SÍFILIS ADQUIRIDA, EM GESTANTE E...
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA
CAROLINA MATTEUSSI LINO
SÍFILIS ADQUIRIDA, EM GESTANTE E CONGÊNITA:
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO EM UM MUNICÍPIO DE MÉDIO PORTE
DO ESTADO DE SÃO PAULO
Piracicaba
2019
CAROLINA MATTEUSSI LINO
SÍFILIS ADQUIRIDA, EM GESTANTE E CONGÊNITA:
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO EM UM MUNICÍPIO DE MÉDIO PORTE
DO ESTADO DE SÃO PAULO
Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia de
Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas como
parte dos requisitos exigidos para obtenção do título de
Mestra em Odontologia, na Área de Saúde Coletiva.
ORIENTADORA: Prof.ª Dr.ª Marília Jesus Batista de Brito Mota
COORIENTADORA: Prof.ª Dr.ª Maria da Luz Rosário de Sousa
Este exemplar corresponde à versão final da
dissertação defendida pela aluna Carolina
Matteussi Lino e orientada pela Profa. Dra. Marília Jesus Batista de Brito Mota e
coorientada pela Profa. Dra. Maria da Luz
Rosário De Sousa
.
Piracicaba
2019
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho primeiramente a Deus por me guiar e permitir chegar até aqui, aos
meus pais, especialmente a minha mãe, por seu cuidado e dedicação, ao meu namorado,
familiares e amigos pela compreensão de minhas ausências e renúncias, a minha avó (in
memoriam), por sempre me incentivar e apoiar e a todos que contribuíram, direta ou
indiretamente, para que esta pesquisa se tornasse realidade.
AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi realizado com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001.
Nenhuma batalha é vencida sozinha. Durante esta jornada, pude contar com pessoas
incríveis, que estiveram ao meu lado e percorreram este caminho comigo, apoiando-me e
incentivando para que eu conseguisse alcançar meu objetivo.
Agradeço a Deus, por permitir a concretização de mais uma etapa, dando-me fé,
perseverança e sabedoria para chegar até aqui.
Aos meus pais, pelo amor incondicional e por estarem comigo em todos os momentos,
sonhando meus sonhos e me apoiando, mesmo diante das dificuldades. Se hoje cheguei aqui e
sou quem sou, é graças a vocês!
A toda a minha família, por participarem de todas as minhas conquistas e por tudo que
vocês já fizeram por mim em vários momentos da minha vida. Aos meus avós, por sempre
tentarem compreender minhas ausências. Gostaria de agradecer, especialmente à “vó” Inês, pelo
carinho e por todas as vezes que colocou meu nome em suas orações.
Ao meu namorado e companheiro de todas as horas, por caminhar ao meu lado nesta
jornada, compartilhando alegrias e tristezas. Obrigada por todo o amor, apoio, paciência e
compreensão. Te amo!
Aos meus sogros, pela acolhida, carinho e preocupação, além de todo apoio desde que
“ingressei” na família. Sou muito grata por tudo que vocês fizeram e fazem por mim!
Aos queridos Guido (in memoriam), Maria Helena e toda família Padovani Zanlorenzi,
pela confiança, acolhimento, preocupação e convívio ao longo desses anos. À Yvone Padovani,
por me acolher carinhosamente em sua casa, pelas conversas e conselhos, principalmente a
respeito da pós-graduação. Obrigada por vibrarem comigo a cada nova conquista. Vocês me
ensinaram muitas coisas que sempre levarei comigo, pessoalmente e profissionalmente.
À querida professora Angela Márcia Fossa, por sempre acreditar em mim e despertar meu
interesse pela pesquisa e docência. Às professoras Mônica Feresini Groppo, Tereza Mitsue
Horibe, Maria Cristina Pauli da Rocha e Glicínia Pedroso, que acreditaram em mim durante a
graduação e me ajudaram a crescer como enfermeira. Vocês são meu exemplo e partes
fundamentais desta trajetória.
À Talita Bonato, amiga que a FOP me deu, por toda a ajuda, confiança, companheirismo,
risos e amizade.
Aos meus amigos, família que Deus me permitiu escolher, por encherem a minha vida de
momentos felizes e especiais, pelo carinho, apoio e reuniões tão alegres.
À minha querida orientadora, Profa. Dra. Marília Jesus Batista, por acreditar, acolher e
orientar este trabalho. Obrigada pelo incentivo, pelos conselhos e pelas oportunidades oferecidas
durante esta jornada. Obrigada por toda a dedicação e doação durante as orientações.
À Profa. Dra. Maria da Luz Rosário de Sousa, querida coorientadora, por aceitar
participar e orientar este projeto, por me orientar no programa de estágio docente, permitindo-me
vivenciar essa experiência que contribuiu com o meu crescimento. Obrigada por toda a paciência
e dedicação.
Aos professores Dra. Maria da Luz Rosário de Sousa, Dra. Karine Laura Cortellazzi
Mendes, Dra. Tais Cristina Nascimento Marques, Dr. Manoelito Ferreira Silva Junior e Dra.
Maria Imaculada de Lima Montebello, pela disponibilidade em participar das bancas da primeira
e segunda fase de qualificação e pelas contribuições de melhorias no nosso trabalho.
Aos professores Dr. José Leopoldo Ferreira Antunes e Dr. Gilberto Luppi dos Anjos, pela
disponibilidade em participar da banca de defesa, pelos questionamentos, reflexões e
contribuições para nosso trabalho.
A equipe da diretoria da atenção básica, especialmente a Fauzia, Jane e Carolina, por
permitirem a realização deste projeto. Aos colaboradores da Vigilância Epidemiológica, em
especial, à Cinara, Magda e Maria Cristina, pelo apoio, disposição, esclarecimento de dúvidas e
paciência durante a coleta de dados. Conviver com vocês foi uma experiência única!
Aos docentes do Programa de Pós-Graduação da Odontologia da FOP/UNICAMP.
Às secretárias do Programa de Pós-Graduação da Odontologia, Eliana e Elisa, por toda a
atenção, esclarecimentos e auxílios.
À Faculdade de Odontologia de Piracicaba, através da diretoria, coordenadoria de Pós-
Graduação, docentes e funcionários, pelas oportunidades, ajuda e atenção.
A todos que, de alguma forma, participaram e contribuíram positivamente nesta
caminhada.
Suba o primeiro degrau com fé. Não é necessário
que você veja toda escada. Apenas dê o primeiro
passo (Martin Luther King)
RESUMO
A sífilis é uma doença infecciosa sistêmica, causada pela bactéria Treponema pallidum. É um
agravo de notificação compulsória e, o aumento do número de casos tem sido observado na
população brasileira e mundial. A sífilis adquirida e em gestante, pode ter sua transmissão
predominantemente por meio de relação sexual desprotegida, e a congênita, a partir da
transmissão vertical de mãe para criança. Neste contexto, o objetivo geral deste estudo foi avaliar
o perfil epidemiológico dos casos de sífilis notificados. Os objetivos específicos foram: I) Avaliar
o perfil epidemiológico e realizar a distribuição espacial dos casos de sífilis adquirida, em
gestante e congênita notificados no período de 2013 a 2017. II) Analisar tendência temporal dos
casos de sífilis adquirida, em gestante e congênita notificados. Tratou-se de um estudo transversal
descritivo (I) e de série temporal (II) com dados obtidos das fichas de notificação compulsória do
Sistema de Informações de Agravos de Notificação. O local do estudo foi um município de
médio porte populacional (segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), do estado de
São Paulo. Para o objetivo I, realizou-se uma análise descritiva com o software Statistical
Package for Social Sciences versão 20.0 e análise da distribuição espacial e da densidade de
Kernel foi realizada com o Quantum GIS versão 2.18. Visando atingir ao objetivo II, foi realizada
uma análise temporal, no software Stata versão 14 e as taxas de detecção e incidência foram
calculadas em planilha do Microsoft Excel®. O perfil epidemiológico dos casos de sífilis
adquirida notificados foi composto por homens, adultos, cor branca, com tempo de estudo de oito
anos ou mais. Os casos de sífilis em gestantes tiveram predomínio de adolescentes, de cor branca,
com tempo de estudo de oito anos ou mais e que foram diagnosticadas no primeiro trimestre de
gestação. Perfil semelhante foi identificado para os casos de sífilis congênita, no qual o perfil foi
crianças brancas, com mães com tempo de estudo de oito anos ou mais. Referente ao tratamento
das gestantes, tanto os dados de notificação da sífilis em gestante, quanto da congênita apontaram
para tratamento inadequado e parceiros não tratados. A distribuição espacial e a densidade de
Kernel apontaram concentração de casos de sífilis adquirida nas regiões Central e Sul, sífilis em
gestantes nas regiões Leste e Oeste e congênita também nas regiões Leste e Oeste, regiões com
bairros que apresentam renda familiar mais baixa. Dados apontam para aumento das taxas de
detecção de sífilis adquirida e em gestante e da taxa de incidência de sífilis congênita. A análise
da série temporal demonstrou tendência crescente e não estacionária para os casos notificados de
sífilis adquirida (p=0,011), em gestante (p<0,001) e congênita (p=0,001), entretanto, os casos de
sífilis em gestantes tiveram maior impacto do coeficiente de determinação (65,5%). Os resultados
encontrados fornecem subsídios aos gestores para a compreensão do comportamento da infecção
no município, favorecendo a organização de ações em saúde.
Palavras-chave: Sífilis, Epidemiologia, Notificação Compulsória, Saúde Pública.
ABSTRACT
Syphilis is a systemic infectious disease caused by the bacterium Treponema pallidum. It is an
aggravation of compulsory notification, and the increase in the number of cases has been
observed in the Brazilian and world population. Acquired and pregnant syphilis may be
transmitted predominantly through unprotected sexual intercourse and congenital transmission
from mother-to-child transmission. In this context, the overall objective of this study was to
evaluate the epidemiological profile of syphilis cases reported. The specific objectives were: I)
To evaluate the epidemiological profile and to perform the spatial distribution of cases of
acquired syphilis, in pregnant and congenital cases reported from 2013 to 2017. II) To analyze
the temporal trend of cases of acquired syphilis in pregnant and congenital cases. This was a
descriptive cross-sectional study (I) and a time series (II) with data obtained from the compulsory
notification sheets of the Notification of Injury Information System. The study site was a
medium-sized municipality (according to the Brazilian Institute of Geography and Statistics), in
the state of São Paulo. For objective I, a descriptive analysis was performed with the software
Statistical Package for Social Sciences version 20.0 and analysis of the spatial distribution and
density of Kernel was performed with Quantum GIS version 2.18. Aiming to reach objective II, a
temporal analysis was performed in the Stata software version 14 and the detection and incidence
rates were calculated in a Microsoft Excel® worksheet. The epidemiological profile of reported
cases of acquired syphilis was composed of men, adults, white, with a study time of eight years
or more. The cases of syphilis in pregnant women had a predominance of white adolescents with
a study time of eight years or more who were diagnosed in the first trimester of gestation. A
similar profile was identified for the cases of congenital syphilis, in which the profile was white
children with mothers with a study time of eight years or more. Regarding the treatment of
pregnant women, both syphilis notification data on pregnant and congenital syphilis pointed to
inadequate treatment and untreated partners. The spatial distribution and density of Kernel
showed concentration of cases of syphilis acquired in the Central and South regions, syphilis in
pregnant women in the East and West regions and congenital also in the East and West regions,
regions with lower family income. Data point to increased rates of detection of acquired and
pregnant syphilis and the incidence rate of congenital syphilis. The analysis of the time series
showed a growing and non-stationary trend for the reported cases of acquired syphilis (p =
0.011), in pregnant women (p <0.001) and congenital (p = 0.001). However, cases of syphilis in
pregnant women had a greater impact of the coefficient of determination (65.5%). The results
found provide support to managers to understand the behavior of the infection in the
municipality, favoring the organization of health actions.
