SERMÃO DO MONTE

35
Revista do adolescente cristão • Ano LXXXI • N o 327 • 3T13 EDIÇÃO DO ALUNO A vida em sociedade à luz da Bíblia DCC O valor de um amigo O fruto do Espírito Missões Nacionais Sermão do Monte

description

Lição do trimestre: iii 13

Transcript of SERMÃO DO MONTE

Revista do adolescente cristão • Ano LXXXI • N o 327 • 3T13

EDIÇÃO DO ALUNO

A vida em sociedade à luz da Bíblia

DCCO valor de um amigoO fruto do Espírito

Missões Nacionais

Sermão do Monte

Carta aberta

Sei que essa revista encontrará algumas pessoas em férias. Nem todos, mas, ainda assim, julho é um mês que, automaticamente, relacionamos com férias. Bem, independentemente de estar em férias ou não, quero convidar você para iniciarmos mais um trimestre de aprendizagem mú-tua dos princípios bíblicos.O assunto dos próximos três meses para a EBD é muito importante para todo cristão comprometido a viver o evangelho puro e simples. Es-taremos juntos durante alguns domingos lembrando tudo o que Jesus falou em seu famoso discurso conhecido como o Sermão do Monte. Sa-bemos que muitas coisas já foram escritas a respeito deste conjunto de versículos, mas o que todos os autores concordam é que nessa pequena porção de texto está o segredo para uma vida melhor. O Sermão do Mon-te fala de ética, fala de estética. Fala de amor, fala de relacionamento. Fala de Deus, fala de você e de mim. Sei que você irá confirmar tudo isso e dirá, ao final do trimestre: valeu a pena participar destes estudos.Na segunda parte da revista temos nossa DCC – Divisão de Cresci-mento Cristão. Nas três unidades deste trimestre pensaremos um pouco sobre o valor de um amigo, o fruto do Espírito e também sobre nossas Missões Nacionais. Algumas igrejas utilizam estes estudos em encontros dominicais à tarde. Outras, já o utilizam em encontros semanais de grupos pequenos. Independentemente da forma como sua igreja utiliza, convido você para a leitura destas três unidades. Sei que será recompensador.Meu desejo, como sempre, é que o Senhor possa continuar essa cami-nhada conosco, iluminando os professores e os alunos no aprendizado de sua Santa Palavra. Quão difícil seria nossa vida sem conhecer o amigo Jesus! Sou imensamente grato a Deus por mais uma oportunidade de aprender; espero que você também pense assim.

Abração e que a paz de Jesus esteja com todos nós hoje e sempre.

3o Trimestre – 2013 1

2 Diálogo e Ação Aluno

Expediente ISSN 1984-8595

Literatura BatistaAno 81 – N° 327 – Jul.Ago.Set. 2013

Diálogo e Ação aluno é uma revista destinada a

adolescentes (12 a 17 anos), contendo lições para

a Escola Bíblica Dominical e estudos para a União

de adolescentes (Divisão de Crescimento Cristão),

passatempos bíblicos e outras matérias que

favorecem o crescimento do adolescente nas mais

diferentes áreas.

Todos os direitos reservados. Copyright © 2013 da

Convenção Batista Brasileira

Proibida a reprodução deste texto total ou parcial

por quaisquer meios (mecânicos, eletrônicos,

fotográficos, gravação, estocagem em banco de

dados etc.), a não ser em breves citações, com

explícita informação da fonte.

Publicação trimestral doDepartamento de Educação Religiosa da

Convenção Batista BrasileiraCNPJ (MF): 39.056.627/0001-08

EndereçoCaixa Postal, 13333 – CEP: 20270-972

Rio de Janeiro, RJ Tels.: (21) 2157-5557Telegráfico – BATISTASEletrônico – [email protected]

Site – www.batistas.com

Direção GeralSócrates Oliveira de Souza

Coordenação EditorialSolange Cardoso de Abreu d’Almeida (RP/16897)

RedaçãoCarlos Daniel de Campos

Produção EditorialStudio Anunciar Imagens: www.sxc.hu e freedigitalphotos.com

Produção GráficaWilly Assis Produção Gráfica

DistribuiçãoEBD-1 Marketing e Consultoria Editorial Ltda.

Tels.: (21) 2406-6700 • 0800 216768

E-mail: [email protected]

Nossa missão: “Viabilizar a cooperação entre as igrejas

batistas no cumprimento da sua missão como comunidade local”

Diálogo e ação

2 Diálogo e Ação Aluno

Imagens utilizadas nesta edição:

www.sxc.hu • www.digitalfreephotos.com • www.morguefile.com

2o Trimestre – 2013 3

SumárioCarta aberta ...............................................................................................................1Expediente..................................................................................................................2Soltando o verbo (carta dos leitores) ......................................................................4Estudo especial: O Sermão do Monte .....................................................................7Vidas que inspiram: Clive Staples Lewis ...............................................................15Reflexão: Educação para crescimento ..................................................................18Para pensar: Vida responsável...............................................................................21Abertura do trimestre – EBD ..................................................................................25

EBD – Tema do trimestre: O Sermão do Monte EBD 1 – O sermão que abalou o mundo ....................................................26 EBD 2 – A verdadeira felicidade ..................................................................29 EBD 3 – A função dos discípulos .................................................................32 EBD 4 – Jesus e a lei .....................................................................................35 EBD 5 – Além da letra da lei ........................................................................38 EBD 6 – Transparência é o desafio .............................................................41 EBD 7 – A busca do que é eterno ................................................................44 EBD 8 – Puro por dentro e por fora .............................................................47 EBD 9 – Abaixo a ansiedade ........................................................................50 EBD 10 – Ninguém é juiz de ninguém ........................................................53 EBD 11 – Efeito bumerangue.......................................................................56 EBD 12 – Acertando o caminho ..................................................................59 EBD 13 – Cuidado com eles ........................................................................62

Quiz ...........................................................................................................................65Abertura do trimestre – DCC ..................................................................................67Unidade 1 – O valor de um amigo

DCC 1 – Amigos muito chegados ............................................................68DCC 2 – Amigos e amigos........................................................................70DCC 3 – Um amigo pra ninguém botar defeito ......................................72Letra e música .........................................................................................................74Unidade 2 – O fruto do Espírito

DCC 4 – A verdadeira alegria...................................................................76DCC 5 – Mensageiro da paz e do amor ..................................................78DCC 6 – Da teoria à prática .....................................................................80DCC 7 – Andando a segunda milha ........................................................82Entre as letras ..........................................................................................................84Unidade 3 – Missões Nacionais

DCC 8 – Os alvos da Junta de Missões Nacionais ................................85DCC 9 – Culto missionário .......................................................................87DCC 10 – Mudando a cara do Brasil ......................................................89DCC 11 – Os caminhos da oferta missionária .......................................91DCC 12 – Fazendo a minha parte...........................................................93Cantinho do poeta ...................................................................................................95Para ser sal ..............................................................................................................96

4 Diálogo e Ação Aluno

Soltando o verbo

Querido adolescente Neste espaço, você tem a chance de dizer para o Brasil o que pensa. Adolescen-tes, como você, irão refletir sobre o que você diz e emitir, também, a sua opinião.

