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Toda a Companhia Milone passou de chocada a vigilante ao serem visitados por

Lawrence. Sem surpresa, Lawrence props que juntos eles lidassem com o plano por

trs da fraude de Zheren. Se Lawrence tinha achado a proposta inicial do Zheren difcil

de acreditar, a Companhia Milone achava o esquema de Lawrence muito mais difcil de

engolir.

E, claro, havia a questo das peles. Eles no estavam to irritados a ponto de estragar as

transaes futuras, mas o supervisor sorriu ironicamente ao ver Lawrence.

Mesmo assim, o que estimulou a Companhia Milone foi ver o contrato que Lawrence

tinha assinado com Zheren diante do testemunho pblico, provando que eles podiam

investigar o negcio o quanto eles desejavam antes de prosseguir.

Lawrence tambm lhes pediu para verificar quem estaria apoiando Zheren,

impressionando eles que isso no era fraude simples. Se eles fizeram isso, a Companhia

Milone naturalmente se perguntaria por que o plano era to complicado quanto uma

mera fraude.

Eles queriam investigar simplesmente para sua prpria referncia futura, Lawrence

havia antecipado isso, e ele estava certo.

Afinal, se tudo que Lawrence disse era verdade, a Companhia Milone poderia conseguir

um enorme lucro.

A Companhia Milone, assim como qualquer empresa, estava sempre vigilante por uma

chance de ficar frente de seus concorrentes. A expectativa de Lawrence que eles iriam

aceitar uma proposta se ele prometesse um ganho suficiente estava correta.

Afinal, se tudo Lawrence disse era verdade, a Companhia Milone poderia colher um

enorme lucro.

Tendo conseguido um interesse inicial no plano, a prxima tarefa de Lawrence era

provar a existncia de Zheren. Ele e Horo apressaram-se para a taverna Yorend naquela

noite e informou garonete que desejava falar com Zheren. Como esperado, Zheren

no frequentava o local todas as noites, e a garonete disse para Lawrence que ele ainda

no tinha chegado naquele dia em especial. Mas enquanto o sol se ps, Zheren chegou.

Lawrence fez uma conversa ociosa de comerciante sobre vrios assuntos, e ao mesmo

tempo um empregado da Companhia Milone sentou em uma mesa prxima, escutando.

Nos dias que vieram, a Companhia Milone iria investigar Zheren e determinar se a

proposta de Lawrence era verdade ou no.

Lawrence acreditava que Zheren tinha que ter o apoio de um poderoso comerciante.

Se isso fosse verdade, seria fcil para a Empresa Milone rastrear.

Havia, no entanto, um problema.

"Podemos conseguir a tempo?" Horo perguntou ao retornar pousada naquela noite.

Assim como Horo sugeriu, o problema era o tempo. Mesmo que as expectativas de

Lawrence estivessem corretas, dependendo das circunstncias eles poderiam perder a

chance de conseguir qualquer ganho. No, ele conseguiria lucro de qualquer forma,

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mas talvez no o suficiente para induzir a Companhia Milone de agir. Sem eles, seria

difcil para Lawrence conseguir um lucro por conta prpria. Por outro lado, se a

Companhia Milone move-se rapidamente, o ganho potencial seria deslumbrante.

Tanto o seu prprio plano e o plano que ele suspeitava dependiam do tempo.

"Devemos ter tempo suficiente. por isso que eu fui para a Companhia Milone em

primeiro lugar."

luz de velas, Lawrence colocou um pouco de vinho que ele tinha comprado na taverna

em um copo. Ele olhou para o copo brevemente antes de beber metade dele de uma vez.

Horo estava sentada de pernas cruzadas sobre a cama, ela bebeu o copo e olhou para

Lawrence.

"Esta empresa realmente to capaz?" Ela perguntou.

"Fazer negcios em pases estrangeiros requer ouvidos muito aguados, ouvir os

comerciantes, falar com pessoas em um bar ou clientes no mercado. Se eles no forem

muito melhor em coletar informaes do que seus concorrentes, eles nunca seriam

capazes de abrir filiais em pases estrangeiros, muito menos fazer com que essa filiais

cresam . A Companhia Milone muito boa nesse tipo de coisa. Investigar algum

como Zheren brincadeira de criana para eles. "

Lawrence serviu mais vinho para Horo, a pedido dela, enquanto ele falava. No

momento em que ele terminou, Horo j havia esgotado seu copo novamente. Era

surpreendente.

"Hein."

"O que isso?" Perguntou Horo, olhando distraidamente para longe.

No primeiro pensamento de Lawrence, ela parecia estar pensando em algo, mas logo

ficou claro que ela estava apenas bbada.

"Voc j bebeu o bastante no foi?" Disse ele.

"Os encantos do vinho so muitos."

"Bem normalmente eu nunca bebo nada to fino."

" mesmo?"

"Quando no h dinheiro, eu vou beber vinho grosso com pingos de uva, vinho to

amargo que no pode ser bebido sem adicionar acar, mel, ou gengibre nele. Vinho

transparente o suficiente para ver o fundo do copo um verdadeiro luxo."

Ouvindo isso, Horo olhou vagamente em seu copo. "Hum. E eu achava que esse vinho

no era nada de especial."

"Ha! Bem, voc como uma nobre."

A expresso de Horo endureceu. Ela colocou o copo no cho, logo em seguida se

enrolou em uma bola apertada sobre a cama.

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Sua reao foi to repentina que Lawrence ficou olhando em choque. Ele assumiu que

ela simplesmente no estava com sono.

"O que h de errado?" Ele perguntou, no tendo a menor ideia do que era o problema

dela, mas as orelhas de Horo nem se mexeram.

Ele no disse mais nada enquanto ele procurava em seu crebro tentando descobrir o

problema dela e, finalmente, descobriu, a conversa que tivera com ela quando eles se

encontraram pela primeira vez.

"Voc est com raiva porque eu disse que voc tem mais status do que eu?"

Quando Lawrence exigiu ver forma de lobo do Horo, ela disse que ela odiava ser temida.

Ela tambm desprezava ser comemorada como uma espcie de divindade.

Lawrence se lembrou de uma cano que ouvira de um menestrel viajante. Alegando

que o motivo de um deus precisar de um festival a cada ano era porque ele se sentia

solitrio.

"Eu sinto muito. Eu no quis dizer nada com isso."

Horo no se mexeu.

"Voc um... como posso dizer? Voc no nada especial, espere, no isso. Voc no

uma plebeia. Ordinria? No, no isso..."

Lawrence ficava cada vez mais agitado, enquanto ele no conseguiu encontrar as

palavras certas.

Tudo o que ele queria dizer era que Horo no era especial, mas ele simplesmente no

conseguia articular isso. Enquanto ele continuou a pensar sobre alguma coisa para

dizer, as orelhas do Horo finalmente se mexeram, e ele ouviu seu riso ligeiramente.

Horo virou e sorriu com indulgncia em Lawrence. "Que vocabulrio pobre. Como voc

vai atrair uma fmea com esse vocabulrio?"

"Ora..."

Lawrence lembrou imediatamente um momento em que ele teve que ficar mais tempo

em uma determinada pousada, espera de uma tempestade de neve passar, e acabou se

apaixonando por uma menina l. Ela categoricamente o rejeitou, por nenhuma outra

razo alm do que Horo mencionou: ele tinha um vocabulrio pobre.

A aguada loba logo percebeu isso. "Eu estava certa, no ?" Ela riu. "Ainda assim, isso

foi... imaturo da minha parte."

Lawrence se acalmou com a desculpa de Horo, e ofereceu a sua prpria novamente.

"Sinto muito."

"... Eu realmente no gosto disso, os lobos mais jovens eram sempre amigveis o

suficiente, mas havia sempre uma linha, cansada disso, eu deixei a floresta." Horo

olhou para longe, em seguida, para as mos de novo. "Eu estava procura de um

amigo."

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Horo deu um sorriso autodepreciativo.

"Um amigo?"

"Mm."

Lawrence teria pensado que este assunto seria desagradvel para ela, mas a respostas

de Horo tinha sido estranhamente otimista, por isso ele fez a pergunta que estava em

sua mente.

"E voc encontrou um?"

Horo sorriu timidamente e no respondeu imediatamente.

Dada a sua expresso, sua resposta era bvia. Ela sorriu enquanto estava pensando no

amigo que tinha feito.

"Sim."

Mas Lawrence no achava que ela estava to feliz ao relembrar do amigo.

"Ele um rapaz da aldeia de Pasloe" continuou ela.

"Oh, aquele que pediu que voc cuidasse dos campos de trigo?"

