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SERVIÇO SOCIAL KAREN REGINA BRINKER SERVIÇO SOCIAL E O TRABALHO DE GRUPO: UMA ANÁLISE SOBRE A RELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA TOLEDO-PR 2017

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SERVIÇO SOCIAL

KAREN REGINA BRINKER

SERVIÇO SOCIAL E O TRABALHO DE GRUPO: UMA ANÁLISE SOBRE A

RELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA

TOLEDO-PR

2017

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KAREN REGINA BRINKER

SERVIÇO SOCIAL E O TRABALHO DE GRUPO: UMA ANÁLISE SOBRE A

RELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

curso de Serviço Social, Centro de Ciências

Sociais Aplicadas da Universidade Estadual do

Oeste do Paraná – UNIOESTE, como requisito

parcial à obtenção do grau de Bacharel em Serviço

Social.

Orientadora: Profa. Ms. Ane Bárbara Voidelo

TOLEDO

2017

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KAREN REGINA BRINKER

SERVIÇO SOCIAL E O TRABALHO DE GRUPO: UMA ANÁLISE SOBRE A

RELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao curso de Serviço Social, Centro de Ciências

Sociais Aplicadas da Universidade Estadual do

Oeste do Paraná – UNIOESTE, como requisito

parcial à obtenção do grau de Bacharel em

Serviço Social.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________

Orientadora – Profa. Ms. Ane Bárbara Voidelo

Universidade Estadual do Oeste do Paraná

__________________________________________

Prof. Dr. Edson Marques Oliveira

Universidade Estadual do Oeste do Paraná

__________________________________________

Profa. Simone Beatriz Ferrari

Universidade Estadual do Oeste do Paraná

Toledo 13 de dezembro de 2017.

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Dedico esse trabalho а meu esposo, Anderson

que de forma especial е carinhosa me deu

força, condições е coragem, e me apoiou nos

momentos de dificuldades. As minhas filhas,

Isadora е Nicole, que embora não tivessem

conhecimento disto, iluminaram de maneira

especial os meus pensamentos me levando а

buscar mais conhecimentos. Е não deixando

de dedicar de forma grata е grandiosa meus

pais, Vera е Celso, а quem eu agradeço todas

as noites а minha existência.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente aos meus pais, Vera Zielasko e Celso Brinker, que sempre me

proporcionaram oportunidades, e que mesmo na discordância são o meu pilar de sustentação e

me dão a força que sempre esperei que viesse deles.

Quero agradecer a todos os meus amigos que me incentivaram e aturaram ao longo de

todo este período, compreendendo as minhas ausências em momentos especiais, e estiveram

sempre prontos a estender a sua mão nos momentos mais difíceis, quando eu desistia, eles

confiavam em mim e faziam minha energia e confiança voltar.

Agradeço as minhas irmãs, que se na infância foram minhas companheiras de

brincadeiras e disparates, durante este tempo foram companheiras que sempre incentivaram e

acreditaram em mim.

Agradeço às assistentes sociais que me cederam parte do seu tempo para a realização

das entrevistas, sem elas esse trabalho não teria se concretizado.

Agradeço também à Professora Mestre Ane Bárbara Voidelo, por toda a sua paciência,

compreensão e doçura durante as orientações, além do ânimo para a boa conclusão deste

trabalho e a postura ética demonstrada durante todo o processo, professora presente em toda

minha graduação, minha supervisora na disciplina de estágio I, e amiga para uma vida inteira,

toda minha gratidão. Agradeço ainda pelo apoio nos últimos momentos deste trabalho,

quando o medo tentou decidir o rumo da prosa e suas palavras de incentivo e crédito o

impediram. Obrigado mesmo!

Também registro o meu agradecimento à banca avaliadora, Professora Simone Ferrari

e Professor Doutor Edson Marques Oliveira, por terem se mostrado dispostos e interessados

no trabalho apresentado.

Não posso deixar de demostrar a minha gratidão ao Professor Doutor Edson Marques

Oliveira que durante toda a graduação, e principalmente durante a produção desse trabalho,

sempre me auxiliou e compartilhou sua biblioteca particular e seus conhecimentos, com muita

gentileza e atenção.

Agradeço a assistente social Rita Adriana B.R.C. Ruiz que foi minha orientadora de

estágio, que com carinho me ensinou a prática profissional.

Agradeço as minhas colegas de sala de aula que dividiram comigo suas construções

aproximativas dos campos pesquisados, que muito me auxiliou para aproximação com os

mesmos.

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Agradeço aos amigos conquistados durante a caminhada universitária por cada

gargalhada, troca, vivência e apoio, não só durante a angustiante fase de desânimo vivida

durante o curso, mas também as tantas alegrias e vitórias compartilhadas. Agradeço em

especialmente a minha sobrinha Larissa Lavarda e ao amigo Gustavo Barreiro que estiveram

ao meu lado nos primeiros anos do curso. Toda minha gratidão e admiração aos meus

companheiros de todos os dias nos últimos anos da graduação, amigos de café e de produção

de trabalhos, Emanuele Krummenauer e Matheus Henrique Rossatto grata pela doçura, pela

força, pelas palavras certas, pela honestidade, pelo humor ácido, pelo comprometimento e

pela gratuidade.

Agradeço minha sogra Inês e meu sogro Oscar que sempre me apoiaram e acreditaram

na minha conquista.

Agradeço a minha a amiga Francioli Bagatin, que sempre esteve presente em todos os

momentos de minha vida, sejam eles bons ou de dificuldade, como o término de um TCC.

Você amiga é a confirmação, de quem tem amigos tem tudo, toda minha gratidão.

E o que dizer a você Anderson?

Toda a minha gratidão pela paciência, pelo incentivo, pela força e principalmente pelo

carinho.

Valeu a pena toda distância, todo sofrimento, todas as renúncias... Valeu a pena

esperar... Hoje estamos colhendo, juntos, os frutos do nosso empenho!

Esta vitória é muito mais sua do que minha!!!

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Eu não sou você, você não é eu

Eu não sou você

Você não é eu

Mas sei muito bem de mim

Vivendo com você.

E você, sabe muito de você vivendo comigo?

Eu não sou você

Você não é eu.

Mas encontrei comigo e me vi

Enquanto olhava pra você

Na sua, minha insegurança

Na sua, minha desconfiança

Na sua, minha competição

Na sua, minha birra infantil

Na sua, minha omissão

Na sua, minha firmeza

Na sua, minha impaciência

Na sua, minha prepotência

Na sua, minha fragilidade doce

Na sua, minha mudez aterrorizada.

E você se encontrou e se viu, enquanto olhava a pra mim?

Eu não sou você

Você não é eu.

Mas foi vivendo minha solidão

Que conversei com você

E você, conversou comigo na sua solidão?

Ou fugiu dela, de mim e de você?

Eu não sou você

Você não é eu

Mas sou mais eu, quando consigo lhe ver.

Porque você me reflete

No que eu ainda sou

No que já sou e

No que quero vir a ser…

Eu não sou você

Você não é eu

Mas somos um grupo, enquanto somos capazes de, diferenciadamente,

eu ser eu, vivendo com você e você ser você, vivendo comigo. (Madalena Freire)

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BRINKER, Karen Regina. Serviço Social e o Trabalho de Grupo: uma Análise sobre a

Relação Teoria e Prática. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Serviço Social).

Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Universidade Estadual do Oeste do Paraná – campus

Toledo, 2017.

RESUMO

Esse estudo tem o objetivo de identificar e demonstrar a prática do assistente social no

trabalho com grupos realizados nos campos cadastrados para o campo de estágio na

Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste- Campus de Toledo, buscou –se

identificar quais são os instrumentais utilizados pelos assistentes sociais no trabalho com

grupo, quais instrumentais para esta modalidade de trabalho já são utilizados pelos campos de

estágio e quais perspectivas teóricas são adotadas para as intervenções no trabalho com

grupos, sendo selecionado um campo por área específica, sendo elas área da Saúde, Iniciativa

Privada, Sócio Jurídico e da área da Assistência Social que referem se aos seguintes campos:

CRAS-CEU, CREAS II, CAPS II, Secretaria de Educação, Hospital Bom Jesus, Prati-

Donaduzzi, Serviço Auxiliar a Infância (SAI) e o Conselho da Comunidade. No primeiro

capítulo será realizada uma abordagem histórica do trabalho com grupo e o serviço social com

alguns apontamentos teóricos, para tanto foi realizada uma pesquisa bibliográfica com o

intuito de compreender a historia da profissão e as teorias que embasaram a prática

profissional. O segundo capítulo, tratará os instrumentos e técnicas no serviço social

brasileiro: da gênese da profissão ao exercício profissional nos dias atuais, para elaboração foi

realizada uma pesquisa bibliográfica, abordando-se a técnica e a instrumentalidade do Serviço

Social na prática profissional. Finalizando, no último capítulo, discorrerá sobre a percepção da

abordagem com grupo por profissionais assistentes sociais nas áreas pesquisadas: dúvidas,

dilemas e algumas indefinições, momento em que se buscou proceder-se-á a identificação da

prática do trabalho com grupos realizados pelos profissionais do Serviço Social, essa

identificação foi realizada através da aplicação de questionário. Os resultados apontaram que

o trabalho com grupos, é uma forma de intervenção muito utilizada pelos assistentes sociais,

em seus campos de trabalho, apesar da fragilidade teórica e instrumental descrita nas

entrevistas aplicadas.

PALAVRAS-CHAVES: Trabalho com grupos, Teoria, Instrumentais.

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LISTA DE SIGLAS

ABEPSS- Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social

ABESS- Associação Brasileira de Ensino em Serviço Social

CAPS- Centro de Atenção Psicossocial

CBCISS- Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviços Sociais

CEAS- Centro de Estudos e Ação Social

CFESS- Conselho Federal do Serviço Social

CMEIs- Centros Municipais de Educação Infantil

CRAS- Centro de Referência de Assistência Social

CRESS- Conselho Regional de Serviço Social

E.R.- Encontro Regional

GAAT – Grupo de Apoio a Adoção de Toledo

HOESP - Associação Beneficente do Oeste do Paraná

INSS- Instituto Nacional do Seguro Social

PAEFI- Serviço de proteção e atendimento especializado a famílias e indivíduos

PAIF- Proteção e Atendimento Integral à Família

PLA- Programa de Liberdade Assistida

PNAS- Política Nacional da Assistência Social

PT- Partido dos Trabalhadores

SAI- Serviço Auxiliar a Infância

SCFV- Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos

SMED- Secretaria Municipal de Educação de Toledo

UFES- Universidade Federal Espírito Santo

UFRJ- Universidade Federal do Rio de Janeiro

Unioeste - Universidade Estadual do Oeste do Paraná

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 12

1 A ABORDAGEM COM GRUPO E O SERVIÇO SOCIAL: ALGUNS

APONTAMENTOS TEÓRICOS .......................................................................................... 16

1.1 AS INTERVENÇÕES COM GRUPOS NO SERVIÇO SOCIAL: ALGUNS

APONTAMENTOS .................................................................................................................. 16

1.2 CONTRUÇÃO DO REFERENCIAL TEÓRICO UTILIZADO NA INTERVENÇÃO DO

SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL ............................................................................................ 20

1.2.1 Correntes teóricas do Serviço Social ............................................................................ 23

1.3.1.1 Teoria Fenomenológica ................................................................................................ 25

1.3.1.2 Teoria Sistêmica............................................................................................................ 26

1.3.1.3 Teoria Crítica ................................................................................................................ 28

2 INSTRUMENTOS E TÉCNICAS NO SERVIÇO SOCIAL BRASILEIRO: DA

GÊNESE DA PROFISSÃO AO EXERCÍCIO PROFISSIONAL NOS DIAS ATUAIS . 30

2.1. OS INSTRUMENTOS E TÉCNICAS DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL .................... 30

2.2 TEORIA E PRÁTICA: A RELAÇÃO COM OS INSTRUMENTOS NO TRABALHO

COM GRUPOS ........................................................................................................................ 38

2.3 O DEBATE SOBRE A INSTRUMENTALIDADE NO SERVIÇO SOCIAL E A

MANIFESTAÇÃO DO CFESS SOBRE O TRABALHO DE GRUPO E TERAPÊUTICOS 43

2.4 A DEMANDA DO MERCADO PARA O TRABALHO COM GRUPOS DO

ASSISTENTE SOCIAL ........................................................................................................... 46

3 A PERCEPÇÃO DA ABORDAGEM COM GRUPO POR PROFISSIONAIS

ASSISTENTES SOCIAIS NAS ÁREAS PESQUISADAS: DÚVIDAS, DILEMAS E

ALGUMAS INDEFINIÇÕES ............................................................................................... 48

3.1 METODOLOGIAS ADOTADAS NA PESQUISA E A BIBLIOGRAFIA SOBRE

ABORDAGEM DO TRABALHO COM GRUPO .................................................................. 48

3.2 QUESTÕES PRELIMINARES, PROBLEMAS DE PESQUISA E PERFIL DOS

ENTREVISTADOS .................................................................................................................. 53

3.3 IDENTIFICAÇÃO E APRESENTAÇÃO DOS CAMPOS CADASTRADOS PARA O

CAMPO DE ESTÁGIO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL NA UNIVERSIDADE

ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE-CAMPUS TOLEDO QUE

EXECUTAM O TRABALHO COM GRUPOS ....................................................................... 56

3.3.1 Conselho da comunidade na Comarca de Toledo ....................................................... 56

3.3.2 Hospital Bom Jesus- HOESP (Associação Beneficente do Oeste do Paraná) .......... 57

3.3.3 Centro de referência da assistência Social – CRAS .................................................... 58

3.3.4 Prati-Donaduzzi Medicamentos Genéricos ................................................................. 59

3.3.5 Serviço auxiliar da infância- SAI ................................................................................. 60

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3.3.6 Centro de Referência Especializado em Assistência Social – CREAS I (Serviço de

Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos – PAEFI adulto) ........... 60

3.3.7 Centro de Atenção Psicossocial – CAPS ...................................................................... 61

3.3.8 Secretaria Municipal de Educação de Toledo - SMED .............................................. 62

3.4 PERCEPÇÃO E CONSIDERAÇÕES DAS ASSISTENTES SOCIAIS ACERCA DO

TRABALHO COM GRUPO: O QUE OS DADOS REVELAM?........................................... 63

CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 74

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 77

APÊNDICE I ........................................................................................................................ 84

APÊNDICE II ....................................................................................................................... 86

ANEXO ................................................................................................................................. 87

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INTRODUÇÃO

A prática do assistente social abrange diariamente as mais diversas situações referentes

às questões sociais e que prescindem de sua intervenção e, frente a essa diversidade, torna-se

necessário que esse profissional tenha um amplo conhecimento das ferramentas fundamentais

para realizar uma intervenção eficaz, capaz de dar as respostas concretas, principalmente no

que se refere à intervenção profissional diante das novas relações e formas de trabalho.

Segundo Siqueira (2008), o trabalho com grupos traz resultados mais consistentes, visto a

possibilidade de se vivenciar a cooperação, fortalecendo vínculos entre os membros; é

também um caminho para a participação na defesa e conquista de direitos. Para que essa

intervenção1 ocorra de forma eficaz é necessário que o profissional conheça e domine como

se dá o processo grupal e não somente discuta temas de interesse do grupo (SIQUEIRA,

2008).

O Serviço Social é uma profissão de interlocução com outras disciplinas tais como

Antropologia, Ciência Política, Filosofia, Sociologia, Psicologia e Direito, entre outras, tendo

propriedade para atuar em equipes interdisciplinares. Realizar esse diálogo com outras esferas

do conhecimento é importante para atualização do profissional, mas nunca deixando de lado a

essência da profissão2.

O trabalho com grupos sempre esteve presente na atuação do assistente social e hoje é

uma estratégia de intervenção que vem sendo cada vez mais utilizada e repensada frente às

demandas da população. As políticas públicas atuais vêm assegurando essa prática,

principalmente a de Assistência Social, que recomenda o uso dessa técnica. Conforme consta

na Política Nacional da Assistência Social-PNAS/2004 os usuários dessa politica são “[...]

cidadãos e grupos que se encontram em situações de vulnerabilidade e riscos [...]” a proteção

social básica será operada por intermédio de: “[...] rede de serviços socioeducativos

1Como vimos no processo de divisão social do trabalho, o Serviço Social como profissão insere-se, desde sua

emergência, no interior dos equipamentos sócioassistenciais existentes, desenvolvendo uma atuação

caracterizada: 1o – pelo atendimento de demandas e necessidades sociais de seus usuários, podendo produzir

resultados concretos nas condições materiais, sociais, políticas e culturais na vida da população com a

qualtrabalha, viabilizando seu acesso a políticas sociais, programas, projetos, serviços, recursos e bens de

natureza diversa. Nesse âmbito, desenvolve tanto atividades que envolvem abordagens diretas com os seus

usuários, como ações de planejamento e gestão de serviços e políticas sociais; 2o - por uma ação socioeducativa

para com as classes subalternas, interferindo em seus comportamentos e valores, em seu modo de viver e de

pensar, em suas formas de luta e organização e em suas práticas de resistência (YASBEK, 2009, p.155-156). 2Conforme a definição de Guerra, o Serviço Social é uma profissão inserida na divisão sócio-técnica do trabalho,

fazendo do assistente social parte da classe trabalhadora, sendo esse profissional capacitado em um curso de

nível superior onde se aprimorou de conhecimentos de técnicas, teorias, ética e politicas que capacite-o para

intervir na questão social que é resultado dos conflitos oriundos dos antagonismo de interesses de classes sociais

fundamentais da ordem burguesa constituída (GUERRA, 1997, p. 46. apud CARDOSO, 2013,p. 98).

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direcionados para grupos geracionais, intergeracionais, grupos de interesse, entre outros”.

Na atuação profissional sempre há a possibilidade do assistente social se tornar um

interlocutor de um grupo e isso torna necessário que ele tenha conhecimento de suas

competências e atribuições privativas3, atualizando-se e acompanhando as mudanças e

transformações societárias, mantendo-se disponível às novas práticas profissionais,

comprometendo-se com a eficácia das suas ações profissionais, diante do objetivo da

profissão, que consiste no enfrentamento da “Questão Social” em busca de uma nova

sociedade.

As demandas da população4, aquelas que são atendidas pelo assistente social, estão

diretamente relacionadas à sua realidade, na qual vivenciam diariamente a violência, a

dependência química, seja pessoal ou de algum familiar, o problema de baixa estima, a falta

de qualificação profissional e o trabalho informal como fonte de renda, entre outros. Porém,

também faz parte dessa realidade que grande parte da população usuária de políticas públicas

ou não tem conhecimento ou não sabe como buscar seus direitos, está cansada de serem

atendidas por vários profissionais e/ou instituições tendo que repetir incansavelmente sua

história com intuito de justificar sua necessidade, tornando-os, muitas vezes, céticos frente à

efetividade da política pública (SIQUEIRA, 2008).

A presente pesquisa tem por objetivo identificar e demonstrar a prática do assistente

social no trabalho com grupos realizados nos campos cadastrados para o campo de estágio na

Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste/Campus de Toledo, sendo selecionado

um campo por área específica. A escolha por essa temática se deu a partir da realização do

3 Art. 5º. Constituem atribuições privativas do Assistente Social:I – coordenar, elaborar, executar, supervisionar

e avaliar estudos, pesquisas, planos, programas e projetos na área de Serviço Social;II – planejar, organizar e

administrar programas e projetos em Unidade de Serviço Social; III – assessoria e consultoria a órgãos da

administração pública direta e indireta, empresas privadas e outrasentidades, em matéria de Serviço Social; IV -

realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informações e pareceres sobre matéria de Serviço Social; V.

–assumir no magistério de Serviço Social tanto ao nível de graduação como pós-graduação, disciplinas e funções

que exijam conhecimentos próprios e adquiridos em curso de formação regular; VI – treinamento, avaliação e

supervisão direta de estagiários de Serviço Social; VII –dirigir e coordenar Unidades de Ensino e Cursos de

Serviço Social de graduação e pós-graduação; VIII - dirigir e coordenar associações, núcleos, centros de estudos

e de pesquisa em Serviço Social; IX – elaborar provas, presidir e compor bancas de exames e comissões

julgadoras de concursos ou outras formas de seleção para Assistentes Sociais, ou onde sejam aferidos

conhecimentos inerentes ao Serviço Social; X – coordenar seminários, encontros, congressos e eventos

assemelhados sobre assuntos de Serviço Social; XI – fiscalizar o exercício profissional através dos Conselhos

Federal e Regionais; XII – dirigir serviços técnicos de Serviço Social em entidades públicas ou privadas; XIII –

ocupar cargos ou funções de direção e fiscalização da gestão financeira em órgãos e entidades representativas da

categoria profissional. (CRESS-PR, 2017, p.8, grifos nosso). 4 Sendo objeto da profissão as expressões da questão social, as demandas da população são os resultados dos

conflitos entre capital e trabalho, o antagonismo entre os interesses dos que detêm os meios de produção e a

dominação política e dos que detêm a força de trabalho dessa relação desigual surge às expressões da questão

social em suas mais variadas formas; fome, a miséria, a violência, a falta de saúde, de moradia, desemprego, etc.

(CARDOSO, 2013, p. 98).

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Estágio Supervisionado em Serviço Social I, no Serviço Auxiliar da Infância e Juventude –

SAI, onde é realizado o trabalho com grupos com os pais candidatos a adoção. Esse trabalho

com grupos tem o nome de GAAT- Grupo de Apoio à Adoção de Toledo.

Durante o estágio observou-se que havia instrumentos de trabalho em grupo para

desenvolver as ações demandadas pelo campo de estágio, entretanto, na graduação do curso

de Serviço Social não foram abordados tais instrumentos. Diante dessa observação surgiram

alguns questionamentos: (1) quais seriam os instrumentais utilizados pelos assistentes sociais

no trabalho com grupo? (2) quais instrumentais para esta modalidade de trabalho já são

utilizados pelos campos de estágio que a universidade tem convênio no município de

Toledo/PR? e (3) quais perspectivas teóricas são adotadas para as intervenções em grupos?

