Seu filho x bullying

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FERRAMENTAS COMPROVADAS QUE AJUDARÃO PAIS E FILHOS A ACABAREM COM O BULLYING PARA SEMPRE. Com resultados comprovados tanto para garotos quanto para garotas, do ensino fundamental ao médio, o programa antibullying deste livro foi desenvolvido e testado por Joel Haber, um dos maiores especialistas da área. Você conhecerá o melhor caminho para fortalecer a autoestima de seus filhos e sua capacidade de lidar com conflitos, desenvolvendo com eles os pilares fundamentais da confiança e empatia.

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O comprovado programa que recebeu destaque no

New York Times

Ajude seu filho a combater provocações, insultos e agressões para sempre

Dr. Joel HaberEspecialista em Treinamento Antibullying

e Jenna Glatzer

São Paulo – 2012

SEU FILHOX

BULLYING

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Este livro é dedicado a todas as crian-ças e adultos que enfrentaram o desa-fio do bullying e encontraram maneiras de superar o sofrimento. O que define uma pessoa não é o problema que a afli-ge, mas sim a forma pela qual consegue lidar com ele. Sempre me ensinaram a persistir em algo até conseguir vencer, e espero que todos aqueles que enfren-tam problemas relacionados ao bullying encontrem forças para fazer o mesmo. Também dedico este livro a meu pai, Wilfred, por suas orientações e ensina-mentos sempre tão presentes.

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um

Há muitas gerações, ouvimos e transmitimos os mesmos con-selhos sobre como lidar com agressores – e, apesar disso, o pro-blema do bullying, em vez de melhorar, parece ficar cada vez mais sério. Será que tais conselhos não funcionam?

Ignore os agressores e eles irão embora. O bullying é um ritual de passagem normal. Apenas conte ao professor e tudo será resolvido.O agressor parará de importuná-lo se você aprender a lutar.

Essas são as diretrizes pelas quais nos guiamos – e talvez as te-nhamos repetido nós mesmos. Entretanto, a verdade é que, como adultos, no fundo sabemos que alguns desses comentários são absurdos. Que outros tipos de problemas já foram solucionados justamente por terem sido ignorados? A sensação de ser abusado pode ser normal?

Durante meu crescimento, o bullying era visto como um ritu-al de passagem. Se alguém apanhasse no pátio durante o recreio, isso o tornaria mais forte e o ensinaria a “ser um homem”. Se as

O bullying não é só um problema dos pátios da escola

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crianças o xingassem, isso era “apenas provocação”, e diziam que bastaria ignorá-las para que parassem. Quase ninguém comenta-va sobre o bullying entre garotas.

A boa notícia é que, hoje em dia, a sociedade está conside-rando o bullying com muito mais seriedade. A má notícia é que foram necessárias algumas tragédias, como os tiroteios nas esco-las, para que acordássemos.

Bullying é abuso, e isso traz sérias consequências a curto e a longo prazo para todos os envolvidos: os agressores, as vítimas e os observadores. Quase todos nós guardamos a lembrança daquele sentimento ardente provocado por um agressor quando este dizia algo com intenção de humilhar, ou do desejo de ficar invisível para não ser atormentado por algum grupinho no vestiário, até mesmo vinte ou trinta anos depois da ocorrência de tais episódios. Quase todos conseguimos recordar aquela pobre criança que estava abai-xo de todas na hierarquia escolar; muitos de nós queríamos ajudá--la, mas permanecemos calados pelo medo de que nos tornásse-mos o próximo alvo, ou de que não fôssemos considerados “legais”.

Como adultos, se determinada pessoa nos molesta, não pre-cisamos manter uma relação com ela. As crianças, porém, são oficialmente obrigadas a dividir o espaço com seus agressores na escola o dia todo, durante toda a semana. É um tormento, e é nosso dever ajudá-las na aquisição da segurança física e emocio-nal. Não há nada mais importante que isso.

Os clichês não funcionam. No entanto, conheço os recursos que, de fato, funcionam, e até o final deste livro você também os conhecerá. Se conhecer uma criança que esteja sofrendo, iremos descobrir as raízes desse sofrimento e ajudar a solucioná-lo.

Para que possamos realizar isso, precisaremos falar a mesma língua. Dessa forma, iremos examinar os conceitos principais so-bre o bullying: o que é, quem o pratica, quais formas assume e suas consequências.

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O que é O bullying?O bullying é um padrão crônico e/ou repetitivo de comporta-mento nocivo que envolve a intenção de manter uma desigual-dade de poder. Isso significa que um agressor, ou bully, encon-tra satisfação em prejudicar pessoas que considera mais fracas do que ele, a fim de desenvolver seu próprio senso de poder. É importante diferenciar o bullying das brigas, sendo que as últimas dizem respeito à intensificação de um conflito e são consideradas normais. Crianças brigam e podem berrar umas com as outras, ou dar empurrões, sem que nenhum elemento de bullying esteja presente.