"Mm. Ele um pouco tolo, mas muito alegre. Ele nunca se surpreendia quando via a

minha forma de lobo. Acho que ele um pouco estranho, mas um bom companheiro."

Ao ouvi-la falar como se de um ente querido, Lawrence torceu o nariz, mas escondeu-o

atrs de seu copo de vinho... ele no queria que ela visse.

"Ele realmente um tolo. Eu o achava um bom amigo."

Horo falou alegremente, parecendo um pouco tmida para discutir a respeito do

passado. Ela j no olhou para Lawrence, mas abraou sua cauda, brincando

distraidamente com a sua pele.

De repente, ela soltou uma risadinha infantil e caiu de costas na cama, parecendo para

todo o mundo como uma criana contando um segredo para um amigo.

Ela provavelmente estava apenas cansada, mas aos olhos de Lawrence parecia que ela o

tinha deixado para trs e estava deixando suas memrias inundarem sua mente.

Isso no era motivo para despert-la, assim, com um pequeno suspiro, ele esvaziou o

copo de vinho.

"Amigos, no ?" Ele murmurou, em seguida, colocou o copo sobre a mesa e se levantou.

Ele caminhou at a cama e colocou o cobertor por cima de Horo.

Suas bochechas estavam levemente coradas enquanto ela dormia inocentemente, mas

quanto mais ele olhava para ela mais nublava seus pensamentos, por isso, ele virou as

costas para ela e dirigiu-se para sua prpria cama.

Mas, quando ele soprou a vela e deitou, ele sentiu certo remorso.

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Ele desejou alegar falta de dinheiro e pegar um quarto com uma cama.

Lawrence suspirou, mais profundamente desta vez, ele a observava ao longe.

Se seu cavalo estivesse l, provavelmente teria suspirado tambm, ele pensou.

"Ns aceitamos sua proposta" disse o chefe da filial da Companhia Milone em Pazzio,

Richten Marheit, em um tom uniforme. Fazia apenas dois dias desde que Lawrence

tinha chegado a Companhia Milone com a sua proposta. A empresa era realmente

muito eficiente.

"Eu sou muito grato. Posso supor que voc descobriu quem est apoiando Zheren?"

"Ele tem o apoio da Companhia Mdio. Nem preciso mencionar que eles so a segunda

maior empresa da cidade."

"A Companhia Medio, hein?"

Baseado em Pazzio, a Companhia Medio tinha muitas filiais. Eles eram a maior

corretora agrcola em Pazzio, principalmente para trigo, e eram ainda mais

impressionantes por ter seus prprios navios com os quais moviam seus produtos.

No entanto, algo ainda estava preso na mente de Lawrence. A Companhia Medio era

grande, mas ele esperava que o apoiador de Zheren fosse ainda maior, talvez um nobre.

"Acreditamos que h uma figura ainda maior por trs da Companhia Medio. Com seus

recursos por si s, provavelmente seria impossvel de executar o plano que voc

descreveu. H provavelmente um nobre operando por trs da Companhia Medio, mas

h muitos nobres que lidam com eles, e ns fomos capazes de reduzi-los para uma

nica pessoa. Mas, como voc mesmo disse, no importa quem seja, contanto que ns

ajamos primeiro."

Marheit sorriu maliciosamente, mostrando uma confiana nascida de ter os imensos

recursos da Companhia Milone para usar, algo que Lawrence mal podia imaginar. Sua

filial principal era apadrinhada por ningum mais do que a realeza e altos sacerdotes.

Eles no tinham nada a temer de um negcio como este.

Era importante para Lawrence no mostrar qualquer fraqueza. Na negociao,

mostrando fraqueza ou submisso era equivalente a perder. Ele tinha que ser ousado.

Ele respondeu em um tom uniforme.

"Bem, ento, vamos discutir a forma de dividir os lucros?"

Sem dizer que estas negociaes dariam origem a seus sonhos.

Visto por todos os funcionrios da Companhia Milone, exceto o chefe, Lawrence deixou

a filial cantarolando uma melodia, incapaz de suprimir a sua felicidade.

Ele props que a empresa d-lhe cinco por cento dos seus lucros. Isto era um mero 1/20

do total, mas Lawrence no conseguia parar de sorrir.

Afinal, se a Companhia Milone se movesse como ele sugeriu, a quantidade de moedas

trenni de prata que poderia ser comprada no era um ou dois mil, mas sim duzentos ou

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trezentos mil. Se as estimativas aproximadas sugeriam, eles exigiriam um retorno de

dez por cento do negcio, a participao de Lawrence poderia exceder mil moedas de

lucro puro. Se ele superasse duas mil moedas, e no fosse muito extravagante, ele seria

capaz de abrir uma loja em uma cidade em algum lugar.

No entanto, quando comparado com o ganho que a Companhia Milone estava

antecipando, o lucro obtido a partir das moedas de prata era um mero bnus. Se eles se

movessem como uma empresa, ento esses lucros eram insignificantes.

Lawrence nunca poderia realmente conseguir esse tipo de ganho. Era simplesmente

muito grande e nunca caberia em seu bolso, mas se a Companhia Milone poderia

realizar o lucro, Lawrence ficaria em debito com eles, uma vez que ele abrisse sua loja,

poderia fazer um grande lucro sobre esse emprstimo.

Assim, no era surpresa que ele estava cantarolando to alegremente.

"Voc parece muito satisfeito" disse Horo, finalmente, no fim de sua pacincia

enquanto caminhava ao lado dele.

"Eu gostaria de ver o homem que no ficaria satisfeito em um momento como este. Este

o melhor dia da minha vida." Lawrence gesticulou expansivamente. O gesto

combinava com seu estado de esprito, como se ele estivesse pronto para pegar

qualquer coisa com seus braos estendidos.

A abertura de sua loja tinha sido h muito tempo seu sonho.

"Bem, eu estou feliz que tudo est indo muito bem" disse Horo indiferente, seu humor

em contraste com Lawrence. Ela cobriu a boca com a mo.

No era nada, ela estava apenas de ressaca.

"Eu lhe disse para dormir na pousada se voc no estivesse se sentindo bem."

"Eu estava preocupada que voc acabasse sendo sugado em algo desagradvel, a menos

que eu fosse com voc."

"O que voc quer dizer?"

"Ora, precisamente o que eu disse... urp."

"Honestamente, aguente um pouco mais. H uma loja em frente. Vamos descansar l."

"... Tudo bem." Horo assentiu com uma vulnerabilidade que parecia determinada e

agarrou seu brao estendido. Loba sbia ou no, dificilmente se poderia acus-la de ter

qualquer autoconteno.

Lawrence murmurou "honestamente" novamente. Horo no tinha resposta.

A loja que entraram era uma taverna anexa a uma pequena pousada.

Apesar de visivelmente ser um estabelecimento de bebidas, ela era especializada em

refeies leves de manh noite, e tem um fluxo constante de comerciantes e viajantes

que usavam isso como uma parada para descanso. Estava 1/3 cheia quando eles

entraram.

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"Suco para um e po para dois" disse Lawrence.

" para j!" disse o lojista atrs do balco com alegria, em seguida, repetiu a ordem

para a cozinha.

Lawrence ouviu o lojista enquanto ele conduziu Horo para uma mesa vazia no interior

da taverna.

O comportamento de Horo era mais de um gatinho do que um lobo assim que ela se

esparramou sobre a mesa. A caminhada da Companhia Milone aumentou a fadiga do

lcool trabalhando atravs de seu sistema.

"Sua tolerncia est longe de ser fraca, voc bebeu muito ontem." Disse Lawrence.

As orelhas de Horo se levantaram sob o capuz na afirmao de Lawrence, mas ela

parecia no ter a energia para olhar para ele.

"Uugh" ela gemeu.

"Aqui est, suco de ma e duas pores de po."

"A conta?"

"Voc vai pagar agora? Bom, so trinta e dois lutes."

"Um momento, por favor" disse Lawrence, abrindo a bolsa de moedas que estava

anexada a cintura e vasculhando seu interior. Enquanto ele recolhia as moedas pretas

que poderiam ser facilmente confundidas com o bronze, o lojista notou a condio de

Horo e sorriu com tristeza.

"Ressaca, hein?"

"Excesso de vinho" disse Lawrence.

"Esses so os erros de juventude! a mesma coisa com a bebida, e como qualquer outra

coisa, h um limite. Vrios jovens comerciantes saem cambaleando daqui com rostos

plidos".

Qualquer comerciante viajante de fato tinha presenciado isso algumas vezes. At

Lawrence foi culpado em algumas ocasies.

"Aqui est, trinta e dois lutes."

"Voc deve descansar aqui por um tempo. Acho que voc no poderia fazer todo o

caminho de volta para a pousada sozinha, certo?" Disse o lojista.