Diante dessas e de outras indagações, e após uma pesquisa realizada no acervo

bibliográfico da biblioteca da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste/campus

Toledo, constatou-se que não existem trabalhos de conclusão de curso que abordassem esse

tema. Sendo assim, iniciou-se a pesquisa a fim de desvelar como se desenvolve o trabalho do

assistente social com grupos no município de Toledo.

Para a efetivação deste trabalho, a metodologia aplicada teve como base de pesquisa

obras que tratam do processo histórico do Serviço Social, com ênfase no trabalho com grupos

e seus instrumentais, constituindo-se a base bibliográfica pelos seguintes autores: Carvalho

(2014), Cardoso (2013), Faleiros (2005,2013), Ferreira (1981), Friedlander (1975), Guerra

(1995, 2000, 2007), Gomes (2016), Kisnerman (1973), Konopka (1968), Raichelis (1988),

Siqueira (2016), Silva (2014), Torres (1985), Zimerman (1997).

No primeiro capítulo será apresentada a contextualização do processo histórico do

Serviço Social com ênfase no trabalho com grupos, e as abordagens teóricas que

influenciaram a profissão. No segundo capítulo serão abordadas a técnica e a

instrumentalidade do Serviço Social na prática profissional. No terceiro e último capítulo

proceder-se-á a identificação da prática do trabalho com grupos realizados pelos profissionais

do Serviço Social nos campos cadastrados para o campo de estágio na Universidade do Oeste

do Paraná – Unioeste/Campus de Toledo, sendo eles: CRAS-CEU, CREAS II, CAPS II,

Secretaria de Educação, Hospital Bom Jesus, Prati-Donaduzzi, Serviço Auxiliar a Infância

(SAI) e o Conselho da Comunidade. E essa identificação foi realizada através da aplicação de

questionário com perguntas abertas, no qual foi ofertada ao assistente social a possibilidade de

escolha em responder o questionário por meio de entrevista gravada ou de forma descritiva,

com a presença do pesquisador ou não, sendo que todos os participantes da pesquisa optaram

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por responder o questionário de forma escrita e sem a presença do pesquisador.

Para finalizar, considerações finais acerca da teoria utilizada e da pesquisa realizada,

bem como a indicação do referencial bibliográfico utilizado, e apêndice que consiste no

questionário aplicado aos profissionais assistentes sociais, sendo este trabalho de conclusão de

curso (TCC), requisito parcial para receber o grau de bacharelado em Serviço Social pela

Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE.

Desta forma, o objetivo final do presente trabalho ao identificar as práticas do trabalho

com grupos, sua teoria e os instrumentais necessários para sua aplicação, é perceber, como e

se, na prática, desenvolvem-se trabalhos com grupos nos campos de atuação da prática do

assistente social, tanto na esfera privada como na pública, desenvolvidas no município de

Toledo-PR, constituindo-se em uma pesquisa inovadora, pois até o presente momento ainda

são poucos os estudos acerca da questão de trabalho com grupos em práticas realizadas pelos

assistentes sociais e possui relevância social, contribuindo com as comunidades acadêmicas e

profissionais do serviço social.

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1 A ABORDAGEM COM GRUPO E O SERVIÇO SOCIAL: ALGUNS

APONTAMENTOS TEÓRICOS

Neste primeiro capítulo será realizada uma breve contextualização do processo

histórico do Serviço Social com ênfase no trabalho com grupo. De acordo com Pichon-

Rivière5 é importante falar de grupos para refletir sobre "[...] a identidade do sujeito que é um

produto das relações com os outros. Neste sentido, todo indivíduo está povoado de outros

grupos internos da sua história" (PICHÓN-RIVIÈRE, 1982, apud PEREIRA, 2002, p. 284-

285). O mesmo entendimento tem Torres (1985) quando diz que "[...] todo indivíduo é um

membro de muitos grupos e diferentes grupos sociais, [...] o homem vive em grupos do

nascimento até à morte" (TORRES, 1983, p. 11).

Historicamente, movimentos importantes começaram em pequenos grupos.

Compreendendo a importância do incentivo para participação dos indivíduos na sociedade

Torres afirma que, quando os homens trabalham juntos, tendo um objetivo comum, seu

comportamento é chamado de cooperação. As ideias e interesses individuais são colocados a

serviço da realização principal, que é o interesse do grupo como principal finalidade

(TORRES, 1983).

1.1 AS INTERVENÇÕES COM GRUPOS NO SERVIÇO SOCIAL: ALGUNS

APONTAMENTOS

Antes de tudo é importante destacar que a profissão de assistente social tem sua

origem no Serviço Social de Caso oriundo da primeira escola de Serviço Social em Nova

York, e do trabalho de Mary Richmond6, que tem forte influência de outras áreas,

principalmente da sociologia, da psicologia e da educação. Em decorrência desse trabalho no

século passado surgiu o Serviço Social de Grupo.

O desenvolvimento do Serviço Social de Grupo ocorreu a partir da necessidade de

atender uma maior demanda já que o aprofundamento da crise capitalista tornou evidente que

resolver “casos” de maneira isolada, um a um, já não era suficiente para atender as grandes

demandas, tendo em vista o aprofundamento das expressões da “Questão Social” (ESTEVÃO,

1984).

5 Foi Pichon-Rivière, psiquiatra e psicanalista argentino, quem elaborou, na década de 1940, a teoria do grupo

operativo. 6 Com o livro Social Diagnosis de 1917, Mary Ellen Richmond (1861-1928) construiu as bases para o

desenvolvimento da metodologia científica do trabalho social profissional. Ela procurou as causas da pobreza e

da exclusão social na interação entre um indivíduo e seu ambiente. Mary Richmond pode ser descrita como a

mãe do caso social. ( History Of Social Work)

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O método do Serviço Social de Grupo foi lecionado pela primeira vez por Grace

Longwell Coyle7, que também é responsável pela primeira publicação de um livro sobre esse

método. A partir de 1925 o Serviço Social de Grupo deixa de ser meramente recreativo,

passando a ocupar-se também com o aspecto terapêutico (KISNERMAN, 1986).

No ano de 1946, em Nova York, aconteceu a Conferência Nacional de Serviço Social,

um ano após o término da Segunda Guerra Mundial e naquele momento a esperança por uma

“nova sociedade” era grande dentre os membros da Associação Americana para Estudo de

Grupo, representada pelo seu mais antigo membro, Srª Grace Coyle, que havia organizado o

primeiro curso de Serviço Social de Grupo na Western Reserve University, em Cleveland. Sua

palestra com o tema “Como tornar-se Profissional” trazia para discussão as responsabilidades

e os pré-requisitos da atividade profissional dos assistentes sociais (KONOPKA, 1979).

Em 1949 surge a definição dada pela Associação Americana dos Assistentes Sociais8

de Grupo para o Serviço Social de Grupo:

O Assistente social de grupo permite o funcionamento de vários grupos de

maneira tal que tanto a interação do grupo com a atividade do programa

contribuam para o crescimento do indivíduo e obtenção dos desejáveis

objetivos sociais (SOCIAL WORK YEARBOOK apud FRIEDLANDER,

1975, p.147).

A educação informal e a recreação9 foram as primeiras atividades a serem realizadas

no trabalho com grupos. A princípio, o trabalho com grupos não era visto como um método e

também não era entendido como uma atribuição da profissão do assistente social. Era

entendido como um movimento, uma filosofia, "[...] uma maneira de se conseguir uma

sociedade melhor e de desenvolver um modo de vida verdadeiramente democrático"

(KONOPKA, 1979, p. 15). Wiggers (2006), sobre o trabalho com grupos:

A incorporação do trabalho com grupos ao fazer profissional do Serviço

Social não foi um processo fácil nem tão pouco rápido. Ele contrariava os

princípios que estavam em vigor para a profissão, de uma abordagem formal,

centrada no indivíduo e suas forças internas, e por isso os próprios

profissionais não encaravam a prática do trabalho com grupos como

7 Grace Longwell Coyle (1892-1962) foi o primeiro a desenvolver uma abordagem científica para a prática de

trabalho grupal. Foi presidente da Conferência Nacional de Trabalho Social, da Associação Americana de

Trabalhadores Sociais e do Conselho de Educação no Trabalho Social. (Encyclopedia Social Work) 8 Declaração da Diretoria Executiva da Associação Americana de Assistentes Sociais de Grupo, em 1949, Social

Work Yearbook, 1954, p. 480. 9 A recreação aparece fortemente aqui, porque o lazer surgia nessa época não somente como entretenimento, mas

como uma necessidade vital. Esse movimento foi diretamente influenciado pelos sindicatos, que estavam em

plena luta pela jornada de trabalho de oito horas e pela vida criativa e cultural além da longa jornada de trabalho.

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integrante de sua função, entendendo-se como pertencentes a uma profissão

independente do Serviço Social, já que o Serviço Social de grupos resultou

de abordagens de vizinhanças e de movimentos de auto-ajuda, e estava

centrado justamente na abordagem informal e grupal, trabalhando as forças

interativas de grupo (WIGGERS, 2006, p. 22).

Após definir-se o que era efetivamente trabalho com grupos, iniciaram-se discussões

acerca dos atributos profissionais para saber se o Serviço Social de Grupo comtemplava aos

padrões exigidos. Então, no ano de 1955, o Serviço Social de Grupo passou a fazer parte do

Serviço Social, ocorreu à união da Associação Americana de Serviço Social de Grupo e a

recém Associação Nacional de Assistentes Sociais (KONOPKA, 1979).

O Serviço Social de Grupo deixou de ser um campo de atividade, de um movimento e

passou a ser um método do Serviço Social, com objetivo e função a serem realizados pelo

Serviço Social na sociedade, com um novo conceito. Conforme a autora:

O serviço Social de Grupo é um método do Serviço Social que ajuda as

pessoas a aumentarem o seu funcionamento social através de objetivos,

experiências de grupo e a enfrentarem, de modo mais eficaz, os seus

problemas pessoais, de grupo e de comunidade (KONOPKA, 1979, p. 33).

No Brasil o Serviço Social institui-se a partir da década de 1930, entretanto

apresentando particularidades. A partir da década de 1950 o Brasil passou por grandes

transformações sociais, econômicas e políticas, como por exemplo, a industrialização que

trouxe consigo o surgimento de favelas devido a migração do campo para as cidades e que

resultou no agravamento das condições de vida para os que residiam nos centros urbanos e

dos que chegam da zona rural, causando grande empobrecimento, agravando a questão social.

As particularidades desse processo no Brasil evidenciam que o Serviço

Social se institucionaliza e legitima profissionalmente como um dos recursos

mobilizados pelo Estado e pelo empresariado, com o suporte da Igreja

Católica, na perspectiva do enfrentamento e regulação da chamada questão

social, a partir dos anos 30, quando a intensidade e extensão das suas

manifestações no cotidiano da vida social adquirem expressões políticas

(YASBECK, 2009, p.91).

Nesse período o Serviço Social brasileiro sofria uma grande influência da Igreja

Católica e dos fundamentos de Mary Richmond do Serviço Social de Caso. O trabalho do

assistente social já começava a ter caráter de ação, levando os indivíduos a agirem por si só.

Assim o trabalho com grupos não se preocupava inicialmente com o estudo de seu

comportamento ou de sua interação e impactos na sociedade, mas sim, da adoção de uma

postura, um estilo de vida, que estivesse alinhado com o padrão democrático que se tentava

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implantar na época (DURKHEIM, apud WIGGERS, 2006, p. 21).

Na década de 1930 foi fundado o Centro de Estudos e Ação Social (CEAS), entidade

fundadora e mantenedora da primeira Escola de Serviço Social do país, pautado nos preceitos

cristãos, que visava formar seus membros de acordo com a doutrina católica (SANTOS,

2006). Formaram as primeiras turmas de assistentes sociais no Brasil, composta basicamente

por mulheres, sendo que já existia uma demanda por parte da sociedade e seu afazer

profissional que exigia o conhecimento de técnicas. Neste contexto a profissão do Serviço

Social foi institucionalizada enquanto uma profissão assalariada.

Os conteúdos curriculares, as atualizações e as matérias relacionadas ao Serviço Social

referente às escolas de São Paulo e Rio de Janeiro eram realizados pela Revista de Serviço

Social em 1939, e pelo Caderno de Serviço Social da ABESS em 1947.

É importante observar que nesse período a questão social era analisada sob grande

influência da Igreja Católica, que responsabilizava o indivíduo pelo conjunto de seus

problemas e restringia-os como questão moral, ignorando as relações capitalistas. “[...] Nesse

sentido, realizando um enfoque individualista, psicologizante e moralizador da questão

social” (YASBECK, 2009, p. 92).

Juntamente com a industrialização, o serviço social brasileiro foi instituído como

profissão na sociedade capitalista, gerada para servir o capital como um agente mediador para

a intervenção do Estado nos processos de regulação social.

Sob a influência norte americana o Serviço Social brasileiro, nos anos 1940 e 1950,

foram marcados pela prática tecnicista, influenciado pelas bases positivistas e

funcionalista/sistêmica, e conforme o Conselho Federal do Serviço Social deu-se neste

período o início das práticas de Organização e Desenvolvimento de Comunidade e o

desenvolvimento das peculiares abordagens individuais e grupais (CFESS, 2017), entretanto,

ainda dando-se ênfase ao indivíduo, ficando o trabalho com grupos em segundo plano. Assim,

Fica explícito o aspecto geral dessas definições e atribuições, que embora

um tanto superficiais e restritivas, servem para nos deixar claro que o

trabalho com grupos era utilizado nos mais diferentes contextos e

problemáticas, onde o profissional atuava como uni orientador, identificando

as necessidades das pessoas que integram o grupo, agindo como uni

facilitador no processo de descoberta dos indivíduos e do próprio grupo.

Percebe-se nitidamente também que ainda existia grande ênfase no

indivíduo, muito embora se estivesse falando de Serviço Social de Grupo, e

isso se deve ao fato já mencionado de que essa abordagem surgiu

intimamente ligada ao Serviço Social de Caso (WIGGERS, 2006, p. 23).

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Nos anos 1960 e 1970 ocorreu o Movimento de Reconceituação do Serviço Social10

,

com uma renovação da profissão, passando-se a adotar uma nova perspectiva de como

realizar a intervenção profissional, buscando a ruptura com o conservadorismo e optando por

uma visão crítica acerca da teoria. A profissão se laicizou, e fez uma opção pela classe

trabalhadora e pelos setores subalternizados da sociedade, iniciando um debate da ética no

Serviço Social em busca do rompimento com a ética da neutralidade.

O Movimento de Reconceituação trouxe à tona novas percepções acerca das

atividades dos assistentes sociais e propiciou o debate sobre a técnica e o método que

anteriormente não era sistematizado, visto, inclusive, a ausência de literatura sobre o assunto

(GUERRA, 1999).

Contudo, mesmo o Movimento de Reconceituação da profissão do assistente social,

instituindo uma nova forma de se pensar o Serviço Social, as suas mais diversas questões não

eram compreendidas e aceitas com unanimidade. A dialética marxista, por exemplo, teoria

utilizada por muitos assistentes sociais para a organização do Movimento de Reconceituação,

não consistia em uma teoria abraçada por todos os profissionais (FALEIROS, 2005, s.p. apud

AMORIM, 2013 p. 23).

1.2 CONTRUÇÃO DO REFERENCIAL TEÓRICO UTILIZADO NA INTERVENÇÃO DO

SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL

Neste subitem o foco será uma reflexão sobre o referencial teórico utilizado na

intervenção do Serviço Social no Brasil desde as primeiras escolas até os dias atuais, através

de uma breve retomada histórica com o objetivo de relatar a implementação do Serviço Social

no Brasil e descrever o processo do movimento de Reconceituação. Será necessária uma

aproximação com a instrumentalidade e com as vertentes teóricas que embasam a prática

profissional do assistente social.

O Serviço Social surge no âmbito da contradição capital/trabalho e vem como

profissão necessária para o Estado, cuja função é criar mecanismos para mediar às expressões

dessa relação e realizar a gestão de políticas que servem ao interesse da classe burguesa e, ao

mesmo tempo, reafirmando uma ideologia cristã, sendo a Igreja a responsável pela base da

formação profissional do assistente social (CARDOSO, 2013).

10

Movimento de rompimento com aspectos tradicionais da profissão, que teve como marco inicial o “I

Seminário Regional Latino-Americano de Serviço Social”, que ocorreu em Porto Alegre em 1965 (NETTO,

2008).

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Podemos afirmar, portanto, que a profissão se legitima historicamente pelo

papel que lhe é dado e assumido e por nascer para responder às demandas

provenientes do aprofundamento das consequências da relação

capital/trabalho, sendo legitimada pelos setores dominantes da sociedade

como parte de uma estratégia de classe. Nasce vinculada ideologicamente à

defesa do projeto social vigente, construindo, assim um projeto social da

burguesia e da Igreja Católica. (CARDOSO, 2013. p. 114-115)

Esse projeto foi denominado projeto tradicional do Serviço Social brasileiro, e

entre as décadas de 1930 e 1960 seu objetivo era a construção de uma sociedade capitalista

mais pretensamente humanizada, mas sempre atendendo aos projetos da classe dominante,

contribuindo para a ordem do capital, tendo como base teórica o “[...] positivismo que lhe traz

a visão do Serviço Social como profissão que contribui no equilíbrio social, por meio do

ajuste e da integração dos indivíduos à sociedade [...]” Neste período a prática profissional era

embasada na “[...] coerção social, do assistencialismo, do apaziguamento e da adequação do

indivíduo a sociedade e às normas” (CARDOSO, 2013, p. 121).

Após os meados dos anos 1960 o Serviço Social brasileiro entrou em um momento de

renovação, apresentando “[...] uma nova vertente de elaboração do conservadorismo na

profissão, expressando a modernização do tradicionalismo até então existente [...]”. Sua

dimensão ética também é pautada nos valores humanistas-cristãos, e sua prática profissional

continua a reafirmar a proposta capitalista. O Serviço Social então é visto como profissão que

realiza a prevenção da questão social, o reenquadramento dos indivíduos com uma

intervenção planejada na metodologia de Caso, Grupo e Comunidade (CARDOSO, 2013,

p.143).

Em 1967 surge a primeira mobilização dos profissionais assistentes sociais para a

busca de um novo papel, reunidos para discutir uma nova atuação, em que pese as relações

entre Estado e Sociedade nesse momento eram débeis, devido ao contexto político durante a

Ditadura Militar. Esse encontro em Araxá foi a primeira iniciativa de teorização do Serviço

Social e buscou-se no documento produzido identificar a natureza, objetivos, funções,

metodologia e vinculação entre a teoria e a prática da profissão de assistente social (CBCISS,

1986).

O maior mérito desse documento foi ter causado uma inquietação no sentido de um

aprimoramento pessoal e técnico, forçando a reflexão e a avaliação dos processos existentes,

além de proporcionar a definição do Serviço Social como disciplina de intervenção na

realidade e a necessidade de uma base filosófica para chegar à sua natureza. Porém, no

Encontro Regional - E.R. pós-Araxá (1968) foi constatada a ausência de uma definição do que

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seja o Serviço Social e também uma referência ao seu enfoque psicossocial, produzindo-se ali

tal definição:

Neste E.R. (1968) foi reconhecido como função do assistente social,

“[...] capacitar os membros dos grupos para uma efetiva participação

no processo social”. Mas um dos aspectos mais importante desse

estudo foi a “[...] procura de uma atitude mais científica e não

exclusivamente filosófica” (CBCISS, 1986 p. 30).

Em 1970 no Brasil inicia-se a derrocada da ditadura militar, e mundialmente, vive-se

uma nova crise do capitalismo. Crescem as críticas ao projeto modernizador do Serviço Social

e sua aproximação com as chamadas Ciências Sociais, Filosofia e a Psicologia, através da

inclusão do Serviço Social nas universidades. Surge então o processo do chamado “[...]

„projeto de reatualização do conservadorismo‟ ou „projeto fenomenológico‟[...]” Nesse

contexto, acontece o 2º Seminário de Teorização do Serviço Social na cidade de Teresópolis

(CBCISS, 1986 p.31).

O Documento de Teresópolis é uma continuação dos Seminários de Araxá e busca

aplicar uma perspectiva modernizadora e instrumentalizar o profissional do Serviço Social

para lidar com as problemáticas em um cenário de Ditadura e suas demandas.

Este projeto mantém as dimensões de ordem humanista-cristã na atividade do

assistente social e sua prática embasada na “[...] ajuda psicossocial no cuidado e na

compreensão da pessoa, sem questionamentos da ordem social”. Nesta perspectiva tem-se

como centro a pessoa, o indivíduo, sem realizar a analise de classes sociais. Posteriormente,

esse movimento influenciou a construção do documento de Sumaré (CARDOSO, 2013, p.

151).

No 3º Seminário de Teorização, no Sumaré, Rio de Janeiro, já havia ocorrido um

progresso nos estudos de teorização a caminho da cientificidade do Serviço Social. Sumaré

acontece no ano de 1978, com mais de 200 profissionais reunidos, com o objetivo principal de

dar continuidade ao estudo da teorização do Serviço Social, que teve início em Araxá.

Também fica decidido em Sumaré que o documento de Araxá não sofreria alterações devido a

sua importância histórica. A novidade em Sumaré é a abordagem que faz sobre três assuntos

principais: (1) a cientificidade, (2) a fenomenologia e (3) a dialética (CBCISS, 1986).

Neste mesmo período, final da década de 1970, desenvolve-se a vertente chamada de

“intenção da ruptura”, ou “projeto de ruptura”. Esse período é marcado pelo agravamento da

questão social, pois com o fim do governo militar herdamos os altos índices de endividamento

dos períodos e dos planos de desenvolvimento anteriores, além de enfrentarmos dificuldades

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para a rolagem da dívida por parte das instituições credoras; as políticas econômicas eram do

tipo ortodoxas, o que significava cortar custos do governo e aumentar a arrecadação,

agravando-se a crise econômica devido aos altos índices inflacionários do período e a

estagnação econômica.

Diante desse contexto o Serviço Social se organizou, juntamente com os movimentos

sociais, trabalhadores e partidos políticos (em especial o PT) posicionando-se como parte

ativa nas lutas frente ao “[...] Estado burguês pelo fim da ditadura e na referência de

construção de um projeto anticapitalista [...]” (CARDOSO, 2013, p. 181).

