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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
SETOR INFORMAL URBANO (ESTUDO DO COMÉRCIO AMBULANTE)
ANDRÉ ILSON VICENTE CONCEIÇÃO
K 212392
ORIENTADOR: PROF. JORGE TADEU
RIO DE JANEIRO
2010
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
SETOR INFORMAL URBANO (ESTUDO DO COMÉRCIO AMBULANTE)
OBJETIVOS:
Esta monografia atende a complementação didático-
pedagógica do curso de pós-graduação para obtenção
do titulo de gestor de varejo.
3
AGRADECIMENTOS
A todos os membros do corpo docente do
“Instituto a Vez do Mestre”, e a todos que de
alguma forma contribuíram para a realização
desse objetivo.
4
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho a minha esposa Lidia que muito
colaborou para realização desse trabalho, a meus filhos
André Luis e Arnon por acreditarem.
5
RESUMO
O tema setor informal da economia vem sendo objeto de uma série
de estudos e debates na área econômica. De fato, estes parecem ter extrema
importância no sentido de se entender melhor o setor e as complexas relações
que o compõem, bem como para tornar possíveis e mais efetivas as políticas
econômicas que visem a atingi-lo.
O presente trabalho enfoca especificamente o segmento do setor
informal composto pelo comércio ambulante, considerando os bairros de duque
de Caxias e Madureira do município do rio de janeiro.
Encontrada e estabelecidas as característica do trabalhador,
discutam-se as diferentes formas de inserção no mercado de trabalho informal,
abordando a questão do assalariamento informal.
Parte-se então para a análise das formas como ocorrem as relações
entre os setores formais e informais no caso especifico do comercio ambulante,
observando a posição subordinada do segundo em relação ao primeiro.
Pretende-se, assim, retratar o comercio ambulante e analisar suas
relações, sejam elas internas ao setor informal ou com o resto da economia,
buscando contribuir para o debate acerca da informalidade na economia.
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SUMÁRIO
Introdução 07
Capitulo 1
Aspectos teóricos do setor informal 09
Capitulo 2
O vendedor ambulante da região
2.1 Breve comentário sobre a região 12
2.2 O comércio informal de Duque de Caxias e
Madureira 13
2.3 A questão da instabilidade 16
Capitulo 3
Os assalariados informais e a relação formal / informal
3.1 Assalariados informais 18
3.2 Considerações sobre a relação existente entre os
Setores formais e informais 20
Capitulo 4
Modelo do questionário utilizado na pesquisa de campo 24
Capitulo 5
Tabelas selecionadas para o comercio ambulante na
Zona norte e baixada fluminense 26
Conclusões 31
Bibliografia 34
7
INTRODUÇÃO
A importância do setor informal no emprego no Brasil cresceu
muito nos últimos anos. A obtenção de uma taxa de desemprego relativamente
baixa em um momento de crise, mas do que nunca, estudos sobre o setor,
sobre sua forma de organização e atuação e sobre sua inserção na economia
como um todo se fazem necessários, no sentido de se determinarem políticas e
formas adequadas de se lidar com um setor complexo e importante.
Este estudo pretende centrar-se na analise do segmento do
setor informal que compreende o comercio ambulante, tendo como referência o
debate que vem se desenvolvendo nos últimos tempos acerca do tema da
informalidade na economia.
Por sua posição marginal, a informalidade é de difícil
conceituação. O debate em torno da questão retratado no capitulo seguinte, é
cheio de controvérsias e discordâncias. Existe acordo, entretanto, na
constatação de sua heterogeneidade e de sua intensa articulação com o setor
formal da economia. Neste trabalho, por motivos metodológicos, a
diferenciação entre os setores, no que diz respeito ao mercado de trabalho,
será determinada pela comprovação jurídica de vinculo empregatício- a carteira
de trabalho. Com relação à interação entre os dois setores, a opção adotada e
a abordagem subordinada do informal em relação ao formal, seja no mercado
de bens, sejam no mercado de trabalho. Nesse sentido, como será exposto
com mais detalhes no capitulo seguinte, a existência e a expansão do setor
informal estariam condicionadas aos movimentos e aos espaços deixados pelo
setor formal.
A pesquisa de campo alcançou quatro distintas regiões do
município do rio de janeiro: duque de Caxias, Madureira, Méier e centro, este
estudo será centrado, entretanto, apenas em duque de Caxias e Madureira.
8
Procurou-se na pesquisa de campo, estabelecer a relação de 1/3,
um entrevistado a cada três ambulantes, num total de noventa e nove
entrevistas. Um número bastante representativo, dado que a pesquisa se deu
em um período de grande movimento e maior fiscalização.
Observa-se ainda que a pesquisa, e conseqüentemente este
estudo, buscou retratar a situação do comercio de rua do município do rio de
janeiro. Nesse sentido, não constituem objeto do trabalho as feiras livres
existente nas regiões estudada, embora haja concordância a respeito de seu
caráter predominantemente informal.
9
Capitulo 1
Aspectos teóricos do setor informal:
A questão da informalidade na economia vem sendo amplamente
discutida nos últimos anos, em função da constatação de que a participação da
informalidade no emprego e na renda dos países, especialmente dos
chamados países em desenvolvimento, era de grande importância.
