"

"Você precisa tomar sua própria decisão, e obviamente você já tomou. Ajudaria se eudissesse que entendo seus motivos e apóio sua decisão?""Sim, ajudaria muito. Obrigada." Katie examinou o rosto de Rick, pra ter certeza de queela estava "lendo" honestidade na sua expressão. "Isso significa muito pra mim, Rick.""Eu sei que sim.""Você disse no sábado que nós não nos veríamos tanto se eu aceitasse o cargo de AR, eisso é verdade. Eu não serei capaz de trabalhar aqui mais."

"Os ombros de Rick caíram. "Nem mesmo algumas horinhas na semana ou aossábados?""Não. Os horários variam muito toda semana, e é tempo integral. Além do mais, temminhas aulas no próximo semestre, não sei...""Katie, está tudo bem. Relaxa. Eu vou contratar alguém pra cobrir suas horas, e se derpra você voltar aqui em algum momento, nós podemos sempre encaixar você nohorário." Ele pegou suas chaves e foi pra porta dos fundos."Oh, Rick? Mais uma coisa. Eu preciso de folga na quinta.""Fale com o Carlos e coloque seu pedido de mudança no horário na minha caixa." Ricklevantou o braço num gesto de despedida enquanto saía.Respirando fundo, Katie pensou: Foi tudo bem. Eu acho. Uma coisa feita e outra ainda

por fazer.Ela precisava contar a seus pais sobre sua decisão. Contar a eles seria muito mais difícil

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mas por diferentes razões."Por causa daquelas razões desafiadoras, Katie só ligou para seus pais na quinta depoisdo jantar. Era sua última oportunidade de contar a eles antes que sua decisão fosseanunciada no encontro com todos os assistentes. Ela sabia que precisava honrar seuspais deixando-os atualizados, mesmo sabendo que aos vinte e um ela era independente

deles e capaz de tomar suas próprias decisões, legalmente e pessoalmente.No seu caminho pelo campus até o Crown Hall, Katie fez a chamada. Sua mãe atendeu.Colocando sua voz mais animada, Katie disse, "Oi, mãe. É a Katie." Ter que anunciarsua identidade toda vez que ligasse a matava.

A necessidade veio depois de muitos anos ligando e dizendo, "Oi, sou eu," e toda vez aresposta do outro lado era "Quem?""Como você está, mãe?""Bem, a pia do banheiro quebrou semana passada. Nós tivemos que chamar umencanador.""Eu aposto que foi uma bagunça."

"Não, nem tanto. Eles têm máquinas, você sabe. Elas fazem um barulho terrível, masnão fazem muita bagunça. Mas foi caro, no entanto.""Isso é terrível," Katie falou."A pia está funcionando direito agora. Você soube que sua tia-avó Mabel morreu?""Não." Katie parou. "Eu sabia que tinha uma tia-avó Mabel?""Claro que sabia. Mabel era irmã de Edith. Você sabe, cunhada do meu irmão, Edith."Katie tentou fazer todas as conexões na sua cabeça. Ela apenas conhecia alguns parentesdistantes através de fotos que vinham ocasionalmente em cartões de Natal. Ela sabia quetinha alguns primos em Missouri. Ou talvez fosse em Michigan."Eu sinto muito pela sua perda, mamãe.""Não foi bem uma perda pra mim. Eu nunca encontrei com a mulher. Eu só pensei que

você se interessaria em ouvir as notícias da família, já que eu nunca sei quando você vailigar."Katie percebeu a "alfinetada" mas se esquivou e continuou falando. "Bem, eu estouligando agora porque tenho novidades""Você vai se casar?""Não.""Você já não está casada, está?""Não, mamãe."Uma pausa do outro lado da linha foi seguido com um, "É melhor você não me falar queestá grávida."Katie apertou sua mandíbula e lutou para não desligar o telefone e nunca mais ligar pra

esse número novamente. "Não, mãe, eu não estou grávida."Katie estava passando por um trio de calouras que pararam sua conversa e encararamKatie. Ela abaixou sua cabeça e desviou da seu caminho para continuar com a conversacom um pouco mais de privacidade."Ouça, eu tenho que ir a uma reunião daqui a alguns minutos, mas eu queria te contarminhas boas novidades. Eu tenho um novo trabalho no outono. Eu vou ser uma AR.Uma Assistente dos Residentes. Eu vou trabalhar no dormitório onde eu vou ficar nooutono."

Uma pausa seguiu. "Isso é tipo zelador?""Não, se parece mais com um conselheiro. Eu vou inspecionar as meninas em uma das

áreas do dormitório.""Tipo um síndico? É isso?"

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Katie desistiu. "Tipo."Sua mãe pausou. Katie sabia que algo nada a ver estava por vir e se preparou para a'pancada'. "Agora, se a pia quebrar aí no dormitório, se você é a síndica, você não temque consertar ou pagar pra isso, tem?""Não, mamãe."

"Eu sou estou perguntando porque a nossa pia quebrou semana passada. No banheiro.Eu te contei?""Sim, você me contou. Eu preciso ir agora. Eu só queria saber como estão as coisas e tecontar sobre o cargo de AR.""O quê?""O cargo de AR." Katie traduziu pra sua mãe de sessenta e três anos. "O trabalho desíndico nos dormitórios.""Sim, você me contou sobre seu emprego no apartamento. Isso é tudo? É por isso quevocê ligou?""Sim, mais por isso. É isso. Eu tenho que ir agora...""Katie, você olhou sobre fazer trabalhos de zeladora, no entanto, não olhou? O salário

de síndico não deve ser tão bom, mas você poderia trabalhar à noite, e os horáriosseriam mais flexíveis, eu acho. Você considerou essa possibilidade?"Katie engoliu e trocou o celular de orelha. Ela pensou que era impossível que seusórgãos doessem mais do que eles já doíam naquele momento. Nenhuma palavra saiu dasua boca, o que era uma boa coisa.Porque Katie não respondera a sugestão da mãe, ela disse, "Alô? Katie? Você ainda estáaí?""Sim, ainda estou aqui.""Eu pensei que você tivesse dito que tinha que ir à uma reunião.""Eu tenho. Eu falo com você mais tarde. Tchau, mamãe."Ela ouviu um click do outro lado da linha. Nenhum "Tchau, Katie." Nenhum "Obrigadapor ligar." Nenhum "Parabéns por seu emprego," e certamente não agora e nem nuncaum doce ou afável "Eu te amo," "Sinto sua falta," ou até mesmo um "Estou orgulhosa devocê."Apenas um click e o insensível barulho do telefone.

Capítulo 8

Katie trancou sua mandíbula e lutou para conter as emoções que sentiu em relação aconversa com sua mãe. A última coisa que ela queria era ir para sua primeira reunião deAR com o rosto parecendo ter passado por um lava-jato.

Ela notou um banco de pedra na parte da frente do Crown Hall. Atrás do banco estavaalgumas buganvílias roxas que escalavam o muro se estendiam até formar uma espéciede cobertura protetora. Katie se voltou para o banco coberto por aquele refúgio e sesentou de costas para o dormitório. Com muito esforço ela convenceu sua respiração avoltar ao seu ritmo calmo e constante.

Nota a si mesma: Não ligue para sua mãe antes de algo importante. Melhor ainda, nãoligue para sua mãe em momento algum.

Katie sabia que sua mãe não fazia idéia da honra que era ser oferecido a esse cargo.Infelizmente, essa era uma das muitas coisas que sua mãe nunca saberia ou entenderia

sobre a menina.Katie tinha gastado muitos anos tentando explicar a desconexão emocional que ela tinha

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com seus pais. Ela atribuía esse afastamento ao fato de ela um bebê surpresa queapareceu quando seus pais já estavam nos quarenta. Seus dois irmãos mais velhos eramadolescentes-problema, e então a tumultuosa bebê Katie foi adicionada à mistura. Elacrescera por si só em muitas áreas.Essa análise racional não tornava mais fácil aceitar o fato de que seus pais jamais

saberiam o quão duro Katie trabalhara para chegar até onde ela chegou na faculdade. Seela chegasse a se formar, ela seria a primeira pessoa de toda sua família, até onde elasabia, a se formar em uma faculdade. Essa realização por si só já era uma razão pra elacontinuar caminhando.Katie sabia, entretanto, que seus amigos, mais que sua família, celebrariam com elaverdadeiramente no dia de sua formatura. Cris, Ted, Douglas, Trícia, e especialmenteRick eram os que compreendiam a tamanha realização que seria pra ela o seu diplomasuperior.Isto é, uma vez que ela decidisse qual carreira seguiria.

Um problema de cada vez. Eu já fiz a ligação pra minha mãe. Eu estou na semana de

provas finais, e agora, eu devo me concentrar na reunião de AR.Ela caminhou em direção à reunião com o queixo levantado e foi recebida por umgrande número de boas-vindas vindo do grupo de outras sete ARs do Crown Hall.Nicole cumprimentou Katie com um grande sorriso, abraçou-a e disse, “Eles não mecontaram quem seria minha nova companheira AR. Então você entrou pela porta, e eufiquei muito feliz! Eu estou muito contente por ser você!”Nicole era uma pessoa que Katie tinha julgado mal à primeira vista. A aparência deNicole e seu cabelo preto que parecia sempre arrumado. Sua pele lisa, lindos olhosredondinhos, e seu grande sorriso a colocavam num cenário na categoria de princesa namente de Katie. Contudo, uma vez que Katie conheceu Nicole, ela descobriu que ela era

uma rélis-mortal, de bom coração e ocasionalmente hilária. Katie confiou que elas sedariam bem.Na animação da calorosa recepção de Nicole, Katie entrou na reunião e se sentiu emcasa com suas novas companheiras. Elas gastaram algum tempo conversando e tendouma noção de quais seriam suas responsabilidades nesse outono.Posteriormente Julia convidou as meninas para irem ao seu apartamento, mas Katie eraa única que não tinha nenhum plano para aquela noite. No princípio ela se sentiu umpouco sem graça em aceitar o convite de Julia, mas no final ela ficou feliz por teraceitado.O apartamento de Julia ficava no final do corredor no terceiro andar, do lado oposto aoescritório dos DR’s.

“O apartamento de Craig e sua esposa faz ligação com o escritório. Eu prefiro que omeu seja aqui embaixo.” Julia falou enquanto abria a porta. “Normalmente quandoalguém vem ao meu apartamento é para uma ‘social’. Quando eles vão ao escritório émais para resolver problemas. Você gosta de chá, Katie?”

“Sim, eu amo chá, e uau, onde você conseguiu todas essas coisas?”Com um gesto com as mãos mostrando toda sua coleção de arte espalhada pela sala deestar, Julia disse: “Por aí.”“Por aí onde? Pelo mundo?”“Sim, mais ou menos.”“Por onde você esteve?”

“Eu estive em alguns cantos da criação. Eu gostaria de visitar mais alguns um dia.” Juliase direcionou à sua pequena cozinha e colocou um pouco de água na chaleira e ligou na

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tomada. Katie começou com a primeira parede na sala de estar e examinou a foto deuma praia rodeada por uma calma enseada. Coloridos barcos pesqueiros se alinhavamna areia, e sombrinhas feitas com pedaços de folhas balançavam com a brisa da tarde.“Onde é esse canto da criação?”“Isso é Playa de lãs Canteras.”

“Onde fica isso?”“Las Palmas nas Ilhas Canárias.”“E onde fica isso?” Katie sorriu à sua anfitriã. “Eu odeio mostrar minha ausência dehabilidades geográficas, mas...”“Tudo bem. Eu não posso dizer que sabia onde as Ilhas Canárias ficavam até ir até lá.Elas são uma província da Espanha, e está à cerca de cinqüenta quilômetros da costa daÁfrica Oeste.”“Eu jamais adivinharia. E essa foto? É você?” Katie apontou para uma moldura no fimda parede. Era uma paisagem do deserto com uma barraca bem colorida no fundo, euma mulher em primeiro plano com óculos escuros montada num camelo.“Sim, sou eu.”

“No Deserto do Saara?”“Não. Eles têm camelos nas Ilhas Canárias. Esse foi um dia muito divertido.”Katie tinha visto partes da Europa no último verão quando, Ted, Cris e ela viajaram

 juntos, mas elas jamais poderia imaginar um lugar no mundo onde você pudessecaminhar por uma linda praia e montar camelos numa paisagem desértica, tudo namesma ilha.“A fama das Ilhas Canárias vem do fato de que Cristóvão Colombo saiu de lá na suaviagem rumo ao descobrimento do Novo Mundo.” Julia disse apontando para a grandefigura dos barcos pesqueiros e da enseada. “Algumas coisas na ilha permanecemsemelhantes à como elas eram quando ele estava lá equipando seus navios para a

 jornada.”

“Okay,” Katie falou. “Eu estou oficialmente impressionada. Então, onde mais vocêesteve?”“Eu morei na Áustria por um tempo. Depois Nova Zelândia e BRASIL.”“Que legal! Muito legal! Eu acho que estou com inveja da sua vida. Eu tenho umaamiga que está indo para o Brasil.”“Você está falando sobre a Selena?” Julia perguntou.“Isso mesmo. Selena morava nesse dormitório. Claro que você conhece a Selena.”“Ela vai ficar com alguns dos meus amigos enquanto estiver no Brasil.”A chaleira apitou. “Eu suponho que chá de ervas seja seu favorito,” Julia disse. “Amenos que você ainda esteja se recuperando do seu experimento com ervas.”

Katie sorriu. “Eu estava esperando que você tivesse esquecido essa pequena informaçãono nosso primeiro encontro.”“Você gosta de mel ou açúcar no seu chá?”“Nenhum dos dois. Eu sou ‘purista’.”Julia deu à Katie uma caneca chinesa que era decorada com flores roxas e amarelas. “Eucomprei esse copo no aeroporto de Londres.”“Heathrow?” Katie perguntou. “Eles têm ótimas lojas lá, não têm? Eu queria ter tidomais dinheiro quando estive lá pra comprar algumas lembrancinhas.”Julia acendeu uma vela no centro de um tronco de árvore que servia de mesa para café.“Eu amo ter conversar à luz de velas. Se o cheiro for forte demais pra você, me fale.”Katie bebeu um gole do chá. “Isso é bom.”

O ar em volta delas estava “entrelaçado” por uma calma fragrância de baunilha eamêndoa. Julia se sentou no canto de sua poltrona do amor, deixando uma aconchegante

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cadeira para Katie. Era o tipo de cadeira que praticamente acenava da sala para as almascansadas e se transformava num mundo“Conte-me sobre quando você esteve em Londres,” Julia falou.Pelas duas horas seguintes Katie e Julia compartilharam experiências de viagem e atédescobriram que as duas estiveram no mesmo albergue jovem em Amsterdã em épocas

diferentes e conheceram algumas pessoas em comum.Bem depois de o chá ter acabado e a chama da vela ter diminuído, Katie perguntou, “Ecomo você acabou aqui?”

“Eu amo essa escola. Eu amo esse campus e essa comunidade. Eu me formei aqui há 15anos. Depois de muitos ministérios pelo mundo, eu acabei voltando para a Rancho emum período de sofrimento. Eu vim para o campus para gastar tempo orando na capela. Aprimeira pessoa que vi foi Craig. Ele me conhecia de muito tempo atrás e me contousobre a vaga. No momento que ele me contou, eu sabia que era essa a próxima coisa afazer.” Julia sorriu. “Essa é minha paixão. Isso me faz feliz.”Katie se lembrou da conversa que tiveram no domingo à noite e disse, “Caso você me

pergunte qual é a minha paixão, eu devo te dizer que com as provas finais e tudo mais eeu ainda não tive tempo de descobrir.”“Eu já sei qual é sua paixão. Você me contou no começo da semana.”“Contei? Quando?”“No nosso encontro com Craig na segunda. Você disse que amava pessoas.”Katie não tinha considerado “pessoas” como sua paixão, mas ela não discordava deJulia.“Agora eu tenho uma pergunta pra você,” Katie falou. “Qual foi seu ‘diploma’ quandovocê esteve na Rancho?”Julia sorriu. “Em qual semestre?”“Você também?” Katie perguntou. Se ela ainda não tinha sentido afinidade com Julia, o

fato de Julia mudar seu diploma mais de uma vez uniu Katie à sua sardenta diretora dosresidentes para sempre.“É. Eu mudei três vezes antes de terminar me formando em Sociologia.” Julia esticousuas pernas e descansou seus pés na mesa do café. “Em um momento da minha vida, eusoube que eu gostava de seres humanos, e eu queria fazer algo que me mantivesseinteragindo com as pessoas.”“Sociologia,” Katie repetiu. Naquele momento isso soou pra ela como o título de umacanção de amor. Uma canção que ela manteve murmurando por um longo tempo, masnunca soube a letra.

Poderia ser assim tão simples? Você me manda aqui pra ter essa conversa com Julia, e

eu decido minha carreira assim, desse jeito?

“Você acha que eu seria uma ‘imitona’ se eu decidisse por Sociologia?” Katieperguntou.“Você sente que é isso?”

“Pode ser. Eu estou interessada em dar uma ‘conferida’. Eu sei que posso fazer isso pelainternet. Não vai ser muito difícil saber quais matérias eu posso transferir. Eu vou olharisso hoje à noite.”“Você encontra com seu conselheiro em breve?”“Na próxima semana.”

“Conte-me como foi.”“Conto sim. Obrigada. Eu deveria ir andando. Obrigada pelo chá, pela conversa e por

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tudo. Você é uma grande encorajadora.”“Mande-me um e-mail ou me ligue depois que você falar com seu conselheiro, ok? Eunão estarei aqui praticamente o verão inteiro, mas eu estarei de volta na última semanade julho. Eu adoraria gastar mais tempo com você antes da semana de treinamento dosARs.”

“Sim, eu adoraria isso também.” Katie parou diante da porta antes de sair. Ao lado daporta estava uma bela placa emoldurada pendurada na altura dos olhos. As palavras nãofaziam nenhum sentido pra ela.

He aha te meã nui?He tangata! He tangata! He tangata!

“Que língua é essa?” ela perguntou.“Maori. Eu comprei isso na Nova Zelândia. É um antigo enigma do povo indígena. Aprimeira linha é uma pergunta, ‘Qual é coisa mais importante? ’ A segunda linha é aresposta. ‘São pessoas! São pessoas! São pessoas! ’”

“Que legal. Eu amei isso. Eu não poderia concordar mais.”Katie deixou o apartamento de Julia flutuando. “Agora é esse o tipo de mulher que euquero me tornar,” ela disse a si mesma.A única hesitação que assombrava sua declaração era o fato de Julia ser solteira. Katienão sabia se Julia já havia sido casada, ou se ela ainda não tinha tido tempo de procurarou ser procurada romanticamente enquanto andava pela criação. Por muitos anos o focosecreto de Katie estava em encontrar um rapaz para amar e para amá-la pelo que ela era.Ela ainda não contemplara o fato de que podia investir as primeiras décadas de sua

 jovem vida adulta em outras coisas. Julia tinha dado a Katie muito o que pensar.

No domingo à noite Katie e Rick foram ao seu favorito restaurante Mexicano para

 jantar. Katie não parava de falar de Julia e da conversa delas no apartamento de Julia.Rick ouviu durante todo o caminho e se manteve ouvindo até depois que se sentaram.Quando os chás gelados deles chegaram, Rick interrompeu Katie e disse que queriaoferecer um brinde. “Esse é à você, Katie.” Ele levantou seu copo de chá e sorriu praela. “Esse é ao fim das suas provas finais, por completar o primeiro ano, e pelo começoda...”“Se você disser escola de verão, eu vou ter que jogar esse chá gelado na sua cara,” Katieprovocou.“Eu ia dizer, pelo começo das FÉRIAS de verão, e ao novo emprego no outono queprovê a você quarto, alimentação e uma nova amiga.”Os copos de plástico vermelhos fizeram um grande tim-tim assim que bateram um no

outro.Uma coisa que Katie descobrira estando rodeada por Rick e sua família pelos últimos 6meses foi que eles eram ótimos com comemorações. Sair pra comer normalmente incluaum momento onde eles paravam pra oferecer um brinde por algo que eles eram gratos.Katie gostou da tradição, e pra constar, ela queria continuar o feitio na sua vida.“Oh, e eu tenho outra novidade pra comemorar,” ela adicionou. “Meu dilema de carreiraestá resolvido.”“Você encontrou com seu conselheiro na sexta?” Rick perguntou. “Você disse notrabalho que iria tentar marcar uma entrevista.”“Não, eu vou encontrá-lo na terça. Mas eu decidi trocar para sociologia. Eu chequeitodas as informações e isso faz muito sentido. E a boa parte é que a maioria das minhas

matérias serão aproveitadas.”“Katie,” Rick falou levantando seu copo novamente para celebrar a decisão dela. “Essas

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são ótimas novidades.”“Eu sei. Eu tenho uma carreira, Rick, não um dilema de carreira. Apenas uma carreira.Você faz idéia do quão grande é esse alívio?”“Eu sei que isso te deixou pra baixo por muito tempo.”“Deixou mesmo.”

“Isso é realmente uma boa notícia, Katie.”“Eu sei. E eu vou te contar uma outra novidade. Assim como uma FY.I (não sei o que éisso!), eu vou pedir um burrito chimichanga, Katie falou. “O tamanho gordinho.”Rick sorriu e olhou pro seu cardápio balançando a cabeça.“Que foi? Você está sorrindo assim porque é isso que você também ia pedir também?Ou você está sorrindo porque acha que não sou capaz de comer tudo isso?”“Eu estou sorrindo porque eu vou te deixar sozinha na sua tentativa. Eu não vou nemtentar competir com você nessa.”“Você acha que eu não consigo comer isso tudo?”“Oh, não tenho dúvida alguma que você vai conseguir comer tudo isso. Mas eu sei que

vou ouvir você falar disso nos próximos dois dias. Você vai dizer: ‘Rick, eu nãoacredito que você não me parou! ’ Então, pra constar, eu estou te falando agora: Pare.Aqui. Agora peça o que você quiser. Esse é nosso jantar de comemoração.”Katie pediu o tamanho gordinho do burrito chimichanga. E ela comeu tudo.Então ela e Rick levaram Max pra dar um passeio em volta do complexo deapartamentos de Rick. Eles praticamente tiveram que empurrar o enorme e velhocachorro pela coleira. Max definitivamente não estava interessado em aprender novasbrincadeiras.Katie teria optado por fazer algo mais divertido posteriormente, como ir ao boliche ouao cinema, mas ela desistiu. Sim, ela sabia a verdade: o burrito foi o que a parou.Entretanto, sua desculpa para Rick fora que ela estava no fim de suas energias depois de

uma semana lidando com provas finais. Ela disse a Rick que tudo que ela queria fazerera cair na cama e tentar dormir, então Rick a levou de volta para o vazio dormitório.“A que horas suas aulas da escola de verão começam amanhã?”Katie “gemeu”. “Nós temos mesmo que falar sobre escola de verão? Eu não posso pelomenos adormecer tudo que resta do último semestre?”“Você não quer dizer o que resta do seu burrito?”Katie ignorou o comentário de Rick.

“Me ligue amanhã quando você levantar,” ele disse. Então com um sorriso eleadicionou, “Isto é, se você sentir que pode alcançar o telefone até lá.”Katie estava apagada demais pra até mesmo dar a ele um sorriso irônico. Tudo que elaqueria era sua cama. E talvez alguns comprimidos antiácidos.

Capítulo 9

Enquanto Katie atravessava o campus rumo á sua aula de apreciação à arte as onze namanhã de segunda-feira, ela ainda se sentia cheia por causa do burrito.

Nota a si mesma: Uma comemoração só é realmente uma comemoração quando vocêcontinua feliz na manhã seguinte.

O telefone de Katie apitou, avisando que ela tinha perdido uma chamada. Ela checou e

viu que tinha perdido três chamadas. Duas de Rick naquela manhã, mas ele não tinhadeixado nenhuma mensagem.

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 É sempre assim. Ele iria perguntar como eu estava me sentindo, e teria sido impossívelmentir sobre meu estado de “satisfação.”

Katie então ouviu à mensagem deixada pela terceira pessoa e prestou bastante atenção.

Era Cris. Ela e Ted estavam de volta da lua-de-mel.Katie esperou até o fim da aula e voltou para seu quarto para ligar pra Cris.“Alô? É a Senhora Spencer?” Katie brincou.“De fato é,” Disse Cris. “Como você está?”“Melhor.”“Você estava doente?”“Não, na verdade não. Mas eu fiz um voto de nunca mais comer um burrito que seja dotamanho de um pequeno furão.”“Oh! Você foi á Casa de Pedro sem mim!”“Rick me levou lá ontem. Ei, você vai estar em casa pela próxima uma hora? Eu poderiadar uma passada aí quando for pro trabalho.”

“Claro, venha. Só estarei eu aqui. Ted não está em casa. Eu estou tentando organizarnossos presentes de casamento. Nós abrimos todos eles na noite passada, e eu mal possoesperar pela confusão de caixas.”“Eu vou levar um facão pra ajudar a abrir caminho.”“Apenas traga sacos de lixo extra se você tiver alguns. Nós temos uma explosão depapel de presentes. Oh, e eu comprei uma coisinha pra você do Hawaii.”“Você não tinha que ter comprado nada pra mim! Você estava na sua lua-de-mel, vocêsabe.”Cris riu com doçura, “Sim, eu sei. Mas você não viu o que compramos então você nãotem que me agradecer ainda.”“Eu espero que não seja uma daquelas saias de capim com um top feito de coco.”

Cris ficou calada do outro lado. Katie pulou da cama e caminhou pelo quarto, “dandoré” no seu comentário o mais rápido que pôde. “Porque, você sabe, se é uma dessassaias de hula-hula , eu sempre quis uma, mas eu tenho certeza que eles a têm aqui noCeleiro da Barganha, e eu acho que o preço seria muito melhor no Celeiro da Barganhaque no Hawaii. E além do mais, uma vez que sempre foi meu sonho ter um dessesapetrechos de hula-hula, bem, eu não sei se te contei, mas eu estava pensando emesperar e comprar um quando eu mesma fosse ao Hawaii. Um dia. Dessa forma eupoderia comprar o conjunto todo, sabe? Colar de flores de seda e o hibisco pra pôr atrásda orelha e...”“Katie, você pode parar agora.”

“Obrigada. Eu já estava ficando sem fôlego.” Katie vistoriou seu armário em busca deum par de sapatos mais confortáveis para o trabalho.“Eu tenho que te contar a história sobre porque nós compramos a saia de hula-hula.”

“Vá em frente. Eu vou te colocar no viva-voz pra que eu possa me arrumar para otrabalho.”“Ted e eu as vimos em Lahaina numa loja, e eu disse, ‘Sabe quem precisa de umadessas? ’ E Ted disse, ‘Katie,’ e então nós a compramos porque ambos pensamos emvocê imediatamente. Nós pensamos que seria útil no próximo ano para todos os seuseventos loucos de AR.”Katie parou com apenas um sapato e congelou no seu lugar. “Como você soube sobre o

cargo de AR?”“Douglas contou ao Ted.”

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“E como Douglas soube?”“Pelo Rick, eu acho.”“Isso me mata.” Katie pegou seu pé para calçar no outro sapato sem amarrá-locompletamente. “Eu queria que isso fosse uma grande surpresa quando eu te contasse.”“Assim como eu achei que a saia de hula -hula seria uma grande surpresa pra você.”

“Ah, bem.”“Sim, ah, bem. Katie, eu acho que nossas vidas estão simplesmente muito bem ligadaspara deixarmos espaço para muitas surpresas.”

“E esperamos que continue sempre assim. Eu senti muito a sua falta, Cris. Você temque saber que foi um grande desafio pra mim tomar a decisão do cargo de AR sem tervocê aqui pra discutir cada ângulo e opção.”“Você poderia ter me ligado, você sabe.”“Você estava na sua lua-de-mel, lembra?”“Sim, eu lembro.” Cris riu de novo com a mesma doçura. “Oh, Katie, foi tudo tão...”“Espera!” Katie a interrompeu e pegou o celular. Tirando-o do viva-voz, ela disse. “Eu

acho que a direção que está conversa está tomando é importante demais para que adeixemos no telefone. Vejo você em alguns minutos.”Katie deu uma olhada no relógio em cima da mesa. Se ela saísse agora, ela teria cercade quarenta minutos com Cris até a hora de ir para trabalho.Apertando o passo, Katie correu para o Baby Hummer. A primeira coisa que ela viu foium pedaço de papel amarelo debaixo de seu limpador de pára-brisa.“Não” Nem me fale!”Ela pulou do carro e pegou o papel.“Não!” ela gritou ao ar. “Fala sério, gente! É só o primeiro dia da escola de verão. Dê-me uma chance de ao menos conseguir meus serviços do estudante e comprar meuestúpido ticket do estacionamento antes que vocês me multem com $25!”Continuando seu discurso, ela deu partida no Baby Hummer e deu ao acelerador um

extra “vrum”. Bem à frente da estreita rua do campus ela avistou um segurança em umdos carrinhos de golfe da universidade.“Não tão rápido, colega.” Katie apertou a buzina, e o garoto encostou o carro. Ele puloudo carro de golfe como se estivesse pronto para reagir a uma emergência. Ele avistouKatie saindo do Baby Hummer furiosa, e sua expressão aliviou.Era o Cara do Cavanhaque da festa de casamento. Ele claramente reconheceu Katie eaparentou estar feliz em vê-la.Para Katie, o sentimento não era recíproco.Balançando o papelzinho amarelo no ar, ela disse, “Um pouco de misericórdia aqui, sevocê não se importa. É apenas o primeiro dia de aula.”“Essa Coisa é sua?” Ele continuava a sorrir.

“Sim, esse é o meu clássico vintage, uma Coisa Volkswagen 1978, e sim, ela é umagracinha. Agora, essa multa. Você não acha que isso é um pouco precoce? O dia malestá na metade. Se hoje é o prazo final, o que eu acho que não seja, então eu ainda tenhometade do dia pra renovar meu ticket de estacionamento.”“O prazo era até hoje meio-dia. Mas claro, vá em frente. Cancele a multa no Serviço aosEstudantes.”“O vigor de Katie despencou. “Ok. Então você está dizendo que eles vão cancelarminha multa se eu for até lá agora?”“Não posso afirmar com certeza, mas você pode tentar.”“Que tal se eu pagar pelo meu ticket amanhã de manhã? A primeira coisa. Assim que

eles abrirem o escritório. Eu estarei lá com o dinheiro na minha mãozinha quente.”O Cara do cavanhaque inclinou sua cabeça e ouvia como se tudo que Katie falasse fosse

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importante. “Você pode tentar pagar amanhã se quiser, mas seria melhor fazer isso hoje.Eu fui instruído a multar todos os veículos dos alunos não registrados depois do meiodia.”“Deixa eu adivinhar.” Katie bateu seus dois punhos nos quadris e deu a ele uma piscadaexasperada. “Hoje é seu primeiro dia de trabalho.”

A desconfiada expressão no rosto dele deu a resposta.“Vamos lá, só mais um dia. É tudo que estou pedindo.”Ele pareceu não se comover. “Não sou eu quem toma essas decisões.”Katie bufou. Ela queria fazer uma espécie de barulho “melindroso”, mas um “bufado”desagradável foi o que acabou saindo.“Legal,” ela declarou, tentando resgatar alguma dignidade. “Esse é seu trabalho, certo?E você tem que fazer seu trabalho não importa qual seja o ranking no Sr. CompetiçãoCongenialidade, certo?”“O Sr. o quê?”“Sr. Congenialidade,’ ela repetiu à medida que um motorista atrás de Baby Hummerbuzinava. Katie se virou para ver que ela tinha deixado a porta aberta, tornando

impossível para o veículo passar por ela.“Isso quer dizer... ah, deixa pra lá.” Katie pulou no carro e dirigiu rumo ao escritório deServiço aos Estudantes. Ela olhou no seu retrovisor mais uma vez e viu que o Cara docavanhaque continuava encarando-a, assistindo-a ir embora.“Tire uma foto. Isso ta durando muito, colega.”Katie apertou o número dois do seu celular, discagem rápida para Cris. A reunião delasteria que esperar até depois do trabalho. Ela não estava feliz por causa disso. Tambémnão estava feliz com relação à ida ao Serviço dos Estudantes.Subindo rapidamente a montanha deixando o campus meia hora mais tarde Katiepensou, Eu sou uma grande fraude! Aqui eu faço todas aquelas nobres declarações sobre

como eu amo as pessoas, quero trabalhar com pessoas, e estudar como resolverproblemas na humanidade, e então eu faço aquela cena com um cara que eu nemconheço. Qual é meu problema?Então, porque ela não tinha uma resposta para sua pergunta, Katie colocou uma músicano rádio do carro e estacionou na sua vaga no Ninho da Pomba quinze minutos atrasada.Ela entrou pela porta dos fundos. Rick a olhou com se fosse dizer alguma coisa. Aexpressão dele não era boa.Antes que ele pudesse falar, Katie começou a falar. “Eu sei, eu sei, não diga nada. Eutenho uma razão legítima para estar atrasada. Muitas razões legítimas, na verdade,começando com uma multa de estacionamento que ainda me faz querer gritar.”Rick olhou surpreso. Ele parou antes de dizer, “Eu tenho certeza que todas as suas

razões são legítimas, Katie. Elas sempre são.”“Sempre?” ela ecoou. Sua impaciente rispidez “subiu”. Ela estava pronta pra começaruma briga bem ali, agora. “Sempre, Rick? Você disse sempre?”A mandíbula de Rick se prendeu. “Katie...” ele olhou sobre a cabeça dela. Ela estavaatenta ao fato de que algum outro empregado tinha vindo e ouvia o que eles estavamconversando. Ela sabia o quão inflexível Rick era sobre manter as conversas no trabalholimitadas a assuntos de negócio e guardar todas as discussões pessoais pra mais tarde.

Naquele momento Katie poderia parar de culpar o burrito por sua irritação. Ela nemprecisava checar o calendário para ver o porquê de suas emoções estarem tão à flor dapele.

Consciente de que esse outro empregado ainda estava atrás deles esperando pela atençãode Rick, Katie “deu ré” mais uma vez naquele dia. Sem chance de que ela iria gastar

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todo seu expediente com uma tensão mal resolvida com Rick.“Ei, apague esse comentários, ok? Eu estou um pouquinho impaciente hoje. Ta bom,não é só um pouquinho. Bastante. Eu estou muito impaciente. Eu não devia ter faladoassim.”Impulsivamente ela colocou seus braços em volta do tronco de Rick, pressionou sua

bochecha no peito dele e deu-lhe um abraço. “Desculpa.”O olhar de desprezo, espanto e nada feliz de Rick contou à Katie que ela tinha feito mapéssima escolha. De novo. Katie não entendia porque um pequeno abraço poderia seralgo tão importante. Todo mundo que trabalhava lá sabia que eles eram praticamenteum casal. Por que ela não poderia lhe dar um abraço rápido? Suas ações chocariamCarlos? Certamente não.Rick olhou por cima da cabeça de Katie novamente para o empregado que esperava.“Você precisava de alguma coisa?”Katie se virou para ver não Carlos, mas Carley. Carley vestindo um avental do Ninho daPomba.“Desculpem-me por atrapalhar vocês.” A voz doce de Carley voou até eles como uma

libélula. “Carlos queria que eu te falasse, Rick, que as formigas estão na pianovamente.”Rick se ergueu. Ele passou por Katie e Carley, com um olhar de quem está pronto praderrubar um muro.Katie encarou a nova funcionária. “E então Carley, quando você começou a trabalharaqui?”“Hoje. O Rick foi muito legal comigo quando eu vim aqui e me candidatei na semanapassada. Isso é tão perfeito. Se eu não conseguisse esse emprego eu teria que voltar proTexas no verão, e eu realmente não queria que isso acontecesse. Rick é o melhor, nãoé?”“Sim, eu sempre achei isso.”

“Sempre,” Carley repetiu com um sorriso calculado. “Você disse ‘sempre’ de novo.Essa é a sua palavra hoje.” Ela se virou e saiu.Agora Katie queria socar alguma coisa. Ela se refugiou no banheiro e tentou o truque dopapel-higiênico frio atrás do pescoço. Isso a acalmou um pouco. Voltando à suaobrigação, ela vestiu um limpo avental e gastou o resto do seu expediente tentandomanter a boca fechada. Mais importante, ela tentou ainda mais manter sua mente“calada”. Ela não precisa dar nenhum espaço aos sentimentos dolorosos que a apariçãode Carley tinha acendido. O que ela precisava fazer era se acalmar.Ela tinha “apelado” com a escolha de Rick pela palavra “sempre” por causa de umagrande discussão que eles tiveram meses atrás. Katie provocou a briga. Das grandes.

Para sua surpresa, Rick estava pronto para o desafio. A explosão verbal dele encontrou adela.De muitas maneiras aquela discussão foi como “romper com as linhas inimigas”deles. Eles viram que ambos podiam chegar ao ponto mais baixo, ofender um ao outro,e ainda assim voltar atrás e querer que o relacionamento deles continuasse.Katie nem lembrava mais o porquê daquela discussão. Mas ela lembrava queposteriormente a ela, eles tinham concordado em não lançar hipóteses um no outro oucolocar palavras como “sempre” ou “nunca” no meio de suas discordâncias. O fato deCarley ter jogado aquela palavra de volta pra Katie era demais pra engolir.Rick tem que ter admitido Carley por uma boa razão. Katie precisava confiar nele eacreditar que sua lógica era racional e sólida.

Esse é o real problema, não é? Você se mantém esperando por uma boa razão para nãoconfiar em Rick e em suas decisões. Katie expeliu aquele pensamento o mais rápido que

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pôde.Seus pensamentos, assim como suas emoções, estavam muito confusos.Enquanto a tarde continuava, Rick estava ocupado demais lidando com o problema dasformigas para prestar atenção em Katie enquanto ela e Carlos preparavam sanduíches,pizzas e um monte de kits de salada-e-sanduíche.

Ela assistia Rick pelos fundos do cômodo e decidiu raiva não era bem o olhar dele. Elanão conseguia lembrar-se de ter visto seu rosto tão “firme”. Suas escuras sobrancelhaspareciam estar inclinadas permanentemente para dentro como se estivessem prontaspara escorregar, e iam em direção a uma colisão com a ponta de seu nariz. A pior parteera que ele não iria estabelecer contato visual com ninguém.

Pelo menos não sou só eu. Eu não sou a única a quem ele está excluindo.

Rick tinha um monte de razões relacionadas ao trabalho para se estressar. Mas Katieestar atrasada e agir rispidamente com ele não deveriam ser suficientes para mandá-lo a

um lugar tão longe quanto Grumpsville.Se ele está escolhendo ficar bravo assim a noite toda só porque eu estava atrasada e oabracei quando eu não deveria ter abraçado, então talvez eu e ele tenhamos algunsoutros problemas que precisamos resolver.

Deu nove da noite, e horário de Katie terminou. Ao invés de ir embora, ela fez umahorinha, esperando por uma chance de falar com Rick. Ele estava no telefone, elapoderia dizer que ele estava falando com seu irmão ou pai.Rick disse, “Espere um segundo.” Largando o telefone, e olhou para Katie e disse comsua insensível voz de gerente, “Você precisa de alguma coisa?”“Sim, eu acho que nós devemos conversar.”

“Ta bom, eu ti ligo mais tarde.”Ela concordou mas não adicionou palavra alguma ao final dessa conversa. O que eladecidiu ser uma boa coisa. Sua boca não estava confiável hoje. Melhor deixar esse diacomo estava sem mais novos defeitos.Depois de caminhar rumo ao Baby Hummer, Katie manteve sua janela aberta paraliberar suas confusas emoções enquanto dirigia para o apartamento de Cris e Ted. Ela eRick tinham uma longa história de novos começos. Amanhã poderia ser mais um dessespra eles. Uma “manhã de misericórdia” ela as tinha nomeado poucos meses atrás.

Sua teoria era que se Deus poderia misericordiosamente começar de novo conosco todasas manhãs, por que nós não poderíamos começar de novo com os outros ou conosco

mesmos também?Notavelmente calma assim que ela chegou ao complexo de apartamentos, Katiecertificou-se de que tinha estacionado na seção dos visitantes atrás dos apartamentos afim de não convidar outra multa no fim daquele longo dia.O apartamento de Rick ficava no mesmo complexo, mas ela sabia que não estaria emcasa antes das dez. Talvez eles pudessem conversar ao invés de esperar até amanhã.Katie odiava esperar. Eles poderiam “liberar” tudo hoje à noite, e os pedaços voltariamao lugar. O relacionamento e a comunicação deles voltariam aos trilhos.Descendo a calçada de cimento que passava pelo apartamento de Rick, Katie pensou emcomo ela e Rick tinha caminhando naquela trilha no dia anterior, com Max atrás deles.O tempo que tiveram juntos no domingo foi ótimo. Por que hoje foi tão terrível?

Apesar de todos os seus pensamentos positivos sobre “misericórdia” e “recomeço”,Katie sentiu a impaciência voltando enquanto estava parada na porta de Cris e respirou

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fundo. Ela falou para todos os seus sentimentos agitados para se acalmarem enquantotocava a campainha.Ninguém respondeu.Ela tocou a campainha novamente. Quando parecia que apareceria ninguém, Katie ficouali, mordendo seu lábio inferior, se perguntando se deveria ligar ou ir embora. Ela olhou

pra baixo e notou que as margaridas que ela e Cris tinham colocado lá há duas semanascontinuavam vivas apesar de ninguém ter estado em casa para regar as pequenassorridentes nos últimos oito dias.Katie fez sua última tentativa de entrar; dessa vez ela bateu na porta com o punho.

Capítulo 10

A voz de Cris respondeu do outro lado da porta fechada.“Quem é?”“É o grande lobo mau,” Katie brincou. “Abra a porta ou eu vou...”

A porta se abriu, e Cris disse, “Você me assustou.”“Eu tenho feito isso com todo mundo hoje. Desculpa.”“Não, é só porque eu não estou acostumada com esse apartamento ainda, e sua batidarealmente ecoou.”“Eu toquei a campainha algumas vezes.”“Essa é uma das muitas coisas que nós descobrimos que não funciona. Eu comecei afazer uma lista para o proprietário. Entre!”Katie entrou e deu um abraço de oi em Cris, mas seus olhos estavam mesmo era naabundância de caixas por todo o chão. “Você não estava brincando quando disse sobre aconfusão de presentes. Cara, eu acho que isso compensa ter uma grande cerimônia decasamento. Olhe pra todas essas coisas!”

A última vez que Katie esteve no apartamento, ela e Cris tinham tentado encontrar um jeito de fazer o espaço parecer mais acolhedor com as mais escassas das escassas coisasque Cris e Ted possuíam no mundo todo. Naquele momento tudo que Cris e Tedpossuíam era uma prateleira para livros, uma cama, e uma “poltrona” ultra estilosa queTed tinha feito. Ele fez essa arte com seu original banco da parte traseira de sua agoradefunta Kombi (gus) e sua amada prancha de surfe alaranjada, Naranja. Quando Teddeu a Cris essa “jóia” antes de eles se casarem, ela tinha tentando encontrar um lugarpara colocá-la no quarto do dormitório. Ela e Katie a chamavam de “Narankombi”(Narangus) por causa dos dois componentes da obra de arte. A cadeira era legal, mas eraimpossível achar um jeito confortável de sentar nela.Narankombi ainda estava na sua posição inicial encostada na parede da sala de estar,

mas agora ela estava cercada por abajures de chão (desses que têm um grande mastro ea lâmpada em cima) com as etiquetas de preço penduradas. Sentada na Narankombiestava um dos muitos presentes que continuavam em caixas.“Isso é uma sorveteira?” Katie perguntou.

“Sim, é. Nós ganhamos duas dessas. E quatro liquidificadores e dois fazedores dewaffle. Nós registramos, mas acho que o sistema caiu por um dia ou algo do tipo porqueminha mãe disse que as listas não foram atualizadas para mostrar às pessoas o que játinha sido comprado.”“Você pode facilmente trocar essas coisas, não pode?”Cris balançou a cabeça concordando. “Primeiro eu estou tentando fazer uma relação do

que nós temos e do que ainda precisamos.”“Parece que você estava falando sério sobre precisar de sacos de lixo para os papéis de

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presente.” Katie passou sobre uma pilha de papéis de presente dobrados que foram atéseus joelhos. “Ou você vai guardar esse para o papel de parede do seu quarto?”“Nós temos o suficiente para forrar o apartamento inteiro,” Cris disse. “Mas os papéisprecisam ‘ir’.”Cris procurou no meio de uma pilha de sacolas plásticas e deu uma delas à Katie. “Eu

iria embrulhar pra você com esse tanto de opções de papel de presente, mas você já sabeo que é.”Katie abriu a sacola e tirou a comemorativa saia de capim e o top de coco. O conjuntoveio até com um hibisco de plástico alaranjado. “Agora isto é um clássico.” Katie disse.“Acho que isso não poderia ser mais conveniente. Eu amei!”“Experimente.”“Agora?”“Você e eu somos as únicas pessoas aqui. Coloque por cima da sua roupa.”Katie se atrapalhou para desembolar os nós e ajustar o top de coco. “Por favor não mediga que alguém no Hawaii veste esse tipo de coisa.”“As dançarinas de hula vestem uma versão mais sofisticada nos luaus,” Cris falou.

“Com o top de coco e tudo mais?”Cris concordou. “Se você tem o mesmo “tamanho” dos cocos, isso fica mais recatadoque o top de um biquíni.”“Eu não acho que eu tenha o tamanho certo dos cocos,” Katie disse. “E esse comentárionão sai daqui, a propósito.”Cris riu.Katie se virou para revelar um grande “buraco” atrás onde a saia não fazia a voltacompleta em na sua cintura. “To sentindo uma pequena brisa aqui atrás. Isso é aquelascamisola de hospital havaiana ou algo do tipo?”

Cris pegou o embrulho. “Ah, não! Katie, eu sinto muito!”

“O quê?”“Este é o tamanho infantil. Eu me sinto uma idiota. Eu pensei que Ted tinha pegado otamanho adulto.”“Você deixou o Ted comprar isso sozinho?”“Eu estava na fila comprando mantimentos.”“Sim, isso explica bastante. Aqui vai minha sugestão. Não deixe o Ted comprarnenhuma roupa pra você daqui pra frente.”“Eu me sinto uma idiota!”“Eu não. Isso é hilário,” Katie disse. “Além do mais, a flor é definitivamente tamanhoúnico.” Ela pegou o hibisco de plástico e colocou atrás da orelha. Quando ela fez isso, oestame artificial caiu e fez um três giros no seu caminho para o chão.

Katie e Cris juntas olharam para aquilo que se parecia com uma lagarta de plástico. Elasse viraram uma para a outra e explodiram em gargalhadas.“É a intenção que conta,” Katie falou. “O fato de que você e Ted pensaram em mim éque torna esse presente especial.”“Você está sendo muito bondosa,” Disse Cris.“Sim, eu sou. E agora para demonstrar minha bondade, eu vou fazer uma performancepara você e só para você de uma dança muito especial, raramente vista em algum lugardesse lado das ilhas.” Katie balançou os quadris, bateu as mãos, e balançou a cabeçaenquanto e resmungava algumas seqüências de notas que pareciam não ficar muito bem

 juntas.Cris riu tanto que teve que se sentar.

Katie terminou se curvando até os pés e olhou para sua melhor amiga. Cris enxugou aslágrimas de tanto rir dos seus olhos.

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“Essa teve que ser a pior hula de todos os tempos,” Cris falou.“Você é má.”“Não, não sou. Eu estou sendo honesta. E aqui está. Eu realmente tentei, Katie. Eutentei encontrar algo divertido pra trazer pra você. Depois dessa demonstração, eu diriaque eu consegui.”

“Consegui. Conseguiu estupendamente. Obrigada. Ou eu digo ‘aloha’?”Katie tentou repetir mahalo, e Cris sorriu.“Se você está tentando dizer obrigada em havaiano, você diz ‘malaho’.” Cris soou comouma expert.

Katie tentou repetir mahalo, e Cris sorriu.Foi então que Katie notou o que Cris estava vestindo. Ela vestia shorts e uma dos“símbolos” de Ted: camiseta com capuz, azul marinho, com as mangas arregaçadas. Suapele carregava o brilho dourado de alguém que tinha gastado uma semana nos trópicos.Seu longo cabelo, cor de noz-moscada estava prezo com um grampo com as pontasfazendo seu próprio “estilo” numa feliz imitação da dança das folhas de uma palmeira

na brisa.Os cantos da boca de Katie se “enrolaram” num pensativo sorriso.“Que foi?”“Você está casada, Cris.”A brilhante pele de Cris ficou mais brilhante ainda. “Eu sei.”“Então, Senhora Spencer?”“Então?”“Então, conte-me tudo.”Cris vislumbrou. Seus olhos azul-esverdeados se encheram de doçura. “Estar casada émaravilhoso.”“E...”

Um acanhado e conhecido sorriso foi a única resposta que Katie recebeu. A mulhertinha alguns segredos, ela os estava mantendo seguros e mergulhados num cantinho doseu coração.Afundando-se num lugar vazio da Narankombi ao lado da sorveteira, Katie arrumou asaia de capim que ela ainda estava vestindo e encostou na poltrona. “Eu não estouperguntando pelos... você sabe... detalhes íntimos. Eu só quero saber, da sua boca demulher casada para os ouvidos virgens, como é do outro lado? Diga-me que a parte dapureza não é um engano. Eu preciso saber que o que eu estou guardando para meufuturo marido vale a espera.“Oh, a espera é válida sim, se vale. Definitivamente.” O brilho corado de Cris estavaagora animado com uma expressão com olhos arregalados maravilhados e satisfeitos.