Lawrence concordou, altura em que o lojista riu cordialmente e se retirou atrs do

balco.

"Beba um pouco de suco" disse Lawrence. "Ele foi diludo na quantidade certa." Horo

levantou a cabea lentamente. Suas feies eram to finas que at mesmo sua expresso

de dor tinha certo charme. Sem dvida Weiz ficaria feliz de ter o dia de folga para

cuidar da sade dela. Mesmo o menor sorriso dela teria sido o suficiente.

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Lawrence riu ao pensar, enquanto Horo bebia o suco e olhou para ele de forma

estranha.

"Ufa... eu no estive de ressaca em sculos", suspirou Horo depois de beber metade do

suco e recuperar um pouco de vigor.

"Um lobo de ressaca uma viso triste. Acho que eu posso imaginar um urso de ressaca,

mas um lobo..."

Ursos muitas vezes levavam sacos cheio de uvas fermentadas pendurados nos beirais

dos edifcios. Eles tinham que ser fermentados para fazer vinho, e exalavam um

perfume doce.

Havia at histrias de ursos fugindo com tais sacos apenas para encontrar eles mais

tarde, caindo bbados na floresta.

"Eram provavelmente os ursos com quem eu bebia mais na floresta" disse Horo. "Havia

tambm a homenagem dos seres humanos."

A ideia de ursos e lobos bebendo vinho juntos soava como algo sado de um conto de

fadas. O que a Igreja faria se ouvisse isso?

"No importa quantas vezes eu estou de ressaca, parece que eu nunca aprendo."

"Os seres humanos so da mesma forma", disse Lawrence para Horo com um sorriso

triste.

"Agora que voc mencionou... o que eu ia dizer? Eu tinha algo a dizer, mas agora eu no

me lembro. Sinto-me como se fosse algo muito importante..." disse Horo.

"Bem, se algo to importante, voc vai se lembrar, eventualmente."

"Mmm... eu acho. Ugh. Isso no bom. Eu no me lembro" disse ela, caindo de volta na

mesa e fechando os olhos.

Ela provavelmente se sentiu assim o dia todo. O lojista no tinha dito isso, mas era uma

coisa boa, eles no estarem prestes a partir. Uma carroa trmula no iria faz-la se

sentir melhor.

"De qualquer forma, tudo o que temos a fazer deixar o resto para a Companhia Milone.

As coisas boas vm para aqueles que esperam. Apenas descanse at se sentir melhor."

"Ugh... to indigno" disse Horo, soando ainda mais pattica do que antes, ela

provavelmente se sentiria mal por algum tempo ainda.

"Eu suponho que seu crebro no vai funcionar hoje."

"Mm... pattico, mas voc est certo", respondeu ela, ainda deitada em cima da mesa,

abrindo um olho para olhar para Lawrence.

"Voc ainda tem que resolver algo?"

"Hum? Bem, eu estava pensando em fazer algumas compras aps dar uma checada na

Companhia."

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"Compras? Voc pode ir sozinho. Vou descansar aqui por um tempo, em seguida,

retornar para a pousada eu mesma" disse Horo, levantando a cabea e bebendo o suco

de ma novamente. "Ou... voc quer que eu v junto?"

Sua provocao era agora padro, quase uma saudao, assim Lawrence simplesmente

concordou.

"Oh, voc chato", Horo fez beicinho para a tranquilidade de Lawrence. Bebendo

superficialmente sua bebida, ela deveria ter esperado que ele ficasse perturbado, mas

mesmo Lawrence podia manter a compostura, s vezes.

Lawrence no pde deixar de sorrir para Horo de novo, enquanto ela mastigava um

pedao de po.

"Eu estava pensando em comprar-lhe um pente ou um chapu", disse ele. "Talvez outra

hora."

As orelhas de Horo se mexeram debaixo da capa.

"... O que voc est planejando?" Ela perguntou, com os olhos meio cerrados, mas

observando cuidadosamente Lawrence.

Lawrence podia ouvir o farfalhar de sua cauda, abanando inquietamente debaixo de seu

manto. Aparentemente, ela era pior do que ele esperava em esconder seus pensamentos.

"Que maneira de falar."

"Como diz o ditado, preciso ter cuidado com a carne na boca do que com a carne que

est prestes a ser tirada de voc."

Ouvindo as palavras amargas de Horo, Lawrence chegou perto de seu rosto e sussurrou

em seu ouvido.

"Se voc quiser agir como uma loba sbia prudente, pelo menos, faa algo sobre suas

orelhas e cauda inquietas".

Horo ao ouviu e disse um "Oh!" surpresa.

"Isso nos faz quites", disse Lawrence com uma pitada de arrogncia. Horo olhou

frustrada para ele com lbios finos.

"Voc tem um cabelo to lindo, seria uma vergonha para voc no ter um pente para

ele" continuou ele energicamente.

Ele estava feliz de ter finalmente conseguido ganhar dela, mas se ele pressionasse, era

bem possvel que ela o colocasse em seu lugar.

No entanto, ao ouvir as palavras de Lawrence, a entediada Horo fungou e se

esparramou sobre a mesa mais uma vez. "Oh, voc est falando sobre o meu cabelo"

disse ela brevemente.

"Tudo que voc faz amarar ele em volta como uma corda de cnhamo. Voc nem o

penteia."

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"Meu cabelo no importante Um pente seria bom, para minha cauda." O som da sua

cauda abanando podia ser ouvido depois que ela falou.

"... Bem, se voc diz isso."

Lawrence achava que o cabelo de seda dela era bonito, e cabelos de qualquer tipo que

fossem to longos, eram muito raros. Era difcil para algum que no fosse da nobreza

ser capaz de lavar os cabelos em gua quente diariamente, de modo que ter o cabelo to

longo e bonito era uma marca de alto nascimento.

Assim como qualquer outra pessoa, Lawrence tinha uma fraqueza por uma menina com

cabelo longo e bonito. O cabelo de Horo era to adorvel que poucos entre a nobreza

poderiam igual-la, mas ela parecia no entender o seu valor.

Se ela fosse esconder as orelhas com um vu ao invs de um manto pesado e usasse

vestes finas, em vez das roupas speras de um comerciante viajante, ela seria igual a

qualquer donzela do poema de um menestrel, mas Lawrence no quis dizer isso.

No se sabia como ela reagiria, afinal.

"Ento."

"Hum?"

"Quando voc vai comprar esse pente?"

Horo olhou para Lawrence da sua postura de bruos na mesa, com os olhos brilhando

com certa antecipao.

"Eu pensei que voc no precisasse de um" disse Lawrence, sem rancor, com a cabea

inclinada ligeiramente.

"Eu nunca disse isso. Eu gostaria de um pente. Um fino, se possvel."

Lawrence no viu a necessidade de comprar um pente se no seria usado para pentear o

cabelo. Em sua mente, uma escova fina, do tipo usado pelos teceles seria melhor para

sua cauda.

"Eu vou te comprar uma escova. Devo apresent-la a um bom tecelo?"

Era melhor deixar a pele com especialistas com ferramentas especializadas, afinal.

Lawrence estava apenas meio srio, mas quando ele terminou de falar e olhou para

Horo, sua voz travou.

Ela estava com raiva, tanta raiva que ela estava rangendo os dentes.

"Voc... voc est tratando minha preciosa cauda como um simples pedao de pele" ela

disse, sua entonao plana, certamente no porque ela tinha medo de que falar a

respeito de sua cauda, poderia seria ouvida pelos outros clientes.

Lawrence estremeceu com sua veemncia, mas Horo parecia to mal como ela esteve

todo o dia. Havia um limite para o quanto ela poderia contra-atacar.

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"Eu no aguento mais" disse ela.

Lawrence suspeitava que suas ameaas estavam vazias.

Ele imaginou que ela poderia tentar chorar, ento ele calmamente bebeu um pouco de

suco de ma. "O que foi... voc vai fazer birra agora?" Ele perguntou, com uma nota de

culpa em sua voz.

Naturalmente sua deciso poderia faz-la chorar, mas ele no disse nada.

Talvez castigada por suas palavras, ou, eventualmente, por alguma outra razo, ela

abriu os olhos um pouco e olhou para Lawrence, em seguida, desviou o olhar.

Seu comportamento infantil era bastante encantador. Com um pequeno sorriso,

Lawrence pensou que seria bom se fosse sempre assim.

Horo ficou em silncio por um momento. Depois, em voz baixa, disse:

"Eu no aguento mais. Tenho que vomitar."

Lawrence quase derrubou o copo de suco de ma quando ele ficou de p e gritou para

o lojista para trazer um balde.