O debate em torno da questão vem evoluindo. O deslocamento do
centro de analise da força de trabalho para a forma e organização da produção
permitiu que os estudos se aproximassem mais da realidade informa. Assim,
fatores como a baixa quantidade de capital (físico e humano) e de tecnologia
necessária à execução da atividade, bem como a facilidade de entrada e a
obscura divisão entre trabalho e propriedade dos meios de produção passaram
a ter enorme importância na caracterização da economia informal. A força de
trabalho informal, predominantemente não assalariada, seria formada por uma
parte excedente de mão-de-obra existente na economia. Dadas as condições
acima descritas, a renda no setor seria determinada pela interação entre o
mercado disponível para o setor informal e a oferta de mão-de-obra.
Na realidade não existe consenso absoluto em relação á forma
como esses aspectos são encontrados no setor informal e em que medida
retrata sua forma de organização e atuação. Essa falta de consenso se deve á
inexistência de uma homogeneidade interna ao setor. Em outras palavras, o
setor informal é fundamentalmente e por sua própria definição, heterogêneo.
Nesse sentido, é difícil determinar aspectos que o caracterizam por inteiro e em
todas as situações.
Parece haver certo consenso à respeito da heterogeneidade do
setor e do fato de que essa heterogeneidade deve ser considerada nos estudos
e propostas de políticas. Em sua acepção mais ampla, definido como economia
não oficial e não registrada o setor informal compreende uma vastíssima gama
de atividades. Uma diferenciação interna ao setor informal, a partir da questão
do capital e do aspecto que diz respeito à maior ou menor exigência de
10
qualificação. De maneira equivalente, embora se expressando de forma
diferente, o trabalho autônomo reúne categorias amplas e dispares e torna-se
necessário detalhar as múltiplas atividades nele contidas para melhor
compreender sua significação no processo das contradições sociais.
Assim, constata-se que, seja qual for à definição utilizada, o setor
informal certamente engloba uma enorme gama de forma de organização, que
utilizam os fatores de produção de modos substancialmente diferentes.
Uma questão relevante no estudo da informalidade econômica é
a que concerne ás relações existentes entre os setores formais e informais. As
relações entre os setores formais e informais são complexas. Prevalece
atualmente a visão de um setor articulado ao formal, mas subordinado a este
último. Desse modo, faz-se presente a abordagem intersticial, pela qual o setor
informal surgiria e seria condicionado aos espaços deixados pelo setor
formal.Esses interstícios seriam criados, destruídos e recriados pela economia
formal, é importante esclarecer, entretanto, que logicamente o que está
determinado é o espaço econômico do setor informal, e não a sua dimensão
ocupacional.
Desse modo, observa-se, por um lado, que o setor informal fica
limitado em relação às suas possibilidades de expansão em longo prazo, e, por
outro, que é um erro considerá-lo como uma economia paralela, independente
da economia formal. Erro também é, seguindo essa mesma linha analítica,
estabelecer a igualação entre informalidade e pobreza.
A subordinação se dá em vários aspectos da organização
informal, reporta-se tanto na ocupação dos espaços econômicos, no acesso às
matérias- primas e equipamentos, na implantação de tecnologia, no acesso ao
credito, nas relações de troca, nos vínculos mais concretos de subcontratação,
como na esfera da produção ou circulação. O grau de inter-relação e
subordinação informal / formal vai também variar de acordo com a forma de
organização do segmento informal considerado. Alguns aspectos dessa
articulação para o comercio ambulante serão apontados e discutidos
posteriormente.
11
Constatados o caráter heterogêneo do setor e a complexa gama
de relações que o envolve, é importante assinalar que se deve estudar o setor
procurando enfocar, simultaneamente, as especificidades de seus segmentos e
o conjunto que estes formam entre si e com o setor formal.
Devem ser consideradas, ainda, as especificidades das
diversas economias e de seu processo de desenvolvimento, uma vez que a
forma de atuação do setor informal está intimamente relacionada a estes
movimentos específicos. Cabe, finalmente, ressaltar a importância de toda
essa discussão, no sentido de estabelecerem direções de políticas que
alcancem melhores resultados para a economia como um todo e,
conseqüentemente, para a economia informal.
12
Capitulo 2
O vendedor ambulante da região:
2.1 Breve comentário sobre a região Antes de iniciarmos a analise do comercio ambulante, algumas
considerações devem ser feitas a respeito das particularidades da
região.
Inicialmente, deve-se observar que a região, é densamente
povoada, o que por si só, denota a existência de um amplo mercado par
atividades comerciais. Não é de se estranhar, portanto, que se encontre
uma grande quantidade de vendedores ambulantes nas ruas da região.
Entretanto, esse amplo mercado consumidor se constitui da mesma
forma, em um incentivo para o comercio formal e regulamentado.
Assim embora a região reúna característica bastante favorável à
ampliação do comercio ambulante, também é detentora de uma serie de
empecilhos à sua expansão.