Key words: Syphilis, Epidemiology, Mandatory Reporting, Public Health.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 12
2. ARTIGOS ......................................................................................................................... 17
2.1 ARTIGO: PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE CASOS DE
SÍFILIS NO BRASIL ...................................................................................................... 17
2.2 ARTIGO: SÉRIE TEMPORAL DA SÍFILIS ADQUIRIDA, EM GESTANTE E
CONGÊNITA EM UM MUNICÍPIO PAULISTA ........................................................... 36
3. DISCUSSÃO .................................................................................................................... 52
4. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 55
REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 56
ANEXOS ............................................................................................................................... 59
ANEXO 1 – Verificação de Originalidade e Prevenção de Plágio ........................................... 59
ANEXO 2 – Certificado aprovação Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) ................................ 60
ANEXO 3 – Submissão do artigo à Revista Panamericana de Salud Pública ........................... 61
ANEXO 4 – Submissão do artigo à Revista Ciência e Saúde Coletiva..................................... 62
12
1. INTRODUÇÃO
Na história da humanidade, diversas doenças acometeram a população mundial,
demandando estudos para seu combate e controle, como por exemplo, a tuberculose, febre
amarela e, inclusive, a sífilis. De acordo com Carrara (1996), a sífilis vem afetando a população
mundial desde o século XIX, demandando dos xilógrafos (responsáveis pelo estudo da sífilis),
grande esforço para a identificação de sua etiologia, controle e tratamento.
A sífilis é uma doença infectocontagiosa de caráter sistêmico, de transmissão
predominantemente sexual, que pode reincidir sempre que houver exposição (Andrade et al.,
2018). Causada pela espiroqueta Treponema pallidum, caracteriza-se por períodos sintomáticos,
assintomáticos e latentes (Maciel et al., 2017).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, anualmente, 12 milhões de
novos casos de sífilis são diagnosticados em todo o mundo (Brasil, 2018). O aumento dos casos
tem sido expressivo em países como nos Estados Unidos e Canadá. De acordo com Slutsker et al.
(2018), houve aumento dos casos em Nova Iorque, principalmente em mulheres em idade
reprodutiva e, a taxa de incidência da sífilis congênita passou de 9,2/100.000 casos em 2013 para
23,3/100.000 em 2017. No Canadá, a taxa de incidência, que era de 5,0/100.000 casos em 2010,
passou para 9,3/100.000 em 2015, representando um aumento de 85,6% (Choudhri et al., 2018).
No Brasil, as taxas apresentam-se maiores do que as encontradas nos Estados Unidos
e Canadá. Dados fornecidos pelo Ministério da Saúde (Brasil, 2018), apontaram que os casos de
sífilis adquirida aumentaram de 2,0/100.000 casos em 2010 para 58,1/100.000 casos em 2017,
enquanto a sífilis congênita passou de 2,4/1.000 em 2010 para 8,6/1.000, em 2017 (equivalente a
240/100.000 e 860/100.000 casos, respectivamente). No Estado de São Paulo, a sífilis adquirida
passou de 2,6/100.000 em 2010 para 80,5/100.000 em 2017, enquanto os casos de sífilis
congênita também aumentaram, de 3,6/1.000 nascidos vivos para 6,8/1.000 no mesmo período
(equivalente a 36/100.000 e 68/100.000 respectivamente) (Brasil, 2018).
O diagnóstico da sífilis é realizado através do teste rápido treponêmico, do teste
sorológico treponêmico (Veneral Disease Research Laboratory - VDRL) e do não treponêmico
(Fluorescent Treponema Antigen Absorvent Antibodies – FTA-ABs). O teste rápido treponêmico
foi instituído pelo Ministério da Saúde em 2011, a partir da Portaria MS/GM 3.242, de 2011. Ele
é uma tecnologia que permite o diagnóstico precoce em populações vulneráveis, gestantes e seus
parceiros, populações indígenas, e localidades e/ou serviços de saúde em regiões de difícil
13
acesso, que não possuem estrutura laboratorial (Souza, 2015). O teste VDRL, é realizado para a
triagem e acompanhamento do tratamento, sendo o resultado dado através de titulações. Apesar
de ser muito utilizado, pode apresentar falsos negativos - caso colhido em um período de
contaminação inferior a seis semanas - ou falso positivo, caso haja presença de patologias como
lúpus, hepatopatias, hanseníase, etc. O teste FTA-ABs é utilizado para a confirmação dos casos,
por apresentar uma maior sensibilidade, apontando resultados positivos com poucos dias após a
contaminação (Brasil, 2010; Souza, 2015).
Apesar de sua fácil detecção por meio dos exames sorológicos, sua sintomatologia
pode ser confundida com outras patologias dermatológicas ou infecciosas (Gimenez et al., 2015),
o que pode resultar em um diagnóstico e tratamento tardios. A sífilis pode ser clinicamente
classificada em primária, secundária, latente e terciária. Após um período de 10 a 90 dias após
infecção, ocorre o aparecimento do cancro duro – uma úlcera endurecida e indolor – em órgãos
genitais e mucosa, características da sífilis primária (Brasil, 2018). Nesta fase, podem ser
encontradas manifestações orais como lesões papulares que evolui para uma úlcera endurecida na
língua, gengiva, palato mole e lábios (Souza, 2017).
De seis semanas a seis meses após o aparecimento e cicatrização do cancro duro,
exantemas maculopapulares podem surgir em todo o corpo, incluindo as palmas das mãos e
plantas dos pés, além de mal estar e febre, caracterizando a sífilis secundária (Brasil, 2018). Nesta
fase, podem surgir placas levemente elevadas e/ou ulceradas, cobertas por uma pseudomembrana
de coloração branca ou acinzentada (Souza, 2017), além de manchas avermelhadas e regiões
erosivas (Liu e Li, 2017).
A sífilis pode apresentar um período de latência, no qual a infecção pode ficar
assintomática por um período de dois anos ou mais, sendo o seu diagnóstico realizado apenas por
exames laboratoriais (Souza, 2017). Caso não haja o diagnóstico e tratamento adequado, o
indivíduo poderá apresentar a forma de sífilis terciária, com lesões gomosas na pele e mucosas,
glossite generalizada, problemas cardiovasculares, neurológicos, hepatoesplenomegalia, inclusive
podendo evoluir a óbito (Brasil, 2016; Lazarini e Barbosa, 2017; Souza, 2017; Andrade et al.,
2018).
O tratamento é realizado com penicilina, e sua dosagem dependerá da fase em que a
infecção se encontra. No caso de alergia, o tratamento pode ser realizado com doxiciclina ou
azitromicina, entretanto, elas não são tão eficazes quanto à penicilina e, no caso das gestantes, o
14
tratamento será considerado inadequado (São Paulo, 2016). Cabe ainda lembrar que, o uso de
preservativo, a realização dos exames de acompanhamento e o pré-natal também fazem parte do
tratamento (Souza, 2015).
Quando a gestante não é tratada, ou o seu tratamento é inadequado, a transmissão
vertical (da gestante para o seu concepto) pode ocorrer em qualquer fase da gestação e parto,
entretanto, se a infecção for primária ou secundária, as chances de transmissão podem ser de 70 a
100% versus 30% nas fases latente e terciária (São Paulo, 2016). De acordo com o último
Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde (Brasil, 2018), em 2017, haviam sido
notificados 49.013 casos de sífilis em gestante e 24.666 casos de sífilis congênita no Brasil.
Quanto ao perfil demográfico destes casos notificados, a maior proporção ocorreu entre mulheres
com faixa etária entre 20 e 29 anos, com escolaridade de 5ª a 8ª série incompleta e de cor parda
(Brasil, 2018).
A ocorrência de casos de sífilis na população pode estar relacionada a aspectos
socioeconômicos – como baixa escolaridade e vulnerabilidade social - e comportamentais – como
diminuição do uso de preservativo, número de parceiros sexuais, má adesão ao pré-natal,
tratamento inadequado ou não realizado (Pinto et al., 2014). O aumento do número de casos pode
também ser consequência de uma melhor cobertura dos testes diagnósticos, aumento das ações de
vigilância e desabastecimento de penicilina (Pinto et al., 2014; Beck et al., 2017).
A sífilis é considerada uma infecção de notificação compulsória e, portanto,
obrigatória, sendo classificada como sífilis adquirida, em gestante e congênita. Para o controle de
epidemias e casos de agravos à saúde, o Ministério da Saúde instituiu através da Lei nº 6259, de
30 de outubro de 1975, a necessidade da notificação de algumas doenças presentes na Lista de
Doenças de Notificação Compulsória (LDNC), atualmente vigente em todo o território nacional
por meio da Portaria 204/2016 de 17 de fevereiro de 2016. O primeiro tipo de sífilis a ser
adicionado à LDNC foi a congênita, a partir da Portaria nº 542 de 22 de dezembro de 1986.
Posteriormente, no ano de 2005 foi adicionada a gestacional e, por último, em 2010, a adquirida
(Saraceni et al., 2017; Luppi et al., 2018)
O estudo do comportamento das doenças que afetam uma determinada população é
denominado epidemiologia e, na saúde pública, ela contribui para a descrição das condições de
saúde da população e investiga fatores determinantes do processo saúde-doença, além de avaliar
os resultados das ações planejadas e implementadas para o controle dos agravos (Turci et al.,
15
2010). A informação em saúde é de extrema importância para que sejam realizados estudos
epidemiológicos e, as fichas de notificação podem ser uma fonte relevante de dados em saúde,
por isso a necessidade do incentivo à notificação bem como do preenchimento detalhado e
preciso.
Apesar de ser uma infecção passível de prevenção, com tratamento de baixo custo,
oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a sífilis ainda é considerada um problema de
saúde pública, não somente Brasil, mas em todo mundo (Brasil, 2016; Lazarini e Barbosa, 2017;
Andrade et al., 2018). Devido ao aumento do número de casos nos últimos anos, principalmente
entre as mulheres em idade reprodutiva, que vem demandando intensificação das ações para
controle (São Paulo, 2016) e, consequentemente, elevação dos custos com tratamento desta
infecção, o levantamento do perfil epidemiológico desta infecção permite o conhecimento das
características e da realidade da população acometida, subsidiando o planejamento e promoção de
ações de saúde voltadas para as necessidades dos indivíduos diagnosticados com sífilis.
Ao longo dos últimos anos, o avanço da tecnologia trouxe consigo a ampliação do
acesso às informações e os programas computacionais, que pode contribuir para o conhecimento
do comportamento das doenças com base na sua distribuição no tempo e espaço, e em sua relação
com o meio ambiente (Chowell e Rothenberg, 2018). A distribuição espacial de dados
epidemiológicos, permite a elaboração de mapas sobre a doença investigada e de seu
comportamento e, consequentemente, o planejamento de ações estratégicas em saúde,
melhorando o aproveitamento dos recursos financeiros, humanos e materiais, principalmente no
que diz respeito aos grupos vulneráveis identificados (Fonseca et al., 2017; Chowell e
Rothenberg, 2018). Por este motivo, a aplicação da análise da distribuição espacial no presente
estudo, poderá fornecer subsídios para que as autoridades locais possam visualizar e compreender
melhor a distribuição dos casos notificados no município, permitindo o planejamento e a tomada
de ações focadas em cada área e população afetada.