“Isso vale muuuito a pena esperar, Katie. Confie-me em mim.”Katie nunca tinha visto sua amiga tão vibrante. Vibrante, porém tranqüila. Se arecompensa pela inocência tinha uma expressão, Katie estava olhando pra ela.“Você parece muito feliz, Cris.”“Eu estou delirantemente feliz.” Cris arredou a sorveteira e sentou-se do outro lado daNarankombi.

A expressão de Cris era suficiente para fazer Katie acreditar em suas próprias decisõesde abstinência novamente. Katie não era totalmente inexperiente quando o assunto eragarotos, mas ela mudara os passos que estava dando quando terminou com Michael nocolégio. Olhando para sua amiga agora, Katie sentiu toda sua esperança renovada de

que ela iria retornar um dia de sua lua-de-mel e estaria tão radiante quanto Cris.“Sabe todos aqueles milhares e milhares de beijos que você tem guardado, Katie? Bem,

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continue guardando esse beijos. Você vai ficar muito feliz por ter feito isso. Porque láestará você, do outro lado da espera, e você será uma mulher casada, livre para abrir obanco e... bem....” A expressão de Cris mudou. Ela agora tinha a aparência de umamulher que vestia o véu da confidência.“Bem?” Katie incitou. “Termine a frase.”

Cris pensou por um momento. “Sabe de uma coisa? Eu acho que vou deixar vocêterminar a frase por si só. Na sua lua-de-mel.”Elas ficaram em silêncio olhando uma para a outra, piscando, olhando fixamente e semdizer coisa alguma.Um risinho escapou de algum lugar bem dentro de Cris.“Que foi?”“Eu só estava pensando em algo que uma mulher em Lahaina me disse quando Ted e eucompramos nossa colcha. Venha cá, você tem que ver nossa nova colcha. É uma colchahavaiana feita à mão. Nós usamos parte do nosso dinheiro do casamento (que elesganharam de presente) para comprá-la. O desenho-tema é o fruto-pão (breadfruit).Katie seguiu Cris pela bagunça de presentes ainda em caixa no quarto. Sobre a cama

estava uma linda colcha em tons de turquesa, marrom e creme. A conexão entre folha ebulbo não faziam nenhum sentido para Katie, mas ela também não fazia a menor idéiado que era um fruto-pão.“Isso é o que a mulher me disse”. Cris procurou por um pedaço de papel em cima dacômoda e leu para Katie lentamente, ‘Nana no a ka ‘ulu paki kepau.’”“Fácil para você dizer isso,” Katie ironizou.Cris sorriu. “Significa ‘Procure pelo fruto-pão pastoso'.”Katie soltou uma gargalhada.

“Eu acho que entendi melhor em havaiano! Essa sábia vendedora de colchas de fruto-pão explicou o que ela queria dizer?”

“Sim, claro. Frutos-pão crescem em árvores no Hawaii do mesmo modo que pêssegoscrescem em árvores. Apenas o fruto-pão pode ficar tão grande quanto uma uva, ou tãogrande quanto uma bola de basquete. Os havaianos contam que podem dizer que ofruto-pão está maduro e pronto para ser colhido quando ele estiver ‘pastoso’."“Pastoso,” Katie repetiu. “Como um urso pastoso?” (gummy bear)Cris gargalhou. “É exatamente o que eu disse para a mulher na loja de colchas quandoela estava nos explicando. Ela disse que as anciãs havaianas diriam para as moças paraprocurar pelo homem que estiver ‘pastoso’, significando que ele está maduro e prontopra ser pego. Foi então que eu me virei para Ted e disse a ele que ele era meu ursopastoso, e que eu estava feliz por tê-lo pego.”Katie cobriu o rosto com as mãos.

“Eu sei,” Cris disse. “Foi isso que Ted fez também. Mas pense sobre isso, Katie. Éverdade. O amor amadurece. Ele realmente amadurece. E estando maduro, é comosabemos que é tempo de colhê-lo. Não antes de ele estar maduro.”“É isso que a mulher da loja te disse?”“Não, isso é só o que eu penso. A mulher na loja achava que nós éramos um belo casal eque estávamos cercados de aloha.”“E ela obviamente pensou que vocês eram lindos suficientes para comprar a colchadela.” Katie brincou. “E a essência do aloha era suficiente para levar pra casa oprovérbio secreto do fruto-pão pastoso.”Elas riram juntas e Cris perguntou: “Você quer beber algo?”“Claro.”

Katie não conseguia deixa de aplicar o “folclore” havaiano de Cris ao seus sentimentosinstáveis com relação a Rick. Se o que eles sentiam um pelo outro era amor, Katie sabia

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que ele ainda não estava maduro. Ainda que ela odiasse admitir isso, a melhor coisa queeles poderiam fazer era continuarem juntos como um casal de frutos-pão ainda nãopastosos em uma árvore.

Katie considerou a possibilidade de dizer essas coisas à Cris, mas sua amiga estava tãoflutuante que Katie resolveu deixar as angústias do seu relacionamento pra lá e apenasdesfrutar do frescor do amor jovem e maduro de Cris.“Nós temos suco e água mineral,” Cris disse enquanto elas caminhavam pelo labirintoda sala de estar rumo à pequena cozinha.“Tenho uma pergunta,” Katie disse. “Onde você vai colocar todos esses maravilhososnovos utensílios?”“Não sei. Nós não pensamos nisso quando nós registramos todas essas coisas. Quandovocê não tem nada, a oportunidade de receber muitas coisas novas é atraente. Entãoquando você tem todas essa coisas e não tem lugar para colocá-las, a atração diminui. Épor isso que estou fazendo uma lista de tudo e tentando decidir o que nós realmenteprecisamos. Agora, o que nós mais precisamos é o dinheiro do aluguel. Nossa próxima

dívida será em doze dias e nenhum de nós vai receber pagamento nas próximas duassemanas.”“Você está desfazendo minha impressão de como é linda a vida de casada.”Cris olhou para Katie por cima da porta aberta da geladeira. “Oh, ainda continua lindo.Só é caro. Você disse água ou suco de laranja?”“Eu quero S.L.” Então Katie percebeu que água era mais barato que suco de laranja, ena tentativa de ajudar a conservar os recursos dos amigos, “Não, eu quero água.”“Gelo?”“Não, assim está bom. Obrigada.”“Então, conte-me sobre o emprego de AR e como tudo aconteceu.”Elas se sentaram em duas cadeiras que ficavam em volta da mesa redonda da cozinha.

Katie ainda estava vestindo sua saia de hula e fez uma cômica tentativa de arrumar aparte aberta para o lado para que ela pudesse cruzar as pernas.“Você sabe que pode tirar a saia,” Disse Cris.“É muito mais engraçado continuar vestida assim.” Katie contou à Cris como Julia seaproximou dela no casamento logo depois que Ted e Cris se foram na limusine.“Espera.” Katie parou sua história no meio. Falando na limusine, antes que eu te contequalquer coisa, você tem que me contar sobre as cartas!”

Katie colocou a mão sobre a mesa e segurou o punho de Katie. “Oh, Katie, você salvouo dia. Você sabe disso, não sabe? Eu não conseguia acreditar no que os meninosfizeram. Você salvou minha lua-de-mel.”“Eu não acho que você deva ir tão longe.”“Não, sério, Katie. Eu já te disse obrigada? Eu acho que não. Muito, muito obrigada.Você é a melhor, Katie. De verdade.”“E você deu as cartas ao Ted naquela noite?”“Não, eu esperei até a próxima noite.” Ela sorriu.“E?”“Foi perfeito. O momento foi maravilhoso como eu sempre sonhei que seria. Nósfizemos o jantar no apartamento e o comemos à luz de velas lá fora na lanai.”“Lanai? É como uma varanda?” Katie perguntou.“Sim. O apartamento do Tio Bob fica no sexto andar então o lanai é como uma sacada efica de frente para o mar. Foi uma noite perfeita. E um lugar perfeito. Ted e eu sentamos

naquela mesma lanai na noite do meu aniversário de dezesseis anos. Naquela noite nósolhamos para as luzes da ilha vizinha de Molokai, e o Ted me disse que nosso futuro era

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como aquelas luzes. Nós não saberíamos o que estaria lá até que nós chegássemos pertoo suficiente para ver os detalhes. Então nós saberíamos o que fazer e qual caminhoseguir. Naquela noite, quando eu fiz dezesseis anos, ele disse que nós deveríamosapenas continuar nos movendo em direção ao que nós podíamos ver.”Cris suspirou alegremente. “Lá estávamos nós, cinco anos depois, sentados no mesmo

lanai, e eu estava assistindo meu verdadeiro amor ler minhas cartas pra ele à luz develas. Katie, foi perfeito. Perfeito em todos os sentidos. Ted chorou, e eu chorei, edurante todo esse momento as luzes sobre as águas de Molokai piscavam para nós, soba lua de Maui.”“Você está me matando! Que momento romântico, romântico, romântico.”“Eu sei. E Katie, se você não tivesse vindo correndo para a limusine com as cartas, nósteríamos perdido esse momento. Então, novamente, obrigada. Obrigada por ser essamaravilhosa melhor amiga!

Já que ela não tinha crescido recebendo muita afirmação, Katie ainda encontravadificuldades em ouvir um elogio e apenas recebê-lo. Sua resposta normal era fazer uma

piada ou ir contra ele.Incapaz de deixar o elogio vir a ela, Katie disse, “Bem, eu estou feliz que você se sintadessa forma porque eu vou precisar de uma referência para a minha nova petição deemprego.”“Você quer dizer o cargo de AR? Eu pensei que você já tinha o emprego.”“Esse é um trabalho diferente. É um trabalho a parte. Eu estou me candidatando para seruma salva-casamentos. Eu sou capaz de pular sobre grandes multidões para capturarbuquês acrobatas e perseguir limusines calçando apenas um sapato. Apenas superpoderes básicos. Você vai me recomendar, não vai?”“A qualquer hora.” Cris sorriu. “Eu não soube sobre o sapato perdido.”“Ah sim. O look de Cinderela correndo de uma festa para a romântica vida real.”

“Eu acho que você deveria ficar com o cargo de AR. Esse outro emprego iria requerermuita força sobre-humana. Conte-me mais sobre o que aconteceu. Você disse que faloucom Julia no casamento e então?”Katie contou os detalhes que a levaram a tomar a decisão de aceitar o cargo de AR einclui a parte que ligou para a mãe.“O que ela disse quando você a contou?” Cris perguntou.“Vejamos, ela disse que eu deveria ter me candidatado ao cargo de zeladora ao invés deAR. E que minha tia Mabel faleceu.”“Oh, Katie. Eu sinto muito por ouvir isso.”“Eu também, mas eu nem sabia que eu tinha uma tia Mabel. Minha mãe também nuncaa conheceu, se eu ligasse pra casa mais frequentemente, eu saberia mais detalhes sobre

Mabel e sobre a pia do banheiro.”“O que tem a pia do banheiro?”“Ela quebrou.”“Oh.”“Está tudo bem agora. Obrigada por perguntar. Além do mais, eu ser uma AR, bem, nãomexeu muito com o mundo dela.”Cris não precisava dizer nada. Sua expressão compreensiva era suficiente. Katie tinhatentado manter muitas das decepções de sua vida em casa longe de serem tópicos desuas conversas com Cris por todos esses anos.

Todavia, Katie sabia que Cris entendia alguns dos vazios do coração de Katie.

“E o Rick? O que ele disse sobre você ter aceitado o emprego?” Cris perguntou.“Ele aceitou bem. Ele tem sido compreensivo.”

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“Vocês continuam no lugar flutuante?”“Você quer perguntar se nosso relacionamento continua indefinido? Sim. Hoje foi umdia terrível pra nós dois, então me pergunte onde nós estaremos amanhã novamente.”“O que aconteceu no trabalho?”Nessa mesma hora a porta da frente do apartamento se abriu, e Ted entrou. Ele parecia

mais bronzeado que Cris, o que era esperado já que Katie tinha certeza que Ted tinhasurfado o máximo possível enquanto estiveram em Maui. Seu curto cabelo loiro tinhaficado mais claro com o brilho do sol tropical.Ted olhou para Cris com um sorriso de meia boca. Então ele notou Katie e inclinou suacabeça, pegando a fantasia de hula que ela ainda vestia sobre seu jeans e sua camisa.“Novidades, Grande Kahuna,” Katie disse. “Um tamanho não serve em todo mundo.”Ted deu a ela um gesto levantando o queixo e deixou o assunto de lado.“Ei, como o Rick está?”“Bem. Por quê?”Ted olhou pra ela mais atentamente. “Você o viu hoje?”“Claro. No trabalho. Por quê?”

“Ele te contou?”“Contou-me o quê?”Ted olhou para Cris. “Eu não tive tempo pra te contar ainda. Rick me ligou quando euestava no escritório da igreja essa tarde. Ele foi do trabalho pra casa para dar umaolhada em Max, e algo estava errado com ele.”“Com Max ou com Rick?” Katie perguntou.“Max. Ele não estava se mexendo, e estava tendo muita dificuldade de respirar. Rick meligou e me pediu pra ir até lá para ajudá-lo a colocar Max no carro.”“O que estava errado com ele?”Ted balançou os ombros. “Não sei. Nós o levamos ao veterinário, mas a essa hora já eraóbvio. Max não iria agüentar.”O maxilar de Katie se “soltou”.“O veterinário o ‘matou’?” Cris perguntou.

“Ele não precisou. Max morreu sozinho. Rick ficou muito triste. A família dele tem essecachorro há muito tempo. O veterinário disse que Max tinha mais ou menos noventaanos na idade dos cachorros. A mudança da casa de Escondido para a casa de Rick podeter sido demais pra ele.”“Que triste”, Cris disse. Se ela disse algo mais, Katie não ouviu. Ela já tinha pulado dacadeira e foi até onde ela deixara as chaves do carro. Rapidamente, ela saiu pela porta,deixando a saia de capim para trás.

Capítulo 11

Correndo pelo complexo de apartamentos, Katie sentiu o elástico do seu top de cocoarrebentar. As duas partes do coco voaram em direções opostas e foram rolando calçadaabaixo. Ela não parou para pegá-los.

Meu Deus! Como eu pude ser tão insensível com Rick? Ele não estava nervoso. Eleestava triste por causa do Max . Por que ele não me contou? Ou ele tentou me contar,mas eu fui rápida demais em me defender porque pensei que ele ia dizer que eu estavaatrasada para o trabalho? Por que eu não percebi que algo o estava incomodando?

Katie chegou ao Ninho da Pomba bem no momento em que Rick estava caminhando

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para seu carro. Ele foi o último a deixar o café. Ela pulou do Baby Hummer e correu atéRick. Ele a viu chegando e parou ao lado de seu carro. Ted acabou de me contar,” Katiedisse. “Sobre o Max.” “Rick, eu sinto muito.”Rick balançou a cabeça, mas não disse nada.Colocando os braços em volta do tronco de Rick, Katie deu-lhe o mesmo tipo de abraço

afável que tinha dado mais cedo naquela tarde na cozinha do Ninho da Pomba. Dessavez Rick correspondeu imediatamente. Ele a trouxe pra mais perto e colocou seu rostono topo da cabeça dela. Seu peito parecia tremer involuntariamente, enquanto elerespirava fundo e lentamente deixava o ar sair.

Ele está chorando?

Eles ficaram juntos e abraçados numa vaga do estacionamento vazio por um longotempo. Rick normalizou sua respiração e se ergueu, se soltando do abraço.“Rick, eu sinto muito por ter sido tão insensível.”“Não se preocupe com isso. Você não sabia. Parece que nós dois tivemos um dia

difícil.”“Você pode dizer isso de novo?”“Parece que nós dois tivemos um dia difícil,” ele repetiu.Katie chegou para trás e olhou para a expressão dele no brilho das luzes doestacionamento. “Isso foi uma piada? Você acabou de fazer uma piada?”Rick encolheu os ombros, seus lábios se transformaram no primeiro sorriso de meia-boca que ela tinha visto o dia todo.Katie sorriu de volta. “Você quer comer algo, ou café ou alguma coisa?”

Ao invés de responder, Rick olhou pra ela mais atentamente. “O que você tem atrás daorelha?”

Katie procurou pelo pedaço de plástico alaranjado. Ela o tocou e decidiu deixá-lo bemonde estava. Colocando seu cabelo pra trás, ela disse, “Claro que isso é um hibisco.”“Claro.”“A parte amarela do meio caiu, é isso que deve ter prejudicado sua habilidade dereconhecer essa obra de arte.”“Eu deveria te perguntar por que você tem parte de uma flor de plástico atrás da suaorelha?”“Foi o presente de um admirador,” Katie disse com uma piscadinha nos olhos.“Um admirador, hein?” Rick pareceu gostar da brincadeira assim como Katie.“Dois admiradores, na verdade. Ted e Cris. Isso foi o que eles trouxeram pra mim deMaui. Havia outras partes do conjunto feminino de hula, mas eu acho que os perdi no

meu caminho pra cá.”O sorriso de Rick aumentou de tal maneira que mesmo na luz ofuscante Katie pôde vero quanto a afeição dele por ele estava transparente naquele momento. “Katie, você...”“O que?”“Eu não tenho uma palavra para descrever você. Você me surpreende.” Ele parou.“Eu...”

Katie sentiu seu rosto avermelhar. Ele está prestes a dizer que me ama? Aqui? Agora?

“Katie, você faz idéia de quão maravilhosa você está sob essa luz?” Rick falou com avoz baixa.

O que significa isso? Ele está sendo romântico ou ele realmente quer dizer isso? Essa

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flor tola e tudo mais, eu estou realmente maravilhosa pra ele? Oh, Katie, pare de tentararruinar o momento. Apenas relaxe!

Rick colocou as mãos dele nas dela, entrelaçando seus dedos fortes nos dela.

“Talvez você esteja certa,” ele disse.“Certa sobre o quê?”“Talvez nós estejamos na pista lenta por tempo demais. Pode ser o tempo de umamudança de pista, como você disse.”

“Talvez você esteja certa,” ele disse.“Certa sobre o quê?”“Talvez nós estejamos na pista lenta por tempo demais. Pode ser o tempo de umamudança de pista, como você disse.”Katie sentiu seu coração acelerar. Seu pensamento entrou num redemoinho. Ela ouvia avoz de Cris dizendo, “Você não vai se arrepender de guardar todos aqueles beijos.” E

simultaneamente ela se ouvia dizendo, “Isso é tudo pelo qual você tem esperado!” Eacima daquelas vozes ela ouvia a voz de Carley: “Ele é seu namorado, não é?”“Uau. Isso é raro,” Rick disse, soltando as mãos dela. “Qual o problema?”“Nenhum. Eu estou...”“Você está pensando,” ele disse. “O que significa que você não está pronta.”“Eu pensei que eu estava. Talvez me dê só um minuto para...”“Não, você não está pronta para tomar uma decisão. Se você estivesse pronta, nós nãoestaríamos conversando agora.”Katie sabia o que eles estariam fazendo. Eles estariam se beijando. O beijo tão esperadoque, representaria uma mudança de pista e entrada em uma nova fase do relacionamentodeles. Ao invés disso eles estavam começando uma discussão.

“Como você sabe?” ela perguntou a Rick.“Toda vez que você disseca um momento como esse até a última molécula, Katie, eu seique você não tomou a decisão. Suas melhores decisões são suas decisões espontâneas.Eu sei disso porque eu te conheço. Você é um livro aberto.”“Bem, e você é um enigma de proporções lendárias.”“De onde você tirou isso?”Katie tinha se arrependido do que ela acabara de soltar da sua boca. Suas palavras atinham colocado em muitos apuros hoje. “O que quero dizer é que você é reservado comseus sentimentos e com o que está acontecendo com você.”“Eu sei o que um enigma significa.”“O que estou dizendo é que se eu sou um livro aberto, você é um baú trancado.” Ela

adicionou, “Mas um baú de tesouros,” numa tentativa de fazer da sua avaliação algomais agradável.“Eu não posso acreditar que você está tentando provocar uma briga.”“Você acha que isso é uma briga? Isso não é uma briga.”“Então o que é?”

“Não é nada,” Katie disse. “Vamos deixar isso pra lá.”“É alguma coisa. O que está entristecendo você? Você deve ter algo na sua cabeça.” Avoz dele não carregava mais a mesma doçura que a tinha feito avermelhar há algunsminutos.“Ta bom. Talvez eu ainda esteja triste sobre você não ter me contado sobre Max. Ou

sobre não ter me contado que contratou Carley para ficar no meu lugar.”Rick arredou pra trás, seu queixo virado para o céu escuro. “É sobre isso que você quer

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brigar? Você quer brigar sobre eu ter admitido Carley para que ela não precise voltarpara o Arizona no verão?”“Texas,” Katie o corrigiu.“Ta bom, Texas. Legal. Então vá em frente. Vamos brigar por isso.”“Tudo que estou dizendo é que eu pensei que seria bom se você tivesse me contado

sobre contratá-la ao invés de esperar até eu confundir tudo e te abraçar na frente dela.Quero dizer, eu sei que você tem uma boa razão pra tê-la contratado, mas...”“Katie. Ela não queria voltar pro Texas no verão porque ela tem um namorado aqui. Elaqueria ficar com ele no verão.”“Ela tem?”“Foi o que ela me disse.”“Eu não sabia que ela tinha um namorado. Quem é ele?”“Sei lá. O currículo não tem uma linha que diz, ‘Preencha com o nome do namoradoaqui’.”Katie olhou para seus pés. Ela estava começando a sentir frio no ar da noite. “Eu achoque agi muito emocionalmente. De novo. Não é a primeira vez que faço isso hoje.”

“Se você fala sobre ficar envergonhada com alguém te vendo me abraçar no trabalho,bem, foi que você que cruzou o limite lá. Então como você pode me culpar?”“Eu sei. Você está certo. Eu peço desculpas por isso.”“Já que eu vou deixar tudo às claras, e você não quer que eu esconda meus sentimentosde você, eu ia te contar sobre o Max, mas eu não tive chance.” A voz de Rick aumentouperceptivelmente.“Mais pelo fato de que você não teve a chance de falar porque eu não deixei,” Katiedisse.

“Exatamente. Agora você sabe. Este tem sido um dia muito intenso, e eu não possoacreditar que você não está chorando agora.” A voz dele subiu para outra “oitava”.

“Eu deveria estar chorando?”“A maioria das garotas estaria chorando agora. Eu estou aqui gritando com você, e vocêestá apenas recebendo isso.”“Então? Eu não sou como a maioria das garotas.”“Eu sei que você não é. Nós não brigamos há muito tempo. Eu tinha me esquecido doquão forte isso pode ser às vezes.” O tom de voz de Rick estava derretendo.“As coisas que você diz são verdade, Rick. Eu posso agüentar a verdade. Eu só nãoposso agüentar o silêncio. Eu fico louca quando eu não sei o que está acontecendo. Euconfundo as coisas, e é aí que eu choro.”Rick deu uma “bufada” e levou os dedos ao seu cabelo escuro e cacheado. “Eu nãoacredito que vou dizer isso, mas é muito bom brigar com você.”

“É?”Ele respirou fundo. “Eu tenho que ser tão educado o tempo todo com todo mundo, masagora com você eu posso...”“O quê? Ser verdadeiro sobre quem você realmente é? Ser normal?”“Sim.” Rick concordou. “Eu posso ser eu mesmo com você e você não fica brava, ouchora ou me fala pra onde eu devo ir.”“Eu poderia te dizer pra onde ir, se isso faria você se sentir melhor.”Rick sorriu. “Você sabe o que mais, Katie?” Ele abaixou a voz e fixou os olhos nosolhos verdes dela. “Eu vou te elogiar agora, e eu quero que você apenas receba isso.Não diga nada. Apenas receba. Katie, você é uma mulher única e maravilhosa.”“Oh, você percebeu isso agora, não foi?”

Rick colocou sua mão sobre a boca dela.“Shhh. Só ouça, ok? Não banque a espertinha dessa vez.”

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Katie concordou.Ele sorriu e continuou com a mão sobre a boca dela. “Quando eu estou com você, eusinto que a minha vida está nos trilhos. Eu sinto que posso ser eu mesmo e que vocêpode ser você mesma comigo também. Você faz idéia do quão excelente isso é?”Percebendo que ele estava impedindo-a de responder à sua pergunta, Rick disse.

“Apenas balance a cabeça.”Katie balançou a cabeça.

“Aqui está o que eu gosto em você. Você é genuína. Seu temperamento não meincomoda. Eu o aprecio. Sua honestidade me dá a liberdade pra eu ser honesto comvocê. O nosso relacionamento é o melhor relacionamento que eu já tive com umagarota. Você percebe isso? Você é minha amiga, minha companheira, minha...”Katie se manteve quieta apesar de Rick já ter tirado sua mão e os lábios dela estaremlivres para falar. Se ele não podia dizer que ela era sua namorada espontaneamente,então ela não iria seintrometer nisso. Ela olhou pra baixo. Talvez eles ainda não estivessem “pastosos” no

amor deles. Talvez fosse por isso que ela hesitara mais cedo.Rick amorosamente tirou o cabelo dela de sua testa e trouxe o olhar dela de volta paraos olhos de chocolate dele. “Ei, ouça, essa é a verdade. Você mexe com meu mundo,Katie. Você sabe disso, não sabe? Você é maravilhosa e linda, e se você quiser que eucomece a te chamar de minha namorada então eu acho que estou pronto pra fazer isso.”Um par de lágrimas de alegria escorregou nas bochechas de Katie.Rick sorriu. “Ah, agora você chora.”Ao mesmo tempo em que Katie estava feliz por tê-lo ouvido dizer finalmente a palavra“namorada”, Katie percebeu que as palavras dele não eram espontâneas.Ele colocou seus polegares abaixo do queixo dela e limpou cada lágrima com eles.“Você é a mulher ruiva dos meus sonhos. Katie Weldon, você quer ser minha

namorada?”Katie olhou nos olhos de Rick. Ela ansiara por esse tipo de declaração dele, mas agoraque ela tinha vindo, ela não sabia o que fazer com ela. Se Rick estava certo sobre suasdecisões mais verdadeiras serem as espontâneas, então ela sabia que não estava prontapara tomar essa decisão.“Ainda não,” ela disse.Rick se afastou. “Você está falando sério?”Katie balançou a cabeça. “Eu não estou preparada para nos tornamos ‘oficial’”.Agora era Rick quem não estava falando.

“Não me leve a mal, Rick. Eu sou louca por você também. Eu não vou a lugar algum.Eu só estou pensando sobre como é seguro estar na pista lenta e sobre como nósdeveríamos continuar nela um pouco mais.”“Um pouco mais,” ele repetiu.“Eu estou te deixando louca?” Katie perguntou.“Sempre,” ele disse. Então se lembrando da reação de Katie quando ele usou o termo“sempre” no trabalho, Rick adicionou, “Veja, isso é loucura. Nós dissemos que nãoiríamos apressar nada no nosso relacionamento, e nós não o fizemos. Eu posso esperar.Você pode abaixar a guarda. Eu não vou te beijar. Não agora. Eu quero. Eu quase fiz hápoucos minutos atrás. Mas eu não vou fazer. Agora você sabe o que eu estou pensando.Mistério resolvido. Eu não sou mais um enigma pra você. Pelo menos não um deproporções lendárias.”

Sua frase final deixou claro para Katie que ele não estava irritado. Seria bom deixar ascoisas como estavam e não tentar continuar essa conversa. Especialmente não na vaga

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do estacionamento.“Aqui está, Katie. E isso vai ser inegociável pra mim. Eu não quero continuar essaconversa. Eu não quero ficar indo e voltando. Nós enlouqueceremos um ao outro. Euacho que nós deveríamos continuar sendo o que somos pelo resto do verão, sem ter quedeclarar nenhum título oficial, ok? É assim que funciona.”

“Ok. Você está certo. Por mais nebuloso que seja, de alguma forma funciona. Pelomenos na maioria do tempo. Pista lenta no verão. Ok. Está bem.”“Está bem,” Rick repetiu.Eles ficaram meio desajeitados por um momento, nenhum dos dois fazia o próximogesto. Katie suspeitava que ele estivesse sentindo a mesma coisa que ela. Assim queeles estabeleceram que iriam levar as coisas mais vagarosamente, Katie quis beijá-lomais do que nunca. Ela encostou a cabeça nos ombros dele, e Rick a envolveu com seusdois braços.“Te vejo amanhã.” Ele lhe deu um abraço final e se foi.Katie entrou no carro e acenou enquanto eles iam para caminhos opostos. “Domíniopróprio é altamente admirado,” ela murmurou.

A única coisa que a mantinha dirigindo de volta para o dormitório ao invés de dar avolta e seguir Rick até seu apartamento era o eco de sua visita à casa de Cris. Sim, Cristinha dito todas as coisas certas, sendo a candidata ideal para o pôster infantil de recém-casada-mas-abstinente. Mas não foram as palavras de Cris que foram ao encontra únicacoisa que a mantinha dirigindo de volta para o dormitório ao invés de dar a volta eseguir Rick até seu apartamento era o eco de sua visita à casa de Cris. Sim, Cris tinhadito todas as coisas certas, sendo a candidata ideal para o pôster infantil de recém-casada-mas-abstinente. Mas não foram as palavras de Cris que foram ao encontro docoração de Katie naquele momento. Foi a aparência de Cris. Foi o brilho. Katie desejavaficar irritada assim em noites como essa, se ela soubesse que toda essa espera a faria um

dia brilhar daquele jeito. o do coração de Katie naquele momento. Foi a aparência deCris. Foi o brilho. Katie desejava ficar irritada assim em noites como essa, se elasoubesse que toda essa espera a faria um dia brilhar daquele jeito.

Capítulo 12

Apesar da complicada conversa entre Katie e Rick na vaga do estacionamento, tudo iabem no mundo de Katie. Ela e Rick estavam de volta ao seu lugar “flutuante” comodiria Cris. E estava bom dessa forma. Era familiar e estável. Katie até parara de pensarno ritmo deles como sendo uma rota. Para eles, por agora, era assim que funcionava.Katie lembrava-se dessa verdade enquanto os dia de escola de verão e trabalhoentravam num momento de estabilidade. Ela desenvolvera uma apreciação por dias semdrama.Então, numa sexta-feira pela manhã da última semana de junho, Katie acordou com otoque musical de seu celular indicando que tinha uma mensagem de texto a esperando.Cambaleando para fora da cama, ela foi até a mesa e pegou seu celular que estavarecarregando. A mensagem era simples.É UM MENINO!Em algum momento da noite, Daniel, o bebê de Douglas e Trícia tinha feito sua grandeentrada no mundo. Katie escreveu de volta uma palavra.MARAVILHOSO!

Ela riu alto e tentou ligar para Douglas. Quando seu correio de voz atendeu, ela disse,“Ei! Eu só estou ligando para adicionar meu feliz viva para vocês. Me ligue quando

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puder.”Em seguida ela tentou o celular de Cris. Ted respondeu.“Eu falei com o Douglas meia-hora atrás,” disse Ted. “Trícia está ótima e Daniel estámelhor ainda. Eles foram para o hospital às 10:30 da noite de ontem, e Daniel nasceu às7:30 da manhã de hoje. Parece muito bom para um primeiro bebê.”

“Quanto ele pesa?”“Algo do tipo 3 e 6. Faz sentido?”Katie riu. “Isso é provavelmente 3 quilos e 60 gramas.”“Pode ser. Douglas disse que ele tem dedos longos, então parece que teremos mais umviolonista na família.”O comentário de Ted fez Katie sorrir. A família de Ted era tão turbulenta como a deKatie. O fato de ele ter se referido a Douglas, Trícia e Daniel como “família” afirmou osentimento que Katie tinha com relação aos seus amigos cristãos. Enquanto seus paiscaíram fora passivamente da vida dela, seus amigos enviados por Deus preencheram ovazio.

“Vocês vão ao hospital hoje para vê-los?” Katie perguntou.“Nós estamos pensando sobre isso.”“Eu quero ir com vocês, se vocês forem.”“Parece bom. Eu vou falar com minha esposa quando ela sair do chuveiro. Por quevocês não combinam um horário?”

A esposa dele. Que lindo.

Katie certificou-se de que chegara ao Ninho da Pomba cedo. Ela e Cris trabalhavam nomesmo complexo, mas Cris ficava na livraria. Elas se viam menos do que pensavamque se veriam um dia, gastavam suas horas de trabalho há apenas alguns metros de

distância uma da outra, mas estavam separadas por um forno de pizza, uma parede, eduas prateleiras de livros infantis.Nesse dia em particular, Katie e Cris tiveram sua pausa para o almoço no mesmohorário. Ao invés de se encontrarem na “sala de descanso” nos fundos do Ninho daPomba, como elas faziam normalmente, Katie convenceu Cris a se mover lá para forano calor daquela tarde e dirigir três quarteirões até um pequeno restaurante. Elaesperava que isso as permitisse a liberdade de conversarem sem interrupções.Enquanto Cris pedia um sanduíche de carne assada para as duas dividirem, Katiechecava seu telefone. Um sorriso se acendeu em rosto quando ela viu a mensagem que aestava esperando.“Por que você está sorrindo?” Cris perguntou voltando pra mesa com a comida delas.

“Você checou seu telefone recentemente?” Katie perguntou. “Olhe, Douglas mandouuma foto do Daniel. Ele não é bebê mais fofo do mundo?”Cris olhou na tela do telefone. “Oh, olhe para essas bochechas! Ele é tão adorável. Eumal posso esperar para vê-lo pessoalmente!”“Eu sei. Nós temos que combinar a que horas vamos sair hoje à noite para ir atéCarlsbad. Ted disse que eu e você deveríamos acertar os detalhes.”Cris continuava a estudar a foto. “Olhe esse narizinho. Ele é tão bonitinho! Eu acho queele vai ter o queixo da Trícia. O que você acha?”“Não, esse é o queixo do Douglas. Definitivamente o queixo do Douglas.”“Você perguntou ao Rick se ele poderia ir antes das seis hoje à noite?”

Katie afirmou que sim com a cabeça. “Ele disse que pode sair a qualquer hora.”“Então vamos nos encontrar no meu apartamento por volta das cinco e de lá nós

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vamos.”Às 5:45 daquela tarde, Katie, Rick, Cris e Ted subiram no Volvo de Cris e Ted. Elesestavam juntos pela primeira vez após a cerimônia de casamento.

Isso é precioso, Katie pensava enquanto eles desciam pela via - expressa comendo

tacos. Eu amo sermos “nós.”

Eles chegaram ao hospital em Carlsbad restando apenas meia hora do horário de visita.Assim que eles entraram no quarto, eles viram Douglas em pé ao lado da cama com umpequenino “embrulho” nos braços. Katie jamais esqueceria a imagem do bebê Danielrecebendo de seu maravilhoso papai um de seus primeiros “abraços do Douglas”.Trícia olhou para cima. Seu rosto com formato de coração estava cansado, mas radiante.“Eu estou muito contente por vocês terem vindo. Bem a tempo. Vocês viram meus pais?Eles acabaram de sair.”“Eu não os vi,” Ted disse. “Como você está, Trícia?”“Bem. Melhor.”

O sorriso de Douglas parecia que estava prestes a criar asas e voar pelo quarto paracumprimentá-los. Ele se virou para dar à turma uma visão melhor de seu filho.“Oh!” Cris e Katie disseram em uma só voz.“Ele é tão pequenininho,” Katie falou. “A foto no telefone fez as bochechas deleparecerem tão gordinhas. Mas ele tão pequenino!”“Três quilos e sessenta gramas,” Disse Trícia. “Não pareceu tão pequeno quando ele fezsua grande entrada.”“Acho que você estava certa, Katie” Ted disse. “Eu pensei que ele tivesse seis quilos etrinta gramas.”Trícia “fez uma cara”. “Eu não posso sequer imaginar!”“Ele é absolutamente perfeito”. Cris estendeu os braços. “Eu posso segurá-lo? Porfavor, ah, por favor?”“Claro,” Douglas falou e em seguida endereçou Daniel com um “Você está pronto paraconhecer a titia Cris?”Cris recebeu a preciosa carga em seus braços. Ela parecia natural, segurando Danielfacilmente e sorrindo para ele.

“Olá, Pequena Maravilha. Você é um bebê lindo, é.” A voz de Cris era suave e docesem soar melosa. Katie se perguntava se o ano que Cris gastara trabalhando no orfanatona Suíça tinha voltado o coração dela para os pequenos de um jeito que Katie jamaisexperimentara. Ted parecia admirar a ternura de sua esposa.Rick, com um gesto incomum, mas perfeitamente natural, chegou mais perto de Katie e

colocou seu braço em volta dos ombros dela. Katie se sentiu aquecida dos pés à cabeça.“Ele é maravilhoso.” Disse Cris olhando para Douglas e Trícia. “Eu estou muito felizpor vocês.”“Obrigada. Nós ainda estamos maravilhados,” disse Trícia.“Eu cortei o cordão umbilical,” Disse Douglas orgulhosamente.Katie levantou os braços para fazê-lo parar de dizer qualquer coisa a mais, e Rickremoveu seu braço dos ombros dela. “Informação suficiente, por aqui,” Disse Katie.“Eu não estou preparada para nenhuma descrição que você esteja pensando emcompartilhar conosco.”Eles gargalharam, e Daniel deu um pequeno sinal do começo de uma explosão debarulho.

“Oh, desculpa,” Cris sussurrou e deu um doce beijo bem em cima da cabecinha deDaniel. “Ele tem um cheiro de novinho!” Ela beijou sua cabecinha careca novamente.

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“Ele não é um carro novo!” Katie disse.“Eu sei.”“Ele é uma nova alma.” Disse Ted. “Uma vida nova.”“Você quer segurá-lo?” Cris perguntou à Katie.“Eu estou bem,” Katie falou.

“Tem certeza?” Douglas perguntou.“Sim, tenho. Não me entenda mal. Eu o amo. Eu o acho adorável. Não estou rejeitandomeu pequeno sobrinho. É só que ele tão pequenininho. Eu não tenho praticado minhashabilidades para manusear recém nascidos e...”“Está bem, Katie. Você vai ter muitas chances de segurá-lo.” Disse Trícia. “E não sepreocupe. Eu entendo o que você está dizendo.”“Nós vamos colocar um pouco de carne nos ossos dele,” Douglas disse. “Assim ele nãoserá tão ameaçador.”“Eu não quero devolvê-lo,” disse Cris. “Mas a mulher na recepção fez parecer que elessão bem rigorosos com o horário das visitas.”

“Eles são. Aqui, eu vou pegá-lo,” Disse Trícia.Douglas assistiu à transferência como se ele tivesse tudo sob controle. “Obrigado maisuma vez por terem vindo, gente.”“Só mais uma coisa antes de irmos”. Ted aproximou-se da cama do hospital. Elecolocou sua grande mão na pequena testa de Daniel e falou com gentil autoridade. “Queo Senhor te abençoe e te guarde, pequeno Daniel. Que o Senhor faça resplandecer orosto d’Ele sobre ti e te dê a paz. E que você sempre ame a Jesus em primeiro lugar,acima de tudo mais.”“Amém.” Disseram Rick e Douglas em uníssono.Katie, Trícia e Cris compartilhavam sorrisos cheios de lágrimas. A alegria que elasdividiam naquele momento vinha de uma irmandade de corações.

Três semanas depois, Katie sonhou que ela estava na praia em volta de uma fogueiracom Cris, Ted, Rick e o resto da turma. O coração dela estava completamente no sonho.Eles estavam cantando, rindo e assando marshmallows.Seu sonho foi interrompido quando ela sentiu que Rick gentilmente pressionou sua mãono ombro dela. Katie abriu os olhos. Ele estava em pé diante dela. Ela tinha caído nosono no trabalho durante o horário de almoço.“Você está bem?” Ele puxou uma cadeira ao lado dela na mesa do almoço. Eles eram asduas únicas pessoas no cômodo.Ela afirmou que sim com a cabeça e checou os cantos da sua boca para se certificar deque não estava babando. “Apenas cansada. Eu fiquei acordada até as três dessa

madrugada fazendo um trabalho de doze páginas. Eu gastei uma eternidade.”“Seu trabalho de História da Arte?”Ela fez que sim com a cabeça.“Você conseguiu terminar?”Ela fez que sim de novo e bocejou. “Pergunte-me qualquer coisa sobre o MovimentoPré-Raphaelita, e eu vou te encantar e surpreender.”“Não precisa”. Ele subitamente colocou sua mão sobre a dela e fez um carinho quepodia ser considerado um carinho fraternal por alguém que pudesse estar os assistindo.“Você já me encanta e me surpreende.”Katie sorriu pra ele. “Você não vai fazer nenhuma pergunta?”

“Se você quiser realmente que eu faça, eu faço. Mas o que você acha de fazermos o quizna sexta à noite?”

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“O que tem na sexta à noite?”“Nós vamos à praia com Ted e Cris, lembra?”“Ah, sim, mais que lembro. Eu estava sonhando com isso agora mesmo.”“Você está pronta para um descanso, não está?”“Mais do que você pode imaginar.”

“Que bom. Eu posso sair daqui por volta das quatro na sexta-feira. Você quer ir comTed e Cris ou vamos nós dois juntos?”“Tanto faz pra mim.” Katie se levantou e acidentalmente tropeçou em Rick.Ele segurou o cotovelo dela e provocativamente disse, “Cuidado por onde anda,Weldon.”“Cuidado você, por onde fica, Doyle.” Brincando, ela deu nele um cutucão.Eles sorriram um para o outro, enquanto Katie passava por ele virando o queixoatrevidamente. Era difícil conseguir enganá-lo vestida com um avental do café e umaredinha nos cabelos, mas de alguma forma, naquele momento, isso estava funcionandopara Katie, e ela sabia disso.

Iupi. Eu diria que nós dois estamos ficando mais e mais “pastosos” a cada dia, RickDoyle. Quanto mais nós ficamos juntos nessa árvore, mas pastosos nós ficamos.

A pergunta que não queria calar era, “O que vai acontecer quando eu começar otrabalho de AR, e nós não vamos mais ficar juntos nessa árvore todo dia? O quãopastoso nós vamos ficar?”Os restantes do dia e da semana ocorreram normalmente, a todo vapor, e então a quinta-feira veio com uma surpresa. Assim como Rick tinha contado à Katie, Carley ligara praele naquela manhã, meia hora mais cedo do horário de trabalho dela começar. Ela dissea ele que tinha um novo emprego na Casa de Pedro e não iria mais trabalhar no Ninhoda Pomba.Katie não podia acreditar no quão compreensivo Rick foi. Um dos funcionários disseraque Carley estava tendo problemas com o namorado, e aparentemente ele trabalhava norestaurante mexicano, então isso explicava a repentina mudança de trabalho.

Apesar de Katie não dizer que estava feliz por Carley não mais trabalhar no Ninho daPomba, ela estava aliviada. As duas nunca se deram muito bem como colegas detrabalho, e para Katie parecia que Carley paquerava Rick toda vez que conversava comele.Ao mesmo tempo, Katie teve que simpatizar um pouco com o fato de Carley querertrabalhar com o namorado; Katie entendia bem as vantagens diretas disso. A única coisaestranha era que, nas semanas que Carley tinha trabalhado no Ninho da Pomba, o

namorado dela nunca tinha ido lá para vê-la. Pelo menos não enquanto Katie estava lá, oque era absolutamente todos os dias. Agora as horas dela tinham aumentado, já queRick e Carlos estavam tentando cobrir as horas de Carley até que pudessem contrataroutra pessoa.Katie supostamente teria folga na sexta-feira á tarde. Ela tinha planejado usar o tempolivre para fazer algumas coisas essenciais, como lavar as roupas e mandar alguns emailsantes de se preparar para ida à praia no fim da tarde. Ao invés disso, ela pegou as horasde Carley, ela e Rick tiveram que reagendar o encontro deles na praia com Cris e Tedpara a próxima sexta.“Eu estou com muita raiva,” Katie falou com Cris enquanto se aprontava para sair dotrabalho. “Não porque tive que trabalhar mais. Eu e Rick não nos importamos. Perder o

encontro na praia é que me deprime.”“Vai dar certo na próxima vez,” Cris disse.

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“Eu posso te contar uma coisa que eu concluí uma hora atrás.”“O que é?” Cris perguntou.“Um cliente veio falar que ele acabou de chegar da Itália, e eu concluí que a coisa maisinteligente que eu já fiz foi ter gasto todas as minhas economias e ter ido à Europa noúltimo verão com você e Ted. Sem dúvida de que não poderíamos ter ido nesse ano. Eu

nunca vou me arrepender de termos feito essa viagem.“Nem eu,” Disse Cris. “Apesar de que as lembranças que tenho de escalar os Alpes ecolher flores silvestres com você parecem ser algo de uma eternidade atrás.”“Uma eternidade e meia.”Elas suspiraram juntas.

“Envelhecer e ser responsável realmente é uma droga,” Katie disse.Cris riu. “O que você vai dizer quando nós estivermos nos trinta?”“Ou quarenta?” Katie perguntou.Nenhuma delas pensara tão longe. Parecia impossível imaginar que a vida iria tão longeassim no futuro. Tudo que Katie sabia era que ela seria sempre jovem. Ela não queria

perder nenhuma aventura porque ela era responsável e trabalhava o tempo todo.

Capítulo 13

Uma semana mais tarde quando Katie e a turma deveriam ir à praia, Rick teve que adiaros planos deles. Seu irmão mais velho, Josh, estava na cidade para fazer planos de abrirum novo café como o Ninho da Pomba no Arizona, onde ele morava. Sexta à noite era oúnico horário que ele podia se encontrar com Rick.

A festa na praia foi adiada mais uma semana. Entretanto, quando ela finalmente

aconteceu, todos quatro concordaram que não podia ter sido em melhor hora. Da partedela, Katie estava aliviada porque ela finalmente tinha terminado a escola de verão.

Ted e Cris tinham o tanque de gasolina cheio no carro, então eles se ofereceram paradirigir. Rick estava com um ótimo humor porque ele finalmente encontrara um “colegade quarto” que parecia ser bom.

“Onde você encontrou o ‘colega de quarto’?” Katie perguntou, enquanto ela e Rickdeixavam o trabalho e dirigiam rumo ao complexo de apartamentos onde elesplanejaram encontrar Ted e Cris.

“Ele é um rapaz que o Ted conhece. Ele será capaz de cobrir o primeiro e o último mêsde aluguel, o que torna minha vida mais fácil do que você pode imaginar.”

“Quando ele se muda pra lá?”

“Em algumas semanas. Eu estou te falando, Babe, vai ser muito bom finalmente colocaralgum dinheiro no banco.”

“Babe?” Katie ecoou.

“Sim, Babe. Funciona. Você não acha?”

“Ah, não.”

“Não ao Babe? Huh!”

“Não. Definitivamente um grande, enorme não para o Babe. Você se esqueceu do filmeque fala disso?”

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“Que filme?”

“‘É isso que você vai fazer, porco’?”* 

“Você me perdeu com apenas um oi,”** Rick disse.Katie girou os olhos. “É ‘Você me GANHOU com apenas um oi, ’, não ‘me perdeu’.

O telefone dela tocou. “Se for a Cris...” Ela atendeu antes do segundo toque. “Se vocêvai nos dizer que está cancelando dessa vez, é bom que um de vocês esteja mortalmentedoente!”

“Katie?” Uma pause se seguiu, “Katie, é a Nicole.”

“Oh, Nicole! Desculpa, eu devia ter olhado o número. Eu pensei que você fosse outrapessoa.”

“Que alívio.”“Desconsidere o que você acabou de ouvir.” Katie trocou o celular de ouvido e tentouaumentar o volume. “Então, como você está? Você teve um bom verão?”

“Muito bom. Passou rápido. Como foi o seu?”“Três palavras,” Katie disse. “Escola de verão. E a lição que eu aprendi dessas trêspalavras é que eu nunca mais na minha vida vou colocá-las juntas novamente, porque aparte da escola cancela bem a parte do verão.”

“Mas agora já acabou, né?”

“Sim. E para comemorar, nós estamos a caminho da praia nessa tarde.”

“Espero que você tenha um ótimo tempo lá. Eu não vou te atrapalhar. Eu só queria quevocê soubesse que eu tive o ok hoje.”

“O ok pra quê?”“Nós podemos nos mudar para os quartos do Crown Hall Norte a qualquer hora da tardede amanhã.”

“Amanhã? Eu achei que nós não poderíamos nos mudar até a próxima semana.”

“Eu também pensei. É por isso que eu achei que deveria te ligar no caso de você não tervisto o email ainda. Eles disseram que todos os reparos foram feitos, e que nós podemosnos mudar. Eu acho que eles reformaram o Crown Hall primeiro esse ano, o que pramim é bom. Eu vou sair de Santa Barbara amanhã para mover minhas coisas do“depósito” para o meu quarto.”

Katie desligou o telefone e encarou Rick. “Eu vou gritar.”

“Por quê?”

“Esse verão acabou antes mesmo de começar.”

“Outra nervosismo por causa do trabalho?” ele perguntou.

“Não. Eu não estou nervosa por causa do trabalho. Estou lamentando pela falta dequalquer tipo de folga nesse verão.”

* Uma fala de “Babe, o porquinho atrapalhado”.** Fala de um filme do Tom Cruise, ‘Jack Mcguire’.

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“Nós estamos tendo nossa folga bem agora. Nós apenas vamos fazer dessa noite napraia algo memorável o suficiente para compensar todas as vezes que quisemos fazeralgo nesse verão e não o fizemos.”

As palavras de Rick carregavam muitas promessas para Katie. Talvez até maispromessas do que ele pretendera colocar nelas.