Nesse sentido, o comercio formal age de duas formas para
dificultar a atuação do comercio informal. Primeiramente, pode-se
considerar o aspecto estritamente econômico da concorrência. Embora
essa concorrência seja diminuída pela diferenciação dos produtos
comercializados pelos dois setores, em muitos casos ela existe e não
deve ser menosprezada. Em segundo lugar, deve-se pensar no que
significa essa concorrência em termos de políticas dirigidas a este
segmento da informalidade.
Ameaçados pela competição imposta pelos vendedores
informais, que muitas vezes levam vantagens ao oferecerem produtos
equivalentes a preços inferiores (uma vez que tem menores custos), os
estabelecimentos formais pressionam os governos municipal e estadual
no sentido de que estes reprimam a informalidade. Assim, muitas vezes,
os vendedores informais têm suas mercadorias confiscadas e vêem-se
13
obrigados a largar, por determinado período, sua atividade ou “trocar de
ponto”, alterando seu local de vendas.
Situada a região e discutidas algumas de suas características,
pode-se buscar analisar e definir o perfil do trabalhador do comercio
ambulante.
2.2. O comercio informal de duque de Caxias e Madureira
O comércio informal desses bairros, é predominantemente, do
sexo masculino, como nos Confirma o percentual de 65% encontrado
para tal sexo ( tabela A.1). Esse segmento do setor informal não parece
ser o preferido pelo sexo feminino que, dentro da informalidade, participa
intensamente dos grupos de serviços domésticos e de trabalhadores por
conta-própria.
Conclui-se que, embora a atividade não requeira nenhum tipo
especifico de conhecimento, parece que um nível de escolaridade
básico completo é desejável. Nesse sentido, observa-se que a renda
liquida média mais alta registrada foi encontrada no grupo de
vendedores que possui educação secundaria completa. Entretanto,
outras característica pessoais, tais como habilidades para vendas e
capacidade de persuasão se mostram também importantes a partir da
constatação de que a renda liquida media varia muito pouco entre os
grupos com primário incompleto e ginasial incompleto.
Observando-se a distribuição dos graus de escolaridade por
sexo, constata-se que o perfil do trabalhador, em termos educacionais, é
bem parecido com o da trabalhadora. Se considerarmos os grupos
agregados não estudou, primário, ginásio e segundo grau, observarão
que as diferenças são realmente mínimas.
Os trabalhadores procuram mais este segmento do setor
informal como forma de terem um maior rendimento ou por terem
dificuldades de encontrar empregos no setor formal. A grande incidência
deste último motivo não chega a surpreender, especialmente
considerando a analise que associa a informalidade a um excedente de
14
mão-de-obra expulsa do setor formal ou com dificuldade de inserção
neste, procura atividade informais como alternativa para sobrevivência.
Por outro lado, observa-se que grandes partes dos vendedores optam
conscientemente pelo setor informal, seja porque acreditem ganhar
mais, seja por opção pela autonomia, pela liberdade e pelo prazer.
Estranhamente, a poção por um complemento de renda
familiar não foi muito escolhida pelos trabalhadores. Unindo-se esta
constatação com a de que grande parte dos trabalhadores opta pelo
trabalho como vendedor ambulante porque acredita ganhar mais, chega-
se à hipótese de que o trabalho informal considerado é a principal fonte
de renda das famílias em questão. Com relação à renda pessoal, a
hipótese é confirmada, uma vez que o trabalho como ambulante é a
única atividade dos entrevistados.
Uma observação interessante e relacionada ao exposto em
relação aos motivos é a de que, majoritariamente, o comerciante
informal não procura outro emprego. Esta questão pode estar ligada a
uma falta de expectativas em relação ao setor formal, a característica de
acomodação dos trabalhadores ou a um contentamento com ralação às
condições de trabalho e renda do setor informal. Esses pontos serão
aprofundados no capitulo seguinte, quando se tratara das relações
existentes entre os setores formais e informais.
No que diz respeito aos rendimentos obtidos no comercio
ambulante, observa-se que a renda líquida média encontrada na região
gira em torno de dois salários, observa-se, assim que uma parcela
significativa da amostra utilizada tem renda extremamente baixa, mas
que, por outro lado, é possível encontrar quem ganhe mais de 10
salários mínimos mensais.
Mas especificamente relacionado às condições de trabalho,
observa-se, que o comerciante da região pesquisada tem um horário de
trabalho bastante extenso. Trabalham mais de 10 horas por dia, se
considerarmos ainda o tempo de transporte concluiremos que, de fato, a
atividade demanda um esforço considerável por parte dos trabalhadores.
15
Esse horário extenso é função do grande movimento que
existe na região pesquisada, inclusive em horários não comerciais. O
fato das opções de lazer muitas e dos bairros serem também
residenciais explica o movimento nesses horários.
Completando o que foi colocado acima, vale observar que o
comerciante trabalha em media 5,8 dias por semana.
O comercio ambulante parece ser uma atividade permanente para o
trabalhador. Essa e uma afirmativa que permite dois caminhos opostos
de analise,por um lado, pode determinar que a atividade é relativamente
independente de movimentos da economia. Por outro caso pode-se
defini-la como anticíclica, o que confirmaria a situação de crise que
persistiu no Brasil durante anos.