Bem depois do sol se pr no oeste e o tumulto de fora de sua janela ter diminudo,

Lawrence olhou para cima da mesa. Caneta na mo, ele levantou os braos e esticou

expansivamente. Suas costas estalaram satisfatoriamente, e ele virou a cabea para a

esquerda e para a direita para treinar as tores no pescoo, que tambm estalaram.

Ele olhou de volta para a mesa. Nela havia uma folha de papel com planos simples para

uma loja, a cidade que estaria situada, os produtos que iria vender, e os planos para a

sua expanso. Escrito separadamente estavam os custos de construo, os planos para

garantir a cidadania, e uma variedade de outras despesas antecipadas.

Era um plano para a realizao de seu sonho, de possuir uma loja.

Mesmo h uma semana, isto permanecia apenas em seus sonhos, mas uma vez que

Lawrence tinha feito o seu negcio com a Companhia Milone, ele sentiu que seu sonho

estava muito mais iminente. Se ele pudesse conseguir duas mil moedas trenni, aps a

venda de alguns ornamentos e as joias que somaram suas economias, ele seria capaz de

abrir sua loja.

Lawrence j no seria mais um comerciante viajante, mas um comerciante da cidade.

"Mmph... que barulheira essa?"

Enquanto Lawrence estava focado na a imagem da loja que ele tinha desenhado, Horo

tinha acordado. Seus olhos ainda estavam borrados com o sono, mas ela pareceu na

maior parte recuperada. Ela olhou para Lawrence, piscou algumas vezes, e arrastou-se

para fora da cama. Seus olhos estavam um pouco inchados, mas ela parecia bem

melhor.

"Como voc se sente?"

"Melhor. Estou com um pouco de fome."

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"Se seu apetite voltou, voc deve estar bem" disse Lawrence, sorrindo e indicando o po

na mesa. Era po de centeio escuro, o pior e mais barato po que voc pode conseguir,

mas Lawrence gostava de seu sabor amargo e comprava com frequncia.

Sem surpresa, Horo fez uma cara de descontente para o po aps uma nica mordida,

mas ela desistiu, j que no havia mais nada para comer.

"Tem algo para beber?"

"O jarro de gua est bem ali."

Horo verificou para ver se o jarro que continha gua e, depois de tomar um pouco, foi

ao lado de Lawrence enquanto ela mastigava o po.

"... Um desenho de uma loja?"

"A minha loja."

"Oh ho, no ruim" disse Horo, olhando fixamente para o papel enquanto ela comia.

Quando se viajava para um pas cuja lngua no se sabia, Lawrence iria usar desenhos

para fazer negcios. s vezes, ele simplesmente no conseguia lembrar o nome de um

determinado produto, e os intrpretes nem sempre estavam disponveis.

Por isso, a maioria dos comerciantes viajantes eram bons desenhistas. Sempre que

Lawrence conseguia um timo lucro, ele desenhava uma imagem de sua futura loja.

Isso o fazia sentir-se ainda melhor do que beber vinho.

E, enquanto ele tinha confiana em suas habilidades de desenho, era bom ser elogiado.

"O que isso escrito?"

"Localizao e planejamento de despesa. Eu no espero que seja exatamente como este,

claro."

"Huum. Voc desenhou partes de uma cidade tambm. Que cidade ?"

"Nenhuma em particular, apenas uma cidade idealizada para minha loja."

"Ho-ho. Voc foi muito detalhado, eu suponho que voc est planejando abri-la em

breve, ento?"

"Se o negcio com a Companhia Milone acabar bem, eu provavelmente serei capaz de

fazer."

"Hum." Horo assentiu, parecendo no muito animada com a ideia.

Ela mordeu um pedao de po em sua boca pequena, em seguida, caminhou de volta

para a mesa. Lawrence imaginou que o som era ela terminando de beber a gua na jarra.

" o sonho de todo comerciante ter uma loja. Eu no sou diferente."

"Heh. Entendo. Voc chegou mesmo ao ponto de esboar sua cidade ideal, por isso voc

deve ter feito isso muitas vezes antes."

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"Quando eu desenho, eu sinto que isso vai acontecer algum dia."

"Um artista que eu conheci h muito tempo, disse algo assim, que ele queria pintar

todas as cenas que via diante de si." Horo mordeu uma segunda fatia de po e sentou-se

no canto da cama. "Eu duvido que o artista tenha conseguido o seu sonho, mesmo

agora, mas parece que o seu est prximo."

"De fato. Quando eu penso sobre isso, eu mal posso ficar parado, quero correr at a

Companhia Milone e pedir para eles trabalharem mais rpido."

Era um pouco de exagero, mas longe de ser uma mentira. Talvez fosse por isso que

Horo evitou de fazer o divertimento, simplesmente rindo e dizendo: "Espero que o seu

sonho se torne realidade."

Ela continuou. "Ainda assim, ter uma loja uma coisa to boa? Ser um comerciante

viajante no lucrativo tambm?"

"Se fosse apenas pelo lucro, com certeza."

Horo inclinou a cabea um pouco. "O que mais poderia ser?"

"Um comerciante viajante tem que viajar entre vinte ou trinta cidades, se voc no se

mantiver em movimento, voc no vai fazer nenhum dinheiro. A maioria de seu ano

gasto em uma carroa." Lawrence bebeu um pouco de vinho do copo sobre a mesa.

"Com essa vida, voc realmente no faz amigos, apenas colegas de trabalho."

Ao ouvir a explicao, Horo pareceu perceber alguma coisa e se arrependeu de fazer a

pergunta.

'Ela realmente boa nisso', Lawrence pensou, e ele continuou, na esperana de

amenizar seu pesar. "Mas se eu pudesse abrir uma loja, eu estaria me tornando um

verdadeiro cidado de uma cidade. Que pode fazer amigos, e seria simples para

procurar uma esposa. Seria um grande consolo para eu saber onde eu seria enterrado

ao morrer. Apesar de que encontrar uma noiva que vai ficar ao meu lado, mesmo na

morte... bem... vai depender de um pouco de sorte."

Horo riu levemente.

Entre comerciantes que viajam, o ato de ir para uma nova cidade a procura de novos

bens era conhecido como " procura de uma esposa", era como realizar o sentido de ir

encontrar algo raro e valioso.

Na realidade, porm, simplesmente abrindo uma loja no garante que voc seria o

prximo dos cidados da cidade.

No entanto, ser capaz de ficar no mesmo pedao de terra por um longo tempo era o

sonho de qualquer comerciante.

"Vai ser ruim para mim, se voc abrir uma loja" disse Horo.

"Por que isso?" Disse Lawrence, virando-se. Embora seu sorriso no tenha

desaparecido, mas estava tingido com tristeza.

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"Se voc abrir uma loja, voc no vai querer sair certo? Vou ter que viajar sozinha ou

encontrar um companheiro diferente."

Lawrence ento se lembrou de que Horo havia dito que queria viajar o mundo por um

tempo, em seguida, retornar sua terra natal no norte.

Mas ela tinha sua inteligncia. Ela tinha o dinheiro que ela tinha feito com a venda de

peles. Certamente ela ficaria bem com ela prpria.

"Voc pode viajar sozinha, certo?" Lawrence no tinha nada especial por trs das

palavras, mas ao ouvi-las, Horo silenciosamente olhou para baixo enquanto comia o

seu po.

"Estou cansada de estar sozinha" ela deixou escapar, olhando de repente infantil

enquanto balanava as pernas, o que no chegava a atingir o cho ao longo da borda da

cama. Ela caiu para trs e parecia to pequena que at mesmo a luz das velas ameaava

engoli-la.

Lawrence recordou o tempo que Horo tinha carinhosamente relembrado de seu amigo

de sculos anteriores.

Viver to nostalgicamente no passado provou que ela estava sozinha. Ele se lembrou de

sua aparncia, enrolada como se para se proteger de uma tempestade de isolamento.

Lawrence escolheu suas palavras com muito cuidado para evitar ferir seus sentimentos,

ela no costumava mostrar esse lado de si mesma. "Horo eu no me importo de ir junto

com voc at voc voltar para o norte."

Ele tinha pouca escolha a no ser dizer isso, mas mesmo assim Horo olhou com uma

expresso que dizia: "Srio?" De uma forma bastante humilde. Lawrence ocultou

cuidadosamente a emoo que sentiu e continuou.

"Mesmo que eu consiga o dinheiro eu no vou ser capaz de abrir uma loja de imediato."

"De verdade?"

"Por que eu iria mentir?" Disse Lawrence. Ele no pde deixar de sorrir amargamente;

Horo tambm sorriu, mas de alvio. Ao olhar para baixo, seus olhos pareciam de

alguma forma tingidos de solido. Lawrence ficou impressionado com a percepo

incongruente de que os clios dela eram realmente bastante longos.