Envie sua carta para Caixa Postal 39836130 – Rio de Janeiro, RJou seu e-mail para [email protected]

Olá pessoal da Diálogo e Ação, sou Juliana Neves da Igreja Batista Central de Olaria e venho dizer que os estudos apresentados na revista são muito bons, tanto os da EBD quanto da DCC. Que Deus possa abençoar vocês a cada dia mais para ser luz a tantos adolescentes. Envio em anexo a foto dos adolescentes da minha igreja na liderança do Pr. Márcio Rodrigues, e ia gostar muito se aparecesse na próxima revista. Obrigada. Beijos.

Juliana NevesIgreja Batista

Central de OlariaRio de Janeiro, RJ

 

Resposta: Oi, Juliana, muito obrigado por suas gentis palavras. Ficamos felizes quando sabe-mos que os estudos têm abençoado as pessoas. Saiba que também é muito abençoador prepa-rá-los. Obrigado pela foto. Como pediu, ela segue publicada. Sempre que quiserem, enviem suas poesias, desenhos, textos e fotos. A revista é feita por todos nós. Abração e paz do Amigo Jesus.

2o Trimestre – 2013 5

Olá pessoal da Diálogo e Ação, sou Franciele Jandrey, professora da classe dos adolescentes da Igreja Batista em Jardim América, Paranaguá, PR. Trabalho com os adolescentes desde 2009 e amo estar com essa turminha compartilhando da Palavra do Senhor. Eles são bên-çãos na minha vida! Por isso, gostaria de pedir que, se possível, publicassem na próxima revista duas fotos. Uma foto da nossa turma reunida aqui em nossa igreja e outra foto do congresso Conad Litoral, que aconteceu em novembro do ano passado e reuniu muitos adolescentes; pude presenciar Deus atuando na vida de cada adolescente que estava ali. Foi algo muito recompensador. Que Deus continue abençoando a vida de todos vocês que contribuem de forma direta e indireta na realização deste trabalho. Tenho certeza que os estudos oferecidos pela revista Diálogo e Ação têm enriquecido e fortalecido espiritual-mente a vida de muitos alunos como, também, a dos professores. Obrigada.

Franciele Jandrey Igreja Batista em Jardim América

Paranaguá, PR

Resposta: Olá, Franciele, como suas palavras nos alegram! É bom saber que existem pessoas que amam compartilhar a Bíblia com os adolescentes e que têm procurado seguir Jesus de forma real. Obrigado por enviar as fotos dessa galera tão bonita. Nossa oração é que Deus continue abençoando vocês. Esperamos, também, que vocês continuem a contribuir com a revista.

3o Trimestre – 2013

6 Diálogo e Ação Aluno

Olá, a graça e paz, eu sou professora Liedja da EBD da 1ª Igreja Batista em Jucurutu, RN e gostei muito dos temas desta lição; foram muito bem elaborados de acordo com a realidade de hoje. Aí vão algumas fotos dos nossos momentos. Uma é no aniversário do meu esposo que é professor da classe comigo; outra é nossa turma na caminhada do dia da Bíblia. Fiquem na paz e gostaria de ver nossas fotos na revista. Obrigada

Resposta: Obrigado por enviarem as fotos. Deus os abençoe.

3o Trimestre – 2013 7

Introdução ao Sermão do Monte

3o Trimestre – 2013 7

Estudo especial

O Sermão do Monte, também conhecido como o Sermão da Mon-tanha, a princípio parece uma leitu-ra simples, contudo, quando lemos mais calmamente podemos perceber uma profundidade sem tamanho nas palavras do Mestre Jesus. Em um tempo em que a superficialidade dos textos postados no Facebook ou nos 140 caracteres do Twitter prolife-ram, ler algo da nobreza do Sermão do Monte é uma oportunidade que não podemos deixar passar.

Público

O Sermão do Monte é encon-trado nos Evangelhos de Mateus e de Lucas, contudo, o texto mais de-talhado é o de Mateus e é o que se-guiremos nos nossos encontros. En-contramos a narrativa do Sermão do Monte nos três capítulos do Evange-lho de Mateus – 5, 6 e 7. O versícu-lo primeiro do capítulo 5 inicia di-zendo que "Jesus vendo as multidões

subiu a um monte e, como que se as-sentasse, aproximaram-se os seus dis-cípulos". Logo, vemos que os ouvin-tes são dois grupos: os discípulos e a multidão. Vale ressaltar que quan-do falamos em multidão temos ali o povo, os religiosos e, também, os não-religiosos. Os religiosos são os escribas e fariseus e os não-religiosos são os publicanos e pecadores.

No entanto, você verá, ao estu-darmos o texto, que Jesus dirige seus ensinamentos para seus discípulos. Jesus fala sobre o caráter de seus se-guidores. Jesus toca em pontos como ética, espiritualidade e atitudes de um discípulo para viver uma vida fe-liz ou bem-aventurada, estável, sem ansiedade que ele mesmo compara à vida de uma pessoa que constrói sua casa sobre a rocha (Mateus 7.26,27).

Fonte

Você já pensou se no tempo que Jesus viveu na terra existissem

8 Diálogo e Ação Aluno

O Sermão da Montanha – Gustave Doré

8 Diálogo e Ação Aluno

filmadoras? Esse Sermão do Mon-te seria, provavelmente, sucesso de acessos no Youtube. Como não havia, pode ser que o que temos registrado nesses três capítulos não seja todo o Sermão proferido. Como assim? Calma. Quero dizer que leva-se em conta o fato de que o Evangelho de Mateus foi escri-to, aproximadamente, trinta anos

depois da morte e ressurreição de Jesus e que outros assuntos podem ter sido abordados pelo Mestre. Você já tentou copiar um sermão de algum pregador no mesmo mo-mento em que ele está pregando? Não é tarefa tão simples.