Outra ferramenta utilizada para o planejamento de ações em saúde, baseado nos
dados epidemiológicos, é o estudo das séries temporais. Em epidemiologia, este estudo busca
conhecer a distribuição de doenças e sua movimentação ao longo do tempo, com o intuito de
predizer futuros resultados e fatores que possam interferir nessa distribuição (Antunes et al.,
2015). A partir da análise da série temporal da sífilis no município, será possível conhecer os
padrões de comportamento da infecção no período estudado, possibilitanto o planejamento de
16
ações e a tomada de decisões a curto, médio e longo prazo, além da realização de intervenções
com base nos resultados obtidos, visando o combate/prevenção dos casos de sífilis, além do
acompanhamento, avaliação e monitoramento das medidas de ações de vigilância em saúde
incorporadas pelo município até o momento.
Estudar o perfil epidemiológico da sífilis pode permitir o aprimoramento das
características epidemiológicas e geográficas dos casos notificados, que poderão ser utilizadas
para o planejamento de ações de vigilância e promoção a saúde, voltadas para as necessidades do
município e de sua população. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi levantar o perfil
epidemiológico e realizar o georreferenciamento dos casos de sífilis adquirida, em gestante e
congênita notificados no período de 2013 a 2017. Para contribuir no aprimoramento do
conhecimento das características deste agravo, esta dissertação está apresentada no formato de
dois artigos, sendo o primeiro, referente ao perfil epidemiológico e distribuição espacial dos
casos de sífilis notificados no período estudado e o segundo, sobre a análise temporal dos casos
de sífilis notificados.
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2. ARTIGOS
2.1 ARTIGO: PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE
CASOS DE SÍFILIS NO BRASIL
Epidemiological profile and spatial distribution of cases of syphilis in Brazil
Artigo submetido à Revista Panamericana de Salud Pública (Anexo 3)
Carolina Matteussi Lino - Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Universidade Estadual de
Campinas. Avenida Limeira, 901, Vila Rezende, Piracicaba/SP, Brasil, CEP: 13414-903.
Telefone: (19) 2106-5209. E-mail: [email protected]
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6686-3296
Maria da Luz Rosário de Sousa - Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Universidade Estadual
de Campinas. Avenida Limeira, 901, Vila Rezende, Piracicaba/SP, Brasil, CEP: 13414-903.
Telefone: (19) 2106-5209. E-mail: [email protected]
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0346-5060
Marília Jesus Batista - Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Universidade Estadual de
Campinas. Avenida Limeira, 901, Vila Rezende, Piracicaba/SP, Brasil, CEP: 13414-903.
Telefone: (19) 2106-5209. E-mail: [email protected]
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0379-3742
RESUMO
Objetivo: Avaliar o perfil epidemiológico e a distribuição espacial dos casos de sífilis notificados
no período de 2013 a 2017. Métodos: Estudo transversal descritivo e analítico, com dados
secundários obtidos por meio do Sistema de Informações de Agravos de Notificação, realizado
em um município de médio porte populacional, do Estado de São Paulo. Resultados:
Evidenciou-se predomínio de casos de sífilis adquirida em homens, adultos, brancos, com tempo
de estudo de oito anos ou mais. Dentre os casos de sífilis em gestante, o perfil foi composto por
adolescentes, brancas e com oito anos ou mais de estudo. Referente ao tratamento, 50% (n=98)
18
foi considerado inadequado e 31,6% (n=62) dos parceiros não foram tratados. Quanto aos casos
de sífilis congênita, o perfil foi composto por crianças de cor branca, com mães com tempo de
estudo de oito anos ou mais. Houve maior concentração de casos nas regiões Central e Sul para
os casos de sífilis adquirida, e regiões Leste e Oeste para sífilis em gestante e congênita.
Conclusão: A partir do perfil epidemiológico obteve-se subsídio para a compreensão da infecção
no município, favorecendo o planejamento de ações em saúde. Ressalta-se a importância da
vigilância epidemiológica dos casos de sífilis em todos os níveis da atenção básica e
especializada, a partir das notificações, busca ativa e acompanhamento adequado, visando
garantir o tratamento e cura, além da capacitação e ênfase no registro de informações relevantes
ao acompanhamento, tratamento e evolução do caso.
Palavras-chave: Sífilis, Epidemiologia, Notificação Compulsória, Saúde Pública.
ABSTRACT
Objective: To evaluate the epidemiological profile and spatial distribution of syphilis cases
reported in the period from 2013 to 2017. Methods: A descriptive and analytical cross-sectional
study with secondary data obtained through the Notification of Injury Information System,
carried out in a municipality of population, of the State of São Paulo. Results: It was evidenced a
predominance of cases of syphilis acquired in men, adults, whites with a study time of eight years
or more. Among the cases of syphilis in pregnant women, the profile was composed of
adolescents, whites and eight years or more of study. Regarding the treatment, 50% (n = 98) was
considered inadequate and 31.6% (n = 62) of the partners were not treated. As for the cases of
congenital syphilis, the profile was composed of white children with mothers with a study time of
eight years or more. There was a higher concentration of cases in the Central and South regions
for cases of acquired syphilis, and East and West regions for syphilis in pregnant and congenital
cases. Conclusion: Based on the epidemiological profile, we obtained a subsidy for
understanding the infection in the municipality, favoring the planning of health actions. The
importance of epidemiological surveillance of syphilis cases at all levels of basic and specialized
care, based on notifications, active search and adequate follow-up, in order to guarantee treatment
and cure, as well as the training and emphasis on recording relevant information monitoring,
treatment and evolution of the case.
Key words: Syphilis, Epidemiology, Mandatory Reporting, Public Health.
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INTRODUÇÃO
Ao longo da história, a população mundial foi acometida por diversas doenças
responsáveis por altos índices de mortalidade, como a cólera, malária, febre amarela e, inclusive,
a sífilis, que desde o século XIX tem demandado estudos epidemiológicos para a sua
identificação, tratamento e controle (1).
Causada pela bactéria Treponema pallidum, a sífilis é um infecção que tem como porta de
entrada o sangue, órgãos genitais externos, mucosas e placenta, afeta somente seres humanos e
pode reincidir sempre que houver nova exposição (2,3). O tratamento inadequado ou sua
ausência pode resultar em sequelas tardias, abortos, óbitos fetais e perinatais, além da má
formação dos dentes e danos em órgãos e sistemas, que interferem na qualidade de vida da
população e aumentam os gastos públicos com o tratamento (4,5). Dentre as ações de saúde para
seu controle e prevenção está o acompanhamento pré-natal, relação sexual protegida, a detecção
precoce e tratamento adequado dos infectados e seus parceiros (2,6,7).
Visando o monitoramento de epidemias e agravos à saúde, o Ministério da Saúde, por
meio da Lei nº 6259 de 30 de outubro de 1975 (8), instituiu a Lista de Doenças de Notificação
Compulsória (LDNC), atualmente regulamentada por meio da portaria MS/GM 204/2016 de 17
de fevereiro de 2016 (9). A LDNC determina a necessidade e obrigatoriedade da notificação das
doenças nela listadas, o que inclui a sífilis, inserida gradualmente, com a congênita (1986), em
gestante (2005) e, por último, a adquirida (2010).
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), anualmente há 12 milhões de novos
casos de sífilis no mundo (10). Dados divulgados pelo Minitério da Saúde revelam que as
notificações realizadas entre os anos de 2010 a 2016 aumentaram 856,83% no Estado de São
Paulo e 599,26% no Brasil (10).
Apesar da transição epidemiológica, que fez com que a mortalidade por doenças
infecciosas fossem substituídas pelas doenças crônicas não transmissíveis e cardiovasculares, no
Brasil, este processo não é completo. De acordo com a literatura (11,12), o Brasil apresenta uma
“superposição” entre as etapas da transição epidemiológica, uma vez que há doenças crônico
degenerativas acometendo com maior frequência a população, mas ao mesmo tempo, há o
ressurgimento de doenças infecciosas e parasitárias, como é o caso da sífilis.
Mesmo com um tratamento eficaz e de baixo custo, a sífilis ainda é considerada um
problema de saúde pública (5), devido à sua possibilidade de controle e impacto no indivíduo e
20
na sociedade (13). Dentre os fatores de risco existentes, estão os determinantes de saúde como a
vulnerabilidade social, o baixo nível de escolaridade e renda, acompanhamento pré-natal
inadequado/não realizado, prática sexual insegura, presença de outras Infecções Sexualmente
Transmissíveis (IST) e o uso de drogas ilícitas (14,15). No Brasil, o aumento dos casos pode
estar relacionado com a ampliação da cobertura dos testes laboratoriais e testes rápidos, aumento
das ações de vigilância em saúde e, consequentemente, das notificações e o desabastecimento da
penicilina (16).
Diante do aumento de casos de sífilis em todo o país e da magnitude deste agravo, o
objetivo deste trabalho foi levantar o perfil epidemiológico dos casos de sífilis adquirida, em
gestante e congênita e analisar sua distribuição espacial no município.
MATERIAL E MÉTODOS
Estudo transversal descritivo e analítico, com dados secundários obtidos a partir das
fichas de notificação compulsória do Sistema de Informação de Agravos de Notificação
(SINAN).
Este estudo foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), e
conduzido em um município de médio porte populacional do estado de São Paulo, Brasil. O
município apresenta território de 431.207 km², dividido em sete regiões (centro, leste, nordeste,
noroeste, norte, oeste e sul) e, em 2016, possuía 405.740 habitantes. De acordo com o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice De Desenvolvimento Humano Municipal
(IDHM), no ano de 2010, era de 0,822 (17).
O levantamento dos casos de sífilis foi realizado a partir das fichas de notificação
compulsória do SINAN. Foram incluídas notificações realizadas no período de 1º de janeiro de
2013 a 31 de dezembro de 2017, incluindo as fichas de Doenças Sexualmente Transmissíveis
(DST), pois, alguns casos de sífilis adquirida foram notificados nesta ficha. Foram excluídas
fichas duplicadas e de sujeitos que residiam em municípios vizinhos, além dos casos descartados
por meio da investigação da vigilância epidemiológica. A coleta foi realizada utilizando
formulários do Microsoft Access®, com informações sociodemográficas, do diagnóstico e do
acompanhamento dos casos notificados.
As variáveis levantadas foram gênero (masculino, feminino), cor (branca, preta, parda,
amarela), tempo de estudo (menos de oito anos – ensino fundamental incompleto e oito anos ou
21
mais – ensino fundamental completo ou mais), idade (14 a 20 anos, 21 a 25 anos, 26 a 30 anos,
31 a 42 anos e 43 anos ou mais), trimestre de gestação (1º trimestre, 2º trimestre, 3º trimestre e
idade gestacional ignorada), classificação clínica (primária, secundária, terciária e latente),
tratamento gestante (adequado – com penicilina, esquema completo conforme fase clínica e
parceiro tratado concomitantemente e inadequado – outro medicamento que não seja penicilina,
tratamento incompleto ou sem registro, iniciado a menos de 30 dias do parto e parceiro não
tratado concomitantemente com gestante (18)), parceiro tratado (sim, não), motivo parceiro não
tratado (sem contato com a gestante, não compareceu a convocação/unidade, teste não reagente,
outros), realização de pré-natal (sim, não), diagnóstico da mãe (pré-natal, parto/curetagem),
tratamento bebê (penicilina cristalina, penicilina procaína, penicilina benzatina, outros e não
realizado) e logradouro.
