Sermão cap 4

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Português 11.º ano Prof.ª Catarina Labisa

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Page 1: Sermão cap 4

Português

11.º ano

Prof.ª Catarina Labisa

Page 2: Sermão cap 4

Sermão de St.º António

aos Peixes

Capítulo IV

Page 3: Sermão cap 4

1.º PARÁGRAFO

Questões 1. e 2.

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«Antes, porém, que vos

vades, assim como

ouvistes os vossos

louvores, ouvi também

agora as vossas

repreensões.»

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1. Com que objetivo vão

ser feitas as

repreensões aos

peixes?

• «Servir-vos-ão de confusão, já que não

seja de emenda.»

–Se não conseguir corrigir os defeitos dos

peixes (homens), o sermão poderá, ao

menos, contribuir para acordar as

consciências, para perturbar o espírito

dos pecadores.

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2. Qual é o primeiro e

grande defeito dos

peixes e o que o torna

mais grave?

• O primeiro grande defeito dos peixes é comerem-se uns aos outros, e este defeito é agravado pelo facto de os peixes grandes se alimentarem dos pequenos, o que faz com que sejam necessários muitos peixinhos para satisfazer poucas bocas.

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Como é alterado, neste

capítulo, o tratamento do

paralelismo

peixes/homens?

• Atenta no 1.º parágrafo e na referência a Santo Agostinho.

– «Santo Agostinho, que pregava aos homens para encarecer a fealdade deste escândalo, mostrou-lho nos peixes; e eu, que prego aos peixes, para que vejais quão feio e abominável é, quero que o vejais nos homens.»

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Como é alterado, neste

capítulo, o tratamento do

paralelismo

peixes/homens?

• O orador afirma que, nesta passagem,

fará o contrário de Santo Agostinho, ou

seja, em vez de pregar aos homens

evidenciando os seus defeitos através do

exemplo dos peixes, faz a sua peroração

aos peixes, ilustrando os seus pecados

por intermédio dos homens.

Page 9: Sermão cap 4

Como é alterado, neste

capítulo, o tratamento do

paralelismo

peixes/homens?

• Porém, o que ele faz é introduzir mais

uma inversão irónica no processo da

pregação: até agora tinha admoestado os

homens, fingindo pregar aos peixes;

presentemente, finge dar aos peixes o

exemplo dos homens para reforçar as

críticas que dirige aos humanos.

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2.º PARÁGRAFO

Questões 3.

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Explicita os referentes dos

dois deíticos sublinhados.

• «Vós virais os olhos para os matos e para o sertão? Para cá, para cá; para a cidade é que haveis de olhar. Cuidais que só os Tapuias se comem uns aos outros? Muito maior açougue é o de cá, muito mais se comem os brancos.»

• O deítico pessoal «Vós» tem como referente OS PEIXES (embora tenha como alvo OS HOMENS).

• O deítico espacial «cá» designa a cidade brasileira onde se encontram: S. LUÍS DO MARANHÃO.

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• «Vós virais os olhos

para os matos e para

o sertão? Para cá,

para cá; para a cidade

é que haveis de olhar.

Cuidais que só os

Tapuias se comem uns

aos outros? Muito

maior açougue é o de

cá, muito mais se

comem os brancos.»

• Tendo em conta o sentido literal da palavra «comer», os colonos poderiam interpretar a repreensão relacionando--a com os rituais antropofágicos dos índios do sertão, os Tapuias. Contudo, o Padre António Vieira esclarece que a sua crítica se dirige ao «açougue» metafórico dos brancos da cidade.

3. Explica a passagem, tendo em conta o

contexto histórico e geográfico em que o

sermão foi proferido.

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Exemplifica e realça o valor

expressivo da repetição/pleonasmo e

da antítese, nesta passagem.

• «Vedes vós todo aquele

bulir, vedes todo aquele

andar, vedes aquele

concorrer às praças e

cruzar as ruas; vedes

aquele subir e descer as

calçadas, vedes aquele

entrar e sair sem

quietação nem sossego?»

• A REPETIÇÃO/ANÁFORA do verbo ver («vedes»), do determinante «aquele» e do quantificador «todo»;

• o recurso ao PLEONASMO («andar», «concorrer às praças», «cruzar as ruas»);

• a ANTÍTESE («subir e descer», «entrar e sair»)

contribuem para reforçar a ideia de azáfama, da vida atarefada dos brancos na cidade que o orador pretende tornar clara aos olhos do seu auditório.