Alguns estudiosos também de-fedem a ideia de que o Sermão do Monte é um somatório de vários en-

3o Trimestre – 2013 93o Trimestre – 2013 9

Jerusalém dos tempos atuais

sinos de Jesus durante o seu ministé-rio e que Mateus apenas os organizou nessa parte do texto. Se você lembrar bem, o livro de Mateus foi escrito pensando nos judeus, diferente do Evangelho de João, por exemplo. Isso faz com que encontremos muito mais citações do Antigo Testamento no Evangelho de Mateus. O fato dele di-zer que Jesus sobe a um monte para proferir esses ensinamentos aos seus seguidores é uma imagem de Moisés que subiu ao Monte Sinai para rece-ber a Lei de Deus. Mostrando, assim, que Jesus é maior que Moisés, pois ele

mesmo fala e ensina uma nova lei, a Lei do amor.

Entretanto, cremos que a Bíblia foi inspirada por Deus e o que nela está registrado é o que pode nos guiar para uma vida reta e santa diante dele. Se o que temos registrado como Ser-mão do Monte foi pregado tudo de uma vez ou se é a junção de vários ensinamentos de Jesus, não importa. Pensemos que, se todo aquele que se diz um seguidor de Jesus agisse con-forme a proposta do Sermão do Mon-te, o mundo seria, certamente, um lu-gar melhor para nós vivermos.

10 Diálogo e Ação Aluno10 Diálogo e Ação Aluno

O Sermão

Um teólogo escreveu que "a éti-ca do Sermão do Monte é a ética ab-soluta do reino de Deus. Não deve-mos supor que sejamos capazes neste mundo de amar nossos inimigos, ou mesmo o nosso próximo, na plena medida em que Deus nos amou; ou mesmo de sermos tão completamen-te desinteressados e ingênuos, tão puros quanto aos desejos e ansieda-des do mundo e tão predispostos ao sacrifício quanto as palavras de Je-sus o exigem; e contudo estes são os

padrões pelos quais nossas ações são julgadas". Uma afirmação como esta apenas consolida, mais ainda, a ideia que o Sermão do Monte nos transmite: não conseguiremos agir da forma proposta a partir de nós mesmos.

Essa é uma grande diferenciação de livros de autoajuda e propostas de algumas religiões. Nós não consegui-remos nos satisfazer ou sermos feli-zes sozinhos. Somos dependentes de Deus e é isso que nos remete à oração, à confissão dos pecados e à busca do relacionamento com o Senhor.

3o Trimestre – 2013 113o Trimestre – 2013 11

"Essa é uma grande diferenciação de livros

de autoajuda e propostas de algumas religiões.

Nós não conseguiremos nos satisfazer ou sermos felizes sozinhos. Somos dependentes de Deus e é isso que nos remete à oração, à confissão dos

pecados e à busca do relacionamento

com o Senhor"

A caminhada

Se observarmos os capítulos an-teriores do Evangelho de Mateus veremos que ele inicia narrando o nascimento de Jesus (texto muito lido no Natal), depois fala sobre

1 Jesus convoca os discípulos

2 Jesus estabelece os valores e paradigmaspara a vida dos discípulos

3 Jesus convive – ensinando e praticando – com os discípulos

4 Jesus envia seus discípulos a formarem novos discípulos em todas as nações

Nossa proposta é em 13 encon-tros refletir sobre os ensinamentos de Jesus contidos neste Sermão. Não será tarefa simples. Poderíamos, fa-cilmente, ficar nesses mesmos en-contros discorrendo apenas sobre as bem-aventuranças, por exemplo. Muitas vezes, algum texto será des-tacado deixando outro para alguma outra oportunidade. Minha sugestão é que você leia e releia o texto bíblico antes de encontrar o grupo de estu-dos e que você vá além da lição dessa revista. Você se sentirá grandemen-te recompensado com tudo o que aprenderá. Seguimos o Mestre Jesus, logo, precisamos saber o que Ele pro-põe e espera de nós. Vamos juntos!

João Batista e, em seguida, sobre como Jesus chama seus discípulos. No capítulo 5, Mateus já inicia o Sermão do Monte. Uma forma bem resumida do Evangelho de Mateus, pensando na ênfase do discipulado, seria:

12 Diálogo e Ação Aluno

Referências

LLOYD-JONES, Martyn. Estudos no Sermão do Monte. São José dos Campos: Fiel, 2001.QUEIRÓZ, Carlos. Ser é o bastante. Curitiba: Encontro, 2009.RIENECKER, Fritz. Evangelho de Mateus. Curitiba: Ed. Evangélica Esperança, 1998.SÓRIA, Paulo Roberto. O Sermão do Monte. Rio de Janeiro: JUERP, 2001.TASKER, R. V. G. Mateus, introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 2006.

Falaram sobre o Sermão do Monte

Carlos Queiróz:

"O que Jesus apresenta (no Sermão do Monte) não deveria ser consi-derado tão novo assim. Aliás, dentre os aspectos do Sermão, talvez o mais significativo, mais espiritual e mais bem-aventurado seja justamente este: a redescoberta da vocação humana".

C.H. Dodd:

"Os preceitos de Cristo não são definições estatutárias como as do código mosaico, mas sim indicações da qualidade e da direção de ação que devem ser aparentes mesmo nas mais simples atitudes”.

John Stott:

"Nossa justiça tem de ser mais profunda porque atinge também o nosso coração, e o nosso amor tem de ser mais amplo porque abrange também nossos inimigos" .

Martyn Lloyd-Jones:

"Se ao menos cada crente da igreja atual estivesse vivendo o Sermão do Monte, então o grande reavivamento pelo qual temos estado orando e ane-lando já teria começado. Estariam acontecendo coisas notáveis e assombro-sas; o mundo ficaria atônito, e homens e mulheres seriam impelidos e atraí-dos para nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo".

3o Trimestre – 2013 13

Pinturas no Sermão do Monte

The Sermon on the Mount, Dante Gabriel Rossetti, 1862

The Sermon on the Mount, Claude Lorrain, 1656

14 Diálogo e Ação Aluno

The Sermon on the Mount, James Tissot, 1886-96

The Sermon on the Mount, Fra Angelico, c. 1450

3o Trimestre – 2013 15

Clive Staples Lewis

Vidas que inspiram

Muita gente conhece o C.S. Lewis por causa dos filmes Crônicas de Nárnia, mas é um bom exercício conhecer um pouco mais deste servo de Deus.

Lewis nasceu na Irlanda do Nor-te, em 1898, em uma família pro-testante, de origem metodista. Ele tinha um irmão mais velho chamado Warren, e quando eram adolescen-tes passaram a maior parte de seus tempos dentro de casa lendo vários clássicos. Na adolescência, Lewis começou a ler a obra do compositor Richard Wagner, o que o incentivou a conhecer melhor a mitologia nór-dica. A morte de sua mãe, quando ele tinha 10 anos de idade, fez com que ele se tornasse diferente e isola-do dos demais adolescentes, passan-do a viver conforme suas histórias e fantasias infantis.