"Ento... ora vamos, no fique com essa cara", acrescentou.

Um comerciante de cidade provavelmente teria dito algo mais eficaz de dizer, mas,

infelizmente, Lawrence estava sempre viajando e forado a uma vida sem mulheres.

Ainda assim, Horo olhou para cima e sorriu levemente. "Hum-hum", ela concordou

com um aceno de cabea.

Vendo uma pequena menina to mansa assim, fazia parecer essa cena pouco duradora

de alguma forma. As orelhas de lobo que ela normalmente deixava to alto estavam

planas e sem direo, e sua orgulhosa cauda estava enrolada insegura ao lado de seu

corpo.

102

Houve um repentino silncio.

Lawrence continuou a observar Horo, que parecia incapaz de olhar de volta.

Ela olhou para ele apenas uma vez, em seguida, rapidamente desviou o olhar.

Lawrence sentiu que tinha visto isso antes. Vasculhando suas memrias, ele percebeu

que tinha sido o incidente da ma, pouco depois que eles chegaram a Pazzio.

Ela queria mas antes, ento... o que ela precisa agora?

Compreender o desejo de outra pessoa era uma habilidade singularmente importante

para um comerciante.

Lawrence respirou fundo e se levantou. Surpresa com o barulho repentino, as orelhas e

cauda de Horo se mexeram, e ela via Lawrence. Confusa por sua aproximao repentina,

ela desviou o olhar.

Ela estendeu as mos para ele enquanto ele esteve diante dela, trmula, quase

assustada.

"Os seus olhos ainda esto inchados. Voc esteve chorando em seus sonhos?"

Lawrence pegou sua mo e sentou-se ao lado dela. Ele a puxou para perto e segurou-a

delicadamente.

"Quando eu..."

"Hum?"

"Quando... quando eu abro meus olhos, todos se foram. Yue, Inti, Paro, e Myuri... eu

no consigo encontr-los. Eu no consigo encontr-los em nenhum lugar."

Ela estava falando sobre seu sonho. Lawrence acariciou sua cabea suavemente

enquanto ela soluava. Os nomes que ela tinha mencionado deve ter sido de seus

amigos lobos, talvez at mesmo lobos deuses, mas ele no era insensvel o suficiente

para perguntar.

"Eu... eu posso viver por sculos. Ento eu pensei em sair em uma jornada. Eu tinha

certeza de que eu iria ver todos eles novamente. Mas... Eles se foram. No h ningum."

A mo de Horo tremeu enquanto ela agarrou a camisa de Lawrence. O prprio

Lawrence no queria ser atormentado por esses sonhos.

Se ele fosse voltar para sua cidade natal, nem uma alma se lembraria dela, s vezes ele

tinha pesadelos semelhantes.

Havia contos de comerciantes que tinham deixado sua terra natal e no retornavam em

vinte ou trinta anos. Quando finalmente conseguem voltar para casa, descobrem que

sua aldeia simplesmente desapareceu. Poderia ter sido arrasada em uma guerra ou

atingida por uma peste ou fome, havia inmeras razes possveis.

por isso que os comerciantes viajantes sonhavam em ter uma loja.

103

104

Uma loja significava uma casa, fazer um lugar para si mesmo.

"Eu no quero abrir os olhos e encontrar ningum... Eu estou cansada de estar sozinha.

frio. ... solitrio."

Lawrence permaneceu em silncio na manifestao emotiva de Horo, apenas

acariciando sua cabea. Ela estava to angustiada que qualquer coisa que ele dissesse

provavelmente iria entrar em um ouvido e sair pelo outro, e ele no conseguia pensar

em nada apropriado para dizer, de qualquer maneira.

Ele prprio tinha sido atacado pelos ventos da solido enquanto andava de carroa ou

entrando em uma nova cidade.

No havia nada que se pudesse fazer nesses tempos, nada se podia ouvir e encontrar

consolo. A nica coisa a fazer era encontrar algo para agarrar e esperar a tempestade

passar.

Horo continuou a chorar.

Lawrence a segurou, enquanto as ondas de emoes diminuram e ela soltou de suas

roupas, olhando para ele.

Ele a soltou, e ela sentou-se, ainda fungando.

"... Isso to humilhante" disse Horo, o nariz e os olhos ainda vermelhos, mas a voz

calma.

"Comerciantes viajantes tm sonhos como esse, tambm", disse Lawrence.

Horo riu timidamente e fungou pelo nariz entupido.

"Seu rosto est uma baguna. Espere um pouco."

Lawrence se levantou e pegou o papel da mesa. Os desenhos e nmeros sobre a folha

estavam secos, ento ele pensou que seria bom para ela assuar o nariz nele.

"Mas... este o seu..."

"Eu sempre os jogo fora quando eu termino. E o negcio no est terminado ainda,

muito cedo para ser otimista" disse Lawrence com um sorriso.

Horo devolveu o sorriso e pegou o papel. Aps assuar o nariz com fora, enxugou seus

olhos, ela parecia muito melhor. Ela suspirou e respirou fundo, depois olhou

envergonhada mais uma vez.

V-la assim, Lawrence queria abra-la novamente, mas se conteve. Horo era ela

mesma novamente, e ele provavelmente era feito de luz.

"Obrigado. Estou em dvida com voc agora" disse ela, pegando o po esfarelado e

comendo. No ficou claro se ela tinha ou no percebido seus pensamentos.

Aliviado em qualquer caso, que no tinha sido repreendido, ele observou enquanto ela

terminou de comer e bocejou, limpando as mos livre de migalhas. Ela provavelmente

estava cansada de tanto chorar.

105

"Eu estou com sono. Voc no vai dormir?" Ela perguntou.

"Creio que sim. Permanecer acordado por mais tempo seria um desperdcio de luz das

velas."

"Heh, voc fala como um verdadeiro mercador" disse Horo, sorrindo, enquanto se

sentava de pernas cruzadas sobre a cama, e depois se deitou.

Depois de olhar uma ltima vez para ela, Lawrence soprou a vela.

O quarto ficou na escurido instantaneamente. Enquanto seus olhos ainda estavam

acostumados com a luz, tudo parecia um breu. O tempo estava claro e as estrelas

estavam fora.

Ele ainda no podia ver a luz fraca que se filtrava atravs da janela de madeira.

Enquanto esperava que os seus olhos se ajustassem, Lawrence sentiu o caminho para

sua prpria cama sob a janela no canto da sala, cuidando para no tropear sobre a

cama de Horo em seu caminho.

Por fim, ele conseguiu e depois de sentir a beira da cama, deitou-se sobre ela. No

passado, Lawrence havia se machucado por descuido atirando-se para a cama e,

acidentalmente, atingindo a borda. Ele aprendeu a tomar cuidado.

Mas no havia maneira de ele estar preparado para o que o esperava.

Quando ele comeou a deitar-se na cama, ele percebeu que algum j estava nela.

"O que... o que voc..."

"Isso no algo muito romntico de se dizer" disse o Horo com uma voz irritada que

parecia, no entanto como um flerte.

Lawrence deixou-se ser puxado para baixo, e Horo apertou-se contra ele.

Ao contrrio de antes, quando ele segurou-a delicadamente, este abrao foi apertado.

Ele sentiu seu corpo macio.

O batimento cardaco de Lawrence no podia ser controlado. Ele era um homem

saudvel. Ele a abraou com fora antes de perceber isso.

"Eu... no consigo respirar..." Veio voz constrita de Horo. Ele voltou a si e relaxou os

braos, mas no a soltou.

Ela no fez nenhum movimento para afast-lo. Em vez disso, ela se aproximou de seu

ouvido e sussurrou.

"Os seus olhos j se adaptaram a escurido?"

"O que voc quis..."

... Quis dizer, ele estava prestes a dizer, mas Horo o interrompeu com um dedo

pressionando seus lbios.

106

"Eu finalmente me lembrei do que eu ia dizer."

Sua voz sussurrando em seu ouvido coava. Embora sua voz doce e ntima tivesse sido

substituda por uma voz alarmante.

" um pouco tarde. H trs pessoas atrs da porta. Duvido que eles sejam convidados."

Lawrence finalmente percebeu que Horo j estava vestindo o manto. Ela remexeu em

silncio, e logo todos os pertences de Lawrence apareceram em seu peito.

"Estamos no segundo andar. Felizmente no h ningum l fora. Voc est pronto?"

Animada em um sentido completamente diferente agora, Horo levantou. Lawrence

fingiu colocar o cobertor sobre si mesmo, e colocar suas roupas. Assim enquanto ele

posicionava a adaga de prata em sua cintura, Horo falou em voz alta, com a voz

propositadamente alta o bastante para ser escutada alm da porta fechada.