Cris, Ted, Rick, e Katie chegaram à praia em Carlsbad um pouco antes das cinco. Eleslevantaram o acampamento num lugar que Katie não achou que fosse a melhor escolha.Mas o “abrigo de algas-marinhas espalhadas” estava próximo à casa de Douglas eTrícia, e o plano era que, se o bebê Daniel estivesse indo bem, Douglas e Trícia iriamdescer para a praia para se juntarem aos outros por alguns instantes. Esse era o lugarplanejado.

A praia estava lotada, e a areia ainda estava quente após ficar sob o poder intenso do soldurante toda tarde. O céu estava claro, e as ondas estavam calmas. Vozes de criançasque brincavam na água ecoavam pelas rochas que formavam um cenário ao fundo dolugar onde eles estavam acampados. Eles estavam bem protegidos do vento, e domormaço no ar daquele tarde.

O celular de Rick tocou, e ele começou uma complicada conversa com seu irmão.“Você quer ir pra água conosco, Katie?” Ted perguntou.

Ela olhou para Rick. Ele estava bem envolvido na sua conversa ao telefone.

“Claro.” Ela tirou sua roupa de cima, ficando só com o biquíni e acenou para Rickenquanto Ted, Cris, e ela deixavam Rick com a tarefa de assistir o momento delesenquanto ele conversava com seu irmão. Katie teve a desconfortável, mas prazerosasensação de que Rick a estava olhando enquanto ela caminhava pela areia.

O contraste entre seus passos na areia quente e as geladas e espumantes ondas na beirada água se chocaram com os pés descalços de Katie.

Ted foi caminhando e mergulhou na água. Ele apareceu no outro lado da onda,balançando sua cabeça na direção de Katie e Cris, assim as gotas de água voaram nelas.“Eee!” Cris protestou, levantando as mãos para bloquear a água. “Está muito gelada!”Katie gostou da temperatura da água e foi andando rumo às ondas. Ted se voltou emdireção às meninas. Seu sorriso malicioso era clássico. Katie sabia o que se seguiria.

“Nem pense nisso, Ted Spencer!” Cris correu de seu marido para a parte rasa da água.Ted agarrou Cris pela cintura e aparentemente sem esforço carregou sua esposa para a“casa” que esse típico garoto surfista considerava ser seu verdadeiro lar- o oceano. Teddeu cinco ou seis passos para alcançar o lugar onde as ondas estavam quebrando. Crissoltou um protesto alegre no começo, mas depois ela colocou suas mãos em volta dopescoço de Ted e sorriu para ele como se ele fosse o homem dos sonhos dela.Os dois jovens amantes mergulharam na onda juntos e surgiram vislumbrados egargalhando. Katie pareceu esquecida enquanto Ted e Cris se trancavam num beijoprofundo e mergulhavam sob a próxima onda antes que ela tivesse a chance de sequebrar neles.

“Ta bom, ok, muito legal,” Katie resmungava enquanto ficava sozinha na água queagora alcançava sua cintura. “Eu vou ali passear enquanto vocês são um casal casado.”Katie os assistia enquanto eles brincavam e se abraçavam naturalmente como se fossemum só coração há muito tempo. Eles estavam muito apaixonados. Tudo parecia “fresco”

e novo, como se eles fossem os únicos dois amantes que descobriram a felicidade dooceano numa tarde de verão.

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“Vocês dois são os fruto-pão mais pastosos desse lado de Maui. Eu acho que vou deixá-los sozinhos com seu amado oceano.” Katie caminhou um pouco na praia por umapequena distância antes de decidir mergulhar nas ondas. Ela continuou olhando paratrás, para a barraca deles na areia, esperando que Rick terminasse sua ligação e se

 juntasse a ela. Ela não tinha a expectativa de que a brincadeira deles fosse tão divertida

ou romântica como a de Ted e Cris, é claro, mas qualquer atenção naquele momentoseria ótimo.A fria água do oceano e a brisa do entardecer fizeram Katie bater os dentes. Ela voltoupara a areia e sacudiu a água salgada de seus cabelos.

Ted e Cris se retiraram para um romântico passeio ao longo da praia. Douglas e Tríciachegaram e estavam no meio de um “descarregamento” de parafernália suficiente parasobreviver numa ilha deserta por um mês. Para um garotinho tão pequenino, Danielcertamente aparentava ter uma grande quantidade de necessidades. Rick estavaajudando a armar a sombrinha e parecia nem ligar para o desfile de Katie pela areia.Trícia armou um berço desmontável e o posicionou sob a sombra do guarda-sol. Ela

abriu sua cadeira de praia e a colocou perto do “quartinho de criança” portátil.Seu toque final foi tirar uma toalhinha de pano da bolsa de fraldas e colocá-la nos seusombros como se o pano com carneirinhos felpudos e margaridas fosse parte de seusapetrechos para um dia na praia.“É assim toda vez que vocês vão a algum lugar?” Katie se enrolou na sua quentinhatoalha de praia.Trícia pareceu levemente irritada com a pergunta. “Essa é a primeira vez que nóstrazemos o Daniel à praia. Não sabíamos do que iríamos precisar.”Douglas estava em pé com suas mãos nos quadris, olhando para o oceano.“Vá em frente,” Trícia disse. “Eu sei que você está morrendo de vontade de entrar naágua. Eu tenho tudo que preciso aqui.”

“Se você for entrar, Douglas, eu vou com você,” Rick disse. “Você vem de novo,Katie?”“Talvez. Assim que eu me esquentar.”“Trícia, se você quiser que eu volte, apenas acene, ok?” Douglas tirou sua camisa ecorreu para as ondas com Rick. O adormecido Daniel aparentou saber que acabara deperder a atenção do papai e irrompeu num choro escandaloso.“Opa!” Katie disse. “O garotinho tem um par de pulmões.”Trícia o desprendeu da cadeirinha de bebê do carro e o colocou sobre seus ombros,dando tapinhas em suas costas e falando suavemente. Era bonito ver Trícia usar suashabilidades educativas. Mas era estranho também.Os momentos favoritos de Katie na praia com a galera tinham acontecido em volta de

uma fogueira com um cardápio de cachorros-quentes e marshmallows.Dessa vez Rick tinha marinado bifes para todos e trazido duas grandes porções desalada do trabalho. Ted trouxera para a areia um fogão de camping muito pesado edeixou seu violão em casa porque não havia mais lugar no carro.

O que está acontecendo conosco? Ao invés de pranchas de surfe e violões, esses garotosestão trazendo caminhas desmontáveis de bebê, bolsas de fraldas, e uma sombrinha degente velha para o nosso jantar ao ar livre. Quando foi que todo mundo se tornou tãoprático e responsável?

Katie se sentou perto de Trícia enquanto dizia olá e tchau para o verão num fôlego só.Ela sentia como se uma nova página tivesse sido virada no livro da vida dela. Ela e seus

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amigos estavam todos em diferentes capítulos agora. Capítulos com títulos como“Primeiro vem o amor,” “Depois vem o casamento,” “Depois vem o bebê no carrinhode bebê.”* Ted e Cris estavam obviamente no capítulo do “casamento” enquanto Douglas e Tríciaestavam começando o capítulo do “carrinho de bebê”. Ela se perguntava se ela e Rick

estavam para mudar para o capítulo do “primeiro vem o amor”. Eles ficaram flutuandopor todo o verão sem uma única “DR”, Definir-o-relacionamento. Agora que elesestavam em uma outra estrada, Katie estava sentindo aquele fiozinho de esperança quesentira logo após o casamento de Ted e Cris. Ela queria saber o que viria em seguida.Rick, no entanto, parecia não pensar que era hora de reavaliar o relacionamento deles.Isso se tornou evidente para Katie quando os dois caminharam juntos na beira do mardepois de Rick voltar da água.Ele pegou a mão dela e fez um carinho. “Eu estava pensando sobre como é bom o fatode nós ainda estarmos na pista lenta.”“Por que é bom?” Katie perguntou.

“Eu espero que você não entenda errado, mas estar na pista lenta com o nossorelacionamento tem me dado a chance de estar na pista rápida dos negócios empotencial com o Josh. Eu estou muito contente por você ser uma mulher paciente, Katie.Eu tenho um pressentimento de que vou andar muito ocupado pelos próximos meses.Mas você também vai estar. Nós estamos em um ótimo lugar agora.”Katie concordou. Rick estava começando seu novo e próprio capítulo na vida. Ela nãosabia exatamente qual capítulo estava começando. Tudo o que ela sabia com certeza eraque um capítulo bem definitivo estava terminando naquele fim de tarde com a galera napraia.Cinco dias depois, Katie começou o treinamento oficial para seu novo cargo deassistente dos residentes, e tudo em sua vida mudava mais uma vez.

Ela desligou seu despertador e procurou por todo lugar por seu manual do AR que eladeveria ter lido durante o verão. Hoje foi a primeira vez que ela o tirava para fora dacaixa; onde o tinha depositado desde que o recebera,o que foi nove semanas atrás.Suas intenções tinham sido de sentar assim que o período do verão acabasse e ler todo oprojeto de uma só vez. Ela tinha tudo planejado- ela iria gastar muitas horas com um

 jarro de chá de ervas e um lápis bem apontado, dessa forma ela estaria preparada paratudo antes da primeira reunião. Esse tempo idealizado de estudos nunca aconteceu. Elatrabalhou no Ninho da Pomba até o horário de fechar na última noite, e agora esperavaque de alguma forma ela pudesse escapar do radar da reunião.Julia tinha convidado Katie para ir ao seu apartamento dois dias antes, mas ela não pôdeir. Ela não tinha nem conseguido arrumar um tempo para visitar Nicole porque, assim

que Nicole se mudou para o dormitório, ela teve que voltar para Santa Barbara para afesta de aniversário de seu pai.

Sem nenhuma aparente preparação ou estudo, Katie apareceu para o primeiro dia detreinamento dos ARs numa manhã quente de agosto. O lugar na grama planejado para oencontro e sob a sombra atrás da biblioteca fora uma boa escolha. Pelo menos o lugarprometia que a coisa seria casual.Craig providenciou donuts e bebidas. Julia trouxe os cobertores sobre os quais elespoderiam se sentar. Os dois pareciam um par incomum para liderarem juntos, mas dealguma forma a combinação de seus temperamentos e estilos de liderança funcionavam.

*

Essas frases são de uma musiquinha que os americanos cantam, especialmente as crianças. A música éassim: “Cris e Ted (por exemplo) sitting in a tree kissing. First comes love, then comes marriage, thencomes the baby in the baby carriage.”

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Ambos eram bem respeitados pelos outros ARs, Katie podia notar.Dando uma olhada geral no grupo enquanto cada um começava a comer seu donut,Katie se perguntava se os outros tinham lido o manual. Ela estava plenamente convictade que era a única nova mulher na equipe; os outros dois novos ARs eram rapazes.Todos os outros reunidos na grama tinham trabalhado no ano interior no mesmo

dormitório e no mesmo andar. O fato de que cinco deles tinham voltado para umsegundo ano dizia muito sobre suas experiências anteriores. Isso também significavaque cinco dos oito já tinham gastado um ano crescendo próximos uns aos outros.Seu donut tinha acabado e sua garrafa de água esvaziado, Katie se sentousilenciosamente esperando pela reunião começar. Todo mundo se encontrava emcírculos de conversas ao passo que ela estava sozinha. Naquele momento, ela seperguntava se estava realmente pronta para o desafio.O fato era que ela sabia que não poderia voltar ao modo como as coisas tinham sido noNinho da Pomba depois de fazer sua grande despedida na noite passada. Era isso. Esseera o próximo passo adiante. Ela pensou no passeio à praia na sexta à noite e como seusvelhos e amigos de todo dia estavam ocupados empurrando carrinhos de bebê e

aproveitando suas noites livres se beijando, abraçando e devolvendo presentes decasamento. Rick estava trabalhando numa função de um homem de negócios ainda maisocupado.

Se esse grupo, que estava agora espalhado diante dela nos cobertores, seria suas novaspessoas de todo dia, Katie teria que encontrar um jeito de fazer isso dar certo.Craig oficialmente abriu a reunião com uma oração e então disse, “Aqui estamos nós,equipe Crown Hall. Eu acho que temos um ótimo ano pela frente. Nós vamos ter muitotempo juntos; então como alguns de vocês sabem, esse grupo deve terminar sendo comouma família para vocês em termos de suporte e encorajamento. Eu espero que issoaconteça. Agora, minha primeira pergunta para todos vocês é, vocês leram o manual?”

O resto do grupo fez que sim com a cabeça e soltou sons de confirmação como se fosseum grupo da Sociedade de Honra dos estudantes.“Tem alguém que não leu ainda?”Katie hesitou. Ela não era uma boa mentirosa. Sua mão se levantou antes que elapudesse contê-la.“Ok.” Craig fez que sim. “Alguém mais?”Os outros encararam Katie como se ela fosse louca. Louca por não ter feito a leiturarequerida ou por ter admitido que não leu. Tanto fazia, eles eram legais, e ela não era.

Nota a si mesma: Mantenha as mãos abaixadas na próxima reunião.

Julia se inclinou e sussurrou “Você vai ficar bem, Katie. Se houver algo mais que nãoficou claro pra você depois do encontro, me avise, e eu posso explicar pra você.”Katie sorriu agradecendo.“Vamos pular essa parte,” Craig disse. “Eu estou certo de que você será capaz de captaro que precisa enquanto nós discorremos, Katie. Como a maioria de vocês sabe, cada anonós temos um versículo tema diferente. Esse ano o verso é de Filipenses 2. Vocês overão impresso na primeira página do manual. Eu usei a versão encontrada em “AMensagem”. Isso é uma paráfrase, claro, mas eu acho que expressa bem a idéia do que oapóstolo Paulo estava dizendo.”

“‘Se vocês absorveram algo por seguir a Cristo, se o amor dele tem feito alguma

diferença na vida de vocês, se estar na comunhão do Espírito significa algo para vocês,se vocês têm um coração, se vocês se importam- então façam-me um favor: Concordem

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uns com os outros, amem uns aos outros, sejam amigos profundamente-vivos (deep-spirited). Não se coloquem em primeiro lugar, não sejam convencidos. Coloquem-se delado, e ajudem os outros a avançar. Não sejam obcecados em conseguir vantagemprópria. Esqueçam de si mesmos o suficiente para emprestarem uma mão amiga.’”Craig olhou para o grupo. “Isso resume o objetivo do que é ser um assistente dos

residentes. Vocês vão ter oportunidades incríveis esse ano de servir, e meu desejo é vervocês entrarem naquele lugar de serviço concordando uns com os outros, amando unsaos outros, e se tornando amigos profundamente-vivos.”Katie olhou em volta para os outros e esperou que aquelas palavras se tornassemverdade.

Capítulo 14

- Eu amo essa frase, ‘profundamente vivos’ – disse Nicole.

- Eu também, Talitha concordou. Ela era a mais alta das quatro AR’s mulheres e tinhaas maças do rosto salientes e um longo pescoço que lhe davam um perfil elegante. Euacho que amigos profundamente-vivos é uma ótima descrição.

- Sim, Katie disse e adicionou espontaneamente: É como ser Tesouros Peculiares.

Todos se viraram a olhar pra ela.

Por um segundo ela pensou que eles não tinham ouvido direito então ela repetiu a frase:

- Vocês sabem, como no Velho Testamento, Êxodo, eu acho. Deus chama o seu povo de

seus ‘Tesouros Peculiares’.

Como ninguém acenou em reconhecimento do termo, Katie tentou explicar:

- É o que eu e minha melhor amiga usávamos para chamar uma à outra. Na verdade, nósainda nos chamamos assim. Quero dizer, não todos os dias e nem sempre em voz alta,mas vocês sabem, é só... é uma outra forma de dizer que nós somos Amantes de Deus.

O grupo continuou a fitá-la.

- Amantes de Deus. Crentes. Vocês sabem, Cristãos. Katie parou hesitante.

Craig deu a Katie um sorriso. Para Katie, parecia o tipo de sorriso que a pessoa dá paraum gatinho brincalhão enroscado em sua bola de fios.

- Ok. Craig lentamente balançou sua cabeça. Bom. Obrigado por adicionar isso, Katie.

Ninguém mais tinha alguma coisa para dizer sobre o versículo tema, então Craig trouxesua atenção de volta para a agenda.

Outra nota para si mesma: Manter o bico fechado. 

Craig folheou a seção inicial, gastando uma hora em vários procedimentos dodormitório, monitorando um debate sobre quantos eventos eles estariam planejando

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aquele ano e seguindo para um checklist de detalhes que deveriam ser observados nofim de semana quando os estudantes se mudariam para os dormitórios.

Katie manteve seus ouvidos abertos e sua boca fechada.

Craig passou para como tratar situações de aconselhamento. Alguns dos tópicos eramsobre o que fazer se um estudante demonstra evidências de um distúrbio alimentar ousinais de estar pensando em suicídio. Katie tomou notas nas margens, escrevendo tãorápido quanto poderia. Foi quando o treinamento ficou mais intenso. Ela esperava quenão precisasse usar nenhum dos passos esboçados para os problemas específicos. Masse ela aconselhasse garotas com problemas sérios, ela queria estar preparada.

Assim que terminou essa seção, a reunião parou para o almoço na lanchonete. Katiecaminhou pra cima com Julia, e Julia disse:

- Eu nunca tinha ouvido aquele termo antes. Como era? Tesouros Peculiares?

Katie acenou com a cabeça.

- Eu gostei muito. Eu estou feliz por você ter acrescentado aquilo à conversa. Você estásendo uma boa adição a esse grupo, Katie.

Katie deu a Julia um olhar cético.

- Combinar pessoas juntas leva um pouco de tempo, Julia disse. Está aí uma coisa quevocês terão bastante neste semestre – tempo juntos.

Elas entraram na lanchonete e Katie notou que o pessoal era mínimo. Esse era um curtointervalo entre as sessões de verão e o termo do outono e um limitado serviço de comidaestava disponível às pessoas que trabalhavam no campus. O balcão de saladas foiprovido, pizzas de pepperoni esperavam sob um abajur de calor e a máquina de iogurtegelado estava ronronando com uma barriga de aço inoxidável cheio de iogurte demorango de baixo teor de gordura.

Uma competição começou para ver quem conseguiria encher mais o próprio copo deiogurte antes que a matéria-prima rosa suave entornasse pelos lados. Katie pensou queestivesse no jogo, mas um dos rapazes mais estudiosos, Jordan, conseguiu acrescentarmais espiral ao seu prato sobressalente de iogurte congelado do que Katie poderia.

- Fechado. Katie disse voltando para perto de Nicole.

- Nós não te advertimos que nós somos um grupo bastante competitivo, Nicole disse.

Essa era uma coisa boa para Katie. Ela é bem competitiva. De fato, tudo o que elestinham que fazer era encabeçar um losango de softball e ela lhes mostraria comopoderia ser uma pequena competição em uma quente tarde de agosto.

Katie trouxe o tópico à tona para o grupo, mas mais uma vez foi encontrada por olharesfixos e curiosos. Ela se retirou, percebendo que havia meses desde que ela tinha

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balançado um morcego*. Se ela fosse se encaixar nesse grupo, seria nas condições e nagrama deles, não dela.

Levando sua bandeja para a área de limpeza indicada, Katie notou o Cara docavanhaque vindo em outra direção. Ele estava usando seu uniforme de segurança do

campus e parecia bronzeado, o que ela pressupôs ser o resultado de rodar em volta comesse carro de golfe o verão todo.

- Olá, ele chamou, reconhecendo Katie mesmo ela tentando virar sua cabeça para longedele.

- Olá, o que foi?

- Ei, o que aconteceu com o seu ticket do estacionamento? Ele estava próximo a ela

agora e o telefone celular colocado na bandeja dele estava vibrando e saltando ao redordo plástico.

- Eu paguei. Notícias velhas. Seu telefone está tocando.

- Obrigado.

- Qualquer hora. Katie cortou a frente dele e colocou sua bandeja na abertura de entrada.Ela o ouviu dizer “Alô” e continuar conversando.Por que esse cara me irrita tanto? Ele me faz ficar incomodada. É como se ele estivessetentando me conhecer, mas eu não vejo razão para ele querer isso. 

Ao invés de retornar para o gramado, Craig direcionou o grupo para a sala deconferência na fresca e quieta biblioteca do campus. Sentando-se ao redor de uma largamesa como uma reunião de executivos para descobrir quem será despedido, os AR’s doCrown Hall iniciavam um novo tipo de treinamento. Craig disse que cada um deles iriaresponder duas questões. A primeira questão era de uma lista aleatória. A questãoseguinte viria de uma pessoa do grupo.

Talitha foi a primeira a responder. Em três minutos o grupo ficou sabendo que ela quisser bailarina quando ela crescia na Filadélfia e que os ancestrais do lado de seu paivieram da Somália.

Katie foi a próxima. Sua primeira questão foi: Qual é o seu traço preferido que vocêherdou de sua mãe?

Katie não tinha resposta. Ela piscou e esperou por uma resposta que voasse através do are pousasse em seus lábios.

- Só um – Craig disse, como se ela estivesse escolhendo entre infinitas possibilidades.Um único traço herdado de sua mãe que você considera seu favorito.

* Swung a bat , que traduzindo quer dizer balançar um morcego é uma gíria do basebol. Não tenho

certeza, mas acho que é quando o rebatedor acerta na bola ou qq coisa parecida. Não conheço as regras egírias do jogo, se alguém conhecer, pode me corrigir, rs.

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 - Acho que devo dizer meu nariz, porque o nariz do meu pai é realmente amplo e euestou feliz por meu nariz ser mais como o da minha mãe é.

Ninguém respondeu.

- Eu na verdade estava procurando por algo mais interno, Craig disse. Um traço,atributo ou característica é mais próximo das linhas para as quais eu estava indo. Vocêsabe, como ser um bom ouvinte ou ser generoso. Alguma coisa assim.

Katie deu de ombros, incapaz de dar a Craig o tipo de resposta que ele estavaprocurando. Esse era um dos problemas que Katie encontrara quando escolheu ir parauma universidade evangélica. As aulas eram ótimas. Os professores eram estelares. Aqualidade da educação era excelente, tanto no nível acadêmico quanto no espiritual.Mas durante momentos como este, quando uma resposta de “escola dominical” eraesperada, Katie não sabia nenhuma resposta de escola dominical. Ela poderia talvez

falar apenas olhando para os outros que haviam crescido em famílias cristãs. Elesprovavelmente tiveram festas de chá de ursinhos de pelúcia com suas mães quando eleseram pequenos e receberam anéis de pureza de seus pais quando estavam no ensinomédio. O pacote de cuidados de casa deles provavelmente vinha toda semana compequenas e inteligentes notas de amor e biscoitos adocicados com glacê rosa.Nesse momento parecia que o resto do grupo estava surpreendido na parte peculiar daexpressão Tesouro Peculiar de Katie.

Talitha fez uma pergunta diferente.

- E quanto a isso, Katie: Os seus pais tinham um apelido para você quando você estavacrescendo?

- Sim.

- Qual era? Ela perguntou.

Katie rapidamente cobriu a falha próxima em sua fachada:

- São três questões. Craig não disse que nós só teríamos que responder duas questões? Aresposta para minha segunda pergunta foi ‘sim’.

O riso que murmurou ao redor da mesa era do tipo que Katie amava extrair das pessoas,especialmente quando ela estava tentando baixar a guarda em novas situações. Se aspessoas não soubessem que seu apelido era um tanto quanto engraçado, eles estariammenos prováveis a esperar que ela divulgasse qualquer parte séria da sua vida. Katiegostava desse jeito.

Sempre os faça rir antes de você ir embora; é disso que eles vão se lembrar. Esse era olema não escrito de Katie.

Além do mais, como ela poderia dizer a esses potenciais novos amigos que o apelidoque ela cresceu ouvindo de seus pais era “Nosso pequeno erro” ?

Não, nenhum deles entenderia o que era ser indesejada. Katie explicara para Rick no

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último inverno que cresceu se sentindo tolerada como criança, ignorada comoadolescente e, agora, apartada como um chato quase esquecido. Ela disse a ele que tudoo que ela sempre quis foi pertencer a alguém.

Rick a surpreendeu com sua resposta. Parte dela esperara que ele dissesse algo como:

Eu te quero, Katie. Você pertence a mim agora. Eu vou cuidar de você. Ele não disseaquilo. Mas sua resposta foi a melhor, realmente: Você pertence a Cristo, Katie. 

Katie atraiu aquela verdade e a segurou como uma forma de adoção completamenteexecutada. Isso não a fez se sentir diferente. Certamente não a fez sentir-se aquecida eespecial da forma que ela sabe que teria se sentido se o Rick tivesse dito: Eu te quero.Você pertence a mim.

Mas isso era verdade. E verdade, o tipo de verdade que tem força para libertar, às vezesvem sem emoção. Como uma âncora, simplesmente segura rapidamente. A identidadeturbulenta de Katie estava se acalmando. Mesmo hoje, enquanto os ventos e ondas da

insegurança lhe dão pontapés, a verdade das palavras de Rick permanecia fixada nocoração de Katie. Elas voltaram a ela agora à medida que ela apartava o apelido de“Nosso pequeno erro” e ouvia a voz forte de Rick atrás da sua mente. Você pertence aCristo. 

Katie queria saber se o velho apelido que seus pais haviam lhe dado era a razão para elaficar atenta ao Rick apelidando-a. Ela não queria ser rotulada de qualquer coisa que nãofosse ela mesma. Seu eu de mulher universitária. Katie. Somente Katie.

Ela sabia que se no inverno passado Rick tivesse dito “Você pertence a mim”, ela seriauma pessoa diferente do que é agora. Ela não teria a liberdade que Rick lhe dera para

estabelecer sua real identidade. Katie sabia que ela teria se ligado a Rick e ido aqualquer lugar que os ventos e ondas levassem a vida dele.

- Tudo bem. Vamos para a próxima pergunta. Craig disse. É você, Nicole.

A pergunta de Craig para Nicole foi:

- Se você não tivesse vindo pra Rancho Corona, o que você acha que estaria fazendo emvez disso?

Nicole pensou um minuto.

- Eu acho que teria ido para a Austrália viver com minha irmã por um ano.

A resposta dela produziu muitos sotaques falsos e tagarelices sobre cangurus e ursoscoala.

- Ok, Craig pôs fim à discussão down-under *. A próxima questão para Nicole precisavir de um de vocês.

*

Não sei se essa expressão tem um correspondente em português. É uma forma que eles usam para sereferir à Austrália, Nova Zelândia, etc. Se fosse traduzir ao pé da letra, seria “debaixo de”, mas isso não iase encaixar na frase.

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O exercício continuou em volta do círculo. Muitas informações sobre cada AR foramcompartilhadas. Katie percebeu que não era a única com uma infância turbulenta. Ahonestidade dos outros a ajudou a relaxar e sentir como se talvez, somente talvez, elapudesse se encaixar nesse grupo. Se ela tivesse sido a última no círculo, ela sabia quepoderia ser mais aberta com suas respostas.

Craig concluiu a sessão com um resumo de porque ele tinha dado a eles esse exercício.

- Eu quero que todos vocês aprendam tanto a escutar os outros como responderhonestamente. Limites precisam ser respeitados e eu acho que todos vocês fizeram umbelo trabalho nessa área. Nós somos um time e nós precisamos aprender como trabalhar

 juntos como uma unidade coesa. Aprender a fazer as perguntas certas ao outro e, maisimportante, aprender a ouvir a resposta.

A sessão de treinamento continuou sem intervalo até mais de 18:30. Craig conseguiupassar por todas as seções restantes da agenda, incluindo procedimentos de segurança e

procedimentos de saúde. O assunto final, que animou os ARs que retornavam, foi amenção do retiro de dois dias para o qual todos os ARs embarcariam na manhãseguinte.

Antes do grupo se desmanchar para o jantar, Craig distribui dois grandes sacos de lixopretos e deu a instrução final, que não fez sentido para Katie. Ao invés de interromper ofluxo da reunião, Katie esperou até que eles estivessem no caminho para o jantar.

Ela pegou Nicole de lado para perguntar:

- Você sabe o que o Craig quis dizer quando ele disse que poderíamos embalar apenas oque conseguíssemos encaixar nos sacos de lixo? Ele quis dizer que nós iremos colocarnossas bagagens dentro dos sacos de lixo?- Não, os sacos de lixo são a sua bagagem. É suposto que você empacotará suasnecessidades mínimas e aqueles itens que couberem dentro de um saco de lixo. Issoinclui seu saco de dormir.

- Quer dizer que é pra caber em dois sacos de lixo?

- Não, só um. Os sacos são dobrados para reforçar - Nicole sorriu.

Bagagem leve não era um problema para Katie. Ela não notou que era minimalista. O

que a preocupava era que ela não sabia onde eles estariam indo para o retiro. Nenhumdos estudantes sabia. Isso tornava fazer as malas um desafio.Enquanto Katie e Nicole caminhavam pra dentro da lanchonete atrás do resto do grupodelas, elas farejaram o ar, virando uma pra outra e dizendo juntas:

- Sticks de peixe.

- E batatas fritas, sem dúvida, Katie adicionou.

- Eu não acho que tenha comido sticks de peixe em toda a minha vida antes de vir prauniversidade, Nicole disse.

- Oh, quantas sensações de comigo congelada-queimada você perdeu durante a sua

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infância.

Não, eu experimentei as sensações de comida congelada. Minha mãe costumava fazerempadões de carne de galinha congelados todo o tempo. Não empadões extravagantescom rótulos de nome-marca. Ela estocava na loja de produtos genéricos e cozinhava

para nós sobre um papel que endurecia junto com um doce transbordante quando osempadões de carne explodiam, o que sempre acontecia. Acha que quem lavou os pratose tentou limpar o doce da torta de frango de panela queimado?

- Ok, você venceu, Katie disse. Suas comidas menos favoráveis de infância são pioresque as minhas. E pra ser honesta, eu realmente gosto dos sticks de frango que elesservem aqui. Mais ainda quando eles têm batatas fritas também. Se você colocar os doisna sua boca ao mesmo tempo, eu acho que as batatas fritas cancelam o sabor do peixe.

- Eu vou tentar isso. Eu normalmente cubro os sticks de peixe com molho de fazenda.Funciona também.

O Telefone de Katie estava vibrando e ela deu uma olhada na mensagem de texto queestava chegando. Era do Rick. CINEMA? 19:15.

Ela escreveu de volta, AINDA EM REUNIÃO.

Enquanto Katie e Nicole pegavam suas bandejas e entravam na fila, Rick retornou com,21:20?

- Nós temos alguma coisa pra depois do jantar? Katie perguntou a Nicole.

- Estou certa de que teremos alguma coisa, mas eu não sei o quê. Ano passado nósapenas penduramos um no outro para nos conhecermos melhor como um time.

Katie escreveu de volta, NÃO POSSO.

A resposta de Rick veio antes dela pegar o caminho para os molhos de fazenda.AINDA? ÀS 21?

SINTO MUITO. NÃO POSSO ESTA NOITE.

Katie parou e olhou para a mesa onde o restante dos Ars estavam esperando por ela.

Esta não era uma boa hora para ela pular fora. Ela enviou uma mensagem de volta paraRick dizendo que poderia ligar pra ele mais tarde. Ela esperava que ele entendesse. Elaestava trabalhando. Ela tinha um novo trabalho. Era isso. As horas do treinamento deAR não eram nitidamente definidas como as horas no Ninho da Pomba.

Rick entenderia. Ele não era a âncora dela. Esse era o próximo capítulo dorelacionamento deles e estava sendo diferente dos anteriores.

Capítulo 15

Quando Katie retornou ao seu quarto no dormitório na noite de segunda-feira, já erammais de onze horas. Ela tinha seus dois sacos de lixo que Craig passara para cada um

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dos ARs, assim como alguns papéis que ela tinha que preencher antes deles partirempara o retiro de treinamento pela manhã.

O que ela não tinha era um sentimento definido sobre o que viria logo à frente. Katienormalmente tinha a aparência de alguém que apreciava viver espontaneamente, no

momento. Ela amava a idéia de novas aventuras e de dar novos passos de fé.

Contudo, quando chegava o momento de arriscar, ela freqüentemente se achava ansiosae cheia de dúvidas. Esses eram os momentos em que ela parecia estar face a face comseu verdadeiro eu. A Katie que nem sempre tinha uma resposta rápida ou uma expressãofacial engraçada. Aquela era a Katie refletida agora no espelho de corpo inteiro atrás daporta do seu quarto.

“O que você está tentando provar?” a verdadeira Katie perguntou a si própria. “Por quevocê quis pegar esse cargo de AR? Você não sabe aconselhar ninguém. Verdade sejadita, você é provavelmente quem precisa de conselhos. Quando você tentar guiar, você

honestamente acha que alguém irá te seguir?”

Os olhos claros de Katie no espelho não responderam.

“É muito tarde pra voltar atrás? Eu posso voltar para o Ninho da Pomba e apenas estarcom Rick todos os dias? É possível pra minha vida voltar ao que era nos últimos setemeses?”

Katie caminhou pra longe do espelho. Ela poderia ouvir a verdadeira Katie replicar,

“Nos últimos sete meses você esteve procurando por algo mais. Lembra-se de quãoinquieta você estava? Isso é o que o Senhor colocou na sua frente. Aceite isso[1] e sejagrata.”

Katie sorriu. A última fala que ela ouvira de sua mente foi de um vídeo que ela assistirahá vários meses, na época em que ela realmente tinha tempo livre em sua vida parafazer tais coisas. O filme abria com uma cena em um orfanato no qual todas as criançasagitadas faziam uma fila para receber sua colherada de óleo de rícino. A mal-humoradamatrona do orfanato dava a cada criança um olhar malvado antes de empurrar omedicamento na sua boca. A cada um deles, ela dizia,

- Tome! Tome e seja grato.* 

Katie sorriu porque sabia no fundo do seu coração que essa oportunidade de servir comouma AR não era uma desagradável colherada de óleo de rícino. Isso era um presente.Ela estava agradecida. Ela havia aceitado o cargo de boa vontade e com alegria.

Com as mãos nos quadris, ela falou em voz alta dentro do quarto.

“Todas as suas inseguranças e dúvidas terão que ir agora. Vá para o lugar que Jesus asenviou. Vocês não são bem vindas aqui. Saiam.”

*

Em inglês a expressão seria: Take it and be thankful. Literalmente seria: Tome isso e seja grato (a). Masisso não se aplica ao "cargo da Katie". Por isso, nesse caso, traduzi para ACEITE. Mas no caso de óleo derícino fica TOME mesmo, por causa do contexto.

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Suas palavras surpreenderam-na. De onde veio isso? 

Tudo o que ela sabia era que o quarto parecia mais espaçoso. Seus pensamentos seachavam mais leves.

Outra nota para si mesma: Seja valente quando as mentiras vierem até você. Você pertence a Cristo, Katie. Siga bem perto dele. 

Uma imagem veio à Katie de um grupo de mentiras e dúvidas beliscando em seuscalcanhares. A imagem era como um esboço de caricatura de um grupo de repugnanteslesmas verdes com dentes de navalha afiados avançando lentamente bem atrás dela ecravando suas mandíbulas. Contudo, quando ela chegava perto do Senhor e começava acaminhar em compasso com ele, as lesmas repugnantes gritavam e rastejavam nadireção oposta. As mentiras perecem quando elas chegam perto da verdade.

Mantendo o frescor que envolvia sua profunda respiração, Katie decidiu fazer a suacama. Ela não era, por natureza, uma "fazedora de cama". Nas duas últimas noites desdeque ela se mudou para esse quarto no Crown Hall, Katie tinha dormido em seu saco dedormir em cima da sua cama porque isso era uma simples, rápida e conveniente coisa ase fazer. Agora que ela precisava embalar seu saco de dormir para o retiro detreinamento de AR, ela queria realmente se mudar e se situar no seu novo ambiente

Indo para o canto do seu quarto, Katie abriu a caixa de cima que balançava em umapilha de quatro recipientes inclinados para o lado. A caixa de baixo estava começando aceder. Decidida a ir ao trabalho, Katie liberou seus pertences de suas prisões de papelão

e encontrou seus lençóis e sua fronha preferida da Pequena Sereia que ela haviacomprado no Galpão da Economia. Levantando uma bolsa de roupas sujas, Katie desceupelo corredor vazio até a lavanderia, empurrando seus lençóis e roupas dentro de duasmáquinas de lavar.

Enquanto suas roupas lavavam, Katie colocava seus pertences dentro das gavetas dacômoda economizando bastante espaço. O tempo total da mudança foi deaproximadamente vinte e oito minutos. Ela pensou em como isso levara quase a mesmaquantidade de tempo para simplesmente fixar e erguer o guarda-sol para Trícia eDouglas quando eles foram à praia com o bebê Daniel. Ela nunca imaginara que aquelesdois se transformariam em um circo ambulante com toda aquela parafernália de bebê.

Eles estavam até mesmo falando em comprar um carro maior e se mudar para uma casamais espaçosa.

Ela então pensou em Cris e Ted, que tinham usado todo o espaço do armário para todosos presentes e pequenos eletro-eletrônicos deles. O apartamento deles ainda continhaalgumas caixas empilhadas de presentes de casamento. Eles estavam tentando decidir sedeveriam manter ou trocar alguns dos itens. A vida de casado deles estava cheia de"coisas domésticas", como Ted as chamava.

Algumas semanas atrás, Cris havia convencido Katie a ir fazer "devoluções” com elanuma noite depois do trabalho. A resposta de Katie tinha sido:

“Claro, eu ainda tenho um cartão-presente de sua tia que eu preciso usar para alguma

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coisa. Eu poderia fazer umas pequenas compras.”

“Não, não, não. Devolução é diferente de compra,” Cris explicou.

“Você tem que responder questões, preencher formulários e tentar decidir bem naquela

hora se você quer dar uma olhada em alguma coisa para usar seu crédito da loja.Devolução usa um tipo de energia mental diferente da compra, e eu estou farta de irsozinha. Ted só foi devolver comigo duas vezes. Eu estou num ponto em que só possoficar indo a uma loja por viagem.”

Katie se sentiu como um burro de carga na excursão da devolução, carregando pela lojaum liquidificador na caixa, uma torradeira na caixa, e dois fazedores de waffle na caixa.Cris carregava uma colcha numa embalagem de plástico que vinha com uma alça. Comseu outro braço ela balançava uma cafeteira e uma fronha com uma palmeira desenhada.Para a mulher no caixa ela disse, “Essas são duplicatas.” O que era verdade para adescrição de Cris sobre o processo, fora requerido que ela preenchesse um monte de

formulários e fosse então convidada a “dar uma olhada em algo mais.”

“Não, obrigada,” Cris disse enquanto dobrava seu cartão- presente dentro de sua carteiraatrás de três cartões-presente de outras lojas.

Katie avistou uma geladeira perfeita para seu quarto enquanto elas caminhavam rumo àporta. Ela comprou-a e a rebocou para o Volvo de Cris.

Agora que Katie havia removido as quatro caixas de papelão do seu quarto, elacomparou sua cota de “coisas domésticas” com as que Cris e Ted tinham que lidar. Eladecidiu que gostava da benção simples de viver equipada com o básico. Ela não estavapronta para torradeiras e liquidificadores e ter que levar um guarda-sol para a praia. Maso frigobar era certamente um bom divertimento.

Assim que seus limpos lençóis saíram secos da secadora, Katie os estendeu sobre suanova cama. Para ela, na quietude desse momento da meia-noite, esse gesto era umpequeno ato de adoração. Seu esforço para se “aninhar” era seu jeito de dizer que eladesejava “aceitar isso e ser grata”. O que quer que viesse, Katie estava pronta paraaceitar. E sem dúvida, ela estava grata.

Com a cama feita, suas roupas penduradas no armário, e suas gavetas organizadas, Katieempacotou as coisas essenciais que foram chamadas no retiro de lista “Para Trazer.”

Seu saco de dormir e tudo mais couberam facilmente no seu duplo saco de lixo.

Então, porque isso pareceu celebrável, Katie tomou um quente e cheiroso banho antesde subir para seus limpos, macios e envolventes lençóis de fibra sintética. Ao checar orelógio de seu celular, ela notou outra mensagem de Rick. ME LIGUE HOJE À NOITE.

Ela já ia apertar o número 1 para a discagem rápida do número de Rick. Então ela paroue reconectou o telefone ao carregador. Era 1:15 da manhã. Mesmo se Rick aindaestivesse acordado, ela não queria tentar resumir esse longo dia numa curta conversa.Ela sabia que ele devia estar chateado por ela não ter ligado mais cedo, mas ela tinhauma longa lista de razões legítimas.

Katie decidiu que ligaria para ele de manhã, quando ambos estivessem “renovados”.

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Uma nova “manhã de misericórdia” seria a hora para falar com ele.

Deitando na limpa maciez de seu quarto, Katie percebeu a doce companhia da solidãoquando um coração está rendido e pronto para o que virá em seguida. Ela não sabia seestava inteiramente pronta para o que viria em seguida, mas ela desejava estar.

Eu me pergunto se desejar é tão bom aos olhos de Deus quanto estar pronta.Especialmente uma vez que é um tanto quanto difícil estar pronta quando você nemsabe para onde você está indo de manhã!

Naquela noite, Katie sonhou que estava boiando sobre uma balsa em águas bem azuis.Sobre seu pequeno colchão inflável da balsa, todos os seus pertences a cercavam. Dealguma forma, o balançar da balsa era simplesmente estável. Ela não estava com medode ser tombada por todas as suas “coisas domésticas”. Arredando um pouco para trás,com os braços cruzados atrás de sua cabeça, Katie sonhava em estar flutuandocontentemente pelo que pareceram dois minutos antes de seu despertador tocar às 6:30,

forçando-a a sair da cama e do seu sonho.Gemendo e reclamando durante todo o caminho pelo corredor até o grande banheirocoletivo, Katie entrou arrastando os pés e encontrou Nicole no espelho, passando rímelnos cílios.

“Bom dia!” Nicole a cumprimentou.

“Hummh.”

“Não é uma pessoa “das manhãs”, pelo que vejo.”

“Baffumph.”

Nicole sorriu. “Você já fez as malas?”

“Mmmhmm.”

“Que bom. Por que você não dá uma passadinha no meu quarto quando estiver pronta, enós podemos ir juntas para a fonte para nos encontrarmos com todos? Eu sei que vocêprovavelmente se lembra de Craig dizendo isso ontem, mas certifique-se de usar sapatosbem confortáveis para caminhadas. Ano passado, era uma manhã quente quando nós

partimos e um monte de nós estava calçando chinelos. O ônibus nos deixou na estradaantes de nós chegarmos até o centro de conferência, e nós tivemos que caminhar maisde 1 km e meio sobre cascalhos. Meus pés ficaram destruídos.”

Katie se aprontou em tempo recorde. Enquanto ela descia o corredor rumo ao quarto deNicole, Nicole saía do banheiro com sua bolsa de maquiagem. Katie estava vestindo um

 jeans, uma camiseta, sua camisa da Rancho Corona estava amarrada na sua cintura, e opar mais confortável de sapatos que ela tinha.

“Como você pode ficar tão bonita tão rapidamente?” Nicole perguntou. “Você levou,tipo, quatro minutos.”

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“Eu decidi que eu sou minimalista,” Katie disse. “Eu arrumei meu quarto ontem à noitee percebi que todos os meus pertences cabem no meu carro com lugar sobrando para umamigo no banco da frente. Uns amigos casados que tenho acabaram de ter um bebê, eeles levaram em apenas uma tarde para a praia mais coisas do que tudo que eu possuo.Então, noite passada, eu decidi que gosto de ser minimalista.”

“Você vai ser uma influência pra mim,” Nicole disse com um grande sorriso. “Vocêainda não viu meu quarto, né?”

“Não até eu te ajudar a carregar umas caixas no sábado.”* 

“Prometa que não vai zombar de mim.”

“Por que eu zombaria de você?”

“Por causa disso.” Nicole abriu a porta do seu quarto, e a mandíbula de Katie caiu. Oquarto parecia com algo saído de uma revista de decoração. A cama de Nicole tinhauma pequena ondulação, uma colcha perfeita em amarelos e azuis, meia dúzia de

travesseiros enfileirados perfeitamente, uma cortina listrada sobre a janela quecombinava com todo o resto, um tapete felpudo no centro do quarto, uma poltronaconfortável no canto oposto com uma “combinante” almofada azul no centro doconvidativo ninho. Meia dúzia de fotos emolduradas foram colocadas perfeitamente nasparedes.

Katie soltou seu saco de lixo.

“Eu sei. Chocante, não é? Eu fiquei acordada até depois da meia noite nas últimas trêsnoites. Eu estou muito focada em fazer do meu ambiente algo bonito. Isso é umadoença.”

Katie se virou para Nicole, e com um tom de voz mais alto do que ela pretendia terusado, ela disse,“Jamais diga que isso é uma doença.”.

Nicole recuou.

“Seu quarto é lindo.” Katie redirecionou seu pensamento para um jeito mais positivo.“É isso que eu estava tentando dizer. O que você fez com seu quarto é maravilhoso. Nãodespreze sua obra de arte. Isso é um talento, Nicole, não uma doença. Você juntou ummonte de espaço e “nada”, e fez uma obra de arte. Você fez uma maravilha.”Os olhos de Nicole lacrimejaram. Ela deu um grande abraço em Katie. “Obrigada.”

“Pelo quê?”

“Obrigada por dizer isso. Obrigada por me fazer sentir como se não houvesse nada deerrado em eu amar fazer do meu quarto algo bonito.”

“Essa é a verdade,” Katie disse. Na sua imaginação ela podia quase ver um monte delesmas nojentas correndo da verdade que ela tinha acabado de dizer no quarto deNicole.

Nicole balançou a cabeça lentamente. “Sim, essa é a verdade. Como você chamou isso?Minha obra de arte? Você está certa. Eu sou igual à minha mãe; é assim que eu me

* Em inglês está: "Not since I helped carry in a few boxes on Saturday". Não entendi.

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expresso. Obrigada, Katie.”

“Disponha. Eu espero que sua criatividade me atinja esse ano. Eu sou uma minimalista,e minha mãe é quase que uma ‘suficientista’. Ou talvez ela esteja mais pra uma‘chatista’.”

Nicole gargalhou, mas Katie não. “É verdade,” Katie disse.

“Vamos lá, nós temos que levar suas tralhas minimalistas de retiro para a fonte.”

Enquanto elas iam com seus sacos de lixo sobre seus ombros ao estilo Papai Noel, Katiedisse, “Então me diga o que devo esperar.”

“É difícil dizer. Você sabe que ano passado nós fomos até um centro de conferência nasmontanhas e ficamos em cabanas. Eu ouvi rumores de que nós devemos ir pra lá denovo.”

“Por que eles mantêm o lugar em segredo?”

“Eu acho que é pra colocar todos no mesmo nível no começo. Ninguém sabe o queesperar, e já que nós só podemos levar o que está na lista, todos estamos na mesma.”

Muitos estudantes estavam aglomerados na área da fonte quando Katie e Nicolechegaram. Mais alguns pareciam estar vindo de todas as direções. Katie achou estranhoassistir tantas pessoas caminhando pelo campus com seus grandes sacos de lixo pretos.

“Quantos ARs há?” Katie perguntou a Nicole.

“Ano passado o total foi trinta e seis, oito de cada dormitório.”

“Nós temos apenas quatro dormitórios. Deve dar um total de trinta e dois.”

“Você esqueceu o Brower Hall. É de onde os outros quatro são.”

“Ah é. Como eu poderia ter me esquecido do Brower Hall? Foi onde eu morei nosemestre passado. Antes de lá, eu morei no Sophie Hall.”

Sophie Hall era o mais novo, o mais impressionante dos dormitórios. O hall de entrada

foi desenhado para parecer com o saguão de um hotel clássico. No centro do prédioestava um pátio aberto completo com o que Katie chamava de “a selva”. Altaspalmeiras, diversas plantas, e um lugar cheio de bancos faziam do lugar o ponto favoritopara casais terem suas conversas de coração-pra-coração.

Katie preferia a área da fonte no centro do campus. O jeito como a luz do sol mudavacontinuamente a aparência da água contra os azulejos azuis, fazia com que ela sentissecomo se este fosse o lugar onde vida e esperança jorravam em meio a prédios que acercavam.

Ela também decidiu que preferia o Crown Hall aos outros dormitórios no campus. Os

quartos eram um pouco menores do que no Sophie Hall e no Brower Hall, mas o Crownoferecia janelas maiores. Ela também achava o saguão do Crown melhor que o do

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Sophie. Ele era direto. A porta deslizante de vidro se abria para uma grande área compoltronas, uma mesa de sinuca, e mesas de café feitas de madeira maciça que serviamtanto para os estudantes quanto para pés, laptops, livros ou jogos de tabuleiros. ParaKatie, o saguão do Crown Hall parecia com o cômodo extra da casa em que ela sempredesejou ter crescido. O único cômodo clichê extra que estava faltando era um com uma

cabeça de alce pendurada na parede. Ou talvez um com um peixe com um longo epontudo nariz.

O outro aspecto que Katie amava sobre o Crown Hall era o “ninho secreto” no telhado.A escadaria guiava a uma porta que se abria para uma área plana sobre o telhado. Oparapeito em volta do ninho era tão que mesmo que uma pessoa estivesse sentada namesa do pátio ou deitada sobre uma das três cadeiras do “lounge” na área compacta, elanão saberia que há alguém lá em cima. Katie já havia planejado utilizar o esconderijocomo um lugar para respirar ou para tirar uma tranqüila soneca.

“Aqui.” Nicole deu a Katie um rolo de fita adesiva e um marcador permanente. “Você

precisa escrever seu nome no pedaço de fita e colá-lo em um lado de seu saco.”Katie o fez, adicionando uma carinha sorridente depois de seu nome.

“Você deveria colocar seu último nome,” Nicole disse. “Há outra AR chamada Katie noSophie Hall.”

“Você está brincando.” Katie olhou em volta. “Você sabe quem é ela? Ela está aqui?