Observando o outro lado da questão, que boa parte dos
trabalhadores entrevistados está a menos de um ano no ramo informal,
essa constatação relata o também existente caráter provisório da
atividade. Essa é uma atividade praticamente sem barreiras à entrada e
é natural que ela sirva de opção imediata para aqueles que ainda
pensam em ingressar no mercado formal e para aqueles que estão se
iniciando no mercado de trabalho.
Par completar a caracterização do vendedor informal Resta à
importante questão relacionada à sua procedência. Assim,
surpreendentemente, observou-se que boas partes dos entrevistados
são naturais do rio de janeiro.
16
2.3 . A questão da instabilidade
Finalizando este capitulo, vamos discutir a questão da instabilidade
e o que ela significa para a atividade do vendedor ambulante. Assim, coloca-se
a hipótese de que grande parte dos vendedores trabalha sem licença ou
autorização legal, sendo a instabilidade uma característica marcante da
atividade.
Essas incertezas vão influir na forma de organização da atividade.
Como a atividade é instável, a forma de organização não pode ser muito
complexa. As relações patrão/empregado ( a questão do assalariamento
informal será tratado no capitulo seguinte) são flexíveis e sem muitas garantias,
uma vez que a atividade pode se inviabilizar de um momento pra outro. As
relações com fornecedores e com o mercado consumidor não são menos
frágeis pelo mesmo motivo. A dúvida que paira sobre os não-detentores de
licença legal impede que essas relações sejam rígidas e concretas.
Considerando o aspecto de fixação de preços, este também é
fortemente influenciado pela instabilidade. O preço dos produtos importados,
por exemplo, que são produtos ilegais e para a venda dos quais não se
concede licença, em épocas de repressão, certamente sobe, uma vez que o
produto escasseia.
E difícil conseguir com o governo a tão almejada licença. O
processo burocrático exigido é muito grande e os vendedores permanecem por
um longo período simplesmente com o protocolo. Quando concedidas, a
licença permite a venda em locais sem movimentos e fora do interesse do
vendedor. Encontram-se, com relativa freqüência, vendedores trabalhando em
determinado local e com licença para um local distinto. Esta é uma questão de
fato delicada e os vendedores procuram resolva-la através de associações e
sindicatos. Entretanto, pela característica dispersa da atividade, essas
associações carecem de força política e poder para qualquer tipo de
reivindicações. A solução mais fácil para os comerciantes e muitas vezes por
eles usada é a de simplesmente pagar uma quantia periodicamente ao fiscal
17
para não ser impedido de exercer sua atividade. Está é uma atitude bastante
informal, mas falta de alternativa legal, passa a ser a única viável.
18
Capitulo 3
Os assalariados informais e a relação formal/informal
3.1 assalariados informais
As análises que consideram o setor informal como um setor em que
não existe uma separação entre capital e trabalho ou como um setor em que a
mão-de-obra característica é a familiar, não leva em conta os trabalhadores
que, dentro da informalidade se submetem a patrões em troca de salários ou
de pequena participação nos lucros. Esses são os assalariados informais, uma
mão-de-obra que busca informalidade por motivos semelhantes aos que levam
os conta própria a buscá-la, mas que, na forma de inserção no mercado de
trabalho, se diferencia destes últimos.
No caso especifico do comercio ambulante, uma vez feita a escolha
pela informalidade, o trabalhador opta pelo assalariamento ao considerar, entre
outras, três questões básicas. A primeira delas é a possibilidade ou
impossibilidade de trabalhar em um bom ponto de venda. O trabalhador vê
seus rendimentos relacionados e, de certa forma, condicionados ao local onde
ele poderia se estabelecer e, caso esta estabelecimento não possa ser em
pontos movimentados, pode preferir assalariar-se como vendedor ambulante. A
segunda delas é a posse de licença. Observa-se freqüentemente que os
possuidores de licença, por terem a vantagem da estabilidade, contratam
trabalhadores e passam a administrar sua banca como uma pequena empresa.
A terceira questão é a necessidade de certo capital inicial para a formação de
estoque. Embora esse capital não seja muito grande, muitas vezes serve como
barreira à atuação como conta-própria e incentiva busca ao assalariamento.
Vale observa que alguns comerciantes conta própria têm mais de uma
banca em pontos diferentes, contratando empregados para trabalharem nelas e
atuando como administradores de verdadeiras cadeias de bancas.
Essa diferenciação entre o assalariado informal e o conta-própria existe
de fato, seja nas condições de trabalho, seja na história de vida passada do
19
trabalhador, seja no rendimento obtido por cada um. Esses aspectos serão
discutidos seguir.
As condições de trabalho dos conta-própria e dos assalariados se
aproximam em alguns aspectos e se distanciam em outros.nesse sentido, os
dados indicam que os dois tipos de comerciante informal trabalham o mesmo
numero de horas mês. Assim, a média de horas por dia coincide em 10 horas e
a variação na média de dias por semana é de 5,7 para os assalariados e 5,8
para os conta própria, da mesma forma, não pode se determinar tendências
diferentes a partir da observação do horário de trabalho por faixas.