"Venha, veja meu corpo debaixo do luar!"

Assim que ela terminou, Lawrence ouviu um barulho... era a janela abrindo.

Horo empoleirada no parapeito da janela e pulou sem hesitao. Lawrence correu atrs

dela, colocando o p no peitoril. Ele no hesitou tambm, porque atrs dele vinha o

som da porta sendo arrombada, seguido de passos pesados.

Ele se sentiu desagradavelmente leve por um momento, mas seus ps logo colidiram

com o cho duro.

Incapaz de suportar a fora do impacto, Lawrence caiu, porm ele caiu de joelhos.

Ele teve sorte de no ter quebrado a perna, mas Horo ainda riu alto dele, embora ela

tenha estendido a mo.

"Ns vamos ter que correr. Ns no temos tempo para pegar o cavalo."

Lawrence, atordoado, olhou de volta para os estbulos. O cavalo tinha sido forte e

barato, mas o mais importante foi a primeira coisa que ele j tinha comprado.

Parte dele queria correr para os estbulos, mas a prudncia lhe disse que no. A ao de

Horo era o caminho certo.

Lawrence cerrou os dentes e se conteve.

"Eles no vo ganhar nada por matar seu cavalo; Vamos esperar que as coisas se

acalmem antes de recuper-lo, certo?" Consolou Horo. Lawrence s podia esperar que

fosse verdade. Ele balanou a cabea e respirou fundo, pegando sua mo estendida e

puxando-se para cima.

"Oh, tambm..."

Horo pegou a bolsa que estava pendurada em seu pescoo e desfez a corda que a

mantinha fechada. Ela pegou cerca de metade do trigo que continha em sua mo.

107

"Apenas por precauo. Voc deve ficar com alguns" disse ela casualmente empurrando

os gros no bolso do peito dele, sem esperar pela sua resposta. O trigo estava quente,

era provavelmente, o calor do corpo de Horo.

Afinal, era o trigo em que ela morava.

"Certo, agora vamos correr."

Horo sorriu como se falasse com um amigo de confiana. Lawrence estava prestes a

responder, mas simplesmente concordou com a cabea e correu com ela para a cidade

durante a noite.

"Ento, o que eu ia dizer para voc era isso... se a Companhia Milone descobriu sobre o

menino, sem dvida, o inverso verdade. Seus apoiadores eram obrigados a ficarem

alertas. Se eles descobrirem que fomos para outra empresa com um negcio, eles vo

tentar nos calar, no?"

A nica luz no caminho da calada era a lua, mas era suficiente para enxergar. Eles

continuaram a correr sem encontrar outras pessoas, em seguida, viraram em um beco.

Lawrence mal conseguia ver nada na escurido. Horo o guiava, puxando sua mo

enquanto ela corria, ele ia tropeando atrs dela.

Eles correram perto de um cruzamento e viram um grupo de homens atrs deles,

gritando. Ele escutou as palavras "Companhia Milone" entre os seus gritos.

Eles tambm sabiam que o nico lugar Lawrence e Horo encontraria refugio era a

Companhia Milone.

"Oops. Eu no sei o caminho" disse Horo, ainda puxando a mo de Lawrence quando

eles chegaram a uma bifurcao. Lawrence olhou para cima e tendo verificado a posio

da lua e a fase dela, criou mentalmente um mapa de Pazzio.

"Por aqui".

Eles correram pelo lado ocidental. Esta era a parte velha de Pazzio. Os prdios estavam

constantemente sendo reconstrudos, e a estrada acabava como uma cobra.

Mas Lawrence tinha visitado Pazzio muitas vezes. Furtivamente verificando a sua

posio com a estrada principal, enquanto iam, a dupla chegava mais perto e mais

perto da Companhia Milone.

Mas seus adversrios no eram tolos.

"Pare. H um guarda."

Eles precisavam apenas de virar direita no cruzamento, seguir a estrada at o seu fim

e em seguida, virar esquerda. Quatro quarteires depois, eles chegariam a Companhia

Milone. Ainda deveriam ter homens carregando e descarregando carroas h esta hora.

Se eles pudessem chegar l, os bandidos no seriam capazes de toc-los.

Em uma cidade de comrcio, a melhor segurana era a riqueza implcita no letreiro de

um grande negcio.

108

"Tsc. Ns estamos to perto."

"Heh-heh. J faz anos que eu no cao, mas esta a primeira vez que estou sendo

caada."

"Isso no hora para brincadeiras. Oh, bem, ns vamos ter que tomar o caminho mais

longo."

Lawrence volta para a estrada original, virando direita ao longo dela. Ele decidiu que

iria pegar um beco depois do prximo bloco e dar a volta na Companhia Milone.

Mas ele foi interrompido depois que ele fez sua primeira curva direita.

Horo agarrou sua camisa e empurrou-o contra a parede.

"J o encontraram? Eles devem estar por perto! Encontre-os!"

A corrente de medo que corria atravs dele era pior do que quando ele tinha sido

perseguido por lobos na floresta. Dois homens vieram correndo violentamente para

fora de um beco prximo. Se Horo no tivesse parado, ela e Lawrence teriam corrido

em direo a eles.

"Droga. H muitos deles. E eles conhecem a rea."

"Mmm... uma situao ruim" disse Horo. Seu capuz caiu, expondo suas orelhas de

lobo enquanto examinava esquerda e direita.

"Devemos nos separar?"

"No uma m ideia, mas eu tenho uma melhor."

"Qual ?"

Passos podiam ser ouvidos nas proximidades. Sem dvida, cada estrada principal agora

tinha um guarda nela. Eles estariam encurralados se tentassem usar uma.

"Eu irei atra-los na estrada principal. Ento voc pode ter a chance de..."

"Espere. Voc no pode..."

"Agora voc me escute. Se nos separarmos, voc o nico que vai ser pego. Sozinha, eu

no vou ser pega, mas voc vai. E quando isso acontecer, quem ir para a Companhia?

Eu devo mostrar-lhes as minhas orelhas e cauda e implorar por seu resgate?"

Lawrence no tinha resposta. Ele j tinha informado a Companhia Milone sobre a

moeda trenni de prata depreciada. Eles podem at mesmo abandon-lo. Se isso

acontecer, o seu nico recurso seria usar-se como um trunfo e ameaar investir em seu

oponente.

E s ele poderia conduzir essas negociaes.

"De qualquer maneira, no posso deixar voc fazer isso. Se a Companhia Milone ver

suas orelhas e cauda, eles a levaro at a Igreja. E eu no preciso mencionar a

Companhia Medio."

109

"Ento, tudo que eu preciso fazer evitar a captura? E se for pega, eu vou esconder

minhas orelhas e cauda, mesmo que seja por um dia, eu sei que voc vai vir me salvar."

Talvez por causa de sua coragem, Lawrence queria impedi-la de fazer isso. Ela sorriu

para ele.

"Eu sou Horo a loba Sbia. Mesmo que minhas orelhas e cauda sejam descobertas, eu

vou fingir ser uma loba louca, e ningum vai querer chegar perto de mim." Ela sorriu,

mostrando suas presas.

No entanto, tudo que Lawrence podia pensar era em abraar a menina que falou de

solido, com sua forma incrivelmente leve. Ele no podia imaginar ela se

transformando para lutar contra esses bandidos.

Ainda sorrindo, Horo continuou. "Seu sonho abrir uma loja, no ? E apenas um

momento atrs eu disse que te devia um favor. Voc est me pedindo para ser uma loba

ingrata?"

"No seja tola! Se voc for pega, voc vai ser morta! Que honra h nisso? Eu vou acabar

com uma dvida que jamais poderei pagar! Uma divida no igual a sua vida" disse

Lawrence enfurecido, com sua voz em um tom baixo.

Horo esboou um sorriso e balanou a cabea. Ela cutucou levemente no peito com o

dedo indicador fino. "A solido uma doena que pode levar morte. Eles podem

muito bem ser a mesma coisa."

Lawrence no tinha palavras ao v-la calma, com um sorriso de agradecimento.

Horo aproveitou o silncio e continuou. "Alm disso, voc tem um raciocnio rpido e

inteligente, no se preocupe. Eu confio em voc. Eu sei que voc vai voltar para mim."

Ela rapidamente abraou Lawrence em silncio e, em seguida, soltou de suas mos,

correndo para longe.

"L esto eles! Na estrada Loinne!"

Assim que Horo correu para fora do beco, os gritos podiam ser ouvidos, e os passos dos

perseguidores ficaram distantes.