“Eu ainda não a vi.”

Katie não conhecia nenhuma outra Katie na Rancho. Seu nome não era particularmentepopular, e ela não tinha que compartilhá-lo com freqüência. Nesse pequeno grupo, elanão gostava de ser uma das duas Katies. Ela sabia que isso era ridículo, mas suasingularidade repentinamente diluiu-se.

“Eu te apresento quando eu a vir,” disse Nicole.

Katie escreveu “Weldon” em outro pedaço de fita adesiva e colou-o bem depois dacarinha sorridente. Se ela não podia ser a única Katie no grupo, pelo menos ela seria aúnica com uma carinha sorridente para sua letra inicial do meio.

As malas deles foram jogadas no porta-malas de um trailer alugado. Greg e dois dosoutros diretores dos residentes estavam em pé à beira da fonte e deu as direções aogrupo. Eles foram avisados a pegar o café da manhã das mesas e então se direcionarempara o ônibus fretado que os esperava do outro lado do campo de futebol. Katie e Nicolepegaram, cada uma, uma maçã, um muffin de banana e nozes, uma garrafa de água, eentraram no ônibus.

“É ela.” Nicole cutucou Katie e apontou com a cabeça em direção à garota de cabeloscurtos e escuros e belos óculos de sol. Katie a reconheceu porque ela costumava fazer ocheck-in das pessoas na academia de ginástica do campus. A outra Katie tinha umtemperamento tranqüilo e se mantinha na dela. Excentricamente, saber que aquela outra

Katie não tinha cabelos vermelhos nem parecia com ela em nenhum aspecto emparticular era confortante.

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Uma vez que todos estavam no ônibus, um dos líderes distribuiu camisas que tinham alogo da Universidade Rancho Corona nas costas. Cada dormitório tinha uma cordiferente, e o nome do dormitório aparecia na manga direita da camisa. Os ARs doSophie Hall ganharam camisas brancas, e os ARs de Brower Hall ganharam camisasazuis. Os próximos foram os de Crown Hall; Nicole ficou feliz quando ganhou camisas

cor de chocolate.

Katie pegou sua camisa quando jogaram pra ela e pensou, de chocolate, exatamentecomo os olhos do Rick. 

Um repentino sentimento de oh-oh cobriu-a como uma rede. Ela não tinha ligado devolta para Rick. Ele não sabia que ela estava partindo hoje para o retiro de treinamento.Se Katie tivesse lido seu manual de treinamento na hora certa, ela saberia os detalhesdesse dia e teria contado a Rick.

Katie tirou seu telefone da sua mochila e tentou ligar. Caiu na caixa postal e ela decidiu

não deixar uma mensagem já que as pessoas á sua volta ouviriam o que ela dissesse.Também, ela não tinha certeza sobre o que dizer.

Optou por mandar uma mensagem de texto, Katie escreveu que ela estaria fora docampus pelos próximos três dias para o treinamento. Apertando “enviar” no seutelefone, Katie soube por que o sentimento de oh-oh fora tão intenso. Essa era aprimeira vez hoje que ela havia pensado em Rick ou lembrado de que deveria contar aele o que estava fazendo.

Fitando para fora da janela enquanto o ônibus descia lentamente a via - expressa, Katiese perguntou, ue isso diz sobre meu compromisso com Rick? Se eu me importasse comele o tanto que eu acho que eu me importo, eu me esqueceria dele por tanto tempo?Talvez nós não estejamos ficando mais pastosos? Talvez nós estejamos ficando mais

 flutuantes, e nós estamos flutuando para longe um do outro.

Capítulo 16

Depois de uma hora de viagem de ônibus com especulações do grupo sobre qual seria odestino deles, um fato era óbvio. Eles estavam se encaminhando para o oeste, na direçãodo oceano e não para o leste na direção das montanhas. Katie gostou da idéia de umretiro na praia. Nem todos compartilhavam do interesse dela. Parecia que aqueles que

tinham ouvido sobre um local nas montanhas ano passado se fecharam nessa idéia eestavam desapontados, embora eles ainda não soubessem onde estavam indo realmente.

Todos eles ficaram surpresos quando o ônibus saiu da auto-estrada em Long Beach e sedirigiu para uma área de estacionamento no lado do porto onde o sinal dizia"Estacionamento para a Balsa da Ilha Catalina".

Um zumbido selvagem percorreu o grupo. Quase todos os ARs colocaram suas camisascoloridas sobre o que quer fosse que eles estivessem vestindo, juntamente com umsentimento generalizado de uma corrida que estaria prestes a começar. Uma das garotasatrás de Katie e Nicole disse:

- Eu amo Catalina! Eu estou muito feliz de nós estarmos indo para lá! Minha família

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costumava alugar a mesma cabana todos os verões quando eu estava na escola primária.Eu não volto à ilha há quase dez anos. Isto vai ser ótimo. Eu sei todos os bons lugarespra nadar.

O desembarque do ônibus levou muito menos tempo que o embarque na Rancho levara.

Katie ajudou a formar uma linha de brigada para que eles passassem as bolsas do trailerpara a balsa que os esperava. Turistas assim como moradores da ilha embarcavam naenorme arte marítima e todos eles davam uma longa olhada para o pequeno exército deestudantes da Rancho que certamente aparentavam estar preparados para uma invasão.

- Vamos subir para o topo do barco, Katie sugeriu para Nicole. Ela não queria estarpresa a uma cadeira de praia na cabine interior quando a vista poderia ser muito melhorao ar livre, no topo.

- Eu estou falando – Talitha disse – os DRs realmente se superaram planejando isso. Eusempre quis ir à Ilha Catalina. Eu ouvi dizer que ela é realmente antiga, e que tudo é

bem parecido com o que era nos anos cinqüenta ou algo do tipo. Clássica Califórnia.Isso é ótimo! Eu vou nadar em todas as chances que tivermos.

O telefone celular de Katie tocou enquanto a balsa estava deixando o porto para aexcursão de hora para Catalina. Ela viu o ID na tela e caminhou para longe do resto dogrupo enquanto atendia.

- Rick, oi. Desculpa por não ter te ligado de volta ontem à noite. Você recebeu minhamensagem?

- Sim. Eu realmente estou sentindo sua falta, Katie. Está me matando você não estar

aqui no trabalho. Onde você está?

Katie olhou para o litoral de Califórnia. O marco mais visível, o Queen Mary, um navioa vapor enorme ancorado no porto de Long Beach, estava sumindo ao longe.

- Você não vai acreditar nisso. Eu estou em uma balsa a caminho de Catalina. Eugostaria que você estivesse aqui.

- Eu pensei que você estivesse em treinamento pelos próximos três dias.

- Eu estou. Esse é o nosso retiro. Nós estamos indo para Catalina. Foi uma grande

surpresa para todos.

Houve um silêncio do outro lado da linha.

- Você ainda está aí?

- Eu ainda estou aqui.

- Eu pensei que talvez tivesse perdido o sinal porque nós estamos nos encaminhando pralonge da costa. Se a linha cair, eu te ligo de volta quando eu puder. Nós supomos queestaremos até sexta-feira, mas eu não sei se nós ficaremos em Catalina o tempo todo. O

local do treinamento é um segredo.

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 - Outro segredo?

- Sim, nós não sabemos se vamos ficar na ilha, em um barco ou o quê. É uma loucura.Ela cobriu em volta do bocal com a mão para proteger da interferência da brisa dooceano que de repente bateu e causou um estalido alto no telefone dela. Eu devo te falarporque não te liguei de volta ontem à noite. Nós estivemos em treinamento no campustodo o dia até tarde da noite. Então eu tive que fazer as malas para esse retiro e nóstínhamos que nos apresentar às sete esta manhã. Nós não sabíamos onde estávamos indoaté nós vermos as placas de Catalina... Katie continuou, fazendo bom uso do seumecanismo de defesa tente-sempre-ser-interessante.

- Então, na hora que eu reuni todos os meus pertences na noite passada, já era mais deuma da manhã e eu sabia que eu ainda poderia ligar, mas se você estivesse dormindo, eunão queria acordá-lo, então...

Ela parou e percebeu que a linha estava muda.- Alô? Rick?

A mensagem da tela no telefone celular dela dizia "Sinal fraco". Ela não sabia em queponto a chamada havia caído e o quanto Rick havia ouvido de sua explicação. Não queimportasse. Rick poderia ter ouvido tudo o que ela disse ou nada e ainda assim o "sinal"entre os dois estaria "fraco". Essa era a pior coisa pra ela: Sentir-se emocionalmentedesconectada da pessoa que era provavelmente uma das que mais importava.

Katie voltou e sentou-se perto dos seus amigos na proa do convés superior. Uma AR do

Brower Hall juntou-se a eles. Ela era a única de camiseta azul entre as cinco camisetasmarrons. Era estranho como uma camiseta coloria estabelecia um limite subentendido.

Katie virou seu queixo na direção do oceano aberto e respirou o ar fresco do mar. A ARdo Brower Hall olhou para Katie e disse:

- Ei, eu conheci um cara que te conhece ontem à noite. Carley disse a ele que eu erauma AR também. Ele perguntou se nós ainda estávamos em nossa sessão detreinamento, o que nós achamos engraçado porque nós estávamos no cinema. Mas entãoele disse que o seu grupo ainda estava em treinamento e nós dizemos a ele que vocêcom certeza estava com o Crown Hall porque eles gostam de superar limites.

As outras ARs do Crown Hall tinham respostas para o comentário de "gostam desuperar limites" dela.

Katie as interrompeu.

- Quem era o cara que você viu?

- O nome dele é Rick. Ele estava sentado à nossa frente.

- No cinema?

A garota confirmou com a cabeça.

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  Rick foi ao cinema sem mim. Parecia estranho.

- Carley disse que ele era seu antigo chefe também. Ele me pareceu realmentesimpático.

- Carley?

- Ela estava com Rick ontem à noite no cinema.

Essa parte da notícia desceu pela garganta de Katie como uma pimenta de jalapeno.

- Quem mais estava lá?

- Só os dois. Rick perguntou se nós a tínhamos visto ontem porque eu suponho que eletenha tentado te ligar algumas vezes.

Katie acenou concordando, ainda mantendo sua expressão fixa. Tentando mudar deassunto, ela perguntou:

- Alguém sabe onde fica o banheiro nessa coisa?

A "cabeça", a outra AR disse. Em um barco eles chamam de cabeça.

Katie não queria saber como se chamava. Ela não estava indo lá mesmo. Ela estavaapenas procurando por uma saída fácil para que pudesse ir pra longe dessa conversa.Assim que ela ficou fora da vista, ela discou o número de Rick e esperou que o telefoneconectasse. Todas as onze tentativas produziram a mesma resposta: "Sinal fraco".

Katie respirou fundo e sentiu o ar fresco do oceano aberto refrigerar seus pulmões. Eladigitou uma mensagem de texto para Rick e tentou enviar. Quando quer que chegasse,pelo menos Rick saberia que ela estava pensando nele esta manhã e sentido falta deletambém. A coisa mais importante para Katie lembrar nesse momento era que não haviarazão para não confiar em Rick.

Quanto à Carley ela não estava certa.

- Oi. Julia veio a Katie e se apoiou contra a grade, olhando para o mar. -Dia

deslumbrante, não é?

- Sim.

Julia se virou e deu à Katie uma longa olhada.

- Tudo bem?

Com um suspiro Katie perguntou:

- Quanto você quer ouvir?

- Tudo. Ou pelo menos o quanto você quiser me contar.

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 Katie olhou para Julia. Aqui no convés, no ar aberto com o reflexo da água em sua face,Julia parecia uma piscina refletora. Quando Katie olhou dentro dos calmos olhos azuisde Julia, ela sentiu como se ela pudesse ver a si própria olhando de volta.

- Isso pode ser demorado, Katie disse.

- Eu não irei a lugar algum pelos próximos, oh, quarenta minutos ou mais. Julia disse.

- Ok, bem, há um cara...

- Sim? Julia sorriu como se já tivesse ouvido algumas histórias antes que começavamcom a mesma frase.

- O nome dele é Rick e eu acabei de saber que ele foi ao cinema ontem com alguémcom quem eu não me dou muito bem. Eu não consigo explicar porque não gosto dela.

Eu só não gosto. Então eu não sei o que está se passando com ele. Ele me ligou na noitepassada e me chamou para ir ao cinema, mas eu não podia. Parte de mim pensa que eleprovavelmente tentou formar um grupo para ir ao cinema, mas no final só ele e Carleypuderam ir.

Katie se interrompeu.

- Ops, eu não ia dizer o nome dela.

Julia deu uma leve piscada com um gesto do tipo "prossiga".

- Eu presumo que devo lhe dizer como eu e Rick nos tornamos o que somos hoje. Indopara um canto fora da brisa, Katie explicou como ela e Rick se encontraram pelaprimeira vez no primeiro ano do segundo grau e como ela teve uma queda por ele desdeentão.

Ela contou então sobre segundo ano e sobre ela ser a mascote da escola, Katie, aOncinha do Kelley High, e Rick era o popular atacante principal do premiado time defutebol americano deles.

- Ele não prestou muita atenção em mim no segundo ano. Todas as garotas estavamatrás dele. Então Cris se mudou para Escondido. Cris é a minha melhor amiga e tem

sido por anos.

- Eu conheço a Cris, Julia disse. Ela fez uma matéria eletiva que eu ensinei ano passadoem estudos interculturais.

- É claro. Você estava no casamento dela. Ela e eu nos conhecemos em uma festa dopijama quando estávamos nos segundo ano. Nós empapelamos a casa do Rick Doyle.Ele deu uma olhada na difícil Cris e o cara ficou apaixonado. Esta é realmente umalonga história.

- Da minha parte na novela – Katie continuou – com exceção de alguns blipes

ocasionais no ensino médio, Rick não havia me notado até o outono passado. Ele estámuito mudado desde o ensino médio e suponho que eu tenha mudado também.

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 Katie desenrolou para Julia a versão estendida da queda de Rick por Cris no ensinomédio, os anos selvagens de faculdade dele e os dois beijos que ele roubou de Katie nomeio disso tudo, começando com seu primeiro beijo no Desfile das Rosas no Reveillonem Pasadena.

- O Desfile das Rosas é na verdade uma doce recordação de um jeito estranho, Katiedisse. Um grupo nosso estava acampando na rua esperando pelo desfile na manhãseguinte. Era meia-noite. Todo mundo estava beijando. Eu estava lá. Rick estava lá. Eleme beijou. Fim dos detalhes.

- A segunda vez que nós nos beijamos foi poucos meses depois. Era tarde da noite nolado de fora do apartamento do Rick em San Diego. Cris estava lá dentro assistindo, eunão sabia disso naquele momento. Rick não me "deu" um beijo dessa vez. Eledefinitivamente o arrancou de mim.

- Claro, eu tendo a ser competitiva, para não ficar pra trás, eu arranquei um beijo dele devolta. Foi tudo estranho e desajeitado, sem nenhum sentido. Nós passamos o diaseguinte no Zoológico de San Diego e o Rick praticamente me ignorou. Foi tudo ummonte de coisas do colégio.

- Mas isso ainda machuca, Julia disse. E isso permanece com você por muito tempo.

- Exatamente. Katie contou à Julia sobre a carta que Rick enviara para ela um ano antese como ele tinha se desculpado pela forma que ele a havia tratado. Eu o perdoei depoisde ler a carta. Eu achei que nunca iria vê-lo de novo.

- Então no outono passado eu estava no Ninho da Pomba na noite em que Ted pediuCris em casamento e Rick estava lá. Eu não o via há muito tempo e nós começamos asair. Até então, nós estávamos sendo...

Katie percebeu que estava encurralada e não estava certa sobre como continuar.

Julia esperou até ela encontrar a descrição certa.

- Nós não estamos exatamente namorando. Não oficialmente. Nós fazemos coisas juntos. Mas nós não somos namorado e namorada. Mas até a semana passada nós nosvíamos todos os dias porque trabalhávamos juntos.

Júlia acenou que entendia.

- Em vários sentidos nosso relacionamento tem sido surpreendente, maravilhoso eapenas direito. Mas agora eu estou receosa porque eu não sei o que está acontecendo. Ea questão é que eu não deveria estar preocupada. Quero dizer, Rick tem provado mais emais que eu posso confiar nele. Nós concordamos em levar o nosso relacionamento tãolento quanto pode ser. E acredite em mim, tem sido tão rápido quanto uma velhasenhora com um pneu careca na pista lenta. Quero dizer, se o Rick quiser sair comoutras pessoas, isso não deveria me perturbar. Eu posso sair com outras pessoas se euquiser. Nós estamos apenas flutuando, sabe? Nós não estamos comprometidos.

- Vocês soam bem conectados – Julia disse – isso tem a ver com se verem todos os dias

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por muitos meses e estarem romanticamente interessados um no outro. Posso fazer umapergunta?

- Claro.

- Você e Rick estão envolvidos um com o outro fisicamente?

Katie meneou a cabeça. Julia olhou surpresa. Agradavelmente surpreendida.

- Quero dizer, nós tivemos alguns momentos de abraço e carinhos aqui e ali, mas nósnão nos beijamos ainda. Ou, eu acho que deveria dizer, nós não nos beijamos desde oensino médio. Katie suspirou. Quando eu me ouço falar, a forma que eu e Rick nosrelacionamos soa bem bizarra. Eu não conheço outro casal que tenha umrelacionamento como o nosso.

- Isso é uma parte do tema "Tesouro Peculiar" na sua vida, não é? Você é única, Katie, e

assim é seu relacionamento com seu quase namorado. Eu acho que você está indo bem.- Você acha? Sério?

- Sim, sério. Soa como se vocês dois tivessem escolhido ir com calma e deixar aamizade entre vocês se tornar a base. Isso é sábio.

- E também pode ser enfadonho.

Julia riu.

- Eu disse ao Rick no início do verão que nós estávamos em uma rota e ele disse querotas podem ser boas. Então se as rotas são boas e você está dizendo que nossorelacionamento é bom, então eu presumo que eu não precise me apavorar com relaçãoao cinema. E mesmo se ele tiver levado a Carley para um encontro ou qualquer outracoisa, não é minha função fazer exigências com relação à vida social dele.

- É o tipo de relacionamento no qual vocês dois não sentem paz em avançar, emboravocês também não vejam uma razão para romper e seguir seus caminhos separados?

Katie pensou um momento antes de concordar.

- Tipo isso. Esse cargo de AR se tornou uma forma natural de nos separarmos. Rick, naverdade, estava pronto para me pedir pra ser sua namorada no início do verão.

- E você não estava pronta?

Katie acenou com a cabeça.

- Eu pensei que estivesse. Eu disse a ele que eu queria sair da pista lenta. Então, quandoele estava pronto para falar sobre isso, eu me fechei. Eu não queria dar o próximo passo.Eu não sei por que exatamente.

- Há alguma coisa que a faça não confiar nele?

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Capítulo 17

Assim que a enorme balsa ancorou em Avalon, as equipes da Rancho Coronaaumentaram a marcha, pegando seus pertences e se juntando no estacionamentoenquanto dois ônibus compactos fretados esperavam por eles.

Craig deu as direções e os ARs embarcaram nos ônibus, segurando seus sacos de lixono colo. Os ônibus subiram a colina para longe da baía. As vistas se expandiam àmedida que eles iam pela árida ilha. Catalina, a despeito de ser uma ilha, não poderiareivindicar massas interiores de água como um de seus recursos naturais abundantes.

“Ok, ouçam.” Craig disse para o grupo enquanto o ônibus reduzia a velocidade. Se vocêtem um telefone celular, desligue e mantenha-o desligado.

Ele esperou enquanto quase todas as pessoas no ônibus pegavam seus telefones.

“Aqui está a primeira regra. Sem recebimentos ou efetuações de chamadas. Semmensagens de texto. Sem downloads. Alguns de vocês vão ver que a sua operadora nãofunciona aqui. O restante terá que, ou desligar os seus telefones ou pro seu próprio bem,deixá-los longe de vocês. Se você precisar de uma pequena intervenção nisso, dê o seutelefone à Julia e ela o devolverá ao final do treinamento.”

Telefones foram desligados e guardados.

“Próxima, nós precisamos que todos vocês deixem seus sacos de lixo no ônibus, maspeguem suas mochilas e qualquer outra coisa que você carregou com você. Quandovocês saírem, reúnam-se por dormitório e nós daremos as direções quando estiverem

lá.”

Eles saíram do ônibus e Katie se reuniu com o restante dos ARs de camiseta marrom. Avisão do topo da ilha era surpreendente. O porto de Long Beach, de onde eles haviampartido, já não era visível por causa da fumaça e da neblina do litoral. Tudo o que elespodiam ver era o Oceano Pacífico expandido, vislumbrando na luz solar do começo datarde.

"Parece com um campo de estrelas”, Nicole disse.

“Você sabe, como se aqui fosse onde todas as estrelas cadentes pousam quando elas

caem dos céus. É um curral de estrelas cadentes. Este é o lugar onde você pode vir paravê-las durante o dia.”

Katie sorriu. Nicole era definitivamente uma artista. Katie gostava de estar rodeada porpessoas artísticas, principalmente porque ela sempre esperou que a lírica fascinaçãodeles pela vida pudesse ser passada para ela.

“Ok.” Craig caminhou para o grupo deles. “Fiquem juntos, garotos. Nós estamoscaminhando para dentro do acampamento e é aqui que a trilha começa.” Ele acenoucom a cabeça adiante da estrada que se transformava de asfalto em poeira e pedregulho.“O que quer seja que vocês escolheram trazer consigo em suas mochilas, vocês

precisarão carregar com vocês pelo resto do caminho.”

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“Quão longe é?” Jordan perguntou.

“Não é longe.” Craig sorriu.

Umas poucas pessoas no grupo reclamaram por causa do mistério de serem enviados

para uma caminhada, mas não saber o quão distante eles estavam indo. Katie nãoreclamou. Ela estava preparada para esticar as pernas. Durante todo o verão ela gastara amaioria dos seus dias em pé no Ninho da Pomba. Sentar um pouco não era algo que elacostumava fazer.

“Nós temos algumas caixas lá em cima com kit para trilha, alguns sticks de queijo egarrafas de água. Como eu estou certo de que vocês já notaram isso pelos arredores,essa é uma ilha árida e nós estaremos no sol por quase toda a caminhada. Todo mundorecebeu duas garrafas de água. Eu tenho que adverti-los de que vocês devem tomarpequenos goles para que se mantenham hidratados. Todos prontos?”

Eles a panharam seus itens de almoço e alcançaram a trilha atrás do grupo de camisetasbrancas do Sophie Hall. Poeira subia assim como os sons dos alegres acampantes àfrente deles flutuava no ar.

Uma das garotas atrás deles estava dizendo como ela estava desapontada peloacampamento não ser localizado perto da água. Essa jornada de subir ao cume deCatalina e descer de volta não era a experiência que ela esperava.

Katie tinha uma reação oposta. Esse era um dos seus tipos de sonhos mais felizes e elaamou a aventura. Dando um passo para ficar ao lado de Nicole, ela disse:

“Eu estou contente por você ter me lembrado a respeito dos sapatos confortáveis decaminhada.”

“Eu sei,” Nicole disse. “Eu vi uma garota usando sandálias plataforma. Eu já estousentindo por ela. Ela vai ficar péssima. Eu amo o fato de nós vermos um lado deCatalina que não muitas pessoas experimentam.”

“Eu esperei o verão inteiro para sair e fazer alguma coisa; essa é a minha idéia de umbom tempo.”

“Você cresceu acampando com a sua família?” Nicole perguntou.

“Não. Eu queria que tivéssemos feito isso. Eu só fui a um acampamento de verão umavez, mas aquela semana mudou a minha vida. Eu acho que isso é um pouco do porquêde eu ser tão animada com acampamentos. Qualquer tipo de acampamento.”

“Se você gosta tanto de acampar, porque você só foi ao acampamento de verão umavez?”

“Minha família não exatamente tirava férias de verão para Yellowstone. O único jeitode eu acampar era com amigos. Minha família não ia à igreja também, então quando eufui convidada para ir com alguns amigos a um acampamento de verão da igreja, foi uma

grande coisa. Meus pais concordaram que eu poderia ir porque eles queriam ir a LasVegas sem mim. Enviar-me para acampar proporcionou uma semana livre para eles.”

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 Nicole olhou como se ela não soubesse como responder.

Katie decidiu continuar andando.

“Quando eu penso sobre isso, eu descubro que acabou sendo uma semana "livre" pramim também. O acampamento da igreja no Lago Hume foi onde meu coração selibertou.”

“Quer dizer que foi lá que você veio até Cristo? No Lago Hume?" Nicole perguntou.

“Sim, exceto pelo fato de que isso foi mais como se Cristo tivesse vindo a mim porqueeu nunca soube que eu poderia ir até ele.”

Nicole deu a Katie um olhar surpreso.

Katie tentou explicar.“Aquela semana no acampamento da igreja foi a primeira vez que eu ouvia falar queDeus me queria. Aquilo foi grandioso, sabe? Eu não posso imaginar onde eu estaria ouquem eu seria se eu não tivesse aceitado o desafio de Deus naquela semana.”

“Desafio dele?” A expressão de Nicole deixava claro que ela ainda estava confusa coma escolha ímpar de palavras da Katie. Katie pensou que ela deveria fechar o bico antesque outro pio ardiloso saísse. Então ela decidiu que poderia muito bem colocar tudo issopara fora, dado que ela e Nicole estariam vivendo juntas pelo próximo ano escolar. Mase se Katie não soubesse todos os termos cristãos corretos para tudo? Ela sabia o que

acontecera em sua vida. Se Nicole estava prestes a conhecer Katie na essência de quemela era, esse era o ponto de partida.

“Eu sei que não estou dizendo todas as coisas do jeito certo.” Katie disse enquanto ela eNicole mantinham o passo largo caminhando na estrada de pedregulho. “Pra mim,confiar em Deus é um tipo de desafio. Se tudo o que preletor do acampamento disse forverdade, o que eu sei que é, então para mim, parecia com um desafio.”

“Eu não sei o que você quer dizer com desafio,” Nicole disse.

“Deus estava oferecendo gratuitamente este presente de perdão, vida eterna e acesso ao

reino dele. Tudo o que eu tinha que fazer era acreditar e receber. Como um presente.Isso foi o que me cativou. Quero dizer, isso é uma transação realmente ruim para a partedele. Era como se ele estivesse dizendo: "Vá em frente, Katie. Eu te desafio a ver se eusou real. Confie em mim. Você não saberá a menos que você se aproxime e aceite o queeu estou oferecendo. Esta é a única forma de você acreditar quando eu disser que teamo." Assim eu aceitei Deus no desafio.”

Nicole continuava caminhando, seus olhos escondidos de Katie atrás dos óculos de sol.

“Você sabe o que eu estou começando a apreciar em você, Katie?”

“Suponho que não seja o suor que rola agora mesmo debaixo de meus braços.”

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 Nicole riu.

“O que eu aprecio em você são o seu frescor e honestidade. Você diz coisas que eununca pensaria em dizer e você diz isso de um jeito que me faz pensar.”

“Pensar ou se esquivar? Como um arrependimento quando você perceber que eu souaquela com quem você vai ficar presa durante o ano.”

“Katie, não diga isso!” Nicole deu a Katie uma expressão firme sem adicionar seusorriso característico. “Sabe como você me falou esta manhã para não desprezar minhaarte de decorar meu quarto? Bem, eu estou dizendo a você, não despreze a suapersonalidade. Você é única. Você é uma obra de arte. Você realmente é. Você faz avida parecer real e não uma peça de teatro.”

Katie não sabia o que dizer.

Nicole sorriu.

“Então, o que eu estava dizendo antes de você rudemente depreciar meu comentário, éque você me faz pensar na minha verdade familiar de formas diferentes. Minha infânciafoi provavelmente o oposto da sua. Você sabe que o meu pai é pastor?”

“Não.”

“Ele tem sido pastor na mesma igreja em Santa Bárbara por mais de vinte anos. Eutenho ouvido o evangelho milhares de vezes. Minha vida inteira. Eu fui a uma escola

cristã e agora eu estou em uma universidade cristã. De várias formas eu fiqueiadormecida ou imune ou qualquer coisa assim. Mas você! Você inspira todas as suasconversas sobre Deus com um ímpeto de frescor. Estar ao seu redor é como estar emuma cachoeira. Você é refrescante. Todas as gotas de sua queda me acordam.”

Agora Katie realmente não sabia o que dizer.

“Como ontem.” Nicole aumentou o passo com os pés e a conversação dela. “Quandovocê usou o termo ‘Tesouros Peculiares’, eu não sabia o que fazer com aquilo. Querodizer, eu cresci ouvindo que eu era uma princesa no reino de Deus. Minha tarefa era sersua doce e carinhosa filha. É muito diferente de ser "impar" ou "peculiar".

Especialmente quando você amarrou a palavra "peculiar" a "tesouro".

“Espero que eu não tenha bagunçado a sua teologia,” Katie disse. “Só que eu realmentenunca me encaixei na categoria de princesa."

“Oh, sim, você se encaixa!” Nicole disse. “Toda mulher que é uma seguidora de Cristoé uma filha do Rei e isso faz dela uma princesa. Mas o que você disse sobre ser umTesouro Peculiar se encaixa muito mais com onde nós estamos agora. Nós estamosvivendo em um mundo falido. Nós somos incomuns quando somos comparados com amaioria das pessoas. Eu não estou dizendo isso claramente, do jeito que você fez, maseu entendi. Nós somos valorosas. Isso é a parte do "tesouro". Mas vamos encarar; nós

somos peculiares. Eu amo isso.”

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“‘Tesouro Peculiar’ é, na verdade, um termo do Velho Testamento. Eu não inventei.”

“Quando nós chegarmos ao acampamento, eu quero que você me mostre onde está.Você trouxe sua Bíblia?”

“Claro. Estava na lista.” Katie não sabia exatamente onde o versículo do TesouroPeculiar estava. Ela esperava que o tivesse sublinhado, assim ele saltaria pra fora dapágina quando ela fosse buscá-lo.

“Katie, eu quero que você saiba que eu quis dizer apenas o que eu disse. Eu amo ofrescor com que você encara tanto a vida como Deus, e eu estou muito alegre de nóssermos ARs juntas este ano. Você não tem idéia de quão alegre.”

“Eu estou alegre também,” Katie disse.

Os comentários acolhedores de Nicole ajudaram mais do que Katie percebera de

primeira porque, quando eles pararam para descansar mais ou menos no meio docaminho, Katie começou ficar “por fora” novamente. Os ARs que tinham estado juntosno ano anterior tinham uma piada interna sobre alguma coisa que Jordan tinha feito nacaminhada para o acampamento da última vez. Até mesmo Craig estava brincando erindo com eles, o que era ótimo, claro. Mas isso continuou e Katie estava perdida. Se adoçura das palavras acolhedoras de Nicole não estivesse em seu coração, ela teria sesentido mais por fora.

Katie percebeu naquele momento o desafio que ela e Nicole tinham à frente delas peloano vindouro no seu andar. Se metade das mulheres estava voltando para o Crown HallNorte, metade das mulheres teria formado “panelinhas”, desenvolvido piadas internas e

estabelecido rotinas preferenciais. E assim eles deveriam fazer. Esta era a diversão deestar em comunidade. Já que os novatos poderiam ter muitos momentos como este queela estava vivendo agora, quando eles se sentiam marginalizados simplesmente porqueeles eram novos.

Katie se afastou dos outros membros da equipe enquanto eles aproveitavam o momentoda piada deles. Ela tirou o frasco de protetor solar da sua mochila e reaplicou um poucono seu nariz, braços e atrás do pescoço. Se ela pudesse colocar nos seus cabelos, elacolocaria. O sol do meio-dia estava forte, ela estava certa que esfregando dois fios

 juntos poderia pegar fogo.

Craig anunciou que eles precisavam voltar para a trilha. Um dos outros grupos já tinhaido à frente. O competitivo Crown Hall apertou o passo.

A trilha estreitou por um lugar árido e rochoso. As pedras que eles chutavam nocaminho rolaram abaixo em um íngreme e assustador precipício.

“Vão devagar,” Craig convocou. “Mantenham-se no interior. Em fila indiana.”

“Eu sinto como se nós fôssemos os filhos de Israel caminhando pelo Mar Vermelho emterra seca.” Nicole disse.

“Eu prefiro pensar em nós como sendo os filhos de Israel quando eles cruzaram o rio Jordão (Jordan River).” Esse comentário veio de Jordan, que enfatizou a sua palavra

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preferida da frase.

“Bem, Jordan,” Craig disse, “se você quer ir cruzando no chão seco, então nós teremosque pegar doze pedras e empilhá-las como um memorial onde nós acamparemos estanoite. Você quer escolher suas pedras e começar a carregá-las?”

“Eu prefiro recontar a narrativa à pôr em prática o conto do Velho Testamento,” Jordandisse.

“Boa escolha,” Craig disse.

Eles passaram através do estreito e pedregoso caminho e fizeram uma curva onde todoseles pararam como veículos engavetados numa auto-estrada.

“Búfalo? Talitha perguntou. “Eu estou olhando para uma manada de búfalos?”

“Eles são enormes,” Nicole disse. “Eles não estão vindo nos debandar, estão?”“Acho que não. Apenas se mantenham na trilha. Eles provavelmente não irão nosincomodar se nós não os incomodarmos.”

A água de Katie das duas garrafas tinha acabado, mas ela estava realmente pronta paraum gole gelado. O ar era seco e quente na trilha, só agora o cheiro desagradável de gadoacompanhou as moscas enxameando.

“Quanto você acha que falta para chegarmos?” Talitha perguntou. “Eu sinto como senós já tivéssemos andado dez milhas.”

“A trilha é muito mais árdua do que a do ano passado,” Nicole concordou.

“Craig?” Talitha chamou. Sua voz despertou um dos búfalos que bufou e levantou suacabeça para olhar para eles.

Craig sinalizou para ela manter a voz baixa e permanecer caminhando devagar econstante.

Katie recordou um filme do oeste no qual o cavaleiro punha a orelha no chão para ouviro trovejar de patas. Eles não teriam que escutar aqui para tentar localizar um rebanho. O

búfalo estava dentro do ângulo de visão e a uma distância facilmente alcançável.

A equipe ficou bem junta e caminhou o próximo quarto de milha sem ninguémconversar. Katie notou que, na presença de perigo em potencial, o silêncio e aproximidade do grupo deles traziam certo senso de segurança e proteção.

Assim como todo mundo, Katie ficou feliz quando eles pararam de novo para umdescanso. Tudo o que ela desejava era que ela não tivesse bebido tão rapidamente seusuprimento de água cedo na viagem.

Jordan tirou sua garrafa de água e tomou um gole. Katie o assistiu, mas tentou pensar

em outra coisa que não fosse água.

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“Quer um pouco?” Jordan perguntou.

“Eu sou tão óbvia?”

“Vá em frente.”

Ele deu a ela sua garrafa e ela tomou dois bons goles. Foi o suficiente para resolver asecura da garganta dela.

Katie aceitou a oferta e o agradeceu novamente. Foi muito legal da parte de Jordan, eela sabia que se lembraria desse favor.

A última porção da caminhada era a mais cansativa, mas eles tinham sombra parcial eaquilo fazia uma diferença tremenda. O grupo do Crown Hall passou o pequeno timetinha tomado a frente mais cedo, e Craig e Jordan foram os dois primeiros a entrar noacampamento. Katie e Nicole estavam bem atrás deles, seguidas pelo restante dos ARs

do Crown Hall.Julia e outro pessoal, que estavam levando os veículos para dentro do acampamento,estavam com a tarefa de organizar a comida em uma área de churrasco ao ar livreladeada por oito sólidas mesas de piquenique. Outros dois líderes estavam armando asúltimas de uma dúzia de barracas.

Tirando sua mochila, Katie se ofereceu para ajudar Julia.

“Você está vendo os containeres plásticos de água bem ali?” Julia perguntou. “Quandoos outros entrarem no acampamento, você pode direcioná-los para encher suas garrafas

de água naqueles containeres?”

Katie encheu uma de suas garrafas de água vazias, tomou um longo gole e então seposicionou como a monitora da água. Ela entrou no ritmo do passo do acampamento epermaneceu empolgada nos dias seguintes.

Com a mesma inclinação organizacional do treinamento de ARs anterior, o retiro correucom uma agenda eficiente que permitiu ajustes ocasionais, como a primeira noite delasem volta da fogueira. O plano era cantar, compartilhar e assar marshmallows. Executaraqueles objetivos era mais complicado do que provavelmente parecera durante as fasesde planejamento. Os marshmallows estavam torrados e umas poucas canções soavam,

mas os andarilhos estavam muito apagados para se revezar e contar as sua histórias parao grupo.

Antes de alguns dos acampantes adormecerem nos ombros de seus amigos, um doslíderes do Sophie Hall deu instruções para a manhã. “Nós vamos jejuar amanhã até ahora do jantar. Se algum de vocês tem razões médicas para não participar, fale comigo.Nós todos vamos acordar às seis da manhã e manter uma disciplina de silêncio até asseis da noite. Você vai passar o dia sozinho com Deus em qualquer lugar que lheagradar. Leve com você a sua água, sua Bíblia e caderno. Espalhados, mas não muitolonge do acampamento. Encontre o seu lugar para ouvir e tire vantagem do seu temposozinho com Deus. Como os ARs que estão retornando irão lhes contar, o ano vindouro

trará poucas oportunidades como essa. Eu pedi à Nicole para falar um pouco sobre oque ela gostou dessa parte do retiro do ano passado.”

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 Nicole se levantou.

“Ano passado, eu usei o tempo para ler a maioria dos Salmos e fazer anotações sobre osversos que se destacavam para mim. Durante o ano eu abriria o meu diário e descobriria

que um dos versos que eu tinha escrito era exatamente o que eu precisava naquelemomento durante o semestre. Foi como se o Senhor tivesse me preparado para o ano, noretiro, fazendo com que eu escolhesse os versículos certos que eu precisei para a

 jornada.”

Craig falou sobre como não havia um jeito certo ou errado para usar o dia. “Apenasesteja disponível,” ele disse. “Esse é um tempo para você e o Senhor. Tudo o que vocêtem que fazer é ouvir.”

Capítulo 18

Katie pensou em várias coisas sobre sua agenda para o dia. O pensamento de gastar odia lendo, escrevendo, e ouvindo não a atraiu, especialmente pouco tempo depois daescola de verão. Ao mesmo tempo, ela gostou da idéia de ficar sozinha com Deus e seconcentrar nele. Ela não conseguia se lembrar de um momento em sua vida onde eladedicara um dia em tal concentração.

Katie estava de pé antes das seis porque uma das garotas saiu de sua barraca, e o som dozíper combinado com a luz da manhã sobre o rosto de Katie a acordou. Ainda vestindoas mesmas roupas que ela tinha colocado nessa mesma hora do dia anterior, Katie pegousua mochila com a Bíblia, diário, e uma garrafa de água e saiu da barraca. O dia já

estava radiante com a livre luz solar enchendo o céu do lado leste.

Julia estava acordada e estava sentada em uma das mesas de piquenique.

“Bom dia”, Katie a gritou.

Julia virou-se para Katie e rapidamente colocou seu dedo em frente a seus lábios parasilenciar a menina agitada.

Katie bateu na boca com sua mão. Ela queria muito sussurrar um “desculpe”, mas issosó iria quebrar a disciplina do silêncio tudo de novo.

Eu não acredito que a primeira coisa que eu fiz é falar. Eu espero que ninguém maistenha me ouvido. Eu acho melhor eu sair daqui o mais rápido que eu puder.

Ela se abaixou para amarrar seus sapatos e então deixou o acampamento em busca deseu “lugar para ouvir”, como Craig havia nomeado.

Lá pelo meio-dia o forte sol estava refletindo sobre o lugar escolhido de Katie. Ela tinhaescolhido ficar sobre uma pedra lisa onde ela podia contemplar o oceano distante. Arocha estava fria quando ela começara sua vigília quatro horas atrás.

Agora a pedra estava tão quente que dava para fritar bacon, o que soava muito bom

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àquela hora para Katie, seu estômago estava reclamando por ter perdido o café damanhã.

Ela foi em busca de um novo lugar e esperava esquecer-se da comida. Seguindo a trilhade volta para o acampamento, Katie passou por oito ARs, cada um seqüestrado em umcanto da natureza. A maioria deles estava sob uma sombra parcial, o que ela sabia queseria um prêmio assim que o chegasse o entardecer do dia.

Katie se perguntava como esse diário da alma estava indo para o resto do grupo. Suasprimeiras horas parecerem improdutivas. Não que ela soubesse exatamente o que eladeveria produzir, mas ela não tivera nenhuma grande libertação espiritual ou revelaçõesinteriores. A primeira hora ou ela gastara pensando, orando ou estudando o cenário.Depois ela se esticou sobre a rocha quentinha e tirou um cochilo. Seu cochilo foiinterrompido por uma multidão de pássaros radiantemente coloridos que pareciam seencontrar em um grupo de discussão num arbusto abaixo dela.

Esforçando para realizar alguma coisa, Katie escreveu alguns parágrafos em seu diário,tentando expressar seus sentimentos. Escrever em diários não era sua especialidade.Alguns de seus amigos, como Cris, eram revigorados ao passar para o papel seuspensamentos e sentimentos. É por isso que as cartas que Cris escrevera ao longo dosanos para seu futuro marido tinham sido tão importantes para ela.

Enquanto Katie procurava à sua volta por um novo “lugar para ouvir”, ela brigava comum sentimento de fracasso. Ela não sabia como fazer aquela atividade espiritual naselva. Falar com Deus não era o problema; ouvir definitivamente era.

Desviando-se da estrada principal, Katie encontrou um conjunto de arbustos. Ela checou

para se certificar de que poderiam vê-la da trilha, o que era um dos requisitos paraqualquer lugar escolhido. Numa inspeção mais detalhada, Katie descobriu que o pé deframboesas crescia em uma sombra arqueada, deixando uma caverna natural dentro da“moita” que era larga o suficiente para que ela que engatinhasse para lá e sebeneficiasse da abertura daquela sombra irregular.

Com sua mochila como travesseiro, Katie se encolheu e adormeceu num outro cochilo.Quando ela acordou em sua caverna de pé de framboesas, ela estava pressentindo quealgo a estava encarando. Ela olhou para seus pés e congelou.

A poucos centímetros dos sapatos dela havia uma raposa, encolhida e imóvel. Os olhosdelas se encontraram. Assim que Katie se mexeu, a raposa correu, com sua pelevermelho-alaranjada reluzindo a uma trilha de distância dela. Ela nunca tinha visto umaraposa antes. Ela também não se lembrava de ter ficado tão perto de animais selvagensantes. O coração dela estava acelerado.

Saindo de sua caverna aberta, Katie levantou e esticou-se, olhando em todas as direções.Ela não fazia a menor idéia de quanto tempo ela estivera adormecida, mas ela se sentiabem. A explosão de adrenalina que a raposa causara trouxe seu sangue e sua respiraçãopara a superfície. Ela não se sentia tão bem há muito tempo, descansada e bemexercitada da caminhada do dia anterior.

Bebendo o resto de água de sua primeira garrafa, Katie se alongou novamente e seperguntou o que deveria fazer agora. Ela pegou sua mochila e percebeu que ela estava

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muito pesada por causa de sua Bíblia, a qual não tinha sequer sido aberta hoje.

Katie caminhou um pouco e pensou que, apesar de “bom dia” terem sido as únicaspalavras que ela pronunciara para Julia, ela ainda tinha um monte de conversas nacabeça dela. Seria bom ouvir a Deus. A única maneira que ela sabia de fazer isso era

lendo a Bíblia.

Encontrando um terceiro lugar, ela limpou a sujeira visível debaixo de um eucalipto,sentou-se e recostou no estreito tronco da árvore. Com o penetrante aroma de cheiro-verde da árvore flutuando em volta dela, ela abriu sua bíblia e foi à procura do verso doTesouro Peculiar. Aquele parecia um bom lugar para começar.

Ela encontrou um monte de fragmentos de versículos que ela tinha sublinhado ao longodos anos. Numa tentativa de ouvir o que Deus tinha para dizer ao invés de ser a única afalar, Katie listou os versos sublinhados em seu diário assim como Nicole tinhasugerido. Dentro de uma hora ou mais, ela descobriu que todas as frases que ela tinha

retirado eram como pérolas. As frases estavam amarradas juntas sobre a página de seudiário onde elas formavam um lindo “colar”.

Katie notou que esperança formava um tema repetitivo nos versos. Em cada frase elasentia como se Deus estivesse mostrando-a o coração dele e a lembrando de quem eleera. Ter a memória refrescada sobre Deus e seu amor dava esperança a Katie.

No topo da página de seu diário ela escreveu: “Deus me ama. Ele disse.” Então ela leuos versos que tinha listado.

“Eu derramo meu amor sobre aqueles que me amam” (Êxodo 20:6a).

“Eu te escolhi e eu nunca te abandonarei” (Isaías 41:9b).

“Eu te resgatei. Eu te chamei pelo nome. Você é meu” (Isaías 43:1b).

“Eu serei fiel para contigo e te farei meu, e você finalmente me conhecerá comoSENHOR” (Oséias 2:20).

Katie sabia que cada verso continha verdades mais profundas que as frases e trechossobre os quais ela tinha escolhido refletir. Ela está numa faculdade cristã tempo

suficiente para saber os perigos de tirar parte de um versículo fora de contexto. Aclareza do coração de Deus para sua criação foi o que Katie tinha ouvido no colar depérolas enquanto ela os lia. Ela era sua filha, sua princesa, seu Tesouro Peculiar. Eleguardava Katie em seu coração. No silêncio penetrante debaixo da árvore de eucaliptoDeus estava lembrando Katie de quem ele era. Ela sentia essa verdade ir bem ao fundodo coração, quase como que se ele tivesse suspirado suas promessas dentro do ouvidodela.

Katie nunca experimentara esse tipo de afirmação de Deus antes. Mas também, ela nãoconseguia se lembrar da última vez em que ela se calou e se sentou tempo suficientepara ouvir.

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Voltando as páginas de sua Bíblia para Êxodo 19, onde ela vira uma das referênciaspara Tesouros Peculiares, Katie notou outro verso na página em Êxodo 20. “Construaaltares nos lugares onde eu te lembro de quem eu sou, e eu virei e te abençoarei lá.”

Ela pensou no comentário de Craig um dia antes sobre os filhos de Israel carregando

pedras para fora do Rio Jordão para construir um monumento. Doze pedras para as dozetribos de Israel.

Então, porque o coração dela se sentiu tão preenchido e porque ela quis se lembrar dessemomento, Katie procurou à sua volta por doze pequenas pedras. Ela as empilhou domelhor jeito, ali debaixo do eucalipto.

Colocando de lado a vergonha e se lembrando de que ninguém além de Deus a estavaassistindo, ela levantou suas mãos ao céu e orou em voz alta com uma alegria solenepreenchendo seu coração. “Pai, hoje nesse lugar você me lembrou de quem você é.Você me lembrou de que você tomou meu lugar de abandono e me libertou de uma

infância solitária. Você me trouxe para um lugar de esperança, amizade, e amorsimplesmente porque você escolheu derramar seu amor sobre mim. Eu coloco essaspedrinhas aqui hoje porque eu quero me lembrar de quem tu és. E eu não quero meesquecer da verdade que me mostrastes hoje. A verdade que...” Katie mal podiapronunciar as últimas três palavras. “... você me ama.”

Capítulo 19

Beijada pelo sol de Catalina, Katie entrou no Ninho da Pomba na manhã de sábadoansiosa para surpreender Rick. Ela se bandeou para o caixa, mas a surpresa, parecia ser

pra ela. Carley estava atrás do balcão usando um avental do Ninho da Pomba.

- Carley, quando você começou a trabalhar aqui de novo?

- Uns dias atrás. Rick foi realmente bom em me deixar voltar e pegar o seu lugar.

A escolha de palavras de Carley, “pegar o seu lugar”, acertou na marca onde elaspareciam ser sido apontadas – no espírito de Katie.

Andréa veio de trás e parecia feliz por ver Katie.

- Nós ouvimos um pouco a respeito do retiro de vocês de um pessoal que veio na noitepassada – ela disse. Pareceu ser uma viagem ótima.

- Foi. Katie respondeu.

Carley disse:

- Eu ouvi que vocês não tomaram banho o tempo inteiro. Eu acho que não teria feitoisso – toda aquela caminhada e sem banhos.

- Eu amei, Katie disse firmemente.

- Nós ouvimos que quando vocês caminharam ontem, você e alguns outros foram nadar

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no oceano de roupas. Carley disse. É verdade?

Katie concordou com a cabeça.

- Bom pra você, Andréa disse.

- Foi melhor que a alternativa, Katie disse. Ela era uma das saltadoras espontâneas quetinham decidido não esperar na fila para usar o banheiro móvel na praia pública.Descalça, em seus jeans e top de banho, Katie tinha dado um mergulho na baía. Então,depois de uma nadada refrescante, ela se enxaguou sob a ducha ao ar livre. A fila para obanheiro móvel tinha acabado àquele momento e ela contentemente guardou as roupasamarrotadas, mas manteve limpas as roupas no fundo dos sacos de lixo. O saco de lixoextra serviu bem para o seu jeans encharcado. O mergulho foi uma de suas partesfavoritas da viagem.

- Eu ainda digo que eu nunca poderia fazer uma viagem como essa. A voz aérea deCarley subiu um oitavo para enfatizar. É como se vocês tivessem que passar por umacampamento de camponeses.

- Então - Katie disse, olhando para Andréa e tentando voltar à razão pela qual ela estavano balcão – você pode ir lá atrás e dizer ao Rick que eu estou aqui? Ela não se sentiabem indo à área dos fundos, o caminho que ela fazia quando trabalhava lá.