Inicialmente foi realizada uma análise descritiva das informações relacionadas ao perfil
epidemiológico, utilizando-se o software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS),
versão 20.0. Para a análise da distribuição espacial, os logradouros foram georreferenciados e
exportados para um arquivo shapefile com o auxílio de um Sistema de Informação Geográfica
(SIG). Posteriormente, foram elaborados mapas com a contagem dos casos por bairro, para a
avaliação das regiões com maior número de casos e mapas com a Densidade de Kernel, para a
verificação da concentração dos casos no município, a partir do logradouro, em um raio de
vizinhança de 700 metros. Ambos os mapas foram elaborados utilizando o software QGIS versão
2.18. As bases cartográficas referentes ao limite municipal e dos bairros, foram retiradas do
IBGE e do Departamento de Vigilância Social (SEMADS) respectivamente.
RESULTADOS
Comparando o número de casos notificados ao longo do período estudado, foi possível
identificar o aumento destas notificações, sendo 57 casos de sífilis adquirida, 13 em gestante e 3
congênita no ano de 2013, ao passo que, em 2017, foram notificados respectivamente, 97, 64 e 24
casos. No que diz respeito à cor e tempo de estudo, houve uma frequência maior de sujeitos
brancos, com oito anos de estudo ou mais (Tabela 1). Quanto à faixa etária, nos casos de sífilis
adquirida, a mais frequente foi de 31 a 42 anos, seguida por 21 a 25 anos, enquanto que nos casos
de sífilis em gestantes, foi de 14 a 20 anos, seguida por 21 a 25 anos.
22
Tabela 1. Frequência e porcentagem dos casos notificados de sífilis adquirida, em gestante e
congênita, segundo variáveis sociodemográficas, SINAN, 2013 a 2017.
Variáveis Adquirida Gestante Congênita
n (%) n (%) n (%)
Gênero Feminino 94 (23,3) 196 (100) 37 (47,9)
Masculino 310 (76,7) 0 (0) 36 (50,7)
Raça/cor
Branca 244 (60,4) 97 (49,0) 28 (39,4)
Preta 40 (9,9) 16 (8,1) 3 (4,2)
Parda 69 (17,1) 42 (21,2) 13 (18,3)
Amarela 1 (0,2) 0 (0) 1 (1,4)
Sem informação 50 (12,4) 41 (20,9) 26 (36,6)
Tempo de
estudo
Menos de oito anos 64 (15,8) 30 (15,3) 10 (14,1)
Oito anos ou mais 217 (53,7) 57 (29,1) 19 (26,8)
Sem informação 123 (30,4) 107 (55,6) 42 (59,2)
Idade
14 a 20 anos 54 (13,4) 61 (31,1) ----
21 a 25 anos 100 (24,8) 57 (29,1) ----
26 a 30 anos 76 (18,8) 39 (19,9) ----
31 a 42 anos 120 (29,7) 36 (18,4) ----
43 –│ 52 (12,9) 0 (0,0) ----
Sem informação 2 (0,5) 3 (1,5) ----
O diagnóstico da sífilis em gestantes, realizado durante o pré-natal, ocorreu no primeiro
trimestre de gestação em 41,3% dos casos, sendo a sífilis primária a mais frequente (21,9%).
Apesar do diagnóstico e tratamento realizados no início do período gestacional, 31,6% dos
parceiros não foram tratados (Tabela 2). A partir da informação do campo observações das fichas
de notificação, foi possível identificar que, das gestantes notificadas com sífilis, 3,6% eram
usuárias de drogas e 1,5% moradoras de rua.
23
Tabela 2. Característica da assistência pré-natal e tratamento dos casos de sífilis em gestante
notificados entre 2013 a 2017, segundo SINAN (n = 196).
Variável N (%)
Trimestre de gestação no
diagnóstico
1º trimestre 81 (41,3)
2º trimestre 36 (18,4)
3º trimestre 48 (24,5)
Idade gestacional ignorada 29 (14,8)
Sem informação 2 (1,0)
Classificação clínica
Primária 43 (21,7)
Secundária 13 (6,6)
Terciária 18 (9,1)
Latente 32 (16,2)
Sem informação 90 (45,9)
Tratamento gestante a
Adequado 73 (37,2)
Inadequado 98 (50,0)
Sem informação 25 (12,8)
Parceiro foi tratado
Sim 81 (41,3)
Não 62 (31,6)
Sem informação 53 (27,0)
Motivo parceiro não tratado
Sem contato com a gestante 16 (8,2)
Não compareceu a convocação/unidade 6 (3,1)
Sorologia não reagente 8 (4,1)
Outro motivo 33 (16,8)
a Classificação do tratamento de acordo com o Ministério da Saúde (10)
Nos casos de sífilis congênita, os dados referentes à realização de pré-natal indicam que
83,1% das gestantes realizaram o acompanhamento e, foi neste período que a maioria (73,2%) foi
diagnosticada. Apesar do diagnóstico e tratamento, o tratamento inadequado (67,6%) e de
parceiro não tratado (49,3%) foram altos (Tabela 3).
24
Tabela 3. Característica da assistência pré-natal e tratamento dos casos de sífilis congênita
notificados entre 2013 a 2017, segundo SINAN (n = 71).
Variável N (%)
Realizou pré-
natal
Sim 59 (83,1)
Não 5 (7,0)
Sem informação 7 (9,9)
Diagnóstico
materno
Durante pré-natal 52 (73,2)
Parto/curetagem 11 (15,5)
Sem informação 8 (11,3)
Tratamento
materno
Adequado 2 (2,8)
Inadequado 48 (67,6)
Não realizado 13 (18,3)
Sem informação 8 (11,3)
Parceiro tratado
Sim 15 (21,1)
Não 35 (49,3)
Sem informação 21 (29,6)
Tratamento
bebê
Penicilina Cristalina 20 (28,2)
Penicilina Procaína 7 (9,9)
Penicilina Benzatina 6 (8,5)
Outroa 16 (22,5)
Não realizado 11 (15,5)
Sem informação 11 (15,5)
a Inclui outros medicamentos que não sejam penicilina (exemplo, ceftriaxona).
Dentre o diagnóstico final dos casos de sífilis congênita, houve seis natimortos (2014),
sendo um filho de mãe em situação de rua. Quanto à evolução dos casos, em 2015, cinco
evoluíram para óbito por sífilis (um caso também filho de mãe em situação de rua). Os demais
anos, não apresentaram dados de nati/mortalidade e evolução para óbito.
Embora a distribuição espacial dos casos de sífilis adquirida tenha sido observada por
todo território do município, as regiões Central e Sul apresentaram um número maior de
notificações (Figura 1A) e, também, as áreas com maior densidade de Kernel (Figura 1B).
Segundo Censo de 2010 (17) estes bairros com o maior número de notificações apresentavam
rendimento mensal de dois a cinco salários mínimos (salário mínimo em 2010: R$ 510,00).
25
Figura 1. Contagem de casos por bairro e Densidade de Kernel dos casos de sífilis adquirida (A/
B), em gestante (C/ D) e congênita (E/F) em um município de médio porte, no período de 2013 a
2017.
Sistema de referência de coordenadas: WGS 84/UTM Zona 23S Base cartográfica: Departamento de Vigilância Social (Outubro/2018) Fonte de dados: SINAN (2013 a 2017)
26
Quanto aos casos de sífilis em gestante, a distribuição espacial apontou uma concentração
de notificações (Figura 1C) nas regiões Leste e Oeste. A densidade de Kernel apontou para uma
maior intensidade na região Leste (Figura 1D). Os casos de sífilis congênita apresentaram
comportamento semelhante, com maior número de notificações nas regiões Leste e Oeste (Figura
1E) e maior intensidade na região Leste (Figura 1F). Em 2010, o rendimento médio destas
regiões era de um a dois salários mínimos (17).
DISCUSSÃO
Foi possível identificar o perfil epidemiológico dos casos de sífilis adquirida, em gestante
e congênita, notificados em um município de médio porte do estado de São Paulo, Brasil e
verificar a sua distribuição espacial ao longo do período estudado. Observou-se perfil
predominantemente composto por homens, brancos, com oito anos de estudo ou mais, além de
preocupante taxa de parceiros não tratados, o que pode dificultar o controle e prevenção da
doença.
Os dados apontam que houve aumento dos casos no período estudado. A literatura (19,
20) indicam também este aumento em outros países, além do Brasil. Nos Estados Unidos, a taxa
de detecção de sífilis (por 100.000 habitantes) passou de 2,1 casos em 2010 para 5,3 em 2014
(19), ao passo que no Canadá, em 2003 esta taxa era de 2,9 e dobrou em 2012, com 5,8 casos
(20).
Apesar deste aumento dos casos em todo o mundo, no Brasil o número de notificações
ainda é maior. Segundo o Ministério da Saúde, os casos de sífilis adquirida (por 100.000
habitantes) aumentaram de 2,0 em 2010 para 58,1 em 2017 (10). Os dados epidemiológicos
encontrados neste estudo apontam que os casos de sífilis adquirida notificados no período
afetaram principalmente, homens, adultos e adultos jovens, brancos, com tempo de estudo de oito
anos ou mais.
Contextualizando os dados encontrados neste estudo com o momento de saúde vivenciado
pelo Brasil, além dos casos de sífilis, têm-se observado também uma epidemia de febre amarela,
aumento dos casos de sarampo e a consequente perda de seu certificado de erradicação, que
podem refletir uma crise do Sistema Único de Saúde (SUS) e recentes modificações em suas
políticas.
27
Ainda quanto ao perfil da sífilis adquirida, chama a atenção o fato de haver aumento dos
casos entre os adultos jovens, apesar de atualmente esta população possuir um amplo acesso às
informações, inclusive relacionadas às IST e métodos contraceptivos. O uso do preservativo é a
principal barreira contra as IST e a sua baixa adesão se deve, dentre os principais motivos, pelo
fato das pessoas não gostarem de usá-lo, não o possuírem no momento da relação e confiarem no
parceiro (21,22).
No que diz respeito ao perfil epidemiológico da sífilis em gestante, a faixa etária mais
acometida foi adolescente de 14 a 20 anos, cor branca, com oito anos de estudo ou mais. Os casos
de sífilis congênita foram compostos por crianças de cor branca, cujas mães tinham oito anos ou
mais de estudo. Estes dados foram divergentes da literatura, onde a faixa etária mais frequente foi
entre 19 a 23 anos (23) e 19 a 35 anos (14), ambos com escolaridade ensino fundamental e de cor
parda. Esta discordância dos dados referente à escolaridade, pode estar explicada pelo fato do
município apresentar um IDHM que o torna um município diferenciado em relação aos demais
do Estado de São Paulo, podendo indicar um maior acesso a escolaridade. Além disso, o perfil
demográfico da população é composto em sua maioria (76,6%) por pessoas de cor branca (17), o
que pode explicar essa diferença relacionada à cor da pele.
Apesar desta divergência no perfil de cor e escolaridade, foi observado maior
vulnerabilidade social nas regiões com maior intensidade dos casos, pela baixa renda familiar.