[...] Para tanto, sua dimensão teórica-metodológica será informada pelo

pensamento marxista e sua dimensão ética por uma perspectiva

emancipatória, rompendo com a ética tradicional do Serviço social

brasileiro. Esse projeto profissional desenvolver-se-á profundamente no

campo acadêmico e na constituição e reorganização de suas entidades da

categoria, construindo um aparado jurídico-político condizente com tais

referência teóricas, éticas e políticas (CARDOSO, 2013, p. 181).

Há uma mudança teórico-metodológica no Serviço Social a partir de então, sendo que

as disciplinas de Serviço Social de casos, grupo e comunidade são sucedidos pela noção de

teoria, método e história do Serviço Social, e a profissão passou a ter um compromisso com a

transformação social baseado na teoria social de Marx. Mas é nas décadas de 1990 e 2000 que

ocorre o amadurecimento desse projeto ético- político.

Para além da profunda relação existente entre os dogmas da Igreja Católica e a gênese

da profissão em território nacional, outro ponto crucial para a compreensão do Movimento de

Reconceituação do Serviço Social é entender quais eram as teorias que embasavam a

intervenção profissional.

1.2.1 Correntes teóricas do Serviço Social

Segundo Cardoso (2013), o Serviço Social no Brasil foi construído sobre as bases do

pensamento “conservador” que tinha em sua essência a defesa da família tradicional, da

hierarquia e da ordem, sendo todas as bases teóricas e éticas para formação profissional do

assistente social de responsabilidade da Igreja Católica que se embasava na filosofia

neotomista.

Com base nessa perspectiva tão fortemente marcada pela Igreja Católica,

este será o tom e a teleologia do projeto profissional tradicional/conservador

do Serviço Social brasileiro: a busca por certa humanização do capitalismo

e, ao mesmo tempo, por sua conservação. (CARDOSO, 2013, p.116, grifo

da autora).

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O início do Serviço Social no Brasil foi marcado pela homogeneidade na profissão

referente aos traços políticos, teóricos, éticos e técnicos dos profissionais, cujo projeto

tradicional do Serviço Social Brasileiro leva em conta um referencial teórico positivista11

que

contribui na busca pelo equilíbrio social por meio do ajuste do indivíduo à sociedade, com

“[...] vinculação ao projeto societário capitalista e ao pensamento conservador [...]”. Esse

pensamento esteve presente tanto no Código de Ética de 1947, quanto na lei que regulamenta

a profissão de 1957, e também no primeiro currículo mínimo de 1953, onde se expressam o

tecnicismo, a vinculação à doutrina social da Igreja Católica e o conservadorismo próprios

desse projeto (CARDOSO, 2013. p.122).

O Serviço Social então se utilizava de algumas teorias filosóficas, sendo que “[...] a

maioria delas teorias contemporâneas baseiam-se na filosofia e, sobretudo, filosofias

existenciais, tratam da realidade da vida das pessoas [...]” e de outras teorias com aspectos

científicos (FERREIRA, 1981. p. 15). Após a elaboração das diretrizes curriculares e do

Código de Ética do/a Assistente Social em 1993, iniciou-se no ano de 1994, pela ABESS, hoje

ABEPSS, uma revisão curricular que apresentou as diretrizes para o novo Projeto Político

Pedagógico da Formação Profissional. Para Silva,

[...] a perspectiva dessa proposta é a de que a direção marxista se abra à

pluralidade epistemológica dentro de uma perspectiva de totalidade dialética,

ou seja, que a teoria marxista mantenha uma abertura com as demais teorias

do pensamento social. Contudo, o que se tem percebido até os dias atuais é

que, de forma efetiva, essa proposta de abertura da teoria marxista, para com

outras teorias e disciplinas do conhecimento, encontra bastante resistência no

mundo acadêmico. (SILVA, MENEZES, 2008, p.148)

Sendo um dos princípios base da profissão o pluralismo, essa busca por uma categoria

hegemônica tem um caráter conflitante: como é possível um debate plural entre várias teorias

se a categoria fez uma opção pela teoria marxista? Alguns autores acreditam que seria

necessária a busca por um pluralismo que se articule com a hegemonia, respeitando as

diversidades, para que assim possa ser construído um projeto comum de sociedade onde

prevaleça a vontade coletiva. Conforme Gomes:

Em seu Código de Ética, o Serviço Social tem como um dos princípios

11

A vertente positivista, em uma abordagem prática, aparece no bojo profissional, como sendo uma prática

imediatista, ou seja, uma resposta dada imediatamente às diversas expressões e manifestações da questão social,

vertente também conhecida como "vertente modernizadora", caracteriza-se pela incorporação de abordagens

funcionalistas, estruturalistas e, mais tarde, sistêmicas, voltadas a uma modernização conservadora (NETTO,

2008, p. 164)

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fundamentais, a garantia do convívio democrático das ideias, definido como

pluralismo. E seu Projeto Ético Político está em consonância com o projeto

societário brasileiro, onde os direitos e deveres dos cidadãos sejam

reconhecidos, respeitados e garantidos, na busca por uma sociedade mais

justa, livre e autônoma. Essas considerações sobre a profissão, afirmam a

interação do Serviço Social também com as diversas profissões e não

somente com elas como também com a população de um modo geral.

(GOMES, 2016, p.09)

Existe um discurso plural, mais o que ocorre de fato é a busca hegemônica pela uma

única vertente, no caso o marxismo e suas respectivas derivações. Sendo que outras

perspectivas são duramente combatidas como exemplo do texto de Yolanda Guerra; A invasão

do pragmatismo no marxismo.

O Serviço Social brasileiro ao longo de sua trajetória foi influenciado por algumas

teorias, as quais serão abordadas a seguir.

1.3.1.1 Teoria Fenomenológica

O projeto modernizador fenomenológico se fez presente nas primeiras formulações

teóricas do Serviço Social no Brasil, ingressando no universo de discussão teórica da

profissão por ocasião do denominado Movimento de Reconceituação nas décadas de 1960 e

1970. É uma teoria centrada no vivido e nas vivências dos sujeitos, rompendo, assim, com as

formas de controle, ajuda, adaptação, cooptação e desajustes, situando-se como uma

proposição inovadora e de orientação psicossocial. Apresenta uma metodologia baseada na

tríade: diálogo, pessoa e transformação social.

O método da teoria fenomenológica “[...] consiste em descrever o fenômeno, isto é,

aquilo que é dado imediatamente aos nossos sentidos. Seu objeto é a apreensão da essência

verdadeira da natureza das coisas” (FERREIRA, 1981 p.29).

A primeira ação a ser desenvolvida na fenomenologia é descrever por completo os

fenômenos vividos, captando a sua real essência, e essa prática de descrição deve ser, antes de

tudo, intelectual e intuitiva (FERREIRA, 1981). De acordo com Ferreira (1981),

A teoria fenomenológica aplicada ao Serviço Social é uma tentativa de

melhor compreensão do indivíduo, do grupo e da comunidade pelo colocar

entre “parênteses” a visão própria do cliente e do Assistente Social, para

assim chegar à apreensão das realidades vividas e manifestadas dentro de um

contexto social (aqui agora). O fenômeno real deve ser apreendido. Em

outras palavras é captar a realidade última nem sempre percebida pelo

cliente e pelo Assistente Social, para permitir um diagnóstico objetivo e o

que deste decorre em termos de intervenção (FERREIRA, 1971, p.30).

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Na fenomenológia se lança em varias direções, “[...] uma visão de mundo, e ao

considerar que é possível se atingir a essência pura das coisas livre de qualquer pressuposto,

ignora-se o fato de que o que pode ser apreendido é aquilo pelo qual a formação que possui o

sujeito tende a colocar como realidade [...] procura-se a apreensão da realidade encontrar a

essência pura, que está é impossível se não for apreciado o processo histórico envolvido.

(SILVA, 2013, p. 71)

1.3.1.2 Teoria Sistêmica

A teoria sistêmica nasceu dos estudos de um biólogo alemão chamado Ludwig Von

Bertalanffy, que a partir dos seus estudos desenvolveu a Teoria Geral de Sistemas Gerais que

“[...] consiste na determinação do relacionamento existente entre as partes de um conjunto de

elementos e no efeito global exercido pelos subconjuntos, sobre o conjunto.” (FERREIRA,

1981, p. 15). Isso quer dizer que o homem é parte de vários sistemas que o influenciam e

sobre os quais, por sua vez, ele também exerce influência, neste sistema, as relações são

reciprocas em todos os sentidos. O homem faz parte da família, do trabalho, da comunidade

ou sociedade na qual ele tem relacionamentos com outros sistemas, como igreja, vizinhança,

clube etc. (FERREIRA, 1981).

Malcolm Payne faz uma comparação entre a teoria dos sistemas e a teoria radical e

marxista, e para ele

Uma razão para o sucesso é que esta teoria aceita e analisa as ordens sociais

existentes em vez de, como a teoria radical, as analisar e rejeitar. Por essa

razão, articula-se bem não só com a estrutura profissional, mas também com

a estrutura institucional que faz parte do Estado, e tem autoridade e poder. À

medida que cresceu, influenciou o trabalho social quando este se estava a

expandir e a assumir papéis importantes nas instituições de muitos países.

Ao contrário da teoria radical, esta teoria relaciona-se com as teorias

psicológicas, dado que não rejeita teorias a esse nível do comportamento

humano, mas permite a sua incorporação num enquadramento mais amplo

(PAYNE, 2002, p.199).

Segundo Payne (2002), a realização de uma intervenção baseada na teoria sistêmica

prescinde de alguns métodos específicos que devem ser utilizados pelo assistente social em

sua prática profissional, descritos detalhadamente em um quadro sinóptico:

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QUADRO 1 - Intervenção baseada na teoria sistêmica

Fase Actividades Aptidões e métodos

Avaliar

problemas

Afirmar problema Cada problema tem três partes, que devem ser

todas afirmadas: circunstâncias sociais, as pessoas

decidirem que as circunstâncias sociais são um

problema e as razões para a sua decisão

Analisar os sistemas Considerar como é que eles afectam a situação

social

Definir objetivos Incluir passos que conduzam ao principal

objectico; decidir acerca da praticabilidade e

prioridades entre os objetivos

Estabilizar o esforço de

mudança

Ver os problemas que possam surgir no cliente

devido a mudança e tentar preveni-los

Recolha de

dados

Inquirir Verbalmente, por escrito ou utilizando testes

projectivos

Observação Observar um cliente em casa, em situação ou

utulizando técnicas estimulantes (por exemplo,

brincar com bonecos anatomicamente correctos

em casos de abuso infantil)

Confirmar registro Escritos, de outros formatos, verbais

Estabelecer

contatos

iniciais

Disponibilidade Para as pessoas no sistema de clientes

Contactar Contactar com as outras partes de um sistema

tendo conhecido uma

Ultrapassar a ambivalência Remover resistência ajuda

Promover Demonstrar o valor do trabalho da instituição para

os objetivos do sistema do cliente

Negociar

contratos

Primário Entre o trabalhador social e o cliente

Secundário Entre o trabalhador e outros sistemas

Definir conteúdo Objectivos importantes de cada uma das partes;

tarefas que cada uma irá desempenhar, descrever o

processo de mudança

Estabelecer boa relação Explicar os propósitos do contrato; tomar as suas

condições claras; resolver desacordos

Lidar com resistência Envolver outros membros do sistema ou outros

sistemas (por exemplo, remover medos acerca das

suas reações ou provar que ajudarãoa0; aceitar e

reconhecer a resistência, oferecer nova

informação; encorajar esperança; estabelecer

objetivos experimentais; utilizar grupos para

influência colectiva

Formar

sistema de

ação

Decidir o tamanho e a

composição

Por exemplo cliente + trabalhador social apenas,

cliente + família + trabalhador social, trabalhador

social + outra instituição, cliente + trabalhador

social + outra instituição

Procedimentos das operações Duração dos contatos, tempos de encontros,

frequência, local regras de comportamento (por

exemplo, permissivo ou controlado)

Manter e

coordenar

Evitar entropilha do sistema Construir bem relações; tomar consistentes os

papéis, as comunicações, o poder, as lealdades, as

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sistemas de

ação

atitudes, os valores e objetivos; evitar mudar ou

ser explícito sobre mudança de papéis,

procedimentos operativos, atividades do sistema,

mudanças do sistema

Influenciar

sistemas de

acção

Afectando quaisquer parte dos

sistemas afcta todas as outras

partes- multi-finalidade

Utilizar conhecimento e experiências;

recompensar e prestar serviços materiais; legitimar

as relações de autoridade estabelecidas, status,

carisma e autoridade pessoal, controlo sobre a

informação

Terminar o

esforço de

mudança

Concluir e avaliar Reunir avaliações de progresso feitas durante as

atividades

Separar das relações

Estabilizar o esforço de

mudança

Fonte: PINCUS e MINAHAN, 1973 apud PAYNE, 2002, p.203-204

Sendo que um dos princípios da teoria de sistemas afirma que o todo é maior do que a

soma de suas partes, demostra a necessidade da intervenção profissional ser realizada em uma

visão global de seus conjuntos, uma macroatuação nas políticas governamentais, nas

dinâmicas da sociedade, etc. Como na microatuação em um grupo de trabalhadores ou com

usuários.

1.3.1.3 Teoria Crítica

A teoria crítica remete a profissão do assistente social à consciência de classe,

baseando-se na teoria de Marx, isto é, na contradição da relação entre capital e trabalho,

fazendo do assistente social um mediador dessa relação, assim substituindo o Serviço Social

de Casos, Grupo e Comunidade pela Teoria, Método e História do Serviço Social, buscando

compreender a profissão a partir dos fundamentos teóricos e históricos que orientam a ação

profissional (CARDOSO, 2013)

Esses três eixos (que se traduziam em disciplinas) deveriam compreender os

seguintes conteúdos: “1 – na história se trata do processo de

institucionalização da profissão, como foram consagradas as práticas

profissionais, como se deu a evolução da profissão; 2 – no plano da

metodologia, se trataria, em princípios, das estratégias de intervenção e, em

alguma medida, de fornecer alguns parâmetros para que o profissional

consiga delimitar minimamente o campo de intervenção que lhe seria

próprio; 3- e no plano da teoria, se discutiria eventualmente as categorias

epistemológicas, as relações do conhecimento com a prática, as aparentes

antinomias do conhecimento: teoria-prática, sujeito-objeto” (NETTO, 1993

apud CARDOSO, 2013, p.193).

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Essa teoria social crítica está diretamente ligada a uma filosofia e também a um

método, o materialismo histórico e dialético, para o qual importa a concepção de homem e de

mundo, visto que a realidade social é histórica e, portanto pode ser modificada pelos seres

humanos. Nesse sentido, o mundo real é um mundo histórico, e sofre influência da ação

humana, mesmo que limitada, e por isso é possível a transformação desse mundo real.

Portanto, as sociedades humanas encontram-se em contínua transformação e o motor da

história, na teoria marxista são exatamente os conflitos e as oposições entre as classes sociais.

Através da teoria crítica é possível encontrar uma explicação geral sobre a sociedade

capitalista burguesa: seu sistema, suas leis de funcionamento, suas conexões internas e suas

relações (FAERMANN, 2016).

Conforme a teoria social crítica os instrumentos e as técnicas profissionais não se

originam, de imediato, de um referencial teórico. Este contribui e é condição essencial para a

escolha dos meios mais adequados a uma determinada intervenção com objetivos pautados

em uma dada perspectiva teórica. O conteúdo dos instrumentos e das técnicas utilizadas pelo

assistente social é norteado pela teoria que o informa, subsidiando sua utilização e

possibilitando mediações necessárias à passagem da teoria à prática. (FAERMANN, 2016).

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2 INSTRUMENTOS E TÉCNICAS NO SERVIÇO SOCIAL BRASILEIRO: DA

GÊNESE DA PROFISSÃO AO EXERCÍCIO PROFISSIONAL NOS DIAS ATUAIS

Neste capítulo o objetivo é a análise dos instrumentos e técnicas adotadas pelo

Serviço Social no Brasil desde sua instituição oficial na década de 1930 que marcou o início

das escolas de serviço social no Brasil até a contemporaneidade.

O Serviço Social é uma profissão de caráter interventivo, cujo objetivo é buscar a

autonomia do sujeito frente às refrações das questões sociais. Sempre se fez presente entre os

profissionais assistentes sociais o sentimento e a necessidade de se criar instrumentos para a

realização de uma intervenção efetiva. Para a elaboração desses instrumentais é necessário a

apropriação de teorias que embasem o fazer profissional. O desconhecimento e até a ausência

desse referencial gera um desequilíbrio para a atuação profissional. Santos afirma que esta

rejeição da teoria compromete a qualidade da intervenção profissional sendo o entendimento

mais corrente que “[...] a teoria oferece a análise das experiências, os estudos das condições

objetivas” (SANTOS, 2010, p. 32).

Podemos considerar o conhecimento teórico como elemento essencial para a

construção dos instrumentos, sendo eles indispensáveis para a efetivação da prática

profissional do assistente social. Segundo Santos “[...] não basta escolher os meios, é preciso

aplicá-los” (SANTOS, 2010, p.83).

As autoras Catusso; Souza; Ferrari em seu livro A instrumentalidade no serviço social,

definem os instrumentos utilizados com mais frequência pelos assistentes sociais, em seus

campos de trabalho são eles: observação, a técnica da entrevista, visitas domiciliares e

institucionais, prática dos registros e documentações, estudo social, plano de

ação/intervenção, memorial de reuniões, construção de projetos, orientação socioeducativa e a

avaliação que é considerada um dos instrumentos mais relevantes (CATUSSO; SOUZA;

FERRARI, 2013).

A partir dos conhecimentos teóricos são construídos os instrumentais e técnicas que

oferecem a direção para a intervenção. Nesse capítulo será feito uma discussão sobre essas

ferramentas utilizadas pelos assistentes sociais na sua prática profissional.

2.1. OS INSTRUMENTOS E TÉCNICAS DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL

Neste subitem pretende-se compreender os instrumentos e técnicas utilizadas pelos

profissionais do Serviço Social em sua atuação, pois somente a partir da compreensão destes

instrumentos e técnicas é possível que os assistentes sociais realizem uma prática profissional

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adequada e efetiva. Guerra (2007) em seu artigo O projeto profissional crítico: estratégia de

enfrentamento das condições contemporâneas da prática profissional afirma que

[...] a instrumentalidade no exercício profissional refere-se, não ao conjunto

de instrumentos e técnicas (neste caso, a instrumentação técnica), mas a uma

determinada capacidade ou propriedade constitutiva da profissão, construída

e reconstruída no processo sócio-histórico (GUERRA, 2007, p.1).

A instrumentalidade se configura como a forma que cada profissional articula os

instrumentos necessários à prática profissional, levando em consideração para essa prática

profissional o contexto social inserido e as demandas que lhe são conferidas, imprimindo

sobre tais fatores a sua subjetividade que vai constantemente moldando tais instrumentos.

Essa instrumentalidade é elemento essencial para a prática profissional, e é necessária

para que o profissional tenha total compreensão e clareza dos instrumentos, indo além dos

chamados instrumentos técnico-operativos para intervenção profissional, instrumentos estes

configurando-se como algo objetivo da prática profissional, sendo essa prática influenciada

pela subjetividade de suas particularidades. Sobre a prática do assistente social, Guerra afirma

que

Ao alterarem o cotidiano profissional e o cotidiano das classes sociais que

demandam a sua intervenção, modificando as condições, os meios e os

instrumentos existentes, e os convertendo em condições, meios e

instrumentos para o alcance dos objetivos profissionais, os assistentes sociais

estão dando instrumentalidade às suas ações. Na medida em que os

profissionais utilizam, criam, adéquam às condições existentes,

transformando-as em meios/instrumentos para a objetivação das

intencionalidades, suas ações são portadores de instrumentalidade

(GUERRA, 2007, p. 2).

O Serviço Social, quando iniciou no Brasil sofreu grande influência do método norte-

americano, com forte influencia da medicina, da psicologia e da sociologia positivista,

principalmente sob a ótica da vertente funcionalista, direcionados à época para os chamados

Serviços Sociais de Caso, Serviços Sociais de Grupo e Serviços Sociais Comunidade.

No Serviço Social de Caso a ação do assistente social acontecia por meio dos

instrumentais das entrevistas e relatórios bem detalhados da história do cliente, que busca o

desenvolvimento da personalidade através do ajustamento do indivíduo a seu meio social.

Essa prática era realizada pelo assistente social, que por meio de orientação e esclarecimentos

após o processo de conhecer não apenas o problema de seu cliente, mas também de

compreender a forma que o cliente enfrentava esse problema, o que ele pensava e de que

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maneira gostaria de solucioná-lo, o profissional aproveitava as suas aptidões em potencial

para iniciar as mudanças necessárias. Nesse sentido, o assistente social precisava respeitar a

liberdade de pensar, de escolher e de atuar de seu cliente. Para Hamilton, citado por Andrade

(1958),

O Serviço Social de Casos caracteriza-se pelo objetivo de fornecer serviços

básicos práticos e de aconselhamento, de tal modo que seja desenvolvida a

capacidade psicológica do cliente e seja levado a utilizar-se dos serviços

existentes para atender a seus problemas. (HAMILTON, 1958, p. 38 apud

ANDRADE, 2008, p. 280).

No Serviço Social de Grupo, diferentemente do que ocorria no Serviço Social de

Caso, importa ao assistente social compreender a dinâmica das relações que se estabelecem

dentro do grupo que está sob sua intervenção para a efetivação de sua prática profissional e

não apenas as impressões pessoais específicas de cada indivíduo, direcionada a determinado

caso concreto.

No entendimento de Kisnerman o Serviço Social de Grupo deve ser compreendido

“[...] como um sistema de mudança que influencie no crescimento do indivíduo e do grupo, e

[...]” está intimamente ligado aos movimentos de autoajuda” (KISNERMAN, 1986, p. 34). O

Serviço Social de Grupo era, então, definido como:

Um método do SS que ajuda os indivíduos a aumentarem o seu

funcionamento social, através de objetivas experiências de grupo e a

enfrentarem, de modo mais eficaz os seus problemas pessoais, de grupo ou

de comunidade [...] uma prática que visa minorar o sofrimento e melhorar o

funcionamento pessoal e social de seus membros, através de específica e

controlada intervenção de grupo, com a ajuda de um profissional

(KONOPKA, 1979, p. 33/45).