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Esclarece o sentido do verbo

«COMER» nesta passagem.

• «Comem-no os

herdeiros, comem-no

os testamenteiros,

comem-no os

legatários, comem-no

os credores; comem-

no os oficiais dos

órfãos, e os dos

defuntos e ausentes;

come-o o médico que

o curou. […]»

• O verbo «comer»

tem, aqui, o

sentido de explorar

monetariamente,

de procurar lucrar à

custa de um

defunto

endinheirado.

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4.º PARÁGRAFO

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Em que contexto se utiliza o

verbo «COMER» no 4.º

parágrafo?

• «Vede um homem desses

que andam perseguidos

de pleitos ou acusados de

crimes, e olhai quantos o

estão comendo. Come-o o

meirinho, come-o o

carcereiro, come-o o

escrivão, come-o o

solicitador, come-o o

advogado, come-o o

julgador, e ainda não está

sentenciado, já está

comido […]»

• O verbo «comer» é utilizado, neste parágrafo, no âmbito da justiça, indiciando a exploração que os agentes judiciais exercem sobre as vítimas do sistema: os réus, que ainda antes da sentença já foram esbulhados e maltratados.

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5.º PARÁGRAFO

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Com que objetivo é que Vieira

analisa um salmo bíblico?

• «Nonne cognoscent

omnes, qui operantur

iniquitatem, qui

devorant plebem meam,

ut cibum panis?» (ll. 52-

54)

• «Não compreenderão

todos os obreiros do

mal que devoram o meu

povo como quem come

pão?» (Salmo, 13-4)

• O orador pretende mostrar como alguns homens (os grandes) exploram outros (mais humildes) de forma violenta e iníqua («como quem come pão»).

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Explica o sentido da

comparação e da metáfora na

crítica evidenciada.

• COMPARAÇÃO: «ut

cibum panis?» (ll.

53-54, 70) («como

quem come pão?»)

• METÁFORA: «[…] os

pequenos. São o

pão quotidiano dos

grandes […]» (ll. 74-

75)

• Estes dois recursos estilísticos realçam a forma intensiva, abusiva, constante de exploração dos humildes pelos poderosos, pois o pão é alimento quotidiano, de grande consumo, e a servidão de que é alvo o povo também é exercida diariamente e em larga escala.

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6.º PARÁGRAFO

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A que acontecimentos

históricos alude Vieira na

seguinte passagem?

• «Não vos bastam tantos

inimigos de fora e

tantos perseguidores

tão astutos e

pertinazes, quanto são

os pescadores, que nem

de dia nem de noite

deixam de vos pôr em

cerco e fazer guerra por

tantos modos?» (ll. 91-

94)

• Ao designar os «inimigos de fora», «os pescadores» que põem em risco a vida dos peixes, Vieira alude às forças europeias que ameaçavam a hegemonia portuguesa no Brasil (designadamente os holandeses).

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7.º PARÁGRAFO

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A partir da linha 104, o orador

recorre à contra-argumentação e

à sua refutação. Explica o

raciocínio desenvolvido nesse

parágrafo.

• O contra-argumento evocado é o de que os homens/peixes não têm outro modo de se sustentar senão comendo-se uns aos outros.

• Vieira procura provar, – por constatações gerais («O mar é muito largo, muito

fértil, muito abundante, e só com o que bota às praias pode sustentar grande parte dos que vivem dentro nele.» - ll. 106-109)

– e exemplos bíblicos (a boa convivência de todos os animais quando coabitaram na arca de Noé)

• que os seres podem sobreviver sem se comerem uns aos outros.

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8.º/9.º PARÁGRAFOS

Questões 4.

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4. No 8.º e 9.º

parágrafos, outros

defeitos são apontados.

Quais?

• O orador critica a «ignorância e cegueira» dos homens suscitadas por «um retalho de pano» que simboliza a vaidade.

• Concretamente, esses dois defeitos estão configurados na facilidade com que os homens se deixam convencer a empunhar as armas e a deixar- -se matar para poderem, ufanamente, envergar os trajes coloridos das ordens militares (Malta, Avis, Santiago…), ou seja, pela promessa da glória mordem o isco, como os peixes.