Por outro lado, a observação dos dados relativos ao tempo de
trabalho como ambulante, indica que o trabalho para os assalariados, tem um
caráter mais provisório. Com relação ao conta própria, observa-se que estão
na função a mais tempo e não demonstram interesse em sai para o setor
formal.
Os motivos de maior incidência para a opção pelo trabalho como
ambulante coincide, em ambos os casos, com os encontrado para o total dos
trabalhadores. Entretanto, algumas observações se fazem importantes. O
motivo “dificuldade de encontrar emprego” é o mais freqüente par os
assalariados, enquanto o de “ganhar mais” é o mais importante para os conta
própria. Aliado a isso, o motivo “oportunidade” adquire certa significância no
caso dos assalariados. Estas constatações podem servir para classificar as
diferenças de objetivos e significados do trabalho para cada um dos grupos
considerados.
Uma distinção encontrada entre os dois grupos de trabalho é a de que
boa parte dos trabalhadores por conta própria já haviam tido vínculos
empregatícios formais, enquanto os assalariados nunca tinham tido uma
carteira assinada. Assim, pode-se sugerir que os assalariados, muitas vezes,
houvessem recém integrado o mercado de trabalho, sem ter passado pelo
setor formal . Por outro lado, a constatação pode indicar que o trabalho como
conta própria exija certa experiência e/ ou capital adquiríveis em atividades
formais.
20
A ultima e talvez mais importante, comparação ser feita entre os
conta própria e os assalariados informais, no comercio ambulante, diz respeito
à renda por eles auferida. A renda média líquida encontrada para os
assalariados foi de quase dois salários mínimos, em oposição a renda
daqueles que trabalham por conta própria que em media de três salários
mínimos.
3.2 considerações sobre a relação existente entre os setores
formais e informais
A relação existente entre os setores é bastante complexa e, como
já discutido no capitulo 2 vem sendo objeto de uma serie de estudos e
debates.neste capitulo, essa relação será analisadas considerando dois
aspectos do comercio ambulante: as mercadorias e a Mão de obra participativa
da atividade. Deste modo, iremos analisar de que forma ocorre a articulação
entre os dois setores, acreditando, de inicio, que ela é forte e expressiva. A
variedade de mercadorias vendidas pelo comercio ambulante é muito grande, o
leque compreende artigos que vão desde simples produtos alimentícios a
artigos importados ou sofisticados objetos de decoração. As mercadorias mais
encontradas, entretanto, são as relacionadas à alimentação, vestuário, bolsas,
mochilas, carteiras e bijuterias. A questão que se coloca no momento é a que
se refere a quantidade de mercadorias proveniente do setor formal ou originário
do próprio setor informal. Nesse sentido, buscou-se saber se as mercadorias
eram produção artesanal ou se eram provenientes de lojas, depósitos ou
fabrica, estabelecendo neste ponto o limite entre os dois setores.
Parece óbvio que a ligação entre os dois setores é muito forte no
que diz respeito às mercadorias. Observa-se que o comercio ambulante não
esta a serviço de uma produção informal de custos e preços menores e
qualidade inferior, mas funcionam como uma espécie de intermediário para a
produção formal. Os vendedores vão às lojas, aos depósitos ou ás fabricas
estabelecidas para comprar suas mercadorias e poder exercer sua atividade.
21
Esse aspecto colocou o vendedor ambulante em uma posição exclusiva, em
que, muitas vezes, oferece concorrência ao comercio formal, com vantagens
advindas da sua condição de informalidade.
Cruzando os dados relativos ás mercadorias com dados que diz
respeito á sua origem, encontrou-se que tipo de mercadoria informal concentra-
se nos grupos de artigos de alimentação, vestuário, bijuterias, adereços para
cabelos e objetos de decoração. Com relação aos produtos alimentícios,
encontram-se doces caseiros, refrescos e frutas. Os produtos informais de
vestuário vão desde camisetas a roupas de dormir. Quadros e cerâmicas de
diversos tipos e qualidades formam o grupo dos objetos de decoração.
A origem formal esta presente em todos os grupos de
mercadorias, sendo sua maior incidência também em artigos alimentícios e de
vestuário (balas, chocolates e biscoitos para o primeiro grupo e roupas diversas
para o segundo) e em outros grupos como os de bolsas, mochilas e carteiras e
artigos de armarinho.
Há, neste ponto, uma questão que merece atenção. Existe alguma
relação entre a origem dos produtos vendidos e os rendimentos dos
comerciantes formais. Esta relação embora pequena exista e favorecem os
produtos informais, a produção artesanal por suas características próprias,
pode permitir um aumento em seus preços e na margem de lucros do
vendedor. Entretanto, como a diferença não e muito grande, não se deve
buscar nenhuma conclusão generalizada.
Finalizando a análise pelo aspecto das mercadorias, deve-se
colocar a questão dos recursos. Os vendedores ambulantes utilizam
basicamente recursos próprios para a aquisição de mercadorias, embora a
consignação seja uma forma também presente. Neste sentido, parece não
haver uma ligação forte entre a atividade em questão e o sistema formal de
credito. De fato, na grande maioria das vezes, os recursos utilizados são
provenientes da própria atividade informal.