No Encontro Regional pós Documento de Araxá o relatório produzido dizia que, em se

tratando de Serviço Social de Grupo, esse método incluía novas funções, como o engajamento

dos membros em programas sociais visto que no entendimento dos profissionais assistentes

sociais a permanência da prática profissional direcionada apenas para o “indivíduo” torna

insuficiente o conceito, uma vez que o Serviço Social de Grupo visa a participação do grupo

na comunidade, e ainda, relata a importância do caráter politizante dos membros, pois é

necessária a participação dos grupos nos processos sociais. Desta forma, era função do

assistente social “[...] capacitar os membros dos grupos para uma efetiva participação no

processo social” (CBCISS, 1986, p. 23).

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É importante ressaltar que nesse encontro já ocorria uma preocupação em distinguir o

que era Serviço Social de Grupo e cursos, entendidos cursos apenas como um instrumento de

atualização profissional ou de aprofundamento de conhecimento específico, pois enquanto o

Serviço Social de Grupo busca uma autonomia do indivíduo, um curso apenas atende a

necessidade pessoal do indivíduo em qualificar-se para o mercado de trabalho. No Serviço

Social de Grupo a atividade em si não é objetivo do grupo, o que importa é o seu instrumental

que visa para motivar a formação e capacitar os sujeitos a um processo de desenvolvimento

social. (CBCISS, 1986).

Um dos instrumentos usados para a realização do trabalho com grupos são as

dinâmicas, que Torres define como “[...] o estudo teórico-prático das relações sociais dos

indivíduos em grupos”. O objetivo desse método é facilitar a compreensão de fenômenos

sociais e ensinar às pessoas novos comportamentos através da vivência (TORRES, 1983,

p.22).

Além do Serviço Social de Grupo e do Serviço Social de Caso existia também a

prática do chamado Desenvolvimento de Comunidade, que conforme a definição elaborada no

Documento de Araxá “[...] é um processo interprofissional que visa a capacitar a comunidade

para integrar-se no desenvolvimento através de ação organizada, para atendimento de suas

necessidades realizações de suas aspirações.” Entretanto, nesse Encontro Regional

observaram que não há trabalho interprofissional, apenas a ocorrência de experiências

isoladas. E a partir de então deu-se nova nomenclatura ao processo Desenvolvimento de

Comunidade que passou a ser chamado de Serviço Social de Comunidade (CBCISS, 1986, p.

25). Segundo Johns, citado por Andrade, entende-se que

O processo do Serviço Social com Comunidades se caracteriza pelo

desenvolvimento social dos indivíduos e sua orientação pela promoção das

relações eficientes e úteis entre eles em busca de um desenvolvimento

equilibrado e harmonioso [...] As técnicas empregadas pelo assistente social

são as que estimulam e orientam os indivíduos e grupos, sem controlá-los; as

medidas e providências visam à solução de determinado problema social [...]

(JOHNS; DE MARCHE, 1954, p. 78 apud ANDRADE, 2008, p. 285)

Todo esse contexto histórico, com os seus movimentos que ofertaram propostas e

conteúdos, contribuíram para a delimitação e a construção do Serviço Social brasileiro. Esses

movimentos foram de suma importância para os mais diversos setores, mais especificamente

aos que dizem respeito à organização da categoria, à expansão do ensino e da profissão, ao

discurso e à prática da profissão do assistente social. O fortalecimento profissional do

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assistente social no final dos anos de 1940 impulsionou-o à organização de congressos e

cursos de reciclagem. De suma importância também a partir dessa década a criação de

associações: em 1945 da Associação Brasileira das Escolas de Serviço Social (ABESS), em

1946 da Associação Brasileira de Assistentes Sociais (ABAS); em 1946 a criação do Código

de Ética (1948) e, consagrando os esforços, a regulamentação do ensino do serviço social

(1954) e o reconhecimento da profissão (1956); além de mais onze Convenções Nacionais da

ABESS – Associação Brasileira das Escolas de Serviço Social (1951/1961) com a finalidade

de congregar as Escolas de Serviço Social, promovendo um intercâmbio entre elas, visando

garantir um padrão mínimo de ensino e representando os interesses coletivos das escolas que

até o momento, conforme dados da ABESS, totalizavam 37 (trinta e sete) instituições de

ensino (ANDRADE, 2008).

Na década de 1970 ocorreu uma grande mudança no Serviço Social com o Movimento

de Reconceituação, que aconteceu nos países latinos americanos (Chile, Argentina, Peru e

Uruguai), e consistia em um movimento de crítica ao positivismo e ao funcionalismo,

baseando sua fundamentação na visão marxista na história, alterando a estrutura do Serviço

Social. Especificamente no Brasil essa mudança ocorreu no ano de 1979, no III Congresso

Brasileiro de Assistentes Sociais, realizado nos dias 23 a 28 de setembro, também chamado

Congresso da Virada, promovido pelo Conselho Federal de Assistentes Sociais – CFAS,

conhecido hoje como CFESS (Conselho Federal de Serviço Social) em São Paulo, tornando-se

um marco na historia do Serviço Social.

O objetivo inicial do referido Congresso era a discussão da Política Social pelo

Serviço Social de então, mas os Assistentes Sociais provocam uma mudança na estrutura do

Serviço Social com a alteração de suas bases, pois até aquele momento essas bases tinham

uma natureza conservadora, atendendo apenas aos interesses da classe dominante. Conforme

José Paulo Netto, “[...] este período marca um momento importante no desenvolvimento do

Serviço Social no Brasil, vincado especialmente pelo enfrentamento e pela denúncia do

conservadorismo profissional” (NETTO, 2008, p. 141).

A partir desse momento o Serviço Social de Caso, o Serviço Social de Grupo e o

Serviço Social de Comunidade foram extintos pela categoria, que os consideravam processos

conservadores que atendiam apenas aos interesses das classes dominantes. Os profissionais

optaram por novos horizontes onde a luta fosse por um estado democrático, posicionando-se

ao lado da classe trabalhadora e não mais sob o domínio conservador, estabelecendo uma

nova forma de atuação, cuja direção era para as lutas sociais, a luta pela defesa dos direitos

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humanos e da democracia, constituindo uma nova frente, articulada diretamente com os

movimentos sociais, reativando com isso alguns dos sindicatos, associações. A partir da opção

pela teoria crítica se inicia uma nova discussão sobre a instrumentalidade da profissão do

assistente social.

Conforme Eiras, na década de 1980 deu-se o movimento de renovação do Serviço

Social brasileiro, através de uma recusa explícita ao método do Serviço Social de Grupo. Essa

recusa ficou explícita na produção do Novo Currículo Mínimo de Serviço Social (aprovado

pela ABESS12

e implantado a partir de 1982), o qual redefiniu a lógica da formação

acadêmica, focando-a sob o eixo história-teoria-metodologia (EIRAS, 2006).

A partir desse momento a formação profissional tem seu foco voltado à formação de

novos assistentes sociais, intelectuais, que compreenderiam a dinâmica das relações sociais

capitalistas em sua relação com o modo de produção, e que fossem capazes de realizar uma

intervenção crítica e propositiva nos espaços reservados a esses profissionais. Sendo extintas

as disciplinas Serviço Social de Caso, Serviço Social de Grupo e Serviço Social de

Comunidade (pelo Currículo Mínimo de1982), surgem novas disciplinas, adicionadas para

contemplar os novos conteúdos teórico-metodológicos construídos sob a base teórica marxista

(EIRAS, 2006). A partir de então há um novo foco sobre trabalho com grupos:

Nesse sentido, o trabalho com grupos deixou de ter um destaque que lhe

desse uma especificidade e um status de especialidade profissional e a

intervenção do Serviço Social com grupos expandiu-se nas perspectivas das

inserções profissionais junto aos movimentos sociais, junto aos trabalhadores

(as), junto aos sindicatos; junto ao povo, junto às organizações/movimentos

populares; junto ao Estado, na intenção de expandir o alcance das políticas

públicas, principalmente em relação à Política de Assistência Social, mas em

consonância com outros movimentos sociais/ populares na busca de

conquistas para usufruir de condições mais dignas de sobrevivência.

(EIRAS, 2006, p. 66-67)

Sobre a mudança na realidade do Serviço Social, Santos, Backx e Guerra retratam que,

ao longo do tempo, ocorreram equívocos em relação ao tratamento da dimensão técnica-

operativa no que se refere à formação e também ao exercício profissional. Em um breve

histórico da profissão pode ser constatado que, na década de 1970, delegava-se à dimensão

técnica-operativa a responsabilidade pela competência profissional, em especial no que se

refere aos instrumentos e técnicas. Por outro lado, a partir de 1980 essa dimensão técnica-

12

Denominada atualmente de Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa de Serviço Social (ABEPSS)

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operativa passa para segundo plano, e o conhecimento teórico passa a ter a responsabilidade

pela competência profissional (SANTOS; BACKX; GUERRA, 2012).

Após a aprovação do projeto de formação profissional do assistente social no ano de

1996, a categoria compreendeu de forma mais definida a sua competência profissional, uma

competência que deve ser baseada nas três dimensões da intervenção: (1) uma dimensão

teórico-metodológica, (2) uma dimensão ético-política e (3) uma dimensão técnico-operativa.

Essa nova abordagem da formação profissional destaca a “[...] centralidade da dimensão

interventiva e da dimensão investigativa, ressaltando a importância do caráter ético em todo o

processo da formação profissional” (ABEPSS/CEDEPSS, 1996, p. 163 apud SANTOS,

BACKX, GUERRA, 2012, p.11).

Portanto, para uma melhor compreensão do exercício profissional é necessário partir

dessas três dimensões, o que possibilita entender o significado da ação profissional, que deve

ser uma ação formativa, interventiva e investigativa e, ao mesmo tempo, permite “[...] pensar

a relação que se estabelece entre teoria e prática, com as mediações necessárias para que a

finalidade ideal, através da intervenção, possa se constituir em finalidade real, objetiva”

(SANTOS; FILHO; BACKX, 2012, p.18).

Dentro da prática profissional, não menos importante, é a dimensão técnico-operativa

que instrumentaliza a ação do profissional assistente social e, segundo Mioto os principais

instrumentos do Serviço Social são entrevistas, observações, reunião/grupo e documentação.

Para ele os instrumentos serão utilizados de acordo com os referenciais teóricos, éticos e

políticos dos profissionais. O uso desse instrumento pressupõe conhecer e dominar outros,

que são igualmente importantes e necessários no processo grupal, entre eles principalmente

“[...] a observação, entendida de maneira ampla, como atividade que envolve entrega,

concentração, atenção, quebra de paradigmas e preconceitos” (MIOTO, 2001, p.01, apud:

WIGGERS, 2006, p.25-26).

O Serviço Social, portanto, deve se articular com as demais categorias para a

construção da instrumentalidade, que é a propriedade constitutiva da profissão, abarcando

suas demandas, objetivos, atribuições, conhecimento teórico entre outras categorias.

Entretanto, não só importa a análise dos instrumentais de forma isolada, ao contrário,

para uma prática profissional efetiva deve-se entender a relação que se estabelece entre estes

instrumentos, a teoria e a prática da intervenção feita pelo assistente social, relação esta que

analisaremos a seguir.

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37

2.2 TEORIA E PRÁTICA: A RELAÇÃO COM OS INSTRUMENTOS

Os instrumentos e as técnicas são elementos fundamentais para a prática profissional

do assistente social. Contudo, se faz necessário observar que, no que se refere a prática

profissional, diversas são as discussões acerca do tema. Neste trabalho será analisada a

discussão da prática no exercício profissional a partir de um questionamento junto à categoria

no que se refere à Teoria e a Prática do Serviço Social.

A atuação do profissional do Serviço Social Pós Movimento de Reconceituação

firmou-se de maneira a questionar as realidades apresentadas de maneira crítica, visando,

além de atender aos direitos sociais de seus usuários, refletir sobre as formas possíveis para a

desconstrução das condições que os colocam em situação de pobreza e desigualdade social

(AMORIN,2013). Ou seja,

O âmbito da prática é, então, o da efetividade da ação sobre o mundo, que

tem por resultado uma transformação real desse mundo. É atual, não

potencial, ou seja, o que pode ocorrer ou fazer aqui e agora, culminando na

transformação de uma matéria-prima num produto natural e/ou social

(SANTOS, 2006, p. 137).

Sobre a “prática” Santos, afirma que a prática é o espaço para se desenvolver o

conhecimento, sendo ele interligado às necessidades materiais, produtivas, práticas do homem

social. É a prática que oferece a total compreensão das relações econômico-sociais que, por

sua vez, estão diretamente ligadas ao tipo de produção e a técnica necessárias a essa

formação. (SANTOS, 2006).

O espaço da prática é onde se concretiza o conhecimento, deixando para trás a

perspectiva intelectual. Ocorrendo essa aproximação da prática com a realidade o

conhecimento é ampliado em seus conceitos já estipulados.

Já sobre a “teoria”, Santos disserta que o âmbito da teoria;

[...] se circunscreve em propiciar o conhecimento da realidade que é objeto

da transformação; o conhecimento dos meios e de sua utilização com os

quais se efetiva essa transformação; o conhecimento da prática acumulada

em forma de teoria; a finalidade ou a antecipação dos resultados objetivos

que se pretende atingir; e, no decorrer do processo prático, um atendimento

às necessidades que irão surgindo com a resistência da matéria a ser

transformada, e que vai acarretando resultados imprevisíveis (SANTOS,

2006, p.139).

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A “teoria” então é o acúmulo de conhecimentos sistematizados que visam uma

transformação efetiva; conhecimentos esses, muitas vezes, provenientes de práticas que

inclusive, podem trazer respostas inesperadas pelo que já se tinha acumulado em

conhecimento, mostrando a condição de constantes transformações ao quais as teorias passam

e a concreta relação existente entre as práticas e as teorias.

O assistente social, no dia-dia de sua atuação profissional, se encontrará rodeado por

limites institucionais que dificultarão o exercício de seu trabalho da forma mais plena

possível. Isso enfatiza o fato do Serviço Social trabalhar em um espaço de constantes

contradições, “[...] onde o profissional se vê limitado a exercer suas atribuições pelo simples

fato de não ter apoio institucional, seja por razões ideológicas da instituição ou até mesmo por

questões relacionadas às condições de trabalho” (AMORIN, 2013, p.28).

A prática dos assistentes sociais é de natureza interventiva, educativa e provocativa,

possibilitando assim uma visão crítica e contrária à ordem capitalista fazendo que a classe

trabalhadora se reconheça como sujeito explorado, e partir dessa consciência sejam possíveis

à busca por uma sociedade mais justa e igualitária.

Para que essa intervenção do assistente social seja eficaz e conquiste seus fins, se faz

necessário à existência de uma prática com base teórica compreendida e clara entre os

profissionais. Aqui ocorre uma dependência, não basta uma prática de boa qualidade sem base

teórica e não adianta ter uma base teórica que não instrumentalize a prática. O próximo

subitem será sobre essa relação da intervenção prática e a base teórica.

2.2 TEORIA E PRÁTICA: A RELAÇÃO COM OS INSTRUMENTOS NO TRABALHO

COM GRUPOS

Como já visto os instrumentos e as técnicas são elementos fundamentais para a prática

profissional do assistente social, e nos interessa discutir a relação que se estabelece

especificamente entre prática, teoria e sua relação com os instrumentos no trabalho com

grupos.

Segundo Amorim, existe uma “visão reducionista” acerca do trabalho com grupos pela

categoria profissional. E que está visão estaria diretamente relacionada às interpretações

pessoais sobre as críticas levantadas pelo Movimento de Reconceituação contra os

pressupostos do “Serviço Social Tradicional” (AMORIM, 2013).

Desta forma, as discussões sobre Serviço Social de Caso, Serviço Social de Grupo e

Serviço Social de Comunidade nas décadas 1960 e 1970, somadas às discussões do chamado

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Congresso da Virada (1979), adotando uma nova perspectiva teórica para o Serviço Social, de

certa forma permitiu à categoria preterir os trabalhos realizados em grupos. Nesta esteira,

permite-se uma rejeição por grande parte dos profissionais assistentes sociais no que se refere

ao trabalho com grupos e seus instrumentais.

Ao contrário do pensamento que impera dentro da categoria dos assistentes sociais,

que não veem validade na realização de trabalho com grupos, essa forma de trabalho é uma

ferramenta incentivada e amplamente utilizada pelas politicas publicas que pretendem atender

de maneira efetiva os usuários dessas políticas. Sobre o trabalho com grupos o Ministério do

Desenvolvimento Social, em seu guia de orientações técnicas para o Centro de Referência de

Assistência Social – CRAS, afirma que:

O grupo sócioeducativo para as famílias é um excelente espaço para trocas,

para o exercício da escuta e da fala, da elaboração de dificuldades e de

reconhecimento de potencialidades. Contribui para oferecer aos cidadãos a

oportunidade de melhor viver os seus direitos dentro de um contexto de

proteção mútua, afeto, desenvolvimento pessoal e solidariedade (BRASIL,

2006, p. 39).

A favor do trabalho com grupos temos que a abordagem grupal como um instrumento

técnico-operativo do assistente social deve ser considerada “[...] não somente em seus

aspectos técnicos – referentes ao „fazer‟ – mas também em suas implicações sócio-políticas da

prática [...]” da qual ele potencializa as ações, viabilizando uma intervenção que tem uma

direção social situada no movimento contraditório da sociedade” (TRINDADE, 2004, p. 39,

apud SIQUEIRA, 2008, p. 3).

O que se busca através do trabalho com grupos é permitir, através de determinadas

ações, que o indivíduo possa alcançar sua emancipação pessoal. Neste sentido,

[...] temos que ter como premissa que o trabalho com grupos há de se

desenvolver numa perspectiva emancipatória dos sujeitos. Esta perspectiva

pode ser construída nas relações grupais com o fortalecimento dos sujeitos

como protagonistas da sua história. O assistente social, antes de tudo, precisa

acreditar que as pessoas têm potenciais, que estes podem ser desenvolvidos

através da reflexão sobre sua realidade social e que tudo pode apontar para a

modificação desta realidade. Promover o acesso a serviços, programas,

projetos e benefícios, fortalecer os vínculos sociais e comunitários, promover

o trabalho socioeducativo numa concepção freiriana de ação-reflexão,

reflexão-ação, será possível num trabalho de grupo educativo, balizado pelo

projeto ético-político da profissão, tendo como horizonte a cidadania e a

justiça social (VILEIRINE, 2016 p. 130).

O trabalho com grupos é uma forma de interação social que permite aos indivíduos

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refletir sobre as questões sociais que lhe são afetas, proporcionando novas formas de

cooperação. Deve-se compreender a importância do trabalho com grupos e incentivá-lo,

justamente porque permite a participação dos indivíduos na sociedade; e se os homens

trabalham juntos em prol de objetivos comuns certamente os interesses do grupo são

sobrepostos aos interesses pessoais, pois se prima pelo interesse do grupo como principal

finalidade (TORRES, 1983).

Na dimensão grupal, o foco são as relações grupais, o fortalecimento dessas

relações. Nesta dimensão, o objetivo é trabalhar a dinâmica interna e externa

das relações grupais, ou seja, os processos grupais e o coletivo. A identidade

do grupo, os vínculos afetivos e a cidadania são os grandes temas abordados

no grupo. É a partir daí que se constrói os sub temas. Entendo que ao

trabalhar a identidade e os vínculos do grupo, posso fortalecer os objetivos

comuns, compromisso, cumplicidade, sentimento de pertencimento, respeito

às diferenças, ética, a confiança, a cooperação, a união do grupo e abrir a

possibilidade tanto dos membros buscarem sua própria cidadania na defesa

de seus direitos, como do grupo buscar ações mais coletivas, como a

participação em fóruns, conselhos de direitos, redes de atendimento a bens e

serviços, ou seja, ações voltadas para a cidadania (SIQUEIRA, p. 11, 2008).

O Serviço Social, portanto, é uma profissão apta a realizar intervenções, que tem

como objetivo a busca por garantias de direitos que possam proporcionar a emancipação dos

sujeitos. Alexandra Eiras (2012) ao investigar o trabalho profissional com grupos definiu que

essa técnica de reuniões se limita a esclarecimentos de direitos:

Que a intervenção realizada com grupos pelo Serviço Social caracteriza-se e

se expressa como atividade socioeducativa. O assistente social, ao intervir

junto aos grupos, ao desenvolver atividades com grupos, assume a atribuição

de informar, de orientar os usuários em relação aos seus direitos e ao

exercício da cidadania, núcleo comum das informações e das discussões e

preocupações presentes na intervenção profissional (EIRAS, 2012 p. 145).

O trabalho com grupo para ser realizado requer que o assistente social tenha

conhecimento teórico e prático para intervir de forma adequada, além de ter clareza dos

problemas e das dificuldades que serão apresentadas nesse processo. Sobre as atribuições do

assistente social;

Zimerman e Osório (1997) referem-se aos atributos de um coordenador de

grupo, dizendo ser: Impossível dissociar um adequado manejo técnico em

qualquer modalidade de grupo, sem que haja uma simultânea atitude interna

na pessoa real do profissional. Assim, além dos necessários conhecimentos

(provindos de muito estudo e leituras), de habilidades (treino e supervisão),

as atitudes [...] são indispensáveis, e elas são tecidas com alguns atributos e

funções [...]. (ZIMERMAN; OSÓRIO, 1997, p. 40)

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Além das características definidas por Zimerman e Osório para o profissional

assistente social, também são importantes as seguintes: gostar e acreditar em grupos, empatia,

comunicação, ser verdadeiro e ter senso de humor. Essas características são significativas

visto que várias são as dificuldades enfrentadas pelo profissional ao lidar com as situações

que surgem no grupo, como resistências parte do grupo, papéis desempenhados pelos

membros do grupo, liderança, a representatividade do grupo em fóruns e conselhos de

direitos, conflitos, queixas, formação de subgrupos (panelinhas), fechar as discussões

realizadas no grupo, interpretar a dinâmica implícita apresentada pelo grupo, administrar

expectativas do grupo e a viabilidade para realizá-las, lidar com as diferenças de pensamento,

tendo como base o objetivo comum do grupo.

