Sermão cap 5
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Português
11.º ano
Prof.ª Catarina Labisa
Sermão de St.º António
aos Peixes
Capítulo V
OS RONCADORES
OS RONCADORES
CARACTERÍSTICAS:
• São pequenos, mas
vangloriam-se muito
(«as roncas do mar» - l.
4);
• Mostram-se «arrogantes
e soberbos» (l. 10);
• Estão associados à
prosápia no «saber» e à
prepotência no «poder».
OS RONCADORES
EXEMPLOS HUMANOS:
• Caifás é o protótipo
do homem que
«roncava de saber» (l.
13);
• Pilatos é o
representante bíblico
dos poderosos
(«roncava de poder» - l.
14).
OS RONCADORES
CONSELHOS DO ORADOR:
• «O verdadeiro conselho
é calar e imitar a Santo
António» (ll. 11-12) que
«tendo tanto saber […] e
tanto poder […]
ninguém houve jamais
que o ouvisse falar em
saber ou poder, quanto
mais blasonar disso» (ll.
15-17).
OS PEGADORES
CARACTERÍSTICAS:
• São pequenos, têm pouca
força e costumam aferrar-se
aos costados dos peixes
grandes para sobreviver;
• Ainda que sejam «astutos»
(l. 29), mostram-se
dependentes e
oportunistas, atrelando-se
aos poderosos para deles
colherem benefícios.
OS PEGADORES
EXEMPLOS HUMANOS:
• Os conquistadores portugueses são o exemplo acabado desta relação entre peixes grandes e os pegadores, pois «não parte vice-rei ou governador para as conquistas que não vá rodeado de pegadores, os quais se arrimam a eles, para que cá lhe matem a fome […]» (ll. 31-33)
OS PEGADORES
ADVERTÊNCIAS DO ORADOR:
• «Os menos ignorantes, desenganados da experiência, despegam-se e buscam a vida por outra vida; mas os que se deixam estar pegados à mercê e fortuna dos maiores, vem-lhes a suceder no fim o que aos pegadores do mar.» (ll. 33-36)
OS PEGADORES
CONSELHOS DO
ORADOR:
• «Chegai-vos embora
aos grandes; mas não
de tal maneira
pegados que vos
mateis por eles, nem
morrais com eles.»
(texto não incluso no
manual)
OS PEGADORES
CONSELHOS DO ORADOR:
• O Padre António Vieira
aconselha prudência na
forma como os mais fracos
se socorrem da força dos
mais poderosos, tendo a
sensatez de seguir o seu
caminho quando veem que
a dependência lhes pode
ser perniciosa ou mesmo
fatal.
OS VOADORES
CARACTERÍSTICAS:
• Sendo embora peixes,
têm a capacidade de
voar;
• São caprichosos,
ambiciosos e vaidosos,
desejam ser e fazer mais
do que a sua natureza
lhes permitiria, elevando-
se do mar para os ares.
OS VOADORES
EXEMPLOS HUMANOS:
• «Ouvi o caso de um Voador da terra: Simão Mago» (texto não incluso no manual), que, fingindo ser o verdadeiro filho de Deus, um dia em Roma começou a subir aos ares, mas a sua ascensão foi interrompida pela oração de S. Pedro e, ao cair, o embusteiro quebrou os pés.
OS VOADORES
CONSELHOS:
• «Contentai-vos com o mar e com nadar, e não queirais voar, pois sois peixes.» (ll. 39-40)
• Se assim não fizerem, os voadores sofrerão os castigos da ambição, pois serão ameaçados por um duplo perigo (do mar e do ar), que os conduz à morte.
O POLVO
APARÊNCIA:
• «O polvo, com aquele seu capelo na cabeça, parece um monge; com aqueles seus raios estendidos, parece uma estrela; com aquele não ter osso nem espinha, parece a mesma brandura, a mesma mansidão.» (ll. 68-70)
O POLVO
ESSÊNCIA:
• «debaixo desta
aparência tão
modesta, ou
desta hipocrisia
tão santa, […] o
dito polvo é o
maior traidor do
mar.» (ll. 70-72)
O POLVO
COMPARAÇÃO COM O ELEMENTO HUMANO:
• O polvo consegue enganar os outros através do mimetismo (veste as cores do que o rodeia), sendo a sua traição mais perniciosa e maléfica que a do próprio Judas, pois é feita de forma obscura e sub-reptícia.
O POLVO
CONSELHOS:
• «ponde os olhos em António, vosso pregador, e vereis nele o mais puro exemplar da candura, da sinceridade e da verdade, onde nunca houve dolo, fingimento ou engano. E sabei que para haver tudo isto em cada um de nós, bastava antigamente ser português, não era necessário ser santo.» (ll. 103-106)
RECURSOS ESTILÍSTICOS
ANÁFORA/COMPARAÇÃO:
• «O polvo com aquele seu
capelo na cabeça, parece
um monge; com aqueles
seus raios estendidos,
parece uma estrela; com
aquele não ter osso nem
espinha, parece a mesma
brandura, a mesma
mansidão.» (ll. 68-70)
• Estes dois recursos
estilísticos sublinham a
aparência enganadora
do polvo com a
repetição do verbo
«parece» e a listagem
de todas as virtudes
que a contemplação
deste animal nos
sugere e que não são
verdadeiras.
RECURSOS ESTILÍSTICOS
INTERROGAÇÃO RETÓRICA:
• «E daqui que sucede?» (l.
78)
• «Fizera mais Judas?» (ll.
80-81)
• Através deste recurso
estilístico, o orador
torna o seu discurso
mais vivo, como se se
tratasse de um diálogo
em que se colocam
questões e se responde
contando a história
bíblica de Judas, para
ilustrar o carácter
traidor do polvo.
RECURSOS ESTILÍSTICOS
METÁFORA:
• «o polvo dos próprios
braços faz cordas» (l. 83)
• «Judas é verdade que foi
traidor, mas com
lanternas diante» (ll. 83-
84)
• A metáfora permite
ilustrar a forma como
o polvo e Judas se
mostraram traidores,
o primeiro fazendo-se
ele próprio
instrumento da
traição e o outro
executando-a às
claras.
RECURSOS ESTILÍSTICOS
ANTÍTESE:
• «traçou a traição às escuras, mas executou-a muito às claras» (ll. 84-85)
• A antítese marca a oposição entre a forma como Judas arquitetou a sua traição e a forma como a concretizou: pensou-a em segredo, mas, ao contrário do polvo, foi ostensivo no modo de a efetuar. Conclui-se que o polvo é, portanto, mais traidor que Judas.
RECURSOS ESTILÍSTICOS
PERSONIFICAÇÃO:
• Sendo uma alegoria, toda a passagem é
construída com base na personificação do
polvo, que constitui o símbolo da traição
mais pérfida e hipócrita que se conhece
nos mares e na terra.
OUTROS RECURSOS
ADJETIVAÇÃO:
• «tão modesta» (ll. 70-71)
• «tão santa» (l. 71)
• «o maior traidor dos mares» (l. 72)
• «tão afrontoso e tão indigno» (l. 88)
• «tão dissimulado, tão fingido, tão astuto, tão enganoso e tão conhecidamente traidor» (ll. 95-96)
• Os múltiplos adjetivos utilizados, particularmente no grau superlativo (relativo de superioridade e absoluto analítico) assinalam a caracterização muito negativa do polvo.