Sessao 4 - Ficha 2

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José Antonio Santos de Oliveira. MAGALHÃES, Antonio. Deus no espelho das palavras. 2ed. São Paulo: Paulinas, 2009, p. 27- 56. “(...), a ideia de que essa autonomia da literatura é algo que resulta somente do espírito crítico da modernidade. A arte sempre viu a religião sob certa suspeita. (...). É certo que a literatura do século XX não desconhece a suspeita fundamental que ideias iluministas cultivaram da religião e, muitas vezes, sua visão de emancipação do ser humano. (...) A tradição da produção artística e, especificamente, da literatura pode ser compreendida como um dos elementos forjadores da crítica ao conhecimento instituído, colocando o mundo sob constante suspeita e investigação. Isso torna determinadas expressões de arte elementos constitutivos da crítica subjacente à modernidade.” (MAGALHÃES, 2009. p.28). Palavras-chave: Literatura. Arte. Religião. “(...), a literatura procurou um distanciamento mais aberto e radical em relação à religião (...).” (MAGALHÃES, 2009. p.28). Palavras-chave: Literatura. Distanciamento. Religião. “ (...), algo que é comum e se torna evidente na leitura é uma livre apropriação das narrativas bíblicas na construção de muitas obras-primas da literatura.” (MAGALHÃES, 2009. p.28). Palavras-chave: Leituras. Apropriação. Bíblia. “(...), a arte foi, em grande parte, determinada no estilo e no conteúdo pela Igreja, conseguindo sobreviver de forma autônoma graças à inventividade artística de escritores e