Outro fator que contribuiu para que o profissional tenha as características mencionadas

é o fato de que a pessoa do coordenador é o recurso mais precioso que se tem quando se

trabalha com grupo. O que se quer dizer? “[...] Embora o profissional precise do

conhecimento técnico e outros atributos para coordenar um grupo, o que vai fazer a diferença

é a própria pessoa do coordenador: suas reações, seus valores e as atitudes que exibe”

(COREY, 1983 apud SIQUEIRA, 2008, p. 9).

Mas também há dificuldades enfrentadas no trabalho com grupos que envolvem a

pessoa do coordenador, e que segundo Siqueira (2008) podem ser

- Falta de experiência no trabalho com grupos; - Dificuldade em dizer “não”

para o grupo em situações que necessitam de limites; - Envolvimento afetivo

com o grupo interferindo nas ações profissionais; - Administração das

cobranças do grupo em função do vínculo afetivo criado entre o coordenador

e o grupo; - Vivenciar na própria família as mesmas situações surgidas no

grupo; - Ansiedade do coordenador pelo crescimento do grupo atropelando

ações; - Exigir responsabilidade e compromisso de membros do grupo que

dispersam a reunião; - Falar de sentimentos com o grupo; - Abordar temas

com o grupo, como morte, envelhecimento, sexualidade; - Interagir com o

grupo durante o desenvolvimento de dinâmicas, cujo objetivo é estimular a

representatividade em fóruns e conselhos de direitos; - Não priorização do

trabalho com o grupo pelo próprio profissional; - Lidar com as situações

surgidas no grupo referentes ao processo grupal; - Medo de não atingir os

objetivos profissionais do trabalho com as famílias; - Acomodação do

coordenador no tipo de trabalho desenvolvido; - Lidar com a autoridade. A

busca pelo autoconhecimento pelo assistente social vai possibilitar ao

próprio profissional administrar de maneira mais adequada aquelas situações

de grupo em que suas dificuldades mais se evidenciam (SIQUEIRA, 2008 p.

9-10).

Gentilli (2000) também discorre sobre algumas dificuldade que se materializam na

prática profissional dos assistentes sociais, seja no campo prático, seja na experiência didática.

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A complexa relação que se estabelece entre teoria e prática compromete a prática profissional

no seu dia-a-dia. Entre essas dificuldades podemos mencionar o descuido da normalização da

prática profissional, como se o aprendizado se esgotasse nos ritos acadêmicos , como se fosse

suficiente observar e repetir, a negligência com o domínio das metodologias, priorizar o

desenvolvimento das habilidades reflexivas em detrimento das operativas e a necessidade do

aprofundamento teórico da instrumentalização da profissional. “[...] Emancipatórias e

dialéticas devem ser as práticas da profissão e não somente os discursos de suas organizações

e instituições, sobretudo por força de uma razão que faz sentido à luz da justiça e da proteção

social” (GENTILLI, 2000, p. 151).

O trabalho com grupos necessita de uma compreensão e percepção do profissional na

atualidade acerca da referida técnica a ser empregada. Até mesmo porque, apesar do estigma,

o trabalho com grupos tem uma intenção de atendimento mais ampla, envolvendo

intervenções com agrupamento de pessoas, caracterizando-se por ações de que pretendem

prestar orientações no sentido de assegurar direitos, não sendo assim vetadas, pelo Conselho

Federal de Serviço Social no documento de regulamentação da profissão (nº 8.662 de 07 de

Junho de 1993). Veja, a exemplo, o art. 4º da referida lei:

Art. 4º Constituem competências do Assistente Social: [...] III – encaminhar

providências, e prestar orientação social a indivíduos, grupos, e à população;

[...] V – orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no

sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e

na defesa de seus direitos; [...] (BRASIL, 2017, s.p grifo nosso).

O CFESS em termos de norma legal não faz nenhuma ressalva quanto ao trabalho com

grupos, ele veta as práticas terapêuticas realizadas no trabalho com grupos. A resolução

569/2010 valida intervenções profissionais que atendam a mais de um usuário

simultaneamente:

Art. 2º. Para fins dessa Resolução consideram-se como terapias individuais,

grupais e/ou comunitárias: a. Intervenção profissional que visa a tratar

problemas somáticos, psíquicos ou psicossomáticos, suas causas e seus

sintomas; b. Atividades profissionais e/ou clínicas com fins medicinais,

curativos, psicológicos e/ou psicanalíticos que atuem sobre a psique. Art. 3º.

Fica vedado ao Assistente Social vincular ou associar ao título de assistente

social e/ou ao exercício profissional as atividades definidas no artigo 2º desta

Resolução; Parágrafo primeiro – O Assistente Social, em seu trabalho

profissional com indivíduos, grupos e/ou famílias, inclusive em equipe

multidisciplinar ou interdisciplinar, deverá ater-se às suas habilidades,

competências e atribuições privativas previstas na Lei 8662/93, que

regulamenta a profissão de assistente social. Parágrafo segundo – A presente

Resolução assegura a atuação profissional com indivíduos, grupos, famílias

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e/ou comunidade, fundamentada nas competências e atribuições

estabelecidas na Lei 8662/93, nos princípios do Código de Ética do

Assistente Social e nos fundamentos históricos, teóricos e metodológicos do

Serviço Social previstos na Resolução CNE/CES/MEC nº 15, de 13 de

março de 2002, garantindo o pluralismo no exercício profissional (CFESS,

2010, s.p).

Portanto, o que se pode perceber é que o trabalho com grupos é hoje uma prática

amplamente utilizada, incentivada pelas políticas públicas, ainda que rejeitada por parte dos

profissionais assistentes sociais, que muitas vezes desconhecem não só a prática, mas a teoria

e os instrumentais necessários para a efetivação de intervenções através do trabalho com

grupos.

2.3 O DEBATE SOBRE A INSTRUMENTALIDADE NO SERVIÇO SOCIAL E A

MANIFESTAÇÃO DO CFESS SOBRE O TRABALHO DE GRUPO E TERAPÊUTICOS

A utilização do trabalho com grupos como método de intervenção não é uma questão

pacífica dentre os profissionais assistentes sociais, ainda que seja incentivado pelas políticas

públicas vigentes e que ocorra na prática.

Após o Movimento de Reconceituação, o Serviço Social foi se distanciando da prática

com “trabalhos com grupos”. No período de 1978/79 e 1982 a formação profissional passou

por revisões que culminaram na substituição de “Serviço Social de Caso, Serviço Social de

Grupo e Serviço Social de Comunidade” pela disciplina “Instrumentação em Serviço Social”

e com a revisão de 1984 a disciplina passou a ser denominada “Metodologia e os Projetos de

Intervenção e Prática”.

Por consequência desse distanciamento criou-se um entendimento entre parte dos

profissionais assistentes sociais que ao tratar-se de trabalho com grupos logo remete-se ao

conservadorismo e às práticas terapêuticas.

Sobre as práticas terapêuticas a categoria vem realizando discussões sendo que esse

tema configura-se por divergências de ideias no campo do Serviço Social. Dentro da categoria

há dois segmentos opostos: de um lado estão os representantes da categoria através de

Conselho Federal de Serviço Social-CFESS, Conselho Regional de Serviço Social- CRESS e

a Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social-ABEPSS, entre outros, que

pretendem manter o que preconizam os regimentos legais da profissão – lei 8.662, de 1993, o

Código de Ética de 1993 e as Diretrizes Curriculares –, com vistas a consolidar a direção

social estratégica da profissão; do outro lado, alguns assistentes sociais que reivindicam o

reconhecimento para a implementação de “Práticas Terapêuticas” ou “Serviço Social Clínico”

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na atuação profissional dos assistentes sociais, com o argumento de que tais “práticas” fazem

parte das competências e atribuições da categoria. Mas tais afirmações não estão de acordo

com o que dita o art. 4º e o art. 5º da Lei 8.662, de 1993, que trata das competências e

atribuições privativas dos assistentes sociais.

Uma das possíveis respostas para isso seria a de que essa resistência existiria

em função de uma suposta associação dessa técnica ao contexto do Serviço

Social Tradicional e/ou às práticas terapêuticas. Estas práticas terapêuticas,

especialmente aquelas caracterizadas no âmbito da Psicologia, são vetadas

ao profissional assistente social exercer, uma vez que o nosso curso não nos

qualifica nesta outra área do conhecimento (AMORIM, 2013, p. 13).

Na resolução do CFESS de número 569/2010, no que se referem as “Práticas

Terapêuticas”, é vedada a utilização destas atividades por entender que a formação

profissional na atualidade não está embasada nos preceitos teóricos da psicologia. É o que

preconiza este órgão que representa os assistentes sociais brasileiros:

[...] Ao vedar sua realização no exercício profissional do assistente social a

Resolução [569 de março de 2010] evidencia tão somente que a realização

das práticas requer conhecimento especializado e que este, por não se

constituir matéria do Serviço Social, não pode ser considerado competência

e atribuições profissionais do (a) assistente social (CFESS, 2010, p. 8).

Teixeira (2004), assistente social que desenvolve prática clínica no Instituto de

Psiquiatria da UFRJ afirma que:

[...] os assistentes sociais clínicos têm as suas práticas voltadas para o

atendimento de indivíduos, grupos, famílias que, por diversas razões, não

tiveram suas necessidades atendidas, sofrem psiquicamente e vivem em

situações concretas de exclusão e abandono. São constantemente solicitados

para intervirem nos conflitos familiares, nos conflitos comunitários e

interpessoais, em situações que envolvem crianças e adolescentes

desprotegidos ou desfavorecidos. Também atuam nas questões de

dependência química, de abuso sexual, de violência doméstica, nos campos

da saúde, da educação, da reabilitação, no campo sóciojurídico, empresas e

tantos outros (TEIXEIRA, 2004, p. 24-25 apud CFESS, 2008, p.9).

O CFESS atualmente veda o exercício de práticas terapêuticas ou do Serviço Social

Clínico por parte dos profissionais assistentes sociais. Essa proibição está descrita na

resolução 569/2010 e é alvo de fortes críticas por parte de alguns dos principais pensadores

(da atualidade) do Serviço Social brasileiro, a exemplo de Faleiros (2009). Apesar de longa, a

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fala de Faleiros merece ser transcrita, visto que esclarece de forma contundente a questão,

defendendo que

O postulado de que uma profissão só limita ao que diz a lei explicitamente

esquece que a lei dá uma orientação geral e que até agora ninguém

questionou, diante da lei, o exercício de práticas terapêuticas por parte dos

assistentes sociais. Se ninguém questionou porque o CFESS questiona?

Quais os interesses de uma organização profissional dar um tiro no próprio

pé? A formação profissional do assistente social é generalista, colocando-o

com possibilidades de trabalhar as questões sócio-individuais com

competência, como se faz na prática clínica que não isola o sujeito da

sociedade e nem a sociedade do sujeito. O trabalho dos vínculos do sujeito

em suas múltiplas dimensões é objeto do currículo generalista, mas existem

inúmeras especializações. O CFESS deve respeitar as especializações, que

são um direito inalienável da pessoa humana e dos profissionais que

aprendem ao longo da vida. A ementa nega o processo de formação

continuada. A proposta de ementa é repressiva sobre o profissional, jogando

em cima dele um acervo de punições, e não é defensora dos direitos do

usuário. Se fosse defensora dos direitos do usuário recomendaria uma

formação adequada complementar à de generalista para poder contribuir com

a superação das situações opressivas vividas pelos sujeitos sociais.Trata-se

de uma proposta de ementa contrária à própria Lei 8862/93, contrária ao

Código de Ética, contrária à liberdade de exercício profissional e contrária à

defesa dos direitos dos usuários que deve ser rejeitada por completo

(FALEIROS, 2009, s.p.).

Entretanto, ainda que o CFESS proíba tais práticas terapêuticas, estas estão enraizadas

na História do Serviço Social, inclusive com uma definição internacional que a contempla. O

que se questiona é justamente por que o CFESS proíbe as práticas terapêuticas no Serviço

Social Brasileiro, na contramão do Serviço Social mais atual a nível mundial. Por outro lado

ainda, o CFESS não pode desconsiderar a história, sendo que tais práticas existem e tem sua

efetividade comprovada e foram amplamente empregadas pela assistente social Virginia

Satir13

fundadora da prática terapêutica com famílias, entre outros profissionais. Faleiros

pergunta por que o Brasil quer ser uma exceção? (FALEIROS, 2009).

É uma pergunta pertinente que não pode ser ignorada pela categoria, pois se tais

práticas terapêuticas estão sendo efetivadas na prática, incentivadas pelas políticas públicas,

como as realizadas pelo CAPS, por que então são proibidas?

13

Virgina Satir (1916 – 1989), terapeuta conhecida internacionalmente. É considerada a pioneira na constituição

do pensamento sistêmico no trabalho terapêutico em diversos segmentos: Terapia familiar, Constelação Familiar,

PNL. Foi uma das idealizadora, fundadora e pesquisadora do Instituto de Pesquisa Mental (MRI) em Palo Alto,

Califórnia no final da década de 50, juntamente com Don Jackson, Jules Raskin e Gregory Bateson. É uma das

líderes da formulação de ideias nas áreas de estudos interacionais sistêmicos, incluindo o tratamento de

indivíduos, casais e famílias. No MRI desenvolveu pesquisas sobre a interação familiar e as relações entre os

membros saudáveis e os doentes, bem como ministrou treinamentos em terapia familiar, que ficaram famosos no

mundo. (FORMAÇÃO DO MODELO DE VALIDAÇÃO HUMANA VIRGINA SATIR, 2017)

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2.4 A DEMANDA DO MERCADO PARA O TRABALHO COM GRUPOS DO

ASSISTENTE SOCIAL

No decorrer da elaboração desse trabalho de conclusão de curso foi possível perceber

que há uma demanda por profissionais do Serviço Social que realizem o trabalho com grupos,

nas mais diversas áreas de atuação profissional.

Os Programas Sociais tem como exigências para o recebimento de benefícios a

participação em grupos coordenados por assistentes sociais com o objetivo de informar os

direitos que esses usuários têm garantido pela legislação brasileira. Esses encontros são

geralmente realizados por assistentes sociais que exercem sua função na assistência básica nos

CRAS e no Serviço de proteção e atendimento especializado a famílias e indivíduos –

CREAS.

O setor de saúde também solicita em suas demanda a realização de trabalho com

grupos, explicitamente no documento “Parâmetros para Atuação dos Assistentes Sociais na

Política de Saúde”, elaborado pelo Grupo de Trabalho “Serviço Social na Saúde”, do conjunto

CFESS/CRESS, o qual apresenta as atribuições e Competências das (os) Assistentes Sociais:

[...] encaminhar providências e prestar orientação social a indivíduos, grupos

e à população; orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais

no sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento

e na defesa de seus direitos. Dentre as principais atividades a serem

efetivadas, destaca-se: criar grupos socioeducativos e de sensibilização junto

aos usuários, sobre direitos sociais, princípios e diretrizes do SUS; realizar

atividades de grupos com os usuários e suas famílias, abordando temas de

interesse dos mesmos (CFESS/CRESS, 2010, s.p. grifo nosso).

Na área da educação também há a necessidade do conhecimento do trabalho com

grupos. Isto pode ser percebido na descrição do cargo de assistente social da Universidade

Federal do Espírito Santo, onde consta como requisito de qualificação para ingresso no cargo

exercer as atividades de

Orientar indivíduos, famílias, grupos, comunidades e instituições:

Esclarecer dúvidas, orientar sobre direitos e deveres, acesso a direitos

instituídos, rotinas da instituição, cuidados especiais, serviços e recursos

sociais, normas, códigos e legislação e sobre processos, procedimentos e

técnicas; ensinar a otimização do uso de recursos; organizar e facilitar;

assessorar na elaboração de programas e projetos sociais; organizar cursos,

palestras, reuniões. Coordenar equipes e atividades: Coordenar projetos e

grupos de trabalho; recrutar selecionar e pessoal; participar do planejamento

de atividades de treinamento e avaliação de desempenho dos recursos

humanos da instituição (UFES, 2017, s.p., grifo nosso.).

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Essa mesma universidade tem em sua grade curricular do curso de Serviço Social a

disciplina de processo grupal com carga horária de 60 horas.

Ainda, o trabalho com grupos tem sido solicitado como requisito principal para

exercício de determinadas funções destinadas aos profissionais assistentes sociais, em

processos seletivos, como por exemplo, no Serviço Social do Comércio - Sesc do Estado do

Paraná, que no município de Maringá está realizando a contratação de um profissional para o

cargo de Técnico de Atividades - trabalho com grupos, ao qual podem concorrer candidatos

com Nível Superior completo em Serviço Social (PCI CONCURSOS, 2017).

Desta forma, fica evidenciada a importância de serem aprofundados os estudos sobre

esse método de intervenção para uma melhor prestação do serviço profissional que exige

intervenção grupal, nas mais diversas áreas de atuação, de modo que há necessidade da

produção de estudos e debates da categoria sobre o ensino dessa prática interventiva na

formação profissional do assistente social, para que seja mantida sua identificação enquanto

profissão interventiva.

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3 A PERCEPÇÃO DA ABORDAGEM COM GRUPO POR PROFISSIONAIS

ASSISTENTES SOCIAIS NAS ÁREAS PESQUISADAS: DÚVIDAS, DILEMAS E

ALGUMAS INDEFINIÇÕES

Neste terceiro e último capítulo o objetivo é apresentar a pesquisa realizada nos

campos cadastrados para o campo de estágio na Universidade do Oeste do Paraná – campus

de Toledo sendo eles; CRAS-CEU, CREAS II, CAPS II, Secretaria de Educação, Hospital

Bom Jesus, Prati-Donaduzzi, Serviço Auxiliar a Infância (SAI) e o Conselho da Comunidade,

para compreender a realidade do trabalho com grupos no município de Toledo-PR, bem como

os procedimentos metodológicos adotados para a realização da pesquisa, trazendo

informações importantes acerca da metodologia e métodos utilizados. Feito isto, passa-se à

apresentação dos dados coletados mediante a aplicação de questionário previamente

elaborado e à análise dos mesmos.

A pesquisa estará disponível na biblioteca da Universidade Estatual do Oeste do

Paraná – Unioeste/Campus Toledo para contribuir com o seu acervo, ainda mais pelo fato de

que não há no acervo nenhum trabalho de conclusão de curso que aborde a temática da prática

profissional do assistente social no trabalho com grupos.

3.1 METODOLOGIAS ADOTADAS NA PESQUISA E A BIBLIOGRAFIA SOBRE

ABORDAGEM DO TRABALHO COM GRUPO

Inicialmente vale diferenciar “metodologia” e “método” sendo que, para Tartuce

(2006), metodologia científica trata de “método” e “ciência”.

Método (do grego methodos; met'hodos significa, literalmente, “caminho

para chegar a um fim”) é, portanto, o caminho em direção a um objetivo;

metodologia é o estudo do método, ou seja, é o corpo de regras e

procedimentos estabelecidos para realizar uma pesquisa; (TARTUCE, 2006,

apud GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 11).

Em se tratando de uma pesquisa científica, esta compreende o conjunto de

conhecimentos precisos e metodicamente ordenados em relação a determinado domínio do

saber, logo, metodologia científica configura-se como “um estudo sistemático e lógico dos

métodos empregados nas ciências, seus fundamentos, sua validade e sua relação com as

teorias científicas”. Por sua vez, o método científico diz respeito a um “conjunto de dados

iniciais e um sistema de operações ordenadas adequado para a formulação de conclusões, de

acordo com certos objetivos predeterminados” (GERHARDT; SILVEIRA, 2009).

A atividade preponderante da metodologia é a pesquisa, pois o conhecimento humano

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pode ser entendido como uma relação estabelecida entre o sujeito e o objeto, de forma que a

apreensão simples da realidade cotidiana é um conhecimento popular ou empírico. Por outro

lado, se tratar-se de um estudo aprofundado e metódico da realidade estaremos falando em

conhecimento científico (TARTUCE, 2006, apud GERHARDT; SILVEIRA, 2009).

Metodologia é o estudo da organização, dos caminhos a serem percorridos, para se

realizar uma pesquisa ou um estudo, ou para se fazer ciência, sendo que para a metodologia

importa a validade do caminho escolhido para se chegar ao fim proposto pela pesquisa. A

metodologia vai além da descrição dos procedimentos (métodos e técnicas a serem utilizados

na pesquisa), indicando a escolha teórica realizada pelo pesquisador para abordar o objeto de

estudo (GERHARDT; SILVEIRA, 2009).

A metodologia, portanto, é um fator importante na construção da qualquer pesquisa

sendo que o método é o processo para se atingir um determinado fim ou para se chegar ao

conhecimento, de modo que a metodologia deve ser entendida como o conjunto de

procedimentos técnicos utilizados para a realização da pesquisa, para a sistematização dos

dados e como forma de análise dos resultados.

Este trabalho teve como base inicial uma pesquisa bibliográfica, desenvolvida a partir

de materiais publicadas em livros, artigos, dissertações e teses, sendo considerado um

procedimento imprescindível, pois através dela se buscou o conhecimento sobre o tema

abordado. Como base de pesquisa bibliográfica utilizaram-se obras que tratam do processo

histórico do Serviço Social com ênfase no trabalho com grupos e de seus instrumentais, sendo

essa base bibliográfica composta pelos seguintes autores: Carvalho (2014), Cardoso (2013),

Faleiros (2005,2013), Ferreira (1981), Friedlander (1975), Guerra (1995, 2000, 2007), Gomes

(2016), Kisnerman (1973), Konopka (1968), Raichelis (1988), Siqueira (2016), Silva (2014),

Torres (1985), Zimerman (1997).

Para compreender a realidade do trabalho com grupos no município de Toledo-PR

buscou-se primeiramente entender o processo histórico e a prática profissional por meio de

bibliografias, sendo que foi utilizada bibliografia encontrada na biblioteca da Universidade

Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste/Campus Toledo. Sobre os instrumentais necessários à

prática profissional do assistente social, no que se refere ao trabalho com grupos, foi

constatada uma grande dificuldade em encontrar bibliografias recentes que realizem estudos

sobre o tema. Num segundo momento realizaram-se entrevistas com profissionais assistentes

sociais que desenvolvem o trabalho com grupos nos seus espaços de trabalho.