22
Uma vez constatada e retratada a relação existente entre os dos
setores no que diz respeito às mercadorias, devemos analisar o aspecto da
força de trabalho.
A articulação entre os dois setores pode ser observada de
imediato pela análise dos motivos que levaram os vendedores a procurar está
atividade. De fato, a opção do trabalhador exige que ele estabeleça graus de
comparação entre os setores e os motivos mais freqüentemente encontrados
retratam essa questão. Assim, os trabalhadores acreditam na possibilidade de
ganhar mais no setor informal que no formal ou imaginam ter uma autonomia
em atividades informais ou intencionam participar de uma atividade formal, mas
têm dificuldades de inserção no setor. É uma analise que põe os dois setores
no sentido de que a escolha deve ser feita entre eles.
Devemos procurar analisar, neste ponto, quais foram ás atividades
exercidas pelos trabalhadores imediatamente antes da opção pelo comercio
ambulante. Os trabalhadores parecem ter estado, majoritariamente, envolvidos
com atividades comerciais. Nesse ponto, ocupavam cargos de vendedores em
lojas ou de representação. Em seguida, observamos a importância das
ocupações que envolvem a oferta de serviços. Assim, destacam-se atividades
de características informais, como a marcenaria, a mecânica, serviços
domésticos e de costura.
Atividades administrativas, ocupações em indústrias ou obras,
trabalhos como os de porteiro, vigia e serventes foram também a origem de
grande parte dos comerciantes entrevistados. Essas ocupações são ocupações
formais, de baixos rendimentos, preenchidas, na maioria das vezes, por
profissionais de níveis cultural e social mais baixos.
Uma questão, então, se coloca. Quantos, desses trabalhadores,
ainda pensam em exercer atividades formais? Nesse sentido, observamos que
apenas 23% destes procuravam outro emprego. É indo mais alem, estes se
concentravam no grupo de trabalhadores na atividade há menos de doía anos,
compreendendo os transitórios e os que entraram para o comercio ambulante
por oportunidade, por acaso. Os trabalhadores mais antigos na atividade não
23
demonstram interesse em voltar ao setor formal, o que indica certo grau de
satisfação com a atividade exercida (tabela A20).
As relações, portanto, são intensas, embora maiores no sentido que
leva à informalidade do que no sentido contrario. O fato de a opção pelo
comercio ambulante levar, basicamente, em conta a oposição a trabalhos
formais, confirma o caráter subordinado desta atividade informal. À medida que
vêem fechadas as suas oportunidades formais, os trabalhadores procuram o
comercio ambulante como alternativa, e em alguns casos, alternativa melhor a
sobrevivência.
A própria satisfação dos trabalhadores em relação à atividade se
coloca em um plano de oposição à formalidade. Caso existissem boas
oportunidades de emprego, caso os salários pagos fossem mais justos e
realistas, o grau de insatisfação no comercio ambulante seria, provavelmente,
maior. A atividade teria, certamente, diminuída as suas magnitudes, seja no
que diz respeito à Mão de obra, seja no que diz respeito à renda. Nesse
sentido, se manifesta o caráter anticíclico do comercio ambulante, mencionado
em capítulos anteriores.
À medida que a situação econômica piora e as oportunidades de
emprego escasseiam, aumenta a magnitude do comercio ambulante. A partir
do exposto, dada a importância da relação entre os dois setores e dada a sua
complexidade, políticas econômicas devem incluir, em seus objetivos, o setor
informal; e políticas que vissem especificamente a este ultimo devem
considerar seu caráter articulado e subordinado à economia formal.
24
Capítulo 4
Modelo do questionário utilizado na pesquisa de campo
Questionário local:
Data:
N°
Bairro:
1. Sexo: M F
2. Idade: .............
3. Estado civil: solteiro, casado outros
4. Tem filhos? Sim não quantos?.......
5. Onde mora? Bairro......................................município............................
6. Mora em casa própria? Sim .............não............................
7. Estado em que nasceu:...........................................
8. Grau de escolaridade: não estudou...............................
Fundamental:
completo........................incompleto
Ensino médio:
completo........................incompleto
Universitário:
completo..........................incompleto
9. Por que decidiu ser vendedor ambulante?
Ganhar mais..............
Dificuldade de encontrar emprego......................
Independência, autonomia,
liberdade......................
Outra razão.........................
25
10. Há quanto tempo trabalha como ambulante?...............................
11. Já trabalhou em outra atividade? Sim.............não....................
12. Qual foi sua ultima ocupação?....................
13. Já teve carteira de trabalho assinada? Sim....................não.................
14. Este é seu único emprego? Sim........não...............qual o
outro?...................
15. Procura atualmente outro emprego? Sim...............não.................
16. Trabalha sempre no mesmo local? Sim.................não...............
17. Quantas horas trabalham em media por dia?...........................
18. Você e empregado de alguém? Sim................não...............
19. Você trabalha por conta própria? Sim...................não................
20. De onde vêm as mercadorias?
Fabricação familiar.......................