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Literatura e religião

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Jos Antonio Santos de Oliveira. MAGALHES, Antonio. Deus no espelho das palavras. 2ed. So Paulo: Paulinas, 2009, p. 27-56. (...), a ideia de que essa autonomia da literatura algo que resulta somente do esprito crtico da modernidade. A arte sempre viu a religio sob certa suspeita. (...). certo que a literatura do sculo XX no desconhece a suspeita fundamental que ideias iluministas cultivaram da religio e, muitas vezes, sua viso de emancipao do ser humano. (...) A tradio da produo artstica e, especificamente, da literatura pode ser compreendida como um dos elementos forjadores da crtica ao conhecimento institudo, colocando o mundo sob constante suspeita e investigao. Isso torna determinadas expresses de arte elementos constitutivos da crtica subjacente modernidade. (MAGALHES, 2009. p.28).Palavras-chave: Literatura. Arte. Religio.(...), a literatura procurou um distanciamento mais aberto e radical em relao religio (...). (MAGALHES, 2009. p.28).Palavras-chave: Literatura. Distanciamento. Religio. (...), algo que comum e se torna evidente na leitura uma livre apropriao das narrativas bblicas na construo de muitas obras-primas da literatura. (MAGALHES, 2009. p.28).Palavras-chave: Leituras. Apropriao. Bblia. (...), a arte foi, em grande parte, determinada no estilo e no contedo pela Igreja, conseguindo sobreviver de forma autnoma graas inventividade artstica de escritores e artistas que forjavam muitas de suas mensagens de forma irnica, no compreendida assim pelos representantes do poder. (MAGALHES, 2009. p.29).Palavras-chave: Arte. Igreja. Poder.Com a Renascena, h uma gradual emancipao das diversas expresses artsticas, emancipao que deve ser entendida como maior liberdade de falar, escrever e expressar abertamente os reais temas tratados pela arte. (...). Com esse processo de emancipao gradual nos diversos campos da arte dos ditames eclesisticos, cresce tambm a suspeita de que o Cristianismo era aquilo mesmo que ele condenava a arte: engano e idolatria. (MAGALHES, 2009. p.29). Palavras-chave: Renascena. Emancipao. Liberdade.Francis Bacon, ao falar da tradio como impedimento verdadeira libertao do ser humano, destacou de modo especial a tradio crist como principal obstculo. (...). Artistas tambm se viram como vtimas de uma Igreja que determinou seus temas, selecionou as formas de desenvolv-los e as mensagens a serem vinculadas. (MAGALHES, 2009. p.29 -30).Palavras-chave: Libertao. Tradio. Obstculo. A literatura vai, em grande parte, assumir essa viso crtica que desconfia da capacidade esttica e tica da Igreja em definir os critrios a partir dos quais as narrativas podero ser construdas e contadas. (MAGALHES, 2009. p. 30).Palavras-chave: Literatura. Crtica. Igreja.(...), Feuerbach abordou o tema da projeo permanente que o ser humano faz de seu princpio transcendente. Ao olhar-se no espelho da transcendncia, o ser humano estaria olhando a sim mesmo, somente redimensionado pelos desejos mais profundos de realizao. (...) Se Deus uma projeo, no h motivo para se trabalhar com uma transcendncia fora do ser humano. preciso, portanto, que a literatura conduza o ser humano ao seu prprio caminho de transcendncia. (...), uma proposta de transcendncia esttica que se apresenta como superao da transcendncia proposta pela religio. (...). No caso especfico da transcendncia, a esttica que entra em cena, e no o ser humano. De alguma forma, permanece um espao na qual um outro se manifesta como fonte de certa inspirao e intuio da produo artstica. (MAGALHES, 2009. p.30).Palavras-chave: Transcendente. Humano. Caminho.Freud, ao falar da vinculao entre neurose e religio, entre retratao da libido e doutrinamento cristo, coloca uma questo central para a relao entre arte e religio, entre literatura e teologia, isso porque, para a criatividade artstica, a liberdade, a fantasia opera d forma a concretizar a obra de arte e a produo literria. Se o ensinamento religioso visto como retratao da libido, ele , ento, ameaa ao prprio desenvolvimento da criatividade artstica. (...). Se a religio coloca a doutrina como a finalidade ltima, como o alvo maior, ento ela castra o processo criativo ao coibir o sentimento de liberdade que habita no corao do artista. ((MAGALHES, 2009. p.30-31).Palavras-chave: Criatividade. Produo. Liberdade.Marx defende, partindo do conceito de ideologia, a urgncia em desmascarar a religio crist como pio do povo. Religio presena e sinal da putrescncia nas relaes e, para a emancipao social, faz-se mster que a superemos em favor de relaes justas da sociedade (...), preciso libertar a literatura das amarras religiosas para que ela desempenhe tambm sua funo social e poltica, alm de resguardar sua dignidade esttica. (MAGALHES, 2009. p.31-32).Palavras-chave: Desmascarar. Opio. Povo.Para o romantismo, que exerceu forte influncia em diversos domnios da cultura e da religio, o importante era o desenvolvimento do ser humano com a beleza da verdade e no tanto o respeito aos dogmas estabelecidos. (...). Ele procurou ser algo que se distinguia tanto do arte que nega a religio e da religio que nega a esttica quanto da cincia que se impunha como aquela que sobrepujava ambas. (MAGALHES, 2009. p.33).Palavras-chave: Desenvolvimento. Humano. Verdade.(...) a literatura no somente tem que se desvencilhar do domnio da Igreja, mas tem ela mesma de ser a expresso mais profunda da transcendncia, para alguns, inclusive a nica possvel. (MAGALHES, 2009. p.34).Palavras-chave: Literatura. Expresso. Transcendncia. (...) a literatura no somente se distancia da religio, mas tira desta a vigilncia sobre os aspectos transcendentais da vida. A criatividade artstica passa a ser vista como a maior expresso daquilo que a religio crist chamou de transcendncia. (MAGALHES, 2009. p.36).Palavras-chave: Religio. Expresso. Transcendncia.(...) a religio e arte sempre tentaram, de alguma forma, responder nostalgia e saudade do ser humano na sua busca pelo sentido mais profundo da vida, colocado frequentemente como um problema transcendental. (MAGALHES, 2009. p.36).Palavras-chave: Religio. Arte. Sentido.A chave (...) no mais um concorrncia entre vises das questes fundamentais da vida humana, como o caso da experincia com a transcendncia, mas no permitir que a confisso religiosa seja um pressuposto para a vida e o pensamento do artista. (MAGALHES, 2009. p.38)Palavras-chave: Confisso. Pressuposto. Pensamento. Sabemos que a literatura e a religio desde muito tempo mantm entre si traos estreitos, mas h quem discorde de tal relao e que, para um melhor desenvolvimento de ambas, uma autonomia se faz necessrio. A ideia de autonomia da literatura algo do esprito crtico da modernidade. A arte sempre viu a religio sob certa suspeita. No entanto, durante o sculo XX, a literatura no desconhece a suspeita fundamental que ideias iluministas cultivavam da religio e, muitas vezes, sua viso de emancipao do ser humano. Diante disso, certas expresses de arte se tornaram elementos constitutivos da crtica subjacente modernidade; a literatura foi se afastando da religio.Por muito tempo a arte foi determinada no estilo e no contedo pela Igreja, alcanando uma autonomia graas criatividade artstica de muitos que forjavam muitas de suas mensagens de forma irnica, no compreendida assim pelos representantes do poder eclesistico. Com o Renascimento, expresses artsticas vo se emancipando, adquirindo uma maior liberdade de falar, de escrever e de expressar livremente os temas tratados pela arte; com isso, a suspeita de que o Cristianismo era aquilo mesmo que ele condenava a arte: engano e idolatria comea a se alastrar.Para Bacon, a tradio, de modo especial a tradio crist, dos grandes empecilhos verdadeira libertao do ser humano. Os artistas ficavam a merc dos ditames da Igreja, que determina os temas, selecionava as formas de desenvolv-los e as mensagens a serem vinculadas. A literatura assume uma viso crtica que desconfia da capacidade esttica e tica da Igreja em definir os critrios de elaborao e criao. Feuerbach abordou o tema da projeo do ser humano em seu Deus e, se Ele uma projeo, a transcendncia no deve ser trabalhada fora do ser humano, preciso que ele seja conduzido ao seu prprio caminho de transcendncia, e tal caminho se d pela literatura, proposta de transcendncia esttica que se apresenta como superao da transcendncia proposta pela religio. Em Freud, o ensinamento religioso visto como negao da libido, e ento uma ameaa ao prprio desenvolvimento da criatividade artstica, pois priva a liberdade criativa. Se a religio coloca a doutrina como a finalidade ltima, como o alvo maior, ento ela castra o processo criativo ao coibir o sentimento de liberdade que habita no corao do homem.Marx ver a religio como uma ideologia, tratando-a como o pio do povo; preciso uma libertao, e, para a emancipao social, faz-se mister que a superemos em favor de relaes justas da sociedade. A literatura deve estar livre das amarras religiosas, para que ela desempenhe tambm sua funo social e poltica.No romantismo, o mais importante era o desenvolvimento do ser humano com a beleza da verdade. Ele procurou ser algo que se distinguia tanto da arte que nega a religio e da religio que nega a esttica, quanto da cincia que se impunha como aquela que sobrepujava ambas. A literatura precisa de liberdade, pois ela mesma a expresso mais profunda da transcendncia. A literatura se distancia da religio e a tira o poder sobre os aspectos transcendentais da vida; a criatividade artstica agora como a maior expresso de transcendncia.A religio e arte, de diversas formas, tentaram responder ao ser humano o porqu de sua busca pelo sentido mais profundo da vida. O caminho no mais permitir que a religio seja um pressuposto para a vida e o pensamento do artista.