Esta intensidade foi muito semelhante entre a sífilis em gestante e congênita, que apresentaram
maior concentração nas regiões Leste e Oeste, regiões com rendimento familiar mensal de um a
dois salários mínimos (17). A distribuição espacial de dados epidemiológicos permite a
elaboração de mapas detalhados sobre a doença investigada e de seu comportamento e,
consequentemente, o planejamento de ações estratégicas em saúde, conferindo um melhor
aproveitamento dos recursos financeiros, humanos e materiais, principalmente no que diz respeito
aos grupos vulneráveis identificados (24,25).
Ainda no que se refere ao perfil epidemiológico da sífilis em gestante e congênita,
verificou-se um aumento do acompanhamento pré-natal e diagnóstico ainda no primeiro trimestre
de gestação. Estes dados são próximos à média nacional observada, nos quais 81,4% das
gestantes realizaram acompanhamento pré-natal e 37,0% foram diagnosticadas no primeiro
trimestre gestacional (10). Vale ressaltar que a assistência pré-natal é de extrema importância
para o diagnóstico e tratamento, uma vez que, além do risco de transmissão vertical, o tratamento
28
inadequado da gestante pode resultar em aborto espontâneo, prematuridade, além de óbito fetal e
neonatal (15).
Apesar da adesão ao pré-natal e do diagnóstico e tratamento precoce, observamos a
presença gestantes com tratamentos inadequados e não realizados. Esses dados corroboram com o
encontrado na literatura (14,15,23), e apontam que, apesar da realização do acompanhamento
pré-natal e diagnóstico precoce, casos de sífilis congênita ainda ocorrem por tratamento
inadequado da gestante e de seu parceiro.
Segundo o Ministério da Saúde, o tratamento da gestante é considerado adequado quando
realizado com penicilina benzatina na dose condizente à fase clínica diagnosticada e tratamento
finalizado, no mínimo, a 30 dias do parto (26). Até setembro de 2017, o tratamento do parceiro
era considerado na avaliação de adequação do tratamento da gestante, entretanto, a partir da nota
informativa Nº 2-SEI/2017 (18) de 19 de setembro de 2017, esse critério foi excluído. Apesar
deste novo critério, o parceiro deve continuar sendo levado em consideração, uma vez que ele
pode ser responsável pela reinfecção da gestante.
Dentre outras situações que podem comprometer o tratamento da sífilis em gestantes estão
o momento em que o diagnóstico é realizado, desconhecimento de sua magnitude, deficiência no
autocuidado e resistência das gestantes e/ou parceiros ao tratamento (23). A literatura (14,15,27)
também aponta a presença de vulnerabilidades, (como adolescência) e características
comportamentais (uso de drogas e/ou situação de rua) como fatores que podem interferir no
tratamento e podem estar relacionados a procura tardia do acompanhamento pré-natal. Esses
dados foram encontrados no presente estudo e corroboram com a literatura, uma vez que dentre
os casos notificados, a não adesão do parceiro ao tratamento e as vulnerabilidades da gestante,
como adolescência, situação de rua e consumo de drogas foram presentes.
Houve também alta taxa de ausência de tratamento por parte dos parceiros, tanto na sífilis
em gestante, quanto na congênita. Segundo a literatura (14,27,28), as barreiras encontradas que
interferem nesta adesão, consistem muitas vezes, na dificuldade de acolhimento nas unidades de
saúde e no seu horário de funcionamento, ao histórico de menor utilização dos serviços por parte
da população masculina, além do papel social de “provedor”, ou seja, de sustentar a família
(14,16). A partir destas barreiras, há um aumento das chances de contágio ou reinfecção da
gestante. Cabe ser destacado que dentre os motivos, encontrados neste estudo, para a não adesão
29
ao tratamento pelo parceiro, estão a privação de liberdade, ausência de contato com gestante e
espera pelos resultados dos exames.
Dentre os desfechos de diagnósticos tardios de sífilis, o município apresentou seis casos
de natimortalidade e cinco óbitos por sífilis. Esses dados reforçam a importância da realização de
uma assistência pré-natal de qualidade e do tratamento adequado da gestante e seu parceiro, além
do registro deste tratamento na caderneta da gestante. Vale ressaltar que o município em questão,
instaurou o Comitê de Mortalidade Infantil, que investiga todos os casos de óbitos de menores de
um ano, dando um retorno aos serviços de saúde para que ações possam realizadas no controle
deste indicador. Houve também intensificação das ações de vigilância em saúde, através da
ênfase nas notificações dos casos diagnosticados e ações a partir destas notificações. Após a
implementação destas ações, o município não apresentou casos de nati/neomortalidade pela
doença até o final de 2017.
Todas as regiões do município em questão, responsáveis pelo maior número de casos de
sífilis notificados, estão equipadas com Unidades Básicas de Saúde (UBS), para o atendimento à
população. Segundo dados do Departamento de Atenção Básica (29), em dezembro/2017 a
cobertura da Atenção Básica (AB) estimada no município era de 56,29%. A AB é a porta de
entrada dos usuários ao sistema de saúde, amplia o acesso aos serviços de saúde e caracteriza-se
por ações de prevenção, promoção e proteção à saúde, além de ser responsável por direcionar o
usuário a outros serviços da Rede de Atenção à Saúde (RAS) quando necessário (30–32). É
relevante para a saúde sexual e reprodutiva da população (31), principalmente no que diz respeito
às IST, pois, a partir da proximidade às residências das pessoas, do acolhimento e vínculo,
permite o diagnóstico e tratamento, além de aconselhamentos e acompanhamentos necessários.
Uma das dificuldades no diagnóstico de sífilis, pode ser devido aos sinais clínicos
passarem desapercebidos ou serem confundidos com facilidade pelos profissionais da saúde.
Neste contexto, é necessário um diagnóstico diferencial, de modo que a suspeita seja levada em
consideração e exames necessários sejam solicitados (33–35). De acordo com Kalinin et al. (33),
a maioria dos pacientes, principalmente diagnosticados com sífilis latente, passaram por algum
profissional de saúde que não desconfiou da presença desta enfermidade. O uso da epidemiologia
e o aumento dos casos devem alertar os profissionais de saúde a estarem atentos a reemergência
da sífilis.
30
Este estudo apresentou algumas limitações, pelo uso de dados secundários, que tornaram
algumas informações indisponíveis, devido a ausência de registros completos nas fichas de
notificação. Além disso, a notificação dos casos de sífilis adquirida nas fichas de DST, resultou
na ausência de informações mais detalhadas a respeito do perfil dos sujeitos diagnosticados e
notificados. Observou-se ainda uma possível subnotificação e dificuldade no diagnóstico, pois
alguns dos homens diagnosticados e notificados eram parceiros das gestantes (dados não
apresentados), o que possivelmente facilitou o diagnóstico. É importante que sejam incentivados
o diagnóstico da doença, seguido da notificação.
As fichas de notificação compulsória foram ferramentas muito importantes para
identificar o perfil e as regiões mais acometidas, uma vez que os dados encontrados forneceram
informações relevantes ao presente estudo, que poderão servir de subsídios aos gestores, para a
organização de ações em saúde. É importante ressaltar os esforços por parte dos profissionais de
saúde para o preenchimento e melhora da qualidade dos registros dos casos notificados. As
capacitações e ações de educação continuada são fundamentais para o esclarecimento de dúvidas
e melhorias na qualidade dos dados das fichas de notificação.
Diante da magnitude dos casos de sífilis e dos esforços para o aumento da notificação
desta doença em todo o país, é de extrema relevância o levantamento do perfil epidemiológico
deste agravo, pois permite conhecer o perfil da população mais acometida, identificar as
dificuldades de diagnóstico na população e do tratamento dos parceiros. Além disso, as
informações encontradas neste estudo fornecem subsídios ao município para a realização de
investimentos necessários e aplicação ações e recursos de forma mais efetiva.
A partir da distribuição espacial dos casos notificados, foi possível identificar o
comportamento dos casos de sífilis no município. O conhecimento das regiões de maior
ocorrência e, possivelmente, vulnerabilidade, torna-se um ponto de partida pra investigações
locais subsequentes e planejamento de intervenções, tendo como porta de entrada, a atenção
primária, levando em consideração as informações da localização e perfil dos sujeitos, como
ações de educação em saúde, melhora na assistência pré-natal e triagem diagnóstica e
acompanhamento das crianças com diagnóstico de sífilis congênita.
Considera-se necessário que outros estudos nesta linha de investigação sejam realizados,
inclusive em outros municípios, a fim de averiguar outras informações referentes ao perfil
epidemiológico dos casos de sífilis, principalmente no que diz respeito à sífilis adquirida, bem
31
como os comportamentos que interferem na redução/aumento do número de casos,
principalmente, nas regiões de maior vulnerabilidade.
CONCLUSÃO
O perfil epidemiológico dos casos de sífilis adquirida foi composto por homens brancos,
com oito anos ou mais de estudo. Os casos de sífilis em gestante e congênita apresentaram perfis
semelhantes: cor branca, com tempo de estudo de oito anos ou mais. A distribuição espacial dos
casos notificados de sífilis também foi semelhante, havendo maior concentração de casos em
bairros de baixa renda familiar. Cabe aos profissionais de saúde, o rastreamento e notificação dos
casos, bem como esforços nas ações de vigilância epidemiológica, busca ativa, diagnóstico,
tratamento, cura e ações de educação em saúde, visando o controle e prevenção dos casos de
sífilis.
FINANCIAMENTO
O presente trabalho foi realizado com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001.
AGRADECIMENTOS
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), pela
concessão de bolsa de estudos. À equipe da diretoria da Atenção Básica e da Vigilância
Epidemiológica Municipal, por permitirem a realização deste trabalho, pelo fornecimento dos
dados e apoio durante a coleta dos dados.
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36
2.2 ARTIGO: SÉRIE TEMPORAL DA SÍFILIS ADQUIRIDA, EM GESTANTE E
CONGÊNITA EM UM MUNICÍPIO PAULISTA
Temporal series of cases of acquired, gestational and congenital syphilis in a municipality
paulista
Artigo submetido à Revista Ciência e Saúde Coletiva (Anexo 4)
Carolina Matteussi Lino
Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Universidade Estadual de Campinas. Avenida Limeira,
901, Vila Rezende, Piracicaba/SP, Brasil, CEP: 13414-903
Maria da Luz Rosário de Sousa
Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Universidade Estadual de Campinas. Avenida Limeira,
901, Vila Rezende, Piracicaba/SP, Brasil, CEP: 13414-903
Marília Jesus Batista
Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Universidade Estadual de Campinas. Avenida Limeira,
901, Vila Rezende, Piracicaba/SP, Brasil, CEP: 13414-903
RESUMO
A sífilis, doença infecciosa causada pela bactéria Treponema pallidum, é um agravo de
notificação compulsória e, o aumento do número de casos tem sido observado no Brasil e no
mundo. O objetivo foi analisar tendência temporal dos casos de sífilis notificados no período de
2013 a 2017. Estudo de série temporal, com dados secundários obtidos por meio de fichas de
notificação compulsória do Sistema de Informação de Agravos de Notificação. O local do estudo
foi um município de médio porte populacional do estado de São Paulo. A sífilis adquirida
apresentou aumento da taxa de detecção, passando de 14,91/100.000 habitantes em 2010 para
24,41 em 2017. A sífilis em gestante apresentou aumento, de 2,38/1.000 nascidos vivos em 2010
para 11,25 em 2017. O mesmo comportamento foi identificado na sífilis congênita, que
apresentou taxa de incidência de 0,55/1.000 nascidos vivos em 2010 e 4,22 em 2017. A série
temporal demonstrou tendência crescente e não estacionária para os três tipos de sífilis e permitiu
compreender a movimentação dos casos notificados ao longo do período estudado. Ações de
37
saúde devem continuar no sentido de aprimorar o acesso ao diagnóstico e notificação, e também
direcionadas para o tratamento, cura e ações de educação em saúde, com o intuito controlar e
prevenir novos casos.