Fabricação de terceiros
artesanal...........................
Loja, deposito ou
fabricas........................
Outra origem.............................
21. Como você obtém as mercadorias?
Recursos próprios........................
O patrão fornece........................
Consignação.......................
Outra forma.......................
22. Você vende algum produto importado? Sim.................não..................
23. Quanto você ganha liquido em média por dia................
Semana....................
Mês.............................
26
Capítulo 5
Tabelas selecionadas para o comercio ambulante na zona norte e baixada fluminense.
Tabela A.1
Distribuição por sexo
Sexo total %
Masculino 65 65.7
Feminino 34 34.3
Total 99 100.0
Tabela A.2
Renda media por nível de escolaridade
ESCOLARIDADE renda media liquida em PNS
Não estudou 1.51
Fundamental incompleto 1.67
Fundamental completo 1.98
Ensino médio incompleto 2.21
Ensino médio completo 3.02
Universitário incompleto -
Universitário completo -
PNS: PISO NACIONAL SALARIAL
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Tabela A.3
Média segundo sexo
Médias masculino feminino total
Anos de trabalho 6 5 6
Horas por dia 10 9 10
Idade 34 35 34
Dias por semana 5.9 5.4 5.8
Renda liq. Em PNS 2.70 2.29 2.38
OBS: PNS- piso nacional salarial.
Tabela A.4
Idades
Idade total %
Entre 15 e 19 anos 15 15,2
Entre 20 e 24 anos 14 14,1
Entre 25 e 29 anos 16 16,2
Entre 30 e 39 54 54.4
Total 99 100.0
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Tabela A.5
Único emprego Masculino % Feminino % Total %
Sim 66 90,4 26 100,0 92 92,9
Não 7 9,6 --- --- 7 7,1
Total 73 100,0 26 100,0 99 100,0
Tabela A:6
Naturalidade por regiões
Regiões total %
Sul 2 2,0
Sudeste 62 62,6
Centro oeste 1 1,0
Nordeste 29 29,3
Norte 3 3,0
Estrangeiros 1 1,0
Sem resposta 1 1,0
Total 99 100,0
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Tabela A: 7
Conta própria segundo sexo
c. própria masculino % feminino % total %
sim 49 67,1 18 69,2 67 67,7
Não 24 32,9 8 30,8 32 32,3
Total 73 100,0 26 100,0 99 100,0
Tabela A: 8
Possuiu anteriormente carteira assinada?
Assalariados % C. própria % Total %
Sim 14 43,8 50 74,6 64 64,6
Não 18 56,3 17 25,4 35 35,4
Total 32 100,0 67 100,0 99 100,0
Tabela A: 9
Medias
Assalariados e conta própria
Medias assalariados c. própria total
Horas dia 10 10 10
Dias por semana 5,7 5,8 5,8
Renda liq. em PNS 1,95 2,57 2,38
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Tabela A:10
Tempo de trabalho como ambulante dos trabalhadores que procuram outro
emprego.
Tempo de Trabalho Sim % Não % total %
Menos de 1 ano 8 34,8 7 9,2 15 15,2
Entre 1 e 2 anos 5 21,7 8 10,5 13 13,1
Entre 2 e 3 anos 3 13,0 7 9,2 10 10,1
Entre 3 e 4 anos 1 4,3 5 6,6 6 6,1
Ente 4 e 5 anos 1 4,3 10 13,2 11 11,1
Entre 5 e 10 anos 5 21,7 24 31,6 29 29,3
Entre 10 e 20 anos -- ---- 5 6,6 5 5,1
Entre 20 e 35 anos -- ---- 8 10,5 8 8,1
Mais de 35 anos -- ---- 2, 2,6 2 2,0
Total 23 100,0 76 100,0 99 100,0
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Conclusões
O setor informal é um setor heterogêneo compreendendo
organizações que vão desde empresas quase capitalista a organizações
familiares, em que as formas de produção ocorrem em moldes sensivelmente
distintos dos capitalistas.
Esse trabalho procurou fixar-se no segmento do setor informal que
engloba o comercio ambulante, restringindo os seus estudos aos bairros de
duque de Caxias e Madureira do município do Rio de Janeiro.
Nesse sentido, alguns aspectos relativos ao funcionamento da
atividade do comercio ambulante, bem como as características dos
trabalhadores merecem certo destaque.
O comercio ambulante é uma atividade predominantemente ilegal.
Mais da metade dos trabalhadores entrevistados sequer possuíam a licença
que os autoriza ao exercício da atividade. A ilegalidade cria, para a atividade,
um clima de tensão e instabilidade. A vulnerabilidade a ações repressivas do
governo, sempre incentivadas pelo comercio formal estabelecido ameaçado
pela concorrência informal, faz com que a atividade tenha uma organização
frágil e incerta. Nesse sentido, as relações de trabalho internas ao comercio
informal, bem como as relações com ofertantes e consumidores são marcadas
pela instabilidade e, estão sempre sujeitas a serem rompidas de um momento
para o outro.