O bullying não diz respeito à resolução de um conflito e não ocorre entre oponentes em igualdade de condições. Ele excede os limites da dinâmica de desigualdade de poder, na qual uma pessoa quer exercer o controle sobre a outra. O bully acredita que a vítima seja, de alguma forma, mais fraca que ele nos aspectos físico, mental, social, emocional, ou numa combinação deles. Os agressores sentem-se gratificados em prejudicar suas vítimas. Se esse comportamento não for contido, poderá intensificar o poder dos agressores à custa de suas vítimas.

POr que está FicandO Mais grave?As pessoas às vezes me perguntam se existe um “gene do bullying”. Até onde sabemos, não existe. Seria o bullying resultante de pais negligentes, da ordem de nascimento das crianças, da mídia? Pro-vavelmente, de um pouco de tudo o que você possa imaginar.

Os bebês nascem com determinados tipos de temperamento. Alguns são passivos; outros tensos, agressivos ou vivazes. Desde cedo, você poderá verificar se uma criança apresentará tendên-cias agressivas – mas isso não garantirá que se transformará em

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um bully. A natureza é uma das parcelas da equação; a educação é a outra.

A Insanidade da MídiaEm se tratando de violência e bullying, podemos dizer que a mídia é um assunto que suscita calorosas controvérsias. Há quem defenda lados opostos da questão: que a mídia produz crianças violentas ou que a mídia não tem nada a ver com a produção da violência. Acredito que a verdade esteja no meio termo: a mídia torna muito piores as crianças que já possuem tendências agressivas.

O bullying foi aceito completamente pela televisão. Se você observar bem os reality shows, notará quão amplamente valori-zados são os comportamentos de bullying. Na verdade, existem shows nos quais milhares de pessoas apresentam-se para concor-rer a um emprego com um chefe abusivo: o programa da FOX que durou pouco, My Big, Fat Obnoxious Boss, uma aparente paródia ao programa de Donald Trump The Apprentice*, foi uma brinca-deira com os participantes, que pensaram estar competindo por um cargo executivo de uma companhia denominada Iocor, quan-do, de fato, tal companhia não existia e o chefe era um ator. No entanto, eles foram submetidos a exames humilhantes, comen-tários inapropriados sobre sua sexualidade, tarefas antiéticas e abuso verbal, na esperança de conseguirem esse emprego imagi-nário – e chamamos isso de entretenimento.

Também chamamos de entretenimento quando Simon Cowell humilha infelizes competidores em American Idol**, insultando-

* O programa foi lançado no Brasil com o nome de “O Aprendiz”. (N.T.)** Trata-se de um programa de calouros muito popular realizado nos EUA, que em sua versão brasileira recebeu o nome de “Ídolos”. (N.T.)

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-os até as lágrimas. Simon é recompensado por seu bullying ver-bal com fama e riqueza. Em Growing Up Gotti, jovens assistem e aprendem que garotos privilegiados podem não apenas escapar impunemente das consequências de comportamentos terríveis à custa dos outros, como também estar nas capas de revistas, glo-rificados como conquistadores.

Até mesmo os comerciais de TV estão ficando cada vez piores. Enquanto crescem, as crianças são submetidas a milhares de co-merciais de conteúdo violento.

Acrescente-se a isso os videogames violentos, as letras de mú-sica e os videoclipes. Todas as crianças estão expostas a alguma violência proveniente da mídia, mesmo que os pais façam o me-lhor possível para monitorar as atividades dos filhos. Entretan-to, nem todas as crianças internalizam as mensagens da mesma forma. Mensagens violentas reforçam uma crença agressiva, que a criança já possui, de que lutar é uma boa maneira de obter o poder. Elas não fazem com que crianças boas “virem más”.

Modelos ParentaisSerá que devemos “culpar” os pais quando os filhos são bullies ou vítimas? Nem sempre... Mas, frequentemente, eles têm muito a ver com isso.

Às vezes os pais me dizem: “Não sei o que aconteceu. Tenho três filhos ótimos, e outro que é um bully”. Podemos seguramen-te supor que o estilo parental não deva ser responsável em grande medida pelo comportamento do agressor em uma situação como essa, embora os pais possam, inadvertidamente, estar recom-pensando ou reforçando o comportamento bullying.

Em muitos casos, porém, é muito fácil observar de onde a criança recebeu a noção de que o bullying é permitido. Pais agres-

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sores geralmente estão por trás de filhos agressores. Além disso, a forma pela qual os pais resolvem os conflitos entre eles cria um modelo para os filhos – se um deles costuma ser “o vencedor” e o outro “o perdedor” em discussões, os filhos poderão aprender por identificação com um ou outro, tornando-se, então, o bully ou a vítima.