- Rick não está aqui, Carley respondeu.

- Ele não está?

- Não, está com o irmão dele. Andréa disse.Katie tentou não parecer surpresa.

- Ah, tá. Ok.- Ele não te contou? Carley perguntou.

- Meu telefone estava desligado. Eu o vejo mais tarde. Katie sorriu para Andréa e voltourapidamente, ansiosa para sair.- Tchau! Carley gritou atrás dela. Você vai me ver mais tarde também. Eu estou no 204.Katie não tinha idéia do que aquilo significava, mas ela não queria ficar ali nem mais

um minuto. Ela saiu para o lado da livraria na intenção de encontrar Cris. Se alguma vezela precisou de sua melhor amiga, era agora.

Cris estava ajudando um cliente quando viu Katie. Ela deu a Katie um aceno e umsorriso.

Enquanto esperava por Cris, Katie tranqüilizou-se. Ela tentou se livrar do encontro comCarley e pensar em alguma outra coisa. Fora do canto de visão dela, Katie viu Crissinalizando para ela vir ao caixa. Ela caminhou para o balcão e Cris disse:

- Eu ouvi que você viu uma raposa.

- Por que todo mundo conhece minha vida?

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 - Um cara do seu grupo esteve aqui na noite passada. Eu não lembro o nome dele. Eleestava falando sobre o búfalo ou boi selvagem ou o que quer que fosse e então ele disseque você viu uma raposa.

- Eu vi. Foi muito legal. Nós também vimos um leão marinho ou um golfinho nopasseio de balsa na volta. Era algum tipo de criatura grande e preta, nadando.

Cris olhou atrás de Katie e disse:

- Me dê licença só um minuto.

Katie deu um passo pro lado enquanto Cris ajudava uma mulher que havia chegado parapegar um livro que ela tinha encomendado.

- Está sendo realmente muito cheia esta manhã, Cris disse assim que a mulher saiu. Por

quanto tempo você vai ficar aqui? Eu posso fazer meu intervalo para almoço daquiumas duas horas.

- Eu não posso esperar tanto. Eu tenho que voltar. Nicole e eu temos muitosplanejamentos a fazer para o nosso saguão e eu tenho uma lista de mantimentos paracomprar no Galpão da Economia. Todos os nossos pacotes de boas vindas e decoraçõesde parede devem estar prontos na quinta-feira. Nossa meta é fazer do Crown Norte omais desejável saguão do campus. Mas, Cris, eu realmente preciso conversar com vocêlogo.

- Qual é o seu programa pra esta noite? Cris perguntou. Você tem tempo para vir lá

pelas sete?

- Talvez. Eu estou tentando entender o que Rick está fazendo. Eu não sei o que está sepassando com ele. Eu não o tenho visto em quase uma semana. Eu tenho esperança deque ele e eu possamos comunicar esta noite.

- Eu acho que o Rick está com o Josh no Arizona.

- Arizona?

- Você não sabia, né?

Katie balançou a cabeça.

- Eu estou por fora de tudo. Eu não sabia que Carley havia sido contratada novamente.Eu sinto como se eu estivesse entrando como um estranho de outro planeta. Nada parecenormal.

- Ainda está normal, Katie. Não se preocupe. Rick foi para o Arizona com o Joshontem. Ele veio pedir ao Ted para pegar a sua correspondência.

- O colega de quarto dele ainda não se mudou?

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 - Tudo bem. Eu sinto a sua falta terrivelmente também.

- Muito engraçado. Meu telefone pifou, então eu peguei emprestado o da Cris para atarde. Ela está no trabalho. Mas você provavelmente sabe disso.

- Sim. Então, como estava Catalina? Rick disse que você foi pra lá no seu retiro detreinamento.

- Catalina estava surpreendente. Nós deveríamos ir todos acampar lá um dia. Eu amei. Émuito acidentado e o acampamento onde nós ficamos era longe; então nós tivemos quecaminhar, mas eu amei.

- Você ficou em um em Mt. Orizaba*?

- Sim. Você há esteve lá?

- Não. Eu dei uma olhada nele uma vez para um retiro da mocidade.

- Bem, se você algum dia decidir levar um grupo pra lá, eu amaria ir de novo.

- Ok, tranqüilo.

- Vejo você à noite, Katie disse. Chegarei por volta das 19:30.

- Tranqüilo, de novo. O Rick voltou do Arizona?

- Não. Pelo menos, não que eu saiba. Eu há pouco deixei uma mensagem pra ele.

- É louco como tudo aconteceu tão rápido com o negócio no Arizona. Se alguém podecaptar um empreendimento sobre a face da terra, é o Rick.

- Yup. Rick, Rick, ele é o nosso homem. Se ele não pode fazer isso, ninguém pode.

- Isso é alguma ovação ou qualquer coisa dos seus dias do colégio? Ted perguntou.- Yup, de novo.

Katie estava encostando em um estacionamento em frente à loja de telefone e sedespediu dizendo:

- Eu tenho que ir, Ted. Vejo você à noite.

Katie saiu do carro, mas parou em seu caminho antes de entrar na loja. O Ted acabou dedizer que Rick estava indo adquirir o café do Arizona que corre sobre a terra? Como o

 Rick pode fazer isso sem se mudar pro Arizona?

Katie tentou o número de Rick novamente. Caiu no correio de voz de novo. Katie estavaprestes a deixar uma mensagem dizendo: “Que história é essa de você se mudar pro

* Parece que Mt. Orizaba é o nome do acampamento ou coisa parecida. É também o nome de um vulcãoque tem no México.

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Arizona?” Mas ela desligou sem dizer coisa alguma. Tinha sido uma semana louca.Muita coisa acontecera com os dois. Ela não havia contado a Rick que ela estava indo àCatalina, então ela dificilmente podia cobrar dele o fato de ele não ter a contado sobre oArizona. Ele provavelmente deixara um monte de mensagens no celular dela. Assim quesua bateria fosse consertada, ela poderia ouvir seu correio de voz e, então, saberia o que

estava acontecendo.

Infelizmente, o telefone de Katie tinha problemas maiores do que apenas uma troca debateria. O vendedor, que Katie notou que não poderia ter mais que dezoito anos apesarde ele agir como se tivesse inventado a Internet, estava convencido de que ela deveriacomprar um novo telefone. Sim, o telefone dela era velho. Sim, ela não tomara muitocuidado com ele, especialmente enquanto ele sacolejava no fundo de sua mochiladurante o retiro. E, sim, ela sabia que mesmo o menos caro dos novos telefones teriaduas vezes mais recursos e opções que seu defunto possuía.

Apesar de todos esses “sins”, Katie disse não e foi embora nervosa sem fazer a compra.

Ela não podia acreditar que um novo telefone era sua única opção. Ela odiava se sentirpressionada a tomar decisões que envolviam retirar uma quantia significante de suaslimitadas economias. Em momentos como esses, Katie odiava ser o que ela chamava de“sozinha no mundo”. Ela era uma adulta, verdade, o que significava que ela eraresponsável por suas próprias decisões e por cobrir suas despesas. Mas ela odiava nãoter alguém para recorrer em momentos como esse.

Rick tinha pais que o ajudavam e Cris tinha seus riquíssimos Tio Bob e Tia Marta;assim como os pais dela. Katie sabia que seria inútil ligar para sua mãe e dizer a ela queprecisava de um celular novo. A mãe dela provavelmente diria, “Por que você precisadesses artigos de luxo eletrônicos? Eles não te dão telefones no seu quarto?”

A atitude de Katie melhorou quando ela entrou no Galpão da Economia e viu algunscompartimentos de itens aleatórios para preencher a lista de compras que ela e Nicoletinham feito. Katie amava esse armazém louco. Ela sempre encontrava o que elaprecisava - e muitas coisas que ela não precisava.

Os preços eram muito baixos e, além do mais, ela estava comprando com o dinheiro daconta do Crown Hall dessa vez. Craig tinha dado a ela mais do que o suficiente para ositens decorativos que elas precisavam.

Enquanto ela descarregava seus utensílios do Galpão da Economia para dentro do

Buguinho, o celular de Cris tocou. Dessa vez era Rick.

- Katie. A voz dele soava feliz. Eu não acredito que eu finalmente consegui falar comvocê.

- Rick, eu estou com muita saudade de você! Eu acabei de descobrir que você está noArizona. O que está acontecendo? Eu não consegui ouvir nenhuma das suas mensagens.

- Eu estou com saudade, Katie. Ele disse lentamente, como se eles tivessem todo otempo do mundo para falar.

- Eu também estou com saudade de você. Ela apoiou-se no lado de seu carro sujo eelevou seu rosto para o sol do meio-dia. Fechando seus olhos, ela percebeu que essa era

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a primeira vez na sua semana ocupada que ela parava para pensar sobre o quanto elarealmente sentia falta dele.

- Eu acho que eu e você não ficamos sem nos ver por tanto tempo desde o últimooutono, ele disse.

- Eu sei. Não era minha intenção que as coisas se tornassem assim.

- Nem a minha. Essa viagem ao Arizona aconteceu muito rápido. Uma propriedadeabriu aqui em Tempe. Meu irmão e o papai voaram para cá há alguns dias para dar umaolhada, e então eles me trouxeram aqui ontem. Nós provavelmente vamos comprar oprédio. O local é fantástico, e um outro comprador está na fila logo atrás de nós entãonão podemos pensar em hesitar.

- Uau.

- Eu sei. Inesperado, mas definitivamente, como você diria, uma coisa de Deus.

- E como isso tudo vai funcionar? Katie perguntou cautelosamente.

- Você quer dizer se eu me mudarei para cá?

- Sim, é isso que quero dizer. Eu não queria falar essas palavras em voz alta.

- Eu não sei. Nós ainda não chegamos nesse ponto. Carlos pode cuidar das coisas noNinho da Pomba sem mim. Eles precisam de mim aqui...

- Rick?

- Sim?

- Nós podemos falar disso quando você voltar? Face-a-face? Eu preferiria ter essaconversa quando nós estivermos no mesmo lugar.

- Está bem.

Houve uma pausa. Katie trocou o telefone de orelha.

- Então, quando você volta?

- Não sei. Talvez amanhã. Talvez em dois ou três dias.

- Uau.

- Você já disse isso. A voz de Rick soou profunda, e se Katie não estava errada, eleparecia triste.

Uma lágrima rolou sobre sua bochecha bem ali na vaga de estacionamento do Galpão daEconomia. Katie não sabia se seria útil dizer a Rick que ela não queria que ele se

mudasse para o Arizona. Ele diria algo impertinente da mesma forma como elafreqüentemente fazia ou repetir uma de suas frases como, “Aprenda a viver com

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decepções.”

Ao invés de dizer o que ela sentia, Katie decidiu guardar seu coração. A conversa durouapenas mais alguns minutos antes de Rick dizer que ele tinha que ir. Ele desligou semeles terem a discussão sobre o fato de Carley estar de volta ao trabalho ou sobre o

estranho incidente do passeio de Rick e Carley ao cinema na semana passada.

Katie não estava certa se uma resposta detalhada para qualquer uma daquelas perguntasiria mudar o que ela sentia. Se ela e Rick tivessem ficado frente-a-frente, ela teriadecidido começar uma briga decente sobre as coisas de Carley. Mas por quê? Nenhumadaquelas coisas parecia importar. Ela estava contente em deixar isso pra lá. Todas asperguntas e incertezas tinham derretido junto com o coração dela quando ela ouviu avoz de Rick e o jeito como ele disse que sentia saudades dela.

O jeito como eu me sinto agora é um bom padrão para medir como eu realmente mesinto a respeito de Rick, certo? As coisas têm estado tão inconstantes com ele. Eu

 preciso vê-lo. Nós precisamos de outra DR.Pensando sobre o que ela deveria dizer a ele da próxima vez que ele ligasse, Katiepercebeu que não havia contado a Rick que seu telefone não ressuscitaria. Da próximavez que ele ligasse, ela ainda estaria com o celular de Cris?

Era isso. Ela precisava de um telefone. Seu telefone. Hoje.

Sentando no banco do motorista e ligando o motor, Katie dirigiu direto para a loja decelulares, pisou lá dentro, e comprou o melhor celular que cabia em seu orçamento.

Ela não queria perder o próximo telefonema de Rick.

Capítulo 20

O tour a trabalho de Rick no Arizona durou até quinta-feira, o dia anterior a que osnovos estudantes iriam começar a se mudar para o dormitório. Nos quatro dias que eleesteve fora, Katie e Nicole estiveram nos preparativos do hall delas.

Com a criatividade de Nicole e a tenacidade de Katie, elas eram uma máquina emconstante movimento. Elas concordaram que o tema para o andar delas seria TesourosPeculiares. Katie não poderia estar mais feliz. Nicole ficava empolgadíssima cada vezque contava a alguém sobre isso.

Nicole tinha um amigo artista que preparou o banner que ia sobre as duas portas daentrada do andar. Tanto Katie como Nicole amaram a fonte e as cores que o criativoartista usou. O que elas gostaram ainda mais foi a idéia de que cada vez que alguémentrasse ou saísse do hall delas durante todo o ano, aquela pessoa passaria debaixo dobanner Tesouros Peculiares.

Para cada uma das mulheres no andar, Katie e Nicole prepararam um pequeno baú detesouro, um dos fabulosos achados de Katie no original Galpão da Economia. Nicole e

Katie encheram os baús de tesouro com moedas em papel laminado dourado que tinhamdobrões de chocolate dentro da embalagem circular. Outra especiaria do Galpão da

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Economia.

Katie provou do sabor das moedinhas de chocolate e fez uma careta. “Elas estãocomestíveis mas não exatamente frescas.”

“Talvez as mulheres vão considerá-las apenas como decoração. Elas estão perfeitasdemais para não serem usadas como nosso tema do tesouro,” Nicole disse

“Nós vamos dizer a elas que o sabor coloca o “peculiares” na frase “TesourosPeculiares.”

Em meio aos esforços criativos delas, Katie surgiu com uma idéia que Nicole hesitou arespeito. Katie quis armar um mural de fotos como O Mural do Beijo do ano passado,mas Katie queria intitular esse de “O Mural dos Tesouros Peculiares.” A idéia dela eracolocar todos os versículos bíblicos que elas pudessem encontrar em que Deusexpressava sua afeição para seus filhos e os chamava por um nome amável.

Nicole disse que algumas das mulheres protestariam por não terem O Mural do Beijo,mas Katie a convenceu de que O Mural dos Tesouros Peculiares ia ao encontro do tema.Nicole finalmente concordou.

Depois Katie teve que convencer Nicole de que o versículo do banner, que apareceriabem abaixo do cabeçalho onde estava escrito “Tesouros Peculiares”, deveria ser a frasede Êxodo 19:5 na Versão de King James: Vós sereis um tesouro peculiar perante mimsobre todos os povos.”

Nicole não estava certa sobre apelar para King James para manter a palavra “peculiar”

no verso. Novas traduções usavam termos como “tesouro especial” ou “possessãoestimada.”

“Eu realmente quero manter o ‘peculiar’”, Katie disse. “Por um motivo, a avó da Crisfoi quem disse a ela que nós éramos Tesouros Peculiares, e eu tenho certeza que ela leraapenas a Versão de King James durante toda a vida dela. Nenhuma dessas novasparáfrases e traduções estava disponível na época em que a avó da Cris estavacrescendo. Para mim, é como uma benção, um legado. Eu gosto do ‘vós’ e do ‘sereis’.Além disso, nós podemos colocar o mesmo verso em outras versões no mural também.Dizer a mesma coisa de várias maneiras nos dará uma imagem mais completa de comoDeus nos vê.”

Nicole concordou novamente, e elas se puseram a trabalhar para preencher o espaço domural com uma variedade de versículos. No meio das citações, elas deixaram espaçopara as fotos. O plano era tirar uma foto de cada mulher no dia em que elas semudassem para o dormitório e colocar a foto delas no mural perto de um dos versículos.

Enquanto Katie e Nicole estavam imersas em sua toca criativa, Rick permanecia noArizona. Ele ligava muitas vezes todo dia, e algumas vezes eles se falaram por mais deuma hora. Katie sentia como se eles estivessem voltando ao ritmo. Um ritmo diferentedaquele de estar no mesmo espaço por horas todos os dias, mas eles estavamconectados, e ela estava contente.

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Ela amava provocar Rick pois, toda vez que ele ligava, em algum momento da conversaele iria dizer, “Está muito quente aqui.”

Na noite que antecedeu a volta de Rick pra casa, Katie viu o número dele na tela de seusuper chique celular novo e respondeu com um, “É o meu ‘homem do tempo’ de

Arizona?”

“O quê?” Rick perguntou.

“Deixe-me adivinhar. Está quente aí, certo?”

Rick gargalhou. “Você acertou. Eu não sei como as pessoas conseguem viver aqui,Katie. Eu vou do ar-condicionado do carro para o ar-condicionado do prédio, mas nomeio dessa transição eu estou caminhando sobre asfalto derretido. O leitor detemperatura do banco do outro lado da rua em que estou bem agora diz que estamos a39 graus. E são 8:30 da noite!”

“Sim, mas o tempo está seco, certo?”

“Não comece com isso. O tempo está seco mas continua sendo calor. Eu nunca bebitanta água na minha vida. Ela evapora da minha garrafa antes que eu possa bebê-la.”

“Eu, por outro lado, estou adorando o fato de você não gostar de estar aí.”

“Por que você diz isso?”

“Porque se você não gosta de Tempe, significa que você vai tentar voltar pra casa omais rápido que puder e isso me deixa feliz.”

“Então você vai ficar feliz de saber que meu vôo sai daqui às 8:30 da manhã de amanhã.Eu deixei meu carro no aeroporto de San Diego; então quando estiver indo pra casa, eupenso que poderíamos sair pra almoçar em algum lugar simplesmente maravilhoso paracompensar as duas semanas que estamos longe um do outro.”

“Oh!”

"Isso é ohque-ótimo ou um oh-eu-tenho que trabalhar?"

“O último. Amanhã ao meio dia é quando os estudantes começam a se mudar para cá.Eu estarei ocupada por cerca de quarenta e oito horas enquanto Nicole e eu ajudamostodos a se acomodarem em seus quartos.”

“Quarenta e oito horas? Isso coloca o nosso almoço no domingo. Eu deveria fazer umareserva em algum lugar ou esperar pra ver se são verdadeiras quarenta e oito horas oumais como fictícias quarenta e oito horas?”

“Melhor esperar pra reservar. Mas não espere pra vir ao dormitório. Você sabe onde oCrown Hall fica, não sabe? Você pode vir enquanto todos estão fazendo as mudanças epelo menos pode me dar um grande b...” Katie quase, quase, quase disse “beijo”, mas

ela salvou o momento tentando transformar a palavra em “abraço”. E saiu um“babraço.”

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 “Um grande babraço, huh?”

“Sim, um grande babraço.” Katie sorriu.

“Você está sorrindo?” ele perguntou.

“Como você sabe?”

“Eu posso ouvir seu sorriso no telefone, Katie Querida.”

“Katie Querida? Nossa!”

“Não se incomode em comentar esse. Eu vou dispensá-lo agora mesmo.”

“Ótima escolha, Rick Querido.”

“Não me venha com essa, Katie,” ele disse com uma gargalhada brincalhona.

“Você começou, Rick Querido.”

“Eu estou te avisando!”

“O quê? Avisando sobre o quê, Rick Querido? O que você vai fazer? Vir pra casa e oquê? Tentar me jogar na lixeira do restaurante de novo?”

Rick não respondeu imediatamente.

“Eu posso te ouvir sorrindo,” ela disse.

“Então espere um pouco,” Rick disse. “Eu tenho que atender a essa outra chamada. Eute vejo amanhã.”

“Mal posso esperar.”

Nicole não disse uma palavra sobre a conversa de Katie. Ela simplesmente desceu seusóculos escuros e os colocou apesar de elas estarem sentadas no chão do quarto de

Nicole.“O que você está fazendo?” Katie perguntou.

“Está um pouco claro aqui dentro,” Nicole disse. “Alguém, que eu não vou dizer onome, está radiando um monte de raios solares de amo-o-o-or.”

Katie caiu na gargalhada. Ela e Nicole estavam se dando muito bem. Rick estaria devolta em breve, e os dois poderiam retomar de onde eles pararam. A vida era doce.

Na manhã seguinte Nicole e Katie estavam prontas para o que Katie chamou de chegadados felizes campistas. As duas tinham saído às 8:30 da noite anterior e pegado um

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desconto numa loja de roupas que fechava às 9:00. Em vinte minutos elas encontraramnovas blusas para vestir para o primeiro dia oficial delas como ARs do Crown HallNorth.

Nenhuma das duas precisava de uma nova blusa, mas a emoção da “caçada”, no relógio,e o sucesso subseqüente eram um exercício que as divertia depois de muitos dias detarefas com a preparação do hall delas.

Sentando à mesa da frente em suas novas blusas, com a lista de seus cinqüenta e doisresidentes, Katie e Nicole despertaram com os novos desafios diante delas. O primeirodesafio foi um incomum par de nervosos avós que estavam no começo da fila com suaneta.

“Essa é Emily. Os pais dela estão no campo missionário em Moçambique. Os doisestudaram na Rancho Corona. Ela tem uma bolsa estudantil. Ela tem todos os papéispreenchidos.” O avô chegou mais perto. “Isso é muito difícil pra nós. Ela está conosco

há apenas cinco dias, e nós não estamos certos de que ela esteja pronta pra isso.”Katie olhou para a jovem de cabelos bem claros e largos óculos que pendiam para trás,seu ombro encolhido contra o braço da avó. Katie caminhou em direção à Emily, abriuseus braços, e disse. “Eu estou muito feliz por você estar aqui. Seja bem vinda, Emily.Eu sou a Katie.”

Emily timidamente recebeu o abraço de Katie e deixou cair algumas lágrimas ao piscar.

Katie chegou mais perto e sussurrou pra ela, “Você vai ficar impressionada com o queDeus vai fazer nas nossas vidas nesse ano. Você está no lugar certo. Eu estou muito

feliz por você estar no nosso andar”.

A avó puxou um lenço de pano e passou em seus olhos e nariz enquanto Katie pegava apequena quantidade de bagagem ao lado de Emily. “Venha, eu vou te mostrar sua novacasa. Por aqui”.

Katie “captou” os olhos de Nicole enquanto elas passavam pela porta dupla sob obanner do Tesouros Peculiares e se dirigiam para o corredor. No treinamento daquelasemana eles foram instruídos a permanecer à mesa enquanto registravam cadaestudante. Os estudantes deveriam cuidar de suas próprias bagagens.

Aparentemente nos anos anteriores os ARs tinham se tornado carregadores de bagageme “acabaram com suas colunas” enquanto carregavam caixas pesadas e pertencesdurante os dias de mudança.

Quando Katie trocou olhares com Nicole, as duas concordaram que Emily seria umaexceção à regra.

Katie olhou sobre seus ombros e viu que o avô de Emily não tinha vindo com elas. “Elepode se juntar a nós,” ela disse.

“Mas é o dormitório das mulheres,” a avó disse.

“Sim, mas os andares estão abertos durante os dias de mudança. Você não acha que ele

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gostaria de vir conosco?”

Emily recuou alguns passos e timidamente acenou para que seu avô entrasse nocorredor com elas. “Pode vir,” ela disse.

“Ela não está acostumada com nada do Ocidente,” a avó confidenciou para Katie. “Elamorou em Moçambique desde que nasceu. Esse é um grande passo.”

“Nós temos o telefone de vocês no formulário, eu tenho certeza disso.” Katie diminuiuo tom de voz para que Emily e seu avô não ouvissem. “O que você acha de eu te ligardaqui alguns dias para te informar sobre como Emily está indo?”

“Oh, você faria isso?”

Katie fez que sim com a cabeça e sorriu. Um grande nó tinha se formado em suagarganta desde o momento em que ela fitara os olhos daqueles cuidadosos avós. Katie

não podia imaginar como seria ter parentes tão envolvidos em sua vida a ponto de eles alevarem na faculdade de deixarem-na lá com tanto receio e amor. Ser amada era umpoder que ela não podia ser subesmitado. Katie tinha certeza disso. Ela sabia que essesavós não descansariam até eles soubessem que sua amada neta estava bem.

“Aqui está seu novo cantinho,” Katie disse radiante, tentando trazer um sentimento dealegria a esse momento triste. “Quarto 204, e sua colega de quarto será...” Katie olhoupara a lista de nomes feita à mão na porta e leu o nome: “Carlene Fischer.”

Foi quando Katie fez uma conexão que tinha escapado dela durante sessão depreparação dos quartos. Carlene era Carley. É por isso que Carley tinha dito que se

encontraria muito com Katie porque ela estava no “204”. Katie não tinha feito aconexão mais cedo. Ninguém chamava Carley de “Carlene”.

“Na verdade, não.” Sem muita sutileza, Katie puxou o cartão de nomes da porta.

“O que há de errado?” o avô perguntou.

“Este é o quarto certo para Emily. Sim, aqui, 204. Bem vinda ao seu quarto. Não seupreocupe, eu preciso checar o que aconteceu.” Katie tentou parecer natural. “Então euvou deixar vocês três começarem a fazer a mudança de Emily, e eu estarei na mesa dafrente se vocês precisarem de algo mais.”

“Ela vai ter uma colega de quarto, não vai?” a avó perguntou.

“Ah, sim, definitivamente. Emily tem uma ótima colega de quarto. Eu só vou organizarisso e, hmm... sim, vocês podem começar a mudança.”

Katie se apressou pra voltar para a mesa onde Nicole estava “atolada” com uma fila decinco famílias, desejosas de ajudarem a fazer desse momento de suas filhas calouras nocampus da faculdade uma boa experiência.

Nicole estava entregando alguns papéis para a próxima jovem e explicando que ela não

tinha preenchido um dos formulários necessários para ter seu carro no campus. Otemperamento doce de Nicole adicionado à experiência dela por ter feito isso ano

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passado permitiram a Katie um momento para estudar a lista de residentes e tentar fazeruma mudança-de-última-hora nas colegas de quarto para Emily. Bem no fundo de seucoração, Katie não conseguia ver Carley com Emily.

Por que Carley não está no Brower Hall? Eu não fazia idéia de que ela escolheu o

Crown Hall. Por que ela faria isso? Ela já está no último ano da faculdade. Emily não pode ter mais que dezoito anos, se não for muito. Carley vai perverter essaborboletinha.

“Katie, você poderia começar o registro com a próxima aluna?” Nicole perguntou.

“Em um minuto.” Katie sorriu para a aluna que esperava, ela estava mascando umchiclete e tinha ao seu lado uma mãe com uma aparência-preocupada.

Katie se aproximou de Nicole e sussurrou “Eu tenho que mudar a colega de quarto deEmily para outro quarto.”

“Agora? Katie, já está tudo definido.”

“Eu sei. Por favor, confie em mim, Nicole.”

As duas se olharam, e Katie sabia que Nicole iria voltar e deixar Katie com sua tarefa. Otempo de treinamento delas juntas tinha resultado no que as duas precisavam emmomentos como esse. Cumplicidade.

“Okay.” Nicole sussurrou de volta. “Apenas faça isso o mais rápido que puder.”

Ás 11:30 daquela manhã Carley chegou pronta para se registrar. “Eu não entendo,”ela disse a Nicole. “Os papéis que eu recebi algumas semanas atrás dizia que eu estavano quarto 204.”

“Eu sei. E eu sinto muito pela confusão,” Nicole disse. “Seu quarto de verdade é o 238.”

“Como assim? Eu pedi um quarto perto da porta de entrada e longe do banheiro. Oquarto 238 é exatamente ao lado dos chuveiros. Eu não entendo porque a definição dosquartos mudou.”

Nicole olhou para os papéis. Katie não suportou ver Nicole assumindo o problema de

Carley então ela disse. “Eu mudei o quarto, Carley.”

“Você mudou? Por quê?”

“Eu precisei fazer um ajuste da colega de quarto.”

“O que você quer dizer como ajuste da colega de quarto? Minha colega de quarto éMarissa Stockbridge. Não me diga que você nos colocou em quartos diferentes. A únicarazão pela qual eu estou no Crown Hall é por causa da Marissa.”

Nicole e Katie se olharam e depois olharam para os papéis. “Você não estava listada

com a Marissa,” Katie disse.

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“Como pode isso estar tão bagunçado?” O que fez das reais reclamações de Carley umproblema maior foi o que Katie viu listado nos papéis em frente a ela.

“Carley, eu preciso te contar que Marissa já se registrou, e está no quarto 259 com aKim Choy.”

“O quê? Que bagunça! Por que você colocou Marissa com Kim?”

Katie olhou para o formulário de novo. Marissa e Kim tinham escolhido uma a outra.De acordo com os registros na frente de Katie, Carley não tinha sido escolhida comocolega de quarto por ninguém. Foi por isso que ela acabou ficando com Emily, quetambém não especificara sua colega de quarto.

“Nós não...”

Nicole interrompeu Katie e calmamente disse, “Nós podemos descobrir o que

aconteceu. Você se importa em esperar um pouco para que possamos colocar as coisasno lugar de novo?” A fila atrás de Carley tinha crescido, e a paciência das calouras queesperavam estava acabando.

“Não, eu não posso esperar. Eu tenho que trabalhar.” Ele lançou um olhar penetrantepara Katie. “Meu chefe está voltando hoje, e eu não posso me atrasar.”

Katie sentiu sua mandíbula cair. Ela estava prestes a dizer umas poucas e boas paraCarley e pedir para que ela parasse de fazer aquela cena, mas então, se Katie dissessealgo, ela sabia que ela quem estaria fazendo uma cena.

Ao passar a mão na sua nuca e olhar para o lado, Katie viu algo que a fez parar derespirar. Vindo em sua direção estava um rapaz alto e incrivelmente bonito com cabelosescuros e ondulados. Ele estava usando óculos escuros e camisa bem justa. Katiereconheceria aquele andar determinado em qualquer lugar.

“Rick,” ela sussurrou.

Capítulo 21

Isto, seu primeiro encontro com Rick em duas semanas, fez o coração de Katie bater deum jeito que ela nunca tinha sentido. Ela pulou da sua cadeira e se apressou paraencontrá-lo no meio do caminho, cumprimentando-o com um enorme abraço e umalegre gritinho.

Rick deixou escapar uma leve risada e levantou seus óculos de sol.

- Bom te ver, Raio de Sol, ele sussurrou. E quanto ao babraço?

Katie riu.

- O babraço foi ótimo. Mas me diga que você não trouxe esse apelidinho insolente com

você do Arizona.

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- Você gostou?

Ela se ergueu para passar a parte de cima da sua mão no maxilar dele, que estava com abarba por fazer.

- Eu acho que você pode definitivamente enviar o "Raio de Sol" de volta para oArizona, Cactus Boy.

- Cactus Boy, huh?

- Sim. Não era esse visual que você estava querendo?

- Não. Eu tinha que pegar um vôo cedo.

- É tão bom te ver, scruff and all*.

- Você também, unscruffed and all*. Rick olhou por cima da cabeça de Katie e disse:

- Parece que vocês estão muito ocupadas aqui. É melhor eu deixar que você volte. Meligue quando puder, ok? Eu estou a caminho do trabalho agora.

- Ok. Vejo você mais tarde. Ela deu uma olhada de perto no rosto de barba-por-fazerdele. É muito bom olhar pra você, você sabe, Sr. Lenhador.

- Lenhador definitivamente não é o que eu estava procurando.

- E quanto a Agente Secreto?- Melhor. Rick se inclinou para mais perto e sussurrou no ouvido de Katie: Você, apropósito, está absolutamente deslumbrante.

Ele se virou para ir, mas quando fez isso, Carley chamou:

- Rick, espere! Você tem que me ajudar. Está tudo uma bagunça.

Rick olhou para Carley e novamente para Katie. Ela tentou dizer com os olhos que elerealmente não precisava se envolver nisso. Mas o complexo heróico de Rick Doyleassumiu e ele passou por Katie para ouvir o problema de Carley.

A única coisa boa sobre Rick se interessar pelo problema do quarto de Carley foi queele a colocou de lado, longe da fila de ouvidos atentos. Katie e Nicole estavampreparadas para ver a próxima jovem e registrá-la sem complicações.

Elas processaram a papelada de mais três mulheres na fila antes de Rick voltar à mesa.

- Estou indo agora, Katie. Carley disse que ela precisa fazer mais algumas ligações evoltar para se registrar hoje depois do trabalho. Suponho que ela tenha uma amiga emoutro dormitório com quem ela possa trocar ou algo assim.

* Gente, desculpa, mas eu não consegui traduzir essas expressões nem por decreto!!!

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Ele terminou a frase com uma expressão suave ao redor dos olhos e Katie sentiu-seenrubescer lembrando-se de como ele dissera mais cedo que ela parecia deslumbrante.

- Obrigada por ajudá-la. Nós ajeitaremos tudo, Katie disse.

- Eu sei que vocês vão. Rick a alcançou e deu um aperto no antebraço dela. Então elesorriu o seu clássico sorriso mais-charmoso-do-universo somente para ela.

Katie não podia acreditar em como estar perto dele depois desse tempo separados estavadespertando suas emoções.

Rickster o que você está fazendo comigo?

Nicole e Katie registraram o restante das mulheres na fila sem qualquer obstáculo edepois de meia hora tiveram algum tempo livre. Nicole se inclinou para trás na cadeiradobrável.

- Mama mia! 

- Sem brincadeira – Katie disse – Que loucura!- Eu não estava dizendo 'mamma mia' pelas pessoas se registrando. Eu estava fazendouma referência a você e ao seu namorado.

- Ele não é meu namorado. Eu já expliquei pra você antes. Nós estamos apenasflutuando. Sem compromisso. Apenas 'quase'. Katie podia sentir a sua face enrubescer.

Nicole sorriu abertamente e balançou a cabeça:

- Eu não acho que você está convencendo alguém disso. Muito menos a você mesma.Katie, eu estou achando que é melhor vocês dois terem outra DR logo. Vocês são o'quase' casal mais apaixonado que eu já vi.

- Apaixonados. A frase saltou da boca de Katie como quando um pássaro enjauladoencontra a porta de saída entreaberta. Ela estava contente por não haver ninguém porperto naquele momento para ouvir a conversa delas.

- Katie, vocês estavam queimando.

- Queimando? Ah, por favor.

Nicole concordou, parecendo desfrutar daquele momento muito mais do que Katieestava.

- Eu estou te dizendo, Katie, se eu tivesse um cabide e alguns marshmallows perto devocê há uns dois minutos, eu teria feito uns s'mores* agora mesmo.

Katie gargalhou do comentário de Nicole. Ela pensou em como ela usara a palavra com"A" quando ela estava contando a Cris como ela se sentia com relação ao Rick quando

* S'mores - uma tradição americana de acampamentos em que as pessoas torram os marshmallows noespeto sobre a fogueira e fazem "sanduíche" com as bolachas, os marshmallows derretidos e o chocolate.

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os dois começaram sair no outono passado. Mas aquilo foi no começo de tudo isso e elaestava conversando com a Cris; Katie podia exagerar tudo o quanto quisesse com Cris.

Agora que ela e Rick estavam mais alguns meses dentro desse relacionamento, Katienão queria exagerar em nada. Ela queria que todas as decisões e promessas estivessem

claras e não sujeitas a ondulações, da mesma maneira como eles estiveram procedendonos últimos meses.

Outro grupo de estudantes chegou. Katie afastou seus pensamentos sobre Rick.Algumas das mulheres que haviam se registrado mais cedo estavam voltando à mesacom perguntas e problemas. Duas delas tinham chaves que não funcionavam em seusquartos, então Katie teve que enviá-las para o Serviço dos Estudantes.

Uma jovem mulher trouxe todas as suas roupas literalmente em um guarda-roupas. Abela, grande peça de mobiliário foi descarregada de um trailer no estacionamento enavegava para a porta da frente em uma caminhonete. A caminhonete perdeu uma de

suas rodas direitas em frente à porta dupla principal onde dúzias de estudantes estavamtentando trazer para dentro suas caixas. Fazendo uma ligação para a manutenção docampus, Katie foi para a frente para ajudar a redirecionar o tráfego.Um dos cambaleantes carros de golfe verdes do campus parou e um cara de boné veioem direção à Katie com uma caixa de ferramentas.

- Obrigada por vir tão rápido, ela disse.

O empregado da manutenção do campus olhou para ela sob o boné e rompeu em umlargo sorriso. Era o Cara do Cavanhaque. Katie tinha quase se esquecido dele.

- Eu estava querendo saber quando iria vê-la novamente, ele disse. Como foi o seuverão?

- Bem, obrigada. Katie respondeu brevemente. Ela não podia acreditar que ele estavatentando iniciar uma conversa. Você deve ter percebido que nós temos umengarrafamento aqui. Você se importa se nós pularmos a parte da conversa?

Ele olhou para Katie mais de perto.

- Claro. Mas eu tenho que te contar algo.

- Você pode me contar depois?

- Não, eu acho que não. Eu esperei para vir até você de novo e eu disse a mim mesmoque quando eu a visse eu lhe diria isso.

- Ok, Katie disse impacientemente.

- Você deve saber que você é inesquecível. Isso é um problema meu e não seu, nesseponto, mas eu achei que você deveria saber.

Ele se virou e deixou Katie olhando à direita e à esquerda para ver se ninguém tinha

ouvido o que ele disse.

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O que? O que foi isso? O que eu supostamente faço com uma declaração como essa? É a minha nova blusa ou o quê? Isso é louco! 

Deixando de lado o encontro desajeitado com o Cara do Cavanhaque, Katie se apressoua voltar para a mesa onde Nicole estava mais uma vez ocupada com mulheres esperando

para se registrar. Não houve nenhum outro intervalo no fluxo de trabalho até por voltadas quatro horas.

Nicole foi procurar alguma coisa para elas beberem enquanto Katie tentava entender oproblema do quarto de Carley. Até aqui, quarenta e três das suas cinqüenta e duasmulheres tinham se registrado. Infelizmente, Katie não tinha se familiarizado comnenhuma das que restavam para se registrar, então ela não sabia se alguma delas seriauma boa companheira para Emily.

Por que eu comecei isso? Craig nos disse no treinamento para não inventar maistrabalhos para nós mesmas, rearranjando qualquer coisa nas inscrições. Talvez seja

idéia de Deus desde o princípio para Carley e Emily serem colegas de quarto. E se euestiver bagunçando as coisas? 

Katie achou estranho Carley ter selecionado o Crown Hall e não ter contado a Katiesobre a sua decisão exceto pela sua afirmação codificada sobre estar no 204. EmboraCarley fosse alguém que Katie não queira exatamente ter por perto, Carley estavadesignada para o dormitório delas. Ela era uma das mulheres que Katie estariasupostamente "assistindo" como uma assistente dos residentes.

Eu realmente preciso que você me dê uma direção aqui, Deus. Você quer Carley eEmily no mesmo quarto? Porque se você quiser, eu vou voltar atrás.

Katie não sentiu nenhuma paz sobre voltar atrás. Ela não tinha segurança de que as duasmulheres pudessem estar juntas no 204. De qualquer forma, ela se sentia maisdeterminada a encontrar uma diferente companheira de quarto para Emily depois queela orou.

Julia chegou poucos minutos depois e se desculpou por não ter checado mais cedo comoKatie e Nicole estavam indo. Aparentemente o andar dos calouros tinha experimentadodesafios o dia todo e Julia tinha sido a resolvedora de problemas.

Já que ninguém mais estava por perto no momento, Katie contou a Julia sobre a sua

decisão de fazer uma troca de última hora. Julia parecia ler nas entrelinhas asdeclarações que Katie não fazia. Ela já tinha bagagem suficiente proveniente daconversa que Katie e ela tiverem na balsa de Catalina para preencher as peças faltantes.

- Como estão os seus pensamentos sobre isso no momento? Julia perguntou.

- Eu orei a respeito - Katie disse – e eu realmente não tenho paz sobre desistir da minhabusca por uma companheira de quarto diferente. Eu sei que nós não devemos ouvir osnossos sentimentos para questões como essa, mas isso é tudo o que eu tenho nestemomento.

- Quem disse que você não deve ouvir os seus sentimentos? Julia perguntou. Ouvir,obviamente, é a palavra chave. Ouvir os seus sentimentos. Não ser dominada por eles.

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 Katie acenou com a cabeça e tentou entender como seria possível não deixar seus fortessentimentos dominá-la. Antes que ela tivesse qualquer pista sobre com o que issopoderia se parecer, a próxima estudante chegou carregando uma capa de violão em umamão e um telefone celular em outra.

Abaixando o telefone, ela disse:

- Oi! Como "cês tão"? Eu sou Emilee Monroe.

- Eu sou Katie. Esta é Julia. Bem vinda ao Crown Hall.

- Nós estamos realmente contentes por você estar aqui, Julia disse.

- Caraca! Você vai me fazer chorar! Disse Emilee.

- Chorar?- Você não tem idéia de como essas doces palavras soam para mim. Eu esperei por umlongo tempo para estar aqui. Isso é como um sonho se tornando realidade.

- Eu senti o mesmo quando eu cheguei aqui, Katie disse.

- Então você sabe o privilégio que é.

Katie concordou. Ela olhou para baixo na sua lista e colocou um 'Ok' perto do nome deEmilee Monroe, do Alabaster, Alabama. Sem verificar sua atribuição original de quarto,

Katie tomou uma decisão imediatamente e...

- Você está no quarto 204.

- Isso está certo? Porque eu acho que o papel que eu recebi dizia que eu estava em umquarto diferente. Aqui, espere. Jared? Eu vou ter que te ligar de volta. Eu estou meregistrando no meu quarto agora. Eu sei. Sim, você também. Diga oi para mamãe pormim.

- Você requisitou uma colega de quarto específica? Katie perguntou depois de Emileedesligar o seu telefone.

- Não. Está brincando? Eu não conheço ninguém aqui.

- Então você está definitivamente no quarto 204, Julia disse.

- Nós tivemos que fazer alguns ajustes com as atribuições, Katie explicou. Espero quevocê entenda. Sua carta pode ter listado um quarto diferente, mas você está no 204.

- Caraca! Você poderia me colocar na cabina do campo de baseball que eu não meimportaria. Eu já estou nas nuvens só por estar aqui. Mais, eu não me importo de tecontar que eu orei muito com relação à minha colega de quarto e eu tenho certeza de

que ela vai ser ótima.

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- Ela é, Katie sorriu largamente. Só que tem um pequeno detalhe que eu tenho que tecontar sobre a sua colega de quarto.

- O que? Ela ronca? Porque eu trouxe tampões de ouvido em todo caso. Claro, eu oscoloquei originalmente pensando que minha colega poderia querer alguns tampões de

orelha logo que ela me ouvisse no violão.- Você terá que descobrir com ela sobre o ronco e as preferências musicais, mas pelomenos você não levará muito tempo para se lembrar do nome dela, porque é Emily.

- Não brinca!

- Ela já se registrou e você pode encontrá-la no quarto de vocês.

- Isso é ótimo. Muito obrigada. Emilee estendeu a sua mão para cumprimentar Katie eentão Julia. Ela era a primeira estudante a agradecer Katie com tamanho gesto de

apreço.- Vai ser um ótimo ano. Emilee disse enquanto passava sob o banner de TesourosPeculiares. Seus louros cabelos cacheados estavam presos em um rabo de cavalo quesubia e descia como um grupo de dentes-de-leão nas mãos de uma criança.

- Sim, Katie disse suavemente. Está para se tornar um ótimo ano com mulheres comovocê nesse dormitório, Senhorita Emilee Monroe, de Alabaster, Alabama.

Julia colocou uma mão no ombro de Katie.

- Às vezes ouvir os sentimentos é o melhor caminho a seguir.

As mudanças restantes se encaixaram no lugar como peças de um quebra-cabeça.Nicole resolveu o enigma de Katie colocando-a no quarto 203, no corredor de Emily eEmilee e junto com a antiga colega de quarto de Selena, Vicki. Selena ainda estava noBrasil e tudo o que Vicki havia requisitado em seu formulário de inscrição era queestivesse no mesmo quarto onde ela e Selena estiveram no último ano.

Quando Vicki se registrou, perto de 17:30, ela estava com um ótimo humor e deu aKatie uma bronca com relação aos sapatos derretidos na última primavera. Vickiapontou para os pés dela e disse:

- Esses são os sapatos que você trouxe para substituir os meus derretidos, e adivinhe?Eu gostei muito mais desses.

Katie esperava que Vick tivesse os mesmos sentimentos felizes com relação à colega dequarto que Katie "substituiu" para ela. Ela explicou que Carley provavelmente seria acompanheira de Vicki, mas elas não tinham recebido nenhum retorno de Carley se elaestava se mudando para um outro dormitório.

- Ok, Vicki disse sem hesitação. Eu não a conheço bem, mas está tudo bem porque euestou com esperança de me juntar a alguma pessoa nova. Selena e eu fomos ao ensino

médio juntas e apesar de ter sido ótimo sermos colegas de quarto ano passado, eu querouma chance para me expandir os horizontes e me fazer novos círculos de amizade.

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 Nicole e Katie trocaram rápidos olhares.

- Obrigada por ser tão flexível, Nicole disse.

Quando Carley retornou e verificou que ela estava, em suas palavras, "presa" ao CrownHall, ela estava feliz pelo menos por saber que ela estaria se alojando com Vicki.

- Bem, Katie fechou a sua pasta depois que a última garota se registrara. Nós provemosum quarto para todos sem derramamento de sangue. Eu acho que nós estamos nosencaminhando para um bom ano.

- Estamos nos encaminhando para um ótimo ano, Nicole disse.

Agora tudo o que Katie queria era a chance para se sentar e ter uma longa conversa dereconexão com Rick.

Ela tinha que esperar.

Entre os compromissos de Rick no trabalho e os compromissos dela na escola, quatrodias se passaram antes que os dois finalmente se encontrassem. Rick trouxe almoço paraKatie e os dois se encontraram na fonte do centro do campus.

Em vez de morder seu sanduíche de rosbife, Katie iniciou a conversa com:

- Antes de nós falarmos sobre qualquer outra coisa, nós temos que discutir algo.

- Discutir? Sobre o quê?

- Não tem que ser uma discussão, mas pode ser, então eu só estou te avisando.

- Ok, então qual é o problema? Você não gosta de rosbife?

- Não é o sanduíche. É Carley.

- Ela não fez o sanduíche. Carlos fez.

- Rick, não é o sanduíche ou quem fez o sanduíche. Ela colocou a comida de lado para

ganhar a atenção total dele. Umas duas semanas atrás eu ouvi que você foi ao cinemacom Carley.

- Isso mesmo. Você e eu nunca tivemos chance de conversar sobre isso, não é?

- Não. Não foi minha novidade preferida. Eu ouvi sobre isso na balsa em Catalina.Rick olhou atentamente para Katie.

- Sinto muito. Aquela noite toda foi estranha. Carley disse que ela ia encontrar com onamorado ao cinema e me perguntou se você e eu queríamos nos juntar a eles. Foi porisso que eu fiquei te mandando mensagens de texto. Ted disse que ele e Cris poderiam ir

também, então eu fui ao cinema pensando que seria um grupo. Ao sair estava só Carleye ela já tinha comprado as entradas. Eu deveria ter pago a ela pela entrada e ido pra

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casa. Ele balançou os ombros. Foi um grande nada. O filme, a coisa toda.

- Ok, foi o que eu pensei que tivesse acontecido. Um plano em grupo dando errado. Issoé tudo. Fim da discussão.

- Essa foi fácil.

Katie deu uma mordida no seu sanduíche, seu apetite retornava.

- Hmm, Carlos se lembrou da mostarda. É perfeito.

- Ele disse que sabia como você gosta de seus sanduíches.

- Você gosta de mostarda em seu rosbife? Katie perguntou.

- Não muito. Rick segurou o seu sanduíche. Eu vou de peru e abacate.

Katie balançou a sua cabeça.

- Nunca te frustra sermos tão diferentes?

- Não, diferente é bom. Talvez seja a hora de você ter paz com a noção de que osopostos se atraem, porque se eu tenho isso de forma perfeitamente clara, eu estou muitoatraído por você, Katie Girl.

Ela sorriu. O apelido 'Katie Girl' não a incomodava muito. Talvez tenha sido porqueRick o colocou no final de uma sentença tão deliciosa. Uma jovem mulher poderia

construir um castelo inteiro de sonhos em naquela fala.

Rick avançou e tocou no canto dos lábios de Katie. Ela pensou que fosse uma tenraexpressão de corações derretidos até ele mostrar a ela o seu dedo e a mancha demostarda que ele tinha removido dela.

Katie procurou na sacola por um guardanapo. O que sua mão tocou não foi um suaveguardanapo, mas papel duro.

- O que é isto?

Katie arrancou as duas entradas para o jogo de baseball em San Diego.

- Rick!

Ela passou os braços em torno do pescoço dele e deu a ele um aperto, aconchegando onariz na curva cheirando a loção pós-barba do pescoço dele.

- Eu pensei que você estivesse pronta para um pequeno evento social. Só nós dois. Eusei o quanto você gosta de baseball e cachorros-quentes.

- Com mostarda, Katie adicionou.

- Com mostarda, Rick repetiu.

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 - Isso é ótimo! Tão divertido! Eu não posso esperar.

- Eu também não. Eu acho que eu tenho que sair mais cedo do trabalho sexta-feira e nóspodemos dirigir ao longo da costa. Colocar uma boa música. Tirar um tempo pra nós.

Katie gelou.

Rick leu alguma coisa que ele precisava saber na expressão dela.

- Sexta à noite é um problema para você.