Palavras-chave: Sífilis, Epidemiologia, Notificação Compulsória, Saúde Pública.
ABSTRACT
Syphilis, an infectious disease caused by the bacterium Treponema pallidum, is an aggravating
act of compulsory notification, and the increase in the number of cases has been observed in
Brazil and in the world. The objective was to analyze the temporal trend of syphilis cases
reported in the period from 2013 to 2017. A time series study, with secondary data obtained
through compulsory notification sheets from the Notification of Injury Information System. The
study site was a medium-sized municipality in the state of São Paulo. Acquired syphilis increased
the rate of detection, from 14.91 / 100,000 inhabitants in 2010 to 24.41 in 2017. Syphilis in
pregnant women presented an increase from 2.38 / 1,000 live births in 2010 to 11.25 in 2017. The
same behavior was identified in congenital syphilis, which presented an incidence rate of 0.55 /
1,000 live births in 2010 and 4.22 in 2017. The time series showed a growing and non-stationary
trend for the three types of syphilis and allowed understanding the movement of cases reported
during the study period. Health actions should continue to improve access to diagnosis and
notification, and also directed to treatment, cure and health education actions, in order to control
and prevent new cases.
Key words: Syphilis, Epidemiology, Compulsory Notification, Public Health.
INTRODUÇÃO
A sífilis, grave problema de saúde pública em todo o mundo, é uma doença infecciosa de
natureza bacteriana (agente etiológico Treponema pallidum), de ação em órgãos e/ou sistemas 1,2.
Devido ao seu alto poder patogênico, pode alternar períodos sintomáticos (que podem ser
específicos ou não), assintomáticos ou latentes, o que dificulta o diagnóstico 1,3.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 12 milhões de pessoas são
infectadas por sífilis todos os anos em todo o mundo, sendo um milhão apenas de gestantes 4. Por
este motivo, em 2011, o Ministério da Saúde por meio da Portaria 1.459, instituiu a triagem
sorológica para sífilis na rotina pré-natal preconizada no pela Rede Cegonha 5. No mesmo
38
período, por meio da Portaria MS/GM 3.242, de 2011, o Ministério da Saúde adotou o teste
rápido treponêmico, com o intuito de possibilitar o diagnóstico em situações especiais como
populações vulneráveis e indígenas, gestantes e seus parceiros no âmbito da Rede Cegonha e
localidades e/ou serviços de saúde que sejam de difícil acesso ou que não possuam infraestrutura
laboratorial 5,6. Atualmente essa Portaria foi revogada, dando lugar para a Portaria nº 2.012 de 19
de outubro de 2016, a qual aprovou o “Manual para o diagnóstico de sífilis”, que traz
informações sobre o diagnóstico através do teste rápido 7.
Embora a transição epidemiológica venha substituindo a mortalidade por doenças
infecciosas e parasitárias pelas crônicas não transmissíveis, o aumento do número de casos de
sífilis na atualidade está vindo contra esta transição 8. Mesmo se tratando de uma infecção antiga
e mundialmente conhecida, que apresenta fácil diagnóstico e tratamento de baixo custo, fatores
como condições socioeconômicas e culturais, uso de drogas ilícitas, comportamento sexual e
acompanhamento pré-natal inadequado ou não realizado, são determinantes para a infecção ou
reinfecção por sífilis 8,9. Além disso, a redução de campanhas educativas e do uso de
preservativos, a ampliação da cobertura dos testes diagnósticos, a introdução e descentralização
dos testes rápidos e o aumento vigilância perante as notificações também são responsáveis pelo
aumento do número de casos nos últimos anos 10,11.
A vigilância epidemiológica no Brasil, historicamente, vem se apoiando no controle de
epidemias e agravos a saúde, a partir da notificação compulsória de doenças presentes na Lista de
Doenças de Notificação Compulsória (LDNC), instituída pelo Ministério da Saúde em 1975 12.
Ao longo destes anos pós-instituição, a LDNC tem passado por revisões e atualizações, devido as
alterações no perfil epidemiológico, diagnóstico ou reemergência de doenças, sendo a versão
vigente, instituída a partir da Portaria nº 204/2016, de 17 de fevereiro de 2016 13. Dentre estas
atualizações realizadas na LDNC, está a inclusão da sífilis congênita, sífilis em gestante e sífilis
adquirida em 1986, 2005 e 2010 respectivamente, como agravos de notificação compulsória 14–16.
Apesar da obrigatoriedade das notificações por parte dos profissionais de saúde, estudos
realizados por meio de busca ativa dos casos nos municípios de Palmas/TO e Montes Claros/MG
ainda apontam a presença de subnotificações de casos de sífilis 17,18. A notificação dos casos de
sífilis agrega informações referentes aos casos diagnosticados e faz com que a vigilância
epidemiológica seja intensificada, a partir do planejamento adequado das ações de saúde
necessárias para o controle e prevenção dos casos 10,19,20.
39
Dados do Ministério da Saúde e da Secretaria de Vigilância em Saúde apontam que, em
2014, foram notificados 118.181 casos de sífilis adquirida, em gestante e congênita no Brasil,
sendo o estado de São Paulo responsável por 7.400 notificações, ao passo que, em 2016, esse
número passou para 145.503 notificações no Brasil e 33.045 no Estado de São Paulo 4.
Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo, avaliar a série temporal da sífilis
adquirida, em gestante e congênita em um município de médio porte do estado de São Paulo,
entre os anos 2013 a 2017.
MÉTODOS
Estudo de série temporal, realizado a partir de dados secundários obtidos por meio do
levantamento de fichas de notificação compulsória do Sistema de Informação de Agravos de
Notificação (SINAN).
Este estudo foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) e pela
Secretaria Municipal de Vigilância em Saúde do município e, somente após a aprovação dos dois
locais, foi iniciada a realização do estudo.
O presente estudo foi desenvolvido em um município de médio porte populacional do
estado de São Paulo, Brasil, com população estimada de 414.810 habitantes em 2018 e Índice de
Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de 0,822 em 2010 21,22.
Para a definição do universo populacional, foi realizada uma pesquisa inicial dos casos de
sífilis adquirida, em gestante e congênita notificados no município no período de 1º de janeiro de
2013 a 31 de dezembro de 2017. Para este levantamento, foi utilizado o banco de dados
TABNET, do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Todas as
fichas de notificação do período estipulado foram analisadas.
Tendo em mãos o total de casos notificados no período, foi realizado o levantamento das
fichas de notificação compulsória no SINAN. Foram excluídas as fichas duplicadas, casos
descartados pela vigilância epidemiológica (VE) municipal e sujeitos não residentes no
município. A coleta dos dados foi realizada na VE, a partir de um formulário do Microsoft
Access®, de forma a preservar a identidade dos sujeitos, sendo os casos numerados no
formulário a partir de um número sequencial.
As variáveis utilizadas para o cálculo das taxas de detecção de sífilis adquirida e em
gestante e da taxa de incidência de sífilis congênita foram ano (2013, 2014, 2015, 2016 e 2017),
40
número de casos confirmados notificados por ano, número de nascidos vivos no ano e número da
população total no ano. Quanto à análise da série temporal, as variáveis utilizadas foram:
trimestre (primeiro, segundo, terceiro e quarto), ano da notificação (2013 a 2017), número de
casos confirmados no trimestre e período (quatro períodos).
Para o cálculo das taxas de detecção dos casos de sífilis em gestante e adquirida e da taxa
e incidência da sífilis congênita, foram utilizadas as fórmulas preconizadas pelo Ministério da
Saúde (Figura 1) 4.
Figura 1 – Cálculo das taxas de detecção de sífilis adquirida e em gestante e da taxa de incidência de sífilis
congênita
Os dados provenientes ao denominador “número de nascidos vivos no município e
período”, para o cálculo da taxa de detecção de sífilis em gestante e taxa de incidência de sífilis
congênita foram fornecidos pela VE do município, enquanto que o denominador “número da
população no município e período” foi extraído da projeção populacional da Fundação Sistema
Estadual de Análise de dados (SEADE) 23.
A análise da série temporal dos casos notificados e confirmados de sífilis foi realizada
inicialmente a partir da elaboração de um gráfico de linhas entre o número de casos confirmados
notificados (variável dependente) e o trimestre (variável independente), de modo a visualizar a
relação entre os dados. Para estimar a tendência, uma reta foi traçada entre os pontos, para
verificar qual apresentava o melhor ajuste, resultando na equação Y = a + bX, na qual “Y” refere-
se ao número de casos confirmados notificados, “a” intersecção da reta, “b” a inclinação desta
reta e “X” os trimestres. Posteriormente, foi realizado o cálculo do logaritmo de base 10 dos
41
casos confirmados notificados (Y) e, em seguida, a análise de Prais-Winsten no software
estatístico Stata 14. Após, foi calculada da taxa de incremento anual e dos intervalos de confiança
(IC) mínimo e máximo, por meio das fórmulas: taxa de incremento = -1 + 10^b e IC 95% = -1+
10^(b ± t * EP), onde “EP” é o erro padrão da análise de regressão e “t” o valor tabelado da
distribuição de t de Student 24. O nível de significância considerado foi de 95% (p-valor < 0,05).
RESULTADOS
No período de um de janeiro de 2013 a 31 de dezembro de 2017, o município notificou
683 casos de sífilis, sendo 406 casos de sífilis adquirida, 198 em gestante e 79 congênita. Destas
notificações, 12 casos foram excluídos, por não residirem no município em questão (dois casos
de sífilis congênita) e por serem casos investigados e descartados pela VE (dois casos de sífilis
adquirida e oito congênita), que resultou em 671 casos confirmados notificados (404 de sífilis
adquirida, 196 em gestante e 71 congênita).
Conforme apresentado na Tabela 1, verifica-se um aumento da taxa de incidência de
sífilis congênita, que variou de 0,55 /1000 nascidos vivos em 2013 para 4,22/1000 nascidos vivos
em 2017.
Tabela 1. Taxa de detecção e de incidência dos casos notificados e confirmados de sífilis adquirida (por
100.000 habitantes), em gestante (por 1.000 nascidos vivos) e congênita (por 1.000 nascidos
vivos), segundo SINAN, 2013 a 2017.
Ano
Sífilis Adquirida Sífilis em gestante Sífilis congênita
Casos
confirmados
Taxa de
detecção
Casos
confirmados
Taxa de
detecção
Casos
confirmados
Taxa de
incidência
2013 57 14,91 13 2,38 3 0,55
2014 56 14,48 24 4,44 9 1,67
2015 76 19,44 35 6,18 13 2,23
2016 118 29,94 60 10,29 22 3,77
2017 97 24,41 64 11,25 24 4,22
Neste mesmo período, as taxas de detecção de sífilis em gestante e adquirida
apresentaram uma evidente elevação. Os casos de sífilis em gestante variaram de 2,38/1.000
42
nascidos vivos em 2013 para 11,25/1.000 em 2017, enquanto que os casos de sífilis adquirida
passaram de 14,91/100.000 habitantes em 2013 para 24,41/100.000 habitantes em 2017.