Como critério de inclusão optou-se em incluir como participantes da pesquisa que

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trabalham nos campos cadastrados para campo de estágio do curso de Serviço Social da

Universidade do Oeste do Paraná, Campus de Toledo serão pesquisados os seguintes campos

o CRAS CEU, CREAS II, CAPS II, Secretaria de Educação, Hospital Bom Jesus, Prati

Donaduzzi, Serviço Auxiliar a Infância (SAI) e o Conselho da Comunidade, que realizam

trabalho com grupos na sua prática profissional. Foi critério de exclusão os assistentes sociais

que não estão inseridos nos campos de estágio credenciados a Universidade Estadual do Oeste

do Parará. Os sujeitos que desistam de participar da pesquisa ou mesmo os que se negarem a

serem entrevistados.

O tamanho da amostra foi de 08 (oito) assistentes sociais que tem vinculo

empregatício nos espaços ocupacionais que fazem parte dos campos cadastrados para o

campo de estágio na Universidade do Oeste do Paraná – Campus de Toledo sendo eles; CRAS

CEU, CREAS II, CAPS II, Secretaria de Educação, Hospital Bom Jesus, Prati Donaduzzi,

Serviço Auxiliar a Infância (SAI) e o Conselho da Comunidade.

Para tanto, a pesquisa constituiu-se em uma pesquisa bibliográfica e também em uma

pesquisa de campo, via aplicação de questionário pré-elaborado, com objetivo de coletar

dados sobre o trabalho com grupos no município de Toledo-PR, junto aos profissionais

assistentes sociais. Assim, a proposta metodológica desse estudo objetiva explicar os

caminhos percorridos para a elaboração deste trabalho e os instrumentais utilizados para a

análise dos dados obtidos e a forma utilizada para a descrição do conteúdo pesquisado.

Após a pesquisa bibliográfica buscou-se identificar a prática do trabalho com grupos

realizados pelos profissionais do Serviço Social nos campos cadastrados para o campo de

estágio na Universidade do Oeste do Paraná – Unioeste/campus Toledo sendo eles: CRAS-

CEU, CREAS II, CAPS II, Secretaria de Educação, Hospital Bom Jesus, Prati-Donaduzzi,

Serviço Auxiliar a Infância (SAI) e o Conselho da Comunidade.

A presente pesquisa, além de seu caráter de pesquisa bibliográfica tem também um

caráter de pesquisa de campo, sendo que a importância de realizar-se a pesquisa de campo

nestes locais pré determinados se justifica, pois, conforme Severino, na pesquisa de campo o

objeto deve ser abordado em seu ambiente, e a coleta de dados deve ser feita em condições

naturais, onde o pesquisador apenas observa sem intervir. Para isto, são necessárias as

técnicas de pesquisa, que para Severino, são as formas operacionais que possibilitam a

mediação prática para se realizar a pesquisa (SEVERINO, 2013). A pesquisa de campo

permite que o pesquisador fique mais próximo de seu objeto, ou seja, “[...] partindo da

construção teórica do objeto de estudo, o campo torna-se um palco de manifestações de

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intersubjetividades e interações entre pesquisador e grupos estudados propiciando a criação de

novos conhecimentos”. (NETO, 1996, p. 54).

Para a elaboração deste ultimo capítulo realizaram-se então entrevistas

semiestruturadas de acordo com o questionário pré-elaborado que encontra-se anexo no

apêndice A. Justifica-se o uso da entrevista visto que, segundo Gil (1987), a entrevista é uma

forma de interação social, pois permite o diálogo entre o pesquisador e o sujeito da pesquisa.

Através da entrevista foram coletadas informações sobre a realidade da prática profissional

nos campos pesquisados, configurando-se como uma interação entre pesquisador e

pesquisados. O pesquisador visou compreender o que os sujeitos pensam, sabem, fazem e

argumentam sobre o objeto da pesquisa, isto é, sobre o trabalho com grupos. Neste sentido

afirmam Ludke e André (1986):

Ao lado da observação, a entrevista representa um dos instrumentos básicos

para a coleta de dados, dentro da perspectiva de pesquisa que estamos

desenvolvendo neste livro. Esta é, aliás, uma das principais técnicas de

trabalho em quase todos os tipos de pesquisa utilizadas nas ciências sociais.

Ela desempenha importante papel não apenas nas atividades científicas como

em muitas outras atividades humanas. [...] na entrevista a relação que se cria

é de interação, havendo uma atmosfera de influência recíproca entre quem

pergunta e quem responde. (LUDKE, ANDRÉ, 1986, p.33)

A opção pela entrevista através de questionário previamente elaborado se justifica para

que a coleta de dados ocorra de forma objetiva e eficaz, e, ao mesmo tempo, para que a

entrevista ocorra de forma dinâmica. Severino (2013) define o questionário como o

Conjunto de questões, sistematicamente articuladas, que se destinam a

levantar informações escritas por parte dos sujeitos pesquisados, com vistas

a conhecer a opinião dos mesmos sobre os assuntos em estudo. As questões

devem ser pertinentes ao objeto e claramente formuladas, de modo a serem

bem compreendidas pelos sujeitos. As questões devem ser objetivas, de

modo a suscitar respostas igualmente objetivas, evitando provocar dúvidas,

ambiguidades, e respostas lacônicas. Podem ser questões fechadas ou

questões abertas. (SEVERINO, 2013, p. 125)

E ainda, outro fator que contribuiu para que a pesquisa se realizasse sob a forma de

questionário escrito foi o fato de que tentou-se fazer entrevistas presenciais e gravadas com os

profissionais assistentes sociais, porém, todos os profissionais da amostra, optaram por

responder o questionário por escrito. No primeiro contato, foi apresentado aos entrevistados

os objetivos da pesquisa, informando-os sobre o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(TCLE), e os princípios e diretrizes do Código de Ética Profissional do/a Assistentes Sociais,

pelo qual a entrevista se manterá sobre total sigilo, resguardando seu nome que será omitido

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do trabalho, sendo apresentado no trabalho na forma de um número de ordem em algarismo.

O tipo de abordagem de dados que foi realizada é uma abordagem qualitativa de

pesquisa, sendo que a pesquisa qualitativa “[...] considera que há uma relação dinâmica entre

o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a

subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números.” (SILVA; MENEZES, 2005,

p.20). Em outras palavras, a pesquisa qualitativa é caracterizada como aquela que “[...] não

pretende numerar ou medir unidades ou categorias homogêneas” (RICHARDSON; PERES,

2008, p.79). Em se tratando de pesquisa qualitativa, esta é dividida em três momentos: (1)

fase exploratória; (2) trabalho de campo e (3) análise de dados (MINAYO, 2001).

A última fase da pesquisa foi iniciada pela compreensão do fenômeno estudado,

realizando uma síntese que representa suas ligações e reações e teorizar através do método por

que aparecem dessa forma. O método utilizado foi o científico que engloba algumas etapas

como (1) a observação, (2) a formulação de uma hipótese, (3) a experimentação, (4) a

interpretação dos resultados e, por fim, (5) a conclusão. Sobre a pesquisa

[...] conclui-se que todo o processo investigativo surge de um problema o

que conduz à construção de hipóteses, como respostas provisórias e que

possibilita o delineamento de ações de verificação para comprovação ou não

das mesmas, ou seja, “desse modo, cada um poderá julgar os saberes

produzidos e sua credibilidade. Essa operação de objetivação, como a

concentração em um problema, está hoje no centro do método científico”

(LAVILLE; DIONNE, 1999, p. 46 apud OLIVEIRA, 2004, p.132).

Para a análise que se faz necessária neste trabalho após a aplicação do questionário, a

metodologia de tratamento que será utilizada é a análise de conteúdo, que objetiva “[...]

compreender criticamente o sentido manifesto ou oculto das comunicações” (SEVERINO,

2013 p. 121). E se justifica, pois a análise de conteúdo

Envolve, portanto, a análise do conteúdo das mensagens, os enunciados do

discurso, a busca do significado das mensagens. As linguagens, a expressão

verbal, os enunciados, são vistos como indicadores significativos,

indispensáveis para a compreensão dos problemas ligados às práticas

humanas e a seus componentes psicossociais. As mensagens podem ser

verbais (orais ou escritas), gestuais, figurativas, documentais (SEVERINO,

2013, p.121).

Assim, através de uma análise prévia das respostas obtidas nos questionários, da

compreensão dos dados coletados, foi possível confirmar que no município de Toledo existe

trabalho com grupos realizado pelos assistentes sociais e compreender como está sendo

realizado esse trabalho, além de averiguar quais são as bases teóricas e os instrumentos

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utilizados pelos profissionais.

3.2 QUESTÕES PRELIMINARES, PROBLEMAS DE PESQUISA E PERFIL DOS

ENTREVISTADOS

Como parte da pesquisa a ser realizada para a elaboração do presente trabalho de

conclusão de curso faz-se necessário apresentar algumas questões preliminares antes de

adentrar na análise dos dados coletados.

Neste subitem será realizada uma breve apresentação dos campos pesquisados, que são

os campos de estágio ofertados pela Universidade do Oeste do Paraná – Unioeste/Campus

Toledo aos graduandos do curso de Serviço Social, e também uma apresentação do perfil dos

profissionais entrevistados.

No que se refere à pesquisa, informa-se desde logo que os profissionais assistentes

sociais que participaram foram submetidos a um questionário previamente elaborado e foi

lhes dada a opção de realizar esse questionário de forma descritiva ou por meio de entrevista

gravada, sendo que todos os profissionais optaram por responder de forma descritiva e

individualmente, sem a presença do pesquisador.

O Gráfico 1 representa a análise da idade dos profissionais entrevistados, sendo que o

perfil dos participantes da pesquisa, no quesito idade, mostrou-se bem abrangente, com idades

variando entre 20 e 60 anos, e posibilitou a elaboraçao de um perfil bem variado conforme

demostrado no grafico abaixo:

GRÁFICO 1 – Idade dos profissionais assistentes sociais entrevistados

Fonte: Dados coletados na pesquisa (2017)

O Gráfico 2 representa o nível de escolaridade dos profissionais entrevistados e

25%

13%

38%

25%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

20-30 30-40 40-50 50 acima

Idade dos entrevistados

Idade dos entrevistados

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permite constatar que somente a metade dos entrevistados realizou a continuidade em seus

estudos após a conclusão do curso de graduação, muito embora durante toda a graduação seja

exaustivamente trabalhada a importância da continuidade dos estudos.

GRÁFICO 2 – Escolaridade dos profissionais assistentes sociais entrevistados

Fonte: Dados coletados na pesquisa (2017)

O Gráfico 3 representa o nível de aperfeiçoamento dos profissionais entrevistados, e

demostra que a maioria dos profissionais realizam aperfeiçoamento em outras áreas. Entre

esses cursos de aperfeiçoamento há uma variedade de áreas procuradas, como gestão escolar,

trabalho pedagógico, sócioterapia, gestão em saúde, atendimento ao público, conselhos de

direitos, família, tribunal de contas e em outras áreas não informada pelos entrevistados.

GRÁFICO 3 – Realização de cursos de aperfeiçoamento em outras áreas

Fonte: Dados coletados na pesquisa (2017)

50% 50%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Graduação Especializações

Porcentagem de profissionais com especializações

Porcentagem deprofissionais comespecializações

25%

75%

0%

20%

40%

60%

80%

Não realizaramaperfeiçoamento

Realizaramaperfeiçoamento

Cursos de aperfeiçoamento em outras áreas

Cursos deaperfeiçoamenro emoutras áreas

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O Gráfico 4 refere-se ao perfil dos entrevistados e apresenta o período de formação da

graduação dos entrevistados, isto é, em que ano concluíram o curso de graduação em Serviço

Social. Por meio desse gráfico podemos perceber que a amostra contempla um grande período

de formação no tempo.

GRÁFICO 4 – Período da conclusão da graduação das entrevistadas

Fonte: Dados coletados na pesquisa (2017)

Da análise dos gráficos apresentados acima observamos que essa pesquisa foi capaz de

abranger uma grande diversidade entre os entrevistados no quesito idade; foi capaz de

comtemplar uma ampla abrangência no que se refere ao período de conclusão da graduação

em Serviço Social, que conseguindo abranger um significante ciclo, isto pode observar as

mais variadas perspectivas dos profissionais tendo em vista as mudanças que eventualmente

ocorreram nos cursos de Serviço Social.

Assim, levando em conta o perfil dos profissionais entrevistados, pode-se ter uma

visão mais ampla sobre os assistentes sociais que participaram da pesquisa e sua prática

profissional, aí inseridas as perspectivas teóricas utilizadas por cada um deles. Isto feito,

cumpre agora entender quais são os campos em que os profissionais entrevistados realizam o

seu trabalho, com ênfase nas atividades realizadas com grupos, e, em seguida, proceder a

análise dos dados coletados.

13%

38%

25% 25%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

1980-1990 1990-2000 2001-2010 2011-2017

Período da conclusão da graduação

Período da conclusão dagraduação

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3.3 IDENTIFICAÇÃO E APRESENTAÇÃO DOS CAMPOS CADASTRADOS PARA O

CAMPO DE ESTÁGIO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL NA UNIVERSIDADE

ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE/CAMPUS TOLEDO QUE

EXECUTAM O TRABALHO COM GRUPOS

O presente subitem tem como intuito apresentar os campos escolhidos para serem

analisados e se em seus espaços é realizado o trabalho com grupos e de que forma que é

executado.

Integram a pesquisa os campos que a Universidade Estadual do Oeste do Paraná –

Unioeste/Campus Toledo oferta para campo de estágio aos seus graduandos no Curso de

Serviço Social. Foi feita a opção por campos de atuação em áreas variadas como Educação,

Sócio- Jurídica, Saúde, Assistência e iniciativa privada. São eles: CRAS-CEU, CREAS II,

CAPS II, Secretaria de Educação, Hospital Bom Jesus, Prati-Donaduzzi, Serviço Auxiliar a

Infância (SAI) e o Conselho da Comunidade, todos no município de Toledo-PR.

Desta maneira, sabe-se que há um contexto muito mais amplo que envolve todos os

profissionais assistentes sociais, para além dos campos contemplados por esta pesquisa.

Porém, é impossível abranger todas as esferas de atuação do assistente social, de modo que se

optou por estes campos específicos para a realização da pesquisa. E a opção se dá justamente

para descobrir como se dá a prática profissional do assistente social nestes campos, se o

profissional compreende o que é e se ele realiza o trabalho com grupos, que teorias embasam

sua prática e os instrumentais utilizados no desenvolvimento de seus projetos com grupos.

Para uma melhor compreensão do que é o trabalho com grupos e como ele se realiza

no município de Toledo, desde logo apresenta-se todos os campos, individualmente,

discorrendo sucintamente sobre a natureza do trabalho que ali se realiza.

3.3.1 Conselho da comunidade na Comarca de Toledo

O primeiro campo abordado é o Conselho da comunidade na Comarca de Toledo, que

iniciou seus trabalhos no dia 10 de outubro de 2005, sob a supervisão da Juíza da Vara de

Execução Dra. Luciana Beal, com o objetivo de realizar a fiscalização do cumprimento de

regime de prisão fechado, sendo realizado este trabalho na Cadeia Pública De Toledo – PR.

Integram esse conselho aproximadamente 12 conselheiros, podendo variar para mais ou

menos, sendo composto por pessoas da sociedade civil, entre empresários, voluntários,

entidades, clubes de serviços e igrejas (BELLE, 2017, p. 2). Define-se o Conselho da

comunidade na Comarca de Toledo:

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Art.1º – O Conselho da Comunidade da Comarca de Toledo é uma

associação civil, sem fins lucrativos, que tem por finalidade auxiliar o Poder

Judiciário e o Ministério Público na execução e fiscalização das penas

privativas de liberdade, das penas restritivas de direito, da pena de multa, do

livramento condicional, da suspensão condicional da pena, da suspensão

condicional do processo e das transações penais, bem como dar assistência

aos apenados e aos presos recolhidos em estabelecimentos penais localizados

no âmbito territorial da Comarca de Toledo. Art.2º – Sua sede, por tempo

indeterminado, situa-se na rua Almirante Barroso, 3.222, Toledo – Paraná,

CEP nº 85.905-010.Art.3º – Foi criado para, entre outras finalidades, dar

cumprimento ao disposto no art.4º e no Capítulo VIII do Título III da Lei de

Execução Penal (Lei nº 7.210/84) e será regido pelo presente estatuto e

alterações respectivas (TOLEDO, 2015, p.1 apud BELLE, 2017 p. 2).

Os principais objetivos do Conselho da Comunidade de Toledo são, além de gerenciar

a obtenção de recursos matérias e humanos para assistência ao preso, fornecer assistência

social, psicológica e jurídica aos detentos, e estabelecer parcerias de uma rede social de

fiscalização das alternativas sociais e de programas de prevenção de crimes. Para isso o

Conselho da Comunidade coloca em prática vários planos, programas e projetos visando a

efetivação destes objetivos. (BELLE, 2017)

Integra o Conselho da Comunidade Conselho da Comunidade uma assistente social do

que trabalha com os grupos de detentos em alguns projetos: Projeto recomeçar, Projeto PID –

Programa de inclusão digital, Projeto artesanato e o Projeto Lavanderia. (BELLE, 2017)

3.3.2 Hospital Bom Jesus- HOESP (Associação Beneficente do Oeste do Paraná)

O segundo campo abordado é o Hospital Bom Jesus, que foi fundado em 14 de

setembro de 1971, na cidade de Toledo Paraná. No ano de 2004 o hospital passou a ser

denominado HOESP (Associação Beneficente do Oeste do Paraná), definido em seu estatuto

como entidade da organização de sociedade civil de interesse público, sem fins econômicos,

de direito privado, com autonomia administrativa e financeira (HOESP, 2017 apud

OLIVEIRA, 2017).

A inserção do Serviço Social na instituição se deu no ano de 1996, e hoje é formado

por duas assistentes sociais e estagiárias que desenvolvem vários projetos, sendo alguns com

grupos, são eles: Curso para Casais Grávidos, Banco de Leite, Projeto Conscientização e

Humanização do acompanhante, Projeto Saúde do Trabalhador – HOESP e Projeto Vida Bom

Jesus (OLIVEIRA, 2017).

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3.3.3 Centro de referência da assistência Social – CRAS

O terceiro campo abordado é o CRAS - Centro de referência da assistência Social, que

tem como objetivo a prevenção de riscos, por meio do desenvolvimento de potencialidades e

do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, tendo como eixo central o PAIF –

Programa de Atenção Integral a Famílias (seus membros enquanto indivíduos e grupo),

ofertando serviços e ações continuadas, tendo como prioridade o atendimento de famílias com

maior grau de vulnerabilidade, as beneficiárias do Programa Bolsa Família e do Benefício de

Prestação Continuada, com ações que “visem à sustentabilidade, de forma a romper com o

[...] processo de exclusão social, e evitar que essas famílias e indivíduos tenham seus direitos

violados, recaindo em situação de vulnerabilidade e riscos”. (BRASIL, 2009, p. 36). O PNAS

define CRAS como sendo

[...] a unidade pública municipal, de base territorial, localizada em áreas com

maiores índices de vulnerabilidade e risco sociais destinados a articulação

dos serviços socioassistenciais no território de abrangência e a 11 prestação

de serviços, programas e projetos socioassistenciais de proteção de proteção

social básica as famílias. (Incluído pela Lei n º 12.435, de 2011).

Os serviços de atuação do CRAS se dividem em três principais: o Serviço de Proteção

e Atendimento Integral à Família – PAIF; o Serviço de Convivência e Fortalecimento de

Vínculos – SCFV, organizados por faixa etária (crianças, adolescentes, jovens e idosos); e o

Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas.

(BRASIL, 2009). Assim, tanto o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família –

PAIF; quanto o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos – SCFV, realiza

trabalho com grupos, de acordo com o seu ciclo de vida, a fim de complementar o trabalho

social com famílias e prevenir a ocorrência de situações de risco social (BRASIL, 2016).

Alguns dos objetivos principais do Serviço de Convivência de Fortalecimento de

Vínculos visam prevenir a ocorrência de situações de risco social, fortalecendo a convivência

familiar e comunitária, a fim de impedir a institucionalização e a segregação de crianças,

adolescentes, jovens e idosos, em especial, das pessoas com deficiência, assegurando o direito

à convivência familiar e comunitária, promovendo acessos a benefícios e serviços

socioassistenciais e fortalecendo a rede de proteção social de assistência social nos territórios,

contribuindo para o usufruto dos usuários aos demais direitos, que oportunizam o acesso às

informações sobre direitos e sobre participação cidadã, estimulando o desenvolvimento do

protagonismo dos usuários. Busca-se especialmente, contribuir para a redução de risco social,

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ampliação do acesso aos direitos socioassistenciais e melhoria da qualidade de vida dos

usuários e suas famílias (BRASIL, 2009)

Além do projeto do Serviço de Convivência de Fortalecimento de Vínculos as

profissionais que atuam do CRAS realizam outros trabalhos com grupos como o Projeto

Cegonha Feliz, Programa Informar para Direitos, Roda da Conversa, Projeto Fortalecendo

Família e o ProJovem Adolescente (MOTTA, 2017)

3.3.4 Prati-Donaduzzi Medicamentos Genéricos

Outro campo abordado é a indústria farmacêutica Prati-Donaduzzi, fundada em 1993 e

que está localizada em Toledo-PR. “[...] É uma das principais indústrias de medicamentos

com foco em genéricos do Brasil e o maior laboratório em fornecimento de doses para o

governo brasileiro, além de ser um dos laboratórios que mais crescem no país com a maior

produção do Brasil” (RODRIGUES; OLIVEIRA, 2017, p.8).