- Oh, Rick, eu não posso acreditar nisso. É o nosso Evento de Volta à Escola de Todosos Dormitórios. Nicole e eu estamos encarregadas da coisa toda. Cada par decompanheiras de dormitório pegou um dos quatro eventos principais do ano e esse é oque eu e Nicole escolhemos. Nós pensamos que poderíamos ir primeiro pra ficar livre

disso logo. Eu sinto muito.- Eu também. Ele pegou os tickets de volta da mão dela e os colocou no bolso. Eudeveria ter perguntado a você antes, mas então não teria sido uma surpresa.

- Eu adorei que você tentou me surpreender.

- Bom – ele disse – pelo menos essa parte funcionou.

- Nós dois podemos tentar fazer alguma coisa no sábado? Katie tentava soaresperançosa e não muito "destruída" como ela se sentia.

- Claro, nós podemos planejar alguma coisa. O tom de voz de Rick deixava claro queele estava desapontado porque sua surpresa não funcionara.

- Parece que tem sido semanas, meses, desde que nós fizemos alguma coisa juntos,Katie disse.

- Eu sei. Isso não está funcionando tão calmamente como supomos que fosse, não é?

- Você quer dizer, meu cargo de AR?

- Não é só o seu cargo, Rick disse. É o meu trabalho, esse projeto no Arizona e o seucalendário de aulas. É tudo de uma vez. Nós vamos fazer alguma coisa no sábado e issoé o que importa a essa altura, certo?

- Certo. Sábado. O que você quer fazer?

- Nós podemos jantar no novo restaurante tailandês em Temecula.

- Parece bom. Isso quer dizer que nós iremos usar uma gravata?

- Eu poderia – ele disse, aparentemente não notando a escolha de palavras dela. Eu não

tenho certeza que é um lugar formal, mas...

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Katie riu.

- Foi uma piada, Doyle. Restaurante tailandês? Gravata?* Pegou?

- Oh, peguei.

Katie deu outra mordida no seu sanduíche com um sorriso presunçoso em sua face. Elanão viu o esguicho de água que Rick tirava e mandava na direção dela, mas eladefinitivamente sentiu o efeito.

Capítulo 22

Algumas mulheres guardam álbuns com fotos dos seus momentos favoritos. Osmelhores momentos de Katie estavam guardados em seu coração. Ela sempre gostou doverso sobre a mãe de Cristo mantendo todas as memórias sobre o filho dela comotesouros em seu coração.** 

Katie conhecia o sentimento de "entesourar" algo em seu coração . E este era o lugaronde ela mantinha as lembranças do piquenique no almoço que ela e Rick tiveram nafonte. As lembranças instantâneas incluíam uma seqüência de ações de guerra de águaque se seguiram ao primeiro esguicho de Rick.

Os reflexos dela eram rápidos, mas naquele dia em particular, Rick estava mais rápido.Em três minutos e meio ambos estavam encharcados. Rick estava gargalhando alto, masKatie gargalhava mais forte. A injustiça disso tudo, Rick disse, era que Katie poderiavoltar para o seu quarto e se trocar enquanto ele teria que se secar dirigindo colinaabaixo na volta para o trabalho.

O que fez desse momento mais memorável não foi só a seqüência de lembranças queKatie guardava em seu coração, mas também a forma como ela se sentiu quando Rickfoi embora. Ela sabia como era entesourar uma lembrança e entesourar uma pessoa emseu coração.

Katie não teve tempo para falar com Rick por mais dois dias. Ela mal teve tempo paradar atenção para qualquer coisa que não fosse todas as responsabilidades de AR quecontinuavam chegando aos montes. Apesar dos problemas esperados do dormitório,como estudantes ficando trancadas do lado de fora de seus quartos e um chuveiro

quebrado, Katie e Nicole tinham finalizado o Mural dos Tesouros Peculiares.Durante os registros, Katie e Nicole tinham se esquecido de tirar fotos de todas asgarotas para colocar na parede, próximo aos versículos que elas tinham reunido. Odesafio agora era encontrar todas as garotas para tirar as fotografias delas.

Na quinta-feira à tarde, Nicole e Katie fizeram as rondas com uma câmera na mão. Empraticamente todos os quartos, Katie e Nicole acabaram envolvidas em longasconversas. Aquilo foi ótimo para conhecer todas melhor e para construir um senso decomunidade. Só não foi tão bom para finalizar o projeto assim como para adiar otrabalho de classe delas. Sem mencionar todos os detalhes que elas precisavam finalizarpara o Evento do Hall na sexta-feira à noite.

* Tailandês = Thai, Gravata = Tie. A pronúncia é a mesma, por isso o jogo de palavras.** Lucas 2:19 – Maria guardava todas essas coisas no seu coração e pensava muito nelas (NTLH).  

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 Katie e Nicole tiraram ótimas fotos de Emily e Emilee. As duas novas colegas de quartoestavam se dando tão fabulosamente bem quanto Katie tinha esperado. Elas tinhamrearranjado suas camas, então estavam ambas contra a janela. Na parede de Emilyacima de sua escrivaninha estava um pedaço maravilhoso de um tecido marrom e

ferrugem trançado com tema africano. Na parede de Emilee havia uma arrumação defotografias emolduradas de sua família, amigos, fãs, assim como uma foto bem de pertode seu grande cachorro babão. Ninguém se perguntaria qual lado do quarto pertencia aEmily da África e qual lado pertencia a Emilee do Alabama.

Quando Katie e Nicole desceram pelo corredor, Katie disse para Nicole seguir emfrente.

- Eu acabei de lembrar de uma ligação que eu tenho que fazer. Eu a alcançarei, ok?

- Não se preocupe com isso, Nicole disse. Eu só tenho mais quatro pra ir.

Katie foi até o escritório dos ARs e pegou o arquivo de Emily. O salão de entrada estavatão barulhento que ela subiu até o esconderijo no alto do telhado onde podia se'empoleirar'. Digitando o número dos avós de Emily, Katie falou com ambos e deu umrelatório radiante de quão bem Emily estava entrosada com sua colega de quarto e comoela estava se instalando bem.

- Nós queremos que você saiba – o avô de Emily disse – que minha esposa e eu tiramosum tempo toda manhã depois do café para orar. Nós acrescentamos você à nossa lista deoração, Katie. Nós estaremos orando por você todos os dias.

- Obrigada. Katie não sabia o que mais dizer. Ela nunca tinha ouvido alguma coisacomo essa antes. Ela sabia que seus amigos oravam por ela – pelo menos eles diziamque oravam, sempre que ela pedia para orarem. Mas nenhuma figura paterna tinhaalguma vez tomado para si a responsabilidade de orar por ela regularmente.

- Minha esposa e eu queremos que você saiba o quanto nós apreciamos o que você estáfazendo aí pela nossa neta. Os pais dela estão muito agradecidos também. Você fez doingresso de Emily na universidade algo de primeira categoria tanto quanto poderia ser.

Katie se sentiu encorajada depois da conversa ao telefone, o que foi uma boa coisaporque às 22:15 uma Nicole de rosto vermelho veio ao quarto de Katie.

- Nós temos uma situação. As mulheres no 229 têm um cara no quarto delas. Já sepassaram horas e a porta está fechada.

Katie saltou de sua escrivaninha, onde ela estava imprimindo as fotos das garotas doandar para finalizar o mural dos Tesouros Peculiares.

- Você tem a chave-mestra?

Nicole a segurou no alto.

- Bem aqui. Nós precisamos fazer isso juntas. Lembra do treinamento, nós precisamosser firmes e específicas, mas não é nossa função assumirmos um papel policial.

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 Katie concordou. Parte do treinamento delas durante a semana de reuniões epreparações depois do retiro em Catalina tinha sido encenações de situaçõesproblemáticas. Cada AR fora posto em um quarto do dormitório com outro AR comquem encenara uma situação complicada. A tarefa de Katie tinha sido lidar com um

estudante que estava depressivo e nostálgico. Depois que Katie descartou sua respostainicial, que era virar os olhos e dizer "Oh, vamos lá, cresça", ela recebeu um pequenotempo extra para refletir na situação e terminou recebendo uma boa avaliação. Osrevisores disseram que ela foi simpática sem ser fraca e deu à estudante nostálgicadireções específicas e oportunidades para dar um passo para fora de sua depressão.

Katie não achou que iria se sair tão bem quanto se tivesse que responder a umaencenação de suicídio ou àquele que ela e Nicole estavam prestes a assistir agora noquarto 229.

Nicole bateu na porta. Katie checou os nomes na etiqueta à porta que ela e Nicole

tinham feito alguns dias antes. "Sabrina e Tasha", Katie repetiu, tentando lembrar se ela já as tinha conhecido.

- É Nicole e Katie. Nicole bateu uma segunda vez. Nós precisamos que vocês abram aporta.

Elas podiam ouvir vozes baixas e coisas se arrastando dentro. Uma das vozes eradefinitivamente masculina.

- Sabrina, Tasha, nós sabemos que vocês estão aí. Nós ouvimos dizer que vocês têm umrapaz no quarto. Nós podemos, por favor, conversar com vocês? Nicole disse.

A maçaneta clicou e virou e a porta abriu.

As duas companheiras permaneceram uma ao lado da outra, olhando indiferentes ecalmas. Katie se lembrou delas. Ela também se lembrava desse quarto. Sabrina eraaquela com um grande guarda-roupa que teve um problema ao se mudar.

Nicole deu uma olhada pelo quarto. Katie checou perto da porta.

- Ei, – Nicole disse, sempre a mulher de coração mole – nós ouvimos que vocês têm umrapaz aqui e eu estou certa que vocês duas estão familiarizadas com as políticas do

Crown Hall.

Elas balançaram a cabeça.

- Então, é verdade? Vocês têm um rapaz aqui?

- Você vê um rapaz aqui? Sabrina perguntou com ironia em seu tom.

- Havia um rapaz aqui mais cedo. Tasha olhou para Sabrina e então voltou para Katie eNicole. Nós não fizemos nada errado. Ele esteve aqui durante as horas em que odormitório estava aberto para a mudança.

- Quando ele foi embora? A voz de Nicole ainda estava suave e amigável.

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 As garotas entreolharam-se e deram de ombros.

- Ok, Nicole jogou seus cabelos para trás. Bem, eu só preciso relembrar a vocês dapolítica da escola e dizer que não é uma boa idéia ir contra as regras estabelecidas aqui

na Rancho. As regras são para a proteção de vocês.

- Exceto as regras que são ridículas, Sabrina disse. Quero dizer, nós estamos nauniversidade. Porque alguém pode nos dizer quem pode entrar no nosso quarto equando a pessoa tem que sair? Quero dizer, vamos lá, confie em nós um pouco. Nós nãoestamos no ensino fundamental.

- Eu sei, Nicole disse. Muito poucas universidades tem o tipo de restrições que estão emvigor aqui na Rancho. Mas isso é parte do que nos torna Rancho. Até que as regrasmudem, parte do meu trabalho é ser uma defensora delas.

Katie deu um passo para perto das mulheres.- O que Nicole está dizendo é que ao vir para a Rancho Corona vocês duas assinaram aspolíticas da escola e isso significa que vocês não poderiam ter um rapaz aqui agora.

- Nós sabemos.

- Ok, Nicole começou a sair do quarto.

Katie não estava satisfeita para ir embora. Ela tinha ouvido algo se arrastar e uma vozao fundo. No seu caminho em direção à porta Katie teve uma idéia. Ela avançou e bateu

no guarda-roupa com seu punho.

As outras três mulheres pularam e uma voz masculina soltou um "Whoa!" de dentro doguarda-roupa.

- Vocês não têm um rapaz no seu quarto, mas vocês têm um escondido no seu guarda-roupa. É isso? Katie avançou para abrir a porta do guarda-roupa, mas o rapaz não veio.Ele estava escondido atrás das roupas penduradas.

- Você – Katie disse – se você está procurando uma passagem para Nárnia, você não vaiencontrá-la aí, colega.

Ela podia ouvir a respiração dele, mas ele não saía.

- Venha. Katie não pôde conter o riso enquanto permanecia em pé em frente ao guarda-roupa aberto. Isso é ridículo. Ela empurrou as roupas e ali permanecia um rapaz de olharamedrontado tentando aparentar uma expressão de “durão”.

Batendo os pés, ele passou por Katie e disse:

- Era só uma piada. Cara, vocês são muito caretas. Nada disso importa porque eu nãoestudo aqui, então eu não tenho que seguir suas regras estúpidas.

Ele se foi e Sabrina e Tasha tiraram os olhos uma da outra e se viraram para Nicole.

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- Vocês não vão gritar conosco ou qualquer coisa assim? Sabrina perguntou.

Nicole balançou a cabeça.

- Não, mas nós precisamos lhes dizer que um dos DRs vai contatá-las em alguns dias

para se encontrar com vocês e conversar sobre isso.

Katie seguiu Nicole corredor abaixo até o quarto dela. Uma vez que elas estavam pertodo quarto fechado de Nicole, Katie disse:

- Isso foi louco. Você tem muita classe, Nicole.

- Você é muito inteligente. Nicole disse com uma risadinha nervosa. Eu ia chamar oCraig. Eu nunca teria pensado em bater no guarda-roupa.

- Era óbvio. Onde mais ele poderia estar? E o que elas estavam fazendo tendo um rapaz

de fora do campus no quarto delas? Eu não teria sido tão simpática como você foi. Elasmentiram completamente para nós.

Nicole apanhou o seu telefone celular e discou para a segurança do campus.

- Ei, é Nicole do Crown Hall. Nós tivemos um homem de fora do campus no nossoandar por algumas horas. A segurança poderia se assegurar de que ele encontre o seucaminho para fora daqui? Nicole deu uma descrição detalhada de como ele era e o queestava vestindo.

Com essa parte da segurança resolvida, as duas encontraram o relatório de incidentes eo preencheram juntas. Levou mais de uma hora. Então elas retornaram para obter aassinatura das garotas e para que elas checassem que os detalhes do relatório eramprecisos.

Dessa vez as mulheres abriram a porta da primeira vez que Katie bateu.

- É isso? Tudo o que nós temos que fazer é assinar isso? Sabrina perguntou. Vocês nãovão ligar para os nossos pais ou nos mandar para o reitor ou qualquer outra coisa?

Nicole negou com a cabeça.

- É como eu disse mais cedo: Vocês são estudantes universitárias agora. Vocêsconhecem as diretrizes e as regras. Vocês podem escolher o que querem fazer com a sualiberdade aqui. Quero dizer, a verdade é, se vocês preferem ir para uma universidadesem essas restrições, vocês têm muitas outras escolas para escolher. A Rancho Coronanão é para todos. E sim, pode ser vista como uma pequena bolha cristã às vezes, mas écomo as coisas são estabelecidas e é o que têm funcionado na Rancho por todos essesanos.

- Sabe o que é? Nós queremos nos desculpar. Tasha disse.

- Sim, nós conversamos sobre isso e nós não queremos fazer confusão aqui. Vocês estão

certas, é nossa escolha sobre as regras e ter um rapaz em nosso quarto durante horas nãofoi uma boa escolha.

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 Katie caminhou pelo quarto e deu a ambas um abraço. Nenhuma delas parecia esperar ogesto de aceitação.

A risada descuidada de Tasha afastou o nervosismo.

- Quando vocês chamaram os nossos nomes e disseram que vocês iam abrir a porta, nóspensamos que seria horrível.

- Nós não queremos deixá-las com medo de nós, Katie disse. Nós queremos desenvolverum ótimo relacionamento com ambas. Um relacionamento que é baseado emhonestidade e respeito.

- Nós realmente pensamos que vocês iriam ficar furiosas conosco por um longo tempo,Sabrina disse.

Nicole balançou a cabeça.

- De que adiantaria isso? Katie está certa. Nós vamos viver juntas por um ano. O quenós queremos é o que é melhor para todas nós.

Mais tarde, depois de meia-noite, enquanto Katie e Nicole finalizavam a colocação doresto das fotos na parede, Katie pensou sobre como o incidente tinha terminado.Ocorreu a ela que quando era criança seus pais usaram uma combinação de ira,vergonha e ameaças para mantê-la na linha. Ela percebeu agora que teria funcionadomuito mais se tivesse usado firmeza e amor.

Nicole voltou para o quarto dela para pegar mais um pouco de cola para o mural. Katiedeu um passo para trás e deu uma olhada no trabalho delas. Eu suas mãos ela tinha umverso impresso de Isaías 43:1: "Não temas porque eu te remi; Eu te chamei pelo teunome; tu és meu". Ela estava tentando decidir qual foto ela poderia encaixar com oversículo.

Emillee saiu do banheiro e acenou para Katie com a sua escova de dentes. Ao invés deretornar para o quarto dela no outro extremo do corredor, Emilee veio arrastando o pésem seu pijama floopy e parou perto de Katie.

- Eu amei o que vocês fizeram com esse mural. O versículo que vocês colocaram

próximo à foto da minha companheira de quarto é perfeito para ela, com a parte 'povosde longe' e tudo o mais.

O versículo era Isaías 49:1, "Ouvi-me, ilhas, e escutai vós, povos de longe: O Senhorme chamou desde o ventre, desde as entranhas de minha mãe fez menção do meunome".

- É um ótimo versículo, Katie concordou. Eu acho que foi Nicole quem o colocou ali.

- Nicole pôs o versículo na minha foto?

- Não tenho certeza.

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- Bem, eu realmente amei. Emilee avançou e tocou o papel como se fosse algo precioso.Ela leu em voz alta, "Eu vou dar a você os tesouros da escuridão, riquezas armazenadasem lugares secretos, então você saberá que eu sou o Senhor, o Deus de Israel, que techama pelo nome".

- Esse é bom também, Katie disse.

- Como vocês sabem todos os versos para colocar com as fotos?

- Nós não sabemos, Katie disse.

- Então como eles se encaixaram perfeitamente?

Katie sorriu e respondeu a Emilee com uma de suas expressões favoritas de todos ostempos:

- Deve ser uma coisa de Deus.

Katie sustentou o ainda não atribuído verso de Isaías 43.

- Você ainda não tem um verso na sua foto, Emilee notou. É o seu, esse em sua mão?

Katie o leu novamente.- Eu gosto, ela disse. Eu gosto que Deus tenha me remido e me chamado pelo nome,mas eu não sinto que ele seja o meu versículo para o ano.

- E se eu encontrar um verso pra você? Emilee perguntou. Você está fazendo tudo issopor nós. Deixe-me fazer alguma coisa para você.

- Ok, eu gostei disso. Obrigada, Emilee.

- Agora estão me chamando de “Em”. Minha colega de quarto é ‘Emily’ e eu sou ‘Em’.Eu gostei e você?

Katie acenou com a cabeça.

- Boa noite, Em.

- Boa noite, Senhorita Katie.

Enrolando-se na cama essa noite bem depois das 2:00, Katie sentiu-se flutuando paralonge em um sonho. Em sua imaginação, ela estava de volta ao piquenique com Rick nafonte. Ela pegou no sono com um sorriso.

Capítulo 23

A sexta-feira foi um dia tão cheio que Katie não comeu até o anoitecer, até as cinqüentapizzas chegarem para todos do “Evento do Hall” que acontecia no campo de futebol.

Ela estava incumbida de distribuir a comida, mas assim que ela abriu a primeira caixapara checar o tamanho da pizza, ela percebeu que seria melhor pegar um pedaço antes

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que ela começasse a ficar tonta.

Katie e Nicole tinham organizado os jogos de quebra-gelo e trabalharam juntas paracomeçar a festa. O Crown Hall tinha um total de 208 alunos, e parecia que cerca de 150viriam para o evento. Craig disse que esse era um bom número de participantes. Ele

ajudou Nicole dando instruções para o primeiro jogo interativo através de um auto-falante.

Enquanto o grupo estava entretido no jogo, Katie bolou uma ordem lógica para quetodos se movessem na fila da comida. Como gafanhotos, os estudantes atacaram efizeram a pizza desaparecer.

Katie recrutou Em e Emily para ajudarem na limpeza juntamente com Jordan que juntouseis rapazes de seu andar. Katie não parou de se mover durante todo o tempo. Às 10:30a última lata de lixo foi retirada do campo, e ela deu uma olhada em volta.

“O que foi isso?” ela resmungou para si mesma.

Julia, que estava em pé há alguns metros de distância, disse, “Isso, Katie Girl, foi umEvento do Hall imensamente bem sucedido. Muito bem.”

Katie se lembrou de como Rick a tinha chamado de “Katie Girl” no dia de registros eela meio que gostara do apelido. Quando Julia a chamou de “Katie Girl” ela gostoumuito. Com Julia, o nome soou como uma iniciação em um grupo especial. Soou comose fosse uma “garota surfista”.

“Tudo que eu sei é que esse evento foi uma confusão,” Katie disse.

“Pois então me deixe ser a primeira a te falar, foi uma boa confusão,” Julia disse.“Todos tiveram um tempo fantástico aqui e começaram a conhecer melhor uns aosoutros. Você e Nicole fizeram um ótimo trabalho. Nós não tivemos falta de nada, o queé raro nesses eventos. Normalmente ou as coisas sobram ou faltam. Esse foi tudocertinho.”

“Eu me sinto um pouco mal porque não ter conversado com ninguém,” Katie disse.

“O que você quer dizer com isso?”

“Eu sei que meu papel como AR é me relacionar com os residentes de uma forma maispessoal, mas eu me tornei uma abelha-operária e quase não falei com ninguém ou noteio que estava acontecendo.”

“Ser um servo tem um monte de formas diferentes,” Julia disse. “Dessa vez você serviuas mulheres sendo uma abelha-operária. No próximo ‘Evento do Hall’ você não estaráencarregada dos detalhes, e será capaz de se socializar o quanto quiser.”

Katie tremeu naquele ar gelado da noite. Agora que ela tinha parado de correr de umlado para o outro e estava ali de pé no campo gramado, sua camiseta e shorts nãoestavam adequados para aquela temperatura. “Nós podemos ir andando de volta para o

dormitório enquanto conversamos?”

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“Claro.”

“Eu estou sentindo que não consigo me relacionar bem com cada uma das mulheres damaneira como eu gostaria.”

“Só se passou uma semana, Katie.”

“Eu sei, mas eu acho que estava pensando na maneira como a conselheira doacampamento de verão do ensino médio se relacionou com cada uma de nós em umasemana. Todas do nosso chalé ficamos muito unidas.”

Julia sorriu. “Quantas meninas estavam no chalé? Oito? Dez?”

Katie cruzou os braços na altura de sua barriga e concordou com a cabeça. “Mais oumenos isso.”

“E vocês estavam todas no mesmo chalé,” Julia acrescentou. “Dormindo no mesmoespaço. Isso faz a diferença. Num acampamento, tudo que vocês tinham que fazernaquela semana era estarem juntas. Isso é faculdade. Um tanto quanto diferente, comovocê já sabe. Você tem três vezes o número de mulheres e essas mulheres têm aulas,empregos, amigos. Dê um tempo a si mesma, Katie. Seu trabalho é estar disponível.Lembra? Você não é a mãe delas.Você não é a conselheira delas. Você não é a melhor amiga exclusiva delas. Você é umaassistente. Uma serva. Essa noite você facilitou a relação delas umas com as outras, e épra isso que os ‘Eventos do Hall’ servem”.

“Eu achei que eu seria mais um tipo de...”

“Conselheira individual?” Julia terminou a frase pra ela.

“Sim, algo do tipo.”

“Pense no seu papel como sendo mais uma ouvinte do que uma conselheira. A maioriadas pessoas consegue perceber seus próprios desafios e problemas uma vez que é dada aelas a chance de ouvirem a si mesmas expondo seus problemas.”

Katie pensou sobre como Julia tinha feito isso por ela mais de uma vez. Juliaproporcionou tempo para que elas conversassem no começo do verão quando Katie foi

até o apartamento dela para tomar chá. Ela também deu oportunidade a Katie, na balsaem Catalina, para que ela falasse sobre o que estava acontecendo entre ela e Rick. Namaior parte do tempo Julia ouviu. Apesar disso, Katie saiu de cada conversa sentindocomo se tivesse recebido sábios conselhos.

“Eu estou tão feliz por você ser minha DR (Diretora dos Residentes),” Katie dissequando elas entravam pela porta da frente do Crown Hall.

“O sentimento é recíproco,” Julia disse. “A propósito, como as coisas estão indo comRick?”

“Bem. Muito bem.”

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“Fico feliz em ouvir isso,” Julia disse.

Ao chegar no pé da escada cada uma seguiu um caminho diferente, e Katie se lembroude que ela estaria com Rick bem agora em San Diego se ela não fosse uma ARencarregada do Evento do Hall.

Perguntando-se se Rick foi ao jogo de baseball sem ela, Katie entrou em seu abafadoquarto e notou seu celular piscando no carregador onde ela o tinha deixado. Chutandosuas sandálias, Katie checou sua caixa postal. A primeira era de Cris. Ela disse que sóestava querendo saber como Katie estava. Ela e Ted estavam a caminho de Carlsbadpara cuidar do bebê Daniel. Katie podia até imaginar os dois todo apaixonados pelogarotinho.

A próxima mensagem na caixa postal era de Rick. “Ei, me ligue o mais rápido quepuder, ok? Eu preciso falar com você.”

Katie apertou o botão de discagem rápida e se esticou na cama. Rick respondeu noprimeiro toque. “Como foi o grande evento?”“Bem. Julia disse que foi um sucesso. Tivemos muito trabalho e eu não parei horanenhuma o dia todo. Essa é a primeira vez que eu sentei desde que eu saí do meu quartonessa manhã. Eu estou acabada. E você, como está? O que fez essa noite? Você foi ao

 jogo?”

“Não, eu dei os ingressos para Douglas e Trícia.”

Katie percebeu que fora por isso que Ted e Cris tinham ido à Carlsbad para cuidar dobebê. “Então o que você fez?”

“Eu vim para o Arizona essa tarde. Eu estou em Tempe agora com meu irmão. Nósprecisamos tomar algumas decisões finais sobre o novo café, e foi um bom momentopara eu vir.”

Katie engoliu. Ela estava quase certa de que em seguida ele diria que não estaria devolta a tempo para que eles fizessem algo juntos, no sábado à noite. Ao invés de extrairaquela informação de Rick, ela perguntou, “Como está indo o novo café?”

“Bem. Um monte de detalhes. Nós vamos encontrar com um novo fornecedor demanhã. O primeiro não deu certo.”

Uma pausa tensa estendeu-se entre eles.

“Ouça, Katie...” Rick começou.

“Está bem,” ela disse rapidamente.

“Você ainda nem sabe o que eu vou dizer.”

“Sim, eu sei. Você ia dizer que não sabe se vai voltar a tempo de nós sairmos amanhã ànoite. E estou dizendo que está bem. Nós podemos fazer algo no domingo à tarde se

você voltar até lá. Ou na segunda-feira à noite. Bem, depois do meu grupo de estudo de8 às 10. Ou sei lá. Nós faremos algo no próximo fim de semana. Está tudo bem, Rick.

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uma prima mais velha ou irmã ou alguma parenta próxima que ajudou a começar oMural do Beijo, e com a tradição ditada, elas deveriam ter um esse ano novamente.

“Elas querem que nós tiremos o Mural dos Tesouros Peculiares?” Katie perguntouquando as duas se encontraram para dar uma olhada na petição no quarto de Nicole.

“Não, todas elas disseram que amaram o Mural dos Tesouros Peculiares. Elas apenas oquerem localizado no começo do corredor onde todas entram, isso vai ajudá-las a sefamiliarizarem com as outras mulheres do andar. Elas sugeriram que nós movamos oMural dos Tesouros Peculiares para a parede de frente para o meu quarto, já que aquelaparede está toda branca. Então, seis delas se dispuseram a colocar o Mural do Beijo devolta ao seu lugar tradicional no final do corredor de frente para o seu quarto. O quevocê acha?”

Apesar de Katie ter pensado que seria uma tortura particular olhar para fora de sua portatodos os dias e ser lembrada de que todos no campus estavam beijando exceto ela, ela

disse, “Não podemos ser nós aqueles que vão quebrar a tradição.”

“É isso que eu também acho,” Nicole disse.

Os projetos do mural gastaram a maior parte da tarde do sábado para ser completado.Nicole imprimiu as mesmas frases de beijo que ela tinha colocado no ano passado.Algumas das estudantes do Inglês do andar adicionaram citações da literatura. Outra dasfavoráveis ao Mural do Beijo tinha fotos prontas com as quais poderia contribuir.

Em pouquíssimo tempo o Mural do Beijo estava erguido. Katie ficou de pé com umadúzia de outras mulheres e admirou o trabalho manual, lendo as citações.

“O beijo, juntamente com a música, é a única linguagem universal”Anônimo.

"Porque não foi ao meu ouvido que você sussurrou, mas ao meu coração.Não foi ao meu coração que você beijou, mas a minha alma."Judy Garland.

“Digo que estou cansado, digo que estou triste;Digo que riqueza e saúde me abandonaram;Digo que estou envelhecendo, mas adiciono...

Jenny me beijou!”Jenny Hunt.

“Um homem deu toda sua felicidade,E todas as suas posses por causa disso,Para perder seu coração em um beijo,Por sobre os perfeitos lábios dela.”

Alfred Lord Tennyson.

“Os lábios dela nos dele puderam dizer-lhe melhor que todas as palavras errantes.”

Margaret Mitchell.

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“A luz do sol bate na terra,E os raios da lua beijam o mar:De que adiantam todos os beijos,Se você não me beijar?”Percy Bysshe Shelley.

“O momento eterno- apenas aquele e nenhum mais-Quando o êxtase chega ao máximo, nós nos agarramos ao coraçãoEnquanto bochechas queimam, braços se abrem, olhos se fecham, e lábios seencontram!”

Robert Browning.

“A primeira vez que ele me beijou, ele não apenas beijouOs dedos dessa mão por meio dos quais eu escrevo;E, desde então, isso ficou mais limpo e branco.

Elizabeth Barret Browning.

“Onde uma gota de sangue destrói um castelo da vida,Assim um beijo pode trazer vida de novo.”

Bela Adormecida.

Num redemoinho de contemplações de beijos, Katie teve que se apressar para seaprontar para o encontro com Rick. Apesar de fazer algumas semanas desde o últimoencontro oficial deles, os dois tinham conseguido se encontrar nas duas últimas terças-

feiras na fonte para almoçarem. Nas duas vezes, Rick tinha apenas uma hora e meia. Elesempre trouxe o sanduíche de rosbife favorito de Katie, com mostarda, e cada vez elesacabaram por se envolverem em alguns momentos de carinho e guerras de água.

Enquanto Katie corria de um lado para o outro em seu quarto para ficar pronta,pensamentos românticos deram as mãos e dançaram alegremente em sua imaginação.Ela estava mais que pronta para seus momentos piegas com Rick. Depois de ler ascitações de beijos, ela sentiu como se seu compartimento “do abraço” precisava serpreenchido.

Katie cantava enquanto tomava banho e depois foi até suas opções de roupas limpas em

tempo recorde. Levando alguns minutos extras para prestar atenção em quãouniformemente seu rímel estava disposto em seus cílios, Katie brincou com seuraramente usado lápis para os olhos. Os resultados foram ótimos. Ela sentiu muito pornão ter Cris em seu quarto assim com no ano passado. Cris daria alguns conselhos nessemomento, e depois levaria Katie até a porta do quarto com alegres recomendações decumplicidade.

Assim como normalmente acontecia quando os pensamentos de Katie eram levadospara a amizade dela com Cris, ela abriu a porta para a tristeza. A tristeza não erarelacionada à Cris, mas mais ao que Katie tinha perdido em sua fase de crescimento.Porque ninguém nunca a mostrou ou a deu nenhum encorajamento particular sobre

como ela aparentava, agia, ou se desenvolvia, de muitas maneiras, Cris tornou-se aprimeira fonte de inspiração e instrução de Katie naquelas áreas. Não que Cris

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deliberadamente tentava ser um modelo de comportamento para Katie. As lições de vidavinham naturalmente, florescendo na primavera da amizade delas.

Katie parou de olhar no espelho. “Como você seria uma pessoa diferente se não fossepela Cris.”

Assim que ela murmurou aquele pensamento, outro pensamento veio a ela. Essepensamento trouxe asas consigo e parecia atar aquelas asas a uma aflição de longa datanum canto do espírito de Katie. Aquela aflição era o triste, nostálgico sentimento de queela nunca fora estimulada ou aconselhada da mesma maneira como muitas das outrasmulheres na Rancho Corona tinham sido. Dessa vez, entretanto, quando o pensamentorepousou sobre ela, ela viu como Deus tinha colocado Cris em seu caminho para seraquela amiga cuidadosa e incentivadora. As asas invisíveis pegaram a velha aflição deum sentimento negligenciado e a levou embora.

“Você me deu tudo que eu precisava, não foi, Senhor? Então e daí se minha mãe não se

superou no quesito cumplicidade? Você me deu a Cris. Você nos deu uma à outra.Todos esses anos você esteve preenchendo os meus vazios, não esteve? Você cuidoudas minhas necessidades de afeto quando eu nem estava prestando atenção. E agora eutenho a amizade da Julia e da Nicole.”

Perceber aquilo trouxe lágrimas aos olhos recentemente maquiados de Katie. “Ah, não,vocês não!” ela deu ordem às lágrimas com uma rápida piscada. “Suas pequenas gotasde lágrima voltem para onde estavam se escondendo. Pelo menos, por agora. Eu nãotenho tempo para refazer minha maquiagem.”

Katie passou rapidamente pelo Mural do Beijo e pelo Mural dos Tesouros Peculiares.

Ela parou brevemente ao lado de sua foto e notou que Em ainda não tinha colocado umversículo pra ela. Todas as outras meninas tinham versículos. Talvez ela devesseencontrar um apenas para completar o mural.

Saindo do Crown Hall e adentrando na tarde do fim de Setembro, Katie sorriu. O arestava quente e carregado do cheiro de grama seca. O céu estava adornado com umamargem rosa clara brilhante vinda do pôr do sol.

Rick estava caminhando em sua direção e vestia uma camisa de manga curtaperfeitamente passada. Ele era o único rapaz que ela conhecia que passava suas camisase as mandava para uma secadora. Ele estava lindo. A melhor parte, entretanto, era o

 jeito como sua expressão animou quando ele a viu.

“Olá, espetáculo,” ele disse com seu sorriso-de-meia-boca.

 Rick está tão romântico agora. Eee. O romântico Rick. Essa vai ser uma ótima noite!

Capítulo 24

Katie deslizou a sua mão na de Rick enquanto eles caminhavam para o carro dele. Ela

sabia que era uma vaidade desculpável, mas intimamente ela desejava que maismulheres estivessem pelo campus para ver o passeio dela até a vaga no estacionamento

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para o seu encontro dos sonhos.

"Eu tenho algo para você no carro," Rick disse.

"O que é?"

"Você vai ver."

A surpresa de Rick era um enorme buquê de flores mixtas que esperavam por ela nobanco do passageiro. A combinação de cores do sortimento floral e a fragrância doslírios diurnos eram tão intensos que o carro dele foi dominado pelo cheiro quando eleabriu a porta para ela.

Katie estava atordoada pelo tamanho do buquê."Você limpou uma floricultura inteira?"

"Não, eu fiz uma encomenda. Eu disse a eles que eu queria um buquê misto com as

melhores e mais perfumadas flores e isso foi o que eles criaram. Eu acho que elescapturaram exatamente o que eu pedi. Pode parecer pequeno no topo. Um poucoarrojado, formidável e dramático, mas é por isso que eles me lembram de você." Rickfechou a porta e deu a ela um sorriso.

"Obrigada." Katie não soube exatamente o que fazer com as flores. Ela se sentiu comouma princesa em um desfile segurando o enorme fardo em seu colo. Se o carro de Rickfosse um conversível, ela teria se sentido compelida a se sentar no banco de trás eacenar para as pessoas enquanto eles dirigiam.

Rick colocou algumas de suas músicas favoritas e permaneceu olhando para Katie,sorrindo para ela.

"Você está muito bonita," ele disse.

"Obrigada. Você também. Conte-me sobre o Arizona. Como vai o trabalho no café?Você irá voltar para lá logo?"

"Não por enquanto. Nós estamos meio parados no momento, esperando por maispapelada para arrumar. Sem mais viagens para mim por um tempinho. Eu espero queisso signifique que nós vamos poder passar mais tempo juntos." Com um sorriso ele

adicionou: "Isto é, se você conseguir me encaixar em seus horários."Katie avançou e, de um jeito brincalhão, deu um puxão no lóbulo da orelha de Rick.

"Oh, eu acho que eu consigo encaixar você ocasionalmente."

"Bom. Eu vou cobrar."

Katie sorriu contentemente. Já faz muito tempo desde que Rick e eu estivemos juntos.Eu estou realmente cansada de estar na pista lenta. Nós ficamos nessa durante nosso

 primeiro mês de ajustes a uma série de mudanças. Da maneira como eu vejo,já estámais que na hora de termos a nossa próxima DR. No entanto, eu não vou iniciar a

conversa agora. Se o Rick não iniciar uma conversa sobre o nosso relacionamento no jantar, eu vou fazer isso depois. 

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 A curta viagem deles até Temecula os trouxe ao restaurante Tailandês onde elesdescobriram que teriam que esperar duas horas para se sentar no alvoroço do novorestaurante.

"Vocês gostariam de esperar?" A recepcionista verificou a quantidade de acentosdisponíveis em um livro, na frente dela.

"O que você acha?" Rick perguntou.

Katie balançou a cabeça. Ela não queria esperar tanto para comer.

Enquanto Rick seguia atrás dela para fora rumo ao carro, Katie disse,"Eu estou surpresaque você não tenha ligado antes."

"Eu liguei. Eles não fazem reservas. Suponho que nós tenhamos que ir ao Plano B."

"Ok, qual é o Plano B?"

"Eu não sei. Eu tenho certeza que nós podemos pensar em algo."

Depois de dez minutos debatendo opões, eles acabaram se dirigindo para um restaurantefast-food, pedindo hambúrgueres e então se apressando para conseguirem assistir a umfilme, num cinema que ficava na rua de baixo do restaurante tailandês.

O cinema estava lotado e o filme estava decepcionante. Katie descreveu como umadaquelas comédias na qual todas as boas partes são as que você vê nos trailers, mas ofilme em si é uma droga.

Somado a isso, o ar condicionado não parecia funcionar no cinema. Ela e Rick tinhamcomeçado a noite sentando próximos. Ao final do filme, ambos estavam sentindoclaustrofobia e não estavam se tocando.

"O que você acha?" Rick perguntou enquanto eles saíam. "Devemos tentar o restaurantetailandês agora?"

"Eu não estou faminta o suficiente para sentar pra comer," Katie disse. "Você está?"

"Não exatamente."

Embora eles estivessem do lado de fora, com o ar noturno os refrescando, ela aindasentia claustrofobia e impaciência.

"Eu poderia tomar um sorvete," Katie disse.

"E se nós comprássemos algum no supermercado e levássemos para o meuapartamento?"

Katie estava surpresa. Ela não se lembrava de Rick alguma vez sugerindo que eles

fossem para o apartamento dele.

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"O seu colega de quarto está no apartamento?" Katie perguntou. "Eu ainda não oconheci."

"Não, ele foi para um retiro de trabalho esse fim de semana. O nome dele é Eli. Eupensei que você o conhecesse."

Katie balançou a cabeça.

"Eu não me lembro tê-lo conhecido. Como está sendo ter um companheiro de quarto?"

"Ótimo. Nenhum de nós nunca está lá , então eu ainda não consegui conhecê-lo muitobem."

"Eu acho que nós podemos ir aoo seu apartamento e tomar sorvete. Isto é, com umacondição," Katie disse.

"Qual?"

"Eu escolho o sorvete."

"Você está com medo que eu vá escolher algum de que você não goste?" Rickperguntou.

"O quê? Como algo no topo, formidavél e um pouco dramático do lado? O sorriso delaestava cheio de travessura.

Rick entendeu a piada. "Você não gostou das flores."

"Eu gostei das flores. Eu só queria te provocar."

Ele olhou para ela de novo.

"Não, você não gostou das flores, gostou? Seja honesta."

Katie mordeu o lábio e desejou que ela não tivesse feito o comentário revelador. "Euamei a intenção por trás das flores, mas para ser honesta, você poderia ter pegado umasimples papoula da Califórnia da beira da estrada e isso iria significar exatamente o

mesmo para mim. Faz sentido?"Ele confirmou acenando lentamente com a cabeça.

"Eu não sou exatamente um tipo de pessoa fru-fru, então a extravagância soa... Eu nãosei... Extravagante."

"É assim que o buquê deveria fazer você se sentir. Essa era a mensagem. Mas ela nãosabia dizer se as coisas estavam tranquilas com Rick, então ela adicionou, "Obrigada denovo, Rick. De verdade. Obrigada por ser extravagante."

"De nada." Os olhos dele estavam fixos na estrada à frente e ele não lançou nenhum tipo

de olhar à Katie que demonstrasse que estava tudo bem

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"Eu gosto simplesmente de passar tempo com você, Rick. Eu quero que saiba disso paraque você não sinta como se precisasse me presentear com metade de uma floriculturapara tornar memoráveis nossos momentos juntos."

Rick virou para dentro do estacionamento do Supermercado dos Irmãos Sherman.

"Por que você não foi para o Supermercado Kart?" Katie perguntou.

"Por que eu iria lá?"

"O Irmãos Sherman é muito mais caro."

"O Supermercado Kart é um armazém cavernoso e eu não gosto de embalar as minhaspróprias compras."

"Compras? É um único pote de sorvete."

Rick saiu do carro e fechou a porta sem responder.

"Ok," Katie disse sussurrando. "Isso está virando um desastre!"

 Nota a si mesma: Seja legal com o pobre rapaz. Ele está tentando. Pare de dizer a primeira coisa que vem à sua mente! 

Eles caminharam lado a lado dentro do supermercado. Katie decidiu imediatamente porsorvete de menta com pedaços de chocolate, mas a marca que ela pegou vinha em umrecipiente quadrado.

"Pegue o de menta com pedaços de chocolate em um recipiente redondo," Rick disse.

"Por quê?"

"Sorvetes em recipientes redondos são mais gostosos."

Katie riu.

"Não, não são."

"Apenas pegue o redondo."

Katie lançou um olhar atrevido para Rick e pegou ambos os potes. Ela parecia teresquecido a última nota a si mesma.

"O que você acha disso: Nós vamos comprar ambos e fazer um teste de sabor. E vocêpaga. Você vai ver que não há diferença entre sorvete quadrado e redondo."

"Está bem, mas o seu teste não será válido." Rick seguiu o caminho para a fila de nomáximo dez itens.

"Por que você disse isso?"

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"Você está comprando duas marcas diferentes. Eles usam ingredientes diferentes."

"Não, eles não usam. Sorvete é sorvete." Ela apanhou o recipiente quadrado depois quea mulher do caixa chamou. Katie leu em voz alta os cinco primeiros ingredientes."Verifique o seu sorvete redondo aí, Doyle. Eu aposto qualquer coisa que os

ingredientes são os mesmos."

A moça do caixa parecia estar reprimindo a sua diversão quando ela perguntou, "Vocêsquerem papel ou plástico"

"Plástico," Katie disse. "E um par de colheres de plástico, se você tiver. Nós podemosresolver isso aqui e agora. De fato, você pode ser nosso juiz imparcial."

A mulher levantou a mão.

"Eu faço questão de ficar de fora de conflitos matrimoniais."

"Nós não somos casados." Rick e Katie disseram em uníssono.

Ela olhou surpresa.

"Irmão e irmã, então?"

"Não." Katie disse firmemente.

"Nós somos só..." Rick não tinha um termo de definição que pudesse usar.

Katie se sentiu compelida a dar uma resposta para essa estranha, embora ela nãosoubesse claramente por que. Ela queria dizer, "Nós somos 'quase' um casal. Isso é'quase' um encontro. Agora mesmo. Nós estamos em um 'quase' encontro. Eu sei. Difícilde acreditar. Não muitos casais vão a encontros, quase ou não, no supermercado.Especialmente o Supermercado Irmãos Sherman. Mas, ei, nós não somos como todos osoutros 'quase' casais."

Em vez disso, Katie atendeu à sua mais nova nota a si mesma e manteve sua bocafechada.

A mulher olhou ainda mais surpresa pelo fato de que nenhum dos dois pôde esclarecer orelacionamento deles. Ela entregou o recibo da caixa registradora e disse, "Bem, vocêscertamente brigam como um casal."

Nem Katie e nem Rick pareceram achar aquele comentário romântico ou digno deresposta. Eles andaram juntos até o carro e Katie disse, "O comentário dela foicompletamente incoveniente."

"Ela está trabalhando até tarde," Rick disse calmamente.

Katie se voltou e colocou as mãos no quadril. "Você a está defendendo?"

"Eu não estou defendendo ninguém. Eu só estou dizendo, o que uma pessoa quetrabalha no último turno em um supermercado tem a dizer?"

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 "Ok, isso é justo." Ela amoleceu um pouco mais. "Por que você acha que tem sido tãoduro para nós propor apelidos um para o outro? Quero dizer, quanto tempo levou paravocê vir com 'Olhos de matar' para a Cris?"

Rick parou de caminhar e se virou para encarar Katie no brilho das luzes do complexode apartamentos. O maxilar dele estava trancado. Ele não disse nada, mas em vez dissocomeçou a caminhar novamente. Destrancando a porta do seu apartamento, ele seguroua porta para ela e então disse, "Katie, isso te incomoda?"

"O quê?"

"Que eu tenha chamado Cris de 'Olhos de matar'"

"Não, claro que não. Por que deveria? Ela tem mesmo olhos de matar."

Rick colocou a sacola do supermercado no balcão da sua pequena cozinha e se voltoupara Katie.

"Aqui está o que eu estou tentando perguntar: Não te incomoda que eu tenha tido umapaixão pela Cris?"

"Não." Katie balançou a cabeça e manteve o seu olhar fixo enquanto ela olhava para ossinceros olhos castanhos de Rick. 'Isso não me incomoda. Aquilo foi passado. Isto éagora. A palavra chave na sua pergunta é, claro, 'teve'. Você teve uma paixão pela Cris.Você não mais tem uma paixão por ela." Ela parou. "Você tem?"

"Não, absolutamente. Aquilo foi no Ensino Médio. Eu definitivamente estava meapaixonando, mas eu acho que noventa por cento disso foi porque ela era um desafio.Ela era a nova garota inacessível. Eu mudei, Katie. Você sabe disso."

"Sim, eu sei." Katie colocou o sorvete no freezer. Ela não queria se preocupar com odesafio do teste de sabor até que ambos estivessem novamente de bom humor. Quandoela se virou, Rick ainda estava olhando para ela pensativo.

"Houve algumas outras," Rick disse em uma voz tensa.

Katie não sabia se ele queria dizer algumas outras maneiras de apelidar Cris ou algumas

outras paixões no Ensino Médio. Qualquer um dos dois, não importava para ela. Issonão era novidade. Katie esteve por perto durante várias fases da mudança de Rick. Maisdo que tudo, ela queria que o relacionamento deles desse certo. Se isso fosse dar certo,ela sabia que ela tinha que estar pronta e disposta para aceitar Rick em todos os níveis,assim como ela queria que ele a aceitasse com todas as suas falhas e caprichos.

Se eles estavam para sair da pista lenta, como Katie acreditava que eles estavam, entãose abrir um para o outro era uma coisa boa. Era como usar um sinal de mudança. Rickestava sinalizando mudança. E Katie estava pronta.

O que ela não entendia era por que o seu estômago estava tão agitado no momento.

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Capítulo 25.

Rick recostou sobre o balcão da cozinha de frente para Katie em seu pequeno, masorganizado apartamento e começou com, “Você se lembra do outono passado quando eudisse que desejava voltar atrás e mudar alguns anos da minha vida?”

“Sim.”

“Eu fiz uma série de coisas estúpidas. Eu fiz escolhas muito ruins.”

“Aquilo é passado, Rick. Isso é agora.”

“Eu sei.”

“Você não é mais a mesma pessoa que você era naquela época. Deus mudou você. Elete perdoou por qualquer coisa que tenha acontecido no passado. Você está livre para dar

o próximo passo.” Katie quase acrescentou, “E fato é que eu sou seu próximo passo;então se mexa, colega.” Mas ela voltou atrás porque a expressão de Rick deixou claroque ele tinha mais a dizer. Ele parecia estar analisando as palavras dela cheias de graçae trancou seu maxilar.

“Eu quero te contar algo, Katie, e eu preciso que você me ouça.”

Ela concordou.

“Uma das moças com as quais eu saí no meu primeiro ano de faculdade me contatousemana passada. Eu quase não me lembro dela.” Ele pausou. “Bem, não essa a verdade.

Eu quero ser honesto com você, Katie. A verdade é que eu me lembro do jeito como elabeijava. Eu sou homem, ok? Nós nos lembramos dessas coisas. Por muito tempo. Sãocomo certos momentos de contato físico que você nunca se esquece. Eles se mantémacesos na memória de um homem. Mas veja você, aí está, eu não me lembro dapersonalidade dela ou do jeito como ela ria. Eu não me lembrava nem do nome dela atéela me ligar.”

“Como ela conseguiu seu número?” Katie tentou manter sua expressão e voz estáveis.

“Não sei. Ela está morando em Boston.”

Katie relaxou um pouco e atentou-se para deixar claro para Rick, através de sua posturae expressão, que ele podia contar a ela qualquer coisa.

“Aqui está o “x” da questão, Katie. Como eu disse, eu não me lembro de nadaespecífico sobre ela.” Ele forçou um sorriso. “Eu não faço idéia de qual sabor de sorveteela gosta, muito menos a forma da embalagem que ela prefere. Pelos meus atuaispadrões e minha atual maneira de medir um relacionamento, ela e eu não tivemos umrelacionamento real. Nada como o que você e eu temos.”