Perante ao aumento dos casos de sífilis notificados no período estudado, optamos por
realizar uma análise da série temporal e da tendência trimestral (quatro períodos). Os dados foram
alisados a partir da média móvel centrada de dois períodos, devido ao número de irregularidades,
referentes aos números de notificações nos trimestres.
Conforme Figura 2, verificou-se que a tendência da série temporal referente aos casos
notificados de sífilis adquirida não é estacionária, ou seja, ela apresentou uma tendência crescente
(p-valor = 0,011, R² = 0,372). Observou-se uma taxa de incremento de 4,55% (IC 95%: 0,30 a
8,99).
Figura 2 – Série temporal dos casos confirmados de sífilis adquirida, por trimeste, em um município de
médio porte, 2013 a 2017
No que diz respeiro aos casos de sífilis em gestantes notificados, a Figura 3 apresenta uma
a tendência também não estacionária e apresenta-se crescente (p-valor = <0,001, R² = 0,655),
com taxa de incremento de 9,48% (IC 95%: 7,06 a 11,95).
43
Figura 3 – Série temporal dos casos confirmados de sífilis em gestantes, por trimeste, em um município de
médio porte populacional, 2013 a 2017
Ao analisar a tendência dos casos notificados de sífilis congênita (Figura 4), verificou-se
que a tendência também não é estacionaria e apresentou-se crescente, com exceção do primeiro
período de 2015, onde apresentou tendência descrescente (p-valor = 0,001, R² = 0,488).
Observou-se uma taxa de incremento de 11,46% (IC 95%: 6,99 a 16,12).
Figura 4 – Série temporal dos casos confirmados de sífilis congênita, por trimeste, em um município de
médio porte populacional, 2013 a 2017
44
DISCUSSÃO
A partir dos dados obtidos no presente estudo, foi possível avaliar a tendência temporal
dos casos de sífilis adquirida, em gestante e congênita notificados em um município do Estado de
São Paulo, entre os anos de 2013 a 2017. Todos os modelos apresentaram tendência crescente e
não estacionária, com valores estatisticamente significantes.
O estudo das séries temporais, em epidemiologia, busca “derivar conhecimento” sobre a
distribuição de doenças e sua movimentação ao longo do tempo, com o intuito de predizer futuros
resultados e fatores que possam piorar ou melhorar essa distribuição 20. O conhecimento dos
padrões não aleatórios, dos efeitos dos fatores externos e a previsão embasada em uma série
temporal, possibilita o planejamento de ações a curto, médio e longo prazo, a tomada de decisões
e a realização de intervenções necessárias na saúde pública visando o combate/prevenção a
doenças e agravos.
O aumento da taxa de detecção e a tendência de crescimento dos casos notificados de
sífilis adquirida encontrados neste estudo, pode estar relacionado a obrigatoriedade da
notificação, da intensificação da vigilância em saúde e da implantação e ampliação dos testes
rápidos para sífilis 5,11, além da prática sexual insegura, a presença de outras Infecções
Sexualmente Transmissíveis (IST) 8,9.
De acordo com a literatura, o aumento dos casos de sífilis também está presente em países
dos Estados Unidos e no Canadá 25,26. No ano de 2014, Louisiana, nos Estados Unidos
apresentavam taxa de detecção da sífilis de 52,7/100.000 casos em 2012 e, em 2014, essa taxa
elevou-se para 73,4/100.000 27, taxa de incidência mais elevada do que a encontrada neste estudo.
O aumento também foi visível no Canadá: em 2010 a taxa de detecção de sífilis era de
5,0/100.000 casos e passou para 9,3/100.000 em 2015, representando um aumento de 85,6% 28.
Apesar desta elevação, o Canadá apresentou taxas menores do que as encontradas neste estudo.
No Brasil, dados fornecidos pelo Ministério da Saúde, por meio do boletim epidemiológico 29,
demonstraram que os casos de sífilis adquirida aumentaram de 2,0/100.000 casos em 2010 para
58,1/100.000 casos em 2017. Apesar de a taxa de detecção de sífilis adquirida que encontramos
ser maior do que nos Estados Unidos e Canadá, ela se encontra abaixo da taxa apresentada pelo
Ministério da Saúde 29.
É importante ressaltar que o momento da saúde no país vem passando por intensas e
delicadas modificações. O Sistema Único de Saúde (SUS), que caminhava com muitos ganhos, a
45
partir de suas políticas públicas, vem sofrendo com revisões e alterações de todo o seu sistema e
subfinaciamento de programas, o que está impactando em diversas áreas da saúde, inclusive nos
casos de sífilis. Além da tendência de aumento de casos de sífilis evidenciados em nosso estudo,
o Brasil deparou-se com uma epidemia de febre amarela e com o ressurgimento do sarampo, que
resultou na retirada, pela Organização Mundial da Saúde, do certificado de erradicação desta
infecção. Diante destas modificações, o momento exige esforços ainda maiores por parte dos
gestores e profissionais de saúde para o controle e redução destas infecções.
Os dados referentes à notificação de sífilis em gestante, encontrados neste estudo, também
apresentaram aumento. Apesar da elevação desta taxa, o município ainda se encontra equiparado
ao Brasil que, no ano de 2016, apresentou taxa de detecção de 12,4 casos/1.000 nascidos vivos e
do Estado de São Paulo, com 14,7/1.000 nascidos vivos 4. A análise da tendência temporal dos
casos de sífilis em gestante também reflete um crescimento não estacionário, e seu modelo é
impactado pelo coeficiente de determinação. Isto pode ser explicado pelo diagnóstico mais
preciso realizado pelas gestantes que são acompanhadas nos serviços de saúde no pré-natal, que
tem sido incentivado pelas políticas públicas.
O aumento deste índice nos casos notificados em gestantes pode estar relacionado ao
maior controle do período gestacional, tanto pelo Pré-natal, quanto pela Rede Cegonha, instituída
pelo Ministério da Saúde. A Rede Cegonha tem como finalidade, garantir uma rede de cuidados
materno-infantil, a partir do acompanhamento pré-natal, da realização de rotinas de exames no
primeiro e terceiro trimestre gestacional, da disponibilização de testes rápidos (inclusive para
sífilis), tanto para a gestante, quanto para seu parceiro 5,30 e da descentralização dos testes
rápidos, que antes eram realizados apenas nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA).
Os CTA são serviços de saúde voltados para a ampliação do acesso ao diagnóstico de
Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). Eles têm por objetivo, o diagnóstico e tratamento
precoce destas infecções (incluindo os parceiros), além da prevenção e redução dos riscos de
contaminação, a partir do acolhimento e aconselhamento destes usuários. A descentralização da
triagem do CTA para a atenção básica vem ocorrendo de forma gradativa, desde 1999 e,
atualmente, apesar de ainda realizarem testes diagnósticos e aconselhamentos, o papel do CTA
vem sendo de apoio matricial aos profissionais da atenção básica para o diagnóstico,
aconselhamento e tratamento adequado de IST 31.
46
O pré-natal tem um efeito protetor, uma vez que quanto maior o número de consultas,
menor o risco de infecção por sífilis 9, entretanto, mesmo diante da identificação crescente de
casos de sífilis, conforme observado em nosso estudo, a literatura aponta que ainda há muita
dificuldade para a realização do diagnóstico precoce. Dentre algumas destas dificuldades
levantadas pela literatura 9,32, encontra-se má qualidade do pré-natal e o não cumprimento das
rotinas mínimas propostas pela Rede Cegonha, a não realização do teste rápido, juntamente com
o teste não treponêmico (VDRL) nas maternidades, a ausência de exames diagnósticos e físicos
nos recém-nascidos, seja na maternidade ou na atenção básica e a ausência de
tratamento/tratamento inadequado comprometem o controle da infecção, tanto nas gestantes,
quanto em seus filhos 9,32. Como consequência, essas dificuldades podem resultar em uma
atuação menos efetiva das equipes e serviços de saúde, principalmente na atenção básica, uma
vez que não conseguem assegurar o cuidado integral a estes pacientes, resultando em maiores
riscos de morbidades e sequelas, ocasionados por diagnóstico tardio 32.
O teste rápido é utilizado na Atenção Básica e/ou na maternidade, para a detecção do
contato prévio da gestante com o Treponema pallidum ou sífilis não tratada e, quando positivos,
são complementados com o teste VDRL, favorecendo o diagnóstico, tratamento e
aconselhamento imediato 8,30,32,33.
Esses dados também são perceptíveis nos casos de sífilis congênita, a partir do aumento
da taxa de incidência de sífilis congênita ao longo do período estudado e da tendência, também
crescente e não estacionária. Em virtude de uma ação conjunta entre Organização Mundial de
Saúde (OMS) e Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e adotada pelo Ministério da
Saúde 4, a taxa de incidência proposta para os casos de sífilis congênita deve ser ≤ 0,5
casos/1.000 nascidos vivos, ou seja, em 2017 a taxa encontrada foi 8,78 vezes superior à meta de
eliminação proposta.
As taxas de incidência e de detecção encontrados neste estudo apresentaram aumento ao
longo do período estudado. Este aumento também está presente em países como Canadá e
Estados Unidos. Em Nova Iorque, houve aumento significativo dos casos de sífilis congênita, que
passou de 9,2/100.000 em 2013 para 23,3/100.000 em 2017 26, ao passo que no Canadá, a taxa de
incidência em 2015 era de 1,5/100.000 casos, após um período de regressão das taxas no país 28.
Dados do Brasil não diferem do encontrado, onde a taxa nacional está 8,6/1.000 nascidos vivos
47
que, ao ser comparado com os dados de Nova Iorque e Canadá, significam 860/100.000 nascidos
vivos 29.
Esta situação é preocupante, uma vez que, esta taxa é considerada um marcador de
qualidade da assistência pré-natal de um município e/ou população 11. Taxas de incidência de
sífilis maiores que a taxa de detecção de sífilis em gestantes, remetem a possibilidade de lacunas
no diagnóstico durante a gestação e/ou no sistema de vigilância epidemiológica no município,
além da presença de subnotificações 9,11,32. Os dados encontrados no presente estudo demonstram
que, apesar do número de notificações terem aumentado ao longo dos anos, a taxa de detecção
dos casos de sífilis em gestante está sendo maior que a taxa de incidência de sífilis congênita, ou
seja, o diagnóstico e tratamento estão sendo realizados no período pré-natal, diminuindo as
chances de transmissão vertical.
Vale ressaltar que, desde 2015, o município tem contado com ações de vigilância em
saúde, como a intensificação da notificação dos casos e da elaboração de um Comitê de
Mortalidade Infantil, para a investigação e retorno às unidades e serviços de saúde, quando aos
desfechos dos casos de sífilis e em gestante e congênita. Essas ações têm fortalecido o
diagnóstico e notificação dos casos, diminuindo consequentemente, o número de óbitos fetais e
de nati/mortalidades.
Dentre as limitações encontradas durante este estudo estão a subnotificação dos casos e o
uso de dados secundários para a obtenção das informações, tendo como consequência, a
qualidade e a restrição dos dados. Além disso, muitos casos de sífilis adquirida, foram notificados
na ficha de notificação de DST, o que limita as informações provenientes do perfil e investigação
dos casos, uma vez que as fichas e suas informações são distintas. Apesar destas limitações, todas
as fichas foram examinadas, permitindo o conhecimento os casos notificados e o perfil dos
sujeitos.