Lawrence fechou os olhos por um momento, os abriu e correu. Se ele perdesse essa

chance, ele poderia nunca mais ver Horo novamente. Ele rapidamente correu para o

beco escuro, tropeando algumas vezes, mas sempre em frente.

Ele atravessou a estrada larga e entrou em outro beco, em direo ao oeste. A comoo

continuou, mas o seu adversrio no podia se dar ao luxo de fazer barulho por muito

tempo para no alertar a guarda da cidade.

Ele continuou correndo, correndo de novo do outro lado da estrada principal, e

descendo outro beco. Ele precisava apenas virar a direita, depois a esquerda na prxima

rua principal, para alcanar a Companhia Milone.

"S um? Deveria haver dois!"

110

Lawrence ouviu a voz vir de trs dele. Teriam capturado Horo? Ela escapou? Se ela

tivesse escapado, tudo estava bem.

No, ele esperava desesperadamente que fosse assim.

Ele saltou na avenida iluminada pelo luar e virou imediatamente esquerda. Logo ele

ouviu vozes atrs dele. "Aqui est ele!"

Ignorando eles, ele correu com toda a sua fora, atirando-se contra as portas da rea de

carga da Companhia Milone.

"Meu nome Lawrence, eu vim aqui mais cedo hoje para fazer negcios! Socorro! Estou

sendo perseguido!"

Acordados pela comoo, os homens de planto abriram o porto de ferro.

Aaps a entrada de Lawrence, o porto foi fechado imediatamente, logo depois, um

grupo de homens carregando varas de madeira correram at o porto.

"Esperem... vocs! Entregue esse homem para ns agora!" Disse um deles, batendo na

porta com seu basto. Os homens comearam a tentar usar a fora para puxar o porto

para abri-lo.

Mas aqueles que seguravam o porto fechado no lado oposto estavam acostumados

com longos dias de carga e descarga. O porto no abriria to facilmente.

Um homem de barba com aparncia de meia-idade surgiu de dentro do prdio da

empresa. "Escoria" ele rugiu. "De que casa vocs acham que essa? a filial da

Companhia Milone de Pazzio, da propriedade do senhor marqus Milone, reconhecido

por Sua Graa, o trigsimo terceiro arquiduque de Raondille! Qualquer um dentro

destas paredes um convidado do Marqus! Saibam que quando vocs atacam estas

portas, golpeiam o trono de vossa graa!"

Intimidado pelo grande discurso do homem, os atacantes fugiram. S ento, o apito da

guarda municipal tocou.

Os homens pareciam perceber que era sua chance de escapar. Eles logo se dispersaram.

Dentro dos portes, tudo ainda estava bem por enquanto. Por fim, os sons de passos e

assobios de guarda desapareceram, e o homem que fez o impressionante discurso

finalmente falou novamente.

"Tanta comoo to tarde da noite. Que est acontecendo aqui?"

"Minhas mais humildes desculpas, senhor. Eu ofereo a minha mais profunda gratido

por me salvar."

"Salve seus agradecimentos para o Grande Marqus de Milone. O que que eles

querem?"

"Creio que eles eram da Companhia Medio. Sem dvida, eles esto descontentes com o

negcio que eu trouxe para sua empresa."

111

"Oh ho. Voc um comerciante que corre riscos. Eu no vi muitos de sua espcie

recentemente."

Lawrence limpou o suor da testa e sorriu. " a minha parceira que a nica

imprudente."

"Deve ser difcil."

"Eu no quero pensar sobre isso, possvel que minha parceira tenha sido capturada.

Seria possvel para eu falar com o Sir Marheit?"

"Somos uma empresa estrangeira. Emboscadas e incndio criminoso so um fato da

vida para ns. Ele j foi avisado" disse o homem com uma gargalhada.

Lawrence ficou impressionado sobre como formidvel o homem que dirigia a operao

deveria ser.

Talvez eles realmente fossem capazes de garantir a sua segurana.

Incertezas giravam em sua mente, mas Lawrence logo se recomps. Ele iria pedir a

garantia no s de sua segurana, mas de seu lucro tambm.

Seu orgulho como um comerciante e sua dvida com Horo, que tinha tomado tal risco

por ele, exigia nada menos que isso.

Lawrence respirou fundo.

"De qualquer forma, vamos l dentro, sim? Mesmo o vinho fica melhor com o tempo",

disse o homem. Lawrence, pensando em como Horo estava, dificilmente de se

acalmaria.

Ainda assim, o velho estava acostumado com situaes como esta, e vendo o estado de

agitao de Lawrence, ofereceu algum consolo. "Em qualquer caso, se o seu parceiro

estiver bem, ele vai vir aqui, no ? Apenas nos de o seu nome e descrio, e vamos

acolh-lo, mesmo que a prpria Igreja venha atrs dele!"

Era um exagero, mas Lawrence se acalmou.

"Os meus agradecimentos. Certamente... no, sem dvida ela vir. Seu nome Horo.

Ela uma menina pequena, e usa um capuz sobre a cabea."

"Uma menina, hein? Ela deve ser bastante linda no?"

Lawrence compreendeu que o homem estava fazendo isso para aliviar seus medos,

assim ele sorriu e respondeu. "De dez pessoas, todas elas se voltariam para olh-la."

"Ha-ha-ha! Isso algo que eu quero ver" riu o grande homem vivamente e ele levou

Lawrence para dentro do prdio da empresa.

"Com certeza eles so homens da Companhia Medio".

Embora ele provavelmente tivesse acabado de acordar, as maneiras de Marheit no

eram diferentes do que havia sido no incio do dia enquanto ele saltou as gentilezas.

112

"Eu concordo. Eles descobriram que eu vim at vocs por assistncia com o meu plano

para a moeda de prata, e esto tentando nos deter."

Lawrence no queria que sua agitao parecesse bvia, mas no podia deixar de se

preocupar com Horo enquanto falava. Horo, sendo o que era, achava ela que havia uma

chance de ela ter escapado, mas era melhor assumir o pior. Em qualquer caso, ele

precisava garantir tanto a sua segurana quanto a de Horo o mais rpido possvel.

E para isso, ele precisava da Companhia Milone.

"Creio que minha companheira pode ter sido capturada. Se isso aconteceu, parece-me

bvio que as negociaes sero impossveis. Ser que a Companhia Milone pode nos

ajudar?" perguntou Lawrence, apenas evitando inclinar-se sobre a mesa com esforo.

Marheit parecia perdido em pensamentos e no olhou para Lawrence.

Finalmente, ele olhou para cima, lentamente.

"Voc diz que sua companheira pode ter sido capturada?"

"Sim."

"Entendo. Aps a comoo aqui, mandei alguns dos meus homens segui-los. Eles

relataram terem visto uma menina sendo levada, aparentemente contra sua vontade."

Apesar das palavras meio que esperadas de Marheit, Lawrence sentiu agarrarem seu

corao e sacudi-lo desesperadamente.

Ele engoliu o choque e conseguiu obter algumas palavras.

"Provavelmente minha companheira, Horo. Ela agiu como uma distrao para que eu

pudesse chegar aqui."

"Entendo. Mas o que eles fariam capturando sua parceira?"

Lawrence teve que conter-se quase fisicamente para no gritar. Ele no podia se dar ao

luxo de perder a cabea na presena de um homem como Marheit. "Como eu disse por

que ns nos juntamos com a sua empresa na tentativa de frustrar seus planos."

O semblante de Marheit permaneceu impassvel, apesar da resposta aquecida de

Lawrence. Ele olhou para a mesa e parecia perdido em pensamentos. Lawrence,

angustiado, no podia deixar de mexer a perna impaciente. Ele estava prestes a saltar

da cadeira e comear a gritar quando Marheit falou novamente.

" um pouco estranho, porm, voc no acha?"

"O que estranho?" Exigiu Lawrence, finalmente saltando de sua cadeira, fazendo com

que Marheit se assustasse rapidamente por um momento antes de recuperar a

compostura.

Marheit estendeu a mo para o visitante angustiado. "Por favor, acalme-se. Algo est

estranho em tudo isso."

113

"O que h de estranho nisso? Assim como sua empresa foi capaz de descobrir a respeito

de Zheren, era simples para a Companhia Medio ver se algum estava interferindo em

seus planos!"

"... verdade, j que a sua sede est aqui..."

"Ento, o que estranho?"

"Na verdade, eu entendo agora. Isso realmente estranho" disse Marheit.

Lawrence no tinha escolha, a no ser ouvi-lo. "Eu estava pensando, como que eles

chegaram concluso de que voc estava conspirando com a nossa empresa?"

"Certamente, porque eu venho aqui com frequncia. Alm disso, se eles notaram que

voc comeou a colecionar as moedas trenni de prata, tudo o que eles tm a fazer

colocar dois e dois juntos."