Em 1916, quando tinha 18 anos, Lewis entrou no University College, em Oxford, mas teve de parar por causa do serviço militar e retornou a Oxford em 1918. Lewis foi profes-sor no Magdallen College até 1954

e deste ano até a sua morte lecio-nou em Oxford. Na Universidade de Cambridge, lecionou Literatura Medieval e Renascentista, o que o tornou muito respeitado neste cam-po e como escritor. O seu livro mais importante, “A alegoria do amor”, um estudo da tradição medieval, publicado em 1936, concedeu-lhe o prêmio “Gollansz Memorial” de literatura.

Em Oxford, Lewis conheceu vários escritores famosos, mas dois marcaram sua vida, principalmente

16 Diálogo e Ação Aluno

porque o ajudaram a retornar à fé cristã. Estes dois escritores foram Tolkien e T.S Eliot.

Ao retornar à fé cristã, na déca-da de 30, Lewis passou a pertencer à Igreja Anglicana. A partir de então, C.S. Lewis passou a ser conhecido como um porta-voz não-oficial do cristianismo, principalmente por cau-sa de suas palestres e de seus livros.

As obras mais conhecidas no meio evangélico são: O regresso do peregri-no (1933), O problema do sofrimen-to (1940), Milagres (1947) e Cartas do inferno (1942). Para o meio cien-tífico, escreveu uma trilogia de ficção científico-religiosa conhecida como a Trilogia Espacial: Longe do planeta silencioso (1938), Perelandra (1943) e That Hideous Strength (1945). Para o público infantil, Lewis escre-veu uma série de fábulas, mas o seu primeiro livro foi O Leão, a Feiticeira

e o Guardaroupas (1950), que fazem parte das Crônicas de Nárnia.

C. S. Lewis influenciou muitas personalidades ilustres e ainda in-fluencia algumas hoje, e isto pode ser visto nas citações de Lewis em algu-mas palestras dessas personalidades.

Dos trinta e oito livros que C.S. Lewis escreveu, e que foram traduzi-dos para mais de 30 línguas, já foram vendidas mais de 200 milhões de có-pias. Clive Staples Lewis morreu no dia 22 de novembro de 1953.

As Crônicas de Nárnia

As Crônicas de Nárnia é uma sé-rie de sete livros infantis escrita por Lewis que narra as aventuras que ocorrem numa terra fictícia deno-minada Nárnia. Esta série já ganhou adaptação para o rádio, televisão e para o cinema.

3o Trimestre – 2013 17

Nestas crônicas, Lewis mostra o bem combatendo o mal, animais fa-lando e criaturas mitológicas por to-dos os lados. Entretanto, em todos os momentos, de forma quase impercep-tiível, há temas cristãos apresentando a moral das histórias, como o Leão Aslam que representa Jesus Cristo.

Ordem cronológica das histórias

• O sobrinho do mago (publicado em 1955)

• Oleão,afeiticeiraeoguarda-rou-pa (publicado em 1950)

• Ocavaloeseumenino(publicado em 1954)

• O príncipe Caspiam (publicado em 1951)

• Aviagemdoperegrinodaalvora-da (publicado em 1952)

• Acadeiradeprata (publicado em 1953)

• Aúltimabatalha (publicado em 1956)

LIVRO TEMAO sobrinho do mago A criaçãoO leão, o príncipe e o guarda-roupa O evangelhoO cavalo e o seu menino O cuidado de DeusO príncipe Caspian A apostasia e a féA viagem do peregrino da alvorada O batismo e o Cordeiro de DeusA cadeira de prata A vida cristãA última batalha Escatologia

Temática de Nárnia

C.S. Lewis descreve em sua histó-ria, um multiuniverso, onde Nárnia é um dos vários universos paralelos a este mundo que existe. Por isso, em cada história há uma passagem do nosso mundo para um universo, mas Nárnia é o nome dado para todos os mundos.

Em Nárnia, há animais como os que existem em nosso mundo, a diferença está em que os animais de Nárnia são como os humanos, pensam e falam. Também há mui-tas personagens das mitologias grega, romana e nórdica. E, por fim, há humanos que são descen-dentes dos primeiros habitantes de Nárnia.

Apesar de Lewis não querer abor-dar temas cristãos, seus livros estão cheios desses temas que são incor-porados naturalmente no desenro-lar das histórias. Por isso, também, é preciso conhecer as temáticas cristãs que aparecem em cada livro.

18 Diálogo e Ação Aluno

Gosto muito de dois provérbios populares que dizem o seguinte:

1º) O único lugar em que o suces-so vem antes do trabalho é no dicio-nário;

2º) Conhecimento não ocupa es-paço.

Ultimamente, quando o assunto é escola, o que mais ouço é que colé-gio é “tudo de ruim”. As redes sociais estão aí para provar que não estou mentindo. Basta ler as frases posta-

Educação para crescimento

das pelos adolescentes que você verá como anda a “moral” da escola com essa galera. Qualquer imprevisto que faça com que as aulas sejam suspen-sas é motivo de comemoração por parte dos alunos. Digo isso porque moro e trabalho próximo a duas es-colas e convivo bastante com os alu-nos de uma delas.

Diante dessa realidade fico me questionando se no passado tam-bém era assim. Para mim, a respos-ta é sim e não. Sim, porque aluno é aluno, não importa a idade. Não,

Reflexão

3o Trimestre – 2013 19

porque, pelo que me lembro, os professores eram amigos e não ini-migos dos alunos. Os alunos viam os professores como alguém que contribuía para a formação do seu caráter, já hoje os professores são vistos, apenas, como alguém que transmite um conteúdo que será cobrado na prova. Professores já foram aliados dos pais, contudo, atualmente, os professores são, sim-plesmente, funcionários dos pais. Os de escolas públicas devido aos impostos; os das escolas particula-res devido à mensalidade do filho. Como você, um discípulo de Jesus, vê a escola: uma tortura diária ou um local de crescimento?

A revista Você S/A, de novem-bro de 2010, apresentou uma pes-quisa afirmando que os salários mais altos, via de regra, são dados às pessoas que possuem mais estudos. Ou seja, quer ganhar um bom salá-rio? Estude!

Você pode dizer que não é bem assim e que conhece gente que vive bem e que não estudou. É verdade, mas isso é exceção ou você acha que todo jogador de fu-tebol tem o salário do Neymar ou do Kaká? Essas pessoas não são a regra; são a exceção. Pode até não parecer, mas a educação faz muita diferença na vida de um cidadão. Sonhe para você, no mínimo, uma graduação.