O Serviço Social surgiu na empresa em meados de 2005, com a contratação de um

profissional assistente social em 2011, renomeando-se o setor que passou a ser chamado

Responsabilidade Social (RODRIGUES; OLIVEIRA, 2017)

Desde sua criação até a atualidade o Serviço Social destina-se a realizar práticas que

visem à melhoria da condição de vida e de trabalho dos funcionários e de seus familiares,

desenvolvendo ações de acompanhamento e orientação aos mesmos, mediante a possíveis

dificuldades encontradas, tais como: dificuldade na adaptação do trabalho, problemas de

relacionamento interpessoais, orientação aos funcionários facilitando seu acesso a recursos

institucionais ou a outro serviço oferecido pelo setor público ou privado, encaminhamento dos

que possuem dependência química para tratamento especializado, atendimentos

individualizados; encaminhamentos para outras áreas como: Saúde, Psicologia, Nutrição,

entre outras, entrevistas de desligamento, treinamentos, orientação para utilização de vale-

transporte, visita para recrutamento de funcionários, visita domiciliar para os funcionários que

estão afastados pelo INSS, (licença maternidade, auxílio doença, acidente de trabalho e

trajeto; entre outras que sejam solicitadas) fornecimento de auxílio alimentação, etc.

(RODRIGUES; OLIVEIRA, 2017)

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3.3.5 Serviço auxiliar da infância- SAI

Outro campo escolhido foi o SAI - Serviço auxiliar da infância, devido sua prática de

trabalho com grupos, através do GAAT – Grupo de Apoio a Adoção de Toledo. Esse serviço

foi instituído pelo Decreto Judiciário nº 1.057 de 09 de Dezembro de 1991, divulgado no

Diário da Justiça de 17 de Novembro de 1992, substituindo o extinto Programa de Liberdade

Assistida – PLA, e tem atuação junto a Vara de Infância e Juventude de Toledo, sendo

diretamente subordinado a Corregedoria Geral da Justiça do Estado do Paraná.

O SAI tem como demanda crianças e adolescentes que estão em situações de

vulnerabilidade como violência física, abuso sexual, negligência, abandono material, adoção,

etc., visando à garantia da proteção dos direitos de crianças e adolescentes.

Dentro as atribuições do assistente social do SAI está a realização do Projeto do

GAAT que se efetivou a partir da Portaria n° 017 de 26 de Junho de 2008. O projeto foi

instituído pelo Juiz de Direito da Vara da Infância e Juventude da Comarca de Toledo, Dr.

Rodrigo Rodrigues Dias, e sua efetivação se deu com o apoio do Curso de Serviço Social da

Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste/Campus Toledo, através do Núcleo Temático

da Política da Criança e do Adolescente e a Política da Juventude do Curso de Serviço Social

coordenado pela professora Dra. Zelimar Bidarra.

O Grupo de Apoio a Adoção de Toledo (GAAT) é um projeto que o profissional do

Serviço Social desenvolve com grupos e tem por objetivo estabelecer experiências e

informações entre os profissionais que atuam no Serviço Auxiliar da Infância e os postulantes

à adoção.

3.3.6 Centro de Referência Especializado em Assistência Social – CREAS I (Serviço de

Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos – PAEFI adulto)

Também será abordado o Centro de Referência Especializado de Assistência Social –

CREAS, que é uma unidade pública da política de Assistência Social onde são atendidas

famílias e pessoas que estão em situação de risco social ou tiveram seus direitos violados. A

unidade deve, obrigatoriamente, ofertar o Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a

Famílias e Indivíduos (PAEFI), podendo ofertar outros serviços, como Abordagem Social e

Serviço para Pessoas com Deficiência, Idosas e suas famílias. É unidade de oferta ainda do

serviço de Medidas Socioeducativas em Meio Aberto (BRASIL, 2016).

O município de Toledo conta com dois centros que desenvolvem o Serviço de

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Proteção Social de Média Complexidade, Centros de Referência Especializado de Assistência

Social – CREAS I e CREAS II, porém faz parte da presente pesquisa apenas o CREAS I.

O CREAS I foi inaugurado em 16 de dezembro de 2009, localizado na Vila Pioneiro,

rua Dr. Cyro Fernandes do Lago, n° 167, município de Toledo – PR, e executava apenas os

Serviços de Proteção Social a Adolescente em Cumprimento a Medida Socioeducativa de

Liberdade Assistida e de Prestação de Serviços à Comunidade (VEISS, 2017), e oferta os

seguintes serviços: Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos

(PAEFI); Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida

Socioeducativa de Liberdade Assistida (LA), e de Prestação de Serviços à Comunidade

(PSC); Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosas e suas

Famílias.

Em suma, o CREAS oferece atendimento às famílias e indivíduos com seus direitos

violados, cujos vínculos familiares e comunitários estão fragilizados e até mesmo rompidos.

Neste sentido, o serviço exige maior estruturação técnico-operacional e atenção especializada

e individualizada e/ou, acompanhamento sistemático e monitorado. O Serviço possui como

escopo as seguranças socioassistenciais, na perspectiva da proteção social, sendo elas

segurança de acolhida, segurança de convívio ou vivência familiar e segurança de

sobrevivência ou rendimento e de autonomia (BRASIL, 2016).

3.3.7 Centro de Atenção Psicossocial – CAPS

Outro campo a ser abordado e o CAPS - Centro de Atenção Psicossocial. A implantação

dos CAPS visa a oferta de ações efetivas com o objetivo de substituir o modelo

hospitalocêntrico, como componente estratégico de uma política destinada a diminuir a lacuna

assistencial no atendimento a pacientes com transtornos mentais graves e persistentes e

transtornos decorrentes do uso de álcool e outras drogas (VERONEZ, 2016).

Com base no diagnóstico situacional da saúde mental do município de Toledo, o

CAPS visa organizar a rede de atenção psicossocial do município e a Política de Saúde

Mental instituída no Brasil através da Lei Federal nº 10.216/01, têm como premissa

fundamental a desinstitucionalização e a humanização da assistência.

As diretrizes nacionais de Saúde Mental apontam para a necessidade da reorganização

da atenção à saúde mental em todos os níveis de atenção, tendo o conceito do “[...] cuidado

como eixo central de reorientação deste modelo, respondendo a uma concepção de saúde não

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centrada somente na assistência, mas, sobretudo, na promoção da qualidade de vida das

pessoas em sofrimento psíquico”. O atendimento multiprofissional no CAPS às pessoas com

transtornos mentais e de transtornos decorrentes do uso de álcool e outras drogas clinicamente

diagnosticados, residentes na cidade de Toledo é realizada através de diversas atividades

terapêuticas (VERONEZ, 2016, p. 5).

Os objetivos do trabalho do assistente social no CAPS são propiciar a inclusão da

pessoa com transtorno mental no seu ambiente social, trabalhando questões relacionadas ao

preconceito; prestar orientação e encaminhamentos a pessoa com transtorno mental e sua

família quanto aos seus direitos, deveres e possibilidades; participar da elaboração de

protocolos de assistência e atuar em equipe multiprofissional; democratizar o acesso dos

pacientes e dos familiares aos programas e projetos na área de saúde mental e assistência

social, sempre buscando a melhoria da qualidade de vida. Uma das ferramentas utilizadas para

desenvolver suas funções é o de organizar grupos de pacientes e familiares.

Nesse espaço ocupacional é realizado trabalho com grupos onde são desenvolvidas

atividades manuais em oficinas denominadas como oficinas terapêuticas.

3.3.8 Secretaria Municipal de Educação de Toledo - SMED

Para finalizar, faz-se também uma abordagem sobre o campo Secretaria Municipal de

Educação de Toledo – SMED. De acordo com o site oficial do município de Toledo, a

SMED é o orgão gestor da política de educação e tem como atribuições: coordenar, orientar,

assistir, acompanhar e gerenciar a educação no município nos níveis de educação infantil,

ensino fundamental I, educação especial e educação de jovens e adultos. A secretaria ainda

responsabiliza-se pela qualidade do ensino público das escolas municipais e nos Centros

Municipais de Educação Infantil - CMEIs ( BRANDÃO, 2016).

Existem muitas demandas emergentes das expressões da Questão Social que justificam

a inserção do profissional assistente social na Política de Educação, sendo um dos aspectos o

enfrentamento da questão social que envolve a luta pela consolidação dos direitos sociais para

a construção de uma nova sociedade, e também das políticas sociais em que o assistente social

estabelece formas de garantir esses direitos através de leis estabelecidas, como por exemplo,

no art.4° no inciso III, da Lei 8.662/93, que regulamenta a profissão do assistente social, e

que especifica suas competências (“encaminhar, prestar orientações sociais aos indivíduos,

grupos e a população”, orientações estas que se referem a garantias de direitos), nesse sentido,

o profissional assistente social inserido na Política de Educação é direcionado pelas

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legislações que tratam da educação inclusiva. “[...] O Serviço Social nesse espaço

ocupacional, tem entre as suas funções a de promover a orientação educacional nas escolas

através do aconselhamento vocacional, em cooperação com os professores, as famílias e a

comunidade” (BRANDÃO, 2016, p. 10).

Acredita-se que uma das maiores contribuições que o Serviço Social pode fazer na

área educacional é a inserção da família no contexto escolar. É intervindo na família, por meio

de ações ou de trabalhos de grupo com os pais que se mostra à importância da relação escola-

aluno-família. O profissional assistente social na secretaria de educação realiza o projeto

Escola versus Família , que discute a importância da presença da família no processo de

escolarização das crianças, de maneira a favorecer a construção de parcerias no

desenvolvimento das ações que favoreçam o sucesso escolar e social das crianças atendidas

pela instituição ( BRANDÃO, 2016).

Esse trabalho do assistente social tem como intuito promover uma interação

significativa entre os pais, os professores, coordenação pedagógica, direção e alunos, visando

oportunizar vivências que possibilitem o refletir sobre o processo de desenvolvimento das

crianças, para que possam assumir o compromisso com a aprendizagem informal e formal das

crianças e adolescentes, colaborando com a construção de horizontes, que terão

posteriormente impactos positivos em suas vidas (BRANDÃO, 2016).

3.4 PERCEPÇÃO E CONSIDERAÇÕES DAS ASSISTENTES SOCIAIS ACERCA DO

TRABALHO COM GRUPO: O QUE OS DADOS REVELAM?

O objetivo geral dessa pesquisa é o de identificar se está sendo realizado o trabalho

com grupos e como é entendido e executado o trabalho de grupo nos seguintes espaços

socioocupacionais, os campos cadastrados para o campo de estágio na Universidade do Oeste

do Paraná – Unioeste/Campus Toledo sendo eles: CRAS- CEU, CREAS II, CAPS II,

Secretaria de Educação, Hospital Bom Jesus, Prati-Donaduzzi, Serviço Auxiliar da Infância

(SAI) e o Conselho da Comunidade. Para isso utiliza-se uma abordagem teórico-

metodológica visando entender e identificar quais os instrumentais que os profissionais de

serviço social utilizam para realizar o trabalho com grupos.

Por meio da aplicação dos questionários como pesquisa de campo foi confirmada a

existência do uso do trabalho com grupos no processo de intervenção realizado nos campos de

estágio ofertados pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste/Campus de

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Toledo aos graduandos do curso de Serviço Social. Para analisar as entrevistas utilizou-se o

método da análise de conteúdo, que visa “[...] compreender criticamente o sentido manifesto

ou oculto das comunicações” (SEVERINO, 2013, p. 121). A análise tem como categoria

central o trabalho com grupos, objetivando conhecer as perspectivas teóricas que embasam a

atuação desses profissionais, e apreendendo quais são os instrumentais utilizados nos campos

para realizar o trabalho com grupos. Ressalve-se que não será feita a análise citando

individualmente os entrevistados para que seja respeitado o sigilo dos profissionais assistentes

sociais.

Para a realização da pesquisa utilizou-se um questionário previamente elaborado

composto por um total de 11 (onze) perguntas de natureza técnica, que seguem abaixo:

QUESTIONÁRIO DE PESQUISA PARA LEVANTAMENTO DE DADOS REFERENTES

AO TRABALHO COM GRUPOS

1 Realiza trabalho de grupo?

2 O que você entende por trabalho com grupos dentro do Serviço Social?

3 Quais teorias possivelmente podem embasar as metodologias do trabalho de grupos?

4 Existem traços da Teoria Sistêmica, Fenológica e Pragmática?

5 Segue orientação das Politicas Sociais (trabalho de Grupo) ou segue alguma perspectiva teórica?

6 Quais perspectivas teóricas são adotadas para as intervenções em grupos?

7 Quais são os instrumentos de trabalho em grupo para desenvolver as ações demandadas pelo

campo de estágio?

8 Quais seriam os instrumentais que você considera importante ser utilizados pelo assistente social

no trabalho com grupo, aprendeu na graduação do curso tais instrumentos?

9 Quais instrumentais para esta modalidade de trabalho já são utilizados por este espaço sócio

ocupacional?

10 Conhece a norma do CFESS e a discussão sobre Práticas Terapêuticas? Qual seu posicionamento

em relação a ela.

11 O que o pensa sobre a pluralidade? Se sente incluído na sua perspectiva teórica no serviço

social? Encontra-se algum desafio?

Por meio da aplicação dos questionários e da pesquisa de campo em resposta a

pergunta 1, se realiza trabalho de grupo?, foi confirmada a existência do uso do trabalho com

grupos no processo de intervenção realizado nos campos de estágio ofertados pela

Universidade do Oeste do Paraná – Unioeste/Campus de Toledo aos graduando do curso de

Serviço Social.

As respostas à pergunta 2, O que você entende por trabalho com grupos dentro do

Serviço Social?, possibilitou compreender a forma como esses profissionais assistentes

sociais definem o trabalho com grupos, sendo que em suas respostas todos destacaram a

importância dessa prática:

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A.S. O trabalho com grupo no serviço social é uma das intervenções mais

importantes. O grupo possibilita troca de experiências, fortalecimento de

vínculos, não deixando de ressaltar a importância da participação,

ampliação sobre informações e direitos sociais.

Outros profissionais assistentes sociais definiram o trabalho com grupos como um

espaço privilegiado, sendo o mais significante da intervenção da profissão do assistente

social. Método de trabalho capaz de desenvolver e promover em seus usuários o

empoderamento14

e autonomia pessoal e social; outras entrevistadas “[...] entendem que é um

processo por meio do qual as experiências vivenciadas pelo grupo podem como um todo

atingir seus objetivos e desenvolver sua consciência social”. Dessa forma o trabalho com

grupos possibilita a troca de experiências e o fortalecimento de vínculos, não deixando de

ressaltar a importância da participação, ampliação sobre informações e direitos sociais sendo

ele um método de intervenção da profissão.

De acordo com as respostas obtidas na pergunta 2, observa-se que o entendimento do

que é trabalho com grupos é bem amplo, e para a maioria dos profissionais pesquisados está

bem claro o seu significado, seu valor e a necessidade da aplicação desse método para a

realização da intervenção. Essa intervenção pode ser realizada com grupos de usuários em

reuniões coletivas, destinadas a construir uma identidade de grupo comum, definido por faixa

etária, gênero, por problemas relacionados à dependência química, desacordos familiares,

orientação sobre garantias de direitos ou benefícios.

Na terceira questão, quais teorias possivelmente podem embasar as metodologias do

trabalho com grupos?, buscamos identificar quais teorias possivelmente podem embasar as

metodologias do trabalho com grupos, e obtivemos as mais diversas respostas. Uma das

entrevistadas cita que todas as teorias podem ser usadas como base do trabalho com grupos,

principalmente a fenomenologia, o marxismo e a sistêmica. É possível perceber o ecletismo

sendo efetivado na prática profissional onde busca-se o conhecimento em várias teorias e

absorve-se o que se faz necessário naquele momento.

Outra entrevistada afirma que elabora seu trabalho com base nas teorias do

psicodrama, psicanálise e teoria comportamental, áreas muito mais próximas da psicologia ou

dos profissionais com formação em estudos terapêuticos, observa-se que essas profissionais

sentiram necessidade de adquirirem outras formas de intervenção para auxiliar a sua prática

14

Sobre o empoderamento pode-se afirmar, segundo Romano e Antunes (2002): “[...] uma abordagem que

coloca as pessoas e o poder no centro dos processos de desenvolvimento; um processo pelo qual as pessoas, as

organizações, as comunidades assumem o controle de seus próprios assuntos, de sua própria vida e tomam

consciência da sua habilidade e competência para produzir, criar e gerir” (ROMANO; ANTUNES, 2002, p. 6).

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profissional, buscando aperfeiçoamento profissional em outras áreas.

Uma terceira entrevistada afirmou que tem conhecimento do projeto ético-político

profissional, mas faz uma ressalva sobre a prática do trabalho com grupos, e que nesta

intervenção o que prevalece é o direcionamento das politicas sociais:

A.S: Tendo em vista o projeto ético político crítico da profissão, acredito que

a base teórica hegemônica seja a teoria social crítica. Onde no grupo

específico o objetivo que o coloca e a política social em que se está atrelado

direcionam as atividades referentes a ele.

O direcionamento que a assistente social acima se refere é o que está nos guias de

orientação técnica de varias politicas sociais, são manuais elaborados pelo Estado e esses

devem ser seguidos pelos profissionais em seus campos de trabalho, um exemplo é o guia de

orientações técnicas para o Centro de Referência de Assistência Social – CRAS, afirma que

O grupo sócioeducativo para as famílias é um excelente espaço para trocas,

para o exercício da escuta e da fala, da elaboração de dificuldades e de

reconhecimento de potencialidades. Contribui para oferecer aos cidadãos a

oportunidade de melhor viver os seus direitos dentro de um contexto de

proteção mútua, afeto, desenvolvimento pessoal e solidariedade (BRASIL,

2006, p. 39).

Podemos ver a exigência do Estado em relação ao trabalho com grupos, e a posição da

profissional entrevistada que reconhece a posição da categoria diante da teoria critica mais no

trabalho com grupo intervém conforme o manual das politicas.

Outras profissionais relataram que se baseiam em outras metodologias, diversas do

projeto ético-político da profissão, entretanto não relatam quais seriam essas metodologias.

Houve aquelas ainda que afirmassem desconhecer as teorias e duas profissionais optaram por

não responder a questão, deduzindo-se que também desconhecem as referidas teorias

aplicadas pelo serviço social.

Em vista da diversidade das respostas obtidas está clara a fragilidade do

posicionamento da categoria referente ao caráter hegemônico da teoria crítica. Apenas duas

profissionais citaram o marxismo como teoria a ser possivelmente utilizada para embasar o

trabalho com grupos. Aqui fica exposta à necessidade de abrir esse diálogo teórico com a

categoria. E ressalva-se que 75% (setenta e cinco) das profissionais não conseguem ver a

teoria crítica comtemplada em suas ações profissionais, talvez isso ocorra pela ausência de um

método de intervenção mais definido nas produções de conhecimento que hoje são na sua

grande maioria releituras que tratam da dimensão teórico-metodológica, ética-política e pouco

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se trata da dimensão técnico-operativa. Outra hipótese é que a compreensão de que o

assistente social precisa criar os instrumentais conforme a situação que está intervindo, sendo

esse planejamento realizado sob as bases das dimensões teórico-metodológica, ética-política

e no código de ética da profissional e demais legislações que regulam a profissão do assistente

social não está compreendida para todos os profissionais assistente sociais. Essa ausência tem

feito os profissionais buscarem conhecimentos em outras teorias com métodos de intervenção

que podem embasar o trabalho com grupo com mais clareza em relação suas técnicas e

instrumentos.

Dando sequência na análise sobre o embasamento teórico a quarta questão, se existem

traços da Teoria Sistêmica, Fenomenológica e Pragmática?, refere-se justamente a influência

das teorias sistêmica, fenomenológica e pragmática no trabalho com grupos. Uma das

assistentes sociais entrevistadas relatou a preocupação cotidiana em tentar se afastar da

intervenção terapêutica. Aqui podemos observar uma divergência, que somente uma prática

embasada pela teoria crítica não tem característica terapêuticas, e que qualquer intervenção

baseadas em outras teorias seria uma intervenção com características terapêuticas, é um

equivoco, pois as teorias se propõem a elucidar, interpretar ou explicar um fenômeno oferece

um caminho para o olhar do profissional, uma base para a instrumentalidade e técnicas a

serem usadas na intervenção profissional.

Outras profissionais afirmaram que no trabalho com grupos existem traços das teorias

sistêmica e fenomenológica, observando “[...] que muitas vezes o trabalho é realizado com

auxílios de outros profissionais, efetivado dentro da interdisciplinaridade, ficando mais

vulnerável a outros embasamentos teóricos”. Novamente, percebeu-se que algumas

entrevistadas preferiram não responder a questão, com base na resposta anterior por

desconhecimento teórico.

Na quinta pergunta, Segue orientação das Políticas Sociais (trabalho de Grupo) ou

segue alguma perspectiva teórica? questionou-se se esses profissionais seguem as orientações

das Politicas Sociais no que se refere ao trabalho com grupos ou se adotam alguma

perspectiva teórica, sendo que apenas três profissionais afirmaram que seguem as orientações

das políticas sociais e juntamente aplicam uma perspectiva teórica ao trabalho, relatando que

“[...] As orientações postas nas políticas sociais são levadas em consideração para a

construção do grupo, mas o olhar desprendido é influenciado pela base teórica marxista”

(A.S.)

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Outra entrevistada afirmou que segue o projeto já existente no espaço, aqui podemos

estar diante de outro problema vivido diariamente pelos profissionais assistentes sociais, que

acabam sendo refém das demandas urgentes postas pelo trabalho e são engolidos por essa

imediaticidade das orientações a indivíduos, o que pode fazer de sua prática com grupos ser

executada de forma mecanicista, sem um prévio conhecimentos (provindos de muito estudo,

planejamento e leituras), sem o desenvolvimento hábil requerido (treino e supervisão), e

optando a limitar seu dever propositivo [...] são indispensáveis, e elas são tecidas com alguns

atributos e funções [...]. (ZIMERMAN; OSÓRIO, 1997, p. 40). As outras profissionais

assistentes sociais não responderam a questão pelo motivo de seus espaços ocupacionais não

serem regulamentado pelas politicas sociais.

Para finalizar, na busca de identificar as teorias utilizadas pelos assistentes sociais na

intervenção com grupos a questão 6 questiona Quais perspectivas teóricas são adotadas para

as intervenções em grupos?, e novamente observou-se uma pluralidade na atuação

profissional, citadas as teorias sistêmica, fenomenológica, crítica e comportamental. Uma das

profissionais fez uma importante observação relatando que “[...] Busca-se cotidianamente a

construção de metodologia para intervir com o grupo na perspectiva marxista”. (A.S),

evidenciando a fragilidade na realização da intervenção grupal, sem ter clara uma

metodologia que fosse baseada na teoria marxista. Talvez seja esse o motivo pelo qual outras

profissionais tem como base na sua atuação um contexto tão variado de outras teorias.