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5. Explica a pergunta e a

resposta que se lhe segue.

• «Quem pesca

as vidas a

todos os

homens do

Maranhão, e

com quê?» (ll.

152-153)

• O orador quer averiguar quem explora alguns dos colonos do Maranhão e constata que estes são enganados por vendedores de «retalhos de pano», os quais, pelo engodo da vaidade, os levam a gastar mais do que o que ganham com o trabalho de suas vidas.

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6. Sintetiza os argumentos

utilizados pelo orador, no

último parágrafo, para

persuadir o auditório a mudar

a sua conduta.

• O orador realça a ideia de que é muito insensato comprometer a vida por vaidade e evoca dois exemplos comprovativos: para os peixes, o facto de serem vestidos por Deus da forma mais bela e perene («de peles tão vistosas […], vestidos que nunca se rompem, nem gastam»); para os homens, o modelo de Santo António, que, apesar de nobre, trocou o garbo do traje aristocrático pelo modesto hábito de frade (primeiro a «loba de sarja», depois o «burel»).

• Os ouvintes devem fazer o mesmo: deixar-se de jactâncias pessoais que levam à ganância, à perdição e à exploração do homem pelo homem.

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7. Neste capítulo, o sermão apresenta um tom

mais enérgico e combativo, sustentado em

recursos expressivos muito eficazes. Aponta

exemplos e comenta a expressividade de uso

de: anáfora, simetria, gradação, antítese,

personificação, interrogação retórica..

• Anáfora: «comem-no… comem-no… comem-no». (ll. 30-33 e muitas outras).

• Simetria: no segundo e no quarto parágrafos, são apresentados dois casos simétricos: o do homem que morreu e que é depredado pelos vivos e o do réu que é sugado por todos os agentes da justiça.

• Gradação: «come-o o sangrador que lhe tirou o sangue; come-o a mesma mulher, que de má vontade lhe dá para mortalha o lençol mais velho da casa; come-o o que lhe abre a cova, o que lhe tange os sinos, e os que, cantando, o levam a enterrar…» (ll. 34-37).

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7. Neste capítulo, o sermão apresenta um tom

mais enérgico e combativo, sustentado em

recursos expressivos muito eficazes. Aponta

exemplos e comenta a expressividade de uso

de: anáfora, simetria, gradação, antítese,

personificação, interrogação retórica..

• Antítese: «são os maiores que comem os pequenos»

(l. 58); «não só de dia, senão também de noite, às

claras e às escuras…» (l. 86).

• Personificação: «com o movimento das cabeças

estais todos dizendo que não […] vos estais

admirando e pasmando de que entre os homens haja

tal injustiça e maldade». (ll. 81-83 e muitas outras).

• Interrogação retórica: «Cuidais que só os Tapuias se

comem uns aos outros?» (ll. 20-21).

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8.

•1. b)

•2. c)

•3. d)

•4. g)

•5. f)

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9. Modifica as formas verbais

sublinhadas, de forma a que as frases

correspondam a uma realização atual

da língua portuguesa.

• «Se fora pelo

contrário, era

menos mal. Se os

pequenos

comeram os

grandes, bastara

um grande para

muitos pequenos»

• Se fosse pelo

contrário, seria

menos mal. Se os

pequenos

comessem os

grandes, bastaria

um grande para

muitos pequenos.

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Identifica o tempo e o modo dos

verbos utilizados.

• Fora

• Comeram

• Bastara

– pretérito mais-que-

perfeito simples do

indicativo

• Era

– Pretérito imperfeito

do indicativo

• Fosse

• Comessem

–pretérito imperfeito do conjuntivo

• Seria

• Bastaria

–condicional simples

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«Não só vos comeis uns aos

outros, senão que os grandes

comem os pequenos.»

a) ainda que

b) se bem que

c) como também

• A locução

conjuncional

sublinhada

equivale a:

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«Não só vos comeis uns aos

outros, senão que os grandes

comem os pequenos.»

• Divide e

classifica

as

orações.

• «Não só vos comeis uns

aos outros»

–ORAÇÃO COORDENADA

• «senão que os grandes

comem os pequenos.»

–ORAÇÃO COORDENADA

COPULATIVA