Uma história bonita em nos-so país é a da Marina Silva, que foi candidata à presidência da Repú-blica nas eleições de 2009. Marina nasceu em uma família muito pobre na região norte de nosso país e só foi aprender ler e escrever aos 16 anos. Entretanto, ler e escrever não bas-ta, e Marina sabia disso. Seguiu em frente e formou-se em História na Universidade Federal de sua cidade. E o mais bonito, para mim, em sua história, é que ela tornou-se profes-sora para ensinar aqueles que dese-jam aprender.

Existem muitas outras histórias assim no Brasil e no mundo. His-tórias de gente que não desiste; de gente que entende que estudar não é hobbie, mas necessidade; de gente que já compreendeu que estudar é usar, com sabedoria, algo que o pró-prio Deus nos presenteou: o cére-bro humano.

Além desse superpresente, Deus ainda nos deixou várias dicas, em sua Palavra, dizendo que o conheci-mento só pode fazer bem e não mal. confira: “Se o sábio der ouvidos, au-mentará seu conhecimento, e quem tem discernimento obterá orienta-ção” (Provérbios 1.5).

Entendo este provérbio bíblico como sendo um conselho para dar-mos ouvidos àqueles que querem ensinar algo e, assim, aumentarmos nosso conhecimento.

20 Diálogo e Ação Aluno

Deixo algumas dicas que, penso, podem ajudar você a se focar mais nos estudos:

Estude diariamente – nem que sejam 30 minutos por dia, você

precisa revisar a matéria que o pro-fessor deu em sala de aula. Isso ajuda-rá, não só, na hora da prova, mas em toda sua vida.

Seja interessado – sente na fren-te, ouça o professor, faça ano-

tações, pergunte. Preste atenção na aula. Isso, certamente, facilitará o aprendizado.

Tenha foco – procure ampliar seus conhecimentos na área em

que você tem mais facilidade.

Use os recursos disponíveis – a geração atual é privilegiada

com muitos recursos tecnológicos. Em vez de investir tempo em Fa-cebook, Orkut, Twitter, MSN ou jogos virtuais, aproveite a internet para aprender coisas novas. Um idio-ma, por exemplo. Ou mesmo com-plementar o assunto que está sendo dado no colégio.

Descubra seu método – cada pessoa tem facilidade de

aprender de um jeito. Tente desco-brir o seu. Pode ser lendo, escreven-do, vendo ou falando.

Eduque-se – muito se fala sobre ensinar, mas de nada adianta al-

guém ensinar se o outro não quiser aprender. Eduque-se sempre. Eduque--se a pensar que você pode melhorar,

não para se tornar melhor que os ou-tros, mas para se tornar melhor que você mesmo.

Que Deus lhe dê sabedoria e for-ças para continuar seus estudos, seja ensino médio, técnico, graduação, mestrado, doutorado ou outro curso que você decida fazer. E que, acima de tudo, todo conhecimento adqui-rido seja para contribuir com a socie-dade e honrar ao Rei JESUS.

__________Carlos Daniel

[email protected]

3o Trimestre – 2013 21

Para pensar

Vida responsável

Você já deve ter percebido que, em algumas casas, as pessoas usam vasos com plantas, porém, são plan-tas artificiais, de plástico. Elas dão menos trabalho, não precisam de água ou de algum outro cuidado, mas se você pegar em suas folhas, perceberá que são duras, frias e sem o odor característico da vegetação natural.

A natureza existente, real, com cheiro próprio, quente e com vida foi criada por Deus. O primeiro livro da Bíblia, Gênesis, narra a criação do mundo e o que nele existe. Algumas pessoas não acreditam nessa criação conforme é descrita em Gênesis, po-rém, há um princípio por trás do tex-to que essas pessoas não podem ne-gar. O princípio é de que Deus criou todas as coisas. E o mais interessante de tudo, Deus disse ao ser humano para que cuidasse de toda essa ma-ravilha. Wow! Quanta responsabili-dade pra mim e pra você: cuidar do planeta!

Examinemos, rapidamente, como essa responsabilidade é distribuída.

22 Diálogo e Ação Aluno

1) Responsabilidade de Deus

“No princípio criou Deus os céus e a terra” – Gênesis 1.1

Deus assumiu, por vontade pró-pria, uma grande responsabilidade inicial: criar. O capítulo primeiro de Gênesis fala da criação dos astros celestes, dos animais, das plantas, do ser humano, ou seja, de tudo. Ele também criou leis que regem o universo. Por exemplo, a lei da gravi-dade, que faz com que as coisas não saiam flutuando por aí.

Porém, Deus não criou o uni-verso e sumiu. Ele sustenta todas as coisas. Ele continua cuidando do ser humano. Deus cumpriu uma res-

ponsabilidade que ele mesmo assu-miu por sua própria vontade: criar o meio ambiente.

O mais extraordinário é que Deus compartilhou com o ser hu-mano tudo o que criou. A beleza dos pássaros, a grandeza das monta-nhas, a sublimidade do mar e tantas outras coisas que você deve estar aí imaginando. 2) Responsabilidade da comunidade

“Criou Deus o homem à sua imagem e semelhança, homem e mulher os criou” – Gênesis 1.27

Deus criou a família. E com isso instituiu a comunidade. Não

3o Trimestre – 2013 23

ficou sozinho o homem Adão, mas recebeu Eva para ser sua com-panheira de vida e de responsabi-lidades.

Uma igreja, por exemplo, como comunidade, é responsável por cui-dar do meio ambiente, juntos. Uma sugestão seria recolher garrafas des-cartáveis de refrigerante para recicla-gem e até aproveitar para fazer pufes, vassouras entre outros utensílios. Na internet é possível encontrar vídeos ensinando a reutilização.

Há uma frase que diz que “juntos podemos mais” e ela é verdadeira. Como comunidade, podemos divi-dir a responsabilidade, dar as mãos e ter um impacto maior no cuidado com o meio.

Indico a leitura da Carta da Terra que um grupo de pessoas de 46 paí-ses escreveu no ano 2000, após oito anos de discussão. Alguns princípios que lá aparecem:

a Respeitar a terra e a vida em toda sua diversidade;

a Garantir a generosidade e a beleza da terra para as gerações atu-ais e futuras;

a Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção ambiental e, quando o conhecimen-to for limitado, tomar o caminho da prudência;

a Avançar o estudo da sustenta-bilidade ecológica e promover a tro-ca aberta e uma ampla aplicação do conhecimento adquirido.