Diante do aumento do número de casos de sífilis em todo o Brasil e mediante a análise
dos dados a partir da série temporal e cálculo da tendência, o presente estudo permitiu identificar
o comportamento das notificações de sífilis no período estudado e estimar o comportamento desta
infecção no município. Esta tendência crescente de casos notificados de sífilis requer que
esforços continuem sendo realizados para reverter o aumento desta morbidade, bem como é
relevante que estudos avaliem a efetividade destas estratégias.
48
Consideram-se necessárias pesquisas nesta linha de investigação sejam realizadas, a fim
de averiguar outras informações referentes à tendência e comportamento da sífilis ao longo do
tempo no município, bem como outras informações que auxiliem no planejamento de ações para
o controle e prevenção de novos casos.
CONCLUSÃO
A série temporal da sífilis, em suas três formas, apresentou tendência crescente, não
estacionária e estatisticamente significante, sendo o melhor ajuste para a sífilis em gestante.
Ações de saúde devem continuar no sentido de aprimorar o acesso ao diagnóstico e notificação, e
também direcionadas para o tratamento, cura e ações de educação em saúde, com o intuito
controlar e prevenir novos casos.
FINANCIAMENTO
O presente trabalho foi realizado com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001.
AGRADECIMENTOS
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela
concessão de bolsa de estudos. À equipe da diretoria da Atenção Básica e da Vigilância
Epidemiológica Municipal, por permitirem a realização deste trabalho, pelo fornecimento dos
dados e apoio durante a coleta dos dados.
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52
3. DISCUSSÃO
Apesar de ser uma infecção antiga, a sífilis vêm sendo um tema atual em todo o
mundo, inclusive no Brasil. A literatura (Dantas et al., 2017; Maciel et al., 2017; Luppi et al.,
2018) ainda apresenta poucos estudos no que diz respeito ao seu perfil epidemiológico,
principalmente referente à sífilis adquirida.
O presente estudo teve como objetivo analisar o perfil epidemiológico da sífilis em
um município de médio porte populacional do Estado de São Paulo, a fim de contribuir para o
planejamento das ações de saúde no município a partir das informações levantadas. O estudo do
perfil epidemiológico de uma doença ou agravo é essencial para o conhecimento de seu
comportamento em uma determinada população e, o avanço da tecnologia trouxe consigo,
ferramentas úteis, como os softwares de geoprocessamento, além da ampliação do acesso às
informações. Juntas, essas informações são capazes de contribuir para uma melhor análise
epidemiológica, a partir da distribuição espacial dos casos estudados e propor ações embasadas
nas informações obtidas (Chowell e Rothenberg, 2018). Baseado nos dados epidemiológicos
encontrados neste estudo identificou-se a necessidade da utilização de ferramentas de
geoprocessamento, o que permitiu conhecer a distribuição dos casos ao longo dos anos e
identificar as áreas e populações de maior vulnerabilidade, relacionadas à renda familiar dos
bairros estudados.
Tendo como base os resultados da distribuição dos casos notificados, que agregaram
informação ao estudo do perfil epidemiológico, identificou-se uma necessidade de ir além deste
perfil, avançando nos dados obtidos com o intuito de conhecer mais sobre a ocorrência e
comportamento da infecção no município. Esse processo deu origem ao segundo artigo deste
estudo cujo objetivo foi verificar a tendência da infecção a partir da série temporal dos casos
notificados.
A distribuição espacial dos casos de sífilis adquirida, identificada no presente
estudo, apontou para uma maior concentração de casos notificados nas regiões Central e Sul do
município. O perfil epidemiológico apontou que a infecção afetou, principalmente, homens
adultos, brancos, com oito anos ou mais de estudo. Houve aumento da taxa de detecção dos casos
no período e a análise da série temporal apresentou tendência crescente, não estacionária e
estatisticamente significantes. Esses dados indicam que a detecção de casos tem aumentado,
53
podendo estar relacionado com um aumento da vigilância em saúde e, consequentemente, das
notificações compulsórias. Entretanto, o fato de acometer com maior frequência a população de
adultos jovens indica que, apesar desta população ser munida de informações sobre prevenção e
Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), a ausência do uso do preservativo torna essa
população mais susceptível ao contágio (Macêdo et al., 2017).
No que diz respeito aos casos de sífilis em gestante, a distribuição dos casos
apresentou maior concentração de casos notificados nas regiões Leste e Oeste, e afetou
principalmente as adolescentes, brancas, também com tempo de estudo de oito anos ou mais. O
mesmo perfil epidemiológico e distribuição da infeção no município foram encontrados para os
casos notificados de sífilis congênita. As séries temporais destes agravos também se
apresentaram não estacionária, crescente e estatisticamente significante, entretanto, o maior
coeficiente da sífilis em gestantes provavelmente é resultado de um diagnóstico mais preciso
realizado durante o acompanhamento pré-natal e incentivado por meio de políticas públicas,
como a Rede Cegonha, por exemplo, que amplia as chances de diagnóstico precoce da gestante, a
partir dos exames de rotina e da instituição dos testes rápidos que incluem diagnóstico de sífilis.
A Rede Cegonha foi instituída com a finalidade de reduzir a mortalidade materno-
infantil, a partir de uma rede de cuidados que inclui o acompanhamento pré-natal, a realização de
exames de rotina no primeiro e terceiro semestre gestacional, e a disponibilização e
descentralização dos testes rápidos, que antes eram responsabilidade apenas dos Centros de
Testagem e Aconselhamento (CTA) (Brasil, 2010; Lopes e al., 2016).
Os dados encontrados no presente estudo demonstram que, apesar do número de
notificações de sífilis ter aumentado nos últimos nos, a taxa de detecção dos casos de sífilis em
gestante está sendo maior que a taxa de incidência de sífilis congênita, o que indica que os casos
estão sendo diagnosticados e tratados durante o acompanhamento pré-natal, resultando na
diminuição da transmissão vertical e, consequentemente, dos casos de sífilis congênita.
Apesar das políticas públicas e ações que visam a redução da mortalidade materno-
infantil no Brasil, este estudo identificou que houve gestantes com tratamento considerado
inadequado e parceiros não tratados. De acordo com o Ministério da Saúde, o diagnóstico e
tratamento adequado dos casos de sífilis em gestante e, concomitantemente, de seu parceiro,
resultam na diminuição da reinfecção pela gestante e transmissão vertical da sífilis para a criança,
consequentemente diminuindo a incidência de sífilis congênita (Brasil, 2007). Cabe ressaltar que,
54
até Setembro de 2017, a não realização do tratamento do parceiro concomitante ao da gestante,
fazia com que o tratamento da sífilis em gestante fosse considerado inadequado. A partir da nota
informativa Nº 2-SEI/2017 de 19 de setembro de 2017, o tratamento do parceiro continua sendo
essencial para que não haja uma reinfecção desta gestante, entretanto, esse critério não é mais
contabilizado na classificação do tratamento de sífilis em gestante como inadequado.
Dentre os critérios que definem o tratamento adequado/inadequado da gestante, o
diagnóstico e tratamento iniciado a menos de 30 dias do parto, estão inclusos. Embora o
acompanhamento pré-natal e número de consultas realizadas apresentem um efeito protetor para
as mães e seus filhos, segundo a literatura, mesmo diante do aumento do número de casos e da
taxa de detecção de sífilis em gestantes, como encontrado neste estudo, as dificuldades no
diagnóstico, relacionadas a qualidade da assistência pré-natal e a não realização dos exames de
rotina estipulados pela Rede Cegonha (Macêdo et al.,2017), além do desconhecimento dos sinais
e sintomas por profissionais da saúde, podem contribuir para um diagnóstico e tratamento
errôneos e tardios, que podem resultar em graves sequelas tanto para gestante quanto para seu
concepto (Andrade et al.,2018).
Dentre os achados no presente estudo, cabe ressaltar que o município em questão vem
desenvolvendo ações para o controle da sífilis, que vão desde a instauração do Comitê de
Mortalidade Infantil à intensificação das ações de vigilância em saúde. No que diz respeito ao
Comitê de Mortalidade Infantil, este tem por finalidade, investigar e transmitir as informações
resultantes das investigações às unidades de saúde, perante situações de mortalidade de crianças
menores de dois anos. Quanto às ações de vigilância em saúde, esta é realizada através da
intensificação da conscientização da necessidade de notificação compulsória dos casos por parte
dos profissionais de saúde. As ações desenvolvidas pela vigilância epidemiológica ao longo do
período estudado resultaram em uma redução dos casos de nati/mortalidade por sífilis, passando
de cinco em 2015 para zero em 2017.
Embora tenham sido encontradas algumas limitações durante a realização deste
estudo, devido a subnotificação e a utilização de dados secundários e, consequentemente, o
comprometimento da qualidade dos dados e restrição de informações, todas as fichas foram
acessadas e examinadas, permitindo o conhecimento do perfil epidemiológico dos casos.
55
Dentre os principais desafios encontrados estão a identificação das dificuldades de
diagnóstico na população e do tratamento do parceiro das mulheres identificadas, uma vez que
faz-se necessária a conscientização do homem para que o tratamento seja bem sucedido.
Diante da magnitude da sífilis e dos esforços para o aumento da notificação dos casos
diagnosticados, é de extrema relevância o levantamento do perfil epidemiológico dos casos
notificados. Conhecer o perfil da população mais acometida pela sífilis é de extrema importância
e fornece subsídios ao município para o planejamento de ações e intensificação do
monitoramento, além de subsidiarem investimentos e recursos necessários para ações mais
efetivas.
A partir da distribuição espacial dos casos de sífilis notificados, foi possível
identificar o comportamento da infecção no município. O conhecimento das regiões de maior
ocorrência torna-se um ponto de partida para investigações locais subsequentes e planejamento
de intervenções, tendo como porta de entrada, a atenção primária. As informações da localização
e perfil dos sujeitos devem ser levadas em consideração, visando ações de educação em saúde,
melhora na assistência pré-natal e triagem diagnóstica e de acompanhamento dos casos
notificados com sífilis.
4. CONCLUSÃO
O perfil epidemiológico dos casos de sífilis adquirida foi composto por homens,
brancos, com tempo de estudo de oito anos ou mais. Os casos de sífilis em gestante e congênita
apresentaram perfis semelhantes: cor branca, com tempo de estudo de oito anos ou mais. O que
diz respeito à distribuição espacial e análise temporal no município, os três tipos apresentaram
maior concentração em bairros de vulnerabilidade social, onde a renda familiar é baixa e os casos
notificados no período apresentaram tendência crescente e não estacionária.
Cabe aos profissionais de saúde, as notificações dos casos diagnosticados, entretanto,
também são necessárias ações de vigilância epidemiológica, busca ativa, diagnóstico, tratamento
e cura, além de ações de educação em saúde, visando não somente o aumento das notificações,
mas o controle e prevenção de novos casos de sífilis no município.
56
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59
ANEXOS
ANEXO 1 – Verificação de Originalidade e Prevenção de Plágio
60
ANEXO 2 – Certificado aprovação Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)
61
ANEXO 3 – Submissão do artigo à Revista Panamericana de Salud Pública
62
ANEXO 4 – Submissão do artigo à Revista Ciência e Saúde Coletiva