Rick mudou de posição. “Eu queria te contar isso porque eu não quero que nada nemninguém do meu passado surja algum dia e te deixe confusa.”

Ele chegou mais perto de Katie e tocou a ponta do cabelo dela, esfregando os fios de

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cobre entre seu polegar e o dedo indicador. “O que você e eu temos é real. Você é muitoreal. Tudo o que você diz e faz é genuíno.”

“Bem, nem tudo o que eu digo é real. Algumas vezes eu exagero.”

“Oh, sério?” As marcas em volta dos olhos marrom-chocolate de Rick suavizaram.

“Sim, e ás vezes – só às vezes – eu excedo nas coisas.”

“Isso é verdade?” O sorriso dele aqueceu todo seu rosto enquanto ele passou os dedossob o queixo dela e levantou o rosto de Katie em direção ao dele.

Por um momento os dois se mantiveram imóveis, fitando os olhos um do outro. Katiesentiu seu coração acelerar.

É isso? Ele vai me beijar? Aqui? Na cozinha dele? É assim que Rick pretende mudar de

 pista? 

Todas as vezes que Katie imaginara esse momento definidor do relacionamento deles,ela pensava em um cenário mais dramático. Seu cenário preferido para esse primeirobeijo era a praia, preferencialmente no pôr do sol. Ou nas montanhas debaixo dos ramosprotetores de uma árvore que estariam carregados de neve. Eles se beijariam, e entãoflocos de neve iriam magicamente flutuar até o chão, colocando-os numa particular emaravilhosa bola de neve.

Nunca em sua imaginação ela pensou no cenário em volta deles como sendo o guarda-louça manchado e as paredes com figuras de cogumelo da cozinha sem-graça de Rick.

Rick inclinou a cabeça dele para perto da dela.

Nenhum deles falou.

 Não analise, Katie! Apenas deixe o momento ser o que é.

Com o coração batendo tão alto que chegava até os seus ouvidos, em estéreo, e com oqueixo posicionado corretamente, Katie abaixou suas pálpebras como se estivesseabaixando as cortinas da janela de sua alma. Ela pôde sentir a respiração de Rick em

suas pálpebras e antecipou o toque dos lábios dele nos dela.Mas o beijo não veio.

Abrindo suas pálpebras, Katie olhou para a expressão desolada de Rick.

“O que foi?” ela sussurrou.

“Nós devemos esperar.”

Todo o ser de Katie decaiu e entrou num emaranhado de irritações. Ela se virou, deudois passos para a direita, e deu uma “bufada”. Com as palmas das mãos abertas, ela

deu um empurrão no peito de Rick do mesmo jeito que ela empurrou o juiz do seuúltimo jogo de softball. Suas atitudes agressivas a deixaram no banco de reservas na

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última primavera.

Por causa do empurrão, Rick deu um passo para trás e levantou as mãos, colocando-assobre a cabeça dele. “Me desculpe. Eu...”

“Não se desculpe,” Katie falou impulsivamente. “Só me beije!”

“Não, ainda não,” ele disse.

“Então quando? Rick, já faz quase dez meses. Se não agora, quando?”

“Não sei.”

“O que você quer dizer, você não sabe?”

A voz dele aumentou, emparelhando à intensidade de Katie. “Eu não sei. Talvez mais

dez meses.”

“Não! Você está me matando!”

“Você acha que isso é fácil pra mim? Por favor! Eu estou tentando fazer o que é certopara nós dois. Você não faz idéia do quanto eu estou tentando. Me dá um tempo!”

“É só um beijo, ok?”

“Não é só um beijo. Ele significa algo. Tem que significar algo. Você não vê? Significaque nós daremos o próximo passo, Katie. Nós estaremos mudando de pista, não é assimque você chama isso?”

Katie projetou seu queixo mais pra frente.

“Nem todo beijo vem com a mais pura das intenções, Katie.”

“Você acha que eu não sei disso?” Mesmo Katie sabendo que deveria manter sua bocafechada, ela continuou. “Você roubou um beijo de mim duas vezes, lembra?”

“Claro que eu me lembro.” A voz dele soou irritada. “Eu te disse. Homens não

esquecem.”“Bem, mulheres não esquecem também.”

O ar entre eles acabou. Eles encararam um ao outro, como se estivessem se desafiandopra ver quem piscaria primeiro.

“Katie, eu prometi a mim mesmo que da próxima vez que eu te beijasse, eu não roubariaum beijo de você. Eu te daria o beijo.”

“Então vá em frente.” O tom de voz dela abaixou tornando-se um sussurro. Dê-me umbeijo, Rick. Eu vou aceitá-lo.”

Rick não se mexeu por longos trinta segundos. Talvez um pouco mais.

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 Ele finalmente bufou e esfregou suas mãos sobre o lado de seu maxilar. “Nós nãodevíamos ter vindo pra cá. É minha culpa. Eu sinto muito. Eu peço desculpas, Katie. Euqueria que algo nessa noite fosse especial pra nós.”

“Ah, isso é ridículo,” Katie murmurou. “Agora quem é que está dissecando tudo até aúltima molécula? Não é isso que você diz que eu faço? Bem, se você me perguntar, euacho que nós dois analisamos demais isso. Nós colocamos significado demais em beijoestúpido. Nós mesmos nos colocamos em toda essa tensão. Nós fizemos de um atoindividual o ápice de todo nosso relacionamento. Nós somos loucos!”

“Nós não somos loucos,” Rick disse. “Nós estamos tentando fazer o que é certo.”

“Então se nós estamos tentando ser tão perfeitos, por que nós não censuramos todos osnossos gestos de afeição? Quero dizer, o que nós estamos fazendo andando de mãosdadas? O quão íntimo isso é? E os abraços? Talvez nós devêssemos cortar todos os

abraços enquanto estamos ‘nessa’. Você e eu temos dado alguns abraços bem apertadose carinhosos, você sabe disso.”

Ela pausou apenas o suficiente para tomar fôlego. “Com um beijo idiota, a única partedo nosso corpo que, oficialmente, tem que se tocar é nossos lábios, certo? Com umabraço, bem, é muito mais contato. Um abraço pode ser, tipo, vejamos, 50 por cento donosso corpo se tocando. Ao contrário, com um beijo, dois pares de lábios dão conta doserviço, vejamos, meio por cento de contato físico. No, ta mais pra 0.16 por cento.”

“Katie.” A voz de Rick era firme.

“No, não tente me calar. Já é hora de nós colocarmos as cartas na mesa, e eu tenho quedizer isso. Eu acho que estar na pista lenta é uma droga. Nós somos humanos, nãosomos? Seres físicos. Nós não somos capazes de controlar nossos desejos estúpidos?”

“Nossos desejos não são estúpidos!” Ele aumentou a voz.

A voz de Katie abaixou. “Ok, então nossos desejos não são estúpidos. Então issosignifica que nós somos estúpidos. É isso que você quer dizer? Você e eu somosestúpidos demais para sermos confiáveis.”

“Katie, você está por fora dessas coisas.”

“Estou? Então por que nós estamos tratando a nós mesmos e aos nossos desejos naturaiscomo se eles fossem imbecis e incontroláveis? Não é possível para nós que nosbeijemos e não fiquemos ‘loucos’? Estamos nós dizendo que temos domínio-própriozero? Isso só acontece em filmes. Na vida real as pessoas tratam de expressar seussentimentos de desejo e afeição – com um beijo, certo? – e eles também tratam de fazerisso sem perder a virgindade. Ted e Cris se beijaram antes de se casarem e eles nãosaíram dos trilhos ou qualquer coisa que você esteja com medo de que aconteçaconosco.”

“Katie...”

“Eu não terminei. Você parece pensar que eu sou inocente e inexperiente, mas eu não

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sou. Eu tive momentos bem significantes com o Michal quando nós estávamosnamorando. Sim, isso foi no segundo grau, e não, eu não estou dizendo que ele era meumodelo de um relacionamento ideal ou que estou orgulhosa do que aconteceu entre nós.Mas eu estou dizendo que se você acha que foi o único garoto que já me beijou, RickDoyle, você está enganado. Eu sou só mais uma na sua lista de beijos então...”

“Katie, não termine essa frase.” A expressão de Rick endureceu.

Katie voltou atrás. “Você está certo. Isso não foi justo. Me desculpe.”

Eles permaneceram em cantos opostos, em silêncio.

Katie sentiu como se todo o seu sistema nervoso estava prestes a explodir a qualquermomento. Com aspereza ela disse, “Vamos lá. Você e eu precisamos descobrir comosermos ‘nós’. Nós não somos Douglas e Trícia. Nenhum de nós entrou nesserelacionamento com a intenção de ser um pôster infantil de pureza. Nós somos nós. E eu

acho que nós devemos decidir o que é certo para nós. É tudo que estou tentando dizer.”“Nós já decidimos, Katie. Nós conversamos sobre isso meses atrás. Por que você estáquestionando tudo isso de novo?”

“Porque.”

Ele esperou por ela concluir sua resposta.

“Porque.” A voz dela voltou a um sussurro. “Eu quero muito, muito, muito mesmo quevocê me beije. Agora.”

Rick não piscou. Não se mexeu.

Katie encarou-o de volta. Algo constrangedoramente forte dentro dela disse que se Ricknão iria dar a ela o que ela queria, ela deveria marchar em direção ao lado dele nacozinha e fazer isso. Tudo que ela precisava fazer era dar três decisivos passos.

Ela tinha visto muitas cenas dessas no cinema. Uma das pessoas irritadas, normalmenteo rapaz, tomava a corajosa decisão. Ele pega a moça em seus braços; eles se fecham emum abraço eternal. A câmera chega mais perto para focar no beijo, e seus corações sãoselados pra sempre.

A próxima cena é sempre um do casal dirigindo alegremente uma motocicleta ou umalimentando o outro com sushi nos pauzinhos. Era assim que estar juntos, comonamorado e namorada, deveria ser. Não toda essa ridícula discussão na cozinha.

Katie disse a si mesma que ela podia fazer isso. Ela podia assumir o controle eatravessas o vazio entre eles com três atrevidos passos. Ela estaria bem lá, um milímetrodos lábios dele, e ela o beijaria.

E quando ela fizesse isso, ela sabia que tudo mudaria.

Capítulo 26.

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Katie podia sentir Cris encarando-a do banco do passageiro do Buguinho.

"Então, o que aconteceu?" Cris perguntou.

"Eu dei três determinados passos."

Os olhos de Cris arregalaram-se.

"Você deu?"

"Sim, mas foram três grandes passos na direção oposta. Eu caminhei para fora doapartamento."

"Oh, Katie." Os ombros de Cris relaxaram. "Aonde você foi?"

"Só ao redor do complexo de apartamentos. Eu considerei ir ao seu apartamento, claro,mas naquele momento eu não achei que estivesse pronta para conversar com ninguém.Então eu só caminhei por ali e desanuviei a cabeça."

"O que o Rick fez?" A xícara de bebida suave de Cris na mão dela estava gotejando decondensação no colo dela.

"Nada. Me deixou ainda mais furiosa! Eu queria que ele viesse correndo atrás de min,sabe? Eu achei que ele deveria me levar lá pra cima e fazer tudo ficar melhor. Mas elenão veio atrás de mim. E isso me deixou com mais raiva ainda. Nada naquela noitecorreu da forma como era pra acontecer. Eu estou tão farta de todos os contos de fada.São tão falsos."

"Isso é porque você não está vivendo num conto de fadas. O que você estáexperimentando com o Rick é a vida real, Katie. Esta é a verdadeira matéria-prima daqual os relacionamentos são feitos."

"É? Bem, eu não gosto disso. Por que se apaixonar não pode ser doce, sonhador e felizcomo nos livros?"

Cris parecia estar tentando duramente não deixar um sorriso assumir a sua expressão

compreensiva."Oh, por favor. Não." Katie disse, pescando o olhar de Cris. "Se você vai me dizer que overdadeiro amor realmente é sonhador e feliz e que tudo muda uma vez que você secasa, eu vou ser obrigada a te dar uma grande surra e ninguém vai poder me culpar.""Você não sabe o que eu estava para dizer." Cris disse obstinadamente.

"Eu posso adivinhar. Você tinha aquele olhar aqui-agora-indo-para-Mauí nos seus olhose, para ser honesta, eu não posso aturar nenhum chavão impertinente agora mesmosobre castelos nas nuvens de algodão-doce que esperam por mim do outro lado dosmeus votos de pureza."

"Eu não ia te contar nenhum chavão impertinente. Eu acho que eu sequer conheçoalgum. O que eu vou lhe dizer, e você precisa me ouvir dizer isso, é que todas as coisas

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mudam, de maneiras boas e maneiras ruins. Tudo no relacionamento se intensifica umavez que você se casa. Todas as esquisitices na outra pessoas se tornam mais esquisitas.Toda a doçura amplifica também. Todos os conflitos aumentam. Você não acreditarianas brigas insanas que Ted e eu tivemos nas últimas semanas."

Katie se inclinou para trás. "Sério? Vocês têm brigado."

"Não todo o tempo. Mas nós tivemos alguns desentendimentos do tamanho de Golias.Ted diz que nós estamos nos ajustando um ao outro e descobrindo como é ser um casalcasado. Eu acho que ele está certo, mas eu ainda odeio discutir com ele."

"Eu não posso imaginar vocês tendo discussões agora. Quero dizer, todas as tensõesestão sendo aliviadas, certo?"

Cris pressionou suas costas contra a porta do carro e olhou como se estivesse tentandodecidir o que responder. "Sim, muitas tensões são aliviadas. Fisicamente, claro." [1]

Katie notou como o rosto de Cris assumiu aquele suavizado brilho familiar que elaassumia sempre que fala sobre estar casada.

"Mas nem tudo é a parte física da relação, Katie. Estou certa de que você sabe disso."

"Agora, eu não sei o que eu sei."

"Sim, você sabe. Você sabe o que funciona e o que não funciona. Você sabe o quepermanece e o que enfraquece. Vocês estão indo realmente bem, Katie. Você está."

"Eu não acho." Katie suspirou e abaixou o visor de sol no pára-brisa do Buguinho."Rick e eu não conversamos um com o outro desde a noite de sábado."

"Não?"

"Não."

"Katie, é segunda-feira."

"Eu sei."

Cris amassou a sacola do Archie's Burgers que continha o resto de suas batatas-fritas,agora frias, e um pedaço não comido de seu sanduíche de frango. "Ted tem essa coisade não deixar o sol se pôr sobre a nossa ira. Ele não nos deixa ir para a cama furiosos.Quanto mais cedo você e Rick conversarem, melhor vai ser."

"Ou o pior que poderia ser."

Essa era a primeira vez que Katie contava todos os detalhes da sua noite decepcionantee conversava sobre eles. Ela podia ver como toda a noite teria sido diferente se apenasum dos dois tivesse cedido um pouco.

"Rick e eu podíamos sentar e conversar, mas ele pode dizer: É isso. Você é uma maluca.Tô fora."

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 "Ele pode," Cris disse passando rapidamente pela possibilidade. "Ou ele pode dizer quenada mudou no coração e na cabeça dele com relação a você e que ele quer seguir emfrente. Rick é um homem determinado. Ele tem bastante afeto por você, Katie. Eu tenhouma intuição de que é preciso mais de que uma discussão tensa sobre beijo para levá-lo

a mudar seu interesse em você."

"O homem tem um gênio", Katie disse. Mas se for assim, eu também tenho. Eu suponhoque nós descobrimos quão teimosos nós podemos ser. Nós podíamos pelo menosconcordar na forma da embalagem de sorvete. Quando eu fui de volta pro apartamentoaquela noite, eu vi que ele tinha jogado ambas as embalagens no lixo. Eles estavamassentados lá derretendo e eu pensei, Bem. Deixa pra lá. Isso foi quando ele quis sentare conversar, mas eu disse a ele que não estava bem naquele momento. Então ele melevou pra casa em silêncio. Eu saí do carro, bati a porta e deixei as flores no banco detrás. Você já ouviu falar de pássaros zombeteiros? Bem, eu acho que aquelas eramflores zombeteiras. Talvez a melhor coisa para nós fosse chegar a um impasse."

"Não, um impasse nunca é a melhor coisa. Já faz muito tempo, Katie. Você precisaconversar com ele. E eu realmente odeio dizer isso, mas eu tenho que voltar para otrabalho."

"Eu sei. Eu gostaria que você não tivesse. Eu queria que nós pudéssemos fugir paralonge por alguns instantes. Nós não poderíamos ir sair sem permissão pelo resto do dia?Um sol brilhante como este não pode deixar de ser apreciado."

"O tempo está perfeito, não está?" Cris concordou. "Eu amo tardes de verão como esta."

Katie ligou o motor do Buguinho e se encaminhou de volta para o Ninho da Pomba. "Euto falando sério, Cris. Diga uma palavra e eu volto para trás. Por que nós não podemospegar a auto-estrada e permanecer viajando até alcançarmos a costa? Nós poderíamos irdireto pra dentro dá água e nadar todo o caminho para Catalina e quando nós chegarmoslá nós poderíamos caminhar até o topo do Mt. Orizaba. Eu te mostraria meu 'lugar paraouvir' sob o eucalipto onde eu coloquei as doze pedras. Então nós poderíamos ir a umapedicure ou alguma coisa realmente decadente como esta."

Cris gargalhou. "Você está definitivamente estressada, garota. Você percebe isso, nãopercebe?"

"Quem, eu? Estressada?" Katie cruzou os olhos e fez uma cara engraçada para Cris.

"Preste atenção em onde você está indo! Cris estendeu a mão para o volante quandoKatie desviou para o meio-fio.

Katie voltou a sua atenção para a estrada. "Eu não quero voltar para o campus. Eu tenhomuita coisa pra estudar. Eu já estou atrasada na maioria das minhas matérias. Eu sintocomo se eu quase não tivesse tido um intervalo entre a escola de verão e o início destesemestre. Você sabe que quando nós fomos à praia com vocês e Douglas e Trícia aquelafoi a única vez que eu saí em todo o verão?"

"Nós podíamos planejar outro dia na praia enquanto o tempo ainda está agradável," Cris

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Caminhar para fora do apartamento de Rick foi provavelmente a melhor escolha quevocê poderia ter feito. E eu sei que isso tudo é muito idealista e bobo, mas eu vou dizerde qualquer forma. Katie, os seus dias de estar solteira vão passar rapidamente. Um diavocê vai acordar e vai estar casada. Você terá o resto da sua vida para gastar todos essesbeijos guardados. O resto da sua vida, Katie. Lembre-se disso, ok? Confie em mim

nisso. Você vai estar tão alegre por ter feito as coisas certas. Todos os seus "nãos" vãose tornar em um monte de "sins" felizes e você vai estar muito contente por não tergastadi seus beijos agora."

Katie deu a Cris um sorriso indiferente. "Obrigada pelo seu conselho de senhora-casada-há-muito-tempo, Senhora Spencer. Eu sabia que você encontraria uma forma deescorregar esses castelos de algodão doce para dentro dessa conversa."

Você quer falar sobre castelos e princesas? Eu vou lhe dizer mais uma coisa, Katie.Minha opinião sobre o Rick Doyle tem subido em centenas de pontos. Ele estámostrando o quanto ele se importa com você. Ele está tentando estabelecer um alicerce

sólido para o relacionamento de vocês. Isso é ouro puro. Digno de um príncipe."

"Eu sei."

"Eu tenho um pensamento sobre as flores também, mas eu te conto mais tarde. Eu tenhoque voltar ao trabalho. Me ligue à noite, ok?"

"Cris?" Katie se inclinou sobre a porta fechada de Cris. Cris se voltou e olhou paraKatie através da janela aberta."Obrigada. Obrigada por sempre estar aqui para mim e por ser minha 'contadora-de-verdades'."

Cris sorriu. "Eu te amo, Katie."

"Eu sei. Eu te amo também."

Katie dirigiu de volta para a Rancho se sentindo confortada e altamente agitada aomesmo tempo. O conforto vinha da força que ela sempre ganhava de seus momentos decoração-pra-coração com Cris. A agitação vinha das coisas estarem incertas com Rick.Parte dela queria voltar atrás, marchar para dentro do Ninho da Pomba e ter a conversanecessária, querendo o Rick tê-la durante o período de trabalho ou não.

Ela sabia que esse tipo de abordagem poderia causar mais problemas. No fundo, elaqueria uma resolução com Rick e não mais confusão. Ela também sabia que não queriaque o relacionamento terminasse.

Enquanto ela deixava o Buguinho no estacionamento do Crown Hall, Nicole chamou-a."Katie, aqui em cima!" Ela acenava do pátio do telhado. "Suba!"

Katie se juntou a ela em uma das mesas do telhado. O laptop de Nicole e três livrosdidáticos estavam esparramados pela mesa.

"Eu estou contente por ter te visto. Eu tenho me perguntado como as coisas estão indo.

Por causa do jeito como nós temos nos desencontrado, ninguém imaginaria que nósmoramos no mesmo andar"

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"Eu sei. Tem sido muito intenso. Tudo está bem. O Mural do Beijo parece bom. Umpouco bom demais, talvez." No fundo da mente dela, Katie tinha atribuído um pouco daculpa pelo fracasso da noite de sábado com Rick à forma como ela tinha se deleitadonas palavras do Mural do Beijo.

"Eu acho que ficou ótimo. Assim como o Mural dos Tesouros Peculiares. Eu amo oversículo da sua foto."

"Em ia escolher um para mim. Eu ainda não o vi."

"Ela fez um bom trabalho."

"Que horas são?" Katie virou o pulso de Nicole de modo a ver as horas no relógio dela."Eu vou dar uma olhada nele antes de sair pelo campus para a reunião do Serviço dosEstudantes."

"Você pode me fazer um rápido favor antes de sair? Me ajude a mover essa mesa.Precisa ficar mais na sombra."

Elas trabalharam juntas, trazendo a mesa para perto da extremidade coberta. Katie olhoupara baixo no estacionamento."Você realmente se sente como um pássaro no ninho aqui, não é? Você pode ver tudoque está acontecendo, mas sem saberem que você está assistindo."

"Eu sei. Legal, não é?" Nicole olhou por cima da beirada. "Ei, é o Rick? Isso é ótimo.Você pode assistir seu namorado vindo visitá-la. O quão divertido isso é?"

O coração de Katie deu uma baqueada. "Ele não é meu namorado," ela murmurou.Todos os instintos diziam para ela se esconder. Ela não pensava que podia encará-lo.Ainda não.

Deixando Nicole no telhado, Katie disparou escadaria abaixo. Ela pensou que sepegasse as escadas ao invés do elevador ela poderia evitar correr para o Rick. Seu planoparecia funcionar. Isto é, até ela alcançar o salão de entrada.

Ali estava ele, parado perto de uma das cadeiras olhando para baixo na tela do seucelular.

Abaixando-se atrás da escada antes que ele pudesse vê-la, Katie se recostou na parede etentou pensar em como ela poderia alcançar o outro lado do prédio sem passar pelosalão principal. Então, seu telefone celular tocou.

Katie agarrou o seu telefone e o encarou, paralisada. Claro que era o Rick. As notasaltas do seu toque personalizado ecoaram ruidosamente nas escadas. Katie fitava otelefone, tentando decidir se deveria atender e acabar logo com isso ou esperar Rickdeixar uma mensagem. Se ele deixasse uma mensagem, então ela poderia pelo menossaber pelo tom da voz dele se ele ainda estava chateado com ela.

Comprimindo o seu telefone atrás do bolso lateral de sua bolsa de ombro, Katie decidiu

esperar no enclave da escadaria. Seu telefone parou de chamar no terceiro toque. Erasuposto que ele chamasse cinco vezes antes do correio de voz pegar a chamada. Agora

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Katie não sabia o que fazer. Se Rick tivesse desligado sem deixar uma mensagem, elanão poderia dizer se ele estava chateado. Ela também não sabia se ele ainda estava nosalão ou se ele tinha partido.

Ela estava a ponto de abrir um pouco a porta para dar uma olhada quando a portabalançou contra ela. Katie se inclinou para trás bem a tempo de evitar uma colisão. Rickdeu um passo para a escadaria e permaneceu há apenas algumas polegadas dela,olhando para ela com os seus olhos de chocolate quente.

"Estava alto." Rick disse.

Capítulo 27.

“Eu sei. Eu exagerei.” Katie sentiu todas as suas defesas contra Rick derreterem e setornarem uma poça invisível bem ali na base da escada. “Você tem razão, eu exagerei,estava mesmo alta, eu fui grossa, e estava mesmo com a cabeça quente na noite do

último sábado e...”

“Katie, eu estava falando sobre seu telefone.” Um sorriso surgiu no canto da boca deRick. “O toque do seu telefone estava alto. Eu o ouvi tocando do outro lado da parede.Foi por isso que eu soube que você estava aqui.”

“Ah.”

Rick apertou os olhos. “Katie, eu não quero mais ter brigas como aquela com você. Nóstemos que fazer isso dar certo.”

Ela concordou com a cabeça. “Você está dizendo que quer continuar?”

“Claro. Por quê? O que você estava pensando?”

“Eu estava pensando um monte de coisas loucas.” Uma parte de Katie queria explicar aRick sobre o Mural do Beijo e como os pensamentos tinham sido direcionados para o“primeiro” beijo deles. Antes mesmo de eles entrarem no carro naquela noite de sábadopara o encontro deles e Rick ter aparecido pra ela com as flores, as expectativas deKatie estavam elevadas. Parecia um ponto a ser discutido agora. Melhor seguir emfrente do que discutir o que havia dado errado e, como diria Rick, “dissecar tudo até aúltima molécula.”

“Então por que você está se escondendo debaixo da escada?” ele perguntou.

Katie se lembrou do rapaz escondido no armário no quarto de Tasha e Sabrina. Elaestava fazendo a mesma coisa. No fundo, no fundo, ela percebeu que tudo quedespertara raiva nela naquela noite de sábado – as restrições, regras, e diretrizes – tinhanascido de um velho fervor. Cada regra já estabelecida, desde o começo, trouxe umarevolta.

“Acho que eu estava me escondendo porque estava com medo de como essa conversa

entre nós podia ser.”

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“Katie.” A voz de Rick era meiga enquanto ele segurava as mãos dela. “Vamos, nósprecisamos dar uma volta.”

“Eu tenho uma reunião.”

“Quando?”

“Daqui a quinze minutos.”

“Ok, então nós vamos dar uma pequena voltinha. Vamos.”

Katie pegou a mão dela, e eles caminharam até o carro. Rick abriu a porta de Katie.Antes de ela entrar, ela notou alguma coisa no banco.

Uma única papoula da Califórnia.

As bochechas dela aqueceram. “Rick, onde você conseguiu isso?”“Eu tenho minhas fontes.” Ele aparentou estar contente.

Katie rodopiou a papoula entre seu polegar e o dedo indicador. “Obrigada.” Ela lançouum grande sorriso pra ele.

“De nada. Eu entendi que isso diz mais pra você do que um grande buquê misto.”

“Muito mais. Obrigada, Rick.”

Ele sorriu. “Vá em frente. Coloque em você.”

“Eu realmente tenho que ir a uma reunião no Serviço dos Estudantes.”

“Em doze minutos, certo?”

Ela concordou com a cabeça.

A expressão dele convenceu Katie mais do que as palavras. Com os seus gentis olhoscastanhos, ele lançou a ela o olhar você-é-a-mulher-ruiva-dos-meus-sonhos.

Katie não pôde resistir. “Oh, está bem.” Ela deslizou no banco do passageiro e Rickfechou a porta. “Onde nós estamos indo?”

“Você vai ver. Não é longe.”

Rick dirigiu para a parte mais alta do campus. Ele parou o carro na vaga doestacionamento de cascalho perto da campina onde Ted e Cris tinham se casado háquatro meses. A grama da campina estava seca e amarela fosca. As palmeirasfarfalhavam suas saias de hula-hula furiosamente em um vento forte que estava batendonas canelas delas e fazendo seus próprios passos de dança.

Rick abriu o porta-malas do carro e tirou uma caixa de gelo. Katie lançou-lhe um olharcético.

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 “Confie em mim,” Rick disse. Ele guiou Katie pela campina até um dos galhos no meioda trilha. A vista da beira do planalto era de tirar o fôlego porque os ventos tinhamsoprado a neblina que normalmente ficava na costa para longe. Eles podiam ver todo ocaminho até Catalina.

“Uau,” Katie disse. “Eu ouvi dizer que se podia ver Catalina daqui, mas eu nuncachequei isso num dia claro. Essa vista é maravilhosa. Eu nunca te perguntei, Rick, você

 já esteve em Catalina?”

“Não.”

“Nós deveríamos ir uma vez. Eu acho que você iria gostar muito. Lá é tão remoto.”

Rick estava ocupado arrumando algo com a caixa de gelo. Quando Katie olhou prabaixo, ele segurava pra ela duas tigelas de sorvete de menta com pedaços de chocolate.

Ela riu.

“Eu acredito que eu e você temos um negócio inacabado.”

Katie olhou para ambas as tigelas. O sorvete estava derretendo rápido. “Você vai medizer qual deles veio numa embalagem redonda e qual veio numa embalagemquadrada?”

O sorriso de Rick estava cheio de malícia. “Não,” ele disse. “Você me diz.”

“Está bem, eu direi.”

Katie pegou uma colher cheia da primeira tigela. “Bom,” ela disse.

Depois ela experimentou da segunda tigela. “Hmmm. Não tenho certeza.”

Ela foi e voltou com mais algumas colheres de cada um e finalmente disse. “Esse,”apontando para a primeira tigela.

“Tem certeza?” Rick disse. “Essa é sua escolha final, então?”

“Sim. Qual é esse? Redondo ou quadrado?”

“Cheque o fundo da tigela.”

Katie levantou a tigela e viu um pedaço de papel colado ao fundo onde se lia“Redondo”. Ela leu a resposta relutantemente uma vez que redondo era o tipo preferidode embalagem para sorvetes de Rick.

“É isso? Redondo, huh? Então, você está me dizendo que sorvetes em embalagensredondas têm um sabor melhor?” Infelizmente Rick ficava muito bonito quando estavaconvencido.

“Sim, sim, sim. Ok, você ganhou. Você se supera, Doyle. A verdade é que os dois eram

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muito bons e...” Katie levantou a outra tigela, esperando ver uma etiqueta em que se lia“Quadrado.”

“Ei, esse também é redondo!”

Ela foi até a caixa de gelo e abriu a tampa da mesma, expondo os estoques do teste desabor de Rick. A caixa de gelo continha uma caixa de papelão de sorvete. E ela eraredonda.

“Uh, Rickster – e eu estou usando o nome corretamente – o que você me diz sobre esseteste distorcido?”

Ele continuava a sorrir irresistivelmente. “O que eu posso dizer? Eu fui ao altamenterecomendado Armazém Kart, e você acredita que eles tinham sorvete de menta compedaços de chocolate apenas em embalagens redondas? Eu teria feito o teste com ambasas opções, mas o Armazém Kart não cooperou com os estoques.”

“Você está bem feliz consigo mesmo, não está?”

Ele encolheu os ombros de um jeito charmoso, mas seus poderes de persuasão tinhamparado de funcionar com Katie.

“Por que você fez isso? Não teve graça. Você me enganou.”

“Era pra ser uma piada.”

“Sim, uma piada comigo.”

“Katie.” Rick colocou seu braço em volta de um galho e chegou mais perto dela. “Ei,você está entendendo mal. Eu realmente tinha a intenção de conseguir tanto aembalagem redonda quanto a quadrada e acabar com esse teste louco. É verdade que oArmazém Kart só tinha recipientes redondos de sorvete. Então achei que seria divertidoconduzir o teste desse jeito. Era pra ser uma piada.”

“Você e eu não temos o mesmo senso de humor.” Katie se sentiu acalmar ao pensar nalógica de Rick. O fato era que ele estava tentando fazer alguma coisa esperta e divertida.Assim como o buquê misto não tinha sido uma boa escolha pra ela, o teste de sorvetetambém não.

“Você está certo. Nós não temos o mesmo senso de humor. Você e eu somos muitosdiferentes em muitas coisas. Mas você sabe o que eles dizem sobre os opostos?”

“Sim, ele se atraem.”

Rick pegou gentilmente nas pontas do cabelo dela, esfregando os finos fios entre seupolegar e o indicador. “Katie, você precisa saber que estou tentando. Eu estou tentandodescobrir como fazer as coisas certas no nosso relacionamento. Eu liguei o sinal demudança, como você chamou, mas nada está se saindo do jeito que eu pensei quesairia.”

“Você acha que nós estamos tentando demais?” Katie perguntou. “Eu quero dizer, nós

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fomos muito bem na primeira parte desse ano.”

Rick concordou com a cabeça. “Eu acho que nenhum de nós estava preocupado com oque poderia acontecer depois.”

Ela respirou fundo. “Você está certo.”

Rick pausou e com a voz mais baixa disse, “Eu tenho que te contar, Katie. Eu estoupisando em território desconhecido no nosso relacionamento. Eu nunca dei continuidadea um relacionamento por tanto tempo. Eu não sei como que se faz pra mudar de pista.Eu estou tentando mas... Eu não sei. Talvez nós não estejamos prontos. Talvez não é pranós nos irmos a nenhum lugar além da ótima amizade que nós tivemos por todos essesmeses. Talvez já tenha dado o que tinha que dar.”

“Você acha?” O coração de Katie estava acelerado.

“Não, eu não acho. Ainda não.”“Eu também não acho que já tenha acabado.”

“Que bom. Pelo menos não somos opostos nesse ponto.” Rick sorriu. Katie retribuiu osorriso.

“Parece que definir nosso relacionamento não deveria ser algo tão difícil.”

Rick gargalhou.

“Por que é tão engraçado?”

“É engraçado porque todo casal que eu conheço tem que definir tudo para si mesmo. Euacho que alguns princípios básicos se aplicam a todos os casais, mas na maioria doscasos, cada relacionamento tem seus princípios particulares. Todos eles são diferentes.Deus escreve uma história diferente para cada casal.”

Katie deixou que as palavras de Rick preenchessem o espaço entre eles. Ela pensou nateologia ‘grudar-no-pé’ de Julia e sabia que a única maneira de ela e Rick saberem o queestava por vir para eles era se eles permanecessem perto do Senhor. Ele deixaria ascoisas claras.

“Eu tenho uma pergunta para você,” Katie disse.

“O que foi?”

“Quais são seus planos para o resto do sorvete?”

Rick gargalhou e tirou o sorvete do container. Sentando-se lado a lado, os doismergulharam suas colheres de plástico dentro do caixa redonda de papelão. O ventotinha diminuído, e agora uma brisa quente girava em forma de oito entre eles enquanto

eles fitavam o oceano há milhas de distância.

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“Você se lembra de quando você era um duende?” Rick perguntou.

“O quê?”

“No ensino médio. Você se vestiu de duende no shopping durante o Natal. Lembra?”

“Ah, sim. Eu quase me esqueci. Ou eu deveria dizer, eu tentei esquecer. Obrigada portrazer isso de volta à minha memória.”

“Eu nunca me esqueci do jeito como você olhou para dentro do carro naquele dia com aCris.”

“Você quer dizer no dia em que eu estava com uma fantasia completa de ajudante dePapai Noel e usava orelhas pontudas e aquele sapatinho que tem a ponta levantada?”

Rick concordou com a cabeça. “Você tentou se esconder de mim naquele dia também,

lembra?”Katie relembrou-se muito bem do jeito como ela tinha se apertado debaixo do banco dopassageiro no carro, esperando que Rick continuasse caminhando e não parasse praconversar com Cris. Mas ele parou.

“Por que você acha que se escondeu de mim, Katie?”

Ela sabia a resposta, mas por um momento, ela não a verbalizou. Não era porque elaestava com vergonha ou sem graça. A verdade era que ela não confiava em Rick. Elaestava com medo de se magoar com algo que ele fizesse ou dissesse. Aquele medo, ela

sabia, estava ligado ao passado dela com Rick, mas mais importante, estava conectado àfalta de confiança que penetrou no relacionamento dela com seus pais.

“Eu não tenho muita certeza de que você queira mesmo ouvir essa resposta, Rick, masaqui está. Essa é uma grande parte de mim, e eu não sei o que você vai fazer com ela,mas apenas se lembre de que você perguntou. A verdade é que eu não suporto pensarque as pessoas com quem eu me importo podem me magoar. Eu evito a dor sempre quepossível.”

Rick parecia deixar as palavras dela penetrarem nele. “Katie, você me perdoou por euter te magoado no passado?”

“Sim,” ela disse. “Absolutamente.”

“Você confia em mim?”

Ela não respondeu imediatamente.

Rick recuou. Respirando fundo, ele olhou para o seu relógio e disse. “Eu te atrasei paraa sua reunião. Desculpa.”

“Eu confio em você,” Katie disse, tentando terminar a conversa interrompida.

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Rick olhou-a nos olhos. Katie sabia que a expressão dela não foi sincera o suficientepara que Rick acreditasse, porque o semblante dele decaiu quando ele analisou o rostodela.

“Você deveria ir para sua reunião.” Rick juntou o que havia restado do sorvete. “Nós

podemos falar mais sobre isso amanhã. Você quer se encontrar comigo na fonte paraalmoçarmos?”

“Claro. Na mesma hora de sempre?”

Rick concordou com a cabeça e foi para seu carro. “Eu te vejo lá então, Katie.”

Katie odiava essa incerteza. Ela não sabia o que fazer. A parte boa era que ela veriaRick amanhã. Eles conversariam um pouco mais. Ele disse que não estava pronto paraque o relacionamento terminasse, ela também não. Parecia que a única coisa que os doispoderiam fazer era deixar a conversa onde estava, continuar mais um pouco na pista

lenta, e voltar a trabalhar mais nisso quando eles tivessem as ferramentas necessárias.

Enquanto ela caminhava pelo campus, Katie percebeu que tinha deixado a papoula deRick no banco da frente do carro dele.

Capítulo 28.

Katie andou a passos lentos durante o resto do dia. Ela jantou com um grupo de garotasdo dormitório e teve uma longa reunião de AR às oito com o restante do pessoal .

Julia chamou Katie à parte depois da reunião e perguntou se estava tudo bem.

"Você parecia muito distraída durante a reunião.""Eu estou processando um monte de coisas. Eu gostaria de conversar com você sobreisso a qualquer hora."

"Claro," Julia disse. "Eu estou disponível amanhã à tarde, se você quiser marcar umhorário."

Katie esperava que Julia estivesse disponível naquela hora mesmo . Como ela nãoestava, Katie disse,"Eu ligo pra você mais tarde e combinamos uma hora."Retornando ao seu quarto, Katie parou para conversar com alguns amigos no salão deentrada. Eram mais de dez horas quando ela entrou no Crown Hall Norte e passou sob o

banner dos Tesouros Peculiares. Ela decidiu que se ela soubesse o que era bom para ela,ela iria para a cama cedo de uma vez. Essa gentileza poderia beneficiar suas emoçõesgrandemente. Ela poderia encontrar Rick para almoçar no dia seguinte com o seucoração um pouco mais calmo.

Um recado estava esperando por ela no quadro de mensagens do lado de fora da suaporta. "Katie, eu preciso falar com você. Vicki."

Ela apagou o recado de Vicki e desceu corredor abaixo. Batendo na porta de Carley eVicki, ela esperou que uma delas respondesse. Ela esperava que fosse Vicki. Katie tinhaconseguido não se encontrar com Carley com freqüência e estava bom pra ela desse

 jeito.

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Nem Vicki e nem Carley responderam, então Katie deixou um recado para Vicki edepois parou diante do Mural de Tesouros Peculiares. Ela viu o versículo que Emcolocara próximo à sua foto e bebeu as palavras como se elas fossem água.

Katie percebeu que ela estivera vagando de fonte em fonte toda noite procurando porum gole de refresco. Suas amigas no jantar proporcionaram uma conversa agradável.Julia convidara Katie a se encontrar com ela mais tarde para uma conversa maisprofunda. Até mesmo os amigos que ela conversara a pouco no salão de entrada eramdoces e acolhedores. Mas nenhuma dessas fontes tinha dado a ela as palavras desaciedade que ela estava procurando, sabendo ela quais eram essas palavras ou não. Seuespírito cansado ainda estava sedento.

Ali à frente do Mural dos Tesouros Peculiares estava o gole de esperança que elaprecisava. Era apenas um pequeno gole, mas a fez sorrir.

O SENHOR guardará a tua entrada e a tua saída, desde agora e para sempre. Salmos 121:8

Ela estava definitivamente em uma fase de "entradas e saídas". Na maioria dos dias elasentia como se estivesse presa em uma porta rotatória. A escolha singular de palavrasque fez Katie sorrir foi o termo "saída". Quando Katie seria capaz de dizer que ela eRick estavam oficialmente "saindo"?

Para aquela questão antiga ela não tinha resposta. Mas ali ao lado de sua foto estavauma promessa que o Senhor estava guardando-a, protegendo-a, direcionando-a na"saída" e na "entrada". Ele continuaria a guardá-la, "desde agora e para sempre".Dessa verdade ela poderia beber profundamente e se satisfazer.Retornando para o fim do corredor com uma leveza em seu passo, Katie parou em frenteao Mural do Beijo e verificou as novas fotos que haviam sido adicionadas. Alguémtinha colocado uma foto de um avô beijando a bochecha de um bebê bem gordinho. Anova citação perto dela era:

"Se você está em dúvida se deve ou não beijar uma linda garota, sempre dê a ela obenefício da dúvida."Thomas Carlyle.

Katie sorriu.

Ao lado da foto estava outra nova. Katie olhou-a de perto. Então ela parou de sorrir. Elareconheceu Carley como aquela que estava sendo beijada na foto. Ou pelo menos Katieestava razoavelmente certa de que era Carley. Tudo o que mostrava era parte do rosto deCarley com um olho aberto, olhando para a câmera. O cara desarrumado e não barbeado

que estava beijando Carley tinha o rosto voltado para longe da câmera e estava cobrindoa maior parte do rosto dele.

Katie não gostou da foto, mas ela não sabia exatamente o porquê.Qualquer um no dormitório poderia adicionar uma foto, versículo ou poema sobre beijono mural, mas Nicole e Katie se reservavam no direito de ter a palavra final sobre o queficaria à mostra. Katie sabia que quando o assunto era algo relacionado à Carley, seuradar de julgamento ficava em alerta. Ela decidiu que iria perguntar a Nicole se a fotoestava dentro dos parâmetros "inocentes" que elas haviam definido para a seleçãofotográfica.

Antes de arrastar-se para a cama, Katie deliciou-se com seu pequeno luxo. Ela foi até o

seu frigobar, tirou uma caixa de leite, pegou uma tigela da estante sob a escrivaninha eserviu-se com uma porção feliz de bolinhos de chocolate. Deslizando sob os seus

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lençóis frescos e sacudindo seus dedos dos pés descobertos, Katie desfrutou de seulanche de meia-noite na solidão.Quando ela descobriu que estaria sozinha em seu quarto, como uma AR, Katie não tinhacerteza de como isso seria. Ela sabia que sentiria a falta de Cris terrivelmente. Agoraque ela estava bem no meio do semestre, contudo, a maior surpresa de Katie era o

quanto ela precisava da chance de estar sozinha toda noite. A solidão dava a elaoportunidade de pensar, orar e processar.

Ela estava quase terminando com a sua tigela de bolos de chocolate quando Katielembrou que ela não tinha imprimido seu resumo de leitura de duas páginas que era parasua primeira aula da manhã seguinte. Seria mais fácil imprimir agora do que tentarlembrar de manhã.

Deslizando para fora da cama e clicando no arquivo do resumo em seu laptop, Katieenviou o arquivo para a impressora. Enquanto o papel estava imprimindo, Katie decidiuchecar o seu e-mail. Aquela era sempre uma decisão arriscada quando alguém deveriafazer alguma outra coisa, como dormir.

Ela disse a si própria que ela devia realmente ir para a cama. Ela mesma respondeu edisse: "Eu vou logo depois de ler apenas alguns desses".

Katie leu e respondeu todos os seus e-mails. Ela abriu a série de fotos de Trícia eDouglas do "Lindo Dani Boy" e passou a ler o blog da Selena sobre a vida no Brasil.Ela estava bem ouvindo quatro novas músicas em um link que Emilee tinha enviadopara ela antes de perceber que já eram quase 2 horas da manhã.

“Você precisa ir agora,” Katie disse a si própria.

Dessa vez ela ouviu a mente agitada de Katie vagueara pela terra dos sonhos só porvinte minutos quando uma imagem no canto do seu subconsciente fez com que ela

acordasse e levantasse rapidamente da cama. A imagem que ela via em seu sonhoapenas-flutuando-na-superfície era a foto de Carley no Mural do Beijo. A foto tinha sidoperturbadamente familiar para Katie e agora ela sabia por quê.Abrindo num arranco a porta do seu quarto, com seus olhos piscando na claridade,Katie permaneceu em frente ao Mural do Beijo. Ela piscou diante da foto, tentandoajustar a sua visão. Para Katie, naquele momento, não havia dúvidas em sua mente.Aquela cabeça cheia de fios escuros e cacheados na foto pertencia a Rick Doyle.

E ele estava beijando Carley.

Arrancando a foto de sua posição de destaque na parede, Katie levou a foto para oquarto dela, colocou-a sob a luz na sua escrivaninha e examinou o retrato. Sem dúvida,

era a bochecha não barbeada "Cactus Boy" do Rick. Isso significava que a foto foratirada no dia que o Rick voltou do Arizona. O dia que Carley seguiu Rick para otrabalho.

Tudo dentro de Katie lhe implorava pra deixar isso pra lá. Dessa vez ela não podia.

Ela pegou o seu telefone celular e ligou pra Rick. Mas foi Cris quem atendeu no terceirotoque. Katie percebeu que pressionara o número errado na discagem rápida.

“Katie?” Cris responder. “Qual o problema?”

“Oh, Cris, me desculpe! Eu queria ligar pro Rick. Sinto muito se eu te acordei.”

“Qual o problema, Katie? Você está bem?”

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 Katie notou que suas mãos estavam tremendo. Ela revelou, “Eu acho que o Rick beijoua Carley. Ela colocou uma foto deles na parede em frente ao meu quarto.”

“O quê? Que loucura!"

“Eu sei. É o que eu estou dizendo a mim mesma. Mas eu não tenho escutado muito amim mesma nessa noite.”

“Katie, você quer que eu vá até aí?”

“Não. Estamos no meio da noite.”

“Eu sei. Mas eu irei se você quiser que eu vá.”

“Você não tem que fazer isso.”

“Na verdade, eu tenho sim. Ted me ouviu conversando com você e ele já está pegandoas chaves do carro. Nós já estamos chegando.”

Agora Katie se sentia envergonhada. Isso não precisava ser um resgate comunitário.Katie sentia que poderia resolver o problema por si só. Ela só estava tão cansada quenão podia resolver o que fazer em seguida. Carley era a pessoa que Katie deveria estarquestionando, não Rick.

Correndo corredor abaixo, Katie bateu na porta fechada de Carley e Vicki. Até mesmopara estudantes universitários era muito tarde. Quando nenhuma das duas atendeu, Katiesabia que não deveria bater mais forte. Isso podia esperar até amanhã.

Se apenas as batidas do seu coração diminuíssem um pouco. Tanta adrenalina a essaaltura da noite raramente resultava em alguma coisa produtiva, exceto talvez poralgumas páginas bastante criativas em trabalhos escolares. Ela permanecia no corredorem frente à porta de Carley e se perguntava sobre as coisas que ela sabia que nuncadeveria estar se perguntando.

Será que Rick esteve brincando comigo todo esse tempo? Todas aquelas falas sobreesperar e fazer o que era direito e querer o que é o melhor para nós... Ele estavamentindo pra mim? Não. Eu não quero nem sequer pensar nisso.

De qualquer forma, uma vez que ela deixara aquele pensamento entrar, aquilo era tudoem que ela conseguia pensar.

E se ele nunca tiver ido realmente ao Arizona? E se ele só estivesse saindo com outrasgarotas e querendo que eu pensasse que ele estava fora da cidade? Não, isso é loucura.

 Não enlouqueça, Katie. Fique com o que você sabe que é verdade. Rick se importa comvocê. Ele tem provado isso cada vez mais. 

Katie sentiu como se um bando de lesmas verdes da mentira estivessem se aproximandodela com seus dentes de navalha afiada. Ela não conseguia sacudí-las.

Ele não é o cara que você pensa que ele é. Você diz a si mesma que ele mudou e que

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não vai te machucar, mas o que você sabe? Ele te machucou antes. Por que ele não temachucaria novamente?

Uma batida na porta de Katie foi seguida por um giro silencioso na maçaneta.

“Katie?” Cris entrou. “Você está bem?”

“Sim. Não. Eu não sei. Obrigada por vir.”

“Tudo bem. Onde está a foto?” Cris perguntou.

Katie entregou-lhe a foto, e Cris concordou que o cara na foto era Rick. Sem dúvidas. ECarley e Rick estavam se beijando.

O espírito de Katie submergiu profundamente.

“Você disse que Carley colocou isso no mural. É isso mesmo?” Cris perguntou.

“Eu estou pressupondo que tenha sido Carley.”

“Você já conversou com ela?

“Não, eu bati na porta dela, mas ninguém respondeu e eu não queria acordá-la.”

Katie deu uma olhada de perto na roupa de Cris. A combinação ímpar distraiu Katie porum momento. Por cima Cris estava usando uma das blusas enormes de Ted, um blusãode moletom azul-marinho com capuz, que Katie sabia que era o artigo preferido deroupa confortável de Cris. O resto da roupa foi o que prendeu a atenção dela.

“Por que você está usando uma saia com suas pantufas?”

“Meus pés estavam frios.”

“Por que você não vestiu uma calça moletom ou algo do tipo?”

“Essa foi a primeira coisa que eu peguei. Você não parecia bem ao telefone.”