No próximo capítulo exploraremos essa dinâmica mais pro-fundamente e investigaremos como o seu comportamento pa-terno ou materno pode estar encorajando o comportamento de bully ou de vítima... Apesar de suas melhores intenções.

A Nova Tecnologia do Bullying: A Internet e os Telefones Celulares Com a nova tecnologia da comunicação surgem novas oportu-nidades de assédio. Não poderíamos nem mesmo ter imagina-do, em nossa época de juventude, algumas das piores formas de bullying da atualidade.

As crianças de hoje recebem ameaças por e-mails anônimos e mensagens instantâneas. Qualquer pessoa que possua um mo-dem, em qualquer lugar do mundo, pode acessar websites dis-seminadores de boatos. Fotos constrangedoras e fragmentos de diários são postados em fóruns da internet e encaminhados entre os estudantes.

Estas crianças estão recebendo ameaças e sendo vítimas de as-sédio por mensagens de texto em seus telefones celulares. Estão participando e sendo vítimas do bullying “a três”, no qual um dos colegas coloca outro para falar mal de um terceiro – que está, de fato, ouvindo ou lendo e-mails ou mensagens instantâneas.

A nova tecnologia tornou mais fácil para as pessoas, que em outras circunstâncias poderiam ficar em dúvida, tornarem-se

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bullies. Ela também auxilia a intensificação do bullying. O ano-nimato dissipa grande parte do medo da vingança, ou das con-sequências, e pode até mesmo eliminar sentimentos de culpa ou empatia – afinal, o agressor não precisa ver as lágrimas nos olhos da vítima quando recebe as palavras que a humilham.

queM sãO Os bullies? Embora a maioria das crianças possa “experimentar” o bullying como uma forma de testar o seu poder, grande parte delas logo descobrirá que não possui uma tendência natural para ele. Uma criança demonstrará ser um verdadeiro bully se mantiver esse papel por meses ou anos, se perder sua empatia por esses inci-dentes, ou se suas primeiras incursões pelo bullying forem ex-cepcionalmente abusivas.

Observe que os agressores não são tipicamente invejosos em relação às crianças que importunam e geralmente não apresen-tam baixa autoestima. Esse é outro mito no qual os especialistas acreditaram durante décadas, até que os testes psicológicos evi-denciassem que os agressores normalmente tinham autoestima em excesso.

Quando eu estava crescendo, o estereótipo do bully era o de um garoto com excesso de peso, exageradamente agressivo, não muito inteligente, que espancava os outros para sentir-se me-lhor, provando sua força física. Com certeza existem ainda al-guns agressores desse tipo por aí. Hoje em dia, porém, existe um tipo de agressor muito mais perigoso.

Os agressores atuais frequentemente são populares, espertos, considerados charmosos pelos adultos e possuem muitos amigos, mesmo que suas relações de amizade sejam baseadas no medo. Mantêm sua posição social desdenhando e ridicularizando os

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outros. Para a maioria das pessoas, assemelham-se a líderes. Os bullies provavelmente não possuem empatia, o que parece ser o elemento fundamental para diferenciá-los das crianças com ver-dadeiras habilidades de liderança.

O que torna tão árduo lidar com esse tipo de bullies é o fato de quase sempre serem difíceis de identificar, e de não ser fácil, para os observadores, fazer oposição a eles. São queridos pelas pessoas e divertem os professores. Os treinadores os valorizam. Suas ha-bilidades sociais os capacitam a adular e a parecer inocentes aos adultos, e seus colegas ficam com muito medo de enfrentá-los quando testemunham comportamentos de bullying, pois pode-riam facilmente tornar-se as próximas vítimas. Quer admitam ou não, quase todas as crianças desejam ser populares. Querem ter amigos que estejam no topo da escala social. Raramente irão confrontar ou contradizer uma criança popular que estiver fa-zendo algo errado, pois isso não as tornaria mais “legais” e faria com que tivessem grandes chances de perder sua própria posição social.

Em função disso, os agressores populares aprendem que po-dem escapar a tudo impunemente e sua empatia diminui. Sen-tem-se cada vez mais poderosos e desprezam as crianças menos poderosas. É provável que repitam esse padrão durante suas vi-das em seus locais de trabalho, em suas cidades, em suas famí-lias, ensinando a seus filhos como ascender na escala social, para que também possam aniquilar as crianças “desprezadas” que es-tejam abaixo deles. Essa é uma das razões pelas quais precisamos lidar com tais problemas logo que aparecem, pois quanto mais as crianças praticarem o bullying impunemente, menos sua empa-tia contribuirá para que essas situações cheguem ao fim.

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