Ocorre também divergência sobre o tema, sendo que uma das entrevistadas na questão

anterior, ao ser questionada sobre quais possíveis teorias embasariam as metodologias do

trabalho com grupo, ela afirma que seriam várias; quando indagada sobre a questão 6, quais

perspectivas teóricas são adotadas para as intervenções com grupo?, relata que utiliza; “[...]

teoria social marxista, onde busca problematizar determinadas discussões”. Com isso é

perceptível a vulnerabilidade da absorção do significado da teoria crítica, que é muita maior

do que a “problematização e a crítica pela crítica”. Como já citado anteriormente a teoria

crítica remete a profissão à consciência de classe, baseada na teoria de Marx, que representa a

contradição da relação entre capital e trabalho, fazendo do assistente social um mediador

dessa relação. (CARDOSO, 2013).

Outro exemplo dessa divergência é a resposta dada por outra profissional: “percebe-se

que os assistentes sociais não devem se moldar a cronogramas institucionais, mas por outro,

não podem negar as atividades, mas em relação a perspectivas teóricas a plena garantia de

direitos” (A.S.). Nesse caso, no que se refere a garantia dos direitos este é um dos ofícios da

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profissão do assistente social, estando presente em todas as lutas e contestações diárias feitas

frente ao Estado. Três profissionais não responderam a questão, aqui se reafirma o

desconhecimento ou o receio de se falar da dimensão teórica-metodológica da profissão.

Após o debate teórico foi sondado sobre os instrumentais utilizados para a execução

do trabalho com grupos. Com a sétima questão aplicada pretendia-se compreender quais são

os instrumentos de trabalho com grupo para desenvolver as ações demandadas pelo campo de

estágio. Da análise dos questionários observou-se que três assistentes sociais não responderam

a questão, enquanto as outras profissionais assistentes sociais citaram vários instrumentos

utilizados como oficinas terapêuticas associadas a atividades manuais, rodas de conversas,

entrevistas, dinâmicas de grupos, planejamento, avaliação, estudo social, visitas domiciliares.

Aqui se observou uma divergência entre os instrumentais que são utilizados para realizar

atendimentos individuais com os instrumentais para a realização do trabalho com grupos visto

que alguns desses itens citados são técnicas ou instrumentos que podem ser usados como

base, mas não são capazes de instrumentalizar o trabalho com grupos.

Outro critério que podemos comprovar é a ocorrência da prática terapêutica através da

realização de trabalhos manuais produzidos em oficinas como método de trabalhar o

empoderamento dos usuários do Serviço Social, sendo que o uso da prática terapêutica é

duramente criticada por grande parte da categoria, que defende que esse modo de intervenção

não são atribuições do assistente social e vai de encontro a teoria marxista, que é considerada

uma escolha hegemônica dos profissionais, e que tais instrumentais são soluções imediatas e a

intervenção profissional precisa ir além desse aparente.

Na mesma questão uma das profissionais observou a necessidade de pensar e intervir

prepositivamente e outra assistente social reforçou a ligação entre os instrumentais e as

políticas sociais:

A.S. “[...] se iniciam através das realidades postas pelas famílias atendidas

e materializadas em um projeto, escrito, sobre tal grupo. Neles os

instrumentais são construídos e os referenciais ético-político, técnico-

operativo e teórico-metodológico se apresentam”.

No contexto dessa resposta a profissional demonstra a inexistência de instrumentais e

sim a indicação de construção destes.

A questão de numero oito será dividida em duas partes para a realização de sua

análise, primeiramente vamos observar o que se refere aos instrumentais que as profissionais

julgam importante para essa prática, sendo observada novamente uma ampla diversidade nas

respostas, e os instrumentais citados foram a dinâmica de grupo, reflexões, análise crítica

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reflexiva, encaminhamentos, busca ativa, visita domiciliar, parecer social, ficha de cadastro,

acolhimento, roda de conversa, oficinas terapêuticas.

Novamente foram citados instrumentos que não podem ser utilizados na realização de

trabalho com grupos evidenciando uma fragilidade por parte dos profissionais na definição

dos instrumentais desse método de intervenção. Ainda na questão oito uma das profissionais

descreveu os seus instrumentais da seguinte forma:

A.S. “1º criar o projeto de grupo e nele conter a metodologia. (escrever)2º

nesta metodologia apresentar instrumentos a serem utilizados como: lista de

presença; documento de avaliação pelos usuários; relatório descritivo de

cada encontro, destacando se objetivo foi alcançado; documento de

planejamento das ações, etc.”

Na resposta acima descrita podemos compreender o entendimento que essa

profissional assistente social tem do que é trabalho com grupos, conceituando o como

reuniões, sendo seus instrumentais entendidos como lista de presença e avaliações de

encontro. O grupo é entendido como requisito a ser cumprido para as políticas públicas.

Demostrando uma redução do conceito de trabalho de grupo no serviço social.

Na segunda parte da questão oito foi questionado se as profissionais aprenderam esses

instrumentais no período da graduação e somente duas entrevistadas afirmaram que sim; uma

profissional assistente social salientou não foi orientada sobre nenhum instrumento para a

prática com grupos e outras não responderam a questão.

No que se refere ao aprendizado do uso dos instrumentais do trabalho com grupo por

parte dos assistentes sociais, percebeu-se uma lacuna existente entre a graduação e a

necessidade que se apresenta aos profissionais do Serviço Social em seus campos de trabalho,

que exigem o trabalho com grupos, pois esses profissionais concluem a graduação e

ingressam no mercado de trabalho sem que essa questão tenha sido abordada em momento

algum durante sua formação. Aqui se observa a preferência pela teoria e a fragilidade da

prática na forma que são tratadas pelos intelectuais que trabalham com a formação de

profissionais. Outro fator relevante que se mostra diz respeito a busca e afirmação dos

assistentes sociais pela sua identidade profissional, enquanto campo de atuação, o que se

confirma ante a necessidade de uma prática efetiva que deve ser reconhecida, pois percebe-se

que o assistente social tem perdido seu espaço de trabalho para os profissionais da psicologia,

que acabam realizando na prática, ações interventivas como o trabalho com grupos através da

psicologia social e de práticas terapêuticas.

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Na questão de numero nove perguntou-se “Quais instrumentais para esta modalidade

de trabalho já são utilizados por este espaço sócio ocupacional?” As respostas seguiram bem

abrangentes e foram citados vários instrumentais como: A.S. [...] “oficinas terapêuticas onde

trabalha-se o empoderamento, reflexões, críticas e reflexivo”, roda de conversas, dinâmicas

de grupos, estudo social, visitas domiciliares, reuniões, parecer social, encaminhamentos.

Uma das profissionais afirma que; “[...] que para cada grupo construído é planejado

os instrumentais e exigência da dimensão teórica-metodológico se coloca de maneira

diferenciada”. E outra relatou que segue o que está criado pela proteção básica.

No uso desses instrumentais observou-se que as orientações das políticas públicas são

seguidas nas práticas dos profissionais assistentes sociais, e que somente uma das assistentes

sociais relatou o entendimento sobre a importância dos profissionais saberem criar os

instrumentais a partir da realidade que está inserido naquele grupo. Foram mencionados por

alguns profissionais assistentes sociais alguns instrumentos usados para o atendimento

individual do usuário, o que demonstra uma fragilidade na definição do que são os

instrumentais para o trabalho com grupo.

Após as questões que abrangiam os instrumentais utilizados nos campos de estágio é

possível reconhecer uma fragilidade na definição do que são os instrumentais que são as

técnicas-operativas necessárias para a intervenção e que sejam capazes de transformar e

alterar a vida do usuário.

Na penúltima questão a abordagem foi sobre as práticas terapêuticas, perguntando-se

se o profissional conhece a norma do CFESS e a discussão sobre Práticas Terapêuticas e qual

seu posicionamento em relação a ela. Duas profissionais assistentes sociais afirmaram que

conhecem a resolução do CFESS de número 569/2010, sendo que uma delas relata que a

resolução é discutida nos planejamentos realizados pelos profissionais e na elaboração das

ações interdisciplinares, considerando o uso dela uma reatualização do conservadorismo. A

outra assistente social que tem conhecimento da resolução diz que;

A.S [...] considero a Resolução pertinente uma vez que a realização de

terapias não possui relação com a formação profissional do assistente

social, isso não cabe a este profissional este tipo de intervenção (Práticas

Terapêuticas).

Com posicionamento contrário, uma das profissionais assistentes sociais afirma que

concorda com as práticas terapêuticas e que essa é uma forma de enriquecer o trabalho do

assistente social. Faleiros afirma “[...] que a formação profissional do assistente social é

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generalista, colocando-o com possibilidades de trabalhar as questões sócio-individuais com

competência, como se faz na prática clínica que não isola o sujeito da sociedade e nem a

sociedade do sujeito [...]” (FALEIROS, 2009, s.p.). O serviço social se distanciou das práticas

terapêuticas quando fez uma opção por uma profissão com caráter ideológico e político,

fazendo a opção de se afastar de seus usuários, dando preferência a um posicionamento de

militância. Por consequência dessas opções de negar a essência da profissão que é o

indivíduo o CFESS se posiciona contra as práticas terapêuticas mesmo sendo essa posição

contraria a recomendação da profissão que é de uma formação continuada causando a perca

de direitos dos usuários diante da restrição de uma intervenção generalista. As outras

relataram não conhecer resolução, e uma das profissionais não respondeu a questão.

A última questão será dividida em três partes. A primeira parte refere-se a pluralidade

da profissão sendo questionado o que os profissionais entendem sobre pluralidade, ao que

duas profissionais descreveram da seguinte forma a sua compreensão;

A.S. “A pluralidade é um princípio ético do código de ética que fundamenta

nosso projeto ético político, todavia é importante conhecermos da nossa

profissão as perspectivas das dimensões para que não haja ações no viés do

ecletismo. Observa-se o cotidiano profissional nos leva a uma prática

alienada e por vezes conservadora, mas a capacitação continuada na lógica

dos fundamentos da profissão é importantíssima para a efetivação do

projeto ético e de uma intervenção realmente mediadora aos direitos

sociais”.

A.S. “A pluralidade vejo que existem vários tipos, mas no social descrevo

como abertura para o diferente de respeito pela posição alheia, o debater

para chegar a descoberta”.

Alguns profissionais relataram que respeitam a pluralidade e que ela é importante. Já

outras duas assistentes sociais afirmaram que ela não existe e que não percebem o pluralismo

sendo respeitado. Essa questão não foi respondida por duas profissionais.

Sendo o pluralismo um princípio ético da profissão, que garante o convívio

democrático das ideias, podemos observar que uma parte das profissionais não se sente

contemplada, isto é, não sentem que a categoria está aberta para o dialogo sobre outros

posicionamentos teóricos. A categoria defende o princípio do pluralismo deste que esse

permeie dentro da corrente marxista , já a pluralidade das outras correntes teóricas é vista

com muita restrições.

Na segunda parte da questão foi questionado se os profissionais assistentes sociais

sentem-se incluídos ante sua perspectiva teórica no Serviço Social?, e surpreendentemente a

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metade dos profissionais deixou de responder a questão. Das profissionais assistentes sociais

que responderam duas afirmaram que não se sentem incluídas e as outras duas afirmam que

sim, sentem-se incluídas. Vale citar uma das respostas positivas: A.S. [...] Sim, mas acredito

que o Serviço Social brasileiro ainda tem muito a avançar, principalmente no que refere-se a

respostas para a demanda posta. Um novo cotidiano profissional (técnico e instrumental)”.

Na resposta dessa profissional assistente social fica em evidência a carência profissional por

instrumentais e técnicas para intervenção, e a visão que precisa-se avançar na dimensão

técnico-operativo para dar respostas as demandas postas diariamente no labor profissional.

A terceira parte da questão questiona se os profissionais assistentes sociais encontram

algum desafio frente à profissão. Duas profissionais responderam que os desafios são grandes

no dia-a-dia do labor profissional.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proposta do presente trabalho era identificar e demonstrar a prática do assistente

social no trabalho com grupos realizados nos campos cadastrados para o campo de estágio na

Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste/Campus de Toledo, sendo selecionado

um campo por área específica. E como já dito, a escolha por essa temática se deu a partir da

realização do Estágio Supervisionado em Serviço Social I, no Serviço Auxiliar da Infância e

Juventude – SAI, onde é realizado o trabalho com grupos com os pais candidatos à adoção.

Esse trabalho com grupos têm o nome de GAAT- Grupo de Apoio à Adoção de Toledo.

A ideia era tentar responder a alguns questionamentos que surgiram durante a

graduação e que foram reforçadas durante a realização do estágio obrigatório do curso de

graduação em Serviço Social. O problema que se identificou foi justamente o fato de que, na

prática, realizam-se trabalhos com grupos pelos assistentes sociais, trabalhos estes que

necessitam de embasamento teórico e de instrumentais específicos para sua melhor realização,

porém, durante a graduação não é feita qualquer abordagem, teórica ou prática, que envolvem

essa temática. Então o que se propôs foi justamente tentar responder (1) quais seriam os

instrumentais utilizados pelos assistentes sociais no trabalho com grupo? (2) quais

instrumentais para esta modalidade de trabalho já são utilizados pelos campos de estágio que

a universidade tem convênio no município de Toledo/PR? e (3) quais perspectivas teóricas

são adotadas para as intervenções em grupos?

Outro fator que contribuiu de forma determinante para que fosse feita a presente

pesquisa foi o fato de que, após uma averiguação no acervo bibliográfico da Universidade

Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste/Campus Toledo, constatou-se que não existiam

trabalhos de conclusão de curso que abordassem esse tema.

O primeiro capítulo tratou da contextualização do processo histórico do Serviço Social

com ênfase no trabalho com grupos, e as abordagens teóricas que influenciaram a profissão.

No segundo capítulo foram abordadas a técnica e a instrumentalidade do Serviço Social na

prática profissional. E, o terceiro e último capítulo constitui-se como a pesquisa, através da

qual se confirmou a prática do trabalho com grupos realizados pelos profissionais do Serviço

Social nos campos cadastrados para o campo de estágio na Universidade do Oeste do Paraná –

Unioeste/Campus de Toledo, sendo eles: CRAS-CEU, CREAS II, CAPS II, Secretaria de

Educação, Hospital Bom Jesus, Prati-Donaduzzi, Serviço Auxiliar a Infância (SAI) e o

Conselho da Comunidade.

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Para a efetivação da pesquisa aplicou-se um questionário com perguntas abertas aos

assistentes sociais do município de Toledo-PR, que trabalham nos campos escolhidos para a

pesquisa. As respostas dos questionários foram devidamente analisadas no terceiro capítulo, e

permitiram compreender em certa medida a realidade prática dos assistentes sociais no

município de Toledo-PR que realizam trabalhos com grupos, tanto na perspectiva da teoria

que embasa esse trabalho como dos instrumentais que utilizam para sua intervenção.

Foi possível através da pesquisa identificar a prática do trabalho com grupos, porém

algumas ressalvas devem ser feitas quanto a teoria e os instrumentais necessários para sua

aplicação. Através das respostas ao questionário foi possível chegar a algumas conclusões.

Inicialmente observou-se que diversas questões referentes ao trabalho com grupos não

foram respondidas de maneira satisfatória, em especial as que se referiam à teoria e aos

instrumentais que devem embasar a prática do trabalho com grupos. No que se refere à teoria

quase todas as respostas demonstram grande dificuldade entre os profissionais em reconhecer

qual teoria embasa sua prática profissional, inclusive, afirmando-se o desconhecimento das

teorias.

O mesmo pode-se dizer quanto aos instrumentais: observou-se que há uma imprecisão

por parte da maioria dos assistentes sociais entrevistados entre o que são instrumentais, e o

que são técnicas que devem ser utilizadas como embasamento dos próprios instrumentais.

A segunda conclusão a que se chegou, não é menos preocupante, visto que o grande

número de respostas em branco pode representar um desinteresse de parte dos entrevistados

em responder satisfatoriamente as questões.

Observa-se uma lacuna no universo do Serviço Social: há uma distância entre o que se

ensina na graduação de Serviço Social e a prática profissional exigida no dia-a-dia. A escolha

pela dimensão ético-politica, que tem como direção uma nova ordem societária descrita nos

princípios fundamentais do Código de Ética do Assistente Social, conforme Cardoso (2013) o

Serviço Social se organizou, juntamente com os movimentos sociais, trabalhadores e partidos

políticos (em especial o PT), fez com que a profissão optasse por uma atuação direcionada à

política, que se torna partidária diante do Estado, negligenciando em detrimento de um preparo

para utilização de instrumentais técnico operativos, para aplicar numa realidade onde se exigem

resposta mais imediatas da sua intervenção profissional diretamente realizada com o usuário

do serviço social.

No entanto nenhum momento desconsiderou-se a riqueza da teoria crítica que é base

dos estudos da graduação, que permite com clareza a compreensão das relações sociais

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oferecidas pela teoria crítica social, que auxilia compreender a relação complexa existente

entre o capitalismo versus trabalho. O que ficou evidenciado é a fragilidade de uma

intervenção fundamentada integralmente por essa teoria que é considerada como escolha

homogênea da categoria.

A partir da pesquisa por mercado de trabalho e requisições por conhecimento

especifico do trabalho de grupo, foi possível analisar que o profissional pode enfrentar

dificuldades para ingressar no mercado de trabalho com essa exigência, uma vez que na

graduação não aborda a realização de trabalho com grupos, nem seus instrumentais

específicos e os referenciais teóricos que podem ser usados como base para efetivação.

E, para finalizar, registro a necessidade da categoria em olhar e debater sobre a

importância do trabalho com grupo no dia-dia do profissional assistente social, reconhecer

que sua realização vai mais além do que reuniões informativas sobre direitos sociais.

Desenvolver juntamente com os profissionais da prática instrumentos e técnicas que podem

auxiliar no desenvolvimento do trabalho com grupos, sendo que a ausência de estudos sobre a

práxis tem contribuído para uma intervenção frágil. Outro ponto importante é compreender a

necessidade que os profissionais têm em buscar conhecimentos em outras áreas que os

auxiliam para a realização de suas intervenções.

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APÊNDICE I

FORMULÁRIO DE ENTREVISTA /QUESTIONÁRIO

Roteiro de entrevista semiestruturada aplicada as assistentes sociais vinculadas aos

campos de estágio pesquisados.

Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE

Curso de Serviço Social – Centro de Ciências Sociais Aplicadas

Pesquisadora Responsável: Ane Bárbara Voidelo

Pesquisadora Colaboradora: Karen Regina Brinker

Objetivo geral da pesquisa: Compreender o contexto da prática profissional dos

assistentes sociais com o trabalho com grupos, com ênfase em conhecer o referencial

teórico e o instrumental utilizados por eles.

Instrumento de coleta de dados: Pesquisa documental.

I- Parte – Perfil do Assistente Social

01- Idade

02- Em que instituição de ensino e em que ano concluiu a graduação?

03- Fez pós-graduação?

04- Em que ano concluiu a pós graduação?

05- Fez algum curso de aperfeiçoamento em outras áreas?

II- Parte – Espaço sócio ocupacional em relação ao trabalho de grupo;

06- Realiza trabalho de grupo?

07- O que você entende por trabalho com grupos dentro do Serviço Social?

08- Quais teorias possivelmente podem embasar as metodologias do trabalho de grupos?

09- Existem traços da Teoria Sistêmica, Fenológica e Pragmática?

10- Segue orientação das Politicas Sociais (trabalho de Grupo) ou segue alguma

perspectiva teórica?

11- Quais perspectivas teóricas são adotadas para as intervenções em grupos?

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12- Quais são os instrumentos de trabalho em grupo para desenvolver as ações

demandadas pelo campo de estágio?

13- Quais seriam os instrumentais que você considera importante ser utilizados pelo

assistente social no trabalho com grupo, aprendeu na graduação do curso tais instrumentos?

14- Quais instrumentais para esta modalidade de trabalho já são utilizados por este espaço

sócio ocupacional?

15- Conhece a norma do CFESS e a discussão sobre Práticas Terapêuticas? Qual seu

posicionamento em relação a ela.

16- O que o pensa sobre a pluralidade? Se sente incluído na sua perspectiva teórica no

serviço social? Encontra-se algum desafio?

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APÊNDICE II

Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação

Comitê de Ética em Pesquisa – CEP

Aprovado na

CONEP em 04/08/2000

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

Título do Projeto: Trabalho do Assistente Social com Grupo no Município de Toledo

Karen Regina Brinker- (45) - 99107-5735

Profaª Ane Bárbara Voidelo – (42)- 9967-8681

Convidamos sr. (a) __________________________________________ a participar de nossa

pesquisa que tem o objetivo de conhecer os trabalhos com grupos realizados pelos assistentes

sociais no município de Toledo PR.

Esperamos, com este estudo, descrever a prática profissional e detectar os instrumentais

usados para sua realização e compreender qual é a sua visão diante da resolução do CEFFES

que proibi a prática de trabalho com grupos. Para tanto, será aplicado um questionário para os

profissionais que terão a opção de escolher se quer responder de forma escrita ou uso de

gravador durante a entrevista.

Sua identidade não será divulgada e seus dados serão tratados de maneira sigilosa, sendo

utilizados apenas fins científicos. Você também não pagará nem receberá para participar do

estudo. Além disso, você poderá cancelar sua participação na pesquisa a qualquer momento.

No caso de dúvidas ou da necessidade de relatar algum acontecimento, você pode contatar os

pesquisadores pelos telefones mencionados acima ou o Comitê de Ética pelo número 3220-

3092.

Este documento será assinado em duas vias, sendo uma delas entregue ao sujeito da pesquisa.

Declaro estar ciente do exposto e desejo participar do projeto da pesquisa.

Nós Ane Bárbara Voidelo e Karen Regina Brinker, declaramos que fornecemos todas as

informações do projeto ao participante e/ou responsável.

Toledo, _____ de _______________ de 2017.

______________________________________

Karen Regina Brinker

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ANEXO