“Eu não estou bem. Eu não consigo pensar claramente. Eu nem sei por que eu estou

avaliando sua vestimenta para a missão-de-misericórdia da meia-noite.”

O telefone celular de Cris zumbiu e ambas pularam.

Cris olhou para a mensagem de texto.

“É o Ted. Ele está me esperando no carro. Ele só quer saber se você está bem.”

Cris digitou uma rápida mensagem enquanto Katie olhava mais de perto para a foto.

“Ted teve uma idéia no caminho pra cá. Você acha que há alguma chance de a foto ter

sido editada?”

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No fervor de sua confusão, Katie não tinha pensado sobre essa possibilidade, mesmoque fosse a mais óbvia. Ela olhou de novo para a foto. O fundo estava cheio deinconsistências na luz e nos detalhes. A linha que traçava o cabelo de Rick pareciadesigual e salpicada de brancos.

“Eu não sei muito sobre edição digital”, Cris disse, “mas quase parece que Rick foicortado e copiado para o retrato.”

Katie murchou sobre a sua cama. “Eu sou uma grande idiota. Você está certa. Eleprovavelmente foi colado. Eu não posso acreditar que pressupus o pior."

Cris sentou-se perto dela. “Katie...”

Antes que Cris pudesse oferecer palavras de encorajamento, uma batida soousuavemente na porta de Katie e Vicki deu uma espiada lá dentro.

“Ei. Eu acabei de voltar de lá cima, de onde eu estava estudando e eu vi que a sua luzainda estava acesa. Está tudo bem?” Vicki caminhou para dentro do quarto de Katie enotou Cris. “Cris, o que você está fazendo aqui tão tarde?”

“Eu só vim para ver Katie.”

“De pantufas? E saia?”

“Ela está usando sua roupa oficial para missão-de-misericórdia, Katie disse. Eu tive umpequeno momento deprê, por isso eu a chamei e ela veio.”

O olhar de Vicki estava fixo na foto na mão de Katie.

“Sua deprê tem a ver com as fotos?”

“Fotos?” Cris e Katie repetiram em uníssono.

“É mais de uma?”

“Sim, há uma porção de fotos estranhas. Eu pensei que Carley ainda não as houvesseimprimido.”

“Por que ela faria algo assim?” Cris perguntou.

Vicki olhou para Cris e de volta para Katie, “Vocês não sabem?”

“Sabem o quê?” Katie perguntou.

Bem nessa hora outra batida soou na porta de Katie.

“Isso é loucura!” Cris disse. “A vida nos dormitórios nunca foi assim quando nósvivíamos no Brower Hall ano passado, Katie.”

“Eu sei. Bem vinda ao Crown Hall Norte. Nenhuma mulher com problemas desociabilidade neste andar.” Katie abriu a porta.

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 Nicole estava lá parada em um roupão de banho estilo "spa" e pantufas combinando.“A segurança acabou de me chamar para ver quanto tempo eles devem esperar antes desuas visitas partirem.”

“Eu não sabia que a segurança estava esperando por mim,” Cris disse. “Sinto muito seeles te acordaram, Nicole.”

“Tudo bem. O que está acontecendo? Vocês estão bem?" Mesmo estando no meio danoite, Nicole continuava graciosa.

Katie colocou Nicole a par da situação com a foto. Ela mostrou a foto à Nicole e disse,“Vicki estava prestes a nos dizer porque Carley faria algo como colocar uma foto comoesta.”

“Eu pensei que você soubesse,” Vicki disse. “Todo mundo no nosso andar sabe.”

“Sabe o quê?” Katie olhou para as três mulheres paradas em seu quarto. “Alguém vai,por favor, me contar o que está acontecendo?”

Capítulo 29

“Fotos como essa são uma tradição do Mural do Beijo,” Vicki disse.

“Por quê?” Cris perguntou.

“É, por quê?” Katie repetiu. “A tradição é tentar sabotar perfeitamente bemrelacionamentos de outras mulheres do andar?”

“Não, claro que não,” Nicole disse. “Não é essa a tradição. A tradição é imprimir fotosde alguém do andar beijando alguém improvável, como uma estrela de cinema. Você selembra da foto do último ano com Kim beijando Kermit o sapo?”

Katie piscou, mas não respondeu.

“Ou aquela com Amy do ano passado onde ele beijava o homem-aranha,” Vickiadicionou. “Essa é a tradição. Nós sempre tivemos uma ou duas fotos no mural de um

casal improvável, e todos sabiam que as fotos eram falsas.”

“Nem todos,” Katie replicou.

“É por isso que eu deixei um bilhete pra você hoje cedo. Eu vi a foto, e achei que vocêdeveria saber disso antes que Emilee a terminasse, no caso você não quisesse que elafosse colocada.”

“Emilee? Em colocou a foto no Mural do Beijo?”

“Eu não sei exatamente quem a colocou lá. Em pediu a Carley ontem à noite no nosso

quarto para fazer uma montagem dela com um cantor de música country. Eu não melembro quem era o cantor. Enquanto Carley estava fazendo aquela montagem digital

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para Em, ela decidiu fazer uma dela com seu chefe. Quando eu a vi fazendo isso, eudisse a ela que não era uma boa idéia. Eu não achei que você fosse gostar.”

“Você está certa. Eu não gostei mesmo.”

“Mas, Katie, você precisa saber que isso era pra ser uma brincadeira. Não algo maldoso.Era uma piada. Só isso. Pense nisso como estando no mesmo nível da sua brincadeirado ano passado, quando você colocou meus sapatos no forno.”

Katie ficou em silêncio. Ela não tinha nada a dizer sobre o comentário de Vicki. Elasabia tudo sobre como uma piada interna podia parecer ótima em determinado momentoe como ela poderia se tornar ridícula mais tarde. A revelação fez com que elacompreendesse melhor Rick e sua tentativa de fazer uma piada com o sorvete.

“Ok, eu vou ser sincera com vocês agora. Eu continuo não querendo essa foto nomural,” Katie disse.

“Eu concordo,” Nicole disse.

“Eu também,” disse Vicki. “É por isso que eu estava tentando falar com você antes quea colocassem lá. Eu tenho certeza que se você falar com Carley ela vai entender se vocêtirar a foto de lá.”

“Nós podemos falar com ela amanhã,” Nicole disse. “Ou melhor, hoje mais tarde, já quehoje já é amanhã.”

“Ao invés de Rick, Carley pode fazer a montagem com Dean,” Vicki ofereceu.

“Quem é Dean?” Katie perguntou.

“Ele era o chefe dela na Casa de Pedro quando ela trabalhou lá por um tempo no verão.Eu a ouvi a dizer que a foto de Rick tinha uma resolução melhor, por isso ela acolocou.”

“Casa de Pedro,” Cris murmurou.

Katie se virou para ela. “Eu sei. Não é que uns burritos chimiganga cairiam muito bemagora?”

Nicole gargalhou. “Como você pode pensar em comida numa hora louca como essa?”

“Isso é um dom,” Katie disse.

“Vocês gostariam mesmo de ir comer uns burritos?” Vicki perguntou. “Porque eu estoudisposta a ir se vocês forem.”

“Sim,” Katie disse. “Mas eu realmente preciso dormir um pouco, então é melhor eudeixar pra próxima.”

“Eu preciso ligar pra segurança do campus,” Nicole disse.

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“Pode dizer a eles que eu já estou indo,” Cris disse. “Eu vou deixar o burrito prapróxima também, Vicki, mas ele cairia bem mesmo. Eu adoraria ir com vocês numaoutra hora. Me ligue se você tiver planos pra isso outra noite. Talvez um pouco maiscedo.”

“Não, eu acho que nós vamos esperar e te ligar depois que estivermos certas de quevocê já foi pra cama,” Katie disse. “Assim nós teremos certeza de que você aparecerácom outro excelente modelito como esse.”

Cris sorriu. Ela levantou da cama de Katie e arrumou seu grande blusão de moletomenquanto Nicole e Vicki deixavam o quarto e se desciam corredor abaixo.

Katie agradeceu Cris por ter vindo socorrê-la e mais uma vez deu uma conferida nomodelito de Cris. “O que você tem debaixo disso?”

Cris sorriu timidamente. “Nada.”

“Nada do tipo nada-nada? Ou nada do tipo nada-que-seja-da-minha-conta?”Cris sorriu e deixou a resposta no ar. Virando-se para ir embora, ela disse, “Ah, eKatie?”

“Sim?”

“Tente dormir um pouco. É stress demais para seu último ano na faculdade. E vocêapenas começou.”

“Eu sei,” Katie disse. “Você e eu temos muito que conversar. Você quer tentarencontrar comigo mais no fim dessa semana?”

“Acho que é uma boa idéia. Vamos dar uma olhada nos nossos compromissos e verquando podemos nos encontrar.”

Katie acenava enquanto seu original Tesouro Peculiar descia meio cambaleante ogrande corredor em seu modelito estiloso. Então Katie retornou exausta para a cama.Ela estava certa de que acordaria cedo o suficiente para a aula, portanto ela não armou odespertador.

A boa notícia foi que Rick ligou às 7:15.

A má notícia foi que Rick ligou às 7:15.

“Ei.” A voz de Katie estava ‘lenta e grogue’.

“Eu soube que você teve uma noite difícil hoje.”“É, como você soube? Ted?”

“Sim, ele me trouxe até o aeroporto agora de manhã.”

“Aeroporto?” Katie apoiou-se em seu cotovelo. “Você está voltando pra Tempe?”

“Sim, foi de última hora. Meu irmão estava pra marcar um encontro, e eu só fuidescobrir hoje de manhã. Meu avião sai em quarenta minutos. Eu quis te ligar antes departir pra dizer que nós teremos que remarcar nosso almoço na fonte.”

“Ah, sim. Ok. Sem problema.” Estava difícil pra ela pensar claramente àquela hora.

“Nós teremos que remarcar o resto da nossa conversa também.”

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“Sim, nós podemos conversar mais tarde. Nós, definitivamente, precisamos conversarmais.”

“Eu concordo.”

Uma pausa se seguiu antes que Rick dissesse, “Katie, eu tenho um grande favor pra te

pedir.”“Ok.”

“Existe alguma possibilidade de você poder ir ao Ninho da Pomba por volta das cincoda tarde de hoje e por mais ou menos uma hora ajudar Carlos com uma encomendaespecial? Eu aceitei fazer umas pizzas para uma grande noite de premiação de futebolno centro comunitário. Alguém vai buscar a encomenda às 6:30, mas eu não conseguiarrumar funcionários suficientes para a preparação das pizzas. Eu já liguei pra todomundo. Você é minha última opção.”

“Claro, eu estou livre hoje à noite. Eu posso fazer isso.”

“Que ótimo.”

“Só pra saber... a Carley estará trabalhando nesse horário?”

“Sim, por quê?”

“O Ted não te contou?”

“Contou o quê?”

“Sobre essa noite.”

“Ele disse que você ligou pra Cris no meio da noite com um problema no seu andar, eque os dois foram até aí e ficaram por cerca de uma hora e meia. Isso foi tudo o que eledisse.”

Katie sentou-se na sua cama e deu a Rick um rápido resumo sobre os eventos na noitepassada, completando com alguns dos diálogos internos dela, contra os quais ela lutou,pensando se deveria desconfiar dele ou não.

“Espere aí,” Rick disse. “Deixe-me entender isso direito. A foto era uma piada, masvocê achou que ela fosse real?”

“Ela parecia real. Pelo menos quando eu a vi pela primeira vez. Eu estava muitocansada.”

“Mas honestamente você pensou que eu tinha beijado a Carley.” Rick falava lentamentee com cautela. Isso não era um bom sinal.

“Foi uma pegadinha. Mas eu não entendi. Eu ainda estou bem ‘grogue’, e eu não seiporque eu estou te contando isso agora, especialmente quando você está prestes a pegar

um avião. Eu acho que eu só preciso resolver esse estranhamento entre mim e Carleyantes de eu ir ao Ninho da Pomba hoje à noite. Desculpe-me por ter dito isso tudo bemantes de você ir.”

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 O outro lado da linha estava totalmente silencioso.

“Você está aí, Rick?”

“Katie, eu preciso que você me responda uma pergunta honestamente.”

“Está bem.”

“Ontem à noite, você pensou que eu pudesse estar te traindo?”

Ela não conseguia encontrar sua voz para dar uma resposta a Rick. A resposta honestaera, “Sim, por alguns minutos, pelo menos,” mas ela não queria dizer isso.

“Katie... Eu, eu não sei. Depois de todos esses meses, e tudo que você e eu passamos, sevocê ainda tem sérias dúvidas sobre mim, eu não sei mais o que fazer. Eu quero dizer,

se você ainda não confia em mim...”“Eu confio em você,” ela disse rapidamente.

“Eu quero acreditar nisso. Mas, Katie, você acabou de me dizer que quando você teveuma chance de duvidar de mim ou confiar em mim, sua tendência foi duvidar.”

“Eu sei. Eu duvidei. Era muito tarde.”

“Sim, mas Katie... Eu não sei o que dizer agora. Eu continuo pensando que você e euestamos deixando a desejar em algumas das partes fundamentais do nosso

relacionamento e então... Eu começo a me perguntar se você vai algum dia me perdoarcompletamente e começar a confiar em mim.”

Um silêncio pesado manteve o telefone de Katie grudado ao seu ouvido como cola.Mesmo depois de Rick dizer, “Eu preciso pensar em tudo isso. Nós precisamosconversar quando eu voltar do Arizona em alguns dias,” e então desligar, Katiecontinuava sentada lá, segurando o telefone ao seu ouvido.

Forçando a si mesma a sair da cama e ir para a aula, Katie foi se arrastando corredorabaixo para sua usual rotina matinal. Ela encontrou Carley no banheiro lavando o rosto.

“A Vicki me contou,” Carley falou antes que Katie tivesse chance de dizer algo. “Vocêsabe que isso era pra ser uma piada.”

Katie concordou com a cabeça.

“Vicki disse que você ficou muito chateada.”

“Fiquei mesmo.”

“Eu sinto muito, Katie.” Carley se virou para olhar pra ela.

Katie concordou com a cabeça novamente. Esse era o único gesto de aceitação de umadesculpa que ela sentia que podia dar nesse momento.

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Outras duas meninas entraram no banheiro. Carley saiu, e Katie foi tomar banho. Porum bom tempo ela permaneceu imóvel debaixo do chuveiro. A água derramava sobreela, e Katie desejava que ela pudesse batizar seu coração e clarear sua mente.

Nenhum dos cenários ou explicações que passavam pelos seus pensamentos parecia

oferecer alguma calma para o dilema com Rick. Ela disse milhares e milhares de vezesque confiava nele, mas em seu coração ela continuava esperando que algo desse errado.Ela ficava na expectativa de ser magoada. Quanto mais eles ficavam juntos, maisdevastadora ela esperava que a mágoa fosse.

O que há de errado comigo? Eu sou a confusão em pessoa. Por que eu não possoconfiar no Rick? Ele tem provado constantemente sua lealdade para comigo e seucomprometimento no nosso relacionamento, mas eu continuo tentando sabotar tudo.Qual é o meu problema? 

Pelo restante do dia Katie se sentiu estranha. Ela não tinha vontade de comer. Ela não

conseguia prestar atenção na aula. Ela evitou pessoas com as quais ela normalmenteficava. Ao meio dia ela se lembrou de que se Rick não tivesse ido pro Arizona, elesestariam almoçando juntos na fonte.

Ela tentou ligar pra Cris. O correio de voz atendeu, e Katie disse, “Me ligue quandovocê puder. Eu vou ajudar no Ninho da Pomba às cinco. Seria ótimo se você tivesse umtempinho pra conversarmos depois das 6:30.”

Quando Katie chegou ao Ninho da Pomba às 4:45, ela ainda não tinha tido uma respostade Cris. Ao checar na Livraria Arca, ela descobriu que Cris já tinha ido embora.

Foi estranho pra ela ir até a cozinha e procurar por um avental limpo. Carley entroupelos fundos e disse, “Carlos comentou que você viria. Eu espero que você não estejamais brava comigo.”

Katie queria soltar algo como, “Por que você se importa com isso?” Ao invés disso, eladisse, “Eu não sei, Carley. Eu não estou muito bem agora. Nós podemos conversarsobre isso mais tarde?”

“Você está chateada por causa da foto de Rick e tudo mais?”

“Sim. Tudo mais.”“Eu já te disse que eu sinto muito.”

“Eu sei. Eu já entendi a questão da foto ser uma tradição e uma pegadinha. Mas vocêsabe o que mais?” Katie hesitou. Ela percebeu o quanto suas palavras, em momentoscom esse, podiam colocá-la em apuros. Decidindo que não iria segurar por nem maisum minuto o que ela estava sentindo, Katie disse, “Eu posso só te dizer uma coisa?Desde maio parece que você está tentando se meter entre mim e Rick. Eu não sei se éalgo da minha cabeça, e eu estou com sérios problemas de desconfiança, ou se algumacoisa está acontecendo entre mim e você e eu não sei o que é.”

Carley olhou pra baixo.

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Carley concordou com a cabeça. Uma expressão amigável substitui a expressãocarregada. “Eu sinto muito,” ela disse.

“Eu sinto muito também.”

Elas trocaram sorrisos e pela próxima uma hora e meia trabalharam como um time,preparando em escala um estoque de pizzas de pepperoni para um batalhão de pessoas.

Capítulo 30

Quando Katie retornou à Rancho Corona depois de trabalhar no Ninho da Pomba, elaainda sentia seu o coração pesado com relação a Rick. Ela queria ligar pra ele econversar sobre sua mudança com Carley e contar para ele como tudo havia mudadoenquanto as duas estavam trabalhando juntas.

Mudanças no relacionamento provavelmente só aconteceriam quando ela e Rickpudessem sentar para uma conversa de coração para coração. Até lá, tudo o que elapodia mudar era a si própria.

Com aquela verdade, Katie se dirigiu ao apartamento de Julia. A porta dela estavaaberta e a música de uma guitarra metálica flutuava para o corredor. Katie bateu à portae Julia olhou do sofá. Foi então que Katie notou que Julia estava no telefone.

“Eu posso voltar,” Katie disse, praticamente só movimentando a boca, sem sair nenhumsom.

“Não, entre. Eu estou na espera com a minha companhia de cartão de crédito. Eu fuicobrada indevidamente no mês passado. De fato, eu não estou com humor para discutircom eles agora. Eu vou ligar mais tarde.”

Julia desligou seu telefone e gesticulou para que Katie se sentasse no sofá.

“Eu ia ligar e combinar uma hora pra conversarmos” Katie disse, “mas o meu dia foi umpouco excêntrico.”

“Eu ouvi sobre a foto no Mural do Beijo,” Julia disse. “Está tudo resolvido com isso?”

Katie concordou com a cabeça. Ela colocou Julia a par da sua conversa com Carley noNinho da Pomba. “O que me mata é que eu não sei quantas vezes eu disse a coisa erradae machuquei as pessoas.”

“Eu acho que a maioria das pessoas entende o seu humor e o seu jeito expressivo de semanifestar. Essa coisa com Carley é um pouco incomum. Você lidou bem com isso.”

“Na verdade, foi ela que iniciou o pedido de desculpas. E eu sei que eu não controleimuito bem as coisas com Rick esta manhã.”

“O que aconteceu?”

Katie deu à Julia um panorama da sua conversa e seus sentimentos sobre Rick; então,

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antes dela perceber, Katie tinha derramado o seu coração.

Com poucos minutos de conversa, Julia fechou a porta para garantir que elas tinhamprivacidade. Cinco minutos depois, Julia ofereceu uma caixa de lenços para Katie. Dozeminutos mais tarde, Katie se sentia exausta e muito triste. Julia, contudo, parecia calma

e pronta para dar à Katie um conselho.

“Então o que eu devo fazer?” Katie perguntou. “Supondo que o Rick nunca mais vaifalar comigo, como eu posso convencê-lo de que eu confio nele? O que ele disse éverdade. Eu permaneço esperando que ele me desaponte ou me traia ou qualquer coisado tipo. Você não acha que eu sou uma louca, acha?”

“Claro que não.”

“Eu sinto como se alguma coisa estivesse errada comigo. Quero dizer, por que eu nãoposso confiar nele?”

“Você disse que o perdoou há mais de um ano. É isso mesmo?”

“Sim. Eu te contei sobre a carta que ele me mandou. Foi quando eu o perdoei. Aquilofoi bem antes de eu o ver de novo no Ninho da Pomba. Na carta dele, ele perguntava seeu poderia perdoá-lo por ser um idiota e por não me tratar com o respeito que eumerecia.”

“E você o perdoou?”

“Sim.”

“Mas você continua esperando que ele a machuque.”

Katie balançou a cabeça. “Você acha que talvez eu não o tenha perdoado de verdade? Épor isso que eu estou sempre esperando que ele estrague tudo?”

“Só você sabe se o perdoou de verdade.”

Katie pensou por um momento. “Eu perdoei. Eu sei que perdoei. É como se houvesseuma balança invisível na minha cabeça. Eu peguei todas as coisas que eu guardara

contra o Rick que estavam pesando em um lado da balança e pedi a Jesus para acabarcom elas. A balança ainda estava lá. Como se nada estivesse pesando meuspensamentos e sentimentos com relação ao Rick de um modo desequilibrado.”

“É uma boa forma de explicar o perdão,” Julia disse.

“Eu não criei a ilustração,” Katie disse. “Eu ouvi um cara usando em uma das minhasaulas da Bíblia. A figura ficou comigo. Eu tirei da balança em minha mente todasaquelas coisas com Rick.”

“Eu sua mente,” Julia repetiu. “E quanto ao seu coração?”

Katie não tinha certeza do que Julia queria dizer.

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“Deixe-me perguntar. Como Rick a machucou? Eu não estou perguntando o que ele fez.O que eu estou pedindo é para você identificar a ferida. Por exemplo, ele roubou devocê?”

“Não, ele me usou, me enganou e basicamente traiu.” Katie estava atordoada de ver o

quão rapidamente as acusações contra Rick saltavam de sua boca.

Whoa! Eu posso tê-lo perdoado, mas eu certamente não esqueci! 

“Eu acho que você só moveu da sua cabeça para o seu coração”. A expressão de Juliasuavizou como se Katie tivesse realizado algo difícil. Quando Julia falou de novo, foicom ternura. “Da forma que eu vejo isto, quando nós estamos machucados no nível docoração, o perdão e a cura têm que acontecer no mesmo lugar que a ferida aconteceu.Rick não machucou a sua mente; ele machucou o seu coração. É lá que você tem que irpara perdoá-lo completamente.”

“Agora,” Julia disse, respirando fundo, “eu tenho outra pergunta para você. Quandovocê olha em seu coração, eu quero saber, o que você fez com as feridas que o Rickcausou a você? Você as deu para Jesus apagá-las por completo?”

Katie sentiu um baque em seu peito. A resposta para a pergunta de Julia vinha a ela comsegurança. Não era como se ela soubesse a resposta em sua cabeça; ela sabia a respostaem seu coração.

“Eu mantive algumas delas comigo.”

Julia acenou com a cabeça lentamente, oferecendo a Katie um olhar confortante.

“Eu não as lancei para o norte ou sul ou leste ou oeste ou qualquer lugar, não é? Aoinvés de lançar as dores para longe, eu retive algumas delas. Aqui.” Katie bateu em seucoração. “Eu nunca percebi que fiz isso. Quando você me perguntou o que eu fiz com asdores, eu acabei de perceber. Elas ainda estão comigo. Eu as tenho guardadas comigo.”

Katie olhou para baixo, para os seus dedos encolhidos. “Eu não sei por que eu as estouguardando. É como ter uma caixa de granadas no canto. Eu digo que eu não queroexplodir nenhuma, mas eu sei que eu as tenho à mão para o caso de precisar usá-las.”

“Para autodefesa,” Julia disse.

Katie concordou com a cabeça. “Para autodefesa. Essa é a minha vida. Isso mesmo.Estar preparada para esconder ou ter munição para quando você acaba sendo muitomagoada pelas pessoas mais próximas de você.”

“Como com a sua mãe?” Julia perguntou.

“Você pescou isso, hein? Sim, eu não tenho muita conexão emocional com os meuspais, mas especialmente com minha mãe. Eu fico na expectativa de que ela seja umamãe de verdade, entende? E ela é só ela mesma.”

“Você diria que você perdoou os seus pais?” Julia perguntou.

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“Perdoei pelo quê?”

Julia não respondeu. Ela olhou para Katie com cara de quem esperava uma únicaresposta.

Katie sabia que ela era a única que poderia dar nome a sua infância. “Você quer dizerque eu deveria perdoar meus pais por me abandonar emocionalmente?”

Julia deu a Katie um olhar cauteloso, porém afirmativo. Ela parecia estar esperandoKatie constatar o óbvio.

“Eu acho que só disse isso, não é? Eu suponho que a resposta seja não, eu não perdoeimeus pais. E eu não liberei o Rick completamente também.”

Por um momento elas ficaram sentadas quietas, deixando as percepções dolorosaspenetrarem.

“Eu estou olhando para algumas balanças no meu coração agora,” Katie disse. “Eupensei que aquelas balanças estivessem vazias e equilibradas. Talvez elas estejam naminha cabeça. Mas no meu coração, elas estão pesadas para baixo. Então, como eu melivro dessas coisas tóxicas?”

“Você disse isso mais cedo. Peça a Jesus para pegá-las e demoli-las. Você quer orarcomigo sobre isso agora?”

“Sim,” Katie fechou os seus olhos e disse, “Querido Pai Celeste, por favor, perdoe Rickpor todas as coisas que ele fez comigo e...”

“Katie.” Julia tocou no braço de Katie, interrompendo a oração dela.

Katie olhou pra cima. Ela nunca tivera alguém a interrompendo quando ela estavaorando antes. Julia estava balançando a cabeça.

“Você está só dizendo as palavras, Katie. Soa como se você tivesse pegado um elevadorexpresso que sai do seu coração e vai pra sua mente. Deus conhece o seu coração. Ele jáestá lá. Você precisa voltar pra lá. Vá direto para a essência do seu coração.”

Katie engoliu. Ela sabia o que Julia queria dizer. Katie sabia onde estava a essência do

seu coração – era um lugar que ela evitara. Aquele lugar estava coberto com cicatrizesdas dores que ela tinha experimentado. E aquelas cicatrizes estavam cobertas comcaixas de granadas.

“Você quer lidar com isso agora?” Julia perguntou gentilmente. “Porque você não temque fazer isso se você não estiver pronta.”

“Sim, eu quero. Eu não quero carregar toda essa munição mortal por outro momento.Deus me perdoou de muito mais. Eu sei que ele quer que eu perdoe outras pessoas damesma forma que ele me perdoou. Ele não armazena uma caixa de raios de todas ascoisas que eu tenho feito para machucá-lo. Você sabe, ele não lança as coisas do

passado sobre mim. Não, eu quero lidar com isso agora. Eu sinto como se eu estivesse

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acumulando essas feridas como um tesouro nessa caverna em meu coração. Esse lixonão é um tesouro.”

Enquanto Katie falava, ela chorava. Julia acabou chorando também.

“Você está lá agora,” Julia disse com um sorriso. “Você está na essência do seu coração.Isso é sincero. Isso é verdadeiro. Agora, vá em frente, diga a Deus o que você começoua dizer mais cedo.”

Sem fechar os seus olhos dessa vez, Katie chorou lágrimas silenciosas e falou alto.“Deus? Grande Deus, eu sei que você está aqui. Eu sei que você está me ouvindo. Sintomuito se eu tenho segurado esse lixo por tanto tempo. Eu não quero isso. Pegue isso.Lance isso longe. Bem longe. Eu quero liberar Rick completamente, eu quero liberar osmeus pais completamente. Do meu coração...” Katie respirou meio que tremidamente.“Do meu coração, eu escolho perdoar minha mãe e meu pai por me abandonar e memachucar emocionalmente. Você quer que eles sejam perdoados completamente assim

como você me perdoou completamente. Eu quero o que você quer. Faça uma de suassurpreendentes coisas de Deus. Liberte-os e liberte-me.”

Katie se inclinou para trás e fechou os seus olhos. Ela sentiu como se estivesse surfandoem uma onda ou planando como um pássaro. Um pássaro livre. Nunca tinha sentido seucoração tão leve.

“Uau,” ela disse suavemente. Ela olhou para Julia, que estava sorrindo e chorando aomesmo tempo. Foi quando Katie percebeu que ela estava chorando também. Ela riu.“Nós estamos parecendo com momentos em que está chovendo enquanto o sol estábrilhando.”

Julia riu e as duas mulheres se abraçaram.

“Isso é bom,” Katie disse. “Eu me sinto ótima agora!”

Julia chegou mais perto e gentilmente pressionou a palma da sua mão contra a bochechade Katie. O gesto foi de mãe amorosa, do jeito que Katie sempre esperou, mas nuncarecebeu.

“Nunca se esqueça deste momento, deste sentimento. Eu estou certa de que você não vaiesquecer,” Julia disse. “A verdade de Deus realmente nos liberta e eu acho que nósnunca estamos tão perto dessa verdade quanto quando escolhemos perdoar os outros daforma que ele nos perdoou.”

Aquela noite, antes de Katie ir para a cama, na solidão do seu quarto, ela escreveu emseu diário. O exercício era uma rara experiência, mas o que ela tinha experimentadonaquele dia era raro.

Eu sinto como se o baú de tesouro na essência do meu coração estivesse há muitotransbordando com estoque de dores, mágoas e decepções. Aquele lugar está agoravazio do lixo e pronto para ser cheio com os tesouros verdadeiros. Todo dia Deus envia

Tesouros Peculiares no meu caminho, mas eu não fui capaz de guardar alguns deles porque não tinha lugar em meu coração para guardá-los. Agora eu tenho.

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 Rick é definitivamente um desses Tesouros Peculiares e eu sinto como se eu finalmentetivesse um lugar no meu coração para ele. O tipo certo de lugar e o tipo certo demotivação para avançar em nosso relacionamento.

 Mas eu realmente acho que eu preciso esperar até ele dar o próximo passo. Eu estou

 pronta para confiar nele de todo coração. Ele precisa estar disposto a confiar em mimde todo coração também.

Se Rick e eu fizermos qualquer avanço em nosso relacionamento, então eu acho queisso será um resultado de Deus estar incitando o Rick a fazer a mudança de pista. Se

 Rick decidir se referir a mim como namorada, então eu saberei com certeza que ele nãoguarda nenhuma mágoa de mim com relação à minha desconfiança. 

Katie sentiu muita paz. Ela sabia que não teria que correr atrás de Rick para explicar emmil palavras porque ela se sentiu do jeito que se sentiu ou tentar convencê-lo a deixar de

lado a falta de confiança dela. As feridas antigas tinham passado. Ela e Rick seriamcapazes de continuar de onde eles tinham parado. Ela sabia disso. Só agora seriadiferente entre eles. Rick não precisaria mais ficar provando nada para Katie, e ela terialugar em seu coração para o amor crescer.

Foi isso que ela pensou na terça-feira depois do seu tempo glorioso com Julia. Naquarta-feira à noite, Katie estava pensando em ligar para Rick já que ela não tiveranotícias dele. Na quinta-feira depois da última aula dela, Katie sentiu como se ela nãopudesse mais aguentar o silêncio entre eles. As dúvidas continuavam vindo até ela, masela lutava contra elas tão valentemente como se estivesse lutando contra um dragão.

Talvez, de alguma forma, ela estivesse lutando contra um dragão. Um dragão muitoantigo.

Capítulo 31

Na sexta-feira, depois da última aula de Katie, ela colocou seu jeans favorito e a camisaque ela tinha comprado no dia dos registros das calouras, já que ela se lembrava de queRick tinha notado e gostado.

Subindo em seu Buguinho às 8:05, ela desceu montanha abaixo, ensaiando o que ela

diria a Rick quando o visse. Ele tinha mandado uma mensagem pra ela três horas maiscedo que dizia, “Conversa lá em casa às 8?”

Katie sorria enquanto descia na calçada do complexo de apartamentos rumo à porta dafrente de Rick. Isso só podia dar certo. Ela estava em sua melhor fase tantoespiritualmente quanto emocionalmente. Ela estava, finalmente, pronta para levar seurelacionamento com Rick à sério e entrar no mesmo interesse e entusiasmo que ele tinhaexpressado pra ela por todos aqueles meses.

Eu acho que tudo isso tinha que ter acontecido para que Deus pudesse limpar meucoração. Agora eu estou pronta para me abrir para ele e para o Rick. Você é tão bom

 pra mim, Senhor. Obrigada pelo que o Senhor tem feito em meu coração. Obrigada pelo que o Senhor vai fazer em meu relacionamento com Rick. Eu confio em ti. 

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 Katie percebeu que estava sorrindo. Essa é a base de qualquer relacionamentoduradouro, não é? Confiança. Confiar completamente. Nesse caso, deixe-me dizer novamente, Deus Pai, eu confio em ti. 

Ela estava à porta do apartamento de Rick e podia ouvir a música de lá de dentro. Cheiade esperança e confiança, ela apertou a campainha. Então ela se lembrou de que acampainha de Cris continuava sem funcionar, ela bateu e deu um passo pra trás.

A porta se abriu, e lá estava a última pessoa que ela esperava encontrar. O Cara doCavanhaque.

“O que você está fazendo aqui?” Katie checou o número na porta do apartamento deRick para ter certeza de que estava no apartamento certo.

O Cara do Cavanhaque sorriu. “Oi.”

“O que você está fazendo aqui?” Katie repetiu.

“Eu moro aqui.”

“Não, você não mora. O Rick mora aqui. Onde está o Rick?

“No Arizona.”

Katie sentiu seus joelhos cambalearem. “Ele disse que estaria de volta hoje à noite às8.”

“Eu não sei dos horários dele. Você quer entrar e esperar por ele?”

“Não.” Katie se virou para ir direto para a porta da frente de Ted e Cris. Batendo fortena porta dele, ela engoliu seus sentimentos.

"Katie, como vai?” Ted, usava uma luva de microondas em forma de lagosta quandoabriu a porta. Ele abriu e fechou seus dedos como se a luva fosse um fantoche. Katiesabia que a luva tinha sido um presente de casamento dos tios de Cris, mas ela pensouque Cris tinha a devolvido à loja durante uma de suas divertidas idas às devoluções.

"Ei. Vocês estão jantando ou algo do tipo?”

“Não.” Ted abriu a porta totalmente. Katie pôde ver a tia e o tio de Cris sentados nosofá, vendo o álbum de casamento de Cris. “Nós já comemos, mas se você ainda estivercom fome, nós temos bastante comida. Entre.”

“Ah, não. Eu só estava...”

Cris estava em pé atrás do sofá. Quando viu Katie, ela foi até a porta.

“Ei. Por que você não entra?” Cris perguntou.

“Eu não sabia que você tinha visitas.”

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 “Está tudo bem. Eles acabaram de voltar de um cruzeiro e deram uma parada aqui antesde voltarem para Newport Beach.”

“É a Katie?” Bob perguntou de dentro do apartamento.

“Ei.” Katie acenou para eles.

“Nós estamos bem na hora da sobremesa,” Bod disse. “Ted estava indo tirar a torta doforno. Você nos faz companhia?”

“Não. É melhor eu ir. Apesar de estar com um cheiro muito bom.”

“Está ventando muito com essa porta aberta, você não acha?” Disse Marta pra ninguémem particular.

Cris olhou pra sua tia e depois pra Katie. Sobre seus ombros Cris disse a Ted, “Eu voltologo.” Então ela saiu do apartamento, fechou a porta, e olhou bem fixamente pra Katie.“O que está acontecendo? Você está bem?”

“Não sei. Eu estava ótima, você sabe, como no email que eu te mandei ontem.”

Cris concordou com a cabeça. “Foi um email incrível sobre o que aconteceu quandovocê orou com Julia. Eu mostrei ao Ted. Espero que não tenha problema.”

“Não, claro que não. Tudo bem.”

“Me desculpe por não ter podido me encontrar com você. É que...”

“Não se preocupe. Eu não vim aqui porque você e eu não pudemos conversar. Eu vimpara ver o Rick. Mas agora eu estou confusa. Ele me mandou uma mensagem dizendopra eu encontrá-lo às oito para conversarmos, mas ele não está em casa. O Cara doCavanhaque atendeu a porta do apartamento de Rick.”

“Cara do Cavanhaque?”

“Eu não sei o nome dele. Eu acho que o novo colega de quarto de Rick.”

“É o Eli. Eu achei que você o tivesse conhecido no meu casamento.”

“Como você o conhece?”

“Ele e Ted moraram juntos na Espanha. Katie, você está bem?”

Katie levantou uma de suas mãos e colocou-a sobre a cabeça. “Sim, eu estou bem. Issoé só meio bizarro. Então, você estará livre amanhã após o trabalho?”

“Sim.”

“Você e eu podemos sair pra jantar ou outra coisa qualquer?”

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“Claro. O que você acha sobre irmos à Casa de Pedro?”

“Com uma condição. Você tem que prometer que vai me fazer parar antes que eu coma,sozinha, um burrito chimiganga tamanho gigante inteiro.”

“A gente vai dividir um,” Cris disse.

“Perfeito. Nós combinamos tudo depois então,” Katie disse. “Você deveria voltar parasua tia, tio e a torta.”

Cris deu uma risadinha e chegou mais perto. “Você viu a luva de microondas em formade lagosta?”

“Sim, eu pensei que nós a tivéssemos devolvido alguns meses atrás.”

“Nós devolvemos! Ted me lembrou de que ela tinha vindo de Bob e Marta, e eu tive

que correr até a loja aqui perto de casa e comprar uma. Pelo menos eu ainda tinhaalguns créditos na sessão de cozinha.”

“Seu segredo está a salvo comigo.”

Cris se aproximou e deu um abraço em Katie. “Eu sei que está. Você é meu TesouroPeculiar favorito, Katie. Você sabe disso, não sabe?

“E você é o meu.” Katie retribuiu o abraço. “Te vejo amanhã às 5:15 na Casa de Pedro.”

“Mal posso esperar.”

Katie pegou o caminho mais longo para o estacionamento dos apartamentos porqueassim ela não teria que passar pelo apartamento de Rick e correr o risco de ver o Eli doCavanhaque. Ela decidiu voltar para a Rancho e esperar até que Rick ligasse. O aviãodele pode ter atrasado, ou ele pode ter decidido fazer algo antes de falar com Katie,como checar as formigas em variados lugares no Ninho da Pomba que ainda não tinhamsido checados.

Para Katie, a melhor coisa nesse momento era que seu coração se sentia livre. Ela nãotinha nenhum problema em pressupor todas as razões pelas quais Rick não estava emcasa ou porque ele não tinha ligado. Ela confiava nele. Era um tipo de pensamento

revigorante, libertador e completamente diferente de todos os pensamentos que ela játeve a respeito dos dois.

Destrancando a porta do Buguinho, Katie se ajeitou no banco do motorista. Quando elaolhou para o pára-brisa, ela viu algo embaixo do limpador. Não era uma multa, era umaflor. Uma buganvília rosa como uma daquelas que cresciam ao lado do complexo deapartamentos. Katie pensou que ela certamente tinha sido levada pelo vento até lá. Elaficou sentada por um momento antes de ligar o carro, pensando no grande buquê deflores que Rick a tinha dado no encontro desastroso deles.

Alguns dias atrás, Cris tinha expressado um pensamento sobre aquelas flores em um

email que mandara para Katie. Cris disse que o fato de Rick dar a Katie aquela enormequantidade de flores era, possivelmente, uma maneira cautelosa de Rick expressar sua

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paixão e seu interesse por ela. Cris sugeriu que, uma vez que os dois não estavamexpressando seus sentimentos com beijos, Katie deveria receber e apreciar toda equalquer maneira que Rick usava para expressar suas emoções, incluindo luxuosos eexagerados buquês.

“Pense nas flores como estando no lugar de duas dúzias de beijos.” Cris tinha escrito.“Qual é a citação que você tirou daquele filme dos órfãos? ‘Pegue isso e seja grato!’ Éisso que eu acho que você deveria fazer de agora em diante se Rick te der flores ouqualquer outra coisa. Pegue isso e seja grata.”

Katie sabia que ela veria a expressão de Rick em sua direção com mais admiração agoraque sua desconfiança em relação a ele tinha acabado. A afeição dela por ele e pelo jeitoúnico dele de fazer as coisas estava crescendo.

Ela apenas esperava que não fosse tarde demais e que ele ainda não tivesse desistidodela. Silenciosamente, em seu coração, ela não achava que o relacionamento deles

tivesse acabado. Ainda não. Katie sentiu muita esperança sobre o que iria acontecerentra Rick e ela. Ela não sabia explicar por que; ela apenas se sentia esperançosa.

Katie checou seu celular. Ela percebeu uma coisa que ela provavelmente deveria terpercebido bem antes. Ela tinha duas mensagens de Rick. Enquanto ela lia a primeiramensagem dele, um par de faróis iluminou o retrovisor.

Era o Mustang de Rick.

Katie tirou a chave da ignição e caminhou até a vaga onde o carro de Rick estava. Elatinha seu telefone em sua mão, e tentava ler a mensagem dele. Rick permanecia no

banco do motorista e baixou sua janela.

“Eu vejo que você recebeu minha mensagem.”

“Eu estou lendo agora. Ela diz que seu vôo se atrasou, e que você quer ir comer algo.”Katie tirou seus olhos do telefone e olhou para Rick. Ele estava olhando para ela comoaquele olhar de eu-não-consigo-tirar-você-do-meu-coração.

“Então, o que você acha?” ele perguntou.

“Eu não me importaria de sair pra algum lugar. A noite está ótima.”

“Suba aí, Zing.”[1]

“Zing?” Katie deslizou para o banco do passageiro e repetiu, “Zing?”

“Sim, Zing. O que você acha desse?”

“Zing, hein? Acho que vou ter que pensar mais sobre esse.”

Rick saiu da área do estacionamento.

“Eu conheci seu companheiro de quarto.”

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“Ele te chamou pra sair?”

Katie examinou o perfil de Rick enquanto ele continuava olhando pra frente.

“Não, ele não me chamou pra sair. Por que você perguntou isso?”

“Porque é o que ele quer.”

“Por que você está dizendo isso?”

“Ele me disse que acha você extraordinária e mais uma coisa.”

“Mais uma coisa?”

“É, uma outra palavra. Ah, sim, ‘inesquecível’. Era isso. Ele acha você inesquecível.”

“E o que você disse pra ele?”

“Eu disse que se ele acha que você algum dia sairia com ele, ele vai ter que aprender aviver com decepções.”

Katie tentou não sorrir demais pelo fato de Rick ter usado uma das frases “irreverentes”dela em resposta a Eli.

Rick ligou o som e batucava com a palma aberta de sua mão no lateral da portaseguindo o tempo da música. Tudo parecia estar de volta ao normal. Eles aindaprecisavam conversar. Katie queria que Rick soubesse que ela confiava nele. Ela queriacontá-lo como ela tinha deixado de lado todas as munições que ela vinha guardandopara o caso de precisar usá-las contra ele. As velhas mágoas tinham morrido, e elaestava livre. Ela queria que ele soubesse.

“Eu pensei que podíamos tentar o restaurante tailandês. Eu acho que não vai ser tãodifícil conseguir entrar lá às noite da noite. Com ou sem gravata.”

“Legal. Como foi no Arizona?”

“Quente.”

“E como está indo o projeto?”

“Ótimo. Você está pronta para ouvir minha novidade?”

Katie mordeu seu lábio inferior. Se ele fosse dizer que estava se mudando para Tempe,então ela não queria ouvir sua grande novidade.

“Qual é sua novidade?” ela perguntou cautelosamente.

“Nós contratamos um gerente, e a escritura do prédio está ok. Minha parte no projeto já

está no fim.”

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“Então você não vai se mudar pro Arizona?”

“Não. Mas eu tenho uma parte da divisão do lucro, e em cerca de dois anos eu devo tero suficiente para abrir outro café em algum lugar, se tudo der certo.”

“Que ótima notícia.”Eles saíram do carro e caminharam para dentro do restaurante ornadamente decorado,onde eles se sentaram em um lugar mais isolado. Era o lugar perfeito para uma conversaparticular.

Rick deu uma olhada rápida no menu. Katie deu uma demorada olhada para Rick. Eleabaixou o menu e capturou o olhar de Katie. Os olhos dele fitos nos dela, e um por umintenso momento nenhum deles falou.

Um sorriso, lentamente, saiu dos cantos da boca de Rick. Ele disse, “Você decidiu que

está pronta para confiar em mim, não foi?”Katie piscou surpresa. “Como você soube?”

“Eu vejo isso. É perceptível. Você está diferente. Você está olhando pra mim como sevocê acreditasse em mim.”

“Eu acredito. Esse seria meu grande anúncio. Você pode mesmo perceber isso só deolhar pra mim?”

“Você é um livro aberto, Katie.”

“É verdade. Você acha que eu não tenho bile, não é?”

“Fraude (guile),” Rick a corrigiu. “Com você não há fraude, Zing.”

O garçom foi até a mesa deles e encheu o copo deles de água. Assim que ele saiu, Katiedisse, “Zing, hein? Então, de onde você tirou esse apelido?”

“Você está gostando dele?” Rick perguntou.

“Talvez.”

“Quando eu estava em Tempe, eu contei ao meu irmão que você e eu estávamos tendoalgumas dificuldades. Eu não contei detalhes, mas eu perguntei o que ele meaconselharia a fazer nesse ponto do relacionamento?”

“E o que seu irmão disse?”

“Ele me perguntou, ‘Ela continua a balançar seu coração?’* E eu pensei ‘Sim, mesmo

* Galera, acompanhem o raciocínio do jogo de palavras. Quando o Rick chama Katie de ‘Zing’, emportuguês isso significa meio que “balanço” (não literalmente, mas só pra entenderem, ok?). Daí depois

quando ele diz que ela balança o coração dele, em inglês ele diz: “You make my heart go ZING.” Edepois quando a Katie diz que Rick é ‘a maze’, em português isso é ‘uma dúvida’. Daí ela faz a piadinha, juntando ‘a maze’ com ‘zing’ que dá ‘amaze-zing’, que é igual a AMAZING, que em português significa

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no meio dessa coisa toda, a Katie continua a balançar meu coração.”

Katie sorriu.

“É verdade, Katie.” Rick disse. “Mesmo eu sendo um enigma às vezes e mesmo quando

essas dificuldades vêm até nós, você balança meu coração.”

Um inteligente jogo de palavras surgiu na mente de Katie. Ela apertou os olhos, “Vocêsabe, um enigma é como uma dúvida.”*

“Ok,” Rick disse como se não estivesse seguindo a lógica dela.

“Então talvez eu devesse te chamar de, ‘a Maze’, que é ‘uma dúvida’ em inglês.”

Rick não pareceu muito empolgado com seu provável apelido.

“Porque se você é ‘a maze’ e sou uma ‘zing’, tudo que nós temos que fazer é nos juntarmos, e nos tornaremos ‘amaze-zing’, que é maravilhoso em inglês!”

Rick caiu na gargalhada. Era muito bom ouvir uma gargalhada que vinha do fundo docoração dele. Debruçando-se sobre a mesa, ele se aproximou dela e disse, “Katie...”

Ele não terminou seu pensamento. Ao invés disso, ele inclinou-se mais pra perto, olhouno olho dela, e deu a ela uma fabulosa piscada. Ela tinha certeza de que era a piscadamais romântica e memorável que qualquer mulher na Terra já tinha recebido.

Se Rick não devia, não podia ou não iria dar a ela uma afirmação do relacionamentodeles em forma de beijos, ela iria, de bom grado, aceitar suas flores, palavras, ou suas

piscadas de derreter o coração. Sim, ela aceitaria e seria grata. Muito grata.

A garçonete chegou à mesa deles. Katie podia sentir-se avermelhar.

“Vocês já tiveram tempo para decidir?” o garçom perguntou.

“Acho que sim,” Rick disse. “Mais do que suficiente, acredito eu. Mas nós doisprecisávamos de tempo pra ter certeza.” Ele fechou o cardápio e se inclinou pra frente.“Eu vou querer o que minha namorada quiser.”

Katie gelou.

Era isso. Rick tinha acabado de mudar de pista no meio do restaurante tailandês sem

mais nem menos. Ou talvez a verdade fosse que ele vinha acendendo e apagando osfaróis durante meses, mas dessa vez ela estava pronto; ele mudou facilmente para a pistado namorado-namorada. Do jeito que deve ser quando se está no tempo certo.

Em resposta, Katie fechou seu cardápio, olhou para Rick e disse, “Eu vou querer o quemeu namorado quiser.”

A garçonete abaixou seu bloco de pedidos. “Ok. Eu vou voltar quando vocês doissouberem o que realmente querem.”

MARAVILHOSO!!! Lindo, né?! Hehe. Eu tentei fazer o jogo de palavras em português, mas nada ficoubom. Espero que tenham entendido.

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Assim que ela saiu de perto da mesa, Rick disse, “Eu acho que nós dois sabemos o quenós queremos agora.”

“Mudança de pista lenta, Doyle.”

“Você gosta disso?”

“Eu gosto de você.”“Eu gosto de você também. Mais do que nunca.”

Rick debruçou-se sobre a mesa e pegou a mão de Katie. Com o gesto mais romântico egalanteador que ela pudesse imaginar, Rick levantou a mão dela até os lábios dele. Elefechou os olhos e beijou as costas da mão dela.

Esse beijo, dado com toda a verdadeira afeição e a mais sincera intenção de um coraçãovalente, era o beijo de um-novo-começo deles. Naquela hora, ela tinha todas as razõespara acreditar que, com Rick Doyle, esse era apenas o começo de muitos momentos“você-balança-meu-coração”.

Fi !