Você pode ler a íntegra da Carta da Terra em: www.cartadaterra.com

Como comunidade, estamos cum-prindo nossa responsabilidade de cui-dar do meio ambiente? 3) Responsabilidade do indivíduo

“O Senhor Deus colocou o homem no jardim do Éden para cuidar dele e

cultivá-lo” – Gênesis 2.15

Adão não foi colocado no Jardim do Éden para ficar de braços cruza-dos. Ele tinha uma responsabilidade: cuidar do jardim.

Hoje, esse jardim é o nosso plane-ta e cada um de nós recebe a ordem para cuidar dele.

24 Diálogo e Ação Aluno

Somente poderei ajudar minha comunidade a cuidar do meio am-biente se eu assumir minha respon-sabilidade individual neste processo. O mandamento dado a Adão é dado, também, a você e a mim.

Pequenas ações como não jogar o lixo na rua, evitar desperdício de impressão de papel, identificar as fontes de desperdícios em casa, en-tre outras, podem tornar-se gran-des quando feitas pelas pessoas in-dividualmente.

Para pensar

a O que você tem feito, como indivíduo, para cuidar do meio am-biente?

a O que sua comunidade (bair-ro, escola, igreja) tem feito para cui-dar da natureza?

Para agir

a Que tal começar uma cam-panha de reciclagem em sua igreja? Procure no Youtube vídeos de con-fecção de pufes de garrafa pet e faça alguns. Depois, você pode enviar al-gumas fotos de sua reciclagem para a revista. a Que Deus nos ajude a assu-

mirmos nossa responsabilidade.

__________Carlos Daniel

[email protected]

3o Trimestre – 2013 25

A vida em sociedade à luz da Bíblia (Sermão do Monte)

Objetivos: É impossível ser um cristão e nunca ter refletido sobre os ensinamentos do Sermão do Monte. Nele encontramos princípios essenciais para todo aquele que decide viver a vida de um jeito cristão. A proposta deste trimestre é justamente pensar um pouco sobre tudo aquilo que o Mestre Jesus nos ensinou e foi registrado nesses versículos. Com isso, seremos ajudados a viver uma vida melhor em nossos relacionamentos com Deus, com nossos semelhantes e com nós mesmos.

Estudos da EBD

EBD 1 – O sermão que abalou o mundoEBD 2 – A verdadeira felicidadeEBD 3 – A função dos discípulosEBD 4 – Jesus e a leiEBD 5 – Além da letra da leiEBD 6 – Transparência é o desafioEBD 7 – A busca do que é eternoEBD 8 – Puro por dentro e por foraEBD 9 – Abaixo a ansiedadeEBD 10 – Ninguém é juiz de ninguémEBD 11 – Efeito bumerangueEBD 12 – Acertando o caminhoEBD 13 – Cuidado com eles

Autor das lições

O autor das lições é Carlos Daniel de Campos que, atualmente, é pastor para a juven-tude na Igreja Batista Itacuruçá no Rio de Janeiro e redator da nossa revista Diálogo e Ação. Ele é formado em Ciências Contábeis (UFMT) e Teologia (STBSB) e é casado com a Vânia Bucco.

Abertura do trimestre

26 Diálogo e Ação Aluno

Se você tem o hábito de ler e estudar a Bíblia deve se lembrar de duas coi-sas ao ouvir sobre o Evangelho de Mateus: a genealogia de Jesus e o Sermão da Montanha. Apesar de parecer um texto entediante, a genealogia do Senhor Jesus pode nos ensinar muitas coisas sobre Deus. Uma delas, sem dúvida, é a do amor que promove a inclusão das pessoas. Mas isso é assunto para outro encontro, porque nos próximos três meses nós vamos nos deter ao, talvez, mais famoso texto de Mateus: o Sermão do Monte ou o Sermão da Montanha. Contudo, antes de continuar vamos ler esse famoso Sermão. Leia aí que eu vou ler aqui. Pronto, já li e você?

EBD 1

7 de julho

O sermão que abalou o mundo

Mateus 5-7

Leituras diárias

Segunda – João 1.1-7Terça – Lucas 3.2-6

Quarta – João 1.8-11

Quinta – João 1.12-14Sexta – Lucas 3.7-11

Sábado – Lucas 3.15,16Domingo – João 1.17,18

3o Trimestre – 2013 27

Autoridade de quem fala

O texto tem princípios essenciais para a vida do ser humano, mas tem um detalhe que é colocado por Ma-teus no fim do discurso de Jesus que muito me chama a atenção:

“Quando Jesus terminou de dizer

essas coisas, as multidões estavam ma-ravilhadas com o seu ensino, porque ele as ensinava como quem tem auto-ridade, e não como os mestres da lei” (Mateus 7.28,29).

No tempo de Jesus existiam aque-las pessoas que se dedicavam ao estu-do da Lei de Moisés e das demais leis criadas pelos fariseus. Eles eram dou-tores, pessoas que sabiam muito a res-peito de todas as leis judaicas que um cidadão deveria cumprir. Entretanto, veja como as pessoas ficaram surpre-sas, admiradas, maravilhadas com o ensino de Jesus. Ele falava com au-toridade de Deus. Ele falava como o próprio Deus. Talvez uma das coisas que demonstrava essa autoridade era a atitude de Jesus, a forma como ele agia. E, também, ele devia falar acre-ditando no que estava dizendo.

Trazendo para a nossa vida, ve-mos que, por vezes, falamos das coi-sas de Deus, mas não há um efeito na vida das pessoas. Isso pode ser pelo fato de não estarmos plenamente convictos do que estamos dizendo

ou, também, por nossas palavras des-toarem de nossas ações. Jesus vivia o que falava e falava o que vivia.

Autoridade de quem age

Sabendo que esse ensino de Jesus foi dito com uma autoridade percep-tível, prossigamos em nosso estudo. Antes, porém, precisamos nos lem-brar que, embora estudemos o Ser-mão do Monte por partes, ele é um todo. Não podemos "perder de vista o bosque por causa de uma árvore". Digo isto para evitar que explore-mos mais um assunto que outro. O Sermão e seus ensinos são um todo e seus princípios estão interligados, podemos assim dizer. Os bem-aven-turados são, também, aqueles que são chamados de sal da terra e luz do mundo.

O Sermão do Monte é uma des-crição do caráter do cristão. O Ser-mão não é um conjunto de regras para serem cumpridas. Jesus está falando sobre o caráter de seus se-guidores, ou seja, se você se consi-dera um seguidor de Jesus, sua vida já deve refletir o que é descrito nesse Sermão. Jesus está nos mostrando como nós, seus seguidores, devería-mos viver. Conjugo o verbo no fu-turo do pretérito porque não creio que todo aquele que afirma ser um seguidor de Jesus vive conforme o descrito no Sermão do Monte.