A obtenção de licença é dificultada por processos burocráticos e
complicados, aliados a exigências especificas, muitas vezes não cumpridas
pelos trabalhadores .alternativas tipicamente informais surgem como solução
para esta questão.Por outro lado, observa-se a contratação de deficientes
físicos para a obtenção de licença com base na lei 19.por outro lado procura-se
sanar a falta da licença através de agrados e subornos aos fiscais.
Existem, entretanto, no comercio ambulante, relações de trabalho
quase capitalistas. E até seria o caso do que se chamou de assalariados
informais. Observou-se que um terço dos trabalhadores entrevistados faz parte
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deste grupo de comerciantes que, na informalidade, se submetem a patrões
em troca de salários ou de pequenas participações nos lucros. Embora
trabalhem em condições semelhantes às de seus patrões- os conta própria- ,
os assalariados do comercio ambulante têm menores rendimentos e exercem a
atividade, predominantemente, em caráter provisório.
As ultimas questões colocadas se interligam no aspecto, já citado,
em que a contratação de deficientes surge como solução para a dificuldade de
se conseguir uma licença. A falta da licença, por outro lado, é fator que leva o
comerciante ao assalariamento informal. Outros fatores, que funcionam como
barreiras á entrada de comerciantes contas própria, são também importantes.
Nesse caso estão a dificuldade de se estabelecer em um bom ponto de venda
e a necessidade de um pequeno capital inicial.
Através da analise dos motivos que levaram o trabalhador às
atividades de comerciante ambulante, constata-se o alto grau de inter relação
que existe entre os setores formais e informais.
Os principais motivos apresentados pelos entrevistados (ganhar
mais, dificuldade de encontrar emprego e maior autonomia) se colocam em um
plano de oposição formal/informal. Os motivos “ganhar mais” e” maior
autonomia” se apresentam como opções conscientes dos trabalhadores pelo
comercio informal, por acreditarem ter melhores condições de trabalho do que
teriam e ocupações formais, a expulsão do trabalhador do setor formal, através
das demissões, ou sua dificuldade de inserção na formalidade caracterizam a
grande articulação existente entre os dois setores, em que , muitas vezes, o
setor informal aparece como acolhedor dos excedentes da econo0mia formal.
A interligação entre os dois setores é constatada pela observação de
que quase dois terços dos comerciantes entrevistados já haviam trabalhado no
setor formal, tendo possuído carteira assinada. A opção pelo comercio
ambulante parece, entretanto, agradar ao trabalhador, como è observado
através do baixo percentual encontrado para trabalhadores que, no momento
da pesquisa de campo, procuravam outro emprego.
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A articulação entre os setores formais e informais foi detectada
também na analise da origem das mercadorias. Nesse sentido, quase a
totalidade das mercadorias encontradas tinham sido produzidas no setor
formal, o que coloca o comercio ambulante como um intermediário par a
produção formal. Este aspecto contrapõe a analise que alia o setor informal a
um mercado de baixa renda, que funcionaria paralelamente à economia formal.
Em oposição a esta constatação, observamos que o grau de interligação entre
os dois setores e muito grande e que, em varias ocasiões, o comercio
ambulante oferece concorrência ao comercio estabelecido formal.
As mercadorias de origem formal encontradas compreendem artigos
de alimentação, vestuário, bolsas, mochilas e carteiras, artigos de armarinho e
uma vasta gama de produtos caracteristicamente industrializados. Por outro
lado, as mercadorias de origem formal ( produção artesanal) compreendem
também artigos de alimentação, vestuário, bijuterias, adereços para cabelo e
objetos de decoração.
Discutidos os principais aspectos, vale ressaltar a importância de
medidas que atinjam o segmento do setor informal em questão. Nesse sentido,
deve-se considerar, por um lado, o caráter instável da atividade e, por outro,
suas articulações com o setor formal.
Com respeito a esta ultima consideração, acredita-se que medidas
que vissem a atingir o setor informal devem fazer parte de uma política mais
ampla que objetive um maior desenvolvimento do país e uma melhor
distribuição de renda, questões que certamente atuariam no sentido de diminuir
a magnitude da economia informal brasileira.
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Bibliografia
1. BARBOZA, A.C, Campos Filho, L., Rodrigues, L.C, Andrade,
M.C, Mello, R.F, Guelman. S. “Setor Informal – o caso do
Comércio Ambulante na Cidade do Rio de Janeiro”. Mimeo.
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2. AMADEO, E., Pero, V. Meyer, J. Uma análise da qualidade da
ocupação nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e São
Paulo, pesquisa e planejamento econômico, Rio de Janeiro,
IPEA, V. 26 N. 1, 1996.
3. BARROS, R.P. de., Mendonça, R. A estrutura do emprego e a
qualidade dos postos de trabalho no setor serviços. Rio de
Janeiro IPEA, 1997(Série Seminários, 3).
4. MELO, H.P. de, Os Serviços e a Economia Informal Urbana e
notas preliminares. Rio de Janeiro, 1999, Mimeo.
5. LAROSA, M. A., AYRES, F. A., Como produzir uma
monografia, Instituto Candido Mendes , 7ª edição Rio de
Janeiro 2008.