"Essa a parte estranha. Voc um comerciante viajante, nos visitar vrias vezes para

negociar totalmente natural."

"Mas se eles ligarem o interesse da sua empresa com as moedas trenni de prata e o fato

de que eu sou o nico que entrou em contato com Zheren..."

"No, ainda estranho."

"Por qu?"

Lawrence no entendia. A impacincia aparecia em sua voz.

"Naturalmente, o ponto em que comeamos a reunir as moedas trenni de prata foi

depois que terminarmos de negociar com voc. Considere isso, Mr. Lawrence: Eu no

posso dizer como isso vai acontecer, mas se voc coletar as moedas trenni de prata seu

lucro garantido". Ns certamente no faramos nada com base apenas nisso, no ?"

"V... Verdade..."

"O fato de que estamos realmente coletando moedas trenni de prata significa que

compreendemos a totalidade desta oportunidade. Sem dvida, a Companhia Medio

tambm sabe disso. Simplesmente no h razo para pega-los como refns."

"Certamente voc no quer dizer..."

Marheit concordou, com o rosto expressando triste pesar. "Sim. Ns j temos todas as

informaes que precisamos para conseguir lucrar. O que acontece com voc e sua

acompanhante agora no nossa preocupao."

Sentindo-se tonto, Lawrence caiu na cadeira. Era verdade. Lawrence era um nico

comerciante viajante e ningum se importava com ele.

"Eu espero que voc entenda o quanto difcil para eu dizer isso. Mas ns j investimos

uma quantidade significativa de capital com base nas informaes que voc nos trouxe.

O lucro ser imenso. Se temos de escolher entre o lucro ou te ajudar..." Marheit

suspirou. "Eu sinto muito, mas tenho que escolher o primeiro", ele disse calmamente.

"Ainda..."

114

Lawrence no ouviu o que Marheit disse depois disso. Em um pequeno canto de sua

mente, ele se perguntou se isso era o que se sentia ao encontrar-se com a falncia.

Seus braos, pernas, na verdade todo o seu corpo, sentia-se congelado. Ele no tinha

certeza se ele ainda estava respirando.

Ele estava agora, a partir deste momento, abandonado pela Companhia Milone.

O que significava que Horo tambm havia sido abandonada; Horo, que dera si mesma

para deix-lo escapar acreditando que Lawrence seria capaz de negociar seu resgate

com a Companhia Milone.

Lawrence recordou a expresso em seu rosto quando ela falou em voltar para sua terra

ao norte.

Quando a utilidade de um refm chegasse ao fim, seu destino era claro.

Homens eram vendidos para os navios e as mulheres para bordis. Embora Horo

tivesse suas orelhas e cauda de lobo, havia ricos excntricos que coletavam tais meninas

"endemoninhadas". Sem dvida, a Companhia Medio conhecia um ou dois desses

colecionadores.

Lawrence pensou em Horo sendo vendida, pensou em como um coletor rico obcecado

por coisas demonacas iria tratar uma garota.

No. Ele no permitiria isso.

Lawrence endireitou-se na cadeira e imediatamente comeou a pensar. Ele tinha que

salv-la.

"Espere um pouco" disse ele depois de alguns instantes. "Se a sua companhia chegou a

esta concluso, certamente o outro lado fez isso tambm."

A Companhia Medio no era comandada por tolos. Eles tinham ido atrs Lawrence e

sua companheira e tinham despachado muitos homens para fazer isso, mesmo

arriscando um confronto com a guarda da cidade.

"Sim. Isso o que me pareceu to estranho. Eu no tinha terminado de falar, veja bem...

eu guardaria o seu rancor e te abandonaria pelo bem da Companhia."

Lawrence lembrou que Marheit terminou sua declarao com um "ainda" e baixou a

cabea de vergonha com o rosto vermelho.

"Eu posso ver que sua companheira muito preciosa para voc. Mas deixar suas

emoes controlarem o seu pensamento perder suas prioridades."

"Minhas desculpas."

"Nem um pouco... se minha esposa estivesse em perigo, eu tambm, provavelmente

acharia difcil me acalmar" disse Marheit, sorrindo.

Lawrence viu isso e abaixou a cabea de novo, embora seu corao batesse com a

palavra "esposa". Ele percebeu que se Horo fosse uma mera companheira de viagem,

ele no estaria to bravo, e Horo no teria se sacrificado para ajud-lo a escapar.

115

"Voltando para o problema principal. Nosso oponente uma empresa sagaz que no

ser facilmente derrotado. Voc e sua parceira no tm nenhum valor terico para eles,

mas mesmo assim, eles foram atrs de vocs... deve haver uma razo. Voc tem alguma

ideia do que poderia ser?"

Lawrence no tinha qualquer ideia.

Porm, quando ele pensou na situao, se deu conta de que deveria haver alguma razo

em especial para que eles fossem capturados.

Ele refletiu sobre isso.

Havia apenas uma possibilidade.

"No, isso no pode ser..."

"Voc j pensou em alguma coisa?"

Lawrence tinha imediatamente descartado a possibilidade quando lhe ocorreu pela

primeira vez. Simplesmente no podia ser, mas era a nica coisa que ele podia pensar.

"O lucro diante de ns quase inimaginvel. Precisamos apenas peg-lo. Se voc j

pensou em alguma coisa, no importa o quo trivial seja, por favor, me diga."

O pedido de Marheit era inteiramente razovel, mas o que Lawrence pensou no era

algo para ser compartilhado com facilidade.

Lawrence pensou em Horo, que era inegavelmente no humana. As maiorias das

pessoas iriam cham-la de um demnio. Esses "demnios" ou eram escondidos em casa

ou entregues Igreja. Nenhum dos dois era uma maneira de viver. Uma vez que a

Igreja lanasse seus olhos em uma pessoa assim, ele ou ela certamente seria executado.

Horo era indescritivelmente um indivduo no humano.

A Companhia Medio poderia us-la para chantagear a Companhia Milone.

Se a Companhia Milone no quisesse que eles revelassem Igreja que eles tiveram

relaes com algum possudo por um demnio, eles teriam que se retirar.

Quando se tratava de uma Inquisio, a Companhia Medio poderia justamente acusar a

Companhia Milone e Lawrence de terem celebrado um contrato do mal com uma

entidade demonaca. Sem dizer que Horo seria queimada na fogueira.

Ainda assim Lawrence tinha uma duvida.

Quem descobriu as orelhas e cauda de lobo de Horo, e quando?

Dada a aparncia normal de Horo, no era algo facilmente discernvel. Ele acreditava

que ningum, exceto ele mesmo sabia a verdade sobre sua identidade.

"Mr. Lawrence" disse Marheit, pondo fim nas reflexes de Lawrence. "Voc j pensou

em alguma coisa?"

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Lawrence no podia deixar de concordar com a pergunta do paciente Marheit, o que

significava que ele agora teria de divulgar a verdade. Mas se a verdadeira razo para

terem sido perseguidos fosse outra coisa, ele teria exposto o segredo de Horo por nada.

No pior dos casos, a Companhia Milone poderia virar a mesa sobre a Companhia Medio

acusando-os de usar uma garota demnio para chantage-los.

Se isso acontecesse, no haveria esperana para Horo.

Marheit olhou seriamente sobre a mesa.

Lawrence no viu nenhuma rota de fuga.

Mas eles foram interrompidos.

"Desculpe-me" disse um representante da Companhia Milone, entrando na sala.

"O que isso?"

"Acabamos de receber uma carta. Creio que esteja relacionado com o que acontecendo

agora."

O funcionrio estendeu um envelope selado ordenadamente. Marheit pegou e virou de

ponta cabea. O nome do remetente estava faltando, mas tinha um destino.

"Para o lobo... e para floresta em que ele reside?"

Naquele instante, Lawrence percebeu que ele estava certo.

"Eu sinto muito, mas eu poderia olhar primeiro essa carta?"

Marheit olhou para Lawrence duvidosamente, mas finalmente concordou com a cabea

e entregou o envelope.

Lawrence agradeceu e, respirando fundo, abriu o selo.

Havia uma carta e dentro um pouco do que poderia ser o pelo marrom da Horo.

A carta era breve.

"Ns temos o lobo. As portas da Igreja esto sempre abertas. Se voc no quer que o

lobo entre em sua casa, feche suas portas e mantenha a sua famlia dentro."

No havia mais qualquer margem para dvidas.

Lawrence voltou a carta para Marheit. "Minha companheira, Horo, a encarnao da

loba-deusa da colheita" disse ele em um tom de voz torcido.

Os olhos de Marheit abriram to grande o quanto possvel.