28 Diálogo e Ação Aluno

O Dr. Martyn Lloyd-Jones* diz em seu livro "Estudos no Sermão do Monte" que se, enquanto estiver len-do o Sermão do Monte, um cristão começar a argumentar com o discur-so de Jesus, isso significa que ou há algo errado com esse cristão ou então ele está interpretando o Sermão er-roneamente.

Autoridade de quem vive

Sejamos honestos, você e eu. Será que nossa vida apresenta to-das as características descritas por Jesus? Será que sempre pensamos em oferecer a outra face? Será que sempre decidimos caminhar outra milha? Será que nosso coração é puro? Será que temos fome e sede de justiça? Será que somos miseri-cordiosos?

Para o coração...

"Disse Jesus: quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha” (Mateus 7.24)

São questões para pensarmos dia-riamente. O Sermão do Monte pode ser muito bonito para ser lido como um tratado de ética ou moral, mas ele é muito mais que isso. Ele não fala de uma reputação a ser alcançada, mas de um caráter para ser vivido. Não importa idade, nacionalidade ou gênero, o de-safio é para todos nós e o Senhor está pronto para nos ajudar nesse desafio.

Gostaria que você lesse novamen-te esses capítulos do Evangelho de Mateus calmamente e refletisse um pouco sobre sua vida. Se ela apresen-ta tudo isso que Jesus está dizendo e como e onde pode ser melhorada. Em seguida, fale com Jesus. Abra seu coração para ele. Diga onde você tem mais dificuldade para mudar e creia que ele irá lhe escutar e lhe ajudar, pois tudo isso que ele falou, ele viveu e quer nos ajudar a viver também.

* Dr. Martyn Lloyd-Jones era, aos 23 anos, chefe assistente clínico do médico do rei da Inglaterra. Inesperadamente, aos 27 anos, Dr. Lloyd-Jones voltou ao País de Gales, sua terra natal, com o coração ardendo pela salvação de seus compa-triotas. Alguns consideraram essa decisão como romantismo, outros, loucura de um jovem. Após 12 anos pastoreando em sua cidade natal, Martyn Lloyd-Jones voltou para Londres, onde permaneceu por 30 anos ocupando o púlpito da Cape-la de Westminster. Em 1981, Deus o chamou para si.

3o Trimestre – 2013 29

Leituras diárias

EBD 2

14 de julho

A verdadeira felicidadeMateus 5.1-12

Segunda – Mateus 5.1-3Terça – Mateus 5.4

Quarta – Mateus 5.5

Quinta – Mateus 5.6Sexta – Mateus 5.7

Sábado – Mateus 5.8-10Domingo – Mateus 5.11,12

Jesus, logo no início do Sermão da Montanha, nos fala de felicidade ou das

bem-aventuranças. Como sabemos, o Novo Testamento foi escrito em grego e a

palavra usada por Jesus aqui – makarioi – pode ser traduzida como felizes ou aben-

çoados ou, ainda, bem-aventurados. Essa palavra aparece, aproximadamente, 50

vezes no Novo Testamento. Entretanto, o significado, seja feliz ou abençoado, implica

algo que vem de Deus. Você é abençoado a partir de Deus; você é feliz a partir de

Deus. Por isso, alguns estudiosos costumam dizer que a melhor tradução seria "ple-

namente feliz" ou "plenamente abençoado". Vejamos, a seguir, as oito proclamações

de makarioi.

30 Diálogo e Ação Aluno

xar de lutar por seus direitos, mas é NÃO possuir o desejo de vingan-ça, não se render à ira imediata. A mansidão produz paz. Os judeus esperavam um Messias político, guerreiro que os libertaria do do-mínio romano. Jesus, o Messias, porém, tem outra proposta. Quem herdará a terra não serão os guer-reiros, mas os mansos, aqueles que promovem a paz.

• Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, por-que eles serão satisfeitos – Já vimos que as pessoas buscam a feli-cidade e, às vezes, a qualquer custo. Jesus, entretanto, nos diz que a felici-dade vem para aqueles que têm fome e sede de justiça. Alguns autores en-tendem essa frase como uma busca pela justiça de Deus para o perdão dos nossos pecados, ou seja, seria uma busca pela santidade.

• Bem-aventurados os mise-ricordiosos, porque eles alcan-çarão misericórdia – A palavra misericórdia é formada por misé-ris + córdia (pena, compaixão + coração), ou seja, é colocar o seu coração na compaixão pelo sofri-mento alheio, seja por falta de re-cursos materiais ou pela situação moral e espiritual do outro. Ser misericordioso, também, é estar pronto para perdoar.

• Bem-aventurados os humil-des de espírito, porque deles é o reino dos céus – O primeiro item descrito por Jesus não poderia ser mais apropriado, pois ele parte do elementar, do esvaziamento de nós mesmos. Não poderemos ser cheios enquanto não formos primeira-mente esvaziados. Humildade de espírito é uma característica de um seguidor de Jesus. Essa característi-ca nos mostra que não conseguire-mos escalar o monte sozinhos. Ser humilde é reconhecer que precisa-mos de ajuda. Precisamos da ajuda do Senhor. Quem reconhece isso é bem-aventurado e é um cidadão do reino dos céus.

• Bem-aventurados os que cho-ram, pois serão consolados – O cristão quando se dá conta de seus pecados, de sua natureza pecadora, se entristece e chora. Esse é o cho-ro a que Jesus está se referindo, uma tristeza espiritual. Em nossa socie-dade, chorar é sinal de fraqueza e o discurso é que precisamos ser sempre fortes. No entanto, a noção do pecado em nós nos entristece a ponto de chorarmos. Esses que as-sim choram são bem-aventurados, pois serão consolados.

• Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra – Ser manso não é ser covarde, não é dei-

3o Trimestre – 2013 31

• Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus – O homem vê o exterior, porém, o Senhor vê o interior (1Samuel 16.7). Pureza na aparência não co-move a Deus, pois ele conhece e vê o nosso coração. Nosso coração é purificado por Deus, mas isso só acontece quando tomamos consci-ência de sua impureza e rogamos a Deus que o torne puro.

• Bem-aventurados os pacifi-cadores, porque eles serão cha-mados filhos de Deus – Pacificado-res são aqueles que promovem a paz entre as pessoas. Não precisamos es-perar ser um diplomata para realizar acordos de paz; podemos promover a paz onde estamos. Quando estiver ao nosso alcance, podemos promover re-conciliação, promover paz entre ami-gos, entre colegas, entre familiares.

• Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus – Essa perseguição é pela busca de ser um cristão autêntico e procurar to-mar as decisões baseados nos princí-

pios bíblicos. Contudo, precisamos perseverar e permanecer no propósi-to de ser um filho de Deus. A perse-guição irá acontecer, mas não deve-mos desistir.

Felizes são os que vivem desta maneira. Jesus encerra esse trecho do discurso dizendo que persegui-ram os profetas no passado e vão perseguir seus discípulos também. No entanto, se essa perseguição for por causa de Jesus, diz ele, so-mos bem-aventurados, somos feli-zes.

Refletindo sobre as bem-aventu-ranças vejo que o cristianismo é mui-to mais demonstrado por meio de nossas reações que de nossas ações. Como nós reagimos frente às situ-ações diárias de trabalho, amizade, namoro, igreja, é que conseguimos perceber se temos mesmo a mente de Cristo ou não (1Coríntios 2.16); se somos felizes ou não.

Jesus Cristo pode nos fazer feliz. Se você ainda não é, converse com ele hoje mesmo. Procure seu pastor ou líder para conversar sobre isso também.

Para o coração...

"Felizes os que não viram e creram" ( João 20.29b)

32 Diálogo e Ação Aluno

Lembra do encontro da semana passada? Nós vimos o que nós somos como seguidores de Jesus. Hoje, nos deteremos em alguns versículos e perceberemos a nossa função e propósito no mundo. Creio não ser um texto novo para a maioria de vocês, entretanto, vale lembrar as duas principais afirmações de Jesus nesses versículos: v. 13 – vocês são o sal da terra; v. 14 – vocês são a luz do mundo.

EBD 3

21 de julho

A função dos discípulos

Mateus 5.13-16

Segunda – Mateus 5.13Terça – Mateus 5.14

Quarta – Mateus 5.15

Quinta – Mateus 5.16Sexta – Provérbios 4.18

Sábado – Filipenses 2.15Domingo – João 8.12

Leituras diárias

3o Trimestre – 2013 33

No passado, alguns cristãos que-rendo manter-se puros, procuravam o isolamento do restante do mundo e passavam a viver uma vida contem-plativa, porém, isolada da sociedade e seus dramas. O cristão não perten-ce a este mundo, isto é fato, contu-do, não só estamos como temos uma vida ativa nele. Sendo assim, pre-cisamos estar conscientes de nossa função nele. Somos sal e somos luz deste mundo e não podemos ficar escondidos, mas precisamos cumprir nossa missão.

O sal

O sal possui muitas proprieda-des. A primeira que nos lembramos é o sabor que ele dá aos alimentos. Muitas pessoas estão à procura de um sentido para a existência. Que-rem encontrar um sabor para a vida. O sabor da vida está no cristianismo bíblico. Nossa missão é mostrar isso ao mundo. Há também outra fun-ção para o sal que é a de preservar. No passado não havia geladeira ou freezer, a carne era salgada para não apodrecer. Jesus foi muito feliz em utilizar essa imagem do sal para seus seguidores, pois cabe a nós, seus dis-cípulos, impedir o processo de pu-trefação e decadência do mundo.

Há um livro antigo chamado "Sal fora do saleiro", onde o autor mostra que só se exerce a legítima função de

sal quando se está fora do saleiro. Ou seja, quando estamos em um grupo de cristãos, seja na igreja ou em outro encontro, é muito fácil ser cristão. O difícil é quando estamos sozinhos na escola, no trabalho e em outros ambientes onde nós estamos fora do "saleiro". Mesmo difícil, são nesses momentos que mais precisamos ser sal da terra.

O cristão é sal da terra agindo conforme seu caráter. Já aconteceu de seus amigos não-cristãos estarem conversando e você chegar perto e eles trocarem de assunto por consi-derarem que você não precisa ouvir aquelas palavras e assuntos, digamos, inadequados? Uma cena como essa é uma demonstração que eles estão per-cebendo a diferença que há em você.

Se você for ao supermercado e olhar a seção do sal, você encontrará diversos tipos de sal. No tempo de Jesus não era assim. Penso que em nossos dias também aparecem mui-tos tipos de cristãos. Será que essa era a proposta inicial? A Bíblia é a mes-ma; Jesus é o mesmo; o cristianismo não pode mudar. A relativização das coisas tem entrado em nossa igreja e, por vezes, o pecado já não é mais tra-tado como pecado, a misericórdia já não é exercida e a graça já não é mais pregada. Posso dizer, com certeza, que a missão do cristão não foi muda-da. Cristo nos chama para salgarmos a terra. Diante disso, faço-lhe uma

34 Diálogo e Ação Aluno

pergunta: Você é sal também fora do saleiro? Porque, cá entre nós, ser sal dentro do saleiro é muito fácil.

A luz

Jesus também disse que nós so-mos a luz do mundo. Quando se está em um ambiente de total escuridão não conseguimos nos orientar muito bem, mas quando chega a luz, é mui-to mais fácil saber para onde se vai. A luz também serve para aquecer. O sol, o fogo e até mesmo a luz artificial faz com que superfícies frias sejam aquecidas. Há muito tempo Deus disse: "haja luz" e houve luz. Passou um certo tempo e Deus voltou a di-zer: "haja luz" e, mais uma vez, houve luz, desta vez na pessoa do Senhor Jesus Cristo. E, agora, Jesus nos fala: "vocês são a luz do mundo". A luz não existe para ficar escondida, pois não cumpriria o propósito para o qual foi criada. A luz existe para ajudar os perdidos a se encontrarem; para ajudar os que vivem nas trevas a ve-rem uma saída, para aquecer aqueles que estão na frieza espiritual. Esta é nossa responsabilidade. Esta é nossa missão.

O versículo 16 diz: “Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifi-quem ao Pai de vocês, que está nos céus".

A glória é toda para Deus. Você e eu devemos agir como sal e como luz que somos, mas o objetivo é somente glorificar o nome de Deus. Lembro isso porque vejo alguns cristãos se orgulhando de cumprir o evangelho, mas isso não é certo. É vaidade. No Sermão do Monte aprendemos que nosso estilo de vida precisa apontar para Deus. Isto é ser sal. Isto é ser luz. Isto é ser um discípulo do Mestre.

Torna-se inevitável fazer uma per-gunta para refletirmos essa semana: você e eu já tomamos consciências da nossa função de sal da terra e de luz do mundo?

Para o coração...

Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus" (Mateus 5.16)

"A luz existe para ajudar os perdidos a se encontrarem;

para ajudar os que vivem nas trevas a verem uma saída, para aquecer aqueles que

estão na frieza espiritual. Esta é nossa responsabilidade.

Esta é nossa missão"